monopólio que em outro tempo fez a empresa do teatro de S. Pedro (de
gloriosa memória!...) arrendando o de S. Januário, para o ter fechado, em
prejuízo do distinto artista, que dele precisa para manter-se, e manter a tantos
que com ele peregrinavam pela província, cuja patriótica assembléia
generosa abrira os braços, e recebera o ator desvalido, a quem o governo de
então não havia, como o de hoje, tanto considerado, e feito por ele
sacrifícios, que ainda pátria alguma fez pelo mais assinalado de seus
beneméritos! O que reprovamos então, reprovamos hoje, se o mesmo caso,
se as mesmas circunstâncias se dessem.
Sendo, pois, nossa crença, que um só teatro, uma só companhia dramática,
traz consigo a ruína, a morte dos artistas, pela falta de estímulo; a resolução
tomada pelo Sr. Florindo de abrir o teatro de S. Francisco deve trazer mil
bens ao público.
Demais, o Sr. J. Caetano, apesar dos recursos com que conta hoje, e com que
tem de contar ainda por muito tempo, não poderá abarcar o céu com as
pernas, queremos dizer, reunir no seu teatro todos os artistas, dar a todos o
pão, que não seja ganho com o prato de miséria, representar todos os dramas,
quer originais quer traduzidos, trabalhos de nossos jovens autores, e abrir
nova carreira a novos artistas. Se em um mês de trabalho teve ele a ventura
de fazer cerca de $10:000rs., líquidos, nem sempre poderá ser tão feliz;
porque sua folha mensal sendo de S4:00rs, nos meses de junho a setembro
em que decai o teatro entre nós, tem ele de fazer como a formiga, isto é,
comer no verão o que tiver podido ajuntar no inverno.
Discípulos do nosso Primeiro Artista, os Srs. Florindo e seus companheiros;
assim como as Srs. Orsat e Montani, sendo engajados no teatro grande,
ficaram como plantas estimáveis definhando à sombra de frondoso arvoredo.
A glória dos aplausos não poderia caber a tanta gente!
Parabéns, portanto, ao Sr. Florindo! Parabéns a quantos se interessam pela
sorte dos desvalidos, a fim de vermos a emulação, não acintosa (que sempre
reprovaremos) crescerem esses jovens Artistas, para fazerem breve às nossas
delícias, se continuarem a estudar, e a merecerem os aplausos do público, e
dos seus apaixonados, aplausos que elevaram o Sr. João Caetano ao grau que
se acha, e que o fizeram marchar sempre de progresso em progresso pela
estrada da glória.
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Além das críticas dirigidas a João Caetano, notamos as congratulações dirigidas ao
ator Florindo Joaquim da Silva, cujo nome aparece em mais de um artigo, dentre os
78 C..Teatros. A Marmota na Corte, Rio de Janeiro, p. 01-02, nº 147, 08 de abril de 1851.
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