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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
LUCIANA SILVA DE SOUZA
A INDÚSTRIA MOVELEIRA DE BOA VISTA:
ESTRUTURA E POTENCIALIDADES
Porto Alegre
2009
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LUCIANA SILVA DE SOUZA
A INDÚSTRIA MOVELEIRA DE BOA VISTA:
ESTRUTURA E POTENCIALIDADES
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da Faculdade de Ciências
Econômicas da UFRGS, como quesito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Economia,
modalidade Profissionalizante, do curso de Mestrado
Interinstitucional UFRGS/Universidade Federal de
Roraima.
Orientador: Prof. Dr. Nali de Jesus de Souza.
Porto Alegre
2009
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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Responsável: Biblioteca Gládis W. do Amaral, Faculdade de Ciências Econômicas da
UFRGS
S729i Souza, Luciana Silva de
A indústria moveleira de Boa Vista: estrutura e potencialidades / Luciana Silva
de Souza. Porto Alegre, 2009.
135 f. : il.
Orientador: Nali de Jesus de Souza.
Ênfase em Desenvolvimento e Integração Econômica.
Dissertação (Mestrado profissional interinstitucional em Economia)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Ciências Econômicas,
Programa de Pós-Graduação em Economia, Porto Alegre; Universidade Federal de
Roraima, Boa Vista, 2009.
1. Indústria moveleira : Boa Vista (RR). 2. Cadeia produtiva : Móveis. I. Souza,
Nali de Jesus de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de
Ciências Econômicas. Programa de Pós-Graduação em Economia. III.
Universidade Federal de Roraima. IV. Título.
CDU 338.45
LUCIANA SILVA DE SOUZA
A INDÚSTRIA MOVELEIRA DE BOA VISTA:
ESTRUTURA E POTENCIALIDADES
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da Faculdade de Ciências
Econômicas da UFRGS, como quesito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Economia,
modalidade Profissionalizante, do curso de Mestrado
Interinstitucional UFRGS/Universidade Federal de
Roraima.
Orientador: Prof. Dr. Nali de Jesus de Souza.
Aprovada em 31 de Julho de 2009.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. Stefano Florissi
UFRGS
_______________________________________________
Prof. Dr. Cássio Frederico Camargo Rolim
UFPR
_______________________________________________
Prof. Dr. Alberto Martin Martinez Castañeda
UFRR
Porto Alegre
2009
Aos meus pais Antonio e Eva, pelo carinho
e pela criação que me foi dada ao longo da
minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a DEUS pela oportunidade que me proporcionou de concluir este mestrado
e por ter me amparado em todos os momentos, além de ter colocado em meus caminhos
pessoas importantíssimas, mas especialmente:
Ao meu orientador Prof. Dr. Nali de Jesus de Souza, pela orientação, sabedoria,
respeito e incentivo em todos os momentos, fazendo acreditar em meu potencial, além da
atenção recebida com o meu trabalho e paciência, meus sinceros agradecimentos.
Aos membros da Banca Prof. Dr. Stefano Florissi, Prof. Dra. Romina Batista de
Lucena de Souza e o Prof. Dr. Alberto Martinez Castañeda, pelos comentários, críticas e
sugestões que muito contribuíram para este estudo.
À professora Dra. Romina Batista de Lucena de Souza, pela amizade e pelas
oportunidades, bem como pelo auxílio em vários momentos desde a inscrição neste mestrado,
até o incentivo pelo gosto em fazer artigos: obrigada pelas conquistas.
Aos meus pais, Antonio e Eva, pelo apoio e encorajamento diário às minhas
conquistas. Aos meus irmãos: Rosangela, Rosana e Márcio. À minha sobrinha Ana Beatriz,
por tornar esses últimos dias tensos à entrega da tese em felizes e animados. À minha
sobrinha Ana Vitória, a mais nova integrante da família. Ao Moisés que teve paciência e
soube me compreender nos momentos em que não lhe dei atenção.
Aos professores deste Mestrado em Economia, pelos ensinamentos e contribuições à
minha formação profissionalizante.
À equipe do Programa de Pós-Graduação em Economia e a Universidade Federal do
Rio Grande do Sul pela oportunidade.
À Universidade Federal de Roraima e a coordenação do NECAR pelo apoio, pois sem
este não seria possível a realização deste mestrado, em especial ao professor Msc. Haroldo
Eurico Amoras dos Santos, pelo incentivo e por acreditar no meu potencial, obrigada.
À SUFRAMA, pela disponibilização dos recursos financeiros necessários à realização
deste mestrado.
À minha diretora Noêmia Hass, que sempre me incentivou e ajudou principalmente no
período do estágio em Porto Alegre, obrigada.
Às instituições locais, em especial ao IEL e SEBRAE, pela disponibilização de
material relacionado ao setor moveleiro do Município de Boa Vista.
Ao presidente do SINDIMAR, pelas informações prestadas relacionadas ao setor
moveleiro do Município de Boa Vista e por disponibilizar a lista dos filiados junto ao
sindicato. Às empresas pesquisadas, pela gentileza com que me receberam e responderam à
pesquisa, sem o qual não seria possível alcançar os objetivos deste estudo.
Aos colegas do curso de mestrado pela troca de experiências e o cultivo de novas
amizades, pelo apoio e companheirismo, em especial aos amigos: Emerson C. Arantes, Ingrid
C. Caldas, Rosangela S. de Souza, Pedro de J. Cerino, Luciano M. do Amaral, Alcides G. dos
Santos, Carlos E. V. Lopes e Antonio de O. Marques.
A todos, carinho e gratidão.
“O sucesso num dado momento depende da sorte. O sucesso em
algum momento (mais cedo ou mais tarde) depende apenas de
dedicação e esforço. Assim, seja persistente o suficiente para não
depender da sorte. Se ela te ajudar, ótimo; se não ajudar, vença assim
mesmo.”
(AUTOR DESCONHECIDO).
RESUMO
O objetivo desta dissertação foi avaliar a estrutura e as potencialidades da indústria moveleira
do Município de Boa Vista (Roraima). Para a obtenção dos dados, foram aplicados
questionários a empresas filiadas ao Sindicato das Indústrias de Marcenaria do Estado de
Roraima SINDIMAR; de um total de 19 empresas, 15 responderam aos questionários,
representando 78,9% da amostra. Procurou-se levantar dados de forma simplificada, mas que
retratassem a real situação do setor. Além desses dados, se obteve outros de fontes
secundárias e de estudos empíricos anteriores sobre o setor, além daqueles fornecidos por
instituições como SEBRAE. A idéia foi efetuar sugestões visando o aumento da
competitividade do setor, através de melhorias nas matérias-primas, mão-de-obra, tecnologia
e design, para agregar maior valor ao produto final. A revisão da literatura focou a teoria da
localização, a teoria dos pólos de crescimento e a teoria do desenvolvimento local endógeno,
centrada no papel das inovações e dos atores locais. Ao visitar as empresas, procurou-se
detectar suas deficiências e potencialidades. Com o diagnóstico da situação atual do setor, se
identificou os fatores de seu sucesso e os que vêm dificultando o seu avanço, com o objetivo
de motivar os empresários a investir nessa atividade. Constatou-se que a matéria-prima
utilizada é oriunda de outros municípios do Estado de Roraima e que cerca de 80% da
produção é destinado ao próprio Município de Boa Vista, enquanto que os outros 20%
destina-se a outros municípios do Estado. Concluiu-se que o setor moveleiro de Boa Vista
necessita de muitas melhorias, tanto no plano tecnológico, com máquinas mais modernas,
como do ponto de vista de gestão e logística. As principais dificuldades enfrentadas pelo setor
são a carência de mão-de-obra qualificada, a falta de capital de giro para investir em
equipamentos apropriados, que a produção é feita na maior parte de forma semi-artesanal,
entre outros fatores. Nesse sentido, o setor necessita de mais apoio de órgãos oficiais de
assistência e de crédito, a fim de promover o desenvolvimento do setor, independentemente
do porte das empresas.
Palavras-chave: Indústria moveleira de Boa Vista (Roraima). Relações de insumo-produto.
Desenvolvimento municipal e regional.
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the structure and the potential of the furniture
industry of the City of Boa Vista (Roraima). To attain the data, member companies of the
Union of the Woodwork and Furniture Industries of the State of Roraima - SINDIMAR were
given questionnaires; of a total of 19 companies, 15 answered and returned the questionnaires,
representing 78.9% of the sample. The objective was to get data in a simplified form, but
which portrayed the real situation of the sector. Besides the data obtained from the
questionnaires, other secondary sources and previous empirical studies on the sector, was
used as well as the data supplied by institutions such as SEBRAE. The idea was to effect
suggestions aiming at the increase of the competitiveness of the sector, through improvements
in the raw materials, man power and workmanship, technology and design, to add greater
value to the final product. The revision of literature focused on the theory of the location, the
theory of the growth in industrial poles and the theory of the endogenous local development,
centered on the role of innovation and local actors. When visiting the companies, researchers
sought to detect their deficiencies and potentialities. With the diagnosis of the current
situation of the sector, the factors of success and the impairments that make it difficult to
advance were identified, with the objective of motivating entrepreneurs to invest in this
activity. Evidence shows that the raw material used is sourced from other cities within the
State of Roraima and that about 80% of the production is destined to the very City of Boa
Vista, while the other 20% goes to the other cities of the State. It was concluded that the
woodwork and furniture sector of Boa Vista is in great need of improvement, as much in the
technological field, with more modern machines, as in the area of logistic and management.
The main difficulties faced by the sector are the lack of qualified labor, the lack of capital to
invest in appropriate equipment, since the production is done for the most part on a half-
artisan basis. With this in consideration, the sector needs more support from official agencies
of assistance and credit, in order to promote the development of the sector, independent of the
size of the companies.
Keywords: furniture industry of Boa Vista (Roraima). Relationships of input-output.
Municipal and Regional Development.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Cadeia produtiva simplificada da indústria moveleira ............................................ 47
Figura 2 Concentração de fabricantes de móveis no Brasil................................................... 52
Figura 3 Localização da capital Boa Vista na região norte ................................................... 64
Figura 4 Potencialidades regionais Roraima ......................................................................... 66
Figura 5 Máquina utilizada na fabricação dos móveis .......................................................... 72
Figura 6 Estrutura de uma empresa que fabrica móveis no município de Boa Vista ............ 73
Figura 7 Maquinário utilizado na produção dos móveis ....................................................... 85
Figura 8 Condições de trabalho das pessoas que atuam no setor moveleiro ......................... 85
Figura 9 Amazônia Legal ...................................................................................................... 92
Figura 10 Fronteiras e pólos madeireiros da Amazônia Legal, 2004 .................................... 93
Figura 11 Floresta Nacional de ANAUÁ ............................................................................ 104
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Síntese das propostas sobre produção e tecnologia para o setor moveleiro de
Roraima .................................................................................................................................. 102
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Faixa etária do empresário da amostra quando criou a empresa ........................... 68
Gráfico 2 Sexo do empresário da amostra ............................................................................. 69
Gráfico 3 Grau de instrução do empresário da amostra ........................................................ 69
Gráfico 4 Atividade empresarial como principal fonte de renda........................................... 69
Gráfico 5 Perfil dos empregados que trabalham na/para empresa ........................................ 70
Gráfico 6 Nível de escolaridade da maioria das pessoas que trabalham na/para empresa .... 70
Gráfico 7 Cargo exercido pelo informante na empresa ......................................................... 71
Gráfico 8 Local de instalação da movelaria .......................................................................... 71
Gráfico 9 Área do imóvel em m2 .......................................................................................... 71
Gráfico 10 Necessidade de ampliar a área construída ........................................................... 72
Gráfico 11 Situação dos equipamentos da indústria moveleira de Boa Vista ....................... 73
Gráfico 12 Compra de máquinas e equipamentos nos últimos 2 anos .................................. 73
Gráfico 13 Tipos de madeira utilizada na fabricação dos móveis ......................................... 75
Gráfico 14 Origem da principal matéria-prima utilizada ...................................................... 76
Gráfico 15 Tipo de matéria-prima utilizada .......................................................................... 76
Gráfico 16 Destino da produção/mercados geográficos atingidos pela empresa .................. 77
Gráfico17 Móveis mais vendidos pelas empresas da amostra .............................................. 79
Gráfico 18 Principais fatores de sucesso na comercialização dos produtos da amostra ....... 80
Gráfico 19 Sazonalidade de produção das empresas da amostra Pico ............................... 80
Gráfico 20 Sazonalidade de produção das empresas da amostra Baixa ............................. 81
Gráfico 21 Utiliza sistema CAD (programa de design auxiliado por computador) .............. 82
Gráfico 22 Catálogos dos produtos fabricados ...................................................................... 83
Gráfico 23 Duas iniciativas importantes para promoção do design no setor moveleiro ....... 83
Gráfico 24 Conhecimento das linhas de financiamento disponíveis para apoio tecnológico 86
Gráfico 25 Dificuldades de acesso aos mecanismos de financiamento ................................. 87
Gráfico 26 Opinião em relação ao mercado atual ................................................................. 87
Gráfico 27 Principais problemas enfrentados pelo setor moveleiro nos últimos anos .......... 88
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características do segmento de móveis de madeira para residência ...................... 55
Tabela 2 Principais produtos exportados pelo Estado de Roraima em 2008......................... 65
Tabela 3 Caracterização da amostra segundo o tamanho das empresas ................................ 67
Tabela 4 Período de fundação das empresas da amostra ....................................................... 68
Tabela 5 Principais canais de comercialização dos produtos do setor moveleiro de Boa
Vista .......................................................................................................................................... 78
Tabela 6 Importância do Design para setor moveleiro de Boa Vista .................................... 82
LISTA DE SIGLAS
ABIMÓVEL Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário
ALC Área de Livre Comércio
APL Arranjo Produtivo Local
BASA Banco da Amazônia
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CASEMM Câmara Setorial de Madeira e Móveis de Roraima
CETEMO Centro Tecnológico do Mobiliário
CETMAM Centro Tecnológico da Madeira e do Mobiliário
COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador
FETEP Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa
FIER Federação das Indústrias do Estado de Roraima
FINAM Fundo de Financiamento da Amazônia
FNO Fundo Constitucional de Financiamento do Norte
FLONA Floresta Nacional
FUNDER Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado de Roraima
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEL Instituto Euvaldo Lodi
INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
MDF Medium Density Fiberboard
PIS Programa de Integração Social
PMFS Planos de Manejo Florestal Sustentável
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECEX Secretaria de Comércio Exterior
SEPLAN Secretaria Estadual do Planejamento e Desenvolvimento
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDIMAR Sindicato das Indústrias de Marcenaria do Estado de Roraima
SINDMÓVEIS Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário
SNUC Sistema Nacional de Unidade Conservação
SUFRAMA Superintendência da Zona Franca de Manaus
ZEE Zoneamento Ecológico Econômico
ZPE Zona de Processamento e Exportação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................15
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA.....................................................................................16
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO...........................................................................................17
1.2.1 Objetivos específicos..........................................................................................17
1.3 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................17
1.4 HIPÓTESES...................................................................................................................18
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO...................................................................................18
1.6 METODOLOGIA..........................................................................................................19
2 REVISÃO DA LITERATURA...................................................................21
2.1 TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL...................................................22
2.2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL OU LOCAL: O PAPEL DA INOVAÇÃO......31
2.2.1 A inovação no processo de desenvolvimento endógeno..................................33
2.2.2 Arranjos produtivos locais................................................................................36
2.3 ESTRATÉGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA........39
2.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO............................................................................................41
3 A CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA...................45
3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA..............................45
3.2 A INDÚSTRIA MOVELEIRA NO BRASIL................................................................51
3.3 PRINCIPAIS PÓLOS MOVELEIROS NO BRASIL....................................................56
3.3.1 Fatores de competitividade: matéria-prima, tecnologia, mão-de-obra e
design..................................................................................................................57
3.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO............................................................................................62
4 ESTRUTURA DA OFERTA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE BOA
VISTA............................................................................................................63
4.1 O MUNICÍPIO DE BOA VISTA: DADOS RECENTES.............................................64
4.2 PERFIL DA INDÚSTRIA MOVELEIRA: LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA..........65
4.2.1 Estrutura do setor moveleiro............................................................................71
4.3 ORIGEM DOS PRINCIPAIS INSUMOS E DESTINO DA PRODUÇÃO..................75
4.3.1 Design dos móveis no setor moveleiro de Boa Vista.......................................81
4.4 PRINCIPAIS DIFICULDADES DO SETOR MOVELEIRO.......................................84
4.4.1 Fontes de financiamento...................................................................................86
4.5 SÍNTESE DO CAPÍTULO............................................................................................89
5 POTENCIALIDADES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE BOA
VISTA............................................................................................................91
5.1 DADOS DAS POTENCIALIDADES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA.....................91
5.2 PROJETOS DO GOVERNO ESTADUAL E MUNICIPAL PARA
DESENVOLVIMENTO DO SETOR MOVELEIRO...................................................94
5.2.1 Iniciativas do Governo Estadual......................................................................94
5.2.2 Iniciativas do Governo Municipal....................................................................97
5.2.3 Incentivos Fiscais e Financeiros.......................................................................97
5.3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E NORMAS DO SETOR MOVELEIRO: MANEJO E
CERTIFICAÇÃO FLORESTAL.................................................................................100
5.3.1 Floresta Nacional de Anauá............................................................................103
5.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO..........................................................................................105
6 CONCLUSÃO............................................................................................106
REFERÊNCIAS.........................................................................................112
APÊNDICE A QUESTIONÁRIO APLICADO NO SETOR
MOVELEIRO DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA................................123
ANEXO A LISTA DAS EMPRESAS FILIADAS AO SINDIMAR...134
15
1 INTRODUÇÃO
A Amazônia abrange 3,7 milhões de km
2
de floresta tropical. Assim, possui a maior
reserva de madeira tropical do mundo, isso representa um terço das florestas úmidas do
planeta. O estoque madeireiro comercial destas florestas é estimado entre 40 e 60 bilhões de
m
3
, cujo valor econômico potencial poderia alcançar R$ 4 trilhões em madeira serrada
(VERÍSSIMO e BARROS, 1996 apud TONINI, 2006, p. 09).
Segundo Tonini (2004), dentre os principais problemas que envolvem a adoção e a
sustentabilidade dos planos de manejo florestal na Amazônia, está o baixo nível tecnológico
da indústria de base florestal, caracterizado por apresentar baixo rendimento e gerar grandes
quantidades de resíduos.
Mas a utilização desse recurso florestal tem contribuído de forma modesta na geração
de renda para o desenvolvimento regional. Os impactos gerados pela exploração madeireira
têm sido significativos e as exportações têm contribuído para a degradação ambiental devido
ao abastecimento histórico de operações florestais predatórias. Ainda assim, o Brasil possui
um grande potencial de crescimento no setor moveleiro que é pouco aproveitado, incipiente e,
no geral, trabalha sob encomenda.
Em relação ao Estado de Roraima, este possui vários produtos considerados potenciais
de abastecimento local e regional. Caracterizam-se pelas atividades que se restringem ao
abastecimento local, em função da população existente nas localidades do Estado, que
procuram estes tipos de produtos. O mercado é delimitado pela demanda local; suporta uma
pressão empresarial limitada e só cresce de acordo com fatores como renda e população, entre
outros em menor escala (SUFRAMA, 2000).
O abastecimento regional depende da competitividade interestadual, ou seja, de fatores
como produtividade, transporte, custo de produção, entre outros, que tornam o produto
atraente para comercialização em outros estados da região. Especificamente, no Estado de
Roraima, dadas as condições climatológicas diferenciadas do restante da Amazônia, os
produtos potenciais de abastecimento local e regional possuem uma vantagem comparativa
com relação aos mesmos bens produzidos em outros Estados, porque a sazonalidade dos
produtos agropecuários ocorre em épocas distintas em relação ao restante do País.
Assim, o setor moveleiro está distribuído espacialmente em todo o Estado de Roraima,
16
concentrando-se mais no Município de Boa Vista. É um setor que possui um enorme
potencial de mercado, além da possibilidade de mudar a sua pauta exportadora de matérias-
primas para produtos acabados e com agregação de valor.
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
O setor da industrialização da madeira no Estado de Roraima vem apresentando
significativo desenvolvimento com o surgimento de novas empresas, em função do enorme
potencial madeireiro. Todavia, os métodos de produção são de reduzido nível tecnológico. As
empresas não secam a madeira; o acabamento é deficiente; inexiste design moderno, dentre
outros problemas. Como resultado, a produtividade do setor é baixa, tendo reflexos na
qualidade, nível de produção e lucratividade (SUFRAMA, 2000).
O incremento da eficiência produtiva depende de vários fatores, tais como:
modernização das máquinas e equipamentos, introdução de novas tecnologias no processo
produtivo, qualificação da mão-de-obra, utilização de madeira seca, disponibilidade de
recursos financeiros para capital de giro e investimentos na atividade. Assim, o município de
Boa Vista dispõe de matérias-primas e outros fatores favoráveis para o desenvolvimento do
potencial regional moveleiro, no qual se concentrará este estudo.
A competitividade da indústria moveleira está baseada na organização da produção, no
desenvolvimento de novos produtos, seja através de alterações de design ou da introdução de
novos materiais e formas de comercialização. Assim, a indústria de móveis, de maneira geral,
desempenha importante papel no crescimento das economias em desenvolvimento.
O Estado de Roraima possui um arranjo produtivo local ligado ao setor de madeira e
móveis. Este segmento é composto de micros e pequenas empresas, que fabricam móveis de
madeira maciça sob encomenda. Contudo, poucas empresas possuem produção de móveis
seriados. A questão a ser discutida é se o município de Boa Vista pode alavancar esse setor.
Existem impedimentos à atual realidade da indústria moveleira do Estado e do
município de Boa Vista, que podem gerar impactos negativos sobre o desempenho do setor, a
longo prazo. Dessa forma, como melhorar a competitividade e reverter os baixos
investimentos do setor, relacionados aos seguintes fatores: matéria-prima, mão-de-obra,
tecnologia e design, ou seja, como agregar valor ao produto final?
17
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO
Este estudo tem como objetivo geral avaliar as potencialidades da indústria moveleira
do município de Boa Vista, através da análise da cadeia produtiva, salientando as
interligações para frente e para trás no interior do complexo, ou seja, traçar um perfil e
conhecer melhor o funcionamento, as dificuldades e as perspectivas de crescimento do setor.
1.2.1 Objetivos específicos
a) Analisar a estrutura de oferta da indústria moveleira do Município de Boa Vista,
mostrando as empresas existentes: localização, origem dos principais insumos e
destino da produção, além de mostrar as principais dificuldades que enfrenta o setor
moveleiro;
b) Apresentar a composição da cadeia produtiva da indústria moveleira, evidenciando os
pólos de crescimento e complexos industriais; as interligações para frente e para trás
deste setor, através das teorias de desenvolvimento regional;
c) Verificar as possíveis potencialidades para a indústria moveleira do Município de Boa
Vista, as políticas públicas destinadas ao setor, a legislação ambiental que define o
manejo florestal no Estado, além de apresentar os projetos do governo estadual e
municipal para desenvolvimento do setor.
1.3 JUSTIFICATIVA
As possibilidades que a indústria moveleira representa, como indutora do
desenvolvimento da economia estadual, são de suma importância, do ponto de vista
econômico e social, e estão condicionadas ao suprimento de matéria-prima e uma política de
apoio a um programa de verticalização de produtos gerados pelo beneficiamento da madeira
serrada.
Reflete-se, dessa forma, o grau do processo de exploração florestal e do
beneficiamento da madeira como matéria-prima, com a utilização de métodos e tecnologias
arcaicas, gerando grande desperdício de madeira.
É nesse sentido que a indústria moveleira do Município de Boa Vista pode apresentar-
se como uma formatadora de possibilidades e perspectivas para o desenvolvimento de sua
18
cadeia produtiva, principalmente por apresentar dinâmica própria. O setor é importante para a
economia regional, do ponto de vista social, pelos efeitos que sua verticalização trará ao
conjunto sócioeconômico estadual, com a geração de forte valor agregado ao longo da cadeia.
Dessa forma, discorrer sobre os benefícios do manejo florestal, nas atividades voltadas para
produtos madeireiros e não-madeireiros, é contribuir para o desenvolvimento de uma política
florestal no Estado de Roraima.
1.4 HIPÓTESES
a) A falta de incentivos ao setor industrial moveleiro é significante, carecendo de
políticas públicas voltadas para este setor.
b) O setor moveleiro enfrenta a questão ambiental, que apresenta, de certa forma, efeitos
negativos sobre a estrutura operacional do setor.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
Esse trabalho está estruturado em seis capítulos, sendo o primeiro deles essa
introdução. No segundo apresentam-se os fundamentos teóricos do desenvolvimento regional,
abordando o conceito de desenvolvimento regional endógeno, comparando-o com a realidade
local da indústria moveleira do Município de Boa Vista.
Ainda neste capítulo, abordam-se os conceitos e as relações entre espaço e território,
passando pelas teorias do lugar central, teoria da localização da atividade econômica, bem
como pela teoria dos pólos de crescimento e sua influência no desenvolvimento de uma
determinada região; além do papel da inovação nesse processo em questão. Esses tópicos
compõem a base teórica que orientou a realização deste estudo.
O terceiro capítulo contempla uma abordagem geral sobre a cadeia produtiva da
indústria moveleira, apresentando as características gerais do setor, sua composição, os
principais pólos moveleiros no Brasil, além dos fatores de competitividade para o
desenvolvimento do setor, ou seja, apresenta-se um panorama da indústria de móveis
brasileira, onde se destacam os aspectos estruturais da organização e a importância econômica
desta indústria.
Em seguida, no quarto capítulo, são apresentados os resultados da pesquisa de campo
realizada com as empresas do setor moveleiro do Município de Boa Vista, apresentando a
19
localização da atividade econômica, sua estrutura, mão-de-obra existente, qualificação dos
funcionários, destino da produção, dentre outros fatores, como as dificuldades enfrentadas
pelo setor atualmente.
O quinto capítulo aborda as potencialidades da indústria moveleira do Município de
Boa Vista, destacando as iniciativas do Governo Estadual e Municipal, no que diz respeito às
atividades voltadas para o setor, seja através dos incentivos fiscais, como também, pelo
Zoneamento Ecológico-Econômico, que irá direcionar as áreas destinadas no Estado para o
desenvolvimento do manejo florestal. Por fim, no sexto capítulo, são apresentadas as
conclusões do estudo.
1.6 METODOLOGIA
O tipo de pesquisa adotado nesta dissertação, foi o levantamento de dados, que teve
como objetivo a verificação da estrutura existente e o potencial de crescimento da indústria
moveleira do Município de Boa Vista. Para tanto, foi necessário uma análise dos
estabelecimentos, envolvendo sua população.
No que se refere aos objetivos, a presente pesquisa é classificada como descritiva,
visto que visou a descrever a estrutura da oferta de móveis e as características dos locais onde
os móveis são fabricados, bem como ver o perfil dos empresários, a origem da matéria-prima
utilizada, entre outros fatores, e teve como resultado imediato proporcionar informações que
permitiram melhorar o desempenho dos agentes envolvidos na cadeia produtiva do setor
moveleiro localizado no município de Boa Vista.
Para Gil (2000), a pesquisa descritiva deve ser utilizada quando a finalidade principal
é a descrição de determinada população, fenômeno ou estabelecimento de relações entre
variáveis. A pesquisa descritiva também se caracteriza, principalmente, pela técnica de
levantamento de dados empregada: questionários e observação sistemática. Foi feito uma
pesquisa bibliográfica, onde foram analisados os estudos disponíveis e publicados a
respeito do assunto. Caracteriza-se a pesquisa de campo como quantitativa, porque buscou
dados objetivos junto aos empresários que fabricam móveis em Boa Vista.
No presente levantamento, a amostra foi definida com empresários que estão filiados
junto ao sindicato local e que atende às necessidades do estudo, ou seja, um conjunto de
estabelecimentos de móveis. A definição da amostra abrangendo a população de empresários
filiados ao sindicato foi devido ao fato de melhor ter conduzido a amostra, bem como da
20
dificuldade que foi em aplicar o questionário, uma vez que no sindicato havia a lista com o
endereço de todos os empresários filiados. Os sujeitos da pesquisa são os próprios
empresários e funcionários do setor.
A população que compõe o referido setor é formada por 19 (dezenove) empresas,
conforme lista disponibilizada pelo SINDIMAR
1
. A pesquisa buscou entrevistar os 19
(dezenove), mais logrou êxito apenas com 15 (quinze) moveleiros. Dos 04 moveleiros não
entrevistados, 01 (um) não fazia parte do universo da amostra, devido a sua empresa estar
localizada no município de Rorainópolis, 01 (um) estava viajando, 01 (um) não fazia mais
móveis, porém continuava pertencendo ao sindicato. Além desses, 01 (um) não foi localizado,
mesmo depois de várias tentativas realizadas via telefone, e visitas no local da empresa.
Para a coleta de dados sobre o setor moveleiro do Município de Boa Vista, capital do
Estado de Roraima, utilizou-se dados fornecidos pelo SEBRAE, pelo presidente do Sindicato
das Indústrias de Marcenaria do Estado de Roraima e por empresários sindicalizados, que
atuam no do setor moveleiro local, através da aplicação de questionários.
Na primeira fase da pesquisa, foi realizada coleta de dados secundários através de
pesquisa documental em trabalhos científicos, arquivos públicos, particulares, fontes
estatísticas e pesquisa junto à Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento
SEPLAN. Na segunda fase da pesquisa foi realizada coleta de dados primários através de
pesquisa de campo, com aplicação de questionários junto aos empresários do setor.
