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ANDREABRANDÃOGONÇALVES
DELIMITAÇÃOAUTOMÁTICADASÁREASDEPRESERVAÇÃOPERMANENTEE
IDENTIFICAÇÃODOSCONFLITOSDEUSODATERRANASUBBACIAHIDROGRÁFICA
DORIOCAMAPUÃ/BRUMADO
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigênciasdoProgramadePósGraduação
em Ciência Florestal, para obtenção do
títulodeMagisterScientiae.
VIÇOSA
MINASGERAISBRASIL
2009
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ANDREA BRANDÃO GONÇALVES
DELIMITAÇÃO AUTOMÁTICA DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE E IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS DE USO DA TERRA
NA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO CAMAPUÃ/ BRUMADO
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ciência Florestal,
para obtenção do título de magister
Scientiae.
APROVADA: 21 de maio de 2009.
Prof. Hélio Garcia Leite
(Co-Orientador)
Prof. Vicente Paulo Soares
(Co-Orientador)
Prof. José Marinaldo Gleriani
Prof. João A. A. Meira Neto
Prof. Carlos A. A. Soares Ribeiro
(Orientador)
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ii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, André e Áurea, pelo amor e incentivo; ao meu irmão Rodrigo,
pelaamizadeecarinho.
Ao professor Carlos Antonio Alvares Soares Ribeiro, pela seriedade na
orientaçãoepelosvaliososensinamentos.
Ao professor Vicente Paulo Soares e Hélio Garcia Leite, pelo auxílio e co
orientação.
À Universidade Federal
de Viçosa (UFV) e ao Departamento de Engenharia
Florestal(DEF),pelasoportunidadesepeloacolhimento.
AoConselhoNacional deDesenvolvimentoCientifico Tecnológico(CNPq), pela
concessãodabolsa.
Aos funcionários, Ritinha, Alfredo e Chiquinho, pela disponibilidade no
atendimentoepelasimpatia.
Aos colegas do curso de pósgraduação em Ciência Florestal da
UFV, pela
convivênciaecompanheirismoduranteocurso.
Especial agradecimento às minhas amigas Cibele Hummel do Amaral, Eliana
Faria de Oliveira, Flávia Gomes Ferreira e Paula Nogueira Margotto, pela amizade
verdadeira.
A todos aqueles que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para a
realizaçãodestetrabalho.
ADeus,pelavida.
iii
BIOGRAFIA
ANDREABRANDÃOGONÇALVES,filhadeAndréCostaGonçalveseÁureaMaria
BrandãoGonçalves,nasceuem16dejaneirode1982,emVitória,EspíritoSanto.
Em2001,ingressounaUniversidadeFederaldeViçosa(UFV),onde,emoutubro
de2006,graduouseemEngenhariaFlorestal.
Em março de 2007, iniciou o Programa de PósGraduação, em nível de
Mestrado, em Ciência Florestal, no Departamento de Engenharia Florestal da UFV,
submetendoseàdefesadadissertaçãoemmaiode2009.
iv
SUMÁRIO
LISTADEFIGURAS ............................................................................................................. v
LISTADETABELAS ............................................................................................................ vi
RESUMO...........................................................................................................................vii
ABSTRACT......................................................................................................................... ix
1‐ Introdução............................................................................................................... 1
2‐ Revisãodeliteratura............................................................................................... 3
2.1‐ Áreasdepreservaçãopermanente.................................................................... 3
2.2‐ Análisedousodaterraembaciashidrográficas ............................................... 5
2.3‐ DelimitaçãodeAPP’seIdentificaçãodosconflitosdeusodaterra.................. 7
3‐ MaterialeMétodos .............................................................................................. 10
3.1‐ Caracterizaçãodaáreadeestudo.................................................................... 10
3.2‐ Basededados,EquipamentoseSoftwaresutilizados..................................... 14
3.3‐ Mapeamentodousoeocupaçãodaterra....................................................... 14
3.4‐ Desenvolvimento do modelo digital de elevação hidrograficamente
condicionado(mdehc)................................................................................................. 15
3.5‐ DelimitaçãodasÁreasdePreservaçãoPermanentecombasenaResoluçãon
o
303/02doConama ...................................................................................................... 16
3.6‐ AnálisedeconflitodeusodaterranasÁreasdePreservaçãoPermanente... 21
4‐ Resultadosediscussão ......................................................................................... 23
4.1‐ Usoeocupaçãodaterra .................................................................................. 23
4.2‐ Áreas de preservação permanente delimitadas na bacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado ..................................................................................................... 25
4.3‐ ConflitosdeUsodaTerra................................................................................. 29
5‐ Conclusões ............................................................................................................ 32
Referências .....................................................................................................................34
Anexo1 ........................................................................................................................... 41
v
LISTADEFIGURAS
Figura 1. Localização da subbacia hidrográfica do rio Camapuã/Brumado, Minas
Gerais. ............................................................................................................................. 11
Figura2.RioCamapuã,municípiodeEntreRiosdeMinas,MinasGerais..................... 12
Figura 3. Identificação da planície de inundação a partir de seções transversais
estabelecidasaolongodaredehidrográfica.................................................................. 18
Figura 4. (a) Comparação entre o traçado da hidrografia e a linha de centro da sua
planície de inundação; (b) larguras das zonas de proteção em função da largura da
planície de inundação; (c) delineamento das zonas ripárias de proteção ao longo da
planíciedeinundação. .................................................................................................... 20
Figura5.ÁreasdePreservaçãoPermanenteaolongodaslinhasdecumeada............. 21
Figura 6. Mapa de uso e ocupação da terra da subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.................................................................................. 24
Figura 7. Categorias de APP’s delimitadas na subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.................................................................................. 26
Figura 8. Quantificação das categorias de APP´s na subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.................................................................................. 28
Figura 9. Mapa dos conflitos de uso da terra na subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.................................................................................. 30
vi
LISTADETABELAS
Tabela1.LarguradasÁreasdePreservaçãoPermanenteaolongodahidrografia....... 20
Tabela 2. Descrição do uso e ocupação da terra na subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.................................................................................. 23
Tabela 3.Áreas das categorias deAPP´sdelimitadasda subbacia hidrográfica dorio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.................................................................................. 25
Tabela4.DescriçãodousodaterranasAPP’smapeadas nasubbaciahidrográficado
rioCamapuã/Brumado,MinasGerais. ........................................................................... 29
Tabela5.Descriçãodousodaterranasáreasdeusolegalnasubbaciahidrográficado
rioCamapuã/Brumado,MinasGerais. ........................................................................... 31
vii
RESUMO
GONÇALVES, AndreaBrandão,M.Sc., UniversidadeFederal de Viçosa, maiode2009.
Delimitação automática das Áreas de Preservação Permanente e identificação dos
conflitos de uso da terra na subbacia hidrográfica do Rio Camapuã/Brumado.
Orientador: Carlos Antônio A. Soares Ribeiro. Coorientadores: Hélio Garcia Leite e
VicentePauloSoares.
Os objetivos deste estudo foram espacializar as Áreas de Preservação
Permanente (APP) da subbacia hidrográfica do rio Camapuã/Brumado e identificare
quantificar eventuais conflitos de uso da terra. A partir de uma imagem digital do
sensor ETM+/LANDSAT 7 foram mapeadas três classes de uso e ocupação da terra:
Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Agropecuária. A metodologia para
delimitaçãoautomáticadasAPP’s,tendocomoreferêncialegalaResolução303/02
do CONAMA, permitiu a espacialização das categorias situadas no terço superior dos
morros, entorno das nascentes e suas áreas de contribuição, na faixa marginal ao
longodoscursosd’água,noterçosuperiordabaciaeaolongodaslinhasdecumeada
e nas encostas com declividades superiores a 45
o
. A área total da subbacia
hidrográfica do rio Camapuã/Brumado é de 110.711,9 ha, dos quais 12,3 % são
cobertos por Floresta Estacional Semidecidual, 52,6 % por Cerrado e 35,1 % por
atividadesagropecuárias. AsAPP’s corresponderama57,0%da áreatotal dessasub
bacia, sendo a maior participação
daquelas situadas no terço superior da bacia e ao
longo das linhas de cumeada, com 39.624,5 ha (52,6 %) e a menor nas áreas
relacionadasàsencostascomdeclividadessuperioresà45
o
graus,comapenas98,1ha
(0,1 %). Do total de APP’s mapeadas, 65,2 % (41.155,7 ha) estão efetivamente
protegidasporformaçõesflorestais, enquanto que34,8% (21.939,3 ha)sãoafetadas
pelo uso indevido. Apesar da existência de 21.939,3 ha em conflito de uso da terra,
forammapeados30.734,3hade
florestasemáreaspassíveisdeseremutilizadaspelo
proprietáriodaterra.Taisfatoscorroboramahipótesedequeafaltadeconhecimento
a respeito da espacialização das APP’s dentro da propriedade é a principal causa do
descumprimento da lei.Adelimitação automática de APP’sfoieficazpara mapear os
limites dessas áreas, evidenciando a exata dimensão da proteção ambiental dos
ecossistemas proporcionada pelo Código Florestal Brasileiro (CFB). A espacialização
viii
dasAPP’s,viabilizandoaaplicaçãodoCFB,podeminimizarosconflitosdeusodaterra
e evitar a degradação dos fragmentos florestais remanescentes. Quando aplicado, o
CFB proporciona, naturalmente, a formação de corredores ecológicos, criando uma
rede de áreas conservadas em comunicação e minimizando os efeitos deletérios
impostosàspopulaçõesdafaunaeflorapelafragmentaçãodehabitats.
ix
ABSTRACT
GONÇALVES, Andrea Brandão, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, May, 2009.
