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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO
Análise do acúmulo da demanda logística no
final do período de comercialização: um modelo
de Dinâmicas de Sistema para o setor de bens de
consumo brasileiro
Lars Meyer Sanches
Campinas
2009
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i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMP
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO
Lars Meyer Sanches
Análise do acúmulo da demanda logística no final do período de
comercialização: um modelo de Dinâmicas de Sistema para o setor de
bens de consumo brasileiro
Orientador: Prof. Dr. Orlando Fontes Lima Júnior
Campinas
2009
Tese apresentada à Comissão de
Pós-Graduação da Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo, da Universidade Estadual
de Campinas, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Doutor em Engenharia Civil, na área
de concentração de Transportes.
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ii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA ÁREA DE
ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
Sa55a
Sanches, Lars Meyer
Análise do acúmulo da demanda
logística no final do período de
comercialização : um modelo de dinâmicas
de distema para o setor de bens de
consumo brasileiro / Lars Meyer Sanches. --
Campinas, SP: [s.n.], 2009.
Orientador: Orlando Fontes Lima Júnior.
Tese de Doutorado - Universidade
Estadual de Campinas, Faculdade de
Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.
1. Dinâmica de sistemas. 2. Logística.
3. Administração. 4. Transportes. 5.
Desconto. I. Lima Júnior, Orlando Fontes.
II. Universidade Estadual de Campinas.
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura
e Urbanismo. III. Título.
Título em Inglês: Analysis of logistics demand peak in the end
of the sales period: a system dynamics model for the
brazilian consumer products goods segment
Palavras-chave em Inglês: System dynamics, Logistics,
Business administration, Transportation, Discounts
iv
Dedicatória
A todas as pessoas que me ajudaram neste longo caminho. A minha esposa Bárbara
pelo seu constante apoio e carinho. Aos meus filhos David e Sofia que me trazem uma
grande alegria todas as manhãs. Aos meus pais, José e Renate, que serviram de
exemplo como profissionais na área do ensino e de como criar uma família. Ao meu tio
Rolf que mostrou que o desejo pelo conhecimento deve ser eterno. As minhas irmãs,
Claudia e Simone, que mostram uma grande paixão pelo que fazem.
v
Agradecimento
Ao meu orientador professor Orlando Fontes Lima Júnior por proporcionar a
combinação ideal de autonomia e direção necessária para se conduzir uma tese de
doutorado.
A Flavia pelas longas reuniões dedicadas a construção do modelo dinâmico.
Ao senhor Roberto por abrir as portas da empresa em que atuou para a realização
deste trabalho.
A todas as pessoas do Laboratório de Aprendizagem em Logística e
Transportes – LALT, por criar um ambiente construtivo de aprendizagem e pelo
constante apoio.
A minha esposa Bárbara que dedicou muitas horas a revisão dos textos e
por agüentar os momentos de stress tão comuns de um processo de doutoramento.
A toda a minha família, pelo amor e incentivo.
vi
“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo”
Paulo Coelho / Raul Seixas
vii
Resumo
SANCHES, Lars M. Análise do acúmulo da demanda logística no final do período
de comercialização: um modelo de Dinâmicas de Sistema para o setor de bens de
consumo brasileiro. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo – UNICAMP, 2009. 287p.Tese (Doutorado) – Faculdade de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo. UNICAMP, 2009.
O problema desta tese é a concentração da demanda logística no final do período de
comercialização no segmento de bens de consumo não-durável. O objetivo deste
estudo é analisar tanto as causas, quanto os impactos deste fenômeno nas diferentes
organizações envolvidas na cadeia de valor. Para isto, será feito um estudo em uma
empresa que possui esta concentração, de tal forma que se possa gerar elementos que
ajudem as organizações a entenderem e lidarem com este fenômeno. O método
adotado foi a modelagem matemática baseada na simulação de Dinâmicas de Sistema
(System Dynamics). Esta abordagem permitiu estudar o problema de uma forma
holística e integrada. Após a realização do estudo, pôde-se concluir que a concentração
da demanda logística no final do mês pode ter sido provocada por uma série de fatores,
sendo que a maioria absoluta deles são fatores endógenos aos agentes. A
concentração da demanda provoca impacto negativo no resultado financeiro da
indústria no longo prazo e impacto neutro no varejo. Foram testadas diversas políticas
capazes de eliminar a concentração da demanda, sendo que algumas delas
apresentaram resultados positivos no longo prazo. Entretanto, todas as políticas que
foram eficazes na eliminação da concentração provocavam impactos negativos no curto
prazo e afetavam um ou mais objetivos departamentais dos agentes. O estudo contribui
para a análise dos efeitos sistêmicos da política de descontos temporários com
freqüência e duração conhecida. Contribui também para o entendimento da importância
de adotar uma abordagem interdisciplinar para lidar com os problemas da gestão da
cadeia de suprimentos e a adequação do uso da Dinâmicas de Sistema como método
para este tipo de problema.
Palavras chave: dinâmica de sistemas, logística, administração, transportes, desconto.
viii
Abstract
SANCHES, Lars M. Analysis of logistics demand peak in the end of the sales
period: a System Dynamics model for the Brazilian consumer products goods
segment. Campinas: Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo –
UNICAMP, 2009. 287p.Thesis (Doctoral) – Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e
Urbanismo. UNICAMP, 2009.
The problem of this thesis is the “peak” of logistics service demand which typically
occurs at the end of the sales period in the consumer products goods segment known
as hockey-stick demand. The objetive is to analyze the cause and impact of this
phenomenon in the different companies involved through the value chain. To
accomplish this goal, the study focused on a particular company where this business
activity occurs on a regular basis in order identify and understand the underlying factors
behind the end of the cycle peak, and how to avoid this behavior. The research
methodology utilized in the thesis was based on the application of mathematical
simulation modeling by using System Dynamics. This approach enabled to achieve a
holistic and integrated view of the problem. From the results of the study it was possible
to conclude that the end of the sales period demand peak could be caused by a series
of factors, the absolute majority of them being endogenous to the agents. The results of
the study show that in the long run, the demand peak has negative impacts in the
financial results of the industry and is neutral for the retailers. Many alternative policies
were identified and simulated to demonstrate the possibility of eliminating the demand
peak. Some of the evaluated policies generated positive financial results in the long run;
however, all of the evaluated policies caused negative impacts on the short term
financial results and affected one or more of the functional objectives of the agents
departments. The research also contributed insight into the holistic effects of temporary
price discounts with known frequency and duration. Utilizing mathematical simulation
modeling and System Dynamics in an interdisciplinary approach to analyzing supply
chain management issues was shown to be beneficial to this thesis and the findings.
Key words: system dynamics, logistics, business administration, transportation,
discounts.
ix
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 Classificação de relacionamentos...................................................... 10
FIGURA 2 Definições de coordenação, cooperação e colaboração ................... 18
FIGURA 3 Efeito chicote ..................................................................................... 61
FIGURA 4 Processo de definição do método de pesquisa...................................76
FIGURA 5 Classificação das técnicas de modelagem ........................................ 81
FIGURA 6 Círculos causais................................................................................. 85
FIGURA 7 Estoques e Fluxos ............................................................................. 87
FIGURA 8 Modelo de referência......................................................................... 89
FIGURA 9 Testes das hipóteses......................................................................... 92
FIGURA 10 Método utilizado................................................................................. 94
FIGURA 11 Percentual médio de vendas acumuladas ao longo do mês.............. 98
FIGURA 12 Função gráfica de custos de Transporte.......................................... 101
FIGURA 13 Quantidades de produção, vendas e estoque ................................. 103
FIGURA 14 Função Gráfica do impacto da concentração no nível de serviço.... 106
FIGURA 15 Concentração de vendas na última semana da CONSUMO LTDA. 117
FIGURA 16 Agentes do modelo.......................................................................... 119
FIGURA 17 Diagrama de estoques e fluxos físicos ............................................ 120
FIGURA 18 Percentual de vendas do varejo para o consumidor final ................ 123
FIGURA 19 Círculo de balanço Desconto para aumentar as vendas ................. 124
FIGURA 20 Círculo de reforço Esperar para comprar......................................... 125
FIGURA 21 Círculo de reforço Aumento dos custos........................................... 127
FIGURA 22 Círculos de reforço Nível de serviço e Postergar compra................ 128
FIGURA 23 Círculo de reforço Atratividade para o consumidor.......................... 129
FIGURA 24 Círculo de reforço Reação da concorrência..................................... 130
FIGURA 25 Diagrama de sub-sistemas .............................................................. 132
FIGURA 26 Função Gráfica do desconto para atingir a cota .............................. 136
FIGURA 27 Subsistema Fluxo Físico.................................................................. 141
FIGURA 28 Efeito do aumento do lucro prometido na cota ................................ 149
x
Página
FIGURA 29 Diferença da cota e desconto oferecido........................................... 150
FIGURA 30 Efeito na quantidade comprada com desconto................................ 151
FIGURA 31 Percentual de vendas na última semana......................................... 152
FIGURA 32 Redução nas verbas........................................................................ 153
FIGURA 33 Redução nas compras de reposição................................................ 153
FIGURA 34 Redução preço da CONCORRENTE............................................... 155
FIGURA 35 Perda de vendas para CONCORRENTE......................................... 156
FIGURA 36 Lucro da CONSUMO....................................................................... 158
FIGURA 37 Faturamento total da CONSUMO.................................................... 159
FIGURA 38 Faturamento da CONSUMO junto a PRINCIPAL ............................ 159
FIGURA 39 Vendas da CONSUMO para a PRINCIPAL..................................... 160
FIGURA 40 Vendas totais da CONSUMO........................................................... 161
FIGURA 41 Preço médio de venda da CONSUMO para a PRINCIPAL ............. 161
FIGURA 42 Estoque de produtos CONSUMO na PRINCIPAL ........................... 162
FIGURA 43 Preço médio de venda de produtos CONSUMO na PRINCIPAL para o
CONSUMIDOR.....................................................................................................163
FIGURA 44 Satisfação do comprador da PRINCIPAL ........................................ 164
FIGURA 45 Preço médio de venda de produtos CONCORRENTE na PRINCIPAL
para o CONSUMIDOR.................................................................................. 164
FIGURA 46 Disponibilidade da gôndola na PRINCIPAL..................................... 165
FIGURA 47 Uso de produtos CONSUMO........................................................... 166
FIGURA 48 Custo total da CONSUMO............................................................... 167
FIGURA 49 Custo unitário da CONSUMO.......................................................... 168
FIGURA 50 Custo fixo unitário da CONSUMO.................................................... 168
FIGURA 51 Custo unitário de Logística da CONSUMO com a PRINCIPAL ....... 169
FIGURA 52 Lucro do varejista PRINCIPAL.........................................................170
FIGURA 53 Faturamento total do varejista PRINCIPAL...................................... 170
FIGURA 54 Custo total do varejista PRINCIPAL................................................. 171
FIGURA 55 Volume de vendas totais do varejista PRINCIPAL........................... 171
FIGURA 56 Descontos e verbas obtidas pelo varejista PRINCIPAL................... 172
FIGURA 57 Custos indiretos do varejista PRINCIPAL........................................ 172
FIGURA 58 Giro do estoque do varejista PRINCIPAL ........................................ 174
FIGURA 59 Preço de vendas dos produtos CONSUMO na SECUNDÁRIO….…175
FIGURA 60 Vendas totais no cenário sem desconto.......................................... 193
FIGURA 61 Lucro da CONSUMO no cenário sem desconto .............................. 194
FIGURA 62 Vendas totais no cenário desconto fixo ........................................... 196
FIGURA 63 Custos logísticos unitários ............................................................... 198
FIGURA 64 Vendas mensais da CONSUMO para a PRINCIPAL....................... 199
xi
Página
FIGURA 65 Ganhos do comprador..................................................................... 201
FIGURA 66 Lucro da CONSUMO....................................................................... 206
FIGURA 67 Impacto das políticas no resultado financeiro da CONSUMO ......... 209
xii
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA 1 Resultados das políticas alternativas................................................. 183
xiii
LISTA DE FÓRMULAS
Página
FÓRMULA 1 Estoque de Segurança ................................................................. 102
FÓRMULA 2 Estoque do CONSUMIDOR.......................................................... 142
FÓRMULA 3 Desconto adicional........................................................................143
xiv
LISTA DE QUADROS
Página
QUADRO 1 Benefícios da colaboração ................................................................22
QUADRO 2 Motivadores da colaboração..............................................................25
QUADRO 3 Antecedentes da colaboração ........................................................... 31
QUADRO 4 Barreiras da colaboração...................................................................38
QUADRO 5 Etapas da implementação da colaboração........................................ 48
QUADRO 6 Objetivos dos agentes..................................................................... 121
QUADRO 7 Decisões dos agentes ..................................................................... 122
QUADRO 8 Descrição dos cenários ................................................................... 148
QUADRO 9 Alternativas analisadas....................................................................176
QUADRO 10 Síntese dos resultados obtidos...................................................... 185
QUADRO 11 Constatações não testadas ........................................................... 212
QUADRO 12 Observações sobre o método........................................................216
QUADRO 13 Etapas para a implementação.......................................................227
QUADRO 14 Limitações do estudo..................................................................... 228
QUADRO 15 Oportunidades de estudos futuros................................................. 231
xv
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1
1.1 Problema e objetivo........................................................................................... 2
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 7
2.1 Cadeia e redes de suprimentos..................................................................... 7
2.2 Formatos de relacionamentos....................................................................... 9
2.3 Gestão da cadeia de suprimentos............................................................... 11
2.4 Coordenação entre empresas e mecanismos de controle .......................... 13
2.5 Cooperação, Colaboração e Parcerias........................................................16
2.6 Benefícios da Colaboração ......................................................................... 19
2.7 Motivadores da colaboração........................................................................ 23
2.8 Pré-requisitos da colaboração..................................................................... 26
2.9 Barreiras para a colaboração ...................................................................... 33
2.10 Implementação da Colaboração.................................................................. 42
2.11 Limitações e necessidades futuras de pesquisa ......................................... 50
2.12 Política Comercial........................................................................................ 54
2.13 Impacto da política de descontos temporários na Cadeia de Suprimentos. 60
2.14 Integração Inter-Funcional: Logística e Comercial……………………………63
2.15 Poder e os Métodos de Controle Social...................................................... 67
2.16 Relacionamento entre indústria e o varejo no setor de bens de consumo não-
duráveis do Brasil.................................................................................................. 70
3 MATERIAL E MÉTODO.................................................................................. 75
3.1 Referencial Metodológico............................................................................ 76
3.1.1 Abordagens práticas de pesquisa ............................................................... 76
3.1.2 Modelagem..................................................................................................77
3.1.3 Simulação....................................................................................................81
xvi
Página
3.1.4 Dinâmicas de Sistema................................................................................. 82
3.2 Materiais e Métodos empregados ...............................................................94
3.2.1 Revisão bibliográfica ................................................................................... 95
3.2.2 Experiência profissional............................................................................... 96
3.2.3 Problema de pesquisa................................................................................. 96
3.2.4 Objetivo do modelo...................................................................................... 96
3.2.5 Detalhamento do problema ......................................................................... 97
3.2.6 Coleta de Dados.......................................................................................... 99
3.2.7 Conceituação do sistema .......................................................................... 107
3.2.8 Geração das hipóteses dinâmicas............................................................. 108
3.2.9 Teste de hipóteses..................................................................................... 108
3.2.10 Realização da simulação.......................................................................... 111
3.2.11 Análise dos resultados .............................................................................112
3.2.12 Conclusões e contribuições gerenciais .................................................... 113
4 DESENVOLVIMENTO DO MODELO........................................................... 115
4.1 Objeto de estudo .......................................................................................... 115
4.2 Descrição do modelo.................................................................................... 118
4.2.1Agentes envolvidos e nível de agregação................................................... 118
4.2.2 Objetivos e decisões dos agentes..............................................................121
4.3 Descrição das relações de causalidade ....................................................... 122
4.4 Descrição do modelo computacional............................................................ 131
4.4.1 Subsistema Resultado CONSUMO............................................................ 132
4.4.2 Subsistema Alocação de verbas ................................................................ 133
4.4.3 Subsistema Definição da Cota................................................................... 134
4.4.4 Subsistema Faseamento das vendas CONSUMO..................................... 134
4.4.5 Subsistema Apuração das Vendas CONSUMO..........................................136
4.4.6 Subsistema Preço de Venda...................................................................... 138
4.4.7 Subsistema Nível de Serviço...................................................................... 139
4.4.8 Subsistema CONCORRENTE na PRINCIPAL...........................................139
4.4.9 Subsistema SECUNDÁRIO........................................................................ 140
xvii
Página
4.4.10 Subsistema Fluxo Físico .......................................................................... 141
4.4.11 Subsistema Resultado PRINCIPAL..........................................................144
4.4.12 Subsistema Calendário ............................................................................ 145
4.4.13 Subsistema Produtos não promocionados............................................... 145
4.4.14 Subsistema Vendas última semana ......................................................... 145
4.4.15 Subsistema Custos Logísticos ................................................................. 146
5 RESULTADOS................................................................................................. 147
5.1 Possíveis causas da concentração de vendas.............................................. 147
5.1.1 Aumento do lucro prometido ...................................................................... 148
5.1.2 Redução nas verbas de Marketing, Inovação e ações em loja .................. 152
5.1.3 Queda no mercado..................................................................................... 154
5.1.4 Aumento das vendas da CONCORRENTE................................................ 154
5.1.5 Queda nas compras do varejista................................................................ 156
5.1.6 Expectativa de aumento de preço.............................................................. 157
5.2 Impactos da concentração de vendas........................................................... 157
5.2.1 Impactos para a fabricante CONSUMO ..................................................... 158
5.2.2 Impactos para a varejista PRINCIPAL........................................................ 170
5.2.3 Impactos para o CONSUMIDOR................................................................ 174
5.3 Alternativas de análise .................................................................................. 175
5.3.1 Descrição das alternativas ......................................................................... 176
5.3.1.1 Eliminar os descontos ............................................................................. 177
5.3.1.2 Desconto constante pelo máximo ...........................................................178
5.3.1.3 Desconto logístico................................................................................... 178
5.3.1.4 Negociar no final do mês e fazer entregas no mês seguinte……………..179
5.3.1.5 Datas de fechamento distintas para clientes/regiões .............................. 179
5.3.1.6 Mudar forma de remuneração vendedores ............................................. 180
5.3.1.7 Limitar estoque máximo .......................................................................... 180
5.3.1.8 Criar planos financeiros factíveis............................................................. 180
5.3.1.9 Aumentar flexibilidade da Logística......................................................... 181
5.3.1.10 Criar planos financeiros factíveis e deslocar verbas para ações loja .... 181
xviii
Página
5.3.2 Resultados das políticas avaliadas ............................................................182
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................ 185
6.1 Síntese dos resultados.................................................................................. 185
6.2 Causas da concentração de vendas ............................................................. 187
6.3 Impactos da concentração de vendas........................................................... 190
6.4 Políticas alternativas ..................................................................................... 192
6.4.1 Eliminar os descontos ................................................................................ 192
6.4.2 Desconto constante pelo máximo .............................................................. 195
6.4.3 Desconto logístico...................................................................................... 197
6.4.4 Negociar no final do mês e fazer entregas no mês seguinte...................... 198
6.4.5 Datas de fechamento distintas para clientes/regiões ................................. 200
6.4.6 Mudar forma de remuneração vendedores ................................................ 200
6.4.7 Limitar estoque máximo ............................................................................. 202
6.4.8 Criar planos financeiros factíveis................................................................ 202
6.4.9 Aumentar flexibilidade da Logística............................................................ 203
6.4.10 Criar planos financeiros factíveis e deslocar verbas para ações.............. 204
6.4.11 Análise geral das alternativas................................................................... 206
7 CONCLUSÕES................................................................................................ 211
7.1 Constatações a serem testadas.................................................................... 212
7.2 Método desenvolvido .................................................................................... 215
7.3 Implicações gerenciais.................................................................................. 222
7.4 Limitações do estudo .................................................................................... 228
7.5 Recomendações para estudos futuros.......................................................... 230
8 REFÊRENCIAS BIBLIOGRAFICAS ............................................................. 237
APÊNDICES........................................................................................................ 259
APÊNDICE 1 Subsistemas.................................................................................. 260
APÊNDICE 2 Equações e variáveis.................................................................... 275
1
1. INTRODUÇÃO
A concentração da demanda logística no final do período de comercialização é
um problema relevante para muitas empresas, que tem sido pouco estudado no meio
acadêmico. Para abordar este problema será feito um estudo em uma empresa que
possui esta concentração, de tal forma que se possam gerar elementos que ajudem as
organizações a entenderem e lidarem com este fenômeno, sejam amenizando os seus
impactos, seja atacando as suas causas. A seguir, serão feitas descrições do problema
e objetivos escolhidos para esta pesquisa, além de discorrer sobre a relevância do
assunto e descrever a estrutura geral desta tese.
A eficiência e eficácia da atividade de transportes no Brasil dependem de uma
série de fatores como, por exemplo, a qualidade da infra-estrutura de transportes e a
adequada escolha dos modais a ser utilizado. Estes fatores têm sido muito debatidos
tanto na mídia quanto na literatura especializada (COPPEAD, 2002). Entretanto, a
mesma atenção não tem sido dada a um outro fator importante para o setor de
transportes: a distribuição temporal feita pelas empresas produtoras, os chamados
“embarcadores” da demanda pelo serviço de transporte.
Não é raro ver artigos em revistas profissionais falando sobre empresas no
mundo todo que possuem uma concentração de vendas no final do período de
comercialização, isto é, quando uma grande quantidade das entregas de um
determinado período ocorre nos últimos dias ou semanas deste ciclo (SLONE;
2
MENTZER; DITTMANN, 2007). Este fenômeno ficou popularmente conhecido no
mundo dos negócios como vendas com formato hockey-stick (STERMAN, 2006).
Apesar da concentração de vendas no final do período de comercialização não
ser uma exclusividade desta região, trabalhos (LABAN NETO, 2004) apontam que este
é um fenômeno que ocorre frequentemente no relacionamento entre distintas empresas
de bens de consumo não-duráveis no Brasil e seus canais de distribuição.
Na revisão do conhecimento científico prévio não foram encontrados estudos
sobre este problema. O fato da concentração de vendas no final do período de
comercialização ser um fenômeno pouco estudado, cujos impactos podem estar
afetando um número significativo de empresas no Brasil e no mundo, foi crucial para a
escolha do problema deste estudo. A escolha pelo setor de bens de consumo não-
duráveis brasileiro decorre da constatação feita por Yin (2003) de que a escolha de
cenários extremos pode ajudar na geração de generalizações analíticas.
1.1 Problema e objetivo
O objetivo deste estudo é analisar a concentração da demanda logística no final
do período de comercialização. A análise irá abranger tanto as causas, quanto os
impactos deste fenômeno, de tal forma que seja possível propor políticas alternativas
capazes de gerar um melhor resultado para os agentes envolvidos.
3
O objetivo desta pesquisa pode ser desmembrado em três questões:
1. Quais são as possíveis causas da concentração de vendas ao final do
período de comercialização?
2. Como esta concentração impacta no resultado de curto e longo prazo
das empresas?
3. Quais são as políticas alternativas que as empresas podem adotar para
reduzir ou eliminar os efeitos negativos destes fatores?
O problema da concentração das vendas no final do período de
comercialização possui relevância tanto para as empresas, quanto para a sociedade
brasileira. A concentração de vendas pode não somente impactar as atividades de
transportes das empresas, mas pode também impactar outras atividades como, por
exemplo: gestão de estoques, armazenagem, movimentação, planejamento de
produção, compras, entre outras. Como estas atividades representam uma grande
parcela dos custos logísticos da empresa (LIMA, 2006), a concentração de vendas
pode representar um significativo aumento dos custos logísticos das empresas. De
acordo com Lima (2006), os custos logísticos brasileiros representavam em 2004 12,6%
do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Por conseqüência, a melhora da concentração
do faturamento pode trazer ganhos para a sociedade brasileira como um todo, seja
através da redução dos preços dos produtos ou através da melhoria da capacidade de
investimento e competitividade das empresas nacionais.
Mas os potenciais impactos da concentração de vendas não são
exclusivamente os custos das empresas. A concentração pode, potencialmente,
impactar a eficácia do atendimento dos pedidos feitos pelos clientes. De acordo com
estudos da COPPEAD (2007), o nível de serviço prestado pelos fabricantes no setor de
bens de consumo tem se tornado um importante critério na avaliação que os clientes
fazem em relação aos seus fornecedores. O baixo nível de serviço pode provocar tanto
4
a perda de participação do mercado quanto a perda de vendas junto ao consumidor
final trazendo, portanto, uma perda de receita.
Do ponto de vista do desenvolvimento da ciência, este projeto aborda um
problema que não tem sido explorado de forma sistemática e que possui relevância
prática. Além disso, o estudo deste problema pode trazer contribuições teóricas para as
linhas de pesquisa que abordem relacionamentos entre empresas.
Existem duas linhas de pesquisa que possuem estudos correlacionados a este
problema e que serão aproveitadas ao longo deste trabalho como mostra o método
proposto no terceiro capítulo. A primeira linha de pesquisa é da área de gestão da
cadeia de suprimentos (supply chain management) que possui uma grande quantidade
de estudos sobre a variabilidade da demanda nas cadeias de suprimentos, conhecida
por efeito-chicote (bullwhip-effect) (CHEN; PAULRAJ, 2004). Os estudos desta linha de
pesquisa irão nos ajudar a criar hipóteses sobre potenciais impactos da concentração e
dificuldades a serem vencidas na implementação das políticas. No entanto, não foram
encontrados estudos que abordem os efeitos de uma variabilidade que ocorre em um
período específico, constante e conhecido como é o caso abordado nesta pesquisa.
A segunda linha de pesquisa é a de canais de marketing (marketing channels).
Como será visto na revisão da bibliografia, existe um grande número de estudos que
abordam os descontos temporários de preço nas companhias, uma das possíveis
causas da concentração de vendas. Mas não foram encontrados estudos abordando os
descontos temporários com freqüência, duração e período constante e conhecido. Além
disto, foram poucos os estudos (POWER e CLOSS, 1987) que abordaram os impactos
dos diferentes modelos de descontos na cadeia de suprimentos.
Além dos temas propostos, a análise deste problema poderá trazer
contribuições para os estudos que buscam entender os desafios de implementar
relacionamentos colaborativos entre as empresas. Espera-se que o método escolhido
seja capaz de resolver o problema proposto e permita a sua investigação sistemática e
factual (SCHRADER, 1974).
5
Esta tese está dividida em sete capítulos. No próximo capítulo, será
apresentada a revisão bibliográfica sobre as linhas de pesquisa que mais se aproximam
ao tema deste estudo. No terceiro capítulo, será explicada a escolha do método a ser
empregado. No quarto capítulo, serão descritos os principais elementos do modelo
desenvolvido para o estudo. O quinto capítulo apresenta os resultados do modelo,
sendo seguido pela análise dos resultados e um capítulo com as conclusões do
trabalho.
6
7
CAPÍTULO 2 – REFERENCIAL TEÓRICO
O objetivo deste capítulo é apresentar o referencial teórico existente nas duas
principais linhas de pesquisa que circundam o tema deste estudo: o tema de
colaboração dentro da gestão da cadeia de suprimentos (supply chain management) e
os estudos de preços e relacionamento nos canais de marketing (marketing channels).
Antes de discutir os modelos propriamente ditos, iremos passar por alguns conceitos
preliminares importantes para o entendimento do trabalho.
2.1 Cadeia e redes de suprimentos
Cadeia de suprimentos (supply chain) pode ser entendida como “um conjunto
de três ou mais entidades (organizações ou indivíduos) diretamente envolvidos no fluxo
upstream e downstream de produtos, serviços, crédito, e/ou informação da fonte até o
consumidor final” (MENTZER et al., 2001, p. 4). Esta nomenclatura traz uma visão mais
linear e vertical de relacionamentos, onde cada estágio da cadeia é formado por uma
empresa, nas quais os relacionamentos são de exclusividade.
De acordo com Hertz (2006), uma das questões a serem resolvidas pelos
pesquisadores é como delimitar uma cadeia de suprimentos. Segundo ele, não existe
um consenso sobre o tema e a decisão fica a cargo de cada pesquisador mas,
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normalmente, busca-se limitar a análise às relações mais relevantes. Ele afirma que na
maioria dos casos ocorre uma sobreposição da cadeia (overlap), isto é, quando
empresas compartilham recursos com outras empresas ou quando atuam em diferentes
mercados. O autor monta uma classificação para as cadeias de suprimentos em relação
à sua extensão, grau de integração e tamanho.
As críticas em relação à visão vertical e linear do conceito de cadeia fizeram
com que diversos autores, principalmente oriundos da escola de pensamento
organizacional, propusessem o conceito de rede de suprimentos (supply network).
Rede de suprimentos foi definida como “um agrupamento de parcerias estratégicas,
onde os membros possuem dependência mútua, compartilham informação proprietária
e tomam decisões em conjunto visando melhoria da coordenação e sincronização do
atendimento das demandas do consumidor” (TAYLOR; TAYLOR; TERHUNE, 2000, p.
57). Podemos ver que é um conceito mais abrangente e adequado para a realidade de
sobreposição mostrada por Hertz (2006). Claro (2004, p.48) define business network
como:
O conjunto de relações de negócios interconectadas – sejam verticais (com
fornecedores e clientes) ou horizontais (colegas, competidores e outras
entidades) – que estejam separadas em sub-grupos e sejam fontes essenciais
de informações que propiciem benefícios para as relações de fornecedor-
cliente em termos de processos, vendas/compras e previsão das ações dos
demais envolvidos.
Porter (1985) introduz o conceito de cadeia de valor (value chain) como um
conjunto de atividades desempenhadas por uma organização, desde as relações com
os fornecedores, ciclos de produção e de venda até a fase da distribuição final. A
cadeia de valor de uma empresa se relaciona com a de seus fornecedores e clientes. O
interessante deste conceito é o enfoque dado ao lado das receitas. O valor da cadeia é
a diferença entre o preço pago pelo consumidor final e os custos totais incorridos pelos
diversos elos da cadeia. O conceito de valor abre espaço para a busca de
relacionamentos ganha-ganha entre os elos da cadeia, onde o valor total que cada elo
retém pode ser aumentado sem o detrimento dos demais elos (PORTER, 1985). Os
conceitos anteriores, implicitamente, enfatizavam o lado dos custos da cadeia. Autores
9
posteriores (HEIKKILA, 2002) buscaram enfatizar este conceito separando a cadeia da
demanda (demand chain) da cadeia de suprimentos (supply chain).
Para este estudo, serão utilizados os conceitos de que a cadeia não é linear e
de que deve-se gerenciar tanto os aspectos de custos, quanto as receitas geradas junto
ao consumidor final. Nota-se que nos diferentes conceitos é enfatizado o
relacionamento mútuo entre diversas empresas. A seguir será apresentada uma revisão
sobre os tipos de relacionamentos entre empresas.
2.2 Formatos de relacionamentos
Furlan, Romano e Camuffo (2006) acreditam que a escolha do formato de
relacionamento entre empresas deve considerar duas variáveis-chaves: o percentual do
custo dos produtos comprados sobre o custo total e o grau de customização dos
produtos. Existem diversas formas de relacionamento com outros membros da cadeia
(HOPPE, 2001) que podem ser colocadas dentro de uma escala (spectrum) em que, de
um lado estão os relacionamentos de mercado puro (arms lenght) caracterizados por
transações de curto prazo e sem nenhum envolvimento, e do lado oposto, a integração
vertical. Os relacionamentos chamados de colaborativos estão em posições
intermediárias desta escala. Nesta mesma linha, Rinehart et al. (2004) propõem uma
classificação para o tipo de relacionamento entre empresas, composta de sete
categorias partindo de relações não estratégicas até alianças (Figura 1).
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Figura 1 – Classificação de relacionamentos - Adaptado de Rinehart et al. (2004)
Dyer, Cho e Chu (1998) sugerem que as empresas não devem utilizar uma
estratégia padrão de relacionamento com fornecedores e que os fornecedores devem
ser segmentados de acordo com o relacionamento a ser utilizado. Lee (2002)
argumenta sobre a necessidade de usar diferentes estratégias de gestão da cadeia de
suprimentos. Cooper et al. (1997), tomando como base trabalhos realizados na área de
suprimentos, afirmam que nem todos os relacionamentos de uma empresa devem ser
colaborativos. Fatores como, por exemplo, as características do mercado de
fornecedores e dos produtos e/ou serviços sendo transacionados podem fazer com que
a criação de um relacionamento colaborativo possa não ser necessária, ou até mesmo
desejável. O mesmo é dito por Coughlan et al. (2002) em relação ao formato de
relacionamento das indústrias com seus canais de distribuição. Para os autores,
existem vários formatos possíveis de relacionamento.
Os estudos apresentados neste tópico apontam que, apesar de haver muitos
autores que acreditam que o relacionamento colaborativo seja o melhor a ser adotado e
que, portanto, é parte fundamental da melhoria da gestão da cadeia de suprimentos, o
formato de relacionamento entre empresas não precisa ser necessariamente um
formato colaborativo.
Transações
não estratégicas
Relacionamentos
administrados
Relacionamentos
contratuais
Relacionamentos
contratuais
especiais
Parcerias
Joint ventures
Alianças
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2.3 Gestão da cadeia de suprimentos
A origem do conceito de gestão da cadeia de suprimentos está nos estudos
pioneiros de Jay Forrester (1961) sobre os efeitos das decisões tomadas por uma
empresa sobre o restante da cadeia. Estes efeitos ficaram mais conhecidos como efeito
chicote (bullwhip-effect) (CHEN; PAULRAJ, 2004). Esta nomenclatura é utilizada para
representar a dinâmica de uma cadeia de suprimentos, em que uma pequena variação
na demanda do consumidor final pode provocar grandes flutuações nos elos mais a
montante da cadeia. Lee, Padmanabhan e Whang (2004) apontam as principais causas
do efeito chicote como sendo: distorção da previsão, pedido em lote, flutuação de
preços e a busca por impedir a falta de produtos. Paik e Bagchi (2007) concluem que
uma das principais causas do efeito chicote é a variação nos preços. Para minimizar os
impactos do efeito chicote, surge a necessidade de gerir, de forma coordenada, as
empresas integrantes da cadeia de suprimentos.
O termo gestão da cadeia de suprimentos propriamente dito apareceu na
literatura pela primeira vez na década de oitenta (OLIVER; WEBBER, 1982). Os autores
mostram que ao longo destes mais de 25 anos surgiu uma série de definições para o
termo. De acordo com o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP),
antigo Council of Logistics Management (CLM), um conceituado conselho de
profissionais e acadêmicos da área, gestão da cadeia de suprimentos:
abrange o planejamento e gerenciamento de todas as atividades envolvidas no
fornecimento, conversão, e todas as atividades de gerenciamento da Logística.
Além disso, inclui também coordenação e colaboração com membros da
cadeia, que podem ser fornecedores, intermediários, provedores de serviços
terceirizados e clientes. Na sua essência, gestão da cadeia de suprimentos
integra o gerenciamento do fornecimento e da demanda dentro e entre as
companhias. (GIBSON; MENTZER; COOK, 2005, p.22)
12
Dentro da área de pesquisa de relacionamentos sob a ótica da gestão da
cadeia de suprimentos existe uma linha de estudos conhecida como supply network
coordination. De acordo com Chen e Paulraj (2004) esta linha busca aplicar os modelos
tradicionais de estoques e planejamento da produção feitos no ambiente interno das
empresas para o âmbito de relacionamentos entre empresas. Os pesquisadores usam
métodos de modelagem matemática através de ferramentas de otimização e, às vezes,
simulação. Eles acreditam que a modelagem matemática é adequada para ambientes
pré-determinados com poucas variáveis de decisão e pressupostos extremamente
restritivos, entretanto, essa ferramenta é inadequada para situações mais complexas
como as das cadeias de suprimentos. Os autores também criticam a falta de
generalização para os modelos matemáticos usados.
Mas, os estudos de relacionamento entre empresas não são feitos
exclusivamente por pesquisadores da linha da gestão da cadeia de suprimentos
(CLARO, 2004). De acordo com este autor, as teorias de redes (GRANOVETTER,
1973), custos de transação (WILLIANSON, 1975), teoria dos contratos (MACNEIL,
1978) e canais de marketing (COUGHLAN et al., 2002) também trazem importantes
contribuições para o tema. Halldorsson et al. (2007) mostram as dificuldades de se criar
uma teoria da gestão da cadeia de suprimentos e acreditam que a assimilação de
abordagens distintas pode ajudar neste processo. Os autores citam quatro abordagens:
custos de transação (WILLIANSON, 1985), agente-principal (EISENHARDT, 1989),
teoria dos recursos (PRAHALAD e HAMEL, 1990) e teoria das redes (OLIVER, 1990)
Neste trabalho, serão mesclados conceitos e teorias criadas por diferentes
linhas de pesquisa. A seguir, serão detalhados os conceitos de coordenação e
colaboração, conceitos muitas vezes utilizados como sinônimos.
13
2.4 Coordenação entre empresas e mecanismos de controle
Para entender a coordenação entre as empresas, é importante compreender o
conceito de mecanismos de controle. Mecanismos de controle são usados para definir
as ações dos participantes individuais da cadeia de suprimentos de forma que suas
decisões estejam alinhadas com os objetivos da cadeia como um todo (FUGATE;
SAHIN; MENTZER, 2006). Estes mecanismos buscam evitar decisões sub-ótimas
(FORRESTER, 1961), o que Spenger (1950) chamou de double marginalization, isto é,
quando o varejista não se preocupa com a margem de lucro do fabricante ao tomar
suas decisões. Wong, Johansen e Hvolby (2004) fazem uma análise dos problemas de
integração e conclui que os estudos sobre o tema têm como origem a teoria das
organizações, teoria econômica e a área de gestão de operações.
Fugate, Sahin e Mentzer (2006) afirmam que existem diversos fatores
importantes para escolher o mecanismo a ser adotado: grau de confiança,
comprometimento, existência de normas cooperativas, dependência, compatibilidade
organizacional, participação da alta gerência e orientação para cadeia de suprimentos.
Mentzer et al. (2001, p.11) chamam de orientação para a cadeia de suprimentos (supply
chain orientation) o “reconhecimento por uma organização das implicações sistêmicas e
estratégicas das atividades táticas envolvidas no gerenciamento dos diversos fluxos na
cadeia de suprimentos”. Este conceito envolve a existência de uma visão sistêmica da
cadeia, esforços cooperativos para sincronizar as competências internas e externas da
empresa e foco na geração de valor para o cliente. Outro antecessor dos mecanismos
de coordenação é o nível de conhecimento de cada organização, capacidade e
predisposição para o compartilhamento de informações, novas tecnologias e processos
(ELLINGER; ELLINGER e KELLER, 2002).
Fugate, Sahin e Mentzer (2006) dividem os mecanismos de controle em três
grupos: mecanismos de preço, mecanismos de não-preço e coordenação de fluxos. O
primeiro grupo, os mecanismos de preço, buscam melhorar a performance da cadeia
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através do alinhamento dos incentivos do cliente com mudanças na “precificação”. A
“precificação” pode ser baseada em: descontos por quantidade (GERSTNER; HESS,
1995); recompra e retorno (PASTERNACK, 1985); e two-part tarif - todas as unidades
ou volume incremental (WENG, 1995). Cachon e Lariviere (2005) mostram os
benefícios e limitações dos contratos de compartilhamento de receita (revenue-sharing)
como mecanismo de controle entre empresas. A principal limitação apontada está em
não incentivar os esforços de venda por parte dos varejistas. Em pesquisa empírica,
Fugate, Sahin e Mentzer (2006) apontam que os executivos entrevistados, todos da
área de Logística, foram contra a política de descontos, pois geram perturbações na
cadeia (LEE; PADMANABHAN; WHANG, 1997).
Os mecanismos chamados de não-preço também são apontados como
capazes de melhorar a performance da cadeia (ANDERSON; WEITZ, 1992; BERGEN;
SHANTANU; WALKER Jr.,1992; HEIDE, 1994). Os mais conhecidos são contratos de
flexibilidade de quantidade, verbas promocionais, propaganda cooperativa e acordos de
exclusividade (ANDERSON; WEITZ, 1992). A pesquisa feita por Fugate, Sahin e
Mentzer (2006) mostra que os executivos de Logística também foram contra este tipo
de mecanismo, pois geram custos adicionais na cadeia.
O terceiro grupo de mecanismo, apontado como o preferido pelos profissionais
de Logística pesquisados por Fugate, Sahin e Mentzer (2006), é o de coordenação de
fluxos. Malone e Crowston (1994) definem coordenação como “gerenciar dependências
entre atividades”. Payan (2007) faz uma ampla revisão bibliográfica dentro da escola de
dinâmica das organizações (STHETH; GARDNER; GARRETT, 1998) para buscar
entender o significado do conceito de coordenação. Para o autor, coordenação é
entendido como “diversas atividades compartilhadas que ocorrem entre organizações”
(PAYAN, 2007, p. 228). Entre os exemplos deste tipo de mecanismos, estão os
processos de Vendor Management Inventory (VMI), Quick Response (QR),
Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment (CPFR) e postergação
(ANGULO; NATCHTMANN; WALLER, 2004). Os autores afirmam que, para que estes
mecanismos possam funcionar, é preciso gerenciar a complexidade e buscar o
envolvimento multifuncional e a padronização (FUGATE; SAHIN; MENTZER, 2006).
15
Danese (2007) mostra que o grau de utilização do CPFR varia de acordo com
as características dos produtos, do formato do relacionamento entre as empresas e do
grau de desenvolvimento das empresas. Dorling, Scott e Deakins (2006) propõem uma
metodologia para definir se vale ou não a pena implementar o VMI. A metodologia é
composta de três etapas: entendimento da indústria, avaliação do nível de competição
e lucratividade e adoção de relacionamentos colaborativos.
Hoppe (2001) aponta que a coordenação pode acontecer nos fluxos físicos, de
informação ou crédito. A coordenação pode ser feita através de diferentes estruturas
organizacionais: centrada em uma empresa (o chamado capitão da cadeia), informal,
baseado em um consórcio, operador logístico, entidade legal separado ou através da
integração vertical completa. Sahin e Robinson (2002) relatam dois tipos de sistemas de
coordenação: centralizado e descentralizado.
De acordo com Fugate, Sahin e Mentzer (2006), existe uma grande diferença
entre o que é discutido nos artigos acadêmicos sobre coordenação e o que as
empresas estão fazendo e consideram útil. Os autores afirmam que existe um
desconhecimento por parte dos acadêmicos sobre o que as empresas fazem
atualmente e sugere que acadêmicos e executivos devam trabalhar mais próximos para
avaliar os mecanismos de coordenação na prática. Ele propõe uma maior quantidade
de testes empíricos.
Holweg et al. (2005) afirmam que um dos motivos do insucesso das iniciativas
de integração da cadeia de suprimentos é a escolha inadequada dos mecanismos de
coordenação a serem utilizados. Os autores lembram que devem ser considerados
fatores como a dispersão geográfica dos clientes e fornecedores, o comportamento da
demanda e as características dos produtos.
Neste estudo, será adotada a definição proposta por Payan (2007), onde
coordenação é entendida como “diversas atividades compartilhadas que ocorrem entre
organizações” (PAYAN, 2007, p. 228). A seguir, será apresentada uma discussão sobre
os conceitos de cooperação, colaboração e parcerias.
16
2.5 Cooperação, Colaboração e Parcerias
Payan (2007, p.228) define cooperação como “uma orientação que reflete o
espírito de boa vontade de uma organização trabalhar em conjunto com outra
organização”. A existência de coordenação não implica necessariamente a existência
de cooperação e vice-versa (PAYAN, 2007). O mesmo vale para o fato de que a
existência de uma orientação para cooperação não garante que haverá condições
necessárias para que ocorra coordenação. Golicic e Mentzer (2005) fazem uma
separação semelhante, mas usando os termo magnitude e tipo de relacionamento.
Magnitude do relacionamento é entendida como sendo “o nível ou extensão de
proximidade ou força do relacionamento entre organizações” (GOLICIC;MENTZER,
2005, p.48). O tipo de relacionamento é definido como o grupo ou classe de
relacionamentos que compartilham características de governabilidade em comum e que
são operacionalizadas através de variações das categorias primárias de relacionamento
de mercado puro, cooperativo e integrado (BOVE; JOHNSON, 2001; GOLICIC;
FOGGIN; MENTZER, 2003). Bove e Johnson (2001) relatam ainda que a magnitude do
relacionamento pode ser subdividida nos componentes de confiança, comprometimento
e/ou dependência. Golicic e Mentzer (2006) apontam para a necessidade de obter um
alto nível nestas três vertentes para entrar em um relacionamento colaborativo.
Os termos de cooperação e coordenação muito se assemelham à forma com
que autores distintos empregam os conceitos de colaboração e parceria. Min et al.
(2005, p.245) definem colaboração como sendo “uma cultura de trabalho em conjunto
com outras empresas visando um conjunto de objetivos comuns que tragam benefícios
para o relacionamento de parceria.” Esta definição se aproxima mais ao conceito de
cooperação. Mentzer et al. (2001, p. 15) definem colaboração como sendo “empresas
trabalhando em conjunto para atingir objetivos comuns. Colaboração é caracterizado
17
pelo compartilhamento de informações, conhecimento, riscos e lucros.” A definição de
Mentzer et al. (2001) não faz a distinção entre coordenação e cooperação.
Barratt (2004a) aponta quatro elementos da colaboração: cultura colaborativa
buscando a quebra dos chamados “silos funcionais”; confiança e comprometimento
interno e externo; benefícios mútuos compartilhados; e troca de informação. Ele define
colaboração como “uma cultura de trabalho em conjunto com outras empresas visando
um conjunto de objetivos comuns que tragam benefícios para o relacionamento de
parceria” (BARRATT, 2004a, p. 245).
Lambert, Emmelhainz e Gardner (1999, p. 166) definem parceria como “uma
relação de negócios customizada baseada em confiança mútua, transparência, riscos e
benefícios compartilhados que resultem em uma performance dos negócios maior do
que a obtida se as empresas estiverem trabalhando de forma isolada”. Fynes, Burca e
Voss (2005, p. 3305) definem qualidade de um relacionamento na cadeia como “o grau
com que ambos os parceiros de uma relação estão envolvidos em uma relação ativa e
de longo prazo baseando-se na confiança, adaptabilidade, comunicação e cooperação”.
Tanto a definição de parceria quanto a de qualidade do relacionamento não fazem a
distinção entre coordenação e cooperação.
Nota-se que não existe um consenso sobre a definição de alguns termos
fundamentais para a gestão da cadeia de suprimentos. Isto pode ser muito perigoso no
momento de tentar construir teoria. Muitos autores usam diferentes definições em suas
pesquisas, o que pode levar a problemas na comparação de resultados.
Para este estudo, será adotada a definição proposta por Payan (2007) que
define cooperação como “uma orientação que reflete o espírito de boa vontade de uma
organização trabalhar em conjunto com outra organização”. Esta definição foi escolhida
por deixar claro que a coordenação pode ser obtida através do uso da força (poder de
barganha) ou através da cooperação. Esta distinção pode ser importante para o
entendimento dos antecedentes necessários para criar relacionamentos coordenados.
18
Analisando as diferentes definições de colaboração entende-se que a
colaboração é um relacionamento coordenado e cooperativo. De acordo com esta
definição, relacionamentos de coordenação através do uso da força não podem ser
considerados colaborativos. O mesmo vale para empresas que possuem a intenção de
cooperar, mas não conseguem implementar as atividades conjuntas. Para este estudo,
será adotado que os conceitos de colaboração e parceria são sinônimos, mas distintos
do conceito de coordenação e cooperação (vide Figura 2). O conceito de colaboração a
ser adotado será de Vieira (2006, p.20):
colaboração significa que duas ou mais empresas trabalham juntas ao longo
do tempo (com base na confiança, flexibilidade, reciprocidade e
interdependência, comprometimento, comunicação aberta, conhecimento do
parceiro e no longo tempo) por meio de decisões conjuntas, compartilhamento
de informações logísticas e comerciais, custos e benefícios, e com objetivo de
atender às necessidades dos clientes.
Figura 2 – Definições de coordenação, cooperação e colaboração
Existe uma tendência por parte de vários acadêmicos e consultores, mostrada
inclusive pela própria definição de gestão da cadeia de suprimentos, em incentivar a
ampliação dos relacionamentos colaborativos, ou melhor, incentivar a coordenação
COORDENAÇÃO
COLABORAÇÃO OU
PARCERIA
COOPERAÇÃO
19
através da cooperação. A disseminação de diversos benefícios em relação a este tipo
de relacionamento pode ajudar a entender esta tendência. A seguir, serão relacionados
alguns benefícios, motivadores, antecedentes e barreiras das iniciativas de
colaboração.
2.6 Benefícios da Colaboração
Antes de apresentar os benefícios obtidos com a implementação de
relacionamentos colaborativos, é interessante conceituar o termo valor do
relacionamento, definido como “a diferença entre a percepção de benefícios obtidos e
os custos necessários do relacionamento” (GOLICIC; MENTZER, 2006, p. 87). O valor
da colaboração é, portanto, a diferença entre ganho com a colaboração e o ganho sem
a colaboração. Segundo os autores, os ganhos podem ocorrer das seguintes formas:
receitas mais altas, custos menores e maior vantagem competitiva; podem vir do lado
da demanda através do aumento de vendas, menos descontos, maior giro do estoque,
menos falta de produtos e menores custos operacionais; ou do lado do fornecimento via
menores estoques, tempo de resposta menor, menores custos e programa de produção
mais ajustado. No entanto, é preciso considerar que os membros têm comportamento
egoísta e que os ganhos serão compartilhados (SIMUTUPANG; SRIDHARAN, 2005).
Golicic e Mentzer (2006) mostram que existe uma correlação positiva entre
relacionamentos colaborativos e valor do relacionamento. Este aumento de valor ocorre
em diversas formas como será visto a seguir.
Sahin e Robinson (2002) apontam para o compartilhamento de informações
como o principal fator para a melhoria da performance da cadeia. Os autores afirmam
que as economias podem chegar a 35% do custo total do sistema, principalmente se
houver, além da troca de informações, a coordenação das decisões. Fynes, Burca e
20
Voss (2005) indicam que a qualidade do relacionamento impacta positivamente a
performance. Esta relação aumenta quanto maior for a intensidade da competição.
Tummala, Phillips e Johnson (2006) concluem que os principais objetivos buscados
pelas empresas no momento de implementar ações de gestão da cadeia de
suprimentos são: redução de custos operacionais, melhoria nos estoques, redução dos
leadtimes e melhoria da flexibilidade e da satisfação do cliente.
Corsten e Kumar (2005) fizeram um estudo mostrando os resultados das
iniciativas de colaboração que fazem parte do Efficient Consumer Response (ECR)
entre a rede Sansbury e seus fornecedores na Inglaterra. Os resultados mostram que
houve ganhos, tanto para o varejista, quanto para os fornecedores. Daugherty et al.
(2006) indicam que o principal benefício da colaboração é a melhora do nível de
serviço. Cheung e Lee (2002) descrevem diversos benefícios obtidos na área de
transportes através da troca de informações entre varejistas e fornecedores. Lambert,
Knemeyer e Gardner (2004) citam vários casos de empresas que obtiveram benefícios
através da criação de parcerias. Barratt (2004b) relata benefícios obtidos por empresas
de bens de consumo na Grã-Bretanha com a implementação do processo de
planejamento colaborativo. Soosay, Hyland e Ferrer (2008) descrevem exemplos e
benefícios da colaboração.
Van der Vaart e van Donk (2008) fizeram uma extensa revisão bibliográfica e
classificaram os artigos que relacionam integração e performance da cadeia. Os
autores dividem os fatores relevantes relacionados à integração em três categorias:
práticas da cadeia tangíveis como os processos utilizados; padrões de interação como,
por exemplo, nível de comunicação entre as empresas; atitudes das empresas com
seus parceiros. Os autores afirmam que faltam estudos que mostrem a inter-relação
entre estas categorias e propõem um modelo teórico para explicar a performance do
relacionamento que, além destas três categorias, inclui a distribuição de poder e as
condições do ambiente de negócios (ex: características do mercado e dos produtos).
Os autores afirmam que não é possível avaliar os efeitos de apenas uma categoria na
performance. Esta discussão remete à importância de distinguir os ganhos obtidos de
21
relacionamentos coordenados sem cooperação, das iniciativas de coordenação
baseadas na cooperação.
Trkman et al. (2007) mostram as vantagens de utilizar a metodologia de
mapeamento de processos em conjunto com métodos de simulação para prever os
potenciais benefícios de uma mudança no formato do relacionamento, passando a ser
mais colaborativo. Os estudos da teoria dos jogos (Game Theory) indicam que a
colaboração permite aos membros aumentar o ganho (NALEBUFF;
BRANDENBURGER, 1996).
Jap (2001a) usa a visão baseada em recursos (RBV - Resource Based View)
para mostrar os ganhos da colaboração. A mesma teoria é usada por Hyvonen e
Tuominen (2007) que afirmam que a capacidade de colaborar é importante para os
resultados. Em estudo feito no setor automotivo da Tailândia, Boon-it e Paul (2006)
indicam uma correlação positiva entre a integração da cadeia de suprimentos e os
diferenciais competitivos, assim como entre a incerteza do ambiente e o nível de
integração na capacidade de competição. Crook e Combs (2007) mostram que, de
acordo com a teoria da dependência de recursos (Resource Dependence Theory), as
empresas fazem parte de uma rede de relações de troca onde uma entidade depende
de outras para sobreviver em um ambiente de incerteza. Gulati e Kletter (2005)
concluem que as empresas estão buscando aumentar o seu capital de relacionamento
(relationship capital), isto é, o valor de seus relacionamentos como forma tanto de
melhorar seus resultados operacionais quanto aumentar seus ativos e mitigar riscos.
Silveira e Arkader (2007) indicam que o investimento conjunto por parte de
cliente e fornecedor em mecanismos de coordenação traz resultados muito mais
significativos do que investimentos isolados. Isto mostra que pode haver um
“mecanismo de auto-reforço” entre estes dois elementos (ARTHUR, 2004).
22
Autores Benefícios
SIMUTUPANG; SRIDHARAN, 2005
receitas mais altas
o aumento de vendas
o menos descontos
o menor falta de produtos
o tempo de resposta menor
custos menores
o menores custos operacionais
o maior giro do estoque
o menores estoques
o programa de produção mais ajustado
Sahin e Robinson (2002)
economias podem chegar a 35% do custo
total do sistema
Tummala et al. (2006)
redução de custos operacionais
melhoria nos estoques
redução dos leadtimes
melhoria da flexibilidade
aumento da satisfação do cliente.
Corsten e Kumar (2005)
ganhos para o varejista
ganhos para os fornecedores
Daugherty et al. (2006)
melhora do nível de serviço.
Cheung e Lee (2002)
benefícios obtidos na área de transportes
Quadro 1 – Benefícios da colaboração
Apesar dos diversos benefícios da colaboração (vide Quadro 1), diversos
autores colocam ressalvas para a proposição de colaboração como a “melhor
alternativa”. Mouritsen, Skott-Larsen e Kotzab (2003) acreditam ser um risco colocar a
colaboração como parte fundamental da gestão da cadeia de suprimentos. Os autores
23
afirmam que existem diversos tipos de colaboração e que a adoção dos mesmos deve
considerar o contexto de cada empresa. Barratt (2004a) afirma que é preciso saber
escolher com quem colaborar. Kampstra, Ashayeri e Gattorna (2006) acreditam que
nem todos os relacionamentos têm que ser colaborativos. Crook e Combs (2007)
mostram que os benefícios obtidos com a gestão da cadeia de suprimentos dependem
da forma com que é utilizado o poder de barganha.
