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MANOELA ALANO VIEIRA
ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) NAS
ETAPAS DO PROCESSAMENTO DA ERVA-MATE (Ilex paraguariensis) E
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS RESÍDUOS DA TRITURAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO
FLORIANÓPOLIS
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS ALIMENTOS
Manoela Alano Vieira
ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) NAS
ETAPAS DO PROCESSAMENTO DA ERVA-MATE (Ilex paraguariensis) E
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS RESÍDUOS DA TRITURAÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciência dos Alimentos do Centro de Ciências
Agrárias, da Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito final à obtenção do grau
de Doutora em Ciência dos Alimentos.
Orientadora: Dra. Edna Regina Amante
Co-orientador: Dr. Marcelo Maraschin
Florianópolis
2009
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ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) NAS ETAPAS DO
PROCESSAMENTO DA ERVA-MATE (Ilex paraguariensis) E CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DOS
RESÍDUOS DA TRITURAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO
Por
Manoela Alano Vieira
Tese aprovada como requisito final para a obtenção do título de Doutor no programa de s-graduação
em Ciência dos Alimentos, pela comissão formada por:
_____________________________________________________________________
Prof
a
Dra. Edna Regina Amante (UFSC) (Orientadora)
_____________________________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Maraschin (UFSC) (Co-orientador)
_____________________________________________________________________
Prof
a
Dra. Débora Helena Markowicz Bastos (USP) (Membro)
_____________________________________________________________________
Prof
a
Dra. Rosemary Hoffmann Ribani (UFPR) (Membro)
______________________________________________________________________
Prof
a
Dra. Renata Dias de Mello Castanho Amboni (UFSC) (Membro)
______________________________________________________________________
Prof
a
Dra. Sandra Regina Paulon Avancini (UFSC) (Membro)
______________________________________________________________________
Prof
a
Dra. Vildes Maria Scussel (UFSC) (Membro)
______________________________________________________________________
Prof
a
Dra. Renata Dias de Mello Castanho Amboni (UFSC) (Coordenadora)
Florianópolis, agosto de 2009.
Á Deus, pela presença constante em minha vida.
Aos meus pais, Simião e Zilda e meu irmão
Eduardo, pelo exemplo, amor, suporte, força e
incentivo, sempre.
Ao André, pelo amor, carinho, ajuda,
compreensão, paciência por acreditar em mim
sendo meu maior incentivador.
À minha filha querida, Ana Clara, por ter me
acompanhado dentro da barriga na reta final.
A todos meus amigos pela paciência por minha
ausência.
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram para realização dessa etapa de minha vida, meu sincero reconhecimento e
agradecimento, em especial:
À Universidade Federal de Santa Catarina e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos,
pela estrutura física e profissional durante minha formação.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa cedida.
Ao FINEP/SEBRAE pelo financiamento do projeto de pesquisa.
À Professora Edna Regina Amante, minha grande orientadora, por aguentar-me estes quase nove anos
e por tornar-se uma grande amiga.
Ao Professor Marcelo Maraschin, por ter aceitado o convite para co-orientador, sua sempre
disponibilidade em ajudar, seus bons conselhos e os ensinamentos sobre o mundo da cromatografia.
À Jozeane S. Caldart e ao Sr. Anselmo Zanellato pelo apoio, ajuda, idéias e por terem sido o grande
elo entre Universidade e indústria.
À Professora Renata Dias de Mello Castanho Amboni, minha sempre “revisora” e pessoa admirável
que sempre, mostrou-se disposta a ajudar.
À Professora Sandra Regina Paulon Avancini com muito carinho, pela sua disposição em fazer parte
da banca.
À Professora Débora Helena Markowicz Bastos por sua grande contribuição como revisora e membro
da banca.
Às professoras Rosemary Hoffmann Ribani e Vildes Maria Scussel por suas contribuições e por
aceitarem fazer parte da banca.
Ao professor Ricardo Rebelo e seu aluno Ismael, pelo acolhimento e apoio durante as análises na
FURB.
Aos Ervateiros de Catanduvas pelo apoio e por acreditarem que a pesquisa é o futuro.
Ao SENAI de Chapecó pelo espaço cedido para parte das análises.
Aos meus novos amigos do SENAI, pelo carinho e mateadas durante o intervalo: Édina, Gisele, Josi,
Rafa, Vânia, Terezinha, Sandra e Claudia.
À minha querida escravinha” e amiga, Ângela, pelo auxílio nos momentos mais difíceis do
doutorado... o início.
À grande amiga e quase personal, Rossana Podestá, pela amizade, apoio e inestimável contribuição na
elaboração deste trabalho.
À Cristiane Manfé, minha companheira de erva-mate e amiga, que sempre tem uma palavra certa na
hora certa.
Às meninas e meninos do laboratório de Frutas e Hortaliças: Valéria, Aureana, Daniane, Fabi, Gerson,
Gilson, Iolanda, Janete, João, Karina Simas, Karina Tramonte, Leila e Luísa pela amizade,
gargalhadas e festas.
Aos funcionários do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, em especial Bento, Carlos,
Inês Azevedo, Maria, Márcia, Mari e Sérgio.
Aos professores do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, em especial a Elane
Schwinden Prudêncio.
Aos julgadores que participaram da análise sensorial.
A todas as pessoas citadas e aquelas que eu possa ter esquecido.
MUITO OBRIGADA!
Vieira M. A. Análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) nas etapas do
processamento da erva-mate (Ilex paraguariensis) e caracterização química dos resíduos
da trituração para o desenvolvimento de produto. 2009. Tese (Doutorado em Ciências dos
Alimentos) programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis.
RESUMO
A erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma espécie nativa da Argentina, Brasil e Paraguai e tem
importante papel social, econômico e cultural. Apesar dos vários estudos comprovando os
benefícios do consumo de erva-mate para a saúde humana, a tecnologia utilizada na sua
industrialização ainda é rudimentar, com necessidades de implementação de processos de
beneficiamento menos poluentes, que resultem na diversificação e garantia de qualidade dos
produtos. O presente estudo objetiva analisar os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
HPAs em amostras coletadas nas etapas do processamento da erva-mate com vistas à
otimização do processo produtivo, visando a geração de produtos de qualidade superior. Os
HPAs foram determinados por cromatografia líquida de alta eficiência com detecção UV-
vísivel. Foi encontrada uma grande variação dos teores totais de HPAs nas amostras
analisadas, sendo que todas as amostras expostas a altas temperaturas apresentaram
concentrações mais elevadas de HPAs, comparativamente às amostras não tratadas. Os
resultados indicam que o tratamento atualmente utilizado durante a produção de erva-mate
pode levar a um aumento dos HPAs no produto final devido às altas temperaturas utilizadas
no processamento, além da contaminação pela combustão da madeira e do ambiente de
produção da matéria-prima. Adicionalmente, objetivou-se aumentar o espectro de produtos
derivados de erva-mate presentes no mercado, por meio da investigação do potencial
tecnológico do resíduo gerado na etapa de trituração da erva-mate (pó de mate) como matéria
prima no desenvolvimento de novos produtos (balas de mate). O de mate foi avaliado
quanto à composição química, teor de polifenóis totais, metilxantinas, taninos, perfil de
polifenóis, óleos essenciais e atividade antioxidante. A composição química e propriedades
físicas de balas contendo diferentes concentrações de de mate também foram
determinadas. A aceitabilidade global e intenção de compra das balas foram avaliadas por
uma escala facial, de cinco pontos e de atitude, de cinco pontos, respectivamente. O de
mate apresentou teores significativos de fibra alimentar, cinzas totais, metilxantinas
(principalmente a cafeína) e polifenóis (principalmente o ácido 4,5 dicafeoilquínico). Em
relação aos óleos essenciais, o de mate apresentou baixo rendimento (0,01 %); sendo
identificado o cariofileno como composto majoritário. A suplementação de balas com
diferentes concentrações de de mate provocou um aumento significativo no conteúdo de
polifenóis, fibras, metilxantinas e minerais além de uma maior capacidade antioxidante das
balas. Os testes sensoriais indicaram que as balas de mate foram aceitas e aprovadas quanto à
intenção de compra.
Palavras-chave: Erva-mate, resíduo, HPAs, bala.
Vieira M. A. Polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) analysis over the processing
stages of erva-mate (Ilex paraguariensis) and chemical characterization of residues
generated in the stage of grinding for the development product. 2009. Tese (Doutorado
em Ciências dos Alimentos) – programa de Pós-Graduação em Ciências dos Alimentos,
Universidade federal de Santa Catarina, Florianópolis.
ABSTRACT
The mate (Ilex paraguariensis) is a native specie of Argentina, Brazil, and Paraguay and has
social, economic and cultural importance. Despite several studies showing the benefits of
mate consumption to human health, the technology used in its industrialization is quite low,
requiring the implementation of less pollutant processes that will result in higher quality
products. This study aimed at to analyze polycyclic aromatic hydrocarbons - PAHs in samples
collected at different stages of the mate processing. This approach will suggest possible
changes in the production process, aiming the generation of superior quality products. PAHs
were determined by high performance liquid chromatography with UV-visible detection. A
wide variation in the PAHs total contents was detected, with higher values found in all the
samples exposed to high temperatures as compared to the non-processed ones. The results
reveal that currently processing of mate biomass leads to increase of the PAHs in the final
product mostly due to the high temperatures used in processing, in addition to the
contamination of the combustion of wood and the environment from production of raw
materials. As a second goal, it was aimed to increase the sort of products originated from mate
by investigation the technological potential of the residue generated in the stage of mate
grinding (mate powder) as raw material for the development of a new product, i.e. mate
candy. The mate powder was evaluated for chemical composition regarnding the polyphenols,
methylxanthines, tannins, dietary fiber, total ash, and essential oils contents, as well as the
antioxidant activity. The chemical composition and physical properties of candies containing
different concentrations of mate powder were also determined. Besides, the overall
acceptability and consumption intent of the candies were evaluated through hedonic scale of
eight point and attitude scales of five points, respectively. Mate powder showed high contents
of dietary fiber, total ash, methylxanthines (mainly caffeine) and polyphenols (mainly acid 4.5
dicaffeoylquinic). For the essential oils fracton, powder mate showed low yield (0.01%) as
caryophyllene as the major compound. Supplementation of the candies with mate powder
caused significant increases in their polyphenol, fiber, methylxanthine, and mineral contents,
and improved their antioxidant capacity. The sensory tests indicated that mate candies were
acceptable and approved in relation to purchased intent.
Keywords: Erva-mate, residue, PAHs, candy.
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1
25
Figura 1 Área de ocorrência natural e exploração comercial da erva-mate. 31
Figura 2 Tipos climáticos de Köeppen para as regiões de ocorrência natural da
erva-mate.
32
Figura 3 Produção (toneladas) do cultivo permanente de erva-mate (folha verde)
em Santa Catarina.
34
Figura 4 Fluxograma das principais etapas do processo de industrialização da
erva-mate.
36
Figura 5 Sapeco manual da erva-mate. 37
Figura 6 Sapeco mecânico da erva-mate. 38
Figura 7 Secador rotativo da erva-mate. 40
Figura 8 Triturador da erva-mate (“soque”).
41
Figura 9 Estrutura química dos 16 hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs) prioritários de acordo com a United States Environmental
Protection Agency (USEPA).
58
Figura 10 Resíduos produzidos na indústria, após o processamento da erva-mate. 67
Capítulo 2
93
Figura 1 Pontos de monitoramento de temperatura nas etapas do processamento
da erva-mate.
100
Figura 2 Croqui das instalações de sapeco e secagem da erva-mate. 101
Figura 3 Principais etapas do processamento da erva-mate. 104
Figura 4 Extremidade de chapa metálica sujeita a mesma radiação e convecção à
que estão submetidas as folhas da erva-mate durante a etapa do sapeco.
110
Capítulo 3
119
Figura 1 Representação esquemática da coleta de amostras (folhas e talos) ao
longo dos estágios do processamento da erva-mate (Ilex
paraguariensis), de plantas nativas e cultivadas obtidas diretamente de
três indústrias de erva-mate (A, B e C) do município de Catanduvas
(Santa Catarina - SC).
126
Figura 2 Cromatograma pico da amostra de erva-mate adicionadas de padrões
de HPAs. Identificação dos picos: 1- naftaleno, 2- acenaftaleno, 3-
acenafteno, 4- fluoreno, 5- fenantreno, 6- antraceno, 7- fluorantreno, 8-
pireno, 9- benzo(a)antraceno, 10- criseno, 11- benzo(b)fluorantreno, 12-
benzo(k)fluorantreno, 13- benzo(a)pireno, 14- dbenzo(a,h)antraceno,
15- benzo(gui)perileno, 16- in(1,2,3-cd)pireno.
128
Capítulo 4
144
Figura 1 Extrator tipo Clenvenger utilizado para a extração de óleo essencial de
resíduo do processamento da erva-mate (pó de mate) por
hidrodestilação.
154
Capítulo 5
181
Figura 1 Balas adicionadas de resíduo da etapa de trituração da erva-mate (pó de
mate).
187
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1
25
Tabela 1 Quantidade (toneladas) de erva
-
mate produzida em cada unidade
federativa no período de 2004-2007.
33
Tabela 2 Propriedades físico-químicas dos 16 hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos prioritários segundo a classificação da United States
Environmental Protection Agency (USEPA).
59
Capítulo 2
93
Tabela 1 Estimativa do rendimento térmico para o processo de sapeco e secagem
da erva-mate em quatro ervateiras localizadas no município de
Catanduvas, SC.
106
Tabela 2 Temperaturas (
o
C) durante o processamento (sapeco e secagem) da erva-
mate em duas ervateiras localizadas no município de Catanduvas, SC.
108
Tabela 3 Temperaturas prevalentes durante o processo de sapeco da erva-mate,
avaliadas com auxílio de câmara termográfica, em quatro ervateiras
localizadas no município de Catanduvas, SC.
111
Capítulo 3
119
Tabela 1 Propriedades físico-químicas e características analíticas do método
cromatográfico para análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs) em estudo.
131
Tabela 2 Concentração g/kg peso seco) de hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPAs) nas etapas do processamento de erva-mate (Ilex
paraguariensis).
136
Capítulo 4
144
Tabela 1 Conteúdo de polifenóis totais (g/100g em equivalente de ácido gálico)
nos extratos organosolventes de pó de mate (base seca).
158
Tabela 2 Composição fenólica do extrato metanólico e aquoso de pó de mate
(mg/100g) (base seca).
161
Tabela 3 Constituição química do óleo essencial do pó de mate (base seca). 163
Tabela 4 Capacidade antioxidante de extratos metanólicos e aquoso de pó de mate
(base seca).
165
Capítulo 5
181
Tabela 1 Composição química (g/100g) de de mate e balas contendo de
mate (peso seco).
194
Tabela 2 Conteúdo de minerais (mg/100g) de de mate e balas contendo de
mate (peso seco).
196
Tabela 3 Conteúdo de polifenóis totais (PT) e capacidade antioxidante de de
mate e balas contendo pó de mate (peso seco).
198
Tabela 4 Conteúdo de cafeína e teobromina (mg/100g) de de mate e balas
contendo pó de mate (peso seco).
200
Tabela 5 Características físicas de rendimento e dureza de balas contendo pó de
mate.
201
Tabela 6 Cor de balas contendo pó de mate. 202
Tabela 7 Microbiologia do pó de mate. 202
Tabela 8 Valores médios para aceitabilidade global e intenção de compra de balas
contendo pó de mate.
203
SUMÁRIO
1 Introdução
21
Capítulo 1 - Revisão bibliográfica
25
1 Revisão Bibliográfica 26
1.1 Erva-mate 26
1.2 Aspectos taxonômicos e botânicos da erva-mate 27
1.3 Distribuição geográfica da erva-mate 29
1.4 Importância sócio-econômica da erva-mate 32
1.5 Processamento da erva-mate 35
1.6 Produtos a base de erva-mate 43
1.7 Componentes químicos da erva-mate 46
1.8 Propriedades farmacológicas e funcionais relacionadas ao consumo da erva-mate 51
1.9 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) 54
1.9.1 Legislação para HPAs 62
1.10 Resíduos agroindustriais 63
2 Referências bibliográficas 69
Capítulo 2 - Análise do processamento da erva-mate (Ilex paraguariensis): estudo
de caso para o oeste catarinense.
93
Resumo 94
Abstract 95
1 Introdução 96
2 Material e métodos 99
2.1 Descrições das instalações e balanço térmico do processamento da erva-mate 99
2.2 Mapa térmico do processamento da erva-mate. 99
2.3 Termografia 100
3 Resultados e discussão 101
3.1 Descrições das instalações 101
3.2 Balanço térmico do processamento da erva-mate 105
3.3 Mapa térmico do processamento da erva-mate 107
3.4 Termografia 110
4 Conclusão 112
5 Referências bibliográficas 113
Capítulo 3 - Análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), por
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) ao longo das etapas do
processamento da erva-mate (Ilex paraguariensis).
119
Resumo 120
Abstract 121
1 Introdução 122
2 Material e métodos 125
2.1 Reagentes e produtos químicos 125
2.2 Amostras de erva-mate 125
2.3 Extração de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) da erva-mate 127
2.4 Cromatografia líquida 128
2.5 Controle de qualidade 129
3 Resultados e discussão 130
4 Conclusão 138
5 Referências bibliográficas 139
Capítulo 4 - Fitoquímica e propriedade antioxidante de resíduo do processamento
(pó do mate) da erva-mate (Ilex paraguariensis).
144
Resumo 145
Abstract 146
1 Introdução 147
2 Material e métodos 149
2.1 Material 149
2.2 Extração da amostra 150
2.3 Determinação do teor de (poli)fenóis totais do pó de mate 150
2.4 Caracterização de compostos fenólicos do pó de mate 151
2.5 Capacidade antioxidante do pó de mate 152
2.6 Determinação de metilxantinas do pó de mate 153
2.7 Determinação de taninos do pó de mate 153
2.8 Análise de óleos essenciais do pó de mate 154
2.8.1 Extração do óleo essencial 154
2.8.2 Determinação e identificação do óleo essencial 155
2.9 Análise estatística 156
3 Resultados e discussão 157
3.1 Conteúdo de (poli)fenóis totais (PT) de extratos do pó de mate 157
3.2 Caracterização de compostos fenólicos de pó de mate 159
3.3 Óleos essenciais 162
3.4 Atividade antioxidante 165
3.5 Metilxantinas do pó de mate 167
3.6 Taninos do pó de mate 168
4 Conclusão 169
5 Referências bibliográficas 170
Capítulo 5 - Caracterização química de balas de resíduo da erva-mate (Ilex
paraguariensis).
181
Resumo 182
Abstract 183
1 Introdução 184
2 Material e métodos 186
2.1 Material 186
2.2 Microscopia óptica do pó de mate 186
2.3 Formulação das balas de mate 187
2.4 Análises químicas do pó de mate e balas de mate 188
2.5 Determinação de minerais do pó de mate e balas de mate 188
2.6 Determinação do teor de (poli)fenóis totais (PT) do pó de mate e balas de mate 189
2.7 Determinação da capacidade antioxidante do pó de mate e balas de mate 189
2.8 Determinação de metilxantinas do pó de mate e balas de mate 190
2.9 Características físicas das balas de mate 190
2.10 Microbiologia do pó de mate e das balas de mate 191
2.11 Aceitabilidade e intenção de compra das balas de mate 191
2.12 Análise Estatística 192
3 Resultados e discussão 193
3.1 Microscopia óptica do pó de mate 193
3.2 Análises químicas do pó de mate e balas de mate 193
3.3 Conteúdo de polifenóis totais (PT) e atividade antioxidante do de mate e balas
de mate
197
3.4 Metilxantinas do pó de mate e balas de mate 199
3.5 Características físicas das balas de mate 200
3.6 Microbiologia das balas de mate 202
3.7 Aceitabilidade e intenção de compra das balas de mate 203
4 Conclusão 204
5 Referências bibliográficas 205
Conclusão Geral
211
Anexos
212
Anexo A
-
Resumo apresentado no XII Congresso Latino Americano de Cromatografia
- COLACRO, 2008.
213
Anexo B
-
Artigo submetido para Food Chemistry.
215
Anexo C - Trabalho completo apresentado na forma oral no 2
International Workshop
on Advances in Cleaner Production, São Paulo – SP, Maio de 2009.
217
Anexo D
-
Resumo apresentado no XII Congresso Latino Americano de Cromatografia
- COLACRO, 2008.
219
Anexo E
-
Resumo apresentado no XII Congresso Latino Americano de Cromatografia
- COLACRO, 2008.
221
Anexo F
-
Artigo submetido para revista International Journal of Food Science and
Technology.
223
Anexo G
Cromatograma dos constituintes químicos do óleo essências do pó do mate. 225
Anexo H
-
Resumo apresentado no Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de
Alimentação e Nutrição – SBAN, 2007.
227
Anexo I - Resumo publicado no Simpósio Internacional de Alimentos Funcionais -
SBAF, 2008.
230
Anexo J
-
Resumo publicado no Simpósio Internacional sobre Yerba Mate y Salud,
2008.
232
Anexo K - Artigo completo publicado “Chemical characterization of candy made of
erva-mate (Ilex paraguariensis) residue”. J. Agric. Food Chem. 2008, 56, 4637-4642.
234
Anexo L - Parecer de aprovação do comitê de ética em pesquisa com seres humanos da
UFSC.
241
Anexo M - Ficha para avaliação sensorial dos testes de aceitabilidade global e intenção
de compra.
244
21
1 INTRODUÇÃO
A erva–mate (Ilex Paraguariensis A. St. Hil.) é uma cultura economicamente
importante em países da América do Sul. Sua ocorrência pode ser natural ou cultivada nas
regiões do Brasil, Paraguai e Argentina e sua popularidade está aumentando nos EUA,
Canadá e Europa (GUGLIUCCI; STAHL, 1995; FILIP et al., 2001). O produto comercial,
conhecido como “mate”, “erva-mate” ou “yerba-mate” é utilizado no preparo de várias
bebidas, como o “chimarrão”, “tererê”, bebidas refrescantes e chás (ESMELINDRO et al.,
2002; SOUZA; LORENZI, 2005).
A erva-mate além de apresentar propriedade estimulante do sistema nervoso central,
atribuída aos conteúdos de alcalóides metilxantínicos como a cafeína, também é conhecida
por apresentar compostos com propriedades antioxidantes, tais como os ácidos (poli)fenólicos
(FILIP et al., 2000; BRACESCO et al., 2003; BRAVO; GOYA; LECUMBERRI, 2007;
DELADINO et al., 2008). Outros efeitos da erva-mate têm sido relatados para explicar seu
uso popular como hepatoprotetor, colerético, diurético, hipocolesterolêmico, antireumático,
antitrombótico, antiinflamatório e anti-obesidade (GORZALCZANY et al., 2001;
SCHINELLA; FANTINELLI; MOSCA, 2005; MENDES; CARLINI, 2007; PANG; CHOI;
PARK, 2008; SILVA et al., 2008).
O processamento da erva-mate consiste em três etapas, uma rápida secagem com
direta exposição da erva às chamas, chamada sapeco”, objetivando inibir a atividade
enzimática e reduzir o nível de umidade; uma secagem prolongada, usualmente realizada em
cilindro rotativo com direta exposição ao calor e à fumaça da queima de lenha, e subsequente
trituração da matéria-prima (ESMELINDRO et al., 2002; SCHAMALKO et al., 2002).
Segundo Camargo e Toledo (2002) e Lin, Tu e Zhu (2005), devido às elevadas temperaturas,
22
esse processo pode contribuir significativamente para a formação e aumento da concentração
de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) na erva-mate.
Os HPAs constituem uma classe de compostos gerados durante a combustão natural de
material orgânico, como exemplo a queima de florestas e erupção vulcânica. Atém disto,
processos industriais de produção de bens, transporte e incineração de resíduos geram
significantes quantidades de HPAs (EUROPEAN COMMISSION, 2002). Sua formação,
fonte e destino têm sido revisados (EDWARDS, 1983; BEAK et al., 1991; IPCS, 1998;
NAPIER et al., 2008).
Muitos HPAs são considerados tóxicos, porém, com base no efeito carcinogênico,
somente dezesseis deles são considerados contaminantes pela União Européia (UE) e pela
Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA) (NICVA-CANO; RUBIO-BARROSO;
SANTOS-DELGADO, 2001). Apesar da grande distribuição de HPAs no ambiente, alimentos
e bebidas e dos sérios riscos a todos os organismos expostos a eles, poucos trabalhos têm sido
publicados em relação ao conteúdo de HPAs em erva-mate (CAMARGO; TOLEDO, 2002;
ZUIN et al., 2005; KAMANGAR et al., 2008).
Em 1991, o Joint Expert Committee on Food Additives (JECFA) recomendou a
elaboração de estratégias para as indústrias e para os consumidores, a fim de minimizar a
exposição humana aos HPAs (WHO, 1991) e, em 2005, recomendou algumas práticas para
redução dos teores de HPAs em alimentos durante os processos de secagem e defumação. No
âmbito do Codex Alimentarium encontra-se em elaboração um código de práticas para a
redução da contaminação de alimentos por HPAs (WHO, 2005). Neste contexto, assume
importância o estudo do processamento da erva-mate, identificando os prováveis pontos de
contaminação da biomassa, desde sua colheita até a obtenção do produto final, como
estratégia de detecção das etapas de produção que estejam envolvidas com o aumento da
23
concentração de HPAs. Tal assertiva justifica-se com base nas possibilidades de
recomendação de práticas de redução destes compostos no produto final.
Ainda muito a ser aprimorado em relação à qualidade dos produtos tradicionais,
que os processos de beneficiamento e industrialização evoluíram pouco e os atributos de
qualidade devem ser avaliados. Portanto, melhorias no processo, do sapeco à secagem, podem
contribuir para a segurança do produto final, evitando a formação de compostos
quimicamente indesejáveis, colaborando para ampliar o espectro de uso da erva-mate, tendo
em vista as suas comprovadas propriedades medicinais. O sucesso na melhoria de qualidade
pode levar ao aumento na demanda pela erva-mate e do valor agregado do produto
(BERTONI et al., 1992).
O consumo de erva-mate no mercado vem evoluindo progressivamente, porém, o
produto ainda é limitado comercial e industrialmente. As maiores possibilidades de ampliação
do mercado parecem ser oferecidas pela modernização da produção, etapa em que a
adequação tecnológica e otimização dos processos são fundamentais, além da diversificação
dos produtos oferecidos (CAMPOS; ESCOBAR; LISSI, 1996).
Até o presente estágio de desenvolvimento do setor ervateiro, existe a tradição de
triturar talos com maior granulometria, adequando-os para a introdução no produto comercial.
Neste estágio de trituração são gerados resíduos de baixa granulometria, denominados de
mate, os quais não são adicionados ao produto final e, eventualmente, descartados. Não
existem informações na literatura científica sobre a caracterização deste resíduo e/ou sua
aplicação como ingrediente.
Considerando os benefícios comprovados do consumo de erva-mate para a saúde
humana, o presente estudo objetiva a análise de HPAs em amostras de erva-mate coletadas ao
longo das etapas de processamento, em escala industrial. Tal abordagem permitirá sugerir
eventuais modificações no processo produtivo, visando a geração de produtos de qualidade
24
superior, além de otimizar o consumo energético. Adicionalmente, os resíduos do
processamento da erva-mate como o podem ser estudados com o objetivo de viabilizar
tecnicamente o consumo deste material, até então descartado, e conseqüentemente, aumentar
o espectro de produtos derivados de I. paraguariensis presentes no mercado. Considerando
que os resíduos da erva-mate emergem como uma alternativa para o desenvolvimento de
novos produtos, como um segundo objetivo buscou-se investigar o potencial tecnológico do
pó da erva mate como matéria-prima no desenvolvimento de balas de goma.
Este trabalho será apresentado na forma de artigos, divididos nos seguintes capítulos:
Capítulo 1: Revisão bibliográfica.
Capítulo 2: Análise do processamento da erva-mate (Ilex paraguariensis): estudo de caso para
o oeste catarinense.
Capítulo 3:
Análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), por cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE) ao longo das etapas do processamento da erva-mate (Ilex
paraguariensis).
Capítulo 4: Fitoquímica e propriedade antioxidante de resíduo do processamento (pó do mate)
da erva-mate (Ilex paraguariensis)
Capítulo 5: Caracterização química de balas de resíduo da erva-mate (Ilex paraguariensis).
25
CAPÍTULO 1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
26
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 Erva-mate
A erva-mate é uma planta arbórea da família Aquifoliaceae e gênero Ilex
(MAZUCHOWSKI, 1991; RESENDE et al., 2000; MOLINA; MOLINA, 2004). Dentro desta
família somente o gênero Ilex tem 550 a 600 espécies (MAZUCHOWSKI, 1991), sendo em
sua maioria originárias da Ásia (ALIKARIDIS, 1987). No Brasil, estima-se que ocorram 68
espécies pertencentes a esse gênero, sendo a espécie Ilex paraguariensis A. St. Hil.,
considerada a ideal para a exploração comercial (GILBERTI, 1995; FILIP et al., 2000).
Algumas variedades da Ilex paraguariensis apresentam pequenas diferenças entre si, como o
formato ou tamanho das folhas e a cor do talo. No entanto, segundo o botânico Renato
Kaspary, apenas cinco espécies se prestam ao fabrico da erva-mate beneficiada (URBAN,
1990; ANUÁRIO BRASILEIRO DA ERVA-MATE, 1999).
A espécie Ilex paraguariensis A. St. Hil. é nativa de regiões de clima temperado,
resiste a baixas temperaturas, ocorrendo naturalmente em áreas restritas (distribuição
endêmica) no Brasil, Paraguai, e Argentina (ANUÁRIO BRASILEIRO DA ERVA-MATE,
1999; MACCARI; SANTOS, 2000).
O nome científico da planta erva-mate, Ilex paraguariensis A. St. Hil. foi atribuído
pelo botânico francês Auguste de Saint-Hilaire, durante viagens pelo Sul do Brasil no século
XIX, onde estudou diversas plantas, entre elas a árvore-do-mate”, planta que seria usada, na
época, para a elaboração da “erva do Paraguai” ou “mate” (MAZUCHOWISKI, 1991;
MOLINA; MOLINA, 2004). O nome Ilex paraguariensis foi publicado em 1822, nas
memórias do Museu de História Natural de Paris, e esse nome surgiu por Saint Hilaire
27
considerá-la exatamente igual à erva do Paraguai (FAGUNDES, 1980; MAZUCHOWSKI;
RÜCKER, 1997).