Automatic delimitation of Permanent Preservation Areas and land use conflicts
identification at the Camapuã/Brumado river subbasin. Adviser: Carlos Antônio A.
SoaresRibeiro.CoAdvisers:HélioGarciaLeiteandVicentePauloSoares.
The purposes of this study were to make spatial identification of the
Permanent Preservation Areas (PPA) within the Camapuã/Brumado River subbasin
and to identify and quantify eventual land use conflicts. From a ETM+/LANDSAT 7
digitalimage,itwasmappedthreeclassesoflanduse:SemideciduousSeasonalForest,
Cerrado and Agropecuary. The methodology for automatic delimitation of the PPA's,
based on CONAMA's Resolution 303/02, allowed the spatial identification of
categories situaded on upper third of hills, springs and their respective contributing
areas,riparianzones,upperthirdofthesubbasinandalongthewaterdividelineand
on hillsideswithslopes above 45degrees.Thetotalarea of Camapuã/BrumadoRiver
subbasin is 110.711,9 ha, in which 12,3 % is covered by Semideciduous Seasonal
Forest, 52,6 % by Cerrado and 35,1% is occupied by agropecuarian activities. The
permanentpreservationareascorrespondedto57,0%ofthissubbasintotalarea,the
greatestportionbeingtheonessituatedontheupperthirdofthesubbasinandalong
the water divide line, with the extension of 39,624 ha (52,6 %), and the smallest
portionbeingtheonesonthehillsideswithslopesabove45degrees,withonly98,1ha
ofextension(0,1%).OutofthemappedPPA'stotal,65,2%(41.155,7ha)areeffective
protectedbyforestformationwhile34,8%(21.939,3ha)areaffectedbyinappropriate
use.Although21.939,3ha were foundtobe in landuse conflict, itwasalsomapped
30.734,3 ha of forest in areas that could be used by the land owners. These facts
corroboratethehypothesisthatlackofknowledgeaboutthePPA'slocationsinsidethe
properties is the major cause of acting in disagreement with law. The automatic
delimitation of the PPA's was efficacious to map those areas' boundaries, making
evident the exact size of ecosystems' environmental protection commended by the
BrazilianForestCode(BFC).ThePPA'sidentification,makingapplicationofBFCviable,
canminimizelanduse conflictsand avoid degradation ofremainingforestfragments.
When applied, the BFC provides, actually ecological corridors, creating an integrated
x
network of conserved areas and minimizing disturbs imposed to flora and fauna
populationbyhabitats'fragmentation.
1
1‐ INTRODUÇÃO
DefinidaspeloCódigoFlorestalBrasileiroeposteriormente,consideradascomo
reservas ecológicas pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, as Áreas de
Preservação Permanente (APP) apresentam grande fragilidade quanto a possíveis
impactos ambientais. No entanto, observase um histórico de contínuo desrespeito a
esses ecossistemas. O uso indevido das APP’s e das reservas legais pelos produtores
rurais devese, principalmente, ao desconhecimento e à dificuldade de interpretação
das normas que caracterizam e regulam o uso dessas áreas (CALABRIA, 2004). Os
órgãos florestais com poder de fiscalização muitas vezes se mostram incapazes de
impor o cumprimento da legislação ambiental brasileira, combinando despreparo
técnicoeinfraestruturainadequada.
A partir dessa constatação, como alternativa viável e essencial para conquista
de práticas adequadas, destacase como grande aliado o planejamento ambiental,
constituído por um processo flexível e dinâmico, baseado na descrição detalhada da
área (PIRES et al., 1998) e, por conseqüência, dos seus aspectos físicos, biológicos e
sócioeconômicos. Contudo, a falta de informações confiáveis e atualizadas sobre as
condiçõesdomeioambientelocaltemrepresentadoumdosmaioresentravesparao
planejamentodasaçõesdoPoderPúblicoedemaissegmentosdasociedade,alémde
favorecer a degradação dos diferentes ecossistemas, devido ao desconhecimento e
usodeestratégiasinadequadasdemanejodosolo,das águasedasflorestas(TONIAL
etal.,2000).
Ousoinapropriadodasterraséumtemaatualerelevante,umavezquemuitas
propriedadesruraisapresentamalgumtipodeusoconflitivodosolo.Assoluçõespara
2
os problemas decorrentes de um modelo predatório de uso e ocupação da terra são
urgentesemerecemtodaaatençãoquevêmrecebendo.
Diante do exposto, a identificação e a delimitação de Áreas de Preservação
Permanente urgem o aprimoramento das técnicas e sistemas empregados. O uso de
geotecnologias,entreasquaisoSensoriamentoRemoto,quepossibilitaaaquisiçãode
informações sinóticas sobre o uso atual da terra, e os Sistemas de Informações
Geográficas,instrumentosconsagradosdeanáliseemodelagemdoespaçogeográfico,
mostrase bastante eficiente para a delimitação de APP’s. Em um país de dimensões
continentais como o Brasil, é imprescindível a representação e caracterização dessas
áreas para que se possa promover o fiel cumprimento da lei e a implementação de
açõesvoltadasparapreservaçãoemanutençãodessesambientesnaturais.
O presente estudo teve como objetivos a espacialização das áreas de
preservação permanente da subbacia hidrográfica do rio Camapuã/Brumado e a
identificaçãoequantificaçãodeeventuaisconflitosdeusodaterra,apartirdaimagem
digitaldosensorETM+/LANDSAT7.Otrabalhobuscaainda,avaliarahipótesedequea
falta de conhecimento a respeito da espacialização das Áreas de Preservação
Permanenteéaprincipalcausadodescumprimentodalei.
3
2‐ REVISÃODELITERATURA
2.1‐ ÁREASDEPRESERVAÇÃO PERMANENTE
As relações entre a sociedade e a natureza desenvolvidas até o século XIX,
vinculadasao processo deprodução capitalista,consideravam o homem e a natureza
comopólosexcludentes,tendosubjacenteaconcepçãodeumanaturezaobjeto,fonte
ilimitada de recursos à disposição do homem. Com base nessa concepção,
desenvolveramse práticas, por meio de um processo de industrialização, onde o
acúmulo de riquezas se realizava por meio da exploração extensiva dos recursos
naturais(CUNHAeGUERRA,2008).
O processo histórico de colonização e consolidação do território brasileiro
pautouse em um modelode desenvolvimento predatório, despreocupado emprezar
pela proteção do patrimônio natural.A expansão de áreas agrícolas e urbanas, a
implementação de projetos industriais, a mineração, entre outras atividades
antrópicas, promoveram a alteração da paisagem original, criando uma outra,
dominada pela fragmentação florestal (SOARES et al., 1998) e pela degradação dos
soloserecursoshídricos.
Nasúltimasdécadasteveinícioemmuitospaíses,etambémemváriosestados
brasileiros, a estruturação de órgãos ambientais e o estabelecimento de políticas
públicas para o meio ambiente. Objetivando disciplinar e limitar as interferências
antrópicassobreomeioambiente,oartigodoCódigoFlorestalBrasileiroaLein
o
4.771, de 15 de setembro de 1965 contempla a criação das Áreas de Preservação
Permanente(APP).
4
As APP’s têm como função prescípua preservar os recursos hídricos, a
paisagem,aestabilidadegeológica,abiodiversidade,ofluxogênicodefaunaeflora,a
proteçãodosoloeassegurarobemestardaspopulaçõeshumanas.Nessasáreasnão
sepodefazeraretiradadacoberturavegetaloriginal,permitindo,assim,queelapossa
exercer, em plenitude, suas funções ambientais (SOARES et al., 2002). A cobertura
vegetalnessesambientesminimizaráosefeitoserosivos,alixiviaçãodenutrientesdo
solo e o assoreamento dos corpos d’água, além de promover a estabilidade das
comunidades florísticas e faunísticas e exercer papel fundamental na proteção dos
recursoshídricoseedáficos.
