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e Elizabeth Cady Stanton lutavam pelo voto das mulheres e escreviam, nos Estados
Unidos, o primeiro Manifesto feminista, que marcou o início do movimento sufragista.
Apesar de tais aproximações, a luta dos homens contra o sistema de classes
sempre pareceu mais fácil que a milenar e, por vezes, silenciosa luta da mulher
contra o patriarcalismo, já que, para elas, a luta era dupla: lutavam por empregos,
por direitos iguais, por diminuição da jornada de trabalho (como os homens e com
eles), mas lutavam também pela queda do sistema patriarcal e machista, pela
inserção e direito da mulher na vida pública.
Com a divisão classista da sociedade no final do século XVIII, as mulheres
passaram a ser divididas em burguesas ou proletárias, o que diminuía ainda mais a
sua possibilidade de emancipação, já que agora eram subjugadas ao sistema
capitalista e ao sistema patriarcal, ficando, dessa forma, quando proletárias,
duplamente inferiorizadas.
O socialismo, com isso, parecia uma forma de solucionar todo o problema, pois,
de acordo com a teoria de Marx, Engels e Bebel em Womem under socialism (1904),
haveria, nesse novo sistema proposto, igualdade entre homens e mulheres e os
direitos tão sonhados pelas mulheres seriam conquistados e preservados.
O marxismo, dessa forma, defendia que, junto à sociedade de classes, à
propriedade privada e ao estado, a família burguesa nem sempre existiu, e que a
opressão das mulheres é tão velha quanto a divisão da sociedade em classes. Logo,
sua abolição seria dependente da abolição das classes, isto é, da revolução
socialista. Acreditavam que, apenas com o fim da sociedade de classes, a mulher
seria, de fato, livre e não teria posição de subordinação em relação aos homens.
Foi em decorrência desse ideal que surgiu o feminismo marxista ou o
feminismo socialista, que procurava apontar o fato de os papeis desenvolvidos pelas
mulheres na sociedade, privados dos espaços públicos, eram produzidos pelo
sistema e pelos homens e, assim, poderiam ser modificados, contrariando e
questionando também o feminismo liberal, que lhes parecia não uma luta por
libertação, mas, sim, uma reação que não traria grandes conquistas e mudanças, já
que continuariam subjugadas à esfera do lar e continuariam inferiorizadas em seus
papéis sociais (NYE, 1988).
No entanto, o que se notou com os anos foi que o ideal marxista não se
importava de forma particular com a condição da mulher. Quando exercido o novo
sistema, em sociedades que adotaram uma política socialista, o novo sistema