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ENÉIAS BORGES DIAS
REVISTA DA ESCOLA NORMAL DEO CARLOS (1916-1923):
um estudo sobre idéias e práticas educacionais
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
Faculdade de Ciências e Letras
Campus de Araraquara - SP
ARARAQUARA-SP
2009
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1
ENÉIAS BORGES DIAS
REVISTA DA ESCOLA NORMAL DEO CARLOS (1916-1923):
um estudo sobre idéias e práticas educacionais
Dissertação de Mestrado, apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação
Escolar da Faculdade de Ciências e Letras
Unesp/Araraquara, como requisito para obteão
do título de Mestre em Educação.
Linha de pesquisa: Estudos históricos,
filosóficos e antropológicos sobre escola e
cultura
Orientador: Prof. Dr. Carlos Monarcha
ARARAQUARA-SP
2009
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2
ENÉIAS BORGES DIAS
REVISTA DA ESCOLA NORMAL DEO CARLOS (1916-1923):
um estudo sobre idéias e práticas educacionais
Dissertação de Mestrado, apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Educação
Escolar da Faculdade de Ciências e Letras
Unesp/Araraquara, como requisito para obteão
do título de Mestre em Educação.
Linha de pesquisa: Estudos históricos,
filosóficos e antropológicos sobre escola e
cultura
Orientador: Prof. Dr. Carlos Monarcha
Banca Examinadora
Prof. Dr. Carlos Monarcha
Profa. Dra. Raquel Discini de Campos
Profa. Dra. Alessandra Arce
ARARAQUARA – SP
2009
3
Aos meus pais, Moacyr e Diná pela educação que me possibilita
discernir e escolher caminhos.
Aos meus irmãos, Evânia e Eliezer pelo apoio nas horas difíceis.
À Cláudia companheira de sempre e grande incentivadora.
Aos amigos verdadeiros que sempre estiveram ao meu lado.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Professor Doutor Carlos Monarcha, meu orientador, a quem devo o
incentivo, a confiança e sugeses que me ajudaram a produzir esta dissertação; ao Programa
de Pós-Graduação em Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade
Estadual Paulista, campus de Araraquara e a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo,
pela “Bolsa Mestrado”, que muito contribuiu para a realização da pesquisa.
Agradeço também, as professoras Alessandra Arce e Silvia Regina Ricco Lucato
Sigolo, por suas inestimáveis contribuições por ocasião do exame de qualificação desta
dissertação; aos colegas do Grupo de Pesquisa “História da Educação no Brasil”; aos colegas
da Unesp/Araraquara e Unesp/Marília; aos professores e diretores da EE “Antonio Baldusco”,
EE “17 de Setembro” e EE “Dorival de Carvalho”; aos colegas Joel Carlos Vicenzotti, Maria
Isabel Moretto Gementi e Mariana M. Gementi.
5
Resumo
A Revista da Escola Normal de o Carlos publicada em São Carlos,SP, entre os anos de
1916 e 1923, e destinada aos professores blicos, pode ser considerada uma das primeiras
revistas de educação e ensino publicadas no interior do estado de São Paulo à época da
Primeira República. Produzida pelo corpo docente da Escola Normal Secundária de São
Carlos, a Revista pretendia intervir significativa e produtivamente no âmbito das questões de
educação e ensino, mediante produção teórica e diretrizes práticas, visando à inovação
educacional do ensino das matérias do currículo da escola primária, articuladamente à difusão
do ideário republicano, objetivando impulsionar o desenvolvimento cultural do Estado e da
Nação. O objetivo da pesquisa foi identificar e analisar as idéias e as práticas veiculadas pelos
autores colaboradores da Revista. Os assuntos abordados por essa publicação periódica
contribuíram para a difuo de concepções e idéias sintonizadas com a problemática das
transformações sociais educacionais em curso nos anos de 1910 e 1920.
Palavras chave: revistas de educação; História da Educação; escola normal; formação de
professores; educação cívica; São Carlos.
6
Abstract
The Revista da Escola Normal de São Carlos was published in São Carlos, SP, between the
years 1916 and 1923 for teachers and public. This magazine may be considered one of the
first journals in education established in the state of São Paulo at the time of the First
Republic. Produced by professors of the Secondary Normal School of São Carlos, the
magazine intended to intervene in education and training in a meaningful and productive way
by producing theoretical and practical guidelines, educational innovation to the teaching of
subjects belonging to the curriculum of primary school and by articulating the dissemination
of republican ideas to foster the cultural development of the state and nation. In this context,
the present research aims to know the ideas and actions of the collaborator authors of the
Revista da Escola Normal de São Carlos. The issues in the regular publication contributed to
the dissemination of concepts and ideas attuned to the educational problems of the social
changes underway in the years 1910 and 1920.
Key-words: education journals; History of Education; normal schools; training teachers; civic
education; São Carlos.
7
Lista de Ilustrações
Ilustração 1:
A Biblioteca da Escola Normal de São Carlos contava com
um acervo riquíssimo com obras raras, algumas datadas do
final século XVI. – Fonte: Nosella & Buffa (2002, p.83)........
41
Ilustração 2:
O Laboratório de Ciências da Escola Normal de São Carlos
era constituído de diversos aparelhos importados da Europa e
dos Estados Unidos da América. Fonte: Nosella & Buffa
(2002, p. 89).............................................................................
41
Ilustração 3:
As atividades físicas na Escola Normal de o Carlos eram
consideradas de suma importância para o desenvolvimento
do educando, a dança em especial, se destacava com arte que
valorizava a elegância e disciplina dos alunos. Fonte:
Revista de Educação v.1, n.1, mar., 1933................................
42
Ilustração 4:
A Sala de Desenho da Escola Normal de São Carlos era
composta por diversos materiais didático-pedagógicos
pautados nos estudos mais modernos da época. Fonte:
Morila (2005, p.56)..................................................................
43
Ilustração 5:
A Escola Normal de São Carlos reuniu nomes ilustres do
meio político-educacional em eventos como Palestras e
Conferências abertas ao acesso da população são-carlense e
região. – Fonte: Motta (1935)..................................................
47
Ilustração 6:
Para os autores da Revista a educação não é um fato isolado
puramente humano, mas sim um fenômeno integralizado
com fatores biológicos e sociais. Fonte: Revista da Escola
Normal de São Carlos, Ano 1, n.1,nov., 1916.........................
54
Ilustração 7:
É na escola que se forma o verdadeiro caráter do homem
civilizado, assim o amor a tria Mãe deveria ser prioridade
nas escolas elementares. Fonte: Revista da Escola Normal
de São Carlos, Ano 4, n.8, jun., 1920......................................
55
Ilustração 8:
O nacionalismo foi destaque na edição especial da Revista
que teve sua capa adornada por listras verde e amarela.
8
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, Edição
Especial, n.3, dez., 1917...........................................................
57
Ilustração 9:
A República Mulher”, mãe dos cidadãos, defensora dos
valores de liberdade, igualdade e fraternidade foi destaque na
capa do primeiro número da Revista. Fonte: Revista da
Escola Normal de São Carlos, Ano 1, n.1, nov., 1916............
58
Ilustração 10:
Comissão regional de escoteiros do grupo escola “Oswaldo
Cruz”. Para os intelectuais das décadas de 1910 e 1920
escotismo tinha um papel fundamental na formação da
identidade nacional, pois dentre os valores apregoados eram
priorizados à disciplina e o amor a pátria. Fonte: Anrio
do Ensino do Estado de São Paulo (1924)...............................
95
Ilustração 11:
Tamb acampamento de escoteiros na data de 7 de
Setembro de 1922. Honra, lealdade, amizade, fraternidade,
respeito ao meio ambiente, disciplina, auto-estima e caráter,
princípios que faziam parte da vida de um escoteiro. Fonte:
Anuário do Ensino do Estado de São Paulo (1924).................
96
9
Lista de Quadros
Quadro 1:
Índices de analfabetismo segundo os censos decenais. Fonte:
Peixoto (1931)......................................................................................
25
Quadro 2:
Índices de analfabetismo Estados, Capital Federal e Terririo em
1920. Fonte: Serva (1927).................................................................
26
Quadro 3: Recenseamento Escolar – São Paulo 1920. – Fonte: Sampaio
ria (1920).........................................................................................
35
Quadro 4:
Evolução do sistema escolar primário paulista – 1919-1922. – Fonte:
Kuhlmann (1932).................................................................................
36
Quadro 5:
Cadeiras e lentes da Escola Normal de São Carlos (1917). Fonte:
Revista da Escola Normal de São Carlos............................................
38
Quadro 6:
Aulas, professores e regentes da Escola Normal de São Carlos
(1917). – Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos.................
39
Quadro 7:
Pessoal da administração Escola Normal de o Carlos (1917).
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos.................................
44
Quadro 8:
Alunos matriculados 1917. Fonte: Revista da Escola Normal de
São Carlos, ano 1, n.2, jun., 1917........................................................
44
Quadro 9:
Alunos diplomados homens e mulheres. Fonte: Revista da
Escola Normal de São Carlos, 1917, 1918, 1919, 1920, 1921, 1922,
1923......................................................................................................
45
Quadro 10:
Nome e posição sócio-ocupacional da Comissão de Redação. –
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, n.2, jun., 1917........
51
Quadro 11: Autores colaboradores e posição cio-ocupacional. – Fonte: Revista
da Escola Normal de São Carlos 1916-1923....................................
52
Quadro 12:
Periodicidade e número de páginas da Revista.................................... 56
Quadro 13:
Palestras cívicas publicadas no fascículo temático.............................. 56
Quadro 14:
Autores e freqüência de colaboração................................................... 59
Quadro 15:
Assuntos e freqüência...........................................................................
60
Quadro 16:
Publicações vinculadas a Escola Normal de São Carlos – 1911-
1929. Fonte: Pirolla (1988)...............................................................
61
Quadro 17:
Artigos e autores –todos de processo de ensino............................. 102
Quadro 18:
Currículo do curso normal – 1913........................................................
104
Quadro 19:
Artigos veiculados na seção “Ensino Primário”.................................. 106
10
Sumário
Apresentação..........................................................................................................
12
Capítulo 1 - A instrução blica no estado de o Paulo nas décadas de 1910 e
1920.........................................................................................................................
23
Capítulo 2 - A Escola Normal Secundária de São Carlos......................................
37
Capítulo 3 - A Revista da Escola Normal de São Carlos e suas características....
48
Capítulo 4 - Formar o Homem e o Cidadão, a importância do ensino da língua
nacional e das matérias geografia e história............................................................
A língua nacional...................................................................................................
Geografia e Hisria do Brasil: nossas riquezas, nosso heróis”............................
Os exemplos de conduta e ideais..................................................................
.........
63
66
69
72
Capítulo 5 - Êxodo rural, urbanismo e saúde pública............................................ 74
Capítulo 6 - O nacional e o estrangeiro..................................................................
79
Capítulo 7 - O “culto cívico”, a religião da Pátria”, o escotismo.........................
O hino e a letra......................................................................................................
O escotismo como meio associativo e educativo.................................................
86
90
92
Capítulo 8 - Pedagogias e modelos de ensino nas páginas da Revista...................
“Ensinar a ensinar”: os métodos e processos didáticos........................................
A seção “Ensino Primário”...................................................................................
97
101
106
Considerações Finais.............................................................................................
111
Referências.............................................................................................................
1. Fontes..................................................................................................................
2. Bibliografia..........................................................................................................
3. Obras de referência..............................................................................................
114
114
117
121
Instituições Consultadas....................................................................................... 121
Anexos ....................................................................................................................
Anexo 1 – Revistas de Educação e Ensino — São Paulo: 1892/1944....................
123
124
Anexo 2 – Publicações no âmbito do Projeto de Pesquisa “Revistas de Educação
e Ensino: 1892-1944”..............................................................................................
125
Anexo 3 – Levantamento da Revista da Escola Normal de São Carlos.................
127
Anexo 4 – Alunos diplomados pela Escola Normal de o Carlos segundo local
de nascimento – 1914-1923.....................................................................................
141
11
Anexo 5 – Levantamento da Revista Excelsior!......................................................
143
Anexo 6 - Biografia dos colaboradores da Revista da Escola da Normal de São
Carlos......................................................................................................................
150
12
Apresentação
O presente estudo, acerca da Revista da Escola Normal de São Carlos, objetiva
identificar as idéias e as práticas educacionais apresentadas por seus editores e veiculadas ao
longo do ciclo de vida” do periódico, pretendendo desse modo contribuir para uma
compreensão, dentre as possíveis, da história da educação paulista e brasileira na Primeira
República. Para tanto, centramos os estudos e as análises no material textual publicado na
Revista, procuramos identificar assuntos e questões abordadas pelos autores colaboradores
dessa publicação periódica.
O interesse pela história da educação decorre de minha experiência pessoal
enquanto professor da disciplina História em escolas de ensino fundamental e médio da rede
estadual de ensino do estado o Paulo e participação em grupos de pesquisa na graduação e
s-graduação. Considero, entretanto, necessário inicialmente elucidar alguns aspectos dessas
experiências, partindo de minha formação acadêmica, para melhor compreensão da
dissertação de mestrado, ora apresentada.
Minha educação básica ocorreu em escolas públicas do estado deo Paulo,
iniciando minha formação acadêmica em 1998, ao ingressar no curso de graduação em
História da Universidade Estadual Paulista, campus de Assis, onde tive um primeiro contato
com a pesquisa científica, quando no último ano da graduação realizei o “Estágio de
Preservação do Patrimônio Histórico e Documental – os Arquivos blicos”, promovido pelo
Setor de Ação Educativa do Arquivo do Estado de São Paulo, em parceria com a
UNESP/Assis.
Nesse estágio, pude melhor compreender o estudo e a prática da pesquisa histórica
e a preservação de fontes e documentos. Ao concluir a graduação em 2002, movido pela
necessidade de trabalhar, retornei à casa de meus pais, porém o desejo maior era naquele
13
momento prosseguir a minha formação acadêmica. Afastei-me da universidade e comecei a
atuar como professor substituto na rede estadual de ensino no estado São Paulo. Enquanto
professor sentia a necessidade de complementar a minha formação acadêmica e envolver-me
com a pesquisa científica.
Em 2003, ingressei no curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia e Ciências
da Universidade Estadual Paulista, campus de Marília, onde passei a integrar o Grupo de
Pesquisa “História da Educação Brasileira”, que naquele momento desenvolvia o Projeto
Integrado de Pesquisa “Revistas de educação e ensino São Paulo: 1892-1944coordenado
pelo Professor Dr. Carlos Monarcha, com apoio e auxílio à pesquisa do CNPq, no biênio
2002- 2004, e auxílio à pesquisa FAPESP, no biênio 2003-2005. (ver Anexos 1e 2).
Nesse ano, obtive uma Bolsa de Apoio Técnico à Pesquisa, concedida pelo CNPq.
Sob a orientação do professor coordenador do grupo de pesquisa e do projeto
integrado, participei do desenvolvimento do trabalho envolvendo-me nas atividades de
organização, reunião, digitação e conferência de material documental e bibliográfico
localizados nas instituições consultadas; participação em reuniões de trabalho e seminários de
pesquisa, elaboração de relatórios técnicos de atividades de pesquisa; realização de estudo da
bibliografia básica do projeto integrado de pesquisa; elaboração e redação de comunicações
cienficas e de monografia sobre a revista Escola Nova (1930-31), e por fim, elaborei os
levantamentos das publicações: Revista de Educação (1933-1935), Revista de Educação
(1938-1943), Revista de Educação (1921-1922) e Revista de Educação Piracicaba (1921-
1922).
O primeiro contato com a Revista da Escola Normal de São Carlos deu-se no
âmbito do Projeto. Essa publicação periódica despertou-me a atenção por diversos motivos,
dentre os quais: tratava-se de uma publicação até então pouco estudada;
1
a Revista fora
1
Atualmente constam trabalhos sobre a Revista da Escola Normal de São Carlos, ver: Ozelin (2006); Nery
(2007; 2008); Silva (2009).
14
idealizada por professores e endereçada aos professores primários atuantes nas escolas
públicas, fato que me levou a identificar com a publicação, as idéias e sugestões nela
constantes, de certa maneira, remetiam a minha atuação enquanto docente que vivenciava
projetos de mudanças visando a melhoria da Educação; a Revista apresentava discussões
sobre métodos e processos de ensino visando uma melhor formação dos educadores e
eficiência no processo de ensino e aprendizagem, expectativas por mim vivenciadas na dupla
condição de graduando em Pedagogia e professor do ensino fundamental e médio; por tratar-
se de uma fonte documental representativa de um período significativo da formação social
brasileira, tanto no aspecto educacional quanto dos rumos históricos e sociais, vi no estudo e
análise dessa revista a oportunidade de por em prática conhecimentos adquiridos em minha
formação de historiador e pedagogo, e claro, talvez tentar responder as questões do presente
hisrico brasileiro.
Tendo essas intuições e preocupações em vista, assim, sob a orientação do Prof.
Dr. Carlos Monarcha, elaborei o projeto de mestrado intituladoRevista da Escola Normal de
São Carlos (1916-1923): um estudo sobre idéias e práticas educacionais”, projeto este
contemplado com uma bolsa de mestrado concedida pela FAPESP.
Entretanto, novamente, por problemas particulares vi-me afastado da universidade
e da vida acadêmica, em 2005, as aprovação em concurso de títulos e provas na disciplina
História. Fui nomeado para o cargo de professor efetivo no quadro do magistério da Secretaria
da Educação do Estado de São Paulo, tomando posse na EE “Antonio Baldusco”, no
município de o Lourenço da Serra; em 2006, após participar do concurso de remoção,
tomei posse na EE “17 de Setembro”, no município de Pompéia; em 2008, após novo
concurso de remão, assumi a EE “Dorival de Carvalho”, na cidade de Matão.
Em 2007, após exame de seleção, ingressei como aluno regular no Programa de
s-Graduação em Educação Escolar, nível de mestrado, da Universidade Estadual Paulista,
15
Campus de Araraquara, sob a orientação do Professor Dr. Carlos Monarcha, e então pude
retomar, de fato, o desenvolvimento do projeto de pesquisa, naquele ano a Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo concedeu-me uma Bolsa de Estudos com duração de trinta
meses para desenvolver a dissertação de mestrado.
A Revista da Escola Normal de São Carlos, editada pelo corpo docente da Escola
Normal de o Carlos, constitui o objeto central dessa dissertação, voltado à compreensão do
estudo e análise dos temas ou assuntos veiculados, debatidos e propagandeados ao longo das
páginas do periódico, durante seu “ciclo de vida”, 1916 a 1923.
Considerada uma das primeiras revistas de educação e ensino mantida, editada e
distribuída por professores normalistas do interior paulista na Primeira República, a Revista
publicou artigos inéditos, cujos autores vinculavam-se a própria Escola Normal de São Carlos
e demais estabelecimentos de ensino público do Estado, e exerciam diferentes funções na
carreira do magistério: professores de escolas normais, professores primários, diretores de
escolas, entre outros. Preocupados com os rumos da Nação e da República, empenhados em
inovar o ensino praticado nas escolas blicas, os autores debruçaram-se sobre os mais
variados assuntos: pedagogia, filosofia, ciência, métodos e processos de ensino, nacionalismo,
êxodo rural, higiene escolar e formação de professores.
O “ciclo de vida” da Revista transcorreu numa conjuntura crucial e fremente da
formação social brasileira, quando se tornou visível, pelo menos para as vanguardas políticas
e intelectuais, a necessidade “republicanizar a república”. Nessa conjuntura de urgência, um
momento rico de reflexões, projetos, idéias sobre os rumos da sociedade brasileira e ocidental,
emergiram os mais diversos movimentos políticos, sociais e culturais a reivindicarem para si a
incumbência de regeneração e avivamento da nacionalidade pela via da educação popular. E
como não poderia deixar de ser, tal conjuntura e seus acontecimentos foram objeto de
análises, discussões e propostas nas páginas da Revista.
16
Destarte, salienta Annio Nóvoa no prefácio de A imprensa de educação e ensino.
Repertório analítico (séculos XIX-XX), ao justificar a importância das investigações centradas
em revistas de educação e ensino, colocou os seguintes argumentos teóricos:
A imprensa revela as múltiplas facetas dos processos educativos, numa perspectiva
interna ao sistema de ensino (cursos, programas, currículos, etc.), mas também no que diz
respeito ao papel desempenhado pelas famílias e pelas diversas instâncias de socialização
das crianças e dos jovens. A imprensa constitui, sem dúvida, uma das melhores
ilustrações da extraordinária diversidade que atravessa o campo educativo.
Registre-se, em segundo lugar, a natureza da informação fornecida pela imprensa, que lhe
concede um carácter único e insubstituível. Estamos, na maior parte das vezes, perante
reflexões muito próximas dos acontecimentos, que permitem construir uma ligão entre
as orientações emanadas do Estado e as práticas efectivas na sala de aula. Apesar da
diversidade da imprensa, pode afirmar-se que os escritos jornalísticos se definem pelo seu
carácter fugaz e imediato, inscrevendo-se freqüentemente numa lógica de reacção a
realidades ou a idéias, a normas legais ou situações políticas. A imprensa é, talvez, o
melhor meio para compreender as dificuldades de articulação entre a teoria e a ptica: o
senso comum que perpassa as páginas dos jornais e das revistas ilustra uma das
qualidades principais de um discurso educativo que se constrói a partir dos diversos
actores em presença (professores, alunos, pais, associações instituições, etc.)
uma terceira razão de grande significado: a imprensa é o lugar de uma afirmação em
grupo e de uma permanente regulação colectiva, na medida em que “cada criador está
sempre a ser julgado, seja pelo público, seja por outras revistas, seja pelos seus próprios
companheiros de geração”. De facto, a feitura de um periódico apela sempre a debates e
discussões, a polêmica e conflitos; mesmo quando é fruto de uma vontade individual, a
controvérsia não deixa de estar presente, no diálogo com os leitores, nas reivindicações
junto aos poderes públicos ou nos editoriais de abertura. (1993, p. XXXII).
Em Por uma hisria cultural dos saberes pedagógico”, Marta Chagas de
Carvalho (1998, p.35) ao se referir aos periódicos educacionais e sua importância na pesquisa
hisrica observou:
17
É também procedimento que toma o impresso em sua materialidade de objeto cultural,
interessando-se pelas práticas que o produzem e pelos usos que são feitos dele, movendo-
se no âmbito do que o mesmo Chartier chamou de uma “arqueologia dos objetos em sua
materialidade”. Pensar em termos dessa arqueologia implica tratar o impresso a ser
analisado como objeto cultural que, constitutivamente guarda as marcas de sua produção
e de seus usos. No caso de impressos de destinação escolar, trata-se, em primeiro lugar,
de analisá-los da perspectiva de sua produção e distribuição, como produto de estratégias
editoriais em estrita corresponncia com os usos que modelarmente lheo prescritos.
Motivado por esses desafios intelectuais, decidi-me investigar a Revista da Escola
Normal de São Carlos e, assim, contribuir para a compreensão da história da educação
brasileira mediante realização de estudo e análise da Revista da Escola Normal de São Carlos.
E para a compreensão analítica dos discursos veiculados pela Revista recorri à
conceituação de Roger Chartier em A história cultural: entre práticas e representações,
acerca das “representações inscritas nos textos”, ou seja, as representações do mundo real são
determinadas por grupos que as forjam. Essas representações produzem estratégias e práticas
(sociais, escolares, políticas) que tendem a impor uma autoridade à custa de outros, por elas
menosprezados, a legitimar um projeto reformador ou justificar, para os próprios indivíduos,
as suas escolhas e condutas” (1990, p.17). Nessa perspectiva é possível pensar uma história
cultural e social.
Que tome por objeto a compreensão das formas e dos motivos ou, por outras palavras,
das representações do mundo social que, à revelia dos atores sociais, traduzem as suas
posições e interesses objetivamente confrontados e que, paralelamente, descrevem a
sociedade tal como pensam que ela é, ou como gostariam que fosse. (idem).
Nos últimos anos, a importância e a propriedade dos impressos vem sendo
sistematicamente salientados pelos pesquisadores na área da Educação.
18
Eliana Marta Teixeira Lopes e Ana Maria de Oliveira Galvão, autoras de História
da educação (2001), escrevem que dentre as fontes documentais, os jornais e as revistas de
educação vêm ganhando prestígio nas pesquisas acadêmicas, dando lugar a uma produção
teórica significativa e inovadora. Já Maurilene Souza Bicas e Marta Maria Chagas de
Carvalho em “Reforma escolar e práticas de leitura de professores: a Revista do Ensino
(2000) concluem que impressos interessaram como objeto de investigação e objeto material,
cujos usos, dá-se em situações específicas que ser quer determinar.
Pioneiras no Brasil, Denice Bárbara Catani e Maria Helena Camara Bastos
organizaram a coletânea Educação em revista: a imprensa periódica e a história da educação
(1997), na qual reuniram contribuições “de estudiosos da História da Educação no Brasil e no
Exterior, que têm privilegiado como fonte de pesquisa a imprensa periódica” (p.5). No
prefácio, citando Pierre Ognier, as organizadoras consideram ser a imprensa educacional um
corpus documental valioso e de “várias dimensões, pois constitui-se em testemunho vivo dos
métodos e concepções pedagógicas de uma época e da ideologia moral, política e social de
um grupo de profissional”, permitindo o estudo do “pensamento pedagógico de um
determinado setor ou de um determinado grupo social a partir da análise do discurso
veiculado e da ressonância dos temas debatidos, dentro e fora do universo escolar” (idem,
p.5).
Nessa coletânea de textos, Annio voa no capítulo “A imprensa de educação e
ensino: concepção e organização do repertório português” (1997, p.11-2) relata o processo de
elaboração do Repertório analítico da imprensa de educação e ensino, e reafirma o seu ponto
de vista a respeito da imprensa pedagógica, e assim escreve: permite apreender discursos que
articulam práticas e teorias, encontrados no nível ‘macro’ do sistema, mas também no plano
‘micro’ da experiência concreta”, que, ao mesmo tempo, podem exprimir desejos de futuro,
19
como tamm denunciar situações do presente. Para o autor, a imprensa é um corpus
essencial para a história da educação.
No capítulo “Imprensa pedagógica e a formação contínua de professores primários
(1815-1939)”, Pierre Caspard e Penélope Caspard (1997, p.46) ressaltam a importância
estratégica da imprensa periódica para as investigações relativas à história da formação
docente e do universo escolar. Segundo os autores, “a imprensa pedagógica é um mídia muito
mais interpretativo que os tratados ou os manuais e dessa maneira constitui-se um dos
melhores observatórios do movimento social na obra da escola e da formação.
Nessa mesma coletânea, sob o título “A imprensa periódica educacional no Brasil:
1808 a 1944”, Maria Helena Camara Bastos apresentou um rol valioso de títulos de
publicações periódicas para a pesquisa em história da educação, observando que na Primeira
República houve uma série de iniciativas destinadas à publicação de revistas, jornais e
boletins educacionais, o que transformou o papel da literatura educacional e introduziu novas
modalidades de percepção da problemática educacional.
Em análise original, Marta Maria Chagas de Carvalho no capítulo “A caixa de
utensílios e a biblioteca: pedagogia e práticas de leitura” (2001) analisou a revista Eschola
Publica, veiculada entre 1893 e 1897, e destinada ao magistério público primário. Para a
autora, os republicanos paulistas ao promoverem a institucionalização da nova ordem política
tinham a escola como marco sinalizador da ruptura que se pretendia entre um “passado
sombrio e um futuro luminoso”. A Eschola Publica surgiu nesse campo normativo intervindo
significativamente no âmbito das questões do ensino, funcionando, conforme a autora, como
“caixa de utensílios” dirigida aos professores.
Ana Luiza Martins (2001a) ao analisar a “imprensa e as práticas culturais” em São
Paulo, no período de 1890 a 1922, no livro Imprensa e pticas culturais em tempos da
República dedicou um capítulo específico à imprensa educacional sob o título “Modelando
20
gerações: revistas pedagógicas”, explicando que no período a publicação de revistas
educacionais e/ou pedagógicos não dependeu o-somente da providência do Estado, mas
coube à iniciativa de associações interessadas em promover e levar avante a criação de
revistas da área. Para a autora, as revistas carregavam uma “proposta formadora”, sendo
freqüentes conteúdos atinentes à educação moral, cívica e religiosa.
Certamente os autores e títulos acima citados o esgotam as profícuas
contribuições bibliográficas sobre o periodismo especializado em educação e ensino,
devendo-se necessariamente acrescentar, ainda que de passagem, os levantamentos pioneiros
valiosos realizados por Lafayette de Toledo, “Imprensa paulista: memória histórica” (1898),
Afonso A. de Freitas “A imprensa periódica de São Paulo (1915), Carlos da Silveira
“Apontamentos para uma história do ensino público em São Paulo: revistas de ensino
(1929), Antonio Barreto do Amaral “Nossas revistas de cultura: ensaio histórico-literário”
(1968); e a análise também pioneira de Denice Barbara Catani, “Educadores a meia-luz: um
estudo sobre a revista de ensino da Associação Beneficente do Professorado Público de São
Paulo: 1902-1918(1989); e as contribuições tricas de Marta Chagas de Carvalho e Maria
Rita de Almeida Toledo (2000), “Reforma escolar, pedagogia da Escola Nova e usos do
impresso”.
Norteando-se pela bibliografia e estudos apresentados, iniciei a pesquisa lendo e
analisando os treze meros da Revista. Nessas análises constatei uma variedade de temas e
assuntos abordados: nacionalismo, métodos de ensino, urbanismo, civismo, educação moral,
saúdes escolar, povo brasileiro, entre outros.
O texto da redação da dissertação está organizado em oito capítulos e cinco
anexos; os capítulos estão estruturados em torno de temas e/ou assuntos veiculados nos
fascículos da Revista e analisados com recurso a bibliografia especializada. Seguem-se então,
as referências bibliográficas e os nomes dos acervos consultados.
21
Assim, no capítulo inicial evidencio alguns aspectos do contexto político e
educacional dos anos de 1910 e 1920, procuramos assinalar os reflexos da Primeira Guerra
Mundial em nosso país, a emergência dos diversos movimentos nacionalistas, os quais
reivindicam em seus programas de ação, a extensão da instrução popular como instrumento de
regeneração política e social e construção de uma identidade nacional.
No capítulo 2, abordo em linhas gerais a criação da Escola Normal de São Carlos,
e apontamos aspectos de sua estrutura administrativa e pedagógica; em seguida, no capítulo 3,
apresento a Revista em seus aspectos gerais, tais como, características materiais, aspectos
técnicos e visuais, autores colaboradores e formação acadêmica, freqüência de colaboração e,
por fim, os assuntos abordados.
No capítulo 4, exponho em detalhe os autores e os artigos que versavam sobre o
ensino de matérias e de conteúdos que objetivavam a formação do cidadão da República, em
especial o ensino da língua pátria, da geografia e da história do Brasil.