O trabalho de Crook e Combs (2007) levanta a necessidade de distinguir os
benefícios atrelados apenas à coordenação e, não necessariamente à coordenação
baseada na cooperação. Parte dos benefícios acima mencionados pode ser obtida
apenas com a coordenação das empresas. A seguir serão apresentados alguns fatores
que têm incentivado as empresas a buscarem a implementação de iniciativas de
colaboração.
2.7 Motivadores da colaboração
Golicic, Foggin e Mentzer (2003) levantam como motivadores (drivers) da
magnitude do relacionamento os seguintes pontos: recursos ou capacidades desejadas
pela outra empresa, expectativa de benefícios, pressão externa por parte de clientes
e/ou concorrentes, histórico de relacionamento, o fato de ser um relacionamento
importante, relacionamento inter-pessoal entre os tomadores de decisão, boa
performance/confiabilidade da empresa e existência de alinhamento das estratégias. Os
autores afirmam que existe auto-reforço entre estas variáveis ao longo do tempo
(GOLICIC; FOGGIN; MENTZER, 2003).
Hoppe (2001) indica a necessidade de flexibilidade e ganhos de eficiência,
aliados à redução e disseminação dos riscos, como impulsionadores para a
colaboração. Ele afirma que executivos da área estão dispostos a desistir do controle
24
sobre atividades em troca de ganhos financeiros e sabem que podem obter ganhos
com a colaboração. O autor afirma que quanto menor o ciclo de vida dos produtos e
maior a concentração dos mercados, maior é o nível de integração.
A colaboração pode ser entendida também como uma forma de mitigar perdas.
Hendricks e Singhal (2003) calculam que o valor de mercado das empresas com capital
aberto cai em média 10% quando é anunciado um grande problema na cadeia de
suprimentos. Tang (2006, p. 453) define gestão dos riscos da cadeia de suprimentos
como sendo “a gestão dos riscos da cadeia de suprimentos através da coordenação e
colaboração entre parceiros da cadeia de suprimentos de forma a garantir lucratividade
e continuidade”. O autor mostra que existem quatro abordagens básicas para gerenciar
os riscos: gerenciamento de produtos, gestão de suprimentos, gestão da demanda e
gerenciamento das informações.
A redução do custo da informação, entendida como a disponibilidade e
capacidade de processar e transmitir dados, tem sido apontada como um motivador da
colaboração. Sanders e Premus (2005) indicam a importância das ferramentas de
tecnologia da informação (TI) para obter colaboração interna e externa. Eles mostram
ainda que a colaboração externa influência a interna. Whipple, Frankel e Daugherty
(2002) alertam para o fato de que várias características do fluxo de informação
precisam ser consideradas como, por exemplo, a qualidade e o momento em que as
informações são compartilhadas para que elas sejam capazes de gerar resultados.
Outros fatores, como a disseminação da competição através do tempo e de
práticas de Just in Time (JIT), aparecem como incentivadores para a colaboração.
Droge, Jayaram e Vickery (2004) demonstram que existe uma relação, tanto direta
quanto indireta, entre a competição através do tempo, a integração interna e externa e
a performance das empresas. Os autores indicam ainda que existe sinergias ao
implementar em paralelo iniciativas de integração interna e externa. Cagliano, Caniato e
Spina (2006) mostram que a implementação de Lean Production nas empresas faz com
que as empresas busquem uma maior integração com seus fornecedores. Hertz (2006)
25
descreve as mudanças no ambiente externo que têm provocado a necessidade de
melhorar a gestão da cadeia de suprimentos.
Como mostrado no Quadro 2, existem diversas condições externas que têm
feito com que as empresas busquem aumentar o número de relacionamentos
colaborativos. No entanto, para que a implementação de iniciativas de colaboração seja
bem sucedida, é necessário ter algumas pré-condições atendidas.
Autores Motivadores
Golicic, Foggin e Mentzer (2003)
recursos ou capacidades desejadas pela outra
empresa
expectativa de benefícios
pressão externa por parte de clientes e/ou
concorrentes
histórico de relacionamento
importância do relacionamento
existência de relacionamento inter-pessoal
entre os tomadores de decisão
boa performance/confiabilidade da empresa
alinhamento das estratégias
Hoppe (2001)
necessidade de flexibilidade
ganhos de eficiência
redução e disseminação dos riscos
Hendricks e Singhal (2003)
mitigar perdas
Sanders e Premus (2005)
redução do custo da informação
Droge, Jayaram e Vickery (2004)
disseminação da competição através do tempo
Cagliano, Caniato e Spina (2006)
implementação de práticas de Lean Production
Quadro 2 – Motivadores da colaboração
26
2.8 Pré-requisitos da colaboração
Simatupang e Sridharan (2005) afirmam que um pré-requisito da colaboração é
que os membros sejam capazes de expandir o ganho total. Patnayakuni e Seth (2006)
mostram que a implementação de rotinas formais e informais de interação é um
antecedente fundamental para a colaboração. Para que estas rotinas sejam
implementadas é necessário haver investimento em ativos específicos e uma
orientação de longo prazo.
Kuglin (1998) ressalta a importância do comprometimento dos diferentes níveis
hierárquicos das empresas para que se possa obter sucesso na implementação de
iniciativas colaborativas. Isto ocorre por causa da natureza inter-funcional e multi-
organizacional da gestão da cadeia de suprimentos.
Fawcett et al. (2006) afirmam que o comprometimento das áreas de
Suprimentos e Logística é fundamental para a implementação de iniciativas de gestão
da cadeia de suprimentos. Muitos gerentes acreditam que seja mais fácil colaborar com
outros membros da cadeia do que colaborar com outras áreas da empresa. O autor
afirma que o nível de comprometimento atual para as idéias de colaboração está abaixo
do necessário e que as áreas têm uma visão de “silo”. Descreve também a dificuldade
de integrar empresas em função da falta de uma mensuração dos lucros
compartilhados (FAWCETT et al., 2006).
No entanto, algumas empresas estão conseguindo fazer projetos pilotos. Estas
empresas conseguem obter o comprometimento necessário através de dois
mecanismos básicos (FAWCETT et al., 2006). O primeiro deles, usado para obter o
comprometimento interno, é a mudança do organograma da empresa, colocando as
diversas áreas necessárias para a colaboração sob a responsabilidade de um único
executivo. O segundo mecanismo utilizado é a criação de comitês executivos, tanto
27
internos quanto de clientes e fornecedores. Estes comitês possuem autonomia para
intermediar e facilitar o processo de colaboração (FAWCETT et al., 2006).
Barratt (2004a) em seu modelo conceitual descreve uma série de antecedentes
do processo colaborativo. Entre eles estão o alinhamento interno e estratégico, foco no
relacionamento, investimentos em ativos específicos, fluxo aberto de
informação/comunicação e formalização.
Sheu, Yen e Chae (2006) fizeram uma pesquisa baseada em estudos de caso
do relacionamento da Johnson & Johnson em Taiwan com vários varejistas de
diferentes níveis de desenvolvimento e tamanho. Os autores descrevem algumas
variáveis críticas para a construção de um relacionamento colaborativo que são: o
formato do relacionamento de negócios, isto é, a representatividade de cada empresa
no volume da outra; a lucratividade do relacionamento e a existência ou não de
substitutos; e o nível de confiança medido através do compartilhamento de
riscos/benefícios e da benevolência. Outra variável importante é a orientação de longo
prazo representada pelo grau de alocação de recursos no relacionamento,
comprometimento e suporte da alta gerência (SHEU; YEN; CHAE, 2006). A arquitetura
da cadeia de suprimentos também foi apontada como uma importante variável. A
arquitetura pode ser entendida como a comunicação e troca de informação (quantidade
e qualidade), os sistemas de gestão de estoques, utilização de tecnologia de
informação e a estrutura de coordenação da cadeia (características e quantidade de
projetos de colaboração e resolução de problemas). Por último, aparece a performance
atual do relacionamento em termos de nível de estoque, serviço e devoluções. Sheu,
Yen e Chae (2006) concluem que o relacionamento dos negócios afeta a visão de longo
prazo e a arquitetura da cadeia, assim como a visão de longo prazo influi na arquitetura
da cadeia. A arquitetura da cadeia, por sua vez, afeta a colaboração que afeta
positivamente a performance e a satisfação do relacionamento.
Comunicação efetiva inter-organizacional pode ser caracterizada como
comunicação freqüente, genuína entre pessoas de duas organizações (CHEN;
28
PAULRAJ, 2004). Galt e Dale (1991) mostram a importância da comunicação para o
resultado do relacionamento.
Vázquez, Iglesias e Alverez-González (2005) construíram um modelo sobre
relacionamento entre fabricante e atacado na indústria de bebidas da Espanha. Eles
mostram que, entre os fatores que fortalecem a colaboração, estão a existência de
recursos e capacidades complementares, isto quando existe compatibilidade de
objetivos e quando as ferramentas para a colaboração foram desenvolvidas (confiança
e normas de relacionamento). Além disso, o relacionamento é reforçado pela existência
de ativos específicos para o relacionamento, o que demonstra o comprometimento de
ambas as partes. É importante ter mecanismos, formais ou informais, que inibam a
adoção de ações oportunistas (DYER; CHO; DONG, 1998) e que a colaboração gere
resultados reais de melhoria da competitividade.
De acordo com Kumar (1996) a gestão da cadeia de suprimentos está baseada
na confiança e no comprometimento. Confiança contribui para a estabilidade a longo
prazo de uma organização (HANDFIELD; BECHTEL, 2001). A confiança pode ser
usada no lugar dos contratos formais (DYER, 1997).
Fugate, Sahin e Mentzer (2006) descrevem uma relação de antecedentes para
a definição do processo de relacionamento e fazem uma revisão bibliográfica sobre
cada uma deles. Os antecedentes apontados pelos autores são: confiança,
comprometimento, normas cooperativas, dependência, compatibilidade organizacional,
participação da alta gerência e o chamado de orientação para a cadeia de suprimentos.
Outro antecessor dos mecanismos de coordenação é a chamada orientação para o
aprendizado (FUGATE; SAHIN; MENTZER, 2006), que inclui a obtenção e
compartilhamento de informações e a capacidade de desenvolver novas tecnologias e
processos (ELLINGER; ELLINGER; KELLER, 2002).
Daugherty et al. (2006) mostram a importância da comunicação freqüente como
forma de obter o nível de confiança necessário para se estabelecer um relacionamento
29
colaborativo. Os autores afirmam que a confiança se adquire com o passar do tempo,
fazendo pequenas transações.
Rodrigues, Stank e Lynch (2004) concluem que é necessário fazer esforços
simultâneos em relação à busca de integração interna e externa para que se obtenha
resultados de melhoria na performance. Eles mostram também o papel fundamental da
construção dos sistemas de informação e indicadores.
Diversos autores citam as normas, acordos de comportamento não escritos,
como tendo um importante papel no relacionamento entre empresas (POPPO;
ZENGER, 2002). Alguns tipos de normas são: flexibilidade, solidariedade,
reciprocidade, harmonização dos conflitos, contenção no uso do poder, preocupação
com a reputação e compartilhamento de informações (FUGATE; SAHIN; MENTZER,
2006). Morgan e Hunt (1994) mostram o papel fundamental da confiança e do
compromisso. Claro, Claro e Zylbersztajn (2005) ressaltam o papel dos recursos
específicos no relacionamento, mas mostram que os fornecedores mais bem sucedidos
em criar relacionamentos com seus clientes usaram aspectos intangíveis como a
confiança e flexibilidade. Claro e Claro (2008) demonstram que o aumento do grau de
confiança entre os envolvidos no relacionamento é capaz de reduzir os custos de
transação ligados ao monitoramento, contratação e punição ao comportamento
oportunista. Os autores fazem uma revisão das definições de confiança nas diferentes
áreas de pesquisa. Kumar, Scheer e Steenkamp (1995) apontam como fatores
importantes para o aumento da confiança os mecanismos de cálculo (os ganhos de
trapacear não compensam o risco de ser pego trapaceando), afetividade (ligação
emocional entre as pessoas) e crença no caráter e boas intenções do parceiro.
Cooper et al. (1997) ressaltam a importância de que o relacionamento entre
duas empresas não seja feito, exclusivamente, entre vendedor e comprador e que
inclusive as demais áreas devem ter um relacionamento direto com seu par na outra
organização. Sem uma base efetiva de relações, esforços de gerenciar os fluxos de
materiais e informação na cadeia de suprimentos serão mal-sucedidos (HANDFIELD;
NICHOLS Jr., 2002). Sandberg (2007) mostra que o comprometimento da alta gerência
30
é fundamental para a intensidade da colaboração. Ganesan (1994) mostra a
importância entre a coerência das ações de curto prazo da empresa com os objetivos
de construir um relacionamento.
Barratt (2004b) aponta os seguintes facilitadores da colaboração: diálogo de
alta-gerência para alta-gerência, processo de promoções em conjunto, cultura de
compartilhar informações, interdependência, objetivos e metas compartilhadas,
comunicação, abertura e respeito, troca de informações, reciprocidade dos benefícios,
comprometimento, confiança, respeito, processos em conjunto, indicadores
compartilhados, capacidade de implementação/conhecimento, relações pessoais
estáveis, pessoas trabalhando na outra empresa e, finalmente, treinamento em
conjunto. Vieira, Yoshizaki e Ho (2009) fazem um estudo sobre os fatores importantes
para a construção de relacionamentos colaborativos e apontam para as questões de
confiança, reciprocidade, flexibilidade, interdependência e comprometimento.
Como pode ver visto no Quadro 3, diferentes autores apontam para diversos
pré-requisitos necessários para a colaboração. Uma questão que chama atenção é qual
é o grau de atendimento destes pré-requisitos necessário para a colaboração. Outra
dúvida é se é possível ter uma combinação destes pré-requisitos onde, por exemplo, a
existência de um alto grau de confiança compense a baixa quantidade de recursos
específicos. Estes antecedentes, muitas vezes, não são alcançados devido às barreiras
que serão descritas a seguir.
31
Autores Pré-requisitos
Patnayakuni e Seth (2006)
implementação de rotinas formais e informais de
interação
investimento em ativos específicos
orientação de longo prazo
Kuglin (1998)
comprometimento dos diferentes níveis hierárquicos
das empresas
Fawcett et al. (2006)
comprometimento das áreas de Suprimentos e
Logística
Sandberg (2007)
comprometimento da alta gerência
Ganesan (1994)
coerência das ações de curto prazo da empresa com
os objetivos de construir um relacionamento.
Morgan e Hunt (1994)
confiança
compromisso.
Claro, Claro e Zylbersztajn
(2005)
recursos específicos ao relacionamento
confiança
flexibilidade
Barratt (2004a)
alinhamento interno
alinhamento estratégico
foco no relacionamento
investimentos em ativos específicos
fluxo aberto de informação/comunicação
formalização
Sheu, Yen e Chae (2006)
representatividade de cada empresa no volume da
outra
lucratividade do relacionamento
existência ou não de substitutos
nível de confiança
o compartilhamento de riscos/benefícios
32
o benevolência
orientação de longo prazo
o grau de alocação de recursos no
relacionamento
o comprometimento e suporte da alta gerência
arquitetura da cadeia de suprimentos
performance atual do relacionamento
Galt e Dale (1991)
comunicação
Vázquez, Iglesias e
Alverez-González (2005)
existência de recursos e capacidades
complementares
compatibilidade de objetivos
desenvolvimento de ferramentas para a colaboração
confiança
normas de relacionamento
existência de ativos específicos para o
relacionamento
Kumar (1996)
confiança
comprometimento
Fugate, Sahin e Mentzer
(2006)
confiança
comprometimento
normas cooperativas
dependência
compatibilidade organizacional
participação da alta gerência
orientação para a cadeia de suprimentos.
Normas
Flexibilidade
Solidariedade
Reciprocidade
harmonização dos conflitos
33
contenção no uso do poder
preocupação com a reputação
compartilhamento de informações
Cooper et al. (1997)
relacionamento direto entre as áreas funcionais das
empresas
Daugherty et al. (2006)
comunicação freqüente
Vieira, Yoshizaki e Ho
(2009)
confiança
reciprocidade
flexibilidade
interdependência
comprometimento.
Rodrigues, Stank e Lynch
(2004)
Integração interna
sistemas de informação e indicadores
Poppo; Zenger (2002)
normas
Ellinger; Ellinger e Keller
(2002)
compartilhamento de informações
capacidade de desenvolver novas tecnologias e
processos
Quadro 3 – Antecedentes da colaboração
2.9 Barreiras para a colaboração
Corsten e Kumar (2005) indicam os problemas de desequilíbrio entre as
empresas que fazem grande parte dos investimentos e as empresas que obtém a maior
parte dos benefícios. Este desequilíbrio desincentiva os participantes a continuarem a
investir em iniciativas colaborativas. Jap (2001b) alerta para a importância de utilizar
critérios adequados para dividir os benefícios obtidos com a colaboração. Fugate, Sahin
34
e Mentzer (2006) concluem que para haver coordenação é preciso haver mecanismos
para identificar os benefícios e para dividir os custos, ganhos e investimentos entre os
participantes. Byrnes e Shapiro (1994) apontam que é fundamental dimensionar os
ganhos possíveis da colaboração, definir como estes serão divididos entre as
empresas, acompanhar os resultados e alinhar os incentivos.
Tummala, Phillips e Johnson (2006) concluem que não existe uma alocação
adequada de recursos por parte da alta gerência para permitir a implementação das
iniciativas de colaboração. Vereecke e Muylle (2006) afirmam que o impacto da
colaboração sobre a performance em apenas um lado da cadeia é limitado e que é
necessário colaborar simultaneamente com fornecedores e clientes para se obter
resultados significativos.
Hertz (2006) explica que existe uma competição interna por recursos dentro das
empresas. Conclui que existe um compromisso (trade-off) entre integração dentro de
uma cadeia e entre as diversas cadeias de uma rede. Quanto maior a integração dentro
de uma cadeia, menor a integração entre as demais cadeias da rede.
Smaros (2007) mostra que são escassos os casos de implementação em larga
escala de processos de previsão colaborativos e afirma que não existe um processo
padronizado que seja adequado para qualquer tipo de empresa. McCarter, Fawcett e
Magnan (2005) concluem sobre o papel fundamental das pessoas para obter resultados
nas iniciativas de integração. Eles afirmam ainda que esta importância está
subestimada na literatura e na alocação de recursos dentro das empresas. Koulikoff-
Souviron e Harrison (2006) apontam para a necessidade de se adequar às políticas de
Recursos Humanos como forma de obter sucesso, tanto na busca da integração interna
quanto externa. Koulikoff-Souviron e Harrison (2007) mostram a importância
fundamental que as práticas de Recursos Humanos têm para estabelecer
relacionamentos colaborativos. Entre as práticas analisadas estão a alocação de
pessoas para a iniciativa, mudanças na descrição dos cargos, treinamento,
remuneração e plano de carreira, comunicação e socialização (KOULIKOFF-
SOUVIRON; HARRISON, 2007).
35
Jap (2001a) conclui que o investimento em ativos específicos, a não existência
de confiança e de objetivos compartilhados servem como barreiras para que as
empresas adotem comportamentos oportunistas que eliminem a colaboração. Lambert
e Cooper (2000) mostram que as práticas de gestão da cadeia de suprimentos são
intensivas em recursos, demanda mudanças nos modelos mentais e em práticas
arraigadas e dependem de uma estrutura de governabilidade ainda inexistente.
Fawcett e Magnan (2002) indicam que a integração completa entre as
empresas de uma cadeia de suprimentos não é uma realidade no momento. Na grande
maioria das empresas os esforços ainda estão concentrados em atingir a integração
interna e no máximo a integração com um número limitado de fornecedores ou clientes.
Eles afirmam que muitas vezes existe uma mentalidade funcional muito forte,
principalmente entre as áreas mais direcionadas para o mercado e as voltadas para os
fornecedores. A complexidade da rede também é apontada com um “dificultador” para a
integração (FAWCETT; MAGNAN, 2002). Bagchi et al. (2005) mostram que a
colaboração na cadeia de suprimentos na Europa ainda está mais na retórica do que na
prática, apesar das empresas entenderem que a colaboração com fornecedores e
clientes “chaves” trazem benefícios para a performance da empresa. Os autores
afirmam que é necessário fazer mais pesquisas sobre os problemas enfrentados para
alcançar a colaboração da cadeia. Estes resultados estão de acordo com pesquisas
feitas na Finlândia e na Suécia mostram que a troca de informações ainda é muito
limitada devido aos riscos envolvidos (KEMPPAINEN; VEPSALAINEN, 2003;
OLHAGER; SELLDIN, 2003). Resultados similares foram gerados por Storey et al.
(2006) que, através de uma pesquisa feita com 72 das melhores empresas européias,
mostraram que a implementação dos conceitos de gestão da cadeia de suprimentos
ainda está numa fase incipiente. Barratt (2004b) afirma que atualmente a maioria dos
relacionamentos na Grã-Bretanha são adversários.
Hoppe (2001) refere que a maioria dos relacionamentos colaborativos ainda
está limitada a um arco da rede, entre duas empresas, e mesmo estes ainda são
exceção atualmente. Sabath e Fontanella (2002, p. 24) escrevem que “a colaboração
dentro da cadeia de suprimentos é ao mesmo tempo a mais usada, a mais
36
freqüentemente mal-entendida, a mais popular e a mais decepcionante estratégia que
surgiu até os dias de hoje”.
Kampstra, Ashayeri e Gattorna (2006) indicam que, segundo pesquisa realizada
pela revista Supply Chain Management Review nos Estados Unidos, a colaboração foi
apontada como uma importante questão, mas que ainda não está claro quais são os
caminhos para ser implementada com sucesso. Somente 35% das iniciativas de
colaboração são minimamente bem sucedidas (KAMPSTRA, ASHAYERI E
GATTORNA, 2006). Estes autores afirmam ainda que, apesar da literatura em
colaboração ser muito ampla, poucos autores consideram os aspectos culturais e mais
pesquisas precisam ser feitas sobre a colaboração, suas barreiras culturais e
facilitadores. Como pode ser visto, apenas algumas empresas líderes estão
conseguindo tirar a gestão da cadeia de suprimentos da teoria. Chen e Paulraj (2004)
mostram que a complexidade das atividades inter-relacionadas de uma rede dificulta os
executivos a descreverem e compreenderem como estas atividades estão relacionadas
e como influenciá-las.
Barratt (2004b) faz uma revisão sobre as diferentes barreiras apontadas na
literatura e as complementa com resultados de uma pesquisa. Entre elas se destacam:
falta de integração interna, existência de conflito de interesses/objetivos entre as
funções das empresas, dificuldade de troca de informações, falta de uma escala mínima
(massa crítica) de relacionamentos colaborativos, falta de interesse em colaborar, falta
de capacidade de cumprir promessas, estilos de gerenciamento diferentes, tamanho de
organizações distintas, falta de honestidade e confiança, baixa acurácia nas
informações, incapacidade de identificar os benefícios mútuos, falta de visibilidade do
processo, processos desintegrados e falta de entendimento dos benefícios da troca de
informações.
Hoppe (2001) aponta as seguintes barreiras para colaboração: medo de perder
a função dentro da cadeia de suprimentos, o uso da força, medo de compartilhar
informações confidenciais, barreiras operacionais e falta de visão e limitação de tempo
dos gerentes para ver benefícios da colaboração interna e externa. Ele indica ainda
37
alguns obstáculos como o risco de lock-in, isto é, o aumento da complexidade de
gerenciamento em função do alto nível de terceirização (HOPPE, 2001).
Kampstra, Ashayeri e Gattorna (2006) descrevem uma série de dificuldades
para implementar relacionamentos colaborativos. Um dos principais problemas é o
longo tempo necessário para criar este tipo de relacionamento, tempo este que muitas
vezes supera o tempo exigido pelas empresas para mostrar resultados tangíveis. Como
o objetivo principal são os resultados financeiros de curto prazo, isso dificulta os
acordos de longo prazo. A existência de “silos” funcionais e o jogo de poder entre os
departamentos das empresas também são apontados como barreiras. A falta de
confiança entre os envolvidos, o medo de terem informações confidenciais utilizadas
para reduzir as margens da empresa, a perda de flexibilidade e o medo de ser
integrado também são apontados como “dificultadores”. A questão do poder aparece
freqüentemente como inibidor. Aliado a isto está o problema na estrutura de tecnologia
da informação e fatores como, por exemplo, a existência de culturas, objetivos e valores
diferentes. A grande dificuldade é encontrar o balanço entre o “ótimo local” e o “ótimo
global” da cadeia (KAMPSTRA; ASHAYERI; GATTORNA, 2006).
Laban Neto (2004) faz um estudo sobre o grau atual de relacionamento entre a
indústria e o varejo no Brasil e aponta as principais barreiras para a implementação de
relacionamentos colaborativos. Entre as barreiras estão: a falta de alinhamento
estratégico entre agentes, falta de transparência nas condições comerciais,
predominância do conflito, baixa confiança, maturidade tecnológica e organizacional e
estrutura dos canais que geram conflitos. Sandberg (2007) mostra que a colaboração
ainda está no nível operacional e que colaboração com clientes é mais difícil devido a
problemas no compartilhamento de custos e benefícios.
Partung, Bititici e MacBryde (2004) apontam falhas na colaboração decorrentes
do restrito relacionamento interpessoal, baixo desempenho dos resultados e falta de
estrutura organizacional adequada. Ballou (2007) afirma que a colaboração na cadeia
ainda não é uma realidade. A integração é muito mais interna às empresas e com seus
fornecedores diretos. O autor ressalta a importância de ter mecanismos para
38
compartilhar os ganhos para ter colaboração. Forslund e Jonsson (2009) fazem um
estudo onde relacionam as barreiras para a implementação de processos de
mensuração de performance na cadeia como sendo a falta de confiança, diferença de
objetivos e prioridades e falta de comunicação. Destas barreiras, a falta de confiança foi
apontada como a mais relevante. Fawcett, Magnan e McCarter (2008b) usam conceitos
de contigency theory (Luthans e Stewart 1977) para mostrar que gerentes das
organizações que pretendem implementar relacionamentos colaborativos precisam
saber identificar relações de causa-efeito seqüenciais entre o ambiente, forma de gerir
a empresa e resultados desejados. Os autores ressaltam a importância das empresas
adequarem as atividades internas aos novos desafios do ambiente. Fawcett, Magnan e
McCarter (2008b) propõem o uso de técnicas de gestão da mudança (Lewin, 1951),
pois enfatizam a importância de fatores culturais e da estrutura organizacional interna
para garantir a colaboração. Os autores mostram que relacionamentos colaborativos
falham pela falta de esforços de gestão da mudança. Os autores também fazem uma
revisão sobre as principais barreiras, benefícios e facilitadores da colaboração.
Autores Barreiras
Corsten e Kumar (2005)
desequilíbrio entre as empresas que fazem
os investimentos e as empresas que obtém
os benefícios
Jap (2001b)
critérios para dividir os benefícios
Fugate, Sahin e Mentzer (2006)
mecanismos para identificar os benefícios
alocação de custos, ganhos e investimentos
Byrnes e Shapiro (1994)
dimensionar os ganhos possíveis da
colaboração
divisão dos ganhos
Tummala, Phillips e Johnson (2006)
alocação inadequada de recursos
Vereecke e Muylle (2006)
necessidade de colaborar simultaneamente
com fornecedores e clientes
39
Hertz (2006)
competição interna por recursos dentro das
empresas
Smaros (2007)
inexistência de um processo padronizado que
seja adequado para qualquer tipo de
empresa
McCarter, Fawcett e Magnan
(2005)
pessoas
Koulikoff-Souviron e Harrison
(2007)
práticas de Recursos Humanos
o alocação de pessoas para a iniciativa
o mudanças na descrição dos cargos
o treinamento
o remuneração
o plano de carreira
o comunicação
o socialização
Jap (2001a)
investimento em ativos específicos
baixa confiança
falta de objetivos compartilhados
Lambert e Cooper (2000)
necessidade intensiva de recursos
mudanças nos modelos mentais
inexistência de estrutura de governabilidade
Fawcett e Magnan (2002)
esforços ainda estão concentrados em atingir
a integração interna
mentalidade de “silo”
complexidade da rede
Kampstra, Ashayeri e Gattorna
(2006)
barreiras culturais
Kemppainen e Vepsalainen (2003)
riscos envolvidos
Chen e Paulraj (2004)
complexidade das atividades inter-
relacionadas
40
Barratt (2004b)
falta de integração interna
dificuldade de troca de informações
falta de uma escala mínima de
relacionamentos colaborativos
falta de interesse
falta de capacidade de cumprir promessas
estilos de gerenciamento distintos
tamanho de organizações distintas
falta de honestidade e confiança
baixa acurácia nas informações
incapacidade de identificar os benefícios
mútuos
falta de visibilidade do processo
Hoppe (2001)
medo de perder a função dentro da cadeia de
suprimentos
uso da força
medo de compartilhar informações sensitivas
barreiras operacionais
falta de visão
limitação de tempo dos gerentes
risco de lock-in
aumento da complexidade de gerenciamento
Laban Neto (2004)
falta de alinhamento estratégico entre
agentes
falta de transparência nas condições
comerciais
predominância do conflito
baixa confiança
baixa maturidade tecnológica e
organizacional
41
estrutura dos canais que geram conflitos
Kampstra, Ashayeri e Gattorna
(2006)
longo tempo necessário
necessidade de mostrar resultados tangíveis
foco de resultados financeiros de curto prazo
existência de “silos” internos
jogo de poder entre os departamentos
falta de confiança entre os envolvidos
medo de compartilhar informações
confidenciais
perda de flexibilidade
medo de ser integrado
poder
estrutura de tecnologia da informação
existência de culturas, objetivos e valores
diferentes
Sandberg (2007)
problemas no compartilhamento de custos e
benefícios
Partung, Bititici e MacBryde (2004)
restrito relacionamento interpessoal
baixo desempenho dos resultados
falta de estrutura organizacional adequada
Ballou (2007)
falta de mecanismos para compartilhar os
ganhos
Forslund e Jonsson (2009)
falta de confiança
diferença de objetivos e prioridades
falta de comunicação
Fawcett, Magnan e McCarter
(2008b)
incapacidade das empresas adequarem as
atividades internas aos novos desafios do
ambiente
falta de esforços de gestão da mudança
Quadro 4 – Barreiras da colaboração
42
O Quadro 4 resume as barreiras apontadas por diferentes autores. Diante dos
fatos de que a colaboração ainda está em seus estágios preliminares e da grande
quantidade de barreiras apontadas, diversos pesquisadores estão propondo modelos
conceituais para implementar iniciativas colaborativas, como será descrito a seguir.
2.10 Implementação da Colaboração
Matopoulos et al. (2007) propõem um modelo baseado em dois pilares:
desenho/governabilidade das atividades e estabelecer/manter o relacionamento. No
primeiro pilar estão três elementos: seleção dos parceiros, definição das atividades a
serem colaboradas e a definição do nível de colaboração (operacional, tático ou
estratégico). O segundo pilar inclui os elementos mais intangíveis como
compartilhamento de riscos e benefícios, gerenciamento do poder e dependência.
Estes elementos influenciam um ao outro.
O modelo de Maheshwari, Kumar e Kumar (2006) é composto por quatro fases:
fundação, implementação, shakedown phase e onwards e upwards. Na fase da
fundação, a escolha crítica é com quem e como colaborar. A fase seguinte, a
implementação, deve colocar a iniciativa para funcionar e focar na alocação dos
recursos necessários e a consolidação do relacionamento de confiança. Na terceira
fase o desafio é, uma vez que o novo processo já virou rotina, garantir que as
mudanças necessárias sejam feitas para suportar a sua continuidade. Finalmente, a
quarta etapa é quando se obtém ou não os benefícios da colaboração e deve-se fazer
uma reavaliação do processo e buscar a melhoria contínua.
Fawcett, Magnan e McCarter (2008b) estruturaram uma metodologia para a
implementação de relacionamentos colaborativos baseada em três etapas: criar
comprometimento e entendimento; remover as resistências e mudar cultura e práticas;
43
e melhorar capacidades da colaboração. Knoppen e Christiaanse (2007) propõem um
modelo temporal formado por três etapas: decisão, preparação e operacionalização.
Em cada uma das etapas diferentes preocupações prevalecem. Eles relatam que os
estudos feitos para as diferentes etapas assumem premissas distintas e que é preciso
haver uma análise multidisciplinar sobre o tema.
Cookson e Delattre (2001) afirmam que existe uma seqüência para se obter a
integração. Inicialmente, é preciso obter a integração interna para, com isso, iniciar o
processo de integração externa. Dentro do processo de integração externa, deve-se
iniciar com a troca exclusiva de informações, adicionando-se em seguida a integração
de fluxos físicos e por último de fluxos financeiros. Germain e Iyer (2006) mostram que
existe uma dupla causalidade entre a integração interna e externa ao longo do tempo.
As empresas que não possuem integração interna não conseguem obter os mesmos
ganhos da integração externa que as que possuem.
A busca da colaboração pode ser entendida como uma série de círculos
(KAMPSTRA; ASHAYERI; GATTORNA, 2006). O primeiro é o círculo estratégico, onde
ocorre a escolha de parceiros, a definição dos papéis, a identificação das estratégias da
cadeia e o alinhamento com a estratégia corporativa de cada empresa. O segundo
círculo, a mudança, estabelece o que precisa ser mudado, define os indicadores a
serem utilizados e quantifica os benefícios. Por fim, o círculo de controle foca na
governabilidade do relacionamento. Neste círculo busca-se garantir que as
transformações ocorram, gerenciar os objetivos estratégicos e alocar benefícios e
custos.
Kampstra, Ashayeri e Gattorna (2006) propõem um caminho para a
colaboração, que eles chamam da “escada para a colaboração”. Partindo de um
relacionamento de mercado puro, inicia-se primeiro com a comunicação (troca de
informações), seguido da coordenação (processos conjuntos), da colaboração intensiva
(decisões estratégicas compartilhadas) e das parcerias (finanças compartilhadas).
44
Dwyer, Schurr e Oh (1987) propõem um modelo para a construção de
relacionamentos colaborativos. Inicialmente, é identificado um parceiro em potencial e
se iniciam os trabalhos em conjunto de uma forma gradual. A expansão do
relacionamento é possível devido ao aumento de confiança e satisfação com os
resultados obtidos. Finalmente, cria-se uma situação onde as empresas envolvidas
assumem um comprometimento, muitas vezes implícito, de dar continuidade ao
relacionamento.
Anderson e Narus (1990), em seu trabalho seminal, propõem um modelo
conceitual para explicar o formato de relacionamento entre um fornecedor e um
intermediário. O modelo proposto considera a inter-relação de uma série de fatores
como dependência, grau de influência, comunicação, cooperação, confiança, conflito,
resultados e satisfação. O que chama a atenção neste modelo é o fato de tratar as
variáveis de uma forma iterativa em que, por exemplo, a cooperação passada entre
empresas ajuda a aumentar o grau de confiança. Um maior grau de confiança incentiva
as empresas a aprofundar o número de atividades cooperativas.
Bailey e Evans (2006) apontam para a necessidade de haver uma abordagem
multi-dimensional para a colaboração. Eles propõem um modelo baseado em três
dimensões: relacionamento, coordenação e alinhamento de valor. Relacionamento é
entendido como uma escala que parte da utilização do poder, passa pelo “ganha-
ganha”, chegando até o estágio de confiança mútua. A coordenação se refere
integração dos processos e informação buscando a eficiência da cadeia. O alinhamento
de valor tenta aumentar a efetividade da cadeia buscando aumento do valor percebido
pelo consumidor final. Os autores afirmam que a colaboração pode ser obtida com
diferentes formatos nas dimensões. Eles afirmam ainda que há necessidade de
conduzir mais pesquisas buscando a interdependência destas relações.
Das e Teng (2002) propõem um modelo para a criação de alianças formado por
cinco etapas: entendimento das características de cada empresa; definição das forças,
conflitos e interdependências entre as empresas; formalização da aliança;
45
operacionalização; e avaliação dos resultados. O interessante deste modelo é que ele é
dinâmico, isto é, existem feedbacks (STERMAN, 2000).
Wilding e Humphries (2006) fazem uma interessante adaptação dos conceitos
de Williamson (1985) ao colocá-los sob uma visão dinâmica. Os autores propõem dois
círculos de auto-reforço para a implementação de relacionamentos dentro da cadeia: de
sucesso e fracasso. O círculo de sucesso mostra que a freqüência de comunicação
está diretamente relacionada com a qualidade do relacionamento, que por sua vez,
influi na consistência do relacionamento. A consistência influencia a criatividade no
relacionamento que aumenta a estabilidade do mesmo. A estabilidade, por sua vez,
abre espaço para o aumento da freqüência na comunicação, reiniciando o círculo. Já o
círculo do fracasso mostra que a busca por resultados de curto prazo e por evitar riscos
faz com que as empresas escondam informações, que por sua vez, faz com que os
parceiros tenham opções mais limitadas. A limitação de opções leva ao comportamento
oportunista e a minimização dos esforços que por fim, leva à busca de resultados de
curto prazo reiniciando o movimento de auto-reforço (WIILDING; HUMPHRIES, 2006).
Lambert, Knemeyer e Gardner (2004) advogam a utilização de um
procedimento muito pragmático para o estabelecimento de uma parceria, que já foi
utilizado com sucesso por diversas empresas. As atividades se iniciam com a
preparação para o encontro inicial onde deve-se entender quais relações devem ser
foco da parceria. Nesta etapa, os autores propõem que deve-se priorizar relações
importantes, mas não críticas. O apoio claro da alta gerência é fundamental, sendo
aconselhável a sua presença. A seguir, eles recomendam uma etapa de definição das
expectativas de ambos os lados. Este momento é fundamental para que não sejam
formadas expectativas irrealistas, apontadas como um motivo freqüente do insucesso
(FOSTER, 1999). O detalhamento destas expectativas é feito logo a seguir quando se
discute os drivers do relacionamento, isto é, os ganhos e benefícios a serem obtidos
pelos envolvidos e os fatores ambientais que podem facilitar ou dificultar a construção
do relacionamento. Os objetivos a serem alcançados e o plano de ação a ser seguido
são construídos logo a seguir. Neste ponto, os autores apresentam alguns conselhos:
colocar a manutenção do relacionamento como parte da descrição do cargo dos
46
executivos; possuir mecanismos de controle compartilhados; forte comunicação;
compartilhamento de riscos e benefícios; confiança e comprometimento; e ampliar aos
poucos o escopo do relacionamento. A participação de pessoas de diversas áreas e
níveis hierárquicos também é apontada como fator crítico (LAMBERT; KNEMEYER;
GARDNER, 2004).
Min et al. (2005) propõem um modelo conceitual de colaboração composto por
três partes: antecedentes, características da colaboração e conseqüências. Os
antecedentes listados são: alinhamento estratégico, alinhamento interno, foco no
relacionamento, investimentos específicos, fluxo aberto de informação/comunicação e
formalização. Os autores mostram que as expectativas dos envolvidos aumenta com o
passar do tempo (MIN et al., 2005). Bantham, Celuch e Kasouf (2003) montam um
modelo de referência em que apresentam a disposição para resolver tensões e a
capacidade de comunicação como facilitadores críticos para a construção de um
relacionamento cooperativo.
Evans e Wolf (2005) fazem um paralelo entre a rede de fornecedores da Toyota
e a rede de desenvolvedores do Linux, mostrando que os membros da rede agem de
acordo com a motivação intrínseca de manter a reputação. A reputação, por sua vez,
alavanca a confiança que, aliada a um grande volume de transações pequenas e
objetivos comuns de longo prazo, permite a difusão do conhecimento dentro da rede. A
melhoria dos resultados surge como conseqüência da difusão das inovações e como
alavanca para o aumento do nível de confiança dentro da rede. De acordo com os
autores, os ganhos obtidos da colaboração superam a perda do poder de barganha.
Eles ainda mostram que a confiança pode servir como um substituto dos contratos
tradicionais, sendo inclusive mais adequada para gerar o compartilhamento das
inovações (EVANS; WOLF, 2005).
Daugherty et al. (2006) advogam a favor da formalização do relacionamento e
da alta freqüência de comunicação. Os autores mostram que companhias com maior
formalização tiveram resultados superiores. A formalização é entendida como a
utilização de indicadores de performance para medir e corrigir caminhos, a realização
47
de reuniões formais, a utilização de métodos e processos padronizados de troca de
informação (ex: EDI, VMI, CPFR).
Kampstra, Ashayeri e Gattorna (2006) propõem a criação de três funções: o
líder da colaboração que define as regras e as políticas, o coordenador da colaboração
que foca em garantir as atividades do dia-a-dia e os demais membros. Eles afirmam
que é preciso saber lidar com restrições físicas, de mercado e políticas e sugerem a
utilização da metodologia da teoria das restrições para mapeá-las. Hoppe (2001)
mostra uma série de estruturas organizacionais que podem ser utilizadas para se obter
a colaboração. Entre elas estão: a centrada em uma empresa, a informal, o consórcio, o
operador logístico, uma entidade legal separada e a integração vertical. Lambert,
Knemeyer e Gardner (2004) construíram um modelo de cinco elementos:
impulsionadores que são as razões para parceria; facilitadores definidos como os
fatores do ambiente que suportam a parceria; componentes da parceria entendidos
como as atividades e processos que sustentam a parceria; resultados; e feedback.
Simatupang e Sridharan (2005) também dividem o processo em cinco partes,
capazes de cobrir de forma integrada as diferentes partes da colaboração dentro da
cadeia de suprimentos. A primeira parte trata dos sistemas de mensuração da
colaboração entendida como o processo de implementação de indicadores que
orientam a melhora da cadeia. A importância dos indicadores é ressaltada por Lambert
e Pohlen (2001) que afirmam que os indicadores da cadeia de suprimentos são muito
diferentes dos indicadores individuais das empresas. Stewart (1997) apresenta o SCOR
(Supply Chain Operations Reference) como uma forma de padronizar os indicadores
entre os diferentes membros da cadeia. O segundo elemento, o compartilhamento das
informações, gera os dados necessários para a construção do sistema de mensuração.
A sincronização das decisões é o terceiro elemento e é entendida como a capacidade
de tomar decisões em conjunto para otimizar a cadeia de suprimentos, e também
depende das informações compartilhadas. O quarto elemento é o alinhamento dos
incentivos caracterizado pelo compartilhamento de riscos, custos e benefícios
(KAPLAN; NARAYANAN, 2001). Este elemento garante com que todos os participantes
tomem decisões que beneficiem a todos e evita os “sub-ótimos” provocados pela
48
tomada de decisões baseadas em critérios conflitantes (LEE; PADMANABHAN;
WHANG, 1997). Por último está o processo de integração da cadeia de suprimentos.
De acordo com Hammer (2001), a nova fronteira para melhorar a performance das
companhias é a integração de processos na cadeia. Simatupang e Sridharan (2005)
propõem que há uma dupla causalidade entre estes componentes e que ela é
fundamental para explicar os facilitadores da colaboração.
Simatupang e Sridharan (2005) montam um indicador para medir o grau de
colaboração entre empresas. Este indicador é composto por três dimensões:
compartilhamento de informações, alinhamento de incentivos e sincronização das
decisões. Larkins e Luce (2000) propõem quatro políticas para a implementação de
relacionamentos colaborativos: iniciar com um parceiro que tenha um bom
relacionamento; começar internamente com um único processo; focar nos resultados de
longo prazo que tragam benefícios para ambas as partes; e educar os envolvidos e
vender a idéia para as pessoas mais importantes na organização.
Autores Passos da implementação
Matopoulos et al. (2007)
seleção dos parceiros
definição das atividades a serem colaboradas
definição do nível de colaboração, compartilhamento
de riscos e benefícios
gerenciar o poder e a dependência
Maheshwari, Kumar e
Kumar (2006)
fundação
implementação
shakedown phase
onwards e upward
Knoppen e Christiaanse
(2007)
decisão
preparação
49
operacionalização
Cookson e Delattre (2001)
integração interna
troca exclusiva de informações
integração de fluxos físicos
integração de fluxos financeiros
Kampstra, Ashayeri e
Gattorna (2006)
escolha de parceiros
definição dos papéis
identificação das estratégias da cadeia
alinhamento com a estratégia coorporativa de cada
empresa
estabelecer o que precisa ser mudado
definir indicadores
quantificar os benefícios
governabilidade do relacionamento
criação de três funções:
o líder da colaboração
o coordenador da colaboração
o demais membros
Dwyer, Schurr e Oh (1987)
identificar parceiro
iniciar os trabalhos em conjunto
expansão do relacionamento
comprometimento
término
Das e Teng (2002)
entendimento das características de cada empresa
definição das forças, conflitos e interdependências
formalização da aliança
operacionalização
avaliação dos resultados
Lambert, Knemeyer e
Gardner (2004)
escolha das relações
apoio da alta gerência
50
definição das expectativas de ambos os lados
detalhamento dos ganhos e benefícios
objetivos a serem alcançados e o plano de ação
Larkins e Luce (2000)
iniciar com um parceiro que tenha um bom
relacionamento
começar internamente com um único processo
focar nos resultados de longo prazo que tragam
benefícios para ambas as partes
educar os envolvidos
vender a idéia para as pessoas mais importantes na
organização.
Quadro 5 – Etapas da implementação da colaboração
Como pode ser observado no Quadro 5, existe uma grande quantidade de
abordagens sugeridas para “subir a escada da colaboração”. Observa-se que, na
maioria dos artigos, não existe comparação explícita com modelos que propõem etapas
distintas. A seguir, serão apresentadas as limitações e sugestões de estudos futuros
propostas na revisão bibliográfica.
2.11 Limitações e necessidades futuras de pesquisa
Furlan, Romano e Camuffo (2006) afirmam que é fundamental ter uma visão
multidimensional para a integração entre fornecedores e clientes, e que existe uma
lacuna de pesquisa nesta área, o que faz com que as empresas tenham sucesso
nestas iniciativas. Ho, Au e Newton (2002) relatam que não foi dada ainda a devida
atenção à construção de teoria relacionada à gestão da cadeia de suprimentos.
51
Kampstra, Ashayeri e Gattorna (2006) concluem que, apesar da literatura em
colaboração ser muito ampla, poucos autores focam nos aspectos culturais, e que mais
pesquisas precisam ser realizadas sobre a colaboração, suas barreiras culturais e
facilitadores. Sheu, Yen e Chae (2006) acreditam que, para entender a colaboração, é
preciso ter uma abordagem multidisciplinar que considere as diferentes partes de forma
integrada (social e técnica).
Chen e Paulraj (2004) pedem a criação de modelos teóricos que aumentem o
entendimento da gestão da cadeia de suprimentos. Eles afirmam que falta teoria, em
particular sobre a importância relativa e inter-relacionamento das diversas iniciativas e
seus efeitos na performance.
Barratt (2004a) afirma que é preciso fazer mais estudos para entender a
natureza dos relacionamentos colaborativos, como e quando desenvolvê-los,
facilitadores e barreiras. Os estudos, apesar da grande demanda de tempo, precisam
considerar a complexidade do ambiente e analisar os aspectos operacionais, táticos e
estratégicos da colaboração. O autor sugere a utilização de estudos de caso para
aumentar o nível de conhecimento e que é preciso entender as diferenças geográficas
entre os países. Barratt (2004b) afirma ainda que as pesquisas sobre o tema não
podem levar em conta somente a visão da área de Logística, mas considerar visões
opostas como de Marketing.
Lambert, Knemeyer e Gardner (2004) criticam as pesquisas anteriores de
parceria por olharem apenas um dos lados do relacionamento e, muitas vezes
consideram apenas a visão de um executivo de uma área específica. Apesar de
trazerem resultados estatisticamente válidos, são pouco úteis para os tomadores de
decisão. Os autores afirmam que é necessário haver uma abordagem mais holística e
prática para a construção de um relacionamento.
Fugate, Sahin e Mentzer (2006) mostram que existe uma grande diferença
entre o que é discutido nos artigos acadêmicos sobre coordenação e o que as
empresas estão fazendo e consideram útil. Existe também um desconhecimento sobre
52
o que as empresas fazem. Eles sugerem que acadêmicos e executivos devam trabalhar
mais próximos para avaliar os mecanismos de coordenação na prática. Eles também
pedem mais testes empíricos.
Cheng e Grimm (2006) fazem uma revisão bibliográfica da literatura na área de
estratégia procurando por artigos que tenham implicações relevantes para a gestão da
cadeia de suprimentos. Esse levantamento traz uma relação de artigos mostrando os
benefícios de aumentar o grau de integração vertical e os benefícios de utilizar as
teorias da área de estratégia para a construção da teoria da gestão da cadeia de
suprimentos. Eles consideram que a gestão da cadeia de suprimentos ainda necessita
de construção de teoria.
Chopra, Lovejoy e Yano (2004) fazem uma análise dos tópicos cobertos
durante as últimas décadas na área de pesquisa de gestão de operações (Operations
Management) e apontam, como um dos caminhos a serem seguidos, a realização de
pesquisas na área de gestão da cadeia de suprimentos que tragam soluções para
problemas reais enfrentados pelas empresas.
Cousins, Lawson e Squire (2006) afirmam que existe um grande esforço de
pesquisa na área de gestão da cadeia de suprimentos. Ho, Au e Newton (2002)
apontam para a maior necessidade de considerar os fatores do contexto das empresas
nos modelos que explicam o relacionamento entre as práticas de gestão da cadeia de
suprimentos e a performance da empresa. Os autores defendem também a utilização
de conceitos e metodologias de outras áreas de pesquisa que já estejam mais
maduros.
Nilsson (2006) compartilha da percepção de que cadeias de suprimentos e
sistemas logísticos são complexos, visão enfatizada por diversos autores
(BOWERSOX; CLOSS, 1996; CHRISTOPHER e JUETTNER, 2000; COX, 1999;
LAMBERT; COOPER e PAGH, 1998; TAN, 2002). De acordo com Axelrod e Cohen
(2000, p. 26) é esperado que “sistemas vão apresentar dinâmicas cada vez mais
53
complexas em função das mudanças que estão intensificando a interação entre os
elementos”.
Li e Wang (2007) afirmam ainda que não existe na literatura um mecanismo de
coordenação, para uma cadeia de suprimentos, descentralizado de decisão que inclua
os três elementos fundamentais: plano para coordenar as decisões e processos dos
diferentes membros; estrutura para compartilhar a informação; e incentivos que
aloquem os benefícios da coordenação de forma que motive os membros a se
envolverem. Cruijssen, Cools e Dullaert (2007) acreditam que as pesquisas em teoria
de jogos podem ajudar na busca de soluções para o problema de compartilhamento de
benefícios.
Sachan e Datta (2005) mostram a importância de aumentar a publicação de
artigos para países em desenvolvimento, pois é onde as grandes corporações estão
expandindo seus negócios. Eles afirmam que é preciso adotar metodologias que
tenham “visão sistêmica”, isto é, que percebam que o todo é diferente da soma das
partes.
Storey et al. (2006) concluem que gestão da cadeia de suprimentos é uma área
nova e emergente de pesquisa. Os autores mostram ainda que existe uma grande
fragmentação de problemas teóricos e de sobreposição de terminologia. Esta
sobreposição advém do fato do tema de pesquisa ter recebido contribuição de diversas
áreas de pesquisa distintas. Fugate, Sahin e Mentzer (2006) afirmam que é preciso
haver mais pesquisa sobre como dividir os benefícios.
Burgess, Singh e Koroglu (2006) fazem uma extensa revisão bibliográfica sobre
a gestão da cadeia de suprimentos. Eles Concluem que os aspectos intangíveis (soft),
como papel da liderança e aspectos intra-organizacionais, foram pouco explorados.
Eles mostram ainda que não existe consenso sobre a terminologia e que a área precisa
se abrir a novas disciplinas para que não caia na mesmice. Os autores apontam que
faltam experimentos empíricos (BURGESS; SINGH; KOROGLU, 2006). Gibson,
54
Mentzer e Cook (2005) afirmam que a gestão da cadeia de suprimentos é uma
disciplina nos estágios iniciais de evolução.
Observa-se que existe uma grande quantidade de críticas sobre o estágio atual
de pesquisa na área de colaboração, o que é natural para um tema que está em seus
primórdios. Entre as diferentes críticas, ressalta-se a necessidade de ter uma visão
sistêmica, multi-funcional, capaz de considerar as características do ambiente em que
as empresas estão inseridas e que lidem com a crescente complexidade dos
problemas. Esta tese busca contribuir para o estudo do tema de gestão da cadeia de
suprimentos ao estudar um problema real de relacionamento entre empresas. Este
estudo irá adotar uma ótica multifuncional e uma metodologia sistêmica.
A seguir, serão apresentados estudos feitos sob a ótica comercial do
relacionamento dos canais de marketing.
2.12 Política Comercial
As últimas duas décadas foram marcadas por mudanças no formato do
relacionamento entre a indústria e os varejistas. Os varejistas têm adotado estratégias
para conquistar uma parcela maior do valor gerado na cadeia (KUMAR; STEENKAMP,
2007) como, por exemplo, a criação e expansão das marcas próprias dos varejistas.
Segundo Fine (1998), este movimento pode ser entendido como uma conseqüência do
aumento do poder de barganha que os canais de distribuição obtiveram. Apesar de
Ailawadi (2001) mostrar que não existe evidência da mudança do poder para o varejo,
diversos autores atribuem esta mudança a fatores como a globalização dos mercados
(SHAPIRO; VARIAN, 1999), aliada à concentração dos canais de distribuição (FEIN;
JAP, 1999) e à tendência de padronização dos produtos (PIERCE; ALMQUIST, 2001).
55
Diversos fornecedores têm adotado estratégias para manter ou aumentar a sua
rentabilidade. Alguns fabricantes têm buscado realizar fusões e aquisições visando
aumentar o seu poder de barganha, outros buscam aumentar seus investimentos em
Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) na construção de marcas fortes ou ainda optam por
utilizar canais diretos de venda (FEIN; JAP, 1999). No entanto, estas estratégias não
têm impedido o acirramento da competição de preços nos canais tradicionais de venda
(FEIN; JAP, 1999).
Segundo levantamento feito por Bradford e Weitz (2009), um sexto do tempo
dos vendedores da indústria são despendidos em conflitos com os clientes. Este
acirramento das negociações comerciais entre varejistas e fornecedores, demonstrados
pelo aumento das verbas alocadas pelos fornecedores para a negociação com os
canais de distribuição, é uma estratégia adotada pelos varejistas para reduzir o seu
preço de compra. De acordo com Ailawadi, Farris e Shames (1999), a participação das
promoções nas despesas de marketing das empresas de bens de consumo não-
duráveis nos EUA aumentou de 35% para 49% entre 1983 e 1991 e estabilizou neste
patamar nos anos seguintes (JEDIDI; MELA; GUPTA, 1999). Maratou, Gómez e Just
(2007) apontam o crescimento dos gastos com promoções nos Estados Unidos, sendo
que 90% destes gastos são alocados para descontos. Hardie (1996) afirma que o
aumento das promoções foi provocado por cinco fatores: aumento do número de
produtos, aumento do poder de barganha dos varejistas, aumento da pressão pela
mensuração dos resultados das iniciativas da área de marketing, queda na eficiência da
propaganda e aumento da sensibilidade dos consumidores por preços. Buzzell, Quelch
e Salmon (1990), em contrapartida, apontam como causas do aumento das promoções
o desejo de crescimento por parte dos fabricantes acima do crescimento do mercado, o
foco dos fabricantes de entregar os resultados no curto prazo, a redução da
diferenciação dos produtos e as baixas taxas de inovação no mercado de bens de
consumo não-duráveis.
