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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE POS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS ALIMENTOS
Letícia Adélia Miotto
COLIFORMES TERMOTOLERANTES E ENTEROCOCCUS SP EM OSTRAS E
AGUAS SALINAS UTILIZADAS PARA CULTIVO DE MOLUSCOS
BIVALVES DA BAIA SUL DA ILHA DE SANTA CATARINA-BRASIL
Florianópolis – SC
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE POS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DOS ALIMENTOS
COLIFORMES TERMOTOLERANTES E ENTEROCOCCUS SP EM OSTRAS E
AGUAS SALINAS UTILIZADAS PARA CULTIVO DE MOLUSCOS
BIVALVES DA BAIA SUL DA ILHA DE SANTA CATARINA-BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos
do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito para obtenção do grau de
Mestre em Ciência dos Alimentos.
Orientadora: Dra. Cleide Rosana Werneck Vieira
Letícia Adélia Miotto
Florianópolis – SC
2009
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COLIFORMES TERMOTOLERANTES E ENTEROCOCCUS SP EM OSTRAS E
AGUAS SALINAS UTILIZADAS PARA CULTIVO DE MOLUSCOS
BIVALVES DA BAIA SUL DA ILHA DE SANTA CATARINA-BRASIL
Por
LETICIA ADELIA MIOTTO
Dissertação aprovada como requisito para obtenção do titulo de Mestre no
Programa de pós-graduação em Ciência dos Alimentos, pela comissão formada
por:
Presidente_____________________________________________________________
Dra. Cleide Rosana Werneck Vieira (UFSC)
Membro_______________________________________________________________
Dr. Felipe Matarazzo Suplicy (MEAP-PR)
Membro_______________________________________________________________
Dr. Matias Alberto Schramm (UNIVALI)
Membro_______________________________________________________________
Dr. Luiz Henrique Beirão (UFSC)
Aos meus pais, Milvo e Joana Raquel
Seleme Miotto, dedico.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao CNPq, pelo financiamento deste projeto e da minha bolsa de estudos;
A Professora Dra. Cleide Rosana Werneck Vieira, pela orientação e pelas
oportunidades oferecidas durante o curso;
Ao Prof.Dr.Paulo Ogliari, pelas ajudas com as analises estatísticas;
A CIRAM-EPAGRI, pelo fornecimento dos dados pluviométricos;
Ao Secretario do Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos
UFSC/CCA/CAL, meu amigo Sergião;
Ao Nelson Silveira Jr., grande conhecedor e estudioso da Baia Sul, pelo tempo e
esforço dedicados para a realização deste trabalho, pelas duvidas esclarecidas;
A Roberta Juliana Ramos, pela experiência passada, pelo que aprendemos juntas,
pelas horas incontáveis trabalhando com tantas ostras e tantas águas nas bancadas da
Micro;
A Marília Miotto, pela grande irmandade dentro e fora do laboratório, pela
responsabilidade com que abraçou tudo isso;
Ao Luiz Fernando Bleyer de Faria, pelas gargalhadas diárias, pelas coletas das
amostras sob as mais variadas condições meteorológicas;
A Helen Silvestre, Andreia Cirolini e Sheila Silveira, pela convivência, pela amizade,
pela ajuda nas horas trabalhosas e apuradas, pelo apoio, pelas idéias, pelos palpites, pelo
clima sempre descontraído;
A estagiária Andressa Bassegio e as monitoras Carolina, Isabela, Giovanna,
Monique e Rosana pela cooperação e por ter contado tantas vezes com vocês;
A querida e atenciosa Cléo, pelos inúmeros galhos quebrados, pela grande contribuição
que veio de diversas formas; ao Pedro Fuchs, pelas duvidas esclarecidas; as meninas
da extensão pela compreensão em trocar informações e meios de cultura. A Sabrina de
Bona Sartor, pela amizade desde os tempos da faculdade, que ainda seguimos juntas
pelos corredores do CAL.
Obrigada, Tios Gildo e Rosane Seleme da Silva, por participarem tanto das nossas
vidas, por serem uma referência para mim.
Obrigada, Maria Cecília Miotto, por ser irmã e amiga; vocês duas fazem parte de tudo;
Obrigada, Pai e Mãe, pelo amor que incentiva e não mede esforços.
Agradeço, por fim, à divindade que existe em todas as coisas
MIOTTO, L.A. Coliformes termotolerantes e Enterococcus sp em ostras e águas
salinas utilizadas para cultivo de moluscos bivalves na Baia Sul da Ilha de Santa
Catarina, Santa Catarina - Brasil. 2009. 106f. Dissertação (Mestrado em Ciência
dos Alimentos). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa
Catarina.
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo pesquisar a incidência de bactérias indicadoras de
contaminação fecal em 12 diferentes áreas cultivos de moluscos bivalves situados na
Baia Sul da Ilha de Santa Catarina, Brasil. Foram realizados ensaios microbiológicos
para contagens de coliformes termotolerantes, E. coli e enterococos, e avaliação da
influencia de parâmetros físico-químicos em amostras de ostras e de águas utilizadas
para cultivo de moluscos. Avaliou-se também as águas dos principais rios e riachos que
desembocam próximos as áreas de cultivo de moluscos bivalves na Baia Sul, tanto no
lado Insular como no lado Continental, através de contagens das mesmas bactérias
indicadoras utilizadas para avaliação das águas salinas. Utilizando-se o Sistema API 20
STREP, identificou-se espécies de Enterococcus sp isoladas das amostras de águas
analisadas e determinou-se o perfil de resistência destas espécies aos principais
antibióticos de uso clinico. Observou-se correlação estatística significante a 5% entre as
contagens de E. coli nas águas utilizadas para cultivo de moluscos e na carne das ostras;
enterococos, coliformes termotolerantes e E. coli apresentaram correlação estatística
significante a 5% nas amostras de água analisadas; ocorreu uma maior sensibilidade na
detecção de coliformes termotolerantes do que enterococos nas águas salinas, a
salinidade foi o parâmetro físico-químico que mais esteve correlacionado com as
contagens das bactérias; o acumulado pluviométrico do mês e da semana anterior a
coleta teve influência sob as contagens médias das bactérias nas águas salinas; e sobre
as contagens de E. coli nas amostras de ostras; Enterococcus faecium foi a espécie mais
encontrada dentre as colônias de Enterococcus sp identificadas, tanto nas águas salinas
da Baia Sul, quanto nas águas dos rios e córregos analisados.
Palavras-chave: enterococos, coliformes, moluscos bivalves, Baia Sul.
MIOTTO, L.A. Termotolerant coliforms and Enterococcus sp in oysters and
seawater samples used for the cultivation of bivalve molluscs from Baia Sul at
Santa Catarina´s Island, Santa Catarina - Brazil. 2009. 106p. Dissertation (Master
in Food Science). Federal University of Santa Catarina, Florianópolis, Santa
Catarina – Brazil.
ABSTRACT
This study aimed to investigate the incidence of fecal indicator bacteria in 12 different
sites of cultivation of bivalve molluscs, situated at Baia Sul (Santa Catarina´sIsland).
Assays were performed for microbiological counts of termotolerant coliform, E. coli
and enterococci, and evaluation of the influence of physico-chemical parameters in
samples of oysters and water used for cultivation of shellfish. We also evaluated the
waters of the main rivers and streams that empty into nearby areas of cultivation of
molluscs in the Baia Sul, both on the Island and on the Mainland, through scores of
these indicator bacteria used for the evaluation of saline water. Using the System API
20 STREP identified species of Enterococcus sp isolated from water samples analyzed
and determined the resistance profile of these species to the major antibiotics in clinical
use. There was a statistically significant correlation at 5% between the counts of E. coli
in the water used for cultivation of shellfish and meat of oysters; enterococci, fecal
coliform and E. coli correlated statistically significant to 5% in water samples analyzed,
there was a greater sensitivity in the detection of coliforms enterococci than in saline
water, salinity was the physical-chemical parameter that was most correlated with the
bacteria counts, the accumulated rainfall of the month and the week before the
collection had an influence on the mean counts of bacteria in saline waters, and on
counts of E. coli in samples of oysters, Enterococcus faecium is the species most
commonly found among the colonies of Enterococcus sp identified in both the saline
waters of the Baia Sul and the waters of rivers and streams analyzed.
Keywords: enterococci, coliforms, molluscs, Baia Sul
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- A área da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina. Fonte GAPLAN, 1986.........pag. 20
Figura 2 - Numero de surtos de doenças alimentares transmitidas por frutos do mar em
Nova York, 1980-1994. Fonte: WALLACE, et al., 1999............................................pag. 25
Figura 3 - A Baia Sul da Ilha de Santa Catarina...........................................................pag. 37
Figura 4 - Pontos de coleta nas seis diferentes regiões da Baia Sul Parte Insular....... pag. 38
Figura 5 - Pontos de coleta nas seis diferentes regiões da Baia Sul Parte Continental
marcados em cor amarela.............................................................................................pag. 38
Figura 6 - Acumulado pluviométrico mensal na região da Grande Florianópolis durante o
período de estudo........................................................................................................ pag. 56
Figura 7- Acumulado pluviométrico da semana anterior as coletas na região da Grande
Florianópolis durante o período de estudo.................................................................. pag. 56
Figura 8- Correlação bivariada entre as contagens de coliformes termotolerantes nas águas
da porção insular da Baia Sul e o acumulado pluviométrico dos trinta dias anteriores a
coleta.............................................................................................................................pag. 60
Figura 9- Correlação bivariada entre as contagens de coliformes termotolerantes na região
de cultivo Aririu e o acumulado pluviométrico dos trinta dias anteriores a coleta..... pag. 63
Figura 10- Correlação bivariada entre as contagens de coliformes termotolerantes na região
de cultivo Ponta de Baixo e o acumulado pluviométrico dos trinta dias anteriores a
coleta.............................................................................................................................pag. 64
Figura 11 - Correlação bivariada entre as contagens medias de enterococos nas águas da
porção insular da Baia Sul e o acumulado pluviométrico da semana anterior a
coleta.............................................................................................................................pag. 72
Figura 12 - Correlação bivariada entre as contagens de enterococos e as contagens de
coliformes termotolerantes nas águas dos seis diferentes pontos de cultivo analisados na
porção insular da Baia Sul........................................................................................... pag. 73
Figura 13- Correlação bivariada entre as contagens de enterococos e as contagens de E.
coli nas águas dos seis diferentes pontos de cultivo analisados na porção insular da Baia
Sul.................................................................................................................................pag. 73
Figura 14- Incidência de bactérias indicadoras de contaminação fecal nas seis diferentes
regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina................pag. 74
Figura 15- Incidência de bactérias indicadoras de contaminação fecal nas seis diferentes
regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina, em Numero
Mais Provável/100mL..................................................................................................pag. 77
Figura 16 - Área da Baia sul mostrando os canais norte e sul......................................pag. 78
Figura 17- Porcentagem de identificação das espécies de bactérias pertencentes ao gênero
Enterococos provenientes das águas da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina durante o
estudo............................................................................................................................pag.79
Figura 18- Rio Alto Ribeirão - Foto Nelson Silveira Jr...............................................pag. 86
Figura 19- Ponto de deságüe 6, localizado na Freguesia do Ribeirão - Foto Nelson Silveira
Jr...................................................................................................................................pag. 86
Figura 20- Ponto de deságüe 7, localizado na Freguesia do Ribeirão - Foto Nelson Silveira
Jr...................................................................................................................................pag. 87
Figura 21- Ponto de deságüe 11, localizado na Costeira do Ribeirão - Foto Nelson Silveira
Jr...................................................................................................................................pag. 87
Figura 22- Rio Cambirela em período de maré baixa (esquerda) e maré alta (direita). Foto
Nelson Silveira-Jr.........................................................................................................pag. 89
Figura 23- Ocupação das margens do Rio Maruim (Foto Nelson Silveira-Jr).............pag. 91
Figura 24- Porcentagem de identificação das espécies de bactérias pertencentes ao gênero
Enterococos provenientes dos pontos de deságüe de águas na Baia Sul da Ilha de Santa
Catarina durante o estudo.............................................................................................pag. 93
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de amostras.......................pag. 39
Tabela 2- Datas das coletas de amostras no lado Insular da Baia Sul e as análises
microbiológicas realizadas...........................................................................................pag. 41
Tabela 3- Datas das coletas de amostras no lado Continental da Baia Sul e as análises
microbiológicas realizadas...........................................................................................pag. 42
Tabela 4- Coordenadas geográficas das estações de coleta de amostras de água
provenientes de rios e deságües da Baia Sul............................................................... pag. 49
Tabela 5 - Valores médios e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos das amostras
analisadas nas 6 diferentes regiões geográficas analisadas no lado insular da Baia
Sul.................................................................................................................................pag. 53
Tabela 6 - Valores médios e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos das 6 diferentes
regiões geográficas analisadas no lado continental da Baia Sul...................................pag. 54
Tabela 7- Media geométrica e percentil 90% das contagens de coliformes termotolerantes
nas amostras de ostras das diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul em
Numero Mais Provável (NMP) por grama...................................................................pag. 57
Tabela 8- Media geométrica e percentil 90% das contagens de coliformes termotolerantes
nas amostras de águas salinas das diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia
Sul em Numero Mais Provável (NMP) por 100mL.....................................................pag. 59
Tabela 9 - Media geométrica e percentil 90 das contagens de coliformes termotolerantes
das amostras de águas salinas nas diferentes regiões de cultivo da porção continental da
Baia Sul em Numero Mais Provavel (NMP) por 100mL.............................................pag. 62
Tabela 10- Media geométrica e percentil 90 das contagens de E.coli nas amostras de ostra
das diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul em Numero Mais Provavel
(NMP) por grama..........................................................................................................pag. 66
Tabela 11- Ocorrência de E. coli em amostras de água utilizadas para cultivo de moluscos
bivalves provenientes da porção insular da Baia Sul...................................................pag. 67
Tabela 12- Media geométrica e percentil 90 das contagens de E.coli nas amostras de água
das diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul em Numero Mais Provavel
(NMP) por 100mL........................................................................................................pag. 68
Tabela 13- Ocorrência de E. coli em amostras de água utilizadas para cultivo de moluscos
bivalves provenientes da porção continental da Baia Sul............................................ pag. 69
Tabela 14- Media geométrica e percentil 90 das contagens de e.coli nas diferentes regiões
de cultivo da porção continental da Baia Sul em Numero Mais Provavel (NMP) por
100mL...........................................................................................................................pag. 70
Tabela 15- Media geométrica e percentil 90 das contagens de enterococos nas diferentes
regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul em Numero Mais Provável (NMP) por
100mL...........................................................................................................................pag. 71
Tabela 16- Media geométrica e percentil 90 das contagens de enterococos nas diferentes
regiões de cultivo da porção continental da Baia Sul em Numero Mais Provavel (NMP) por
100mL...........................................................................................................................pag. 75
Tabela 17 - Correlação (r) entre as contagens de enterococos versus coliformes
termotolerantes e enterococos versus E.coli em regiões de cultivo de moluscos bivalves da
porção continental da Baia Sul.....................................................................................pag. 76
Tabela 18 Espécies de enterococos identificadas nas seis diferentes regiões de cultivo da
Baia Sul lado insular.....................................................................................................pag. 80
Tabela 19 Espécies de enterococos identificadas nas seis diferentes regiões de cultivo da
Baia Sul lado continental..............................................................................................pag. 81
Tabela 20- Padrão de resistência a antibióticos das colônias de enterococcus sp. isoladas
das águas da Baia sul da Ilha de Santa Catarina..........................................................pag. 83
Tabela 21- Contagem media de coliformes termotolerantes, E. coli e enterococos
em
NMP/100mL nos 14 diferentes pontos de deságües de água na porção insular da Baia Sul
da Ilha de Santa Catarina..............................................................................................pag. 85
Tabela 22 - Contagem media de coliformes termotolerantes, E. coli e enterococos em
Numero Mais Provável/100 mL nos principais tributários de água da porção continental da
Baia Sul da Ilha de Santa Catarina nos meses de maio, junho e julho de 2009............pag.89
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................
14
2. OBJETIVOS............................................................................................................................
16
2.1 Objetivo geral........................................................................................................................... 16
2.1 Objetivos específicos................................................................................................................ 16
3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA.............................................................................................. 18
3.1 A atividade da maricultura em Santa Catarina......................................................................... 18
3.2 A Baia sul da ilha de Santa Catarina ........................................................................................
19
3.3 Segurança alimentar e consumo de moluscos bivalves............................................................ 21
3.4 Consumo de moluscos bivalves e surtos de doenças transmitidas por alimentos.................... 22
3.5 Controle higiênico-sanitário de moluscos bivalves.................................................................. 24
3.6 Bactérias indicadoras de contaminação fecal........................................................................... 27
3.6.1 Coliformes termotolerantes e Escherichia coli.........................................................................
30
33.6.2
Enterococos........................................................................................................................ 33
4. MATERIAL E METODOS................................................................................................... 37
4.1 Área de estudo.......................................................................................................................... 37
4.2 Coleta de amostras.................................................................................................................... 40
4.3 Parâmetros físico-químicos.......................................................................................................
42
4.4 Preparo e diluições das amostras.............................................................................................. 43
4.5 Determinação do pH da carne das ostras.................................................................................. 43
4.6 Acumulado Pluviométrico........................................................................................................ 43
4.7 Ensaios microbiológicos.......................................................................................................... 44
4.7.1 Coliformes termotolerantes e Escherichia coli.........................................................................
44
4.7.2 Enterococos........................................................................................................................ 46
4.8 Identificação taxonômica das colônias de enterococos..................................................... 46
4.9 Teste de sensibilidade das colônias isoladas e caracterizadas de enterococos a diferentes
antimicrobianos de importância clinica..................................................................
47
4.10 Avaliação da qualidade microbiológica dos principais rios e riachos que deságuam
próximos as áreas de cultivo na Baia Sul.................................................................................
47
4.11 Análise estatística dos dados.....................................................................................................
49
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................
51
5.1 Parâmetros físico-químicos.......................................................................................................
51
5.2 Acumulado pluviométrico........................................................................................................ 55
5.3 Ensaios microbiológicos.......................................................................................................... 56
5.3.1 Coliformes termotolerantes.......................................................................................................
56
5.3.2 Escherichia coli........................................................................................................................ 65
5.3.3 Enterococos.............................................................................................................................. 70
5.4 Identificação taxonômica das colônias de enterococos............................................................ 78
5.5 Teste de sensibilidade das colônias isoladas e caracterizadas de enterococos a diferentes
antimicrobianos de importância clinica....................................................................................