No capítulo 5, também mais detidamente elegi os autores e artigos que versavam
sobre a problemática representada pela saída do homem do campo, o inchaço das cidades,
higiene e saúde pública, assuntos palpitantes e enfaticamente expostos e debatidos pelos
autores.
No capítulo 6, por sua vez, procuro examinar o ponto de vista dos autores acerca
da identidade nacional e a imigração estrangeira, nele pudemos observar que, o estrangeiro foi
visto ao mesmo tempo como solução por ser oriundo das “melhores raças” e perigo de
desnacionalização, portanto, fator de desarmonia social. O capítulo 7, foi dedicado à análise
dos autores e artigos voltados para o tema da formação moral e cívica das crianças, nele pude
perceber a importância atribuída e desempenhada pelas atividades de mobilização realizadas
nos espaços intra e extra-escolares, além da grande significância que representaram os cultos
cívicos e a prática do escotismo.
22
O capítulo 8 deteve-se na complexa discussão sobre os modelos de ensino e
concepções pedagógicas, certamente, uma das grandes questões educacionais presentes no
pensamento pedagógico da Primeira República, às voltas não com o combate aos índices
de analfabetismo como também com a melhora do desempenho e eficiência da escola popular.
Da análise foi possível constatar que a Revista serviu de veículo de debate e de propostas
concernentes a inovação de técnicas e modelos de ensino e aprendizagem.
23
Capítulo 1
A instrução pública no estado de São Paulo
nas décadas de 1910 e 1920
A Proclamação da República no Brasil em 1889 foi um ato realizado com a
participação de um pequeno segmento da sociedade. A maioria da população esteve distante e
não promoveu grandes manifestações de apoio ao novo regime. Martins (2001b, p.109)
considera a proclamação do novo regime como um feito de “elite que visava a preservar
privilégios econômicos, sociais e políticos”. Edgard Carone em A Primeira República: texto e
contexto (1969, p.288), um dos principais estudiosos do período republicano, considera que:
A implantação da República é gesto de uma classe, reivindicação de um grupo em
desenvolvimento, que luta contra as formas coercivas de um predomínio político, jurídico
e social ultrapassado. As alianças ocasionais, que surgem no correr dos primeiros anos do
novo regime, são logo superadas, porque esta classe tem consciência da capacidade para
governar sozinha. A Primeira República é o peodo que os senhores do café ascendem ao
poder, alcançam sua plenitude e depois declina para o acaso.
Os detentores do poder econômico agrário e industrial no Centro-Sul,
especialmente os cafeicultores do Oeste paulista, juntamente com intelectuais e políticos
partilhavam do projeto de construção de uma nação moderna comparável às européias.
Designadamente, as décadas de 1910 e 1920 assistiram à passagem gradual do sistema
agrário-comercial para o urbano-industrial, o início da ruptura com a sociedade de
características estamentais e a negação da política dos governadores”.
Nesse período, São Carlos se destacava como uma das mais psperas e elegantes
cidades do interior paulista. A riqueza auferida pelo café proporcionava uma série de
melhoramentos materiais que beneficiava a cidade: calçamento e ruas largas, quarteies
simétricos, luz elétrica, linhas telefônicas, bondes, teatros, ferrovia e magníficos palacetes
24
situados na parte central da cidade. Culturalmente a cidade também demonstrava seu prestigio
no cenário paulista e nacional, não pelos seus estabelecimentos de ensino, como também
por ser sede de Bispado.
Com efeito, em 1905 foi criado um colégio de religiosas de origem francesa. Esse
colégio iniciou suas atividades no palacete do Conde do Pinhal. Várias alunas originárias de
outras cidades da região, principalmente as filhas dos fazendeiros locais, freqüentavam a
instituição. A sede própria do colégio foi inaugurada em 1914, todavia, a instalação de uma
Escola Normal, 1911 representou a mais importante realização dos fazendeiros.
A Escola Normal Secundária de São Carlos foi de importância para o
desenvolvimento da cidade, pois, além de atrair jovens das classes médias e das elites da
região, fixou lentes ilustres na cidade, gerando um ambiente propício à criação de clubes
literários, reuniões científicas e desenvolvimento artístico. Para Nosella e Buffa (2002) em
Schola Mater: A Antiga Escola Normal De São Carlos, a Escola Normal seria um
prosseguimento dos estudos iniciados no colégio das freiras dedicado, sobretudo, a formação
moral e religiosa das filhas dos fazendeiros, posteriormente, complementada com formação
intelectual na Escola Normal.
Após a Proclamação da República, a região de São Carlos continuou a ser um pólo
de desenvolvimento importante do Estado de São Paulo. A lavoura de café prosseguiu no
papel de viga-mestra da prosperidade local. Com o novo regime político e o fim da
escravidão, a região passa a receber largos contingentes de imigrantes para compor as forças
de trabalho nas lavouras, os quais trouxeram consigo novas atitudes, técnicas e atividades
favorecendo o surgimento de indústrias em São Carlos (TRUZZI, 2000).
O primeiro contingente de imigrantes a chegar à cidade data de 1876, quando
Antonio Carlos de Arruda Botelho trouxe famílias alemãs para sua propriedade. Entretanto, as
entradas mais significativas ocorreram durante os primeiros anos de 1880. Conforme Vilmo
25
Guimarães Melo (1975, p.112) em sua tese de doutorado A imigração italiana e a
transformação da estrutura econômica social do município de São Carlos, entre os anos de
1901 e 1930, entraram 19.332 imigrantes em São Carlos. Destes, 16.999 declararam as suas
nacionalidades, sendo que 36,07% eram espanhóis, 34,60% italianos, 15,99% portugueses, e
os demais pertencentes a outras nacionalidades.
Os imigrantes integraram-se, em sua maioria, como colonos nas fazendas de café,
contudo, a atividade econômica e social dos imigrantes, teve uma influência decisiva na vida
do município. Para Oswaldo Truzzi (2000) em Café e indústria, São Carlos: 1850-1950
dentre os vários fatores que cooperaram para o desenvolvimento industrial na região de São
Carlos, a imigração de europeus favoreceu o surgimento das indústrias na cidade que eram
estimuladas pelo capital cafeeiro e ferrovia.
Igualmente ao desenvolvimento da cidade, surgem também preocupações de
ordem política, cultural e social que passam a fazer parte do cotidiano da elite local e estadual.
Uma das maiores preocupações no período referia-se ao grande número de analfabetos.
A essa época, no Brasil, os índices de analfabetismo eram alarmantes, de fato, um
dos mais expressivos intelectuais da Primeira República, Afrânio Peixoto, em Marta e Maria:
documentos de ação parlamentar (1931) baseado nos recenseamentos decenais apresentava a
seguinte súmula numérica:
1872 1. 564.481 sabiam ler e
escrever
8. 356.997 não sabiam ler nem
escrever
1890 2. 120.559 sabiam ler e
escrever
12. 213.356 não sabiam ler nem
escrever
1900 4. 448.681 sabiam ler e
escrever
12. 989.753 não sabiam ler nem
escrever
1920 7. 493.357 sabiam ler e
escrever
23. 142.248 não sabiam ler nem
escrever
Quadro 1 – Índices de analfabetismo – segundo os censos decenais
Fonte: Peixoto (1931)
26
Ou seja, por volta de 1920, do total de trinta milhões de habitantes, vinte e
quatro milhões eram analfabetos. Já Mario Pinto Serva, com base no recenseamento de
1920, apresentava na 1ª Conferência Nacional de Educação, realizada em Curitiba, no ano
de 1927, os seguintes números:
Estados População
Analfabetos % de analfabetos
Alagoas 978.748 834.213 85,2
Amazonas 363.166 266.552 73,4
Bahia 3.334.465 2.720.990 81,6
Cea 1.319.228 1.073.262 81,4
Distrito Federal 1.157.873 447.621 38,7
Espírito Santo 457.328 349.400 76,4
Goiás 511.919 433.389 84,7
Maranhão 874.337 735.906 84,2
Mato Grosso 246.612 174.819 70,9
Minas Gerais 5.888.174 4.671.533 79,3
Pará 983.507 695.806 70,7
Paraíba do Norte 961.106 834.155 68,8
Paraná 685.711 492.512 71,8
Pernambuco 2.154.835 1.770.302 82,2
Piauí 609.003 536.061 88,0
Rio de Janeiro 1.559.371 1.173.975 75,3
R. G. do Norte 537.135 440.720 82,1
Rio G. do Sul 2.182.713 1.334.771 61,2
Santa Catarina 668.743 471.342 70,5
São Paulo 4.592.188 3.222.609 70,2
Sergipe 477.064 397.429 83,3
Acre 82.379 64.881 70,2
Quadro 2 – Índices de analfabetismo - Estados, Capital Federal e Território em 1920.
Fonte: Serva (1927)
Nesse período, a educação popular foi considerada a via perfeita para superar os
aspectos contrários ao desenvolvimento da democracia representativa e modernização. Com
efeito, autores como Nagle (1976) e Monarcha (1989) detectam em suas obras uma visão
amplamente disseminada na qual a educação escolar aparecia como elemento central na
difusão da cultura do progresso.
27
A Liga de Defesa Nacional, fundada por Olavo Bilac, Pedro Lessa e Miguel
Calmon em 1916, e a Liga Nacionalista de São Paulo, criada em 1917, e conduzida por nomes
vinculados à instrução pública, como Oscar Thompson e Antonio de Sampaio Dória,
elegeram o combate ao analfabetismo como meio de ampliação e moralização do corpo de
eleitores, uma vez que a Constituição republicana de 1891 vedava o direito de voto aos
analfabetos, mulheres, religiosos e soldados. Para Marta Maria Chagas de Carvalho, em A
escola e a República e outros ensaios (2003), o elogio da educação popular refletia as
expectativas de controle social e modernização cultural próprias da ideologia nacionalista em
voga. A idéia de um povo amorfo e adverso à disciplina do trabalho dominava amplos
círculos políticos intelectuais, por conseguinte, na busca de soluções reais e imaginárias, os
temas relacionados à miscigenação, imigração, êxodo rural, urbanização e a industrialização
provocavam debates permanentes.
A imigração européia, cujo auge ocorreu entre 1888 e 1914, certamente foi um
dos temas que concentrou parte da atenção dos círculos ilustrados, os imigrantes em sua
maioria traziam consigo experiências operárias e idéias comunistas, socialistas e anarquistas.
Para alguns, o “elemento estrangeiroera fator de promoção da civilização e superação dos
“males” e “problemas” originários da heraa africana e indígena; para outros, “elemento
estrangeirorepresentava uma ameaça à unidade e à identidade nacional. Na análise de Jorge
Nagle constante na obra Educação e sociedade na Primeira República, os imigrantes
desempenharam um papel relevante no campo social:
A imigração foi elemento importante na alteração do mercado de trabalho e das relações
trabalhistas, e representou nova modalidade da força de trabalho, qualitativamente
diferente daquela formada nos quadros da produção escravagista. Este fato vai explicar o
aparecimento de novos sentimentos, idéias e valores no processo de integração
social. (1976, p.24).
28
No Brasil, após a Primeira Guerra Mundial, o país viveu uma onda de aspirações
nacionalistas, em “A militarização da infância: expressões do nacionalismo na cultura
brasileira”, Rosa Fátima de Souza considera que os movimentos e campanhas nacionalistas
tinham como finalidade a elevação moral e política do país e como principais temas o voto
secreto, a erradicação do analfabetismo e o serviço militar obrigatório.
O fervor nacionalista, alimentado por alguns grupos políticos e intelectuais descontentes
com a oligarquia no poder e os desvirtuamentos da República, trouxe à baila a questão da
nacionalidade brasileira, o combate à estrangeirização do Brasil, a reforma política, a
moralização dos costumes e a regeneração da nação. (2000a, p.109)
Em O pensamento nacionalista autoritário: 1920-1940, Boris Fausto (2001)
expressou conclusões semelhantes, os movimentos de cunho nacionalista popularizam a
urgência do serviço militar obrigatório reforçando a importância das Forças Armadas, e da
difusão de um ensino cívico. De fato, intelectuais, políticos, médicos, engenheiros,
sociólogos, professores, literatos, colocaram a urgência de “pensar” o Brasil e seu futuro. Sem
vida, a Primeira Guerra Mundial provocou um impacto entre os intelectuais, reacendendo a
necessidade de refletir o Brasil do ponto de vista brasileiro. Conforme Lucia Lippi de
Oliveira, em “A questão nacional na Primeira República”:
O impacto da Primeira Guerra Mundial se torna presente em vários países do mundo. O
século XIX é considerado o maior século, pois acaba em 1914. Se a Europa está
decadente, o futuro estará na América. Daí ser necessário repensar o Brasil marcado pelo
atraso econômico, pelo clima e pela raça. Estes fatores eram pensados como negativos
porque a elite se via e pensava o país com mentalidade européia. Era preciso quebrar este
constrangimento externo e voltar-se para as raízes brasileiras. Era preciso inventar a
autenticidade buscar raízes nacionais em um passado histórico ou imemorial (mitos).
(1997, p.198)
29
Para Tania de Luca, autora de A Revista do Brasil: um diagnóstico para a (n) ação
(1999, p.19), as elites tinham a convião de que eram responsáveis por revelar a verdadeira
face do Brasil e promover o progresso: o credenciamento para a tarefa proviria de uma
suposta qualificação para desvendar as regras do funcionamento social e desse modo
formular, a partir de dados e critérios objetivos, políticas de ação”. Conclui afirmando que a
República não cumprira suas promessas.
Dos objetivos da Liga de Defesa Nacional, Jorge Nagle destacou a manutenção das
idéias de coesão e integridade nacional, defesa do trabalho, difusão da instrução militar,
desenvolvimento do civismo, culto do heroísmo, associações de escoteiros, linhas de tiro e
batalhões patrióticos, avivamento do estudo da história e tradições brasileiras, valorização do
ensino do idioma pátrio, especialmente nas escolas existentes nos núcleos de imigrantes,
difusão do ensino popular e profissional, e, sobretudo o combate ao analfabetismo.
Os diretórios estaduais da Liga de Defesa Nacional eram dirigidos por nomes
influentes e “aos Presidentes dos Estados caberá presidência do Diretório, à semelhança do
Diretório Central, com sede no Rio de Janeiro, em que o Presidente da República será sempre
seu presidente” (NAGLE, 1976, p.45). De modo geral, os aderentes da Liga proferiam
palestras e conferências nas proximidades das datas nacionais: 15 de novembro e 7 de
setembro e centravam suas pregações na “formação da consciência nacionale valorização do
povo e da terra enfatizando a disciplina e a ordem necessárias para a construção de uma
não moderna. Ao diferenciar “dirigentes” e “dirigidos”, os quadros da Liga comprometiam-
se “com um ideário aristocrático com o princípio tutelar de determinada ‘elite’” (idem, p.46).
A Liga de Defesa Nacional foi alvo de críticas por agir por impulso, e apregoar uma mudança
radical e fácil da população por meio da vontade e catequização cívica.
Com propósitos semelhantes aos da Liga de Defesa Nacional, a organização
paulista tinha entre seus objetos, além da luta pela defesa nacional e o desenvolvimento da
30
educação cívica, um aspecto peculiar relativo à questão do voto e da representação. Seus
idealizadores entendiam que somente a partir de uma campanha em prol da alfabetização
permitir-se-ia que maior parte da população gozasse de direitos políticos. Dentre as bandeiras
de luta constavam à educação popular, o escotismo, o voto secreto e obrigatório e o serviço
militar. A Liga Nacionalista de o Paulo diferenciava-se da Liga de Defesa Nacional em
vários aspectos.
Pela comparação dos quadros dos objetivos da Liga de Defesa Nacional e da Liga
Nacionalista de São Paulo como anotado – nota-se que esta acrescenta outros
objetivos; por exemplo, o que consiste em “combater a abstenção eleitoral bem como
todas as fraudes que corrompem e viciam o exercício do voto”, que constituirá a nova
dimensão do temário nacionalista a partir daí. (NAGLE, 1976, p.46).
Em Antonio de Sampaio Dória e a modernização do ensino em São Paulo nas
primeiras décadas do século XX, Valéria Antonia Medeiros (2005, p. 38-39) constatou que a
Liga Nacionalista de São Paulo era integrada por nomes vinculados a estabelecimentos de
ensino de prestígio como: as faculdades de Direito e Medicina, a Escola Politécnica, e as
escolas normais da Capital e do Interior do estado. Dentre os dirigentes, sobressaíam os
nomes de Amadeu Amaral (poeta e jornalista), Antonio de Sampaio Dória (jurista e professor
da Escola Normal da Praça), Antonio Francisco de Paula Souza (engenheiro e diretor da
Escola Politécnica), Arnaldo Vieira de Carvalho (médico e diretor da Faculdade de
Medicina), Emílio Ribas (médico), Francisco Morato (jurista e professor da Faculdade de
Direito), Frederico Vergueiro Steidel (jurista e professor da Faculdade de Direito), José
Carlos de Macedo Soares (jurista), Júlio de Mesquita Filho (jurista e diretor do jornal O
Estado de S. Paulo), Oscar Thompson (diretor da Escola Normal da Praça e da Instrução
Pública), Plínio Barreto (jurista e jornalista). Segundo a autora, as atividades da Liga foram
marcadas por estratégias educativas na divulgação de uma nova cultura, ou seja, uma “cultura
31
cívica”, capaz de formar o “homem novopara a “pátria nova”. De modo geral, os dirigentes
difundiam as idéias através da distribuição de folhetos, livros, boletins, realização de
confencias e artigos no jornal O Estado de S. Paulo. A influência da Liga Nacionalista de
São Paulo no interior do estado era notória, fosse pelas amizades, fosse pelos laços políticos
entre dirigentes e poderes municipais.
Para Jorge Nagle, a Liga Nacionalista de São Paulo se caracterizou mais pelo
aspecto político do que pelo humanitário: visava a ampliar o corpo de votantes, pois apenas
35% da população participavam das eleições, d o incentivo a criação de núcleos de
alistamento eleitoral e de propaganda em defesa da obrigatoriedade do voto secreto.
Diferentemente, Valéria Antonia Medeiros (2005, p. 123) afirma que “a ação educacional da
Liga Nacionalista foi bem mais complexa do que a literatura a respeito faz supor”, isto é,
visava objetivos mais abrangentes, ou seja, transformações no âmbito da cultura, política e da
sociedade.
Em A instrução pública em São Paulo: a reforma de 1920, Heládio Cesar
Gonçalves Antunha considerou que o período de 1889 a 1920 foi uma etapa decisiva na vida
econômica, social e política do estado de São Paulo, elevando-o a uma posição de liderança
no conjunto da Federação republicana e na expansão de idéias nacionalistas na década de
1920, fosse pelo receio provocado por uma possível invasão estrangeira, fosse pela presença
massiva de contingentes de imigrantes residentes no país, fosse ainda pela superioridade do
imigrante perante o elemento nacional, e, sobretudo, pelo despreparo militar, falta de civismo
e analfabetismo da população brasileira.
O desenvolvimento econômico e o afluxo imigratório em direção ao Oeste do
estado fizeram surgir inúmeros estabelecimentos de ensino, como grupos escolares, escolas
normais nalguma medida ginásios
2
. De modo geral, a instrução foi considerada pelos
2
Sobre a criação e organização didática das escolas primárias de tipo novo, os grupos escolares, ver: Souza
(1998); sobre a organização didática e expansão do ensino normal no estado de São Paulo, ver Tanuri (1979).
32
republicanos paulistas como signo de instauração da nova ordem social, assim, as escolas
deveriam atuar no sentido de garantir e aprimorar o novo regime. Portanto, se a escola era
condição para o progresso, tratava-se então, de “oferecer o ensino a toda a sociedade”, mas
não “oferecer todo o ensino a toda a sociedade” como escreve Maria Lúcia Spedo Hilsdorf,
em História da educação brasileira: leituras (2003, p.61).
As disposições constantes na Constituição Republicana de 1891 estabeleciam que
a instrução primária e a profissional, inclusive o ensino normal, eram de responsabilidade dos
estados e municípios. São Paulo, uma das unidades federadas mais desenvolvidas, foi uma das
primeiras a organizar um sistema escolar, cujo modelo seria adotado em outras unidades do
país. Esse sistema começou a ser construído com reforma da Escola Normal conduzida por
Antonio Caetano de Campos, em 1890. Conforme Monarcha, na obra A escola Normal da
Praça: o lado noturno das luzes (1999, p.174-5), Caetano de Campos foi um intelectual de
renome:
Dedica-se à medicina no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, na Beneficência
Portuguesa e em sua clínica particular; exerce magistério na sociedade Propagadora da
Instrução, Colégio Pestana e Escola Neutralidade de João Köpke e Antonio da Silva
Jardim; e figura no catálogo da Biblioteca Útil como autor do livro Darwinismo ao lado de
Rangel Pestana, autor de A teoria da seleção aplicada à sociedade.
Para o autor, o reformador concebia “o mundo orgânico, social e mental como
fruto da evolução inscrita na realidade”, desse modo, “as transformações das espécies
biológicas estimulam a interpretação das sociedades, considerando-se a humanidade como ser
que evolui sob o determinismo das mesmas leis”. Essa concepção fundamentou as ações do
reformador que projeta o ensino “organizando-o em harmonia com a nese evolutiva do
intelecto humano e projetando escolas graduadas que envolvem o indivíduo dos 4 aos 18
anos” (MONARCHA, 1999, p. 174-5).
33
Para Leonor Maria Tanuri, “História da formação de professores” (2000), a
reforma estendeu-se para o conjunto da instrução paulista pela Lei n.88, de 8 de setembro de
1892, e alterada pela Lei n.169, de 7 de agosto de 1893, quando Gabriel Prestes exerceu a
direção da Escola Normal. Essas leis “consubstanciam as principais idéias das elites
republicanas paulistas para a instrução pública” (p.69). A reforma introduziu o ensino
primário de oito anos composto de curso elementar e curso complementar, implantou grupos
escolares mediante reunião de escolas isoladas, criou em lei um curso normal superior anexo à
Escola Normal para a formação professores de escolas normais e ginásios.
Nas décadas iniciais do século XX seriam implantadas outras escolas normais com
estrutura e funcionamento semelhantes à Escola Normal da Capital, a célebre Escola Normal
da Praça. Em outro trabalho, O ensino normal no estado de São Paulo: 1890-1930, Leonor
Maria Tanuri (1979) concluiu que as reformas realizadas nessas décadas favoreceram a
expansão do ensino primário e normal; o aumento da matrícula escolar fez com que o
Congresso decretasse a transformação das escolas complementares em estabelecimentos de
formação de professores preliminares
3
. Essa iniciativa deu origem a um dualismo: de um lado,
as escolas normais dotadas de currículos enciclopédicos; de outro, escolas complementares
com currículos reduzidos, um professor lecionando até doze disciplinas, formadoras de
“professores complementaristas”.
O ano de 1911 foi particularmente inovador, Oscar Thompson à frente da diretoria
geral da instrução pública, transformou as escolas complementares em escolas normais
primárias, cujo currículo abrangia seis cadeiras. Surgiam as escolas normais secundárias da
Capital, Itapetininga e São Carlos; e as escolas normais primárias localizadas em Piracicaba,
3
Segundo Leonor Maria Tanuri (2000, p.69-70), as tentativas de implantar um ensino pririo em dois ciclos
elementar e complementar ou superior foi somente a partir da segunda década do século XX que os estados
começaram a instalar cursos complementares com caráter de curso geral básico e preparação para a escola
normal, justapondo-se paralelamente ao secundário. “Nestas condições, introduzia-se em nosso sistema de
ensino uma bifurcação nos estudos gerais imediatamente após a escola primária [...]. A criação do curso
complementar estabelecia um elo de ligação entre a escola primária e a normal e o ingresso na última passava a
exigir maiores requisitos de formação”.
34
Pirassununga, Botucatu, Brás, Casa Branca, Guaratinguetá e Campinas, depois, em 1913,
viriam as de Casa Branca e feminina do Brás, capital do Estado.
Em 1920, Antonio de Sampaio ria, professor de Pedagogia e Psicologia na
Escola Normal da Praça, ao assumir a diretoria geral da instrução reformou a instrução
pública paulista, Lei n.1.750, de 8 de dezembro de 1920. Dentre as inovações, podemos citar,
o recenseamento escolar, a implantação do Conselho de Educação, reuniões de autoridades
escolares, a criação das delegacias de ensino cujos delegados assistidos por 35 inspetores
supervisionariam o sistema escolar e maiores cuidados no tocante a freqüência e
obrigatoriedade escolar. A reforma visava a primeiramente combater o analfabetismo,
especialmente entre crianças em idade escolar residentes nos núcleos de imigrantes. Para dar
suporte técnico às ações técnicas, Sampaio ria planejou a execução de um recenseamento
escolar para distribuição racional das escolas, cujos resultados foram surpreendentes,
especialmente, para um estado como São Paulo, considerado na vanguarda do ensino popular.
No Recenseamento escolar: Relatório apresentado ao exmo. Sr. Dr. Alarico Silveira,
Secretario de Estado dos Negócios do Interior, escrevia Antonio de Sampaio Dória, Diretor
Geral da Instrução Pública (1920. p.6).
Hoje sabemos ao certo a extensão do analfabetismo infantil em São Paulo. É maior que se
esperava. E por ele se pode imaginar o que vai por outros Estados, onde a instrução o
corre par a par com a de São Paulo. O Brasil deve considerar seriamente a chaga que hoje
se lhe corrói o seio. O recenseamento escolar, aqui, e um brado e um aviso. Que a União
se interessava pelo problema e se salvará, ou estaremos na iminência de ver medrar, entre
nós, os horrores da anarquia.
35
Total de crianças em idade escolar – 6 e 12 anos - 656.114
144. 759 mil sabiam ler - 511.314 eram analfabetas
187. 314 freqüentavam a escola - 468.800 não freentavam a escola
373. 382 eram filhos de pais brasileiros - 282. 32 eram filhos de pais
estrangeiros
Quadro 3 – Recenseamento Escolar – São Paulo – 1920
Fonte: (Sampaio Dória, 1920)
Sancionada a Lei nº 1.750, em dezembro de 1920, a reforma entrou em vigência e,
com ela, um “tipo novo da escola alfabetizante”. Essa reforma seria saudada pela
historiografia da educação como a primeira do ciclo de reformas estaduais realizadas sob o
signo do “movimento da Escola Nova”. A “escola de tipo novo” introduziu mudanças
polêmicas: ensino primário obrigatório e gratuito de dois anos para crianças entre 9 e 10 anos
de idades; não-reprovação, para permitir elevação das matrículas; criação do “curso dio”,
formado pelo 3
o
e 4
o
ano primário, com pagamento de taxa de matrícula. Outra medida do
reformador referia-se à unificação das escolas normais existentes pelo pado da escola
normal secundária. Para Jorge Nagle (1976, p.102), a reforma concretizava aspirações da Liga
Nacionalista de São Paulo, mais exatamente o “ideário de republicanização da República, de
sua democratização, de elevação intelectual e moral das amplas camadas da população, de
formação da consciência cívico-patriótica”.
Naquele momento, as inquietações expressavam anseios interpretados pelo que
Jorge Nagle considerou como uma preocupação quantitativa, de ampliação horizontal do
sistema escolar de ensino, um entusiasmo pedagógico” na sua conhecida formulação, e não
uma preocupação com a qualidade, o que viria ocorrer na fase posterior, por ele denominada
de “otimismo pedagógico”. Nos anos antecedentes da década de 1920, o objetivo era estender
a instrução básica ao maior número de pessoas, o anseio dos primeiros republicanos em
propiciar uma formação integral ia ficando para trás cedendo lugar a uma instrução básica.
36
Sucessor de Sampaio Dória na diretoria geral da instrução, Guilherme Kuhlmann, em
entrevista a Revista Nacional traçou um panorama do sistema escolar paulista, ao mesmo
tempo em que ressaltava a evolução quantitativa proporcionada pela reforma de 1920.
Ano/Escolas 1919 1920 1921 1922
Grupos Escolares
187 195 197 198
Escolas Reunidas
39 52 148 222
Total de unidades
escolares
4.416 4.637 4.897 5.255
Matrícula Geral
183.000 194.778 229.553 241.178
Quadro 4 – Evolução do sistema escolar primário paulista -1919-1922
Fonte: Kuhlmann (1923)
Otimista com os resultados, Guilherme Kuhlmann encerrava a entrevista
afirmando que: “Hoje o desenvolvimento da instrução pública de S. Paulo acompanha a
evolução rápida do Estado. Onde quer que surja uma povoação será encontrada também a
escola primária, como sentinela da civilização” (1923, p.646).
37
Capítulo 2
A Escola Normal Secundária de São Carlos
A Escola Normal Secundária de São Carlos foi implantada no contexto explicitado
anteriormente. De modo geral, as cidades do interior paulista bem sucedidas nas negociações
com o governo do Estado para a implantação de grupos escolares, ginásios ou escola normal
demonstravam a força dos grupos de poder locais.
Desde o fim do século XIX e começo do século XX, o Carlos, pólo cafeicultor,
tornou-se uma das mais prósperas e ricas cidades do estado de São Paulo: “Casa grande e
senzala, imigrações européias, povoamento urbano, cultura, escolas, tudo estava sob a régia
do rei do café” escrevem Paolo Nosella e Ester Buffa, em Schola Mater: a antiga Escola
Normal de São Carlos: 1911-1933 (2002, p.28). Os filhos dos fazendeiros, quando crianças
eram educadas por preceptores, as moças encaminhadas para colégios confessionais,
geralmente em regime de internato, onde aprimoravam hábitos que faziam parte do dote
matrimonial, e os rapazes eram preparados para cursar o ensino superior no Brasil ou na
Europa
4
.
Em 1908, foi instalada a Escola Complementar “Conde do Pinhal”, todavia,
devido a desavenças políticas, o prédio permaneceu fechado, mais tarde optou-se pela
instalação de uma escola profissional nos moldes das instituições existentes na república
Argentina. A indústria local era incipiente, uma escola profissional revelava antes de tudo um
ato de assistencialismo às crianças pobres
5
. Na análise de Paolo Nosella e Ester Buffa (2002),
a instituição de ensino que melhor correspondia aos interesses locais era “uma escola
humanística tradicional de cultura geral, voltada à formação das moças bem-nascidas e
destinadas a se tornarem esposas e mães cristãs” (p.35).
4
Sobre a instrução pública na cidade de São Carlos, no século XIX ver Almeida (2006).
5
Sobre o desenvolvimento econômico da cidade de São Carlos ver Truzzi (1986).
38
Assim, em 1911 foi instalada a Escola Normal Secundária no edifício
anteriormente destinado à Escola Complementar “Conde do Pinhal”, edifício logo dado por
inadequado para tal finalidade. a escola-modelo anexa ao instituto entrou em
funcionamento em fevereiro de 1912, contando com uma seção masculina e outra feminina e
uma classe por ano, até o total de quatro em cada seção.
