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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE ARTES – CAMPUS SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA
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Um estudo das EMEIS e EEIS da cidade de Indaiatuba - SP
KAREN ILDETE STAHL SOLER
SÃO PAULO / 2008
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2
KAREN ILDETE STAHL SOLER
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I
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I
I
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I
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Um estudo das EMEIS e EEIS da cidade de
Indaiatuba - SP
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
Graduação em Música do Instituto de Artes da
Universidade Estadual Paulista UNESP, como
exigência parcial para obtenção do título de Mestre
em Música.
Orientadora: Profa. Dra. Marisa Trench de
Oliveira Fonterrada
SÃO PAULO / 2008
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3
Ficha catalográfica preparada pelo Serviço de Biblioteca e Documentação do
Instituto de Artes da UNESP
Soler ,Karen Ildete Stahl
S685m
A música na educação infantil: um estudo das EMEIs e EEIs da
cidade de Indaiatuba, SP / Karen Ildete Stahl Soler. - São Paulo :
[s.n.], 2008.
242 f. + anexo
Bibliografia
Orientador: Profa. Dra. Marisa Trench de Oliveira Fonterrada
Dissertação (Mestrado em Música) -
Universidade Estadual
Paulista, Instituto de Artes.
1. Educação musical. 2. Educação infantil. 3. Crianças –
educação musical. 4. Música na escola. I. Fonterrada , Marisa
Trench de Oliveria. II. Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Artes. III. Título.
CDD - 372
4
K
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I
LDETE
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ÚSICA NA
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DUCAÇÃO
I
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UM ESTUDO DAS
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IDADE
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NDAIATUBA
-
SP
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ISSERTAÇÃO PARA
O
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ÍTULO DE
M
ESTRE
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NIVERSIDADE
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STADUAL
P
AULISTA
C
AMPUS
S
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P
AULO
P
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-G
RADUAÇÃO EM
M
ÚSICA
B
ANCA
E
XAMINADORA
P
RESIDENTE E
O
RIENTADOR
................................................
2
º
E
XAMINADOR
..................................................................
3
º
E
XAMINADOR
..................................................................
São Paulo, de de 2008.
5
Aos meus pais Darcy e Valdemar.
Ao meu esposo Paulo.
6
A
A
G
G
R
R
A
A
D
D
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C
C
I
I
M
M
E
E
N
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T
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O
S
S
À minha orientadora, Profa. Dra. Marisa Trench de Oliveira Fonterrada, pelos
ensinamentos, dedicação, paciência e respeito às minhas limitações e falhas, mostrando ser
um exemplo de docência.
À Secretaria de Educação da cidade de Indaiatuba, nas pessoas de Maria Helena da Costa e
Silva, supervisora pedagógica, Elizanita Cristina Pimentel, orientadora pedagógica e Jeanete
Escodro, diretora do departamento de Educação Infantil; pelo pronto atendimento às
pesquisas necessárias e a confiança na entrega de documentos importantes para a realização
da pesquisa.
Às professoras de Educação Infantil da rede municipal de Indaiatuba, que aceitaram
participar da pesquisa, e aos alunos, professores, coordenadora e funcionários da EMEI
Profª Sinésia Martini, pelo carinho ao me receber durante a pesquisa.
Aos meus pais Darcy e Valdemar, pelo amor, incentivo, garra e dedicação a todos os meus
projetos, e pelo exemplo de família que me oferecem a cada dia.
Ao Paulo, companheiro em todas as horas.
À amiga Leila Guimarães, pelo carinho e companheirismo em momentos especiais.
À querida revisora Maria Apparecida Faria Marcondes Bossolotti.
Ao Prof. Ms. José João de Melo, pela revisão estatística.
Ao Programa de Pós-Graduação em Música do Instituto de Artes da Unesp, pelo qual este
trabalho pode ser realizado.
A conclusão deste trabalho só foi possível graças à colaboração direta e indireta de muitas
pessoas. Manifesto minhas estima e gratidão a todas elas.
7
Ser Criança
Ser criança é acreditar que tudo é possível.
É ser inesquecivelmente feliz com muito pouco.
É se tornar gigante diante de gigantescos pequenos obstáculos.
Ser criança é fazer amigos antes mesmo de saber o nome deles.
É conseguir perdoar muito mais fácil do que brigar.
Ser criança é ter o dia mais feliz da vida, todos os dias.
Ser criança é o que a gente nunca deveria deixar de ser.
Gilberto dos Reis (2007)
8
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivos principais conhecer a situação do ensino da Música nas
EMEIs e EEIs, quer integrada na disciplina de Educação Musical, quer como conteúdo da
disciplina Educação Artística, na cidade de Indaiatuba; verificar qual a formação dos
professores atuantes na Educação Infantil das escolas pesquisadas, e entender qual a
importância que eles atribuem ao ensino de Música nos espaços escolares. De que forma a
Música vem sendo trabalhada no dia a dia escolar, e em qual contexto ela está sendo utilizada.
Foi utilizada a metodologia survey de amostragem não probabilística do tipo intencional ou
por julgamento, que adotou questionários com respostas abertas e fechadas, que foram
entregues na rede municipal e nas escolas privadas que aceitaram participar da pesquisa. A
partir daí, apresentaram os dados obtidos e foi feita sua análise, para que se pudesse
identificar e entender melhor a forma do pensamento dos professores polivalentes ou
educadores musicais. Houve também uma observação o participante, em uma determinada
escola de educação infantil do município pesquisado, que gerou uma análise comparativa do
observado com os dados obtidos anteriormente através da metodologia survey.
P
ALAVRAS
-C
HAVE
: Educação Musical; Educação Infantil; Música na sala de aula.
9
ABSTRACT
This research had as objective main to know the situation of the education of Music in the
EMEIs and EEIs, wants integrated in disciplines of Musical Education, wants as content of
disciplines Artistic Education, in the city of Indaiatuba; to verify which the formation of the
operating professors in the Infantile Education of the searched schools, and to understand
which the importance that they attribute to the education of Music in the pertaining to school
spaces. Of that she forms Music comes being worked in the day the pertaining to school day,
and in which context it is being used. Survey of not probabilist sampling of the intentional
type was used the methodology or for judgment, that adopted questionnaires with open
answers and closed, that had been deliver in the municipal net and the private schools that
they had accepted to participate of the research. From then on, they had presented the gotten
data and was made its analysis, so that if it could better identify and understand the form of
the thought of the multipurpose professors or musical educators. It also had a not participant
comment, in one determined school of infantile education of the searched city, that previously
generated a comparative analysis of observed with the data gotten through the methodology
survey.
K
EY
W
ORDS
: Musical education; Infantile education; Music in the classroom.
10
SUMÁRIO
L
ISTA DE
Q
UADROS E
T
ABELAS
11
L
ISTA DE
F
OTOGRAFIAS
12
L
ISTA DE
F
IGURAS
12
INTRODUÇÃO 16
1
A
O
RGANIZAÇÃO
D
O
E
NSINO
N
A
R
EDE
M
UNICIPAL
D
E
I
NDAIATUBA
24
1.1
A
CIDADE DE
I
NDAIATUBA
25
1.2
A
ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA CIDADE
29
1.3
CARACTERIZAÇÃO ATUAL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO
32
1.3.1
CONSELHOS E DEPARTAMENTOS DA
G
ESTÃO
E
DUCACIONAL
32
1.3.2
O
RGANIZAÇÃO DA REDE MUNICIPAL DE
E
NSINO
33
1.3.3
O
ALUNO
38
1.3.4
O
E
DUCADOR
39
1.3.5
O
A
MBIENTE
E
SCOLAR
40
1.3.6
O
S PRINCÍPIOS
C
ONSTRUTIVISTAS E O
T
RABALHO
P
EDAGÓGICO DA
R
EDE
M
UNICIPAL
41
1.4
O
RGANIZAÇÃO DO
E
NSINO
M
UNICIPAL
41
1.4.1
P
RINCÍPIOS
N
ORTEADORES
D
OS
O
BJETIVOS
D
O
E
NSINO
M
UNICIPAL
41
1.4.2
O
BJETIVOS
G
ERAIS
D
O
E
NSINO
M
UNICIPAL
42
1.4.3
O
BJETIVOS
G
ERAIS
D
A
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
43
1.4.4
O
BJETIVOS
E
SPECÍFICOS
D
A
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
43
2
D
IAGNÓSTICO
D
A
P
RESENÇA
D
A
M
ÚSICA
N
AS
E
SCOLAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
D
E
I
NDAIATUBA
46
2.1
M
ETODOLOGIA
D
A
P
ESQUISA
47
2.1.1
O
S
P
RIMEIROS
C
ONTATOS
C
OM
A
S
ECRETARIA
D
E
E
DUCAÇÃO
47
2.1.2
M
ÉTODO
S
URVEY
49
11
2.2
R
ESULTADOS
E
A
NÁLISE
D
OS
D
ADOS
D
AS
E
SCOLAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
M
UNICIPAIS
50
2.2.1
I
DENTIFICAÇÃO
D
OS
P
ROFESSORES
50
2.2.2
A
S
P
RÁTICAS
P
EDAGÓGICAS
D
OS
P
ROFESSORES
55
2.3
C
ONTATOS
E
STABELECIDOS
C
OM
A
S
E
SCOLAS
P
RIVADAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
65
2.4
R
ESULTADOS
E
A
NÁLISE
D
OS
D
ADOS
D
AS
E
SCOLAS
P
RIVADAS
Q
UE
T
ÊM
E
M
S
EUS
Q
UADROS
A
F
IGURA
D
O
E
DUCADOR
M
USICAL
66
2.4.1
I
DENTIFICAÇÃO DOS
P
ROFESSORES
67
2.4.2
A
S
P
RÁTICAS
P
EDAGÓGICAS DOS
P
ROFESSORES
69
2.5
R
ESULTADOS
E
A
NÁLISE
D
OS
D
ADOS
D
OS
P
ROFESSORES
P
OLIVALENTES
D
AS
E
SCOLAS
P
RIVADAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
81
2.5.1
I
DENTIFICAÇÃO
D
OS
P
ROFESSORES
81
2.5.2
A
S
P
RÁTICAS
P
EDAGÓGICAS
D
OS
P
ROFESSORES
84
2.4
A
NÁLISE
C
OMPARATIVA
D
OS
D
ADOS
O
BTIDOS
C
OM
A
A
PLICAÇÃO
D
OS
Q
UESTIONÁRIOS
N
AS
R
EDES
P
ÚBLICA
E
P
RIVADA
92
3
A
M
ÚSICA
E
STÁ
N
A
E
SCOLA
?A
S
ALA
D
E
A
ULA
D
A
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
M
UNICIPAL
N
A
V
ISÃO
D
E
U
M
P
ESQUISADOR
118
3.1.
M
ETODOLOGIA DA PESQUISA
-
OBSERVAÇÃO NÃO PARTICIPANTE
119
3.1.1
O
S PRIMEIROS CONTATOS COM A
S
ECRETARIA DE
E
DUCAÇÃO
120
3.1.2
E
STRUTURA FÍSICA DA ESCOLA OBSERVADA
122
3.2
D
ISCUSSÃO DAS AULAS DAS PROFESSORAS
M
ARIA E
J
OANA
125
CONSIDERAÇÕES FINAIS
152
REFERÊNCIAS
158
A
PÊNDICE
167
ANEXOS
217
12
L
ISTA
D
E
Q
UADROS
E
T
ABELAS
Q
UADRO
1
C
ONJUNTO DE PROFISSIONAIS ATUANTES DIRETAMENTE NAS
U
NIDADES
E
SCOLARES
DA
R
EDE
M
UNICIPAL DE
E
NSINO
35
Q
UADRO
2
C
ARACTERIZAÇÃO DAS
Á
REAS DE
D
ESENVOLVIMENTO DE
C
ONHECIMENTOS QUE
COMPÕEM A METODOLOGIA DE TRABALHO DA
P
-E
SCOLA
M
UNICIPAL
58
Q
UADRO
3
A
TIVIDADE FEITA EM CARTOLINA NA SALA DE AULA COM AS CRIANÇAS
194
G
RÁFICO
1
F
ORMAÇÃO DOS DOCENTES
51
G
RÁFICO
2
P
ARTICIPAÇÃO EM CURSO DE
M
ÚSICA
53
G
RÁFICO
3
T
IPO DO CURSO
54
G
RÁFICO
4
T
EMPO DE SERVIÇO NA
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
55
G
RÁFICO
5
E
LABORAÇÃO DO
P
LANEJAMENTO
56
G
RÁFICO
6
D
ETERMINAÇÃO DOS
C
ONTEÚDOS
57
G
RÁFICO
7
C
ONTEÚDOS MUSICAIS TRABALHADOS
61
G
RÁFICO
8
F
ORMAÇÃO DOS
E
DUCADORES
M
USICAIS
67
G
RÁFICO
9
T
EMPO DE EXPERIÊNCIA DOCENTE EM ESCOLAS DE
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
69
G
RÁFICO
10–
D
URAÇÃO DO
P
LANEJAMENTO
70
G
RÁFICO
11
C
ONTEÚDOS MUSICAIS TRABALHADOS
71
G
RÁFICO
12
F
ORMAÇÃO DOS
P
ROFESSORES
P
OLIVALENTES
81
G
RÁFICO
13
CURSO DE MUSICA COMO AUXÍLIO EM SALA DE AULA
82
G
RÁFICO
14
T
IPO DE CURSO
83
G
RÁFICO
15
T
EMPO DE SERVIÇO NA
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
84
G
RÁFICO
16
D
URAÇÃO DOS
P
LANEJAMENTOS
85
G
RÁFICO
17
D
ETERMINAÇÃO DOS CONTEÚDOS TRABALHADOS
86
G
RÁFICO
18
–C
ONTEÚDOS MUSICAIS TRABALHADOS EM SALA DE AULA
87
G
RÁFICO
19
O
UTROS RECURSOS UTILIZADOS NAS AULAS
89
13
L
ISTA
D
E
F
OTOGRAFIAS
F
OTOGRAFIA
01
I
GREJA MATRIZ NOSSA SENHORA DA CANDELÁRIA
26
F
OTOGRAFIA
02
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA NOS DIAS DE HOJE
27
FOTOGRAFIA
03
VISTA ÁREA DA CIDADE DE INDAIATUBA NOS DIAS DE HOJE
28
FOTOGRAFIA
04
ESCOLA AMBIENTAL BOSQUE DO SABER
36
FOTOGRAFIA
05
ESCOLA AMBIENTAL BOSQUE DO SABER
36
FOTOGRAFIA
06
ESCOLA AMBIENTAL BOSQUE DO SABER
36
FOTOGRAFIA
07
ESCOLA AMBIENTAL BOSQUE DO SABER
37
FOTOGRAFIA
08
CENTRO INTEGRADO DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO DE INDAIATUBA
(
CIAEI
) 37
FOTOGRAFIA
09
CENTRO INTEGRADO DE ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO DE INDAIATUBA
(
CIAEI
) 38
FOTOGRAFIA
10
IMAGEM EXTERNA DA EMEI PROFª SINÉSIA MARTINI
122
FOTOGRAFIA
11
IMAGEM EXTERNA DA EMEI PROFª SINÉSIA MARTINI
123
FOTOGRAFIA
12
PARQUINHO EXISTENTE EM FRENTE À ESCOLA
123
FOTOGRAFIA
13
PARQUINHO EXISTENTE EM FRENTE Á ESCOLA
123
FOTOGRAFIA
14
PRAÇA EM QUE A ESCOLA ESTÁ SITUADA
124
FOTOGRAFIA
15
PRAÇA EM QUE A ESCOLA ESTÁ SITUADA
124
L
ISTA
D
E
F
IGURAS
F
IGURA
01
M
EU
L
ANCHINHO
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS NA HORA DO LANCHE
143
F
IGURA
02
E
XEMPLOS DE NOMES
,
CONFECCIONADOS EM
E.V.A. 167
F
IGURA
03
E
XEMPLO DO NOME DO AJUDANTE DO DIA ESCRITO NA LOUSA
168
14
F
IGURA
04
E
XEMPLO DA DATA MARCADA NA LOUSA
168
F
IGURA
05
E
XEMPLO DE FIGURAS GEOMÉTRICAS DESENHADAS NO ENVELOPE
173
F
IGURA
06
A
C
OBRA
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS JUNTO COM A PROFESSORA
SUBSTITUTA
175
F
IGURA
07
A
C
ASINHA
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS JUNTO COM A PROFESSORA
SUBSTITUTA
176
F
IGURA
08
P
INTINHO
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS JUNTO COM A PROFESSORA
SUBSTITUTA
176
F
IGURA
09
A
B
ARATA
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS JUNTO COM A PROFESSORA
SUBSTITUTA
177
F
IGURA
10
B
ORBOLETINHA
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS JUNTO COM A PROFESSORA
SUBSTITUTA
178
F
IGURA
11
S
E VOCÊ ESTÁ
C
ONTENTE
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS JUNTO COM A
PROFESSORA SUBSTITUTA
178
F
IGURA
12
A FORMIGUINHA
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS JUNTO COM A PROFESSORA
SUBSTITUTA
179
F
IGURA
13
A
A
RANHA
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS JUNTO COM A PROFESSORA
SUBSTITUTA
180
F
IGURA
14
E
XEMPLO DE LETRAS E NÚMEROS PARA SEREM IDENTIFICADOS NA LOUSA
181
F
IGURA
15
E
XEMPLO DOS NÚMEROS ESCRITOS NA LOUSA PELA PROFESSORA
186
F
IGURA
16
E
XEMPLO DE
C
ABEÇALHO ESCRITO NA LOUSA
186
F
IGURA
17
A
N
OSSA
B
ELA
A
MIZADE
.
M
ÚSICA CANTADA POR ALUNOS E PROFESSORA
188
F
IGURA
18
M
ARCHA
S
OLDADO
.
M
ÚSICA CANTADA NA BRINCADEIRA DE PULAR CORDA
190
F
IGURA
19
C
AI
C
AI
B
ALÃO
.
M
ÚSICA CANTADA NA BRINCADEIRA DE PULAR CORDA
191
F
IGURA
20
E
XEMPLO DA SEQÜÊNCIA DAS FIGURAS GEOMÉTRICAS
192
15
F
IGURA
21
E
XEMPLO DA SEQÜÊNCIA DAS FIGURAS GEOMÉTRICAS
192
F
IGURA
22
E
XEMPLO DE ATIVIDADE ENTREGUE AOS ALUNOS
200
F
IGURA
23
E
XEMPLO DE ATIVIDADE ENTREGUE AOS ALUNOS
200
F
IGURA
24
E
XEMPLO DE ATIVIDADE ENTREGUE AOS ALUNOS
200
F
IGURA
25
M
EU
L
ANCHINHO
.
M
ÚSICA CANTADA PELOS ALUNOS NA HORA DO LANCHE
204
F
IGURA
26
E
XEMPLO DE QUADRO CONFECCIONADO EM PAPEL CRAFT PARA A ATIVIDADE COM
FIGURAS GEOMÉTRICAS
,
TAMANHOS E CORES
212
F
IGURA
27
E
XEMPLO DE SEQÜÊNCIA A SER COPIADA PELOS ALUNOS
214
16
I
NTRODUÇÃO
16
Toda área do conhecimento tem um campo de interesse e outro paralelo das formas
de transmissão, recepção e criação desse conhecimento. O estudo dessas formas consiste no
centro de interesse da Educação. Se um educador, um educando e progresso no
desenrolar das informações, novas descobertas, nova consciência sobre os fatos.
Os estudos de Psicologia e Pedagogia aplicadas à Música são poucos, se comparados
a outras áreas e é pequeno o interesse dos músicos em cursar licenciatura e tomar contato com
a didática necessária para o ensino; entre os professores polivalentes, poucos são os que
tiveram a disciplina em seus cursos de Graduação em Pedagogia.
No entanto, na proposta geral dos Parâmetros Curriculares Nacionais, Arte tem uma
função tão importante quanto à dos outros conhecimentos no processo de ensino e
aprendizagem. A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da
percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência
humana; o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar
formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos
colegas, pela natureza, pelo homem e nas diferentes culturas.
É interessante observar a grande influência que a música exerce sobre
a criança. É por isso que os jogos ritmados, próprios dos primeiros anos de
vida, devem ser trabalhados e incentivados na escola. Ao adulto caberá
compreender em que medida a música constitui uma possibilidade
expressiva privilegiada para a criança, uma vez que atinge diretamente sua
sensibilidade afetiva e sensorial. (
JEANDOT
, 1990, p.20)
Sabemos que a música é uma das formas significativas de expressão artística.
Conforme as diferentes épocas e culturas, o indivíduo ou o grupo expressam suas emoções
mais profundas, ou o seu pensamento musical, e uma das polêmicas mais importantes no
domínio da música, que tem sobrevivido por séculos, com fortes argumentos de ambos os
17
lados da contenda, é saber se ela expressa conteúdos externos de qualquer natureza, ou se
expressa a si mesma.
A compreensão da música se dá numa sociedade a partir de um padrão que é
culturalmente construído. O código musical é apreendido pela vivência, pela familiarização,
pelo contato cotidiano. Assim, ser sensível à música não é somente uma questão de gosto ou
empatia, e sim ter uma sensibilidade adquirida (muitas vezes de modo pré-consciente), em
que as possibilidades de cada indivíduo são trabalhadas e preparadas de modo que ele
compartilhe da experiência musical, consciente ou não consciente disso.
Para entender música, o basta escutar, é preciso dispor de instrumentos de
percepção que permitam ao indivíduo decodificar a obra, entendê-la e aprendê-la. Quando
esses instrumentos específicos o existem, o indivíduo se orienta por referenciais vindos do
cotidiano que não permitem que a música, em geral, seja interpretada de acordo com sua
especificidade.
Uma vez assegurado o vínculo, a música fará, por si só, grande parte
do trabalho de musicalização, penetrando no homem, rompendo barreiras de
todo tipo, abrindo canais de expressão e comunicação a nível psicofísico,
induzindo, através de suas próprias estruturas internas, modificações
significativas no aparelho mental dos seres humanos. Assim, partindo de
uma mobilização primária movimento como sinônimo de vida, de
crescimento tender-se-á a promover respostas diversas e não apenas de
índole musical e sonora , posto que nisso consiste a função educativa da
música. Mais tarde, tratar-se-á de incentivar o interesse de modo que
desemboque naturalmente na apreciação, no gosto e no conhecimento da
música e das estruturas inerentes a ela, mantendo a todo momento a maior
espontaneidade na apresentação de experiências e materiais musicais.
(
GAINZA
, 1998, p.101)
18
Ao longo do trabalho de educação musical com crianças, tem-se percebido
comumente a falta de métodos e recursos que norteiem o professor para a concretização de
seus objetivos, o que gera uma multiplicidade de atividades musicais; normalmente os
professores perdem-se quando escolhem aleatoriamente atividades musicais, ora em um
método, ora em outro, e até mesmo em vários ao mesmo tempo, lembrando que, muitas vezes,
não conhecimento pedagógico para tal, dificultando, dessa forma, o alcance dos objetivos,
pois o ecletismo generalizado torna-se o centro de ação para um número significativo de
educadores musicais, deixando de lado exigências musicais.
Como professora de Educação Musical na cidade de Indaiatuba S.P., notei alguns
pontos bastante instigantes: apesar de os professores acreditarem nas vantagens do ensino da
música, eles não sabem especificar e apontar esses benefícios, não sabem como trabalhar
música com seus alunos, adotam metodologias, conteúdos e objetivos diferentes e
desconectados em suas aulas. Isso ocorre, entre outros motivos, porque os educadores não têm
qualquer tipo de formação pedagógica que lhes permita fazer um plano coerente, que
introduza o aluno no mundo da música e lhe dê oportunidade para criar, imaginar, tocar.
Outro ponto muito importante é que as EMEIs não têm professores especialistas em
Educação Musical, ficando por conta do professor polivalente o trabalho dessa disciplina; do
mesmo modo, as EEIs não exigem qualquer formação específica para os profissionais que
atuam nessa área.
A música vem atendendo a vários propósitos no dia-a-dia da educação infantil
brasileira, segundo concepções pedagógicas que vigoram atualmente no país. Atividades que
despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical como: ouvir música,
aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mãos, entre
outros, também atendem a necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética
19
e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvam a vivência, a
reflexão e a percepção, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados.
No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil percebe-se a
preocupação do significado do trabalho proposto em música. Essa afirmativa nos mostra o
quanto a musicalização poderá contribuir para a formação do ser humano.
O trabalho com Música proposto por este documento fundamenta-se
nesses estudos, de modo à garantir á criança a possibilidade de vivenciar e
refletir sobre questões musicais, num exercício sensível e expressivo que
também oferece condições para o desenvolvimento de habilidades, de
formulação de hipóteses e de elaboração de conceitos. (BRASIL, 1998b,
p.50)
Outro fato muito importante é o da reflexão a respeito das capacidades presentes em
cada etapa do desenvolvimento infantil, bem como das tantas conquistas, que só têm razão de
ser se respeitarmos o processo único e singular de cada ser humano, e se considerarmos que
esse processo se na interação com o meio, num ambiente de amor, afeto e respeito. Além
disso, um trabalho pedagógico-musical deve realizar-se em contextos educativos que
entendam a música como processo contínuo de construção, que envolve percepção,
sentimento, experimentação, imitação, criação e reflexão.
A questão inicial, que possibilitou a pesquisa foi: existe uma estrutura apropriada de
ensino de música nas escolas de educação infantil e EMEIs na cidade de Indaiatuba? A esta
pergunta, outra se seguiu: existem atividades de música nas escolas, mesmo que o dirigidas
por especialistas? Estas questões abriram espaço para a curiosidade em saber de que modo se
organizam os cursos de educação infantil nas escolas públicas e privadas da cidade. Os
objetivos da presente pesquisa, portanto, é conhecer a situação do ensino da música nas
EMEIs e EEIs e perceber se ela está integrada à disciplina de Educação Musical. Essa
20
integração pode ser entendida como o próprio conteúdo da disciplina Educação Artística, tal
como se na cidade de Indaiatuba, no interior de São Paulo. Pretende-se, ainda, verificar a
formação musical dos educadores musicais que trabalham na rede privada, uma vez que já se
constatou que não há o profissional específico de música nas escolas municipais, e ainda,
fazer uma observação não-participante (
LAKATOS
e
MARCONI
, 1985) em uma determinada
escola da rede municipal tendo em vista perceber a reação afetiva, o modo de se conduzir
perante a classe e o nível de conhecimento dos alunos e professores.
A proposta da dissertação é tornar explícitas questões de grande relevância para a
Educação Musical no Brasil: Que valor é atribuído pela pedagogia ao ensino de música nos
cursos de Educação Infantil? Que razões justificariam o esforço para dinamizar a educação
musical na sala de aula, incluindo-a de forma efetiva no currículo? Os professores que atuam
nessa área estão, realmente, capacitados para assumirem suas funções referentes ao ensino e à
aprendizagem de música?
Esse conjunto de questões, para que sejam respondidas, necessitam de suporte
teórico consistente e apoio metodológico que, neste trabalho, até certo ponto, se entrelaçam
pois, como a pesquisa se constrói a partir da vontade da pesquisadora em conhecer a realidade
do ensino de Música numa determinada faixa etária, num município do interior, esta se apóia,
principalmente, nos trabalhos de pesquisadores que sistematizaram algumas metodologias de
pesquisa, eleitas, neste trabalho, para ajudar a responder às questões formuladas. Foram
utilizados como apoio teórico autores como Babbie (2005) para a metodologia survey
utilizada na aplicação de questionários; Lakatos e Marconi (1985), como orientação para a
metodologia de observação não-participante. A reflexão a respeito dos dados coletados
apoiou-se, em grande parte, em autores como: Bellochio (2000, 2003); Beyer (2003); Queiroz
e Marinho (2006); Gainza (1998); Brito (2003); Jeandot (1990); Souza (2002); Figueiredo e
Macedo (2205); entre outros. Citem-se, também, os autores que deram sustentação às
21
reflexões realizadas a partir dos procedimentos pedagógicos encontrados na escola observada,
ou revelados nos questionários aplicados: Piletti (2003); Abramowicz e Wajskop (1995);
Lucena (2007); Freire (2002); Schroeder (2007); Rodari (1982); Garcia e Marques (2001);
RCN (1998) dentre outros.
Especial destaque é dado para o estudo que se fez a respeito das metodologias de
Educação Musical aplicadas em escolas de educação infantil italianas, que abriram espaço
para reflexões, apontaram caminhos possíveis, e acenderam na pesquisadora a vontade de
levar adiante projetos semelhantes, considerados factíveis e possíveis, a partir de um trabalho
bem sedimentado, envolvendo professores, coordenadores e, quem sabe, todo o sistema
escolar da cidade. Dentro desta perspectiva, foi importante estudar os textos de Delalande
(1993); Frapat (1994); Mammarella e Mazzoli (1980); Rabitti (1999); Mazzoli, Sedioli e
Zoccatelli (2003).
A utilização da metodologia survey se deu através da aplicação de questionários em
escolas municipais e privadas; estes se mostraram adequados à pretensão da pesquisadora, em
razão da quantidade de pessoas pesquisadas. Participaram da pesquisa 72 professores da rede
municipal; 09 educadores musicais de 11 escolas da rede privada, sendo que dois deles
trabalham em duas escolas; e 25 professores de nove escolas da rede privada, que não contam
com o educador musical em seu quadro de professores. De acordo com as respostas obtidas,
analisaram-se e discutiram-se os dados, a fim de entender de que maneira a Música vem
sendo trabalhada nesses espaços escolares.
Após a aplicação e análise dos questionários, utilizou-se a metodologia de
observação não-participante, realizada na EMEI Profª Sinésia Martini, com o intuito de
verificar a maneira que os professores utilizam-se da música dentro da sala de aula. Ao total
foram nove aulas observadas uma vez por semana, durante aproximadamente dois meses. As
salas observadas foram de Níveis II e III.
22
A Dissertação está organizada da seguinte maneira:
No primeiro capítulo, “A Organização do Ensino da Rede Municipal de Indaiatuba”,
faz-se uma contextualização histórica da cidade pesquisada, desde sua origem até os dias de
hoje, mostrado sua população, localização e economia. Aponta-se a caracterização da rede
municipal de ensino, de que forma é organizada e quais os princípios da Secretaria de
Educação e sua visão: do aluno, do professor e do ambiente escolar. Neste segmento, -se
importância aos objetivos do ensino municipal, com ênfase na Educação Infantil. Nota-se que
o município busca, de acordo com sua proposta, trabalhar integradamente a construção dos
conhecimentos físico, social e lógico-matemático, utilizando-se da proposição de atividades
práticas, lúdicas, contextualizadas e significativas, instigando o aluno a ampliar suas
possibilidades cognitivas, afetivas, sociais, e físicas de compreender o mundo e a si mesmo,
através de múltiplas relações.
No segundo capítulo, “Diagnóstico da Presença da Música nas Escolas de Educação
Infantil de Indaiatuba”, baseando-se na metodologia survey de Babbie (1999), de amostragem
não-probabilística do tipo intencional ou por julgamento, verifica-se o perfil dos profissionais
que atuam nas escolas privadas e municipais da cidade pesquisada, através de questionários
encaminhados à eles e da análise e comparação das respostas obtidas no primeiro capítulo, a
fim de entender o que é o trabalho de Música nas escolas, e o que se espera do profissional da
área em um espaço escolar.
No terceiro capítulo, A Música está na escola? A sala de aula da Educação Infantil
municipal na visão de um pesquisador”, baseando-se na metodologia de observação o-
participante de Lakatos e Marconi (1985), verifica-se a maneira como as aulas eram
conduzidas em duas classes específicas de Educação Infantil da rede municipal de ensino da
cidade de Indaiatuba, buscou-se observar a maneira como a Música era ou não inserida no
contexto escolar, e a que propósito servia, no contexto do trabalho observado.
23
Nas Considerações Finais retoma-se a problemática levantada na Introdução, e mostra-
se a situação da Música nas escolas de educação infantil e a reflexão decorrente desse
conhecimento propiciado pela pesquisa.
Com este estudo, espera-se poder contribuir para o entendimento da disciplina
Educação Musical nas classes de Educação infantil do município, e também criar condições
para oferecer suporte aos profissionais polivalentes que trabalham com a disciplina em suas
aulas.
24
1
A
O
RGANIZAÇÃO
D
O
E
NSINO
N
A
R
EDE
M
UNICIPAL
D
E
I
NDAIATUBA
25
1.1
A
C
IDADE
D
E
I
NDAIATUBA
A presente pesquisa realizou-se na cidade de Indaiatuba, interior do Estado de o
Paulo. Para que a pesquisa possa ser contextualizada, acredita-se ser importante situar a
cidade historicamente, para que, também, se compreenda o meio em que se desenvolve. Os
dados a seguir apresentados foram retirados do site oficial da Prefeitura Municipal de
Indaiatuba e da Secretaria Municipal de Educação (2007), e do livro Proposta Pedagógica
Global da Rede Municipal de Ensino de Indaiatuba (
INDAIATUBA
, 2004).
O povoado de Indaiatuba foi primeiramente um dos bairros rurais da Vila de Itu,
ponto de passagem de tropas nos caminhos para o sul e para as Minas de Cuiabá e Goiás. O
arraial aparece como Indayatiba nos registros do censo de 1768, com uma pequena
população que vivia, sobretudo, de suas roças de milho e feijão. Esse arraial também é citado
como Cocaes, por causa dos seus campos de palmeira Indaiá.
Nessa época, o governo da Província de São Paulo implementou uma vigorosa
política de incentivo à produção de açúcar para exportação, e Indaiatuba viu crescer o número
de seus engenhos de tal modo que, por volta de 1850, não havia aqui um córrego com
queda suficiente para mover uma roda d’água, que não tivesse a sua “fábrica de fazer
açúcar”. Em torno das fazendas de açúcar foram se fixando, desde o final do século XVIII
pessoas que viviam do comércio e da fabricação artesanal de produtos para os habitantes
próximos. Mais tarde, na segunda metade do século XIX, o café substituiu o açúcar como
principal produto de nossa agricultura de exportação.
No que diz respeito à constituição do município, o caminho foi aberto no século
XIX: em 1830 Indaiatuba tornou-se Freguesia da Vila de Itu e, em 1859, foi elevada à
categoria de Vila. A data de fundação do povoado inicial é incerta, mas a tradição oral
estabelece que isso se deu em fins do século XVII, por José da Costa, que teria edificado uma
26
capela de madeira junto ao Rio Jundiaí, próximo à foz do Ribeirão Votura (atual Córrego do
Caldeira), também conhecido como Córrego Barnabé ou Bela Vista. O povoado teria se
iniciado em torno da capela.
De acordo com o site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, o pesquisador
Francisco Nardy Filho uma dimensão lendária para a edificação da capela: José da Costa,
após procurar uma novilha na região "que ia dos campos do pai Pirá até o Rio Tietê", cansado
de um dia de andanças, teria resolvido matar a sede no Ribeirão Votura e inesperadamente ali
encontrara uma imagem de Nossa Senhora da Candelária. Com a imagem nas mãos, teria feito
uma prece e, quase que de imediato, encontrado o animal perdido, como que por efeito de um
milagre. A este acontecimento estaria relacionada a construção da capela.
F
OTOGRAFIA
01 - Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária.
(Fonte: Site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
O pesquisador Scyllas Leite de Sampaio (2007) entende que José da Costa teria sido
um dos herdeiros de Domingos Fernandes, por sua vez fundador de Itu. Isso justificaria não
a sua presença nas terras que dariam origem ao povoado de Votura, como também à posse
destas mesmas terras, e até mesmo à edificação de uma capela em devoção à Nossa Senhora
27
da Candelária (uma espécie de homenagem a Domingos Fernandes que, em 1610, erigiu em
Itu – então, Itu-Guassu – uma capela sob a mesma invocação).
Por volta de 1740, os habitantes da povoação original, pouso habitual de tropeiros,
teriam se transferido para uma área de terras devolutas existente entre duas sesmarias, a
aproximadamente seis quilômetros de distância, na direção de Campinas. A transferência teria
sido motivada por uma violenta epidemia de varíola, relacionada, pelos moradores à
insalubridade local.
Em nove de dezembro de 1830 Indaiatuba tornou-se por decreto do Imperador, sede
de uma das Freguesias da Vila de Itu, englobando também os bairros de Itaici, Piraí, Mato
Dentro e Buru. Em 1835 havia na sede da Freguesia, Indaiatuba, com 142 habitantes; e os
bairros: Mato Dentro com 454 habitantes; Itaici ,com 625; e Pirahy com 805.
Em 1873 foram inauguradas as estações de trem de Itaici e Pimenta, pontos da
ferrovia que ligava Jundiaí a Itu. A primeira estação de trem na cidade foi construída em 1880
com verba da comunidade. O prédio principal dessa estação, que se tornou na atualidade
Museu Ferroviário, foi inaugurado em 1911.
F
OTOGRAFIA
02 - Estação Ferroviária nos dias de hoje.
(Fonte: Site Oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
28
A história subseqüente de Indaiatuba deu-se a partir deste novo local. O nome
"Indaiatuba" é uma junção de dois termos da língua tupi-guarani: Indaiá que designa um tipo
de palmeira, e tuba, que equivale à grande quantidade. Portanto "Indaiatuba" significa muitos
"Indaiás". A denominação se prendeu às características da paisagem e da vegetação da
localidade, hoje já alteradas.
A partir do final do século XIX a cidade recebeu muitos imigrantes da Suíça,
Alemanha, Itália, Espanha e, no século XX, imigrantes do Japão. Eles dedicaram-se à
agricultura, comércio, oficinas e manufaturas. Segundo dados da Prefeitura Municipal, em
1950 havia 11.253 habitantes no município. Em 1967 eram 22.928; a partir daí o crescimento
acelerou-se, baseado principalmente na expansão da indústria e de serviços. Em 1991 o censo
registrou 92.700 pessoas. Atualmente a cidade possui cerca de 190.000 habitantes.
Indaiatuba situa-se a 99 km da capital paulista e a apenas 25 km de Campinas. A
principal estrada de acesso ao município é a SP-75 Rodovia Santos Dumont, que, por meio de
ligações com outras vias importantes, como: SP-348 Rodovia Bandeirantes, SP-280 Rodovia
Castelo Branco, SP-330 Rodovia Anhangüera, SP-65 Rodovia Dom Pedro I e Rodovia do
Açúcar, alcança os principais pólos econômicos do Estado. Faz limite com as seguintes
cidades: Monte-Mor, Itupeva, Campinas, Itu, Salto, Cabreúva e Elias Fausto.
F
OTOGRAFIA
03 - Vista aérea da cidade de Indaiatuba nos dias de hoje.
(Fonte: Site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
29
1.2
A
O
RGANIZAÇÃO
D
A
A
DMINISTRAÇÃO
P
ÚBLICA
D
A
C
IDADE
A Prefeitura Municipal da cidade está organizada em um gabinete e 16 secretarias,
sendo eles:
Gabinete do Prefeito
Tem por objetivo promover a ligação entre o Prefeito e as demais secretarias
municipais, além de outros órgãos das esferas estadual e federal.
Secretaria de Administração e Recursos Humanos (SEMAR)
Tem como objetivo o planejamento, coordenação e normatização dos
sistemas de administração, quanto ao controle, desenvolvimento e formação
dos recursos humanos; às atividades de segurança, medicina do trabalho e
saúde ocupacional dos servidores; elaboração de licitações e aquisições de
material; à conservação dos prédios municipais, manutenção e
gerenciamento da frota oficial, bem como a garantia de prestação de
serviços municipais, de acordo com as diretrizes de governo entre outras
atribuições.
Secretaria de Assistência e Bem-Estar Social (SABES)
Tem como objetivo proteger a família, a maternidade, a infância, a
adolescência e a velhice; amparar as crianças e os adolescentes carentes;
promover a sua integração ao mercado de trabalho; habilitar e reabilitar
pessoas portadoras de deficiência e promover sua integração à vida
comunitária.
Secretaria de Cultura (SECULT)
Atua no município com o objetivo de garantir à população o exercício dos
direitos culturais e o acesso às fontes de Cultura, apoiando e incentivando a
valorização e a difusão de suas manifestações.
30
Secretaria de Desenvolvimento (SED)
Responsável pela execução de projetos que promovam a criação, o
desenvolvimento e a ampliação de setores de economia municipal, focando-
se em ações voltadas aos segmentos industrial, turístico e agropecuário.
Atua, sobretudo, como elo entre as necessidades do setor industrial ao
alcance da Administração Municipal, assim como planejando, articulando e
coordenando políticas municipais que contemplam o aquecimento
industrial, proporcionando incentivos para instalação de indústrias no
município e a geração de trabalho e renda.
Secretaria de Educação (SEME)
Tem o objetivo de fornecer ensino gratuito e de qualidade na Educação
Básica, Ensino Fundamental e Cursos Profissionalizantes.
Secretaria de Engenharia (SENG)
Tem como objetivos: cadastrar os imóveis urbanos e rurais do município;
executar estudos e levantamentos planimétricos e planialtimétricos
destinados a subsidiar informações para aprovação e acompanhamento de
processos de loteamentos, atualizar projetos ou estudar a implantação de
projetos novos de obras públicas e abertura de ruas; planejar e controlar a
ocupação do solo urbano municipal e elaborar projetos de construção ou
reforma de obras públicas.