82
5.6 Avaliação da qualidade microbiologica dos principais rios e riachos que deságuam
próximos as áreas de cultivo na Baia Sul.................................................................................
84
6. CONCLUSÕES...................................................................................................................... 94
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................
95
1. Introdução
O consumo de moluscos bivalves tem aumentado consideravelmente no
mundo inteiro nas ultimas três décadas. Juntamente com essa tendência, surtos de
doenças associadas ao consumo de moluscos bivalves têm sido cada vez mais relatados
em todos os continentes. A maioria desses surtos está principalmente relacionada à
ingestão do alimento cru, sendo que ostras são as espécies mais envolvidas.
(POTASMAN et al., 2002).
Devido ao hábito alimentar baseado na filtração de material orgânico em
suspensão na água, os moluscos bivalves podem assimilar não apenas o fitoplâncton que
compõem o seu principal alimento, mas também pesticidas, metais pesados, biotoxinas
e microrganismos patogênicos, constituindo, portanto, sérios riscos à saúde pública.
Deste modo, a microbiota presente na carne dos moluscos bivalves está diretamente
relacionada com a qualidade do ambiente em que estes se originam (NAVARRO, 2002;
SAPKOTA et al., 2008).
Assim sendo, é de grande importância o conhecimento da qualidade da água
no local aonde ocorre produção e coleta de diferentes espécies de moluscos bivalves
destinados ao consumo humano. Tendo em vista minimizar os riscos para a saúde
pública, a qualidade microbiológica das águas torna-se um fator fundamental para que
estes possam ser comercializados com total segurança para o consumidor (LIPP et al.,
2001; LENOCH, 2004).
No Brasil e outros países leis que ordenam sobre a deliberação de áreas
próprias ou impróprias para o cultivo de moluscos marinhos e sobre o estado sanitário
da produção aquícola para comercialização. Os problemas que advém do cultivo de
moluscos bivalves em áreas poluídas são muito prejudiciais à saúde pública. A poluição
tem sua origem no deságüe de dejetos domésticos, industriais e pesticidas agrícolas. As
águas contaminadas por fezes humanas e de animais de sangue quente podem
disseminar fácil e rapidamente, através dos moluscos cultivados, um grande número de
enfermidades, principalmente gastroenterites. A seleção ou controle de áreas de cultivo
é feito médiante contagem de coliformes fecais e Escherichia coli presentes nas
amostras de água (LENOCH, 2004; CONAMA, 2005).
A Baía Sul encontra-se como sendo a maior região produtora de moluscos
do Brasil. O lançamento de volumes consideráveis de esgoto doméstico sem tratamento,
assim como a drenagem de águas superficiais nela lançada pode afetar a qualidade de
suas águas e dos animais aquáticos, constituindo-se em importante problema para o
meio ambiente e para a saúde pública (SOUZA FILHO, 2003).
Desse modo, este trabalho visa pesquisar a incidência de bactérias
indicadoras de contaminação fecal em áreas de cultivo de moluscos bivalves na Baia
Sul de Santa Catarina – Brasil.
2. Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Este trabalho teve como objetivo pesquisar a incidência de bactérias
indicadoras de contaminação fecal nas áreas onde se concentram os maiores números de
cultivos de moluscos bivalves na Baia Sul da Ilha de Santa Catarina – Brasil.
2.2 Objetivos específicos
- Pesquisar, através de ensaios microbiológicos, a incidência de bactérias do
grupo dos coliformes termotolerantes, Escherichia coli e enterococos em amostras de
águas onde são cultivados moluscos bivalves em 12 diferentes regiões de cultivo na
Baia Sul; sendo seis situadas na porção insular e outras seis na porção continental da
Baia;
- Monitorar, através de ensaios microbiológicos, a incidência de bactérias do
grupo dos coliformes termotolerantes e Escherichia coli em amostras de carnes de
ostras provenientes de 6 diferentes regiões de cultivo da porção insular na Baia Sul;
- Verificar a existência de correlação entre as contagens de coliformes
termotolerantes e E. coli nas amostras de carne das ostras e nas águas utilizadas para
cultivo;
- Comparar a incidência das bactérias do grupo dos coliformes
termotolerantes e enterococos em águas salinas;
- Determinar as características físico-químicas de temperatura, salinidade,
pH, oxigênio dissolvido e transparência das águas utilizadas para cultivo de moluscos
bivalves na Baia Sul;
- Verificar a existência de correlação entre os parâmetros físico-químicos
das águas utilizadas para cultivo de moluscos bivalves e os níveis de contaminação por
bactérias indicadoras;
- Acompanhar o índice pluviométrico na região da Grande Florianópolis, a
fim de verificar a relação entre este índice e os níveis de contaminação das ostras e
águas utilizadas para cultivo de moluscos bivalves na Baia Sul;
- Avaliar a qualidade microbiologica dos principais rios e riachos que
desembocam próximos as áreas de cultivo de moluscos bivalves na Baia Sul, tanto no
lado Insular como no lado Continental, comparando estes dados com os seus respectivos
parâmetros físico-químicos;
- Identificar espécies de enterococos isoladas das amostras de águas
analisadas;
- Determinar o perfil de resistência de espécies identificadas de enterococos
(provenientes das águas salinas) aos principais antibióticos de uso clínico.
3.0 Revisão Bibliográfica
3.1 A Atividade da Maricultura em Santa Catarina
A maricultura, que envolve o cultivo de moluscos, algas, camarões,
crustáceos e peixes, é uma atividade que tem adquirido importância em diversos países
de vasto litoral como fornecedora de proteína animal. Isso se em decorrência dos
baixos custos de produção e pelo fato de proporcionar uma rentabilidade satisfatória.
Dentre estes países, ocupam posição de destaque a China, Espanha, Nova Zelândia,
Chile, Japão, Coréia, Itália e o Brasil (SOUZA-FILHO, 2003; FAO 2008).
No Brasil, no âmbito da maricultura, o cultivo de moluscos marinhos
(malacocultura) possui maior representatividade através da produção de ostras e
mexilhões. Os principais estados produtores são: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito
Santo e Santa Catarina. Este último é responsável por mais de 90% da produção
brasileira de ostras e mexilhões cultivados, devido a condições oceanográficas
favoráveis ao cultivo (SOUZA-FILHO, 2003).
A região produtora do Estado de Santa Catarina é compreendida por 12
municípios, inseridos na faixa costeira que se estende de São Francisco do Sul, norte do
estado, a Palhoça, na região centro-leste. O município de Florianópolis é o maior
produtor de ostras (Crassostrea gigas) de Santa Catarina e, por conseguinte, do Brasil.
Na safra 2006 foi responsável pela produção de 51,26% do total de ostras produzido em
todo Estado, sendo que a Baía Sul responde por cerca de 88% do total produzido em
Florianópolis, estando a maioria destes cultivos localizados no distrito do Ribeirão da
Ilha (OLIVEIRA NETO, 2007).
Em 2007, a produção total de moluscos comercializados em Santa Catarina
(mexilhões, ostras e vieiras) foi da ordem 11.294,78 toneladas, representando uma
queda da ordem de 23,47% em relação a 2006. Embora a queda significativa da
produção comercializada de ostras em 2007 de 63,33% com relação a 2006, este índice
pouco influenciou no volume total da produção por participar com apenas 10,23% da
produção estadual (OLIVEIRA NETO, 2009).
Os cultivos de moluscos bivalves em Santa Catarina são realizados
próximos a costa, em baias e enseadas abrigadas, com alta concentração de matéria total
particulada, fundo areno-lodoso, profundidade de 3 a 10 m, temperatura de 16º-30ºC e
salinidade de 30 a 36%
o.
Devido às características dos ambientes atuais de cultivo, às
espécies e ao padrão artesanal dos produtores, utilizam-se principalmente os sistemas de
cultivo do tipo suspenso fixo do tipo “varal”, sistema flutuante do tipo espinhel ou long-
line e sistema flutuante do tipo balsa (SUPLICY et al., 2003; FERREIRA &
MAGALHÂES, 2004).
Trata-se de uma atividade que forma uma cadeia produtiva geradora de
trabalho, renda, emprego e impostos que é, para alguns municípios, a principal em
importância econômica. Isso tem possibilitado a integração entre cultivo, turismo e
gastronomia que revitalizou algumas localidades e criou marcos de identificação como
“Ostra de Florianópolis”, atualmente aprovada como selo de origem (FERREIRA &
OLIVEIRA-NETO, 2007).
3.2 A Baia Sul da Ilha de Santa Catarina
O Estado de Santa Catarina possui cerca de 561 Km de linha de costa. Sua
zona costeira é constituída por 13 municípios, distribuídos em sete bacias hidrográficas.
A Ilha de Santa Catarina situa-se entre as latitudes 27
0
22´S e 27
0
50´S. Possui uma área
de aproximadamente 410 Km
2
, onde se localiza a maior parte da cidade de
Florianópolis, capital do Estado.
A ilha separa-se do continente por um estreito canal de 21 m de
profundidade máxima, e de cerca de 550m de largura, cujos prolongamentos dão forma
a duas baías denominadas Baía Norte e Sul (CECA/FNMA 1996).
A Baía Sul (figura 1) constitui uma importante feição costeira no litoral do
Estado de Santa Catarina e os municípios circunvizinhos Florianópolis, São José e
Palhoça estão entre os mais populosos do Estado. Possui cerca de 25 Km de
comprimento médio (máxima de 27Km) e 6,8 Km de largura média (máxima de
10,8Km e mínima de 3Km). Com uma área total de aproximadamente 125 Km
2
,
engloba no seu entorno cerca de 100 Km de linha de costa. Sua comunicação com mar
aberto é feita pelo canal sul que possui cerca de 830m de largura e 30m de
profundidade. A partir deste canal a baía se alarga, apresentando contornos irregulares,
caracterizando a presença de várias enseadas. O interior da baía apresenta um fundo
relativamente plano ocorrendo os maiores valores de profundidade na parte central deste
sistema com 5 m em média (SILVA, 2002).
Figura 1- A área da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina. Fonte GAPLAN, 1986.
Na área da Baía Sul encontram-se manguezais, uma reserva extrativista
marinha, enseadas e um grande número de ilhas e praias. É utilizada em atividades de
lazer, turismo, pesca, criação e comercialização de moluscos, ou seja, como fonte de
alimento e de geração de renda para uma parcela significativa da população local
(MORELLI et al., 2005).
3.3 Segurança alimentar e consumo de moluscos bivalves
Segurança alimentar tem sido o tema central de algumas recentes mudanças
políticas, do aumento da sensibilização da população, e de vários incidentes envolvendo
a saúde pública. Esses fatos indicam que existe a necessidade de um sistema que possa
identificar os riscos à segurança dos alimentos na fase inicial da produção, para que
possam ser resolvidos em tempo útil, antes de evoluírem para um perigo real. Esses
riscos podem ser eliminados por meio da introdução de programas de boas praticas
nos locais de produção, assim como a emissão e vigilância de normas e regulamentos
por parte das autoridades competentes (MARTINEZ & RODRIGUES, 2003; KLETER
& MARVIN, 2009).
Em relação a alimentos provenientes da aqüicultura, as questões
relacionadas à segurança alimentar variam muito entre as localizações geográficas dos
cultivos, diferentes habitats; de acordo com o todo de produção, práticas de manejo,
condições ambientais e procedimentos pós-captura. O estado microbiológico deste tipo
de alimento após a captura está intimamente relacionado à qualidade microbiológica da
água, que é influenciada, também, por vários fatores como: temperatura, salinidade,
distância entre local de cultivo e áreas poluídas com material fecal (próximas a costa,
descarga de esgotos, rios) ou à ocorrência natural de bactérias na água (FELDHUSEN,
2000, ICMSF, 2005).
Garantir a segurança alimentar de produtos marinhos, especialmente de
moluscos bivalves, que são tradicionalmente consumidos crus, tem seus desafios
particulares. Moluscos bivalves são organismos filtradores, que obtém sua nutrição
filtrando grande quantidade de água por dia, e esse comportamento pode levar a
concentração de microrganismos patogênicos em grandes quantidades nos seus tecidos.
As ostras, por exemplo, podem concentrar coliformes fecais provenientes do ambiente
marítimo em concentrações de até quatro vezes maior do que as das águas ao redor
delas. Esta acumulação seletiva pode ser sazonal e paralela à acumulação de outras
bactérias e vírus patogênicos (BURKHART & CALCI, 2000; TEPLITSKI et al., 2009).
Devido a isto, a qualidade sanitária da água onde esses animais são retirados é o ponto
chave para a obtenção de um produto com uma boa qualidade microbiológica (JAY,
2005).
Segundo revisão de FRERK FELDUNSEN (2000), os perigos potenciais
relacionados a doenças transmitidas por alimentos de origem marinha variam de acordo
com diferentes fatores e incluem: infecções por trematódeos, florações de algas
marinhas tóxicas, doenças associadas a bactérias patogênicas e rus, resíduos de
medicamentos de uso veterinário, contaminação por agrotóxicos e metais pesados. As
bactérias de relevância para a saúde pública em pescados podem ser divididas em três
grupos:
a) Bactérias que ocorrem naturalmente no ambiente marinho, como Vibrio
cholerae, Vibrio parahaemolyticus, Listeria monocytogenes, Clostridium botulinum
b) Bactérias presentes como resultado de contaminação fecal humana e de
animais de sangue quente, como Salmonella spp, Escherichia coli patogênica, Shigella
spp, Campylobacter spp,
c) Bactérias introduzidas durante manuseio pós-captura ou processamento:
Bacillus cereus, Staphylococcus aureus e Clostridium perfrigens.
Bactérias patogênicas como Vibrio parahaemolyticus, V. cholerae,
Salmonella Entérica, Aeromonas spp e Plesiomonas spp têm sido freqüentemente
isoladas de moluscos comercializados vivos e V. parahaemolyticus tem emergido como
a maior causa de surtos de doenças relacionadas ao consumo de moluscos bivalves ao
redor do mundo (TEPLITSKI et al., 2009).
Estima-se que o consumo de 1 em cada 2000 carnes de moluscos crus
resultem em doenças intestinais ou extra-intestinais, tornando este alimento um dos
mais perigosos de serem consumidos (MARINO et al., 2005).
3.4 Consumo de moluscos bivalves e surtos de doenças transmitidas por alimentos
(DTAs)
A aqüicultura é uma importante fonte de proteína animal em varias regiões
do mundo. De acordo com as estatísticas da FAO (Food and Agriculture Organization
of United Nations) 2008, a oferta de pescado para a alimentação humana aumentou de
27,6 milhões de toneladas, em 1961, para mais de 93 milhões de toneladas até o final do
século 20. O consumo médio aparente aumentou cerca de 9 Kg per capita/ano no
começo dos anos 60, para cerca de 16 Kg em 1997, com tendência de aumento.
Embora constituam um suprimento de proteína de alta qualidade muito
apreciado, os pescados podem acarretar problemas de saúde pública por serem
preferencialmente cultivados em áreas costeiras, que são muito mais susceptíveis a
contaminação por agentes químicos e biológicos do que os ecossistemas de mar aberto,
e agravados pelo habito tradicional de consumo cru e in natura de determinados
espécies de produtos marinhos (HUSS et al., 2000; JAY, 2005).
A verdadeira incidência de doenças transmitidas por alimentos não é
conhecida. Alguns poucos países têm estabelecido sistemas de registros dos casos
destas doenças, e naqueles que têm, apenas uma pequena fração dos casos é
documentada. Segundo a WHO e outros órgãos que registram incidência de casos de
doenças relacionadas a alimentos, o que se tem registrado até hoje, não atinge nem 1%
da verdadeira incidência (HUSS et al., 2000).
Em países onde o consumo de alimentos de origem marinha é maior, e estes
são principalmente ingeridos crus, a maior porcentagem de Doenças Transmitidas por
Alimentos (DTA) é devido ao consumo de pescados, principalmente o de moluscos. Na
Austrália, por exemplo, das doenças associadas à alimentação, 20% são devido à
ingestão de frutos do mar, e no Japão, os casos ultrapassam 70% (SCOGING, 2003).
Em pesquisa realizada por WALACE e colaboradores (1999) no estado de
Nova York (EUA), durante 15 anos de estudos (1980 1994) foram reportados 339
surtos de doenças relacionadas ao consumo de pescado, resultando em 3959 casos de
doenças, 76 hospitalizações e 4 mortes. Durante este período, os surtos de doenças
transmitidas por pescados contribuíram para 19% dos casos de surtos de DTA e 10%
dos casos de doença isolada. Moluscos bivalves foram o produto mais implicado nos
casos, representando 64% dos casos surtos de infecções relacionadas ao consumo de
produtos marinhos.
Doenças transmitidas por alimentos são a maior causa de morbidade e
hospitalização nos Estados Unidos (BUTT et al., 2004). Segundo o Centers for Disease
Control and Prevention (CDC), entre os anos de 2000 e 2005, foram registrados nos
EUA dez surtos de toxinfecções alimentares envolvendo a ingestão de ostras
contaminadas por bactérias patogênicas. Destes, 70 % foram causados por Vibrio
parahaemolyticus, 20% por Vibrio cholerae e 10% por Salmonella typhi, envolvendo,
no total, cerca de 120 pessoas.
Todos os tipos de doenças associadas ao grupo dos Vibrios têm aumentado
40% nos últimos anos, e espécies de Vibrios relacionadas a moluscos bivalves tem sido
isoladas em 75% das doenças transmitidas por produtos marinhos (TEPLITSKI et al.,
2009).
3.5 Controle Higiênico-Sanitário de Moluscos Bivalves
Após uma serie de surtos de doenças gastrointestinais associadas ao
consumo de moluscos nos Estados Unidos nos anos 80, a U.S. Food and Drug
Administration (FDA) aumentou as restrições às importações de produtos marinhos, e
os estados começaram a exigir maior controle nas análises de qualidade de água das
áreas de cultivo; e assim passaram a patrulhar as áreas próprias para a captura de
moluscos bivalves. Para facilitar o rastreamento dos produtos colocados à venda para o
consumidor todas as exigências de qualidade do produto foram reforçadas. Com isso, o
número de surtos relacionados a consumo de frutos do mar registrados em Nova York
teve um grande declínio desde os anos 80 (WALLACE, et al., 1999) , como mostra a
figura 2.
Outros frutos do mar
Peixes e crustáceos
Moluscos Bivalves
Ano
Número de surtos
Figura 2 - Número de surtos de doenças alimentares transmitidas por frutos do mar em
Nova York, 1980-1994. Fonte: WALLACE, et al., 1999
A maioria dos alimentos marinhos consumidos no planeta é produzido em
fazendas de aqüicultura (18,7 x 10
6
toneladas produzidos através de aqüicultura, contra
13,8 x 10
6
toneladas provenientes de captura). Em 2006, 96% das ostras, 94% dos
mariscos e 48% dos camarões consumidos no mundo foram produzidos através da
aqüicultura (WORLD FISHERIES REPORT; URL:
www.fao.org.br/fishery/sofia/en).
