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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
A Influência das Políticas de Saúde nos Indicadores
Gerados pelo Sistema de Informações Hospitalares do
SUS
Jacques Levin
Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva, do
Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva área de
concentração em Política, Planejamento e Administração
em Saúde do Instituto de Medicina Social da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Orientador: Prof. Dr. Mário Francisco Giani Monteiro
Rio de Janeiro
2006
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CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/CBC
L665 Levin, Jacques.
A influência das políticas de saúde nos indicadores
gerados pelo Sistema de Informações Hospitalares do
SUS / Jacques Levin. – 2006.
xix,123f.
Orientador: Mário Francisco Giani Monteiro.
Dissertação (mestrado) Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social.
1. Sistemas de recuperação da informação – Saúde
pública Brasil Teses. 2. Sistema Único de Saúde
(Brasil) – Teses. 3. Indicadores de saúde – Teses. 4.
Política de saúde – Brasil Teses. I. Monteiro, Mário F.
G. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Instituto de Medicina Social. III.Título.
CDU 614:025.4.036
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ii
Dedicatória
À minha mulher, Regina, centro de minha vida, que tanta felicidade espalha ao seu redor,
minha amiga e companheira, que me apóia e ajuda em todas as situações, com tanta
abnegação e firmeza.
A meus filhos, Gabriel e Isabela, que tantos prazeres, satisfação e orgulho trazem,
começando suas vidas adultas, que não percam nunca a alegria juvenil e o gosto pela vida
que têm.
iii
Agradecimentos
Aos meus pais, Leon e Guita, in memoriam, por tudo que me ensinaram e como me
guiaram pela vida e que tão felizes estariam por mais esta etapa cumprida.
Aos meus irmãos e cunhados, Regina e Isaac, Bruno e Lígia, pela amizade ao longo de
toda a vida.
Aos meus sogros muito especiais, Walter e Anecy, meus segundos pais, e a meus cunhados
Ricardo e Graça.
Aos meus sobrinhos e afilhados, Daniela, Felipe, Gustavo e Mariana, com toda a vida pela
frente, que se dediquem muito ao que gostam.
Aos meus padrinhos, Lia e Hermes, este in memoriam, pelo carinho que sempre tiveram.
Ao meu orientador, colega e amigo, Mário Monteiro, por ter me trazido de volta à
atividade acadêmica e, com simplicidade e objetividade, indicar os caminhos a seguir.
Ao Dr. Ernani Bandarra, amigo de tanto tempo, por ter me apresentado ao universo das
informações em saúde e pela amplidão de seu conhecimento, do qual procuro absorver
pelo menos um pouco.
Aos colegas e ex-colegas do Datasus, Uilson, Scultori, Cabal, Beth, Nilza, Gonzalez,
Ezequiel e tantos outros, e em especial à equipe do SIH/SUS, Barroco, Júlio, Serginho,
Alfredo William, José Américo e demais, pela quase heróica atividade de manter sistema
tão complexo com tão poucos recursos.
À colega Claudia Risso, pelo apoio no desenvolvimento deste projeto, inclusive com a
cuidadosa revisão feita e as dicas tão úteis.
Aos meus colegas do GTISP, Eduardo Mota, Ilara Moraes, Miguel Murat, Chico Viacava,
Sílvia Rangel, Álvaro Escrivão, rcia Furquim, Bernadete Antunes e Edmilson Pereira,
por tantos e tão profícuos debates ao longo de todos estes anos.
iv
Ao professor Eduardo Mota, grande incentivador do trabalho realizado.
Aos meus colegas da RIPSA, em especial seus mentores da OPAS, doutores Risi, Mozart e
Arcoverde, grandes batalhadores pela saúde pública brasileira e pelo uso das informações
de saúde como instrumento de gestão.
Aos professores do IMS, Ruben, Kornis, Jane, Noronha, Roseni, Mário Monteiro, Mário
Dal Poz e Sulamis, por me abrir novas perspectivas e trazer tantos novos conhecimentos.
Ao pessoal da secretaria do IMS, em especial à Márcia Cristina e Sílvia Regina, e da
biblioteca, principalmente à Regina e Ana Beatriz, pela presteza, dedicação e cortesia no
atendimento e facilitação do trabalho.
Às colegas do mestrado, Bárbara, Danielle Vale, Danielle Mattos, Denise, Isabel,
Monique, Raquel, Tatiana e Walcymar, além das doutorandas Cecília e Fernanda, pelo
compartilhamento e troca de experiências durante o curso.
v
Sumário
Lista de Tabelas................................................................................................................... vii
Lista de Quadros................................................................................................................... ix
Lista de Gráficos.................................................................................................................... x
Lista de Figuras .................................................................................................................... xi
Lista de Abreviaturas e Siglas .............................................................................................xii
Resumo............................................................................................................................... xvi
Abstract.............................................................................................................................xviii
1. Introdução.......................................................................................................................... 1
2. Objetivos.......................................................................................................................... 10
2.1. Objetivo geral ................................................................................................... 10
2.2. Objetivos específicos........................................................................................ 10
3. Metodologia..................................................................................................................... 11
3.1. Descrição geral do estudo................................................................................. 11
3.2. Fontes documentais .......................................................................................... 12
3.3. Estratégias de análise........................................................................................ 13
3.4. Fontes de dados e informações......................................................................... 14
4. O Sistema de Informações Hospitalares no contexto da Previdência Social – o
SAMHPS.................................................................................................................... 16
4.1. A criação do SAMHPS..................................................................................... 16
4.2. Os hospitais filantrópicos ................................................................................. 19
4.3. A expansão do SIH/SUS para a rede de ensino................................................ 22
5. O SIH/SUS e as políticas de saúde.................................................................................. 24
5.1. Do SAMHPS ao SIH/SUS................................................................................ 24
5.2. Os incentivos .................................................................................................... 27
5.2.1. Os hospitais universitários de ensino e os de pesquisa – o FIDEPS .. 27
5.2.2. O Índice de Valorização Hospitalar de Emergência e o Sistema de
Referência de Urgência/Emergência .................................................. 31
5.2.3. Os procedimentos incentivados.......................................................... 34
5.2.3.1. Os hospitais Amigos da Criança................................................... 34
5.2.3.2. O atendimento à gestante de alto risco......................................... 36
5.2.3.3. O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento............ 37
5.2.4. A Câmara de Compensação de Alta Complexidade e o Fundo de
Ações Estratégicas e Compensação.................................................... 39
vi
5.2.5. Outros incentivos................................................................................ 42
5.2.5.1. INTEGRASUS ............................................................................. 43
5.2.5.2. Incentivo à Assistência Ambulatorial, Hospitalar e de Apoio
Diagnóstico à População Indígena ............................................... 45
5.2.6. Mais algumas considerações sobre os incentivos............................... 45
5.3. As restrições...................................................................................................... 47
5.3.1. Os tetos físicos e financeiros .............................................................. 47
5.3.2. A limitação de cesarianas ................................................................... 52
5.4. Algumas considerações sobre a natureza dos prestadores................................ 58
5.4.1. Os hospitais universitários públicos e privados.................................. 58
5.4.2. A desvinculação do pagamento pela produção de serviços nos
hospitais públicos ............................................................................... 61
5.4.3. O SIH/SUS e a retenção de tributos ................................................... 63
5.4.4. Os hospitais com mais de uma identificação...................................... 65
5.5. A adoção da Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças ...... 68
5.6. As causas externas e a CID-10 ......................................................................... 74
5.7. A Tabela de Compatibilidade entre o Procedimento Realizado e o
Diagnóstico Principal........................................................................................ 78
5.7.1. Partos cesarianos ................................................................................ 80
5.7.2. Algumas doenças de notificação compulsória.................................... 84
5.7.3. Diabetes mellitus ................................................................................ 88
5.7.4. Os resultados da implantação da Tabela de Compatibilidade............ 91
5.8. O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde ....................................... 93
6. Considerações Finais e Recomendações ....................................................................... 100
Referências bibliográficas ................................................................................................. 104
Livros e artigos.................................................................................................................. 104
Legislação consultada (em ordem de emitente e data)...................................................... 108
Glossário............................................................................................................................ 116
vii
Lista de Tabelas
Tabela 1 Número de AIHs pagas por natureza, segundo ano de competência. Brasil,
1981-1992. ................................................................................................................. 21
Tabela 2 Número de AIHs pagas e valor médio de AIH por natureza, segundo mês de
competência. Brasil, 1989.......................................................................................... 22
Tabela 3 Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência. Brasil,
1987............................................................................................................................ 23
Tabela 4 – Número AIH por natureza, segundo mês de competência. Brasil, 1990........... 26
Tabela 5 Valor médio da AIH por competência segundo natureza do hospital Brasil,
1990 a 1992 e 1999 a 2001 ........................................................................................ 30
Tabela 6 Número, valor total e valor médio de partos, por classificação como Amigo
da Criança e como Gestante de Alto Risco, segundo ano. Brasil, 1995 a 2004. ....... 35
Tabela 7 Número de internações e taxa de internações por 100 habitantes, por ano
segundo região (por local de internação). Brasil, 1990 a 2004.................................. 48
Tabela 8 Número de internações e taxa de internações por 100 habitantes, por ano
segundo região (por local de residência). Brasil, 1995 a 2004. ................................. 50
Tabela 9 Proporção (%) da população assistida por planos privados de saúde por
região segundo ano. Brasil, 2000-2003...................................................................... 51
Tabela 10 Quantidade e valor médio dos partos, por tipo, proporção de partos
cesáreos e razão entre os valores médios, segundo ano. Brasil, 1992 a 2004............ 53
Tabela 11 Proporção de partos cesáreos por ano, segundo Região e UF. Brasil, 1997,
2000 e 2004................................................................................................................ 54
Tabela 12 Número de hospitais por ano segundo a proporção de partos cesáreos.
Brasil, 1997 e 2004. ................................................................................................... 55
Tabela 13 Número de AIHs pagas na rede federal e estadual por natureza segundo
ano e mês de competência. Brasil, 1992-2002........................................................... 62
Tabela 14 Proporção (%) de AIHs pagas por ano, segundo natureza. Brasil, 1992 a
2004............................................................................................................................ 65
Tabela 15 Número total de AIH, de AIH com diagnóstico não preenchido ou não
classificado e percentual sobre o total, segundo ano. Brasil, 1992-1997................... 69
Tabela 16 Número de AIH por mês de competência, segundo capítulo do diagnóstico
principal. Brasil, 1998................................................................................................ 72
Tabela 17 Número total de AIH, de AIH sem diagnóstico e percentual sobre o total,
segundo UF. Brasil, janeiro e fevereiro de 1998........................................................ 73
viii
Tabela 18 – Número de AIH por capítulo do diagnóstico principal, segundo diagnóstico
secundário. Brasil, 2002 e 2004................................................................................. 77
Tabela 19 Número de AIH de partos cesáreos por ano, segundo diagnóstico primário.
Brasil, 2001, 2003 e 2004. ......................................................................................... 81
Tabela 20 Número de AIH por ano, segundo agravos de notificação compulsória e
procedimentos selecionados. Brasil, 2000 a 2004. .................................................... 85
Tabela 21 – Número de AIH com diagnóstico de verrugas anogenitais por ano, segundo
grupos de procedimentos. Brasil, 2001, 2003 e 2004. ............................................... 86
Tabela 22 – Número de AIH por meningoencefalite a vírus (pediatria) por ano, segundo
diagnóstico principal. Brasil, 2001, 2003 e 2004....................................................... 87
Tabela 23 Número de AIH por entero-infecções por ano, segundo diagnóstico
principal. Brasil, 2001, 2003 e 2004. ......................................................................... 87
Tabela 24 Número de AIH por diabetes mellitus (E10-E14) por ano, segundo
procedimento realizado. Brasil, 2001, 2003 e 2004................................................... 90
Tabela 25 Número de AIH de tratamento cirúrgico dos membros inferiores, segundo
diagnóstico primário. Brasil, 2001, 2003 e 2004. ...................................................... 91
Tabela 26 Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência. Brasil,
2003............................................................................................................................ 99
ix
Lista de Quadros
Quadro 1 Valores, em Reais, da Tabela de Procedimentos referentes a partos, no
Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimentos. Brasil, 2000...................... 38
Quadro 2 Hospitais universitários, natureza e período. Estado do Rio de Janeiro,
janeiro de 1992 a julho de 2003................................................................................. 59
Quadro 3 Hospitais universitários, natureza e período. Estado do Rio Grande do Sul,
janeiro de 1992 a julho de 2003................................................................................. 60
Quadro 4 – Hospitais universitários, natureza e período..................................................... 60
Quadro 5 – Equivalência entre os códigos da FCH e da FCES........................................... 97
x
Lista de Gráficos
Gráfico 1 Número de AIHs pagas por natureza, segundo ano de competência. Brasil,
1981-1992. ................................................................................................................. 20
Gráfico 2 Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência. Brasil,
1989............................................................................................................................ 21
Gráfico 3 Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência. Brasil,
1987............................................................................................................................ 23
Gráfico 4 Razão entre o valor médio da AIH por natureza e o valor médio geral.
Brasil, 1990 a 1992 e 1999 a 2001............................................................................. 29
Gráfico 5 Proporção e valor médio de partos por ano e classificação como "Amigo da
Criança". Brasil, 1995 a 2004. ................................................................................... 35
Gráfico 6 – Proporção e valor médio de partos por ano e classificação como gestante de
alto risco. Brasil, 1998 a 2004.................................................................................... 36
Gráfico 7 - Taxa de internações por 100 habitantes, por ano segundo região (local de
internação). Brasil, 1990 a 2004. ............................................................................... 49
Gráfico 8 – Valor médio dos partos, normais e cesáreos e razão entre os valores médios.
Brasil, 1995 a 2004. ................................................................................................... 52
Gráfico 9 Número de hospitais segundo a faixa de proporção de partos cesáreos.
Brasil, 1997 e 2004. ................................................................................................... 54
Gráfico 10 – Evolução da proporção de partos cesáreos, por ano. Brasil, 1992 a 2004. .... 56
Gráfico 11 – Número de AIHs da rede federal e estadual por ano de competência
segundo natureza. Brasil, 1992-2002......................................................................... 62
Gráfico 12 Distribuição percentual do número de AIHs segundo a natureza do
hospital. Brasil, 1992-2004. ....................................................................................... 64
Gráfico 13 Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência. Brasil,
2003............................................................................................................................ 98
xi
Lista de Figuras
Figura 1 – Taxa de internação por 100 habitantes. Brasil, 2004. ........................................ 51
Figura 2 – Proporção de partos cesáreos por UF. Brasil, 1997. .......................................... 53
Figura 3 Proporção (%) de internações sem diagnóstico. Brasil, janeiro e fevereiro de
1998............................................................................................................................ 73
xii
Lista de Abreviaturas e Siglas
Abrasco Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
AIH Autorização de Internação Hospitalar
AIS Ações Integradas de Saúde
AMS Pesquisa Assistência Médico-Sanitária
APAC Autorização de Procedimentos de Alta Complexidade/Custo
BDAIH Banco de Dados da AIH
BSP Boletim de Serviços Produzidos
CBCD Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde para a
Classificação Internacional de Doenças em Português, também
conhecido como Centro Brasileiro de Classificação de Doenças
CGC Cadastro Geral de Contribuintes
CES Cadastro de Estabelecimentos de Saúde
CH Arquivo do Cadastro de Hospitais
CIB Comissão Intergestores Bipartite
CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde, também conhecida como Classificação
Internacional de Doenças
CID-9 Classificação Internacional de Doenças, 9ª Revisão
CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde, 10ª Revisão
CIT Comissão Intergestores Tripartite
CNAS Certificado Nacional de Assistência Social
CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CNCPHAC Câmara Nacional de Compensação de Procedimentos Hospitalares de
Alta Complexidade
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
xiii
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CONASEMS Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
CONASP Conselho Nacional de Administração da Saúde Previdenciária
CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Dataprev Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social,
anteriormente Empresa de Processamento de Dados da Previdência
Social
Datasus Departamento de Informação e Informática do SUS, anteriormente
Departamento de Informática do SUS
FAEC Fundo de Ações Estratégicas e Compensação
FCES Ficha de Cadastro de Estabelecimentos de Saúde
FCH Ficha de Cadastramento Hospitalar
FIDEPS Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa
Universitária em Saúde
Fiocruz Fundação Oswaldo Cruz
FNS Fundo Nacional de Saúde; também foi utilizado como sigla da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa)
Funasa Fundação Nacional de Saúde
FUNRURAL Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural
GIH Guia de Internação Hospitalar
GM Gabinete do Ministro
GTISP Grupo de Trabalho em Informação em Saúde, anteriormente Grupo de
Trabalho em Informação em Saúde e População
IAPI Incentivo à Assistência Ambulatorial, Hospitalar e de Apoio
Diagnóstico à População Indígena
IAV-EM Índice Adicional de Valorização e Capacitação Extramural
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
xiv
IDB Indicadores e Dados Básicos em Saúde
INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
INPS Instituto Nacional da Previdência Social
INTEGRASUS Incentivo de Integração ao Sistema Único de Saúde
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica
IVH Índice de Valorização Hospitalar
IVH-E Índice de Valorização Hospitalar de Emergência
LOS Lei Orgânica da Saúde
MEC Ministério de Educação
MPAS Ministério da Previdência e Assistência Social, posteriormente
Ministério da Previdência Social
MS Ministério da Saúde
MS-BBS Bulletin Boarding System do Ministério da Saúde
NOAS Norma Operacional de Assistência à Saúde
NOB Norma Operacional Básica
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização Pan-Americana de Saúde
PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PHPN Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento
PIS/PASEP Programa de Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público
PNI Programa Nacional de Imunizações
PSF Programa de Saúde da Família
RD Arquivos reduzidos de AIH
RENPAC Rede Nacional de Pacotes
RIPSA Rede Interagencial de Informações para a Saúde
xv
SADT Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia
SAS Secretaria de Atenção à Saúde, anteriormente Secretaria de Assistência
à Saúde
SAMHPS Sistema de Assistência Médico-Hospitalar da Previdência Social
SH Arquivos de SIPAC dos hospitais
SH Serviços Hospitalares
SIA/SUS Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SIH/SUS Sistema de Informações Hospitalares do SUS
SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade
SINAN Sistema de Informações de Agravos de Notificação
SINASC Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
SINTESE Sistema Integrado de Tratamento Estatístico de Séries Estratégicas da
Previdência Social
SIPAC Sistema Integrado de Procedimentos de Alta Complexidade
SISPRENATAL Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-
Natal e Nascimento
SNAS Secretaria Nacional de Assistência à Saúde
SNCPCH Sistema Nacional de Controle e Pagamento de Contas Hospitalares
SP Serviços Profissionais
SUCES Sistema Unificado de Cadastro de Estabelecimento de Saúde
SUDS Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde
SUS Sistema Único de Saúde
UCA Unidade de Cobertura Ambulatorial
UF Unidade da Federação
UTI Unidade de Tratamento Intensivo
xvi
Resumo
O uso das informações e indicadores provenientes do Sistema de Informações Hospitalares
do SUS (SIH/SUS), tanto para análise de situação de saúde da população como para
análise do desempenho do SUS, é cada vez mais freqüente. Tal sistema é, desde sua
concepção, fortemente influenciado pelas políticas públicas na área de atenção à saúde,
como as definidas pelas Normas Operacionais e os incentivos e restrições a determinadas
práticas. Alterações na operação do sistema introduzem descontinuidades e vieses nas
informações, provocando eventuais imprecisões ou mesmo distorções nos resultados da
extração de dados do sistema. Para que se possa avaliar o resultado de políticas, a situação
da assistência à saúde ou as condições de saúde de uma população, é necessário, portanto,
que se tenha uma visão clara e objetiva de quais informações são disponíveis, a sua
evolução e como utilizá-las, considerando devidamente as influências exógenas e
endógenas do sistema.
O presente estudo tem como objetivo geral descrever e analisar como as políticas de saúde
do SUS influenciam e se refletem nas informações e indicadores gerados a partir do
Sistema de Informações Hospitalares do SUS, no período de 1982 a 2004.
O estudo está estruturado de acordo com o contexto do Sistema de Informações
Hospitalares. Como componente da Previdência Social, é estudada a criação do Sistema de
Assistência Médico-Hospitalar da Previdência Social (SAMHPS), as suas origens e seus
eixos estruturantes, assim como a sua expansão para a rede filantrópica e de ensino, com a
ampliação de sua cobertura.
no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), é estudada a incorporação do SAMHPS
ao SUS, levando à criação do SIH/SUS, com a expansão para a rede pública e a sua
universalização. A influência das políticas de saúde é analisada a partir da implantação de
incentivos e restrições que afetam a assistência hospitalar e seu reflexo nas informações do
SIH/SUS. A forma de categorização e a identificação dos prestadores o também
examinadas, tendo em vista a sua importância na análise e determinação de políticas de
saúde. Outro aspecto que é analisado é a forma de apropriação das informações do
diagnóstico que levou à internação: a adoção da 10ª Revisão da Classificação Internacional
xvii
de Doenças, o caso específico das causas externas e a implantação da Tabela de
Compatibilidade entre Procedimentos e Diagnósticos.
Para identificar as mudanças políticas e operacionais do SUS, da regulamentação da
assistência hospitalar e do SIH/SUS, foi pesquisada sua legislação Leis, Decretos,
Normas Operacionais, Portarias, Instruções e Manuais. O relacionamento entre as
informações e as políticas é analisado identificando a implantação destas políticas e
verificando o efeito sobre os indicadores da assistência hospitalar obtidos do SIH/SUS.
Como conclusão, foi visto que análises que utilizem as séries históricas devem,
obrigatoriamente, levar em consideração as modificações, tanto do SUS como do
SIH/SUS, para que possam chegar a conclusões mais precisas. Descontinuidades nas séries
históricas efetivamente mostram modificações das políticas e da operação do sistema. A
facilidade de acesso, a disponibilidade, a oportunidade e rapidez de atualização das
informações do SIH/SUS são fatores positivos do sistema; é possível analisar o efeito de
determinada ação pouco após a sua implantação. A análise das informações do diagnóstico
denota a necessidade de treinamento dos codificadores no uso da CID-10 em morbidade e
de uma ampla revisão da Tabela de Compatibilidade entre o Diagnóstico Principal e o
Procedimento Realizado.
Palavras-chave: Informação em Saúde, Sistemas de Informação em Saúde, Indicadores de
Saúde, Políticas de Saúde, Morbidade Hospitalar, Internações Hospitalares.
xviii
Abstract
The Influence of Health Policies in the Indicators derived from the Hospital
Information System of the National Health System in Brazil
The use of information and indicators derived from the Hospital Information System
(SIH/SUS) of the National Health System in Brazil (SUS) is steadily increasing, either for
health situation analysis as for performance analysis. Since its original conception, this
system is strongly influenced by public policies in health assistance, as defined by
legislation or by incentives and restriction to some medical and hospital practices. Changes
in system operation also bring up discontinuities and biases in the information, eventually
resulting in imprecision or even distortions in the indicators derived from the system data.
In order to evaluate health policies, health assistance situation and population health status,
a clear and objective approach is needed, knowing which information is available, its
evolution and how to use it, considering internal and external influences.
This study aims to describe and analyze how the SUS health policies influence and are
reflected in the information and indicators derived from the SIH/SUS. It is structured
according its context.
As a Social Security component, we study the creation of the Social Security Medical and
Hospital Assistance System (SAMHPS), its origins and structure and also its extension to
the philanthropic and university hospitals, with its corresponding expansion of coverage.
In the context of the National Health System, we have studied the transformation of the
SAMPHS into SIH/SUS, its expansion to the public hospitals and universal coverage. The
influence of health policies is analyzed from the implementation of incentives and
restrictions that affected hospital assistance and how it reflects in the SIH/SUS
information. Due to their importance in the analysis and determination of health policies,
the hospital categorization and identification are also examined. Furthermore, we analyzed
how the diagnostic information is captured, considering the adoption of the 10
th
Revision
of the International Classification of Diseases (ICD-10), the specific case of the external
causes and the implementation of the Compatibility Table between Procedures and
Diagnostics.
xix
We have studied the legislation concerning both SUS and SIH/SUS: laws, decrees,
operational norms, directives, instructions and manuals, in order to identify SUS
operational and political changes, hospital assistance and SIH/SUS regulation. The
relationship between information and politics is analyzed identifying the implementation of
these policies and verifying the effects in the hospital assistance indicators from the
SIH/SUS.
Concluding, we have seen that the time series analysis must take in account the political
and operational changes, either SUS as SIH/SUS, in order to produce more precise
conclusions. Time series discontinuities effectively reflect the political and operational
changes. The access, availability, opportunity and quick update of the SIH/SUS
information are positive factors; they make possible to analyze the effects of some action
just after its implementation. Analyzes of the diagnostic information shows the necessity of
training in the use of the ICD-10 and also a full revision in the Compatibility Table
between Diagnostics and Procedures.
Keywords: Health Information Systems, Health Indicators, Health Policies, Hospital
Morbidity, Hospital Assistance, Community Health.
1. Introdução
Desde meados da década de 1990, um crescente número de estudos e pesquisas tem
utilizado os sistemas nacionais de informações de saúde com o objetivo de descrevê-los,
analisá-los e extrair indicadores para a avaliação das condições de saúde, planejamento de
ações, para controle social e administrativo, auditoria dos prestadores e gestores etc., assim
como para avaliar a própria qualidade e fidedignidade das informações.
Até então, tais estudos normalmente limitavam-se ao Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), por diversas razões: tradição epidemiológica, mais antigo sistema de
informações de saúde no país, universalidade, abrangência nacional, obrigatoriedade do
registro, mesmo com suas deficiências: cobertura insuficiente e heterogênea, alta
proporção de óbitos por causas mal definidas, centralização dos dados, pouca agilidade na
coleta dos dados, demora na divulgação etc.
Moraes (1994) apresenta um levantamento da situação dos sistemas de informações de
saúde existentes, realizado em 1989
1
, destacando a sua fragmentação, mas ao mesmo
tempo apontando para a riqueza de informações existentes, insuficientemente exploradas.
Neste levantamento, poucos eram os sistemas de informações em saúde de abrangência
nacional, a maior parte eram sistemas estaduais ou municipais.
Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e o conseqüente processo de migração da
assistência à saúde do Ministério da Previdência Social (MPAS) para o âmbito do
Ministério da Saúde (MS), durante os anos de 1990 e 1991, são incorporados a este,
também, os sistemas de informação referentes a esta atividade, principalmente o Sistema
de Assistência Médico-Hospitalar da Previdência Social (SAMHPS) também conhecido
como pelo seu principal documento, a Autorização de Internação Hospitalar (AIH). Neste
processo, o SAMHPS é transformado em Sistema de Informações Hospitalares do SUS
(SIH/SUS), tendo a AIH como instrumento para toda a rede hospitalar própria, federal,
estadual, municipal, filantrópica e privada lucrativa.
1
MORAES, I. H. S. Sistemas de informações em saúde: reflexões sobre sua prática fragmentada. 1991.
Dissertação (Mestrado) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, 1991.
2
.
É criado o Departamento de Informática do SUS (Datasus), dentro da estrutura da
Fundação Nacional de Saúde (Funasa), incorporando os recursos materiais, tecnológicos e
humanos transferidos da Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social
(Dataprev) e do Centro de Informações de Saúde do Ministério da Saúde.
As informações dos sistemas operados pela Dataprev, principalmente do SAMHPS e de
seu antecessor, o Sistema Nacional de Controle e Pagamento de Contas Hospitalares
(SNCPCH), eram disseminadas de uma maneira bastante restrita. Basicamente, eram
disponibilizadas informações agregadas, através do Sistema Integrado de Tratamento
Estatístico de Séries Estratégicas (SINTESE), como apresentado por Levin e Santos
(1985).
Em parte por restrições tecnológicas, em parte pela política centralizadora da Previdência
Social, o acesso ao SINTESE era feito através de equipamentos diretamente conectados
aos computadores centrais da Dataprev, o que limitava o seu poder de disseminação. Com
a criação de módulos para acesso pela Rede Nacional de Telex e pela Rede Nacional de
Pacotes (RENPAC), houve uma melhora nesta questão.
Além das informações do SNCPCH e do SAMHPS, o SINTESE armazenava as
informações do Boletim de Serviços Produzidos (BSP), que contabilizava todas as ações
assistenciais do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS). Com a passagem do INAMPS e de parte da Dataprev para o SUS, foram
incorporadas ao SINTESE outras informações de interesse para a saúde, como as oriundas
do SIM, da Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS) realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Programa Nacional de Imunizações
(PNI)
2
.
Mesmo com estas restrições, alguns importantes estudos foram feitos, analisando a
assistência hospitalar no Brasil. Possas et al. (1988) analisa as informações sobre
intoxicações e envenenamentos acidentais, através do SINTESE, do SIM (MS), das
Estatísticas de Doenças Profissionais e Acidentes de Trabalho do Instituto Nacional de
2
Com a disseminação da Internet, todas estas informações migraram para o sítio do Datasus, utilizando o
software TabNet. A partir de 1995, o SINTESE deixou de ser utilizado pela área de saúde.
3
.
Previdência Social (INPS) e das Estatísticas do Sistema Nacional de Informações Tóxico-
Farmacológicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Conclusão paradoxal é que embora
o sistema da Fiocruz devesse registrar todos os casos e o SAMHPS apenas os que levaram
à internação de segurados da Previdência Social em hospitais contratados, este último
registra mais casos que o primeiro, indicando as possibilidades do uso epidemiológico das
informações dos sistemas de pagamento das contas hospitalares.
Também utilizando as informações do SINTESE e da AMS, Buss (1993) analisa a
assistência hospitalar no Brasil, no período de 1984 a 1991, por volume de internações,
brutos e per capita, e pelos gastos, total, por internação e por dia, segundo as regiões do
Brasil, por grupos de causas.
Levcovitz e Pereira (1993) também analisam as informações do SAMHPS e SIH/SUS, no
período de 1983 a 1991, além de discutir a sua criação, funcionamento, mecanismos de
remuneração, méritos e deméritos. A análise dos dados é bem mais detalhada que nos
estudos anteriores citados, tendo sido utilizado um conjunto de processamentos especiais
para acesso aos mesmos. Os autores destacam as limitações de acesso às informações e
que:
(...) torna-se fundamental considerar que a sobrevivência do SIH/SUS
dependerá intrinsecamente da capacidade do INAMPS/SNAS/MS e da
DATASUS/FNS de produzir uma profunda descentralização das bases de dados
e uma democratização do acesso às mesmas (LEVCOVITZ, PEREIRA, 1993, p.
50).
Em 1992, durante o II Congresso Brasileiro de Epidemiologia, é realizada a oficina
“Utilização de Grandes Bancos de Dados Nacionais” (Congresso Brasileiro de
Epidemiologia, 1994, p. 285-290), reunindo produtores/gerenciadores de bancos de dados,
pesquisadores e gestores de saúde. Nesta oficina, são discutidas questões como a
padronização e compatibilização dos bancos de dados nacionais, acesso aos sistemas de
informações, disponibilidade dos dados, integração dos sistemas de informação e
espacialização dos dados, em nível municipal, estadual e federal. Dentre as recomendações
da oficina, destacam-se as propostas de criação de um Comitê Técnico de Informações em
Saúde, na Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco),
posteriormente concretizado no Grupo Técnico em Informações em Saúde (GTISP), de um
4
.
Diretório de Bases de Dados de Interesse da Saúde, de um Sistema de Cadastramento de
Estabelecimentos de Saúde, unificando os esforços do IBGE e do Ministério da Saúde, de
descentralização dos sistemas, de capacitação no uso das bases de dados existentes, de
padronização das estimativas populacionais etc. Pode-se ver que vários dos temas e
propostas mantêm a atualidade, não tendo ainda atingido um nível satisfatório de solução.
Baldijão (1992) apresenta um novo panorama dos sistemas de informação em saúde de
então. São abordadas as informações gerenciadas pelo IBGE, pelo INAMPS e pelo
Ministério da Saúde, com um breve histórico dos sistemas e do contexto do surgimento dos
sistemas de informações.
Em 1993, a Fundação Nacional de Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz editam o Diretório
de Bases de Dados de Interesse da Saúde (BRASIL, 1993), com uma segunda edição em
1997 (BRASIL, 1997), descrevendo a entidade produtora, as características (descrição
sumária, origem/fonte das informações, período de abrangência, área geográfica de
abrangência, freqüência de atualização e principais variáveis/informações) e a forma de
acesso às informações (tipo de acesso, meios de acesso, meios de saída da informação,
forma de cobrança e entidade disseminadora). Esta publicação torna-se importante na
divulgação de um conjunto de fontes de informação que até então eram pouco conhecidas e
estudadas pela área de saúde, tais como bases de dados relacionadas com a força de
trabalho, com serviços e áreas sociais e mesmo a própria assistência à saúde.
Em 29 de janeiro de 1993, é editada a Portaria MS/GM 118, que torna públicos os dados
do SIH/SUS, respeitando, no entanto, a questão da privacidade dos pacientes. Até então, a
divulgação de tais dados era restrita, podendo estar sujeita aos interesses do gestor. Tal
portaria é um importante marco, pois estabelece um padrão de disseminação e acesso às
informações de saúde. A partir de então, é iniciado o processo de disponibilização dos
microdados do SIH/SUS, detalhados para cada internação, inicialmente através de CD-
ROM e do Bulletin Boarding System do Ministério da Saúde (MS-BBS)
3
e posteriormente
através da Internet.
3
Antes da implantação da Internet no Brasil e, principalmente, de sua popularização, os Bulletin Boarding
System se constituíam em importante ferramenta de troca de arquivos e informações, através da conexão via
linha telefônica entre o microcomputador do usuário e microcomputadores servidores de arquivos. O
5
.
Veras e Martins (1994) analisam em profundidade a confiabilidade dos dados do SIH/SUS,
em pesquisa realizada sobre os dados de internações hospitalares em 1986
4
, no Rio de
Janeiro. Segundo as autoras:
No geral, considera-se que os resultados obtidos por este estudo indicam que a
qualidade das informações disponíveis no banco de dados constituído pelos
dados anotados nos formulários AIH era, de alguma forma, melhor do que a
qualidade corriqueiramente imputada a esse banco de dados. Entretanto,
problemas sérios de qualidade existem que inviabilizam o uso de algumas
variáveis e restringem o uso de outras, indicando a necessidade de
implementação de medidas dirigidas para o seu aprimoramento (...) (VERAS,
MARTINS, 1994, p. 353).
Com esse estudo, quebra-se o estigma existente sobre os sistemas de informações de saúde
de base administrativa: estes sistemas eram vistos como não tendo valor para estudos
científicos, principalmente epidemiológicos, por estarem estruturados segundo “uma lógica
contábil, quantitativa e centralizadora, elegendo como evento básico de interesse (...) o
procedimento médico” (MORAES, 1994, p.60); assim, tais sistemas serviriam apenas para
remuneração dos serviços prestados, resultando em fortes vieses e mesmo distorções.
Mais tarde, outro estudo neste sentido é realizado por Mathias e Soboll (1998), analisando
as internações hospitalares no município de Maringá, no Paraná, em 1992 e concluindo:
Embora tenha havido discordâncias entre os códigos dos diagnósticos
evidenciou-se, através do presente estudo, a possibilidade de utilização do
banco de dados SIH-SUS, para o município de Maringá, com certo grau de
confiabilidade para análise da morbidade hospitalar segundo grupos de
diagnósticos, lembrando que segundo os agrupamentos poderá haver maior
variabilidade. (MATHIAS, SOBOLL, 1998, p. 532).