Este aumento das verbas promocionais trouxe consigo um aumento das
políticas de descontos temporários. De acordo com Manning, Bearden e Rose (1998), a
adoção de políticas de compra nos períodos promocionais permite com que varejistas
56
que possuam estruturas de custos não-competitivas consigam, com isso, vender
mercadorias a preços baixos e atrair consumidores para seus estabelecimentos. Isto vai
de acordo com o aumento do movimento na loja citado por Blattgerg, Briesch e Fox
(1995).
O aumento dos descontos temporários pode ser entendido também pelo fato
dos efeitos colaterais da compra antecipada serem muitas vezes camuflados pelos
sistemas de contabilidade dos varejistas (BUZZELL; QUELCH; SALMON, 1990) ou
ignorados pelos responsáveis pela compra (HARDIE, 1996) em função dos incentivos
(NARAYANAN; RAMAN, 2004). Muitos varejistas administram os descontos como um
centro de lucro fazendo com que a compra antecipada seja muito importante para os
resultados (BLATTGERG; BRIESCH; FOX, 1995). Aliado a isto está o baixo nível de
conhecimento sobre estratégias de suprimentos por parte dos compradores, imperando
a tradição de negociar caso a caso (BUZZELL; QUELCH; SALMON, 1990).
Apesar de muito disseminada, a política de descontos temporários também traz
efeitos contraditórios para o resultado dos fornecedores. Blattgerg, Briesch e Fox (1995)
fizeram uma vasta revisão bibliográfica a respeito dos impactos das políticas de
descontos temporários e constataram algumas evidências empíricas. A primeira
evidência apontada é que as políticas de descontos temporários, ou também
conhecidas como promoções, aumentam as vendas no curto prazo, especialmente para
marcas com maior qualidade percebida. Além disso, as promoções são importantes
para atrair consumidores para as lojas dos varejistas (BLATTGERG, BRIESCH e FOX,
1995). Estas evidências empíricas estão de acordo com estudos sobre a adoção de
políticas comerciais com descontos temporários como formas de garantir a manutenção
ou o crescimento das vendas (CHEVALIER; CURHAN, 1976; CURHAN; KOPP, 1986;
WALTERS, 1988). No entanto, Blattgerg, Briesch e Fox (1995) apontam para efeitos
colaterais das promoções, entre eles o fato da alta freqüência das promoções alterarem
o preço de referência do produto por parte dos consumidores e reduzir o acréscimo das
vendas.
57
Entretanto, o benefício de longo prazo das promoções dos fabricantes junto aos
canais de distribuição tem sido muito questionado. Diversos estudos apontam para o
fato de que os varejistas aproveitam as promoções para fazer compras antecipadas à
real necessidade, usando deste mecanismo para especular com os estoques
(AILAWADI; FARRIS; SHAMES, 1999; MANNING; BEARDEN; ROSE, 1998). De
acordo com um estudo da Kurt Salmon Associates (1993), cerca de 80% das
transações entre produtores e distribuidores de bens de consumo não-duráveis nos
Estados Unidos representavam compras feitas em antecipação, conhecido como
forward buying. Blattgerg, Briesch e Fox (1995) afirmam que os varejistas não
repassam a integralidade do desconto para o consumidor e que, com isso, aumentam a
sua margem de lucro. Porém, é apontado que o aumento do nível de estoque
provocado pela compra antecipada pode provocar uma pressão para o varejista
aumentar as vendas através de um repasse do desconto para o consumidor (AILAWADI
FARRIS; SHAMES, 1999).
Em linha com estes questionamentos, Mela, Jedidi e Bowman (1998) apontam
que, mesmo que os descontos sejam repassados para os consumidores, o efeito nas
vendas de longo prazo do produto é muito duvidoso. De acordo com os autores, os
consumidores também acumulam estoques no momento das promoções, reduzindo
com isso as compras futuras. Os consumidores acabam comprando mais e esperando
o próximo desconto. Com isso, as promoções vão ficando cada vez mais ineficientes
precisando ser cada vez maiores para ter o mesmo efeito. Dawes (2004) apresenta um
caso onde mostra que a promoção trouxe ganhos no curto prazo mas no longo prazo,
em função do aumento dos estoques, não houve ganhos. Mela, Jedidi e Bowman
(1998) afirmam que existe um processo de aprendizado ao longo do tempo por parte
dos consumidores e que estes adaptam o seu comportamento. Este aprendizado torna
inadequada a utilização de ferramentas de otimização estática para definir o composto
de marketing. Os autores ressaltam a necessidade de haver estudos sobre os efeitos
de longo prazo das promoções.
Além dos efeitos acima citados, Hardie (1996) mostra que grande parte da
verba promocional acaba na mão de clientes não-leais. Jedidi, Mela e Gupta (1999)
58
mostram que as promoções têm um efeito negativo no valor da marca e que, mesmo
sem considerar os efeitos nos custos da logística, as promoções provocam um efeito
negativo na rentabilidade de longo prazo das empresas.
Diante destes problemas, diversos autores propuseram uma série de
alternativas às utilizações de descontos temporários, algumas delas já testadas nas
empresas e outras ainda em fase conceitual. Uma prática comum até pouco tempo em
muitos países, em especial nos Estados Unidos, era a utilização de cupons
promocionais. Gerstner e Hess (1995) defendem a utilização deste tipo de mecanismo
mostrando que, caso os cupons sejam bem direcionados, eles permitirão que
consumidores finais, que sejam mais propensos aos descontos, usufruam destes
cupons, enquanto que os demais não irão dar-se ao trabalho de coletar os cupons.
Buzzell, Quelch e Salmon (1990) defendem a implementação de programas de
“preço baixo todo dia” semelhante ao praticado pelo Wal-Mart junto aos clientes finais,
mas da indústria para o varejo. Manning, Bearden e Rose (1998) chamam esta política
de EDLC – every day low cost e outros autores de EDLPP – every day low purchase
price. Esta política propõe que sejam reduzidos, ou até mesmo eliminados, os
descontos temporários provocando com isso, uma estabilização da demanda.
Entretanto, como Ailawadi, Farris e Shames (1999) apontam, que é importante
considerar os efeitos de segunda e terceira ordem da implementação de programas
como este. Ailawadi, Lehman e Neslim (2001) descrevem que a experiência da Procter
& Gamble na implementação da política de “preços baixos todo dia” trouxe uma queda
da participação de mercado da empresa, apesar do faturamento total não ter sido
afetado em função do aumento da rentabilidade. Em linha com estes resultados,
Manning, Bearden e Rose (1998) mostram que muitos varejistas nos Estados Unidos
foram contrários à mudança proposta pela Procter & Gamble e a reação deles foi
incentivar a venda de produtos de concorrentes que continuassem a praticar a política
de descontos temporários.
O avanço na tecnologia tem permitido a implementação de novas alternativas,
como a criação de promoções conhecidas como scan backs (AILAWADI, FARRIS;
59
SHAMES, 1999), onde o desconto do fabricante não está atrelado ao volume vendido
para o varejista, mas sim ao volume de vendas do varejista para o consumidor final.
Apesar de alguns varejistas terem reagido a esta política através da adoção de práticas
duvidosas, como o apontamento de vendas não realizadas, este modelo de um modo
geral consegue evitar a compra antecipada.
Buzzell, Quelch e Salmon (1990) relatam que uma das alternativas para a
política de descontos é o aumento dos gastos em ações que aumentam a venda dos
produtos junto aos consumidores finais, como por exemplo, a alocação de espaços
extras de exposição ou a ampliação do número de variedades ou embalagens
disponíveis. Este tipo de sugestão é aceita entre os adeptos a aumentar o investimento
na diferenciação do produto, seja através da marca ou de inovações. Raju e Zhang
(2005) apontam para a importância de mesclar as verbas de ações em loja, como a
compra de espaço extra de exposição (street money), com os esquemas de descontos
oferecidos no relacionamento com um varejista dominante.
Ailawadi, Farris e Shames (1999) propõem mecanismos de coordenação dos
canais entre o varejista e o fabricante. Os autores propõem que o fabricante construa
uma política de descontos que esteja atrelada ao preço de venda do varejista para o
consumidor. Com isso, os descontos serão progressivos à medida que os preços de
venda para o consumidor final forem reduzidos. Eles defendem que, caso o fabricante
monte tabelas de desconto bem estruturadas, o varejista, ao otimizar a sua relação
preço de compra versus preço de venda versus volume de vendas, estará otimizando o
lucro do fabricante. Esta alternativa parece muito interessante, pois evita os efeitos da
compra antecipada e ao mesmo tempo garante que o desconto será em grande parte
repassado para o preço de venda para o consumidor. Segundo Dreze e Bell (2003), os
fabricantes incentivam o uso de contratos onde mecanismos de coordenação sejam
utilizados. Contratos baseados na performance do varejista (unidades vendidas, preço
praticado, quantidade de displays) são os preferidos pelos fabricantes. Já os varejistas
preferem o uso de descontos em que não haja nenhuma contrapartida de sua parte. Os
autores referem que os varejistas têm levado vantagem nesta disputa, sendo que a
60
grande maioria dos gastos efetuados com descontos não tem contrapartida dos
varejistas (Dreze e Bell 2003).
Como pode ser visto, o efeito na receita da indústria da política de descontos
temporários é muito duvidoso, mas o mesmo não pode ser dito de seu impacto na
gestão da cadeia de suprimentos. No próximo tópico será feito uma revisão bibliográfica
sobre estes efeitos.
2.13 Impacto da política de descontos temporários na Cadeia de
Suprimentos
De acordo com Lee, Padmanabhan e Whang (1997) a política de promoções é
um dos fatores que contribui para gerar o efeito chicote (FORRESTER, 1961). Chen et
al. (2000, p. 69) define o efeito chicote como sendo: “Este fenômeno afirma que a
demanda fica mais volátil à medida que se distância do consumidor.” Uma pequena
variação da demanda do consumidor final provoca grandes flutuações na demanda da
indústria e de seus fornecedores (vide Figura 3). Hill, Hays e Naveh (2000) afirmam
que a prática de compra antecipada aumenta mais ainda o impacto das promoções na
variabilidade da cadeia. Segundo os autores, cerca de 50% dos estoques dos
distribuidores são provocados pela prática da compra antecipada. Hardie (1996)
descreve uma queda do nível de serviço, isto é, o atendimento de pedidos por parte dos
fabricantes como um outro efeito da política de descontos. Estes resultados reforçam os
resultados dos estudos de Lee, Padmanabhan e Whang (1997), que a adoção de
políticas de desconto provoca o aumento do tamanho dos lotes de compra e,
consequentemente são um fator adicional para provocar o efeito chicote (FORRESTER,
1961).
61
Figura 3 – Efeito chicote – Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2003)
Powers (1988), utilizando um simulador desenvolvido por Bowersox (1972),
mostra o grande impacto dos descontos no nível de estoques. Este estudo foi baseado
em um modelo teórico de uma rede de suprimentos simplificada de um bem de
consumo não-durável. A rede contava com apenas um produtor, cinco depósitos cada
qual com cinco clientes e dez produtos, dos quais cinco sofreram os efeitos da
promoção de preços. Os resultados dos diferentes cenários mostraram que o nível de
estoque dos produtos afetados pela variação dos preços foi de mais de 78% em relação
aos ítens com preço constante.
Powers e Closs (1987) estendem o modelo de simulação para incluir, além dos
impactos no nível de estoque, os efeitos no nível de serviço e na rentabilidade da
cadeia. Os autores analisaram um cenário em que ocorrem dois períodos promocionais,
cada um deles com dois meses de duração durante o ano. O estudo é feito através de
uma ferramenta de simulação adaptada do Simulated Product Sales Forecasting
(BOWERSOX e CLOSS, 1979). O cenário da simulação foi o mesmo adotado por
Powers (1988) acrescido dos componentes relativos ao preço do transporte. Para este
estudo foram utilizados dois tipos de modais de transporte: rodoviário e ferroviário. Os
impactos no nível de estoque foram semelhantes ao estudo anterior de Powers (1988)
mostrando um aumento entre 88% e 115%. O nível de serviço foi medido através de um
indicador denominado case-fill rate que mede o número de caixas entregues de acordo
62
com o pedido do cliente. O resultado da adoção dos descontos de preço foi um
aumento do nível de serviço de em média 3%. Este aumento, segundo os autores,
pode ser explicado pelo aumento significativo dos níveis de estoque. Os autores
mostram ainda que a rentabilidade da cadeia, medida entre as receitas e os custos
gerados, ficou prejudicada na maioria dos cenários, reflexo do aumento dos custos
logísticos (POWERS; CLOSS, 1987).
Mais recentemente, Lummus, Duclos e Vokurka (2003) fizeram um estudo em
uma empresa de bens de consumo dos Estados Unidos e demonstraram que as
promoções provocam um aumento da variabilidade da demanda nos diversos elos da
cadeia. Este aumento da variabilidade causa um aumento nos custos de produção e
distribuição, aumento da capacidade instalada e dos níveis de estoque. De acordo com
Hardie (1996) as economias da redução das promoções podem chegar a 2% do
faturamento das empresas. Buzzell, Quelch e Salmon (1990) afirmam que o impacto é
de próximo a 2,5% do faturamento. Os impactos da compra antecipada isoladamente
são, de acordo com entrevistas feitas por estes autores, de 1% a 2% do custo dos
produtos vendidos. Os autores mostram que a necessidade de fechamento de fábricas
da Campbell Soup e Procter & Gamble nos Estados Unidos foi decorrência das políticas
de desconto. Além disso, eles relatam outros impactos como o aumento do custo de
transporte, custo de movimentação, custos de gerenciamento das promoções, além do
gasto de tempo de compradores e vendedores. Na Procter & Gamble foi estimado que
cerca de 25% do tempo dos vendedores e 30% do tempo dos gerentes de marketing
estavam dedicados às promoções. É interessante notar que, através da análise da
rentabilidade de fabricantes e varejistas, grande parte destes custos adicionais foram
repassados para o consumidor final (BUZZELL; QUELCH; SALMON, 1990).
Os efeitos colaterais da política de promoções para os varejistas também têm
sido apontados por diversos autores. Buzzell, Quelch e Salmon (1990) relatam um
incremento de 80% no nível de estoques dos varejistas em função da compra
antecipada de estoques. Eles mostram que, caso não houvesse flutuações de preço, os
estoques seriam suficientes para duas semanas de vendas (compra quinzenal e uma
semana de estoque de segurança). De acordo com Lummus, Duclos e Vokurka (2003),
63
o fato de muitos varejistas comprarem toda sua necessidade de estoques durante estes
períodos promocionais provoca um aumento dos custos em função do aumento dos
estoques, da área de armazenagem e da quantidade de pessoas para fazer a
movimentação. Algumas redes nacionais chegam a adotar a política de comprar
produtos em regiões onde o desconto obtido é maior e re-alocam os produtos para as
demais áreas provocando, com isso, um custo adicional de transporte, procedimento
conhecido como diverting. Hardie (1996) afirma que além do acréscimo de custos, o
nível de serviço, isto é, a falta de produtos na gôndola do supermercado, piora. Buzzell,
Quelch e Salmon (1990) afirmam que a compra antecipada de estoques, reação da
política de descontos, provoca um relacionamento conflituoso e de desconfiança entre
fabricantes e varejistas, impedindo a implementação de diversas iniciativas de
colaboração como o Vendor Management Inventory (VMI) ou iniciativas propostas pelo
movimento Efficient Consumer Response (ECR).
Todos estes efeitos da política de descontos temporários na gestão da cadeia
de suprimentos acima citados não têm sido suficientes para impedir a sua utilização
como pilar da política comercial de muitas empresas. Para entender o motivo disto é
preciso retomar a discussão sobre coordenação, mas agora com uma ótica interna às
empresas. No próximo tópico será feita uma revisão bibliográfica sobre as dificuldades
de obter integração inter-funcional, dando especial destaque à integração dos
departamentos de Logística e Comercial.
2.14 Integração Inter-Funcional: Logística e Comercial
De acordo com Hansen e Nohria (2004) a integração inter-funcional é uma
tarefa difícil de ser alcançada. Sabath e Fontanella (2002) mostram que esta integração
é raramente observada nas empresas, apesar de seus benefícios serem apontados há
64
muitos anos como um facilitador para a obtenção do sucesso nos relacionamentos
colaborativos entre empresas (GIMENEZ; VENTURA, 2003).
Ellinger, Keller e Hansen (2006) fizeram um estudo em que mostram a
percepção dos executivos de ambas as áreas em relação à outra, os facilitadores e
barreiras da integração. Segundo os autores, a visão que os gerentes de Logística
possuem em relação às pessoas da área Comercial (Vendas e Marketing) é que elas:
não buscam a sua ajuda de forma regular, não se preocupam com detalhes que podem
ser importantes para a área de Logística, acreditam que as atividades de Logística são
facilmente desempenhadas, estão muito mais focadas em vender do que em obter
lucratividade e se acham fundamentais para o bom andamento da empresa. A visão
dos gerentes da área Comercial em relação aos seus pares de Logística também
mostra o distanciamento das áreas. Segundo os gerentes comerciais, as pessoas da
área de Logística: estão mais interessadas em métricas internas do que em atender às
necessidades dos clientes, não tem idéia das dificuldades enfrentadas pela área
Comercial para atender os clientes e como os clientes pressionam as ações da área,
frequentemente não estão dispostas a responder às suas dúvidas que poderiam ajudar
no momento de garantir um melhor serviço ao cliente (ELLINGER; KELLER; HANSEN,
2006).
Ellinger, Keller e Hansen (2006) apontam ainda uma série de fatores que
servem de facilitadores e barreiras para a integração entre os departamentos de
Logística e Comercial. O primeiro facilitador destacado é a comunicação, seja através
do envolvimento da outra área em etapas iniciais do processo decisório, seja via a
existência de canais de comunicação informais entre as áreas. Construir fortes relações
de trabalho através de atividades em conjunto permite o aumento do nível de confiança
entre as áreas. A forma de divisão dos benefícios do sucesso ou da responsabilidade
pelo fracasso também foram apontados como fundamentais para a integração entre as
áreas. Finalmente, o envolvimento da alta gerência na busca de aumentar a interação
entre os departamentos também foi classificado como vital para o processo
(ELLINGER; KELLER; HANSEN, 2006).
65
Gimenez (2006) mostra que existe uma dupla causalidade na relação entre
integração interna e colaboração externa. O autor afirma ainda que é necessário haver
um alto grau de integração interna antes de buscar a colaboração com outros membros
da cadeia de suprimentos. Segundo Gimenez (2006, p. 244):
A integração entre funções significa que elas precisam ter atividades de
trabalho em conjunto formais, e compartilhar idéias, informação e outros
recursos. Significa ainda que é preciso haver planos conjuntos para antecipar e
resolver problemas, o estabelecimento conjunto de objetivos, definição de
responsabilidades e a tomada de decisões.
Diversas barreiras ajudam a explicar a raridade da integração entre estes
departamentos (ELLINGER; KELLER; HANSEN, 2006). A primeira delas é a falta de
conhecimento sobre as atividades e limitações enfrentadas pela outra área. A falta de
comunicação também é uma barreira. É comum as áreas não envolverem no momento
certo a outra área ou buscarem esconder os problemas. A falta de confiança, o uso de
atitudes defensivas e a existência de objetivos funcionais conflitantes acabam gerando
baixa qualidade no relacionamento entre os departamentos. Para complementar, foi
relatado que é freqüente não haver esforços da alta gerência para promover a
integração (ELLINGER; KELLER; HANSEN, 2006).
De acordo com Gilmour (2003) existe uma tendência natural dos funcionários
em compartilhar as informações de forma mais seletiva possível. Houston et al. (2001)
afirmam que as áreas competem entre si na busca de objetivos divergentes. Vargo e
Lusch (2004) mostram a importância da integração, tanto entre as funções de uma
mesma empresa, quanto entre funções de organizações distintas. A competição entre
unidades e funções pode ocorrer, seja por haver comparações de desempenho entre as
funções (LEVITT, 1969), ou pela busca de obter recursos tangíveis limitados (ex: capital
e pessoas). Esta competição fica cada vez mais forte com a disseminação de conceitos,
como a redução dos níveis hierárquicos ou downsizing (LUO; SLOTEGRAAF; PAN,
2006). Frankwick et al. (1994) mostram que pode haver competição também por
66
recursos intangíveis como, por exemplo, a atenção e tempo dos altos executivos para
os assuntos de cada função.
Segundo O´Leary-Kelly e Flores (2002), muito poucos estudos foram feitos
envolvendo a integração entre as áreas de Operações e Comercial. O nível de
integração pode ser entendido como “a extensão em que entidades separadas
trabalham juntas de forma cooperativa buscando atingir resultados mutualmente
aceitáveis” (O´LEARY-KELLY; FLORES, 2002, p. 226).
Gulati (2007) afirma que para quebrar os “silos funcionais” existentes nas
organizações é preciso realizar quatro atividades: coordenar as atividades e
mecanismos entre as funções; encorajar a cooperação entre as pessoas através da
criação de uma cultura cooperativa, implementação de incentivos e alocação do poder;
garantir a capacitação das pessoas nas novas formas de trabalho; fortalecer o valor da
organização através da aliança com outras empresas.
Para este estudo será adotada a definição de integração proposta por Gimenez
(2006) e ela será utilizada com a conotação de integração intra-organizacional. Como
pode ser visto, os conflitos intra-organizacionais envolvem uma série de conceitos
normalmente relacionados à sociologia que precisam ser melhor entendidos. La Londe
(2002, p. 10) afirma que “assuntos relacionados a confiança e risco são fundamentais
em relacionamentos na cadeia de suprimentos uma vez que eles são marcados por um
maior grau de interdependência”. Spekman (1988) acredita que a confiança seja a
“pedra fundamental” de um relacionamento colaborativo.
No próximo tópico, será feito uma breve descrição de alguns conceitos oriundos
dos estudos da sociologia que ajudam a entender estas questões sobre os conflitos
intra e inter-organizacionais acima mencionados.
67
2.15 Poder e os Métodos de Controle Social
De acordo com Bernardes e Marcondes (2005, p.51), o controle social pode ser
entendido como a “pressão coletiva exercida para que seja adotado determinado
comportamento”. Buckley (1971, p. 235) afirma que o controle social “faz parte do
sistema, inerente às inter-relações e interações dos elementos que compõem o
sistema”. Esta pressão decorre dos objetivos dos indivíduos pertencentes à
determinada organização. Segundo Hampton (1973) existem três classes de objetivos
dos indivíduos que precisam ser satisfeitas pelas organizações: tecnologia (atividade
feita), preceitos (prestígio, salário) e sentimentos (bons relacionamentos).
Estes objetivos fazem com que indivíduos ou grupos criem metas, isto é,
medidas para alcançar os objetivos, comuns a diferentes indivíduos/grupos distintos
(BERNARDES; MARCONDES, 2005). Dentre as metas comuns estão as que somente
um indivíduo pode alcançá-la. Este tipo de meta gera a chamada competição. A co-
orientação é resultante de metas comuns em que ambos podem alcançar o objetivo
sem prejudicar o outro. Já a cooperação acontece quando um indivíduo só atinge a
meta quando os outros indivíduos atingem também.
As metas distintas podem ser divergentes quando uma meta é incompatível
com a outra. O paralelismo ocorre quando uma meta não interfere com a outra e não
precisa de outras e, na convergência um indivíduo precisa que o outro alcance sua
meta para conseguir o seu objetivo (BERNARDES; MARCONDES, 2005).
O controle social pode ser exercido de diferentes formas em função das
características das metas existentes. Bernardes e Marcondes (2005) apontam para três
tipos básicos: troca, poder e autoridade. Mas, é importante ressaltar que as interações
dentro das organizações se caracterizam normalmente, por uma combinação destes
tipos básicos.
68
Para Etzioni (1974), troca acontece quando existe paralelismo das metas. Ela é
caracterizada pelo controle ou influência tendo por base recursos materiais e
recompensas na forma de remuneração pelo recebimento de algum tipo de
contribuição.
Poder ocorre com a existência de metas divergentes. Para Buckley (1971, p.
264) poder “é o controle ou influência sobre as ações dos outros no intuito de atingir as
próprias metas, sem o consentimento desses outros, contra a vontade deles, ou sem
seu conhecimento ou compreensão”. Para Bryson, Finkelstein e MacIver (1947, p. 87),
citado em Buckley (1971), “por poder social entendemos a capacidade de controlar o
comportamento de outros, quer diretamente por decreto, quer indiretamente pela
manipulação de recursos disponíveis”. Para Duncan e Blau (1967, p.117), poder é:
A capacidade de pessoas ou grupos de imporem sua vontade sobre outros,
apesar da resistência, por meio da repressão, quer recusando a concessão de
recompensas regularmente ministradas, quer punindo, na medida em que a
recusa, bem como a punição, constituem, efetivamente uma sanção negativa.
De acordo com Pfeffer (2006), existem departamentos que são mais poderosos
que outros dentro das empresas. Muitas decisões nas organizações são tomadas
visando a manutenção ou aumento do poder relativo de um dado departamento
(PFEFFER, 2006). Segundo o autor, o poder de cada departamento pode ser dividido
em duas dimensões. A primeira dimensão é estrutural, sendo o departamento mais
poderoso à medida que está no centro do fluxo de informação e comunicação da
organização. “A outra, mais sutil, relaciona-se com o grau de ingerência da função nas
questões que são estratégicas ou críticas para a empresa.” (PFEFFER, 2006, p.53). O
poder pode também ser medido pela quantidade de recursos valiosos, sejam tangíveis
ou intangíveis. O poder das funções é demonstrado no momento em que são tomadas
decisões críticas que envolvam diversos departamentos. O nível de competição intra-
organizacional está diretamente relacionado com a escassez de recursos (PFEFFER,
2006).
69
Para Dapiran e Hogarth-Scott (2006) houve um aumento do poder dos
varejistas em relação aos fabricantes de bens de consumo. Este poder pode ou não ser
exercido de forma ostensiva. Segundo estes autores, o poder na cadeia de
fornecimento “pode ser definido como a habilidade de um elo da cadeia em controlar as
decisões do outro” (DAPIRAN, HOGARTH-SCOTT, 2006, p. 67-68).
Para Pfeffer (2006) os ganhos em incentivar a competição entre as funções são
muito menores que os malefícios deste tipo de relacionamento. Para o autor, a forma
mais eficaz de reduzir ou eliminar a competição interna destrutiva é mudar os sistemas
de incentivos de forma que estimule comportamento cooperativo entre as pessoas e
funções da organização.
A última forma de exercer o controle social é através da autoridade. Neste caso,
existe convergência de metas. Para Buckley (1971, p. 264) autoridade “é o controle ou
influência sobre o comportamento de outros para a promoção de metas coletivas, com
base em alguma forma verificável de consentimento desses outros, em razão de
estarem informados da situação”.
A confiança pode ser entendida como um resultado de relacionamentos
baseados na troca ou na autoridade onde os envolvidos tenham agido de forma íntegra
entre si. Mayer, Davis e Schoorman (1995) definem confiança como sendo a disposição
a assumir riscos e em se apoiar em um parceiro. A confiança está diretamente atrelada
à integridade e confiabilidade do parceiro (MORGAN; HUNT, 1994).
Confiança do comprador em relação ao vendedor é definido como “a disposição
em se apoiar no vendedor em um ambiente de incerteza, baseando-se na expectativa
que o vendedor vai realizar de forma satisfatória a ação desejada pelo comprador”
(WANG; HUFF, 2007, p. 1034). Segundo Lewicki e Bunker (1995) as características da
confiança mudam com o passar do tempo. No início do relacionamento, a confiança é
mais frágil e é baseada em indicadores e na indicação de outros parceiros. Com o
tempo, com uma série de interações bem-sucedidas, a confiança se torna mais forte e
passa a depender menos de fatores externos. Existem dois atributos básicos da
70
confiança: integridade e capacidade (MAYER; DAVIS e SCHOORMAN, 1995). A
integridade está relacionada a não agir de forma oportunista, enquanto que a
capacidade se refere à existência de habilidades e recursos necessários para
desempenhar a tarefa. Wang e Huff (2007) relatam para a importância de criar
garantias para o parceiro caso algo ocorra de errado no relacionamento.
A abordagem dos métodos de controle e a importância de aspectos intangíveis
como a confiança não pode ser relegada a segundo plano quando se estuda
relacionamento, tanto intra-organizacional quanto inter-organizacional.
2.16 Relacionamento entre a indústria e o varejo no setor de bens de
consumo não-duráveis do Brasil
Segundo Laban Neto (2004) os relacionamentos entre a indústria e o varejo no
setor de produtos alimentícios no Brasil pode ser classificado como um relacionamento
conflituoso marcado por negociações freqüentes. Os agentes não têm objetivos comuns
e buscam maximizar seus resultados. Existe o predomínio do uso do poder coercitivo
como aponta um varejista entrevistado:
[...] é um jogo de poder, isso eu reconheço. Nós temos uma relação hoje que é
um jogo de forças, onde se um ganha o outro perde, se eu consigo alguma
rentabilidade maior, a indústria tem uma rentabilidade menor. Isso é perigoso
porque os dois estão sempre armados. (LABAN NETO, 2004, pg.117)
O uso do poder coercitivo se torna mais latente devido a não existência de um
varejista dominante como é o caso do Wal-Mart nos Estados Unidos. Para Laban Neto
(2004) o poder está dividido entre a indústria e o varejo. Existe uma grande
disseminação de multas impostas pelos grandes varejistas a seu fornecedores no caso
de não cumprimento de contratos. Um exemplo deste relacionamento conflituoso pode
71
ser visto no depoimento feito por um executivo de uma das maiores indústrias de
alimentos do mundo:
Nós ficamos cinco meses negociando o acordo anual e, durante este tempo, os
nossos produtos, que são os mais procurados dentro da categoria, ficaram em
ruptura (chegamos a entregar um SKU enquanto que a nossa carteira para
este cliente é de 700 SKU). [...] (VIEIRA, 2006, pg. 117)
Um agravante desta relação conflituosa é que a maioria das indústrias possui
canais múltiplos (ROSENBLOOM, 2002) e tem dificuldade para evitar os conflitos de
canais como pode ser visto neste depoimento de um varejista:
É um paradoxo: a indústria, principalmente a multinacional, tem um discurso
muito interessante que é trabalhar de forma mais planejada. Mas, ela mesma
usa uma prática de apagar incêndios nos finais de mês. Então, com a gente,
eles utilizam essa dinâmica em menor grau, porém sabemos que, dependendo
da negociação, se ela não evolui conosco, a indústria ameaça explicitamente
oferecer o negócio ao atacado. Isso é nocivo porque se ela não fecha uma
negociação até o dia 28 comigo, no dia 29 ou dia 30 ela vai para o
atacado.”(LABAN NETO, 2004, pg.118)
Existem alguns fatores externos que agravam este relacionamento conflituoso.
Uma grande parcela dos consumidores está disposta a trocar de produtos líderes para
outros produtos de menor preço caso seja necessário (SUPERHIPER, 2004). A
importância dada ao preço de venda fez com que houvesse um acirramento da
competição baseada no preço entre os varejistas (LABAN NETO, 2004). Esta
competição faz com que os varejistas repassem a pressão para seus fornecedores
como afirma um varejista abaixo:
[...] existe um nível de competividade limite e isso faz com que as margens vão
se depreciando, alimentando um círculo vicioso: você perde rentabilidade no
mercado e vai buscar na indústria mais verbas para compensar essa queda de
margem. (LABAN NETO, 2004, pg.119)
Para os entrevistados, um dos sintomas do formato de relacionamento é o
perfil de vendas ao longo do mês:
À primeira vista, podemos imaginar que esta situação é mais comum entre os
fabricantes e o grande varejo. No entanto, a pesquisa aponta que, em menor
intensidade, os mesmos problemas ocorrem entre os demais agentes. A
relação entre o atacado tradicional e a indústria é, segundo a pesquisa, de
72
caráter primordialmente especulativo e oportunista. Este oportunismo pode ser
evidenciado quando se analisa a concentração de vendas da indústria nos
últimos dias do mês. Tanto o varejo que trabalha de forma especulativa quanto
o atacado tradicional postergam sua decisão de compra ao máximo, como
forma de pressionar a indústria a oferecer melhores condições comerciais,
devido à necessidade de desovar seus estoques. (LABAN NETO, 2004,
pg.118)
Nos últimos anos, a concentração de vendas no final do mês vem se
acentuando, diferentemente do que seria de se esperar em um tipo de
economia onde os preços não variam substancialmente de um mês para o
outro. Alguns varejistas e atacadistas, por sua vez, ao perceberem que
poderiam conseguir preços mais vantajosos, entram no ‘jogo’. (LABAN NETO,
2004, pg.119)
Segundo Laban Neto (2004, pg. 145) existe um movimento de auto-reforço: “a
concentração de volumes de transações, ao final de cada mês, estimula a especulação
e o comportamento oportunista”. Um executivo da indústria afirma que:
[...] a indústria hoje depende do atacado para desovar estoques. O grande
varejo acabou se acostumando a aguardar no final do mês as promoções que
a indústria precisa fazer para desovar esses estoques e, portanto, se criou um
círculo vicioso em que existem picos enormes no fim do mês. (LABAN NETO,
2004, pg.142)
O relacionamento entre a área comercial da indústria e a área de compras do
varejo é focado na questão comercial. “Gastamos de 80% a 90% do tempo falando de
produtos líderes e de baixa rentabilidade[....]”(VIEIRA, 2006, pg. 129). Vieira (2006)
aponta uma série de custos “ex-ante” e “ex-post” para o varejista que possui mal
relacionamento com seus fornecedores. Este comportamento especulativo traz
conseguências como afirma um executivo da área de Logística de um grande varejista:
[...] a média de compra do fornecedor é 40 a 50 carretas de produto por mês.
Neste mês foram compradas 110 carretas a um preço menor. Porém, não
adianta comprar por um preço mais baixo se os estoques se mantiverem por
três meses ou mais, pois o custo com a armazenagem será maior, e se estes
estoques não tiverem saída, a perda será maior ainda[....] (VIEIRA, 2006, pg.
123)
[...] o varejista está com tanto estoque que chega um momento em que ele não
compra mais nada, nada, não pode comprar mais nada[....](LABAN NETO,
2004, pg.118)
73
Vieira (2006) aponta que iniciativas de colaboração tática na logística entre a
indústria e o varejo brasileiro (backhaul e CPFR) não foram aceitas por falta de acordo
comercial. Vieira, Yoshizaki e Ho (2009) destacam que a colaboração interpessoal entre
pessoas da indústria e do varejo brasileiro é a que tem maior intensidade. Os autores
mostram ainda que a colaboração tática está mais focada na troca de informações
logísticas do que no compartilhamento de custos e ganhos. Já a colaboração
estratégica é inexistente (VIEIRA, YOSHIZAKI e HO; 2009). Estes resultados estão de
acordo com os de Lago da Lago da Silva e Fischmann (2000) que, apesar de
reconhecerem os ganhos de coordenação, estão frustados com o estágio atual de
colaboração no Brasil. Laban Neto (2004) também aponta para o baixo grau de
cooperação que, quando ocorre, se limita a aspectos operacionais. Os ganhos da
colaboração são também relatados nas entrevistas:
[...] de fato, temos tido algumas experiências de colaboração com a produção,
mas de fato temos que incrementá-las e implementá-las. São ainda notórios os
baixos níveis de serviço que se praticam nesse mercado. É usual ter índice de
falta nas lojas acima do que é admissível e isto resulta numa ineficiência não
só do varejo, mas da cadeia como um todo. (LABAN NETO, 2004, pg.134)
[....], se a gente conseguisse ter um planejamento de oferta, um planejamento
de espaço, um planejamento de vendas, de sellout mesmo, talvez a gente
conseguisse aumentar o volume gradativamente e enfrentaríamos menos
sufoco de final de mês.(LABAN NETO, 2004, pg.135)
De acordo com o depoimento de um executivo da área de Logística no Brasil:
[....] para colaborar é preciso ter: confiança, reciprocidade, interação entre as
áreas funcionais, compartilhamento de informações, objetivos e metas
conjuntas, entre outros elementos que, quando agregados, formam o conceito
de colaboração logística. (VIEIRA, 2006, pg. 198)
Como pode ser visto, o relacionamento entre a indústria e o varejo no setor de
bens de consumo não-durável no Brasil é marcado pelo conflito e pelo uso do poder. A
concentração de vendas, segundo estes depoimentos, é um sintoma deste conflito. No
próximo capítulo, será descrito o método de pesquisa adotado neste estudo.
74
75
CAPÍTULO 3 – MATERIAL E MÉTODO
Neste capítulo, será apresentado o processo percorrido para a definição do
método empregado neste trabalho. Conforme ilustrado na Figura 4, a escolha do
método começou com uma análise da adequação das diferentes abordagens práticas
de pesquisa ao problema proposto. A partir dessa análise inicial, concluiu-se que a
abordagem mais adequada seria a do experimento através da modelagem. A segunda
etapa foi escolher, dentre as diferentes técnicas de modelagem, qual seria a utilizada.
A técnica de simulação foi identificada como sendo a mais adequada ao problema. A
terceira etapa foi analisar, dentre os métodos que empregam a simulação, qual deveria
ser adotado. O resultado desta etapa indicou o uso da Dinâmicas de Sistema como
sendo o método a ser empregado. Finalmente, foi feito um estudo dos passos
sugeridos por diferentes pesquisadores que empregaram a Dinâmicas de Sistema para,
com isso, definir os passos a serem adotados neste estudo.
Este capítulo está dividido em duas partes. Na primeira parte, é apresentado o
referencial teórico utilizado para se fazer a escolha do método. Na segunda parte, será
apresentado o método adotado.
76
Figura 4 – Processo de definição do método de pesquisa
3.1 Referencial Metodológico
3.1.1 Abordagens práticas de pesquisa
Dentre as abordagens práticas de pesquisa propostas por Yin (2003), chegou-
se a duas opções possíveis de estratégia de pesquisa a serem utilizadas: experimento
e estudo de caso. Estas opções são mais adequadas para explicar as relações de
causa-efeito de uma forma dinâmica, isto é, como elas evoluem ao longo do tempo, do
que para entender a incidência de determinada ocorrência. A adequação para se
compreender fenômenos sociais complexos e para o tipo de problema do estudo
também foi considerada nesta análise.
77
Para definir qual destas estratégias adotar, foram analisadas as vantagens e
desvantagens de cada uma delas. Por um lado, o estudo de caso permite a
investigação do fenômeno dentro do seu contexto (o que é especialmente importante
quando estes limites não são muito claros), permite o uso do conhecimento
anteriormente acumulado na ciência através das proposições teóricas, e permite
proposição de generalizações analíticas mesmo em situações onde o número de
variáveis de interesse é superior à quantidade de pontos de dados disponíveis (YIN,
2001). Por outro lado, a metodologia de estudo de caso falha em gerar e testar
alternativas, um dos objetivos desta pesquisa. Este, aliás, é um dos grandes benefícios
das metodologias de pesquisa baseadas na estratégia de experimento.
3.1.2 Modelagem
Entre as diversas metodologias de experimento, a modelagem foi a selecionada
para esta pesquisa. De acordo com Harrison et al. (2007, p. 1232): “modelos formais
são uma formulação precisa do relacionamento entre variáveis, incluindo a formulação
do processo através do qual as variáveis mudam ao longo do tempo, baseado em
dedução teórica (theoretical reasoning)”. Para Hesse (1997, p.17) “um modelo pode ser
uma representação física, esquemática, verbal ou matemática do objeto real sendo
projetado, construído ou descrito. Um modelo é uma abstração do problema real”.
Axelrod (1997) cita alguns dos propósitos de pesquisa em que a modelagem pode ser
usada: prever a relação entre variáveis; mostrar que é possível o sistema modelado
gerar um determinado comportamento; descobrir conseqüências não esperadas da
interação de processos simples; gerar uma explicação plausível para um determinado
resultado; verificar explicações teóricas anteriormente feitas; gerar sugestões práticas
de políticas; e testar a adequação ou não de procedimentos (ex: uso de testes
estatísticos padrões em relações não-lineares).
78
Diversos autores descrevem as vantagens do uso da modelagem (STERMAN,
2000 e 2002; BERTSIMAS, FREUND, 2000; KREPS, 1990). Entre as principais
vantagens destaca-se: elimina o problema gerado pela incapacidade de simular
situações complexas em nossa mente ou de testá-las na prática; explicita erros em
nossos modelos mentais e ajuda a melhorar nossa intuição e capacidade de identificar
problemas e causas; ao haver necessidade de explicitar as hipóteses adotadas facilita o
questionamento das mesmas; torna possível observar coisas que não seriam possíveis
em experimentos empíricos; adota uma linguagem comum e padronizada facilitando a
transferência de descobertas para contextos diferentes; torna possível submeter as
descobertas a testes de consistência lógica; e permite que os testes sejam feitos mais
rapidamente e com menos esforços.
A modelagem tem sido um recurso adotado pelos mais variados ramos da
ciência. Para Sterman (2000), esta grande disseminação da modelagem decorre de
uma série de fatores. O primeiro deles é o fato de existirem teorias muito difíceis ou
impossíveis testar na realidade, seja em função de não haver condições necessárias
para mostrar a teoria, seja pelo longo tempo necessário para ver os efeitos. Outro fator
importante para a grande utilização das técnicas de modelagem é que as organizações,
sejam privadas ou públicas, são avessas ao risco. Implementar ou testar uma nova
teoria pode gerar um grande impacto no mundo real, que nem sempre é benéfico. Caso
não fosse possível “testar” as teorias em ambientes de simulação, seria muito pouco
provável que tivéssemos a mesma velocidade de disseminação de novas tecnologias e
metodologias. Além disso, um bom modelo pode utilizar todo o potencial da tecnologia
de informação para quantificar os resultados de uma determinada política. Soma-se a
isto o fato da mente humana não ser capaz de prever resultados de políticas em
sistemas complexos (STERMAN, 2000).
Entretanto, a modelagem também possui uma série de limitações e
desvantagens (HARRISON et al., 2007; STERMAN, 2002). Entre as limitações e
desvantagens destacam-se: os resultados da modelagem podem ser afetados por bugs
(problemas) dos sistemas usados e pela tradução para a linguagem matemática e o
fato dos resultados não poderem ser generalizados para todas as condições (no
79
máximo consideradas conjunturas). Este segundo ponto é importante, pois mesmo para
a região de parâmetros analisadas os resultados podem no máximo gerar hipóteses do
modelo. Como os modelos são uma interpretação individual ou coletiva da realidade,
esta interpretação pode não ser 100% exata.
Moore e Weatherford (2005) classificam os modelos em três agrupamentos:
físicos, analógicos e simbólicos. Os modelos simbólicos são também chamados de
modelos matemáticos ou computacionais em função de usarem variáveis quantitativas
relacionadas por equações. De acordo com Winston (2004, p. 1) “um modelo
matemático é uma representação matemática de uma situação real que pode ser usado
para tomar melhores decisões ou simplesmente entender a situação real melhor”.
Segundo Bertrand e Fransoo (2002) a pesquisa baseada em modelos quantitativos
constrói, analisa e testa modelos de relações de causalidade entre variáveis de controle
e de performance.
Para O´Keefe (1995) a modelagem matemática traz uma série de riscos que
precisam ser evitados. O primeiro risco, principalmente quando se aplica a modelagem
em ambientes organizacionais, é de considerar que as relações de causalidade são
estáveis. Este viés ocorre devido ao experimento ter sua origem no método científico
empregado nas ciências naturais e engenharia tradicional, onde as leis que regem as
relações são estáveis (YOSHIZAKI, 1997). O segundo risco é de buscar soluções “sub-
ótimas” que sejam possíveis de serem alcançadas, não considerando as relações entre
os diversos elementos do sistema. A própria definição do objetivo é feita baseada em
premissas, muitas vezes assumida pelo pesquisador. Um terceiro risco apontado é no
desenvolvimento do modelo. O modelo pode ser mal formulado ou a escolha do método
ser equivocada. Além disso, existe o risco da implementação e do uso não serem bem
feitos.
Little (1994) faz uma série de críticas à abordagem tradicional de modelagem
matemática, pois segundo o autor, muitos modeladores: não consideram que existe
uma forte influência da visão do modelador na construção do modelo; buscam resolver
problemas de forma fragmentada; consideram que a modelagem é um processo linear;
80
falham no momento da identificação do problema; e não se preocupam com as pré-
condições para o uso e implementação da modelagem.
Yoshizaki (1997, p.2), utilizando como base a soft systems methodology
(CHECKLAND, 1981), propõe uma metodologia para o uso da modelagem matemática
constituída de seis passos iterativos.
As seis fases são: definir os limites do sistema de decisões; descrever
o sistema de decisões como um modelo topológico e módulos de
decisão; revisar o modelo do sistema de decisões; desenvolver
caminhos tecnológicos para os diversos módulos de decisão; integrar
os caminhos em um plano diretor de modelagem; integrar o plano com
outras iniciativas organizacionais.
A visão iterativa e a preocupação com a implementação também aparecem no
trabalho seminal de Mitroff et al. (1974) que apresenta uma abordagem formada por
quatro etapas iterativas: conceituação, modelagem, resolução e implementação.
Comparando os propósitos de pesquisa em que a modelagem é adequada
citados acima (AXELROD, 1997) com o problema desta pesquisa concluiu-se que a
modelagem matemática seria a técnica mais adequada a este estudo. Entretanto ainda
era preciso escolher qual tipo de modelagem deveria ser adotada. Dentro dos modelos
computacionais, modelos matemáticos resolvidos através do uso de computadores,
podemos citar: otimizadores, heurísticas, probabilísticos estáticos e simulações. A
Figura 5 ilustra uma visão de quando aplicar cada uma das técnicas.
81
Figura 5: Classificação das técnicas de modelagem
3.1.3 Simulação
Bertrand e Fransoo (2002) afirmam que a simulação não tem a mesma
“qualidade científica” quando considerada a capacidade de gerar provas através da
dedução matemática. Entretanto, ela possui a vantagem de ser capaz de retratar com
maior fidelidade problemas com complexidade e variabilidade elevados. A simulação é
adequada para problemas complexos (STERMAN, 2002) e para problemas em que
exista um número limitado de alternativas a serem consideradas (ROSENFIELD;
COPACINO; PAYNE, 1989). Além disso, a utilização de interfaces gráficas ajuda o
entendimento e, por conseqüência, a adoção dos modelos (BODIN; LEVY, 1994). Outra
vantagem da simulação, e talvez das técnicas de modelagem como um todo, é permitir
que soluções inovadoras possam ser testadas sem provocar riscos para as
organizações (HALE, 1999). De acordo com Yoshizaki (1997) a simulação é capaz de
representar a realidade de uma forma adequada e permite o uso de uma abordagem
matemática.
82
Bertrand e Fransoo (2002, p.244) fazem uma crítica à incapacidade da maioria
dos estudos desenvolvidos na área de gestão de operações de criar modelos
matemáticos explanatórios ou preditivos, isto é, que “sejam capazes de explicar ou
prever o resultado ou performance de um processo em função de suas características,
estado e entradas”. Uma exceção é feita aos trabalhos de Forrester (1961) em
dinâmicas industriais, Buzacott e Shantikumar (1993) em teoria das filas, e das curvas
de aprendizado de Wright (1936) citado em Bertrand e Fransoo (2002). Bertrand e
Fransoo (2002) clamam por um maior número de trabalhos de modelagem matemática
que resolvam problemas reais das organizações.
O problema a ser abordado neste estudo, como será mostrado com maiores
detalhe nos próximos capítulos, é caracterizado pela alta complexidade e existe um
número limitado de alternativas. Estes fatos fizeram com que a escolha da técnica de
modelagem recaísse para a simulação.
3.1.4 Dinâmicas de Sistema
Para este estudo, será utilizado o método de simulação conhecido como
Dinâmicas de Sistema (System Dynamics) desenvolvida por Forrester (1961). A
Dinâmicas de Sistema, apesar de ser uma abordagem de modelagem, incorpora
diversos elementos típicos da estratégia de estudo de caso. Como será visto, os
procedimentos de modelagem da Dinâmicas de Sistema consideram muitas das
preocupações retratadas por Yoshizaki (1997) e Mitroff et al. (1974).
É importante ressaltar que a forma com que foi feita a tradução para o
portugues do nome do método, Dinâmicas de Sistema, difere do que é normalmente
utilizado nos trabalhos acadêmicos brasileiros. A tradução mais utilizada, Dinâmica de
Sistemas, pode provocar um falso entendimento que existe uma dinâmica que acontece
83
em diversos sistemas, sendo que na maioria dos casos o que ocorre é que diversas
dinâmicas acontecem em um único sistema.
A metodologia de Dinâmicas de Sistema foi desenvolvida por Jay Forrester
(FORRESTER, 1958) a partir dos conceitos da teoria de servo-mecanismos (BROWN;
CAMPBELL, 1948). A Dinâmicas de Sistema foi criada para lidar com problemas
caracterizados pela complexidade dinâmica, isto é, sistemas onde as ações de um
determinado agente geram reações de outros agentes, ou também chamado de
feedbacks. De acordo com Powers (1973, p. 351) “Feedback é um aspecto tão
importante do comportamento como o ar que respiramos”. Estas reações podem estar
defasadas no tempo e espaço e muitas vezes são caracterizadas por funções não-
lineares (FORRESTER, 1961). Uma outra característica importante dos sistemas
complexos é a adaptabilidade dos agentes ao longo do tempo, que aprendem com os
resultados passados (STERMAN, 2000). Todas estas características tornam muito difícil
prever os resultados finais de uma determinada ação ou política.
Esta dificuldade, aliada a uma falta de visão sistêmica (ADAMS, 1918 apud
STERMAN, 2000), faz com que os tomadores de decisão ajam de uma forma orientada
para eventos de curto prazo (STERMAN, 2000). Com isso, passa a ser fundamental
considerar que as decisões de um agente no curto prazo podem afetar os objetivos de
outros agentes que, por sua fez, vão reagir à ação inicial. O resultado desta reação
pode provocar uma situação de longo prazo pior do que a inicial (STERMAN, 2000).
Antes de mostrar a simbologia utilizada na Dinâmicas de Sistema é importante
entender alguns conceitos que são fundamentais para a metodologia: sistemas,
pensamento sistêmico e modelagem. Segundo Bertalanffy (1975), sistema é um
conjunto de elementos ou partes inter-relacionadas que interagem no desempenho de
uma função compondo um todo ou uma unidade. Os sistemas têm limites (algumas
vezes, bem definidos), os quais demarcam as interfaces que separam elementos
pertencentes ao sistema (subsistemas ou sub-unidades) de elementos que não-
pertencem ao sistema.
84
De acordo com Adams (1918) apud Sterman (2000) as mudanças que
ocorreram na sociedade moderna têm imposto à ciência uma nova visão, que mais
tarde foi chamada de pensamento sistêmico. Sterman (2000, p. 4) afirma que
pensamento sistêmico é a habilidade de enxergar o mundo como um sistema complexo,
onde “tudo está interconectado a tudo” e assim “você não pode agir em uma parte
isolada do sistema”. Com esta visão holística é possível encontrar as ações que sejam
capazes de gerar resultados duradouros.
Existem diferentes taxonomias para classificar sistemas, no entanto, este
estudo focará nos sistemas complexos. De acordo com Sterman (2000), existem dois
grandes grupos de complexidade: combinatória e dinâmica. Os sistemas com
complexidade combinatória são caracterizados por possuírem uma grande quantidade
de informações e alternativas de solução. Um exemplo seria um problema de roteirizar
entregas de cargas, onde existe um número muito grande de rotas alternativas a serem
traçadas. Já a complexidade dinâmica é caracterizada por ações de um determinado
agente que geram reações de outros agentes que podem estar defasadas no tempo e
no espaço. Estas características fazem com que os tomadores de decisão, ao lidar com
sistemas com complexidade dinâmica, muitas vezes optem por políticas que não geram
os resultados almejados, ou até mesmo, geram situações piores do que as iniciais.
Alguns exemplos de sistemas complexos na área de Transportes são a implementação
de softwares de gerenciamento de transportes (Transportation Management Systems -
TMS) ou a definição do formato de contrato dos órgãos responsáveis pela manutenção
das rodovias ou até mesmo a política de aumentar a capacidade das estradas como
forma de reduzir os congestionamentos. Neste caso específico, os tomadores de
decisão muitas vezes ignoram que o aumento da capacidade das rodovias torna mais
atrativo para as pessoas mudar-se para regiões mais distantes do centro da cidade
criando, no médio e longo prazo, um fluxo novo de veículos que acabam por gerar
novamente os congestionamentos (STERMAN, 2000).
A Dinâmicas de Sistema é uma método que se destaca de diversos outros
utilizados por pesquisadores da escola de pensamento sistêmico por ser fortemente
calcada na modelagem. A Dinâmicas de Sistema possui duas linguagens fundamentais:
85
círculos causais e estoques-fluxos (STERMAN, 2000). Estas linguagens permitem ao
modelador mostrar de forma gráfica o modelo para todas as pessoas envolvidas, de
forma que elas possam participar de forma ativa na construção do modelo. Além disto,
a linguagem de estoques-fluxos serve como base para a construção dos modelos
computacionais que permitirão a simulação das diferentes políticas.
A linguagem de círculos causais, uma linguagem icônica, é normalmente
utilizada em estágios iniciais do processo de modelagem e busca um entendimento
inicial das relações de causalidade de uma forma fácil de ser entendida e criticada por
pessoas leigas na área. Como pode ser visto nas Figuras 6a e 6b, a metodologia
mostra a relação de causalidade entre duas variáveis, no exemplo preço da commodity,
lucro do produtor e quantidade plantada. A direção da seta mostra que o preço da
commodity influencia o lucro do produtor e não vice-versa. O sinal positivo (+) mostra
que a influência é diretamente proporcional, isto é, quanto maior o preço da commodity,
maior o lucro ou quanto menor o preço, menor o lucro. O sinal negativo (-) simboliza
que a relação de causalidade é inversamente proporcional, isto é, quanto maior a área
plantada, menor será o preço. Note que existe um atraso, na linguagem de Dinâmicas
de Sistema um delay, na relação entre quantidade plantada e preço. Este atraso é
representado pelos dois riscos paralelos na seta da relação de causalidade.
Figura 6a – Círculo causal de Balanço Figura 6b – Círculo causal de Reforço
86
De acordo com a metodologia de Dinâmicas de Sistema, sistemas complexos
podem ser explicados pela interação de duas estruturas básicas de feedbacks: a
estrutura de reforço e de balanceamento. No exemplo da Figura 6a, o círculo causal é
de balanceamento, pois o resultado das inter-relações das variáveis irá gerar uma força
em sentido contrário a inicial. No caso, um aumento de preço irá provocar um aumento
no lucro e na quantidade plantada. O aumento da quantidade plantada por sua vez irá
provocar uma redução no preço. Já um círculo de reforço da Figura 6b irá gerar uma
força no mesmo sentido. No exemplo, uma maior quantidade de dinheiro aplicado irá
aumentar a quantidade de juros recebidos que irá, por sua vez, aumentar a quantidade
de dinheiro. Estas estruturas irão gerar resultados diferentes, no caso o modelo 6b iria
gerar uma função exponencial crescente conforme retratado no modelo da Figura 9.
No entanto, a simbologia de círculos causais (causal loops) possui uma série de
limitações (RICHARDSON, 1986) e por isso, não é utilizada para a geração dos
modelos computacionais. A linguagem gráfica mais utilizada na Dinâmicas de Sistema
está baseada em dois elementos básicos: estoques e fluxos (STERMAN, 2000).
