Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA
A GUERRA DE TRÓIA NO IMAGINÁRIO ATENIENSE:
SUA REPRESENTAÇÃO NOS VASOS ÁTICOS DOS SÉCULOS VI-V A.C.
José Geraldo Costa Grillo
Orientadora: Profª Drª Haiganuch Sarian
Linha de Pesquisa: Representações simbólicas em Arqueologia
São Paulo
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA
A GUERRA DE TRÓIA NO IMAGINÁRIO ATENIENSE:
SUA REPRESENTAÇÃO NOS VASOS ÁTICOS DOS SÉCULOS VI-V A.C.
José Geraldo Costa Grillo
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Arqueologia do Museu de
Arqueologia e Etnologia da Universidade
de São Paulo para a obtenção do título de
doutor em Arqueologia.
Orientadora: Profª Drª Haiganuch Sarian
Linha de Pesquisa: Representações simbólicas em Arqueologia
São Paulo
2009
ads:
Para Sheila,
com quem partilho a vida.
AGRADECIMENTOS
A realização desta pesquisa contou com a contribuição de inúmeras pessoas e
instituições, às quais quero regitrar meus sinceros agradecimentos:
À Professora Haiganuch Sarian, minha orientadora, sem a qual a realização deste
trabalho não seria possível. Do alto de sua erudição, soube acompanhar, orientar e
desafiar a seguir em frente o seu aluno. A sua inserção no mundo acadêmico,
possibilitou-me ir várias vezes à Grécia para estudar e, como seu colaborador, ter
prática de escavação no Heraion de Delos. Ela proporcionou, ainda, o contato com
pessoas importantes da área de estudo e foi, durante todo o tempo, uma amiga
verdadeira.
Ao Professor Pedro Paulo Abreu Funari, outro grande amigo, que, como meu
professor na graduação, despertou em mim o interesse pela Arqueologia e introduziu-
me em seus estudos.
À Professora Fabíola Andrea Silva e ao Professor Álvaro Hashizume Allegrette,
pelas críticas e sugestões no exame de qualificação, as quais muito contribuíram para o
enriquecimento deste trabalho.
Ao Professor François Lissarrague, diretor do Centro Louis Gernet, em Paris,
que me recebeu para um estágio de pesquisa e contribuiu de maneira significativa,
recomendando leituras, fazendo críticas pertinentes e dando sugestões valiosas.
Ao Professor Dominique Muillez, diretor da Escola Francesa de Atenas, que me
recebeu para um estágio de pesquisa, dando todo o apoio e a orientação necessários.
À Escola Francesa de Atenas pelo acolhimento afetuoso e prestativo, nas
pessoas de seu diretor e funcionários, que de tudo fizeram para facilitar a pesquisa.
Ao Museu do Louvre, em especial a Alan Pasquier e a Alexandra Michel
Cardianou, que deram acesso irrestrito aos vasos solicitados para estudo.
Aos professores e funcionários do Museu de Arqueologia e Etnologia pela
colaboração e atenção prestadas em todos esses anos.
Aos muitos museus, que gentilmente cederam-me as imagens solicitadas.
À Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo, pela bolsa que
possibilitou meu estágio de pesquisa no Louvre e no Cabinet de Medailles em Paris.
À Capes, pela bolsa sanduíche que permitiu minha participação na escavação em
Delos, Escolha Francesa de Arqueologia de Atenas.
A saga do herói
Além disso, não precisamos correr
sozinhos o risco da aventura, pois os
heróis de todos os tempos a
enfrentaram antes de nós. O
labirinto é conhecido em toda a sua
extensão. Temos apenas de seguir a
trilha do herói, e lá, onde temíamos
encontrar algo abominável,
encontraremos um deus. E lá, onde
esperávamos matar alguém,
mataremos a nós mesmos. Onde
imaginávamos viajar para longe,
iremos ter ao centro da nossa
própria existência. E lá, onde
pensávamos estar sós, estaremos na
companhia do mundo todo.
Joseph Campbell
GRILLO, José Geraldo Costa. A Guerra de Tróia no imaginário ateniense: sua
representação nos vasos áticos dos séculos VI-V a.C.. 2009. Tese (Doutorado em
Arqueologia) Museu de Arqueologia e Etnologia, Universidade de São Paulo, São
Paulo.
RESUMO
O autor pergunta, a partir da iconografia da Guerra de Tróia, pelo lugar da
guerra no imaginário ateniense durante os séculos VI-V a.C.. O corpus da pesquisa é
constituído por 248 vasos áticos referentes a nove cenas: 1) Armamento de Aquiles; 2)
Partida de Aquiles; os duelos entre 3) Páris e Menelau, 4) Enéias e Diomedes, 5) Ájax e
Heitor, 6) Aquiles e Heitor, 7) Aquiles e Mêmnon; os retornos de guerreiros mortos em
batalha: 8) Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon e 9) Ájax carregando o
corpo de Aquiles. Os recortes espacial, Atenas, e cronológico, séculos VI-V a.C., foram
feitos devido à escolha deliberada dos vasos áticos e ao surgimento e desaparecimento
do tema nesse período.
Partindo dos pressupostos de que uma relação entre imagens e sociedade e de
que as imagens são construções do imaginário social, que permitem uma aproximação
às representações coletivas, o autor propõe ser a Guerra de Tróia um elemento
constitutivo do imaginário ateniense nos séculos VI-V a.C. e remeter sua iconografia às
representações dos atenienses sobre a atividade guerreira em seu próprio tempo.
As imagens pintadas da Guerra de Tróia, antes de serem ilustrações de um
evento do passado, são manifestações da imagem que a cidade de Atenas faz de si
mesma em relação à guerra. Presente na memória coletiva dos atenienses, a Guerra de
Tróia é um acontecimento, no qual a cidade fundamenta seus valores, sua sociedade e os
respectivos papéis de seus cidadãos. Em suma, a guerra, antes de ser uma atividade
restrita aos guerreiros, envolve toda a cidade, isto é, os não guerreiros, entre os quais, a
mulher e o homem idoso, pais do guerreiro, ocupam um lugar preponderante.
PALAVRAS-CHAVE:
Guerra de Tróia; Iconografia; Vasos áticos; Imaginário;
Atenienses.
GRILLO, José Geraldo Costa. The Trojan War in the Athenian imaginary: its
representation in attic vases in the 6th and 5th centuries B.C.. 2009. Dissertation
(Doctorate in Archeology) Archeological and Ethnological Museum, University of
São Paulo, São Paulo.
ABSTRACT
From the iconography of the Trojan War, the author asks about the place of the
war in the Athenian imaginary in the sixth and fifth centuries B.C. The corpus of the
research is composed of 248 attic vases about nine scenes: 1) The arming of Achilles; 2)
The departure of Achilles; the duels: 3) Paris fighting Menelaos, 4) Aeneas fighting
Diomedes, 5) Ajax fighting Hector, 6) Achilles fighting Hector, 7) Achilles fighting
Memnon; the returns of the dead warriors in battle: 8) Sleep and Death carrying the
body of Sarpedon, and 9) Ajax carrying the body of Achilles. The choice of space,
Athens, and chronological period, 6th and 5th centuries B.C., was based on a deliberate
option for the attic vases and on the appearance and disappearance of the theme in this
period.
Based on the assumptions that there is a relationship between images and society
and that images are constructs of the social imaginary, allowing an approximation to
collective representations, the author proposes that the Trojan War is a constituent
element of the Athenian imaginary in the sixth and fifth centuries B.C. and that its
iconography refers to the representations of Athenians on the war activity in their own
time.
The Trojan War’s painted pictures, rather than being illustrations of an event
from the past, are manifestations of the image that the city of Athens makes about itself,
concerning the war. The Trojan War is an event in the collective memory of the
Athenians, upon which the city establishes its values, its society and the respective roles
of its citizens. In short, that war, rather than being an activity restricted to warriors,
concerns the whole city, namely, the non-warriors, among them, the woman and the old
man, the warrior’s parents, who hold an important place.
KEY WORDS: Trojan War; Iconography; Attic vases; Imaginary; Athenians.
GRILLO, José Geraldo Costa. La Guerre de Troie dans l’imaginaire athénien: sa
représentation dans les vases attiques des siècles VI-V av.J.-C.. 2009. Thèse (Doctorat
en Archéologie) Musée d’Archéologie et d’Ethnologie, Université de São Paulo, São
Paulo.
RÉSUMÉ
L’autheur se demande, à partir de l’iconographie de la Guerre de Troie, sur la
place de la guerre dans l’imaginaire athénien pendant les siècles VI-V av.J.-C. Le
corpus de la recherche est constitué par 248 vases attiques, contenant neuf scènes: 1)
L’armement d’Achille; 2) Le départ d’Achille; les duels: 3) Paris combatant Ménélas, 4)
Enée combatant Diomède, 5) Ajax combatant Hector, 6) Achille combatant Hector, 7)
Achille combatant Memnon; les retours du guerrier mort en bataille: 8) Sommeil et Mort
portant le corps de Sarpédon et 9) Ajax portant le corps d’Achille. Les délimitations
spatial, Athènes, et chronologique, siècles VI-V av.J.-C., ont été motivées par un choix
délibéré des vases attiques et par l’apparition et la disapparition du thème dans cette
période.
En partant des préjugés qu’il y a un rapport entre les images et la société et que
les images sont des constructions de l’imaginaire social, qui permettent un
rapprochement des représantions collectives, l’auteur propose être la Guerre de Troie un
élément constitutif de l’imaginaire athénien dans les siècles VI-V av.J.-C. et de remettre
son iconographie aux représentations des athéniens sur l’activité guerrière dans leur
propre temps.
Les images peints de la Guerre de Troie, avant d’être des illustrations d’un
événement du passé, sont des manifestations de l’image que la cité d’Athènes se fait
d’elle-même à propos de la guerre. Présente dans la mémoire collective des athéniens, la
Guerre de Troie est un événement, dans lequel la cité fonde ses valeurs, sa société et les
respectifs rôles de ses citoyens. Bref, la guerre, avant d’être une activité restreinte aux
guerriers, concerne toute la cité, c’est-à-dire, les non guerriers, y inclus la femme et le
veillard, parents du guerrier, qu’y occupent une place importante.
MOTS-CLÉS:
Guerre de Troie; Iconographie; Vases attiques; Imaginaire;
Athéniens.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11
1. Apresentação do tema 11
2. Constituição do corpus 11
3. Estado atual da questão 12
4. Problema estudado e tese proposta 16
5. Aspectos teóricos e procedimentos metodológicos 16
5.1 Aspectos teóricos 16
5.1.1 Arqueologia e história, cultura material e documentação escrita 19
5.1.2 A imagem como documento 20
5.1.3 O estudo histórico-cultural da imagem 21
5.2 Procedimentos metodológicos 22
6. Plano da obra 24
CAPÍTULO 1. OS ARTESÃOS E A GUERRA DE TRÓIA 25
1.1 575-550 a.C. 29
1.1.1 Figuras negras 30
1.1.1.1 Primeiras figuras negras 30
1.1.1.2 Pintores de cálice tipo Siana 30
1.1.1.3 Clítias 31
1.1.1.4 Nearcos e outros 31
1.1.1.5 Grupo Tirrênico 32
1.1.1.6 Lido e seus companheiros 33
1.1.1.7 Pintores de cálice dos Pequenos Mestres 33
1.1.2 Vasos sem atribuição 34
1.2 550-525 a.C. 34
1.2.1 Figuras negras 35
1.2.1.1 Pintor de cálice tipo Siana 35
1.2.1.2 Lido e seus companheiros 35
1.2.1.3 Grupo E e Exécias 35
1.2.1.4 Pintor de Amásis 36
1.2.1.5 Nicóstenes 36
1.2.1.6 Lisípides 36
1.2.1.7 Antímenes e seu círculo 36
1.2.1.8 Outros pintores de vaso 37
1.2.1.9 Pintor de olpa 38
1.2.1.10 Pintor de lécito 38
1.2.2 Vasos sem atribuição 39
1.3 525-500 a.C. 39
1.3.1 Figuras negras 39
1.3.1.1 Lido e seus companheiros 39
1.3.1.2 Lisípides 39
1.3.1.3 Antímenes e seu círculo 40
1.3.1.4 Grupo de Leagro 40
1.3.1.5 Outros pintores de vaso 42
1.3.1.6 Grupo de Munique 1512 43
1.3.1.7 Enócoas 43
1.3.1.8 Pintor de lécito 43
1.3.1.9 Pintores de ânfora pequena 43
1.3.2 Figuras vermelhas 44
1.3.2.1 Pintores de vaso do período arcaico 44
1.3.2.2 Pintores de cálice do período arcaico 44
1.3.2.3 Vasos sem atribuição 45
1.4 500-475 a.C. 45
1.4.1 Figuras negras 45
1.4.1.1 Pintores de lécito 45
1.4.1.2 Pintores de ânfora pequena 46
1.4.1.3 Pintor de cálice, tardio 47
1.4.2 Figuras vermelhas 48
1.4.2.1 Pintores de vaso do período tardo-arcaico 48
1.4.2.2 Outros pintores de vaso grande do período tardo-arcaico 48
1.4.2.3 Pintores de cálice do período tardo-arcaico 49
1.4.2.4 Pintor de vaso grande do período proto-clássico 50
1.4.2.5 Vasos sem atribuição 50
1.5 475-450 a.C. 50
1.5.1 Figuras vermelhas 50
1.5.1.1 Pintores de vaso grande do período proto-clássico 50
1.5.1.2 Pintores de vaso pequeno do período proto-clássico 51
1.5.1.3 Pintores de cálice do período proto-clássico 52
1.5.1.4 Vasos sem atribuição 52
1.6 450-425 a.C. 52
1.6.1 Figuras vermelhas 53
1.6.1.2 Pintores de vaso do período clássico 53
1.6.1.3 Pintor de cálice do período clássico 53
1.6.1.4 Pintor de vaso do período tardo-clássico 54
CAPÍTULO 2. O ARMAMENTO E A PARTIDA DO GUERREIRO 55
2.1 Armamento de Aquiles 55
2.1.1 Tradição literária 55
2.1.2 História da pesquisa 57
2.1.3 Análise iconográfica 70
2.2 Partida de Aquiles 75
2.2.1 Tradição literária 75
2.2.2 História da pesquisa 76
2.2.3 Análise iconográfica 78
2.3 Síntese 82
CAPÍTULO 3. OS DUELOS 83
3.1 O duelo entre Páris e Menelau 83
3.1.1 Tradição literária 83
3.1.2 História da pesquisa 84
3.1.3 Análise iconográfica 86
3.2 O duelo entre Enéias e Diomedes 88
3.2.1 Tradição literária 88
3.2.2 História da pesquisa 89
3.2.3 Análise iconográfica 92
3.3 O duelo entre Ájax e Heitor 94
3.3.1 Tradição literária 94
3.3.2 História da pesquisa 95
3.3.3 Análise iconográfica 97
3. 3.4
O duelo entre Aquiles e Heitor 100
3.4.1 Tradição literária 100
3.4.2 História da pesquisa 101
3.4.3 Análise iconográfica 102
3.5.
O duelo entre Aquiles e Mêmnon 104
3.5.1 Tradição literária 104
3.5.2 História da pesquisa 104
3.5.3 Análise iconográfica 107
3.6 Síntese 110
CAPÍTULO 4. O RETORNO DO GUERREIRO MORTO 111
4.1 Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon 111
4.1.1 Tradição literária 111
4.1.2 História da pesquisa 112
4.1.3 Análise iconográfica 123
4.2 Ájax carregando o corpo de Aquiles 126
4.2.1 Tradição literária 126
4.2.2 História da pesquisa 127
4.2.3 Análise iconográfica 135
4.3 Síntese 144
CAPÍTULO 5. A GUERRA DE TRÓIA NO IMAGINÁRIO ATENIENSE 146
5.1 Guerra e sociedade 147
5.2 Guerra e religião 148
5.3 A guerra envolve toda a cidade 151
5.3.1 O armamento e a partida do guerreiro 152
5.3.2 Os duelos 159
5.3.3 O retorno do guerreiro morto 169
5.4 Síntese 173
CONSIDERAÇÕES FINAIS 174
CATÁLOGO 176
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 426
INTRODUÇÃO
1. Apresentação do tema
A escolha da iconografia da Guerra de Tróia decorre do fato de as cenas
representadas sobre os vasos gregos serem, costumeiramente, agrupadas e constituídas,
nos estudos arqueológicos, em corpus com temas precisos. Corpora de imagens têm
sido constituídos sobre os artesãos, os escravos, os guerreiros, as relações de gênero, a
homossexualidade, o casamento, os funerais, os rituais religiosos, os personagens
divinos ou heróicos, os múltiplos episódios mitológicos, etc. (cf. SCHMITT-PANTEL;
THELAMON, 1983).
Um corpus costumeiramente delimitado sobre episódios mitológicos constitui o
Ciclo Troiano, ou seja, aquele referente à Guerra de Tróia. Dentre as inúmeras cenas
que compõem esse Ciclo restringiu-se, por preocupações de cunho histórico-cultural,
àquelas em torno dos três momentos nodais da atividade guerreira: o armamento e a
partida do guerreiro, os duelos e o retorno do guerreiro morto. Assim, são consideradas
nove cenas: 1) Armamento de Aquiles; 2) Partida de Aquiles; os duelos entre 3) Páris e
Menelau, 4) Enéias e Diomedes, 5) Ájax e Heitor, 6) Aquiles e Heitor, 7) Aquiles e
Mêmnon; os retornos de guerreiros mortos em batalha: 8) Sono e Morte carregando o
corpo de Sarpédon e 9) Ájax carregando o corpo de Aquiles.
Os recortes espacial, Atenas, e cronológico, séculos VI-V a.C., foram feitos
devido à escolha deliberada dos vasos áticos e ao surgimento e desaparecimento do
tema nesse período.
2. Constituição do corpus
O levantamento dos vasos áticos dos séculos VI-V a.C. referentes às nove cenas
escolhidas foi feito por meio das listas de John Davidson Beazley (1956, 1963 e 1971),
dos fascículos do Corpus Vasorum Antiquorum, dos verbetes relacionados do Lexicon
Iconographicim Mythologiae Classicae e demais obras consultadas.
Diante do número de vasos obtido, algumas escolhas e restrições foram
necessárias. Primeiramente, devido ao problema iconográfico, uma vez que apenas uma
pequena parcela dos vasos tem inscrições que identificam os personagens e,
12
consequentemente, as cenas, considerei somente aqueles que os autores consultados
julgaram representar uma das cenas. Em seguida, como havia ainda, em alguns casos,
dúvidas ou divergências, entre os autores, na identificação de uma mesma imagem a
uma ou a outra cena, adotei aquela julgada mais convincente. Finalmente, por razões
operacionais e cronológicas, restringi-me aos vasos que tinham imagem disponível e
àqueles datados de maneira absoluta. O resultado foi o arrolamento de 248 vasos.
No Catálogo, apresentado no final do trabalho, os vasos estão listados
sequencialmente, da primeira à última cena. Em cada uma delas, segue-se a ordem
cronológica, isto é, do vaso mais antigo ao mais recente.
3. Estado atual da questão
Os vasos gregos têm atraído, desde muito tempo, a atenção dos arqueólogos,
pois esses objetos de formas, origens e dimensões diversas, revelam-se extraordinários
documentos da civilização grega, ao permitirem um contato direto com aspectos
múltiplos da vida pública e privada dos antigos gregos, ampliando, assim, seu campo de
leituras (cf. METZGER, 1964).
Todavia, até bem recentemente, as imagens pintadas sobre os vasos eram
consideradas como ilustrações que viriam, de alguma maneira, confirmar os fatos
estabelecidos a partir dos textos (cf. VILLARD, 1956). Atualmente, porém, a
perspectiva mudou e passou-se a dar a essas imagens o estatuto de documento em
sentido próprio e a estudar cada representação pintada por ela mesma, exatamente como
se faz com um texto, levando em conta sua especificidade, ou seja, a maneira como ela
interpreta o real. Nesse sentido, este repertório de imagens torna-se um verdadeiro
objeto de história, permitindo colocar de maneira diferente as questões tradicionais e
abrindo novos campos de trabalho. Enfim, os vasos gregos, com suas representações,
tornaram-se uma fonte singular para se compreender tanto os hábitos de vida quanto o
imaginário social dos gregos, pois as cenas pintadas são, assim como os poemas,
criações dos artistas que partem talvez da realidade, mas a transpõem à sua maneira
(ORRIEUX; SCHIMITT-PANTEL, 1995).
Nesse contexto, o interesse pelo imaginário ateniense a partir da iconografia da
Guerra de Tróia nos vasos áticos faz-se importante, pois não notícia de um estudo
que aborde as ações guerreiras propriamente ditas com essa preocupação.
Os estudos da cerâmica grega têm se caracterizado pela variedade de abordagens
e de interesses, sendo muito difícil apresentá-la sem correr o risco de esquematização e,
13
mesmo, de arbitrariedade (cf. FRONTISI-DUCROUX; LISSARRAGUE, 1990). Os
estudos relacionados à iconografia da Guerra de Tróia não escapam a esse quadro.
Levando isso em conta, pode-se, todavia, apontar as linhas diretrizes, com suas
preocupações e suas análises.
Obras em forma de catálogos fazem-se presentes desde longa data. Compostos
dos vasos do acervo de um museu ou dos de uma exposição e destinados a informar o
público frequentador em geral, apresentam os vasos um a um, ou agrupados conforme
as cenas, com as informações técnicas e breves descrições da cena figurada. Assim se
configuram os catálogos do Museu de Belas Artes de Boston (PALMER, 1962) e do
Museu Britânico (BIRCHALL; COBERTT 1974), as exposições do Museu de Arte e
Arqueologia da Universidade Emory (WESCOAT, 1986) e do Museu Nacional de
Munique (WÜNSCHE, 2006a). Eles podem ter, ainda, uma intenção acadêmica, como é
o caso do estudo de Margit von Mehren (2002), que catalogou todas as ânforas
“tirrênicas” com cenas do ciclo troiano, apresentando, além de seus dados técnicos, os
pintores, seus interesses e suas preferências ao longo do tempo, e a possível
interferência da encomenda na iconografia desses vasos.
No que tange às abordagens, a da História da Arte faz-se fortemente presente.
Praticada tanto por historiadores da arte quanto por arqueólogos, tem interesses
diversos. Um deles consiste em examinar a evolução de uma cena ou de um tema
particulares através do tempo e das diversas produções cerâmicas, como o faz Susan
Woodford (1993) sobre a Guerra de Tróia, Dietrich von Bothmer (1949, 1981) sobre o
armamento de Aquiles e a morte de Sarpédon, Susan Woodford e Margot Loudon
(1980) sobre as cenas de Ájax carregando o corpo de Aquiles e de Enéias o de Anquise,
Efthymia Mintsi (1991) sobre as representações de Sono e Morte, principalmente
quando discute se estão carregando Sarpédon ou Mêmnon, e Michael Turner (2003-
2004) sobre a influência de Dioniso na iconografia de Sarpédon. Outro campo de
interesse é a relação entre imagem e mito. Karl Schefold (1992), por exemplo, com o
intuito de empreender uma leitura global da mitologia a partir das imagens, dispôs,
cronologicamente, essas imagens, com vistas a obter uma narrativa linear e coerente.
Muitos pesquisadores se mantiveram nessa linha de pesquisa, mas ampliaram
seus interesses ao se preocuparem em compreender como as imagens narram o mito;
assim, Thomas H. Carpenter (1998) trabalhou com a especificidade da linguagem e da
arte narrativa das imagens como o meio da elaboração de uma mitologia grega a partir
delas, e Harvey Alan Shapiro (1997) que, ao fazer uma mitologia comparada entre o
14
poeta e o pintor, estabelece as estratégias narrativas envolvidas (monocênica, sinóptica,
cíclica e contínua), destacando a originalidade das artes visuais. Os manuais de John
Boardman (1997a, 1997b, 1997c) inscrevem-se nessa perspectiva ao tratar da
“decoração” (convenções nas cenas narrativas) e dos “temas principais” dos vasos
áticos, incluso aí o ciclo troiano.
A questão essencial, que permeia essas obras, é a da relação entre a tradição
imagética e a tradição literária, se de dependência ou de independência. Os que
defenderam a relação de dependência, o fizeram no contexto da ruptura com a prática
de usar as imagens como ilustrações do mito, tal qual conhecido pela tradição literária;
prática essa observada nas obras de Yves Béquignon (1945) sobre a Ilíada e de
Margaret R. Scherer (1964) sobre o ciclo troiano.
Os estudos das imagens relacionadas à Ilíada têm, conforme Kazimiers Bulas,
duas preocupações: ou, simplesmente, as agrupavam em álbuns, seguindo o relato do
poema, acompanhadas de um texto explicativo, ou buscavam apenas determinar em que
medida as criações dos artistas tinham sido inspiradas pela epopéia. Descontente com
esses estudos, Bulas interessou-se pela evolução dos tipos artísticos, tratando a questão
do ponto de vista da evolução formal. Pois, segundo ele, é necessário perguntar pela
origem dos tipos apresentados, seguir suas transformações posteriores, traçar uma
demarcação entre a tradição artística e a invenção do artista, estabelecer as relações
entre a arte monumental” e as artes menores”, explicar as divergências existentes
entre a arte e a poesia; em suma, apresentar o desenvolvimento das composições que
têm traços individuais, criadas, ou adaptadas, para ilustrar certos acontecimentos do
poema (cf. BULAS, 1929).
Knud Friis Johansen retomou suas idéias e foi um pouco mais adiante. Ele
entendeu que, apesar dos mais de cem anos de estudos acadêmicos das representações
das lendas troianas, faltava uma investigação sistemática com o propósito específico de
verificar o impacto dos poemas na arte grega arcaica. Nesse sentido, ele se dedicou a
“analisar semelhantes influências da Ilíada como identificáveis na arte arcaica na forma
de representações de eventos e temas do poema, com vistas a testar sua confiabilidade
como evidência da extensão à qual o poema era conhecido” (JOHANSEN, 1967, p. 37).
Os que defendem a independência têm em Charles Dugas (1960) seu maior
representante. Ele foi um dos primeiros a propor, estudando a iconografia da Morte de
Astíanax, que a “tradição gráfica” é autônoma ou independente da tradição literária.
Inúmeros estudos, com mais ou menos ênfase, seguiram essa orientação, entre os quais
15
se destaca o de Steven Lowenstam (1993) sobre o Armamento de Aquiles, no qual
rebate os argumentos de Johansen quanto à dependência.
Os estudos publicados no Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae,
apesar da grande variedade de autores, inserem-se nessa abordagem, uma vez que
pretendem mostrar como o mito relacionado a um personagem se dá nas representações
iconográficas (cf. BAŽANT, 1994; CANCIANI, 1981; KAHIL, 1997; HAMPE, 1981;
KOSSATAZ-DEISSMANN, 1981, 1992; TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, 1988,
1997; VON BOTHMER, 1994).
Levando em conta essas questões, uma outra abordagem, a histórica, volta-se,
sobretudo, para a relação entre imagem e história. A variedade e a diversidade também
se fazem presentes. François Lissarrague, por exemplo, representa a postura de tomar a
imagem
Não mais como um documento, que porta por seu conteúdo uma informação
histórica, mas como um monumento, cujas regras de elaboração são em si um
testemunho sobre a maneira de se representar, a análise da sociedade tal qual ela
se mostra em imagem, produzindo trabalhos sobre as categorias sociais e os
comportamentos coletivos (FRONTISI-DUCROUX; LISSARRAGUE, 1990, p.
212).
François Lissarrague afirma que sua abordagem procura “partir das imagens e
analisá-las como monumentos de uma cultura passada, imagens produzidas por uma
sociedade determinada, conforme os gostos e a ideologia desta sociedade”
(LISSARRAGUE, 1990, p. 1). Nesse sentido, estabelece uma série em torno do
guerreiro hoplita, com vistas a estudar os outros tipos de guerreiros, como o arqueiro, o
peltasta e o cavaleiro. Nessas séries, constituídas por cenas de armamento, partida e
retorno do guerreiro morto, ele percebe ainda os papéis sociais, tanto o dos guerreiros,
como o dos não guerreiros, destacando, nesse último, o papel da mulher.
O estudo de Haiganuch Sarian (1994-1995), uma vez estar interessado em
evidenciar crenças, elaboração poética e comportamento religioso, mediante o confronto
das expressões figurativas com a tradição literária sobre Morte e Sono, inscreve-se
nessa linha de pesquisa.
16
4. Problema estudado e tese proposta
À luz das questões colocadas na pesquisa sobre o tema, pergunto, a partir da
iconografia da Guerra de Tróia, pelo lugar da guerra no imaginário ateniense durante os
séculos VI-V a.C.
Partindo dos pressupostos de que uma relação entre imagens e sociedade e de
que as imagens são construções do imaginário social, a permitirem uma aproximação às
representações coletivas, proponho ser a Guerra de Tróia um elemento constitutivo do
imaginário ateniense nos séculos VI-V a.C. e remeter sua iconografia às representações
dos atenienses sobre a atividade guerreira em seu próprio tempo.
As imagens pintadas da Guerra de Tróia, antes de serem ilustrações de um
evento do passado, são manifestações da imagem que a cidade de Atenas faz de si
mesma em relação à guerra. Presente na memória coletiva dos atenienses, a Guerra de
Tróia é um acontecimento, no qual a cidade fundamenta seus valores, sua sociedade e os
respectivos papéis de seus cidadãos. Em suma, a guerra, antes de ser uma atividade
restrita aos guerreiros, envolve toda a cidade, isto é, os não guerreiros, entre os quais, a
mulher e o homem idoso, pais do guerreiro, ocupam um lugar preponderante.
5. Aspectos teóricos e procedimentos metodológicos
Diante do tema escolhido, dos caminhos e direções apontados pelas pesquisas já
realizadas sobre ele, do problema estabelecido e da tese proposta, é necessário
apresentar os aspectos teóricos e os procedimentos metodológicos que norteiam minha
abordagem.
5.1 Aspectos teóricos
Em conferência pronunciada no Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade de São Paulo, em novembro de 1983, René Ginouvès, partindo da
constatação de que as condições de desenvolvimento da Arqueologia Clássica, nos
últimos dois decênios, recolocaram em questão algumas de suas finalidades e de seus
métodos, propôs que esta deve, em busca de novas perspectivas, submeter a uma
reflexão crítica o conjunto de suas operações, “da descoberta à descrição e à
interpretação”. No que concerne à interpretação, ele chamou a atenção para o equívoco
existente na oposição entre a Arqueologia e a História, entre o arqueólogo e o
historiador; pois, o “arqueólogo clássico tem sido, essencialmente, desde muito tempo,
um historiador da arte antiga”, e a “arqueologia não poderá tornar-se uma ciência senão
17
que explicando” (GINOUVÈS, 1988, p. 112, 120-121, 122). Em outro lugar, ele destaca
que a “construção interpretativa” pode ser, além de histórica, antropológica, pois os
conjuntos culturais do passado, os quais a arqueologia busca, podem ser tomados tanto
com uma preocupação histórica, isto é, em sua sequência temporal, quanto com uma
preocupação antropológica, centrada nas semelhanças e diferenças de seu
funcionamento. Isso implica, segundo ele, que os arqueólogos e, por extensão, a
Arqueologia, são “prisioneiros de palavras e de conceitos, que não correspondem mais
ao estado presente da pesquisa” (GINOUVÈS, 1997, p. 91).
Essas preocupações de Ginouvès com a concepção e a prática da Arqueologia na
Europa, especificamente na França, fazem-se sentir, também, no Brasil. Nesse contexto,
Pedro Paulo Abreu Funari, demonstrando a importância da relação entre a Arqueologia
e a História na prática de uma Arqueologia Histórica na América do Sul, chama a
atenção, por um lado, para o fato de que uma duradoura tradição que opõe
Arqueologia e História, considerando a primeira “auxiliar” da segunda, e que isso se
deve ao fato de que, na Europa, a Arqueologia surgiu da Filologia, por meio da História,
definida como uma disciplina com capacidade de propor interpretações às fontes
utilizadas, como as fornecidas pela Arqueologia; e faz notar, por outro lado, que, nos
Estados Unidos, a Arqueologia seguiu por um caminho diferente, tendo sido
considerada parte da Antropologia, onde, muitas vezes, foi relegada ao papel de coletora
de dados a serem interpretados pelo antropólogo. Entretanto, ele destaca que há, nos
estudos recentes, um consenso de que a Arqueologia é uma disciplina independente,
intimamente relacionada com a História e com outras Ciências Sociais. Nesse sentido,
salienta, em primeiro lugar, que a Arqueologia assume, progressivamente, uma
orientação histórica, e que, na prática, a História e a Arqueologia convergem, pois
arqueólogos e antropólogos almejam por uma ciência humana com fundamentação
histórica, e os historiadores reconhecem que a investigações antropológica e
arqueológica tornaram-se fundamentais para a História; e, em segundo lugar, que “a
História é um elemento vital para a interpretação arqueológica”, “e que os arqueólogos
devem combinar o uso da cultura material com o estudo da documentação escrita”
(FUNARI, 1998, p. 7-8).
No contexto mais específico do estudo iconográfico dos vasos áticos, Haiganuch
Sarian demonstra as mesmas preocupações no que se refere à maneira como a
Arqueologia da Imagem reagiu a esse desenvolvimento. Inicialmente, ela mostra como
a teoria arqueológica clássica, inovada e enriquecida pela Arqueologia Social e pela
18
Arqueologia Pós-Processual, progrediu rumo a uma Arqueologia da Religião, abrindo
“caminho para importantes abordagens no campo da religião e do culto a partir de
vestígios materiais”. Em seguida, ressalta como o estudo das expressões figuradas do
mito e da religião revela um grande avanço teórico e metodológico, passando da
necessidade da adequação da imagem ao texto, do papel determinante nos atributos de
que eram dotadas as representações, da unidade na iconografia clássica, justificando o
estudo de filiação nas figurações, e da influência da grande arte sobre as artes menores,
para a oposição entre tradição literária e tradição imagética no tocante à iconografia dos
vasos áticos, e para a importância da imagem na compreensão das sociedades antigas.
Essas novas perspectivas se devem, segundo ela, à especificidade dessa cultura material:
“não são objetos arqueológicos como quaisquer outros; eles são portadores de
imagens”. Assim sendo, Sarian afirma que não se pode comparar e equiparar, de
antemão, tradição textual e tradição imagética, pois são produtos com origem
diferenciada, isto é, pela diversidade de técnicas, práticas intelectuais, contextos e
grupos sociais envolvidos, e que, ao contrário da produção textual, que tem na origem
de sua transmissão a escrita, “a produção imagética, articulada e se unindo ao objeto,
era transmitida por tradição oral”; nesse sentido, ela destaca a existência da memória do
artista-artesão (SARIAN, 1999, p. 69-70).
De minha parte, penso serem as relações entre iconografia e literatura
complexas, não se limitando às de dependência ou de independência. São tradições
distintas, mas que se complementam, pois tanto os artesãos quanto os escritores
partilham de um mesmo patrimônio cultural, o grego. Não se trata, portanto, de
influência do texto sobre os artesãos, ou de dependência dos mesmos em relação a ele.
Evidentemente, os artesãos, como qualquer grego de seu tempo, conheciam as histórias
épicas, ou melhor, versões dessas histórias, que narram em suas pinturas, às vezes com
proximidade, com frequência à sua própria maneira, e sempre segundo suas intenções
particulares. Consequentemente, o interesse deve se voltar, sobretudo, para o que os
artesãos pretenderam representar.
Como essas colocações evidenciam, as novas perspectivas em Arqueologia
giram em torno da relação entre Arqueologia e História, entre cultura material e
documentação escrita e da concepção da imagem como documento. Portanto, é
conveniente desenvolver um pouco mais detalhadamente, como estas perspectivas têm
sido tratadas na Arqueologia Clássica.
19
5.1.1 Arqueologia e história, cultura material e documentação escrita
Essas mudanças de perspectivas podem ser constatadas, por exemplo, na obra de
Roland Étienne, Christel Müller e Francis Prost (2000), onde, argumentando por uma
Arqueologia Histórica da Grécia Antiga, apontam os desenvolvimentos da disciplina no
que respeita a questões gerais de teoria e mostram como a Arqueologia Grega
extrapolou seus limites tradicionais para outras áreas: a) sob a influência do marxismo
gramsciano, passou-se a analisar os monumentos da arquitetura e da escultura gregos
como marcadores ideológicos, não mais os concebendo unicamente como seções das
Belas Artes, nem como etapas excepcionais no desenvolvimento das formas e das
técnicas, mas sim os estudando no contexto da sociedade, em que eles exprimem
preocupações e ideologia; b) sob a influência da antropologia social, deslocou-se, no
domínio da análise iconográfica, de um estudo artístico da imagem e dos pintores a uma
hermenêutica da cena figurada; e c) promoveu-se a reconciliação da Arqueologia Grega
com a História, sobretudo com aquela da cultura material das civilizações, como a dos
Annales que mostra um interesse por todas as manifestações materiais das sociedades,
desembocando, assim, em uma História da Grécia a partir de sua cultura material.
Mesmo assim, eles ressaltam que as relações entre Arqueologia e História, entre os
realia e os textos, ainda se dão em contexto polêmico, o que os leva a expressarem seu
programa, levando em consideração essas questões:
Assim nós somos conduzidos, aqui, a analisar numerosos textos, literários e
epigráficos, sem nos perguntar se atravessamos as barreiras que nos conduzem
para fora de nosso domínio, com o cuidado de utilizar o conjunto de fontes
documentais que permita dar conta dos aspectos mais originais das produções
materiais da sociedade grega e de sua evolução no tempo (ÉTIENNE;
MÜLLER; PROST, 2000, p. 3).
Portanto, é uma história da cultura material que se tem em mente; sem
negligenciar, no entanto, a documentação escrita.
Alain Schnapp (2002) argumenta, do mesmo modo, que a divisão entre História
e Arqueologia e, consequentemente, entre os papéis de Historiador e de Arqueólogo, é,
atualmente, algo instável; pois uma dupla convergência: uma no sentido de que
ambos estão encarregados de interpretar os sinais do passado, ainda que, em princípio, o
passado seja para o primeiro uma informação verbal e para o segundo matéria; e outra
20
na explicação das sociedades com documentação escrita a ponto de, por vezes, se
confundirem.
5.1.2 A imagem como documento
Os estudos iconográficos da cerâmica grega estão intimamente relacionados
tanto com as questões gerais da teoria arqueológica, quanto com as que envolvem a
Arqueologia Clássica.
Os vasos gregos ganharam, algumas décadas, um estatuto de documento
autônomo, e isso se deve, em boa medida, a Pauline Schmitt-Pantel e a Françoise
Thelamon, que, em um colóquio sobre Imagem e cerâmica grega, sintetizando e
avançando estudos anteriores, colocaram a questão do estatuto da imagem como um
documento que deve ser tratado como tal:
A mesma exigência crítica que conduz o historiador quando ele aborda um
texto, a levar em conta todos seus componentes, seu gênero literário ou sua
estrutura linguística, por exemplo, deveria o incitar a abordar as imagens no
mesmo espírito; a se perguntar o que elas lhe ensinam, tentando compreender
como funcionava este sistema de comunicação na cultura que o produziu
(SCHMITT-PANTEL; THELAMON, 1983, p. 9).
Elas também colocaram em cena a concepção da imagem como documento
figurado: “a representação figurada é um dos modos de expressão e de articulação do
pensamento em uma sociedade, uma linguagem que tem sua lógica própria”
(SCHMITT-PANTEL; THELAMON, 1983, p. 17).
As pressuposições, mudanças de perspectivas e orientações desta concepção,
bem como a característica fundamental de um sistema figurativo, estão expressas por
Jean-Pierre Vernant:
Nem os textos nem os documentos figurados são, de imediato, transparentes.
Para os compreender, é necessário, no curso de uma longa aprendizagem,
assimilar as técnicas que permitem sua decifração. Ler um destes textos supõe
que seja, pouco a pouco, o espírito formado a pensar como um grego, nas
categorias intelectuais e no plano mental que eram os seus. Ler uma destas
imagens implica, também, que seja feito o olhar grego, esforçando-se por
penetrar o código visual que conferia às múltiplas figuras, para os olhos
contemporâneos, sua imediata lisibilidade (VERNANT, 1984, p. 4).
21
5.1.3 O estudo histórico-cultural da imagem
Falando das mudanças de perspectivas nos estudos clássicos, onde os textos
eram o objeto privilegiado de pesquisas e interpretações, Vernant (1984) destaca que se
passou a uma consciência mais clara a respeito da importância das imagens para certas
culturas e da especificidade da linguagem plástica, com suas finalidades particulares,
suas normas, suas exigências, seus meios de expressão e de comunicação próprios.
No caso do projeto La Cité des images, destaca que uma das preocupações que
orientaram os pesquisadores desse trabalho foi o estabelecimento de séries de imagens
re-agrupadas em torno de temas antropológicos maiores: o jovem, o guerreiro, a mulher,
os animais domésticos e selvagens em suas relações com os homens, o erótico, a festa
religiosa, o universo dionisíaco. Esses agrupamentos visavam jogar luz sobre alguns
traços marcantes do imaginário social ateniense, sobre seu modo de funcionamento,
com suas figuras privilegiadas e suas recusas (cf. VERNANT, 1984).
Isso implica, diante dos problemas colocados por esta empresa, que o sistema
figurativo não é, para esses pesquisadores, uma pura reprodução do real, pois as
imagens são antes uma construção, isto é, o produto de uma filtragem, de um recorte, de
uma codificação do real seguindo as modalidades que lhe são próprias; em suma, são
obras de cultura (cf. VERNANT, 1984).
Nesse sentido, François Lissarrague, em uma apresentação posterior a esse
projeto, esclarece que a elaboração do repertório figurado, limitado por uma série de
escolhas temáticas, intentava “uma antropologia pela imagem”, uma vez que as
pesquisas buscavam os aspectos antropológicos das imagens ali agrupadas; as imagens,
entretanto, não dizem tudo que o antropólogo desejaria saber sobre a Atenas arcaica,
pois a observação do repertório mostra que
Os pintores não dizem tudo sobre tudo, eles selecionam conforme o uso de seu
público e constroem de sua cultura uma imagem reflexiva, parcial e
comprometida, uma encenação particularmente reveladora da maneira pela qual
essa cultura se percebe e mostra a si mesma em espetáculo (LISSARRAGUE,
1986, p. 350).
A imagem tem, então, um lugar específico no sistema de representações da
cidade grega. uma relação simbólica entre as imagens e a cidade, uma vez que estas
são construções do imaginário social, permitindo uma aproximação das representações
mentais dos cidadãos (cf. SCHMITT-PANTEL; THELAMON, 1983).
22
5.2 Procedimentos metodológicos
A metodologia a ser empregada é a seriação, que visa obter uma ordem
conforme a semelhança ou dessemelhança, re-agrupando os objetos em conjuntos mais
fortemente ligados. Assim, o re-agrupamento das imagens por séries permite tornarem
manifestas tanto as repetições como as variantes, as equivalências ou as substituições,
que possibilitam, por sua vez, perceber as regras de organização dessas imagens, e isto,
não somente do ponto de vista formal, mas, também, no que concerne ao conteúdo das
imagens (cf. LISSARRAGUE, 1990).
Quanto a isso, Pauline Schmitt-Pantel e Françoise Thelamon (1983) entendem
que os diferentes elementos constitutivos da representação devem ser levados em conta
para dar o sentido da imagem. Todavia, a combinação de vários elementos ou a
presença de um dentre eles pode servir de ponto de partida à pesquisa de séries de
imagens. Assim, os temas que aparecem são, sobretudo, feitos das relações entre
elementos constitutivos das imagens.
François Lissarrague (1986) argumenta, semelhantemente, que o repertório
figurado da cerâmica ática caracteriza-se pelo fato de não haver duas imagens idênticas;
antes, cada uma se distingue das outras por variações de detalhes. Esse fato permite
observar, no interior das séries constituídas, o movimento de diversos conjuntos
segundo os critérios de re-agrupamento aplicados, e que, assim, cada imagem é
suscetível de entrar em séries diferentes, seguindo uma combinatória complexa de
elementos múltiplos, o que torna o corpus iconográfico uma rede de imagens que
reenviam umas às outras, no interior da qual, algumas ocupam uma posição nodal.
François Lissarrague (1990) organiza, assim, séries em torno das cenas de
armamento, partida e retorno do guerreiro, com a finalidade de verificar como se
organizam em torno do guerreiro hoplita as outras categorias de guerreiros e não
guerreiros. Seu postulado é que, em todas essas séries, a imagem procede por
justaposição de personagens, onde há a “confrontação daqueles que, assim postos em
presença, constituem as categorias essenciais da sociedade grega aos olhos daqueles que
a põem em cena” (LISSARRAGUE, 1984, p. 41).
Semelhantemente, organizo minha seriação em torno das cenas que compõem os
três momentos nodais a atividade guerreira: o armamento e a partida do guerreiro, os
duelos e o retorno do guerreiro morto. Com o intuito de detectar o significado que os
artesãos deram em suas representações dessa atividade guerreira, primeiramente, volto
minha atenção para os esquemas iconográficos de cada uma das cenas, para, em
23
seguida, verificar as categorias sociais envolvidas e os papéis sociais desempenhados
1
,
tanto no grupo central de cada cena, como nos personagens secundários que o
entornam
2
.
De fundamental importância para a compreensão dos personagens é a postura e
os gestos que realizam em cada cena. Quanto a isso, Jean-Louis Durand (1984) postula,
de modo geral, que gesticular é dizer, pois gesticular designa uma ação particularmente
significativa em uma dada circunstância. Assim, uma vez que a especificidade do
gestual reside no fato de que ele escapa à descrição verbal, é necessário fixá-lo, de
alguma maneira, pela imagem, sendo que isso faz dele um objeto icônico, isto é,
intimamente ligado à imagem que o fixa. Durand entende que a própria natureza das
imagens gregas, tal qual fornecidas pelos vasos, produz o gesto icônico, pois a pintura
sobre os vasos tem por tema, quase exclusivamente, a representação de personagens,
divinos ou humanos, realizando diversas atividades, portanto, gesticulando
3
.
Sendo assim, é necessário perguntar pelo significado do gesto. Mas identificar
um gesto consiste primeiro, em repará-lo, notá-lo, depois, fixá-lo de modo esquemático
e convencional, conforme normas de codificação. Isso porque o gestual é um produto
social complexo, relativamente coerente, da ordem do sistemático, pois o sistema
gestual está sempre localizado em um contexto do qual ele depende diretamente. De
fato, o gesto é realizado em uma duração, da qual é impossível retirá-lo sem o
modificar, e, inscrito no tempo, ele pode manter toda espécie de relações com outros
elementos gestuais, posturais, linguísticos, com os quais ele pode adquirir sentido; daí
que o gesto tenha um caráter polissêmico (cf. DURAND, 1984)
4
. Em suma, os gestos
1
Utilizo as expressões categoria social e papel social para me referir, respectivamente, a um
conjunto de pessoas que têm o mesmo estatuto social, isto é, que ocupam a mesma posição em um
sistema social, tais como guerreiro e não guerreiro, homem e mulher, etc. (cf. JOHNSON, 1997) e ao
comportamento dos indivíduos conforme estatuto, ou seja, à medida que se percebam uns aos outros e
formem conceito sobre normas e outros símbolos culturais (cf. TURNER, 2000).
2
Esses personagens são de fundamental importância, pois como Mary B. Moore ressaltou “os
pintores costumam introduzir personagens secundários para dar sentido às suas histórias” (cf. MOORE,
1980, p. 431).
3
John Boardman (2001) entende, do mesmo modo, que a ação e a aparente intenção das figuras
individuais são, usualmente, tornadas claras por gestos.
4
John Boardman (2001) destaca, também, que um mesmo gesto pode significar diferentes coisas
em diferentes circunstâncias.
24
sobre os vasos são produtos da construção social dos gregos, uma vez que a pintura
sobre a cerâmica é lugar da produção social de seus gestos (cf. DURAND, 1984).
Com estes aspectos teórico-metodológicos em mente, a análise procederá em
busca de uma história da Guerra de Tróia no imaginário ateniense, a partir da cultura
material, considerando as relações entre a Arqueologia e a História, entre o documento
iconográfico e o documento escrito, e entre as imagens e a sociedade que as produziu.