De acordo com Gil (2000), a coleta de dados é efetuada, usualmente, por técnicas de
interrogação, através de questionários, que se caracteriza pelo conjunto de questões que são
respondidas pelo pesquisado. Foram pesquisados documentos, relatórios e estudos diversos
relacionados com o tema abordado, a estrutura de oferta da produção de móveis, mão-de-obra,
design, entre outros itens. Os documentos foram pesquisados em instituições locais e sites do
governo do Estado, bem como em documentos, teses e dissertações sobre o tema.
Os dados levantados na pesquisa de campo foram codificados e tabulados, tendo sido
utilizada a planilha Excel para os cálculos estatísticos. A análise foi feita juntamente com a
apresentação dos resultados, estabelecendo-se a relação entre os dados levantados com a
teoria apresentada.
1
SINDIMAR Sindicato das Indústrias de Marcenaria do Estado de Roraima.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
Entre as teorias de desenvolvimento regional, o conceito de desenvolvimento local e
endógeno tem-se colocado, em larga medida, diante de regiões carentes de desenvolvimento,
como esperança para a ação local transformadora. Este conceito busca valorizar as
potencialidades contingentes do território ao qual se pretende estimular ações
transformadoras. Neste contexto, o tema desta tese, que trata da indústria moveleira do
Município de Boa Vista, se compara e contrapõe ao próprio conceito de desenvolvimento
endógeno.
Atualmente, instituições públicas e privadas estão utilizando o conceito de Arranjos
Produtivos Locais como norteador das suas ações. O que foi percebido é que caso se deseje
alavancar o desenvolvimento socioeconômico de um determinado local, não basta apenas
entender a cadeia produtiva, em toda a sua complexidade e extensão. O essencial é o
entendimento do território onde está inserida a atividade, dentro da sua lógica de produção,
que pode se caracterizar por possuir apenas um ou vários elos da respectiva cadeia produtiva.
A noção de território, como espaço privilegiado de aplicação de estratégias de
desenvolvimento, não implica em rompimento com abordagens de desenvolvimento local,
regional ou nacional. Ao contrário, de acordo com Veiga (2003), o foco em “desenvolvimento
territorial” propicia, em sentido amplo, melhor combinação de políticas governamentais
descendentes com outras iniciativas de desenvolvimento endógeno.
Dessa forma, as teorias de desenvolvimento regional, ao longo do tempo, sofreram
grandes transformações, de um lado provocadas pela crise e pelo declínio de regiões
tradicionalmente industriais e, de outro, pela emergência de regiões portadoras de novos
paradigmas industriais. Esse fenômeno está associado às mudanças radicais, nas formas e nos
modos de produção e de organização industriais, bem como à globalização e à abertura das
economias nacionais.
Quanto ao primeiro fenômeno, devem ser considerados os aspectos da flexibilização e
da descentralização, dentro e fora das organizações, os quais ocasionam impactos importantes
em termos de reestruturação funcional do espaço. Quanto ao segundo fenômeno, esse tem
provocado impactos consideráveis sobre os custos e sobre os preços relativos das empresas, as
22
quais têm levado cada vez mais em conta fatores locacionais em suas estratégias de
competitividade. Assim, este capítulo tem por objetivo versar sobre as principais teorias do
desenvolvimento regional, abordando os conceitos e fundamentos teóricos, além de discorrer
brevemente sobre o desenvolvimento regional da Amazônia.
2.1 TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL
O desenvolvimento de uma região passa do ponto de partida para entender
primeiramente a definição de território. O território é o espaço econômico socialmente
construído, dotado não apenas dos recursos naturais, mas também da história construída pelos
homens que nele habitam, através de convenções de valores e regras, de arranjos
institucionais que lhes dão expressão e formas sociais de organização da produção.
Segundo Souza (2002), o desenvolvimento de uma região efetua-se com a ocupação
racional de seu território, facilitando a mobilidade espacial da população, fatores de produção
de bens e serviços.
Como espaço social, o território é um campo de forças políticas conflituosas, com
estruturas de poder e dominação. Assim, o território é locus de produção de bens e reprodução
de capital, que se manifesta em arranjos institucionais do poder instituído, mas mutante, que
abriga conflitos de interesses e formas de ação coletiva e coordenação, que surgem em
decorrência da própria natureza da atividade produtiva que é, por necessidade, uma forma de
ação coletiva, fundada sobre ações individuais que são interdependentes, caracterizadas pela
incerteza.
Segundo Souza (1997), no tocante ao elemento espaço e para o economista francês
Richard Cantillon (1680-1734), o problema do espaço consiste na articulação entre as cidades
e o campo, no estudo das grandes cidades e de suas vantagens. Segundo ele, a terra é a única
fonte de riqueza, por produzir um excedente acima dos custos de produção, sendo o trabalho a
força geradora dessa riqueza.
Em seu livro A Riqueza das Nações, Adam Smith (1723-1790) leva em conta o fator
espaço como sendo a extensão dos mercados, pois proporciona maior divisão do trabalho,
aumentando a produtividade e a riqueza nacional. Assim, o crescimento econômico leva em
conta a concentração das atividades econômicas em função da localização da mão-de-obra e
dos consumidores.
Alfred Marshall (1842-1924) apud Souza (1997), foi o primeiro a dar destaque
23
especial ao elemento espaço na análise econômica. Marshall cunhou o termo economias
externas para designar os benefícios que se originam da concentração da atividade econômica,
bem como diferenciou economias internas de economias externas.
As economias internas decorrem do aumento das quantidades produtivas, da melhoria
da eficiência produtiva, da melhor organização da produção no nível da firma, ou seja, são as
economias de escala. As economias externas dependem do desenvolvimento geral da
indústria, provocado pela concentração de firmas interdependentes em uma dada localização.
Estas nascem fora da firma, embora podendo ocorrer no interior da indústria, independem de
sua ação em particular. Os locais que atraem as atividades econômicas para Marshall têm
vantagens especiais de localização e disponibilidade de alguma matéria-prima especifica.
Assim, as economias externas são fatores fundamentais da localização e atraem as atividades
econômicas, levando à concentração industrial.
Entretanto, uma região não pode ser estudada apenas do ponto de vista da economia.
Existem outros aspectos que precisam ser analisados como os demográficos, sociais e
tecnológicos. A diferença entre o elemento espaço e a noção de região está na proximidade
entre os dois termos. A região apresenta-se constituída por um espaço contínuo, delimitado
por uma fronteira; enquanto o espaço econômico de um centro urbano- industrial ultrapassa as
fronteiras político-administrativas daquilo que se poderia denominar de região do referido
centro.
O espaço pode ser visto através de três noções: geográfico, matemático e econômico.
(BOUDEVILLE, 1972, apud. SOUZA, 1997). O espaço matemático diz respeito às condições
naturais do solo, clima, sem considerações técnicas e econômicas. O espaço matemático
compreende as relações técnicas de variáveis econômicas, independentes de considerações
geográficas. O espaço econômico, diz respeito à localização de tais relações técnicas em uma
área geográfica, compreendendo também as relações de comportamento de produtores e
consumidores.
Dessa forma, a inserção do elemento espaço na teoria econômica, se deu através dos
teóricos da localização da atividade econômica, onde produzir com a máxima eficiência,
tendo em vista a distribuição espacial dos recursos produtivos e da população consumidora,
tem constituído uma preocupação central dos produtores, independente do debate acadêmico.
(SOUZA, 1997).
As diferentes localizações das atividades econômicas refletem a distribuição espacial
dos recursos e do estado das técnicas vigentes. Mudanças nas tecnologias dos meios de
24
transporte e nas técnicas de produção, bem como o esgotamento das fontes de matérias-prima
e o deslocamento das populações, alteram a matriz das localizações possíveis, influenciando
as decisões locacionais por parte dos empresários.
Teoria do Lugar Central fundamenta-se na idéia de centralidade e de hierarquia
urbana na formação das áreas de mercado. A função de um centro urbano é o de servir como
lugar central, fornecedor de bens e serviços para a sua área de influência. A idéia básica de
centralidade é a de que a vida comunitária organiza-se em determinados pontos, e que as
atividades econômicas e sociais tendem a se aglomerar em centros. Segue-se que a função
principal da cidade é a de se tornar o centro de uma região (ABLAS, 1982 apud SOUZA,
1997).
Segundo a teoria, um lugar central (um centro urbano) fornece um conjunto de bens e
serviços a uma determinada área envolvente (área de influência ou região complementar).
Cada um destes lugares centrais pode ser classificado hierarquicamente em função da
quantidade e diversidade de bens e serviços que fornecem à sua área de influência.
Teoria da Localização pretende explicar a localização de empresas no espaço
geográfico. A teoria abrange fatores aglomerativos e desaglomerativos, a renda urbana e a
organização do espaço em geral. Na prática, tende a interessar às empresas que, ao crescerem,
precisam de um novo local, bem como as grandes empresas, em razão de suas estratégias de
crescimento e de ocupação do espaço no mercado nacional e internacional. Nessas empresas,
as estratégias de localização tornam-se intimamente ligadas às estratégias internas de
reorganizaçao e de crescimento (SOUZA, 1997).
Teoria dos Pólos de Crescimento teoria segundo a qual o crescimento econômico
não se faz de forma difusa por todo o espaço de um país, ou cobrindo as várias partes de uma
região, se manifesta em certos pontos, chamados de pólos de crescimento, com intensidades
variáveis, se expandindo por divesos canais com efeitos terminais variáveis sobre o conjunto
da economia (ANDRADE, 1987).
Para Perroux (1977), o pólo de crescimento surge ao aparecimento de uma indústria
motriz, considerando como tal aquela indústria que, antes das demais, realiza a separação dos
fatores de produção, provoca a concentração de capitais sob um mesmo poder e decompõe
tecnicamente as tarefas e a mecanização. O crescimento econômico é próprio de áreas
favorecidas por várias circunstâncias, onde surge uma indústria motriz e, como consequência,
como reflexo da ação desta indústria, o crescimento se propaga, se expande, beneficiando as
regiões que a cercam, que são para ela polarizadas.
25
A difusão interindustrial e espacial dos efeitos de crescimento, através das compras
(efeitos de encadeamentos verticais, ou para trás) e das vendas (efeitos de encademaento
horizontais, ou para frente) da indústria líder, ocorrem simultaneamente. Daí o que que
Hirschman denominou, em 1958, de efeitos temazes (HIRSCHMAN, 1974, apud SOUZA,
1997).
Vale destacar que, em 1955 foi desenvolvida por François Perroux, a teoria dos pólos
de crescimento, ao observar a concentração industrial na França, em torno de Paris, e na
Alemanha, ao longo do Vale da Ruhr. Os pólos industriais de crescimento surgem em torno
de uma aglomeração urbana importante (Paris), ao longo das grandes fontes de matérias-
primas (Vale da Ruhr), assim como nos locais de passagem de fluxos comerciais
significativos e em torno de uma grande área agrícola dependente (São Paulo).
O pólo de crescimento tem uma forte identificação geográfica, porque ele é produto
das economias de aglomeração geradas pelos complexos industriais, que são liderados pelas
indústrias motrizes. Um complexo industrial é um conjunto de atividades ligadas por relações
de insumo-produto. Ele se torna um pólo de crescimento quando for liderado por uma ou mais
indústrias motrizes; e ele se tornará um pólo de desenvolvimento quando provocar
transformações estruturais e expandir o produto e o emprego no meio em que está inserido
(SOUZA, 1997).
A teoria dos pólos, voltada para a indústria moveleira localizada no Município de Boa
Vista, mostra os encadeamentos da indústria de móveis sobre os setores ofertantes de insumos
(para trás). Os encadeamentos para frente são poucos, como por exemplo, as empresas que
compram móveis para vender, ou seja, os encadeamentos se fazem mais com a demanda final.
Segundo Souza (2005), o conceito de indústria motriz mostra-se mais amplo do que o
de indústria-chave. Toda indústria motriz é uma indústria-chave, mas nem sempre toda
indústria-chave é uma indústria motriz. A primeira, além de possuir efeitos de encadeamento
superiores à unidade, do ponto de vista da matriz de insumo-produto, caracteriza-se pela
efetiva dimensão de seus efeitos de encadeamento, exercendo, portanto, impulsos motores
significativos sobre o crescimento local e regional. Não ocorrendo indução significativa do
crescimento no interior do complexo, a atividade-chave não será motora.
Indústrias motrizes atraem as empresas satélites, fornecedoras de insumos ou
utilizadoras dos produtos das primeiras como insumos, desencadeando o crescimento local e
regional. Utilizam-se incentivos fiscais, empréstimos subsidiados, treinamento de mão-de-
obra e instalação de infraestruturas para motivar a vinda de grandes empresas para
26
determinadas áreas.
Assim, segundo Andrade (1987), observa-se que os efeitos motrizes da indústria não
são permanentes e que, em conseqüência, uma indústria que hoje provoca o aparecimento de
um pólo. Se ela não se renova, não dá margem ao surgimento de uma série de outras
indústrias que mantenham a dinamização por ela desencadeada, fará com que o pólo
desapareça gradativamente, que a sua função polarizadora sendo absorvida por outros
centros, por outros pólos.
A idéia de um pólo central, motor do crescimento, e de uma periferia agrícola e
subdesenvolvida, a ser polarizada, corresponde a uma simplificação errônea da teoria do
crescimento polarizado de François Perroux. Segundo Souza (2005), ele supôs a existência de
alguns pólos principais, com porte semelhante, e de vários pólos secundários, de menor
dimensão, hierarquizados, servindo de ponte e de filtragem aos efeitos de encadeamento
emanados dos pólos superiores.
As noções de pólo e de região polarizada estão intimamente associadas com as idéias
de urbanização e de industrialização. A região polarizada contém vários centros urbanos e
industriais secundários, relacionando-se com o pólo central dinâmico. Estão presentes,
portanto, as noções de funcionalidade, hierarquia e heterogeneidade nas relações do pólo no
interior da região polarizada. “Existe uma hierarquia no poder de encadeamento dos setores e
atividades, como existe uma hierarquia na irradiação das cidades. Essas duas hierarquias, uma
técnica, outra geográfica, são independentes e formam duas dimensões distintas”
(BOUDEVILLE, 1972, p. 32).
Em termos de política regional de desenvolvimento, a idéia de considerar a hierarquia
dos pólos urbanos e industriais de crescimento, no interior das regiões, é para evitar a
concentração demográfica e econômica excessiva no pólo hegemônico, em detrimento da
periferia rural e subdesenvolvida. A hierarquia dos pólos segue a idéia da hierarquia urbana,
da teoria do lugar central de Christaller (SOUZA, 1997).
A diferença fundamental dessa teoria, em relação à teoria dos pólos de crescimento,
está na ênfase à prestação de serviços, por parte dos centros urbanos, e não na função indutora
da indústria motriz do pólo de crescimento e nas interdependências que ela gera entre firmas
compradoras e vendedoras de insumos na região polarizada, ou no interior do próprio centro
principal.
A região central, onde se localiza o pólo, pode exercer efeitos propulsores e efeitos
regressivos sobre outras regiões (HIRSCHMAN, 1974; MYRDAL, 1968). Os efeitos
27
propulsores são os efeitos de encadeamento da produção e do emprego sobre atividades
induzidas de regiões vizinhas. Quando as indústrias motrizes do pólo urbano-industrial central
realizam inovações tecnológicas e expandem a sua produção, elas aumentam suas compras de
outras regiões e ampliam a oferta de produtos, em alguns casos com preços menores. Os
efeitos regressivos correspondem à drenagem referida. Adotando novas técnicas e produzindo
novos bens, as indústrias motrizes do pólo aumentam a demanda de fatores, elevando seus
preços, o que provoca destruição criadora nas regiões periféricas.
Através do sistema bancário, demandam crédito para inovações e drenam recursos
financeiros de outras áreas. O pólo urbano/industrial será de desenvolvimento quando os
efeitos propulsores excederem os efeitos regressivos. À medida que a região tiver sucesso na
neutralização de parte dos efeitos regressivos e internalizar de alguma forma os efeitos
propulsores provenientes de outras áreas, ela estará passando por um processo acumulativo de
desenvolvimento (MYRDAL, 1968).
A adoção de uma política de crescimento menos polarizado, ao favorecer a
descentralização das indústrias para as áreas periféricas, poderia acelerar a tendência natural
do mercado, promovendo a difusão dos efeitos propulsores a partir dos pólos. Tal política
implicaria o aumento da integração de espaços desconectados, acelerando um processo que,
ao contrário, levaria muito tempo para a sua efetivação.
A idéia básica do crescimento por pólos, a partir do centro principal, envolvendo
centros secundários, fundamenta-se na maximização dos efeitos de indução dos
investimentos, em contraposição a uma política de dispersão dos recursos em todo o espaço: o
volume dos investimentos em cada área e setor seria tão pequeno que seus efeitos não
possuiriam a força suficiente para desencadear um processo de indução do crescimento entre
setores e regiões.
O grande problema das políticas de crescimento desequilibrado e polarizado são os
desvios políticos, que se traduzem na excessiva concentração dos recursos em certos setores e
regiões, em benefício de determinados grupos, em detrimento do conjunto da população.
Porém, a teoria da polarização não postula, necessariamente, a concentração dos
recursos em um ou dois pólos principais, mas se traduz, de preferência, no incentivo ao
desenvolvimento de pólos secundários, com base em empresas suscetíveis de se tornarem
polarizadas, na criação de canais de difusão dos efeitos de encadeamento em toda a rede
urbana e nas áreas rurais.
A indústria motriz e o próprio pólo não se desenvolvem se não houver atividades
28
polarizadas nos centros inferiores da hierarquia urbana e nas áreas periféricas, a menos que
tais atividades motrizes possam produzir exclusivamente para a exportação. Seus efeitos sobre
o desenvolvimento de atividades de mercado interno serão fracos ou nulos na ausência de
atividades induzidas e de canais de integração apropriados.
Dessa forma, a indústria motriz não constitui o único elemento do desenvolvimento
regional. Cada região precisa basear o seu crescimento econômico tanto na agricultura, como
em atividades industriais mais tradicionais, produtoras de bens de consumo final, como as
vinculadas ao vestuário, alimentação e bebidas. As indústrias induzidas são tão indispensáveis
ao pólo como as indústrias motrizes. Além disso, nenhuma indústria sobrevive sem
infraestruturas, mão-de-obra com bom nível de instrução e serviços básicos para o
atendimento da população, como saneamento básico, habitação, segurança e saúde.
O passo seguinte, dado pela teoria do crescimento econômico segundo Santos (2000),
foi o de incorporar o conceito de capital humano e o estoque de conhecimentos, pois não é
possível se ter crescimento simplesmente aumentando a quantidade de insumos tradicionais,
mas, sim, que o processo de crescimento consiste, essencialmente, na introdução de novos
fatores de capital a um preço real mais barato.
Mesmo assim, as construções teóricas dos modelos clássicos e neoclássicos se
mostraram insuficientes para explicar o fenômeno da desigualdade regional, e assim aparecem
com vigor as contribuições teóricas que, segundo Haddad (1989), tem por objeto a questão do
crescimento regional: teoria da base econômica, teoria da base exportadora, teoria weberiana
da localização industrial, teoria da localização agrícola (Von Thunen), teoria da organização
espacial (a integração das teorias da localização), teoria dos pólos, teoria da interdependência
locacional, teoria inter-regional da renda, teoria do crescimento regional, teoria da
dependência, as regiões econômicas de August Losch, teorias dos lugares centrais, o modelo
de Isard, o modelo de Soderman, o modelo Somea, as teorias dinâmicas da localização e
outras.
Essa visão é incorporada e enriquecida pela Economia Regional, que se assenta nos
pressupostos de que:
a) O crescimento é localizado, e não disseminado no espaço ou no aparelho produtivo
(Perroux, 1950);
b) O crescimento é um processo de transformação interdependente que se produz em
certo período (PAELINCK, 1963);
c) O crescimento econômico não ocorre ao mesmo tempo em toda parte e, quando
29
ocorre, forças poderosas provocam a sua concentração, em torno dos pontos onde o
processo se inicia (HIRSCHMANN, 1960). O resultado prático das hipóteses acima é
um país dividido em regiões pobres e ricas.
Teoria da Base Econômica quando se tem a intenção de estudar uma região, um dos
problemas fundamentais é compreender suas relações com as demais regiões do sistema
nacional e com o exterior. A teoria mais simples para explicar essas relações é a teoria da base
econômica, que pretende estudar e avaliar os impactos dos fluxos de mercadorias e de
serviços entre a região e o resto do mundo.
Segundo a teoria, a atividade total de uma região (ou de uma cidade) apresenta uma
dicotomia bastante nítida, tendo-se, de um lado, as atividades básicas (de exportação) e as
atividades locais (ou de mercado local).
As atividades básicas independem do nível da renda interna e constituem o motor do
crescimento regional, porque engendram um efeito multiplicador sobre as atividades de
mercado local, que delas dependem. Os bens e serviços produzidos no setor básico são
consumidos no exterior, dependendo, pois, do nível de renda do resto do mundo.
Assim, a região pode crescer mesmo que grande parcela de sua população não tenha
poder de compra em expansão. O setor básico seo que apresentar maior dinamismo de
crescimento e o setor de mercado local terá seu crescimento limitado pela distribuição interna
da renda e pelas interdependências que poderão criar-se entre as exportações e as atividades
de mercado interno.
A teoria da base de exportação considera as exportações como a principal força
desencadeadora do processo de desenvolvimento. O crescimento nesta teoria depende da
dinamicidade das atividades econômicas básicas que, por sua vez, incentivam o
desenvolvimento de atividades complementares. As atividades básicas vendem seus produtos
em outras regiões, sendo, portanto, a força motriz da economia. As atividades
complementares dão suporte às atividades básicas (NORTH, 1977).
A teoria da base econômica considera estável ou constante o tamanho relativo dos
setores não básico e básico. Essa relação entre o setor não-básico e o setor básico [N/B] é
denominada de coeficiente-base, considerado estável em razão da suposição da teoria de que
o tamanho relativo dos setores não básico e básico é constante.
Souza (1982) assinala que a teoria da base tem levado em conta somente as variáveis
exógenas determinadas por forças externas à região. A base econômica é sinônimo de "base
30
exportação", quando somente as exportações são consideradas na sua composição. Não é o
conceito adotado nesta dissertação, que inclui outras variáveis na base econômica.
Com a inclusão de outras variáveis exógenas, a base econômica regional fica
determinada, não por forças externas à região, mas também por todas aquelas variáveis
exógenas formadas fora do sistema econômico, embora dentro da área, como o nível de gastos
do governo local, o investimento autônomo, etc. O problema consiste em verificar a
relevância dessas variáveis, em cada caso.
Nesta dissertação, adotou-se a trilha indicada por Souza (1982), que define a base
econômica como a soma de todas as variáveis exógenas significativas existentes num sistema
econômico. Estas são ditas básicas porque influenciam o crescimento global das atividades da
área. Ao serem acrescidas de B, originam variação mais do que proporcional nas atividades
totais da região.
A atividade econômica regional é uma função das exportações (B), entendidas estas
como o conjunto das despesas externas realizadas na região, não se restringindo apenas ao
conjunto de bens e serviços destinados ao exterior. A atividade econômica total (P) é um
múltiplo da base. Quer dizer, uma mudança na atividade econômica é um múltiplo da
mudança no setor de exportação. Nesse sentido, as exportações determinam a formação da
renda ou do produto regional.
Não ocorrem mudanças internas estruturalmente expressivas no curto prazo, ou seja, o
perfil da demanda interna não se altera substancialmente de forma a dinamizar as atividades
econômicas produção e emprego.
Dada esta hipótese, certamente que a expansão do produto e do emprego, na presença
de capacidade ociosa, somente poderá experimentar elevação em resposta ao crescimento da
demanda externa, vale dizer, se houver um incremento das exportações ou se houver injeção
de recursos do governo federal na região, na medida em que estes funcionam como demanda
externa.
Reportando a teoria da base econômica para a indústria moveleira localizada no
Município de Boa Vista, nota-se que o setor, conforme pesquisa de campo realizada, não
exporta para outros Estados e nem para o Exterior. A exportação, segundo dados da Secretaria
de Comércio Exterior, é de produtos madeireiros não acabados, ou seja, exporta-se a matéria-
prima a ser incorporada em outros produtos sem agregação de valor.
31
2.2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL OU LOCAL: O PAPEL DA INOVAÇÃO
A abordagem da teoria do desenvolvimento trata da análise dos elementos que
impulsionam o crescimento local e reconhece que os sistemas produtivos locais são uma das
diferentes formas de organização da produção, que contribuem para melhorar a produtividade
e a competitividade de empresas e territórios. Assim, a teoria do desenvolvimento endógeno
constitui um novo paradigma da economia regional. Esta teoria pode ser enunciada na
seguinte proposição:
O desenvolvimento econômico local pode ser definido como um processo de
crescimento e mudança estrutural que ocorre em razão da transferência de recursos
das atividades tradicionais para as modernas, bem como pelo aproveitamento das
economias externas e pela introdução de inovações, determinando o bem-estar da
população de uma cidade ou região. Quando a capacidade local é capaz de utilizar o
potencial de desenvolvimento e liderar o processo de mudança estrutural, pode-se
falar de desenvolvimento local endógeno ou, simplesmente, de desenvolvimento
endógeno. (BAQUEIRO, 2001, p. 57).
O conceito está baseado na idéia de que localidades e territórios dispõem de recursos
econômicos, humanos, institucionais e culturais, bem como de economias de escala não
aproveitadas, que formam o seu potencial de desenvolvimento. Com a organização do sistema
produtivo local formando redes de empresas, cria-se um ambiente favorável à geração de
economias de escala e à redução dos custos de transação, assim como os rendimentos
crescentes e ao crescimento econômico.
Nos territórios de baixa densidade empresarial, são ainda mais escassas as condições
básicas de dinamização dos negócios e da economia. Além disso, uma estratégia de
desenvolvimento em espaços subnacionais (caso dos territórios) deve ser individualizada para
aquele espaço específico, pois não é possível aplicar uma única estratégia para todas as
regiões (SEBRAE, 2003). Contudo, percebe-se que o desenvolvimento não pode ser pensado
de forma isolada, principalmente porque desenvolvimento endógeno não significa isolamento.
Os processos de desenvolvimento local endógeno ocorrem em função da utilização
produtiva do potencial de desenvolvimento, situação que se verifica mais facilmente quando
as instituições e os mecanismos de regulação do território funcionam com eficiência. Uma
cidade ou região pode, por iniciativa própria e em um dado momento histórico, assumir novos
projetos de investimento, que lhe permitirão ingressar (ou continuar) no caminho de
desenvolvimento competitivo (BAQUEIRO, 2001).
O que chama atenção é a proposição da teoria do desenvolvimento e os rendimentos
32
crescentes onde os processos de desenvolvimento endógeno ocorrem como resultado do
aproveitamento das externalidades nos sistemas produtivos locais, o que contribui para o
surgimento de rendimentos crescentes e, portanto para o crescimento econômico.
Em sua teoria dos pólos de crescimento, Perrox (1955) chama atenção para os
mecanismos que favorecem a formação de economias de escala de caráter tecnológico. O
elemento central é a empresa motriz que, com sua capacidade inovadora e liderança, exerce
um efeito impulsionador sobre as demais empresas.
Sua localização em um dado território é geradora de desigualdades produtivas e
espaciais, promovendo o desenvolvimento. O pólo é um mecanismo que contribui para a
difusão de inovações, favorecendo o crescimento econômico e explicando a concentração da
atividade produtiva. Por fim, se diferencia da grande teoria do desenvolvimento ao
caracterizar os sistemas produtivos locais como um sistema de redes internas, nas quais
estabelecem relações de cooperação e de competitividade entre as empresas.
Outra proposição está na teoria da dependência e no controle local do
desenvolvimento, o qual o desenvolvimento endógeno caracteriza-se pela utilização do
potencial de desenvolvimento existente no território, graças à iniciativa dos atores locais ou,
no mínimo, processa-se sob o seu controle. Os países, regiões e cidades incorporam-se a esse
processo de forma hierárquica, formando os centros e as periferias do sistema.
A característica fundamental das economias periféricas é sua estrutura dependente,
tornando-as incapazes de crescer de forma autônoma e auto-sustentada. O desenvolvimento
industrial depende da importação e da adaptação da tecnologia criada e controlada pelas
grandes empresas multinacionais nas economias avançadas.
As pequenas e médias empresas (inclusive as que formam os sistemas locais de
empresas, os clusters e os distritos industriais) seguem sob o controle tecnológico e comercial
das grandes firmas. Em razão disso, as transformações provocadas pela reestruturação de
cidades, regiões e países estão condicionadas pelo processo de globalização e, portanto, pela
estratégia das grandes empresas multinacionais.
A teoria territorial do desenvolvimento e as iniciativas locais propõem o
desenvolvimento endógeno e refere-se a processos de transformação econômica e social que
ocorrem em função da resposta das cidades e regiões aos desafios colocados pela
competitividade, com os atores locais adotando estratégias e iniciativas destinadas a aumentar
o bem-estar da sociedade local.
Dessa forma, esta é uma preposição que parte de uma idéia central de política de
33
desenvolvimento endógeno: a dinâmica e a transformação da economia local devem estar,
necessariamente, associadas às forças de mudança existentes na própria comunidade local.
Assim, a teoria propõe iniciativas destinadas a fixar a população no território e a manter os
vínculos da comunidade local que contribuam para o surgimento e o crescimento das
pequenas e médias empresas, que incentivem a pequena agricultura camponesa e que, em
última análise, criem uma alternativa ao modelo tradicional de desenvolvimento industrial,
articulado pelas grandes empresas localizadas nos maiores centros metropolitanos
(BAQUEIRO, 2001).