Em 18 de setembro de 1913, iniciava-se, a construção de um novo e o majestoso
edifício para a Escola Normal. Projetado pelo arquiteto alemão Carlos Rosencrantz e
construído pelo engenheiro Raul Porto com auxílio do mestre-de-obras Torello Dinucci, o
edifício foi concebido em estilo eclético, mesclando elementos neoclássicos e art-nouveau.
Para Paolo Nosella e Ester Buffa, havia espaços típicos de instituições de cultura geral com
biblioteca, hall, diretoria, laboratórios cienficos, anfiteatro”. Integrada por um corpo docente
respeitável visto pela população “envolto numa aura mística, quase olímpica” (2002, p.38).
Lentes Cadeiras
1ª cadeira – Português e Latim Dr. Atugasmin Médici
2ª cadeira – Português e Latim Arthur Raggio Nobrega
3ª cadeira – Francês Juvenal Penteado
4ª cadeira – Inglês Dr. Teodorico de Camargo
5ª cadeira – Matemática Dr. Mario Natividade
6ª cadeira – Matemática Dr. Francisco Z. Penteado
7ª cadeira – Física e Química Sebastião Paulo de Toledo
Pontes
8ª cadeira – História Natural Dr. Astor Dias de Andrade
9ª cadeira – Geografia Ezequiel de Moraes Leme
10ª cadeira – História da
Civilização
Dr. Dagoberto Salles
11ª cadeira – Psicologia Dr. Carlos da Silveira
12ª cadeira – Psicologia João Augusto de Toledo
13ª cadeira – Metodologia Antonio Firmino de Proença
Quadro 5 - Cadeiras e Lentes da Escola Normal de São Carlos (1917).
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos
39
Aulas Professores e regentes
1ª aula – Música Maestro Lázaro Rodrigues Lozano
2ª aula – Escrituração Mercantil João de Campos
e 4ª aulas Caligrafia e
Desenho
Rafael Falco
5ª e 6ª aulas – Ginástica Guilherme Thiele
7ª aula – Trabalhos Jorge Barbato
8ª aula – Trabalhos Lucilla Pompêo de Camargo
1ª aula – Música Maestro Lázaro Rodrigues Lozano
2ª aula – Escrituração Mercantil João de Campos
Quadro 6 - Aulas, professores e regentes da Escola Normal de São Carlos (1917).
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos.
Como o professor Dr. João Chrysostomo fora nomeado Diretor Geral da Instrução
Pública do Estado em novembro de 1911, assumiu como diretor - interino da Escola Normal,
o professor Juvenal Penteado em 1 de dezembro, permanecendo no cargo até agosto de
1916, quando solicitou exoneração, nessa data o professor Antonio Firmino Proença assumiu
a direção do estabelecimento.
Maria Christina Girão Pirolla, em Memórias do Instituto: 1911-1976 (1988),
traçou esboços biográficos dos lentes da Escola Normal valendo-se de expressões tais como:
“advogado e profundo estudioso da língua Inglesa”; “engenheiro advogado, excelente poeta e
brilhante professor”; “engenheiro, conhecedor das disciplinas que lecionava e com uma vasta
cultura literária”; “uma das inteligências vivas que a Escola teve”; “foi aprovado com
brilhantismo, revelando ser um conhecedor do assunto”. Na avaliação da autora, a Escola
Normal Secundária de o Carlos foi uma imponente instituição de ensino do interior paulista
atraindo alunos de outras localidades; pela representatividade intelectual do corpo docente, a
Escola Normal teria sido uma espécie de precursora das faculdades de filosofia fundadas nas
décadas seguintes.
O currículo do Curso Normal privilegiava a cultura geral, letras e ciências. Das
treze cadeiras apenas três eram de formação profissional, cuja ciência básica era a psicologia
de fundamento biológico; o programa da disciplina Psicologia abrangia: “estudos do sistema
40
nervoso, do cérebro, do cerebelo, cinco sentidos, da memória, dos hábitos”; mais tarde, foi
incluída a disciplina Métodos e Processos de Ensino e História Filosófica da Educação
(NOSELLA; BUFFA, 2002, p.92). Intensamente debatida no período, a disciplina Psicologia
coadjuvada pela Metodologia era considerada um dos pilares da formação do professor
primário, como pode ser verificado no documento veiculado na Revista da Escola Normal
Secundária de São Carlos, n.11, dezembro de 1921, “Introdução aos programas de
Psicologia, Pedagogia e Metodologia das Escolas Normais Paulistas”, trabalho apresentado à
Reunião dos Diretores do Ensino, realizada em S. Paulo, em julho de 1921, assinado pelo
eminente professor João Toledo.
A Escola Normal possuía instalações para as atividades teóricas e práticas: duas
bibliotecas uma para alunos outra para professores, em cujo acervo constavam obras clássicas
de literatura e ciência, e outra conhecida como “Biblioteca Circulante de Educação”, criada
pelo professor Aurélio de Souza. O acervo era mantido e atualizado anualmente “com a
contribuição semestral dos alunos (3 mil is) e com a pequena multa cobrada aos infratores
que não obedeciam ao prazo de permanência com a obra, isto é, de três dias no máximo
(PIROLLA 1988, p. 23). (Ilustração – 1)
6
.
Havia o Laboratório de Física equipado com instrumentos para demonstração dos
princípios de mecânica, cinemática, ótica, calor, eletricidade, magnetismo, acústica e
barologia; o Laboratório de Química equipado com vidraria clássica de laboratório originária
da França; o Laboratório de História Natural equipado com e material para o estudo de
biologia, antropologia, botânica, zoologia, geologia e mineralogia; o Gabinete de Psicologia
Experimental para treino dos alunos em medições antropométricas, acuidade sensorial,
6
Ver a propósito o projeto "Recuperação, conservação e organização do acervo documental e bibliográfico da
Escola Estadual Álvaro Guião” aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão da UFSCar e coordenado pela Prof
a
.
Dra. Alessandra Arce e Prof. Dr. Carlos Roberto Massao Hayashi. Consultar:
http://www.dci.ufscar.br/ieag/index.php
41
auditiva, gustativa e tátil; e o Gabinete de Geografia com coleções de mapas, globos
terrestres, atlas, bússolas, barômetros, termômetros. (Ilustração – 2).
Ilustração - 1 A Biblioteca da Escola Normal de São Carlos
contava com um acervo riquíssimo com obras raras, algumas datadas
do final século XVI.
Fonte: Nosella & Buffa (2002, p.83).
Ilustração - 2 – O Laboratório de Ciências da Escola Normal de São
Carlos era constituído de diversos aparelhos importados da Europa e
dos Estado Unidos da América.
Fonte: Nosella & Buffa (2002, p. 89).
42
Ao lado das instalações anteriormente citadas constavam também:
Sala de Educação Física equipada com aparelhos de ginástica sueca, parede,
quadros suspensos, barras paralelas, cavalos para saltos, cordas, bolas, bastões, equipamento
para esgrima, equipamentos de esportes de campo e quadra de tênis, basquete, vôlei, cricket,
salto em altura, pista de corrida. (Ilustração – 3).
Ilustração 3 As atividades físicas na Escola Normal de São Carlos eram
consideradas de suma importância para o desenvolvimento do educando, a
dança em especial, se destacava com arte que valorizava a elegância e
disciplina dos alunos.
Fonte: Revista de Educação v.1,n.1, mar.,1933.
Sala de Trabalhos Manuais (seção masculina) equipada com tornos de madeira,
serras de fita, tico-tico, circular, bancadas de marcenaria, escultura em barro e coleções de
modelos de ornatos gregos e romanos para esculturas em barro e gesso.
43
Sala de Trabalhos Manuais (seção feminina) equipadas com coleções de revistas
francesas e italianas para o ensino de trabalhos em com agulha, fogão e utensílios para
cozinhar.
Sala de Desenho – equipada com coleções de sólidos geométricos, modelos e
objetos para aulas de desenho ao natural e compassos, transferidores, pedestais, pranchetas e
esquadros, entre outros. (Ilustração – 4)
Ilustração - 4 A Sala de Desenho da Escola Normal de São Carlos
era composta por diversos materiais didático-pedagógicos pautados
nos estudos mais modernos da época.
Fonte: Morila (2005, p.56).
44
Pessoal da administração Nomes
Diretor Mariano de Oliveira
Auxiliar Aníbal Francisco Caldas
Secretário Waldomiro Caleiro
Professora – Inspetora das alunas Lucilla Pompêo de Camargo
Bibliotecário José de Camargo
Preparador José Bentim
Zelador do Museu Trajano Assumpção Pacheco
Oficial da Secretaria Álvaro de Camargo
Amanuense Luiz Schreiner
Amanuense Arquivista Elias de Camargo Penteado
Porteiro Trajano Assunção Pacheco
Encarregado do Gabinete de Psicologia
Manoel de Toledo Silva
Auxiliar do professor de Trabalhos
Manuais
João de Faria
Auxiliar do professor de Trabalhos
Manuais
Álvaro Nery
Contínuos Artur Augusto R. de Souza,
Francisco Nunes Meirelles,
Isaías Gonçalves, Francisco
Brandão, Francisco de
Oliveira Lemos,
Serventes João Lopes de Camargo
Pedro Cavasim, Luiz
Prataviera
Antonio Guimarães, Ozório
de Camargo,
Flávio de Sampaio e Souza
Quadro 7 - Pessoal da administração Escola Normal de o Carlos (1917).
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos.
A primeira turma de alunos matriculados era formada por 62 alunos, assim
distribuídos: seção masculina 20, seção feminina 42. Em 1917 a situação era bem diferente.
Ano /série Alunos na Seção
feminina
Alunos na Seção
masculina
ano 43 25
ano 47 21
ano 44 11
ano 26 5
Quadro 8 – Alunos matriculados – 1917.
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, ano 1, n.2, jun., 1917.
45
Segundo dados numéricos constantes em um dos fascículos publicados em 1923, o
instituto havia formado até esse ano 10 turmas de professores primários.
Anos 1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920 1921 1922 1923
Homens 7 9 10 5 8 12 7 6 6 4
Mulheres
27 31 27 26 25 48 25 35 25 25
Totais 34 40 37 31 33 60 32 41 31 29
Quadro 9 – Alunos diplomados homens e mulheres
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, 1917, 1918, 1919, 1921, 1922, 1923.
A preocupação com a formação e desempenho dos professorandos era uma
constante no cotidiano da instituição, muitas informações a respeito do desempenho e
conteúdos trabalhados pelos discentes encontram-se registrados no “Livro de Ouro” da Escola
Normal. Trata-se de um registro contendo as provas e trabalhos de alunos e alunas do curso
normal, transcritos pelos pprios alunos-autores e firmados. Os conteúdos versavam sobre as
disciplinas do currículo de formação, como Francês, Português, Latim e Psicologia.
O “Livro de Ouro” da Escola Normal de São Carlos foi analisado por Paolo
Nosella e Ester Buffa (2002), no livro Schola Mater: a antiga Escola Normal de São Carlos
(1911-1933). A análise do conteúdo desse documento levou esses autores às seguintes
conclusões:
a) ênfase no cientificismo evolucionista e determinista; b) relações de poder (reis –
ministros, ricos pobres etc.) resolvidas num humanismo tradicional e assistencialista; c)
temas de cultura geral mais valorizados do que os especificamente pedagógicos; d)
trabalho alheio a ciência no sentido de que o processo e os problemas sociais e produtivos
não constituem objeto de estudos. (idem, p.96)
46
E notaram a existência de um número significativo de avaliações e trabalhos
transcritos na década de 1910, os quais diminuem nas décadas seguintes, indicando, a
diminuição do entusiasmo inicial
7
.
Outro ponto de destaque da instituição remete as atividades culturais organizadas
pelo Grêmio Normalista “22 de Março”: conferências culturais e científicas e a publicação das
revistas Excelsior!, O Normalista, O Raio Verde e O sorriso, Órgão da Barraca das
Normalistas”. Por sua vez, o corpo docente que além da publicação da Revista da Escola
Normal de São Carlos promovia festas cívicas e conferências. Em uma das conferências
proferidas no anfiteatro, Ezequiel de Moraes Leme referia-se ao instituto nos seguintes
termos:
Este Templo, votado à Minerva e à Pátria, raramente se abre e se engalana de luzes, para
que os dignos filhos do Brasil venham purificar o seu patriotismo, por meio duma prece
cívica. E quando ele se abre, para tal fim, o número dos que se dignam de comparecer não
é tão elevado, quando era lícito esperar atendendo ao espírito culto de nossa população.
E prosseguia:
7
Taís M. Manieri e Alessandra Arce (2008) retomaram a análise desse documento no artigo “O Livro de Ouro
da Antiga Escola Normal da Cidade de o Carlos (1911-1945): pistas e rastros para apreender as idéias
pedagógicas presentes na formação das normalistas primeira”. Essas autoras atribuem grande importância a esse
documento para o estudo das práticas e idéias ensinadas no instituto. Os autores aludidos destacam a perfeição
estética das avaliações, o capricho nas letras e desenhos denotam a domínio das disciplinas Desenho e Caligrafia
Manieri e Arce, em suas análises sobre o registro documental, levantam aspectos importantes: grande parte das
transcrições é de autoria de alunas, alguns dos sobrenomes indicam tratar-se de filhas de importantes famílias
locais: Galli, Benitti, Arruda, Mattos, Penteado, Sampaio, entre outros. Ainda segundo as autoras As transcrições
da disciplina Psicologia abordam temas significativos: como funções da memória, atos reflexos, consciência e
subconsciência, imaginação; os autores citados: Roark, Richet, Claparède e Pascal. Indicando de modo sutil a
presença de iias escolanovistas como, por exemplo, a preocupação com a memória, cérebro e testes. As
transcrições relativas à disciplina Pedagogia realizadas entre 1914 e 1920 replicavam assuntos significativos,
muitos deles discutidos nas páginas da Revista, alguns dos títulos: Fröebel e sua obra”, com citações de
Pestalozzi, “As primeiras idéias de Darwin e Lamarck: conclusões para a educação” com citações de Buffon e
Herbert Spencer; “Como colocar o jogo na formação mental” com citações de Fröebel, Spencer, Karl Gröss e
Stanley Hall. Essa última, entretanto, como apontado pelas autoras, particulariza-se pela renovação no modo de
pensar e conceber a infância.
47
É preciso, pois, que nos empenhemos em dar às festas cívicas toda a imponência possível
e que incutamos, no espírito dos brasileiros, ser a participação de todos, em tais
solenidades, um dever imperioso, a que não podem fugir. O patriotismo é uma virtude
que precisa ser cultivada, como todas as virtudes. E aqueles que não curam desse cultivo,
certamente não terão braços suficiente fortes para repelir, com a devida energia, uma
afronta a nação de que são parcelas (1917a, p.14).
Todavia, ao mesmo tempo em que a Escola Normal inspirara progresso,
preservava privilégios picos de uma sociedade tradicional e/ou rural: “não era propriamente
a formação do professor e seu engajamento no magistério, mas sim, o rigor nos estudos de
cultura geral necessária para formação e distinção da sociedade tradicional” (NOSELLA;
BUFFA, 2002, p.100). A distinção social da elite local pela aquisição da cultura objetivava
“demarcar e legitimar uma fronteira instransponível entre si e os trabalhadores naturais”, os
fazendeiros não almejavam apenas a distinção social, mas também a direção da sociedade,
portanto, a escola ideal “deveria formar dirigentes capazes de enfrentar, de forma competente,
numerosas e variadas relações sociais e de trabalho” (idem).
Ilustração 5 – A Escola Normal de São Carlos reuniu nomes ilustres do meio
político-educacional em eventos como Palestras e Conferências abertas ao
acesso da população são-carlense e região.
Fonte: Motta (1935).
48
Capítulo 3
A Revista da Escola Normal de São Carlos
e suas características
A análise da Revista da Escola Normal de São Carlos revela não só a problemática
concernente às “questões de ensino”: métodos e processos didáticos, programas escolares,
currículo da escola primária e do curso normal, como visões sobre as finalidades sociais da
escola normal, do magistério primário e avaliações dos rumos sociedade e da cultura
brasileira. Com efeito, nas páginas da Revista, encontramos opiniões e valores atinentes sobre
o fenômeno designado por Jorge Nagle de republicanização da república”, no interior desse
fenômeno atribuiu-se a extensão do ensino primário e a sua realização eficiente como um
papel decisivo na consolidação do regime participativo e construção da identidade nacional.
No artigo pioneiro Apontamentos para uma história do ensino público em São
Paulo: revistas de ensino”, Carlos da Silveira, assim delineou o perfil da Revista.
Esta revista era publicada, como o nome o indica, em São Carlos, tendo sido organizada
pelos lentes da Escola Normal Secundária da referida cidade, como “órgão de
propriedade e redação do corpo docente”. publicava trabalhos inéditos, era gratuita e
as despesas custeadas por subscrições feitas dentro da Escola, entre os docentes e
administrativos. Semestral, mereceu, depois de algumas edições, o auxílio municipal de
300$000 anuais. O primeiro fascículo saiu em Novembro de 1916 e o último em
Dezembro de 1923, possuindo a coleção completa 13 fascículos. O fato de exigir
trabalhos inéditos e a circunstância todo especial da gratuidade deram àRevista da
Escola Normal de o Carlos” uma feição simtica que muito contribuiu para a
divulgação de bons trabalhos. (1929, p.330-1)
Durante seu “ciclo de vida”, 1916 a 1923, a Revista foi apresentada como
publicão pedagógica, com caráter de inovação educacional e contou com a colaboração de
49
autores de projeção intelectual no contexto educacional paulista. Antonio Barreto do Amaral
no artigo “Nossas revistas de cultura: ensaio histórico-literário” assim escreveu:
Na cidade de São Carlos, o corpo docente da Escola Normal apresentava em 1915 a
REVISTA DA ESCOLA NORMAL DE SÃO CARLOS, publicação semestral, onde
colaboraram entre outros, Mariano de Oliveira, diretor da Escola, Carlos da Silveira,
Sebastião T. Prestes, Francisco Azzi, Dagoberto Sales, Rafael Falco e João Toledo, todos
lentes da mesma escola. (1968, p.170)
A Revista pode ser considerada uma das únicas publicações de educação e ensino
editadas pelas escolas normais do interior paulista, a outra seria a Revista de Educação,
“Órgão da Escola Normal de Piracicaba e Escolas Anexas”, 1921-1922, organizada por
Manoel Bergström Lourenço Filho, lente de Pedagogia e Psicologia do mesmo
estabelecimento de ensino.
A análise da materialidade dos impressos é fundamental; pois, conforme Roger
Chartier (1990, p.127) não existe texto fora do suporte que o a ler e que não há
compreensão de um escrito, qualquer que ele seja, que não dependa das formas através das
quais ele chega a seu leitor”. Desse modo, os aspectos técnicos, físicos e visuais que
organizam a leitura do escrito quando ele assume a forma impressa são significativos na
medida em que “as obras, os discursos, só existem quando se tornam realidades físicas,
inscritas sobre páginas de um livro, transmitidas por uma voz que ou narra, declamadas
num palco de teatro”. Compreender os princípios que governam a “ordem do discurso”, como
salienta Chartier em A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os
séculos XIV e XVIII (1999, p.8) “pressupõe decifrar com todo rigor, aqueles outros que
fundamentam os processos de produção, de comunicação e de recepção dos livros (e de outros
objetos que veiculem o escrito)”.
50
Para o estudo inicial das características da Revista elegemos os seguintes aspectos:
composição da comissão de Redação, temas e freqüência de assuntos abordados pelos autores
colaboradores, seções especializadas, posição ocupacional dos autores, freqüência de temas e
suporte material da publicação. (ver Anexo 3).
Em 12 de novembro de 1916, foi publicado o primeiro fascículo. A Comissão de
Redação esclarecia que a Revista destinava-se a publicação de trabalhos pedagógicos e
cienficos, críticas de livros e ensaios filosóficos de autoria do corpo docente da Escola
Normal e demais membros do magistério primário.
vai para três anos que alguns professores da Escola Normal desta cidade tiveram a
idéia de fundar uma revista que fosse um repositório das lucubrações a que, por dever de
ofício, se entregam os membros, do corpo docente do mesmo estabelecimento.
Muitos trabalhos quer pedagógicos, quer científicos em geral, deixam de ser divulgados e,
conseentemente, submetidos à apreciação dos componentes.
Era sensível, pois, a falta de uma publicação que servisse por fonte informativa,
relativamente à orientação do ensino em tal instituto pedagógico, bem como para mais
tarde lembrar os dias alegres passados na labuta de formação dos futuros mestres que, em
São Carlos, recebem a investidura para a tarefa pesadíssima do magistério primário.
Esse é o motivo do aparecimento da presente publicação, que registrara em suas ginas
trabalhos sobre pedagogia, crítica de livros, ensaios filosóficos e outros que possam
contribuir para aumentar entre os moços o amor pelos estudos.
Serão recebidos com grande deferência, e mesmo com reconhecimento, as críticas que os
entendidos se dignarem fazer com relação às matérias aqui tratadas.
Jamais dispensaremos o auxílio dos doutos, cujas apreciações servirão de estímulo para
prosseguirmos na rota que nos impusemos.
São Carlos, 12 de Novembro de 1916.
A Comissão (Editorial. Revista da Escola Normal de São
Carlos, ano 1, n.1, nov. 1916, p.1)
A Comissão de Redação pretendia mediar os debates práticos e teóricos sobre o
ensino normal e primário e intervir nos debates sobre os rumos da vida nacional
51
(MONARCHA, 2004). No quadro a seguir constam os integrantes da Comissão e as
respectivas posições ocupacionais.
Nome Posição ocupacional
Antonio Firmino de Proença Lente Professor - 13ª cadeira –Metodologia
Arthur Raggio Nóbrega Lente Professor - 2ª cadeira – Português e Latim
Astor Dias de Andrade Lente Dr. - 8ª cadeiraHistória Natural
Atugasmin Médici Lente Dr. - 1ª cadeira – Português e Latim
Carlos da Silveira Lente Dr. - 11ª cadeira – Psicologia
Dagoberto Salles Lente Dr. - 10ª cadeira – História da Civilização
Ezequiel de Moraes Leme Lente Professor
Francisco Z. Penteado Lente Dr. - 6ª cadeiraMatemática
Guilherme Thiele 5ª e 6ª aulas – Ginástica
João Augusto de Toledo Lente Professor - 12ª cadeira – Psicologia
João de Campos 2ª aula – Escrituração Mercantil
Jorge Barbato 7ª aula – Trabalhos
Juvenal Penteado Lente Professor - 3ª cadeira – Francês
Lázaro Rodrigues Lozano Maestro -1ª aula – Música
Lucila Pompeo de Camargo 8ª aula – Trabalhos Manuais
Mario Natividade Lente Dr. - 5ª cadeira – Matemática
Rafael Falco Professor - e 4ª aulas – Caligrafia e Desenho
Sebastião Paulo de Toledo Pontes Lente Professor - 7ª cadeira – Física e Química
Teodorico de Camargo Lente Dr. - 4ª cadeira – Inglês
Quadro 10 – Nome e posição sócio-ocupacional da Comissão de Redação da Revista
da Escola Normal de São Carlos.
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, n. 2, jun. 1917.
De imediato, é possível ressaltar os seguintes dados: a participação de “lentes
doutores” e a diminuta presença feminina na Comissão de Redação, no caso, Lucilla Pompêo
de Camargo, professora da disciplina de Trabalhos Manuais.
Nas páginas de rosto dos fascículos constavam os seguintes dizeres:
Expediente:
- A revista será publicada 2 vezes por ano.
- Distribuição gratuita.
- se publicam trabalhos inéditos.
- Será respeitada a grafia dos Srs. Colaboradores, únicos responsáveis pelas idéias
que emitirem.
52
Toda correspondência deve ser dirigida à Comissão de Redação da Revista,
(Escola Normal de São Carlos, Estado de o Paulo, Linha Paulista. (Revista da Escola
Normal de São Carlos, ano 1, n.1, nov., 1916, p.1).
Autor Posição sócio-ocupacional
Antonio Firmino de Proença Lente da 1cadeira Metodologia - Escola Normal de São
Carlos
Diretor e Lente da Escola Normal de Pirassununga
Arthur Raggio Nóbrega Lente da cadeira Português e Latim - Escola Normal de
São Carlos
Astor Dias de Andrade Lente da cadeira História Natural -Escola Normal de São
Carlos
Ataliba de Oliveira Nada consta
Atugasmin Médici Lente da cadeira Português e Latim - Escola Normal de
São Carlos
Carlos da Silveira Lente da 11ª cadeira – Lente de Psicologia e Pedagogia e
Diretor da Escola Normal do Brás
Dagoberto Salles Lente da 10ª cadeira História da Civilização - Escola Normal
de São Carlos
Domingos de Vilhena Lente da 3ª cadeira -Escola Normal deo Carlos
Duílio Ramos Lente da cadeira - Escola Normal de São Carlos. Ex-diretor
da E. Normal de Botucatu
Elisiário Fernandes de Araujo Diretor do Grupo Escolar Paulino Carlos” Lente em
Comissão – Diretor da Escola Normal de Casa Branca
Ezequiel de Moraes Leme Lente da 9ª cadeira – Geografia - Escola Normal de São Carlos
Fausto de Sousa Escola Complementar
Francisco Azzi Lente de Latim e Literatura da Escola Normal de Casa Branca
Francisco Z. Penteado Lente da 6ª cadeira – Matemática - Escola Normal de São
Carlos
J & C Nada consta
João Augusto de Toledo Lente da 12ª cadeira - Escola Normal de São Carlos - Diretor e
lente da Escola Normal de Campinas
José Ferraz Motta Lente de Psicologia e Pedagogia
Lazaro Rodrigues Lozano Professor de Música - Escola Normal de São Carlos
Manoel de Toledo Silva Farmacêutico Encarregado do Gabinete da Escola Normal de
São Carlos
Mariano de Oliveira Diretor da Escola - Escola Normal de São Carlos
Mario Natividade Lente da 5ª cadeira Matemática - Escola Normal de o
Carlos
Mello Ayres Nada consta
Rafael Falco Professor de Caligrafia e Desenho - Escola Normal deo
Carlos
Sebastião Paulo de Toledo
Pontes
Lente da cadeira Física e Química - Escola Normal de São
Carlos
Teodorico de Camargo Lente da 4ª cadeira – Inglês - Escola Normal de São Carlos
Waldomiro Caleiro Secretário da Escola Normal - Escola Normal de São Carlos
Quadro 11 – Autores colaboradores e posição sócio-ocupacional.
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos - 1916-1923.
53
A Revista era mantida pelo corpo docente e administrativo; todavia, em alguns
momentos de seu “ciclo de vida” recebeu apoio financeiro de intelectuais e da Câmara
Municipal de São Carlos. O fascículo número 8 da Revista, junho de 1920, veiculou nota da
Comissão de Redação agradecendo a Câmara Municipal pela obtenção de auxílio no valor de
300$ anuais e a Alberto Faria, membro da Academia Brasileira de Letras, em visita a cidade
de São Carlos para realizar sarau literário-musical em prol da Santa Casa de Misericórdia e da
Revista. A nota expressava a dificuldade de manter a publicação gratuita, ainda que a
recepção fosse acalorada pelos leitores.
Nossa Revista tem merecido os louvores de todos que a recebem ou que a lêem.
Muitíssimo nos agrada este fato. Entretanto, necessitamos lembrar a nossos amigos que
ela nos custa trabalho pesado e não pequeno sacrifício pecuniário: distribuímo-la
gratuitamente. Todo o auxílio, por isso, nos é grato e valioso. Tornamos público aqui,
com grande satisfação, a verba que nos destina a Câmara Municipal de São Carlos, por
indicação de nosso bom colega e seu atual presidente Dr. Teodorico de Camargo. Deu-
nos em 1918 e em 1919 a imporncia de 300$, anuais, e dar-nos-á, no corrente ano, esse
mesmo auxílio. Com agradecimentos a ilustre edilidade, salientamos a sua alta
compreensão dos interesses vitais da Pátria. o a Câmara, também o consagrado
literato Sr. Alberto Faria, membro da Academia Brasileira de Letras, trouxe-nos o seu
apoio, a 27 de março p.p., realizando, em um sarau literário-musical, em benefício da
Santa Casa local e da nossa REVISTA, uma interessante conferência sobre “O galo
através dos culos”. A população são-carlense encheu a nossa sala de festas, acorrendo
ao nosso apelo. Tais fatos nos animam, e, contando com outros idênticos, que aliviarão
nossa carga, esperamos publicar, com toda a regularidade, esta REVISTA, que alguns
serviços têm prestado. (Revista da Escola Normal de São Carlos, ano 4, n.8, jun.,
1920, p.108)
A Revista foi editada no formato de brochura, tamanho 23 x 16, texto a duas
colunas nos dois primeiros fascículos e a uma coluna a partir do terceiro (Ilustração 6 e 7). A
impressão ficou sucessivamente sob a responsabilidade de diversos estabelecimentos gráficos:
Tipografia Aldina, Tipografia Ideal Campinas, Tipografia Artística, de Amador Gonles
54
Ferreira, Tipografia Joaquim Augusto, Estabelecimento Tipográfico Tancredo Camargo, e A
Gráfica, de Marra e Filhos. As mudanças sucessivas de estabelecimentos foram significativas,
porém não constam explicações a respeito.
Ilustração 6Para os autores da Revista a educação não é um fato
isolado puramente humano, mas sim um fenômeno integralizado
com fatores biológicos e sociais.
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, ano 1, n.1,nov.,
1916.
55
Ilustração 7- É na escola que se forma o verdadeiro cater do homem
civilizado, assim o amor a Pátria e deveria ser prioridade nas
escolas elementares.
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, ano 4, n.8, jun., 1920.
Com periodicidade semestral, à exceção de 1922 e 1923, quando ocorreu a
publicão de fascículos anuais. No total foram publicados 13 fascículos. O quadro a seguir
apresenta fascículo, mês, ano de publicação e total de páginas da Revista.
56
Revista da Escola Normal
de São Carlos
Ano
Fascículo
Mês Ano Páginas
1 1 nov. 1916 33p.
1 2 jun. 1917 33p.
2 3 dez. 1917 158p.
_ 4 jun. 1918 56p.
3 5 dez. 1918 90p.
3 6 jun. 1919 54p.
4 7 dez. 1919 69p.
4 8 jun. 1920 112p.
5 9 nov. 1920 55p.
6 10 jun. 1921 65p.
6 11 dez. 1921 70p.
7 12 dez. 1922 73p.
7 13 dez. 1923 79p.
Quadro 12 – periodicidade e número de páginas da Revista
O fascículo 3, dezembro de 1917, um dos momentos de ascensão nacionalista,
assumiu feição temática e veiculou palestras cívico-nacionalistas proferidas por membros do
magistério no anfiteatro da Escola Normal de São Carlos e em outras cidades do interior
paulista. Abaixo os autores e títulos das palestras publicadas no fascículo temático.