6. Plano da obra
A obra está organizada em cinco capítulos. No capítulo I, Os Artesãos e a
Guerra de Tróia, o objetivo é duplo: apresentar os artesãos um a um, indicando a
origem de seu nome e as cenas que pintou, e, com isso, evidenciar os interesses e as
escolhas dos artesãos em relação às cenas da Guerra de Tróia. Nos capítulos II, III e IV,
são analisadas as nove cenas que compõem os três momentos nodais da atividade
guerreira, O Armamento e a Partida do Guerreiro, Os Duelos e O Retorno do
Guerreiro Morto. Em todos eles, o procedimento é o mesmo: para cada cena é
apresentada a Tradição literária, a História da pesquisa e, em seguida, é realizada a
Análise iconográfica. A apresentação da tradição literária tem as finalidades de trazer à
tona a cena tal qual concebida nesse meio, ajudar na compreensão da cena na tradição
imagética e possibilitar a verificação de possíveis relações entre as duas tradições. A
história da pesquisa apresenta as compreensões anteriores das representações
iconográficas, com o objetivo de mostrar as dívidas, mas também os avanços desta tese.
A análise iconográfica, levando em conta a tradição literária e a história da pesquisa,
dedica-se ao exame detalhado dos esquemas iconográficos, verificando a composição,
os motivos, os personagens, com suas posturas e seus gestos. No capítulo V, A Guerra
de Tróia no imaginário ateniense, são sistematizados os dados dos capítulos anteriores,
em torno de três temas maiores, que são os valores guerreiros, a relação entre guerra e
sociedade e os aspectos religiosos da guerra. As Considerações finais sintetizam os
resultados obtidos. Por fim, vem o catálogo do corpus composto pelas 248 imagens dos
vasos. Para cada uma delas, foi elaborada uma ficha com: o número no catálogo; a
forma; a técnica; a proveniência; o nome do artesão; a cidade; o museu ou a coleção; o
número de inventário; a data; a inscrição ou as inscrições, quando existem; e a
bibliografia referente ao vaso.
CAPÍTULO 1. OS ARTESÃOS E A GUERRA DE TRÓIA
Os vasos começaram a aparecer na Grécia, no segundo milênio a.C., com os
minóicos e com os micênicos. Depois do fim da época micênica, surgiu, em toda a
Grécia, a cerâmica geométrica (cerca de 900-700 a.C.), seguida da orientalizante (cerca
de 725-625 a.C.); os vasos áticos surgiram por volta de 635 a.C. (cf. BOARDMAN,
2001, p. 11-138).
Os vasos áticos foram pintados em duas cnicas. A de figuras negras mantém o
vaso na cor da argila e pinta as figuras com verniz negro; as personagens são
representadas em silhueta, com os detalhes interiores (musculatura, traços da
fisionomia, vestimentas, etc.) indicados por incisões e pelo acréscimo de verniz branco
e vermelho. A de figuras vermelhas cobre todo o vaso de verniz negro, preservando
apenas as figuras na cor da argila. Os detalhes não são mais incisados, mas pintados
com pincel.
A técnica de figuras negras foi desenvolvida, por volta de 700 a.C, pelos
artesãos coríntios. Por volta de 635 a.C., a técnica de figuras negras começou a ser
usada por artesãos áticos; os primeiros pintores, chamados de “Pioneiros”, atuaram até
cerca de 600 a.C., seguindo as formas, vasos de grandes dimensões, e as convenções de
decoração de Corinto, sobretudo, o friso de animais. De cerca de 600 até 570 a.C., uma
nova época se instaurou entre os artesãos áticos; surgiram novas formas e novos
esquemas de decoração.
Nesse momento, a cerâmica ática estava madura e começou a influenciar outras
regiões e a ganhar espaço no mercado de vasos. Se, durante todo o século VII e a
primeira metade do VI a.C., a cerâmica coríntia dominou o mercado; na segunda metade
do século VI a.C, a cerâmica ática, por sua superioridade, tornou-se hegemônica dentro
e fora da Grécia.
Por volta de 530 a.C., os artesãos áticos inventaram as figuras vermelhas. Essa
invenção é, geralmente, atribuída ao Pintor de Andócides, em atividade entre 530-515
a.C. As técnicas de figuras negras e de figuras vermelhas passaram a coexistir desse
momento para frente. A técnica de figuras vermelhas proporcionou novas possibilidades
aos artesãos, que foram abandonando, paulatinamente, a antiga de figuras negras.
26
Assim, a técnica de figuras negras experimentou um declínio de qualidade a partir do
ano 500 a.C., não sendo mais praticada após 470 a.C., exceto nas ânforas panatenaicas.
A técnica de figuras vermelhas continuou sendo praticada até a segunda metade do
século IV a.C.
Os artesãos, oleiros e pintores, instalaram-se, em sua grande maioria, no bairro
do Cerâmico, situado entre a Ágora e a porta do Dípilo, agrupados em oficinas. O oleiro
era o proprietário e o chefe da oficina, ao qual podiam associar-se vários pintores (cf.
COOK, 1971; ROBERTSON, 1972; EISMAN, 1974). A condição social desses
artesãos foi muito variável e é matéria debatida nos estudos atuais (cf. ÉTIENNE, 2004,
p. 50-53). Uma parte expressiva dos pesquisadores entende, todavia, que os artesãos
compunham-se de cidadãos livres, de metécos e de escravos, e que muitos deles
conquistaram uma posição na sociedade ateniense, mantendo, por vezes, um convívio
próximo com personalidades sociais (cf. SARIAN, 1993). Uma pequena parcela deles é
conhecida por suas assinaturas, como oleiros e como pintores, sendo que a mais antiga,
conhecida, é a do Pintor Sofilos
1
; a grande maioria, todavia, trabalhou no anonimato.
No final do século XIX, os estudiosos perceberam afinidades formais e
estilísticas entre determinados vasos, e começaram, em decorrência disso, a propor
algumas atribuições (cf. BOARDMAN, 2001, p. 128-138). A pesquisa mais abrangente
e influente foi a de John Davidson Beazley (1956, 1963 e 1971). Apoiado no método
atributivo, desenvolvido por Giovanni Morelli para os pintores italianos do século XVI,
ele estudou milhares de vasos, atribuindo-lhes centenas de artesãos. Os nomes dados
são convencionais e motivados por vários fatores, podendo vir do oleiro que assinou o
vaso (Pintor de Frínos), de uma característica do estilo (Grupo das Três Linhas), do
vaso principal (Pintor do Louvre F6), da cidade onde se encontra o vaso característico
(Pintor de Berlim), da representação de um personagem (Pintor de Prometeu) ou de
uma cena (Pintor da Fundição), de uma inscrição (Pintor de Antímenes), etc.
John Davidson Beazley dispôs os artesãos em Grupos e em Classes. Os grupos
referem-se aos estilos dos desenhos, e as Classes, às formas dos vasos. Ele usa a palavra
estilo para se referir ao artesão mesmo, sua personalidade. Nesse sentido, ele fez
1
Em atividade entre 580 e 570 a.C., o Pintor Sofilos foi o primeiro artesão ático a assinar seus
vasos. De seus vasos conhecidos, quatro trazem sua assinatura, três como pintor e um como oleiro (cf.
BOARDMAN, 1997a, p. 18, fig. 24, 25.1-2 e 26).
27
distinção entre um vaso no estilo do pintor mesmo e um vaso a sua maneira, imitação,
seguidor, escola, círculo, grupo, influência, parentesco, etc.
Beazley procurou listar os artesãos em ordem cronológica; entretanto, quando
lhe pareceu apropriado, arrolou-os em grupos, quebrando um pouco a sequência. Nesse
caso, os artesãos foram agrupados em torno de uma figura principal (Lido e seus
companheiros), de uma classe que eles pintaram exclusiva ou predominantemente
(Pintores de cálice tipo Siana), de uma classe em um determinado período (Pintores de
vaso grande do período proto-clássico), etc.
Seguindo a classificação de John Davidson Beazley, apresento, a seguir, os
cento e vinte e um artesãos que representaram as cenas da Guerra de Tróia analisadas
nesse trabalho. A apresentação é feita em quartos de século e segundo as técnicas de
figuras negras e de figuras vermelhas
2
. Com a finalidade de facilitar a visualização
desse volumoso elenco, os artesãos são dispostos no quadro sinóptico abaixo.
QUADRO SINÓPTICO DOS ARTESÃOS POR PERÍODOS E POR TÉCNICAS
Século VI a.C.
I. 575-550 a.C.
1. Figuras negras
A. Primeiras figuras negras
Pintor do KX
B. Pintores de cálice tipo Siana
Pintor C
Maneira do Pintor C
Pintor de Heidelberg
Pintor da Acrópole 1441
Pintor de Enípilo
C. Clítias
Pintor Clítias
D. Nearcos e outros
Pintor Nearcos
Pintor de Camtar
Pintor de Londres B76
E. Grupo Tirrênico
Pintor de Prometeu
III. 525-500 a.C.
1. Figuras Negras
A. Lido e seus companheiros
Próximo do Pintor Lido
B. Lisípides
Pintor de Lisípides
*
Maneira do Pintor de Lisípides
Relacionado ao Pintor de Lisípides
Próximo do Pintor do Vaticano G43
C. Antímenes e seu círculo
Pintor de Antímenes
Círculo do Pintor de Antímenes
Maneira do Pintor de Antímenes
Grupo do Olho-Sereia
Pintor de Wurzburgo 199
D. Grupo de Leagro
Grupo de Leagro
Grupo de Antíope
2
John Davidson Beazley segue a convencional cronologia, baseada no desenvolvimento dos
estilos artísticos (cf. CLARK; ELSTON; HART, 2002, p. ix), como segue: Primeiras figuras negras
(cerca de 620-570 a.C.), figuras negras do período arcaico (cerca de 570-530 a.C.), figuras negras e
vermelhas do período tardo-arcaico (cerca de 530-480 a.C.), figuras vermelhas do período proto-clássico
(cerca de 480-450 a.C.), figuras vermelhas do período clássico (cerca de 450-425 a.C.) e figuras
vermelhas do período tardo-clássico (cerca de 425-300 a.C.). Entretanto, considerando que a datação
atual dos vasos catalogados criava inúmeros problemas com essa cronologia, preferi dispô-los em quartos
de século.
28
Pintor de Castellani
Pintor de Guglielmi
Pintor do Gamo
Grupo de O.L.L.
Grupo de Arquipe
F. Lido e seus companheiros
Pintor do Vaticano 309
Pintor do Louvre F6
G. Pintores de cálice dos Pequenos Mestres
Pequenos Mestres
Pintor de Frínos
Pintor de Sócles
II. 550-525 a.C.
1. Figuras negras
A. Pintor de cálice tipo Siana
Pintor de Heidelberg
B. Lido e seus companheiros
Pintor Lido
Pintor do Camelo
C. Grupo E e Exécias
Maneira do Grupo E
Pintor de Towry Whyte
Pintor Exécias
Círculo do Pintor Exécias
Próximo do Pintor Exécias
D. Pintor de Amásis
Pintor Amásis
E. Nicóstenes
Pintor N
Pintor BMN
F. Lisípides
Pintor de Lisípides
G. Antímenes e seu círculo
Pintor de Antímenes
Círculo do Pintor de Antímenes
Relacionado ao Pintor de Antímenes
H. Outros pintores de vaso
Pintor de Berlim 1686
Pintor de Wurzburgo 243
Pintor do Balanço
Pintor de Munique 1410
Pintor do Vaticano 365
Pintor do Focinho Comprido
Pintor de Londres B235
I. Pintor de olpa
Pintor do Louvre F161
J. Pintor de lécito
Pintor da Olpa de Nicósea
Próximo do Grupo de Antíope
Maneira do Pintor de Aqueloo
Pintor de Oxford 569
Pintor de Munique 1519
Pintor de Edimburgo
E. Outros pintores de vaso
Pintor de Munique 1410
Classe de Cambridge 49
Classe da Coleção das Medalhas 218
Grupo das Três Linhas
Próximo do Pintor de Príamo
Pintor de Rycroft
F. Grupo de Munique 1512
Grupo de Munique 1512
G. Enócoas
Classe de Altemburgo
Classe do Vaticano G47
Classe do Louvre F335
H. Pintor de lécito
Pintor do Cacto
I. Pintores de ânfora pequena
Pintor de Villa Giulia M482
Comparar ao Pintor de Villa Giulia M482
2. Figuras vermelhas
A. Pintores de vaso do período arcaico
Pintor Eufrônio
Pintor Esmícro
Pintor Fíntias
B. Pintores de cálice do período arcaico
Pintor Oltos
Pintor Epícteto
Pintor de Nicóstenes
_____
*
Os artesãos em atividade no período de 550 a 525
a.C., que continuaram a trabalhar no período de
525 a 500 a.C., são listados em itálico.
Século V a.C.
IV. 500-475 a.C.
1. Figuras negras
A. Pintores de lécito
Pintor de Safo
Pintor de Diósfos
Pintor de Atena
Pintor do Vaticano G49
Grupo de Haimon
V. 475-450 a.C.
1. Figuras vermelhas
A. Pintores de vaso grande do período proto-
clássico
Pintor Hermónax
Pintor do Pomar
Pintor de
Primeiros Maneiristas
29
Pintor de Haimon
Maneira do Pintor de Haimon
B. Pintores de ânfora pequena
Pintor de Wurzburgo 234
Pintor do Louvre F268
Pintor da Linha Rubra
Maneira do Pintor da Linha Rubra
Classe da Faixa com Pontos
Pintor de Michigan
C. Pintor de cálice, tardio
Pintor de Caylus
2. Figuras Vermelhas
A. Pintores de vaso do período tardo-arcaico
Pintor de Cleófrades
Pintor de Berlim
Pintor de Eucarides
B. Outros pintores de vaso grande do período
tardo-arcaico
Pintor de Tyszkiewicz
Pintor do Hefesteu
C. Pintores de cálice do período tardo-arcaico
Pintor Onésimo
Pintor de Brigo
Pintor de Castelgiorgio
Pintor da Fundição
Pintor Dúris
Maneira do Pintor Dúris
Pintor de Triptólemo
D. Pintor de vaso grande do período proto-
clássico
Pintor de Oritia
Maneira do Pintor dos Nióbidas
Pintor de Altamura
Relacionado ao Pintor de Genebra
B. Pintores de vaso pequeno do período proto-
clássico
Pintor de Providence
Relacionado ao Pintor de Nícon
Pintor de Florença 3968
C. Pintor de cálice do período proto-clássico
Pintor de Pentesiléia
VI. 450-425 a.C.
1. Figuras vermelhas
A. Pintores de vaso do período clássico
Pintor de Aquiles
Próximo do Pintor de Aquiles
Pintor de Peleu
Grupo de Polignoto
Pintor de Londres E497
B. Pintor de cálice do período clássico
Pintor de Erétria
C. Pintor de vaso do período tardo-clássico
Maneira do Pintor do Dino
Com esse quadro em mente, passo, então, à apresentação dos artesãos. Para cada
um deles, explico a origem de seu nome, a relação, quando for o caso, com outros
pintores, e informo a quantidade de vasos que pintou e a cena ou as cenas da Guerra de
Tróia que representou.
1.1 575-550 a.C.
Esse período conta com vinte e um artesãos, os quais trabalharam com a técnica
de figuras negras. Eles pintaram trinta e seis imagens, perfazendo 14.52% do total. As
cenas mais representadas foram as do Duelo entre Aquiles e Mêmnon, com dezessete
vasos, e do Armamento de Aquiles, com doze vasos. As cenas dos duelos entre Ájax e
Heitor e entre Aquiles e Heitor e de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon não
foram representadas nesse período.
30
1.1.1 Figuras negras
1.1.1.1 Primeiras figuras negras
Em atividade no final do período proto-arcaico, cerca de 585-570 a.C., o Grupo
do Comasta (cf. BEAZLEY, 1951, p. 19-20; 1956, p. 23-37; 1971, p. 14-17), nomeado
a partir de seu tema favorito, os Comastas (“foliões”) dançando, está no limite da
transição da época dos pioneiros das figuras negras para a nova fase. Uma vez que
muitas mãos de pintores foram percebidas no interior do grupo, ele foi subdividido. O
Pintor do KX (cf. BEAZLEY, 1951, p. 20-21; 1956, p. 23-27; 1971, p. 14-15),
abreviatura de “Pintor do Comasta X”, é assim chamado para diferenciá-lo, por
exemplo, do Pintor do KY. O Pintor do KX é o pintor principal do grupo e, talvez, o seu
fundador. Ele pintou apenas um vaso, o mais antigo da cena do Armamento de Aquiles
(Cat. nº 1).
1.1.1.2 Pintores de cálice tipo Siana
A classe cálice Siana recebe seu nome de exemplares achados em um cemitério
em Siana, na ilha de Rodes, na Grécia. Quanto à forma, ela tem suas especificidades. Os
cálices, até cerca de 550 a.C., têm o pé de forma cônica e baixo, e a borda formando um
ângulo marcado com o corpo. O tipo mais antigo é a forma preferida do Grupo do
Comasta, bastante rasa e provida de uma pequena borda decorada de rosetas incisadas;
chamada, por isso, de cálice tipo Comasta. O cálice tipo Siana é um desenvolvimento do
tipo anterior: é mais profunda, e a borda mais alta e menos inclinada.
Dentre os muitos pintores desse tipo de cálice, dois foram proeminentes: o Pintor
C e o Pintor de Heidelberg. O mais velho, em atividade entre 575-560 a.C., é o Pintor C
(cf. BEAZLEY, 1951, p. 21-25; 1956, p. 51-58, 681-682; 1971, p. 23-25, 523). O “C”
vem de “Corintianizante”, devido à marcante influência coríntia em sua obra. Ele pintou
um vaso com o Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 88). O artesão Maneira do
Pintor C (cf. BEAZLEY, 1956, p. 58-60; 1971, p. 25-26) pintou mais dois vasos com
esse duelo (Cat. n
os
89 e 90). O mais jovem, em atividade entre 560-540 a.C., é o Pintor
de Heidelberg (cf. BEAZLEY, 1951, p. 50-52; 1956, p. 61-67, 682, 716; 1971, p. 26-
27), e recebe seu nome de dois cálices do tipo Siana do Museu da Universidade de
Heidelberg, na Alemanha (Inv. vi.29a e S61; cf. BEAZLEY, 1956, p. 63, n
os
1 e 2,
respectivamente). Ele pintou três vasos, um nesse período, com a cena de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (Cat. 161), e dois no período seguinte (Cat. n
os
13,
14), ambos com o Armamento de Aquiles.
31
Outros dois pintores de cálice tipo Siana também atuaram nesse período. O
primeiro, o Pintor da Acrópole 1441 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 68; 1971, p. 28), do
cálice epônimo do Museu da Acrópole, em Atenas, na Grécia (inv. 1441; cf.
BEAZLEY, 1956, p. 68, 2), pintou apenas um vaso, o mais antigo da cena do Duelo
entre Páris e Menelau (Cat.nº 54). O segundo, o Pintor de Enípilo, em atividade entre
560-550 a.C., foi nomeado por Herman H. G. Brijder a partir de uma inscrição
(Ainípylos) sobre uma hídria fragmentária do Museu de Arte e de Arqueologia da
Universidade de Missouri, em Columbia, nos Estados Unidos da América (Inv. 72.22;
cf. BRIJDER, 1996, p. 30). Ele pintou apenas um vaso, o mais antigo da cena do Duelo
entre Enéias e Diomedes (Cat. nº 59).
1.1.1.3 Clítias
O Pintor Clítias (cf. BEAZLEY, 1951, p. 26-37; 1956, p. 76-79, 80, 182; 1971,
p. 29-30), em atividade entre 570-560 a.C., é conhecido por sua assinatura como pintor
(“Clítias me pintou”), em seu vaso mais famoso, o “Vaso François”, assim nomeado
devido a Alessandro François, seu descobridor. É justamente nesse vaso, uma cratera
com volutas do Museu Arqueológico Etrusco, em Florença, na Itália (Inv. 4209; cf.
BEAZLEY, 1956, p. 76, 1), que ele pintou, em cada uma das duas alças do vaso, as
imagens mais antigas da cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. nº 160A-B).
1.1.1.4 Nearcos e outros
O Pintor Nearcos (cf. BEAZLEY, 1956, p. 82-83, 347, 682; 1971, p. 30-31), em
atividade entre 570-555 a.C., também é conhecido por sua assinatura em um fragmento
de cântaro do Museu Nacional, Coleção da Acrópole, em Atenas, na Grécia (Inv. Acr.
611; cf. BEAZLEY, 1956, 82, 1). Ele pintou um vaso com o Armamento de Aquiles
(Cat. nº 3).
O Pintor de Camtar (cf. BEAZLEY, 1956, p. 84, 672; 1971, p. 31-32; VON
BOTHMER, 1959) recebe seu nome da junção de partes dos nomes das cidades de
Cam-bridge, na Inglaterra, e de Tar-quinia, na Itália, onde se encontram duas ânforas
com pescoço pintadas por ele (Inv. 44 e RC5564, respectivamente; cf. BEAZLEY,
1956, p. 84, n
os
2 e 1). Ele pintou dois vasos com o Armamento de Aquiles (Cat. n
os
2 e
4).
O Pintor de Londres B76 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 85-88, 683, 714; 1971, p. 31-
33, 524), da hídria epônima do Museu Britânico, em Londres, na Inglaterra (Inv. B76;
32
cf. BEAZLEY, 1956, p. 85, 1), pintou cinco vasos: quatro com o Armamento de
Aquiles (Cat. n
os
6, 8, 9 e10) e um com o Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 91).
1.1.1.5 Grupo Tirrênico
O Grupo Tirrênico (cf. BEAZLEY, 1956, p. 94-105, 683-684; 1971, p. 34-43)
compreende os pintores de ânfora “tirrênica”. O adjetivo vem do grego tyrrénos, cujo
significado é “etrusco”. Não se trata, entretanto, de ânfora etrusca; mas sim, de uma
classe, produzida na Ática, para ser comercializada com a Etrúria. Quanto à forma, é
uma ânfora com pescoço e ovóide; quanto à decoração, caracteriza-se, em geral, pelas
flores de lótus e palmetas entrelaçadas, no ornamento do pescoço, e pelas faixas
contínuas distribuídas do ombro à pança. Os motivos animais e florais predominam
nessas faixas; mas, na principal, a do ombro, é comum a presença de figuras humanas
(cf. BOARDMAN, 1997a, p. 36-37).
Dietrich von Bothmer distinguiu, no interior do grupo, vários pintores e grupos
menores. O Pintor de Prometeu (cf. VON BOTHMER, 1944, p. 165) é nomeado a
partir da representação da Libertação de Prometeu” na ânfora do Museu Arqueológico
Etrusco, em Florença, na Itália (Inv. 76359; cf. VON BOTHMER, 1944, p. 168, 1;
Beazley, 1956, p. 97, 28). Ele esteve em atividade entre 565-555 a.C., e pintou dois
vasos com o Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
92 e 100). O Pintor de Castellani
(cf. VON BOTHMER, 1944, p. 165) recebe seu nome da ânfora da Coleção Augusto
Castellani, do Museu Nacional Estrusco de Villa Giulia, em Roma, na Itália (inv.
50652; cf. VON BOTHMER, 1944, p. 168, 1; Beazley, 1956, p. 98, 42. Ele esteve
em atividade entre 560-545 a.C. e pintou apenas um vaso com o Duelo entre Aquiles e
Mêmnon (Cat. 95). O Pintor de Guglielmi (cf. VON BOTHMER, 1944, p. 165)
recebe seu nome da ânfora da Coleção Benedetto Guglielmi do Museu Gregoriano
Etrusco do Vaticano (Inv. G13; cf. VON BOTHMER, 1944, p. 170, 6; Beazley,
1956, p. 99, nº 56). Ele esteve em atividade entre 560-545 a.C. e pintou apenas um vaso
com o Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 93). O Pintor do Gamo (cf. VON
BOTHMER, 1944, p. 165) caracteriza-se, especialmente, por seus animais; seu nome
vem do mais frequente e típico deles, o gamo, com “uma elegante linha de pontos
brancos sobre o lombo”. Em atividade entre 560-545 a.C., pintou, exclusivamente,
vasos da cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon. A quantidade demonstra sua
insistência no tema; são cinco vasos (Cat. n
os
97, 98, 99, 103 e 104). O Grupo de O.L.L.
(cf. BEAZLEY, 1956, p. 94-95) recebe seu nome de um conjunto de sete vasos nos
33
museus de Oxford, na Inglaterra, de Leipzig, na Alemanha, e do Louvre, em Paris, na
França. Esses vasos podem ser de um único pintor; mas, como não há certeza, fala-se de
um grupo. O grupo pintou dois vasos com o Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
94
e 96).
Na condição de Próximo do Grupo Tirrênico, está o Grupo de Arquipe (cf.
BEAZLEY, 1956, p. 106), que recebe seu nome da representação da amazona Arquipe
na hídria do Museu de História da Arte, em Viena, na Áustria (Inv. 3613; cf.
BEAZLEY, 1956, 106, 1). O grupo pintou apenas um vaso com a cena do
Armamento de Aquiles (Cat. nº 11).
1.1.1.6 Lido e seus companheiros
O Pintor Lido (cf. BEAZLEY, 1956, p. 107-113, 684-685, 714; 1971, p. 43-46),
em atividade entre 560-540 a.C., é conhecido por sua assinatura como pintor em dois
vasos: um dino fragmentário do Museu da Acrópole, em Atenas, na Grécia, (Inv. 607;
cf. BEAZLEY, 1956, p. 107, 1), e uma Ânfora do Museu do Louvre, em Paris, na
França (Inv. F29; cf. BEAZLEY, 1956, p. 109, 21). Ele pintou somente um vaso
com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. nº 18), mas no período seguinte.
Lido tem dois companheiros principais. O Pintor do Vaticano 309 (cf.
BEAZLEY, 1956, p. 120-122, 685, 714; 1971, p. 49-50), nomeado a partir da ânfora
epônima do Museu Gregoriano Etrusco do Vaticano (Inv. 309; cf. BEAZLEY, 1956, p.
121, 7), pintou apenas um vaso com o Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 101).
O Pintor do Louvre F6 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 123-129, 685, 714; 1971, p. 50-53,
518), nomeado a partir da hídria epônima do Museu do Louvre, em Paris, na França,
(Inv. F6; cf. BEAZLEY, 1956, p. 123, 3), pintou dois vasos com o Armamento de
Aquiles (Cat. nº 5 e 12).
1.1.1.7 Pintores de cálice dos Pequenos Mestres
Os Pequenos Mestres são assim chamados devido ao caráter miniaturista de suas
figuras que decoram seus cálices. O termo vem do alemão Kleinmeister, e foi,
originalmente, cunhado pelos historiadores da Arte para classificarem alguns artistas
“menores” da Alemanha do século XVI d.C. O “cálice dos Pequenos Mestres” tem
forma específica: em relação aos cálices tipo Comasta e tipo Siana, ele tem o mais
alto. duas formas principais: o cálice com faixa, com borda negra ornada de uma
faixa entre as alças, e o cálice com lábio, com borda na cor da argila e decorada com
34
uma única figura isolada. Esses três tipos de cálice, Comasta, Siana e Pequenos Mestres,
são as formas dominantes até cerca de 550 a.C.; depois, predomina o cálice tipo A (cf.
Cat. 117), caracterizado pela bacia profunda, sem lábio saliente, como o caule e o
curtos.
Em atividade entre 560-530 a.C., muitos oleiros e pintores dos Pequenos
Mestres são conhecidos por suas assinaturas; quando não assinatura, mas o vaso
segue o estilo e a forma, atribui-se, genericamente, aos Pequenos Mestres (cf.
BEAZLEY, 1956, p. 159-197, 688-689; 1971, p. 67-69). Nessa condição, eles pintaram
um vaso com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. 7). O Pintor de Frinos (cf.
BEAZLEY, 1956, p. 168-169, 688; 1971, p. 70-71) recebe seu nome do oleiro Frinos,
que assinou vários de seus vasos. Em atividade entre 560-540 a.C., ele pintou um vaso
com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. 162). O Pintor de Sócles
(cf. BEAZLEY, 1971, p. 72, 172-173), recebe, também, seu nome do oleiro (“Sócles me
fez”), que assinou quatro de seus vasos. Ele pintou somente um vaso (Cat. 40), o
mais antigo da cena da Partida de Aquiles.
1.1.2 Vasos sem atribuição
três vasos, desse período, que não receberam atribuição: um com a cena do
Duelo entre Enéias e Diomedes (Cat. nº 60), um com a do Duelo entre Aquiles e
Mêmnon (Cat. 102) e um com a de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat.
163).
1.2 550-525 a.C.
Esse período conta com vinte e quatro artesãos, os quais trabalharam com a
técnica de figuras negras. Eles pintaram quarenta e três imagens, perfazendo 17.34% do
total. As cenas mais representadas foram as de Ájax carregando o corpo de Aquiles,
com dezoito vasos, a do Armamento de Aquiles, com dez vasos, e a do Duelo entre
Aquiles e Mêmnon, com nove vasos. A cena do duelo entre Ájax e Heitor começou a ser
representada nesse período. As cenas do Duelo entre Aquiles e Heitor e de Sono e Morte
carregando o corpo de Sarpédon não foram representadas nesse período.
35
1.2.1 Figuras negras
1.2.1.1 Pintor de cálice tipo Siana
Dos pintores de cálice tipo Siana, apenas o Pintor de Heidelberg pintou nesse
período. Além do vaso com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles, no período
anterior, ele pintou mais dois com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. n
os
13 e 14).
1.2.1.2 Lido e seus companheiros
O Pintor Lido, apesar de estar em atividade desde cerca de 560 a.C., pintou
somente nesse período um vaso com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. 18). O
Pintor do Camelo (cf. BEAZLEY, 1956, p. 120; 1971, p. 49), companheiro de Lido,
pintou apenas um vaso com cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles, em ambos os
lados (Cat. nº 164A-B).
1.2.1.3 Grupo E e Exécias
Esse grande e coeso grupo é assim nomeado devido às suas afinidades estreitas
com o Pintor Exécias (cf. BEAZLEY, 1956, p. 133). O Grupo E (cf. BEAZLEY, 1956,
p. 133-138, 686; 1971, p. 54-57), em atividade por volta de meados do século VI a.C.,
propriamente dito, não pintou nenhum vaso; apenas o artesão Maneira do Grupo E
pintou um vaso com o Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 105).
Na condição de Próximo do Grupo E, o Pintor de Towry Whyte (BEAZLEY,
1956, p. 141-142; 1971, p. 58), nomeado a partir de uma ânfora da antiga Coleção de
Towry Whyte, agora, do Museu da Faculdade Trindade, da Universidade de Cambridge,
na Inglaterra (Inv. 32.10; cf. BEAZLEY, 1956, p. 141, 1), pintou mais um vaso
como o Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 106).
O Pintor Exécias, em atividade entre 545-530 a.C., é conhecido por sua
assinatura como pintor em onze vasos (cf. BEAZLEY, 1956, p. 143-147, 686-687, 714;
1971, p. 59-61). Ele pintou seis vasos: um com a cena da Partida de Aquiles (Cat.
41), um com a do Duelo entre Ájax e Heitor (Cat. 66) e quatro com a de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
165, 166, 170 e 177A-B). Dois artesãos ligados
a ele, Próximo do Pintor Exécias e Círculo do Pintor Exécias, pintaram,
respectivamente, dois vasos com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
178
e 179).
36
1.2.1.4 Pintor de Amásis
O Pintor de Amásis (cf. BEAZLEY, 1956, p. 150-158, 687-688, 714; 1971, p.
62-67) recebe seu nome do oleiro que assinou nove de seus vasos (“Amásis me fez”);
como o estilo do desenho é o mesmo em todos eles, o pintor, anônimo, foi assim
nomeado. Em atividade entre 560-525 a.C., ele pintou três vasos, dois com a cena do
Armamento de Aquiles (Cat. n
os
15 e 16) e um com a do Duelo entre ris e Menelau
(Cat. nº 55).
1.2.1.5 Nicóstenes
Nicóstenes, em atividade entre 550-510 a.C., foi um oleiro que assinou inúmeros
vasos (“Nicóstenes me fez”); como há diferenças de estilos nas pinturas, alguns pintores
foram identificados. O Pintor N (cf. BEAZLEY, 1956, p. 216-224, 690; 1971, p. 105-
106), assim chamado para se distinguir do Pintor de Nicóstenes (pintor de figuras
vermelhas primeiramente nomeado; ver período seguinte), pintou um vaso com a cena
do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 108). O Pintor de BMN (cf. BEAZLEY,
1956, p. 226-228, 690; 1971, p. 106-107), abreviatura de Pintor de Nicóstenes do
Museu Britânico, devido a uma ânfora do Museu Britânico, em Londres, na Inglaterra,
(Inv. B295; cf. BEAZLEY, 1956, p. 226, 1), pintou um outro vaso com a cena do
Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 109).
1.2.1.6 Lisípides
O Pintor de Lisípides (cf. BEAZLEY, 1956, p. 254-257, 691; 1971, p. 113-114),
nomeado a partir da inscrição kalós (“Lisípides é belo”), na ânfora do Museu Britânico,
em Londres, na Inglaterra (Inv. B211; cf. BEAZLEY, 1956, p. 256, 14), esteve em
atividade entre 530-510 a.C. e foi seguidor do Pintor Exécias. Ele pintou um vaso com a
cena Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. 171) nesse período, e um outro com a
do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 114) no período seguinte.
1.2.1.7 Antímenes e seu círculo
Antímenes e seu círculo formam um grande grupo, composto por pintores e
grupos menores. O Grupo do Olho-Sereia e o Grupo de Wurzburgo 199 têm caráter um
pouco distinto. Os demais pintores são muito parecidos uns com os outros, e com
próprio Pintor de Antímenes (cf. BEAZLEY, 1956, p. 266). Depois do Grupo de
Leagro, em atividade no próximo período, foi o Grupo que mais pintou vasos,
37
totalizando vinte e um. O Pintor de Antímenes (cf. BEAZLEY, 1956, p. 266-275, 691;
1971, p. 117-121, 518-519), em atividade entre 530-510, foi nomeado a partir da
inscrição kalós (“Antímenes é belo”) na hídria do Museu Nacional de Antiguidades, em
Leiden, na Holanda (Inv. PC63; cf. BEAZLEY, 1956, p. 266, 1). Ele pintou nove
vasos, dois, nesse período, com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
110 e
111) e sete, no período seguinte, com essa e outras cenas. O artesão Círculo do Pintor
de Antímenes pintou mais um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat.
112). Um outro artesão Relacionado ao Pintor de Antímenes pintou um vaso com a
cena da Partida de Aquiles em um lado (Cat. 44) e com a de Ájax carregando o
corpo de Aquiles no outro (Cat. nº 184).
1.2.1.8 Outros pintores de vaso
John Davidson Beazley (1956, p. 296) agrupa nessa categoria pintores que
estiveram em atividade na segunda metade do século VI a.C.; por isso, uma parte deles
é apresentada nesse período, e outra no posterior. O primeiro deles, contemporâneo dos
membros mais antigos do Grupo E, o Pintor de Berlim 1686 (cf. BEAZLEY, 1956, p.
296-297, 692; 1971, p. 128-129), nomeado a partir da ânfora epônima do Museu
Nacional, em Berlim, na Alemanha (Inv. 1686; cf. BEAZLEY, 1956, p. 296, 4),
pintou um vaso com as cenas do Armamento e da Partida de Aquiles em um lado (Cat.
n
os
17 e 42) e com a do Duelo entre Aquiles e Mêmnon no outro (Cat. nº 107).
Sucessor imediato do Pintor de Berlim 1686, o Grupo de Princeton compreende
dois pintores e pintou um vaso (Cat. nº 340) da cena XIV. O artesão, Maneira do Pintor
de Princeton (cf. BEAZLEY, 1956, p. 299-301; 1971, p. 130-131), pintou mais um
vaso (Cat. nº 341) da mesma cena.
Os próximos três pintores têm ligações com o Grupo de Princeton, encabeçado
pelo Pintor de Princeton (cf. BEAZLEY, 1956, p. 297-299, 692, 715; 1971, p. 129-
130), nomeado a partir de uma ânfora do Museu da Universidade de Princeton, nos
Estados Unidos da América. O Pintor de Wurzburgo 243 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 304;
1971, p. 131-132), nomeado a partir da ânfora epônima do Museu Martin von Wagner,
em Wurzburgo, na Alemanha (Inv. 243; cf. BEAZLEY, 1956, p. 304, 1), pintou um
vaso com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. 167). Talvez um
discípulo do Pintor de Princeton, o Pintor do Balanço (cf. BEAZLEY, 1956, p. 304-
310; 1971, p. 132-135, 519), nomeado a partir de uma cena de kômos, um homem e
jovens dançando, na ânfora do Museu Nacional, em Munique, na Alemanha (Inv. 1387;
38
cf. BEAZLEY, 1956, p. 304, 7), pintou, também, um vaso com a cena de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (Cat. 180). Próximo do Pintor do Balanço, o Pintor
de Munique 1410 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 311, 693; 1971, p. 135), nomeado a partir
da ânfora epônima do Museu Nacional, em Munique, na Alemanha (Inv. 1410; cf.
BEAZLEY, 1956, p. 311, 1), pintou três vasos, um com a cena do Duelo entre
Aquiles e Mêmnon nesse período (Cat. nº 113) e dois, no período seguinte, com as cenas
dos duelos entre Ájax e Heitor e entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
68 e 121).
Há, ainda, outros três pintores, contemporâneos, sem ligações uns com os outros.
O Pintor do Vaticano 365 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 311-312, 693; 1971, p. 135-136),
nomeado a partir da ânfora epônima do Museu Gregoriano Estrusco do Vaticano (Inv.
365; cf. BEAZLEY, 1956, p. 311, nº 1), pintou um vaso com a cena de Ájax carregando
o corpo de Aquiles (Cat. 168). O Pintor do Focinho Comprido (cf. BEAZLEY,
1956, p. 327-328, 694; 1971, p. 145), nomeado a partir da característica do desenho de
seus cavalos, o focinho comprido, em uma ânfora do Museu Nacional, em Munique, na
Alemanha (Inv. 1412; cf. BEAZLEY, 1956, p. 328, nº 9), pintou um vaso com a cena de
Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. 172). O Pintor de Londres B235 (cf.
BEAZLEY, 1971, p. 152), nomeado a partir da ânfora epônima do Museu Britânico, em
Londres, na Inglaterra (Inv. B235; cf. BEAZLEY, 1971, p. 152, 1), pintou um vaso
com as cenas da Partida de Aquiles e de Ájax carregando o corpo de Aquiles em cada
um de seus lados (Cat. n
os
43 e 181).
1.2.1.9 Pintor de olpa
Classificado como um pintor de olpa, o Pintor do Louvre F161 (cf. BEAZLEY,
1956, p. 450; 1971, p. 195), nomeado a partir da olpa epônima do Museu do Louvre, em
Paris, na França (Inv. F161; cf. BEAZLEY, 1956, p. 450, 2), pintou uma ânfora tipo
nicosteneana com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. nº 173).
1.2.1.10 Pintor de lécito
De igual maneira, o Pintor da Olpa de Nicósia (cf. BEAZLEY, 1956, p. 452-
454, 698; 1971, p. 196-197, 519), nomeado a partir de uma olpa do Museu
Arqueológico de Nicósia (Inv. C809; cf. BEAZLEY, 1956, p. 452, 1), na ilha de
Chipre, pintou três vasos, dois esquifos e uma olpa, todos com a cena do Armamento de
Aquiles (Cat. n
os
19, 20 e 21).
39
1.2.2 Vasos sem atribuição
cinco vasos, desse período, que não receberam atribuição: um com a cena do
Armamento de Aquiles (Cat. 22) e quatro com a de Ájax carregando o corpo de
Aquiles (Cat. n
os
169, 174, 175 e 176).
1.3 525-500 a.C.
Esse período conta com trinta e seis artesãos, trinta que trabalharam com a
técnica de figuras negras e seis com a de figuras vermelhas. Eles pintaram noventa e
quatro imagens, perfazendo 37.90% do total. Nesse período, todas as cenas foram
representadas, sendo as mais frequentes as de Ájax carregando o corpo de Aquiles, com
quarenta e nove vasos, e a do Duelo entre Aquiles e Mêmnon, com vinte vasos. As cenas
do Duelo entre Aquiles e Heitor e de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon
começaram a ser representadas nesse período.
1.3.1 Figuras negras
1.3.1.1 Lido e seus companheiros
Além dos dois vasos pintados, no período anterior, um pelo próprio Pintor Lido
e outro pelo Pintor do Camelo, com as cenas do Armamento de Aquiles e de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
18 e 164), o artesão Próximo do Pintor Lido
pintou, nesse período, mais um vaso com essa última cena (Cat. nº 202).
1.3.1.2 Lisípides
O Pintor de Lisípides, além do vaso do período anterior com a cena de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (cat. 171), pintou, nesse período, um outro com a
cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 114).
três artesãos com contatos com o Pintor de Lisípides. O artesão Maneira do
Pintor de Lisípides (cf. BEAZLEY, 1956, p. 257-262, 691, 715; 1971, p. 114-116)
pintou dois vasos, um com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 122) e
outro com a de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. 196). O artesão
Relacionado ao Pintor de Lisípides (cf. BEAZLEY, 1956, p. 262-263; 1971, p. 116)
pintou outros três vasos com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
116,
117 e 118). Por fim, o artesão Próximo do Pintor do Vaticano G43 (cf. BEAZLEY,
40
1956, p. 263-264; 1971, p. 116-117) pintou um vaso com a cena de Ájax carregando o
corpo de Aquiles (Cat. nº 211).
1.3.1.3 Antímenes e seu círculo
O Pintor de Antímenes, além de seus dois vasos, no período anterior, pintou,
nesse período, sete vasos: um com a cena do Duelo entre Ájax e Heitor (Cat. 67),
outro com a do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 119), e cinco com a de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
182, 183, 194, 195 e 212). O artesão Círculo
do Pintor de Antímenes, além de um vaso, no período anterior, pintou outros dois
vasos: um com as cenas da Partida de Aquiles e de Ájax carregando o corpo de Aquiles,
uma em cada lado (Cat. n
os
45 e 185), e outro com a cena do Duelo entre Aquiles e
Mêmnon (Cat. nº 128).
Do círculo do Pintor de Antímenes, três artesãos que trabalharam,
especificamente, nesse período. O artesão Maneira do Pintor de Antímenes pintou
quatro vasos: dois com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
120 e 123) e
dois com a de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
197 e 198). Um artesão do
Grupo do Olho-Sereia (cf. BEAZLEY, 1956, p. 286-287, 692; 1971, p. 125), nomeado
a partir da representação de sereias na ânfora do Museu Britânico, em Londres, na
Inglaterra (Inv. B215; cf. BEAZLEY, 1956, p. 286, nº 1), pintou um vaso com a cena de
Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. 213). O Pintor de Wurzburgo 199 (cf.
BEAZLEY, 1956, p. 287-290; 1971, p. 126), nomeado a partir da ânfora epônima do
Museu Martin von Wagner, em Wurzburgo, na Alemanha (Inv. 199; cf. BEAZLEY,
1956, p. 287, 5), pintou um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat.
nº 125).
1.3.1.4 Grupo de Leagro
O Grupo de Leagro (cf. BEAZLEY, 1956, p. 354-391, 665, 695-696, 715, 716;
1971, p. 161-167, 519) é nomeado a partir de certo número de vasos com inscrição
kalós (“Leagro é belo”), como, por exemplo, na hídria do Museu Nacional, em
Munique, na Alemanha (Inv. 1709; cf. BEAZLEY, 1956, p. 361, nº 14).
É um grupo grande, formado por pintores de figuras negras, semelhantes no
estilo, de uma mesma oficina ou de oficinas com contatos entre si. O grupo esteve em
atividade entre 520-500 a.C., foi contemporâneo do Grupo dos Pioneiros das figuras
vermelhas, de seus companheiros e seguidores imediatos.
41
Inúmeros pintores e grupos menores foram distinguidos. No centro do grupo,
está o Grupo de Antíope, que constitui toda uma ala, e o Pintor de Aqueloo, com muitos
vasos que o lembram, na forma ou na proximidade de seu estilo, ou seja, Maneira do
Pintor de Aqueloo. Integram, ainda, o grupo: o Pintor de Munique 1519, o Pintor de
Oxford 569 e o Pintor de Edinburgo.
Há, ainda, alguns artesãos que têm conexões com o grupo, ainda que com parte
apenas de sua obra. O Pintor de Nicóxenos e seu seguidor, o Pintor de Eucarides,
pertencem ao grupo, mas somente por seus vasos em figuras negras. O Pintor da Linha
Rubra, por suas melhores obras, pertence ao grupo, mas, dificilmente, pelo restante (cf.
BEAZLEY, 1956, p. 354, 600). A Classe da Faixa com Pontos também está conectada
ao grupo (cf. BOARDMAN, 1997a, p. 150). Como os vasos catalogados desses artesãos
inscrevem-se na condição de “não leagrianos”, eles são postos em outros lugares.
O Grupo de Leagro, sem especificação de um artesão em particular, pintou onze
vasos: um com as cenas do Armamento de Aquiles e de Ájax carregando o corpo de
Aquiles, uma em cada lado (Cat n
os
23 e 187); um com as cenas do Duelo entre Páris e
Menelau e de Ájax carregando o corpo de Aquiles, uma em cada lado (Cat n
os
56 e
199); um com a cena do Duelo entre Ájax e Heitor (Cat. 70) e oito com a cena de
Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
188, 203, 216, 217, 223, 224, 228 e 229).
Dentre os pintores e grupos identificados, o Grupo de Antíope (cf. BEAZLEY,
1956, p. 356-357; 1971, p. 160)
3
pintou um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e
Heitor (Cat. 69). O artesão Próximo do Grupo de Antíope pintou um vaso com a
cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. nº 214). O artesão Maneira do Pintor
de Aqueloo (cf. BEAZLEY, 1956, p. 358; 1971, p. 160) pintou um vaso com a cena do
Duelo entre Páris e Menelau (Cat. 57). Outros três pintores pintaram um vaso cada
um com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
204, 215 e 218): o
Pintor de Oxford 569 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 358; 1971, p. 160), nomeado a partir da
ânfora epônima do Museu Ashmolean, em Oxford, na Inglaterra (Inv. 569; cf.
BEAZLEY, 1956, p. 374, 200); o Pintor de Munique 1519 (cf. BEAZLEY, 1956, p.
393-394, 696; 1971, p. 173), nomeado a partir da ânfora epônima do Museu Nacional,
em Munique, na Alemanha (Inv. 1519; cf. BEAZLEY, 1956, p. 394, nº 4); e o Pintor de
3
O Grupo de Antíope é assim chamado devido a seu pintor principal e epônimo, o Pintor de
Antíope, que foi nomeado a partir da representação de Teseu e Antíope na ânfora do Museu Arqueológico
Nacional, em Nápoles, na Itália (Inv. 128333; cf. BEAZLEY, 1956, p. 367, nº 93).
42
Edinburgo (cf. HASPELS, 1936, p. 86-89, 215-221, 250; Beazley, 1956, p. 476-478,
670, 671, 700; 1971, p. 217-219), nomeado a partir do lécito epônimo do Museu
Nacional, em Edimbrugo, na Escócia (Inv. 1956.436; cf. BEAZLEY, 1971, p. 217,
19).
1.3.1.5 Outros pintores de vaso
Retoma-se, agora, o restante dos artesãos agrupados nessa categoria. O Pintor de
Munique 1410, além de seu vaso no período anterior, pintou, ainda, outros dois vasos
com as cenas dos duelos entre Ájax e Heitor e entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
68 e
121). O artesão da Classe de Cambridge 49 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 316; 1971, p.
138), nomeado a partir da ânfora epônima do Museu Fitzwilliam, em Cambridge, na
Inglaterra (Inv. 49; cf. BEAZLEY, 1956, p. 316. 1), pintou um vaso com a cena do
Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 115). O artesão da Classe da Coleção das
Medalhas 218 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 319-320; 1971, p. 139-140), nomeado a partir
da ânfora epônima da Coleção das Medalhas, em Paris, na França (Inv. 218; cf.
BEAZLEY, 1956, p. 319, p. 1), pintou um vaso com a cena de Ájax carregando o
corpo de Aquiles (Cat. nº 186). O Grupo das Três Linhas (cf. BEAZLEY, 1956, p. 320-
321, 693-694, 700; 1971, p. 140-141), nomeado a partir das três linhas que emolduram a
parte inferior do quadro de suas ânforas, pintou um vaso com a cena do Duelo entre
Aquiles e Mêmnon (Cat. 131). Seus desenhos lembram, às vezes, o Pintor de
Lisípides.