Datasus implantou tal tecnologia em torno de 1993, com o nome de MS-BBS. Mais tarde, este serviço foi
incorporado aos serviços disponibilizados pelo Datasus através da Internet, mantendo a denominação de
MS-BBS; o serviço continuou sendo utilizado para conexão direta entre os municípios, estados e o
Ministério da Saúde para troca de arquivos.
4
VERAS, C.M.T. Equity in the use of Private Hospitals Contracted by a Compulsory Insurance
Scheme in the City of Rio de Janeiro, Brazil, in 1986. 1992. Tese (Doutorado) School of Economics
and Political Science, Departamento de Administração Pública, Londres, 1992.
6
.
Carvalho (1997a e 1997b), faz uma ampla descrição dos sistemas nacionais de informações
de saúde, discutindo suas possibilidades de uso na alocação de recursos; nesta época, os
sistemas nacionais de informações de saúde estavam bastante mais desenvolvidos e
disseminados. A autora destaca que:
A evolução da informática imprimiu também uma grande facilidade ao uso e
tratamento das informações aportadas pelo sistema. A partir de 1995, novos
instrumentos de tabulação para a análise dos dados foram desenvolvidos e vêm
sendo aperfeiçoados pelo Datasus. Destacam-se aí os programas TAB (para
DOS) e TABWIN (para Windows) (...) (CARVALHO, 1997b, p. 34).
Compare-se este destaque com o dado por Levcovitz e Pereira (1993), apenas quatro anos
antes, o que demonstra a grande evolução ocorrida com a disseminação das informações e
a democratização do acesso às mesmas.
Mota e Carvalho (2003) também descrevem os sistemas nacionais de informações de
saúde, dentro de uma perspectiva de seu uso em epidemiologia.
Ainda na área de epidemiologia, destacam-se os estudos publicados pelo Ministério da
Saúde no Informe Epidemiológico do SUS, Volume 9, 2 (MENDES et al., 2000a,
LYRA et al., 2000, MENDES et al., 2000b, MENDES et al., 2000c, SILVA JUNIOR et
al., 2000), explorando a potencialidade de uso do SIH/SUS na vigilância epidemiológica e
monitoramento de doenças de notificação compulsória, de imunopreveníveis, de
veiculação hídrica, de transmissão vetorial e das transmitidas entre pessoas. Observou-se
em geral coerência entre os dados dos sistemas de notificação e do SIH/SUS, com sub ou
supernotificação para algumas doenças, devido a reinternações ou imprecisão da
informação gerada (principalmente para febre amarela e hepatites). Mesmo assim, é
recomendada a sua utilização como fonte complementar na vigilância e monitoramento de
doenças, destacando-se a sua agilidade na captação de dados e boa capacidade para
monitoramento das patologias.
Vários outros estudos abordando ou utilizando o SIH/SUS têm sido realizados, em forma
de artigos, teses, doutorados etc., conforme pode ser visto nos anais dos congressos de
Saúde blica e de Epidemiologia, nos bancos de teses de instituições de ensino e
pesquisa, em pesquisas nos currículos Lattes ou mesmo diretamente nos mecanismos de
7
.
busca da Internet. Alguns destes estudos trabalham com os dados agregados, outros com os
dados individualizados; alguns fazem a linkage com outras bases de dados, principalmente
com as do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e com as do Sistema
de Informações sobre Mortalidade (SIM).
Importante contribuição para a disseminação de informações de saúde foi a criação da
Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA). A Organização Pan-Americana
de Saúde (OPAS) instituiu em 1995 a Iniciativa Regional de Dados Básicos em Saúde,
com o objetivo de:
(...) apoiar esforços dos países membros em reunir dados e informações para
caracterizar a situação de saúde do continente, bem como tornar esses dados
disponíveis ao público em geral. Sua concepção baseia-se na seleção de um
conjunto de indicadores, agrupados por categorias, que permite traçar um
panorama geral da situação de saúde na região. (RIPSA, 2002, p. 13).
Este projeto vem ao encontro das necessidades do Ministério da Saúde. Importante etapa
no processo de disseminação de informações havia sido cumprida: grande parte dos
dados e informações de saúde haviam se tornado públicos, com amplo acesso por parte dos
gestores, sociedade civil e comunidade acadêmica, mesmo considerando a sua pouca
utilização, principalmente pelos gestores, para tomada de decisão, como relata Moraes
(1994).
Em consonância com esta Iniciativa, o Ministério da Saúde e a Representação da OPAS no
Brasil elaboraram uma estratégia de colaboração, ainda em 1995, com o estabelecimento
de ação interinstitucional capaz de potencializar os recursos disponíveis e de aperfeiçoar a
capacidade de formulação, coordenação, gestão e operacionalização do sistema nacional de
informações em saúde, preconizado na Lei Orgânica de Saúde (RIPSA, 2002).
Foi criada, então, a RIPSA, constituída como um grupo de trabalho com representação dos
principais órgãos do Ministério da Saúde, da OPAS de outras instituições fundamentais
para a política de informações de saúde no país, como o IBGE, o Ministério da Previdência
Social, a Abrasco, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Conselho
Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), o Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde (CONASEMS) e instituições acadêmicas (RIPSA, 2002).
8
.
Um dos primeiros e principais trabalhos da RIPSA foi a elaboração de uma Matriz de
Indicadores Básicos, conceituando-os e definindo a fórmula de cálculo, sua categorização e
suas fontes. A partir desta matriz, são construídos, anualmente, os Indicadores e Dados
Básicos em Saúde (IDB). Para cada indicador, é elaborada uma Ficha de Qualificação, com
os seguintes tópicos: conceituação, interpretação, usos, limitações, fontes, método de
cálculo, categorias sugeridas para análise e dados estatísticos e comentários. Estas fichas
são disseminadas juntamente com os indicadores pela Internet
5
.
Em 2002, tais fichas são consolidadas na publicação “Indicadores básicos para a saúde no
Brasil: conceitos e aplicações” (RIPSA, 2002), também disponível no mesmo endereço da
Internet e que tem sido amplamente utilizada, estabelecendo um padrão para a elaboração,
disseminação e análise de indicadores de situação de saúde.
Os seguintes indicadores constantes do IDB têm como fonte o SIH/SUS:
no grupo de morbidade e fatores de risco: proporção de internações (SUS) por
grupos de causas e proporção de internações (SUS) por causas externas;
no grupo de recursos: número de leitos hospitalares por habitante (SUS) e gasto
médio (SUS) por internação hospitalar; e
no grupo de cobertura: número de internações hospitalares (SUS) por habitante,
proporção de internações hospitalares (SUS) por especialidade e proporção de
partos cesáreos (SUS).
Em suma, é cada vez mais freqüente o uso das informações provenientes desse sistema,
gerando diversos indicadores, tanto para análise de situação de saúde da população como
para análise do desempenho do próprio Sistema Único de Saúde.
No entanto, o SIH/SUS, tanto em sua operação como no conteúdo de sua base de dados, é,
desde sua concepção, fortemente influenciado pelas políticas públicas na área de atenção à
saúde, como as definidas pelas Normas Operacionais e os incentivos ou restrições a
determinadas práticas. Também alterações operacionais introduzem descontinuidades e
5
Disponível em http://www.datasus.gov.br/idb; acesso em 01 out. 2005.
9
.
vieses nas informações, que nem sempre estão devidamente explicitadas, provocando
eventuais imprecisões ou mesmo distorções nos resultados da extração de dados do
sistema.
Isto pode ser observado em várias situações: no momento em que uma política que
universaliza a imunização contra o sarampo, é de se esperar que haja uma diminuição
significativa de internações por este diagnóstico, pela redução da incidência desta doença.
uma política de desospitalização de doentes mentais deve levar também à diminuição de
internações, porém sem ter havido redução de incidência ou prevalência de doenças
mentais. Questões de ordem operacional têm influência: mudanças de classificação das
informações coletadas são feitas no sentido de melhor descrever os fenômenos observados,
mas, ao mesmo tempo, podem levar à falsa conclusão que tenha ocorrido uma alteração no
perfil dos mesmos, como é o caso da reclassificação dos estabelecimentos hospitalares por
natureza, ocorrida com a implantação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(CNES).
Para que se possa avaliar o resultado de políticas, a situação da assistência à saúde ou as
condições de saúde de uma população, é necessário, portanto, que se tenha uma visão clara
e objetiva de quais informações são disponíveis, a sua evolução e como utilizá-las,
considerando devidamente as influências exógenas e endógenas do sistema.
2. Objetivos
2.1. Objetivo geral
O presente estudo tem como objetivo geral descrever e analisar como as políticas de saúde
do SUS influenciam e se refletem nas informações e indicadores gerados a partir do
Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
2.2. Objetivos específicos
a. Descrever a origem e estruturação do Sistema de Assistência Médico-Hospitalar da
Previdência Social (SAMHPS), em 1982, a sua expansão, ocorrida ainda na cada
de 1980, e sua transformação em SIH/SUS, em 1990, com seus principais marcos
legais.
b. Descrever as principais mudanças do SIH/SUS, ocorridas desde a implantação do
SUS, em 1990, até 2004, decorrentes tanto de alterações de políticas de saúde como
modificações operacionais.
c. Analisar as séries históricas dos indicadores, tendo como referência as mudanças
operacionais e de políticas de saúde, no período de 1982 a 2004.
d. Sugerir um método de análise e interpretação das informações do SIH/SUS que leve
em conta as limitações existentes e as variações ocorridas em conseqüência das
mudanças operacionais e de políticas de saúde.
3. Metodologia
3.1. Descrição geral do estudo
O estudo está estruturado de acordo com o contexto do Sistema de Informações
Hospitalares: como componente da Previdência Social (item 4) e como componente do
Sistema Único de Saúde (item 5).
Como componente da Previdência Social, é estudada a criação do Sistema de Assistência
Médico-Hospitalar da Previdência Social, as suas origens e seus eixos estruturantes, assim
como a sua expansão para a rede filantrópica e de ensino, com a ampliação de sua
cobertura.
no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), é estudada a incorporação do SAMHPS
ao SUS, levando à criação do SIH/SUS, com a expansão para a rede pública e a sua
universalização.
A influência das políticas de saúde é analisada a partir da implantação de incentivos e
restrições que afetam a assistência hospitalar e seu reflexo nas informações do SIH/SUS.
Dos incentivos, são destacados, pelos seus reflexos no SIH/SUS, o Fator de Incentivo ao
Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa Universitária em Saúde (FIDEPS), o Sistema de
Referência de Urgência/Emergência, o programa de Hospitais Amigos da Criança, o
atendimento à gestante de alto risco, o programa de Humanização do Pré-natal e
Nascimento e o Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC).
Como restrições, são vistas a implantação dos tetos físicos e financeiros e a limitação de
cesarianas.
A forma de categorização e a identificação dos prestadores são também examinadas, tendo
em vista a sua importância na análise e determinação de políticas de saúde, chegando à
implantação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e o que isto
provocou no SIH/SUS.
12
.
Outro aspecto que é analisado é a forma de apropriação das informações do diagnóstico
que levou à internação: a adoção da 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças
(CID-10), o caso específico das causas externas e a implantação da Tabela de
Compatibilidade entre o Procedimento Realizado e o Diagnóstico Principal.
No item 6, são apresentadas as considerações finais e recomendações.
3.2. Fontes documentais
Para o estudo dos sistemas SAMHPS e SIH/SUS, foi feita uma revisão bibliográfica
referente à origem e estruturação de ambos os sistemas, com seus principais marcos legais.
Para identificar as mudanças políticas e operacionais do SUS, da regulamentação da
assistência hospitalar e do SIH/SUS, foi pesquisada sua legislação Leis, Decretos,
Normas Operacionais, Portarias, Instruções e Manuais. As principais fontes para tal foram:
a publicação “Legislação do SUS”, editada pelo Conselho Nacional de Secretários
de Saúde (CONASS, 2003), também disponível em
http://www.conass.com.br/admin/arquivos/legislacao_sus.pdf; acesso em 18 nov.
2005;
o sítio do Departamento Nacional de Auditoria, no tópico referente à legislação,
disponível em http://sna.saude.gov.br/legislacao/; acesso em 18 nov. 2005;
o sítio da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, no tópico
referente a portarias, disponível em http://dtr2001.saude.gov.br/sas/; acesso em 18
nov. 2005;
o portal do Ministério da Saúde, no tópico referente a portarias técnicas, disponível
em http://dtr2001.saude.gov.br/portarias/; acesso em 18 nov. 2005; e
o Manual do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), disponível
em http://dtr2001.saude.gov.br/sas/download/Manual do SIH_SUS DEZ04.zip;
acesso em 01 de out. 2005.
13
.
3.3. Estratégias de análise
O relacionamento entre as informações e as políticas é analisado identificando a
implantação destas políticas e verificando o efeito sobre os indicadores da assistência
hospitalar obtidos do SIH/SUS.
Eventualmente, ocorreu a situação inversa: identificada uma descontinuidade ou mudança
no padrão de indicadores, procurou-se relacionar tal fenômeno ao resultado da implantação
de alguma política em particular ou mudança operacional.
Os indicadores utilizados para o estudo foram selecionados dentre os seguintes, de acordo
com o fenômeno sendo analisado:
a. os construídos a partir da especificação indicada pela Rede Interagencial de
Informações para a Saúde (RIPSA, 2002): proporção de internações por grupos de
causas e por causas externas, gasto (ou valor) médio da internação hospitalar, número
de internações hospitalares por habitante, proporção de partos cesáreos;
b. quantidade e valor das internações; e
c. outros indicadores identificados como necessários.
Para melhor analisar as informações de interesse, estes indicadores foram categorizados
por local de internação (hospital, município, estado, região e Brasil), local de residência
(município, estado e região), procedimento realizado, diagnóstico principal e secundário,
caráter da internação, natureza do estabelecimento ou outro critério disponível nas bases de
dados.
Em alguns casos, a análise foi realizada através da comparação entre os indicadores
segundo categorias, como no caso da relação entre o valor médio dos partos cesáreos e o
valor médio dos partos normais.
Como se procurou analisar mudanças no comportamento dos indicadores no período em
estudo (1982 a 2004), foram estudadas as séries históricas destes indicadores, gerando-se
tabelas, gráficos e mapas, utilizando-se os softwares TabWin (programa tabulador de
14
.
informações, distribuído pelo Datasus, disponível em
http://www.datasus.gov.br/tabwin/tabwin.htm; acesso em 18 nov. 2005) e Microsoft Excel.
Para tratamento das bases de dados, foi necessário usar em alguns casos programas que
manipulam arquivos no formato DBF, como o Fox, também da Microsoft.
3.4. Fontes de dados e informações
Os dados e informações necessários para construção dos indicadores foram obtidos em:
tabulações efetuadas nas páginas de Informações de Saúde do sítio do Datasus,
disponível em http://www.datasus.gov.br; acesso em 18 nov. 2005:
o Internações por especialidade e local de internação – desde 1981;
o Procedimentos hospitalares por local de internação – desde 1992;
o Procedimentos hospitalares por local de residência – desde 1995;
o Morbidade hospitalar por local de internação – desde 1984;
o Morbidade hospitalar por local de residência – desde 1995;
o Morbidade hospitalar por Causas Externas por local de internação – desde
1998; e
o Morbidade hospitalar por Causas Externas por local de residência – desde 1998.
tabulações efetuadas pelo software TabWin sobre os arquivos Reduzidos de AIH
(RD), distribuídos pelo Datasus em CD-ROM (Brasil, 2004) ou acessíveis pela
Internet, através do MS-BBS, disponível em
http://www.datasus.gov.br/bbs/bbs_down.htm ou http://msbbs.datasus.gov.br;
acesso em 18 nov. 2005. Estes arquivos, detalhados por internação, somente estão
disponíveis a partir de 1992. As informações de residência do paciente estão
disponíveis apenas a partir de 1995. O conteúdo destes arquivos pode ser obtido no
arquivo de ajuda (em formato Help para Windows) RD.HLP, contido no arquivo
compactado RDTAB.ZIP, disponível em
http://www.datasus.gov.br/tabwin/rdtab.zip; acesso em 18 nov. 2005.
para pesquisas pontuais à base de dados do SIH/SUS, foram consultados:
o o Banco de Dados da AIH (BDAIH), que apresenta informações a partir de
1989, disponível em http://bdaih.datasus.gov.br/scripts/menu.asp; acesso em 18
nov. 2005;
15
.
o os arquivos Reduzidos de AIH (RD), citados acima;
o os arquivos de Cadastro de Hospitais (CH) e os arquivos dos Sistemas
Integrado de Procedimentos de Alta Complexidade (SIPAC) de Hospitais (SH)
também distribuídos pelo Datasus em CD-ROM ou acessíveis pela Internet,
através do MS-BBS; e
o as ginas do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, disponível em
http://www.datasus.gov.br/cnes, acesso em 01 nov. 2005.
Os dados foram tratados segundo o período (mês e ano) de competência.
Os conceitos dos atributos das AIH e dos estabelecimentos de saúde utilizados neste
trabalho podem ser encontrados no Glossário.
Para valores monetários (absolutos e médias) anteriores à implantação do Real
(julho/1994), os dados foram convertidos para dólar americano, para atenuar o efeito dos
índices inflacionários e troca de padrões monetários do período. Foi utilizada a taxa de
câmbio do dólar comercial de compra do último dia do mês posterior ao da competência
dos dados, critério compatível com o disponível nos CD-ROM e no MS-BBS. O valor da
taxa de câmbio utilizado foi o obtido no sítio no do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), área IPEADATA
6
– Dados macroeconômicos e regionais, série “Taxa de
câmbio – R$ / US$ – comercial – compra – fim período”.
6
Disponível em http://www.ipeadata.gov.br; acesso em 18 mai. 2005.
4. O Sistema de Informações Hospitalares no contexto da Previdência
Social – o SAMHPS
4.1. A criação do SAMHPS
O Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) tem sua origem no Sistema de
Assistência Médico-Hospitalar da Previdência Social (SAMHPS), implantado a partir de
1981 com o objetivo de efetuar o pagamento das contas dos hospitais conveniados com a
Previdência Social no atendimento aos segurados.
Até então, tal pagamento era efetuado através do Sistema Nacional de Controle e
Pagamento de Contas Hospitalares (SNCPCH), administrado pelo Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e operado pela Empresa de
Processamento de Dados da Previdência Social (Dataprev).
O SNCPCH, implantado em 1976, padronizou os instrumentos de coleta de dados,
racionalizando e agilizando a revisão das contas hospitalares. Ao coletar o diagnóstico do
agravo à saúde, codificado pela Classificação Internacional de Doenças (CID), criou-se,
pela primeira vez, a base de um sistema de coleta padronizado no âmbito nacional sobre
morbidade hospitalar, ainda que restrita à rede contratada pelo INAMPS (BALDIJÃO,
1992).
Como apresentam Levcovitz e Pereira (1993), este sistema ressarcia as despesas
apresentadas pelo hospital segundo parâmetros estabelecidos em gabaritos para cada ato
realizado. O que excedia ao gabarito era glosado, com direito à justificativa por parte do
hospital e revisão pelo INAMPS. Os autores destacam os seguintes problemas e
desvantagens do SNCPCH, também conhecido pelo seu documento principal, a Guia de
Internação Hospitalar (GIH):
(...) volume acentuado de análises manuais, que sobrecarregavam os médicos
revisores do INAMPS. Além desta desvantagem, apresentava outras, como:
natureza complexa dos documentos que o constituíam, exigindo pessoal
especializado no preenchimento de faturas;
17
.
imprevisibilidade de recursos dispendidos pelo INAMPS e,
conseqüentemente, do controle de gastos com assistência médica;
imprevisibilidade de faturamento pelos hospitais;
divergências entre prestadores e o INAMPS quanto os valores excedentes
ao gabarito (LEVCOVITZ, PEREIRA, 1993, p. 5).
Segundo Gentile de Mello
7
, apud Levcovitz e Pereira (1993), auditoria realizada em 1981
detectou fraudes em 90% das contas auditadas: pacientes inexistentes, falsificação de
diagnósticos, complicações inexistentes, excessiva cobrança de diárias, cobrança de
exames e medicamentos não realizados ou utilizados, reapresentação de uma mesma conta,
internações e exames desnecessários, cobrança irregular de taxas de utilização de CTI e
Centro Cirúrgico e, finalmente, cobrança indevida de honorários.
Ainda de acordo com Levcovitz e Pereira (1993), foi instituída uma comissão, formada por
representantes dos órgãos previdenciários, de associações médicas e de hospitais pelo
projeto de um novo sistema, que superasse os problemas apresentados e redirecionasse a
forma de pagamento dos serviços prestados. A versão final do projeto do Sistema de
Assistência Médico-Hospitalar da Previdência Social (SAMHPS) foi apresentada em
outubro de 1980, sendo que suas principais características eram
8
:
O processo de internação passava a ter o seguinte fluxo: a partir da consulta
médica, era gerado um laudo médico; com este, o paciente obtinha no “órgão
emissor” (normalmente uma agência do INAMPS) uma Autorização de Internação
Hospitalar (AIH). De posse desta, o paciente escolhia então o hospital ou teria uma
indicação para a internação. Para o caso de internações de emergência, a AIH seria
obtida durante ou após a internação.
O valor da conta era calculado em função do procedimento executado, na forma de
um “pacote”, que incluía os atos (médicos, laboratoriais, terapêuticos,
complementares etc.) padronizados para aquele procedimento; no cálculo deste
valor, eram considerados os serviços hospitalares (SH), serviços profissionais (SP)
7
GENTILE DE MELLO, C. A Medicina e a Realidade Brasileira. Rio de Janeiro, Achiamé, 1983.
8
Além do trabalho de Levcovitz e Pereira (1993), foram utilizados ainda os depoimentos do dr. Ernani Bento
Bandarra, presidente da Dataprev na época.
18
.
e serviços auxiliares de diagnose e terapia (SADT), além dos materiais. Este pacote
foi calculado utilizando-se a série histórica de recursos (gastos, atos realizados,
materiais, tempo de internação) utilizados no sistema anterior (SNCPCH).
Estes valores eram rateados entre os prestadores (médicos, hospitais, laboratórios
etc.) segundo os pontos atribuídos aos atos profissionais e de acordo com o seu
vínculo com a unidade hospitalar.
O valor dos pacotes era único para todo o Brasil. Para os hospitais especializados
ou com tecnologia mais complexa, e de acordo com o seu desempenho, havia o
Índice de Valorização Hospitalar (IVH), que os diferenciava, sendo aplicado sobre
determinados itens da conta.
Na ocorrência de procedimentos que não se enquadravam no pacote, tais
procedimentos eram solicitados pelo hospital, sendo autorizados por um corpo de
médicos auditores especialmente contratados para a sua fiscalização. Até agora tais
procedimentos são chamados de “Campo Médico-Auditor”.
Em resumo, estes eram os eixos do SAMHPS: pré-autorização, pagamento por
procedimento realizado, rateio, IVH e auditoria permanente. É importante destacar que, até
julho de 1987, não havia diferenciação entre os tipos ou natureza (terminologia do
SAMHPS e do SIH/SUS) dos prestadores, ou seja: o SAMHPS era claramente destinado
ao pagamento das contas hospitalares dos estabelecimentos conveniados ou contratados,
fossem estas unidades privadas (com ou sem fim lucrativo) ou filantrópicas
9
.
O SAMHPS foi implantado, experimentalmente, em Curitiba, Paraná, em agosto de 1981,
como teste piloto, estendendo-se progressivamente a todo o estado. Diversas adaptações e
acertos foram realizados para adequação do sistema às necessidades.
A partir de agosto de 1983, o sistema começa a se expandir para as demais unidades da
federação. Tal expansão foi respaldada pelo plano do Conselho Nacional de Administração
da Saúde Previdenciária (CONASP) de contenção das despesas com assistência médica. O
9
A descrição do mecanismo de remuneração do SAMHPS, preservada em grande parte no SIH/SUS, pode
ser encontrada em Levcovitz e Pereira (1993, p. 28-36).
19
.
processo de migração é encerrado em junho de 1984, quando todos os hospitais recebem
pelo SAMHPS, como pode ser visto no Gráfico 1 (página 20) e na Tabela 1 (página 21).
Com o tempo, modificações foram feitas no sistema, alterando a configuração inicial, tais
como:
mudança nos critérios de atribuição do valor do IVH, como será visto na
incorporação dos hospitais filantrópicos e universitários à rede de atendimento
(itens 4.2 e 4.3, adiante) e nos incentivos criados (item 5.2, adiante); critérios não
ligados ao desempenho individual do hospital premiam aqueles menos capacitados
e penalizam os de maior complexidade, distorcendo o objetivo do IVH;
os diretores clínicos das unidades hospitalares foram habilitados a exercer a função
originalmente exclusiva dos médicos auditores: autorizar os procedimentos
especiais; com isso, a auditoria passa a ser feita a posteriori, com todos os
inconvenientes e abertura a possibilidades de fraude; e
a grande maioria das AIH passou a ser pós-emitida, retirando do paciente o seu
direito de livre escolha do hospital, indutor da melhoria dos serviços dos
estabelecimentos na concorrência pela clientela.
4.2. Os hospitais filantrópicos
Durante a gestão do Hésio Cordeiro (1985-1988) no INAMPS, são tomadas medidas que
estenderam, na prática, a assistência médico-hospitalar financiada com recursos públicos,
principalmente previdenciários, a toda a população brasileira (NORONHA, LEVCOVITZ,
1994):
ocorre a equiparação urbano-rural, passando a assistência prestada pelo antigo
Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL) a ser remunerada pelos
sistemas hospitalar e ambulatorial da Previdência Social;
na rede própria do INAMPS aboliu-se a exigência de comprovação de nculo com
a Previdência Social; e
convênios com as entidades filantrópicas e beneficentes fizeram com que os
atendimentos prestados a não-segurados da Previdência Social fossem remunerados
também pelo sistema SAMHPS (a partir de abril de 1986).
20
.
Esta expansão pode explicar o aumento no número de AIH pagas entre 1986 e 1988,
observado no Gráfico 1.
Gráfico 1 – Número de AIHs pagas por natureza, segundo ano de competência.
Brasil, 1981-1992.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992
Ano
Número de AIHs (milhões)
Universitário
Públicos
Filantrópico
Contratado (AIH) e Sindicato
Contratado (GIH)
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 1.
Em junho de 1986, inicia-se o processo de diferenciação do IVH para os hospitais
filantrópicos, com valores mais altos (1,05 a 1,60) que o IVH dos demais hospitais
contratados (1,00 a 1,20) (LEVCOVITZ, PEREIRA, 1993).
Os dados do SAMHPS e SIH/SUS disponibilizados pelo Datasus, no entanto,
diferenciam os hospitais contratados dos filantrópicos a partir de abril de 1989, o que
impede verificar alguns dos efeitos da incorporação dos hospitais filantrópicos ao sistema,
tais como o próprio aumento da cobertura ou a diferenciação do IVH.
Na Tabela 1, observa-se o efeito da reclassificação em 1989: o surgimento de AIH
pagas em hospitais filantrópicos e uma grande queda no número de AIH pagas em
hospitais contratados, um fenômeno praticamente compensando o outro. Assim, não
aumento dos serviços produzidos (por aumento da rede), pois a expansão para a rede
filantrópica já estava ocorrendo desde 1986.
No entanto, observa-se, no Gráfico 2, que os valores médios das AIH nas redes contratada
e filantrópica são praticamente iguais em 1989, ou seja, a diferenciação do IVH ocorrida
em 1986 para os hospitais filantrópicos já tinha pouco ou nenhum impacto.
21
.
Tabela 1 – Número de AIHs pagas por natureza, segundo ano de competência.
Brasil, 1981-1992.
Ano/
Sistema
Contra-
tado
Filan-
trópico
Sindi-
cato
Próprio Federal Estadual
Muni-
cipal
Univers.
Ensino
Univers.
Pesquisa
Total
1981 10.471.238 -
-
-
-
-
-
-
-
10.471.238
- GIH 10.354.974 - - - - - - - - 10.354.974
- AIH 116.264 - - - - - - - - 116.264
1982 9.606.616 -
-
-
-
-
-
-
-
9.606.616
- GIH 8.877.586 - - - - - - - - 8.877.586
- AIH 729.030 - - - - - - - - 729.030
1983 8.758.796 -
-
-
-
-
-
-
-
8.758.796
- GIH 7.074.027 - - - - - - - - 7.074.027
- AIH 1.684.769 - - - - - - - - 1.684.769
1984 9.745.833 -
-
-
-
-
-
-
-
9.745.833
- GIH 129.046 - - - - - - - - 129.046
- AIH 9.616.787 - - - - - - - - 9.616.787
1985 8.482.190 -
-
-
-
-
-
-
-
8.482.190
1986 8.894.626 -
-
-
-
-
-
-
-
8.894.626
1987 10.103.883 -
-
-
-
-
-
171.923 -
10.275.806
1988 11.209.699 -
-
-
-
-
-
717.662 -
11.927.361
1989 7.959.314 3.553.864 -
-
-
2.090 -
678.365 -
12.193.633
1990 6.785.351 4.813.435 -
17.609 24.608 120.480 47.121 754.226 -
12.562.830
1991 6.822.857 4.804.430 -
142.406 145.595 1.073.167 602.936 322.058 498.361 14.411.810
1992 6.817.258 5.084.145 1.261 111.771 231.866 1.421.430 919.849 42.535 855.407 15.485.522
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Tabela obtida em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/rxmap.htm, acesso em 15 dez. 2004.
2. O SIH/SUS passa a diferenciar os hospitais filantrópicos dos demais contratados a partir de abril de
1989.
Ainda em 1986, como relata Levcovitz e Pereira (1993), tem início o processo de
acreditação dos hospitais para realizarem procedimentos de alta complexidade e custo,
através de Sistemas Integrados de Cirurgia Cardiovascular, de Controle de Câncer, de
Renal Crônico e Transplante e outros, referidos coletivamente como Sistema Integrado de
Procedimentos de Alta Complexidade (SIPAC). A inserção do hospital em algum SIPAC
permitia auferir níveis mais elevados de IVH.
Gráfico 2 – Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência.
Brasil, 1989.
-
50
100
150
200
250
300
350
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Mês
Valor Médio da AIH
(dólares americanos)
Contratado Filantrópico Estadual Universitário Média
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 2.
22
.
Tabela 2 – Número de AIHs pagas e valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência.
Brasil, 1989.
Contratado Filantrópico Estadual Universitário Total
Mês
AIH pagas
Valor
médio
AIH
AIH pagas
Valor
médio
AIH
AIH
pagas
Valor
médio
AIH
AIH pagas
Valor
médio
AIH
AIH pagas
Valo
r
médio
AIH
Janeiro 963.057 128,7 - - - - 57.946 264,8 1.021.003 136,4
Fevereiro 938.342 135,3 - - - - 55.013 289,4 993.355 143,8
Março 992.075 134,8 - - - - 57.248 285,5 1.049.323 143,0
Abril 572.625 125,1 388.715 121,2 - - 54.069 272,8 1.015.409 131,5
Maio 585.871 134,3 396.580 127,8 - - 53.517 275,6 1.035.968 139,1
Junho 577.807 141,0 409.546 135,2 - - 54.601 286,2 1.041.954 146,3
Julho 563.838 140,9 397.090 137,5 - - 53.522 290,2 1.014.450 147,5
Agosto 582.163 136,4 419.100 132,9 - - 60.379 281,2 1.061.642 143,3
Setembro 555.690 151,4 383.176 148,6 340 228,0 54.542 278,8 993.748 157,3
Outubro 549.531 145,0 388.530 144,7 491 232,7 58.796 259,1 997.348 151,7
Novembro 539.168 134,2 385.874 131,5 653 188,9 62.232 237,4 987.927 139,7
Dezembro 539.147 123,4 385.253 119,2 606 200,8 56.500 282,9 981.506 131,0
Total 7.959.314 135,4 3.553.864 133,2 2.090 209,0 678.365 274,8 12.193.633 142,5
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Tabela obtida em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/rxmap.htm, acesso em 15 dez. 2004.
2. Valores convertidos para dólar, utilizando a cotação de compra do dólar comercial do último dia do mês
seguinte à competência.
4.3. A expansão do SIH/SUS para a rede de ensino
Da mesma época (gestão Hésio Cordeiro, 1985-1988), ainda segundo Noronha e Levcovitz
(1994), é implantada a modalidade de remuneração pelo sistema SAMHPS nos hospitais
de ensino. A Portaria Interministerial MEC/MPAS 15, de 22 de maio de 1987, definiu
critérios para a aplicação de um índice de valorização de desempenho para hospitais
universitários e de ensino, o Índice Adicional de Valorização e Capacitação Extramural
(IAV-EM), destinado a atividades de integração ensino-serviço, variando de 1,2 a 2,3
(LEVCOVITZ, PEREIRA, 1993). Assim, em agosto de 1987, é criada a categoria
“Universitária”, mais tarde renomeada para Universitário de Ensino”, com diferenciação
para o pagamento deste tipo de hospital. Observe-se no Gráfico 3 e na Tabela 3 o valor
médio mais elevado das AIH em hospitais universitários
10
, variando entre 30 e 75% acima
do valor médio dos hospitais contratados.
Na Tabela 1 (página 20), pode-se observar que, em 1988, os hospitais universitários eram
responsáveis por aproximadamente 6% do número de AIH pagas.
10
Nas tabelas e gráficos apresentados, os hospitais universitários, entre 1987 e 1991, constam como
“universitários de ensino”, nomenclatura adotada quando da criação do FIDEPS, em 1991, como será visto
no item 5.2.1.
23
.
Em consultas pontuais ao BDAIH, foram localizados alguns hospitais definidos como
universitários desde esta época (1987). Em Porto Alegre, por exemplo, tanto o Hospital de
Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (público) como a Santa Casa de
Misericórdia de Porto Alegre (filantrópico) estão definidos como universitários desde
outubro de 1987. Assim, verifica-se que os hospitais universitários não eram apenas os
vinculados a universidades, mas também aqueles com atividades de ensino.
Gráfico 3 – Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência.
Brasil, 1987.
0
50
100
150
200
250
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Mês
Valor Médio da AIH
(dólares americanos)
dia
Contratado
Universitário
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 3.
Tabela 3 – Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência.
Brasil, 1987.
Mês Contratado Universitário Total
Janeiro 108,36 - 108,36
Fevereiro 103,29 - 103,29
Março 121,49 - 121,49
Abril 116,09 - 116,09
Maio 110,69 - 110,69
Junho 125,72 - 125,72
Julho 125,07 - 125,07
Agosto 119,03 158,50 119,82
Setembro 127,08 191,51 129,44
Outubro 115,62 184,53 118,70
Novembro 107,85 189,50 111,39
Dezembro 119,38 209,34 123,37
Total 116,64 186,67 117,79
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Tabela obtida em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/rxmap.htm, acesso em 15 dez. 2004.
2. Valores convertidos para lar, utilizando a cotação de compra do dólar comercial do
último dia do mês seguinte à competência.
5. O SIH/SUS e as políticas de saúde
5.1. Do SAMHPS ao SIH/SUS
Como foi visto no item 4, diversas medidas de ampliação e mesmo universalização da
assistência à saúde ocorreram durante a década de 80, que se inseriam no processo de
reforma sanitária em andamento, que se concretizaram em ações como as Ações Integradas
de Saúde (AIS) e os Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS).