Autor Título da Palestra
Ezequiel de Moraes Leme Belezas naturais do Brasil
Francisco Penteado Desertos e Climas - a devastação das matas
Waldomiro Caleiro Tipos brasileiros; a alma nacional
Teodorico de Camargo O problema do urbanismo no Brasil e
a volta aos campos
Astor Dias de Andrade A medicina escolar e o futuro da nossa
nacionalidade
Dagoberto Salles Vida de um brasileiro, que é uma lição de
civismo (Campos Salles)
Carlos da Silveira A língua pátria e a unidade nacional
João Augusto de Toledo A escola brasileira
Atugasmin Médici Mestres e soldados
Elisiario Fernandes de Araújo Instituições Patrióticas
Sebastião Paulo de Toledo Pontes Pela Pátria
Mariano de Oliveira Culto á Bandeira
Quadro 13 – Palestras cívicas publicadas no fascículo temático
Os dizeres constantes na capa da revista seguem um mesmo padrão título em
caixa-alta, logo abaixo o estado e o país, nome da agremiação responsável pela publicação,
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fascículo do fascículo, local de edição, data de publicação. De feição temática, o fascículo 3, é
adornado por listras diagonais nas cores verde e amarelo, reforçando com esse recurso gráfico
o caráter e o conteúdo cívico-patriótico (Ilustração 8). a capa do fascículo 1 exibe uma
figura feminina envolta em ramos de café, simbolizando a imagem da República (Ilustração
9).
Ilustração 8 – O nacionalismo foi destaque na edição especial da
Revista que teve sua capa adornada por listras verde e amarela.
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, São Carlos, Edição
Especial, n.3, dez., 1917.
58
Ilustração 9 – A “República Mulher” mãe dos cidadãos, defensora dos
valores de liberdade, igualdade e fraternidade foi destaque na capa do
primeiro número da Revista.
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos, ano 1, n.1, nov., 1916
Os autores colaboradores eram vinculados a Escola Normal de São Carlos ou a
outros estabelecimentos de ensino público paulista. O quadro a seguir apresenta os autores e a
freqüência de colaboração.
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Autor Freqüência
de
colaboração
Carlos da Silveira 13
João Augusto de Toledo 12
Antonio Firmino de Proença 10
Ezequiel de Moraes Leme 8
Francisco Z. Penteado 7
Rafael Falco 5
Dagoberto Salles 4
Waldomiro Caleiro 4
Mariano de Oliveira 3
Mario Natividade 3
Sebastião Paulo de Toledo Pontes 3
Arthur Raggio Nóbrega 2
Ataliba de Oliveira 2
Domingos de Vilhena 2
Elisiário Fernandes de Araujo 2
Manoel de Toledo Silva 1
Astor Dias de Andrade 1
Atugasmin Médici 1
Duílio Ramos 1
Fausto de Sousa 1
Francisco Azzi 1
J & C 1
José Ferraz Mota 1
Lazaro Rodrigues Lozano 1
Mello Ayres 1
Teodorico de Camargo 1
Quadro 14 - Autores e freência de colaboração
Carlos da Silveira foi o autor que mais colaborou com artigos, seguido por João
Augusto de Toledo e Antonio Firmino Proença, porém é de notar a inexistência de professoras
na condição de autoras.
Veiculada nos fascículos publicados entre 1918 e 1921, a seção “Ensino Primário”,
organizada assinada por Antonio Firmino de Proença, lente da cadeira de Metodologia, deu
preferência às recomendações sobre “modelos de lições” para a o ensino na escola primária.
De modo geral, os assuntos abordados pelos autores colaboradores variavam entre
questões de ensino, história da educação, escolas normais, festas nacionais, escotismo, entre
60
outros. Os assuntos de caráter nacionalista palestras vicas, discursos em nome da Liga
Nacionalista de São Paulo, educação e civismo, unidade nacional, a alma nacional”, “nossa
gente” — foram freqüentemente abordados. (ver Anexo 3).
Assuntos Abordados Freqüência
Pátria – Civismo 27
Eventos educacionais 6
Geometria e Álgebra 6
Desenho 5
História da Pedagogia 5
Linguagem 5
Pedagogia 5
Escola Normal (estudo) 4
Questões do ensino 4
Biologia 3
Ensino Primário 3
Geografia 3
Arte – Música 2
Ensino ativo 2
Estudo sobre pensadores 2
Física 2
Desperdício de energia 1
Ensino Elementar 1
Escolas Complementares 1
Escotismo 1
Homenagens 1
Métodos de ensino 1
Psicologia 1
Quadro 15 – Assuntos e freqüência
Percebe-se que tria e civismo” estão entre os principais temas discutidos,
seguido deEventos Educacionais” e “Geometria e Álgebra”. As idéias veiculadas pela
Revista são representativas das discussões que ocorriam não somente no âmbito escolar, mas
entre intelectuais e profissionais de diferentes áreas do estado de São Paulo, visto que muitos
dos autores colaboradores estavam vinculados a diferentes estabelecimentos de ensino
exercendo a docência ou a direção de escolas.
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Até aqui foram mostradas as características gerais do periódico. Nessa mostra é
possível identificar composição da comissão de redação, autores e posição sócio-profissional,
freqüência de colaboração e assuntos. Entretanto, não foi possível identificar os motivos que
determinaram o encerramento da Revista da Escola Normal de São Carlos, uma publicação
que teve importante papel na divulgação dos saberes relacionado ao ensino e a discussões
sobre os impasses sociais e rumos futuros do país.
O quadro a seguir apresenta as publicações periódicas vinculadas a Escola Normal
Secundária de São Carlos, no período de 1911 a 1929.
Ano Titulo Responsáveis
1911 Excelsior! Periódico de responsabilidade do Grêmio Normalista “22 de
Março”.
1916
Revista da Escola
Normal de São
Carlos
Revista de propriedade e redação do corpo docente da escola,
nela eram publicados artigos escritos por docentes e diretores
tanto da Escola Normal de o Carlos quanto de outras escolas
normais. A maioria dos artigos trata de temas relativos às
disciplinas da Escola Normal, ao civismo e ao ensino. Em
alguns fascículos constam artigos que analisam a situação do
ensino normal.
1916
O Estudo
Publicação da Escola Normal Secundária de o Carlos. Sob
responsabilidade dos professores Francisco de Oliveira
Penteado, Artur Raggio Nóbrega, Dr. João Augusto Pereira
Júnior e Teodoro de Moraes.
1917
O Raio Verde
Publicação quinzenal dos normalistas cujo primeiro fascículo
saiu em 22 de setembro. Eram diretores: José Romeu Ferraz e
Antônio da Silveira e redator, Gentil Eugênio de Camargo. Seu
nome foi sugerido por Amadeu Amaral após uma conferência na
Escola.
1928
O sorriso
Órgão da Barraca das Normalistas tendo como diretora A.
Medeiros; redatora, N. Cunha e diversos colaboradores. Eram
publicadas crônicas, poesias, notas sociais, informações e
humor.
1929
O Normalista
Jornal do Grêmio Normalista “22 de Março” o primeiro
fascículo foi publicado em 1929 e se manteve por muitos anos
como seu órgão representativo. Passando depois para o Centro
vico “22 de Março”, continuou por muito tempo como uma
das grandes realizações dos estudantes.
Quadro 16Publicações vinculadas a Escola Normal Secundária de São Carlos1911-1929.
Fonte: Pirolla (1988).
62
Essas publicações são de importância para a história da educação brasileira, em
suas páginas é possível identificar idéias e concepções educacionais, críticas ou apoio a certos
modelos políticos e econômicos. Dentre as publicações, além da Revista da Escola Normal de
São Carlos, destacou-se a revista Excelsior! de responsabilidade do Grêmio Normalista
“Vinte e Dois de Março”, publicada entre 1911 e 1916. (ver Anexo 5).
Ana Clara Bortoleto Nery na comunicação “Impressos de professores:
representação sobre educação e ensino nos periódicos paulistas (1911-1923)”, (2008), ao
analisar a revista, concluiu que Excelsior! foi criada com o incentivo do diretor da Escola
Normal João Crisóstomo Bueno Reis Junior e coordenada pelo professor João Lourenço
Rodrigues. Em O Professor Ideal em Excelsior! (1911-1916): a revista dos alunos da Escola
Normal de São Carlos, Emerson Correa da Silva (2007) revela que apesar de haver um
incentivo e divulgação de novas práticas de ensino fundamentada no método analítico e
estudos de psicologia experimental, portanto, de ensino ativo, nota-se uma preocupação com o
controle das atividades dos alunos em sala de aula.
63
Capítulo 4
Formar o Homem e o Cidadão, a importância do ensino da língua
nacional e das matérias geografia e história
A Revista publicou inúmeros artigos sobre a obrigatoriedade do ensino da língua
nacional e valorização do ensino da história e da geografia do Brasil. Nos artigos havia uma
preocupação permanente: fazer por meio da educação com que nacionais e imigrantes se
identificassem, criassem vínculos com a “Pátria Mãe”, conhecessem a geografia e a história e
valorizassem as “coisas nacionais”. Em suma: promover os valores cívicos, levar o povo a
amar o país, relevar o povo e a terra, difundir o idioma nacional, eram as palavras de ordem
não nas páginas da Revista como também nos meios os mais variados do país. Nos círculos
políticos e intelectuais locais e nacionais havia um consenso acerca da urgência da construção
da identidade da nação e de um regime representativo democrático de modo a colocar o Brasil
no rumo das nações européias e dos Estados Unidos da América do Norte.
Como observou Nagle em Introdução da Escola Nova no Brasil (Antecedentes)”
(1964, p.98):
Desde o começo do culo ganha importância nuclear a formação cívica e moral, como
base do soerguimento de amplos quadros da nacionalidade. Ideal de formação que se
prende ao ambiente de pessimismo que dominou o país pouco depois da proclamação da
República, significando de resto o desgaste da ilusão da República-Educadora. [...] De
qualquer maneira, no quadro típico dessa época se privilegia a dimensão cívico-
nacionalista do processo de educação escolar. As tendências remodeladoras introduzem-
se nesse quadro, quando muito, como elementos secundários, auxiliares desse núcleo
básico.
Ana Luiza Martins, em “Modelando gerações: revistas pedagógicas”, capítulo do
livro Imprensa e práticas culturais em tempos da República: São Paulo (1890-1922) (2001a)
64
considerou ser freqüente encontrar nas revistas pedagógicas artigos relacionados com a
temática da moral, civismo e religião. De fato, no clima de nacionalismo exaltado, atribuía-se
ao ensino da língua oficial a função de conferir coesão e unicidade de sentimentos, isto é, o
“amor pela pátria”. Para essa perspectiva otimista ao ensino da disciplina Geografia caberia
valorizar as belezas e as riquezas do país, ao ensino de História demonstrar as novas gerações
os feitos dos heróis nacionais e dos cidadãos exemplares.
Carlos da Silveira e Dagoberto Salles, membros da “Liga Nacionalista de São
Paulo”, Ezequiel de Moraes Leme, Waldomiro Caleiro, Teodorico de Camargo, Atugasmim
Médici, Elisário Fernandes de Araújo, João Augusto de Toledo, Mariano de Oliveira, entre
outros professores, em palestras, conferências e artigos buscaram retratar o Brasil em suas
especificidades, apontando seus problemas e sugerindo soluções. Temas como a erradicação
do analfabetismo, a participação eleitoral do cidadão, a gente brasileira, as belezas naturais do
Brasil, à educação cívica, considerada elemento fundamental para o soerguimento moral da
não e para a cultura do patriotismo, o escotismo como fator de educação do caráter e de
defesa da pátria foram enfatizados.
Por exemplo, em “Os ideais nacionais e as escolas elementares”, João Augusto de
Toledo ressaltava a importância do ensino cívico na formação cívico-moral das crianças:
“Na alma da criança modela-se a conduta do homem.bitos de camaradagem, de polidez, de
asseio, de disciplina, de discrição, de iniciativa de economia, de tolerância, de estudo, de
trabalho de honestidade ali se formam (1920a, p.7). Ou como apregoara anteriormente,
Mario Natividade no “Discurso pronunciado na festa inaugural da Sociedade de Estudos e
Conferências”, no dia 9 de setembro de 1916:
Meus senhores Em meio dos descalabros que desgraçadamente vão pela nossa vida
nacional, através da crise financeira e da crise moral que avassalam o país, se percebe
um movimento vago, mas alentador, de regeneração e ressurgimento. Sente-se um como
65
despertar de consciências esquecidas e um como reviver de liberdades apagadas. (1917,
p.24)
Defensor ardoroso da escola primária como via de transformação social e culturas,
Carlos da Silveira traduziu e publicou nos fascículos 11 e 12, o programa escolar praticado na
lgica. No programa, segundo ele, a ser adotado pelos brasileiros, eram ressaltados assuntos
como “educação individual” higiene, prudência, dignidade, disciplina, economia, trabalho,
perseverança e instrução; “educação altruísta” harmonia social e amor à natureza,
liberdade de opinião; “educação nacional” — soberania nacional, poderes da nação, defesa do
território, liberdade de culto, imprensa, associação e reunião e o amor pela pátria.
Traduzido sob o título “Do papel educativo da escola primária”, o programa
priorizava o estudo da língua materna, história e geografia. Escrevia Carlos Silveira: “Se este
meu trabalho tradução na sua quase totalidade o é o que se costuma chamar de uma
novidade, julgo, todavia que poderá prestar serviços não de todo insignificantes aos novos
lides do magistério” (1921, p.21).
Era nessa conjuntura de idéias inovadoras e de planos de soerguimento moral da
não que os autores debatem nas páginas da Revista a erradicação do analfabetismo, a
participação eleitoral do cidadão, a ênfase na educação cívica, a cultura do patriotismo, a
importância da escola primária. Em resumo: como explica Ilíada Pires da Silva, em
“Educadores paulistas: regeneração social, República e nação (1999, p.128), o projeto
republicano sugeria o apenas uma mudança parcial: “mas sim um projeto cultural que
atravessa a sociedade completamente”
8
.
8
Sobre o assunto ver também Silva (2004).
66
A língua nacional
Em A Revista do Brasil: um diagnóstico para a (n)ação, Tania Regina de Luca
(1999), especialmente no capítulo “Língua: edificação da cultura nacional”, ressaltou a
importância atribuída pelos intelectuais do preço ao ensino e uso da língua como fator de
afirmação da identidade e soberania nacionais. Sem vida, a defesa do ensino da língua
nacional foi uma das preocupações recorrentes nas páginas da Revista.
Em “A língua pátria e a unidade nacional”, de Carlos da Silveira (1917b, p.65), a
língua é considera elemento essencial nos países novos como os da América Latina: a
comunhão de linguagem facilita a troca de idéias e a comunicação dos espíritos, torna a
simpatia mais fácil e mais forte, o conjunto mais coerente e, por conseguinte, favorece o
sentimento de Pátria”. Definida como conjunto de sinais falados, ouvidos, escritos e lidos
a língua era a expressão de sentimento e pensamento de um povo. Para o autor, a evolução de
um grupo social seria apreciada pela linguagem utilizada: “cada agrupamento humano é
superior ou inferior em mentalidade conforme a excelência ou não da língua que fala”.
Pela clareza do francês avaliamos a finura do espírito daquele povo; a tonalidade
variadíssima do alemão é indício da profundeza da mente germânica; a ngua inglesa
revela-nos o espírito prático do anglo-saxão; a sonoridade do italiano dá bem a medida da
aptidão artística dos nascidos na terra de Dante, Leonardo da Vinci, Jose Verdi e tantos
outros prediletos das filhas de Mnemósina. Em resumo, língua pobre ou rica, clara ou
obscura, elegante ou desataviada equivalem a espíritos com esses atributos. (idem, p.67)
Em “A escola brasileira”, João Augusto de Toledo, defendia idéias análogas, ou
seja, uso da língua oficial como instrumento de união e formação do cidadão patriota:
A língua falada pelo povo é o primeiro de sua escola. É o primeiro e mais importante,
porque é fator enérgico de nacionalização e um laço estreito de solidariedade. Os que
67
falam a mesma língua comungam os mesmo sentimentos e têm os mesmo ideais e as
mesmas tradições. (1917b, p.79)
Fator de unidade de sentimento e pensamento, o ensino e o uso da língua nacional
trariam contribuição decisiva na construção da identidade nacional, afirmava o autor: “Em um
país de imigração, como o nosso, ela deverá merecer do professor o melhor cuidado, porque é
um recurso poderoso do qual podemos lançar mão para assimilar os estrangeiros” (idem). No
seu ponto de vista, os “aglomerados estrangeiros”, quase sempre localizados em regiões
longínquas e do território nacional e, portanto, distantes dos poderes públicos, partilhavam de
uma mesma situação: “não havendo escolas nossas, fundam eles as suas; recebem de além-
atlântico todos os objetos necessários e subvenção remunerada”.
Estudam sua língua, a história e geografia de sua pátria, conservam suas tradições e seus
costumes, vivem em nossa terra como se vivem na sua, sempre estrangeiros, legando a
seus filhos a mesma alma de seus as. Este fato, profundamente alarmante, de
pouco tempo para conseguiu chamar nossa atenção, sem que tenhamos, entretanto,
procurado dar remédio a essa gravíssima anomalia. (idem)
Carlos da Silveira, em outro artigo, “A língua pátria e a unidade nacional”
defendia argumentos de igual teor:
É ela, a língua o vínculo que prende e estreita solidamente as várias peças do organismo
nacional. Destruído esse liame, os elementos desagregam. É ela que mantém a nação
coesa e forte. É com ela que se transmite de geração a geração esse legado de poesias,
romances, lendas, tradições, que constituem o esplêndido material para o estudo da alma
popular nos mais recônditos escaninhos. (1917b, p.74)
Esse tipo de argumentação visava a dois objetivos: neutralizar o uso desagregador
das línguas estrangeiras e unir o povo pelos laços de uma mesma língua e cultura. A questão
68
gramatical ou filológica parece não ser a grande preocupação dos autores, o incômodo de fato
era a existência de culturas estrangeiras no país. Tornar obrigatório o ensino da língua
portuguesa era o meio de combater os “efeitos venenosos”, “o perigo estrangeiro”.
Os núcleos de imigrantes, isolados na vastidão do território, constituem verdadeiros
postos avançados de quiçá pretendida conquista. A solução de continuidade que tais
núcleos geram no nosso povo, não ainda bastante coeso para assimilá-los, é um perigo
que só pode ser conjurado pela mobilização das energias computáveis: e entre estas
apresenta-se, em primeira linha, o ensino inteligente da língua nacional, o seu cultivo
aprofundado e largamente generalizado nas escolas de todos os graus e em toda a parte.
(SILVEIRA, 1917b, p.74).
Em outro artigo, o “Culto vico”, o mesmo Carlos da Silveira, ao expressar as
principais idéias da Liga Nacionalista de São Paulo indicava como uma das prioridades dessa
associação, a difusão da língua oficial.
Falai bem a língua nacional!
País de imigração, a língua nacional bem falada e conhecida é um poderosíssimo
instrumento de assimilação. Cultivemos com excepcional carinho a língua de nossa terra,
em toda a vastidão do território pátrio, na imprensa e no livro, na conferência e na
palestra, em público ou no ambiente familiar: é isso a defesa pacífica do Brasil. uma
resistência que se opõe, são as armas nas mãos, destruindo-se o inimigo no calor da
batalhas, mas também uma defesa menos rumorosa, muito mais modesta no agir, mais
valiosa, porém, e que faz quotidianamente, minuto a minuto, em todos os recantos da
Pátria, fortalecendo-se os vínculos nacionais, agregando-se os elementos estranhos,
extirpando as formações prejudiciais. (1919b, p.18-19).
Como se nota nos trechos citados havia uma consonância com os programas das
ligas Nacionalista de São Paulo e de Defesa Nacional; de fato, ambas as ligas defendiam a
implantação de escolas primárias nos núcleos coloniais e a obrigatoriedade do ensino da
língua portuguesa. De modo geral, no período, especialmente a Reforma de 1920 executada
69
por Antonio de Sampaio Dória, intensificou-se em São Paulo o controle das “escolas
estrangeiras”, as quais foram submetidas a uma supervisão mais rigorosa sendo obrigadas a
assumir um compromisso por escrito, comprometendo-se a respeitar os feriados nacionais,
promover ensino do Português (por professor brasileiro ou português nato), o ensino de
Geografia e História do Brasil (por professor brasileiro nato), o ensino dos hinos nacionais, e
respeitar a proibição do ensino de língua estrangeira para crianças menores de dez anos e o
acesso das autoridades do ensino aos estabelecimentos.
Geografia e História do Brasil: “nossas riquezas, nossos heróis”
Mas, como organizar um país com tamanha dimensão territorial e diversidade
étnica e cultural? Essa parece ser a questão para a qual convergiam as preocupações dos
círculos intelectuais e políticos nas cadas de 1910 e 1920 e como resposta atribuiu-se a
escola primária, como já dissemos, um papel primordial.
Se no programa da Liga Nacionalista de São Paulo, a língua era um instrumento de
defesa e abrasileiramento, a língua em si mesma não era considerada suficiente para insuflar
“o amor à pátria” e a “união entre os brasileiros”, era preciso ir além, e promover o ensino da
geografia e da hisria do Brasil. A valorização das riquezas naturais do Brasil e o culto dos
heróis, segundo Tania Regina de Luca (1999) demonstravam a procura dos “verdadeiros
valores” nacionais. Para os articulistas da Revista caberia a escola e ao ensino valorizar tudo
aquilo que o país tinha de melhor.
Conforme Jorge Nagle, em Educação e sociedade na Primeira República, as
atividades exteriores à sala de aula refletiam a insuficiência pedagógica da escola primária:
Contudo, seja no caso da geografia e da história pátria seja no caso da instrução cívica,
não se pode deixar de mencionar esse obstáculo: ausências de livros didáticos apropriados
ao ensino dessas disciplinas e elaborados de acordo com as exigências do nacionalismo
da cada dos vinte. De qualquer modo, nesse decênio começa a se operar uma mudança
70
que deve ser ressaltada: a tendência é substituir o conteúdo “patriótico”, puramente
sentimental e de teor idealista de nacionalismo por um outro conteúdo que se baseia mais
no “conhecimento” que se deve ter da terra e da gente brasileira. (1976, p.232).
Em “A Geografia e o seu ensino”, Ezequiel de Moraes Leme, expressava a
importância atribuída a essa matéria nas escolas primárias e secundárias, para ele, o ensino
deveria ir além da mera descrição do meio, de modo a fazer o aluno “conhecer”, “sentir”,
“saber a utilidade” e “valorizar” o país.
É necessário que a renascença da ciência geográfica repercuta no Brasil, inspirando mais
um pouco de amor aos que tem por dever ensi-la nos institutos secundários (é do ensino
secundário que me ocupo), de modo a porem de lado o mero ensino descritivo, sem apoio
e base científica, e a darem a geografia o papel que lhe compete de ciência explicativa, na
mais larga acepção do termo. Ensinem eles ser a geografia uma cncia de observação e
de raciocínio, a ciência das relações entre Terra e o Homem, que procura fazer
compreender a imensidade do Grande Oceano, a exubencia das florestas virgens
americanas, os costumes dos negros africanos. Mostrem eles como, pela constituição
geogica do solo, pelas formas do relevo e pelo clima, essa ciência explica o regime dos
cursos da água, as formas vegetais, os animais e a vida humana; como ensina até que
ponto o homem é escravo das forças do universo e o prisioneiro da Terra, mas também,
como pode lutar e reagir; como faz compreender a dependência estreita e recíproca que
há entre a Terra e o homem, revelando assim o harmonioso encadeamento que preside a
vida universal. (1919b, p.24).
Os artigos sobre a importância do ensino de Geografia representavam o território
nacional de modo maravilhoso: diversidade de animais, riquezas vegetais, rios, florestas,
pântanos, paisagens maravilhosas, solo fértil e clima bom. No entanto, tal grandiosidade não
era devidamente valorizada pelos habitantes locais e tampouco utilizada de forma correta,
podendo despertar a cobiça estrangeira. No artigo anteriormente citado,A escola brasileira”,
João Augusto de Toledo, originariamente, em conferência na Escola Normal em 13 de
outubro de 1917, escrevia:
71
Na escola priria, a geografia-pátria é disciplina da mais alta relevância. Ela
compreende o estudo da terra, do homem, da flora, da fauna e também do céu. O ponto de
vista largamente utilitário impõe-se aqui. Largamente utilitário, disse, porque ele deverá
aproveitar aos interesses materiais da agricultura, da indústria e do comércio, como à
formação moral do educando. Sejam postas de lado, sem nenhum receio, as preocupações
de mera ilustração. Não nos interessam mais as vastas nomenclaturas de lagos, portos,
rios, cidades; importa-nos saber quais os benefícios que estes acidentes nos podem
prestar. (1917b, p.80).
Portanto, a Geografia apresentaria aos alunos as riquezas nacionais, mostraria os
meios de transporte, as cidades e as diversidades regionais.
Virão povoar o cérebro das criaas de conhecimentos úteis e lhes abrirão a perspectiva
de um futuro feliz. Aos pouco irão se afeiçoando ao meio e, logo, tudo quanto disser a
respeito do país ser-lhes-á familiar. As riquezas da terra, os encantos naturais, a beleza do
céu, passarão, como imagens, a constituir pedaços da alma infantil que por isso far-se-á
uma alma brasileira. Assim a geografia compreendendo até os elementos das ciências
naturais, deverá ser ensinada na escola primária. (TOLEDO, 1917b, p.80-1).
Para o mesmo João Toledo, ao ensino da língua nacional e da geografia
acrescentar-se-ia o ensino de história, e então, despertaria em definitivo, o sentimento de
afinidade com a “terra mãe”, levando o aluno a partilhar da “alma nacional”.
O concurso da história virá completar a obra da geografia. E a ela cabe um papel decisivo
que ainda não foi bem compreendido por todos os professores. Correm por ai compêndios
de história que atestam estreiteza de vistas e desconhecimento de sua função educativa no
ensino primário. Exposições incolores de fatos administrativos, narrativas glaciais de
batalhas, listas de nomes e de datas que não despertam interesse, não prendem atenção,
não emocionam e nem fornecem aptidões para crítica que oriente conduta. É a história
pensada, e mal pensada, e nunca a história sentida, fortemente sentida, única que as
classes infantis comportam. (p.81).
72
Os exemplos de conduta e ideais
Ao ensino de História caberia transmitir os conhecimentos sobre a administração
do Estado, as tradições herdadas dos antepassados, a literatura, as artes e os costumes do
povo. E o estudo das biografias dos heróis nacionais e cidadãos exemplares seria o primeiro
passo para tornar o ensino agradável às crianças.
No primeiro ano de estudo, os contos de fadas, as anedotas escolhidas servem de
preparação; depois será dada, em linhas gerais, a vida de alguns de nossos heróis, cujos
retratos mostraremos as crianças para que melhor os conheçam. Estas lições orais m a
vantagem de estabelecer, entre mestres e alunos, diálogos interessantes onde à linguagem
se corrige e se apura. O professor estudando a vida de nossos maiores, em seus atos de
meninos, em seus feitos de homens, terá o cuidado de examinar apenas as passagens mais
salientes, mais sugestivas e por isso, mais compreensíveis. A partir do segundo ano, o
ensino irá progressivamente aumentando sua amplitude: os maiores representantes do
país na administração, na guerra, na literatura, nas artes, irão aparecendo aos poucos,
acompanhando-se, quando posvel, de quadros explicativos, as ações desenvolvidas por
cada um. Ao finalizar o segundo semestre do último ano, dar-se-á por concluído o estudo
feito por meio de biografias; e, em ntese rápida, os fatos essenciais seo apresentados,
em ordem cronológica. (TOLEDO, 1917b, p. 81).
Os heróis e cidadãos exemplares serviriam de modelos de dignidade e conduta,
assim,
[...] os filhos dos estrangeiros terão a mente povoada das mesmas idéias que povoam as
nossas; o coração formar-se na mesma lareira de emoções; seus lábios falarão nossa
língua; terão eles mesmas aspirações nossas; em uma palavra serão brasileiros (idem).
Com isso pretendia-se promover o soerguimento moral da nação por meio das
apresentações dos grandes nomes da hisria pátria: Tiradentes representava o homem do
povo simples e humilde cuja morte fora semelhante a de Cristo, e dera a própria vida pelos
ideais de liberdade e igualdade; Duque de Caxias, o guerreiro responsável por manter a ordem
73
e a união nacional, demonstrando um povo forte, que sabe negociar a paz e lutar quando for
preciso; D. Pedro II, o homem nobre, honrado e bondoso; Campos Salles, o administrador que
salvou o país do colapso financeiro; e Rui Barbosa, o grande orador e civilista. O intuito era o
de resgatar vidas exemplares um tanto esquecida pela memória nacional e ao mesmo tempo
resgatar as raízes da República, regime político providencial, o qual aparecia como antigo
ideal e velha aspiração, o que poderia ser comprovado pelo conhecimento das biografias de
homens célebres, cujos sacrifícios em prol da nação eram viveis. Em resumo: era necessário
valorizar o ensino da geografia, história e língua nacional, difundir sentimento patriótico,
abrasileirar os nacionais e os imigrantes pelo culto cívico da personalidade.
74
Capítulo 5
Êxodo rural, urbanismo e saúde pública
Os autores também debateram os problemas relacionados ao êxodo rural,
urbanismo, condições de higiene e saúde da população e, apresentavam possíveis soluções;
enfatizaram as ações da Liga Nacionalista de São Paulo quanto à difusão do ensino como pré-
requisito para participação política.
Na Primeira República, as propostas de uma escola adaptada às diversidades
geográficas e culturais foi uma das principais soluções apontadas para diminuir a migração do
campo para a cidade. A vida rural era caracterizada como vida autêntica e harmoniosa e
comunhão; a cidade, o interior do país era caracterizado como guardião das tradições e
autenticidades brasileiras, fonte da nacionalidade, o urbano, por sua vez, contagiado de
cosmopolitismo e inautenticidade. Daí o empenho de despertar gosto e encanto pela vida
rural, e despertar o senso de brasilidade ainda latente, missão satisfatoriamente cumprida pelo
professor na Escola Primária de Piracicaba, interior paulista, Tales de Andrade, autor do
célebre Saudade, 1919, verdadeiro elogio da vida rural. Livro didático dotado de qualidades
literárias, Saudade encampava o discurso das autoridades acerca da necessidade de combater
o êxodo rural, conforme observa Carlos Monarcha em “Cânon da reflexão ruralista no Brasil:
Sud Mennucci” (2007).