Nos dias de hoje, mate, erva-mate ou yerba-mate são as denominações populares
dadas à planta, bem como ao produto constituído pelas folhas e talos de I. paraguariensis A.
St. Hil. Esse produto obtido a partir do processo de secagem e fragmentação da biomassa
foliar e de pequenos ramos é destinado principalmente ao preparo de bebidas tradicionalmente
conhecidas como chimarrão ou tererê (BRASIL, 2005; MACCARI, 2005). O termo chimarrão
originou-se do espanhol cimarron, significando amargo, selvagem, sem dono (BERKAI;
BRAGA, 2000).
A origem etimológica da erva-mate provém de “mate”, que na língua indígena
significa porongo, cabaça ou cuia, recipiente feito do fruto maduro da cucurbitácea Legenaria
vulgaris, ou seja, a bebida recebia o nome do recipiente que a continha. Os índios guaranis,
maiores consumidores da bebida, a denominavam caiguá, nome que corresponde a caá (erva),
i (água) e guá (recipiente), deste modo, recipiente para água da erva (MAZUCHOWISKI,
1991; MOLINA; MOLINA, 2004). Portanto, a palavra erva-mate tem origem histórica e não
devido às características da planta, uma vez que apresenta caules lenhosos e difere das ervas,
que são caracterizadas por serem plantas arbustivas não lenhosas (MACCARI, 2005).
1.2 Aspectos taxonômicos e botânicos da erva-mate
A erva-mate, Ilex paraguariensis, pertence à subdivisão Angiospermae, à classe
Dicotyledoneae, subclasse Archichlamydeae, à ordem Celastrales, à família Aquifoleaceae, ao
gênero Ilex e à espécie Ilex paraguariensis A. St. Hil. (MOLINA; MOLINA, 2004;
CONTRERAS, 2007).
28
A altura da erva-mate é variável, sendo influenciada pelas condições de ocorrência,
pelo manejo e pela idade da planta, podendo atingir até 15 metros de altura e 70 cm de
diâmetro (BRAGAGNOLO; PAN; FILHO, 1980; MAZUCHOWSKI, 1991; VALDUGA,
1995). No entanto, ao considerar os sistemas agrícolas atuais com adensamentos e podas
regulares, a altura não ultrapassa 2 metros (VALDUGA, 2002).
O tronco ou caule da erva-mate é cilíndrico, reto ou pouco tortuoso de cor acinzentada,
geralmente com 20 a 25 cm de diâmetro, podendo chegar a 50 cm. Os ramos são cilíndricos
ou subcilíndricos, cinzentos com 20 a 25 mm de diâmetro, podendo alcançar até 50 mm
(BRAGAGNOLO; PAN; FILHO, 1980; MAZUCHOWSKI, 1991).
O tronco possui uma casca externa persistente de cor cinza-clara acastanhada que pode
apresentar espessura de 20 mm, áspera a rugosa, com lenticelas abundantes, formando às
vezes linhas longitudinais e munidas de cicatrizes transversais. A casca interna apresenta
textura arenosa e cor branca-amarelada, que após incisão, escurece rapidamente em contato
com o ar (EMATER, 1991; GILBERTI, 1995).
A exploração da erva-mate está baseada na colheita dos ramos da planta para obtenção
das folhas, que colhidas e processadas dão origem aos principais produtos da erva-mate. As
folhas são simples, alternadas, geralmente estipuladas, subcoriáceas até coriáceas, glabras
verde-escuras na superfície adaxial e mais claras na superfície abaxial, mostram-se estreitas
na base e ligeiramente obtusas no vértice, medindo em torno de 5 a 10 cm de comprimento
por 3 a 4 cm de largura; margem irregular serrilhada ou dentada no terço da base geralmente
lisa; nervuras laterais pouco impressas na superfície adaxial e salientes na superfície abaxial;
o pecíolo é glabro, algumas vezes pubescente, relativamente curto, medindo 7 a 15 mm de
comprimento (MATTOS, 1983; EMATER, 1991; GILBERTI, 1995). Entretanto, essas
características são influenciadas por fatores, genéticos, condições climáticas e manejo
(MACCARI, 2005).
29
As flores são hermafroditas, pequenas, pedunculadas e dispostas na axila das folhas
superiores. Em relação ao comportamento das flores, pode-se considerar a erva-mate como
uma planta dióica, embora nas plantas femininas sejam encontrados estames que não
funcionam e, nas plantas masculinas, o pistilo deprime-se e aborta, tendo como única forma
de reprodução a fecundação cruzada (EMATER, 1991; GILBERTI, 1995; VALDUGA,
2002). Em cada flor nota-se um cálice gamossépalo com quatro sépalas de cor verde clara e
uma corola branca formada por quatro pétalas. Aparecem entre essas pétalas, quatro estames
largos (VALDUGA, 2002).
O fruto é uma baga dupla globular muito pequena, medindo somente 6 a 8 mm. É de
cor verde quando novo, passando a vermelho-arroxeado em sua maturidade. Possuí quatro
sementes pequenas com tegumento áspero e duro (EMATER, 1991; GILBERTI, 1995). Nesta
fase, os frutos atraem os pássaros que deles se alimentam, expelindo as sementes envolvidas
em dejeções, favorecendo a disseminação das plantas (VALDUGA, 2002).
Ainda podemos diferenciar a erva-mate de acordo com o tipo de erval. O erval nativo
é aquele que foi formado pela ação da natureza. Nestes ervais pode ocorrer a ação do homem
nas fases iniciais de formação dos cultivos, com eliminação da vegetação rasteira e poda das
erveiras; ou por adensamento, que consiste no plantio de mudas de erva-mate nos lugares
onde já existem ervais nativos em exploração. O outro tipo é o erval plantado, que se
caracteriza pelo plantio de mudas e um sistema de manejo convencional (VALDUGA, 2002).
1.3 Distribuição geográfica da erva-mate
A erva-mate está distribuída em uma área de aproximadamente 540.000 km
2
e sua
ocorrência natural compreende as regiões tropicais e subtropicais do Brasil, Argentina e
Paraguai. No Brasil, ocorre principalmente nos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio
30
Grande do Sul; na Argentina na Província de Missiones, parte da Província de Corrientes e
pequena parte da Província de Tucumã e, no Paraguai na área entre os rios Paraná e Paraguai
(Figura 1). Sua superfície de abrangência geográfica estende-se desde as latitudes de 21
o
e 30
o
sul e longitudes de 48
o
30’ e 56
o
10’ oeste; com altitudes variáveis entre 500 e 1500 metros
sobre o nível do mar, podendo ocorrer, em pontos isolados, fora destes limites (EMATER,
1991).
A maior área de ocorrência da erva-mate pertence ao Brasil, cerca de 80 %, sendo que
a área estimada de distribuição corresponde a 450.000 km
2
, representando cerca de 5 % do
território nacional, compreendendo em torno de 450 municípios. Na América do Sul
corresponde a 3 % da área (OLIVEIRA; ROTTA, 1983; DA CROCE, 2000). Sendo a erva-
mate uma espécie nativa do Brasil é encontrada principalmente sob meia sombra dos
pinheiros, imbuias e outras árvores de grande porte (KARAS, 1982; DA CROCE; HIGA;
FLOSS, 1994). A área de dispersão no país inclui a região Centro-Norte do Rio Grande do
Sul, quase todo o Estado de Santa Catarina, Centro-Sul e Sudoeste do Paraná e Sul do Mato
Grosso do Sul. A espécie pode ocorrer ainda em pontos isolados, fora destes limites, como
em regiões subtropicais e temperadas da América do Sul, correspondendo a pequenas
manchas de matas com ocorrência do pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifólia). Apresenta
ocorrência ainda na região de Campos do Jordão (São Paulo), na região Sudeste de Minas
Gerais e Sul do Rio Grande do Sul (ANDRADE, 1999; MOSELE, 2002, IBGE, 2006).
31
Figura 1 - Área de ocorrência natural e exploração comercial da erva-mate.
Fonte: Resende et al. (2000).
Toda a área de abrangência da erva-mate está compreendida na região sul-americana
de clima temperado resistindo às baixas temperaturas. Segundo a classificação de Köeppen
(Figura 2), o crescimento da erva-mate predomina nos tipos climáticos Cfb (clima temperado
úmido com verão temperado), seguido pelo clima Cfa (clima temperado úmido com verão
quente). pequenas ocorrências dos tipos climáticos Cwa (clima temperado úmido com
inverno seco e verão quente) e Aw (clima tropical com estação seca no inverno) (OLIVEIRA;
ROTTA, 1983; MAZUCHOWSKI, 1991; DA CROCE; FLOSS, 1999).
32
Figura 2 - Tipos climáticos de Köeppen para as regiões de ocorrência natural da erva-mate.
Fonte: Oliveira e Rotta (1983).
1.4 Importância sócio-econômica da erva-mate
A erva-mate pertence ao grupo dos produtos de extrativismo vegetal, não madeireiros,
ou seja, grupo de produtos que podem ser coletados da floresta, produzidos como plantas
semi-domesticadas em plantios ou em sistemas agroflorestais, ou ainda cultivados em graus
variados de domesticação (SANTOS et al., 2003). No Brasil, a maior parte da erva-mate
extraída provém de ervais nativos (RÜCKER, 1995; DA CROCE, 2000; ROCHA JÚNIOR,
2001; VALDUGA, 2002).
O cultivo da erva-mate é realizado basicamente por pequenos produtores rurais ou
pelas próprias indústrias ervateiras (MAZUCHOWSKI; RUCKER, 1997; RESENDE et al.,
2000), representando uma das espécies arbóreas naturais de maior importância econômica nas
regiões em que ocorre (VIDOR et al., 2002), onde uma percentagem significativa de pessoas
do campo, sobrevive de sua exploração.
Cfa - clima temperado úmido com verão
quente.
Cwa - clima temperado úmido com verão
quente.
Aw - clima tropical com estação seca no
inverno.
Cwb clima temperado húmido com
Inverno seco e Verão temperado.
Área de distribuição.
Cfb - clima temperado úmido com verão
temperado.
33
O valor sócio-econômico da erva-mate está atribuído ao fato de ser uma das espécies
que sofre pouco com as oscilações climáticas quando comparada aos cultivos agrícolas em
geral, apresentando, portanto, grande relevância para a fixação do homem ao campo (VIDOR
et al., 2002).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção
brasileira de erva-mate, na lavoura permanente, no ano de 2008, foi de 438.474 toneladas, de
folha verdes apresentando aumento desde o ano de 2004 e permanecendo, entre os principais
produtos nacionais da extração vegetal não-madeireiros. Entre os Estados produtores, o Rio
Grande do Sul é responsável por 59,1 % do total da produção nacional, seguido pelo Estado
do Paraná, 31,1 %, Santa Catarina, 8,65 %, e Mato Grosso do Sul com 1,1 % (IBGE, 2008)
(Tabela 1). Em SC, a maior parte da produção está concentrada no oeste e meio-oeste do
estado, em cidades como Chapecó, Xaxim e Catanduvas (Figura 3) (MOSELE, 2002; IBGE,
2008).
Tabela 1 - Quantidade (toneladas) de erva-mate produzida em cada unidade federativa no
período de 2004-2007.
Quantidade Produzida (Tonelada) – Lavoura Permanente
Erva-mate (folha verde)
Anos
Local 2007 2006 2005 2004
Brasil
438.474 434.483 429.730 403.281
Paraná
136.266 165.076 164.752 133.449
Santa Catarina
37.909 35.292 37.629 37.577
Rio Grande do Sul
259.317 229.569 218.982 222.884
Mato Grosso do Sul
4.982 4.546 8.367 9.371
Fonte: IBGE (2008).
35
ocorrência de plantas de erva-mate nativas e grandes áreas de cultivo (OLIVEIRA; ROTTA,
1983).
Segundo o IBGE, (2009) o valor de comercialização da matéria-prima, erva-mate, no
ano de 2006 foi expressivo para a economia catarinense. Entretanto, o seu consumo ainda é
basicamente cultural, não tendo atingido seu auge de utilização. A potencialidade de consumo
de produtos a base de erva-mate nos mercados interno (São Paulo, Bahia, Goiás) e externo
(Estados Unidos, Japão, Alemanha, Oriente Médio) está condicionada a uma melhora na
política de ampliação dos ervais e de investimento comercial (DA CROCE, 2000).
1.5 Processamento da erva-mate
Comparada às demais agroindústrias, ainda muito a ser aprimorado com relação à
qualidade dos produtos tradicionais a base de erva-mate. A tecnologia empregada para o seu
processo pouco se modernizou e os atributos de qualidade dos seus produtos devem ser
avaliados para o estabelecimento de parâmetros de referência (ROCHA JÚNIOR, 2001;
MACCARI, 2005). Da matéria-prima seca (folhas e pequenos ramos da árvore erva-mate) é
produzida, principalmente, a erva-mate para chimarrão e para tererê, bebidas elaboradas com
água quente e fria, respectivamente, e também o chá-mate verde e o chá-mate tostado
(MACCARI, 2005; MACHADO et al., 2007).
Após a colheita e recepção do material, o processamento da erva-mate pode ser
dividido em duas etapas bem distintas, o cancheamento e o beneficiamento, etapas
responsáveis por importantes mudanças físico-químicas e sensoriais que caracterizam os
produtos (Figura 4) (TONON; MARUCCI, 1995; VALDUGA, 1995; SOUZA, 1998).
O cancheamento constitui a primeira fase do processamento industrial de I.
paraguariensis. Compreendem as etapas de limpeza do erval, a colheita da biomassa (poda),
36
seguido de seu sapeco, secagem e trituração/fragmentação, resultando na chamada erva
cancheada. O processo de beneficiamento apresenta três etapas fundamentais: secagem
(retificação da umidade), separação (folhas e talos) e mistura (formação dos tipos especiais de
erva-mate para comercialização) (MAZUCHOWSKI, 1991; VALDUGA, 1995). Para a
produção do chá-mate tostado, procede-se uma etapa subseqüente de torrefação, na qual a
erva-mate cancheada é submetida a uma temperatura aproximada de 120
o
C, por 15 minutos
(MACHADO et al., 2007).
Figura 4 - Fluxograma das principais etapas do processo de industrialização da erva-mate.
Fonte: Adaptado de Valduga (1995).
A poda é feita comumente dentro de práticas tradicionais nos ervais nativos, com uso
de foice ou facão. Os ervais cultivados (plantados) que são formados por indivíduos de menor
Beneficiamento
Colheita da matéria-prima (poda, corte e limpeza)
Sapeco - contato direto da matéria-prima ao fogo (400°C)
Separação de folhas, pó e palitos
Secagem - retificação da umidade
Mistura - formação dos tipos especiais de erva-mate
Cancheamento – trituração ou fragmentação
Secagem - Contato direto ou indireto da matéria-prima
com a fumaça (110
o
C
-
350
o
C
)
Embalagem
Cancheamento
37
porte e de galhos mais finos são cortados com tesouras de poda, conferindo maior rendimento
por árvore (COSTA, 1989).
O sapeco na sua forma rudimentar (Figura 5) era realizado manualmente junto ao fogo
e consiste na passagem rápida e direta dos ramos com folhas sobre as chamas de uma fogueira
de lenha adequada para este fim. O sapeco é feito o mais rapidamente possível, no máximo
em 24 horas, após a colheita para evitar a perda da qualidade da matéria-prima (VALDUGA,
2002; SILVA, 2003). Essa prática retira a umidade superficial, inativando enzimas
(peroxidases e polifenoloxidases, e.g.) que causam a oxidação do produto, evitando que as
folhas tornem-se escuras e de sabor desagradável (COSTA, 1989; VALDUGA, 1995). Se o
material colhido for abundante e houver necessidade de esperar mais de 24 horas para o
sapeco, convém dispor a erva recém colhida em camadas pouco espessas, sendo aconselhável
revolvê-la, evitando o murchamento foliar (MAZUCHOWSKI; RUCKER, 1997;
VALDUGA, 2002; SILVA, 2003).
Figura 5 - Sapeco manual da erva-mate.
Fonte: Miranda e Urban (1998).
39
A qualidade do produto final pode ser afetada por um tratamento térmico ineficiente
durante o sapeco, permitindo ão enzimática residual; ou ainda excessivo, causando a
queima do produto (MAZUCHOWSKI; RUCKER, 1997).
Após o sapeco, a erva-mate passa à fase de secagem que consiste em desidratar as
folhas até que essas adquiram textura quebradiça e crespa (VALDUGA, 1995; ROCHA
JÚNIOR, 2001). A matéria-prima entra no secador com uma umidade média de 25 % e deixa-
o com umidade em torno de 5 - 11 % (VALDUGA; BATTESTIN; FINZER, 2003;
VALDUGA et al., 2005). O excesso de água pode provocar a deterioração microbiana e a
degradação de seus compostos (PARANÁ, 2000).
A operação de secagem pode ser feita no carijo ou no barbaquá, ou ainda em secadores
mecânicos. No carijo, um processo primitivo, as chamas atuam diretamente sobre a erva-
mate, enquanto no barbaquá o material recebe o calor através de um canal subterrâneo, na
entrada da fornalha. Em secadores mecânicos é possível agregar melhoras no processo,
visando menor perda de calor, uniformidade e velocidade na secagem (VALDUGA, 1995).
A secagem em secadores mecânicos (Figura 7) pode ser rotativa ou sobre esteira. A
principal diferença entre os dois secadores, segundo Esmelindro et al. (2002), está relacionada
ao contato da matéria-prima com a fumaça durante o processo de secagem. O secador rotativo
é o sistema mais utilizado no mercado brasileiro, com baixo custo de industrialização, de
instalação, de fácil manuseio e com inexistência de riscos de danos por incêndio (SCHIFFL,
1997, citado por BOUGARDT, 2000). Entretanto, a desvantagem do contato direto da
fumaça com o produto, o que de fato não é observado no secador de esteira, pois o contato é
indireto, causando menores danos à matéria-prima. O tempo de residência e a temperatura
média da erva nos secadores dependem das características operacionais de cada um. No
secador de esteira, o tempo médio é de 3 horas e a temperatura varia entre 90 e 110°C,
enquanto no secador rotativo o produto permanece em contato direto com a fumaça por
42
sapeco ao ar livre, a secagem no carijo ou no barbaquá e a trituração (MAZUCHOWSKI,
1991).
A erva-mate, após passar pelos processos de sapeco, secagem e trituração, denominada
de erva cancheada, pode ser armazenada ou não, conforme preferência do mercado. O
mercado brasileiro prefere produto de coloração verde (erva não descansada, sem
armazenamento ou estacionamento), enquanto que o mercado externo prefere produto de
coloração amarela (erva descansada, longo período de armazenamento ou estacionamento). A
prática do armazenamento ou estacionamento da erva-mate, até por dois anos, melhora as
características adquiridas, segundo os processadores. Assim, é costume armazená-la segundo
as conveniências do mercado (SOUZA, 1947; ANDRADE, 1999). Mazuchowski (1991)
afirma que se torna intragável a bebida procedente de ervais plantados a céu aberto, caso a
erva beneficiada não seja mantida em repouso por um período de seis a nove meses.
A etapa do beneficiamento serve para a retificação da secagem e da trituração
(VALDUGA, 1995; SILVA, 2003). Essa etapa resume-se em três operações fundamentais: a
secagem ou retificação da umidade (caso seja necessário); separação, onde a erva é conduzida
à limpeza para separar a erva cancheada em pó dos talos (palitos) e paus. A trituração da erva-
mate é de acordo com as preferências do mercado e sua mistura ocorre para a formação dos
tipos especiais exigidos pelo consumidor. A secagem é feita por processo mecânico através de
sucção pneumática realizada por exaustores para eliminar o pó, utilizando ar quente e seco.
Após a retificação da umidade, a erva é conduzida à limpeza por meio de peneiras,
ventiladores, filtros e coletores de pó, que permitem a separação da erva cancheada em pó,
talos e paus. A erva separada é enviada aos depósitos onde é retirada a quantidade necessária
para compor, nos misturadores, o tipo comercial desejado (VALDUGA, 1995).
43
Os misturadores geralmente são transportadores helicoidais que permitem a obtenção
do produto exigido pelo mercado consumidor, através da combinação de tipos de ervas.
Constituído o tipo comercial, este é enviado à secção de embalagem (VALDUGA, 1995).
Segundo Mazuchowski (1991), o conhecimento das percentagens de folhas e talos,
além do diâmetro dos talos, é imprescindível para a determinação das características do
produto. Os talos provenientes dos ramúsculos possuem geralmente diâmetro inferior a 3 mm
no produto comercial. Talos com maior diâmetro (paus) devem ser eliminados, pois
prejudicam o produto final, devido ao avançado estado de lignificação (MAZUCHOWSKI,
1991). O teor de compostos fenólicos, como ácido 5 - cafeoilquinico (um dos compostos
responsáveis pelo amargor do produto final), é inferior ao das folhas e, portanto, a quantidade
de talos pode ser um dos fatores responsáveis pelo grau de suavidade do sabor da erva-mate
processada (TAMASI et al., 2007). Além disso, os talos são adicionados para melhorar as
propriedades físicas no momento do preparo de determinados produtos, como o chimarrão,
pois facilita a acomodação da erva na cuia (MAZUCHOWSKI, 1991; MACCARI, 2005).
Na legislação brasileira, a portaria n
o
234 de 1998, que padronizava o percentual de
talos e folhas para preparar a erva-mate para chimarrão e erva-mate para tererê foi substituída
pela RDC n
o
277 de 2005, ficando a critério das empresas a padronização das concentrações
de folhas e talos nos produtos (BRASIL, 1998; BRASIL, 2005).
1.6 Produtos a base de erva-mate
Apesar de a erva-mate ser consumida durante séculos pelos povos sul-americanos e ser
utilizada para diversas finalidades, o setor ervateiro ainda depende quase que exclusivamente
da comercialização da erva-mate na forma de produtos tradicionais, como o chimarrão e
tererê, que apresentam mercado limitado às regiões de produção. Os dados sobre o consumo
44
de erva-mate são escassos, mas Paraná (1997) citado por Maccari (2005) mostra que 97 %
deste consumo é através do chimarrão.
A erva-mate, por ser uma planta de composição química complexa do ponto de vista
bioquímico, tem levado pesquisadores a sugerirem investimentos na melhoria da qualidade do
produto. Alguns estudos têm sido conduzidos com o intuito de identificar alternativas para a
aplicação da erva-mate, visando agregar valor a esta importante matéria-prima (MACCARI;
SANTOS, 2000; VALDUGA, 2002; VIEIRA et al., 2008a).
Nos últimos anos, as indústrias ervateiras têm buscado ampliar o mercado da erva-
mate através do lançamento de novos produtos, como o composto de erva-mate e o chá-mate
aromatizado. De forma similar e mais recentemente, iniciou-se a procura da matéria-prima
pelas indústrias química e farmacêutica, com interesse na geração de produtos de higiene e
beleza que utilizam a essência da erva-mate para a produção de sabonete líquido, xampus e
cremes para pele (MOSELE, 2002). Entretanto, as alternativas de produtos a base de erva-
mate lançados ainda correspondem a uma reduzida parcela do consumo (MAZUCHOWSKI;
RÜCKER, 1997; VALDUGA, 2002; RUCKER; MACARRI JÚNIOR; ROCHA JÚNIOR,
2003).
Por outro lado, o mercado para bebidas a base de chá-mate tem crescido, conseqüência
dos benefícios à saúde que começam a ser veiculados pela mídia e pelo lançamento de novos
produtos com maior aceitação pelo público, como as bebidas aromatizadas prontas para
consumo, com aroma natural de frutas (BASTOS; TORRES, 2003).
A erva-mate pode ser explorada tanto pela indústria de alimentos (tererê, chimarrão,
chá mate solúvel, chá mate verde, chá mate tostado, refrigerante, bebidas energéticas, balas,
ingredientes para produtos alimentícios), como pelas indústrias química e farmacêutica (tintas
e resinas, medicamentos, desinfetantes, adstringentes, cosméticos e perfumaria) (DA CROCE,
45
2000; ROCHA JÚNIOR, 2001; MOSELE, 2002; MEDRADO; MOSELE, 2004; BARBOSA,
2006).
De Paula e Chociai (2000), citados por Maccari (2005), em levantamento sobre
produtos potenciais e industrialização, coletaram informações sobre diversas aplicações para a
erva-mate. Foram encontrados patentes e artigos publicados sobre este tema, revelando o uso
da erva-mate na produção de medicamentos, cosméticos, produtos de limpeza e na indústria
de alimentos. Entretanto, o interesse pela erva-mate e suas aplicações não fica limitado aos
países produtores da matéria-prima, já que a origem das patentes e dos produtos cosméticos
indica que a Europa e a América do Norte usam a erva-mate para produtos mais elaborados.
Segundo Lunceford e Gugliucci (2005), de modo geral, na Ásia, Europa e Estados Unidos a
erva-mate tem sido exportada como matéria-prima seca ou extrato para preparações
medicinais, de cosméticos ou como ingrediente em alimentos.
Segundo Valduga (2002), a consolidação e o incremento desta cultura na renda e
emprego da agricultura no Sul do Brasil dependem fundamentalmente da ampliação dos
mercados interno e externo da erva-mate processada e da agregação de maior valor ao produto
final comercializado bem como do desenvolvimento de novos produtos.
Souza (2002) conclui em seu estudo sobre hábitos de consumo de erva-mate que
devem ocorrer avanços nas buscas de alternativas viáveis para a cadeia produtiva da erva-
mate, fornecendo produtos derivados e proporcionando a melhoria da qualidade e das técnicas
de processamento, resultando em produtos que atendam, na sua plenitude, as necessidades de
consumidores globalizados e cada vez mais exigentes.
46
1.7 Componentes químicos da erva-mate
As investigações químicas relativas à erva-mate iniciaram-se com Tramnsdorff em
1836, que constatou a presença de diversas substâncias resinosas, matéria corante amarela,
ácido tânico, etc. A identificação do principal alcalóide, a cafeína, ocorreu em 1843 por
Stenhouse. O teor relatado de 0,13 % de cafeína (ANDRADE, 1999; VALDUGA, 2002)
passou para valores médios entre 0,65 % - 1,60 % nos dias atuais (CARDOZO et al., 2007;
GNOATTO et al., 2007; STREIT et al., 2007; VIEIRA et al., 2008a). Em 1848, Rochleder,
estudando o mate do Paraguai, identificou o ácido do mate o ácido que ao final denominou-
se, café-tânico, conhecido por estar presente nas sementes do café (ANDRADE, 1999;
VALDUGA, 2002).
Hoje em dia, sabe-se que a erva-mate apresenta em sua composição alcalóides
metilxantínicos, principalmente a cafeína, seguido por teobromina e em menor concentração
teofilina (ANDRADE, 1999; REGINATTO et al., 1999; ATHAYDE; COELHO;
SCHENKEL, 2000; SALDAÑA et al., 2002; ANDRADE, 2004; ESMELINDRO et al., 2004;
SCHUBERT et al., 2006; GNOATTO et al., 2007); substâncias glicosídicas como as
saponinas (SCHENKEL et al., 1997; SCHERER et al., 2006); óleos essenciais como o linalol
e limoneno (BASTOS et al., 2006a; MACHADO et al., 2007); clorofila (ANDRADE, 2004;
MALHEIROS, 2007) e compostos fenólicos (FILIP et al., 2001; BASTOS et al., 2006b;
MATSUBARA; RODRIGUEZ-AMAYA, 2006; BRAVO; GOYA; LECUMBERRI, 2007;
CARDOZO et al., 2007). Em relação aos minerais, encontram-se em maior quantidade,
potássio, cálcio, magnésio, manganês, além do ferro, alumínio e traços de arsênio
(HEINRICHS; MALOVOLTA, 2001; GIULIAN et al., 2007; JACQUES et al., 2007). Outros
componentes são encontrados como: água, celulose, dextrina, glucose, pentose, aminoácidos,
substâncias graxas, resina aromática (formada por uma mistura de oleína, palmitina, lauro-
47
estearina e cumárina); ácido fólico e legumina (VERONESE, 1944 citado por VALDUGA,
1995; ANDRADE, 1999).
Trabalhos têm mostrado que a qualidade e a composição química da erva-mate podem
variar devido à influência de alguns fatores como: espécie, sazonalidade, idade da árvore e
das folhas, clima, tempo de colheita, tipo de erva-mate (nativa ou cultivada), sistema de
cultivo, solo, região produtora, processo de produção e estocagem (BERTONI et al., 1992;
MAZZAFERA, 1994; LIN et al., 1996; ESMELINDRO et al., 2002; STREIT et al., 2007).
Mazzafera (1994) encontrou teores superiores de cafeína em folhas em
desenvolvimento/jovens (primeiro e segundo par de folhas do ramo), comparativamente às
folhas velhas (décimo quinto, décimo sexto par de folhas do ramo).
Rachwal et al. (2002), ao analisarem folhas de plantas de erva-mate com cinco anos de
idade, coletadas no mês de agosto, observaram que ambientes com maior luminosidade
provocam variações mais acentuadas de nutrientes. Esses autores também afirmam que os
teores de potássio e magnésio e metilxantinas reduziram enquanto o teor de fenóis totais
aumentou em área com maior luminosidade.
Esmelindro et al. (2004) identificaram por cromatografia gasosa acoplada à
espectrometria de massa (CG/EM) cerca de trinta compostos em folhas de erva-mate,
derivados das metilxantinas (cafeína e teobromina); do fitol; da vitamina E; do estigmasterol;
e do esqualeno. Em relação ao efeito da intensidade de luz, pode ser observado que a maioria
dos compostos teve seus teores aumentados nas plantas submetidas ao sombreamento.
Jacques et al. (2007) identificaram 51 compostos em amostras de tecido foliar com 7
anos de idade de erva-mate, via CG/EM, corroborando os resultados quantitativos obtidos por
Esmelindro et al. (2004), com exceção à teobromina, sitosterol e ácido hexadecanóico.
Streit et al. (2007) revelaram que folhas nativas e plantadas de Ilex paraguariensis do
município de Xaxim, no Estado de Santa Catarina, apresentam teores significativamente
48
superiores de ácido gálico, catequina e cafeína do que as folhas do município de Ilópolis do
Estado do Rio Grande do Sul.