A teoria territorial do desenvolvimento constitui, dessa forma, uma das referências
obrigatórias da teoria do desenvolvimento endógeno. Ambas compartilham dois princípios
metodológicos fundamentais: por um lado, têm a mesma concepção do espaço econômico e,
por outro, dão prioridade às ações vindas “de baixo para cima”, nas políticas de
desenvolvimento. Mais recentemente, com as transformações contemporâneas, resultantes das
aceleradas mudanças tecnológicas e do contínuo processo de inovação, ampliaram-se, ainda
mais, a importância da inovação e sua velocidade.
Em uma sociedade crescentemente dominada pelo conhecimento, as vantagens
comparativas estáticas ou ricardianas, baseadas em recursos naturais, perdem importância e
ganham destaque as vantagens construídas e criadas, cuja base está exatamente na capacidade
diferenciada de gerar conhecimento e inovação. Em uma sociedade informacional, torna-se,
cada vez mais difícil, para as empresas ou agentes produtivos, reter a exclusividade dos
conhecimentos técnicos.
2.2.1 A inovação no processo de desenvolvimento endógeno
O desenvolvimento econômico e a sua dinâmica produtiva dependem da introdução e
difusão das inovações do conhecimento. São estas duas variáveis básicas que fomentam a
transformação e a renovação do sistema produtivo, pois a acumulação de capital, em síntese, é
a acumulação de tecnologia e conhecimento. Para viabilizá-la, torna-se necessária a inserção
dos atores e agentes do sistema produtivo local, nos processos decisórios sobre as inversões
adequadas em tecnologia e organização.
A organização do sistema produtivo local e do seu entorno (relações entre as
empresas, provedores e clientes) é que condiciona a produtividade e capacidade competitiva
das economias locais, e não o tamanho das empresas nele inseridas. Assim, torna-se evidente
34
que uma determinada economia local ou regional pode apresentar bons resultados, mesmo
abrigando no seu bojo apenas empresas de pequeno e médio porte.
As demandas da produção globalizada, mesmo sob a ótica endógena, implicam em
intercâmbios produtivos que, por sua vez, carecem de infraestruturas somente existentes nos
contextos urbanos (energia, insumos, meios de comunicação, crédito, fontes de conhecimento,
etc.). Assim, as cidades tendem a aglutinar, em seu cerne ou no seu entorno, os aglomerados
econômicos, tornado-se, dessa forma, os espaços preferenciais do desenvolvimento, que
nelas situam-se os focos do crescimento econômico, onde ocorrem as decisões de inversão
produtiva.
Os processos de desenvolvimento “têm profundas raízes institucionais e culturais”
(LEWIS, 1955; NORTH, 1981-1994, apud BARQUEIRO, 2001). Os atores sociais têm
cultura, formas e mecanismos próprios de associação, que geram formas específicas de
organização e institucionalização que podem influenciar, positiva ou negativamente, no
arranjo e gestão do cenário econômico do território (BARQUERO, 2001).
O estudo da inovação propriamente dito inicia-se nos primórdios do século XX, com
os escritos de Joseph Schumpeter, que aborda a ação de inovar como criadora de processos de
ruptura no sistema econômico, afetando o equilíbrio do fluxo circular. Esse processo de
ruptura [introdução da inovação] é provocado pelo empreendedor, que detém a habilidade de
ser o primeiro a introduzir novas combinações de meios produtivos, transformando assim o
fluxo circular estabelecido (EBNER, 2000). Assim sendo, inovações nas condições de
Schumpeter (1982), o representadas pelas novas combinações de produção, que surgem
descontinuamente e englobam cinco casos:
a) Introdução de um novo bem, ou seja, um bem com que os consumidores ainda não
estiverem familiarizados, ou de uma nova qualidade de um bem;
b) Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha
sido testado pelas experiências no ramo próprio da indústria de transformação, que de
modo algum precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova, e pode
consistir também, em nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria;
c) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado que o ramo particular da
indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer esse
mercado tenha existido antes ou não;
d) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens
semimanufaturados, mais uma vez independentemente do fato de que essa fonte
35
exista ou teve que ser criada;
e) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de
uma nova posição de monopólio (pela trustificação) ou a fragmentação de uma
posição de monopólio.
Os arranjos produtivos ou sistemas locais de produção variam de tamanho, amplitude
e estágio de desenvolvimento. O seu fortalecimento está amplamente ligado às políticas de
desenvolvimento regional, estadual ou federal, objetivando emprego e renda. Podem ser
definidos como um fenômeno vinculado a economias de aglomeração, associadas à
proximidade física das empresas fortemente ligadas entre si por fluxos de bens e serviços,
podendo abranger empresas de um único setor como podem incluir um agrupamento de
fornecedores de insumos, tecnologias, máquinas, materiais e serviços industriais (SANTOS e
GUARNNERI, 2000).
De acordo com Scheffer e Schenini (2003), os arranjos produtivos locais se
caracterizam por uma gama de variáveis, entre elas: a diversidade das atividades dos agentes
econômicos, a extensão territorial das atividades, a importância do conhecimento tácito, cuja
transmissão à proximidade entre os agentes facilita.
Constitui um aglomerado de empresas produtoras, fornecedores, clientes, instituições
de pesquisa que, ao se relacionarem, geram competência, o que culmina no processo de
constante aprendizado e em um ambiente propício à geração de inovações. Corroborando
Cassiolato e Lastres (1999) que conceituam os arranjos produtivos locais como aqueles
arranjos que apresentam interdependência, articulação, e vínculos entre os agentes, que
resultam na interação, cooperação e aprendizagem das empresas produtoras com os demais
agentes.
É consenso entre os autores apresentados que a atuação conjunta de um grupo de
empresas do mesmo ramo traz benefícios ao desenvolvimento econômico local e à
sustentabilidade das empresas. Neste sentido, a discussão sobre competitividade enverga na
aplicação de novos critérios para promover relações sinérgicas, sob a influência do paradigma
de competição global.
Estimular a variável tecnológica para impulsionar inovações e promover acordos de
cooperação passa a ser condição de inserção e permanência no ambiente de negócios.
Entende-se ainda, que no atual cenário de acelerada mudança tecnológica, a competitividade
não mais é baseada unicamente no preço, mas principalmente na construção de competências
36
específicas para a aquisição de conhecimentos e de inovação, pois os ganhos de eficiência
dependem da trajetória inovadora.
Resumindo, pode-se dizer que o desenvolvimento está enraizado nas condições locais,
e que, em uma sociedade do conhecimento e do aprendizado, a capacidade de gerar novo
conhecimento constitui o elemento central no processo de produção, competição e
crescimento.
A decisão locacional da empresa passa a ser um elemento decisivo na sua capacidade
de competição, a qual depende da combinação de suas competências individuais (PENROSE,
1959 apud DINIZ et al., 2004) e dos atributos ou ativos locais. Dessa forma, o foco do
planejamento regional passa a ser a localidade, superando as experiências históricas de
planejamento e de implementação de políticas regionais com vistas à promoção homogênea
do crescimento econômico e a melhoria social de grandes regiões.
2.2.2 Arranjos produtivos locais
A “economia baseada no conhecimento” é caracterizada por um ambiente competitivo
intensivo em conhecimento, globalizado produtiva e financeiramente e liberalizado
comercialmente. Entretanto, o conhecimento e os processos de aprendizagem e de construção
de competências a ele relacionados, à medida em que são processos essencialmente
interativos e incorporados em pessoas, organizações e relacionamentos, são influenciados
pelo território localizado.
Como enfatizado em vários estudos, o território localizado funciona como espaço
primordial de interdependências intencionais e não-intencionais; tangíveis e intangíveis;
comercializáveis e não-comercializáveis (STORPER, 1995, apud DINIZ et al., 2004 ). Por
sua vez, essas interdependências, para que possam ser realizadas plenamente e originem
processos de aprendizado coletivo e de difusão do conhecimento tácito e codificado entre as
empresas - ou seja, para que levem à criação de um common knowledge context
(HOWELLS, 2000, apud DINIZ et al., 2004, p.20) requerem proximidade cognitiva e física.
É importante frisar que elas devem estar “imersas” em um ambiente local, que atue
como facilitador e estimulador destas interdependências e como ligação entre um sistema de
produção e uma cultura tecnológica particular. Assim, pode-se pensar o território localizado
como um espaço socialmente construído, uma superfície ativa e aberta, que influencia e é
influenciada pelas interações localizadas.
37
As justificativas para este fenômeno são várias, mas duas se destacam: o fato do
processo competitivo atual implicar em uma revalorização do local, enquanto espaço
privilegiado para o surgimento de inovações; e o fim do estado intervencionista keynesiano,
implicando em um movimento em direção à descentralização de responsabilidades do estado
no sentido da região e das localidades.
Segundo Sachs (2002), é no plano local que se buscam soluções para os conflitos, se
negociam compromissos e se constroem, na medida do possível, sinergias. É também que
surgem iniciativas e inovações com horizontes temporais que transcendem o imediato, que
nascem os arranjos produtivos locais e se iniciam os encadeamentos a jusante e a montante
das atividades exercidas. Depreende-se disso, a importância de pensar o desenvolvimento em
termos territoriais, amarrando horizontalmente, por assim dizer, todas as suas dimensões
verticais, que nos remetem às cadeias produtivas e a outros territórios.
A literatura sobre políticas de desenvolvimento de arranjos produtivos locais vem
apresentando um crescente consenso acerca de um ponto específico, qual seja, a não
existência de uma única política a ser aplicada em todos os clusters existentes. Dadas as
peculiaridades de cada arranjo, políticas de desenvolvimento devem ser moldadas para cada
caso.
Os arranjos produtivos locais são agentes econômicos, políticos e sociais, localizados
em um mesmo território, que apresentam vínculos consistentes de articulação, interação,
cooperação e aprendizagem. Apesar dos diversos conceitos sobre APLs, é consenso entre
quase todos que são fundamentais as políticas que estimulem o desenvolvimento local, de
maneira sustentada e de longo prazo; isso faz com que os arranjos interajam com o mercado,
proporcionando ganhos em escala, inclusão social, melhor distribuição de renda e qualidade
de vida, levando sempre em consideração as especificidades locais e regionais; essa política
também leva à preservação do meio ambiente como fonte de vida e matéria-prima sustentada
para o setor moveleiro.
A definição de um conceito é precisa, quando se descreve as condições em que é
possível usá-lo de forma eficaz. De acordo com a literatura, o conceito de APL se afasta das
características de um cluster, pois estes apresentam maior proximidade, que proporciona
maior ênfase nos processos de cooperação e externalidades estáticas.
Ao contrário, o APL se em caráter mais dinâmico, não delineado por uma fronteira
geográfica, que leva em consideração a necessidade da participação e/ou influências de
diversos atores, no processo de desenvolvimento sustentável de um APL. Sendo assim, pode-
38
se definir um Arranjo Produtivo Local como um conjunto de empresas, principalmente micro
e pequenas empresas não interligadas horizontal e/ou verticalmente.
Estas empresas, localizadas em um mesmo território, apresentam algum tipo de
relação interfirmas, com especialização produtiva, fornecedores de insumos e equipamentos,
prestadores de serviços, clientes etc., além de associações e sindicatos de representação e de
outras instituições público-privadas fornecedores de recursos humanos, pesquisas,
treinamentos de mão-de-obra especializada e promoção de financiamentos para o APL.
O arranjo produtivo local pode ser muito importante na implantação de políticas de
planejamento e desenvolvimento sustentável em países menos desenvolvidos, visto que esse
tipo de política se adapta muito bem às particularidades do ambiente locacional, gerando as
sinergias capazes de galgar novos patamares de competição e inovação, culminando com
maiores ganhos sócioeconômicos, tecnológicos, ambientais, entre outros.
A caracterização dos APL’s envolve um referencial de análise mais amplo, no sentido
em que inclui aspectos relativos aos elementos institucionais e históricos que integram
sistemas territoriais. A região é percebida como um espaço cognitivo, onde valores comuns e
outros ativos intangíveis contribuem para o sucesso dos processos de aprendizado interativo e
tendem a minimizar os custos de transação entre firmas (SEBRAE, 2003).
Em relação à indústria moveleira, esta sintetiza-se pela reunião de diversos processos
produtivos, envolvendo diferentes tipos de matérias-primas e uma diversidade de produtos
finais. Pode ser segmentada de acordo com os materiais/insumos que são utilizados, como por
exemplo, móveis de madeira, metal, estofados e outros, ou de acordo com o seu uso ou
finalidade, ou seja, móveis para sala, cozinha, banheiro, escritório, entre outros (GORINI,
2000)
2
.
O setor caracteriza-se mundialmente pela predominância de pequenas e médias
empresas que atuam em um mercado muito segmentado. O setor é intensivo em mão de obra
e geralmente apresenta baixo valor agregado, ou seja, valor por trabalhador em comparação
com outros setores.
A demanda por móveis varia positivamente de acordo com a renda da população, mas
existem outros fatores que influenciam a demanda por móveis como, por exemplo, as
mudanças no estilo de vida da população, aspectos culturais entre outros.
O processo produtivo geralmente não é um processo contínuo, fazendo com o que a
modernização muitas vezes ocorra em determinadas etapas da produção, ou seja, em uma
2
GORINI, A P. A Indústria de móveis no Brasil. São Paulo: Alternativa, 2000.
39
mesma indústria é possível encontrar algumas seções com processos modernos e outras com
processos obsoletos.
A indústria de móveis evoluiu bastante, principalmente através da introdução de novos
equipamentos e o emprego de novas técnicas de gestão empresarial. Estes dois fatores, aliados
ao uso de novos materiais, vêm contribuindo para o aumento da produtividade da indústria
moveleira no mercado mundial.
2.3 ESTRATÉGIA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA
A Amazônia reveste-se de particularidades. Espera-se em perspectiva local, nacional e
mundial que o ideário do desenvolvimento sustentável um desenvolvimento moderno por se
fazer, aliando eficiência econômica com equidade social e trato cuidadoso da base natural
(ALIER, 1994; SACHS, 1993) venha a orientar as políticas públicas para a região.
Destaca-se, contudo, como obstáculo a isso, um ambiente institucional conservador,
cujas abordagens das possibilidades de desenvolvimento da região atribuem a agentes e
setores preestabelecidos uma primazia quase natural nos processos inovativos. Assim, a
empresa e o empresário, portador das atitudes tradicionais do industrialismo capitalista, são o
foco da compreensão e da ação. O resultado tem sido uma dinâmica que aguça os riscos
ambientais e aprofunda as mazelas sociais (COSTA, 2005).
Espera-se a oportunidade de mudanças importantes no quadro organizacional que
possam, de fato, constituir fundamentos para uma intervenção do aparato de estado,
compatível com as exigências de um desenvolvimento moderno, posto que, corroborando
com a consolidação de uma sociedade aberta, democrática, capaz de usar de modo
sustentável, seus recursos naturais e de garantir vida digna às suas populações. O diferencial
está no fato de que passa a ser estruturado a partir dos próprios atores locais, e não mais pelo
planejamento centralizado; ou seja, amplia-se a base de decisões autônomas por parte dos
atores locais.
Nesse sentido, expõe Filho (2001):
O conceito de desenvolvimento regional endógeno pode ser entendido como um
processo de crescimento econômico que implica uma ampliação contínua da
capacidade de agregação de valor sobre a produção, bem como da capacidade de
absorção da região, cujo desdobramento é a retenção do excedente econômico
gerado na economia local e/ou a atração de excedentes provenientes de outras
regiões, e conseqüentemente a ampliação do emprego, do produto e da renda do
local ou da região. (FILHO, 2001, p.262).
40
A complexidade desse conceito reside no fato de agrupar as principais contribuições
das teorias econômicas, que colaboraram para o debate do desenvolvimento regional no
último século. Das contribuições da grande teoria do desenvolvimento e da teoria do
desenvolvimento dualista, a teoria do crescimento endógeno reteve os mecanismos de
acumulação e crescimento nas economias de mercado. Da teoria da dependência uma visão
sistêmica ou estruturalista, isto é, a necessidade de inter-relacionar tanto as dimensões
econômica, política e social. Por fim, da teoria do território, a capacidade de agenciamento
dos agentes locais no processo de mudança estrutural. (BARQUEIRO, 2001).
Para tanto, é necessário que novas abordagens e mecanismos de gestão pública para o
desenvolvimento possam preencher as novas organizações. Os atuais avanços na discussão do
desenvolvimento (endógeno) fornecem novos conceitos, os quais, deslocando a centralidade
do agente individual empresa ou empresário nos processos de desenvolvimento, para as
redes e aglomerados, permitem redefinir o objeto da (inter) ação pública para o
desenvolvimento. Portanto, é função do Estado, na Amazônia, atuar no sentido de anular o
hiato de tempo existente entre formas modernas de uso dos recursos naturais da região e as
necessidades cotidianas de suas populações.
É possível e necessário tornar o Estado, na Amazônia, permeável à pluralidade de
forças que expressam a diversidade social e cultural da Região, dotando-o de mecanismos que
o façam eficiente como indutor de desenvolvimento pela correção das desigualdades
econômico-sociais.
Os Arranjos Produtivos Locais são como aglomerados de empresas, localizados em
um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de
articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais
como: governos, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. Nesse
tipo de território, uma agenda de ações focada no desenvolvimento local e em especial o setor
moveleiro inserido nesse contexto, deverá ter como objetivo principal o incremento da
competitividade do APL. Trata-se de implementar ações que busquem facilitar a cooperação
entre as empresas e ampliar sua capacidade de inovação e de agregação de valor aos produtos.
A união dos diferentes atores locais em torno do objetivo do desenvolvimento (papel
das universidades, sindicatos, prefeitura, empresários, agencias de fomento, secretarias de
governo) são relevantes para explicar o desenvolvimento do setor moveleiro (inovações:
novos design, novas maneiras de embalar o produto para facilitar o transporte e permitir a
exportação, por exemplo).
41
As universidades exercem o papel de fornecer estudos e alternativas que visem o
desenvolvimento da indústria moveleira, buscando soluções para os problemas que enfrentam
o setor, contribuindo com cursos de capacitação para implementação e agregação de valor ao
produto final. O sindicato local influencia apresentando as demandas e carências do setor para
alavancar o desenvolvimento local. O apoio do estado e prefeitura é fundamental com
políticas públicas que impulsionem o processo de crescimento do setor moveleiro, seja
através de incentivos fiscais, como também através de parcerias e compras de governo que
beneficiem e dêem preferência de aquisição de produtos madeireiros produzidos no Estado.
Considerando os APLs como os “centros dinâmicos” do desenvolvimento local,
podemos imaginar um processo continuado, que começa na mobilização dos territórios para o
desenvolvimento, através da construção de redes de atores locais, visando à criação de
ambientes favoráveis, até a constituição de redes de empresas, que resultará na elevação dos
níveis de adensamento empresarial, de especialização produtiva e de dinamismo econômico e
social dos territórios.
Em resumo, um ambiente institucional conservador na perspectiva de um
desenvolvimento com maior esperança de sustentabilidade. A institucionalidade é tradicional,
porque assentada sobre uma razão técnica incapaz, por viés de visão de mundo, ou por
insuficiência da forma de conhecer, de lidar conceitual e operacionalmente com o “valor” da
diversidade (cultural e ambiental) para um desenvolvimento duradouro na região,
desaparelhada tanto para tratar com os agentes capazes de gerir diversidade como, também,
para lidar com as manifestações e resultados locais dessas habilidades.
2.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO
O objetivo deste capítulo foi discorrer sobre as diversas teorias de desenvolvimento
regional, segundo os principais teóricos participantes deste processo, que contribuíram para
estudar os fatores internos à região, capazes de transformar um impulso externo de
crescimento econômico em desenvolvimento para o setor moveleiro, através do
desenvolvimento regional endógeno.
Observou-se que o desenvolvimento regional ou local depende da conciliação das
políticas, que impulsionaram o crescimento, com os objetivos locais. A organização da
sociedade local pode transformar o crescimento advindo dos desígnios centrais em efeitos
positivos, ou melhor, em desenvolvimento para a região.
42
A solução dos problemas regionais e, por conseguinte as melhorias da qualidade de
vida demandam o fortalecimento da sociedade e das instituições locais, pois são estas que
transformarão o impulso externo de crescimento em desenvolvimento.
A teoria econômica regional experimentou, nos últimos anos, profundas
transformações, em virtude da reestruturação produtiva e espacial, assim como da emergência
de novos paradigmas teóricos que encontram nas fontes internas da região (história,
antecipações e ações dos agentes locais) as principais causas do desenvolvimento.
As correntes ganharam importante reforço dos novos clássicos, preocupados em
incluir na função de produção neoclássica novos fatores de produção, de forma que função
explicasse com mais realismo as flutuações e o crescimento.
O desenvolvimento endógeno sustentável, identificando a atividade local do setor
moveleiro, por meio da geração de renda, mobilizaria os setores locais com a renda gerada e
apropriada pelo “produtor”, sendo consumida na sua própria localidade, isso gera economias
locais, estimula o entorno da região, incentivando a diversificação e alternativas internas para
o território.
Em termos gerais, a teoria do desenvolvimento focaliza a questão regional
apresentando as maiores contribuições para a problemática das desigualdades regionais e os
melhores instrumentos de políticas para sua correção. Dentro deste princípio, seja os arranjos
produtivos locais e mais especificamente a indústria de móveis do Município de Boa Vista, o
qual está focalizado este estudo, estes têm um impacto no desenvolvimento econômico e
social das regiões onde conseguem se expandir com plenitude, a partir das vantagens
locacionais produtivas.
As mudanças culturais da sociedade, que geram exigências de um mercado
globalizado, determinam a necessidade de adaptação dos territórios à uma nova lógica de
produção para a sua competitividade sistêmica e desenvolvimento sustentável.
A atual realidade sócioeconômica do Município de Boa Vista revela a necessidade de
alterar as condições de concentração de conhecimento, poder e riquezas; de promover
mudanças culturais, sociais, políticas e econômicas, ampliando a esfera pública para a
transformação socialmente mais justa das relações entre o Estado, o Mercado e Sociedade.
Para que essas mudanças sejam de fato implementadas, a identificação, mobilização e
aproveitamento de recursos endógenos existentes nas localidades (demais municípios do
Estado) devem ser concomitantes à atração, à negociação e à captação de recursos exógenos,
como forma de potencializar a mobilização para o desenvolvimento das aglomerações
43
produtivas competitivas no Estado.
É dado que as liberdades instrumentais de Sen
3
são reflexos do espaço onde ocorre a
ação, onde se devem observar os mais diferentes atributos das regiões, uma vez que estes
servem como molas propulsoras ou empecilhos para o desenvolvimento.
A busca de características singulares que diferenciem o local onde se desdobram as
diferentes facetas da vida societária, inserido num universo em crescente globalização,
constitui-se a centralidade da temática do “desenvolvimento local”.
Não como promover o desenvolvimento sem estimular o protagonismo local. Isso
implica, em alguns casos, em alterar as condições que possibilitaram a concentração do
conhecimento, do poder e da riqueza.
A construção participativa busca construir modelos nos quais a comunidade local
possa se envolver direta e coletivamente na solução do problema, embora com alguma forma
de centralização que coordena esforços locais. A ideia é que, autorizando os cidadãos, em
condições mais iguais, é um bem intrínseco, e um meio de assegurar uma distribuição mais
justa das decisões, sendo também uma estratégia importante por alcançar soluções mais
efetivas a problemas coletivos. Assim, nutrindo uma maior igualdade de poder, se está
construindo uma sociedade mais democrática, e uma democracia mais deliberativa.
A teoria do crescimento endógeno para análise do setor moveleiro do Município de
Boa Vista, destaca-se por apresentar um arranjo produtivo local em fase de crescimento, que
não possui ainda uma cadeia produtiva completa, e que, de certa forma, pode estimular outros
empresários boavistenses a entrarem no setor e atrair outras empresas que complementem
essa cadeia produtiva, as chamadas “forças locais” e que explica melhor o desenvolvimento
do Município de Boa Vista.
Os arranjos produtivos locais não constituem por si, objetivos das políticas, mas meios
ou instrumentos para se construir o desenvolvimento em sentido amplo, propiciando formas
de dar maior dinamismo econômico, sustentabilidade a pequenos empreendimentos, ambiente
propício à inovação e sistemas de governança social e politicamente sustentáveis
(CASSIOLATO e LASTRES, 2003).
A atração de setores estratégicos, que impulsionem a cadeia produtiva, fornecendo
tecnologia de ponta e softwares voltados para o segmento, bem como de estratégias que
fomentem a demanda, pois a produção moveleira tem que ser realizada e a demanda têm que
existir, internamente ou externamente, são formas de impulsionar o crescimento endógeno do
3
Amarthya Sen é economista indiano, laureado com o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred
Nobel em 1998, pelos seus contributos para a teoria da decisão social, e do “Welfare State”.
44
setor moveleiro e, para isso, a presença do Estado se faz de forma fundamental nesse
processo.
No Estado de Roraima, o atual governo, assim como outras entidades como a
Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER), o Instituto Euvaldo Lodi (IEL/RR), o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE-RR), o Banco da
Amazônia (BASA), entre outras instituições, vêm desempenhando políticas voltadas ao apoio
do setor moveleiro em questão, através do estabelecimento de parcerias, incentivos fiscais,
realização de oficinas de capacitação, além da concessão de lotes para empresas que tenham
interesse em se instalar no Distrito Industrial do Estado.
Essas atuações, com foco local, tendem a se expandir e a minimizar os problemas
regionais de baixo dinamismo e atraso tecnológico. Daí a importância de se analisar as
instituições presentes, seja no setor moveleiro, seja nos arranjos produtivos locais do
Município de Boa Vista. A localização do setor é privilegiada em função da base florestal
existente na região, dos canais de exportação, tanto para outros Estados como para outros
países, a exemplo da Guiana Inglesa e Venezuela, além da proximidade com a matéria-prima
principal.
45
3 A CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA
A indústria moveleira brasileira e mundial passou por intensa transformação ao longo
das duas últimas décadas. Da indústria tradicional, semiartesanal, regional e intensiva em
mão-de-obra, ela se insere de forma rápida e intensa na competição global, quase ao mesmo
tempo em que implanta a produção em massa.
Essas empresas localizam-se, em sua maioria, na região centro-sul do país,
constituindo, em alguns Estados, pólos moveleiros, a exemplo de Bento Gonçalves, no Rio
Grande do Sul; São Bento do Sul, em Santa Catarina; Arapongas no Paraná; Mirassol,
Votuporanga e São Paulo, em São Paulo; Ubá em Minas Gerais, Linhares no Espírito Santo.
Dessa forma, este capítulo tem por objetivo fazer uma breve caracterização do setor
moveleiro, evidenciando de forma simplificada a cadeia produtiva do setor; a indústria
moveleira no Brasil e no mundo, citando alguns dos principais pólos moveleiros e os fatores
de competitividade para o incremento do setor.
3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA
Segundo Campanhola (2008), a indústria moveleira se caracteriza pelo expressivo
número de micro e pequenas empresas, com predomínio de empresas de capital nacional, o
setor se apresenta com elevado grau de verticalização.
Caracteriza-se pela reunião de diversos processos de produção, envolvendo diferentes
matérias-primas e uma diversidade de produtos finais que pode ser segmentada,
principalmente, em função dos materiais com que os móveis são confeccionados, como a
madeira, o metal e outros; assim como, de acordo com os usos a que são destinados em
especial, móveis para residência e para escritório. Devido a aspectos técnicos e
mercadológicos, as empresas, em geral, são especializadas em um ou dois tipos de móveis,
como, por exemplo, de cozinha e banheiro, estofados, entre outros.
A indústria Moveleira é um setor de desenvolvimento industrial tardio que, somente a
partir dos anos 60 a produção em larga escala de móveis padronizados se generalizou no setor
(SCT/RS, 1991). A produção de móveis em escala industrial é puxada pelo aumento de
46
consumo, pelo surgimento de um mercado para móveis padronizados (de desenho mais
simples, retilíneos e modulados) e a adoção de matérias-primas mais baratas e produzidas
industrialmente, sobretudo chapas de madeira processada.
A busca da adequação da produção de móveis ao poder aquisitivo do consumidor, o
conceito de mercado estratificado em nichos por faixa etária, sexo e estilos de vida, são
noções que começaram a ser introduzidas no setor no final dos anos 60, mas que nos anos
80 se difundem amplamente. Além desse fato, cabe enumerar algumas características da
indústria moveleira mundial.
Em primeiro lugar, trata-se de uma indústria de baixa intensidade tecnológica
4
, ou seja,
a tecnologia de ponta para a produção de móveis está disponível no mercado a qualquer
empresa que dispuser de recursos para sua aquisição. Isto faz com que o diferencial
competitivo das empresas esteja menos na tecnologia de produção, concentrando-se no
design, nas estratégias de comercialização e no investimento em marketing.
No que tange às suas características estruturais, a indústria moveleira no mundo inteiro
sempre foi e continua sendo composta predominantemente de pequenos estabelecimentos
localizados em aglomerações locais.
Tomando a indústria moveleira como uma cadeia produtiva, observamos que esta se
inicia na produção de madeira nas florestas e termina na casa do consumidor final. No
coração desta cadeia está à produção de móveis, que depende crescentemente de insumos
fornecidos por outros setores industriais (plástico, metal, vidro, química e têxtil).
Nota-se que o fator competitividade não depende apenas das ações internas
desempenhadas pela empresa em si, mas, também, da forma como ela se relaciona com as
demais empresas e instituições atuantes na sua cadeia produtiva e na sua região de
abrangência. Assim, é importante compreender o conceito de cadeia produtiva (FIGURA 1).