Nas primeiras décadas do século XX, certas regiões brasileiras vivenciaram
transformações significativas na ordem econômica, política e social. Na capital do Estado de
São Paulo acelerou-se o processo de urbanização e industrialização. Um dos desdobramentos
desse processo dizia respeito ao crescente êxodo rural, na busca de trabalho na nascente
indústria e melhores condições de vida, nacionais e estrangeiros, dirigiam-se para a Capital do
estado defrontando-se com a miséria social e as doenças endêmicas. Fenômenos como
precariedade da saúde pública e a violência urbana provocavam acalorados debates entre os
75
intelectuais, médicos, cientistas, políticos, os diagnóstico sociais correntes apontavam para o
perigo constituído pelo “inchaço das cidades”. A mensagem de alerta prosperou entre a
inteligência educacional. Com efeito, em “O problema do urbanismo no Brasil e a volta aos
campos”, originariamente palestra no anfiteatro da Escola Normal de São Carlos, Teodorico
de Camargo discorria sobre os perigos advindos do aumento populacional nas cidades e a
saída do homem do campo, cujos desdobramentos negativos nos planos da economia e saúde
pública seriam alarmantes.
Com efeito, encarado sob o ponto de vista econômico, o abandono dos campos acarreta o
perecimento da agricultura, que é a base, o alicerce sobre o que repousam todos os outros
ramos da atividade pública. Sob o ponto de vista higiênico, é sabido que na cidade a
mortalidade é maior do que no campo, para isso contribuindo os acidentes, as doenças
profissionais e para-profissionais, a mortalidade e a mortinatalidade infantil e,
principalmente, a tuberculose, o alcoolismo e a sífilis, além do excesso de trabalho, da
alimentação deficiente e das habitações insalubres e mal arejadas. (1917, p.32).
Na sua percepção, o “inchaço urbano” ao favorecer a disseminação de idéias
socialistas e a criminalidade era uma questão de segurança nacional e social. Mas, o que
levariam as pessoas trocarem o campo pelos centros urbanos? Na percepção do conferencista
os principais fatores eram:
Quanto às causas verificou-se, serem as principais a facilidade de comunicação e de
transporte; os salários mais elevados oferecidos pela indústria e pelo comércio, mediante
menor número de horas de trabalho; a questão da previdência e dos seguros para os casos
de velhice, moléstias e acidentes; bem como o desejo de gozar maiores distrações que as
cidades proporcionam, e a esperança de alcançar um dia as boas graças dessa deusa
esquiva e inconstante que se chama a Fortuna... (idem, p.33)
76
Ainda que o problema representado pelo “incho urbanonão era semelhante ao
patamar atingido pelas cidades européias, dizia que uma maneira de neutralizar o êxodo
consistiria na extensão da instrução escolar às zonas rurais.
A questão da difusão da instrução entre os colonos e demais trabalhadores rurais é,
sobretudo, de magna importância; porque o ensino, inteligentemente ministrado, será a
arma mais valiosa contra o perigo do abandono dos campos, além do relevantíssimo
serviço que presta a nacionalização do imigrante, e como veículo para disseminação das
noções de higiene. Entre as medidas indicadas, a fundação de escolas rurais é, pois, a de
maior urncia. (CAMARGO, 1917, p.35).
A preocupação do conferencista com o êxodo rural não se restringia às queses
econômicas ou de segurança nacional e social, para ele o urbanismo era um malefício, ao
trazer consigo uma mudança de atitude moral corrompendo os valores do sertanejo, do
fazendeiro e seus filhos. Criado na vida ociosa e confortável nos centros populosos, o filhos
de lavradores e fazendeiros tenderiam a negar o campo e a vida rural e os respectivos valores
morais.
o é somente a influência da cidade que atua para desviar os filhos dos lavradores da
vida rural. Para esse resultado, também contribui a idéia errônea de ser a lavoura uma
ocupação demasiada rude e baixa para pessoas de certa cultura e destaque. Assim os
filhos dos fazendeiros que nunca cederam ante os atrativos da vida urbana, e que
encaneceram nas lidem da agricultura e nela perseveraram, ao terem de orientarem os
seus filhos na escolha de uma profissão, preferem torná-los médicos, engenheiros ou
advogados, em vez de iniciá-los na arte de arrotear e cultivar a terra. (idem)
Tais preocupações de fundo moral transparecem as teses e idéias favoráveis à
ocupação dos sertões brasileiros, caso contrário, acreditava-se, as áreas despovoadas
despertariam a cobiça inimiga e provocariam a divisão do território nacional. Mas, não era
apenas o risco de invasão externa que assombrava o imaginário nacionalista — as questões de
77
saúde pública e hábitos de higiene também compareciam nas páginas da Revista. Constituir
cidadãos saudáveis e produtivos implicava conter as mazelas geradas pela organização escolar
inadequada, isto é, a aglomeração de crianças em classes diminutas, sem ventilação e
iluminação trazia risco à saúde. Com o intuito de recomendar cuidados de proteção e
profilaxia da saúde dos escolares, o Dr. Astor Dias de Andrade, em “A medicina escolar e o
futuro de nossa nacionalidade”, traçava um quadro alarmante.
Em 1910, no IIIº Congresso de Higiene Escolar reunido em Paris, profissionais de todos
os matizes, de todas as nacionalidades, tocaram na mesma tecla, aconselhando que se
formassem especialistas das importantíssimas funções do médico escolar, não só para que
as exercessem com rara proficiência, como capazes de criar por habilidade todo especial,
por um verdadeiro senso de propagandista, um halo de simpatia em tono destas idéias
fora do ambiente escolar, no seio das famílias, tornando-as, em última análise, focos de
consciência profilática, colaboradores proveitosos, centro de puericultura. (1917, p.47).
À medicina escolar caberia exercer um papel na prevenção da saúde das novas
gerações. E ressaltava os dados colhidos pela Inspetoria Médico-Escolar do Rio de Janeiro:
“em 4.855 visitas escolares foram inspecionados 12.666 alunos e foram encontrados doentes
2.928, ou 20%! Doentes!”. Segundo os dados, as principais doenças eram:
[...] a lepra, a difteria, a febre tifóide, a tuberculose, a filis em plena virulência
contaminadora, tinhas compromentendo o sistema piloso e até a pediculose, estas últimas
atestadoras do descaso criminoso a que estavam sujeitas da família, as pobres crianças.
Mas não moléstias contagiosas como tamm perturbações de desvios vários foram
encontrados e notificados, as famílias ou responsáveis, com o fim de concitá-los e
orientá-los para um tratamento. (idem).
Para Astor Dias de Andrade, a escola, por meio da orientação e criação de hábitos
de higiene, contribui decisivamente para debelar as endemias e epidemias.
78
Num país como nosso, em que a natureza exuberante ainda não foi totalmente vencida
pelo homem, onde enxameiam inimigos atrozes como o amarelão, a maleita e a moléstia
de Carlos Chagas, e nesses derradeiros tempos do tracoma importado, pragas que mais
nos tem prejudicado no conceito dos estrangeiros, conceito esse de que somos tão ciosos,
que enormes vantagens não obteríamos se, com a aprendizagem própria da Escola
ensinássemos contra tais adversários da saúde uma defesa adequada e
suficiente!(ANDRADE, 1917, p.48).
Nos argumentos do médico, muitos dos professores desconheciam os preceitos de
higiene, os alunos quando orientados a procurarem os postos de saúde, eram proibidos
pelos pais de tomarem as medicações sob pretexto de que, ao invés de curarem, os remédios
causariam males à saúde. Sem o trabalho conjunto de médicos, professores e pais não seria
possível debelar as endemias e epidemias. Cuidar da saúde física da população era
preocupação de largos círculos profissionais e intelectuais incomodados com o “atraso
nacional”, embora o país fosse dotado de riqueza natural. Em conclusão, cuidar da saúde
física da população, o primado “corpo são em mente sã” vigorava na época como lei, era um
dos caminhos para regenerar a “alma do brasileiro.
79
Capítulo 6
O nacional e o estrangeiro
O “povoe a “imigraçãoforam assuntos debatidos na Revista. Diversos autores
discutiram as origens do povo brasileiro, suas virtudes e fraquezas, bem como os problemas e
os perigos relativos à segurança nacional e os benefícios para o desenvolvimento do país
ocasionados pela presença dos imigrantes.
A palavra de ordem era promover o progresso do Brasil e colocá-lo entre as nações
desenvolvidas, no entanto, as idéias fundamentadas em estudos científicos da época não
promoviam grandes perspectivas. Um dos debates na época dizia respeito à diversidade étnica
racial, principalmente o predomínio da raça negra, considerada por alguns cientistas como
inferior. Contudo, a valorização da terra e do povo em todos seus aspectos era imprescindível,
como meio de convencer o povo e os segmentos intelectuais sobre o futuro promissor do país.
Entre a intelectualidade brasileira circulavam versões acerca da identidade
nacional, debatendo-se o ser da “alma nacional? De um lado estavam os admiradores da
civilização européia e das raças adiantadas; de outro, os absorvidos pela criação de uma
identidade original, capaz de distinguir o Brasil dos demais países; estava claro “pelo menos
para alguns, que nossas possibilidades étnicas mais fortemente se afirmavam nos rincões
distantes, nos quais pulsava o Brasil real, indiferente ao frenesi das cidades” (LUCA, 1999,
p.196). Bem sucedidas na Europa de século XIX, as teorias étnicas raciais elaboradas por
Gobineau, Georges Cuvier, Carl von Linnè e Herbert Spencer, difundiram-se no Brasil em
fins do século XIX e início do XX, sendo acolhidas em estabelecimentos de ensino e
pesquisa e literatura específica, conforme exe Lilia Moritz Schwarcz, em O espetáculo das
raças : cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930 (1993).
80
As teses dos “teóricos raciais” eram a de que o crescimento das sociedades
vinculava-se aos caracteres raciais genéticos das populações. Partiam do pressuposto de que
as sociedades brancas européias encontravam-se no mais alto grau do processo civilizatório e,
portanto, superiores às demais sociedades. Sendo a raça branca superior as demais.
Fundamentados nessas teorias, vários intelectuais brasileiros situavam a composição étnica da
população como fator decisivo, do qual dependiam as chances de inserção do país entre as
grandes nações. Todavia, a absorção dessas idéias o pode ser entendida como algo passivo
ou mera repetição, para Tania Regina de Luca (1999, p.157), ocorreu “um esfoo de
apropriação, reelaboração e mesmo luta com princípios que nos eram francamente
favoráveis”.
O problema da segurança nacional ecoava nos discursos, as disputas entre as
potências industriais pela hegemonia econômica mundial, a primeira grande guerra provocara
o desejo de assegurar a soberania nacional e de lealdade à pátria. Num contexto de
desconfiança perante os países em guerra, os círculos de intelectuais, políticos, professores e
outros envolveram-se num mesmo projeto: a construção da identidade nacional. Elaborar a
identidade do povo brasileiro tornara-se tarefa premente, dessa identidade dependia o futuro
promissor, segundo estudos da época o desenvolvimento das nações relacionava-se
intrinsecamente com a questão étnica.
João Augusto de Toledo abordou essa problemática no artigo “Nossa Gente”; no
qual registrou sua preocupação com a formação étnica, ou melhor, “racial” do que denominou
de nossa gente”. Após contextualizar o processo de formação racial da sociedade brasileira,
ou seja, “três raças principais”: o português, o índio e o negro, alerta para o fenômeno das
imigrações no Brasil: “Hoje, nossa atenção deve voltar-se cuidadosamente para a imigração
dos últimos trinta anos, que vem juntar um novo fator a nossa nacionalidade tão mesclada já,
e complicar ainda mais nosso já complicado problema etnológico”. (1918b, p.40).
81
Segundo Tania Regina de Luca, no começo do século XX a prática de classificar a
humanidade em grupos “aos quais eram atribuídos valores biológicos, psicológicos, morais e
ou/culturais intrinsecamente diferentes continuava desfrutando de status de verdade científica
que poucos ousavam contestar” (1999, p.157). Inúmeros teóricos postulavam a mestiçagem
como obstáculo ao desenvolvimento. No Brasil, “a problemática da hibridação não era
simples especulação teórica, mas experiência vivida quotidianamente” (idem).
Nas páginas da Revista, o imigrante e a imigração eram apreciados sob ângulos
diversos: para alguns, o estrangeiro ao se unir as raças brasileiras proporcionaria gradativo
clareamento da população; para outros, seria obstáculo à manutenção da ordem e à unidade da
“alma nacional”. Em “Nossa gente - Notas pedagógicas para meus alunos”, João Toledo
assim argumentava:
Não negar que a corrente imigratória que nos procura é constituída das classes mais
desfavorecidas e conseqüentemente pior preparadas, mas é também verdade que, em sua
quase totalidade, é ela formada pela raça branca dos países europeus. Mas a alma nacional
corre risco iminente de diluir-se em um cosmopolitismo frouxo, amorfo, pernicioso. As
características de povo língua, tradições, costumes, sentimento - pátrio sofrem a ação
solapante de outras pátrias. (1918b, p. 41 – grifo no original).
Nesses termos, João Augusto de Toledo apesar da desconfiança em relação à
imigração e do “iminente risco” da degradação da “alma nacional” entende que a presença do
imigrante branco unindo-se às demais raças presentes no Brasil é importante na medida em
que promoverá um branqueamento da população. Se essa miscigenação fosse acompanhada
por uma educação adequada, proporcionaria aspectos positivos à construção da identidade
brasileira.
O resultado futuro desse largo caldeamento, que agora continua com elementos novos,
impossível de ser predeterminado com segurança, pode, entretanto, ser previsto em linhas
82
muito gerais. O preto e o índio desaparecerão, como acima ficou dito. O português, tronco
principal da nossa raça e do qual muitíssimo nos aproximamos, afluindo ainda para essas
terras, em forte corrente imigratória, auxiliar-nos-á a manter, além de outros caracteres, a
língua que falamos. Os outros estrangeiros que recebemos serão espalhados por diferentes
zonas do país e a eles se darão escolas brasileiras boas, bem orientadas, gratuitas,
abundantes. (idem, p.41)
Para João Toledo, como para outros intelectuais, a educação do imigrante era fator
primordial no processo de adaptação do estrangeiro ao novo terririo e cultura nacional. O
imigrante não era visto como problema, mas, pelo contrário, era entendido como uma solução
que se bem orientada poderia trazer bons frutos.
Outro texto significativo é “Tipos brasileiros: a alma nacional”, Waldomiro
Caleiro, secretário da Escola Normal, ao discorrer sobre as origens de “nossa gente” e a
verdadeira “alma nacional”, conclui que a “nossa gente” seria formada por três raças: o índio,
o português e o negro; porém, nos últimos tempos um novo elemento havia surgido: o
mestiço.
Em síntese: três raças diversas compõem, principalmente, a população do Brasil: o tupi-
guarani, o português e o negro. Ao lado dessas três raças, que se estadeiam, ainda,
destacadas, posto em proporções muito rias, uma ao lado da outra, um novo elemento,
uma como que sub-raça, avulta, tendendo a assimilar e a sobrepujar todas as demais: - o
mestiço. (1917, p.24).
Esse novo elemento, o mestiço, seria o meio pelo qual diminuiria a presença de
negros na população geral e possibilitaria o predomínio da “raça superior”: “Nessa liga o
branco predominará, aclimatado e diferenciado por este novo habitat, de maneira a distinguir-
se e muito, no andar dos tempos, da própria raça mãe” (idem., p.25).
Para Waldomiro Caleiro, ainda não era possível falar de um tipo brasileiro. Com
recurso a Le Bon, renomado psicólogo e sociólogo francês, que defendia o argumento de que
83
entre as raças européias históricas, apenas os ingleses representariam um tipo acabado, uma
vez que as demais não possuíam ainda sequer um tipo médio representativo, Waldomiro
Caleiro via no sertanejo possibilidades inusitadas.
Mas, senhores, se um tipo brasileiro dio não temos, se o paradigma da raça (seja-nos
permitido dizer assim) ainda não se formou, há, contudo, uma medula da terra, no nosso
centro, no cenário em que se desdobra a autêntica, a verdadeira vida nacional – nas
brenhas, nas selvas, nos chapadões e nos campos, - vivendo hoje ou sobrevivendo nas
tradições, tipos bem representativos desse cerne vigoroso, antigo, trabalhado, requeimado;
feito para as agruras, para as contrariedades, para as incertezas: - o sertanejo do Brasil.
(CALEIRO, 1917, p.25, grifo do autor).
É nesse sentido que a Revista idolatrou o legítimo produto da terra, o sertanejo.
Mariano de Oliveira, então diretor da Escola Normal de São Carlos, foi um dos defensores do
sertanejo. Em “Culto à bandeira”, conferência realizada em 19 de novembro de 1917,
discordava da tese que dizia ser o caboclo um “povo apático”, “preguiçosoe que não se
interessa pelas coisas cívicas”, contribuindo para o atraso da nação. Na sua visão dos fatos
nacionais, referia-se à Revolução Federalista e aos desbravamento de florestas para o cultivo
dos cafezais:
O nosso caboclo, o nosso sertanejo foi e seainda por muito tempo quem nos mantea
vida nas cidades á custa de seu trabalho obscuro e desprezado. Foi e será ainda a poderosa
reserva para a qual não apelaremos emo, se a Pátria exigir o seu serviço e o seu sangue.
(OLIVEIRA, 1917, p.137)
Aos seus olhos o homem do campo constituía um “povo hospitaleiro”, “caridoso”,
“trabalhador”, “fiel” e herói”, e muito útil à formação da “alma nacional”, com essa
adjetivação procura desfazer a imagem do caboclo aliada à figura criada por Monteiro Lobato
84
o Jeca Tatu”, um sertanejo do interior paulista, ignorante e avesso aos hábitos de higiene,
doente, preguiçoso e apático. Escrevia Monteiro Lobato:
Este funesto parasita da terra é o CABOCLO, espécie de homem baldio, seminômade,
inadaptável à civilização, mas que vive à beira dela na penumbra das zonas fronteiriças. À
medida que o progresso vem chegando... vai ele refulgindo em silêncio, com o seu
cachorro, o seu pilão [...] de modo à sempre se conservar fronteiriço, mudo e sorna.
Encoscorado numa rotina de pedra, recua para não se adaptar [...] o caboclo é uma
quantidade negativa. (1957, p.271).
Segundo Tania de Luca (1999), a figura Jeca Tatu foi além dos limites da ficção e
transformou-se no anti-herói nacional, incomodando todos os partidários de um discurso
ufanista a respeito do país e seus habitantes. De certa maneira, os idealizadores da Revista
encontram no elogio ao caboclo e ao sertanejo uma das saídas para a “questão racial”, ou seja,
se não havia um tipo brasileiro, havia certamente um “produto da terra”: “Sertão é a palavra
mais poética e talvez a mais expressiva da terra brasileira; sertanejo é um termo que nos vibra
as cordas profundas da alma. O sertão é teatro da nossa vida, o sertanejo a nossa história!
(CALEIRO, 1917, p.25). Em paralelo ao sertanejo e ao caboclo exaltava-se figura mítica
bandeirante e das Bandeiras: “Quem desconhecerá essa gina fulgurante das bandeiras? Que
paulista não se orgulhará de trazer um pouco do sangue audaz dos bandeirantes?” (idem).
Em “A idéia de São Paulo como formador do Brasil” (1999, p.71), Kátia Maria
Abud ressaltou que a mitologia bandeirante estaria conforme o desejo das autoridades e das
elites locais na manutenção da hegemonia do estado.
O bandeirantismo, heroifica o homem sofrido do campo impondo-lhe valores importantes
para a manutenção da burguesia paulista, que se alimenta dessa mitologia para elaborar
sua ppria imagem, criando uma alegoria da igualdade dos paulistas, pois se não
fisicamente, moralmente somos todos originários dos desbravadores do sertão,
85
conquistadores de terras, civilizadores dos índios e realizadores da unidade territorial do
país.
Ou seja, na explicação da autora, a imagem do bandeirante “representa por
excelência à entidade paulista que se tornou símbolo de bravura, arrojo, integridade,
progresso, superioridade racial e, até mesmo democracia”. Imagem construída por
historiadores, a ela atribuindo-se “um conjunto de símbolos, que os paulistas utilizaram ao
enfrentar questões que lhes foram peculiares ao longo de sua história” (idem). Na busca por
um representante “digno” das origens nacionais, elegia-se a figura do bandeirante, um
desbravador e conquistador dos sertões. Segundo Tania Regina de Luca (1999, p.86-7), a
idealização do bandeirante, como dito anteriormente, resultou dos trabalhos de historiadores
que “debruçaram-se sobre o passado, privilegiando certos indivíduos e episódios em um
trabalho de consagração que respondia às necessidades do momento”. Para a autora, a
narração “da conquista e da manutenção do terririo foi transformada na grande epopéia
nacional, redimindo não apenas o nosso passado, mas também as regiões tropicais que
afinal – davam sinais de poder conviver com a civilização” (idem).
Em síntese, imigrantes e imigração foram discutidos e enfatizados como problema
de ordem social e solução ao mesmo tempo. O imigrante era a solução encontrada, pelos
homens da ciência, para o “clareamento da raça”. Apesar de a imigração trazer aspectos
positivos para a “questão étnica”, despertava inquietações a respeito da unidade nacional.
86
Capítulo 7
O “culto cívico, a “religião da Pátria”, o escotismo
A Escola Normal de São Carlos e a Revista ecoaram largamente os discursos e
confencias de mobilização de Olavo Bilac. O fascículo 4, junho de 1918, transcreveu na
íntegra o famoso discurso “Palavras aos meninos brasileiros”. No trecho inicial do discurso
Bilac exaltava o adulto responvel que poderia estar na criança.
Faltando-vos, meus amigos, o falo a crianças, mas aos homens que deveis ser.
Nesta crise perigosa da formação do Brasil, é preciso que a vontade, a seriedade e a
atenção estejam dominando os espíritos das crianças. A tarefa é imensa e urgente, o
tempo da vida é breve, os acontecimentos precipitam-se; é necessário que nos corpos de
dez anos já se temperem almas de vinte, e que na inocência do menino já se afirme a
energia do cidadão.
Sois felizes, porque entrais na vida, justamente na época em que o Brasil entra no auge da
sua virilidade. Eu, e os da minha idade, não veremos a verdadeira e perfeita Pátria, que
está surgindo; vela-eis, e dela vos orgulhareis, se souberdes desde manter e desenvolver
este impulso heróico, esta arrancada sublime, em que vibra a nossa nação, neste alvorecer
de pujança. Para que esta alvorada se perpetue em dia glorioso, é indispensável que desde
vivais, penseis e trabalheis como homens.
Em sintonia com as expectativas da hora tão propagandeadas por Olavo Bilac, em
“Culto cívico”, Carlos da Silveira verberava perigos e expectativas idênticas:
O tempo é de incertezas quanto ao dia de amanhã; a Europa, berço vetusto de uma
civilização que ora se transforma, resolve-se medonha num sangue generoso do qual há de
brotar um futuro melhor, mais puro, mais harmonioso. (SILVEIRA, 1919b, p.21).
87
Para ele, Olavo Bilac era o apóstolo propagador das esperanças de um país melhor,
movido por ideais de grandeza e força, harmonia e justiça. Era o “novo Pedro”, fundador de
uma nova religião” a religião da Pátria: bendito seja o poeta semeador, bendita a terra
promissora, bendita a semente de que brotarão messes fartas e incalculáveis”.
É bem verdade, ilustrado auditório, que uma religião da Pátria a qual se constitui, como
todas as religiões, dos dois elementos essenciais: idéias patrióticas e sentimentos
patrióticos. Assim como nas religiões o elemento intelectual (idéias, dogmas, crenças)
sofreu uma evolução do manipanço ao monoteísmo, assim tamm o elemento intelectual
na religião da Pátria passou da idolatria patriótica a idéia de união necessária, como ponto
de transição para um ideal verdadeiramente cristão – de fraternidade universal a Grande
Pátria humana. (SILVEIRA, 1919b, p.8)
Como em um culto religioso, Carlos Silveira salientava em Culto cívicoque ao
cidadão antes da “adoração” necessitava fazer um “auto-exame” e discernir a intensidade da
“fé” e do compromisso com a “Pátria”:
Convido-vos, pois, meus caros patrícios, a verificardes num exame de consciência muito
sincero, o grau da vossa própria educação cívica para, com os resultados desse exame, ir,
cada um tentando atingir a perfeição almejada, quotidianamente, passo a passo, sem
desânimos e sem tergiversações (idem, p.7).
Prática próxima à idéia de “confissão dos pecados” seguida de arrependimento e
confirmação de compromisso de mudança de atitude, o “auto-exame expressaria o modo
pelo qual cada cidadão contribuía para o engrandecimento nacional. Os argumentos do autor a
respeito da união civismo e religião eram uma das estratégias de mobilização política; nos
argumentos, o Estado aparecia como ente protetor que acolhia e amparava a prole, a escola, o
templo onde os fiéis cultuavam a pátria, o professor, um sacerdote secular.
88
Os apelos de mobilização dos homens ilustrados e dos braços fortes da nação eram
recorrentes. Em “Mestres e soldados”, Atugasmin Médici, conclamava:
Somos uma criança viçosa e sadia, uma criança aproveitável, que não pode ser descurada
que precisa de instrução. Vivemos na necessidade constante de espalhar a instrução,
porque ainda somos uma nacionalidade nova (1917, p.87).
Recurso argumentativo plenamente corroborada por Antonio Firmino Proença, em
“Escola e a caserna”, originariamente discurso pronunciado na sessão de entrega das
cadernetas de reservistas aos atiradores da Escola.
Nós somos um povo em formação. Até aqui temos andado as escuras, seguindo os
mesmos trilhos dos nossos antepassados. Agora começamos a ver um pouco. Resolvidos
os nossos dois grandes problemas a restauração física do povo e a sua conveniente
educação, o Brasil será rico, poderoso, invejado e invencível (1920a, p.68, grifo do
autor).
Tania Regina de Luca (1999, p.90) ao analisar o clima intelectual desse período,
constatou ser freqüente a comparação entre o Brasil, país em desenvolvimento, e a criança
em fase de crescimento, comparação que, segundo a autora, indicava haver um longo
caminho a percorrer até que todas as nossas potencialidades e possibilidades
desabrochassem, revelando enfim a real face do país “[...] a crença na imaturidade dava
margem a um julgamento condescendente do presente e postergava, com tranqüila
confiança, a solução de todos os males parta um futuro, naturalmente o datado. Sobre
esse clima de época e suas idéias predominantes, Lucia Lippi Oliveira assim ponderou:
A questão nacional no Brasil assumindo um desenho que a define como um problema. No
confronto com a Europa, e mais tarde com os Estados Unidos, estamos sempre às voltas
com o que nos falta. A avaliação negativa do passado e das possibilidades futura o
89
constantes. O confronto do Brasil com outros países produz um leque de diferenças,
aponta as singularidades que passam a ser avaliadas positiva ou negativamente. (1997, p.
187).
O “entusiasmo pela educação”, conforme formulação de Jorge Nagle, vigente no
período ligava-se às tentativas de recomposição do poder político de grupos que estavam à
margem desse processo ou que acreditavam ser possível concretizar os ideais republicanos e
democráticos pelo aumento e esclarecimento dos eleitores, expectativa compartilhada por
Ezequiel de Moraes Leme:
Precisamos reagir, senhores, contra estes estado de coisas. É nosso dever consagrar toda a
nossa energia para tornar uma verdade o regime representativo.
A democracia é o regime em que o governo é exercido pelo povo, por seus mandatários.
Mas o povo que se governa é povo que tem civismo. E o civismo é palavra entre os
ignorantes, os que desconhecem o alfabeto. Estes são mais animais que homens. Sendo a
maior parte da nação brasileira completamente bronca é bem de ver a sua absoluta
incapacidade para se governar. (1921, p. 13-14)
Segundo Jorge Nagle (1976, p.102), “A importância da escolarização, neste
contexto, é derivada de necessidades políticas; devido a isso, e o a outros argumentos,
quaisquer que sejam, a escolarização ganha prestígio”. As vozes eloqüentes conclamavam a
uma reação positiva e com ele mudar o quadro que imperava na política brasileira. Com
efeito, devido o alto índice do absentismo, Carlos da Silveira considerava a obrigatoriedade
do voto era algo urgente para consolidação do regime democrático, tão urgente que conforme
o autor vários países civilizados já haviam adotado o voto obrigatório.
Não se concebe um ESTADO FEDERATIVO sob um GOVERNO REPUBLICANO
DEMOCRÁTICO, em que o cidadão deixe de votar [...] O absentismo é um mal o
grande que vários países adotaram já o voto obrigatório. Mas não basta seja o voto
90
obrigatório, apenas; preciso é que o seja também secreto, porque o respeito ao voto é
completo quando ele é inteiramente secreto (SILVEIRA, 1919b, p.41 – grifo do autor)
Para esses homens letrados, o projeto de moralização social teria como
fundamento a exteno da educação popular, pois se atribuía a ignorância a causa de todas as
crises e da “degeneração socialreinantes. Daí outra recorrência, a ênfase nas celebrações
das datas nacionais, no hastear a bandeira, o entoar os hinos pátrios, o escotismo, ou seja, a
prática do “culto cívico” e da “religião da Pátria” para além do espaço intra-escolar.
O hino e a letra
Entre as atividades cívicas priorizadas pelos professores da Escola Normal de o
Carlos constavam o “Culto à bandeira” e o “Hino Nacional”. Entretanto, havia um problema a
ser resolvido. Em “A letra do Hino Nacional”, Elizário Araújo notava:
Nota-se com relação ao hino nacional brasileiro, uma sensível lacuna, fato que se não
justifica e que reclama, sem demora, uma providência definitiva: é a falta de uma letra
oficial, pois atualmente o que há, no Brasil, é uma pluralidade de letras para o hino
nacional. Com efeito, se a música está consagrada, o mesmo não acontece com a letra.
Qual é a letra do hino nacional? (1921, p.25)
Em âmbito maior, havia uma preocupação, pois as vésperas da celebração do
centenário da Independência, em 1922:
Daqui a um ano e pouco comemoramos o centenário de nossa independência política.
Cem anos de vida livre, autônoma. Entretanto, ainda não temos uma letra oficial para o
hino da Pátria! No concerto das nações livres, talvez sejamos o único povo a fazer exceção
a este respeito. (idem).
91
A disputa simbólica acerca do hino e da bandeira nacionais foi estudada por Jo
Murilo de Carvalho em A formação das almas: o imaginário da República no Brasil.
Proclamada a República, o hino ouvido nas ruas e nos evento cívicos da Capital Federal era a
Marselha. Em 22 de novembro de 1890, o Governo Provisório promoveu um concurso para
musicar a letra de Medeiros e Albuquerque, entretanto, para surpresa geral, o major Serzedelo
Correia recebeu o pedido de executar o hino de Francisco Manuel da Silva, hino oficial da
Monarquia: “Serzedelo levou o apelo a Benjamin [Constant], este consultou Deodoro.