Como relatam Noronha e Levcovitz (1994) e Cordeiro (2001), as AIS procuram articular
as ações de assistência médico-hospitalar do Ministério da Previdência Social com as
demais instituições, com políticas de municipalização da saúde. No final de 1985, 644
municípios participavam das AIS; no final do ano seguinte, já eram quase 2.500
municípios participantes, cobrindo todos os municípios do Rio de Janeiro, Paraná e Distrito
Federal e mais de 80% em Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul e São
Paulo. Ainda segundo Noronha e Levcovitz (1994, p.86), na análise das AIS enquanto
estratégia política é “quase consensual seu papel na desmitificação da sempre reiterada
incapacidade organizacional dos governos estaduais e municipais para a gestão dos
serviços de saúde”.
Novo passo da reforma sanitária é a criação do SUDS, em 1987. Este, além de contribuir
para a consolidação e o desenvolvimento qualitativo das AIS, desenha alguma repartição
de funções entre os níveis, federal, estadual e municipal do SUS. Suas diretrizes, ainda
segundo Noronha e Levcovitz (1994, p. 87-88), eram:
universalização e eqüidade no acesso aos serviços de saúde;
integralidade dos cuidados assistenciais;
regionalização e integração dos serviços de saúde;
descentralização das ações de saúde;
implementação dos distritos sanitários;
desenvolvimento de instituições colegiadas gestoras; e
desenvolvimento de uma política de recursos humanos.
25
.
Estes movimentos se refletem no então SAMHPS principalmente na ampliação da rede
coberta pelo sistema, como foi visto nos itens 4.2 e 4.3.
A universalização do acesso à saúde e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) é
garantida pela nova Constituição, de 1988. O Decreto nº 99.060, de 7 de março de 1990, no
final do governo Sarney, transfere a vinculação do INAMPS para o Ministério da Saúde. A
promulgação da Lei Orgânica da Saúde (LOS) 8.080, de 19 de setembro de 1990, e da Lei
8.142, de 28 de dezembro de 1990, configuram um novo arcabouço legal para a saúde no
Brasil, incluindo-se aí, evidentemente, a assistência hospitalar. No entanto, conforme
Levcovitz (2001, p. 274), “ambas [as leis] não conseguem definir concretamente o
financiamento do SUS, nem quanto aos montantes ao setor, nem quanto aos critérios,
mecanismos e fluxos financeiros intergovernamentais”.
Antes mesmo da promulgação da LOS, tem início o processo de universalização dos
sistemas de informações assistenciais. A Portaria MS/GM 896, de 29 de junho de 1990,
determina a transformação do SAMHPS em SIH/SUS, tendo a AIH como instrumento para
toda a rede hospitalar própria, federal, estadual, municipal, filantrópica e privada lucrativa.
Esta portaria foi regulamentada pela Resolução INAMPS 227, de 27 de julho de 1990,
que estabelece normas para a inclusão dos hospitais públicos no SIH/SUS, tais como
fixação de quotas mensais e atribuição de IVH de 1,20 até que o hospital fosse submetido à
classificação. Observa-se, na Tabela 4, a entrada dos hospitais públicos no sistema, a partir
de agosto de 1990, sendo que a categoria “Próprio” corresponde aos hospitais da rede do
INAMPS e a categoria “Federal” aos hospitais de outros órgãos federais, inclusive do
próprio Ministério da Saúde. Os hospitais universitários (categoria “Universitários de
Ensino”) não são reclassificados como públicos ou privados
11
.
Em 1990, o Ministério da Saúde incumbiu o INAMPS, por meio da Portaria MS/GM
1.481, de 31 de dezembro de 1990, de implantar a nova política de financiamento do SUS
11
Note-se, tanto na Tabela 2 (página 22) como na Tabela 4, que, no período de setembro de 1989 a junho de
1990, constam AIH pagas em hospitais classificados como estaduais, antes da portaria e da resolução que
ampliam o SIH/SUS para os hospitais públicos. Detalhando as tabelas por unidade da federação, foi
possível verificar que tal situação ocorreu no Distrito Federal (de setembro de 1989 a junho de 1990) e em
Sergipe (junho de 1990). Como não estão mais disponíveis os dados detalhados por AIH e por hospital
anteriormente a 1992, não foi possível determinar a origem de tal fato.
26
.
para 1991, surgindo, assim, a Norma Operacional sica/SUS 1 (NOB 01/91),
aprovada e instituída pela Resolução INAMPS no 258, de 07 de janeiro de 1991. Essa
norma estabelece critérios para o repasse de recursos federais do SUS para as instâncias
subnacionais de governo, uniformizando a remuneração dos serviços nas unidades públicas
e privadas. Conforme Carvalho (2001), uma série de portarias da Secretaria Nacional de
Assistência à Saúde (SNAS)
12
regulamenta a operação do sistema, tais como a equalização
do IVH e criação do FIDEPS (ver item 5.2.1, adiante), a definição dos limites (tetos) do
número de internações hospitalares por estado (ver item 5.3.1, adiante), a regulamentação
de órteses e próteses e a criação da Unidade de Cobertura Ambulatorial (UCA). Dentre
elas, a Portaria MS/SNAS 16, de 08 de janeiro de 1991, implanta a Tabela Única de
Remuneração para Assistência à Saúde em nível hospitalar.
Segundo Médici
13
, apud Levcovitz (2001), um dos principais aspectos das mudanças
introduzidas pela NOB 01/91 foi, além da uniformização da tabela de pagamentos, a
“criação e ampliação dos sistemas de informações informatizados e centralizados, que
permitiram acompanhar a produção e o desempenho dos serviços de saúde nas esferas
estaduais e municipais, bem como auxiliar a implantação dos mecanismos de controle e
avaliação” (LEVCOVITZ, 2001, p. 274).
Tabela 4 – Número AIH por natureza, segundo mês de competência.
Brasil, 1990.
Mês Contratado Filantrópico Próprio Federal Estadual Municipal Universitário Total
Janeiro 555.583 393.010 - - 610 - 58.392 1.007.595
Fevereiro 515.147 357.110 - - 513 - 52.789 925.559
Março 563.131 411.645 - - 754 - 65.076 1.040.606
Abril 546.069 385.768 - - 632 - 60.606 993.075
Maio 582.938 419.974 - - 733 - 68.728 1.072.373
Junho 571.866 406.019 - - 951 - 63.522 1.042.358
Julho 582.452 412.461 - - - - 66.579 1.061.492
Agosto 584.027 418.637 - 939 2.038 1.124 70.895 1.077.660
Setembro 556.038 387.252 868 4.716 10.058 1.860 57.948 1.018.740
Outubro 583.458 416.104 2.881 1.529 17.746 8.748 62.747 1.093.213
Novembro 570.485 401.890 4.694 11.080 38.558 14.915 61.828 1.103.450
Dezembro 574.157 403.565 9.166 6.344 47.887 20.474 65.116 1.126.709
Total 6.785.351 4.813.435 17.609 24.608 120.480 47.121 754.226 12.562.830
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: tabela obtida em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/rxmap.htm, acesso em 25 nov. 2005.
12
Na época, os dirigentes do INAMPS acumulavam as funções com a de direção da SNAS e as estruturas se
sobrepunham; este pode ser o motivo pelo qual Carvalho (2001) se refere às portarias como sendo do
INAMPS.
13
MEDICI, A.C. Economia e Financiamento do Setor Saúde. São Paulo, Faculdade de Saúde
Pública/USP, 1994.
27
.
5.2. Os incentivos
Desde sua implantação, o SIH/SUS tem sido usado como instrumento para implantação de
políticas de assistência à saúde. São concedidos incentivos à atuação dos estabelecimentos
de saúde, de forma a adequá-los às políticas em vigor.
Isto tem sido feito principalmente na forma de benefícios pecuniários, como adicionais
financeiros por procedimentos realizados ou repasses fixos. Neste item, serão examinadas
algumas situações ocorridas ao longo do tempo
14
.
5.2.1. Os hospitais universitários de ensino e os de pesquisa – o FIDEPS
Em 1991, a portaria MS/SNAS 15, de 08 de janeiro de 1991, altera a forma de
remuneração dos estabelecimentos de saúde:
o IVH é equalizado para 2,0 para todos os hospitais, progressivamente, até agosto
de 1991
15
;
os hospitais universitários e os vinculados ao Ministério da Saúde e ao INAMPS
passam, a partir de janeiro de 1991, a ter o IVH de 2,0; observe-se, no Gráfico 4
(página 29), o aumento do valor médio da AIH nos hospitais públicos a partir desta
competência.
a partir de setembro de 1991, o IVH é extinto e incorporado à Tabela de
Remuneração do SIH/SUS.
o IAV-EM (Índice Adicional de Valorização e Capacitação Extramural) também é
extinto, a partir de janeiro de 1991, sendo substituído pelo Fator de Incentivo ao
Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa Universitária em Saúde (FIDEPS).
Os critérios para adesão ao FIDEPS eram, segundo a portaria:
14
Agradeço a colaboração dos colegas Julio César Tolentino di Maio e Antônio Carlos Nunes Magalhães
(Barroco), pelos esclarecimentos prestados relativos à sistemática de pagamento dos incentivos e adicionais
no SIH/SUS.
15
Como observa Levcovitz e Pereira (1993, p. 20), “pela sistemática de elevação contínua e extinção do IVH,
os hospitais de baixa complexidade (que estavam situados em faixas baixas de IVH) m seus valores de
remuneração elevados em até 100%, mais que os hospitais de maior complexidade, como os universitários e
os participantes dos sistemas integrados”.
28
.
a. adicional sobre receita das internações em 25% para os Hospitais Universitários
que acolham curso de medicina ou pelo menos mais um curso da área de saúde da
própria instituição universitária e residência médica reconhecida pelo Ministério da
Educação (MEC), funcionando há mais de 2 anos, de forma regular e ininterrupta;
b. adicional sobre receita das internações em 50% para os Hospitais Universitários
que, além dos quesitos acima, acolham pelo menos um curso de pós-graduação
“strictu senso” (Mestrado ou Doutorado) da própria instituição universitária,
reconhecido pelo MEC, funcionando mais de 2 anos, de forma regular e
ininterrupta, e estejam integrados a algum Sistema Integrado de Procedimentos de
Alta Complexidade (SIPAC) do MS, como centro de referência nacional.
Com isto, tornou-se necessário reclassificar no SIH/SUS os hospitais “Universitários”
como “Universitários de Ensino” (sem FIDEPS) e “Universitários de Pesquisa” (com
FIDEPS). Apesar do FIDEPS ter sido implantado desde janeiro de 1991, é possível
distinguir, nas bases de dados do Datasus, os hospitais universitários com e sem FIDEPS a
partir de maio de 1991, como pode ser observado na Tabela 5 (página 30).
foi visto, no item 4.3, o comportamento diferenciado dos hospitais universitários
relativamente aos valores pagos. Com a implantação do FIDEPS, pode-se verificar no
Gráfico 4 e na Tabela 5 o decréscimo do valor médio das AIH dos hospitais universitários
de ensino, tornando-se praticamente igual ao dos hospitais contratados e filantrópicos.
os hospitais universitários de pesquisa (com FIDEPS) se diferenciam ainda mais dos
anteriores, apresentando valor médio de suas AIH em torno do dobro do valor médio geral
(período de 1990 a 1992). Em 1991, é difícil observar, na Tabela 5, os efeitos da
equalização do IVH (exceto para os públicos), devido à alta inflação da época, mesmo
dolarizando os valores.
Uma série de portarias subseqüentes altera os critérios do FIDEPS, incorporando outras
características (Portarias MS/SAS 32, de 16 de fevereiro de 1993, MS/SAS 165, de 8
de dezembro de 1993, MS/SAS 95, de 9 de junho de 1994, Portaria Conjunta MS/SAS
MEC/SES nº 1, de 16 de agosto de 1994):
é criada a categoria de adicional de 75%;
29
.
de acordo com o adicional, passa a ser exigido: dedicação mínima de leitos ao SUS;
serviço de pronto atendimento com funcionamento 24 horas; cobertura ao
acidentado do trabalho, existência de comissões em efetivo funcionamento (de
Controle de Infecção Hospitalar, de Revisão de Prontuários Médicos, de Ética etc.);
instalações adequadas de isolamento; UTI cadastrada no SUS; serviço de
manutenção de equipamentos médico-hospitalares e instalações especiais;
integração ao sistema municipal, estadual ou nacional de referência e contra-
referência; e vários outros itens;
o adicional do FIDEPS deixa de incidir sobre alguns grupos de procedimentos,
principalmente dos que são custeados pelo Fundo de Ações Estratégicas e
Compensação (FAEC);
todos os hospitais de ensino tornam-se aptos a se qualificar para o FIDEPS;
aos hospitais com FIDEPS somente é permitida a cobrança de serviços
profissionais de tipo 4 (vínculo empregatício com o hospital) e de SADT de tipo 3
(próprio do hospital).
Observa-se que o FIDEPS, inicialmente voltado para a pesquisa e o ensino universitários e
de pós-graduação, passa a incorporar requisitos de alta complexidade e de integração ao
SUS, com mecanismos de referência e contra-referência, além de exigir padrões de
funcionamento da unidade hospitalar.
Gráfico 4 – Razão entre o valor médio da AIH por natureza e o valor médio geral.
Brasil, 1990 a 1992 e 1999 a 2001.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
01/90
05/90
09/90
01/91
05/91
09/91
01/92
05/92
09/92
01/99
05/99
09/99
01/00
05/00
09/00
01/01
05/01
09/01
Razão
Público Contratado Filantrópico Ensino Pesquisa
1990 a 1992 1999 a 2001
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Gráfico elaborado a partir da Tabela 5.
2. O valor médio geral foi calculado para todas as naturezas e considerado como 1.
30
Tabela 5 – Valor médio da AIH por competência segundo natureza do hospital
Brasil, 1990 a 1992 e 1999 a 2001
Competência Global Público Contratado Filantrópico Univ.Ensino Univ.Pesquisas Competência Global Público Contratado Filantrópico Univ.Ensino Univ.Pesquisas
1990/Janeiro 3.581 5.682 3.358 3.258 7.847 - 1999/Janeiro 353 246 323 299 398 766
Fevereiro 6.999 12.724 6.711 6.289 14.551 - Fevereiro 354 245 321 299 328 797
Março 13.143 20.383 12.573 11.859 26.122 - Março 358 252 329 305 374 777
Abril 15.475 28.617 14.644 14.320 30.181 - Abril 365 255 326 307 363 810
Maio 16.204 25.137 15.200 15.120 31.248 - Maio 370 257 329 315 379 840
Junho 16.383 26.328 15.328 15.406 31.974 - Junho 375 260 330 318 339 827
Julho 18.024 16.951 16.781 35.101 - Julho 373 259 332 321 326 829
Agosto 18.441 10.600 17.249 17.152 36.331 - Agosto 379 259 335 327 371 845
Setembro 17.889 10.413 16.895 16.899 36.298 - Setembro 377 264 333 324 326 838
Outubro 19.286 10.767 18.368 18.223 39.066 - Outubro 422 297 370 366 376 909
Novembro 20.584 13.043 19.884 19.615 41.779 - Novembro 422 293 373 360 405 935
Dezembro 21.202 12.562 20.826 20.055 42.758 - Dezembro 415 295 366 358 404 911
1991/Janeiro 29.446 20.282 29.277 27.354 58.557 - 2000/Janeiro 381 290 367 352 322 657
Fevereiro 39.328 31.511 38.684 36.234 79.570 - Fevereiro 378 292 364 357 381 627
Março 44.457 37.981 43.354 40.896 88.445 - Março 383 294 366 362 387 647
Abril 61.195 51.088 60.281 56.756 115.034 - Abril 388 296 369 367 433 659
Maio 80.595 65.333 77.092 72.735 88.714 198.749 Maio 392 300 370 370 342 668
Junho 100.982 80.459 96.817 92.633 109.594 246.137 Junho 390 302 371 374 410 654
Julho 116.533 95.469 112.474 107.509 114.206 282.431 Julho 399 306 378 381 433 669
Agosto 124.901 107.957 119.538 117.456 121.856 290.002 Agosto 401 309 381 382 436 670
Setembro 124.824 108.260 120.615 118.028 127.292 253.164 Setembro 399 306 379 382 345 686
Outubro 129.986 111.483 127.203 123.400 144.197 249.687 Outubro 404 306 382 386 361 691
Novembro 163.251 142.874 160.162 153.216 178.460 311.675 Novembro 399 305 374 380 349 693
Dezembro 170.136 147.835 167.091 158.063 178.531 340.949 Dezembro 407 315 381 387 370 699
1992/Janeiro 180.973 162.134 177.871 166.499 201.328 347.760 2001/Janeiro 403 314 377 380 377 703
Fevereiro 234.210 193.985 234.027 219.758 217.094 430.822 Fevereiro 398 312 373 376 377 703
Março 353.840 296.430 354.023 335.223 333.299 649.715 Março 399 312 375 376 364 696
Abril 487.526 396.832 488.685 458.657 443.448 939.080 Abril 410 321 383 377 360 750
Maio 620.849 507.476 623.454 588.004 587.543 1.183.520 Maio 421 321 397 393 384 750
Junho 763.512 647.939 755.047 722.112 792.965 1.432.928 Junho 423 358 404 397 351 709
Julho 924.074 784.603 911.487 876.267 884.478 1.742.447 Julho 424 361 407 400 380 691
Agosto 1.165.058 986.985 1.143.213 1.103.712 1.108.081 2.254.825 Agosto 425 357 410 402 322 711
Setembro 1.437.412 1.185.190 1.406.021 1.374.035 1.394.656 2.825.840 Setembro 424 353 406 402 325 730
Outubro 1.801.181 1.467.718 1.778.061 1.717.398 1.570.889 3.596.910 Outubro 428 362 410 400 312 746
Novembro 2.250.269 1.834.859 2.215.699 2.159.798 2.128.307 4.515.458 Novembro 428 359 413 401 374 737
Dezembro 2.847.062 2.338.971 2.723.941 2.757.877 2.733.404 5.846.260 Dezembro 421 352 408 384 360 758
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Valores nas unidades monetárias da época.
2. Hospitais contratados incluídos juntamente com os contratados.
3. Tabela obtida em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/rxmap.htm
, acesso em 27 out. 2005.
31
.
A partir de janeiro de 2000, muda a sistemática de pagamento do FIDEPS, conforme
definido pela Portaria MS/GM 1.127, de 31 de agosto de 1999. São fixados valores
globais, para cada unidade da federação, municípios em gestão plena do sistema municipal
e hospitais, tendo como referência a média dos valores do incentivo recebidos no ano de
1998
16
. O pagamento da parcela do FIDEPS passa a ser desvinculado da produção de
serviços, sendo pago aos hospitais pelo valor global, em parcelas mensais, conforme
pactuado entre o gestor e o estabelecimento de saúde.
No Gráfico 4 e na Tabela 5, pode-se observar a diminuição do valor médio da AIH dos
hospitais universitários de pesquisa, de 2,2 vezes o valor médio geral em 1999 para 1,7
vezes o valor geral, em 2000. Isto não significa, absolutamente, diminuição dos repasses
aos hospitais universitários, pois se deve contabilizar também a parcela fixa referente ao
FIDEPS.
A partir de 2004, estudos são feitos no sentido de reorientar e reformular a política para os
hospitais de ensino do Ministério da Educação no Sistema Único de Saúde (Portarias
Interministeriais MEC/MS 1.000, de 15 de abril de 2004 e 1.006, de 27 de maio de 2004
e Portaria MS/GM 1.702, de 17 de agosto de 2004). São criados Programas de
Reestruturação dos Hospitais de Ensino, com ênfase no processo de contratualização, com
o estabelecimento de metas e indicadores.
5.2.2. O Índice de Valorização Hospitalar de Emergência e o Sistema de
Referência de Urgência/Emergência
A Portaria MS/GM 1.692, de 14 de setembro de 1995, cria o Índice de Valorização
Hospitalar de Emergência (IVH-E), considerando “a gravidade da situação vivenciada
pelos serviços hospitalares de urgência e emergência, particularmente em grandes centros
urbanos; a necessidade de organizar um sistema hospitalar de atendimento às urgências e
emergências nas regiões metropolitanas; as severas limitações vigentes na disponibilidade
16
O valor foi alterado para a média do período de janeiro a agosto de 1999, pela Portaria MS/GM 1.480, de
28 de dezembro de 1999. Esta portaria estabelece também as situações em que o pagamento é feito pelo
gestor ou diretamente pelo Ministério da Saúde e a forma com que as transferências fundo a fundo são
alteradas por esta nova sistemática.
32
.
de recursos orçamentário-financeiros; e as proposições sobre o tema formuladas pelo
Conselho Nacional de Saúde e sua aprovação pela Comissão Intergestores Tripartite
17
”,
segundo a própria portaria.
Este índice incide sobre os valores dos Serviços Hospitalares (SH), Serviços Profissionais
(SP), Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia (SADT) e Procedimentos Especiais do
SIH/SUS, mas não sobre sangue, órteses e próteses. Pode variar de 10 a 25%, não podendo
ser acumulado com o FIDEPS. Cabe ao gestor estadual ou municipal a escolha das
unidades hospitalares aptas ao IVH-E, assim como o percentual a ser aplicado, devendo
haver homologação pela SAS no cumprimento de requisitos de leitos, integração etc.
Inicialmente deveria ser implantado nas regiões metropolitanas, podendo ser estendido,
havendo disponibilidade orçamentária, para outros pólos regionais.
O cálculo do valor das AIH do estabelecimento passa a considerar a existência do IVH-E e
o seu respectivo valor (10 a 25%). No entanto, nos arquivos disponibilizados pelo Datasus
em CD-ROM ou no MS-BBS, ou nas consultas pela Internet (BDAIH, CNES ou
tabulações), o valor do IVH-E do hospital ou a parcela referente ao IVH-E da AIH não são
apresentados. Não foi possível, então, mensurar, neste trabalho, o efeito da implantação do
IVH-E.
Em 1998, é criado um novo incentivo para as urgências e emergências. A Portaria MS/GM
2.925, de 9 de junho de 1998, cria os “Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar em
Atendimento de Urgências e Emergências”, estabelecendo critérios para inclusão de
hospitais no mesmo (capacidade instalada, serviços disponíveis, especialidades e
hospitais). Os hospitais participantes deste sistema são definidos pelo gestor estadual, em
conjunto com a SAS. Para estas unidades, passa a haver um adicional de 50% na
remuneração dos procedimentos hospitalares de emergência (discriminados na própria
portaria), devendo a AIH ter o atributo “Caráter da Internação” igual a 2
17
A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) foi instituída pela Portaria MS/GM 545, de 20 de maio de
1993, que aprova a Norma Operacional Básica SUS 01/93 NOB 01/93, como fórum de negociação entre
os gestores nacionais, estaduais e municipais. Tem por finalidade assistir o Ministério da Saúde na
elaboração de propostas para a implantação e operacionalização do SUS. São criadas também as Comissões
Intergestores Bipartites (CIB), uma para cada estado, com participação dos gestores estaduais e municipais
do mesmo.
33
.
“Urgência/Emergência em Hospital de Referência”.
18
Este adicional não é cumulativo com
o IVH-E e não incide sobre determinados componentes e procedimentos de alta
complexidade.
Logo a seguir, a Portaria MS/GM 3.459, de 14 de agosto de 1998, esclarece que as
unidades que recebem FIDEPS podem receber, também, o adicional de 50% referente ao
Sistema Estadual de Referência Hospitalar em Atendimento de Urgências e Emergências,
mas não cumulativamente, ou seja, ambos os percentuais incidem sobre os valores básicos
da Tabela de Remuneração dos Procedimentos. As unidades cadastradas para o
recebimento do IVH-E podem participar do mesmo Sistema, mas não recebem o adicional
de 50%; é permitida a migração do estabelecimento do IVH-E para o novo sistema.
Mais tarde, nova alteração é feita no Sistema de Referência de Urgências e Emergências,
pela Portaria MS/GM 479, de 15 de abril de 1999. Os hospitais participantes do sistema
são reclassificados em três níveis, com diferentes exigências e respectivo adicional: tipo I –
20%, tipo II 35% e tipo III 50% e é ampliado o escopo das unidades que podem
participar do sistema. O nível do estabelecimento consta nos atributos SIPAC dos hospitais
– arquivos do tipo SH, constantes nos CD-ROM distribuídos pelo Datasus e também
disponíveis no MS-BBS:
270: Atendimento de urgência e emergência (antes da divisão em níveis)
271: Atendimento de urgência e emergência Nível I
272: Atendimento de urgência e emergência Nível II
273: Atendimento de urgência e emergência Nível III
Em 2002, a Portaria MS/GM nº 1.839, de 9 de setembro, estabelece que serão excluídos do
recebimento do IVH-E os hospitais que não cumprirem um determinado conjunto de
exigências, a partir da competência de novembro de 2002. Observe-se, nos
“considerandos” desta portaria, que é colocada a “necessidade de padronização dos
atendimentos hospitalares de urgência e emergência no âmbito do SUS”. Entre as
exigências, a de que a unidade não receba qualquer outro adicional ou incentivo. É
18
A partir de janeiro de 2000, este atributo passa a ter 2 dígitos; o Caráter da Internaçãopode assumir,
então, os valores 20 a 29 para a mesma situação.
34
.
possível que o objetivo desta portaria fosse extinguir paulatinamente o IVH-E, mas isto
não ocorreu.
19
5.2.3. Os procedimentos incentivados
Outra forma de implementar políticas utilizando o SIH/SUS tem sido a criação de
procedimentos incentivados. Estabelecimentos que cumprirem determinadas condições têm
direito a executar procedimentos com um diferencial de pagamento. Não é a mesma
situação de procedimentos de alta complexidade, que podem ser executados em
unidades com condições para tal. Os procedimentos que estão sendo denominados de
incentivados se referem a atos clínicos ou cirúrgicos que podem ser executados em outros
estabelecimentos, mas que, nos estabelecimentos credenciados, utilizam códigos especiais,
com diferente remuneração. A seguir, serão examinadas algumas situações de
procedimentos incentivados.
5.2.3.1. Os hospitais Amigos da Criança
Em 15 de junho de 1994, a Portaria MS/GM nº 1.113 cria procedimentos de parto normal e
cesariana diferenciados, exclusivamente para um conjunto de cinco hospitais, denominados
de “Amigos da Criança”. Pouco depois, a Portaria MS/SAS 155, de 14 de setembro de
1994, estabelece normas para a adesão de hospitais à iniciativa “Amigos da Criança”,
basicamente em torno da promoção do aleitamento materno. O Gráfico 5 e a Tabela 6
apresentam a evolução do número de partos normais e cesáreos de 1994 a 2004, podendo-
se observar o contínuo crescimento da proporção de partos em hospitais classificados como
“Amigos da Criança” durante o período.
Pode ser visto, também, que o valor médio dos partos em hospitais “Amigos da Criança”
em 1995 correspondia a 165% do valor médio dos partos em outros hospitais. Esta razão
vai decrescendo paulatinamente até 107% em 2004. A diferença de valor médio pode ser
explicada também por outros fatores, tais como recebimento cumulativo de FIDEPS pelos
19
De acordo com depoimento de Antônio Carlos Nunes Magalhães (Barroco), da equipe de desenvolvimento
e manutenção do SIH/SUS no Datasus, houve instruções verbais, por parte da SAS, para que fosse
preparada a extinção do IVH-E, a ser executada posteriormente, se oficializada, o que não ocorreu.
35
.
hospitais. Isto pode explicar a queda maior ocorrida entre 1999 e 2000, como ocorrido nos
hospitais universitários de pesquisa neste período.
A caracterização do estabelecimento como “Amigo da Criança” consta nos atributos
SIPAC dos hospitais arquivos do tipo SH, correspondendo ao código SIPAC 170
Hospital Amigo da Criança.
Gráfico 5 Proporção e valor médio de partos por ano e classificação como "Amigo da Criança".
Brasil, 1995 a 2004.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Proporção de partos
-
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Valor médio (R$)
Proporção em outros Hospitais Proporção em Hospitais "Amigos da Criança"
Valor Médio em outros Hospitais Valor Médio em Hospitais "Amigos da Criaa"
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 6.
Tabela 6 – Número, valor total e valor médio de partos, por classificação como Amigo da Criança e
como Gestante de Alto Risco, segundo ano.
Brasil, 1995 a 2004.
Tipo de
parto
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Partos em hospitais "Amigos da Criança"
Número
50.113
94.996
151.254
196.403
259.659
301.563
340.382
366.735
402.999
445.219
Valor Médio
247
222
207
281
329
285
302
307
324
400
Partos em hospitais não "Amigos da Criança"
Número
2.771.398
2.648.145
2.567.011
2.424.950
2.393.340
2.204.176
2.063.503
1.977.025
1.858.514
1.798.560
Valor Médio
150
153
153
210
257
257
274
277
305
372
Relação (%) do valor médio entre partos em hospitais “Amigo da Criança” e em hospitais não “Amigos da Criança”
165
145
135
134
128
111
110
111
106
107
Partos em Gestantes de Alto Risco
Número
-
-
-
45
35.325
61.202
67.754
69.009
81.831
94.146
Valor Médio
-
-
-
499
711
507
512
519
560
651
Partos não Gestantes de Alto Risco
Número
2.821.511
2.743.141
2.718.265
2.621.308
2.617.674
2.444.537
2.336.131
2.274.751
2.179.682
2.149.633
Valor Médio
152
155
156
215
258
254
271
275
299
366
Relação (%) do valor médio entre partos em Gestantes de Alto Risco e em não Gestantes de Alto Risco
-
-
-
232
276
200
189
189
187
178
Total
Número
2.821.511
2.743.141
2.718.265
2.621.353
2.652.999
2.505.739
2.403.885
2.343.760
2.261.513
2.243.779
Valor Médio
152
155
156
215
264
260
278
282
308
378
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Valor total em milhares de Reais; valor médio em Reais.
36
.
5.2.3.2. O atendimento à gestante de alto risco
A Portaria MS/GM nº 3.016, de 19 de junho de 1998, cria o Programa de Apoio à
Implantação dos Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar para Atendimento à Gestante
de Alto Risco, definindo os recursos a serem alocados. As portarias seguintes, 3.017
(atualizada pela Portaria MS/GM 3.482, de 25 de agosto de 1998) e 3.018 (atualizada
pela Portaria MS/GM 3.477, de 21 de agosto de 1998), da mesma data, criam também o
Sistema de Referência Hospitalar no Atendimento Secundário à Gestante de Risco,
definem os critérios para inclusão de hospitais em ambos os programas e criam
procedimentos, clínicos e obstétricos, especificamente para os dois programas em hospitais
habilitados.
No Gráfico 6 e na Tabela 6, pode-se verificar a evolução da participação dos partos em
gestantes de alto risco, que atingem em torno de 4% dos partos em 2003 e 2004. O seu
valor médio inicia em 232% do valor médio dos demais partos em 1998, atinge 276% em
1999; nos anos seguintes decai para 200%, chegando a 178% em 2004. Como no caso
anterior (hospitais “Amigos da Criança”), estes valores podem estar sendo influenciados
por outros incentivos, inclusive a própria habilitação como “Amigo da Criança”.
A caracterização do estabelecimento como participante da referência hospitalar para o
atendimento à gestante de alto risco consta nos atributos SIPAC dos hospitais arquivos
do tipo SH, correspondendo ao código SIPAC 290 – Gestante de alto risco.
Gráfico 6 – Proporção e valor médio de partos por ano e classificação como gestante de alto risco.
Brasil, 1998 a 2004.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Proporção de partos
-
100
200
300
400
500
600
700
800
Valor médio (R$)
Proporção demais gestantes Proporção em gestantes de alto risco
Valordio demais gestantes Valordio em gestantes de alto risco
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 6.
37
.
5.2.3.3. O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento
Novo incentivo é criado em 2000, a partir da publicação da Portaria MS/GM 569, de
de junho de 2000, que cria o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento
(PHPN), que tem “por objetivo o desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e
assistência à saúde de gestantes e recém-nascidos, promovendo a ampliação do acesso a
estas ações, o incremento da qualidade e da capacidade instalada da assistência obstétrica e
neonatal bem como sua organização e regulação no âmbito do Sistema Único de Saúde”,
conforme a própria portaria.
Este programa apresenta três componentes:
I - Incentivo à Assistência Pré-natal;
II - Organização, Regulação e Investimentos na Assistência Obstétrica e Neonatal; e
III - Nova Sistemática de Pagamento da Assistência ao Parto.
O componente III tem maior interferência com o SIH/SUS. É estabelecido que haverá
alteração do valor e forma de remuneração da assistência ao parto e o pagamento de um
adicional para aqueles hospitais que prestarem assistência ao parto a gestantes cadastradas
no Programa de Incentivo à Assistência Pré-natal e que tenham o acompanhamento pré-
natal completo.
A Portaria MS/GM 572, também de de junho de 2000, regulamenta a instituição do
componente III. São estabelecidos novos valores para os partos (normais, cesarianas,
partos realizados por enfermeiro, partos normais em hospitais “Amigos da Criança”,
cesarianas em hospitais “Amigos da Criança”, partos normais em gestantes de alto risco,
cesariana em gestantes de alto risco). Em todos eles, passa a haver uma parcela fixa, paga
se a gestante fizer parte do programa de assistência pré-natal (componente I), cadastrada no
Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento
(SISPRENATAL).
O Quadro 1 contém os valores da Tabela de Procedimentos referentes a partos, conforme
este programa. Reajustes posteriores não alteraram substantivamente a relação entre as
parcelas nestes procedimentos.
38
.
Pode-se observar, neste quadro, que o incentivo pelo PHPN é maior que o do “Amigo da
Criança”, fazendo com que os valores dos partos com e sem o incentivo referente ao
programa “Amigo da Criança” se aproximem. No caso das gestantes de alto risco, o
diferencial por este programa é maior que o do PHPN.
Estas relações entre os valores dos incentivos podem explicar a redução, com o tempo, da
diferença entre os valores médios dos partos com e sem o incentivo “Amigo da Criança”
(Gráfico 5, página 35), enquanto que, no caso de gestantes de alto risco, a diferença se
mantém (Gráfico 6, página 36).
Nas bases de dados distribuídas pelo Datasus (arquivos do tipo RD), o valor pago a tulo
de Incentivo Componente I (procedimento 95.002.01.4) está somado no valor total e no
valor dos serviços hospitalares da AIH. Está individualizado nos arquivos de Atos Médicos
(tipo TA) e Movimento de Terceiros (tipo MT), disponíveis nos CD-ROM de Movimento
Mensal da AIH, também distribuídos pelo Datasus.
Quadro 1 – Valores, em Reais, da Tabela de Procedimentos referentes a partos, no Programa de
Humanização do Pré-natal e Nascimentos.
Brasil, 2000.
Serviços Hospitalares
Procedimento
Padrão Incent. Comp. I Subtotal
Serviços
Profissionais
SADT Total
35.001.01.1 Parto Normal
35.006.01.3 Parto com Manobras
35.007.01.0 Parto com Eclâmpsia
35.086.01.7 Assistência ao Parto
Premonitório e ao Parto Normal sem
Distócia em Centro de Parto Normal
90,00 40,00 130,00 165,00 5,00 300,00
35.009.01.2 Cesariana
35.082.01.1 Cesariana com Laqueadura
Tubária em Paciente com Cesarianas
Sucessivas Anteriores
230,00 40,00 270,00 165,00 5,00 440,00
35.080.01.9 Parto Normal Sem Distócia
Realizado por Enfermeiro Obstetra
200,00 40,00 240,00 55,00 5,00 300,00
35.025.01.8 Parto Normal em Hospital
Amigo da Criança
110,00 40,00 150,00 165,00 5,00 320,00
35.026.01.4 Cesariana Exclusivamente
para Hospital Amigo da Criança
35.084.01.4 Cesariana com Laqueadura
Tubária em Paciente com Cesarianas
Sucessivas Anteriores em Hospitais
Amigos da Criança
250,00 40,00 290,00 165,00 5,00 460,00
35.027.01.0 Parto Normal em Gestante
de Alto Risco
165,00 40,00 205,00 233,00 5,00 443,00
35.028.01.7 Cesariana em Gestante de
Alto Risco
35.085.01.0 Cesariana com Laqueadura
Tubária em Paciente com Cesarianas
Sucessivas Anteriores em Gestante de
Alto Risco
361,00 40,00 401,00 234,00 5,00 640,00
Fonte: Portaria MS/GM nº 572, de 1º de junho de 2000.