Filip et al. (2001), ao pesquisarem sete espécies do gênero Ilex (I. paraguariensis, I.
brevicuspis; I. theezans; I. microdonta; I. dumosa var. dumosa; I. taubertiana; I.
pseudobuxus; I. integerrima e I. argentina) na América do Sul, determinaram que a I.
paraguariensis apresentou o maior teor de flavonóides e derivados do ácido caféico.
Mazzafera (1994) determinou o conteúdo de cafeína, teobromina e teofilina na casca,
bem como em folhas adultas (décimo quinto, décimo sexto par de folhas do ramo) e jovens
(primeiro e segundo par de folhas do ramo), no córtex e em frutos maduros e imaturos de I.
paraguariensis. A cafeína foi sempre detectada em maiores concentrações em tecidos novos.
Na casca, a concentração foi de 1.484 mg/kg, sendo que o teor de cafeína oscilou entre as
partes da planta de 132 mg/kg
para o fruto maduro até 9.147 mg/kg para folhas jovens.
Teofilina não foi detectada na casca, assim como no córtex e frutos. A concentração de
teobromina na casca foi de 695 mg/kg, não sendo encontrada em frutos maduros. A maior
concentração de teobromina ocorreu em folhas adultas sombreadas (4.320 mg/kg) e o menor
teor no córtex (151 mg/kg).
Da Croce (2000), ao estudar características físico-químicas de amostras de erva-mate
colhidas nos meses de setembro a dezembro de 98, janeiro a março de 99 e junho a julho de
99 e em quatro grandes regiões de cultivo em Santa Catarina (Chapecó, Irani, Concórdia e
Canoinhas), observou oscilação de 0,35 g/100 g a 1,0 g/100 g sobre o teor de cafeína em
folhas de erva-mate, revelando diferença significativa de acordo com a época do ano; tendo
observado entre os meses de setembro a dezembro (período de maior crescimento vegetativo)
a menor concentração. Além disso, seu estudo revela correlação positiva entre teor de cafeína,
umidade e substâncias voláteis, não verificando influência do tipo de solo nos resultados
obtidos.
49
Pagliosa et al., (2009), ao analisarem plantas nativas e cultivadas de 5 e 15 anos de
idade, revelaram que plantas jovens (5 anos) apresentaram valores significativamente maiores
de taninos comparativamente a plantas mais velhas (nativas e de 15 anos).
Quanto ao efeito do processamento sobre os compostos da erva-mate, Esmelindro et
al. (2002) citam que o sapeco e secagem influenciam diretamente nos teores de lipídeos,
proteínas, glucose, sacarose e cafeína. Bastos et al. (2006b), ao analisarem por cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE) compostos metilxantínicos e polifenólicos em infusões de
folhas de erva-mate, mostraram que folhas pós-secagem apresentaram maior concentração de
cafeína e ácido 5-cafeoilquínico (ácido fenólico), seguidas pelas folhas pós-sapeco
(parcialmente secas) e folhas frescas.
Óleos essenciais são componentes voláteis (misturas complexas de substâncias,
lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas), também denominados óleos etéreos ou
essências. Apresentam como principais características a volatilidade, o aroma agradável e
intenso, na maioria das vezes, e solubilidade em água limitada, mas suficiente para aromatizar
soluções aquosas (SIMÕES; SPITZER, 2000). Kawakami e Kobayashi, (1991) ao analisarem
o conteúdo de óleos essenciais em amostras de chimarrão do Brasil, identificaram o furfural,
linalol e os ácidos acético, hexanóico, octanóico e nonanóico como componentes majoritários.
De acordo com resultados encontrados por Mazuchowski (1991), a erva-mate apresenta
rendimento em óleos essenciais (0,01 g/100g) inferiores aos encontrados em café (0,41
g/100g), chá preto (6,0 g/100g) e chá verde (7,90 g/100g).
Bastos et al. (2006a) observaram importantes mudanças na composição dos óleos
essenciais na infusão de mate após o processo de tostagem. Os compostos formados durante a
tostagem, como os furanos, furanonas e óxidos de terpenos podem ser responsáveis pelo sabor
(geralmente descrito como doce e defumado) de bebidas de chá mate. Componentes
50
responsáveis pelo aroma floral, como o limoneno e o linalol, são parcialmente degradados ao
longo do processo de tostagem.
Em relação aos teores de minerais, Giulian et al. (2007) mostraram valores elevados
de potássio em folhas de chá-mate (15.599 ppm), seguido de cálcio (6.758 ppm) e magnésio
(5.025 ppm). Ribeiro (2005) comparou o teor dos componentes minerais de folhas e ramos da
erva-mate, tendo os ramos apresentado menor teor de minerais, ainda que maior conteúdo de
cálcio.
Taketa et al. (2004) verificaram no fruto da Ilex paraguariensis a presença do
composto ilexosídeo II, uma das saponinas majoritárias encontrada nos frutos e ausente nas
folhas e sugerem que o uso dos frutos alteraria significativamente o sabor dos produtos
gerados a partir da erva-mate e também podem produzir efeitos fisiológicos ainda não
conhecidos.
As metilxantinas e os polifenóis, como o ácido 5-cafeoilquínico e o ácido caféico, e os
óleos essenciais são responsáveis por vários dos efeitos farmacológicos conhecidos da erva-
mate (BASTOS; TORRES, 2003). Considerados metabólitos secundários, estes servem como
compostos de defesa química contra insetos danosos, microorganismos ou plantas
competitivas e, em alguns casos produzem cor ou aroma que atraem insetos polinizadores ou
animais que dispersam os frutos (WINK, 1999). Referente à localização destes compostos na
planta, os alcalóides (metilxantinas) podem ser encontrados em todas as partes de um vegetal,
entretanto, este acúmulo ocorre preferencialmente em tecidos de crescimento ativo, células
epidérmicas e hipodérmicas, bainhas vasculares e vasos lactíferos (RATES, 2000). A
distribuição dos compostos fenólicos nos tecidos vegetais não é uniforme, sendo que os
solúveis são encontrados em células vasculares, enquanto os insolúveis são encontrados nas
paredes celulares (BENGOECHEA et al., 1997; SALIBA et al., 2001; NACZK; SHAHIDI,
51
2006). Os óleos essenciais podem estar acumulados em todas as partes de uma planta
(epiderme dos caules, folhas, flores, frutos, madeira e sementes) (SIMÕES; SPITZER, 2000).
Até o momento, os estudos se referem principalmente às folhas de erva-mate ou
produtos formulados principalmente por suas folhas. Segundo Duarte (2000), as folhas são
alvo da maioria das pesquisas dos constituintes químicos da erva-mate por serem
consideradas essenciais para o comércio de produtos, sendo escassos estudos sobre a
composição química das demais partes da planta, ou dos resíduos gerados na indústria ou no
campo.
1.8 Propriedades farmacológicas e funcionais relacionadas ao consumo da erva-mate
A utilização da erva-mate (Ilex paraguariensis) era conhecida pelos índios, que
empiricamente mascavam a folha da erva-mate ou preparavam-na como infusão, atribuindo
ao seu consumo um efeito estimulante; com aumento na resistência em trabalhos de força e
em longas caminhadas. Em túmulos pré-colombianos de Ancon, perto de Lima (Peru), foram
encontradas folhas de erva-mate com alimentos e bebidas, demonstrando seu uso pelos incas
(MAZUCHOWSKI, 1991).
Estudos científicos atribuem às infusões ou extratos desta planta propriedades que vão
além das observadas inicialmente pelos povos indígenas. As bebidas a base de Ilex
paraguariensis apresentam uma infinidade de propriedades, nutritivas e medicinais,
conferindo-lhe um grande potencial de aproveitamento. Dentre estas propriedades destacam-
se a ação estimulante, atribuído ao seu conteúdo de alcalóides metilxantínicos, especialmente
a cafeína (MENDES; CARLINI, 2007), propriedades digestiva e hepatoprotetora
(GORZALCZANY et al., 2001), efeito cardioprotetor e hipocolesterolêmico (SCHINELLA;
FANTINELLI; MOSCA, 2005) e efeito quimiopreventivo de tumores, i.e., propriedade de
52
inverter, suprimir ou impedir o processo de evolução do câncer (RAMIREZ-MARES;
CHANDRA; MEJIA, 2004).
A ingestão da infusão de Ilex paraguariensis pode contribuir na proteção contra
processos oxidativos no organismo humano (FILIP et al., 2000; SCHINELLA et al., 2000;
BIXBY et al., 2005; BRAVO; GOYA; LECUMBERRI, 2007; DELADINO et al., 2008),
sendo comprovado seu efeito antioxidante in vivo (GUGLIUCCI, 1996) e in vitro
(GUGLIUCCI; STAHL, 1995). Esse efeito contribui para reduzir a oxidação da lipoproteína
LDL no plasma humano, associada ao desenvolvimento de doenças degenerativas como a
aterosclerose e prevenção de complicações vasculares decorrentes do diabetes (GUGLIUCCI,
1996; LUNCEFORD; GUGLIUCCI, 2005). Além disso, a infusão de Ilex paraguariensis tem
ação sobre o sistema circulatório como agente hipotensor e diurético (MAZUCHOWSKI,
1991; BAISCH; JOHNSTON; STEIN, 1998).
As metilxantinas (cafeína, teofilina e teobromina), frequentemente denominadas como
derivados da xantina, encontradas na erva-mate são interessantes do ponto de vista
farmacológico e terapêutico. A xantina propriamente dita é uma dioxipurina e está
estruturalmente relacionada com o ácido úrico.
A cafeína é a mais importante e abundante xantina da erva-mate (VALDUGA, 1995;
ANDRADE, 1999) e apresenta efeitos sobre o sistema nervoso central (estimulante e diminui
a sensação de fadiga); sobre o sistema cardiovascular (aumenta a freqüência e os débitos
cardíacos e coronarianos) e sobre a diurese (aumenta a atividade diurética) (RATES, 2000).
Os compostos fenólicos (flavonóides, ácido caféico e os ácidos clorogênicos) são
conhecidos pela sua capacidade antioxidante no organismo humano (SIMÕES et al., 2000;
NACZK; SHAHIDI, 2006). Essa capacidade é atribuída ao poder redutor da hidroxila do
grupo aromático, que reduz o radical livre reativo e produz o radical fenoxila estabilizado por
53
ressonância (NACZK; SHAHIDI, 2006). Além dos efeitos antioxidantes, acredita-se que
esses compostos possam influenciar no trato gastrointestinal (GORZALCZANY et al., 2001).
Bixby et al. (2005) compararam a infusão de I. paraguariensis com o chá verde e
vinho, bebidas tradicionalmente consumidas e consideradas antioxidantes. Os resultados
mostraram que a erva-mate possui valor de polifenóis mais elevado, seguido do vinho tinto e
chá verde e, conseqüentemente, apresentou maior capacidade de seqüestro de radicais livres.
Segundo Bravo, Goya e Lecumberri (2007), a maior capacidade antioxidante atribuída ao
extrato de erva-mate comparado ao vinho e chás deve-se ao seu maior conteúdo de ácidos
mono e dicafeoilquínico. Os derivados do ácido dicafeoilquínico têm sido relacionados com
vários efeitos biológicos benéficos (redutor do colesterol, anti-mutagênico, anti-inflamatório e
antiviral).
Os óleos essenciais, compostos por estrutura básica de isopreno, também exibem
atividade antioxidante (MAU; KO; CHYAU, 2003), podendo apresentar uma importante
função antioxidante em produtos a base de erva-mate. Entretanto, segundo Bastos et al.
(2006a), faltam estudos para avaliar a atividade antioxidante de óleos essenciais de infusões
de erva-mate. Também são atribuídas aos óleos essenciais e compostos fenólicos de I.
paraguariensis propriedades antimicrobiana e antifúngica (GRAY; PINKAS, 2005).
As saponinas colaboram para o gosto amargo. Além disso, por serem moléculas
anfifílicas, se arranjam na interface e reduzem a tensão superficial da água, facilitando a
incorporação do ar, com conseqüente formação de espuma. As saponinas são formadas por
uma fração de açúcares e outra de não-açúcares (sapogenol), chamada de aglicona.
Encontrou-se na Ilex paraguariensis dez saponinas, tendo como aglicona o ácido ursólico ou
ácido oleanóico e como açúcares arabinose, glicose e ramnose. Além da participação nas
características sensoriais, são estudadas propriedades antiinflamatórias e hipocolesterolêmicas
54
destes compostos (SCHENKEL et al., 1995; VALDUGA, 1995; CONTRERAS, 2007;
HECK; MEJIA, 2007).
Em contraste, apesar do desconhecimento sobre o mecanismo de ação, estudos
epidemiológicos e clínicos têm associado o consumo de chimarrão com o desenvolvimento de
câncer na cavidade oral, faringe e esôfago, em populações que tradicionalmente consomem
esta bebida (GOLDENBER, 2002; BASTOS; TORRES, 2003; BATES et al., 2006).
Entretanto, Ramirez-Mares, Chandra e Mejia (2004) afirmam que não pesquisa
experimental em animais e, além disso, as populações estudadas também são consumidoras de
bebidas alcoólicas e cigarro, confundindo a influência do chimarrão como um fator
independente. Segundo pesquisa realizada por Bates et al., (2006) com 114 argentinos
fumantes e não fumantes, foi observado que a incidência de câncer foi verificada somente
pelo grupo que consumia erva-mate na forma de chimarrão concomitante ao cigarro, o
observado efeito cancerígeno do consumo de erva-mate em pessoas não fumantes.
Estudos sugerem que a alta temperatura em que a bebida é ingerida, i.e., valores
superiores a 60
o
C, seria o fator de risco preponderante ao câncer de esôfago (MUÑOZ et al.,
1987; VICTORIA et al., 1987; BARROS et al., 2000; ISLAMI et al., 2009), enquanto outros
sugerem que substâncias tóxicas presentes na infusão de erva-mate, como os HPAs
(CAMARGO; TOLEDO, 2002; ZUIN et al., 2005; KAMANGAR et al., 2008), podem ser
coadjuvantes no processo da doença, potencializando a ação da lesão causada pelo consumo
freqüente de grandes volumes de chimarrão com água quente (BASTOS; TORRES, 2003).
1.9 Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs)
Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são uma classe de compostos
orgânicos, constituídos por átomos de carbono e hidrogênio, que contém dois ou mais anéis
55
aromáticos ligados, podendo ou não ter grupos substituintes (DILETTI et al., 2005;
ARREBOLA et al., 2006).
Os HPAs são compostos formados durante a combustão incompleta de material
orgânico em elevadas temperaturas (CAMARGO; TOLEDO, 2003; KISHIKAWA et al.,
2004). São originados principalmente por atividades naturais, como queimadas de florestas,
atividades vulcânicas, decomposição de material biológico (resultado de centenas de anos de
degradação) (PAGLIUCA et al., 2003), e/ou por fontes antropogênicas, como veículos
automotores (diesel ou gasolina), sistemas de aquecimento doméstico, atividades industriais
(destilarias de petróleo, produção de alumínio e carvão mineral), vazamento de óleo,
processos de defumação e secagem direta com madeira, torrefação, queima de plástico,
fumaça de cigarro, queima de material biossintético (biomassa). Ou seja, são formados por
fontes onde predominam processos de combustão (GÁRCIA-FALCÓN et al., 1996;
PENSADO et al., 2000; SIEGMANN; SATTLER, 2000; CAMARGO; TOLEDO, 2002;
EUROPEAN COMISSION, 2002).
O mecanismo de formação dos HPAs não está totalmente esclarecido, mas acredita-se
que estejam envolvidos dois processos distintos de reação: a pirólise e a pirossíntese. Em
temperaturas elevadas (300 a 800°C) e em baixas concentrações de oxigênio, compostos
orgânicos de elevada massa molecular são fragmentados parcialmente em moléculas menores,
com dois ou três anéis aromáticos e alguns radicais livres (pirólise). Os HPAs e os radicais
livres gerados durante a pirólise podem se recombinar para produzir moléculas maiores e mais
estáveis, com quatro, cinco ou seis anéis aromáticos (pirossíntese). A formação dos HPAs
também pode ocorrer em baixas temperaturas (100 a 150°C); no entanto, requer um tempo
maior de aquecimento, resultando em hidrocarbonetos alquilados (MORET; CONTE, 2000;
SIMONEIT, 2002).
56
Durante o processo de pirólise e/ou pirossíntese, tanto a quantidade quanto a
composição dos HPAs produzidos variam em função do material a ser pirolisado, da
temperatura de combustão, do tempo de permanência das moléculas no estado gasoso e da
concentração de oxigênio. A formação desses compostos é favorecida principalmente em
temperaturas entre 400 a 800°C. Quando a temperatura varia de 400 a 500 °C, observa-se a
formação de hidrocarbonetos com baixa massa molar (128-202), como naftaleno,
acenaftaleno, fluoreno, fenantreno, antraceno, fluorantreno e pireno. em temperaturas
iguais ou superiores a 500°C observa-se a formação de hidrocarbonetos com massa molar
entre 228-252, como criseno, benzo(a)antraceno e benzo(a)pireno. Outros HPAs com massa
molar acima de 278 como indeno(1,2,3-c,d)pireno, dibenzo(a,h)antraceno e
benzo(g,h,i)perileno também são produzidos, mas em temperaturas superiores a 600°C
(WILLIAMS; HORNE, 1995; MCGRATH; CHAN, HAJALIGOL, 2003).
Muitos dos HPAs fazem parte de uma classe de poluentes orgânicos persistentes,
compostos potencialmente tóxicos, que têm como principais características a alta
hidrofobicidade, baixa reatividade no meio ambiente e grande tendência de acumular nos
tecidos dos organismos vivos (SCHWARZENBACH; GSCHWEND; IMBODEN, 1991). Os
HPAs podem ser considerados como um dos principais agentes cancerígenos, pelo fato de se
encontrarem amplamente distribuídos no meio ambiente, sendo que o corpo humano interage
com tais compostos via inalação, ingestão, ou absorção cutânea (TROCHE, 2003).
Existe um grande interesse no estudo desses hidrocarbonetos devido ao seu alto
potencial carcinogênico e mutagênico (MENZIE; POTOCKI; SANTODONATO, 1992).
Constituem uma família de compostos que se caracterizam por possuírem dois ou mais anéis
aromáticos condensados e que pode ser dividida em duas classes: compostos com baixa massa
molecular (MM), com MM < 202 (naftaleno, acenaftileno, acenafteno, fluoreno, fenantreno, e
antraceno) e com alta massa molecular, com MM
202 (fluoranteno, pireno,
57
benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluoranteno, benzo(k)fluoranteno, benzo(a)pireno,
dibenzo(a,h)antraceno, benzo(g,h,i)perileno, in(1,2,3-cd)pireno) (Tabela 2) (SILVA, 2002).
mais de 100 HPAs conhecidos, mas apenas 16 destes (Figura 9) foram
classificados pela União Européia (UE) e pela United States Environmental Protection
Agency (USEPA) como poluentes prioritários (MARTINEZ, 2001; NICVA-CANO; RUBIO-
BARROSO; SANTOS-DELGADO, 2001). A seleção desses compostos foi baseada em
alguns fatores que incluem toxicidade, informações disponíveis sobre esses hidrocarbonetos e
freqüência de exposição em seres humanos (DEBESTANI; IAVANOVI, 1999). Desses
compostos, sete são identificados pela International Agency for Research on Cancer IARC
como cancerígenos para animais e pela USEPA como potencialmente cancerígenos para seres
humanos, a saber: pireno, benzo(a)antraceno, benzo(a)pireno, dibenzo(a, h)antraceno,
indeno(1, 2, 3-cd)pireno, benzo(b)fluoranteno e benzo(k)fluoranteno (USEPA, 1998;
YAMADA, 2006).
58
Figura 9 - Estrutura química dos 16 hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs)
prioritários de acordo com a United States Environmental Protection Agency (USEPA).
As propriedades físico-químicas dos HPAs são, em grande parte, determinadas por
seus sistemas de duplas ligações conjugadas, que variam com o número de anéis e, portanto,
com suas massas moleculares (IPCS, 1998).
O transporte e a distribuição desses HPAs no ambiente dependem muito do meio ao
qual estão expostos e de suas propriedades físicas e químicas, tais como: solubilidade em
água, pressão de vapor, constante de Henry, coeficiente de partição octanol-água (K
ow
) e
NAFTALENO
FENANTRENO BENZO[G,H,I]PERILENO FLUORANTENO
ANTRACENO
PIRENO
CRISENO BENZO[A]ANTRACENO
BENZO[A]PIRENO
ACENAFTENO
BENZO[K]FLUORANTENO
BENZO[B]FLUORANTENO ACENAFTILENO
FLUORENO
DIBENZO[A,H]ANTRACENO
INDENO[1,2,3-C,D]PIRENO
59
coeficiente de adsorção em sedimentos ou partição com carbono (K
oc
). A Tabela 2 apresenta
algumas propriedades físico-químicas importantes que permitem compreender o
comportamento ambiental e biológico dos 16 HPAs prioritários (SILVA, 2002, citado por
YAMANDA, 2006).
Tabela 2 - Propriedades físico-químicas dos 16 hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
(HPAs) prioritários segundo a classificação da United States Environmental Protection
Agency (USEPA).
HPAs Massa
molecular
Ponto de
fusão (°C)
Ponto de
ebulição
(°C)
Solubilidade
em água
(mg/L, 25°C)
Log
K
(o/w)*
Constante de
Henry
(KPa m
3
mol
-1
a 25°C)
Naftaleno
128 81 217 32 3.36 4,89.10
-
2
Acenaftileno
152 92-93 265-275 3.93 4.08 1,14.10
-
3
Acenafteno
154 95 279 3.4 4.32 1,48.10
-
2
Fluoreno
166 115-116 295 1.9 4.18 1,01.10
-
2
Fenantreno
178 100,5 340 1.0-1.3 4.46 3,98.10
-
3
Antraceno
178 216,4 342 0.05-0.07 4.45 7,3.10
-
2
Fluoranteno
202 108,8 375 0.26 5.53 6,5.10
-
4
Pireno
202 150,4 393 0.14 5.3 1,1.10
-
3
Benzo(a)antraceno
228 160,7 400 0.01 5.6 1,0.10
-
2
Criseno
228 253,8 448 0.002 5.6 1,1.10
-
4
Benzo(b)fluorantreno
252 168,3 481 0.014 6.6 5,1.10
-
5
Benzo(k)fluoranteno
252 215,7 480 - 6.85 4,4.10
-
5
(20°)
Benzo(a)pireno
252 178,1 496 0.0038 6.0 3,4.10
-
5
Dibenzo(a,h)antraceno
278 266,6 524 5 x 10
-
4
6.0 7,0.10
-
6
Benzo(g,h,i)perileno
276 278,3 545 2.6 x 10
-
4
7.0 2,7.10
-
5
(20°)
In(1,2,3-cd)pireno
276 276 536 5.3 x 10
-
4
7.7 2,9.10
-
5
(20°)
*
log K
(ow)
– Coeficiente de partição octanol-água. Fonte: Silva (2002), citado por Yamanda (2006).
60
Os HPAs podem apresentar-se sólidos à temperatura ambiente, com variados pontos
de ebulição e fusão e baixa solubilidade em água, que diminui com o aumento do tamanho da
molécula. No entanto, são solúveis em solventes orgânicos e altamente lipofílicos, suas
afinidades por fases orgânicas lipofílicas, expressas através do coeficiente de partição octanol-
água (K
ow
) são elevadas (entre 3,4 a 7,1). Estes elevados coeficientes de partição indicam que
podem ser absorvidos através de diversos tecidos biológicos como, por exemplo, a pele
(NETTO et al., 2000).
A persistência dos HPAs no ambiente varia com sua massa molecular. Os compostos
de baixa massa molecular são degradados mais facilmente, comparativamente aos de alta
massa molecular, como apresentado pelos tempos de meia vida do naftaleno e do antraceno,
que sedimentam em 9 horas e 43 horas, respectivamente; enquanto que o benzo(gui)perileno
apresenta tempo de meia vida superior a 9,5 anos (NETTO et al., 2000; ALMEIDA, 2003).
Próprio de seu potencial mutagênico e carcinogênico (SANTODONATO, 1997), os
HPAs têm sido determinados em várias matrizes, particularmente, no ar, água, solo e
sedimentos marinhos (FREEMAN; CATTEL, 1990; AL-OMRAN; RAO, 1997; YANG et al.,
1998; NAUMOVA et al., 2001). A principal preocupação é com sua ocorrência em
numerosos alimentos, incluindo óleos vegetais (MORET; CONTE, 2000; DILETTI et al.,
2005; ARREBOLA et al., 2006), frutas (CAMARGO; TOLEDO, 2003), cereais (TEIXEIRA;
CASAL; OLIVEIRA, 2007), alimentos grelhados (CHEN; WANG; CHIU, 1996; SIMKO,
2002), defumados (GARCIA-FALCON et al., 1996; WANG et al., 1999; SIMKO, 2002) e de
origem marinha (MORET; CONTE; DEAN, 1999; JONSSON et al., 2004), chá
(CAMARGO; TOLEDO; 2002; LIN; TU; ZHU 2005), café (CAMARGO; TOLEDO, 2002;
GÁRCIA-FALCÓN; CANCHO-GRANDE; SIMAL-GÁNDARA, 2005), água (DOONG;
CHANG; SUN, 2000; GÁRCIA-FALCÓN; PÉREZ-LAMELA; SIMAL-GÁNDARA, 2004),
bebidas destiladas (KLEINJANS et al., 1996; BETTIN; FRANCO 2005; GÁRCIA-
61
FALCÓN; SIMAL-GÁNDARA, 2005; TFOUNI et al., 2007), entre outros (LODOVICI et
al., 1995; HUSAIN et al., 1997; KAZEROUNI et al., 2001; LIU; KORENAGA, 2001;
FIEDLER, CHEUNG, WONG, 2002; GROVA et al., 2002; CAMARGO et al., 2006; REY-
SALGUEIRO et al., 2008).
A contaminação de alimentos por HPAs pode ocorrer através de duas formas: pela
deposição destes compostos do ar ou da água, devido à precipitação, ou através da secagem e
cozimento (ZEBEK, 1980; LAWRENCE; WEBER, 1984; YANG et al., 1998). Cabe lembrar
que poucos estudos em relação ao teor em HPAs em amostras de erva-mate têm sido
realizados (CAMARGO; TOLEDO, 2002; ZUIN et al., 2005; KAMANGAR et al., 2008).
Camargo e Toledo (2003) observaram que amostras de alface cultivadas perto de
rodovias, ou seja, sujeitas a poluição, apresentaram valores totais de HPAs de 1,67 - 2,40
µg/Kg, valores estes superiores aos encontrados em amostras cultivadas em regiões
interioranas de 0,84 a 1,27 µg/Kg.
Os resultados obtidos por Camargo e Toledo (2002) sugerem que apesar da erva-mate
estar contaminada com HPAs, em níveis de 0,70µg/kg, estes são pouco extraídos para o chá
durante o processo de infusão. Porém, Machado et al. (1996) encontraram valores de
benzopireno de 0,22 µg nos primeiros 250 mL de chimarrão, valor este acima do
recomendado como seguro pela ANVISA, onde determina que as águas destinadas ao
consumo humano não devem apresentar teores de benzo(a)pireno superior a 0,01 µg/L
(BRASIL, 1990).
Fagundes et al. (2006) estudaram a relação entre o consumo de erva-mate e a presença
de HPAs no organismo, estudando 200 adultos sadios consumidores de mate, sendo metade
deles fumantes e o restante não fumante, para determinar a concentração de 1-hidroxipireno
glecoronídeo (1-OHPG), um metabólito dos HPAs que é excretado na urina. O estudo
encontrou uma alta correlação entre o consumo de mate e a concentração do metabólito na
62
urina. Foi observado um aumento da concentração de 1-OHPG no grupo que consumia o mate
sozinho, no grupo fumante que não ingeria o mate, e um aumento ainda maior quando o
consumo de mate estava associado ao cigarro. vários artigos a respeito deste tópico, mas
não há um consenso; necessitando de maiores investigações a respeito (HECK; MEJIA,
2007).
1.9.1 Legislação para HPAs
Até o momento não existe limite para os teores de HPAs em alimentos. Na falta de
limites, alguns países passaram a adotar limites próprios. Para o monitoramento destes
hidrocarbonetos países europeus como Alemanha, Áustria, República Tcheca, Suíça,
Eslováquia, Itália e Polônia adotaram um limite tolerável de benzo(a)pireno de 1 µg/Kg em
alimentos defumados (SIMKO, 2002; GÁRCIA-FALCÓN; CANCHO-GRANDE; SIMAL-
GÁNDARA, 2005).
No âmbito do Codex Alimentarius, a necessidade de estabelecimento de limites para
HPAs em alimentos tem sido manifestada por inúmeros países em diferentes oportunidades,
sendo este tema considerado prioritário dentro do Comitê do Codex para Aditivos
Alimentares e Contaminantes (CCFAC). Em abril de 2005, este recomendou que sejam
elaboradas estratégias de modo a minimizar a contaminação durante os processos de secagem
e defumação de alimentos (CAMARGO; TOLEDO; FARAH, 1999).
Na Alemanha, a Sociedade Alemã da Ciência dos Lipídeos (German Society for Fat
Science) tem fixado em alimentos defumados o limite de 25 µg/Kg para os HPAs totais e de 5
µg/Kg para os HPAs de elevada massa molecular (MORET; CONTE, 2000; PAGLIUCA et
al., 2003).
63
A União Européia (European Union, EU) em uma de suas diretrizes (Directive
98/83/EC) propõe o monitoramento de quatro HPAs em água potável: benzo(b)fluoranteno,
benzo(k)fluoranteno, benzo(g,h,i)perileno e indeno(1,2,3-c,d)pireno; fixando como limite
máximo para estes HPAs individualmente a concentração de 100 ng/L, e de 10,0 ng/L para o
benzo(a)pireno (GÁRCIA-FALCÓN; PÉREZ-LAMELA; SIMAL-GÁNDARA, 2004) Para
alimentos defumados, a EU (EEC Directive 88/388) limita a presença de benzo(a)pireno em
0,03 µg/Kg, mas está planejando alterar este limite para 1 µg/Kg (GARCÍA-FALCÓN et al.,
1996; PAGLIUCA et al., 2003; ARREBALA et al., 2006).