Considerando a necessidade de regulamentação do artigo do Código
Florestal e que as Áreas de Preservação Permanente são instrumentos de relevante
interesse ambiental e imprescindíveis ao desenvolvimento sustentável, objetivo das
presentesefuturasgerações,entrouemvigor,nodia13demaiode2002,aResolução
n
o
303, do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA. Essa resolução dispõe
sobre parâmetros, definições e limites de APP’s, estabelecendo a abrangência e a
distribuição espacial das seguintes categorias: topos de morros e montanhas,
compreendendoo seu terço superior; ao longo daslinhasdecumeada,protegendoo
terço superior das encostas; entorno das nascentes; margens de lagos e lagoas; ao
longodoscursosd’água,sendoalarguradaszonasripáriasdefinida pelaextensãode
suasplaníciesdeinundação;emterrenosíngremes,cujasdeclividadessejamiguaisou
superiores a 100 %; nas bordas de tabuleiros e chapadas e em quaisquer áreas
situadas acima de 1.800 m. São também, de preservação permanente, áreas
ambientalmente sensíveis, e.g., manguezais, dunas, restingas, veredas, habitats de
espécies ameaçadas de extinção e, em praias, nos locais de nidificação e reprodução
deespécies.
Apesar de todos os esforços‐políticos, administrativos e orçamentários‐
traduzidosemleis,decretoseoutrosatosnormativos,paraimplementaçãodapolítica
pública de meio ambiente, o Estado ainda se depara com grandes desafios no que
concerneàaplicaçãodalegislaçãoambiental.Passadasmaisdequatrodécadasdesde
a promulgação do Código Florestal, ainda não se produziu até hoje qualquer
demarcaçãooficialdasÁreasdePreservaçãoPermanenteparaoBrasil,oqueimpede
ofielcumprimentodalei(RIBEIRO,2006).
5
A ocupação indiscriminada das APP’s tem gerado vastas extensões com alto
grau de degradação, comprometendo, seriamente, a qualidade de vida. Segundo
GuerraeCunha(1996),duasdasprincipaiscausasdedegradaçãoambiental,induzidas
pelohomem,estãorelacionadasàutilizaçãodeterrassemaptidãoparaasatividades
agrícolas e, ou, pastoris e a ausência de práticas de preparo e manejo do solo
adequadasàscondiçõesedafoclimáticas.
Embora a degradação das APP’s esteja diretamente relacionada ao uso
inadequadodaterra,elatemocorrido,muitasvezes,devidoàslimitaçõesoperacionais
e estruturais dos órgãos ambientais responsáveis pela demarcação dessas áreas
(COSTA et al., 1996), bem como pela ausência de fiscalização e monitoramento. O
estabelecimento dos dispositivos legais, como a Resolução 303 do CONAMA, a
implantação de programas de educação ambiental informando à sociedade sobre a
importânciadas APP’s como forma essencialpara seassegurar a qualidade da água e
do bemestar social e o desenvolvimento de metodologias adequadas para sua
delimitação(OLIVEIRA,2002),podemcolaborarparaasoluçãodosproblemasrelativos
àpreservaçãodessesambientes.
2.2‐ ANÁLISEDOUSODATERRAEMBACIASHIDROGRÁFICAS
Abaciahidrográficaédefinidacomoumaáreadecaptaçãonaturaldaáguada
precipitação que faz convergir os escoamentos superficiais para um único ponto de
saída,seuexutório.Écompostabasicamentedeumconjuntodesuperfíciesvertentes
edeumaredededrenagemformadaporcursosd’águaqueconfluem
atéoriginarum
leitoúniconasuafoz(TUCCI,2004).
A bacia hidrográfica tem sido utilizada como uma unidade geomorfológica
fundamental, porque suas características governam, no seu interior, todo o fluxo
superficialdaágua.Assim,vemsendoconsideradaumaunidadeterritorialidealparao
planejamento integrado do manejo dos recursos naturais
(PISSARRA, 1998). uma
unanimidade crescente entre pesquisadores (BORMANN e LIKENS, 1967; CHORLEY,
1969;SCHUMM,1977;COOKEeDOORNKAMP,1990;LIMA,1996;LOMBARDINETOet
al.,1995;RESENDE et al., 1995; PIRES e SANTOS,1995;FREITASe KERR, 1996) paraa
6
escolha da bacia hidrográfica como unidade metodológica natural de análise, estudo,
planejamentoegerenciamentodapaisagem,quetornapossívelreconhecereestudar
as interrelações existentes entre os diversos elementos da paisagem e os processos
queatuamnasuaesculturação.
Os principais componentes das bacias hidrográficas solo, água, vegetação e
fauna coexistem em permanente e dinâmica interação, respondendo às
interferências naturais (intemperismo e modelagem da paisagem) e àquelas de
natureza antrópica (uso/ocupação da paisagem), afetando os ecossistemas como um
todo. Nesse sistema, os recursos hídricos são os melhores indicadores dos efeitos do
desequilíbrio das interações entre os respectivos componentes. Por esse motivo, as
bacias e subbacias hidrográficas vêmse consolidando como compartimentos
geográficos coerentes para o planejamento integrado do uso e da ocupação dos
espaços rurais e urbanos, tendo em vista o desenvolvimento sustentado no qual se
compatibilizam atividades econômicas com qualidade ambiental (SOUZA e
FERNANDES,2000).
Enquanto unidades naturais, as bacias hidrográficas apresentam alterações
paisagísticasdecorrentes da diversidaderegistrada na ocupaçãoemanejoda terra.A
especulação imobiliária, o desenvolvimento do turismo, o crescimento desordenado
denúcleospopulacionaiseaincorporaçãodeterrasparafinsagrícolas,procedimentos
generalizados nos últimos anos em escala global, vêm provocando fortes impactos
socioambientais,
artificializando paisagens naturais, provocando perdas na higidez
ambiental e influindo no equilíbrio ecológico (RODRIGUES e CARVALHO, 1995). A
severidade e a dispersão geográfica das conversões de áreas florestadas para
atividades agropecuárias vêm suscitando uma preocupação em nível mundial com a
preservaçãodadiversidadeecológicaremanescente,levandoaumaumentotantono
númerodeagênciasquantonodetecnologiasvoltadasparaomonitoramentodessas
mudanças(BANCOMUNDIAL,2003).
Nesse sentido, os Sistemas de Informações Geográficas apresentamse como
uma tecnologia promissora, disponibilizando diversos recursos para uma modelagem
numérica do relevo bastante acurada (TRIBE, 1992), bem como procedimentos
automatizados para a obtenção das suas características fisiográficas. Dentre as
vantagens de se adotarem abordagens automatizadas para tais processos, destacam
7
se a confiabilidade e a reprodutibilidade dos resultados, que podem então ser
organizados e facilmente acessados sob a forma de bases de dados digitais
(SAUNDERS,1999).
2.3‐ DELIMITAÇÃO DE APP’S E IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS DE USO DA
TERRA
As Áreas de Preservação Permanente são uma proteção do meio ambiente,
assegurandolhe perpetuidade e contribuindo notadamente para o bemestar das
populações.Noentanto,aimposiçãolegaldessasáreasespacialmentecomplexastem
sidodificultada pela inabilidade de sedeterminarem seus limites físicos para umpaís
de grande extensão territorial como o Brasil (RIBEIRO, 2007). A inexistência da
demarcação oficial das APP’s inviabiliza a efetiva fiscalização ambiental e estimula a
desobediênciaàsleisvigentes.
Nesse contexto, as metodologias passíveis de serem implementadas por meio
do geoprocessamento tornamse alternativas viáveis para se reduzir, de maneira
significativa, as deficiências relativas ao cumprimento da legislação. O
geoprocessamentoenglobaumconjuntodetécnicasdestinadasàcoletaetratamento
de informações espaciais, destacandose, entre outras técnicas: os Sistemas de
Informação Geográfica (SIG) e o Sensoriamento Remoto (SR) (GOODCHILD, 1986). A
eficiênciaeaconfiabilidadeadvindasdousodessastecnologiasparaoprocessamento
ea
análisedegrandesvolumesdedadosespaciaistornamessastécnicasfundamentais
paraanálise,monitoramentoemodelagemdaspráticasdemanejo(LACHOWSKIetal.,
1994;OLIVER,1992),auxiliandodemaneiradecisivaaspesquisasacercadaadequação
dousodaterra(AULICINOetal.,2000;COSTAetal.,1996).
ParaNascimentoetal.