39
.
5.2.4. A mara de Compensação de Alta Complexidade e o Fundo de Ações
Estratégicas e Compensação
Uma questão importante no processo de descentralização da gestão da assistência à saúde é
a relativa aos procedimentos de alta complexidade. Pelo seu alto custo de implantação e
manutenção e pela necessidade de recursos humanos especializados, este tipo de serviço é
concentrado, normalmente, nas capitais e municípios de maior porte. Nem sempre é
desejada a sua pulverização, para que seja mantido um volume mínimo de demanda, sem o
qual a qualidade do serviço não poderá ser mantida.
No entanto, os municípios e estados onde se localizam estes serviços poderiam estar sendo,
de certa maneira, penalizados, pois se tornam responsáveis pela sua manutenção e
atendimento à população de outras localidades, sem estarem sendo remunerados por isto.
Para tentar resolver esta situação, é criada a Câmara Nacional de Compensação de
Procedimentos Hospitalares de Alta Complexidade (CNCPHAC), através da Portaria
MS/GM 3.409, de 5 de agosto de 1998. Segundo esta portaria, é estabelecida uma lista
de procedimentos de alta complexidade (cirurgia cardíaca, implante dentário
osteointegrado, lesões lábio-palatais, epilepsia, câncer, ortopedia, neurocirurgia e
transplantes). O valor referente às internações deste conjunto de procedimentos passa a ser
acrescido mensalmente ao teto financeiro estadual/municipal, sem ser, no entanto,
incorporado ao mesmo.
Com isto, as AIH de alta complexidade (que passam a ser identificadas pelo caráter de
internação 4) deixam de fazer parte do teto financeiro, sendo pagas na forma de reembolso
pelo Ministério da Saúde. O faturamento destas AIH passa a ser feito pelo Datasus
separadamente, com número próprio de processamento.
Em 01 de dezembro de 1998, a Portaria MS/GM nº 3.982 altera alguns critérios da
CNCPHAC, sendo o principal que este se destina apenas a referências interestaduais, não
sendo computados para fins de pagamento os encaminhamentos intermunicipais.
Pouco tempo depois, o conceito da CNCPHAC é ampliado. A Portaria MS/GM 531, de
30 de abril de 1999, cria o Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC), “com a
40
.
finalidade de arcar com os pagamentos dos procedimentos de alta complexidade em
pacientes com referência interestadual, dos próprios da Câmara Nacional de Compensação,
e dos decorrentes da execução de ações consideradas estratégicas”, segundo a própria
portaria. É determinado que portarias subseqüentes definirão as normas, a
operacionalização do funcionamento e a composição do conjunto de procedimentos que
integram o FAEC.
A implantação do FAEC, a princípio, não alterou as informações do SIH/SUS nem os
valores referentes às internações. Basicamente, o FAEC se destinava a definir os
procedimentos que seriam de responsabilidade direta do Ministério da Saúde, como fica
claro na Portaria Conjunta MS/SAS/SE 1, também de 05 de maio de 1999, em seu artigo
14: “Estabelecer que o financiamento de procedimentos incluídos na Câmara Nacional de
Compensação, Transplantes, Programa de Prevenção do Câncer de Colo Uterino, Mutirões
de Cirurgias Eletivas e demais ações consideradas estratégicas, que venham a ser incluídas
pela SAS, será de responsabilidade direta do Ministério da Saúde, e será executado pelo
Fundo de Ações Estratégicas e Compensação FAEC”. Portarias subseqüentes, como a
Portaria Conjunta MS/SAS/SE nº 2, de 21 de maio de 1999, discriminam os procedimentos
que serão custeados pelo FAEC (nesta portaria, os de transplantes) e estabelecem fluxos
similares aos do CNCPHAC, com processamentos específicos e reembolso do Fundo
Nacional de Saúde (FNS) ao gestor estadual/municipal. Outros procedimentos custeados
pelo FAEC são referentes às cirurgias de próstata, de varizes, de retinopatia diabética,
gastroplastia etc.
Nova alteração é efetuada pela Portaria MS/GM nº 132, de 31 de janeiro de 2001. Segundo
esta, os pagamentos dos valores relativos aos procedimentos financiados pelo FAEC
passam a ser efetuados diretamente pelo Ministério da Saúde aos prestadores de serviços,
independente da condição de gestão do estado ou município, deixando de ser repassados
fundo a fundo, a partir da competência de março de 2001.
Pouco tempo depois, a Portaria MS/GM 627, de 26 de abril de 2001, implanta nova
sistemática. A partir de junho de 2001, os procedimentos financiados pelo FAEC voltam a
ser pagos aos prestadores pelos gestores estaduais ou municipais, que receberão repasses
do Ministério da Saúde, porém em conta específica para este fim do respectivo fundo
estadual ou municipal de saúde. É publicada nova lista de procedimentos financiados pelo
41
.
FAEC, agora divididos em alta complexidade e estratégicos, com regras levemente
diferentes. Não foi possível determinar se a portaria anterior (nº 132) chegou a entrar em
efeito. Várias portarias subseqüentes incluem e excluem procedimentos e atos médicos
nesta lista.
A análise das informações do SIH/SUS em relação aos procedimentos de alta
complexidade e estratégicos e quanto à CNCPHAC e ao FAEC apresenta algumas
características especiais. Existem três formas de abordagem:
pelo caráter da internação: o código 4 (até 1999) ou 04 (a partir de 2000) indicam
que o procedimento é de alta complexidade;
pelo número do processamento: são feitos processamentos separados para as AIH
estratégicas e de alta complexidade; e
pelo código do procedimento, verificando se fazem parte da lista de procedimentos
de alta complexidade ou estratégicos.
Tabulando as informações do SIH/SUS
20
, pode-se observar que a lista de procedimentos de
alta complexidade ou estratégicos (disponível tanto para tabulação pela Internet como no
pacote de tabulação pelo TabWin) reflete a situação mais recente desta lista, o que nem
sempre é válido em termos de série histórica. Diversos procedimentos são financiados
pelo FAEC em determinadas competências, de acordo com o estabelecido em portarias.
Assim, o uso desta lista pode apresentar como estratégicos procedimentos que na época
não eram assim considerados.
Também o caráter de internação tem alcance limitado, pois nem sempre é compatível com
os processamentos ou a lista de procedimentos estratégicos ou de alta complexidade.
A opção mais estável, em termos de séries históricas, é utilizar o número do
processamento. processamentos específicos para os procedimentos de alta
complexidade e para os estratégicos, sendo que, para estes, há discriminação pelo tipo de
procedimento (próstata, varizes, retinopatia diabética etc.). No entanto, a separação dos
20
As tabelas geradas não foram aqui reproduzidas por serem muito extensas.
42
.
processamentos pelos diversos critérios é bastante trabalhosa, devendo ser feita pela sua
descrição, não havendo uma regra fixa de categorização dos mesmos.
Deve ser observado, ainda, que existem situações em que apenas alguns atos médicos de
uma AIH são financiados pelo FAEC (por exemplo, Testes Rápidos para Triagem de Sífilis
e/ou HIV, em partos normais ou cesarianos). Nestes casos, não como discriminar nos
arquivos reduzidos de AIH (tipo RD) a parcela financiada pelo FAEC.
Outra situação a considerar é que vários procedimentos de alta complexidade “migram” do
SIH/SUS para o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Por exemplo,
a Portaria MS/SAS 214, de 15 de junho de 2004, exclui do SIH/SUS o procedimento
99.050.00-5 Criação de/ou intervenção sobre fístula arterivenosa e inclui no SIA/SUS os
procedimentos 27.011.03-8, 27.011.04-6, 27.011.07-0, 27.011.08-9, 27.011.09-7 e
27.011.10-0, referentes ao mesmo ato médico, operacionalizados pela Autorização de
Procedimentos de Alta Complexidade/Custo (APAC). Devido a isto, análises temporais no
SIH/SUS podem levar a crer que determinados atos não são mais realizados; no entanto, o
que acontece é que estes atos estão contabilizados, a partir de determinado ponto (de
acordo com o ato), no módulo de APAC do SIA/SUS.
A rigor, o FAEC não deve ser considerado um incentivo, pois consiste, basicamente, em
desvincular dos tetos municipais e estaduais determinados atos e procedimentos. Porém, na
prática, é verdadeiramente um incentivo, principalmente em relação aos procedimentos
estratégicos, com a criação dos mutirões para cirurgia de próstata, varizes, retinopatia
diabética etc. Além disso, ao desonerar os estados e municípios do financiamento destes
procedimentos, permite que outras ações possam ser executadas com mais recursos.
5.2.5. Outros incentivos
Dentro da estratégia de desvincular o pagamento de serviços da remuneração de produção,
outros incentivos foram criados, como o FIDEPS a partir de 2000, segundo diversos
critérios e atingindo diferentes alvos.
Sendo estes incentivos desvinculados da produção de serviços, as informações de
pagamentos referentes a eles não podem ser obtidas diretamente do SIH/SUS. As
43
.
transferências efetuadas às unidades, da mesma forma que no FIDEPS, passam a constar
de duas ou mais parcelas: uma variável, referente à remuneração pelos serviços produzidos
(com fatores adicionais, como o IVH-E) e outra fixa, referente a estes incentivos.
Estes tipos de incentivos, como os apresentados a seguir, são repassados diretamente pelos
gestores, através dos respectivos fundos de saúde, aos prestadores, em valores mensais,
sem relação direta com a produção de serviços. Representam, então, um valor adicional nas
internações hospitalares, não representados no SIH/SUS.
5.2.5.1. INTEGRASUS
Criado pela Portaria MS/GM 604, de 24 de abril de 2001, o Incentivo de Integração ao
Sistema Único de Saúde (INTEGRASUS), “a ser pago adicionalmente ao faturamento das
entidades, destina-se, exclusivamente, aos hospitais filantrópicos e sem fins lucrativos e
tem por objetivo estimular o desenvolvimento de suas atividades assistenciais e a
realização das mesmas em regime de parceria com o Poder Público”, conforme a mesma
portaria.
A portaria estabelece:
que o INTEGRASUS será concedido pela Secretarias Estaduais de Saúde, dentro
do limite (estabelecido pela portaria) do número de estabelecimentos por Unidade
da Federação (UF) que poderão receber os incentivos;
quais as exigências mínimas para a habilitação ao INTEGRASUS: ser entidade
beneficente, ter um percentual mínimo de leitos e atendimentos ambulatoriais para
o SUS, ter assistência de urgência/emergência, ter capacidade de atendimento a
partos de alto risco e cirurgias de grande porte, ter pelo menos uma das
especialidades estratégicas (ortopedia, cardiologia ou neurologia), ter atendimento
referenciado, ter leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e outros;
que os hospitais que recebem FIDEPS não podem receber INTEGRASUS;
que o valor do incentivo deve ser estabelecido pelo gestor estadual, sendo variável
e não podendo seu total exceder o que represente 30% do valor pago ao hospital a
título de faturamento por serviços prestados ao SUS na assistência hospitalar; este
faturamento deverá ser calculado em função da média dos pagamentos realizados
44
.
nos doze meses imediatamente anteriores à concessão do Incentivo; o valor
estabelecido poderá sofrer reavaliações semestrais pelo gestor do SUS;
que o financiamento do INTEGRASUS faz parte do Fundo de Ações Estratégicas e
Compensação (FAEC) e que será agregado aos tetos estaduais gradativamente, de
acordo com a habilitação dos hospitais; são estabelecidos limites nos valores
globais do INTEGRASUS.
Pouco tempo depois, a Portaria MS/GM 1.413, de 30 de agosto de 2001, muda a
denominação do INTEGRASUS para INTEGRASUS I e cria o INTEGRASUS II, ambos
formando o Programa Nacional de Incentivo à Parceria entre os Hospitais Filantrópicos e
sem Fins Lucrativos e o Sistema Único de Saúde. O INTEGRASUS II abrange todos os
hospitais com o registro de filantropia e assistência social nos órgãos competentes. O valor
pago corresponde a 8% do faturamento pela prestação de serviços hospitalares do ano de
2000. Hospitais habilitados no INTEGRASUS I não podem receber o INTEGRASUS II.
Os recursos para o INTEGRASUS II também são provenientes do FAEC, mas não oneram
os limites financeiros dos estados e municípios.
A Portaria MS/GM 878, de 8 de maio de 2002, modifica novamente os critérios e
valores do INTEGRASUS:
passam a haver 3 níveis:
o Nível A, para todos os hospitais sem fins lucrativos, com percentual de 8%
de acréscimo;
o Nível B, para os hospitais sem fins lucrativos eleitos pelos gestores
estaduais nos quantitativos definidos pela portaria, com percentual de 15%
de acréscimo; e
o Nível C, para todos os hospitais sem fins lucrativos classificados como
estratégicos pelo Ministério da Saúde, com percentual de 25% de
acréscimo.
O percentual é calculado pelos pagamentos efetuados ao hospital a título de
faturamento por serviços prestados ao SUS na assistência hospitalar, excetuando-se
as órteses, próteses e materiais especiais, tendo como base de cálculo o ano 2001;
45
.
o pagamento do incentivo passa a ser feito pelo Ministério da Saúde,
adicionalmente ao faturamento pelos serviços produzidos;
os recursos são provenientes do FAEC, mas não oneram os limites financeiros dos
estados e municípios; e
os hospitais que recebem FIDEPS não podem receber INTEGRASUS.
5.2.5.2. Incentivo à Assistência Ambulatorial, Hospitalar e de Apoio Diagnóstico à
População Indígena
A Portaria MS/GM 1.163, de 14 de setembro de 1999, determina que as ações de
atenção à saúde dos povos indígenas deverão ser realizadas pela Fundação Nacional de
Saúde (Funasa), em articulação com a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS).
Entre as disposições desta portaria, destaca-se a que cria um Incentivo à Assistência
Ambulatorial, Hospitalar e de Apoio Diagnóstico à População Indígena (IAPI), destinado a
estabelecimentos hospitalares definidos pela Funasa, considerando como critérios a relação
da oferta dos serviços e a população indígena potencialmente beneficiária.
É definido que o fator de incentivo incidirá sobre os procedimentos pagos através do
SIH/SUS, em percentuais proporcionais à oferta de serviços prestados pelo
estabelecimento às populações indígenas, no limite de até 30% da produção total das AIH
aprovadas. Numa primeira leitura, pode haver a impressão que este fator é um adicional
sobre a produção de serviços, porém trata-se de um valor fixo, repassado pelo Fundo
Nacional de Saúde aos estabelecimentos habilitados.
5.2.6. Mais algumas considerações sobre os incentivos
Os incentivos aqui apresentados não esgotam o assunto, absolutamente. Não está sendo
discutida, por exemplo, uma forma mais direta de incentivo: a própria Tabela de
Procedimentos. Reajustes diferenciados dos valores dos procedimentos e reclassificações
dos mesmos podem ser indutores da prática médica dos estabelecimentos hospitalares, na
medida em que estes podem ser mais bem remunerados. Também podem ser devidos a
pressões e reivindicações de grupos sociais, profissionais ou empresariais para atendimento
46
.
de interesses setoriais, como em procedimentos de alta complexidade, que têm um padrão
de remuneração mais de acordo com o mercado médico-hospitalar.
A questão da remuneração é importante também no caso do parto normal e cesariana.
Apesar dos incentivos dados ao parto normal (e também das restrições ao parto cesáreo,
como será visto no item 5.3.2) e de recomendações feitas pelo Conselho Nacional de
Saúde
21
, no sentido de igualar o pagamento de ambos, o parto cesariano ainda remunera
melhor o estabelecimento (como pode ser visto no Quadro 1, na gina 38), o que pode
estimular a sua prática.
Outra forma de incentivo que pode ser analisada é a criação de atos médicos, às vezes
obrigatórios, que podem ou devem ser incorporados ao procedimento principal, como nos
seguintes exemplos:
Inicialmente, a remuneração adicional pela presença do pediatra na sala de parto
era um incentivo a que esta prática fosse adotada; posteriormente, a presença do
pediatra na sala de parto tornou-se padrão, sendo a remuneração incorporada ao
procedimento (mas paga separadamente).
Recentemente (Portaria MS/SAS 766, de 21 de dezembro de 2004), foi
determinado que o exame de VDRL fosse executado em todas as parturientes
internadas, e não mais apenas nos hospitais participantes do PHPN.
Nestes casos, pode-se concluir que inicialmente houve um incentivo a duas práticas
(pediatra em sala de parto e exame de VDRL); mais tarde, tornaram-se obrigatórias, o que
pode indicar um aprimoramento da assistência hospitalar.
Outro aspecto que pode ser observado em relação aos incentivos pecuniários é que, em
muitos casos, tais incentivos, inicialmente restritos a determinados estabelecimentos, se
expandem (podendo quase se universalizar), forçando a criação de um novo incentivo,
como no caso do IVH e do IAV-EM. Em outras situações, uma degradação do
incentivo, também levando a criação de outro, como no caso dos hospitais “Amigos da
Criança”.
21
Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 174, de 9 de novembro de 1995.
47
.
A questão que se coloca, e não apenas nestes casos, é se as práticas recomendadas (no caso
de procedimentos ou atos médicos) ou as condições exigidas (para qualificação dos
estabelecimentos) estão sendo efetivamente seguidas e não apenas informadas para
cumprir a regulamentação. O sistema de informações não tem como resolver, de per se,
esta questão. Auditorias e verificações in loco são necessárias, sendo o sistema de
informação responsável por apresentar indicadores que permitam uma melhor avaliação da
assistência prestada.
5.3. As restrições
Além dos incentivos, restrições têm sido utilizadas com o objetivo de adequar a atuação
dos estabelecimentos de saúde à política em vigor. Destacam-se as restrições baseadas em
limitações na prática assistencial, como os que serão vistos a seguir.
5.3.1. Os tetos físicos e financeiros
Questão fundamental para o funcionamento do SIH/SUS sempre foi a relativa às limitações
físicas e financeiras da atenção à saúde, de modo que o dispêndio seja adequado à
capacidade de financiamento das ações de saúde.
No processo de implantação do SUS, quando o SIH/SUS foi definido como o sistema de
informações para a atenção hospitalar (Portaria MS/GM 896, de 29 de junho de 1990 e
Resolução INAMPS 227, de 27 de julho de 1990), são definidas quotas de AIH para os
estados, tomando como ponto de partida a média do total de internações efetivamente
realizadas nos últimos 12 (doze) meses, e como limite, os parâmetros consignados na
Portaria MPAS/GM 3.046, de 20 de julho de 1982 (portaria que instituiu o SAMHPS no
âmbito da Previdência Social).
A Norma Operacional Básica 01/93, instituída pela Portaria MS/GM nº 545, de 20 de maio
de 1993, impõe que “o teto quantitativo mensal será equivalente a um duodécimo de 8% de
sua população, enquanto para os estados será de um duodécimo de 2% da população,
acrescido dos quantitativos devidos aos seus municípios que não estiverem inclusos nas
condições de gestão incipiente, parcial ou semiplena”. Estes tetos poderiam ser alterados
pelas Comissões Integestoras Bipartites, não podendo ultrapassar o limite de 10
48
.
internações por habitante por ano no estado. Os tetos financeiros são calculados a partir da
média histórica do ano de 1992. O funcionamento de uma câmara de compensação também
é regulamentado, para viabilizar a circulação de AIH entre os municípios.
A Tabela 7 apresenta o número de AIH, de 1990 a 2004, por região do Brasil. Nesta tabela,
foram desprezadas as AIH de tipo 5, ou seja, as AIH de continuação para as internações de
longa permanência, de modo que se obtenha uma aproximação do número de internações
efetivamente realizadas.
Tabela 7 – Número de internações e taxa de internações por 100 habitantes, por ano segundo região
(por local de internação).
Brasil, 1990 a 2004.
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
Ano
Número
Taxa mero Taxa Número Taxa Número Taxa mero
Taxa
Número
Taxa
1990 353.622 3,6 2.792.980 6,7 5.342.101 8,7 2.376.325 10,9 931.332 10,2 11.796.360 8,2
1991 565.932 5,6 3.766.825 8,9 5.834.303 9,3 2.396.662 10,8 1.004.763 10,7 13.568.485 9,2
1992 772.614 7,5 4.283.576 10,0 6.092.274 9,6 2.402.381 10,7 1.032.346 10,7 14.583.191 9,8
1993 872.911 8,2 4.397.302 10,0 6.150.001 9,5 2.412.261 10,6 997.294 10,1 14.829.769 9,8
1994 883.494 8,1 4.395.547 9,9 6.090.186 9,3 2.315.705 10,1 1.014.187 10,1 14.699.119 9,6
1995 839.013 7,5 3.796.425 8,4 5.125.620 7,7 2.038.911 8,8 846.231 8,2 12.646.200 8,1
1996 842.361 7,5 3.603.753 8,1 4.702.165 7,0 1.976.169 8,4 808.206 7,7 11.932.654 7,6
1997 831.533 7,2 3.489.808 7,7 4.654.354 6,8 1.980.149 8,3 816.523 7,6 11.772.367 7,4
1998 849.145 7,2 3.508.468 7,7 4.550.048 6,6 1.958.122 8,1 848.973 7,7 11.714.756 7,2
1999 923.542 7,6 3.582.825 7,7 4.573.841 6,5 1.990.983 8,1 879.606 7,8 11.950.797 7,3
2000 914.104 7,1 3.601.780 7,5 4.536.395 6,3 1.983.313 7,9 901.731 7,7 11.937.323 7,0
2001 901.305 6,8 3.531.936 7,3 4.428.341 6,0 1.969.864 7,7 924.908 7,8 11.756.354 6,8
2002 911.232 6,7 3.513.822 7,2 4.407.947 5,9 1.935.684 7,5 945.064 7,8 11.713.749 6,7
2003 913.705 6,6 3.441.568 7,0 4.439.204 5,9 1.882.072 7,2 961.645 7,8 11.638.194 6,6
2004 935.705 6,7 3.342.359 6,7 4.390.399 5,8 1.853.640 7,0 970.780 7,7 11.492.883 6,4
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Taxa.: Número de internações por 100 habitantes.
2. No número de internações, foram desprezadas as AIH de continuação de longa permanência (tipo 5).
3. A população considerada foi a disponibilizada no sítio do Datasus
22
.
Observa-se nesta tabela o crescimento do número de internações no período de 1990 a
1994, com uma queda abrupta em 1995. A partir de então, uma estabilidade no número
de internações por ano, chegando a haver pequena queda nas regiões mais populosas
(Sudeste, Nordeste e Sul). O crescimento inicial pode ser atribuído, em primeiro lugar, à
expansão do SIH/SUS para a rede pública, como foi visto no item 5.1. No entanto, esta
expansão ocorreu principalmente entre 1990 e 1992, sugerindo que entre 1992 e 1994
tenha havido um possível descontrole no número de AIH pagas.
22
Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ibge/popmap.htm; acesso em 01 out. 2005.
49
.
No Gráfico 7, é exibida a taxa de internações por 100 habitantes por região. Observa-se
que este valor é bastante elevado até 1994 (acima de 10 internações por 100 habitantes),
nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, refletindo, também, a maior oferta de serviços
nestas regiões. Para este período (1990 a 1994), não é possível discriminar as internações
segundo o local de residência do paciente, pois tal informação não era coletada. Pode ser
observado também o maior crescimento das taxas, neste mesmo período, nas regiões Norte
e Nordeste, pela incorporação da rede pública.
Gráfico 7 - Taxa de internações por 100 habitantes, por ano segundo região (local de internação).
Brasil, 1990 a 2004.
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004
Ano
Taxa
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-
Oeste
Brasil
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 7.
Em 1995, novos controles, mais rígidos são implantados. As portarias MS/GM 272, de
de março de 1995, e MS/SAS 15, de 2 de março de 1995, determinam o teto de 9
internações por ano por 100 habitantes por Unidade da Federação. Para os estados que
apresentaram uma média maior que este valor em 1994, é determinado um cronograma de
redução em três meses. Maiores controles também são estabelecidos em relação aos tetos
financeiros.
Pode-se observar, então, ainda na Tabela 7, a queda no número de internações, em termos
absolutos e por 100 habitantes, a partir de 1995, certamente como resultado das políticas
então implantadas.
50
.
A Tabela 8 apresenta os mesmos indicadores, apropriados, porém, segundo o local de
residência dos pacientes. Em nível de região, as diferenças em relação à Tabela 7 são
pequenas. Detalhando-as por estado (tabelas não apresentadas), pode-se notar que algumas
Unidades da Federação apresentam taxas menores por local de residência que as por local
de internação, denotando que são receptores de pacientes de outras UF (principalmente
Distrito Federal recebendo pacientes de Goiás e Piauí recebendo do Maranhão). Se for
calculado em nível municipal, maiores variações nestas taxas certamente poderão ser
encontradas.
Em ambas as tabelas, pode ser observada, nos anos posteriores a 1995, a contínua queda no
número de internações por 100 habitantes. Isto pode ser devido a outras medidas de
contenção, com implantação de controles mais rígidos dos tetos.
Fator a considerar é que o SIH/SUS registra apenas as internações pagas. As internações
extrateto (financeiro ou físico) não constam do sistema. Pode-se supor, também, que em
municípios em gestão plena do sistema municipal, havendo sido ultrapassado o teto, o
gestor informe preferencialmente as internações da rede contratada, que as públicas
podem ser cobertas por outros recursos orçamentários. No escopo deste trabalho, não
como verificar esta hipótese, aventada em diversas discussões informais.
Tabela 8 – Número de internações e taxa de internações por 100 habitantes, por ano segundo região
(por local de residência).
Brasil, 1995 a 2004.
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
Ano
Número Taxa Número Taxa Número Taxa Número Taxa Número Taxa Número Taxa
1995 759.545 6,8 3.691.418 8,2 4.759.268 7,2 1.886.909 8,2 725.004 7,1 12.646.200 8,1
1996 821.123 7,3 3.547.611 7,9 4.495.199 6,7 1.918.866 8,2 767.753 7,3 11.932.654 7,6
1997 813.146 7,0 3.419.976 7,5 4.406.151 6,5 1.905.404 8,0 771.456 7,2 11.772.367 7,4
1998 845.981 7,1 3.485.287 7,6 4.446.189 6,4 1.928.589 8,0 830.605 7,6 11.714.756 7,2
1999 930.900 7,7 3.590.392 7,8 4.558.210 6,5 1.995.487 8,2 875.808 7,8 11.950.797 7,3
2000 921.872 7,1 3.608.186 7,6 4.522.090 6,2 1.988.109 7,9 897.065 7,7 11.937.323 7,0
2001 909.878 6,9 3.537.173 7,3 4.420.982 6,0 1.971.856 7,7 916.465 7,7 11.756.354 6,8
2002 919.659 6,8 3.518.451 7,2 4.402.188 5,9 1.937.713 7,5 935.738 7,7 11.713.749 6,7
2003 917.784 6,7 3.445.484 7,0 4.434.613 5,9 1.884.057 7,2 952.877 7,7 11.638.194 6,6
2004 942.197 6,7 3.346.473 6,7 4.385.875 5,7 1.855.518 7,1 962.818 7,7 11.492.883 6,4
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Taxa: Número de internações por 100 habitantes.
2. No número de internações, foram desprezadas as AIH de continuação de longa permanência.
3. A população considerada foi a disponibilizada no sítio do Datasus (ver nota de rodapé 22).
4. As internações de residência ignorada estão contabilizadas no total Brasil.
51
.
As menores taxas observadas para a Região Sudeste, que são aparentemente contraditórias
com a maior capacidade instalada nesta região, pode ser (pelo menos em parte) explicada
pela maior proporção da população assistida por planos privados de saúde suplementar,
conforme pode ser visto na Tabela 9, ou seja, a população desta região é menos dependente
do SUS do que a população das demais regiões. Na Figura 1, pode-se observar que as
menores taxas de internação por UF de residência ocorrem em São Paulo e Rio de Janeiro
(maior capacidade instalada, maior proporção de população coberta por planos privados de
saúde), em Rondônia e Amazonas (pequena capacidade instalada, pequena proporção de
população coberta com planos de saúde) e no Rio Grande do Norte (situação
intermediária).
Tabela 9 – Proporção (%) da população assistida por planos privados de saúde por região segundo
ano.
Brasil, 2000-2003.
Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
2000 5,8 8,1 34,4 14,6 13,3 20,5
2001 5,7 7,7 33,2 14,4 12,9 19,8
2002 6,2 7,9 31,8 14,1 12,7 19,2
2003 6,6 8,1 31,8 14,9 12,7 19,4
Fontes: Ministério da Saúde – Agência Nacional de Saúde – Sistema de Informações de Beneficiários.
Informado até abril de 2004. IBGE – Base demográfica.
Nota: Obtido do IDB-2004 Indicadores e Dados Básicos 2004, disponível em
http://www.datasus.gov.br/idb2004, acesso em 01 de outubro de 2005.
Figura 1 – Taxa de internação por 100 habitantes.
Brasil, 2004.
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Mapa elaborado a partir do detalhamento por UF da Tabela 8
2. Taxa de internação por local de residência
52
.
5.3.2. A limitação de cesarianas
É bastante conhecido o alto percentual de cesarianas realizadas no Brasil, tanto no sistema
público como no sistema privado
23
. em 1978, Gentile de Mello
24
, apud Baldijão (1992),
concluía que o maior valor das Unidades de Serviços dos partos cesarianos, ainda na
vigência do SNCPCH (Sistema da GIH) foi uma das principais causas do crescimento da
proporção destes partos junto à rede privada de serviços.
O Conselho Nacional de Saúde emitiu, em 9 de novembro de 1995, a Resolução 174,
determinando que a Comissão Intergestora Tripartite revisse o pagamento diferenciado
entre o parto normal e parto cesáreo na tabela do SUS, considerando a possibilidade de
igualar a remuneração para ambos procedimentos.
Porém, como pode ser visto no Quadro 1 (página 38), no Gráfico 8 e na Tabela 10, a
diferença entre os valores da Tabela de Procedimentos e os valores médios pagos dos
partos cesáreos e normais persistiu. Em 1995, o valor médio do parto cesáreo correspondia
a 1,66 vez o do parto normal; esta relação sobe para 1,80 em 2001/2002, diminuindo para
1,58 em 2004.
Gráfico 8 Valor médio dos partos, normais e cesáreos e razão entre os valores médios.
Brasil, 1995 a 2004.
0
100
200
300
400
500
600
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Ano
Valor Médio (R$)
1,45
1,50
1,55
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
1,85
Razão
Partos normais Partos cesáreos Total Rao
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Razão: Razão entre o valor médio dos partos cesáreos e o valor médios dos partos normais.
2. Gráfico elaborado a partir da Tabela 10.
23
Ver os indicadores F.8 Proporção de Partos Cesáreos e F.9 Proporção de Partos Cesáreos (SUS) do
IDB-2004, disponíveis em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?idb2004/f08.def e
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?idb2004/f09.def
, respectivamente; acesso em 09 nov. 2005.
24
GENTILE DE MELLO, C. Medicina Previdenciária. Saúde e Medicina no Brasil. Rio de Janeiro,
Graal, 1978.
53
.
Pode-se também observar, na Tabela 10, que, entre 1992 e 1997, em média 32% dos partos
eram cesáreos. Esta distribuição é bastante irregular, como pode ser visto na Figura 2,
referente a 1997. A proporção de partos cesáreos variava, neste ano, de 2,6% em Roraima
a 48,8% em Mato Grosso do Sul, com média de 31,9% e mediana de 26,9%.
Tabela 10 – Quantidade e valor médio dos partos, por tipo, proporção de partos cesáreos e razão entre
os valores médios, segundo ano.
Brasil, 1992 a 2004.
Partos normais Partos cesáreos Total de partos
Ano
Quantidade
Valor
Médio
Quantidade
Valor
Médio
Quantidade
Valor
Médio
% parto
cesáreos
Razão
(%)
1992 1.856.771 - 834.200 - 2.690.971 - 31,0 -
1993 1.960.133 - 896.122 - 2.856.255 - 31,4 -
1994 1.928.426 - 924.408 - 2.852.834 - 32,4 -
1995 1.906.037 124,83 915.474 207,35 2.821.511 151,60 32,4 166,1
1996 1.858.359 128,15 884.782 212,35 2.743.141 155,31 32,3 165,7
1997 1.849.296 129,13 868.969 214,18 2.718.265 156,32 32,0 165,9
1998 1.876.624 184,31 744.729 292,25 2.621.353 214,97 28,4 158,6
1999 1.992.568 227,41 660.431 374,58 2.652.999 264,05 24,9 164,7
2000 1.906.320 222,84 599.419 378,92 2.505.739 260,18 23,9 170,0
2001 1.801.406 231,20 602.479 416,18 2.403.885 277,56 25,1 180,0
2002 1.753.659 234,95 590.101 420,83 2.343.760 281,75 25,2 179,1
2003 1.664.680 261,06 596.833 440,69 2.261.513 308,46 26,4 168,8
2004 1.626.092 325,76 617.687 514,17 2.243.779 377,63 27,5 157,8
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Razão: Razão entre o valor médio dos partos cesáreos e o valor médios dos partos normais.
2. Valores médios nos anos de 1992 a 1994 não calculados, devido à alta inflação da época e às sucessivas
mudanças de moeda.
Figura 2 – Proporção de partos cesáreos por UF.
Brasil, 1997.
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Mapa elaborado a partir da Tabela 11
.
54
.
Tabela 11 – Proporção de partos cesáreos por ano, segundo Região e UF.
Brasil, 1997, 2000 e 2004.
UF 1997 2000 2004 UF 1997 2000 2004
Região Norte 26,1
20,4
24,1
Bahia 18,4
16,2
19,4
Rondônia 32,5
24,4
22,1
Região Sudeste 39,0
27,9
31,4
Acre 19,2
21,0
24,6
Minas Gerais 38,7
26,9
33,8
Amazonas 21,8
18,5
21,2
Espírito Santo 36,4
26,9
24,1
Roraima 2,6
14,6
15,6
Rio de Janeiro 37,6
26,8
23,8
Pará 28,2
21,2
26,4
São Paulo 40,2
29,1
33,7
Amapá 10,7
10,9
20,9
Região Sul 36,9
27,2
30,5
Tocantins 26,9
22,5
23,7
Paraná 41,5
27,7
28,9
Região Nordeste 21,4
19,3
23,2
Santa Catarina 35,2
28,7
34,0
Maranhão 19,7
16,9
17,8
Rio Grande do Sul 32,7
25,8
30,2
Piauí 26,9
22,9
31,3
Região Centro-Oeste 42,0
26,1
29,8
Ceará 22,9
22,5
27,7
Mato Grosso do Sul 48,8
29,9
35,8
Rio Grande do Norte 21,2
19,7
28,9
Mato Grosso 47,2
26,3
32,1
Paraíba 35,2
24,5
29,9
Goiás 46,0
22,9
21,8
Pernambuco 20,5
21,2
20,7
Distrito Federal 24,9
26,8
32,6
Alagoas 18,2
18,1
27,2
Brasil 32,0
23,9
27,5
Sergipe 14,7
13,9
18,6
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
É importante também verificar como se comportam os hospitais em relação aos partos
cesáreos. O Gráfico 9 e a Tabela 12 apresentam o número de hospitais de acordo com a
proporção de partos cesáreos neles realizados. Observa-se, em 1997, a concentração de
hospitais na faixa de 20 a 50% de partos cesáreos, mas com número bastante alto de
hospitais com mais de 50%.