O Pintor de Príamo, um artesão próximo a ele, e o Pintor de Rycroft estão
relacionados. O Pintor de Príamo (cf. BEAZLEY, 1956, p. 330-333, 694; 1971, p. 146-
147), nomeado a partir de um de seus personagens, Príamo, é um importante pintor
relacionado, em alguns aspectos, ao Pintor de Antímenes e ao Grupo de Leagro. Ele não
pintou nenhum vaso; mas, o artesão Próximo do Pintor de Príamo (cf. BEAZLEY,
1956, p. 333-334, 715; 1971, p. 147) pintou um com a cena de Ájax carregando o corpo
de Aquiles (Cat. 222). O Pintor de Rycroft (cf. BEAZLEY, 1956, p. 335-338, 675,
692, 694; 1971, p. 148-149), nomeado a partir de uma ânfora da Coleção particular
Spencer Crurchill (ex. Rycroft), em Northwick, na Inglaterra (cf. BEAZLEY, 1956, p.
335, nº 1), pintou um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 133).
43
1.3.1.6 Grupo de Munique 1512
O Grupo de Munique 1512, nomeado a partir da ânfora epônima do Museu
Nacional, em Munique, na Alemanha (Inv. 1512; cf. Wünsche, 2006, p. 263, 441, cat. nº
91), pintou um vaso com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. nº 219).
1.3.1.7 Enócoas
Tanto os pintores, como os oleiros, são anônimos; serão chamados, por isso,
simplesmente de artesãos. O artesão da Classe de Altemburgo (cf. BEAZLEY, 1956, p.
422-423; 1971, p. 181-182), nomeado a partir da enócoa do Museu Nacional Lindenau,
em Altemburgo, na Alemanha (Inv. 2003; cf. BEAZLEY, 1956, p. 422, 11), pintou
dois vasos: um com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 75) e outro com a
de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. 200). O artesão da Classe do Vaticano
G47 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 429-431, 697), nomeado a partir da enócoa epônima do
Museu Gregoriano Estrusco do Vaticano, pintou um vaso com a cena do Duelo entre
Aquiles e Mêmnon (Cat. 124). O artesão da Classe do Louvre F335 (cf. Heesen,
1996, p. 67), nomeado a partir da olpa epônima do Museu do Louvre, em Paris, na
França (cf. FOURNIER-CHRISTOL, 1990, p. 30), pintou um vaso com a cena do
Armamento de Aquiles (Cat. nº 24).
1.3.1.8 Pintor de lécito
O Pintor do Cacto foi nomeado por Caroline Henriette Emilie Haspels (cf.
HASPELS, 1936, p. 61-62, 198; BEAZLEY, 1956, p. 472, 505; 1971, p. 212) a partir
do motivo floral, um tipo de cacto, que figura, em alguns de seus lécitos, entre as
palmetas de sua decoração na pança. Ele lembra, vagamente, o Pintor de Rycroft, e
pintou um vaso com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. nº 225).
1.3.1.9 Pintores de ânfora pequena
O Pintor de Villa Giulia M482 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 590; 1971, p. 295-297),
nomeado a partir da ânfora epônima do Museu Nacional Estrusco de Villa Giulia, em
Roma, na Itália (Inv. M482; cf. BEAZLEY, 1956, p. 590, 3), pintou um vaso com as
cenas da Partida de Aquiles e de Ájax carregando o corpo de Aquiles, uma em cada
lado (Cat. n
os
50 e 230). O artesão Comparar ao Pintor de Villa Giulia M482 pintou
um vaso com essas duas cenas, uma em cada lado (Cat. n
os
47 e 205).
44
1.3.2 Figuras vermelhas
1.3.2.1 Pintores de vaso do período arcaico
Os pintores do Grupo Pioneiro são os mais interessantes de sua época, seja por
seus méritos artísticos, seja por suas personalidades ou, ainda, pela coerência deles
enquanto um grupo (cf. BOARDMAN, 1997b, p. 29). Eles são chamados de “pioneiros
não por terem iniciado a nova técnica de figuras vermelhas, e sim, por serem os
primeiros a dominá-la com maestria. O Pintor Eufrônio (cf. BEAZLEY, 1963, p. 13-
17, 1619, 1705; 1971, p. 321-322, 509), em atividade entre 520-505, assinou seis vasos
como pintor e, na parte mais recente de sua carreia, dez como oleiro. Na condição de
oleiro, quem mais pintou seus vasos foi o Pintor Onésimo. O Pintor Eufrônio pintou
quatro vasos: dois com a cena de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon (Cat.
n
os
146 e 147), os mais antigos dessa cena, e dois com a cena de Ájax carregando o
corpo de Aquiles (Cat. n
os
192 e 193). O Pintor Esmícro (cf. BEAZLEY, 1963, p. 20-
21, 1618-1620; 1971, p. 322-323), em atividade entre 510-500 a.C., é conhecido de sua
assinatura, como pintor, em três vasos. Foi imitador de Eufrônio e pintou um vaso com
a cena do Duelo entre Ájax e Heitor (Cat. 71). O Pintor Fintias (cf. BEAZLEY,
1963, p. 22-25, 1620, 1700; 1971, p. 323, 509), conhecido de suas assinaturas, em seis
vasos como pintor e em três como oleiro, pintou um vaso com a cena do Duelo entre
Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 129).
1.3.2.2 Pintores de cálice do período arcaico
O cálice tipo A continua nas figuras vermelhas; mas, agora, também o cálice
tipo B, caracterizado pela bacia menos profunda e pela curva contínua do lábio ao pé.
Nessa classe, estão reunidos três pintores. O Pintor Oltos (cf. BEAZLEY, 1963,
p.53-67, 1622-1623, 1700; 1971, p. 326-328), em atividade entre 525-500 a.C., foi
principalmente um pintor de cálice, mas muitos de seus melhores vasos são de outras
formas. Seu nome é conhecido de sua assinatura como pintor em alguns de seus vasos.
Ele pintou três vasos: um com a cena da Partida de Aquiles (Cat. nº 49) e dois com a do
Duelo entre Enéias e Diomedes (Cat. n
os
61 e 62). O Pintor Epícteto (cf. BEAZLEY,
1963, p. 70-79, 1623-1624, 1705; 1971, p. 328-329, 509), em atividade entre 520-490
a.C., é conhecido por suas inúmeras assinaturas como pintor e como oleiro. Ele pintou
um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 127). O Pintor de
Nicóstenes (cf. BEAZLEY, 1963, p. 123-127, 1627; 1971, p. 333, 510), nomeado a
45
partir da assinatura do oleiro Nicóstenes, pintou um vaso com a cena de Sono e Morte
carregando o corpo de Sarpédon (Cat. nº 148).
1.3.2.3 Vasos sem atribuição
vinte e um vasos, desse período, que não receberam atribuição: um da cena
do Armamento de Aquiles (Cat. nº 25), dois da cena da Partida de Aquiles (Cat. n
os
46 e
48), um da cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat. 76), três da cena do Duelo
entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
126, 130 e 132), um da cena de Sono e Morte
carregando o corpo de Sarpédon (Cat. 149) e treze da cena de Ájax carregando o
corpo de Aquiles (Cat. n
os
189, 190, 191, 201, 206, 207, 208, 209, 210, 220, 221, 226 e
227).
1.4 500-475 a.C.
Esse período conta com vinte e sete artesãos, quatorze que trabalharam com a
técnica de figuras negras e treze com a de figuras vermelhas. Eles pintaram cinquenta e
quatro imagens, perfazendo 21.77% do total. Nesse período, todas as cenas foram
representadas, sendo as mais frequentes as de Ájax carregando o corpo de Aquiles, com
dezoito vasos; a do Duelo entre Aquiles e Heitor, com nove vasos; a de Sono e Morte
carregando o corpo de Sarpédon, com oito vasos; e a do Duelo entre Aquiles e
Mêmnon, com sete vasos.
1.4.1 Figuras negras
1.4.1.1 Pintores de lécito
Os pintores dessa classe foram nomeados por Caroline Henriette Emilie Haspels.
Os dois primeiros, em atividade no início do século V a.C., trabalharam lado a lado, e
foram influenciados pelo Pintor de Edinburgo. O Pintor de Safo (cf. HASPELS, 1936,
p. 94-130, 225-229; BEAZLEY, 1956, p. 507-508, 702; 1963, p. 300-306, 973; 1971, p.
246-247), nomeado a partir da representação de “Safo com uma lira” na cálpide do
Museu do Castelo de Goluchow, na Polônia (Inv. 32; cf. HASPELS, 1936, p. 228, nº
56), pintou três vasos: um com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 135) e
dois com a de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
237 e 238). O Pintor de
Diósfos (cf. HASPELS, 1936, p. 94-130, 232-241; BEAZLEY, 1956, p. 508-511, 702-
703, 716; 482, 668; 1963, p. 300-306, 973; 1971, p. 248-250) recebe seu nome da
46
inscrição “Diósfos” na ânfora da Coleção das Medalhas, em Paris, na França (Inv. 219;
cf. HASPELS, 1936, p. 238, 120). Ele pintou três vasos: dois com a cena de Sono e
Morte carregando o corpo de Sarpédon (Cat. n
os
150 e 151) e um com a de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (Cat. nº 239).
Os próximos dois pintores têm, também, relações entre si. O Pintor de Atena
(cf. HASPELS, 1936, p. 141-165, 254-260; BEAZLEY, 1956, p. 522-524, 704; 1971, p.
260-262), assim chamado devido às suas numerosas representações da deusa Atena,
pintou dois vasos: um com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat. 78) e outro
com de Sono e morte carregando o corpo de Sarpédon (Cat. nº 155). Tratando do Pintor
de Atena, John Davidson Beazley considera, ainda, uma classe das enócoas
(BEAZLEY, 1956, p. 526-531; 1971, p. 264-265). O oleiro é o mesmo, mas os pintores
não. Muitas são pintadas pelo próprio pintor, e outras por algum artesão de sua oficina.
Entre esses últimos, o Pintor do Vaticano G49 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 534-537, 705;
1971, p. 267-268), nomeado a partir da enócoa epônima do Museu Gregoriano Etrusco
do Vaticano (Inv. G49; cf. BEAZLEY, 1956, p. 535, nº 25), pintou um vaso com a cena
de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon (Cat. nº 152).
Em seguida, vem o Grupo de Haimon, que recebe seu nome do Pintor de
Haimon (cf. HASPELS, 1936, p. 130-141, 241-246; BEAZLEY, 1956, p. 538-539;
1971, p. 269), nomeado a partir da representação, em quatro de seus vasos (cf.
HASPELS, 1936, p. 241, n
os
7-10), da Esfinge com sua vítima; considerando que
Haimon, filho de Créon, foi, justamente, a última vítima da Esfinge, o nome foi
proposto. O Grupo de Haimon, sem a especificação de artesão em particular, o artesão
Maneira do Pintor de Haimon e o Pintor de Haimon pintaram, cada qual, um vaso com
a cena de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon (Cat. n
os
153, 156A-B e 157).
1.4.1.2 Pintores de ânfora pequena
O Pintor de Wurzburgo 234 (cf. BEAZLEY, 1956, p. 591), nomeado a partir da
ânfora epônima do Museu Martin von Wagner, em Wurzburgo, na Alemanha (Inv. 243;
cf. BEAZLEY, 1956, p. 591, 3), pintou um vaso com as cenas da Partida de Aquiles
e de Ájax carregando o corpo de Aquiles, uma em cada lado (Cat. n
os
52 e 240). O
Pintor do Louvre F268 (cf. BEAZLEY, 1971, p. 297), nomeado a partir da ânfora
epônima do Museu do Louvre, em Paris, na França (Inv. F268; cf. BEAZLEY, 1971, p.
297, 1), pintou um vaso com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat.
235).
47
Os próximos quatro artesãos têm conexões com o Grupo de Leagro. O Pintor da
Linha Rubra (cf. BEAZLEY, 1956, p. 600-605, 710; 1971, p. 300-301) recebe seu
nome das linhas que limitam a parte inferior da moldura, pintadas, geralmente, em
vermelho, em vez de negro. Por suas melhores obras, duas ânforas (Villa Giulia 50631 e
Faina 72), uma hídria (Roma, comércio), e um lécito (Munique 1889), vasos de grandes
dimensões e cuidadosamente trabalhados, Beazley o inclui no Grupo de Leagro; no
entanto, ele julga que isso “dificilmente poderia ser dito do resto” de suas obras; pois,
ele “é essencialmente um pintor áspero de pequenos vasos, em particular das ânforas
com pescoço pequenas” (BEAZLEY, 1956, p. 600). Esse é o caso dos três vasos que ele
pintou com a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
241, 242 e 243). O
artesão Maneira do Pintor da Linha Rubra (cf. BEAZLEY, 1956, p. 605-606, 710;
1971, p. 302, 520) pintou outros dois vasos: um com as cenas do Armamento e da
Partida de Aquiles, uma em cada lado (Cat. n
os
26 e 51), e outro com a cena de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (Cat. 236). Um artesão da Classe da Faixa com
Pontos (cf. BEAZLEY, 1956, p. 483-485, 700; 1971, p. 218, 220-221; BOARDMAN,
1997a, p. 150), assim chamada devido ao padrão de uma “faixa com pontos”
emoldurando a parte inferior das figuras, pintou um vaso com a cena de Ájax
carregando o corpo de Aquiles (Cat. 231). O Pintor de Michigan (cf. BEAZLEY,
1956, p. 343-344, 483, 700; 1971, p. 156-157), nomeado a partir da ânfora do Museu de
Arte de Michigan, nos Estados Unidos da América (Inv. 2599; cf. BEAZLEY, 1956, p.
344, 9), pintou duas ânforas pequenas da Faixa com Pontos, ambas com a cena de
Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. n
os
233 e 234).
1.4.1.3 Pintor de cálice, tardio
O Grupo do Ramo sem Folhas (cf. BEAZLEY, 1956, p. 629, 632-653, 711-713,
716; 1971, p. 284, 310-314, 520), um grande grupo de pintores de cálice das figuras
negras tardias, é assim chamado por causa de seu motivo floral, “o ramo sem folhas”,
que não é comum fora dele. Dentre os pintores identificados, o Pintor de Caylus (cf.
BEAZLEY, 1956, p. 649-651, 713, 716; 1971, p. 313-314), nomeado a partir de vasos
da Coleção Caylus da Coleção das Medalhas, em Paris, na França, pintou um vaso com
a cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. nº 244).
48
1.4.2 Figuras vermelhas
1.4.2.1 Pintores de vaso do período tardo-arcaico
Os dois primeiros artesãos foram os grandes pintores do início do século V a.C..
O Pintor de Cleófrades (cf. BEAZLEY, 1963, p. 181-193, 1705; 1971, p. 340-341,
510), nomeado a partir da assinatura do oleiro Cleófrades no cálice da Coleção das
Medalhas, em Paris, na França (Inv. 535; cf. BEAZLEY, 1963, p. 191, 103), pintou
dois vasos: um com a cena do Duelo entre Enéias e Diomedes (Cat. 63) e outro com
a cena do Duelo entre Ájax e Heitor (Cat. 73). O Pintor de Berlim (cf. BEAZLEY,
1963, p. 196-214, 1633-1635, 1700-1701; 1971, p. 341-345, 510, 520), em atividade
entre 500-460 a.C., recebe seu nome da ânfora do Museu Nacional, em Berlim, na
Alemanha (Inv. 2160; cf. BEAZLEY, 1963, p. 196, 1). Muitos de seus temas foram
emprestados do Pintor Fíntias. Os pintores de Providence, Hermónax e de Aquiles
foram seus discípulos. Ele pintou quatro vasos: um com as cenas dos duelos entre
Aquiles e Heitor e entre Aquiles e Mêmnon, uma em cada lado (Cat. n
os
79 e 137); mais
um com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat. 80); um outro com a do Duelo
entre Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
134); e, por fim, um com a de Ájax carregando o
corpo de Aquiles (Cat. nº 232).
O Pintor de Eucarides (cf. BEAZLEY, 1963, p. 226-232, 1637, 1705; 1971, p.
347-348, 510), nomeado a partir da inscrição “Eucarides é belo”, no estano do Museu
Thorvaldsens, em Copenhague, na Dinamarca (Inv. 124; cf. BEAZLEY, 1963, p. 229,
nº 35), pintou dois vasos: um com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat. nº 81) e
outro com a de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon (Cat. nº 154).
1.4.2.2 Outros pintores de vaso grande do período tardo-arcaico
O Pintor de Tyszkiewicz (cf. BEAZLEY, 1963, p. 289-296, 1642-1643, 1708;
1971, p. 355-356, 511), nomeado a partir da cratera em cálice da Coleção Tyszkiewicz,
agora no Museu de Belas Artes, em Boston, nos Estados Unidos da América (Inv.
97.368; cf. BEAZLEY, 1963, p. 290, 1), pintou o vaso epônimo com as cenas dos
duelos entre Enéias e Diomedes e entre Aquiles e Mêmnon, uma em cada lado (Cat. n
os
64 e 140). O Pintor do Hefesteu (cf. BEAZLEY, 1963, p. 297-298, 1643; 1971, p. 356),
nomeado a partir da cratera em cálice achada no Hefeteu, na Ágora, em Atenas, na
Grécia (Inv. P9462; cf. BEAZLEY, 1963, p. 298, 4), tem algum parentesco com o
Círculo do Pintor de Brigo. Ele pintou um vaso com a cena do Armamento de Aquiles
(Cat. nº 27).
49
1.4.2.3 Pintores de cálice do período tardo-arcaico
A forma usual, desse período, é cálice tipo B, seguida da do cálice tipo C,
semelhante ao tipo B em proporção, mas com o lábio um pouco saliente e com um filete
entre o caule e o pé.
O Pintor Onésimo (cf. BEAZLEY, 1963, p. 313-314, 318-330, 1645-1646,
1701, 1706; 1971, p. 358-361, 511), conhecido de sua assinatura como pintor,
“Onésimo me pintou”, no cálice do Museu do Louvre, em Paris, na França (Inv. G105;
cf. BEAZLEY, 1963, p. 324, 60), pintou um vaso com a cena do Duelo entre Ájax e
Heitor (Cat. nº 72).
Em seguida, vem o Pintor de Brigo e seu Círculo. O Pintor de Brigo (cf.
BEAZLEY, 1963, p. 368-385, 1649, 1701; 1971, p. 365-368, 512) é nomeado a partir
da assinatura do oleiro (“Brigo me fez”) sobre quatorze de seus cálices. Suas obras mais
antigas têm paralelo com as do Pintor Onésimo. Ele pintou um vaso com a cena do
Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 138). O Pintor de Castelgiorgio (cf.
BEAZLEY, 1963, p. 386-387, 1649; 1971, p. 521), nomeado a partir de um cálice
achado na cidade de Castelgiorgio, na Itália, agora no Museu Arqueológico Nacional,
em Florença (Inv. 82894; cf. BEAZLEY, 1963, p. 386, 1), tem seu estilo na Maneira
do Pintor de Brigo. Ele pintou um vaso também com a cena do Duelo entre Aquiles e
Mêmnon (Cat. 139). O Pintor da Fundição (cf. BEAZLEY, 1963, p. 400-404, 1651,
1706; 1971, p. 369-371, 507, 512), nomeado a partir da representação de uma fundição
de bronze no cálice do Museu Nacional, em Berlim, na Alemanha (Inv. 2294; cf.
BEAZLEY, 1963, p. 400, nº 1; cf. BOARDMAN, 1997b, fig. 262), tem o estilo igual ao
do Pintor de Brigo. Ele pintou um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor
(Cat. nº 84).
Os próximos três artesãos têm ligações entre si. O Pintor ris (cf. BEAZLEY,
1963, p. 425-448, 1652-1654, 1701, 1706; 1971, p. 374-376, 512, 521), conhecido por
sua assinatura como pintor (“Dúris me pintou”) sobre trinta e nove vasos, pintou quatro
vasos: um com as cenas dos duelos entre Páris e Menelau e entre Ájax e Heitor, uma
em cada lado (Cat. n
os
58 e 74); dois com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat.
n
os
77 e 82); e um com a de Ájax carregando o corpo de Aquiles (Cat. nº 248). O artesão
Maneira do Pintor Dúris (cf. BEAZLEY, 1963, p. 449-451, 1653-1654; 1971, p. 376,
521) pintou um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat. 85). O Pintor
de Triptólemo (cf. BEAZLEY, 1963, p. 360-367, 1648, 1708; 1971, p. 364-365, 512),
50
nomeado a partir da representação de Triptólemo no estano do Museu do Louvre, em
Paris, na França (Inv. G187; cf. BEAZLEY, 1963, p. 361, 2), pintou mais um vaso
com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat. nº 83).
1.4.2.4 Pintor de vaso grande do período proto-clássico
O Pintor de Oritia (cf. BEAZLEY, 1963, p. 496-497, 1656; 1971, p. 380),
nomeado a partir da representação de “Boreas e Oritia” na ânfora do Museu Nacional,
em Berlim, na Alemanha (Inv. 2165; cf. BEAZLEY, 1963, p. 496, 1; BOARDMAN,
1997c, fig. 30), pintou, bem no início de sua carreira, um vaso com a cena do
Armamento de Aquiles (Cat. nº 28).
1.4.3 Vasos sem atribuição
quatro vasos, desse período, que não receberam atribuição: um com a cena
do Duelo entre Enéias e Diomedes (Cat. nº 65) e três com a de Ájax carregando o corpo
de Aquiles (Cat. n
os
245, 246 e 247).
1.5 475-450 a.C.
Esse período conta com onze artesãos, que trabalharam com a técnica de figuras
vermelhas. Eles pintaram treze imagens, perfazendo 5.24% do total. Nesse período, as
cenas dos duelos entre Páris e Menelau, Enéias e Diomedes, Ájax e Heitor e de Ájax
carregando o corpo de Aquiles não são mais representadas; a da Partida de Aquiles
também não, mas ela volta no período seguinte. Entre as cenas representadas, as mais
frequentes são as do Armamento de Aquiles e a do Duelo entre Aquiles e Mêmnon,
ambas com cinco vasos. A cena do Duelo entre Aquiles e Heitor tem duas
representações e a de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon, apenas uma.
1.5.1 Figuras vermelhas
1.5.1.1 Pintores de vaso grande do período proto-clássico
Os três primeiros artesãos não têm relações entre si. O Pintor Hermónax (cf.
BEAZLEY, 1963, p. 483-492, 1655, 1706; 1971, p. 379-380, 512), conhecido por sua
assinatura “Hermónax me pintou” em dez vasos, foi discípulo do Pintor de Berlim, e
pintou um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 141). O Pintor
do Pomar (cf. BEAZLEY, 1963, p. 522-528, 1657-1658; 1971, p. 383), nomeado a
51
partir da representação de uma “mulher colhendo frutos no pomar” na cratera com
colunas do Museu Metropolitano, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América
(Inv. 07.286.74; cf. BEAZLEY, 1963, p. 523, 1), pintou um outro vaso com a cena
do Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. nº 142).
Os próximos dois artesãos têm ligações entre si. O Pintor de (cf. BEAZLEY,
1963, p. 550-560, 1658-1659, 1706; 1971, p. 386-388, 513), nomeado a partir da
representação de “Pã perseguindo um jovem” na cratera em sino do Museu de Belas
Artes, em Boston, nos Estados Unidos da América (Inv. 10.185; cf. BEAZLEY, 1963,
p. 550. 1; Boardman, 1997b, fig. 335.1), foi um maneirista e pintou um vaso com a
cena do Armamento de Aquiles (Cat. 30). Um artesão dos Primeiros Maneiristas (cf.
BEAZLEY, 1963, p. 583-588, 1660; 1971, p. 393) pintou um outro vaso com a cena do
Armamento de Aquiles (Cat. nº 29).
Depois vem o Pintor dos Nióbidas e seu Grupo. O Pintor dos Nióbidas (cf.
BEAZLEY, 1963, p. 598-608, 1661, 1701-1702; 1971, p. 394-396, 513), nomeado a
partir da representação da matança dos nióbidas na cratera em cálice do Museu do
Louvre, em Paris, na França (Inv. G341; cf. BEAZLEY, 1963, p. 601, 22;
BOARDMAN, 1997c, fig. 4.1-2), não pintou nenhum vaso, apenas o artesão Maneira
do Pintor dos Nióbidas (cf. BEAZLEY, 1963, p. 608-612, 1660-1662, 1706; 1971, p.
396-397) pintou um vaso com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. 31). O Pintor
de Altamura (cf. BEAZLEY, 1963, p. 589-596, 1660-1661, 1706; 1971, p. 393-394,
513), nomeado a partir da cratera com volutas do Museu Britânico, em Londres, na
Inglaterra, achada em Altamura, na Itália, (Inv. E469; cf. BEAZLEY, 1963, p. 589,
1), é o irmão mais velho do Pintor dos Nióbidas. Ele pintou um vaso com a cena do
Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 143). O Pintor de Genebra (cf. BEAZLEY,
1963, p. 614-615; 1971, p. 397), nomeado a partir da cratera em cálice, do Museu de
Arte e de História, em Genebra, na Suíça (Inv. MF238; cf. BEAZLEY, 1963, p. 615,
1), não pintou nenhum vaso, mas o artesão Relacionado ao Pintor de Genebra pintou
um vaso com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. nº 32).
1.5.1.2 Pintores de vaso pequeno do período proto-clássico
Os dois primeiros artesãos foram, sobretudo, pintores de ânfora tipo nolana e de
lécito; mas trabalharam com outras formas. O Pintor de Providence (cf. BEAZLEY,
1963, p. 635-644, 1663, 1702, 1708; 1971, p. 400-401, 514), nomeado a partir da ânfora
do Museu de Arte da RISD, em Providence, nos Estados Unidos da América (Inv.
52
15005; cf. BEAZLEY, 1963, p. 635, 1), pode ter sido discípulo do Pintor de Berlim.
Ele pintou um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat. nº 86). O artesão
Relacionado ao Pintor de Nícon (cf. BEAZLEY, 1963, p. 650-652, 1581, 1663-1664,
1669; 1971, p. 402-403, 514), nomeado a partir da inscrição “Nícon é belo”, em alguns
de seus vasos, pintou o último vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e Heitor (Cat. nº
87).
Por fim, o Pintor de Florença 3968 (cf. BEAZLEY, 1963, p. 769, 1669; 1971,
p. 415), nomeado a partir do cálice do Museu Arqueológico Nacional, em Florença, na
Itália (Inv. 3968; cf. BEAZLEY, 1963, p. 769, 1), pintou um vaso com a cena do
Armamento de Aquiles (Cat. nº 33).
1.5.1.3 Pintores de cálice do período proto-clássico
O Pintor de Pentesiléia (cf. BEAZLEY, 1963, p. 879-890, 1673, 1707; 1971, p.
428-429, 516, 522), nomeado a partir da representação da “Amazonomaquia de Aquiles
e Pentesiléia”, no cálice do Museu Nacional, em Munique, na Alemanha (Inv. 2688; cf.
BEAZLEY, 1963, p. 879, 1), pintou um vaso com a cena do Duelo entre Aquiles e
Mêmnon (Cat. nº 144).
1.5.1.4 Vasos sem atribuição
dois vasos, desse período, que não receberam atribuição: um com a cena do
Duelo entre Aquiles e Mêmnon (Cat. 145), o último vaso com essa representação; e
outro com a de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon (Cat. nº 158).
1.6 450-425 a.C.
Esse período conta com sete artesãos, que trabalharam com a técnica de figuras
vermelhas. Eles pintaram oito imagens, perfazendo 3.23% do total. Nesse período, as
cenas de duelos não são mais representadas. Entre as cenas representadas, a mais
frequente é a do Armamento de Aquiles, com seis vasos, seguida pelas de sua Partida e
de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon com apenas um vaso cada uma. A
cena do Armamento de Aquiles foi, portanto, a única representada em todos os períodos.
53
1.6.1 Figuras vermelhas
1.6.1.2 Pintores de vaso do período clássico
O Pintor de Aquiles (cf. BEAZLEY, 1963, p. 986-1010, 1661, 1676-1677,
1708; 1971, p. 437-439, 448, 516), nomeado a partir da representação de “Aquiles”, na
ânfora do Museu Gregoriano Estrusco do Vaticano (Inv. 16571; cf. BEAZLEY, 1963, p.
987, 1), foi discípulo do Pintor de Berlim e pintou um vaso com a cena do
Armamento de Aquiles (Cat. 38). O artesão Próximo do Pintor de Aquiles pintou
mais um vaso com essa cena (Cat. nº 39).
Os próximos dois pintores têm relações entre si. O Pintor de Peleu (cf.
BEAZLEY, 1963, p. 1038-1040, 1679; 1971, p. 443), nomeado a partir da
representação das “Bodas de Peleu” na cratera em cálice do Museu Arqueológico
Nacional, em Ferrara, na Itália (Inv. T617; cf. BEAZLEY, 1963, p. 1038, 1), pintou
dois vasos com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. n
os
35 e 36). Um artesão do
Grupo de Polignoto indeterminado (cf. BEAZLEY, 1963, p. 1050-1062, 1679-1680;
1971, p. 444-446)
4
, assim chamado por incluir os pintores que têm as mesmas
afinidades estilísticas com o Pintor Polignoto e com o Grupo de Peleu, pintou outro
vaso com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. nº 37).
Por fim, o Pintor de Londres E497 (cf. BEAZLEY, 1963, p. 1079, 1682), da
cratera em sino epônima do Museu Britânico, em Londres, na Inglaterra (Inv. E497; cf.
BEAZLEY, 1963, p. 1079, 1), pintou um vaso com a cena do Armamento de Aquiles
(Cat. nº 34).
1.6.1.3 Pintor de cálice do período clássico
O Pintor de Erétria (cf. BEAZLEY, 1963, p. 1247-1255, 1688, 1704, 1705;
1971, p. 469-470, 522), nomeado a partir do ono, achado em Erétria, do Museu
Nacional, em Atenas, na Grécia (Inv. 1629; cf. BEAZLEY, 1963, p. 1250, nº 34),
pintou o último vaso com a cena do Armamento de Aquiles (Cat. nº 53).
4
O nome do grupo vem do Pintor Polignoto, conhecido por sua assinatura (“Polignoto me
pintou”) em oito vasos (cf. BEAZLEY, 1963, p. 1027-1033, 1678-1679, 1707; 1971, p. 442).
54
1.6.1.4 Pintor de vaso do período tardo-clássico
O artesão Maneira do Pintor do Dino (cf. BEAZLEY, 1963, p. 1155-1158;
1971, p. 458)
5
pintou o último vaso com a cena de Sono e Morte carregando o corpo de
Sarpédon (Cat. nº 159).
******
Além de cumprir seu papel de apresentar um a um os artesãos que representaram
as cenas da Guerra de Tróia, essa apresentação evidencia os interesses e as escolhas que
tiveram e realizaram, de período para período, por determinadas cenas. Com vistas a
compreender as implicações dessas preferências dos artesãos, passo, então, à análise de
cada uma das cenas envolvidas.
5
O nome desse artesão vem do Pintor do Dino (cf. BEAZLEY, 1963, p. 1151-1155, 1685; 1971,
p. 457), nomeado a partir do dino do Museu Nacional, em Berlim, na Alemanha (Inv. 2402; BEAZLEY,
p. 1151, 3), o qual continuou, de maneira menos solene e numa forma mais branda, o estilo de seu
mestre, o Pintor de Cleófron, um membro do Grupo de Polignoto.
CAPÍTULO 2. O ARMAMENTO E A PARTIDA DO GUERREIRO
O primeiro momento nodal da atividade guerreira compõe-se das cenas que se
convencionou chamar de partida do guerreiro. Trata-se, efetivamente, dos preparativos
realizados pelo guerreiro para ir à guerra, os quais compreendem duas etapas distintas,
mas sequenciais: o armamento do guerreiro e a partida propriamente dita. Na cena de
armamento, Aquiles recebe de sua e, Tétis, a armadura e se arma com ela; na de
partida, ele se despede de seus familiares e realiza os rituais apropriados.
2.1 Armamento de Aquiles
2.1.1 Tradição literária
Na Ilíada, a cena do armamento de Aquiles vem precedida da de sua partida;
todavia, como os pintores, ao representarem essas cenas, seguem o que parece ser a
sequência natural da atividade guerreira de seus dias, a saber, primeiro o momento do
armamento e, depois, o da partida (cf., por exemplo, Cat. n
os
17 e 42), essa ordem será
seguida.
A armadura, usada por Aquiles em Tróia, era aquela que seu pai, Peleu, recebera
como presente dos deuses, por ocasião de seu casamento com Tétis, e que lhe dera,
quando ficou velho. Homero informa, quanto a isso, que Aquiles, ausente das batalhas,
devido à sua desavença com Agamêmnon, emprestou essa armadura a Pátroclo (XVI.
64-65), e que Heitor, após o haver morto, apossou-se dela:
[Heitor] depois vestiu as armas imortais
do Pelida Aquiles, as quais outrora os deuses habitantes do céu
ofereceram ao pai amado; Peleu que, envelhecido, as dera ao filho
(XVII. 194-196)
1
.
Na Ilíada, não há, todavia, um relato que descreva Aquiles recebendo de Peleu
essa armadura, nem dele se armando com ela. Homero apresenta o armamento de
1
Todas as citações dos autores antigos são feitas conforme as obras listadas nas Referências
Bibliográficas, em seu item 1, Textos antigos. Quando tomadas de outras obras, as mesmas serão
indicadas em notas. No caso das traduções portuguesas, foram feitas adaptações de acentuação e de grafia
para o português do Brasil.
56
Aquiles com a nova armadura que Tétis solicitou a Hefesto, para repor a perda da
primeira.
A cena de Aquiles recebendo de Tétis sua nova armadura é longa e
detalhadamente descrita (XIX. 1-36). Quando Tétis vai visitar Aquiles para consolá-lo
pela morte de Pátroclo (XVIII. 35-148), Aquiles conta que Heitor, após haver morto seu
estimado amigo, ficou com sua armadura (v. 83-85). Tétis promete-lhe, então, uma nova
armadura, que solicitará a Hefesto (v. 136-137). Recebendo-a de Hefesto, Tétis “chegou
às naus, portando os dons do deus” (XIX. 3), e diz a Aquiles: “Recebe tu agora da parte
de Hefesto essas armas gloriosas” (v. 10). Em seguida, ela as deposita diante dele (v.
12-13), e Aquiles, contemplando-as, responde-lhe: “Minha mãe, as armas que o deus
ofereceu são claramente obra dos imortais, nem homem algum as conseguiria forjar.
Agora então me armarei” (v. 21-23).
Um pouco mais adiante, no poema, narra-se Aquiles se armando (XIX. 364-391)
de sua nova armadura. “No meio deles se armou o divino Aquiles”, e “envergou os dons
do deus, que Hefesto fabricara com seu esforço” (v. 364, 368). As peças da armadura e
os gestos de sua vestidura são, minuciosamente, descritos pelo poeta:
Primeiro protegeu as pernas com as belas cnêmides,
adornadas de prata na parte ajustada ao tornozelo.
Em segundo lugar protegeu o peito com a couraça.
Aos ombros pôs uma espada de bronze com adereços
prateados; em seguida o escudo, possante e resistente,
agarrou, cujo brilho se espalhava ao longe como o da lua.
(XIX. 369-374).
“Pegando no elmo pesado, pô-lo na cabeça” (v. 380-381), continua o poeta;
“experimentou-se então a si próprio nas armas o divino Aquiles, a ver se lhe serviam e
se ágeis se mexiam seus membros gloriosos” (v. 384-385); e, finalmente, “tira do estojo
a lança paterna, pesada, imponente, enorme. Nenhum outro dos Aqueus a conseguia
brandir; só Aquiles a sabia como brandir” (v. 387-389)
2
.
É comum, nos pintores de figuras vermelhas, a cena do armamento com Tétis,
acompanhada das Nereidas, consolando Aquiles. Isso faz lembrar a cena da Ilíada em
que Tétis vem consolar Aquiles pela morte de Pátroclo (XVIII. 35-148). Em sua gruta
2
A lança é o único componente de sua armadura que, por essa razão, Aquiles não emprestou a
Pátroclo (cf. Ilíada, XVI. 140-144).
57
submarina, ela ouve, quando Antíloco informa a Aquiles da morte de Pátroclo, e grita;
as Nereidas, suas irmãs, rodeiam-na (v. 1-38). Angustiada diz a elas querer ver Aquiles
para saber o quanto está aflito (v. 53-64). Elas partem e chegam a Tróia (v. 65-69).
Homero descreve, então, a tristeza de Aquiles e o gesto de Tétis o consolando:
Do filho que gemia profundamente se acercou a excelsa mãe.
Com um grito ululante, acariciou a cabeça de seu filho;
e lamentando-se proferiu palavras apetrechadas de asas:
“Meu filho, por que choras? Que dor te chegou ao espírito?”
(XVIII. 70-73).
2.1.2 História da pesquisa
Desde o século XIX, o tema do Armamento de Aquiles esteve envolto pelas
idéias da influência ou não influência dos textos literários sobre os pintores de vasos.
Heinrich von Brunn, em um ensaio dedicado a estudar a Ira de Aquiles nos
“monumentos” gregos, e, tal qual descrita na Ilíada, analisa três vasos com a cena da
Embaixada a Aquiles, na qual este é representado “envolto por seu manto”, expressão
de sua profunda tristeza (VON BRUNN, 1858, p. 352-364). Como esse detalhe não
aparece na descrição de Homero, ele buscou a explicação em uma outra obra literária, a,
assim chamada, Ilíada dramática”, uma trilogia de Ésquilo, Mirmidões, Nereidas e
Frígios, conhecida somente por fragmentos. Baseado em Aristófanes, As rãs (v. 911-
913)
3
, que, pela boca de Eurípides, afirma ter Ésquilo representado Aquiles “sentado e
todo envolto”, Von Brunn propôs a influência da obra de Ésquilo sobre os pintores de
vaso
4
. Mesmo sabendo que um escólio sobre Aristófanes, As rãs (v. 911)
5
, relaciona
3
Para começar, sentava uma figura sozinha, de cabeça velada,
um Aquiles ou uma Níobe, sem mostrar o rosto,
uma caricatura de tragédia, que não grunhiam nem isto!
(As rãs, v. 911-913. Tradução de SILVA, 1997, p. 135).
4
Na peça Mirmidões, Ésquilo representou “Aquiles irado e ausente da guerra”, em Nereidas, “os
preparativos para seu funeral”, e, em Frígios, “o resgate de Heitor”. Na primeira peça, haveria as cenas de
“Briseida sendo tomada de Aquiles” e da “Embaixada a Aquiles”; na segunda, a do “re-armamento de
Aquiles”; e, na terceira, a do “Resgate de Heitor”, que serviram de inspiração aos pintores em suas
representações dessas cenas (VON BRUNN, 1858, p. 366).
5
Com toda probabilidade, Aquiles, em Frígios, também intitulada O resgate de Heitor, como em
Mirmidões, não pronunciava uma palavra durante três dias (Escólio sobre Aristófanes, As rãs, v.
911. Tradução de SILVA, 1997, p. 194).
58
esse “Aquiles entristecido” às peças Frígios e Mirmidões, o pesquisador alemão supõe
que o motivo esteve presente, também, nas Nereidas. Recorrendo aos “monumentos”
para deduzir os “argumentos” das obras perdidas, ele propõe que os vasos com a
representação da “entrega das armas feitas por Hefesto” oferecem o argumento de as
Nereidas (VON BRUNN, 1858, p. 365-368)
6
.
Louis Séchan, semelhantemente, propôs que a tragédia, o gênero dramático mais
importante, forneceu, de maneira muito mais ampla, inúmeros temas para os pintores de
vasos. Interrogando-se sobre a época a partir da qual a tragédia começou a exercer
influência sobre os pintores, Séchan entende que esse influxo não se deu sobre os
pintores de figuras negras e de figuras vermelhas do estilo severo, mas somente sobre os
do período do estilo livre em diante (SÉCHAN, 1926, p. 51).
Karl Robert
7
contestou, de modo geral, a veracidade de uma influência da
tragédia sobre toda a cerâmica do século V a.C.. Para ele, os pintores dessa época não
dependiam dos temas da tragédia, uma vez que esses temas não teriam tido tempo
suficiente para penetrar na consciência dos artistas, que, por sua vez, seguiam a grande
arte, fortemente impregnada pela epopéia. Nesse sentido, rejeita a influência da Ilíada
trágica” de Ésquilo, proposta por Von Brunn; pois, entende não haver nem nos
Mirmidões uma cena de presbeía (embaixada), nem nas Nereidas um Aquiles envolto
pelo manto, não podendo, assim, os pintores terem sido influenciados por essas peças;
além do que, o Aquiles representado em Aristófanes tem a “face completamente coberta
pelo manto”, característica que não se verifica nos vasos
8
.
Séchan, mesmo admitindo ser a argumentação de Robert fundamentada em seu
conjunto, considera-a passível de algumas reservas. Primeiramente, sabe-se, de fontes
seguras (Vita Aeschyli
9
e Escólio sobre Aristófanes, As rãs, v. 911), que, nos Frígios e
6
Ele analisa dois vasos (Louvre G482; cf. Cat. 32; e Perúgia 81), que representam Aquiles
sentado e envolto, recebendo suas armas de Tétis, acompanhada de suas irmãs, as Nereidas (VON
BRUNN, 1858, p. 367).
7
Bild und Leid. Philologische Untertusuchungen V, 1881; (Apud, SÉCHAN, 1926, p. 52).
8
Como, por exemplo, na cena do Armamento de Aquiles na lica do Museu Britânico (Londres
E363; cf. Cat. nº 29).
9
É o peso excessivo dos personagens o motivo da caricatura de Aristófanes. Assim, na Níobe, até
o terceiro episódio, a heroína fica sentada sobre o mulo dos filhos, de rosto velado, sem dizer
palavra. Em O resgate de Heitor, também Aquiles aparece velado, sem dizer palavra, a não ser
um breve diálogo com Hermes na abertura da peça. (Vita Aeschyli, p. 3, v. 10. Tradução de
SILVA, 1997, p. 192).
59
nos Mirmidões, o poeta mostrava um Aquiles envolto, recolhido em sua dor. Em
segundo lugar, o fato de que o Aquiles trágico deveria ter sua face completamente
coberta (Arisófanes, As rãs, v. 912) pode ser uma exageração cômica; além disso,
segundo a Vita Aeschyli, no começo dos Frígios, Aquiles dirige algumas palavras a
Hermes, demonstrando, portanto, não ter a face completamente coberta. Em terceiro
lugar, os pintores se comportam, frequentemente, com liberdade em relação às fontes
literárias. Em quarto lugar, a adoção por Ésquilo dessa atitude tão expressiva deve ter
contribuído para a popularidade do motivo. Em quinto lugar, não se pode esquecer que
a primeira representação teatral em Atenas data de 534, tendo a tragédia, antes de
Ésquilo, representantes ilustres; assim sendo, os temas trágicos puderam, em alguns
casos, agir, concorrentemente, com os temas épicos. Finalmente, não parece exagerada a
pretensão de que, desde o início do estilo livre, a matéria trágica, por si mesma, deva ter
chamado a atenção dos pintores de vasos (SÉCHAN, 1926, p. 53-57).
Kazimierz Bulas, descontente com esses estudos que buscam explicar em que
medida as criações dos artistas foram inspiradas pela epopéia, preocupou-se, antes, com
a evolução dos tipos artísticos, com o desenvolvimento das composições criadas ou
adaptadas para ilustrar certos acontecimentos da Ilíada. Com essa finalidade, dividiu
seu tratamento em três períodos: arcaico, clássico e helenístico-romano
10
. As
composições estão agrupadas, em cada período, da mesma maneira: A. A cólera de
Aquiles e suas consequências; B. Combates; C. Composições de gênero; e D. Outros
episódios
11
.
10
Somente os vasos analisados na época arcaica, delimitada em torno de 480-470 devido ao
aparecimento de Polignoto e da manifestação do “estilo livre” na cerâmica, têm relação com o presente
estudo. Isso se deve ao fato de, em alguns casos, Bulas ter julgado apropriado não separar as composições
que, mesmo sendo de épocas diferentes, tinham relações estreitas entre si, seja pelo conteúdo, seja pelo
tratamento formal (BULAS, 1929, p. 2); os demais vasos tratados, nas outras partes, ou representam
outras cenas, ou não são áticos.
11
No período arcaico, Bulas trata das seguintes cenas: A. 1) Briseida sendo tomada de Aquiles, 2)
A embaixada a Aquiles, 3) Tétis na forja de Hefesto, 4) Tétis junto a Aquiles em Tróia, 5) O cadáver de
Heitor arrastado por Aquiles, 6) Príamo resgata o cadáver de Heitor; B. 1) Combate na presença de uma
ou duas divindades, 2) Guerreiro fugindo de seu adversário, 3) Dolon capturado por Ulisses e Diomedes,
4) A interrupção do duelo entre Ájax e Heitor; C. 1) O armamento e a partida de Aquiles para o combate,
2) Heitor partindo para o combate, 3) A partida de Pátroclo, 4) A partida de Príamo para o campo aqueu
(?), 5) Os jogos funerários de Pátroclo, 6. Hypnos e Thanatos carregando o corpo de um guerreiro; e D. 1)
60
As duas subdivisões iniciais referem-se às composições que ilustram as ações
como descritas na Ilíada. Na primeira, Bulas trata do tema do Armamento de Aquiles,
restringindo-se, devido à sua abordagem, aos vasos em figuras vermelhas (cf. BULAS,
1929, p. 13-18). No período arcaico, ele conhece um único vaso (cf. Cat. 29), o qual
analisa, conjuntamente, com outros quatro do período clássico (cf. Cat. n
os
31, 32 e
34)
12
. algumas diferenças entre eles, mas os motivos essenciais da composição do
vaso do período arcaico se repetem nos vasos do período clássico. Comum a todas essas
composições é o fato de Aquiles estar sentado e Tétis e as Nereidas trazerem diferentes
partes da armadura; nos dois primeiros vasos (cf. Cat. N
os
31 e 32)
13
, o centro da
composição é ocupado por Aquiles sentado, envolto pelo manto, em sinal de luto, sendo
consolado por Tétis acompanhada das Nereidas, trazendo partes da armadura
14
.
Comparando essas composições com o relato da Ilíada, Bulas constata que os
pintores não seguem o texto em todos os pontos. No poema, Tétis vem, com as
Nereidas, consolar seu filho triste pela morte de Pátroclo (Ilíada XVI); mas, nessa
ocasião, ela não traz sua nova armadura; isso se posteriormente (Ilíada XIX), e,
ali, ela não está acompanhada de suas irmãs. A explicação para isso, segundo ele, está
no fato de os pintores realizarem uma “contaminação” das duas cenas (Cf. BULAS,
1929, p. 14-15).
Agamêmnon e os arautos, 2) A assembléia dos deuses, e 3) A tiragem da sorte entre os nove heróis para o
combate contra Heitor.
12
O vaso do Museu Cívico de Perúgia, inv. 81 (cf. BEAZLEY, 1963, p. 1050, 3), não consta de
meu catálogo.
13
Bulas se equivoca sobre o fragmento de Bolonha 291, pois o guerreiro não está envolto pelo
manto nesse vaso (cf. Cat. nº 31).
14
Para o motivo de Aquiles sentado, envolto pelo manto, Bulas admite a possibilidade da opinião
de Louis Séchan (1926, p. 54) sobre uma influência da obra de Ésquilo; acha difícil, todavia, estabelecer
relações imediatas para o motivo das Nereidas, uma vez que a presença delas é atestada nos vasos
anteriores a Ésquilo (BULAS, 1929, p. 17).
61
Na subdivisão “composições de gênero”
15
, Bulas trata o restante dos vasos sobre
o armamento de Aquiles (BULAS, 1929, p. 42-45). Seu tratamento divide-se conforme
duas composições. Primeiramente, a composição com um guerreiro colocando uma
cnêmide na perna esquerda levantada, na presença de uma mulher em diante dele
com alguma parte de sua armadura, frequentemente, um escudo e uma lança (cf. Cat. n
os
7, 18, 21 e 25); depois, aquela com um guerreiro em diante de uma mulher que lhe
passa alguma parte de sua armadura (cf. Cat. n
os
8, 11 e 16)
16
.