Secretaria de Habitação (SEHAB)
Tem como objetivo estabelecer a política municipal da habitação,
implementando ões e programas habitacionais voltados para a população,
em especial, de baixa renda.
Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (SESANS)
Tem por objetivo integrar todos os projetos de qualidade de vida no
município.
31
Secretaria de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (SEMURB)
Tem como objetivo fortalecer as ões que promovam a recuperação,
conservação e conscientização para a preservação do meio ambiente.
Secretaria de Negócios Jurídicos (SENEJ)–
Tem a função de realizar a defesa do Município em juízo, bem como de
promover assessoramento e consultoria ao Chefe do Executivo e aos demais
órgãos da Administração Direta.
As Secretarias de Esporte e Lazer (SESLA), Fazenda (SEF), Obras e Vias Públicas
(SEMOP), Saúde (SESAU); Secretaria Geral do Município (SEGEM) e Defesa e Cidadania
(SEDEC) não demonstraram seus objetivos nos informes municipais.
A economia da cidade está voltada para a Agricultura e Indústria. A uva é hoje a
principal cultura agrícola do município, um dos maiores produtores estaduais. Com mais de 7
milhões de pés produzindo cerca de 4 milhões de caixas por ano, completando o
abastecimento no Estado de São Paulo. Na área industrial, empresas importantes estão
trabalhando no município, como a Unilever, Toyota, General Motors, que instalou na cidade
seu campo de provas; Honda, que mantém sua unidade educacional para o trânsito; Fupresa,
Yahmar, Singer e Recipet, entre outras.
Muitas dessas empresas elaboram parcerias com a Secretaria de Educação, para
construção de escolas, aquisição de material e uniforme escolar, incentivando cada vez mais a
responsabilidade social tão difundida nos tempos atuais. Veremos no decorrer do capítulo
como se dá a organização escolar e os pressupostos educacionais do município.
32
1.3
C
ARACTERIZAÇÃO
A
TUAL
D
A
R
EDE
M
UNICIPAL
D
E
E
NSINO
1.3.1
C
ONSELHOS E
D
EPARTAMENTOS DA
G
ESTÃO
E
DUCACIONAL
A Rede de Ensino da Secretaria Municipal de Educação de Indaiatuba estrutura-se
em Departamentos que contemplam as diferentes instâncias da gestão educacional; a essa
estrutura soma-se o funcionamento dos seguintes colegiados:
Conselho Municipal de Educação - como órgão normativo, deliberativo e consultivo,
articulado à Secretaria Municipal de Educação, que tem por função integrar todas as
instâncias educacionais instaladas no município, propondo e ajudando a definir a
Política Municipal de Educação;
Conselho Municipal do FUNDEF - que acompanha e controla a repartição,
transferência e aplicação dos recursos do FUNDEF, supervisiona a realização do
Censo Educacional Anual e examina os controles mensais relativos aos recursos
repassados e/ou retidos na conta do FUNDEF;
Conselho Municipal de Alimentação (CAE) - que presta assessoria ao governo
municipal na execução do programas de assistência e educação alimentar, fiscalizando
e controlando a aplicação dos recursos destinados à merenda, previstos na legislação.
O órgão sugere a elaboração de cardápios, contribuindo para a melhoria da
alimentação escolar. Para isso, fiscaliza o armazenamento e a limpeza, a conservação e
distribuição das merendas, realiza campanhas de alimentação e participa do
levantamento de dados estatísticos que conduzam à devida programação orçamentária
e à avaliação do Programa de Alimentação no município. Estes são órgãos compostos
por representantes de diferentes segmentos da sociedade, que participam da
administração educacional da Rede Municipal de Ensino.
33
O Departamento de Planejamento e Administração tem como objetivo planejar,
apreciar e executar o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a
Lei Orçamentária (Orçamento Anual), bem como acompanhar a execução e prestar contas dos
convênios próprios cadastrando, acompanhando, recebendo e enviando a prestação de contas
do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola do FNDE); elaborando os processos de
autorização para funcionamento das escolas particulares de Educação Infantil; elaborando
documentos, controlando a entrada e saída deles e cuidando do arquivo corrente; controlando
a agenda da Secretaria e, ainda, a manutenção dos bens patrimoniais.
O Departamento de Alimentação Escolar (DAE) é responsável pela alimentação
escolar da Rede de Ensino Municipal e Estadual, assim como acompanha e supervisiona o
valor nutricional e a qualidade da merenda distribuída.
O Departamento de Projetos Educacionais, composto pela Divisão Administrativa e
Coordenadoria de Projetos Educacionais, tem como competência o planejamento, a
implementação, a implantação, o gerenciamento, a avaliação e a divulgação dos resultados
dos Projetos Educacionais no âmbito da SEME (Secretaria Municipal de Educação).
1.3.2
O
RGANIZAÇÃO
D
A
R
EDE
M
UNICIPAL
D
E
E
NSINO
A rede municipal de Ensino está organizada em Creches, Educação Infantil, Ensino
Fundamental, Ensino Fundamental Especial; Projeto EJA (Educação de Jovens e Adultos) e
Ensino Técnico Profissionalizante (Fiec).
Os Departamentos de Educação Infantil, Ensino Fundamental e de Projetos
Educacionais participam dos estudos para a expansão e implantação de novas Unidades
Escolares, assim como, os que focalizam o dimensionamento das modalidades de ensino,
conforme as necessidades sócio-educacionais do município e das políticas públicas. Os
Departamentos de Educação Infantil e Ensino Fundamental têm ainda a atribuição de
34
supervisionar instituições de ensino médio mantidas pelo Poder Público Municipal e
instituições de Educação Infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada.
A Educação Pré-Escolar é oferecida em unidades denominadas EMEIs, que atendem
crianças em turmas divididas por faixas etárias, denominadas de Nível I (quatro anos), Nível
II (cinco anos) e Nível III (seis anos). No entanto, cabe ressaltar que, neste ano de 2008, a
rede está reformulando seus veis, pois a escola de ensino fundamental passou a ser de nove
anos, portanto as crianças passaram a entrar com menos idade nas escolas. A Educação
Infantil propõe-se a desenvolver ações educativas que visam ao desenvolvimento integral das
crianças, ampliação e integração dos diferentes conhecimentos.
O Ensino Fundamental Regular de primeira à quarta séries é oferecido para crianças
a partir de seis anos e seis meses, em unidades denominadas EMEFs e tem como objetivo
desenvolver o domínio da Língua; das relações Lógico-Matemáticas; de conteúdos das
Ciências Naturais e Sociais, de forma interdisciplinar e relacional, estimulando o aluno a
ampliar a consciência de si mesmo e do mundo.
O Ensino Fundamental Supletivo (EJA) é destinado a pessoas acima de catorze anos
ou a completar durante o ano letivo, que, por motivos diversos, não alcançaram grau de
escolaridade equivalente às quatro ries iniciais do Ensino Fundamental Regular. Essa
modalidade é oferecida nas EMEFs em período noturno e classificadas em Níveis I, II e III.
O Ensino Fundamental Especial Municipal é oferecido através do Programa de
Apoio à Educação Especial/PAEE, oferecido em EMEFs, destinado a alunos portadores de
necessidades especiais físicas, mentais e sensoriais, bem como a alunos que apresentam
defasagens e/ou dificuldades de aprendizagem. Essas ações têm por objetivo desenvolver
políticas sociopedagógicas de inclusão.
35
Quadro 1 - Conjunto de profissionais atuantes diretamente nas Unidades Escolares da Rede
Municipal de Ensino
(Fonte: Proposta Pedagógica Global da Rede Municipal de Ensino de Indaiatuba, 2004, p.32.)
A Secretaria Municipal de Educação dispõe de dois centros educacionais
complementares à sua Rede de ensino. A Escola Ambiental Bosque do Saber, localizada no
Jardim do Sol, que é uma referência regional de espaço educacional, assim como, um centro
multi- inter- metadisciplinar, com uma proposta de promover convivência, capacitação e
estudos para professores e alunos. Seu objetivo é dar oportunidade, pela prática de atividades
de estudos do meio e recursos de equipamentos pedagógicos e de mídia, para que o público-
alvo da escola adquira consciência da necessidade da preservação efetiva, eficiente e de
respeito ao meio ambiente.
-
DUE / CUE
- Monitores
- Funcionários
de Apoio
-
DUE / CUE
- Professores
-
Professores
Substitutos
- Funcionários de
Apoio
-
DUE / CUE
- Professores
Especialistas
- Deficiência Mental
- Deficiência Auditiva
- Deficiência Visual
- Professores de:
- Educação Física
- Educação Artística
- Substitutos
- Psicólogo
- Fonoaudiólogo
- Terapeuta Ocupacional
- Assistente Social
- Monitores
- Funcionários de Apoio
-
DUE / CUE
- Professores
- Professores de:
- Educação Física
- Educação
Artística
- Filosofia
- Professores
Substitutos
- Funcionários de
Apoio
-
DUE / CUE
- Professores
-
Professores
Substitutos
- Funcionários de
Apoio
EDUCAÇÃO INFANTIL
ENS
INO FUNDAMENTAL
EMEI
CRECHE
PAEE
EMEF
EJA
36
F
OTOGRAFIA
04 - Escola Ambiental Bosque do Saber.
(Fonte: Site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
F
OTOGRAFIA
05 - Escola Ambiental Bosque do Saber.
(Fonte: Site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
F
OTOGRAFIA
06
- Escola Ambiental Bosque do Saber
(Fonte: Site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
37
F
OTOGRAFIA
07 - Escola Ambiental Bosque do Saber.
(Fonte: Site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
O Centro Integrado de Atendimento à Educação de Indaiatuba (CIAEI), localizado
no Jardim Regina, à margem direita do Parque Ecológico, é uma referência para a integração
das atividades-meio da Educação, buscando, assim, integrar nesse espaço físico todas as ações
de apoio administrativo, técnico e pedagógico. O CIAEI baseia sua proposta na idéia de que
esse é um local para o exercício da comunidade escolar das expressões socioculturais, pois
nele espaços para Oficinas Artísticas e Anfiteatro, que possibilitarão a manifestação das
mais diferentes competências artísticas, a formação e capacitação de profissionais da
educação e de áreas afins, assim como, a expressão dos mais diferentes assuntos da educação
e temas transversais a ela.
F
OTOGRAFIA
08 - Centro Integrado de Atendimento à Educação de Indaiatuba (CIAEI).
(Fonte: Site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
38
F
OTOGRAFIA
09 - Centro Integrado de Atendimento à Educação de Indaiatuba (CIAEI).
(Fonte: Site oficial da Prefeitura Municipal de Indaiatuba, 2007)
Portanto, todo o universo de ações educativas e a estrutura necessária para o seu
desenvolvimento está vinculado ao Plano Municipal de Educação, ao Projeto Político
Pedagógico da SEME, à Lei de Diretrizes Orçamentárias, à Lei Orçamentária Municipal, à
essa Proposta Pedagógica e faz parte dos respectivos Planos Escolares de cada UE.
1.3.3 O
A
LUNO
De acordo com a Proposta Pedagógica Global da Rede Municipal de Ensino de
Indaiatuba (2004), os alunos que compõem a Rede Municipal de Ensino pertencem a
diferentes faixas etárias do bebê ao adulto da terceira idade –com suas particularidades e
necessidades específicas. Essa população tem origens geográficas e étnicas variadas, e
valores, crenças, religiões, costumes, hábitos e condições socioeconômicas distintos.
Toda essa diversidade existe nos variados grupos que compõem cada modalidade e
nível de ensino, diferentes formas de compreender e explicar o mundo, o que configura a
pluralidade como sua característica fundamental e aponta o compromisso com a formação do
sujeito e a consciência cidadã.
O desafio de cada Unidade Escolar, ao lidar com essa realidade, é o de garantir o
efetivo direito de aprender do aluno, entendendo o seu desenvolvimento, intervindo
39
educativamente nesse processo, valorizando a interação social e cultural, potencializando toda
multiplicidade existente na discussão e, sobretudo, na construção de novos conhecimentos
coletivos e individuais.
1.3.4 O
E
DUCADOR
De acordo com a Proposta Pedagógica Global da Rede Municipal de Ensino de
Indaiatuba (2004), dentro do contexto social, a Escola é um dos muitos espaços que existem
para contribuir com o desenvolvimento humano. Entre todos esses educadores, os Professores
e os Monitores de Creches, profissionais conscientes de seu compromisso social, são
referências diretas e constantes dos alunos, que têm como responsabilidade a proposição de
atividades que contribuam para o desenvolvimento integral dos alunos. Essa atuação
profissional implica competências polivalentes, que vão desde os cuidados básicos essenciais
até o domínio de conhecimentos específicos das diversas áreas.
O comprometimento desses profissionais é responsável pelo empenho, respeito,
acompanhamento direto aos alunos, com o uso de instrumentos essenciais, como a
Observação, o Registro, o Planejamento e a Avaliação, que nortearão a reflexão sobre a
prática educativa. O diálogo com as famílias e comunidades é, também, relevante, pois, aí, se
encontra uma das mais importantes fontes de informação para o trabalho que se desenvolve.
Como todos os Educadores são também aprendizes, é de fundamental importância
que possam, sempre, estudar, debater e compartilhar as diferentes ões e conhecimentos
pedagógicos.
40
1.3.5 O
A
MBIENTE
E
SCOLAR
De acordo com a Proposta Pedagógica Global da Rede Municipal de Ensino de
Indaiatuba (2004), o ambiente escolar é composto essencialmente pelos aspectos físico e
social, que o organizados com o propósito de viabilizar as ações pedagógicas e
administrativas. No aspecto físico são consideradas fundamentais as ações que garantam a
higiene, a organização de objetos, materiais de consumo, documentos, a segurança e a
manutenção do prédio escolar.
O aspecto social conta com atitudes e procedimentos que contribuam para a
convivência entre todos os representantes da comunidade escolar, em especial ao aluno, para
assegurar-lhe a integridade física, mental e emocional e o desenvolvimento global e
harmonioso.
A cooperação e o respeito são primados entre os profissionais, estes e os alunos e
entre os alunos. A base dessas relações está na explicitação dos conflitos, no diálogo, na busca
conjunta de soluções, na construção coletiva de regras extensivas a todos.
É importante ressaltar que a organização de todo o ambiente escolar varia de uma
Unidade para outra, a fim de atender às diferentes necessidades das faixas etárias, níveis e
modalidades de ensino ali oferecidas.
Como os meios físico e social contribuem significativamente para o desenvolvimento
humano, a reflexão e estudos sobre essa organização e o clima em que as relações se dão
buscam ser dinâmicos, flexíveis, promovendo a mobilização e atenção de todos.
41
1.3.6 O
S
P
RINCÍPIOS
C
ONSTRUTIVISTAS
E
O
T
RABALHO
P
EDAGÓGICO
D
A
R
EDE
M
UNICIPAL
D
E
I
NDAIATUBA
A proposta pedagógica da rede municipal de ensino pesquisada baseia-se no
construtivismo com as idéias de Piaget (1990). Ela caracteriza o ambiente escolar como um
local em que os alunos aprendem convivendo cooperativa e democraticamente, tendo
iniciativa, agindo, opinando, pensando e sentindo. Nessa visão, o educador não é um mero
transmissor de conhecimento, mas um elemento que interage diretamente com cada um dos
alunos, realizando intervenções problematizadoras, alimentando reflexões, promovendo a
interação social, a partilha e o confronto de saberes entre os alunos; a construção do
conhecimento através da formulação e reformulação de hipóteses pelos alunos.
De acordo com a Proposta Pedagógica Global (2004), os conteúdos trabalhados
nessa proposta são descobertos e reinventados a partir do confronto de idéias, da manipulação
e experimentação ativas, da análise, comparação, classificação, ordenação, entre outras
atividades e intervenções pedagógicas que estimulem a compreensão.
1.4 O
RGANIZAÇÃO
D
O
E
NSINO
M
UNICIPAL
1.4.1 P
RINCÍPIOS
N
ORTEADORES
D
OS
O
BJETIVOS
D
O
E
NSINO
M
UNICIPAL
De acordo com sua Proposta Pedagógica Global (2004), a Rede Municipal de Ensino
estabelece seus objetivos educacionais em consonância ao disposto na Constituição da
República Federativa do Brasil (1988), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), e baseia-se nos princípios inspirados, organizados
42
e adaptados do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil e Parâmetros
Curriculares Nacionais. A democratização de oportunidades; respeito à dignidade, à liberdade
e aos direitos das pessoas, consideradas em todas as suas diferenças individuais, sociais,
econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.; compreensão e respeito às características
pessoais de déficit sensorial, motor ou psíquico ou de superdotação intelectual; especial
atenção ao aluno que demonstre necessidade de resgatar a auto-estima; entendimento aos
cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade e, por
fim, respeito ao desenvolvimento global e harmonioso são as características desse ensino.
1.4.2 O
BJETIVOS
G
ERAIS
D
O
E
NSINO
M
UNICIPAL
De acordo com a Proposta Pedagógica Global da Rede Municipal de Ensino de
Indaiatuba (2004), os objetivos gerais do Ensino Municipal estão em consonância com a Lei
Municipal 3.507, de 08 de janeiro de 1998, que cria o Sistema Municipal de Educação-
através do desenvolvimento das diversas modalidades de ensino que o compõem-, e estão
constituídos de modo a desenvolver a criatividade, inventividade, curiosidade, criticidade,
capacidade de distinguir o provável do comprovável, participação, responsabilidade, ética e
solidariedade. Além disso, propõe-se a estimular o desenvolvimento do pensamento, da
reflexão, da cognição, da personalidade, da moralidade, da sociabilidade, do cuidado e do
auto-conhecimento físico e emocional. Tem, ainda, como metas, a autonomia intelectual e
moral em reciprocidade e interação com o outro e com o meio, e a inclusão dos alunos em
todos os aspectos que compreendem o desenvolvimento humano.
43
1.4.3 O
BJETIVOS
G
ERAIS
D
A
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
De acordo com a Proposta Pedagógica Global da Rede Municipal de Ensino de
Indaiatuba (2004), são objetivos gerais da educação Infantil Municipal: trabalhar
integradamente a construção dos conhecimentos físico, social e lógico-matemático, através da
proposição de atividades práticas, lúdicas, contextualizadas e significativas, instigando o
aluno a ampliar suas possibilidades cognitivas, afetivas, sociais e sicas de compreender o
mundo e a si mesmo, através de múltiplas relações.
1.4.4 O
BJETIVOS
E
SPECÍFICOS
D
A
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
De acordo com a Proposta Pedagógica Global da Rede Municipal de Ensino de
Indaiatuba (2004), as Unidades Escolares, que ministram as modalidades de ensino Creche e
Pré-Escola, necessitam:
criar um ambiente de acolhimento que segurança e confiança às crianças, garantindo
oportunidades adequadas a cada faixa etária,
promover condições para que os alunos possam desenvolver uma imagem positiva de si,
atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades,
percepção de suas limitações e possibilidades, e agindo de acordo com elas;
descobrir, conhecer e familiarizar-se progressivamente com a imagem de seu próprio
corpo, sua unidade, suas potencialidades e seus limites;
desenvolver e valorizar hábitos de autocuidado com a própria saúde e higiene;
adotar hábitos que valorizem atitudes relacionadas com a segurança, proteção do corpo e
cuidados com a aparência;
44
estabelecer e ampliar vínculos afetivos e de trocas com adultos e crianças, fortalecendo
sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e
interação social;
aprender a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a
diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
identificar e compreender o sentimento de pertinência aos diversos grupos dos quais
participa, respeitando suas regras sicas de convívio social e a diversidade que os
compõem;
observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais
como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando
atitudes que contribuam para sua preservação;
formular e reformular hipóteses a respeito dos diversos conhecimentos a serem
desvendados; aprender sobre os objetos, descobrindo-os pela da manipulação e
experimentação, tomando consciência do resultado de suas ações;
reconhecer e enfrentar situações de conflitos, utilizando recursos pessoais, respeitando as
outras crianças e adultos e exigindo reciprocidade; inventar todo tipo de relações e
organizações entre objetos, seres e símbolos; avançar no seu processo de construção de
significados; refletir procedimentos e atitudes na resolução de problemas;
investigar o meio em que vive e seus fenômenos, com o intuito de compreendê-los;
brincar; enriquecer cada vez mais a capacidade expressiva através da manifestação das
emoções, sentimentos, idéias, pensamentos, desejos, vontades, desagrados e necessidades
essenciais, agindo com progressiva autonomia;
utilizar, refletir, interpretar e produzir diferentes linguagens (corporal, musical, plástica,
oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a
compreender e ser compreendido;
45
conhecer as diferentes manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse,
respeito e participação frente à elas e valorizando a diversidade.
46
2
D
IAGNÓSTICO
D
A
P
RESENÇA
D
A
M
ÚSICA
N
AS
E
SCOLAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
D
E
I
NDAIATUBA
47
Neste capítulo são discutidas as formas pelas quais a música se insere nas Escolas de
Educação Infantil Pública e privadas da cidade de Indaiatuba. Além disso, apresentam-se a
metodologia da pesquisa adotada; a organização dos Questionários; o exame das respostas
dadas a eles pelos professores, das escolas públicas e privadas; bem como sua análise
2.1
M
ETODOLOGIA
D
A
P
ESQUISA
2.1.1
O
S
P
RIMEIROS
C
ONTATOS
C
OM
A
S
ECRETARIA
D
E
E
DUCAÇÃO
O primeiro passo para o desenvolvimento da metodologia da presente pesquisa
consistiu em um contato com a Secretaria de Educação, através de uma carta elaborada pela
Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Música, do Instituto de Artes da UNESP,
universidade à qual pertence a pesquisadora. Essa carta foi endereçada à Diretora do
Departamento de Educação Infantil do município. Aproximadamente uma semana depois, a
pesquisadora recebeu o retorno, avisando que seria necessário enviar previamente o
questionário a ser aplicado às professoras de Educação infantil do município, para que fosse
analisado pela Secretaria, que deveria aprová-lo, antes que fossem apresentados aos
professores da rede.
Então, foi marcada uma reunião com a Diretora do Departamento e também com os
orientadores educacionais da Secretaria, para que eles pudessem fazer alguns questionamentos
e comunicar à pesquisadora sua análise dos questionários. Após essa tramitação, estes foram
aprovados e, então, encaminhados às escolas de Educação Infantil municipal, via mala-direta,
que a Secretaria de Educação mantém com essas instituições.
A pesquisadora deixou bem claro para a Secretaria que o preenchimento do
questionário não era obrigatório, assim, somente os professores interessados deveriam
48
colaborar com a pesquisa. Houve total apoio por parte da Secretaria de Educação, que fez,
apenas, a exigência de que professores substitutos não tomassem parte na pesquisa, por não
estarem diariamente com a mesma turma, pois, a cada dia, substituem os docentes que não
podem comparecer ao trabalho, em escolas diferentes.
Aproximadamente um mês após a entrega dos questionários à Secretaria de
Educação, esta pesquisadora foi contatada, para que lhe fosse informado que estes haviam
sido devolvidos e estavam disponíveis na Secretaria. A partir daí, iniciou-se a análise dos
dados.
Durante a análise dos dados obtidos com o questionário, sentiu-se necessidade de
contatar novamente a Prefeitura, para que se pudesse coletar alguns dados referentes às
escolas, aos professores, ao plano escolar e à avaliação, entre outros, os quais se mostraram
necessários para que fosse possível completar a análise.
Houve, então, um novo contato, a partir do qual foi agendado um encontro, para que
tais dados fossem obtidos com os responsáveis pela supervisão educacional. No entanto,
ocorreram imprevistos que impediram o atendimento na data agendada. Um novo encontro foi
marcado, uma semana depois. No dia agendado, a pesquisadora foi recebida primeiramente
por uma supervisora educacional, que lhe passou informações acerca de dados estatísticos, em
seguida por uma orientadora educacional, que, por sua vez, discutiu com ela questões
relacionadas ao planejamento escolar e às avaliações. Todos os dados recebidos foram
fotocopiados e encontram-se no anexo da presente pesquisa.
Portanto, pode-se dizer que, apesar da burocracia que ronda o sistema público de
ensino, esta pesquisadora foi bem-recebida no ambiente municipal e conseguiu obter os dados
considerados necessários para um bom entendimento e análise do questionário, bem como da
organização do ensino municipal da Educação Infantil.
49
2.1.2
M
ÉTODO
S
URVEY
A metodologia escolhida para aplicação do Questionário foi o survey
1
, método usado
para estudar um segmento ou parcela – uma amostra – de uma população, com a finalidade de
fazer estimativas sobre a natureza da população total, da qual a amostra foi selecionada
(
BABBIE
, 1999, p.113).
Segundo Cohen e Manion (1994), os surveys têm a intenção de:
[...] descrever a natureza das condições existentes, ou de identificar padrões
diante dos quais essas condições existentes podem ser comparadas, ou
determinar as relações existentes entre eventos específicos. (p.83)
A aplicação de questionários mostrou ser o instrumento mais adequado para a coleta
de dados, devido ao número de professores envolvidos. Uma das vantagens destacadas por
Laville e Dione (1999), é que esse instrumento “permite alcançar rápida e simultaneamente
um grande número de pessoas”, a uniformização das questões formuladas “facilita a
compilação e a comparação das respostas escolhidas” (p.184). Para Babbie (2005), o
questionário é “um documento com perguntas e outros tipos de itens que visam obter
informações para análise” (p. 504).
A amostra caracterizou-se como não-probabilística do tipo intencional ou por
julgamento. A amostragem não-probabilística é aquela em que as pessoas precisam se inserir
em algum critério de seleção. De acordo com Babbie (1999, p.153), na amostragem não-
probabilística intencional ou por julgamento, a seleção da amostra é baseada no próprio
conhecimento da população, dos seus elementos, e da natureza das metas de pesquisa. Assim,
1
Survey – 1 pesquisa 2 levantamento [de terras, de uma área] 3 BrE vistoria [de uma casa, um prédio]
Survey – 1 entrevistar [para pesquisa] 2 examinar [uma cena, um mapa, etc.] 3 levantar, fazer o levantamento de [terras, uma
área] 4 BrE vistoriar [um prédio, uma casa]. (
HARMER
, 2004, p.360)
50
optou-se por trabalhar somente com professores que concordassem espontaneamente em
responder ao questionário, não tendo havido obrigatoriedade de participação.
2.2
R
ESULTADOS
E
A
NÁLISE
D
OS
D
ADOS
D
AS
E
SCOLAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
M
UNICIPAIS
A análise dos questionários será apresentada em três partes. A primeira identifica os
professores quanto à sua formação geral, formação musical e tempo de serviço no magistério.
A segunda parte é destinada ao levantamento dos conteúdos musicais trabalhados em sala de
aula, e dos questionamentos porventura existentes na rede, a respeito da falta do professor
especialista em Educação Musical nas escolas. A terceira parte, finalmente, levanta a
existência ou não de projetos pedagógicos nas escolas, e quer saber se estes visam à
interdisciplinaridade, ou não.
2.2.1 I
DENTIFICAÇÃO
D
OS
P
ROFESSORES
De acordo com os dados obtidos pelas respostas aos 72 questionários devolvidos
pelos professores de Educação Infantil do município de Indaiatuba, SP, foi possível verificar,
de forma bastante abrangente, dados que se tornaram importantes para o entendimento do
assunto tratado. Aqui esses dados serão comentados, seguindo-se rigorosamente a ordem das
perguntas elaboradas para os docentes da Educação Infantil. O Gráfico 01 explicita a
formação dos pesquisados:
51
Gráfico 01 - Formação dos docentes
46
63,83%
1
1,39%
1
1,39%
3
4,16%
5
6,94%
1
1,39%
2
2,78%
1
1,39%
1
1,39%
1
1,39%
26
36,11%
Magistério
Pedagogia
História
Direito
Matemática
Letras
Cncias Físicas e Biológicas
Artes
Psicologia
Serviço Social
Administração Empresas
Nota: Questão de caráter aberto. Note-se que alguns professores fizeram dois cursos de graduação.
O Gráfico 01 mostra que 63,89% dos professores possuem formação (01
-
ANEXO II
)
em curso superior de Pedagogia; 36,11% destes têm curso de Magistério, considerado de nível
médio como formação. Cabe ressaltar que, como a pergunta foi de caráter aberto, os
professores puderam colocar mais de uma formação. No entanto, a análise dos questionários
mostra que 7 docentes possuem somente curso de Magistério, sem nenhuma formação
superior, o que corresponde a 9,72% do total de professores pesquisados.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), em seu Título
VI Dos Profissionais da Educação –, em seus artigos 61 a 63, deixa clara a necessidade de
formação superior para os docentes que atuam na área da Educação Básica. Essa formação
pode ser na modalidade licenciatura de graduação plena, mas deve ser realizada em
universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o
exercício do magistério no nível educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino
fundamental. Segundo dados obtidos pelo MEC/INEP (
BRASIL
, 2003) referentes à formação
dos docentes, aponta-se que o índice de docentes com formação superior e licenciatura
atuando na Pré-Escola aumentou de 16,3% em 1996, para 22,5% em 2002, sendo que a região
52
sudeste tem índice um pouco maior, de 33,5%. Dentre os pesquisados, 12 professores de
Educação Infantil da Rede Municipal de Indaiatuba m diploma de especialistas, por terem
cursado Pós-Graduação lato sensu, sendo 7 em Psicopedagogia (9,72%); 3 em Educação
Infantil (4,16%); 1 em Psicopedagogia e Portadores de Necessidades Especiais (1,39%); e 1
em Gestão Escolar (1,39%).
Ainda de acordo com a pesquisa feita na Secretaria de Educação do município, foi
informado à pesquisadora pela supervisora educacional, que o número de professores que o
têm curso superior é baixo, pois houve muitos incentivos por parte da Secretaria para que
esses profissionais obtivessem o grau superior; assim, foram oferecidas 4 turmas de
Pedagogia na Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP, que firmou convênio, mas
que tiveram pouca procura. Também foi firmado convênio com a UNESP, através do
programa Pedagogia Cidadã, com participação de uma turma de 51 alunos. Assim, de acordo
com autoridades municipais de Indaiatuba, um certo desinteresse por parte dos
profissionais em fazer um curso superior, motivado pelo fato de se sentirem em segurança
quanto à estabilidade de seu emprego. De fato, se não freqüentarem cursos superiores, esses
professores não perderão seus empregos, mas serão enquadrados em outro estatuto municipal,
o que os levará a ter seus salários reduzidos, por falta da escolaridade e, também, perda da
pontuação. Esta situação compromete bastante a carreira do professor, uma vez que a escolha
das salas de aula é realizada de acordo com a pontuação obtida. Apesar dessa informação,
pode-se observar que no município de Indaiatuba, os profissionais sem diploma de curso
superior atuam normalmente nas escolas de educação infantil do município.
Os docentes foram questionados também a respeito de terem feito algum curso de
música, que os auxiliassem em sala de aula (02
-
ANEXO II
). No Gráfico 02, pode-se verificar
que apenas 18 professores (25%) fizeram algum tipo de curso de música, que podem auxiliá-
los em sala de aula.
53
Gráfico 02 – Participação em Curso de Música
54
75,00%
18
25,00%
Sim
Não
Os cursos realizados pelos docentes são bastante variados, como mostra o Gráfico
03. Dentre os que responderam positivamente, observa-se que 61,11% dos pesquisados
participaram de oficinas de música, seguidos dos que freqüentaram conservatórios (22,22%) e
cursos livres de música (22,22%). É importante lembrar que os docentes puderam registrar
sua freqüência em mais de um curso, pois a questão era de caráter aberto. Diante desse
resultado é importante mostrar a necessidade da música estar de forma mais efetiva no
currículo da graduação em Pedagogia, mesmo que esteja no conteúdo Arte-Educação.
Bellochio (2000) descreve que a partir do início da década de 1980, os cursos de
pedagogia foram se redimensionando e passaram a assumir-se como formadores de
professores para as Séries Iniciais do grau, tornando-se esta mais uma das habilitações a
serem selecionadas pelos alunos no decorrer da graduação. Mas, em sua maioria, esses cursos
não incluíram “disciplinas de ensino de Música como componente dos currículos [...], salvo
exceções”. Ou seja, a tradição da prática musical na formação dos professores no curso
Normal e na Habilitação Específica para o Magistério o foi repassada aos currículos dos
cursos de licenciatura em Pedagogia.
54
Gráfico 03 - Tipo de curso
4
22,22%
1
5,56%
1
5,56%
1
5,56%
11
61,11%
1
5,56%
4
22,22%
Conservatório
Piano
Oficina
Curso livre
Disciplina na Graduação
Educação Vocal
Violão Popular
Nota: Questão de caráter aberto. Note-se que alguns professores fizeram dois cursos.
Em relação à discência e docência em escolas de sica (04
-
ANEXO II
), apenas 7
professores (9,72%) afirmam ter experiência discente em Conservatórios, os mesmos onde
aprenderam a tocar piano; na questão a respeito de experiência docente em música, 2
professores (2,77%) afirmaram ter lecionado em Conservatórios Musicais, mas embora
questionados, não explicitaram o instrumento ou disciplina que lecionaram.
O tempo de serviço (05
-
ANEXO II
)
foi um dado considerado importante de ser
aferido, segundo a visão da pesquisadora, pois, de certa forma, aponta para sua experiência
nas classes de Educação Infantil. Observou-se que o tempo de serviço nas escolas de
educação infantil varia de 00 mês a 21 anos, sendo que 2 (2,77%) professores m 20 anos de
magistério; 2 (2,77%) professores, 17 anos; 1 (1,38%) professor, 19 anos, e 01 (1,38%), 18
anos de experiência, como pode ser visto no Gráfico 04:
55
Gráfico 04 - Tempo de servo na Educação Infantil
15
20,83%
2
2,78%
2
2,78%
8
11,11%
4
5,56%
23
31,94%
18
25,00%
00 03 anos
03 06 anos
06 09 anos
0912 anos
1215 anos
1518 anos
18 21 anos
Cabe ressaltar a existência de professores que costumam avaliar suas práticas
pedagógicas através dos anos que estão no magistério. As idéias de Beyer (2003) corroboram
para esse entendimento.
É interessante observar que o que dá segurança aos professores no
âmbito do saber educação infantil não é tanto o título que obtiveram em
cursos - magistério, pedagogia ou outro mas os anos de experiência com
crianças pequenas, sendo o saber educação infantil constituído ao longo da
prática.(p.103)
2.2.2 A
S
P
RÁTICAS
P
EDAGÓGICAS
D
OS
P
ROFESSORES
Ao serem questionados a respeito de planejamento para suas aulas (06
-
ANEXO II
),
100% dos docentes da Educação Infantil afirmaram fazerem planejamento; o que difere é
apenas o seu tempo de elaboração, como pode ser visto no Gráfico 05:
56
Gráfico 05 - Elaboração do Planejamento
7
9,72%
1
1,39%
2
2,78%
61
84,72%
1
1,39%
Semanal
Quinzenal
Mensal
Bimestral
o respondeu
Observa-se no Gráfico 05, referente à elaboração do planejamento (07
ANEXO II
),
que muitos dos professores realizam seus planejamentos semanalmente (84,72%); seguidos
por 07 que os elaboram quinzenalmente (9,72%); um que o faz mensalmente (1,39%); e dois
bimestralmente (2,78%).
Freire (2002) ressalta a importância da pesquisa para a realização do planejamento,
acredita que “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino” (p.32), assim, encontram-se
entrelaçados, o educador deve sempre estar buscando, indagando e pesquisando, para que seu
planejamento seja condizente com a realidade do aluno.
Quanto à determinação dos conteúdos (08
-
ANEXO II
), os docentes se dividem em:
aqueles que procuram seguir o interesse dos alunos (20,83%); os interesses do professor
(20,83%), o acertado entre professor e coordenação (20,83%). A maioria dos docentes, no
entanto, afirmou que a SEME (37,51%), é que determina os conteúdos a serem trabalhados,
como pode ser conferido na Tabela 06, a seguir:
57
Gráfico 06 - Determinação dos Conteúdos
27
37,51%
15
20,83%
15
20,83%
15
20,83%
Interesse dos alunos
Professor
Professor e Coordenação
SEME
Nota-se que a Secretaria exerce grande influência na elaboração dos conteúdos
trabalhados em sala de aula. Durante uma visita à Secretaria, esta pesquisadora pode observar
que os orientadores educacionais são consultores para a direção escolar e interlocutores entre
os pais, o aluno e a escola. Eles discutem problemas didáticos e disciplinares com os
professores, promovem eventos que estimulam o relacionamento interpessoal e aconselham o
encaminhamento de alunos cujo comportamento indique que podem ser portadores de desvios
mais complexos, a psicólogos e psiquiatras.
De acordo com documentos obtidos na Secretaria através de uma orientadora
educacional, foi constatado que inúmeros são os documentos preenchidos pelos docentes da
Educação Infantil. Eles têm a obrigação de elaborar planos de aula semanais, em que constem
os objetivos específicos e o que querem trabalhar, bem como as atividades que serão
realizadas. Dentro desse plano semanal, um diário, em que o professor relata de que
maneira as crianças se comportaram nas atividades, o grau de interesse detectado,
conhecimentos prévios do aluno e o que interessa a eles aprender, dentro do tema proposto.
Nesse plano de aula, segundo modelo entregue pela supervisão pedagógica,
encontram-se todas as áreas de desenvolvimento de conhecimentos trabalhados na Educação
58
Infantil municipal: Conhecimento Social, Perceptiva, Cognitiva, Linguagem, Motora,
Expressão Social, Desenvolvimento Físico e Recreação.
Quadro 02-Caracterização das Áreas de Desenvolvimento de Conhecimentos que compõem a
metodologia de trabalho da Pré-Escola Municipal
ÁREAS
CARACTERIZAÇÃO
ORGANIZAÇÃO DIDÁTICA QUE
INCENTIVA A CRIANÇA
Conhecimento
Social
Propõe o levantamento de conhecimentos
prévios que a criança possui e a busca de
novas informações para ampliar o que se
sabe.
Falar e Ouvir
Perceptiva Propõe a exploração sensorial do objeto
de conhecimento que se quer descobrir
Sentir e Agir
Cognitiva Propõe o estabelecimento de relações
sobre o objeto de conhecimento.
Agir e Pensar
Linguagem Propõe a argumentação das descobertas e
reinvenções feitas até então, com o objeto
de conhecimento em questão, iniciando
assim a fase de representação do que foi
desvendado. Incorpora ainda pesquisa e
socialização de diversas formas de
representação feitas por outros sobre o
enfoque em estudo.
Explicar e Representar
Motora Propõe a movimentação e o uso de
habilidades motoras como formas de
representação plástica, escrita, artística,
musical, cênica, inspiradas pelas
experiências vividas anteriormente com o
objeto de conhecimento em questão.
Representar e Criar
Expressão Social Propõe uma retomada coletiva dos
conhecimentos construídos ao longo do
tema de estudo em questão.
Expressar-se com e para o grupo
59
Desenvolvimento
Físico e Recreação
Propõe atividades físicas; recreativas, que
ampliam a consciência e possibilidades do
próprio corpo em interação com o
ambiente físico e com os outros;
brinquedos; brincadeiras; que podem ser
contextualizadas ao tema de estudos ou
não.
Movimentar-se,Socializar-se,
Recrear e Brincar
Fonte: Proposta Pedagógica Global da Rede Municipal de Ensino de Indaiatuba, 2004.
Os conteúdos que devem ser trabalhados dividem-se em:
cor, temperatura, textura,
consistência, odor, sabor,
som;
conceitos de tempo,
espaço, forma, tamanho,
peso, contagem, relação
número/numeral;
classificação, seriação,
conservação numérica,
conservação de líquido,
conservação de massa;
relações causais e imagem
mental, representação,
jogo simbólico, desenho,
auto-imagem;
linguagem, leitura, escrita;
interação social, noções do
meio social,
desenvolvimento afetivo;
área motora fina e área
motora ampla.
Cabe ao professor, especificar no plano de aula a área de desenvolvimento dos
conhecimentos trabalhados e, ainda, os conteúdos adotados. Conclui-se, então, que os planos
de aula acabam ultrapassando sua tarefa de antever a ação, tornando-se processos avaliativos,
pois posteriormente à aplicação dos conteúdos em aula, os professores precisam especificar a
reação de cada aluno diante das atividades propostas.
Existe, ainda, uma planilha coletiva do desenvolvimento escolar (
ANEXO
6), que é
preenchida a cada trimestre, em que são lançados os resultados obtidos pelos alunos. Note-se
que, embora seja uma planilha coletiva, seu preenchimento é individual, devendo o professor
60
avaliar e, conseqüentemente, preencher as fichas de aluno por aluno. Essa planilha encontra-
se anexa a esta dissertação.