Pode-se entender uma cadeia produtiva como o conjunto de transações comerciais e
não-comerciais, entre empresas e instituições, com o fim de disponibilizar ao consumidor
final um produto ou um serviço completo e finalizado.
Assim, pode-se visualizar um exemplo de uma ilustração da cadeia produtiva de
móveis, onde todos os elos diretos e indiretos necessários ao processo de produção final de
um móvel e de sua oferta ao consumidor estão representados.
A figura abaixo mostra a cadeia produtiva da indústria moveleira, onde é possível
4
A indústria moveleira está em último lugar no ranking setorial de intensidade tecnológica na indústria,
elaborada pela OCDE (1997, p. 06), o qual engloba 22 setores industriais e os divide em quatro categorias de
intensidade tecnológica: alta, média-alta, média e baixa.
47
visualizar a cadeia principal, composta da base florestal de onde se extrai a principal matéria-
prima utilizada na fabricação dos móveis, mas que para tanto, necessita de outros insumos que
são advindos dos fornecedores de bens e serviços e que complementam a cadeia produtiva da
indústria moveleira.
Dessa forma, para a fabricação dos móveis, é necessária a participação da indústria de
equipamentos, para aquisição dos maquinários; bem como de mão-de-obra qualificada
oriunda das escolas e dos centros de tecnologia, além de uma assessoria em design, que na
figura são considerados elos fracos.
Figura 1 Cadeia produtiva simplificada da indústria moveleira.
Fonte: Elaboração GEREMIA, 2008; a partir de PIRES, 2001.
Considera-se como elo forte, a indústria metalúrgica, a indústria de acessórios e a
indústria química, responsáveis por complementar a indústria moveleira para a fabricação do
produto final, que por último vai para as lojas de móveis e que chegam ao cliente final.
Na figura, podem-se identificar os principais elos que tipicamente fazem parte de uma
48
cadeia produtiva como: produção de matérias-primas e insumos; beneficiamento de matérias-
primas e insumos; produção ou operação; comercialização; serviços de apoio; apoio de
transporte; e apoio tecnológico.
Em cada um dos elos apresentados, existe uma série de empresas e instituições de
grande, médio e pequeno porte, executando suas atividades. As empresas são agrupadas pela
função que exercem na cadeia produtiva. Assim, o crescimento e a sofisticação da indústria
moveleira têm levado o setor a buscar parcerias com seus fornecedores, com o objetivo de
desenvolver insumos específicos e diferenciados para a produção de móveis. Neste sentido,
entrou na pauta das políticas industriais para o setor a criação de estruturas de governança que
envolva todos os componentes da cadeia moveleira (ROESE, 2003).
Não obstante, a progressiva terceirização de etapas da produção moveleira somente
será possível a partir da normatização técnica
5
, o que vem constituindo um processo lento,
dificultado, inclusive, pela grande informalidade do setor. Entre os efeitos positivos do
incremento da normatização, caberia destacar um maior entrosamento entre os produtores,
tanto de móveis quanto de partes e componentes para móveis.
Segundo Gorini (1998), a preocupação com a cadeia industrial, incluindo desde os
fornecedores de matéria-prima, passando pelos processadores intermediários, até o fabricante
final do móvel, revela ainda um potencial inexplorado pelo Brasil, que poderá ter impactos
positivos na competitividade das exportações no país.
Se considerarmos, a cadeia industrial de produtos sólidos de madeira, o potencial de
ganhos revela-se muito grande para um pequeno volume de investimento relativo,
possibilitando o uso múltiplo de florestas já plantadas.
Devido às crescentes restrições de caráter ambiental ao uso de madeiras de lei, tem
aumentado muito a importância, no comércio internacional, das madeiras de reflorestamento
como o pínus e o eucalipto. Pode-se mesmo dizer que o futuro da indústria de móveis reside
no uso crescente dessas madeiras, ou seja, a antiga vantagem comparativa representada pelas
florestas naturais torna-se cada vez mais ineficaz num mundo extremamente preocupado com
questões de meio ambiente.
Em nível internacional, grande parcela da indústria moveleira mundial dedica-se a
5
É um documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido. Fornece regras,
diretrizes ou características para atividades, ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau ótimo de
ordenação em um dado contexto. Atualmente a ISO (International Organization for Standardization) é a
organização não governamental internacional responsável pela regulamentação das normas. No Brasil o órgão
responsável é a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), uma entidade sem fins lucrativos,
reconhecida pelo governo como único fórum nacional de normalização, responsável pelo fornecimento da base
normativa necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro.
49
produzir commodities, ou seja, produtos padronizados em que a concorrência se dá via
preços. O principal segmento exportador da indústria brasileira se aproxima desse modelo:
móveis padronizados de pínus, apesar de a produção ser ainda altamente verticalizada, desde
as etapas iniciais do processamento da madeira.
Dessa forma, o Brasil desfruta de uma fonte importante de competitividade
representada pelo baixo custo da sua madeira de reflorestamento, que, todavia, ainda não é
utilizada em seu potencial pleno, uma vez que a maior parte das florestas plantadas são
manejadas visando exclusivamente à produção de fibra de celulose ou outras aplicações
exclusivas.
Os móveis de madeira
6
detêm expressiva parcela do valor total da produção do setor.
São ainda segmentados em dois tipos: retilíneos, que são lisos, com desenho simples de linhas
retas e cuja matéria-prima principal constitui-se de aglomerados e painéis de compensados
7
e
torneados, que reúnem detalhes mais sofisticados de acabamento, misturando formas retas e
curvilíneas e cuja principal matéria-prima é a madeira maciça, podendo também incluir
painéis de Medium-Density Fiberboard (MDF), passíveis de serem usinados.
8
A indústria, que se caracteriza pela predominância de pequenas e médias empresas
atua em um mercado muito segmentado. Ainda é intensivo em mão-de-obra e apresenta baixo
valor adicionado (por unidade de mão-de-obra) em comparação com outros setores. A
demanda por móveis, muito segmentada, varia positivamente com o nível de renda da
população e o comportamento de alguns setores da economia, particularmente a construção
civil.
Segundo Gorini (1998), a elevada elasticidade-renda da demanda torna o setor muito
sensível às variações conjunturais da economia, sendo um dos primeiros a sofrer os efeitos de
uma recessão. O gasto com móveis em geral situa-se na faixa de 1% a 2% da renda disponível
das famílias (depois dos impostos). Outros fatores que influenciam a demanda por móveis são
as mudanças no estilo de vida da população, os aspectos culturais, o ciclo de reposição, o
investimento em marketing (em geral muito baixo nessa indústria), entre outros.
Demais fatores de competitividade da indústria moveleira relacionam-se com novas
matérias-primas, design, especialização da produção, estratégias comerciais e de distribuição,
6
É um segmento da Indústria Moveleira (que abrange também a indústria de móveis de metal, plástico e
outros).
7
O painel aglomerado é formado a partir da redução da madeira em partículas que são depois impregnadas com
resina sintética para formar um colchão que, pela ação controlada de calor, pressão e umidade, transforma-se no
painel; já o painel de compensado é um produto obtido pela colagem de lâminas de madeira sobrepostas.
8
O painel de MDF é produzido a partir de fibras de madeira, aglutinadas com resinas sintéticas através de
temperatura e pressão, possuindo consistência similar à da madeira maciça.
50
entre outros. A dinâmica das inovações baseia-se, principalmente, naquelas que se referem ao
produto, através do aprimoramento do design e da utilização de novos materiais. A qualidade
do produto final é julgada de acordo com as seguintes variáveis principais: material, design e
durabilidade, entre outras.
Dessa forma, a introdução de novas matérias-primas além das tradicionais madeiras
nobres, cuja comercialização, devido a preocupações ambientais, encontra-se hoje restrita,
também vem influenciando tanto o processo produtivo como o mercado consumidor. Entre as
novas matérias-primas, destacam-se o Medium-Density Fiberboard (MDF), diversos materiais
para revestimento e novas madeiras reflorestáveis, como o eucalipto, que vem sendo
introduzido na indústria moveleira em algumas regiões do Brasil.
Ainda, segundo Gorini (1998), devido à extinção de espécies e às restrições
ambientais, novas madeiras começam a penetrar no mercado mundial. Cabe destacar o pínus,
que substitui a araucária no Brasil, devendo-se mencionar, o eucalipto, que é utilizado em
países como Nova Zelândia, Austrália, Chile, entre outros, para a confecção de móveis.
Além disso, os progressos adquiridos nas técnicas de acabamento permitem fazer com
o pínus, móveis com ótima apresentação. A variedade de matérias-primas trouxe consigo
outra tendência: a de misturar diferentes materiais na confecção do móvel, prática que, em
geral, barateia o custo final, mantendo o mesmo patamar de qualidade.
Como exemplo disso, é mais recomendável utilizar o MDF nas partes frontais do
móvel, que requerem design mais trabalhado e, portanto, maior usinagem, enquanto para os
fundos usa-se a chapa dura e para as prateleiras e laterais o aglomerado. Assim, os diversos
tipos de materiais são complementares uns aos outros, e não concorrentes entre si. O
sofisticado design do móvel italiano, em geral, mistura metais, madeira, vidro, pedra, couro,
entre outros materiais.
Todas as transformações acima tiveram grande influência sobre o mercado
consumidor, colaborando para a sua expansão. A massificação do consumo ocorreu em
muitos segmentos da indústria moveleira, especialmente no de móveis lineares (retilíneos),
confeccionados a partir de painéis de madeira reconstituída. Nesses segmentos, o ciclo de
reposição de móveis, por parte dos usuários, sofreu forte redução, principalmente nos países
desenvolvidos, aumentando o dinamismo da indústria, ou seja, aos poucos os móveis vêm
perdendo a característica de bens duráveis de longa duração.
Por outro lado, o novo estilo de vida da sociedade moderna, passou a priorizar maior
funcionalidade e conforto, e introduziu novos conceitos ao projeto do produto. Parcela
51
crescente dos móveis comercializados passou a ser projetada de forma que qualquer cidadão
não tenha dificuldades na montagem - ready to assemble e do it yourself
9
, eliminando a figura
do montador e, com isso, barateando o produto. Além disso, esse tipo de móvel, ao baratear
também o frete, obtém uma grande vantagem no comércio internacional.
3.2 A INDÚSTRIA MOVELEIRA NO BRASIL
Em sua origem, a produção de móveis era artesanal, de madeira maciça, e sua
qualidade dependia da habilidade e da criatividade dos artesãos. Esse ofício era transmitido
pelos artesãos aos seus aprendizes, que após dominarem a habilidade passavam a produzir por
conta própria.
A produção de móveis, devido à especificidade das tarefas envolvidas, reserva a
característica de ser intensiva em trabalho manual, sendo que o maquinário utilizado necessita
ser adaptado. Segundo Marion Filho (1997), essa característica explica, em tempos atuais, o
volume de pequenas empresas na indústria moveleira. As características atuais da indústria
moveleira no Brasil são semelhantes ao padrão mundial quanto à participação no valor
adicionado, além da utilização intensiva da mão-de-obra e fragmentação. Entretanto, quanto à
organização da produção, ela diverge da característica internacional em função da maior
verticalização.
No Brasil, a indústria de móveis apresenta produção geograficamente dispersa por
todo território nacional. Essa indústria despontou na década de 50, primeiramente em três
pólos localizados na cidade de São Paulo e em seus municípios vizinhos. Nas décadas
seguintes surgiram outros pólos no Rio Grande do Sul, nos anos 60, e Santa Catarina, na
década de 70. A figura 2 apresenta a localização dos fabricantes de móveis no país.
Com uma estrutura fragmentada, a indústria brasileira de móveis é formada por
aproximadamente 16.112 empresas, sendo 75% micro, 21% pequenas, 2,3% médias e 1,7%
formada por grandes empresas que geram mais de 195.000 empregos, em sua maioria de
capital nacional, segundo dados da ABIMOVEL
10
(2005). No entanto, o número total de
empresas produtoras de móveis, incluindo as informais, deve chegar a 50.000 empresas
9
O conceito do it yourself começou a aparecer nos Estados Unidos na década de 50, período em que os
empresários identificaram o segmento feminino como um novo nicho de mercado para os materiais de
construção e começaram a modificar os produtos para adaptá-los a esse público. Dessa forma, nasceram
materiais e equipamentos de fácil aplicação, com embalagens atrativas e auto-explicativas. Com essas mudanças,
começou-se a perceber o tamanho desse segmento e suas possibilidades de crescimento.
10
Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário.
52
(COUTINHO et al; 2002).
A maior concentração de empresas produtoras de móveis no país encontra-se na região
Centro-Sul, que responde por 90% da produção nacional e 70% da o-de-obra do setor,
presentes em alguns estados (RS; SC; SP; PR; MG; ES).
Figura 2 Concentração de fabricantes de móveis no Brasil.
Fonte: ABIMÓVEL, 2005.
Entre os estados produtores de móveis, São Paulo se destaca por concentrar
aproximadamente 80% da produção nacional, com predominância na produção de móveis de
escritório, correspondendo a cerca de 40% do faturamento do setor moveleiro. A indústria de
móveis paulista tem sua produção voltada para o mercado popular. Originou-se no começo do
século passado, na cidade de São Paulo e em seus municípios limítrofes Santo André, São
Caetano e São Bernardo com o surgimento de pequenas marcenarias de artesãos italianos,
impulsionado pelo grande aumento do fluxo imigratório.
O segundo principal Estado produtor de móveis é o Rio Grande do Sul, que, em
média, representa 20% do valor da produção nacional, comercializada predominantemente no
mercado doméstico. Em terceiro lugar, destaca-se o Estado de Santa Catarina, que se dedica à
produção de móveis residenciais, sendo que o pólo situado em São Bento do Sul, é
53
responsável por aproximadamente 50% das exportações brasileiras de móveis (COUTINHO
et al; 2002).
No pólo gaúcho, existem em média 4,1 mil fabricantes de móveis, sendo que 70%
situam-se na região de Bento Gonçalves, localizada a 130 km da capital Porto Alegre.
Responsável por 9% do volume de produção nacional, esse pólo tem sua produção voltada
principalmente para a fabricação de móveis retilíneos seriados (de madeira aglomerada, chapa
dura e MDF), dedicados ao mercado interno, e também para a confecção de móveis de
madeira reflorestada, em pínus, para a exportação.
A criação destes pólos produtores de móveis implementados a partir de iniciativas
empresariais, somadas aos estímulos governamentais, testemunha a capacidade empresarial de
nossas "famílias" de empreendedores que, com estímulos apropriados, conseguiram
rapidamente responder aos quesitos de capacitação produtiva e de adaptação à demanda
interna (ABIMÓVEL, 2001).
Como em todo o mundo, a indústria brasileira de móveis apresenta alto grau de
fragmentação e caracteriza-se principalmente pelo elevado número de empresas de pequeno
porte (micro e pequenas), familiares, tradicionais e de capital majoritariamente nacional, com
grande absorção de mão-de-obra. Segundo Coutinho et al. (2002), na indústria moveleira a
maioria dos estabelecimentos tem até 20 empregados. Em contraste, existe um reduzido
número de empresas de grande porte, tecnologicamente avançadas, que garantem vantagem
competitiva pelo volume de produção e pela tecnologia empregada.
Na década de 90, a indústria investiu fortemente na renovação do parque de máquinas,
principalmente em equipamentos importados provenientes, em sua maior parte, da Itália e da
Alemanha. Não obstante, as empresas mais modernas, em geral ligadas ao comércio
internacional, são poucas, em meio a um universo muito grande de empresas desatualizadas
tecnologicamente e com baixa produtividade. Além disso, como não há muitas empresas
especializadas na produção de partes, componentes e produtos semi-acabados para móveis, a
elevada verticalização da produção doméstica também aumenta os custos industriais.
Cabe destacar ainda a grande informalidade existente no país, especialmente no setor
moveleiro, onde esta é marcante na medida em que são fracas as barreiras à entrada, seja pelo
lado da tecnologia, seja pelo lado do investimento em alguns segmentos dessa indústria. A
informalidade gera ineficiências em toda a cadeia industrial, dificultando, por exemplo, a
introdução de normas cnicas que atuariam na padronização dos móveis, assim como das
suas partes e componentes intermediários.
54
A difusão de novas matérias-primas para a confecção do móvel, como as madeiras
reflorestáveis, em que o país teria grandes vantagens competitivas pela dimensão das florestas
plantadas, é dificultada pelos seguintes fatores:
a) Fácil acesso às florestas nativas;
b) Carência de fornecedores experientes no plantio especializado, assim como no
processamento primário e secundário da madeira (essas últimas etapas exigem
elevados investimentos na secagem e corte);
c) Baixos investimentos no projeto e no design moveleiro, gerando pequena demanda da
indústria por novos materiais; e
d) Inexistente interação da indústria moveleira com o consumidor final, prejudicando a
identificação de novas tendências de mercado.
Por exemplo, com relação ao eucalipto, são recentes os investimentos de empresas do
setor de papel e celulose com foco na produção de matéria-prima (madeira serrada) para a
indústria moveleira. Em que pesem as elevadas sinergias da produção destinada aos dois
setores, os altos investimentos na secagem da madeira e a sua incipiente difusão na indústria
moveleira nacional dificultam maiores investimentos nessa área.
Além disso, a concorrência com produtores “informais”, trabalhando em sua maior
parte com serrarias obsoletas, gerando desperdícios no processamento da madeira em tora
(entre 40% e 60%), também é um fator limitador de maiores investimentos no plantio e
processamento da madeira reflorestável destinada ao setor moveleiro.
A difusão de novas matérias-primas na indústria certamente terá impactos positivos na
qualidade do produto final e ainda no aumento da produtividade e na redução do preço ao
consumidor. Além disso, o Brasil tem potencial para desenvolver importantes vantagens
competitivas na área de produtos confeccionados a partir de madeira de reflorestamento:
alternativa às restrições ambientais contra a exploração da madeira nativa, que tendem a
aumentar no longo prazo.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE classifica a indústria de
móveis a partir das matérias-primas predominantes. As categorias sicas são: móveis de
madeira (incluindo vime e junco), vindo em seguida os móveis de metal, enquanto o restante
diz respeito aos móveis confeccionados em plástico e artefatos do mobiliário, reunindo
colchoaria e persianas.
Por outro lado, a indústria de móveis pode ser segmentada por categoria de uso:
residencial ou para escritório. A tabela 1 sintetiza as principais características do segmento de
55
móveis de madeira para residência, as quais serão mais detalhadas em seguida. Em contraste
com os móveis retilíneos, que são lisos, sem detalhes sofisticados de acabamento, com
desenho simples de linhas retas, os móveis torneados apresentam muitos detalhes de
acabamento, misturando formas retas e curvilíneas.
Tabela 1 Características do segmento de móveis de madeira para residência.
TIPO DE
MÓVEL
PRODUÇÃO
MATÉRIA-PRIMA
PREDOMINANTE
PORTE DAS
EMPRESAS
GRAU DE
TECNOLOGIA
Torneado
Seriada
Madeira de
reflorestamento,
especialmente serrado
de pínus
Médias e
grandes
Sob
encomenda
Madeiras de lei, em
especial serrado de
folhosas
Micro e
Pequenas
Baixo, quase
artesanal
Retilíneo
Seriada
Aglomerado
Médias e
grandes
Alto
Sob
encomenda
Compensado e
aglomerado
Micro e
Pequenas
Médio
Fonte: BNDES - Estudo da competitividade.
O segmento de móveis torneados pode ser dividido em dois subsegmentos, de acordo
com as matérias-primas utilizadas:
a) Madeiras de lei, que é o mais defasado tecnologicamente, revelando um elevado grau
de heterogeneidade tecnológica e cuja antiga vantagem competitiva representada pelas
madeiras nativas parece ter perdido eficácia, num mundo cada vez mais preocupado
com questões ambientais (empresas que outrora exportavam, atualmente destinam sua
produção basicamente ao mercado interno); e
b) Madeiras de reflorestamento, que reúne a maior parte dos fabricantes de móveis
torneados seriados, os quais destinam a maior parte de sua produção ao mercado
externo (são empresas verticalizadas, que utilizam como principal matéria-prima a
madeira da conífera pínus).
No segmento de móveis sob encomenda, cabe mencionar a presença de uma
multiplicidade de micro e pequenas empresas, em geral marcenarias, cuja matéria-prima
básica é a madeira compensada conjugada com madeiras nativas. Seus equipamentos e
56
instalações são quase sempre deficientes e ultrapassados, gerando muitas imprecisões nas
medidas, e o trabalho ainda é predominantemente artesanal. São empresas, em sua maioria,
integradas, que detêm, inclusive, o processamento primário da madeira com que trabalham.
Seu produto final destina-se predominantemente ao mercado doméstico.
No segmento de móveis seriados, principalmente os retilíneos, encontramos as
empresas mais modernas, que produzem em grande escala utilizando redes atacadistas
nacionais como distribuidores. Os móveis retilíneos seriados são lisos, sem detalhes
sofisticados de acabamento e com desenho simples de linhas retas. Cabe destacar, por
exemplo, os móveis tradicionais para quarto e cozinha, que se destinam à parcela da
população com menor poder aquisitivo.
Em contraste com os veis torneados seriados, cujo processo de fabricação envolve
inúmeras etapas como: secagem da madeira, processamento secundário, usinagem,
acabamento, montagem e embalagem, onde o grau de especialização no segmento de móveis
retilíneos seriados é muito maior. O processo produtivo é mais simplificado, envolvendo
produção em grande escala e poucas etapas: corte dos painéis, usinagem e embalagem. As
etapas de acabamento e montagem final foram eliminadas, os painéis de madeira aglomerada
já são adquiridos com acabamento, e a montagem final do móvel é feita pelo varejista.
A nova tendência entre os consumidores de classe média são os móveis modulares,
também classificados na categoria retilíneos seriados, mas produzidos em módulos adaptáveis
a um determinado projeto. Esses móveis, cuja demanda vem crescendo muito no Brasil,
reúnem qualidade e funcionalidade, a um custo reduzido: permitem que o cliente aproveite
melhor o espaço físico disponível, adquirindo o produto em módulos pré-montados. O
atendimento tende a ser personalizado, sendo que muitas vezes o consumidor também recebe
orientação quanto ao melhor projeto.
3.3 PRINCIPAIS PÓLOS MOVELEIROS NO BRASIL
A indústria nacional de móveis localiza-se, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste,
com cerca de 88% da produção doméstica proveniente dos Estados de São Paulo, Rio Grande
do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. Além disso, mais da metade das exportações
nacionais de móveis é oriunda de Santa Catarina.
Nos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, a produção concentra-se em
torno de dois pólos industriais: Bento Gonçalves e Flores da Cunha (Rio Grande do Sul) e São
57
Bento do Sul (Santa Catarina), especializados na produção de móveis residenciais. O pólo de
Bento Gonçalves está voltado principalmente para a fabricação de móveis retilíneos seriados
(de madeira aglomerada, chapa dura e MDF), enquanto o pólo de São Bento do Sul é
especializado em móveis torneados de madeira maciça, especialmente pínus.
Segundo Gorini (1998), o município de Bento Gonçalves - maior pólo moveleiro do
Rio Grande do Sul - representa 9% da produção nacional, destacando-se na produção de
móveis populares, de madeira maciça e, especialmente, de aglomerados, destinados
predominantemente ao mercado interno. Os móveis, especialmente de aglomerados, são
destinados predominantemente ao mercado interno. Os móveis residenciais (principalmente
de cozinha e dormitórios) e para escritório representam, respectivamente, 65% e 15% da
produção local. O município é também um pólo exportador de móveis confeccionados em
pínus, mas a grande maioria das empresas destina sua produção para o mercado interno.
3.3.1 Fatores de competitividade: matéria-prima, tecnologia, mão-de-obra e
design
Matéria-Prima a dinâmica da modernização tecnológica na indústria de móveis origina-
se em grande parte das inovações de produto, através da utilização de novos materiais, como
também do aprimoramento do design. Atualmente, entre as matérias-primas mais utilizadas
pelo setor moveleiro no Brasil, cabe destacar:
a) Madeiras maciças o eucalipto ainda é pouco difundido - e várias madeiras de lei,
como mogno, cerejeira, imbuia, cedro, cedrinho, virola e sucupira;
b) Compensados, chapas duras e painéis de madeira aglomerada os painéis de MDF
são utilizados por expressivo número de empresas de grande e médio portes; e
c) Diversos revestimentos: lâmina de madeira, papéis, laminados plásticos, PVC, tintas e
vernizes, tecidos, entre outros.
No que diz respeito às madeiras maciças, observa-se uma grande carência de
fornecedores especializados no processamento (primário e secundário) da madeira serrada,
destinada à indústria de móveis, sendo o fornecimento no Brasil bastante irregular e de baixa
qualidade, com forte presença de pequenas serrarias, com máquinas obsoletas e grande
desperdício de matéria-prima.
Isso é verdade tanto para madeiras nativas como para madeiras reflorestáveis: o pínus,
58
com utilização já bem difundida no Sul do país e o eucalipto, vem sendo introduzido há pouco
tempo na indústria moveleira nacional. Muitos fabricantes de móveis de pínus, inclusive, são
integrados para trás, com o plantio da madeira, a fim de garantir o fornecimento e a qualidade
da madeira consumida.
Em relação às florestas plantadas, o Brasil tem potencial para ser bastante competitivo,
em função do baixo custo de sua madeira de reflorestamento. Esse é um mercado com
excelentes perspectivas, em vista das atuais restrições ambientais ao comércio internacional
de madeiras nativas e ao elevado custo financeiro das florestas nativas brasileiras.
O baixo custo das madeiras de reflorestamento no Brasil relaciona-se, principalmente,
aos seguintes fatores:
a) Clima adequado ao rápido crescimento das florestas plantadas - em geral, entre 12 e
14 anos, contra o período médio de corte de 50 anos nos climas temperados;
b) Tecnologia florestal dominada; e
c) Extensas áreas disponíveis.
Desse modo, o país desfruta de uma fonte importante de competitividade no mercado
internacional representada pelo baixo custo de sua madeira de reflorestamento. Não obstante,
necessidade de melhorar o manejo florestal da madeira destinada ao setor moveleiro, uma
vez que atualmente grande parte das florestas plantadas do Brasil é manejada visando
exclusivamente à produção de fibra de celulose e a outros usos, como a produção de carvão
vegetal para a siderurgia, que vem sendo progressivamente abandonada devido às crescentes
restrições ambientais.
Os grandes fornecedores de madeira serrada pínus estão localizados principalmente no
Paraná e em Santa Catarina. As maiores dificuldades encontradas pelas empresas moveleiras
que adquirem a madeira serrada pínus de terceiros referem-se à sua baixa qualidade, como,
por exemplo, entre outras:
a) Alta incidência de nós;
b) Problemas relacionados com a secagem (teor de umidade e rachaduras);
c) Problemas relacionados com o desdobro (desbitolamentos). Tais deficiências são
oriundas do manejo inadequado das florestas plantadas e da pulverização da produção
em um grande número de pequenas serrarias, utilizando equipamentos obsoletos.
A utilização de MDF na indústria moveleira nacional vem crescendo rapidamente,
59
principalmente nas grandes e médias empresas do setor. A introdução de MDF na fabricação
de móveis retilíneos requer investimentos em novos equipamentos, mas elimina algumas
etapas do processo produtivo anterior, envolvendo o aglomerado. Nas empresas que utilizam
predominantemente painéis de madeira, o MDF foi introduzido para substituir detalhes até
então feitos em madeira maciça. A estrutura produtiva dessas empresas não é facilmente
adaptável à introdução do MDF.
Tecnologia os fornecedores de equipamentos para a indústria de móveis são
predominantemente nacionais para as linhas não-integradas. Não obstante, no que se refere
aos equipamentos para as linhas integradas, a produção nacional de máquinas ainda não
acompanha o nível tecnológico dos produzidos no exterior, especialmente na Itália e na
Alemanha, no que diz respeito à precisão e à produtividade.
A maioria das médias e grandes empresas de São Bento do Sul e Bento Gonçalves
possuem atualmente quinas e equipamentos de última geração, dotados de controladores
numéricos computadorizados (CNC).
Não obstante, cabe enfatizar a grande diversidade no grau de atualização tecnológica
das empresas moveleiras. Como se trata de manufatura, em que o produto final é a reunião
puramente mecânica de partes, a modernização das plantas pode ser feita em determinada
etapa do processo produtivo. Em decorrência, as várias etapas do processo produtivo revelam
diferentes graus de atualização tecnológica, em que equipamentos mais antigos convivem ao
lado de outros mais modernos e sofisticados.
O investimento, portanto, é divisível, permitindo que máquinas de diferentes gerações
convivam lado a lado. Esta é uma característica mais acentuada nos segmentos de móveis
torneados e para escritório, enquanto no segmento de móveis retilíneos a produção aproxima-
se mais de um processo contínuo, o que exige a modernização conjunta de todas as etapas.
No segmento de móveis de pínus, por exemplo, cujo processo de fabricação envolve
inúmeras etapas, incluindo a preparação da matéria-prima básica, ou seja, a secagem e o
processamento da madeira, e a fabricação do móvel propriamente dita, o que abrange
usinagem, acabamento, montagem e embalagem do produto final, podem ser identificados
alguns gargalos, entre os quais cabe mencionar como principais as etapas de preparação da
madeira e de acabamento do móvel.
Muitas empresas possuem inclusive plantios próprios de pínus, visando garantir o
suprimento adequado de qualidade da sua matéria-prima. Ademais, os níveis de acabamento -
processo fundamental na determinação da qualidade dos produtos - e usinagem são
60
tecnologicamente inferiores aos apresentados pelos europeus, considerando empresas do
mesmo porte.