Estoques são acumulações que servem para mostrar o nível corrente do
sistema. Eles podem ser “vistos” caso se tire uma foto. A mudança dos estoques ocorre
de forma gradual ao longo do tempo. São representados matemáticamente através de
integrais. Alguns exemplos de estoque seriam o nível de água de uma banheira, o PIB
de um país ou o nível de reconhecimento de uma marca (STERMAN, 2000).
Fluxos são os responsáveis pela mudança do nível dos estoques. Fluxos
aumentam (de entrada) ou diminuem (de saída) os estoques com o passar do tempo
(STERMAN, 2000). No caso da banheira seria a torneira (de entrada) e o ralo (de
saída). Os modelos de Dinâmicas de Sistema procuram identificar as variáveis que
fazem com que os fluxos aumentem ou reduzam e procuram simular os efeitos destes
fluxos e estoques ao longo do tempo (vide Figura 7).
87
Figura 7 – Estoques e Fluxos
Para cada um dos fluxos, busca-se levantar dados quantitativos ou qualitativos
para montar uma equação que o represente. No exemplo da Figura 7, o fluxo de saída
depende da quantidade do estoque e do valor da variável (ou conector) A. Estas
equações, adicionadas aos estados iniciais dos diferentes estoques, permitem com que
as diferentes políticas sejam simuladas.
De acordo com Sterman (2002), os bons modeladores de sistemas complexos
precisam ter em mente que os modelos são uma interpretação individual ou coletiva da
realidade e que esta interpretação não é 100% exata, uma vez que as pessoas, por
possuírem modelos mentais próprios, acabam filtrando as informações que coletam.
Como forma de minimizar este problema, o autor recomenda que sejam buscados
diferentes pontos de vista e ângulos para a análise de um mesmo problema. Tendo
assim diferentes abordagens e ângulos de visão, as chances de ignorar alguma parte
relevante do sistema são minimizadas. Além disso, é importante continuamente
questionar os modelos utilizados, para que se possa melhorá-los. Além disso, os
tomadores de decisão precisam saber gerenciar o dilema entre tomar decisões
baseadas em modelos que podem não ser exatos e a busca permanente de melhoria
dos modelos. De acordo com Sterman (2000), o grau de sensibilidade dos sistemas
complexos para variações nos parâmetros individuais é muito pequena, o que permite
aos tomadores de decisão utilizar modelos mesmo que estes contenham dados que
não são 100% precisos.
Estoque
Fluxo de entrada
Fluxo de saída
Variável A
88
A opção pelo método de Dinâmicas de Sistema, em detrimento a outros
métodos de simulação, foi conseqüência de dois fatores. O primeiro deles foi o fato do
problema ser marcado pela complexidade dinâmica onde as ações de alguns agentes
provocam reações de outros agentes. O segundo fator foi da necessidade de simular
quantitativamente as políticas propostas para que pudesse ser avaliado o seu impacto
nas metas dos agentes envolvidos. Uma vez escolhido a Dinâmicas de Sistema, era
preciso conhecer com mais detalhe os passos metodológicos propostos por este
método.
A seguir, serão descritas as duas metodologias mais utilizadas dentro da
Dinâmicas de Sistema. A primeira delas, proposta por Richardson e Pugh III (1981), é
composta de sete passos:
1. Identificação do problema
2. Conceituação do sistema
3. Formulação do modelo
4. Análise do comportamento do modelo
5. Avaliação do modelo e testes
6. Análise das políticas
7. Implementação
Na fase de identificação do problema (passo 1), deve ser feita uma definição
inequívoca do problema que explicite o contexto e os sintomas do problema de forma
verbal (RICHARDSON e PUGH III, 1981). De acordo com Richardson e Pugh III
(1981), uma clara definição do objetivo do modelo ajuda a focar os esforços do estudo e
a avaliar os seus resultados. Ainda nesta etapa inicial, deve ser identificado o propósito
do modelo, isto é, investigar com os tomadores de decisão envolvidos no processo se o
modelo servirá para aumentar o nível de conscientização dos envolvidos sobre as
causas do problema ou se será usado para testar políticas alternativas.
Feito isto, os modeladores devem partir para a conceituação do sistema (passo
2). Uma atividade fundamental desta etapa é construir os modelos de referência junto
com as pessoas envolvidas na organização. Modelos de referência são gráficos que
mostram de forma dinâmica o comportamento de algumas variáveis ao longo do tempo.
89
Richardson e Pugh III (1981, p. 22) definem modelos de referência como sendo
“descrições gráficas ou verbais do processo social de interesse”. Eles, normalmente,
assumem a figura de representações gráficas de variáveis chaves do sistema (vide
Figura 8), onde é mostrado de forma dinâmica o comportamento de alguma variável ao
longo do tempo. Os modelos de referência podem ser criados através do levantamento
de informações quantitativas ou qualitativas. A Figura 8 mostra a evolução das vendas
de um determinado produto ao longo dos meses.
Figura 8 – Modelo de referência
Outra atividade da etapa de conceituação é a definição das fronteiras do
modelo. As fronteiras precisam ser amplas o suficiente para ser possível simular de
forma endógena os efeitos das diferentes políticas possíveis, mas também deve excluir
componentes que não sejam relevantes para o problema (RICHARDSON e PUGH III,
1981). Richardson e Pugh III (1981, p. 43) definem a fronteira do modelo como sendo “a
linha imaginária separando o que é considerado (para propósitos de modelagem)
dentro do sistema e o que está fora do sistema”.
A formulação do modelo (passo 3) deve ser feita de forma interativa com os
tomadores de decisão, buscando dados quantitativos quando estiverem disponíveis ou
90
retratando o modelo mental (SENGE, 2000) dos usuários. Um modelo mais amplo deve
ser construído antes de partir para os detalhes.
Uma vez construído o modelo matemático (passo 4), é preciso testar se ele é
capaz de gerar os modelos de referência construídos nas etapas iniciais e se ele possui
consistência e robustez (passo 5). Finalmente, passa-se à análise das diferentes
políticas (passo 6) a serem seguidas e o entendimento do impacto das mesmas sobre
algumas das variáveis chaves. É importante ressaltar que este processo de modelagem
não é de forma alguma linear, podendo haver necessidade de voltar às etapas
anteriores do processo de acordo com os resultados obtidos em atividades posteriores
(RICHARDSON e PUGH III, 1981). Nota-se que somente após diversas iterações dos
diferentes passos é que se parte para a implementação do modelo (passo 7).
A segunda metodologia é proposta por Sterman (2000) e é similar a de
Richardson e Pugh III (1981), com cinco passos:
1. Definição do problema e do escopo
2. Formulação das hipóteses dinâmicas
3. Montagem do modelo de simulação
4. Testes
5. Escolha de políticas a serem seguidas
A etapa inicial busca descrever o problema e sua relevância. Para Sterman
(2000), a clara definição do propósito do modelo é a atividade mais importante para o
sucesso dos esforços de modelagem. O objetivo do modelo não deve ser modelar o
sistema, mas sim ajudar os tomadores de decisão a reduzir a lacuna existente entre o
resultado das políticas atuais e o resultado desejado (FORRESTER, 1961). Esta etapa
abrange ainda a definição da fronteira do modelo e a construção dos modelos de
referência.
A preocupação com a fronteira do modelo, ou como denomina Keeney (1992) o
enquadramento (decision frame), garante que o tomador de decisão não vá excluir
alternativas que sejam importantes para o modelo. Mas, por outro lado, o aumento da
91
fronteira do modelo provoca um aumento da complexidade do mesmo, o que pode
afetar a sua utilidade para os tomadores de decisão. O desafio é criar um modelo que
seja o mais simples possível e, portanto, mais fácil de ser entendido pelos tomadores
de decisão, que possa ser usado para alterar as políticas no mundo real, mas que ao
mesmo tempo retrate as características fundamentais do mundo real (STERMAN,
2000). A definição da fronteira do modelo pode ser feita através do levantamento dos
agentes envolvidos e das variáveis de decisão de cada um dos agentes.
A última atividade desta etapa inicial é da construção dos modelos de
referência. Sterman (2000, p. 90) alerta para a questão do horizonte de tempo: “o
horizonte de tempo deve se estender para trás o tempo suficiente para entender como
o problema surgiu e descrever seus sintomas. Além disso, deve se estender para frente
o tempo necessário para capturar possíveis atrasos e efeitos indiretos das políticas
potenciais”.
A segunda etapa, a formulação das hipóteses dinâmicas, pode ser entendida
como a montagem de um esboço do modelo. As hipóteses de relações de causalidade
entre as variáveis são descritas, inicialmente, de forma escrita e a seguir na linguagem
de círculos causais (STERMAN, 2000). Segundo Forrester (1961), o ideal é tentar
retratar as características fundamentais do sistema com o menor nível de detalhamento
possível. De acordo com Sterman (2000), a construção de modelos baseados
fortemente em variáveis exógenas dificulta o entendimento dos motivos com que estas
variáveis mudaram. Estes motivos podem ter sido provocados, em parte, por ações dos
próprios tomadores de decisão. Ao não considerar estas interações, o modelo limita as
opções de políticas a serem analisadas. Sterman (2000) recomenda que os
modeladores analisem com cuidado as candidatas a variáveis exógenas para ver se
não existe alguma influência dos tomadores de decisão nas variáveis. Caso isto
aconteça, elas devem ser tratadas como endógenas.
A construção do modelo (etapa 3), propriamente dita, é feita através da
estimação dos parâmetros e condições iniciais das variáveis do modelo. Esta estimação
deve ser feita buscando dados históricos quantitativos sempre que disponíveis, mas
92
não deve se limitar a eles. Para Forrester (1961), ignorar variáveis que não possuam
dados quantitativos é o mesmo que considerar que elas tenham valor nulo no problema
o que, muito provavelmente, é um erro. Para ele, deve-se usar informações não-
quantitativas para estimar os valores destas variáveis. Mesmo que sejam valores
aproximados, é preferível a simplesmente ignorá-las.
Com o modelo de simulação montado, inicia-se a fase de testes (4º etapa). Os
primeiros testes visam garantir a aderência dos resultados gerados pela simulação
versus os modelos de referência. Retornando ao modelo de referência da Figura 8, a
hipótese retratada no modelo B (vide linha tracejada da Figura 9) seria falseada pelos
testes de aderência. O mesmo não aconteceria com o modelo A que foi capaz de gerar
um resultado com alta aderência ao modelo de referência (vide linha pontilhada da
Figura 9).
Figura 9 – Testes das hipóteses
Além disto, os testes das hipóteses buscam garantir a adequação das decisões
tomadas na etapa da conceituação do sistema, isto é, a consistência, grau de
sensibilidade e robustez do modelo. Para realizar esta etapa, iremos recorrer a alguns
dos testes descritos por Sterman (2000). Este conjunto de testes tem como finalidade
93
garantir que o modelo proposto esteja retratando de forma fidedigna o mundo real, ou
melhor, a visão dos tomadores de decisão sobre o mundo real.
Nesta etapa de testes é preciso ter em mente as críticas feitas à forma de se
falsear teorias. O que ficou conhecido como a tese de Quine-Duhem (QUINE, 1961),
afirma que existem problemas inerentes na condução de experimentos que abrem
espaço para defensores das teorias que estão sendo refutadas criarem hipóteses
auxiliares que sejam capazes de sustentar a teoria ou, em outras palavras, existe uma
grande quantidade de hipóteses capazes de gerar um modelo de referência. Esta tese,
acrescida do conceito de paradigmas defendido por Thomas Kuhn (2001) leva Sterman
(2000, p. 849) a afirmar que “a decisão de se abandonar uma teoria nunca é forçada
em nós pela realidade, mas é sempre essencialmente uma escolha humana”. A
validação ou refutação de uma teoria é, portanto, uma decisão social. Segundo
Churchman (1973, p. 12) “um ponto de vista, ou um modelo, é realista na medida em
que possa ser adequadamente interpretado, entendido e aceito por diferentes pontos
de vista”. Estas críticas não fazem com que a busca da refutação, através do teste das
hipóteses, em relação aos dados reais, seja uma tarefa inútil e desnecessária. Os
testes são fundamentais para buscar expor as limitações dos paradigmas e dos
modelos usados atualmente para a tomada de decisão. Desta forma, a construção de
teoria e seu teste devem ser etapas intercaladas e iterativas.
Feitos os testes, parte-se para a simulação do resultado de diferentes políticas
a serem adotadas para resolver o problema e a escolha da política a ser implementada
(etapa 5). Sterman (2000) descreve uma série de recomendações que devem ser
seguidas para garantir um bom modelo: desenvolver um modelo para resolver um
problema e não modelar o sistema; focar na implementação; modelar de forma
interativa com o cliente; validar continuamente; criar um modelo funcional o mais cedo
possível; evitar detalhes na medida do possível; e criar um modelo abrangente é mais
importante que os detalhes.
94
Como pode-se observar, os dois métodos listados acima possem muitas
semelhanças. A seguir, será feita uma breve descrição das diferentes etapas do
método adotado neste estudo.
3.2. Materiais e Método empregados
O método utilizado para este estudo é uma adaptação dos métodos adotados
por pesquisadores que utilizam a Dinâmicas de Sistema, conforme representado
graficamente na Figura 10.
Figura 10 – Método utilizado.
Objetivo do modelo
Detalhamento do problema
Conceituação do sistema
Hipóteses dinâmicas
(ferramenta de simulação)
Teste de hipóteses
Simulação
Revisão bibliográfica Experiência profissional
Problema de pesquisa
Coleta
de dados
Validação
Elementos para
estudos futuros
Implicações
gerenciais
Análise dos
resultados
Objetivo do modelo
Detalhamento do problema
Conceituação do sistema
Hipóteses dinâmicas
(ferramenta de simulação)
Teste de hipóteses
Simulação
Revisão bibliográfica Experiência profissional
Problema de pesquisa
Coleta
de dados
Validação
Elementos para
estudos futuros
Implicações
gerenciais
Análise dos
resultados
95
Este método, adaptado dos métodos de Sterman (2000) e Richardson e Pugh
III (1981), possui uma série de etapas iterativas. Em qualquer etapa do método, pode
haver a necessidade de se retornar a etapas anteriores, sendo que uma outra forma de
retratar o método utilizado seria em um formato circular, onde o modelo é construído a
partir de diversas iterações entre os passos. A seguir, serão descritos cada um dos
passos que foram adotados durante este estudo.
3.2.1 Revisão bibliográfica
A revisão bibliográfica teve como objetivo identificar a existência ou não de
outros trabalhos abordando o tema proposto de concentração da demanda logística no
final do período de comercialização. Esta revisão mostrou que o tema estava sendo
pouco explorado na literatura acadêmica e profissional.
A revisão bibliográfica contribuiu de diversas formas para o estudo. A primeira
contribuição foi na definição do escopo do modelo. A outra contribuição foi orientar o
processo de coleta de dados, de tal forma que conclusões de estudos similares fossem
abordadas no processo. A terceira contribuição foi no processo de validação do modelo.
Além de ajudar a definir como seria feito o processo de validação, a revisão
bibliográfica trouxe casos em que mostrava o resultado real da implementação de
políticas similares às propostas no estudo. Estes casos foram utilizados na validação do
modelo. Além disso, a revisão bibliográfica orientou a definição dos elementos que
poderiam ser utilizados em estudos futuros.
96
3.2.2 Experiência profissional
A experiência profissional trouxe a noção das dificuldades para se implementar
melhorias na Logística e na gestão da cadeia de suprimentos em uma empresa que
apresentava um alto grau de concentração da demanda no final do mês. Além disso,
mostrou que muitos dos profissionais da área não estavam preocupados em mudar
esta situação, pois achavam que seria impossível qualquer iniciativa neste sentido.
3.2.3 Problema de pesquisa
A junção da revisão bibliográfica inicial com a experiência profissional apontou
que o tema era relevante para as organizações e que estava sendo pouco explorado
em trabalhos acadêmicos. Conforme descrito na introdução deste trabalho, o objetivo
deste estudo é analisar a concentração da demanda logística no final do período de
comercialização. A análise contemplou tanto as causas quanto os impactos deste
fenômeno, de tal forma que seja possível propor políticas alternativas capazes de gerar
um melhor resultado para os agentes envolvidos.
3.2.4 Objetivo do modelo
Os esforços deste estudo continuaram com a definição do objetivo do modelo
(RICHARDSON E PUGH III, 1981) que pode ser entendido como: tomando com base
97
as informações de uma empresa no setor de bens de consumo não-duráveis brasileiro,
criar um modelo computacional capaz de simular cenários onde fosse possível
identificar as possíveis causas, impactos e soluções para a concentração de vendas no
final do período de comercialização. Como se pode notar pelo objetivo, este é um
estudo construtivista e explanatório, que visa ajudar os agentes a tomarem decisões. A
definição do objetivo ajudou a manter o foco durante o processo de construção do
modelo, garantindo que os elementos fundamentais para atingir o objetivo, e somente
eles, estivessem contemplados. Neste momento a concentração de vendas não foi
encarada necessariamente como um problema para empresa, apesar de ser apontado
como um problema para determinadas áreas da empresa.
3.2.5 Detalhamento do problema
Uma vez estabelecido o objetivo do modelo, foi detalhado o problema a ser
tratado (STERMAN, 2000). No caso deste estudo, o problema era o acúmulo de vendas
e entregas realizadas ao final do período de comercialização de uma empresa no setor
de bens de consumo não-durável no Brasil. Este comportamento pode ser visto na
Figura 11, que representa o percentual médio das vendas acumuladas ao longo do mês
da empresa estudada. Observa-se que cerca de 60% das vendas e entregas são
realizadas nos últimos 5 dias do mês. Esta concentração de vendas não é um
fenômeno novo e esporádico, muito pelo contrário. De acordo com os dados coletados,
ele acontece todos os meses do ano e há, pelo menos, 20 anos. A concentração de
vendas é entendida como um sério complicador por todas as áreas responsáveis pela
compra, produção e entrega dos produtos (Logística, Produção e Compras).
98
Figura 11 – Percentual médio de vendas acumuladas ao longo do mês.
A escolha de uma empresa do setor de bens de consumo não-durável
brasileiro, como objeto de estudo, decorreu do fato de que, neste setor, a concentração
de vendas no final do período de comercialização acontece de forma freqüente e com
valores extremos, o que atende ao critério de busca de uma situação extrema (YIN,
2005). Dentre as empresas deste segmento, foi escolhida uma empresa que, por
motivos de confidencialidade, iremos denominar de CONSUMO LTDA. A escolha desta
empresa atende a dois outros critérios: representatividade e ser uma situação
reveladora. O critério de representatividade é atendido uma vez que a ocorrência da
concentração de vendas acontece nesta empresa da mesma forma que acontece em
outras empresas deste segmento. Além disso, este situação pode ser considerada
como reveladora (YIN, 2005), uma vez que o autor deste estudo possui familiaridade
com a empresa em estudo e possui adequado acesso às informações e pessoas desta
empresa.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Dias úteis
% Acumulado de Venda
s
99
3.2.6 Coleta de Dados
A atividade de coleta de dados foi realizada de forma que ela atendesse às
necessidades de diferentes etapas do processo de modelagem: detalhamento do
problema, conceituação do sistema, construção das hipóteses dinâmicas e testes de
hipóteses. Para a definição do problema foram levantados dados do percentual de
vendas acumulado da empresa estudada durante um período de doze meses. O
resultado destes dados (vide Figura 11) serviu como modelo de referência, isto é, serviu
para realizar parte do processo de validação do modelo através da comparação entre o
comportamento gerado pelo modelo e o comportamento histórico retratado no modelo
de referência. As etapas de conceituação do sistema e construção das hipóteses
dinâmicas, descritas logo adiante, foram realizadas em paralelo ao processo de coleta
de dados. Diversas vezes foi necessário coletar novos dados para que fosse possível
resolver dúvidas que surgiram ao longo da construção do modelo.
Três diferentes tipos de dados foram utilizados no estudo: dados numéricos,
dados escritos e dados mentais, oriundos do conhecimento tácito dos membros da
organização. A opção de não se limitar aos dados numéricos permite que variáveis
subjetivas sejam contempladas no modelo (Forrester, 1980). A coleta de dados foi feita
durante um período de dezoito meses em que o pesquisador interagiu com a empresa.
A primeira fonte de dados utilizada, as informações numéricas, foi levantada em
conjunto com pessoas da empresa de forma a evitar erros de interpretação ou de
acurácia nas informações. Dentre estes dados será descrito, a título ilustrativo, o
processo de coleta e tradução das informações, sobre o impacto da concentração de
vendas nos diferentes elementos da Logística, para o modelo computacional.
O maior impacto identificado na concentração de vendas foi nas atividades de
Transportes. A CONSUMO opta por utilizar um grupo selecionado de transportadoras
com um valor de frete constante ao longo do mês. Estas transportadoras são obrigadas,
100
para atender aos critérios contratuais da empresa, a ter uma boa disponibilidade de
veículos para a CONSUMO. Um resultado da concentração de vendas (e entregas) é
que existe um pico de cargas realizadas no final do mês. Este pico faz com que as
transportadoras tenham uma baixa utilização de seus ativos nas demais semanas, o
que acaba aumentando o rateio dos custos fixos de transporte para o frete cobrado. De
acordo com Valente et al. (2008), a flutuação na demanda traz impactos para os custos
da frota. Para chegar ao valor em que a concentração de vendas impacta os custos de
Transporte, foi utilizada uma planilha com a estrutura de custos representativa de uma
transportadora de um grupo de linhas de transporte da CONSUMO. A partir de cenários
com diferentes percentuais de vendas semanais, foi estimado o número de cargas
necessárias. Os diversos cenários de número de cargas semanais foram colocados na
planilha de custos para chegar à redução dos custos que a transportadora teria, caso o
número de cargas fosse melhor distribuído ao longo do mês. O aumento dos custos
encontrado foi extrapolado para as demais linhas de transporte da empresa e
transformado em um fator dos custos. Estes fatores foram incorporados ao modelo
computacional através da construção de uma função gráfica (vide Figura 12), que
mostra o fator utilizado na simulação para cada percentual de vendas no final do mês.
Este fator, multiplicado pelo custo atual de transporte da CONSUMO, resulta no custo
de transporte que será utilizado na simulação. Como pode ser visto, caso o percentual
de vendas na última semana do mês caia do patamar atual de cerca de 60% para uma
venda linear (25% por semana), os custos de transporte teriam uma redução de quase
18%.
101
Figura 12 – Função gráfica de custos de Transporte.
Um outro impacto significativo ocorre na quantidade de estoque mantida pela
CONSUMO e o seu respectivo custo. Para o cálculo da quantidade de estoque gerada
pela concentração de vendas, foram analisados os diferentes motivos que faziam com
que a CONSUMO mantivesse inventário de produtos acabados, sendo identificados
dois componentes como sendo primordiais: o estoque de segurança e o estoque
estratégico.
O estoque de segurança era calculado usando a Fórmula 1. O desvio padrão da
estimativa e das vendas reais, calculado utilizando dados semanais, aumentava muito
na última semana de cada mês, o que impactava na quantidade de estoque de
segurança a ser mantida. O desvio padrão das vendas foi recalculado para todos os
produtos da CONSUMO usando os cenários de percentuais de vendas semanais acima
descrito.
102
(1) Estoque de Segurança
Onde
Z = fator de serviço
= desvio padrão da demanda
LT= tempo de reposição
PR = período de revisão
O estoque estratégico era resultado da necessidade da empresa construir o
estoque ao longo do mês para atender o acúmulo de entregas no final do mês (a fábrica
não possuía capacidade para produzir todo o volume na última semana). Como a
concentração de vendas dificultava o processo de estimativa, não eram raros os meses
em que as vendas ficavam abaixo do estimado, fazendo com que grande parte deste
estoque estratégico fosse contabilizado na virada do mês. Novamente, para chegar à
relação numérica entre a concentração de vendas e o nível de estoque, foram utilizados
os cenários de percentuais de vendas semanais descritos anteriormente e
transformados em uma função gráfica. Os custos do estoque considerados foram os
custos de oportunidade, armazenagem e de perdas (obsolescência ou perda de
validade).
O custo de armazenagem era afetado de outra forma além do aumento linear
do estoque mantido. Como a produção ocorria de forma quase linear ao longo das
semanas e as entregas eram concentradas no final do mês, o estoque ao longo do mês
seguia o padrão mostrado na Figura 13: havia um pico na terceira semana do mês.
103
Como era necessário dimensionar a capacidade da área de armazenagem pelo pico,
isto provocava um aumento nos custos fixos do centro de distribuição.
Figura 13 – Quantidades de produção, vendas e estoque.
Além do impacto nos custos de transporte, estoque e armazenagem descritos
acima, outros impactos foram dimensionados: custos de movimentação, estadia e
retornos, pallets e horas extras. Os custos de movimentação dentro do centro de
distribuição eram afetados pela necessidade de dimensionar os recursos (pessoas,
docas, empilhadeiras) para o pico de movimentação que acontecia no final do mês.
Além disto, foi descoberto que a produtividade dos recursos era bem menor na última
semana em função da altíssima taxa de ocupação.
As estadias (custo extra pago às transportadoras caso elas tivessem que ficar
aguardando para descarregar as entregas) e os retornos (custo adicional de transporte
em função da necessidade de refazer a entrega dos produtos) aumentavam
significativamente na última semana do mês. Isto porque os clientes (varejistas) não
conseguiam descarregar o volume de cargas que chegavam para eles no final do mês,
104
seja por falta de recursos de movimentação ou por falta de espaço para armazenagem.
Para calcular o fator de relação entre o percentual de vendas semanais e estes custos
foi feita uma comparação entre a quantidade de estadias e retornos ao longo das
semanas.
A concentração de vendas também gerava um custo alto de horas-extras em
diversos departamentos administrativos da empresa que apoiavam as áreas de Vendas
e Distribuição como, por exemplo, o setor de atendimento dos pedidos de venda. O
custo com a operação de pallets, embalagem terciária usada para a movimentação dos
produtos, aumentava não só pelo impacto no nível de estoque, mas também pelo
aumento de perda de pallets que eram enviadas para os clientes e que não retornavam.
Uma parte dos clientes da CONSUMO recebia os produtos de forma “paletizada” e
outra não (a granel). Com o acúmulo de entregas no final do mês, os responsáveis pelo
carregamento dos produtos nos centros de distribuição, muitas vezes, mandavam
produtos “paletizados” para clientes que deveriam receber a granel. Como estes
clientes não tinham contratos e procedimentos para devolver os pallets para a
CONSUMO, grande parte deles acabavam sendo extraviados.
Todos estes custos foram levantados, em conjunto com funcionários da
CONSUMO, e validados pelos gestores das respectivas áreas e por pessoas da área
financeira. A tradução destes custos para o modelo computacional ocorreu da mesma
forma descrita nos custos de Transporte. Além dos custos que foram dimensionados,
outras áreas foram apontadas como sendo indiretamente afetadas. Os custos fixos de
manufatura poderiam ser afetados pelo super-dimensionamento da capacidade
produtiva para atender às oscilações da demanda. Ocorriam mudanças constantes no
ritmo de produção, pois não era raro a empresa ser obrigada a produzir com horas-
extras em uma semana e na, semana seguinte, parar os equipamentos devido a falta
de espaço para armazenar os produtos. Essas mudanças geravam impactos em
diversos elementos do custo variável de produção. Os custos de compra e o nível de
estoque de matéria-prima poderiam ser afetados pelas constantes mudanças no
planejamento de materiais. Apesar da revisão bibliográfica apontar que um dos fatores
que aumentam o efeito chicote é a realização de descontos no preço, optou-se por não
105
incluir estes impactos indiretos no modelo. Seria preciso utilizar critérios arbitrários para
separar os impactos indiretos decorrentes da concentração das vendas de outros
fatores como por exemplo variabilidade da demanda, erros de previsão e variabilidade
do fornecimento. Os executivos da CONSUMO acreditavam que ao colocar estes
efeitos indiretos o grau de aceitação dos resultados do modelo seria menor por parte
dos executivos das demais áreas.
Mas não eram somente os custos da CONSUMO que eram afetados pelo
percentual de vendas, mas o nível de serviço também. Para dimensionar o impacto da
concentração de vendas no nível de serviço, foi feita uma análise comparativa da
quantidade de caixas que não eram entregues aos clientes dentro do prazo estipulado,
ao longo do tempo. Observou-se que o nível de serviço na última semana era
significativamente pior do que a das demais semanas. Os principais motivos
encontrados foram a falta de produtos disponíveis e os atrasos no tempo de entrega. A
falta de produtos era conseqüência da dificuldade em prever a demanda e o pouco
tempo de resposta. Os atrasos no tempo de entrega ocorriam pela falta de capacidade
de carregamento nos centros de distribuição e pela falta de veículos. Outro problema
que afetava a disponibilidade de produtos nos centros de distribuição mais afastados da
fábrica era a incapacidade de receber e armazenar os produtos enviados em tempo
hábil. O impacto do nível de serviço também foi traduzido para uma função gráfica
(Figura 14).
Já os dados escritos resultam de duas fontes: uma pesquisa encomendada pela
empresa junto a um reconhecido pesquisador no setor de varejo brasileiro e interações
com os executivos da empresa. As informações da pesquisa foram colhidas através de
entrevistas semi-estruturadas feitas de forma presencial junto a executivos de 26
empresas de diferentes canais de distribuição de todo o Brasil.
106
Figura 14 - Função Gráfica do impacto da concentração no nível de serviço.
A última e fundamental fonte de dado foi a realização de freqüentes entrevistas
em profundidade com membros da empresa que ajudaram a representar os aspectos
subjetivos do modelo. Para garantir a aderência desta última base de dados, a agenda
das reuniões contemplava sempre uma apresentação de como foram traduzidas as
informações fornecidas anteriormente para a linguagem computacional. O objetivo era
aumentar a aderência do modelo ao conhecimento tácito dos entrevistados. Para que
este processo fosse mais efetivo, um executivo da empresa, que possuía uma visão
inter-departamental dos diferentes aspectos envolvidos, foi treinado com os conceitos
básicos da Dinâmicas de Sistema e da linguagem computacional empregada. Por
diversas vezes houve a necessidade do modelo ser alterado para adequá-lo às
observações feitas por este executivo.
107
3.2.7 Conceituação do sistema
O quarto passo seguido foi a criação de uma representação geral da estrutura
do modelo. Para fazer esta representação foi utilizado um diagrama de subsistemas
conforme proposto por Sterman (2000). Neste diagrama estão representadas
informações gerais sobre o modelo, como a fronteira do modelo e o nível de agregação
utilizado. Esta etapa de conceituação do sistema permite um melhor entendimento das
premissas assumidas no estudo, premissas estas fundamentais para a aderência do
modelo à realidade e, conseqüentemente, para a validade das conclusões.
A definição da fronteira do modelo, isto é, quais agentes e variáveis seriam
consideradas ou não, tomou como ponto de partida o referencial teórico e a busca pela
simplificação do modelo. A compreensão dos objetivos e decisões destes agentes
serviu como base para a definição das variáveis que seriam retratadas no modelo. Para
definir se as variáveis escolhidas deveriam ser retratadas de forma endógena ou
exógena, adotou-se o critério de modelar como endógenas todas as variáveis que
estivessem ao alcance dos tomadores de decisão e, cujo comportamento possa ser
alterado por suas decisões.
Outra importante decisão nesta etapa foi o nível de agregação adotado no
modelo. Para esta decisão adotamos a recomendação de Sterman (2000) de modelar
no nível mais agregado possível e, durante o processo de modelagem, avaliar se esta
agregação não estava trazendo implicações que tornassem a validade dos resultados
do modelo questionável.
108
3.2.8 Geração das hipóteses dinâmicas (construção do modelo
computacional)
A próxima etapa do estudo foi a construção de um modelo computacional que
serviu como uma hipótese para explicar a porcentagem das vendas retratada no
modelo de referência.
O modelo computacional foi construído tomando como base o diagrama de
subsistemas, as demais decisões tomadas na etapa anterior de conceituação do
sistema e os dados coletados. As hipóteses de relações de causalidade entre as
variáveis foram inicialmente descritas em uma linguagem simbólica da modelagem de
Dinâmicas de Sistema, chamada de círculos causais (STERMAN, 2000). A seguir, o
modelo foi traduzido para a linguagem computacional dos diagramas de estoques e
fluxos, que abrange tanto representações gráficas (vide Apêndice 1) quanto equações
numéricas que podem ser simuladas em um computador (vide Apêndice 2). A
estimação dos parâmetros e condições iniciais das variáveis do modelo foi realizada,
preferencialmente, baseada em dados quantitativos. Mas também utilizou-se o
conhecimento tácito dos agentes quando os dados quantitativos não estavam
disponíveis.
3.2.9 Teste de hipóteses
Neste estudo foi adotado o conceito de evolução da ciência através da
refutação (LAKATOS,1976; POPPER, 1975), mas tendo em mente as críticas feitas por
Quine (1961) e Kuhn (2001). Desta forma, a etapa de teste das hipóteses foi encarada
109
como uma etapa fundamental para falsear ou não o modelo proposto. Esta etapa se
confunde com as diferentes iniciativas adotadas ao longo de todo o estudo, buscando o
aumento da confiança no modelo que, normalmente, é denominada de validação do
modelo.
Os testes foram divididos em dois grandes blocos: validação interna e validação
externa. Os testes de validação interna visaram garantir que a estrutura do modelo
fosse fiel à realidade do problema e aos métodos científicos. Já os testes de validação
externa buscaram comparar os resultados do modelo com os dados reais do
comportamento das principais variáveis retratadas no modelo de referência.
Dentre os diversos testes de validação interna possíveis a serem adotados no
método de Dinâmicas de Sistema (BARLAS, 1996 e STERMAN, 2000), os seguintes
testes foram realizados:
Consistência dimensional: verificar se as unidades de medida adotadas
pelas diferentes variáveis estão consistentes entre si. Para a realização
deste teste foi utilizada a funcionalidade de teste de consistência do
software Ithink.
Estimação parcial do modelo: visando verificar a estimação dos
parâmetros e as condições iniciais, foram realizados testes com partes
isoladas do modelo para analisar se os resultados gerados estavam
consistentes com o esperado.
Condições extremas: o objetivo deste teste foi buscar aumentar a
robustez do modelo ao verificar o comportamento do modelo sob
condições extremas. Diversas variáveis importantes do modelo foram
submetidas a valores limites e os resultados foram analisados para
verificar se, ainda assim, eram razoáveis e factíveis.
Sensibilidade: como muitas das variáveis utilizadas na construção do
modelo são difíceis de serem estimadas com precisão, o objetivo deste
teste é verificar se o comportamento geral do modelo se mantém
110
inalterado, mesmo quando as variáveis são submetidas a valores maiores
e menores do que o estimado.
Para testar a validacão externa ou comportamental do modelo, foram feitos uma
série de testes. O primeiro deles foi comparar o resultado do modelo com o modelo de
referência para verificar se ele era capaz de gerar o mesmo padrão de comportamento.
O segundo teste foi mostrar os resultados do modelo para um alto executivo da
empresa com amplo conhecimento sobre o problema e a empresa como um todo, mas
que não houvesse participado do esforço de construção do modelo. O objetivo desta
iniciativa foi verificar se o comportamento do modelo como um todo estava aderente ao
conhecimento tácito do executivo e, quando isto não ocorria, era discutido se a
estrutura do modelo estava adequada.
Finalmente, o terceiro teste realizado foi comparar o resultado do modelo com
realidades similares em outras empresas e países. Algumas empresas no Brasil já
haviam adotado algumas das políticas propostas pelo modelo para reduzir os impactos
da concentração de vendas. Por exemplo, algumas empresas alteraram o calendário de
vendas de forma que o final do período acontecesse no meio do mês ao invés do final.
O resultado do modelo, quando adotada esta política, foi comparado com a realidade
enfrentada por esta empresa. Um outro teste interessante foi comparar os resultados da
implementação de uma política de eliminar completamente os descontos, com a
descrição dos resultados obtidos depois desta iniciativa realizada pela Procter&Gamble
nos Estados Unidos (MANNING, BEARDEN E ROSE; 1998).
Partes dos testes de validade interna foram feitos em paralelo com as duas
etapas anteriores de construção do modelo. Diversas vezes houve a necessidade de
rever o modelo e/ou coletar novos dados em função de problemas apontados pelos
testes. Segundo Sterman (2002) e Barlas (1996) o processo de validação deve ser
encarado como um contínuo, onde a confiança das pessoas sobre o modelo aumenta
gradualmente. Após uma série de iterações nas diferentes etapas do processo, a
realização dos testes de validade interna e externa descritos acima não refutou o
111
modelo e foi capaz de tornar o mesmo aceito pelos principais envolvidos no processo, o
que o capacitou para a etapa seguinte de simulação dos resultados.
3.2.10 Realização da simulação
A etapa seguinte do estudo foi a realização das simulações computacionais
para responder às três questões que retratam o problema deste estudo:
1. Quais são as possíveis causas da concentração de vendas no
final do período de comercialização?
2. Como esta concentração impacta no resultado de curto e longo
prazo das empresas?
3. Quais são as políticas alternativas que as empresas podem
adotar para reduzir ou eliminar os efeitos negativos destes
fatores?
Para identificar as possíveis causas da concentração de vendas, partiu-se de
um modelo em equilíbrio dinâmico onde os parâmetros exógenos foram definidos para
que não houvesse concentração de vendas. Este cenário simulou a situação da
empresa antes que ela fosse impactada pelas políticas ou condições externas que
geraram a concentração de vendas. A partir deste modelo em equilíbrio, todas as
variáveis exógenas relevantes foram alteradas de forma individual e em conjunto
(quando aplicável) para resolver a primeira questão.
Os impactos da concentração de vendas no resultado foram quantificados a
partir do cenário de vendas concentradas. Para resolver a terceira questão, uma série
de possíveis políticas que haviam sido apontadas pelos executivos da empresa ao
longo do estudo foram testadas e seus resultados mensurados. As variáveis
112
necessárias para que estes testes de políticas fossem feitos, já haviam sido
incorporadas no modelo, facilitando o processo de avaliação.
A simulação do modelo computacional foi realizada utilizando-se o programa
Ithink, versão 9.0.3 da empresa Isee Systems. Este programa foi rodado em um
computador pessoal com processador AMD Sempron 2800 com 1.6 GHz e 512MB de
memória RAM.
Uma atenção especial foi dada à documentação dos diversos elementos do
modelo. Para isto, seguimos as recomendações propostas por Sterman (2000). O
modelo completo pode ser visto nos apêndices deste trabalho. O Apêndice 1 contém a
representação gráfica de todas as partes do modelo utilizando a linguagem de estoques
e fluxos (STERMAN, 2000). No Apêndice 2 está a transcrição das equações
matemáticas na linguagem fornecida pelo software utilizado no estudo. Esta
documentação visa facilitar a replicação do estudo de forma que a estrutura do modelo
possa ser entendida por outros autores. A replicação do estudo permitirá que
aprimoramentos sejam feitos ao modelo contribuindo para a construção de
conhecimento. Além disso, a preocupação com a replicação permite que o estudo
possa ser aplicado em situações similares.
3.2.11 Análise dos resultados
A análise dos resultados do modelo foi feita através da comparação dos
diferentes cenários gerados pelo modelo. A identificação das possíveis causas foi feita
através da análise dos cenários que geraram uma concentração na demanda.
Como um dos principais critérios para a escolha da política a ser adotada é o
resultado financeiro gerado pela política, foi feita uma análise diferenciada para este
113
fator. As diferentes políticas provocavam impactos nos componentes do resultado
(faturamento e custos) em momentos distintos: alguns com efeito em poucas semanas
e outros somente no médio prazo. Para eliminar este efeito, foi adotado o procedimento
de trazer para o valor presente a geração de caixa futuro da empresa. Para o problema
dos impactos da concentração foram analisados os impactos no lado da receita e dos
custos das diferentes organizações envolvidas. Os impactos foram analisados em
diferentes horizontes de tempo. Para responder à pergunta das políticas alternativas
que poderiam ser adotadas, novamente foram comparados o resultado financeiro dos
diferentes cenários gerados para se identificar os pontos positivos e negativos de cada
uma das alternativas.
3.2.12 Conclusões e contribuições gerenciais
A etapa de conclusões visou gerar contribuições para dois públicos distintos. O
primeiro público foi dos responsáveis pelas organizações que sofrem com os impactos
da concentração da demanda. Para este público foi priorizado relacionar elementos que
lhes ajudassem a lidar com este fenômeno. Para o segundo público, do meio
acadêmico, buscou-se relacionar elementos que pudessem ser úteis em estudos
futuros que abordassem este problema ou para pesquisadores que quisessem utilizar o
mesmo método.
114
115
4. DESENVOLVIMENTO DO MODELO
Neste capítulo será inicialmente descrita a empresa objeto de estudo. No
restante do capítulo serão explicadas as linhas gerais do modelo e as principais
relações de causalidade encontradas. No final deste capítulo, serão descritas as
diferentes partes do modelo computacional utilizado.
4.1 Objeto de estudo
A empresa utilizada como objeto deste estudo é uma empresa do setor de bens
de consumo não-durável brasileiro que, por motivos de confidencialidade, será
denominada CONSUMO LTDA. A CONSUMO LTDA é uma grande empresa
multinacional, com atuação em diversos países na América Latina e em outros
continentes. Ele atua no Brasil há muitos anos e possui uma diversificada linha de
produtos vendidos em todo o território nacional. Os produtos possuem alta qualidade e
apresentam preços, normalmente, acima da média do mercado. Para suportar este
posicionamento de preço, a empresa investe fortemente em suas marcas, o que faz
com que a maioria dos produtos sejam líderes ou vice-líderes de seus segmentos. As
vendas são realizadas através de dois canais de distribuição: direto e indireto. O canal
de vendas indireto é constituído de atacadistas e distribuidores exclusivos que
116
revendem seus produtos para varejistas de pequeno porte. Os varejistas de médio e
grande porte são atendidos diretamente pela equipe de vendas da CONSUMO LTDA.
A malha logística da empresa é constituída por fábricas e depósitos espalhados
por todo país. Parte destes depósitos é própria e outra parcela foi terceirizada para
operadores logísticos. Os operadores logísticos cobram tarifas pela movimentação e
armazenamento dos produtos em função dos volumes diários. Todo o transporte da
empresa é feito através de veículos terceirizados. Para garantir a qualidade do serviço
prestado, o número de transportadoras utilizadas é restrito. A empresa procura atender
aos pedidos de seus clientes em um prazo curto de tempo, de até 5 dias acrescido do
tempo de viagem do veículo. Parte dos clientes, normalmente os maiores varejistas,
não aceita pedidos incompletos ou atrasados. Mesmo sendo uma empresa muito bem
estruturada na área de Logística, e considerada uma das empresas de ponta na área, o
nível de serviço prestado aos clientes estava abaixo do desejado internamente. A
política de alto nível de serviço, aliada a uma grande variedade de produtos, obriga a
empresa a atuar no sistema de produção contra estoque (empurrado). Apesar da
empresa possuir bons sistemas de gestão de estoques, ela enfrenta problemas de
perda do prazo de validade dos produtos, tanto internamente quanto nos seus canais
de venda. Para os produtos avariados ou com prazo de validade vencido nas
dependências de seus clientes, a CONSUMO LTDA possui uma política de reembolso
parcial das perdas.
A CONSUMO LTDA possuía, assim como a grande maioria das empresas do
setor, uma forte concentração de vendas na última semana de cada mês (vide Figura
15). Esta concentração acontecia com os mais diferentes clientes e regiões do país. Em
média, a CONSUMO LTDA vendia e faturava 57% do seu volume mensal nos últimos 5
dias do período. Este acúmulo acontecia todos os meses há muito mais de 20 anos.
Não foi possível determinar exatamente quando esta concentração começou.
117
Figura 15 – Concentração de vendas na última semana da CONSUMO LTDA.
A empresa estava sofrendo uma pressão da matriz para melhorar os resultados
obtidos no país e resolveu lançar uma série de iniciativas para melhorar seu resultado.
Por este motivo, o diretor de Logística da empresa aceitou realizar este estudo. A
principal dúvida que o diretor queria esclarecer é se a concentração era uma
característica inerente do mercado, portanto, uma variável exógena às políticas da
empresa, ou se era resultante de ações tomadas pela própria empresa, tornando-se um
efeito endógeno. No primeiro caso, como era a visão mais difundida na empresa,
restava a ele tomar ações que pudessem minimizar os efeitos da concentração sobre
sua área de atuação. Se fosse um efeito endógeno, o estudo ajudaria a empresa
buscar formas de reduzir ou, até mesmo eliminar a concentração de vendas. Para isto,
o estudo tinha como um dos objetivos dimensionar os impactos da concentração de
vendas nos resultados da empresa.
Parte dos dados utilizados neste estudo foi propositalmente alterada para
garantir a confidencialidade da empresa em relação a informações críticas como o
volume de vendas, faturamento, lucratividade e nível de estoque. Para garantir a
validade do estudo, substituímos estas informações por dados padrões do mercado de
118
bens de consumo. No entanto, os dados relativos colhidos dos diferentes impactos da
concentração de vendas são reais.
4.2 Descrição do modelo
4.2.1 Agentes envolvidos e nível de agregação
Seguindo os conceitos do referencial teórico, é fundamental considerar o ponto
de vista dos diferentes agentes envolvidos e ter a visão da cadeia de suprimentos como
um todo. Para isto, consideraram-se tanto os objetivos e decisões da CONSUMO
LTDA, como também de seus clientes e do consumidor final.
Para escolher qual seria o nível de agregação utilizado para o número de
clientes, produtos e consumidores, seguiu-se a sugestão de Sterman (2000). Desta
forma, começou-se o modelo com um nível de agregação alto. O modelo inicial
contemplava apenas um cliente, no caso um varejista de grande porte, e um
consumidor final. A escolha de retratar o canal de atendimento direto, ao invés de um
canal indireto (atacadista ou distribuidor), foi tomada para simplificar o modelo.
No entanto, a escolha do nível de agregação precisa ser tomada em conjunto
com a escolha da fronteira do modelo. Ao considerar estes dois fatores, foi visto que é
fundamental considerar as ações da concorrência, tanto do varejista, como da
CONSUMO LTDA. Desta forma, os agentes escolhidos para as etapas seguintes da
modelagem foram, além da CONSUMO LTDA e do consumidor final, uma outra
empresa fabricante de produtos chamada CONCORRENTE SA e dois varejistas, a
PRINCIPAL e a SECUNDÁRIO. Estes agentes estão representados na Figura 16.
119
Figura 16 – Agentes do modelo
Outra importante decisão nesta etapa foi escolher o nível de agregação de
produtos adotado no modelo. Os mais de duzentos diferentes produtos que a empresa
estudada possuía foram agregados em duas categorias: promocionados e não
promocionados. A escolha destas duas categorias seguiu as informações coletadas na
pesquisa, que mostrava que os varejistas segmentam suas ações nestas duas
categorias. Dentro dos produtos promocionados foram incluídos todos os produtos que
estavam suscetíveis a ações promocionais baseadas em descontos temporários. Este
grupo representava cerca de 75% do volume de vendas da companhia. Os produtos
não promocionados eram produtos de menor giro e que, normalmente eram vendidos
somente de acordo com a necessidade de reposição. De acordo com um varejista
entrevistado, “uma empresa com portfolio grande negocia apenas seus principais
produtos e deixa de lado todos os outros”.
O fluxo dos produtos promocionados foi representado no modelo com um maior
grau de detalhamento do que os produtos não promocionados, uma vez que eles
representavam o cerne do problema da concentração de vendas. Como se pode ver na
Figura 17, o modelo representa todos os consumidores finais de forma agregada com a
denominação de CONSUMIDOR. Este CONSUMIDOR possui um estoque de produtos
promocionados da fabricante CONSUMO. Este estoque aumenta cada vez que o
CONSUMIDOR compra produtos e reduz à medida que ele utiliza o produto. A
120
utilização dos produtos do fabricante CONSUMO é influenciada pelas vendas que o
outro fabricante, aqui denominada CONCORRENTE, efetua. Por sua vez, o
CONSUMIDOR pode realizar suas compras de produtos da CONSUMO em dois
diferentes supermercados: PRINCIPAL e SECUNDÁRIO. Estes varejistas irão manter
um estoque de produtos promocionados da CONSUMO. Este estoque mantido pelos
varejistas reduz à medida que são realizadas vendas para o CONSUMIDOR e aumenta
quando são realizadas compras dos produtos da CONSUMO.
Nota-se que houve simplificações no modelo retratado. A primeira é que os
concorrentes, tanto do fabricante, quanto do varejista foram agregados,
respectivamente, nos agentes CONCORRENTE e SECUNDÁRIO. A segunda decisão
foi manter fora do modelo a competição entre produtos dos fabricantes no varejista
SECUNDÁRIO. Outra simplificação foi não modelar as etapas anteriores à venda dos
produtos, isto é, distribuição e produção da CONSUMO.
Figura 17 – Diagrama de estoques e fluxos físicos
vendas promocionados
da CONCORRENTE
percentual perda para
CONCORRENTE
Estoque do PRINCIPAL
de produtos CONSUMO
vendas para PRINCIPAL
Estoque do CONSUMIDOR
de produtos CONSUMO
vendas para consumidor
PRINCIPAL
uso produtos CONSUMO
Estoque do SECUNDÁRIO
de produtos CONSUMO
vendas para
SECUNDÁRIO
vendas para consumidor
SECUNDÁRIO
Vendas CONCORRENTE no
PRINCIPAL acumulado mensal
vendas da CONCORRENTE
no PRINCIPAL
121
4.2.2 Objetivos e decisões dos agentes
O próximo passo na conceituação do sistema foi definir os objetivos de cada um
dos agentes e as variáveis que impactavam nestes objetivos. Foi assumida uma visão
econômica e racional dos objetivos, como se pode ver no Quadro 6.
Agentes CONSUMO LTDA CONCORRENTE PRINCIPAL SECUNDÁRIO CONSUMIDOR
Lucro Faturamento Lucro Faturamento Preço de compra
Quantidade vendida Descontos obtidos Disponibilidade na gôndola
Faturamento Custos totais
Objetivos
Participação de mercado Custos logísticos
Custos totais Disponibilidade na gôndola
Custos logísticos
Disponibilidade na gôndola
Quadro 6 – Objetivos dos agentes
Para os principais agentes do modelo, o fabricante CONSUMO e o varejista
PRINCIPAL, o objetivo considerado foi maximizar o seu lucro a curto e longo prazo.
Para atingir o lucro desejado a curto prazo, as variáveis importantes que precisavam ser
medidas eram: a quantidade de produtos vendidos, o faturamento e os custos. Já para
garantir que os clientes continuassem a comprar no futuro, foi medido o nível de serviço
prestado e a participação do mercado. Para os concorrentes (fabricante
CONCORRENTE e varejista SECUNDÁRIO), o objetivo representado no modelo foi
limitado ao faturamento. Esta escolha se deve ao entendimento de que o foco da área
comercial, a área dentro desta empresa que reage às ações da CONSUMO e da
PRINCIPAL, é maximizar o faturamento a curto prazo.
122
Já para o consumidor final, foi modelado que ele busca maximizar o valor de
suas compras, isto é, obter a maior diferença entre o benefício percebido por um
produto e o preço pago pelo mesmo. Para alcançar este objetivo, o consumidor busca
varejistas que possuam produtos a um preço baixo e um bom nível de serviço.
Estes objetivos são alcançados por uma série de decisões tomadas pelos
agentes. Estas decisões podem ser vistas no Quadro 7.
Quadro 7 – Decisões dos agentes
4.3 Descrição das relações de causalidade
As decisões tomadas pelos diferentes agentes na busca de alcançar seus
objetivos provocam uma série de ações e reações. As principais reações foram
representadas através da linguagem de círculos causais como será descrito a seguir.
Decisões
Preço de venda
para varejistas
Preço de
venda para
varejistas
Qual produto
comprar
Preço de venda para
CONSUMIDOR
Qual produto usar
Política de
desconto
ões em loja
e de Marketing
Quantidade a
ser comprada
Onde comprar o
produto
Alocação de
verbas
Preço de venda
para
Quantidade a ser
comprada
Ações em loja e
de Marketing
Nível de
estoque mantido
Objetivos
estratégicos
Objetivos do
comprador
Objetivos do
vendedor
VAREJISTA
PRINCIPAL
VAREJISTA
SECUNDÁRIO
CONSUMIDORAgentes CONSUMO
LTDA
CONCORRE
NTE SA
123
As ações e reações foram retratadas com uma complexidade crescente para facilitar o
seu entendimento.
De acordo com um dos varejistas entrevistados: “A concentração de vendas
não tem nada a ver com o comportamento do consumidor. Trata-se apenas de uma
prática impulsionada pela necessidade dos vendedores de ‘atingir as metas’ impostas
pela empresa.”. Esta visão é confirmada pelos dados mostrados na Figura 18 que
apresenta o percentual de vendas semanais dos varejistas para o consumidor final.
Figura 18 – Percentual de vendas do varejo para o consumidor final
Citando alguns varejistas entrevistados:
Os grandes ficam em um pedestal e criam problemas de desconfiança.
A compra é concentrada por causa de políticas não claras baseadas em
descontos para que se chegue às metas do mês.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
5
/ja
n
/0
3
26/jan/0
3
1
6
/f
ev/
0
3
0
9
MA
RCO
2
0
0
3
30
MARCO 200
3
2
0/
ab
r/0
3
1
1
/mai/
0
3
1
/ju
n
/0
3
22/ju
n
/0
3
13/jul
/
03
3
/a
g
o/0
3
2
4
/ago
/
0
3
1
4/s
et/
03
Fonte: AC Nielsen Scantrack
Resultado de 144 categorias vendas em R$ - Auto-serviço Brasil
Grandes Cadeias
124
No início do mês o fornecedor vem com prática de preço cheio. No final do mês
dá desconto para cumprir metas.
No final do mês a indústria rasga a política comercial.
Estes comentários foram retratados na Figura 19. A necessidade da
CONSUMO entregar o resultado mensal, retratada pela busca para eliminar a diferença
entre o lucro real e o desejado, obriga a empresa a aumentar a quantidade de verbas
alocadas para descontos no final do mês. Este aumento permite que o faturamento
aumente, uma vez que o aumento no volume de vendas mais do que compensa o efeito
negativo da redução do preço sobre o faturamento. O aumento do faturamento, por sua
vez, permite que o lucro da CONSUMO aumente, eliminando a diferença com o lucro
prometido. Este reação é representada pelo círculo de balanço denominado Desconto
para aumentar as vendas.
Figura 19 – Círculo de balanço Desconto para aumentar as vendas
Entretanto, o aumento dos descontos provoca um efeito colateral, como pode
ser visto nos comentários de dois executivos do varejo entrevistados:
....porque produzem [os fabricantes] o que têm necessidade de vender e não o
que o mercado pode absorver. Então eles ficam com estoque alto, o que gera
a necessidade de desovar rapidamente. Então têm necessidade de fazer
promoções. Isso acaba sendo um círculo vicioso. Porque o varejo compra
Faturamento
Custos
Lucro da
CONSUMO
Lucro desejado
Crescimento
desejado nas
vendas
Gap de lucro
+
-
-
+
+
Descontos no
final do mês
Alocação de verbas
para descontos
+
+
-
B
Desconto para
aumentar as vendas
Vendas no final
do mês
+
+
125
muito e estoca no fim do mês, então não precisará comprar o produto no início
do mês.
Síndrome do fim do mês: fornecedores fazem ofertas convidativas para
fechamento de metas. O sistema é realimentado por especuladores
[compradores do varejo] que seguram as compras aguardando as ofertas.
