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As writing, literature is implicated in systems of language and culture that open it to the
working of reading. Recent theory has emphasized the work of the reader who actuates the
potential meanings made possible by the text and by the interpretative practices through which
the reader works. […] value and meaning are the outcomes of an active process, and that the
process always occurs within a specific cultural and political context. It is the reader who
produces meaning, but only by participating in a complex of socially constructed and enforced
practices. Value and meaning do not transcend history and culture, just as literature itself does
not. Interpretation – the process of producing textual meaning – is therefore rhetorical. It does
not live in a realm of certain truths; it lives in a world where only constructions of the truth are
possible, where competing interpretation argue for supremacy. Terms perform at least two
functions within interpretation: they set the boundaries within which interpretation may
proceed, and they help enforce the rhetoric of an interpretation by setting the terms of the
debate. In a context in which we begin with the premise that no single “correct” interpretation
is possible, since interpretation is always rhetorical, we find that terms serve the function of
shaping our reading process and of enforcing the rhetorical power of the writing that comes
out of that reading. Terms, that is, wield power in an open interpretative field
117
.
Ao lembrar que conceitos crítico-teóricos também interferem no sentido, McLaughlin
corrobora o fato de o sentido estar sujeito a campos disciplinares: isto é, a escolha do crítico
por conceitos e teorias compromete e limita o sentido, pois conceitos e teorias atuam como
sistemas de referências e, assim, valem como um princípio de controle
118
.
Por dizer respeito “a certos problemas peculiares que caracterizam o ‘procurar
compreender literatura’”, a hermenêutica do texto literário pode ser nomeada como
“hermenêutica literária”
119
, e aponta para uma empreitada conflituosa que, não por acaso, se
busque compreender como e por que produzimos sentidos particulares para as obras de ficção que criamos. Na
verdade, esse é o passo que Iser está agora ensaiando, através do estudo da interpretação, compreendida como
disposição humana básica. Isto é, o ato de interpretação também adquire dimensão antropológica”. ROCHA.
Entre a heurística e a hermenêutica: a reflexão de Wolfgang Iser como alternativa à história literária, p.19.
117
McLAUGHLIN. Introduction of Critical terms for literary study, pp.06-07. “Como escrita, a literatura está
inserida em sistemas de linguagem e cultura que se tornam acessíveis com o processo da leitura. A teoria atual
tem enfatizado o papel do leitor na ativação dos sentidos potenciais possibilitados pelo texto e pelas práticas
interpretativas através das quais o leitor atua. […] valor e sentido são produtos de um processo ativo, processo
que sempre ocorre num contexto cultural e político específico. É o leitor que produz sentido, mas somente
mediante a participação num complexo de práticas socialmente construídas e subjugadas. Valor e sentido não
transcendem história e cultura, como a própria literatura também não. A interpretação – o processo que produz o
sentido textual – é consequentemente retórica. Ela não vive num campo de verdades absolutas; vive num mundo
em que somente as construções da verdade são possíveis, onde interpretações conflituosas competem por
supremacia. Os termos desempenham pelo menos duas funções na interpretação: determinam os limites dentro
dos quais cada interpretação pode proceder e ajudam a impor a retórica de uma interpretação, determinando os
termos do debate. Num contexto em que começamos com a premissa segundo a qual nenhuma interpretação
‘correta’ é possível, já que a interpretação é sempre retórica, descobrimos que os termos funcionam como
modeladores do nosso processo de leitura e como determinadores do poder retórico da escrita que resulta
daquela leitura. Os termos, então, exercem poder num campo interpretativo aberto”.
118
Ver o texto “Pastiches críticos”, de Leyla Perrone-Moisés (in: Terceira Margem, n.2): um sucinto e irônico
texto, porém efetiva demonstração da relação existente entre programas teóricos, sentido e práticas
institucionais.
119
TAMEN. Hermenêutica e mal-estar, p.15.