O fato de a maioria do pescado consumido ser cultivado e coletado em sistemas de
aqüicultura colabora e muito com o monitoramento das águas e aumenta assim a
segurança microbiológica tanto do produto pré-capturado, como o do produto final
(TEPLITSKI et al., 2009).
O grande problema relacionado à segurança alimentar envolvendo moluscos
bivalves é reconhecido internacionalmente e a maioria dos países tem regulamentações
próprias que controlam aonde e como esses moluscos podem ser coletados para venda.
De acordo com a FAO, para assegurar a saúde publica do consumidor, é imprescindível
o controle higiênico-sanitário da produção de moluscos através dos seguintes passos:
a) Inspeção sanitária, através de monitoramento bacteriológico dos
moluscos e das águas em que estes estão sendo cultivados,
b) Permissão de cultivo somente em áreas sanitariamente
apropriadas,
c) Relaying (depuração natural);
d) Depuração
Todos os países europeus seguem os padrões recomendados pela The
European Union Shellfish Quality Assurance Programme (EU SQAP), que classifica os
moluscos bivalves em três classes: A, B e C, e para cada classe é permitida uma
quantidade de coliformes termotolerantes por 100g o produto. Dependendo da classe em
que o produto se encaixa, é indicado um tipo de tratamento antes de chegar ao
consumidor final ou ate pode ser proibida a venda (KAY et al., 2008 ). Enquanto a
União Européia estabeleceu um sistema de classificação das áreas de cultivo baseado na
análise dos moluscos, a legislação dos Estados Unidos, Chile e Brasil se baseia em
padrões estabelecidos para as águas provenientes das áreas de cultivo dos moluscos.
No Brasil, o Comitê Nacional de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos
Bivalves - CNCMB, instituído pelo Decreto 5.564 de 19/10/2005 e coordenado pela
Ministério da Aqüicultura e Pesca se constitui em um colegiado técnico-consultivo
interinstitucional responsável pela elaboração, coordenação e avaliação do Programa
Nacional de Controle Higiênico-Sanitário de Moluscos Bivalves-PNCMB (SEAP,
2007).
O Programa Nacional de Controle Higiênico-Sanitário de Moluscos
Bivalves-PNCMB regulamenta o controle higiênico-sanitário de toda a cadeia produtiva
de moluscos bivalves, desde a produção ate a comercialização. A criação deste
programa se justifica devido ao enorme potencial brasileiro para o cultivo de moluscos
em praticamente todos os estados costeiros, ao rápido crescimento desse setor
observado na última década, à necessidade de se assegurar um produto com qualidade
tanto para o mercado interno quanto externo, e à possibilidade de escoamento da
produção para outros países, gerando divisas para o Brasil. A legislação brasileira sobre
o assunto ainda é deficiente e não contempla diversos aspectos e etapas do processo
produtivo e necessita, portanto, ser atualizada para se equiparar aos marcos legais dos
demais países produtores de moluscos bivalves. O PNCMB está sendo elaborado com
base em programas análogos internacionalmente aceitos e referendados, visando à
futura formalização de Memorandos de Entendimento com governos de outras nações,
que permitirão que o Brasil possa se beneficiar do mercado internacional como
exportador de moluscos bivalves (SEAP, 2007).
De acordo com a SEAP, 2007 a execução das atividades relacionadas aos
moluscos bivalves no Brasil envolve:
- Controle da água para cultivo e extração e tem como encarregadas as
Secretarias Estaduais e Municipais de Meio-Ambiente ou órgãos congêneres;
- Controle de trânsito interestadual de animais vivos e ao processamento
industrial de moluscos está a cargo dos Departamentos de Sanidade Animal e de
Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA;
- Controle da condição higiênico-sanitária de moluscos disponíveis no
comércio é executada pela vigilância sanitária municipal, com apoio estadual.
- Controle de surtos de agravos à saúde humana causados pelo consumo de
moluscos contaminados é de responsabilidade conjunta da vigilância epidemológica e
sanitária municipal, com apoio estadual quando necessário; e
- Quando da ocorrência de eventos de biotoxinas marinhas e de outras
emergências causadas pela contaminação de moluscos, todos os órgãos responsáveis
devem desencadear as ações previstas com rapidez, agilidade, eficácia e transparência.
3.6 Bactérias indicadoras de contaminação fecal
A enumeração de bactérias ou grupo de bactérias indicadoras de
contaminação fecal é utilizada para avaliar a qualidade sanitária dos alimentos,
sedimentos e águas destinadas ao consumo humano, agricultura, aqüicultura, indústria e
recreação. Microrganismos indicadores vêm sendo utilizados na avaliação da qualidade
microbiológica da água há longo tempo, e mais recentemente na de alimentos, devido às
dificuldades encontradas na detecção de microrganismos patogênicos, como por
exemplo, Salmonella typhi (PITA, 2002; LANDGRAF, 2005).
Um indicador universal não existe, pois os especialistas devem selecionar
um apropriado para a situação específica em estudo. Dentre os principais indicadores, se
encontra o grupo dos coliformes fecais, colifagos, Bifidobacterium sp., Clostridium
perfringens e o grupo dos enterococos. Esses microrganismos fazem parte da flora
intestinal do trato digestivo do homem e dos animais de sangue quente e são excretados
em suas fezes, por este fato, a presença desses no ambiente indica contaminação de
origem fecal e risco de aparecimento de microrganismos patógenos (PITA, 2002).
Os melhores indicadores da presença de patógenos entéricos em fontes de
poluição fecal devem ter as seguintes propriedades: estar presentes em águas
contaminadas por material fecal em densidades mais elevadas do que os patógenos; ser
incapazes de crescer em ambientes aquáticos, mas capazes de sobreviver mais tempo
que os microrganismos patogênicos; apresentar resistência igual ou maior que os
patógenos aos processos de desinfecção; ser facilmente enumerados por técnicas
precisas; sua detecção ser aplicável a todos os tipos de águas naturais (doce, salobra,
salina); estar ausente em águas não poluídas e associadas exclusivamente a despejos de
fezes animais e humanas e apresentar densidade diretamente correlacionada com o grau
de contaminação fecal. Este conjunto de características constitui uma definição teórica
de um indicador, pois nenhum tipo de bactéria preenche totalmente estes requisitos. No
entanto, estas características restringem os indicadores a alguns grupos de bactérias
(CABELLI et al., 1983 apud RAMOS, 2007).
Ao se tratar de casos de saúde publica envolvendo doenças transmitidas
através de bactérias presentes na água, a medida correta seria o direto monitoramento
microbiológico dos patógenos na água. Entretanto, esses microrganismos podem ser
raros, difíceis de cultivar, desiguais na sua distribuição, ainda que altamente infecciosos
em mínimas contagens. Alem disso, para o monitoramento de todos os patógenos, seria
necessário um grande número de técnicas, que apresentam custos elevados, maior
tempo de análise e são tecnicamente mais complicadas. Devido a essas limitações, se
utiliza como prática padrão o monitoramento de bactérias indicadoras, como por
exemplo: coliformes, Clostridium perfringes, Escherichia coli, enterococos nas águas
destinadas a consumo humano, recreacionais e de cultivo de moluscos (FIELD &
SAMADPOUR, 2007; EFSTRATIOU et al., 2009).
Tem sido amplamente reportado que vários patógenos entéricos humanos
como Salmonela spp., Shigella spp., e vírus da Hepatite A são encontrados em águas
superficiais como resultado de contaminação fecal humana, e que E. coli e enterococos
são os melhores indicadores de contaminação fecal, pois estas bactérias colonizam o
intestino de humanos e outros animais de sangue quente (AHMED et al., 1995) e
segundo alguns estudos recentes, a presença de cepas de vibrios TDH-positivos no
ambiente sugere a possibilidade de contaminação fecal em águas marinhas
(CABRERA-GARCIA et al., 2004).
Diversos estudos vêm demonstrando correlações entre níveis de coliformes
termotolerantes, E.coli e enterococos e os níveis de contaminação por rus da Hepatite
A e enterovirus em águas salinas (GERSBERG et al., 2006), estes indicadores também
vem se mostrando eficazes na predição da presença de Salmonella sp em águas
marinhas (EFSTRATIOU, 2009).
Escherichia coli é uma bactéria amplamente aceita como um potente
indicador de contaminação fecal, pois geralmente não é patogênica, é facilmente
detectável e cultivável, alem de ser encontrada em concentrações mais altas que
microrganismos patogênicos em águas superficiais. Enterococos são também
considerados bactérias indicadoras ideais devido a sua capacidade de sobreviver em
ambiente natural por longos períodos e tem sido tradicionalmente usados como
indicadores de contaminação fecal em ambiente aquático (MANERO et al., 2002;
LLEO et al., 2005). O grupo dos enterococoss, coliformes fecais e Escherichia coli são
os microrganismos utilizados atualmente pelas legislações dos Estados Unidos
(USEPA, 1986), da União Européia (EU, 2006) e do Brasil (CONAMA, 2001) como
indicadores de qualidade de águas destinadas a balneabilidade.
A correta correlação entre a presença de bactérias indicadoras e de diversos
agentes patogênicos na água e nos moluscos bivalves tem sido bastante questionada. A
concentração de microrganismos nos moluscos filtradores varia de um animal para
outro e também depende de condições meteorológicas, da temperatura e da atividade
geral do molusco (HUSS, 2000, YANG et al., 2006).
3.6.1 Coliformes Termotolerantes e Escherichia coli
De acordo com BASTOS e colaboradores (2000), desde os primórdios da
Microbiologia Sanitária, existem dificuldades em se isolar organismos patogênicos em
amostras ambientais, para tanto se sugere que a indicação de contaminação seja feita
através de indicadores microbiológicos da presença de material fecal no meio ambiente,
e os organismos que melhor têm cumprido este papel são as bactérias do grupo
coliforme. Devido a sua baixa tolerância a salinidade das águas do mar, sua detecção
neste ambiente denota uma descarga recente e/ou constante de matéria fecal.
O Ministério da Saúde, através da Resolução RDC n° 12 de 02 de janeiro de
2001, da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) adotou a denominação
Coliformes a 45ºC, considerando os padrões “coliformes de origem fecal” e “coliformes
termotolerantes” como equivalentes a “coliformes a 45ºC”.
O Ministério do Meio Ambiente, através da Resolução 357 de 17 de
março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA adota a
denominação “coliformes termotolerantes”.
O pesquisador Schardinger foi o primeiro a sugerir o uso da E. coli como
indicador de poluição fecal, uma vez que ele pode ser isolado e identificado mais
facilmente do que outros patógenos presentes na água. O teste para mensurar a
portabilidade da água foi sugerido em 1895, e marcou o inicio do uso dos coliformes
como indicadores de patógenos em água, uma pratica que foi estendida para os
alimentos (JAY, 2005).
O grupo dos coliformes termotolerantes, comumente chamados de
coliformes fecais, é um sub-grupo dos coliformes totais, restrito aos membros capazes
de fermentar a lactose em 24 horas a 44,5-45,5ºC, com produção de gás. Essa definição
objetivou a principio, selecionar apenas as enterobacterias originárias do trato
gastrointestinal (E. coli), porem atualmente sabe-se que o grupo inclui membros de
origem não fecal (varias cepas de Klebsiella pneumoniae, Enterobacter aglomerans,
Enterobacter aerogenes, Enterobacter cloacae, Citrobacter freundii). Em função disso,
o termo coliformes fecais tem sido, gradativamente, substituído por coliformes
termotolerantes (SILVA et al., 2007).
As principais vantagens dos coliformes como indicadores são o fato de se
encontrarem normalmente no intestino humano e animais de sangue quente e serem
eliminados em grandes quantidades nas fezes. Além disso, em função da sua
prevalência nos esgotos podem ser quantificados na água recém contaminada, através de
métodos simples. Outros microorganismos patógenos não têm sido utilizados como
indicadores de poluição, devido à pequena população presente nas águas poluídas e às
dificuldades de serem manipulados em técnicas de laboratório. As principais limitações
são o fato de estarem incluídas no grupo as espécies de origem não fecal, que podem se
multiplicar nas águas poluídas, além dos métodos de detecção serem sujeitos a falsos
resultados negativos, por interferência de Pseudomonas; e falsos positivos, através da
ação sinergística de outras bactérias (GALVÃO, 2004).
Como indicador de poluição fecal recente, os coliformes termotolerantes
apresentam-se em grande quantidade nas fezes, sendo portanto, facilmente isolados e
identificados na água por meio de técnicas simples e rápidas, alem de apresentarem
sobrevivência praticamente semelhante a bactérias enteropatogenicas. No entanto, a
presença de coliformes termotolerantes nas águas não confere a estas uma condição
infectante. Este subgrupo das bactérias coliformes não é por si prejudicial a saúde
humana, apenas indica a possibilidade da presença de quaisquer organismos
patogênicos (CETESB. 2003).
Cerca de 95% dos coliformes existentes nas fezes humanas e de outros
animais são E. coli e, dentre as bactérias de habitat reconhecidamente fecal, dentro do
grupo de coliformes termotolerantes, a E. coli, embora também possa ser introduzida a
partir de fontes não fecais, é o melhor indicador de contaminação fecal conhecido ate o
momento, pois satisfaz todas as exigências de um indicador ideal de poluição. Por esse
motivo, as tendências atuais se direcionam no sentido da detecção especifica da E. coli
(SILVA et al., 2007; LANDGRAF, 2005).
A E. coli é uma espécie comensal predominante na microbiota anaeróbia
facultativa do trato gastrintestinal dos humanos e dos animais de sangue quente. É
também de um modo geral um comensal inofensivo, mesofilo típico que cresce na faixa
de temperatura de 7ºC-37ºC, sendo que algumas cepas enteropatogenicas crescem a
4ºC. Essa cepas patogênicas são classificadas de acordo com a sua ação no hospedeiro,
podendo ser enteropatogenicas (EPEC), enterotoxigenicas (ETEC), enteroinvasivas
(EIEC), enterohemorragicas (EHEC), enteroagrgativas (EaggEc), uropatogenicas
(UPEC), neonatalmeningite (NNEC), e facultativamente enteropatogenicas (FEEC)
(JAY, 2005).
No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), é o órgão
que estabelece a classificação e normaliza os parâmetros de qualidade da água, segundo
seu uso preponderante. Este órgão determina que em águas salobra ou salina para o
cultivo de moluscos bivalves destinados a alimentação humana, a média geométrica da
densidade de coliformes termotolerantes não deverá exceder a 43 NMP em 100mL de
água, e o percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termotolerantes em
100mL, de um mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local. Esses índices deverão
ser mantidos em monitoramento anual com um mínimo de cinco amostras. A
Escherichia coli pode ser determinada em substituição ao parâmetro coliformes
termotolerantes de acordo com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente
(BRASIL, 2005).
Em relação à carne de moluscos bivalves, o Ministério da Saúde através da
Resolução RDC 12 de 02 de janeiro de 2001, da Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) a qual aprova o regulamento técnico e princípios gerais para
estabelecimento de critérios e padrões microbiológicos para alimentos, estabelece para
moluscos bivalves in natura limites máximos permitidos de Estafilococos coagulase
positivo de ate 10
3
UFC/g e ausência de Salmonella spp em 25g. O limite para
Coliformes a 45ºC somente é estabelecido para moluscos bivalves, temperados ou não,
industrializados, resfriados ou congelados, sendo este limite de 5 x 10 NMP/g.
Cabe salientar que os limites de microrganismos tolerados pela RDC 12
(2001), para moluscos bivalves temperados ou não, industrializados, resfriados ou
congelados, não se referem ao molusco consumido cru. Porem, moluscos são
tradicionalmente consumidos crus ou levemente cozidos. Desta forma, são vistos como
alimento de alto risco e estão amplamente associados com intoxicações alimentares,
provavelmente como conseqüência da poluição ambiental (BEIRAO et al., 2004).
3.6.2 Enterococos
Os enterococos, anteriormente classificados no gênero Streptococcus, grupo
sorológico D de Lancefield (S. avium, S. bovis, S. faecalis e S. faecium) encontram-se
atualmente reclassificados no novo gênero Enterococcus, mantendo apenas duas
espécies remanescentes no gênero Streptococcus (S. bovis e S. equinus). O novo gênero
inclui: E. faecalis, E. faecium, E. avium, E. classeliflavus. E. durans, E. gallinarum, E.
hirae, E. maloduratus e E. mundtii. Os enterococos mais comumente encontrados em
alimentos são E. faecalis e E. faecium (SILVA et al., 2007; LANDGRAF, 2005).
São bactérias láticas na forma de cocos ou cocobacilos Gram-positivos, que
ocorrem isolados, aos pares ou em pequenas cadeias; são catalase negativos e
anaeróbios facultativos. Alguns são moveis e a temperatura ótima de crescimento é de
35ºC-37ºC. São típicos da microbiota de animais de sangue quente ou frio e suas
principais características diferenciadas são a capacidade de hidrolisar a esculina, crescer
a 45º C, crescer a 10° C, crescer em pH 9,6 e na presença de NaCl 6,5%. Estes
microrganismos não requerem atmosfera contendo elevada concentração de CO
2
para
sua multiplicação embora, algumas cepas o façam melhor sob essa condição. O
metabolismo fermentativo resulta em L(+)acido lático como principal da fermentação
da glicose, devido a isso são conhecidos como típicas bactérias ácido-láticas homo-
fermentativas (SILVA et. al., 2007; APHA, 2005; DOMIG et al., 2003).
As bactérias do grupo dos enterococos estão amplamente distribuídas na
natureza, estando presentes em solos, águas, plantas, vegetais, produtos alimentícios
derivados de leite, microbiota autóctone de vários alimentos e por fim, fazem parte, em
grandes quantidades, da microbiota normal do trato gastrintestinal e também das fezes
de animais vertebrados. Este último fator, associado à habilidade de sobrevivência no
meio ambiente e à pronunciada resistência ao calor, explica o fato dos enterococos
poderem ser usados como indicadores de contaminação fecal (HARDY & WHILEY,
1997; EATONE & GASSON, 2001; GIRAFFA, 2002; IVERSEN et al., 2002 apud
GOMES, B.C., 2007). A relação entre a presença de enterococos em alimentos e
aspectos relacionados à segurança alimentar tem sido extensivamente revisada por
FRANZ et al., 1999 e GIRAFFA et al., 2002.
