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Em matéria social, histórica ou cultural – a língua é uma delas – a
idéia de padrão envolve necessariamente a de “protótipo”, “ideal” para
que se caminha, sem necessariamente atingi-lo, mas que está
presente ao espírito e ao afeto.
Portanto, língua-padrão é a forma lingüística ideal; é a própria língua
comum, a coiné, decantada, trabalhada, fixada e, como tal, isto é,
como “padrão”, aceita pela comunidade. Historicamente ela nasce de
uma tendência alta, nobre, dos homens a viver vida social.
Representa, no caso, atitude aristocrática que todo ser humano tem,
ao menos latente, e que se patenteia nos melhores momentos, nos de
realização própria e especificamente humana.
Do mesmo modo que os dialetos e falares se explicam pela força de
gravidade, pelo relaxamento, pelo menor esforço, - a constituição da
língua-padrão é resultado de atividade contrária, está no vértice do
esforço ascencional (sic), esse que produz, por exemplo, as grandes
elites (...) (MELO apud BASTOS; PALMA, 2008, p. 80).
Diante das mudanças pelas quais passava o ensino da língua com a
consolidação da NGB
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, Gladstone Chaves de Melo firmou-se como um gramático e
lingüista crítico, apresentando os pontos problemáticos existentes na nomenclatura e
de que maneira afetavam tanto os estudiosos da língua quanto os professores.
Todavia, o caminho inverso, trilhado em fins da década de 1970, ou seja, a
desarticulação da NGB em prol de um ensino voltado para a difusão das diversas
teorias lingüísticas não configurava uma solução para os problemas que o ensino da
língua materna vinha enfrentando. Pelo contrário, instaurava dificuldades, sobretudo
nos alunos, com relação à terminologia própria da Lingüística.
Portanto, Gladstone preocupou-se em destacar a distinção entre as pesquisas
científicas, que exigiam a utilização de uma terminologia específica, e as
convenções ligadas ao ensino. Estas, de acordo com o gramático, devem simplificar
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Nomenclatura Gramatical Brasileira.