Macedo; Oliveira; Manhães e Alves (2002) afirmam que perceber os procedimentos
de controle curricular está centrado no controle dos conteúdos, ou nas habilidades a serem
desenvolvidas pelo currículo, criando uma quase identidade entre currículo, conteúdos e
habilidades. Estes precisam ser elaborados com a função de dar sentido às experiências
prévias de cada aluno, ou seja, promover um desafio de elaborar conteúdos no qual, dialogam
com saberes locais e coletivos; dessa forma a aprendizagem nos espaços escolares torna-se
mais significativa para as crianças envolvidas.
Os limites e as deficiências dos saberes locais não justificam a recusa
destes, porque isso significa o desarme argumentativo e social de quantos
são competentes neles. Se o objetivo é ampliar o espaço de comunicação e
distribuir mais eqüitativamente as competências argumentativas, os limites
e as deficiências de cada um dos saberes locais superam-se, transformando
esses saberes por dentro, interpenetrando-os com os sentidos produzidos em
outros saberes locais. (
SANTOS
, 1989, p.159)
Quando os professores foram questionados a respeito do trabalho com conteúdos de
música na sala de Educação Infantil (9
-
ANEXO II
), as respostas foram significativas, pois
98,61% deles afirmam trabalhar com conteúdos musicais em sala de aula; somente um
professor (1,39%) respondeu que não trabalha com esse conteúdo. Essa resposta era
esperada, pois, na proposta da Educação Infantil municipal, existe o conteúdo som, que deve
ser trabalhado em sala. Não obstante tal informação, observou-se que esse professor não
cumpre todos os conteúdos exigidos, o que pode gerar uma perda de conhecimento para as
crianças que se encontram sob sua docência.
O Gráfico 07 discrimina os conteúdos musicais trabalhados por 71 professores
pesquisados que afirmaram utilizar conteúdos musicais em sala de aula:
61
Gráfico 07 - Conteúdos musicais trabalhados
51
71,83%
4
5,63%
1
1,41%
30
42,25%
57
80,28%
1
1,41%
1
1,41%
8
11,26%
1
1,41%
Bandinha
Brincadeiras
Confecção de Instrumentos Musicais
Dramatização
Jogos
Músicas
Objetos Sonoros
Rodas Cantadas
Rotinas
Nota: Questão de caráter aberto, portanto, os professores puderam colocar mais de uma opção.
De acordo com o Gráfico 07, nota-se uma grande diversidade de conteúdos
trabalhados; os mais significativos são Músicas (80,28%) e Brincadeiras (71,83%), seguido
por jogos (45,25%), rotinas (11,26%), confecção de instrumentos musicais (5,63%), bandinha
(1,41%), objetos sonoros (1,41%) e rodas cantadas (1,41%). Cabe ressaltar que a pergunta foi
de caráter aberto, portanto, alguns professores lançaram mais de uma opção.
Nota-se que apesar da pouca ou nenhuma formação musical por parte dos
professores, eles buscam inserir conteúdos musicais em suas aulas; dessa forma, mostra-se o
empenho por parte deles em oferecer o contato das crianças com a música.
Quando questionados a respeito da ajuda de algum profissional específico da área de
música em sala de aula (11
-
ANEXO II
), 100% responderam que não contam com esse
profissional. Sabe-se que não é obrigatório o docente de Educação Musical na sala de aula. As
escolas municipais infantis não trabalham com professores especialistas em Artes e Educação
Física, ficando por conta do professor polivalente o trabalho dessas disciplinas. Portanto, se
não há no quadro de funcionários os dois profissionais citados, dificilmente haverá um
62
profissional da área musical, pois não está em lei a contratação deste para quaisquer níveis de
ensino da Educação Escolar.
Outra questão, a respeito da importância de o profissional da área de Educação
Musical fazer parte do corpo docente da Educação Infantil (12
-
ANEXO II
), apontou que
95,83% dos docentes consideram importante a presença desse profissional no quadro de
funcionários, porém 4,17%, correspondentes a 03 professores, acreditam que esse profissional
não é importante, justificando sua opinião com a afirmativa de que o professor de sala é capaz
de trabalhar com conteúdos musicais. Cabe citar algumas respostas positivas em relação à
presença do profissional de Educação Musical:
Considero importantíssimo que este profissional seja integrado ao corpo
docente da escola, pois acredito que o trabalho com música, além de ser muito
prazeroso, desenvolve inúmeras habilidades nas crianças e possibilita ricas
experiências de aprendizagem. (Professor A)
2
Sim, seria de grande valia um profissional específico nesta área, com a
música podemos explorar vários conteúdos e trabalhar com diferentes disciplinas.
(Professor B)
Sim. Um profissional especializado em Educação Musical poderia realizar um
trabalho mais aprofundado, no entanto, considero importante que este esteja
integrado aos demais trabalhos realizados. (Professor C)
Sim. Percebo que os alunos adoram cantar e aprender músicas. Gostam muito
de brincar com o violão, pianinho, pandeiro... tudo vira som, até o batendo
embaixo da mesa e um professor de música saberia explorar isso de melhor
maneira. (Professor D)
2
Optou-se pelo itálico, diminuindo o recuo, para a citação das falas dos professores.
63
Sim, pelo fato de esses profissionais poderem, com mais propriedade, auxiliar
as crianças na descoberta de novas possibilidades sonoras e rítmicas do próprio
corpo e dos materiais à sua volta. (Professor E)
Sim, pois poderia orientar melhor os professores nessa área e ajudar os
alunos a se desenvolverem melhor. (Professor F)
Observa-se que, pelo exame dos trechos citados, estes demonstram o interesse dos
professores pela disciplina, que eles acreditam que a música colabora para um melhor
desenvolvimento da criança e, ainda, citam que podem contribuir com o seu aprendizado em
sala de aula.
Quanto à questão que tratou da utilização de livro didático em sala de aula (13
-
ANEXO II
), 45,83% dos entrevistados afirmam não utilizarem nenhum, enquanto 54,17%
afirmam utilizá-los. Para o trabalho com música, afirmaram, somente, que estes são livros
específicos, que estão nas escolas; alguns, também, afirmaram ter adquirido esses livros
durante a graduação; 25% dos questionados afirmam não utilizarem outro recurso em sala de
aula (14
-
ANEXO II
), enquanto 75% afirmam utilizarem CD, DVD, rádio, instrumentos de
sucata, entre outros recursos.
Em relação às apresentações musicais em datas comemorativas (15
-
ANEXO II
),
19,44% dos professores responderam que não é hábito nas escolas em que lecionam; 50,55%
afirmaram que as escolas em que lecionam têm por hábito realizar apresentações musicais em
datas comemorativas. Todos afirmam serem importantes as apresentações musicais, pois,
segundo eles, estas ajudam na integração social, no desenvolvimento das habilidades
artísticas, na coordenação motora ampla, lateralidade, noções espaciais, entre outros.
Quando questionados em relação ao trabalho de projetos em sala de aula (17
-
ANEXO II
), 27,78% dos professores afirmam não trabalhar com projetos, enquanto 72,22%
dizem que trabalham com projetos, os quais são elaborados por coordenadores e professores
64
das unidades escolares e variam de acordo com as dificuldades e interesses dos alunos.
Geralmente, o desenvolvimento de projetos é discutido em reuniões.
A discussão sobre Pedagogia de Projetos o é nova. Ela surge no início do culo,
com John Dewey e outros pensadores da chamada “Pedagogia Ativa”. Já nessa época, a
discussão estava embasada numa concepção de que “educação é um processo de vida e não
uma preparação para a vida futura e a escola deve representar a vida presentetão real e vital
para o aluno como o que ele vive em casa, no bairro ou no pátio” (
DEWEY
, 1897).
Ao participar de um projeto, o aluno está envolvido em uma experiência educativa
em que o processo de construção de conhecimento está integrado às práticas vividas. Esse
aluno deixa de ser, nessa perspectiva, apenas um aprendiz do conteúdo de uma área de
conhecimento qualquer. É um ser humano que está desenvolvendo uma atividade complexa e
que, nesse processo, apropria-se, ao mesmo tempo, de um determinado objeto de
conhecimento cultural e se forma como sujeito cultural. Isso significa que é impossível
homogeneizar os alunos, é impossível desconsiderar sua história de vida, seus modos de
viver, suas experiências culturais, e dar um caráter de neutralidade aos conteúdos,
desvinculando-os do contexto sócio-histórico que os cerca.
Estes foram os dados recolhidos junto aos professores polivalentes da Educação
Infantil da Rede Municipal da cidade de Indaiatuba, que, posteriormente, serão analisados e
comparados aos dados também obtidos das escolas privadas de Educação Infantil.
65
2.3
C
ONTATOS
E
STABELECIDOS
C
OM
A
S
E
SCOLAS
P
RIVADAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
Depois de haver estudado a situação da educação infantil no município e,
especificamente, como eles consideram a prática de música na educação infantil das escolas
municipais, no próximo segmento se mostrado o mesmo estudo, agora desenvolvido nas
escolas privadas de Educação Infantil do município.
Primeiramente, a pesquisa foi iniciada com consulta à lista telefônica, para que se
identificassem as escolas privadas de Educação Infantil pertencentes ao município de
Indaiatuba; por se tratar de uma cidade pequena não houve problemas quanto ao método
escolhido. Todas as escolas foram, listadas e contatadas por telefone. A pesquisadora
apresentou-se dizendo que pertencia ao Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista,
UNESP, onde estava desenvolvendo sua Dissertação de Mestrado e que, se possível, gostaria
de saber se a escola tinha professor de música em seu quadro docente. Caso não houvesse o
profissional específico, o professor polivalente poderia responder ao questionário.
No primeiro semestre do ano de 2006, época em que a pesquisa foi realizada, a
cidade contava com 31 (100%) escolas de Educação Infantil e todas elas foram procuradas.
Foi excluída da pesquisa apenas uma escola, pelo fato de a pesquisadora lecionar nela, como
docente de Educação Musical. No entanto, apesar de serem 30 as escolas contatadas, apenas
20 (66,66%) aceitaram o convite para que seus profissionais respondessem ao questionário.
Duas escolas rejeitaram o pedido, e nem mesmo deixaram a pesquisadora terminar de explicar
as características e o caráter da pesquisa, respondendo negativamente.
Com as respostas, observou-se que, das 20 escolas que aceitaram responder aos
questionários, 11 tinham educador musical em seu quadro e 09 não. Dois professores de
Educação Musical lecionavam em duas escolas de Educação Infantil e o restante somente em
uma escola cada. Nas 9 escolas que não contavam com educadores musicais em seu quadro de
66
funcionários, os professores polivalentes responderam ao questionário. Assim, no caso destas
escolas, houve mais de um questionário para cada escola, tendo em vista que a Educação
Infantil é organizada em níveis Maternal, Jardim I, Jardim II e Pré-Escola na rede privada
de Indaiatuba.
Quanto à devolução dos questionários, a pesquisadora utilizou a seguinte estratégia:
o dia do recolhimento do material era marcado com antecedência, porém havia confirmação
anterior, por telefone, para que se tivesse certeza de que o material já estava pronto para ser
devolvido. Todas as escolas demoraram mais do que o prazo estabelecido por seus diretores.
Houve, no total, uma demora de dois meses para a devolução de todos os questionários. Foi
possível observar a apreensão dos diretores em relação ao preenchimento do questionário,
embora, desde o primeiro contato, tivessem sido informados de que a identidade das escolas
seria preservada.
A seguir, apresentam-se as análises realizadas nas escolas privadas de Educação
Infantil, para que se possa compreender como é trabalhada a sica nos espaços escolares
pesquisados e que conteúdos são desenvolvidos.
2.4
R
ESULTADOS
E
A
NÁLISE
D
OS
D
ADOS
D
AS
E
SCOLAS
P
RIVADAS
Q
UE
T
ÊM
E
M
S
EUS
Q
UADROS
A
F
IGURA
D
O
E
DUCADOR
M
USICAL
A metodologia das escolas privadas foi a mesma utilizada com as escolas públicas,
tendo em vista que os objetivos são os mesmos: identificar e analisar a presença da música na
sala de aula de Educação Infantil.
De acordo com os dados obtidos através dos 09 questionários devolvidos pelos
Educadores Musicais das 11 escolas privadas do município de Indaiatuba, SP, que contam
com esse profissional, foi possível verificar dados que se tornaram importantes para o
67
entendimento do assunto tratado. Note-se que o número de questionários é menor que o de
escolas, pois dois dos profissionais que participam da pesquisa atuam em duas delas, cada. Os
dados serão comentados seguindo-se rigorosamente a ordem das perguntas elaboradas para
esses docentes.
2.4.1
I
DENTIFICAÇÃO
D
OS
P
ROFESSORES
O Gráfico, a seguir, explicita a formação (01
-
ANEXO III
) dos pesquisados:
Gráfico 08 - Formação dos Educadores Musicais
1
11,11%
1
11,11%
1
11,11%
3
33,33%
1
11,11%
1
11,11%
1
11,11%
2
22,22%
4
44,44%
Magistério
Conservatório
Curso Técnico em Música
Cursando Pedagogia
Cantor Profissional
Musicoterapia
Bacharelado em Música
Licenciatura Plena em Arte
Educação Física
Nota: Questão de caráter aberto, portanto, alguns professores possuem mais de um curso.
Convém fazer uma análise mais detalhada do Gráfico 08. De acordo com a resposta
dos professores, observa-se uma porcentagem relativamente baixa (33,33%) dos Educadores
Musicais que concluíram Graduação em Música. O professor A respondeu que é cantor
profissional, reeducador vocal, professor de canto popular e estudante de Pedagogia, não
informando se concluiu um curso superior ou algum conservatório musical. O Professor B
afirma ter feito somente magistério; pode-se dizer que não tem nenhum curso completo de
música. O Professor C diz ser formado em órgão eletrônico e teorias musicais por
Conservatório. O Professor D (leciona em duas escolas), formou-se em guitarra e violão por
68
uma escola de sica. O Professor F fez curso técnico em piano erudito e graduação em
musicoterapia. O Professor G formou-se em conservatório no nível técnico em trompete, fez
bacharelado também no mesmo instrumento e licenciatura plena em arte com habilitação em
música. O Professor H (leciona em duas escolas), formou-se em Educação Física e diz ser
pianista desde os cinco anos; não informou ter feito nenhum curso completo em música. O
professor J diz ser formado em violão popular no conservatório e ter feito graduação em
Música – habilitação em Regência. O Professor K fez bacharelado em piano.
Quando questionados a respeito de cursos de música que tenham feito para auxiliá-
los em sala de aula (02
-
ANEXO III
), foram unânimes em dizer que fizeram algum tipo de
curso; os mais citados foram oficinas e cursos livres de musicalização. Além destes, ainda
houve um docente que afirmou ter cursado, como ouvinte, algumas disciplinas do curso de
Pedagogia, para que pudesse conduzir melhor suas aulas e seus planejamentos.
A respeito da experiência discente em escolas de música (04
-
ANEXO III
), 01
professor (11,11%) afirmou não ter freqüentado escolas de música durante seu aprendizado,
tendo feito aulas de instrumento com professores particulares em casa; 08 professores
(88,89%) estudaram em escolas de música ou conservatórios musicais durante a formação.
Quanto à experiência docente (04
-
ANEXO III
), 02 professores (22,22%) afirmaram
nunca terem lecionado em escolas de música, apenas em escolas de Educação Infantil, e 7
professores (77,78%) informam que lecionaram ou ainda lecionam em escolas de música e
conservatórios, além da escola de educação infantil. Cabe ressaltar que em relação às
experiências docente e discente, apenas um professor afirmou não ter nenhuma, quer como
aluno, quer como professor, até o presente momento.
O Gráfico 09, a seguir, mostra o tempo que o professor leciona (05
ANEXO III
) a
disciplina Educação Musical nas Escolas de Educação Infantil:
69
Gráfico 09 -
Tempo de experiência docente em escolas de Educação
Infantil
2
22,22%
3
33,33%
1
11,11%
3
33,,33%
00 mês ├ 04 anos
04 anos 08 anos
08 anos 12 anos
12 anos 16 anos
Observa-se, no Gráfico 09, que o tempo de experiência dos Educadores Musicais em
escolas de Educação Infantil é equilibrado, o exame minucioso dos dados colhidos mostra que
02 docentes possuem 08 anos de experiência, 01 docente tem 06 meses e os outros com: 1, 2,
5, 6,10 e 16 anos de experiência em escolas de Educação Infantil.
Por esses dados, vê-se que a gama de profissionais de educação musical difere
bastante quanto ao tempo de experiência, havendo desde aqueles com pouca ou nenhuma
experiência, a os que estão trabalhando na área bastante tempo como o professor que
citou 16 anos.
2.4.2
A
S
P
RÁTICAS
P
EDAGÓGICAS
D
OS
P
ROFESSORES
Todos os professores afirmaram que costumam fazer planejamentos (06
ANEXO III
)
para suas aulas. Eles apenas se diferenciam quanto à quantidade de planos no tempo, como
pode ser visto no Gráfico 10, a seguir:
70
Gráfico 10 - Duração do Planejamento
2
22,22%
2
22,22%
5
55,55%
Semanal
Mensal
Bimestral
Nota: Questão de caráter aberto, portanto, alguns professores possuem mais de uma opção.
Cabe descrever detalhadamente cada resposta, em relação à duração do
planejamento; observou-se que dois professores responderam que realizam seus
planejamentos semanalmente, bimestralmente e anualmente; no Gráfico 10 foi considerado
para análise semanalmente, partindo da menor proporção. Entende-se que são entregues para
a escola planejamentos nessas três formas. Um dos professores pesquisados salientou que
elabora planejamentos distintos, a curto, dio e longo prazo, conforme o calendário de
apresentações dos alunos, em datas comemorativas, foi sistematizado no Gráfico 11 como
semanalmente, partindo do pressuposto da menor proporção.
Em relação a quem determina os conteúdos a serem trabalhados nas aulas de
Educação Musical (08
-
ANEXO III
), 04 professores (44,44%) afirmaram escolher os conteúdos
sozinhos para trabalhar com as crianças do curso de Educação Infantil, enquanto 05
professores (55,56%) afirmaram escolher os conteúdos em conjunto com a coordenação
pedagógica da escola. Nota-se que as respostas foram bem equilibradas quanto à
determinação de conteúdos escolares na disciplina Educação Musical.
71
Quanto à questão a respeito dos tipos de conteúdos musicais trabalhados em sala de
aula (09
-
ANEXO III
), observou-se uma grande variedade de atividades musicais, o que pode
ser visto no Gráfico 11, a seguir:
Gráfico 11 - Conteúdos musicais trabalhados
1
11,11%
2
22,22%
5
55,55%
5
55,55%
1
11,11%
1
11,11%
2
22,22%
2
22,22%
8
88,88%
Banda Rítmica
Brincadeiras
Expressão Corporal
Exploração de Instrumento
Jogos
Músicas
Parlendas
Teatro
Vídeos
Nota: Questão de caráter aberto, portanto os professores puderam colocar mais de uma opção.
De acordo com o Gráfico 11, observa-se que a porcentagem ultrapassou 100,00 %,
pois, devido a pergunta ser de caráter aberto, os professores puderam colocar mais de uma
opção. Analisou-se uma grande diversidade de conteúdos musicais trabalhados pelos docentes
da área da Educação Musical nas escolas de Educação Infantil privadas; cabe aqui observar
detalhadamente as respostas apresentadas por esses profissionais, assim descrevem-se as
respostas detalhadamente:
72
Através de músicas, jogos lúdicos, brincadeiras, pesquisas em internet (sites
para crianças), vídeos e livros. (Professor A)
As aulas são divididas em: canções, cantigas de roda, dramatização, jogos e
brincadeiras musicais. (Professor B)
Através de músicas, brincadeiras e exercícios musicais. (Professor C)
São trabalhados com músicas temáticas, histórias envolvendo música,
brincadeiras musicais e teatro. (Professor D)
Utilizo sempre músicas de chegada, brincadeiras, jogos musicais e finalizo
com músicas de saída. também um momento para as crianças descansarem.
(Professor E)
Sempre com brincadeiras musicais visando um objetivo a ser atingido.
(Professor F)
Jogos musicais, parlendas, conjuntos de percussão, expressões corporais,
brincadeiras ritmadas e exploração dos instrumentos: teclado e violão. (Professor
G)
passo creio despertar o interesse vivo por fazer parte de um grupo de
descoberta e liberação do potencial artístico - daí os meios serão lúdicos,
pedagógicos e todos de grande dinâmica de grupo. (Professor H)
Através de sicas folclóricas, popular e erudita. Com jogos e brincadeiras
de percepção auditiva, coordenação motora e rítmica. Usando os instrumentos da
escola para trabalhar a banda rítmica. Alfabetizando musicalmente com a Flauta
doce. Apresentando vídeos com orquestras e outros grupos musicais. (Professor I)
Rezende (2006) comenta a importância de brincar, jogar e, principalmente, a
linguagem que demonstra esta situação de atividade lúdica. Ele acredita que a partir do
momento que domina o brincar, o brincante adquire a compreensão da linguagem e da cultura
73
lúdica. E tendo este domínio podeconstruir ou reconstruir este brincar, bem como utilizar
suas novas aquisições em outras situações do seu dia-a-dia, como na aprendizagem de
conteúdos escolares.
O brincar é de fundamental importância para o desenvolvimento da
criança e dos mais velhos. Percebe-se que o mesmo contribuiu para a
evolução global do indivíduo. E é com essa evolução global que o educador
deve se preocupar. Como Brougères comentou, o brincar é decorrente de
uma cultura lúdica que deve ser aprendida. (2006, p.94)
Quando questionados a respeito da importância de a escola de Educação Infantil
contar, em seu corpo docente, com um profissional da área da Educação Musical (09
-
ANEXO III
), todos foram unânimes em dizer que consideram importantíssima sua presença.
Cabe aqui descrever as respostas apresentadas por cada docente pesquisado:
Claro! Ouvir sica, aprender uma canção, brincar de roda, realizar
brinquedos rítmicos, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o
gosto pela atividade musical, além de propiciar a vivência de elementos estruturais
dessa linguagem. (Professor A)
Sim. (Professor B)
Sim, porque é através dele que as crianças irão desenvolver um gosto musical
mais selecionado, afinação, disciplina e concentração. (Professor C)
Sim, pois a música resgata patrimônios e costumes já esquecidos, ajuda na
disciplina da criança e no estímulo da mente e do corpo. (Professor D)
Sim, pois a música é uma forma natural de desenvolvimento do ser humano,
pois somos compostos por sons, desde nossa concepção intra-uterina, o que nos
permite ter a música como parte de nós, do nosso corpo, mente e espírito.
(Professor E)
74
Sim, ninguém melhor do que um especialista na área para saber o que
trabalhar e como trabalhar, além de levar o ensino musical a sério. (Professor F)
Sim, porque muitas vezes as professores que não possuem uma especialização
musical não conseguem alcançar alguns itens como: frase musical, ritmo ou mesmo
um acompanhamento musical com instrumentos o que enriquece muito o trabalho,
quando bem desenvolvido. (Professor G)
Sim, pois ele poderá fazer a ligação entre as diversas áreas, criando
momentos e dinâmicas diversas. (Professor H)
Sim. Somente um profissional da área da Educação Musical poderá avaliar a
afinação das crianças, realizar um bom trabalho de percepção auditiva, alfabetizar
musicalmente,... Assim como as escolas normalmente escolhem profissionais das
áreas de Inglês, Educação Física, etc., para cada matéria específica. (Professor I)
Nota-se com as respostas citadas, que os profissionais da área têm consciência do seu
papel e de sua importância para a formação da criança dentro de sala de aula; no entanto,
embora durante a presente coleta de dados, a unanimidade de professores consultados tenha se
manifestado dessa maneira, isso parece não ser comum fora do âmbito dos professores de
educação musical, pois ainda não é obrigatória a presença da música na grade curricular das
escolas.
Quanto à questão referente à utilização de livros didáticos (11
-
ANEXO III
) que dão
apoio às atividades de música, 08 professores (88,89%) afirmaram fazer uso desse material
pedagógico, enquanto que 01 professor (11,11%) não respondeu a questão. Os professores
cada vez mais se preocupam em pesquisar o que será trabalhado com as crianças diariamente,
isso mostra a responsabilidade que possuem no ato de ensinar.
75
Dentre os livros citados pelos professores, estão os de Thelma Chan,
3
Vânia Ranucci
Annunziato,
4
Márcia Visconti e Maria Zeí Biagioni,
5
Josette Silveira Mello Feres,
6
Maria Zeí
Biagioni, Neide Rodrigues Gomes, Márcia Visconti,
7
apostilas obtidas em cursos de
musicalização, entre outros.
Quanto à utilização de outros recursos para as aulas (12
ANEXO III
), 08 professores
(88,89%) responderam que fazem uso deles, enquanto 01 professor (11,11%) não respondeu a
questão.
Os recursos citados pelos educadores musicais são: Internet e vídeos, rádio,
fantoches, teclado, instrumentos de sucata, brinquedos, violão, guizos, tambores, pratos,
triângulos, flauta de êmbolo e flauta doce.
À questão sobre preparação de apresentações musicais em datas comemorativas (13
ANEXO III
), 08 professores (88,89%) apontaram que têm o bito de preparar esse tipo de
apresentação, enquanto que 01 professor (11,11%) não respondeu a questão.
Eles foram questionados a respeito da contribuição que as apresentações musicais
trazem para o desenvolvimento de habilidades dos alunos. Cabe aqui descrever as respostas
obtidas:
Contribuem sim!!!! De forma ativa e contínua, a aprendizagem musical integra
prática, reflexão e conscientização, encaminhando a experiência para níveis cada
vez mais elaborados. (Professor A)
Em Branco (Professor B)
3
CHAN
,
T
. Pra Ganhar Beijo: Almanaque de Canções Infantis. São Paulo: Fermata, 2004.
_____. Dos Pés à Cabeça. São Paulo: Fermata, 1990.
_____. Coralito. São Paulo: Fermata, 1987a.
_____. Um Canto que virou Canto. São Paulo: Fermata, 1987b.
4
ANNUNZIATO
,
V
.
R
. Jogando com os sons e brincando com a música. v.1, 2ªed, São Paulo: Paulinas, 2003.
______. Jogando com os sons e brincando com a música. v.2, 2ªed, São Paulo: Paulinas, 2003.
5
VISCONTI
,
M
.;
BIAGIONI
,
M
.
Z
. Guia para Educação e Prática Musical em Escolas. São Paulo: Associação Brasileira de Música, 2002.
6
FERES
,
J
.
S M
. Iniciação Musical: brincando, criando e aprendendo. São Paulo: Ricordi, 1989.
7
BIAGIONE
,
M
.
Z
.;
GOMES
,
N
.
R
.;
VISCONTI
,
M
. A Criança é a Música. São Paulo: Fermata, 1998.
76
Sim, ajuda a desinibir crianças tímidas, desenvolve a atenção e disciplina.
(Professor C)
Sim, as apresentações ajudam a desinibir os alunos e a se integrarem com a
sociedade e entre eles mesmo. (Professor D)
Sim, pois é uma forma de trazer para a criança a importância das datas
comemorativas, o que significam e ajuda na memorização, além da socialização,
integração para com os pais e os outros colegas. (Professor E)
Sim, pois o professor tem de ter a criatividade de desenvolver seu
planejamento em cima do programado e principalmente é uma maneira de divulgar
e apresentar o seu trabalho. (Professor F)
Acredito que as apresentações musicais contribuam como um registro das
atividades trabalhadas em aula, e sendo bem orientadas pela professora passa a
ser um momento prazeroso onde um socialização com a “sociedade” que os
rodeia (ou seja, seus pais e familiares. (Professor G)
Eu acredito que toda atividade apresentação coroa o trabalho em sala de
aula: objetivos – apresentar flauta, voz, expressão corporal. (Professor H)
Sim. Normalmente é um prazer para as crianças, apresentarem o resultado
de um trabalho realizado em aula para as pessoas que ela mais ama e que irão vê-
las naquele dia especial. A apresentação é um exercício de concentração, respeito
ao próximo... Além da criança realizar a sua apresentação ela tem a oportunidade
de ver e ouvir outros grupos. (Professor I)
Observa-se, com o exame dos trechos citados acima, que os professores acreditam
que as apresentações musicais possam contribuir para o desenvolvimento das habilidades dos
alunos e ainda colaborar para a concentração, socialização, memorização e atenção para as
atividades propostas.
77
O tema Projetos foi uma das questões presente no questionário respondido pelos
educadores musicais (15
ANEXO III
). Perguntava-se se a escola em que lecionam trabalham
com projetos. 08 professores (88,89%) responderam que sim, enquanto 01 professor (11,11%)
optou por não responder.
Os professores que responderam afirmativamente disseram que esses projetos são
elaborados pela coordenação pedagógica em conjunto com os professores, em reuniões pré-
estabelecidas no calendário escolar. Porém, dentre eles, 07 professores (87,50%) responderam
que a disciplina Educação Musical está inserida nos projetos, enquanto 01 professor (12,50%)
respondeu que sua disciplina não está inserida nos projetos, por se tratar “apenas de mais uma
atividade oferecida pela escola”. Sendo assim 07 professores (87,50%) consideram que os
projetos realizados em sua escola visam à interdisciplinaridade, enquanto 01 professor
(12,50%) não.
A questão seguinte feita aos professores, refere-se ao que eles entendem por
Educação Musical (19
-
ANEXO III
). Cabe aqui descrever cada resposta obtida:
É tornar um indivíduo sensível e receptivo ao fenômeno sonoro, promovendo
nele, ao mesmo tempo, respostas de índole musical. É viver a música. é a música
agindo pela música. (Professor A)
Em Branco (Professor B)
Uma aula em que os alunos aprenderão que, para tocar ou cantar, precisa-se
de conhecimento e disciplina e que uma boa música não se baseia apenas em ritmo
mas também em letra e melodia. (Professor C)
Acostumar a criança desde cedo a ter cultura, disciplina, é transmitir o
mundo da música através da alegria para os alunos. (Professor D)
78
É o desenvolvimento musical da criança, ampliando suas funções auditivas,
perceptivas, motoras, memorização, socialização, além da grande integração que
as crianças adquirem nas aulas. (Professor E)
Educação Musical é a área como a alfabetização, [que] prepara o aluno para
conhecer as letras; a educação musical visa introduzir aos alunos os elementos da
música para que, no futuro, ele não seja um analfabeto musical. (Professor F)
Acredito que a Educação Musical contribua no desenvolvimento motor global
da criança desenvolvendo também o prazer de ouvir e fazer música a partir das
condições apresentadas a ela (criança) para que possa relacionar os sons que a
cercam no dia-a-dia com a música que, na realidade, nada mais é do que sons
harmônicos e rítmicos relativamente combinados. (Professor G)
Iniciar a criança nela mesma, possibilitando despertamento do potencial
musical e da linguagem hierárquica: (melodia, ritmo, harmonia) sempre
vivenciando a percepção da vida = daquilo que é bom, bonito e verdadeiro.
(Professor H)
A primeira e mais importante tarefa é desenvolver o gosto pela música.
ensinar para as crianças a beleza e o valor das nossas canções folclóricas, para
que essas canções não se percam, pois muitos pais hoje em dia não cantam mais
para os seus filhos. Possibilitar que as crianças conheçam músicas populares e
eruditas sem preconceito de uma ou outra. Alfabetizar musicalmente, ensinando a
escrita musical. (Professor I)
Em relação à contribuição da Educação Musical para a criança (20
-
ANEXO III
), os
professores responderam o seguinte:
A música ajuda a afinar a sensibilidade dos alunos, aumenta a capacidade
de concentração, desenvolve o raciocínio lógico-matemático e a memória, além de
ser um forte desencadeador de emoções, entre muitos outros. (Professor A)
79
Não respondeu. (Professor B)
Para o desenvolvimento de críticas musicais, atenção, musicalidade e
conhecimentos gerais sobre teoria musical. (Professor C)
Para resgatar valores, para desenvolver a capacidade da mente e do corpo,
para ensinar o ter método, compromisso e principalmente estimular o gosto pela
boa música. (Professor D)
Contribuir para o conhecimento sobre música e seus elementos, além do
desenvolvimento biopsicomotor, social e espiritual. (Professor E)
A Educação Musical é importante para a formação do ser como parte
integrante do seu desenvolvimento, pois trabalha de forma indireta o raciocínio
lógico, a coordenação motora, a interpretação, assim sendo estamos ajudando a
formar alunos mais sensíveis e com um desenvolvimento lógico melhor. (Professor
F)
Contribui na estimulação do canto e da fala (no caso dos bebês que estão
começando a se comunicar através da fala); contribui ainda, com a concentração,
raciocínio, imaginação, respeito de regras e limites, e a musicalidade em geral:
sensibilidade, percepção auditiva, psicomotricidade, senso rítmico e a
sociabilidade. (Professor G)
É importante entender que vivemos numa época em que as identidades e
instituições estão perdendo o seu valor. Não se pode associar cultura e
entretenimento. Um trabalho sério pedagógico musical possibilitará a formação
moral e a sensibilidade intuitiva “podendo” favorecer no futuro a formação de um
músico, porém melhor preparado para as adversidades que a vida lhe trazer.
(Professor H)
A Educação Musical começa em casa, mas poucos percebem isso. A
criança aprende desde muito cedo a propriedade TIMBRE do som, pois é através
dele que a criança reconhece a voz da mãe. Assim a Educação Musical nos ajuda a
desenvolver, um pouco mais, um dos nossos 5 sentidos: a Audição. A Educação
80
Musical nos mostra que usamos muito a Percepção auditiva no nosso dia-a-dia.
Através do timbre, um mecânico poderá reconhecer se um motor está funcionando
perfeitamente ou não. Os médicos escutam os batimentos cardíacos de seus
pacientes, e utilizam o mesmo recurso para perceber várias doenças. Uma
bailarina, um casal de dançarinos ou um integrante de escola de samba precisará
perceber o ritmo da música para fazer os movimentos em sincronia. Você ouviu
uma música e se lembrou de um filme, ou uma novela, ou um momento especial da
sua vida? Para concluir: Você pode ler isto?
Então agradeça ao seu professor de música. (Professor I)
Observa-se que os professores citados possuem linhas de pensamento parecidas.
Todos acreditam na importância da música para a criança, contribuindo para o
desenvolvimento das áreas cognitivas, perceptivas, motora e para a formação humana e
sensível, tendo em vista o incremento da sensibilidade e da espiritualidade, o resgate de
valores contribuindo, com isso, para a formação do ser.
Através destes dados, pode-se verificar mais detalhadamente o pensamento dos
educadores musicais que atuam na rede particular de ensino do município de Indaiatuba; estes
que dados serão discutidos posteriormente, analisando-os e comparando-os com os obtidos na
rede municipal e junto aos professores polivalentes da rede privada, que não possuem
educadores musicais em seu quadro de funcionários.
81
2.5
R
ESULTADOS
E
A
NÁLISE
D
OS
D
ADOS
D
OS
P
ROFESSORES
P
OLIVALENTES
D
AS
E
SCOLAS
P
RIVADAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
De acordo com os dados obtidos com a aplicação dos 25 questionários devolvidos
pelos professores polivalentes de 09 escolas privadas do município de Indaiatuba SP, é
preciso esclarecer que o número de questionários é maior que o de escolas, porque a
Educação Infantil está dividida em Maternal, Jardim e Pré e, portanto os professores desses
três níveis participaram da pesquisa. Aqui os dados serão comentados seguindo rigorosamente
a ordem das perguntas elaboradas para esses docentes.
2.5.1
I
DENTIFICAÇÃO
D
OS
P
ROFESSORES
O Gráfico 12, a seguir, explicita a formação (01
-
ANEXO IV
) dos pesquisados:
Gráfico 12 - Formação dos Professores Polivalentes
5
20,00%
2
8,00%
4
16,00%
1
4,00%
1
4,00%
1
4,00%
1
4,00%
14
56,00%
Magistério
Cursando Pedagogia
Graduação
Pedagogia
Normal Superior
Licenciatura Plena em Ciências Biogicas
Educação Física
o respondeu
Nota: Questão de caráter aberto, portanto os professores puderam colocar mais de uma opção.
82
Torna-se importante analisar mais detalhadamente as respostas obtidas na questão
referente à formação dos professores polivalentes. Observou-se que 14 professores (56,00%)
responderam que fizeram o curso de Magistério, sendo que 11 desses professores possuem
somente este curso e nenhum outro tipo de Graduação. Cinco professores (20,00%) afirmam
estar cursando Pedagogia; 02 professores (8,00%) afirmaram ter concluído a Graduação,
porém, o especificaram o curso; 04 professores (16,00%) fizeram Pedagogia e 01 professor
(4,00%) cursou o Normal Superior. Em seguida, 02 professores (4,00%) informaram terem
cursado, respectivamente, Licenciatura Plena em Ciências Biológicas e Educação Física. Um
professor (4,00%) não respondeu. Convém salientar que a soma dos percentuais ultrapassa
100,00%, porque a questão era aberta e os professores puderam colocar mais de uma opção.
Quando questionados a respeito de ter feito algum curso de música que os auxilie em
sala de aula (02
-
ANEXO IV
), observou-se o seguinte:
Gráfico 13 - Curso de música como auxílio em sala de aula
18
72,00%
7
28,00%
Sim
o
Dos 25 docentes pesquisados, 18 (72,00%) afirmaram não ter feito nenhum curso de
música que os auxilie em sala de aula, e 07 docentes (28,00%) afirmaram ter feito algum
curso. O Gráfico 14 mostra que tipo de curso foi feito por esses docentes:
83
Gráfico 14 - Tipo de curso
6
85,71%
1
14,29%
Conservatório
Oficinas
Observou-se no Gráfico 14 que dos sete professores que afirmaram na questão
anterior ter feito algum tipo de curso de música, 06 professores (85,71%) afirmaram ter feito
oficinas musicais e 01 professor (14,29%) afirmou ter estudado em Conservatório, porém não
identificou o curso feito.
Quando questionados em relação à experiência discente em escolas de música (04
-
ANEXO IV
), constatou-se que 22 professores (88,00%) não possuem nenhum tipo de
experiência, enquanto 03 profissionais (12,00%) informaram ter tido algum tipo de
experiência discente. Essa experiência foi em escolas de música, com o aprendizado de
instrumentos musicais, como piano, flauta, teclado, violão, guitarra e também canto coral. Em
relação à experiência docente, 25 professores (100,00%) afirmaram não possuir.
O Gráfico 15, a seguir, mostra o tempo de serviço (05
-
ANEXO IV
) dos profissionais
nas escolas de Educação Infantil:
84
Gráfico 15 - Tempo de serviço na Educação Infantil
8
32,00%
2
8,00%
4
16,00%
2
8,00%
2
8,00%
7
28,00%
00 mês 04 anos
04 anos├ 08 anos
08 anos├ 12 anos
12 anos├ 16 anos
Maior ou igual a 16 anos
Não responderam
Nota-se no Gráfico 15 que 07 professores (28,00%) possuem experiência que variam
de 00 mês a 4 anos; 08 professores (32,00%) têm um tempo de experiência de 4 anos
completos a 8 anos; 02 professores (8,00%), de 8 anos completos a 12 anos; 04 professores
(16,00%) têm experiência de 12 anos completos a 16 anos; 02 professores (8,00%) com
experiência maior ou igual a 16 anos e 02 professores (8,00%) não responderam a questão.
2.5.2
A
S
P
RÁTICAS
P
EDAGÓGICAS
D
OS
P
ROFESSORES
Em relação à elaboração de planejamentos para as aulas (06
-
ANEXO IV
), 100% dos
pesquisados afirmaram possuir o hábito de fazê-los, porém, diferem-se somente na duração, o
que mostra o Gráfico 16, a seguir:
85
Gráfico 16 - Duração dos Planejamentos
22
88,00%
2
8,00%
1
4,00%
Diário
Semanal
Bimestral
Nota: Questão de caráter aberto, portanto os professores puderam colocar mais de uma opção.
Observa-se no Gráfico 16 que 22 professores (88,00%) fazem seus planejamentos
semanalmente; 02 professores (8,00%) o elaboram bimestralmente e 01 professor (4,00%),
diariamente.
Quando questionados quanto à determinação dos conteúdos trabalhados (08
-
ANEXO
IV
), as respostas foram bem diversificadas, como mostra o Gráfico 17:
86
Gráfico 17 - Determinação dos conteúdos trabalhados
13
52,00%
1
4,00%
1
4,00%
1
4,00%
9
36,00%
Professor
Professor e Coordenação
Coordenão
Direção
Direção e Coordenão
Observa-se no Gráfico 17 que 13 professores (52,00%) afirmaram que professor e
coordenação determinam os conteúdos a serem trabalhados conjuntamente, 09 professores
(36,00%) são os próprios determinantes do conteúdo dentro da escola e 03 professores, com
4,00% para cada ,responderam respectivamente coordenação, direção e direção em conjunto
com a coordenação Sendo assim, o Gráfico 17 afirma a grande diversidade de determinantes
de conteúdos existentes nas escolas privadas do município pesquisado.
A questão referente à utilização de conteúdos musicais dentro da sala de aula (09
ANEXO IV
), 24 professores (96,00%) afirmaram trabalhar no cotidiano na Educação Infantil,
enquanto 01 professor (4,00%) disse não trabalhar com esse conteúdo em sala de aula.