A primeira composição é sempre completada por outras figuras, homens e
mulheres, e o grupo central remete, imediatamente, ao famoso armamento de Aquiles
no canto XIX da Ilíada. Analisando o prato do Museu Nacional de Atenas (cf. Cat.
18), onde os personagens (Aquiles, Tétis, Peleu e Neoptólemo) são designados por
inscrições, Bulas considera as possibilidades de o pintor ter representado ou o
armamento de Aquiles, no campo de batalha, antes de seu duelo com Heitor, ou o
armamento na casa de seus pais, antes de sua partida para a guerra
17
. Todavia, ele
entende que, do ponto de vista artístico, isso é secundário; nesse vaso e nos outros que
não têm inscrições identificando os personagens, o que permanece é o esquema de um
guerreiro colocando sua cnêmide na presença de sua família; pois, se é possível que esse
esquema tenha sido criado, de início, para ilustrar a cena da Ilíada, como parece indicar
15
Ele classifica, como composições de gênero, aquelas que representam acontecimentos
desenvolvidos durante os dez anos da guerra de Tróia ou mesmo nos limites do tempo da ação da Ilíada,
não referidos pelo poema. Trata-se de composições que não podem ser consideradas como ilustrações da
Ilíada, como alguns esquemas de combate, cenas de armamento, partida e retorno do guerreiro. Essas
composições devem ser nomeadas de cenas de gênero ‘heroicizadas’, isto é, adaptadas às situações que
os artistas deduziram do relato do poema. Essas cenas o se apóiam no poema, mas são compostas
conforme os esquemas tradicionais, em que se percebe claramente que os artistas pretenderam representar
uma determinada situação tal qual foi concebida pelo poeta. São temas que devem ser tratados à parte em
suas relações com o conjunto da poesia épica (BULAS, 1929, p. 41-42).
16
Os vasos conhecidos por ele são todos em figuras negras; mas, posteriormente, em suas Novas
ilustrações da Ilíada, ele incluiu um vaso em figuras vermelhas, um fragmento de Estano em
Magdeburgo (BULAS, 1950, p. 117, pr. 19; cf. Cat. nº 36), o qual pode ser incluído na segunda
composição.
17
Como a presença de Peleu e de Neoptólemo apresenta um problema cronológico e espacial,
Bulas argumenta que, no primeiro caso, o pai e o filho de Aquiles encontram seu lugar em virtude de uma
lei da arte arcaica, segundo a qual, o espaço é abolido e são postos juntos personagens, mesmo que
estejam, em realidade, separados no tempo e no espaço; e, no segundo, que essa lei se aplicaria apenas a
Neoptólemo (BULAS, 1929, p. 43).
62
as inscrições do prato de Atenas
18
, pode-se pensar, de igual maneira, que o pintor tenha
heroicizado o tipo tradicional que mostra um simples guerreiro antes de sua partida para
o combate
19
.
A segunda composição é, do mesmo modo, ampliada por personagens
secundários. Na hídria do Museu do Louvre (cf. Cat. 11), a cena é, com certeza,
devido às inscrições que nomeiam Aquiles, Tétis, Odisseu e as Nereidas
20
, épica, como
o é, também, a ânfora do Museu de Boston, nomeando Aquiles, Tétis e Fênix; todavia,
feita a abstração das inscrições, mostra-se, simplesmente, o armamento de um guerreiro
qualquer na presença de seus parentes. A proposta à primeira composição, ele entende
poder repetir para a segunda; de igual maneira, ou uma cena de gênero adquiriu, mais
tarde, um caráter épico, ou, ao contrário, uma cena épica adquiriu um caráter de gênero.
A presença das Nereidas é explicada, novamente, como um processo de contaminação,
ou seja, a cena na qual Tétis, acompanhada de suas irmãs, vem consolar Aquiles funde-
se com outra, em que ela traz sua armadura
21
.
18
Bulas considera esse vaso o mais antigo e a taça do Vaticano quase da mesma época; mas, o
segundo é cerca de 20 anos mais antigo (cf. Cat. n
os
7 e 18).
19
Nos outros vasos, Bulas entende, semelhantemente, que os pintores tenham, por vezes, pensado
em Aquiles e Tétis, como, por exemplo, a taça do Vaticano; ressalta, no entanto, tratar-se de um simples
guerreiro acompanhado de sua mãe ou de sua mulher. Tanto num caso como no outro, o grupo central
provém de um protótipo muito antigo (Bulas, 1929, p. 43-44).
20
Como Bulas entende ser a presença das Nereidas que contribui para dar a essa cena traços
individuais, ele inclui aqui a ânfora do Museu Britânico (cf. Cat. 8), como uma cena semelhante, ainda
que não haja inscrições nomeando os personagens (BULAS, 1929, p. 44).
21
No que tange à época arcaica, como um todo, ele conclui que a evolução das composições está
relacionada às diversas razões que levaram os artistas a escolherem determinados temas em detrimento de
outros e aos tratamentos dados, por eles, aos vários temas, ligados à questão das relações entre suas obras
e a fonte literária, a Ilíada. As escolhas foram determinadas, primeiramente, pela influência da “arte
monumental” sobre a cerâmica, levando seus artistas a trabalharem com as poucas composições e com
esquemas convencionais produzidos, até então, nesse meio. Depois, sofreram influência do fato de certas
cenas de a Ilíada não se adaptarem a uma realização plástica, uma vez estarem condicionadas aos efeitos
da palavra, os quais não podiam, no momento, serem reproduzidos artisticamente. Por fim, foram
condicionadas por questões formais, uma vez terem os artistas de trabalhar com as formas vasculares de
que dispunham, as quais lhes impunham espaços delimitados para a pintura, permitindo, acima de tudo, a
representação das cenas mais simples do ponto de vista da composição. O tratamento dos temas
demonstra que não se pode falar, em nenhum caso, de “ilustração” ao texto da Ilíada no sentido moderno
do termo; ainda que não se perceba nenhum desacordo essencial de conteúdo em relação à Ilíada, os
pintores de vasos não eram ilustradores que se mantinham fiéis ao texto literário. Antes de decorar um
63
Conhecedor da obra precedente, Knud Friis Johansen retomou a questão da
influência da tradição literária sobre os pintores, por entender que, apesar dos mais de
cem anos de estudos acadêmicos das representações das lendas troianas, faltava uma
investigação sistemática com o propósito específico de verificar o impacto dos poemas
na arte grega arcaica. Nesse sentido, ele dedicou-se a analisar semelhantes influências
da Ilíada como identificáveis na arte arcaica sob a forma de representações de eventos e
temas do poema, com vistas a testar sua confiabilidade como evidência da extensão do
conhecimento do poema (JOHANSEN, 1967, p. 37).
No que respeita à iconografia do armamento de Aquiles, Johansen propôs que os
vasos áticos, em figuras negras, mais antigos apresentam-no em uma ocasião original
em Ftia, e não no re-armamento em Tróia, como descrito na Ilíada. Ele examinou onze
vasos, datados entre o primeiro e segundo quartos do século, que caracterizou como o
grupo mais velho, para distingui-lo do grupo mais novo, seis vasos pintados a partir do
terceiro quarto do século VI, os quais, provavelmente, representam o segundo
armamento, como descrito na Ilíada (JOHANSEN, 1967, p. 92-127)
22
.
Para sustentar sua proposta de que as mais antigas cenas do Armamento de
Aquiles devem ser localizadas em Ftia, em uma situação original e independente da
Ilíada, Johansen apresenta um conjunto de argumentos, como seguem: 1) Muitas
vaso, eles não tinham em suas mãos um exemplar da Ilíada; pelo contrário, todo seu conhecimento da
Ilíada vinha, provavelmente, dos relatos dos rapsodos. Além do fato de os meios artísticos ainda serem
primitivos, às vezes ele seguiam um tema à sua maneira, seja reunindo em uma única cena elementos que
se seguem no poema, seja ampliando o relato do poeta com seus próprios suplementos ou pela
contaminação de dois que estão separados; ou, ainda, criando situações novas que, examinadas em
detalhe, revelam-se como meras simplificações do relato. Isso tudo explica, enfim, as divergências
aparentes entre a arte e a poesia (BULAS, 1929, p. 51-54).
22
Ela cataloga 17 vasos referentes a Aquiles recebendo a armadura de Tétis (JOHANSEN, 1967,
p. 257-260), distribuídos da seguinte maneira: Grupo mais velho: a) Rodes 5.008 (cf. Cat. nº 1), b) Boston
21.21 (cf. Cat. 2), c) Louvre CP10521 (cf. Cat. 4), d) Louvre E869 (cf. Cat. 11), e) Londres
1922.6-15.1 (cf. Cat. nº 8), f) Munique 1450 (cf. Cat. nº 9), g) Londres B600.29 (cf. Cat. nº 10), h) Berlim
3763 (cf. Cat. 6), i) Vaticano 325 (cf. Cat. 7), k) Atenas 507 (cf. Cat. 18), l) Atenas 611 (cf. Cat.
3); Grupo mais novo: m) Boston 01.8027 (cf. Cat. 16), n) Leiden PC88 (cf. Cat. 27), o) Zurique
L5 (cf. Cat. 28), p) Londres E363 (cf. Cat. 29), q) Louvre G482 (cf. Cat. 32), r) Bolonha 291 (cf.
Cat. 31). Em conexão com os vasos b-h, ele menciona, ainda, três vasos mais recentes de composição
similar, mas com consideráveis divergências nos detalhes, tornando difícil saber se os pintores estavam
pensando no armamento de Aquiles: 1) Cracóvia 1166 (cf. Cat. nº 5), 2) Florença 3808 (cf. Cat. 12), 3)
Berlim 3210 (cf. Cat. nº 15).
64
pinturas contêm vários detalhes que são mais apropriados a um contexto doméstico, isto
é, o armamento em casa antes da partida para a guerra, do que o campo próximo a
Tróia, como, por exemplo, Tétis e as Nereidas usando guirlandas (cf. Cat. 2), ou
Aquiles usando uma guirlanda e trajes civis (cf. Cat. 8); 2) O homem idoso, presente
em alguns vasos, pode ser identificado com Peleu, pois inscrição no prato do Museu
Nacional de Atenas (cf. Cat. nº 18), e, uma vez que, nas outras, há similaridade tanto no
tipo de figura como na posição, trata-se dele, indicando, assim, o contexto de Ftia.
Nessa linha de raciocínio, uma interpretação especial deve ser dada à ânfora do Museu
de Belas Artes de Boston (cf. Cat. 16), onde aparece a figura de Fênix (com
inscrição) atrás de Aquiles; presença que pode, talvez, sugerir o campo de batalha
próximo a Tróia, ou ser facilmente relacionada à partida de Aquiles de sua casa, pois,
para o artista, o aspecto decorativo era, sem dúvida, mais importante que o significado;
3) O jovem guerreiro próximo a Aquiles, na ânfora do Museu do Louvre (cf. Cat. 4)
pode ser Pátroclo, indicando tratar-se do primeiro armamento; 4) evidências
textuais de que os poetas antigos demonstravam interesse no primeiro armamento, e os
pintores de vasos em figuras negras do período arcaico não seguiram a versão do mito
da Ilíada, mas uma tradição antiga, que está preservada em Eurípides (Electra, v. 442-
451
23
e Ifigênia em Áulide, v. 1067-1075
24
), em que se descreve o primeiro armamento
23
Tendo deixado os promontórios da Eubeia, as Nereidas
levavam o labor da forja de Hefesto:
o escudo e as armas de ouro.
Pelo Pélion, pelos
vales sagrados do Ossa,
atalaia das ninfas,
buscavam o jovem, que um pai
cavaleiro criou, luz da Hélade,
filho da marina Tétis,
de pés ligeiros entre os Atridas
(Electra, v. 442-451; tradução de Maria Fernanda Brasete).
24
O qual, com as lanças e escudos de seus Mirmidões,
ao país ilustre de Príamo irá,
a terra semeando de fogo,
em volta do corpo por armas
de ouro cingindo, trabalhos de Hefesto, e dádiva
da deusa sua mãe,
Tétis que o gerou
65
em Ftia; 5) A presença das Nereidas na ânfora do Museu de Belas Artes de Boston (cf.
Cat. nº 2) não indica a primeira cena, mas a segunda, pois se trata de uma confusão com
o Canto XVIII, no qual Tétis, junto com suas irmãs, as Nereidas, vêm consolar Aquiles
(JOHANSEN, 1967, p. 92-127).
A proposta de Johansen recebeu o aval de importantes pesquisadores. John
Davidson Beazley a considerou “convincente” (BEAZLEY, 1934, p. 84-85), e Dietrich
von Bothmer emitiu seu juízo favorável, afirmando “o caráter excelente de seu estudo
sobre o tema” (VON BOTHMER, 1949, p. 84)
25
. Sobre o Primeiro armamento em Ftia,
Von Bothmer
26
argumenta que a ânfora do Museu do Louvre (cf. Cat. 4) um
suporte adicional à tese de Johansen em dois sentidos. Primeiramente, pelas
similaridades com os outros vasos, seja Tétis sendo assistida por suas irmãs, as Nereidas
(característica do primeiro armamento conforme a Electra de Eurípides, v. 442-451), em
seis vasos (cf. Cat. n
os
2, 4 e 11 e 18, 8 e 9), ainda que, nesses últimos, a presença delas,
por uma questão de “economia”, tenha sido ou limitada, ou omitida; seja a presença dos
Mirmidões na outra face de dois vasos (cf. Cat. n
os
2 e 4). Em segundo lugar, o jovem
representado, com uma mulher, à esquerda do grupo central (Aquiles, Tétis e as
Nereidas), só pode ser Pátroclo, evidenciando que se trata do armamento em Ftia, e não
em Tróia. Os dois vasos referentes à Partida de Aquiles são usados, assim, para
comprovar esse argumento, sobretudo, o cântaro do Museu Nacional de Berlim (cf. Cat.
40), com a presença de Pátroclo. A ânfora do Museu de Belas Artes de Boston (cf.
Cat. 16), com a presença de Fênix, pode se referir ao Segundo armamento em
Tróia, uma vez que ele estava com Aquiles nesse momento no campo de batalha (VON
BOTHMER, 1949, p. 84-90). Na mesma perspectiva, Annelise Kossatz-Deissmann
organiza sua análise da iconografia do armamento de Aquiles segundo os dois
momentos: A partida e o primeiro armamento de Aquiles em Ftia e o Armamento em
(Ifigênia em Áulide, v. 1068-1075; tradução de Carlos Alberto Paes de Almeida, com
modificação, pelo autor, no v. 1068).
25
No que respeita à cronologia, note-se que ambos leram a primeira edição em dinamarquês,
publicada em 1934, e que Johansen incorpora, em sua edição de 1967, os argumentos de Von Bothmer.
26
Von Bothmer analisa 9 vasos, agrupados da seguinte maneira: Primeiro armamento em Ftia: 1)
Boston 21.21 (cf. Cat. 2); 2) Louvre CP10521 (cf. Cat. nº 4); 3) Atenas 507 (cf. Cat. 18); 4) Londres
1922.6-15.1 (cf. Cat. 8); 5) Munique 1450 (cf. Cat. 9) e 6) Louvre E869 (cf. Cat. 11). Partida de
Aquiles: 7) Berlim F1737 (cf. Cat. 40) e 8) Atenas 611 (cf. Cat. 3). Segundo armamento em Tróia:
9) Boston 01.8027 (cf. Cat. nº 16).
66
Tróia, onde Tétis a Aquiles sua nova armadura (KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p.
69-72, 122-128)
27
.
Steven Lowenstam, entretanto, a partir da constatação que a “tese” de Johansen
é tão convincente que nunca foi submetida a uma crítica sistemática, passa,
detalhadamente, em revista seus argumentos, concluindo serem estes insustentáveis.
Propõe, então, que a cena pintada sobre os vasos é, muito provavelmente, o armamento
depois da morte de Pátroclo, estando, portanto, conectada com a tradição da Ilíada
(LOWENSTAM, 1993, pp. 200, 214)
28
.
Lowenstam submeteu à crítica os argumentos de Johansen, para mostrar que as
cenas do Armamento de Aquiles, nos vasos áticos em figuras negras, estão em uma
relação de dependência com a tradição da Ilíada. Seus contra-argumentos são
(LOWENSTAM, 1993, p. 199-218): 1) Guirlandas eram usadas, na Grécia antiga, em
contextos de nascimentos, casamentos, funerais, jogos, sacrifícios e no simpósio, e não
somente no contexto doméstico; e os trajes civis, também, não estavam restritos ao
ambiente doméstico; 2) A presença de Peleu, no prato do Museu Nacional de Atenas
(cf. Cat. 18), pode ser explicada pelo próprio argumento de Johansen de que “o
aspecto decorativo sobre a composição foi, sem dúvida, mais importante que o
27
Ela cataloga 37 vasos, arrolando 19 no primeiro armamento, inclusos 3 que se referem à Partida
de Aquiles, e 18 no segundo, como segue: 1. Armamento de Aquiles em Ftia: Figuras negras: 186 (Atenas
611; cf. Cat. 3), 187 (Atenas 507; cf. Cat. 18), 188 (Berlim 3763; cf. Cat. 6), 189 (Berlim F1737;
cf. Cat. 40), 190 (Berlim 3210; cf. Cat. 15), 191 (Boston 21.21; cf. Cat. 2), 192 (Florença ), 193
(Florença 3808; cf. Cat. 12), 194 (Izmir), 195 (Cracóvia 1166; cf. Cat. 5), 196 (Leipzig T3327), 197
(Londres 1922.6-15.1; cf. Cat. 8), 198 (Londres B600.29; cf. Cat. 10), 199 (Munique 1450; cf. Cat.
nº 9), 200 (Louvre E869; cf. Cat. nº 11), 201 (Louvre CP10521; cf. Cat. nº 4), 202 (Vaticano 325; cf. Cat.
7), 203 (Comércio); figuras vermelhas: 204 (Coleção das Medalhas 851; cf. Cat. 53). 2. Partida de
Aquiles: vasos n
os
186, 189 e 204. 3. Armamento de Aquiles em Tróia: Figuras negras: 507 (Rodes 5.008;
cf. Cat. 1) e 508 (Boston 01.8027; cf. Cat. 16); figuras vermelhas: 510 (Atenas 15299; cf. Cat.
35), 511 (Bolonha 291; cf. Cat. nº 31), 512 (Boston 95.38; cf. Cat. 33), 513 (Gela 8709; cf. Cat. nº 37),
514 (Leiden PC88; cf. Cat. nº 27), 515 (Londres E363; cf. Cat. nº 29), 516 (Londres E497; cf. Cat. 34),
517 (Magdeburgo; cf. Cat. 36), 518 (Moscou IIib715), 519 (Nova Iorque L69.11.26), 520 (Nova
Iorque 31.1113), 521 (Louvre G482; cf. Cat. 32), 522 (Perúgia 81), 523 (Salônica 8.70), 524 (Viena
505; cf. Cat. nº 285), 524a e 525 (Zurique L5; cf. Cat. nº 28).
28
Ele analisa, principalmente, 10 vasos: 1) Berlim 3763 (cf. Cat. 6); 2) Copenhague 13440; 3)
Atenas 507 (cf. Cat. 18); 4) Boston 01.8027 (cf. Cat. 16); 5) Vaticano 325 (cf. Cat. 7); 6) Boston
21.21 (cf. Cat. 2); 7) Louvre CP10521 (cf. Cat. 4); 8) Berlim F1737 (cf. Cat. 40); 9) Atenas 611
(cf. Cat. nº 3); 10) Míconos 666.
67
significado”, isto é, o artista está, meramente, dando um colorido heróico a uma cena
típica, ao juntar num mesmo evento pai, filho e neto; o que fica evidente pela presença
desconcertante de Neoptólemo, uma vez ser ele apenas um menino, que estava “sendo
criado em Esquiro” (Ilíada, XIX. 326-327), e não um adulto, como aqui. Quanto à
presença de Fênix na ânfora do Museu de Belas Artes de Boston (cf. Cat. 16), não
razão para assumir que o artista visava, meramente, decorar sem pretensão ao
significado; antes, o contrário é que pode ser dito, o artista visava o significado sem
vistas ao decorativo; 3) Na ânfora do Museu do Louvre (cf. Cat. 4), o jovem
guerreiro próximo a Aquiles, se a cena refere-se ao segundo armamento, pode ser
Antíloco, Automedonte ou Álcimo; e mesmo que se pense em um primeiro armamento,
o guerreiro pode ser Pátroclo, mas, também, Odisseu ou Menelau; 4) A compreensão de
Johansen da passagem de Eurípides não é acurada, pois Eurípides não descreve uma
armadura recebida inicialmente por Aquiles, distinta de uma segunda, como descrita no
Canto XVIII da Ilíada; a armadura retratada na Electra é a primeira, a última e a única
recebida por Aquiles; pois, nos v. 468-469, é dito que o escudo de Aquiles, pertencente
a esta “primeira armadura”, provocou a fuga de Heitor tão logo ele o viu; em outras
palavras, Eurípides ignora o relato de Homero, uma vez que caracteriza o escudo
recebido por Aquiles em Ftia como “fabuloso” (v. 455), descrição que só cabe para o
segundo escudo descrito no Canto XVIII da Ilíada; 5) A presença das Nereidas, na
ânfora do Museu de Belas Artes de Boston (cf. Cat. 2), pode ser intencional, e não
uma questão de confusão, isto é, os artistas, para superarem o problema de Tétis sozinha
portar toda a armadura, introduzem as Nereidas, mencionadas no Canto XVIII da Ilíada,
para, assim, poderem mostrar toda a armadura.
À luz desses argumentos, Lowenstam acredita ser muito improvável que algum
dos vasos discutidos retrate o armamento de Aquiles em Ftia; pois, sua análise mostra
que a tradição homérica foi mais estimulante aos pintores que variantes da mesma
história. Contudo, isso não quer dizer, necessariamente, que os vasos ilustrem o texto
da Ilíada. Primeiramente, eles permitem observar um desenvolvimento artístico, a
passagem de representações, mostrando apenas Aquiles e Tétis, para cenas mais
elaboradas com as Nereidas. Em segundo lugar, a presença de um homem idoso não-
identificado, em muitos vasos, implica a existência de uma tradição artística, que tende
a ser indiferente à tradição literária. Apesar disso, ele entende que as representações não
divergem substancialmente das fontes literárias, indicando, assim, que a história
representada sobre os vasos é, muito provavelmente, o armamento depois da morte de
68
Pátroclo, e está conectada com a tradição da Ilíada. Algumas divergências em relação à
Ilíada (como a presença das Nereidas) são devidas à diferença de medium, isto é, do
texto para a imagem; outras (como o homem idoso) são derivadas da tradição dos
pintores. Assim, os pintores de vasos retrataram o Armamento de Aquiles em Tróia com
uma licença característica, fazendo com que a cena não fosse completamente consoante
à descrição homérica.
Um caminho diferente foi trilhado por François Lissarrague que, mesmo
julgando ser a tradição literária importante para compreender as imagens, parte, antes de
tudo, das próprias imagens e as analisa como monumentos de uma cultura passada,
monumentos esses produzidos pela sociedade envolvida, conforme seus gostos e
ideologias (LISSARRAGUE, 1990, p. 1).
A partir de um corpus organizado por séries em torno das representações do
arqueiro, do peltasta e do cavaleiro, Lissarrague analisa as representações desses
“outros guerreiros”. Após mostrar como se constituem, no espaço figurado da guerra, as
categorias opostas do guerreiro hoplita e do não hoplita, dedica-se a um conjunto de
imagens, no qual estão associados hoplitas e arqueiros, analisando três séries, nas quais
esses guerreiros são relacionados a outros membros da sociedade, como a mulher e o
idoso, com vistas a realçar a articulação entre a guerra e a cidade (LISSARRAGUE,
1990, p. 12).
Constatando que a maioria das representações e o arqueiro em relação com o
hoplita, Lissarrague, a fim de tornar clara essa relação, parte das imagens em que o
arqueiro se encontra integrado, não somente no mundo do hoplita, mas no espaço
doméstico, no qual intervêm mulheres e idosos, ou seja, o da guerra em sua dimensão
social e política. Interrogando-se sobre as categorias que aparecem nessas imagens e
seus respectivos papéis sociais, sobre a relação entre aqueles que partem ao combate e
aqueles que permanecem na cidade, Lissarrague examina três séries temáticas: o
armamento do guerreiro, a divinação hieroscópica e o retorno do guerreiro morto. As
duas primeiras são tidas como cenas de partida do guerreiro e a última como de retorno
(LISSARRAGUE, 1990, p. 35)
29
.
29
Dessas três séries, serão retidas a primeira, apresentada aqui, e a terceira, a ser tratada mais
adiante.
69
Lissarrague organiza a série da cena de armamento a partir da presença do
arqueiro
30
. Ele destaca, em primeiro lugar, que todas as imagens são construídas
segundo um esquema análogo que põe no centro da imagem um hoplita se armando em
frente de uma mulher que porta suas armas, constituindo o grupo central; depois,
classifica as imagens em função dos personagens secundários que se ajuntam a esse
grupo. Observa, então, que cada imagem da série está organizada a partir das armas e
que, para seu melhor entendimento, é necessário analisar o papel das armas e o estatuto
da mulher (LISSARRAGUE, 1990, p. 36-39).
As armas do guerreiro são manipuladas e apresentadas nas imagens de maneira
insistente. São representações construídas em torno da transmissão dos componentes da
armadura ao guerreiro e a partir dos gestos que os cercam, valorizando-se, assim, cada
elemento da panóplia. A cnêmide ocupa, nessas representações, o primeiro lugar. O
gesto de colocá-la organiza as imagens, e o momento retido pelos pintores – o guerreiro
colocando-a na perna elevada – valoriza essa peça essencial do armamento defensivo. O
elmo, embora algumas vezes seja tido pela mulher, mais frequentemente aparece no
chão, sob a perna elevada do guerreiro. Elmo e cnêmide figuram bem próximos do
guerreiro. O escudo está sempre com a mulher, em seu braço ou apoiado em suas
pernas, mostrado, nesse caso, de perfil. Com a mulher também está, na maioria dos
casos, o par de lanças. Representadas assim, as armas, em seu conjunto, estão repartidas
em torno do guerreiro, no espaço que delimita seu próprio corpo face àquele da mulher
que o assiste (LISSARRAGUE, 1990, p. 39-40).
Preocupado em compreender as significações que podem ser atribuídas à
panóplia, Lissarrague aponta para o contexto épico, que lhe um valor fundamental.
Na Ilíada, narra-se, várias vezes, o armamento de um herói: o de Aquiles, Agamêmnon,
Pátroclo e Páris
31
. Essas cenas de armamento não são meros ornamentos do relato, nem
mesmo casuais, são sempre postas no início de uma aristéia, anunciando os feitos de
um herói. A ordem segundo a qual é descrito o armamento não é indiferente: as
cnêmides ocupam o primeiro plano. Isso o leva a pensar que o modelo épico determina,
em larga medida, a evocação das armas, e que não se pode negligenciar a referência a
esse modelo, para interpretar as imagens de armamento. Nesse sentido, ele chama a
30
São dezenove vasos listados de A1 a A19 (cf. LISSARRAGUE, 1990, p. 36-37). Dois deles
estão arrolados em meu catálogo: A4, Louvre F151 (cf. Cat. nº 25) e A13, Louvre F269 (cf. Cat. nº 26).
31
Cf. Ilíada, XIX. 369-374; XVI. 131-144; III. 330-338, respectivamente.
70
atenção para a presença de um escudo chanfrado em algumas imagens
32
; mas, ressalta,
ao mesmo tempo, que a mulher porta esse escudo nesses poucos casos e que as cenas
épicas não dão à mulher o mesmo lugar que as imagens (LISSARRAGUE, 1990, p. 40-
42).
Lissarrague analisa, então, a relação entre a mulher e o guerreiro. Destaca, em
primeiro lugar, que, nas imagens em que a mulher porta um escudo chanfrado, a
referência épica parece manifesta, e que o guerreiro parece ser representado mais como
um herói da epopéia do que como um hoplita. Em seguida, enfatiza que, dentre os
episódios da epopéia, o da entrega das armas a Aquiles por Tétis foi inúmeras vezes
representado, alguns dos quais com inscrições que os identificam. O prato do Museu
Nacional de Atenas, por exemplo, apresenta todos os personagens com inscrições:
Aquiles e Tétis, enquadrados por um idoso à esquerda, Peleu, e um jovem à direita,
Neoptólemo
33
. No plano mítico, o grupo assim representado é, em seu entender, um
grupo familiar, no qual a mulher é tida como mãe do herói, e não como esposa
34
. Por
fim, faz uma ressalva quanto à identificação das cenas de armamento. Se, por um lado,
deve-se levar em conta o relato do armamento de Aquiles por Tétis, por outro, não
necessidade de identificar todas as imagens como uma ilustração desse episódio. Pois, a
iconografia deu, segundo ele, a esse relato uma outra série de imagens distintas,
construídas segundo um esquema diferente: a entrega das armas a Aquiles por Tétis é,
em geral, apresentada como um cortejo, no qual cada peça do armamento é tida por uma
das Nereidas, mostrando, assim, a panóplia linearmente
35
. Nas cenas de armamento, ao
contrário, a figuração é centrada no guerreiro, ao qual convergem os personagens do
grupo familiar, o idoso e a mulher, ou os companheiros de guerra, o hoplita e o arqueiro
(LISSARRAGUE, 1990, p. 43-47).
2.1.3 Análise iconográfica
Como não me parece pertinente a questão da dependência ou da independência
dos pintores em relação à tradição literária, direciono minha análise para o significado
32
Cf. os vasos A9, A13 e A14 de seu catálogo.
33
Cf. LISSARRAGUE, 1990, p. 43-44, fig. 13 (Atenas 507; cf. Cat. nº 18).
34
Quando inscrições que indiquem Aquiles e Tétis, ele acha melhor identificar a mulher como
mãe; nos outros casos, não necessariamente. Cf. LISSARRAGUE, 1990, p. 43.
35
Ele dá como exemplo a ânfora do Museu de Belas Artes de Boston, nos Estados Unidos.
LISSARRAGUE, 1990, p. 44, fig. 15 (Boston 21.21; cf. Cat. nº 2).
71
que os artesãos, partilhando com a tradição literária um mesmo patrimônio cultural,
deram, em suas representações, a essa atividade guerreira. Examino, então, a
composição de cada uma dessas cenas, levando em conta, primeiramente, o grupo
central, e, em seguida, os personagens secundários que os entornam.
Somente alguns vasos trazem inscrições que permitem identificar, com certeza, a
cena como o armamento de Aquiles (cf. Cat. n
os
2, 3, 11, 16, 18 e 28). De qualquer
maneira, é bastante provável que os demais representem essa cena, seja pelas
semelhanças na composição, seja pela compreensão de que, não havendo inscrições em
sentido contrário, o armamento de Aquiles, pelo destaque dado a ele na tradição épica, é
a referência primordial dos artesãos.
As representações do armamento de Aquiles organizam-se em quatro esquemas
iconográficos. Os dois primeiros encontram-se nos vasos em figuras negras (Cat. n
os
1-
26) e os outros dois, nos vasos em figuras vermelhas (Cat. n
os
27-39).
No esquema I, representa-se um guerreiro barbudo, à esquerda, recebendo de
uma mulher, à direita, um ou mais componentes de sua armadura. As composições
variam segundo a forma dos escudos representados: IA Escudo chanfrado ou IB
Escudo redondo. O primeiro caso compreende quatro tipos de composição: IAa O
guerreiro e a mulher sozinhos; IAb O guerreiro e a mulher acompanhada de outras
mulheres; IAc O guerreiro e a mulher no centro, acompanhados de vários
personagens
36
; Id O guerreiro e a mulher no centro, acompanhados de dois
personagens. Há, ainda, duas outras representações com escudo chanfrado, que não se
encaixam em nenhuma das anteriores (Cat. n
os
3 e 15). Nas representações com escudo
redondo, aparece apenas um tipo: IBa – Guerreiro e mulher no centro, acompanhados de
vários personagens. Ocorre, também, uma outra representação distinta (Cat. 16). No
Esquema II, representa-se um guerreiro barbudo, à esquerda, se armando de cnêmide
diante de uma mulher, à direita, com um ou mais componentes de sua armadura. Em
quase todos os casos, o guerreiro está colocando a cnêmide na perna esquerda, exceto
no 23, no qual a coloca na perna direita. O escudo é, na maioria dos casos, redondo,
salvo nos vasos n
os
24 e 26, nos quais é chanfrado.
No esquema III, representa-se um guerreiro imberbe, em trajes comuns, sentado
sobre um banco, recebendo um ou mais componentes de sua armadura. O que une
todas essas representações é o guerreiro sentado sobre um banco (Cat. n
os
27, 28, 29, 31,
36
Esse tipo “I
A
c” faz a transição entre os tipos “I
A
b” e “I
A
d”.
72
32, 33, 34, 35, 37 e 39); mas se distinguem conforme ele esteja: III
A Recebendo de
uma mulher, sozinha ou acompanhada, um ou mais componentes de sua armadura; III
B
Envolto pelo manto; IIIC Cabisbaixo; IIID Sendo consolado por uma mulher,
acompanhada de outras mulheres com componentes de sua armadura. No esquema IV,
representa-se um guerreiro imberbe, em trajes comuns, recebendo de uma mulher um
ou mais componentes de sua armadura, mas bastante diversos nos detalhes.
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS DO ARMAMENTO DE AQUILES
I Um guerreiro barbudo, à esquerda, recebendo de uma mulher, à direita, um ou mais
componentes de sua armadura:
IA – Escudo chanfrado:
IAa – O guerreiro e a mulher sozinhos: (Cat. nº 1);
IAb – O guerreiro e a mulher, acompanhada de outras mulheres: (Cat. n
os
2, 4 e 11);
IAc O guerreiro e a mulher no centro, acompanhados de vários personagens: (Cat.
6);
IAdO guerreiro e mulher no centro, acompanhados de dois personagens: (Cat. n
os
8, 9
e 10).
IB – Escudo redondo:
IBa Guerreiro e mulher no centro, acompanhados de vários personagens: (Cat. n
os
5 e
12).
II – Um guerreiro barbudo, à esquerda, se armando de cnêmide diante de uma mulher, à
direita, com um ou mais componentes de sua armadura:
(Cat. n
os
7, 13, 14, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25 e 26).
III Um guerreiro imberbe, em trajes comuns, sentado sobre um banco, recebendo um
ou mais componentes de sua armadura:
IIIA Recebendo de uma mulher, sozinha ou acompanhada, um ou mais componentes
de sua armadura: (Cat. n
os
27, 31, 32, 33, 34, 35, 37 e 39);
IIIBEnvolto pelo manto: (Cat. n
os
27, 29, 32, 33, 37 e 39);
IIICCabisbaixo: (Cat. n
os
27, 28, 29, 31, 35, 37 e 39);
IIID Sendo consolado por uma mulher, acompanhada de outras mulheres com
componentes de sua armadura: (Cat. n
os
28 e 29).
IV Um guerreiro imberbe, em trajes comuns, recebendo de uma mulher um ou mais
componentes de sua armadura:
73
(Cat. n
os
30, 36 e 38).
Outras representações:
IA: (Cat. n
os
3 e 15); IB: (Cat. nº 16).
Nos esquemas I e II, o escudo está representado em todas as vinte e seis
imagens: metade chanfrado (Cat. n
os
1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 15, 24 e 26) e metade
redondo (Cat. n
os
5, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, e 25). Quando mostrados
de frente, os escudos trazem emblemas variados: a) pantera (Cat. 1), b) Gorgóneion
(Cat. 2), c) Gorgóneion e partes dianteiras de cavalos (Cat. 15), d) rosácea (Cat.
n
os
6, 8 e 9), e) bola vermelha sobreposta de ponto negro (Cat. 11), f) bola branca
(Cat. nº 26), e g) bolas brancas (Cat. n
os
19 e 20).
O Pintor do KX inicia o primeiro esquema iconográfico e coloca no centro da
imagem o escudo chanfrado encimado por um elmo (Cat. 1), um motivo que será
seguido pelo Pintor de Camtar (Cat. 4) e pelo Pintor de Londres B76 (n
os
6, 8, 9 e
10). Elmo e escudo, assim dispostos, parecem representar uma sorte de duplo do
guerreiro, um guerreiro ideal, do qual ele se revestirá para a guerra. O Pintor de Londres
B76 completa esse duplo ao colocar uma couraça logo abaixo deles (Cat. 6). O
Grupo de Arquipe opera uma modificação, substituindo o elmo por uma coroa (Cat.
11). O Pintor do Louvre F6 criou um motivo, ao mesmo tempo, diferente, porque
representa o escudo redondo, e parecido, uma vez que o encima, em seu segundo vaso,
pelo elmo (Cat. n
os
5 e 12). O Pintor de Camtar introduziu o motivo da panóplia
mostrada linearmente, apresentando, para isso, as Nereidas que acompanham Tétis,
numa espécie de cortejo, portanto partes da armadura (Cat. n
os
2, 4). O Grupo de
Arquipe o segue nesse sentido (Cat. nº 11).
Os Pequenos Mestres iniciam o segundo esquema iconográfico. Todos os
pintores seguem esse modelo; uma única ressalva cabe a um artesão do Grupo de
Leagro, que representa o guerreiro se armando de cnêmide na perna direita (Cat. 23).
Em sete imagens, o guerreiro está se armando de cnêmide com o elmo posto no chão
(Cat. n
os
7, 13, 17, 19, 20, 24 e 26). Na primeira e nas duas últimas, o escudo é
chanfrado e, nas outras, redondo.
No grupo central, a mulher porta o escudo em todas as imagens e deve ser tida
como a mãe do guerreiro em todos os casos. Em dois casos, ela oferece um coroa ao
guerreiro (Cat. n
os
11 e 22). O guerreiro é representado ora nu ou seminu (Cat. n
os
3, 6,
7, 10, 11, 14, 17, 18, 21 e 24), ora vestido (Cat. n
os
1, 2, 4, 5, 8, 12, 13, 15, 16, 19, 20,
74
22, 23, e 25). Na maioria dos casos, o guerreiro tem uma longa cabeleira (Cat. n
os
1, 2,
4, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 16, 18, 21 e 25). Os personagens secundários repartem-se
em dois grupos: a) os companheiros de guerra: hoplitas (Cat. n
os
3, 6, 11, 15, 23, 24 e
26), arqueiro (Cat. n
os
23, 24, 25 e 26), e jovens (Cat. n
os
15, 18, 19, 20, 21 e 22); b)
familiares: o idoso (Cat. n
os
2, 6, 8, 9, 12, 16, 17 e 18) e uma mulher (Cat. n
os
6, 8, 9, 12,
19, 20 e 22). No segundo grupo, uma ou mais mulheres trazem guirlandas ao guerreiro
(Cat. n
os
4 e 6), e num caso a mulher traz uma ramo de mirto (Cat. nº 12).
Nos esquemas III e IV, o escudo está presente em quase todas as imagens,
menos em uma (Cat. nº 27). Os escudos são todos redondos e trazem emblemas
variados: a) Gorgóneion, Pégasos e mulheres aladas (Cat. 28), b) mulher segurando
faixas (Cat. 29), c) guirlanda de louro (Cat. 32), d) serpente (Cat. n
os
33 e 34), l)
estrela de raios (Cat. nº 35), e) águia (Cat. nº 37), e f) escorpião (Cat. nº 38).
O terceiro esquema iconográfico foi iniciado pelo Pintor do Hefesteu, bem como
o motivo do guerreiro sentado, envolto e cabisbaixo (Cat. 27). O motivo do consolo
foi introduzido pelo Pintor de Oritia, que identifica os personagens centrais, como
Aquiles e Tétis (Cat. 28). O quarto esquema foi iniciado pelo Pintor de Pã (Cat.
30). Nas três imagens, permanece o motivo do guerreiro cabisbaixo (Cat. n
os
30, 36 e
38), e, nas duas primeiras, o gesto de consolo. É verossímil que esses motivos tenham
relações com o teatro e com a Ilíada, mas não, necessariamente, com os textos desse ou
daquele poeta trágico, ou com o de Homero. As peças de Ésquilo e de Eurípides
indicam, tão somente, um exemplo do que os pintores poderiam ter visto e assimilado
no teatro. As relações dos artesãos com a tradição épica estão no plano da oralidade e
não da escrita. Em suma, os pintores não estão “ilustrando”, no sentido moderno do
termo, nem o teatro nem a Ilíada. Eles trabalham a partir de uma memória que lhes é
própria.
Aquiles é representado semi-trajado no terceiro esquema (Cat. n
os
34 e 35) e
seminu no quarto (Cat. n
os
30 e 38); nos demais casos, está sempre vestido. Em quatro
imagens, Aquiles é representado com uma longa cabeleira penteada em mechas
regulares (Cat. n
os
27, 31, 34 e 35). Tétis e as Nereidas aparecem em cinco imagens
(Cat. n
os
28, 29, 31, 32 e 34). A deusa Atena é a única divindade guerreira representa
(Cat. nº 29). Seus companheiros representados são: um outro guerreiro, que aparece
uma única vez (Cat. n
os
30) e um jovem (Cat. n
os
27 e 36). Do lado familiar, representa-
se o idoso (Cat. n
os
29 e 32) e uma mulher (Cat. n
os
30 e 34).
75
2.2 Partida de Aquiles
2.2.1 Tradição literária
A partida de Aquiles não é descrita na Ilíada, mas Homero faz, por quatro vezes,
menção a ela. As duas primeiras encontram-se no canto IX, por ocasião da embaixada a
Aquiles (Ilíada IX). Os Aqueus estavam inquietos devido aos avanços dos Troianos (v.
1-2). Agamêmnon reúne os conselheiros em sua tenda (v. 89-90), para se aconselhar.
Nestor toma a palavra (v. 91-95) e aconselha-o a desagravar e a persuadir Aquiles com
presentes (v. 111-113). Agamêmnon aceita, prometendo devolver, inclusive, Briseida
(v. 111-161). Nestor propõe, então, uma embaixada a Aquiles, a qual se compõe de
Fênix, Ájax e Odisseu (v. 163-172). A embaixada, liderada por Odisseu (v. 192), chega
à tenda de Aquiles (v. 183-191). Aquiles os saúda e os convida para entrar (v. 196-198),
mandando Pátroclo servir-lhes vinho e comida (199-221). Odisseu dirige, então, a
palavra a Aquiles (v. 225-306). Começa, alegando que os Aqueus estão em apuros, e
pede a Aquiles que reflita em como salvá-los, uma vez ter sido essa a incumbência de
Peleu na ocasião de sua partida:
“Ó amigo! Foi a ti que teu pai Peleu deu esta incumbência
naquele dia em que te mandou da Ftia a Agamêmnon:
‘meu filho, Atena e Hera te darão força, se quiserem;
mas tu domina o coração orgulhoso
que tens no peito. A afabilidade é preferível.
Abstém-te da discórdia geradora de conflitos,
para que te honrem ainda mais Aqueus novos e velhos’”
(Ilíada, IX. 253-258).
Em seguida, apresenta a oferta de Agamêmnon. Aquiles, todavia, não se deixa
persuadir e mantém-se irredutível (v. 307-429). Por conta da recusa de Aquiles, Fênix
dirige-lhe a palavra (v. 432-605) e o lembra de quando partiram juntos:
“Foi contigo que me mandou o velho cavaleiro Peleu
naquele dia em que da Ftia te mandou a Agamêmnon”
(Ilíada IX. 438-439).
As outras duas menções ocorrem no canto XI. Sem o retorno de Aquiles ao
campo de batalha, a situação dos Aqueus se agrava; pois, seus “melhores” guerreiros
estão feridos e fora da batalha (v. 658-664). Quando Nestor recolhe para sua tenda a
Macáon, ferido em batalha, Aquiles vê, da popa de sua nau, o incidente e manda
Pátroclo à tenda de Nestor, para confirmar se era Macáon o guerreiro trazido por Nestor
76
(v. 596-617). Quando Nestor avista Pátroclo à porta de sua tenda, toma-o pela mão e
convida-o para sentar, mas Pátroclo recusa o convite, alegando ter de voltar para
notificar Aquiles (v. 644-654). Nestor dirige-lhe, então, a palavra (v. 655-803),
começando por reprovar a atitude de Aquiles em retirar-se da guerra (v. 656-658, 762-
764), e, depois, por lembrar-lhe de quando ele e Odisseu (v. 767), no momento de sua
partida com Aquiles (v. 772), ouviram a incumbência feita a ele por Menécio, seu pai,
de aconselhar Aquiles:
“Meu amigo! Disto na verdade te incumbiu Menécio
naquele dia em que te mandou da Ftia para Agamêmnon”
(Ilíada XI. 765-766).
Nestor lembra Pátroclo, ainda, que, em discurso, incitou a ele e a Aquiles a
seguirem para a guerra, bem como das recomendações que seus pais lhes deram nesse
momento (v. 781-782):
“O ancião Peleu recomendou a Aquiles, seu filho,
que primasse pela valentia e fosse superior aos outros todos.
A ti recomendou o seguinte Menécio, filho de Actor:
‘meu filho, pelo nascimento é Aquiles mais nobre que tu,
mas tu és o mais velho, embora pela força ele seja superior.
Sê tu a dizer-lhe uma válida palavra, aconselha-o
e mostra-lhe o caminho: ele seguir-te-á em seu benefício”
(Ilíada, XI. 783-789).
A partida de Aquiles dá-se, portanto, da casa de seu pai, Peleu, em Ftia. Aquiles
parte junto com Pátroclo, acompanhados de Fênix, que lá residia nesse momento.
Nestor e Odisseu também estão presentes. A cena se configura pelas incumbências e
recomendações feitas pelos pais, Peleu e Menécio, aos seus filhos, Aquiles e Pátroclo,
nesse momento.
2.2.2 História da pesquisa
A cena da Partida de Aquiles recebeu um tratamento bastante inferior, se
comparado com a de seu armamento. Kazimierz Bulas foi o único a concebê-la como
uma cena distinta (BULAS, 1929, p. 45-46), entendendo-a, do mesmo modo que a cena
do armamento, como uma composição de gênero. Ele conhece, todavia, apenas dois
vasos. O primeiro, o cântaro fragmentário do Museu Nacional de Atenas (cf. Cat. 3),
é o único que ele entende representar a partida de Aquiles para o combate, como
77
descrita na Ilíada (BULAS 1929, p. 45)
37
. O segundo, uma taça do Museu Nacional de
Berlim (cf. Cat. 49), trata-se, segundo ele, da partida de Aquiles e Antíloco para um
combate qualquer, que não é contado pela Ilíada
38
.
Knud Friis Johansen não considera a cena da Partida de Aquiles em sua análise.
Em seu catálogo, ele lista, entre colchetes
39
, apenas o cálice do Museu Nacional de
Berlim (cf. Cat. 49), com inscrições nomeando a Fênix, Aquiles e Antíloco.
Considerando que a imagem não corresponde a nenhuma situação descrita na Ilíada, ele
não julga convincente a interpretação de tratar-se da representação da partida de
Aquiles, acompanhado de Antíloco, para lutar com Heitor após a morte de Pátroclo;
antes, entende que ela se referira a um episódio posterior da Guerra de Tróia, talvez da
Etiopida (JOHANSEN, 1967, p. 270, nº B32).
Em sua análise do armamento de Aquiles ele apresenta, entretanto, dois vasos
com a cena da Partida de Aquiles. O primeiro, um cântaro do Museu de Berlim (cf. Cat.
40), é utilizado para comprovar a identificação de Pátroclo, feita por Dietrich von
Bothmer, na ânfora do Museu do Louvre (cf. Cat. 4), uma vez que todos os
personagens estão nomeados por inscrições: Aquiles e Pátroclo despedindo-se de Tétis
na presença de Menelau e de Odisseu (JOHANSEN, 1967, p. 113-115, fig. 37). O
segundo, um cântaro fragmentário do Museu Nacional de Atenas (cf. Cat. 3),
apresenta uma cena composta: Tétis com as armas à esquerda, e Aquiles atrelando seus
cavalos à direita. Para ele, o tema da representação do armamento de Aquiles é certo;
mas entende, também, que o pintor combinou esse motivo com o da partida de Aquiles
(JOHANSEN, 1967, p. 115-119, fig. 38)
40
.
37
Em um dos fragmentos, com a parte inferior de uma mulher, ele identifica Tétis; em outro, com
inscrição, Aquiles atrelando seus cavalos. No outros, ele chama a atenção para o fragmento de uma
mulher com lança, e um outro com homem inscrito como Hefesto. Diante disso, ele coloca a questão se
são duas representações ou uma que uniu dois momentos, a saber, as partes da armadura trazidas por
Tétis e pelas Nereidas, na presença de Hefesto, e Aquiles partindo para o combate.