(2005),omonitoramentodasAPP’stemsidoumgrande
desafiosobosaspectostécnicoeeconômico,poisoscritériosdedelimitaçãocombase
natopografiaexigemoenvolvimentodeprofissionaisespecializadosedeinformações
detalhadas da unidade espacial em análise. A delimitação alicerçada em métodos
analógicos, em que predomina a interpretação visual, é subjetiva, eminentemente
8
bidimensional, estando condicionada a experiência do analista e sendo passível de
contestação (HOOT et al. 2005). Entretanto, com o desenvolvimento de sofisticados
algoritmoseasuaincorporaçãoaoconjuntodefunçõesdosSistemasdeInformações
Geográficas, tem sido possível o processamento rápido e eficiente dos dados
necessários para caracterização das variáveis morfométricas do terreno, essenciais
paraanálisedasintervençõesantrópicasembaciashidrográficas(OLIVEIRA,2002).
Os dados da SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) resultam de uma
missão espacial conjunta realizada pela NASA (National Aeronautics and Space
Administration‐EUA), NIMA (National Imagery and Mapping Agency‐EUA), DLR
(Deutsches Zentrum für Luft‐ und Raumfahrt‐Alemanha) e ASI (Agencia Spaziale
Italiana), com o intuito de se gerar um modelo digital de elevação (MDE) da Terra
usandoatécnicadainterferometriaporradar.Arecentedisponibilizaçãogratuitapela
NASAdessesdadosparatodoocontinenteamericano,aliadaàtecnologiadegeração
demodelosdigitaisdeelevaçãohidrograficamentecondicionados(MDEHC),viabilizam
adelimitaçãoautomáticadasÁreasdePreservaçãoPermanenteparatodooterritório
brasileiro (RIBEIRO, 2005). O mapeamento dos limites dessas áreas é essencial para
que o Código Florestal seja cumprido e haja diminuição do desmatamento e do uso
inadequadodaterranasáreasrelativasàpreservaçãopermanente.
Vários trabalhos têm sido conduzidos, envolvendo a delimitação de bacias
hidrográficas e, mais recentemente, de suas APP’s. A maioria dos Sistemas de
Informações Geográficas (SIG) hoje disponíveis no mercado traz ferramentas que
possibilitam executar automaticamente essas tarefas com rapidez e confiabilidade
(SERIGATTO, 2006). Os resultados do estudo pioneiro conduzido por Ribeiro et al.
(2005),contribuíramdeformadecisivaparasedemonstraraviabilidadetécnicadese
fazercumpriroCódigoFlorestalBrasileiro,noqueserefereàdelimitaçãodeAPP’s.O
estudofoiconduzidoemumamicrobaciacomáreade212halocalizadanomunicípio
de Viçosa, Estado de Minas Gerais. Foram identificadas cinco categorias de APP’s:
entornodas nascentes(70ha), terçosuperior dasencostas(55 ha),matasciliares (30
ha),áreasdeclivosas(2 ha) etoposde morros (0,28 ha).As APP’s ocuparam cercade
58%daáreatotaldessamicrobaciaeconcentraramseprincipalmentenoentornodas
nascentes(33%)enoterçosuperiordasencostas(26%).
9
Com o objetivo de delimitar de maneira automática as Áreas de Preservação
Permanente e identificar a ocorrência de conflito de uso da terra, Nascimento et al.
2005, realizaram um estudo na bacia hidrográfica do rio Alegre, Estado do Espírito
Santo,utilizandoamesmametodologia.Paraotrabalho,utilizouseoMapadeUsoda
Terra correspondente à área de estudo, gerado a partir da classificação visual da
imagem IKONOS, obtida em dezembro de 2002, e as bases cartográficas
planialtimétricas do IBGE em formato digital, na escala de 1:50.000. As APP’s foram
delimitadas de acordo com Resolução do CONAMA n
o
303/02. Os resultados
mostraram que as categorias de APP’s ocupavam 9.567 ha (46 %), de um total de
20.820hadaáreadabacia.DototaldasAPP’smapeadas,cercade78%encontravase
sobusoindevido,compredomíniodasclassescafezalepastagem.
10
3‐ MATERIALEMÉTODOS
3.1‐ CARACTERIZAÇÃODAÁREADEESTUDO
3.1.1 LOCALIZAÇÃO
A subbacia hidrográfica do rio Camapuã/Brumado totaliza 110.711,9 ha na
regiãodo Alto Paraopeba, no Estadode MinasGerais(Figura1).Estálocalizadaentre
as coordenadas 7.732.808 m e 7.683.662 m na direção nortesul e 611.383 m e
572.329m na direção lesteoeste do sistema de projeção cartográfica UTM, Fuso 23,
MeridianoCentral‐45
o
,DatumCórregoAlegre.
ÉformadapeloscórregosGambá,Taquaral,DoisCórregos,SaltoeSãoMiguel,
peloribeirãoCuiabádeCimaepelosriosBrumado,GrandeeCamapuã(Figura2).Na
baciaestãolocalizadasassedesdosmunicípiosdeEntreRiosdeMinas,JeceabaeSão
BrásdoSuaçuí,alémde
partedosmunicípiosdeCasaGrande,DesterrodeEntreRios,
LagoaDouradaeResendeCosta.
Opresente estudo integra o Projeto de RevitalizaçãodaBaciade Contribuição
daHidrelétricadeTrêsMarias(RIBEIRO,2006).Aáreaanalisadaenglobaascabeceiras
dabaciadoRioParaopeba,constituindoumaimportanteregiãopara
preservaçãodas
nascentese,consequente, paraamanutençãoda qualidade e quantidade de águada
bacia.
11
Figura 1. Localização da subbacia hidrográfica do rio Camapuã/Brumado, Minas
Gerais.
3.1.2 C
ARACTERIZAÇÃO
3.1.2.1 CLIMA
A área de estudo está inserida em zona de clima classificado como
mesotérmico brando, compreendendo as superfícies mais elevadas do sul de Minas
Gerais, com altitudes superiores a 1.000 m (VALLOUREC e SUMITOMO TUBOS DO
BRASIL, 2007). O regime pluviométrico é caracterizado por um verão chuvoso que se
estendede
outubroamarçoeestaçãosecadeabrilasetembro.Aprecipitaçãomédia
anualéde1.236mm(SILVAJÚNIOR,1984).
12
Figura2.RioCamapuã,municípiodeEntreRiosdeMinas,MinasGerais.
Fonte: www.aguasdoparaopeba.org.br
3.1.2.2 VEGETAÇÃO
A subbacia do rio Camapuã/Brumado inserese em uma região de transição
entre dois domínios vegetacionais: Mata Atlântica e Cerrado (IBGE, 2004).Segundo
Rizzini(1997),oslimitesdaMataAtlânticaemMinasGeraisenglobamasregiõescom
ocorrência de Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial Montana e Floresta de Araucária),
Floresta Estacional Semidecidual (Floresta Pluvial Baixo Montana) e áreas de Tensão
Ecológica(Contato/Enclave).
Na área de estudo prevalece comoprincipal formação vegetal o Cerrado.Esta
vegetação é caracterizada por tipos fisionômicos que variam desde as formas
campestres bem abertas, como os campos limpos de cerrado, até as formas
relativamente densas, florestais, como os cerradões. Entre esses dois extremos
fisionômicos, vamos encontrar toda uma gama de formas intermediárias, com
fisionomiadesavana,comooscampossujos,oscamposcerradoseoscerradossensu
stricto(COUTINHO,2002).
13
Encontramse também na área de estudo fragmentos de Floresta Estacional
Semidecidual.Asflorestasestacionaisincluemformaçõesflorestaiscaracterizadaspor
diversos níveis de caducifolia durante a estação seca (NASCIMENTO et al., 2004). No
casodas FlorestasSemideciduais, a porcentagem deárvores caducifólias no conjunto
florestalsituaseemtornode20%a50%naépocadesfavorável(VELOSO,1992).
Em decorrência de interferências antrópicas na subbacia hidrográfica em
estudo, essa formação vegetal encontrase em diferentes estágios sucessionais, mais
comumente sob a forma de capoeiras e capoeirões. Segundo Oliveira Filho et al.
(1994),osremanescentesdevegetaçãodaregiãocentrosulmineiraencontramsena
sua maioria bastante perturbados pelo fogo, pela pecuáriaextensivaou pelaretirada
de madeira. As Florestas Semidecíduas, em particular, foram criticamente reduzidas,
uma vez que sua ocorrência coincide com solos mais férteis e úmidos, e, portanto,
maisvisadospelaagropecuária.