Decidiu-se na hora que fosse tocado o hino e que continuasse como hino nacional”
(CARVALHO, 1990, p.125). Após a oficialização do Hino Nacional, de autoria de Francisco
Manuel da Silva, estabeleceu-se que a sica de Leopoldo Miguez seria o Hino da
Proclamação da República. Mais tarde, após exacerbação das críticas, oficializou-se a letra
composta pelo poeta e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada.
Progressivamente, o “culto cívico” absorveu aspectos da moral — práticas e rituais
cívicos, como festas e desfiles, saudação aos símbolos nacionais foram incorporados ao
aprendizado escolar, uma vez que era considerado fundamental para a formação do caráter e
unidade nacional. Em a “A moral cívica”, originariamente conferência em nome da Liga
Nacionalista, na cidade de Jaú, São Paulo, em 7 de setembro de 1918, Dagoberto Salles
enfatizava a semelhança entre civismo e religiosidade:
Ser patriota, ser bom cidadão, é possuir educação cívica. E a educação cívica em última
análise, nada mais é do que a religião da tria. Nessa religião, como em todas as outras,
há graus de perfectibilidade para a consciência dos fiéis. (SALLES, 1918, p.70).
Buscar a perfeição individual e coletiva na “religião da pátria” deveria ser o ideal
de cidadania, pois assim como o cristão busca a perfeição, ao cidadão cabia evoluir na “escala
do patriotismo”. Nessa evolução, a “moral cívica”, era preponderante. Para o autor, o amor à
92
liberdade” era um direito que o homem desfruta de sua liberdade sem ferir seu semelhante.
Por fim, vale ressaltar que a participação no “júri popular” e o respeito às leis” também
fazem parte dos mandamentos da religião patriótica. O cidadão, ao cumprir as obrigações
eleitorais e respeitar as leis, estaria assegurando a liberdade e garantindo a integridade da
justiça. De modo geral, os autores em seus artigos partilhavam de uma história que exaltasse
o passado nacional e a uma Geografia que retratasse as belezas e as riquezas naturais do país;
em suma: de um ensino prático e de cunho nacionalista que cultivasse datas e rituais
compreendidos como “ensino cívico”.
O escotismo como meio associativo e educativo
Outro meio de iniciar os escolares nos rituais de valorização patriótica era a
prática do escotismo associado ao ritual cívico-militar, tal como queriam os militantes das
ligas nacionalistas com fito de alcançar segurança e ordem nacional. De fato, em 1917, era
introduzido o escotismo nas escolas, quando distribuiu-se em larga escala do Manual do
Escoteiro, de Baden Powell.
Criado na Inglaterra pelo Lorde Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, em
1907, o escotismo caracterizou-se como um movimento voltado para o desenvolvimento dos
jovens por meio de um sistema de valores que prioriza a honra, baseado na Promessa e na Lei
escoteira, e através da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, buscando deste
modo fazer com que o indivíduo assumisse seu próprio crescimento tornando-se, assim, um
exemplo de fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina. Visto
tanto como meio de formação do caráter, quanto de preparação militar, o escotismo
intensificou-se nos meios educacionais paulistas como fator de educação do caráter e de
defesa da pátria. Em A escola de Baden-Powell: cultura escoteira, associação voluntária e
escotismo de estado no Brasil, Jorge Carvalho Nascimento concluiu que:
93
Em São Paulo, as autoridades educacionais demonstraram grande entusiasmo pelo
movimento escoteiro e já em 1917 estava firmado um acordo com a Associação Brasileira
de Escoteiros. No mês de agosto de 1917, durante uma solenidade que aconteceu na
Escola Normal de São Paulo, foram indicadas 30 professoras para compor a primeira
turma do curso intensivo de formação de chefes Escoteiras. Após o curso, essas
professoras retornavam à suas classes a fim de formar as companhias de escoteiras. Foi
nesse mesmo período que a Associação Brasileira de Escoteiro (ABE) estreitou suas
relações com a Liga de Defesa Nacional, marcando suas atividades com caractesticas
nacionalistas.
A introdução do Escotismo como prática nas escolas do Estado de o Paulo aconteceu
durante a segunda gestão de Oscar Thompson à frente da Diretoria Geral de Instrução
Pública, entre 1917 e 1920. Entusiasta da Escola Nova, Thompson estabeleceu como
prioridade da sua gestão a formação integrada do homem, a partir do trinômio “conhecer,
compreender e aprender”. (2008, p. 279)
Rosa Fátima de Souza em “A militarização da inncia: expressões do
nacionalismo na cultura brasileira” (2000a, p.113-4) ao analisar a introdução e a disseminação
do escotismo nos meios escolares brasileiro, para a autora, os professores e diretores
preocupavam-se em adaptar o escotismo aos hábitos e costumes paulistas:
As práticas cívico-militares em voga nas escolas primárias atendiam, assim, a múltiplos
propósitos: fosse à perpetuação da memória histórica nacional, a exibição das virtudes
morais e cívicas inscritas na obra formativa escolar, a ação educadora da escola para o
conjunto da sociedade ou a expressão do imaginário sociopolítico da República.
De fato, em “Instituições Patrióticas”, conferência no anfiteatro da Escola Normal,
em 1º de novembro de 1917, Elisiário Fernandez de Araujo, ponderava:
Fazei, senhores, os vossos filhos escoteiros. E mandai-o para a escola, para que eles
aprendam a ler, a escrever e a contar; para que conheçam a nossa geografia e a nossa
história; a geometria, cujos conhecimentos práticos esta o pedreiro ou o carpinteiro todo
dia empregando; as ciências físicas e naturais, através de noções que não podemos
94
dispensar em nossa vida cotidiana; e a educação moral e cívica como coroamento da
aprendizagem. (1917, p.103)
O entusiasmo pelo escotismo é evidente, não entre os autores da Revista como
também em outras associações diversas, como as ligas nacionalistas. Olavo Bilac, segundo
Elisiário de Araújo, preceituava o escotismo como elemento da “heroicultura”, uma
contribuição possível para a defesa nacional estava na obrigatoriedade do escotismo: “No
escotismo, a idéia de honra define-se: é a honra do indivíduo, e a honra do cidadão; e o
desinteresse e a magnaminidade não são apenas gestos formosos: são ações justas e úteis,
justas para a perfeição humana, e úteis para a grandeza da Pátria” (ARAUJO, 1917, p.102).
Os escoteiros se diferenciavam dos demais meninos pela aquisição de bons hábitos, escrevia
Domingos de Vilhena em “O escotismo como meio educativo”: “nas ruas, em casa, nas aulas,
é fácil destacar um escoteiro: meninos bem educados, filhos amorosos e obedientes, alunos
exemplares” (1921, p.24), visto que, “ao escoteiro é proibido discutir sobre assuntos políticos,
religiosos ou filosóficos, como sobre tudo o que possa ser causa de prejudiciais dimensões”,
posicionamento favorável para uma sociedade que buscava a unidade de pensamento e
sentimentos (ARAUJO, 1917, p.102).
O próprio digo do escoteiro priorizava a honra e a dignidade: “a palavra de um
escoteiro é sagrada. Ela coloca a honra acima de tudo, mesmo da própria vida”, “o escoteiro
aceita, em todas as circunstâncias, a responsabilidade de seus atos”,o escoteiro tem a
constante preocupação de sua dignidade e o respeito de si próprio (idem, p.103). Em
“Discurso pronunciado na festa inaugural da Sociedade de Estudos e Conferencias”, proferida
em 9 de setembro de 1916, Mario Natividade, ratificava o entusiasmo e partilhava da
percepção das mudanças em curso.
95
Conferências de civismo se realizam por toda parte. Já se constroem ligas patrióticas sob
a égide oficial. E, por fim, o escotismo, essa força viva, maravilhosa, no país ganha
terreno palmo a palmo. São tudo passos tardos, mas seguros, para a Candos nossos
sonhos; tudo desperta aquelas doces esperanças “de porto e salvamento”, de que fala o
poeta. (1917, p.24)
Como narrou JoRibeiro Escobar, em “Histórico da Instrução Pública Paulista
(1933, p.160), o escotismo atingiu o auge na presidência de Washington Luis: “havendo 500
comissões, com mais de 100.000 escoteiros, grandes concentrações no interior, um desfile de
7000 escoteiros na Capital, e obtendo o escotismo o grande pmio na Exposição do
Centenário da Independência”, realizada em 1922, na capital da República. Se por um lado, o
escotismo era um grande aliado para a “moralização” e “segurança nacional”, por outro, o
povo e a imigração despertavam calorosos debates em relação a estas questões.
Ilustração 10 - A comissão regional de escoteiros do grupo escolar “Osvaldo
Cruz”. Para os intelectuais das décadas de 1910 e 1920 escotismo tinha um
papel fundamental na formação da identidade nacional, pois dentre os valores
apregoados eram priorizados à disciplina e o amor a pátria.
Fonte: Anuário do Ensino do Estado de São Paulo (1924).
96
Ilustração 11 Tambaú - acampamento de escoteiros no dia 7 de Setembro de
1922. Honra, lealdade, amizade, fraternidade, respeito com o meio ambiente,
disciplina, auto-estima e caráter, princípios que faziam parte da vida de um
escoteiro.
Fonte: Anuário do Ensino do Estado de São Paulo (1924).
97
Capítulo 8
Pedagogias e modelos de ensino nas páginas da Revista
O período anterior à década 1920 é considerado pelos historiadores da educação
como significativo para a hisria da educação brasileira, nesse período, segundo as últimas
análises, os modelos educativos predominantes desde fins do século XIX foram questionados
e substituídos por outros, e tal como antes, também caudatários das idéias e experiências
processadas na Europa e Estados Unidos.
Estudos mais recentes concluem que na Primeira República concorriam entre si
dois modelos pedagógicos objetivando reconhecimento e legitimação, por exemplo, em A
escola e a República e outros ensaios, Marta Chagas de Carvalho (2003) considerou a disputa
entre a “pedagogia moderna” que “estrutura-se sob o primado da visibilidade, propondo-se
como arte cujo segredo é a boa imitação de modelos”, de um lado; e a pedagogia da Escola
Nova que começa a se difundir no Brasil em meados da década de 1920 e que “pretendia
subsidiar a prática docente com um repertório de saberes autorizados, propostos como os seus
fundamentos ou instrumentos”, de outro. Ao final, segundo a autora, sobrelevou-se a
“pedagogia da Escola Nova”, a qual reivindicava para si “o monolio do novo e do moderno
e produzindo, pejorativamente, os saberes pedagógicos concorrentes como pedagogia
tradicional” (idem, p.130, grifos do autor).
O movimento da Escola Nova surgiu no final do século XIX, na Europa. Os
objetivos do movimento, sinteticamente, podem ser assim resumidos: incorporação na
pedagogia das chamadas ciências da educação”: biologia, fisiologia, psicologia e sociologia;
e proposição do ensino ativo, o “aprender fazendo”. Ao colocar-se como alternativa ou
mesmo superação da “educação tradicional”, tradicional segundo os teóricos por enfatizar a
memória, o intelecto, o livro, a palavra do professor, os inovadores reivindicavam a criança
como centro das relações de aprendizagem e uma melhor interação entre indivíduo e
98
sociedade (CAMBI, 1999). Por conseqüência, a atividade da criança e a experimentação
constituiriam o ponto de partida para a construção do conhecimento, como assinalou Diana
Gonçalves Vidal, em “Escola Nova e processo educativo” (2000, p.497).
Para outros autores, designadamente Rosa Fátima de Souza no artigo “Inovação
educacional no século XIX: a construção do currículo da escola primária no Brasil” (2000b)
na passagem para o século XX, as questões relacionadas à organização escolar ganharam
melhor consistência aprofundando-se, por exemplo, os debates sobre métodos, programas e
manuais de ensino, critérios para classificação de alunos, distribuição e controle do tempo
escolar, arquitetura e mobiliário. No plano global tais questões, segundo a autora,
repercutiram graças às Exposições Universais, e no plano local, pela realização de congressos
de instrução, relatórios de ministros e inspetores do ensino, publicação de livros, artigos,
jornais e revistas. Esse foi o caso do método intuitivo.
Os teóricos e adeptos do método intuitivo, Basedow, Campe e Pestalozzi,
recomendavam iniciar a aprendizagem pela apreensão concreta dos objetos do cotidiano e em
seguida evoluir para a apreensão abstrata, isto é, o processo promoveria um trânsito da
intuição dos sentidos para a intuição intelectual.
No Brasil, o ensino intuitivo constou nas propostas de reforma da instrução
pública, literatura didática e legislação educacional do final do Império e começo da
República. Rui Barbosa, por exemplo, advogou a favor nos seus Pareceres e ao traduzir e
adaptar o livro de Norman Allison Calkins sob o tulo Primeiras lições de coisas, manual
destinado aos pais e professores, como indica Vera Teresa Valdemarin, em “Os sentidos e a
experiência: professores, alunos e métodos de ensino” (2004).
Outro publicista foi Antonio Caetano de Campos, que segundo José Ribeiro
Escobar (1933, p.162) “que pregava o ensino concreto, experimental, construtivo,
investigativo, os programas flexíveis e o método de ensino que devia surgir da psicologia da
99
infância”. Com efeito, o reformador implantou as escolas-modelos em anexo à Escola
Normal de São Paulo tornando-as centros de difusão e demonstração de métodos e processos
de ensino, introduzindo nelas a metodologia norte-americana, então as escolas primárias
conheceram o método analítico de leitura, ensino intuitivo, e os ensinamentos de Pestalozzi e
Fröebel, conforme explica Carlos Monarcha em Escola Normal da Praça: o lado noturno das
luzes (1999). Para Marta Maria Chagas de Carvalho (2003, p.25-26), na visão de Caetano de
Campos: “formar o pedagogo moderno consistia em fazê-lo ver os novos métodos em
funcionamento”.
Por sua vez, Ana Clara Bortoleto em “Impressos de Professores: representação
sobre educação e ensino nos periódicos paulistas (1911-1923)” (2008) salientou que entre os
artigos veiculados na Revista da Escola Normal de São Carlos é possível identificar tanto
autores alinhados à Pedagogia Moderna” e ao ensino intuitivo, quanto à “Pedagogia da
Escola Nova”.
9
Assim, os artigos de João Toledo ao valorizarem a atenção e a memória na
aprendizagem seriam exemplos de filiação a pedagogia moderna; os artigos de Carlos da
Silveira e Antônio Firmino Proença, por sua vez, compartilhariam ideais da Escola Nova: é
em torno do método intuitivo e dos trabalhos manuais que se desenha um modelo de
formação do professor primário, onde o aprender a fazer é o ponto de saída” (idem, p.16).
Seja como for, os autores publicados na Revista demonstraram particular empenho em
difundir e demonstrar os métodos e processos de ensino considerados modernos, eficazes e
em harmonia com natureza da criança.
De fato, para o lente de Pedagogia, João Augusto de Toledo em “Pedagogia e
Evolução”, após discorrer sobre o processo de evolução das espécies” citando Darwin,
Lamarck e neo-darwinistas concluía que a aprendizagem evoluía em etapas análogas a
evolução das sociedades, para ele, a educação não visa contrariar os fatores naturais que
9
Sobre essa discussão ver Ozelin (2006).
100
impulsionam a existência, mas sim de se apropriar deles, modificá-los e selecioná-los segundo
os conselhos da experiência” (1917a, p.9).
Já em outro artigo, “Aprendizado Ativo”, ele criticava o ensino contrário aos
processos naturais calcados nos procedimentos de observação, comparação, associação e
indução; dizia que ao aluno que recebia os conteúdos prontos e elaborados pelo professor,
restava apenas o “aprendizado, puramente mnemônico, desligado de toda a questão objetiva,
sem possibilidades de aplicação”. E prosseguia: impõe-se, pois, no aprendizado ativo, que o
objeto da lição, sempre que possível, esteja presente, para que o aluno o conheça por todas as
faces e possa realizar todas as experiências que lhes proporcione(TOLEDO, 1919a, p.40-
41).
Em outro artigo, “Aprendizado Ativo II”, João Augusto de Toledo relevava a
necessidade de o professor conhecer a “fisiologia da criança”:
[...] não é licito, pois, não é razoável apelar para interesse de homens, dirigindo-se as
crianças, pelo contrário, deixemos o hábito da repreensão e contentemo-nos com a forma
aperceptiva, que, aos poucos, levará a forma superior, naturalmente, com a flor conduz ao
fruto, sem esforço fatigante, sem violentar as leis do espírito. (1919b, p.40).
O aprendizado seria eficaz se despertasse o interesse do educando de modo a
propiciar atenção, esforço e pensamento. Para melhor fundamentar suas teorizações ele
recorria a Comenius, Pestalozzi, Le Bon, Payot, Fröebel e Dewey, am de expressar
preferência pela metodologia herbartiana, cujos pressupostos diziam respeito à educação
como via de desenvolvimento cultural, moral e autogoverno.
Outro autor, lente de Física e Química, Duílio Ramos em “Como realizar a prática
do ensino”, por seu lado, apregoava que “é preciso, é indispensável, é premente, o estudo da
CRIANÇA como preliminar, como base, para a educação que se lhe deve propiciar” (1922,
p.54 -55). Com efeito, nos artigos quase sempre um alerta em relação às particularidades
101
da infância, conforme notamos nas expressões recorrentes: “não se deve tratar a criança como
adulto”, “é preciso respeitar o tempo da criança”, “é premente o estudo da criança como
preliminar”, “é preciso conhecer a psicologia infantil”. Apesar da ênfase à compreensão da
criança em seus diversos aspectos, podeamos dizer que a criança não era de fato o centro do
processo de aprendizagem, mas sim os métodos, as técnicas e os processos.
“Ensinar a ensinar”: os métodos e processos didáticos
Nas páginas da Revista compareceram os mais variados autores adeptos das mais
variadas teorias, porém unidos numa espécie de manifestação a favor da inovação didática e
pedagógica, e conseqüente ampliação e diversificação das experiências educativas propiciadas
pela racionalização dos processos de ensino.
10
Os métodos e processos de ensino ativo, e as situações e problemas concretos
despertariam a iniciativa e a independência atuando decisivamente na socialização e no
desenvolvimento moral do aluno. Uma comprovação possível dessa proposição, certamente,
consta no artigo assinado por J. & C. “Pedagogia Conceitos antigos (medievais) x Reação
moderna (crítico- naturalística)”.
A pedagogia dos “conceitos antigos”, segundo o autor do artigo, se caracterizaria
pela ausência de cultura física, não ocorria uma preocupação com a formação do professor, o
intelectualismo era exclusivo e a educação restrita a certas classes. Nessa concepção, os
preconceitos contra a mulher eram evidentes; ainda para o autor, o havia preocupação com
a formação moral do aluno, o ensino dogmático, o aluno estava sujeito a disciplina violenta e
coerciva, a escola era confessional e o ensino primário cosmopolita.
Contrariando essa concepção a “reação moderna” propunha uma outra prática
docente e didática. Na educação moderna, ainda conforme o autor do artigo, o aprendizado
era ativo, com muitos exercícios e poucos preceitos, as línguas estudadas deveriam ser as
10
Sobre o assunto ver também Silva (2009)
102
línguas vivas, com ênfase na língua materna. A criança por sua vez, não se adaptava aos
métodos, mas esses, os métodos, a criança. A disciplina deveria ser suave com recurso a
persuasão.
Nessa representação comparativa entre o “ensino antigo” e “ensino moderno”, é
possível notar a preocupação do autor com o desenvolvimento do corpo, formação dos
quadros docentes, ensino nacionalista, e principalmente, atenção aos métodos e processos de
ensino voltado ao aprendizado dinâmico e eficaz.
No quadro abaixo podemos observar os autores e os artigos que priorizaram a
questão dos métodos e processos de ensino considerados inovadores e modernos, ou melhor,
“eficazes e dinâmicos”, como se dizia.
Autores Artigos
A. Firmino Proença - O estudo da natureza nas classes primárias
Ligeiras considerações à cerca do assunto
- Método didático
- Desperdício de energia nas escolas
- A mosca
- Método de ensino elementar
- Lições de Aritmética
Ataliba de Oliveira - Desenho e Linguagem
Domingos de Vilhena - O ensino da língua francesa em nossas escolas
Ezequiel de Moraes Leme - A Geografia e o seu ensino
- Questões do Ensino
Francisco de Oliveira Penteado - A Geometria
- Sua origem – Seus progressos – Seu ensino
- Quantidades algébricas reais
- A Geometria - Os fatores da Geometria
João de Toledo - Linguagem - Apontamentos para meus alunos
- Aprendizado ativo (I, II)
- Bases para a elaboração e execução de um
programa de História em nossas escolas
primárias e normais
- Sugestões e programa para o ensino de
Francês nas escolas complementares e normais
Lazaro R. Lozano - Orientação do ensino da música elementar
Rafael Falco - Arte e seu objeto (I, II)
- Fim do desenho nas escolas primárias e
normais
- O desenho nas Escolas Normais
Quadro 17 – Artigos e autores – métodos e processos de ensino
103
Autores como Rafael Falco, Antonio Firmino Proença e Carlos da Silveira agiam
com rigor na defesa de métodos e processos de ensino das matérias primárias de natureza
ativa e prática e, por conseguinte, batiam-se por certas mudanças e ênfases na formação dos
professores e currículo dos cursos normais.
Professor de Caligrafia e Desenho, Rafael Falco em “O Desenho nas Escolas
Normais”, por exemplo, escreveu sobre a importância do ensino de Desenho. Ao constatar a
pouca importância atribuída a essa disciplina, denunciava uma incoerência, se a prática do
desenho pedagógico era relevada na escola primária, o mesmo deveria acontecer no curso
normal. Dizia ser preciso difundir o interesse e a convicção pela disciplina: “os trabalhos em
vez de técnicos devem obedecer à mesma norma adotada nos vários anos de instrução
primária”. O alvo do ensino seria o exercício da atividade professoral e não o despertar de
vocações artísticas; o desenho pedagógico: “se caracteriza pela natureza de seu fim, isto é, por
caracterizar de maneira clara, expedita e atraente os objetos de uma lição”. (FALCO, 1921,
p. 58-9grifo do autor).
Em “Fim do desenho nas escolas primárias e normais” (1920), Rafael de Falco
retomou o assunto ao relevar a importância do poder educativo do desenho, um recurso
pedagógico importante por ser capaz de atuar na formação da imaginação sadia, cultivar a
atenção e a memória, adestrar a mão, desenvolver o amor pelo belo e verdadeiro; no que
concernia aos futuros professores caberia às escolas normais:
[...] treiná-los na execução expressiva e rápida das coisas, para o que precisam de
educação visual, de sentimento e de uma técnica especializada; dar-lhes a orientação
preliminar a traves de um regime de estudo semelhante ao da escola primaria. (FALCO,
1921, p.60, grifo do autor).
Carlos da Silveira foi um dos autores que mais se dedicou à análise da trajeria e
da organização e funcionamentos das escolas normais paulistas; dentre outros escreveu: “As
104
Escolas Normais no Estado de S. Paulo”, “História da Pedagogia - Um programa(I, II e III)
e “Queses de ensino normal”.
Em “As escolas normais no estado de São Paulo”, expôs um estudo sobre a
trajetória das escolas normais entre 1846, criação da primeira Escola Normal, e 1913, ano da
edição do decreto n. 2.367 de 14 de abril: “essa última reforma dos Normais Secundárias
trouxe uma grande vantagem quanto ao preparo profissional dos candidatos ao magistério,
dotando cada uma delas com duas cadeiras de pedagogia e uma de metodologia”. Contudo,
considerava ser imprescindível ampliar o ensino de Pedagogia e Metodologia, criar uma
cadeira Educação Cívica e História da Pedagogia, suprimir Francês e Inglês e ampliar o
ensino de História Pátria e Geografia do Brasil. (SILVEIRA, 1916, p.10).
O decreto n. 2.367 de 14 de abril, baixado por iniciativa de Oscar Thompson,
diretor geral da instrução, reformulou o currículo do curso normal distribuindo as disciplinas
em dois grupos:
Grupo 1 - Ciências e Línguas Grupo 2 - Artes
Português, Literatura Portuguesa, Noções de
Latim, Francês, Inglês
Música, Caligrafia e Desenho, Ginástica
Educativa, Trabalhos Manuais,
Matemática, Física, Química, História
Natural, Noções de Higiene, Zootecnia,
Agricultura
Escrituração Mercantil, Datilografia e
Taquigrafia.
Geografia, Corografia do Brasil e
Cosmografia, História da Civilização e do
Brasil
Psicologia Experimental, Pedagogia e
Educação Cívica, Métodos e Processos de
Ensino, Crítica Pedagógica e Exercícios de
Ensino
Quadro 18Currículo do curso normal - 1913
Em “Questões do Ensino Normal”, Silveira (1920a) retomou a análise do currículo
do curso normal e expôs a seguinte crítica: os professores das disciplinas do grupo 2, Artes,
105
percebiam salários menores, isso pelo fato de que o Estado contratava “artistas” e não
“professores-artistas”, os quais não eram sequer representados nas congregações das escolas
normais, por conseguinte, distanciavam-se dos assuntos educacionais; e acrescentava: a
classificação dos alunos (para ocuparem as salas) levava em conta apenas as notas das
disciplinas do Grupo 1, Ciências e Línguas. Ponderava que em um “curso técnico de ensino”
as disciplinas do grupo das Artes eram as mais importantes: “de fato é à musica, ao desenho, à
ginástica e ao trabalho manual que o instituidor (professor e educador) recorrerá com
freqüência para treinos excelentes, cheios de interesse para a sua classe de criança” (1920a,
p.38); a Escrituração Mercantil: “um mal necessário”, apesar de o ser pedagógica seria útil
ao professor, pois poderá “aumentar um pouco o fraquíssimo orçamento de receita do mestre-
escola” (idem, p.43). E ressaltava a importância de Trabalhos Manuais, cujo ensino era
priorizado pelos educadores norte-americanos, praticando-se o “sistema Slöjd” de origem
sueca baseado na pedagogia de Fröebel; o “sistema Della-Voss” de origem russa, aplicado nas
escolas cnicas superiores, secundárias e primárias; o “sistema Social” idealizado por John
Dewey em Nova Iorque, visando a atender “ao princípio do paralelismo ontogenético e
filogenético, procurando por isso desenvolver o espírito do aluno numa recapitulação
abreviada da evolução das sociedades”; o “sistema Artístico de Taddidealizado por Tadd,
diretor de uma escola da Filadélfia, para despertar o gosto pela arte. (SILVEIRA, 1920a, p.
52-3).
Dentre os sistemas, optava pelo Slöjd, sobre o qual publicara artigo no jornal O
Estado de São Paulo. Escrevia — “o slöjd é o sistema educativo, por excelência, e só deve ser
posto em ação pelo professor, pelo homem de ensino” (idem, p.49). Explicava que o vocábulo
slöjd significava “trabalho manual” e tinha finalidade educativa, sem ambicionar a formação
de profissionais beis. A prática do slöjd auxiliaria a educação físicapela coordenação
10
6
muscular do movimento, a educação intelectualao mobilizar as faculdades do espírito na
realização da tarefa e seu aperfeiçoamento, e a “educação moral”:
Obtém-se não com a aquisição do bito do esforço pelo desenvolvimento da atenção
voluntária, como na disciplina orgânica e mental que se estabelece, proveitos diretos da
aplicação manual, intimamente relacionada com o funcionamento do espírito, através do
sentimento fundamental do tato e do sentido científico por excelência. (idem, p. 50).
A seção “Ensino Primário”
Lente de Metodologia e diretor da Escola Normal de Pirassununga, Antonio
Firmino Proença foi o responsável pela seção “Ensino Primário” da Revista da Escola Normal
de São Carlos, publicados nos números 4, 7, 8 e 10, nos quais eram oferecidos modelos de
lições e materiais para uso em sala de aula com o fito de subsidiar a didática do professor
primário.
O estudo da natureza nas classes primária: ligeiras considerações a cerca
do assunto
Estudo da natureza
O milho: estudo individual e biográfico
Método didático
Lições indutivas
I - Média de números: desenvolvimento de uma regra; II – Uma lição de
física (adaptada); Uma lição de linguagem: exercitamento (Drill); Uma
lição de geografia Local: centro de interesse - o correio
Linguagem nas classes inferiores - Vocabulário
Linguagem nas classes adiantadas - Composição
Sugestões para o estudo da natureza no 1º ano preliminar
Quadro 19 – Artigos veiculados na seção “Ensino Primário”
Na concepção de Antonio Firmino Proença, os professores primários careciam de
bons modelos. Para ele,
107
[...] a arte de compor, como todas as artes, se adquire pela imitão de bons modelos.
Desta prática, feita inteligente sob a direção dos mestres, é que hão de nascer às regras
indispenveis para escrever com acerto e com beleza a nossa língua. (1920b, p.107).
A lógica que presidia a organização da seção era análoga a uma “caixa de
utensílios”, formulação configurada por Marta Chagas de Carvalho (2003) para conceituar as
seções das revistas pedagógicas, como a Eschola Pública, publicão mantida e editada pelos
professores das Escolas-Modelos anexas à Escola Normal da Praça, no final do século XIX, e
voltadas à oferta de modelos de lições. A “caixa de utensílios” seria, portanto, algo como
“caixa de coisas” para uso do professor, os aprendizados orientados por essa lógica: “guardam
forte relação com uma pedagogia em que tal arte é prescrita como boa imitação de um
modelo. Os inconveis roteiros de lições divulgados em revistas dirigidas a professores têm
as marcas dessa concepção pedagógica” (idem, p.126).
Para Antonio Firmino Proença, o professor deveria eleger assuntos de interesse e
conhecimento prévio da criança, tais como, a casa, a escola, a cidade, a vizinhança: “É,
portanto, nesses centros de interesse que o professor tem de procurar os assuntos para
organizar seu plano de ensino”, portanto, é possível dizer que suas recomendações
coadunavam-se com as preceituadas pela chamada “pedagogia moderna”: para conhecer seria
necessário ver, sentir, tocar, distinguir, medir, comparar, nomear, ou seja, educar os sentidos
para depois exercê-los. Os modelos de lições sugeridos na seção seguiam um procedimento
padrão: partir do objeto, observar, analisar, produzir painéis e desenhos, catalogar
características, experimentar. O aprendizado pelos sentidos era a porta de entrada do
conhecimento. (PROENÇA, 1916, p.25).