Diferem-se as formas de como são aplicados em sala de aula, como mostra o Gráfico 18, a
seguir:
87
Gráfico 18 - Conteúdos musicais trabalhados em sala de aula
10
41,67%
1
4,17%
1
4,17 %
3
12,50%
16
66,67%
1
4,17%
1
4,17%
1
4,17%
3
12,50%
18
75,00%
Apreciação Musical
Bandinhas
Brincadeiras
Cantigas de Roda
Homenagem Datas Comemorativas
Instrumentos
Jogos
Músicas
Parlendas
Rotina
Nota: Questão de caráter aberto, portanto os professores puderam colocar mais de uma opção.
Nota-se no Gráfico 18, que os conteúdos musicais trabalhados são bastante variados,
18 professores (75,00%) trabalham com músicas em sala de aula; 16 professores (66,67%)
trabalham com brincadeiras; 10 professores (41,67%) utilizam jogos musicais; 03 professores
(12,50%), com cantigas de roda; 03 professores (12,50%) com parlendas; apreciação musical,
bandinhas, homenagem em datas comemorativas, instrumentos, e rotina (música de entrada,
lanche, escovação dos dentes e saída) apareceram com 4,17% cada. Cabe ressaltar que a soma
dos percentuais ultrapassa 100,00%, porque a pergunta era de caráter aberto, portanto os
professores puderam colocar mais de uma opção.
Quando os professores foram questionados se contam com a ajuda de algum
profissional específico da área de música para as atividades desenvolvidas (11
-
ANEXO IV
),
04 deles (16,00%) disseram contar com essa ajuda, enquanto 21 professores (84,00%)
afirmaram não contar com nenhuma ajuda específica.
Quanto à importância de haver um profissional da Educação Musical no corpo
docente da Educação Infantil (12
-
ANEXO IV
), 100% dos professores pesquisados acreditam
88
na sua importância; dessa forma, considera-se importante apresentar alguns comentários feitos
por esses profissionais referentes a essa questão:
Sim. Aula específica de música é muito importante pois desenvolve a
oralidade, auxilia na escrita, incentiva o desenvolvimento da coordenação motora
ampla e desenvolve a criatividade e a afetividade. (Professor A
)
Sim. A música tranqüiliza bastante o ambiente e as pessoas que nele vivem.
(Professor B)
Sim, a música desenvolve bastante as crianças e ajuda na formação do ser.
(Professor C)
Sim, que o profissional da área está mais preparado, podendo fazer um
trabalho mais profundo com as crianças e contribuir na formação dos outros
docentes. (Professor D)
Sim! Hoje em dia muitas coisas estão sendo esquecidas, e a sica
(principalmente) quase o é falada, a clássica então é posta de lado, e se caso
tivesse um profissional da área seria mais fácil de estar conduzindo esse outro lado,
pois a música “vulgar” é o que mais se houve na voz dos pequenos. (Professor E)
Sim. É uma forma de enriquecer mais as aulas além de estar contemplado
nos Parâmetros Curriculares da Educação Infantil. (Professor F)
Sim, porque a música desenvolve na criança várias noções como: tempo,
som agudo e grave além de concentração, lógica, cálculo, disciplina, interação,
entre outras. (Professor G)
Sim, quando a escola oferece cursos fora do horário de aula, pois o tempo
é curto e não seria possível passar outras atividades, inclusive a música. (Professor
H)
89
Sim, quando o curso é oferecido fora do horário de aula, pois o tempo é
curto e a música está o tempo todo dentro da sala de aula já que as crianças são do
ensino infantil, para o fundamental eu particularmente acho mais importante já que
a música fica mais esquecida. (Professor I)
Os professores polivalentes da rede privada do município também foram
questionados em relação à utilização de livros didáticos (13
-
ANEXO IV
) que dêem apoio às
atividades musicais, 15 professores (60,00%) afirmaram utilizar, 07 professores (28,00%) o
utilizam e 03 professores (12,00%) deixaram suas respostas em branco. Os livros citados
foram: Criando e Aprendendo com a Música; Livros de parlendas; Real do Construtivismo;
Eventos Escolares; Dia-a-Dia do Professor; Brincando e Construindo; Coleção Cambalhota
e Apostilas, porém suas fontes bibliográficas não foram citadas nas respostas, apenas o nome.
A respeito de outros recursos pedagógicos utilizados em sala de aula (14
-
ANEXO IV
),
que não fosse o livro didático, 24 professores responderam que utilizam, o Gráfico 19
explicita o tipo de recurso utilizado.
Gráfico 19 - Outros recursos utilizados nas aulas
2
8,33%
3
12,50%
1
4,17%
1
4,17%
14
58,33%
1
4,17%
5
20,83%
Bandinha de sucata
Caixinhas de fósforo
CD
DVD
Fitas
Instrumentos
Livros
Nota: Questão de caráter aberto, portanto os professores puderam colocar mais de uma opção.
90
Observa-se no Gráfico 19 que 14 professores (58,33%) responderam que o CD é um
dos recursos utilizados em sala de aula; 05 professores (20,83%), bandinha de sucata; 03
professores (12,50%) fitas; 02 professores (8,33%), DVD; e caixinhas de fósforo,
instrumentos e livros um professor cada, correspondendo a 4,17%.
Os professores polivalentes foram questionados a respeito de preparação de
apresentações musicais em datas comemorativas (15
-
ANEXO IV
); de acordo com os dados
obtidos, 22 professores (88,00%) costumam fazer apresentações musicais em datas
comemorativas, enquanto 03 professores (12,00%) afirmaram não ter esse hábito. Dos
professores que responderam afirmativamente, 100,00 % acreditam que essas apresentações
contribuem para o desenvolvimento de habilidades dos alunos. Abaixo serão transcritas
algumas respostas relevantes apresentadas pelos docentes:
Contribuem muito para o desenvolvimento, deixa a criança mais solta,
melhora o raciocínio e o desenvolvimento global. (Professor A)
Sim. As crianças desenvolvem a coordenação, a sensibilidade, a dicção e se
expressa emocionalmente. A música, muitas vezes, relaxa as crianças e internaliza
diversos conceitos. (Professor B)
Sim. A música, como a dança, tem o poder de deixar as pessoas mais
felizes, mais soltas, conseguindo assim abstrair melhor o que está sendo
transmitido, demonstrando seu total potencial em determinada área. (Professor C)
Sim, pois trabalha várias áreas como expressão corporal, socialização,
criatividade com os movimentos para dançar a música, com a parte teórica a
matemática com as notas musicais, etc. (Professor D)
Para estimular a criatividade e fazer com que a criança trabalhe a parte
sócio-emocional. (Professor E)
91
Sim. Porém acredito que é uma restrita forma de trabalhar a linguagem
musical uma vez que ela é um excelente meio de expressão, de trabalho com a auto-
estima e integração social. (Professor F)
Acredito que sim, pois é necessário disciplina, ritmo, preparação,
habilidade, expressão corporal, dentre outros. (Professor G)
Estas apresentações sensibilizam as crianças para a dança e para a
música. mas o foco principal é o resultado e não o processo criativo e de
exploração. (Professor H)
Sim contribui para a expressão corporal e verbal, além de trabalhar a
coordenação motora e a lateralidade da criança. (Professor I)
Sim, é um bom método, as crianças ficam mais sensíveis, habilidosas e
harmoniosas. (Professor J)
Sim, porque além de aprenderem (memorizar) a letra da música eles
sempre trabalham a coordenação motora que vem acompanhada com a
desinibição, a criatividade do aluno. (Professor K)
Pelos comentários citados, observa-se que os professores acreditam que as
apresentações musicais ajudam na memorização, coordenação motora ampla, socialização,
desenvolvimento da criatividade, sensibilidade, entre outros.
Ao serem questionados sobre o trabalho com projetos dentro da sala de aula (17
-
ANEXO IV
), 20 professores (80,00%) afirmaram trabalhar com projetos, 04 professores
(16,00%) disseram não trabalhar com projetos e 01 professor (4,00%) não respondeu a
questão. No que se refere à elaboração dos projetos, 15 professores (75,00%) dizem que são
elaborados em conjunto, pelo professor e pela coordenação, 04 professores (20,00%) dizem
elaborar sozinhos os projetos e 01 professor (5,00%) afirmou que os projetos são elaborados
pela direção da escola. Quando feitos por professores e coordenação, isso se em reuniões
de professores. Na questão sobre interdisciplinaridade (19
-
ANEXO IV
), 17 professores
92
(85,00%) afirmaram que ela é visada nos projetos, e 03 professores (15,00%) deixaram a
resposta em branco.
Portanto, através dos dados apresentados nesse capítulo foi possível entender um
pouco do pensamento e do trabalho pedagógico realizado pelos professores polivalentes das
escolas privadas de Educação Infantil do município de Indaiatuba – SP.
2.4
A
NÁLISE
C
OMPARATIVA
D
OS
D
ADOS
O
BTIDOS
C
OM
A
A
PLICAÇÃO
D
OS
Q
UESTIONÁRIOS
N
AS
R
EDES
P
ÚBLICA
E
P
RIVADA
Antes de nos remetermos às respostas dos questionários aplicados a professores dos
cursos de Educação Infantil nas redes pública e privada de Indaiatuba, é preciso levar em
consideração que os professores da rede municipal de Indaiatuba são contratados após
aprovação em concurso público. De acordo com o Edital de Concurso Público de 001/2205 da
Prefeitura Municipal de Indaiatuba, para poder lecionar nos cursos de Educação Infantil e nas
séries iniciais do Ensino Fundamental, é necessário ser diplomado em Pedagogia ou Curso
Normal Superior com Habilitação para o Magistério, ou ser portador de diploma de curso
superior com Licenciatura. É possível, também, ser aproveitado o candidato portador de
Certificado de Conclusão de Curso Médio, na modalidade Normal/Magistério.
8
Isso significa
que, por lei, todos os professores contratados pela rede municipal devem ter curso superior
completo ou, ao menos, o Curso Normal/Magistério em nível Médio.
Observou-se, através dos dados obtidos nos questionários respondidos por educadores
musicais que atuam nas escolas privadas do município de Indaiatuba SP, que apenas 06
8
A esse respeito, consulte-se o sítio http://www.concursosolucao.com.br/editais/Indaiatuba.pdf, que fornece esse
perfil.
93
deles (54,54%) o portadores de diploma de curso superior, nas áreas de Musicoterapia,
Música (Bacharelado), Arte (Licenciatura Plena) e Educação Física.
Com os professores polivalentes da rede privada de ensino, o índice é percentualmente
menor se comparado com as escolas municipais: 09 professores declararam ter curso superior
completo: Pedagogia, Normal Superior, Ciências Biológicas (Licenciatura Plena) e Educação
Física, o que corresponde a 36% dos docentes entrevistados nessa categoria.
Os professores polivalentes da rede municipal mostraram ser mais bem capacitados
em relação à formação do que seus colegas da rede privada: 62 deles (86,11%) indicam ter
formação superior em Pedagogia, História, Direito, Matemática, Letras, Ciências Físicas e
Biológicas, Artes, Psicologia, Serviço Social e Administração de Empresas.
Esta pesquisa, portanto, revelou a pouca formação em nível superior dos professores
das escolas privadas, pois apenas 24% dos docentes que participaram da pesquisa concluíram
nível superior, o que contradiz o que é divulgado em observações dirigidas pelo senso comum
que, em geral, atribuem ao ensino particular a característica de admitir profissionais altamente
especializados. Esse fenômeno pode ser explicado pelo exame da LDBEN 9394/96, que
afirma, em seu artigo 62, que a formação de docentes para atuar na educação sica far-se-á
em nível superior, em cursos de graduação, na modalidade Licenciatura, cursados em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério nos cursos de educação infantil e nas quatro primeiras séries do
ensino fundamental, a formação em nível médio, na modalidade Normal. Porém em 06 de
dezembro de 1999, com a aprovação do decreto 3276/99, foi prorrogada a exigência desse
tipo de formação docente por mais alguns anos. Sendo assim, embora um alto percentual de
professores estudados nesta pesquisa o atenda o que diz a Lei, ainda se encontram na
legalidade.
94
Cabe, além da exigência legal de formação superior ou de nível médio, salientar a
importância da formação do docente para atuação na Educação Infantil e nas demais ries
escolares; de acordo com Piletti (2003, p.175), a formação dos educadores deve ser relativa à
fase de desenvolvimento dos educandos com os quais vai atuar. Para isso, é necessário o
aperfeiçoamento constante, pois a atividade escolar será tanto mais produtiva, quanto mais
estiver integrada ao mundo dos educandos; escola e vida devem formar uma e mesma
realidade.
Aperfeiçoar-se constantemente é de fundamental importância, que
novas idéias, novos métodos de ensino, novas experiências educacionais
sempre surgem, com possibilidades de melhorar o trabalho educativo. Em
qualquer atividade humana não existe a estagnação, o ponto de chegada: ou
evoluímos constantemente, através de sucessivos pontos de partida, ou
regredimos irremediavelmente. (p.177)
Sendo assim, além da escolaridade, faz-se necessário que o professor continuamente
se aperfeiçoe, colocando-se a par dos acontecimentos, pela leitura de jornais, revistas, de
obras literárias e de formação geral, além de freqüentar cinemas, teatros, concertos e outros
eventos culturais, indispensáveis para o educador que queira estar atualizado em relação ao
mundo em que vive e atua.
Observou-se, pelo exame das respostas dadas ao questionário, que na rede municipal
há um índice maior de professores com formação superior do que nas escolas privadas. Isso se
deve à exigência colocada nos Editais de concurso público desse tipo de formação dos
candidatos que, uma vez aprovados, devem comprovar documentalmente o título declarado.
No caso das escolas particulares, estas, muitas vezes, não exigem formação superior dos
professores que contratam, para atuar na Educação Infantil. Ao fazer isso, evidenciam a
atuação mais comprometida com o fator econômico do que com o educativo, pois a menor
95
formação permite menor remuneração, o que lhes proporcionaria lucros maiores. Isso posto,
pode-se afirmar que o concurso público é a forma mais efetiva e democrática para o ingresso
do profissional na educação nas instituições de ensino.
Para José do Prado Martins (1999), o educador é o elemento fundamental da
comunidade educativa, porque desempenha a missão de formar a alma do educando. Acredita
que seu comportamento jamais deverá contradizer seus preceitos, pois nada é mais desastroso
em educação do que atitudes incoerentes do educador. Em relação ao grau de escolaridade do
professor, ele diz que a informação do professor nas universidades e cursos de Magistério
transmitem aos futuros educadores valores que serão pontos de referência, tanto para o seu
desempenho profissional, quanto para sua postura, que irão assumir, com maior ou menor
engajamento, no contexto social em que vivem e atuam. Muitos profissionais ligados à
educação defendem que o êxito profissional do educador é função direta dos conhecimentos
que detém. Outros atribuem o êxito do trabalho do magistério às qualidades pessoais do
educador. Esta pesquisadora acredita que ambas as posições estão corretas, pois, as qualidades
pessoais para o magistério o indispensáveis, porém, a boa formação profissional aliada à
atualização permanente do professor são, também, indispensáveis.
De acordo com Soares, Torres e Mari (2003), o bom desempenho dos alunos está
diretamente relacionado às habilidades acadêmicas de seus professores.
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos por meio de testes de
conhecimento, aplicados tanto nos professores quanto nos alunos,
relacionaram as habilidades de um com o sucesso do outro Essas pesquisas
alertaram para o fato de que, cada vez mais, o número de professores que
entram na rede de ensino apresenta um nível de conhecimento mais baixo.
(2003, p.83)
96
É importante ressaltar que os docentes devem ter uma formação inicial específica e
adequada em relação à disciplina que lecionam. Professores que ensinam disciplinas para as
quais não foram qualificados podem produzir um efeito negativo considerável sobre o aluno.
A realização de cursos de música que auxiliem o docente em sala de aula foi uma das
perguntas presentes nas questões apresentadas aos professores na presente pesquisa. As
respostas trouxeram dados bastante interessantes, pois 100% dos Educadores Musicais e 72%
dos professores polivalentes das escolas privadas afirmaram ter feito ou estarem freqüentando
cursos de música, para se aperfeiçoarem em sala de aula, enquanto que apenas 25% dos
polivalentes municipais afirmaram ter realizado algum curso. Observa-se com esses dados
que a rede particular de ensino preocupa-se mais com a realização de cursos de
aperfeiçoamento destinados aos profissionais, do que a rede pública. Os cursos freqüentados
pelos docentes variam entre oficinas e estudos em conservatórios, como a prática de algum
instrumento musical. Esse dado foi considerado positivo, pois sabe-se que é extremamente
necessária a busca contínua de conhecimento para que se tenha êxito no processo de ensino-
aprendizagem, pois cada aluno é único, portanto cabe ao professor encontrar caminhos para
que sua aprendizagem seja significativa e prazerosa.
Queiroz e Marinho (2006) afirmam que o trabalho realizado em oficinas pode
contribuir para ampliar as definições relacionadas ao universo musical e da educação musical
nas escolas, rompendo com alguns preconceitos existentes e despertando a percepção dos
professores envolvidos na proposta para as múltiplas possibilidades que podem ser utilizadas
para o desenvolvimento consistente da área.
Notou-se, pelas respostas obtidas, que os professores polivalentes sentem-se
despreparados para incluir atividades musicais no cotidiano escolar, devido à insegurança, em
geral, ligada à carência da formação musical dos profissionais, principalmente nos cursos
superiores de Pedagogia, como aponta Figueiredo:
97
Outro fator de insegurança se refere sem dúvida à formação em artes
que receberam os estudantes [de Pedagogia] durante a educação infantil, o
ensino fundamental e médio [...] No caso da música e das artes não
qualquer garantia de que estas disciplinas fizeram parte da formação
anterior à universidade. (2001, p. 33).
Para Soares, Torres e Mari (2003), o desenvolvimento profissional dos professores,
compreendido como as oportunidades de informação, aperfeiçoamento e atualização, por
meio de cursos oferecidos pelas escolas e pelas redes de ensino, está relacionado a uma
melhora de desempenho dos alunos. Ainda salientam a importância desses cursos estarem
relacionados às carências e demandas dos próprios profissionais, e mostram que eles estão
direcionados tanto para professores inexperientes como para os que já contam com bastante
tempo de exercício profissional. No primeiro caso, os cursos devem ter uma maior carga de
vivência e informação, com o objetivo de desenvolver habilidades específicas, necessárias à
prática profissional. No que se refere aos professores com maior tempo no exercício da
profissão, os cursos dão maior ênfase à atualização de conteúdos e práticas pedagógicas,
justamente pelo fato de estarem estes profissionais há mais tempo longe da universidade.
A respeito da experiência discente em escolas de música, 07 professores (9,72%) da
rede municipal afirmaram terem sido discentes, como alunos do curso de piano; 03
professores (12%) da rede privada de ensino afirmaram terem freqüentado escolas de música,
onde aprenderam a tocar piano, violão, flauta, teclado, guitarra e canto coral. Oito Educadores
Musicais (72,72%) das escolas privadas responderam que estudaram em escolas de música ou
conservatórios durante o período de sua formação escolar.
Observou-se baixo percentual de contato com música como alunos, em escolas
especializadas, por parte dos professores polivalentes, tanto na rede municipal, quanto rede
privada. A experiência discente em escolas de música caracterizou-se como aprendizado de
98
algum instrumento. Nenhum professor citou ter feito algum curso de musicalização quando
criança, o que mostra que, para uma grande parte da população, o aprendizado de um
instrumento musical específico parece ser mais significativo do que um curso de
musicalização. No entanto, a educadora musical argentina Violeta Hemsy de Gainza (1988)
enfatiza a necessidade de haver um tipo de educação musical que tente desenvolver diversas
atividades e processos musicais, a fim de possibilitar diferentes experiências com os alunos.
Musicalizar é tornar um indivíduo sensível e receptivo ao
fenômeno sonoro, para mais tarde incentivar o interesse na apreciação,
gosto e conhecimento da música e das estruturas inerentes a ela
[...]
Uma vez assegurado o vínculo, a música fará, por si só, grande parte
do trabalho de musicalização, penetrando no homem, rompendo barreiras de
todo tipo, abrindo canais de expressão e comunicação a nível psicofísico,
induzindo, através de suas próprias estruturas internas, modificações
significativas no aparelho mental dos seres humanos. (1988, p.101)
Para Bellochio (2003), é importante rever a formação dos professores que atuam na
Educação Básica, incentivando-os com cursos de apoio e de formação continuada, que visem
à ampliação de conhecimentos musicais por parte dos professores polivalentes.
Dessa forma, com relação ao ensino de música, entre alguns pontos
fundamentais está a necessidade de ampliação dos conhecimentos musicais
do professor não especialista em música mas atuante nos anos iniciais de
escolarização. É preciso que ele acredite e invista em suas capacidades e
potencialidades de desenvolvimento musical. Muito embora seja importante
sua formação musical no curso, é preciso compreender que seu
desenvolvimento não se esgota no âmbito de uma disciplina. Como
qualquer profissional, o professor deve estar em permanente processo de
formação. (2003, p. 138)
99
Voltando à análise das respostas aos questionários aplicados em Indaiatuba, viu-se
que 02 professores polivalentes (2,77%) da rede municipal e 08 Educadores Musicais
(72,72%) da rede privada afirmaram ter tido experiência docente em escolas de sica,
enquanto nenhum professor polivalente das escolas privadas declarou ter experiência docente
em escolas de música. Pode ser considerada uma surpresa o fato de professores polivalentes
da rede municipal de ensino declararem ter esse tipo de experiência, cabe ressaltar que
embora questionados não explicitaram qual foi o instrumento ou disciplina que lecionavam.
Descobriu-se, pelas respostas, que o 45,53% dos professores da rede municipal
lecionam por um tempo correspondente a 03 a 06 anos. Na rede privada, constatou-se que
44% dos profissionais lecionam por um período que vai de 01 a 04 anos. Dos educadores
musicais da rede privada, 36,36% lecionam de 01 mês a 02 anos e o mesmo percentual
leciona de 07 anos a 10 anos. Notou-se que todos os profissionais consultados tinham
aproximadamente o mesmo tempo de experiência, tanto na rede pública quanto na rede
privada. O segmento dos educadores musicais apresentou menor tempo de experiência,
equivalente a um período de tempo situado entre 01 mês e 02 anos. Embora não haja uma
indicação clara a partir de quanto anos de ensino um professor possa ser considerado
experiente, algumas pesquisas, apontadas por Soares, Torres e Mari (2003), mostraram que
professores com 5 a 10 anos de prática de sala de aula são mais efetivos do que professores
recém-formados, o que faz refletir a respeito da importância da experiência docente.
O processo ensino-aprendizagem é mais bem-sucedido quando os
professores apresentam uma maior experiência, ou seja, mais anos de
ensino. Essa experiência é determinante para que o professor apresente um
controle da sala de aula, sabendo produzir um equilíbrio entre fatores como
tempo disponível, conteúdo a ser ministrado e grau de aprendizagem
esperado dos alunos
.
( 2003, p.83)
100
Observa-se na citação destes autores que o professor com maior experiência pode ter
um maior controle da sala e das atividades que propõe para seus alunos, pode perceber mais
facilmente as dificuldades encontradas pelo grupo e, também, demonstra mais presteza em
adequar sua prática às necessidades apresentadas. Acredita-se que a experiência seja um fator
bastante significativo na atuação do professor, embora não necessariamente determinante para
sua prática pedagógica.
Em relação à elaboração de planejamentos para as aulas, todos os docentes foram
unânimes em dizer que o fazem; 61 (84,72%) professores polivalentes da rede municipal
afirmaram elaborar os planejamentos semanalmente, do mesmo modo que 21 (75%)
professores polivalentes e 07 (43,75%) educadores musicais da rede privada.
Cabe salientar a importância de se planejar as aulas, pois assim o profissional pode
efetuar pesquisas a respeito do assunto que itratar em sala de aula. Freire (2002) salienta
que “não ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”; para o professor abordar assuntos
em aula, é importante preparar-se, passando por processos de pesquisas e fazendo-se
indagações pessoais, como recursos para ampliar seus conhecimentos nessas áreas. Faz-se
necessário que, no planejamento, sejam contemplados os saberes prévios trazidos pelos
educandos, assim gerando oportunidades de maior envolvimento e comprometimento deles no
processo de aprendizagem.
É importante entender que um plano o é algo a ser seguido como um manual, mas
que contemple idéias, trace rumos, identifique teorias, trafegue por saberes e possibilite
avaliações, re-signifique ações e, principalmente, trace novos planos. O planejamento em uma
escola é mais eficiente se realizado coletivamente, pois essa atitude de participação do corpo
docente garante a unidade de propósitos, metodologias, estratégias e metas. Para Abramowicz
e Wajskop (1995, p.19) “Planejar é decidir o que se quer para e com as crianças; é discutir os
diversos caminhos a serem seguidos, avaliando constantemente as próprias ações e
101
redefinindo os rumos.” Deve-se levar em conta as singularidades das crianças, as
características socioculturais do grupo, as várias linguagens e as diferentes formas de
expressão humana, bem como quais os recursos e instrumentos necessários para que as
crianças possam viver em sociedade. Segundo os autores:
Planejar atividades e propor uma boa organização do tempo e do
espaço possibilita que as crianças compreendam, sintam-se seguras e
interfiram nas situações sociais. Planejar atividades não quer dizer cumprir
uma seqüência obrigatória de atos ou controlar todas as ações das crianças.
É uma base necessária, “um chão” para que as ações se realizem. (1995,
p.19)
Nota-se dessa forma, que os professores do município pesquisado estão preocupados
com o processo ensino-aprendizagem de seus alunos, gerando assim maiores possibilidades
de conquista de conteúdos através de planejamentos elaborados semanalmente, possibilitando
uma maior flexibilidade ao conteúdo trabalhado, por ser em curto espaço de tempo.
Em relação à determinação de conteúdos trabalhados em sala de aula, professores da
rede municipal se dividiram em: interesse dos alunos (20,83%), elaborados pelo professor
(20,83%) e elaborados pelo professor em conjunto com a coordenação (20,83%).
Quanto aos professores da rede privada, 13 (52%) professores afirmaram que os
conteúdos trabalhados são determinados pelo professor em conjunto com a coordenação e os
Educadores Musicais pesquisados, e 06 (54,55%) afirmaram escolher conteúdos a serem
trabalhados em conjunto com a coordenação pedagógica da escola. Nota-se que tanto o ensino
municipal quanto o privado prima pelo trabalho conjunto do professor com a coordenação
pedagógica, mostrando que interação entre os profissionais dentro da escola, o que é de
grande importância para um trabalho consistente e consciente, em que o objetivo principal é
tornar a aprendizagem prazerosa e significativa.
102
Os conteúdos mais citados foram: Músicas por 80,28% dos professores
polivalentes da rede municipal de ensino e por 32,72% dos professores polivalentes da rede
privada–; Brincadeiras por 29,27% dos Educadores Musicais da rede privada e 71,83% dos
professores polivalentes da rede municipal. Cabe salientar que ainda foram mencionados:
bandinhas rítmicas, confecção de instrumentos musicais, dramatização, datas comemorativas,
flauta-doce, jogos, objetos sonoros, parlendas, rodas cantadas e rotinas.
Pela designação música, entende-se conteúdos constituídos por músicas cantadas,
com suporte de CDs. As brincadeiras são, geralmente, as que envolvem músicas, mas não são,
necessariamente, voltadas para a Educação Musical. Nesses casos, a música é utilizada como
um suporte para determinada atividade.
Em relação aos jogos e brincadeiras, tem-se percebido que várias áreas do
conhecimento os utilizam como instrumento pedagógico. Além disso, são um dos principais
modos pelos quais a música entra na escola, quando se trata de professores não
especializados.
Além de contribuírem na aquisição de uma “atitude” musical, os jogos
e brincadeiras se mostram também um campo fértil para promover a
incorporação de elementos musicais, já que muitas das brincadeiras
musicais que as crianças praticam, brincam justamente sobre o ritmo, a
forma e o caráter da música, havendo espaço, inclusive na maioria das
vezes, para improvisações. (
SCHROEDER
, 2007, p.5)
O jogo está presente no cotidiano da criança. Por ele, há um aprendizado de estrutura
básica para mudanças das necessidades e da consciência:
103
(...) numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a
formação dos planos da vida real e motivações volitivas, constitui o mais
alto nível de desenvolvimento pré-escolar. (
VIGOTSKI
, 2003, p.135).
O jogo cumpre um importante papel no desenvolvimento físico e
psíquico do ser humano em formação. É por isso que reivindicamos a
importância do jogo nas aulas, apontando sua importância para a
consciência muscular, a coordenação corporal, o domínio do esquema
corporal, a expressão gestual e corporal, domínio do esquema corporal, a
expressão gestual e corporal, dramatização, percepção sensorial em todas
suas variantes, utilização da linguagem em todas suas manifestações,
disciplina às regras estabelecidas e à promoção da criatividade. (
HERRERA
,
2007, p.2)
9
De acordo com Rodhen (2006), onde crianças, existem brinquedos e brincadeiras,
porque as crianças adoram brincar e criar. Através do ato de brincar, elas podem compreender
e aprender a lidar com suas angústias. Sobre essas questões, Garcia e Marques (1992) opinam
sob o ponto de vista sociológico:
As brincadeiras podem ser analisadas em função de sua importância
para o processo de socialização infantil, bem como, para verificar a
interação entre as crianças envolvidas, formas de participação, desempenho
de papéis, nível de aceitação social de cada participante pelo grupo lúdico,
atitudes manifestadas [...] numa perspectiva psicológica, essas brincadeiras
podem ser analisadas em função do significado para cada criança, suas
expectativas, o grau de esforço que realiza para tornar-se competente em
suas ações valorizadas pelo grupo, os papéis (personagens) que desempenha
e como desempenha. (1992, p.12)
9
El juego cumple un importante papel en el desarrollo físico y psíquico del ser humano en formación. Es por ello por lo que
reivindicamos la importancia del juego en las aulas, dado su valor en cuanto a la conciencia muscular, a la coordinación de
los segmentos corporales, al dominio del esquema corporal, a la expresión gestual y corporal, a la dramatización, a la
percepción sensorial en todas sus variantes, a la utilización del lenguaje en toda la riqueza de sus variadas manifestaciones,
a la disciplina de atenerse a unas reglas establecidas y al fomento de la creatividad.” (
HERRERA
, 2007, p.2)
104
Voltando ao questionário, assinale-se que a construção de instrumentos e objetos
sonoros, também, foi mencionada, entendendo-se que a construção é um tipo de atividade que
estimula a curiosidade e o interesse das crianças, contribui para o entendimento referente à
produção do som e de suas qualidades e também estimula a pesquisa, imaginação,
planejamento, organização e criatividade.
Para Teca Alencar Brito (2003), a atividade torna-se mais rica quando se estabelecem
relações com a história dos instrumentos musicais e seu papel no decorrer do tempo, nas
diferentes culturas; sendo assim, as crianças refazem o caminho traçado pelos seres humanos,
na busca de meios para o exercício da expressão musical, promovendo a invenção de novas
possibilidades.
A educadora musical Nicole Jeandot (1990) salienta os benefícios da construção de
instrumentos musicais para o desenvolvimento da criança, pois inúmeros são os instrumentos
que podem ser construídos dessa forma, contando ou não com a ajuda do adulto.
A utilização de instrumentos construídos por elas [crianças] mesmas
desperta-lhes o desejo de explorá-las musicalmente, isto é, de fazer
experiências para obter todas as sonoridades possíveis. O resultado sonoro,
o prazer da construção também desmistificam o prestígio dos instrumentos
prontos, muitas vezes difíceis de adquirir. ( 1990, p.30)
Outro conteúdo mencionado no questionário foi a utilização da flauta-doce. Muitos
autores ligados ao ensino/aprendizagem de música acreditam que esse instrumento possa
contribuir para o aprendizado teórico das aulas de Educação Musical, ou seja, para tornar
mais concreto para os alunos o trabalho teórico musical que venha a ser realizado no contexto
da Educação Infantil.
Weiland e Valente (2007) defendem a idéia segundo a qual a flauta doce é um
instrumento muito adequado para que o aluno alcance a operatividade do pensamento
105
musical, dando-lhe oportunidade de retirar dessa experiência o conhecimento necessário e
colocá-lo a serviço dos aspectos abstratos da educação musical.
Para Suzigan e Suzigan (2003, p.26), a flauta doce é um instrumento de fácil
aquisição, adequado às classes de pré-escola e primeiro grau. É indicado no aprendizado
escolar, porque na flauta é preciso construir as notas pelo controle do sopro e da digitação
correta e sensível dos dedos, sendo que essa construção dos sons propicia o desenvolvimento
da percepção auditiva. Cabe ressaltar que o uso da flauta na Educação Musical, caracteriza-se
como parte do processo de musicalização e não como uma simples prática instrumental.
A flauta tem um papel importante, assim como o canto, na formação
de repertório e principalmente a percepção melódica e harmônica. [...] Na
construção das notas, através da flauta e do canto, colocamos em ação todo
o desenvolvimento da percepção auditiva e da memória musical das
crianças – “tem-se que pensar no som, antes de tocá-la”. ( 2003, p.26)
Notou-se em relação à execução vocal que os docentes tanto da rede municipal
quanto da rede privada trabalham com rodas cantadas e parlendas; muitas vezes o canto tem a
função de orientar tarefas que fazem parte da rotina da Educação Infantil. Dessa forma, o
canto contribui para o “funcionamento do cotidiano escolar, controlando, limitando e
preenchendo, muitas vezes com prazer, os tempos, espaços e necessidades da instituição”
(
TOURINHO
, 1993, p.100). Em análise dos currículos oficiais de música de diferentes Estados
brasileiros, Fernandes observa que, apesar da execução vocal estar presente em quase todos os
currículos por ele analisados, o mesmo não acontece com a técnica. “O parâmetro mais
carente foi a técnica, principalmente a vocal. Isso comprova que o canto está presente em
quase todos os documentos, mas sem obrigações técnicas.” (
FERNANDES
, 2004, p.82)
Essas afirmações de Fernandes são corroboradas por Irene Tourinho:
106
[...] parcialmente explicado pelo tipo de formação que se oferece aos
professores. Geralmente, pensa-se o canto apenas como uma atividade em
si, sem concebê-lo como um meio para a compreensão mais ampla de
conceitos musicais e sem analisá-lo como uma ação poderosa que serve a
fins variados e contrastantes. (1993, p.95)
Em Fuks (1993) e Souza et al. (2002), também, foram constatadas essas funções para
o canto, mas isso não parece ser uma característica exclusiva da educação infantil, pois é,
também, observada nos mais diferentes níveis de ensino. Para Fuks (1993, p.143), “apesar de
ser muito repetido, [o canto] nem sempre recebe os cuidados específicos”.
Nota-se que a Secretaria do município de Indaiatuba exerce grande influência nos
conteúdos trabalhados na sala de aula, porém, não lhe cabe escolher a atividade que deve ser
proposta, ficando por conta do professor de sala a escolha. Cabe salientar que se faz
necessário considerar o universo cultural, os conhecimentos prévios e interesses dos alunos
em questão. Macedo (2002) apresenta propostas de currículo que busquem experiências
alternativas, como, por exemplo, a de se fazer levantamentos da história das famílias dos
alunos, de modo que se possa situar o conteúdo a ser trabalho no contexto que lhe cabe.
Na presente pesquisa, os docentes da rede privada e municipal foram questionados
em relação à importância da presença do Educador Musical em sala de aula. Pelas respostas
dadas, constatou-se que 95,83% dos professores polivalentes da rede municipal e 100% dos
professores polivalentes da rede privada acreditam na sua importância do Educador Musical
no contexto escolar.
De acordo com a professora A da rede privada:
Sim. Aula específica de música é muito importante pois desenvolve a
oralidade, auxilia na escrita, incentiva o desenvolvimento da coordenação motora
ampla e desenvolve a criatividade e a afetividade.
107
Observa-se, nestas palavras, que o professor citado acredita na contribuição que a
música pode proporcionar à aprendizagem da criança em sala de aula, podendo exercer
também um paralelo com outras disciplinas a serem estudadas.
Professor F:
Sim. É uma forma de enriquecer mais as aulas além de estar contemplado
nos Parâmetros Curriculares da Educação Infantil.
Nota-se, nesta resposta, que o professor em questão conhece a proposta de música
dos Parâmetros Curriculares, porém não citou os Referenciais Curriculares, que são
específicos para a Educação Infantil, área em que atua como educadora. Mas o referido
professor mostrou-se informado em relação aos conteúdos musicais, pois esses documentos
oficiais apresentam propostas claras a respeito do que pode ser trabalhado em sala de aula.
Professor H da rede privada:
Sim, quando a escola oferece cursos fora do horário de aula, pois o tempo
é curto e não seria possível passar outras atividades, inclusive a música.
Percebe-se que este professor está preocupado com o pouco tempo que possui para
aplicar suas atividades relacionadas com os conteúdos que cabem ser seguidos na Educação
Infantil, porém quer que a música esteja presente, em um horário fora das atividades de sala.
Dessa forma, a música seria excluída do contexto de sala de aula, e passaria a atuar como uma
oficina presente dentro dos espaços escolares. Sendo assim, ela perderia o intuito de estar
presente na grade horária das disciplinas da Educação Infantil.
108
Professor E da rede municipal:
Sim, pelo fato de esses profissionais poderem, com mais propriedade,
auxiliar as crianças na descoberta de novas possibilidades sonoras e rítmicas do
próprio corpo e dos materiais à sua volta.
Nota-se que este professor demonstra saber alguns conteúdos a serem trabalhados em
música e tem uma visão ampla da importância do educador musical dentro da sala de aula.
Embora o professor polivalente possa trabalhar com conteúdos musicais em sala de aula,
tratando-se de questões de níveis mais aprofundados, somente um professor específico da área
poderá atuar com as crianças de forma efetiva, o que, aliás, está de acordo com a opinião de
Fonterrada, a seguir citada:
No entanto, embora o professor não músico possa dar conta de uma
série de atividades ligadas á música, outras questões são específicas do
professor especialista, e é ele quem, afinal, deverá tomar as rédeas do
processo educativo; é o caso da leitura musical, da organização de grupos
instrumentais e vocais e da exploração sonora seguida de atividades de
criação. (2005, p.257)
Professor A da rede municipal:
Considero importantíssimo que este profissional seja integrado ao corpo
docente da escola pois acredito que o trabalho com música, além de ser muito
prazeroso, desenvolve inúmeras habilidades nas crianças e possibilita ricas
experiências de aprendizagem.
109
De acordo com a fala do profissional citado, nota-se que ele espreocupado com a
integração dos professores e das disciplinas dentro da escola, pois assim poderá haver
interação entre diversos conteúdos a serem estudados, proporcionando uma linha norteadora
de aprendizagem, e não somente atividades e conteúdos isolados, desprovidos de significado.
Os Educadores Musicais pesquisados pertencentes à rede privada de ensino, também,
se manifestaram em relação à importância do Educador Musical no contexto escolar. Cabe
apresentar a idéia do professor A:
Claro! Ouvir sica, aprender uma canção, brincar de roda, realizar
brinquedos rítmicos, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o
gosto pela atividade musical, além de propiciar a vivência de elementos estruturais
dessa linguagem.
Professor K:
Sim. Somente um profissional da área da Educação Musical poderá avaliar a
afinação das crianças, realizar um bom trabalho de percepção auditiva, alfabetizar
musicalmente... Assim como as escolas normalmente escolhem profissionais das
áreas de Inglês, Educação Física etc., para cada matéria específica.
Nota-se nos dois comentários apresentados que os Educadores Musicais entendem
que somente o profissional da área podeelaborar um trabalho musical mais específico com
as crianças, podendo, dessa maneira, atingir com mais facilidade os objetivos e metas
propostos na disciplina. Professores polivalentes municipais e educadores musicais de escolas
privadas parecem pensar da mesma forma, mostrando que estão preocupados com o ensino de
qualidade e visando à melhoria das condições de aprendizagens dos alunos em sala de aula.
110
Esses profissionais também estão preocupados com a utilização de livros didáticos
para fundamentar as aulas de música e, até mesmo, trazem sugestões de atividades a serem
trabalhadas. Dentre alguns autores citados estão Thelma Chan,
10
Josette Silveira Mello
Feres,
11
Maria Zeí e Márcia Visconti,
12
entre outros. Esses livros didáticos fazem parte de
coleções de arte-educação.
Quanto à utilização de outros recursos para as aulas, foram citados: Internet, vídeos,
rádio, fantoches, instrumentos musicais de sucata, brinquedos, bandinha rítmica, CD, DVD,
entre outros.
Os instrumentos de sucata foram citados por todos professores, inclusive os
educadores musicais, porém, não devem ser desconsideradas as limitações desses materiais.
Beyer (2001) destaca que uma das crenças referente às práticas da Educação Infantil é a de
que, “para a criança pequena, qualquer coisa serve”. Sendo assim, “passa-se a aceitar,
portanto, o uso de instrumentos de plástico (que nem sequer produzem sons, apenas
representam os instrumentos dos adultos), ou se compram instrumentos em lojas de R$ 1,99,
que possuem o som desafinado, abafado” (p.49).