38
Bulas considera engenhosa demais a interpretação desse vaso como a partida de Aquiles,
conforme narrada por Homero, pois ele se despede de Nestor e não de Peleu.
39
Isso é feito, segundo ele, para fazer referência a certos tipos de composição ou a representações
particulares que têm sido interpretados como se referindo à Ilíada, mas que sua análise o levou a
desconsiderar, ou a fazer apenas menção, uma vez que considera essas interpretações incertas ou pouco
confiáveis (cf. JOHANSEN, 1967, p. 244).
40
Concordo com ele que a cena representa o armamento de Aquiles, mas entendo que o Pintor
Nearcos registrou um momento que antecede ao armamento propriamente dito, isto é, Aquiles atrelando
78
François Lissarrague classifica, de modo geral, as cenas de armamento,
oferendas (libações) e adivinhação (hieroscopia), como partida do guerreiro
(LISSARRAGUE, 1984, p. 41). Sua análise da ânfora da Coleção das Medalhas da
Biblioteca Nacional de Paris (cf. Cat. n
os
17 e 42), na qual, em uma mesma face, são
representadas uma cena de armamento à esquerda e uma de partida à direita, deixa isso
muito claro, ao propor se referirem essas cenas aos “preparativos da partida”, ao
“momento íntimo e privado da partida” (LISSARRAGUE, 1999, p. 84-87). Em sua
concepção, portanto, duas cenas distintas, o armamento e a partida, se dão em um único
momento, o da partida do guerreiro
41
.
2.2.3 Análise iconográfica
Ainda que Lissarrague não tenha analisado a cena da partida de Aquiles de
maneira abrangente, seu tratamento de outras cenas de partida aponta, como para a cena
do armamento, um novo caminho a ser trilhado. Em um texto escrito em parceria com
Jean-Louis Durand, eles analisam uma cena de partida do guerreiro, a hieroscopia.
Organizam sua série a partir do centro da imagem, onde figuram o jovem com as
entranhas de um animal e o hoplita que a observa, verificando, primeiramente, como se
apresentam esses elementos de representação, e, em seguida, outros elementos icônicos,
como a presença de um idoso, de uma mulher etc. (DURAND; LISSARRAGUE, 1979,
p. 92-108; cf., ainda, LISSARRAGUE, 1990, p. 55-69).
seus cavalos. Aquiles ainda vai receber suas armas de Tétis e, depois, partirá, o que se constitui em
uma cena não representada aí.
41
Essa postura representa a concepção que se tornou corrente. Annelise Kossatz-Deissman, por um
lado, anuncia, em seu catálogo, o tema da “Partida de Aquiles de Ftia e a Primeira entrega das armas”;
mas, por outro, não trata da partida de Aquiles propriamente dita; pelo contrário, cataloga dois vasos com
essa cena (cf. Cat. n
os
40 e 53) na lista dos vasos com o “Armamento de Aquiles em Ftia”: do primeiro,
extrai um argumento para esse primeiro armamento e, do segundo, propõe, simplesmente, tratar-se da
“partida de Aquiles” (KOSSATZ-DEISSMAN, 1981, p. 69-71, n
os
189 e 204). De modo semelhante,
Odette Touchefeu Meynier, ao analisar a hídria do Museu do Louvre (cf. Cat. 11), com a cena do
armamento de Aquiles por sua mãe Tétis, acompanhado por Odisseu, observa que essa cena não
corresponde a alguma passagem precisa da Ilíada. Todavia, considerando como a cena foi composta e a
partir de quais referências, entende que essa situação evoca, particularmente, o canto IX da Ilíada, ao
longo do qual, Nestor lembra a Pátroclo de quando, junto com Odisseu, foi ao palácio de Peleu. Nessa
ocasião, Peleu e Menécio, pais de Aquiles e de Pátroclo, fizeram incisivas recomendações “no momento
da partida” (TOUCHEFEU-MEYNIER, 2000, p. 46-47, fig. 1).
79
Sigo, em minha análise da Partida de Aquiles, um procedimento semelhante. Por
entender que os artesãos assim as conceberam, analiso as cenas do armamento e da
partida do guerreiro como cenas referentes a duas etapas distintas, ou seja, numa
primeira etapa, o guerreiro recebe suas armas ou se arma com elas, e, numa segunda,
armado, parte para a guerra
42
.
Essa cena conta com apenas três vasos com inscrições identificando Aquiles no
momento de sua partida (Cat. n
os
40, 49, 53): o primeiro em figuras negras e os outros
dois em figuras vermelhas. Os onze demais, todos em figuras negras, não têm
inscrições; todavia, considerando que há em nove, no lado B, a cena de Ájax carregando
Aquiles (Cat. n
os
41, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 50 e 52), e, em outros dois, a contraposição
com uma cena de armamento que tem sido identificado como o de Aquiles (Cat. n
os
42 e
51), e que essas cenas, assim dispostas, complementam-se do ponto de vista narrativo e
temático, julgo pertinente tomá-los como representações da partida de Aquiles
43
.
42
Isso é o que fazem os artesãos Pintor de Berlim 1686 e Maneira do Pintor da Linha Rubra. O
primeiro representou, em uma mesma face do vaso, primeiramente, o guerreiro se armando e, depois,
partindo (cf. Cat. n
os
17 e 42), e o segundo, os dois atos, um em cada lado de seu vaso (cf. Cat. n
os
26 e
51).
43
Examinando a obra do Pintor Exécias, John Boardmam ressalta ser um fenômeno comum cenas
dispostas nos dois lados de um vaso formando um par, de modo a continuar um tema de um lado ao outro
ou criar um contrapeso temático entre elas. Nesse sentido, ele mostra como Exécias dispôs, em dois
casos, a cena de Ájax e Aquiles jogando damas com a dos Dioscuros, os libertadores da tirania, ligando,
em seu entender, os dois temas a uma atitude anti-tirânica em Atenas (cf. BOARDMAN, 1978, p. 24).
Ann Steiner ampliou a análise desse procedimento de Exécias a toda a sua obra, mostrando como ele se
utiliza de “repetições” de detalhes para fazer a ligação entre as cenas. No caso da ânfora do Museu de
Berlim (cf. Cat. 41), ela observa que duas “chamativas repetições” de um lado ao outro: a águia
branca no episêma dos escudos e as vestes das mulheres. As águias estabelecem, assim, a ligação entre
“Ájax” e o guerreiro partindo, e as vestes entre a mulher que gesticula na despedida e a enlutada no
retorno (cf. STEINER, 1997, p. 158, 162). Do mesmo modo, Odette Touchefeu-Meynier já havia
observado, a respeito de um vaso do Círculo do Pintor de Antímenes e de outro do Pintor de Villa Giulia
M482 (cf. Cat. n
os
45 e 50), o “paralelismo antitético” entre as cenas de partida e de retorno (cf.
TOUCHEFEU-MEYNIER, 1968, p. 8). Susan Woodford chegou mesmo a cogitar se o artesão
Relacionado ao Pintor de Antímenes, na ânfora do Castelo Fasanerie (cf. Cat. 44), não desejou retratar
a Partida de Aquiles no lado A, e seu Retorno no lado B (cf. WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 29). O
mesmo pode ser dito da ânfora do Museu do Louvre, na qual o artesão Maneira do Pintor da Linha Rubra
representa uma cena de armamento no lado A, e outra de partida no lado B (cf. Cat. n
os
26 e 51), bem
como da ânfora da Coleção das Medalhas, na qual o Pintor de Berlim 1686 representa, em uma mesma
face, as duas cenas, uma ao lado da outra, em uma espécie de sequência (cf. Cat. n
os
17 e 42).
80
São dois os esquemas iconográficos. No esquema I, representa-se um guerreiro
se despedindo de alguém em sua partida. As imagens se organizam, assim, em torno de
quem ele se despede em sua partida. O guerreiro pode estar se despedindo de: IA Uma
mulher, em que IAa – ele pode estar sozinho no centro e a mulher à sua direita, ou IAb –
ele e a mulher, no centro; IB – Um idoso, IBa – com ele e o idoso no centro, IBb – ele no
centro e o idoso à direita, ou, ainda, I
Bc ele no centro e o idoso à esquerda; e IC Um
jovem. No esquema II, representa-se um guerreiro no momento da libação para sua
partida. A libação é realizada em um momento posterior ao da despedida. O guerreiro
pode estar: IIA Com a fíala na mão realizando a libação, ou IIB Recebendo a fíala,
prestes a realizar a libação.
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS DA PARTIDA DE AQUILES
I – Um guerreiro se despedindo de alguém em sua partida:
IA – Uma mulher:
IAa – Guerreiro sozinho no centro e a mulher à sua direita: (Cat. nº 40);
IAb – Guerreiro e a mulher no centro: (Cat. nº 43).
IB – Um idoso:
IBa – Guerreiro e o idoso no centro: (Cat. nº 41);
IBb – Guerreiro no centro e o idoso à direita (Cat. n
os
44 e 47);
IBc – Ele no centro e o idoso à esquerda (Cat. n
os
45, 46, 49).
IC – Um jovem: (Cat. n
os
48, 50, 51 e 52).
II – Um guerreiro no momento da libação para sua partida:
IIA – Com a fíala na mão realizando a libação (Cat. nº 42);
IIB – Recebendo a fíala, prestes a realizar a libação (Cat. Nº 53).
O Pintor de Sócles iniciou o primeiro esquema iconográfico, bem como o
motivo da despedida de uma mulher (Cat. 40). Aquiles, acompanhado de Pátroclo,
despede-se de Tétis. Nesse caso, as inscrições não deixam dúvida de ser a partida de
Ftia para Tróia; mas a despedida deveria ser de Peleu e não dela. Quem iniciou, nesse
sentido, o motivo da despedida do idoso, foi o Pintor Exécias (Cat. 41). A despedida
de um jovem foi iniciada por um artesão anônimo (Cat. nº 48).
Quase sempre, o guerreiro é representado no centro, às vezes sozinho (Cat. n
os
41, 44, 47, 50 e 52), às vezes acompanhado de outro guerreiro (Cat. n
os
43, 45, 46, 48 e
81
51). Os vasos do Pintor de Sócles e do Pintor Oltos são exceções: no do primeiro,
Aquiles e Tétis estão um pouco mais à direita e acompanhados de vários guerreiros
(Cat. 40); no do segundo, Aquiles e Fênix estão à esquerda, acompanhados no centro
pela deusa Íris e por dois guerreiros em uma quadriga à direita. Seus companheiros de
guerra, além dos que o acompanham no centro, são: hoplitas (Cat. n
os
43 e 49),
arqueiros (Cat. n
os
45, 46, 50 e 52). Do lado familiar, representam-se: o idoso (Cat. n
os
41, 44, 45, 46, 47 e 49), a mulher (Cat. n
os
44, 45, 46 e 47) e jovens (Cat. n
os
48, 50 e
51).
O segundo esquema iconográfico foi iniciado pelo Pintor de Berlim 1686, o qual
é seguido, com modificações, pelo Pintor de Erétria. No primeiro caso, o guerreiro está,
à esquerda, diante de um idoso e de um menino, acompanhados, à direita, por dois
hoplitas. No segundo, o guerreiro e a mulher, Aquiles e Cimotéia, da qual recebe a fíala,
estão no centro, ladeados, à esquerda, por um homem com um bastão e, à direita, por um
jovem com duas lanças
44
.
Uma vez ser essa cena a continuidade da do armamento, normalmente, está
vestido com sua armadura, exceto em dois casos (Cat. n
os
40 e 47); nos quais, aparece:
nu, portanto apenas a lança, e seminu, vestindo somente as cnêmides. Em quatro casos,
Aquiles é representado com uma longa cabeleira (Cat. n
os
40, 42, 44 e 53); no último
deles, a cabeleira é penteada em mechas regulares. O escudo não é representado nos
casos em que o guerreiro não está totalmente armado (Cat. n
os
40 e 47). Na maioria das
vezes, é redondo, e, em um único caso, chanfrado (Cat. 44). Os escudos costumam
trazer emblemas: a) golfinho(s) (Cat. n
os
43 e 50), b) trípode (Cat. 45), c) cabeça de
cavalo (Cat. nº 46), d) bolas brancas (Cat. n
os
48, 51 e 52), e) polvo (Cat. nº 49).
A participação dos personagens secundários é bastante desigual e diversificada.
Os outros guerreiros, hoplitas e arqueiros, estão sempre inertes, apenas acompanhando
o guerreiro. A deusa Íris é a única divindade representada (Cat. 49). Entre os não
guerreiros, idoso ocupa o lugar principal. Em três casos, ele realiza, com a mão direita
levantada, um gesto que acompanha a emissão da palavra (Cat. n
os
42, 44 e 45); em
duas vezes, está inerte (Cat. n
os
46 e 47); e, em uma, realiza o típico gesto de despedida,
44
Odette Touchefeu-Meynier entende que a libação é realizada por Cimotéia, em oferta a Aquiles
(TOUCHEFEU-MEYNIER, 1997, p. 949, 2). De minha parte, estou mais inclinado à interpretação
oferecida por François Lissarrague a esse tipo de cena, segundo a qual, a mulher, trazendo os
instrumentos rituais da libação, uma enócoa e uma fíala, serve o guerreiro, para que o mesmo realize a
libação (LISSARRAGUE, 1984, p. 41-42).
82
o aperto de mãos (Cat. 49). Os jovens são representados quatro vezes; mas, em todos
os casos, estão inertes (Cat. n
os
48, 50, 51 e 52). A mulher vem por último. Na maioria
das vezes, ela tem a mão envolta pelo manto (Cat. n
os
43, 44, 45 e 46)e, em um caso, ela
está inerte (Cat. nº 47).
2.3 Síntese
As análises iconográficas das cenas de armamento e de partida demonstram que
suas composições estão ligadas, sobretudo, à tradição dos artesãos. Na cena do
Armamento de Aquiles, essa ligação fica evidente, tanto pelo fato de os esquemas
variarem ao longo do tempo, Aquiles recebendo a armadura e armando-se com ela,
quanto pelos artesãos criarem motivos particulares que são seguidos posteriormente,
como o escudo encimado por elmo. Mesmo no esquema III, no qual parece haver um
esforço, para representar a cena da Ilíada, o motivo característico, Aquiles sentado
sobre um banco, vem, com certeza, de outro lugar. Semelhantemente, na cena da
Partida de Aquiles, os artesãos principiam por representar, não a despedida do idoso,
como era de se esperar, mas a despedida da mulher. O mesmo tipo de inovação se na
realização da libação pelo guerreiro no momento da partida, ato não mencionado na
tradição literária.
Não se trata, com isso, de negar terem os artesãos conhecido a tradição
preservada na literatura ou de proclamar a independência absoluta dos mesmos em
relação a ela; mas, tão somente, de por o foco na direção que essas constatações
apontam: a tradição artesã. A compreensão das representações das cenas de armamento
e de partida liga-se, portanto, a essa tradição e aos esquemas iconográficos que elaborou
para representar cada uma delas.
CAPÍTULO 3. OS DUELOS
O segundo momento nodal da atividade guerreira compreende a série das
representações de dois guerreiros combatendo em duelo. É o momento no qual o jovem,
tornado um guerreiro no ato de seu armamento, realiza os feitos que o integram entre os
melhores. O combate em duelo é a demonstração de que o guerreiro não é apenas
jovem, belo e viril, mas, acima de tudo, corajoso e capaz, em suma, um herói. Esse
momento é composto pelas cenas dos duelos entre Páris e Menelau, Enéias e Diomedes,
Ájax e Heitor, Aquiles e Heitor, e Aquiles e Mêmnon.
3.1 O duelo entre Páris e Menelau
3.1.1 Tradição literária
O duelo entre ris e Menelau é descrito por Homero na Ilíada (III. 340-382).
Depois de narrar quem compunha cada exército, o dos Aqueus e o dos Troianos, no
canto II, ele inicia o canto III, apresentando a formação de cada lado diante das
muralhas de Tróia (v. 1-14). Páris, quase sempre chamado de Alexandre por Homero,
sai para o combate e desafia todos os guerreiros Aqueus a com ele lutar em combate
corpo a corpo (v. 15-20). Menelau se apercebe de Alexandre e salta de seu carro para o
chão (v. 21-29). Alexandre, vendo Menelau, fica com medo e se mistura no meio dos
guerreiros (v. 30-37). Heitor o repreende por sua atitude covarde (v. 38-57). Alexandre
reage à sua repreensão, propondo um duelo com Menelau (v. 58-75). Heitor expõe o
desafio aos Aqueus (v. 85-110), que o aceitam (v. 111-112), ficando acordado que o
combate secom lanças (v. 252-253). Heitor e Odisseu demarcam um lugar e tiram a
sorte para determinar qual dos dois arremessará primeiro a lança (v. 314-317). A sorte
sai para Páris (v. 324-325). Alexandre e Menelau se armam para combater (v. 328-338,
339).
Depois de armados, dirigem-se ao local demarcado, colocando-se perto um do
outro, e, com fúria, apontam as lanças um contra o outro (v. 340-345). Alexandre é
quem primeiro atira a lança, atingindo o escudo de Menelau, mas sem o atravessar,
permitindo que saísse ileso (v. 346-349). Em seguida, Menelau avança contra ele e joga
sua lança a qual, além de atingir o escudo, penetra-o a ponto de perfurar a couraça e
84
rasgar a camisa de Alexandre que, desviando, evita a morte (v. 349-360). Menelau saca,
então, a espada da bainha e golpeia Alexandre no elmo, mas sua espada se espedaça
caindo no chão (v. 361-368). Inconformado, Menelau salta sobre Alexandre, agarra-o
pela crista do elmo e, girando em volta, arrasta-o em direção aos Aqueus. Quando Páris
sufocava por causa da fivela do elmo que lhe apertava a garganta, Afrodite intervém,
parte a fivela e o arrebata para outro lugar (v. 369-382).
3.1.2 História da pesquisa
Mesmo com diferenças de concepção e de abordagem, os estudos sobre as cenas
de duelo se unem em torno da preocupação da relação entre as tradições iconográfica e
literária. Conforme seu programa de apresentar o desenvolvimento das composições
com traços individuais, criadas ou adaptadas para ilustrar certos acontecimentos da
epopéia, Kazimierz Bulas aborda as cenas de duelos, deixando de lado as composições
mais genéricas, ainda que contenham os nomes de heróis da Ilíada e, por isso, passíveis
de serem relacionadas aos acontecimentos da epopéia homérica. Essas composições são
cenas de duelo em geral, com esquemas representando “dois guerreiros combatendo
com lanças”, por vezes, “sobre um cadáver”, ou “um herói perseguido ou vencido por
um outro”. Seu interesse volta-se, então, para os vasos que representam os duelos
descritos na Ilíada, com composições que, mesmo se servindo desses esquemas
correntes em detalhes, possuem traços individuais. Procede assim porque, em seu
entendimento, nesse gênero de produção artística, os pintores tiveram a intenção de
ilustrar certos duelos como descritos na Ilíada; enquanto que, nas composições mais
genéricas, os artistas empregam esquemas determinados, sem buscar imprimir neles
uma “marca individual”, resultando em situações, às vezes, concordantes com o texto da
Ilíada, às vezes, contradizendo-o, e, frequentemente, estranhas a ele (BULAS, 1929, p.
28-29).
Em decorrência disso, Bulas não dividiu os esquemas, seguindo o desenrolar da
ação na Ilíada; adotou, antes, uma disposição que leva em conta a determinação desses
esquemas. São quatro os esquemas concebidos: 1) Duelo na presença de uma ou duas
divindades, 2) Um guerreiro fugindo de seu adversário, 3) Dólon capturado por Odisseu
e Diomedes
1
, e 4) A interrupção do duelo entre Ájax e Heitor.
1
A cena envolvendo Dólon o se configura, em minha opinião, como uma cena de duelo. Ainda
que, no contexto, haja luta entre eles, prefiro classificá-la como uma cena de captura do inimigo.
85
No segundo esquema, Bulas, de acordo com seu programa, desconsidera as
composições gerais e analisa somente duas, criadas sob a influência manifesta da Ilíada,
que apresentam certas características da individualidade do artista. A primeira delas
refere-se à cena de Páris e Menelau, e a segunda, à de Aquiles e Heitor, que será, por
isso, apresentada mais adiante.
Bulas conhece um único vaso com a representação do duelo entre Páris e
Menelau, o cálice do Pintor Dúris, no Museu do Louvre (cf. Cat. 58), no qual Páris
está fugindo de Menelau, que o persegue, ameaçando-o com uma espada. Os dois
guerreiros estão acompanhados de duas deusas: Ártemis atrás de ris e Afrodite de
Menelau
2
. Para Bulas, a interpretação oferece grandes dificuldades, pois, na Ilíada, por
um lado, Páris recua diante de Menelau, mas este não o persegue, e, por outro, Páris fica
sob a proteção de Afrodite, mas somente mais tarde na cena do duelo, enquanto que
Ártemis não aparece. Todavia, entende não haver contradição com o poema, mas apenas
um tratamento livre do tema. Afrodite participa ativamente; está posta atrás de Menelau
como protetora de Páris, procurando impedir o golpe com a espada. Ártemis, apesar de
também estar com Páris, assiste, simplesmente, como testemunha (cf. BULAS, 1929, p.
36-37).
Knud Friis Johansen também conhece apenas esse vaso (cf. Cat. 58) e o
interpreta de maneira semelhante. Trata-se da representação do duelo entre Páris e
Menelau, o evento principal do canto III da Ilíada. Johansen entende, entretanto, haver
certa independência em relação à descrição de Homero, uma vez que o Pintor Dúris
acrescenta Ártemis em sua composição. De qualquer maneira, admite ter seguido o
pintor a descrição homérica em seus pontos essenciais, ou seja, ris foi inferior no
combate e foi salvo somente por uma intervenção divina (JOHANSEN, 1967, p. 212-
213).
Roland Hampe, em contrapartida, conhece quatro vasos com essa cena; todos
anteriores ao Pintor Dúris. Nos dois primeiros, ele está convicto que se trata do duelo
entre Paris e Menelau, como descrito na Ilíada (III. 15-382): Munique 1415 (cf. Cat.
56) e Louvre G115 (cf. Cat. 58). Nesse último, ele tem dúvida sobre quem é a
mulher atrás de Menelau (HAMPE, 1981, p. 514, n
os
78 e 79). Os outros dois são, por
ele, considerados incertos: Riehen (cf. Cat. 55) e Tarquínia RC6846 (cf. Cat. 138).
2
Páris, Menelau e Ártemis são nomeados por inscrições, e Afrodite é identificada pelas “flores”
que segura na mão esquerda levantada.
86
Sobre esse último, inclusive, acha mais plausível considerar como o duelo entre Aquiles
e Mêmnon (HAMPE, 1981, p. 514, n
os
79a e 80). Lilly Kahil conhece três vasos, mas
seu terceiro pode ser incluído como o quinto na lista anterior. Nos dois primeiros,
considera as representações seguras: Munique 1415 (cf. Cat. 56) e Louvre G115 (cf.
Cat. 58). No último, avalia a representação como incerta: Basiléia BS1953.8 (cf. Cat.
54). Sem comentários pormenorizados, destaca o fato de Menelau estar
“perseguindo” Páris no segundo vaso (KAHIL, 1997, p. 836-837, n
os
12, 13 e 16).
3.1.3 Análise iconográfica
Diferentemente das pesquisas anteriores, analiso os esquemas iconográficos das
cenas de duelo a partir das composições que lhes são próprias, e não em função de suas
relações com a versão da tradição literária. Verifico, antes, as posturas e os gestos dos
combatentes nas composições, bem como os motivos característicos de cada uma delas,
tanto os relacionados ao grupo central, quanto aos personagens secundários.
Tomadas em seu conjunto, as representações de duelos organizam-se em três
esquemas iconográficos. Os dois primeiros são comuns a todas as cenas, mas a
totalidade deles se verifica na cena do duelo entre Aquiles e Mêmnon, para a qual
essas composições foram criadas.
No esquema I, o duelo ainda está indefinido quanto à vitória de um dos
combatentes, pois os dois estão se enfrentando com a mesma postura, a qual indica
estarem em iguais condições para vencer. No esquema II, o duelo está definido pela
vitória de um dos combatentes, uma vez que o outro encontra-se em uma pose
denunciadora de sua iminente ou consumada derrota, seja por sua atitude, seja por sua
posição desfavorável.
Esses esquemas variam na composição segundo os motivos. No primeiro, três
tipos: I
A Os dois combatentes estão se enfrentando em ; IB Os dois combatentes
estão se enfrentando em ante um guerreiro caído; e IC Os dois guerreiros estão
combatendo em pé, intermediados por Hermes realizando a psicostasia. No segundo, há
cinco tipos: II
A Um dos combatentes está fugindo; IIB Um dos combatentes está
recuando; IIC Um dos combatentes está caindo de joelho; IIC Um dos combatentes
está caindo de costas; e IIE – Um dos combatentes está caído de joelho(s).
O terceiro esquema iconográfico é uma peculiaridade das representações dos
duelos entre Ájax e Heitor e entre Aquiles e Heitor. Nele, o duelo entre os combatentes
é interrompido. As composições variam, ainda, segundo os motivos: III
A Os
87
combatentes são apartados por seus companheiros de guerra, que os agarram e os
afastam; III
B Os combatentes são apartados por uma divindade, que intervém entre
eles.
Na cena do duelo entre Páris e Menelau, verificam-se os dois esquemas, com as
composições I
A, IB e IIA.
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS DO DUELO ENTRE PÁRIS E MENELAU
I – O duelo ainda está indefinido quanto à vitória de um dos combatentes:
IA – Os dois guerreiros estão se enfrentando em pé: (Cat. n
os
54, 55 e 57).
IB Os dois guerreiros estão se enfrentando em ante um guerreiro caído: (Cat.
56).
II – O duelo já está definido pela vitória de um dos combatentes:
IIA – Um dos guerreiros está fugindo: (Cat. nº 58).
Dos cinco vasos catalogados, dois trazem inscrições possibilitando a
identificação certa dos personagens (Cat. n
os
56 e 58); nos outros três (Cat. n
os
54, 55 e
57), devido a ausência delas, não se pode ter certeza absoluta. Todavia, considero
plausível a identificação, levando-se em conta a composição. Nos dois primeiros, os
combatentes estão flanqueados por personagens que podem representar os
demarcadores do lugar do combate, Odisseu e Heitor. No primeiro, no entanto, o pintor
fez uma modificação, representando quatro personagens: um idoso secundado por um
homem à esquerda, e um homem secundado por um idoso à direita, que seriam,
respectivamente, Agamêmnon e Odisseu ao lado de Menelau e Heitor, e Príamo ao lado
de Páris. No terceiro, a mulher entre eles pode ser Afrodite, que está pronta para salvar
Páris.
Assim sendo, o Pintor da Acrópole 1441 foi o primeiro a representar essa cena.
Tanto sua representação, quanto as do Pintor de Amásis e do artesão Maneira do Pintor
de Aqueloo (Cat. n
os
54, 55 e 57) foram compostas segundo o esquema IA. O artesão do
Grupo de Leagro (Cat. nº 56) compôs sua imagem segundo o I
B. E o Pintor Dúris (Cat.
58), conforme o IIA, tendo em mente, provavelmente, a cena de Páris amedrontado
fugindo de Menelau (cf. Ilíada III. 30-37).
No que respeita ao grupo central, os guerreiros atacam com lanças, nos quatro
primeiros vasos (Cat. n
os
54, 55, 56 e 57). Nos dois primeiros, eles as m na altura da
88
cabeça, e, nos dois últimos, Menelau tem sua lança na altura da cintura. No quinto
vaso (Cat. 58), Menelau persegue Páris com espada. Os escudos de defesa variam
conforme a forma. Em três casos, os escudos de ambos os combatentes são redondos
(Cat. n
os
54, 55 e 58), e, em dois, Menelau tem escudo chanfrado (Cat. n
os
56 e 57). Os
escudos costumam trazer emblemas, que só aparecem nos escudos redondos portados
por Páris: a) bola branca (Cat. 54), b) cabeça de leão (Cat. 55), e c) guirlanda
(Cat. nº 56).
Ambos os guerreiros estão vestidos em quase todos os vasos (Cat. n
os
54, 55, 57
e 58); somente em um caso, Menelau está seminu (cf. Cat. 56). Na representação do
esquema IB, o guerreiro caído está vestido e morto. Em três casos, Menelau é
representado com uma longa cabeleira (Cat. n
os
55, 56 e 58), e Páris, uma única vez
juntamente com Menelau (Cat. nº 56).
Os dois combatentes são sempre acompanhados de personagens secundários,
que podem ser: a) divindades: Afrodite (Cat. n
os
57 e 58; para esse último vaso cf.
POTTIER, 1922a, p. 162) e Ártemis (Cat. 58), b) homens (Cat. n
os
54 e 55), e c)
idosos (Cat. 54). Em uma ocorrência, os combatentes estão flanqueados por Afrodite
e Ártemis (Cat. nº 58), e, em outra, Afrodite está entre eles (Cat. nº 57).
3.2 O Duelo entre Enéias e Diomedes
3.2.1 Tradição literária
O duelo entre Enéias e Diomedes é descrito por Homero na Ilíada (V. 297-310).
Homero dedica todo o canto V à aristéia de Diomedes. Fortalecido e encorajado por
Palas Atena (v. 1-8), Diomedes desbaratava as falanges dos Troianos (v. 84-94).
Pândaro o atinge no ombro direito com uma flecha (v. 95-100). Diomedes invoca Palas
Atena em sua ajuda, e ela o atende (v. 114-132). Ele volta à peleja e mata inúmeros
troianos (v. 133-165). Enéias o vê a desbaratar os Troianos (v. 166) e, junto com
Pândaro, investe contra ele (v. 239-240). Eles trocam palavras de ameaça (v. 241-274).
Pândaro investe novamente contra Diomedes e é morto por ele (v. 276-296).
Enéias salta de seu carro para o chão e põe-se por cima de Pândaro, segurando o
escudo e a lança, pronto a matar quem tentasse pegar no cadáver (v. 297-302).
Diomedes pega, então, uma enorme pedra e a atira contra Enéias, atingindo-o na anca.
Ferido, Enéias cai de joelhos indefeso (v. 302-310). Afrodite, sua mãe, apercebe-se de
sua situação e o arrebata para longe da guerra (v. 311-318).
89
3.2.2 História da pesquisa
No primeiro esquema iconográfico, “duelo na presença de uma ou duas
divindades”, por adotar a disposição determinada pelo esquema, em vez de seguir a
sequência da ação na Ilíada, Kazimierz Bulas tratou, conjuntamente, as cenas dos
duelos entre Enéias e Diomedes, Ájax e Heitor e Aquiles e Heitor.
Nesse esquema diferenças consideráveis tanto no grupo dos guerreiros
combatentes, quanto na atitude das divindades que os protegem, mas eles podem ser
arranjados como segue (BULAS, 1929, p. 30): 1α − Os dois guerreiros combatem com
Atena no meio deles: a) Aquiles e Heitor (vaso da Coleção do Lord Elgin) e b) Ájax e
Heitor (cf. Cat. 71); 1β − Heitor caindo, com Atena no meio: c) Aquiles e Heitor (cf.
Cat. 80); 1γ − Heitor caindo, com Apolo o abandonando: d-f) Aquiles e Heitor, com
Atena e Apolo (cf. Cat. n
os
79, 81 e 85); 1δ − Um dos guerreiros caindo, com uma
divindade vindo em seu socorro: g) Ájax e Heitor, com Atena e Apolo (cf. Cat. 74),
h) Diomedes e Enéias, com Atena e Afrodite (cf. Cat. nº 64); e 1ε − Enéias acaba de cair
de joelhos, com Afrodite vindo salvá-lo: i) Diomedes e Enéias, com Atena e Afrodite
(cf. Cat. nº 63).
São, portanto, três grupos de combatentes, Aquiles e Heitor, Ájax e Heitor, e
Diomedes e Enéias, os quais Bulas analisa conjuntamente (BULAS, 1929, p. 31-36).
Primeiramente, Bula faz observações sobre os esquemas e a identificação dos
personagens. O esquema, no qual os dois combatentes se põem frente a frente com
Atena no meio, foi utilizado apenas duas vezes (a, b). Nos vasos c-h, representa-se um
combatente caindo de costas, quase sempre Heitor diante de Aquiles; e, no último (i),
Enéias caindo de joelhos diante de Diomedes. O esquema dos vasos c-h foi inventado,
então, para representar o duelo entre Aquiles e Heitor. Aquiles e Heitor são nomeados
por inscrições somente uma vez (d), mas as presenças de Atena e Apolo (e, f) são uma
prova evidente de tratar-se desse duelo; o que é válido, também, para Atena sozinha (c).
Heitor, caindo de costas, tem na mão direita uma lança (d, e, f) ou uma espada (c);
enquanto que Aquiles o ameaça com lança (c, d) ou com uma espada (e, f). Comenta,
então, que esses detalhes e o ferimento de Heitor na coxa (c) não concordam
inteiramente com a Ilíada.
Em seguida, analisa o comportamento das divindades. A maneira como Atena e
Apolo se comportam nos vasos com o duelo entre Aquiles e Heitor não concorda em
tudo com o relato da Ilíada, uma vez que Atena, sob a forma de Apolo, está do lado de
90
Heitor, e Apolo abandona Heitor quando isso acontece; isso, porém, explica-se
facilmente se o todo da descrição for considerado. Os artistas concebem a situação de
uma maneira mais geral: Atena na qualidade de protetora de Aquiles fica ao seu lado, e
Apolo, não podendo mais ajudar Heitor, retira-se mostrando uma flecha a Aquiles,
como presságio da morte que o espera pelas mãos de Páris. Uma única vez representa-se
Atena encorajando Heitor ao combate (c).
Nesse sentido, Bulas considera possível que a idéia de representar as divindades
assistindo ao duelo tenha sido sugerida aos pintores pela Etiopida, na qual Tétis e Eos
tomam parte no duelo de seus filhos, Aquiles e Mêmnon. Assim, as divindades
tutelares, ou mesmo a mãe de um dos combatentes, fazem-se presentes nos vasos em
questão. Atena e Apolo aparecem, no duelo de Ájax e Heitor (g), no qual o pintor,
visando dar proximidade ao texto da Ilíada, coloca uma pedra entre a cabeça de Heitor e
o escudo de Ájax, pedra com a qual Ájax acerta o joelho de Heitor. O mesmo se com
a presença de Atena e Afrodite no duelo entre Diomedes e Enéias (h, i), no qual o pintor
não se esforça para tornar a situação tal qual determinada pelo poeta. Em vez de
representar Enéias ferido por Diomedes com uma pedra, o artista achou mais simples
adotar o esquema corrente, acrescentando, ao mesmo tempo, Afrodite, que se apressa
em salvar seu filho, e Atena em socorro de Diomedes.
O tratamento empreendido por John Davidson Beazley a essa iconografia
também se à luz da relação com a tradição literária. Ao comentar a cratera do Pintor
de Tyszkiewicz, no Museu de Boston (cf. Cat. 64), afirma ter ele tomado o tema do
canto V da Ilíada, mas não ter seguido, ao mesmo tempo, Homero fielmente; pois, no
poema, Diomedes fere Enéias com uma pedra, e, aqui, o ataca com sua lança. De resto,
acrescenta que Enéias sacou sua espada, mas cai indefeso; Atena encoraja Diomedes, e
Afrodite vem salvar seu filho. Para ele, a versão dada pelo Pintor de Cleófrades, no
cálice do Museu Britânico (cf. Cat. 63), é similar. Enéias está ferido por uma lança
fincada em seu abdômen, e Diomedes ainda o ataca com sua espada (cf. CASKEY;
BEAZLEY, 1954, p. 19-20)
3
.
Na mesma linha, Knud Friis Johansen entende que a descrição do duelo entre
Enéias e Diomedes no canto V da Ilíada foi uma fonte favorita para os pintores áticos
do período arcaico. A mais antiga representação é a de dois fragmentos de cratera
3
Beazley lista ainda três vasos com essa cena: Atenas MNAcr 1.646 (Cat. 60), no qual ele não
tem dúvida de a mulher à esquerda ser Atena; Copenhague 100 (Cat. nº 61); e Louvre CP10823.
91
achados na Acrópole, agora no Museu Nacional de Atenas (inv. MNAcr 1.646; cf. Cat.
60). Nessa representação, o pintor usou, segundo ele, o tipo convencional da
monomaquia flanqueada por duas figuras femininas, um tipo que, sem dúvida, foi
criado para representar, originalmente, o duelo entre Aquiles e Mêmnon na presença de
suas mães Tétis e Eos. Inscrições nomeavam os dois guerreiros: para o da direita lê-se
Enéias, e para o da esquerda restou apenas a letra Σ. Diante da proposta de tratar-se de
Aquiles, representando o duelo entre ele e Enéias, conforme a Ilíada XX. 75-352,
Johansen alega que as mães dos dois heróis não aparecem nesse relato; pelo contrário, é
Apolo que encoraja Enéias, e é Posídon que intervém e o salva; combatendo Aquiles
sem assistência divina. Das duas mulheres, aquela atrás de Enéias é caracterizada como
Afrodite, em virtude das flores que segura na mão, e a outra é, sem dúvida, Atena,
representada desarmada e sem a égide, como é comum na arte ática do período arcaico.
O duelo é tomado, então, do canto V da Ilíada, no qual Atena assiste a Diomedes e
Afrodite, a Enéias (JOHANSEN, 1967, p. 200-202).
Em seguida, Johansen ressalta que, nos vasos de figuras vermelhas, uma
maior concordância das representações com o texto de Homero. Essa concordância
verifica-se notavelmente no cálice do Pintor Oltos do Museu Thorvaldsen (Copenhague
100; cf. Cat. nº 61). Não há inscrições, mas o significado aparece plenamente na
representação. Aparentemente, Oltos “ilustra” a Ilíada V. 297s. O duelo terminou;
Diomedes arremessa uma pedra em Enéias, tornando-o vulnerável; Afrodite vem para
salvar seu filho; Diomedes diz não a temer e aponta sua lança contra ela e a fere na mão
(v. 335s). Ela grita de dor e se retira. Apolo vem e salva Enéias. Assim, para Johansen,
Oltos segue Homero passo a passo. As representações dos Pintores de Cleófrades
(Londres E73; cf. Cat. 63) e de Tyszkiewicz (Boston 97.368; cf. Cat. 64), apesar
das inscrições explicitando a cena, são mais convencionais, e seguem a descrição
homérica do evento somente no essencial (JOHANSEN, 1967, p. 202-206)
4
.
Fulvio Canciani analisa seis vasos relacionados ao duelo com Diomedes,
conforme o descrito na Ilíada (V. 239-251)
5
. Sobre o primeiro, ele tem vida se o
guerreiro que enfrenta Enéias é Diomedes, ainda que reconheça a mulher à esquerda
4
Ele cita, ainda, um cálice fragmentário do Pintor de Sileu do Museu do Louvre (inv. CP10823),
que apresenta o mesmo tema e pode ter sido similar.
5
São eles: n
os
33 (Atenas MNAcr 1.646; cf. Cat. 60), 34 (Brauron, inv. ?), 36 (Copenhague
100; cf. Cat. 61), 37 (Londres E73; cf. Cat. 63), 38 (Boston 97.368; cf. Cat. 64) e 39 (Louvre
CP10823).
92
como Atena e a da direita, segurando flores, como Afrodite. Sobre os demais, ele está
seguro da representação do tema, pois inscrições designando os personagens no
quarto e no quinto, e os outros são semelhantes a esses na composição (CANCIANI,
1981, p. 384-385, 394).
3.2.3 Análise iconográfica
Na cena do duelo entre Enéias e Diomedes, verificam-se os dois esquemas com
as composições I
A, IB, IIB, IIC e IID.
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS DO DUELO ENTRE ENÉIAS E DIOMEDES
I – O duelo ainda está indefinido quanto à vitória de um dos combatentes:
IA – Os dois guerreiros estão se enfrentando em pé: (Cat. n
os
59 e 60).
II – O duelo já está definido pela vitória de um dos combatentes:
IIB – Um dos guerreiros está recuando: (Cat. nº 61).
IID – Um dos guerreiros está caindo de costas: (Cat. n
os
64 e 65).
IIE – Um dos guerreiros está caído de joelho(s): (Cat. nº 63).
Outra representação:
(Cat. nº 62).
Dos sete vasos catalogados, cinco trazem inscrições, possibilitando a
identificação dos personagens (Cat. n
os
59, 60, 62, 63 e 64), e dois não as têm (Cat. n
os
61 e 65). Dentre os inscritos, somente dois possibilitam ter-se certeza da representação
(Cat. n
os
63 e 64). Os demais dependem de interpretação. No primeiro, apesar de
somente Enéias ser nomeado, não vejo porque pensar em outro duelo, e, no segundo,
sobrou apenas um Σ do oponente dele, provavelmente, Diomedes. Os dois vasos sem
inscrições, seja pela composição, seja pelos atributos dos personagens, representam essa
cena. No primeiro cálice do pintor Oltos (Cat. 61), as presenças de Apolo (arco) e de
Afrodite (lança ferindo sua mão) tornam verossímil a representação. O fragmento de
cratera de um artesão anônimo (Cat. 65) indica ter a mesma composição do nº 64 (cf.
DINSMOOR, 1941, p. 134-135, nº 13; MOORE, 1997, p. 170-171, nº 237).
A única representação que oferece verdadeira dificuldade é a do Pintor Oltos em
seu segundo cálice (Cat. 62). Nomeando todos os personagens com inscrições, ele
mostra Enéias e Ájax enfrentando-se, ante o corpo de Pátroclo, acompanhados,
93
respectivamente, por Hípaso e por Diomedes. John Davidson Beazley tomou a cena
como o duelo entre Enéias e Diomedes (BEAZLEY, 1963, p. 60, 64; 1971, p. 326).
Knud Friis Johansen, a partir da constatação do conhecimento detalhado demonstrado
por Oltos em suas representações do duelo entre Enéias e Diomedes e do resgate do
corpo de Heitor (cf. Cat. 61), cogita que ele tenha, por um lapso de memória, escrito
o nome de Enéias no lugar do de Heitor, o qual, segundo a Ilíada, se enfrentou com
Ájax por ocasião da luta pelo corpo de Pátroclo (JOHANSEN, 1967, p. 197-198).
Odette Touchefeu-Meynier entende tratar-se de uma evocação de batalha e não de um
duelo, uma vez que todos os combatentes, armados de lanças, opõem-se face a face. A
composição ordena-se conforme as representações de duelo, pondo em evidência o
combate entre os personagens centrais; nesse caso, o duelo entre Enéias e Ájax
(TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 317-318, 23). Qualquer duelo que seja, entre
Enéias e Diomedes, entre Ájax e Heitor ou entre Enéias e Ájax, trata-se de uma outra
representação do esquema I
B.
O primeiro a representar essa cena foi o Pintor de Enípilo (Cat. nº 59). Tanto sua
representação, quanto a de um artesão anônimo (Cat. 60) foram compostas conforme
o esquema I
A. O Pintor Oltos (Cat. 61) compôs sua imagem segundo o IB. O Pintor
de Tyszkiewicz (Cat. 64) e um artesão anônimo (Cat 65), conforme o IID. E o
Pintor de Cleófrades, conforme o II
E.
No que respeita ao grupo central, os guerreiros atacam com lanças em três vasos
(Cat. n
os
59, 60 e 62); em todos, eles as têm na altura da cabeça. Diomedes segura a
lança nessa posição ainda por duas vezes (Cat. n
os
61 e 64). Em um caso, Enéias ataca
com espada (Cat. 64). Diomedes, do mesmo modo, ataca uma vez com espada (Cat.
63); mas se trata, nesse caso, de uma segunda investida, uma vez já ter fincado sua
lança no abdômen de Enéias, do qual sai um fluxo de sangue. Os escudos de defesa
variam segundo a forma. Em quase todos os casos, os escudos de ambos os combatentes
são redondos (Cat. n
os
59, 61, 62, 63, 64 e 65); e, em um único caso são chanfrados
(Cat. 60). Na maioria das ocorrências, os escudos são mostrados de perfil ou pelo
lado interno. Na única vez em que é mostrado de frente, trata-se do de Enéias e traz
como emblema uma rosácea com raios (Cat. nº 60).
Ambos os guerreiros estão vestidos em quase todos os vasos (Cat. n
os
60, 62, 63
e 64); em um caso, ambos estão seminus (cf. Cat. 59); e, em outro, apenas Diomedes
(Cat. 61). Na representação do esquema I
B, Pátroclo está nu e morto. Em três casos,
Enéias é representado com uma longa cabeleira (Cat. n
os
61, 63 e 64).
94
Os dois combatentes estão sempre acompanhados de personagens secundários,
que podem ser: a) companheiros de guerra, cavaleiros (Cat. 59) e guerreiros (Cat.
62), b) divindades: Atena (Cat. n
os
60, 63 e 64), Afrodite (Cat. n
os
60, 61, 63 e 64), e
Apolo (Cat. 61), e c) não guerreiros, homens (Cat. 61). Os combatentes estão
flanqueados por Atena e Afrodite em três casos (Cat. n
os
60, 63 e 64). Os gestos delas
na direção de seus protegidos são expressivos: Atena toca com a mão em Diomedes
duas vezes (Cat. n
os
60 e 64), e Afrodite ampara Enéias com seus braços duas vezes
(Cat. n
os
63 e 64).
3.3 O Duelo entre Ájax e Heitor
3.3.1 Tradição literária
O duelo entre Ájax e Heitor é descrito por Homero na Ilíada (VII. 206-312). O
autor principia por narrar que, depois que Heitor e Alexandre retornam ao combate e
estavam chacinando os Aqueus, Atena os e desce do Olimpo a Tróia, e que Apolo,
por sua vez, a vê e, de Pérgamo, vai ao seu encontro (v. 1-22).
Apolo sugere e Atena aceita a incitar Heitor a desafiar um dos Aqueus em duelo
(v. 23-43). O filho de Príamo, Heleno, compreende, em seu espírito, a deliberação dos
deuses e põe-se ao lado de Heitor, convencendo-o a demandar o desafio (v. 44-54).
Heitor propõe, então, o desafio aos Aqueus (v. 55-91) que, temendo-o, ficam em
silêncio (v. 92-93). Menelau se candidata (v. 94-103), mas Agamêmnon o convence a
não lutar (v. 104-122). Nestor toma a palavra e repreende os Aqueus (v. 123-161). Nove
guerreiros se candidatam, dentre eles os dois Ajantes (v. 161-169). Nestor propõe,
então, um sorteio, que recai sobre Ájax (v. 170-189). Ájax toma a palavra e diz pensar
vencer Heitor (v. 190-199).
Ájax arma-se e vai ao encontro de Heitor (v. 206-223). Postando-se perto de
Heitor, profere-lhe palavras de ameaça e solicita que início ao combate (v. 224-232).
Heitor lhe responde com ameaças e diz que o enfrentará (v. 233-244). Heitor inicia,
então, o combate, apontando e arremessando sua lança, que se finca no escudo de Ájax
sem o perfurar. Ájax, por sua vez, arremessa a sua contra Heitor, atingindo seu escudo e
perfurando-o, a ponto de penetrar a couraça e rasgar a camisa, mas ele desvia-se,
evitando a morte (v. 244-254). Os dois arrancam suas lanças e fazem nova investida.
Heitor atinge o escudo, mas não o perfura. Ájax atinge o de Heitor, perfurando-o
completamente e ferindo-lhe no pescoço (v. 255-262). Heitor cai para trás contundido,
mas não desiste do combate. Em seguida, pega uma grande pedra e atira contra o escudo
95
de Ájax. Esse, de igual modo, pega uma pedra ainda maior e atira contra o escudo de
Heitor que, debilitado devido ao peso da pedra, cai de costas, debaixo do escudo (v.
263-272). Apolo o acode e o faz levantar (v. 272).
Nesse momento, Homero relata que viriam os golpes de espada (v. 273), mas o
duelo é interrompido pelos arautos Taltíbio e Ideu, que pedem para não combaterem
mais, uma vez que a noite se faz presente (v. 273-282). Ájax diz aceitar se Heitor o
fizer primeiro (v. 283-286). Heitor concorda e propõe que troquem presentes (v. 287-
302). Tendo dito isso, Heitor oferece-lhe uma espada, e Ájax, em troca, oferta-lhe um
cinturão (v. 303-312).