Nos Estados Unidos, a Associação de Alimentos em Conserva (Snack Food
Association, SFA) adota que os aromas/aromatizantes dos condimentos utilizados na produção
de alimentos industrializados não devam possuir teores de benzo(a)pireno e
benzo(a)antraceno superiores a 10 µg/Kg e 20 µg/Kg, respectivamente (SIMKO, 2002;
PAGLIUCA et al., 2003).
No Brasil, a legislação vigente determina que as águas destinadas ao consumo humano
não tenham teor de benzo(a)pireno superior a 0,01 µg/L, não existindo limites para os demais
alimentos (BRASIL, 1990).
1.10 Resíduos agroindustriais
As atividades agroindustriais no Brasil vêm evoluindo rapidamente, porém, o estudo
dos impactos causados por este setor sobre o ambiente é pouco abrangente, restringe-se
normalmente à unidade fabril; deixando de lado outros aspectos importantes e intrínsecos às
atividades agroindustriais, necessitando da implantação de um completo planejamento
ambiental dessas atividades e das demais que lhes dão suportes ou as complementam
(SALLES, 1993).
64
Na indústria de alimentos são conhecidos como “resíduos” a parte da matéria-prima
não utilizada no processamento do produto principal. Até pouco tempo o conceito de
“resíduo” tinha o sentido de “esbanjamento” ou “perda”, pois de modo geral, muito pouco
dele era aproveitado para o preparo de novos produtos. Entretanto, deve ser entendido como
“resíduo” a sobra da matéria-prima não aproveitada para a elaboração do produto alimentício
e, como subproduto, essa mesma sobra transformado industrialmente (EVANGELISTA,
1992).
Enquanto o homem vivia da caça, coleta de frutas e raízes, não encontrava problemas
com resíduos. Ele consumia o necessário, sendo a sobra facilmente absorvida e reciclada pelo
ecossistema. Somente com o desenvolvimento da agricultura, quando o homem começou a
colonizar e cultivar a terra, a agrupar-se e viver em cidades, o resíduo tornou-se um problema.
A Revolução Industrial não somente agravou o problema existente, como também criou novos
tipos de resíduos industriais, incluindo materiais que eram estranhos ao ecossistema. Muitos
desses resíduos resultam como conseqüência da produção e consumo de alimentos
(TANNENBAUM; PACE, 1976).
Os resíduos dos alimentos (frutas, vegetais, peixes, laticínios e outros) contêm cerca
de 93 % de matéria orgânica biodegradável, tanto sólidos quanto líquidos, resultantes da
produção, preparo e consumo dos alimentos. Esses resíduos aumentam ou potencializam a
poluição e representam uma perda de biomassa e de potenciais nutrientes (HANG, 1992).
Os resíduos agroindustriais são recursos renováveis, disponíveis em abundância e de
valor limitado. Esses resíduos, normalmente constituídos por material lignocelulósico,
representam uma das principais fontes de fibras, compostos químicos e outros produtos de
eventual interesse industrial. Como exemplo, subprodutos gerados pelo cultivo do trigo,
milho, arroz, sorgo, cevada, abacaxi, banana e coco são as principais fontes de “biofibras” da
agroindústria (REDDY; YANG, 2005).
65
Apesar do reconhecimento quanto à necessidade do funcionamento de agroindústrias
sustentáveis, tem sido difícil a adoção de cnicas ambientais preventivas que garantam a
produção de alimentos, atendendo à demanda atual e garantindo a qualidade ambiental às
futuras gerações (AMANTE, 1997).
Os resíduos alimentícios consistem de sólidos solúveis e insolúveis. Os sólidos
solúveis incluem porções de matérias-primas não utilizadas, tais como frutas e vegetais
danificados, folhas, caule, cascas, caroços, pele e sementes (HANG, 1992). No passado, tais
resíduos eram desprezados, ou utilizados sem tratamento para ração animal, ou como
fertilizante. A partir dos anos 80, o uso de subprodutos e outros resíduos agrícolas aumentou,
devido à necessidade de prevenir a poluição ambiental, evitar desperdícios e conservar a
energia e matérias-primas. Para isso, novos métodos de tratamentos dos resíduos estão
baseados na recuperação e bioconservação (POYYAMOZHI; KADIRVEL, 1986; HANG,
1992).
A demanda por padrões nutricionais apropriados é cercada por custos elevados, muitas
vezes diminuindo a disponibilidade de matérias-primas, além de problemas referentes à
poluição ambiental, destacando o grande interesse na recuperação e reciclagem de resíduos.
Isso se aplica particularmente aos alimentos e indústrias de processamento de alimentos, onde
os resíduos, efluentes e subprodutos seriam recuperados e levariam ao desenvolvimento de
novos produtos de alto valor (KROYER, 1991 citado por SONAGLI, 1997).
A importância econômica de um resíduo agrícola depende tanto da quantidade
produzida, quanto de suas próprias características. Grandes quantidades de um determinado
resíduo agrícola, concentradas em uma única região, podem justificar seu emprego como
matéria-prima para obter outros produtos (BAO-IGLESIAS et al., 1987).
66
Devem-se buscar utilizações viáveis e econômicas para os inevitáveis resíduos
agroindustriais gerados. Sempre que possível, o resíduo final deverá ser matéria-prima para
um novo processo, constituindo uma segunda transformação (CEREDA, 2000).
muitos exemplos dessa forma de atuação, entre os quais o processamento da cana-
de-açúcar no Brasil, em que o bagaço serve desde a alimentação animal até a co-geração de
energia elétrica para venda, satisfazendo em alguma extensão, demandas regionais. Como
outros exemplos, podemos citar o processamento mínimo do milho, na qual a melhor solução
para seus resíduos foi repassá-los à indústria de produção de óleo a partir do gérmen
(CEREDA, 2000), o resíduo da mandioca para ração e álcool combustível (CEREDA, 1994;
LORENZONI; MELLA, 1994), resíduos da mandioca e do abacaxizeiro para alimentação
humana (RAUPP; MOREIRA; BANZATTO, 1999; SANTOS et al., 2001), aproveitamento
da casca do maracujá para o preparo de doce em calda (OLIVEIRA et al., 2002) e para
extração de pectina (PINHEIRO et al., 2008; KLIEMANN et al., 2009), casca de batata para
elaboração de pão integral (FELICORI, 2006), resíduos de frutas para elaboração de
alimentos ricos em fibras (MARTÍN et al., 2007), resíduo de palmeira-real para elaboração de
biscoitos (VIEIRA et al., 2008b; SIMAS et al., 2009). Além desses, outros trabalhos têm sido
encontrados na literatura sobre o aproveitamento de alimentos não convencionais (PINTO,
1998; SARTORELLI, 1998; SANTOS, 2000; BOTELHO; CONCEIÇÃO; CARVALHO,
2002; MCWATTERS et al., 2003; GIAMI; ACHINEWHU; IBAAKEEE, 2005).
Apesar do grande interesse dos produtores pelo cultivo da erva-mate para a produção,
em especial, de chimarrão e tererê, o desperdício e a geração de resíduos tem sido uma
preocupação para o agronegócio (VIEIRA et al., 2008a).
D’Avila et al. (2007) determinaram os teores de compostos fenólicos e metilxantinas
em talos, considerados subproduto do processamento industrial da erva-mate (Ilex
paraguariensis). Pagliosa et al. (2008) avaliaram o teor de polifenóis totais e a capacidade
68
encontrados na literatura (BIXBY et al., 2005; BASTOS et al., 2006a; BASTOS et al., 2006b;
SCHUBERT et al., 2006; JACQUES et al., 2007; MACHADO et al., 2007), ao contrário
daqueles com o objetivo de minimização dos resíduos gerados pela agroindústria da erva-
mate, como destacado anteriormente.
69
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93
CAPÍTULO 2
ANÁLISE DO PROCESSAMENTO DA ERVA-MATE: ESTUDO DE CASO PARA O
MEIO-OESTE CATARINENSE
Artigo a ser submetido para a revista Food Processing Engineering.
94
ANÁLISE DO PROCESSAMENTO DA ERVA-MATE: ESTUDO DE CASO PARA O
MEIO-OESTE CATARINENSE
RESUMO
A erva-mate (Ilex paraguariensis) é uma espécie nativa do Brasil, Paraguai e Argentina e têm
importante papel social, cultural e econômico nos locais onde é consumida, com destaque
para os estados do Sul do Brasil, uma vez que tais atividades estão presentes em pequenas
propriedades e indústrias, gerando milhares de empregos. Devido aos efeitos positivos à saúde
humana, o consumo da erva-mate atualmente não tem se limitado aos países produtores, com
conseqüente aumento de sua demanda. Por outro lado, os recursos utilizados na
industrialização da erva-mate têm sido limitados com necessidade de implementação de
processos de beneficiamento mais eficientes, e.g., menos poluentes, que resultem na
diversificação de produtos a serem oferecidos, além de menores custos de produção e gastos
com energia, garantindo a qualidade do produto. O processamento da erva-mate consiste
basicamente nas seguintes etapas: pré secagem (sapeco); secagem e trituração da matéria-
prima. Com a finalidade de acompanhar e propor futuras modificações no processo visando à
geração de produtos de qualidade e melhor eficiência do uso de energia no processamento da
erva-mate, este trabalho teve como objetivo avaliar o processamento da erva-mate na região
meio-oeste catarinense, incluindo análise térmica e balanço de massa. As avaliações
realizadas indicaram que o consumo de energia nas operações de sapeco e secagem pode
exceder as necessárias para estas operações. A temperatura média das chamas localizadas na
entrada do equipamento de sapeco e secagem atingiram valores de 800ºC e de 500°C,
respectivamente, valores esses superiores aos sugeridos na literatura. Estes dados demonstram
a necessidade de modificações nas etapas de sapeco e secagem, a fim de otimizar o consumo
de energia na indústria, resultando em uma redução de custos, de emissão de poluentes e com
efeitos positivos sobre a qualidade dos produtos de erva-mate.
Palavras-chave: Erva-mate, Ilex paraguariensis, processamento, balanço de massa,
temperatura.
95
ANALYSIS OF THE ERVA-MATE PROCESSING: A STUDY CASE FOR THE
CATARINENSE MID-WEST
ABSTRACT
The erva-mate (Ilex paraguariensis) is a native species to Brazil, Paraguay, and Argentine,
with an important social, cultural, and economical role in southern Brazilian states, for
example. Mate production is mainly performed by small farmers and industries, supporting
thousands of employments. Due to the positive effects to the human health, nowadays the
consumption of erva-mate is not limited to the producer countries, with a consequent
increasing of its market demand. On the other side, erva-mate industrialization needs more
efficient processes, e.g., lesser pollutant, energetically more efficient, as well as the
diversification of mate-derived products. Erva-mate processing consists basically of the
following steps: pre-drying (toasting); drying, and milling of the raw material. Aiming at to
check the ongoing stage of the energy usage and efficiency and to propose future
improvements in the mate processing, thermal analysis and mass balance were applied to an
industrial mate production system located at the mid-west region of Santa Catarina State. The
results showed that the consumption of energy in operations of toasting and drying exceeds
the calories input necessary to these operations. The temperature of the flame into the
equipments achieved values of 800ºC (toasting stage) and 500
o
C (drying stage), quite superior
to the published data (400°C). These results claims to the need of changes in the temperature
management over the toasting and drying stages of mate in order to optimize the industrial
consumption of energy, resulting in lower costs and polluting decreasing, with positive effects
on the quality of erva-mate products.
Key words: Erva-mate, Ilex paraguariensis, processing, mass balance, temperature.
96
1 INTRODUÇÃO
A erva-mate (Ilex paraguariensis A. Saint Hilaire) é uma planta arbórea, umbrófila,
pertencente à família Aquifoliaceae e ao gênero Ilex (MAZUCHOWSKI, 1991; RESENDE et
al., 2000; MOLINA; MOLNA, 2004), o qual apresenta cerca de 550 a 600 espécies
(MAZUCHOWSKI, 1991).
No Brasil, de acordo com Gilbert (1995), existem 68 espécies pertencentes a esse
gênero, sendo a espécie Ilex paraguariensis A. St. Hil, considerada a ideal para a exploração
comercial (FILIP et al., 2000). Erva-mate, yerba-mate ou mate são denominações populares
utilizadas para a planta, assim como para o produto constituído exclusivamente de folhas e
talos de I. paraguariensis (BRASIL, 2005; MACCARI, 2005).
A produção da erva-mate utiliza sistemas de manejo de populações naturais e
cultivadas, destacando-se como países produtores e consumidores o Brasil, a Argentina e o
Paraguai. No Brasil, seu cultivo se estende pelos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Mato Grosso do Sul. Nestes locais, a erva-mate ocupa relevante importância social,
econômica e cultural, uma vez que é comercializada por pequenos agricultores, contribuindo
para a diminuição do êxodo rural (VIDOR et al., 2002).
A erva-mate tem sido beneficiada para o preparo de vários tipos de bebidas, como o
“chimarrão”, o “tererê”, bebidas refrescantes e chás (ESMELINDRO et al., 2002; SOUZA;
LORENZI, 2005). Além desta aplicação, a erva-mate mostra propriedade estimulante do
sistema nervoso central, atribuído aos conteúdos de alcalóides metilxantínicos, como a
cafeína, sendo também conhecida por conter compostos com propriedades antioxidantes,
como os ácidos fenólicos (FILIP et al., 2000; BRACESCO et al., 2003; BASTOS et al.,
2006a; BRAVO; GOYA, LECUMBERRY, 2007; DELADINO et al., 2008). Outros efeitos da
97
erva-mate têm sido reportados, para explicar seu uso popular, e.g., efeitos hepatoprotetor,
colerético, diurético, hipocolesterolêmico, antireumático, anti-trombótico, antiinflamatório,
anti-obesidade e anti-envelhecimento (GORZALCZANY et al., 2001; SCHINELLA et al.,
2005; MENDES; CARLINI, 2007; PANG; CHOI; PARK, 2008; SILVA et al., 2008).
O crescente número de publicações sobre as propriedades funcionais da erva-mate, por
pesquisas realizadas nas regiões produtoras e, mais recentemente, nos países desenvolvidos,
vem recomendando o consumo de produtos derivados da erva-mate, ampliando o interesse
para outras aplicações tais como medicamentos e cosméticos (GUGLIUCCI, 1996;
GORZALCZANY et al., 2001; LUCENFORD; GUGLIUCCI, 2005; SHERER et al., 2006;
HECK; MEJIA, 2007; MENDES; CARLINI, 2007).
No entanto, apesar da ampliação do consumo e interesse das indústrias químicas e
farmacêuticas na erva-mate, os recursos tecnológicos utilizados na industrialização da erva-
mate têm sido limitados. Em consequência disto, observa-se a necessidade de implementação
de controle dos processos de produção tornando-os mais eficientes, reduzindo a exposição das
folhas à fumaça e também às elevadas temperaturas de aquecimento que geram compostos
tóxicos como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (CAMARGO; TOLEDO, 2002;
ZUIN et al., 2005). Até o momento não existem trabalhos publicados descrevendo o mapa
térmico das várias etapas de processamento da erva-mate, o que justifica subsídio para futuros
trabalhos e melhoria de processo e economia de energia.
Portanto, ainda muito a ser aprimorado em relação à qualidade dos produtos
tradicionais a base de erva-mate, que os processos de beneficiamento e industrialização
evoluíram pouco e os atributos de qualidade dos produtos devem ser avaliados. Melhorias no
processo, do sapeco à secagem podem contribuir para a segurança do produto final, evitando a
formação de compostos quimicamente indesejáveis, colaborando para ampliar o espectro de
uso da erva-mate, tendo em vista as suas comprovadas propriedades medicinais. O sucesso na
98
melhoria de qualidade pode levar ao aumento na demanda pela erva-mate e do valor agregado
do produto.
Com a finalidade de acompanhar o processamento e definir o mapa térmico durante o
beneficiamento da erva-mate, este trabalho teve como objetivo descrever o processamento da
erva-mate na região oeste catarinense, incluindo a análise térmica dos processos
convencionais de sapeco e secagem e, estabelecimento de um balanço energético simplificado
para a produção de erva-mate.
A pesquisa exploratório-descritiva foi baseada em dados coletados na cidade de
Catanduvas localizada no meio-oeste do Estado de Santa Catarina, Brasil, através da coleta de
dados relativos às diferentes etapas envolvidas no processamento da erva-mate.
Qualquer decisão que conduza a mudanças no consumo de energia ou melhorias no
processamento do mate deve estar baseada em avaliações teóricas confiáveis, não empíricas,
que poderão servir para futuros trabalhos. Portanto, o emprego dos recursos técnicos neste
trabalho, teve como principal objetivo avaliar as atuais condições do processamento do mate,
visando melhorias para o setor ervateiro.
99
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Descrições das instalações e balanço térmico do processamento da erva-mate
A partir do levantamento bibliográfico e pesquisa de campo (visitas a quatro ervateiras
localizadas no município de Catanduvas - SC), realizadas com cerca de 10 colaboradores, 10
coordenadores e 5 proprietários das indústrias, foram obtidos os dados relativos às etapas do
processamento da erva-mate.
2.2 Mapa térmico do processamento da erva-mate
O mapa térmico das temperaturas (caracterização térmica) foi realizado em 16 pontos
dos equipamentos (sapecador e secador), de duas indústrias de processamento de erva-mate,
utilizando-se um termômetro infravermelho (Marca, Raytek, modelo PhotoTemo MX6),
sendo realizadas três medidas em cada ponto. Os pontos monitorados nas instalações
estudadas estão demonstrados na Figura 1.
102
da fornalha do sapecador. Durante o sapeco mantém-se a chama, gerada a partir da queima da
lenha (madeira) (Figura 3d), e as folhas e ramos são alimentados no equipamento caindo por
entre as chamas (Figura 3e). Após serem submetidas à alta temperatura, as folhas e ramos
circulam no interior do tambor rotativo (cilindro de ferro) (Figura 3f), que além do
movimento giratório possui aletas internas para facilitar a saída do material sapecado (Figura
3g). Nesta primeira etapa, as folhas sofrem um processo de pré-secagem, pois entram com
aproximadamente 60 % de umidade e saem sapecadas com umidade em torno de 35 %.
O sapeco tem como objetivo retirar a umidade superficial e inativar enzimas
(peroxidases e polifenoloxidases), que causam a oxidação da biomassa vegetal, tornando as
folhas escuras e de sabor desagradável (VALDUGA, 2002). Este sistema produtivo encontra-
se mecanizado atualmente, porém, segue os mesmos princípios praticados pelos índios, que
manualmente, passavam de forma rápida e direta os ramos com folhas de matéria-prima sobre
as chamas de uma fogueira a base de lenha, adequada para este fim.
Após o sapeco, as folhas são colhidas ao final do tambor rotativo em um sistema de
transporte que as envia para o secador (Figura 3h). O equipamento de secagem é similar ao
equipamento de sapeco, porém utiliza uma chama mais branda na fornalha e tem como
objetivo desidratar as folhas até que essas adquiram textura quebradiça e crespa.
A matéria prima entra no secador com uma umidade em torno de 35 % e sai com
aproximadamente 6 % de umidade. Segundo Paraná (2000), o excesso de água pode provocar
a deterioração microbiana e a degradação de constituintes químicos da erva-mate.
Além dos secadores mecânicos do tipo rotativo (Figura 3h), existem os de esteira.
Segundo Esmelindro et al. (2002), a principal diferença entre os dois secadores está
relacionada ao contato da matéria-prima com a fumaça durante o processo de secagem. O
secador rotativo é o sistema mais utilizado no mercado brasileiro, com baixo custo de
industrialização, de instalação, de fácil manuseio e com inexistência de riscos de danos por
103
incêndio (SCHIFFL, 1997, citado por BOUGARDT, 2000); porém possui a desvantagem do
contato direto da fumaça com o produto, o que não é observado no secador de esteira, pois o
contato é indireto, causando menores danos à matéria-prima.
Após a secagem, no final do processo, a erva-mate é triturada ou fragmentada em
triturador de madeira dura ou ferro chamado de “soque” (Figura 3i). Este aparato faz parte de
um sistema típico de produção, onde a erva triturada passa a denominar-se cancheada,
constituindo, desta forma, a matéria-prima para os engenhos de beneficiamento,
especialmente para a preparação dos tipos comerciais: chá, chimarrão e tererê.
105
Nas etapas de sapeco e secagem, o contato da matéria-prima com a fumaça da queima
da madeira e com elevadas temperaturas contribui significativamente para a geração de
compostos denominados hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), os quais
representam uma importante classe de carcinógenos formados durante a combustão
incompleta de material orgânico (CAMARGO; TOLEDO, 2002; MEDRADO; MOSELE,
2004; ZUIN et al., 2005). No entanto, estão presentes em inúmeros alimentos, incluindo óleos
vegetais (MORET; CONTE, 2000), frutas (CAMARGO; TOLEDO, 2003), cereais
(TEIXEIRA; CASAL; OLIVEIRA, 2007), alimentos defumados (SIMKO, 2002) e de origem
marinha (JONSSON et al., 2004), chá (CAMARGO; TOLEDO; 2002), café (CAMARGO;
TOLEDO, 2002), água (GÁRCIA-FALCÓN; PÉREZ-LAMELA; SIMAL-GÁNDARA,
2004), bebidas destiladas (TFOUNI et al., 2007), entre outros (LIU; KORENAGA, 2001;
FIEDLER, CHEUNG, WONG, 2002; REY-SALGUEIRO et al., 2008).
A retirada da madeira como fonte de calor do processo traria vantagens para a redução
desses compostos, bem como facilitaria o controle da temperatura para a obtenção de um
produto com qualidade e homogeneidade. Evitar a chama direta e controlar a temperatura
poderia minimizar a geração de HPAs, tanto pelo contato com os gases da combustão quanto
pelos mesmos compostos de pirólise formados no superaquecimento das folhas.
3.2 Balanço térmico do processamento da erva-mate
Em entrevista com os gerentes de produção e colaboradores das indústrias, foi possível
coletar dados para um balanço energético simplificado, conforme apresentado na Tabela 1. É
interessante observar que nas ervateiras foram obtidos relatos com dados bastante semelhantes
com respeito ao rendimento da lenha e da produtividade.
106
Tabela 1 - Estimativa do rendimento térmico para o processo de sapeco e secagem da erva-
mate em quatro ervateiras localizadas no município de Catanduvas, SC.
Ervateiras
A B C D
Dados para cálculo de rendimento térmico
A
Processamento de erva-mate bruta kg/h 1200 1300 1100 1200
Erva-mate entregue para empacotamento kg/h 400 433 330 400
Rendimento de lenha por ton. de erva-mate
bruta (st)
m³ / ton 1 1 1 1
% do consumo de lenha no sapeco % 70 70 70 70
% do consumo de lenha na secagem % 30 30 30 30
Peso do m³ de pinus (st)
kg/m³ 400 400 400 400
Umidade do pinus em base úmida
B
% 20 20 20 20
Poder calorífico inferior (PCI) do pinus
C
kJ/kg 17000 17000 17000 17000
Umidade da folha em base úmida
D
% 58 58 58 58
Umidade da erva-mate pronta (bu)
D
% 6 6 6 6
Avaliação do rendimento térmico
Potência consumida no sapeco + secagem kW 2133 2502 1603 2133
Massa de água evaporada kg/h 667 722 611 667
Calor latente de vaporização da água kJ/kg 2440 2440 2440 2440
Calor útil para evaporação de água kW 452 490 414 452
Eficiência do processo % 21 20 26 21
st : valor estimado;
A
Dados obtidos a partir da entrevista com colaboradores, coordenadores e
proprietários de quatro indústrias do município de Catanduvas;
B
Fonte: Santini; Matos (1995);
C
Fonte:
Quirino et al. (2005);
D
Fonte: Bastos et al. (2006)b.
O balanço térmico permitiu estimar que a etapa de sapeco caracteriza-se pelo maior
dispêndio de energia no processo e que somente 20 - 26 % da energia consumida no sapeco e
secagem é efetivamente utilizada na evaporação da água das folhas de erva-mate. Estes
resultados comprovam a necessidade de ações imediatas, tanto para a economia de energia
quanto para o controle na temperatura evitando a formação de compostos tóxicos à saúde
humana, derivados da pirólise das folhas e dos gases da combustão da lenha.
107
Comparativamente à eficiência dos motores à combustão, por exemplo, que apesar de
modernos, está em torno de 35 40 %, (FERREIRA, 2006) o processamento da erva-mate
estaria apenas cerca de 50 % eficiente, apesar da sua rusticidade. No entanto, a restrição ao
consumo de energia sob o ponto de vista ambiental e econômico, justifica os esforços tanto
para o diagnóstico quanto para o desenho de novos projetos para o processamento da erva-
mate energeticamente mais eficiente.
As ervateiras visitadas não utilizam isolantes térmicos nas superfícies das fornalhas,
nos sistemas transportadores e no tambor rotativo. Tal fato permite uma importante perda de
calor no sistema, a qual poderia ser evitada.
3.3 Mapa térmico do processamento da erva-mate
A Tabela 2 apresenta os valores das temperaturas encontrados nas etapas do
processamento da erva-mate em duas ervateiras.
108
Tabela 2 - Temperaturas (
o
C) durante o processamento (sapeco e secagem) da erva-
mate em duas ervateiras localizadas no município de Catanduvas, SC.
Ervateira A Ervateira B
Temperatura (
o
C)
Fornalha e tambor rotativo para sapeco
1 Parede interna da fornalha 540 560
2 Parede externa da fornalha 60 60
3 Temperatura de chama 800 800
4 Parede externa do tambor próximo à fornalha 270 280
5 Metade da parede externa do tambor 150 160
6 Parede externa do tambor próximo ao final 100 110
7 Tampa do separador 50 54
8 Temperatura da erva-mate na saída 35 37
Fornalha e tambor rotativo para secagem
9 Parede interna da fornalha 350 370
10 Parede externa da fornalha 40 40
11 Temperatura de chama 500 500
12 Parede externa do tambor próximo à fornalha 90 97
13 Metade da parede externa do tambor 85 87
14 Parede externa do tambor próximo ao final 80 82
15 Tampa separador 32 32
16 Temperatura da erva na saída 54 56
As duas indústrias avaliadas apresentaram valores semelhantes de temperatura no
decorrer do processamento, sendo que as temperaturas durante o sapeco são superiores às
temperaturas de secagem, de acordo com os dados da tabela 2 da literatura (ESMELINDRO et
al., 2002).
As avaliações realizadas indicaram que a temperatura e consequentemente o consumo
de energia na operação de sapeco, excede a necessária para esta operação. A literatura tem
citado valores em torno de 400ºC como suficiente para inativar enzimas e manter o verde das
109
folhas (ESMELINDRO et al, 2002; PROVESI, 2008). As temperaturas avaliadas nas regiões
internas do equipamento de sapeco e na entrada das folhas atingem valores de 540 a 560ºC, o
que gera uma perda de energia, além da tendência de uma maior formação de hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos. Portanto, trabalhos futuros fazem-se necessários para o
estabelecimento de um melhor regime térmico no processamento da erva-mate.
O tempo de residência e a temperatura média da erva nos secadores dependem das
características operacionais de cada um. No secador rotativo, o produto permanece em contato
direto com a fumaça por aproximadamente 30 minutos, com oscilação na temperatura de 350-
370°C, na entrada do secador, e de 80 a 82°C na saída; valores semelhantes aos citados por
Esmelindro et al. (2002), que foram em média de 350ºC na entrada e 110ºC na saída do
secador. No secador de esteira, pouco utilizado no Brasil, o tempo médio é de 3 horas e a
temperatura varia entre 90 e 110°C.
111
Tabela 3 - Temperaturas prevalentes durante o processo de sapeco da erva-mate, avaliadas
com auxílio de câmara termográfica, em quatro ervateiras localizadas no município de
Catanduvas, SC.
Ervateiras
A B C D
Temperaturas (°C)
Fornalha e tambor rotativo para sapeco
1 Parede interna da fornalha 810 987 890 880
2 Objeto ou extremidade sujeita à temperatura da chama 540 575 560 620
3 Parede externa fornalha 50 50 50 50
4 Temperatura de chama 1030 1040 1070 1100
5 Parede externa do tambor próximo à fornalha 180 250 265 200
6 Metade da parede externa do tambor 120 150 115 150
7 Parede externa do tambor próximo ao final 100 120 100 100
A temperatura a qual as folhas são submetidas no sapeco situa-se em torno de 540
620ºC, diferente do citado na literatura, que relata a temperatura média da erva-mate na
entrada do sapecador como sendo em torno de 400°C (MAZUCHOWSKI; RUCKER, 1997;
PARANÁ, 2000; ESMELINDRO et al., 2002; PROVESI, 2008). Autores afirmam que a
qualidade do produto final pode ser afetada por um tratamento térmico ineficiente, devido à
exposição à temperaturas inferiores ao recomendado durante o sapeco, permitindo a ação
enzimática residual ou, de forma contrária, a exposição a elevadas temperaturas, causando a
queima do produto (MAZUCHOWSKI; RUCKER, 1997), além da possibilidade de maior
geração de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos.
112
4 CONCLUSÃO
Os resultados do presente trabalho comprovam que melhorias devem ser efetuadas
durante o processamento da erva-mate para o qual ocorre desperdício de até 80 % da energia
produzida, além das temperaturas excessivamente elevadas provenientes do processo.
Foi apresentado, com o emprego das avaliações com a câmara termográfica e a
termometria, que o setor ervateiro necessita mudar o sistema de sapeco e secagem, visando
economizar energia e, consequentemente, regular melhor a temperatura de processamento,
resultando em melhorias no produto.
113
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119
CAPÍTULO 3
ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) POR
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE), AO LONGO DAS
ETAPAS DO PROCESSAMENTO DE ERVA-MATE (Ilex paraguariensis)
Parte deste trabalho foi apresentado na forma de resumo no XII Congresso Latino Americano
de Cromatografia - COLACRO, Florianópolis – SC, Outubro de 2008. (ANEXO A).
Artigo submetido para Food Chemistry (ANEXO B).