Geralmente não ocorrem em águas e solos virgens ou não poluídos, por isso
sua identificação pode dar indicação de contaminação fecal (humana ou animal) recente.
Sua maior resistência aos processos de tratamento de esgoto, em comparação com
coliformes fecais, permite uma correlação mais direta com a sobrevivência sanitária.
Além disso, as taxas de resistência são similares àquelas das bactérias patogênicas
aquáticas (JAY, 2005).
As principais aplicações das contagens de enterococos são a avaliação de
mananciais e corpos d´água, a avaliação da qualidade da água tratada e a avaliação e o
monitoramento das condições higiênicas de sistemas industriais (SILVA et al., 2007;
JAY, 2005).
Estudos em praias demonstraram que número de gastrenterites associadas
banhistas dos locais de análise, está diretamente relacionada com a qualidade da água e
que os enterococos são os mais eficientes indicadores bacterianos da qualidade da água
(APHA, 2005).
Em JAY, 2005, encontram-se descritas características relevantes dos
enterococos clássicos, as quais conduzem a utilização desses microrganismos como
indicadores de poluição:
- Eles não se multiplicam na água, especialmente se o conteúdo de matéria
orgânica for baixo;
- São geralmente menos númerosos em fezes humanas do que a E. coli, e
relações de coliformes termotolerantes e para enterococos de 4,0 ou mais indicam
contaminação por resíduo humano. Deste modo, o teste para enterococos,
presumivelmente, reflete melhor a relação do número de patógenos intestinais do que os
coliformes termotolerantes;
- Enterococos morrem mais lentamente em água do que coliformes, e desse
modo, sobrevivem mais do que o patógeno cuja presença eles devem evidenciar.
A maioria das espécies de enterococos são de origem fecal humana, embora
possam ser isolados de fezes de animais (CONAMA 2001). RIBEIRO (2002) avaliando
indicadores microbianos de balneabilidade, encontrou uma maior sensibilidade de
detecção de contaminação fecal para os enterococos, quando comparado a E. coli e
coliformes fecais.
Em relação a qualidade das águas marinhas, os enterococos o
contemplados na legislação brasileira, através da Resolução no 274, de 29 de novembro
de 2000, do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, para avaliação da
qualidade sanitária das águas para balneabilidade. As águas são consideradas impróprias
quando no trecho avaliado, for verificado valor obtido na última amostragem superior a
2500 coliformes fecais (termotolerantes) ou 2000 Escherichia coli ou 400 enterococos
por 100 mililitros.
Enterococos podem causar infecções no trato urinário, corrente sanguínea,
endocárdio, abdome, mucosa nasal e no trato biliar; sendo reconhecidos como a segunda
causa de infecções urinarias de feridas e a terceira causa mais comum de bacteremia
hospitalar. A maior parte das infecções por enterococos no ambiente hospitalar origina-
se da microbiota normal do paciente, embora esses microrganismos possam também ser
transferidos de paciente para paciente ou adquiridos através do consumo de água ou
alimentos contaminados (MURRAY et al., 2004).
É um grupo que tem se tornado questão central dentro dos diferentes áreas
de pesquisa. Por um lado, eles desempenham um importante papel na fermentação de
diversos produtos e por outro lado são considerados como indicadores de contaminação
fecal, ou ainda como microrganismos com algum potencial patogênico (DOMIG et al.,
2003). Alem disso, apresentam resistência intrínseca a vários agentes antimicrobianos
como penicilinas, cefalosporinas, sulfonamidas, cloranfenicol, eritromicina, entre outros
(FRANZ et al., 1999; HORNER et al., 2005).
Os enterococos resistentes a vancomicina têm sido causa de crescente
preocupação, principalmente no que diz respeito a infecções hospitalares. suspeitas,
porém evidências limitadas, de que a propagação através dos alimentos e do meio
ambiente sejam importantes (CETINKAYA et. al, 2000).
Sabe-se que quando expostas ao ambiente, espécies de bactérias em geral, e
mais especialmente os Enterococcus faecalis, conseguem ativar diversas estratégias de
sobrevivência, incluindo estados de latência e o estado conhecido como VBNC “viable
but nonculturable” viável mas não cultivável, conservando assim sua viabilidade. O
estado VNBC é definido como um mecanismo de sobrevivência ativado pela bactéria
em resposta a múltiplos fatores de estresse ambiental que permite aos microrganismos
conservar sua viabilidade apesar da perda da capacidade de ser cultivável. Algumas
cepas conseguem manter sua capacidade de serem cultivados por longos períodos de
tempo (6-8 semanas), e quando finalmente alcançam o estado de incultivável,
conseguem rapidamente ressuscitar. Além disso, tem sido demonstrado que esses
mecanismos conservam as características patogênicas e podem resumir a divisão desta
quando expostas a condições ótimas (LLÉO et al., 2005).
Outra importante característica dos enterococos é a habilidade de algumas
cepas produzirem bacteriocinas (grupo de proteínas tóxicas a outras bactérias). De
acordo com STROMPFOVA et al (2006) as bacteriocinas de enterococos, conhecidas
como enterocinas, pertencem ao grupo IIa que são peptídeos pequenos, catiônicos,
hidrofóbicos, termicamente estáveis e com atividade contra uma ampla variedade de
microrganismos. Estas bacteriocinas vêem despertando muito interesse para seu uso na
industria de alimentos como antimicrobianos naturais (CLEVELAND et al., 2001;
DRIDER et al., 2006).
4. Material e Métodos
4.1 Área de Estudo
Este trabalho foi realizado na Baia Sul da Ilha de Santa Catarina
(figura3) em 12 diferentes regiões geográficas, localizadas na parte insular e
continental da Baia. As regiões selecionadas se encontram onde estão concentrados
os maiores números de cultivos de moluscos bivalves da Grande Florianópolis.
Figura 3- A Baia Sul da Ilha de Santa Catarina.
Na lado insular da Baia Sul, foram estudados seis pontos, localizados no
Distrito do Ribeirão da Ilha: Caieira da Barra do Sul (A), Tapera do Ribeirão (B),
Costeira do Ribeirão (C), Freguesia do Ribeirão (D), Barro Vermelho (E) e Tapera
da Base Aérea (F), como mostra a figura 4.
Figura 4 - Pontos de coleta nas seis diferentes regiões da Baia Sul Parte Insular
No lado continental da Baia Sul foram estudados seis seguintes pontos:
Aririú (5), Praia de Fora (4), Ponta do Cedro (3), Enseada do Brito (2) e Maciambu
(1), pertencentes ao município da Palhoça (SC), e Ponta de Baixo(6), no município
de São Jose (SC), como mostra os pontos marcados em amarelo na figura 5.
Figura 5 - Pontos de coleta nas seis diferentes regiões da Baia Sul Parte Continental
marcados em cor amarela
A eleição e caracterização dos pontos de coleta dentro de cada região
geográfica foi determinada observando-se o local onde se concentrava o maior
número de espinheis (long-line) e/ou mesas, de maneira que obtivéssemos o ponto
que melhor representasse as características dos cultivos dentro daquela região. Esses
pontos foram geo-referenciados através de posicionamento por satélites (GPS-
Global Position System), utilizando-se um aparelho GPS portátil Garmim 12.
A área de estudo recebe a influencia de rios, mangues, estuários e possui
uma costa bem recortada, o que torna os pontos de estudo bastante distintos entre si.
As coordenadas geográficas dos pontos geo-referenciados estão descritas na Tabela
1.
Tabela 1- Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de amostras
Região
Geográfica
Coordenadas Geográficas
Lado Continental
1
27°48'27,3"S/48°37'09,7"O
2
27°46'37,4"S/48°37'29,99"O
3
27°45'03,7"S/48°36'48,1"O
4
27°43'02,03"S/48°37'54,5"O
5
27°40'23,6"S/48°37'37,1"O
6
27°38'46,6"S/48°37'27,3"O
Lado Insular
A
27°48'84,9"S/48°33'98,1"O
B
27°46'98,9" S/48°34'31,8"O
C
27°44'35,0''S/ 48°33'89,0''O
D
27°43'17,4'' S/48°33'57,8''O
E
27º42'11,1''S/ 48º33'33,7''O
F
27°41'39,7’' S/48°34'23,0''O
4.2 Coleta de Amostras
Ostras
Foram coletadas amostras de ostras somente nas regiões geográficas
situadas na parte Insular da Baia Sul, devido a uma maior proximidade e facilidade de
contato com os maricultores parceiros desta área, devido à parceria com a AMASI
Associação dos Maricultores do Sul da Ilha.
As amostras de ostras frescas foram coletadas aleatoriamente nos
compartimentos de lanternas de cultivo, nos pontos previamente identificados em cada
região, sendo que doze ostras constituíram cada amostra.
As coletas foram realizadas nos anos de 2007, 2008 e 2009, foram coletadas
cinco amostras em cada ano, em diferentes datas, nos seis diferentes pontos de coleta da
Baia Sul Insular, totalizando 15 amostras de cada ponto, ou seja, 90 amostras de ostras
foram analisadas neste período.
Águas Utilizadas para Cultivo das Ostras
As coletas de água do mar proveniente dos locais de cultivo foram
realizadas a 50 cm de profundidade, no sentido contrario a correnteza, em frascos
estéreis com capacidade de 1L de água, sem haver contato do frasco aberto com a
superfície do mar.
Foram realizadas coletas na Baia Sul Insular nos anos de 2007, 2008 e 2009,
concomitantemente as coletas de ostras. Foram coletadas cinco amostras em cada ano,
nos seis diferentes pontos de coleta da Baia Sul insular, totalizando 15 amostras de cada
ponto, ou seja, 90 amostras de águas utilizadas para cultivo de moluscos bivalves foram
analisadas neste período. As datas das coletas de amostras e os ensaios microbiológicas
realizadas estão descritas na tabela 2.
Tabela 2- Datas das coletas de amostras no lado Insular da Baia Sul e as análises
microbiológicas realizadas.
Amostra
Data da
Coleta
Análise Microbiológica Realizada
1
09/01/2007
Coliformes termotolerantes, E. coli
2
23/01/2007
Coliformes termotolerantes, E. coli
3
07/02/2007
Coliformes termotolerantes, E. coli
4
21/02/2007
Coliformes termotolerantes, E. coli
5
13/03/2007
Coliformes termotolerantes, E. coli
6
14/10/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
7
04/11/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
8
18/11/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
9
02/12/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
10
17/12/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
11
13/01/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
12
27/01/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
13
10/02/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
14
17/03/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
15
07/04/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
No lado continental da Baia Sul foram realizadas coletas de água nos meses
de setembro de 2008 a julho de 2009. Foram coletadas 15 amostragens de cada ponto,
totalizando 90 amostras de água utilizadas para cultivo de moluscos bivalves durante
este trabalho. As datas de coletas de amostras e análises microbiológicas estão descritas
na tabela 3.
Após a coleta, as amostras eram acomodadas imédiatamente em caixas
isotérmicas contendo gelo potável em embalagem vedada e transportadas em no
máximo 2 horas até o Laboratório de Microbiologia de Alimentos para análise.
Tabela 3- Datas das coletas de amostras no lado Continental da Baia Sul e as análises
microbiológicas realizadas.
Nº Coleta Data da
Coleta
Análise Microbiológica
1
03/09/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
2
16/10/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
3
04/11/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
4
18/11/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
5
02/12/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
6
17/12/2008
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
7
13/01/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
8
27/01/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
9
10/02/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
10
17/03/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
11
07/04/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
12
29/04/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
13
26/05/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
14
23/06/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
15
07/07/2009
Coliformes termotolerantes, E. coli e Enterococos
4.3 Parâmetros Físico-químicos das Águas Marinhas
No momento da coleta das amostras de água de cultivo foram realizadas as
análises de:
a) Salinidade - utilizando Salinômetro portátil da marca Alkafit, modelo 211
b) Temperatura e Oxigênio dissolvido - utilizando o aparelho YSI-550A, da
YSI Incorporated
c) Transparência – utilizando o Disco de Secchi
A determinação do pH das águas foi realizada imédiatamente após a
chegada das amostras ao Laboratório de Microbiologia de Alimentos CAL/UFSC, em
medidor digital de pH da marca Quimis modelo D-400A.
Todas essas análises foram realizadas em triplicata.
4.4 Preparo e diluições das amostras de ostras
As ostras foram lavadas imédiatamente após chegada ao Laboratório, com
escova sob água potável corrente. Todo o material aderido às conchas foi raspado e
retirado, para então serem secas ao ar livre, em bandejas plásticas previamente
desinfetadas com álcool 70%. Após isso, foram abertas com faca estéril, e o liquido
intervalar e a carne transferidos assepticamente para saco estéril, constituindo o pool de
cada amostra.
Para as análises microbiológicas foram pesados 25g de amostra proveniente
do pool, diluídas em 225 mL de Água Peptonada 0,1% e posteriormente desintegrada e
homogeneizada. A partir desta diluição 1/10, foram feitas as demais diluições para
proceder com as análises.
4.5 Determinação do pH da carne das ostras
A determinação do pH da carne das ostras foi verificado imédiatamente
após a constituição do pool de 12 ostras de cada amostra, em medidor digital de pH da
marca Quimis modelo D-400A, as medições foram tomadas em triplicata.
4.6 Acumulado Pluviométrico
O acumulado pluviométrico na Grande Florianópolis foi acompanhado a
partir dos dados recebidos mensalmente do Centro de Informações de Recursos
Ambientais e Hidrometeorologia (CIRAM) da Epagri, provenientes da Estação 2027-
ETE/ Insular, em Florianópolis, que fica próximo ao Terminal Rita Maria
(27°36´00"S/48°33´21"O), a uma altura de 5m.
Foi verificado o acumulado mensal, o acumulado na semana anterior a cada
coleta, e o acumulado dos trinta dias anteriores a cada coleta, durante todo o período do
monitoramento.
4.7 Ensaios Microbiológicos
Os ensaios microbiológicos de coliformes termotolerantes, Escherichia
Coli e enterococos em amostras carne de ostras foram realizadas de acordo com a
metodologia do American Public Health Association APHA, 2001; e as análises
realizadas em amostras de água foram realizadas de acordo com metodologia do
Standarts Methods for the Examination of Water and Wastewater
APHA/AWWA/WEF, 2005.
4.7.1 Coliformes termotolerantes e Escherichia Coli
Ostras
Transferiu-se 1mL das diluições (10
-1
, 10
-2
, 10
-3
), para cada tubo de uma
série de três tubos para cada diluição contendo Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST), e
incubou-se a serão incubados a 35° C por 48 horas. De cada tubo de LST com turvação
e produção de gás, serão transferidos 100 µl dos tubos positivos para tubos de tubos
com Caldo Escherichia coli (EC), os tubos de EC foram incubados em Banho-Maria a
45,5°C por 48 horas. A partir dos tubos de EC com turvação e produção de gás, foi
realizada inoculação em placas de Ágar Eosina Azul de Metileno (EAM) por
esgotamento, incubando-as a 35° C por 24 horas. As colônias típicas de Escherichia coli
foram submetidas a rie bioquímica: Indol, Vermelho de Metila , Voges Proskauer e
Citrato (IMVIC).
O resultado final de coliformes termotolerantes foi expresso a partir da
tabela de Número Mais Provável - NMP, pela combinação do número de tubos
positivos em cada serie da diluição, no qual a positividade caracterizou-se pela turvação
e produção de gás em cada tubo individualmente. As contagens de E.coli foram feitas a
partir da confirmação das colônias isoladas no Agar EAM na serie bioquímica do
IMVIC, também expressos pela combinação de isolados positivos, através da tabela do
NMP.
Águas Utilizadas para Cultivo das Ostras
Foi empregada a técnica de cinco tubos múltiplos, na qual utilizou-se uma
série de 5 tubos com Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) duplamente concentrado,
seguida de duas séries de 5 tubos com LST em concentração normal, adicionando-se em
cada série de 5 tubos 10, 1 e 0,1ml da água de cultivo respectivamente. Os tubos foram
incubados a 35° C por 48 horas, e aqueles que apresentaram turvação e produção de gás,
foram repicados para tubos com Caldo Escherichia coli (EC), e incubados em Banho-
Maria a 45,5°C por 48 horas., obtendo-se assim o resultado de coliformes
termotolerantes através da contagem dos tubos com turvação e produção de gás
A partir dos tubos de EC com turvação e produção de gás, foi realizada
inoculação em placas de Ágar Eosina Azul de Metileno (EAM) por esgotamento , que
foram incubadas a 35° C por 24 horas. As colônias típicas de Escherichia. coli foram
submetidas a série bioquímica: Indol, Vermelho de Metila , Voges Proskauer e Citrato
(IMVIC).
As contagens foram realizadas através da utilização da tabela de Número
Mais Provável NMP, para series de cinco tubos por diluição (10 mL, 1mL e 0,1 mL),
seção 9221C (APHA, 2005).
4.7.2 Enterococos
Foi empregada a técnica de cinco tubos múltiplos, na qual utilizou-se uma
série de 5 tubos com Caldo Azida Dextrose (CAD) duplamente concentrado, seguida
de duas séries de 5 tubos com CAD em concentração normal, adicionando-se em cada
série de 5 tubos 10, 1 e 0,1ml da água de cultivo respectivamente. Os tubos foram
incubados a 35° C por 48 horas, e aqueles que apresentaram turvação tiveram seu
conteúdo estriado em placas contendo Agar Pfizer (APZ) e incubadas invertidamente a
35° C por 24 horas. O crescimento de colônias pretas com halos marrons confirmava a
presença de estreptococos fecais. Essas colônias foram transferidas para tubos contendo
Caldo Brain Heart Infusion (BHI) contendo 6,5% NaCl e incubadas a 45°C.
Aparecimento de turvação nestas condições indicava que a colônia pertencia ao grupo
dos Enterococcus.
O calculo dos resultados foi obtido computando-se a combinação dos tubos
positivos e relacionando-os com a Tabela de Número Mais Provável – NMP, para series
de cinco tubos por diluição (10 mL, 1mL e 0,1 mL), seção 9221C (APHA, 2005).
4.8 Identificação Taxonômica das Colônias de enterococos
Através do Sistema API 20 STREP (Biomerieux, França), amostras que
apresentaram resultado positivo para o gênero Enterococci foram taxonomicamente
identificadas, conforme especificações do fabricante.
O API 20 Strep é um sistema padronizado que associa 20 testes bioquímicos
que apresentam um elevado poder discriminatório. Permite efetuar um diagnóstico de
grupo ou de espécie para a maioria dos Streptococcus, Enterococcus e para os
microrganismos semelhantes mais correntes (ex.: Aerococcus viridans, Lactococcus).
A galeria API 20 Strep comporta 20 microtubos que contêm substratos desidratados
para a detecção de atividades enzimáticas ou de fermentação de açúcares.