3.1.2.3 ASPECTOSGEOLÓGICOS
A área de estudo situase ao sul da borda sul do cráton São Francisco
Meridional, onde se insere o Quadrilátero Ferrífero, que foi palco de vários eventos
geodinâmicosduranteoArqueanoe o Proterozóico. Estes processos forammarcados
pela manifestação de intensa atividade de deformação, retrabalhamento e acresção
crustal
(TEIXEIRA et al., 1996 apud et al.). Em toda área sob enfoque encontrase
batólitograníticoAltoMaranhão,comidadede2.110Ma(ENDOeMACHADO,2002),
indicando sua intrusão sintectônica durante o ciclo Transamazônico. Tratase de um
biotitagranito a granodiorito, de granulação grosseira, apresentando intrusões de
rochas básicas em diques e corpos disformes. Sobre o granito se desenvolvem os
cambissolos,constituindoumacamadadesolosiltosadecorrosada.Asrochasbásicas
originamsolosemtonsvermelhosaamareladosdecomposiçãomaisargilosa,estando
relacionadas, na área de estudo, aos latossolos vermelhoamarelos profundos
(VALLOURECeSUMITOMOTUBOSDOBRASIL,2007).
3.1.2.4 ASPECTOSGEOMORFOLÓGICOS
14
A subbacia do rio Camapuã/Brumado situase na unidade geomorfológica
denominada como Planalto Dissecado, localizado na porção centrosul de Minas
Gerais,emumafaixapróximaaobordosudoestedasescarpasabruptasquedelimitam
o Quadrilátero Ferrífero. A característica dominante desta unidade é a relativa
homogeneidadedasfeiçõesesculpidasnorelevopelosprocessosdedissecaçãofluvial
sobre as rochas graníticas. O relevo é suave ondulado com morros de topos
arredondados e vertentes predominantemente convexas, onde as cotas máximas
situamse na faixa de 950 a 1.000 m (VALLOUREC e SUMITOMO TUBOS DO BRASIL,
2007).
3.2‐ BASEDEDADOS,EQUIPAMENTOSESOFTWARESUTILIZADOS
Para realização deste estudo foi utilizada uma imagem digital do sensor
ETM+/LANDSAT7,comresoluçãoespacialde30m,obtidanoanode2002.
Paraageraçãodomodelodigitaldeelevaçãohidrograficamentecondicionado,
utilizaramse as bases cartográficas planialtimétricas em formato digital na escala de
1:50.000 do IBGE, contendo hidrografia e curvas de nível com eqüidistância de
20 m. O tratamento e análise dos dados foram realizados utilizandose os softwares
Anudem versão 5.2, Erdas Imagine versão 9.2 e ArcGIS versão 9.3, destacandose os
módulosArcMapeArcInfoWorkstation(ESRI,2008).
3.3‐ MAPEAMENTODOUSOEOCUPAÇÃODATERRA
Para geração do mapa de uso e ocupação da terra realizouse a classificação
supervisionada da imagem LANDSAT 7, usando as bandas 2 (0.520.60 m), 3 (0.63
0.69m)e4(0.760.90m)eoalgorítmodeclassificaçãodamáximaverossimilhança.
Com a finalidade de verificar a confiabilidade do mapa gerado, foi realizada uma
avaliaçãodaexatidãopormeiodoíndiceKappa,conformeaequaçãoabaixo:
15
Onde: =ÍndicedeexatidãoKappa
r=númerodelinhasnamatriz
xii=númerodeobservaçõesnalinha[i]ecoluna[i]
xi+ex+i=totaismarginaisdalinha[i]ecoluna[i],respectivamente.
N=númerototaldeobservações
3.4‐ DESENVOLVIMENTO DO MODELO DIGITAL DE ELEVAÇÃO
HIDROGRAFICAMENTECONDICIONADO
(MDEHC)
Os dados de elevação do terreno usados na geração do respectivo MDEHC
foram extraídos da base cartográfica planialtimétrica em formato digital naescala de
1:50.000doIBGE.Visandogarantirqueosdivisoresdeáguadasubbaciahidrográfica
do rio Camapuã/Brumado estivessem corretamente representados no MDEHC a ser
criado,definiuseumamargemde10kmemtornodasuamalhahidrográficavetorial.
OMDEHCfoicriadocomumaresoluçãogeométricade5m.
A geração de um modelo digital de elevação hidrograficamente condicionado
usa a malha hidrográfica durante o processo de interpolação dosdados de altimetria
para melhorar a definição do relevo ao longo das calhas dos rios. Para tanto, a
conectividade de todos os arcos da hidrografia e a sua orientação no sentido do
escoamentoforamimpostas.AcriaçãodoMDEHCfoifeitacomousodointerpolador
Anudem versão 5.2, estipulandose o valor de 5 m para a sua resolução geométrica.
Emseguida,efetuouseorefinamentodomodelosegundoametodologiadeRibeiroet
al.(2005).
A delimitação da área de drenagem da subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/BrumadofoifeitacomocomandoWatersheddomóduloSpatialAnalystdo
ArcGIS, que requer como dados de entrada a grade de direções de escoamento e o
16
ponto associado à foz da bacia. O limiteda bacia, assimobtido, foientão usado para
recortarosdadosoriginais.
3.5‐ DELIMITAÇÃO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE COM BASE NA
RESOLUÇÃON
O
303/02DOCONAMA
Conformeodispostonosartigos2
o
e3
o
daResoluçãon
o
303/02do CONAMA,
foram delimitadas as seguintes categorias de APP’s, segundo a metodologia para
delimitaçãoautomáticadesenvolvidaporRibeiroetal.(2002,2005):
1)terçosuperiordosmorros(APP1),
2)entornodasnascentesesuasáreasdecontribuição(APP2),
3)faixamarginalaolongodoscursosd’água(APP3),
4) terço superior da bacia e ao longo das linhas de cumeada
(APP4),
5)encostascomdeclividadessuperioresa45
o
(APP5).
3.5.1 D
ELIMITAÇÃODASAPP’SNOTERÇOSUPERIORDEMORROS
AdelimitaçãodasAPP’snoterçosuperiordosmorrosemontanhas(APP1)foi
feita a partir da identificação da base e do topo de cada elevação, respeitados os
limites de declividade mínima de 30 % para suas encostas quando suas alturas
estiverem entre 50 m e 300 m, agrupandose aqueles cujos topos situemse a uma
distânciadeaté500m.
Para delimitação desta categoria de APP’s, procedeuse à inversão do relevo,
tendoseeliminado ascélulasdahidrografiaparagarantir que asdepressõessituadas
17
sobreestasnãofossemidentificadas.ApósainversãodoMDEHC,asdepressõesforam
identificadas como os topos dos morros e montanhas e o perímetro da bacia de
contribuiçãodrenadaporumadepressãocomoabasedaelevação.
Identificandoseosvalores de altitude das célulasdo MDHEC queequivalemà
base e ao topo da elevação, foi então possível determinar a altura de cada morro e
montanha.
3.5.2 DELIMITAÇÃODASAPP’SNOENTORNODASNASCENTES
O artigo da Resolução do CONAMA 303/02 estabelece, como Área de
PreservaçãoPermanente,aáreasituada:
II‐aoredordenascenteouolhod`água,aindaqueintermitente,comraiomínimode
50mdetalformaqueproteja,emcadacaso,abaciahidrográficacontribuinte.
A delimitação das APP’s situadas no entorno das nascentes (APP2) foi obtida
delimitandoseumcírculocomraiode50maoredordasnascentes,superpondooàs
respectivasáreasdecontribuição.
3.5.3 DELIMITAÇÃODASAPP’SAOLONGODOSCURSOSD'ÁGUA
O primeiro passo para se determinar a extensão de uma zona de proteção
ripária é definir os limites da sua planície de inundação. Tradicionalmente, a
delimitação da planície de inundação é feita em um ambiente vetorial, com base no
perfil do relevo obtido em seções transversais adequadamente distribuídas ao longo
da hidrografia (ACKERMAN et al., 2000). O processo de se determinar os limites da
planíciedeinundaçãodecorrentedeumadadaprecipitaçãopodeserassimresumido:
1) Inicialmentequeseobteroacréscimento(ΔZ)nonívelnormaldaminad’água
em cada uma das seções transversais, no ponto em que estas interceptam a
hidrografia.
2) Para cada seção transversal, identificamse todos os pontos cujas altitudes sejam
iguaisoumenoresqueaaltitudedorioacrescidadodeslocamentoverticalΔZ.
18
3) Em seguida, identificase, para cada seção transversal, o segmento associado a
esses pontos. Cada um desses segmentos representará a largura da planície de
inundaçãonaquelepontodahidrografia.
4) Finalmente conectamse, com uma linha, os pontos extremos de cada um dos
segmentos, obtendose, assim, o limite da planície de inundação para cada
margemdahidrografia.
A Figura 3 ilustra o resultado desse processo vetorial para uma situação
hipotética.
Figura 3. Identificação da planície de inundação a partir de seções transversais
estabelecidasaolongodaredehidrográfica.
Fonte:DODSONeLI(2000).