120
ANÁLISE DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS (HPAs) POR
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA (CLAE), AO LONGO DAS
ETAPAS DO PROCESSAMENTO DE ERVA-MATE (Ilex paraguariensis)
RESUMO
Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são um grupo de compostos considerados
quimicamente tóxicos, que podem ser formados e liberados durante a combustão de materiais
orgânicos em alta temperatura. A presença de HPAs na erva-mate é provávelmente devido à
degradação de compostos da própria erva-mate e da queima da madeira durante as etapas de
"sapeco" (pré-secagem a alta temperatura) e secagem. O objetivo deste trabalho foi avaliar a
concentração de HPAs em amostras coletadas nas etapas do processamento da erva-mate. Os
compostos de interesse foram determinados por cromatografia líquida de alta eficiência em
fase reversa com detecção UV-visível. Foi encontrada uma grande variação dos teores totais
de HPAs (443 a 9001µg/Kg) nas amostras analisadas, sendo que todas as amostras expostas a
altas temperaturas (sapeco e secagem) apresentaram concentrações mais elevadas de HPAs,
comparativamente às amostras não tratadas (erva-mate in natura). Os HPAs encontrados em
maior quantidade em todas as amostras foram naftaleno (dois anéis aromáticos), acenaftileno,
acenafteno, fluoreno, fenantreno e antraceno (três anéis aromáticos) e fluoranteno e pireno
(quatro anéis aromáticos), compostos responsáveis por 91 99 % do total de HPAs. Os
resultados indicam que o tratamento atualmente utilizado durante a produção de erva-mate
pode levar a um aumento dos HPAs no produto final, devido às altas temperaturas utilizadas
no processamento e a contaminação pela combustão da madeira.
Palavras-chave: Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, erva-mate, processamento,
cromatografia líquida de alta eficiência.
121
ANALYSIS OF POLYCYCLIC AROMATIC HYDROCARBONS OVER THE
PROCESSING STAGES OF ERVA-MATE (Ilex paraguariensis) BY HIGH
PERFORMANCE LIQUID CHROMATOGRAPHY
ABSTRACT
The polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) are a group of compounds considered
chemically toxic, which can be formed and released during the combustion of organic
materials at high temperature. The presence of PAHs in erva-mate is suspected to be due to
the degradation of mate compounds and burning wood during the sapeco(pre-drying at
high temperature) and the drying steps. Because of the high toxicity of these compounds,
studies on their presence in mate are extremely important. The aim of this study was to
evaluate the concentration of PAHs in samples collected in the processing stages of the mate.
PAHs were measured in samples of mate collected at different stages of mate processing. The
compounds of interest were determined by high performance liquid chromatography with
UV-visible detection. A wide range of the total content of PAHs (443 to 9001µg/Kg) was
found in the sample, where all samples exposed to high temperatures (sapeco and drying) had
the higher concentration of PAHs compared to untreated samples (mate in nature). The PAHs
found at highest quantity in all the samples were naphthalene (two-ring), acenaphthylene,
acenaphthene, fluorene, phenanthrene, and anthracene (three-ring) and fluoranthrene and
pyrene (four-ring) compounds, accounting for 91 99 % of the total PAHs. The results
indicate that the processing currently used during mate production may lead to an increase of
these PAHs in the final product due to high temperatures used in processing and
contamination of the combustion of wood.
Keywords: Polycyclic aromatic hydrocarbons, erva-mate, processing, high performance
liquid chromatography.
122
1 INTRODUÇÃO
Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) constituem uma ampla classe de
compostos que são gerados pela combustão natural e.g., queimadas de florestas e erupção
vulcânica, podendo ser formados principalmente a partir das atividades antrópicas, tais como:
a produção industrial, o transporte e a incineração de resíduos (EUROPEAN COMMISSION,
2002; WHO, 2005). Sua formação, origem e destino têm sido revisados (BEAK et al, 1991;
NAPIER et al., 2008). Muitos dos HPAs existentes são tóxicos, mas com base na sua
ocorrência e carcinogenicidade, apenas 16 deles foram selecionados como contaminantes
prioritários pela União Européia (UE) e pela US Environmental Protection Agency (EPA)
(NIEVA-CANO; RUBIO-BARROSO; SANTOS-DELGADO, 2001).
A contaminação em alimentos por HPAs pode ocorrer de diferentes formas: pela
deposição de HPAs a partir do ar, água, precipitação pluviométrica, bem como através dos
procedimentos de secagem e cozimento, onde devido à alta temperatura, compostos orgânicos
são parcialmente convertidos a pequenos fragmentos instáveis (pirólise), sendo que alguns
desses radicais recombinam-se para a produção de HPAs relativamente estáveis (pirosíntese)
(LAWRENCE; WEBER, 1984; MORET; CONTE, 2000).
Devido ao seu potencial cancerígeno e mutagênico (SANTODONATO, 1997), a
presença de HPAs tem sido analisada e reportada em rios alimentos (MORET; CONTE;
DEAN, 1999; WANG et al., 1999; LIU; KORENAGA, 2001; FIEDLER; CHEUNG; WONG,
2002; LIN; ZHU, 2004; TFOUNI et al., 2007; REY-SALGUEIRO et al., 2008a; REY-
SALGUEIRO et al., 2008b; STUMPE-VIKSNA et al., 2008), porém apenas alguns estudos
foram encontrados quanto à ocorrência de HPAs em erva-mate (CAMARGO; TOLEDO,
2002; ZUIN et al., 2005; KAMANGAR et al., 2008) .
123
A erva-mate (Ilex paraguariensis A. Saint Hilaire) é uma planta economicamente
muito importante na América do Sul. Pode ser natural ou cultivada e é encontrada no Sul do
Brasil, Nordeste da Argentina e no Leste no Paraguai, e seu produto comercial é chamado
“mate”, “erva-mate” ouyerba-mate”, sendo utilizado na preparação de vários tipos de
bebidas, como o chimarrão, tererê, bebidas refrescantes e chás. A sua popularidade está
aumentando no EUA, Canadá e Europa (FILIP et al., 2001).
O processamento da erva-mate consiste de três fases: um rápido processo de pré-
secagem (400°C - 750°C) por exposição direta da planta as chamas, etapa chamada de
"sapeco", que objetiva principalmente inibir a atividade enzimática, além de reduzir o teor de
umidade; uma fase de secagem (90 - 350°C), a qual geralmente é realizada em cilindros
rotativos aquecidos por combustão de madeira, e uma fase posterior de trituração (moagem)
(SCHAMALKO; ALZAMORA, 2001).
A presença de HPAs em infusões de erva-mate tem sido relatada (CAMARGO;
TOLEDO, 2002; ZUIN et al., 2005) e, de acordo com esses autores, o processamento da erva-
mate (etapas de sapeco e secagem) pode contribuir significativamente para a formação e o
aumento da concentração de HPAs no mate, devido às altas temperaturas empregadas.
Portanto, as condições de processamento da biomassa vegetal devem ser controladas, evitando
a contaminação da erva-mate por HPAs nas indústrias.
Em 1991, a Joint FAO/OMS Expert Committee on Food Additives (JECFA)
recomendou às indústrias e aos consumidores desenvolverem estratégias para minimizar a
exposição humana aos HPAs (WHO, 1991). Em 2005, recomendou algumas práticas para
reduzir níveis de HPAs nos alimentos durante os processos de secagem e defumação, tais
como maior controle de temperaturas e disposição dos alimentos nos diferentes tipos de
sistemas de aquecimento. Portanto, é importante estudar os processos de produção da erva-
mate, a partir da matéria prima até o produto final, identificando as prováveis causas de
124
contaminação para poder recomendar práticas que reduzam os HPAs no produto final. O
objetivo do presente trabalho foi avaliar a concentração de HPAs nas amostras de erva-mate,
coletadas nas etapas do processamento da erva-mate, em três indústrias catarinenses.
125
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Reagentes e produtos químicos
Todos os reagentes químicos (diclorometano, acetonitrila, hexano, metanol, acetona e
tetrahidrofurano) utilizados foram de grau HPLC (TEDIA, Fairfield, USA).
Compostos padrões de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (naftaleno,
acenaftaleno, acenafteno, fluoreno, fenantreno, antraceno, fluorantreno, pireno,
benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluorantreno, benzo(k)fluorantreno, benzo(a)pireno,
dbenzo(a,h)antraceno, benzo(gui)perileno e in(1,2,3-cd)pireno) foram adquiridos da Sigma-
Aldrich (St. Louis, USA).
Para extração em fase sólida foram utilizados cartuchos C18 (500mg, 6 mL)
adquiridos da TEDIA (Fairfield, USA).
2.2 Amostras de erva-mate
As amostras de erva-mate (Ilex paraguariensis A. St. Hil.) foram obtidas de três
indústrias de erva-mate (A, B e C) do município de Catanduvas (latitude sul 27
o
, longitude
oeste 51,40
o
e altitude 800 m), localizado na região centro-oeste do Estado de Santa Catarina
(SC). A região caracteriza-se por clima Cfb (clima temperado úmido com verão temperado),
segundo a classificação de Koeppen. Folhas e talos de plantas de origem nativa e cultivada
foram coletados ao longo das etapas do processamento da erva-mate, a saber: 1) biomassa
fresca de erva-mate (folhas e talos frescos in natura), 2) biomassa parcialmente seca (folhas e
126
talos, após a etapa de sapeco) e 3) biomassa seca ou cancheada (folhas e talos após etapa de
secagem em secador rotativo e triturada) (Figura 1).
As amostras coletadas foram secas (55ºC, 24 h) em estufa com circulação de ar (Modelo
171, FABBE, São Paulo, Brasil). O material seco, foi triturado em moinho de martelo
(Münch-Edelstahl, Wuppertal, Alemanha) até obtenção de amostras com granulometria de 42
mesh. As amostras secas e trituradas foram congeladas em congelador de placas (Frigostrella,
modelo PF-5), embaladas a vácuo em sacos de polietileno de alta densidade (embaladora a
vácuo Selovac, modelo 200 B) e armazenadas em freezer a - 20 ± 2
o
C até a realização das
análises.
Figura 1 - Representação esquemática da coleta de amostras (folhas e talos) ao longo dos
estágios do processamento da erva-mate (Ilex paraguariensis), de plantas nativas e cultivadas,
obtidas diretamente de três indústrias de erva-mate (A, B e C), localizadas no município de
Catanduvas (Santa Catarina - SC).
Mate
Cancheado
(seco)
Cultivado
MCCC
Mate
Cancheado
(seco)
Nativo
MCNC
Mate
Cancheado
(seco)
Cultivado
MCCB
Mate
Cancheado
(seco)
Nativo
MCNB
Mate
Cancheado
(seco)
Cultivado
MCCA
Mate
Cancheado
(seco)
Nativo
MCNA
Indústria de erva-mate - A Indústria de erva-mate - C
Mate Fresco
Nativo
MFNA
Mate Fresco
Cultivado
MFCA
Mate Fresco
Nativo
MFNC
Mate Fresco
Cultivado
MFCC
Mate
Sapecado
Cultivado
MSCC
Mate
Sapecado
Nativo
MSNC
Mate
Sapecado
Cultivado
MSCA
Mate
Sapecado
Nativo
MSNA
Indústria de erva-mate - B
Mate Fresco
Nativo
MFNB
Mate Fresco
Cultivado
MFCB
Mate
Sapecado
Cultivado
MSCB
Mate
Sapecado
Nativo
MSNB
127
2.3 Extração de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) da erva-mate
A metodologia de extração dos HPAs das amostras foi baseada em três técnicas de
extração publicadas para outras matrizes vegetais, resultando no procedimento adotado neste
trabalho (BETTIN; FRANCO, 2005; HOUESSOU et al., 2005; LIN; TU; ZHU, 2005). As
amostras de erva-mate (0,5 g) foram adicionadas de 15 mL de solução de hexano: acetona
(94:6, v/v) e sonicadas (freqüência 25 KHZ), em banho termostatizado a 30°C (Maxi Clear
1650 A), por 15 minutos. O extrato obtido foi separado por filtração por meio de membrana
de nylon (0,45 µm), concentrado em evaporador rotativo (Tecnal, TE - 211) a vácuo até
secagem e, em seguida, dissolvido em 5 mL de acetonitrila: água (50:50, v/v). Para o
fracionamento do extrato organosolvente e remoção de impurezas, utilizou-se a extração em
fase sólida em suporte de fase-reversa (C
18
, 6 mL). Para completa eluição dos HPAs, 12 mL
de metanol: tetrahidrofurano (10: 90, v/v) foram utilizados como fase móvel. O extrato
coletado foi novamente seco e o resíduo dissolvido em acetonitrila (1,0 mL). Este processo
foi realizado em triplicata.
A Figura 2 ilustra um cromatograma com o tempo de retenção dos 16 HPAs extraídos
a partir de uma amostra de erva-mate enriquecida com um mix de HPAs na concentração de 1
µg/Kg.
128
Figura 2 - Cromatograma típico de amostra de erva-mate adicionadas de padrões de HPAs.
Identificação dos picos: 1 - naftaleno, 2 - acenaftaleno, 3 - acenafteno, 4 - fluoreno, 5 -
fenantreno, 6 - antraceno, 7 - fluorantreno, 8 - pireno, 9 - benzo(a)antraceno, 10 - criseno, 11 -
benzo(b)fluorantreno, 12 - benzo(k)fluorantreno, 13 - benzo(a)pireno, 14 -
dbenzo(a,h)antraceno, 15 - benzo(gui)perileno e 16 - in(1,2,3-cd)pireno
.
2.4 Cromatografia líquida
Alíquotas (10 µL/amostra) foram injetadas em cromatógrafo líquido de alta eficiência
(CLAE) (Shimadzu LC-10) equipado com coluna de fase reversa C18 dedicada à separação
de HPAs (250 mm x 4,6 mm, 5 µm, Varian EUA), termostatizada a 40°C, com detector UV-
visível (Shimadzu SPD 10A, λ = 254 nm) e sistema de processamento de dados. Uma fase
móvel isocrática de acetonitrila: água (80: 20, v/v) foi utilizada em fluxo de 1,0 mL/min.
129
Previamente à injeção, todas as amostras foram centrifugadas (5.000 rpm/10 min) (BISHNOI
et al., 2005).
A identificação dos HPAs foi realizada por comparação com os tempos de retenção
dos compostos padrões de HPAs, mediante condições experimentais similares. Para a análise
quantitativa, uma curva de calibração externa foi construída para cada HPA de interesse (0,1 a
5 µg/L, r
2
= 0,99). Do mesmo modo, para cada amostra a concentração final dos compostos
foi determinada pela média dos teores após três injeções consecutivas, levando em
consideração a área do pico do composto de interesse.
2.5 Controle de qualidade
Um regime de controle de qualidade foi respeitado durante o período experimental.
Antes do início da extração e análise do programa, estudos de recuperação dos HPAs foram
realizados para demonstrar a eficácia do método. Para tal, amostras de Ilex paraguariensis
foram fortificadas (1 a 5 µg/kg) com a solução da mistura dos 16 HPAs, seguido da extração,
purificação e análise dos compostos conforme descrito nos itens 2.3 e 2.4.
130
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As propriedades físico-químicas (MANOLI; SAMARA, 1999) e as características
analíticas do método proposto para os compostos padrões estão resumidos na Tabela 1.
Os resultados indicaram uma boa recuperação para os 16 HPAs de amostras de erva-
mate, variando de 72 a 100 %, com valores de desvios padrão relativos (DPR) inferiores a 10
%. Os limites de detecção para os 16 HPAs variaram entre 0,1 a 0,7 µg/kg, enquanto os
limites de quantificação foram de 0,4 a 2,5 µg/kg em amostra em base seca (Tabela 1).
Os HPAs são caracterizados pela sua baixa solubilidade em meio aquoso, uma
característica que está diretamente relacionada com o número de anéis aromáticos em suas
estruturas químicas, conferindo-lhes um elevado coeficiente octanol/água (Tabela 1) (NETTO
et al., 2000).
Devido às propriedades físico-químicas dos HPAs e sua distribuição ambiental, o risco
de contaminação humana por esses compostos é significativo. O caráter lipofílico dos HPAs
facilita sua absorção pela pele, ingestão e inalação, sendo rapidamente distribuídos no corpo
humano (NETTO et al., 2000).
131
Tabela 1 - Propriedades físico-químicas e características analíticas do método cromatográfico
para análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) em estudo.
HPAs
Tempo de
retenção (min)
Solubilidade em água
(mg/L, 25°C)
Log K
(o/w)
DPR (%)
LD (µg/Kg)
LQ (µg/Kg)
Na 11,2 32 3,36 6,5 0,6 2,0
ACY 12,8 3,93 4,08 5,6 0,5 1,5
ACE 14,5 3,4 4,32 8,5 0,3 1,0
FL 15,0 1,9 4,18 4,7 0,2 0,5
FEN 16,1 1,0-1,3 4,46 2,9 0,1 0,4
AN 17,5 0,05-0,07 4,45 6,2 0,3 1,0
FLUR 18,9 0,26 5,53 6,4 0,3 1,0
PI 19,9 0,14 5,3 5,9 0,3 1,0
BaA 23,5 0,01 5,6 3,0 0,3 0,5
CRI 24,3 0,002 5,6 5,3 0,2 0,5
BbF 25,0 0,014 6,6 7,8 0,3 1,0
BkF 27,3 - 6,85 7,5 0,3 1,0
BaP 28,8 0,0038 6,0 4,8 0,5 1,5
dBAn 32,2 5 x 10
-
4
6,0 4,5 0,6 2,0
BPe 33,1 2,6 x 10
-
4
7,0 4,8 0,7 2,5
IcdP 34,3 5,3 x 10
-
4
7,7 10,0 0,7 2,5
Na: Naftaleno; ACY: Acenaftaleno; ACE: Acenafteno; FL: Fluoreno; FEN: Fenantreno; AN: Antraceno; FLUR:
Fluorantreno; PI: Pireno; BaA: Benzo(a)antraceno; CRI: Criseno; BbF: Benzo(b)fluorantreno; BkF:
Benzo(k)fluorantreno; BaP: Benzo(a)pireno; dBAn: Dibenzo(a,h)antraceno; BPe: Benzo(gui)perileno; IcdP:
In(1,2,3-cd)pireno; log Kow coeficiente octanol/água; DPR
:
Desvio padrão relativo (n = 6); LD: limite de
detecção; LQ: limite quantificação.
As concentrações de HPAs das amostras estão apresentadas na Tabela 2. O conteúdo
dos 16 HPAs nas amostras variou de 443 a 9001 µg/kg, sendo que os maiores teores destes
compostos foram encontrados em amostras de erva-mate seca (cancheada), que passaram,
portanto pelas etapas de sapeco e secagem. Os HPAs encontrados em maior quantidade em
todas as amostras foram naftaleno (dois anéis aromáticos), acenaftileno, acenafteno, fluoreno,
fenantreno e antraceno (três anéis aromáticos) e fluoranteno e pireno (quatro - anéis
aromáticos), compostos estes responsáveis por 91 99 % do total de HPAs. Compostos com
mais de quatro anéis aromáticos (benzo(a)antraceno, criseno, benzo(b)fluoranteno,
benzo(a)pireno, benzo(k)fluoranteno, dibenzo(a, h)antranceno, benzo(g,h,i)perileno e
132
In(1,2,3-cd)pireno) foram detectados em baixas concentrações, devido ao seu elevado
coeficiente octanol/água (log Ko/w). Compostos com esta característica sico-química estão
estreitamente vinculados à fração orgânica no solo, o que os torna menos disponíveis à
absorção vegetal, via processos de degradação, lixiviação ou volatilização (MACKAY;
CLARK, 1991). Tal aspecto parece estar relacionado aos resultados encontrados neste estudo,
visto que os HPAs menos tóxicos, (2-4 anéis aromáticos), foram dominantes nas amostras,
enquanto os mais tóxicos (5-6 anéis aromáticos) foram detectados em menores concentrações.
As concentrações totais de HPAs em amostras de erva-mate fresca (erva-mate in
natura), erva-mate parcialmente seca ("sapecada") e erva-mate seca em amostras consoante à
fonte (indústrias A, B e C) e origens (nativas ou cultivadas) variaram de 443 a 593µg/kg;
5336 a 6095 µg/kg e 7614 a 9001 µg/kg, respectivamente.
A comparação entre as amostras coletadas nas diversas fases do processamento da
erva-mate mostra que aquelas expostas a altas temperaturas (sapeco e secagem) apresentaram
maior concentração de HPAs, comparativamente às não-processadas (erva-mate fresca),
comprovando que as etapas de sapeco e secagem da erva-mate alteram a sua composição
química. Isto ocorre provavelmente devido às elevadas temperaturas do processamento da
erva-mate, onde os compostos orgânicos de maior peso molecular são fragmentados (pirólise)
a intermediários instáveis, os quais se recombinam formando compostos relativamente
estáveis, i.e., os HPAs (pirosíntese) (MORET; CONTE, 2000).
Lin e Zhu (2004), ao compararem amostras de chá-preto coletadas em diferentes
etapas do processamento também constataram uma maior concentração de HPAs em amostras
expostas a altas temperaturas. Estudos anteriores também relataram que o processo de
secagem de grãos e folhas é um importante fator na formação de HPAs e, consequentemente
de contaminação dos produtos finais, como, por exemplo, em óleos vegetais, (CAMARGO;
TOLEDO, 1998), café, chá (LIN; ZHU, 2004; LIN; TU, ZHU, 2005; HOUESSOU;
133
DELTEIL; CAMEL, 2006), guaraná em (CAMARGO et al., 2006) e erva-mate
(CAMARGO; TOLEDO, 2002; ZUIN et al., 2005).
O valor médio do conteúdo de HPAs encontrado em erva-mate plantada foi menor em
relação às amostras de erva-mate nativa. Isto pode ser explicado pela diferença da idade das
amostras, onde, usualmente, ervais nativos tendem a ser de maior idade comparativamente aos
cultivados, implicando em maior tempo de exposição/deposição aos HPAS. Adicionalmente,
amostras de folhas de ervais nativos caracterizam-se por apresentar maior espessura de
cutícula (dados ainda não publicados), um componente estrutural foliar importante na
adsorção dos compostos em análise.
Até o momento, não existem dados relatados na literatura sobre a presença de HPAs
em amostras coletadas ao longo das etapas de processamento da erva-mate, o que torna difícil
avaliar o nível de contaminação encontrado no presente trabalho. Utilizando a erva-mate seca
como dado comparativo é possível observar que a soma dos HPAs encontrados nas diferentes
amostras secas de erva-mate (7614 - 9001µg/kg) foi inferior ao obtido em outras pesquisas
como no chá chinês (1048-1162 mg/kg), chá verde (497-517 mg/kg) (FIEDLER; CHEUNG,
WONG, 2002), chá preto (9650 µg/kg ) (LIN; ZHU, 2004) e superior ao detectado em
amostras de café em (20,04 µg/kg) (CAMARGO; TOLEDO, 1998 ), chá mate (7536,33
µg/kg) (LIN; TU; ZHU, 2005), e guaraná em pó (0,05-8,04 µg/kg) (CAMARGO et al., 2006).
As diferenças relevantes entre os resultados obtidos neste trabalho e os encontrados
por vários outros autores podem ser justificados, por exemplo, por meio dos diferentes
métodos de extração, em que a maioria dos autores utiliza um protocolo de extração aquosa,
levando a um menor rendimento devido à baixa solubilidade em água dos HPAs. De acordo
com Larsson (1986), apenas uma reduzida quantidade destes compostos é extraída via infusão
em água. Os parâmetros envolvidos no processo de extração, tais como o tamanho de
partícula e condições de extração, bem como as condições de crescimento e características
134
genéticas das plantas afetam a solubilidade de compostos e interferem no conteúdo de tais
substâncias nos tecidos vegetais (ASTILL et al ., 2001).
De acordo com a classificação da Environmental Protection Agency (EPA), o
Benzo(a)pireno é o composto carcinogênico de maior efeito dentre os HPAs (WHO, 2005). A
concentração deste composto nas amostras variou de 0 a 54,7 µg/kg, sendo inferior aos
valores relatados em outros alimentos (LODOVICI et al., 1995; LIN; ZHU, 2004;
HOUESSOU et al., 2005).
Neste estudo, constatou-se que os HPAs foram detectados em todas as etapas do
processamento da erva-mate, de forma similar ao observado por Lin e Zhu (2004) em
amostras de chá preto.
Duas formas de contaminação podem explicar, de forma não excludente, o conteúdo
de HPAs nas amostras em estudo: devido à presença de HPAs no ambiente (por meio da
deposição atmosférica nas folhas), ou por meio da formação destes compostos durante o
processamento dos alimentos devido às elevadas temperaturas. Assim, os processos de
secagem, cozimento, fritura, torrefação e defumação são susceptíveis de conduzir a geração
de HPAs nos produtos alimentares (LIU; KORENAGA, 2001). Portanto, os resultados para
HPAs encontrados neste trabalho somam os efeitos de todas as etapas do processamento e
também o que as folhas carreiam desde os ervais. Significa dizer que além das melhorias no
processo, as empresas devem prezar pela localização adequada dos ervais, os quais devem,
preferencialmente, estar afastados de ambientes poluídos por gases da combustão.
Particularmente, a presença de HPAs em erva-mate tem sido atribuída à sua formação
durante as etapas de "sapeco" e secagem. De acordo com Camargo e Toledo (2002) a
presença de HPAs no chá mate é devida, principalmente, às características rudimentares do
processamento da erva-mate, sendo que o "sapeco" e a secagem de folhas e talos são
realizadas com a direta exposição às chamas da combustão incompleta da madeira. Apesar
135
das baixas concentrações de HPAs em alimentos, este é um dos principais fatores que
contribuem para o câncer em seres humanos (TAMAKAWA; KATO, 1996).
Embora estes resultados demonstrem que a erva-mate é significativamente
contaminada com HPAs, de acordo com alguns autores estes compostos são encontrados em
baixa concentração em bebidas a partir de extração aquosa devido à baixa solubilidade em
água (TIENFENBACHER; PFANNHAUSER; WOIDICH, 1982; CAMARGO; TOLEDO,
2002).
Os valores de conteúdo total de HPAs das amostras revelaram distintos níveis de
contaminação em erva-mate entre as indústrias estudadas e entre as amostras de erva-mate
nativas e cultivadas da mesma indústria (Tabela 2). Esta variação pode ser devido a
inexistência de parâmetros de controle para cada etapa do processamento da erva-mate,
controles esses que podem ser sugeridos para estudos posteriores, ajudando a reduzir a
contaminação de HPAs em erva-mate.
136
Tabela 2 - Concentração (µg/kg – peso seco) de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) nas etapas do processamento de erva-mate (Ilex
paraguariensis).
MFNA: Mate Fresco Nativo da indústria de processamento A; MSNA: Mate Sapeco Nativo da indústria de processamento A; MCNA: Mate Cancheado Nativo da indústria de processamento A; MFNB: Mate Fresco
Nativo da indústria de processamento B; MSNB: Mate Sapeco Nativo da indústria de processamento B; MCNB: Mate Cancheado Nativo da indústria de processamento B; MFNC: Mate Fresco Nativo da indústria de
processamento C; MSNC: Mate Sapeco Nativo da indústria de processamento C; MCNC: Mate Cancheado Nativo da indústria de processamento C; MFCA: Mate Fresco Cultivado da indústria de processamento A;
MSCA: Mate Sapecado Cultivado da indústria de processamento A; MCCA: Mate Cancheado Cultivado de indústria de processamento A; MFCB: Mate Fresco Cultivado da indústria de processamento B; MSCB: Mate
Sapecado Cultivado da indústria de processamento B; MCCB: Mate Cancheado Cultivado de indústria de processamento B; MFCC: Mate Fresco Cultivado da indústria de processamento C; MSCC: Mate Sapecado
Cultivado da indústria de processamento C; MCCC: Mate Cancheado Cultivado de indústria de processamento C; ND: não detectado.