4.9 Teste de Sensibilidade das colônias isoladas e caracterizadas de enterococos a
diferentes antimicrobianos de importância clinica
As colônias de enterococos identificadas pelo Sistema API 20 STREP foram
submetidas a determinação do perfil qualitativo de resistência a antibióticos, através do
método de difusão de discos de antibióticos, conhecido como Método de Kirby-Bauer,
segundo o recomendado pelo National Committee for Clinical Laboratory Standards
(NCCLS, 2003).
Uma serie de antibióticos impregnados em pequenos discos circulares de
papel foram colocados sobre as placas contendo meio de cultura crescido com as
bactérias em pesquisa inoculadas de forma homogênea, como se fosse um “tapete”
sobre a superfície do meio. As placas foram incubadas a 35ºC por 24h. A leitura do
resultado é feita através da observação do aparecimento de uma zona clara ao redor do
disco, indicando a inibição do crescimento do microrganismo. O resultado é expresso de
acordo com o diâmetro do halo de inibição, que depende da sensibilidade da bactéria a
um antibiótico especifico, e classifica a bactéria como Resistente, Intermédiaria ou
Sensível ao agente antimicrobiano em questão.
Os agentes antimicrobianos testados foram: Amoxicilina + Clavulanato (30
µg), Ampicilina (10 µg), Ciprofloxaxino (5 µg), Eritromicina (15 µg), Estreptomicina
(10 µg), Gentamicina (10 µg), Rifampicina (5 µg), Tetraciclina (30 µg) e Vancomicina
(30 µg).
4.10 Avaliação da Qualidade Microbiológica dos Principais Rios e Riachos que
deságuam próximos as áreas de cultivo na Baia Sul
Foram realizadas coletas de amostras de águas dos principais rios e rregos
que drenam suas águas para a Baia Sul com objetivo de avaliar a qualidade
microbiologica destes deságües. No lado Insular da Baia Sul, foram realizadas duas
coletas em 14 diferentes pontos de deságüe, totalizando 28 amostras analisadas; e no
lado Continental foram realizadas 3 coletas de 8 importantes tributários da margem
ocidental da Baia, totalizando 24 amostras analisadas.
A escolha dos pontos de coleta foi feita levando-se em consideração a
proximidade dos locais de cultivo e aglomerados populacionais e industriais, e suas
respectivas localizações geográficas estão demonstradas na figura 6.
Figura6- Principais rios e córregos que deságuam na Baia Sul, que tiveram suas águas
analisadas.
As coordenadas geográficas das estações de coleta das amostras de água dos
Rios e Córregos estão descritas na tabela 4. Alguns córregos da porção insular da Baia
Sul são aqui chamados de rios e tem nomes fictícios utilizados com objetivo de
esclarecer sua localização.
Para as águas dos rios e córregos foram feitos ensaios microbiológicos para
contagem de coliformes a termotolerantes, Escherichia coli e enterococos com os
métodos anteriormente citados para análise de água de cultivo. Amostras positivas para
Enterococcus sp tiveram colônias características testadas no sistema API 20 STREP
(Biomerieux) para identificação da espécie. No momento da coleta foram medidos os
parâmetros físico-químicos das águas coletadas: temperatura da água, oxigênio
dissolvido, salinidade e pH, com os mesmos equipamentos utilizados para estas
medições nas águas salinas, anteriormente citados.
Tabela 4- Coordenadas geográficas das estações de coleta de amostras de água
provenientes de rios e deságües da Baia Sul.
Estação de Coleta Coordenadas Geográficas
1- Rio da Base Aérea 27°41'15.84"S/48°34'13.82"O
2 - Rio da Mutuca 27°41'15.84"S/48°34'13.82"O
3 - Rio Alto Ribeirão 27°41'44.38"S/48°33'23.66"O
4 - Rio da Oficina de Bike 27°41'56.17"S/48°33'08.05"O
5 - Rio da Capelinha 27°42'29.81"S/48°33'33.44"O
6 - Rio Riacho Doce 27°42'51.27"S/48°33'43.41"O
7 - Rio do Sandrini 27°43'14.98"S/48°33'52.24"O
8 - Rio da Casan 27°43'22.19"S/48°33'50.41"O
9 - Rio do Manguezinho do Eduardo 27°43'45.39"S/48°33'46.46"O
10 - Rio do Júlio 27°44'21.97"S/48°33'34.60"O
11 - Rio da Igreja da Costeira do Ribeirão 27°44'34.68"S/48°33'31.54"O
12 - Rio da Sorveteria da Costeira 27°45'06.74"S/48°33'39.33"O
13 - Rio da Taperinha 27°45'21.51"S/48°33'59.60"O
14 - Rio da Caieira 27°47'14.95"S/48°33'56.63"O
Rio Maciambú 27°49'27,.51"S/48°37'08,52"O
Rio do Brito 27°46'15,10"S/48°37'41,33"O
Rio Cambirela 27°44'48,40"S/48°37'35,00"O
Rio da Praia de Fora 27°43'20.00"S/48°38'17.79"O
Rio Cubatão 27°40'52,40"S/48°38'20,74"O
Rio Aririú 27°40'54,75"S/48°38'22,43"O
Rio do Curtume 27°39'07,20"S/48°39'10,59"O
Rio Maruim 27°38'11,47"S/48°38'24,53"O
4.11 Análise Estatística dos Dados
Foi utilizado o programa Statistica 7.0
®
para fazer a análise estatística dos
dados. Através do Teste não Paramétrico de Kruskal-Wallis comparou-se nível de
contaminação pelas diferentes bactérias indicadoras nas águas e carne das ostras nas
diferentes regiões ao longo do estudo. Havendo diferença estatística a vel de 5%, foi
aplicado o Teste de Comparações Múltiplas entre Médias, com α = 0,05.
A análise de variância ANOVA foi utilizada para comparação (a um nível de
significância de 5%) dos parâmetros físico-químicos nas diferentes regiões de cultivo.
Havendo diferença estatística, foi aplicado o Teste de Tukey para compará-las.
O Teste não Paramétrico de Correlação de Spearmann foi aplicado com a
intenção de correlacionar as contagens de coliformes termotolerantes, E. coli e
enterococos e os parâmetros físico-químicos nas águas onde moluscos são cultivados e
carne das ostras nas diferentes regiões de cultivo.
Análise de Regressão linear avaliou a influência dos acumulados
pluviométricos nas contagens dos diferentes microrganismos analisados.
Para fins de cálculos estatísticos, sempre que os resultados obtidos na tabela
do NMP foram <3 NMP/g; <1,8 NMP/100mL ou >1600NMP/100mL, estes resultados
foram substituídos pelo número decimal imédiatamente inferior ou superior, ou seja:
2NMP/g; 1,7 NMP/100mL e 1601 NMP/100ml, respectivamente.
Os pontos de cultivos foram divididos em pertencentes ao lado insular e lado
continental da baia, e assim foram analisados e discutidos os seus respectivos
resultados, o que torna as comparações estatísticas mais relevantes.
5. Resultados e Discussão
5.1 Parâmetros físico-químicos
Baia Sul Lado Insular
As coletas foram realizadas nos meses de outubro a março, compreendendo,
portanto, as estações de primavera e verão nas quais a temperatura da água do mar
variou de 20ºC a 29ºC, e temperatura média das 6 regiões geográficas estudadas foi de
24,29ºC ± 2,15.
Houve diferença estatística (p < 0,05) entre as temperaturas das regiões A e
F, que provavelmente ocorreu devido ao fato das coletas acontecerem no inicio da
manha na região A e por volta das 12h na região F, quando as temperaturas da água
sofreram elevação que ocorre normalmente durante o inicio do dia.
Em estudo realizado por Silveira-Jr et al., 2008ª, as medições realizadas na
Costeira do Ribeirão, durante o período de setembro de 2001 a dezembro de 2007,
revelaram a temperatura média da água de 21,98 ± 3,50ºC neste período.
A salinidade média das 6 regiões analisadas foi de 32,40 ± 4,26 ups; sendo a
máxima de 37 ups e a mínima medição detectada de 12 ups, no mês de dezembro de
2008, logo após longa descarga pluviométrica que incidiu sobre a bacia de captação da
baía Sul. Não foi observada diferença estatística entre as médias de salinidade nas
diferentes regiões de cultivo, p > 0,05.
De acordo com as definições da Resolução CONAMA nº 357/2005, as
águas são consideradas salinas quando apresentam salinidade igual ou superior a 30%o.
Os resultados de Silveira-Jr et al., 2008b, durante um ano de
monitoramento diário da salinidade no Ribeirão da Ilha, apontaram a salinidade média
de 33,7 ± 2,9 ups, sendo que a mínima foi de 10,0 ups e a máxima 37,0 ups.
A amplitude de pH observada nas águas das 6 regiões de cultivo do lado
insular da Baia Sul foi de 7,6 a 8,19, e a média encontrada foi de 8,19±0,14. De acordo
com a Resolução CONAMA 357/2005, as águas salinas de classe I, devem ter pH entre
6,5-8,5 não devendo ultrapassar 0,2 unidades. Não foi observada diferença estatística
entre as médias de pH nas diferentes regiões de cultivo, p > 0,05.
Curtius e colaboradores (2003) encontraram valores de pH em torno de 8,0
na região do Ribeirão da Ilha.
O valor médio de oxigênio dissolvido (O.D.) nas águas foi de
6,87±0,83mg/L O2. Não foi observada diferença estatística entre as médias de oxigênio
dissolvido nas diferentes regiões de cultivo, p > 0,05.
De acordo com Resolução CONAMA 357/2005, as águas salinas de classe I
devem apresentar em qualquer amostra O.D. não inferior a 6mg/L O2.
Bessen (2005) encontrou nas águas do Ribeirão da Ilha a média de oxigênio
dissolvido de 6,71±1,14mg/L dos anos de 1999 a 2001.
A transparência é a medição da penetração vertical da luz solar na coluna
d´água com o disco de Secchi, quanto mais material em suspensão estiver presente na
água, maior será a turbidez e, conseqüentemente, menor será a transparência. A
transparência média das 6 regiões de cultivo foi de 1,50±0,50m , com máxima de 4 e
mínima de 0,65m. Não foi observada diferença estatística entre as médias de
transparência nas diferentes regiões de cultivo, p > 0,05.
Os valores de pH das ostras das diferentes regiões da Baia Sul variou entre
5,82 e 6,77, e o pH médio observado foi 6,17 ± 0,20. A legislação brasileira não
estabelece limites de pH para moluscos, somente para os peixes. Segundo COOK
(1991) pH acima de 6,0 para a carne de ostra é considerado bom, e pH de 6,5 é
comumente apresentado pela ostra Crassostrea gigas viva.
Os valores médios e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos das
amostras analisadas em cada região geográfica estão descritos na tabela 5.
Tabela 5- Valores médios e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos das amostras
analisadas nas 6 diferentes regiões geográficas analisadas no lado insular da Baia Sul.
Parâmetros
Região
A
Região
B
Região
C
Região
D
Região
E
Região
F
Temp.
(ºC)
*22,94±2,03
23,25±1,88
24,58±2,02
24,85±1,93
24,94±1,99
*25,24±2,26
pH agua
8,14±0,20
8,16±0,11
8,22±0,14
8,22±0,13
8,13±0,18
8,26±0,15
O.D
(Mg.L
-1
O
2
)
6,85±0,62
6,77±0,56
6,84±0,89
6,85±1,09
6,68±0,75
7,23±1,02
Sal
(ups)
33,93±3,63
33,33±3,29
32,8±3,47
32,47±3,50
30,66±6,51
31,2±4,04
Transp.
(secchi)
1,72±0,75
1,44±0,41 1,56±0,33 1,44±0,44 1,56±0,45 1,31±0,38
pH carne
Ostras
6,10±0,05 6,13±0,05 6,13±0,04 6,22±0,04 6,30±0,07 6,12±0,05
*Médias apresentam diferença estatística p < 0,05
Baia Sul Lado Continental
Os valores médios e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos de cada
região geográfica estão descritos na tabela 6.
As coletas de amostras neste lado da Baia foram realizadas nos meses de
setembro de 2008 a julho de 2009, compreendendo, portanto todas as estações do ano,
durante as quais a temperatura das seis diferentes regiões geográficas variou de 17,9 a
27ºC, e teve média de 22,93±2,59ºC. Não foi observada diferença estatística entre as
médias de temperatura nas diferentes regiões de cultivo, p > 0,05.
O pH médio dos pontos de cultivo analisados foi de 8,32±0,15, e amplitude
variou de 8,08 a 8,70 estando dentro dos padrões da Resolução CONAMA 357/2005
para as águas salinas de classe I. Não foi observada diferença estatística entre as médias
de pH nas diferentes regiões de cultivo, p > 0,05.
A média de oxigênio dissolvido nas águas da porção continental da Baia Sul
foi de 7,29±0,75mg/L O
2
. Não foi observada diferença estatística entre as médias de
oxigênio dissolvido nas diferentes regiões de cultivo, p > 0,05. O valor esta de acordo
com Resolução CONAMA 357/2005.
Tabela 6 - Valores médios e desvio padrão dos parâmetros físico-químicos das 6 diferentes
regiões geográficas analisadas no lado continental da Baia Sul.
Parâmetros
Região
1
Região
2
Região
3
Região
4
Região
5
Região
6
Temp.
(ºC)
21,80±2,05
22,75±2,54
22,77±2,54
23,26±2,72
23,52±2,77
23,47±2,79
pH
8,27±0,12
8,30±0,16
8,33±0,13
8,32±0,13
8,32±0,18
8,34±0,19
O.D
(Mg.L
-1
O
2
)
7,27±0,58
7,09±0,52
7,05±0,58
7,12±0,60
7,57±1,03
7,65±0,91
Sal
(ups)
*32,53±5,14
33,13±3,80
33,00±3,38
30,93±3,79
*27,93±7,25
29,47±6,01
Transp.
(secchi)
1,58±0,55
1,43±0,55 1,64±0,50 1,32±0,41 1,39±0,45 1,47±0,53
*Médias apresentam diferença estatística, p < 0,05
A determinação de O.D. pode ser utilizada como indicador do grau de
poluição por matéria orgânica. O oxigênio é essencial a todas as formas de vida
aquática, incluindo os organismos responsáveis pela auto-purificação da água em
processos naturais. A determinação da concentração de oxigênio dissolvido é, portanto
primordial em estudos de qualidade da água, uma vez que o oxigênio está envolvido ou
influencia praticamente todos os processos químicos e biológicos que ocorrem em um
corpo hídrico.
A salinidade média das águas foi de 31,17±5,31 e variou de 15 a 36 ups
durante o período de estudos, ocorreu diferença estatística (p<0,0,5) entre as águas da
região do 1 e 5, provavelmente pelo fato da região 5 estar localizada próxima a três
importantes tributários de água, Rios Maruim, Cubatão e Aririu.
A transparência da água variou de 0,65 a 2,70m e teve média de 1,14±0,50.
Não foi observada diferença estatística entre as médias de transparência nas diferentes
regiões de cultivo, p > 0,05.
BESSEN (2005) pesquisando parâmetros físico-químicos na Enseada do
Brito, nos anos de 1999 a 2001, encontrou médias anuais de temperatura de 22,78±3,69
ºC; pH de 7,95±0,38; oxigênio dissolvido de 6,71±1,14mg/L e salinidade de
31,95±2,41.
5.2 Acumulado pluviométrico
Os dados pluviométricos da região da Grande Florianópolis foram obtidos
junto a CIRAM-EPAGRI. Pode-se observar na figura 6 que o mês de novembro de 2008
foi o mês no qual ocorreu o maior pico registrado durante o período estudado, sendo
alcançado um valor de 586,2 mm
3
. Durante a estação da primavera, que compreende os
meses de outubro, novembro e dezembro ocorreram períodos de chuvas mais intensas.
Em relação ao acumulado pluviométrico da semana anterior as coletas
(figura 7), os maiores picos ocorreram nos meses de novembro e dezembro de 2008 e
abril de 2009, segundo dados da CIRAM-EPAGRI.
De acordo com a análise de regressão linear, a salinidade foi negativamente
influenciada pelo acumulado pluviométrico da semana anterior a coleta nos pontos de
cultivo da porção insular (beta= -0,81 e p<0,05) e na porção continental da Baia Sul
(beta= -0,67 e p<0,05).
Figura 6- Acumulado pluviométrico mensal na região da Grande Florianópolis durante o
período de estudo
Figura 7- Acumulado pluviométrico da semana anterior as coletas na região da Grande
Florianópolis durante o período de estudo
5.3 Análises Microbiológicas
5.3.1 Coliformes Termotolerantes
Baia Sul lado Insular
Ostras
As contagens de coliformes termotolerantes das 90 amostras de carne de
ostras provenientes das seis diferentes regiões de cultivo situados na parte insular da
Baia Sul variaram de < 3 a 9MPN/g, sendo que 73,3% das amostras analisadas
apresentaram contagens de coliformes termotolerantes inferiores a 3NMP/g. As regiões
E e F apresentaram as maiores contagens e percentil 90, entre as regiões analisadas. A
tabela 7 mostra as contagens médias de coliformes termotolerantes nas diferentes
regiões de cultivo.
Tabela 7- Média geométrica e percentil 90% das contagens de coliformes termotolerantes
nas amostras de ostras das diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul em
Número Mais Provável (NMP) por grama
Região
Cultivo
Média Geométrica
(NMP/g)
Percentil 90%
(NMP/g)
A
2,13
2,00
B
2,73
4,00
C
2,60
4,00
D
2,80
4,00
E
3,40
9,00
F
3,45
7,00
RAMOS (2007) ao pesquisar coliformes termotolerantes em ostras
provenientes das mesmas regiões geográficas encontrou valores variando de <3 a 80
NMP/g, e 77% das amostras analisadas apresentaram contagens de < 3NMP/g. A região
E apresentou a maior média geométrica de coliformes termotolerantes e o maior
percentil 90 nos estudos da autora.
Não foi observada diferenças estatísticas entre as médias de coliformes
termotolerantes (H=5,2651; p=0,3844) nas amostras das diferentes regiões de cultivo.
Correlacionando as contagens de coliformes termotolerantes com os parâmetros físico-
químicos analisados, observou-se somente uma pequena correlação com a temperatura
da água (Spearman R=0,249, p<0,05), e nenhuma correlação com acumulados
pluviométricos.
Segundo SOLIC et al.(1999) a taxa de concentração de coliformes fecais
nos bivalves depende da taxa de filtração da água do mar, e um dos mais importantes
fatores ambientais que controlam a filtração de bivalves é a temperatura.