O comprimento de cada seção transversal deve ser estabelecido de forma a
interceptar o respectivo divisor de águas daquele trecho da hidrografia. A adoção de
um espaçamento fixo poderá levar à superamostragem de segmentos longos da
hidrografiaeàsubamostragemdesegmentoscurtos(DODSONeLI,2000).Assim,para
seevitartaissituações,cadasegmentodahidrografiadeveráteromesmonúmerode
seções. Tornase conveniente gerar, automaticamente, um conjunto de seções
transversais para toda a rede hidrográfica. Os valores dealtimetria ao longo de cada
seção transversal são extraídos a partir do respectivo modelo digital de elevação.
Dependendodosoftwareutilizado,ainformaçãodealtimetriapoderáserarmazenada
19
implicitamentenaprópriaestruturade dados(e.g.,geodatabase,shapefile)ouentão,
na respectiva tabela de atributos (e.g., coverages). O estabelecimento dos perfis do
relevoparacadaseçãotransversaléfeitoumaúnicavezparaabaciaanalisada.Daíem
diante, essa estrutura de informações poderá ser usada para diversas simulações de
cheias, sendo o referencial para o mapeamento das respectivas planícies de
inundação.
Para o presente estudo, os valores das cotas de cheia para cada célula da
hidrografia foram obtidos por interpolação linear entre a cota máxima de inundação
na foz da subbacia e as cotas máximas de inundação nas nascentes, adotandose
como variável independente a área de drenagem à montante de cada célula da
hidrografia. Uma vez obtida a planície de inundação, a delimitação das Áreas de
Preservação Permanente ao longo da rede hidrográfica requer os seguintes
procedimentos:
1) Derivaçãodalinhadecentroassociadaàplaníciedeinundação;
2) Criaçãodeumgridcontendoadistânciadecadacéluladabordadaplaníciede
inundaçãoàlinhadecentro;
3) Reclassificação dos valores da largura da planície, de acordocom a Resolução
303/02doConama,apresentadosnaTabela1‐oucomalegislaçãoestadual,quando
essaformaisrigorosadandoorigemaumgridcontendo,paracadacéluladaborda
daplaníciedeinundação,alarguradafaixadeproteçãomarginalnaqueleponto;
4) Conversão do grid de valores das largurasdas zonasripárias de proteção para
um conjunto de pontos contendo, em sua tabela de atributos, os valores dessas
larguras;
5) Criação deum conjunto de círculoscom origens nospontossituados aolongo
das bordas da planície e cujos raios sejam iguais à respectiva largura da faixa de
proteção (isso é facilmente obtido usandose, no ArcGIS, o comando BUFFER com a
opçãoDISSOLVEparaeliminaroslimitesdasregiõesdesobreposiçãodospolígonos);
6) Rasterizaçãodessenovoconjuntodepolígonos;
7) Finalmente,criação do grididentificandoasAPP’saolongo dos cursosd’água,
sobrepondoseogridgeradonopassoanteriorcomogriddaplaníciedeinundação.
20
Tabela1.LarguradasÁreasdePreservaçãoPermanenteaolongodahidrografia.
Larguradaplaníciede
inundaçãodocursod’água(m)
Larguramínimadafaixa
deproteçãoripária(m)
<10 30
10..50 50
50..200 100
200..600 200
>600 500
Essa metodologia poderá ser aplicada a qualquer planície de inundação,
independentemente do processo utilizado para a sua delimitação, conforme ilustra a
Figura4.
(a)
(b)
(c)
Figura 4. (a) Comparação entre o traçado da hidrografia e a linha de centro da sua
planície de inundação; (b) larguras das zonas de proteção em função da largura da
planície de inundação; (c) delineamento das zonas ripárias de proteção ao longo da
planíciedeinundação.
Fonte:RIBEIROet
al.(2007)
3.5.4 DELIMITAÇÃODASAPP’SAO LONGODASLINHASDECUMEADAENOTERÇOSUPERIORDAS
BACIAS
As linhas de cumeada são representadas pela linha que une os pontos mais
altos de uma seqüência de morros ou de montanhas, constituindose no divisor de
águas. De acordo com Ribeiro et al. (2005), a determinação das APP’s nas linhas de
21
cumeadas tem por base a bacia contribuinte de cada segmento da hidrografia.
Entendeseporsegmentootrechodahidrografiacompreendidoentreumanascentee
umaconfluência,entreduasconfluênciassucessivasou,ainda,entreumaconfluência
e a foz da malha hidrográfica. Para mapear o terço superior de uma encosta é
imprescindívelaadoçãodeduasreferências:umasuperior(odivisordeáguas)eoutra
inferior(abasedomorroouocursod’águamaispróximo).
O processo iniciase com a identificação do morro com o cume de menor
altitude.Emseguida,identificaseaalturadessemorroecalculaseacotadacurvade
nível associada ao seu terço superior. Dividese agora a linha de cumeada em
segmentos de 1 km, tendo por origem o cume mais baixo. Para cada um desses
segmentos, a cota do terço superior da encosta é recalculada. O procedimento é
executadoparatodososdivisoresd’águadaáreadeestudos,obtendose,aofinal,um
grid com as áreas de proteção ao longo das linhas de cumeada, conforme
exemplificadonaFigura5.
Figura5.ÁreasdePreservaçãoPermanenteaolongodaslinhasdecumeada.
Fonte:RIBEIROetal.(2007)
3.6‐ ANÁLISE DE CONFLITO DE USO DA TERRA NAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO
PERMANENTE
Naidentificaçãoeanálisedoconflitodeusonasáreasdestinadasàpreservação
permanentefoiutilizadoomapatemáticodeusoeocupaçãodaterraedascategorias
deAPP’s.OmapeamentoeaquantificaçãodosconflitosdeusodaterraemÁreasde
22
Preservação Permanente foram realizados usandose álgebra de mapas. Os
procedimentosforamexecutadosnomóduloSpatialAnalystdoArcGIS.
23
4‐ RESULTADOSEDISCUSSÃO
4.1‐ USOEOCUPAÇÃODATERRA
AclassificaçãosupervisionadadaimagemdosensorETM+/LANDSAT7permitiu
o mapeamento de 3 classes de uso e ocupação da terra: Floresta Estacional
Semidecidual,CerradoeAgropecuária(Figura6).
Para avaliar a imagem classificada utilizouse o índice Kappa, que considera a
proporção de amostras corretamente classificadas correspondentes à razão entre a
somadadiagonalprincipaldamatrizdeerros(amostrascorretamenteclassificadas)e
a soma de todos os elementos desta matriz (número total da amostra), tendo como
referênciaonúmerototaldeclasses(ROSENFIELDeFITZPATRICKLINS,1986).Oíndice
Kappacalculadofoiiguala0,64.Ovalorencontradoéconsideradomuitobom(0,6K
0,8)(FOODY,1992)eindicaumresultadosatisfatórioparaaclassificaçãodaimagem.
Na Tabela 2 são descritas as classes de uso e ocupação da terra na subbacia
estudada.
Tabela 2. Descrição do uso e ocupação da terra na subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.
Classesdeusodaterra ÁreaTotal(ha) %
FlorestaEstacionalSemidecidual 13.634,4 12,3
Cerrado 58.255,6 52,6
Agropecuária 38.821,9 35,1
Total 110.711,9 100,0
24
Figura 6. Mapa de uso e ocupação da terra da subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.
25
4.2‐ ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DELIMITADAS NA BACIA
HIDROGRÁFICADORIO
CAMAPUÃ/BRUMADO
AsubbaciahidrográficadorioCamapuã/Brumadopossuiáreade110.711,9ha,
onde 63.095,0 ha (57,0 %) são classificadoscomo Áreas de Preservação Permanente,
tendocomoreferêncialegalaResolução303doCONAMA(Anexo1).Ametodologia
para delimitação automática das Áreas de Preservação Permanente permitiu a
espacialização das categorias situadas no terço superior dos morros (APP1), entorno
das nascentes e suas áreas de contribuição (APP2), na faixa marginal ao longo dos
cursos d’água (APP3), no terço superior da bacia e ao longo das linhas de cumeada
(APP4) e nas encostas com declividades superiores a 45
o
(APP5), conforme
apresentadonaFigura7.
Acategoriacommaiorrepresentaçãonaáreadeestudocorrespondeaoterço
superior da bacia e ao longo das linhas de cumeada, somando aproximadamente
metade (52,6 %) das áreas legalmente protegidas. As áreas com declividades
superiores a 45
o
apresentaram a menor participação dentre as categorias mapeadas,
apenas0,1%dototaldeAPP´s(Tabela3).
Tabela3.ÁreasdascategoriasdeAPP´sdelimitadasdasubbaciahidrográficadorio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.
CategoriasdeAPP´s ÁreaTotal(ha) %
Terçosuperiordemorros 217,0 0,3
Nascentesesuasáreasdecontribuição 11.777,1 15,6
Aolongodoscursosd’água 23.685,9 31,4
Terçosuperiordabaciaeaolongodaslinhasdecumeada 39.624,5 52,6
Declividadessuperioresa45
o
98,1 0,1
Total 75.402,7 100,0
26
Figura 7. Categorias de APP’s delimitadas na subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.