Na ACY ACE FL PHEN AN FLUR PY BaA CHRY BbF BkF BaP dBAn BPe IcdP Σ PAHs
MFNA
33,2 ± 2,3
97,1 ± 6,7
12,4 ± 1,8 90,9 ± 8,3 160 ± 23 73,5 ± 4,3 24,1±6,4 113 ± 23 1,45 ± 0,3 0,71 ± 0,1 ND ND ND ND ND 2,61 ± 0,9
535
MSNA
319 ± 25
153 ± 8,2
165 ± 12 505 ± 16 2040 ± 122 975 ± 125 250 ± 12 1234 ± 115 37,2 ± 5,6 89,6 ± 16 60,5 ± 8,0 33,8 ± 8,9 ND 2,55 ± 0,8 32,7 ± 2,7 23,4 ± 3,7
5921
MCNA
347 ± 29
173 ± 9,5
250 ± 22 695 ± 29 3250 ± 145 1521 ± 145 558 ± 22 1578 ± 102 142 ± 13 145 ± 19 90,4 ± 2,0 56,9 ± 3,9 20,6 ± 2,9 4,77 ± 0,4 45,7 ± 13 124 ± 12 9001
MFNB
24,2 ± 2,4
125 ± 9,4
27,3 ± 7,3 85,3 ± 11 98,7 ± 10 64,6 ± 1,8 23,5 ± 5,3 139 ± 12 1,23 ± 0,35 0,87 ± 0,04 ND ND ND ND ND 3,41 ±1,0 593
MSNB
308 ± 35
146 ± 8,3
140 ± 13 540 ± 37 2100 ± 123 845 ± 94 435 ± 65 1198 ± 114 28,5 ± 2,6 7,4 ± 1,2 40,2 ± 5,7 35,7 ± 2,4 ND 4,58 ± 1,2 30,7 ± 12 31,1 ± 2,4
5890
MCNB
337 ± 40
196 ± 10
245 ± 32 675 ± 45 3250 ± 224 1095 ± 101 764 ± 104 1465 ±176 101 ± 13 134 ± 12 92,2 ± 6,3 40,6 ± 2,33 42,6 ± 10 6,91 ± 1,5 75,8 ± 15 107 ± 9,5 8534
MFNC
7,32 ± 0,5
101 ± 11
25,9 ± 5,5 95,1 ± 10 100 ± 9,4 25,5 ± 2,2 24,8 ± 2,6 107 ± 21 1,00 ±0,08 1,13 ± 0,4 ND ND ND ND ND 4,61 ± 1,5
493
MSNC
302 ± 32
147 ± 15
132 ± 11 590 ± 26 2050 ± 256 960 ± 167 457 ± 48 1209 ± 112 40,3 ± 4,6 95,3 ± 9,2 25,1 ± 2,1 30,6 ± 3,34 ND 5,11 ± 1,5 18,3 ± 4,5 34,1 ± 7,9
6096
MCNC
354 ± 22
201 ± 12
235 ± 20 720 ± 71 3150 ± 214 1365± 267 679 ± 34 1511 ± 234 162 ± 34 105 ± 16 90,4 ± 12,4 40,2 ± 7,98 54,7 ± 7,4 7,84 ± 1,1 23,9 ± 3,8 165 ± 45 8864
MFCA
26,8 ± 2,2
93,2 ± 9,3
8,34 ± 0,9 67,2 ± 12 109 ± 16 49,4 ± 3,2 12,6 ± 4,9 109 ± 8,61 1,00 ± 0,03 0,65 ± 0,09 ND ND ND ND ND 4,91 ± 0,9
484
SMCA
320 ± 24
146 ± 11
110 ± 15 450 ± 14 2008 ± 179 810 ± 67 245 ± 56 1205 ± 161 32,1 ± 3,7 65,8 ± 2,2 15,1 ± 4,1 22,3 ± 3,4 ND 3,33 ± 0,3 33,1 ± 3,2 56,8 ± 12 5522
MCCA
382 ± 32
189 ± 17
208 ± 21 660 ± 32 3100 ± 183 920 ± 77 528 ± 101 1489 ± 284 138 ± 55 105 ± 4,7 81,2 ± 23,3 31,2 ± 5,8 18,9 ± 7,8 6,21 ± 1,4 46,9 ± 7,4 114 ± 10 8017
MFCB
13,2 ± 3,2
50,3 ± 6,3
23,5 ± 1,3 79,2 ± 11 80,9 ± 14 93,6 ± 3,9 24,6 ± 4,3 127 ± 13 1,00 ± 0,09 0,65 ± 0,1 ND ND ND ND ND 3,12 ± 0,7
487
MSCB
177 ± 17
85,2 ± 9,9
120 ± 13 525 ± 49 2050 ± 231 740 ± 90 358 ± 45 1064 ± 63 19,6 ± 8,5 65,8 ± 5,9 40,1 ±8,4 32,3 ± 5,8 ND 3,65 ± 0,9 27,1 ± 5,8 27,9 ± 3,7
5336
MCCB
228 ± 14
130 ± 12
201 ± 8,1 610 ± 42 3037 ± 116 850 ± 87 656 ± 38 1335 ± 121 89,2 ± 7,6 122 ± 11 86,3 ± 12,8 39,23 ± 9,8 32,8 ± 3,9 7,34 ± 1,5 35,9 ± 4,9 154 ± 9,5 7614
MFCC
14,1 ± 1,9
85,5 ± 7,5
21,7 ± 2,0 88,1 ± 8,2 89,7 ± 11 21,8 ± 7,9 20,7 ± 9,0 98,2 ± 6,4 0,72 ± 0,13 0,87 ± 0,08 ND ND ND ND ND 1,81 ±0,7 443
MSCC
185 ± 20 131 ± 10 107 ± 12 490 ± 21 2008 ± 101 830 ± 48 456 ± 73,9 1356 ± 144 37,4 ± 8,4 92,1 ± 11 37,6 ± 5,9 5,45 ± 1,09 ND 3,21 ± 0,9 21,6 ± 3,4 23,3 ± 3,7
5783
MCCC
224 ± 21
183 ± 14
180 ± 17 665 ± 54 2840 ± 153 925 ± 103 669 ± 35,3 1446 ± 160 158 ± 43 111 ± 23 93,1 ±14 25,6 ± 5,86 35,1 ± 11 7,22 ± 1,2 51,2 ± 10 198 ± 12 7811
137
A atual legislação brasileira não estabelece níveis de tolerância quanto à contaminação
de alimentos por HPAs de alimentos. Por outro lado, em países como a Alemanha, Áustria e
Polônia o valor do limite máximo estabelecido é de 1000 µg/kg de B(a)P em carnes
defumadas e este valor tem sido utilizado como limite de referência para avaliar contaminação
em outros alimentos (LARSSON, 1986). Neste estudo, a amostra com maior conteúdo de
B(a)P (20,6 µg/kg) foi a erva-mate cancheada (seca) nativa da indústria C (MCNC), com um
conteúdo 48,5 vezes inferior ao limite de tolerância referido.
A erva-mate é valorizada pelos consumidores como um produto natural e,
conseqüentemente, sem riscos para a saúde. Os resultados deste estudo mostram que esta
afirmação não pode ser completamente verdadeira, devido à presença de HPAs neste produto.
Porém, os estudos deste trabalho foram realizados com as folhas de erva-mate e não com a
bebida (chimarrão). Portanto, a quantidade carreada durante a mateada ficaria aquém dos
valores encontrados para as folhas, proporcionalmente ao número de vezes que o consumidor
adiciona água na cuia para o preparo do chimarrão.
138
4 CONCLUSÃO
A erva-mate seca apresentou o maior valor do total de HPAs comparativamente às
amostras in natura, em todas as indústrias pesquisadas. Portanto, pode-se concluir que
quantidades mais elevadas de HPAs foram geradas durante o sapeco e secagem, por meio da
combustão de lenha e esses compostos foram absorvidos pelas folhas de erva-mate, resultando
no aumento do conteúdo de HPAs no produto final.
SEGURANÇA
Devido à alta toxicidade dos HPAs bem como dos solventes orgânicos, atenção
especial teve de ser tomada durante todo o experimento.
139
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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144
CAPÍTULO 4
FITOQUÍMICA E PROPRIEDADE ANTIOXIDANTE DE RESÍDUO DO
PROCESSAMENTO (PÓ DO MATE) DA ERVA-MATE (Ilex paraguariensis)
\
Trabalho completo apresentado na forma oral no 2
nd
International Workshop on Advances in
Cleaner Production, São Paulo – SP, Maio de 2009 (ANEXO C).
Parte deste trabalho foi apresentada na forma de dois resumos no XII Congresso Latino
Americano de Cromatografia - COLACRO, Florianópolis SC, Outubro de 2008. (ANEXO
D e E).
Parte deste trabalho foi submetida na forma de artigo para revista International Journal of
Food Science and Technology. (ANEXO F).
Parte deste trabalho, referente a óleos essencias, será submetida na forma de artigo para
revista Química Nova.
145
FITOQUÍMICA E PROPRIEDADE ANTIOXIDANTE DE RESÍDUO DO
PROCESSAMENTO (PÓ DO MATE) DA ERVA-MATE (Ilex paraguariensis)
RESUMO
A erva-mate (Ilex paraguariensis) é conhecida por conter compostos com propriedades
antioxidantes, tais como os ácidos fenólicos, taninos e óleos essenciais e propriedade
estimulante atribuída ao seu conteúdo de alcalóides metilxantínicos, tais
,
como a cafeína. Os
objetivos deste trabalho foram: avaliar a composição dos ácidos fenólicos, metilxantinas,
taninos e óleos essenciais do resíduo gerado na industrialização da erva-mate (pó de mate),
comparar quali/quantitativamente a composição fenólica dos extratos obtidos a partir de
diferentes solventes e avaliar o potencial antioxidante desses extratos. Entre os extratos
preparados com diferentes solventes o extrato metanólico 80 % apresentou o maior conteúdo
de polifenóis totais (11,51 g/100g) e a maior atividade antioxidante nos métodos DPPH
e
ABTS
•+
. A análise por cromatografia líquida de alta eficiência mostrou o ácido 4,5
dicafeoilquínico como o componente majoritário da fração fenólica do de mate. Os
conteúdos de cafeína, teobromina e taninos do de mate foram de 1,01 g/100g, 0,10 g/100g
e 0,29 g/100g respectivamente. A extração de óleos voláteis do de mate, por meio do
método de hidrodestilação obteve um rendimento de 0,01 % (m/m). Foram identificados 11
compostos, respondendo por 78,9 % dos constituintes, sendo que os majoritários foram
cariofileno (17,7 %) e himachaleno (12,3 %). O consumo do de mate poderá contribuir
significativamente para a ingestão de compostos antioxidantes e estimulantes, fornecendo
quantidades interessantes de ácidos fenólicos, taninos e metilxantinas com efeitos biológicos
potencialmente benéficos para a saúde humana.
Palavras-chave: Ilex paraguariensis, resíduos, pó de mate, ácidos fenólicos, capacidade
antioxidante, metilxantinas, tanino, óleos essenciais.
146
PHITOCHEMICAL COMPOSITION AND ANTIOXIDANT PROPERTY OF THE
ERVA-MATE (Ilex paraguariensis) PROCESSING RESIDUES
ABSTRACT
The erva-mate (Ilex paraguariensis) is known for containing compounds with antioxidant
properties, such as phenolic acids, tannin, essential oils, and stimulant properties attributed to
its content of methylxanthinic alkaloids such as caffeine. The aims of this research were: to
evaluate the phenolic, methylxanthine, tannin, and essential oil composition of the mate
processing residue (mate powder), to compare the quali/quantitative phenolic composition of
extracts obtained from distinct solvent systems, and the antioxidant potential of those extracts.
Among the extracts prepared with different solvents, 80 % methanol extract showed the
highest total polyphenol content (11.51 g/100g) and antioxidant activity both in the DPPH•
and ABTS•
+
methods. The HPLC analysis showed 4,5 dicaffeoylquinic acid as the major
component of the phenolic fraction of mate powder. The caffein, teobromina, and tannin
contents in mate powder were 1.01, 0.10, and 0.29 g/100g, respectively. The extraction of
volatile oils from the mate powder by hydrodistillation afforded a yield of 0.01 % (m/m).
Eleven compounds were identified, accounting for 78.9 % of the constituents, with
caryophyllene (17.7 %) and himachallene (12.3 %) as major compounds. Consumption of
mate powder would significantly contribute to the antioxidant and stimulants intake,
providing high amounts of phenolic acids, tannin, and methylxanthines with biological effects
potentially beneficial for human health.
Keywords: Ilex paraguariensis, residues, mate powder, phenolic acid, antioxidant activity,
methylxanthines, tannin, essential oil.
147
1 INTRODUÇÃO
A erva-mate (Ilex paraguariensis A. Saint Hilaire) é conhecida popularmente como
"mate", "yerba-mate" ou "erva-mate" e é utilizada na preparação de vários tipos de bebidas na
América do Sul como o "chimarrão", "tererê", bebidas refrescantes e chás (SOUZA;
LORENZI, 2005). Essa espécie cresce naturalmente e tem sido cultivada no sul do Brasil,
Argentina e Paraguai (FILIP et al., 2001; MOLINA; MOLINA, 2004). Sua popularidade vem
aumentando nos Estados Unidos, Canadá e Europa (BIXBY et al., 2005).
A erva-mate apresenta propriedades estimulantes do sistema nervoso central atribuídas
ao seu teor de alcalóides metilxantínicos, como a cafeína (SALDAÑA et al., 2002) e é
também conhecida por conter compostos com propriedades antioxidantes, tais como ácidos
fenólicos, taninos e óleos essenciais (BASTOS et al., 2006a; BRAVO; GOYA;
LECUMBERRI, 2007; HECK; MEJIA, 2007; SILVA et al., 2008). Outros efeitos da erva-
mate têm sido relatados para explicar seu uso popular como hepatoprotetor, colerético,
diurético, hipocolesterolêmico, antireumático, anti-trombótico, antiinflamatório e anti-
obesidade (RAMIREZ-MARES; HECK; MEJIA, 2007; PANG; CHOI; PARK, 2008; SILVA
et al., 2008; GUGLIUCCI; BASTOS, 2009).
Durante a etapa de trituração da erva-mate, os talos com maior granulometria não são
adicionados ao produto final, de forma que estes talos e algumas folhas são novamente
triturados, adequando-os para a introdução no produto comercial. Neste segundo estágio de
trituração, são gerados resíduos de baixa granulometria, denominados de mate, os quais
não são adicionados ao produto final, sendo posteriormente descartados. Segundo relato dos
colaboradores da indústria do mate, durante esta etapa são gerados 5 % de resíduo (pó de
mate) do total da produção da erva-mate. Considerando que segundo o IBGE (2009) em 2007
148
a produção de erva-mate no Brasil foi de 438.474 toneladas e que quase a totalidade é
destinada à produção de chimarrão, estamos nos referindo a valorização de 21.923 toneladas
de resíduos.
Portanto, considerando os conhecidos benefícios da erva-mate para a saúde humana,
presume-se que uma detalhada caracterização química do de mate pode ser relevante para
efeitos da sua utilização no desenvolvimento de novos produtos. De fato, vislumbra-se que o
pó de mate pode ter várias aplicações em alimentos/bebidas, o que poderia aumentar o
consumo desta matéria-prima, até então descartada, e conseqüentemente, aumentar seu
mercado além de contribuir para a minimização de resíduos.
Em estudo anterior realizado por Vieira et al. (2008), foi identificado que o de mate
contém valor médio de polifenóis totais, compostos de reconhecido efeito antioxidante.
Considerando o crescente interesse em biomassas fontes de tais compostos (ADOM; LIU,
2002), assume-se como factível a aplicação do de mate como ingrediente em formulações
de alimentos e/ou bebidas.
O pó de mate apresenta-se como uma alternativa para acrescentar valor aos resíduos da
indústria ervateira. Com esse interesse o presente estudo objetivou determinar a composição
dos fenólicos, metilxantinas, taninos e óleos essenciais do resíduo gerado na industrialização
da erva-mate (pó de mate), comparar quali/quantitativamente a composição fenólica dos
extratos obtidos a partir de diferentes solventes e avaliar o potencial antioxidante desses
extratos.
149
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Material
Os resíduos da etapa de trituração da erva-mate (pó de mate), que consistem de talos e
poucas folhas de erva-mate com granulometria muito fina (ca. 100 mesh), foram fornecidos
por três indústrias de processamento da erva-mate, localizadas no município de Catanduvas,
Santa Catarina.
As amostras foram misturadas, homogeinizadas e congeladas (- 40 ± 2°C) em
congelador de placas (Frigostrelle, model PF-5), embaladas a vácuo em embalagens de
polietileno de alta densidade revestidas com alumínio e estocadas (-20 ± 2°C) até a realização
das análises.
Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico ou cromatográfico. Para as
análises foram usados reativo de Folin-Ciocalteau, carbonato de sódio, ácido gálico, 2,2-
azino-bis-(3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico (ABTS
•+
), 6-hidroxi-2,5,7,8-
tetrametilcromo-2-acido carboxílico (Trolox), 2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH
), cafeína,
teobromina, teofilina, ácido cafeíco (ácido 3,4 dihidroxicinâmico), ácido gálico, ácido ferúlico
e ácido p-cumárico, que foram obtidos da Sigma Chemical Co. (St Louis, MO, EUA), 5-
cafeoilquinico de Fluka (Índia) e ácido siríngico de Acros Organics (China) e e ácido 4,5
dicafeoilquínico de Chengdy Biopurify Phytochemicales Ltd.
150
2.2 Extração da amostra
Para a análise dos compostos fenólicos e atividade antioxidante, os extratos foram
preparados a partir da mistura de 2 g de amostra (pó de mate) utilizando-se os seguintes
extratores
:
solução de metanol 80 % (v/v), água destilada (85°C ± 1°C), solução de etanol 80
% (v/v), etanol acidificado (HCl 1,5 N), metanol acidificado (HCl 1,5 N) e água destilada
acidificada (HCl 1,5 N). Todos os extratos foram sonicados (freqüência 25 KHz), em banho
termostatizado (Maxi Clear 1650 A), por 15 minutos, em temperatura ambiente, filtrados e
transferidos para frascos âmbar, sob atmosfera de nitrogênio, e mantidos em freezer (- 20 ±
2°C) até a realização das análises.
2.3 Determinação do teor de (poli)fenóis totais do pó de mate
O conteúdo de (poli)fenóis totais (PT) dos extratos de de mate foi determinado de
acordo com o método de Folin-Ciocalteau modificado (SINGLETON; ROSSI, 1965). O meio
de reação foi composto de 1,0 mL de extrato, 5,0 mL de água destilada, 0,5 mL do reagente
de Folin-Ciocalteau e 1,0 mL de carbonato de sódio 5 % (m/v), armazenado em frascos
ambar. Os frascos foram agitados e deixados em repouso durante 60 min. A absorbância de
cor azul resultante foi medida a 725 ηm, em espectrofotômetro UV-visível (Hitachi modelo
U-1800). O conteúdo de PT foi expresso em equivalentes de ácido gálico (GAE), em gramas
por 100 g de base seca (b.s.).
151
2.4 Caracterização dos compostos fenólicos do pó de mate
Uma fração rica em (poli)fenóis foi obtida através do fracionamento dos extratos de
erva-mate anteriormente obtidos, utilizando acetato de etila (3v), durante 12 horas, a 10 ±
1
o
C, no escuro, conforme descrito previamente (SCHULDT et al., 2005). A fase orgânica foi
coletada e concentrada sob fluxo de nitrogênio, na ausência de luz. O resíduo final foi
redissolvido em 500 µL de metanol, centrifugado (5.000 rpm/10min) e a composição de
(poli)fenóis foi determinada por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). As amostras
foram extraídas em triplicata.
Alíquotas (10 µL/amostra) foram injetadas em cromatógrafo quido (Shimadzu LC-
10), equipado com coluna de fase reversa (Shim-pack C18, 4,6 mm x 250 mm, 5 µm
partícula), termo estabilizada a 40°C, detector UV-visível (Shimadzu SPD 10A, λ = 280 nm)
e sistema processador de dados. Os analitos foram eluídos isocraticamente, com fluxo de 0,8
mL/min, utilizando como fase móvel uma mistura de água: ácido acético: n-butanol
(350:1:10, v/v/v). Previamente à injeção, as amostras foram centrifugadas a 5.000 rpm por 10
minutos (SCHULDT et al., 2005).
Para a análise quantitativa, uma curva de calibração externa foi construída para cada
padrão de interesse (1,0 100,0 µg/mL, r
2
= 0,99). Do mesmo modo, para cada amostra a
concentração final dos compostos foi determinada pela média dos teores após três injeções
consecutivas, levando em consideração a área do pico do composto de interesse.
152
2.5 Capacidade antioxidante do pó de mate
A determinação da capacidade antioxidante foi realizada in vitro. A amostra foi
testada quanto à capacidade de seqüestro de radicais livres, tendo como referência o sistema
com adição de um antioxidante conhecido (CANTERLE, 2005).
A capacidade de seqüestro de radicais livres do extrato metanólico e aquoso do pó de
mate foi determinada utilizando-se os reativos DPPH
(2,2-difenil-1-picrilhidrazila) e ABTS
• +
(2,2-azino-bis-(3-etilbenzotiazolina- 6-acido sulfônico)).
A reação do DPPH
foi monitorada pela leitura da absorbância (515 ηm) em
espectrofotômetro (Hitachi modelo U-1800), em intervalos de 5 min, durante 30 minutos. A
absorbância medida após 30 minutos foi utilizada para o cálculo do valor M) de DPPH
sequestrado pelos extratos em análise do de mate. A atividade de seqüestro do radical foi
avaliada através da redução na absorbância do DPPH comparada à solução controle (sem os
extratos controle negativo). Trolox (6-hidroxi-2, 5, 7, 8-tetrametilcromo-2-ácido
carboxílico) foi utilizado como antioxidante padrão (controle positivo), sendo que a atividade
antioxidante dos extratos do de mate foi expressa em equivalentes Trolox (TEAC)
(BRAND-WILLIAMS; CUVELIER; BERSET, 1995).
A análise da capacidade de seqüestro do radical livre, cátion (ABTS
•+
), foi realizada
via reação de M de ABTS
•+
com 2,45 µM de persulfato de potássio, por 12/16 h, no escuro
e a temperatura ambiente. A redução da absorbância da solução contendo o radical ABTS
•+
, a
754 ηm (absorbância inicial = 0,7 ± 0,02), na presença de um antioxidante foi monitorada por
um período de 7 min. Trolox (0-600 µM) foi utilizado como antioxidante padrão (controle
positivo) para a curva de calibração e os resultados foram expressos em equivalentes de µM
Trolox de atividade antioxidante/g de matéria seca (RE et al., 1999).
153
2.6 Determinação de metilxantinas do pó de mate
Amostras de de mate (5 g) foram mantidas em ebulição durante 10 minutos, com
150 mL de solução de ácido sulfúrico 20 % (v/v). Os extratos foram neutralizados com
solução de hidróxido de amônio a 50 % (v/v), filtrados e posteriormente extraídos (3x) com
10 mL de solução de clorofórmio: isopropanol (3: 1, v/v). A fração orgânica foi concentrada
em evaporador rotativo (Tecnal, TE 211) sob vácuo, dando origem ao extrato de
metilxantinas. Os resíduos foram ressuspensos em metanol e submetidos à cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE) (REGINATTO et al., 1999).
Alíquotas (10 µL/amostra) foram injetadas em cromatógrafo quido (Shimadzu LC-
10) equipado com coluna de fase reversa (Shim-pack C18, 4,6 mm x 250 mm, 5 µm
partícula), termo-estabilizada a 30°C com detector UV-visível (Shimadzu SPD 10A, λ = 280
nm) e sistema processador de dados. A fase móvel utilizada foi uma solução de acetonitrila:
0,1 % ácido fórmico (15: 85 v/v) (ROBB et al., 2002), com fluxo de 1,0 mL/min. Previamente
à injeção, as amostras foram centrifugadas (5.000 rpm/10 min).
Para as análises quantitativas, curvas de calibração externa foram obtidas de cada um
dos padrões (cafeína, teobromina e teofilina) (1,0 - 100,0 µg/mL; r
2
= 0,99). Assim como
para cada amostra, a concentração final de cada composto padrão foi determinada pela média
de três repetições.
2.7 Determinação de taninos do pó de mate
O teor de taninos foi determinado pelo método descrito por Prince; Scoyoc e Butler
(1978). Alíquotas de 1 mL de diluições apropriadas das amostras em metanol acidificado
foram colocadas em tubos de ensaio e adicionados de 5 mL do reagente vanilina. O material
155
A fração destilada foi extraída com diclorometano Na fase orgânica contendo o óleo
essencial foi adicionado sulfato de magnésio anidro, com objetivo de remover uma possível
fração aquosa. Os voláteis foram concentrados através da evaporação do diclorometano com a
utilização de nitrogênio gasoso. O óleo essencial obtido de cada amostra foi submetido à
análise em Cromatógrafo Gasoso acoplado em Espectrômetro de Massa (CG-EM). O
rendimento foi calculado em base peso seco do material vegetal (JATAN et al., 2005;
REHMAN et al., 2008).
2.8.2 Determinação e identificação do óleo essencial
O óleo essencial foi analisado com o emprego de um cromatógrafo gasoso (Varian,
CP-3800) acoplado a um espectrômetro de massa (Saturn 2000R). A separação dos
compostos utilizou uma coluna capilar (CP-Sil 8CB 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm), injetor a
250
o
C e detector a 280
o
C. Hélio foi usado como gás de arraste com vazão de 1 mL/min. O
volume injetado da amostra (0,5 µL) foi conduzido no modo split/ 1:100, tempo de corrida de
60 min, empregando-se a seguinte rampa de aquecimento: temperatura inicial 110
o
C, seguido
de aquecimento a uma taxa de 5
o
C/min., até 280
o
C. Os espectros de massa foram adquiridos
através de energia de ionização de 70 eV. As concentrações dos componentes foram
calculadas com base nas áreas dos picos no cromatograma, seguindo a ordem de eluição da
coluna.
A identificação dos compostos voláteis foi baseada na comparação dos espectros de
massas obtidos, com aqueles existentes na base de dados do espectrômetro de massas
(biblioteca NIST 05) e através dos índices aritméticos de retenção calculados (IA calculado)
para comparação com os valores publicados (IA teórico) (ADAMS, 2007). Os índices
156
aritméticos de retenção foram calculados (IA calculado) a partir dos tempos de retenção dos
componentes dos óleos e aqueles de uma série homóloga de n-alcanos (C
10
-C
25
).
2.9 Análise estatística
Todas as análises foram conduzidas em triplicata e os dados expressos como média ±
desvio padrão (DP). Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), ao nível de
5 % de significância, seguido pelo teste de Tukey para comparação das médias.
157
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Conteúdo de (poli)fenóis totais (PT) de extratos do pó de mate
Os valores de PT dos extratos da amostra de pó de mate, expressos em equivalente
de ácido gálico/g de amostra, estão apresentados na Tabela 1.
Foi observada diferença significativa (p 0,05) para os teores de polifenóis totais
entre os extratos testados. O extrato metanólico 80 % apresentou o maior valor de PT, seguido
pelos extratos metanol acidificado (HCl 1 %), etanol acidificado (HCl 1 %), etanol 80 %,
água destilada e água destilada acidificada (HCl 1%). Estes resultados demonstram a
presença de menor concentração de compostos fenólicos solúveis em água, contrastando com
os resultados do estudo realizado por Bastos et al. (2007), que relataram maior solubilidade
em água destes compostos, em produtos contendo principalmente folhas de I. paraguariensis
em sua composição. A justificativa para esta discrepância pode ser devido à diferença das
biomassas, uma vez que a amostra utilizada neste estudo consiste principalmente de talos.
Resultados semelhantes foram encontrados por Pagliosa, (2009) o qual encontrou maior
solubilidade em água destes compostops em amostras de folhas de erva-mate e maior
solubilidade em metanol em amostras de casca de talos de erva-mate.
Segundo a literatura, os compostos fenólicos mais solúveis em água são encontrados,
principalmente, em células vasculares e na forma de glicosídeos, enquanto os compostos
fenólicos menos solúveis predominam em material com maior concentração de tecido
lignocelulósico, como é o caso dos talos da Ilex, estando ligados aos constituintes das paredes
celulares (SIMON et al., 1992; BENGOECHEA et al., 1997; SALIBA et al., 2001;
DESCHAMPS; RAMOS, 2002; FURLONG, 2003; KUSUMOTO; SUZUKI, 2003; NACZK;
158
SHAHIDI, 2006). De acordo com Pinelo et al. (2004), que compararam a extração de
compostos fenólicos de resíduos lignocelulósicos utilizando três diferentes solventes
(metanol, etanol e água), o metanol foi o solvente mais adequado para este tipo de biomassa.
Tabela 1 - Conteúdo de polifenóis totais (g/100g em equivalente de ácido gálico - GAE) nos
extratos organosolventes de pó de mate
A
(base seca).
Solventes
Pó de mate (g GAE/100g b.s.)
Média ± DP
Etanol 80 % 2,80
± 0,18d
Etanol acidificado 5,52
± 0,23c
Metanol 80 % 11,51 ± 0,55a
Metanol acidificado 6,59 ± 0,36b
Água destilada 1,23 ± 0,14e
Água acidificada 1,10 ± 0,36e
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
da erva-mate do município de Catanduvas, Santa Catarina.
Os resultados estão apresentados como valores médios ± DP de determinações em triplicata e expressos como
equivalentes de ácido gálico (g/100g base seca).
Valores médios na mesma coluna seguidos por letras diferentes são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey. Coeficiente de Variação: < 4,0
O extrato metanólico do de mate apresentou 11,51 ± 0,55 g GAE/100g, sendo
superior ao conteúdo desses metabólitos secundários comparativamente a amostras de erva-
mate comercial (6,21 - 10,71 g GAE/100g ANESINI; FERRARO; FILIP, 2006), folhas de
erva-mate (7,9 - 9,6 g GAE/100g - CARDOZO JR et al., 2007), extratos de mate (8,10 - 9,77
g GAE/100g BRAVO; GOYA; LECUMBERRI, 2007), chá preto (0,1 - 9,9 g GAE/100g -
TURKEMEN; SÁRI; VELIOGLU de 2006), chá verde (6,5 - 10,6 g GAE/100g
KHOKHAR; MAGNUSTOTTIR, 2002), mate torrado (0,03 - 6,71 g GAE/100g - BASTOS
et al., 2007) e ca(6,37 8,92 g GAE/100g MORAIS at al., 2009). Por outro lado, o
resultado foi semelhante aos valores encontrados para chá mate (2,6 12,04 g GAE/100g
159
TURKEMEN; SÁRI; VELIOGLU, 2006) e inferior ao chá preto (17,0 g GAE/100g - YAO et
al., 2006) e chá verde (0,07 - 13,08 g GAE/100g - BASTOS et al., 2007).
Os efeitos benéficos de alimentos ricos em fenólicos para a saúde humana têm sido
atribuídos à sua atividade antioxidante, uma vez que diversos estudos têm sugerido o papel
daqueles metabólitos secundários como a principal fonte de antioxidantes naturais em
alimentos de origem vegetal (CABRERA; GIMÉNEZ; LÓPEZ, 2003; SLAVIN et al., 2009).
Para analisar a composição fenólica e a atividade antioxidante do de erva-mate,
dois solventes, foram selecionados, metanol 80 % e água. A solução de metanol 80 % foi
utilizada por ter mostrado a melhor solubilidade de compostos fenólicos neste estudo,
enquanto a água quente foi selecionada devido grande parte dos produtos derivados da erva-
mate utilizarem como principal ingrediente.
3.2 Caracterização de compostos fenólicos de pó de mate
Os resultados da análise por CLAE obtidos para a composição polifenólica dos
extratos aquoso e metanólico (80 %) do de mate revelaram um perfil cromatográfico com
sete compostos identificados e quantificados (Tabela 2) e outros três compostos, que foram
detectados, mas não foram identificados. O conteúdo de compostos fenólicos no extrato
metanólico 80 % foi superior ao observado para o extrato aquoso, dados estes que estão de
acordo com os resultados obtidos para o teor de polifenóis totais via análise
espectrofotométrica.
Os valores mais elevados para o extrato metanólico comparado ao aquoso podem ter
ocorrido pelo fato de que os ácidos fenólicos são mais solúveis em metanol e também por
possivelmente terem sido oxidados pelas enzimas polifenoloxidases (PFO) em extrato aquoso,
com consequente polimerização e formação de quinonas. Assim, o emprego de água quente e
160
de sonicação no preparo do extrato aquoso não foi totalmente eficiente para inativar as
enzimas PFO.