Em “O estudo da natureza nas classes primárias” (1916) recomendava: um plano
racional de ensino deveria estar em harmonia com as tendências naturais da criança, o que
requeria do professor um “profundo conhecimento da matéria e da psicologia infantil”. Na
108
seção “Ensino Primário” (1918) em “Estudo da natureza” sugeria lições direcionadas para as
classes do primeiro ao quarto ano do ensino primário; para o primeiro ano recomendava cinco
lições. A primeira referia-se aos pássaros, nela recomendava apresentar aos alunos imagens
coloridas ou pássaros empalhados, salientando a utilidades e os hábitos dessas aves, na
seqüência viriam às narrativas sobre as aves; a segunda lição referia-se às flores, o aluno traria
espécies, observaria as características, montaria um painel com os nomes das espécies, em
seguida desenharia e cultivaria flores em vasos ou latinhas”. A terceira lição referia-se aos
insetos, o aluno traria lagartas ou casulos informando onde foram encontrados; os insetos
seriam conservados em viveiros observando-se as transformações. A quarta lição referia-se às
árvores, o primeiro passo seria a identificação das espécies pelo formato dos frutos e folhas;
depois a montagem de painel com as folhas e se possível os frutos, e o exame dos frutos; por
fim, o desenho e a modelação dos frutos. A quinta lição referia-se ao tempo com o propósito
de elaborar uma espécie de calendário.
Em “Método didático”, Firmino Proença (1917) deteve-se na explicação dos
“passos formais de Herbart”. Pautado nos discípulos de Herbart, Wilhelm Rein e Tuiskon
Ziller, asseverava que o método completo herbartiano implicava adoção de um “subpasso”,
qual seja, a “declaração do objeto da lição”. O “primeiro passo, por sua vez, seria a
preparação; o segundo, a apresentação; o terceiro, a associação: o quarto, a generalização; e o
quinto passo, a aplicação. A novidade acrescentada pelo Dr. W. Rein seria o subpasso” ou
“declaração do objeto da lição”. Para ele, o método completo “é um conjunto perfeito e
racionalmente organizado. E sua forma atual o método representa como um todo orgânico,
cujas partes, perfeitamente articuladas, têm função própria a desempenhar” (idem, p.26).
Em “Lições de Aritmética” (1923) e “A mosca” (1922a) explicitou a operação dos
procedimentos de ensino a serem adotados pelo professor. Em “Métodos de ensino elementar”
(1922b) apresentou três tipos de lições: “I - Lão Intuitiva”, “II Lição Indutiva e III
109
Lição Dedutiva” e explicou os respectivos objetivos, aplicações e desenvolvimentos,
ressaltando que: “nem todo o professor será capaz de desenvolver as lições conforme os
planos expostos”, levando a optar pelo ensino “direto e dogmático” no lugar do “aprendizado
ativo direto”.
11
Os modelos de lições teriam por objetivo facilitar o trabalho do professor em sala
de aula e viabilizar o aprendizado direto e o exercício da inteligência dos alunos. Entretanto,
advertia que muitos professores resistiriam a esses modelos de lições persistindo no
aprendizado direto dogmático”.
Que há de mais fácil ir ao quadro- negro e fazer demonstrações para a classe ouvir? Ou
ensinar conjunção, definindo-as em termos de compêndio? Ou fornecer uma série de
informações de geografia ou ciências naturais em vez de fatos, imagens, verdadeiras
experiências? (PROENÇA, 1922b, p.73)
Com o intuito de combater o analfabetismo e difundir uma cultura cívica, com
vistas à formação da identidade nacional, a preocupação com a eficiência do trabalho ditico
e pedagógico nas escolas, tornou-se prioridade nos discursos dos educadores normalistas. Os
autores da Revista, por sua vez, buscam transmitir aos seus leitores o que de mais moderno se
conhecia sobre métodos e processos de ensino.
Com efeito, é possível notar aspirações a um ensino que tivesse como centro o
aluno, valorizando informações que o educando possuía sobre determinados assuntos, e
também aspirações a um maior e melhor conhecimento biológico e psicológico da criança.
11
O método dedutivo se pautava na aprendizagem com base na memória e na repetição, seu ponto de partida é
uma iia pré-concebida aplicada aos fatos. O ensino deve partir do geral para o particular, ou seja, dos
princípios aceitos como verdadeiros e indiscutíveis que possibilitariam chegar a conclusões de maneira formal. O
todo indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um
produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, a
generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada na observação de casos concretos. Nesse
todo o conhecimento advém da experiência e não de princípios p-estabelecidos.
110
O uso da experimentação científica na elaboração de planos de aula também era
considerada imprescindível para o sucesso do aprendizado. Ademais as atividades manuais e
as artes são consideradas relevantes à medida que despertavam a iniciativa e independência
dos alunos e reforçavam o processo de socialização e dos aspectos morais da criança. O
processo de automatização e racionalização do ensino também será compreendido como
necessário à mudança e à criação de uma “nova escola”. Por sua vez, concebia-se a instrução
arte de educar, pautada em modelos científicos.
111
Considerações Finais
Os impressos educacionais constituem um corpus documental essencial para a
hisria da educação, pois são capazes de apresentar a multiplicidade e diversidade do campo
educativo. Isso significa dizer que as revistas de educação e ensino, por exemplo, podem
expressar os valores, as expectativas dos mais diversos agentes alunos, professores,
diretores, políticos —, assim, as páginas das revistas expõem as questões cruciais que
atravessaram o campo educativo de uma determinada época. Nesse sentido, nos últimos anos,
os pesquisadores da educação foram deslocando seus olhares dos modelos pedagógicos (leis,
regulamentos, preceitos, doutrinas ou sistemas pedagógicos) para as possibilidades
representadas pelas revistas de educação e ensino.
Neste trabalho, nosso objetivo foi conhecer as idéias e as práticas dos autores
colaboradores da Revista da Escola Normal de São Carlos, para tanto, analisamos os
assuntos/temas por eles eleitos e analisados. Portanto, a feição assumida pelo trabalho deve-
se ao percurso que as fontes indicaram.
A diversidade das propostas educacionais e assuntos veiculados ao longo do “ciclo
de vida” do periódico foi uma tentativa de reponder aos problemas e impasses inerente a uma
sociedade em transformação. Por conseguinte, a Revista exs questões e preocupações que
extrapolavam limites regionais, seu enfoque alinhava-se aos debates promovidos por grupos
desejosos de mudanças de âmbito nacional. O nacionalismo se evidenciava como peça
fundamental na transformação da nação, do Estado e do povo brasileiro, conforme almejava
os mentores das Ligas Nacionalistas e da Diretoria Geral da Instrução Pública de São Paulo.
Questões como imigração estrangeira, urbanismo, êxodo rural, saúde pública, povo
brasileiro e a identidade nacional estavam na ordem do dia. O Anuário do Ensino do Estado
de São Paulo de 1917, organizado por Oscar Thompson, diretor da Diretoria Geral da
112
Instrução blica de São Paulo, é um documento revelador das preocupações nacionalistas e
nacionalizantes. Do mesmo modo, os objetivos e discursos proferidos pela Liga Nacionalista
de São Paulo expressavam inquietações semelhantes, indicando soluções diversas, como,
extensão da participação política, adoção de preceitos médico-higienistas, oficialização do
escotismo, formação cívica e patriótica da população e, principalmente, o combate ao
analfabetismo.
Os efeitos da primeira Grande Guerra (1914-1918) e da Revolução Russa (1917)
são evidentes nas análises e discursos dos intelectuais normalistas. A imigração estrangeira,
por sua vez, revelava o quanto a “nossa gente” ainda “engatinhava” culturalmente em relação
ao estrangeiro, assim diziam. O estrangeiro, no pensamento da intelectualidade brasileira, era
ao mesmo tempo solução para a questão étnica e problema para coesão e formação a
identidade nacional. A falta de instrução da população não apenas inferiorizava o nacional em
relação ao estrangeiro, mas acarretava maus hábitos de higiene e moral que promoviam a
“desordem urbana” e o alastramento de doenças responsáveis pela apatia da população.
Portanto, supunha-se que, o fortalecimento da nacionalidade e modernização da sociedade
brasileira requeria a higienização e a regeneração física, moral e social da população
brasileira, de modo a elevá-la a disciplina social necessária ao mundo moderno em
construção.
Diminuir os índices alarmantes do analfabetismo, era, sem dúvida, a solução
encontrada para os males que afetavam o Brasil, entretanto, combater o analfabetismo, exigia
professores capacitados e métodos didáticos eficazes.
Pautados nessas exigências, os autores da Revista discutiam, refletiam, sugeriam e
apresentavam métodos capazes de racionalizar a aprendizagem, amenizando, assim, os
diversos problemas sociais. Os métodos e processos de ensino e aprendizagem, portanto,
constituíam um dos pontos centrais dos debates. Nessa conjuntura política e intelectual, eram
113
privilegiados aqueles métodos capazes de aproximarem as matérias de ensino com a vida
cotidiana dos alunos.
A “nova escola” fundada nos métodos modernos era vista como sinônimo de
ensino objetivo, dinâmico, produtivo e econômico. Novas técnicas didático–metodológicas
eram propostas por meio de lições e modelos originários da Europa e Estados Unidos da
América.
Os assuntos abordados por essa publicação periódica contribuíram para a difusão
de concepções e idéias sintonizadas com a problemática das transformações sociais
educacionais em curso nos anos de 1910 e 1920, sobretudo nas páginas da Revista consta um
apelo de mobilização dirigido ao professorado, informar, atualizar e incentivar os agentes
educativos a participarem do projeto de reformulação da escola paulista, esta foi, certamente,
a mensagem e o propósito da Revista, através das palavras da sua Comissão de Redação e de
seus autores colaboradores.
114
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Federal de São Carlos, Arquivo de História Contemporânea, 1986.
VALDEMARIN, Vera Teresa. Os sentidos e a experiência: professores, alunos e métodos de ensino.
In: SAVIANI, Dermeval (et. al.) (Orgs.). O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas,
São Paulo: Autores Associados, 2004.
VIDAL, Diana Gonçalves. Escola Nova e processo educativo. In: LOPES, Eliane Marta Teixeira;
FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive. (Orgs.) 500 anos de educação no Brasil.
2.ed. Belo Horizonte: Autêntica, p. 497-517, 2000. (Coleção Historia, 6).
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CATANI, Denice Bárbara. SOUSA, Cynthia Pereira de. (Orgs.). Imprensa periódica educacional
paulista: (1890-1996). (Catálogo). São Paulo: Plêiade, 1999.
CRUZ, Heloísa de Faria. São Paulo em Revista: catálogo de publicações da imprensa cultural e de
variedade paulistana. (1870-1930) São Paulo: Arquivo do Estado, 1997. (Coleção memória,
documentação e pesquisa)
MELO, Luis Correa. Dicionário de autores paulistas. São Paulo: Irmãos Andriolis, 1954. (Comissão
do VI Centenário da cidade de o Paulo).
Instituições consultadas
Acervo do Centro de Referência para Pesquisa Histórica em Educação da Faculdade de Ciências e
Letras – Universidade Estadual Paulista, Campus de Araraquara.
Acervo da Escola Estadual Álvaro Guião”
122
Acervo do Instituto Histórico Geogfico de São Paulo.
Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual
Paulista. Campus de Marília.
Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual
Paulista. Campus de Araraquara.
123
Anexos
124
Anexo 1
Revistas de Educação e Ensino — São Paulo: 1892/1944
Módulos Título das séries Ano de
publicação
1
Revista Moderna. Pedagogica, Scientifica, Litteraria e Noticiosa. São
Paulo, Typographia do Braz; Typographia de Oscar Monteiro.
1892-1893
2
A Eschola Publica. São Paulo, Typographia Hennies e Winiger (1
a
fase); Typographia da Industrial de São Paulo, 1896 (2
a
fase).
1893-1897
3
Revista do Jardim da Infancia. São Paulo, Typographia a Vapor
Espindola, Siqueira & Com.
1896-1897
4
Educação. Revista de assumptos geraes e pedagogicos. São Paulo,
Associação Beneficente de Educação.
1902-1903
5
Revista de Ensino. Associação Beneficente do Professorado Publico de
São Paulo/Directoria Geral da Instrucção Publica. Typographia do
Diario Official; Typographia Guimarães a Vapor Hennies Irmãos;
Typographia Tolosa; Typographia Helvetia de A. Otto Uhle.
1902-1919
6
Revista da Escola Normal de São Carlos. Orgam de propriedade e
redacção do corpo docente. São Carlos, A Graphica Marra & Filhos.
1916-1922
7
Revista de Educação. Piracicaba. Orgam da Escola Normal de
Piracicaba e Escolas Annexas. Typographia do Jornal de Piracicaba.
1921-1922
8
Revista da Sociedade de Educação. São Paulo, Monteiro Lobato e C.ª
Editores
1923-1924
10
Educação. São Paulo, Directoria Geral da Instrucção Pública/Sociedade
de Educação de São Paulo. Estabelecimento Graphico Irmãos Ferraz.
1927-1930
11
Escola Nova. São Paulo, Directoria Geral do Ensino. Estabelecimento
Graphico Irmãos Ferraz. (Segunda phase da Revista “Educação”
Orgão da Directoria Geral da Instrucção Publica de São Paulo)
1930-1931
12
Educação. São Paulo, Orgão da Directoria Geral do Ensino de o
Paulo. Estabelecimento Graphico Siqueira.
1931-1932
13
Revista de Educação. São Paulo, Órgão da Diretoria Geral do Ensino
do Estado de o Paulo /Departamento de Educação do Estado de o
Paulo. Estabelecimento Gráfico Garraux e outros.
1933-1943
14
Educação. São Paulo, Boletim do Departamento de Educação do Estado
de São Paulo/Órgão do Departamento de Educação do Estado de o
Paulo, Imprensa Oficial do Estado.
1944 --
Fonte: Relatório Final de Atividades do Projeto Integrado de Pesquisa: “Revistas de
Educação e Ensino: São Paulo: 18920-1944.” São Paulo, 2006. UNESP/CNPq-Fapesp.
125
Anexo 2
Publicações no âmbito do Projeto de Pesquisa
“Revistas de Educação e Ensino: 1892-1944”
No âmbito do Projeto de Pesquisa “Revistas de Educação e Ensino: 1892-1944
desenvolvido no âmbito do Grupo de Pesquisa “História da Educação no Brasil” foram
publicados os seguintes trabalhos.
CAFALCANTE, Mariele Tavares. Um estudo sobre a Revista Escolar (1925-1927). In: XV
CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA UNESP, 2003, Marília XV Congresso de Iniciação
Cientifica. Resumos..., 2003. (Bolsa AT – CNPq)
DIAS, Enéias Borges. Revista Escola Nova (1930-1931): um estudo sobre o tecnicismo e educação.
In: XII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA da Universidade Federal de São Carlos, 2004,
São Carlos, XII Congresso de Iniciação Cientifica. Resumos..., 2004. (CD ROM).
DIAS, Enéias Borges. Revista Escola Nova (1930-1931): um estudo sobre o tecnicismo e educação.
São Paulo, 2003 – Monografia. Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista.
DOURADO, Fernanda Oscar. Levantamento da revista Educação da Associação Beneficente da
Educação (1902-1903). In: XII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA da Universidade
Federal de São Carlos, 2004, São Carlos, XII Congresso de Iniciação Cientifica. Resumos..., 2004.
(CD ROM). (Bolsa PIBIC –CNPq)
MELLO, Márcia Cristina de Oliveira. A alfabetização na imprensa periódica educacional paulista
(1927-1943). 2007, Marília. Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-Graduação em
Educação Faculdade de Filosofia e Ciências Universidade Estadual Paulista, campus de Marília.
(Bolsa CAPES).
MONARCHA, Carlos. Revista do Jardim da Infância: uma publicação exemplar. In: MONARCHA,
Carlos. (Org.). Educação da infância brasileira: 1875-1983. São Paulo: Autores Associados-FAPESP,
2001, p.81-119.
______. Revistas de educação e ensino. São Paulo: 1892-1944. In: V Congresso Brasileiro de História
da Educação, Aracaju, 2008. Anais...
PEREZ, Andréia Santos. Um estudo sobre a Revista da Sociedade de Educação (1923-1924). Marilia,
2003 Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) curso de Pedagogia, FFC Unesp/Marília.
126
______. Levantamento da Revista da Sociedade de Educação (1923-1924). In: XV CONGRESSO DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA UNESP, 2003, Marília XV Congresso de Iniciação Cientifica. Resumos...,
2003. (Bolsa IC –CNPq)
PINTO, Adriana Aparecida. A Eschola Publica: um estudo da pedagogia paulista no séc. XIX (1893-
1897). 2001. Dissertação (Mestrado em Educação) - FFC, Universidade Estadual Paulista/ Marília.
(Bolsa CNPq)
SILVA, Aldine Nogueira da. Levantamento da Revista da Escola Normal de São Carlos (1916-1923).
In: XII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA da Universidade Federal de São Carlos, 2004,
São Carlos, XII Congresso de Iniciação Cientifica. Resumos..., 2004. (CD ROM).
______. Levantamento da revista Educação (1927-1930). In: XV CONGRESSO DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA UNESP, 2003, Marília XV Congresso de Iniciação Cientifica. Resumos..., 2003. (Bolsa
PIBIC –CNPq)
______. Revista Educação (1927-1930). Mediação entre debates teóricos e sugestões práticas para o
ensino primário paulista. Marilia, 2004. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) curso de
Pedagogia, FFC Unesp/Marília. (Bolsa PIBIC –CNPq)
SOUZA, Glauco Valério Belini de. Revista de Ensino da Associação Beneficente do Professorado
Público Paulista. VII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTIFICA DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA, Resumos..., 2000. (Bolsa IC –CNPq)
127
Anexo 3
Levantamento da Revista da Escola Normal de São Carlos
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 1, n.1, nov., 1916. 33p.
Expediente:
- A revista sera publicada 2 vezes por anno.
- Distribuição gratuita.
- So se publicam trabalhos ineditos.
- Sera respeitada a graphia dos snrs. Collaboradores, unicos responsaveis pelas ideas que
emittirem.
Toda correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista, Escola Normal
de São Carlos, Estado de São Paulo, Linha Paulista.
AUTOR TITULO PÁGINAS
Carlos da Silveira
Lente da 11ª cadeira
As Escolas Normaes no Estado de S. Paulo
Pequeno estudo sobre a evolução do ensino normal no
Estado deo Paulo
1-13
Raphael Falco Como deve ser a sala de Desenho 13-17
Lazaro R. Lozano Orientação do ensino da musica elementar 17-20
A. Raggio Nóbrega Filologia Portuguesa
(Colossal abismo)
21-24
A. Firmino Proença O estudo da natureza nas classes primarias
Ligeiras considerações à cerca do assunto
24-26
F. Penteado A Geometria
Sua origem – Seus progressos – Seu ensino
26-27
João de Toledo Linguagem
Apontamentos para meus alumnos
28-30
Waldomiro Caleiro Henry Bergson
Vamos bosquejar em artistas o pensamento de Bergson
31-33
128
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 1, n.2, jun., 1917. 33p.
Expediente:
- A revista será publicada 2 vezes por anno.
- Distribuição gratuita.
- se publicam trabalhos inéditos.
- Será respeitada a graphia dos snrs. Collaboradores, unicos responsaveis pelas ideas que
emittirem.
- Toda correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista, Escola
Normal deo Carlos, Estado de São Paulo, Linha Paulista.
AUTOR TITULO PÁGINAS
João Toledo Evolução e Pedagogia 1-10
Carlos da Silveira Historia da Pedagogia
Um programa
10-13
Ezequiel de Moraes
Leme
Pela Pátria
Discurso lido por occasião da sessão civica realizada no
dia 3 de maio de 1917, no amphitheatro da Escola
Normal de S. Carlos.
13-17
Francisco de Oliveira
Penteado
A Geometria
Os factores da Geometria
17-20
Mario Natividade Discurso pronunciado na festa inaugural da Sociedade
de Estudos e Conferencias, no dia 9 de setembro de
1916
20-24
A. Proença Methodo didactico 25-26
Waldomiro Caleiro Rusticidade 27-28
Escola Normal
Ligeiros apontamentos sobre a sua fundação e
funcionamento
28-33
129
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Numero Especial. Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 2, n.3, dez., 1917. 158p.
Expediente:
- A revista será publicada 2 vezes por anno.
- Distribuição gratuita.
- se publicam trabalhos inéditos.
- Será respeitada a graphia dos snrs. Collaboradores, unicos responsaveis pelas ideas que
emittirem.
- Toda correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista, Escola
Normal deo Carlos, Estado de São Paulo, Linha Paulista.
AUTOR TITULO PÁGINAS
I- Série de nove palestras cívicas feitas na Escola
Normal, de 18 de Setembro a 15 de Outubro p.findo
Ezequiel de Moraes
Leme
1. Bellezas naturaes do Brasil 1-11
Francisco Penteado 2.a Desertos e Climas; a devastação das matas 12-21
Waldomiro Caleiro 3.a Typos brasileiros; a alma nacional 22-29
Theodorico de
Camargo
Lente da 4ª cadeira
4.a O problema do urbanismo no Brasil e
a volta aos campos
30-40
Astor Dias de Andrade 5.a A medicina escolar e o futuro da nossa
nacionalidade
41-49
Dagoberto Salles 6.a Vida de um brasileiro, que é uma lição de civismo
(Campos Salles)
50-61
Carlos da Silveira 7.a A lingua patria e a unidade nacional
7ª palestra cívica realizada no amphitheatro da Escola
Normal em 9 de Outubro de 1917
62-76
João Augusto de
Toledo
8ª. A escola brasileira 77-83
Atugasmin Medici . Mestres e soldados 84-92
130
Elisiario Fernandes de
Araújo
II- Instituições Patrioticas
Conferencia realizada no amphitheatro da Escola
Normal, em 1º de Novembro de 1917, pelo Sr. Prof.
Elisiario Fernandez de Araujo, M. D. Director do
Grupo Escolar “Paulino Carlos”
93-107
Sebastião Paulo de
Toledo Pontes
III- Pela Patria
Conferencia realizada no amphitheatro da Escola
Normal de São Carlos, em 15 de Novembro de 1917
108-122
Mario Natividade IV- Professorandos de 1917
(Escola Normal de São Carlos)
Discurso de paranynpho
123-133
Mariano de Oliveira V- Culto á Bandeira
Conferencia realizada no amphitheatro da Escola
Normal de São Carlos, em 19 de Novembro de 1917
134-148
Manoel de Toledo Silva VI- Quadro de medidas tomadas no Gabinete de
Psychologia Experimental
149
Waldomiro Caleiro VII- Pessoal docente, administrativo e relação dos
alumnos diplomados em 1914, 1915, 1916 e 1917
150-158
131
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. n.4, jun., 1918. 56p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
AUTOR TITULO PÁGINAS
Carlos da Silveira Historia da instrucção e da educação, no Brasil
Este trabalho, compilação na sua quasi totalidade, foi
lido na sessão de 17 de Setembro de 1916 da
Sociedade de Estudos e Conferencias”, de São Carlos
3-11
João Toledo Hereditariedade e Educação 12-24
F. Penteado A Geometria 25-30
Raphael Falco Arte e seu objecto 31-38
Waldomiro Caleiro Transmutação de valores 39-43
ENSINO PRIMARIO
Secção organizada pelo prof. A. Proença
Estudo da natureza 47-48
O milho
Estudo individual e biographico
48-56
132
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 3, n.5, dez., 1918. 90p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
AUTOR TITULO PÁGINAS
Carlos da Silveira Historia da Instrucção e da Educação, no Brasil - II 3-30
João Toledo Nossa gente
Notas pedagogicas para meus alumnos
31-42
F. Penteado A Geometria
A Geometria Geral
43-46
Arthur Raggio Nobrega Ruy Barbosa 47-68
Dagoberto Salles A Moral Civica
Conferencia realizada, em nome da Liga Nacionalista,
em Ja, a 7 de Setembro de 1918, pelo Dr. Dagoberto
Salles
69-79
Ezequiel de Moraes
Leme
Campos Salles e o civismo 80-88
Manoel de Toledo da
Silva
Media das medidas anthropometricas dos alumnos das
Escolas Modelo, Isolada e Grupo Escolar
89
Professores formados pela Escola Normal de S. Carlos
– turma de 1918
90
133
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 3, n.6, jun., 1919. 54p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
AUTOR TITULO PÁGINAS
A. Proença Juvenal Penteado
Elogio fúnebre, lido a 22 de Abril de 1919
3-12
Carlos da Silveira Historia da Instrucção e da Educação, no Brasil 13-32
Ezequiel de Moraes
Leme
Povoamento e educação
Discurso lido a 3 de Maio de 1916
33-36
João Toledo Aprendizado activo 37-54
134
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 4, n.7, dez., 1919. 69p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
AUTOR TITULO PÁGINAS
Carlos da Silveira Culto civico
Conferencia realizada no Polytheama de Araraquara, no
dia 7 de Setembro de 1918, por incumbencia da Liga
Nacionalista
3-21
Ezequiel de Moraes
Leme
A Geographia e o seu ensino 22-25
Domingos de Vilhena O ensino da lingua franceza em nossas escolas 26-29
João Toledo
Da 12ª cadeira
Aprendizado activo
Continuação do trabalho publicado no n.6 desta Revista
– Junho de 1919
30-48
Dagoberto Salles
A Republica no Brasil
Conferencia realisada a 15 de Novembro de 1919, em
Ribeirão Bonito
49-60
ENSINO PRIMARIO
Secção organizada pelo prof. A. Proença
Lições inductivas 63-67
Professores formados pela Escola Normal de São
Carlos - 1919
68-69
135
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 4, n.8, jun., 1920. 112p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inedictos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
AUTOR TITULO PÁGINAS
João Toledo Os ideaes nacionaes e as escolas elementares 3-20
Mariano de Oliveira Escolas Normais
Idéas contidas no relatorio apresentado ao Exmo.
Sr. Dr. Secretario do Interior, em 1º de Fevereiro de
1920
21-31
Carlos da Silveira Questões de Ensino Normal 32-57
Ezequiel de Moraes
Leme
Questões do ensino 58-62
A. Proença A escola e a caserna
Discurso pronunciado na sessão solemne de entrega
das cadernetas de reservistas aos atiradores da Escola,
realizada em 11 de abril de 1920
63-70
J. & C. Pedagogia
Conceitos antigos (medievaes) x Reacção moderna
(critico-naturalistica)
71
Sebastião Paulo de
Toledo Pontes
21 de abril
Discurso proferido no anphitheatro da Escola Normal
– 1920
72-81
Mario Natividade Um problema de annuidades 82-85
Raphael Falco Fim do desenho nas escolas primarias e normaes 86-94
ENSINO PRIMARIO
Secção organizada pelo prof. A. Proença
Linguagem nas classes inferiores
- Vocabulário
Linguagem nas classes adiantadas
- Composição
97-107
No Semestre
108
136
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 5, n.9, nov., 1920. 55p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
AUTOR TITULO GINAS
Ezequiel de Moraes
Leme
Questões do Ensino 3-6
Carlos da Silveira
Luiz Alves de Lima e Silva
(culto civico)
7-32
João Toledo Bases para a elaboração e execução de um programma
de História em nossas escolas primárias e normaes
33-49
A. Proença Desperdicio de energia nas escolas 50-54
Professores formados pela Escola Normal
de São Carlos - 1920
55
137
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 6, n.10, jun., 1921. 65p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
AUTOR TITULO PÁGINAS
João Toledo
D. Pedro II atras do sentimento
Conferencia lida na Escola Normal de São Carlos, por
occasião de inaugurar-se o retrato do ex-imperador, na
galeria daquelle estabellecimento.
3-12
Ezequiel de Moraes
Leme
Questões do Ensino 13-17
Domingos de Vilhena O escotismo como meio educativo 18-24
Elisiario de Araujo A letra do Hymno Nacional 25-27
Fausto de Sousa Morphologia historica do artigo 28-33
Carlos da Silveira Assumptos escolares
(cultura civica – suggestões)
34-46
F. Penteado Quantidades algebricas reaes 47-55
ENSINO PRIMARIO
Secção organizada pelo prof. A. Proença
(Director e lente da Escola Normal de Pirassununga)
Suggestões
Para o estudo da natureza noanno preliminar
59-65
138
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 6, n.11, dez., 1921. 70p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
AUTOR TITULO PÁGINAS
Mariano de Oliveira Escolas Complementares 3-6
Carlos da Silveira Do papel educativo da escola primaria 7-21
Sebastião Paulo de T.
Pontes
Aprendizado de Physica nas escolas normaes 22-25
F. Azzi O Imperador
Commemoração popular, no Paço da Municipalidade,
em Casa Branca, a 9 de Janeiro de 1921
26-41
Dagoberto Salles A Questão Social
Discurso proferido pelo Dr. Dagoberto Salles, lente da
10ª cadeira e paranympho dos professorandos de 1921,
na sessão solemne de entrega de diplomas, realisada na
Escola Normal de São Carlos
42-54
Raphael Falco O desenho nas Escolas Normaes 55-63
João Toledo Introdução aos programmas de Psychologia, Pedagogia
e Methodologia das Escolas Normaes Paulistas
Trabalho apresentado á Reunião dos Directores do
Ensino, realizada em S. Paulo, em julho de 1921.
64-70
Professores diplomados pela Escola Normal de São
Carlos – turma de 1921
139
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 7, n.12, dez., 1922. 73p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo - Brasil
Revista da Escola Normal de São Carlos n.12
Por motivos independentes de nossa vontade, o presente numero ficou bastante prejudicado
tanto em sua forma como em seu conteudo.
Pretendemos publica-lo novamente, em edicção limitada, devidamente revisto e no formato
dos números anteriores. A Commissão de Redacção
AUTOR TITULO PÁGINAS
Francisco Z. Penteado John Casper Branner 3-22
João Toledo Suggestões e programma para o ensino de
Francez nas escolas complementares e normaes
23-33
Carlos da Silveira Do papel educativo da escola primaria 34-52
Duilio Ramos Como realisar a pratica de ensino?
Trabalho apresentado á reunião dos directores
das Escolas Normaes convocada para julho de 1921,
no edificio do Jardim da Infancia de S. Paulo
53-60
Ataliba de Oliveira O lente de Physica
De Maria Ângela – paginas de vida escolar, ineditas
61-64
A. Proença A mosca 65-71
A. Proença
Methodos de ensino elementar 72-73
Professorandos de 1922 - Escola Normal de São Carlos
140
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Propriedade e redacção do Corpo Docente. Anno 8, n.13, dez., 1923. 79p.
Expediente:
- Publica-se esta revista duas vezes por anno.
- se incluem nella trabalhos inéditos.
- A graphia é a dos respectivos collaboradores, unicos responsaveis pelas idéas que
emittirem.
- Toda a correspondencia deve ser dirigida á Commissão de Redacção da Revista da
Escola Normal - São Carlos - Estado de São Paulo – Brasil
AUTOR TITULO PÁGINAS
Carlos da Silveira Discurso
Pronunciado na solennidade de entrega de diplomas ás
Professorandas da Escola Normal do Braz,
turma de 1922 no Theatro Municipal de São Paulo
pelo paranympho Dr. Carlos da Silveira
3-15
Raphael Falco O desenho nas classes infantis 16-32
Mello Ayres O sonho 33-42
Ataliba de Oliveira Desenho e Linguagem 43-53
Antonio F. Proença Lições de Arithmetica 54-59
José Ferraz Motta Discurso pronunciado na collação de grao das
professorandas de 1922
60-78
Professores formados pela Escola Normal de S. Carlos
Fonte: Relatório Final de Atividades do Projeto Integrado de Pesquisa: “Revistas de Educação e
Ensino: São Paulo: 18920-1944.” São Paulo, 2005. UNESP/CNPq-Fapesp.