Com relação aos móveis retilíneos, cuja matéria-prima básica são os painéis de
madeira reconstituída (como o aglomerado e o MDF), os recentes melhoramentos nos
revestimentos desses painéis (externos à indústria moveleira) contribuíram para o aumento da
qualidade do acabamento final do móvel retilíneo.
Formação de mão-de-obra os principais centros destinados à formação de mão-de-
obra e ao desenvolvimento tecnológico da indústria moveleira no Brasil estão localizados em
alguns dos principais pólos moveleiros, todos geridos pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI), destacadamente:
a) Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa (FETEP), de São Bento do Sul (Santa
Catarina);
b) Centro Tecnológico do Mobiliário (CETEMO), de Bento Gonçalves (Rio Grande do
Sul);
c) Centro Tecnológico da Madeira e do Mobiliário (CETMAM), de São José dos Pinhais,
na região metropolitana de Curitiba (Paraná).
A FETEP, instituída em 1975 pelas empresas moveleiras de São Bento do Sul, passou
a ser gerida pelo SENAI a partir de 1995. Hoje, o SENAI/FETEP atua nas seguintes
atividades, envolvendo outros setores, além do moveleiro:
a) Aprendizagem industrial e cursos profissionalizantes, reunindo trabalhadores
custeados por empresas locais e candidatos a emprego na indústria nas idades de 14 a
18 anos;
b) Treinamentos operacionais específicos, destinados à preparação de operários
qualificados ou semi-qualificados em aspectos teóricos e/ou práticos;
c) Cursos técnicos; e
d) Assistência técnica e convênios tecnológicos com empresas da região, envolvendo a
utilização do laboratório de ensaios para madeira e móveis.
O SENAI/CETEMO, fundado em 1983, conta com dois mil alunos/ano, oferecendo
cursos profissionalizantes e de formação superior, em convênio com a Universidade de
Caxias do Sul e com o Sindicato das Indústrias da Construção e do Mobiliário
(SINDMÓVEIS). Outro destaque foi a criação do Núcleo Nacional de Apoio ao Design, em
61
operação desde julho de 1997, no âmbito do Programa Brasileiro de Design.
Design a competitividade da indústria moveleira depende não somente da eficiência
dos processos produtivos, mas também da qualidade, do conforto, da facilidade de montagem
e, sobretudo, do design dos móveis.
A utilização de novos materiais, os novos tipos de acabamento e o design constituem
as principais atividades inovadoras na indústria, ou seja, a mais importante fonte de
dinamismo tecnológico origina-se da inovação dos produtos, uma vez que as tecnologias de
processo estão consolidadas e difundidas e as mudanças tecnológicas são incrementais.
As inovações que surgem do desenvolvimento de um novo design envolvem diversos
aspectos, dentre os quais se destacam, entre outros:
a) A diminuição do uso de insumos (materiais e energéticos);
b) A queda do número de partes e peças envolvidas num determinado produto;
c) A redução do tempo de fabricação. O design é mais que um avanço na estética, pois
significa também o aumento da eficiência global na fabricação do produto, incluindo
práticas que minimizem a agressão ao meio ambiente.
No Brasil, onde ainda predomina cópias modificadas dos modelos oferecidos no
mercado internacional, poucas empresas possuem um departamento de design formalmente
constituído. No caso das que exportam móveis de pínus, o design é, na maior parte das vezes,
determinado pelos importadores, e em geral as empresas projetam protótipos que são
submetidos aos revendedores.
Uma iniciativa que vem se revelando bem-sucedida é o Programa Brasileiro do
Design
11
, que reúne diversas instituições governamentais e associações ligadas ao setor
moveleiro e vem desenvolvendo vários projetos na área, dentre os quais caberia destacar:
a) O Prêmio Brasileiro em Design de Móveis, que reuniu cerca de 600 participantes nos
dois anos de sua edição;
b) O Núcleo de Design do Mobiliário e o Manual de Desenvolvimento de Produtos,
ambos desenvolvidos pelo SENAI/CETEMO, com o objetivo de assessorar empresas
de todo o Brasil, principalmente as pequenas e micro, que em geral não dispõem de
recursos para a contratação de um designer.
11
Lançado em 1995 pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Programa Brasileiro
do Design - PBD é uma iniciativa voltada para a inserção e incremento da gestão do design nos setores
produtivos brasileiros.
62
Entretanto, é consenso que o design não avançará no Brasil se não se tornar parte
integrante e forte das estratégias do setor privado. Além disso, no setor moveleiro, em que
predominam pequenas e médias empresas, a formação de redes e centros regionais de design e
o incentivo à cooperação tornam-se imprescindíveis, uma vez que a pequena empresa muitas
vezes não pode ter o seu próprio departamento de design, mas poderia, em um esforço
coletivo, ter mais capacidade de melhorar o desenho de seus produtos.
3.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO
Este capítulo teve como objetivo mostrar a composição da cadeia produtiva da
indústria moveleira, evidenciando os principais atores que fazem parte desta cadeia, os elos
fortes e fracos que compõem o setor. Procurou-se analisar as características do setor, que é
composto mais por micro e pequenas empresas. Os principais pólos estão localizados nas
regiões sul e sudeste, como os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Contudo, existem necessidades que precisam ser supridas, como o estabelecimento de
normas técnicas e a adoção de programas de design para a produção de móveis são de
máxima importância para a elevação do nível de qualidade dos produtos e, portanto, de sua
competitividade, além de restringir a oferta de móveis de baixa qualidade, provenientes do
setor informal da economia.
As associações de classe, sindicatos e agências regionais como o SEBRAE têm um
papel extremamente relevante na aproximação das empresas. Um estudo de viabilidade para a
implementação da cooperação entre as empresas dessas regiões poderá ser desenvolvido. Um
estudo deste tipo poderá, também, equacionar outros problemas do setor na área de
abastecimento. Muitas empresas fornecedoras de componentes plásticos, de metal, de
decoração, entre outros, poderiam ser estimuladas a instalar-se nessas microrregiões como
forma de potencializar a competitividade desses pólos industriais.
São necessárias ações de modernização junto a outros segmentos da indústria
brasileira que afetem diretamente a competitividade da indústria de móveis de madeira. Em
particular, é necessário modernizar a indústria de madeira aglomerada e elevar a sua
competitividade como forma de reduzir custos para a indústria de móveis. Em relação à
formação da mão-de-obra, é necessário que os cursos profissionalizantes direcionem o
aprendizado para a formação de técnicos em operação de máquinas modernas, cursos de
desenho industrial que utilizem os recursos do sistema CAD.
63
4 ESTRUTURA DA OFERTA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE BOA
VISTA
Este capítulo tem por objetivo estudar a estrutura da oferta dos móveis fabricados no
Município de Boa Vista, identificando o destino da produção e a origem dos insumos
(Estado/Município), bem como as principais dificuldades enfrentadas pelos empresários
locais.
A pesquisa de campo foi realizada no Município de Boa Vista, através da aplicação de
questionários, onde se procurou obter informações referentes ao perfil dos empresários,
matéria-prima, estrutura, destino das vendas, design, financiamento, meio ambiente e
cooperação multilateral, além das condições de produção. A pesquisa envolveu 15 (quinze)
micros e pequenas empresas instaladas no Município de Boa Vista, associadas ao sindicato
local, cuja população compreende um total de (19) empresas.
12
Os questionários foram aplicados entre os meses de janeiro e fevereiro de 2009.
Observou-se que, via de regra, a qualidade da mão-de-obra empregada é baixa; os
empresários de forma geral afirmaram que, devido o precário estado das estradas de acesso às
florestas no inverno, a legislação ambiental vigente, a demora na liberação da madeira para
fabricação dos móveis e a falta de documentação de terras são fatores que reduzem a
produção e dificultam a atividade no Estado.
Outra dificuldade enfrentada pelas empresas decorre, principalmente, da baixa
tecnologia empregada no processo produtivo, o que interfere diretamente na qualidade dos
produtos, e consequentemente, no desenvolvimento das empresas.
A seguir, apresentam-se os principais resultados obtidos sobre a indústria moveleira do
Município de Boa Vista, destacando suas ações e dificuldades. Ressalta-se que, neste estudo,
buscou-se enfocar a interação ou falta dela entre as instituições, fato que nos leva a descrever
as principais ações empenhadas pelos diferentes agentes, a fim de não ocultar detalhes.
Procurou-se levantar os dados de forma simplificada, mas que retratam a real situação do
setor.
Em suma, esta pesquisa possibilita aferir o comportamento do setor, quanto ao perfil
12
Dados obtidos junto ao SINDIMAR Sindicato das Indústrias de Marcenaria do Estado de Roraima.
64
qualitativo/quantitativo e outras informações em nível local, que tem relevância para o setor
pesquisado. Na última parte, são apresentadas as conclusões da pesquisa e a sugestão de
algumas políticas públicas pertinentes ao setor.
4.1 O MUNICÍPIO DE BOA VISTA: DADOS RECENTES
O Estado de Roraima possui uma área de 224.298,98 km
2
distribuída entre os 15
municípios, com 412.783 habitantes em 2007, segundo contagem do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística IBGE, o qual resulta numa densidade demográfica de 1,76 hab./km
2
.
Aproximadamente 65% da população está concentrada na capital Boa Vista, que é o centro
dinâmico do estado e dispõe de uma gama de bens e serviços públicos e privados.
A área total do Estado de Roraima, segundo Santos et al (2008), está subdividida
basicamente em dois ecossistemas principais: o ecossistema de savanas ou lavrados ou
cerrados, que cobrem 17% do total da área, e o de florestas, que representam em torno de 83%
do total, onde se concentra a maioria das pequenas propriedades. Das florestas de Roraima,
apenas 2,5% foram desmatadas, sendo, em termos relativos, ao lado do Amazonas, um dos
estados mais preservados do Brasil.
Figura 3 Localização da Capital Boa Vista na Região Norte.
Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil.
Localizada acima da linha do Equador, capital mais ao norte do país e capital do
Estado de Roraima, o Município de Boa Vista, possui uma população de 249.853 habitantes
(IBGE, 2007). A figura 3 mostra a localização de Boa Vista, na Região Norte, que possui uma
65
área de 5.711,9 Km².
O Município de Boa Vista possui a mais alta densidade demográfica do estado.
Segundo dados do IBGE, são 45,68 habitantes por Km
2
. Ao norte, faz limites com os
municípios de Amajarí, Pacaraima e Normandia; ao Sul com Mucajaí e Cantá; à Leste com
Normandia e Bonfim e à Oeste com Alto Alegre.
4.2 PERFIL DA INDÚSTRIA MOVELEIRA: LOCALIZAÇÃO E ESTRUTURA
O Estado de Roraima, há décadas, tem em sua Balança Comercial a madeira serrada,
como um dos itens de maior expressão, executando o papel de mero fornecedor de matéria-
prima. A economia industrial roraimense, historicamente, é conhecida como essencialmente
exportadora de matérias-primas, tanto para o mercado nacional como para o mercado
internacional, garantindo-lhes o suprimento necessário para a manutenção do emprego, de
seus recursos humanos e riqueza de suas economias (SEBRAE, 2003).
Acrescenta-se a este fator as divisas com outros países, pois em regiões de fronteira, as
indústrias da região Norte ainda apresentam características de elevado consumo de matéria-
prima com baixo rendimento, com grande desperdício de madeira, explicado pela falta de
diversificação de produtos, produzindo somente prancharia sem acabamento. Isso reflete o
grau do processo de exploração florestal e do beneficiamento da madeira como matéria-prima,
com a utilização de métodos e tecnologias arcaicas, gerando grande desperdício de madeira,
ocasionando na maioria das indústrias um aproveitamento médio de cada tora entre 35% a
45% (SEBRAE, 2003).
Tabela 2 Principais produtos exportados pelo Estado de Roraima em 2008
DESCRIÇÃO
VALOR US$
FOB
VOLUME
(KG LÍQUIDO)
PRINCIPAIS
PAÍSES DE
DESTINO
Madeira
9.210.522
17.392.628
Venezuela
Grãos de Soja
5.767.155
12.691.065
Noruega
Combustíveis e Lubrificante
747.568
531.155
Holanda
Outros
611.075
181.360
-
TOTAL EXPORTADO
16.336.320
30.796.208
-
Fonte: Balança Comercial Brasileira SECEX/MDIC.
Analisando os dados da tabela 2, é possível verificar o volume exportado no estado em
2008, sendo que a madeira representa 56% das exportações no estado. A madeira exportada
tem como principal país de destino a Venezuela, onde é exportado madeira serrada, em folhas,
66
perfiladas, densificada
13
e outras. Entretanto, seria interessante para fomentar a economia do
estado, exportar agregando valor, ou seja, produzindo no próprio estado e exportando o
produto final, já beneficiado.
No começo da década de 70, na cidade de Boa Vista, houve o surgimento de pequenas
marcenarias, principalmente dirigidas por nordestinos, fator gerado pelo grande aumento do
fluxo imigratório. A indústria moveleira surgia com a maior parte da sua produção voltada
para o mercado popular.
Figura 4 Potencialidades Regionais Roraima.
Fonte: Superintendência da Zona Franca de Manaus SUFRAMA.
Desta forma, o foco principal desta pesquisa é o Município de Boa Vista, onde está
localizada a maioria das empresas produtoras de móveis, e apresenta um grande potencial
regional conforme figura 4. O setor moveleiro está distribuído espacialmente em todo o
Estado, sendo este o que possui o maior número de empresas (36,51% do universo industrial
13
Peça de madeira que teve sua densidade aumentada por meios mecânicos.
67
do Estado). É um setor que possui um enorme potencial de mercado, no seu grau de aderência
e em sua capacidade de fomentar novos talentos empresariais (SUFRAMA, 2000).
Atualmente, existem 19 empresas formais e 37 empresas informais que atendem
apenas ao mercado local, basicamente a cidade de Boa Vista, no qual possuem reduzida
participação. Considerando as condições da produção vigente, o aumento da participação
ocorrerá a partir da melhoria na qualidade, preços competitivos e incremento da renda
estadual (SUFRAMA, 2000).
A metodologia utilizada neste estudo foi concebida com o objetivo de produzir
evidências que permitam substanciar ações de políticas públicas, sendo a pesquisa de campo o
elemento central dessa metodologia. Por isso, toda a pesquisa de campo concentrou-se neste
objetivo final, ou seja, produzir conhecimentos específicos a cada caso e resultantes da
aplicação dos procedimentos recomendados neste trabalho, possam ser objeto de ações de
políticas públicas visando realçar e estimular os aspectos virtuosos e/ou resolver os problemas
que limitam o desenvolvimento do setor moveleiro em questão.
Estes possuem características que permitem alçá-los à condição de vetores de
desenvolvimento setorial, regional e social. Podem oferecer valiosa contribuição para a
economia do Estado, à medida em que podem ter sua capacidade de produção complementada
com novos atributos organizacionais, comerciais e tecnológicos. A seguir, são apresentados os
conteúdos a serem apreendidos em cada uma das questões. O modelo do questionário
encontra-se anexo a esta dissertação.
Tabela 3 Caracterização da amostra segundo o tamanho das empresas
TAMANHO
NÚMERO DE EMPRESAS
1. Micro
13
2. Pequena
2
3. Média
0
4. Grande
0
Total
15
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
A pesquisa de campo inicia-se conforme dados da tabela 3, onde mostra que a maioria
das empresas da indústria moveleira de Boa Vista, é constituída por micro-empresas cerca de
86,67%. Levando-se em consideração alguns aspectos, como capital para investimento,
máquinas, tecnologia, mão-de-obra, acesso facilitado de novas empresas, entre outros, isto
mostra que o setor tem um potencial de crescimento, principalmente em relação à matéria-
68
33%
47%
20%
Menos de 18 anos
De 18 a 29 anos
De 30 a 39 anos
De 40 a 49 anos
Não informou
prima existente no Estado. A definição do porte das empresas normalmente é feita por meio
de dois critérios: primeiro pelo número de empregados e segundo pelo faturamento bruto
anual. No caso da pesquisa foi adotado o faturamento bruto anual.
A predominância das empresas do setor moveleiro é de micro empresas constituídas
principalmente por membros da mesma família que geralmente não tem acesso às vantagens
do setor organizado tais como: crédito financeiro, treinamento, assistência profissional e
conhecimento específico do setor (SEBRAE, 2003).
A maioria das empresas do setor moveleiro foi fundada nos últimos entre 15 e 20 anos
(TABELA 4), demonstrando o potencial desse mercado. Por se encontrarem numa região
onde uma grande quantidade de madeira nativa, isto consegue ser um fator de atratividade
para esses microempresários.
Tabela 4 Período de fundação das empresas da amostra
ANO DE FUNDAÇÃO
EMPRESAS
QUANTIDADE
%
Até 1980
1
6,67
1981-1987
2
13,33
1988-1994
6
40,00
1995-2001
4
26,67
2002-2008
2
13,33
Total
15
100
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
O gráfico 1, a seguir, mostra a faixa etária de idade dos empresários. Cerca de 47%
dos fundadores das empresas do setor moveleiro tinham idade entre 30 e 39 anos quando
iniciaram suas atividades. O sexo masculino ainda predomina na fundação dessas empresas
em cerca de 87% dos estabelecimentos pesquisados, e apenas 13% são do sexo feminino,
conforme mostra o gráfico 2:
Gráfico 1 Faixa etária do empresário da amostra quando criou a empresa.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
69
47%
33%
20%
Analfabeto
Ensino Fundamental
Ensino Médio
Ensino Superior
Pós-Graduação
Não informou
93%
7%
Sim
Não
87%
13%
Masculino
Feminino
Gráfico 2 Sexo do empresário da amostra.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
O grau de instrução revela que 47% dos entrevistados possuem o ensino fundamental,
33% possuem o ensino médio e 20% possuem nível superior, conforme mostra o gráfico 3.
Conforme dados colhidos na pesquisa de campo, a maioria dos empresários começaram a
trabalhar nesta atividade muito jovem, onde alguns aprenderam este ofício com os pais, o que
impossibilitou de retomarem os estudos, devido o tempo que passam trabalhando nesta
atividade que representa a principal fonte de renda.
Gráfico 3 Grau de instrução do empresário da amostra.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Analisando o gráfico 4, percebe-se que esta atividade é a principal fonte de renda da
maioria dos empresários entrevistados, cerca de 93% responderam que sim. Este universo
corresponde a 14 empresários e, apenas 7% ou 1 pessoa respondeu que não, que esta atividade
não é a principal fonte renda, tendo como atividade secundária o ramo da construção civil.
Gráfico 4 Atividade empresarial como principal fonte de renda.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
70
27%
27%
33%
13%
Empregados com registro em carteira
Terceirizados
Temporários
Outros/familiares
Não sabe
7%
53%
40%
Nívelsico
Nível Fundamental
Nível Médio
Nível Superior
Não Sabe
Gráfico 5 Perfil dos empregados que trabalham na/para empresa.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Os tipos de relação de trabalho encontrados na pesquisa, conforme mostra o gráfico 5,
demonstram que, em se tratando de micro e pequena empresa, há um maior índice de
trabalhadores temporários (33%), atuando na produção de móveis, seguido pelos funcionários
terceirizados e os empregados com registro em carteira, cada um, representa respectivamente
27%. O percentual de familiares trabalhando na empresa foi de apenas 13%. A pesquisa
revela também a média do número de empregados nas empresas do setor moveleiro: 4,93% de
15 empresas entrevistadas, da amostra de 19 empresas no total.
Gráfico 6 Nível de escolaridade da maioria das pessoas que trabalham
na/para empresa.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
O perfil dos empregados temporários, também reflete um outro fator: a escolaridade
dessas pessoas que trabalham diretamente na produção dos móveis. A maioria cerca de 53%
possuem nível fundamental e cerca de 40% possuem nível médio. O gráfico 6 mostra que a
maioria dessas pessoas não possuem cursos de marcenaria específicos para exercerem a
atividade e, por questões financeiras começam a trabalhar cedo nesta atividade para garantir o
sustento das suas famílias.
A pesquisa de campo buscou entrevistar os próprios donos das empresas de móveis,
que conhecem o dia-a-dia da empresa e responderiam de forma mais direta sem ocultar
detalhes. O Gráfico 7, mostra que dos 15 (quinze) empresários, 12 (doze) foram os próprios
71
80%
7%
13%
Proprietário
Sócio
Gerente
Não respondeu
100%
Próprio
Alugado
7%
53%
40%
A 100 m²
De 100 a 500 m²
Acima de 500 m²
que prestaram as informações desta pesquisa de campo, ou seja, representa 80% dos
entrevistados.
Gráfico 7 Cargo exercido pelo informante na empresa.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
4.2.1 Estrutura do setor moveleiro
A pesquisa de campo realizada com os empresários do setor em relação à estrutura
indica que os estabelecimentos onde funcionam as fábricas de móveis é de propriedade dos
empresários, ou seja, 100% da amostra pesquisada. A maioria dos estabelecimentos (53%) de
100 a 500 m
2
.
Gráfico 8 Local de instalação da movelaria.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Gráfico 9 Área do imóvel em m
2
.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
72
80%
20%
Sim
Não
Foi perguntado, se eles sentem a necessidade de ampliar a área construída e, 80%
responderam que sim, mas 20% responderam que não. Durante a pesquisa realizada, foi
constatado que todas as movelarias estão instaladas na área urbana da cidade.
Gráfico 10 Necessidade de ampliar a área construída.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
As indústrias do setor apresentam máquinas e equipamentos obsoletos e em sua grande
maioria, deficientes no layout, sendo os principais: cruzamento de fluxo, excessivo volume de
estoques intermediários, inexistência de sistemas para remoção e não a separação física do
processo produtivo em relação à montagem. Outro fator que chama atenção é a inexistência
de estufas de secagem para tratamento da madeira.
Figura 5 Máquina utilizada na fabricação dos móveis.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Foto: Souza, L.S.
73
33%
54%
13%
Atende às necessidades
Atende parcialmente
Não atende às necessidades
27%
73%
Sim
Não
Conforme a figura 5 é possível ter uma noção de como são os maquinários das
empresas do setor moveleiro. Mesmo assim, a maioria dos empresários do setor respondeu
que a situação dos equipamentos utilizados na fabricação dos móveis atende parcialmente as
necessidades (54%), sendo que 13% responderam que não.
Gráfico 11 Situação dos equipamentos da indústria moveleira de Boa Vista.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Em relação à aquisição de novas máquinas e equipamentos atualização dos
maquinários utilizados, cerca de 73% responderam que o compraram novas máquinas e
equipamentos e 27% responderam que sim. Questionados sobre as novas aquisições, estes
responderam que compraram apenas equipamento e algumas máquinas de baixo custo.
Gráfico 12 Compra de máquinas e equipamentos nos últimos 2 anos.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Figura 6 Estrutura de uma empresa que fabrica móveis no Município de Boa
Vista.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Foto: Souza, L.S.
74
Assim, a estrutura do setor moveleiro representa um fator importante, o que dificulta
na produção de móveis de melhor qualidade é a falta de máquinas especiais para a fabricação
de móveis que exigem mais qualidade. Este fator é dificultado pela falta de capital para
investimento em máquinas e equipamentos (SEBRAE, 2003).
As empresas do setor moveleiro de Boa Vista possuem máquinas e equipamentos
obsoletos, com tempo de uso de em média doze anos, tornando-as menos produtivas.
Apresenta deficiências quanto à capacidade tecnológica, carecendo que se promovam ações
que fomentem tanto a tecnologia, quanto à gestão pela qualidade e o aprimoramento do
design dos produtos (SEBRAE, 2003).
No distrito industrial, localizado em Boa Vista, existe uma central de secagem de
madeira, mas devido à falta de alguns equipamentos e instalação, as madeiras ali colocadas
não atingem o processo completo da secagem, pois muitas vezes a madeira resseca e em
outros casos não seca totalmente.
A secagem da madeira é um dos fatores que interferem na qualidade do móvel. É
importante lembrar que somente o desconhecimento das características da madeira pode
justificar o uso da madeira verde, principalmente nos usos mais nobres; como no caso da
produção de móveis, esquadrias, assoalhos, instrumentos musicais, telhados, carrocerias de
caminhão e inúmeros outros produtos nos quais a madeira deve ser usinada, colada, pregada,
ou parafusada, receber acabamento superficial e manter a estabilidade dimensional. Além de
se agregar valor ao produto final, inúmeras são as vantagens de se trabalhar com a madeira
seca:
a) Redução de peso, facilitando o manuseio e reduzindo os custos de transporte;
b) Aumento na resistência natural ao apodrecimento e ao ataque de insetos;
c) Melhoria de algumas propriedades mecânicas da madeira, como dureza, resistência à
compressão e flexão;
d) Ausência de deformações, empenamentos e rachaduras da madeira, com a maior
estabilidade dimensional;
e) Possibilidade de acabamentos superficiais, como verniz, pintura e laca;
f) Possibilidade de tratamento preservativo.
No setor moveleiro, apenas os cooperativados inscritos utilizam a estufa para o
processo de secagem. Reclamam da falta de apoio dos órgãos governamentais, que não dão
nenhum tipo de assistência gerencial, bem como de ordem financeira. A produção moveleira é
75
36,84%
15,79%
13,16%
5,26%
5,26%
0,00%
2,63%
0,00%
5,26%
0,00%
2,63%
2,63%
5,26%
5,26%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
quase toda artesanal, sem o emprego de tecnologias modernas, o que interfere diretamente na
produção, principalmente no acabamento dos móveis produzidos (SEBRAE, 2003).
4.3 ORIGEM DOS PRINCIPAIS INSUMOS E DESTINO DA PRODUÇÃO
Na Amazônia, as atividades do setor florestal diferenciam-se do resto do país devido a
características inerentes à região como: localização geográfica e enchente dos rios. As
espécies madeireiras beneficiadas pelas indústrias estão distantes do local de beneficiamento.
Cerca de 90% do volume das madeiras utilizadas encontram-se em área de várzea, terras
periodicamente alagadas em função dos períodos de cheia e vazante. (CRUZ, 1991, apud
CAMPOS, 2000).
As espécies madeireiras beneficiadas pelas indústrias, utilizadas nas serrarias e
movelarias em regra geral são: cedro, mogno, Angelim-pedra, Ipê, Estopeira, entre outros. As
empresas que exploram o setor madeireiro de Roraima são divididas de acordo com o seu
produto final. No caso das movelarias, estas são especializadas principalmente na fabricação
de camas, armários, cômodas, etc. No gráfico 13, é possível visualizar os tipos mais utilizados
das espécies florestais, como é o caso do Cedro (36,84%) e o Abíu (15,79%).
Gráfico 13 Tipos de madeira utilizada na fabricação dos móveis.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
A questão admitia mais de uma resposta.
As espécies utilizadas pelas movelarias em sua maioria dependem daquelas utilizadas
pelas serrarias, uma vez que é a partir destas que recebem a matéria-prima beneficiada para
76
29%
57%
14%
Próprio município
Outros munipios do Estado
Outros Estados
20%
80%
Madeira
MDF
Ambos
o respondeu
fabricação de móveis. Entretanto, existem casos em que o proprietário da movelaria
encomenda pranchões diretamente do comerciante de madeiras, que são posteriormente
desdobradas em tábuas de dimensões variadas.
A origem da principal matéria-prima utilizada na fabricação dos móveis é oriunda de
outros municípios do Estado (57%), principalmente daqueles municípios localizados na
região Sul do Estado de Roraima, como é o caso do Município de Rorainópolis. Segundo
dados da SECEX
14
, 100% da balança comercial de 2007 daquele município é composta por
madeira densificada, seja em blocos, pranchas, lâminas, perfis, cortadas em folhas e serradas.
Gráfico 14 Origem da principal matéria-prima utilizada.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
A questão admitia mais de uma resposta.
Entretanto, a baixa produtividade do setor moveleiro reduz consideravelmente as
vantagens competitivas decorrentes da abundância de matéria-prima. Esse fator locacional é
importante para o desenvolvimento de um parque madeireiro, mas insuficiente para sua
evolução se não forem integrados outros fatores como: tecnologia, mão-de-obra especializada,
recursos que contribuam para a capacitação do setor, infraestrutura econômica, etc.
(SEPLAN-RR, 1996).
Gráfico 15 Tipo de matéria-prima utilizada.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
14
Secretaria de Comércio Exterior.
77
80%
20%
Local
Estadual
Regional
Nacional
Internacional
Para a confecção dos móveis é utilizado tanto a madeira, quanto o MDF,
aproximadamente 80% dos entrevistados responderam que utilizam ambos: a madeira e o
MDF
15
, conforme gráfico 15.
Ao contrário da madeira, que é vendida em pranchas, o MDF é mais fácil de ser
trabalhado porque é comercializado em placas. Outro fator, é que ele é mais resistente à
flexibilidade e não entorta com a mesma facilidade que a madeira. Destinado à indústria
moveleira, o MDF é uma chapa fabricada a partir da aglutinação de fibras de madeira com
resinas sintéticas e ação conjunta de temperatura e pressão. A madeira é cortada em pequenos
cavacos que, em seguida, são triturados por equipamentos chamados desfibradores, para a
obtenção das fibras.
Fabricado pela primeira vez nos Estados Unidos no início dos anos 60, o MDF chegou
à Europa em meados da década de 70. No Brasil, a primeira indústria iniciou sua produção no
segundo semestre de 1997. O MDF possui consistência e algumas características mecânicas
que se aproximam às da madeira maciça. A maioria de seus parâmetros físicos de resistência é
superior aos da madeira aglomerada, caracterizando-se, também, por possuir boa estabilidade
dimensional e grande capacidade de usinagem.
As empresas do segmento de móveis estão voltadas para o mercado interno. Assim,
em relação aos mercados geográficos atingidos pelo setor moveleiro, local onde são
comercializados os móveis produzidos, as empresas vendem grande parte de sua produção
para o mercado local, cerca de 80%. O restante da produção é destinado ao mercado estadual,
ou seja, é vendido também para outros municípios do Estado de Roraima.