O principal ácido fenólico detectado no da erva-mate foi o ácido 4,5
dicafeoilquínico (4,5-DCQ), estando de acordo com resultados descritos por Clifford e
Ramirez-Martinez (1990) e Filip et al. (2001) em produtos à base de folhas de erva-mate.
Contrariamente, Cardoso Jr. et al. (2007) encontraram o ácido 5 - cafeoilquinico como o
analito predominante em produtos de erva-mate, composto encontrado em segundo lugar no
pó de mate.
Algumas das propriedades farmacológicas, como capacidade antioxidante, redutor do
colesterol, anti-mutagênico, anti-inflamatório e antiviral, atribuídas ao mate têm sido
relacionadas com o elevado teor de cafeoil derivados, tais como ácido 5 - cafeoilquinico, 4,5-
DCQ e outros fenólicos da Ilex paraguariensis (RICCO et al., 1995; MAZZAFERA, 1994;
FILIP et al., 2001; BRAVO; GOYA; LECUMBERRI, 2007; GUGLIUCCI; BASTOS, 2009)
Quatro compostos identificados (ácido gálico, ácido 5 - cafeoilquinico, ácido caféico e
4,5 DCQ) já foram descritos anteriormente em Ilex paraguariensis (FILIP et al., 2001;
BASTOS et al., 2006b; BRAVO; GOYA; LECUMBERY, 2007; CARDOSO Jr. et al. , 2007;
STREIT et al., 2007) . Entretanto, além destes ácidos fenólicos, foram detectados os ácidos
siríngico, ferúlico e p-cumárico, também encontrados por Pagliosa, (2009) em amostras de
casca de talos de erva-mate, compostos estes frequentemente encontrados em resíduos
agroindustriais associados à lignina (DESCHAMPS; RAMOS, 2002; KUSUMOTO;
SUZUKI, 2003; NACZK; SHAHIDI, 2006).
Segundo Naczck e Shahidi (2006), o ácido ferúlico e o ácido p-cumárico são ácidos
fenólicos encontrados na parede celular, o que justifica a presença destes compostos no de
mate, biomassa caracterizada por uma grande quantidade de talos de erva-mate.
161
Bravo, Goya e Lecumberri (2007) encontraram pequenas quantidades de ácido quínico
esterificado com os ácidos ferúlico e p-cumárico, compostos possivelmente decorrentes de
talos de erva-mate, pois os autores avaliaram amostras de erva-mate comercial, as quais são
constituídas por folhas e menor percentagem de talos.
Tabela 2 - Composição fenólica dos extratos metanólico e aquoso de de mate
A
(mg/100g)
(base seca).
Compostos fenólicos Tr
B
(min)
Metanol 80 %
Média ± DP
Água destilada
Média ± DP
Ácido 4,5 dicafeoilquínico 39,8 2705,31 ± 21,36a 440,37 ± 5,3b
Ácido 5 - cafeoilquinico 8,6 1180,25 ± 18,12a 380,45
± 0,14b
Ácido gálico 5,5 49,63
± 0,42a 13,16
± 0,92b
Acido caféico (3,4 dihidroxicinâmico) 12,6 6,35 ± 0,73a 1,59 ± 0,03b
Ácido ferúlico 22,6 4,40 ± 0,09a 0,09 ± 0,01b
Ácido siríngico 12,0 1,30 ± 0,07a 0,021 ± 0,006b
Ácido p-cumárico 11,1 0,26 ± 0,01a 0,24 ± 0,01b
Σ
compostos fenólicos
3947,5 835,92
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
da erva-mate do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
Tempo de retenção.
Os resultados estão apresentados como valores médios ± DP de determinações em triplicata. Coeficiente de
Variação: < 10,5.
Valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas, são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey.
Entre os ácidos fenólicos identificados, a capacidade de sequestrar radicais livres é
maior nos derivados do ácido caféico, como o ácido 5 - cafeoilquinico e o ácido 4,5
dicafeoilquínico, tanto no que se refere à sua ação como antioxidante em sistemas biológicos,
bem como em alimentos de um modo geral (FILIP et al., 2000; FUKUMOTO; MAZZA,
2000; SOARES, 2002; LIU et al., 2009).
Ao ácido 5 - cafeoilquinico e demais derivados do ácido caféico são atribuídas
propriedades digestiva; hipocolesterolêmica; antimutagênica; antiviral, com destaque para os
162
dicafeoilquínicos (ZHU et al., 1999; GORZALCZANY, 2001; LINDSAY et al., 2002;
YOSHIMOTO et al., 2002; ASOLINI et al., 2006; PREDIGER et al., 2008; QUEFFÉLEC et
al., 2008). Entretanto, o do mate dispõe desses compostos em quantidade semelhante e em
alguns casos em maior concentração (FARAH; DONANGELO, 2006; FARAH et al., 2008),
sugerindo o uso desta biomassa como fonte alimentar de compostos fenólicos, assim como
para ser explorada no desenvolvimento de fármacos, produtos nutracêuticos e suplementos
alimentares.
3.3 Óleos essenciais
Após a extração dos compostos constituintes da fração óleo essencial, do da erva-
mate, foi observado rendimento igual a 0,01 % (m/m) em base peso seco. Estas substâncias,
mesmo quando presentes em pequenas concentrações nos tecidos vegetais, podem estar
relacionadas com as características sensoriais e propriedades terapêuticas no material que os
contêm (SIMÕES; SPITZER, 2004; HENRIQUES; SIMÕES-PIRES; APEL, 2007).
Na Tabela 3 estão relacionados os constituintes identificados, com suas respectivas
concentrações e índices aritméticos de retenção da literatura (IA teórico). As análises
qualitativas e quantitativas dos óleos voláteis da amostra permitiram a identificação de onze
constituintes (ANEXO G) majoritários, que representam aproximadamente 78,9 % dos
constituintes do óleo essencial obtido. Dos compostos analisados, foi encontrado o
monoterpeno (linalol) que perfaz 5,2 % do óleo analisado, oito sesquiterpenos (derivados do
azuleno, derivados do naftaleno, himachaleno, cadineno, cariofileno, óxido de cariofileno e
trans-α-bergamoteno) que perfazem 64,8 % do óleo, além de 2 ésteres (10-metil-undecanoato
de metila e 12-metil-tridecanoato de metila) que representam 8,9 % do óleo essencial do pó de
mate.
163
Tabela 3 Constituição química do óleo essencial do pó de mate
A
(base seca).
Constituinte IA teórico
%
Linalol (1,6 - Octadien-3-ol, 3,7-dimethyl) 1095 5,2
M
. +
204 (Naftaleno, 1,2,3,4,4a,5,6,8a-octaidro-7-metil-4-metiletil-1-(1-metiletil))* NE 7,9
Cariofileno 1417 17,7
Trans-α-bergamoteno 1432 8,5
M.+ 204 (Azuleno, 1,2,3,4,5,6,7,8-octaidro-1,4-dimetil-7-(1-metilethenil))** NE 3,6
M
. +
204 (Naftaleno, 1,2,3,5,6,7,8,8a-octaidro-1,8a-dimetil-7-(1-metilethenil))* NE 4,2
Himachaleno*** β1499/1476/
12,3
Cadineno 1538 5,4
10-metil-undecanoato de metila**** NE 7,7
Oxido de cariofileno 1582 5,2
12-metil- tridecanoato de metila**** NE 1,2
Σ
78,9
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
da erva-mate do município de Catanduvas, Santa Catarina.
IA: índice aritmético;
NE: Não encontrado;
* Composto derivado do naftaleno: substância não definida, não há como associar IA;
** Composto derivado do azuleno: substância não definida, não há como associar IA;
***Isômero não definido;
**** Identificação dos compostos voláteis apenas por comparação dos espectros de massas obtidos, com aqueles
existentes na biblioteca de espectros de massas (NIST 05).
Os compostos terpênicos, representados pela fração monoterpênica e sesquiterpênica,
(caracterizados por cadeia carbônica formada por unidades de isopreno) e os ésteres
detectados, não dispõem de estrutura química característica de elevado poder antioxidante.
Assim, esta característica, associada ao baixo rendimento dos óleos essenciais na amostra,
propõe pequena participação do óleo essencial do do mate na sua atividade antioxidante,
caso contrário de quando o predomínio dos compostos voláteis fenilpropanoides, como o
eugenol e fenóis, como o cavacrol e o timol (DORMAN; SURAI; DEANS, 2000)
O de mate apresentou destaque para compostos derivados do naftaleno (12,1 %),
que provavelmente foram gerados durante o processamento da matéria prima submetida a
temperaturas elevadas e contato com os produtos da combustão da madeira, pertencente a
164
uma classe de compostos que inclui os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, muito
conhecidos por seu potencial carcinogênico (NICVA-CANO; RUBIO-BARROSO;
SANTOS-DELGADO, 2001).
O cariofileno, composto detectado em maior concentração na amostra de pó de mate, é
também encontrado no cravo-da-índia (BARBOSA, 1998), em folhas de pindaíba (Xylopia
brasiliensis) e na canela (JAYAPRAKASHA; JAGAN; SAKARIAH, 2003). O cariofileno
apresenta atividades biológicas de interesse, e.g., anestésico local e antiinflamatório
(GERTSCH et al., 2008).
Pesquisas sobre óleos essenciais em erva-mate são encontradas apenas com produtos a
base de folhas de Ilex paraguariensis como o chá mate verde e o chá mate tostado, que assim
como o da erva-mate, tem o linalol como constituinte (KAWAKAMI, KOBAYASHI,
1991; KUBO, MUROI, HIMEJIMA, 1993; BASTOS et al., 2006a; MACHADO et al., 2007).
Contudo, os demais compostos detectados em maior concentração no da erva-mate não
foram reportados nos trabalhos acima citados.
Kubo, Muroi, Himejima, (1993), atribuem ao composto linalol, ação contra a bactéria
Streptococcus mutans, uma importante bactéria cariogênica. Após estudarem a atividade
antimicrobiana do óleo essencial da erva-mate processada, consideraram moderada ação
antimicrobiana do óleo essencial de erva-mate. Para o linalol também é reportada importante
atividade antifúngica, anti-helmíntica (CHENG et al., 2006; HENRIQUES; SIMÕES-PIRES;
APEL, 2007) e anticonvulsiva (SILVA BRUM et al., 2001).
Entretanto, é importante salientar, que devido à complexidade química dos óleos
essenciais, torna-se pouco palpável relacionar a atividade biológica com as substâncias
presentes de uma forma isolada, uma vez que podem atuar ou não como sinergistas
(HENRIQUES; SIMÕES-PIRES; APEL, 2007), o que sugere a continuidade deste estudo
para avaliar a atividade biológica do óleo essencial do pó do mate.
165
3.4 Atividade antioxidante
Os fitoquímicos antioxidantes presentes em folhas de erva-mate e produtos derivados
daquela espécie têm recebido elevada atenção recentemente, devido ao seu potencial na
prevenção de patofisiologias humanas, assim como na melhoria da qualidade dos alimentos
(FILIP et al., 2000; BASTOS et al., 2006b; BRAVO; GOYA; LECUMBERRI, 2007, VIEIRA
et al., 2008). Os fenólicos são considerados o principal grupo de compostos que contribuem
para a atividade antioxidante da erva-mate.
Todos os extratos apresentaram atividade antioxidante significativa contra os radicais
ABTS
+
e DPPH
, conforme mostrado na Tabela 4.
A atividade antioxidante total foi distinta (p 0,05) para os extratos metanólico e
aquoso nos ensaios utilizando o radical DPPH
, sendo que o extrato metanólico mostrou-se
superior (Tabela 4).
Tabela 4 - Capacidade antioxidante de extratos metanólico e aquoso do de mate
A
(base
seca).
Capacidade antioxidante
TEAC
B
M/g)
Extratos de pó de mate
Metanol 80 % Água destilada
Capacidade de sequestro do radical DPPH
(30 min) 319,52 ± 1,00a 300,28 ± 0,90b
Capacidade de sequestro do cátion radical ABTS·
+
(7 min)
272,37 ± 1,78a 240,33 ± 0,83b
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
da erva-mate do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
TEAC: Capacidade antioxidante equivalente em Trolox
Média ± DP de determinações em triplicata.
Os valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas
,
são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey.
O cátion ABTS·
+
possui uma cor verde azulada relativamente estável, a qual é medida
nos comprimentos de onda de 600 a 700 ηm. Na presença de um antioxidante como 6-
hidroxi-2, 5, 7, 8-tetrametilcromo-2-acido carboxilico (Trolox), ou antioxidantes potenciais, a
166
produção de cor é suprimida proporcionalmente à concentração de antioxidantes (RAGAEE;
ADBEL-AAL; NOAMAN, 2006).
A atividade de sequestro do radical ABTS·
+
pelos extratos metanólico e aquoso foi
significativamente diferente (p 0,05), sendo que o extrato metanólico evidenciou, a
semelhança do experimento com o radical DPPH
, a maior capacidade sequestrante (Tabela
4).
Ao comparar os resultados do conteúdo de PT e a atividade antioxidante dos extratos
observa-se que o elevado conteúdo de PT do extrato metanólico, comparativamente ao extrato
aquoso, não revelou igual proporcionalidade em relação à capacidade antioxidante destes.
Vários autores têm demonstrado a existência de uma forte relação positiva entre o teor de
fenólicos totais e a capacidade antioxidante de diversos alimentos (VELIOGLU et al., 1998;
VISON et al., 1998; KAUR; KAPOOR, 2002; ABDILLE et al., 2005), porém tal fato não tem
sido evidenciado em outros estudos (KAHKONEN et al., 1999; ISMAIL; MARJAN; FOONG
, 2004; MELO et al., 2008).
Em função disto, os resultados obtidos sugerem que a atividade antioxidante dos
extratos de I. paraguariensis em estudo não pode ser predita somente por sua composição em
polifenóis, de modo que assume-se que outras classes de metabólitos secundários (i.e.,
carotenóides e flavonóides), além dos compostos fenólicos, poderiam contribuir em alguma
extensão para a elevada capacidade antioxidante do extrato aquoso.
Além da presença nos extratos de outros fitoquímicos, a estrutura química do
componente ativo tem influência sobre a eficácia do antioxidante natural, uma vez que a
posição e o número de hidroxilas presentes na molécula dos polifenóis é um fator relevante
para esta atividade. Segundo Shahidi, Janitha e Wanasundara (1992), a orto-dihidroxilação
contribui marcadamente para a capacidade antioxidante do composto. Assim, a capacidade
antioxidante de um extrato não pode ser explicada apenas com base em seu teor de fenólicos
167
totais, que a caracterização da estrutura do(s) composto(s) ativo(s) presentes no extrato
também é necessária (HEINONEN; LEHTONEN; HOPIA, 1998).
Adicionalmente, os resultados indicam a necessidade de um maior número de
pesquisas de forma a elucidar em sua totalidade os componentes químicos que contribuem
para a atividade antioxidante total e para determinar a relação entre atividade antioxidante e
diferentes compostos da erva-mate.
3.5 Metilxantinas do pó de mate
A análise cromatográfica dos extratos em estudo revelou a ausência de teofilina nas
amostras, enquanto cafeína e teobromina foram detectadas, em acordo com estudos anteriores
em erva-mate (REGINATTO et al., 1999; SALDAÑA et al., 2002; GNOATTO et al., 2007).
As concentrações de metilxantinas determinadas para o de mate foram de 1,01 %
b.s. para cafeína e 0,10 % b.s. para teobromina. Estes níveis estão dentro do intervalo de
concentração encontrados em folhas de Ilex paraguariensis (MAZZAFERA, 1994). Além
disso, o conteúdo total de metilxantinas (1,11 % b.s.) é semelhante aos encontrados em
estudos anteriores para folhas de I. paraguariensis (1,10-1,85 % b.s.) (BALTASSAT;
DARBOUR; FERRY, 2001).
Neste estudo, o teor de cafeína do de mate foi superior ao detectado por Jackes et
al. (2007) em chá de folhas de mate e inferior ao encontrado por Monteiro e Trugo (2005) em
amostras de café. Cabrera, Giménez e López, (2003) analisaram o conteúdo de cafeína em 45
amostras, incluindo chá fermentado e não fermentado de diversas áreas geográficas; os
valores de cafeína variaram de 0,75 a 8,60 %.
É bem conhecido que os parâmetros envolvidos no processo de extração, tais como
tamanho da amostra, a solubilidade de compostos bioativos no solvente utilizado, bem como
168
as condições de crescimento da planta e características genéticas influenciam no conteúdo
final encontrado de metilxantinas (REGINATTO et al., 1999; ASTILL et al., 2001; DA
CROCE, 2002; CARDOZO JR. et al., 2007; GNOATTO et al., 2007; JACKES et al., 2007).
As metilxantinas têm mostrado atividades biológicas interessantes como, por exemplo,
estimulantes do sistema nervoso central e centros respiratórios e ação diurética (KIKATANI;
WATANABE; SHIBUYA, 1993; MAZZAFERA, 1994). Strassmann et al. (2008),
consideram que as metilxantinas em conjunto com outros compostos ativos da erva-mate,
como os compostos fenólicos, podem provocar um efeito indutor no início dos processos de
formação de vasos sanguíneos em embriões de Gallus domesticus, o que sugere potencial
terapêutico e/ ou profilático em casos de distúrbios cardiovasculares e isquemia.
3.6 Taninos do pó de mate
Taninos são compostos fenólicos poliméricos que normalmente estão ligados a
macromoléculas e com uma conhecida atividade antioxidante (SOARES, 2002; HECK;
MEJIA, 2007).
O conteúdo de taninos (expresso em equivalentes de catequina) do de mate (0,29
g/100g) foi inferior ao encontrado em amostras de erva-mate (0,51 - 0,57 g/100g)
determinado por Donaduzzi et al., (2003), em amostras de folhas de erva-mate (12 22
g/100g) determinada por Borille; Reissmann; Freitas, (2005) e em amostras de folhas de erva-
mate nativas, 5 anos e de 15 anos (1,30 8,30 g/100g) determinada por Pagliosa et al.,
(2009). Tais diferenças podem estar ligadas à idade das folhas, procedência, insolação e
mecanismo de defesa contra herbivoria (BORILLE; REISSMANN; FREITAS, 2005). O teor
de taninos em leguminosas varia entre 0 e 2 g/100g, valores semelhantes aos encontrados no
pó de mate.
169
4 CONCLUSÃO
O pó de mate, um resíduo importante e ainda não valorizado, mostrou ser uma
interessante fonte de metilxantinas e compostos fenólicos, com uma proeminente atividade
antioxidante.
A análise dos óleos voláteis da amostra permitiu a identificação de onze constituintes
com predominância dos sesquiterpenos, sendo o cariofileno o composto majoritário.
O consumo de de mate contribui significativamente para a ingestão de
antioxidantes, fornecendo grandes quantidades dos ácidos 4,5 DCQ, 5 - cafeoilquinico, gálico
e tanino, com efeitos biológicos potencialmente benéficos para a saúde humana. Portanto,
sugere-se que resíduos do processamento da erva-mate poderão vir a ser utilizados como
complemento na dieta humana e como ingrediente com propriedades funcionais, no entanto
com a previsão de dosagens adequadas segundo estudos toxicológicos a serem encaminhados.
Estudos futuros são necessários para avaliar com precisão a biodisponibilidade desses
compostos, bem como as variações decorrentes da matéria-prima e dos processos produtivos.
170
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181
CAPÍTULO 5
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE BALAS DE RESÍDUO DE ERVA-MATE (Ilex
paraguariensis)
Parte deste trabalho foi apresentado na forma de resumo no 9° Congresso Nacional da
Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição – SBAN, São Paulo, Outubro de 2007
(ANEXO H).
Parte deste trabalho foi apresentado na forma de resumo no I Simpósio Internacional de
Alimentos Funcionais – SBAF, São Paulo – SP, Junho de 2008 (ANEXO I).
Parte deste trabalho foi apresentado na forma de resumo no 1° Simpósio Internacional sobre
Yerba Mate y Salud, Montevideo, Uruguaí UG, Outubro de 2008 (ANEXO J).
Artigo completo publicado “Chemical characterization of candy made of erva-mate (Ilex
Paraguariensis A. St. Hil.) residue”. J. Agric. Food Chem. 2008, 56, 4637-4642 (ANEXO K).
182
CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DE BALAS DE RESÍDUO DE ERVA-MATE (Ilex
paraguariensis)
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar as propriedades químicas dos resíduos do processamento
da erva-mate (pó de mate) e também avaliar o desempenho de balas com adição deste resíduo
em relação à aceitabilidade e intenção de compra dos consumidores. O de mate apresentou
elevados teores de fibra alimentar (59,14 g/100g), cinzas totais (5,67 g/100g), e polifenóis
totais (11,51 g/100g). A suplementação de balas com de mate provocou um aumento
significativo no conteúdo de polifenóis, fibras e minerais das balas de mate. O conteúdo de
fibra alimentar das balas de mate variou de 5,7 a 6,29 % em base seca. A incorporação de pó
de mate aumentou a dureza das balas e produziu resultados desejáveis em relação as suas
características nutricionais. Os testes sensoriais indicaram que as balas de mate foram aceitas
e aprovadas em relação à intenção de compra.
Palavras-chave: erva-mate, resíduos, composição química, balas de mate, aceitabilidade.
183
CHEMICAL CHARACTERIZATION OF CANDY MADE OF ERVA-MATE (Ilex
paraguariensis) RESIDUE
ABSTRACT
The aim of this work was to evaluate the chemical properties of the residues from mate
processing (mate powder) and also to determine the candy-making performance with addition
of residues from erva-mate on consumers’ acceptance and purchase intent of this new
product. The candies containing different amounts of mate powder were evaluated through
overall acceptability test and purchase intent. Mate powder showed high contents of dietary
fiber (59.14 g/100g), total ash (5.67 g/100g), and total polyphenols (11.51 g/100g). The
supplementation of mate powder caused significant increases in polyphenol and mineral
contents of mate candies. The total dietary fiber content of the mate candies ranged from 5.7
to 6.29 % on a dry matter basis. The incorporation of mate powder increased the hardness of
the candies and produced desirable results in their nutritional characteristics. The sensory tests
indicated that mate candies were acceptable and approved in relation to purchase intent.
Keywords: Erva-mate; residue; chemical composition; mate candies; acceptability
184
1 INTRODUÇÃO
A Ilex paraguariensis A. Saint Hilaire é uma cultura economicamente importante na
região da América do Sul. Sua ocorrência pode ser natural ou cultivada nas regiões do Brasil,
Paraguai e Argentina (FILIP et al., 2001). O produto comercial, conhecido como “mate”,
“erva-mate” ou yerba-mate” é utilizado no preparo de várias bebidas, como o “chimarrão”,
“tererê”, bebidas refrescantes e chás (SOUZA; LORENZI, 2005). Sua popularidade está
aumentando nos EUA, Canadá e Europa (FILIP et al., 2001).
A erva-mate além de apresentar propriedade estimulante do sistema nervoso central
atribuída aos conteúdos de alcalóides metilxantínicos como a cafeína, também é conhecida
por apresentar compostos com propriedades antioxidantes, tais como os ácidos (poli)fenólicos
(SALDAÑA; MAZZAFERA; MOHAMED, 1999; SALDAÑA et al., 2002; BRAVO; GOYA;
LECUMBERRI, 2007; DELADINO et al., 2007). Outros efeitos da erva-mate têm sido
relatados para explicar seu uso popular como hepatoprotetor, colerético, diurético,
hipocolesterolêmico, antireumático, anti-trombótico, e anti-inflamatório. (GORZALCZANY
et al., 2001; SCHINEL; FANTINELLI; MOSCA, 2005; MENDES; CARLINI, 2007; PANG;
CHOI; PARK, 2008; SILVA et al., 2008).
Durante a etapa de trituração da erva-mate os talos com maior granulometria não são
adicionados ao produto final, de forma que estes talos e algumas folhas são novamente
triturados, adequando-os para a introdução no produto comercial. Nesta segunda etapa de
trituração, são gerados resíduos de baixa granulometria, denominados de mate, os quais
não são adicionados ao produto final e são frequentemente, descartados. No entanto, o
existem informações na literatura científica sobre a caracterização deste resíduo e/ou sua
aplicação como ingrediente. Portanto, considerando os conhecidos benefícios da erva-mate
185
para a saúde humana, os resíduos do processamento da erva-mate podem ter várias aplicações,
os quais poderiam aumentar o consumo desta matéria-prima e, conseqüentemente, aumentar o
seu mercado.
O resíduo da erva-mate emerge como uma alternativa para o desenvolvimento de
novos produtos e de agregação de valor aos resíduos da indústria, que normalmente são
desprezados. Além da valorização de resíduos, o estímulo ao consumo do mate, confronta
com o regionalismo na forma tradicional, no preparo do chimarrão. O desenvolvimento de
novos produtos de fácil consumo pode ser uma importante alternativa para a aplicação do
de mate. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar as propriedades químicas dos resíduos do
processamento da erva-mate e também determinar o desempenho de balas com adição de
resíduos de erva-mate em relação à aceitabilidade e intenção de compra deste produto.
186
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Material
O resíduo da etapa de trituração da I. paraguariensis A. St. Hil. (pó de mate), que
consiste de talos e algumas folhas de erva-mate com granulometria muito fina (ca. 100 mesh),
foi fornecido por três indústrias processadoras de erva-mate, localizadas no município de
Catanduvas, Santa Catarina.
As amostras foram homogeinizadas e congeladas (- 40 ± 2°C) em congelador de
placas (Frigostrelle, model PF-5), embaladas a vácuo em embalagem de polietileno de alta
densidade revestida com alumínio e estocada (- 20 ± 2°C) até a realização das análises.
Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico ou cromatográfico. Para as
análises foram usados Folin-Ciocalteau, carbonato de sódio, 2,2-azino-bis-(3-
etilbenzotiazolina- 6-ácido sulfônico) (ABTS
•+
), 6-hidroxi-2,5,7,8-tetr-metilcromo-2-
carboxílico (Trolox), cafeína, teobromina, teofilina, ácido caféico (ácido 3,4
dihidroxicinâmico), ácido gálico, ácido ferúlico e ácido p-cumárico obtidos da Sigma
Chemical Co. (St Louis, MO, EUA), ácido 5 - cafeoilquinico da Fluka (Índia), e ácido
siríngico, ácido da Acros Organics (China) e o ácido 4,5 dicafeoilquínico (ácido 4,5
isoclorogênico) da Chengdy Biopurify Phytochemicales Ltd.
2.2 Microscopia óptica do pó de mate
As análises microscópicas do de mate foram realizadas conforme procedimento
descrito pela Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 2005).
188
2.4 Análises químicas do pó de mate e balas de mate
Os teores de umidade, resíduo mineral fixo (cinzas totais), lipídeos e proteínas (N x
6,25) foram determinados de acordo com os métodos recomendados pela Association of
Official Analytical Chemists 925.09, 923.03, 920.85 e 920.87, respectivamente (AOAC,
2005). O teor de fibras totais, solúveis e insolúveis foi determinado por método enzimático-
gravimétrico (método 991.43 - AOAC, 2005). Carboidratos totais foram determinados por
diferença (AOAC, 2005). O valor energético (Kcal) foi obtido pela aplicação dos fatores de
conversão 4, 9 e 4 para cada grama de proteína, lipídeo e carboidrato, respectivamente
(WATT; MERRILL, 1999).
2.5 Determinação de minerais do pó de mate e balas de mate
Os minerais foram determinados por meio do método 985.35 descrito pela Association
of Official Analytical Chemists (AOAC, 2005).
Os teores de cálcio (Ca), magnésio (Mg), ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn) e
alumínio (Al) foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica
(espectrofotômetro Perkin-Elmer Analyst 300). Óxido de lantânio foi adicionado às soluções
ácidas de cinzas e às soluções padrão em proporção final de 1 % (m/v) para evitar possíveis
interferências na determinação de Ca e Mg. Potássio (K) e sódio (Na) foram determinados por
fotometria de chama (B262 Micronal) e o teor de fósforo (P) foi avaliado por
espectrofotometria UV-VIS (Hitachi modelo U-1800), empregando método da AOAC (2005).
Os minerais foram quantificados a partir de soluções padrão de concentrações conhecidas.
189
2.6 Determinação do conteúdo de (poli)fenóis totais (PT) do pó de mate e balas de mate
Extratos foram preparados a partir da mistura de 2 g de amostra com metanol 80 %
(v/v), sonicados (frequência 25 KHz), em banho termostatizado (Maxi Clear 1650 A), por 15
minutos, filtrados e transferidos para frascos âmbar, sob atmosfera de nitrogênio, e mantidos
em freezer (-20°C ± 2°C) até a realização das análises.
O conteúdo de PT do extrato metanólico foi determinado de acordo com o método de
Folin-Ciocalteau modificado (SINGLETON; ROSSI, 1965). A reação foi composta de 1,0 mL
de extrato, 5,0 mL de água destilada, 0,5 mL do reagente de Folin-Ciocalteau e 1,0 mL de
carbonato de sódio 5 % e armazenados em frascos opacos. Os frascos foram agitados e
deixados em repouso durante 60 min. A absorbância da cor azul resultante foi medida a 725
nm em um espectrofotômetro UV-visível (Hitachi modelo U-1800). O conteúdo de PT foi
expresso em equivalentes de ácido gálico (GAE), em gramas por 100 g de base seca (b.s).
2.7 Determinação da capacidade antioxidante do pó de mate e das balas de mate
A capacidade de sequestro de radicais livres dos extratos foi determinada pelo método
utilizando o cátion radical ABTS
•+
(2,2-azino-bis-(3-etilbenzotiazolina- 6-acido sulfônico). A
capacidade de seqüestro do radicais livres do cátion ABTS
•+
foi realizada através da reação de
7 µM de ABTS com 2,45 µM de persulfato de potássio por 12 a 16 h, no escuro, à
temperatura ambiente. A redução da absorbância do ABTS a 754 nm (absorbância inicial =
0,7 ± 0,02) na presença de um antioxidante foi monitorada por 7 min. Trolox (0-600 M) foi
utilizado como antioxidante padrão (controle positivo) para a curva de calibração e os
resultados foram expressos em equivalente de µM Trolox de atividade antioxidante por
grama de biomassa seca (RE et al., 1999).