A legislação brasileira em vigor não estabelece limites de coliformes
termotolerantes ou coliformes a 45ºC para moluscos bivalves in natura ou congelados
pois na legislação brasileira esse tipo de regulamentação é baseada em padrões
fornecidos pela análise da água.
Na comunidade européia, a European Union Shellfish Quality Assurance
Programme (EU SQAP) determina que moluscos cultivados em uma área categorizada
como A podem ser vendidos diretamente para consumo humano se estes moluscos
contiverem menos de 300 coliformes termotolerantes por 100g de carne . Moluscos
provenientes de áreas de categoria B não devem exceder (em 90% das amostras) o
limite de 6000 coliformes termotolerantes por 100 g de carne. Estes moluscos somente
podem ser colocados a venda após depuração ou outro tratamento térmico aprovado,
com objetivo de se enquadrarem nos padrões da categoria (RODGERS, 2001).
MACHADO et al.(2001) sugerem que a determinação de coliformes fecais
em carne e liquido intervalar, para avaliar a qualidade dos moluscos apresenta maiores
possibilidades como padrão de normatização do que a análise da água das áreas de
cultivo, uma vez que as ostras são concentradoras dos resíduos, e conseqüentemente das
bactérias existentes nas águas em que estão inseridas.
Águas utilizadas para cultivo de moluscos bivalves
As contagens de coliformes termotolerantes nas amostras de água salinas
provenientes das seis diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul
variaram de <1,8 a 540 NMP/100mL, sendo que as maiores médias foram detectadas
nas regiões do E e F, como mostra a tabela 8.
Tabela 8- Média geométrica e percentil 90% das contagens de coliformes termotolerantes
nas amostras de águas salinas das diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia
Sul em Número Mais Provável (NMP) por 100mL
Região
Cultivo
Média Geométrica
(NMP/100mL)
Percentil 90%
(NMP/100mL)
A
2,82* 4,50
B
3,89 13,00
C
4,34 33,00
D
6,42 49,00
E
15,80
* 210,00
F
6,73 46,00
* Médias apresentam diferença estatística ao nível de 5% (H=15,3476 e p<0,05)
Houve diferença estatística (H=15,3476 e p<0,05) entre a região do E, que
apresentou a maior média e percentil 90% e a região A, que apresentou as menores
contagens de coliformes termotolerantes.
Correlacionando as contagens de coliformes termotolerantes com os
parâmetros físico-químicos analisados, observou-se que somente a salinidade
apresentou correlação estatística com as contagens de coliformes (Spearman R= -0,57 e
p<0,05).
Ao se analisar os pontos de cultivos da porção insular da Baia Sul como um
todo, pode-se perceber, através da análise de regressão linear, que o acumulado
pluviométrico da semana anterior a coleta das amostras influenciou nas contagens de
coliformes termotolerantes (beta= 0,835 e p<0,05), assim como o acumulado
pluviométrico do mês anterior a coleta, ou seja dos últimos 30 dias que antecederam a
coleta (beta= 0,89 e p<0,05), como mostra a figura 8.
acum.pluv.mes.anterior vs. media coliformes baia insular
acum.pluv.mes.anterior = 143,14 + 3,9180 * media coliformes baia insular
Correlation: r = ,89236
-20 0 20 40 60 80 100 120 140
media coliformes baia insular
0
100
200
300
400
500
600
700
acum.pluv.mes.anterior
95% confidence
Figura 8- Correlação bivariada entre as contagens de coliformes termotolerantes nas
águas da porção insular da Baia Sul e o acumulado pluviométrico dos trinta dias
anteriores a coleta.
SILVEIRA JR. e colaboradores (2007) encontraram médias geométricas de
coliformes termotolerantes variando entre 2,20 a 4,5 NMP/100mL durante os anos de
2001 a 2006 na Costeira do Ribeirão e percentil 90% não ultrapassando
17NMP/100mL.
RAMOS (2007) ao analisar os mesmos pontos de cultivos encontrou
contagens de coliformes termotolerantes variando entre 1,8< a 920 NMP/100mL nestas
águas, classificando o ponto E como a região com maiores contagens, e o ponto A como
a região com os menores níveis de coliformes termotolerantes da área de estudo. Da
mesma forma, a autora constatou a influencia do acumulado pluviométrico semanal e
mensal sob estas contagens, embora esses acumulados pluviométricos tenham sido
menores na sua época de estudo.
O teste de correlação de Spearman e a regressão linear não demonstraram
correlação entre as contagens de coliformes termotolerantes das amostras de águas onde
as ostras estavam sendo cultivadas e as contagens na carne das ostras.
Diversos fatores influenciam a carga microbiana do molusco alem da carga
microbiana da água, sabe-se que parâmetros físico-quimicos da água, como
temperatura, salinidade, presença de altas concentrações de bactérias e diversas
substancias podem influenciar na energética de filtração do moluscos.
Um dado coletado de um ponto de monitoramento em um determinado
momento será apenas uma indicação do nível de contaminação do local. Variações
temporais podem ser influenciadas principalmente pelos efeitos ambientais e variações
espaciais podem estar relacionadas com a localização da lanterna dos moluscos no que
diz respeito às fontes de contaminação, geografia do local de cultivo e influência das
marés. O vel de contaminação também pode variar entre indivíduos e entre diferentes
espécies de moluscos. (LEE et al., 2003).
Baia Sul lado Continental
As contagens de coliformes termotolerantes nas seis diferentes regiões de
cultivo da porção continental da Baia Sul variaram de <1,8 a >1600 NMP/100mL,
sendo que as maiores médias foram detectadas nas regiões 6, 5,e 4, como mostra a
tabela 9.
Tabela 9 - Média geométrica e percentil 90 das contagens de coliformes termotolerantes
das amostras de águas salinas nas diferentes regiões de cultivo da porção continental da
Baia Sul em Número Mais Provavel (NMP) por 100mL
Região
Cultivo
Média Geométrica
(NMP/100mL)
Percentil 90
(NMP/100mL)
1
5,00
a
49,00
2
4,46
a
33,00
3
4,43
a
33,00
4
15,73
abc
110,00
5
42,61
bc
350,00
6
41,08
bc
280,00
As médias que não possuem letras em comum entre si, apresentam diferença estatística ao nível de 5%
(H=29,4699, p<0,05)
Observou-se diferença estatística (H=29,4699, p<0,05) entre as regiões que
apresentaram as maiores contagens, 5 e 6, com as demais regiões, que apresentaram
contagens de coliformes termotolerantes bastante reduzidas quando comparadas aos
valores destas duas regiões de cultivo.
Correlacionando as contagens de coliformes termotolerantes com os
parâmetros físico-químicos analisados, observou-se que a salinidade apresentou
correlação estatística (Spearman R= -0,53 e p<0,05), assim como os valores de oxigênio
dissolvido apresentaram pequena correlação (Spearman R= -0,27 e p<0,05) e
transparência (Spearman R= -0,53 e p<0,05).
Ao se analisar os pontos de cultivos da porção continental da Baia Sul
continental como um todo, conclui-se através da análise de regressão linear, que nem o
acumulado pluviométrico da semana anterior a coleta nem o acumulado pluviométrico
do mês anterior a coleta influenciaram as contagens de coliformes termotolerantes.
Porem, ao analisar estas influências em cada ponto de coleta separadamente,
observa-se a influência do volume de chuvas na região de cultivo 5, aonde as contagens
de coliformes termotolerantes foram influenciadas pelo acumulado pluviométrico da
semana anterior (beta= 0,58 p<0,05) e pelo acumulado pluviométrico do mês anterior
(beta=0,59 e p<0,05) (figura 9).
acum.pluv.mes.ant vs. colifores term. aririu
acum.pluv.mes.ant = 136,00 + ,85563 * colifores term. aririu
Correlation: r = ,59612
-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400
colifores term. aririu
0
100
200
300
400
500
600
700
acum.pluv.mes.ant
95% confidence
Figura 9- Correlação bivariada entre as contagens de coliformes termotolerantes na região
de cultivo 5 e o acumulado pluviométrico dos trinta dias anteriores a coleta.
Na região 6, as contagens de coliformes termotolerantes foram influenciadas
pelo acumulado pluviométrico do mês anterior a coleta (beta=0,60 e p<0,05), como
mostra a figura 10.
acum.pluv.mes,ant vs. COLIF agua ponta de baixo
acum.pluv.mes,ant = 192,73 + ,23422 * COLIF agua ponta de baixo
Correlation: r = ,60212
-200 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
COLIF agua ponta de baixo
0
100
200
300
400
500
600
700
acum.pluv.mes,ant
95% confidence
Figura 10 - Correlação bivariada entre as contagens de coliformes termotolerantes na
região de cultivo 6 e o acumulado pluviométrico dos trinta dias anteriores a coleta.
As regiões de cultivo 5 e 6 apresentarem contagens médias mais elevadas
que as demais regiões, e justamente essas duas regiões sofreram influência dos
acumulados pluviométricos e situam-se próximas a desembocadura do rio Cubatão, que
se apresenta como o maior aporte de água desaguando na Baia Sul. O que indica a forte
influencia do período de chuvas nas contagens destas bactérias nas duas regiões
próximas ao rio.
A Resolução 357, de março de 2005 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providencias.
De acordo com o Art. 18, que trata sobre as condições de qualidade das
águas salinas de classe I utilizadas para cultivo de moluscos bivalves destinados a
alimentação humana, a média geométrica da densidade de coliformes termotolerantes,
de um mínimo de 15 amostras coletadas no mesmo local, não deverá exceder 43 por
100 mililitros, e o percentil 90% não deverá ultrapassar 88 coliformes termotolerantes
por 100 mililitros. Esses índices deverão ser mantidos em monitoramento anual com um
mínimo de 5 amostras. A E. coli poderá ser determinada em substituição ao parâmetro
coliformes termotolerantes com limites estabelecidos pelo órgão ambiental competente.
Dessa maneira, durante o período de análises, dos 12 pontos de cultivo
analisados, 4 pontos apresentaram o percentil 90 acima do limite estabelecido, sendo o
ponto E localizado na parte insular da Baia Sul e os pontos 4, 5 e 6 na parte continental.
É importante ressaltar que o período de coleta das amostras deste trabalho
foi considerado atípico devido à alta incidência de chuvas que ocorreram na região de
estudo, que elevaram os acumulados pluviométricos a números recordes e que acabaram
por afetar a vazão dos deságües de rios, riachos e esgotos sobre a Baia Sul.
O percentil 90 elevado, neste caso, está indicando a presença de algumas
amostras com altas contagens de coliformes termotolerantes, que coincidem com as
coletas realizadas nos períodos de maior acumulado pluviométrico registrados.
Alem disso, é sabido que diversos fatores influenciam o conteúdo
microbiano de uma amostra, principalmente os fatores ambientais como: episódios de
chuvas, mares, correntes marítimas, ventos, estação do ano, temperatura da água,
salinidade, entre outros, que alem de afetarem as águas de cultivo, influenciam o
período de depuração do molusco. (YOUNGER et al., 2002).
5.3.2 Escherichia coli
Baia Sul lado Insular
Ostras
Foi detectada a presença de Escherichia coli em apenas 10 amostras
(11,11%) das 90 amostras de ostra analisadas, com contagens variando de <3 a
9MPN/g. A tabela 10 mostra as médias e percentil 90 de E. coli nas amostras de ostras
provenientes das seis diferentes regiões de cultivo.
Tabela 10- Média geométrica e percentil 90 das contagens de E.coli nas amostras de ostra
das diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul em Número Mais Provavel
(NMP) por grama
Região
Cultivo
Média Geométrica
(NMP/g)
Percentil 90
(NMP/g)
A
2,00*
2,00
B
2,13
2,00
C
2,27
4,00
D
2,27
4,00
E
2,93
9,00
F
3,00
4,00
* Não foi confirmada nenhuma cepa de E.coli
Não foi observada diferenças estatísticas entre as médias E. coli (H=5,1050;
p=0,4032) nas diferentes regiões de cultivo,
PEREIRA et al (2006) encontraram valores de coliformes termotolerantes
variando de <3 a 93 NMP/g em amostras de ostras coletadas no Ribeirão da Ilha e
detectou presença de E.coli em 9% das amostras analisadas.
RAMOS (2007) analisou 180 amostras de carne de ostras provenientes da
Baia Sul e detectou a presença de E.coli em somente 18 amostras.
A região A foi apresentou as menores médias de coliformes termotolerantes
nas ostras e não apresentou em nenhuma amostra presença de E. coli, e a região da F
seguida pela região E apresentaram as maiores incidências destas bactérias, estando de
acordo com os dados de RAMOS(2007).
Uma significante relação positiva foi encontrada entre as contagens de
coliformes termotolerantes e E. coli (Spearman R=0,661, p>0,05) foi observada, o que
ocorreu devido a alta incidência de Escherichia coli no grupo dos coliformes
termotolerantes.
Em relação aos parâmetros físico-químicos, as contagens de E. coli
apresentaram pequena correlação com a temperatura da água (Spearman R=0,221,
p<0,05) e com a salinidade (Spearman R=0,308, p<0,05).
A análise de regressão linear mostra que as contagens de E. coli na parte
insular da Baia Sul foram influenciadas pelo acumulado pluviométrico dos trinta dias
anteriores a coleta das amostras (beta=0,344, p<0,05) e pelo acumulado pluviométrico
dos sete dias anteriores (beta=0,330, p<0,05).
Águas utilizadas para cultivo de moluscos bivalves
Foi detectada a presença da bactéria indicadora Escherichia coli em 61,1%
das amostras de água analisadas, sendo que a região A apresentou o menor número de
amostras positivas, de acordo com a tabela 11.
Tabela 11- Ocorrência de E. coli em amostras de água utilizadas para cultivo de moluscos
bivalves provenientes da porção insular da Baia Sul
Região
Cultivo
Nº amostras
analisadas
Amostras Positivas E. coli
%
A
15 6
40,0
B
15 10
66,7
C
15 9
60,0
D
15 8
53,3
E
15 11
73,3
F
15 11
73,3
As contagens de Escherichia coli variaram entre <1,8 a 220 NMP/100mL. Ocorreu
uma diferença estatística
(H=10,0955 e p<0,05) entre as regiões com as maiores e
menores contagens: A e E respectivamente, como mostra a tabela 12.
Tabela 12- Média geométrica e percentil 90 das contagens de E.coli nas amostras de água
das diferentes regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul em Número Mais Provavel
(NMP) por 100mL
Região
Cultivo
Média Geométrica
(NMP/100mL)
Percentil 90
(NMP/100mL)
A
2,55* 4,50
B
3,49 13,00
C
3,69 11,00
D
4,27 49,00
E
10,36
* 210,00
F
4,98 46,00
* Médias apresentam diferença estatística ao nível de 5% (H=10,0955 e p>0,05)
Correlacionando as contagens de E. coli nas águas com os parâmetros
físico-químicos, pode-se observar uma fraca correlação negativa com o pH das amostras
(Spearman R= -0,22 e p<0,05) e boa correlação negativa com salinidade (Spearman R=
-0,61 e p<0,05).
Escherichia coli é a principal bactéria do grupo dos coliformes
termotolerantes o que explica a excelente correlação estatística entre as contagens destes
dois indicadores (Spearman R= 0,98 e p<0,05) nas amostras de água, e da mesma
maneira, a semelhante influência do acumulado pluviométrico da semana anterior
(beta=0,73, p<0,05) e acumulado pluviométrico mês anterior a coleta (beta=0,81 e
p<0,05) sob as contagens de E. coli nas águas da Baia Sul insular analisadas como um
todo.
O teste de Spearman mostrou correlação entre as contagens de E. coli na
águas e nas ostras (Spearman R=0,31 e p<0,05).
Baia Sul lado Continental
Foi detectada a presença da bactéria indicadora Escherichia coli em 75,6%
das amostras de água analisadas, sendo que as regiões 4, 5 e 6 apresentaram os maiores
números de amostras positivas, de acordo com a tabela 13.
Tabela 13- Ocorrência de E. coli em amostras de água utilizadas para cultivo de moluscos
bivalves provenientes da porção continental da Baia Sul
Região
Cultivo
Nº amostras
analisadas
Amostras Positivas E. coli
%
1
15 9
60,0
2
15 8
53,3
3
15 8
53,3
4
15 14
93,3
5
15 14
93,3
6
15 15
100,0
As contagens de Escherichia coli variaram entre <1,8 a >1600
NMP/100mL. Ocorreram diferenças estatísticas (H= 23,16362 e p<0,05) entre as
regiões com as maiores e menores contagens, como pode-se observar na tabela 14.
Tabela 14- Média geométrica e percentil 90 das contagens de E.coli nas diferentes regiões
de cultivo da porção continental da Baia Sul em Número Mais Provavel (NMP) por
100mL
Região
Cultivo
Média Geométrica
(NMP/100mL)
Percentil 90
(NMP/100mL)
1
4,52
abc
49,00
2
4,22
a
33,00
3
4,18
a
33,00
4
11,66
abc
49,00
5
22,58
bc
110,00
6
25,79
bc
280,00
As médias que não possuem letras em comum entre si, apresentam diferença estatística ao nível
de 5% (H=23,16362, p<0,05)
Pode-se observar correlação estatística entre as contagens de E. coli nas
águas com a salinidade (Spearman R= -0,50 e p<0,05), fraca com oxigênio dissolvido
(Spearman R= -0,22 e p<0,05) e transparência (Spearman R= -0,35 e p<0,05).
As amostras apresentaram excelente e esperada correlação estatística
entre as contagens de coliformes termotolerantes e E. coli (Spearman R= 0,99 e p<0,05)
nas amostras de água.
Em relação à influência do volume de chuvas nas contagens de E. coli,
somente a região 6 foi influenciada (beta= 0,61, p<0,05) pelo acumulado pluviométrico
do mês anterior a coleta das amostras.
5.3.3 Enterococos
Baia Sul lado Insular
As contagens de enterococos nas águas dos pontos de cultivo da porção
insular da Baia Sul variaram de <1,8 a 210NMP/100mL.
Tabela 15- Média geométrica e percentil 90 das contagens de Enterococos nas diferentes
regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul em Número Mais Provavel (NMP) por
100mL
Região
Cultivo
Média Geométrica
(NMP/100mL)
Percentil 90
(NMP/100mL)
A
2,05
5,60
B
4,36
71,50
C
4,19
59,59
D
4,67
89,50
E
7,87
165,00
F
3,81
66,50
Nota: não foi observada diferença estatística entre as médias, p>0,05.
Não foi observada diferença estatística ao nível de 5% (H= 6,3519 e p>0,05)
entre as médias das seis diferentes regiões (tabela15). A região que apresentou as
maiores contagens foi a E, seguida pela região D. Todos os pontos apresentaram
percentil 90 relativamente alto, com exceção da região A, que apresentou contagens
médias e percentil 90 de enterococos bastante inferiores que as demais regiões.