Todos [os fabricantes] acabam oferecendo melhores condições no fim do mês,
então o comprador espera. Como há estoque no começo do mês, compra-se
menos. É um círculo vicioso. E isso é prejudicial para todos.
Com o passar do tempo, o comprador da PRINCIPAL aprende que, caso ele
reduza as compras ao longo das primeiras semanas do mês, a CONSUMO irá liberar
uma quantidade maior de verbas para os descontos. Como o seu principal objetivo é
aumentar a quantidade de descontos, ele adota exatamente a política retratada no
círculo de reforço Esperar para comprar da Figura 20.
Figura 20 – Círculo de reforço Esperar para comprar
Esta concentração de vendas traz uma série de impactos para os varejistas, o
que faz com que eles aumentem mais ainda a pressão por descontos. Citando alguns
executivos do varejo:
Faturamento
Custos
Lucro da
CONSUMO
Lucro desejado
Crescimento
desejado nas
vendas
Gap de lucro
+
-
-
+
+
Descontos no
final dos
Alocação de verbas
para descontos
+
+
-
B
Desconto para
aumentar as vendas
Compras do
PRINCIPAL no início
do mês
-
-
R
Esperar para
comprar
Vendas no final
do mês
+
+
126
Compras concentradas também pressupõe estoques que podem ou não estar
compatíveis com a demanda futura.
Com a compra concentrada, ocorrem muito problemas, por exemplo, os
recursos do depósito não são tão bem aproveitados. Atrapalha o recebimento e
armazenamento de mercadoria, a logística, a exposição nas lojas, o fluxo de
caixa. O volume do estoque poderia ser reduzido fazendo um faseamento de
acordo com a venda.
A compra concentrada traz maiores riscos de perdas, exige maior área de
estoque, exige maior capital de giro.
A compra concentrada gera problemas de superestocagem, aumenta gastos
com pessoal, caminhões, estoque e seguro (feito pelo estoque médio),
aumenta perdas, piora o rodízio de mercadorias por data de validade...
[A concentração de vendas provoca] problemas com o recebimento e
armazenamento de mercadoria, com a organização do depósito e com o
vencimento do pagamento, que também acaba sendo concentrado.
A redução das compras da PRINCIPAL no início do mês faz com que a
variação entre o volume comprado no final do mês e a do restante das semanas
aumente. Esta flutuação nos volumes de vendas e entregas provoca uma série de
impactos, não somente para os varejistas, mas principalmente para a área de Logística
dos fabricantes e, em especial suas atividades de Transporte. Como este impacto não é
imediato (ou pelo menos não é reconhecido imediatamente), a relação de causalidade
entre a variável Vendas no final do mês e os Custos Logísticos foi representada com o
sinal de atraso. O aumento dos custos logísticos acaba refletindo no lucro real da
empresa obrigando a mesma a aumentar o volume de vendas para cobrir a queda na
margem de lucro. O aumento do volume de vendas desejado reforça a necessidade de
descontos no final do mês. Este efeito é retratado na Figura 21 através do círculo de
reforço Aumento dos custos.
127
Figura 21 – Círculo de reforço Aumento dos custos.
Para executivos do varejo: “O ideal seria que não houvesse concentração
alguma, porque isso acarreta problemas até no atendimento ao consumidor.” A
concentração de vendas no final do mês, além de provocar o aumento dos custos,
provoca um aumento na variabilidade da demanda, o que acaba prejudicando a
disponibilidade de produtos na prateleira do varejo PRINCIPAL. A falta de produtos, por
sua vez, faz com que as vendas de produtos da CONSUMO, efetuadas pelo varejista
PRINCIPAL para o CONSUMIDOR, caiam. A queda nas vendas provoca um aumento
na quantidade de estoque, obrigando o comprador do varejo a reduzir a quantidade
comprada. A redução da quantidade comprada faz com que a CONSUMO, novamente
aumente a quantidade de descontos, como pode ser visto no círculo de reforço Nível de
serviço da Figura 22. Além disto, o aumento dos estoques permite que os compradores
posterguem a compra caso não obtenham boas condições comerciais. Este outro efeito
pode ser visto no círculo de reforço Postergar compra da Figura 22.
Faturamento
Custos
Lucro da
CONSUMO
Lucro desejado
Crescimento
desejado nas
vendas
Gap de lucro
+
-
-
+
+
Descontos no
final do mês
Alocação de verbas
para descontos
+
+
-
B
Desconto para
aumentar as vendas
Compras do
PRINCIPAL no início
do mês
Custos
logísticos
-
-
R
Esperar para
comprar
R
Aumento dos
custos
Vendas no final
do mês
+
+
+
+
128
Figura 22 – Círculos de reforço Nível de serviço e Postergar compra.
Um outro efeito do aumento das verbas alocadas para descontos é a redução
das verbas destinadas aos departamentos de Marketing e Desenvolvimento de
Produtos. Estas verbas são usadas para manter ou aumentar a atratividade dos
produtos da CONSUMO para o CONSUMIDOR. O mesmo ocorre com as verbas
destinadas às ações no ponto de venda, que ajudavam a aumentar as vendas do
varejista para o CONSUMIDOR. A redução destas verbas provoca um efeito, a médio e
longo prazo, de reforçar a queda nas vendas do varejista para o consumidor. Este efeito
é retratado no círculo de reforço Atratividade para o consumidor da Figura 23.
Faturamento
Custos
Lucro da
CONSUMO
Lucro desejado
Crescimento
desejado nas
vendas
Gap de lucro
+
-
-
+
+
Descontos no
final do mês
Alocação de verbas
para descontos
+
+
-
B
Desconto para
aumentar as vendas
Vendas da
PRINCIPAL para o
CONSUMIDOR
Estoque dos produtos
CONSUMO no
PRINCIPAL
-
R
Compras do
PRINCIPAL no início
do mês
Custos
logísticos
Nível de serviço
+
g
-
-
R
Esperar para
comprar
vel de servo
R
Aumento dos
custos
Vendas no final
do mês
+
+
-
+
+
-
+
R
Postergar compra
129
Figura 23 – Círculo de reforço Atratividade para o consumidor.
Da mesma forma que o fabricante CONSUMO precisa atingir o seu volume de
vendas, o vendedor do fabricante CONCORRENTE também é cobrado para alcançar a
sua meta de vendas. Quando as vendas da CONSUMO para a PRINCIPAL aumentam,
o comprador do varejo é forçado a reduzir a quantidade comprada dos demais
produtos. A queda nas vendas da CONCORRENTE obriga esta a conceder descontos
e reduzir o seu preço. Esta redução, em conjunto com um estoque alto, permite adiar a
compra dos produtos e propicia ao comprador do varejo iniciar uma espécie de leilão de
preço entre os fabricantes. Esta prática obriga a CONSUMO a aumentar ainda mais os
descontos oferecidos, caso queira alcançar o volume de vendas necessário. O círculo
Reação da concorrência na Figura 24 retrata este efeito de reforço.
Faturamento
Custos
Lucro da
CONSUMO
Lucro desejado
Crescimento
desejado nas
vendas
Gap de lucro
+
-
-
+
+
Descontos no
final do mês
Alocação de verbas
para descontos
+
+
-
B
Desconto para
aumentar as vendas
Vendas da
PRINCIPAL para o
CONSUMIDOR
Estoque dos produtos
CONSUMO no
PRINCIPAL
-
R
Compras do
PRINCIPAL no início
do mês
Custos
logísticos
Nível de serviço
+
-
-
R
Esperar para
comprar
Nível de serviço
R
Aumento dos
custos
Vendas no final
do mês
+
+
-
+
+
-
+
R
Postergar compra
Verbas para
Marketing e
Inovação
R
Atratividade para o
consumidor
-
+
130
Figura 24 – Círculo de reforço Reação da concorrência
A utilização da linguagem de círculos causais, por ser uma linguagem mais fácil
para ser entendida pelos executivos da empresa, permitiu que as linhas gerais do
modelo fossem discutidas exaustivamente, antes que a modelagem computacional mais
detalhada fosse iniciada.
Faturamento
Custos
Lucro da
CONSUMO
Lucro desejado
Crescimento
desejado nas
vendas
Gap de lucro
+
-
-
+
+
Descontos no
final do mês
Alocação de verbas
para descontos
+
+
-
B
Desconto para
aumentar as vendas
Vendas da
PRINCIPAL para o
CONSUMIDOR
Estoque dos produtos
CONSUMO no
PRINCIPAL
-
R
Compras do
PRINCIPAL no início
do mês
Custos
logísticos
Nível de serviço
+
-
-
R
Esperar para
comprar
Nível de serviço
R
Aumento dos
custos
Vendas no final
do mês
+
+
-
+
+
-
+
R
Postergar compra
Verbas para
Marketing e
Inovação
R
Atratividade para o
consumidor
-
+
Vendas da
CONCORRENTE
Descontos da
CONCORRENTE
-
-
+
R
Reação da
concorrência
131
4.4 Descrição do modelo computacional
Nesta seção serão descritos, em linhas gerais, os quinze subsistemas que
constituem o modelo computacional (vide Figura 25). A definição dos subsistemas do
modelo tomou como base os agentes envolvidos e as decisões retratadas no Quadro 7.
Como pode ser visto no Figura 25, os subsistemas podem ser divididos em três grandes
agrupamentos. O primeiro agrupamento retrata o fluxo físico dos produtos ao longo da
cadeia e é constituído pelo subsistema Fluxo Físico. O segundo agrupamento abrange
os subsistemas onde as principais decisões dos agentes são tomadas. Este segundo
agrupamento pode ser dividido em decisões por parte do fabricante CONSUMO
(subsistemas Resultada CONSUMO, Alocação de Verbas e Definição da Cota), do
varejista PRINCIPAL (Resultado PRINCIPAL, Preço de Venda), dos concorrentes
(SECUNDÁRIO e CONCORRENTE na PRINCIPAL) e, finalmente, decisões tomadas
em conjunto entre a PRINCIPAL e a CONSUMO (Faseamento das Vendas
CONSUMO). O terceiro agrupamento representa os subsistemas onde são feitas
apurações de resultados (Custos Logísticos, Nível de Serviço, Apuração das Vendas
CONSUMO, Vendas última semana e Produtos não promocionados) e que geram
informações de suporte aos demais subsistemas (Calendário). Apesar destes
subsistemas estarem retratados de forma separada um do outro, existe uma grande
interação e iteração entre os mesmos. Decisões tomadas em um subsistema afetam o
resultado apurado em outro subsistema que acaba gerando novas decisões em outros
subsistemas.
132
Fluxo físico
Resultado
CONSUMO
Alocação de
verbas
Definição da cota
Nível de serviço
Custos logísticos
Fabricante CONSUMO
Resultado
PRINCIPAL
Preço de venda
Faseamento das
vendas
CONSUMO
Varejista PRINCIPAL
CONCORRENTE no PRINCIPAL
SECUNDÁRIO
Apuração
e suporte
Calendário
Apuração das vendas
CONSUMO
Produtos não
promocionados
Vendas última semana
Decisões
Concorrência
Figura 25 – Diagrama de subsistemas
4.4.1 Subsistema Resultado CONSUMO
Esta parte do modelo retrata os aspectos financeiros do fabricante CONSUMO.
Os custos foram divididos em três categorias: custos fixos e indiretos, custos logísticos
e demais custos variáveis. O faturamento bruto é uma função do volume de vendas e
preço de venda. Já o faturamento líquido considera também os descontos. A partir do
faturamento líquido são subtraídos os custos e as despesas com verbas de Marketing e
ações em lojas, chegando assim, ao lucro real e à margem bruta.
133
Uma importante relação retratada é a diferença entre o lucro real e o lucro
prometido aos acionistas. A CONSUMO possui um objetivo de lucro mensal e anual.
Caso o lucro real não alcance o desejado, haverá uma série de ações que serão
tomadas em relação à alocação das verbas. Uma visão detalhada deste subsistema
encontra-se no Apêndice 1a.
4.4.2 Subsistema Alocação de verbas
Neste subsistema são definidas a quantidade total de verbas e o quanto destas
verbas são destinadas às ações de Marketing, ações em loja e descontos. A
quantidade total de verbas pode ser cortada caso a CONSUMO não esteja entregando
o resultado desejado. Neste caso, parte das verbas é cortada para aumentar a
rentabilidade.
A quantidade de verbas alocadas para ações de Marketing pode também ser
reduzida no final do ano, caso a companhia apresente resultado abaixo do prometido
aos acionistas. Um baixo desempenho provoca uma realocação das verbas de
Marketing para a área Comercial. Com estas novas verbas, a área de Vendas pode
aumentar a quantidade de descontos oferecidos. O motivo desta realocação se deve ao
fato de que o tempo para as ações de Marketing impactarem no aumento das vendas
da CONSUMO é grande. Esta demora faz com que o resultado das ações de Marketing
que ocorrem no final do ano só seja percebido após o término do ano fiscal. Já os
descontos tem um resultado imediato no volume de vendas da CONSUMO. O mesmo
ocorre com as verbas de ação de loja que, no final do mês, podem ser realocadas para
os descontos. Uma visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1b.
134
4.4.3 Subsistema Definição da Cota
A cota de vendas é o nome dado à meta mensal de vendas do vendedor da
CONSUMO que atende o varejo PRINCIPAL. A cota depende do volume total de
vendas desejado pela companhia e da participação das vendas da PRINCIPAL no total
de vendas. O volume total de vendas é obtido através do volume necessário para
atingir o lucro prometido e através das perspectivas máximas de crescimento do
mercado. O volume para atingir o plano financeiro foi representado como a divisão
entre o lucro mensal prometido e a margem unitária de lucro.
As perspectivas máximas de crescimento do mercado dependem do histórico
real de vendas e de um fator que define o crescimento máximo do mercado. Caso o
volume para atingir o resultado financeiro seja superior às perspectivas de crescimento
do mercado, o valor que será utilizado para gerar a cota de vendas será o das
perspectivas de crescimento do mercado. Uma visão detalhada deste subsistema
encontra-se no Apêndice 1c.
4.4.4 Subsistema Faseamento das vendas CONSUMO
Este subsistema, em conjunto com o da Apuração das Vendas e do Fluxo
Físico, é um dos pilares do modelo. Nele foi representada a lógica utilizada pelo
vendedor do fabricante CONSUMO para definir a quantidade de desconto oferecida
pela CONSUMO para a PRINCIPAL nos diferentes momentos do tempo.
A definição da quantidade de descontos parte, inicialmente, da diferença entre a
cota de vendas mensal e a projeção de vendas até o final do mês. Para realizar a
135
estimativa de vendas, o vendedor faz uma projeção linear das vendas acumuladas até
a presente data e extrapola para o restante do mês. Caso esta projeção seja inferior à
sua cota de vendas, o vendedor, que possui grande parte da sua remuneração atrelada
a atingir a cota, irá tentar trazer um volume adicional capaz de suprir a diferença. Para
conseguir este volume adicional, dado o curto espaço de tempo até o final do mês, a
principal ferramenta utilizada é oferecer um desconto maior ao comprador do varejo
PRINCIPAL.
O momento da negociação é determinado por ambos os envolvidos. Um
executivo do varejo relatou que “Se acreditamos que no final do mês ele nos oferecerá
melhores oportunidades, esperamos para comprar no final do mês. E isso acaba
acontecendo com quase todos os fornecedores, mesmo os que têm políticas mais
rígidas.”. Por sua vez a CONSUMO também segura os descontos para o final do mês
com a esperança que não seja necessário utilizá-los. Para chegar a esta hipótese, foi
feito um levantamento dentro da CONSUMO que mostrou que grande parte das verbas
de desconto eram retidas ao longo do mês.
A quantidade de desconto oferecido vai depender de três fatores principais: a
quantidade de desconto necessária para atingir a cota, os descontos logísticos
oferecidos e as verbas disponíveis. Quanto maior for o volume para atingir a cota, mais
desconto o vendedor irá oferecer. Esta não é uma relação linear e foi representada pela
função gráfica da Figura 26.
A quantidade de verbas disponíveis irá limitar o desconto máximo oferecido ao
comprador da CONSUMO. O desconto oferecido também depende do desconto
logístico. O desconto logístico será explicado no Capítulo 5, por ser parte de uma das
políticas testadas para eliminar a concentração de vendas.
136
.
Figura 26 – Função Gráfica do desconto para atingir a cota
O comprador da PRINCIPAL irá comparar o desconto oferecido pela
CONSUMO com o desconto do fabricante CONCORRENTE. A diferença entre os dois
descontos é que determinará a quantidade de produtos comprada. Além do desconto
oferecido, o comprador é limitado por outros fatores descritos a seguir. Uma visão
detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1d.
4.4.5 Subsistema Apuração das Vendas CONSUMO
A quantidade efetivamente comprada pelo comprador da PRINCIPAL, além de
depender do desconto oferecido, varia conforme o estoque máximo e o grau de
satisfação do comprador com o seu relacionamento com a CONSUMO.
O estoque máximo é baseado no giro do produto, isto é, a quantidade de
vendas do produto para o consumidor final. Caso a soma da quantidade ofertada pela
CONSUMO mais o estoque atual da PRINCIPAL exceda o estoque máximo, o
137
comprador poderá comprar somente a diferença entre o estoque máximo e o estoque
atual. Outro fator que impacta a quantidade comprada é o grau de satisfação do
comprador. Caso o comprador não esteja satisfeito com o relacionamento com a
CONSUMO, basicamente a condição comercial oferecida, ele irá reduzir a quantidade
comprada. O grau de satisfação do comprador será melhor explicado no subsistema
Preço de Venda.
Outro elemento considerado neste subsistema é o prazo de entrega dos
produtos. Normalmente, as entregas são feitas imediatamente por parte da CONSUMO
para que o faturamento entre no resultado do mês corrente. Caso o prazo de entrega
seja superior a uma semana, haverá uma distinção entre vendas e entregas. Uma das
políticas estudadas foi aumentar o prazo de entrega para que as entregas ocorressem
no mês seguinte.
A quantidade de produtos promocionais, vendida sem que haja descontos,
também é calculada neste subsistema. Um executivo do varejo descreveu as compras
de reposição como sendo efetuadas: “Baseado nesta conduta, fazem [os compradores]
controle de compras mediante projeções, de forma que o sistema dá sugestões de
compras obedecendo ao giro mensal, fazendo com que se mantenha um estoque
mínimo.” No modelo, a quantidade de compras com preço regular representa as vendas
para repor os estoques. Estas vendas dependem da quantidade de produtos em
estoque, do estoque mínimo a ser mantido, da projeção das vendas para o consumidor
e do nível de satisfação do comprador.
A última conta feita neste subsistema é a quantidade de vendas mensais de
produtos promocionados que a CONSUMO realizou para o varejo PRINCIPAL. Uma
visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1e.
138
4.4.6 Subsistema Preço de Venda
A quantidade comprada com desconto juntamente com o valor do desconto, o
preço regular de venda e a quantidade comprada com preço regular serão usadas para
calcular o valor total de descontos efetivamente usados pelo vendedor da CONSUMO e
o preço médio de venda de produtos promocionados da CONSUMO para a
PRINCIPAL.
Um outro elemento importante deste subsistema é o grau de satisfação do
comprador da PRINCIPAL. Retomando, o principal objetivo do comprador do varejo é
conseguir uma boa condição comercial que permita ao seu estabelecimento praticar
preços competitivos para os consumidores e ter uma boa rentabilidade. A satisfação do
comprador foi entendida como a comparação entre o preço médio de venda
efetivamente praticado pela CONSUMO e o denominado preço justo.
O preço justo é formado por uma combinação de três fatores. O primeiro fator é
o menor valor pago pelos produtos da CONSUMO pela PRINCIPAL nos últimos meses.
O segundo fator é a comparação com a condição comercial que o comprador da
PRINCIPAL estima que a CONSUMO tenha oferecido para o varejo SECUNDÁRIO.
Esta estimativa é baseada em uma pesquisa do preço de venda dos produtos da
CONSUMO no varejo SECUNDÁRIO e na margem bruta normalmente praticada. O
terceiro fator é o diferencial entre o preço praticado pelo fabricante CONCORRENTE e
o preço da CONSUMO. Caso a CONCORRENTE ofereça um preço menor que o
normalmente praticado, o comprador irá pressionar a CONSUMO para fazer o mesmo.
Uma visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1f.
139
4.4.7 Subsistema Nível de Serviço
O nível de serviço, aqui representado como sendo a disponibilidade de produtos
na gôndola dos varejistas no momento em que o CONSUMIDOR realiza suas compras,
foi modelado para ambos os fabricantes e varejistas. O nível de serviço da CONSUMO
no varejo SECUNDÁRIO e o nível de serviço da CONCORRENTE foram tratados como
exógenos. Já o nível de serviço da CONSUMO no varejo PRINCIPAL foi representado
como uma função gráfica do percentual de vendas que ocorrem na última semana,
como apresentado na Figura 14. Caso as vendas passem a ocorrer de forma menos
concentrada, o nível de serviço da CONSUMO no varejo PRINCIPAL será acrescido
pelo fator Impacto. Uma visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1g.
4.4.8 Subsistema CONCORRENTE na PRINCIPAL
A principal variável de interesse neste subsistema é a quantidade de vendas
que o fabricante CONCORRENTE ganha ou perde da CONSUMO no varejo
PRINCIPAL. Esta quantidade foi modelada como dependendo de três fatores: o
diferencial de preços de venda para o CONSUMIDOR entre os fabricantes, o percentual
de clientes fiéis à CONSUMO e as ações em loja realizadas pela CONCORRENTE.
O primeiro fator depende do preço da CONSUMO (vide subsistema Preço de
Venda) e do preço da CONCORRENTE. O preço de venda dos produtos da
CONCORRENTE praticado pela PRINCIPAL depende do preço de compra destes
produtos e da margem praticada. A margem foi modelada como sendo função do grau
de satisfação do comprador da PRINCIPAL com a CONSUMO. Ou seja, caso o
comprador esteja insatisfeito com a CONSUMO, ele dará prioridade para as vendas da
140
CONCORRENTE e, para isto, poderá reduzir a margem colocada nestes produtos. A
CONCORRENTE pode reduzir o seu preço de venda para a PRINCIPAL caso o seu
volume de vendas esteja abaixo do planejado.
O segundo fator, o percentual de clientes fiéis a CONSUMO, depende de
quanto as ações de Marketing e Inovação dos fabricantes são capazes de alterar o
número inicial de clientes fiéis a CONSUMO.
O terceiro fator, as ações em loja feitas pela CONCORRENTE, foi modelado
como sendo exógeno. A quantidade de vendas ganha ou perdida irá afetar o volume de
vendas da CONCORRENTE que também foi calculado neste subsistema. Uma visão
detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1h.
4.4.9 Subsistema SECUNDÁRIO
De forma semelhante à modelagem da CONCORRENTE, a principal variável
deste subsistema é a quantidade de vendas de produtos da CONSUMO que o varejo
SECUNDÁRIO ganha ou perde da PRINCIPAL. Esta variável depende da quantidade
de clientes que estão dispostos a comprar os produtos da CONSUMO em outro varejo,
o diferencial entre o nível de serviço dos varejistas (vide descrição do Subsistema Nível
de Serviço) e a diferença entre preços de venda para o CONSUMIDOR praticados por
ambos os varejistas.
O preço de venda para o consumidor dos produtos da CONSUMO na
SECUNDÁRIO é calculado baseado no preço de compra e na margem utilizada. Neste
subsistema também são apuradas as vendas acumuladas dos produtos da CONSUMO
na SECUNDÁRIO. Uma visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1i.
141
4.4.10 Subsistema Fluxo Físico
Figura 27 – Subsistema Fluxo Físico
Como pode ser visto na Figura 27, este subsistema modela aspectos tangíveis
do modelo. O CONSUMIDOR possui um estoque de produtos da CONSUMO em sua
casa, este estoque aumenta com as compras efetuadas no varejista PRINCIPAL e/ou
SECUNDÁRIO e reduz com o uso dos produtos. O uso dos produtos da CONSUMO
depende de três variáveis: consumo total de produtos da categoria, participação de
mercado da CONSUMO e quantidade de vendas perdidas para a CONCORRENTE
(descrita no subsistema CONCORRENTE na PRINCIPAL). Estas relações são
representadas pelas equações abaixo:
vendas promocionados
da CONCORRENTE
percentual perda para
CONCORRENTE
Estoque do PRINCIPAL
de produtos CONSUMO
vendas para PRINCIPAL
Estoque do CONSUMIDOR
de produtos CONSUMO
vendas para consumidor
PRINCIPAL
uso produtos CONSUMO
Estoque do SECUNDÁRIO
de produtos CONSUMO
vendas para
SECUNDÁRIO
vendas para consumidor
SECUNDÁRIO
Vendas CONCORRENTE no
PRINCIPAL acumulado mensal
vendas da CONCORRENTE
no PRINCIPAL
142
(2) Estoque do CONSUMIDOR
onde:
EC = Estoque do CONSUMIDOR de produtos da CONSUMO
Vp = Vendas da PRINCIPAL para o CONSUMIDOR
Vs = Vendas da SECUNDÁRIO para o CONSUMIDOR
U = Uso dos produtos pelo CONSUMIDOR
A CONSUMO total foi assumido como uma variável exógena e com valor
constante, para isso, foram realizados testes introduzindo variabilidade, mas os
resultados do modelo não foram alterados. A participação de mercado da CONSUMO
foi modelada como sendo dependente da relação entre a atratividade dos produtos de
ambos os fornecedores junto ao CONSUMIDOR. A atratividade depende da diferença
entre os investimentos em Marketing e Inovação da CONSUMO e da CONCORRENTE.
Além da quantidade de investimentos realizados, também é considerado a diferença
entre a efetividade destes investimentos e a sua capacidade de alterar a participação
de mercado.
A quantidade de produtos comprados pelo CONSUMIDOR nos varejistas
depende de dois fatores principais. O primeiro deles é a quantidade de produtos
necessários para reposição dos produtos usados. Adicionalmente à compra de
reposição, o CONSUMIDOR pode comprar uma quantidade extra de produtos. Esta
quantidade extra varia conforme o desconto oferecido e a existência ou não de ações
em loja como, por exemplo, a exposição dos produtos em um espaço que aumente a
visibilidade dos mesmos. A quantidade adicional comprada devido ao desconto
143
depende da diferença entre o preço médio de venda e o preço atual, como
representado na equação abaixo:
(3) Desconto adicional
onde:
PVt= preço de venda dos produtos CONSUMO na PRINCIPAL
PVM= preço médio de venda dos produtos CONSUMO na PRINCIPAL
A definição de qual dos dois varejistas o CONSUMIDOR irá realizar as compras
foi modelado como dependendo do diferencial de preços entre os varejistas (vide
descrição do Subsistema Resultado PRINCIPAL e SECUNDÁRIO para o detalhamento
da definição dos preços de venda para o CONSUMIDOR), da disponibilidade de
produtos na gôndola e da quantidade de consumidores que estão dispostos a trocar de
local de compra.
A disponibilidade de produtos na gôndola é influenciada pelo nível de serviço
prestado pela CONSUMO para ambos os varejistas (vide Subsistema Nível de Serviço)
e pela quantidade de estoque que a PRINCIPAL mantém. Caso o nível de estoque
fique abaixo da quantidade estipulada como estoque de segurança, a disponibilidade de
produtos na gôndola será afetada.
Finalmente, este subsistema calcula a quantidade de produtos vendidos pela
CONSUMO para o varejo SECUNDÁRIO. Para simplificar o modelo, a quantidade
vendida foi considerada como dependente das vendas da SECUNDÁRIO para o
CONSUMIDOR e do nível de estoque. Desta forma, foi assumido que a política de
preços da CONSUMO para a SECUNDÁRIO é uma variável exógena.
144
Uma visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1j.
4.4.11 Subsistema Resultado PRINCIPAL
Este subsistema é responsável por calcular o resultado financeiro do varejista
PRINCIPAL. Para chegar ao resultado financeiro, foram considerados os custos de
compra dos produtos, o custo do estoque e os custos indiretos. O faturamento é
calculado a partir da quantidade vendida dos produtos e o preço médio de venda.
Além da apuração do resultado financeiro do varejista PRINCIPAL, esta parte
do modelo retrata a lógica utilizada pela PRINCIPAL para definir o preço de venda dos
produtos da CONSUMO para o CONSUMIDOR. O preço de venda depende de três
fatores. O primeiro é o preço médio de compra e a margem bruta que é normalmente
adotada. O segundo fator é a necessidade de se reduzir o preço de venda caso a
quantidade de estoque possa provocar a perda dos produtos devido ao prazo de
validade. O terceiro fator é o percentual do desconto obtido que será repassado para o
preço de venda para o CONSUMIDOR. Este percentual varia conforme o grau de
satisfação do comprador com o relacionamento comercial com a CONSUMO. Caso o
comprador não esteja satisfeito, ele poderá reduzir a quantidade de repasses feita. A
redução do repasse afetará o preço de venda e, consequentemente, o volume de
vendas dos produtos da CONSUMO. Uma visão detalhada deste subsistema encontra-
se no Apêndice 1k.
145
4.4.12 Subsistema Calendário
Este subsistema mantém a contagem do número da semana, tanto dentro do
mês quanto no ano. O número de semanas dentro de cada mês foi considerado como
quatro. As semanas no ano são computadas até a quadragésima oitava semana. Uma
visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1l.
4.4.13 Subsistema Produtos não promocionados
Nesta parte do modelo é computada a quantidade vendida de produtos não
promocionados, tanto da CONSUMO para o varejista PRINCIPAL, quanto deste último
para o CONSUMIDOR. As vendas dependem da quantidade que é consumida e do
nível de estoque. Para simplificar, foi adotado que o nível de estoque destes produtos
era constante. Uma visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1m.
4.4.14 Subsistema Vendas última semana
Este subsistema realiza as contas do percentual de vendas da CONSUMO que
ocorrem na última semana do mês. Uma visão detalhada deste subsistema encontra-se
no Apêndice 1n.
146
4.4.15 Subsistema Custos Logísticos
O último subsistema do modelo computacional realiza os cálculos dos custos
logísticos. Os custos logísticos foram divididos em cinco partes: transporte, estoque,
movimentação e armazenagem, não-qualidade e outros. Esta divisão obedeceu aos
dados levantados junto a CONSUMO (vide páginas 99-106 para o detalhamento dos
mesmos).
Para cada um destes custos foi computado o valor que ele irá assumir em
função do percentual de vendas na última semana. Para chegar a este valor foi
considerado o custo atual, ou seja, o fator com que este custo é influenciado pelo
percentual de vendas e o grau de flexibilidade existente. O grau de flexibilidade faz
parte de uma das políticas que foram testadas e será explicado no Capítulo 5.
Além de calcular os custos de cada um dos elementos, este subsistema calcula
o custo total da Logística usado como entrada no subsistema Resultado CONSUMO.
Uma visão detalhada deste subsistema encontra-se no Apêndice 1o.
Este capítulo não tinha como objetivo fazer uma explicação exaustiva de todas
as variáveis e equações usadas no modelo computacional, mas sim, descrever os
principais elementos do mesmo. O detalhamento das variáveis e equações é
apresentado no Apêndice 2. No próximo capítulo serão apresentados os resultados
obtidos dos diferentes cenários testados.
147
5. RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos através da simulação
do modelo computacional descrito no capítulo anterior. Este capítulo esta dividido em
três partes. Na primeira parte serão apresentados os cenários que geraram um acúmulo
das vendas no final do mês. Na segunda parte serão mostrados os impactos que o
acúmulo de vendas trouxe para os diferentes agentes. Na parte final do capítulo serão
descritas as possíveis políticas para eliminar o acúmulo de vendas e o resultado das
mesmas para os agentes envolvidos.
5.1 Possíveis causas da concentração de vendas
A partir de um cenário sem concentração no faturamento foram criados diversos
cenários em que uma das variáveis exógenas do modelo tinha o seu valor alterado na
semana 37. Seis cenários (vide Quadro 8) geraram um acúmulo de vendas no final do
mês. A escolha dos nomes dos cenários foi baseada na variável exógena que foi
alterada. Estes cenários serão descritos a seguir.
148
Nome do cenário Variáveis modificadas
Aumento do lucro prometido Lucro prometido aos acionistas (subsistema
Resultado CONSUMO)
Redução nas verbas de Marketing,
Inovação e ações em loja
Total de verbas orçadas (subsistema
Alocação de verbas)
Queda no mercado consumo total (subsistema Fluxo físico)
Aumento das vendas da
CONCORRENTE
verbas para Marketing CONCORRENTE
(subsistema Fluxo físico)
Queda nas compras do varejista diferença de preço desejada (subsistema
Preço de venda)
Expectativa de aumento de preço Expectativa aumento de preço(subsistema
Apuração de vendas CONSUMO)
Quadro 8 – Descrição dos cenários
5.1.1 Aumento do lucro prometido
O fabricante CONSUMO possui um processo de definição do lucro almejado a
partir de premissas de faturamento e custos. Caso as premissas utilizadas para este
dimensionamento não forem realistas, o lucro mensal prometido aos acionistas não
149
corresponder à realidade, provocando uma série de efeitos. Assumindo uma margem
de lucro unitário constante, para alcançar o novo patamar de lucro prometido é preciso
aumentar a quantidade de produtos vendidos. Este aumento necessário no volume de
vendas faz com que a cota do vendedor responsável pelo varejista PRINCIPAL
aumente, como pode ser observado na Figura 28.
Figura 28 – Efeito do aumento do lucro prometido na cota
Caso não ocorra nenhuma outra mudança capaz de aumentar a demanda pelos
produtos da CONSUMO, o comprador da PRINCIPAL mantém o volume de compra
necessário para repor as vendas. Próximo ao final do mês o vendedor da CONSUMO
conclui que, caso não faça nenhuma ação, ele não será capaz de atingir a sua cota
mensal de vendas. Como as ações de Marketing e ações em loja possuem um alto grau
de incerteza sobre os efeitos no faturamento, mesmo que tivessem um impacto positivo,
não seriam capazes de impactar as vendas do mês corrente sendo assim, o vendedor
não tem outra opção senão oferecer um desconto. Para que o vendedor possa ganhar
a sua remuneração variável, ele propõe ao comprador da PRINCIPAL que compre um
volume adicional em troca de um desconto maior do que o normalmente oferecido. Para
Efeito na cota de vendas
0
1000000
2000000
3000000
4000000
5000000
6000000
7000000
1 8 15 22 29 36 43 50 57 64 71 78 85 92 99 106 113 120 127 134 141
Semanas
R$
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
40000
45000
50000
Tons
Lucro prometido
Volume de vendas desejado
Cota de vendas PRINCIPAL
150
chegar ao valor do desconto oferecido, o vendedor leva em conta a quantidade de
volume adicional necessária e o desconto máximo que pode oferecer considerando as
verbas para desconto disponíveis (vide Figura 29).
Figura 29 – Diferença da cota e desconto oferecido
O comprador da PRINCIPAL, cujo objetivo é aumentar a quantidade de
descontos e verbas obtidas durante a negociação junto aos fornecedores, aceita a
proposta da CONSUMO e compra um volume muito superior ao necessário, como
representado na Figura 30.
Diferença da cota e descontos
-5000
0
5000
10000
15000
20000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415161718192021222324252627282930313233343536
Meses
Tons
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
% desconto
Diferença da cota e vendas para PRINCIPAL Desconto máximo Desconto para atingir a cota
151
Figura 30 – Efeito na quantidade comprada com desconto
No início do mês seguinte a esta negociação, o comprador da PRINCIPAL não
precisa comprar os produtos da CONSUMO, uma vez que ele já está com um nível de
estoque acima do necessário. Com a queda no volume de vendas com preço regular
nas primeiras semanas, o vendedor da CONSUMO, que mais uma vez precisa atingir a
sua meta de vendas, será novamente levado a oferecer um desconto adicional. Com o
passar do tempo o comprador da PRINCIPAL aprende que caso ele aguarde o final do
mês para efetuar as suas compras, ele consegue uma condição comercial mais
favorável. Com isto, a concentração de vendas se perpetua (vide Figura 31).
Quantidade comprada
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
1 3 5 7 9 1113151719212325272931333537394143454749515355
Semanas
Tons
Quantidade comprada com desconto Quantidade comprada preço regular
152
Percentual vendas útima semana
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
123456789101112131415161718192021222324252627282930313233343536
Meses
% vendas
Figura 31 – Percentual de vendas na última semana
5.1.2 Redução nas verbas de Marketing, Inovação e ações em loja
Outro cenário simulado foi um corte significativo na quantidade de verbas
alocadas para as ações de Marketing e Inovação. Neste caso, após alguns meses, a
atratividade dos produtos da CONSUMO junto aos consumidores é afetada. Mantendo
as demais variáveis constantes, a participação de mercado da CONSUMO é afetada,
como pode ser visto na Figura 32.
153
Figura 32 – Redução nas verbas
A queda na participação da CONSUMO provoca uma diminuição no uso dos
produtos e, consequentemente, nas compras efetuadas pelo CONSUMIDOR nos
varejistas. Os varejistas reduzem a quantidade de compras de reposição, o que mais
uma vez obriga o vendedor da CONSUMO a oferecer descontos para fechar a cota de
vendas (vide Figura 33).
Figura 33 – Redução nas compras de reposição
Impacto na participação de mercado
R$ 0
R$ 100.000
R$ 200.000
R$ 300.000
R$ 400.000
R$ 500.000
R$ 600.000
R$ 700.000
R$ 800.000
R$ 900.000
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76 81 86 91 96 101 106 111 116 121 126 131 136 141
Semanas
Verbas R$
49,1%
49,2%
49,3%
49,4%
49,5%
49,6%
49,7%
49,8%
49,9%
50,0%
50,1%
Participação %
verbas de Marketing e Inova‹o participa‹o de mercado CONSUMO
Queda nas compras de reposição
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
48 49 50 51 52 53 54 55 56
Semanas
Tons
Quantidade com desconto
Quantidade comprada preo regular
vendas para consumidor PRINCIPAL
154
Os mesmos efeitos ocorrem caso haja uma queda brusca na eficiência dos
investimentos em Marketing e Inovação. Caso a capacidade de influenciar as decisões
dos consumidores através das verbas de Marketing e Inovação caiam bruscamente, a
participação do mercado da empresa é afetada, provocando a mesma série de efeitos
capazes de gerar o acúmulo de vendas.
5.1.3 Queda no mercado
Caso ocorra uma queda brusca no mercado como um todo e esta queda não for
refletida na cota de vendas do vendedor da CONSUMO, há novamente a necessidade
do vendedor buscar formas para atingir a sua meta mensal. No curto prazo, a única
solução possível é conceder descontos. O comprador da PRINCIPAL aumenta a
quantidade comprada e não tem que fazer compras de reposição no início do mês
seguinte, criando o círculo vicioso do acúmulo de vendas no final do mês.
5.1.4 Aumento das vendas da CONCORRENTE
A CONCORRENTE pode tentar aumentar a sua participação de mercado
através de um aumento na quantidade de verbas destinadas a Marketing e Inovação
(ou melhora da eficiência das mesmas) ou através da redução do preço de venda para
os varejistas (vide Figura 34). No primeiro caso, o aumento das verbas leva a um
aumento na atratividade dos produtos da CONCORRENTE e, consequentemente, o
aumento de suas vendas. Considerando o consumo total como exógeno às ações dos
155
fabricantes, o aumento das vendas da CONCORRENTE leva a uma redução nas
vendas da CONSUMO, gerando a necessidade de conceder descontos.
Figura 34 – Redução preço da CONCORRENTE
No segundo caso, considerando que a redução de preço de venda para o
varejo PRINCIPAL seja repassada integralmente ou parcialmente para o preço de
venda ao CONSUMIDOR, a diferença de preço de venda ao CONSUMIDOR dos
produtos da CONCORRENTE e da CONSUMO será afetada. Como parte dos
consumidores não possui fidelidade a nenhum dos produtos, eles optam pela compra
dos produtos da CONCORRENTE (vide Figura 35). A queda nas vendas da CONSUMO
leva o vendedor a oferecer descontos e gera a concentração.
Redução no preço da CONCORRENTE
1400
1450
1500
1550
1600
1650
1700
1750
1800
1850
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76 81 86 91 96 101 106 111 116 121 126 131 136 141
Semanas
R$/Ton
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Tons
preo de compra produtos CONCORRENTE no PRINCIPAL vendas planejadas CONCORRENTE
156
Figura 35 – Perda de vendas para CONCORRENTE
5.1.5 Queda nas compras do varejista
O varejista PRINCIPAL pode ter ficado insatisfeito com os resultados obtidos
nas vendas dos produtos da CONSUMO. Esta insatisfação pode ter resultado em um
aumento do preço de venda ao CONSUMIDOR e/ou uma pressão junto a CONSUMO
para reduzir o seu preço de venda. Para pressionar a CONSUMO a abaixar o seu
preço, a PRINCIPAL pode reduzir a quantidade de compras e incentivar a venda dos
produtos da CONCORRENTE através da redução do preço de venda destes produtos.
Em ambas as situações, a diferença entre o preço de venda ao CONSUMIDOR dos
produtos da CONSUMO e da CONCORRENTE aumenta, o que faz com que as vendas
da CONSUMO caiam. A queda nas vendas leva ao desconto e ao acúmulo de vendas.
Perda de vendas
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
32 33 34 35 36 37 38 39 40
Semanas
Tons/Semana
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
% Perda
Quantidade com desconto
Quantidade comprada preo regular
percentual perda para CONCORRENTE
157
5.1.6 Expectativa de aumento de preço
O último cenário que foi capaz de gerar a concentração no faturamento no final
do mês é que supõe uma expectativa de aumento dos preços de venda da CONSUMO
para a PRINCIPAL na virada do mês. Para minimizar o efeito do aumento, o comprador
da PRINCIPAL pode ter feito uma compra adicional no período anterior ao aumento do
preço. Este volume adicional aumenta o nível de estoque e faz com que o comprador
não tenha que fazer compras de reposição no início do mês seguinte e abre espaço
para os descontos no final do mês.
A análise de diferentes cenários no modelo computacional apontou para seis
possíveis causas para a concentração de vendas no final do mês: aumento do lucro
prometido, redução nas verbas de Marketing, queda no mercado, aumento das vendas
da CONCORRENTE, queda nas compras do varejista ou expectativa de aumento de
preço. A seguir serão descritos os impactos que a concentração no faturamento trazem
para os diferentes agentes envolvidos.
5.2 Impactos da concentração de vendas
Para chegar aos impactos da concentração, foi feita uma comparação entre
dois cenários. O primeiro cenário, o mesmo utilizado para identificar as possíveis
causas da concentração, era um cenário onde as vendas eram constantes ao longo das
semanas. No segundo cenário foi feito uma alteração em uma das variáveis exógenas,
neste caso o lucro prometido aos acionistas, de forma que gerasse um cenário de
vendas concentradas. A alteração na variável exógena foi feita a partir do início do
décimo mês (semana 36), de tal forma que os dois cenários são idênticos até este
158
período. A seguir serão descritos os impactos da concentração nos três principais
agentes envolvidos: o fabricante CONSUMO, o varejista PRINCIPAL e o
CONSUMIDOR.
5.2.1 Impactos para a fabricante CONSUMO
A concentração de vendas no final do mês trouxe uma série de impactos para o
lucro mensal da CONSUMO (vide Figura 36). Inicialmente, o lucro sofreu uma pequena
flutuação, tendo períodos em que o resultado do cenário concentrado era superior ao
do cenário constante e vice-versa. A partir do vigésimo mês o lucro do cenário
concentrado se estabilizou em um patamar inferior ao cenário de vendas constantes.
Figura 36 – Lucro da CONSUMO
Para entender os motivos desta queda no lucro é preciso analisar os impactos
no faturamento, nos custos da CONSUMO e nas demais despesas. Do lado do
faturamento é possível observar que o faturamento total no cenário concentrado tem
Lucro Mensal Fabricante CONSUMO
R$ -
R$ 2.000
R$ 4.000
R$ 6.000
R$ 8.000
R$ 10.000
R$ 12.000
R$ 14.000
R$ 16.000
R$ 18.000
R$ 20.000
1
3
5
7
9
11
13
1
5
17
19
2
1
23
25
2
7
29
31
33
35
37
39
41
43
45
47
Meses
R$´000
constante concentrado
159
inicialmente um aumento considerável e a partir do vigésimo primeiro mês retorna ao
patamar inicial (vide Figura 37). O aumento do faturamento total da CONSUMO é
puxado pelo aumento do faturamento junto ao varejista PRINCIPAL, como pode ser
visto na Figura 38.
Figura 37 – Faturamento total da CONSUMO
Figura 38 – Faturamento da CONSUMO junto a PRINCIPAL
Faturamento Líquido Mensal da CONSUMO para PRINCIPAL
R$ -
R$ 5.000
R$ 10.000
R$ 15.000
R$ 20.000
R$ 25.000
R$ 30.000
R$ 35.000
R$ 40.000
1
3
5
7
9
1
1
1
3
15
17
19
21
2
3
2
5
27
29
31
33
3
5
3
7
39
41
43
45
4
7
Meses
R$´000
constante
concentrado
Faturamento Líquido Mensal da CONSUMO
R$ 54.000
R$ 56.000
R$ 58.000
R$ 60.000
R$ 62.000
R$ 64.000
R$ 66.000
R$ 68.000
R$ 70.000
R$ 72.000
R$ 74.000
1
3
5
7
9
1
1
1
3
1
5
1
7
19
2
1
23
2
5
27
2
9
3
1
3
3
3
5
3
7
3
9
4
1
4
3
4
5
4
7
Meses
R$´000
constante
concentrado
160
O aumento inicial do faturamento da CONSUMO ocorreu uma vez que o
acréscimo no volume de vendas (vide Figuras 39 e 40) nos primeiros meses após a
mudança de cenários foi superior à redução no preço médio de venda retratado na
Figura 41. Já no médio prazo houve uma perda em termos de faturamento da
CONSUMO junto a PRINCIPAL (Figura 38) que foi compensada por um aumento no
faturamento junto ao varejista SECUNDÁRIO. A queda no médio prazo do faturamento
da CONSUMO para a PRINCIPAL pode ser explicada pelo fato do aumento no volume
de vendas (Figura 39) ter sido inferior à queda no preço de venda (Figura 41).
Entretanto, o volume total de vendas da CONSUMO (Figura 40) para os varejistas
aumentou em função de um crescimento das vendas para o varejista SECUNDÁRIO.
Figura 39 – Vendas da CONSUMO para a PRINCIPAL
A queda no preço médio de venda da CONSUMO para a PRINCIPAL pode ser
explicada pelo aumento da proporção de vendas feitas no final do mês, portanto, com
um desconto significativo. Para entender o impacto no volume de vendas é preciso
olhar para uma série de outros fatores.
Vendas Mensais da CONSUMO para PRINCIPAL
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
1
3
5
7
9
11
13
15
17
1
9
2
1
23
25
2
7
2
9
31
33
3
5
3
7
39
41
4
3
4
5
47
Meses
Tons
constante concentrado
161
Figura 40 – Vendas totais da CONSUMO
Figura 41 – Preço médio de venda da CONSUMO para a PRINCIPAL
As vendas da CONSUMO para a PRINCIPAL podem ser separadas em dois
compontentes: as vendas de reposição e as vendas promocionadas. As vendas
promocionadas acontecem em função dos descontos oferecidos. Este componente das
vendas é o principal fator que explica o aumento no volume de vendas nos meses
seguintes ao início dos descontos. O comprador do varejista PRINCIPAL pode
Vendas Mensais Fabricante CONSUMO
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
50.000
1
3
5
7
9
1
1
13
1
5
17
19
21
2
3
25
27
2
9
3
1
33
35
3
7
39
41
43
4
5
47
Meses
Tons
constante concentrado
Preço de venda da CONSUMO para o PRINCIPAL
R$ 1.940
R$ 1.950
R$ 1.960
R$ 1.970
R$ 1.980
R$ 1.990
R$ 2.000
R$ 2.010
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
33
35
37
39
41
43
45
47
Meses
R$/ton
constante
concentrado
162
aumentar significativamente o seu volume de compras, pois o seu estoque esta
dimensionado somente para cobrir as vendas regulares. Nos primeiros meses, a
PRINCIPAL adotou uma política de aumentar o nível de estoque para aproveitar os
descontos, como pode ser visto na Figura 42. Entretanto, a partir do 16º mês o estoque
da PRINCIPAL alcança o limite máximo imposto por restrições de capital de giro, prazo
de validade e capacidade de armazenagem. Deste momento em diante, o comprador
só pode comprar a quantidade de produtos que havia sido vendida no período anterior.
Figura 42 – Estoque de produtos CONSUMO na PRINCIPAL
O outro componente das vendas, as vendas de reposição, depende
basicamente do nível de estoque da PRINCIPAL e da quantidade de produtos da
CONSUMO vendida pela PRINCIPAL para o CONSUMIDOR. As vendas da
PRINCIPAL para o CONSUMIDOR, por sua vez, são uma função de três fatores
principais: diferencial de preços dos produtos da CONSUMO entre os varejistas,
disponibilidade de produtos na gôndola e quantidade consumida.
Estoque médio de produtos CONSUMO no PRINCIPAL
-
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
10.000
1
3
5
7
9
1
1
13
15
17
1
9
21
23
25
2
7
29
31
33
35
37
39
41
43
45
47
Meses
Tons
constante
concentrado
163
Parte dos descontos obtidos junto a CONSUMO é representada pelo preço de
venda ao CONSUMIDOR, fazendo com que o preço médio de venda caia (vide Figura
43).
Figura 43 – Preço médio de venda de produtos CONSUMO na PRINCIPAL para
o CONSUMIDOR
Outro efeito dos descontos é um aumento no grau de satisfação do comprador
do varejo PRINCIPAL com a política comercial praticada pela CONSUMO. Tomando
como base os preços históricos de venda da CONSUMO, uma estimativa do preço de
venda da CONSUMO para o varejista SECUNDÁRIO e um diferencial de preço
desejado, o comprador do varejo PRINCIPAL estipula um “preço justo” que deveria ser
oferecido pela CONSUMO. O aumento dos descontos faz com que a diferença entre o
preço médio praticado pela CONSUMO e o preço justo diminua, aumentando o grau de
satisfação do comprador (vide Figura 44).
Preço de venda para CONSUMIDOR no PRINCIPAL
R$ 2.965
R$ 2.970
R$ 2.975
R$ 2.980
R$ 2.985
R$ 2.990
R$ 2.995
R$ 3.000
R$ 3.005
1
3
5
7
9
1
1
1
3
1
5
1
7
1
9
2
1
2
3
2
5
27
2
9
3
1
3
3
35
37
3
9
4
1
43
45
4
7
Meses
R$/ton
constante
concentrado
164
Figura 44 – Satisfação do comprador da PRINCIPAL
O aumento do grau de satisfação com a CONSUMO faz com que o varejista
PRINCIPAL aumente o valor de repasse dos descontos para o preço de venda para o
CONSUMIDOR e aumente o mark-up adotado para os produtos da CONCORRENTE
(vide Figura 45), pois agora o varejista não tem mais interesse em forçar a venda
destes produtos.
Figura 45 – Preço médio de venda de produtos CONCORRENTE na
PRINCIPAL para o CONSUMIDOR
Satisfação do comprador do PRINCIPAL
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
1
3
5
7
9
1
1
1
3
15
1
7
1
9
21
2
3
25
2
7
2
9
31
3
3
3
5
37
3
9
41
4
3
4
5
47
Meses
%
constante
concentrado
Preço de venda para CONSUMIDOR no PRINCIPAL de produtos da CONCORRENTE
R$ 2.000
R$ 2.050
R$ 2.100
R$ 2.150
R$ 2.200
R$ 2.250
R$ 2.300
R$ 2.350
R$ 2.400
R$ 2.450
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
33
35
37
3
9
41
43
45
47
Meses
R$/ton
constante
concentrado
165
Se de um lado a queda no diferencial dos preços de venda dos produtos
CONSUMO e CONCORRENTE contribui para o aumento das vendas, um outro efeito
da concentração de vendas é a queda na disponibilidade de produtos da CONSUMO na
gôndola, como apresentado na Figura 46. Esta queda faz com que uma maior parcela
de consumidores opte por comprar produtos da CONCORRENTE ou compre produtos
da CONSUMO no varejista SECUNDÁRIO.
Figura 46 – Disponibilidade da gôndola na PRINCIPAL
O resultado líquido dos efeitos da queda no diferencial de preços entre os
produtos e da queda na disponibilidade de produtos na gôndola é um aumento na
quantidade de produtos da CONSUMO efetivamente comprados e utilizados pelo
CONSUMIDOR (vide Figura 47). Outro fator que impacta o uso dos produtos é o
diferencial entre a atratividade dos produtos considerando os investimentos em
Marketing e Inovação. Mas, considerando que não houve mudanças na quantidade de
Disponilibilidade na Gôndola
69%
70%
71%
72%
73%
74%
75%
76%
77%
1
3
5
7
9
1
1
1
3
15
17
1
9
2
1
2
3
2
5
27
29
3
1
3
3
3
5
37
39
41
4
3
4
5
4
7
Meses
%
constante
concentrado
166
verbas destinadas a Marketing e Inovação, a atratividade dos produtos se mantém
inalterada. O fator que faz com que o uso de produtos da CONSUMO aumente é a
redução do diferencial de preços entre os produtos da CONSUMO e da
CONCORRENTE, provocada pela queda nos preços da CONSUMO. Esta redução faz
com que parte dos consumidores opte por comprar produtos da CONSUMO.
Figura 47 – Uso de produtos CONSUMO
Mas, dependendo da reação da CONCORRENTE, este efeito pode ser anulado
por uma redução nos preços da CONCORRENTE. No cenário simulado, a
CONCORRENTE não reduziu o seu preço de venda para o varejista PRINCIPAL, uma
vez que a queda no volume de vendas não foi grande o suficiente para gerar uma
reação.
Como foi visto, do ponto de vista da demanda, a concentração: é neutra em
termos de impactos no faturamento no médio e longo prazo; provoca um aumento no
volume de vendas; provoca uma queda no preço de venda tanto para o varejista
PRINCIPAL como para o CONSUMIDOR; e leva a uma redução na disponibilidade de
produtos na gôndola. A seguir, serão analisados os efeitos nos custos.
Uso médio de produtos CONSUMO
19.000
20.000
21.000
22.000
23.000
24.000
25.000
26.000
1
3
5
7
9
1
1
13
15
17
1
9
21
23
25
2
7
29
31
33
3
5
37
39
41
4
3
45
47
Meses
Tons/Semana
constante
concentrado
167
Como mostra a Figura 48, houve um acréscimo do custo total da CONSUMO se
comparado o cenário de vendas concentradas com o cenário de vendas constantes.
Entretanto, mais importante que analisar o custo total, é preciso olhar para o custo
unitário (vide Figura 49). O custo unitário da CONSUMO caiu significativamente nos
primeiros meses após a mudança do perfil de vendas. Esta queda ocorre uma vez que
os custos e despesas fixas passaram a ser rateados por um maior volume de vendas
(vide Figura 40). O resultado disto é uma queda nos custo fixo unitário conforme mostra
a Figura 50. Entretanto, com o passar do tempo, o aumento dos custos logísticos (vide
Figura 51) e o retorno do volume de vendas para um patamar próximo ao patamar
original fazem com que o custo unitário retorne a um valor próximo ao inicial. Com o
aumento no volume de vendas, o custo total sobe.