Tourinho destaca que “a carência ou s condições em que encontramos os
instrumentos musicais nas escolas, explicam, em parte, a ausência das experiências de
execução” (1993a, p. 102).
Zabalba salienta que:
Quando entrarmos em uma sala de aula de Educação Infantil
encontraremos, com toda certeza, folhas de papel e lápis, desenhos e
lâminas com letras e números. O que talvez seja menos provável encontrar,
pelo menos em todas as escolas, é pintura e pincéis, barros, instrumentos
musicais e lâminas de obras de arte. É justamente isso o que podemos tentar
modificar. (1998, p.270)
10
CHAN
, op.cit., 2004 ;1990; 1987
a;1987b [Nota3].
11
FERES
, op.cit.,1989[Nota6].
12
BIAGIONE
;
GOMES
;
VISCONTI
, op.cit., 1998 [Nota7].
111
É importante a utilização de materiais que gerem um ensino de qualidade,
principalmente quando se consideram as artes como componente obrigatório na formação dos
alunos.
Em relação à preparação de apresentações musicais em datas comemorativas, 88%
dos professores polivalentes da rede privada pesquisados, 50,55% dos polivalentes municipais
e 90,9% dos educadores musicais afirmaram que é hábito a preparação desse tipo de
apresentação. A seguir, alguns comentários dos Educadores Musicais:
Sim, pois é uma forma de trazer para a criança a importância das datas
comemorativas, o que significam e ajuda na memorização, além da socialização,
integração para com os pais e os outros colegas. (Professor F)
Sim. Normalmente é um prazer para as crianças, apresentar o resultado de
um trabalho realizado em aula para as pessoas que ela mais ama e que irão vê-las
naquele dia especial! A apresentação é um exercício de concentração, respeito ao
próximo,... Além da criança realizar a sua apresentação ela tem a oportunidade de
ver e ouvir outros grupos. (Professor K)
Alguns comentários oportunos dos professores polivalentes da rede privada:
Sim. Porém acredito que é uma restrita forma de trabalhar a linguagem
musical uma vez que ela é um excelente meio de expressão, de trabalho com a auto-
estima e integração social. (Professor F)
Sim, porque além de aprenderem (memorizar) a letra da música eles
sempre trabalham a coordenação motora que vem acompanhada com a
desinibição, a criatividade do aluno. (Professor K)
112
Alguns autores, como Mendes e Cunha (2001), Brito (2003) e Penna e Melo (2006),
apontam para outra direção, no que se refere às práticas de preparação de apresentações
musicais em datas comemorativas. Para Mendes e Cunha (2001) a música apresenta-se na
escola de diversas maneiras, dentre elas como forma de preparativos para festas.
Nas escolas, a música desempenha vários e importantes papéis,
mesmo quando não trabalhada por um professor especialista. Ela é bastante
utilizada, por exemplo, nos preparativos para festas, quando passa a ter
papel de destaque como cartão de visitas do professor e de seu trabalho.
(2001, p.84)
Para Brito (2003), as apresentações musicais de certa forma reproduzem modelos,
estratégias, técnicas e procedimentos, que excluem a criação Dessa forma, as crianças são
trabalhadas de forma mecanizada, pois muitas das apresentações utilizam-se de gestos
corporais estereotipados que o acrescentam absolutamente nada no aprendizado musical da
criança.
“Precisamos ensaiar a música do Dia das Mães”, dizia a professora,
preocupada mais em cumprir seu calendário de eventos do que em fazer
música com as crianças. Enquanto isso, explorar possibilidades de
expressão vocal, corporal ou instrumental e pesquisar, inventar, escutar e
pensar a música ficavam em segundo plano ou, muitas vezes, em plano
nenhum. (2003, p.51)
É comum verificar-se a tendência a culpar, muitas vezes, o professor pela preparação
dessas apresentações, mas cabe ressaltar que as escolas contratam os professores
especializados já com o intuito de ter em seu corpo docente alguém que prepare apresentações
em festas do calendário escolar. Muitas vezes também, a Música é tratada pelos proprietários
da escola como uma atividade “a mais” na sua grade horária, tornando a mensalidade escolar
mais cara e até mesmo como uma propaganda para seu estabelecimento.
113
De acordo com uma pesquisa realizada em escolas municipais de Campina Grande
PB, Penna e Melo (2006) observaram que o trabalho com música restringia-se a decorar letra,
seguir o ritmo e dançar, do modo indicado pela professora, revelando “uma concepção
modelar e padronizada de ensino: os professores sempre determinam o que e como fazer,
cabendo aos alunos realizar a tarefa proposta todos do mesmo modo e ao mesmo tempo.”
(
ALMEIDA
, 2001, p.22, apud. Penna e Melo, 2006)
Nota-se, dessa forma, a preocupação de diversos autores em relação à falta de
criatividade que caracteriza as apresentações musicais tanto no que se refere à ação dos
professores, quanto à dos alunos.
Quando questionados em relação ao desenvolvimento de projetos em sala de aula,
80% dos polivalentes da rede privada, 72,22% dos polivalentes da rede municipal e 90,9%
dos Educadores Musicais afirmaram trabalhar com eles. Na visão dos docentes pesquisados, a
adoção dessa metodologia colabora para o desenvolvimento da interdisciplinaridade.
Projeto não é um plano de trabalho ou um conjunto de atividades bem organizadas,
mas uma proposta de intervenção pedagógica que dá à atividade de aprender um sentido novo,
em que as necessidades de aprendizagem são tantas, como de resolver situações
problemáticas, gerando situações de aprendizagem reais e diversificadas, possibilitando que
os alunos construam sua autonomia e seu compromisso com o social, formando-se como
sujeitos culturais.
Os Projetos de Trabalho contribuem para uma resignificação dos
espaços de aprendizagem de tal forma que eles se voltem para a formação
de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes. (
HERNANDEZ
,
VENTURA
,
1998,
P
.
98)
114
A Pedagogia de Projetos se coloca como uma das expressões de concepção
globalizante, pois permite aos alunos analisar os problemas, as situações e os acontecimentos
dentro de um contexto e em sua globalidade, utilizando, para isso, os conhecimentos presentes
nas disciplinas e sua experiência sociocultural. Não se organizam projetos em detrimento dos
conteúdos das disciplinas. O seu desenvolvimento tem por objetivo resolver questões
relevantes para o grupo, e gera necessidades de aprendizagem. Nesse processo, os alunos irão
se defrontar com os conteúdos das diversas disciplinas, entendidos como instrumentos
culturais valiosos para a compreensão da realidade. Sendo assim, tende-se a evitar que os
alunos entrem em contato com conteúdos disciplinares unicamente a partir de conceitos
abstratos e teóricos, mas atribui-lhes sentido e abre oportunidades de vivência. Com isso, os
conteúdos passam a ganhar significado, pelas experiências sociais dos alunos envolvidos no
projeto. Desse modo, ocorrem mudanças na forma de selecionar e dar seqüência aos
conteúdos disciplinares, pautados, em geral, em uma concepção etapista e cumulativa, que
determina que um conteúdo deva ser “vencido” para, então, outro ser “apresentado” ao
aluno.
Acrescentamos a essa metodologia uma reflexão sobre a realidade
social, orientando os Projetos de Trabalho para uma reflexão sobre as
condições de vida da comunidade que o grupo faz parte, analisando-as em
relação a um contexto sócio-político maior e elaborando propostas de
intervenção que visem transformação social. (
FREIRE
, 2002)
Dessa forma, é preciso que os alunos se apropriem dos novos conteúdos e que o
professor faça suas intervenções no sentido de criar ações para que a apropriação se faça de
forma significativa, considerando-se as experiências e conhecimentos prévios do aluno, o que
é propiciado pela metodologia de projetos.
115
Voltando às respostas ao questionário aplicado, destaque-se que duas das questões
apresentadas aos educadores musicais referem-se ao que entendem por Educação Musical e
qual sua contribuição para a criança. Adiante serão salientadas duas respostas dos professores
H/I e K , respectivamente, a essa questão.
Acredito que a Educação Musical contribua no desenvolvimento motor global
da criança desenvolvendo também o prazer de ouvir e fazer música a partir das
condições apresentadas à ela (criança) para que possa relacionar os sons que a
cerca no dia-a-dia com a música que, na realidade, nada mais é do que sons
harmônicos e rítmicos relativamente combinados.
A primeira e mais importante tarefa é desenvolver o gosto pela música,
ensinar para as crianças a beleza e o valor das nossas canções folclóricas, para
que essas canções não se percam, pois muitos pais hoje em dia não cantam mais
para os seus filhos. Possibilitar que as crianças conheçam músicas populares e
eruditas sem preconceito de uma ou outra. Alfabetizar musicalmente, ensinando a
escrita musical.
Nota-se nas respostas que os professores parecem associar a Educação Musical com
o aprendizado de canções folclóricas e a alfabetização musical, sendo que a Educação
Musical envolve um contexto muito mais amplo do que a restrição a cantar e alfabetizar
musicalmente. O RCN (1998b) contempla a linguagem musical com três características
próprias, como: produção, apreciação e reflexão. Percebe-se que nos contextos escolares tem-
se trabalhado somente com a produção e muito pouco com a apreciação e a reflexão, que
ficam quase esquecidas. Cabe ao professor articular de forma clara e efetiva as três
características citadas nos planejamentos e projetos escolares desenvolvidos, para que o
trabalho se torne mais concreto e prazeroso, visando promover o desenvolvimento integral da
criança.
Em relação à contribuição da Educação Musical para a criança, cabe analisar duas
respostas dos professores G e H/I, respectivamente:
116
A Educação Musical é importante para a formação do ser como parte
integrante do seu desenvolvimento, pois trabalha de forma indireta o raciocínio
lógico, a coordenação motora, a interpretação, assim sendo estamos ajudando a
formar alunos mais sensíveis e com um desenvolvimento lógico melhor.
Contribui na estimulação do canto e da fala (no caso dos bebês que estão
começando à se comunicar através da fala); contribui ainda, com a concentração,
raciocínio, imaginação, respeito de regras e limites, e a musicalidade em geral:
sensibilidade, percepção auditiva, psicomotricidade, senso rítmico e a
sociabilidade.
Hentschke e Del Bem (2003) consideram valorosa a capacidade de compreender e
vivenciar música, uma das várias atividades humanas como uma dimensão fundamental da
cultura, algo que permeia a vida dos alunos, tanto na escola quanto fora dela, seja tocando um
instrumento ou cantando, seja assistindo a apresentações musicais, comprando e ouvindo
CDs, discos, fitas, ou ouvindo música no rádio, na Internet, nos filmes e na televisão. Elas
ainda ressaltam que buscar o desenvolvimento da linguagem musical ou da capacidade
musical dos seres humanos o exclui, necessariamente, tratá-la como meio para desenvolver
outras capacidades e competências gerais, consideradas necessárias à atuação dos alunos no
mundo, período posterior à época escolar.
Borges (2006) salienta que a música é importante para a formação do educando,
defendendo a necessidade de proporcionar-lhe educação estética que busque, também na
imagem sonora, uma chave para a compreensão da realidade artística que nos é dada em
determinado momento histórico. A música é linguagem simbólica corrente no mundo atual,
veiculando idéias e conceitos, vendendo produtos e, mesmo que os autores destas músicas não
o saibam, difundindo ideologias, daí a importância de sua presença no âmbito escolar.
Também é importante na escola, pois comprovadamente realiza uma interação com o
117
desenvolvimento da linguagem e com o desenvolvimento sensório-motor e psicossocial das
crianças e jovens envolvidos.
Segundo o RCN (1998, p.49), o trabalho com música é um meio de expressão e
forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentem
necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da
expressão, do equilíbrio, da auto-estima e do autoconhecimento, além de poderoso meio de
integração social.
Portanto, sabe-se da importância de o professor estar preparado para ministrar sua
disciplina. Ele podeelaborar planos e projetos integradores com objetivos bem-definidos e
métodos de desenvolvimento altamente efetivos para um bom desempenho da parte do
professor e, também, do aluno, pois assim tornará sua aprendizagem mais prazerosa e
significativa.
118
3
A
M
ÚSICA
E
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A
E
SCOLA
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E
A
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DUCAÇÃO
I
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UNICIPAL
N
A
V
ISÃO
D
E
U
M
P
ESQUISADOR
119
O conhecimento não se constitui em cópia da realidade,
mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação,
significação e ressignificação. (BRASIL,1998a, p.22)
Neste capítulo, apresentam-se os resultados da pesquisa a partir da metodologia
adotada para a obtenção de dados complementares aos trazidos pelo survey realizado nas
escolas de educação infantil públicas e particulares de Indaiatuba, descritas no capítulo 2 da
presente Dissertação. Neste texto, mostrar-se-á a organização dos espaços da escola e, em
seguida, a reflexão realizada a partir das aulas assistidas. Além disso, discute-se a música está
ou não inserida na sala de aula na Escola de Educação Infantil observada e, em caso positivo,
sua relevância no contexto geral dos demais componentes curriculares que constituem o
programa desenvolvido pela escola para essa faixa etária, a partir da análise dos conteúdos
específicos da área de música e da maneira como foi trabalhada no período da observação.
3.1.
M
ETODOLOGIA DA PESQUISA
-
OBSERVAÇÃO NÃO
-
PARTICIPANTE
Para a realização da coleta de dados que permitisse melhor compreensão da
realidade, utilizou-se o método de observação não-participante. Para Minayo (1994, p.35) a
observação é uma forma de complementar a captação de realidade empírica. A autora, ainda,
acrescenta que a observação na modalidade não-participante deixa transparecer, tanto para o
observador, quanto para o grupo/sujeitos da pesquisa, que a relação estabelecida entre partes é
meramente de campo. No entanto, a participação tende a ser mais profunda do que a obtida
em outras metodologias, devido à presença do pesquisador-observador em estado de
observação informal, que lhe permite acompanhar a vivência dos fatos mais relevantes pelos
sujeitos pesquisados e estar a par das práticas cotidianas. Lakatos e Marconi (1985, p.171)
120
afirma que, na observação o-participante, o pesquisador toma contato com a comunidade,
grupo ou realidade estudada, sem se integrar a ela, presencia o fato, mas não participa dele e
não se deixa envolver pelas situações. Além do que foi dito, os autores ressaltam que, com
esse tipo de conduta, não se quer dizer que a observação não seja consciente, dirigida, ou
ordenada para um fim determinado, mas que o procedimento tem caráter sistemático. Para Gil
(1991, p.104), a observação apresenta como principal vantagem, em relação a outras técnicas,
a de que os fatos são percebidos diretamente pelo pesquisador, sem que haja qualquer
intermediação.
3.1.1
O
S PRIMEIROS CONTATOS COM A
S
ECRETARIA DE
E
DUCAÇÃO
Com o desenrolar da análise das respostas aos questionários enviados às escolas
municipais e privadas da cidade estudada surgiu o interesse da pesquisadora em observar uma
sala de aula infantil para que pudesse analisar a maneira como era direcionado o trabalho de
música em sala de aula, tendo em vista o resultado positivo desse trabalho, como fora exposto
pelos professores polivalentes das redes municipais e privadas, durante a aplicação dos
questionários. Sendo assim, a pesquisadora optou por observar uma sala de aula de Educação
Infantil de uma escola da rede municipal, para que desse procedimento decorresse a análise da
situação observada. O passo seguinte foi entrar em contato com a Secretaria da Educação do
município para que pudesse obter autorização para a observação. A pesquisadora, munida da
documentação necessária, procurou diretamente a senhora Maria Helena da Costa e Silva,
supervisora educacional que, talvez, em razão dos contatos anteriores referentes a esta
pesquisa, mostrou-se aberta a colaborar com a mesma.
A pesquisadora tinha expectativa de ser encaminhada para a escola que tivesse um
trabalho de música consistente em sala de aula, segundo a visão das autoridades educacionais
121
locais: coordenadores, orientadores e supervisores escolares. No entanto, o que ocorreu foi
diferente; quando a orientadora educacional citada foi questionada a respeito de qual escola
teria a sica inserida no currículo de maneira mais efetiva, em sua opinião, ela afirmou ser
impossível dar essa resposta, pois a disciplina Música não era obrigatória como conteúdo da
Educação Infantil; sendo assim, os professores aplicavam ou o as atividades musicais, de
acordo com seus interesses, o que tornava impossível o controle desse trabalho pela
Secretaria. Dessa maneira, foi sugerido por ela que a pesquisadora observasse uma sala de
aula de uma escola próxima à sua casa. Note-se, nesta resposta que, em vez de sugerir uma
escola em que o trabalho de música se evidenciasse, pelo fato de não haver dados que
permitissem essa indicação, ela procurou ajustar o interesse à comodidade da pesquisadora,
sugerindo que procurasse “uma escola próxima à sua casa”.
Como esse critério foi sugerido pela própria Secretaria de Ensino, a pesquisadora
acatou a sugestão e escolheu como sede de sua pesquisa de observação não-participante a
EMEI “Sinésia Martini”, situada à Praça Votura s/nº no Jardim Pau Preto. A mesma carta que
fora encaminhada a Secretaria foi apresentada pela pesquisadora à Escola escolhida, após ter
sido assinada e carimbada pela autoridade educacional daquele órgão.
As escolas de Educação Infantil do município não têm diretores escolares, mas sim
coordenadores, que se responsabilizam por elas. Essa carta foi entregue à coordenadora
durante um encontro mantido entre ela e a pesquisadora, quando, também, lhe foi explicado o
intuito da observação da sala de aula, lembrando que a identidade das professoras observadas
seria preservada. Cabe ressaltar que a pesquisadora foi muito bem-recebida por todos,
coordenação, professores e funcionários da escola. O período matutino foi escolhido, por
melhor se adequar às possibilidades de horário da pesquisadora.
Nessa escola funcionam os cursos matutino e vespertino, havendo, em cada período,
duas salas de aula. Ressalte-se que outras escolas infantis do município possuem três
122
períodos: matutino, intermediário e vespertino. A coordenadora deixou que a escolha da sala
na qual seria feita a observação ficasse a critério da pesquisadora, porém, no terceiro dia, a
professora de sala da classe observada pediu para que a observadora fosse, também, ao Nível
III, devido à insistência da professora daquela classe.
Essa pesquisa foi realizada de 21/03/2007 a 30/05/2007, num total de nove dias,
lembrando-se que a observadora ia à escola uma vez por semana, no horário das 07:30h às
10:42h, no período matutino. Foram 05 aulas observadas no vel II e 04 aulas observadas no
Nível III.
3.1.2
E
STRUTURA FÍSICA DA ESCOLA OBSERVADA
A EMEI “Profª Sinésia Martini” está situada em região nobre da cidade, e conta com
duas salas de aula, uma cozinha, uma lavanderia, uma sala de jogos, dois banheiros infantis,
masculino e feminino, equipados com vasos sanitários e pias com alturas reduzidas, para uso
infantil, para que as crianças tenham maior conforto na hora da higiene pessoal, além de uma
secretaria, um banheiro para adultos e outro para portadores de necessidades especiais. A
escola é bem arborizada e está no meio de uma praça pública, que tem um parquinho para as
crianças da cidade brincarem.
FOTOGRAFIA 10 - Imagem externa da EMEI Profª Sinésia Martini
(Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Indaiatuba)
123
FOTOGRAFIA 11 - Imagem externa da EMEI Profª Sinésia Martini
(Fonte: Karen Ildete Stahl Soler)
FOTOGRAFIA 12 – Parquinho existente em frente à escola
(Fonte: Karen Ildete Stahl Soler)
FOTOGRAFIA 13 – Parquinho existente em frente à escola
(Fonte: Karen Ildete Stahl Soler)
124
FOTOGRAFIA 14 – Praça em que a escola está situada
(Fonte: Karen Ildete Stahl Soler)
FOTOGRAFIA 15 – Praça em que a escola está situada
(Fonte: Karen Ildete Stahl Soler)
O espaço físico é muito importante para as crianças da Educação Infantil; acredita-se
que ambientes variados podem favorecer diferentes tipos de interações e que o professor tem
papel importante como organizador dos espaços onde ocorre o processo educacional. De
acordo com os Parâmetros Básicos de Infra-Estrutura para Instituições de Educação Infantil,
publicado pelo MEC (2006), “o espaço físico não apenas contribui para a realização da
educação, mas é em si uma forma silenciosa de educar.”
Cabe salientar a necessidade de o professor estar preocupado com a adequação do
espaço dentro da sala de aula, organizar a partir do que sabe que é bom e importante para o
desenvolvimento de todos e incorporar os valores culturais das famílias em sua proposta
pedagógica, fazendo-o de modo que as crianças possam re-significá-los e transformá-los.
125
Para o Mec (2006) “A criança pode e deve propor, recriar e explorar o ambiente, modificando
o que foi planejado.”
Dessa forma, portanto, o espaço físico deve contemplar os diferentes olhares sobre o
espaço, promovendo a construção da criatividade, aprendizagens, descobertas e aventuras,
para facilitar a interação das crianças no ambiente escolar. Pela disposição dos diferentes
espaços na escola observada, pode-se ver que essas preocupações do MEC são levadas em
consideração e as crianças podem desenvolver seus trabalhos em ambientes adequados e bem
organizados.
3.2
D
ISCUSSÃO DAS AULAS DAS PROFESSORAS
M
ARIA E
J
OANA
A Educação Infantil é considerada a primeira etapa da educação básica, tendo como
finalidade o desenvolvimento integral da criança. De acordo com o Brasil (1998a), a
pouco tempo, a Educação Infantil era vista como uma entidade assistencialista, em que as
mães deixavam seus filhos para trabalhar, ou, para sanar supostas faltas e carências das
crianças e famílias, atuando, assim, de forma compensatória.
Embora exista um consenso de que a educação das crianças seja a promoção da
integração dos aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais, e que a criança seja
considerada um todo, ainda existem divergências a respeito de como trabalhar cada um desses
aspectos. Sabe-se que no processo de construção do conhecimento, as crianças utilizam as
mais diferentes linguagens e exercem sua capacidade de terem idéias e apresentarem
hipóteses originais a respeito daquilo que buscam desvendar. Sendo assim, as crianças
constroem o próprio conhecimento, a partir das interações que estabelecem com as outras
pessoas e com o meio em que vivem.
126
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma
competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe trabalhar com
conteúdos de naturezas diversas, que abrangem, desde cuidados básicos essenciais, até
conhecimentos específicos, provenientes das diversas áreas do conhecimento. Este caráter
polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante ampla do profissional que deve se
tornar, ele também, um aprendiz, refletindo constantemente sobre sua prática, debatendo com
seus pares, dialogando com as famílias e a comunidade e buscando informações necessárias
para o trabalho que desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão acerca da prática
direta com as crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação.
Para o Referencial Curricular Nacional (1998a), cabe à escola e ao professor criar
condições de desenvolvimento às crianças atendidas, embora estas se desenvolvam de
maneira diferente umas das outras; para isso, é importante criar condições para que alunos
aperfeiçoem essas capacidades, e construam as ordens física, afetiva, cognitiva, ética e
estética, além da relação com as outras pessoas e a integração social, no desenrolar do
processo escolar.
Embora as crianças desenvolvam suas capacidades de maneira
heterogênea, a educação tem por função criar condições para o
desenvolvimento integral de todas as crianças, considerando, também, as
possibilidades de aprendizagem que apresentam nas diferentes faixas
etárias. Para que isso ocorra, faz-se necessário uma atuação que propicia o
desenvolvimento de capacidades envolvendo aquelas de ordem física,
afetiva, cognitiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social.
(
BRASIL
, 1998a, p.47)
Percebe-se que as preocupações explicitadas no Referencial Curricular estão
presentes na coordenação e entre os professores da escola observada.
127
No que se refere às aulas, notou-se que as docentes pesquisadas estavam preocupadas
com a presença da observadora e dessa forma, tentavam conduzir suas atividades da melhor
forma possível; essa atitude de preocupação era, mesmo, esperada pela pesquisadora. Parece
que o fato de abrigarem em sua classe alguém estranho a elas e às crianças poderia gerar
algum desconforto nos sujeitos pesquisados.
No entanto, apesar do incômodo causado pela presença da pesquisadora, foi possível
observar que as professoras seguem algumas rotinas em sala de aula, como, por exemplo, a
distribuição dos crachás, que se dava pela escolha de um responsável pela entrega entre os
alunos, ou, então, pela decisão de que seria a própria professora quem se encarregaria disso.
Esses critérios eram estabelecidos conforme o planejamento do dia, diferindo, as duas classes
observadas, somente em relação ao contexto da distribuição desses crachás.
A professora Maria, do vel II, após a entrega dos crachás, escolhia o ajudante do
dia, fazia as crianças contarem os dias da semana e do mês em que estavam e, ainda, realizava
alguma atividade numérica, relacionada à quantidade de crianças presentes na sala de aula,
deixando clara a intenção de fazer o trabalho de matemática perpassar as atividades simples
do cotidiano escolar.
A professora Joana, do Nível III, apenas entregava os crachás, passando logo para
outra atividade, o relacionada à anterior. Notou-se, dessa forma, que a primeira professora
contextualizava melhor a rotina escolar inicial do que a segunda. Com isso, propiciava aos
alunos um maior entendimento do ato proposto, fazendo-os compreenderem desde o primeiro
momento a maneira pela qual a aula seria direcionada.
É importante destacar que alguns autores, dentre eles Perrenoud, criticam a
sistematização de atividades classificadas como rotinas, caso elas o contribuam para a
formação da criança ou que não dêem seqüência às atividades posteriores, realizadas com a
classe.
128
A maioria das organizações humanas funciona de acordo com rotinas
amplamente desconectadas das suas razões de ser, e é necessário não apenas
competência, mas também energia e, às vezes, coragem para se questionar
constantemente porque se faz o que se faz. (
PERRENOUD
, 2000, p.49)
Em outros dois momentos do período escolar, também, existem rotina: a hora do
lanche e a da escovação de dentes. No primeiro caso, os alunos se posicionam em fila e vão
até o pátio tomar o lanche. Após o lanche, pode ou não haver uma brincadeira livre, ou um
jogo dirigido. Ao retornarem para a sala, pegam as escovas e pastas de dente e vão, em duplas
ou trios, fazer a escovação. Para Barbosa (2000) as rotinas estão presentes em quase todas as
propostas pedagógicas para a Educação Infantil.
Não existem em quase todas as instituições, como também são
muito parecidas independentemente do lugar e do momento histórico em
que sejam executadas. Tal efeito pode ser constatado tanto pelas
observações realizadas nas visitas a diferentes países, como na análise de
várias publicações pedagógicas atuais da Itália, da Suécia, dos EUA e da
Espanha e ainda no cotejo das publicações recentes com algumas mais
antigas. (
BARBOSA
, 2000, p.200)
Para a autora citada, o modo padronizado de elaborar as rotinas procura dissimular as
diferenças, criando um discurso único que o leva em conta questões como gênero, idade,
classe social e culturas. Entretanto, esse discurso, mesmo quando aponta para uma unicidade,
está permeado por diferenças que se expressam de modo peculiar nas diferentes práticas.
Nas rotinas universalizantes, esquece-se de que as crianças são diferentes, nascem e
crescem em profundo diálogo com uma cultura específica. Quando se fala a respeito da
cultura das crianças bem pequenas, pretendem-se destacar os gostos, ações, toques, sons,
129
palavras, canções, luzes, cores, cheiros, mobílias e brinquedos que as circundam, bem como
as formas, e de como tudo isso é significado socialmente, passando a constituir o próprio
modo de ser de cada uma dessas crianças. É no contato, nas experiências que realizam com e
nessas culturas que as crianças vão criando suas concepções, conceitos e idéias acerca de sua
identidade pessoal, do mundo em que vivem e do lugar que nele ocupam. Isso o quer dizer,
contudo, que elas não possam, posteriormente, criticar e transformar a si mesmas e as culturas
nas quais foram educadas.
De acordo com o observado na classe da professora Maria, nota-se que sua rotina
procurava integrar o momento da chegada com as atividades que viriam posteriormente, pois
a professora tinha o cuidado de atrelar todos os conteúdos, tecendo uma espécie de rede
condutora quando o assunto vinha a ser a rotina da sala de aula. Ao contrário, observou-se que
a professora Joana não tinha o mesmo cuidado de atrelar sua rotina aos conteúdos que seriam
trabalhados no decorrer das aulas; a entrega dos crachás de seus alunos se dava de forma
rápida e não mostrava nenhum trabalho pedagógico, pois, simplesmente, o aluno escolhido
para a entrega distribuía os crachás, enquanto as outras crianças estavam iniciando outra
atividade. A professora não fazia, também, nenhum questionamento aos alunos em relação ao
reconhecimento das letras.
No decorrer das aulas observadas, foi possível presenciar as docentes contando
algumas histórias para as crianças. Cabe ressaltar que estas eram contadas sem que se
levantassem contextos anteriores, que poderiam servir de elemento auxiliar para a
compreensão da história, por parte dos alunos. Não havia, também, perguntas e conversas,
que pudessem auxiliar as crianças a se inserirem no universo da história; em um dos
momentos observados, foi possível constatar que a professora escolhera a história em cima da
hora. Chegou-se a essa conclusão por ter ficado claro à observadora que, nem mesmo ela,
sabia do que se tratava e que foi apreendendo o conteúdo da história junto de seus alunos, a
130
partir da escuta da fita K7. Dessa forma, a história se deu de forma descontextualizada, não
havendo interpretação e discussão de algo que poderia ser rico para o aprendizado das
crianças.
Em seguida, com os alunos ainda sentados nas cadeiras formando um
círculo, foram instigados a escolher que história eles gostariam de ouvir,
entre as opções apresentadas: O Gato de Botas e A Fada Pluminha. Foi
feita uma votação e, de acordo com ela, foi escolhido O Gato de Botas. A
partir dessa história, a professora desenvolveu uma atividade de escuta e
interpretação do texto. Ressalte-se que a história era gravada em fita K7 e,
nela, começava-se com música, para depois, ter início a história
contada.Os alunos ficaram bastante interessados quando souberam da
atividade. Percebeu-se que eles gostam de ouvir histórias, porém o seu
tempo de concentração ainda é pequeno. Enquanto ouviam o início da
gravação, em que havia música, eles ficaram extremamente quietos, atentos
à letra e à melodia, o que foi demonstrado pelo fato de que, ao fim da
gravação, todos sabiam cantá-la. No entanto, no decorrer da contação da
história, houve momentos de dispersão por parte dos alunos. Nesses
momentos, a professora precisou interromper a narrativa, para chamar a
atenção das crianças que estavam dispersas e, mesmo, mudar algumas de
lugar, para evitar que elas se agrupassem e, assim, estimulassem o
aumento do nível de dispersão umas das outras. A história teve duração de
dez minutos, mas pode ser constatado que, após cinco minutos, os alunos
não estavam mais atentos, mas sonolentos. Ao findar, a professora fez
alguns questionamentos a respeito da história que seus alunos haviam
ouvido, quando foi possível constatar que poucos deles foram capazes de
interpretar aquilo que ouviram. Por esse motivo, a interpretação ficou por
conta da própria professora, que precisou explicar novamente a história,
para que houvesse melhor entendimento dela pela classe.
Nesse episódio, um fato chamou a atenção: curiosamente, embora as
crianças não soubessem contar a história inteira, as músicas apresentadas
na fita, no decorrer da narração, e ouvidas pelos alunos, haviam sido
aprendidas integralmente, e as crianças demonstraram capacidade para
reproduzi-las adequadamente, respeitando as formas melódicas de maneira
adequada, o que faz pensar que o trabalho musical com crianças seria
131
muito bem-vindo, devido ao interesse por elas manifestado, e como uma das
formas possíveis de melhorar seu tempo de concentração.
Cabe ressaltar que, na atividade observada, a professora discutiu
o texto após a escuta, não iniciando nenhuma conversa anterior a respeito
do que seria ouvido. Foi possível perceber, também, que ela própria não
havia se preparado anteriormente escutando a fita, pois pareceu estar
muito atenta à história à medida que esta se desenrolava, como se também
não soubesse o que ia acontecer e, talvez, para poder discuti-la
posteriormente com a classe. Os alunos foram minimamente questionados
por ela em relação à sua experiência pessoal de escuta. Além disso, não
foram oferecidos pela professora indícios a respeito de como os alunos
poderiam transpor a experiência para o seu cotidiano, como, por exemplo:
“alguém tem gato em casa?” Ao contrário, ao findar a escuta da fita com a
história, a professora, simplesmente, perguntou: “Qual a parte da história
que gostou mais?”. Observou-se que o aluno que mais atenção prestou deu
sua resposta primeiramente, e os outros simplesmente imitaram sua
resposta, pois aparentavam não saber o que responder. (
APÊNDICE
A.
Diário de Observação. Aula do dia 21 de março de 2007)
13
Através do trecho transcrito acima, cabe salientar a importância da elaboração do
planejamento para as aulas, pois foi notável que a professora citada não o havia feito; ela
procurou fazer uma atividade a ser desenvolvida momentaneamente, sem que preparasse, com
os seus alunos, nenhuma contextualização. Interessante apontar que a Secretaria Municipal de
Educação mostra-se preocupada com a preparação do professor, pois aponta em sua proposta
pedagógica a importância do professor estar preparado para as atividades que serão propostas
no dia-a-dia da sala de aula mas, não obstante tal fato, ao menos na aula observada, isso não
se deu, o que é pena, pois trata-se de uma atividade essencial para o bom desempenho das
atividades das classes de educação infantil.
13
Optou-se pelo itálico mantendo o recuo comum à citação, no Diário de Observação.
132
O comprometimento desses profissionais exige empenho,
respeito, acompanhamento direto aos alunos, com o uso de
instrumentos essenciais, como a Observação, o Registro, o
Planejamento e a Avaliação, que nortearão a reflexão sobre a prática
educativa. (
INDAIATUBA
, 2004, p.36)
A autora Lucena (2007) aponta para a necessidade de que o planejamento seja algo
muito bem pensado, e vise à realidade do aluno, colaborando para sua aprendizagem.
O plano de ensino é um conjunto de ações previstas para se atingir um
determinado fim pretendido pelo professor. É considerado muito importante
para evitar a improvisação, contribuindo para a eficiência do ensino. O
ponto de partida para a sua construção é o conhecimento da realidade do
aluno, para, determinar objetivos, conteúdos, procedimentos, recursos
didáticos e avaliação. É tido como fator determinante para promover um
bom trabalho pedagógico. (
LUCENA
, 2007, p.67)
Freire (2002) aponta a necessidade do educador pesquisador, pois dessa forma ele
estará melhor preparado para o trabalho em sala e, também, para possíveis adequações em
relação ao plano de aula, lembrando que não há planejamento sem pesquisa e vice-versa.
Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e
me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou
anunciar a novidade. (
FREIRE
, 2002, p.32
)
Bellochio (2003) acredita que os professores precisam ter uma formação sólida e
consistente, para poder compreender o aluno e, dessa forma, preparar atividades
significativas.
133
Enfim, penso na formação competente, ampla e flexibilizada do
professor dos anos iniciais de escolarização em cursos superiores, em
atividades integradas de ensino, pesquisa e extensão. Essa formação deve
ser constituída por uma gama de conhecimentos, levadas em conta as
experiências de vida de cada um, que possibilitem ao futuro professor o
pleno exercício de sua profissão. Por certo é uma tarefa que requer reflexões
constantes, pela problematização e investigação das ações cotidianas
escolares. Nesse espaço, a formação musical deve ser construída como
possibilidade de formação e de realizações mais condizentes com a
demanda dos alunos. (
BELLOCHIO
, 2003, p.138)
Outra atividade desenvolvida pela professora que não soube explorar a imaginação e
a expressão das crianças, relacionou-se ao outono.
Logo após desenvolver uma atividade de desenho, mas ainda
enquanto as crianças estavam sentadas nas cadeiras com mesinhas, a
professora comentou com os alunos que estavam entrando no outono, e que
essa era a estação das frutas; portanto, ela iria distribuir entre as crianças
três tipos de frutas: laranja, pêra e maçã, para que fossem pintadas com giz
de cera, sendo que a professora determinou as cores. As crianças não
conseguiam pintar dentro dos limites das figuras; porém os alunos
pintaram da maneira que quiseram. Assim que deram o trabalho por
terminado, o devolveram à professora. Nada mais foi comentado a respeito
do tema. Com essa atitude, a professora impediu que as crianças
escolhessem suas cores. As linguagens expressivas – artes plásticas, dança,
música, teatro, são canais de expressão. Quando as atividades são fixadas
de antemão, as crianças deixam de se expressar e não desenvolvem a
iniciativa, ficando sempre a cargo da professora a direção das atividades.
Notou-se que as atividades realizadas até então não tinham ligação
entre si. Até onde foi possível observar, passava-se de um tema para outro,
sem que houvesse um fio condutor e, mesmo, sem que se desse o tempo
necessário para que a criança pudesse ter um certo distanciamento do que
fora trabalhado antes, para, então, mergulhar no que estivesse por vir.
Essa fragmentação dos assuntos, atividades e temas da aula não são
aconselháveis do ponto de vista pedagógico, pois as crianças não
134
conseguem relacionar as coisas entre si, o que dificulta a sua relação com
as coisas a elas apresentadas e impedem que construam seu conhecimento.
(
APÊNDICE
A. Diário de Observação. Aula do dia 21 de março de 2007)
Notou-se que, nesta atividade, a professora simplesmente fez a distribuição de
algumas figuras de frutas, impôs as cores que deveriam ser pintadas e ao seu término não fez
nenhum comentário que pudesse enriquecer o tema trabalhado, e, nem mesmo, se preocupou
em traçar um fio condutor para a atividade seguinte.
Este trabalho foi desenvolvido no mesmo dia de aula da história infantil contada
anteriormente, o que fortalece ainda mais a impressão de que a professora não havia realizado
seu planejamento de forma adequada, tornando sua aula desconexa e sem dar oportunidade
para as crianças criarem e explorarem seus canais de expressão por meio das artes.
Para ilustrar o que foi afirmado, recorre-se a Ferreira e Silva (2001), que comentam
que se o processo artístico não for realizado com o propósito de chegar a um objetivo
específico, oportunidades de aprendizado são perdidas e transformadas em tempo perdido.
Se o processo do fazer artístico não for considerado, perde-se a
oportunidade de observar e interpretar os sinais, os gestos, as palavras, as
singularidades das crianças, transformando um momento importante
constituído de indícios para serem articulados em novas aprendizagens – em
espaço pedagógico perdido. (
FERREIRA
;
SILVA
, 2001, p.149)
Observou-se que poucas foram as propostas de brincadeiras dirigidas com as
crianças. Estas ocorriam somente após o horário do lanche, em poucos minutos, como forma
de recreação, e a maior parte das vezes deram-se de forma livre, ou seja, foram distribuídos
brinquedos às crianças, que ficaram soltas livremente no pátio, para brincarem da forma que
quisessem. Quando as atividades lúdicas foram dirigidas, verificou-se que o passavam de
135
brincadeiras infantis de pular corda ou de bambolê, dentre outras semelhantes. Os trechos
abaixo ilustram a afirmação.
A recreação, após o intervalo, foi com bambolê. As meninas fizeram
ou, pelo menos, tentaram fazer o movimento, porém os meninos os
utilizaram como brincadeira de corrida. Eles giravam o bambo em
para ver até que distância ele iria. Notou-se que, como a brincadeira não
foi dirigida, as crianças ficaram livremente no pátio brincando, o que
tornou aquele espaço bastante agitado, com muitos gritos, correria, até
mesmo chegando a brigas entre os alunos. (
APÊNDICE
A. Diário de
Observação. Aula do dia 28 de março de 2007)
[...] as crianças foram tomar o lanche, que se deu às 08:45 h e constou de
pão com salsicha e suco de laranja. Não houve brincadeira dirigida após o
intervalo; simplesmente, a professora pegou uma caixa com brinquedos da
biblioteca, que continha carrinhos e bonecas, e os distribuiu aos alunos.
Observou-se que, como a brincadeira não fora dirigida, os alunos falavam
muito alto, corriam e pulavam; os meninos se desentenderam, chegando a
se baterem, sendo necessária a intervenção da merendeira. (
APÊNDICE
A.
Diário de Observação. Aula do dia 09 de maio de 2007)
O lanche foi servido às 09:15h e constou de pão com carne desfiada e
suco de tangerina. Após o intervalo, as crianças receberam uma caixa de
brinquedos que estava na biblioteca, e brincaram livremente. (
APÊNDICE
B.
Diário de Observação. Aula do dia 25 de abril de 2007)
Para as crianças exercerem a capacidade de criar, é imprescindível que haja riqueza e
diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas
às brincadeiras ou às aprendizagens que ocorrem por intervenção direta. Ao brincar, os sinais,
os gestos, os objetos e os espaços significam e valem outra coisa, além daquilo que aparentam
ser. O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto
brincam.
136
Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à
realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações
cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de
objetos substitutos. (
BRASIL
, 1998a, p.27)
A brincadeira favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a superar
progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a
interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos.
Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de
constituição infantil. Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que
possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brincam.