Gráfico 9 – Número de hospitais segundo a faixa de proporção de partos cesáreos.
Brasil, 1997 e 2004.
0
5
10
15
20
25
30
35
0
0 –| 10
10 –| 20
20 –| 30
30 –| 40
40 –| 50
50 –| 60
60 –| 70
70 –| 80
80 –| 90
90 –| 100
Proporção (%) de partos cesáreos
% domero de hospitais
1997
2000
2004
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 12.
Para diminuir o impacto provocado por hospitais que realizam partos apenas
eventualmente, foi estudada a situação em que foram desprezados os hospitais do primeiro
quintil da distribuição segundo o número total de partos no ano. Com isto, foram
eliminados do universo os hospitais que realizaram menos de 74 partos em 1997, de 60
55
.
partos em 2000 e de 49 partos em 2004. Isto resultou em não considerar 1,2% dos partos
em 985 estabelecimentos em 1997, 1,0% dos partos em 953 estabelecimentos em 2000 e
0,8% dos partos em 898 estabelecimentos em 2004. A distribuição resultante é bastante
similar à apresentada, apenas com diminuição do número de estabelecimentos na primeira
e última classe. É de estranhar a existência de hospitais com mais de 500 partos em 1997,
mas com menos de 5% ou mais de 95% dos partos cesáreos.
Tabela 12 – Número de hospitais por ano segundo a proporção de partos cesáreos.
Brasil, 1997 e 2004.
Proporção de partos cesáreos 1997 2000 2004
0% 687 817 922
0 –| 10 % 371 519 360
10 –| 20 % 611 1060 837
20 –| 30 % 714 1561 1.353
30 –| 40 % 732 712 552
40 –| 50 % 599 11 228
50 –| 60¨% 415 3 97
60 –| 70 % 312 0 47
70 –| 80 % 210 0 20
80 –| 90 % 139 1 12
90 –| 100 % 104 -
18
Total 4.894 4.684 4.446
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Com o objetivo de diminuir o número de cesáreas, é editada a Portaria MS/GM 2.816,
em 29 de maio de 1998, estabelecendo que o percentual de partos cesáreos por
estabelecimento passa a ser limitado, progressivamente, nas seguintes proporções e prazos:
40%, para o segundo semestre de 1998;
37%, para o primeiro semestre de 1999;
35%, para o segundo semestre de 1999; e
30%, para o primeiro semestre de 2000.
O controle deste limite deveria ser feito no momento da digitação das AIH, no programa de
entrada de dados (SISAIH01)
25
. A Portaria MS/SAS nº 94, de 16 de julho de 1998,
complementa a 2.816, indicando que, se ultrapassado o limite, todas as AIH de partos
seriam rejeitadas.
25
Esta forma de controle deixou uma brecha para manipulações; o programa de entrada de dados não tem
conhecimento de AIH apresentadas em movimentos anteriores. Assim, o hospital poderia entrar com AIH
de partos normais já apresentadas, ficando dentro dos limites. Posteriormente, tais AIH de partos normais
seriam rejeitadas, por já terem sido apresentadas e as AIH de partos cesarianos excedentes não mais seriam
rejeitadas. No entanto, não há como verificar se tal fato ocorreu.
56
.
É interessante observar que, nos “considerandos” desta portaria, é destacado que a elevada
taxa de cesáreas no Brasil é fator determinante da elevada morbi-mortalidade materna e
perinatal sem, no entanto, apresentar dados e referências.
Em 3 de julho de 1999, a Portaria MS/GM 865 redefine as proporções e prazos
estabelecidos anteriormente, para:
37%, para o segundo semestre de 1999;
35%, para o primeiro semestre de 2000; e
30%, para o segundo semestre de 2000.
Pode-se ver, na Tabela 10 (página 53) e no Gráfico 10, a queda ocorrida a partir de 1998,
aparentemente tendo havido adequação às portarias. A mesma queda pode ser observada
na Tabela 11 (página 54) em quase todas as unidades da federação, principalmente nas
regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, sendo que nenhum estado atingiu a marca de 30% em
2000. No Gráfico 9 e Tabela 12, observa-se que praticamente nenhum hospital teve mais
de 40% de partos cesáreos, também em 2000.
Gráfico 10 – Evolução da proporção de partos cesáreos, por ano.
Brasil, 1992 a 2004.
31,0
31,4
32,4
32,4
32,3
32,0
28,4
24,9
23,9
25,1
25,2
26,4
27,5
15
20
25
30
35
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Ano
Proporção (%)
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 10.
No ano de 2000, nova alteração na sistemática de controle da limitação de partos cesáreos
é feita. A Portaria MS/GM 466, de 14 de junho de 2000, reconhece que o limite por
hospital “não contempla peculiaridades de algumas instituições que, por serem de
referência e de maior complexidade assistencial, realizam um número maior destes
procedimentos do que os limites propostos”, conforme o próprio texto da portaria.
57
.
Também é reconhecida a necessidade de incrementar o papel regulador dos gestores
estaduais. Neste sentido, os limites dos hospitais passam a ser atribuídos e controlados
pelos estados. Os limites destes são verificados pelo nível federal.
Passa a haver limites por unidade da federação, estabelecido na própria portaria, a pactuar:
20% para Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Alagoas, Sergipe e Bahia;
25% para Rondônia, Roraima, Pará, Tocantins, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Pernambuco e Distrito Federal;
27% para Paraíba e Rio Grande do Sul;
30% para Espírito Santo, Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás; e
35% para Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.
É definido que os estados com limites acima de 25% deverão reduzi-lo progressivamente.
No caso de não cumprimento dos limites pela unidade da federação, ou não adesão ao
pacto, são mantidas as metas por estabelecimento hospitalar, de acordo com as Portarias
MS/GM nº 2.816/1998 e MS/GM nº 865/1999, já discutidas.
Novas portarias definem os limites para os estados que não pactuarem com a União: a
Portaria MS/GM 426, de 4 de abril de 2001, estabelece 30% para o primeiro semestre de
2001 e 27% para o segundo semestre de 2001; a Portaria MS/GM 179, de 29 de janeiro
de 2002, mantém 27% por hospital para o primeiro semestre de 2002.
Com estas novas regras, o perfil da distribuição dos partos novamente se altera. A
proporção de partos cesáreos atinge, em 2004, 27,5% (Tabela 11, gina 54), sendo que
em vários estados esta proporção passa de 30%, destacando-se Mato Grosso do Sul com
35,8%, Santa Catarina com 34%, e Minas Gerais com 33,8%. Na Tabela 12 (página 54) e
Gráfico 9 (página 54), pode-se observar que volta a haver hospitais com mais de 40% de
partos cesáreos, mas em menor quantidade que em 1997.
A adoção destes limites, desde 1998, efetivamente diminuiu a proporção de cesáreas
registradas no SIH/SUS. Cabe levantar ainda algumas questões, que extrapolam os limites
deste trabalho:
58
.
Esta diminuição realmente ocorreu? Foi mudada a prática médica ou passou a haver
mais distorção da informação? O estabelecimento deixou de efetuar cesarianas ou
preferiu informá-las como partos normais, para não exceder o limite e receber pelo
menos uma parte do valor? Esta questão pode ser respondida através de pesquisa
nos prontuários médicos, de batimento com os registros do Sistema de Informações
sobre Nascidos Vivos (SINASC), de auditorias ou então em pesquisa com as
parturientes, como pode ser efetuada através do sistema de cartas da SAS
26
. Não
foram encontrados estudos atualizados sobre o tema.
A diminuição da proporção de partos cesáreos levou a uma redução na morbi-
mortalidade materna e infantil, conforme eram os objetivos apresentados tanto na
Resolução do Conselho Nacional de Saúde 174 como nas portarias que
estabeleceram os limites? Além disso, qual a relação desta redução com outros
incentivos à melhoria da atenção ao parto e à criança, como os programas dos
Hospitais “Amigos da Criança”, do Atendimento à Gestante de Alto Risco e de
Humanização do Pré-natal e Nascimento?
5.4. Algumas considerações sobre a natureza dos prestadores
Na análise das informações do SIH/SUS, principalmente quanto à categorização dos
hospitais, alguns cuidados adicionais devem ser tomados, como será detalhado neste item.
As situações aqui descritas se aplicam até julho de 2003. Com a implantação do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), em agosto de 2003, há uma mudança das
condições, que será analisada mais adiante, no item 5.8.
5.4.1. Os hospitais universitários públicos e privados
Mesmo com a instituição do FIDEPS (item 5.2.1), uma distorção já existente anteriormente
não é solucionada: nas bases de dados do SIH/SUS continua não sendo possível identificar
os hospitais universitários (com ou sem FIDEPS) como públicos ou privados. Também não
é possível diferenciar os hospitais vinculados a universidades (públicas federais
26
Por este sistema, são enviadas cartas aos pacientes que tiveram alta, com um questionário sobre o
atendimento efetuado; o retorno é utilizado para alguns critérios de acreditação do hospital, eventuais
auditorias e inserção em programas de incentivos.
59
.
vinculadas ao MEC, públicas estaduais ou privadas) dos não vinculados, mas que
satisfazem os critérios do FIDEPS (hospital-escola, residência médica, cursos de pós-
graduação strictu senso etc).
O Quadro 2 apresenta os hospitais universitários do Rio de Janeiro, de 1992 a 2003,
segundo sua qualificação como “ensino” ou “pesquisa”. Observe-se que praticamente
todos os hospitais são efetivamente vinculados a universidades ou utilizados como
hospital-escola, sejam públicas (UFRJ, UERJ, UNIRIO) ou privadas (UNIG, Valença,
Vassouras, Teresópolis etc.). O Instituto Nacional do Câncer, pertencente ao Ministério da
Saúde, também está classificado nesta categoria, já que tem programas de residência
médica, especialização, pós-graduação etc. Note-se que a Santa Casa de Misericórdia do
Rio de Janeiro não consta desta relação, apesar de ter atividades de hospital-escola. Em
consulta ao BDAIH, verifica-se que este hospital está classificado como filantrópico.
Quadro 2 – Hospitais universitários, natureza e período.
Estado do Rio de Janeiro, janeiro de 1992 a julho de 2003.
Hospital Natureza Período
28.523.215/0003-78
HOSPITAL UNIVERSITARIO ANTONIO PEDRO UNIV FED FLUMINENSE
Pesquisa 1992 a 2003
28.947.885/0002-30
ASSOC FLUM DOS PLANT DE CANA HOSPITAL UNIVERSITARIO MEC MPAS
Ensino 1992 a 2003
28.964.252/0001-50
FUND. BENEDITO P. NUNES/HOSP. ESCOLA ALVARO ALVIM
Pesquisa 2001 a 2003
Ensino 1998 a 2001
30.834.196/0002-61
HOSPITAL UNIVERSITARIO DA UNIG
Pesquisa 1992 a 1996
Pesquisa 1998 a 2003
Ensino 1996 a 1998
32.190.092/0003-78
HOSPITAL DAS CLINICAS DE TERESOPOLIS
Pesquisa 1992 a 2003
32.354.011/0001-66
ESCOLA LUIZ GIOSEFFI JANNUZZI
Pesquisa 1992 a 2003
32.410.037/0001-84
FUND.ED.SEVERINO SOMBRA HOS.ESC.JARBAS PASSARINHO
Pesquisa 1999 a 2003
32.410.037/0004-27
HOSPITAL ESCOLA JARBAS PASSARINHO
Pesquisa 1992 a 1999
33.540.014/0017-14
HOSPITAL UNIVERSITARIO PEDRO ERNESTO HUPE
Pesquisa 1992 a 2003
33.663.683/0001-16
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Pesquisa 1992 a 1993
33.663.683/0003-88
UFRJ HOSPITAL ESCOLA SAO FRANCISCO DE ASSIS
Ensino 1999 a 2003
33.663.683/0020-89
UFRJ INSTITUTO DE GINECOLOGIA
Pesquisa 1999 a 2001
Ensino 2002 a 2003
33.663.683/0022-40
UFRJ INSTITUTO DE NEUROLOGIA DEOLINDO COUTO
Pesquisa 1999 a 2003
33.663.683/0025-93
UFRJ INSTITUTO DE PSIQUIATRIA
Pesquisa 1999 a 2003
33.663.683/0026-74
UFRJ INSTITUTO DE PUERICULTURA E PED. MARTAGAO GESTEIRA
Pesquisa 1999 a 2003
33.663.683/0028-36
UFRJ INSTITUTO DE DOENCAS DO TORAX
Pesquisa 1999 a 2000
33.663.683/0052-66
UFRJ MATERNIDADE ESCOLA
Pesquisa 1999 a 2003
33.663.683/0053-47
UFRJ HOSP. UNIV. CLEMENTINO FRAGA FILHO
Pesquisa 1999 a 2003
34.023.077/0001-07
HOSP UNIV GAEFREE E GUINLE DA UNI RIO
Pesquisa 1992 a 2003
40.226.946/0001-95
FUNDACAO ARY FRAUZINO
Pesquisa 1993 a 2003
42.429.480/0001-50
FUND UNIVERST JOSE BONIFACIO HOSP ESCOLA S FRANCISCO ASSIS
Pesquisa 1992
42.429.480/0002-31
HOSP UNIV C FRAGA FILHO
Pesquisa 1993 a 1999
42.429.480/0003-12
INST PUER E PED MART GESTEIRA
Pesquisa 1992 a 1999
42.429.480/0004-01
FUNDACAO UNIV. JOSE BONIFACIO INST. TIS. PNEUMOLOGIA UFRJ
Pesquisa 1992 a 1999
42.429.480/0005-84
FUNDACAO UNIVERSIDADE JOSE BONIFACIO INST GINECOLOGIA UFRJ
Pesquisa 1992 a 1999
42.429.480/0006-65
FUND UNIVERSITARIA JOSE BONIFACIO MATERNIDADE ESCOLA UFRJ
Pesquisa 1992 a 1999
42.429.480/0007-46
INSTITUTO DE NEUROLOGIA DEO LINDO COUTO UFRJ
Pesquisa 1992 a 1999
42.429.480/0008-27
FUNDACAO UNIVERS.JOSE BONIFACIO - INST.PSIQUIATRIA - UFRJ
Pesquisa 1992 a 1999
42.429.480/0009-08
FUND UNIVERST JOSE BONIFACIO HOSP ESCOLA S FRANCISCO ASSIS
Ensino 1992 a 1999
42.498.717/0068-62
HOSPITAL DOS SERVIDORES DO ESTADO
Pesquisa 1993 a 1994
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
60
.
Quadro 3 – Hospitais universitários, natureza e período.
Estado do Rio Grande do Sul, janeiro de 1992 a julho de 2003.
Hospital Natureza Período
87.020.517/0001-20
HOSPITAL DE CLINICAS DE POA HOSPITAL UNIVERSITARIO MEC/MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
88.630.413/0002-81
UNIAO BRASILEIRA EDUCACAO E ASSISTENCIA HOSP.SAO LUCAS PUC
Pesquisa 1994 a 2003
89.876.114/0001-03
HOSPITAL ESCOLA UFPEL FUND DE APOIO UNIV HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
91.102.236/0001-94
HOSP DE ENSINO DR MIGUEL CORREA JUNIOR CONVENIO MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
92.021.062/0001-06
SOCIEDADE HOSPITALAR BENEFICENTE SAO VICENTE DE PAULO
Pesquisa 1993 a 2003
92.204.585/0001-80
CLINICA OLIVE LEITE SA
Pesquisa 1993 a 2002
92.219.070/0001-53
SOCIEDADE PORTUGUESA DE BENEFICENCIA
Pesquisa 1993 a 2003
92.219.559/0001-25
SANTA CASA DE MISERICORDIA DE PELOTAS
Pesquisa 1993 a 2003
92.238.914/0002-94
SPAC UCPEL HOSPITAL UNIVERSITARIO HOSP UNIVERS MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
92.693.134/0001-53
HOSPITAL FEMINA SA
Pesquisa 1993 a 2003
92.706.308/0019-02
UNIAO SUL BRASILEIRA EDUC ENSINO HOSP PUC HOSP UNIVERSITARIO
Pesquisa 1992 a 1994
92.787.118/0001-20
HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEICAO SA
Pesquisa 1993 a 2003
92.787.126/0001-76
HOSPITAL CRISTO REDENTOR S/A
Pesquisa 1993 a 2003
92.815.000/0001-68
ISCMPA HOSPITAL POL SANTA CLARA HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
92.815.000/0003-20
ISCMPA HOSPITAL DA CRIANCA SANTO ANTONIO HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
92.815.000/0004-00
ISCMPA HOSPITAL PAV SAO JOSE HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
92.815.000/0005-91
ISCMPA HOSP PAV PEREIRA FILHO HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
92.898.550/0001-98
FUN UNIVERSITARIA DE CARDIOLOGIA INSTITUTO DE CARDIOLOGIA
Pesquisa 1993 a 2003
92.963.560/0001-60
PREF.MUN. DE POA/SMS/HOSP.MATERNO INF. PRES. VARGAS
Pesquisa 2000 a 2003
92.967.595/0002-58
HOSPITAL ESCOLA MATERNIDADE INFANTIL PRES. VARGAS
Pesquisa 1993 a 2000
93.712.735/0002-00
HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO CONVENIO UNIVERSITARIO
Pesquisa 1994 a 2003
94.862.265/0001-42
ASSOCIACAO DE CARIDADE SANTA CASA DO RIO GRANDE
Pesquisa 2000 a 2002
95.591.764/0014-20
HOSPITAL UNIVER DE S MARIA HOSP UNIVERS (MEC/MPAS)
Pesquisa 1992 a 2003
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Quadro 4 – Hospitais universitários, natureza e período.
Estado de São Paulo, janeiro de 1992 a julho de 2003.
Hospital Natureza Período
33.495.870/0001-38
CASA N S PAZ ACAO S FRANCISCANA HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
44.896.827/0001-09
ASSOC HOSPITAL DE COTIA HOSP UNIVERSITARIO MECIMPAS
Ensino 2000 a 2001
Pesquisa 1994 a 2000
45.176.153/0001-22
HOSPITAL ESCOLA DA UNIVERSIDADE DE TAUBATE HOSP UNIV (MEC/MP
Pesquisa 1992 a 2003
45.751.435/0001-06
UNIV EST CAMP UNICAMP-H MUNIC PAULINIA HOSP.UNIV. MEC MPAS
Ensino 1992 a 1993
Pesquisa 1993 a 1995
46.020.301/0002-69
SOC CAMPINEIRA EDUC INSTRUCAO HOSP UNIVER CONV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
46.044.368/0001-52
SANATORIO DR CANDIDO FERREIRA
Pesquisa 1998 a 2003
46.068.425/0001-33
UNIVES EST CAMPINAS UNICAMP HOSPITAL UNIVER MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2001
46.374.500/0014-09
CONJUNTO HOSPITALAR DE SOROCABA HOSP UNIVERSITARIO MEC MPAS
Ensino 1992
Pesquisa 1992 a 2001
47.074.851/0008-19
FUNDACAO PADRE ALBINO HOSPITAL UNIVER MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
47.074.851/0009-08
FUNDACAO PADRE ALBINO HOSPITAL UNIVERSITARIO MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
48.031.918/0019-53
HOSPITAL DAS CLINICAS UNESP BOTUCATU
Pesquisa 1992 a 2001
50.644.053/0001-13
FUNDACAO ZERBINI
Pesquisa 1992 a 2001
50.965.219/0001-01
HOSPITAL E MATERNIDADE JUNDIAI S/A
Pesquisa 1994 a 2001
52.052.420/0001-15
FUND MUNICIPAL ENSINO MARILIA HOSP UNIVERSITARIO MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
52.803.319/0001-59
FUNDACAO OSWALDO RAMOS
Pesquisa 2000 a 2003
53.725.560/0001-70
FUNDACAO ADIB JATENE-INSTIT. DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA
Pesquisa 1993 a 2001
56.023.443/0001-52
HCFM RIBEIRAO PRETO USP HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 1999
56.577.059/0001-00
FUNDACAO FACULDADE DE MEDICINA MEC/MPAS
Pesquisa 1992 a 2000
57.571.275/0002-83
FUNDACAO DO ABC HOSPITAL UNIVERSITARIO MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
57.571.275/0005-26
HOSPITAL MUNICIPAL UNIVERSITARIO DE SAO BERNARDO DO CAMPO
Ensino 1999 a 2003
57.722.118/0001-40
FUND. DE APOIO AO ENSINO/PESQUISA E ASSIST. DO HCFMRPUSP
Pesquisa 1999 a 2002
60.003.761/0001-29
FUND FAC REG MEDICINA DE SJRP HOSP UNIVERSITARIO MEC/MAPS
Pesquisa 1992 a 2003
60.453.032/0001-74
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SAO PAULO
Pesquisa 1992 a 2003
60.742.616/0001-60
CASA DE SAUDE SANTA MARCELINA
Pesquisa 1993 a 2003
60.961.968/0001-06
FUNDACAO ANTONIO PRUDENTE HOSPITAL A C CAMARGO
Pesquisa 2002 a 2003
61.599.908/0001-58
REAL BENEMERITA SOC PORTUGUESA DE BENEFICENCIA
Pesquisa 2001 a 2003
62.277.207/0001-65
ORG SANTAMARENSE DE ED E CULTURA HOSPITAL ESCOLA DA FMSA
Ensino 2000 a 2003
Pesquisa 1993 a 2000
62.779.145/0001-90
IRM STA CASA MIS S PAULO FAC C MED S CASA HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2003
62.779.145/0009-47
IRM. S. CASA MIS. S. PAULO-CENTRO DE ATENCAO INTEG.S.MENTAL
Pesquisa 2003
63.025.530/0029-05
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU DA UNIVERS.DE SAO PAULO
Ensino 1994 a 1995
Pesquisa 1996 a 1999
63.025.530/0082-70
HOSPITAL DE PESQUISA E REABILITACAO DE LESOES LABIO PALATAIS
Ensino 1992
Pesquisa 1993 a 2003
63.025.530/0085-12
UNIV DE S PAULO HOSP UNIVERSITARIO HOSP UNIV MEC MPAS
Pesquisa 1992 a 2001
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
61
.
Situação bastante distinta ocorre no Rio Grande do Sul (Quadro 3) e em São Paulo
(Quadro 4). No Rio Grande do Sul, estão classificados como universitários, entre outros, a
Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e os hospitais do Grupo Conceição (Femina,
Cristo Redentor e Conceição), estes, empresas públicas vinculadas ao Ministério da Saúde
e que representam quase 10% das internações de todo o estado
27
. Também em São Paulo a
lista de hospitais universitários apresenta tanto hospitais pertencentes a universidades como
hospitais privados, públicos e filantrópicos.
Qualquer análise, então, da participação da rede pública e/ou privada fica comprometida
sem uma análise detalhada das informações existentes. Não se pode afirmar,
absolutamente, que no Rio Grande do Sul apenas 6,16% de oferta pública (PEREIRA,
2004, p. 22), sem detalhar criteriosamente a origem dos dados, distribuindo os hospitais
universitários pela sua efetiva natureza jurídica e vínculo com o SUS. No caso, a este valor
deve ser acrescida participação de hospitais como os pertencentes ao Grupo Hospitalar
Conceição, os Hospitais de Clínicas das Universidades Federais do Rio Grande do Sul, de
Pelotas e de Santa Maria, o Hospital da Universidade de Rio Grande, o Pronto Socorro
Municipal de Porto Alegre e o Hospital Presidente Vargas, todos eles públicos e de grande
porte.
5.4.2. A desvinculação do pagamento pela produção de serviços nos hospitais
públicos
Em 1995, observa-se nas informações do SIH/SUS a criação da categoria “Federal Verba
Própria” (a partir das categorias “Próprio” e “Federal”); em 2001, é criada a categoria
“Estadual com Verba Própria” (a partir da categoria “Estadual”). Segundo as Notas
Técnicas
28
, para estes hospitais a AIH não é utilizada para pagamento por serviços
produzidos, que o seu financiamento é feito integralmente com recursos orçamentários.
Alguns exemplos de hospitais nesta categoria podem ser vistos no item 5.4.4, adiante.
Na Tabela 13, para 1995, observa-se o número de internações na categoria “Federal com
Verba Própria” resulta da diminuição do número de internações nas categorias “Próprio” e
27
Estimativa realizada tabulando as internações no Rio Grande do Sul por hospital no ano de 2003.
28
Disponíveis em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/rxdescr.htm; acesso em 24 nov. 2005.
62
.
“Federal”. No entanto, como pode ser observado no Gráfico 11 e na Tabela 13, o número
de internações nos hospitais da categoria “Federal Verba Própria” reduz-se com o tempo,
apesar de serem, quase todos, hospitais de grande porte, fazendo supor que um grande
subregistro de informações nos mesmos. O mesmo não acontece com os hospitais da
categoria “Estadual com Verba Própria”, o que merece um estudo mais detalhado, mas que
não faz parte do escopo deste trabalho.
Gráfico 11 – Número de AIHs da rede federal e estadual por ano de competência segundo natureza.
Brasil, 1992-2002.
0
200
400
600
800
1.000
1.200
1.400
1.600
1.800
2.000
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Ano
Número de AIH (milhares)
Estadual Verba Própria
Estadual
Federal Verba Própria
Próprio
Federal
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 13.
Tabela 13 mero de AIHs pagas na rede federal e estadual por natureza segundo ano de
competência.
Brasil, 1992-2002.
Ano/mês
competência
Próprio Federal
Federal
Verba
Própria
Subtotal Estadual
Estadual
Verba
Própria
Subtotal Total
1992 111.771 231.866 - 343.637 1.421.430 - 1.421.430 1.765.067
1993 75.374 179.856 - 255.230 1.562.568 - 1.562.568 1.817.798
1994 35.158 122.159 - 157.317 1.389.231 - 1.389.231 1.546.548
1995 12.914 99.134 33.848 145.896 1.262.026 - 1.262.026 1.407.922
1996 2.457 83.975 70.896 157.328 1.239.141 - 1.239.141 1.396.469
1997 1.386 82.539 65.760 149.685 1.254.334 - 1.254.334 1.404.019
1998 - 73.703 46.438 120.141 1.278.902 - 1.278.902 1.399.043
1999 - 42.918 52.070 94.988 1.324.239 - 1.324.239 1.419.227
2000 - 24.166 51.852 76.018 1.349.273 - 1.349.273 1.425.291
2001 492 19.763 21.592 41.847 1.136.698 477.718 1.614.416 1.656.263
2002 841 17.796 9.615 28.252 986.932 755.410 1.742.342 1.770.594
2003 (até julho) 517 10.289 5.635 16.441 579.061 469.620 1.048.681 1.065.122
Total 240.910 988.164 357.706 1.586.780 14.783.835 1.702.748 16.486.583 18.073.363
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Mesmo não sendo utilizadas para pagamento dos serviços produzidos nestes hospitais
“com verba própria”, as AIH dos mesmos são valoradas, ou seja, são atribuídos valores aos
serviços hospitalares, profissionais etc., de acordo com as regras de pagamento do SUS.
63
.
Assim, dependendo do estudo sendo realizado, deve ser avaliado com cuidado se estas
AIH, assim como os valores, devem fazer parte do universo sendo pesquisado.
5.4.3. O SIH/SUS e a retenção de tributos
Nova alteração da categorização dos estabelecimentos hospitalares tornou-se necessária
devido à Instrução Normativa SRF/STN/SFC 01, de 09 de janeiro de 1997, alterada pela
IN SRF/STN/SFC nº 04, de 18 de agosto de 1997
29
. Esta instrução “dispõe sobre a
retenção de tributos e contribuições nos pagamentos efetuados, a pessoas jurídicas, por
órgãos, autarquias e fundações da administração pública federal”, conforme consta na
própria instrução.
São especificadas as condições em que os órgãos públicos devem reter, na fonte, o Imposto
de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL),
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Programa de
Integração Social/Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP)
sobre os pagamentos efetuados a pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação
de serviços.
Por este motivo, os hospitais tiveram sua natureza reclassificada segundo a sua situação
frente ao recolhimento destes impostos e contribuições. Não há, portanto,
aprioristicamente, uma “migração” dos estabelecimentos para garantir benefícios pelo
aparato da legislação vigente a partir de 1997 (PEREIRA, 2004, p. 155); há, apenas,
adequação por parte do SUS às novas regras de retenção de impostos na fonte. É razoável
supor que, a partir do momento em que o SIH/SUS começa a comandar, automaticamente,
a retenção de tributos, os estabelecimentos hospitalares isentos pela legislação solicitam
sua reclassificação, para não diminuir a sua receita, ou se ajustam à lei para garantir a
isenção.
Dois aspectos importantes devem ser considerados quanto à retenção de tributos:
29
Nas Notas Técnicas referentes à rede e às internações hospitalares no sítio do Datasus (disponíveis em
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/cxdescr.htm
e http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/rxdescr.htm,
respectivamente; acesso em 24 out. 2005) referência apenas à Instrução Normativa 01/97 da Receita
Federal.
64
.
os valores constantes nas AIH nas bases de dados distribuídas ou apresentados na
Internet apresentam sempre os valores brutos, a não ser quando explicitamente
indicado (como no BDAIH, por exemplo);
a retenção de tributos é efetuada diretamente pelo SIH/SUS apenas nos pagamentos
efetuados pelo Fundo Nacional de Saúde; em hospitais sob gestão plena estadual ou
plena de assistência municipal, a retenção de tributos é realizada pelo gestor
estadual ou municipal, respectivamente.
No Gráfico 12
30
, pode-se observar que, no período de 1996 a 1998, a reclassificação dos
hospitais contratados, filantrópicos e universitários segundo as novas categorias não
provoca grandes alterações na distribuição de AIH segundo a natureza. No período de 1992
a 2002, há uma diminuição constante na participação de hospitais contratados, estabilidade
para os hospitais filantrópicos e aumento para os hospitais públicos. Para os hospitais
universitários, há, até 2000, crescimento na participação e pequena redução a partir de
2001.
Gráfico 12 – Distribuição percentual do número de AIHs segundo a natureza do hospital.
Brasil, 1992-2004.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003a 2003b 2004
Ano
Participação (%)
Total Contratado Total Filantrópico Total Público Total Universitário
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Gráfico elaborado a partir da Tabela 14.
2. 2003a: janeiro a julho de 2003; 2003b: agosto a dezembro de 2003.
30
Como será visto no item 5.8, a implantação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES),
em agosto de 2003, altera a classificação dos hospitais em relação à retenção de tributos. Por este motivo,
no Gráfico 12 e na Tabela 14 os dados de 2003 estão divididos em janeiro a julho e agosto a dezembro.
65
.
Tabela 14 – Proporção (%) de AIHs pagas por ano, segundo natureza.
Brasil, 1992 a 2004.
Natureza 1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003a
2003b
2004
Públicos: 17,3
18,6
17,9
19,4
20,5
22,0
23,8
25,6
26,1
28,7
30,8
31,9
38,7
40,6
Próprio 0,7
0,5
0,2
0,1
0,0
0,0
-
-
-
0,0
0,0
0,0
-
-
Federal 1,5
1,2
0,8
0,7
0,7
0,7
0,6
0,3
0,2
0,2
0,1
0,1
3,3
3,5
Federal Verba
Própria
-
-
-
0,3
0,6
0,5
0,4
0,4
0,4
0,2
0,1
0,1
-
-
Estadual 9,2
10,0
9,0
9,5
9,9
10,2
10,4
10,6
10,9
9,3
8,1
8,1
16,9
17,8
Estadual Verba
Própria
-
-
-
-
-
-
-
-
-
3,9
6,2
6,6
-
-
Municipal 5,9
6,9
7,8
8,8
9,4
10,6
12,3
14,2
14,6
15,2
16,4
16,9
18,6
19,3
Total Contratado e
Filantrópico
76,9
74,7
72,6
69,4
67,6
65,8
63,4
61,3
60,6
59,3
57,7
56,8
61,3
59,4
Total Contratado 44,0
42,1
41,1
39,7
38,1
32,6
29,5
27,5
26,6
25,6
23,8
22,6
21,7
20,0
Contratado 44,0
42,1
41,0
39,7
38,0
32,5
29,3
27,3
26,3
25,4
23,7
22,4
20,2
18,8
Contratado optante
SIMPLES
-
-
-
-
-
0,1
0,2
0,2
0,2
0,2
0,1
0,1
1,5
1,2
Sindicato 0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,1
0,1
0,1
0,0
0,0
0,0
0,0
Total Filantrópico 32,8
32,6
31,5
29,7
29,5
33,2
33,9
33,8
34,0
33,7
33,9
34,2
39,6
39,4
Filantrópico 32,8
32,6
31,5
29,7
29,5
10,4
4,2
4,0
4,1
3,8
3,7
3,8
5,9
5,8
Filantrópico isento
tributos e
contribuições sociais
-
-
-
-
-
21,9
27,0
27,3
27,5
27,7
28,2
28,6
33,7
33,5
Filantrópico, isento
IR e CSLL
-
-
-
-
-
1,0
2,7
2,5
2,4
2,2
2,0
1,8
-
-
Total Universitário 5,8
6,8
9,6
11,2
11,9
12,2
12,8
13,1
13,3
12,0
11,4
11,4
-
-
Ensino 0,3
0,2
0,1
0,1
0,1
0,2
0,1
0,1
0,2
0,3
0,2
0,3
-
-
Pesquisas 5,5
6,6
9,4
11,1
11,8
10,0
9,8
10,2
10,2
8,7
7,9
7,7
-
-
Pesquisas, isento de
tributos e
contribuições sociais
-
-
-
-
-
2,0
2,7
2,6
2,8
2,9
3,1
3,1
-
-
Pesquisas, isento IR
e CSLL
-
-
-
-
-
0,0
0,1
0,1
0,1
0,1
0,1
0,1
-
-
Ensino e pesquisa
privado
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
0,1
0,1
-
-
Total Geral 100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: 2003a: janeiro a julho; 2003b: agosto a dezembro.
Sugere-se, portanto, que, nas análises efetuadas sobre os serviços prestados de acordo com
a natureza dos estabelecimentos, as diversas naturezas dos hospitais privados (contratados,
filantrópicos e universitários) sejam agregadas, não considerando a classificação segundo a
retenção de tributos, conforme o Gráfico 12 e a Tabela 14.
5.4.4. Os hospitais com mais de uma identificação
Um outro aspecto que deve ser considerado quando da análise das informações do
SIH/SUS é a eventual múltipla identificação do estabelecimento de saúde. O SIH/SUS,
desde sua implantação, utilizava o número do estabelecimento no Cadastro Geral de
Contribuintes (CGC), mais tarde renomeado para Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
66
.
(CNPJ)
31
, como identificador do hospital. Eventualmente, no entanto, um hospital pode ter
seu número no CNPJ modificado, o que implica num novo identificador, sem que os dados
passados sejam alterados. Portanto, ao analisar a série histórica, pode ser necessário
pesquisar mais de um identificador para analisar as informações de um hospital.
Examinaremos aqui algumas situações ocorridas no estado do Rio de Janeiro, mas que se
aplicam às demais unidades da federação.