Figura 48 – Custo total da CONSUMO
Custo Total da CONSUMO
R$ 40.000
R$ 42.000
R$ 44.000
R$ 46.000
R$ 48.000
R$ 50.000
R$ 52.000
R$ 54.000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47
M eses
co nst ante
co ncent rad o
168
Figura 49 – Custo unitário da CONSUMO
Figura 50 – Custo fixo unitário da CONSUMO
Custo Unitário da CONSUMO
R$ 1.200,0
R$ 1.250,0
R$ 1.300,0
R$ 1.350,0
R$ 1.400,0
R$ 1.450,0
R$ 1.500,0
1
3
5
7
9
11
1
3
1
5
17
19
21
23
25
27
29
3
1
3
3
35
37
39
41
43
45
47
Meses
R$/Ton
constante
concentrado
Custo Fixo Unitário da CONSUMO
R$ -
R$ 100
R$ 200
R$ 300
R$ 400
R$ 500
R$ 600
R$ 700
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47
Meses
R$/Ton
constante
concentrado
169
Figura 51 – Custo unitário de Logística da CONSUMO com a PRINCIPAL
Considerando que não houve nenhuma mudança na quantidade de verbas
alocadas para as áreas de Marketing & Inovação e ações de loja, o fator determinante
da queda no lucro no médio prazo do fabricante CONSUMO é que o aumento no
volume de vendas não trouxe uma melhora no faturamento, mas provocou um aumento
nos custos. O resultado disto é uma grande redução na margem unitária.
Resumindo, logo após a mudança na concentração de vendas, o faturamento
sobe consideravelmente e o custo unitário cai, principalmente o custo fixo unitário.
Estes resultados fazem com que o corpo gerencial da área Comercial (cobrada pelo
faturamento e volume de vendas) e da Manufatura (responsável por grande parte dos
custos fixos) veja a nova política de vendas como sendo positiva para a CONSUMO.
Entretanto, no médio prazo o faturamento retorna ao patamar inicial. O mesmo não
acontece com os custos (puxados pelo aumento dos custos logísticos). O resultado final
para a CONSUMO é uma perda de lucro e rentabilidade.
Custo Unitário de Logística da CONSUMO com PRINCIPAL
R$ -
R$ 50
R$ 100
R$ 150
R$ 200
R$ 250
R$ 300
1
3
5
7
9
1
1
13
15
1
7
19
21
23
25
27
29
3
1
33
35
37
39
41
43
4
5
47
Meses
R$/Ton
constante
concentrado
170
5.2.2 Impactos para a varejista PRINCIPAL
A implementação das compras concentradas não teve efeito no lucro total do
varejista PRINCIPAL conforme mostrado na Figura 52. Os ganhos obtidos com o
aumento no faturamento (vide Figura 53) foram compensados pelo aumento dos custos
totais (vide Figura 54).
Figura 52 – Lucro do varejista PRINCIPAL
Figura 53 – Faturamento total do varejista PRINCIPAL
Lucro varejista PRINCIPAL
R$ -
R$ 5.000
R$ 10.000
R$ 15.000
R$ 20.000
R$ 25.000
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
2
1
2
3
25
2
7
2
9
3
1
3
3
35
3
7
3
9
41
43
45
47
Meses
R$´000
constante
concentrado
Faturamento Total PRINCIPAL
R$ 70.000
R$ 72.000
R$ 74.000
R$ 76.000
R$ 78.000
R$ 80.000
R$ 82.000
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
2
1
2
3
25
2
7
2
9
3
1
3
3
35
3
7
3
9
41
43
45
47
Meses
R$ ´000
constante
concentrado
171
Figura 54 – Custo total do varejista PRINCIPAL
O faturamento da PRINCIPAL sobe, pois o aumento do volume de vendas para
o CONSUMIDOR (Figura 55) é superior à queda nos preços de venda (Figura 43).
Figura 55 – Volume de vendas totais do varejista PRINCIPAL
Custo Total do PRINCIPAL
R$ 60.000
R$ 61.000
R$ 62.000
R$ 63.000
R$ 64.000
R$ 65.000
R$ 66.000
R$ 67.000
R$ 68.000
R$ 69.000
1
3
5
7
9
11
1
3
15
17
19
21
23
2
5
27
29
31
33
35
3
7
3
9
41
43
45
47
Meses
R$´000
constante
concentrado
'
Vendas Totais PRINCIPAL
9.500
10.000
10.500
11.000
11.500
12.000
12.500
13.000
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
21
2
3
25
2
7
29
3
1
33
3
5
37
3
9
41
43
45
47
Meses
Tons
constante
concentrado
172
Já os custos totais aumentam, uma vez que uma parcela significativa dos
ganhos obtidos com a política de compra no final do mês (Figura 56) é perdida pelo
aumento dos custos indiretos (Figura 57).
Figura 56 – Descontos e verbas obtidas pelo varejista PRINCIPAL
Figura 57 – Custos indiretos do varejista PRINCIPAL
Descontos e verbas em Loja
R$ -
R$ 1.000.000
R$ 2.000.000
R$ 3.000.000
R$ 4.000.000
R$ 5.000.000
R$ 6.000.000
R$ 7.000.000
R$ 8.000.000
R$ 9.000.000
1
3
5
7
9
1
1
1
3
15
1
7
19
21
2
3
25
2
7
2
9
31
3
3
35
37
3
9
41
4
3
4
5
47
Meses
R$´000
constante
concentrado
Custo indiretos do PRINCIPAL
R$ -
R$ 2.000
R$ 4.000
R$ 6.000
R$ 8.000
R$ 10.000
R$ 12.000
R$ 14.000
1
3
5
7
9
1
1
1
3
1
5
1
7
1
9
21
23
25
27
29
31
3
3
3
5
3
7
3
9
4
1
4
3
4
5
4
7
Meses
R$´000
constante
concentrado
173
De acordo com depoimentos dos varejistas:
Com a compra concentrada, ocorrem muito problemas, por exemplo, os
recursos do depósito não são tão bem aproveitados. Atrapalha o recebimento e
armazenamento de mercadoria, a logística, a exposição nas lojas, o fluxo de
caixa. O volume do estoque poderia ser reduzido fazendo um faseamento de
acordo com a venda.
A compra concentrada gera problemas de superestocagem, aumenta gastos
com pessoal, caminhões, estoque e seguro (feito pelo estoque médio),
aumenta perdas, piora o rodízio de mercadorias por data de validade...
A compra concentrada traz maiores riscos de perdas, exige maior área de
estoque, exige maior capital de giro.
O ideal seria que não houvesse concentração alguma, porque isso acarreta
problemas até no atendimento ao consumidor.
Como pode ser visto nas entrevistas, a concentração de vendas no final do mês
faz com que haja um acúmulo de recebimentos a serem feitos, obrigando maiores
gastos com mão-de-obra e transporte. Além disso, a queda no giro do estoque (Figura
58), isto é, o aumento do estoque, faz com que seja necessário um maior espaço para
a armazenagem de produtos e um maior custo com a manutenção e manuseio dos
estoques. O aumento do estoque dificulta as atividades de controle de estoque e
aumenta a probabilidade de ocorrer perda de produtos por avarias ou por prazo de
validade. A gestão do fluxo de caixa também é prejudicada, pois ocorre um
descolamento entre o fluxo de pagamentos e de recebimentos, uma vez que existe uma
concentração no momento do pagamento das faturas para os fornecedores.
Adicionalmente, a disponibilidade de produtos na gôndola é afetada (Figura 46).
174
Figura 58 – Giro do estoque do varejista PRINCIPAL
Resumindo, para o varejista PRINCIPAL o lucro não é alterado, mas o seu
faturamento e seu volume de vendas aumentam. Além disto, a queda no preço de
venda dos produtos da CONSUMO, uma marca líder e de forte atratividade, pode
ajudar a atrair clientes para as suas lojas. Do ponto de vista dos custos, ele consegue
um significativo aumento dos descontos obtidos, fazendo com que o custo de compra
dos produtos caia. Mas a queda no valor de compras é parcialmente neutralizada por
um aumento dos custos indiretos. Outros impactos são a queda na disponibilidade de
produtos na gôndola e o aumento do capital empregado em estoques.
5.2.3 Impactos para o CONSUMIDOR
Para o CONSUMIDOR os efeitos da mudança do cenário de faseamento de
vendas são dúbios. Por um lado ocorre uma redução no preço médio pago pelos
produtos da CONSUMO no varejo PRINCIPAL (Figura 43). Por outro lado o preço pago
por estes mesmos produtos no varejo SECUNDÁRIO aumenta (Figura 59) e os preços
Giro do Estoque PRINCIPAL
-
20
40
60
80
100
120
1
3
5
7
9
1
1
13
15
17
1
9
21
23
25
27
29
31
3
3
3
5
37
39
41
43
45
47
Meses
Giro anual
constante
concentrado
175
dos produtos CONCORRENTES também sofrem um aumento (Figura 45). Além disto, a
disponibilidade de produtos da CONSUMO no varejista PRINCIPAL piora (Figura 46).
Figura 59 – Preço de vendas dos produtos CONSUMO no varejista
SECUNDÁRIO
5.3 Alternativas de análise
Para se definir as possíveis políticas capazes de eliminar o acúmulo de vendas
no final do mês, foram utilizadas quatro fontes: idéias sugeridas por executivos da
CONSUMO, notícias do que outras empresas haviam tentado, modelos propostos pelo
referencial teórico e cenários que surgiram ao longo do desenvolvimento do estudo.
Esta seção esta dividida em duas partes. Na primeira parte serão descritas as políticas
testadas que foram capazes de eliminar a concentração no faturamento e, na parte
seguinte, serão apresentados os resultados obtidos pelas diferentes políticas.
Preço de venda para CONSUMIDOR no SECUNDÁRIO
R$ 2.750
R$ 2.800
R$ 2.850
R$ 2.900
R$ 2.950
R$ 3.000
R$ 3.050
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
21
2
3
25
27
29
31
33
35
37
39
41
4
3
4
5
47
Meses
R$/ton
constante
concentrado
176
5.3.1.Descrição das alternativas
Ao todo foram encontradas nove diferentes políticas capazes de eliminar a
concentração no faturamento no final do mês. Além destas políticas, foi analisado
também o resultado da política que vem sendo testado atualmente pela CONSUMO
que é aumentar a flexibilidade da logística (vide 5.3.1.9). Para testar o resultado das
políticas, foi tomado como base de partida um cenário com vendas concentradas no
final do mês. No início do décimo mês (semana 37) foram feitas alterações em alguns
parâmetros, de forma que o cenário criado refletisse a política a ser avaliada. A seguir,
serão descritas as dez políticas avaliadas.
Nome da alternativa Breve descrição
Eliminar os descontos Eliminar descontos para varejistas e
reverter verbas e ações voltadas ao
consumidor final.
Desconto constante pelo máximo Oferecer sempre o maior desconto possível
para os varejistas.
Desconto logístico Dar maiores descontos no início do mês.
Negociar no final do mês e fazer
entregas programadas no mês seguinte
Aumentar o prazo para entrega das
mercadorias.
Datas de fechamento distintas para
clientes/regiões
Usar calendários de período de
comercialização distintos para cada
cliente/região. Para alguns clientes o final
do período ocorre no meio do mês.
177
Mudar forma de remuneração dos
vendedores
Deixar de remunerar o vendedor para
atingir a meta de vendas.
Limitar estoque máximo Controlar o estoque do varejista e não
vender caso um limite máximo tenha sido
alcançado.
Criar planos financeiros factíveis Criar metas factíveis com as ações de
vendas planejadas.
Aumentar flexibilidade da Logística Eliminar ou reduzir os impactos da
concentração na Logística.
Criar planos financeiros factíveis e
deslocar verbas para ações em loja
Criar metas factíveis com as ações de
vendas planejadas e alocar uma parcela
maior das verbas para ações voltadas ao
consumidor final.
Quadro 9 – Alternativas analisadas
5.3.1.1 Eliminar os descontos
Neste cenário foi simulado uma política em que a empresa deixaria de dar
descontos para os varejistas. Neste caso, haveria um aumento significativo nas verbas
destinadas às ações de Marketing, Inovação (ex: lançamento de novos produtos) e
ações em loja (ex: montar pontas de gôndola que aumentassem a visibilidade dos
produtos dentro do supermercado).
178
5.3.1.2 Desconto constante pelo máximo
Uma outra política avaliada foi a do fabricante CONSUMO conceder um
percentual de desconto constante ao longo do mês. Este percentual seria definido pelo
maior desconto oferecido para o varejista PRINCIPAL nos últimos meses. Em
contrapartida, o varejista se comprometeria a aumentar a parcela de desconto que seria
repassado para o preço de venda para o CONSUMIDOR. Além disto, haveria uma
mudança na política de remuneração dos vendedores da CONSUMO, de forma que
eles não fossem mais remunerados em função do atingimento da meta mensal de
vendas.
5.3.1.3 Desconto logístico
Este cenário simulou uma política em que a CONSUMO mudaria a forma de
conceder os descontos. No cenário avaliado, uma parte do desconto seria constante ao
longo do mês e outra parcela, chamada de desconto logístico, seria variável de acordo
com a semana em que fosse feita a compra. Para as compras feitas nas primeiras
semanas do mês, haveria um desconto logístico maior do que as feitas mais próximas
ao final do mês.
179
5.3.1.4 Negociar no final do mês e fazer entregas programadas no mês
seguinte
Uma política avaliada foi a de separar o momento da negociação dos pedidos
de sua entrega. Neste caso, a negociação continuaria a ocorrer no final do mês, mas o
prazo de entrega, cujo valor inicial é de entrega imediata, passaria a ser maior. Desta
forma, os pedidos negociados no final de um determinado mês seriam entregues e
faturados ao longo do mês seguinte.
5.3.1.5 Datas de fechamento distintas para clientes/regiões
Neste cenário, o fabricante CONSUMO passaria a adotar ciclos de negócio
distintos de acordo com o segmento e/ou região do cliente. Neste caso, os vendedores
que atendessem um determinado segmento de clientes teriam o ciclo de negócios
começando e terminando no dia quinze do mês. Outros vendedores teriam um ciclo que
terminaria no dia 7 e assim por diante. No cenário inicial, o ciclo de negócios dos
vendedores era igual ao ciclo contábil da empresa e respeitava o calendário mensal,
tendo o seu término sempre no final do mês.
180
5.3.1.6 Mudar forma de remuneração vendedores
Foi avaliado um cenário em que os vendedores deixariam de ser remunerados
por alcançar a cota de vendas e passariam a ser avaliados por outras medidas. Neste
cenário, ao contrário do primeiro cenário testado, não haveria nenhuma alteração na
alocação das verbas.
5.3.1.7 Limitar estoque máximo
Foi simulado uma política em que o fabricante CONSUMO teria um
monitoramento sobre o nível de estoque do varejista PRINCIPAL. Quando o seu
estoque atingisse um determinado patamar o vendedor da CONSUMO não poderia
mais vender produtos para o varejo. Neste caso, o patamar estipulado seria bem menor
do que o estoque máximo que o varejista está disposto a manter.
5.3.1.8 Criar planos financeiros factíveis
Este é um cenário onde a CONSUMO teria um processo de Sales & Operations
Planning (CORREA; GIANESI e CAON, 2007) muito bem estruturado. Neste caso, os
volumes que seriam estipulados para as cotas de vendas estariam totalmente alinhados
com a capacidade do mercado absorvê-lo. Caso a capacidade de absorção dos
varejistas caísse, seja por causa de uma queda no mercado como um todo ou por uma
181
ação da concorrência, os valores da cota de vendas seriam rapidamente ajustados para
o novo patamar. Outra mudança realizada, seria a suspensão temporária da
necessidade do vendedor atingir a cota de vendas para obter a sua remuneração
variável.
5.3.1.9 Aumentar flexibilidade da Logística
Este é o cenário que atualmente tem sido perseguido pela CONSUMO. Ao
contrário dos outros cenários, não haveria nenhuma mudança que buscasse eliminar ou
reduzir a concentração de vendas. Neste caso, a área de Logística da CONSUMO iria
buscar formas de amenizar os impactos do acúmulo de vendas no final do mês nos
custos logísticos. Um exemplo disto, seria buscar compartilhar centros de distribuição
ou transportadoras com empresas que tivessem acúmulos de vendas no meio do mês.
5.3.1.10 Criar planos financeiros factíveis e deslocar verbas para ações em
loja
O último cenário avaliado foi muito similar ao oitavo cenário, mas com uma
diferença. Neste cenário, além da criação de metas de vendas alinhadas com a
capacidade do mercado e da suspensão temporária da necessidade dos vendedores
atingirem a cota, haveria um deslocamento de verbas utilizadas nos descontos para
ações em loja que fossem capazes de aumentar as vendas do varejista para o
consumidor.
182
5.3.2 Resultados das políticas avaliadas
As diferentes políticas foram avaliadas de acordo com os objetivos (vide Quadro
6 do Capítulo 4) dos dois principais agentes envolvidos no problema: o fabricante
CONSUMO e o varejista PRINCIPAL. Para a CONSUMO, foram avaliados o impacto
das políticas no lucro total da empresa, no faturamento e volume total de vendas da
empresa, no faturamento e volume total de vendas para o varejista CONSUMO, na
quantidade de produtos consumida pelo CONSUMIDOR, na participação de mercado,
na disponibilidade de gôndola e nos custos unitários totais e de logística. Para o
varejista PRINCIPAL foram considerados dois importantes indicadores: o lucro total
obtido e os ganhos do comprador. Os ganhos do comprador foram medidos pela soma
dos valores de desconto obtidos e das verbas em ação de loja. Além dos indicadores
importantes para cada uma dos agentes, foi mensurado o lucro total da cadeia
representando a soma dos lucros obtidos pela CONSUMO e pela PRINCIPAL.
As Tabelas 1a e 1b apresentam de forma numérica os resultados obtidos. Cada
uma das colunas representa o resultado de um dos cenários avaliados. Além disto, a
primeira coluna mostra um cenário que representa a situação das empresas antes de
se iniciar as mudanças que geraram a concentração. A segunda coluna representa o
cenário inicial, onde a empresa apresentava uma forte concentração no faturamento. As
cores representam uma comparação dos resultados obtidos nos diferentes cenários,
quando comparados com o cenário inicial de vendas concentradas. As células
marcadas com a cor verde representam resultados em que o indicador está melhor do
que o cenário inicial. As células marcadas com vermelho representam uma piora no
indicador e as células em amarelo mostram resultados muito similares ao inicial.
183
Tabela 1a – Resultados das políticas alternativas
Tabela 1b – Resultados das políticas alternativas
A seguir, será feita a análise dos resultados.
remuneração
vendedor
estoque
máximo
plano viável
flexibilidade
logística
plano+verbas
Lucro CONSUMO
113% 113% 113% 103% 104%
Lucro PRINCIPAL
100% 100% 100% 100% 106%
Lucro Total da cadeia
105% 105% 105% 101% 105%
Vendas Totais CONSUMO
94% 94% 94% 100% 97%
Vendas CONSUMO para PRINCIPAL
94% 94% 94% 100% 104%
USO
94% 94% 94% 100% 98%
Participação de mercado
38% 38% 38% 41% 40%
Ganhos comprador
29% 29% 29% 104% 78%
Faturamento Total CONSUMO
100% 100% 100% 100% 102%
Faturamento da CONSUMO para PRIN
C
104% 104% 104% 99% 115%
Custos unitários de Logística
86% 86% 86% 86% 87%
Custos unitários totais
101% 101% 101% 99% 100%
Disponibilidade na gôndola
102% 102% 102% 100% 102%
constante concentrado
sem
desconto
desconto fixo
desconto
logístico
prazo de entrega
mudança
calendário
Lucro CONSUMO
116% 100% 92% 70% 66% 79% 68%
Lucro PRINCIPAL
101% 100% 118% 114% 105% 106% 99%
Lucro Total da cadeia
107% 100% 108% 96% 89% 95% 87%
Vendas Totais CONSUMO
93% 100% 108% 102% 103% 102% 76%
Vendas CONSUMO para PRINCIPAL
93% 100% 116% 102% 105% 104% 54%
USO
93% 100% 112% 104% 106% 104% 99%
Participação de mercado
38% 41% 46% 43% 43% 43% 41%
Ganhos comprador
16% 100% 73% 211% 226% 114% 100%
Faturamento Total CONSUMO
99% 100% 113% 93% 94% 101% 75%
Fat. da CONSUMO para PRINCIPAL
105% 100% 130% 84% 86% 102% 47%
Custos unitários de Logística
83% 100% 86% 86% 96% 86% 89%
Custos unitários totais
101% 100% 96% 98% 98% 102% 99%
Disponibilidade na gôndola
102% 100% 103% 103% 116% 116% 100%
184
185
CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DOS RESULTADOS
6.1 Síntese dos resultados
O Quadro 10 apresenta uma síntese dos resultados obtidos.
Objetivo Resultados obtidos
Quais são as possíveis causas da
concentração de vendas ao final do
período de comercialização?
Foram identificadas seis possíveis causas
para a concentração de vendas no final do
mês: aumento do lucro prometido,
redução nas verbas de Marketing, queda
no mercado, aumento das vendas da
CONCORRENTE, queda nas compras do
varejista ou expectativa de aumento de
preço.
Como esta concentração impacta no
resultado de curto e longo prazo das
empresas?
Para a indústria, o resultado de longo
prazo é uma queda no lucro da empresa
provocada por aumento dos custos, um
aumento no volume de vendas e uma
186
queda no preço de venda. No curto prazo,
tanto o volume de vendas, quanto o
faturamento sobem.
O varejo não tem seu lucro afetado, pois
os ganhos obtidos com o aumento do
faturamento são compensados por um
aumento nos custos, aumento do capital
empregado e queda no nível de serviço.
Quais são as políticas alternativas que as
empresas podem adotar para reduzir ou
eliminar os efeitos negativos destes
fatores?
Foram encontradas nove políticas
capazes de mudar o perfil das vendas:
eliminar os descontos, oferecer um
desconto constante pelo máximo, criar um
desconto logístico regressivo, desatrelar o
momento da negociação e entrega, mudar
as datas de fechamento do ciclo de
vendas, mudar a forma de remuneração
dos vendedores, limitar estoque máximo
do varejo, criar planos financeiros factíveis
e criar planos financeiros factíveis em
conjunto com um aumento das verbas
para ações em loja.
Quadro 10 – Síntese dos resultados obtidos
A seguir será feita a análise dos resultados obtidos.
187
6.2 Causas da concentração de vendas
Foram identificadas seis possíveis causas para a concentração de vendas no
final do mês: aumento do lucro prometido, redução nas verbas de Marketing, queda no
mercado, aumento das vendas da CONCORRENTE, queda nas compras do varejista e
expectativa de aumento de preço. Estas possíveis causas foram apresentadas para
executivos da empresa e foram apontadas como pertinentes à realidade de negócios da
empresa. Pela opinião dos executivos que ajudaram no processo de validação do
modelo, a principal causa da concentração no faturamento é a concessão de descontos
maiores no final do mês por parte da indústria. Desconto este provocado pela
necessidade de entregar lucros acima do possível.
Apesar de não haver dados precisos, ficou claro que a quantidade de verbas
promocionais, que efetivamente chegavam na mão dos vendedores, aumentava
significativamente no final do mês. Os responsáveis pelo resultado das diferentes
categorias de produtos postergavam ao máximo a liberação de novas verbas na
esperança que as verbas, inicialmente liberadas, fossem capazes de trazer o volume de
vendas necessário. Além disto, os gerentes da área Comercial também postergavam o
repasse das verbas para os vendedores para utilizá-las somente se necessário e nas
negociações que trouxessem a melhor relação volume adicional versus desconto
ofertado. O resultado disto era que os próprios vendedores, sabendo que conseguiriam
mais verbas no final do mês, evitavam fechar grandes negociações com os varejistas
no início do mês. Apesar de muitos executivos da indústria atribuírem a concentração
de vendas à política de compra dos varejistas, a decisão dos compradores do varejo de
postergar a compra pode ter sido provocada pelo aprendizado de que, se eles
esperarem, conseguem mais desconto.
188
Pode-se dividir as possíveis causas da concentração de vendas em dois
grupos: causas exógenas e endógenas. O primeiro grupo é constituído pelas causas
provocadas por fatores externos aos agentes do modelo. Neste caso a única causa que
se encaixaria seria a queda no mercado consumidor. Já no segundo grupo, de fatores
provocados pelos próprios agentes envolvidos, entraria as demais causas identificadas
(aumento do lucro prometido, redução nas verbas de Marketing, aumento das vendas
da CONCORRENTE, queda nas compras do varejista ou expectativa de aumento de
preço).
Apesar de não ser possível determinar o principal fator responsável pelo
surgimento da concentração no faturamento no final do mês, os resultados do estudo
mostram que existe uma significativa probabilidade de ser provocada por um fator
endógeno aos agentes. Isto vai na contramão do que inicialmente era difundido entre os
executivos da área Comercial da CONSUMO. Para estes executivos, o principal fator
responsável pela concentração no faturamento era um fator exógeno: a concentração
das compra do consumidor final no início do mês.
No período inflacionário (até 1994), havia sim uma forte concentração de
vendas dos consumidores finais no início do mês para minimizar a perda do poder
aquisitivo do salário recebido no início do mês. Entretanto, já fazem quinze anos que a
inflação está sob controle e os hábitos dos consumidores mudaram. As compras
deixaram de ser feitas em hipermercados no início do mês e passaram a ser feitas em
lojas mais próximas à residência das pessoas, de forma mais freqüente e espaçada ao
longo do mês. No entanto, os executivos da área Comercial ainda acreditavam que o
perfil de compras dos consumidores não havia mudado.
Os executivos da CONSUMO, ao se depararem com os resultados das
possíveis causas da concentração, não visualizaram nenhuma queda substantiva no
mercado consumidor que fosse capaz de provocar a concentração no faturamento.
Com isto, eles descartaram o grupo de causas exógenas e se convenceram que o
gerador da concentração de vendas estava em um dos fatores endógenos e que,
portanto, era possível de ser combatida.
189
A análise dos resultados das possíveis causas da concentração gerou algumas
reflexões. O fato dos executivos da área Comercial atribuírem um fator exógeno
(concentração nas compras do consumidor final) como sendo a principal causa do
acúmulo de vendas da CONSUMO para os varejistas e, após a apresentação dos
resultados do modelo se convencerem que a principal causa é endógena (aumento do
lucro prometido) vai em linha com o que diversos estudos (STERMAN, 2000)
apontaram. De acordo com Sterman (2000), apesar de ser muito comum os agentes
atribuírem os problemas a fatores exógenos, muitas vezes a origem dos problemas está
em políticas adotadas pelos próprios agentes.
Outra reflexão feita é sobre o tempo que os tomadores de decisão levam para
rever seus modelos mentais e seu impacto (SENGE, 2000). Já fazem mais de quinze
anos que a inflação ficou sob controle e o perfil de compra dos consumidores mudou,
mas os executivos da CONSUMO continuavam acreditando que havia um acúmulo de
compras por parte do consumidor no início do mês. Um fator que talvez contribua para
o alongamento do tempo necessário para rever os modelos mentais é o fato que muitas
das mudanças estruturais dos sistemas ocorrem de forma gradual. Os consumidores
não mudaram seus hábitos de consumo no mês seguinte à implementação do Plano
Real (1994), mas foram aos poucos percebendo que não precisavam mais fazer todas
suas compras no início do mês.
Se considerarmos que usamos os nossos modelos mentais para a tomada de
decisões (SENGE, 2000), a não adequação destes modelos faz com que as decisões
deixem de ser corretas. Neste caso específico, como os executivos da CONSUMO
acreditavam que a concentração de suas vendas era provocada por um fator exógeno,
a melhor política era tentar minimizar os seus impactos. Acadêmicos precisam
considerar a existência destes vieses de percepção no momento de se escolher o
método de pesquisa. Acredita-se que, caso fosse feito um survey sobre a principal
causa da concentração de vendas, o resultado poderia ser impactado pelos vieses de
percepção dos entrevistados. Por outro lado, neste caso específico, o uso da
modelagem contribuiu para a revisão dos modelos mentais dos tomadores de decisão.
190
6.3 Impactos da concentração de vendas
Este estudo apontou diversos impactos da concentração de vendas nos
objetivos dos principais agentes envolvidos: indústria e varejo. Dentro de cada uma
destas empresas foi feita uma análise dos efeitos nos principais departamentos
envolvidos.
Para a indústria, o resultado de longo prazo é uma queda no lucro da empresa
provocada pelo aumento dos custos. Esta perda de lucratividade é explicada pelo fato
que no médio e longo prazo o faturamento não é afetado. Desta forma, do ponto de
vista dos gestores da área Comercial, a concentração ajuda a aumentar o volume de
vendas, mas não contribui com o faturamento. No entanto, no curto prazo, tanto o
volume de vendas quanto o faturamento sobem.
Sob a ótica dos custos, a concentração de vendas traz, inicialmente, uma
queda no custo unitário puxado pela redução no custo fixo unitário provocada pelo
grande aumento do volume de vendas. No entanto, no médio e longo prazo, o retorno
do volume de vendas a um patamar mais próximo ao inicial faz com que o efeito nos
custos fixos deixe de ser tão acentuado. O aumento dos custos logísticos faz com que o
custo unitário retorne a um valor próximo ao inicial. Como houve um aumento no
volume de vendas, o custo total sobe. Outro efeito importante da concentração é a
redução no nível de serviço.
O que se pode notar é que, no curto prazo, a concentração de vendas traz
efeitos positivos para os gestores da área Comercial, para os responsáveis pela
Manufatura e para o lucro total da empresa. Mesmo no médio e longo prazo, a
concentração não prejudica os indicadores de faturamento e contribui para o aumento
191
do volume de vendas. A única área da CONSUMO afetada é a de Logística, cobrada
pelos custos logísticos e pelo nível de serviço.
A implementação das compras concentradas não traz efeito no lucro total do
varejista PRINCIPAL. Mas, sob a ótica de alguns objetivos funcionais, a concentração
de vendas traz bons resultados. O aumento do faturamento e do volume de vendas é
encarado como positivo para os responsáveis pela área de vendas do varejo. Além
disto, a queda no preço de venda dos produtos da CONSUMO, com diversas marcas
líderes de mercado, pode ajudar a atrair clientes para as suas lojas. Outra área que
deve encarar a concentração com bons olhos são os compradores do varejo. A
concentração permite a eles obterem um significativo aumento dos descontos, fazendo
com que os seus indicadores de performance melhorem. Novamente, as metas mais
prejudicadas são as dos responsáveis pela Logística do varejo que, além de ter um
aumento nos custos indiretos, são penalizados pela queda na disponibilidade de
produtos na gôndola e pelo aumento do capital empatado em estoques.
Estes resultados apontam que, muito provavelmente, a percepção inicial de
diversos gestores, tanto da indústria como do varejo, é que a concentração de vendas
seja benéfica para suas metas. Se considerarmos que os impactos da concentração
nos custos logísticos e nível de serviço não são facilmente identificados, o grau de
resistência por parte dos gestores da área de Logística não deve ser grande. Mesmo
que haja resistência, a área de Logística, normalmente, possui um poder de influência
baixo sobre a maioria das variáveis do relacionamento comercial entre as empresas.
192
6.4 Políticas Alternativas
Antes de fazer a análise geral dos resultados das políticas avaliadas
iremos detalhar os resultados individuais das alternativas.
6.4.1 Eliminar os descontos
A redução dos descontos da CONSUMO faz com que o preço médio pago pelo
varejista PRINCIPAL aumente. Este aumento provoca um aumento na diferença entre o
que o comprador da PRINCIPAL acredita ser um preço justo e o efetivamente pago. O
resultado disto é uma queda nos ganhos e no índice de satisfação do comprador. O
aumento da insatisfação provoca uma retaliação por parte da PRINCIPAL. A retaliação
consiste, no curto prazo, de uma queda brusca nas compras efetuadas junto a
CONSUMO, sendo efetuadas compras somente de parte dos produtos. Além disto, a
PRINCIPAL busca favorecer os produtos da CONCORRENTE ao praticar, por exemplo,
um mark-up menor para estes produtos.
Entretanto, no médio e longo prazo, o volume de vendas aumenta (Figura 60),
pois a aumento das verbas em ações de Marketing e Inovação fazem com que a
atratividade dos produtos da CONSUMO aumente, impactando positivamente a
procura. Este aumento de verbas em Marketing e Inovação permite um significativo
aumento no faturamento da empresa pois, além de aumentar o volume de vendas, o
preço médio de venda para os varejistas também aumenta. Esta política faz com que o
comprador da PRINCIPAL pare de realizar compras adicionais ao volume necessário
pois, além de estar insatisfeito com as condições comerciais, percebe que não obtém
193
nenhuma condição comercial melhor ao fazer isto. O resultado disto é que as compras
do varejista passam a ser regulares ao longo das semanas, eliminando a concentração.
Com a queda na concentração, os custos unitários da CONSUMO caem puxados pela
queda nos custos logísticos. No entanto, o aumento dos gastos em verbas de Marketing
e Inovação e ações em loja faz com que o lucro total da CONSUMO caia, se
comparado com o cenário inicial onde as vendas eram concentradas.
Figura 60 – Vendas totais no cenário sem desconto
Os resultados deste cenário mostram que esta não deve ser uma política a ser
descartada pela empresa. Haveria algumas formas de tornar esta política possível de
ser implantada. Caso a CONSUMO fosse capaz de melhorar, significativamente, a
eficiência de suas ações em Marketing e Inovação, ele seria capaz de obter o mesmo
aumento em atratividade de seus produtos junto ao CONSUMIDOR, sem ter que alocar
uma quantidade tão grande de verbas. Outra mudança que viabilizaria esta política,
seria encontrar um meio termo em investimento, que faria com que a nova divisão de
lucros não ficasse tão favorável para o varejista PRINCIPAL. Caso a companhia
percebesse que as reduções de custos fossem maiores do que o esperado, esta
Vendas Mensais Fabricante CONSUMO
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
50.000
55.000
60.000
1
3
5
7
9
1
1
13
1
5
1
7
19
21
2
3
2
5
27
2
9
3
1
33
35
3
7
3
9
41
43
4
5
4
7
Meses
Tons
concentrado sem desconto
194
política poderia se tornar viável. Nota-se que os ganhos de custos foram limitados aos
custos logísticos, cujo impacto na concentração de vendas é direto e, portanto, fácil de
avaliar. Caso fosse descoberto que a mudança no faseamento das vendas tivesse
efeitos também nos custos fixos (ex: tamanho das fábricas) e/ou demais custos
variáveis (ex: custos variáveis de produção, preço pago pelos insumos), esta política
poderia se tornar viável. Finalmente, uma outra mudança que viabilizaria esta política
seria um trabalho de convencimento junto a alta gerência do varejo PRINCIPAL. Este
trabalho mostraria que os ganhos que a PRINCIPAL teria com a adoção desta política
seriam enormes e que a alta gerência deveria evitar as ações de retaliação.
Mas a implementação desta política traz um grande problema no curto prazo,
como pode ser visto na Figura 61. Nos primeiros meses, a CONSUMO tem uma
enorme queda no lucro, chegando inclusive no 17º mês a registrar um prejuízo. Esta
queda é explicada pelo impacto da queda no volume de vendas no curto prazo sobre o
faturamento e custos fixos. Além disto, a empresa está gastando enormes quantias em
ações de Marketing e Inovação, que só tem os seus efeitos no médio prazo.
Figura 61 – Lucro da CONSUMO no cenário sem desconto
Lucro Mensal Fabricante CONSUMO
R$ (5.000)
R$ -
R$ 5.000
R$ 10.000
R$ 15.000
R$ 20.000
123456789101112131415161718192021222324252627282930313233343536
Meses
R$´000
concentrado sem desconto
195
Outro problema a ser vencido, é a resistência por parte dos responsáveis pelas
compras do varejista PRINCIPAL. Eles teriam os seus objetivos (conseguir o máximo
de verbas de desconto e ações em loja) afetados, e portanto, caso nada fosse feito,
fariam de tudo para combater esta iniciativa.
Mesmo que as resistências fossem vencidas, esta política traz uma série de
riscos. Um deles é saber exatamente qual é a sensibilidade dos consumidores a
variações de preço. Caso os consumidores sejam mais sensíveis do que o estimado, o
impacto negativo do aumento nos preços de venda no volume de vendas poderia ser
maior que o efeito do investimento em Marketing e Inovação. Outro risco é exatamente
na eficiência dos investimentos em Marketing e Inovação. Caso as verbas sejam
alocadas em ações que não fossem capazes de aumentar a atratividade dos produtos
(ex: lançar um novo produto que não fosse do agrado dos consumidores) esta política
também não traria bons resultados.
6.4.2 Desconto constante pelo máximo
Esta alternativa foi capaz de alterar o faseamento das vendas da CONSUMO
pois, ao conceder o desconto máximo obtido no passado, o preço médio pago por
produtos da CONSUMO pelo comprador da PRINCIPAL é muito próximo ao preço que
ele considera como sendo o justo. Com isto, os ganhos que o comprador obtém são
enormes, gerando uma alta satisfação com a CONSUMO. Após um breve período em
que o comprador do varejo continua a pressionar por descontos maiores ainda, o
comprador percebe que a condição comercial oferecida é a melhor possível. Com isto,
passa a fasear as compras ao longo do mês, pois sabe que ao fazê-lo trará ganhos em
termos de custos e nível de serviço para a sua operação. Além disto, o aumento do
grau de satisfação faz com que ele aumente o repasse dos descontos para o
CONSUMIDOR e deixe de incentivar a venda dos produtos da CONCORRENTE. No
196
entanto, tanto o fornecedor CONCORRENTE quanto o varejista SECUNDÁRIO reagem
a esta política de queda nos preços. A reação da CONCORRENTE é um aumento dos
descontos fornecidos ao varejista PRINCIPAL. Já o varejista SECUNDÁRIO diminui o
mark-up praticado para evitar a migração de consumidores atraídos pelos preços da
PRINCIPAL. Esta reação traz uma perda no médio prazo de parte significativa do
aumento nas vendas, como pode ser visto na Figura 62.
Figura 62 – Vendas totais no cenário desconto fixo
Mas, se o volume não é afetado, o mesmo não se pode dizer do faturamento da
CONSUMO, que cai substancialmente em função da queda no preço médio de venda.
A queda no faturamento mais do que compensa os ganhos obtidos com a redução nos
custos logísticos, fazendo com que o lucro total caia.
Vendas Mensais Fabricante CONSUMO
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
50.000
55.000
60.000
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
33
35
37
39
41
43
45
47
Meses
Tons
concentrado desconto fixo
197
Como pode ser visto, a redução necessária para satisfazer os desejos dos
compradores do varejo por melhores condições comerciais traz uma perda significativa
no faturamento da empresa e na sua rentabilidade. Com isto, esta política não se
mostra atrativa para a CONSUMO.
6.4.3 Desconto logístico
A concessão de descontos decrescentes ao longo do mês é capaz de mudar o
perfil do faseamento de vendas ao longo do mês. No entanto, há uma mudança no
período de pico de vendas, que deixa de ser no final do mês e passa a ocorrer no início
do mês, onde os descontos são maiores. O resultado disto é que, apesar de ocorrer
uma queda nos custos logísticos se comparado com o cenário de vendas concentradas
no final do mês, a queda não é tão acentuada como no cenário anterior, como mostra a
Figura 63. O motivo disto é que a existência de um pico de vendas no início do mês
pode trazer alguns benefícios como, por exemplo, aumentar a disponibilidade de
veículos, já que os demais clientes da transportadora continuam com a demanda
concentrada no final do mês. Mas outros ganhos, como o dimensionamento da área de
armazenagem, não são obtidos.
198
Figura 63 – Custos logísticos unitários
Do ponto de vista da receita, a implementação desta política traz uma perda de
faturamento. Esta perda de faturamento é explicada pela redução no preço médio de
vendas puxado pela necessidade de conceder grandes descontos. O impacto final
desta política no lucro da CONSUMO também não é satisfatório, uma vez que a
melhora nos custos logísticos não é suficiente para compensar a queda no faturamento.
6.4.4 Negociar no final do mês e fazer entregas programadas no mês
seguinte
A separação do momento em que ocorre a negociação da entrega física dos
produtos é capaz de eliminar a concentração de vendas. Como a CONSUMO aumenta
o prazo de entrega, o faturamento dos produtos, e sua entrega passa a ocorrer de
forma escalonada ao longo do mês seguinte à negociação. Isto permite uma
Custo Unitário de Logística da CONSUMO com PRINCIPAL
R$ -
R$ 50
R$ 100
R$ 150
R$ 200
R$ 250
R$ 300
1
3
5
7
9
11
13
15
17
19
21
23
25
27
29
31
33
35
37
39
41
43
45
47
Semanas
R$/Ton
concentrado
sem desconto
desconto logístico
199
substancial queda nos custos logísticos da CONSUMO e uma melhora na
disponibilidade de produtos na gôndola.
Entretanto, esta política traz um efeito indesejado: o aumento da quantidade
comprada com descontos. O aumento do prazo de entrega dos produtos permite que os
compradores do varejo possam programar o recebimento das novas entregas para um
momento em que parte de seu estoque excedente já tenha sido vendido para os
consumidores. Isto permite ao varejo que efetue compras maiores sem que atinja o
limite de estoque máximo. O resultado disto pode ser visto na Figura 64 que retrata o
resultado deste cenário da simulação. O varejo passa a negociar volumes enormes de
produtos em um determinado mês. No mês seguinte, ele não efetua a compra, pois
ainda possui uma quantidade muito grande de produtos. A Figura 64 mostra as
flutuações na quantidade total de produtos vendidos pela CONSUMO para o vareja
PRINCIPAL. Esta flutuação impacta negativamente os custos da área de produção. Em
um determinado mês, a fábrica precisa operar em carga máxima e em outros meses,
está ociosa. A flutuação no volume de vendas acaba provocando uma flutuação muito
grande no lucro da empresa, que também não é um efeito desejado.
Figura 64 – Vendas mensais da CONSUMO para a PRINCIPAL
Vendas Mensais da CONSUMO para PRINCIPAL
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
50.000
1
3
5
7
9
1
1
1
3
15
17
19
21
2
3
2
5
27
29
31
33
3
5
3
7
39
41
43
45
4
7
Meses
Tons
concentrado prazo de entrega
200
6.4.5 Datas de fechamento distintas para clientes/regiões
A adoção de ciclos de negócio distintos, de acordo com o segmento e/ou região
do cliente, traz resultados satisfatórios em diversos quesitos. A mudança do calendário
de vendas para a PRINCIPAL faz com que o comprador do varejo passe a efetuar as
compras promocionais na última semana do novo ciclo de vendas. Neste caso, foi
simulado que o fechamento do ciclo de vendas ocorreria no dia 15 do mês. Assumindo
que a definição dos ciclos possa ser feita de forma que o pico de vendas de um cliente
com fechamento no meio do mês compense o pico de clientes com fechamento no final
do mês, o faseamento agregado das vendas fica constante. Com isto, boa parte dos
impactos da concentração de vendas nos custos logísticos da CONSUMO são
eliminados. Entretanto, esta política não traz nenhuma outra mudança nas demais
variáveis da CONSUMO e não traz benefícios para o varejo que continue a concentrar
suas compras. Como a participação nos custos logísticos na lucratividade da empresa
não é tão grande, a lucratividade final da empresa é pouco afetada. Um ponto que pesa
contra a implementação desta política é o grande aumento da complexidade
administrativa da empresa que passa a ter que gerir diversos ciclos de venda distintos.
6.4.6 Mudar forma de remuneração vendedores
A mudança na remuneração dos vendedores, tornando-a desatrelada da cota
de vendas mensal faz com que a equipe de vendas não seja mais incentivada a
oferecer grandes descontos no final do mês. Esta política, além de eliminar a
concentração de vendas, traz um impacto positivo para o lucro da CONSUMO.
201
A queda na quantidade de descontos faz com que o preço médio pago pelos
varejistas suba e a satisfação dos compradores do varejo caia, pois estão obtendo uma
condição comercial pior. Estes dois fatores fazem com que o preço de venda dos
produtos da CONSUMO para o consumidor final suba, provocando uma significativa
queda no volume de vendas e na participação do mercado. Entretanto, o aumento no
preço de venda faz com que o faturamento não seja afetado. Já os ganhos com a
redução dos custos logísticos, são balanceados pelo aumento do rateio dos custos fixos
provocado pela queda no volume de vendas. O resultado final é um aumento do lucro
da CONSUMO puxado, principalmente, pela queda no valor das verbas usadas para
descontos.
Caso a CONSUMO esteja sendo pressionado a melhorar a sua rentabilidade,
mesmo que a custos de detrimento da participação de mercado, esta poderia ser uma
política interessante de ser implementada. Mas, esta política encontra uma forte
resistência por parte da área de compras do varejo, pois os seus ganhos, medidos pela
quantidade de descontos e verbas obtidas, são fortemente afetados, como mostra a
Figura 65.
Figura 65 – Ganhos do comprador
Descontos e verbas em Loja
R$ -
R$ 1.000.000
R$ 2.000.000
R$ 3.000.000
R$ 4.000.000
R$ 5.000.000
R$ 6.000.000
R$ 7.000.000
R$ 8.000.000
R$ 9.000.000
1
3
5
7
9
1
1
1
3
15
17
1
9
2
1
23
25
2
7
2
9
3
1
33
3
5
3
7
39
41
43
4
5
4
7
Meses
R$´000
concentrado
remuneração vendedor
202
6.4.7 Limitar estoque máximo
Um efeito muito similar ao do cenário anterior ocorre caso o vendedor da
CONSUMO não possa vender quantidades acima do giro regular dos produtos. O
faseamento das vendas fica constante, mas há uma queda no volume de vendas
provocada pela redução nos descontos. A rentabilidade da CONSUMO é aumentada,
mas também há uma forte resistência dos compradores do varejo. Esta política pode
ser complicada de se operacionalizar, uma vez que o acesso às informações de
estoque e giro dos produtos no varejo é, muitas vezes, negado aos vendedores. Muitos
dos varejistas usam a incerteza sobre o seu nível de estoque como parte do processo
de negociação.
6.4.8 Criar planos financeiros factíveis
Os mesmos efeitos relatados nos cenários anteriores ocorrem caso a
CONSUMO estipule cotas de vendas que estejam alinhadas com a demanda real do
consumidor final. Não há grandes diferenças entre as vendas reais e a cota, o que faz
com que o vendedor não tenha que empurrar produtos em excesso para o varejo
através da concessão de descontos. Esta política traz duas dificuldades adicionais
importantes. A primeira delas é a capacidade da empresa refletir corretamente em seu
plano de vendas a demanda real. É necessário um grande esforço para que isto ocorra
de forma adequada. Mas, o principal problema é a falta de instrumentos que permita
que a CONSUMO cresça. Esta segunda dificuldade é tratada em um outro cenário.
203
6.4.9 Aumentar flexibilidade da Logística
A política atualmente adotada pela CONSUMO é de, ao invés de tentar eliminar
a concentração de vendas, buscar formas de amenizar os impactos do acúmulo de
vendas no final do mês através dos custos logísticos. O resultado do cenário que simula
esta política é adequado, pois os custos logísticos caem. No entanto, o resultado é
muito semelhante ao cenário inicial, pois não há nenhuma mudança no relacionamento
comercial entre as empresas.
Um exemplo desta política é de buscar contratar operadores logísticos que
possuam clientes que tenham perfis de venda complementares ao da CONSUMO.
Desta forma, o operador logístico pode realocar, ao longo do mês, os recursos (área de
armazenagem, pessoal e equipamentos) entre as duas operações, evitando a
necessidade de dimensionar os recursos pelo pico individual de cada operação. Esta
política, apesar de apresentar baixos riscos, não é tão fácil de ser implementada, pois
nem todos os impactos na concentração de vendas podem ser eliminados. Um dos
impactos difíceis de contornar é o impacto no custo financeiro do estoque. Como
mostrado anteriormente a concentração de vendas faz com que a CONSUMO seja
obrigado a antecipar a produção. Uma alternativa a esta antecipação é a contratação
de um fabricante terceirizado, que assim como o operador logístico, tenha clientes com
perfil complementar ao da CONSUMO. Mas, dificilmente a CONSUMO estaria disposto
a terceirizar a produção de produtos estratégicos de seu portfolio.
204
6.4.10 Criar planos financeiros factíveis e deslocar verbas para ações
O último cenário avaliado é muito similar ao oitavo cenário, com a diferença
que, ao invés de reverter para o resultado as verbas não utilizadas nas negociações
comerciais, estas verbas são utilizadas para aumentar as ações em loja. Esta política é
capaz de eliminar a concentração de vendas, pois os vendedores da CONSUMO
possuem suas cotas de venda alinhadas com a demanda real e, por isto, não precisa
mais oferecer descontos. A eliminação do acúmulo de vendas provoca a queda nos
custos logísticos.
No entanto, este cenário traz uma vantagem em relação a todos os outros
cenários avaliados: o lucro, tanto da CONSUMO quanto da PRINCIPAL, aumenta. O
lucro da CONSUMO melhora pois, o aumento das ações em loja é capaz de balancear
o impacto negativo no volume de vendas provocado pelo aumento do preço. Exemplos
destas ações em loja podem ser a compra de espaços diferenciados que melhorem a
visibilidade dos produtos da CONSUMO junto aos consumidores, a contratação de
promotores de venda que estimulem a venda no varejo ou a criação de promoções
onde a compra dos produtos permita que o consumidor ganhe brindes ou concorresse a
prêmios. Como o preço de venda, tanto da CONSUMO para a PRINCIPAL, quanto
deste para o consumidor sobem, e o volume de vendas não é prejudicado, o resultado
é um aumento significativo no faturamento no médio e longo prazo. Somando este
ganho com a queda nos custos logísticos, o resultado é que o lucro de ambas as
empresas melhora.
Mas, esta política provoca uma reação do varejista SECUNDÁRIO em função
da perda de vendas para o varejista PRINCIPAL. O resultado desta reação é uma
queda no volume de compras de produtos da CONSUMO feita pela SECUNDÁRIO.
Entretanto, o efeito negativo desta reação não é suficiente para eliminar os ganhos
anteriores.
205
Nota-se que, apesar da queda dos ganhos obtidos pelos compradores do varejo
não terem sido tão grande como no cenário em que não havia o aumento nas verbas
para ações em loja, há uma redução significativa dos ganhos. Esta perda pode
provocar uma reação que vá além da normalmente considerada (de incentivar a venda
dos produtos da CONCORRENTE). Caso o comprador pare de fazer compras de
reposição, não há produtos disponíveis na gôndola e as vendas são prejudicadas. Uma
outra reação é a de impedir a realização das ações em loja. Um desafio que precisa ser
vencido é o de como evitar ou impedir que haja esta reação.
Outro desafio a ser superado é a necessidade de haver uma capacitação da
área de vendas para que os vendedores passem a desenvolver ações em loja que
sejam capazes de aumentar o volume de vendas. Esta capacitação pode demorar para
ocorrer e consumir recursos.
Analisando os resultados das diferentes alternativas avaliadas podemos ver que
as cinco primeiras políticas testadas não se mostram adequadas, pois o lucro da
CONSUMO é prejudicado. As políticas de mudar a remuneração do vendedor; limitar o
estoque do varejo e criar um plano financeiro viável também não se mostraram
adequadas. Apesar delas provocarem um aumento no lucro da CONSUMO, elas
provocaram uma redução em outros indicadores importantes como por exemplo a
participação do mercado e o volume de vendas. A política de aumentar a flexibilidade
da logística não trouxe ganhos significativos na maioria dos indicadores. Em função
disto a alternativa que recomendamos é de criar um plano financeiro viável e alocar as
verbas para ações em loja.
Entretanto esta política, assim como a maioria das outras, provoca uma queda
no lucro da CONSUMO no curto prazo. Como pode ser visto na Figura 66, apesar de no
médio e longo prazo a política trazer um impacto positivo para o lucro da CONSUMO,
no curto prazo existe uma queda acentuada no resultado. A queda ocorre pois, com a
implementação da nova política, o comprador do varejo baixa o seu nível de estoque e
fica, portanto, alguns meses comprando quantidades bem reduzidas de produtos.
206
Figura 66 – Lucro da CONSUMO
6.4.11 Análise geral das alternativas
A avaliação das políticas alternativas trouxe algumas importantes observações.
A primeira delas é que a política atual de buscar aumentar flexibilidade da Logística,
apesar de possuir um baixo risco, possui um baixo impacto nos resultados dos agentes.
Esta política busca minimizar os sintomas da concentração, neste caso o aumento dos
custos logísticos, e não ataca as suas causas.
Outra observação importante é que existem formas de se eliminar a
concentração no faturamento no final do mês. Dentre as políticas testadas, nove delas
foram capazes de mudar o perfil das vendas. Estas políticas são: eliminar os descontos,
oferecer um desconto constante pelo máximo, criar um desconto logístico regressivo,
desatrelar o momento da negociação e entrega, mudar as datas de fechamento do ciclo
de vendas, mudar a forma de remuneração dos vendedores, limitar estoque máximo do
Lucro Mensal Fabricante CONSUMO
R$ -
R$ 2.000
R$ 4.000
R$ 6.000
R$ 8.000
R$ 10.000
R$ 12.000
R$ 14.000
R$ 16.000
R$ 18.000
R$ 20.000
123456789101112131415161718192021222324252627282930313233343536
Meses
R$´000
concentrado plano+verbas
207
varejo, criar planos financeiros factíveis e criar planos financeiros factíveis em conjunto
com um aumento das verbas para ações em loja.
Se considerarmos que o principal objetivo dos agentes é maximizar o lucro,
com os resultados deste estudo mostrando que a concentração de vendas prejudica a
rentabilidade da empresa e que existem políticas alternativas melhores, não seria de se
esperar que a indústria buscasse implementar uma destas políticas? Antes de
responder esta pergunta é interessante relatar os resultados reais da iniciativa na
CONSUMO.
Após a divulgação dos resultados do estudo em que foi mostrado que os custos
logísticos da empresa aumentavam e que as causas da concentração eram endógenas
à empresa, o presidente da CONSUMO optou por dar continuidade à iniciativa e buscar
encontrar políticas capazes de eliminar a concentração no faturamento. Os executivos
da área Comercial da CONSUMO assumiram a responsabilidade de dar continuidade
na iniciativa e montaram uma política comercial baseada no uso de descontos
regressivos, conforme apresentado na política de descontos logísticos simulado no
estudo.
É importante ressaltar que a escolha da política a ser adotada foi feita única e
exclusivamente pelos executivos da área Comercial, sem o apoio do modelo montado.
Estes executivos vetaram a participação dos responsáveis pela área da Logística e dos
responsáveis pela modelagem e não quiseram dedicar esforços para testar diferentes
políticas apresentadas. A política de descontos regressivos foi implementada junto a
três grandes clientes com grande sucesso. Os clientes, que antes faziam todas as suas
compras no final do mês, passaram a fazer compras no início do mês. Entretanto, após
alguns meses de sucesso, o perfil de compras dos clientes retornou a ser concentrado
no final do mês, na verdade ficando mais concentrado do que o inicial.
O fracasso da política de descontos logísticos ocorreu devido a problemas
administrativos na apuração e repasse dos descontos logísticos para os clientes. Após
aguardarem alguns meses, os clientes voltaram a praticar a compra no final do mês e
208
passaram inclusive a aumentar a concentração em retaliação aos problemas de
repasse dos descontos. A administração dos repasses estava inteiramente a cargo da
área de Operações de Vendas, e portanto, sob o comando da área Comercial. Após o
fracasso deste primeiro piloto, não houve mais nenhum esforço para dar continuidade à
iniciativa, mostrando que os executivos da área Comercial não estavam comprometidos
com a mudança. O presidente da empresa, apesar dos apelos feitos pelo Diretor de
Logística, não quis se indispor com o Diretor Comercial. Pouco tempo depois o
presidente foi promovido para uma outra função dentro da organização.