É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos
entre as características do papel assumido, suas competências e as relações
que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando
para outras situações. (
BRASIL
, 1998a, p.27)
Sabe-se que, por meio das brincadeiras, os professores podem observar e constituir
uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto, e de cada uma em
particular e, assim, registrar a capacidade de uso da linguagem e de como dispõem os recursos
afetivos e emocionais. Em vista disso, pode-se afirmar que as professoras observadas
perderam muitas oportunidades de fazer esse tipo de análise de seus alunos.
Germes da imaginação criativa, reforça Vygotski, manifestam-se nas
brincadeiras dos animais: assim, manifestam-se ainda mais na vida infantil.
A brincadeira, o jogo, não é uma simples recordação de impressões vividas;
mas uma reelaboração criativa delas, um processo pelo qual a criança
combina entre si os dados da experiência no sentido de construir uma nova
realidade, correspondente às suas curiosidades e necessidades. Todavia,
137
exatamente porque a imaginação trabalha apenas com materiais colhidos na
realidade (e por isso pode ser maior no adulto), é preciso que a criança, para
nutrir sua imaginação e aplicá-la em atividades adequadas que lhe reforçam
as estruturas e alongam os horizontes, possa crescer em um ambiente rico
de impulsos e estímulos, em todas as direções. (
RODARI
, 1982, p.162)
O valor pedagógico intrínseco no brincar tem sido objeto de estudo de vários
estudiosos, dentre eles a importância do ato.
Sendo um legado cultural resultante da seleção coletiva pelas
gerações precedentes, contendo conceitos significativos, simbolismos e
apresentado inúmeras variantes, tais atividades continuam vigentes,
recebendo a preferência das crianças em seus momentos de lazer. Os
conteúdos dessas brincadeiras, ao mesmo tempo lúdicos e formativos,
propiciam o desenvolvimento físico, intelectual e psicossocial, constituindo-
se em elementos de formação da criança para a vida adulta, favorecendo a
prática da ética desde a infância. (
GARCIA
;
MARQUES
, 2001, p.11)
Retomando os questionários respondidos por professores polivalentes da rede
municipal, ressalte-se que 51 professores, o que corresponde a 71,83% dos entrevistados,
afirmaram trabalhar com brincadeiras musicais na sala de aula. Nota-se, porém, que esse
trabalho não foi constatado na escola observada, o que gerou contradição entre o que fora
afirmado no papel e o que foi visto na realidade da escola visitada. As brincadeiras que
utilizavam música, nas duas classes observadas, foram: pular corda, bambolê, além de outras,
que se valiam da música como suporte para o ensino da matemática.
A hora do intervalo chegou e as crianças formaram fila e dirigiram-
se ao pátio para a merenda, que foi servida às 08:45 h: pão com carne
desfiada e suco de tangerina. A atividade de recreação, após o intervalo,
era pular corda. e, desta vez, foi dirigida pela professora que, junto com a
observadora, impulsionou a corda para que os alunos pulassem. Observou-
138
se que poucos alunos conseguiram atender à proposta. Grande parte dos
alunos não foi capaz de pular a corda no ritmo, mantendo a pulsação.
Também foi difícil pular corda cantando, pois não conseguiam coordenar o
movimento ritmado e o canto. Dessa forma, ora faziam uma coisa, ora
outra, não sendo possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo, ao menos
naquele momento. As músicas eram conhecidas das crianças, tais como
Marcha Soldado, ou Cai, cai, balão, entre outras.
(
APÊNDICE
A. Diário de
Observação. Aula do dia 18 de abril de 2007)
Após o intervalo, a professora trouxe para o pátio o rádio e um Cd
que continha gravações de músicas criadas ao computador, e explicou sua
proposta. A sica ia tocar e eles iriam dançar; quando ela parasse a
professora falaria um número, 2,3,4...; então, ao ouvir o número, as
crianças teriam que dar as mãos, formando grupos com igual número de
crianças quanto o que fora anunciado na seqüência numérica. As
crianças estavam muito animadas, embora as músicas fossem suas
conhecidas, como, por exemplo, A dona aranha, ou Formiguinha, dentre
outras descritas acima; as crianças não cantavam junto, não esboçaram
nenhuma letra, e mostravam estar bastante preocupadas com a formação
do grupo seguindo a ordem da professora. Em seguida, esta entregou a
cada uma das crianças um bambolê, dizendo que, quando a música
parasse, eles deveriam colocar o bambolê no chão e sentar dentro. Após o
término dessa atividade, foi feito um trem, em que a professora ia à frente,
fazendo alguns movimentos, ao que os alunos deveriam corresponder,
como: mão para frente, para trás, à direita, ou à esquerda. A próxima
atividade consistia em passar o bambolê pelo corpo, de cima para baixo e,
depois, de baixo para cima. Segundo o ponto de vista da observadora, a
atividade tinha por objetivo desenvolver a lateralidade e, também, no seu
início, alguns conceitos de matemática. (
APÊNDICE
B. Diário de
Observação. Aula do dia 11 de abril de 2007)
Através da observação dos trechos acima, percebe-se que as professoras se utilizaram
da música de forma diferente. Sabe-se que esta atividade é emprestada do teatro e é uma
excelente maneira de trabalhar; além da ordem numérica, utilizada para a matemática, outras,
139
importantes para a música e o desenvolvimento de certas capacidades, como atenção,
concentração, senso de organização, distribuição no espaço, e outras. Dessa forma, a música
não foi trabalhada de maneira convencional, mas cumpriu seus objetivos, na medida em que
se sabe que para fazer sica, é preciso cultivar o senso de organização, o ritmo, o uso do
espaço e a concentração, entre outras.
Na brincadeira de pular corda, a professora não estava preocupada com a parte
musical, mas sim em verificar se as crianças conseguiam pular a corda. A música era utilizada
como um meio para a obtenção de um objetivo que, nesse caso, era o domínio da lateralidade
e da coordenação motora. No outro exemplo citado, a música foi utilizada como suporte para
o trabalho com uma atividade matemática. Neste caso, era fácil perceber que as crianças não
estavam preocupadas com a sica, visto que não cantaram nem uma só frase. Os alunos não
foram encorajados a cantar; aliás, a proposta foi bem clara: as crianças deveriam estar atentas
para o momento em que a música parasse, para formar duplas, trios e outros grupos, de acordo
com o número que a professora dissesse.
Notou-se, ainda, que as crianças não estavam acostumadas com atividades musicais
na escola, pois, mesmo quando o foram solicitadas pela professora, demonstraram que
poderiam cantar, quando foram capazes de entoar as músicas que ouviam tocar no CD. No
entanto, nenhuma das professoras teve essa iniciativa, de estimular as crianças a cantar, o que
faz pensar que, talvez, elas não tivessem o bito de fazer isso. Souza (et al., 2002) constata
que, em algumas instituições, muitas vezes, a música apresenta-se a serviço de outras
atividades, servindo, por exemplo, para ocasiões festivas, ou de auxílio na escrita da língua
portuguesa, além de proporcionar a integração entre os membros de um determinado grupo,
ou contribuir para o desenvolvimento da afetividade entre os alunos.
Para Figueiredo e Macedo (2005) os resultados evidenciados em sua pesquisa
demonstram que as professoras compreendem a música como uma forma auxiliar no
140
desenvolvimento de diversos conteúdos e atitudes. Segundo os autores “esta forma de pensar
em música está diretamente relacionada à falta de formação musical das professoras”. (p.12)
Cabe relatar que no primeiro dia de observação da pesquisadora na escola, a
professora Maria aparentava estar preocupada com o trabalho musical em sala de aula, tendo
em vista que um profissional da área da música estaria dentro da classe. A todo momento, ela
procurava cantar para os alunos, durante as atividades que estavam sendo feitas. Por exemplo:
a chamada foi feita de forma ritmada, e os dias da semana, entoados com uma melodia, que
ela improvisava na hora. A seguir, se encontra a atividade de relaxamento utilizando música
que essa professora fez com os alunos.
Finda a atividade de matemática, a professora espalhou colchonetes
por toda sala, e avisou a todos que aquela seria a hora do relaxamento.
Nesse momento, lhes disse que ouviriam músicas “lindas, gostosas e
maravilhosas”. Ela se referia a um CD de música orquestral, que o foi
possível à observadora identificar, pois a professora não tinha a capa do
CD. Ela informou que o encontrou em sua casa, por acaso, junto com suas
coisas. Dessa forma, trouxe somente o CD, não sabendo dar informações a
respeito dos intérpretes, da gravação e da ficha técnica dos envolvidos.
Todos os alunos deitaram-se nos colchonetes com os olhos fechados
e, então, a professora pôs o CD para tocar. Como num passe de mágica,
imediatamente, fizeram silêncio; observou-se que eles conseguiam prestar
atenção no que ouviam, o que, em outros momentos, era muito difícil para
aquela turma, pois eram bastante agitados. Nesse momento, porém,
ouviram músicas por cerca de dez minutos, em silêncio e interessados. Após
esse tempo, a professora questionou os alunos a respeito da música que
haviam ouvido. Ela lhes perguntou se eles tinham ouvido música desse
tipo. Somente um aluno respondeu afirmativamente. Então, a professora
comentou: “Eu sei que vocês o estão acostumados ainda, é uma
experiência... uma experiência gostosa”. Após a escuta, a professora
apresentou aos alunos uma grande folha de papel craft, que foi acomodada
no chão, para que eles desenhassem o que estavam sentindo a partir da
escuta dessa música. Para isso, foi distribuído giz de cera à classe.
141
Enquanto desenhavam, a professora explanava: “Aproveitem, que não é
todo dia que isso acontece; a música faz bem pra gente”; depois que as
crianças ocuparam toda a folha com seus desenhos, a professora anexou o
papel no quadro de atividades da sala, como se fosse um painel.
A pesquisadora pode observar, devido aos comentários feitos pela
professora durante a atividade, que ela não parecia estar à vontade com o
que havia proposto aos alunos, e fez parecer que essa proposta de ouvir
música e expressar sentimentos fora em razão da presença da observadora
que, sabidamente, desenvolve pesquisa na área da Educação Musical. Ao
que parece, ao saber que estava sendo visitada por uma educadora
musical, sentiu-se na obrigação de fazer esse tipo de atividade. Essa
percepção por parte da pesquisadora foi corroborada pela professora um
pouco depois, quando avisou que nunca havia feito atividade desse tipo, até
aquele momento. Notou-se que essa não havia sido uma atividade prevista
no planejamento da docente, mas que, talvez, ela a tivesse feito, para
mostrar que algo de música era trabalhado dentro da sala de aula. A
professora não fez questionamentos mais profundos, como conversar com
as crianças a respeito do tipo de música que gostam, qual a sensação que a
música lhes tinha provocado, ou outra pergunta do gênero. Considera-se,
portanto, que, como em atividade anterior, esta, também, não teve
consistência, pois não serviu para desenvolver uma discussão anterior e
posterior à escuta musical.
(
APÊNDICE
A. Diário de Observação. Aula do
dia 21 de março de 2007)
Os dados descritos mostram que a atividade proposta utilizou a música como um
meio para o relaxamento proposto aos alunos. Ainda explicita que não era costume dos alunos
trabalharem com atividades musicais em sala de aula, pois o comentário da professora: “Eu
sei que vocês não estão acostumados ainda, é uma experiência... uma experiência gostosa”;
faz supor que o trabalho proposto era uma forma de mostrar para a observadora que, naquela
sala, a música estava presente. Ela ainda comentava com os alunos que era rara aquela
atividade: “Aproveitem, que não é todo dia que isso acontece; a música faz bem pra gente”;
essa frase corrobora o entendimento, por parte da pesquisadora, de que o trabalho musical não
era hábito no ambiente escolar. A professora, ao término da atividade, comentou com a
142
pesquisadora que nunca havia proposto algo parecido com as crianças, dessa forma a
pesquisadora entendeu que a atividade fora proposta devido à sua presença. Nesse momento, a
pesquisadora deixou claro à professora que esta não precisava utilizar atividades musicais em
suas aulas, se este não era o seu costume, e que o objetivo da pesquisa era observar o que era
trabalhado em sala, não importando se havia ou não atividades musicais.
Observe-se que, devido à utilização dos colchonetes nas atividades e o pedido para as
crianças permanecerem de olhos fechados, entendeu-se que a intenção era de proporcionar um
momento de relaxamento. (
BRESLER
, 1996, p.32). Outros autores corroboram para esse
pensamento.
A aula de sica parece cumprir uma função terapêutica: as
professoras assumem que a música causa um impacto na vida emocional e
afetiva das pessoas; determinadas qualidades musicais são capazes de
induzir afetos, humores e estados de espírito. Em função dessas
potencialidades, a música poderá influenciar e até mesmo modificar os
alunos. Uma dessas modificações refere-se à integração dos alunos como
grupo: algumas professoras acreditam que a música “faz com que os alunos
se integrem”, podendo, assim, “se harmonizar”. (SOUZA
et. al., 2002, p.60)
Interessante observar que na resposta aos questionários, os professores da rede
municipal de Indaiatuba que aceitaram participar da pesquisa afirmaram trabalhar com vários
conteúdos musicais em sala de aula, entre os quais foram citados: Músicas (80,28%),
Brincadeiras (71,83%), Jogos (42,25%), Rotinas (11,26%), Confecção de Instrumentos
Musicais (5,63%), Objetos Sonoros, Bandinha, Dramatização e Rodas Cantadas seguem com
1,41% cada. Note-se que as atividades mencionadas são muitas. No entanto, durante o período
de observação, não foram vistas nem metade delas na sala observada. Pode-se verificar,
apenas, que em algumas das atividades de rotina, como, por exemplo, a hora do lanche, a
música era raramente cantada. Na verdade, ela foi observada somente em uma aula.
143
Meu lanchinho, meu lanchinho
Vou comer, vou comer
Pra ficar fortinho, pra ficar fortinho
E crescer, e crescer.
FIGURA 01. Meu Lanchinho. Partitura elaborada pela pesquisadora
Observe-se que, embora se utilize de uma música, esta tem um propósito imediato e
utilitário: organizar os alunos para a hora do lanche.
Beyer (2001) destaca que o uso da música como forma de organizar as crianças é
comum nesse nível de ensino. Segundo Barbosa (2000), “uma estratégia muito utilizada nas
rotinas para fazer essas transições entre as atividades é a de utilizar as canções.” (p.158). A
autora destaca que, de acordo com a sica que a professora começa a cantar, as crianças
“sabem que é hora de interromper o que estão fazendo e mudar de atividade” (p.158).
Segundo ela, há um vasto repertório de canções que são ensinadas às crianças e que têm como
finalidade marcar a transição entre as atividades.
Os tempos de transição são, normalmente, pouco pensados pelos
educadores, embora contemplem uma questão importante que é o atribuir
uma significação aos acontecimentos, isto é, retirar as atividades de um rol
de ações fragmentadas para um continuum. É preciso compreender como
uma atividade articula-se com a outra, como uma atividade iniciada hoje
pode ser complementada amanhã se for necessário e mais tempo para a sua
execução do que fora anteriormente planejado. (
BARBOSA
, 2002, p.158)
144
Outra situação observada em que a música esteve presente, de forma discutível, foi a
preparação de apresentação musical para o Dia das Mães. A seguir, a transcrição do
acontecimento.
Não houve brincadeira dirigida após o intervalo; simplesmente, a
professora pegou uma caixa com brinquedos da biblioteca, que continha
carrinhos e bonecas, e os distribuiu aos alunos. Observou-se que, como a
brincadeira não fora dirigida, os alunos falavam muito alto, corriam e
pulavam; os meninos se desentenderam, chegando a se baterem, sendo
necessária a intervenção da merendeira. Enquanto isso, a professora da
sala juntamente com a professora do Nível III, mostraram estar
preocupadas com a apresentação para o Dia das Mães, pois não sabiam o
que poderiam mostrar em comemoração ao dia. Sabendo que a
observadora lecionava educação musical em escola particular da cidade,
pediram sua opinião, porém esta pesquisadora deixou claro que não
poderia dar orientação naquele momento, por estar adotando, em sua
pesquisa a metodologia de observação não-participante. Devido a esse
fato, o poderia intervir de nenhuma maneira, sob pena de invalidar a
observação. A professora queria ajuda na escolha do repertório, e pediam
música com letras que falassem da importância do amor verdadeiro e puro.
Com a recusa da pesquisadora, professora e crianças foram, então, até à
biblioteca, onde escolheram alguns CDs e começaram a escutar. Em
poucos minutos, já haviam decidido o que iriam apresentar. Escolheram
duas melodias folclóricas, para serem cantadas para as es:
Borboletinha e O meu chapéu tem três pontas.
14
Logo após terem ouvido as músicas e escolhido as preferidas, a
professora chamou as crianças, pediu para que guardassem rapidamente
os brinquedos na caixa, e deram início ao ensaio das músicas para o Dia
das Mães. As crianças, que estavam agitadas por estarem brincando
livremente no pátio, começaram a correr de forma desorganizada para
guardar os brinquedos, fazendo a docente chamar sua atenção e colocar
todos sentados no banco do pátio. A seguir, passou a chamar três crianças
14
HORTA, Carlos Felipe de M. Marques. Alegria, alegria: as mais belas canções de nossa infância. Belo Horizonte: Editora
Leitura, 1999.
145
de cada vez, para guardar os brinquedos de forma adequada. Assim que
terminaram a arrumação, sentaram-se todos no chão, iniciando a escuta
das músicas. Todos conheciam a música Borboletinha, e a observadora
tinha, até, visto a professora substituta cantar com as crianças do Nível II,
como está descrito nas páginas anteriores. No entanto, a outra música
proposta O meu chapéu tem três pontas - nenhuma criança conhecia. As
professoras repetiram por cinco vezes as sicas, utilizando-se do gestual
a ser feito, sendo que cada frase tinha um gesto pré-determinado, que
seguia rigorosamente o que era dito na letra da música. Havia pouco
interesse por parte das crianças, que pareciam “papagaios”, repetindo o
que as professoras diziam e imitando os gestos que faziam. Muitos não
participavam e eram chamados à atenção a todo momento. A ausência de
um contexto que pudesse dar significado ao aprendizado das canções e a
ausência de qualquer proposta que incentivasse a criatividade dos alunos,
abrindo-lhes possibilidades de inventar, tinha como resultado essa apatia e
dificuldade em se envolver com a proposta. As professoras pediam
insistentemente para que cantassem mais forte, havendo momentos em que
as crianças chegaram a gritar.
Instantes mais tarde foi notado que essa maneira de ensaio não cabia
em uma apresentação consistente, pois, embora as crianças fossem
bastante afinadas, devido ao volume em que cantavam, transformavam a
música em gritos ensurdecedores, comprometendo a afinação, o que não
contribuía para a aprendizagem musical. Em determinada hora, as
professoras pediram para que os alunos cantassem em pé. Embora eles
tivessem se levantado, conservaram a mesma posição; não faziam nenhum
movimento corporal, mas mantinham-se estáticos, gritando e repetindo
gestualmente o que lhes era ensinado. Desse modo, uma atividade que
poderia incentivar o desenvolvimento de ações criativas nos alunos, como,
por exemplo, elaborar uma melodia e pequenas frases para cantar na
comemoração do Dia das Mães, tornou-se um exercício repetitivo, devido à
falta de criatividade das professoras ao proporem a atividade.
Foi muito útil ter a oportunidade de observar as professoras
trabalhando numa classe de Educação Infantil, pois ficou claro que elas
precisam ser orientadas para que possam vivenciar e compreender alguns
conteúdos de música, aprendendo de que modo trabalhar música dentro da
sala de aula. Consulte-se, a esse respeito, John Paynter (1972), em especial
o capítulo 1 “Today´s music is for everyone”, em que discute a
146
necessidade de os professores de outras áreas se aproximarem da música.
O que se viu nessa aula foi ma atividade inadequada, em que as
professoras trouxeram algumas músicas para a classe, mas não a
exploraram convenientemente, atendo-se à utilização de gestos
estereotipados única e deixando claro que a única função que atribuem à
música é a de animadora de festas e de apresentações musicais nas datas
comemorativas. Entenda-se que, neste trabalho, não se está assumindo uma
atitude de condenação às professoras observadas, mas pondo-se em
evidência o real despreparo das docentes de Educação Infantil, no que se
refere à música.
(
APÊNDICE
A. Diário de Observação. Aula do dia 09 de
maio de 2007)
Brito (2003) critica as apresentações musicais que utilizam gestos estereotipados,
pois acredita que esse molde não enriquece a proposta musical dentro da sala de aula, apenas
perde-se tempo com repetições e excluem a possibilidade de criação.
Outro “complicador” diz respeito ao caráter de espetáculo que
freqüentemente ronda o trabalho musical: dedica-se muito tempo a ensaios
para apresentações em comemorações diversas que até mesmo excluem os
alunos considerados desafinados, sem voz”, “sem ritmo”, etc. Ainda hoje
existem escolas de educação infantil que iniciam os ensaios para a grande
festa junina no mês de abril, reduzindo a isso as atividades da área de
música durante todo o decorrer do semestre. E nem ao menos se
desenvolvem projetos de pesquisa, de criação, de integração com outras
áreas do conhecimento: cada classe limita-se a ensaiar – exaustivamente – o
canto e a dança que irá apresentar no mês de junho! (
BRITO
, 2003, p.52)
Nota-se através da leitura do acontecimento, que as professoras utilizaram a música
de maneira errônea, pois impediram que as crianças usassem da criatividade, propuseram para
elas uma música pronta, fizeram sua leitura por várias vezes, tentando uma memorização, e
ainda, não utilizaram gestos corporais, deixando, com freqüência, as crianças em posição
estática e, conseqüentemente, desinteressadas.
147
Ensinar música, a partir dessa óptica, significa ensinar a reproduzir e
interpretar músicas, desconsiderando a possibilidade de experimentar,
improvisar, inventar como ferramenta pedagógica de fundamental
importância no processo de construção do conhecimento musical. (
BRITO
,
2003, p.52)
Beyer(2003) também se refere às festas escolares em que a presença de música,
pois, para ela, esse é o momento em que a escola se torna visível aos pais. É interessante notar
que, muitas vezes, ela nem conta com um profissional de música para desenvolver um
trabalho contínuo, embora as apresentações sempre ocorram.
O que fazer com as festinhas escolares? Por um lado, elas são uma
realidade em muitas escolas, uma vez que nesse momento são convidados
os pais e toda a comunidade escolar considerando que muitos pais
permanecem por mais tempo na escola quando convidados a participar de
uma festividade. É o momento em que a escola se torna visível para muitos,
quando, supostamente, os pais podem constatar tudo de bom e interessante
que nela ocorre. Entre as “coisas boas” que a escola oferece surge a música,
acenando, inclusive, como um possível marketing da escola. Para que isso
ocorra, a música tem de estar presente nas festinhas, na forma de show,
muitas vezes em detrimento do próprio trabalho de música realizado na
escola. Não raro, a escola nem mesmo conta com o ensino contínuo de
música, restringindo-se a apresentação a mostrar uma imagem fictícia, de
algo que efetivamente não corresponde à aprendizagem das crianças.
(
BEYER
, 2003, p.106)
Cabe lembrar que, se o professor precisa trabalhar as datas comemorativas, o que
pode ser feito é transformar esses momentos em aprendizagem. Em seu texto, Beyer aponta
alguns comentários de professores sobre o tema.
148
Não desprezo a memorização, mas vejo o aluno como um todo,
trabalho visando uma melhor dicção, uma conscientização do corpo como
órgão ressonador, um aprendizado da cultura do seu povo (sempre conto as
lendas da música), explicito o texto, o significado não só da palavra escrita,
mas também da frase musical e respeito a faixa etária e até os gostos deles
dentro de um limite cabível.
Bom, [...] pude perceber que meu trabalho segue uma linha tradicional, tipo
behaviorista, pois sempre trabalhei com repertórios de canções e cantigas de
roda, e os alunos aprendiam a tocar tanto os instrumentos de percussão
como as flautas me observando, ouvindo e decorando os toques, decorando
as posições na flauta. Mas me interesso por repensar, pois posso, assim
definir o conteúdo com base na observação. (
BEYER
, 2003, p.106)
Os educadores musicais das escolas privadas de Educação Infantil, pesquisados
através da metodologia survey, acreditam que as apresentações são importantes, porque
ajudam na memorização, socialização e, ainda, na divulgação do trabalho. Essas respostas
levantam a questão, até que ponto a memorização é essencial para o trabalho musical? Pensa-
se que esse ato pode tirar a oportunidade de o aluno ser criativo e experimentar novas
possibilidades para o ensino de música na escola.
Até que ponto é válida a aula de música apoiada essencialmente no
ato de decorar? “Decorar as posições do instrumento” significa que o aluno
deve apresentar um resultado visível ou audível na sica, mesmo que ele
não compreenda de fato o que está fazendo. A falta de compreensão dos
processos envolvidos no tocar (ou cantar) leva o aluno a uma certa rigidez,
uma vez que ele tem a possibilidade de tocar somente conforme
memorizou, sendo-lhe muito difícil trabalhar com variações, principalmente
quando estas forem uma transposição. (
BEYER
, 2003, p. 106)
Entende-se, também, que a música esteja inserida na escola observada, não obstante
as condições inadequadas nela vistas e que foram aqui comentadas. No entanto, pode-se
149
afirmar que ela se encontra, mesmo que minimamente, nesse contexto escolar. Notou-se que
as professoras tentam colocar as crianças em contato com a música, mesmo que esse contato
seja feito de modo superficial, o que pode ser explicado, talvez, pela falta de formação e
conhecimento musical das professoras, o que impede ou, ao menos, dificulta, a implantação
de um trabalho consistente e dotado de valor pedagógico, que busque alicerces musicais mais
profundos do que os que foram aqui descritos.
Ao mesmo tempo em que as professoras apontavam suas dificuldades para a
realização do ensino de música nos cursos de Educação Infantil, elas, também, sinalizavam o
interesse em poder reduzir as lacunas deixadas na sua formação musical, pois haviam pedido
ajuda à observadora, para que esta lhes sugerisse atividades musicais que poderiam ser
realizadas com as crianças.
No questionários realizados, tanto com professores da rede municipal quanto da rede
privada, alvos de comentários no capítulo 2 desta dissertação, nota-se o interesse dos
professores em contar com a ajuda do profissional de música, para que possa trabalhar da
melhor forma com conteúdos dentro da sala de aula. Essas professoras acreditam, também, na
importância desse profissional ao atuar em sala de aula, e na parceria que poderia se
estabelecer entre professores polivalentes e educadores musicais.
Saliente-se, ainda, que, na rede municipal da cidade pesquisada, não há a presença do
educador musical; dessa forma, pensa-se que esta poderia investir em cursos de capacitação
para os professores polivalentes, para que, assim, estes pudessem se alicerçar em propostas
pedagógica musicais sólidas e competentes.
Souza et al. (2002) destacam que é preciso investir na formação musical do professor
polivalente, potencializando o trabalho colaborativo entre o especialista e o unidocente.
150
[...] o que poderá contribuir para a construção de práticas pedagógicas mais
significativas aos alunos e para um maior desenvolvimento da educação
musical. (SOUZA
et al., 2002, p.77)
Tendo por base os dados obtidos nesta observação, e a crítica construída a partir
desse trabalho de observação, pode-se afirmar a importância da elaboração de uma proposta
pedagógica musical para a rede municipal, que possa contemplar a criança como um todo e
que parta da realidade do aluno, privilegiando a interdisciplinaridade, ou seja, que envolva
todas as disciplinas com atividades integradoras, enfatizando-se as artísticas, por seu papel no
desenvolvimento da expressão e da criação.
Mais uma observação pode ser feita, mesmo antes do rmino do texto desta
dissertação: algo interessante aconteceu, por esta pesquisadora ter sido procurada pela
coordenadora de uma das escolas infantis da rede municipal, com o intuito de convidá-la a
desenvolver um trabalho pedagógico musical, envolvendo professores e alunos daquela
escola. De acordo com essa coordenadora, os alunos mostram-se predispostos à aprendizagem
dos conteúdos escolares, quando estes são trabalhados com música. Também, em algumas
atividades musicais desenvolvidas pelas professoras de sala, os alunos mostraram-se muito
interessados, o que colaborou para o aumento da concentração em sala de aula.
As decorrências desse interesse demonstrado por essa coordenadora, mas, também,
pelas professoras das classes observadas e, também, por outras com quem se teve contato,
aponta para a necessidade de uma proposta pedagógica que propicie o trabalho desses
profissionais em sala. .
É importante frisar que os educadores contatados, de maneira geral, gostariam de
trabalhar música, para que a inserção da música na escola se desse de maneira mais efetiva do
que ocorre atualmente. Esta será a discussão empreendida no próximo segmento.
151
C
ONSIDERAÇÕES
F
INAIS
152
A presente pesquisa buscou apontar de que maneira a Música está sendo trabalhada
em espaços escolares, das redes municipal e privada da cidade de Indaiatuba S.P., além de
entender o valor que os professores atribuem à disciplina dentro da sala de aula.
No primeiro capítulo, buscou-se fazer um estudo amparado na metodologia survey
(
BABBIE
, 1999), do perfil dos professores da rede municipal e privada da cidade, procurando
determinar de que forma trabalham a Música em sala de aula. Percebeu-se que professores
polivalentes da rede municipal e privada têm pouca ou nenhuma formação pedagógica
musical, não tiveram nenhum contato com a área de Música em cursos de Pedagogia, ou até
mesmo no curso de Magistério. Esse fato torna o trabalho da disciplina bastante complicado,
pois os professores aqui estudados não têm preparo pedagógico para tal. Apesar da pouca
formação, surpreendentemente, na rede municipal, 98,61% dos professores afirmaram
trabalhar com Música, e 96% dos professores polivalentes da rede privada afirmaram utilizar-
se dos conteúdos musicais em sala de aula.
Com a pesquisa, verificou-se que os conteúdos mais trabalhados por esses
profissionais são Brincadeiras e Músicas, aqui compreendidas como atividade de canto
liderado pela professora, e acompanhado pelos alunos. A Música aparece em 80,28% das
respostas aos questionários aplicados, como presente nos conteúdos dos professores da rede
municipal; e 75% da rede privada. Acredita-se que isso tenha ocorrido, neste trabalho, por ser
de fácil acesso à população. No entanto, verificou-se, também, com a observação efetuada em
uma escola de educação infantil, que a Música é utilizada na rede de maneira pouco
consistente, como se mostrou no capítulo III, em que se analisa o que ocorreu em sala de aula,
nas classes observadas. Dessa forma, deixa-se de aproveitar os benefícios incontestes que a
prática da Música pode proporcionar ao ser humano. O que foi observado é o uso da
reprodução de músicas já prontas, amplo uso de CDs como pano de fundo para outras
atividades, e outras ações semelhantes. Com isso, nega-se a possibilidade de a criança criar e
153
reproduzir sonoridades descobertas por ela a partir da escuta, restringindo, dessa forma, seu
desenvolvimento musical. Nos questionários, verificou-se que os professores demonstraram
interesse em contar com um profissional específico da área de Música, para que o trabalho
fosse consolidado nos espaços escolares; caso isso não fosse possível, sugeriram que as
instituições investissem em cursos e oficinas, para que o professor polivalente tivesse um
maior contato e suporte para seu trabalho em sala de aula do que tem agora. Com isso,
reconhecem a necessidade de aprofundar seus conhecimentos a respeito da música e sua
aplicação na Educação Infantil, o que indica que iniciativas de oferecimento de cursos de
formação específicos para professores de Educação Infantil podem ser bem-recebidas.
Em relação aos educadores musicais que trabalham nas escolas privadas, a análise
dos questionários mostrou que apenas 33,33% desses professores têm curso superior de
Música, o que deixa transparecer a pouca formação dos profissionais que trabalham nessa
área. Cabe ressaltar que os professores que não cursaram curso superior afirmaram ter feito
oficinas e cursos de musicalização, o que faz suspeitar que esses profissionais, talvez, não
estejam, realmente, preparados para realizar o trabalho musical de forma consistente,
embasados em filosofias educacionais que tratam de questões ligadas ao aprendizado
significativo. Deve-se salientar que, quando se pesquisaram os conteúdos musicais
desenvolvidos por esses profissionais com suas classes, percebeu-se que eles se
assemelhavam muito ao que era trabalhado pelos professores polivalentes. Nos dois casos
professores da rede pública e professores da rede privada – não houve citação de atividades de
composição, improvisação ou interpretação musical, mostrando que eles precisariam estar
mais bem informados a respeito dos conceitos musicais que podem ser desenvolvidos em
classes de Educação Infantil, o que seria conseguido com facilidade, se fossem orientados por
um profissional da área de Música/Educação Musical.
154
A observação realizada na escola Profa. Sinésia Martini permite que se afirme que a
música é minimamente trabalhada em sala de aula ou nos espaços escolares, o que foi, aliás,
confirmado pela observação da Supervisora Maria Helena Costa e Silva, quando afirmou ser
impossível para a Secretaria de Educação controlar o que se fazia em Música nas escolas, em
vista da sua não obrigatoriedade.
Quando a Música é introduzida na aula, é utilizada como rotina e em apresentações
musicais, cantam-se músicas sem se importar com o que existe na própria música para ser
percebido, observado, sentido.
Com este trabalho, foi possível identificar a maneira pela qual a música se insere no
contexto das classes de Educação Infantil da cidade de Indaiatuba, e mostrar que ela, quando
existe, não serve aos propósitos considerados importantes e pertinentes a uma classe de
Educação Musical, mas apenas como suporte a outras atividades. Os dados gerados a partir da
pesquisa permitem afirmar que a situação encontrada pode ser mudada, desde que haja
vontade política e a cidade se una para desenvolver um projeto de Educação Musical para
professores da rede municipal de ensino. Com esse tipo de ação, reconhece-se a escola como
instituição responsável pela formação de seus alunos, que essa formação precisa assumir uma
forma lúdica e significativa e que a Música pode ser parte desse contexto de formação,
ajudando a formar indivíduos capazes, sensíveis e aptos a se expressar musicalmente.
A partir do que foi revelado na pesquisa, acredita-se que seria muito útil que a
Secretaria de Educação investisse em cursos de formação em Música para professores da rede
pública, pois, dessa forma, eles estariam aptos a inserir essa linguagem nos conteúdos
trabalhados em sala de aula, de forma mais efetiva do que vem sendo feito aagora e, assim,
poder desenvolver atividades consistentes, criativas, interessantes e que realmente contribuam
para o aprendizado musical da criança.
155
Sente-se falta de uma proposta consistente de ensino/aprendizagem de música, que
leve em consideração a realidade das crianças do sistema de ensino municipal pesquisado, e
possa ser aplicada à rede. Seria preciso, também, preparar os professores, por meio de
encontros, cursos e grupos de estudos, para que eles compreendam de que modo a música
pode estar presente efetivamente nos espaços escolares.
A falta de tradição de ensino de sica desde 1971, fez que a escola se esquecesse
do que é possível ser feito na área de música. Os avanços da educação musical desde o início
do século XX não chegaram a penetrar na realidade escolar brasileira, que desconhece o que é
possível ser feito em classes de educação infantil. Essa questão tem de ser retomada, caso se
queira dar às crianças atendidas no sistema de ensino oportunidade para se expressar
musicalmente e desenvolver habilidades e capacidades inerentes à música.
Sabe-se que escolas italianas de Bologna, Reggio Emilia, Trentino, entre outras,
utilizam-se do som e da música como projeto educativo, e buscam oferecer às crianças
momentos de estimulação cultural e experimentação da mensagem sonoro/musical, com
especial atenção à formação do despertar artístico. A educação ao som e à sica é
caracterizada principalmente pelo trabalho intenso com conteúdos de percepção, compreensão
e produção, sendo que a percepção e a compreensão permitem o contato com o universo
sonoro, isto é, com as sonoridades existentes no ambiente e enfatizando o estudo da paisagem
sonora (
SCHAFER
, 2001), e realizando experiências criativas capazes de chegar, mesmo, à
composição musical, exercitada por alunos das classes infantis sob orientação de seus
professores. A produção consiste no próprio fazer musical, que se apresenta como pretexto
para a aprendizagem, por meio de experiências e da experimentação, que compreende a escuta
musical e a manipulação de objetos sonoros, em propostas desenvolvidas individualmente ou
em grupo.
156
Esse conjunto de idéias não é utopia. Elas vêm sendo praticadas sistematicamente
nas escolas italianas citadas, que conseguiram organizar esses conhecimentos de maneira
bastante adequada para suas escolas, tornando-os atrativos para seus alunos e, também,
envolvendo o conjunto de seus professores nesse processo, de modo a conseguir elaborar um
programa interessante, coerente, profundo, em que a criança experimenta, escuta, toca e canta
de maneira atraente e significativa.
Esse conjunto de idéias, ainda pouco conhecido no Brasil, pode servir de modelo
para uma proposta específica para a cidade, que, embora se apoiasse nas mesmas idéias
desenvolvidas pelos pedagogos responsáveis pela reforma educacional na Itália, procurasse
compor uma proposta adequada à realidade da cidade. Esse modelo seria trabalhado com os
professores e Secretaria de Educação, de modo a amparar a construção de outro, semelhantes,
adequados, porém, à realidade de Indaiatuba.
Com estas idéias, encerra-se a presente Dissertação, não se fechando portas, mas
deixando-as abertas a futuros investimentos no ensino/aprendizagem de música na cidade.
Que estas idéias não sejam encaradas como utopia, mas como uma realidade possível.
157
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I
NSTITUIÇÕES
BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE ARTES
UNESP
SP
PREFEITURA MUNICIPAL DE INDAIATUBA
SP
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DE INDAIATUBA
SP
EMEI PROFª SINÉSIA MARTINI
S
ÍTIOS
http://www.indaiatuba.sp.gov.br/
http://www.inep.gov.br/
http://portal.mec.gov.br/
http://www.fe.usp.br
http://www.fe.unicamp.br
http://www.ia.unesp.br
http://www.promemoria.indaiatuba.sp.gov.br/
166
APÊNDICE
“D
IÁRIO
D
E
O
BSERVAÇÃO
167
A
PÊNDICE
A
P
ROFESSORA
M
ARIA
N
ÍVEL
II
C
RIANÇAS DE
3
À
4
ANOS
21/03/2007 (quarta-feira)
Na chegada, a professora esperou por seus alunos na porta da sala de aula, e eles
foram acomodados em uma roda feita por cadeiras; em seguida, foi feita a escolha do
ajudante. Isso é feito aleatoriamente pela professora, que não segue nenhum critério e
nenhuma ordem, porém a mesma criança não é chamada em dias seguidos; a professora,
também não segue a ordem quanto ao gênero, masculino ou feminino. A chamada é feita pelo
nome inteiro da criança, e não por partes dele, ou pelo apelido. Ao responder, cada uma das
crianças tem como tarefa completar a seqüência de números ditos, dentro de um determinado
ritmo, como, por exemplo, 1,2,3...
Nesse dia, após a chamada, o ajudante do dia colocou um cartaz de cartolina na
parede onde havia escrita a palavra ENTRADA. Após a colocação do cartaz, foram
distribuídos aleatoriamente às crianças letras e números confeccionados em E.V.A. na cor
amarela, numa evidente ão estimuladora para a atividade de reconhecimento desses sinais.
A entrega dos crachás foi, também, feita pelo ajudante aos colegas, sendo que, para os
meninos, o fundo era amarelo e para as meninas, vermelho.
FIGURA 02 – Exemplos de nomes, confeccionados em E.V.A.
Após a entrega dos crachás, o ajudante contou quantas crianças haviam comparecido
à aula. Pode-se perceber que a função de ajudante é bastante valorizada entre as crianças.
MARA
JOÃO
168
Logo no início da aula, a professora escreveu na lousa: AJUDANTE DO DIA, inserido em
um quadrado feito no quadro negro. Em seguida, ela colocou, sob esse termo, o nome da
criança.
FIGURA 03 – Exemplo do nome do ajudante do dia escrito na lousa.
Foi possível observar que o calendário é trabalhado pela professora a partir da a
contagem dos dias de um a um, até chegar ao dia certo, isto é, o dia do s em que se está.
No dia em que se deu a presente observação, portanto, as crianças contaram até 21. O mesmo
procedimento foi adotado em relação aos dias da semana, isto é, as crianças foram falando os
dias, até chegar à quarta feira. Após ter feito seus alunos passarem por esse processo, a
professora escreveu, dentro de um quadrado no quadro negro, o dia, o mês e o ano
correspondentes àquela data. É importante salientar que a professora, quando escreve no
quadro negro, sempre delimita o espaço com um quadrado.
FIGURA 04 – Exemplo da data marcada na lousa.