3.3.2 História da pesquisa
Além do tratamento dado à cena do duelo entre Ájax e Heitor em seu primeiro
esquema, “duelo entre uma ou duas divindades”, Kazimierz Bulas analisa mais um
vaso, no terceiro esquema, “a interrupção do duelo entre Ájax e Heitor”. Trata-se da
ânfora do Museu de Wurzburgo (cf. Cat. 73), na qual cada um dos dois combatentes
são apartados por dois idosos que os conduzem pelas mãos. Dois personagens são
nomeados por inscrições, um dos combatentes é Heitor e o idoso que conduz o outro é
Fênix. A presença de Heitor, bem como o fato de que tem na mão um cinturão e o outro
combatente uma espada na bainha, são provas para Bulas de tratar-se do duelo
interrompido entre Ájax e Heitor, conforme descrito no canto VII da Ilíada, uma vez
que são justamente estes os presentes ofertados. Na Ilíada, o duelo é apartado pelos
arautos Taltíbio e Ideu; todavia, para ele, isso não é uma contradição, pois o artista quis,
simplesmente, dar mais expressão à cena. A substituição de Taltíbio por Fênix deve-se
ao fato de não convir um simples arauto tomar pela mão, de uma maneira familiar, um
dos mais altos e mais valorosos entre os chefes aqueus. Assim, o idoso que conduz
Heitor deve ser provavelmente Príamo (cf. BULAS, 1929, p. 40-41).
Antes de tratar das cenas de duelo propriamente ditas, Knud Friis Johansen
considera umas poucas representações que tomaram seus temas do contexto do campo
de batalha, mas que apresentam episódios de uma natureza marcadamente individual.
Na ânfora do Museu de Wurzburgo (inv. 508; cf. Cat. 73), o Pintor de Cleófrades
representou a interrupção do duelo entre Ájax e Heitor, mas não segue a Ilíada (VII.
273s) em todos os detalhes. Os presentes ofertados estão claramente representados:
Ájax segura uma espada com bainha e Heitor, um cinto. Todavia, Ájax e Heitor são
mostrados em uma atitude hostil, não correspondendo ao final do duelo conforme a
96
Ilíada, e os arautos Taltíbio e Ideu foram, ainda, substituídos por Fênix, designado por
inscrição, e, provavelmente, por Príamo. A identificação de Príamo é confirmada pela
representação do mesmo tema, segundo Johansen , pelo Pintor de Triptólemo no estano
do Museu da Basiléia (inv. BS477; cf. Cat. 83), no qual tanto ele como Fênix são
designados por inscrições (JOHANSEN, 1967, p. 186-188).
Odette Touchefeu-Meynier também analisa esses dois vasos. A autora entende
que o primeiro representa, assim como propõe Johansen, “o duelo interrompido”
(TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 320, 43) e que o segundo insere-se na
representação de “Ájax e Heitor combatendo ante um corpo” na categoria dos
“documentos de interpretação problemática”, afirmando que a identificação de Pátroclo
no fragmento de inscrição (ΠΑΤ) não resiste a um exame atento (TOUCHEFEU-
MEYNIER, 1981, p. 321, nº 50)
6
.
Ao abordar as cenas de duelo propriamente ditas, Johansen inicia com a “luta
pelo corpo de Pátroclo”. Dentre vários vasos analisados, interpreta que dois deles
(Atenas MA AP1044 e Munique 1408; cf. Cat. n
os
66 e 70) estão relacionados com o
duelo entre Ájax e Heitor. Sobre o primeiro, ele ressalta que o oponente de Heitor é,
sem dúvida, Ájax, e que a presença de Diomedes acompanhando Ájax foge do relato da
Ilíada. Sobre o segundo, apesar das inscrições designando Ájax e Heitor, entende não se
tratar da luta pelo corpo de Pátroclo, pois Heitor está acompanhado de um guerreiro
(ΤΥ∆ΥΣ) que participou da guerra, e o guerreiro caído está ainda armado, o que não
condiz com a Ilíada (JOHANSEN, 1967, p. 194-198).
Feito isso, Johansen analisa três outros vasos com a representação do duelo entre
Ájax e Heitor. Inicialmente uma ânfora do Pintor de Antímenes, do Museu de Toronto
(inv. 303; cf. Cat. 67), que considera provável representar esse duelo. Nesse caso,
Antímenes tinha o duelo narrado pela Ilíada em mente e, ao dar a um dos guerreiros o
nome de Ájax (ΑΙΑ[Ν]ΤΟΣ), torna natural assumir que o outro guerreiro seja Heitor.
Em seguida, apresenta os outros dois vasos que, indubitavelmente, tomaram seus temas
da Ilíada. No primeiro (Londres E438; cf. Cat. 71), o Pintor Esmícro apresenta Ájax
e Heitor, ambos nomeados, face a face e com as lanças niveladas, segundo a tradicional
6
Odette Touchefeu-Meynier está certa da representação desse combate em dois vasos: n
os
45
(Roma, perdido) e 46 (Munique 1408; cf. Cat. 70). Os de interpretação problemática são: 48 (Atenas
MA AP1044; cf. Cat. 66) e 49 (Atenas MN inv.?). Considera que a análise do primeiro (48), por
causa das inscrições designando Heitor e Pátroclo, sustenta-se em uma hipótese plausível, mas não
segura; o segundo (nº 49) tem representação semelhante, embora não contenha inscrições.
97
atitude de duelo, indicando que este ainda não terminou. Esmícro inclui, nessa
representação, o motivo da deusa Atena entre eles com a finalidade de apartá-los,
mostrando, aparentemente, ter em mente a interrupção do duelo, o que foge da descrição
da Ilíada. No segundo (Louvre G115; cf. Cat. 74), o Pintor Dúris representa o duelo
em concordância estreita com a narrativa homérica. Ájax golpeou com sua lança a
Heitor, que está caindo de costas impotente. Entre eles, representa a pedra que Ájax
atirou em Heitor, conforme a Ilíada (VII. 268s). Apolo assiste a Heitor atrás dele, como
na Ilíada (VII. 272); e Atena, a Ájax. Na Ilíada, a deusa não intervém diretamente no
duelo, mas sua presença tem razão de ser, pois é ela que instiga o combate junto com
Apolo (VII. 17s). Ele toca a crista do elmo de Ájax, um gesto que, provavelmente,
significa que deseja encorajar seu protegido (JOHANSEN, 1967, p. 208-212).
Odette Touchefeu-Meynier segue um caminho semelhante. Apresenta,
inicialmente, dois vasos com inscrições, tornando certa a representação: Londres E438
(cf. Cat. 71) e Louvre G115 (cf. Cat. 74). Destaca que, em ambos, os guerreiros
atacam-se com lanças, e que, no segundo, Heitor se esquiva apoiando-se na perna
esquerda”, indicando a influência da Ilíada (VII. 254) na composição, que é reforçada
pela presença da “pedra” (v. 264-272) entre o escudo de Ájax e a cabeça de Heitor
(TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 235, n
os
36 e 37). Em seguida, ressalta que os
outros dois são de interpretação problemática: Toronto 303 (cf. Cat. 67) e Ferrara
44885 (cf. Cat. 144). No primeiro, entende ser possível complementar a inscrição
como ΑΙΑ[Ν]ΤΟΣ, e, assim, Ájax seria o guerreiro à direita. Quanto ao segundo,
sustenta que a explicação de se tratar do duelo entre Aquiles e Mêmnon parece dar
conta de maneira mais satisfatória da aparente juventude do guerreiro vencedor e do
gesto da divindade, que seria Eos (TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 320, n
os
41 e
42).
3.3.3 Análise iconográfica
Na cena do duelo entre Ájax e Heitor, verificam-se os dois esquemas, com as
composições I
A, IB e IIC.
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS DO DUELO ENTRE ÁJAX E HEITOR
I – O duelo ainda está indefinido quanto à vitória de um dos combatentes:
IA – Os dois guerreiros estão enfrentando-se em pé: (Cat. n
os
67 e 72).
98
I
B – Os dois guerreiros estão enfrentando-se em pé ante um guerreiro caído: (Cat. n
os
66
e 70).
II – O duelo já está definido pela vitória de um dos combatentes:
IID – Um dos guerreiros está caindo de costas: (Cat. nº 74).
III – O duelo entre os combatentes é interrompido:
IIIAOs combatentes são apartados por seus companheiros: (Cat. n
os
68, 69 e 73).
IIIB – Os combatentes são apartados por uma divindade: (Cat. nº 71).
Dos nove vasos catalogados, sete trazem inscrições, que possibilitam a
identificação dos personagens (Cat. n
os
66, 67, 70, 71, 72, 73 e 74), e apenas dois não as
trazem (Cat. n
os
68 e 69). Entre os inscritos, somente três criam certa dificuldade de
identificação: os n
os
66 e 72 por estarem em estado fragmentário, e o 67 por trazer
apenas o nome de Ájax. Todavia, partindo das análises apresentadas acima pelas
pesquisas anteriores, entendo não haver indícios suficientes para pensar em outro duelo.
Entre os não inscritos, o 68 representa, sem vida, a interrupção do duelo, e o 69
apresenta composição semelhante à do 71, tornando plausível a identificação, ainda
que Atena tenha sido substituída por um dos companheiros de guerra
7
.
O Pintor Exécias foi o primeiro a representar essa cena, segundo o esquema IB.
Tanto sua representação quanto a do artesão do Grupo de Leagro (Cat. n
os
66 e 70)
foram compostas segundo o esquema IB. O Pintor de Antímenes (Cat. 67) e o Pintor
Onésimo (Cat. 72) compuseram suas imagens segundo o IA. O Pintor Dúris (Cat.
74), conforme o IID. O Pintor de Munique 1410 (Cat. 68) foi o criador do esquema
III
A, tendo em mente, provavelmente, a cena da interrupção do duelo (cf. Ilíada VII.
273-282). Ele foi seguido de perto pelo Pintor de Cleófrades (Cat. 73) e, com um
pouco mais de liberdade, por um artesão do Grupo de Antíope (Cat. 69). Por fim, o
Pintor Esmícro (Cat. nº 71) foi o criador do esquema III
B.
No que respeita ao grupo central, os guerreiros atacam com lanças em seis
vasos. Em quatro, eles as têm na altura da cabeça (Cat. n
os
66, 67, 70 e 71), e, em dois,
Heitor e Ájax têm suas lanças na altura da cintura (Cat. n
os
72 e 74). Em dois casos,
7
Henry Roy William Smith pensa ser Agamêmnon apartando Ájax e Odisseu na querela pela
armadura de Aquiles (SMITH, 1943, p. 17-31). Não vejo razão para isso, pelo contrário, considero mais
apropriado ter o pintor representado um dos arautos, Taltíbio ou Ideu, interrompendo o duelo, com a
ajuda de Fênix e de Príamo.
99
ambos atacam com espadas (Cat. n
os
68 e 69), e, em um, somente Heitor (Cat. 74).
Os escudos de defesa variam conforme a forma. Em sete casos, os escudos de ambos os
combatentes são redondos (Cat. n
os
66, 68, 69, 70, 71, 73 e 74), e, em dois, são
chanfrados (Cat. n
os
67 e 72). No vaso 72, por se encontrar em estado fragmentário,
aparece somente o escudo chanfrado de Heitor, mas, considerando-se que, todas as
vezes que é representado nas cenas de duelo, está sempre na mão do guerreiro vencedor,
parece-me adequado pressupor que o escudo de Ájax seja também dessa forma. Na
maioria dos casos, o escudo de Heitor é mostrado de frente e com emblemas variados: a)
cabeça de leão entre águias (Cat. 62), b) tríscele (Cat. 66), c) escorpião (Cat.
68), d) cão (Cat. 69), e) galo (Cat. 70), f) cavaleiro (Cat. 71). O escudo de Ájax
é mostrado de frente uma única vez e tem por emblema um guerreiro (Cat. nº 73).
Ambos os guerreiros estão vestidos em quase todos os vasos (Cat. n
os
66, 67, 68,
70, 71, 72 e 73); em um caso, ambos estão seminus (cf. Cat. 69); e, em outro, apenas
Heitor (Cat. 74). Na representação do esquema I
B, Pátroclo está nu e morto uma vez
(Cat. nº 66) e vestido e morto uma outra (Cat. nº 70). Em cinco casos, ambos os
guerreiros são representados com uma longa cabeleira (Cat. n
os
67, 68, 69, 70 e 73),
sendo que, no primeiro e no último, a mesma é penteada em mechas regulares.
A representação do Pintor de Munique 1410 (Cat. 68) singulariza-se pela
presença da coroa de mirto, adornando tanto os elmos dos guerreiros combatentes,
quanto os gorros dos jovens que ajudam a apartá-los. No mesmo sentido, a do Pintor
Dúris (Cat. 74) individualiza-se pela pedra que coloca entre o escudo de Ájax e a
cabeça de Heitor, provavelmente, com a finalidade de dar um tom mais épico à sua
representação (cf. Ilíada VII. 263-272).
Os dois combatentes são representados sozinhos uma única vez (Cat. 67); nas
demais, estão acompanhados de personagens secundários, que podem ser: a)
companheiros de guerra: guerreiros (Cat. n
os
66, 69 e 70) e arqueiro (Cat. 70); b)
divindades: Atena (Cat. n
os
71 e 74) e Apolo (Cat. n
os
71 e 74); e c) não guerreiros:
idosos (Cat. n
os
68, 69 e 73) e jovens (Cat. n
os
68).
Os gestos de alguns desses personagens são bastante expressivos: Atena toca no
elmo de Ájax uma vez (Cat. 74), e os gestos dos idosos denunciam que estão falando
aos combatentes (Cat. nº 69).
100
3.4 O Duelo entre Aquiles e Heitor
3.4.1 Tradição literária
O duelo entre Aquiles e Heitor é descrito por Homero na Ilíada (XXII. 247-369).
Na Ilíada, esse duelo está intimamente ligado a acontecimentos narrados, anteriormente,
por Homero. No canto XVI, Aquiles, afastado da guerra devida à sua desavença com
Agamêmnon, permite a Pátroclo socorrer os Aqueus (v. 1-100). Pátroclo, após realizar
grande façanha (v. 278-776), é morto por Heitor (v. 818-867). No canto XVIII, Antíloco
informa a Aquiles da morte de Pátroclo (v. 1-21). No canto XIX, Aquiles, após receber
sua nova armadura de Tétis (v. 1-39), arma-se com ela (v. 365-399) e volta à guerra
com a finalidade matar Heitor, vingando, desse modo, a morte de Pátroclo. Nos cantos
XX e XXI, após matar inúmeros Troianos, Aquiles chega diante de Tróia.
No canto XXII, Aquiles aproxima-se, então, de Heitor que, dominado pelo
medo, foge dele (v. 131-138). Aquiles persegue-o em volta das muralhas da cidade (v.
139-161). Por três vezes, circundam-na (v. 162-166). Os deuses todos os observam.
Zeus toma a palavra e consulta aos deuses sobre quem deve salvar (v. 166-176). Atena
responde que o destino dos mortais está fadado (v. 177-181). Zeus libera Atena para
ela fazer como quiser. Ela parte do Olimpo para Tróia (v. 182-187). Zeus realiza a
pesagem das Queres. A balança pende para Heitor, e Apolo o abandona (v. 209-213).
Atena aproxima-se, então, de Aquiles e pede para parar a perseguição, pois convencerá
Heitor a lutar com ele (v. 214-225). Assemelhando-se a Apolo, a deusa coloca-se ao
lado de Heitor e o convence a lutar com Aquiles (v. 226-247).
Aquiles e Heitor enfrentam-se (v. 247). Heitor diz que não mais fugirá e propõe
o acordo de um não profanar o cadáver do outro (v. 249-259). Aquiles em resposta diz
não haver entre eles possibilidade de acordo, e que Palas Atena o subjugará por sua
lança (v. 260-272). Aquiles arremessa, então, sua lança, Heitor agacha-se, e ela passa
por cima (v. 273-276). Atena, que está ao lado de Aquiles, devolve-lhe a lança sem que
Heitor perceba (v. 276-277). Heitor, por sua vez, arremessa sua lança que é desviada por
Aquiles com seu escudo. Heitor, enfurecido, clama a Apolo por outra lança, mas ele não
está ao seu lado (v. 289-295). Heitor percebe, assim, que Atena o havia enganado (v.
296-305). Decide, então, atacar com espada (v. 306-311). Aquiles investe contra ele
com a lança, cobrindo o peito com o escudo; aponta a lança, olhando onde melhor seria
penetrada (v. 319-321). Fere Heitor na garganta (v. 324-327), que cai indefeso (v. 330)
e morre (v. 361-363). Aquiles o despe de sua armadura (v. 367-369).
101
3.4.2 História da pesquisa
Além do tratamento dado à cena do duelo entre Aquiles e Heitor em seu
primeiro esquema (“duelo entre uma ou duas divindades”), Kazimierz Bulas analisa, no
segundo esquema (“guerreiro fugindo de seu adversário”), o cálice do Museu de Boston
(cf. Cat. 84), em que Aquiles está perseguindo Heitor em torno das muralhas de
Tróia, indicadas por inscrição e por duas portas guardadas por dois arqueiros troianos.
Sua única preocupação é a de mostrar que, apesar de a composição, em sua totalidade,
ser propriedade do pintor, o todo ilustra fielmente o relato da epopéia, abstração feita de
algumas mudanças realizadas por exigências de ordem artística (cf. BULAS, 1929, p.
37-38).
Knud Friis Johansen, de igual maneira, entende ter o Pintor da Fundição seguido
de perto o relato da Ilíada no canto XXII: Heitor fugindo de Aquiles que o persegue em
torno das muralhas de Tróia (JOHANSEN, 1967, p. 188-191).
Sobre o duelo propriamente dito, Johansen principia por notar que, apesar de ser
o clímax dramático de todos os duelos na Ilíada, não se pode estabelecê-lo, com certeza,
nos vasos em figuras negras do século VI a.C., mencionando apenas uma ânfora
(Louvre CA4201; cf. Cat. 76), na qual Aquiles e Heitor, nomeados por inscrições, se
atacam com espadas, ante um guerreiro nu caído, o que não concorda com o poema.
Considerando que, no outro lado do vaso, representa-se Eos carregando Mêmnon,
Johansen entende tratar-se do duelo entre Aquiles e Mêmnon ante o corpo de Antíloco,
explicando o nome de Heitor como um erro por parte do pintor (JOHANSEN, 1967, p.
213-214). No primeiro dos vasos em figuras vermelhas (Coleção das Medalhas 458; cf.
Cat. nº 75), Aquiles e Heitor, ambos nomeados, combatem com lanças, e Heitor,
cedendo, cai de joelho. Isso tudo implica, segundo Johansen, que o pintor representa
fielmente a cena da Ilíada. Do mesmo modo, nos demais vasos (Londres E468,
Vaticano 502 e Vaticano 545; cf. Cat. n
os
79, 81 e 85), em que a representação é
essencialmente a mesma (JOHANSEN, 1967, p. 216-219). Johansen considera ainda
certos vasos que, em sua opinião, foram, incorretamente, relacionados a essa cena.
Dentre eles, o estano do Pintor de Berlim (Munique 2406; cf. Cat. 80), com a
presença da deusa Atena entre os dois combatentes; o que dificulta a interpretação, pois
esse motivo é usado em muitos contextos. Assim sendo, propõe que, na falta de
inscrições, deve-se ter cautela na identificação (JOHANSEN, 1967, p. 214, 262-263).
102
Annelise Kossatz-Deissmann apresenta doze vasos dos quais está certa de
representarem o duelo entre Aquiles e Heitor. Entre eles, encontra-se o estano do Pintor
de Berlim (KOSSATZ-DEISSMAN, 1981, p. 133-135, 137-138)
8
.
3.4.3 Análise iconográfica
Na cena do duelo entre Ájax e Heitor, verificam-se os três esquemas, com as
composições I
B, IIA, IIC, IID e IIIA.
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS DO DUELO ENTRE AQUILES E HEITOR
I – O duelo ainda está indefinido quanto à vitória de um dos combatentes:
IB Os dois guerreiros estão enfrentando-se em ante um guerreiro caído: (Cat.
76).
II – O duelo já está definido pela vitória de um dos combatentes:
IIA – Um dos guerreiros está fugindo: (Cat. nº 84).
IIC – Um dos guerreiros está caindo de joelho: (Cat. nº 75).
IID – Um dos guerreiros está caindo de costas: (Cat. n
os
77, 79, 80, 81, 85, 86 e 87).
III – O duelo entre os combatentes é interrompido:
IIIAOs combatentes são apartados por seus companheiros: (Cat. nº 83).
Outra representação:
(Cat. nº 78).
Representação incerta:
(Cat. nº 82).
Dos treze vasos catalogados, oito trazem inscrições que possibilitam a
identificação certa dos personagens (Cat. n
os
75, 76, 77, 78, 79, 82, 83 e 84). Os cinco
vasos restantes, sem inscrições, permitem o reconhecimento pela composição: nos
quatro primeiros, os combatentes estão flanqueados por Atena e Apolo (Cat. n
os
80, 81,
8
São eles: figuras negras: n
os
559 (Boston 01.8026), 560 (Oslo 7916; cf. Cat. nº 78), 561 (Nápoles
142), 562 (Louvre CA4201; cf. Cat. 76) e 563 (Castelo Windsor 435); figuras vermelhas: 564 (Boston
98.933; cf. Cat. 84), 565 (Londres E468; cf. Cat. 79), 566 (Munique 2406; cf. Cat. 80), 567
(Coleção das Medalhas 458; cf. Cat. 75), 568 (Vaticano AST131; cf. Cat. 82) e 570 (Vaticano 545;
cf. Cat. nº 85).
103
85 e 86). No último (Cat. 87), os dois combatentes estão representados de modo
quase idêntico ao nº 81, e de maneira semelhante ao nº 85.
O artesão da Classe de Altemburgo foi, assim, o primeiro a representar essa cena
e o fez conforme o esquema II
C (Cat. 75). Posteriormente, um artesão anônimo (Cat.
76) compôs sua representação segundo o esquema I
B. O Pintor Dúris (Cat. 77) foi
o primeiro a compor essa cena conforme o esquema IID. Uma outra representação dele
(Cat. nº 82), por seu estado fragmentário, não permite identificar, com certeza, o
esquema utilizado; porém a posição de ataque de Aquiles indica ser o esquema II
D (cf.
Cat. n
os
77 e 80). O Pintor de Atena (Cat. 78) compôs sua imagem de uma outra
maneira, que não se encaixa em nenhuma das anteriores. É provável que tenha desejado
representar a fala de Aquiles a Heitor: “Palas Atena te subjugará pela minha lança”
(Ilíada XXII. 271-272). Esse motivo pode estar presente, também, no cálice do artesão
Maneira do Pintor Dúris (Cat. 85), no qual Atena, atrás de Aquiles, parece atingir,
com sua lança, Heitor no joelho. Em todo caso, ele o fez conforme o esquema II
D. O
Pintor de Triptólemo (Cat. 83) o fez segundo o IIIA; por fim, o Pintor da Fundição
(Cat. nº 84) conforme o II
A, provavelmente, tendo em mente o tema da perseguição (cf.
Ilíada XXII. 131-166).
No que respeita ao grupo central, o combate acontece, geralmente, com lanças,
exceto uma vez (Cat. 76) com espadas. Uma vez ambos os combatentes têm suas
lanças na altura da cintura (Cat. nº 75); em outra, na altura da cabeça (Cat. 77); nos
outros casos, um a tem na cintura e o outro na cabeça. Nas outras vezes em que Aquiles
ataca com espada, o duelo está definido, pois Heitor está caindo de costas (Cat. n
os
81, 85 e 87). Heitor ataca com espada uma vez (Cat. 80) e uma vez com lança e
espada simultaneamente (Cat. 87). É significativo que, dos sete casos em que Heitor
está caindo de costas, em seis (Cat. n
os
77, 80, 81, 86 e 87) esteja ferido (fluxo de
sangue) e, no estano do Pintor de Providence (Cat. 86), esteja morto (cabeça virada e
olhos fechados; cf. BOSCH I GIMPERA; DE C. SERRA I RAFOLS, 1957, p. 27-28).
Os escudos de defesa são invariavelmente redondos. Em um único caso, Heitor, por
atacar com lança e espada ao mesmo tempo, não porta o escudo (Cat. nº 87). Os escudos
são mostrados, raramente, de frente: duas vezes portados por Heitor e uma, por Aquiles.
Os emblemas dos escudos de Heitor são: a) bolas brancas (Cat. nº 78) e b) leão (Cat. nº
83). O do escudo de Aquiles é um javali (Cat. nº 84).
Ambos os guerreiros estão ora vestidos (Cat. n
os
76, 78, 84, 86 e 87), ora seminus
(Cat. n
os
77, 79, 83 e 85). Em dois casos, Aquiles está seminu e Heitor vestido (Cat. n
os
104
75 e 81), e, em um caso, o contrário (Cat. 80). Na representação do Esquema I
B, o
guerreiro caído está nu e morto (Cat. 76). Em seis casos, Heitor é representado com
uma longa cabeleira penteada em mechas regulares (Cat. n
os
75, 80, 81, 84, 85 e 87).
Aquiles aparece com essa cabeleira uma única vez, juntamente com Heitor (Cat. nº 85).
Por duas vezes, os dois guerreiros combatem sozinhos (Cat. n
os
75 e 87). Nas
demais, estão acompanhados de personagens secundários, que podem ser: a) outros
guerreiros: arqueiro (Cat. n
os
78 e 84); b) divindades: Atena (Cat. n
os
77, 79, 81, 82, 85
e 86), Apolo (Cat. n
os
77, 79, 81, 85 e 86), Tétis (Cat. 82) e Hera (Cat. 86); e c)
idosos (Cat. 83). Os combatentes estão flanqueados por Atena e Apolo em quatro
casos (Cat. n
os
77, 79, 81 e 85), e Atena está entre eles duas vezes (Cat. n
os
80 e 86).
3.5. O Duelo entre Aquiles e Mêmnon
3.5.1 Tradição literária
O duelo entre Aquiles e Mêmnon é descrito na Etiopida, obra atribuída a Arctino
de Mileto. Conforme o resumo de Proclo, em sua Crestomatia, isto é, antologia dos
mais úteis trechos dos autores, os acontecimentos da Etiopida seguem aos da Ilíada no
Ciclo Épico (cf. WEST, 2003, p. 110). Assim sendo, após o acontecimento final da
Ilíada, ou seja, o funeral de Heitor, Proclo informa que Arctino, em sua Etiopida,
narrou, primeiramente, a vinda da Amazona Pentesiléia a Tróia, para auxiliar os
Troianos, que acaba morta em duelo com Aquiles (cf. WEST, 2003, arg. 1), e, em
seguida, a vinda de Mêmnon, que morre, de igual maneira, nas mãos de Aquiles:
Mêmnon, o filho <...> de Eos, vestindo uma panóplia feita por Hefesto <...>,
vem aos Troianos prestando ajuda. Tétis previne seu filho a respeito de
Mêmnon. Ao suceder da batalha, Antíloco é morto por Mêmnon; Aquiles, então,
mata Mêmnon (Etiopida; cf. WEST, 2003, arg. 2)
9
.
3.5.2 História da pesquisa
John Davidson Beazley, ao comentar a cratera do Pintor de Tyszkiewicz, no
Museu de Boston (cf. Cat. 140), realiza um amplo estudo da iconografia do duelo
entre Aquiles e Mêmnon (cf. CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 13-19).
Como sua análise iconográfica é feita a partir da relação com a tradição literária,
Beazley apresenta, primeiramente, a história de Aquiles e Mêmnon, tal qual contada na
9
Tradução do autor, sem os acréscimos editoriais.
105
Etiopida, atribuída a Arctino de Mileto. Em seguida, ressalta que, como na tradição
literária, Tétis e Eos, em muitas representações, flanqueiam seus filhos, Aquiles e
Mêmnon, em combate; mas que, nesse vaso, a figura de Tétis é substituída pela de
Atena. Depois, volta sua atenção para a figura do guerreiro caído, que, segundo o que se
sabe da tradição épica, deveria ser Antíloco, como acontece de fato em alguns vasos,
mas que, no entanto, é nomeado como Melanipo em uma inscrição. Várias
interpretações foram propostas por estudos anteriores, levando em conta personagens
com esse nome na Ilíada: três Troianos e um aqueu. Admitindo tratar-se de um aqueu,
Beazley opta pela compreensão de ter o artista cometido um erro, nomeando Melanipo
ao invés de Antíloco, e, ao mesmo tempo, não descarta uma outra, na qual o artista teria
escolhido uma figura mais obscura da aristéia de Mêmnon, que pode ter incluído várias
vítimas ao lado de Antíloco.
Por fim, apresenta uma lista de vasos com pequenas descrições. Primeiramente,
aqueles com inscrições: Vaticano 309 (cf. Cat. 125), com Aquiles e Mêmnon
sozinhos; Londres E468 (cf. Cat. 137), Aquiles e Mêmnon com Tétis e Eos; Louvre
G342 (cf. Cat. nº 143), com Atena entre eles, e Mêmnon com traje oriental. Em seguida,
lista os vasos sem inscrições. Os vasos em figuras negras não são listados, mas ele
ressalta que, em muitos deles, duas figuras femininas flanqueiam os dois combatentes,
os quais representam, provavelmente, Aquiles e Mêmnon na presença de Tétis e Eos.
Nessas representações, as deusas aparecem, convencionalmente, em e inertes
encorajando seus filhos, e, apenas ocasionalmente, movimentando seus braços em
excitação. Entre os vasos em figuras negras, a hídria do Pintor de Rycroft, no Museu de
Munique (cf. Cat. 133), com Eos vindo apressada com gesto de desespero, é uma
exceção, embora seja comum nos vasos em figuras vermelhas.
Feitas essas observações, Beazley apresenta os vasos em figuras vermelhas,
destacando terem suas representações mais qualidade do que na maioria dos anteriores.
Primeiramente, expõe dois vasos com psicostasia: Villa Giulia 57912 (cf. Cat. 127) e
Londres B639 (cf. Cat. nº 135), nos quais Aquiles e Mêmnon estão emparelhados
imóveis e com Hermes entre eles com a balança. Depois, aborda outros vasos: Tarquínia
RC6846 (cf. Cat. 138); Londres E67 (cf. Cat. 139), com ambas as mães aladas;
Londres E77 (cf. Cat. 136), com Tétis e Eos, e Mêmnon caindo; Louvre G399 (cf.
Cat. nº 145), com os dois heróis emparelhados imóveis, na presença apenas de Tétis.
Mary B. Moore e Dietrich von Bothmer, ao analisarem a ânfora do Pintor de
Prometeu, do Museu Metropolitano de Nova Iorque (cf. Cat. 92), complementam
106
essa lista, acrescentando dez ânforas “tirrênicas”, uma com inscrições (Cerveteri, inv. ?)
que nomeiam Caicos, Eos, Mêmnon, Aquiles e Diomedes, e nove outras sem inscrições:
Vaticano G13, Louvre E835 (cf. Cat. 93), Chiusi 1804, Louvre CP10503 (cf. Cat.
99), Leiden PC53, Louvre E831, e Louvre CP10504 (cf. Cat. 104). Para eles, esses
vasos, ainda que sem inscrições, representam, provavelmente, o duelo entre Aquiles e
Mêmnon, pois, em todos eles, os dois combatentes estão flanqueados por duas
mulheres, Tétis e Eos, que assistem ao duelo (MOORE; VON BOTHMER, 1976, p. 3-
4).
Knud Friis Johansen, interessado nas representações da Ilíada na arte grega
arcaica, não deveria tratar do duelo entre Aquiles e Mêmnon, uma vez essa cena estar
relacionada a uma outra obra literária, a Etiopida. Todavia, lista em seu catálogo, antes
dos da representação do duelo entre Aquiles e Heitor, alguns vasos, com a representação
de psicostasia, na categoria das composições ou representações particulares que têm
sido relacionadas com a Ilíada, mas que ele considera inseguras ou pouco confiáveis.
Esse motivo ocorre duas vezes na Ilíada: na pesagem das Queres dos Aqueus e dos
Troianos (VIII. 69-74) e na de Aquiles e de Heitor (XXII. 208-213). Em ambas, o
próprio Zeus, segurando a balança, realiza a psicostasia. Em alguns vasos, é Zeus,
também, que a efetiva, mas, nos vasos áticos, representa-se sempre Hermes a
executando como no cálice do Pintor Esmícro, no Museu de Villa Giulia (inv. 57912;
cf. Cat. nº 127): Hermes, entre os dois guerreiros, a realiza, na presença de Zeus sentado
em seu trono, com Hera ao seu lado. Apesar da falta de inscrições nomeando os
personagens, convencionou-se interpretar o tema não como o duelo entre Aquiles e
Heitor, como seria de se esperar, mas sim como o de Aquiles e Mêmnon, que foi
descrito na Etiopida, tendo sido popular na arte arcaica
10
. Johansen concorda com essa
interpretação, pois esse motivo foi associado com o duelo na tragédia perdida de
Ésquilo, a Psicostasia, e, apesar de Proclo não descrever em seu sumário da Etiopida,
ela, sem dúvida, integrava-a. No entanto, ele afirma que, para essa interpretação estar
10
Esse é um tema debatido. Malcom Davies, por exemplo, devido à complexa relação entre arte e
literatura, é mais cauteloso nessa questão. Para ele, é melhor entender que Ésquilo e os pintores estão
refletindo independentemente sobre o incidente da Etiopida. Pensa assim por duas razões: primeiramente,
há, nos vasos, uma marcante divergência na representação da divindade que segura a balança, e a
presença de Zeus não é constante; em segundo lugar, as representações do duelo de Aquiles e mnon
entre Tétis e Eos não implicam uma dependência dos pintores da Etiopida, uma vez não ser seguro que
esta tenha mostrado as mães literalmente presentes no campo de batalha (DAVIES, 2003, p. 54-55).
107
correta, as es dos heróis, Tétis e Eos, devem estar presentes, cada qual implorando
para Zeus salvar seu filho.
Annelise Kossatz-Deissmann também aborda o duelo entre Aquiles e Mêmnon
em dois estudos, um sobre Aquiles e outro sobre Mêmnon. No primeiro, apresenta uma
“seleção” de vinte e dois vasos, dos quais está segura da representação desse duelo
(KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 172-180, 180-181)
11
. No segundo, retoma o estudo
anterior, suprimindo alguns vasos e acrescentando outros, e acaba por apresentar apenas
dezoito vasos, porém classificados de maneira mais detalhada: 1. Duelo entre Aquiles e
Mêmnon combinando com psicostasia; 2. Duelo entre Aquiles e Mêmnon: a)
Representações garantidas, com inscrições, e b) Interpretações possíveis (KOSSATZ-
DEISSMANN, 1981, p. 452-455, 460-461)
12
.
3.5.3 Análise iconográfica
A cena do duelo entre Aquiles e Mêmnon é integrada pelos esquemas
iconográficos I e II com todas as composições.
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS DO DUELO ENTRE AQUILES E MÊMNON
I – O duelo ainda está indefinido quanto à vitória de um dos combatentes:
IA – Os dois guerreiros estão se enfrentando em pé: (Cat. n
os
88, 89, 90, 93, 96, 97, 102,
103, 105, 110, 111, 115, 123, 124, 125, 128, 137 e 145).
11
Duelo entre Aquiles e Mêmnon: Figuras negras: n
os
817 (Atenas MAcr 586), 818 (Londres 99.7-
21.2; cf. Cat. 91), 819 (Vaticano 389; cf. Cat. 125), 820 (Viena 3619), 821 (Viena 3613), 822
(Hamburgo, particular; cf. Cat. 94), 823 (Basiléia, comércio), 824 (Londres, comércio); figuras
vermelhas: 830 (Atenas MA P24113; cf. Cat. 134), 831 (Bolonha 285), 832 (Bolonha 290), 833
(Boston 97.368; cf. Cat. 140), 834 (Cápua, inv. ?), 835 (Londres E77; cf. Cat. 136), 836 (Londres
E67; cf. Cat. 139), 837 (Londres E468; cf. Cat. 137), 838 (Nova Iorque 06.1021.139), 839 (Louvre
G342; cf. Cat. 143), 840 (Louvre G399; cf. Cat. 145), 841 (Villa Giulia 57912; cf. Cat. 127), 842
(Tarquínia RC6846; cf. Cat. nº 138), e 843 (Tasos H398; cf. Cat. nº 129).
12
Com psicostasia: n
os
17 (Viena 3619), 18 (Londres B639; cf. Cat. 135), 19 (Villa Giulia
57912; cf. Cat. 127), 20 (Coleção das Medalhas 385), 21 (Melbourne D391.1980; cf. Cat. 141), 24
(Louvre G399; cf. Cat. nº 145); representações garantidas: 36 (Atenas MAcr 586), 37 (Hamburgo,
particular; cf. Cat. 94), 38 (Vaticano 389; cf. Cat. 125), 43 (Tasos H398; cf. Cat. 129), 44
(Londres E468; cf. Cat. 137), 45 (Boston 97.368; cf. Cat. 140), e 46 (Louvre G342; cf. Cat. 143);
interpretações possíveis: 53 (Londres E67; cf. Cat. 139), 54 (Bolonha 285), 55 (Ferrara 44885; cf. Cat.
nº 144), 56 (Bolonha 290) e 57 (Cápua, inv. ?).
108
I
B – Os dois guerreiros estão se enfrentando em pé ante um guerreiro caído: (Cat. n
os
94, 95, 106, 108, 109, 113, 114, 118, 121, 122A, 126, 131 e 132).
IC – Os dois guerreiros estão combatendo em pé, intermediados por Hermes, realizando
a psicostasia: (Cat. n
os
127 e 135).
II – O duelo já está definido pela vitória de um dos combatentes:
IIA – Um dos guerreiros está fugindo: (Cat. n
os
101 e 120).
IIB – Um dos guerreiros está recuando: (Cat. n
os
107, 112, 116, 117 e 119).
IIC – Um dos guerreiros está caindo de joelho: (Cat. n
os
98 e 104).
IID – Um dos combatentes está caindo de costas: (Cat. n
os
99, 100, 129, 134, 136, 139,
140 e 141)
IIE – Um dos guerreiros está caído de joelho(s): (Cat. n
os
91, 92, 122B, 130, 133, 138,
142, 143 e 144).
Dos cinquenta e oito vasos catalogados, apenas sete trazem inscrições
identificando os personagens (Cat. n
os
92, 94, 125, 129, 137, 140 e 143); nos demais,
estão ausentes, ou são sem sentido (Cat. n
os
96, 97, 98, 103, 104, 107 e 135). Todavia,
dois motivos na composição tornam a identificação convincente. Fora a ânfora do Grupo
de Wurzburgo 199, em que os combatentes estão sozinhos, em cinquenta e cinco vezes,
eles duelam entre duas mulheres, sozinhas ou acompanhadas de outros personagens.
Nos dois casos restantes, há presença de Hermes realizando a psicostasia (Cat. n
os
127 e
135).
O Pintor C foi tanto o primeiro a pintar essa cena, como o criador do esquema I
A
e do motivo das duas mulheres (Cat. 88). Seus contemporâneos conceberam cinco
dos outros esquemas. Dois pintores do Grupo Tirrênico criaram três esquemas: o Grupo
de O.L.L. criou o I
B (Cat. 94) e o Pintor do Gamo, os IIC e IID (Cat. n
os
98 e 99). O
Pintor de Londres B76 elaborou o IIE, e o Pintor do Vaticano 309, o IIA. Logo em
seguida, o Pintor de Berlim 1686 criou o esquema II
B; e, por fim, o Pintor Epícteto, o
IC.
No que respeita ao grupo central, os guerreiros atacam, geralmente, com lanças,
que, em quase todos os casos, estão posicionadas na altura da cabeça. Em cinco vezes
somente, Aquiles a tem assim (Cat. n
os
99, 108, 119, 120 e 133), e, em sete, na altura da
cintura (Cat. n
os
112, 130, 137, 139, 141, 142 e 145). Em um único caso, Mêmnon ataca
com lança e espada (Cat. 101). Ambos atacam com espadas uma única vez (Cat.
109
140). Aquiles usa espada mais três vezes (Cat. n
os
136, 138 e 143), e Mêmnon, mais
uma (Cat. 137). Os escudos de defesa variam conforme a forma. Na maioria das
vezes é chanfrado, e pode ser usado: por ambos (Cat. n
os
115, 116, 120, 123, 124 e
125), por Aquiles (Cat. n
os
92, 100, 101, 103, 107, 111, 118, 119, 122A, 127, 128,
130, 131, 132, 140 e 144), ou por Mêmnon (Cat. n
os
94, 97, 105, 108, 113 e 121).
Ambos usam o escudo redondo onze vezes (Cat. n
os
133, 134, 135, 136, 137, 138, 139,
141, 142, 143 e 145). Os escudos costumam trazer emblemas; todavia, por
invariavelmente os combatentes os portarem no braço esquerdo, é mostrado de frente
o do guerreiro à direita, que, na maioria das vezes, é Mêmnon. Os emblemas são: a)
águia (Cat. n
os
88, 89, 102, 104 e 106), b) estrela de pétalas (Cat. 95), c) escamas
(Cat. n
os
97, 100 e 103), d) espiral (Cat. n
os
103 e 113), e) raios (Cat. 105), f) trípode
(Cat. nº 107), g) cabeça de leão (Cat. nº 111), h) bola branca entre águias (Cat. nº 115),
i) rosácea entre bolas brancas (Cat. 116), j) losango de bolas brancas (Cat. n
os
117,
122B e 126), k) perna (Cat. n
os
118 e 128), l) Gorgóneion entre leão e serpente (Cat.
121), m) serpente (Cat. 122A), n) guirlanda de louro (Cat. 122B), o) serpente
entre bolas brancas (Cat. 124), p) rosácea entre raios (Cat. 125), q) Gorgóneion
(Cat. n
os
127 e 140), r) golfinhos (Cat. n
os
131, 132 e 133), e s) bode (Cat. nº 145).
Aquiles, o guerreiro vencedor está, geralmente, à esquerda, mas, em quatro
vezes, Mêmnon está nessa posição (Cat. n
os
92, 100, 104 e 144). Mêmnon está ferido
em três casos (Cat. n
os
129, 136 e 138). No primeiro e no último, fluxo de sangue, e,
no segundo, a lança está fincada no abdômen, com fluxo de sangue também. No
esquema I
B, o guerreiro caído, na maioria das vezes, está morto (Cat. n
os
94, 95, 108,
109, 113, 114, 126 e 140), mas, em algumas, vivo (Cat. n
os
106, 118, 122A, 131 e 132).
Ambos os guerreiros estão vestidos em quase todos os casos. Algumas vezes,
ambos podem estar seminus (Cat. n
os
90, 96, 97, 99, 101, 103, 109, 120, 134, 137 e
144); em outras, somente Aquiles (Cat. n
os
93, 94 e 98), ou apenas Mêmnon (Cat. n
os
104, 138 e 141). Na representação do Esquema IB, o guerreiro caído está, geralmente,
vestido e, apenas uma vez, nu (Cat. nº 126). Em boa parte dos casos, Aquiles e Mêmnon
são representados com uma longa cabeleira, às vezes penteada em mechas regulares
(Cat. n
os
103, 127, 136, 139, 140, 141, 143, 144 e 145), às vezes não (Cat. n
os
88, 89,
107, 111, 113, 114, 121, 122A-B, 124, 130 e 131).
Os dois combatentes estão sozinhos uma única vez (Cat. 125), nas demais
estão sempre acompanhados de personagens secundários, que podem ser: a) outros
guerreiros: cavaleiros (Cat. n
os
89, 93, 94, 98, 99, 104, 108 e 109), aurigas (Cat. n
os
90 e
110
112), e hoplitas (Cat. n
os
94, 104, 109, 110, 133 e 138); b) divindades: Atena, como
protetora de Aquiles (Cat. n
os
140 e 143), Hermes realizando a psicostasia (Cat. n
os
127
e 155), e Zeus, que a assiste (Cat. 127); e c) não guerreiros: mulheres (Cat. n
os
95 e
98), homens (Cat. n
os
96, 103, 112 e 144), Idoso (Cat. 101), e jovens (Cat. n
os
106 e
144).
Tétis e Eos, identificadas por inscrições ou atributos (aladas), aparecem juntas
(Cat. n
os
127, 137 e 139), ou sozinhas: Tétis (Cat. n
os
94 e 145), Eos (Cat. n
os
140 e 144).
Nos demais casos, a referência é, com certeza, a elas também; todavia, a ausência de
inscrições pode ser um recurso, para permitir a qualquer mãe que se encontre nessa
situação identificar-se ali. Na maioria dos casos, elas estão postadas inertes, assistindo
ao duelo, mas, em alguns, elas realizam um gesto que acompanha a emissão da palavra
(Cat. n
os
92, 95, 98, 100, 102, 103, 105, 106, 107, 108, 110, 111, 112, 113, 114, 115,
116, 117, 118, 119, 120, 121, 123, 124, 126, 128, 130, 131, 132, 133, 134, 136, 138,
141 e 142). Na ânfora do artesão Maneira do Pintor de Lisipides (Cat. 122A), a
mulher da esquerda faz um gesto apotropáico: a mão envolta pelo manto. Do mesmo
modo, em quatro casos, elas seguram guirlandas (Cat. n
os
93, 95, 100 e 103).
3.6 Síntese
As análises iconográficas das cenas de duelos demonstram, mais uma vez,
estarem suas composições ligadas, sobretudo, à tradição dos artesãos. Essa ligação
evidencia-se pelo fato de o grosso dos esquemas (I e II), concebidos para representar o
duelo entre Aquiles e Mêmnon, serem utilizados, sem modificações, em todas as cenas.
Mesmo o esquema III, criado para representar a interrupção do duelo entre Ájax e
Heitor, é retomado, sem retoques, para a cena de Aquiles e Heitor.
O foco da atenção deve ser posto, portanto, não nas possíveis relações com a
tradição literária, mas antes na própria tradição artesã, verificando-se os esquemas
iconográficos que criou e utilizou para representar cada uma dessas cenas.
CAPÍTULO 4. O RETORNO DO GUERREIRO MORTO
O último momento nodal da atividade guerreira compõe-se das representações
convencionalmente chamadas de o retorno do guerreiro morto. O retorno envolve três
etapas interligadas, que se realizam em espaços específicos e em tempos sucessivos: a
retirada do corpo do campo de batalha, o seu transporte e a sua chegada, que pode ser
ao acampamento ou a casa. Essas etapas compreendem as séries de Sono e Morte
carregando o corpo de Sarpédon e de Ájax carregando o corpo de Aquiles.
4.1 Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon
4.1.1 Tradição literária
A cena de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon é descrita por Homero
em sua Ilíada (XVI. 665-675). No canto XVI, Homero apresenta a aristéia de Pátroclo,
na qual ele mata inúmeros dos troianos e de seus aliados (v. 257-277, 278-418). Quando
Sarpédon, comandante dos Lícios, seus compatriotas sendo subjugados por Pátroclo,
ele repreende-os por estarem amedrontados e se porem em fuga, e afirma que ele
próprio o enfrentará (v. 419-426). Ao ver Sarpédon, Pátroclo salta de seu carro, e os
dois lutam arremetendo-se um contra o outro (v. 427-479). Atingido no peito por um
golpe de lança, Sarpédon cai no chão gemendo ainda vivo; em seguida, Pátroclo,
pondo-lhe o calcanhar no peito, arranca do corpo a lança, “e assim de uma vez
arrancou dele a alma e a ponta da lança” (v. 481-505). Sarpédon é, então, despido de
sua armadura, e Pátroclo a a seus companheiros, os Mirmidões, para levarem-na às
naus (v. 663-665). Então Zeus, que do monte Ida a tudo assistia, dirige a palavra a
Apolo, seu filho, também ali presente (v. 666), dizendo-lhe:
Vai tu agora, ó Febo amado, e limpa o negro sangue
de Sarpédon; tira-o do meio dos dardos e depois leva-o
para muito longe. Dá-lhe banho nas correntes do rio
e unge-o com ambrósia; veste-o com roupas imortais.
Entrega-o a dois pressurosos portadores para o levarem,
Sono e Morte, dois irmãos, eles que rapidamente o porão na terra fértil da ampla
Lícia,
112
onde seus irmãos e parentes lhe prestarão honras fúnebres,
com sepultura e estela: pois essa é a honra devida aos mortos
(Ilíada XVI. 667-675).