Apesar de terem sido avaliadas políticas alternativas que trariam bons
resultados tanto para a indústria quanto para o varejo, existem barreiras importantes a
serem vencidas para permitir a efetiva implementação destas políticas. Observando o
resultado financeiro da CONSUMO ao longo do tempo (Figura 67), observa-se que
todas as políticas que foram capazes de eliminar a concentração no faturamento
geraram uma perda de resultado no curto prazo. Estes resultados vão na linha do que
Sterman (2000) afirma que, muitas vezes as políticas mais bem-sucedidas no longo
prazo exigem uma piora no resultado do curto prazo.
209
Figura 67 – Impacto das políticas no resultado financeiro da CONSUMO
Outra importante barreira a ser vencida é a das resistências internas das
empresas. Observando os resultados das políticas que foram capazes de eliminar a
concentração de vendas nas Tabelas 1a e 1b, nenhuma das políticas trouxe ganhos
para todas as áreas envolvidas na indústria e no varejo. A conseqüência disto é que
haveria resistência por parte dos executivos. Dependendo do poder que estes
executivos tiverem, poderão barrar a implementação. Desta forma, para que a política
escolhida pudesse ser implementada seria necessário vencer esta resistência.
Os estudos sobre as formas de controle social descritas na revisão bibliográfica
(BUCKLEY, 1971) podem ajudar neste desafio. Estas resistências poderiam ser
vencidas através do uso do poder. Neste caso o presidente da empresa poderia usar de
seu poder para impor a implementação da política. Uma outra alternativa, baseada no
conceito de troca, seria uma mudança do sistema de incentivos dos executivos das
diferentes áreas funcionais, de tal forma que eles passassem a ganhar com o sucesso
da implementação da política proposta. Um exemplo disto seria deixar de cobrar os
Lucro Mensal Fabricante CONSUMO
R$ (10.000)
R$ (5.000)
R$ -
R$ 5.000
R$ 10.000
R$ 15.000
R$ 20.000
R$ 25.000
R$ 30.000
123456789101112131415161718192021222324252627282930313233343536
Meses
R$´000
concentrado sem desconto desconto fixo desconto logístico
prazo de entrega mudaa calendário remuneração vendedor estoque máximo
plano viável flexibilidade logística plano+verbas
210
executivos da área de compras do varejo pelo total de descontos obtidos e passar a
cobrar o lucro total do produto que está sendo comprado. Neste segundo caso, a
pessoa capaz de fazer estas mudanças seria novamente o presidente da empresa, o
que mostra a importância de garantir o seu suporte.
211
CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES
Antes de apresentar as conclusões deste estudo, é importante retomar o
objetivo deste trabalho e o método empregado. O objetivo deste estudo é analisar a
concentração da demanda logística no final do mês para, com isto, gerar elementos que
ajudem as organizações a lidarem com este fenômeno. Este objetivo visou gerar
elementos que contribuam para resolver o problema que pode ser entendido como a
concentração da demanda logística no final do período de comercialização. A análise
abrangeu tanto as causas, quanto os impactos deste fenômeno, de tal forma que fosse
possível propor políticas alternativas capazes de gerar um melhor resultado para os
agentes envolvidos. Finalmente, o método empregado foi a modelagem de Dinâmicas
de Sistema.
Após a realização do estudo, pôde-se concluir que a concentração da demanda
logística no final do mês pode ter sido provocada por uma série de fatores sendo que a
maioria absoluta deles, fatores endógenos aos agentes. A concentração da demanda
provoca impacto negativo no resultado financeiro da indústria no longo prazo e impacto
neutro para o varejo. Foram testadas diversas políticas capazes de eliminar com a
concentração da demanda, sendo que algumas delas apresentaram resultados
positivos no longo prazo. Entretanto, todas as políticas que foram eficazes na
eliminação da concentração provocavam impactos negativos no curto prazo e afetavam
um ou mais objetivos departamentais dos agentes. Com isto, caso um executivo de
212
uma empresa optasse por implementar uma destas políticas, teria que enfrentar uma
série de resistências.
Este capítulo esta dividido em cinco partes. Na primeira parte será feita a
discussão sobre o problema deste estudo e as constatações que podem ser testadas
em estudos futuros. Na segunda parte será feita uma avaliação sobre o método de
pesquisa utilizado e sua adequação ao objetivo do estudo. Na terceira parte serão
apresentadas sugestões práticas para os executivos que precisam lidar com a
concentração da demanda. As partes finais apresentam as limitações deste estudo e as
sugestões para estudos futuros.
7.1 Constatações a serem testadas
Tomando como base os resultados do modelo e sabendo das limitações do
método de pesquisa utilizado, chegou-se a uma série de constatações que podem
servir de base para futuros estudos testar a sua falsidade. As constatações estão
sumarizadas no Quadro 11.
C1
A concentração de vendas no final do mês é provocada por fatores
endógenos aos agentes do sistema.
C2
A principal causa-raiz da concentração de vendas no final do mês é a
concessão de descontos temporários neste período.
C3
A principal causa-raiz da concessão de descontos temporários no final do
mês é a necessidade das indústrias fornecedoras atingirem resultados
213
financeiros mensais muito agressivos.
C4
A concentração de vendas aumenta os custos logísticos das empresas
envolvidas.
C5
A concentração de vendas afeta negativamente o nível de serviço e a
disponibilidade de produtos na gôndola.
C6
A concentração de vendas não afeta o faturamento da indústria no longo
prazo, mas contribui para um aumento no volume de vendas.
C7
A concentração de vendas, no longo prazo, é prejudicial para o resultado
financeiro da indústria e neutra para o varejista.
C8
A concentração de vendas ajuda a aumentar a quantidade de descontos
obtidos pelos compradores do varejo.
C9
Produtos muito perecíveis, ou com ciclo de vida muito curto, possuem
uma menor concentração no faturamento.
C10
A concentração de vendas pode ser eliminada através de políticas que
estão ao alcance dos gestores da indústria.
C11
Uma boa alternativa para eliminar a concentração de vendas é criar
planos financeiros factíveis, em conjunto com um aumento das verbas
para ações em loja.
C12
Empresas que possuem um bom processo de previsão de demanda e
Sales & Operation Planning terão mais facilidade para implementar a
política de criar planos financeiros factíveis, em conjunto com um aumento
das verbas para ações em loja.
214
C13
O suporte dos presidentes da indústria e do varejo é fundamental para o
sucesso da implementação da política capaz de eliminar a concentração
de vendas.
Quadro 11 – Constatações não testadas
Caso estas constatações venham a ser testadas elas podem servir para
complementar alguns dos temas de gestão da cadeia de suprimentos e canais de
marketing. Para os estudos da gestão da cadeia de suprimentos, esta linha de pesquisa
pode contribuir na análise dos efeitos das políticas comerciais nas atividades da
Logística (POWERS; CLOSS,1987; LEE; PADMANABHAN; WHANG, 1997; LUMMUS;
DUCLOS; VOKURKA, 2003; GONÇALVES, 2003). Entretanto, este estudo traz uma
contribuição original por analisar os efeitos de uma política de descontos temporários
com freqüência e duração conhecidas e constantes, neste caso no final do mês.
Para os estudos dos canais de distribuição sobre as diferentes políticas
comerciais, este estudo contribui ao desenvolver um modelo baseado em um caso real
com efeitos de diferentes políticas comerciais. Os efeitos analisados envolvem tanto os
impactos na área Comercial quanto nos custos da indústria e do varejo. Os resultados
não refutam o que outros estudos apontaram sobre o efeito negativo das promoções
para a rentabilidade da indústria no longo prazo (BLATTGERG; BRIESCH; FOX, 1995).
Como relatam Manning, Bearden e Rose (1998), a implementação da política
de “preços baixos todo dia” feita pela Procter & Gamble nos Estados Unidos sofreu uma
grande resistência de diversos varejistas, fazendo com que a empresa reavaliasse a
política. Apesar da existência de uma grande quantidade de políticas alternativas
propostas por estudos do uso de mecanismos de controle no relacionamento com os
canais de marketing, a grande maioria das empresas ainda opta por manter a política
de descontos onde não existe uma contrapartida dos varejistas (DREZE e BELL, 2003).
Este estudo, ao identificar as possíveis causas para a política de descontos temporários
com freqüência e duração conhecidas e constantes, pode contribuir para que as
215
pesquisas acadêmicas proponham alternativas que possam ter uma maior difusão entre
as empresas.
7.2 Método desenvolvido
O método proposto foi adequado a esta pesquisa por permitir o contato entre o
pesquisador e os indivíduos pesquisados, permitir um nível adequado de detalhe das
informações levantadas, além de atender os objetivos almejados. Uma crítica feita por
autores que se baseiam exclusivamente na abordagem de levantamentos que permitam
generalizações estatísticas, é que a Dinâmicas de Sistema não é capaz de quantificar
de forma precisa os impactos de uma variável sobre as demais (ANDERSON, 1976).
Esta crítica é pertinente, e realmente existe um compromisso (trade-off). A Dinâmicas
de Sistema é mais adequada para definir as políticas gerais a serem tomadas e não
para definir os parâmetros específicos a serem usados. Para as questões abordadas
neste trabalho, esta deficiência não é relevante uma vez que o objetivo é buscar
entender as relações causais, importantes para definir as políticas a serem abordadas,
e não determinar de forma precisa os parâmetros a serem utilizados.
Não podemos deixar de pensar nos estudos feitos por Thomas Kuhn (2001)
sobre os paradigmas da ciência. A Dinâmicas de Sistema, por se tratar de uma
metodologia que difere das técnicas do main stream, sofre grande resistência por parte
de muitos membros da comunidade científica. Esta resistência é conhecida pelos
autores da área (FORRESTER, 2007), mas precisa ser vencida. Para que isto ocorra, é
preciso garantir a qualidade dos trabalhos da área (FORRESTER, 2007) e entender os
vieses que a metodologia possui, mas também é preciso tornar a metodologia mais
acessível e compreensível. Tendo isto em conta, o principal viés da Dinâmicas de
Sistema é buscar soluções endógenas para os problemas, isto é, buscar incluir no
modelo as variáveis que possam ser alteradas pelo tomador de decisão (ANDERSON,
216
1976). Desta forma ela não prioriza as mudanças externas que muitas vezes estão fora
do controle dos tomadores de decisão e sim, as alternativas que podem ser
controladas. Em função deste viés, a metodologia não é adequada para problemas em
que o objetivo é prever as mudanças externas e definir qual é a melhor reação a elas.
Como o método de Dinâmicas de Sistema ainda possui poucos exemplos de
aplicação no Brasil, acredita-se que seja interessante discorrer sobre as conclusões
tiradas sobre a utilização do método. O método desenvolvido mostrou-se adequado
para responder às três perguntas formuladas no problema. A seguir, serão listados os
benefícios e malefícios percebidos da utilização do método. O Quadro 12 apresenta
uma síntese destas observações.
Observações sobre o método
Considera de forma dinâmica os efeitos das diferentes políticas ao longo do tempo;
É possível abranger no modelo a visão de diferentes áreas funcionais e dos principais
agentes envolvidos;
Podem ser usados dados quantitativos e qualitativos para a construção e validação do
modelo;
A linguagem simbólica ajuda tanto na etapa de conceituação do modelo quanto no
processo de validação;
As funcionalidades dos softwares existentes facilitam a construção e validação do
modelo;
O método exige um grande esforço de coleta de informações;
217
A disponibilidade e qualidade das informações, principalmente de dados quantitativos,
é fundamental para uma maior aceitação por parte do meio acadêmico dos trabalhos
desenvolvidos usando a Dinâmicas de Sistema;
A qualidade das informações qualitativas pode ser melhorada através do uso de
técnicas de construção de modelos em grupo;
Existe uma demora considerável entre o começo do processo e a geração dos
primeiros resultados que possam ser utilizados pelos tomadores de decisão;
É necessário um grande tempo e esforço para se adquirir a maestria dos conceitos,
ferramentas e técnicas mínimas do método;
O método não permite a agregação das avaliações;
O método exige um grande esforço por parte dos pesquisadores para usar somente os
dados fornecidos na construção do modelo;
Quadro 12 – Observações sobre o método
O primeiro benefício ocorreu na etapa de conceituação do sistema. As
características da modelagem baseada na Dinâmicas de Sistema permitiu considerar
de forma dinâmica os efeitos das diferentes políticas ao longo do tempo. Seguindo a
recomendação de Ailawadi, Farris e Shames (1999), ao contemplar no modelo as
reações do varejo, da concorrência da indústria e da concorrência do varejo, este
modelo foi capaz de analisar os efeitos de segunda e terceira ordem da implementação
das políticas alternativas ao desconto temporário.
O segundo benefício, também na etapa de conceituação do sistema, foi ter sido
possível abranger no modelo a visão de diferentes áreas funcionais e dos principais
218
agentes envolvidos. Parente et al. (2008) apontam a necessidade de haver uma maior
integração entre as abordagens de logística, tecnologia da informação, Operações e
Marketing no estudo de tópicos de gestão da cadeia de suprimentos. O´Leary-Kelly e
Flores (2002) advogam por mais estudos que envolvam a integração entre as áreas de
Operações e Comercial. Este estudo segue estas recomendações ao dimensionar os
impactos das decisões feitas pela área Comercial nas atividades da Logística.
De acordo com Hopp (2008), editor chefe da conceituada revista Management
Science, quatro tendências nas publicações acadêmicas estão sendo importantes para
o desenvolvimento da pesquisa na área: foco estratégico, visão interdisciplinar,
abordagem realista do comportamento humano e pesquisa empírica. O terceiro
benefício do uso desta metodologia foi ter sido possível construir um modelo, baseado
em dados reais quantitativos e qualitativos, que tenha abordado um problema
estratégico. Este benefício foi sentido na etapa de coleta de dados. A possibilidade de
traduzir dados qualitativos para o modelo fez com que a base de dados não ficasse
limitada a informações quantitativas que em diversos casos não estavam disponíveis.
Um outro benefício foi proporcionado pela linguagem simbólica disponível nos
softwares (principalmente a de círculos causais) que ajudou tanto na etapa de
conceituação do modelo quanto no processo de validação. A facilidade de se entender
a linguagem de círculos causais permitiu que um executivo da CONSUMO pudesse
rapidamente assimilar os conceitos básicos da linguagem e com isso contribuir de
forma decisiva na construção do modelo. O mesmo ocorreu no momento em que foi
feita uma das etapas da validação do modelo. O uso da representação icônica facilitou
em muito o entendimento das linhas gerais do modelo por parte do alto executivo da
CONSUMO que participou desta etapa. As funcionalidades existentes no software
utilizado facilitaram outras atividades da validação do modelo como, por exemplo, a
verificação da integridade numérica do modelo e os testes de sensibilidade.
A etapa de simulação do modelo também foi facilitada pelas funcionalidades do
software. Em poucos minutos era possível alterar parâmetros ou variáveis do modelo e
simular os resultados. Entretanto, talvez por desconhecimento, as funcionalidades de
219
análise gráfica dos resultados não se mostraram adequadas para a análise. Desta
forma, houve um esforço extenso para exportar os resultados dos cenários para uma
planilha eletrônica onde foi possível construir gráficos mais fáceis de serem analisados.
Entretanto, a experiência com o método de simulação baseado na Dinâmica de
Sistemas também trouxe algumas constatações sobre desvantagens do mesmo. A
primeira delas é que o método exige um grande esforço de coleta de informações ao
longo de diversas etapas do método. Para montar um modelo de Dinâmica de Sistemas
é preciso buscar informações quantitativas em um nível de detalhe, normalmente, maior
que as pesquisas realizadas com o método de estudo de caso. Além disso, a
quantidade de informações que precisa ser obtida de uma única empresa é alta se
comparada à metodologia de survey. Como agravante, estas informações muitas vezes
não estão prontamente disponíveis nas organizações e, quando disponíveis, estão
espalhadas por diversas áreas da empresa. Tudo isto faz com que o desafio para
encontrar empresas dispostas a realizar o estudo seja grande. A implicação disto é que
é necessário um grande empenho por parte dos pesquisadores para conseguirem
organizações dispostas e capazes de gerar estas informações. Além disto, é preciso
manter um canal aberto junto à empresa, pois por diversas vezes foi necessário
retornar para coletar mais informações.
A disponibilidade e qualidade das informações, principalmente de dados
quantitativos, é fundamental para uma maior aceitação por parte do meio acadêmico
dos trabalhos desenvolvidos usando a Dinâmicas de Sistema. Artigos aceitos nas
revistas de ponta caracterizam-se na sua maioria por uma grande utilização de
ferramentas estatísticas tanto para a construção do modelo, quanto para a sua
validação. Para que estas ferramentas possam ser bem utilizadas é preciso ter tido
acesso a bases de informações quantitativas, o que nem sempre é possível. Muitos
acadêmicos se opõem ao método por usar fontes tanto quantitativas quanto qualitativas
para montar os modelos. A grande oposição ocorre com as fontes qualitativas que não
são válidas para a construção de modelos matemáticos. A objeção tradicional ao
método de estudo de caso, de não haver representação estatística adequada para que
220
se possa fazer generalizações, também se aplica aos estudos de Dinâmicas de
Sistemas.
Não querendo refutar as críticas, diferentes métodos possuem qualidades e
fraquezas. Um método pode permitir a generalização estatística mas, por outro lado
pode não trazer as especificidades do ambiente em que está inserido. Talvez para que
o estudo da gestão da cadeia de suprimentos traga uma contribuição real, é preciso
que não fique limitado a consolidar as práticas feitas pelas empresas, mas que seja
capaz de trazer temas e soluções para problemas ainda não abordados pelas
organizações. O baixo grau de implementação das iniciativas de colaboração aponta
que talvez as práticas atuais das empresas não sejam as mais adequadas para vencer
o desafio de implementar, na prática, os conceitos da gestão da cadeia de suprimentos.
Para que esta posição seja alcançada, é preciso que haja uma combinação de
diferentes métodos de pesquisa, de tal forma que a fortaleza de um método
complemente a fraqueza de outros.
Outra observação é que a qualidade das informações qualitativas também pode
ser melhorada caso seja possível adotar técnicas de construção de modelos através do
envolvimento de grupos de usuários (VENNIX, 1996). Entretanto, mais uma vez este
tipo de técnica exige um alto grau de envolvimento por parte da organização estudada.
Um malefício do método é que existe uma demora considerável entre o começo
do processo e a geração dos primeiros resultados que possam ser utilizados pelos
tomadores de decisão. A implicação disto é que muitas vezes os tomadores de decisão
não estão dispostos a esperar o resultado do modelo e acabam utilizando métodos
mais simples e rápidos para fazer suas escolhas. Além disto, esta demora para ver os
resultados torna mais difícil o convencimento da organização para que ela dedique os
recursos necessários para a coleta, construção e validação do modelo.
Outra observação importante é que a Dinâmicas de Sistema permite com que
diversos indicadores sejam usados para se fazer a escolha da política adotada.
221
Entretanto o método não permite com que o resultado destes indicadores sejam
agregados e ponderados para se escolher a melhor política.
Após este primeiro trabalho usando a Dinâmicas de Sistema, nota-se que é
necessário um grande tempo e esforço para se adquirir a maestria dos conceitos,
ferramentas e técnicas mínimas. Sem esta maestria os modelos gerados não serão
válidos e, conseqüentemente, não serão capazes de gerar políticas que sejam aceitas e
implementadas pelos tomadores de decisão. Apesar do número de trabalhos
acadêmicos usando a modelagem baseada na Dinâmica de Sistemas ter aumentado
muito nos últimos anos, em função da disseminação de sua utilização em diversos
países, a qualidade dos mesmos tem sido criticada por especialistas na área
(FORRESTER, 2007). Estas críticas são compreensíveis ao se deparar com as
dificuldades impostas por um método criado para lidar de forma quantitativa com
conceitos pouco intuitivos em um ambiente marcado pela complexidade dinâmica.
Somado a isto, está a alta dificuldade de se adquirir a maestria deste método, uma vez
que existem poucos centros de excelência no mundo com grupos de pesquisadores
capacitados para o uso da Dinâmicas de Sistema.
Finalmente, foi observado que o método exige um grande esforço por parte dos
pesquisadores para não “torturar os dados”, isto é, para não distorcer o modelo caso
este não gere os resultados que se estava esperando. É preciso constantemente
recorrer às bases de dados e garantir que o modelo esteja retratando os mesmos e não
o modelo mental dos pesquisadores. O treinamento da linguagem de Dinâmicas de
Sistema para as pessoas da organização estudada pode ajudar a amenizar este risco,
pois as próprias pessoas da organização passam a ter condições de policiar os
modeladores para evitar distorções da realidade.
É importante remeter ainda à discussão do capítulo 3 a respeito das críticas
feitas ao método de modelagem como um todo e à modelagem de Dinâmicas de
Sistema de forma específica. Todo modelo é uma simplificação da realidade,
simplificação esta feita através dos modelos mentais dos envolvidos. Caso o modelo
mental dos envolvidos esteja incorreto, o modelo não será adequado para retratar a
222
realidade. O mesmo vale para a influência do modelo mental do pesquisador que
também poderá influenciar a construção do modelo. Apesar dos esforços feitos para
evitar, ou minimizar estes efeitos, é importante considerá-los como uma limitação do
método. A Dinâmicas de Sistema também traz em si algumas premissas, como a de
que a estrutura gera o comportamento (FORRESTER, 1961). Caso esta premissa não
seja válida e o comportamento do sistema seja gerado principalmente por mudanças
exógenas, o resultado do modelo também não estará correto. O importante desta
discussão é entender as limitações do método e buscar, de uma forma iterativa, criar
melhores modelos que superem as limitações e premissas dos modelos anteriores.
Além disso, é importante estar aberto à utilização de diferentes métodos de pesquisa,
que possuam características que possam complementar as deficiências da modelagem.
7.3 Implicações gerenciais
Como pode ser visto, a concentração de vendas não pode ser eliminada
apenas com mudanças operacionais em uma função específica. Muito pelo contrário,
exige mudanças táticas, e até mesmo estratégicas, em diversas áreas da organização.
É um processo arriscado e cujos resultados só aparecem no longo prazo. Tudo isto
ajuda a explicar o porquê pouquíssimas empresas estão dispostas a enfrentar este
desafio. Mas para aquelas que estão dispostas, algumas prescrições podem ajudar.
Como as melhores alternativas exigem mudanças grandes em diversas áreas
da empresa, é necessário que haja o comprometimento pessoal dos executivos destas
áreas. A área que mais precisa mudar é a área Comercial. O grande problema é que
esta área será a menos beneficiada pela mudança. O desafio de vencer a resistência
do executivo desta área é uma das principais dificuldades a ser enfrentada. Para se
vencer esta resistência, é precisa fazer uma série de mudanças. A primeira delas, é
uma mudança nos incentivos (bônus), de tal forma que os executivos da área Comercial
223
sejam beneficiados por implementar os esforços. A segunda mudança, é dar condições
e suporte para que eles efetuem as mudanças. Em muitos casos, a implementação das
novas políticas comerciais exigirão uma grande reestruturação nos processos e,
principalmente, nas habilidades da área Comercial, o que exigirá tempo e recursos
para, por exemplo, capacitar a força de vendas a desenvolver melhores ações no ponto
de venda.
Tanto a mudança no incentivo dos executivos da área Comercial, quanto a
alocação de recursos necessários para a mudança, estão nas mãos do presidente da
organização. Além disto, ele é o responsável final pelo resultado da organização.
Portanto, a principal pessoa a ser engajada no projeto é o presidente. Normalmente,
estes executivos não têm sua origem na área de Logística e, muitas vezes, não têm um
conhecimento aprofundado sobre a área. Desta forma, a venda da idéia não pode ser
feita usando a nomenclatura funcional da área, o “logistiquês”. É preciso avaliar os
resultados da mudança sob a ótica dos resultados financeiros e estratégicos da
organização. Portanto, a iniciativa de mudança deve ter como primeiro objetivo o de
dimensionar os impactos nos resultados da organização. Caso os impactos sejam
significativos, haverá uma maior disposição da alta gerência em mudar.
As empresas cuja participação dos custos logísticos for maior terão,
provavelmente, maiores ganhos com a eliminação da concentração no faturamento.
Dentro dos custos logísticos pode-se destacar os custos de transporte e estoque. Os
ganhos no transporte serão maiores em empresas que possuem frota própria, tenham
sistema de “arrendamento”, possuam transportadoras com alta formação gerencial ou
que usem fornecedores que tenham preços distintos ao longo do mês. Transportadoras
tradicionais, muitas vezes, cobram um valor de frete constante ao longo do mês. São
poucas as transportadoras que possuem sistemas de custeio avançados como, por
exemplo, o custeio por atividade. Como uma das principais mudanças com a eliminação
da concentração de vendas será a melhora da produtividade dos veículos (número de
viagens feitas ao longo do mês), as transportadoras terão que ter condições de fazer
esta conta. Pode ser necessário fazer mudanças na forma de comprar o transporte para
se obter os ganhos.
224
Olhando do ponto de vista de estoques, as empresas que serão mais
beneficiadas serão as empresas que possuem produtos com prazo de validade e/ou
ciclo de vida curtos, com produtos de alto valor agregado e altos custos de manutenção
de estoque (seja por terem custos de oportunidade altos ou seus produtos terem altos
custos de armazenagem por serem volumosos e/ou exigirem uma armazenagem
especial). Empresas que possuem políticas de recompra de produtos junto aos canais
de distribuição também serão mais beneficiadas.
Outro incentivo é para empresas cujo fator de substituição de produtos por falta
de disponibilidade na gôndola for alto como, por exemplo, produtos de primeira
necessidade como alimentos. Neste caso, o aumento de venda decorrente da melhoria
no nível de serviço poderá ser maior.
Além de dimensionar os benefícios, é interessante buscar aliados internos que
possam ajudar no processo de venda para o presidente. Um dos aliados pode ser o
executivo responsável pela auditoria e gestão de riscos. A pressão de mecanismos de
auditoria, como os criados após a criação da lei Sarbanes-Oxley (SOX), podem ajudar a
ganhar o comprometimento necessário na organização, uma vez que muitas empresas
foram obrigadas a reportar o nível de estoque nos canais e considerar o faturamento
somente quando o cliente recebe a mercadoria (ao contrário de quando a mercadoria
sai das instalações da empresa). Outro aliado pode ser a área de Marketing, que talvez
esteja interessada em diminuir a dependência da política comercial e, eventualmente,
aumentar as verbas para ações de Inovação e Marketing.
Ajudar o presidente no convencimento dos stakeholders também é interessante.
É possível que o Conselho dos Acionistas ou, no caso de multinacionais, instâncias
regionais ou globais, precisem ser envolvidas. Para isto, é preciso dar suporte ao
presidente para fazer esta tarefa.
Estudar o momento mais adequado para se implementar a mudança também
pode ajudar. Os esforços de mudança devem começar a ser feitos em um período cuja
pressão por atingir os objetivos financeiros esteja menor. Normalmente, são períodos
225
de crescimento, quando os resultados reais superam as metas. Neste momento, a
organização pode se dar ao luxo de perder um volume de vendas no curto prazo. Outro
momento é em período de crise, quando existe mudança na alta gerência ao longo do
ano. Muitas vezes os novos executivos, por não terem que responder ao resultado no
curto prazo, podem estar mais pré-dispostos a fazer mudanças maiores para “arrumar a
casa”. Outra oportunidade é em um período de crise aguda, em que a organização é
forçada a mudar para que possa continuar existindo. Outro momento pode ser logo
após um lançamento ou campanha de Marketing com sucesso acima do esperado,
onde a área de Operações não tem condições de suprir a demanda. Neste caso,
haverá uma falta de produto.
Além de escolher o momento adequado para efetuar a mudança, é preciso
garantir que a organização esteja preparada para esta nova forma de trabalho. Para
isto, é preciso alocar recursos e tempo para efetuar estas mudanças. A área Comercial
será a mais afetada. Ela terá que repensar diversos procedimentos internos como, por
exemplo, os incentivos de sua força de vendas, a estratégia de canais de distribuição
usada, sua estrutura organizacional e sistemas de controle. Além disso, terá que
capacitar sua força de vendas a trabalhar com novos instrumentos de venda como, por
exemplo, as ações em loja.
A área de Logística também terá que se preparar para poder capturar os
ganhos oriundos da mudança. Como parte das atividades da Logística de muitas
empresas estão nas mãos de terceiros, será necessário que contratos sejam revistos
para que os ganhos não fiquem com os terceiros. Melhor que isso seria já escolher
terceiros que fossem mais preparados para ter os benefícios e elaborar contratos com
cláusulas que permitissem a captura do ganho. Por exemplo, no caso de um operador
logístico, ao invés de pagar a atividade de armazenagem em função de um valor fixo de
aluguel do espaço, poderia-se pagar por posição-pallet ocupada por dia. Com isto, se o
estoque médio baixar, a empresa fica com os ganhos.
A escolha dos parceiros iniciais para se implementar a política escolhida
também deve ser feita pensando nos varejistas que estão mais preparados para a
226
mudança e que terão maiores ganhos. A preparação depende, principalmente, da
integração interna do varejista. Os varejistas cuja área de Compras possuem objetivos
unicamente funcionais (conseguir mais descontos e verbas) irão impor mais resistência
se comparado a varejistas onde a área de Compras é cobrada pelo lucro total da
categoria. Varejistas com uma estrutura de poder mais centralizada e cuja alta gerência
tenha uma boa visão de negócio também poderão fazer menos resistência, pois estarão
mais preocupados com o lucro total. Varejistas com dificuldade de caixa também podem
ser atraídos, pois um dos grandes ganhos será a redução dos estoques. Varejistas com
sistemas de controle de custos mais avançados serão capazes de quantificar com mais
facilidade os resultados da mudança. Outro grupo que pode estar mais propenso a
mudança são os varejistas que dão muita importância para a disponibilidade de
produtos na gôndola. É interessante também escolher a região geográfica que estes
clientes estão e mapear as ações dos concorrentes. Empresas que estão em regiões
cujos concorrentes terão reações mais brandas deverão ser priorizadas. É preciso
decidir com muito cuidado se a implementação ocorrerá para todos os clientes de uma
área ou não e, caso não ocorra, pensar em formas de mitigar as reações.
A venda da idéia para os clientes pré-selecionados também deve ser feita com
muito cuidado. Um ponto fundamental é, novamente, estimar os ganhos e mostrar que
a empresa está levando a sério a iniciativa (levando altos executivos de diversas áreas
para vender a idéia). A venda também tem que ser feita para a alta gerência do
varejista pois, caso contrário, a falta de integração funcional pode afetar a disposição de
aceitar a idéia. Metas comuns devem ser desenhadas e a ajuda da indústria deve ser
oferecida para o cliente se adaptar à nova forma de trabalho. Quanto melhor for feita a
venda da idéia, menores são as chances de ter reações indesejadas. O uso de modelos
de simulação pode ajudar nesta atividade.
Após a implementação inicial, é preciso analisar com calma os resultados
obtidos e tirar lições para se efetuar ajustes e melhorias no programa antes de expandi-
lo. Os resultados obtidos com a implementação inicial podem ser usados para ajudar no
convencimento de outros varejistas a adotar a iniciativa. A seqüência e o faseamento
da expansão também precisa ser estudada para que não traga um impacto tão grande
227
no resultado. Muitos clientes irão se opor à mudança e irão deixar de comprar por
alguns meses. O planejamento do momento de expansão para diferentes
clientes/regiões pode permitir que este impacto negativo seja diluído ao longo dos
meses. Após a implementação total, é preciso garantir que mecanismos de controle
sejam implementados para que a empresa não ceda à tentação de retornar às práticas
antigas.
No Quadro 13 será proposto uma seqüência de atividades para facilitar a
implementação da política de eliminação da concentração de vendas:
Etapas para a implementação
1. Quantificar os impactos da concentração
2. Esclarecer as causas da concentração
3. Buscar aliados internos e mapear as barreiras
4. Vender a idéia para a alta gerência
5. Escolher a política a ser adotada
6. Definir o momento adequado para a mudança
7. Alocar recursos necessários e fazer as mudanças internas
8. Escolher os parceiros iniciais corretos
9. Vender a idéia para os parceiros
10. Fazer ajustes necessários e melhorias
11. Planejar e executar o roll-out
12. Implementar mudanças para solidificar nova forma de trabalho
Quadro 13 – Etapas para a implementação
Além das sugestões referentes à eliminação da concentração de vendas, pode
ser interessante para os gerentes implementar procedimentos que permitam que eles
228
atualizem constantemente seus modelos mentais. A busca periódica da validação das
premissas utilizadas pode ser uma forma. O uso de modelos matemáticos também
pode ajudar neste processo.
7.4 Limitações do estudo
No Quadro 14 foram sintetizadas as limitações deste estudo.
Observações sobre o método
Limitações do estudo:
Os resultados deste estudo não possuem validade estatística para serem
generalizados;
Diversas informações necessárias para a construção do modelo não estavam
disponíveis em bancos de dados quantitativos;
O modelo ficou menos elegante do que os apresentados pelos pesquisadores de
referência na área;
Houve simplificações sobre o comportamento dos concorrentes e do consumidor;
Os impactos indiretos da concentração da demanda não foram dimensionados.
Quadro 14 – Limitações do estudo
229
A primeira delas é a abrangência do estudo. Apesar deste estudo ter utilizado
resultados obtidos de entrevistas qualitativas feitas com diversos varejistas, a principal
fonte de dados foram pessoas de uma indústria específica. Desta forma, os resultados
deste estudo não possuem validade estatística para serem generalizados. Com isto, as
organizações que pretendam eliminar a concentração de vendas não podem,
simplesmente, extrapolar estes resultados para o seu negócio. É preciso coletar
informações e calibrar o modelo para o seu ambiente.
Dentro desta indústria, o grau de participação de pessoas de diversas funções
não foi o mesmo. Apesar da indústria escolhida possuir um excelente banco de dados,
diversas informações necessárias para a construção do modelo não estavam
disponíveis por problemas nos procedimentos internos usados para gerar os dados. O
resultado disto é que, diversas informações que poderiam ter sido levantadas de forma
quantitativa, foram substituídas por fontes qualitativas. Esta limitação também impediu
um maior uso de ferramentas estatísticas durante o processo de validação externa dos
resultados.
Outra limitação deste estudo é que o grau de familiaridade dos pesquisadores
com a linguagem e o ferramental da Dinâmicas de Sistema fez com que o modelo
ficasse menos elegante do que os apresentados pelos pesquisadores de referência na
área. O modelo, quando comparado com estudos destes autores de referência, poderia
ter sido construído com menos variáveis do que efetivamente foi usado. Além disto,
alguns recursos de modelagem considerados deselegantes, como por exemplo, o uso
da função IF (se), foram usados no momento da construção do modelo matemático.
Outra observação a ser feita é sobre o grau de detalhamento escolhido para a
modelagem. As reações dos concorrentes foram modeladas de uma forma mais
simplificada, seguindo a sugestão dos executivos da CONSUMO, que acreditavam que
as reações dos concorrentes estariam limitadas a ações comerciais imediatas. O
230
comportamento dos consumidores e da concorrência foram assumidos como
homogêneos, o que pode não ser correto.
Neste estudo, foi priorizado a quantificação dos impactos diretos da
concentração no faturamento e nos custos. Isto abre espaço para analisar os impactos
indiretos. Atividades de produção podem ser tão afetadas quando as atividades de
Logística. As observações feitas durante o estudo mostraram que a empresa possuía
uma alta variabilidade, tanto no plano de produção agregado, quando no
sequenciamento das linhas. Era freqüente haver semanas em que a produção operava
em carga máxima, muitas vezes com horas-extras, seguidas de semanas onde a
produção era interrompida. Houve até situações em que, por falta de capacidade de
armazenagem, a produção precisou ser interrompida às pressas. As mudanças no
sequenciamento de produção e nos tamanhos de lote também eram freqüentes. O
mesmo vale para os fornecedores que podem sentir os efeitos indiretos das constantes
mudanças nos planos de produção. A opção de excluir os impactos indiretos deveu-se
pela dificuldade de se chegar a critérios adequados para separar os impactos
provocados pela variabilidade natural das cadeias de suprimentos (exemplo: erro na
previsão) e dos impactos provocados especificamente pela concentração no
faturamento.
7.5 Recomendações para estudos futuros
Existem diversas oportunidades para a continuidade deste estudo. O Quadro 15
apresenta uma síntese destas recomendações.
231
Oportunidades de estudos futuros
Repetir o estudo em empresas no segmento de bens de consumo não-duráveis
brasileiro que possuam uma maior disponibilidade de dados quantitativos;
Usar o método proposto por Vennix (1996) de construção do modelo em grupo;
Repetir o estudo em outros segmentos da indústria no Brasil e em outros países que
apresentem o mesmo problema;
Fazer estudos comparativos entre empresas de porte e setores semelhantes em que
um grupo apresente a concentração no faturamento e outro não;
Fazer estudos com empresas que foram capazes de eliminar a concentração na
demanda;
Usar a modelagem baseada na simulação discreta para aprimorar a quantificação dos
impactos da concentração;
Realizar estudos combinando o método de Dinâmicas de Sistema com a análise multi-
critério;
Detalhar mais o comportamento dos concorrentes e consumidor;
Modificar o modelo para diferentes configurações de canais de distribuição;
Dar continuidade aos estudos que analisam o papel da integração interna na
implementação de ações que envolvam o relacionamento entre as empresas da
cadeia;
Usar a Dinâmicas de Sistema nos estudos de formas para implementar
232
relacionamentos colaborativos;
Usar a Dinâmicas de Sistema nos estudos sobre os efeitos de outros tipos de
descontos.
Quadro 15 - Oportunidades de estudos futuros
A primeira delas seria buscar novas empresas no segmento de bens de
consumo não-duráveis brasileiro em que o estudo pudesse ser repetido e os
parâmetros obtidos de forma qualitativa pudessem ser melhor calibrados através de
dados quantitativos. A repetição deste estudo poderia aumentar o grau de
generalização dos resultados. O uso do método proposto por Vennix (1996) de
construção do modelo através de reuniões, em que diversas pessoas estivessem
envolvidas, poderia também contribuir para evitar que o modelo mental de uma
determinada pessoa fosse modelado.
Este estudo poderia ser feito em outros segmentos no Brasil e em outros países
que apresentassem o mesmo problema. A realização deste estudo em outros países da
América Latina, ou até mesmo em empresas de países desenvolvidos, poderia ser
muito interessante para entender a influência dos aspectos exógenos.
Um estudo comparativo entre empresas de porte e setores semelhantes em
que um grupo apresentasse a concentração no faturamento e outro não, também
poderia ser um caminho interessante para entender os impactos deste fenômeno. O
mesmo vale para a realização de estudos em empresas que tiveram as vendas
concentradas no final do mês e não tem mais.
O uso de métodos de modelagem baseados em simulação discreta pode ser
muito útil para aprimorar a quantificação dos impactos da concentração e a própria
avaliação dos resultados das políticas. A simulação discreta poderia ser usada para
233
dimensionar, por exemplo, quais seriam os novos custos de transporte, considerando o
número de viagens por mês, o perfil do veículo, o tempo de entrega e até mesmo o
grau de utilização. O mesmo vale para dimensionar os recursos necessários nos
centros de distribuição caso houvesse uma linearização das vendas ao longo do mês.
O dimensionamento dos efeitos indiretos da concentração nos custos de produção e
compras também poderia ser uma interessante extensão deste estudo.
Uma das limitações do método de Dinâmicas de Sistema, a de não permitir com
que os resultados dos indicadores das diferentes alternativas sejam agregados e
ponderados para se escolher a melhor política, pode ser contornada caso este método
seja utilizado em conjunto com outros métodos. Uma alternativa seria o emprego da
análise multi-critério (KEENEY, 1992).
Apesar das reações dos concorrentes, tanto da indústria quanto do varejo,
tenham sido considerados no modelo. Existe espaço para a construção de modelos em
que os concorrentes fossem modelados com um maior grau de detalhamento. O uso
de métodos como a Teoria dos Agentes poderia ser empregado para simular as
reações dos concorrentes e demais agentes a diferentes políticas.
Uma extensão do modelo poderia ser feita para diferentes configurações de
canais de distribuição, modelando, por exemplo, uma situação onde existe um
atacadista ou distribuidor entre a indústria e o varejo. Poderia-se pensar ainda em
simular uma indústria com diferentes canais de distribuição simultâneos, o que é mais
aderente à realidade. Neste tipo de modelo poderia ser analisado o efeito de diferentes
políticas de gestão de canais e como evitar a competição entre os canais.
Buzzell, Quelch e Salmon (1990) afirmam que a política de descontos é uma
barreira para a implementação de diversas iniciativas de colaboração como o Vendor
Management Inventory (VMI) ou iniciativas propostas pelo movimento Efficient
Consumer Response (ECR). Vieira (2006) segue a mesma linha ao apontar que, em um
caso real feito em um varejista brasileiro, o principal motivo da recusa para a
implementação de iniciativas de colaboração tática na logística entre a indústria e o
234
varejo brasileiro (back haul e Collaborative Planning, Forecasting, and Replenishment -
CPFR) foi a falta de acordo comercial. Lago da Silva e Fischmann (2000) apontam para
o incipiente grau de colaboração no Brasil. Laban Neto (2004) também aponta para o
baixo grau de cooperação. A empresa estudada neste trabalho não apresentava
nenhum tipo de planejamento colaborativo com os seus varejistas e distribuidores, por
outro lado, possuía diversos acordos com seus fornecedores. Para os seus
fornecedores a CONSUMO trabalhava com uma política de preços de compra
constante ao longo do tempo. Isto talvez seja mais uma indicação que o formato do
relacionamento comercial possa ser uma barreira para a implementação de iniciativas
de colaboração. Esta é uma hipótese que deve ser investigada.
O malogro da implementação da política para eliminar a concentração de
vendas na CONSUMO aponta para a relevância de se estudar o papel da integração
interna na implementação de ações que envolvam o relacionamento entre as empresas
da cadeia. Fawcett et al. (2006) aponta para a importância de haver comprometimento
entre as áreas para que possa ocorrer a implementação de iniciativas de gestão da
cadeia de suprimentos. Apesar de atualmente haver um maior foco em estudos sobre a
colaboração entre empresas, a questão da integração interna entre os departamentos
pode exigir mais estudos. Estudos para entender quais são as particularidades internas
das empresas que não apresentam concentração de vendas, poderiam também ser
uma extensão interessante.
Nilsson (2006) compartilha da percepção de que cadeias de suprimentos e
sistemas logísticos são complexos, visão enfatizada por diversos autores (BOWERSOX
e CLOSS, 1996; CHRISTOPHER e JUETTNER, 2000; COX, 1999; LAMBERT;
COOPER e PAGH, 1998; TAN, 2002). De acordo com Axelrod e Cohen (2000, p. 26), é
esperado que “sistemas vão apresentar dinâmicas cada vez mais complexas em função
das mudanças que estão intensificando a interação entre os elementos”.
Como apresentado na revisão bibliográfica, a gestão da cadeia de suprimentos,
e mais especificamente a busca pela colaboração entre empresas, pode ser
caracterizada como um problema complexo (BOWERSOX e CLOSS, 1996;
235
CHRISTOPHER e JUETTNER, 2000; COX, 1999; LAMBERT; COOPER e PAGH, 1998;
TAN, 2002; NILSSON,2006). Gimenez (2006) e Germain e Iyer (2006) apontam para
uma dupla causalidade na relação entre integração interna e colaboração externa.
Lewicki e Bunker (1995) mostram que as características da confiança mudam com o
passar do tempo. Wilding e Humphries (2006) propõem a existência de círculos de
auto-reforço para a implementação de relacionamentos dentro da cadeia. Smaros
(2007) acredita que não existe um processo padronizado de implementação de
relacionamentos colaborativos que seja adequado para qualquer tipo de empresa.
Burgess, Singh e Koroglu (2006) concluem que os aspectos intangíveis, como papel da
liderança e aspectos intra-organizacionais, foram pouco explorados nos estudos de
colaboração.
Como pode ser visto, a implementação de relacionamentos colaborativos
envolve diversos agentes que tomam decisões e reagem a decisões dos outros
agentes. Além disso, diversos estudos apontam a existência de relações bidirecionais
entre as variáveis envolvidas na construção de relacionamentos colaborativos. Diversas
das variáveis importantes para a colaboração são subjetivas e se acumulam com o
tempo. Estas constatações nos levam a caracterizar a busca por relacionamentos
colaborativos como um problema de complexidade dinâmica e propor o uso da
Dinâmicas de Sistema como método de pesquisa adequado. O uso deste método
atenderia também aos pedidos por mais estudos empíricos (BURGESS; SINGH;
KOROGLU, 2006; FUGATE; SAHIN; MENTZER, 2006) e, o uso de uma linguagem
matemática e icônica padronizada facilitaria a comparação dos diferentes estudos.
O uso da Dinâmicas de Sistema, para definição das melhores formas de se
implementar relacionamentos colaborativos, poderia começar através da aplicação do
ferramental em diferentes iniciativas de colaboração. Após isto, poderia se tentar buscar
a construção de um modelo que considerasse diferentes caminhos para a
implementação da colaboração. Este modelo genérico poderia servir para testar
diferentes formas de se implementar a colaboração e avaliar casos de insucesso. Desta
forma, o uso do método de Dinâmicas de Sistema poderia ser utilizado, em conjunto
com outros métodos de pesquisa, para a construção de teoria na área de colaboração.
236
Outro benefício da sua utilização é em ajudar o processo de conscientização
dos gestores sobre os benefícios e dificuldades da colaboração. Os modelos da
Dinâmicas de Sistemas podem ser transformados em jogos de empresa, seguindo o
exemplo do já tradicional Jogo da Cerveja criado por Forrester a partir de um modelo
computacional da área. Segundo Lambert e Cooper (2000), as práticas de gestão da
cadeia de suprimentos demandam mudanças nos modelos mentais e em práticas
arraigadas. O uso dos jogos poderia facilitar estas mudanças nos modelos mentais.
O uso da Dinâmicas de Sistema também poderia trazer contribuições
interessantes para os estudos sobre os efeitos dos descontos, por também lidar com
sistemas com complexidade dinâmica. Mela, Jedidi e Bowman (1998) afirmam que
existe um processo de aprendizado ao longo do tempo por parte dos consumidores e
que estes adaptam o seu comportamento.