Em seguida, com os alunos ainda sentados nas cadeiras formando um círculo, foram
instigados a escolher que história eles gostariam de ouvir, entre as opções apresentadas: O
Gato de Botas e A Fada Pluminha. Foi feita uma votação e, de acordo com ela, foi escolhido
21
MARÇO
2007
AJUDANTE DO DIA
JOÃO
169
O Gato de Botas. A partir dessa história, a professora desenvolveu uma atividade de escuta e
interpretação do texto. Ressalte-se que a história era gravada em fita K7 e, nela, começava-se
com música, para depois, ter início a história contada.Os alunos ficaram bastante interessados
quando souberam da atividade. Percebeu-se que eles gostam de ouvir histórias, porém o seu
tempo de concentração ainda é pequeno. Enquanto ouviam o início da gravação, em que havia
música, eles ficaram extremamente quietos, atentos à letra e à melodia, o que foi demonstrado
pelo fato de que, ao fim da gravação, todos sabiam cantá-la. No entanto, no decorrer da
contação da história, houve momentos de dispersão por parte dos alunos. Nesses momentos, a
professora precisou interromper a narrativa, para chamar a atenção das crianças que estavam
dispersas e, mesmo, mudar algumas de lugar, para evitar que elas se agrupassem e, assim,
estimulassem o aumento do nível de dispersão umas das outras. A história teve duração de
dez minutos, mas pode ser constatado que, após cinco minutos, os alunos o estavam mais
atentos, mas sonolentos. Ao findar, a professora fez alguns questionamentos a respeito da
história que seus alunos haviam ouvido, quando foi possível constatar que poucos deles foram
capazes de interpretar aquilo que ouviram. Por esse motivo, a interpretação ficou por conta da
própria professora, que precisou explicar novamente a história, para que houvesse melhor
entendimento dela pela classe.
Nesse episódio, um fato chamou a atenção: curiosamente, embora as crianças não
soubessem contar a história inteira, as músicas apresentadas na fita, no decorrer da narração, e
ouvidas pelos alunos, haviam sido aprendidas integralmente, e as crianças demonstraram
capacidade para reproduzi-las adequadamente, respeitando as formas melódicas de maneira
adequada, o que faz pensar que o trabalho musical com crianças seria muito bem-vindo,
devido ao interesse por elas manifestado, e como uma das formas possíveis de melhorar seu
tempo de concentração.
170
Cabe ressaltar que, na atividade observada, a professora discutiu o texto após a
escuta, não iniciando nenhuma conversa anterior a respeito do que seria ouvido. Foi possível
perceber, também, que ela própria não havia se preparado anteriormente escutando a fita, pois
pareceu estar muito atenta à história à medida que esta se desenrolava, como se também não
soubesse o que ia acontecer e, talvez, para poder discuti-la posteriormente com a classe. Os
alunos foram minimamente questionados por ela em relação à sua experiência pessoal de
escuta. Além, disso, não foram oferecidos pela professora indícios a respeito de como os
alunos poderiam transpor a experiência para o seu cotidiano, como, por exemplo: “alguém
tem gato em casa?” Ao contrário, ao findar a escuta da fita com a história, a professora,
simplesmente, perguntou: “Qual a parte da história que gostou mais?”. Observou-se que o
aluno que mais atenção prestou deu sua resposta primeiramente, e os outros simplesmente
imitaram sua resposta, pois aparentavam não saber o que responder. A história foi apresentada
de maneira descontextualizada, sem preparo prévio da classe e sem que esta fosse dirigida
pela professora em relação à compreensão e interpretação do texto.
Após a escuta, foi pedido aos alunos que desenhassem no papel sulfite o gato de
botas e o que eles tinham entendido da história. Então, as crianças pegaram suas cadeiras e
foram até As mesas para realizar a atividade, ressaltando-se que, em cada mesa, ficam quatro
alunos juntos. Eles não se sentam individualmente. Examinando os desenhos feitos pelas
crianças, a observadora notou que, embora desenhassem um gato, não se detinham nessa
personagem e nem em outros elementos da história, o que denota que a história não foi
plenamente compreendida por eles. Ao contrário, logo depois de desenhar o gato, as crianças
faziam outros desenhos, que não pertenciam à história, como personagens de desenhos
animados, entre outros. Dessa observação, conclui-se que uma atividade que não seja
atentamente direcionada perde os sentidos pedagógicos que se esperam dela.
171
Logo após desenvolver uma atividade de desenho, mas ainda enquanto as crianças
estavam sentadas nas cadeiras com mesinhas, a professora comentou com os alunos que
estavam entrando no outono, e que essa era a estação das frutas; portanto, ela iria distribuir
entre as crianças três tipos de frutas: laranja, pêra e maçã, para que fossem pintadas com giz
de cera, sendo que a professora determinou as cores. As crianças não conseguiam pintar
dentro dos limites das figuras; porém os alunos pintaram da maneira que quiseram. Assim que
deram o trabalho por terminado, o devolveram à professora. Nada mais foi comentado a
respeito do tema. Com essa atitude, a professora impediu que as crianças escolhessem suas
cores. As linguagens expressivas artes plásticas, dança, música, teatro, são canais de
expressão. Quando as atividades são fixadas de antemão, as crianças deixam de se expressar e
não desenvolvem a iniciativa, ficando sempre a cargo da professora a direção das atividades.
Notou-se que as atividades realizadas até então não tinham ligação entre si. Aonde
foi possível observar, passava-se de um tema para outro, sem que houvesse um fio condutor e,
mesmo, sem que se desse o tempo necessário para que a criança pudesse ter um certo
distanciamento do que fora trabalhado antes, para, então, mergulhar no que estivesse por vir.
Essa fragmentação dos assuntos, atividades e temas da aula não são aconselháveis do ponto de
vista pedagógico, pois as crianças não conseguem relacionar as coisas entre si, o que dificulta
a sua relação com as coisas a elas apresentadas e impedem que construam seu conhecimento.
Após as atividades com as frutas, as crianças foram informadas pela própria
professora de que iriam para fora da sala, para tomar o lanche. Formou-se uma fila por ordem
de tamanho, e as crianças foram conduzidas até o pátio, que fica em frente à sala de aula. O
lanche foi servido às 08:45 h, e constou de pão com carne e suco. Após o lanche, os alunos
tiveram um momento de brincadeira dirigida, no pátio da escola. A atividade proposta foi
pular corda, atividade, aos olhos da observadora, um tanto quanto imprópria para o momento,
pois pular após a refeição pode o fazer bem às pessoas, uma vez que os movimentos
172
bruscos podem prejudicar a digestão. Quando a atividade terminou, as crianças fizeram fila
novamente e foram conduzidas até a sala, para que pudessem pegar os objetos necessários à
escovação dos dentes.
A condução desta atividade deu-se da seguinte maneira: a professora ficou na porta
da sala de aula, com a pasta de dentes. Cada aluno recebeu um pouco de pasta na escova e se
encaminhou até o banheiro, sem que lhe fosse dada nenhuma orientação. Como iam sozinhos,
a docente mandava somente três alunos de cada vez, para evitar que eles fizessem muita
bagunça no banheiro. Devido a essa conduta, a escovação demorou muito, pois as crianças
ficavam conversando, em vez de escovar os dentes, e propositalmente, se molharam com
água. Terminada a escovação, as crianças foram para a sala, pegaram novamente suas
cadeirinhas e formaram um círculo, preparando-se para a próxima atividade.
A atividade seguinte foi de matemática; a proposta era que as crianças relacionassem
uma rie de desenhos espalhados no chão com materiais colocados no envelope que tinham
em suas mãos. Cada envelope tinha um quadrado, triângulo ou retângulo. Havia alguns
desenhos colocados no chão, elaborados e pintados pela professora. Eles eram construídos
com as mesmas figuras geométricas constantes dos envelopes. Como exemplo, pode ser
citado o telhado de uma casa, que tinha forma de retângulo. A proposta era que cada aluno
pegasse o desenho, o relacionasse com a figura desenhada no envelope e, depois disso, o
colocasse dentro do envelope. O aluno que tivesse maior número de figuras dentro de seu
envelope ganharia a brincadeira. As figuras contidas em cima dos envelopes eram as
seguintes:
173
FIGURA 05 – Exemplo de figuras geométricas desenhadas no envelope.
Notou-se, que as crianças gostaram bastante da proposta apresentada, pois os
desenhos chamavam sua atenção. Além disso, criou-se um clima de competição, pois havia a
sugestão de que quem acertasse mais figuras, ganharia o jogo, o que provocou um sentimento
de rivalidade entre as crianças. Grande parte delas conseguiu realizar a atividade de forma
satisfatória. A professora repetia várias vezes as formas geométricas que estavam estudando
para uma melhor fixação do aprendizado e, várias vezes, intercedeu, ajudando as crianças
quanto à escolha da figura que se correlacionava com o desenho apresentado. Dessa forma, a
participação das crianças foi geral.
Finda a atividade de matemática, a professora espalhou colchonetes por toda sala, e
avisou a todos que aquela seria a hora do relaxamento. Nesse momento, lhes disse que
ouviriam músicas “lindas, gostosas e maravilhosas”. Ela se referia à um CD de música
orquestral que não foi possível à observadora identificar, pois a professora não tinha a capa do
CD. Ela informou que o encontrou em sua casa, por acaso, junto com suas coisas. Dessa
forma, trouxe somente o CD, não sabendo dar informações a respeito dos intérpretes, da
gravação e da ficha técnica dos envolvidos.
Todos os alunos deitaram-se nos colchonetes com os olhos fechados e, então, a
professora pôs o CD para tocar. Como num passe de mágica, imediatamente, fizeram silêncio;
observou-se que conseguiam prestar atenção no que ouviam, o que, em outros momentos, era
muito difícil para aquela turma, pois eram bastante agitados. Nesse momento, porém, ouviram
músicas por cerca de dez minutos, em silêncio e interessados. Após esse tempo, a professora
questionou os alunos a respeito da música que haviam ouvido. Ela lhes perguntou se eles já
174
tinham ouvido música desse tipo. Somente um aluno respondeu afirmativamente. Então, a
professora comentou: “Eu sei que vocês não estão acostumados ainda, é uma experiência...
uma experiência gostosa”. Após a escuta, a professora apresentou aos alunos uma grande
folha de papel craft, que foi acomodada no chão, para que eles desenhassem o que estavam
sentindo a partir da escuta dessa música. Para isso, foi distribuído giz de cera à classe.
Enquanto desenhavam, a professora explanava: “Aproveitem, que não é todo dia que isso
acontece; a música faz bem pra gente”; depois que as crianças ocuparam toda a folha com
seus desenhos, a professora anexou o papel no quadro de atividades da sala, como se fosse um
painel.
A pesquisadora pôde observar, devido aos comentários feitos pela professora durante
a atividade, que ela não parecia estar à vontade com o que havia proposto aos alunos, e fez
parecer que essa proposta de ouvir música e expressar sentimentos fora em razão da presença
da observadora que, sabidamente, desenvolve pesquisa na área da Educação Musical. Ao que
parece, ao saber que estava sendo visitada por uma educadora musical, sentiu-se na obrigação
de fazer esse tipo de atividade. Essa percepção por parte da pesquisadora foi corroborada pela
professora um pouco depois, quando avisou que nunca havia feito atividade desse tipo, até
aquele momento. Notou-se que essa não havia sido uma atividade prevista no planejamento
da docente, mas que, talvez, ela a tivesse feito, para mostrar que algo de música era
trabalhado dentro da sala de aula. A professora não fez questionamentos mais profundos,
como conversar com as crianças a respeito do tipo de música que gostam, qual a sensação que
a música lhes tinha provocado, ou outra pergunta do gênero. Considera-se, portanto, que,
como em atividade anterior, esta, também, não teve consistência, pois o serviu para
desenvolver uma discussão anterior e posterior à escuta musical.
Após a atividade, os alunos levantaram-se e foram embora.
175
28/03/2007 (quarta-feira)
A professora Maria estava em reunião com alguns pais, então, a professora substituta
assumiu a sala por alguns minutos, até que a reunião terminasse. A observadora não
presenciou a reunião com os pais, ficou em sala de aula com as crianças e a professora
substituta. Elas chegavam e se sentavam em círculo formado por cadeiras; estavam bastante
agitadas; então, a professora substituta começou a cantar algumas músicas, transcritas abaixo:
A cobra não tem pé a cobra não tem mão
Como é que a cobra sobe no pezinho de algodão
Como é que a cobra sobe no pezinho de algodão
Ela sobe, sobe, sobe, ela desce, desce, desce,
Como é que a cobra sobe no pezinho de algodão!
Ela não tem pé, ela não tem mão
Ela sobe no pé de algodão!
Ela não tem pé ela não tem mão
Ela sobe no pé de algodão!
FIGURA 06 A Cobra. Música cantada pelos alunos junto com a professora substituta. Partitura elaborada pela
pesquisadora.
176
Fui morar numa casinha-nha
Infestada-da de cumpim-pim-pim
Saiu de lá-lá-lá uma lagartixa-xa
Olhou pra mim olhou pra mim
E fez assim hum! hum!
FIGURA 07 A Casinha. Música cantada pelos alunos junto com a professora substituta. Partitura elaborada
pela pesquisadora
Meu pintinho amarelinho
Cabe aqui na minha mão na minha mão
Quando quer comer bichinhos
Com seus pezinhos ele cisca o chão
Ele bate as asas ele faz piu piu
Mas tem muito medo é do gavião
FIGURA 08 Pintinho - Música cantada pelos alunos junto com a professora substituta. Partitura elaborada
pela pesquisadora.
177
A Barata diz que tem sete saias de filó
É mentira da Barata ela tem é uma só
Há-há-há, hó-hó-hó ela tem é uma só
Há-há-há, hó-hó-hó ela tem é uma só
A Barata diz que tem um anel de formatura
É mentira da Barata ela tem a casca dura
Há-há-há, hó-hó-hó ela tem a casca dura
Há-há-há, hó-hó-hó ela tem a casa dura
A Barata diz que tem um sapato de fivela
É mentira da Barata o sapato é da irmã dela
Há-há-há, hó-hó-hó o sapato é da irmã dela
Há-há-há, hó-hó-hó o sapato é da irmã dela
A Barata diz que dorme numa cama de cetim
É mentira da Barata ela dorme é no capim
Há-há-há, hó-hó-hó ela dorme é no capim
Há-há-há, hó-hó-hó ela dorme é no capim.
A Barata diz que tem um perfume da avon
É mentira da Barata ela usa detefon
Há-há-há, hó-hó-hó ela usa detefon
Há-há-há, hó-hó-hó ela usa detefon
FIGURA 09 A Barata - Música cantada pelos alunos junto com a professora substituta. Partitura elaborada
pela pesquisadora.
178
Borboletinha está na cozinha
Fazendo chocolate para a madrinha
Poti poti perna de pau olho de vidro
Nariz de pica-pau, pau, pau.
FIGURA 10 Borboletinha. Música cantada pelos alunos junto com a professora substituta. Partitura elaborada
pela pesquisadora.
Se você está contente bata palmas
Se você está contente bata palmas
Se você está contente quer mostrar a toda gente
Se você está contente bata palmas.
179
Se você está contente bata os pés
Se você está contente bata os pés
Se você está contente quer mostrar a toda gente
Se você está contente bata os pés.
Se você está contente estale os dedos
Se você está contente estale os dedos
Se você está contente quer mostrar a toda gente
Se você está contente estale os dedos.
Se você está contente diga viva!
Se você está contente diga viva!
Se você está contente quer mostrar a toda gente
Se você está contente diga viva!
Se você está contente faça os quatro
Se você está contente faça os quatro
Se você está contente quer mostrar a toda gente
Se você está contente faça os quatro.
FIGURA 11 Se você está contente. Música cantada pelos alunos junto com a professora substituta. Partitura
elabora pela pesquisadora.
Fui na cozinha tomar ca
Veio a formiguinha e subiu no meu pé
180
E eu sacudi sacudi sacudi
Mas a formiguinha não parava de subir.
Fui no quarto pegar um laço
Veio a formiguinha e subiu no meu braço
E eu sacudi sacudi sacudi
Mas a formiguinha não parava de subir.
Fui no tanque pegar sabão
Veio a formiguinha e subiu na minha mão
E eu sacudi sacudi sacudi
Mas a formiguinha não parava de subi.r
Fui na feira comprar batata roxa
Veio a formiguinha e subiu na minha coxa
E eu sacudi sacudi sacudi
Mas a formiguinha não parava de subi.r
Fui no mercado comprar atum
Veio a formiguinha e picou o meu bumbum
E eu sacudi sacudi sacudi
Mas a formiguinha não parava de subi.r
FIGURA 12 A Formiguinha. Música cantada pelos alunos junto com a professora substituta. Partitura
elaborada pela pesquisadora.
181
A dona aranha subiu pela parede
Veio a chuva forte e a derrubou
Já passou a chuva e o sol já vai saindo
E a dona aranha tornou a subir
Ela é teimosa e desobediente
Sobe sobe sobe e nunca está contente.
FIGURA 13 – A Aranha. Música cantada pelos alunos junto com a professora substituta. Partitura elabora pela
pesquisadora.
Ao término das músicas as crianças estavam mais calmas e participando da roda
musical”, cantavam alegremente, fazendo os gestos propostos pela professora de acordo com
o que era dito nas músicas. Observou-se que a professora enfatizava as músicas com gestos
faciais, o que chamava ainda mais a atenção das crianças, podendo dizer que ela interpretava
as músicas.
Após a reunião com os pais, a professora Maria voltou à sala, iniciando a rotina
escolar, tal como descrita no segmento anterior: foi realizada a escolha do ajudante, a
contagem dos dias da semana e do mês, a identificação das letras e números e a distribuição
dos crachás. Em seguida, a professora propôs que fizessem uma brincadeira na lousa; ela
escrevia uma letra ou número na lousa e os alunos deveriam identificar se era letra ou número,
como mostra a figura abaixo:
FIGURA 14: Exemplo de letras e números para serem identificados na lousa.
As crianças tinham muita dificuldade na identificação; percebia-se que respondiam o
que era perguntado aleatoriamente, sem se dar conta do que lhes fora pedido. A professora
A E
I
O U
1 2 3 4 5
182
esclareceu à observadora que estava trabalhando bastante letras e números, pois esses sinais
ainda apresentavam muitas dificuldades às crianças. Embora estivessem trabalhando com esse
conteúdo desde o início do ano, notou-se apenas um aluno que sabia distinguir perfeitamente
as letras e números. Cabe ressaltar que este aluno se sobressaia em todas as atividades,
mostrando facilidade e grande interesse por tudo que se fazia em sala de aula.
Na atividade seguinte, ainda sentados em círculo, os alunos foram questionados a
respeito da Amazônia. Mais uma vez, notou-se que não foi feita nenhuma ponte entre o que
estavam fazendo anteriormente e o que iria acontecer em seguida; simplesmente, a professora
mudou o assunto. Disse que “a natureza está pedindo socorro devido à poluição”, questionou
os alunos sobre o que seria natureza; respondendo a essa questão, os alunos prontamente
afirmaram ser as plantas e árvores; diante disso, então, a professora concluiu, “precisamos dar
carinho para a árvore”. Percebeu-se que os comentários dos alunos e da professora os
motivaram: as crianças contaram que árvores em frente às suas casa e algumas, também,
lembraram que os avós possuem chácaras nas quais grandes árvores. Após a discussão, os
alunos dirigiram-se com suas cadeiras para as mesas e lhes foram distribuídos alfabetos
móveis. A atividade, agora, consistia em fazer cada criança montar a palavra ÁRVORE,
lembrando-se de que a professora deixou feito o modelo na lousa. Mesmo assim, com o
modelo, poucas crianças conseguiram montar a palavra. Na sala, apenas duas delas
conseguiram fazer a atividade com facilidade, enquanto as outras necessitaram da intervenção
da professora, pois não conseguiram reconhecer nenhuma letra, embora as comparando com
as da lousa.
Após essa atividade, as crianças foram informadas pela professora que iriam para o
lanche. Mais uma vez, formou-se uma fila por ordem de tamanho, e elas foram conduzidas até
o pátio. O lanche foi servido às 08:45 h, e constou de pão com salsicha e suco de limão. A
recreação, após o intervalo, foi com bambolê. As meninas fizeram ou, pelo menos, tentaram
183
fazer o movimento, porém os meninos os utilizaram como brincadeira de corrida. Eles
giravam o bambolê em para ver até que distância ele iria. Notou-se que, como a
brincadeira não foi dirigida, as crianças ficaram livremente no pátio brincando, o que tornou
aquele espaço bastante agitado, com muitos gritos, correria , a mesmo chegando a brigas
entre os alunos.
Após o lanche fizeram a escovação dos dentes, da mesma maneira da semana
anterior. A falta de organização das crianças no banheiro continuou, ou seja, as crianças em
vez de escovar os dentes, brincavam com a água, gastavam papel e conversavam; por isso, a
escovação se dava de forma extremamente demorada. Seria interessante contar com a ajuda
de um monitor, porém na rede municipal as salas de Educação Infantil não contam com essa
pessoa, ficando por conta do professor todo o trabalho dentro e fora da sala, o que torna a
condução do trabalho e das atividades extremamente complicada, pois ele não pode deixar os
que permanecem dentro da sala sozinhos, para acompanhar os que estão no banheiro.
A atividade seguinte foi um passeio, feito ao redor das salas de aula, com o objetivo
de observarem a natureza. No espaço escolar existem várias árvores, gramas, jardim e até
mesmo um canteiro para plantações, porém na época em que a observadora estava presente na
escola, o havia nenhum alimento plantado. Em fila todos os alunos foram conduzidos ao
passeio e foi sugerido que as crianças abraçassem as árvores para que as sentissem. Após esse
ato, as crianças foram questionadas a respeito do que puderam perceber a respeito da árvore:
se elas eram finas ou grossas, grande ou pequenas, quais eram suas cores. As crianças foram
motivadas a pegaram folhas que estavam no chão, para observarem e sentirem cm o tato. As
crianças demonstravam grande interesse pela atividade e faziam de forma prazerosa o que era
solicitado pela professora. Durante o trabalho, faziam comentários entre si como, “que árvore
grande”, outra “nossa que grossa”, ai essa machuca as mãos”. Ao lhes ser sugerido deitar na
grama, ficou claro que elas adoraram fazer isso; cheiravam, rolavam e sentiam com as palmas
184
das mãos as gramas. Segundo a visão da observadora, essa foi uma atividade bastante propícia
para as crianças, uma vez que elas se mostram interessadas em trabalhar fora da sala de aula;
esse tipo de proposta ajuda a tornar o ambiente escolar menos autoritário, e o transforma em
um espaço lúdico e dinâmico. De volta para a sala, sentadas em círculo, as crianças foram
questionadas a respeito da espessura das árvores, cor e tamanho. Desta vez, todos sabiam
exatamente como elas eram, mostrando que a experiência concreta, nessa faixa etária, é
essencial para o aprendizado. A professora comentou com eles a respeito da importância de
ser amigo e valorizar a árvore, mas não deu informações a respeito de sua importância para a
respiração. Trouxe dois vasinhos de plantas iguais para a sala de aula, onde as crianças
puderam colocar o dedinho para sentir a terra, e disse aos alunos que esses seriam os novos
amiguinhos, pois estariam com eles todos os dias de aula. As crianças adoraram a idéia,
ficaram felizes e disseram que a sala estava mais colorida com os casinhos. Ao fim da
conversa os alunos sentaram-se no chão para esperar o portão da escola abrir, pois estava na
hora de ir embora. A professora deixou-os livremente na sala e colocou um CD
15
para que
eles ouvissem e cantassem. Verificou-se que as músicas eram colocadas aleatoriamente; as
crianças mostravam-se extremamente animadas, cantavam e ainda se arriscavam a fazer
algum gestual como acompanhamento da música. Notou-se que as crianças observadas eram
afinadas e tinham um bom ouvido para a música.
18/04/2007 (quarta-feira)
Com a chegada das crianças e o círculo formado por cadeiras na sala, a professora
fez a chamada por nomes, de forma rápida e objetiva; ao ouvirem seu nome, os alunos apenas
respondiam presente. Não houve distribuição de crachás e nem escolha do ajudante do dia. Na
15
COELHO, Nelly Novaes. Criança Feliz Cantos e Contos. São Paulo: Criança Feliz, p2002. 1CD
185
semana anterior, em que a observadora não esteve presente, a professora trouxe um
cachorrinho de pelúcia para cada aluno levar para casa e cuidar como se fosse um grande
amigo. A aluna Camila o tinha levado para casa, no dia anterior e, naquela manhã, era sua vez
de contar o que o novo amigo havia feito. A menina, muito tímida, disse que seu amiguinho
se chamava Toddynho; de acordo com ela, o cachorro almoçou, assistiu televisão, brincou
com o balanço em sua casa e também na cama da mamãe, fez um passeio por uma praça da
cidade, além de ter tomado banho e escovado os dentes junto com ela. As crianças ouviam o
depoimento da amiga de forma interessada; praticamente, não piscavam os olhos. Queriam
muito que aquele fosse seu dia de levar o bichinho para casa. De acordo com a regra
estabelecida pela professora, poderia levar o novo amiguinho para casa, a criança que se
comportasse muito bem em sala de aula, sem conversas, brigas e que tivesse feito as lições de
forma correta, prestando muita atenção. As crianças eram observadas quanto a esses quesitos
durante toda a aula, pois a escolha se dava no final da aula. Observou-se que esse novo
“amiguinho” na sala de aula trouxe para as crianças maior responsabilidade. As crianças
procuravam se comportar bem ao máximo, para não deixá-lo triste e poder levá-lo para casa.
A menina que deu o depoimento, como já dito anteriormente, era bastante tímida, pouco se
expressava na sala de aula. Com a vinda do “cachorrinho”, ela pode contar suas peripécias,
sem apresentar nenhum problema de socialização.
Após o relato de Camila, a professora apresentou uma atividade na lousa. Nessa
atividade, ela escrevia os números, enquanto as crianças iam acompanhando falando os
números em voz alta, de acordo com o que é apresentado no quadro abaixo:
186
FIGURA 15 – Exemplo dos números escritos na lousa pela professora.
Em seguida a essa atividade, a professora escreveu com letra de forma um cabeçalho
na lousa, com a data e logo perguntou aos alunos quantos dias a semana tinha. Todos,
prontamente, mostraram os sete dedos das mãos e iniciaram a contagem, a partir do polegar:
domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta e sábado. A professora então, perguntou aos
alunos em que dia da semana estávamos, ao que um aluno respondeu - quarta feira. Abaixo se
encontra o exemplo escrito na lousa:
FIGURA 16 – Exemplo do cabeçalho escrito na lousa.
A professora prosseguiu, dizendo que, naquela quarta-feira, falariam bastante do
amigo. Perguntou às crianças se tinham amigos. Todas as crianças responderam que sim.
Várias contaram a respeito de seus amigos, que moram ao lado de suas casa, ou que haviam
sido seus colegas em outras escolas que freqüentavam anteriormente. O tema levantado pela
professora trouxe muitas discussões; uma menina afirmou ser sua mãe sua melhor amiga. As
crianças se entusiasmaram com o tema, e falaram da importância de se ter um amigo, fosse
para brincar, conversar, contar alguns segredos e, até mesmo, para brigar. Segundo uma das
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10
11 12 13 14 15
16 17 18
INDAIATUBA, 18 DE ABRIL DE 2007.
QUARTA-FEIRA
187
crianças, nem sempre os amigos compartilham do mesmo ponto de vista, o que gera
discussão, na hora da brincadeira. Observou-se que o tema os sensibilizou e os manteve
interessados, o que possibilitou a discussão e a integração do grupo.
Após o desenvolvimento da conversa a respeito de amigos, a professora seguiu,
mostrando um CD para os alunos. Esse CD continha uma música cujo tema era a amizade. A
professora perguntou se eles gostariam de aprender essa canção; as crianças reagiram muito
bem à pergunta, reagindo de forma interessada e mostrando-se bastante contentes com a
proposta. Em seguida, todos fizeram silêncio para a escuta da nova música a ser aprendida.
A nossa bela amizade!
16
Irmã Miria T. Kolling
A amizade é uma coisa tão bonita,
Tão verdadeira, de vida inteira!
Amigo perto, amigo longe, amigo, amigo,
Sempre comigo, no coração.
Viva, viva nossa bela amizade,
Na alegria e também na solidão!
Ter bons amigos a maior felicidade!
Festa pra vida, alegria ao coração!
16
KOLLING. Ir. Miria Therezinha. Coral Infantil Do – Ré – Mi. São Paulo: Paulus, p1998. 1 CD.
188
FIGURA 17 – Música cantada por alunos e professora. A Nossa bela amizade.
(Fonte: KOLLING. Ir. Miria Therezinha. Coral Infantil Do – Ré – Mi. São Paulo: Paulus, p1998. 1 CD.)
Notou-se que a letra era extensa para os alunos decorarem em poucos minutos. A
professora, primeiramente, falou a letra, para que todos repetissem. Depois, todos cantaram
três vezes, acompanhando o CD. Alguns alunos não conseguiram decorar a letra e cantavam
apenas a última sílaba de cada frase, mostrando que realmente não a sabiam. Apesar disso, foi
possível observar que a professora trabalhou com esforço e interesse ao trabalhar com as
crianças, mesmo que de forma superficial. Cabe ressaltar que não houve, por parte da
professora, explicações a respeito da música, e discussões com os alunos, para averiguar o que
haviam entendido da letra. A atividade correu rapidamente, porém, apesar da rapidez, pode-se
observar que aqueles que cantaram tinham boa afinação e boa memória melódica, o que foi
comprovado pelo fato de cantarem por mais alguns momentos sobre a melodia em boca
chiusa, enquanto desenvolviam outras atividades, no decorrer do período da manhã. A
receptividade das crianças à atividade proposta deixou a professora bastante satisfeita.
189
A atividade seguinte foi trabalhar com o alfabeto móvel. Para isso, as crianças
sentaram-se nas mesinhas. A tarefa proposta era formar a palavra: “AMIGO”. Quatro alunos
apresentaram bastante dificuldade em montar a palavra, demonstrando que ainda não tinham
domínio do código escrito. Nessa ocasião, os próprios amigos as ajudaram na tarefa. Para
isso, levantavam-se de suas cadeiras de forma ordenada, e iam até à lousa, onde a palavra
estava escrita, apontando as letras que deveriam ser encontradas pelos coleguinhas. A
atividade foi bastante interessante, pois foi possível verificar quais alunos eram capazes de
identificar letras, e quais ainda não sabiam fazer isso. No entanto, é importante salientar que
em qualquer situação pedagógica as crianças não terão o mesmo desenvolvimento, pois cada
uma tem seu próprio tempo, que precisa ser respeitado. Em relação à alfabetização, ressalte-se
que esta não pode ser forçada, mas sim estimulada.
Após a atividade de reconhecimento de palavra amigo, a professora distribuiu uma
folha de papel sulfite, que continha apenas um círculo. A partir dessa figura, os alunos
deveriam desenhar o corpo do amiguinho.
A hora do intervalo chegou e as crianças formaram fila e dirigiram-se ao pátio para a
merenda, que foi servida às 08:45 h: pão com carne desfiada e suco de tangerina. A atividade
de recreação, após o intervalo, era pular corda e, desta vez, foi dirigida pela professora que,
junto com a observadora, impulsionou a corda para que os alunos pulassem. Observou-se que
poucos alunos conseguiram atender à proposta. Grande parte dos alunos o foi capaz de
pular a corda no ritmo, mantendo a pulsação. Também foi difícil pular corda cantando, pois
não conseguiam coordenar o movimento ritmado e o canto. Dessa forma, ora faziam uma
coisa, ora outra, não sendo possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo, ao menos naquele
momento. As músicas eram conhecidas das crianças, tais como Marcha Soldado, ou Cai, cai,
balão, entre outras.
190
Marcha soldado cabeça de papel
Se não marchar direito vai preso no quartel
Quartel pegou fogo a polícia deu sinal
Acode acode acode a bandeira nacional.
FIGURA 18 – Marcha Soldado. Música cantada na brincadeira de pular corda. Partitura elaborada pela
pesquisadora.
191
Cai cai balão, Cai cai balão
Aqui na minha mão
Não cai não não cai não não cai não
Cai na rua do sabão.
FIGURA 19 Cai Cai Balão. Música cantada na brincadeira de pular corda. Partitura elaborada pela
pesquisadora.
Na volta do intervalo, a rotina de escovação dos dentes foi efetuada da mesma forma
já relatada nos dias anteriores. Passou-se, então, para uma atividade em que foram trabalhadas
formas geométricas. Essa atividade consistia em se criar seqüências que envolvessem o
triângulo, o círculo e o retângulo. Segundo a proposta, as crianças deveriam montar essas
seqüências utilizando essas figuras separadamente. Abaixo, apresentam-se algumas das
seqüências propostas pela professora:
192
FIGURA 20 – Exemplo da seqüência das figuras geométricas.
FIGURA 21 – Exemplo da seqüência das figuras geométricas.
As crianças desenvolveram a atividade, porém cabe salientar que identificaram as
figuras pelas cores e o por suas formas; dessa forma acredita-se que fazer uso de cores nas
formas geométricas não traz o objetivo traçado quanto à resolução da atividade, uma vez que
as crianças não precisaram saber os nomes, bastava olhar as cores que a identificação seria
possível.
A atividade seguinte foi com massinha de modelar. A tarefa consistia em fazer o
aluno modelar um amiguinho, com quem quisesse fazer amizade. Todos os alunos se
mostraram muito interessados em brincar com a massa de modelar, porém nem todos
entenderam a proposta feita pela professora, pois ao término da atividade alguns deles
disseram que haviam feito um carro de corrida, uma bola e, amesmo, alguns personagens
de desenho animado, que assistem na televisão. Notou-se, naqueles que tentaram fazer o
proposto, que em seus bonecos faltavam pernas, braços e, até mesmo, o corpo; da cabeça,
saíam, diretamente, os braços e as pernas, o que faz pensar que o esquema corporal, para essas
crianças, ainda não estava nítido. Seria importante que o professor de sala trabalhasse com
193
eles, de forma lúdica, atividades em que pudessem aperfeiçoar sua percepção do próprio
corpo (propriocepção), para que esse conceito fosse vivenciado e compreendido por eles.
Após essa atividade, todos pegaram suas mochilas, e se sentaram no chão, esperando
que a professora dissesse o nome de quem levaria o “cachorrinho” de pelúcia para casa. A
professora, então, deu início ao processo de avaliação, em que os alunos deveriam participar.
Inicialmente, perguntou-lhes quem, na opinião deles, havia tido um bom comportamento
durante a aula. Eles, de comum acordo, apontaram uma amiguinha, que, por esse motivo,
levou o cachorrinho de pelúcia para casa. Curiosamente, ninguém se auto-definiu como
comportado. Na hora da pergunta, as crianças souberam apontar a pessoa que, na sua opinião,
merecia ser assim considerada, o que foi um indicativo de desprendimento. Essa foi a última
atividade desse dia e, após seu término, todos retornaram para casa.
09/05/2007 (quarta-feira)
A aula teve início de maneira semelhante ao que ocorreu nas aulas anteriores. Todas
as crianças sentaram-se com a cadeira em forma de círculo, enquanto um deles foi escolhido
aleatoriamente pela professora, para entregar os crachás. Enquanto isso ocorria, ela mostrava
aos outros alunos uma grande folha de cartolina e propunha a eles a atividade a ser
desenvolvida. Esta consistia em escrever no cartaz o que eles consideravam “legal” ou não
“legal” para fazer na escola e em casa. A coluna em que deveria ser inscrito o que era
considerado “legal”, era representada por uma mão com o polegar para cima, sinalizando que
a atividade era positiva”. A coluna em que se deveria inscrever o nome das coisas
consideradas como “não legal”, era representada por outra mão, desta vez, com o polegar
virado para baixo, indicando que a coisa era considerada negativa. As crianças ficaram
entusiasmadas com a atividade. No entanto, ao perguntar às crianças se determinada coisa era
194
positiva ou negativa, a professora não recebeu respostas e, devido a esse fato, então ela
mesma sugeria coisas e ações, ao que as crianças respondiam afirmativa ou negativamente.
Entre as frases ditas por ela, constavam:
. oferecer ajuda às pessoas,
. respeitar os mais velhos,
. fazer novas amizades,
. jogar lixo no chão,
. não escovar os dentes,
. brigar,
. destruir a natureza, entre outras.
Abaixo, a maneira como o cartaz foi produzido:
Quadro 03 - Atividade feita em cartolina na sala de aula com as crianças.
O LEGAL É: NÃO É LEGAL
Oferecer ajuda Jogar o lixo no chão
Ajudar nas tarefas de casa e na escola Deixar de escovar os dentes
Respeitar os mais velhos Deixar sobras de comida
Fazer novas amizades Brigar com o amiguinho
Brincar e pular Destruir a natureza e os animais
Sorrir e ser Feliz Não fazer as lições de casa
A observadora notou a importância de se estabelecer regras com essa turma, pois se
verificou que elas têm dificuldade em aceitar limites, talvez porque estejam acostumados a
fazer o que querem em casa, sem qualquer repreensão por parte dos pais. Diante dessa
circunstância, as regras que foram elaboradas pela professora, em conjunto com os alunos, foi
195
muito interessante, pois o cartaz é algo concreto que pode ser visualizado e até mesmo tocado.
Acrescente-se que essa atividade foi fundamental como auxiliar à tarefa de conseguir
melhorar o comportamento de algumas crianças da sala de aula. Foi observado que, por meio
de regras, as próprias crianças se corrigiam; quando algum amiguinho tinha reações
comportamentais negativas na sala de aula, os outros alunos automaticamente faziam com a
mãozinha o sinal de que aquele comportamento não era por eles considerado “legal”, o que,
em geral, levava o coleguinha a se redimir e pedir desculpas, mostrando que a atividade havia
alcançado os objetivos desejados naquele momento. Para a observadora, fazia-se necessário,
em alguns casos de turmas com problema de comportamento, a construção de algumas regras,
que deveriam ser cumpridas pelas crianças, pois, devido ao comportamento inadequado de
algumas crianças, outras poderiam ficar comprometidas em relação à aprendizagem, por estar,
a todo momento, desviando sua concentração das atividades propostas.
Após a elaboração do cartaz, as crianças foram tomar o lanche, que se deu às 08:45 h
e constou de pão com salsicha e suco de laranja. Não houve brincadeira dirigida após o
intervalo; simplesmente, a professora pegou uma caixa com brinquedos da biblioteca, que
continha carrinhos e bonecas, e os distribuiu aos alunos. Observou-se que, como a brincadeira
não fora dirigida, os alunos falavam muito alto, corriam e pulavam; os meninos se
desentenderam, chegando a se baterem, sendo necessária a intervenção da merendeira.
Enquanto isso, a professora da sala juntamente com a professora do Nível III, mostraram estar
preocupadas com a apresentação para o Dia das Mães, pois não sabiam o que poderiam
mostrar em comemoração ao dia. Sabendo que a observadora lecionava educação musical em
escola particular da cidade, pediram sua opinião, porém esta pesquisadora deixou claro que
não poderia dar orientação naquele momento, por estar adotando, em sua pesquisa a
metodologia de observação não-participante. Devido a esse fato, não poderia intervir de
nenhuma maneira, sob pena de invalidar a observação. A professora queria ajuda na escolha
196
do repertório, e pediam música com letras que falassem da importância do amor verdadeiro e
puro. Com a recusa da pesquisadora, professora e crianças foram, então, até à biblioteca, onde
escolheram alguns CDs e começaram a escutar. Em poucos minutos, haviam decidido o
que iriam apresentar. Escolheram duas melodias folclóricas, para serem cantadas para as
mães: Borboletinha e O meu chapéu tem três pontas.
17
Logo após terem ouvido as músicas e escolhido as preferidas, a professora chamou
as crianças, pediu para que guardassem rapidamente os brinquedos na caixa, e deram início ao
ensaio das músicas para o Dia das Mães. As crianças, que já estavam agitadas por estarem
brincando livremente no tio, começaram a correr de forma desorganizada para guardar os
brinquedos, fazendo a docente chamar sua atenção e colocar todos sentados no banco do
pátio. A seguir, passou a chamar três crianças de cada vez, para guardar os brinquedos de
forma adequada. Assim que terminaram a arrumação, sentaram-se todos no chão, iniciando a
escuta das músicas. Todos conheciam a música Borboletinha, e a observadora tinha, até,
visto a professora substituta cantar com as crianças do Nível II, como está descrito nas
páginas anteriores. No entanto, a outra música proposta O meu chapéu tem três pontas -
nenhuma criança conhecia. As professoras repetiram por cinco vezes as músicas, utilizando-se
do gestual a ser feito, sendo que cada frase tinha um gesto pré-determinado, que seguia
rigorosamente o que era dito na letra da música. Havia pouco interesse por parte das crianças,
que pareciam “papagaios”, repetindo o que as professoras diziam e imitando os gestos que
faziam. Muitos não participavam e eram chamados à atenção a todo momento. A ausência de
um contexto que pudesse dar significado ao aprendizado das canções e a ausência de qualquer
proposta que incentivasse a criatividade dos alunos, abrindo-lhes possibilidades de inventar,
tinha como resultado essa apatia e dificuldade em se envolver com a proposta. As professoras
17
HORTA, Carlos Felipe de M. Marques. Alegria, alegria: as mais belas canções de nossa infância. Belo Horizonte: Editora
Leitura, 1999.
197
pediam insistentemente para que cantassem mais forte, havendo momentos em que as crianças
chegaram a gritar.