Gráfico 16 Destino da produção/mercados geográficos atingidos pela
empresa.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
15
Medium Density Fiberboard é um material derivado da madeira e é internacionalmente conhecido por MDF.
Em português significa placa de fibra de madeira de média densidade.
78
Segundo dados da FIER
16
a produção é destinada basicamente para o mercado interno,
na grande maioria através de encomendas, pequena parte é destinada ao interior e um
percentual irrisório da produção é exportado para Manaus. Para o mercado externo, no caso
da Venezuela, exportamos a matéria-prima (madeira). (SEBRAE, 2003).
O principal canal de comercialização adotado pelas empresas selecionadas, conforme
tabela 5, é a venda sob encomenda (47%), onde os produtos são fabricados de acordo com o
pedido feito pelos consumidores. Não identificou-se nenhuma empresa que adota o sistema de
vendas através de grandes e pequenos varejistas, uma vez que por se tratar de um município
pequeno em população, justifica-se o porquê de ser venda sob encomenda (não em produção
em escala). Em suma, a quase totalidade das indústrias moveleiras de Boa Vista executa a sua
produção sob encomenda, atendendo diretamente aos seus clientes.
Tabela 5 Principais canais de comercialização dos produtos do setor moveleiro de Boa Vista
CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO
PARTICIPAÇÃO (%)
Lojas Próprias
20
Grandes Varejistas
0
Pequenos Varejistas
0
Venda Sob Encomenda
47
Venda Direta
27
Outro: Repartições públicas e privadas
6
TOTAL
100
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
De acordo com os dados levantados, a indústria moveleira de Boa Vista ainda vem
trabalhando basicamente sob regime de encomendas, utilizando como justificativa que o
mercado local não absorve a produção (SEBRAE, 2003).
Mas, segundo dados da SEPLAN-RR (1996), este segmento tem se dedicado ao
sistema de produção sob o regime de encomendas, tendo prevalecido como principal
argumento o fato de que o mercado para os produtos é incipiente. Entretanto, convém destacar
que esse mercado é quase plenamente abastecido por produtos oriundos de outras unidades da
Federação, pressupondo ainda a existência de outros fatores igualmente importantes para a
não consolidação desse setor no Estado, tais como: baixa densidade de capital, inadequada
utilização da capacidade instalada, tecnologia de processo e produtos não satisfatórios,
inadequada estrutura empresarial para a formação de preços competitivos, organização da
16
Federação das Indústrias do Estado de Roraima.
79
38%
29%
13%
8%
4%
8%
veis Residenciais
Esquadrias
Móvéis para instalação de lojas
veis para escritórios
Carrocerias
Escadas, placas e móveis em miniaturas
Outros: Mesa de Bilhar, móveis escolares
produção e do trabalho não adequadas às inovações das relações empresariais atuais, etc.
Convêm acrescentar que 95% dos produtos aqui comercializados são oriundos de
outros estados. Segundo dados do ano de 2001 da Federação das Indústrias do Estado de
Roraima (FIER), vários são os fatores que contribuem para uma maior aceitação desses
produtos tais como: preços acessíveis, móveis com qualidade diferenciadas, design arrojado,
produção em série, o que diminui os custos de produção, entre outros. (SEBRAE, 2003).
Observou-se com este estudo que a maioria das empresas do setor atuam no segmento
de móveis de madeira maciça, e constatou-se uma grande heterogeneidade tecnológica, que
inclui desde as empresas com grau de tecnologia até as pequenas empresas artesanais. Existe
uma grande disparidade quanto à atualização tecnológica, sendo que a maioria das empresas
apresenta processos produtivos convencionais.
Em relação à linha de produtos, verifica-se no gráfico 17 a predominância dos móveis
residenciais, com destaque, segundo a pesquisa para a produção de dormitórios
principalmente cama, seguidos de armários e mesas. Outro segmento muito influente no
mercado moveleiro é a produção de portas, janelas e aduelas (esquadrias). Entre os principais
móveis fabricados, destacam-se: guarda-roupas, camas, mesas com cadeiras, estantes, portas,
janelas, móveis escolares e móveis para escritório.
Gráfico17 Móveis mais vendidos pelas empresas da amostra.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
A questão admitia mais de uma resposta.
Entre os fatores que explicam o sucesso na comercialização dos produtos, os
fabricantes de móveis ressaltam a importância do acabamento/qualidade, além de destacar em
segundo os preços que segundo eles, é o que acaba levando os clientes a optarem por seus
produtos, e finalmente em terceiro a confiabilidade nos prazos de entrega dos produtos.
80
28%
2%
5%
9%
19%
5%
32%
Preço do Produto
Marca/Tradição da Empresa
Serviços pós-venda/Assistência ao
Consumidor
Propaganda/Publicidade
Prazo e confiabilidade nos prazos (Facilidade
no Pagamento)
Estilo/Desenho
Acabamento/Qualidade
Localização Geográfica
Outro. Qual?
3%
3%
7%
7%
5%
8%
8%
10%
7%
12%
12%
17%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
As empresas deste segmento, além de considerar os aspectos associados ao projeto do
produto propriamente, conclui-se que o padrão de concorrência baseia-se principalmente em
fatores que levam à diferenciação do produto, além da concorrência via preço.
Gráfico 18 Principais fatores de sucesso na comercialização dos produtos da
amostra.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Gráfico 19 Sazonalidade de produção das empresas da amostra - Pico.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
A questão admitia mais de uma resposta.
81
19%
17%
10%
10%
10%
10%
5%
2%
7%
5%
5%
2%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
16%
18%
20%
O termo sazonalidade caracteriza-se pela ocorrência de variações, tanto para cima
quanto para baixo. São considerados fenômenos sazonais aqueles que ocorrem regularmente
de ano para ano, como, por exemplo, variações climáticas.
Gráfico 20 Sazonalidade de produção das empresas da amostra Baixa.
Fonte: Elaboração do Autor/Pesquisa de campo (2009).
A questão admitia mais de uma resposta.
Os gráficos 19 e 20 referem-se ao período de sazonalidade de produção da empresa.
Foram perguntados aos empresários quais os meses do ano eles têm maiores vendas e
produzem mais, ou seja, sucesso nas vendas e quais os meses do ano a produção e as vendas
são fracas. Os meses do ano que ocorrem um aumento nas vendas são os meses de outubro,
novembro e dezembro, o que segundo os empresários do setor, deve-se em função da
proximidade do período do natal e ano novo, além do 13º salário.
O período de baixa é representado pelos meses de janeiro e fevereiro, onde as pessoas
não compram muito nesse período em função das dívidas contraídas no ano que passou, entre
outros fatores. Os meses de março, abril e maio também são fracos, pois representa o período
do inverno e falta, a partir daí, da matéria-prima utilizada na fabricação dos móveis.
4.3.1 Design dos móveis no setor moveleiro de Boa Vista
Em relação à origem do design, a principal fonte são catálogos, revistas e sítios
especializados da internet. Consideram também como importes iniciativas: visitas à feiras da
região, e em outras regiões do país (Tabela 6).
82
40%
60%
Sim
Não
Tabela 6 Importância do Design para setor moveleiro de Boa Vista
TIPO DE CONTRIBUIÇÃO
IMPORTÂNCIA E ORIGEM DO DESIGN
UTILIZADO PELA EMPRESA
ALTA
MÉDIA
BAIXA
NULA
%
Visitas a feiras da Região
9
2
2
0
13
69%
15%
15%
0
100%
Visitas a feiras em outras regiões do país
9
1
4
0
14
64%
7%
29%
0
100%
Visitas a feiras no exterior
6
1
2
3
12
50%
8%
17%
25%
100%
Catálogos, revistas e sites especializados da internet
12
1
0
0
13
92%
8%
0%
0%
100%
Especificações de clientes
7
5
1
0
13
54%
38%
8%
0%
100%
Imitações de produtos concorrentes nacionais
3
6
4
0
13
23%
46%
31%
0%
100%
Imitações de produtos concorrentes estrangeiros
2
3
4
2
11
18%
27%
36%
18%
100%
Contratação de especialista em design
5
3
1
3
12
42%
25%
8%
25%
100%
Universidade/ Centros de pesquisa
6
1
2
3
12
50%
8%
17%
25%
100%
Outros: criação própria
1
1
0
0
2
50%
50%
0%
0%
100%
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Quanto aos recursos materiais, a maioria das empresas de móveis possui sistema CAD
(programa de design auxiliado por computador) para a elaboração dos seus projetos e apenas
40% disseram que não possuem.
Gráfico 21 Utiliza sistema CAD (programa de design auxiliado por
computador).
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Em se tratando das formas de divulgação dos produtos, 73% responderam que possui
catálogo de divulgação dos seus produtos, considerando desde fotos até divulgação própria. O
SEBRAE-RR em 2008, apoiou na elaboração do primeiro catálogo de produtos do setor
moveleiro de Boa Vista RR, como forma de divulgar os produtos fabricados pelo setor.
83
7%
40%
40%
10%
3%
Bolsas de Estudo
Escolas Técnicas
Melhoria da Assistência do
SENAI/SEBRAE/SENAC
Apoio de agências financiadoras aos
investimentos das empresas
Fornecimento de informações sobre a
preferência do mercado
73%
27%
Sim
o
Gráfico 22 Catálogos dos produtos fabricados.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Para a promoção do design no setor, os empresários consideraram como sendo as duas
iniciativas mais importantes: a existência nas escolas técnicas do curso de marcenaria, pois a
mão-de-obra hoje existente carece dessa qualificação, em segundo lugar, está a melhoria da
assistência do conhecido como o “Sistema S”, do SENAI, SEBRAE e SENAC, desses órgãos
que já prestam serviços, como realização de seminários, cursos, entre outros eventos, mas que
segundo a pesquisa, precisam divulgar ações mais efetivas para a promoção e
desenvolvimento do setor (GRÁFICO 23).
Gráfico 23 Duas iniciativas importantes para promoção do design no setor
moveleiro.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Ainda assim, o serviço de apoio às micros e pequenas empresas em Roraima, está
aliado ao desenvolvimento do setor moveleiro do Município de Boa Vista (RR). A instituição
atua na capacitação do empreendedor e das empresas por meio de ações promocionais, acesso
a mercados e atividades em grupos, que possibilitam a redução de custos e a troca de
experiência entre as empresas.
84
Entre as principais atividades do SEBRAE, destacam-se: a realização de consultorias
gerenciais e tecnológicas nas empresas, buscando identificar as principais limitações,
formação de grupos setoriais focados na busca de alternativas competitivas e
desenvolvimento sustentável e a prospecção de novos mercados em nível nacional e
internacional.
O incremento da eficiência produtiva depende de vários fatores, tais como:
substituição das máquinas e equipamentos, introdução de novas tecnologias no processo
produtivo, qualificação da mão-de-obra, utilização de madeira seca, disponibilidade de
recursos financeiros para esta atividade.
O setor moveleiro dispõe de grandes potencialidades, uma vez superados os problemas
comuns ao setor, como qualidade, treinamento, acabamento, financiamento e incentivos à
atividade.
4.4 PRINCIPAIS DIFICULDADES DO SETOR MOVELEIRO
A indústria moveleira não conseguiu um bom posicionamento no mercado moveleiro
local, principalmente pelo difícil acesso ao crédito para aquisição de máquinas e
equipamentos e capital de giro (SEBRAE, 2003).
Apesar do significativo desenvolvimento do setor, a maioria das empresas enfrenta
dificuldades, tais como: reduzida escala de produção, escassez de mão-de-obra especializada,
custos de transportes, falta de tecnologias no processo de secagem da madeira, pouco
incentivo dos órgãos governamentais e elevado índice de desperdício de madeira, dentre
outras dificuldades (SEBRAE, 2003).
Apesar da abundância de matéria-prima, o setor moveleiro de Boa Vista encontra-se
distante dos padrões tecnológicos adotados nos demais centros produtores de móveis de
madeira do país, com a maioria das máquinas e equipamentos obsoletos, dificultando assim
seu melhor posicionamento no mercado, principalmente o externo que exige altos padrões de
qualidade.
Boa parte dos móveis comercializados em Boa Vista são oriundos de outros grandes
centros moveleiros, onde os padrões tecnológicos são mais desenvolvidos. Em Boa Vista, os
móveis aqui produzidos são em grande parte elaborados de forma semiartesanal com
agregação de outros tipos de materiais utilizados na fabricação como: ferro, granito, vidro,
etc.
85
Figura 7 Maquinário utilizado na produção dos móveis.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Foto: Souza, L.S.
Métodos de produção são de reduzido nível tecnológico, pois não secam a madeira, o
acabamento é deficiente, inexiste design moderno, dentre outros. Como resultado, a
produtividade do setor é baixa, com seus reflexos sobre a lucratividade, qualidade e nível de
produção (SUFRAMA, 2000).
Figura 8 Condições de trabalho das pessoas que atuam no setor
moveleiro.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Foto: Souza, L.S.
Um fato que preocupa e que foi constatado nessa pesquisa é que a maioria das
empresas não possui equipamentos de segurança no trabalho. As poucas que possuem estão
incompletas. Quando no local de trabalho quem fiscalize, a prática é menos constante, mas
se inexiste fiscalização, o que, segundo alguns empresários, pode causar transtornos, como
inalação de algum tipo de produto tóxico.
86
13%
14%
45%
14%
14%
Não conhece
BNDES/FINEP
BASA
Fundo Estadual
Outros: FAT, FNO
A falta de qualificação também é um entrave para o desenvolvimento do setor, o que
acaba interferindo na baixa produtividade. Tal fator colabora para o desperdício de madeira,
pois não se busca o aproveitamento até mesmo por falta de conhecimentos técnicos, da
capacidade de produção e do desconhecimento do grande mercado consumidor em potencial
existente (SEBRAE, 2003).
Devido à pequena produtividade do setor moveleiro, a geração de emprego e mão-de-
obra qualificada torna-se outro ponto negativo, pois o Estado deixa de gerar arrecadação de
impostos entre outras fontes de recursos sócioeconômicos, que de uma forma específica,
reflete em perda para o Município de Boa Vista.
4.4.1 Fontes de financiamento
Para os empresários do setor moveleiro, foi perguntado se tinham conhecimento das
principais fontes de financiamento, ou seja, incentivos e benefícios direcionados ao setor que
estão disponíveis para incremento da atividade produtiva. Aproximadamente 45%
responderam que conhecem as linhas de financiamento do Banco da Amazônia, 14%
responderam que conhecem as fontes do BNDES, Fundos Estaduais, bem como outros, como:
FAT/FNO.
Gráfico 24 Conhecimento das linhas de financiamento disponíveis para apoio
tecnológico.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Cabe destacar que o FNO/FAT são recursos destinados a investimentos fixos e capital
de giro para as empresas do setor de indústria, comércio e serviço instalados na região Norte.
Os recursos são controlados pelo Banco da Amazônia (FNO) e Banco do Brasil, além da
Caixa Econômica Federal (FAT).
87
24%
8%
24%
28%
12%
4%
Nunca procurou financiamento
o teve dificuldades para obter financiamento
Por inadequação dos prazos
Por inadequação das taxas de juros
Por exigências de garantias
Por excesso de burocracia
Por exigências dos bancos repassadores
Outros.
53%
27%
20%
Em expano
Em retração
Estável
Gráfico 25 Dificuldades de acesso aos mecanismos de financiamento.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
A questão admitia mais de uma resposta.
Apesar de muitos conhecerem as linhas de financiamento, cerca de 14% da amostra
respondeu que não conhece essas fontes para obtenção de crédito. Isso se deve por diversas
razões ao acesso dessas fontes de financiamento. Analisando o gráfico 25, é possível perceber
que 28% se deve ao fato do excesso de burocracia, dos documentos exigidos para liberar esses
recursos e muitos acabam desistindo dessa obtenção de crédito.
Outros 24% responderam que exigências de garantias também foram um dos fatores
que desestimularam muitos empresários a não fazer um financiamento. E, apenas 8%
responderam que não tiveram dificuldade para obter empréstimos juntos às instituições.
Gráfico 26 Opinião em relação ao mercado atual.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
Questionados sobre o que eles pensavam sobre à atual situação do mercado atual,
cerca de 53% dos entrevistados responderam que o mercado encontra-se em expansão, 27%
em retração e 20% acreditam que está estável.
88
12%
11%
9%
7%
5%
7%
7%
2%
10%
7%
10%
2%
11%
Falta de capital de giro?
Falta de equipamentos apropriados?
Carga tributária elevada?
Concorrência muito forte?
Problemas atuais enfrentados, reflexo da
crise financeira?
Instalações inadequadas?
Localização inadequada da empresa?
Falta de conhecimento gerencial?
Falta e dificuldade na obteão de crédito
junto às instituições?
Maus pagadores "Calote"
Problemas financeiros?
Desconhecimento do mercado?
Gráfico 27 Principais problemas enfrentados pelo setor moveleiro nos
últimos anos.
Fonte: Pesquisa de campo (2009).
A questão admitia mais de uma resposta.
Finalizando o questionário aplicado junto aos empresários, foram questionados sobre
as principais dificuldades enfrentadas pelo setor. Todos os itens do gráfico 27 foram
marcados, pois a questão admitia mais de uma resposta, mas escolhendo as cinco mais
citadas, temos:
a) Falta de capital de giro;
b) Falta de mão-de-obra qualificada;
c) Falta de equipamentos apropriados;
d) Falta e dificuldade na obtenção de crédito junto às instituições; e
e) Problemas financeiros.
Dessa forma, os empresários do setor moveleiro destacaram essas como as principais
dificuldades enfrentadas atualmente. Como essa pergunta admitia mais uma resposta, 12%
responderam que a falta de capital de giro é um problema, ou seja, como investir mais, como
comprar mais matéria-prima, se não tem capital? Percebe-se que os itens mais marcados estão
interligados, pois a falta de capital de giro não deixa de ser um problema financeiro.
O problema financeiro só pode ser resolvido se os empresários tiverem crédito junto às
instituições e estes não conseguem devido ao excesso de exigências e garantias impostas.
89
Assim, a falta de incentivos ao setor é forte, carecendo de uma política mais eficaz por parte
dos governos estadual e municipal.
Por outro lado, não se é possível investir em maquinários novos devido à essa falta de
crédito, pois as máquinas são caras, necessitando de empréstimos junto a essas instituições. O
setor moveleiro apresenta escassez de mão-de-obra qualificada, e isso representa também um
obstáculo ao desenvolvimento do setor, principalmente no que concerne à qualidade dos
produtos fabricados, visto que boa parte da produção, como mencionado, é feita de forma
semi-artesanal.
A baixa qualificação profissional é mais intensa na área operacional, o que aponta para
a grande necessidade de treinamento em vários setores, com ênfase na secagem da madeira,
no processo de produção e na parte de design, que é, entre outros, um dos itens mais exigidos
pelo mercado, tanto nacional como internacional (SEBRAE, 2003).
Grande parte da mão-de-obra direta das empresas do setor moveleiro, não teve
nenhum tipo de treinamento especializado, considerando que muitos iniciam na profissão
como profissionais que colaboram na atividade como familiares e vão adquirindo habilidades
com os mais experientes. É necessário que sejam ministrados cursos de qualificação no que
diz respeito a melhor produtividade dentro das empresas (SEBRAE, 2003).
Para que haja no futuro maior incremento do consumo local, será necessário, maior
investimento no setor com aquisição de máquinas e equipamentos modernos, buscando
alcançar maior produtividade e qualidade dos produtos através da obtenção de financiamentos
proporcionados pelo governo com taxa de juros mais atraentes.
4.5 SÍNTESE DO CAPÍTULO
Este capítulo teve como objetivos mostrar o perfil e a estrutura do setor moveleiro, no
Município de Boa Vista. Através da pesquisa de campo, realizada nos meses de janeiro e
fevereiro de 2009, mostra que o setor necessita se estruturar para obter o desenvolvimento e
competitividade não só no mercado local, mas exportar para o país vizinho que é a Venezuela.
A estrutura do setor moveleiro necessita de muitos avanços, seja tecnológico com
máquinas modernas e atuais, até de um apoio ainda maior das instituições que ajudam a
promover o setor e esses são fatores essenciais para o desenvolvimento, independente do
porte da empresa.
Através da concretização de programas e projetos existentes, políticas nesse sentido
90
são válidas, desde que visem mostrar as reais necessidades do setor. A falta de uma política
consistente e mais efetiva pode ser considerada como um obstáculo para o desenvolvimento
socioeconômico.
Como esta pesquisa de campo concentrou a amostra em empresas que encontravam-se
sindicalizadas, não foi possível aumentar o universo da pesquisa, mais um outro fator que se
apresenta como um problema para o setor, são as empresas que atuam no setor informal, e que
dificultam a elas mesmas acesso ao crédito e aos incentivos do governo. Isto impede o
aumento do faturamento e a geração de novos empregos.
Medidas enérgicas deverão ser tomadas para dinamizar o setor, para que se tenha
sucesso no futuro, dentre elas: a capacitação gerencial, especialização da mão-de-obra
existente, acesso ao crédito para aquisição de máquinas e equipamentos e capital de giro,
visando melhoria na qualidade dos produtos e maior competitividade.
O diagnóstico nos mostra que o setor moveleiro no Município de Boa Vista, tem
plenas condições de prosperar. Porém, vale enfatizar que existem limitações que devem ser
tratadas de forma conjuntural, tais como: questões fundiárias, de crédito e questões
ambientais, entre outras.
91
5 POTENCIALIDADES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE BOA VISTA
A indústria moveleira de Roraima apresenta grande potencial pela disponibilidade de
madeira nobre para móveis. uma grande diversidade de matéria-prima para o
abastecimento, tanto a demanda regional quanto a internacional.
Localizado no Município de Boa Vista, o setor moveleiro apresenta grandes
vantagens, principalmente pela sua localização próxima das fronteiras de países que têm uma
grande demanda reprimida. As exportações do setor moveleiro são feitas de forma individual,
o que traduz em custo alto para o consumidor final.
O Estado de Roraima possui aptidão para a atividade florestal com base no manejo
florestal. abundância de florestas ricas em madeiras de valor comercial e produtos
florestais não-madeireiros. Essas florestas têm grande importância para conservação da
biodiversidade e regulação do clima (local, nacional e global). Além disso, essas florestas
abrigam ricos depósitos minerais e possuem grande beleza cênica para o ecoturismo
(BARBOSA et al., 2008).
Por outro lado, o setor moveleiro apresenta-se como formatador de possibilidades e
perspectivas para o desenvolvimento de sua cadeia produtiva, por apresentar dinâmica
própria, sendo importante para a economia regional do ponto de vista social, pelos efeitos que
sua verticalização trará ao conjunto sócioeconômico estadual, com a geração de forte valor
agregado ao longo da cadeia.
Nesse sentido, este capítulo apresentará dados sobre a madeira na Amazônia,
perspectivas de crescimento do setor moveleiro e os projetos que o Estado e Prefeitura
Municipal têm para o desenvolvimento do setor, além das legislações existentes e incentivos
que ficam para o setor.
5.1 DADOS DAS POTENCIALIDADES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
As potencialidades existentes da indústria moveleira nas regiões da Amazônia são
muitas, principalmente nos estados da região Norte, rico em matéria-prima. A Amazônia
92
Legal inclui os estados do Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e
Tocantins), Mato Grosso, parte do Maranhão (a 44 graus de longitude oeste) e uma pequena
porção de Goiás (acima de 13 graus de latitude sul). A Amazônia Legal possui uma área
aproximada de 5 milhões de quilômetros quadrados (59% do Brasil) (Figura 9):
Figura 9 Amazônia Legal.
Fonte: Fonte: Lentini et al. (2005).
Segundo Lentini et al (2005), a Amazônia é formada por quatro fronteiras madeireiras,
classificadas de acordo com as tipologias florestais, a idade da fronteira e as condições de
acesso fluvial ou terrestre, conforme a seguir:
a) Antigas (mais de 30 anos). Localizadas ao sul e leste da Amazônia, em regiões como
Paragominas, Tailândia e Rondon do Pará (PA), Sinop e Feliz Natal (MT). Melhor
acesso rodoviário (estradas asfaltadas) e cobertura florestal reduzida;
b) Intermediárias (10 a 30 anos). Situadas em regiões como as proximidades de Cláudia e
Marcelândia (MT), Porto Velho e Buritis (RO) e Rio Branco (AC);
c) Novas (menos de 10 anos), destacando-se o oeste do Pará (Novo Progresso e Castelo
de Sonho) e o extremo noroeste de Mato Grosso
17
(Aripuanã e Colniza). Essas
fronteiras, recém-colonizadas, contêm importantes estoques de florestas
17
A Amazônia Legal foi criada em 1953, pela Lei 1.806. Nessa época, o Estado de Mato Grosso possuía apenas
a porção localizada ao norte de 16 graus de latitude dentro da Amazônia Legal. O Mato Grosso passou a compor
a Amazônia Legal em sua totalidade por meio da Lei Complementar nº. 31 de 11/10/1977.
93
economicamente valiosas, mas ainda possuem baixa infra-estrutura;
d) Estuarina. É onde a exploração madeireira ocorre de forma seletiva e esporádica desde
o século XVII. Entretanto, desde a década de 1960, com a instalação das indústrias, a
exploração madeireira tem ocorrido de forma mais intensa nessa região (Figura 10):
Figura 10 Fronteiras e pólos madeireiros da Amazônia Legal, 2004.
Fonte: Lentini et al. (2005).
Em Roraima, a partir dos anos 90 com a intensificação de novos projetos de
assentamentos para colonização supriam o setor, que ainda guarda esperanças em fortalecer-
se com o repasse de imensas glebas de florestas da União para a posse do Governo Estadual, a
fim de se promover um intenso fluxo de colheita de madeira sob o mesmo modelo arcaico de
exploração e comercialização (BARBOSA et al., 2008).
Atualmente no Estado o quadro de usinagem de madeira não difere muito do de
épocas passadas, exceto pela existência de um único plano de manejo empresarial
recentemente aprovado na região: as madeiras processadas em Roraima provêm de áreas
desflorestadas para fins de agropecuária (BARBOSA et al., 2008).
O desconhecimento do mercado global faz com que a região amazônica e, em
especial, o Estado de Roraima continuem adotando os mesmos procedimentos, resultando em
processos de alto impacto para reduzir custos sem plano de manejo. O resultado é o
empobrecimento do setor, do ambiente e da população, na medida em que os custos com
multas, impostos e transportes aumentam em função da degradação e da elevação dos índices
94
da miséria regional.
Em relação ao desmatamento em Roraima, segundo dados do INPA
18
, a área total de
florestas desmatadas em Roraima entre 1978 e 2006 foi de 8047 km
2
, considerando os dados
analógicos e digitais de 1978 a agosto de 2006. Este número representa 3,6% da área total do
Estado (225.116,1 km
2
), ou 9,1% de todos os ecossistemas florestais presentes na “área de
uso” livre de todos os municípios. Entende-se por “área de uso” como toda a área sem
impedimentos legais ao desmatamento, ou seja, descontado as unidades de conservação
(UC) e as terras indígenas (TI). Desta forma, a “área de uso” em todos os municípios totaliza
107.610 km
2
, sendo 82.856 km
2
(77%) em área de florestas.
Em 2001, a Medida Provisória 2.166 promoveu a alteração do Código Florestal, o
espaço a ser preservado como Reserva Legal por proprietários rurais na Amazônia Legal
passou a ser de 80% das propriedades. Ao invés da simples derrubada da floresta para dar
lugar a pastagens e monoculturas, o desenvolvimento deveria ser obtido a partir da
manutenção dos ecossistemas florestais nativos da Amazônia. Dessa forma, nas propriedades,
a área destinada ao desmatamento, em teve são de 20%, permitidos pela legislação.
5.2 PROJETOS DO GOVERNO ESTADUAL E MUNICIPAL PARA
DESENVOLVIMENTO DO SETOR MOVELEIRO
Nas subseções seguintes serão mostradas algumas iniciativas tanto do governo
estadual sobre questões que envolvem o setor moveleiro, bem como do governo municipal,
além dos incentivos fiscais e financeiros para os empresários que investirem no setor.
5.2.1 Iniciativas do Governo Estadual
Zoneamento Ecológico-Econômico O Governo do Estado de Roraima elaborou o
Projeto de Lei nº. 047/08, que institui o Sistema de Planejamento e Ordenamento Territorial
do Estado de Roraima e dá outras providências. Foi definido com base nos estudos e trabalhos
realizados no Estado de Roraima, assim como na Legislação Federal pertinente, conforme
segue:
Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências;
18
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
95
Decreto n
o
. 99.540, de 21 de Setembro de 1990 Institui a Comissão Coordenadora
do Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional e outras
providências;
Decreto nº. 4.297, de 10 de julho de 2002 Regulamenta o art. 9
o
, inciso II, da Lei
n
o
6.938, de 31 de agosto de 1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento
Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências;
Decreto nº. 6.288, de 06 de dezembro de 2007. Altera o Decreto Nº 4.297.
Medida Provisória nº. 2166-67 de 24 de agosto de 2001 Altera os arts. 1
o
, 4
o
, 14,
16 e 44, e acresce dispositivos à Lei n
o
4.771, de 15 de setembro de 1965, que
institui o Código Florestal, bem como altera o art. 10 da Lei n
o
9.393, de 19 de
dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural
- ITR, e dá outras providências.
É um instrumento político e técnico de planejamento, cuja finalidade consiste em
otimizar o uso regional e a aplicação das políticas públicas. Tecnicamente, coleta e organiza
as informações, necessárias ao planejamento e administração do uso sustentável, por meio da
ocupação racional dos recursos naturais.
