Foram consultados, além do Afro, o Ceris (Centro de Estatística Religiosa e
Investigações Sociais), órgão ligado à Igreja Católica, a Fundação Ford, o Ministério
da Educação, universidades e ONGs.
Não há dados consolidados sobre os anos anteriores, mas especialistas,
governo e ONGs apontam um aumento das ações afirmativas depois da Conferência
das Nações Unidas contra o Racismo, a Discriminação, a Xenofobia e a Intolerância
Correlata, realizada em setembro de 2001 em Durban, na África do Sul.
Em segundo lugar nas iniciativas de ação afirmativa para negros, estão as de
geração de trabalho e renda (18,7% do total). Projetos mistos de educação e trabalho
representam 1,7%. Também existem iniciativas nas áreas de direitos humanos
(13,3%), informação (7,2%), cultura (5,5%) e legislação (4,5%), entre outras.
As ONGs são as principais promotoras das ações, coordenando 36,5% dos
programas. Um quarto dos projetos é de iniciativa governamental (União, Estados e
municípios), e parcerias entre governo e ONGs promovem 9,1% deles.
Também têm se multiplicado as iniciativas em universidades, muitas das quais
públicas. O programa Políticas da Cor, do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro), com apoio da Fundação Ford, financia
outros 27 projetos de ação afirmativa no ensino superior, sendo 17 em universidades.
Há ainda projetos de sindicatos, partidos e empresas.
Para a coordenadora do Afro, Rosana Heringer, as ONGs provocaram a
proliferação de ações afirmativas, mas, nos últimos anos, os governos aumentaram
sua participação, e as políticas públicas precisam ser ampliadas.
Entre as iniciativas há cooperativas de trabalho, grupos culturais, bolsas para
estudantes negros -como as oferecidas pela Fundação Ford e pelo Instituto Rio
Branco-, cursinhos pré-vestibulares, passando por campanhas de esclarecimento e
legislação sobre o assunto.
"As iniciativas cresceram. Isso é um avanço. Mas ainda há grande demanda
por ações afirmativas, principalmente no ensino superior", afirmou Heringer, que fará
uma pesquisa analisando os resultados das ações afirmativas para ver o que foi
implementado e o que não prosperou.
No segundo caso está, na avaliação dela, o decreto 4.228, de maio de 2002,
que determinava o estabelecimento de metas para aumentar a proporção de negros
nos cargos da administração pública e nunca foi regulamentado.
Alguns órgãos federais, como o STF (Supremo Tribunal Federal) e os
ministérios da Justiça e do Desenvolvimento Agrário, implementaram portarias
determinando reserva de vagas para contratar servidores negros.
(Fonte: Folha de S.Paulo, editoria Cotidiano, 19 de janeiro de 2004)
Questões:
- A partir do que foi apresentado nesta unidade, discuta o porquê de a educação ser
um dos principais alvos de ações afirmativas?
- Qual a importância das organizações não-governamentais na implementação dessas
políticas?
- Das iniciativas apontadas na matéria, qual chamou a sua atenção? Por quê?
- Que aspectos do texto você abordaria em sala de aula?
Na discussão desse caso, cada cursista expôs a sua opinião, que nem
sempre foram compatíveis, mas não houve debate entre os cursistas
colocando em confronto argumentações opostas.
“Penso que as políticas de ações afirmativas
devem sim iniciar pela educação, visto que é a partir do