Instante mais tarde foi notado que essa maneira de ensaio não cabia em uma
apresentação consistente, pois, embora as crianças fossem bastante afinadas, devido ao
volume em que cantavam, transformavam a música em gritos ensurdecedores,
comprometendo a afinação, o que o contribuía para a aprendizagem musical. Em
determinada hora, as professoras pediram para que os alunos cantassem em pé. Embora eles
tivessem se levantado, conservaram a mesma posição; não faziam nenhum movimento
corporal, mas mantinham-se estáticos, gritando e repetindo gestualmente o que lhes era
ensinado. Desse modo, uma atividade que poderia incentivar o desenvolvimento de ações
criativas nos alunos, como, por exemplo, elaborar uma melodia e pequenas frases para cantar
na comemoração do Dia das Mães, tornou-se um exercício repetitivo, devido à falta de
criatividade das professoras ao proporem a atividade.
Foi muito útil ter a oportunidade de observar as professoras trabalhando numa classe
de Educação Infantil, pois ficou claro que elas precisam ser orientadas para que possam
vivenciar e compreender alguns conteúdos de música, aprendendo de que modo trabalhar
música dentro da sala de aula. Consulte-se, a esse respeito, John Paynter (1972), em especial o
capítulo 1 – Today´s music is for everyone”, em que discute a necessidade de os professores
de outras áreas se aproximarem da música. O que se viu nessa aula foi uma atividade
inadequada, em que as professoras trouxeram algumas músicas para a classe, mas não a
exploraram convenientemente, atendo-se à utilização de gestos estereotipados única e
deixando claro que a única função que atribuem à música é a de animadora de festas e de
apresentações musicais nas datas comemorativas. Entenda-se que, neste trabalho, não se está
assumindo uma atitude de condenação às professoras observadas, mas pondo-se em evidência
o real despreparo das docentes de Educação Infantil, no que se refere à música.
198
Após o término do ensaio, as professoras dirigiram-se às suas salas com as crianças e
deram continuidade às atividades escolares. As crianças, sentadas nas cadeiras dispostas em
círculo, acomodaram-se, quando, então, a professora apresentou a elas uma boneca. A
docente, depois de conseguir a atenção da classe, passou a fazer perguntas a respeito da
cabeça da boneca. E dizia: “o que a cabeça dela tem?”, as crianças prontamente responderam:
cabelo, lios, nariz, sobrancelha, olhos, boca, bochecha, testa, pescoço, nuca. A observadora
ficou surpresa com a prontidão das respostas. Não foi possível detectar nenhuma criança que
não soubesse o que estava sendo perguntado; todas deram sua opinião, de forma bastante
participativa. Após esse momento de fazer perguntas a respeito da boneca, a professora
passou a se concentrar especificamente na boca, perguntando: “O que tem dentro da boca?”
As crianças, novamente, responderam rapidamente: língua e dentes. A professora ainda
prosseguiu, dirigindo a atenção da classe para os braços, as os, a barriga, a perna e os
joelhos. Porém, quando perguntou quantos dedos havia nos pés, algumas crianças
responderam dois e outras, três, o que provocou a imediata reação da professora, que pediu
para que as crianças tirassem os sapatos e contassem os dedos dos pés. A contagem dos dedos
foi de grande importância para elas, pois puderam vivenciar concretamente o que estavam
vendo na boneca; cada uma contou os dedos de seus pés e aprendeu, pela experiência, o
número exato. A partir da observação dos próprios pés, pelas crianças, e do número de dedos
que havia em cada pé, as crianças não erraram novamente. A razão do domínio desse
conteúdo pela classe deve-se ao fato de a professora ter abordado a questão de maneira
concreta, a partir da experimentação, e garantiu que esse trabalho ocorresse de forma
prazerosa, por meio de gestos simples, porém, bastante significativos. As crianças adoraram
fazer esse tipo de trabalho. E importante frisar que, quando a atividade proposta obedece a
critérios recomendados pedagogicamente, como: manter o caráter lúdico da proposta,
incentivar a vivência e a experimentação, dar oportunidade de participação ativa e de
199
expressão e criação, ela provoca sentimentos positivos por parte classe, que domina os novos
conteúdos quase sem perceber. Lembre-se, também, que essa prática é comum nas escolas de
Educação Infantil e pode ser observada aqui em muitas das atividades propostas. Quando o
assunto é música, isso não ocorre e as professoras sentem-se perdidas e, devido a isso,
resguardam-se de possíveis erros, privilegiando a imitação pura e simples de exemplos
musicais colhidos em CD, e não dando oportunidade nenhuma à criança de experimentarem e
vivenciarem atividades musicais, o que aponta para a necessidade de os professores de
Educação Infantil passarem por capacitação específica na área de música.
Após o término da atividade, a professora finalizou a aula, contando para as crianças
que essa fora uma forma de conhecer um pouco mais do corpo. Nesse momento, uma das
alunas a interrompeu, dizendo que não tinham falado do ouvido. A professora, então, bastante
surpresa, parabenizou a aluna por estar atenta à explicação e, logo, aceitou a sugestão,
começando a falar do ouvido. Ela, então, perguntou às crianças para que servia o ouvido, ao
que elas responderam que ele servia para escutar. A professora completou, afirmando que era
para escutar os sons e, com isso, terminou a atividade. Na opinião da observadora, a
professora poderia explorar mais a questão do som, que surgira espontaneamente na sala de
aula. Poderia, por exemplo, perguntar o que as crianças ouviam naquele momento, que sons
ouviam em casa, na escola, na rua, no parque, dentre tantos outros lugares que poderiam
freqüentar; no entanto, a discussão que poderia ser um bom pretexto para um aprendizado
mais profundo, terminou sem questionamentos.
Após fazer as cadeiras serem devolvidas a seu lugar, em frente às mesinhas, a
professora distribuiu aos alunos alguns quadradinhos feitos com papel cartolina, contendo
números na parte frontal, enquanto na parte de trás havia letras que, juntas formavam uma
palavra, como mostra o exemplo abaixo:
200
FIGURA 22 – Exemplo de atividade entregue aos alunos.
FIGURA 23 – Exemplo de atividade entregue aos alunos.
FIGURA 24 – Exemplo de atividade entregue aos alunos.
Dessa forma as crianças podiam montar a seqüência de números de um lado, e do
outro lado, formar palavras. A professora escreveu a seqüência de números de 1 A 8 na lousa
e também as três palavras que estão nos quadrados acima, para que as crianças as tivessem
como modelo. Todos os alunos sentiram bastante dificuldade em ordenar números ou juntar
as letras, de modo a formar palavras. Observou-se que eles sabem falar a seqüência de cor,
porém ainda não são capazes de identificar os números no papel. A professora precisou ajudar
cada criança a formar as seqüências propostas, notando que elas precisavam ser mais
3
1
2
4
5
I
A
M
G
O
5
3
4
6
7
E
S
P
I
T
8
2
O
E
1
R
2
1
3
A
L
R
201
trabalhadas quanto a essa questão. Constatou-se que a atividade estava além do nível de
compreensão das crianças, mostrando que, até mesmo com um modelo, as dificuldades estão
presentes e os alunos não conseguiam superá-las.
A atividade seguinte foi feita, novamente, com as crianças sentadas em forma de
círculo no chão. A professora escreveu, em doze pequenos quadrados de papel, as seguintes
palavras: CONVERSAR, BRINCAR, CARINHO, AMOR, OBRIGADO, GOSTO, POR
FAVOR, ALEGRIA, DESCULPE, COM LICENÇA, BEM, AJUDAR. Em uma folha de
papel craft de tamanho grande, ela desenhou doze bonequinhos de mãos dadas, pediu para que
cada criança escolhesse uma palavra da lista, e explicou que eles as colariam nas mãozinhas
dos bonecos. Cada criança mostrou sua palavra aos coleguinhas e, então, começaram a
discutir entre si o que significava. Ela instigava os alunos a darem exemplos de suas palavras,
como, por exemplo, a questão: Para que serve a palavra obrigado? Desse modo, os alunos
poderiam entender seus significados e utilizá-las no dia-a-dia. Após a discussão e a colagem
dos papéis, o cartaz foi exposto no mural da sala do Nível II, que fica no pátio da escola.
Todos se mostraram orgulhosos (quanto à confecção) por haverem feito o cartaz, e repetiam
prazerosamente as palavras que tinham visto. Ficou evidente que esta atividade foi bem-
sucedida, porque estava apropriada ao nível de conhecimento da classe, ao mesmo tempo,
trazendo desafios, mas, também, proporcionando alegria e prazer, ao cumprirem as tarefas
pedidas. A dosagem das dificuldades a serem apresentadas deve ser cuidadosamente medida,
pois atividades muito fáceis ou muito difíceis não contribuem para o crescimento individual e
coletivo.
De volta a sala pegaram as mochilas e aguardaram por alguns instantes a chegada
dos pais para irem embora.
202
A
PÊNDICE
B
P
ROFESSORA
A
NA
N
ÍVEIS
II
E
III
4
À
6
ANOS
11/04/2007 (quarta-feira)
A professora Ana aguardava os alunos à porta da sala de aula, e, também, recebeu a
pesquisadora muito bem, de forma simpática e agradável. Quando todos já estavam
acomodados em suas cadeiras, à frente das mesas, ela pediu para que cantassem a música
Parabéns a você, pois um aluno estava aniversariando. As crianças cantaram de forma
animada e, ao término da música, pegaram suas cadeiras e fizeram um círculo, para que a
professora fizesse a leitura de uma história. A pesquisadora não registrou a história, porém
seu nome era “Amigos”. Era uma narrativa que falava de animais, defendendo a idéia de que
eles eram os melhores amigos do homem. No decorrer da narração da história, a professora
utilizava a voz e gestos faciais para dar ênfase às situações escritas, tais como: um dia
chuvoso, com relâmpagos e trovões; ou algumas cenas belas e singelas com sorrisos. Os
alunos adoravam ouvi-la e demonstravam estar atentos ao que lhes era contado. Após a
leitura, foram propostas algumas questões aos alunos, relacionadas aos seus melhores amigos
e, também, para saber se eles tinham algum bichinho de estimação. Curiosamente, poucos
foram os alunos que responderam afirmativamente; grande parte deles tinha cachorro. Quando
a professora pediu para que recontassem a história, todos fizeram isso de forma muito bonita e
expressiva, mostrando que estavam atentos e concentrados no conteúdo da história.
Ana aproveitou a conversa para tratar de algo desagradável que estava acontecendo
na sala, pois houve alguns pais que reclamaram na escola que os filhos estavam indo para casa
com marcas de beliscões. A professora trouxe esta situação para a classe, e afirmou saber que
eles estavam se envolvendo em brigas e dando tapas uns nos outros. Então, ela os repreendeu,
afirmando que esse tipo de atitude não era própria de pessoas educadas como eles. Alguns dos
203
alunos quiserem se explicar, e ela ouviu mas, no final, disse que não gostaria mais de ter que
chamar a atenção de seus alunos por isso. Ao que parece, eles ficaram tocados, pois
prometeram nunca mais brigar.
Após a conversa, a professora escolheu cinco alunos, para irem ao cantinho do livro,
que fica na biblioteca; outros cinco alunos foram encaminhados para o cantinho da fantasia,
que consistia em uma caixa cheia de fantasias, que eles deviam experimentar; as crianças
desse grupo pareceram muito animadas em relação à fantasia. A observadora os acompanhou
rapidamente, pois o cantinho da fantasia também fica na biblioteca.
As crianças do primeiro grupo pegaram colchonetes, tiraram o tênis, escolheram os
livros que estavam em uma estante para leitura, e sentaram-se. Surpreendentemente, não se
ouvia nenhum barulho; todos estavam concentrados, fazendo a leitura dos livros escolhidos.
Enquanto isso, no outro canto da sala, cinco crianças experimentavam fantasias sem parar,
porém conversavam num nível baixo, sem fazer bagunça. Após observar os alunos em suas
tarefas, a pesquisadora voltou para a sala de aula.
Na sala permaneciam onze crianças que, com seus cadernos, estavam fazendo uma
atividade de colagem. A professora deu-lhes uma folha com um determinado desenho, após o
que eles pintaram, recortaram no pontilhado e, em seguida, montaram o desenho no caderno e
lá o colaram. Ao terminar a atividade, já estava na hora do lanche.
A hora do intervalo chegou e as crianças formaram fila e cantaram a Música do
Lanchinho, transcrita abaixo:
204
Meu lanchinho, meu lanchinho
Vou comer, vou comer
Pra ficar fortinho, pra ficar fortinho
E crescer, e crescer.
FIGURA 25 – Meu Lanchinho. Música cantada pelos alunos na hora do lanche. Partitura elaborada pela
pesquisadora.
Em seguida, as crianças dirigiram-se ao tio para a merenda, que foi servida às
09:15 hs e constou de pão com salsicha e suco de tangerina. Após o intervalo, a professora
trouxe para o pátio o rádio e um Cd que continha gravações de músicas criadas ao
computador, e explicou sua proposta. A música ia tocar e eles iriam dançar; quando ela
parasse a professora falaria um número, 2,3,4...; então, ao ouvir o número, as crianças teriam
que dar as mãos, formando grupos com igual número de crianças quanto o que fora anunciado
na seqüência numérica.
As crianças estavam muito animadas, embora as músicas já fossem suas conhecidas,
como, por exemplo, A dona aranha, ou Formiguinha, dentre outras descritas acima; as
crianças não cantavam junto, não esboçaram nenhuma letra, e mostravam estar bastante
preocupadas com a formação do grupo seguindo a ordem da professora. Em seguida, esta
entregou a cada uma das crianças um bambolê, dizendo que, quando a música parasse, eles
deveriam colocar o bambolê no chão e sentar dentro. Após o término dessa atividade, foi feito
205
um trem, em que a professora ia à frente, fazendo alguns movimentos, ao que os alunos
deveriam corresponder, como: mão para frente, para trás, à direita, ou à esquerda. A próxima
atividade consistia em passar o bambolê pelo corpo, de cima para baixo e, depois, de baixo
para cima. Segundo o ponto de vista da observadora, a atividade tinha por objetivo
desenvolver a lateralidade e, também, no seu início, alguns conceitos de matemática.
O que se observou, enquanto o CD tocava, é que a professora não pediu, em nenhum
momento, para que os alunos cantassem, e nem, tampouco, sugeriu atividades que usassem a
voz. Perdeu-se, então, uma ótima oportunidade de desenvolver um trabalho musical com os
alunos.
Ao término da brincadeira dirigiram-
se para a sala, quando a
professora fez sondagem da escrita com as crianças no caderno. Ela chamou um aluno de cada
vez, e pediu-lhes que escrevessem algumas palavras, como amigo, gato e cachorro. Notou-se
que nenhuma criança conseguiu escrever corretamente; poucas escreveram apenas parte da
palavra. Após essa sondagem, pegaram suas mochilas e ficaram sentados, esperando a hora de
ir embora.
25/04/2007 (quarta-feira)
A professora, da mesma forma que na aula passada, recepcionou os alunos à porta da
classe, e pediu-lhes que se sentassem nas cadeiras. Quando todos estavam acomodados, ela
perguntou aonde estava o Paschoal. Pascoal é um cachorrinho de pelúcia, que, como foi visto
na outra classe, fica um dia na casa de cada criança. Paulo, que havia levado o bichinho para
casa, contou suas peripécias com o cachorro. Segundo ele, o cachorrinho foi com ele ao
supermercado, ao parquinho, buscar o irmãozinho à tarde, na escola e, também, jantou. E
afirmou que naquela manhã, havia tomado leite com achocolatado. Todos os alunos riram
206
bastante, ao ouvir Paulo contar essas histórias a respeito de Pascoal; no entanto, não perdiam
a atenção no que ele falava, mantendo-se concentrados.
Ana, a professora, resolveu fazer a chamada; de acordo com ela, os alunos teriam que
responder Paschoal, em vez de presente. As crianças adoraram a brincadeira. Em seguida,
levaram suas cadeiras para o centro da sala e formaram uma roda. A professora distribuiu o
crachá para cada aluno e, em seguida, informou que contaria uma historinha, chamada
“Formiguinha”. A observadora não registrou a história, porém seus personagens principais
eram a formiga, o rato, o gato e o o. Não houve questionamento por parte da professora ao
término da história, para verificar o nível de compreensão de seus alunos. Ela, simplesmente,
pediu que fizessem uma fila para irem ao pátio. Lá, formaram uma roda e cantaram a música
“Atirei o pau no gato”. Primeiramente cantaram parados no lugar, depois, andando em círculo
de mãos dadas. Em seguida, a professora sugeriu que mudassem o nome do animal, assim, em
seguida, passaram então a cantar texto com cachorro, cavalo, passarinho e galinha. Cabe
ressaltar que dois alunos não quiseram participar e preferiram ficar sentados, somente
assistindo. Ao término da atividade, a professora pediu-lhes que se sentassem no chão e fez
perguntas a respeito da letra da música. Ela conversou com eles a respeito da ação contida no
texto: “Atirei o pau no gato” e lhes perguntou se achavam correto jogar um pau no
animalzinho. Todos responderam que não, porque os animais o nossos amigos. Então, ela
sugeriu que cantassem:
Não atirem o pau no gato to
Porque isso-sso não se faz faz faz
O gatinho nho nho é nosso
Amigo go go
Não podemos maltratar os animais.
207
Sabe-se que essa maneira de conduzir a deturpação do folclore vai por conta do
“politicamente correto”, mas cabe ressaltar que a correção da letra, não é o meio para se
acabar com a violência.
Notou-se que as crianças não conheciam essa letra, porém a anterior elas cantavam
alegremente. Elas eram bem afinadas e tinham precisão rítmica. Observou-se que a professora
poderia ter trabalhado mais a parte musical, talvez isso o tenha se dado, devido sua falta de
formação. Poderia, por exemplo, pedir para as crianças cantarem em intensidade forte e fraca,
mas isso não ocorreu. Ela preferiu apenas sugerir a modificação da letra.
Ao voltarem para a sala, a professora anunciou que a atividade seria a Colagem
Maluca. A brincadeira consistia em pegar várias revistas e recortar a cabeça de uma pessoa, o
corpo de outra, braços e pernas ainda de outra pessoa e, depois, montar o corpo com os
pedaços recortados, colando-os no caderno. As crianças desenvolveram muito bem a
atividade, mostrando que têm mais noção de esquema corporal do que a sala de Nível II
observada por esta pesquisadora, que ainda não dominam esse conceito, talvez, por serem
mais novos. Após a atividade, as crianças formaram fila e saíram para o lanche.
As crianças cantaram a Música do Lanchinho descrita anteriormente. O lanche foi
servido às 09:15h e constou de pão com carne desfiada e suco de tangerina. Após o intervalo,
as crianças receberam uma caixa de brinquedos que estava na biblioteca, e brincaram
livremente. Ao contrário da sala de Nível II, nenhuma criança se desentendeu com outra;
todas brincaram alegremente, de forma ordenada e, ao término, guardaram todos os
brinquedos.
Retornaram à sala, fizeram a escovação de dentes, da mesma maneira observada no
Nível II. No entanto, a condução da atividades de escovação era mais ordenada do que na
outra classe, pois a professora colocava a pasta de dente nas escovas e fazia dois meninos e
208
duas meninas irem, de cada vez ao banheiro. Embora, aparentemente, esse processo
demorasse mais, ao final, verificou-se que a escovação dessa sala foi bem mais rápida do que
na outra sala. Ao voltarem à sala, a professora anunciou que iriam para a biblioteca, para
assistir um desenho animado. As crianças ficaram contentes, pois gostam muito de cinema.
Eles assistiram um desenho do Pica-pau. Notou-se que, após o desenho, a professora nada
questionou. Todos, simplesmente voltaram à sala e devolveram seus crachás. A professora,
então, fez um sorteio, utilizando-se dos próprios crachás, para decidir quem levaria o Paschoal
para casa. Após essa decisão, todos pegaram suas mochilas e aguardaram a chegada dos pais.
02/05/2007 (quarta-feira)
Nesse dia não houve aula, pois houve reunião pedagógica. A observadora não podia
participar dessa reunião, pois a autorização concedida pela Secretaria da Educação permitia o
acesso exclusivamente às aulas.
16/05/2007 (quarta-feira)
Como foi observado nos dias anteriores, a professora aguardou seus alunos na porta
da sala de aula. Assim que todos chegaram e se acomodaram, ela colocou todos os crachás
sobre sua mesa. Em seguida, passou a chamar cada criança pelo nome. Ao ouvirem seu nome,
as crianças deveriam ir até sua mesa e encontrar seu crachá no meio dos outros. Notou-se que
as crianças não tiveram dificuldades no reconhecimento, talvez por saberem escrever seus
nomes. Ao término da atividade, cada criança pegou sua cadeirinha e a trouxe para o centro
da sala, para formar um círculo.
209
A professora iniciou a conversa comentando com seus alunos algo que acontecera no
dia anterior. Segundo ela, havia crianças que não sabiam para que servia a escova de dentes,
porque, quem sabia, escovava os dentes corretamente e saía do banheiro, aqueles que não
sabiam jogavam água e pasta de dente nos outros. Os alunos envolvidos na confusão do dia
anterior no banheiro explicaram suas versões. Eles disseram que, ao escovar os dentes, outro
amiguinho chegara e jogara água neles. Diante disso, eles revidaram e foi criada uma situação
de guerra. A professora advertiu-os, dizendo-lhes que esse era um comportamento inadequado
e não podia aceitá-lo em sua classe, ao que todos concordaram.
Nota-se, nesta classe, que a professora tem o hábito de conversar com os alunos a
respeito do que o considera certo e abre a possibilidade de diálogo. Ela o os repreende,
mas senta-se com eles e discute o que está errado, mostrando que as crianças entendem e m
capacidade para refletir a respeito do que fizeram.
Após essa conversa abordando o episódio da guerra de água no banheiro, a
professora Ana prosseguiu o trabalho, dizendo a seus alunos que iria contar uma “história de
arrepiar”. Primeiramente, ela travou uma conversa com seus alunos, perguntando-lhes do que
tinham medo. Aos poucos, várias informações surgiram, dos medos que tinham, de cobra,
elefante, aranha, dinossauro, cavalo, tubarão. Houve, mesmo, um aluno que disse não ter
medo de nada, ao que a professora rebateu, dizendo que todos nós temos medo de alguma
coisa, inclusive os adultos. Após essa conversa, ela iniciou a narração da história, que está
transcrita logo abaixo. Informe-se que essa transcrição é uma cópia da história levada pela
professora numa folha de papel, o que impediu ao identificação da referência bibliográfica.
HISTÓRIA
DE
ARREPIAR
Toda noite, na hora de dormir, os Sete Anões se reuniam perto
da lareira e pediam a Branca de Neve que lhes contasse uma história:
- Hoje nós queremos uma de fantasma... exigiu Feliz.
Daquelas de arrepiar...
210
- Fantasma?! – resmungou Zangado, enfiando-se embaixo das
almofadas. – Eu tenho medo...
Branca de Neve começou a contar a história de um fantasma que,
depois do relógio bater nove horas da noite, aparecia no alto da escada. Ele
era branco e gemia ao descer os degraus.
Naquele exato momento, o relógio da sala começou a dar as nove
badaladas. Foi aí que Dunga percebeu um vulto branco descendo a escada,
gemendo – uuuuh!! uuuuuh!!
Dunga se escondeu dentro do relógio. Soneca e Atchim se enrolaram
nas cortinas. Feliz, Dengoso e Mestre pularam para debaixo da mesa.
De repente, o gemido transformou-se num grito – uaaah! – e o
fantasma rolou a escada com grande ruído – crás, catapumba!
Os anõezinhos tremiam de medo, até que Mestre, um pouco mais
corajoso, resolveu abrir um olho.
- Zangado! exclamou ele, puxando o lençol que cobria o outro
anão.
- Uiii... uiiiii... – gemeu Zangado. – Não vou fazer isso nunca mais...
dei uma pancada com a cabeça.
- Ora, Zangado... gracejou Branca de Neve. –Dizem que os
fantasmas são vultos que dão pancadas à noite, não é?
- Não - corrigiu Feliz. Os que dão pancadas à noite são os mais
estúpidos.
- Os espertos sempre descem a escada segurando uma vela!
confirmou Atchim.
- E fazem dois buraquinhos no lençol para ver onde pisam
concluiu Dengoso. (História contada durante a aula observada).
Após a narração da história, a professora anunciou que fariam uma brincadeira.
Então, ela pegou um lençol, escolheu um aluno para sair da sala por alguns instantes e deu-o a
um dos que permaneceram na sala. Quando o aluno de fora entrava, ele devia permanecer de
olhos fechados e adivinhar quem era o fantasma, a partir do som de sua voz, quando gritava
211
“HUUUUU!!!!”. As crianças adoraram a brincadeira; quando a ação começava, todas ficavam
atentas e em silêncio, para que a criança não conseguisse de imediato descobrir o nome do
fantasma. Observe-se que esse tipo de atividade é um jogo de percepção auditiva. Sendo
assim, desenvolve a escuta da criança, uma vez que ela precisa identificar o som da voz do
colega, o que é feito a partir do reconhecimento do timbre, dos atributos do som. Essa é uma
brincadeira simples e bastante interessante, que, além do que foi dito, desenvolve, também, a
atenção e a concentração, além de ser um excelente meio de socialização.
Ao término da brincadeira, as crianças formaram fila, cantaram a Música do
Lanchinho e foram até o pátio. O lanche servido foi pão com carne moída e suco de acerola.
A recreação após o intervalo no tio foi massinha de modelar, no qual as crianças ficaram
livres para moldar o que quisessem. A escovação dos dentes foi a atividade seguinte e deu-se
da mesma maneira dos dias anteriormente observados. Ao término da escovação, as crianças e
a professora caminharam até o pátio, para uma brincadeira.
Em um cartaz grande, feito em papel craft, a professora desenhou círculos, triângulos
e retângulos de diferentes tamanhos. A proposta era que cada criança jogasse uma bola na
figura pedida pela professora. As ordens eram: figura azul, círculo pequeno, retângulo
grande, figura amarela, figura rosa, entre tantas outras, como mostra o quadro abaixo:
212
FIGURA 26 – Exemplo de quadro confeccionado em papel craft para a atividade com figuras geométricas,
tamanhos e cores.
As crianças sentiram-se bastante motivadas com essa atividade, todas colocadas
em frente ao quadro de figuras, sentadas e em silêncio. A professora anunciava a figura e
as crianças jogavam a bola. Muitas delas se confundiram, necessitando da intervenção da
professora. É preciso esclarecer que era considerado erro, o engano acerca da figura
geométrica. Quando a criança acertava a figura geométrica, mas se enganava na cor ou no
tamanho, o erro o era considerado, percebe-se que embora cor e tamanho o fosse
avaliado, as crianças muitas vezes se conduziam na escolha por esses itens, dessa forma
seria quase impossível acarretar o acerto ao entendimento da figura. Todos jogaram duas
vezes cada e, ao término da atividade, encaminharam-se para a sala novamente, pegaram
suas mochilas e aguardaram a chegada dos pais.
30/05/2007 (quarta-feira)
Seguindo o mesmo ritual, a professora esperou seus alunos na porta da sala de
aula. Assim que todos se acomodaram, ela lhes pediu que trouxessem seus cadernos da
lição de casa. Um aluno não trouxe e a professora chamou-lhe a atenção, enfatizando a
importância de se ter responsabilidade com o material escolar. E o aconselhou a, assim que
213
acabasse de fazer a lição, colocasse o caderno dentro da bolsa. Uma aluna foi escolhida
aleatoriamente pela professora, para distribuir os crachás. Todos pegaram suas cadeiras e
formaram um círculo com elas, no centro da sala.
Como nas outras aulas observadas, a professora contou uma história da Branca de
Neve, porém a observadora não registrou o nome do livro tirado e nem mesmo a história,
por estar novamente em folha trazida pela professora, a qual não constava referências
bibliográficas. Ao término desta, a professora fez muitas perguntas às crianças, dentre eles,
quem estava na história, além da Branca de Neve. Um aluno respondeu antecipadamente,
que eram os sete anões. Então, foi pedido a cada aluno que contassem de um a sete. Em
seguida, a professora perguntou-lhes se sabiam o nome dos anões. Nem todos os alunos
sabiam seus nomes; foi necessária a intervenção da professora, para que os aprendessem.
Ela anotou os nomes na lousa: Dengoso, Zangado, Atchim, Dunga, Soneca, Mestre e Feliz.
Em voz alta, todos leram os nomes auxiliados pela professora; em seguida, pegaram suas
cadeiras, voltaram para os seus lugares e, no caderno de atividades, copiaram da lousa os
nomes dos Anões. Notou-se que muitas crianças tinham dificuldade em copiar, porém a
professora deixou fazer do jeito que podiam, não fazendo nenhuma intervenção. Isso
demorou muito, porque as crianças ainda não têm habilidade com o lápis de escrever e com
a cópia. Após essa atividade já era hora do lanche.
Como nas outras semanas, as crianças formaram fila às 09:15h, cantaram a
Música do Lanchinho, que foi composto de pão com carne moída e suco de limão. Após
terminarem de comer, a brincadeira foi livre. Não foi dado às crianças nenhum brinquedo,
então, elas preferiram brincar de pega-pega ou esconde-esconde, e fizeram isso de forma
organizada e bastante prazerosa.
De volta do intervalo, fizeram a escovação dos dentes do mesmo modo que já foi
relatado anteriormente, e receberam o caderno de desenho para a realização de uma
214
atividade. A professora distribuiu aos alunos três retângulos verdes e três triângulos cor de
rosa. A tarefa consistia em colá-los sobre a linha preta desenhada no caderno, seguindo a
mesma ordem desenhada na lousa:
FIGURA 27 – Exemplo de seqüência a ser copiada pelos alunos.
Notou-se que as crianças tiveram muita dificuldade na realização da atividade,
embora identificassem o triângulo e o retângulo, o conseguiam montar uma seqüência no
papel, tendo como base um modelo. Dos dezesseis alunos presentes, somente quatro
montaram corretamente a ordem, percebe-se que é importante trabalhar mais o conteúdo
concretamente através de brincadeiras, dando aos alunos a oportunidade de vivenciar o
aprendizado.
Após a atividade, a professora propôs que fizessem a “dança das cadeiras”. Para isso,
as crianças precisavam ir andando continuamente ao redor das cadeiras, enquanto a música
tocava. Ao se fazer silêncio, elas deveriam se sentar. Como, pela regra desse jogo, uma
cadeira a menos do que o número de crianças, a cada vez que a música parava, um aluno
ficava de pé, pois não havia cadeira para ele. Este, então, saía do jogo. A professora fez
algumas variações no decorrer da atividade, como: andar batendo palmas, não cantar e dançar,
em vez de andar. As crianças gostaram muito de participar do jogo e demonstraram que
estavam atentas, pois seguiram corretamente as regras anunciadas pela professora. Além
disso, ainda se mostraram afinadas durante a execução musical, e também mostraram ter bom
ritmo, ao acompanharem a música com palmas.
215
Observou-se que a professora do Nível III trabalha mais conteúdos musicais em sala
de aula do que a professora do vel II e, talvez, esse seja um dos fatores das crianças serem
mais concentradas em relação à outra sala.
A partir da observação realizada, a observadora pode afirmar que a música não está
presente, de forma efetiva, no currículo da escola pesquisada. As professoras, ao início da
observação, sentiram-se na obrigação de trabalhar música, por saberem que a pesquisadora
presente era da área da Educação Musical. Ao perceber essa situação, a pesquisadora
tranqüilizou as professoras, dizendo-lhes que o era necessário modificar o tipo de trabalho
que realizavam, mesmo que não desenvolvessem nada de música em suas aulas.
216
A
NEXOS
217
ANEXO
I
C
ARTA DE
A
PRESENTAÇÃO DA
U
NESP ENVIADA À
S
ECRETARIA DE
E
DUCAÇÃO
DO MUNICÍPIO DE
I
NDAIATUBA PARA A REALIZAÇÃO DA PESQUISA SURVEY
218
ANEXO
II
Q
UESTIONÁRIO
P
ARA
P
ROFESSORES
D
AS
E
MEIS
D
A
C
IDADE
D
E
I
NDAIATUBA
Este questionário é parte integrante da dissertação de Mestrado a ser defendida no
Programa de Pós-graduação em Música do Instituto de Artes da UNESP, na área de
Musicologia/Etnomusicologia, dentro da Linha de Pesquisa: Abordagens históricas, estéticas
e educacionais do processo de criação, transmissão e recepção da linguagem musical. Seu
título é A música na Educação Infantil: um estudo das EMEIs e EEIs na cidade de Indaiatuba,
e está sob a responsabilidade da aluna Karen Ildete Stahl Soler, orientada pela Professora Dra.
Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. (da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP).)
A resposta às questões abaixo apresentadas será de grande valia para o andamento da
pesquisa, pelo que agradeço antecipadamente. Caso as linhas deixadas não sejam suficientes,
o verso da folha poderá ser usado.
Professor, você leciona no:
( ) NÍVEL I ( ) NÍVEL II ( ) NÍVEL III
1. Qual sua formação?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2. Você fez algum curso de música que o auxilie na sala de aula?
( ) Sim ( ) Não
3. Caso sua resposta acima tenha sido afirmativa, que tipo de curso foi? (curso livre, curso
técnico, conservatório, oficina de música, outros).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4. A) Tem experiência discente em escolas de música? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
219
B) Tem experiência docente em escolas de música? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5. Há quanto tempo leciona em escolas de Educação Infantil ?
___________________________________________________________________________
6. Você faz planejamento para suas aulas?
( ) Sim ( ) Não
7. Esse planejamento é semanal, mensal ou bimestral?
___________________________________________________________________________
8. Quem determina os conteúdos a serem trabalhados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9. Você trabalha com conteúdos de música na sala de Educação Infantil?
( ) Sim ( ) Não
10. Se a resposta acima for afirmativa, de que forma são trabalhados os conteúdos
musicais?(músicas, jogos, brincadeiras, entre outros).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. Você conta com a ajuda de algum profissional específico da área?
( ) Sim ( ) Não
12. Você considera importante, a escola de Educação Infantil ter no corpo docente um
profissional da área da Educação Musical? Justifique sua resposta!
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
220
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13. Utiliza livros didáticos que dêem apoio às atividades de música? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14. Você utiliza outros recursos? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
15. Na escola em que leciona, é hábito preparar apresentações musicais nas datas
comemorativas?
( ) Sim ( ) Não
16. Caso a resposta tenha sido afirmativa, você acredita que elas (apresentações musicais)
contribuem para o desenvolvimento de habilidades dos alunos? Justifique sua resposta.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
17. Sua escola trabalha com projetos?
( ) Sim ( ) Não
18. Se sua resposta acima for afirmativa, por quem e como o elaborados os projetos em sua
escola?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
19. Eles visam a interdisciplinaridade?
( ) Sim ( ) Não
221
ANEXO
III
Q
UESTIONÁRIO
P
ARA
P
ROFESSORES
D
AS
E
EIS
(E
SCOLAS
D
E
E
DUCAÇÃO
I
NFANTIL
)
D
A
C
IDADE
D
E
I
NDAIATUBA
Q
UE
P
OSSUEM
O
E
DUCADOR
M
USICAL
Este questionário é parte integrante da dissertação de Mestrado a ser defendida no
Programa de Pós-graduação em Música do Instituto de Artes da UNESP, na área de
Musicologia/Etnomusicologia, dentro da Linha de Pesquisa: Abordagens históricas, estéticas
e educacionais do processo de criação, transmissão e recepção da linguagem musical. Seu
título é A música na Educação Infantil: um estudo das EMEIs e EEIs na cidade de Indaiatuba,
e está sob a responsabilidade da aluna Karen Ildete Stahl Soler, orientada pela Professora Dra.
Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. (da Universidade Estadual Paulista (UNESP).)
A resposta às questões abaixo apresentadas será de grande valia para o andamento da
pesquisa, pelo que agradeço antecipadamente. Caso as linhas deixadas não sejam suficientes,
o verso da folha poderá ser usado.
01. Qual sua formação?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
02. Você fez algum curso de música que o auxilie na sala de aula?
( ) Sim ( ) Não
03. Caso sua resposta acima tenha sido afirmativa, que tipo de curso foi? (curso livre, curso
técnico, conservatório, oficina de música, graduação, outros).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
04. A) Tem experiência discente em escolas de música? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
B) Tem experiência docente em escolas de música? Quais?
222
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
05. Há quanto tempo leciona a disciplina Educação Musical em escolas de Educação Infantil?
___________________________________________________________________________
06. Você faz planejamento para suas aulas?
( ) Sim ( ) Não
07. Esse planejamento é semanal, mensal ou bimestral?
___________________________________________________________________________
08. Quem determina os conteúdos a serem trabalhados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
09. De que forma são trabalhados os conteúdos musicais na sala de aula?(músicas, jogos,
brincadeiras, entre outros).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
10. Você considera importante, a escola de Educação Infantil ter no corpo docente um
profissional da área da Educação Musical? Justifique sua resposta!
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. Utiliza livros didáticos que dêem apoio às atividades de música? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
12. Você utiliza outros recursos? Quais?
223
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13. Na escola em que leciona, é hábito preparar apresentações musicais nas datas
comemorativas?
( ) Sim ( ) Não
14. Caso a resposta tenha sido afirmativa, você acredita que elas (apresentações musicais)
contribuem para o desenvolvimento de habilidades dos alunos? Justifique sua resposta.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
15. Sua escola trabalha com projetos?
( ) Sim ( ) Não
16. Se sua resposta acima for afirmativa, por quem e como são elaborados os projetos em sua
escola?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
17. A disciplina que ministra (Educação Musical) está inserida nos projetos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
18. Eles visam a interdisciplinaridade?
( ) Sim ( ) Não
19. O que você entende por Educação Musical?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
224
20. Em sua opinião, para que a Educação Musical contribui?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
225
ANEXO
IV
-
Q
UESTIONÁRIO
P
ARA
P
ROFESSORES
D
AS
E
EIS
D
A
C
IDADE
D
E
I
NDAIATUBA
(Q
UE
N
ÃO
P
OSSUEM
P
ROFESSOR
D
E
E
DUCAÇÃO
M
USICAL
)
Este questionário é parte integrante da dissertação de Mestrado a ser defendida no
Programa de Pós-graduação em Música do Instituto de Artes da UNESP, na área de
Musicologia/Etnomusicologia, dentro da Linha de Pesquisa: Abordagens históricas, estéticas
e educacionais do processo de criação, transmissão e recepção da linguagem musical. Seu
título é A música na Educação Infantil: um estudo das EMEIs e EEIs na cidade de Indaiatuba,
e está sob a responsabilidade da aluna Karen Ildete Stahl Soler, orientada pela Professora Dra.
Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. (da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (UNESP).)
A resposta às questões abaixo apresentadas será de grande valia para o andamento da
pesquisa, pelo que agradeço antecipadamente. Caso as linhas deixadas não sejam suficientes,
o verso da folha poderá ser usado.
Professor, você leciona no:
( ) Maternal ( ) Jardim I ( ) Jardim II ( ) Pré
01. Qual sua formação?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
02. Você fez algum curso de música que o auxilie na sala de aula?
( ) Sim ( ) Não
03. Caso sua resposta acima tenha sido afirmativa, que tipo de curso foi? (curso livre, curso
técnico, conservatório, oficina de música, outros).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
226
04. A) Tem experiência discente em escolas de música? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
B) Tem experiência docente em escolas de música? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
05. Há quanto tempo leciona em escolas de Educação Infantil ?
___________________________________________________________________________
06. Você faz planejamento para suas aulas?
( ) Sim ( ) Não
07. Esse planejamento é semanal, mensal ou bimestral?
___________________________________________________________________________
08. Quem determina os conteúdos a serem trabalhados?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
09. Você trabalha com conteúdos de música na sala de Educação Infantil?
( ) Sim ( ) Não
10. Se a resposta acima for afirmativa, de que forma são trabalhados os conteúdos
musicais?(músicas, jogos, brincadeiras, entre outros).
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. Você conta com a ajuda de algum profissional específico da área?
( ) Sim ( ) Não
12. Você considera importante, a escola de Educação Infantil ter no corpo docente um
profissional da área da Educação Musical? Justifique sua resposta.
227
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13. Utiliza livros didáticos que dêem apoio às atividades de música? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14. Você utiliza outros recursos? Quais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
15. Na escola em que leciona, é hábito preparar apresentações musicais nas datas
comemorativas?
( ) Sim ( ) Não
16. Caso a resposta tenha sido afirmativa, você acredita que elas (apresentações musicais)
contribuem para o desenvolvimento de habilidades dos alunos? Justifique sua resposta.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
17. Sua escola trabalha com projetos?
( ) Sim ( ) Não
18. Se sua resposta acima for afirmativa, por quem e como são elaborados os projetos em sua
escola?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
19. Eles visam a interdisciplinaridade?
( ) Sim ( ) Não
228
ANEXO
V
C
ARTA ENVIADA À
S
ECRETARIA DE
E
DUCAÇÃO DE
I
NDAIATUBA PARA A
OBSERVAÇÃO NÃO
-
PARTICIPANTE
229
ANEXO
VI
P
LANILHA DO
D
ESENVOLVIMENTO
C
OLETIVO
P
REFEITURA
M
UNICIPAL DE
I
NDAIATUBA
230
231
232
233
234
235
236
237
238
239
240
241
242
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