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As qualidades peculiares inerente aos físicos vêm atraindo o interesse de
empresas da área financeira. Essa tendência iniciou-se através de Isaac Newton,
quando já consagrado pela proposição das leis do movimento e da gravitação
universal, ele foi nomeado superintendente da Casa da Moeda Inglesa, participando
do processo de reforma monetária daquele ano. Mas Newton não obteve sucesso no
mercado acionário, pois perdeu sua fortuna em decorrência da primeira grande
queda (crash) do mercado inglês, em 1720, que ficou conhecido como o estouro da
South Sea Buble. Em decorrência desse fato, Newton observou: “consigo calcular o
movimento dos corpos celestiais, mas não a loucura das pessoas” (Ronan, 1987;
Westfall, 1995)
Transcorridos 280 anos após a morte de Newton, com grandes avanços, a
física moderna, tenta uma maneira capaz de quantificar o grau de insanidade e
ganância das pessoas. O sucesso dessa empreitada ainda não é certo, mas
grandes instituições financeiras perceberam que prestar atenção no que os físicos
têm a dizer pode ser um negócio recompensador, não objetivando apenas o lucro e
sim como forma de prevenção, para que aconteça a diminuição da possibilidade dos
investidores acabarem como o físico inglês, que teve suas economias pulverizadas
devido aos caprichos impiedosos do mercado.
Surge nos anos 90 uma nova disciplina, apelidada de “econofísica”, por
analogia com a biofísica e a geofísica. O que influenciou esse surgimento foi que os
físicos perceberam que certos sistemas complexos obedeciam a leis de potências,
algo já descoberto por Pareto (Pareto, 1896).
Essa nova área propõe leis probabilísticas para entender os movimentos do
mercado financeiro, considerando fatores gerais que influenciam o comportamento
dos indivíduos que nele atuam. Aplicam-se essas idéias ao estudar mecanismos que
levam a formação de bolhas especulativas e quedas violentas dos mercados. Esses
fenômenos podem ser tratados em analogia com os chamados fenômenos críticos
da física, nos quais os elementos de um sistema subitamente começam a
apresentar correlações entre seu comportamento. Um exemplo desse fenômeno é o
que acontece com as moléculas de água quando a temperatura crítica de transição
do estado líquido para gasoso é ultrapassada.
Igualmente ao fenômeno físico, acontece com os agentes financeiros que se
estimulados por condições econômicas externas, passam a se comportar de
maneira cooperativa, onde em um ambiente de extremo otimismo, o aumento nos