Apolo desce do monte e faz tudo exatamente como seu pai lhe ordena: retira o
corpo do campo de batalha e, levando-o para longe, banha-o, unge-o e veste-o; por fim
entrega-o aos irmãos gêmeos, Sono e Morte, os quais o transportam à Lícia (v. 676-
683).
4.1.2 História da pesquisa
Os primeiros estudos da iconografia dessa cena, ainda que com objetivos
diversos, voltaram-se para a questão de sua relação com a tradição literária. Kazimierz
Bulas, por exemplo, trata da cena de Sono e Morte carregando o corpo de um guerreiro
entre as composições de gênero heroicizadas, isto é, as cenas adaptadas às situações que
o artesão deduziu do relato da epopéia. Começa com a cratera do Pintor de Eucarides
(cf. Cat. 163), para mostrar os problemas de interpretação dessa cena. Segundo ele,
Karl Robert, por um lado, apoiando-se no fato de a cena Sono e Morte carregando o
corpo de um guerreiro ser atestada na poesia (cf. Ilíada XVI. 681-683), e o transportado
ser Sarpédon, afirma que, certamente, o Pintor de Eucarides representou essa cena; mas,
que, Heinrich von Brunn, por outro, considera o morto como Mêmnon, apoiando-se no
cálice do Pintor de Nicóstenes (cf. Cat. 148), no qual dois hoplitas alados carregam
um homem nu na presença de Íris e de uma outra mulher, que é, provavelmente, Eos.
Bulas considera que von Brunn tem razão para esse vaso; porém, no que concerne aos
outros em que esses detalhes não estão presentes, como na cratera do Pintor de
Eucarides e na do Pintor de Diósfos (cf. Cat. 150), entende não poder ser resolvida a
dúvida entre Sarpédon e Mêmnon (BULAS, 1929, p. 48-49).
Entretanto, como o interesse de Bulas é outro, ele volta-se para a questão da
origem e da evolução dessa composição. Esse esquema provém do grupo dos guerreiros
carregando o corpo de seu companheiro, com um eídolon planando acima dele, como
na ânfora do Pintor de Diósfos (cf. Cat. nº 151). A segunda etapa da evolução é
representada na ânfora do mesmo pintor (cf. Cat. 150), em que os dois guerreiros
receberam asas. Por fim, o lécito do Pintor de Atena (cf. Cat. 155), no qual dois
113
guerreiros alados levantam um cadáver
1
. Para Bulas, não é possível nomear o guerreiro
morto; todavia, é esse esquema, tirado da mitologia, que será adotado para as cenas da
vida cotidiana (BULAS, 1929, p. 49).
Knud Friis Johansen, com o propósito específico de verificar o impacto dos
poemas na arte grega arcaica, retoma e desenvolve a idéia de Bulas, tratando a cena de
“Sono e Morte” na categoria das composições ou representações particulares que têm
sido relacionadas com a Ilíada, mas que ele considera inseguras ou pouco confiáveis
2
.
Para ele, a cena representada nesses vasos é a de Sono e Morte carregando o corpo de
Mêmnon, e não a de Sarpédon. Se, por um lado, não tem dúvidas de serem os dois
demônios alados Sono e Morte, e um guerreiro o morto carregado por eles, uma vez
que, no primeiro caso, Sono é designado por inscrição no vaso do Pintor de Eucarides
(Cat. 154), e, no segundo, um eídolon armado flutua sobre o guerreiro na ânfora do
Pintor de Diósfos (Cat. nº 150), e uma armadura está posta atrás dele no lécito do Pintor
de Atena (Cat. 155); por outro lado, entende tudo estar a favor de Mêmnon:
primeiramente, não inscrições designando o guerreiro morto em nenhum vaso; em
segundo lugar, diferentemente do descrito no canto XVI da Ilíada, o guerreiro está nu
em todos os casos e, no lugar de Apolo, aparecem outras divindades, como Íris no cálice
do Pintor de Nicóstenes (Cat. 148) e Hermes no cálice do Grupo de Haimon (Cat.
156); em terceiro lugar, há indícios, apontados pelas pesquisas anteriores, de ser
Mêmnon, e não Sarpédon, o guerreiro representado em alguns casos; e, finalmente, não
diferenças de significado nessas representações, implicando ser Mêmnon o guerreiro
representado nas demais (JOHANSEN, 1967, p. 255-256)
3
.
1
Bulas entende que os guerreiros alados vão, provavelmente, depositar o morto em sua tumba,
“pois um elmo posto sobre um escudo no chão e três lanças fixadas na terra indicam, sem dúvida, um
monumento funerário provisório” (BULAS, 1929, p. 49).
2
Johansen lista seis vasos, como segue: a) Louvre F388 (cf. Cat. 150), b) Atenas MN 505 (cf.
Cat. nº 156), c) Frankfurt 532 (cf. Cat. 157), d) Londres E12 (cf. Cat. nº 148), e) Louvre G163 (cf. Cat.
154) e f) Berlim F3252 (cf. Cat. nº 155). Na letra “a”, ele menciona outra ânfora (Nova Iorque
56.171.25; cf. Cat. 151), na qual, o Pintor de Diósfos empregou a mesma composição com a única
diferença de que os carregadores “não são alados”, implicando não se tratar de Sono e Morte
(JOHANSEN, 1967, p. 255).
3
Sobre o lécito de Frankfurt (cf. Cat. 157), Kurt Deppert também entende ter o pintor
representado “Sono e Morte carregando o corpo Mêmnon”, vendo na mulher, atrás do morto, Eos
lamentando a morte de seu filho Mêmnon, e no homem, à esquerda, Posídon, uma vez que segura, na mão
direita, a calda de um golfinho. Para ele, a presença de Posídon é, “provavelmente, uma referência para
114
A partir da cratera do Pintor Eufrônio, no Museu Metropolitano de Nova Iorque
(Cat. nº 147), Dietrich von Bothmer realiza uma abordagem diferente. Tomando-a como
a “obra prima” de Eufrônio, afirma ser ela mais importante para a compreensão da cena
de Sarpédon do que para estabelecer a grandiosidade do pintor. Apoiado em questões de
cronologia e de inventividade artística, propõe-se a demonstrar os princípios
iconográficos na representação de Sarpédon. Primeiramente, coloca a questão de como
melhor reconciliar tradição literária e imagem pictórica. Diante de uma antiga tradição,
nos estudos clássicos, em que filólogos e historiadores utilizam as imagens vasculares
para “ilustrar graficamente” o que podiam “imaginar” da tradição literária, ele julga
ser ilusório pensar terem trabalhado os pintores como ilustradores, isto é, com um texto
na mão, vertendo em imagem aquilo que o poeta compôs para ser ouvido. Para ele, os
pintores provavelmente conheciam Homero de memória e quando se propunham a
pintar um vaso caracterizando Sarpédon, não tinham um dicionário de mitologia para
consultar, mas poderiam, conversando com seus colegas, refrescar a memória (VON
BOTHMER, 1981, p. 64-65).
Apresenta, em seguida, as raras representações iconográficas de Sarpédon
anteriores a Eufrônio, nas quais o herói aparece em três situações: como personagem
secundário no duelo entre Aquiles e Heitor; na aristéia de Pátroclo que culmina com
sua morte; e na cena da luta pelo seu corpo
4
. Von Bothmer resgata essas cenas com o
objetivo de destacar a inovação de Eufrônio em relação à iconografia de Sarpédon, pois
o pintor foi o primeiro a retratar um momento posterior, o da remoção de seu corpo,
conforme descrito por Homero (Ilíada XVI. 666-683)
5
. Assim, a cratera de Nova Iorque
trazer à memória o transporte pelo mar”, relacionado à cena de Mêmnon. Se, por um lado, ele tem razão
em “presumir Posídon”, devido ao atributo do golfinho, por outro, o mesmo não pode ser dito de sua
identificação de Eos e de Mêmnon, por duas razões: a) a referência alegada da presença de Posídon é
apenas suposição; e b) a mulher não traz nenhum atributo para ser identificada como Eos, o que se
verifica em sua descrição: “atrás do morto, uma mulher vestindo um manto, ligeiramente inclinada à
direita e com a face voltada para ele” (DEPPERT, 1968, p. 15).
4
Tratam-se de dois vasos coríntos, um cálice (Bruxelas, inv. ?) e uma hídria (Vaticano AST653),
e do friso leste do Tesouro de Sífnos em Delfos (cf. VON BOTHMER, 1981, p. 65-66, fig. 67-69, 71).
Quanto ao friso do Tesouro de Sífnos, ele equivoca-se ao ver Sarpédon nessa cena; pois, como
demonstram os vestígios de inscrições, a representação é do “duelo entre Aquiles Mêmnon sobre o corpo
de Antíloco” (cf. Brinkamann, 2006c, p. 415, fig. 59.8).
5
Visando estabelecer as relações da composição de Eufrônio com a tradição literária, von
Bothmer afirma, primeiramente, não ter Eufrônio seguido, em sentido literal, o relato de Homero; pois,
115
permite afirmar ter sido Eufrônio o primeiro a representar o esquema que mostra Sono e
Morte, um de frente para o outro, com o corpo de Sarpédon entre eles
6
. Analisando os
pormenores da composição, von Bothmer conclui que Sono e Morte estão partindo com
o corpo de Sarpédon em direção à Lícia, sua terra natal. Os dois guerreiros, que
flanqueiam o grupo central, indicam o contexto troiano; porém, não se trata do
levantamento do corpo, e sim de seu transporte, denunciado pela direção diagonal de
Hermes e do fluxo de sangue no corpo de Sarpédon, indicativo do movimento à direita
(VON BOTHMER, 1981, p. 67-71)
7
.
Feito isso, ele procura mostrar a influência do esquema de Eufrônio sobre os
pintores posteriores e precisar, em cada composição, o momento representado: se a
partida do campo de batalha ou chegada à Lícia, se Sono e Morte estão levantando o
corpo de Sarpédon ou o depositando. Primeiramente, entende ter o Pintor de Nicóstenes
(Cat. nº 148) se inspirado em Eufrônio, uma vez que, como na composição de Eufrônio,
Sono e Morte estão frente a frente, com o corpo de Sarpédon entre eles. Todavia,
algumas diferenças nos detalhes. O grupo central é flanqueado por duas mulheres, no
Apolo foi substituído por Hermes, e a condição do corpo de Sarpédon não é aquela postulada por Zeus,
porquanto está nu e ainda com ferimentos a sangrarem. Depois, considerando não ter Homero relatado o
retorno de Sarpédon à Lícia, sua terra natal, entende que a peça de Ésquilo, Os rios ou Europa, ainda
que conhecida por fragmentos, informa sobre essa situação, uma vez se passar, a cena de sua chegada,
na casa de Sarpédon, com a presença de sua mãe, Laodameia. A partir dos fragmentos, pode-se dizer, sem
dúvida, que o retorno de seu corpo à Lícia e seu funeral formavam o clímax da peça. Segundo von
Bothmer, a tradição homérica sobre a mãe de Sarpédon (cf. Ilíada VI. 196-199) está refletida na
representação de Eufrônio: o hoplita à esquerda de Sono é nomeado Laodamante. O nome aparece em
Homero (Ilíada XV. 516) como um troiano; porém, ele pensa tratar-se de um “lício”, talvez, aquele morto
por Neoptólemo (cf. Quinto de Esmirna, XI.20), o qual pode ser um parente de Sarpédon. Em
complemento, ele argumenta que, se Ésquilo chamou sua peça Os Cários ao invés de Os Lícios, é porque
os poetas, como informa Estrabão, incluíam a Lícia na Cária (VON BOTHMER, 1981, p. 69-70).
6
Em publicação posterior, ele alega ser esse esquema uma “criação totalmente nova” de Eufrônio
(VON BOTHMER, 1992, p. 17). Todavia, como mostro mais abaixo na análise iconográfica, o esquema
de Eufrônio é, em alguns aspectos, novo e, ao mesmo tempo, em outros, adaptado da cena de Ájax
carregando o corpo de Aquiles.
7
Com o propósito de ressaltar essa novidade, ele menciona o cálice da Coleção Hunt (Cat.
146), a primeira obra de Eufrônio sobre esse tema, na qual “Sono e Morte, dispostos em fila, carregam o
corpo de Sarpédon para fora do campo de batalha”, alegando que, na representação da cratera de Nova
Iorque, o pintor progrediu e desenvolveu uma visão particular da cena de Sarpédon, oferecendo-lhe uma
“solução perfeita” (VON BOTHMER, 1981, p. 67).
116
lugar dos dois hoplitas. A da esquerda tem um caduceu e deve ser identificada com Íris;
a da direita deve ser sua mãe ou sua esposa, e não Eos, como já foi proposto; pois, nesse
caso, ela deveria ser alada
8
. A postura e o gesto dessa mulher indicam estar ela dando
“instruções” ao grupo central. Trata-se, portanto, não do levantamento do corpo, mas de
sua deposição, e o local é o lar, no qual o morto vai receber os ritos funerários. Assim, a
mudança de direção para a esquerda é intencional, como se o pintor quisesse indicar
uma chegada, ao invés de uma partida (VON BOTHMER, 1981, p. 71-73).
Do mesmo modo, julga estarem conectadas a Eufrônio as composições do Pintor
de Eucarides (Cat. 154) e as do Pintor de Diósfos (Cat. n
os
150 e 151). Na primeira, a
posição de Sono, ajoelhado, indica que estão depositando o corpo de Sarpédon. Nas
outras duas, as posturas de Sono e Morte não permitem determinar se estão levantando
ou depositando o corpo. Entretanto, há, nos três casos, o eídolon de Sarpédon flutuado
sobre seu corpo. Nos dois primeiros casos, ele movimenta-se para baixo, e, no último,
para cima. Como, no primeiro, é certo tratar-se de uma deposição, ele acha provável
que o movimento para baixo indique a deposição, e para cima o levantamento (VON
BOTHMER, 1981, p. 73-75). Ele menciona, ainda, a composição do artesão Maneira do
Pintor do Dino (Cat. 159); porém, pensa que “se um eco do vaso de Eufrônio, ele
é muito fraco” (VON BOTHMER, 1981, p. 78)
9
.
8
Dietrich von Bothmer rebate as interpretações que veem, nessa cena, “Sono e Morte carregando
o corpo de Mêmnon”, alegando estarem baseadas em idéias errôneas dos filólogos do século XIX, que
entendiam ser a história de Sarpédon criada, posteriormente, a partir da de Mêmnon. Na ânfora do Pintor
de Diósfos (Cat. 151), por exemplo, há, no lado B, a cena de uma mulher alada transportando um
guerreiro morto, a qual, sem dúvida, é a de Eos com Mêmnon. Essa representação levantou a questão de
sua relação com a cena do lado A. De uma parte, alguns autores veem nela um indício de ter o pintor
representado o mesmo tema no lado A, isto é, Sono e Morte carregando o corpo de Mêmnon. De outra
parte, von Bothmer prefere optar pela coexistência das histórias de Sarpédon e de Mêmnon, propondo ter
o pintor representado as duas histórias, uma em cada lado de seu vaso. O único vaso que admite
representar Mêmnon é o cálice do Grupo de Haimon (Cat. 156), entendendo ser “Eos” a “mulher
alada” atrás do grupo central (BOTHMER, 1981, p. 75-78).
9
Posteriormente, von Bothmer voltou a esse tema preocupado, acima de tudo, em mostrar tanto a
origem da iconografia e a inovação de Eufrônio, quanto o momento da ação, se removendo ou se
depositando. Ele aborda uma série de dez vasos, como segue: 3 (Dallas; cf. Cat. 146), 4 (Nova
Iorque 72.11.10; cf. Cat. 147), nº 5 (Londres E12; cf. Cat.148), nº 6 (Louvre G163; cf. Cat. 154),
nº 7 (Louvre F388; cf. Cat. 150),8 (Nova Iorque 56.171.25; cf. Cat. 151), nº 9 (Berlim F3252; cf.
Cat. 155), 10 (Frankfurt 532; cf. Cat. 157), 11 (Florença 12B7 e 12B15; cf. Cat. 158), 12
(Port Sunlight 5060; cf. Cat. 159). Sobre os n
os
5 e 6, alega que não devem ser entendidos como
117
A interpretação de Dietrich von Bothmer tornou-se muito influente, e boa parte
dos estudos posteriores continuou instigada por suas propostas. A pesquisa mais
abrangente, nesse sentido, é o de Efthymia Mintsi que analisa uma série de dez vasos,
datados entre 520-470 a.C., com a representação de Sono e Morte
10
. De início, ressalta
ter sido o tema do transporte de um herói morto por Sono e Morte introduzido pelo
Pintor Eufrônio (cf. Cat. 146), que se inspirou no motivo do transporte do corpo de
Aquiles por Ájax
11
. A seguir, passa ao estudo detalhado do tema, com dois objetivos:
precisar o momento representado em cada caso e determinar se o transportado é
Sarpédon ou Mêmnon.
As cenas de Sono e Morte carregando um corpo podem evocar dois momentos,
a partida ou a chegada: na primeira, Sono e Morte estão levantando o corpo; e, na
segunda, eles o estão depositando. Nesse sentido, há certos elementos iconográficos que
permitem definir, com precisão, cada um desses momentos (MINTSI, 1991, p. 12-16).
Inicialmente, dois elementos relacionados ao corpo do morto: o sangue e a
veste divina; os quais indicam o contexto do campo de batalha em Tróia. Nos dois vasos
do Pintor Eufrônio (Cat. n
os
146 e 147) e no cito do Pintor de Atena (cat. 157), o
corpo do morto apresenta ferimentos recentes; dos quais, flui ainda o sangue. Quanto a
isso, Mintsi ressalta que a representação do morto sangrando contraria tanto a tradição
homérica, quanto a realidade anatômica; no primeiro caso, porque, em Homero, antes de
entregar Sarpédon a Sono e Morte, Apolo o lavou e o vestiu com roupas divinas (Ilíada
XVI. 667-669), e, no segundo, pelo fato de não ser mais possível fluir o sangue de um
Mêmnon; o 6 representa a chegada na Lícia; Sarpédon imberbe, nos n
os
7 e 8, indica influência de
Eufrônio; o 9 representa um contexto funerário, ou seja, Sono e Morte estão depositando o corpo de
Sarpédon; o 10 é um eco do 4; o 12 deve ser entendido como uma deposição (VON BOTHMER,
1994, p. 697, 698-700). A interpretação desse último vaso vem de Martin Robertson que, seguindo a
relação da representação de Sarpédon com a peça de Ésquilo, estabelecida por von Bothmer, propôs
tratar-se da “chegada de Sarpédon a seu lar”, sendo que o momento preciso é o da deposição; situação
revelada pela presença dos parentes lícios de Sarpédon: dois homens e sua mãe (ROBERTSON, 1988, p.
109-120).
10
Os vasos são: 1) Dallas, Hunt (cf. Cat. 146), 2) Nova Iorque 72.11.10 (cf. Cat. 147), 3)
Londres E12 (cf. Cat. 148), 4) Louvre G163 (cf. Cat. 154), 5) Louvre F388 (cf. Cat. 150), 6)
Nova Iorque 56.171.25 (cf. Cat. nº 151), 7) Berlim F3252 (cf. Cat. 155), 8) Atenas MN 505 (cf. Cat.
156), 9) Frankfurt 532 (cf. Cat. nº 157), e 10) Gela 41 (MINTSI, 1991, p. 10).
11
Para ela, Morte carrega Sarpédon em seus ombros do mesmo modo como Ájax carrega Aquiles
em muitos vasos (MINTSI, 1991, p. 9).
118
cadáver. Todavia, entende não ignorarem Eufrônio nem Homero as leis da natureza;
pelo contrário, o pintor, ao representar o fluxo de sangue, visa dar um aspecto mais
dramático à cena, indicando, assim, o fato de ter o herói acabado de morrer no campo de
batalha. Desse modo, ela afirma, com certeza, terem os pintores escolhido representar o
momento logo após a morte do guerreiro, para indicar tratar-se de uma cena de partida.
O mesmo se passa no cálice de Eufrônio (Cat. 146); pois, apesar de Sono e Morte
estarem vestidos de maneira idêntica, Sono traz sobre o ombro uma espécie de manto,
um elemento que autoriza supor tratar-se do lençol destinado a cobrir o corpo de
Sarpédon. O herói está morto, mas ainda não recebeu seu lençol; o que implica
passar-se a cena em Tróia, com Sono e Morte iniciando a partida para a Lícia.
Depois, há os outros personagens que permitem, também, melhor situar os
momentos da ação. Por um lado, nos dois vasos de Eufrônio (Cat. n
os
146 e 147), a
presença de guerreiros simboliza a guerra na qual Sarpédon sucumbiu, ou seja, o
contexto do campo de batalha. No primeiro, um hoplita encabeça o cortejo e, no
segundo, dois outros assistem imóveis à cena. O cortejo está a caminho; é a primeira
etapa do retorno, a partida. Por outro lado, no cálice do Pintor de Nicóstenes (Cat.
148), a presença de duas mulheres sugere tratar-se da chegada. A primeira, segurando
um caduceu, é Íris e a segunda, com a mão no peito, em um gesto de dor, deve ser a mãe
ou esposa do morto, que o recebe em casa. Tróia e as atrocidades dos combates já
ficaram para ,trás; e os ferimentos mortais que provocaram a morte do guerreiro não são
mais aparentes, pois não sangram mais.
Finalmente, em alguns vasos do início do século V a.C., aparece um elemento
novo: o eídolon do morto. Trata-se de uma pequena figura, frequentemente armada,
voando sobre o morto, um símbolo de sua alma, no momento em que deixa seu corpo.
Mintsi leva em conta a hipótese de von Bothmer, segundo a qual, o eídolon sobe ou
desce seguindo a direção do morto, a indicar a partida, quando voa para cima, e a
chegada, quando voa para baixo. A direção do eídolon informa, portanto, o momento e,
consequentemente, o lugar onde se passa a ação. Sobre a cratera do Pintor de Eucarides
(Cat. 154), acha plausível considerar a direção do eídolon como indicação da
chegada do morto em sua terra natal; pois, o eídolon voa para baixo, o morto não tem
ferimentos e Sono e Morte são representados nus; indícios de ter o campo de batalha
ficado para trás. Entretanto, para as duas ânforas do Pintor de Diósfos, nas quais o
eídolon está, ora descendo (Cat. nº 150), ora subindo (Cat. nº 151), propõe uma hipótese
diferente, construída a partir de outro detalhe iconográfico. Em ambas, o pintor
119
representa, atrás dos carregadores, duas lanças cruzadas; um motivo que deve ser
associado às armas representadas, em segundo plano, no lécito do Pintor de Atena (Cat.
155); pois, é possível pensar que essas armas pertençam ao guerreiro e que foram
depositadas sobre sua sepultura, mesmo se esta última não seja indicada no vaso. As
lanças cruzadas simbolizariam, assim, o túmulo do guerreiro, e, nesse caso, o mesmo
tema estaria representado nas duas ânforas: a chegada do corpo a seu país de origem e
sua deposição no túmulo.
No que concerne à identidade do transportado, Mintsi entende terem os pintores
representado tanto Sono e Morte carregando Sarpédon, quanto Mêmnon, sendo que o
esquema foi criado para representar a história do primeiro e serviu, em seguida, de
modelo para a representação do segundo (MINTSI, 1991, p. 16-20). Dos dez vasos
apresentados, ela entende que os quatro primeiros representam a cena de Sarpédon. Os
dois do Pintor Eufrônio (Cat. n
os
146 e 147) e o do Pintor de Eucarides (Cat. 154),
não deixam dúvidas, uma vez que trazem inscrições identificadoras dos personagens.
Do mesmo modo, o vaso do Pintor de Nicóstenes (Cat. 148), apesar de não trazer
inscrições, é semelhante, na composição, ao segundo de Eufrônio, demonstrando tê-lo
tomado como modelo. O vaso do Pintor de Atena (Cat. 155) não apresenta nenhum
indício que possibilite a identificação. Os outros cinco vasos representam a cena de
Mêmnon. As representações das ânforas do Pintor de Diósfos também não apresentam
indícios para identificação; todavia, considerando que esse pintor tem o hábito de pintar,
nos dois lados de seus vasos, um mesmo tema e que, na ânfora de Nova Iorque (Cat.
151), retratou, no lado B, Eos carregando Mêmnon, é quase certo ter representado, no
lado A, Sono e Morte carregando Mêmnon. A ânfora do Louvre (Cat. 150) traz um
tema diferente no lado B; porém, uma vez ser a composição, do lado A, semelhante à da
ânfora de Nova Iorque, o pintor pode ter representado o mesmo tema. No cálice do
artesão do Grupo de Haimon (Cat. 156), a mulher alada é Eos, tornando certa a
identificação de Mêmnon. No lécito do Pintor de Haimon (Cat. 157), a semelhança
com o vaso anterior é tanta, que torna verossímil pensar tratar-se de Mêmnon e Eos. O
último vaso, um lécito do Pintor do Empório (Gela 41; cf. MINTSI, 1991, p. 19, fig.
10), traz dois negros que carregam um guerreiro morto, certamente Mêmnon.
120
Jan Bažant, em seu estudo sobre a iconografia de Morte, do mesmo modo,
interessa-se pelas questões da identificação e dos momentos
12
. Sobre os oito primeiros
vasos (cf. Cat. n
os
146, 147, 148, 150, 151, 154, 155 e 159), Bažant tem certeza de ser a
representação de Sarpédon, mas tem dúvidas sobre o nono (cf. Cat. 157). O décimo
(cf. Cat. 156) entende tratar-se da cena de Mêmnon. Em dois casos (cf. Cat. n
os
154 e
159), está convicto de que são cenas de deposição, e, em cinco (cf. Cat. n
os
147, 148,
150, 151 e 155), acha impossível decidir se Sono e Morte estão levantando ou
depositando o corpo (BAŽANT, 1994, p. 904-905, 906-908).
Em seu estudo sobre Morte e Sono na arte grega, Haiganuch Sarian realiza uma
abordagem diferente e com outra preocupação. Interessada no aspecto funerário dessa
iconografia, confronta as expressões figurativas de Morte e Sono na arte com a tradição
literária, com vistas a evidenciar crenças, elaboração poética e comportamento
religioso (SARIAN, 1994-1995, p. 63).
De início, apresenta a versão da Teogonia de Hesíodo, na qual Morte e Sono são
apresentados como irmãos gêmeos, filhos da Noite. Hesíodo, todavia, dos irmãos
uma imagem contrastada: Sono é “tranqüilo e doce aos homens”, enquanto Morte tem o
“coração de ferro e alma de bronze”. Depois, mostra como a versão de Hesíodo inspirou
a imagem em baixo-relevo da arca de Cípselo, um ex-voto dos Cipsélidas de Corinto à
deusa Hera em seu santuário de Olímpia. Em uma das métopas do friso decorativo,
Morte e Sono são representados ainda crianças nos braços de sua mãe; Morte como uma
“criança branca” e Sono como uma “criança negra” (SARIAN, 1994-1995, p. 63-64).
A seguir, passa às representações de Morte e Sono nos vasos, analisando,
primeiramente, aquelas em que os dois têm a função de “portadores do herói morto após
ter-se singularizado na guerra”. Ainda que se possa, em algumas delas, identificar o
herói como Mêmnon, conforme a tradição da Etiopida, sem dúvida, trata-se do modelo
homérico, segundo o qual, Zeus encarrega Morte e Sono de transportar o corpo de
Sarpédon, seu filho morto por Pátroclo, até a Lícia, sua pátria, para receber os ritos
funerários e ser sepultado (Ilíada XVI. 419-683). O translado do corpo de Sarpédon é
visto, por exemplo, na cratera do Pintor Eufrônio (Cat. 147), na qual Morte e Sono
12
Ele analisa uma série de dez vasos, listados como segue: nº 2 (Dallas; cf. Cat. nº 146), nº 3 (Nova
Iorque 72.11.10; cf. Cat. 147), 4 (Londres E12; cf. Cat. 148), 5 (Nova Iorque 56.171.25; cf.
Cat. nº 151), nº 6 (Louvre F388; cf. Cat. 150), nº 7 (Berlim F3252; cf. Cat. 155), nº 8 (Louvre G163;
cf. Cat. 154), 9 (Port Sunlight 5060; cf. Cat. 159), 12 (Frankfurt 532; cf. Cat. 157), 13
(Atenas MN 505; cf. Cat. nº 156).
121
são concebidos de forma idêntica, como guerreiros alados, e na cratera do Pintor de
Eucarides (Cat. 154), que representa, possivelmente, o mesmo episódio, mas com
outra concepção; pois, apesar de serem mostrados novamente sem nenhum contraste,
estão nus e alados. Nesse último caso, desapareceu, por completo, a atmosfera guerreira
(SARIAN, 1994-19995, p. 64-65).
Por fim, analisa a categoria vasos funerários, os lécitos de fundo branco, que
apresentam cenas com Morte e Sono em outro contexto, o da “deposição do morto em
sua tumba”. Nesses vasos áticos, que aparecem a partir do segundo quartel do século V
a.C., e são utilizados em contexto funerário, Morte e Sono revestem-se de significação
especial; estão ligados ao comportamento popular das práticas funerárias. Eles
continuam sendo representados portando o morto; todavia, já não se trata mais de
transportar o corpo do morto à sua terra natal, como no caso de Sarpédon; o mito
homérico, que permanece apenas no esquema iconográfico, está agora acomodado às
práticas funerárias. A presença da tumba e a categoria do vaso inserem as cenas nesse
contexto mais amplo “em que se evidencia a crença na heroicização do morto,
privilegiado pelo translado à tumba, por mãos de deuses que personificam Morte e
Sono” (SARIAN, 1994-1995, p. 65-66).
Uma outra abordagem é realizada por Michael Turner que, alegando ser
habitual, nos estudos iconográficos da cerâmica figurada, a prática de interpretar uma
única imagem isolada de seu contexto, propõe uma análise a partir do conceito de
iconologia, segundo o qual todos os detalhes de um vaso são considerados, a imagem
como um todo e o seu contexto (TURNER, 2003-2004, p. 53-55).
Turner analisa cinco vasos com a cena de Sarpédon, de modo a demonstrar que
suas representações são de natureza simbólica e estão relacionadas a Dioniso, tanto
como deus do vinho quanto como deus da morte (TURNER, 2003-2004, p. 57-75). A
conexão com Dioniso é estabelecida, acima de tudo, pelos motivos florais da
ornamentação. No cálice de Eufrônio (Cat. nº 146), essa conexão se dá pelos motivos de
palmetas e flores de lótus, presentes tanto no medalhão, quanto emoldurando as cenas
nos dois lados do vaso
13
. Na cratera de Eufrônio (Cat. 147), a conexão é estabelecida
13
Turner estabelece a relação da flor de lótus com Dioniso, levando em conta que: a) em Homero,
a flor de lótus, como o vinho, é capaz de induzir a um estado inicial de êxtase, no qual a pessoa se vê fora
de seu corpo, condição que espelha o processo da morte; b) iconograficamente, a flor de lótus está ligada
a muitas crenças religiosas, no interior das quais, ela é um símbolo da nova vida, do renascimento; c) no
final do século VI a.C., período da atuação de Eufrônio, a palmeta de lótus tornou-se o ornamento
122
pelos mesmos motivos na faixa ornamental na parte inferior do vaso. Na cratera do
Pintor de Eucarides (Cat. 154), além da faixa de palmetas de lótus, na parte superior,
a parte inferior contém uma cena com sátiros dançando, uma referência ao mundo de
Dioniso. Na olpa do Pintor do Vaticano G49 (Cat. 152), a conexão se estabelece
pelas faixas de folhas de hera e de palmetas de lótus, no lábio e no pescoço
respectivamente
14
. Por fim, no lécito do Grupo de Haimon (Cat. nº 153), pelos botões de
flor de lótus estilizados em seu ombro.
No curso de sua análise, Turner procurou, ainda, precisar os momentos
representados. No cálice de Eufrônio (Cat. 146), tomando o escudo chanfrado
carregado por Morte como uma indicação do universo heróico e comparando essa
representação com a do lécito do Pintor de Atena (Cat. 155), que tem sido
interpretada como Sono e Morte depositando Sarpédon junto de suas armas (escudo
chanfrado, espada e duas lanças), conclui serem de Sarpédon o escudo chanfrado e a
lança carregados por Morte, o que implicaria estarem Sono e Morte retornando com seu
corpo para o sepultamento. Na cratera de Eufrônio (Cat. 147), entende Sono e Morte
estarem retirando o corpo de Sarpédon. Na do Pintor de Eucarides (Cat. 154), tem
dúvidas se estão levantando ou depositando o corpo. Na olpa do Pintor do Vaticano
G49 (Cat. 152), por entender ser uma pira, encimada por um escudo e duas lanças, o
monumento abaixo do corpo do morto, e julgar haver uma estela à direita
15
, propõe
estarem Sono e Morte depositando o corpo de Sarpédon, para receber os ritos
funerários. No lécito do Grupo de Haimon (Cat. nº 153), há uma palmeira, representada
atrás do corpo do morto, que, segundo ele, é tanto uma referência a Apolo, quanto uma
indicação do contexto troiano. Considerando esse contexto e a posição da perna
esquerda de Sarpédon dobrada para trás, entende estar o corpo de Sarpédon sendo
removido do campo de batalha.
principal das estelas funerárias; e d) Dioniso tem, nesse contexto, uma posição fundamental como deus da
Morte (TURNER, 2003-2004, p. 61-64).
14
As folhas de hera, além serem um símbolo de Dioniso, são, também, um motivo ornamental
comum nas olpas e, frequentemente, estão associadas à representação de uma cena com Dioniso
(TURNER, 2003-2004, p. 73).
15
Na imagem é visível somente as duas lanças e parte do escudo, o restante da pira e da estela
depende da reconstituição de linhas incisadas para o esboço da pintura: seis linhas horizontais para a pira
e dua verticais para a estela (TURNER, 2003-2004, p. 72).
123
4.1.3 Análise iconográfica
Com outra preocupação, que a de verificar as possíveis relações dessa
iconografia com a tradição literária, retomo as questões colocadas pelas pesquisas
anteriores sobre a identificação dos personagens e dos momentos representados, porém,
com a finalidade de inseri-las em uma nova concepção dos esquemas iconográficos.
A cena de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon, apesar de anteceder,
na ordem dos acontecimentos épicos, a de Ájax carregando o corpo de Aquiles, é mais
recente do que ela do ponto de vista do surgimento dos esquemas iconográficos. A
temporalidade das ações foi tomada da cena de Aquiles e adaptada para a de Sarpédon,
indo do campo de batalha em Tróia à Lícia, sua terra natal.
As composições variam segundos os motivos. Sono e Morte podem estar: I
Retirando o corpo de Sarpédon do campo de batalha; II Transportando o corpo de
Sarpédon; e III Chegando com o corpo de Sarpédon a sua terra natal. As ações são
caracterizadas, acima de tudo, pelas posturas de Sono e Morte. Na primeira ação, eles
estão levantando o corpo do chão; na segunda, estão caminhando com o corpo
erguido nas costas de Morte e sustentado nos braços de Sono; e, na última, a presença
de personagens não guerreiros indica que estão se abaixando para depositar o corpo.
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS
DE SONO E MORTE CARREGANDO O CORPO DE SARPÉDON
I – Sono e Morte retirando o corpo de Sarpédon do campo de batalha:
(Cat. n
os
147, 150, 151, 153, 154, 156A-B e 158).
II – Sono e Morte transportando o corpo de Sarpédon:
(Cat. n
os
146 e 149).
III – Sono e Morte chegando com o corpo de Sarpédon a sua terra natal:
(Cat. n
os
148, 157 e 159 A-B).
Outra representação:
(Cat. nº 152)
Dos quatorze vasos catalogados, apenas três trazem inscrições possibilitando a
identificação certa dos personagens (Cat. n
os
146, 147 e 154)
16
. Todavia, não vejo
motivo significativo, nos demais vasos, para pensar em Mêmnon ao invés de Sarpédon;
16
Há mais quatro vasos com inscrições; porém, são sem sentido (Cat. n
os
149, 150, 151 e 155).
124
pelo contrário, entendo que tudo aponta para Sarpédon. Primeiramente, essa
composição foi criada por Eufrônio para representar o seu translado; em segundo lugar,
as composições dos vasos restantes são semelhantes e indicam influência desse pintor;
e, por fim, não há, em nenhum desses vasos, inscrições ou atributos exclusivos que
permitam a identificação de Mêmnon ou de Eos
17
.
O Pintor Eufrônio iniciou os dois primeiros esquemas, representando,
inicialmente, Sono e Morte transportando o corpo de Sarpédon (Cat. 146), e, depois,
retirando-o do campo de batalha (Cat. 147). O terceiro esquema foi, primeiramente,
representado pelo Pintor de Nicóstenes (Cat. 148). O Pintor do Vaticano G49 (Cat.
152) compôs uma outra representação: a presença do que pode ser uma pira funerária
ou uma sepultura indica tratar-se de uma deposição
18
. A diferença das outras
representações de chegada reside no fato de que o grupo central está sozinho e a
chegada não é à casa, onde é recebido por um outro personagem, mas o local mesmo do
sepultamento.
Apesar de nenhum dos pintores ter representado os três esquemas, o Pintor
Eufrônio conhece o conjunto deles; pois, na cena de Ájax carregando o corpo de
Aquiles, representou, além de Ájax retirando o corpo de Aquiles do campo de batalha
(Cat. 193), Ájax chegando com o corpo de Aquiles a casa (Cat. 192).
Considerando terem sido esses esquemas criados para representar a cena de Ájax
carregando o corpo de Aquiles e ter recebido Eufrônio influências dos pintores mais
antigos em suas representações dessa cena
19
, não se pode afirmar, como o faz Dietrich
17
A mulher alada, no cálice do artesão do Grupo de Haimon (Cat. 156), pode ser tanto Íris
quanto Eos, uma vez terem as duas esse atributo. Considerando ter, anteriomente, o Pintor de Nicóstenes
(Cat. nº 148) introduzido Íris em sua representação, prefiro identificá-la como sendo essa deusa.
18
A pintura do vaso está bastante deteriorada, além de poucos fragmentos de verniz, restam apenas
linhas incisadas que serviram de esboço para a pintura. Michael Turner pensa tratar-se de uma pira, na
qual será realizada a cremação (cf. TURNER, 2003-2004, p. 72-73). John H. Oakley argumenta que o
esboço das linhas incisadas não permite uma posição definitiva, mas entende ser a presença dessa
estrutura, pira ou sepultura, uma “reminiscência” do desejo de Hera (Ilíada XVI. 450-457) e da ordem de
Zeus dada a Apolo (OAKLEY, 2002, p. 245-248). Seja como for, ambos estão de acordo de que se trata,
nessa representação, da deposição do corpo de Sarpédon na Lícia.
19
Cf. Dietrich von Bothmer, para o qual “o resgate do corpo de Aquiles é uma longa tradição
iconográfica continuada e adotada por Eufrônio” (VON BOTHMER, 1992, p. 17). Nesse sentido, ele
aponta influências das representações mais antigas de Ájax carregando o corpo de Aquiles sobre as de
Eufrônio (Cat. 192), que se revelam na escala da couraça de Ájax (Pintor Clítias e Pintor de Frinos;
125
von Bothmer, ser a representação de Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon
uma “criação totalmente nova” de Eufrônio (VON BOTHMER, 1992, p. 17); pois,
ainda que a composição do grupo central seja nova e a espacialização seja diferente, a
temporalidade das ações da cena de Aquiles permanece: retirando, transportando e
chegando
20
. Porém, seu entendimento de ter Eufrônio exercido influência sobre os
demais pintores desse tema é procedente
21
.
O grupo central é composto por Sarpédon, o carregado, e pelos dois
carregadores, Sono e Morte. Sarpédon, geralmente, é representado nu. Em alguns
casos, ele porta as cnêmides (Cat. n
os
146, 147, 149 e 152), mas elas são tão discretas,
que sua “nudez” permanece em evidência. Com menos frequência, ele é representado
com uma longa cabeleira penteada em mechas regulares (Cat. n
os
146, 147, 150, 153 e
154) e com os ferimentos com fluxo de sangue (Cat. n
os
146, 147, 149, 150 e 158).
Sono e Morte são, geralmente, representados com trajes guerreiros; exceto na
cratera em cálice do Pintor de Eucarides, na qual estão nus (Cat. nº 154). Na maioria das
vezes, eles são alados (Cat. n
os
147, 148, 150, 153, 154, 155, 156A-B, 157 e 159), e, nas
outras, sem asas (Cat. n
os
146, 149, 151, 152, 158). O Pintor Eufrônio foi o iniciador
desses três motivos (Cat. n
os
146 e 147).
O eídolon de Sarpédon também é bastante representado (Cat. n
os
150, 151, 152,
154 e 159); ele geralmente está descendo e uma vez subindo (Cat. nº 151). O critério da
direção do movimento do eídolon, utilizado por Dietrich von Bothmer, para determinar
se o corpo de Sarpédon está sendo levantado ou depositado, não é seguro
22
; não
havendo indício, como a pira ou a sepultura na olpa do Pintor do Vaticano G49 (Cat.
152), prefiro tomar essas representações como a retirada do campo de batalha.
cf. Cat. n
os
160 e 162), no tufo de cabelo emergindo de seu elmo (Classe da Coleção das Medalhas 218;
cf. Cat. 186), na longa cabeleira de Aquiles (Pintor de Antímenes; cf. Cat. 195). Tudo isso tornou-
se, segundo ele, parte do vocabulário de Eufrônio (VON BOTHMER, 1992, p. 16).
20
Além disso, veja-se Efthymia Mintsi que entende ter o Pintor Eufrônio se inspirado, em seu
primeiro vaso (Cat. nº 146), no transporte do corpo de Aquiles por Ájax (MINTSI, 1991, p. 9).
21
Assim, o Pintor de Diósfos (cf. Cat. n
os
150 e 151), que “tirou sua inspiração de Eufrônio” (cf.
VON BOTHMER, 1992, p. 24), e os pintores de Nicóstenes (Cat. 148) e de Eucarides (Cat. 154),
que revelam semelhanças de desenho e de composição com Eufrônio (cf. WILLIAMS, 1992, p. 85).
22
Veja-se, por exemplo, Jan Bažant, o qual não está convencido sobre essa questão (BAŽANT,
1994, p. 906-908). Além disso, na ânfora do Pintor de Diósfos (cf. Cat. 150), ao mesmo tempo em que
o eídolon está descendo, o corpo ainda está sangrando; indício que favorece o contexto do campo de
batalha e indica tratar-se da retirada do corpo.
126
Os motivos das lanças cruzadas, nas duas ânforas do Pintor de Diósfos (Cat. n
os
150 e 151); da armadura disposta em forma de estela, no lécito do Pintor de Atena
(Cat. 155); e da palmeira, no lécito do Grupo de Haimon (Cat. 153), são
significativos. Efthymia Mintsi entende serem as lanças uma referência ao túmulo,
implicando o contexto da deposição (MINTSI, 1991, p. 14); entretanto, a meu ver, tanto
as lanças, quanto a armadura são disposições provisórias para se referir ao que vai se
passar posteriormente, marcando, antes de tudo, o contexto do campo de batalha. A
palmeira, como argumenta Michael Turner, é, provavelmente, uma alusão a Apolo, a
indicar o campo de batalha (TURNER, 2003-2004, p. 74-75). Assim sendo, em todos
esses casos, Sono e Morte estão retirando o corpo de Sarpédon do campo de batalha.
O grupo central é representado sozinho em metade dos casos (Cat. n
os
149, 150,
151, 152, 153, 154 e 155), mas o Pintor Eufrônio já havia, desde seu primeiro vaso (Cat.
146), introduzido personagens secundários que o acompanham, os quais podem ser:
a) guerreiros: hoplitas (Cat. n
os
146, 147, 157 e 158); b) divindades: Hermes (Cat. n
os
147 e 156A-B), Íris (Cat. n
os
148 e 156A-B) e Posídon (Cat. nº 157); e c) não
guerreiros: mulheres (Cat. n
os
147, 156A-B ) e homens (Cat. n
os
156A-B).
Os hoplitas são, por um lado, os únicos presentes nos esquemas I e II; mas, por
outro, apenas acompanham o grupo central. As divindades e os não guerreiros estão
presentes somente no esquema III. Entre as divindades, Íris orienta o grupo central em
uma vez (Cat. 148), Hermes o conduz em duas outras (Cat. 156A-B), e Posídon
parece apenas observar o grupo central. No que tange aos não guerreiros, o grupo
central é recebido duas vezes por uma mulher (Cat. n
os
148 e 157) e uma vez por um
homem (Cat. nº 159).
4.2 Ájax carregando o corpo de Aquiles
4.2.1 Tradição literária
A cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles é descrita na Etiopida, obra
atribuída a Arctino de Mileto. Aquiles, após haver matado Mêmnon, investe contra os
Troianos e é morto por Páris com a ajuda de Apolo. Trava-se, então, uma luta em torno
do corpo de Aquiles, e Ájax, com Odisseu na retaguarda, levantando nas costas o corpo,
retira-o do campo de batalha diante das muralhas de Tróia e o transporta até as naus, no
acampamento dos Aqueus. Eis o resumo desse episódio na Crestomatia de Proclo:
Aquiles, intencionado a fazer recuar os Troianos e entrar juntamente na cidade,
é morto por obra de Páris e de Apolo. <...> Acontecendo uma intensa luta em
127
torno de seu cadáver, Ájax <...> erguendo[-o], leva[-o] até as naus, com
Odisseu, de um lado ao outro, combatendo os Troianos (Etiopida; cf. WEST,
2003, arg. 3)
23
.
4.2.2 História da pesquisa
O primeiro estudo abrangente da iconografia de Ájax carregando o corpo de
Aquiles foi realizado por Susan Woodford, que abordou sessenta e um vasos áticos e os
dividiu em nove grupos iconográficos, conforme os personagens representados
24
. Esses
grupos compõem dois contextos básicos, nos quais a morte de Aquiles é representada: a
23
Tradução do autor, sem os acréscimos editoriais.
24
Os vasos estão listados, conforme os grupos, em seu Apêndice I (WOODFORD; LOUDON,
1980, p. 36-38), como segue: A. Sozinhos: movimento à direita: 1. Florença 4209 (cf. Cat. 160A), 2.
Florença 4209 (cf. Cat. 160B), 3. Vaticano 317 (cf. Cat. 162), 4. Florença 3893 (cf. Cat. 161), 5.
Oxford V512 (cf. Cat. 225); B. Sozinhos: movimento à esquerda: 1. Munique 1470 (cf. Cat. 177A),
2. Munique 1470 (cf. Cat. 177B), 3. Leipzig T356 (cf. Cat. 170), 4. Coleção das Medalhas 262 (cf.
Cat. 247), 5. Louvre F323 (cf. Cat. 203), 6. Nova Iorque 96.18.63 (cf. Cat. 246), 7. San Simeon
9848 (cf. Cat. 172); C. Com Tétis: 1. Berlim F1718 (cf. Cat.166), 2. Londres B279 (cf. Cat. 242),
3. Bruxelas R314 (cf. Cat. 243), 4. Tarquínia (cf. Cat. 205), 5. Ferrara 172 (cf. Cat. 236); D. Com
Tétis, guerreiro ou guerreiros (outro homem que Peleu): 1. Nova Iorque 56.171.20 (cf. Cat. 182), 2.
Bruxelas R313 (cf. Cat. 230), 3. Nova Iorque 26.60.20 (cf. Cat. 181), 4. Louvre F201 (cf. Cat.
194), 5. Munique 1884 (cf. Cat. 227), 6. Louvre F228 (cf. Cat. nº 212), 7. Melbourne 1729.D4 (cf. Cat.
nº 179), 8. Londres B172 (cf. Cat. nº 206), 9. Louvre F305 (cf. Cat. nº 221), 10. Louvre CP10585 (cf. Cat.
195), 11. Taranro 52195 (cf. Cat. 216); E. Com Tétis e Peleu: 1. Adolphseck 4 (cf. Cat. 184), 2.
Toulouse 26.097, 3. Vaticano 441 (cf. Cat. 209), 4. Siracusa 21926 (cf. Cat. 204), 5. Villa Giulia
47934, 6. Munique 1537 (cf. Cat. 213), 7. Siracusa 24509bis (cf. Cat. 240), 8. Tarquínia RC5652
(cf. Cat. 220), 9. Leiden PC51 (cf. Cat. 223); F. Com Tétis, Peleu e guerreiros: 1. Altemburgo 203
(cf. Cat. 189), 2. Vaticano 370 (cf. Cat. 217), 3. Atenas MN 433 (cf. Cat. 164A); G. Com
guerreiros somente (sem personagens femininos ou idoso): 1. Bruxelas R312 (cf. Cat. 233), 2.