A primeira situação já foi vista na análise dos hospitais universitários (itens 4.3 – A
expansão do SIH/SUS para a rede de ensino, 5.2.1 – Os hospitais universitários de ensino e
os de pesquisa o FIDEPS e 5.4.1 Os hospitais universitários públicos e privados),
quando o hospital, ao se enquadrar em alguma categoria de hospital universitário, perde a
caracterização quanto à sua natureza jurídica – contratado, federal etc.
Além disso, podemos verificar, no Quadro 2 (página 59), que alguns hospitais mudam de
CGC/CNPJ. Vários hospitais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por exemplo,
constam, no período de 1992 a 1999, com a raiz do CNPJ 42.429.480 (Fundação José
Bonifácio). A partir de 1999, todos eles têm a mesma a raiz de CNPJ: 33.663.683. Isto
acontece em outros hospitais de universidades públicas ou mesmo hospitais federais: o
estabelecimento consta com o CNPJ de uma fundação de apoio, e não da própria entidade
mantenedora. No mesmo Quadro 2, vemos o CNPJ 40.226.946/0001-95, da Fundação Ary
Frauzino para Pesquisa e Controle do Câncer, referente ao Instituto Nacional do Câncer.
A segunda situação ocorre quando da extinção do INAMPS. Os seus hospitais, que tinham
a natureza “Próprio”, além de passar para a natureza “Federal” ou Federal com verba
própria”, também têm a sua raiz de CNPJ alterada, passando de 29.979.143 (do INAMPS)
para 00.394.544 (do Ministério da Saúde).
Esta situação pode ocorrer em hospitais privados também, se um estabelecimento é
incorporado por outra instituição, podendo mudar de razão social e CNPJ. Não foi
31
O Cadastro Geral de Contribuintes foi substituído pelo Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ)
pela Instrução Normativa SRF 27, de 05 de março de 1998. Ainda é comum que se utilize
indistintamente a denominação de CNPJ ou CGC, dado que o número de identificação em ambos os
cadastros é o mesmo.
67
.
identificada nenhuma ocorrência no estado do Rio de Janeiro, entre janeiro de 1992 e julho
de 2003, mas, como a pesquisa foi nominal, se houve mudança na denominação da unidade
não foi possível detectar que o estabelecimento era o mesmo.
A terceira situação é análoga à anterior. Ocorre quando da cessão de estabelecimentos de
uma esfera de governo para outra, principalmente dentro do processo de descentralização e
eventual recentralização. Isto é particularmente comum no estado do Rio de Janeiro, tendo
em vista a sua grande rede pública federal pré-existente ao SUS, mas também ocorreu em
outras unidades da federação.
Analisando os dados do BDAIH
32
, podemos ver a seguinte evolução para o Hospital Geral
do Andaraí, por exemplo:
de setembro de 1990 a agosto de 1995, CNPJ 29.979.143/0444-60 (INAMPS),
natureza “Próprio”;
de junho de 1995 a outubro de 2000, CNPJ 00.394.544/0201-00 (Ministério da
Saúde), natureza “Federal com verba própria”; e
a partir de outubro de 2000, CNPJ 03.875.072/0001-70 (Secretaria Municipal da
Saúde), natureza “Municipal”.
Já para o Hospital Geral de Ipanema temos:
de setembro de 1990 a abril de 1992, CNPJ 29.979.143/0447-02 (INAMPS),
natureza “Próprio”
de março de 1991 a junho de 1994, CNPJ 42.498.717/0067-81 (Secretaria Estadual
de Saúde), natureza “Estadual”;
de junho de 1995 a março de 2001, CNPJ 00.394.544/0210-00 (Ministério da
Saúde), natureza “Federal com verba própria”; e
a partir de março de 2001, CNPJ 03.875.087/0001-39 (Secretaria Municipal da
Saúde) natureza “Municipal”.
32
Foram feitas pesquisas nominais ao BDAIH, obtendo-se os diversos CNPJ para cada hospital pesquisado;
para cada CNPJ obtido, pesquisou-se a situação cadastral do estabelecimento para cada período de validade
da informação.
68
.
5.5. A adoção da Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças
O SIH/SUS, desde sua criação ainda como SAMHPS, adotou a Classificação Internacional
de Doenças (CID), então na Revisão (CID-9), para codificação tanto do diagnóstico
principal como do secundário. O sistema anterior, SNCPCH ou GIH, já utilizava também a
classificação de diagnósticos segundo a CID, mas, como cita Levy (1988), cerca de 60%
dos diagnósticos de internação não podiam ser tratados, pela inconsistência dos mesmos.
Ao adotar a Revisão, o INAMPS (BRASIL, 1982) optou por fazer adaptações na edição
da mesma, com o objetivo de eliminar os caracteres não numéricos, homogeneizar os
códigos e permitir maior controle e facilidade de digitação:
introdução de um quarto dígito (.9) para as categorias que não tivessem
subcategoria;
introdução de um dígito “0” prefixando os códigos das categorias dos capítulos I a
XVII;
substituição da letra “E” pelo dígito “1” na classificação suplementar “E” e da letra
“Y” pelos dígitos “20” na classificação suplementar “Y”; e
introdução de dígito de controle.
Isto permitiu maior facilidade e controle da digitação, que todos os códigos passaram a
ser puramente numéricos, com 6 dígitos, sendo um verificador. Foi necessária a impressão
de uma versão reduzida da CID-9, utilizando estes códigos alterados. Esta edição só
continha o nome das categorias e subcategorias, sem os sinônimos, termos de inclusão,
termos de exclusão e notas, tornando-a bastante limitada. Segundo a própria publicação, a
versão reduzida deveria “ser usada como referência para os casos de determinação mais
simples” (p. I), recomendando a consulta aos Volumes I (Classificação) e II (Índice
Alfabético), que deveriam estar disponíveis nos setores médicos da Previdência Social.
O Centro Brasileiro de Classificação de Doenças (CBCD), entidade nacional responsável
pela versão em português da CID, alertou para os problemas que poderiam advir do uso
69
.
desta edição, pelas limitações nela existentes
33
. Mesmo assim, o INAMPS e a Dataprev
distribuíram a versão reduzida entre os hospitais da rede.
Não houve recomendações mais detalhadas quanto ao uso da CID-9 nas críticas do
sistema, apenas que os códigos utilizados deveriam ter o dígito de controle válido.
34
Por
este motivo, encontram-se, nos arquivos de internações hospitalares, códigos não
existentes na CID-9, como pode ser visto na Tabela 15. As próprias tabelas utilizadas pelo
TabWin (arquivos de conversão de extensão CNV)
35
apresentam uma seqüência extensa de
“Código inválido Fora da CID”. São códigos efetivamente existentes nos campos de
diagnóstico principal e secundário dos arquivos do SIH/SUS, porém não constantes da
CID-9, representando, em 1992, cerca de 0,1% das AIH pagas.
Tabela 15 – Número total de AIH, de AIH com diagnóstico não
preenchido ou não classificado e percentual sobre o total, segundo ano.
Brasil, 1992-1997.
Não preenchido/não classificado % Não preenchido/não classificado
Ano Nº AIH
Categoria Subcategoria Categoria Subcategoria
1992 15.473.852 11.670
14.904
0,08 0,10
1993 15.611.603 5.477
8.047
0,04 0,05
1994 15.362.402 4.924
7.817
0,03 0,05
1995 13.273.387 1.677
2.715
0,01 0,02
1996 12.530.877 5
8
0,00 0,00
1997 12.351.461 3
3
0,00 0,00
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Não foi possível analisar a situação anterior a 1992, pela inexistência de arquivos
detalhados. Observe-se, na mesma tabela, a diminuição de códigos inválidos ao longo dos
anos, provavelmente por reforços nas críticas do sistema. Mesmo assim, os estudos
realizados por Veras e Martins (1994) e por Mathias e Soboll (1998), utilizando dados
codificados pela CID-9, apontam que a qualidade das informações dos diagnósticos era
melhor que a corriqueiramente atribuída.
Em 1989, a Conferência Internacional para a Décima Revisão da Classificação
Internacional de Doenças, promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
recomendou que a 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças, renomeada para
33
Conforme depoimento pessoal do Professor Dr. Ruy Laurenti, dirigente do CBCD, ao autor.
34
A 9ª Revisão (OMS, 1985) já introduz regras de seleção e codificação de causas de morbidade, porém não
foi encontrada referência a ter havido treinamento no seu uso no SAMHPS e SIH/SUS.
35
Por exemplo, o arquivo CID9_01.CNV (disponível em http://www.datasus.gov.br/tabwin/rdtab.zip; acesso
em 03 out. 2005), que contém as subcategorias do capítulo I da CID-9.
70
.
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde
(CID-10), entrasse em vigor em 1º de janeiro de 1993 (OMS, 2003).
As principais modificações desta revisão em relação à anterior foram as seguintes, segundo
o relatório da conferência (OMS, 2003 e LAURENTI, 1991):
1. A classificação passa a ser mais detalhada, passando de 1.178 categorias para 2.039
e de 6.890 subcategorias para 12.424. Para acomodar esta expansão, é adotado um
esquema de código alfanumérico, consistindo de uma letra seguida de três números,
possibilitando um número maior de códigos possíveis e que a grande parte dos
capítulos fosse atribuída uma única letra.
2. São deixados propositadamente vagos conjuntos de códigos para expansões e
futuras revisões; a letra U não é utilizada, servindo para classificações provisórias
(como aconteceu, por exemplo, para a codificação da “Síndrome Respiratória
Aguda Grave” – U04.9).
3. A “Classificação suplementar de causas externas de lesões e de envenenamentos”
(o código E) e a “Classificação suplementar de fatores que exercem influência
sobre o estado de saúde e de oportunidades de contato com serviços de saúde” (o
código V), existentes na Revisão, deixam de ser considerados suplementares e
passam a fazer parte do núcleo da classificação, com o nome de “Causas externas
de morbidade e mortalidade” e “Fatores que influenciam o estado de saúde e o
contato com os serviços de saúde”, respectivamente.
4. Os transtornos do mecanismo imunitário passam a fazer parte do mesmo capítulo
que as doenças do sangue e dos órgãos hemotopoéticos, enquanto que na
Revisão compartilhavam um capítulo com as doenças endócrinas, nutricionais e
metabólicas.
5. Algumas doenças específicas mudam de capítulo. Entre outras, destacam-se as
doenças provocadas pelo HIV, que constavam do grupo de transtornos imunitários
na Revisão (capítulo III), mas passam para o capítulo das doenças infecciosas e
parasitárias na 10ª. Também os tétanos neonatal e obstétrico passam do capítulo de
afecções originadas no período perinatal e de gravidez, parto e puerpério,
respectivamente, para o de doenças infecciosas e parasitárias.
71
.
6. As doenças do sistema nervoso e dos órgãos dos sentidos, que compartilhavam um
capítulo na Revisão, passam a ocupar três capítulos: “Doenças do sistema
nervoso”, “Doenças dos olhos e anexos” e “Doenças do ouvido e da apófise
mastóide”.
7. Alguns capítulos sofrem profunda revisão, tais como os “Transtornos mentais e
comportamentais” e os relativos às causas externas: Lesões, envenenamentos e
algumas outras conseqüências de causas externas” e “Causas externas de
morbidade e mortalidade”, com mudanças de eixos e critérios de classificação.
Em “Transtornos mentais e comportamentais”, observa-se uma mudança no
enfoque de diagnósticos ou doenças para uma classificação de síndromes
psiquiátricas ou transtornos, sem o propósito de classificar doenças mentais
(JORGE, 1996).
Para o capítulo de “Causas externas de morbidade e mortalidade”, o enfoque deixa
de ser o agente do acidente (veículo de estrada de ferro, veículo a motor, de tração
animal, e outros) e passa a ser vítima (pedestre, ciclista, motociclista, ocupante de
veículo etc) (LAURENTI, 1997).
8. Diversas outras modificações são feitas, em nível de agrupamentos, categorias,
subcategorias, notas, forma de apresentação etc.; seu detalhamento, no entanto,
foge ao escopo deste trabalho.
É importante considerar que, como expõe Laurenti (1991), a expansão da CID-10,
ampliando enormemente o número de categorias e subcategorias, visou satisfazer
plenamente aos usuários na classificação de morbidade. No Manual de Instruções da CID-
10 (OMS, 1994), as regras e disposições para a codificação de morbidade são também
bastante expandidas e detalhadas. Em ambos os casos, isto significava melhores condições
de uso da CID-10 no SIH/SUS.
No Brasil, a CID-10 foi adotada, inicialmente, no Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), na codificação das causas de óbitos ocorridos a partir de 1996 (Portaria
MS/GM 1.832, de 03 de setembro de 1994). Em 1997, através da Portaria MS/GM
1.311, de 12 de setembro de 1997, o Ministério da Saúde definiu que, a partir da
competência de janeiro de 1998, a CID-10 deveria vigorar, em todo o território nacional,
72
.
em Morbidade Hospitalar e Ambulatorial, em processo coordenado pela Secretaria de
Atenção à Saúde, pelo Centro Nacional de Epidemiologia e pelo Departamento de
Informática do SUS
36
.
O treinamento no uso da CID-10 não teve, porém, a abrangência desejada. O CBCD
realizou treinamentos nos principais estados e em alguns hospitais. Os livros foram
distribuídos anexados de um disquete, com o conteúdo do volume 1 em formato Help for
Windows (HLP), para facilitar a pesquisa dos códigos da CID.
Devido ao atraso na distribuição dos volumes 1 e 3 da CID-10 e no treinamento de seu uso,
foi autorizado, pela Portaria MS/SAS 5, de 22 de janeiro de 1998, para as competências
de janeiro e fevereiro de 1998, que os campos de diagnóstico fossem preenchidos com o
código U99 – “CID 10ª Revisão não disponível”, pelas unidades hospitalares que ainda não
estivessem capacitadas na utilização da CID-10. Conforme pode ser visto na Tabela 16,
isto provocou que não houvesse diagnóstico definido em 22% das internações em janeiro e
em 18% em fevereiro; para todo o ano de 1998, isto representou 3,3% das internações.
Tabela 16 – Número de AIH por mês de competência, segundo capítulo do diagnóstico principal.
Brasil, 1998.
Janeiro Fevereiro Março a Dezembro 1998
Mês
Nª de AIH % total Nª de AIH % total Nª de AIH % total Nª de AIH % total
Capítulos 1 a 21 789.603 78,1 809.417 82,4 10.246.093 99,9 11.845.113 96,7
U99 221.032 21,9 171.675 17,5 4.463 0,0 397.170 3,2
Não preenchidos 636 0,1 1.534 0,2 4.179 0,0 6.349 0,1
Total 1.011.271 100,0 982.626 100,0 10.254.735 100,0 12.248.632 100,0
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Não como determinar o quanto a distribuição proporcional das internações pelo
diagnóstico foi afetada por tal decisão; variações espaciais, também, no uso da CID-10.
Pode ser notado, na Tabela 17 e na Figura 3, que, enquanto em algumas Unidades da
Federação o percentual de AIH sem diagnóstico é nulo ou desprezível, em outras, como na
Bahia e Rio Grande do Norte, mais da metade das AIH estão sem diagnóstico, em janeiro e
fevereiro de 1998, não havendo, aparentemente, relação com o grau de organização e de
capacidade instalada da UF.
36
O autor participou do grupo instituído pela portaria. Algumas informações que se seguem foram obtidas
pelo mesmo durante o processo de implantação da CID-10.
73
.
Análises da morbidade hospitalar durante o ano de 1998, portanto, devem ser feitas com
cuidados especiais, para eliminar (ou, pelo menos, minimizar) o efeito provocado pela
ausência de diagnóstico nos primeiros meses do ano.
Figura 3 – Proporção (%) de internações sem diagnóstico.
Brasil, janeiro e fevereiro de 1998.
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Mapa elaborado a partir da Tabela 17
.
Tabela 17 – Número total de AIH, de AIH sem diagnóstico e percentual sobre o total, segundo UF.
Brasil, janeiro e fevereiro de 1998.
UF Total
Sem
diagnóstico
%
sobre o
total
UF Total
Sem
diagnóstico
%
sobre o
total
Bahia 166.476 111.054 66,7 Pernambuco 97.739 6.694 6,9
Rio Grande do Norte 30.581 16.794 54,9 Rio Grande do Sul 130.003 7.791 6,0
Acre 5.489 2.568 46,8 Piauí 39.393 2.081 5,3
Santa Catarina 68.521 31.285 45,7 São Paulo 391.721 18.751 4,8
Maranhão 70.867 30.241 42,7 Paraná 128.810 5.406 4,2
Rio de Janeiro 162.415 53.931 33,2 Sergipe 21.134 760 3,6
Goiás 55.058 17.232 31,3 Tocantins 15.516 455 2,9
Paraíba 41.494 10.906 26,3 Alagoas 36.013 267 0,7
Minas Gerais 217.162 51.005 23,5 Amazonas 18.412 33 0,2
Ceará 87.696 17.712 20,2 Rondônia 18.241 - -
Mato Grosso do Sul 26.553 4.170 15,7 Roraima 943 - -
Distrito Federal 20.301 2.529 12,5 Pará 74.111 - -
Amapá 2.656 307 11,6 Espírito Santo 33.518 - -
Mato Grosso 33.074 2.905 8,8
Total 1.993.897 394.877 19,8
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Não foi encontrado nenhum estudo sobre o efeito da adoção da CID-10 no SIH/SUS em
termos gerais, apenas sobre situações específicas, tais como os publicados pelo Ministério
da Saúde no Informe Epidemiológico do SUS, Volume 9, nº 2, citados (MENDES et al.,
74
.
2000a, LYRA et al., 2000, MENDES et al., 2000b, MENDES et al., 2000c, SILVA
JUNIOR et al., 2000). Os Indicadores e Dados Básicos (IDB)
37
publicados pela RIPSA
(2002) apresentam algumas informações, cuja fonte é o SIH/SUS, anteriores a 1998, mas
suas fichas de qualificação não indicam os códigos utilizados neste período.
Estudos sobre a adoção da CID-10 no SIM, como em Santo (2000) e em Grassi e Laurenti
(1998), destacam algumas situações, como o desdobramento de alguns capítulos e
mudança de capítulos para algumas doenças. Outras modificações importantes são novas
regras de seleção de causa de óbito, particularmente à interpretação a ser dada no caso de
algumas pneumonias, que passam a ser presumidas como conseqüências de outras doenças,
podendo levar à diminuição artificial de mortes devidas a estas causas. Esta situação, no
entanto, se aplica especificamente à seleção da causa básica de óbito, o que não tem
similaridade com a codificação em morbidade. As demais conclusões, que se aplicam
também às informações de morbidade, são as citadas no relatório da Conferência
Internacional para a cima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (OMS,
2003) e em Laurenti (1991) – ver página 70.
5.6. As causas externas e a CID-10
Como foi visto, tanto a CID-9 como a CID-10, para causas externas, permitiam dupla
classificação: pela natureza da lesão (capítulo XVII da CID-9 e capítulo XIX da CID-10),
ou pelo agente causador ou circunstâncias do evento (classificação suplementar “E” da
CID-9 e capítulo XX da CID-10) (LAURENTI, 1997).
Para o SIM, sempre foi utilizado o agente causador como causa básica de óbito. Para o
SIH/SUS, não havia regra explícita: tanto se poderia utilizar a natureza da lesão como a
circunstância do evento (homicídio, suicídio, tipo de acidente etc.) como diagnóstico
principal ou secundário. Não era possível saber, portanto, nem o número de internações por
acidentes de trânsito, por exemplo, nem por fratura do crânio, que num acidente de
trânsito em que houvesse uma fratura de crânio qualquer dos códigos poderia ser utilizado.
37
Disponíveis em http://www.datasus.gov.br/idb, acesso em 13 dez. 2005.
75
.
Lebrão, Jorge e Laurenti (1997), ao analisar as informações de morbidade hospitalar por
causas externas disponíveis, concluem que:
“... poder-se-ia enfatizar a importância de os hospitais apresentarem, também, a
causa externa das lesões e, não somente a natureza dessas lesões. Não se
previne a fratura, a queimadura ou o traumatismo crânio-encefálico mas, sim, a
queda, o acidente com fogo ou o acidente automobilístico.”
O Manual de Instruções da CID-10 (OMS, 1994, p.107) recomenda que, para uso em
morbidade, em casos de causas externas, a afecção principal deve ser a que descreve a
natureza da afecção, quase sempre classificada no capítulo XIX; opcionalmente, como
código adicional, pode ser utilizado o código do capítulo XX.
Numa tentativa de resolver o problema apresentado, foi editada a Portaria MS/SAS 142,
de 13 de novembro de 1997, dispondo sobre o preenchimento de AIH em casos de quadro
compatível com causa externa, de acordo com o preconizado pela OMS:
1. Como diagnóstico principal, deveria ser utilizado o código referente à natureza da
lesão provocada pela causa externa que motivou a internação, relacionados no
capítulo XIX da CID-10
38
.
2. Como diagnóstico secundário, deveria ser utilizado o código referente à causa
externa que motivou a internação, conforme o capítulo XX da CID-10.
3. Adicionalmente, o campo Caráter da Internação deveria ser preenchido com
códigos indicando compatibilidade com acidente de trabalho típico, de trajeto, de
trânsito (não de trajeto) e outros tipos de lesões e envenenamentos.
38
O Manual de Instruções (OMS, 1994, p. 108) indica que a afecção principal nem sempre é classificada no
capítulo XIX, como em exemplos nele constantes: hemoglobinúria causada por treinamento para corrida de
maratona (treinamento em pista ao ar livre) deve ser codificado como D59.6 “hemoglobinúria devida a
hemólise por outras causas externas”, como afecção principal, e como código adicional X50.3 – “excesso de
exercícios e movimentos vigorosos ou repetitivos, em áreas para esporte e atletismo”. No volume 1, em
várias categorias e subcategorias dos mais diversos capítulos, a instrução de usar código adicional de
causa externa. A portaria, no entanto, não prevê a situação da afecção principal da causa externa não
pertencer ao capítulo XIX.
76
.
Com esta portaria, passaria a haver homogeneidade no tratamento das informações por
causas externas: segundo a natureza da lesão (maior interesse clínico), no diagnóstico
principal, e segundo a circunstância do evento (maior interesse epidemiológico), no
diagnóstico secundário.
Porém, como pode ser visto na Tabela 18, isso não ocorreu exatamente como preconizado.
Para a elaboração da tabela, foram selecionados os anos de 2002 (quando a utilização da
CID-10 estava bastante estabilizada) e 2004 (após a implantação da Tabela de
Compatibilidade entre Procedimento Realizado e Diagnóstico Principal – ver item 5.7
adiante).
Pode-se verificar que:
para praticamente todas as internações com diagnóstico principal no capítulo XIX,
o diagnóstico secundário foi codificado segundo o capítulo XX, com exceção de 11
casos no capítulo III em 2002 e 8 em 2004, no mesmo capítulo (provavelmente
para compatibilização com o procedimento realizado);
em 2002 20.276 internações em que foi utilizado o capítulo XX como
diagnóstico principal (com o diagnóstico secundário distribuído por diversos
capítulos), o que está em desacordo com o texto da portaria;
ainda em 2002, 45.287 internações com diagnóstico principal em outros
capítulos, mas com diagnóstico secundário nos capítulos XIX (8.662) e XX
(36.625); este último caso pode corresponder às situações indicadas no Manual de
Instruções em que a afecção principal não pertence ao capítulo XIX;
em 2004, tais distorções são minimizadas: há apenas 1.703 internações com o
diagnóstico principal no capítulo XX (provavelmente pela implantação da Tabela
de Compatibilidade citada), e 25.503 em outros capítulos mas com diagnóstico
secundário nos capítulos XIX (5.128) e XX (20.375).
Vê-se, então, que, para analisar as internações segundo as causas externas, não é possível
trabalhar apenas com o diagnóstico principal ou apenas com o secundário. Torna-se
necessário pesquisar ambas as variáveis, selecionando quais as internações de interesse.
77
.
Tabela 18 – Número de AIH por capítulo do diagnóstico principal, segundo diagnóstico secundário.
Brasil, 2002 e 2004.
2002 2004
Diagnóstico Secundário (capítulo)
XIX XX Outros XIX XX Outros
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias - 9 30.723 - 1 28.748
II. Neoplasias [tumores] - 13 28.019 - - 30.173
III.
Doenças do sangue e dos órgãos hemotopoéticos e
alguns transtornos imunitários
11 2 13.702 8 - 12.769
IV. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas - 6 30.148 - 1 29.671
V. Transtornos mentais e comportamentais - 9 23.453 - 1 26.130
VI. Doenças do sistema nervoso - 21 16.391 - 1 17.319
VII. Doenças do olho e anexos - 3 2.933 - - 4.533
VIII. Doenças do ouvido e da apófise mastóide - 2 1.870 - - 2.233
IX. Doenças do aparelho circulatório - 40 69.353 - 1 71.045
X. Doenças do aparelho respiratório - 44 55.937 - 2 58.857
XI. Doenças do aparelho digestivo - 19 27.735 - - 24.632
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo - 22 5.692 - 1 5.169
XIII.
Doenças do sistema osteomuscular e do tecido
conjuntivo
- 54 7.788 - 2 6.170
XIV. Doenças do aparelho geniturinário - 38 41.989 - - 43.972
XV. Gravidez, parto e puerpério - 6 85.167 - - 77.629
XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal - 1 23.526 - - 24.581
XVII.
Malformações congênitas, deformidades e
anomalias cromossômicas
- 5 6.936 - - 7.293
XVIII.
Sintomas, sinais e achados anormais de exames
clínicos e de laboratório, não classificados em outra
parte
- 32 29.177 - 2 27.615
XIX.
Lesões, envenenamento e algumas outras
conseqüências de causas externas
- 7.909 8.662 - 140 5.128
XX. Causas externas de morbidade e de mortalidade 690.287 874 36.625 755.887 59 20.375
XXI.
Fatores que influenciam o estado de saúde e o
contato com os serviços de saúde
- 27 23.038 - 2 28.118
Não preenchido - 11.140 10.954.264 - 1.490 10.644.098
Total 690.298 20.276 11.523.128 755.895 1.703 11.196.258
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
No sítio do Datasus, nas páginas de Morbidade Hospitalar por Causas Externas por Local
de Internação e por Local de Residência
39
, foi adotada uma solução intermediária, segundo
as notas técnicas apontadas pelas páginas citadas:
foram selecionadas apenas as internações cujo diagnóstico principal pertença aos
capítulos XIX ou XX;
destas internações, foi escolhido o diagnóstico, principal ou secundário, que seja do
capítulo XX; não havendo, foi escolhido o do capítulo XIX; e
as internações com diagnóstico principal em outros capítulos, mesmo com
diagnóstico secundário nos capítulos XIX ou XX, são desprezadas.
39
Disponíveis em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/eimap.htm e
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/ermap.htm
, respectivamente; acesso em 06 out. 2005. As notas técnicas
estão disponíveis em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/eidescr.htm e
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sih/erdescr.htm, respectivamente; acesso em 06 out. 2005.
78
.
Em resumo, o algoritmo é:
Se o diagnóstico principal é do capítulo XIX
Então Se o diagnóstico secundário é do capítulo XX
Então usar o diagnóstico secundário
Senão usar o diagnóstico principal
Senão Se o diagnóstico principal é do capítulo XX
Então usar o diagnóstico principal
Senão não considerar como causa externa.
Esta solução permitiu manter a coerência com as informações apresentadas segundo o
diagnóstico principal, pois os valores nela apresentadas representam a soma dos valores
dos capítulos XIX e XX do diagnóstico principal. Mesmo assim, perda de informação
com referências a causas externas em internações com diagnóstico principal em outros
capítulos.
5.7. A Tabela de Compatibilidade entre o Procedimento Realizado e o Diagnóstico
Principal
Desde sua implantação, o SAMHPS e o SIH/SUS tratavam independentemente o
procedimento realizado e o diagnóstico. Sendo um sistema voltado prioritariamente para o
pagamento de contas hospitalares, eram os procedimentos realizados e os atos médicos que
determinavam o montante a ser pago. A maior parte das críticas era feita sobre os
procedimentos e atos; para o diagnóstico, apenas era verificada a sua existência e, a partir
da implantação da 10ª revisão da CID, a compatibilidade com o sexo, de acordo com a
tabela constante do Manual de Instruções (OMS, 1994, p. 26). Apenas para alguns
procedimentos especializados era exigido que o diagnóstico assumisse determinados
códigos, especificados em portarias
40
.
O diagnóstico era considerado de importância secundária, apenas para fins estatísticos.
Mesmo assim, como citado, estudos haviam avalizado, dentro de limites, a qualidade da
40
A portaria MS/SAS 5, de 22 de janeiro de 1998, que autorizou o uso provisório do código U99 “CID
10ª Revisão Não Disponível”, atualiza para a CID-10 a obrigatoriedade de determinados diagnósticos para
alguns procedimentos, já estabelecidos em portarias anteriores: para laqueadura tubária ou vasectomia,
Z30.2; para diária de recém nato, P36.-, P39.-, P59.- e P70.-; para procedimentos especiais fator VIII e fator
IX da coagulação, D67 e D68.-; para procedimentos de hanseníase, A30.- e B92; para procedimentos de
tuberculose, A15.-, A16.-, A17.-, A18.-, A19.-, B90.-, G01 e G07; para procedimentos de insuficiência
renal crônica e insuficiência renal aguda, N17 e N18.
79
.
informação sobre o diagnóstico (MARTINS, VERAS, 1994), permitindo a análise da
morbidade hospitalar (MATHIAS, SOBOLL, 1998).
Analisando as informações do SIH/SUS, podia ser facilmente observada a existência de
ocorrências onde claramente o diagnóstico apresentado era incompatível com o
procedimento realizado. Estes erros podem ser creditados a:
erros de codificação, por falta de devido treinamento na CID-10;
buscas na CID-10 efetuadas apenas considerando o nome da categoria ou
subcategoria, sem considerar os sinônimos, termos de inclusão, termos de exclusão
e notas, também devidos à falta de treinamento;
mudança de condição durante a internação, sem a devida alteração do diagnóstico;
erros de transcrição;
erros de digitação (pela inexistência de dígito de controle); e
falta de cuidado no preenchimento.
Um exemplo de erros de classificação, devido à falta de treinamento no uso correto da CID
é o caso de partos, onde pode haver confusão entre o código referente à condição da
parturiente com o código referente ao nascituro: muitas cesarianas têm diagnóstico
principal no capítulo XVI (Algumas afecções originadas no período perinatal), quando
deveriam estar utilizando diagnósticos do capítulo XV (Gravidez, parto e puerpério). Em
caso de hipóxia intra-uterina, por exemplo, os digos P20.- referem-se ao feto, enquanto
que o código O36.3 refere-se à mãe: “Assistência prestada à mãe por sinais de hipóxia
fetal”. Como diagnóstico para parto cesáreo, este último é que deve ser usado.
Para garantir o registro correto das informações, a Portaria MS/SAS 579, de 20 de
dezembro de 2001, institui, então, a Tabela de Compatibilidade entre o Procedimento
Realizado e o Diagnóstico Principal, para aplicação no SIH/SUS a partir da competência
de abril de 2002. Tal tabela, estruturada pela SAS e referendada pela Associação Médica
Brasileira, através das Sociedades Especializadas, listava, para cada item da Tabela de
Procedimentos do SIH/SUS, as subcategorias da CID-10 que poderiam ser utilizadas como
diagnóstico principal. Foi também estabelecido que todo novo item incluído na Tabela de
Procedimentos do SIH/SUS passasse a conter os diagnósticos possíveis.
80
.
Para estudar os efeitos da implantação da Tabela de Compatibilidade entre o Procedimento
Realizado e o Diagnóstico Principal
41
, serão analisadas três situações em particular: partos
cesarianos, diabetes mellitus e algumas doenças de notificação compulsória
42
.
5.7.1. Partos cesarianos
Pode-se verificar, na Tabela 19, a mudança de perfil dos partos cesáreos entre 2001, 2003 e
2004 (o ano de 2002 não é apresentado, pois a Tabela de Compatibilidade foi instituída a
partir de abril, havendo então perfis diferentes no mesmo ano), por capítulo:
deixam de ocorrer internações nos capítulos III a VII, X a XIV e XVIII a XX
(1.015 casos em 2001, 0,17% dos partos cesáreos);
o capítulo I – “Algumas doenças infecciosas e parasitárias” passa de 75 para 18.514
casos (+24.585%);
o capítulo IX – “Doenças do aparelho circulatório” passa de 4.375 para 1.420 casos
(-67,5%);
o capítulo XVI “Algumas afecções originadas no período perinatalpassa de 872
para 102 casis (-88,3%, provavelmente pela melhor utilização dos códigos citados
anteriormente);
o capítulo XVII “Malformações congênitas, deformidades e anomalias
cromossômicas” passa de 54 para 2.877 casos (+5.277%);
o capítulo XXI “Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os
serviços de saúde” passa de 5.610 para 9.005 casos (+60,25%).
Os números de 2004 são da mesma ordem de grandeza de 2003, demonstrando estabilidade
nos novos critérios.
41
As pesquisas na Tabela de Compatibilidade foram efetuadas nos arquivos PROCDIAG.DBF, disponíveis
nos CD-ROM do SIH/SUS distribuídos pelo Datasus, no relatório disponível em
http://dtr2001.saude.gov.br/sas/download/RELATORIO%20COMPATIBILIDADE%20PROC%20X%20C
ID%2010%20Janeiro-2003.zip (versão de 05/02/2003), acesso em 18 out. 2005, e na página de consulta à
tabela, disponível em http://dtr2001.saude.gov.br/sas/Decas/conscid.htm (versão de 27/07/2004), acesso em
18 out. 2005.
42
Agradeço a colaboração do professor Dr. Ruy Laurenti, dirigente do CBCD, e de Ângela Cascão, do
Centro de Informações de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, pela ajuda prestada no
uso da CID-10 em morbidade.
81
.
Tabela 19 – Número de AIH de partos cesáreos por ano, segundo diagnóstico primário.
Brasil, 2001, 2003 e 2004.