141
Anexo 4
Alunos diplomados pela Escola Normal deo Carlos segundo
local de nascimento – 1914-1923
Alunos diplomados segundo local de nascimento 1914-1923 conforme dados constantes nos
fascículos da Revista da Escola Normal de São Carlos, 1917, 1918, 1919, 1920, 1921, 1922,
1923.
Local de
nascimento/
1914 1915 1916 1917 1918 1919 1920 1921 1922 1923
Número de alunos
São Carlos 14 17 11 12 8 23 14 19 11 13
Agudos 1
Anápolis 1 2
Amparo 2
Anápolis 1 1 1
Araraquara 1 1 2 4 1 2
Araras 1 1
Batatais 1 1 1
Bebedouro 1
Bica de Pedra 1
Bocaina 1 1
Botucatu 1 1 2
Brotas 1 1 1
Buenos Aires –
Argentina
1
Campinas 2 1 1 1
Campos do Jordão 1 1
Casa Branca 1 1 1
Capital Federal 1 2 1
Capivari 1 2
Cravinhos 1
Descalvado 2 1 1 3 1 1
Dois Córregos 1 1
Dourado 2 3 1
Engenheiro Passo-
RJ
1
Ibitinga 1 1
Igarapava 1
Iguape 1 1
Itália 1 1 1
Itapetininga 1
Itapira 1 1 1
Itápolis 1
Itirapina 1
Itu 1
Jaboticabal 1 1 1 1 3 2
142
Jacareí 2 2 1
Jaú 1 1 1 6 1 1 2 2
Juiz de Fora -MG 1
Jundiaí 1
Limeira 1 1 2 1 1
Lorena 1
Matão 1 2
Mineiros (Jaú) 1 1 1
Mogi-Mirim 1 1
Monte Alto 1
Nuporanga 1
Ouro Preto - MG
Pereiras 1
Pindamonhangaba 1 2
Piracicaba 1 1
Pirassununga 1 1 1
Pitangueiras 1 1
Porto Feliz 1
Rezende - RJ 1 1
Ribeirão Bonito 1 1
Ribeirão Preto 1 1
Rio Claro 4 6 4 2 3 1 2 2 1
Santa Rita do Passa
Quatro
1 1 1 1 3 2 1
São Paulo 1 1 1 1 2 2 2 1
São João da Boa
Vista
1
São José do
Barreiro
1
São Pedro de
Piracicaba
1 1 1
São Simão 1
Santana da Boa
Vista
1
Santos 2
Sergipe 1
Serra Azul 1
Sertãozinho 1 1
Sorocaba 1
Taquaritinga 1
Taubaté 1
Torrinhas 1 1 1
Espírito Santo 1
143
Anexo 5
Levantamento da Revista Excelsior!
Revista Excelsior! Revista do Gremio Normalista “Vinte e Dois de Março” da Escola Normal
de São Carlos. São Carlos, anno I, n. 1, nov. 1911. 26p.
Tipographia Aldina - Rua 7 de setembro, 31, São Carlos S. P.
Autor Título páginas
Acta da fundação do gremio. 6-7
Paulo Camargo Instrucção e imprensa. 8-9
J. Camargo Escola Normal de São Carlos.
10-11
J. L. Rodrigues. Fazer para Aprender. 12-13
Raymundo Corrêa Pelago invesivel. 14-15
Argemiro Pacheco Oscillações da taxa cambial. 16-17
A. Santos Estimulando. 18
A. O. B. Um beijo, apenas... 19
C. N. Sonho de abril. 20
Alceste Amores, amor... 20
J. P. J. Cena Jagunça. 21
Sebastiana Masagão Bons auspicios. 22
E. S. O mestre. 23
Adalgisa Putti Salve 15 de novembro! 24
Ruy Barbosa A Instrução em São Paulo. 25
Dr. Menezes Vieira Aos jovens professores. 26
Jenny Maia Miniaturas 26
Noticiario. 26
144
Revista Excelsior! Revista do Gremio Normalista “Vinte e Dois de Março” da Escola Normal
de São Carlos. São Carlos, anno II, n. 2, fev. 1913. Sem números de página.
Tipographia Aldina
Rua 7 de setembro, 31, São Carlos – S. P.
Autor Título páginas
Excelsior! Tradução s.p.
Excelsior! Poesia s.p.
Yáyá Braga A mulher s.p.
P. Hocion Pascal Tres paginas. s.p.
s.a. Professor João Lourenço. s.p.
Aluizio de Azevedo O trabalho. s.p.
Haydeá Aracy de Arruda A musica. s.p.
Homenagem do Excelsior! s.p.
Professor Roldão Lopes de
Barros
O interesse (discurso). s.p.
Benedicto S. Rocha Primeiro amor (poesia). s.p.
Castelo Branco Os meus amigos (poesia). s.p.
W. C. V. L’Angélus. s.p.
Jacy Penteado Rosa que se desprende
(poesia).
s.p.
Carolina Cezar Em meu caminho. s.p.
Alcidia A. Silva O rouxinol. s.p.
145
Revista Excelsior! Revista do Gremio Normalista “Vinte e Dois de Março” da Escola Normal
de São Carlos. São Carlos, anno II, n. 4, out. 1913.16p.
Tipographia Aldina
Rua 7 de setembro, 31, São Carlos – S. P.
Autor Título páginas
A redacção O “Excelsior!”. 1
Dr. Mario Natividade Paisagem. 2
Hydeá Aracy de Arruda Uma questão pedagógica. 3
Luiz de Arruda Camargo Noção de fracção. 4
Isabel Botelho de Camargo Teorias da vontade. 5
Maria Amelia Silva Uma aula de psychologia. 7
Maria Amelia Silva Jogos Escolares. Classificação
Psichologica.
8
S. Rocha Aos meus colegas. 10
Stella Freire de Lima Mãe. 10
Sebastião Pinto Os inqueritos pedagogicos em
São Carlos.
10-11
J. Aranha Uma composição de aula. 11
Suzanna Mattos A instrucção. 12
O. Penteado Lançamento da pedra
fundamental do novo predio
da Escola Normal.
13
J. Esse Edipo. 14
s.a. Notas 15
J. A. Tedio. 16
146
Revista Excelsior! Revista do Gremio Normalista “Vinte e Dois de Março” da Escola Normal
de São Carlos. São Carlos, anno II, n. 5, nov. 1913. 19p.
Tipographia Aldina
Rua Conde do Pinhal, 48 - São Carlos – S. P.
Autor Título páginas
A. P. Excelsior! 1
Romão de Campos Junior 15 de novembro. 2
Euclydes da Cunha O valor de um symbolo. 3
Joaquim Siqueira Impressões de aula. 4
João Aranha Soledade. 5
Maria Sampaio e Souza Camaradagem e coeducação. 6
Argemiro Pacheco Bibliothecas infantis. 6-7
Architiclino dos Santos Trabalho de methodologia. 7
Mario C. Leite A escola moderna. 7-8
Jacy M. de Oliveira Penteado A atenção sensorial e
introspectiva, suas variações e
suas bases physiologicas.
8-9
Walinda da Cunha Vieira Medidas de atenção. 12-13
Marina Novaes Vantagens pedagogicas
decorrentes do estudo da
attenção.
14-15
José Ferraz de Sampaio Importancia do habito na
educação.
15-16
A. Proença A bandeira nacional. 16-17
s.a. Antes da Luta. 18-19
Concurso literario. 19
147
Revista Excelsior! Revista do Gremio Normalista “Vinte e Dois de Março” da Escola Normal
de São Carlos. São Carlos, anno III, n. 4, set. 1914.18p.
Tipographia Aldina
Rua Conde do Pinhal, 48 - São Carlos – S. P.
Autor Título páginas
R. C. Datas nacionaes. 3-4
Lazaro Camargo Medidas de intelligencia. 4-5
M. Leite Os Lusiadas. 5-6
José S. Penteado A Escola Normal, o professor,
a instrucção em geral.
6-7
Machado de Assis Um soneto. 8-9
Olga Valentie de Oliveira Qual o vestuario mais
conveniente ás creanças?
9-10
R. C. Festas na escola. 10
A Redacção Excelsior! 10
Maria Botelho O medo. 11-12
N. Sampaio de Souza Visão. 12-13
Jacy Penteado Pedagogia 13-15
Yáyá Braga Breve noticia sobre o gabinete
de Psychologia.
15-16
Zuleika Valentie de Oliveira A preguiça. 16-17
Xavier Marques A polemica. 17
B. Sies da Rocha A bordo do “Araguaya”. 18
148
Revista Excelsior! Revista do Gremio Normalista “Vinte e Dois de Março” da Escola Normal
de São Carlos. São Carlos, anno IV, n. 7, set. 1916.
Tipographia Joaquim Augusto.
Rua M. J. Ignacio, 51 - São Carlos – S. P.
Autor Título páginas
A. Excelsior. s.p.
M. Natividade Na escola. s.p.
N. Novaes Audição. s.p.
W. C. Vieira Como o professor primario
falla a seus alumnos.
s.p.
R. Campos Re Barreto. s.p.
Stella F. Lima Despedida. s.p.
O. Penteado Soneto. s.p.
A. Barreto O soldado. s.p.
A. Proença No dominio da technica. s.p.
J. Siqueira Henriquinho. s.p.
N. S. Souza Doutrina da evolução. s.p.
S. Rocha A pedagogia. s.p.
F. Martins Nossa gente e seu futuro. s.p.
Lazaro Camargo Educação dos anormaes. s.p.
149
Revista Excelsior! Óro Oficial do Centro Estudantino Sancarlense. São Carlos, ano II, n.
32, ago.1939. 30p.
Tipographia Camargo
Diretor – Vicente Camargo
Autor Título páginas
Documento iconográfico
Aristides Pellicana, presidente
do São Carlos tennis clube.
4
Documento iconográfico
Vicente Bastos, presidente do
Centro Estudantino
Sancarlense.
4
Saudação Nivaldo Nataniel
Barbosa.
Documento Iconográfico
Nivaldo N. Barbosa.
5
Dr. Wamberto Costa Vida e obra de Machado de
Assis.
6-10
Saudação a Vicente Camargo.
Documento Iconográfico
Vicente Camargo.
11
Professor Flávio Sampaio Machado Romancista. 12-16
Documento Iconográfico
Professor Flávio R. Sampaio.
13
Saudação – Alvaro Giongo
Documento Iconográfico
Alvaro Giongo.
17-18
Dr. Alberto Mesquita Machado de Assis e o
vernáculo.
19-23
Documento Iconográfico
Dr. Alberto Mesquita.
19
Saudação – Heuvidio Gouvêa
Documento Iconográfico
Heuvidio Gouvêa.
24
Italo Savelli O filho de Maria Leopoldina. 25-30
Documento Iconográfico
Italo Savelli.
30
Fonte: Relatório Final de Atividades do Projeto Integrado de Pesquisa: Revistas de Educação e Ensino: São
Paulo: 18920-1944.” São Paulo, 2006. UNESP/CNPq-Fapesp.
150
Anexo 6
Biografia dos colaboradores da
Revista da Escola da Normal de São Carlos
ANTÔNIO FIRMINO PROENÇA
Nasceu a 26 de junho de 1880 em Sorocaba. Faleceu a 4 de abril de 1946. Diplomado, em 1904, pela
Escola Normal da Praça. Dedicou-se, desde jovem, ao magistério público. Pertenceu ao corpo docente
da Escola Normal de Piracicaba, de onde foi removido para a de o Carlos. Transferiu-se, em 1928,
para a Capital, tendo exercido o cargo de inspetor geral do ensino. Dirigiu o Instituto Pedagógico, a
escola secundária do Instituto de Educação e a Escola Normal Modelo, criada com a reforma de 1938.
Aposentado, fundou o Ginásio "Caetano de Campos", de que foi professor e diretor. Foi tamm
diretor da Escola Normal de Pirassununga e do Ginásio de Campinas. Colaborou nas principais
revistas pedagógicas brasileiras, notadamente na revista Educação e na Revista do Professor. Era
membro do Centro Sorocabano de Letras. Foi o autor de livros para crianças dos mais lidos. “Um
mestre de didática”. (Annio d'Ávila). "Um dos mais notáveis educadores paulistas" (Alfredo
Gomes). Bibliografia: Como se ensina geografia: metodologia. S. Paulo, 1930; Palestras
pedagógicas. S. Paulo, 1938; Cartilha Proença, 53 ed. S. Paulo: Melhoramentos, 1939. 107 p.;
Escreva certo, com prefácio de Dácio Pires Corrêa. S. Paulo: Atena, 1939. 70p.; 1.° Livro de Leitura.
46 ed. S. Paulo: Melhoramentos, 1946. 157 p.; 2.º Livro de Leitura. 32 ed. S. Paulo: Melhoramentos,
1946. 176 p.; Leitura de principiante. 65 ed. S. Paulo: Melhoramentos, 1946. 109 p. (MELLO, 1954,
p. 500)
ASTOR DIAS DE ANDRADE
Nasceu em Rio Claro/SP em 8 de agosto de 1881, foi médico formado pela Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro. Clinicou durante muitos anos na cidade de São Carlos e atuou também como lente de
História Natural, Noções de Higiene na Escola Normal de São Carlos (DAMIANO, 2007).
ATUGASMIN MÉDICI
Nasceu em São José/Uruguai em 19 de maio de 1887 foi lente da cadeira da Escola Normal de
Itapetininga, SP, e posteriormente lente da cadeira da Escola Normal de São Carlos. (OZELIN,
2006)
151
CARLOS DA SILVEIRA
Nasceu em Silveiras, a 21 de junho de 1883. De 1900 a 1903, cursou a Escola Normal da Praça da
República, onde se diplomou. Fez preparatórios no Curso Anexo. Formado em 1909, pela Faculdade
de Direito de S. Paulo. Iniciando o magistério primário, foi professor da escola isolada da Freguesia do
Ó (1904), diretor das Escolas Reunidas da Avenida Paulista (1907), diretor do Grupo Escolar da
Avenida Paulista (1909), professor em comissão no Estado de Sergipe (1911), secretário da Escola
Normal Secundária de o Carlos (1912), lente de Psicologia Experimental, Pedagogia e Educação
Cívica na escola Normal Secundária de São Carlos (1913), lente substituto de Psicologia e
Pedagogia, diretor em comissão e professor de Didática da Escola Normal do Brás (1921), professor
de Didática e interino de Psicologia e Pedagogia da escola Normal da Praça (1925), inspetor da escola
Normal Livre do Colégio Santa Is (1928), redator-chefe da revista Educação (1930), lente de
Psicologia e Pedagogia do Curso Normal do Instituto Pedagógico (1930) e catedrático de História
da Civilização do Instituto de Educação (1933). Na Escola Normal de o Carlos, foi secretário da
Sociedade de Estudos e Conferências, membro da Comissão de redação da "Revista da Escola
Normal" e presidente da Comissão de Escoteiros. Foi membro da Sociedade de Educação de São
Paulo, tendo sido eleito vice-presidente em 1924. Representou o Paulo na III Conferência Nacional
de Educação, tomou parte, como representante paulista, na Reunião da federação das Sociedades de
Educação realizada no Rio de Janeiro (1930) e na VI Conferência Nacional de Educação, no Ceará
(1934). Como escritor participou como colaborador nas seguintes publicações: O Início, órgão do
Liceu de Artes e Oficio; Névoas, do Centro Normalista; O Estudo, revista dos lentes da Escola
Normal de S. Carlos; O País, do Rio de Janeiro, Estado de S. Paulo, Jornal do Comércio, Diário de S.
Paul, Diário da Noite, Correio Paulistano, Revista do Brasil, Revista do Ensino, Educação, entre
outras. (MELLO, 1954, p. 596).
DAGOBERTO SALLES
Nasceu em Rio Claro/SP em 5 de março de 1884, foi lente de História Geral e do Brasil na Escola
Normal de São Carlos. Formado em Direito exerceu também o cargo de delegado de polícia em Jaú,
1906-1907, e foi promotor público de Itatiba, 1908-1912, promotor público de São Carlos, 1912-1914.
(OZELIN, 2006).
DUÍLIO RAMOS
Nasceu em o Paulo Capital a 1 de julho de 1890. Diplomado, em 1911, pela Escola Normal da
Praça e, em 1931, pela Faculdade de Direito de S. Paulo. Residiu em Sertãozinho, SP. Fez o curso
152
preliminar da Escola Politécnica de S. Paulo. Em 1939, foi premiado em concurso de biografia pelo
Departamento de Cultura Municipal. Colaborador da Revista do Arquivo Municipal. Historiador,
biógrafo, didata. Bibliografia: Um republicano da monarquia (Quirino dos Santos), premiado no
terceiro Concurso de História do Departamento de Cultura. In: Revista do Arquivo Municipal. S.
Paulo, 55: 107-130, mar. 1939; Preleções de geografia do Brasil; Geografia ginasial, lª série do
primeiro ciclo, S. Paulo: Anchieta, 1946. 155 p. (MELLO, 1954, p. 509).
ELISIÁRIO FERNANDES DE ARAÚJO
Nasceu em Itararé a 5 de fevereiro de 1883. Fez os estudos primários numa escola isolada de sua terra
natal e os secundários na Escola Normal de Itapetininga, pela qual se diplomou. Formado, em 1890,
pela Faculdade de Direito de S. Paulo. Cursou até o 4ano a Faculdade Livre de Direito do Rio de
Janeiro. Foi diretor das escolas normais de Casa Branca e Guaratinguetá, aposentando-se no cargo de
professor de Pedagogia, Didática e Português da Escola Normal de. S. Carlos. Colaborador do Estado
de S. Paulo, Correio Paulistano, Folha da Manha, Correio e Cidade de S. Carlos. Os volumes de
Perfis foram publicados com o pseudônimo de "Romeiro Júnior". Membro da Ordem dos Advogados
do Brasil, do Centro de Cultura Artística Rubens do Amaral de S. Carlos, e da Associação Brasileira
Júlia Lopes, de Buenos Aires. Poeta, biógrafo, etc.. Bibliografia: Perfis dos professorandos da Escola
Normal de S. Carlos, com o pseudônimo de "Romeiro nior": Ed. Damiano & Wiken, 1928; Perfis
dos professorandos da Escola Normal de S. Carlos: Ed. Damiano & Wiken, 1929; Perfis: Recordações
do 5° Cruzeiro Turístico ao Norte. S. Carlos: Tip. Lidergraf, 1941. O poema do cruzeiro. S. Carlos:
Tip. Lidergraf, 1942. (MELLO, 1954, p. 63)
EZEQUIEL DE MORAES LEME
Nasceu em Bragança/SP, em 16 de fevereiro de 1884, filho de Candido de Moraes Leme. Formado em
Bacharel de Direito iniciou a carreira no magistério em 1906 atuando como professor da escola de
Palmeiras, adjunto do Grupo Escolar de Porto Feliz, adjunto do Grupo Escolar de Itatiba, foi diretor
dos Grupos Escolares de Ribeirão Bonito e Pirassununga e professor da Escola Normal Primária de
Pirassununga. Foi também, lente catedrático da Escola Normal de o Carlos e professor da Escola
Complementar a partir de 1914. (OZELIN, 2006)
FAUSTO DE SOUZA
Nasceu em São Paulo/SP em 11 de outubro de 1890, filho de Inocêncio Rodrigues de Sousa.
Diplomado pela antiga Escola Complementar e pela Escola Normal de São Paulo passou a partir de
1913 a se dedicar a docência atuando como professor de Português da Escola Modelo anexa a Normal
153
de São Carlos e professor do Curso Complementar anexo à mesma em 1921 (OZELIN, 2006).
FRANCISCO ZOELLO DE OLIVEIRA PENTEADO
Natural de Descalvado/SP nasceu em 24 de maio de 1872, filho de Cap. Sebastião de Oliveira
Penteado e Izabel G. de Oliveira Penteado. Engenheiro formado pela Escola Politécnica do Rio atuou
como diretor do ginásio de Descalvado e dedicou-se ao magistério particular nessa cidade e em o
Carlos, antes de atuar como lente da Escola Normal de São Carlos foi habilitado no concurso para o
provimento da cadeira de Mecânica e Astronomia do Ginásio de Campinas (1º concurso realizado em
São Paulo). A partir de 1912 torna-se professor da Escola Normal de São Carlos (OZELIN, 2006).
JOÃO AUGUSTO DE TOLEDO (1879-1941)
Nasceu em Tiea 12 de março de 1879. Faleceu a 21 de dezembro de 1941, na capital de São Paulo.
Foi aluno da segunda turma da Escola Complementar de Itapetininga, tendo recebido em 1900 o seu
diploma de professor. No ano seguinte, foi nomeado adjunto do grupo escolar de Serra Negra, sendo
no mesmo ano, meses depois, elevado ao cargo de diretor. Removido, em 1908, para a diretoria do
Grupo de Rio Claro, permaneceu até 1913, quando passou a ocupar o cargo de lente de Psicologia
Experimental, Pedagogia e Educação Cívica da Escola Normal de S. Carlos. Foi removido para
Campinas a 31 de janeiro de 1921, com a missão de reger a cadeira de Prática Pedagógica da Escola
Normal. Em 1925, é nomeado inspetor geral de Ensino e, em 1930, assistente cnico do Ensino
Normal em S. Paulo. Em 1932, o governo confia-lhe a direção geral do Ensino no Estado. Exerceu
depois as funções de assistente da 9.ª cadeira da Escola Normal da Praça. Representou o Paulo em
vários congressos pedagógicos. Aposentando-se, consagrou-se à direção do Instituto Dona Ana Rosa.
Era membro do Instituto Histórico e Geográfico de S. Paulo. Historiador, ensaísta, pedagogo,
sociólogo, psicólogo, etc.. Bibliografia: Aprender a ensinar, por Sheridan e White, rad. de parceria
com Erasmo Braga, 1922; Sombras que vivem. Campinas: Tip, Genoud, 1923. 198 p.; O crescimento
mental. S. Paulo: Imprensa Metodista, 1925; Escola Brasileira. S. Paulo: Imprensa Metodista, 1925.
360 p.; Didática. S. Paulo: Livraria Liberdade, 1930; Planos de lição. S. Paulo: Livraria Liberdade,
1934. 332 p.; S. Paulo. Variações sobre motivos de história paulista. S. Paulo: Imprensa Metodista,
1939. 255 p.; "Anhangüera" e "Rafael", In: O Bom Ginasiano, por Máximo Moura Santos e Francisco
Lopes de Azevedo. 2.ª série. Rio: Alves, 1942. p. 75-77; "Bandeirantes", idem. 3.ª série, p. 22-25;
Pioneiros do ensino primário, abre o volume, com prefácio de. Leo Vaz. S. Paulo: Cruzeiro do Sul,
1944. 90 p. (MELLO, 1954, p. 637.)
JOSÉ FERRAZ MOTTA
Nascido em Bragança/SP em 20 de janeiro de 1891, filho de José de Carvalho Motta e Maria Ferraz
154
Motta formou-se Bacharel em Ciências e Letras e em Direito, foi professor particular de Psicologia e
Lógica examinador nomeado pelo Governo Federal, junto dos Ginásios e promotor público do
estado de São Paulo. Em 17 de julho de 1921 assume o cargo de professor de Psicologia e Pedagogia
na Escola Normal de São Carlos. (OZELIN, 2006).
LÁZARO RODRIGUES LOZANO
Nasceu em Tíjola (província de Almeria)/Espanha em 17 de dezembro de 1871, filho de Ramón
Rodrigues Sánchez e Encarnación Lozano Caparrós. Formado no Conservatório desica e de
Música de Madrid atuou como diretor da Banda de Tíjola, no Brasil foi professor de Música no
colégio Piracicabano, Escola Complementar e Escola Normal de Piracicaba, Escola Normal de o
Carlos e diretor musical da Universidade Popular de Piracicaba. (OZELIN, 2006).
MARIANO DE OLIVEIRA
Mariano de Oliveira nasceu em Piracicaba no dia 26 de maio de 1869, filho de Antônio Guedes de
Oliveira e da professora D. Corina Eugenia de Oliveira. Diplomou-se em 1888 pela Escola Normal de
São Paulo. Foi professor da Escola Normal de São Carlos. Em 1911, participa da publicação, em
parceria com Miguel Carneiro, J. Pinto e Silva e Theodoro de Moraes, pela Siqueira, Nagel & Comp.,
vinculada à Diretoria Geral da Instrução Publica, da monografia Como ensinar leitura e linguagem
nos diversos anos do curso preliminar. Em 1914, publicou na Revista de Ensino as Instruções práticas
para o ensino da leitura pelo método analítico - modelos de lições, assinadas, também, pelos
professores Ramon Roca Dordal e Arnaldo de Oliveira Barreto. Em 1916, Mariano de Oliveira
publicou a Nova cartilha analítico-sintética, editada até 1955, quando alcançou a 185ª edição.
Mariano de Oliveira escreveu, ainda, outra cartilha, a Cartilha ensino rápido da leitura, cuja 1ª edição
data de 1917. Em maio de 1917, assumiu o cargo de Diretor da Escola Normal de São Carlos-SP,
sucedendo o professor Antonio Firmino Proença; permaneceu nesse cargo até 1922, tendo sido
novamente sucedido por Antonio Firmino Proença. Mariano de Oliveira exerceu, ainda, os cargos de:
professor da Escola Modelo e da Escola Complementar, ambas de Itapetininga-SP; diretor dos grupos
escolares das cidades paulistas de Faxina e Bragança; e adjunto das escolas reunidas do Grupo Escolar
de São Roque-SP. (SOBRAL, 2007).
MARIO NATIVIDADE
Nasceu em Pindamonhangaba/SP, a 16 de fevereiro de 1877 era filho do major Joaquim da Silva
Natividade e da dona Ana Delfina Marcondes Natividade. Fez seus primeiros estudos em Taubaté no
colégio Quirino dirigido pelo ilustre Sr. Quirino de Souza e Castro. Em 1900 é diplomado em
155
engenheiro geógrafo pela escola politécnica de São Paulo. Em 1909 transfere-se para campina e passar
a atuar como engenheiro da Companhia Mojiana de Estrada de Ferro. Em 1912 presta concurso para o
provimento da cadeira da Escola normal de São Carlos, passando em primeiro lugar, atuando a
partir de então como lente do cargo de Aritmética, Álgebra, Geometria e Trigonometria da Escola
Normal de São Carlos. Em 1921 remove-se para a Escola Normal de Campinas. No mesmo ano colou
grau pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Teve significativa colaboração no jornal Correio
Popular, foi cio efetivo e membro da diretoria do Centro de Ciências, Letras, e Artes. Faleceu a 13
de abril de 1941
12
.
MELLO AYRES
Nasceu em Capivari, no dia 2 de junho de 1890, era filho de Elias Cândido Aires e de Maria Custódia
Anhaia Melo. Muito cedo, transferiu-se para Piracicaba onde estudou na Escola Complementar,
formando-se em 1910. Iniciou o magistério em Rio das Pedras, passando, depois, por Pirassununga, na
cadeira de Biologia. Em seguida, foi transferido para a Escola Normal de Piracicaba atual Sud
Mennucci” tendo lecionado, também, no Colégio Piracicabano e no Colégio Assunção. Sua atuação
no ensino paulista foi ímpar, tendo participado de cargos de alta relevância na Educação de São Paulo.
Militou no jornalismo de Piracicaba durante 50 anos, foi integrante da Mesa Administrativa da Santa
Casa de Miserirdia e um dos mais dedicados membros da Sociedade de Cultura Artística. Orador
novel, foi poeta e músico também, tendo versos seus musicados pelos maestros Fabiano Losano,
Benedito Dutra e Erotides de Campos. Casado com Maria Amélia de Aguiar Aires, o prof. Elias de
Mello Aires faleceu em Piracicaba no dia 10 de junho de 1960, aposentado de suas atividades
profissionais. (NETTO, 2009).
RAPHAEL FALCO
Nasceu em Aran (colônia francesa)/Argélia em 14 de agosto de 1883, filho de Gaspar Falco e Antonia
Jaen Falco. Naturalizado brasileiro, atuou como professor da Escola Isolada do Cavarucanguera, em
Taubaté, adjunto do Grupo Escolar de Taubaté e como lente de Desenho e Caligrafia na Escola
Normal de São Carlos a partir de 1910. (OZELIN, 2006)
12
Informações obtidas em “PRÓ-MEMÓRIA DE CAMPINAS-SP”, Dispovel em:
<http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com/2009/01/personagem-mrio-natividade.html>
Consultado em 11 de outubro de 2009.
156
SEBASTIÃO PAULO DE TOLEDO PONTES
Nasceu em São Paulo/SP em 14 de novembro de 1884, filho de Sebastião Henrique da Silva Pontes e
Escolástica M. Toledo Pontes. Formado em 14 de novembro de 1904 Escola Normal de São Paulo
atuou como professor da Escola Complementar de Campinas, diretor do Grupo Escolar Luiz Leite de
Amparo (comissão), professor da cadeira de Português da Escola Normal Primária de Campinas e
professor de Física e Química da Escola Normal Secundária de São Carlos (OZELIN, 2006).
REFERÊNCIAS CONSULTADAS
DAMIANO, Octavio Carlos. Caminhos do tempo: titulares de logradouros e instituições públicas de
São Carlos. São Carlos: EdUFSCar; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.
(Coleção nossa história)
MELO, Luis Correa. Dicionário de autores paulistas. São Paulo: Irmãos Andriolis, 1954. (Comissão
do VI Centenário da cidade de o Paulo)
NETTO, Cecílio Elias. Elias de Melo Aires. Memorial Piracicaba – Nossa gente. A Província,
Piracicaba-SP, 26, jun. 2009. Disponível em:
<http://www.aprovincia.com/padrao.aspx?texto.aspx?idContent=295116&idContentSection=713>
Acesso em: 11 out. 2009
OZELIN, Jaqueline Rampeloti. Revista da Escola Normal de São Carlos (1916-1923): a formação do
professor. Marília, 2006. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) Faculdade de Filosofia e
Ciências, Universidade Estadual Paulista.
SOBRAL, Patrícia de Oliveira. Um estudo sobre Nova Cartilha analytico-synthética (1916), de
Mariano de Oliveira. Revista de Iniciação Científica da FFC, v. 7, n. 3, p. 343-356, 2007.
ENDEREÇO ELETRÔNICO CONSULTADO
PRÓ-MEMÓRIA DE CAMPINAS-SP. Disponível em:
<http://pro-memoria-de-campinas-sp.blogspot.com/2009/01/personagem-mrio-natividade.html>
Acesso em: 11 de outubro de 2009.
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