A região D apresentou média e percentil 90% de enterococos mais altos do
que a C, e ligeiramente maiores do que as encontradas na região E, o que não aconteceu
com os outros indicadores.
As regiões apresentaram valores de percentil 90 elevados quando
comparados com valores de médias geométricas.
Ao correlacionar as contagens de enterococos com os parâmetros físico-
químicos, observa-se correlação estatística somente com os valores de salinidade
(Spearman R=-0,49 e p<0,05).
As contagens de enterococos nas águas da Baia Sul insular também foram
influenciadas tanto pelo acumulado pluviométrico da semana anterior a coleta
(beta=0,753 e p<0,05) como pelo acumulado pluviométrico dos trinta dias anteriores
(beta=0,712 e p<0,05), como observa-se na correlação bivariada da figura 11.
acum.pluv.sem.ant vs. media enterecoccus baia insular
acum.pluv.sem.ant = 13,691 + 2,4576 * media enterecoccus baia insular
Correlation: r = ,75343
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
media enterecoccus baia insular
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
acum.pluv.sem.ant
95% confidence
Figura 11- Correlação bivariada entre as contagens médias de enterococos nas águas da
porção insular da Baia Sul e o acumulado pluviométrico da semana anterior a coleta.
Correlacionando-se as contagens de enterococos e os dois outros
indicadores de contaminação fecal pesquisados nos mesmos pontos de cultivo, obtemos
através do teste não paramétrico de Spearman uma correlação positiva entre as médias
de enterococos com as médias de coliformes termotolerantes (Spearman R=0,51 e
p<0,05), e da mesma forma, ao se correlacionar as médias de enterococos com as
médias de E. coli (Spearman R=0,57 e p<0,05) nas diferentes regiões de cultivo.
A figura 12 mostra a análise de correlação bivariada entre os níveis de
enterococos nas diferentes regiões de cultivo e os de coliformes termotolerantes, que
apresentaram alto índice de correlação (r = 0,82385, p<0,05).
Ao se fazer a mesma correlação entre enterococos e E. coli (r = 0,82136,
p<0,05), obtemos uma correlação semelhante, segundo a figura 13.
COLIFORMES AGUA vs. ENTEROCOCCUS AGUA
COLIFORMES AGUA = ,47206 + 1,6428 * ENTEROCOCCUS AGUA
Correlation: r = ,82385
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
ENTEROCOCCUS AGUA
-100
0
100
200
300
400
500
600
COLIFORMES AGUA
95% confidence
Figura12 - Correlação bivariada entre as contagens de
enterococos e as contagens de
coliformes termotolerantes nas águas dos seis diferentes pontos de cultivo analisados na
porção insular da Baia Sul.
E.COLI AGUA vs. ENTEROCOCCUS AGUA
E.COLI AGUA = 4,1876 + ,92038 * ENTEROCOCCUS AGUA
Correlation: r = ,82136
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
ENTEROCOCCUS AGUA
-20
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
E.COLI AGUA
95% confidence
Figura 13- Correlação bivariada entre as contagens de enterococos e as contagens de E.
coli nas águas dos seis diferentes pontos de cultivo analisados na porção insular da Baia
Sul.
Dentre as seis regiões geográficas da parte insular da Baia Sul analisadas
neste trabalho, o ponto E apresentou as mais altas contagens tanto de coliformes
termotolerantes e Escherichia coli, como de enterococos (figura 14). É possível que o
motivo pela maior contaminação desta área seja em decorrência do despejo de esgotos
domésticos e outros dejetos, que é agravado pela geografia do local que não permite
grande circulação de água, não havendo a suficiente diluição destas bactérias a um nível
considerado seguro para o cultivo de moluscos bivalves.
Figura 14- Incidência de bactérias indicadoras de contaminação fecal nas seis diferentes
regiões de cultivo da porção insular da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina em Número
Mais Provável por 100mL(NMP/100mL)
Baia Sul lado Continental
As contagens de enterococos nas águas dos pontos de cultivo da porção
continental da Baia Sul variaram de <1,8 a 350 NMP/100mL.
Tabela 16- Média geométrica e percentil 90 das contagens de enterococos nas
diferentes regiões de cultivo da porção continental da Baia Sul em Número Mais Provavel
(NMP) por 100mL
Região
Cultivo
Média Geométrica
(NMP/100mL)
Percentil 90
(NMP/100mL)
1
2,95
17,00
2
3,89
33,00
3
2,22
1,70
4
5,99
69,00
5
4,39
49,00
6
5,79
34,00
Nota: não foi observada diferença estatística entre as médias, p>0,05.
Não foi observada diferença estatística ao vel de 5% (H= 10,8171 e
p>0,05) entre as médias das seis diferentes regiões (tabela 16). A região que apresentou
as maiores contagens foi a 6, seguida pela região 5 e 4. A região 3 apresentou as
menores médias e percentil 90% de todas as seis regiões estudadas.
Ao correlacionar as contagens de enterococos com os parâmetros físico-
químicos, observa-se fraca correlação estatística com os valores de temperatura
(Spearman R=-0,30 e p<0,05) e transparência da água (Spearman R=-0,41 e p<0,05).
As contagens de enterococos nas águas da Baia Sul continental não foram
influenciadas nem pelo acumulado pluviométrico da semana anterior a coleta, nem pelo
acumulado pluviométrico dos trinta dias anteriores. Foram estudadas estas influencias
tanto em nível da Baia Sul continental como um todo e cada região separadamente.
Correlacionando-se as contagens de enterococos e os dois outros
indicadores de contaminação fecal pesquisados nos mesmos pontos de cultivo, obtemos
através do teste não paramétrico de Spearman uma correlação positiva entre as médias
de enterococos com as médias de coliformes termotolerantes (Spearman R=0,59 e
p<0,05), e da mesma forma, ao se correlacionar as médias de enterococos com as
médias de E. coli (Spearman R=0,590 e p<0,05) nas diferentes regiões de cultivo.
Na análise de correlação bivariada, somente as regiões menos contaminadas
(1, 2 e 3) apresentaram correlação entre enterococos e as outras bactérias estudadas
(tabela 17).
Tabela 17 - Correlação (r) entre as contagens de enterococos versus coliformes
termotolerantes e enterococos versus E.coli em regiões de cultivo de moluscos bivalves da
porção continental da Baia Sul
Região
Cultivo
Enterococos e coliformes
termotolerantes
(r)
Enterococos e
Escherichia
coli
(r)
1
0,897
0,917
2
0,963
0,963
3
0,852
0,855
Das 150 amostras de água salina, nas quais foram realizadas
simultaneamente contagens de coliformes termotolerantes e enterococos, pode-se
detectar a presença de coliformes termotolerantes em 114 amostras e enterococos em 71
amostras, o que representa uma maior sensibilidade de detecção de bactérias do grupo
dos coliformes termotolerantes em relação à detecção de enterococos.
As regiões de cultivo 4, 5 e 6, em ordem crescente, foram consideradas
como as regiões que apresentaram as maiores contagens da porção continental da Baia
Sul, em relação às três diferentes bactérias indicadoras de contaminação fecal analisadas
(figura15).
Através dos resultados obtidos, observa-se que as regiões de cultivo mais
contaminadas pelos três diferentes indicadores de contaminação fecal pesquisados estão
localizadas na porção continental da Baia Sul.
Figura 15- Incidência de bactérias indicadoras de contaminação fecal nas seis diferentes
regiões de cultivo da porção continental da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina, em
Número Mais Provável/100mL
Em ambos os lados da Baia (insular e continental), os pontos que
apresentaram maiores contagens de bactérias situam-se mais ao norte da Baia sul.
A entrada das águas ao norte da Baia sul se dá com as águas provenientes da
Baia Norte, através de um canal central entre as duas baias, que tem uma largura de 550
metros. Além disso, o Rio Cubatão do Sul aparece na região como um importante
aporte de águas, principalmente para esta região. Já a renovação das águas da porção sul
acontece normalmente através do canal sul, que se localiza entre a Ponta dos
Naufragados e a Ilha do Papagaio Grande, e apresenta largura de 830 metros, por este
canal ocorre renovação das águas com oceano atlântico (MOLERI & BONETTI, 2005)
como mostra a figura 16.
Figura 16 - Área da Baia sul mostrando os canais norte e sul
As áreas costeiras situadas mais ao norte da baia sul apresentam-se mais
densamente ocupadas, o que sugere maior volume de despejo de esgotos e resíduos nas
águas próximas a essas áreas, e os pontos que apresentaram maiores contagens da
bactérias pesquisadas situam-se próximos ao antinó das Baias Norte e Sul, que é a
região onde se forma uma onda estacionária na Baia, devido ao encontro das duas ondas
de maré, formando o tombo de maré (PRUDENCIO, 2003).
5.4 Identificação Taxonômica das Colônias de enterococos
Um total de 115 colônias identificadas como pertencentes ao grupo
Enterococci foram taxonomicamente caracterizadas. A espécie Enterococcus faecium
foi a mais freqüentemente encontrada nas águas da Baia Sul, sendo identificada em 80
amostras (69%), seguida por Enterococcus durans (16%); e Enterococcus faecalis e
Enterococcus avium somente em 7% e 1% do total. Foram consideradas como
pertencentes a outras espécies 2% das colônias testadas e 5% apresentaram perfil
bioquímico inaceitável para classificação.
O perfil de identificação das colônias variou entre BOA a EXCELENTE
identificação de acordo com o software do Sistema API 20 STREP. A figura 17 mostra
as porcentagens de identificação de espécie das colônias.
Figura 17- Porcentagem de identificação das espécies de bactérias pertencentes ao nero
enterococos provenientes das águas da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina durante o
estudo.
Baia Sul Lado Insular
Das 116 colônias testadas, 50 são provenientes dos pontos de coleta da parte
Insular da Baia Sul. Nesta região ocorreu uma grande predominância de Enterococcus
faecium (60%) sob as outras espécies: Enterococcus durans (16%) e Enterococcus
faecalis (10%), caracterizadas neste lado da área de estudo.
A região C foi a única região na qual não houve predominância de
Enterococcus faecium, sendo a maior porcentagem de identificação de Enterococcus
faecalis. As espécies identificadas nas seis regiões geográficas estão descritas na tabela
18.
Tabela 18 Espécies de enterococos identificadas nas seis diferentes regiões de cultivo da
Baia Sul lado insular
Espécie
Região
A
n=1
Região
B
n=14
Região
C
n=6
Região
D
n=9
Região
E
n=12
Região
F
n=8
E. faecalis
0
0
3
1
1
0
E. faecium
1 10 1 5 8 5
E. durans
0 4 0
3 1 0
Perfil
Inaceitável
0 0 1 0 2 2
Outra
espécie
0 0 1 0 0 1
Baia Sul lado Continental
Assim como na parte insular, no lado continental houve uma grande
predominância de Enterococcus faecium (75,8%), seguidos por Enterococcus durans
(15,2%) e Enterococcus faecalis (4,6%). Somente uma amostra proveniente da região 1
foi identificada como Enterococcus avium. As espécies identificadas nas seis pontos de
coleta estão descritas na tabela 19.
O conhecimento da distribuição dos enterococos em diferentes matrizes é
importante para avaliar o valor deste grupo como indicador de contaminação fecal. As
espécies E. faecalis, E. faecium e E. durans são as mais freqüentemente encontradas em
fezes humanas; E. faecium e E. faecalis são as mais comuns em amostras ambientais,
nos esgotos urbanos e hospitalares (PINTO et al., 1996; MANERO et al., 2002;
BLANCH et al., 2003; RAHIMI et al., 2007; CARUSO, 2008).
Tabela 19 Espécies de enterococos identificadas nas seis diferentes regiões de cultivo da
Baia Sul lado continental
Espécie
Região
1
n=5
Região
2
n=12
Região
3
n=6
Região
4
n=13
Região
5
n=11
Região
6
n=18
E. faecalis
1
0
0
2
0
0
E. faecium
2 12 5 7 8 15
E. avium
1 0 0 0 0
0
E. durans
0
0 0 4 3 3
Perfil
Inaceitável
1
0
0
0
0
0
Outra
espécie
0
0
1
0
0
0
Diversos estudos tem sido publicados em relação à sobrevivência das
espécies de Enterococcus sp em ambiente aquático, pois é sabido que estas são capazes
de ativar estratégias de sobrevivência nas quais a divisão celular se torna restrita, o que
permite a elas persistirem em condições ambientais adversas. Dentro destes mecanismos
de sobrevivência, o estado VBNC (viable but non culturable) tem sido recentemente
descrito como um processo no qual ocorre a manutenção da viabilidade da cepa
através da perda da culturabilidade (LLÉO et al., 2005).
Enterococcus facium e Enterococcus durans são duas espécies de
enterococos que conseguem manter sua culurabilidade durante maior período de tempo
em águas salinas (LLÉO et al., 2005), o que possivelmente seja a causa de suas maiores
porcentagens de detecção nas amostras de água provenientes do mar.
OLIVEIRA & PINHATA (2008) encontraram predominância de E. faecalis,
E. faecium e E. hirae em amostras de águas salinas provenientes de duas praias de São
Vicente (SP); enquanto PINTO e colaboradores (1999) encontraram predominância de
E. faecium em 82,5% das amostras de água salina analisadas. PAVLOVA et al., 1972
apud CARUSO (2008) demonstrou que em 52,6% de seus isolados de águas marinhas
ocorreu a identificação de E. faecium, refletindo a alta habilidade deste microrganismo
de sobreviver em ambiente aquático e estando de acordo com as características de
espécies encontradas nas águas da Baia Sul.
5.5 Teste de Sensibilidade de colônias caracterizadas de enterococos a diferentes
antimicrobianos de importância clinica
O padrão de resistência a antibióticos das colônias de enterococos testadas
está descrito na tabela 20. Das 60 amostras testadas, 43 (71,7%) se mostraram
resistentes a pelo menos um agente antimicrobiano, e 19 (31,6%) foram resistentes a
mais de um agente microbiano. A maior freqüência de resistência encontrada foi a
rifampicina (35%), tetraciclina (35%) e ciprofloxacino (28,3%).
OLIVEIRA & PINHATA (2008), testando o perfil de sensibilidade aos
mesmos antibióticos avaliados neste trabalho, de colônias de Enterococcus sp. isoladas
de águas salinas provenientes de duas praias de São Vicente (SP), encontrou resistência
em 61,5% das colônias testadas, e a maior freqüência de resistência foi observada foi a
estreptomicina (38,5%), eritromicina (14,5%) e rifampicina (15,4%).
Enterococcus faecalis foi a espécie mais resistente a rifampicina (40%) e
tetraciclina (60%); enquanto Enterococcus faecium foi mais resistente a ciprofloxacino
(33,3%). RAHIMI et al., 2007 encontraram altos níveis de resistência a eritromicina,
tetraciclina e ciprofloxacino em isolados provenientes de esgotos.
Ocorreu uma alta prevalência de susceptibilidade a amoxicilina + acido
clavulânico (98,3%), ampicilina (98,3%) e vancomicina (83,3%) entre as cepas e
resistência intermédiaria a eritromicina esteve presente em 81,7% das amostras
analisadas.
PINTO e colaboradores (1999) também encontraram alta prevalência de
susceptibilidade a vancomicina (99%) e ampicilina (97,5%), em cepas provenientes de
amostras ambientais, e um padrão semelhante de resistência a tetraciclina.
Tabela 20- Padrão de resistência a antibióticos das colônias de enterococos isoladas das
águas da Baia sul da Ilha de Santa Catarina.
E. faecium E. durans E.faecalis
n=42 n=13 n=5
Antibiótico
S
I
R
S
I
R
S
I
R
Amox
+Ac.Clav.
100%
(42)
0%
(0)
0%
(0)
92,3%
(12)
7,7%
(1)
0%
(0)
100%
(5)
0%
(0)
0%
(0)
Ampicil.
97,2%
(41)
0%
(0)
2,4%
(1)
100%
(13)
0%
(0)
0%
(0)
100%
(5)
0%
(0)
0%
(0)
Ciproflox.
16,6%
(7)
50%
(21)
33,3%
(14)
7,7%
(1)
69,2%
(9)
23%
(3)
0%
(0)
80%
(4)
20%
(1)
Eritrom.
14,3%
(6)
78,6%
(33)
7,1%
(3)
7,7%
(1)
84,6%
(11)
7,7%
(1)
0%
(0)
100%
(5)
0%
(0)
Estreptom.
73,8%
(31)
16,7%
(7)
9,5%
(4)
30,8%
(4)
46,2%
(6)
23%
(3)
60%
(3)
20%
(1)
20%
(1)
Gentam.
76,2%
(32)
21,4%
(9)
2,4%
(1)
38,5%
(5)
46,2%
(6)
15,4%
(2)
40%
(2)
60%
(3)
0%
(0)
Rifamp.
52,4%
(22)
11,9%
(5)
35,7%
(15)
69,2%
(9)
0%
(0)
30,8%
(4)
0%
(0)
60%
(3)
40%
(2)
Tetracicl.
61,9%
(26)
9,5%
(4)
28,6%
(12)
38,5%
(5)
15,4%
(2)
46,2%
(6)
20%
(1)
20%
(1)
60%
(3)
Vancom.
85,7%
(36)
14,3%
(6)
0%
(0)
76,9%
(10)
23,1%
(3)
0%
(0)
20%
(1)
80%
(4)
0%
(0)
Algumas espécies de enterococos são consideradas patógenos oportunistas
para humanos e durante as ultimas décadas tem emergido como significante causa de
infecções hospitalares devido a sua habilidade de adquirircresistência a glicopeptideos
como a vancomicina. A habilidade dos Enterococci resistentes a vancomicina (ERV) de
se propagar em diferentes ambientes e transferir genes de resistência a outras espécies
de bactérias, indica que a sua liberação no meio ambiente é um importante motivo de
preocupação (NOVAIS et al., 2005).
De acordo com ROSSI & ANDREAZZI (2005) o percentual de infeccções
nosocomiais causadas por enterococos resistente a vancomicina nos Estados Unidos
aumentou significativamente desde seu descobrimento, sendo que em torno de 95% das
cepas reconhecidas eram de Enterococcus faecium.
Não foi encontrada nenhuma cepa de enterococos resistente a vancomicina,
sugerindo uma baixa incidência de ERV nas águas da Baia Sul, o que não confirma, no
caso desta região de estudo, o aumento crescente de resistência desta espécie por
glicopeptideos em amostras ambientais (CORSO et al., 2007; IVERSEN et al., 2004;
KUHN et al., 2003; RAHIMI, 2007), o que fundamenta a importância da detecção
previa destas bactérias na água para prevenção de surtos de doenças e possibilitar
medidas terapêuticas adequadas (CARUSO, 2008).