27
Por meio da análise da Tabela 3, notase que o valor da área total das
categorias de APP’s mapeadas (75.402,7 ha), difere em 12.307,7 ha da área coberta
por APP’s nessa subbacia (63.095,0 ha). Essa diferença referese a áreas onde
sobreposição das categorias de APP´s, que ocorre principalmente entre as APP’s
localizadasnoterçosuperiordabaciaeaolongodaslinhasdecumeada,nasnascentes
e suas áreas de contribuição e ao longo dos cursos d’água. Essa conexão natural
proporciona a formação de corredores ecológicos, criando uma rede de áreas
conservadas em comunicação. Os corredores ecológicos constituemse em um meio
eficiente de minimizar os efeitos deletérios impostos às populações da fauna e flora
pelafragmentaçãodehabitats.
Com base na delimitação das APP´s da subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado, constatase que a efetiva proteção das Áreas de Preservação
Permanente proporcionada pelo fiel cumprimento ao Código Florestal Brasileiro é
suficiente para que haja a formação de corredores ecológicos entre os fragmentos
florestaisremanescentes.
Esses remanescentes desempenham papel fundamental na manutenção da
biodiversidade. A adoção do modelo de corredores ecológicos, como medida
mitigadora aos impactos advindos da fragmentação, é uma estratégia viável para
preservaçãodessesrecursosnaturais.
Do total das Áreas de Preservação Permanente, 52,6 % consistem em áreas
situadas no terço superior da bacia, 31,4 % ao longo dos cursos d’água e 15,6% nas
nascentesesuasrespectivasáreasdecontribuição.Apenas0,4%dasáreasprotegidas
estãolocalizadasnoterçosuperiordosmorroseemáreascomdeclividadessuperiores
a45
o
(Figura8).
28
Figura 8. Quantificação das categorias de APP´s na subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.
As categorias de APP’s mapeadas somam 63.095,0 ha, e desse total, 65,2 %
(41.155,7ha)estão efetivamente protegidasporformaçõesflorestais e savânicasdos
domíniosvegetacionaisFlorestaAtlântica(FlorestaEstacionalSemidecidual)eCerrado.
DasAPP’squeestãoconservadas,42,55%sãoconstituídasdeáreassituadasnoterço
superior da bacia e ao longo das linhas de cumeada, 39,44 % ao longo dos cursos
d’água,17,51%nasnascentesesuasáreasdecontribuiçãoeapenas0,19%noterço
superiordemorroseemáreascomdeclividadessuperioresa45
o
.Nessaanálise,para
o cálculo da contribuição de cada categoria de APP nas áreas com sobreposição,
adotouse a seguinte ordem de prioridade: 1. APP’s localizadas nas nascentes e suas
áreasdecontribuição,2.aolongodoscursosd’água,3.noterçosuperiordabaciaeao
longo das linhas de cumeada, 4. no terço superior de morros, e 5. áreas com
declividadessuperioresa45
o
.
O percentual de APP´s para subbacia hidrográfica do rio Camapuã/Brumado
está coerente com os valores encontradospor outros autores em diversos estudos a
respeito da espacialização de Áreas de Preservação Permanente. Nascimento et al.
29
(2005), mapeando as APP´s da bacia hidrográfica do rio Alegre,Espírito Santo,
concluíram que 46 % da área da bacia deveria ser legalmente protegida. Em estudo
semelhante,desenvolvido porOliveira(2002) na microbacia do Paraíso, município de
Viçosa, Minas Gerais, quantificouse 52 % da área como Áreas de Preservação
Permanente.
4.3‐ CONFLITOSDEUSODATERRA
Pormeiodaanálise do mapa temático de uso eocupação daterra e do mapa
das categorias de APP’s delimitadas, foram identificadas áreas em conflito de uso da
terranasubbaciahidrográficadorioCamapuã/Brumado(Figura9).DototaldeAPP’s
mapeadas, 34,8 % (21.939,3 ha) são afetadas pelo uso indevido. Nessas áreas, que
deveriam por força legal estar protegidas e preservadas, encontrase em exercício
atividades agropecuárias. Essa intervenção nas áreas de APP’s descaracteriza a
cobertura vegetal original e impede que a vegetação natural possa exercer suas
funções ambientais. Na Tabela 4 podese contabilizar as áreas de APP’s ainda
conservadaseototaldasáreasemconflitodeusodaterra.
Tabela4.Descriçãodouso daterranasAPP’smapeadasnasubbaciahidrográficado
rioCamapuã/Brumado,MinasGerais.
Usodaterra
ÁreaTotal
(ha)
%
Caracterizaçãodas
APP’s
FlorestaEstacionalSemidecidualemAPP 8.768,6 13,9 APPconservada
CerradoemAPP 32.387,1 51,3 APPconservada
AgropecuáriaemAPP 21.939,3 34,8 Conflitodeusoda
terra
Total 63.095,0 100,0
30
Figura 9. Mapa dos conflitos de uso da terra na subbacia hidrográfica do rio
Camapuã/Brumado,MinasGerais.
31
Das APP’s afetadas pelo uso indevido, 55,69 % são constituídas de áreas
situadas no terço superior da bacia e ao longo das linhas de cumeada, 23,12 % ao
longodoscursosd’água,20,83%nasnascentesesuasáreasdecontribuiçãoeapenas
0,11%noterçosuperiordemorroseáreascomdeclividadessuperioresa45
o
.Parao
cálculodacontribuiçãodecadacategoriadeAPPnasáreascomsobreposição,adotou
seamesmaordemdeprioridadeaplicadaàsAPP’sconservadas.
Para a subbacia do rio Camapuã/Brumado foram quantificados 47.616,9 ha
(43,0%)deáreasdeusolegal.Apesardaexistênciade21.939,3haemconflitodeuso
daterra,forammapeados30.734,3haconstituídosdefragmentosflorestaisemáreas
passíveisdeseremutilizadaspeloproprietáriodaterra(Tabela5).
Tabela5.Descriçãodousodaterranasáreasdeusolegalnasubbaciahidrográficado
rioCamapuã/Brumado,MinasGerais.
Usodaterra
ÁreaTotal
(ha)
%
Caracterizaçãodas
áreas
FlorestaEstacionalSemidecidual
remanescenteemáreadeusolegal
4.865,8 10,2 Passíveisde
desmatamento
Cerradoremanescenteemáreadeuso
legal
25.868,5 54,3 Passíveisde
desmatamento
Agropecuáriaemáreadeusolegal 16.882,6 35,5 Emconformidade
comousodaterra
Total 47.616,9 100,0
AanálisedaTabela5demonstraquenasubbaciaestudadahouveintervenção
antrópicaemáreasdeAPP’s,enquantoque ainda existem grandes áreas passíveis de
serem desmatadas para o efetivo uso da terra. Esse desmatamento ilegal das APP’s,
mesmo havendo a existência de terras disponíveis para o uso legal,
corrobora a
hipótese de que a falta de conhecimento do proprietário da terra a respeito da
espacialização das APP’s dentro de sua propriedade é a principal causa do
descumprimentodalei.AadoçãoemlargaescaladadelimitaçãoautomáticadasAPP’s
poderá, sem dúvida, contribuir para minimizar os conflitos de uso da terra e evitar a
degradaçãodosfragmentosflorestaisremanescentes.
32
5‐ CONCLUSÕES
A utilização da imagem digital do sensor ETM+/LANDSAT permitiu o
mapeamento de 3 classes de uso e ocupação da terra a partir da classificação
supervisionada.A área total dasubbacia hidrográfica dorioCamapuã/Brumado é de
110.711,9ha,dosquais12,3%sãocobertosporFlorestaEstacionalSemidecidual,52,6
%porCerradoe35,1%poratividadesagropecuárias.
AdelimitaçãoautomáticadasAPP’spermitiuespacializarascategoriassituadas
noterçosuperiordosmorros,entornodasnascentesesuasáreasdecontribuição,na
faixa marginal ao longo dos cursos d’água, no terço superior da bacia e ao longo das
linhas de cumeada e nas encostas com declividades superiores a 45
o
. Essas áreas de
proteção, combinadas, ocupam 63.095,0 ha (57,0 %) da área total da subbacia
hidrográficadorioCamapuã/Brumado.
A identificação de áreas em conflito de uso da terra, enquanto que ainda
existem áreas passíveis de serem desmatadas para o efetivo uso da terra na
propriedade, corrobora a hipótese
de que a falta de conhecimento a respeito da
espacializaçãodasAPP’séaprincipalcausadodescumprimentodalei.