Diagnóstico primário (capítulos CID-10, grupos e subcategorias selecionados) 2001 2003 2004
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 75 18.514 15.266
A63.0 Verrugas anogenitais (venéreas) 14 17.708 14.644
A66.8 Bouba latente - 215 23
B24 Doença pelo HIV não especificada 23 591 599
17 outras subcategorias 38 - -
II. Neoplasias [tumores] 44 47 65
C03.0 Neoplasia maligna da gengiva superior - 2 -
C03.1 Neoplasia maligna da gengiva inferior - - -
D25.0 Leiomioma submucoso do útero - 9 12
D25.9 Leiomioma do útero, não especificado 10 36 53
12 outras subcategorias 34 - -
III. Doenças do sangue e dos órgãos hemotopoéticos e alguns transtornos imunitários 32 - -
IV. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 17 - -
V. Transtornos mentais e comportamentais 753 - -
VI. Doenças do sistema nervoso 20 - -
VII. Doenças do olho e anexos 17 - -
VIII. Doenças do ouvido e da apófise mastóide - - -
IX. Doenças do aparelho circulatório 4.375 1.420 988
I05.8 Outras doenças da valva mitral - 75 60
I10 Hipertensão essencial (primária) 20 187 148
I42.0 Cardiomiopatia dilatada 4.287 1.158 780
26 outras subcategorias 68 - -
X. Doenças do aparelho respiratório 16 - -
XI. Doenças do aparelho digestivo 17 - -
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 12 - -
XIII. Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo 8 - -
XIV. Doenças do aparelho geniturinário 101 - -
XV. Gravidez, parto e puerpério 590.434 564.609 587.075
O00-O08 Gravidez que termina em aborto 446 388 633
O10-O16 Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no
puerpério
20.204 34.717 37.127
O20-O29 Outros transtornos maternos relacionados predominantemente com a gravidez 767 2.445 2.722
O30-O48 Assistência prestada à mãe por motivos ligados ao feto e à cavidade amniótica
e por possíveis problemas relativos ao parto
41.197 79.590 84.127
O60-O75 Complicações do trabalho de parto e do parto 47.456 84.646 88.149
O80-O84 Parto 479.706 362.510 373.842
O85-O92 Complicações relacionadas predominantemente com o puerpério 148 - -
O95-O99 Outras afecções obstétricas não classificadas em outra parte 510 313 475
XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal 872 102 90
P95 Morte fetal de causa não especificada 69 102 90
45 outras subcategorias 802 - -
XVII. Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas 54 2.877 2.494
Q03.9 Hidrocefalia congênita não especificada - 50 97
Q65.4 Subluxação congênita bilateral do quadril 2 2.827 2.397
24 outras subcategorias 52 - -
XVIII. Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não
classificados em outra parte
14 - -
XIX. Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas 5 - -
XX. Causas externas de morbidade e de mortalidade 4 - -
XXI. Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde 5.610 9.005 11.709
Z30.2 Esterilização 5.281 9.005 11.709
21 outras subcategorias 428 - -
Não preenchido - 259 -
Total 602.479 596.833 617.687
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas:
1. Para o capítulo XV, informações detalhadas por grupo de diagnósticos; para os demais capítulos,
informações detalhadas pelas subcategorias permitidas pela Tabela de Compatibilidade entre
Procedimento Realizado e Diagnóstico Principal.
2. Os itens em itálico não constam da Tabela de Compatibilidade entre Procedimento Realizado e
Diagnóstico principal.
Tamanha variação nos números, principalmente no capítulo I, exige maior detalhamento.
Na mesma Tabela 19, pode-se ver que 17 subcategorias de doenças infecciosas e
82
.
parasitárias, com 38 casos em 2001, não tiveram nenhuma ocorrência em 2003. Em
compensação, A63.0 Verrugas anogenitais (venéreas)” passa de 14 para 17.708 casos;
A66.8 “Bouba latente” passa de nenhum para 215 casos e B24 “Doença pelo HIV não
especificada” passa de 23 para 591 casos. São variações muito grandes, principalmente no
caso das verrugas anogenitais e da bouba. Como estas nosologias são as primeiras na lista
de diagnósticos compatíveis com os procedimentos de partos cesáreos (em ordem de
código), pode-se supor que tenham sido usadas exatamente por este motivo: são as
primeiras listadas.
Analisando o capítulo XVI – “Algumas afecções originadas no período perinatal”, ainda na
Tabela 19, a única categoria que permanece em 2003 é a P95 “Morte fetal de causa não
especificada”. Com exceção desta categoria, corrige-se então a distorção existente entre a
codificação da causa materna e a do feto ou recém-nascido apontada anteriormente. No
entanto, em consulta ao CBCD, foi obtida a informação que também este código não
deveria ser utilizado. Na situação de morte fetal de causa não especificada, o diagnóstico
deveria ser codificado no grupo O00-O08 “Gravidez que termina em aborto” (se morte
fetal com até 22 semanas) ou no grupo O30-O48 – “Assistência prestada à mãe por
motivos ligados ao feto e à cavidade amniótica e por possíveis problemas relativos ao
parto”, como o O36.4 – “Assistência prestada à mãe por morte intra-uterina”.
Analogamente, observa-se que, no capítulo XXI “Fatores que influenciam o estado de
saúde e o contato com os serviços de saúde”, permanece apenas o código Z30.2
“Esterilização”, que correspondia a 92% dos casos neste capítulo em 2001. As demais
subcategorias não deveriam estar sendo utilizadas como diagnóstico para parto cesáreo.
Pode ser observado também que, para o capítulo XVII – “Malformações congênitas,
deformidades e anomalias cromossômicas”, os 54 casos de 2001, dispersos em 26
subcategorias, tornam-se 2.877 em 2003, sendo 50 por Q03.9 “Hidrocefalia congênita
não especificada” e 2.827 por Q65.4 “Subluxação congênita bilateral do quadril”. Como
no capítulo XVI, também aqui, de acordo com a consulta feita ao CBCD, os diagnósticos
deveriam ser os constantes no capítulo XV. No caso de hidrocefalia congênita, encontram-
se os códigos O35.0 Assistência prestada à mãe por malformação do sistema nervoso
central do feto (suspeitada)” e O33.6 “Assistência prestada à mãe por desproporção
83
.
devida a feto hidrocefálico”, no grupo O30-O48 – “Assistência prestada à mãe por motivos
ligados ao feto e à cavidade amniótica e por possíveis problemas relativos ao parto”.
No capítulo XV – “Gravidez, parto e puerpério”, que contém, compreensivelmente, a
maior parte dos diagnósticos, podem ser observadas quatro situações:
diminuição e posterior aumento nos grupos O00-O08 “Gravidez que termina em
aborto” e O95-O99 “Outras afecções obstétricas não classificadas em outra
parte”; com o número de casos é relativamente pequeno (cada um destes grupos
corresponde a menos de 0,1% do capítulo), este fenômeno pode ser resultado de
variação esperada, devido à baixa freqüência;
o grupo O85-O92 “Complicações relacionadas predominantemente com o
puerpério” não mais ocorre em 2003 e 2004, pois realmente não podem ser
considerados como diagnóstico para parto;
o grupo de O80-O84 Partos”
43
diminui o número de casos em 24,4%; isto pode
ser resultante da melhor descrição apontada pelo item a seguir; e
os demais grupos apresentam um aumento no número de casos de 71,8% a 218,8%,
indicando, provavelmente, uma melhor descrição do motivo de indicação de parto
cesariano.
Em resumo, notam-se, na análise de diagnósticos utilizados para partos cesáreos, situações
distintas:
efetiva melhora em algumas situações (capítulos XV, XVI e XXI);
provável piora no capítulo I;
a diminuição de casos no capítulo XV pode ser conseqüência do excesso de casos
classificados indevidamente no capítulo I.
43
Este grupo, segundo a CID-10 (OMS, 2003, p. 722) deve ser usado para codificar morbidade apenas
quando nenhum outro diagnóstico classificável no capítulo XV for registrado. Inclui as categorias de parto
espontâneo, de parto único por fórceps ou vácuo-extrator, de parto único por cesariana (eletiva, de
emergência, para histerectomia), de outros tipos de parto assistido e de partos múltiplos.
84
.
Deve-se considerar, no entanto, que, segundo a CID, o capítulo XV abrange praticamente
todas as situações de gravidez, parto e puerpério; não haveria necessidade de uso de
códigos de outros capítulos, a não ser em esterilização (Z30.2) e nos seguintes casos,
citados pela própria classificação (OMS, 2003, p.691):
doenças causadas pelo vírus da imunodeficiência humana [HIV] (B20-B24)
lesões traumáticas, envenenamentos e algumas outras conseqüências de causas externas (S00-
T98)
necrose pós-parto da hipófise (E23.0)
osteomalácia puerperal (M83.0)
supervisão de gravidez (de):
o alto risco (Z35.-)
o normal (Z34.-)
tétano obstétrico (A34)
transtornos mentais e comportamentais associados com o puerpério (F53.-)
Ainda segundo a CID (OMS, 1994, p.126-129), não havendo especificidade suficiente nos
códigos do capítulo XV, códigos de outros capítulos podem ser utilizados opcional e
adicionalmente (na AIH seriam utilizados como diagnóstico secundário). No caso das
verrugas anogenitais, por exemplo, o diagnóstico principal poderia ser O98.3 “Outras
infecções em que a via de transmissão é predominantemente sexual, complicando a
gravidez, o parto e o puerpério” e o diagnóstico secundário seria A63.0 – “Verrugas
anogenitais (venéreas)”. Observe-se que, na subcategoria O98.3, há nota indicando as
afecções em A55-A64 (ibid., p.729).
Neste sentido, a Tabela de Compatibilidade não está totalmente de acordo com as regras de
codificação da Classificação Internacional de Doenças.
5.7.2. Algumas doenças de notificação compulsória
44
Em estudos realizados pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de
Vigilância Epidemiológica
45
, foi detectado o aumento surpreendente de internações por
determinados agravos entre 2002 e 2003.
O estudo destaca, em relação às doenças de notificação compulsória:
44
Agradeço a colaboração de Maria Goretti Pereira Fonseca Medeiros, da equipe da Secretaria de Vigilância
à Saúde, que alertou para os efeitos da Tabela de Compatibilidade entre o Procedimento Realizado e o
Diagnóstico Principal, assim como forneceu subsídios para a elaboração deste tópico.
45
Nota Técnica nº 09 /DEVEP/SVS/MS, de 24 de junho de 2004.
85
.
Estabilidade nos anos de 1998 a 2001, mas súbito aumento nos anos de 2002 e
2003, sem correspondência em outros sistemas, como no Sistema de Informações
de Agravos de Notificação (SINAN) e no SIM.
Aumentos para as internações por A02.0 “Enterite por salmonela”, A40
“Septicemia estreptocócica”, A63.0 – “Verrugas anogenitais”, A66.8 – “Bouba
latente” e A83.8 – “Outras encefalites por vírus transmitidas por mosquitos”.
O mesmo acontece para algumas nosologias que sofreram intervenções diretas do
Ministério da Saúde, como a vacinação de maiores de 60 anos contra o vírus da
influenza 60 anos e de mulheres em idade fértil contra a rubéola: aumento do
número de internações por J10.0 - “Influenza com pneumonia devido ao vírus da
influenza [gripe] identificado” e por P35.0 – “Síndrome da rubéola congênita”, sem
que, neste caso, se tenha identificado alguma epidemia.
também internações por A22.7 “Septicemia carbunculosa (antrax)” e
persistência de internações por B03 “Varíola” e por A80 “Poliomielite aguda”,
estas doenças erradicadas no mundo e no Brasil, respectivamente.
Os números referentes a estes agravos podem ser vistos na Tabela 20, com pequenas
diferenças em relação ao contido na Nota Técnica de referência, provavelmente atribuíveis
a versões diferentes da base de dados.
Tabela 20 – Número de AIH por ano, segundo agravos de notificação compulsória e procedimentos
selecionados.
Brasil, 2000 a 2004.
Agravo 2000 2001 2002 2003 2004
A02.0 Enterite por Salmonela 742 667 35.928 47.318 37.546
A22.7 Septicemia carbunculosa (Antrax) 2 1 522 774 599
A40 Septicemia estreptocócica 5.318 5.617 17.019 20.269 18.613
A63.0 Verrugas anogenitais 571 454 13.282 21.118 18.298
A66.8 Bouba latente 7 2 212 216 24
A80 Poliomielite aguda 163 180 96 49 45
A83.8 Outras encefalites por vírus transmitidas por mosquitos 4 4 137 142 120
B03 Varíola - 3 4 3 -
J10.0 Influenza com pneumonia devido a vírus da influenza (gripe) identificado 82 104 56.834 60.802 58.992
P35.0 Síndrome da Rubéola Congênita 20 10 469 852 765
Procedimentos 2000 2001 2002 2003 2004
76400077 Pneumonia do lactente 336 228 23.428 28.310 25.385
76300072 Pneumonia em criança 403 317 19.836 22.576 19.654
76500063 Pneumonia em adulto 589 535 30.170 35.773 34.229
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Os números apresentados por procedimentos referem-se apenas a internações com diagnóstico
principal no capítulo I (A00-B99), em influenza (J10-J11) e em síndrome da rubéola congênita (P35.0)
O fenômeno que ocorreu com as verrugas anogenitais e com a bouba latente foi visto na
discussão sobre os partos: são os primeiros códigos da lista de diagnósticos compatíveis
86
.
com partos, o que sugere a indução ao seu uso na entrada de dados. Comparando-se a
Tabela 20 e a Tabela 19, observa-se que 83,9% das internações por verrugas anogenitais e
99,6% por bouba em 2003 ocorreram em partos cesáreos. Na Tabela 21, pode-se ver que,
com exceção das internações por cirurgias obstétricas e por cirurgia da pele e tecido
subcutâneo I, as internações por verrugas anogenitais ocorrem em número pequeno entre
2001 e 2004.
Tabela 21 – Número de AIH com diagnóstico de verrugas anogenitais
por ano, segundo grupos de procedimentos.
Brasil, 2001, 2003 e 2004.
Grupo procedimento 2001 2003 2004
CIRURGIA MULTIPLA 1 6 7
CIRURGIA DA URETRA - II 1 - -
CIRURGIA DO PENIS - I 1 - -
CIRURGIA DA BOCA E FACE - II 5 - -
CIRURGIA DOS INTESTINOS - II 9 - -
CIRURGIA DOS INTESTINOS - IV 1 - -
CIRURGIA DO ANUS - I 12 - -
CIRURGIA DO ANUS - III 133 391 401
CIRURGIA DA VULVA - I 4 - -
CIRURGIA DA VULVA - II 3 - -
CIRURGIA DA VAGINA - II 6 - -
CIRURGIA DO UTERO - I 2 - -
CIRURGIA DO UTERO - II 5 - -
CIRURGIA OBSTETRICA - III 13 10.511 7.482
CIRURGIA OBSTETRICA VII 1 5.411 5.570
CIRURGIA OBSTETRICA VIII - 545 399
CIRURGIA OBSTETRICA IX - 1.786 1.592
CIRURGIA DA PELE E TECIDO SUB-CUTANEO - I 82 2.261 2.696
CIRURGIA DA PELE E TECIDO SUB-CUTANEO - II 10 - -
CIRURGIA DA PELE E TECIDO SUB-CUTANEO - III 1 - -
POLITRAUMATIZADO - 23 9
CIRURGIA DA MAMA - II 1 - -
DIAGNOSTICO E/OU PRIMEIRO ATENDIMENTO 114 113 78
BIOPSIAS CIRURGICAS - I 6 - -
PROCEDIMENTOS DIVERSOS 3 31 37
CIRURGIA ONCOLOGICA - IV 1 - -
INFECCOES DO PARTO E PUERPERIO 1 - -
TRATAMENTO DA AIDS 1 - -
INFECCOES DO APARELHO GENITO-URINARIO 32 - -
AFECCOES DA PELE E TECIDO SUBCUTANEO 4 31 23
ACIDENTES POR AGENTES QUIMICOS, FISICOS,MECANICOS 1 9 4
Total 454 21.118 18.298
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Para A83.8 “Outras encefalites por rus transmitidas por mosquitos”, observa-se
situação análoga à das verrugas anogenitais. Este diagnóstico é um dos primeiros
compatíveis para o procedimento 74300296 – “Meningoencefalite a vírus (pediatria)”. Pela
Tabela 22, pode-se ver que este diagnóstico A83.8, juntamente com A83.0 “Encefalite
japonesa” e com A86 “Encefalite viral não especificada”, representam em torno de 30%
dos diagnósticos do procedimento em destaque em 2003, mas não haviam sido registrados
em 2001. O diagnóstico mais freqüente para este procedimento (A87 “Meningite viral”)
87
.
tem sua participação reduzida o período de 2001 a 2004, provavelmente devido ao
crescimento destes outros diagnósticos (A83.8, A83.0 e A86).
Tabela 22 – Número de AIH por meningoencefalite a vírus
(pediatria) por ano, segundo diagnóstico principal.
Brasil, 2001, 2003 e 2004.
Diagnóstico Principal 2001 2003 2004
A83 Encefalite por vírus transmitidos por mosquitos - 544 435
A83.0 Encefalite japonesa - 394 291
A83.8 Outras encefalites por vírus transmitidas por mosquitos - 139 119
A85 Outras encefalites virais, não classificadas em outra parte - 74 55
A86 Encefalite viral, não especificada - 871 711
A87 Meningite viral 4.831 2.983 2.602
B00 Infecções pelo vírus do herpes [herpes simples] 42 25 24
B01 Varicela 21 34 30
B02 Herpes zoster [Zona] - 12 13
B05 Sarampo 45 3 1
B06 Rubéola 6 - 1
B26 Caxumba [Parotidite epidêmica] 4 7 6
B83 Outras helmintíases 69 16 28
Total 5.018 4.569 3.906
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
no caso das enterites por salmonela, pode-se ver, na Tabela 23, que houve uma
redistribuição dos diagnósticos das entero-infecções. Até 2001, havia uma concentração
nos códigos A08 “Infecções intestinais virais, outras e as não especificadas” e A09
“Diarréia e gastroenterite de origem infecciosa presumível”. Em 2003, passa a haver uma
maior participação das demais categorias do grupo A00-A09 “Doenças infecciosas
intestinais”, o que pode estar significando uma melhoria na qualidade dos dados. Cabe
observar que, novamente, o código A02.0 “Enterite por salmonela”, é o primeiro
compatível com os procedimentos de entero-infecções, ou seja, não há como medir o
quanto o aumento do número de casos é devido à melhor codificação e o quanto é devido
ao uso do primeiro código compatível, qualquer que seja ele.
Tabela 23 – Número de AIH por entero-infecções por ano, segundo diagnóstico principal.
Brasil, 2001, 2003 e 2004.
Diagnóstico Principal 2001 2003 2004
A00 Cólera 267 - -
A01 Febres tifóide e paratifóide 13 - -
A02 Outras infecções por Salmonella 423 56.447 46.210
A03 Shiguelose 53 5.091 5.212
A04 Outras infecções intestinais bacterianas 48.186 127.403 115.392
A05 Outras intoxicações alimentares bacterianas 1.161 260 260
A06 Amebíase 769 2.034 1.549
A07 Outras doenças intestinais por protozoários 270 4.425 5.153
A08 Infecções intestinais virais, outras e as não especificadas 260.273 112.594 97.793
A09 Diarréia e gastroenterite de origem infecciosa presumível 217.211 249.124 231.739
Demais doenças 1.801 17 -
Total 530.427 557.395 503.308
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: procedimentos selecionados: “ENTERO INFECCOES (PEDIATRIA)”, “ENTERO INFECCOES
(CLINICA MEDICA)” e “ENTERO INFECCOES EM LACTENTE”.
88
.
Os casos de varíola e poliomielite aguda constantes na Tabela 20 não parecem ter relação
direta com a Tabela de Compatibilidade, pois constavam indevidamente como
diagnóstico em anos anteriores, na mesma ordem de grandeza. Já o aparecimento do A22.7
“Septicemia carbunculosa (antrax)”, por ser de ocorrência rara, também pode ser
creditado a ser um dos primeiros códigos compatíveis com os procedimentos de septicemia
(pediatria) e septicemia (clínica médica).
A partir dos exemplos citados na referida nota técnica, há, portanto, as seguintes situações
bem distintas:
possível excesso de uso dos primeiros códigos de diagnósticos compatíveis com os
procedimentos;
desconcentração dos diagnósticos para os procedimentos, indicando, talvez, melhor
codificação;
alguns fenômenos observados não aparentam ter relação direta com a implantação
da Tabela de Compatibilidade.
5.7.3. Diabetes mellitus
A Organização Mundial de Saúde (OPAS, 2003) considera que existe uma epidemia
mundial de diabetes em curso, com o crescimento do número de pacientes nos últimos
anos e perspectiva de um aumento maior ainda nas próximas décadas. Destaca como
fatores para este crescimento, principalmente em países em desenvolvimento, o
crescimento demográfico, o envelhecimento da população, hábitos alimentares pouco
saudáveis, a obesidade e estilos de vida sedentários. Além disso, uma crescente
incidência entre os indivíduos mais jovens de diabetes tipo 2, quando o corpo não responde
adequadamente à ação da insulina produzida pelo pâncreas.
Uma das complicações da diabetes é a doença do “pé diabético”, resultante de mudanças
nos vasos sangüíneos e nos nervos e levando, com freqüência, a ulcerações nas
extremidades e amputação. Por isso, a diabetes é a causa mais freqüente de amputação não
acidental das extremidades inferiores (OPAS, 2003). A necessidade de amputação pode
indicar falta de controle da doença e de assistência ao paciente, que uma intervenção
intensiva pode prevenir o aparecimento ou atenuar a evolução do diabético (MILMAN
89
.
et al., 2001). Além de considerável fator de incapacidade, invalidez, aposentadoria precoce
e mortes evitáveis, devem-se considerar também os gastos e as internações prolongadas
com estas amputações, que causam grande prejuízo ao sistema público de saúde
(MILMAN et al., 2001).
Na Tabela 24, pode-se verificar que, em 2001, os procedimentos dos grupos de tratamento
cirúrgico dos membros inferiores corresponderam a 5,9% dos procedimentos em pacientes
com diagnóstico principal de diabetes mellitus (E10-E14). Conforme o “National Institute
of Health”
46
, apud Gamba et al. (2004), a prevalência de amputações foi estimada em 10%
entre pessoas com diabetes, nos Estados Unidos, em 1995. Portanto, esta proporção de
tratamento cirúrgico dos membros inferiores em pacientes com diabetes pode ser
considerada dentro da faixa de normalidade.
Ainda na Tabela 24, os demais procedimentos não constantes da Tabela de
Compatibilidade correspondem a 5,8% dos casos, sendo 2,4% em diabetes insípido. Para
2003 e 2004, todos os procedimentos são de clínica médica ou relacionados a transplantes.
Onde estão classificadas as amputações de pacientes diabéticos?
A Tabela 25 apresenta as internações para tratamento cirúrgico dos membros inferiores
segundo o diagnóstico principal. Observe-se que um grande aumento no capítulo I
“Algumas doenças infecciosas e parasitárias”, com concentração (quase total) na
subcategoria A48.0 “Gangrena gasosa”, que correspondia a 0,3% dos casos em 2001 e
passa para 4,7% em 2003 e 5,0% em 2004. A diabetes mellitus, que correspondia a 3,1%
dos casos em 2001, passa a zero nos demais anos.
É possível supor, portanto, que os casos de diabetes mellitus foram codificados como
sendo gangrena gasosa, após a implantação da Tabela de Compatibilidade. Além disso, a
subcategoria A48.0 é o primeiro diagnóstico compatível com vários dos procedimentos de
tratamento cirúrgico dos membros inferiores: artrodese do tornozelo (tíbio-társica) em
geral, amputação/desarticulação do ao nível do tarso, amputação da perna, amputação
ou desarticulação do(s) pododáctilo(s), amputação da coxa, desarticulação ao nível da
46
National Institutes of Health. Diabetes in America. Bethesda (MD), 1995.
90
.
coxo-femoral e desarticulação ao nível do joelho, o que pode ter induzido ao seu uso, como
nos casos vistos anteriormente.
Tabela 24 Número de AIH por diabetes mellitus (E10-E14) por ano, segundo procedimento
realizado.
Brasil, 2001, 2003 e 2004.
Procedimento 2001 2003 2004
Procedimentos compatíveis 113.139 116.798 116.283
46804013 TRANSPLANTE SIMULTANEO DE PANCREAS E RIM 7 139 142
46805010 TRANSPLANTE DE PANCREAS APOS RIM - 7 8
46806016 TRANSPLANTE DE PANCREAS ISOLADO 4 36 44
47810017 INTERCORRENCIA POS TRANSPLANTE 18 274 193
82300046 DIABETES SACARINO 3.241 3.672 3.774
82300135 OUTRAS DOENCAS ENDOCRINAS E METABOLICAS 2 39 28
82500053 DIABETES SACARINO 109.737 112.272 111.692
82500142 OUTRAS DOENCAS ENDOCRINAS E METABOLICAS 25 272 191
85500801 INTERNACAO DOMICILIAR COM EQUIPE HOSPITALAR 105 86 202
91800013 HOSPITAL-DIA - INTERCORRENCIA APOS TRANSPLANTE DE
MEDULA OSSEA E OUTROS PR
- 1 1
91801010 HOSPITAL-DIA - INTERCORRENCIA APOS TRANSPLANTE DE
MEDULA OSSEA E OUTROS PR
- - 8
Procedimentos que podem ter qualquer diagnóstico 1.757 1.845 1.879
31000002 CIRURGIA MULTIPLA 114 - -
71300007 DIAGNOSTICO E/OU PRIMEIRO ATENDIMENTO EM CLINICA
PEDIATRICA
151 177 156
72500000 DIAGNOSTICO E/OU PRIMEIRO ATENDIMENTO EM CLINICA MEDICA 1.492 1.668 1.723
Procedimentos não compatíveis 15.182 39 48
Tratamento Cirúrgico de membros inferiores 7.644 2 -
39001172 AMPUTACAO / DESARTICULACAO DO PE AO NIVEL DO TARSO 1.462 - -
39003159 AMPUTACAO DA PERNA 1.749 - -
39003175 AMPUTACAO OU DESARTICULACAO DO(S) PODODACTILO(S) 935 - -
39004139 AMPUTACAO DA COXA 3.264 - -
Outros tratamentos cirúrgicos de membros inferiores (*) 234 2 -
Outros procedimentos 7.538 37 48
38017016 CURATIVO(S) CIRURGICO(S) SOB ANESTESIA GERAL 128 - -
38018012 DEBRIDAMENTO DA FASCEITE NECROTIZANTE 489 - -
38023016 EXTIRPACAO E SUPRESSAO DE LESAO DA PELE E DO TECIDO 357 - -
38025019 PERDA DE SUBSTANCIA CUTANEA - LESOES EXTENSAS PLANOS
SUPERFICIAL
811 - -
39003108 AMPUTACAO DO DEDO (CADA) 102 - -
77500202 VASCULOPATIA PERIFERICA 177 - -
80500234 INTERCORRENCIA - PACIENTE RENAL CRONICO (CLINICA MEDICA) 211 - -
82300038 DIABETES INSIPIDO 117 - 1
82500045 DIABETES INSIPIDO 2.977 - -
Outros procedimentos não constantes da Tabela de Compatibilidade (*) 2.169 37 47
Total 130.078 118.682 118.210
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: (*) os procedimentos que tiveram menos de 100 ocorrências em todos os anos selecionados foram
agrupados em “Outros”.
Pesquisa feita nas bases de dados do SIH/SUS no diagnóstico secundário não trouxe
informações mais detalhadas. Dos 10.469 casos neste código (A48.0) em 2003 e dos
11.324 em 2004, 91% não tiveram o diagnóstico secundário preenchido; apenas 413 e 452
internações, respectivamente, apresentam o diagnóstico secundário de diabetes mellitus.
Cabe salientar, finalmente, que a Classificação Internacional de Doenças reserva, no grupo
de diabetes mellitus (E10-E14), subcategorias específicas para complicações circulatórias
periféricas, incluindo gangrena (OMS, 2003, p.271):
91
.
As seguintes subdivisões de quarto caractere devem ser usadas com as categorias E10-E14:
...
.5 Com complicações circulatórias periféricas
Angiopatia periférica diabética† (I79.2*)
Gangrena diabética
Úlcera diabética
...
No entanto, pode-se verificar na Tabela de Compatibilidade que, para estas subcategorias,
são válidos os procedimentos de diabetes sacarino e de intercorrência pós-transplante
(este apenas para E10.5), apesar de a CID indicar explicitamente os casos de gangrena
diabética.
Tabela 25 – Número de AIH de tratamento cirúrgico dos membros inferiores
47
, segundo diagnóstico
primário.
Brasil, 2001, 2003 e 2004.
Diagnóstico primário (capítulos, grupos e subcategorias selecionadas) 2001 2003 2004
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 947 10.730 11.625
A30-A49 Outras doenças bacterianas 791 10.469 11.324
A48.0 Gangrena gasosa 630 10.469 11.324
II. Neoplasias [tumores] 5.025 2.253 2.017
III. Doenças do sangue e dos órgãos hemotopoéticos e alguns transtornos imunitários 27 - -
IV. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 7.700 2 2
E10-E14 Diabetes mellitus 7.644 2 -
V. Transtornos mentais e comportamentais 11 - -
VI. Doenças do sistema nervoso 243 262 414
VII. Doenças do olho e anexos 4 - -
VIII. Doenças do ouvido e da apófise mastóide 2 - -
IX. Doenças do aparelho circulatório 4.624 4.191 5.015
X. Doenças do aparelho respiratório 101 6 -
XI. Doenças do aparelho digestivo 48 2 -
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 1.066 196 182
XIII. Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo 58.272 65.121 66.757
XIV. Doenças do aparelho geniturinário 137 1 1
XV. Gravidez, parto e puerpério 22 - -
XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal 6 - 1
XVII. Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas 8.624 9.141 8.974
XVIII. Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, NCOP 3.967 3.274 3.819
XIX. Lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas 111.580 129.547 135.347
XX. Causas externas de morbidade e de mortalidade 5.560 12 14
XXI. Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde 2.544 11 3
Não preenchido - 19 1
Total 210.510 224.768 234.172
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
5.7.4. Os resultados da implantação da Tabela de Compatibilidade
Consolidando as análises dos efeitos da adoção da Tabela de Compatibilidade sobre estas
três situações, pode-se, então, destacar os seguintes pontos principais:
provável uso excessivo e indevido dos primeiros códigos de diagnósticos
compatíveis para os procedimentos;
47
Foram considerados os grupos de procedimentos 39.112.03.9 até 39.117.05.7.
92
.
desconcentração dos diagnósticos para os procedimentos, indicando, talvez, melhor
codificação;
eliminação de situações totalmente incompatíveis;
eliminação de situações ambíguas, como as relativas aos códigos referentes à mãe
ou à criança;
possíveis falhas na Tabela de Compatibilidade, com a rejeição de situações reais,
forçando ao uso de códigos “aceitáveis”.
Fato a destacar é que a crítica da compatibilidade é feita no momento da digitação da
AIH, no programa de entrada de dados (SISAIH01). Isto pode fazer com que, se o código
do diagnóstico não for aceito, o operador entre com um código qualquer, constante da
Tabela de Compatibilidade
48
, sem maiores considerações sobre a fidedignidade dos dados.
Nem o próprio gestor municipal ou estadual tem o poder de autorizar AIH com
diagnósticos não constantes da Tabela de Compatibilidade.
Cabe considerar também que, para vários procedimentos, não são considerados
compatíveis como diagnóstico as subcategorias “.9”, que normalmente indicam
detalhamento não especificado da nosologia. Como exemplo, pode-se citar o procedimento
de meningoencefalite a vírus (pediatria); para este, são compatíveis todas as encefalites
transmitidas por mosquitos (A83.-), exceto a não especificada (A83.9), as meningites virais
(A87.-), exceto a não especificada (A87.9) e assim por diante. Isto também pode induzir o
codificador a utilizar qualquer subcategoria “aceitável”, se não constar da fonte de
informação maior detalhamento da doença.
A Tabela de Compatibilidade introduziu fatores que tanto podem ter melhorado a
codificação como diminuído a sua qualidade, distorcendo-os ainda mais. As conclusões
das pesquisas quanto à confiabilidade dos dados, citadas anteriormente, também não mais
podem ser aplicadas, já que as condições mudaram.
48
O programa de entrada de dados do SIH/SUS exibe, sob comando do operador, a lista dos diagnósticos
aceitos para o procedimento digitado.
93
.
Finalmente, deve-se tentar ponderar os ganhos e as perdas introduzidos com a Tabela de
Compatibilidade. Em 2001, o número de AIH de partos cesáreos com diagnósticos
posteriormente considerados incompatíveis foi de 2.586 (Tabela 19, página 80, itens em
itálico), representando 0,4% de todos os partos cesáreos. Será que os resultados que
aparecem após a adoção da tabela, como o fato de as verrugas anogenitais serem o
diagnóstico para 3% dos partos cesáreos em 2003 e 2,4% em 2004, são melhores que as
distorções até então existentes? A perda de informação quanto às amputações provocadas
pela diabetes são justificadas pela não mais ocorrência de 2.902 casos
49
(Tabela 25, página
90) 1,4% do total em capítulos incompatíveis com o tratamento cirúrgico de membros
inferiores?
5.8. O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
O SIH/SUS operava, desde seu início no âmbito previdenciário, com um cadastro próprio
de hospitais, gerado a partir das Fichas de Cadastramento Hospitalar (FCH). Esta era um
documento bastante simples, contendo apenas as informações essenciais à operação do
SIH/SUS: nome da instituição, seu mero no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
(CNPJ)
50
(usado para identificar o estabelecimento no SIH/SUS), endereço, natureza,
dados bancários, número de leitos existentes e contratados segundo especialidade (clínica
cirúrgica, clínica médica, cuidados prolongados crônicos, clínica psiquiátrica, tisiologia,
clínica pediátrica, reabilitação e clínica psiquiátrica – hospital dia).
Durante a década de 1980, o Ministério da Saúde chegou a operar o Cadastro de
Estabelecimentos de Saúde (CES) (BRASIL, 1993), porém suas últimas informações
referem-se ao ano de 1988, não sendo mais atualizado desde então.
O IBGE tem em sua linha de pesquisas a Pesquisa de Assistência Médico-Sanitária (AMS).
Esta apresenta dados relativos ao número de estabelecimentos de saúde, por esfera
administrativa, condição de funcionamento, categoria, regime e tipos de atendimento e
49
Foram considerados os capítulos III, V, VII, VIII, X, XI, XIV, XV, XVI e XXI como incompatíveis com
tratamento cirúrgico de membros inferiores, por apresentarem nenhum ou poucos casos em 2003 e 2004. O
capítulo IV não foi considerado nesta lista pela sua importância na análise e o capítulo XX pelo seu
relacionamento com o capítulo XIX.
50
Como visto na nota 31 (página 64), originalmente era utilizado o número do Cadastro Geral de
Contribuintes (CGC).
94
.
prestação de serviços segundo a modalidade financiadora, bem como dados sobre o pessoal
ocupado, volume de leitos e de internações
51
. A pesquisa foi executada anualmente de
1976 a 1990.
Em 1991, o Ministério da Saúde e o então Ministério da Economia, Fazenda e
Planejamento instituem um grupo de trabalho, através da Portaria Interministerial
MS/MEFP 377, de 3 de maio de 1991, composto por representantes do Ministério da
Saúde, da Fundação Nacional de Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz, do INAMPS e do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, com o objetivo de compatibilizar os diversos
cadastros existentes dentro do próprio Ministério e o do IBGE.
O grupo apresentou uma proposta de criação do Sistema Unificado de Cadastro de
Estabelecimento de Saúde (SUCES) (BRASIL, 1991), para elaboração de uma base
cadastral unificada, tendo como ênfase a padronização de conceitos entre as diversas
instituições e a definição dos atributos básicos dos estabelecimentos de saúde e suas
mantenedoras: identificação, localização, esfera administrativa, natureza institucional, tipo
de estabelecimento, regime, classe de atividade, especialidade e condição de
funcionamento. Foram definidos, também, os demais módulos que deveriam constituir o
cadastro unificado: capacidade instalada, unidades de serviço/atividades, recursos
humanos, recursos financeiros e serviços produzidos.
Embora o SUCES tenha sido elaborado a partir de um trabalho conjunto do Ministério da
Saúde, de suas entidades vinculadas e do IBGE, a proposta foi adotada apenas por este
último, no âmbito da AMS, na pesquisa de 1992 (não houve a de 1991). Esta pesquisa
somente foi a campo novamente nos anos de 1999 e 2002, passando a existir um grande
hiato nas informações sobre a rede assistencial nacional, tanto pública como privada.
Devido à legislação que rege o IBGE relativamente à divulgação de suas pesquisas, as
51
IBGE. Estatísticas de Saúde: Assistência Médico-Sanitária 2002. Disponível em
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/ams/default.shtm, acesso em 19 out.