Simultaneamente incrementa a eficácia das decisões políticas e das intervenções
públicas na gestão do território, produzindo canais de negociação entre as várias esferas de
governos e a sociedade local.
Visa atender o planejamento do território de forma responsável, comprometendo-se
com as questões de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável e com efetividade
dos recursos financeiros aplicados.
A ausência de um planejamento territorial repercute em custos extraordinários na
reversão de um cenário de destruição do meio ambiente e desperdício de lucros, no que tange
a boa produtividade.
Assim, quem planeja e quem arbitra as decisões precisa municiar-se de boas
informações multidisciplinares sobre o meio ambiente. Dessa forma, o Zoneamento Ecológico
Econômico é um instrumento norteador fundamental para o planejamento e ordenamento do
território, tendo em vista o crescimento e o desenvolvimento sustentável da região.
Através do ZEE foram identificadas as vocações econômicas do Estado de Roraima,
como o clima, vegetação caracterizada pelos domínios das cerrados (lavrados), florestas e
campinaranas e suas áreas de contato, que propiciam excelente ambiente diversificado e
extraordinária vantagem competitiva no agronegócio e nas agroindústrias.
Em janeiro de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assinou o decreto nº.
6.754, que veio regulamentar a Lei 10.304 de 2001, além da Medida Provisória nº. 454,
pela qual fez o repasse de seis milhões de hectares de terras da União para o Estado de
Roraima, o que equivale a 25% da área total do Estado.
96
Com a Medida Provisória, permitiu-se que as terras transferidas sejam
preferencialmente utilizadas em atividades de conservação ambiental e desenvolvimento
sustentável, de assentamento, de colonização e também para promover a regularização
fundiária no Estado; e retirou o prazo de 180 dias para sua regulamentação, conforme
estabelecia o texto de 2001.
Como a lei nunca foi regulamentada, o presidente Lula a alterou por meio da MP e
editou o decreto que a regulamenta de uma vez, tornando-a aplicável de imediato. A MP e
o decreto de 28 de janeiro estabelecem condições para a transferência de glebas da União para
o Estado.
O decreto ressalva expressamente a transferência não apenas de áreas institucionais, já
definidas, mas também das Unidades de Conservação (UCs) em processo de criação, como:
Reserva Extrativista Baixo Rio Branco-Jauaperi, Floresta Nacional Jauaperi, Unidade de
Conservação Lavrados, ampliações do Parque Nacional Viruá e da Estação Ecológica Maracá
e as áreas destinadas à redefinição dos limites da Reserva Florestal Parima e da Floresta
Nacional Pirandirá. Estas UCs serão instituídas após consulta ao Estado de Roraima.
Essas medidas vêem ao encontro de uma demanda antiga do Estado como condição
fundamental para seu desenvolvimento. O Estado vai precisar elaborar e implementar um
plano de desenvolvimento consistente, construído com a participação da população.
O Zoneamento Ecológico-Econômico atualmente foi encaminhado ao Conselho
Nacional de Meio Ambiente (Conama) que deve analisar a lei que institui o ZEE e,
finalizando esta etapa do processo de aprovação da legislação, poderá então ser aplicada no
Estado.
Dessa forma, após o repasse das terras da União para o Estado de Roraima, e com a
Lei do Zoneamento Ecológico-Econômico devidamente aprovada, não haverá mais barreiras
para que os projetos de desenvolvimento o aconteçam, ainda que tenham que ser
redimensionados devido às limitações territoriais motivadas pela demarcação da Raposa Serra
do Sol.
Impulsionar o setor moveleiro com a implantação de uma área administrativa moderna
e ágil, além de proporcionar meios para que o Distrito Industrial de Roraima seja referência
no Norte são as metas do Governo do Estado, com os investimentos de revitalização do
distrito e implantação do Condomínio Industrial.
Segundo dados da SEPLAN-RR, serão construídos seis galpões no Distrito Industrial
para abrigar alguns setores das indústrias do Estado de Roraima, incluindo a indústria
97
moveleira, através do convênio nº. 040/2007, entre a Superintendência da Zona Franca de
Manaus (SUFRAMA) e Governo do Estado de Roraima e têm por objeto a infraestrutura de
um complexo industrial e armazenagem em Boa Vista, num total de mais de R$ 10 milhões.
Desta forma, as empresas de móveis do estado vão ganhar um novo impulso
econômico com a finalidade de incentivar o desenvolvimento do setor, gerando valor
agregado, além de contribuir de forma significativa para aumentar o volume das exportações.
O referido convênio atualmente encontra-se em fase de licitação e certamente atenderá os
anseios da classe moveleira.
Em 2008, o setor moveleiro inaugurou a mara Setorial de Madeira e Móveis de
Roraima CASEMM. A entidade tem o objetivo de reunir e agregar empresários e entidades
dos setores moveleiros, madeireiros e de marcenaria de Roraima para debater políticas e
anseios da classe.
5.2.2 Iniciativas do Governo Municipal
O Sindicato das Indústrias Moveleiras do Estado de Roraima manifestaram interesse
em conseguir benefícios com a Zona de Processamento e Exportação (ZPE) mas, para isso
falta regulamentação por parte dos governos estadual e municipal, pois os benefícios
atingem as empresas que se instalarem no terreno destinado à instalação da ZPE, na região
do Passarão, ao longo do trecho sul da BR-174.
Com a construção do Condomínio Industrial, além das empresas instaladas no
Distrito Industrial (BR-174 saída para Manaus) a preocupação é que estas empresas sejam
contempladas pelos benefícios da ZPE, uma vez que toda estrutura também existente no
distrito está também contemplada na área de funcionamento da Área de Livre Comércio de
Boa Vista.
5.2.3 Incentivos Fiscais e Financeiros
Segundo Araújo (2008), com a aprovação da ALC (Área de Livre Comércio) no
Município de Boa Vista, os empresários, de modo geral, estarão sendo beneficiados com a
isenção de impostos disponibilizados com a regulamentação dessa área e contribuirá não
apenas para a economia do Estado, mas para a sobrevivência dos empresários locais. A
isenção desse imposto será sobre as operações de aquisição. As operações internas, entre o
98
comércio e o consumidor final, continuam com os mesmos tributos.
Segundo Cruz (2009), as Áreas de Livre Comércio foram criadas para promover o
desenvolvimento econômico e social das regiões fronteiriças internacionais localizadas na
Amazônia Ocidental, com o intuito de integrá-las ao restante do país, oferecendo benefícios
fiscais semelhantes aos da Zona Franca de Manaus, com incentivos de IPI e do ICMS.
As Zonas de Processamento de Exportação são destinadas à instalação de empresas
voltadas para a produção de bens a serem comercializados no exterior. No caso da ZPE de
Boa Vista, esse instrumento pode representar o elemento decisivo para a dinamização da
economia não na Capital, mas de todo o Estado de Roraima. Representa um instrumento
capaz de induzir o beneficiamento e a industrialização dos recursos naturais, aumentando o
valor agregado de sua produção e gerando empregos.
O Município de Boa Vista concentra mais de 70% das atividades econômicas e cerca
de 65% do contingente populacional do estado, acaba sendo imprescindível no contexto
socioeconômico do Estado, pois os entraves ao desenvolvimento de Boa Vista são igualmente
entraves ao crescimento de Roraima. Além do mais, não existem condições de viabilizar um
projeto de desenvolvimento que tenha a indústria como propulsora. Longe dos fornecedores
de matéria-prima, o custo final não seria competitivo.
No entanto, os interessados em adquirir produtos estrangeiros ou de outros estados
brasileiros e gozar dos benefícios deverão cadastrar-se junto SUFRAMA e Receita Federal,
sendo necessário que apresente toda documentação necessária, além do alvará de
funcionamento. Os impostos a serem isentos e onde os empresários não precisarão mais
recolher com a implantação da ALC de Boa Vista:
a) COFINS contribuição federal incidente sobre a receita bruta das empresas destinada
a financiar a seguridade social. São contribuintes da COFINS as pessoas jurídicas de
direito privado em geral, inclusive as micro-empresas e as empresas de pequeno porte;
b) PIS é uma contribuição social, devida pelas pessoas jurídicas com o objetivo de
financiar o pagamento do seguro-desemprego e do abono para os trabalhadores que
ganham até dois salários mínimos;
c) Imposto de Importação Imposto Federal e somente a União tem competência para
instituí-lo (art. 153, I, da Constituição Federal). O contribuinte do imposto é o
importador, ou quem a ele a lei equiparar. A alíquota utilizada depende de decreto
presidencial;
d) IPI Imposto Federal que incide sobre os produtos industrializados, estrangeiros e
99
nacionais. Os contribuintes deste imposto podem ser o importador, o industrial, o
comerciante ou o arrematador, ou a quem a lei os equiparar, dependendo do caso; e
e) ICMS Imposto estadual onde somente os Governos dos Estados têm competência
para instituí-lo (art. 155, II, da Constituição Federal). O simples fato de a mercadoria
sair do estabelecimento de contribuinte caracteriza o fato gerador. Não importa se a
venda se efetivou ou não, mas sim se ocorreu a circulação da mercadoria.
A implantação da ZPE, segundo CRUZ (2009), também faz parte do contexto
econômico das ações do Governo do Estado. O fato de Roraima estar incluído na Amazônia
Legal possibilita ao Estado se beneficiar dos incentivos federais administrados pela
Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM).
São basicamente, isenções de Imposto de Renda e financiamentos do Fundo de
Financiamento da Amazônia (FINAM), pelo Banco da Amazônia (Basa) financiamentos do
Fundo Constitucional do Norte (FNO) e pela SUFRAMA incentivos destinados a
empreendimentos industriais localizados na Zona Franca e que são extensivos à Amazônia
Ocidental.
O Governo do Estado oferece um conjunto de incentivos, tais como:
a) Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado de Roraima FUNDER
(Lei nº. 023, de 21/11/1991);
b) Tratamento diferenciado para as micro e pequenas empresas (Lei nº. 124, de
26/03/1996);
c) Estímulos para infraestrutura (venda de lotes a preços reduzidos no Distrito Industrial
de Boa Vista); e
d) Outros estímulos de caráter administrativo (simplificação para a constituição e
participação em processos de licitação para as micro e pequenas empresas).
Os incentivos do FUNDER são concedidos nas etapas de implantação, funcionamento,
relocalização, ampliação, modernização, diversificação e recuperação de empresas. Além
disso, o governo subsidia tarifas de água e esgoto, de infraestrutura de armazenagem e
produção, bem como apoio a estudos de mercado e projetos executivos. Dessa forma, a
ZPE de Boa Vista, pode ser considerado um instrumento estratégico ao qual as autoridades
estarão recorrendo para mais rapidamente superar as etapas de no processo de
desenvolvimento do Estado.
100
5.3 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E NORMAS DO SETOR MOVELEIRO:
MANEJO E CERTIFICAÇÃO FLORESTAL
A madeira em tora explorada em florestas naturais na Amazônia pode ser legalmente
adquirida por meio de duas fontes: (i) Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS)
19
ou
(ii) Autorizações de Desmatamento. Nesse último caso, o desmatamento está restrito a 20%
das propriedades rurais localizadas em áreas florestais da Amazônia Legal, de acordo com a
Medida Provisória 2.166-65/2001.
Até o primeiro semestre de 2005, novas regras para o manejo florestal na Amazônia
estavam sendo discutidas pelo Ministério do Meio Ambiente e IBAMA além de diversos
setores da área florestal. Uma das inovações previstas é a Instrução Normativa que
regulamenta a Autorização Prévia à análise técnica dos PMFS a ser expedida pelo IBAMA.
Essa autorização seria concedida a empreendimentos sem problemas jurídicos (por exemplo,
relativos à situação fundiária das áreas de manejo). Dessa forma, os empreendimentos apenas
prosseguiriam com o planejamento da exploração (inventário florestal, elaboração dos PMFS
etc.), caso não houvesse pendências na Análise Prévia.
Enquanto as novas regras de manejo florestal não forem aprovadas, o instrumento
legal que regula os Planos de Manejo é a Instrução Normativa IBAMA n°. 4, de 2002. A
Instrução requer o censo das árvores a serem exploradas, exceto para sistemas tradicionais de
exploração (abaixo de 10 metros cúbicos por hectare). Também procura diminuir o tempo de
transação do manejo (regulado em até 60 dias para a aprovação do PMFS).
Planos de Manejo Florestal Em 2000, os 389 Planos de Manejo aprovados pelo
IBAMA somavam 185 mil hectares. Em 2001, houve um aumento no número de planos
aprovados (549), que cobriam uma área de 340 mil hectares. Cerca de 9,3 milhões de metros
cúbicos foram autorizados para exploração por meio de Planos de Manejo em 2001. Em 2003,
o volume de madeira em tora autorizado para manejo ficou em cerca de 8,2 milhões de metros
cúbicos.
Para Roraima, a adoção de manejo como regra geral promoveria uma redução na
oferta e um aumento na qualidade e no preço do produto, bem como a construção de uma
cadeia produtiva sólida e persistente no ramo, pois estaria comandando a regulagem de
19
Os Planos de Manejo devem ser elaborados por profissionais registrados junto aos Conselhos Regionais
(Creas). A partir de abril de 2003 (Portaria IBAMA n°. 19), esses profissionais também se tornaram responsáveis
pelo acompanhamento dos Planos, devendo apresentar ao IBAMA uma declaração de acompanhamento e
avaliação dos PMFS.
101
estoques e não à mercê de crises econômicas, políticas e sociais. Desta maneira, este
importante setor de receita estadual poderia estabelecer preços superiores aos seus produtos
(Roraima detém a menor cotação média de madeira da região Norte) e gerar cadeia produtiva
sólida e ambientalmente consistente (BARBOSA et al., 2008).
Em julho de 2008, realizou-se em Boa Vista, o Seminário do APL Madeira e
Móveis: oportunidades e desafios para o desenvolvimento do setor florestal de Roraima e
reuniu cerca de 120 pessoas entre técnicos do governo, empresários do setor florestal,
representantes de entidades de classe, políticos, líderes comunitários, pequenos produtores
florestais e estudantes de áreas afins à atividade florestal.
Os resultados dos grupos de trabalho caracterizaram os seguintes entraves ao marco
político e institucional para o manejo florestal em Roraima:
a) Insegurança fundiária;
b) Burocratização dos sistemas de licenciamento ambiental;
c) Falta de conhecimento da legislação e boas práticas de manejo florestal; e
d) Ausência de políticas florestais estaduais (p.ex. zoneamento econômico florestal);
Como propostas, os participantes dos grupos apresentaram, entre outras:
a) Criação de um fórum para discutir uma política florestal para Roraima;
b) Implementação da descentralização da gestão florestal, fortalecendo os órgãos
estaduais e aumentando a presença desses órgãos nos municípios; e
c) Criar programas de capacitação para produção florestal sustentável.
Uma maior eficiência do setor moveleiro passa por melhorias no parque industrial, na
necessidade de atuação coletiva (associativismo), na diminuição do excesso de burocracia
para tornar a atividade legal e ao mesmo tempo rentável, entre outras ações.
A partir dessas informações, os participantes do Seminário caracterizaram como
principais entraves para o setor moveleiro:
a) Excessiva burocracia e carga tributária para licenciar e legalizar a atividade;
b) Baixa qualificação de mãode-obra;
c) Baixa qualidade dos produtos; e
d) Baixo nível tecnológico na produção.
A seguir, temos o quadro 1, que mostra os principais entraves, propostas, ações e os
responsáveis para o setor moveleiro do Estado:
102
ENTRAVES
PROPOSTAS
AÇÕES
RESPONSÁVEIS
Excessiva burocracia
para licenciamento.
Consolidar estudo sobre
demanda e oferta para
adaptar padrões de
licenciamento, reduzir
carga tributária, melhorar
parque industrial e
aumentar produção.
Implementar programas
de capacitação de mão-de-
obra, criar plano de
marketing para os
produtos florestais
roraimenses, criar marca
para produtos moveleiros
etc.
Órgãos governamentais,
Organizações públicas e
privadas, universidades
etc.
Baixa qualificação de
mão-de-obra.
Baixa qualidade de
produtos.
Preço baixo do produto
Quadro 1 Síntese das propostas sobre produção e tecnologia para o setor moveleiro de
Roraima.
Fonte: SEBRAE-RR.
Como propostas, os participantes apontaram:
a) Diminuição da carga tributária e documentos exigidos para produzir e transportar
móveis;
b) Fomento do setor a partir de estudo que qualificará demanda e oferta de produtos
moveleiros em Roraima;
c) Consolidação do pólo moveleiro de Roraima, por meio de intercâmbio entre empresas
para melhorar sistemas de produção e trocas de informações tecnológicas, conforme
quadro exposto.
Lei de Gestão de Florestas Públicas
20
sancionada pelo Presidente da República em
março de 2006, prevê a descentralização da gestão florestal para os Estados. Essa lei tem por
objetivos:
a) Regulamentar a gestão das florestas em áreas públicas (União, Estados e Municípios);
b) Criar o Serviço Florestal Brasileiro, SFB, como órgão regulador da gestão das
florestas públicas;
c) Criar o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal para promover o
desenvolvimento tecnológico, assistência técnica e incentivos para o desenvolvimento
do setor florestal (BARBOSA et al., 2008).
A lei define três formas de gestão:
a) Unidade de Conservação para produção florestal (por exemplo, Flonas/Flotas, RDS);
b) Uso comunitário (assentamentos florestais, Resex, PDS etc.);
c) Concessões florestais fora de Unidades de Conservação. O processo de licitação
considera não apenas o melhor preço ofertado pelo concessionário, mas também os
20
Lei nº 11.284, de março de 2006, regulamentada pelo decreto nº 6.063, de março de 2007.
103
benefícios socioeconômicos a serem gerados pelo empreendimento no local, a maior
agregação de valor local e a melhor técnica de manejo florestal (menor impacto
ambiental) apresentada.
5.3.1 Floresta Nacional de Anauá
Segundo Lentini (2005), o setor madeireiro da Amazônia é paradoxal. Por um lado, é
economicamente competitivo e um importante gerador de oportunidades de emprego e renda
para uma parcela significativa da população da Amazônia. Por outro, o caráter migratório da
indústria madeireira e o baixo índice de adoção de manejo florestal revelam alguns dos graves
problemas do setor madeireiro.
Dessa forma, políticas públicas se fazem necessárias através do ordenamento
territorial. Assim, para deter o caráter migratório da indústria madeireira, é essencial a
definição das regiões nas quais a exploração pode ocorrer, de acordo com o Zoneamento
Ecológico- Econômico. Nessas áreas, deve-se priorizar a regularização fundiária e a criação
de Florestas Nacionais ou Estaduais Unidades de Conservação de Uso Sustentável para
assegurar uma oferta legal e manejada de produtos florestais.
Outro tipo de política pública seria o apoio à eficiência da indústria, onde a melhoria
no rendimento de processamento industrial pode reduzir de forma significativa o consumo de
matéria- prima e, portanto, a pressão sobre a floresta. Por exemplo, se o rendimento do
processamento subisse hoje em 3% (de 42% para 45%), haveria uma economia de 1,6 milhão
de metros cúbicos de madeira em tora, o que significaria poupar 108 mil hectares de florestas.
Dessa forma, recomendamos a adoção de instrumentos econômicos, tal como a redução de
impostos para a aquisição de maquinário destinado a melhorar o rendimento (LENTINI,
2005).
A maioria da produção da Amazônia (63%) são produtos de baixo valor agregado,
comercializados apenas como madeira serrada, principalmente para a construção civil. Por
isso, são necessários instrumentos econômicos para incentivar o aumento da renda da
produção madeireira como, por exemplo, a diminuição das taxas de importação de
maquinários, que agregam maior valor à produção. Paralelamente, são necessários
investimentos em treinamento de pessoal técnico especializado para operar esse maquinário.
A adoção de manejo como regra geral promoveria uma redução na oferta e um
aumento na qualidade e no preço do produto, bem como a construção de uma cadeia
104
produtiva sólida e persistente no ramo, pois estaria comandando a regulagem de estoques e
não à mercê de crises econômicas, políticas e sociais.
Figura 11. Floresta Nacional de ANAUÁ.
Fonte: SEBRAE RR.
Desta maneira, este importante setor de receita estadual poderia estabelecer preços
superiores aos seus produtos (Roraima detém a menor cotação média de madeira da região
Norte) e gerar cadeia produtiva sólida e ambientalmente consistente (BARBOSA et al., 2008).
Através do decreto s/n de 18 de fevereiro de 2005, foi criada a Floresta Nacional
(Flona) de Anauá, com 392.725 ha, localizada no Município de Rorainópolis, com o objetivo
de promover o uso múltiplo dos recursos florestais, a manutenção e a proteção dos e da
biodiversidade, a recuperação de áreas degradadas, a educação ambiental, bem como o apoio
ao desenvolvimento de métodos de exploração sustentável dos recursos florestais das áreas
limítrofes. Área de nascentes e mananciais hídricos margeados por densa floresta ambrófila e
campinaranas. A criação da unidade atendeu aos anseios da população local que desejava
formas de explorar racionalmente seus bens naturais sem levá-los à exaustão por
desmatamento.
Segundo dados do Sistema Nacional de Unidade Conservação SNUC, falta elaborar
o plano de manejo da Floresta Nacional de ANAUÁ (figura 11), para viabilizar o seu
desenvolvimento econômico sustentável, por meio das ações de manejo florestal sustentável;
geração de emprego e renda para famílias de produtores; extrativistas e profissionais das mais
105
diversas áreas, minimizando índices críticos socioambientais em evidência na referida região.
5.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO
O presente capítulo buscou mostrar de forma sucinta as potencialidades do setor
moveleiro no Estado de Roraima e que beneficiam o Município de Boa Vista. Mostrou-se
dados recentes da Amazônia brasileira, bem como os projetos para o desenvolvimento do
setor, através de iniciativas do Governo Estadual e Municipal.
Os incentivos fiscais e financeiros que a indústria moveleira pode contemplar com a
Área de Livre Comércio de Boa Vista, além dos incentivos fiscais que podegozar com a
instalação da Zona de Processamento de Exportação que está em fase de andamento.
Através apresentação do Plano de Manejo da Floresta Nacional de Anauá (Flona
Anauá), no Sul do Estado, protegida pela Lei de Crimes Ambientais, poderá ser explorada de
forma sustentável. Para isso, deverão ser traçadas diretrizes com o objetivo de preservar o
meio ambiente sem agredir a natureza.
A Flona Anauá ocupa uma área de 259.550 hectares preservados, de posse e domínio
públicos, provida de cobertura vegetal nativa e plantada, estabelecida com fins de promover o
manejo dos recursos naturais. Considerada como prioridade do APL Madeira e Móveis e do
Projeto Estruturante Não-Madeireiro do SEBRAE/RR, a viabilidade desse plano
proporcionará a esses projetos um manejo adequado. Em suma, o setor moveleiro dispõe de
grandes potencialidades, uma vez superados os problemas comuns ao setor, como qualidade,
treinamento, acabamento, financiamento e incentivos à atividade dentre outros fatores,
facilitará a competitividade do mesmo com outros mercados.
106
6 CONCLUSÃO
Este trabalho teve como objetivo avaliar as potencialidades das empresas do setor
moveleiro do Município de Boa Vista, traçando o perfil dos empresários, origem da matéria-
prima, design, entre outros fatores de maior importância, como dificuldades e perspectivas de
crescimento do setor.
O referencial teórico mostra que a mudança de enfoque deste estudo do
desenvolvimento exógeno para desenvolvimento endógeno resultou de a região ser
relativamente isolada do resto do Brasil e do exterior, e das características da indústria
moveleira local. Assim, para valorizar as potencialidades locais, considerou-se ser necessário
abordar novas maneiras para que grupos de empresas e outras instituições possam alavancar o
desenvolvimento regional.
O que se pode observar é o surgimento de novos paradigmas no que se refere à
questão do desenvolvimento regional. Nisso, salienta-se a teoria do desenvolvimento local
endógeno, reforçando a força e o papel dos agentes locais na formatação de seu próprio
desenvolvimento econômico. Antes, esse desenvolvimento era pensado como sendo
impulsionado de cima para baixo, onde se introduziam grandes projetos estruturantes em
regiões desfavorecidas, a exemplo dos pólos de desenvolvimento e dos complexos industriais.
Agora, com a perspectiva de desenvolvimento endógeno, o novo modelo de desenvolvimento
é realizado de baixo para cima, ou seja, partindo-se das potencialidades do local, tendo como
agentes principais os próprios atores locais (AMARAL FILHO, 1996).
Ao se questionar sobre esses mecanismos, os aglomerados de empresas aparecem
como uma alternativa de promoção do desenvolvimento regional endógeno. Dentre os
diversos tipos de aglomerados estão os distritos industriais, clusters e arranjos produtivos
locais. Estas abordagens apresentam características próprias e heterogêneas, mas de modo
geral enfocam grupos de empresas em torno de atividades afins dentro de um mesmo espaço
geográfico.
A indústria moveleira é internacionalmente reconhecida como de baixa intensidade
tecnológica, em relação a outros setores. Mas isto não significa que a inovação não esteja
incorporada ao dia a dia do setor, especialmente em design, novos insumos e materiais e na
gestão do processo produtivo, sobretudo quando ela é considerada a partir da perspectiva das
cadeias produtivas.
107
No caso do setor moveleiro do Brasil, que possui uma cadeia produtiva moveleira que
se inicia no cultivo e extração de madeira e termina apenas na entrega do móvel na casa do
consumidor final. Cada etapa desta cadeia produtiva envolve um grande número de interações
e atores econômicos e sociais diferenciados: inicia-se com a extração de madeira nativa, ou
com a produção de madeira cultivada; isso engloba conhecimentos relacionados ao manejo
sustentado de florestas e questões políticas, como controle da exportação de madeira não
processada, questões ambientais; a cadeia produtiva continua com a produção do insumo mais
importante do setor, as chapas de madeira; a seguir, vêm as questões relacionadas com o
núcleo da cadeia, ou seja, a fábrica de móveis de madeira e sua concentração em
aglomerações, além da constituição de arranjos industriais.
Outros atores participam dessa cadeia produtiva, que necessita de insumos que são
advindos dos fornecedores de bens e serviços e que complementam a cadeia produtiva da
indústria moveleira para a fabricação do produto final, que por último vai para as lojas de
móveis e que chegam ao cliente final como: a indústria de equipamentos, para aquisição dos
maquinários; mão-de-obra qualificada oriundas de centros de tecnologia; a indústria
metalúrgica; a indústria de acessórios; e a indústria química.
No que tange ao tema apresentado desta dissertação pode-se afirmar que o setor
moveleiro, localizado no Município de Boa Vista, capital do Estado de Roraima, pode ser
considerado, à longo prazo, como um aglomerado com potencial necessário para alavancar a
economia deste setor de maneira endógena. Com a participação de diversos atores, tanto de
setores públicos como privados, o arranjo produtivo parte da potencialidade do local,
traduzida pela atividade moveleira e tem como preocupações a redução das diferenças sociais
e a promoção do desenvolvimento local.
Esta dissertação representou uma tentativa de discutir como os arranjos produtivos
locais podem ser considerados como mecanismos capazes de promover o desenvolvimento
regional e endógeno de regiões com baixo dinamismo. Nesse contexto, os pólos de
desenvolvimento foram os mecanismos adotados para alavancar o desenvolvimento de
regiões menos favorecidas por meio de grandes projetos de investimentos.
No Brasil esse mecanismo foi representado pelo Plano de Metas, pelo II Plano
Nacional de Desenvolvimento, além das políticas de desenvolvimento regional nas regiões
Norte e Nordeste. Embora os pólos de desenvolvimento tenham trazidos alguns benefícios, o
que se pôde verificar foi uma oposição às exigências e desafios trazidos pelo novo modelo de
desenvolvimento: o desenvolvimento regional e endógeno.
108
O desenvolvimento regional ou local depende da conciliação das políticas, que
impulsionam o crescimento, com os objetivos locais. A organização da sociedade local pode
transformar o crescimento advindo dos desígnios centrais em efeitos positivos, ou melhor, em
desenvolvimento para a região.
A região não pode ser vista apenas como um fator geográfico, mas como um ator
social, como elemento vivo do processo de planejamento. O Estado é quem estabelece as
regras do jogo e a região é a parte negociadora, que deve se inserir nos mecanismos de
decisão para fazer acordos, transações, dirimir conflitos, enfim, deve ter a capacidade de
transformar o impulso externo de crescimento econômico em desenvolvimento com inclusão
social.
A solução dos problemas regionais e, por conseguinte a melhoria da qualidade de vida,
demanda o fortalecimento da sociedade e das instituições locais, pois são estas que
transformarão o impulso externo de crescimento em desenvolvimento.
A partir da pesquisa bibliográfica e do questionário (Apêndice A) aplicado, foi
possível chegar a um diagnóstico sobre as limitações ao desenvolvimento da fabricação de
móveis no Município de Boa Vista.
Adicionalmente, as hipóteses previamente levantadas, mostraram que, no passado, a
falta de incentivos ao setor moveleiro mostrava-se de forma tímida, mas que, atualmente, as
políticas públicas e incentivos fiscais voltados para o crescimento do setor, como por
exemplo, a celeridade na realização do projeto de construção do condomínio industrial, capaz
de promover os fabricantes de móveis condições para que possam iniciar a produção em série,
o que reduziria o custo da produção, com a qualidade necessária para atender as exigências do
mercado.