A delimitação automática das Áreas de Preservação Permanente é uma
alternativa eficaz para o mapeamento dos limites dessas áreas, evidenciando a exata
dimensão da proteção ambiental de nossos ecossistemas proporcionada
pelo Código
FlorestalBrasileiro(CFB).
A espacialização de APP’s, viabilizando a aplicação do CFB, permite minimizar
os conflitos de uso da terra e evitar a degradação dos fragmentos florestais
remanescentes. Quando aplicado, o CFB proporciona, naturalmente, a formação de
33
corredores ecológicos, criando uma rede de áreas conservadas em comunicação e
minimizando os efeitos deletérios impostos às populações da fauna e flora pela
fragmentaçãodehabitats.
34
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41
ANEXO1
RESOLUÇÃO303,DE20DEMARÇODE2002
Dispõesobreparâmetros,definiçõeselimites
deÁreasdePreservaçãoPermanente.
OCONSELHONACIONALDOMEIOAMBIENTECONAMA,nousodascompetênciasque
lhe são conferidas pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo
Decreto 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo em vista o disposto nas Leis nos
4.771,de15desetembroe1965, 9.433, de 8dejaneirode 1997,eo seuRegimento
Interno,e
Considerando a função sócioambiental da propriedade prevista nos arts. 5º, inciso
XXIII, 170, inciso VI, 182, § 2º, 186, inciso II e 225 da Constituição e os princípios da
prevenção,daprecauçãoedopoluidorpagador;
Considerando a necessidade de regulamentar o art. da Lei 4.771, de 15 de
setembrode1965,noqueconcerneàsÁreasdePreservaçãoPermanente;
Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da Convenção da
Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971 e da Convenção de
Washington,de1940,bemcomooscompromissosderivadosdaDeclaraçãodoRiode
Janeiro, de 1992; Considerando que as Áreas de Preservação Permanente e outros
espaços territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de relevante
interesse ambiental, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes
efuturasgerações,resolve:
Art. Constitui objeto da presente Resolução o estabelecimento de parâmetros,
definiçõeselimitesreferentesàsÁreasdePreservaçãoPermanente.
Art.ParaosefeitosdestaResolução,sãoadotadasasseguintesdefinições:
42
I‐nívelmaisalto:nívelalcançadoporocasiãodacheiasazonaldocursod`águaperene
ouintermitente;
II‐nascenteouolhod`água:localondeafloranaturalmente,mesmoquedeforma
intermitente,aáguasubterrânea;
III‐vereda: espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de
cursos d`água, onde ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado
predominantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia flexuosa) e outras
formas de vegetação típica;
IV‐morro:elevaçãodoterrenocomcotadotopoemrelaçãoabaseentrecinqüentae
trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por cento
(aproximadamentedezessetegraus)nalinhademaiordeclividade;
V‐montanha: elevação do terreno com cota em relação a base superior a trezentos
metros;
VI‐base de morro oumontanha: plano horizontaldefinidopor planície ou superfície
de lençol d`água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota da depressão mais
baixaaoseuredor;
VII‐linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência de
morrosoudemontanhas,constituindosenodivisordeáguas;
VIII‐restinga: depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente
alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes
comunidades que recebem influência marinha, também consideradas comunidades
edáficaspordependeremmaisdanaturezadosubstratodoquedoclima.Acobertura
vegetal nas restingas ocorrem mosaico, e encontrase em praias, cordões arenosos,
dunas e depressões, apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato
herbáceo,arbustivoseabóreo,esteúltimomaisinteriorizado;
43
IX‐manguezal: ecossistema litorâneoque ocorre emterrenos baixos, sujeitos à ação
das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa,
predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência
flúviomarinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão
descontínuaaolongodacostabrasileira,entreosestadosdoAmapáeSantaCatarina;
X‐duna: unidade geomorfológica de constituição predominante arenosa, com
aparênciade cômoroou colina, produzidapela ação dosventos, situada nolitoral ou
nointeriordocontinente,podendoestarrecoberta,ounão,porvegetação;
XI‐tabuleiro ou chapada: paisagem de topografia plana, com declividade média
inferior a dez por cento, aproximadamente seis graus e superfície superior a dez
hectares, terminada de forma abrupta em escarpa, caracterizandose a chapada por
grandessuperfíciesamaisdeseiscentosmetrosdealtitude;
XII‐escarpa: rampa de terrenos com inclinação igual ou superior a quarenta e cinco
graus, quedelimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto, estando limitada no
topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no sopé por ruptura
negativadedeclividade,englobandoosdepósitosdecolúvioquelocalizamsepróximo
aosopédaescarpa;
XIII‐áreaurbanaconsolidada:aquelaqueatendeaosseguintescritérios:
a)definiçãolegalpelopoderpúblico;
b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infraestrutura
urbana:
1.malhaviáriacomcanalizaçãodeáguaspluviais,
2.rededeabastecimentodeágua;
3.rededeesgoto;
44
4.distribuiçãodeenergiaelétricaeiluminaçãopública;
5.recolhimentoderesíduossólidosurbanos;
6.tratamentoderesíduossólidosurbanos;e
c)densidadedemográficasuperioracincomilhabitantesporkm
2
.
Art.ConstituiÁreadePreservaçãoPermanenteaáreasituada:
I‐emfaixamarginal,medidaapartirdonívelmaisalto,emprojeçãohorizontal,com
larguramínima,de:
a)trintametros,paraocursod`águacommenosdedezmetrosdelargura;
b)cinqüentametros,paraocursod`água
comdezacinqüentametrosdelargura;
c)cemmetros,paraocursod`águacomcinqüentaaduzentosmetrosdelargura;
d)duzentosmetros,paraocursod`águacomduzentosaseiscentosmetrosdelargura;
e)quinhentosmetros,paraocursod`águacommaisdeseiscentosmetrosdelargura;
II‐aoredordenascenteouolhod`água,aindaqueintermitente,comraiomínimode
cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica
contribuinte;
III‐aoredordelagoselagoasnaturais,emfaixacommetragemmínimade:
a)trintametros,paraosqueestejamsituadosemáreasurbanasconsolidadas;
45
b)cemmetros,paraasqueestejamemáreasrurais,excetooscorposd`águacomaté
vintehectaresdesuperfície,cujafaixamarginalserádecinqüentametros;
IV‐em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de
cinqüentametros,apartirdolimitedoespaçobrejosoeencharcado;
V‐notopo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de nível
correspondenteadoisterçosdaalturamínimadaelevaçãoemrelaçãoabase;
VI‐nas linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível
correspondente a dois terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo da
cumeada, fixandose a curva de nível para cada segmento da linha de cumeada
equivalenteamilmetros;
VII‐emencostaoupartedesta,comdeclividadesuperioracemporcentoouquarenta
ecincograusnalinhademaiordeclive;
VIII‐nasescarpasenasbordasdostabuleirosechapadas,apartirdalinhaderuptura
emfaixanuncainferioracemmetrosemprojeçãohorizontalnosentidodoreversoda
escarpa;
IX‐nasrestingas:
a) em faixa mínima de trezentos metros, medidos a partir da linha de preamar
máxima;
b)emqualquerlocalizaçãoouextensão,quandorecobertaporvegetaçãocomfunção
fixadoradedunasouestabilizadorademangues;
X‐emmanguezal,emtodaasuaextensão;
XI‐emduna;
46
XII‐emaltitude superior a mil e oitocentos metros,ou, em Estadosque não tenham
taiselevações,àcritériodoórgãoambientalcompetente;
XIII‐noslocaisderefúgiooureproduçãodeavesmigratórias;
XIV‐nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçadas de
extinção que constem de
lista elaborada pelo Poder Público Federal, Estadual ou
Municipal;
XV‐naspraias,emlocaisdenidificaçãoereproduçãodafaunasilvestre.
Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou mais morros ou montanhas cujos cumes
estejam separados entre si por distâncias inferiores a quinhentos metros, a Área de
PreservaçãoPermanenteabrangerá
oconjuntodemorrosoumontanhas,delimitadaa
partir da curva denível correspondente a dois terços da altura em relação à base do
morrooumontanhademenoralturadoconjunto,aplicandoseoquesegue:
I‐agrupamse os morros ou montanhas cuja proximidade seja de até quinhentos
metrosentreseustopos;
II‐identificaseomenormorrooumontanha;
III‐traçaseumalinhanacurvadenívelcorrespondenteadoisterçosdeste;e
IV‐considerasedepreservaçãopermanentetodaaáreaacimadestenível.
Art. O CONAMA estabelecerá, em Resolução específica, parâmetros das Áreas de
PreservaçãoPermanentedereservatóriosartificiaiseoregimedeusodeseuentorno.
Art. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogandose a
ResoluçãoCONAMA004,de18desetembrode1985.
47
JOSÉCARLOSCARVALHO
PresidentedoConselho
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PublicadaDOU13/05/2002
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