5.6 Avaliação da Qualidade Microbiológica dos Principais Rios e Riachos que
deságuam próximos as áreas de cultivo na Baia Sul
Lado Insular
Foram analisadas 28 amostras de água provenientes de 14 diferentes pontos
de deságüe na parte insular da Baia Sul, entre eles, rios e córregos. Ou seja, de cada
ponto foi coletado duas amostras de água em datas diferentes. A média de coliformes
termotolerantes de todos os pontos de coleta neste lado da Baia sul foi de 562,9
NMP/100mL variando de 11 a > 1600NMP/100mL. Ocorreu presença de E. coli em
todas as amostras analisadas, com contagens de variando de 7,8 a 1600 NMP/100mL e
média de 358 NMP/100mL. Enterococos apresentou alta prevalência nas amostras, com
média de 1017,9 NMP/100mL e variação de 4,5 a >1600 NMP/100mL.
Através do Teste não paramétrico de Spearmann, pode-se observar
correlação estatística significante a p<0,05, entre as contagens de coliformes
termotolerantes e E. coli (Spearman R= 0,658); coliformes termotolerantes e
enterococos (Spearman R= 0,523); E. coli e enterococos (Spearman R= 0,574). A
tabela 21 mostra a média das 2 contagens destas bactérias nos 14 diferentes pontos de
coleta.
Tabela 21- Contagem média de coliformes termotolerantes, E. coli e enterococos em
NMP/100mL nos 14 diferentes pontos de deságües de água na porção insular da Baia Sul
da Ilha de Santa Catarina.
Estação de Coleta Coliformes
T.
E. coli Enterococos
1- Rio da Base Aérea
445,0 380,0 1601,0
2 - Rio da Mutuca
824,0 813,0 1601,0
3 - Rio Alto Ribeirão
940,0 940,0 975,5
4 - Rio da Oficina de Bike
278,5 273,9 840,0
5 - Rio da Capelinha
50,5 48,0 96,5
6 - Rio Riacho Doce
1015,5 320,0 1601,0
7 - Rio do Sandrini
1260,5 410,0 1260,5
8 - Rio da Casan
16,5 14,0 195,0
9 - Rio do Manguezinho do Eduardo
186,5 186,5 335,0
10 - Rio do Júlio
260,0 260,0 1601,0
11 - Rio Igreja da Costeira Ribeirão
940,0 940,0 1600,5
12 - Rio da Sorveteria da Costeira
730,0 330,0 1601,0
13 - Rio da Taperinha
23,0 23,0 802,2
14 - Rio da Caieira
910,5 73,9 140,5
Os maiores focos de contaminação desaguando na porção insular da Baia
Sul foram os pontos 2, 3, 6, 7 e 11.
Os pontos de deságüe 2 e 3 estão localizados próximos a região de cultivo E
deste estudo. Esta contaminação reflete diretamente sob a qualidade da água utilizada
para cultivo de moluscos nesta região, que apresentou as maiores contagens de
coliformes termotolerantes durante o período deste estudo da porção insular da Baia
Sul.
O ponto E esta localizado numa região bastante povoada na qual grande
parte do esgoto das casas é lançado ao mar devido à inexistência de um sistema de
coleta e tratamento de esgoto; alem disso possui um tipo de recorte geográfico na sua
costa que impossibilita adequada renovação da água no local.
O ponto 3 corresponde ao desemboque do Rio Alto Ribeirão (figura 18), um
dos rios com maior vazão que desembocam na região do Ribeirão da Ilha. De acordo
com as observações de LOGULLO (2005), este rio apresenta tubulações de esgoto
sendo diretamente ligadas no corpo d’água, ao longo de todo seu percurso, assim como
ocorre em vários pontos da orla do Ribeirão da Ilha.
Figura 18- Rio Alto Ribeirão - Foto Nelson Silveira Jr
Os pontos de deságüe 6 e 7 estão localizados na região da Freguesia do
Ribeirão e possuem péssima aparência e odor e evidenciam uma região carente de
serviços públicos, com ocupações irregulares e recursos hídricos prejudicados, como
mostra as figuras 19 e 20.
Figura 19- Ponto de deságüe 6, localizado na Freguesia do Ribeirão - Foto Nelson Silveira
Jr
Figura 20- Ponto de deságüe 7, localizado na Freguesia do Ribeirão - Foto Nelson Silveira
Jr
O ponto de deságüe 11 (figura 21), que apresentou as maiores incidências de
bactérias indicadoras, dentre os pontos analisados, e batizado neste trabalho como Rio
da Igreja da Costeira do Ribeirão, localiza-se na Costeira do Ribeirão.
Figura 21- Ponto de deságüe 11, localizado na Costeira do Ribeirão - Foto Nelson Silveira
Jr
Em relação aos parâmetros físico-químicos, a temperatura da água nestes
pontos variou de 15,3 a 26,2ºC, com média de 19,6ºC, sendo que as coletas foram
realizadas nos meses de maio e junho de 2009. A amplitude de pH variou entre 6,43 e
8,52 com média de 7,09. O oxigênio dissolvido nesta águas variou de 0,35 a 16,10 mg/L
e a média de todas as amostras foi de 5,31mg/L. A salinidade apresentou variação de 0 a
33 ups entre as diferentes amostras analisadas e média de 5,21 ups.
Correlacionando as contagens de coliformes termotolerantes, E. coli e
enterococos com os parâmetros físico-químicos: salinidade, temperatura, oxigênio
dissolvido e pH não foi possível observar correlação estatística entre estes.
Através de análise de regressão linear, foi possível perceber a influencia do
acumulado pluviométrico da semana e do mês anterior a coleta sob as contagens de E.
coli (beta=0,413, p<0,05) nas amostras analisadas.
Através do Sistema API 20 STREP da Biomerieux foram testadas 28
colônias bioquimicamente confirmadas como sendo Enterococcus sp. Destas, 27
pertenciam a espécie Enterococcus faecium e somente uma colônia foi identificada
como Enterococcus durans, seguindo a mesma tendência de abundancia de espécies
encontrada nas águas dos pontos de cultivos da Baia Sul, indicando também estes
pontos de deságüe como a fonte de contaminação das águas da Baia Sul.
Lado Continental
Foram analisadas 24 amostras de água provenientes dos 8 principais rios
que deságuam na porção continental da Baia Sul, sendo três amostras coletadas de cada
ponto. A tabela 22 mostra a média das 3 contagens destas bactérias indicadoras nos 8
diferentes pontos de coleta.
Tabela 22 - Contagem média de coliformes termotolerantes, E. coli e enterococos em
Número Mais Provável/100 mL nos principais tributários de água da porção continental
da Baia Sul da Ilha de Santa Catarina nos meses de maio, junho e julho de 2009.
Estação de Coleta Coliformes T. E. coli Enterococos
Rio Maciambú
120,0 122,0 64,0
Rio Enseada Brito
338,7 338, 7 596,0
Rio Cambirela
1374,0 730,0 1374,0
Rio da Praia de Fora
117,0 47,0 625,0
Rio Cubatão Sul
866,7 566,0 109,3
Rio Aririú
224,7 207,7 19,3
Rio do Curtume
365,7 115,7 210,7
Rio Maruim
623,0 232,7 1247,0
A média de coliformes termotolerantes de todos os pontos de coleta neste
lado da Baia foi de 503,7 NMP/100mL variando de 4 a > 1600NMP/100mL. Ocorreu
presença de E. coli em todas as amostras analisadas, com contagens de 4 a >1600
NMP/100mL e média de 294,9 NMP/100mL. Enterococos apresentou média de 530,7
NMP/100mL e variação de 7,8 a >1600NMP/100mL entre as amostras analisadas.
Através do Teste não paramétrico de Spearmann, pode-se observar
correlação estatística significante a p<0,05, entre as contagens de coliformes
termotolerantes e E. coli (Spearman R= 0,88); coliformes termotolerantes e enterococos
(Spearman R= 0,49); E. coli e enterococos (Spearman R= 0,49).
O Rio Cambirela (figura 22) apresentou-se como a estação de coleta na qual
foram identificadas as maiores contagens de coliformes termotolerantes, E. coli e
enterococos, podendo ser classificada, dentre os pontos analisados, como o deságüe de
maior contaminação na porção continental da Baia Sul, de acordo com os resultados
obtidos neste trabalho.
Figura 22- Rio Cambirela em período de maré baixa (esquerda) e maré alta (direita). Foto
Nelson Silveira-Jr
As principais contribuições de água doce para a Baia Sul provem do Rio
Tavares, na Ilha de Santa Catarina; dos rios Cubatão do Sul, Aririu, Maciambu e
Maruim, no continente. A Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão do Sul, com cerca de 900
km
2
, é a que possui maior densidade de drenagem, o que influencia, direta ou
indiretamente, a distribuição dos parâmetros físico-químicos, microbiologicos e
sedimentológicos da porção Norte da Baia Sul (KOBYIAMA & OLIVEIRA, 1999).
O Rio Cubatão do Sul, ao desaguar na Baia Sul forma em sua foz um
ecossistema de manguezal, conhecido como Manguezal da Palhoça. Abastece toda a
região da Grande Florianópolis, Santo Amaro, Palhoça e tem suas águas comprometidas
pelo lançamento de efluente industrial, esgotos e agrotóxicos, de acordo com o
Diagnóstico Geral das Bacias Hidrográficas do Estado de Santa Catarina da Secretaria
do Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, 1997.
Os resultados de coliformes termotolerantes e E. coli das amostras de águas
provenientes do Rio Cubatão refletem alto grau de contaminação sendo introduzido,
diluído e conseqüentemente influenciando a Baia Sul, pois o principal aporte fluvial da
Baia Sul é proveniente da bacia hidrográfica do Rio Cubatão do Sul.
Assim como o Rio Cubatão, o Rio Maruim (figura 23) apresentou-se como
um dos pontos de maior contaminação que deságuam na Baia Sul, neste estudo. A bacia
hidrográfica do rio Maruim drena a maior parte do município de São José, o extremo
Sul do município de Biguaçu, a porção Norte/Nordeste do município de Palhoça e a
pequena parte Norte/Nordeste do município de Santo Amaro da Imperatriz e totaliza
uma área de 190,342 Km
2
. Por não haver saneamento básico, os efluentes são jogados
diretamente no Rio Maruim, o que caracteriza uma poluição direta que é incrementada
com o aumento da urbanização.
CARDOZO (2006) ao fazer a análise da qualidade da água no Rio Maruim,
pode visualizar que em um período de 10 anos, 1994-2004, o nível de poluição
aumentou drasticamente.
Essas modificações derivam de vários processos transformadores do meio,
entre eles, a ocupação humana em lugares impróprios para a moradia, a substituição dos
materiais naturais pelos materiais urbanos, os desmatamentos que dão lugar a outras
ocupações, a modificação de sistemas naturais como a canalização e retificação do leito
dos rios e, principalmente, o despejo inadequado de efluentes nas águas.
No mesmo estudo de CARDOZO (2006), percebeu-se um aumento
significativo da população nos anos de 1980 e 2005 no Município de São José, que é o
segundo Município de maior densidade demográfica do Estado. A análise da qualidade
da água, realizada em 1994 e 2004, revelou um aumento significativo da poluição, com
a diminuição do oxigênio dissolvido e o aumento de outros poluentes como nitritos,
fosfatos, coliformes termotolerantes e metais pesados. Observou-se que quase todo o
curso do rio Maruim é afetado pela poluição, sendo que os resultados vieram a
comprovar o alto grau de comprometimento do rio, principalmente próximos à foz.
Figura 23- Ocupação das margens do Rio Maruim (Foto Nelson Silveira-Jr)
A temperatura da água nestes pontos variou de 18,5 a 25,8ºC, com média de
22ºC, sendo que as coletas foram realizadas nos meses de abril, maio e junho de 2009.
A amplitude de pH variou entre 6,84 e 8,69 com média de 7,66. A salinidade apresentou
variação de 2 a 35 ups entre as diferentes amostras analisadas e média de 15,63 ups.
O oxigênio dissolvido nesta águas variou de 4,12 a 10,87 mg/L e a média de
todas as amostras foi de 7,38mg/L. Descargas de efluentes ricos em matéria orgânica
podem causar o decréscimo da concentração de O.D., podendo inclusive levar a
condições anaeróbicas. Concentrações de OD inferiores a 5mg/l podem causar efeitos
adversos em comunidades biológicas, e concentrações inferiores a 2mg/l podem causar
a morte de peixes.
Correlacionando as contagens de coliformes termotolerantes, E. coli e
enterococos com os parâmetros físico-químicos, foi possível observar correlação
estatística a p<0,05 entre: coliformes termotolerantes e salinidade (Spearmann R=-
0,53); E. coli e salinidade (Spearmann R= -0,45). O pH das amostras esteve
correlacionado com as três bactérias indicadoras pesquisadas: coliformes
termotolerantes (Spearmann R= -0,66); E. coli (Spearmann R= -0,53); e enterococos
(Spearmann R= -0,55).
Através de análise de regressão linear, não foi possível perceber a influência
do acumulado pluviométrico da semana nem do mês anterior a coleta sob as contagens
de coliformes termotolerantes, E. coli e enterococos nas amostras analisadas, da mesma
maneira como quando analisados os pontos de cultivo da porção continental como um
todo. Porem analisando cada rio separadamente, observa-se a influência do acumulado
pluviométrico da semana anterior a coleta sob as contagens de:
- Coliformes termotolerantes (beta= 1,00, p<0,05) do Rio Maruim;
- E. coli (beta= 0,98, p<0,05) no Rio Cubatão;
- Coliformes termotolerantes (beta= -1,00, p<0,05) e enterococos (beta= -
1,00, p<0,05) no Rio Cambirela;
- Enterococos (beta= -1,00, p<0,05) no Rio Maciambu.
Foram testadas 16 colônias de Enterococcus sp através do sistema API 20
STREP da Biomerieux, 12 (75%) colônias identificadas como sendo da espécie
Enterococcus faecium, 2 (12,5%) colônias apresentaram perfil inaceitável para
classificação em alguma espécie e 2 (12,5%) colônias foram identificadas como sendo
de outras espécies que não do grupo dos Enterococcus sp.
Foi detectada a presença de coliformes termotolerantes e enterococos em
todas as amostras de água provenientes dos deságües analisados, indicando a mesma
sensibilidade para detecção de ambos os grupos de bactérias.
Ao se analisar as espécies de enterococos que estiveram presentes nas
amostras de águas provenientes dos 22 diferentes pontos de deságüe da Baia Sul, temos
a predominância de E. faecium em 89% das colônias analisadas, como mostra a figura
24.
Figura 24- Porcentagem de identificação das espécies de bactérias pertencentes ao nero
enterococos provenientes dos pontos de deságüe de águas na Baia Sul da Ilha de Santa
Catarina durante o estudo.
A predominância de E. faecium nas águas tanto da Baia quanto nos pontos
de deságüe analisados, indica que a procedência destas bactérias é o despejo de
efluentes e esgoto não tratado nos rios e córregos que tributam suas águas para a Baia.
Áreas costeiras são potencialmente afetadas por constantes influxos de água
contaminada provenientes de rios ou esgotos (com ou sem tratamento adequado), o que
pode limitar atividades como recreação e aqüicultura (LIPP et al., 2001).
O real impacto das descargas intermitentes de diversos tipos de esgoto sob
moluscos bivalves (que primeiro concentram e depois depuram as bactérias de origem
fecal) ainda é uma lacuna a ser preenchida para a comunidade cientifica e para os
órgãos regulatórios, no sentido de manter a qualidade deste tipo de alimento (KAY et
al., 2008).
Alem disso, a compreensão limitada do comportamento hidrodinâmico das
baias e ambientes semiconfinados não é suficiente para uma descrição satisfatória dos
processos de dispersão de substâncias dissolvidas neste corpo d’água. De qualquer
maneira, se faz necessário um estudo mais abrangente envolvendo profissionais de
diversas áreas para permitir um gerenciamento apropriado de um corpo d’água da
importância e complexidade deste.
6. Conclusões
- Ao pesquisar a incidência de bactérias indicadoras de contaminação fecal
em 12 diferentes regiões de cultivo de moluscos bivalves situados na Baia Sul da Ilha de
Santa Catarina, pode-se concluir que as águas da região A apresentaram as menores
contagens destas bactérias, e que nas águas da região 6 encontram-se as maiores
incidências das bactérias indicadoras pesquisadas.
- As amostras de carne das ostras analisadas apresentaram contagens
bastante baixas de coliformes termotolerantes e E. coli em todas as regiões pesquisadas;
- As amostras de água apresentaram poucas contagens com valores altos das
bactérias indicadoras, que estão relacionados com os períodos de grande incidência de
chuvas na Grande Florianópolis;
- Observou-se correlação estatística significante a 5% entre as contagens de
E. coli nas águas utilizadas para cultivo de moluscos e na carne das ostras;
- Enterococos, coliformes termotolerantes e E. coli apresentaram correlação
estatística significante a 5% nas amostras de água analisadas;
- Ocorreu uma maior incidência na detecção de coliformes termotolerantes
do que enterococos nas águas salinas,
- A salinidade foi o parâmetro físico-químico que mais esteve
correlacionado com as contagens das bactérias;
- O acumulado pluviométrico do mês e da semana anterior a coleta teve
influência sob as contagens médias das bactérias nas águas salinas; e sobre as contagens
de E. coli nas amostras de ostras;
- Enterococcus faecium foi a espécie mais encontrada dentre as colônias de
Enterococcus sp identificadas, tanto nas águas salinas da Baia Sul, quanto nas águas dos
rios e córregos analisados;
- Os rios e córregos que deságuam na Baia Sul apresentaram contagens de
coliformes termotolerantes, E. coli e enterococos bastante variáveis entre si, e mais
elevadas do que as contagens destas bacterias nas águas salinas;
- Nenhuma das espécies de enterococos que tiveram seu perfil de resistência
a antibióticos testado apresentou resistência a vancomicina;
- A Baia Sul é ambiente semi-confinado em constante modificação devido
ao fato de estar exposta às mais diferentes condições de variações ambientais como:
ventos, marés, correntes marinhas, chuvas, entre outros. Dessa forma, é necessário um
extenso monitoramento de todas as suas variáveis, durante um longo período de tempo
para que se possa classificar as suas áreas como em “aptas ou não”, “seguras ou não”
para o cultivo de moluscos bivalves, assim como fizeram os países que tem tradição e
são referência nesta área da maricultura.
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