20
A soja é uma espécie originária de áreas alagadiças do norte da China
(EVANS, 1996), que apresenta variabilidade genética para tolerar o excesso de
umidade no solo (VAN TOAI et al., 1994; THOMAS et al., 2000; PIRES et al., 2002).
Nas condições brasileiras, a cultura da soja, principal produtora de óleo
vegetal, além do consumo alimentício é matéria prima para a produção de biodiesel,
apresenta-se como alternativa extremamente interessante e potencialmente viável
para ocupar esse segmento. Ainda, a rotação de culturas em solos de várzea é uma
prática recomendada para aumentar o rendimento de grãos de arroz, quer pelo
efeito direto de quebrar o ciclo de insetos e pragas, moléstias e de plantas daninhas
que prejudicam o desenvolvimento do arroz, ou pelo efeito indireto na melhoria das
condições químicas e físicas do solo (IRGA, 2001).
O avanço do cultivo da soja em áreas de várzea tem como conseqüência o
aumento da demanda do desenvolvimento de cultivares adaptados a esses
ambientes, impulsionado pela baixa rentabilidade do arroz nos últimos anos em
relação à soja, em vista dos menores custos de produção dessa cultura e o valor
das terras do planalto do Estado do Rio Grande do Sul, onde é cultivada, serem
muito mais elevadas que as terras de produção de arroz.
O efeito do estresse por saturação hídrica do solo sobre as plantas é
complexo e dependente do estádio de desenvolvimento da planta (VAN’T WOUT e
HAGAN, 1974; MOMEN et al., 1979; TAIZ e ZEIGER, 1991; SALISBURY e ROSS,
1992) e do período de exposição a esse estresse (BARNI e COSTA, 1975; GOMES
et al., 1992). A saturação hídrica do solo, aplicada às leguminosas, prejudica o
desenvolvimento das raízes e da parte aérea e também a fixação de nitrogênio pelo
sistema radical, em virtude de reduzir o oxigênio para os nódulos, resultando numa
redução do número de nódulos por área de raízes (BARNI e COSTA, 1975; DE WIT,
1978). A tolerância ao encharcamento para a cultura da soja foi demonstrada por
COSTA (1973), submetendo as plantas à saturação hídrica do solo por um período
de quatro meses, as quais permaneceram vivas, completaram o ciclo e produziram
grãos. Ainda, a falta de O
2
no sistema radicular da planta de soja, além de inibir a
fixação simbiótica, também inibe a absorção de nitrogênio e outros minerais, inibindo
o crescimento das raízes e a nodulação (SALLAM e SCOTT, 1987). Então, o
transporte de N ou outros minerais para a parte aérea pode ser inadequado,
resultando em plantas raquíticas e cloróticas (NATHANSON et al., 1984). A