190
2.8 Determinação de metilxantinas do pó de mate e balas de mate
As amostras (15 g) foram mantidas em ebulição durante 10 minutos, com 150 mL de
solução de ácido sulfúrico 20 % (v/v). Os extratos foram neutralizados com solução de
hidróxido de amônio a 50 % (v/v), filtrados e posteriormente extraídos com clorofórmio:
isopropanol (3: 1, v/v). A fração orgânica foi concentrada em evaporador rotativo (Tecnal, TE
211) sob vácuo, dando origem ao extrato de metilxantinas. Os resíduos foram ressuspensos
em fase móvel e submetidos à cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) (REGINATTO
et al., 1999).
Alíquotas (10 µL/amostra) foram injetadas em um cromatógrafo líquido (Shimadzu
LC-10) equipado com coluna de fase reversa (Shim-pack C18, 4,6 mm x 250 mm, 5µm
partícula), termo-estabilizada a 30°C com detector UV-visível (Shimadzu SPD 10A, λ = 272
nm) e sistema processador de dados. A fase móvel utilizada foi uma solução de acetonitrila:
ácido fórmico 0,1 % (15: 85 v/v) (ROBB et al., 2002) com fluxo de 1,0 mL/min. Antes da
injeção, as amostras foram centrifugadas (5.000 rpm/10 min). Curvas de calibração de cada
um dos padrões (cafeína, teobromina e teofilina) foram preparadas para efeito da análise
quantitativa.
2.9 Características físicas das balas de mate
O rendimento das balas foi determinado pela diferença entre o peso das balas antes e
após o cozimento.
As balas contendo diferentes concentrações de de mate (0,4; 0,8 e 1,2 %) foram
avaliadas quanto ao parâmetro de textura, utilizando um analisador de textura modelo LFRA
1000 (Brookfield Engineering, London, England). As amostras individuais de balas foram
191
colocadas sobre uma plataforma e a sonda anexa ao instrumento foi ajustada para um nível de
penetração de 50 % da altura original da bala. A dureza das balas foi avaliada utilizando
sonda cilíndrica de 39 mm de diâmetro com as seguintes condições de teste: velocidade pré-
teste, teste e pós-teste de 1 mm/s. O pico absoluto de força foi considerado a característica de
dureza das balas (BOURNE, 2002).
As medidas de cor das balas de mate foram realizadas utilizando colorímetro Minolta
Chroma Meter CR-400 (Konica Minolta, Japão) com iluminação D65, ângulo de visão de 10
o
.
Os valores médios para L* (luminosidade), a* (vermelho a verde), b* (amarelo a azul),
Chroma [(a*2 + b*2)1/2] e ângulo hue [tan-1 (b*/a*)] foram determinados de acordo com o
sistema CIE Lab. Os valores médios da cor da superfície das balas foram avaliados. Os
parâmetros de cor foram determinados em triplicata e foram realizadas três medidas em cada
amostra.
2.10 Microbiologia do pó de mate e das balas de mate
As análises microbiológicas foram realizadas conforme procedimentos descritos pela
American Public Health Association (APHA, 2001), constando da contagem de coliformes a
45°C, Salmonella sp e Bacilus cereus. Os resultados foram comparados com os estipulados
pela Portaria número 354 de 18 de julho de 1996 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) (BRASIL, 2005).
2.11 Aceitabilidade e intenção de compra das balas de mate
O protocolo de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (Protocolo 224/07- ANEXO L) e
192
todos os consumidores assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido antes da
participação.
O teste de aceitabilidade global foi realizado de acordo com Meilgaard, Civille e Carr,
(2007). As análises foram realizadas no quinto dia após a elaboração das balas, por 100
julgadores voluntários, ambos os sexos, não treinados e com idade entre 17 e 62 anos,
consumidores usuais de balas. As amostras foram avaliadas quanto à aceitabilidade global
utilizando escala hedônica fácial de 5 pontos, ancorada nos extremos 1: desgostei
extremamente e 5: gostei extremamente. A intenção de compra foi avaliada utilizando escala
de cinco pontos, “definitivamente compraria” a “definitivamente não compraria”
correspondendo ao maior e menor escore “5” e “1”, respectivamente (ANEXO M)
(MEILGAARD; CIVILLE; CARR, 2007).
2.12 Análise Estatística
Todas as análises foram conduzidas em triplicata e os dados expressos como médias ±
desvios padrões (DP). Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), ao nível
de 5 % de significância, seguido pelo teste de Tukey para comparação das médias.
Correlações entre a atividade antioxidante e teor de polifenóis totais também foram
investigadas. O coeficiente de variação experimental foi determinado pela análise de variância
(ANOVA) ao nível de 5 % de significância.
193
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Microscopia óptica do pó de mate
A amostra apresentou ausência de matérias macroscópicas (insetos e outros animais,
bem como seus excrementos, objetos rígidos, pontiagudos e ou cortantes prejudiciais à saúde
humana) e ausência de matérias microscópicas (insetos e seus fragmentos, pêlos de roedor,
larvas e parasitos prejudiciais à saúde humana), satisfazendo os padrões de qualidade quanto
aos parâmetros de microscopia, segundo a resolução RDC n° 175 de 2003 (BRASIL, 2003).
3.2 Análises químicas do pó de mate e balas de mate
A composição química do de mate e das balas de mate está demonstrada na Tabela
1. Os conteúdos de lipídeos e proteínas do de mate foram inferiores ao encontrado para
erva-mate como relatado por Esmelindro et al. (2002). Os resultados das análises químicas
revelaram que o de mate é uma fonte importante de fibras alimentares, principalmente
fibras insolúveis. O de mate apresentou maior conteúdo de fibra alimentar total (59,14 %
b.s) do que erva-mate comercial (21,89 % b.s), conforme relatado por Esmelindro et al.
(2002) e níveis mais elevados do que os relatados para outros alimentos ricos em fibras, tais
como o farelo de trigo, farelo de arroz e cevada (SUDHA; VETRIMANI; LEELAVATHI,
2006). O consumo de cerca de 10 g de de mate proporcionaria cerca de 24 % da exigência
de fibra alimentar (25 g/dia), como recomendado pela Food and Agriculture
Organization/World Health Organization para indivíduos adultos (FAO, 1973). Assim, o
194
de mate parece ser uma alternativa interessante para a formulação de alimentos com alto teor
de fibra.
Tabela 1 - Composição química (g/100g) de de mate
A
e balas contendo de mate (base
seca).
Tipos de bala
Componentes pó de mate 0,4
B
0,8
B
1,2
B
Umidade 8,01 ± 0,09b 21,29 ± 0,43a 21,19 ± 0,19a 20,10 ± 0,37a
Cinzas 5,67 ± 0,02d 0,03 ± 0,01c 0,06 ± 0,01b 0,10 ± 0,02a
Lipídeos 3,76 ± 0,09d 0,03 ± 0,01c 0,05 ± 0,02b 0,07 ± 0,02a
Proteínas 9,77 ± 0,06d 0,06 ± 0,01c 0,13 ± 0,01b 0,16 ± 0,01a
Fibra alimentar total 59,14 ± 0,19d 5,70 ± 0,08c 6,08 ± 0,10b 7,29 ± 0,10a
Fibra solúvel 5,79 ± 0,09b 5,43 ± 0,04a 5,46 ± 0,06a 5,48 ± 0,05a
Fibra alimentar insolúvel 53,35 ± 0,3d 0,27 ± 0,04c 0,62 ± 0,23b 1,00 ± 0,15a
Carboidrato* 13,66 ± 0,12d 72,92 ± 0,36c 72,51 ± 0,32b 71,31 ± 0,22a
Energia (Kcal 100 g)
-
1
127,56 ± 1,21d
292,81 ± 1,38c 290,93 ± 1,50b 286,45 ± 1,01a
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
Quantidade de pó de mate em balas (%).
*Calculado por diferença.
Valores médios ± DP de determinações em triplicata.
Os valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas, são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey. Coeficiente de Variação < 4,2.
Resíduos da agroindústria têm sido tradicionalmente descartados; no entanto, uma
tendência em pesquisas procurando novas fontes de fibra alimentar (RODRÍGUEZ et. al.,
2006; VIEIRA et al., 2008). Ingredientes ricos em fibras têm muitas características que
influenciam as propriedades funcionais dos alimentos (NELSON, 2001). Além disso, o
consumo desses alimentos ricos em fibras tem sido extensivamente estudado no que diz
respeito aos benefícios para a saúde (MALKKI, 2001).
O de mate mostrou ser também uma fonte de cinzas totais, o que reflete sobre o
conteúdo de mineral, demonstrado na Tabela 2. O teor de cinzas totais da amostra de de
195
mate é semelhante ao encontrado em pesquisas anteriores em I. paraguariensis, o qual está
em torno de 5,07 a 6,60 % b.s. (GUTKOSKI et al., 2001; ESMELINDRO et al., 2002).
Suplementação de balas com de mate em níveis crescentes aumentou
significativamente (p 0,05) o conteúdo de cinzas totais, lipídeos, fibras totais e proteína; no
entanto os teores de carboidratos e energia diminuíram como pode ser observado na Tabela 1.
Os valores de fibra alimentar total de balas de mate variaram de 5,7 a 7,29 % b.s.,
níveis semelhantes aos relatados para alimentos ricos em fibra (SILVA et al., 2001; KRUGER
et al., 2003; VIEIRA et al., 2008). Em contraste ao que ocorre com o consumo de balas
tradicionais (GEBHARDT; THOMAS, 2002), o consumo de balas de mate poderia contribuir
para a ingestão diária de fibra alimentar.
Em relação aos elementos minerais, foi verificada a presença de nove elementos: Na,
K, Ca, Mg, Fe, Al, P, Mn, e Zn, que são considerados essenciais para o metabolismo de
organismos vivos (DE ANGELS, 1977) (Tabela 2). Os minerais são importantes para o
crescimento, desenvolvimento e preservação de tecidos do corpo. (VELASQUEZ-
MELENDEZ; SALAS MARTINS; CYERBATO, 1997). Os minerais encontrados em maior
quantidade no de mate foram K e Ca e os mesmos têm sido encontrados em grandes
quantidades em erva-mate (HEINRICHS; MALAVOLTA, 2001; GIULIAN et al., 2007).
Estes minerais são essenciais para a alimentação humana, os quais desempenham um
importante papel na formação de ossos, dentes, e tecidos do corpo humano (COZZOLINO,
2005).
196
Tabela 2 - Conteúdo de minerais (mg/100g) de de mate
A
e balas contendo de mate
(base seca).
Tipo de bala
Componentes pó de mate 0,4
B
0,8
B
1,2
B
Alumínio 32 ± 1a 0,14 ± 0,00d 0,30 ± 0,03c 0,53 ± 0,02b
Cálcio 899 ± 11a 3,96 ± 0,03d 8,43 ± 0,03c 13,02 ± 0,40b
Ferro 31 ± 1a 0,14 ± 0,00d 0,30 ± 0,00c 0,49 ± 0,02b
Potássio 118 ± 6a 0,52 ± 0,01d 1,15 ± 0,03c 1,80 ± 0,03b
Magnésio 314 ± 4a 1,38 ± 0,01d 3,03 ± 0,02c 4,50 ±0,04b
Manganês 91 ± 3a 0,40 ± 0,00d 0,87 ± 0,04c 1,40 ± 0,03b
Potássio 919 ± 11a 4,04 ± 0,03d 8,88 ± 0,20c 13,55 ± 0,20b
Sódio 10,8 ± 0,5a 0,09 ± 0,00d 0,15 ± 0,03c 0,19 ± 0,04b
Zinco 7,0 ± 0,1a 0,07 ± 0,00d 0,13 ± 0,20c 0,18 ± 0,03b
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
Quantidade de pó de mate em balas (%)
Valores médios ± DP de determinações em triplicata.
Os valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas, são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey. Coeficiente de Variação < 5,1.
Os valores de Zn e Mg encontrados no de mate de 7,0 e 314 mg/100g b.s.,
respectivamente, servem como ativadores essenciais em uma série de reações metabólicas
catalisadas por enzimas (BELITZ; GROSCH; SCHIEBERLE, 2004) e são, portanto,
elementos muito importantes para a reprodução e crescimento (COZZOLINO, 2005). O
conteúdo de Zn observado no de mate é superior ao observado em outros chás como o
verde e preto (CABRERA; GIMENEZ; LÓPEZ, 2002) e semelhante aos níveis observados
nas folhas de mate (GIULIAN et al., 2007).
O Fe encontrado em de mate, 31 mg/100g b.s., é um importante micronutriente
para nutrição humana e este elemento tem sido largamente utilizado para fortificação dos
alimentos em programas no Brasil devido às elevadas taxas de anemia (TORRES et al., 1996).
197
O valor de 10,8 mg/100g b.s. encontrado para o Na, é superior ao encontrado em erva-
mate comercial (HEINRICHS; MALAVOLTA, 2001). Este mineral regulariza o sistema
muscular e as funções cardíacas em associação com o potássio (FRANCO, 1998).
A fortificação de balas com diferentes níveis de de mate causou um aumento
significativo (p 0,05) no teor de minerais em balas de mate, principalmente K (Tabela 2).
Portanto, o pó de mate parece ser uma interessante fonte de minerais.
Apesar do alto conteúdo de minerais no pó de mate, não significa que todos os
minerais presentes estão disponíveis para o consumidor, devido à existência de compostos
com fatores antinutricionais, associados por exemplo, as fibras, que podem afetar a sua
disponibilidade.
3.3 Conteúdo de (poli)fenóis totais (PT) e atividade antioxidante do de mate e balas
de mate
O conteúdo de PT e a atividade antioxidante do de mate e das balas de mate estão
apresentados na Tabela 3. O de mate apresentou maiores teores de PT (11,51 % b.s.) do
que valores relatados para erva-mate comercial por outros autores de 10,71 % b.s. (ANESINI;
FERRARO; FILIP, 2006) e 6,21 % b.s. (DELADITO et al., 2007).
198
Tabela 3 - Conteúdo de polifenóis totais (PT) e capacidade antioxidante de de mate
A
e
balas contendo pó de mate (base seca).
Tipo de bala
pó de mate 0,4
B
0,8
B
1,2
B
PT (g/100g) 11,51 ± 1,02a 0,12 ± 0,00d 0,18 ± 0,00c 0,27 ± 0,01b
ABTS
C
371,58 ± 4,18a 4,05 ± 0,87d 6,31 ± 0,64c 7,58 ± 0,96b
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
Quantidade de pó de mate em balas (%)
C
Capacidade de sequestrar radicais livres a 7 min (µM Trolox/g).
Valores médios ± DP de determinações em triplicata.
Os valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas, são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey. Coeficiente de Variação < 5,7.
Grande parte dos sólidos encontrados em infusões de mate, está constituída de
compostos polifenólicos, conforme determinado pelo método Folin-Ciocalteau. Esta fração
está composta principalmente por ácidos fenólicos tais como ácido 5 - cafeoilquinico e ácido
caféico (CARINI et al., 1998), os quais são efetivos antioxidantes (BRAVO; GOYA;
LECUMBERRI, 2007). Propriedades antioxidantes são encontradas em bebidas comumente
utilizadas (erva-mate, chá verde, chá preto, vinho tinto e rose, suco de laranja) e estão
positivamente correlacionadas com o conteúdo de PT encontrado. Estudos têm sugerido o
papel dos compostos fenólicos como a principal fonte de antioxidantes naturais em alimentos
de origem vegetal (HAGERMAN et al., 1998).
Propriedades antioxidantes de extratos metanólicos de de mate e balas foram
avaliados com base na medida da atividade de sequestro de radicais livres cátion pelo método
ABTS. Todas as amostras apresentaram significativa atividade antioxidante sobre o radical
ABTS.
O ABTS tem uma cor relativamente estável, azul-esverdeada, o qual é medida a 600-
700 nm. Na presença de um antioxidante como o Trolox ou potencial antioxidante, tais como
antioxidante dos extratos, a intensidade da cor será suprimida em certa medida,
proporcionalmente à concentração de antioxidantes (RAGAEE et al., 2006).
199
Adição de de mate provocou um aumento significativo (p 0,05) em relação ao
conteúdo de polifenóis e também na capacidade antioxidante de balas de mate (Tabela 3).
O aumento do teor de polifenóis dos extratos de balas de mate resultou em um
aumento da capacidade antioxidante. As balas de mate contendo 0,4 % do de mate
apresentaram os menores conteúdos polifenólicos e capacidade antioxidante entre as três
formulações, devido à menor concentração de pó de mate nas balas.
Correlações significativas foram observadas entre PT e atividade antioxidante (R =
0,926), indicando o papel dos compostos polifenólicos em inibir os radicais livres e radicais
cátion ABTS no âmbito destes sistemas. Estes resultados sugerem que os
compostos polifenólicos dessas amostras podem ser capazes de seqüestrar os radicais livres
formados em sistemas biológicos.
3.4 Metilxantinas do pó de mate e balas de mate
Os dados quantitativos de metilxantinas estão demonstrados na Tabela 4. Teofilina não
foi detectada na amostra, enquanto cafeína e teobromina foram encontradas, o que está de
acordo com os resultados reportados para erva-mate (REGINATTO et al., 1999; SALDAÑA
et al., 1999; GNOATTO et al., 2007). Os valores determinados para metilxantinas do de
mate foram 1,01 % b.s. para a cafeína e 0,10 % b.s. para a teobromina. Estes mesmos níveis
foram relatados em variedades de I. paraguariensis (MAZZAFERA, 1994). O conteúdo total
de metilxantinas (1,11 % b.s.) é semelhante ao encontrado em trabalhos anteriores (1,10 - 1,85
% b.s.) em folhas de I. paraguariensis (BALTASSAT; DARBOUR; FERRY, 1984).
200
Tabela 4 - Conteúdo de cafeína e teobromina (mg/100g) de de mate
A
e balas contendo
de mate (base seca).
Tipo de bala
pó de mate 0,4
B
0,8
B
1,2
B
Cafeína 1013 ± 40ª 5,0 ± 2,4d 9,0 ± 3,5c 18 ± 5b
Teobromina 100 ± 21ª 0,4 ± 0,5d 0,7 ± 0,2c 1,0 ± 0,4b
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
Quantidade de pó de mate em balas (%).
Valores médios ± DP de determinações em triplicata.
Os valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas, são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey. Coeficiente de Variação < 3,8.
Neste estudo, o teor de cafeína do de mate foi superior ao determinado por Jackes
et al. (2007) em chá de folhas de mate e inferior ao encontrado por Monteiro e Trugo (2005),
em café. É conhecido que os parâmetros envolvidos nos procedimentos de extração, como o
tamanho da amostra e interferência na solubilidade de compostos bioativos, bem como,
condições de crescimento e das características genéticas, influenciam altamente no conteúdo
total de substâncias nas plantas (ASTILL et al., 2001; JACQUES et al., 2007).
A adição de de mate causou um aumento significativo no conteúdo de metilxantina
em balas de mate (p 0,05) (Tabela 4), o que indica a possibilidade de consumir compostos
funcionais com estas balas.
3.5 Características físicas das balas de mate
A Tabela 5 mostra que os valores de dureza foram dependentes do conteúdo de sólidos
das balas. A quantidade de de mate adicionado nas balas aumentou significativamente (p
0,05) os valores de rendimento e dureza. Com isto se presume que a maior quantidade de
sólidos (pó de mate) reduziu o atrito interno nas balas, devido a mais rígida microestrutura da
matriz.
201
Tabela 5 - Características físicas de rendimento e dureza de balas contendo pó de mate
A
.
Tipo de bala
0,4
B
0,8
B
1,2
B
Rendimento (%) 70 ± 0,7c 72 ± 0,8b 74 ± 0,9a
Dureza (g) 263,55 ± 24,20c 359,54 ± 23,47b 420,11 ± 25,90a
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
Quantidade de pó de mate em balas (%)
Valores médios ± DP de determinações em triplicata.
Os valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas, são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey. Coeficiente de Variação < 4,5.
Os valores de dureza das balas de mate foram superiores aqueles determinados por
Izzo; Stahl; Tuazon (1995), que obtiveram valores de 200 g em balas formuladas com
celulose gelana, e foram inferiores aos encontrados por Fadini et al. (2003) e por Garcia e
Penteado (2005), que obtiveram valores variando de 1000-20000 g para as balas formuladas
com e sem gelana e de 1400 a 1800 g para balas fortificadas com adição de vitaminas.
Os parâmetros de cor (L*, a*, b*, C* e h) de balas de mate estão apresentados na
Tabela 6. A cor das balas é uma das primeiras características percebida pelo consumidor e
afeta diretamente a aceitabilidade do produto. Nenhuma das balas de mate mostrou diferença
em relação aos parâmetros L*, C*, h e b*. As balas de mate mostraram diferença significativa
(p 0,05) em relação à cor verde (a*), mostrando maior coloração verde, de acordo com a
adição de de mate. Todas as formulações produziram balas de mate com ângulos em torno
de 90°, indicando que a cor das balas foi mais verde (h = 88-111) do que marrom (h = 40 -
75) ou amarela (h = 64).
202
Tabela 6 - Cor de balas contendo pó de mate
A
.
Tipo de bala
0,4
B
0,8
B
1,2
B
L* 28,57 ± 0,54a 29,17 ± 0,57a 28,52 ± 0,64a
a* - 0,07 ± 0,05a - 0,13 ± 0,03b -0,24 ± 0,0c
b* 7,4 ± 0,39a 7,47 ± 0,23a 7,37 ± 0,29a
Chroma (C*) 7,32 ± 0,41a 7,13 ± 0,38a 7,44 ± 0,28a
Hue angle (h) 91,44 ± 2,44a 91,70 ± 2,15a 91,21 ± 1,33a
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
Quantidade de pó de mate em balas (%)
Valores médios ± DP de determinações em triplicata.
Os valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas, são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey. Coeficiente de Variação < 3,1.
3.6 Microbiologia das balas de mate
O procedimento adotado, desde a produção dos resíduos, transporte, pré-elaboração e
processamento, deve ser acompanhado por cnicas de boas práticas de produção de
alimentos. Os resultados das análises microbiológicas apresentados na Tabela 7 indicam que o
processamento foi adequado em todas as etapas.
Tabela 7 - Microbiologia das balas de pó de mate
A
.
Microbiologia
Bacillus cereus (UFC/g)
B
2,8 x 10 UFC/g
Coliformes a 45°C (NMP/g)
C
< 3 NMP/g
Salmonella spp Ausência em 25 g
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
UFC/g – unidade formadora de colônias por grama.
C
NMP/g - número mais provável por grama.
De acordo com a portaria 277 de 22 de Setembro de 2005 (BRASIL, 2005) da
Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, a erva-mate deve apresentar ausência de
203
coliformes a 45°C em 1 g, ausência de Salmonela spp em 25 g e máximo de 10
3
/g de Bacillus
cereus. Portanto, os teores encontrados nas amostras satisfazem os padrões legais de
qualidade microbiológica quanto aos parâmetros analisados.
3.7 Aceitabilidade e intenção de compra das balas de mate
Os resultados de aceitabilidade global e intenção de compra estão apresentados na
Tabela 8. As três formulações de balas de mate mostraram escores de aceitabilidade mais
elevados do que o mínimo aceitável, ou seja, 3 (não gostei nem desgostei), e todas as balas de
mate foram classificados entre "certamente compraria” e "possivelmente compraria",
confirmando os resultados em relação à aceitação global.
Tabela 8 - Valores médios para aceitabilidade global e intenção de compra de balas contendo
pó de mate
A
.
Escala de intenção de compra
B
(%)
Tipos de bala Aceitabilidade global
C
1 2 3 4 5
0,4
D
4,31a
0,00 2,61 23,48 46,09 27,83
0,8
D
4,13a
2,61 5,28 26,09 38,26 27,83
1,2
D
4,28a
0,00 4,35 30,43 35,65 29,57
A
Resíduo da etapa de trituração da erva-mate (Ilex paraguariensis) oriundo de três indústrias de processamento
do município de Catanduvas, Santa Catarina.
B
Escores de intenção de compra: 5 = certamente compraria, 4 = possivelmente compraria 3 = talvez comprasse/
talvez não comprasse; 2 = possivelmente não compraria; 1 = certamente não compraria.
C
Aceitabilidade global (Escala hedônica de 5 pontos: 1 = desgostei muitíssimo, 3 = indiferente, 5 = gostei
muitíssimo).
D
Quantidade de pó de mate em balas (%)
Valores médios ± DP de determinações de 100 julgadores.
Os valores médios na mesma linha, seguidos por letras distintas, são significativamente diferentes (p 0,05),
segundo o teste Tukey.
204
4 CONCLUSÃO
O de mate apresenta conteúdo apreciáveis de minerais, polifenóis totais e fibra
alimentar total, com uma predominância de fibra alimentar insolúvel, sendo uma matéria
prima de interesse quando se busca a formulação de produtos benéficos à saúde humana. O
uso do de mate em concentrações de 0,4 a 1,2 % (m/m), na formulação de balas mostrou-
se positivo, conforme indicação de aceitação global e intenção de compra, com aumento do
valor nutritivo. Assume-se que os resíduos da erva-mate podem ser usados como um
complemento em dietas humanas e como um ingrediente funcional em alimentos formulados,
como as balas de mate, agregando valor aos resíduos gerados no processamento da erva-mate.
Estudos futuros poderiam investigar estratégias para melhorar a qualidade sensorial de balas
contendo níveis mais elevados de pó de mate.
205
5 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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211
CONCLUSÃO GERAL
O desperdício de energia, em torno de 80 % na produção do mate, alerta para a
necessidade de melhorias no processo, nas etapas de sapeco e secagem.
As elevadas temperaturas praticadas no processamento da erva-mate bem como o
contato da matéria-prima com os gases da combustão da lenha agregam HPAs ao produto
final.
As condições ambientais das regiões de plantação de erva-mate próximas a rodovias,
ou proximidade de outros poluentes gasosos (gases proeminentes da combustão), justificam a
presença de HPAs nas matérias primas.
Segundo os resultados apresentados, o resíduo do processamento da erva-mate (pó de
mate) apresentou potencial para o enriquecimento de balas, principalmente por sua
composição química. Além de rica fonte de fibras dietéticas, minerais e (poli)fenóis, o resíduo
demonstrou atividade antioxidante significativa.
Os resultados da pesquisa são bastante promissores para o aproveitamento dos
resíduos da indústria de erva-mate e enriquecimento de produtos. Novas pesquisas seriam
necessárias para o desenvolvimento de balas contendo maiores proporções de de mate e
redução do teor de açúcar, como o objetivo de garantir balas com melhor qualidade
nutricional, desde que as características sensoriais sejam preservadas. Além disso, o de
mate abre novas possibilidades para aplicações em outros produtos, a fim de melhorar as
opções de mercado aos consumidores e agregar valor aos resíduos do processamento da erva-
mate, que tradicionalmente são pouco valorizados.
212
ANEXOS
213
Anexo A – Resumo apresentado no XII Congresso Latino Americano de Cromatografia -
COLACRO, 2008.
214
215
Anexo B - Artigo submetido para Food Chemistry.
216
Dear E. Amante,
Your submission entitled "Quantification of polycyclic aromatic hydrocarbons over the
processing stages of erva-mate (Ilex paraguariensis) Running title: PAHs in Processing
Stages of Erva-mate" has been assigned the following manuscript number: FOODCHEM-D-
09-00310.
You may check on the progress of your paper by logging on to the Elsevier Editorial System
as an author. The URL is http://ees.elsevier.com/foodchem/.
Thank you for submitting your work to this journal.
Kind regards,
Liz Wang
Central Administrator
Food Chemistry
217
Anexo C – Trabalho completo apresentado na forma oral no 2
nd
International Workshop on
Advances in Cleaner Production, São Paulo – SP, Maio de 2009.
218
219
Anexo D - Resumo apresentado no XII Congresso Latino Americano de Cromatografia -
COLACRO, 2008.
220
221
Anexo E - Resumo apresentado no XII Congresso Latino Americano de Cromatografia -
COLACRO, 2008.
222
223
Anexo F - Artigo submetido para a revista International Journal of Food Science and
Technology.
224
22-Jul-2009
Dear Dr. Amante:
Your manuscript entitled "Phytochemical composition and antioxidant properties of mate
(Ilex paraguariensis) residue (mate powder)" has been successfully submitted online and is
presently being given full consideration for publication in the International Journal of Food
Science and Technology.
Your manuscript ID is IJFST-2009-04910.
Please mention the above manuscript ID in all future correspondence or when calling the
office for questions. If there are any changes in your street address or e-mail address, please
log in to Manuscript Central at http://mc.manuscriptcentral.com/ijfst and edit your user
information as appropriate.
You can also view the status of your manuscript at any time by checking your Corresponding
Author Center after logging in to http://mc.manuscriptcentral.com/ijfst .
Thank you for submitting your manuscript to the International Journal of Food Science and
Technology.
Sincerely,
International Journal of Food Science and Technology Editorial Office
225
Anexo
G
-
Cromatograma dos constituintes químicos do óleo essências do pó do mate.
226
227
Anexo H - Resumo apresentado no 9° Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de
Alimentação e Nutrição – SBAN, 2007.
228
229
230
Anexo I - Resumo publicado no 1° Simpósio Internacional de Alimentos Funcionais - SBAF,
2008.
231
232
Anexo J – Resumo publicado no 1° Simpósio Internacional sobre Yerba Mate y Salud, 2008.
233
234
AnexoK – Artigo completo publicado “Chemical characterization of candy made of erva-
mate (Ilex paraguariensis A. St. Hil.) residue”. J. Agric. Food Chem. 2008, 56, 4637-4642.
235
236
237
238
239
240
241
Anexo L - Parecer de aprovação do comitê de ética em pesquisa com seres humanos da
UFSC.
242
243
244
Anexo M - Ficha para avaliação sensorial dos testes de aceitabilidade global e intenção de
compra.
245
Nome _______________________________________________ Idade________________
Data_______________________
1. Por favor, marque com um X dentro do quadro abaixo que melhor demonstre o quanto vo
gostou ou desgostou do produto.
2. Se você encontrasse este produto a venda você:
Certamente compraria
Possivelmente compraria
Talvez comprasse/ talvez não comprasse
Possivelmente não compraria
Certamente não compraria
3. Você toma chimarrão?
Sim Não
4. Com que freqüência você toma chimarrão?
todos os dias
4- 6 vezes por semana
2-3 vezes por semana
1 vez por semana
raramente
nunca
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