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CAPÍTULO 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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259
Apêndices
260
Apêndice 1a – Subsistema Resultado CONSUMO
Preço regular de venda da
CONSUMO para o SECUNDÁRIO
Semana calendário
Vendas PRINCIPAL
acumulado mensal
custos unitários
totais de logística
Vendas médias
mensais CONSUMO para SECUNDÁRIO
custos fixos e indiretos
Lucro mensal acumulado
Margem unitária
Custos unitários totais
Lucro
Faturamento bruto
tempo de consumo
Custo total
Vendas totais para PRINCIPAL
Faturamento líquido
Participação de mercado desejada
Vendas médias
mensais CONSUMO para PRINCIPAL
Gap de resultado
Lucro acumulado
Lucro prometido
aos acionistas
final do ano
semana
Lucro anual acumulado
final do mês
Gap de lucro
Participação de mercado
Gap de participação
Importância do lucro
Importância da participão
custos unitários variáveis
Vendas médias totais da CONSUMO
Margem mínima
Percentual de verbas planejado
Contabilizão das vendas
para SECUNDÁRIO
vendas da CONCORRENTE no
PRINCIPAL
Vendas para PRINCIPAL
não promocionados
verbas utilizadas
Preço regular de venda da
CONSUMO para o PRINCIPAL
Vendas totais para PRINCIPAL
Vendas totais para PRINCIPAL
Necessidade de entregar
resultado de curto prazo
Vendas semanais promocionados
Percentual vendas última semana
~
Redução nos demais custos
custos unitários variáveis base
Faturamento bruto PRINCIPAL
Faturamento líquido PRINCIPAL
Vendas semanais promocionados1
Total de descontos usados
Resultado CONSUMO
261
Apêndice 1b – Subsistema Alocação de verbas
Verbas totais disponíveis
tempo de consumo
Total de verbas orçadas
~
Retenção de verbas
novas verbas
verbas utilizadas
liberação de verbas
para desconto
s
semana
Participação verbas de Marketing
e Inovã no Plano Financeiro
Tempo para ações de Marketing e
Inovão impactarem no resultado
Participação
verbas de ações em loja
no Plano Financeiro
Tempo para ações em loja
impactarem no resultado
~
Eficiência ações
em loja
verbas de ões em loja
~
Eficiência ações
de Marketing
verbas de Marketing e Inovão
Tempo até o f inal do ano
Verba para descontos
final do peodo da CONSUMO
Total de verbas orçadas
verbas deões em loja
Realocação de verbas
Realocão de verbas
Gap de resultado
Alocão de verbas
262
Apêndice 1c – Subsistema Definição da Cota
Cota mensal de vendas PRINCIPAL
volume total de
vendas desejado
Vendas médias totais
da CONSUMO
tempo de consumo
Crescimento desejado
participação PRINCIPAL
Margem unitária
Lucro prometido
aos acionistas
Definição da cota
263
Apêndice 1d – Subsistema Faseamento das vendas CONSUMO
~
Desconto para atingir a cota
Verba para descontos
Tempo da CONSUMO
para analisar propostas
Tempo da PRINCIPAL
analisar propostas
Tempo total de análise propostas
Diferença de cota e
vendas para PRINCIPAL
Quantidade adicional
ofertada pela CONSUMO
~
Percentual de compra
adicional da CONSUMO
Proposta de desconto
adicional da CONSUMO
Desconto da concorrência
desconto máximo
tempo de consumo
Desconto oferecido
CONSUMO
semana
Desconto comercial fixo
Uso de desconto logístico
final do período da CONSUMO
Preço regular de venda da
CONSUMO para o PRINCIPAL
Cota mensal de vendas PRINCIPAL
Uso de desconto logístico
participação PRINCIPAL
Vendas PRINCIPAL
acumulado mensal
Vendas não promocionados
PRINCIPAL acumulado mensal
final do período da CONSUMO
Desconto total desejado
Necessidade atingir a cota
Desconto semana anterior
~
desconto logístico
Diferença de descontos
Tempo de análise com regressão
~
Desconto para atingir a cota
desconto máximo
Prazo de entrega
Vendas apuradas PRINCIPAL
acumulado mensal
~
necessidade de redução dos
preços CONCORRENTE
Faseamento das vendas CONSUMO
264
Apêndice 1e – Subsistema Apuração das Vendas CONSUMO
Vendas PRINCIPAL
acumulado mensal
Quantidade comprada
preço regular
Contabilização das
vendas para PRINCIPAL
Apuração vendas PRINCIPAL
Quantidade adicional
ofertada pela CONSUMO
final do período da CONSUMO
semana
vendas para consumidor
PRINCIPAL
estoque máximo
PRINCIPAL
apuração resultado
Vendas médias
mensais CONSUMO para PRINCIPAL
Vendas PRINCIPAL mensal
Quantidade comprada
com desconto
estoque máximo
PRINCIPAL
tempo de consumo
Vendas não promocionado
PRINCIPAL mensal
Estoque do PRINCIPAL
de produtos CONSUMO
estoque de segurança
satisfão do comprador
do PRINCIPAL
Quantidade com desconto
Prazo de entrega
Quantidade com
desconto semana N1
Prazo de entrega
Prazo 1
Quantidade com
desconto semana N2
Prazo 2
Quantidade com
desconto semana N3
Prazo 3
Quantidade com desconto
entrega imediata
Prazo de entrega
Quantidade entregue
com desconto N1
Quantidade entregue
com desconto N2
Quantidade entregue
com desconto N3
Quantidade com
desconto semana N4
Prazo 4
Quantidade entregue
com desconto N4
Vendas apuradas PRINCIPAL
acumulado mensal
Apuração das vendas
para PRINCIPAL
Apuração final das
vendas PRINCIPAL
tempo de consumo
Quantidade comprada
com desconto
semana
final do período da CONSUMO
Compra expeculativa
Expectativa aumento de preço
Vendas médias
mensais CONSUMO para PRINCIPAL
Estoque do PRINCIPAL
de produtos CONSUMO
Apuração das vendas CONSUMO
265
Apêndice 1f – Subsistema Preço de Venda
Preço regular de venda da
CONSUMO para o PRINCIPAL
mudança de preço base
final dos descontos
descontos usados
Diferença de preço
Preço médio de venda da
CONSUMO para a PRINCIPAL
tempo de consumo
Quantidade comprada
com desconto
Total de descontos
descontos
Quantidade comprada
preço regular
Desconto oferecido
CONSUMO
Total de descontos usados
Preço justo de compra
Preço de venda produtos
CONSUMO no SECUNDÁRIO
diferença de preço desejada
satisfação do comprador
do PRINCIPAL
preço de compra produtos
CONCORRENTE no PRINCIPAL
Participação do faturamento
no objetivo do comprador
~
Satisfação com o preço do
comprador do PRINCIPAL
Satisfação com o
faturamento do PRINCIPAL
margem bruta
praticada PRINCIPAL
~
diferencial de preço
com CONCORRENTE
Quantidade comprada
preço regular
mudança de preço
novos descontos
término dos descontos
final do período da CONSUMO
semana
Desconto comercial fixo
Preço de venda
266
Apêndice 1g – Subsistema Nível de Serviço
disponibilidade na göndola
CONCORRENTE
vel de servo
CONSUMO
vel de servo médio
~
Impacto no nível de servo
Percentual vendas
últ ima s e ma n a
Nível de servo
267
Apêndice 1h – Subsistema CONCORRENTE na PRINCIPAL
participação do PRINCIPAL
na CONCORRENTE
participação CONCORRENTE
adicional de ações em
loja da CONCORRENTE
vendas promocionados
da CONCORRENTE
preço de venda produtos
CONCORRENTE no PRINCIPAL
diferença de preços
entre produtos
percentual de clientes
fiéis da CONSUMO
~
percentual de migração
para CONCORRENTE
percentual perda para
CONCORRENTE
preço de venda produtos
CONSUMO no PRINCIPAL
Atratividade da CONSUMO
Vendas CONCORRENTE no
PRINCIPAL acumulado mensal
vendas da CONCORRENTE
no PRINCIPAL
apuração vendas
CONCORRENTE no PRINCIPAL
apuração resultado
CONCORRENTE no PRINCIPAL
Vendas CONCORRENTE
no PRINCIPAL mensal
vendas médias
mensais do CONCORRENTE
semana
vendas de não promocionados
da CONCORRENTE
final do período da CONSUMO
~
Impacto na fidelidade
consumo total
margem de produtos
CONCORRENTE no PRINCIPAL
preço de compra produtos
CONCORRENTE no PRINCIPAL
satisfão do comprador
do PRINCIPAL
margem bruta
praticada PRINCIPAL
~
necessidade de redução dos
preços CONCORRENTE
vendas médias
mensais do CONCORRENTE
vendas planejadas CONCORRENTE
diferença de vendas
CONCORRENTE
preço padrão CONCORRENTE
percentual de clientes fiéis
~
diferencial de preço
com CONCORRENTE
adicional de serviço
CONSUMO no PRINCIPAL
CONCORRENTE no PRINCIPAL
268
Apêndice 1i – Subsistema SECUNDÁRIO
Vendas SECUNDÁRIO
acumulado mensal
Contabilização das vendas
para SECUNDÁRIO
preço de venda produtos
CONSUMO no PRINCIPAL
Preço de venda produtos
CONSUMO no SECUNDÁRIO
percentual de consumidores
que mudam de varejo
Diferença de preços
entre varejistas
percentual perda
para SECUNDÁRIO
~
Percentual de migração
para SECUNDÁRIO
Margem da SECUNDÁRIO
Apuração v endas SECUNDÁRIO
final do período da CONSUMO
apuração resultado SECUNDÁRIO
Vendas SECUNDÁRIO mensal
Vendas médias
mensais CONSUMO para SECUNDÁRIO
semana
Vendas de não promocionados
da SECUNDÁRIO
adicional de servo
CONSUMO no PRINCIPAL
Preço regular de venda da
CONSUMO para o SECUNDÁRIO
~
necessidade de redução
dos preços SECUNDÁRIO
vendas planejadas SECUNDÁRIO
diferença de vendas SECUNDÁRIO
Vendas médias
mensais CONSUMO para SECUNDÁRIO
Margem padrão SECUNDÁRIO
adicional de
ões em loja
vendas para
SECUNDÁRIO
SECUNDÁRIO
269
Apêndice 1j – Subsistema Fluxo Físico
percentual de
verbas usadas
verbas de ações em loja
tempo de consumo
participação mercado SECUNDÁRIO
Estoque do PRINCIPAL
de produtos CONSUMO
vendas para PRINCIPAL
Estoque do CONSUMIDOR
de produtos CONSUMO
vendas para consumidor
PRINCIPAL
uso produtos CONSUMO
Estoque do SECUNDÁRIO
de produtos CONSUMO
vendas para
SECUNDÁRIO
vendas para consumidor
SECUNDÁRIO
consumo total
participação de mercado CONSUMO
eficiência das ações de
Marketing e Inovação
preço médio produtos CONSUMO
~
compra adicional
oferta da CONSUMO
adicional de
ações em loja
verbas para Marketing
CONCORRENTE
preço de venda produtos
CONSUMO no PRINCIPAL
eficiência das ações em loja
eficiência das ações de
Marketing CONCORRENTE
Atratividade da CONSUMO
verbas de Marketing e Inovação
Contabilização das
vendas para PRINCIPAL
gasto por ação em loja
número de ações em loja
tempo de consumo
nível de serviço
CONSUMO
participação original
da CONSUMO
~
impacto do estoque
na disponibilidade
percentual perda para
CONCORRENTE
estoque de segurança
impacto de Marketing
adicional de serviço
CONSUMO no PRINCIPAL
cobertura do estoque
participação PRINCIPAL
percentual perda
para SECUNDÁRIO
adicional de
ações em loja
nível de serviço médio
~
diferencial de preço
com CONCORRENTE
disponibilidade na
gôndola CONSUMO
~
consumo adicional
demanda CONSUMO
percentual perda para
CONCORRENTE
percentual perda
para SECUNDÁRIO
uso produtos CONSUMO
Fluxo físico
270
Apêndice 1k – Subsistema Resultado PRINCIPAL
Preço médio de venda da
CONSUMO para a PRINCIPAL
custos indiretos base
~
impacto da concentração
preço de venda produtos
CONSUMO no PRINCIPAL
custos indiretos
PRINCIPAL
margem bruta
praticada PRINCIPAL
custos do PRINCIPAL
faturamento
PRINCIPAL
lucro PRINCIPAL
~
necessidade de
desovar estoque PRINCIPAL
Estoque do PRINCIPAL
de produtos CONSUMO
valor do estoque PRINCIPAL
giro do estoque
custo do estoque
PRINCIPAL
custo unitário de estoque
custo do estoque
PRINCIPAL
vendas para consumidor
PRINCIPAL
preço padrão produtos
CONSUMO
Percentual vendas
última semana
Preço médio de venda da
CONSUMO para a PRINCIPAL
vendas para consumidor
não promocionados
margem líquida
não promocionados
repasse adicional
~
taxa de repasse
padrão do desconto
vendas promocionados
da CONCORRENTE
vendas de não promocionados
da CONCORRENTE
preço de compra produtos
CONCORRENTE no PRINCIPAL
preço de venda produtos
CONCORRENTE no PRINCIPAL
faturamento produtos
promocionados CONSUMO
estoque máximo
PRINCIPAL
lucro PRINCIPAL
promocionados
lucro PRINCIPAL
não promocionados
Ganhos do comprador
verbas de ações em loja
tempo de consumo
custos de compras
produtos CONSUMO
satisfação do comprador
do PRINCIPAL
taxa de repasse
Total de descontos usados
Resultado PRINCIPAL
271
Apêndice 1l – Subsistema Calendário
semana
nova semana novo mês novo ano
Semana calendário
s
Calendário
272
Apêndice 1m – Subsistema Produtos não promocionados
Estoque do PRINCIPAL de produtos
não promocionados CONSUMO
Vendas para PRINCIPAL
não promocionados
Estoque do CONSUMIDOR de produtos
não promocionados CONSUMO
vendas para consumidor
não promocionados
consumo produtos não
promocionados CONSUMO
Vendas não promocionados
PRINCIPAL acumulado mensal
Contabilização das vendas não
promocionados para PRINCIPAL
apuração resultado
não promocionados
Vendas não promocionado
PRINCIPAL mensal
Apuração v endas não
promocionados PRINCIPAL
final do período da CONSUMO
tempo de consumo
consumo não promocionados
Produtos não promocionados
273
Apêndice 1n – Subsistema Vendas última semana
Percentual vendas
última semana
apuração total
Demanda última semana
nova contabilizão total
semana
final do período da CONSUMO
tempo de consumo
Vendas PRINCIPAL mensal
Apuração vendas não
promocionados PRINCIPAL
Vendas não promocionado
PRINCIPAL mensalVendas não promocionados
PRINCIPAL acumulado mensal
Apuração vendas PRINCIPAL
Vendas PRINCIPAL
acumulado mensal
Vendas última semana
274
Apêndice 1o – Subsistema Custos Logísticos
Percentual vendas
última semana
custos unitários de transporte
Custo base de transporte
~
custo de transporte %
Flexibilidade transporte
custos unitários
totais de logística
Percentual vendas
última semana
custos unitários de MAM
Custo básico de MAM
~
Custo de MAM %
Flexibilidade de MAM
custos unitários de estoque
Custo básico de estoque
~
Custo de Estoque %
Flexibilidade de estoque
custos unitários
de não qualidade
Custo básico de não qualidade
~
Custo de não qualidade %
Flexibilidade de não qualidade
custos unitários de outros
Custo básico de outros
~
Custo de outros %
Flexibilidade de outros
Estoques
custos unitários de
logística SECUNDÁRIO
custos unitários base de
logística do SECUNDÁRIO
~
Impacto do percentual de vendas
nos custos do SECUNDÁRIO
Percentual de vendas última
semana SECUNDÁRIO
custos unitários de MAM
Percentual vendas
última semana
custos unitários totais
de logística PRINCIPAL
participação PRINCIPAL
Custos Logísticos
275
Apêndice 2 – Equações e variáveis
Alocação de verbas
Verbas_totais_disponíveis(t) = Verbas_totais_disponíveis(t - dt) + (novas_verbas - verbas_utilizadas -
liberação_de_verbas_para_desconto) * dt
INIT Verbas_totais_disponíveis = 4000000
INFLOWS:
novas_verbas = Total_de_verbas_orçadas*(1-Retenção_de_verbas)
OUTFLOWS:
verbas_utilizadas = verbas_de_Marketing_e_Inovação+verbas_de_ações_em_loja
liberação_de_verbas_para_desconto = Verbas_totais_disponíveis/tempo_de_consumo
Participação_verbas_de_Marketing_e_Inovaçã_no_Plano_Financeiro = .16
Participação__verbas_de_ações_em_loja__no_Plano_Financeiro = .04
Realocação_de_verbas = 0
Tempo_até_o_final_do_ano = (12-mês)*4
Tempo_para_ações_de_Marketing_e_Inovação_impactarem_no_resultado = 12
Tempo_para_ações_em_loja_impactarem_no_resultado = 2
Total_de_verbas_orçadas = 5000000
verbas_de_ações_em_loja =
Total_de_verbas_orçadas*Participação__verbas_de_ações_em_loja__no_Plano_Financeiro*(IF
Realocação_de_verbas=1 THEN Eficiência_ações__em_loja ELSE 1)
verbas_de_Marketing_e_Inovação =
Total_de_verbas_orçadas*Participação_verbas_de_Marketing_e_Inovaçã_no_Plano_Financeiro*(IF
Realocação_de_verbas=1 THEN Eficiência_ações__de_Marketing ELSE 1)
Verba_para_descontos = liberação_de_verbas_para_desconto*4*tempo_de_consumo
Eficiência_ações__de_Marketing = GRAPH(Tempo_até_o_final_do_ano-
Tempo_para_ações_de_Marketing_e_Inovação_impactarem_no_resultado)
(-12.0, 0.5), (-6.80, 0.5), (-1.60, 0.5), (3.60, 0.5), (8.80, 0.6), (14.0, 0.8), (19.2, 0.8), (24.4, 0.9), (29.6,
1.00), (34.8, 1.00), (40.0, 1.00)
Eficiência_ações__em_loja = GRAPH((final_do_período_da_CONSUMO-semana)-
Tempo_para_ações_em_loja_impactarem_no_resultado)
(-2.00, 0.2), (-1.60, 0.2), (-1.20, 0.2), (-0.8, 0.3), (-0.4, 0.5), (-1.11e-016, 0.5), (0.4, 0.6), (0.8, 0.8), (1.20,
1.00), (1.60, 1.00), (2.00, 1.00)
Retenção_de_verbas = GRAPH(Gap_de_resultado)
(0.00, 0.00), (0.1, 0.00), (0.2, 0.1), (0.3, 0.15), (0.4, 0.17), (0.5, 0.2), (0.6, 0.2), (0.7, 0.2), (0.8, 0.2), (0.9,
0.2), (1, 0.2)
Apuração das vendas CONSUMO
Vendas_apuradas_PRINCIPAL_acumulado_mensal(t) =
Vendas_apuradas_PRINCIPAL_acumulado_mensal(t - dt) + (Apuração_das_vendas_para_PRINCIPAL -
Apuração_final_das_vendas_PRINCIPAL) * dt
INIT Vendas_apuradas_PRINCIPAL_acumulado_mensal = 0
INFLOWS:
Apuração_das_vendas_para_PRINCIPAL =
(Quantidade_comprada__com_desconto*4)/tempo_de_consumo+(Quantidade_comprada_preço_regular*
4)
OUTFLOWS:
Apuração_final_das_vendas_PRINCIPAL = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Vendas_apuradas_PRINCIPAL_acumulado_mensal*4 ELSE 0
Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal(t) = Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal(t - dt) +
(Contabilização_das_vendas_para_PRINCIPAL - Apuração_vendas_PRINCIPAL) * dt
276
INIT Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal = 0
INFLOWS:
Contabilização_das_vendas_para_PRINCIPAL =
(Quantidade_com_desconto*4)/tempo_de_consumo+(Quantidade_comprada_preço_regular*4)
OUTFLOWS:
Apuração_vendas_PRINCIPAL = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal*4 ELSE 0
Vendas_PRINCIPAL_mensal(t) = Vendas_PRINCIPAL_mensal(t - dt) + (Apuração_vendas_PRINCIPAL -
apuração_resultado) * dt
INIT Vendas_PRINCIPAL_mensal = 15000
INFLOWS:
Apuração_vendas_PRINCIPAL = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal*4 ELSE 0
OUTFLOWS:
apuração_resultado = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Vendas_PRINCIPAL_mensal*4 ELSE 0
Compra_expeculativa = IF Expectativa_aumento_de_preço=1 AND
semana=(final_do_período_da_CONSUMO-1) THEN
Vendas_médias__mensais_CONSUMO_para_PRINCIPAL/2 ELSE 0
estoque_de_segurança = SMTH1((Vendas_PRINCIPAL_mensal/8),12,1875)
estoque_máximo__PRINCIPAL = SMTH1(Vendas_PRINCIPAL_mensal,12,15000)
Expectativa_aumento_de_preço = 0
Prazo_1 = IF(Prazo_de_entrega>1) THEN 1 ELSE 0
Prazo_2 = IF(Prazo_de_entrega>2) THEN 1 ELSE 0
Prazo_3 = IF(Prazo_de_entrega>3) THEN 1 ELSE 0
Prazo_4 = IF(Prazo_de_entrega>3) THEN 1 ELSE 0
Prazo_de_entrega = 1+STEP(0,37)
Quantidade_comprada_preço_regular =
MAX(((SMTH1(vendas_para_consumidor__PRINCIPAL,6,3750))*2)-
(Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO/tempo_de_consumo)-
Quantidade_comprada__com_desconto/tempo_de_consumo,0)*satisfação_do_comprador_do_PRINCIP
AL
Quantidade_comprada__com_desconto = (IF
(Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO+Quantidade_adicional_ofertada_pela_CONSUMO+
Compra_expeculativa)<estoque_máximo__PRINCIPAL THEN
(Quantidade_adicional_ofertada_pela_CONSUMO+Compra_expeculativa) ELSE
(MAX(((estoque_máximo__PRINCIPAL-
(Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO))),0)))*satisfação_do_comprador_do_PRINCIPAL
Quantidade_com_desconto =
Quantidade_com_desconto_entrega_imediata+Quantidade_entregue_com_desconto_N1+Quantidade_e
ntregue_com_desconto_N2+Quantidade_entregue_com_desconto_N3+Quantidade_entregue_com_desc
onto_N4
Quantidade_com_desconto_entrega_imediata = IF(Prazo_de_entrega=1) THEN
Quantidade_comprada__com_desconto ELSE 0
Quantidade_com_desconto_semana_N1 =
(Quantidade_comprada__com_desconto/Prazo_de_entrega)*Prazo_1
Quantidade_com_desconto_semana_N2 =
(Quantidade_comprada__com_desconto/Prazo_de_entrega)*Prazo_2
Quantidade_com_desconto_semana_N3 =
(Quantidade_comprada__com_desconto/Prazo_de_entrega)*Prazo_3
Quantidade_com_desconto_semana_N4 =
(Quantidade_comprada__com_desconto/Prazo_de_entrega)*Prazo_4
Quantidade_entregue_com_desconto_N1 = DELAY(Quantidade_com_desconto_semana_N1,1)
Quantidade_entregue_com_desconto_N2 = DELAY(Quantidade_com_desconto_semana_N2,2)
Quantidade_entregue_com_desconto_N3 = DELAY(Quantidade_com_desconto_semana_N3,3)
Quantidade_entregue_com_desconto_N4 = DELAY(Quantidade_com_desconto_semana_N4,4)
277
Vendas_médias__mensais_CONSUMO_para_PRINCIPAL =
Vendas_não_promocionado_PRINCIPAL_mensal+Vendas_PRINCIPAL_mensal
Calendário
semana(t) = semana(t - dt) + (nova_semana - novo_mês) * dt
INIT semana = 0
INFLOWS:
nova_semana = 1
OUTFLOWS:
novo_mês = IF semana=4 THEN semana*4 ELSE 0
Semana_calendário(t) = Semana_calendário(t - dt) + (novo_mês - novo_ano) * dt
INIT Semana_calendário = 4
INFLOWS:
novo_mês = IF semana=4 THEN semana*4 ELSE 0
OUTFLOWS:
novo_ano = IF Semana_calendário=52 THEN (Semana_calendário-4)*4 ELSE 0
mês = Semana_calendário/4
CONCORRENTE no PRINCIPAL
Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_acumulado_mensal(t) =
Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_acumulado_mensal(t - dt) +
(vendas_da_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL - apuração_vendas__CONCORRENTE_no_PRINCIPAL)
* dt
INIT Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_acumulado_mensal = 0
INFLOWS:
vendas_da_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL =
vendas_promocionados_da_CONCORRENTE+vendas_de_não_promocionados_da_CONCORRENTE
OUTFLOWS:
apuração_vendas__CONCORRENTE_no_PRINCIPAL = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO
THEN Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_acumulado_mensal*4 ELSE 0
Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_mensal(t) =
Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_mensal(t - dt) +
(apuração_vendas__CONCORRENTE_no_PRINCIPAL -
apuração_resultado__CONCORRENTE_no_PRINCIPAL) * dt
INIT Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_mensal = 20000
INFLOWS:
apuração_vendas__CONCORRENTE_no_PRINCIPAL = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO
THEN Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_acumulado_mensal*4 ELSE 0
OUTFLOWS:
apuração_resultado__CONCORRENTE_no_PRINCIPAL = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO
THEN Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_mensal*4 ELSE 0
adicional_de_ações_em_loja_da_CONCORRENTE = 0
diferença_de_preços_entre_produtos = (preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_PRINCIPAL-
preço_de_venda_produtos_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL)/preço_de_venda_produtos_CONSUMO_
no_PRINCIPAL
diferença_de_vendas__CONCORRENTE = DELAY(((vendas_planejadas_CONCORRENTE-
vendas_médias__mensais_do_CONCORRENTE)/vendas_planejadas_CONCORRENTE),6,0)
margem_de_produtos_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL =
margem_bruta__praticada_PRINCIPAL*satisfação_do_comprador_do_PRINCIPAL
participação_CONCORRENTE = .5
participação_do_PRINCIPAL_na_CONCORRENTE = .5
percentual_de_clientes_fiéis = .3
percentual_de_clientes__fiéis_da_CONSUMO = percentual_de_clientes_fiéis-Impacto_na_fidelidade
278
percentual_perda_para_CONCORRENTE = (1-
percentual_de_clientes__fiéis_da_CONSUMO)*(percentual_de_migração_para_CONCORRENTE-
adicional_de_serviço_CONSUMO_no_PRINCIPAL+adicional_de_ações_em_loja_da_CONCORRENTE)
preço_de_compra_produtos_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL = preço_padrão_CONCORRENTE*(1-
necessidade_de_redução_dos_preços_CONCORRENTE)
preço_de_venda_produtos_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL =
preço_de_compra_produtos_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL*(1+margem_de_produtos_CONCORRE
NTE_no_PRINCIPAL)
preço_padrão_CONCORRENTE = 1800
vendas_de_não_promocionados_da_CONCORRENTE = 1250
vendas_médias__mensais_do_CONCORRENTE =
MEAN(Vendas_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL_mensal)
vendas_planejadas_CONCORRENTE = 23000
vendas_promocionados_da_CONCORRENTE =
consumo_total*participação_CONCORRENTE*participação_do_PRINCIPAL_na_CONCORRENTE*(1+pe
rcentual_perda_para_CONCORRENTE)
Impacto_na_fidelidade = GRAPH(Atratividade_da_CONSUMO)
(-1.00, 0.05), (-0.7, 0.05), (-0.4, 0.05), (-0.1, 0.05), (0.2, 0.03), (0.5, 0.02), (0.8, 0.00), (1.10, 0.00), (1.40, -
0.01), (1.70, -0.03), (2.00, -0.05)
necessidade_de_redução_dos_preços_CONCORRENTE =
GRAPH(diferença_de_vendas__CONCORRENTE)
(0.00, 0.05), (0.1, 0.1), (0.2, 0.2), (0.3, 0.25), (0.4, 0.3), (0.5, 0.3), (0.6, 0.3), (0.7, 0.3), (0.8, 0.3), (0.9, 0.3),
(1, 0.3)
percentual_de_migração_para_CONCORRENTE = GRAPH(diferença_de_preços_entre_produtos-
diferencial_de_preço_com_CONCORRENTE)
(-1.00, -1.00), (-0.9, -1.00), (-0.8, -0.8), (-0.7, -0.8), (-0.6, -0.8), (-0.5, -0.8), (-0.4, -0.8), (-0.3, -0.7), (-0.2, -
0.7), (-0.1, -0.5), (-1.39e-016, 0.00), (0.1, 0.3), (0.2, 0.4), (0.3, 0.5), (0.4, 0.6), (0.5, 0.8), (0.6, 0.8), (0.7,
0.8), (0.8, 0.8), (0.9, 1.00), (1, 1.00)
Custos Logísticos
custos_unitários_base_de_logística_do_SECUNDÁRIO = 200
custos_unitários_de_estoque = delay(Custo_básico_de_estoque*(1-
Flexibilidade_de_estoque)*Custo_de_Estoque_%/100,12)
custos_unitários_de_logística_SECUNDÁRIO =
custos_unitários_base_de_logística_do_SECUNDÁRIO*Impacto_do_percentual_de_vendas_nos_custos
_do_SECUNDÁRIO
custos_unitários_de_MAM = delay(Custo_básico_de_MAM*(1-
Flexibilidade_de_MAM)*Custo_de_MAM_%/100,12)
custos_unitários_de_não_qualidade = delay(Custo_básico_de_não_qualidade*(1-
Flexibilidade_de_não_qualidade)*Custo_de_não_qualidade_%/100,12)
custos_unitários_de_outros = delay(Custo_básico_de_outros*(1-
Flexibilidade_de_outros)*Custo_de_outros_%/100,12)
custos_unitários_de_transporte = delay(Custo_base_de_transporte*(1-
Flexibilidade_transporte)*custo_de_transporte_%/100,12)
custos_unitários_totais_de_logística =
(custos_unitários_totais_de_logística_PRINCIPAL*participação_PRINCIPAL)+(custos_unitários_de_logíst
ica_SECUNDÁRIO*(1-participação_PRINCIPAL))
custos_unitários_totais_de_logística_PRINCIPAL =
custos_unitários_de_transporte+custos_unitários_de_estoque+custos_unitários_de_MAM+custos_unitári
os_de_não_qualidade+custos_unitários_de_outros
Custo_base_de_transporte = 140
Custo_básico_de_estoque = 20
Custo_básico_de_MAM = 30
Custo_básico_de_não_qualidade = 6
Custo_básico_de_outros = 4
279
Estoques = custos_unitários_de_estoque
Flexibilidade_de_estoque = 0
Flexibilidade_de_MAM = 0
Flexibilidade_de_não_qualidade = 0
Flexibilidade_de_outros = 0
Flexibilidade_transporte = 0
Percentual_de_vendas_última_semana_SECUNDÁRIO = 25
Custo_de_Estoque_% = GRAPH(Percentual_vendas__última_semana)
(0.00, 112), (0.05, 112), (0.1, 107), (0.15, 103), (0.2, 100), (0.25, 100), (0.3, 101), (0.35, 103), (0.4, 104),
(0.45, 106), (0.5, 107), (0.55, 112), (0.6, 112), (0.65, 112), (0.7, 112), (0.75, 112), (0.8, 112), (0.85, 112),
(0.9, 112), (0.95, 112), (1.00, 112)
Custo_de_MAM_% = GRAPH(Percentual_vendas__última_semana)
(0.00, 179), (0.05, 179), (0.1, 168), (0.15, 148), (0.2, 100), (0.25, 100), (0.3, 111), (0.35, 130), (0.4, 148),
(0.45, 155), (0.5, 168), (0.55, 179), (0.6, 179), (0.65, 179), (0.7, 179), (0.75, 179), (0.8, 179), (0.85, 179),
(0.9, 179), (0.95, 179), (1.00, 179)
Custo_de_não_qualidade_% = GRAPH(Percentual_vendas__última_semana)
(0.00, 147), (0.05, 132), (0.1, 126), (0.15, 116), (0.2, 100), (0.25, 100), (0.3, 106), (0.35, 116), (0.4, 126),
(0.45, 132), (0.5, 137), (0.55, 147), (0.6, 147), (0.65, 147), (0.7, 147), (0.75, 147), (0.8, 147), (0.85, 147),
(0.9, 147), (0.95, 147), (1.00, 147)
Custo_de_outros_% = GRAPH(Percentual_vendas__última_semana)
(0.00, 164), (0.05, 164), (0.1, 146), (0.15, 111), (0.2, 100), (0.25, 100), (0.3, 111), (0.35, 125), (0.4, 134),
(0.45, 141), (0.5, 146), (0.55, 164), (0.6, 164), (0.65, 164), (0.7, 164), (0.75, 164), (0.8, 164), (0.85, 164),
(0.9, 164), (0.95, 164), (1.00, 164)
custo_de_transporte_% = GRAPH(Percentual_vendas__última_semana)
(0.00, 108), (0.05, 108), (0.1, 108), (0.15, 100), (0.2, 100), (0.25, 100), (0.3, 106), (0.35, 108), (0.4, 111),
(0.45, 113), (0.5, 115), (0.55, 118), (0.6, 118), (0.65, 118), (0.7, 118), (0.75, 118), (0.8, 118), (0.85, 118),
(0.9, 118), (0.95, 118), (1.00, 118)
Impacto_do_percentual_de_vendas_nos_custos_do_SECUNDÁRIO =
GRAPH(Percentual_de_vendas_última_semana_SECUNDÁRIO)
(0.00, 1.21), (5.00, 1.21), (10.0, 1.18), (15.0, 1.08), (20.0, 1.00), (25.0, 1.00), (30.0, 1.06), (35.0, 1.11),
(40.0, 1.17), (45.0, 1.20), (50.0, 1.23), (55.0, 1.28), (60.0, 1.28), (65.0, 1.28), (70.0, 1.28), (75.0, 1.28),
(80.0, 1.28), (85.0, 1.28), (90.0, 1.28), (95.0, 1.28), (100, 1.28)
Definição da cota
Cota_mensal_de_vendas_PRINCIPAL = volume_total_de__vendas_desejado*participação_PRINCIPAL
Crescimento_desejado = 1.5
volume_total_de__vendas_desejado =
MIN((Lucro_prometido__aos_acionistas*4)/(MAX(Margem_unitária,1)),(SMTH1(Vendas_médias_totais__
da_CONSUMO,6))/tempo_de_consumo*Crescimento_desejado)
Faseamento das vendas CONSUMO
Desconto_comercial_fixo = 0
Desconto_da_concorrência = necessidade_de_redução_dos_preços_CONCORRENTE
desconto_máximo =
(Verba_para_descontos*participação_PRINCIPAL)/(MAX((Diferença_de_cota_e_vendas_para_PRINCIP
AL*Preço_regular_de_venda_da_CONSUMO_para_o_PRINCIPAL),1))
Desconto_oferecido__CONSUMO = IF Uso_de_desconto_logístico=0 THEN
(MIN(Desconto_total_desejado,desconto_máximo)) ELSE Desconto_total_desejado
Desconto_semana_anterior = DELAY(Desconto_oferecido__CONSUMO,1)
Desconto_total_desejado = (Desconto_para_atingir_a_cota+Desconto_comercial_fixo)*(1-
Uso_de_desconto_logístico)+((desconto_logístico+Desconto_comercial_fixo)*Uso_de_desconto_logístico
)
Diferença_de_cota_e_vendas_para_PRINCIPAL =
DELAY((Cota_mensal_de_vendas_PRINCIPAL*tempo_de_consumo-
280
(Vendas_não_promocionados__PRINCIPAL_acumulado_mensal/2*4)-((IF Prazo_de_entrega=1 THEN
(Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal/2*4) ELSE
Vendas_apuradas_PRINCIPAL_acumulado_mensal))),1)*Necessidade_atingir_a_cota
Diferença_de_descontos = Desconto_oferecido__CONSUMO-Desconto_semana_anterior
Necessidade_atingir_a_cota = 1
Proposta_de_desconto_adicional_da_CONSUMO = IF Uso_de_desconto_logístico=0 THEN (IF
Desconto_total_desejado<desconto_máximo THEN (Desconto_total_desejado-
Desconto_da_concorrência) ELSE (desconto_máximo-Desconto_da_concorrência)) ELSE
(Desconto_total_desejado-Desconto_da_concorrência)
Quantidade_adicional_ofertada_pela_CONSUMO =
MAX(Diferença_de_cota_e_vendas_para_PRINCIPAL,0)*Percentual_de_compra_adicional_da_CONSU
MO* Tempo_total_de_análise_propostas
Tempo_da_CONSUMO_para_analisar_propostas = IF semana<final_do_período_da_CONSUMO THEN
(final_do_período_da_CONSUMO-semana) ELSE 0
Tempo_da_PRINCIPAL_analisar_propostas = IF Desconto_para_atingir_a_cota>0 THEN (IF
semana<final_do_período_da_CONSUMO THEN (final_do_período_da_CONSUMO-semana) ELSE 0)
ELSE 0
Tempo_de_análise_com_regressão = IF Uso_de_desconto_logístico=1 THEN
(IF(Diferença_de_descontos<>0) THEN 1 ELSE 0) ELSE 0
Tempo_total_de_análise_propostas = IF (Tempo_de_análise_com_regressão=1) THEN 1 ELSE (IF
((MAX(Tempo_da_CONSUMO_para_analisar_propostas,Tempo_da_PRINCIPAL_analisar_propostas))>0
) AND
((MAX(Tempo_da_CONSUMO_para_analisar_propostas,Tempo_da_PRINCIPAL_analisar_propostas))<=
1) THEN 1 ELSE 0)
Uso_de_desconto_logístico = 0
desconto_logístico = GRAPH(semana)
(0.00, 0.03), (1.00, 0.03), (2.00, 0.02), (3.00, 0.01), (4.00, 0.00)
Desconto_para_atingir_a_cota = GRAPH(Diferença_de_cota_e_vendas_para_PRINCIPAL)
(0.00, 0.00), (10.0, 0.1), (20.0, 0.15), (30.0, 0.21), (40.0, 0.21), (50.0, 0.25), (60.0, 0.25), (70.0, 0.3), (80.0,
0.3), (90.0, 0.3), (100, 0.3)
Percentual_de_compra_adicional_da_CONSUMO =
GRAPH(Proposta_de_desconto_adicional_da_CONSUMO)
(-0.3, 0.00), (-0.24, 0.00), (-0.18, 0.00), (-0.12, 0.00), (-0.06, 0.00), (0.00, 0.5), (0.06, 0.8), (0.12, 0.85),
(0.18, 0.9), (0.24, 1.00), (0.3, 1.00)
Fluxo físico
Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_CONSUMO(t) =
Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_CONSUMO(t - dt) +
(vendas_para_consumidor__SECUNDÁRIO + vendas_para_consumidor__PRINCIPAL -
uso_produtos_CONSUMO) * dt
INIT Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_CONSUMO = 7500
INFLOWS:
vendas_para_consumidor__SECUNDÁRIO =
uso_produtos_CONSUMO*participação_mercado_SECUNDÁRIO*(1+percentual_perda__para_SECUND
ÁRIO)
vendas_para_consumidor__PRINCIPAL = MAX(((uso_produtos_CONSUMO*1.5)-
(Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_CONSUMO/tempo_de_consumo)),0)*((1+compra_adicional)*
(1-percentual_perda__para_SECUNDÁRIO)*(1+adicional_de__ações_em_loja))
OUTFLOWS:
uso_produtos_CONSUMO = consumo_total*participação_de_mercado_CONSUMO*(1-
percentual_perda_para_CONCORRENTE)*(1+consumo_adicional)
Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO(t) =
Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO(t - dt) + (vendas_para_PRINCIPAL -
vendas_para_consumidor__PRINCIPAL) * dt
INIT Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO = 6560
281
INFLOWS:
vendas_para_PRINCIPAL = Contabilização_das_vendas_para_PRINCIPAL
OUTFLOWS:
vendas_para_consumidor__PRINCIPAL = MAX(((uso_produtos_CONSUMO*1.5)-
(Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_CONSUMO/tempo_de_consumo)),0)*((1+compra_adicional)*
(1-percentual_perda__para_SECUNDÁRIO)*(1+adicional_de__ações_em_loja))
Estoque_do_SECUNDÁRIO_de_produtos_CONSUMO(t) =
Estoque_do_SECUNDÁRIO_de_produtos_CONSUMO(t - dt) + (vendas_para_SECUNDÁRIO -
vendas_para_consumidor__SECUNDÁRIO) * dt
INIT Estoque_do_SECUNDÁRIO_de_produtos_CONSUMO = 11250
INFLOWS:
vendas_para_SECUNDÁRIO = (SMTH1(vendas_para_consumidor__SECUNDÁRIO,6)*4)-
(Estoque_do_SECUNDÁRIO_de_produtos_CONSUMO/tempo_de_consumo)
OUTFLOWS:
vendas_para_consumidor__SECUNDÁRIO =
uso_produtos_CONSUMO*participação_mercado_SECUNDÁRIO*(1+percentual_perda__para_SECUND
ÁRIO)
adicional_de_serviço_CONSUMO_no_PRINCIPAL = disponibilidade_na_gôndola_CONSUMO-
nível_de_serviço_médio
adicional_de__ações_em_loja = número_de_ações_em_loja*eficiência_das_ações_em_loja
Atratividade_da_CONSUMO =
DELAY(((verbas_de_Marketing_e_Inovação*eficiência_das_ações_de_Marketing_e_Inovação)/(verbas_p
ara_Marketing_CONCORRENTE*eficiência_das_ações_de_Marketing_CONCORRENTE)),16,1)
cobertura_do_estoque = Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO/estoque_de_segurança
consumo_total = 15000
demanda_CONSUMO = consumo_total*participação_de_mercado_CONSUMO*(1-
percentual_perda_para_CONCORRENTE)
disponibilidade_na_gôndola_CONSUMO =
nível_de_serviço__CONSUMO*impacto_do_estoque_na_disponibilidade
eficiência_das_ações_de_Marketing_CONCORRENTE = 1
eficiência_das_ações_de_Marketing_e_Inovação = 1
eficiência_das_ações_em_loja = 0.02
gasto_por_ação_em_loja = 100000
impacto_de_Marketing = 0.03
número_de_ações_em_loja =
(verbas_de_ações_em_loja*percentual_de__verbas_usadas)/gasto_por_ação_em_loja
oferta_da_CONSUMO = (preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_PRINCIPAL-
preço_médio_produtos_CONSUMO)/preço_médio_produtos_CONSUMO
participação_de_mercado_CONSUMO = (participação_original__da_CONSUMO*(1-
impacto_de_Marketing))+(participação_original__da_CONSUMO*impacto_de_Marketing*Atratividade_da
_CONSUMO)
participação_mercado_SECUNDÁRIO = .5
participação_original__da_CONSUMO = .5
participação_PRINCIPAL =
SMTH1(vendas_para_consumidor__PRINCIPAL/uso_produtos_CONSUMO,6)
percentual_de__verbas_usadas = 1
preço_médio_produtos_CONSUMO =
SMTH1(preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_PRINCIPAL,6,3000)
tempo_de_consumo = 1
verbas_para_Marketing_CONCORRENTE = 800000
compra_adicional = GRAPH(oferta_da_CONSUMO)
(-1.00, -0.25), (-0.8, -0.2), (-0.6, -0.2), (-0.4, -0.1), (-0.2, -0.1), (-5.55e-017, 0.00), (0.2, 0.00), (0.4, 0.1),
(0.6, 0.2), (0.8, 0.3), (1.00, 0.3)
consumo_adicional =
GRAPH(Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_CONSUMO/demanda_CONSUMO)
282
(1.00, 0.00), (1.10, 0.05), (1.20, 0.1), (1.30, 0.15), (1.40, 0.2), (1.50, 0.2), (1.60, 0.3), (1.70, 0.3), (1.80,
0.3), (1.90, 0.3), (2.00, 0.3)
diferencial_de_preço_com_CONCORRENTE = GRAPH(Atratividade_da_CONSUMO)
(0.00, 0.00), (0.2, 0.00), (0.4, 0.00), (0.6, 0.04), (0.8, 0.05), (1.00, 0.111), (1.20, 0.12), (1.40, 0.12), (1.60,
0.14), (1.80, 0.15), (2.00, 0.15)
impacto_do_estoque_na_disponibilidade = GRAPH(cobertura_do_estoque)
(0.00, 0.00), (0.5, 0.2), (1.00, 0.3), (1.50, 0.4), (2.00, 0.5), (2.50, 0.6), (3.00, 0.8), (3.50, 0.8), (4.00, 1.00),
(4.50, 1.00), (5.00, 1.00)
Nível de serviço
disponibilidade_na_göndola_CONCORRENTE = nível_de_serviço_médio
nível_de_serviço_médio = .8
nível_de_serviço__CONSUMO = (nível_de_serviço_médio*Impacto_no_nível_de_serviço)
Impacto_no_nível_de_serviço = GRAPH(Percentual_vendas__última_semana)
(0.00, 1.17), (0.05, 1.17), (0.1, 1.17), (0.15, 1.17), (0.2, 1.17), (0.25, 1.17), (0.3, 1.13), (0.35, 1.10), (0.4,
1.06), (0.45, 1.04), (0.5, 1.02), (0.55, 1.00), (0.6, 1.00), (0.65, 1.00), (0.7, 1.00), (0.75, 1.00), (0.8, 1.00),
(0.85, 1.00), (0.9, 1.00), (0.95, 1.00), (1.00, 1.00)
Preço de venda
Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_PRINCIPAL(t) =
Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_PRINCIPAL(t - dt) + (final_dos_descontos - descontos
- mudança_de_preço_base) * dt
INIT Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_PRINCIPAL = 2000
INFLOWS:
final_dos_descontos = Total_de_descontos*4
OUTFLOWS:
descontos =
descontos_usados/((MAX(Quantidade_comprada__com_desconto,1)/tempo_de_consumo)+Quantidade_
comprada_preço_regular)/tempo_de_consumo
mudança_de_preço_base = mudança_de_preço
Total_de_descontos(t) = Total_de_descontos(t - dt) + (descontos - final_dos_descontos) * dt
INIT Total_de_descontos = 0
INFLOWS:
descontos =
descontos_usados/((MAX(Quantidade_comprada__com_desconto,1)/tempo_de_consumo)+Quantidade_
comprada_preço_regular)/tempo_de_consumo
OUTFLOWS:
final_dos_descontos = Total_de_descontos*4
Total_de_descontos_usados(t) = Total_de_descontos_usados(t - dt) + (novos_descontos -
término_dos_descontos) * dt
INIT Total_de_descontos_usados = 0
INFLOWS:
novos_descontos = descontos_usados*4
OUTFLOWS:
término_dos_descontos = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Total_de_descontos_usados*4 ELSE 0
descontos_usados =
Quantidade_comprada__com_desconto/tempo_de_consumo*(Desconto_oferecido__CONSUMO*Preço_r
egular_de_venda_da_CONSUMO_para_o_PRINCIPAL)+(Quantidade_comprada_preço_regular*(Descon
to_comercial_fixo*Preço_regular_de_venda_da_CONSUMO_para_o_PRINCIPAL))
Diferença_de_preço = Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_PRINCIPAL-
Preço_justo_de_compra
diferença_de_preço_desejada = 0.05
mudança_de_preço = PULSE(0,37,0)
283
Participação_do_faturamento_no_objetivo_do_comprador = 0
Preço_justo_de_compra =
0.5*MIN(Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_PRINCIPAL)+0.3*((1-
diferença_de_preço_desejada)*(Preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_SECUNDÁRIO/(1+margem
_bruta__praticada_PRINCIPAL)))+0.2*((1+diferencial_de_preço_com_CONCORRENTE)*preço_de_com
pra_produtos_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL)
Preço_regular_de_venda_da_CONSUMO_para_o_PRINCIPAL = 2000
Satisfação_com_o_faturamento_do_PRINCIPAL = 0
satisfação_do_comprador_do_PRINCIPAL =
Satisfação_com_o_preço_do_comprador_do_PRINCIPAL*(1-
Participação_do_faturamento_no_objetivo_do_comprador)+Participação_do_faturamento_no_objetivo_d
o_comprador*Satisfação_com_o_faturamento_do_PRINCIPAL
Satisfação_com_o_preço_do_comprador_do_PRINCIPAL = GRAPH(Diferença_de_preço)
(-500, 1.00), (-400, 1.00), (-300, 1.00), (-200, 1.00), (-100, 1.00), (0.00, 1.00), (100, 0.6), (200, 0.4), (300,
0.3), (400, 0.3), (500, 0.3)
Produtos não promocionados
Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO(t) =
Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO(t - dt) +
(vendas_para_consumidor_não_promocionados - consumo_produtos_não_promocionados_CONSUMO)
* dt
INIT Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO = 1250
INFLOWS:
vendas_para_consumidor_não_promocionados =
(SMTH1(consumo_produtos_não_promocionados_CONSUMO,6)*2)-
(Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO/tempo_de_consumo)
OUTFLOWS:
consumo_produtos_não_promocionados_CONSUMO =
consumo_não_promocionados/tempo_de_consumo
Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO(t) =
Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO(t - dt) +
(Vendas_para_PRINCIPAL_não_promocionados - vendas_para_consumidor_não_promocionados) * dt
INIT Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO = 3750
INFLOWS:
Vendas_para_PRINCIPAL_não_promocionados =
(SMTH1(vendas_para_consumidor_não_promocionados,6)*4)-
(Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO/tempo_de_consumo)
OUTFLOWS:
vendas_para_consumidor_não_promocionados =
(SMTH1(consumo_produtos_não_promocionados_CONSUMO,6)*2)-
(Estoque_do_CONSUMIDOR_de_produtos_não_promocionados_CONSUMO/tempo_de_consumo)
Vendas_não_promocionados__PRINCIPAL_acumulado_mensal(t) =
Vendas_não_promocionados__PRINCIPAL_acumulado_mensal(t - dt) +
(Contabilização_das_vendas_não_promocionados_para_PRINCIPAL -
Apuração__vendas_não_promocionados_PRINCIPAL) * dt
INIT Vendas_não_promocionados__PRINCIPAL_acumulado_mensal = 0
INFLOWS:
Contabilização_das_vendas_não_promocionados_para_PRINCIPAL =
Vendas_para_PRINCIPAL_não_promocionados
OUTFLOWS:
Apuração__vendas_não_promocionados_PRINCIPAL = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO
THEN Vendas_não_promocionados__PRINCIPAL_acumulado_mensal*4 ELSE 0
Vendas_não_promocionado_PRINCIPAL_mensal(t) = Vendas_não_promocionado_PRINCIPAL_mensal(t
- dt) + (Apuração__vendas_não_promocionados_PRINCIPAL - apuração_resultado_não_promocionados)
* dt
284
INIT Vendas_não_promocionado_PRINCIPAL_mensal = 5000
INFLOWS:
Apuração__vendas_não_promocionados_PRINCIPAL = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO
THEN Vendas_não_promocionados__PRINCIPAL_acumulado_mensal*4 ELSE 0
OUTFLOWS:
apuração_resultado_não_promocionados = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Vendas_não_promocionado_PRINCIPAL_mensal*4 ELSE 0
consumo_não_promocionados = 1250
Resultado CONSUMO
Lucro_acumulado(t) = Lucro_acumulado(t - dt) + (final_do_ano) * dt
INIT Lucro_acumulado = 0
INFLOWS:
final_do_ano = IF Semana_calendário=52 THEN Lucro_anual_acumulado*4 ELSE 0
Lucro_anual_acumulado(t) = Lucro_anual_acumulado(t - dt) + (final_do_mês - final_do_ano) * dt
INIT Lucro_anual_acumulado = 0
INFLOWS:
final_do_mês = IF semana=4 THEN Lucro_mensal_acumulado*4 ELSE 0
OUTFLOWS:
final_do_ano = IF Semana_calendário=52 THEN Lucro_anual_acumulado*4 ELSE 0
Lucro_mensal_acumulado(t) = Lucro_mensal_acumulado(t - dt) + (Lucro - final_do_mês) * dt
INIT Lucro_mensal_acumulado = 0
INFLOWS:
Lucro = Faturamento_líquido-Custo_total-verbas_utilizadas
OUTFLOWS:
final_do_mês = IF semana=4 THEN Lucro_mensal_acumulado*4 ELSE 0
custos_fixos_e_indiretos = 20000000*(1-Redução_nos_demais_custos)
Custos_unitários_totais =
custos_unitários_totais_de_logística+custos_unitários_variáveis+(custos_fixos_e_indiretos/Vendas_médi
as_totais__da_CONSUMO)
custos_unitários_variáveis = custos_unitários_variáveis_base*(1-Redução_nos_demais_custos)
custos_unitários_variáveis_base = 600
Custo_total =
Custos_unitários_totais*(Vendas_totais_para_PRINCIPAL+Contabilização_das_vendas_para_SECUNDÁ
RIO)
Faturamento_bruto =
Faturamento_bruto_PRINCIPAL+Contabilização_das_vendas_para_SECUNDÁRIO*Preço_regular_de_v
enda_da_CONSUMO_para_o_SECUNDÁRIO
Faturamento_bruto_PRINCIPAL =
Vendas_totais_para_PRINCIPAL*Preço_regular_de_venda_da_CONSUMO_para_o_PRINCIPAL
Faturamento_líquido = Faturamento_bruto-Total_de_descontos_usados/tempo_de_consumo
Faturamento_líquido_PRINCIPAL = Faturamento_bruto_PRINCIPAL-
Total_de_descontos_usados/tempo_de_consumo
Gap_de_lucro = 1-(Lucro/Lucro_prometido__aos_acionistas)
Gap_de_participação = 1-(Participação_de_mercado/Participação_de_mercado_desejada)
Gap_de_resultado =
((Gap_de_lucro*Importância__do_lucro)+(Gap_de_participação*Importância_da__participação))*(IF
Necessidade_de_entregar_resultado_de_curto_prazo=1 THEN 1 ELSE 0)
Importância_da__participação = .3
Importância__do_lucro = 0.7
Lucro_prometido__aos_acionistas = 3500000+STEP(1500000,37)
Margem_mínima = 200
Margem_unitária = MAX(Preço_regular_de_venda_da_CONSUMO_para_o_PRINCIPAL*(1-
Percentual_de_verbas_planejado)-(SMTH1(Custos_unitários_totais,12,1300)),Margem_mínima)
Necessidade_de_entregar_resultado_de_curto_prazo = 1
285
Participação_de_mercado =
SMTH1(Vendas_totais_para_PRINCIPAL,12)/(SMTH1(Vendas_totais_para_PRINCIPAL,12)+SMTH1(ven
das_da_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL,12))
Participação_de_mercado_desejada = 0.5
Percentual_de_verbas_planejado = .05
Vendas_médias_totais__da_CONSUMO =
Vendas_médias__mensais_CONSUMO_para_PRINCIPAL+Vendas_médias__mensais_CONSUMO_par
a_SECUNDÁRIO
Vendas_semanais_promocionados = IF semana<=1 THEN (Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal-0)
ELSE Vendas_semanais_promocionados1
Vendas_semanais_promocionados1 = Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal-
DELAY(Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal,1)
Vendas_totais_para_PRINCIPAL =
Vendas_semanais_promocionados+Vendas_para_PRINCIPAL_não_promocionados
Redução_nos_demais_custos = GRAPH(Percentual_vendas__última_semana)
(0.00, 0.00), (0.05, 0.00), (0.1, 0.00), (0.15, 0.00), (0.2, 0.00), (0.25, 0.00), (0.3, 0.00), (0.35, 0.00), (0.4,
0.00), (0.45, 0.00), (0.5, 0.00), (0.55, 0.00), (0.6, 0.00), (0.65, 0.00), (0.7, 0.00), (0.75, 0.00), (0.8, 0.00),
(0.85, 0.00), (0.9, 0.00), (0.95, 0.00), (1.00, 0.00)
Resultado PRINCIPAL
custos_de_compras_produtos_CONSUMO =
Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_PRINCIPAL*vendas_para_consumidor__PRINCIPAL
custos_do_PRINCIPAL =
custos_de_compras_produtos_CONSUMO+custos_indiretos__PRINCIPAL+vendas_promocionados_da_
CONCORRENTE*preço_de_compra_produtos_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL
custos_indiretos_base = 2500000
custos_indiretos__PRINCIPAL =
(custos_indiretos_base*impacto_da_concentração)+custo_do_estoque__PRINCIPAL
custo_do_estoque__PRINCIPAL = valor_do_estoque_PRINCIPAL*custo_unitário_de_estoque
custo_unitário_de_estoque = 0.005
faturamento_produtos__promocionados_CONSUMO =
preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_PRINCIPAL*vendas_para_consumidor__PRINCIPAL
faturamento__PRINCIPAL =
faturamento_produtos__promocionados_CONSUMO+vendas_promocionados_da_CONCORRENTE*pre
ço_de_venda_produtos_CONCORRENTE_no_PRINCIPAL
Ganhos_do_comprador = verbas_de_ações_em_loja+Total_de_descontos_usados/tempo_de_consumo
giro_do_estoque = faturamento__PRINCIPAL*48/MEAN(valor_do_estoque_PRINCIPAL)
lucro_PRINCIPAL = lucro_PRINCIPAL_não_promocionados+lucro_PRINCIPAL__promocionados
lucro_PRINCIPAL_não_promocionados =
(vendas_para_consumidor_não_promocionados+vendas_de_não_promocionados_da_CONCORRENTE)
*margem_líquida__não_promocionados
lucro_PRINCIPAL__promocionados = faturamento__PRINCIPAL-custos_do_PRINCIPAL
margem_bruta__praticada_PRINCIPAL = 0.5
margem_líquida__não_promocionados = 644.4
preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_PRINCIPAL =
(Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_PRINCIPAL*(1+margem_bruta__praticada_PRINCIPA
L))+((preço_padrão_produtos__CONSUMO-
(Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_PRINCIPAL*(1+margem_bruta__praticada_PRINCIPA
L)))*(1-taxa_de_repasse))*(1-necessidade_de__desovar_estoque_PRINCIPAL)
preço_padrão_produtos__CONSUMO = 3000
repasse_adicional = STEP(0,37)
taxa_de_repasse = taxa_de_repasse_padrão_do_desconto+repasse_adicional
valor_do_estoque_PRINCIPAL =
Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO*Preço_médio_de_venda_da_CONSUMO_para_a_P
RINCIPAL
286
impacto_da_concentração = GRAPH(Percentual_vendas__última_semana)
(0.00, 1.16), (0.05, 1.15), (0.1, 1.14), (0.15, 1.06), (0.2, 1.00), (0.25, 1.00), (0.3, 1.05), (0.35, 1.09), (0.4,
1.13), (0.45, 1.15), (0.5, 1.18), (0.55, 1.21), (0.6, 1.21), (0.65, 1.21), (0.7, 1.21), (0.75, 1.21), (0.8, 1.21),
(0.85, 1.21), (0.9, 1.21), (0.95, 1.21), (1.00, 1.21)
necessidade_de__desovar_estoque_PRINCIPAL =
GRAPH(Estoque_do_PRINCIPAL_de_produtos_CONSUMO/estoque_máximo__PRINCIPAL)
(0.00, 0.00), (0.1, 0.00), (0.2, 0.00), (0.3, 0.00), (0.4, 0.00), (0.5, 0.00), (0.6, 0.1), (0.7, 0.2), (0.8, 0.2), (0.9,
0.2), (1, 0.2)
taxa_de_repasse_padrão_do_desconto = GRAPH(satisfação_do_comprador_do_PRINCIPAL)
(0.00, 0.00), (0.1, 0.00), (0.2, 0.00), (0.3, 0.00), (0.4, 0.00), (0.5, 0.00), (0.6, 0.00), (0.7, 0.00), (0.8, 0.1),
(0.9, 0.15), (1, 0.2)
SECUNDÁRIO
Vendas_SECUNDÁRIO_acumulado_mensal(t) = Vendas_SECUNDÁRIO_acumulado_mensal(t - dt) +
(Contabilização_das_vendas_para_SECUNDÁRIO - Apuração_vendas_SECUNDÁRIO) * dt
INIT Vendas_SECUNDÁRIO_acumulado_mensal = 0
INFLOWS:
Contabilização_das_vendas_para_SECUNDÁRIO =
vendas_para_SECUNDÁRIO+Vendas_de_não_promocionados_da_SECUNDÁRIO
OUTFLOWS:
Apuração_vendas_SECUNDÁRIO = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Vendas_SECUNDÁRIO_acumulado_mensal*4 ELSE 0
Vendas_SECUNDÁRIO_mensal(t) = Vendas_SECUNDÁRIO_mensal(t - dt) +
(Apuração_vendas_SECUNDÁRIO - apuração_resultado_SECUNDÁRIO) * dt
INIT Vendas_SECUNDÁRIO_mensal = 20000
INFLOWS:
Apuração_vendas_SECUNDÁRIO = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Vendas_SECUNDÁRIO_acumulado_mensal*4 ELSE 0
OUTFLOWS:
apuração_resultado_SECUNDÁRIO = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN
Vendas_SECUNDÁRIO_mensal*4 ELSE 0
Diferença_de_preços_entre_varejistas = (preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_PRINCIPAL-
Preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_SECUNDÁRIO)/preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no
_PRINCIPAL
diferença_de_vendas_SECUNDÁRIO = DELAY(((vendas_planejadas_SECUNDÁRIO-
Vendas_médias__mensais_CONSUMO_para_SECUNDÁRIO)/vendas_planejadas_SECUNDÁRIO),6,0)
final_do_período_da_CONSUMO = 4
Margem_da_SECUNDÁRIO = Margem_padrão_SECUNDÁRIO*(1-
necessidade_de_redução_dos_preços_SECUNDÁRIO)
Margem_padrão_SECUNDÁRIO = .5
percentual_de_consumidores_que_mudam_de_varejo = .3
percentual_perda__para_SECUNDÁRIO =
percentual_de_consumidores_que_mudam_de_varejo*(Percentual_de_migração_para_SECUNDÁRIO-
adicional_de_serviço_CONSUMO_no_PRINCIPAL)-adicional_de__ações_em_loja
Preço_de_venda_produtos_CONSUMO_no_SECUNDÁRIO =
Preço_regular_de_venda_da_CONSUMO_para_o_SECUNDÁRIO*(1+Margem_da_SECUNDÁRIO)
Preço_regular_de_venda_da_CONSUMO_para_o_SECUNDÁRIO = 2000
Vendas_de_não_promocionados_da_SECUNDÁRIO = 1250
Vendas_médias__mensais_CONSUMO_para_SECUNDÁRIO = Vendas_SECUNDÁRIO_mensal
vendas_planejadas_SECUNDÁRIO = 18000
necessidade_de_redução_dos_preços_SECUNDÁRIO = GRAPH(diferença_de_vendas_SECUNDÁRIO)
(0.00, 0.00), (0.1, 0.1), (0.2, 0.2), (0.3, 0.25), (0.4, 0.3), (0.5, 0.3), (0.6, 0.3), (0.7, 0.3), (0.8, 0.3), (0.9, 0.3),
(1, 0.3)
Percentual_de_migração_para_SECUNDÁRIO = GRAPH(Diferença_de_preços_entre_varejistas)
287
(-1.00, -0.3), (-0.8, -0.3), (-0.6, -0.3), (-0.4, -0.2), (-0.2, -0.1), (-5.55e-017, 0.00), (0.2, 0.1), (0.4, 0.2), (0.6,
0.4), (0.8, 0.4), (1.00, 0.4)
Vendas última semana
Demanda_última_semana(t) = Demanda_última_semana(t - dt) + (nova_contabilização_total -
apuração_total) * dt
INIT Demanda_última_semana = 5000
INFLOWS:
nova_contabilização_total =
((SWITCH(Apuração_vendas_PRINCIPAL,0)*((Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal/tempo_de_cons
umo)*4)-
(DELAY(Vendas_PRINCIPAL_acumulado_mensal,1)/tempo_de_consumo)*SWITCH(Apuração_vendas_
PRINCIPAL,0)*4))+((SWITCH(Apuração__vendas_não_promocionados_PRINCIPAL,0)*((Vendas_não_pr
omocionados__PRINCIPAL_acumulado_mensal/tempo_de_consumo)*4)-
(DELAY(Vendas_não_promocionados__PRINCIPAL_acumulado_mensal,1)/tempo_de_consumo)*SWITC
H(Apuração__vendas_não_promocionados_PRINCIPAL,0)*4))
OUTFLOWS:
apuração_total = IF semana=final_do_período_da_CONSUMO THEN Demanda_última_semana*4 ELSE
0
Percentual_vendas__última_semana = Demanda_última_semana/
MAX((Vendas_PRINCIPAL_mensal+Vendas_não_promocionado_PRINCIPAL_mensal),1)
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