Por outro lado, a questão ambiental, pode apresentar sim efeitos negativos, pois a
principal matéria-prima utilizada na fabricação dos móveis é a madeira, sendo necessário o
manejo florestal para a extração de forma sustentável dessa matéria-prima. Assim, o setor
moveleiro do Município de Boa Vista possui grande potencial mas para que este setor se
desenvolva de maneira satisfatória, é necessário que as limitações detectadas neste trabalho
sejam eliminadas, principalmente em relação ao acesso de matéria-prima legalizada, sendo
esta uma das maiores limitações na fabricação de móveis no Estado. Hoje, o estado dispõe de
uma área destinada a utilização da madeira de manejo florestal, que se encontra em fase de
elaboração do Plano de Manejo.
109
Através do Programa Nacional de Florestas, o Governo Federal vem implementando o
uso sustentável das Florestas Nacionais FLONAS. São políticas de reflorestamento e de uso
manejado das florestas, que permite a obtenção de uma matéria-prima mais bem elaborada,
proporcionando o seu aproveitamento quase total, permitindo maior competitividade para o
setor, atendendo as exigências do mercado sem agredir o meio ambiente e com retorno
econômico e social.
Entretanto, a baixa tecnologia no processo de secagem da madeira e a falta de
máquinas modernas é outro fator que causa severas limitações ao desenvolvimento do setor
moveleiro, tendo em vista que o mesmo interfere diretamente na qualidade dos móveis
fabricados e, consequentemente, na competitividade dos produtos, gerando assim outra
limitação para o setor.
necessidade, ainda, de estabelecer uma estratégia de atualização tecnológica que
envolva a orientação na aquisição de máquinas e equipamentos para as empresas menores;
necessidade de estudos sobre as preferências dos consumidores; criação de um centro de
projetos integrados, inclusive design exclusivo, visando uma maior integração entre as
empresas da região e os pólos de móveis mais desenvolvidos
As possibilidades de que à longo prazo a indústria madeireira seja indutora do
desenvolvimento da economia estadual é de suma importância, por sua dinâmica própria, o
que importante do ponto de vista econômico e social. Essas possibilidades estão
condicionadas ao suprimento regular de matéria-prima, a uma política de apoio e a um
programa de verticalização de produtos gerados pelo beneficiamento da madeira serrada.
Com o alongamento do processo de verticalização, a indústria moveleira apresenta-se
com enorme potencial em alavancar o setor, somando-se a outros setores com idênticas
possibilidades, como produção de esquadrias, embarcações, casas pré-fabricadas, laminados,
compensados, instrumentos musicais, urnas funerárias, objetos de decoração e embalagens,
artesanatos, etc.; alguns fabricados, mas com baixo nível tecnológico. Quanto à
interdependência dos moveleiros junto a seus fornecedores, vimos que existem alguns
entraves fortes na relação. Dentre estes pontos podemos destacar como principais:
a) Madeiras secas - o moveleiro normalmente não tem acesso a madeiras que tenham
algum processo de secagem;
b) Inexistência de garantia de fornecimento regular de madeira, pois as serrarias não
enquadram os moveleiros como clientes potenciais, vendendo-lhes apenas as “sobras”
de madeiras que não foram exportadas;
110
c) Os questionamentos ambientais e os aspectos institucionais têm limitado a expansão
da produção de madeira tropical. Ademais, o aproveitamento das toras é ineficiente,
com baixo grau tecnológico; e o sistema de exploração florestal predominante é o
extrativismo itinerante, que acaba por causar distorções na oferta de madeira;
Considerando-se a proposta para a realização da presente dissertação de mestrado, e
analisando-se os resultados obtidos, é possível fazer algumas considerações frente à indústria
moveleira estudada. Para tanto, ressalta-se que o estudo buscou responder como é formada a
estrutura do setor moveleiro no Município de Boa Vista, o perfil dos empresários, além da
origem da matéria-prima e o destino da produção.
Na pesquisa de campo realizada, pode-se constatar que a origem da matéria-prima
utilizada na fabricação dos móveis é oriunda de outros municípios do Estado (57%),
principalmente daqueles municípios localizados na região Sul do Estado de Roraima, como é
o caso do Município de Rorainópolis.
O destino da produção está voltado para o mercado interno, pois os mercados
geográficos atingidos pelo setor moveleiro, local onde são comercializados os móveis
produzidos, as empresas, vendem grande parte de sua produção para o mercado local, cerca de
80%. O restante da produção é destinado ao mercado estadual, ou seja, é vendido também
para outros municípios do Estado de Roraima.
O perfil do empresário local mostra que 87% dos empresários são do sexo masculino e
que ainda predomina na fundação dessas empresas, e apenas 13% são do sexo feminino. Essa
atividade, segundo a pesquisa, é a principal fonte de renda da maioria dos empresários
entrevistados, onde cerca de 93% responderam que sim. Este universo corresponde a 14
empresários e, apenas 7% ou 1 pessoa respondeu que não, que esta atividade não é a principal
fonte renda, tendo como atividade secundária o ramo da construção civil.
Mesmo assim, ainda existem grandes desafios a serem superados, especialmente no
tocante a fatores competitivos importantes como design e agregação de valor ao móvel. Os
resultados deste estudo contribuem para destacar a necessidade de:
a) Maior qualificação da mão-de-obra;
b) Introdução de inovações tecnológicas no manejo, no corte e secagem da madeira;
c) Melhor assistência das agências financiadores dessas atividades, principalmente na
difusão de informações sobre crédito para o setor moveleiro;
d) Políticas públicas voltadas para o setor moveleiro.
111
Haja vista o reconhecimento das empresas e às vantagens associadas à localização da
região; as parcerias existentes entre os agentes e as inovações adotadas no período; além das
vantagens em relação à implantação da área de livre comércio e da zona de processamento de
exportação, localizadas no próprio município, são iniciativas do governo municipal que
poderão desencadear o desenvolvimento regional endógeno de Boa Vista, pois os incentivos
existem, necessitando apenas de sua implantação e efetivação.
Por fim, deve-se destacar que, mediante a análise dos resultados observados, constata-
se que a indústria possui possibilidades de desenvolvimento. Este fato pode ser comprovado
pelos diversos aspectos que foram verificados no que diz respeito às estratégias e à
competitividade dessa indústria.
No entanto, foram identificadas algumas potencialidades para o crescimento desse
setor, como os projetos existentes do governo estadual e municipal, como o Zoneamento
Ecológico-Econômico, que visa atender o planejamento do território de forma responsável,
comprometendo-se com as questões de preservação ambiental e o desenvolvimento
sustentável com maior efetividade dos recursos financeiros aplicados, além da construção de
um condomínio industrial, onde está destinado um espaço para atender o setor o moveleiro.
Dessa forma, sancionada em 2006, a lei de gestão de florestas públicas tem por
objetivos a regulamentação da gestão das florestas em áreas públicas, bem como a criação de
um fundo nacional de desenvolvimento florestal para promover o desenvolvimento
tecnológico, assistência técnica e incentivos para o desenvolvimento do setor florestal
nacional.
Assim, deverá ser regulamentado o uso e a gestão da Floresta Nacional (Flona) de
Anauá criada em 2005, que se apresenta como uma das potencialidades de desenvolvimento
do setor madeireiro e moveleiro, pois tem o objetivo de promover o uso múltiplo dos recursos
florestais, a manutenção e a recuperação de áreas degradadas, bem como o apoio ao
desenvolvimento de métodos de exploração sustentável dos recursos florestais.
Enfim, para que se possa afirmar que o setor terá acentuado seu desenvolvimento,
contribuindo para geração de renda e emprego na região, é necessário que sejam superadas as
dificuldades identificadas. Sendo assim, a contribuição maior deste trabalho foi proporcionar
uma ampla visão de diversos aspectos relacionados à indústria em questão, de forma que as
dificuldades possam ser superadas de maneira mais eficiente.
112
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123
APÊNDICE A QUESTIONÁRIO APLICADO NO SETOR
MOVELEIRO DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL - UFRGS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA - UFRR
MESTRADO INTERINSTITUCIONAL EM ECONOMIA
NÚCLEO DE ESTUDOS COMPARADOS DA AMAZÔNIA E DO CARIBE - NECAR
TESE: A INDÚSTRIA MOVELEIRA DE BOA VISTA: ESTRUTURA E POTENCIALIDADES
ORIENTADOR: NALI DE JESUS DE SOUZA
MESTRANDA: LUCIANA SILVA DE SOUZA
Boa Vista (RR), janeiro de 2009.
Prezados respondentes
Agradecemos a sua colaboração no preenchimento deste instrumento de pesquisa e
ressaltamos a importância da fidedignidade dos dados para a correta avaliação do estudo.
Entendemos que em um ambiente de extrema competitividade, onde o conhecimento é o
principal instrumento da concorrência, torna-se imprescindível aproximar as instituições de
ensino com as empresas, para que através da interação e da troca de informações, possamos
juntos encontrar soluções para enfrentar novos desafios.
Informamos que os dados serão confidenciais e analisados de maneira global não
constando referências em termos de nomes ou identificação direta da organização.
Certos da sua atenção e com votos de prosperidade e sucesso, agradecemos
antecipadamente,
Luciana Silva de Souza
Mestranda em Economia UFRGS/UFRR
Prof. Dr. Nali de Jesus de Souza
Orientador
124
QUESTIONÁRIO DA CADEIA PRODUTIVA DO SETOR MOVELEIRO DE BOA VISTA
Esta pesquisa faz parte da dissertação de mestrado de Luciana Silva de Souza que objetiva estudar,
analisar e caracterizar a atividade moveleira no município de Boa Vista.
A sua colaboração é fundamental no sentido de participar deste diagnóstico que compõe os segmentos
integrantes da cadeia produtiva do setor moveleiro.
Os resultados serão disponibilizados na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), na
UFRR (Universidade Federal de Roraima), no NECAR (Núcleo de Estudos Comparados da Amazônia e do
Caribe) e SEPLAN (Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento).
DATA: _________/__________/ 2 0 0 9 .
I. DADOS CADASTRAIS (CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA)
Empresa:
Nome do Entrevistado:
Ramo de Atividade:
Grau de Instrução do Entrevistado:
Endereço (Fábrica):
Bairro:
Cidade:
CEP:
Fone/Fax:
E-mail:
Nº. Empregados (Total):
1. Pessoas que trabalham na/para a empresa:
a) ( ) Empregados com registro em carteira. b) ( ) Terceirizados.
c) ( ) Temporários. d) ( ) Outros/familiares.
e) ( ) Não sabe.
2. Nível de escolaridade da maioria das pessoas que trabalham na/para a empresa:
a) ( ) Possuem nível Básico. b) ( ) Possuem nível Fundamental.
c) ( ) Possuem nível Médio. d) ( ) Possuem nível Superior.
e) ( ) Não sabe.
125
3. Classificação da empresa:
a) ( ) Formal. b) ( ) Informal. c) ( ) Não respondeu ou não opinou.
4. Ano de Fundação da empresa: _______________________________________________________________
5. Início da Atividade: ________________________________________________________________________
6. Cargo exercido pelo informante na empresa:
a) ( ) Proprietário. b) ( ) Sócio. c) ( ) Gerente.
d) ( ) Não respondeu ou não opinou.
II. PERFIL DO EMPRESÁRIO
1. Sexo do empresário:
a) ( ) Masculino. b) ( ) Feminino.
2. Idade quando criou a empresa:
a) ( ) Menos de 18 anos. b) ( ) De 18 a 29 anos.
c) ( ) De 30 a 39 anos. d) ( ) De 40 a 49 anos.
e) ( ) De 50 ou mais. f) ( ) Não informou.
3. Essa atividade é a principal fonte de renda do empresário?
a) ( ) Sim. b) ( ) Não. Qual a outra fonte? ________________________.
4. Qual a faixa etária de idade do empresário:
a) ( ) Menos de 18 anos. b) ( ) De 18 a 29 anos.
c) ( ) De 30 a 39 anos. d) ( ) De 40 a 49 anos.
e) ( ) De 50 ou mais. f) ( ) Não informou.
5. Grau de instrução do empresário:
a) ( ) Analfabeto. b) ( ) Ensino Fundamental.
c) ( ) Ensino Médio. d) ( ) Ensino Superior.
e) ( ) Pós Graduação. f) ( ) Não informou.
III. PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS
1. Qual a origem da matéria-prima utilizada? (A questão admite mais de uma resposta)
a) ( ) Próprio município. b) ( ) Outros municípios de Roraima. c) ( ) Outros Estados
126
2. Qual o tipo de matéria prima utilizada na confecção dos móveis?
a) ( ) Madeira. b) ( ) MDF. c) ( ) Ambos. d) ( ) Sem resposta.
3. A madeira trabalhada é proveniente de Manejo Florestal?
a) ( ) Sim. b) ( ) Não. c) ( ) Não respondeu ou não opinou.
4. Quais os tipos de madeira mais utilizada?
a) ( ) Cedro. b) ( ) Abiu. c) ( ) Angelim Pedra.
d) ( ) Estopera. e) ( ) Cupiúba. f) ( ) Jatobá.
g) ( ) Marupá. h) ( ) Maçaranduba. i) ( ) Ipê.
j) ( ) Cumaru. k) ( ) Angelim Ferro. l) ( ) Cardeiro/Cedrinho.
m) ( ) Caferana. n) ( ) Outros. Quais: _________________________________________.
IV. ESTRUTURA
1. Quanto às instalações físicas e equipamentos:
1.1 O local onde a movelaria está instalada é:
a) ( ) Próprio. b) ( ) Alugado.
1.2 Qual é a área do imóvel em m
2
?
a) ( ) Até 100 m
2
. b) ( ) De 100 a 500 m
2
.
c) ( ) Acima de 500 m
2
.
1.3 Sente necessidade de ampliar a área construída?
a) ( ) Sim.
b) ( ) Não.
1.4 A situação dos equipamentos da empresa:
a) ( ) Atende às necessidades. b) ( ) Atende parcialmente.
c) ( ) Não atende às necessidades.
1.5 A empresa adquiriu novas máquinas/equipamentos nos últimos dois anos?
a) ( ) Não. b) ( ) Sim.
1.6 Se a resposta anterior for afirmativa, qual o montante dos investimentos?
a) ( ) Menos de R$ 10 mil.
b) ( ) De R$ 10 a R$ 25 mil.
c) ( ) De R$ 25 a R$ 50 mil.
d) ( ) de R$ 50 a R$ 100 mil.
e) ( ) Acima de R$ 100 mil.
127
2. Indique abaixo quais os móveis produzidos pela empresa e respectivos materiais utilizados:
CLASSE DE MÓVEIS
MATERIAIS UTILIZADOS (TIPOS DE INSUMOS)
Móveis residenciais
Madeira
Metal
Plástico
Outros
Móveis de assento
( )
( )
( )
( )
Armários e estantes
( )
( )
( )
( )
Mesas
( )
( )
( )
( )
Móveis para dormitório
( )
( )
( )
( )
Móveis de cozinha e banheiro
( )
( )
( )
( )
Móveis de jardim
( )
( )
( )
( )
Móveis infantis
( )
( )
( )
( )
Móveis de escritório
Madeira
Metal
Plástico
Outros
Mesas
( )
( )
( )
( )
Móveis de assento
( )
( )
( )
( )
Armários e estantes
( )
( )
( )
( )
Móveis para informática
( )
( )
( )
( )
Móveis de uso público
Madeira
Metal
Plástico
Outros
Móveis escolares
( )
( )
( )
( )
Móveis de hospitais e consultórios
( )
( )
( )
( )
Móveis de hotelaria
( )
( )
( )
( )
Móveis para auditórios e igrejas
( )
( )
( )
( )
Móveis para parques e clubes
( )
( )
( )
( )
Equipamentos urbanos
( )
( )
( )
( )
3. Quais os móveis mais vendidos por sua empresa? ( A questão admite mais de uma resposta).
a) ( ) Móveis Residenciais. b) ( ) Esquadrias.
c) ( ) Móveis para instalação de lojas. d) ( ) Móveis para escritórios.
d) ( ) Carrocerias. f) ( ) Escadas, placas e móveis em miniaturas
V. DESTINO DAS VENDAS
1. Qual (is) é(são) o(s) mercado(s) geográfico(s) atingido(s) pela empresa?
a) ( ) Local.
b) ( ) Estadual.
c) ( ) Regional.
d) ( ) Nacional
e) ( ) Internacional.
128
2. Quais os principais produtos vendidos e a quantidade produzida?
Principais Produtos
QUANTIDADE
2007
1.
2.
3.
4.
5.
3. Indique qual o principal canal de comercialização utilizado pela empresa:
a) ( ) Lojas próprias. b) ( ) Grandes varejistas.
c) ( ) Pequenos varejistas. d) ( ) Venda sob encomenda.
e) ( ) Venda Direta.
f) ( ) Outro. Qual?____________________________________________________________________
4. Indique, por ordem de importância (1º, 2º, 3º), três fatores de sucesso na comercialização de seus produtos:
a) ( ) Preço do produto.
b) ( ) Marca do produto e/ou tradição da empresa.
c) ( ) Serviços pós-venda/Assistência ao consumidor.
d) ( ) Propaganda/Publicidade.
e) ( ) Prazo e confiabilidade nos prazos (facilidade no pagamento).
f) ( ) Estilo/Desenho.
g) ( ) Acabamento/Qualidade.
f) ( ) Localização Geográfica.
i) ( ) Outro. Qual?_______________________________________________________________________
5. Indique com X a sazonalidade da produção da empresa:
SAZONALIDADE
PERÍODO
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
PICO
BAIXA
129
6. Indique a faixa de faturamento bruto anual da empresa moveleira?
FAIXA DE FATURAMENTO DA EMPRESA (R$)
PORTE DA EMPRESA
a)
Até 122.000.
MICRO
b)
De 122.001 a 244.000.
c)
De 244.001 a 600.000.
PEQUENA
d)
De 600.000 a 1.200.000.
e)
De 1.200.001 a 1.440.000.
f)
De 1.440.001 a 1.800.000.
g)
De 1.800.001 a 10.500.000.
VI. DESIGN
1. Marque com X a importância das principais fontes de informação para a concepção e desenvolvimento de
produtos, ou seja, qual a principal origem (fonte) do design utilizado pela empresa:
ORDEM
FONTES DE INFORMAÇÃO
IMPORTÂNCIA
a) Alta
b) Média
c) Baixa
d) Nula
01
Visitas a feiras da região.
02
Visitas a feiras em outras regiões do país.
03
Visitas a feiras no exterior.
04
Catálogos, revistas e sites especializados da
internet.
05
Especificações de clientes.
06
Imitações de produtos concorrentes nacionais.
07
Imitação de produtos concorrentes estrangeiros.
08
Contratação de especialista em design.
09
Universidade/ centros de pesquisa.
10
Outros. Descreva:
2. A empresa possui pessoal especializado em design?
a) ( ) Sim. Qual o nº de pessoas envolvidas com o design? ___________ b) ( ) Não.
3. A empresa utiliza os sistemas CAD (Design auxiliado por computador):
a) ( ) Sim. b) ( ) Não.
130
4. Indique duas iniciativas, por ordem de importância (1º,2º), que considera mais adequadas para a promoção do
design no seu pólo (região) de produção:
a) ( ) Bolsas de estudo para formação de pessoal especializado.
b) ( ) Escolas técnicas.
c) ( ) Melhoria da assistência do SENAI/SEBRAE/SENAC.
d) ( ) Apoio de agências financiadoras aos investimentos das empresas.
e) ( ) Fornecimento de informações sobre a preferência do mercado.
f) ( ) Outra. Qual?______________________________________________________________________
5. A empresa possui catálogo dos seus produtos?
a) ( ) Sim.
b) ( ) Não.
6. A empresa faz um teste de qualidade nos produtos fabricados?
a) ( ) Sim.
b) ( ) Não.
VII. COOPERAÇÃO MULTILATERAL
1. A empresa é associada a alguma entidade de classe (sindicato, associação setorial, ou outra instituição local
relevante para o APL)?
a) ( ) Sim. b) ( ) Não.
2. Se afirmativo, qual (is) entidade (s) de classe a empresa é associada?
____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
3. A empresa participa de programas de apoio coordenados por entidades locais ou por instituições de apoio
(GOVERNO ESTADUAL, FEDERAL, SEBRAE, FECOR, ou outra)?
a) ( ) Sim.
b) ( ) Não.
4. A empresa já se beneficiou dos resultados de algum dos programas de apoio coordenados por entidades locais
ou por instituições de apoio?
a) ( ) Sim. b) ( ) Não.
5. De que forma a empresa se beneficiou dos resultados desses programas de apoio?
____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
131
6. Marque com X como a sua empresa avalia a importância da contribuição de sindicatos, associações,
cooperativas locais no tocante às seguintes atividades:
ORDEM
1. TIPO DE CONTRIBUIÇÃO
2. IMPORTÂNCIA
a) Alta
b) Média
c) Baixa
d) Nula
01
Auxílio na definição de objetivos comuns para
o setor moveleiro.
02
Auxílio na definição de ações estratégicas
(planejamento).
03
Disponibilização de informações sobre
matérias-primas, equipamento, assistência
técnica, consultoria, etc.
04
Identificação de fontes e formas de
financiamento.
05
Abertura de canais de comercialização
(mercado interno).
06
Abertura de canais de comercialização
(mercado externo).
07
Prospecção sobre tendências de mercados e
produtos.
08
Apresentação de reivindicações comuns.
09
Criação de fóruns e ambientes para discussão.
10
Promoção de ações dirigidas à capacitação
tecnológica de empresas.
11
Estímulos ao desenvolvimento do sistema e
pesquisa local.
12
Organização de eventos técnicos e comerciais.
13
Outro. Descreva:
7. A empresa desenvolve alguma atividade de Responsabilidade Social?
( ) Sim. ( ) Não.
VIII. MEIO AMBIENTE
1. A empresa utiliza algum material poluente?
( ) Sim. ( ) Não.
2. Adota procedimentos para preservação do meio ambiente? (Admite mais de uma resposta).
a) ( ) Não adota.
b) ( ) Tratamento de resíduos.
c) ( ) Otimização do consumo de recursos no processo produtivo.
d) ( ) Controle, recuperação ou reciclagem das descargas líquidas industrial.
e) ( ) Controle de ruídos e vibrações.
f) ( ) Disposição adequada de resíduos sólidos (lixo) da atividade industrial
g) ( ) Mudanças nos procedimentos de estocagem, transporte, manuseio, distribuição e disposição final dos
produtos ou materiais perigosos e suas embalagens.
h) ( ) Cursos ou treinamento de mão-de-obra para prática dos procedimentos relacionados.
i) ( ) Dar preferência a fornecedores e distribuidores que não tem uma imagem ambiental negativa.
j) ( ) Outros. Descreva: ___________________________________________________________________
132
3. Quais insumos utiliza no processo industrial?
( ) Energia ( ) Água ( ) Vapor
4. Qual a quantidade de resíduos (em kg/mês) é produzido?
a) ( ) Menos de 10 kg por mês. b) ( ) De 11 à 30 kg por mês.
c) ( ) De 31 à 50 kg por mês. d) ( ) Mais de 50 kg por mês.
IX. FINANCIAMENTO
1. A empresa conhece as linhas de financiamento de fontes públicas, disponíveis para apoio tecnológico?
a) ( ) Não conhece.
b) ( ) BNDES/FINEP.
c) ( ) BASA.
d) ( ) FUNDO ESTADUAL.
e) ( ) Outros. Descreva: __________________________________________________________________
2. A empresa já utilizou alguma das linhas de financiamento conhecidas para desenvolvimento de produtos e
outras atividades tecnológicas?
a) ( ) Sim b) ( ) Não.
3. Em caso afirmativo. Qual foi a fonte e linha de financiamento utilizada?
___________________________________________________________________________________________________
4. Teve dificuldades para acesso aos mecanismos de financiamento? (Esta questão permite múltipla escolha).
a) ( ) Nunca procurou financiamento.
b) ( ) Não teve dificuldades para obter financiamento.
c) ( ) Por inadequação dos prazos.
d) ( ) Por inadequação das taxas de juros.
e) ( ) Por exigências de garantias.
f) ( ) Por excesso de burocracia.
g) ( ) Por exigências dos bancos repassadores.
h) ( ) Outros. Descreva: ___________________________________________________________________
5. Qual a sua opinião em relação ao mercado atual:
a) ( ) Em expansão. b) ( ) Em retração. c) ( ) Estável.
133
6. Marque com um X os principais problemas enfrentados nos últimos anos (a questão permite múltipla escolha):
PRINCIPAIS PROBLEMAS DO SETOR
MARCAÇÃO
Falta de capital de giro?
Falta de equipamentos apropriados?
Carga tributária elevada?
Concorrência muito forte?
Problemas atuais enfrentados, reflexo da crise financeira?
Instalações inadequadas?
Localização inadequada da empresa?
Falta de conhecimento gerenciais?
Falta e dificuldade na obtenção de crédito junto às instituições?
Maus pagadores (“Calote”)?
Problemas financeiros?
Desconhecimento do mercado?
Falta de mão-de-obra qualificada?
Outros. Cite: _______________________________________________________
7. Quais as principais dificuldades enfrentadas pelo setor moveleiro e o que precisa ser melhorado.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Roraima, Núcleo de Estudos
Comparados da Amazônia e do Caribe NECAR e esta mestranda que desenvolve essa dissertação de mestrado
sobre “A indústria moveleira de Boa Vista: estrutura e potencialidades” antecipadamente agradecem a atenção e
colaboração dispensada, em nome das instituições envolvidas.
Informações prestadas por:
Assinatura:
Local e Data:
134
ANEXO A LISTA DAS EMPRESAS FILIADAS AO SINDIMAR
01
MARCENARIA REBOUÇAS
Alcides F. Rebouças ME
CNPJ: 84.050.509/0001-39
Rua: Bartolomeu Bueno da Silva, nº. 216 Bairro: Calungá.
CEP: 69.303 210. Boa Vista RR
Fone: (095) 3224 1236
02
STYLLU’S MÓVEIS DA AMAZÔNIA
Cláudia Paulino ME
CNPJ: 05.999.754/0001-10
Avenida Ville Roy, S/N, Bairro: São Pedro. Boa Vista RR
Fone: (095) 3623-0825/3224-0074/ 8121-0589
E-mail:styllusimobile@uol.com.br/[email protected]m.br/ [email protected]
03
CARPINTARIA E MARCENARIA AMAJARÍ
C.C. Campos
CNPJ: 34.805.804/0001-86
Rua: Bem Querer, nº. 362 Bairro: 13 de Setembro. Boa Vista RR
Fone: (095) Fone: (095) 9113-4216
04
MOVELARIA CASTELO BRANCO
J. L. de Souza - ME
CNPJ: 04.683.272/0001-94
Avenida Presidente Castelo Branco, nº. 1.272 Bairro: São Vicente
CEP: 69.301 270. Boa Vista RR
Fone: (095) 8115-4212
05
LOCADORA TAVARES
J. L. Tavares ME
CNPJ: 22.909.493/0001-10
Rua: da Jaqueira, nº. 261 Bairro: Caçari
CEP: 69.307 410. Boa Vista RR
Fone: (095) 3623-4455/9112-7713
E-mail: joao[email protected]
06
METABIQUEIRA MARCELINENSE
CNPJ: 03.472.387/0001-77
Rua: Rotary, nº. 20 Bairro: Mecejana. Boa Vista RR
Fone: (095) 3224-2197/9112-1550
07
ANTILEF ME
CNPJ: 84.011.485/0001-09
Rua: Tete Magalhães, nº. 44 Bairro: Caimbé. Boa Vista RR
Fone: (095) 3625-5276/9902-3379
E-mail: juaneladiol@yahoo.com.br
08
BALBINO E CIA LTDA
CNPJ: 84.216.897/0001-12
Rua: Felipe Xaud, nº. 608 Bairro: Buritis. Boa Vista RR
Fone: (095) 9111-0251
09
J DE OLIVEIRA ME
CNPJ: 84.049.105/0001-25
Avenida João Liberato, nº. 128 Bairro: Caranã. Boa Vista RR
Fone: (095) 3627-1956/9127-7120
135
10
F. G. PRAXEDES ME
CNPJ: 04.387.329/0001-08
Rua: Barão do Rio Branco, nº. 1.294 Bairro: Centro
CEP: 69.301 130. Boa Vista RR
Fone: (095) 3224-6899/9971-4013
11
MADEIRIC MADEIREIRA INDUSTRIAL E COMÉRCIO LTDA
CNPJ: 04.037.784/0001-83
Rua: Sizenando C. Cavalcante, nº. 1.195 Bairro: Jardim Floresta
CEP: 69.305 300. Boa Vista RR
Fone: (095) 3625-4393/8111-0560
12
R M MODULADOS
R de Jesus C. Mendonça ME
CNPJ: 09.050.086/0001-31
Rua: Acesso 1, nº. 291 Bairro: Centenário
Boa Vista RR
Fone: (095) 3626-6584/8117-9739
E-mail: r.m.modulado[email protected]m
13
CARLOS MÓVEIS
C. A. C. Ferreira - ME
CNPJ: 00.779.437/0001-75
Rua: Cruzeiro do Sul, nº. 47 Bairro: Jardim Primavera
CEP: 69.315 000. Boa Vista RR
Fone: (095) 3627-4205/9964-5126
14
COOPMARCENEIROS
J. H. Torres - ME
CNPJ: 04.488.499/0001-89
Rua: Distrito Industrial Lote nº. 905 Aquilino Mota Duarte/Distrito Industrial
Boa Vista RR
Fone: (095) 3626-7473/9111-4425
E-mail: incopa[email protected]
15
MÓVEIS SINDEAUX
M. L. Costa Ribeiro ME
CNPJ: 34.798.686/0001-20
Avenida Venezuela, nº. 3205 Bairro: Jardim Floresta
CEP: 69.301 970. Boa Vista RR
Fone: (095) 3625-4869/3627-5843/3623-6146/9971-4988/9113-3695
E-mail: moveis_sindeaux@hotmail.com
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