2005.
95
.
informações da AMS não podem ser repassadas ao Ministério da Saúde de forma
identificada, limitando, portanto, o seu uso como cadastro
52
.
No âmbito do Ministério da Saúde, prosseguiam os esforços na criação de um novo
cadastro unificado. A Portaria MS/GM 1.890, de 18 de dezembro de 1997 cria a Ficha
de Cadastro de Estabelecimentos de Saúde (FCES) e determina a atualização do cadastro
de unidades hospitalares e serviços auxiliares de diagnose e terapia do SUS, a partir de 03
de fevereiro de 1998, por parte das Secretarias Estaduais e Municipais habilitadas. Em
consonância, a Portaria MS/SAS 9, de 23 de janeiro de 1998, regulamenta a atualização
do cadastro, determinando sua implantação em junho de 1998.
Tal fato no entanto não ocorre, devido a fragilidades e inconsistências nas informações
geradas pelo recadastramento feito, conforme detectado pela Secretaria de Controle
Interno, pelo Tribunal de Contas da União, pelo Departamento Nacional de Auditoria do
SUS e pelo Departamento de Controle e Avaliação de Sistemas da SAS
53
. Em 13 de março
de 2000, é editada a Portaria MS/GM 277, que institui grupo de trabalho na SAS para
revisão da FCES e definir diretrizes para o cadastramento; como resultado, em 03 de
outubro do mesmo ano, é editada a Portaria MS/SAS 376, determinando novo
cadastramento de:
estabelecimentos prestadores de serviços ao SUS;
estabelecimentos hospitalares não contratados ou conveniados com o SUS; e
estabelecimentos ambulatoriais, pessoas jurídicas, não vinculados ao SUS, que
realizam procedimentos de alta complexidade (patologia clínica, radiologia, terapia
renal substitutiva, radioterapia etc.).
É estabelecido que o novo cadastro formado a partir da nova FCES, o Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde (CNES), passe a vigorar a partir de janeiro de 2001,
extinguindo-se as demais fichas de cadastramento vigentes. Carvalho (2004) destaca que o
52
Para mais detalhes sobre a pesquisa AMS, podem ser consultados Carvalho (2004), as páginas do IBGE
sobre a mesma (nota 51) e as do Datasus (disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ams/amsopcao.htm,
acesso em 01 nov. 2005).
53
Conforme consta nos “Considerandos” da Portaria MS/SAS 376, de 3 de outubro de 2000. Sobre o
relatório do Tribunal de Contas da União, Carvalho (2004) destaca a sua influência na revisão dos cadastros
de estabelecimentos de saúde.
96
.
conjunto de formulários da AMS 1999 serviu de base para a formulação do conjunto de
formulários e conseqüentemente de dados das FCES.
Finalmente, em agosto de 2003, após sucessivas prorrogações da entrada em vigor
(Portaria MS/SAS 142, de 3 de junho de 2003, ratificada pela Portaria MS/SAS 202,
de 21 de julho de 2003), o CNES passa a ser a base de dados sobre a qual o SIH/SUS
opera, em substituição à FCH.
O CNES incorpora diversas melhorias em relação à situação anterior, passando a ser
efetivamente uma base de dados da rede assistencial, tanto pública como privada,
incorporando um grande conjunto de informações sobre os estabelecimentos
54
. No entanto,
provoca uma quebra na série histórica da rede assistencial, assim como na de produção de
serviços.
Primeiramente, a forma de identificação do estabelecimento é alterada: na FCH, o
estabelecimento era identificado pelo seu número no CNPJ (antigo CGC). No CNES, os
estabelecimentos passam a ter um número de identificação próprio (o número CNES).
Com o objetivo de manter a compatibilidade, os dado do CNES são enviados para o
SIH/SUS utilizando ou o CNPJ ou o número CNES antecedido de “77777”, como se fosse
um CNPJ. Com isso, alguns hospitais são identificados até julho de 2003 por um código e
a partir de agosto por outro, o que pode dificultar (mas não impedir) algumas análises
sobre hospitais específicos. Além disso, alguns hospitais passam a ser identificados
nominalmente no SIH/SUS pela sua entidade mantenedora ou pela razão social. Em
compensação, a mudança de propriedade do estabelecimento, tanto público com privado,
não provoca mais a mudança de seu código identificador (como visto no item 5.4.4), se
estiver sendo utilizado o código CNES.
Alteração com maiores implicações na análise das séries histórias é, no entanto, a
redefinição da natureza jurídica dos estabelecimentos. O CNES adota, conforme a Portaria
MS/SAS nº 176, de 2 de julho de 2003, normas da Receita Federal identificando os
estabelecimentos por esfera administrativa, natureza da organização e retenção de tributos,
54
Para mais detalhes sobre a estrutura do CNES, as informações coletadas, formas de disseminação, fluxo do
processamento, problemas existentes e vantagens de sua implantação, consultar Carvalho (2004).
97
.
além de indicativo de atividade de ensino com residência na área de saúde. Porém, com o
objetivo de não alterar substancialmente o SIH/SUS (e também o SIA/SUS) e, ao mesmo
tempo, viabilizar o processamento do mesmo com base no CNES, é criada uma tabela de
conversão entre os códigos de natureza utilizados nos seus documentos de entrada, a FCH,
do SIH/SUS e a FCES, do CNES (Quadro 5),
Quadro 5 – Equivalência entre os códigos da FCH e da FCES
FCH FCES
Cód Tipo prestador/natureza Cód Esfera Cód Retenção
20 Privado com fins lucrativos 4 Privada 14 Estabelecimento privado lucrativo – pessoa jurídica
22 Privado optante pelo SIMPLES 4 Privada 13 Estabelecimento privado lucrativo (SIMPLES)
30 Público Federal 1 Federal 10 Estabelecimento público
40 Público Estadual 2 Estadual 10 Estabelecimento público
50 Público Municipal 3 Municipal 10 Estabelecimento público
60 Privado sem fins lucrativos 4 Privada 12 Estabelecimento sem fins lucrativos
61 Filantrópico com CNAS* válido 4 Privada 11 Estabelecimento filantrópico
80 Sindicato 4 Privada 15 Estabelecimento sindical
Fonte: Portaria MS/SAS nº 176, de 2 de julho de 2003.
* CNAS: Certificado Nacional de Assistência Social.
Os demais códigos de natureza utilizados no SIH/SUS são extintos.
Conforme pode ser visto na Tabela 14 (página 65), a partir de agosto de 2003 não mais
existem as seguintes naturezas: nos públicos, as categorias “Próprio”, “Federal Verba
Própria”, “Estadual Verba Própria”; nos filantrópicos, a categoria “Filantrópico isento de
IR e CSLL”; e, principalmente, todos os universitários, que são redistribuídos entre as
categorias que persistiram. Observando-se o Gráfico 12 e a Tabela 14 (página 65), pode-se
ver que a redistribuição dos hospitais universitários leva a um pequeno aumento na
participação dos hospitais filantrópicos e um maior aumento na participação de hospitais
públicos. Isto não quer dizer que os hospitais universitários, com ou sem FIDEPS,
deixaram de ter este atributo, apenas que não há mais categorias específicas para os
mesmos. Pode-se observar no Gráfico 13 e na Tabela 26 que, a partir de agosto de 2003, há
um aumento maior no valor médio pago aos hospitais públicos e filantrópicos do que para
os contratados e para a média geral, como pode ser visto pela inclinação das linhas do
gráfico.
No SIH/SUS, vários atributos sobre os hospitais (condição universitária, participação do
FIDEPS, retenção de tributos, “verba própria”) deixam de fazer parte da informação sobre
natureza ou regime do hospital e passam a constar nos atributos SIPAC dos hospitais
arquivos do tipo SH. Os seguintes códigos SIPAC se referem à condição do hospital como
universitário e também sua situação em relação à retenção de tributos:
98
.
430: Hospitais que não geram créditos
460: Hospitais isentos de tributos
470: Hospitais que só descontam COFINS
480: Hospitais universitários
490: Hospitais universitários com FIDEPS
Os atributos referentes à condição de hospital universitário (480 e 490), combinado com a
natureza, agora passam a permitir separar os hospitais universitários em públicos (federais
ou estaduais) ou universitários, porém ainda não poder discriminatório quanto à sua
vinculação a universidades. No entanto, é possível pesquisar no sítio do CNES
55
a sua
condição de atividade de ensino e pesquisa (ficha do módulo básico): unidade
universitária, unidade escola superior isolada, unidade auxiliar de ensino ou unidade sem
atividade de ensino.
Gráfico 13 – Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência.
Brasil, 2003.
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Mês
Valor Médio (R$)
Contratado
Filantrópico
Público
Universitário
dia
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Nota: Gráfico elaborado a partir da Tabela 26
.
55
Disponível em http://www.datasus.gov.br/cnes, acesso em 01 nov. 2005.
99
.
Tabela 26 – Valor médio de AIH por natureza, segundo mês de competência.
Brasil, 2003.
Mês Contratado Filantrópico Público Universitário Média
Janeiro 429,25 431,63 377,57 839,30 460,41
Fevereiro 423,86 429,33 377,94 833,01 458,28
Março 431,56 433,60 383,04 847,98 464,12
Abril 435,30 438,04 386,00 832,29 465,40
Maio 439,28 446,84 392,17 851,22 472,64
Junho 438,81 445,52 386,65 849,70 471,64
Julho 447,71 454,78 394,65 841,70 477,78
Agosto 494,13 549,11 464,02 - 503,73
Setembro 483,47 549,20 480,02 - 508,27
Outubro 491,60 552,88 472,35 - 508,67
Novembro 483,97 559,23 476,63 - 511,10
Dezembro 488,29 566,22 478,38 - 515,92
Total 456,50 491,64 426,33 842,21 484,64
Fonte: MS/SE/Datasus – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS).
Notas: Valores em Reais.
Portanto, ao analisar séries históricas de internações hospitalares, considerando a natureza
do prestador, deve-se adotar cuidados especiais se o período em estudo atravessar este
ponto de corte agosto de 2003, pela incompatibilidade dos critérios utilizados. Como foi
visto, a consulta aos códigos SIPAC dos estabelecimentos hospitalares torna-se necessária
para pesquisar a condição dos mesmos em relação à retenção de tributos e condição de
universitário. A pesquisa direta ao CNES fornece informações mais detalhadas sobre todos
os atributos dos hospitais, porém apenas a sua situação mais recente. Para trabalhar com as
séries históricas, é conveniente que sejam consultados os arquivos de Cadastro Hospitalar
(tipo CH) e de SIPAC dos hospitais (tipo SH) dos períodos correspondentes aos das AIH,
já que as características e condições dos hospitais podem variar ao longo do tempo.
6. Considerações Finais e Recomendações
Relataram-se aqui diversas situações em que ocorrem modificações significativas nas
normas e regulamentações do SUS que levam a alterações na sistemática do SIH/SUS e,
conseqüentemente, nas informações dele derivadas.
Este estudo não procurou esgotar, absolutamente, todas as situações. Todo o conjunto de
políticas públicas, não só de saúde, afeta o desempenho do sistema. O sucesso de algumas,
como o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a distribuição de medicamentos
antiretrovirais, certamente levou a um menor número de hospitalizações pelas doenças
associadas a estes programas. A melhoria da atenção primária, através de programas como
o Programa de Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS), também pode levar à diminuição ou à mudança no perfil das hospitalizações, pelo
menos nas áreas onde o programa está firmemente estabelecido. A análise dos indicadores
do SIH/SUS permite verificar com certa facilidade os efeitos da implantação destas
políticas
56
.
A implantação de incentivos e restrições (itens 5.2 e 5.3) introduz fatores que alteram os
indicadores do SIH/SUS. Cuidados devem ser tomados, pois estudos que não considerem
estes fatores podem chegar indevidamente a conclusões de que tenha havido mudança no
desempenho do sistema de saúde ou nas condições de vida da população.
Foi observado como a mudança da classificação dos dados do sistema, como no caso da
natureza do prestador, diagnóstico do paciente, caráter da internação, reclassificação de
procedimentos etc. (itens 5.4 e 5.5, entre outros), pode levar a variações nos indicadores
obtidos do sistema.
A ampliação da cobertura do sistema expansão para a rede filantrópica, universitária e
pública (itens 4.2, 4.3 e 5.1), igualmente leva a variações nos indicadores, pela mudança do
perfil do universo da população atendida.
56
Podemos citar como exemplo o ocorrido após a primeira Campanha Nacional de Vacinação contra o
Sarampo, em abril/maio de 1992, com a queda ocorrida no número de hospitalizações por esta doença nos
meses seguintes.
101
.
Fato importante a observar é que, tanto no SAMHPS como no início da operação do
SIH/SUS (itens 4.1 e 5.1), as transferências federais relativas à assistência hospitalar para
estados, municípios e prestadores eram quase que totalmente baseadas na produção de
serviços, o que era objeto de profunda discussão entre os gestores, a academia e
formuladores das políticas de saúde.
Paulatinamente, parte destas transferências passou a ser feita fundo a fundo, com a
implantação das Normas Operacionais Básicas (NOB) e Normas Operacionais da
Assistência à Saúde (NOAS), e vários incentivos foram desvinculados da produção,
passando a ter valores fixados em função da qualificação do estabelecimento ou dos
compromissos assumidos com os gestores estaduais e municipais. Com isso, nem todos os
dispêndios relativos à assistência hospitalar ficam registrados no SIH/SUS, o que deve ser
considerado em análises dos gastos com assistência hospitalar. Também gastos efetuados
diretamente pelos estados e municípios não são contabilizados neste sistema.
Questionamento importante é se as práticas recomendadas ou as condições exigidas estão
sendo efetivamente seguidas e não apenas informadas para cumprir a regulamentação. Isto
está inserido dentro de uma questão mais ampla, relacionada com os reais objetivos e
capacidades de um sistema de informações. A regulação, o controle e a avaliação da
assistência hospitalar não podem ser deixados para serem resolvidos apenas pelo sistema
de informações; este não tem como resolver todas estas questões, mas deve estar apto a
fornecer subsídios, alertas e indicadores que subsidiem os gestores e a sociedade no
controle e avaliação do sistema, assim como no planejamento das atividades e no
levantamento de necessidades e demandas.
Especificamente em relação à codificação das doenças, destacam-se dois aspectos
principais. Primeiramente, na busca de uma suposta perfeição (implantação da Tabela de
Compatibilidade entre o Procedimento Realizado e o Diagnóstico Principal, item 5.7),
foram introduzidos condicionantes e vieses que podem ter prejudicado a qualidade das
informações registradas. Em segundo lugar, fica evidente a necessidade de um bom
treinamento no uso da Classificação Internacional de Doenças. Conforme o professor Ruy
102
.
Laurenti
57
, existe uma tradição” que considera a capacitação no uso da CID em
morbidade muito mais fácil do que em mortalidade. No entanto, pudemos ver que não é
bem assim. Questões específicas devem ser mais bem tratadas no treinamento dos
codificadores em morbidade hospitalar, como nos casos apresentados de partos, causas
externas e diabetes. Além das questões de conteúdo, a estratégia de treinamento é
fundamental. Como chegar a todos os hospitais e seus codificadores? É necessário um
programa contínuo de treinamento, dada a natural rotatividade de pessoal na área. No caso
de estabelecimentos públicos, a situação pode ser até mais crítica, devido à precariedade
das relações de trabalho atualmente existentes em grande parte deles. O treinamento à
distância é uma alternativa possível, para a qual necessidade de material didático de
excelente qualidade.
Fator importante que o foi analisado, objeto de freqüentes denúncias e auditorias, é o
referente a possíveis fraudes a que o sistema está sujeito, com o objetivo de aumento do
faturamento dos estabelecimentos hospitalares. Apesar de contínuos aprimoramentos do
sistema, brechas sempre existirão. Além disso, o sistema está estruturado para, em geral,
efetuar críticas sobre o conteúdo de cada AIH, sendo que determinadas situações devem
ser aceitas, mesmo que improváveis ou raras. Porém, no momento que o volume destas
situações foge de um comportamento previsto, o sistema poderia alertar para a necessidade
de verificação ou auditoria. O exemplo da Clínica Santa Genoveva, no Rio de Janeiro,
deve ser relembrado: a taxa de mortalidade hospitalar nesta clínica estava crescendo
continuamente, acima de qualquer padrão
58
. Somente quando houve denúncia pela
imprensa foi tomada uma atitude, que levou ao fechamento da clínica.
Esta é uma situação em que fica evidente como as informações que podem ser obtidas do
sistema são pouco utilizadas na gestão do sistema de saúde, como havia observado
Moraes (1994). O aparecimento de novas distorções provocadas pela implantação da
Tabela de Compatibilidade entre o Procedimento Realizado e o Diagnóstico Principal
(item 5.7), sem que tenha havido considerações críticas, também revela o pouco uso das
informações.
57
Em depoimento pessoal ao autor, através de correspondência eletrônica.
58
Conforme consultas às bases de dados do SIH/SUS, em vários meses o número de AIH pagas deste
hospital com óbito como motivo de alta ultrapassava a razão de 8 em cada 100 AIH, chegando a atingir
14,25 em 100 AIH em maio de 1996.
103
.
Como exemplo oposto, temos a situação em que auditorias, analisando os dados do
SIH/SUS, detectaram o excesso de cirurgias múltiplas apresentadas, levando a um reforço
nas críticas do sistema, como as indicadas no Memorando 17 do INAMPS, de 09 de
junho de 1993. Com isso, o número de cirurgias múltiplas caiu, do primeiro para o segundo
trimestre de 1993, à metade; a queda foi contínua, estabilizando-se a partir de 1996 num
patamar correspondente a 25% do nível inicial.
59
.
As conclusões e os problemas levantados não inviabilizam, absolutamente, a utilização das
informações provenientes do SIH/SUS. O que está sendo destacado são alguns cuidados
que devem ser tomados na análise dos indicadores e no tratamento dos dados do sistema.
Assim, análises que utilizem as séries históricas devem, obrigatoriamente, levar em
consideração as modificações, tanto do SUS como do SIH/SUS, para que possam chegar a
conclusões mais precisas. Como foi visto em várias situações citadas neste trabalho,
descontinuidades nas séries históricas efetivamente mostram modificações das políticas e
da operação do sistema.
Finalmente, devemos considerar que a facilidade de acesso, a disponibilidade, a
oportunidade e rapidez de atualização das informações do SIH/SUS são fatores positivos
do sistema. Em várias situações, é possível analisar o efeito de determinada ação pouco
após a sua implantação. A agilidade de obtenção dos dados e indicadores pode
eventualmente compensar eventuais incorreções e imprecisões nas informações
disponíveis.
59
Conforme consultas às bases de dados do SIH/SUS, observa-se as seguintes médias trimestrais de
internações por cirurgia múltipla: 1º trimestre de 1992 ao 1º trimestre de 1993: 44.400; demais trimestres de
1993: 21.000; 1994: 18.000; 1995: 14.000; a partir de 1996: entre 8.500 e 12.500.
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Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 09 ago. 1998.
______. Portaria MS/GM 3.459, de 14 de agosto de 1998. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 17 ago. 1998.
______. Portaria MS/GM 3.477, de 20 de agosto de 1998. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 21 ago. 1998.
______. Portaria MS/GM 3.482, de 20 de agosto de 1998. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 21 ago. 1998, republicado em 25 ago.
1998.
______. Portaria MS/GM 3.982, de 01 de dezembro de 1998. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 02 dez. 1998.
______. Portaria MS/GM 479, de 15 de abril de 1999. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 16 abr. 1999.
113
.
______. Portaria MS/GM 531, de 30 de abril de 1999. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 03 mai. 1999.
______. Portaria Conjunta MS/SAS/SE 1, de 05 de maio de 1999. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 07 mai. 1999.
______. Portaria Conjunta MS/SAS/SE 2, de 21 de maio de 1999. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 24 mai. 1999.
______. Portaria MS/GM 865, de 03 de julho de 1999. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 07 jul. 1999.
______. Portaria MS/GM 1.163, de 14 de setembro de 1999. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 15 set. 1999.
______. Portaria MS/GM 277, de 13 de março de 2000. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, mar. 2000.
______. Portaria MS/GM 569, de 01 de junho de 2000. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 08 jun. 2000, republicado em 18 ago.
2000.
______. Portaria MS/GM 572, de 01 de junho de 2000. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 08 jun. 2000, republicado em 14 nov.
2000.
______. Portaria MS/GM 466, de 14 de junho de 2000. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 15 jun. 2000.
______. Portaria MS/SAS 376, de 03 de outubro de 2000. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, out. 2000.
______. Portaria MS/GM 132, de 31 de janeiro de 2001. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 01 fev. 2001.
114
.
______. Portaria MS/GM 426, de 04 de abril de 2001. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 05 abr. 2001.
______. Portaria MS/GM 604, de 24 de abril de 2001. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 26 abr. 2001, republicado em 10 mai.
2001.
______. Portaria MS/GM 627, de 26 de abril de 2001. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 27 abr. 2001, republicado em 23 mai.
2001.
______. Portaria MS/GM 1.413, de 30 de agosto de 2001. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 31 ago. 2001.
______. Portaria MS/SAS nº 579, de 20 de dezembro de 2001. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 26 dez. 2001.
______. Portaria MS/GM 179, de 29 de janeiro de 2002. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 30 jan. 2002.
______. Portaria MS/GM 878, de 08 de maio de 2002. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 10 mai. 2002.
______. Portaria MS/GM 1.839, de 09 de outubro de 2002. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 11 out. 2002.
______. Portaria MS/SAS 142, de 03 de junho de 2003. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, jun. 2003.
______. Portaria MS/SAS 176, de 02 de julho de 2003. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, jul. 2003.
______. Portaria MS/SAS 202, de 21 de julho de 2003. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, jul. 2003.
115
.
______. Portaria MS/SAS 214, de 15 de junho de 2004. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 21 jun. 2004.
______. Portaria MS/GM 1.702, de 17 de agosto de 2004. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 18 ago. 2004.
______. Portaria MS/SAS nº 766, de 21 de dezembro de 2004. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 22 dez. 2004, republicado em 18 ago.
2000.
BRASIL. INAMPS. Resolução INAMPS 227, de 27 de julho de 1990. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 31. jul. 1990.
______. Memorando Circular Inamps 501-004.3/17/93, de 09 de junho de 1993.
Disponível em
http://sna.saude.gov.br/legislacao/leg_mostra_doc.cfm?filename=\leg_FF387915-DF18-
4BC9-BE76A78ECA8C7256.doc&CFID=137617&CFTOKEN=21073495; acesso em 28
dez. 2005.
______. Norma Operacional Básica/SUS 1: NOB SUS 01/91. Resolução INAMPS
258, de 07 de janeiro de 1991. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder
Executivo. Brasília, DF, jan. 1991.
Glossário
O glossário a seguir define os principais termos utilizados no SIH/SUS, conforme o
Manual do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) (BRASIL, 2005) e no
arquivo de ajuda (em formato Help para Windows) RD.HLP, contido no arquivo
compactado RDTAB.ZIP, disponível em http://www.datasus.gov.br/tabwin/rdtab.zip
acesso em 18 nov. 2005.
Atos Médicos: procedimentos realizados durante a internação; para este atributo, são
especificados o código do ato (constante da tabela de procedimentos), a identificação do
prestador, o tipo de prestador, o tipo de ato e o número de atos realizados.
Campo Procedimentos Especiais (Médico Auditor): É o campo da AIH utilizado para
mudança de procedimento, politraumatizado, cirurgia múltipla, tratamento da aids, cirurgia
múltipla de lesões lábio-palatais, busca ativa de doador de órgãos, procedimentos
seqüenciais em neurocirurgia e ortopedia, cirurgias plásticas seqüenciais pós-gastroplastia
e outros.
Caráter da Internação: Atributo que descreve a forma de internação, conforme a tabela:
1 Eletivo A AIH é emitida antes da internação pelo Órgão Emissor Local.
Uma vez autorizada, a AIH terá validade de 15 (quinze) dias a contar da
data da emissão, exceto para as AIH com diagnóstico de parto, emitida para
gestantes, que têm validade até a data do parto.
1.1 Eletivo Atendimento em Hospital-dia.
2.0 Urgência/Emergência em Hospital de Referência A AIH é solicitada pelo
Hospital até 48 horas úteis após a internação.
2.1 Hospital de Referência Estadual em Urgência e Emergência Atendimento
em Hospital-dia.
2.6 Quadro compatível com acidente no local de trabalho ou a serviço da
empresa em Hospital de Referência Urgência/Emergência
2.7 Quadro compatível com acidente no trajeto entre a residência e o trabalho
em Hospital de Referência Urgência/Emergência
117
.
2.8 Quadro compatível com outros tipos de acidente de trânsito não
considerados como acidentes no trajeto de trabalho em Hospital de
Referência Urgência/Emergência
2.9 Quadro compatível com outros tipos de lesões e envenenamentos causados
por agentes físicos ou químicos não considerados como acidentes de trajeto
ou de trabalho em Hospital de Referência Urgência/Emergência
3 Urgência/Emergência (caráter de internação extinto)
4 Câmara Nacional de Compensação para Procedimento Hospitalar de Alta
Complexidade AIH emitida para atendimento de paciente procedente de
outro Estado.
4.1 Câmara Nacional de Compensação para Procedimento Hospitalar de Alta
Complexidade AIH emitida para atendimento de paciente procedente de
outro Estado em regime de Hospital-dia.
5 Urgência/Emergência - A AIH é solicitada pelo Hospital até 48 horas úteis
após a internação.
Causas Externas:
6 Quadro compatível com acidente no local de trabalho ou a serviço da
empresa.
7 Quadro compatível com acidente no trajeto entre a residência e o trabalho.
8 Quadro compatível com outros tipos de acidente de trânsito não
considerados como acidentes no trajeto de trabalho
9 Quadro compatível com outros tipos de lesões e envenenamentos causados
por agentes físicos ou químicos não considerados como acidentes de trajeto
de trabalho.
Competência: Período de competência do faturamento da AIH. Corresponde,
basicamente, ao mês anterior ao da apresentação e, de uma maneira geral, às AIH que
apresentaram alta no próprio mês de competência. No período de competência, pode haver
ainda AIH atrasadas ou AIH de longa permanência, que são apresentadas de 30 em 30 dias.
Diagnóstico Principal: Diagnóstico, segundo a Classificação Internacional de Doenças,
que levou à internação.
118
.
Diagnóstico Secundário: Diagnóstico complementar, segundo a Classificação
Internacional de Doenças. De acordo com o procedimento, o caráter da internação ou o
diagnóstico principal, pode ser obrigatório, segundo determinados critérios.
Especialidade: clínica do hospital onde foi feita a internação, conforme a tabela:
1: Cirurgia
2: Obstetrícia
3: Clínica Médica
4: Pacientes sob cuidados prolongados (inclui os casos conhecidos como Fora
de Possibilidade Terapêutica, termo não mais utilizado)
5: Psiquiatria
6: Tisiologia
7: Pediatria
8: Reabilitação
9: Psiquiatria em Hospital-dia
Local da Internação: Município de localização do hospital.
Local de Residência: Município de residência do paciente.
Natureza: Classificação do hospital segundo sua forma de relação com o SUS, conforme a
tabela a seguir. Observe-se que nem todas as categorias são ainda válidas, que algumas
foram extintas quando da implantação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde.
Regime Público:
10: Hospital próprio (pertencentes ao extinto INAMPS).
30: Hospital federal.
31: Hospital federal com verba própria.
40: Hospital estadual.
41: Hospital estadual com verba própria.
50: Hospital municipal.
Regime privado:
20: Hospital contratado: privados não filantrópicos e não universitários
22: Hospital contratado, optante pelo regime de impostos “SIMPLES”.
119
.
60: Hospital filantrópico: privados com esta característica.
61: Hospital filantrópico, isento de tributos e contribuições sociais, conforme a
Instrução Normativa 01/97 da Receita Federal.
63: Hospital filantrópico, isento de Imposto de Renda e contribuição sobre o
lucro liquido, conforme a Instrução Normativa 01/97 da Receita Federal.
80: Hospital de sindicato.
Regime universitário:
70: Hospital universitário de ensino (privados ou públicos).
90: Hospital universitário de pesquisa (privados ou públicos).
91: Hospital universitário de pesquisa, isento de tributos e contribuições sociais,
conforme a Instrução Normativa 01/97 da Receita Federal.
93: Hospital universitário de pesquisa isento de Imposto de Renda e
contribuição sobre o lucro líquido, conforme a Instrução Normativa 01/97
da Receita Federal.
92/94: Hospital de ensino e pesquisa privado.
Prestadores ou Terceiros: Prestadores de serviços aos hospitais, tais como profissionais
médicos, profissionais não-médicos, laboratórios, estabelecimentos terapêuticos etc., que
executam os atos médicos ou procedimentos especiais.
Procedimento Realizado: Procedimento médico (constante da tabela de procedimentos)
realizado na internação. Normalmente corresponde ao procedimento solicitado no laudo
médico e autorizado. Em situações determinadas, pode haver a mudança do procedimento
em relação ao que foi solicitado.
Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia (SADT): Parcela da remuneração da
internação correspondente aos valores dos procedimentos de diagnóstico e terapia (exames,
por exemplo). Pode ser paga ao próprio estabelecimento, a terceiros ou a ambos, de acordo
com o tipo de prestador.
Serviços Hospitalares (SH): Parcela da remuneração da internação correspondente aos
valores de diárias, taxas de sala, materiais hospitalares e medicamentos. Pago ao próprio
estabelecimento hospitalar.
120
.
Serviços Profissionais (SP): Parcela da remuneração da internação correspondente aos
valores dos serviços profissionais (cirurgiões, anestesistas, pediatras etc.). Pode ser paga ao
próprio estabelecimento, a terceiros ou a ambos, de acordo com o tipo de prestador.
Sistema Integrado de Procedimentos de Alta Complexidade (SIPAC): Atributo que
descreve se o estabelecimento está habilitado a executar determinados procedimentos e
atos (cirurgia cardíaca, transplantes, neurocirurgia etc.) ou se possui características
especiais (atendimento de urgência/emergência, hospital “Amigo da Criança”, centro de
referência à saúde do idoso etc.). O nome SIPAC continua a ser utilizado, porém, no
contexto do CNES, é denominado de “Habilitações”.
Tipo de AIH: Atributo que identifica o tipo de formulário AIH, conforme a tabela:
1: AIH normal ou inicial.
7: Idêntica à AIH tipo 1, passou a ser utilizada quando foi implantada a AIH
em meio magnético.
5: É utilizado para identificar casos de longa permanência do paciente nas
especialidades de Psiquiatria, Pacientes sob Cuidados Prolongados e
Assistência Domiciliar Geriátrica. Depois de autorizada a permanência do
paciente pelo Órgão Gestor, o hospital deverá emitir a AIH-5, que recebe
a mesma numeração da AIH-7 que deu origem à internação.
3: Não mais utilizada; era usada em formulários quando havia mais atos
médicos ou procedimentos especiais do que a AIH de tipo 1 ou 7
comportava.
Tipo de ato: tipo de ato médico realizado, conforme a tabela:
01: Cirurgião ou Obstetra
02: Primeiro Auxiliar Cirúrgico
03: Segundo Auxiliar Cirúrgico
04: Terceiro Auxiliar Cirúrgico
05: Demais Auxiliares Cirúrgicos
06: Anestesista
07: Consulta Clínica
08: Anatomia Patológica
121
.
09: Assistência Ventilatória
10: Cardioversão
11: Fisioterapia
12: Hemoterapia
13: Inaloterapia
14: Medicina Nuclear
15: Patologia Clínica
16: Radiologia
17: Radioterapia
18: Traçados Diagnósticos
19: Órtese, Prótese e Materiais Especiais
20: Atendimento ao Recém-Nato na Sala de Parto
21: Diária de UTI Especializada
22: Taxa de Sala de Transplante
27: Neurocirurgia
30: SADT Transplante
31: Cirurgião Transplante
32: SADT pós-transplante
33: Medicamentos para Intercorrências pós-transplantes
34: Diária de Acompanhante para Idoso e Diária de Cuidados Intermediários
Neonatal
35: Analgesia para Realização de Parto
36: Pediatra 1ª Consulta
37: Incentivo ao Parto – Componente I
38: Nutrição Enteral
39: Anestesia para Paciente Queimado
40: Retirada de Órgãos – Interestadual
41: Intercorrência Paciente Médio e Grande Queimado
42: Retirada de Órgãos – Intermunicipal
44: Processamento/Preservação Órgão para Transplante
45: Notificação de Causas Externas e de Agravos Relacionados ao Trabalho
46: Incentivo ao Registro Civil de Nascimento
47: Hemodiálise – Pessoa Jurídica
48: Instalação de Cateter Venoso – Longa Permanência – Pessoa Jurídica
122
.
49: Perfusionista
50: Retirada de Enxerto Ósseo Autógeno
51: Teste para o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento
51: Teste para o Projeto Nascer – Maternidades
52: Inibição da Lactação em Puérperas HIV positivo
53: Serviços Profissionais de Cateterismo Cardíaco
54: SADT Cardiovascular
Tipo ou Vínculo do Prestador ou Terceiro: Tipo de vínculo do prestador ou terceiro com
o hospital, conforme a tabela a seguir. Observe-se que esta tabela tem semelhanças com a
de tipo de ato, mas refere-se a situações distintas.
1: Órtese, Prótese e Materiais Especiais
2: Hemoterapia
3: SADT próprio do hospital
4: Profissional com vínculo empregatício
5: Cooperativa de médicos
6: Atendimento ao Recém Nato na sala de parto (pessoa física)
7: Profissional autônomo
8: SADT sem vínculo com o hospital
13: SADT (próprio) transplante
14: Profissional (sem vínculo) transplante
15: SADT transplante (terceiros)
16: Atendimento ao Recém Nato na sala de parto (pessoa jurídica)
17: Profissional (com vínculo) transplante
18: Diária de UTI especializada
19: Medicamentos para intercorrências pós-transplantes
20: Diária de Acompanhante para Iidoso e Unidade de Cuidados Intermediários
Neonatal
21: Analgesia para realização de parto (pessoa física)
22: Analgesia para realização de parto (pessoa jurídica)
23: Pediatra 1ª consulta (pessoa física)
25: Incentivo ao parto - componente I
24: Pediatra 1ª consulta (pessoa jurídica)
123
.
25: Incentivo ao parto - componente I
26: Nutrição enteral
28: Anestesia em queimados (profissional com vínculo)
29: Anestesia em queimados (profissional sem vínculo)
30: Profissionais que possuem vínculo empregatício com estabelecimento de
saúde
31: Intercorrência do paciente médio e grande queimado
34: Processamento/preservação de órgãos para transplante
35: Notificação de causas externas e de agravos relacionados ao trabalho
36: Incentivo ao registro civil de nascimento
37: Hemodiálise – Pessoa jurídica
38: Instalação de Cateter Venoso Longa Permanência – Pessoa jurídica
39: Perfusionista – Pessoa Jurídica
40: Perfusionista – Pessoa Física
41: Retirada de Enxerto Ósseo Autógeno
42: Teste para o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento
42: Teste para o Projeto Nascer - Maternidades
43: Inibição da Lactação em Puérperas HIV positivo
44: Serviços Profissionais de Cateterismo Cardíaco (Pessoa Física)
45: Profissional Autônomo sem Cessão de Crédito
46: Serviços Profissionais de Cateterismo Cardíaco (Pessoa Jurídica)
47: SADT Cardiovascular (próprio)
48: SADT Cardiovascular (Terceiro)
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