Wurzburgo 330, 3. Nova Iorque, Royal Athena (cf. Cat. 234), 4. Londres, Sotheby’s (cf. Cat. 188),
5. Orleans, 6. Atenas MN 429 (cf. Cat. 229), 7. Baden, Ros (cf. Cat. nº 224), 8. Munique 1712 (cf. Cat.
214), 9. Munique SL458 (cf. Cat. 196), 10. San Simeon 9876; H. Com Tétis (?) e outra personagem
feminina: 1. Vaticano G42 (cf. Cat. 207), 2. Altemburgo 211 (cf. Cat. 168), 3. Londres, Hamilton
(cf. Cat. 238), 4. Tarquínia RC1646 (cf. Cat. 175), 5. Dublin 1921.91 (cf. Cat. 190); J. Outras
representações: 1. Munique 1415 (cf. Cat. 199), 2. Filadélfia 3442 (cf. Cat. 165), 3. Munique 1519
(cf. Cat. 215), 4. Bruxelas, Mignot (cf. Cat. 187), 5. Coleção das Medalhas 333 (cf. Cat. 244), 6.
Bolonha 575 (cf. Cat. nº 208), 7. San Simeon 9815 (cf. Cat. nº 201), 8. Beverley Hills, Summa (cf. Cat. nº
197). Woodford equivoca-se na interpretação do vaso F
3
(Atenas MN 433), pois não é Tétis o
personagem representado, mas sim um jovem, tanto no lado A, quanto no B (cf. Cat. nº 164A-B).
128
guerra na qual morreu e a família que deixou enlutada. Quando Ájax e Aquiles estão
sozinhos ou acompanhados de outros guerreiros, trata-se do contexto da guerra (Grupos
A-B e G); e, quando, além dos personagens anteriores, outros, como mulher e idoso,
trata-se do contexto familiar (Grupos C-F e H)
25
.
O contexto da guerra foi o primeiro a ser representado. De início, Woodford
destaca que o tema de um guerreiro carregando seu companheiro morto do campo de
batalha remete a uma apreciada tradição heróica. Representações desse tema aparecem
desde o período geométrico recente; sem especificar, todavia, a identidade dos dois
guerreiros. O Pintor Clítias, por volta de 570 a.C, foi o primeiro a fazer isso, nomeando,
com inscrições, Ájax e Aquiles (A
1-2
; cf. Cat. 160A-B). Ájax movimenta-se à direita,
com Aquiles nu e desarmado sobre os ombros. Apesar de Clítias ter particularizado os
dois guerreiros e enriquecido a cena de significado e expressão, ele representou Ájax na
pose Knielauf (“movimentando ajoelhado”), que é, segundo Woodford, ambígua, pois
pode sugerir estar Ájax tanto caminhando, como levantando. Uma ambiguidade
resolvida pelo Pintor de Frinos (A
3
; cf. Cat. 162), ao mostrar Ájax correndo
(WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-27).
As representações de Ájax com o corpo de Aquiles movimentando-se à direita
tornaram-se raras, e, no início da segunda metade do século VI a.C., o Pintor Exécias
representou Ájax movimentando-se à esquerda, com Aquiles vestido de sua armadura
sobre as costas (C
1
; cf. Cat. 166)
26
. Não mais nenhuma ambiguidade no
movimento, Ájax está, firmemente, caminhando. Os personagens não são designados
por inscrições; um atributo” de Aquiles, contudo, torna a cena reconhecível: Tétis, sua
mãe
27
. O Pintor Exécias pintou o mesmo tema, mas com Ájax e Aquiles sozinhos (B
1-2
;
cf. Cat. 177A-B). Teoricamente, pode-se tomar essa cena como genérica, na qual
qualquer par de nomes de heróis pode ser relacionado, mas a similaridade, segundo ela,
25
O Grupo J engloba representações irregulares em comparação às anteriores, que se encaixam,
todavia, em um ou outro dos dois contextos.
26
Susan Woodford trata, detalhadamente, da questão dos possíveis significados dos movimentos à
direita e à esquerda no Apêndice II. Para ela, o movimento à direita é apenas uma convenção antiga que
continuou sendo adotada, e o movimento à esquerda foi criado pelo Pintor Exécias com a finalidade de
por em evidência a armadura de Aquiles (WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 39-40).
27
Apoiada nessa idéia de atributo, Woodford entende que, quando Tétis está presente, é certo
tratar-se de Ájax com o corpo de Aquiles, e que, na ausência dela, essa interpretação não é possível
(WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 27).
129
do esquema com o do vaso anterior, sugere que o pintor estivesse também pensando em
Ájax e Aquiles (WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 27).
Essa primeira representação do Pintor Exécias introduziu, ainda, o segundo
contexto, o familiar. Durante o último quartel do século VI a.C., a cena Ájax e Aquiles
sozinhos (Grupos A e B) continuou sendo, frequentemente, representada; outros
personagens, todavia, passaram a ser adicionados, colocando os dois heróis, ora em um
contexto, ora em outro
28
. Nesse sentido, segundo Woodford, quando os pintores estão
interessados no contexto familiar (Grupos C-F e H), eles mostram a figura de Tétis, e,
quando interessados no contexto da guerra (Grupo G), excluem as figuras da mulher e
do idoso, para pôr totalmente o foco na batalha (WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 28-
30).
Ao longo de sua análise, Woodford tece alguns comentários sobre a
identificação dos personagens nos vasos sem inscrições, bem como sobre os momentos
representados. Ela tem certeza de serem Ájax e Aquiles, quando Tétis está presente
(Grupos C-F); fora isso, pode ser qualquer outro par de heróis. No grupo H, ela não está
totalmente convicta de ser Tétis uma das mulheres que flanqueiam o grupo central. Nos
grupos E-F, ela entende ser o idoso o pai de Aquiles, Peleu. Quanto aos momentos, ela
interpreta que, nos grupos C-D, Tétis está conduzindo o grupo central. No grupo E, o
grupo central está sendo recebido, ora por Peleu (E
1-6
; cf. Cat. n
os
184, 209, 204, 213),
ora por Tétis (E
7-9
; cf. Cat. n
os
240, 220, 223). No grupo G, um arqueiro está, do mesmo
modo que Tétis, conduzindo o grupo central (G
1
; cf. Cat. n
o
233). No contexto da
guerra, Ájax pode estar levantando o corpo de Aquiles sobre os ombros (G
8
; cf. Cat. n
o
214).
Logo em seguida ao estudo de Woodford, Mary B. Moore abordou a iconografia
de Ájax carregando o corpo de Aquiles a partir da obra do Pintor Exécias. Começa por
ressaltar que se, por um lado, Ájax desempenha um papel essencial em alguns dos mais
importantes episódios da Guerra de Tróia, como o da luta pelo corpo de Pátroclo e o do
resgate do corpo de Aquiles, por outro lado, poucas representações desse herói nos
vasos áticos, especialmente em figuras negras, que valorizam bastante as cenas épicas e
heróicas. Nesse contexto, é que se destaca a obra do Pintor Exécias, uma vez ter sido o
28
Woodford ressalta ter o próprio Pintor Exécias retratado os dois contextos: a) na ânfora de
Berlim (C
1
; cf. Cat. 166), em que Tétis acolhendo Ájax com o corpo de Aquiles, e b) na ânfora de
Filadélfia (J
2
; cf. Cat. 165), com Ájax levantando o corpo de Aquiles do chão, em meio a uma luta
(WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 28).
130
único a demonstrar especial interesse por Ájax. Duas representações que incluem Ájax,
a cena do jogo de damas e a da luta pelo corpo de Pátroclo, aparecem, pela primeira
vez, em sua obra; e os episódios de Ájax carregando o corpo de Aquiles e de seu
Suicídio receberam, por parte desse pintor, um tratamento novo e único (MOORE,
1980, p. 417).
Com a finalidade de destacar as inovações do Pintor Exécias, Moore apresenta,
primeiramente, o tratamento dado a esse episódio por pintores anteriores. Inicia com
Clítias, o primeiro pintor de vaso a representar essa cena (Cat. 160A-B), com Ájax
levantando Aquiles em seus ombros, para o levar ao acampamento dos Aqueus, onde
receberá os ritos funerários. Em seguida, examina os vasos dos pintores de Heidelberg
(Cat. 161) e de Frinos (Cat. 162), os quais representaram a cena com a mesma
composição do Pintor Clítias: movimento à direita, com Aquiles nu e desarmado
(MOORE, 1980, p. 424).
Analisa, então, dois dos primeiros vasos do Pintor Exécias, nos quais retomou
esse tema, representando-o três vezes (cf. Cat. n
os
166 e 177A-B). A mudança mais
significativa é a da direção do movimento; pois, nas três representações, Ájax se move à
esquerda, com passos lentos, indicando a dificuldade devido ao peso do corpo de
Aquiles. As composições variam, ainda, nos detalhes. Em todos os casos, os dois heróis
estão vestidos e armados similarmente: quíton curto, couraça, elmo (com penacho
característico), cnêmides e escudo chanfrado. Nas duas últimas representações (Cat.
177A-B), Ájax e Aquiles estão sozinhos; mas, na primeira (Cat. nº 166), Exécias
introduziu um mulher, que, segundo a autora, deve ser Tétis (MOORE, 1980, p. 425-
425)
29
.
Constatando que a representação de Ájax carregando o corpo de Aquiles tornou-
se muito frequente por volta de 530 a.C, época do Pintor Exécias, Moore examina dez
vasos de outros pintores de figuras negras contemporâneos, para mostrar como trataram
esse tema sob a influência dele
30
. Para Moore, Ájax está, em todos esses casos,
29
Os vasos do Pintor Clítias (Cat. 160), do Pintor de Frinos (Cat. 162) e um outro do Pintor
Exécias (Cat. 165) trazem inscrições, identificando os personagens, mas Exécias, nas três
representações supracitadas (cf. Cat. n
os
166 e 177A-B), o colocou inscrições. Moore entende ter ele
feito isso, por julgar que os mesmos poderiam ser identificados sem dificuldades (MOORE, 1980, p.
425).
30
As características básicas da influência de Exécias são: movimento à esquerda, impressão de
peso e introdução de outros personagens. Os vasos listados são: Altemburgo 211 (cf. Cat. 168: Pintor
131
transportando o corpo de Aquiles para o acampamento dos Aqueus. Todavia, segundo
ela, o Pintor Exécias introduziu, também, a representação de um momento anterior, o de
Ájax retirando o corpo de Aquiles do campo de batalha (cf. Cat. 165). São poucas as
representações desse momento, e as duas conhecidas, ambas do Grupo de Leagro (cf.
Cat. n
os
199 e 214), são diferentes da de Exécias, uma vez que mostram um momento
ligeiramente anterior ao seu, algo entre o levantamento e o carregamento. Na primeira,
Ájax ergueu o corpo de Aquiles do chão, mas ainda não o pôs sobre os ombros, e, na
segunda, Ájax está ajoelhado com o corpo de Aquiles nos ombros e prepara-se para
levantá-lo (MOORE, 1980, p. 430-431).
Em seu estudo sobre a iconografia de Ájax, Annelise Kossatz-Deissmann
apresenta uma seleção de vinte e cinco vasos, nos quais entende representar-se a cena
Ájax carregando o corpo de Aquiles para o acampamento dos Aqueus
31
. Kossatz-
Deissmann entende estarem essas representações conectadas tanto ao relatado na
Etiopida de Arctino de Mileto, quanto à Odisséia de Homero
32
. O texto de Homero
do Vaticano 365), Atenas 433 (cf. Cat. 164: Pintor do Camelo), Melbourne 1729.D4 (cf. Cat. 179:
Círculo do Pintor Exécias), Bolonha 565 (cf. Cat. 178: Próximo do Pintor Exécias), Nova Iorque
26.60.20 (cf. Cat. 181: Pintor de Londres B235), Leipzig T356 (cf. Cat. 170: hoje, re-atribuído ao
próprio Pintor de Exécias), Tarquínia RC1646 (cf. Cat. 175: sem atribuição), Nova Iorque 56.171.20
(cf. Cat. 182: Pintor de Antímenes), Adolphseck 4 (cf. Cat. 184: Relacionado ao Pintor de
Antímenes) e Munique SL458 (cf. Cat. 196: Maneira do Pintor de Lisipides). Nesse último, o
movimento é à direita, mas, para ela, a impressão de peso demonstra a influência de Exécias (MOORE,
1980, p. 427-429). Entre esses pintores de figuras negras, pode ser incluído um de figuras vermelhas, o
Pintor Eufrônio (cf. Cat. n
os
192 e 193), que, segundo Dietrich von Bothmer, também foi influenciado por
Exécias (VON BOTHMER, 1992, p. 17).
31
Os vasos estão listados pela ordem alfabética das cidades, como segue: nº 866 (Adolphseck 4; cf.
Cat. 184), 867 (Altemburgo 203; cf. Cat. 189), 868 (Altemburgo 211; cf. Cat. 168), 869
(Atenas, Canellopouos; cf. Cat. 218), 870 (Baden, Ros; cf. Cat. 224), 871 (Berlim F1718; cf.
Cat. 166), 872 (Florença 3893; cf. Cat. 161), 873 (Florença 4209; cf. Cat. 160), 874
(Melbourne 1729.D4; cf. Cat. 179), nº 875 (Munique SL458; cf. Cat. nº 196), 876 (Munique 1470;
cf. Cat. 177), 877 (Munique 1415; cf. Cat. 199), 878 (Munique 1712; cf. Cat. 214), 879
(Nova Iorque 56.171.20; cf. Cat. nº 182), nº 880 (Oxford 512; cf. Cat. nº 225), nº 881 (Filadélfia 3442; cf.
Cat. 165), nº 882 (Vaticano 317; cf. Cat. 162), nº 883 (Tarquínia RC5652; cf. Cat. 220), 884
(Viena 3607), 885 (Basiléia, comércio; cf. Cat. 191), 886 (Beverley Hills, comércio; cf. Cat.
197), 887 (Bonn, privado), 888 (Leipzig T356; cf. Cat. 170), 889 (Coleção das Medalhas 537;
cf. Cat. nº 248), e nº 890 (Viena 3722; cf. Cat. nº 186).
32
[Espectro de Agamêmnon:] “Afortunado filho de Peleu, divino Aquiles,
tiveste a sorte de tombar em Tróia, distante de
132
inclui Tétis e as Ninfas na cena, o que explica, segundo ela, a presença de uma ou mais
mulheres nas cenas figuradas (KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 185-191, 192-193).
Em continuidade ao seu estudo do armamento do guerreiro, François Lissarrague
aborda a série do retorno do guerreiro morto
33
. Mais uma vez é necessário ressaltar o
caráter inovador de sua abordagem, voltada, acima de tudo, às questões de natureza
histórica. Nesse sentido, propõe-se a levar em conta o conjunto dos vasos conhecidos,
com a finalidade de precisar a relação que mantém, no interior das imagens, os
diferentes atores. Em comparação com a série do armamento, na do retorno, o jogo das
tensões e das trocas entre categorias e espaços reencontra-se de maneira ainda mais
clara. O espaço figurado, nessa série, tem um caráter de transição, uma vez tratar-se de
acompanhar o morto para entregá-lo aos seus parentes. Trata-se, assim, de uma
passagem do corpo ao cadáver; passagem em torno da qual as categorias,
anteriormente definidas, idoso, mulher, arqueiro e hoplita, desempenham plenamente
seus papéis (LISSARRAGUE, 1990, p. 71).
Esses papéis são revelados por meio da seriação, a partir das categorias que
compõem o espaço figurado: o grupo central e os personagens secundários. O grupo
central, constituído pelo carregador e pelo carregado, pode ser representado sozinho ou
acompanhado de personagens secundários: divindades, personagens armados ou não
Argos; contigo morreram muitos outros, a flor
dos argivos combatia contigo. Teu corpo jazia
no turbilhão do pó, imensamente grande. Em tua
mente se apagara o embate de carros. E nós, na
lida o dia todo, até a tempestade de Zeus terminar
a refrega. Mas te trouxemos da batalha, estendemos
teu corpo na nave, purificamos tua pele com água
tépida e te ungimos. Lágrimas copiosas nossas te
regaram, cobriam-te cabelos arrancados das nossas
cabeças. A notícia de tua morte trouxe tua mãe de
úmidas profundezas, acompanhada de ninfas”.
(Odisséia XXIV. 36-48. Tradução de Donaldo Shüler).
33
Lissarrague prefere, deliberadamente, nomear essa série de retorno do guerreiro morto. Chega
mesmo a ventilar a possibilidade de tratar-se de Ájax carregando Aquiles, considerando serem ambos
designados por inscrições nas imagens mais antigas (cf. Cat. n
os
160 e 162) e terem sido essas imagens, de
alguma maneira, o protótipo que inspirou toda a tradição ática posterior. Opta, entretanto, por uma leitura
metafórica das cenas em que o morto, anônimo, pode ser visto como um morto em combate, heroicizado
(LISSARRAGUE, 1990, p. 72-82).
133
armados. A orientação do grupo central é importante, mas não pelo fato de movimentar-
se à direita ou à esquerda, e sim pelo lugar e pela atitude dos outros personagens em
relação a ele: quando estão diante dele, podem precedê-lo ou acolhê-lo; quando estão
atrás, segui-lo ou apartar-se (LISSARRAGUE, 1990, p. 82-85)
34
.
34
Lissarrague lista os vasos como segue: Carregador/carregado (sem outro personagem): 1.
Florença 4209 (cf. Cat. 160); 2. Vaticano 317 (cf. Cat. 162); 3. Florença 3893 (cf. Cat. 162); 4.
Oxford 512 (cf. Cat. 225); 5. Berlim F1802 (cf. Cat. 163); 6. Berlim F1879 (cf. Cat. 231); 7.
Munique 1470 (cf. Cat. 177); 8. San Simeon 9848 (cf. Cat. 172); 9. Bonn, privado; 10. Bolonha 565
(cf. Cat. nº 178); 11. Nova Iorque 96.18.63 (cf. Cat. nº 246); 12. Perdido; 13. Louvre CP12695 (cf. Cat. nº
211); 14. Coleção das medalhas 262 (cf. Cat. nº 247); 15. Louvre F323 (cf. Cat. nº 203); 16. Leipzig T356
(cf. Cat. nº 170); 17. Viena 3607 (cf. Cat. ); 18. Viena 3722 (cf. Cat. nº 186); 19. Coleção das
Medalhas 537 (cf. Cat. 248). Presenças divinas: 20. Atenas MN 433 (cf. Cat. 164B); 21.
Altemburgo 211 (cf. Cat. nº 168); 22. Malibu 77.AE.5 (cf. Cat. nº 232); 23. Bolonha 575 (cf. Cat. nº 208);
24. Beverley Hills, Summa (cf. Cat. 197). Cenas de batalha: 25. Filadélfia 3442 (cf. Cat. 165); 26.
Munique 1415 (cf. Cat. 199); 27. Atenas, Canellopoulos (cf. Cat. 218); 28. Baden, Ros (cf. Cat.
224); 29. Munique 1712 (cf. Cat. 214); 30. Orléans; 31. Atenas MN 429 (cf. Cat. 229); 31bis.
Zurique, comércio; 31ter. São Petersburgo 1850 (cf. Cat. 235);. Carregador/carregado e personagens
armados: 32. Munique SL458 (cf. Cat. 196); 33. San Simeon 5436; 34. Wurzburgo 330; 35. Tóquio,
Mikazuki; 36. Londres, Sotheby’s (cf. Cat. 188); 37. Bruxelas R312 (cf. Cat. 233); 38. Nova Iorque,
Royal Athena (cf. Cat. 234); 39. Tarquínia RC7368 (cf. Cat. ); 40. Louvre CP12404.
Carregador/carregado e personagens não armados: 41. Belim F1718 (cf. Cat. 166); 42. Bruxelas
R314 (cf. Cat. 243); 43. Ferrara 172 (cf. Cat. 236); 44. Londres B279 (cf. Cat. 242); 44bis.
Raleigh 74.1.6 (cf. Cat. 228); 45. Villa Giulia 74900; 46. Dublin 1921.91 (cf. Cat. 190); 47. Louvre
F270 (cf. Cat. 222); 48. Atenas MN 1052; 49. Vaticano G42 (cf. Cat. 207); 50. Tarquínia RC1646
(cf. Cat. 175); 51. Metz F1185 (cf. Cat. 210); 52. Londres, Hamilton (cf. Cat. 238); 52bis. San
Antonio 86.134. 48 (cf. Cat. 226); 53. Adolphseck 4 (cf. Cat. 184); 54. Siracusa 21926 (cf. Cat.
204); 55. Munique 1537 (cf. Cat. 213); 56. Toulouse 26097; 57. Vaticano 441 (cf. Cat. 209); 58.
Villa Giulia 47934; 59. Siracusa 24509bis (cf. Cat. 240); 60. Leiden PC51 (cf. Cat. 223); 61.
Tarquínia RC5652 (cf. Cat. 220); 62. Coleção das Medalhas 333 (cf. Cat. 244).
Carregador/carregado, personagens armados e não armados: 63. Louvre F228 (cf. Cat. 212); 64.
Tarquínia (cf. Cat. 205); 65. Munique 1884 (cf. Cat. 227); 66. Bruxelas R313 (cf. Cat. 230); 67.
Nova Iorque 26.60.20 (cf. Cat. 181); 68. Basiléia, comércio (cf. Cat. nº 191); 69. Bruxelas, Mignot (cf.
Cat. 187); 70. Louvre CP10585 (cf. Cat. 195); 71. São Petersburgo B2066 (cf. Cat. 180); 72.
Louvre F201 (cf. Cat. 194); 73. Munique 1519 (cf. Cat. 215); 74. Baltimore 48.17 (cf. Cat. 183);
75. Limoges 80.58 (cf. Cat. nº 185); 76. Nova Iorque 56.171.20 (cf. Cat. 182); 77. Altemburgo 203 (cf.
Cat. 189); 78. Louvre F305 (cf. Cat. 221); 79. Atenas MN 433 (cf. Cat. 164A); 80. Atenas (cf.
Cat. ); 81. San Simeon 9815 (cf. Cat. 201); 82. Estados Unidos, privado; 83. Londres B172 (cf. Cat.
206); 84. Vaticano 370 (cf. Cat. 217); 85. Taranto 52195 (cf. Cat. 216); 86. Melbourne 1729.D4
(cf. Cat. 179). Vasos fragmentários ou inéditos: 87. Agrigento; 88. Agrigento C847 (cf. Cat. 237);
134
Concebendo a série dessa maneira, Lissarrague passa, então, à análise das
categorias e dos espaços. Em sua concepção, o dois os espaços representados: o da
guerra e o doméstico. O espaço da guerra é marcado pela presença exclusiva de
personagens armados, enquanto que o doméstico, pela presença de personagens não
armados (LISSARRAGUE, 1990, p. 85-93).
Principia pela presença discreta, mas importante, das divindades. Atena está
presente em duas imagens (cf. Lista n
os
21 e 20)
35
. Na primeira, a deusa, usando elmo,
evidencia o espaço guerreiro; mas, postada simetricamente à mulher, designa também a
cidade em armas. É a ambigüidade cidade/lar que permite a presença de Atena nesse
contexto. Na segunda imagem, localizada atrás do grupo central e voltada para o
exterior da imagem, Atena marca o espaço da guerra. Hermes, do mesmo modo, aparece
duas vezes (cf. Lista n
os
23-24). Na primeira, está em posição de acolhimento, marcando
o espaço da guerra; na segunda, ele segue o grupo central, sendo acolhido por uma
mulher, o que evidencia o espaço doméstico.
No espaço da guerra, há, segundo ele, duas representações distintas: cena de
batalha (cf. Lista n
os
25-31) e de guerreiros acompanhando o morto (cf. Lista n
os
32-
40), em uma espécie de desfile estático. Em algumas imagens, o grupo central é
flanqueado por dois arqueiros (cf. Lista n
os
36-40), que estão frequentemente
gesticulando e correndo. De todos os personagens que acompanham o morto, o arqueiro
é, depois da mulher, o mais frequente, pois partilha com ela duas características
essenciais: sua mobilidade e sua gestualidade. Assim, é comum dois arqueiros
flanquearem o grupo central, como acontece com duas mulheres (cf. Lista n
os
47-52),
mas jamais dois idosos, e raramente dois hoplitas (cf. Lista nº 33).
A mulher está sempre presente nas combinações com personagens não armados,
o que indica ser essencial seu papel. Quando um único personagem acompanha o grupo
central, é uma mulher (cf. Lista n
os
41-45). Ao invés de tomar essa mulher como Tétis,
mãe de Aquiles, Lissarrague prefere ler metaforicamente como mãe do morto, pois,
frequentemente, em outros casos, aparece em combinação com um idoso (cf. Lista n
os
53-62). Seja qual for a relação da mulher com o morto, sua presença inscreve a cena no
89. Bolonha 97; 90. Bryn Mawr P.90; 91. Greifswald 149; 91bis. Atenas MNAcr 1.2416 (cf. Cat. nº 202);
92. Londres, Christie’s (cf. Cat. nº 239); 93. Londres, comércio; 94. Villa Giulia; 95. Malibu 77.AE.7.
35
Para não sobrecarregar o texto com citações por extenso dos vasos, uma vez ser minha listagem
diferente, mantenho a numeração de sua lista, transcrita na nota anterior com as referências ao meu
catálogo.
135
espaço doméstico. Estando associados uma mulher e um idoso em torno do grupo
central, duas situações: quando o idoso está diante do grupo central em posição de
acolhimento e a mulher atrás, os dois estão imóveis (cf. Lista n
os
53-58); sendo o
inverso, a mulher diante do grupo central em posição de acolhimento e o idoso atrás,
este continua imóvel, enquanto ela se movimenta (cf. Lista n
os
59-61).
Nas combinações mistas, em que se encontram as categorias de armados e de
não armados, há duas espacializações, dependendo se elas se misturam ou não em torno
do grupo central, ou se o espaço é ou não polarizado em torno dele. Com dois
personagens, o espaço é sempre polarizado, armados de um lado e não armados de
outro. Quase sempre, um personagem não armado precede o grupo (cf. Lista n
os
63-68,
71, 74-77, 79-81, 83-85); sendo um personagem armado a preceder o grupo, trata-se de
um arqueiro (cf. Lista n
os
69-70, 72-73, 78). A combinatória torna-se mais complexa
quando três personagens. O espaço continua, em geral, polarizado, com o
personagem armado, frequentemente, atrás do grupo central, seguindo uma lógica linear
da imagem: o corpo do morto deixa o espaço da guerra em direção ao doméstico (cf.
Lista nº 76). Todavia, por vezes, as categorias se misturam, e, nesse caso, o personagem
armado suscetível a entrar no espaço doméstico é o arqueiro (cf. Lista n
os
77-80, 85). O
arqueiro desempenha, assim, um papel importante, pois é o personagem que dispõe de
maior mobilidade na imagem, ocupando todos os lugares em torno do grupo central, ou
seja, seguindo, precedendo ou acolhendo o grupo central.
Lissarrague finaliza seu estudo, ressaltando que o espaço reunido pelo guerreiro
carregador do herói morto em combate não é algo indefinido; muito ao contrário, trata-
se da paisagem da cidade delimitada por personagens que mantêm relações entre si:
mulher, idoso, guerreiro, arqueiro. A mobilidade e as posições desses diferentes
personagens evocam a cidade, uma cidade una e solidária ao guerreiro morto em
batalha.
4.2.3 Análise iconográfica
Do mesmo modo que na cena anterior, as interpretações realizadas pelas
pesquisas anteriores sobre a identificação dos personagens e dos momentos
representados são retomadas e tratadas dentro de uma nova concepção dos esquemas
iconográficos.
Comparada à cena de Sono e Morte carregando Sarpédon, a de Ájax carregando
o corpo de Aquiles é tanto similar, quanto distinta. Se, por um lado, a temporalidade das
136
ações é a mesma, retirando, carregando e chegando; por outro, a espacialização é
diferente. Ao mesmo tempo em que os artesãos acrescentam, em boa parte de suas
composições, personagens não guerreiros, para representar a chegada do guerreiro
morto em sua casa, sendo recebido por seus familiares, eles, também, representam a
chegada apenas com personagens guerreiros, fazendo, assim, as três etapas se passarem
em Tróia, indo do campo de batalha ao acampamento dos Aqueus.
Além disso, suas composições são, no geral, diferentes, mais precisas e
diversificadas. Diferentes, porque um guerreiro sozinho carrega seu companheiro morto
em suas costas. Mais precisas porque os pintores caracterizam, claramente, quando o
guerreiro está levantando ou carregando seu companheiro. E mais diversificadas pela
variedade de personagens que os recebem, tanto entre os guerreiros, como entre os não
guerreiros.
Assim sendo, a identificação das etapas depende das posturas do carregador e
da presença de personagens secundários. Estando envolvidos apenas guerreiros, as três
etapas podem ser representadas, indo do campo de batalha ao acampamento, e,
havendo personagens não guerreiros, apenas a etapa final, a chegada a casa.
Isso implica em quatro esquemas iconográficos, que variam conforme os
motivos. No esquema I, Ájax está retirando o corpo de Aquiles do campo de batalha.
Ájax e Aquiles podem estar sozinhos (I
A) ou acompanhados de outros guerreiros (IB).
No esquema II, Ájax está transportando o corpo de Aquiles. Eles podem, igualmente,
estar sozinhos (II
A) ou acompanhados de outros guerreiros (IIB). No esquema III, Ájax
está chegando com o corpo de Aquiles ao acampamento. Nessa chegada, eles podem
ser recebidos por um arqueiro (III
A) ou por um hoplita (IIIB). No esquema IV, Ájax
está chegando com o corpo de Aquiles a casa. Aqui, eles pode ser recebidos por um
idoso (IVA) ou por uma mulher (IVB).
SINOPSE DOS ESQUEMAS ICONOGRÁFICOS
DE ÁJAX CARREGANDO O CORPO DE AQUILES
I – Ájax retirando o corpo de Aquiles do campo de batalha:
IA Ájax e Aquiles sozinhos: (Cat. n
os
160A-B, 225, 231, 246 e 248).
IB Ájax e Aquiles acompanhados de outros guerreiros: (Cat. n
os
165, 193, 199, 214,
218, 224, 229, 232 e 235).
II – Ájax transportando o corpo de Aquiles:
137
II
A Ájax e Aquiles sozinhos: (Cat. n
os
161, 162, 163A-B, 170, 171, 172, 173, 174,
177A-B, 178, 186, 202, 203, 211, 231 e 247).
IIB Ájax e Aquiles acompanhados de outro guerreiro: (Cat. nº 196).
III – Ájax chegando com o corpo de Aquiles ao acampamento:
IIIA Ájax e Aquiles sendo recebidos por um arqueiro: (Cat. n
os
188, 233 e 234).
IIIB Ájax e Aquiles sendo recebidos por um hoplita: (Cat. nº 245).
IV – Ájax chegando com o corpo de Aquiles a casa:
IVA Ájax e Aquiles sendo recebidos por um idoso: (Cat. n
os
164A, 180, 184, 198,
201, 204, 209, 213 e 219).
IVB Ájax e Aquiles sendo recebidos por uma mulher: (Cat. n
os
166, 168, 175, 176,
181, 182, 183, 185, 187, 189, 190, 191, 192, 195, 197, 205, 206, 207, 210, 212, 216,
217, 220, 221, 222, 223, 226, 227, 228, 230, 236, 238, 240, 241, 242, 243 e 244).
Outras representações:
(Cat. n
os
164B, 167, 179, 194, 208, 215, 237 e 239).
Representações incertas:
(Cat. n
os
169 e 200).
Dos oitenta e nove vasos catalogados, apenas seis trazem inscrições nomeando
os personagens (Cat. n
os
160A-B, 162, 165, 193, 199 e 248). Todavia, não motivo
forte para se pensar em outra cena que na de Ájax carregando o corpo de Aquiles
36
; pelo
contrário, dos vasos conhecidos com essa composição, somente eles são nomeados por
inscrições, e, na falta delas, a história de Aquiles, pelo lugar que ocupa na tradição
épica, é a mais natural de vir à mente.
36
Nesse sentido, não se justifica a proposta de Paolo Orsi, para as duas ânforas do Museu de
Siracusa (Cat. n
os
204 e 240), de tratar-se de “Enéias carregando Anquise” (ORSI, 1906, col. 296, 470);
pois, em todas as representações conhecidas dessa cena, Anquise está vivo, vestindo chiton e
caracterizado como idoso (cf. WOODFORD, LOUDON, 1980, p. 30-31), e, nos vasos de Siracusa, o
guerreiro transportado está morto e em trajes guerreiros. De igual maneira, não procede a cogitação de
Fernand Mayence, sobre uma ânfora do Museu de Bruxelas (Cat. 233), de tratar-se de “Menelau
carregando troclo” (MAYENCE, 1926, p. 3), que é tida, por Lilly Kahil, como “não segura” (KAHIL,
1997, p. 838, 35). Ajunte-se a isso, a postura de John Davidson Beazley sobre essa mesma ânfora, que
mudou de seu entendimento inicial de se tratar de “Enéias e Anquise” (cf. BEAZLEY, 1956, p. 483, nº 1),
para “Ájax carregando o corpo de Aquiles” (cf. BEAZLEY, 1971, p. 157, nº 9bis).
138
O Pintor Clítias iniciou o esquema I, a retirada do campo de batalha, bem como
o motivo de Ájax e Aquiles sozinhos (IA) nessa situação (Cat. 160A-B). Em todos os
casos, Ájax está levantando nas costas o corpo de Aquiles (Cat. n
os
160A-B, 225, 231,
246 e 248); no último, do Pintor Dúris, Ájax parece estar apoiando-se em sua lança
para facilitar o levantamento(Cat. nº 248).
Apesar de o Pintor Clítias ter realizado a representação mais antiga, cerca de 570
a.C., o Pintor Exécias foi o primeiro, entre 540 e 520 a.C., a conceber o conjunto das
ações: retirando (Cat. 165), transportando (Cat. n
os
170 e 177) e chegando (Cat.
166)
37
. Ele iniciou o esquema IB, em que Ájax e Aquiles estão acompanhados de outros
guerreiros (Cat. 165). A maioria das ações se no contexto da luta pelo corpo de
Aquiles, na qual os outros guerreiros combatem na retaguarda de Ájax, para permitir sua
retirada (Cat. n
os
165, 193, 199, 214, 218, 224, 229, 232). Em um único caso, o contexto
da retirada do campo de batalha é indicado por um guerreiro caído, pelo qual passam
Ájax e Aquiles (Cat. 235). Nessas ações, Ájax pode estar: a) levantando Aquiles do
chão (Cat. 165), b) levantando Aquiles nas costas (Cat. n
os
193, 214 e 232), c) com
Aquiles posto em e amparado nos braços (Cat. n
os
199 e 231), e d) retirando
Aquiles nas costas (Cat. n
os
218, 224, 229 e 235).
O esquema II, Ájax transportando o corpo de Aquiles, bem como o motivo dos
dois sozinhos (IIA), foi iniciado pelo Pintor de Heidelberg (Cat. 161). Nessa situação,
Ájax, com Aquiles nas costas, pode estar: a) correndo (Cat. n
os
161, 162 e 163A-B),
ou b) caminhando (Cat. n
os
170, 171, 172, 173, 174, 177A-B, 178, 186, 202, 203, 211 e
247). O primeiro motivo foi iniciado, também, pelo Pintor de Heidelberg, no qual Ájax
está sempre correndo à direita; o segundo, pelo Pintor Exécias, com Ájax, geralmente,
caminhando à esquerda, exceto na ânfora do artesão da Classe da Coleção das
Medalhas 218 (Cat. 186), na qual ele caminha à direita. O esquema II
B foi criado e
37
Nenhum dos pintores, entretanto, representou os três esquemas segundo todos os motivos;
Exécias utilizou apenas os esquemas I
B
, II
A
e IV
B
. Nos anos seguintes, entre 520 e 515 a.C., Eufrônio,
que, como anteriormente ressaltado, conhecia o conjunto dos esquemas, utilizou somente os I
B
e IV
B
(Cat. n
os
193 e 192, respectivamente). No mesmo período, entre 520 e 500 a.C., quem pintou a cena o
maior número de vezes e de esquemas, foram os pintores do Grupo de Leagro: I
B
(Cat. n
os
199, 214, 224,
229), II
A
(Cat. 203), III
A
(Cat. 188), IV
A
(Cat. 204), e IV
B
(Cat. n
os
187, 216, 217, 223 e 228);
mas, não representaram os esquemas I
A
e III
B
. Os demais artesãos representaram apenas um dos
esquemas.
139
usado exclusivamente pelo artesão Maneira de Lisípides. Nessa representação, Ájax,
seguido por um Hoplita, está caminhando à direita (Cat. nº 196).
O Grupo de Leagro foi o criador, por volta de 520 a.C., do esquema III, em que
Ájax está chegando com o corpo de Aquiles ao acampamento, bem como do motivo do
recebimento por um arqueiro (IIIA; cf. Cat. nº 188). Anos mais tarde, entre 500 e 490, o
Pintor de Michigan pintou esse motivo em duas ânforas da Classe da Faixa com Pontos
(Cat. n
os
233 e 234), classe de ânforas pequenas com conexões com o Grupo de Leagro
(cf. BOARDMAN, 1997a, p.150). Nos três casos, ocorrem representações com quatro
personagens, em que o grupo central movimenta-se à esquerda e está flanqueado por
arqueiros
38
. No mesmo período, entre 500 e 480 a.C., um artesão anônimo criou o
esquema III
B, em que Ájax e Aquiles são recebidos por um hoplita (Cat. 245). Trata-
se de um desenvolvimento do esquema anterior: o grupo central movimenta-se,
também, à esquerda, mas está flanqueado por dois pares de hoplita e arqueiro.
O esquema IV, em que Ájax está chegando com o corpo de Aquiles a casa, foi
criado na mesma época, cerca de 540 a.C., por dois artesãos, o Pintor do Camelo e o
Pintor Exécias
39
. O Pintor do Camelo iniciou o esquema IVA, em que Ájax e Aquiles
são recebidos por um idoso (Cat. 164A). Em todas as composições, o grupo central
movimenta-se à esquerda e, por isso, o idoso o recebe sempre nesse lado. As
composições variam segundo o número de personagens envolvidos. Quando cinco
personagens envolvidos, o grupo central está flanqueado pelo idoso e um par formado
por arqueiro e jovem (Cat. 164A) ou por hoplita e arqueiro (Cat. 201); havendo
38
Essas composições são as mesmas de algumas do esquema IV
B
, em que figuram uma ou duas
personagens femininas. Compare, por exemplo, a ânfora do Grupo de Leagro com a do Pintor de Londres
B235 (Cat. 181); a primeira do Pintor de Michigan com a de um artesão anônimo (Cat. 210) e a
segunda com a do Pintor do Vaticano 365 (Cat. 168). Elas se diferenciam pelo fato de, no primeiro
caso, uma mulher ocupar o lugar do arqueiro à esquerda na condição de recebedora do grupo central, e,
nos outros dois, duas mulheres estarem nos lugares dos arqueiros. Essas semelhanças trazem duas
implicações importantes: uma no sentido de fortalecer a identificação dessas cenas envolvendo somente
guerreiros com a chegada ao acampamento, e outra no de mostrar influências no interior mesmo da
tradição dos artesãos, uma vez que os artesãos do esquema III têm contato entre si e podem ter se
inspirado nas composições do esquema IV, que são mais antigas de dez a trinta anos.
39
Não é possível determinar qual dos dois o fez primeiro; o Pintor do Camelo é apresentado antes
simplesmente pelo fato de ser um dos companheiros do Pintor Lido, que esteve em atividade entre 560 e
540 a.C. (cf. BOARDMAN, 1997a, p. 52-54); enquanto que o Pintor Exécias esteve em atividade entre
545 e 530 a.C. (cf. BOARDMAN, 1997a, p. 56-58).
140
quatro personagens, flanqueiam o grupo central o idoso e um arqueiro (Cat. n
os
180 e
219), ou o idoso e uma mulher (Cat. n
os
184, 198, 204, 209 e 213)
40
.
O Pintor Exécias iniciou o esquema IVB, em que Ájax e Aquiles são recebidos
por uma mulher (Cat. 166). Nessas composições, o grupo central movimenta-se, na
maioria das vezes, à esquerda, e, por vezes, à direita; a mulher que o recebe aparece,
assim, tanto numa como noutra posição, sem que se estabeleça um padrão. As
composições variam, como no esquema anterior, segundo o número de personagens
envolvidos. Quando há três personagens, a mulher está sozinha recebendo o grupo
central (Cat. n
os
166, 228, 236, 241, 242 e 243). Havendo quatro personagens, a mulher
flanqueia o grupo central com vários outros personagens: outra mulher (Cat. n
os
168,
175, 190, 207, 210, 222, 226 e 238), um hoplita (Cat. n
os
176, 205, 212 e 227), um
arqueiro (Cat. n
os
181, 187, 191, 195 e 230), o deus Hermes (Cat. 197), e um idoso
(Cat. n
os
220, 223 e 240). Com cinco personagens, a mulher pode estar: a) à esquerda,
sozinha, com hoplita e arqueiro à direita (Cat. n
os
182, 183 e 185) ou com arqueiro e
idoso (Cat. 189); b) à direita, acompanhada de um homem, com arqueiro à esquerda
(Cat. nº 192), ou acompanhada de um arqueiro, com outro arqueiro à esquerda (Cat.
221). As composições com seis personagens são as menos padronizadas; os únicos
elementos repetitivos são: o grupo central sempre flanqueado por dois personagens de
cada lado e a mulher sempre acompanhada. São apenas quatro casos: nos três
primeiros, ela está à esquerda e, no último, à direita. Ela pode estar acompanhada de:
um homem, com hoplita e jovem do outro lado (Cat. nº 206); um arqueiro, com
arqueiro e hoplita do outro lado (Cat. 216); um idoso, com hoplita e arqueiro do
outro lado (Cat. nº 217); e uma outra mulher, com mulher e jovem do outro lado (Cat. nº
244)
41
.
40
Os artesãos do Círculo do Pintor de Antímenes foram os que mais representaram esse esquema:
três de nove ocorrências, sempre com o motivo idoso e mulher (Cat. n
os
184, 198 e 213).
41
Quem mais se interessou por esse esquema foram os contemporâneos, o Pintor de Antímenes e
seu círculo (Cat. n
os
182, 183, 185, 195, 197 e 212) e o Grupo de Leagro (Cat. n
os
187, 216, 217, 223 e
228). O Pintor de Antímenes está ligado, por sua maneira de narrar, aos pintores do Grupo E, e, por
extensão, ao Pintor Exécias. O Grupo de Leagro tem uma predileção por hídria e, ao trabalhar com uma
forma que lembra a do Pintor de Antímenes, demonstra algum tipo de relação com esse pintor (cf.
BOARDMAN, 1997a, 109-111). A predileção pelo tema, iniciado pelo Pintor Exécias, e as ligações entre
o Pintor de Antímenes e o Grupo de Leagro permitem supor que esses últimos receberam alguma
influência do Pintor Exécias. Acrescente-se a isso as observações feitas por Mary B. Morre a respeito da
141
Existem cinco representações, do esquema IV, que são tanto diferentes das
anteriores, quanto entre si; não permitindo, assim, um agrupamento. Nessas outras
representações, o grupo central movimenta-se à esquerda e pode ser recebido por: a)
um jovem, com um arqueiro e a deusa Atena do outro lado (Cat. 164B); b) um
homem, com uma mulher do outro lado (Cat. 167), ou um homem sozinho (Cat.
237); c) um hoplita, acompanhado de arqueiro e dois hoplitas, com uma mulher e dois
hoplitas do outro lado (Cat. 179); d) um arqueiro, com uma mulher (Cat. 194) ou
com um idoso do outro lado (Cat. 215); e) uma mulher, com um carro e um hoplita
entre ela e o grupo central (Cat. 239). Há, ainda, uma outra representação em que o
grupo central movimenta-se à esquerda e é recebido pelo deus Hermes, com um hoplita
do outro lado (Cat. nº 208). Trata-se de uma cena de chegada, mas não há como
determinar o local da mesma, que pode ser tanto o acampamento (esquema III), quanto
um outro lugar qualquer.
Devido ao estado fragmentário dos vasos, duas representações permanecem
incertas. No primeiro, um fragmento de cálice de um artesão anônimo (Cat. 169),
aparecem apenas partes de Ájax, perna esquerda e escudo chanfrado, e de Aquiles,
braço direito, cabeleira e escudo chanfrado, voltados à direita. A posição da perna de
Ájax ainda levemente flexionada e a do braço de Aquiles com a mão rente ao chão
permitem supor que Ájax está acabando de levantar o corpo de Aquiles, o que
inscreveria esse vaso no esquema I
A. No segundo, uma enócoa fragmentária do artesão
da Classe de Altemburgo (Cat. 200), aparecem apenas as partes superiores de quatro
personagens: Ájax e Aquiles movimentando-se à esquerda, e uma mulher à direita,
acompanhada de um arqueiro. Não é possível, portanto, determinar quem recebe o
grupo central; a presença da mulher, entretanto, indica que é uma cena de chegada a
casa.
O grupo central é composto de Aquiles, o carregado, e de Ájax, o carregador.
Ájax e Aquiles são, geralmente, representados em trajes guerreiros. Aquiles está nu em
oito casos (Cat. n
os
160A-B, 162, 163A-B, 193, 199, 225, 232 e 248), e Ájax seminu em
dois casos (Cat. n
os
160A-B e 248) e nu em um (Cat. nº 163A-B). Das oito vezes em que
Aquiles está nu, em seis, ele é representado com uma longa cabeleira penteada com
mechas regulares (Cat. n
os
160A-B, 162, 163A-B, 193, 199 e 225); motivo presente,
influência de Exécias sobre seus contemporâneos (MOORE, 1980, p. 427-429) e as de Dietrich von
Bothmer acerca da influência do mesmo pintor sobre Eufrônio (VON BOTHMER, 1992, p. 17).
142
ainda, quando porta traje guerreiro (Cat. n
os
161, 195, 214, 218 e 224). Ájax também é
representado com essa cabeleira: três vazes em par com Aquiles (Cat. n
os
160A-B, 225 e
248)
42
e uma vez sozinho (Cat. 186). O elmo de Aquiles aparece, três vezes, envolto
por uma coroa de mirto (Cat. n
os
166, 177 e 196), e o de Ájax, uma vez (Cat. 196).
Uma característica particular de Aquiles é a representação de seu eídolon (Cat. n
os
187,
190 e 214).
Em quase todos os casos, eles portam seus escudos, que são, na maioria das
vezes, chanfrados. Os escudos são redondos somente quatro vezes (Cat. n
os
191, 197,
199 e 238); dentre as quais, apenas uma vez com Aquiles (Cat. 197), caso único em
que o artesão Maneira do Pintor de Antímenes quis representar os escudos de ambos
redondos. O escudo chanfrado é, enfaticamente, uma característica do grupo central;
pois, aparece uma vez com um personagem secundário, o hoplita que recebe o grupo
central na ânfora de um artesão do Círculo do Pintor Exécias (Cat. nº 179)
43
. Os escudos
não são representados em poucos casos (Cat. n
os
160A-B, 161, 162, 163A-B, 225, 232 e
248); na maioria deles, Aquiles está nu, despido de sua armadura, exceto em um (Cat.
n
os
161). Três vezes Ájax tem escudo e Aquiles não (Cat. 164A-B, 199 e 205), e uma
vez, o contrário (Cat. 218).
Os escudos costumam ter emblemas. Os motivos são bastante diversos e
receberam atenção diferenciada dos artesãos, uma vez que os representaram com maior
ou menor frequência. Pela disposição do carregador e do carregado, os escudos portados
por Ájax são os únicos mostrados de frente, permitindo, facilmente, a identificação dos
emblemas, que são: a) dupla flor de lótus (Cat. 164A), b) águia e serpente (Cat. n
os
164B, 208 e 216), c) águia e pantera (Cat. 177A), d) pantera (Cat. n
os
165 e 170), e)
cabeça de pantera (Cat. n
os
174, 188, 229 e 235), f) cabeça de pantera entre águias
(Cat. 166), g) cabeça de pantera entre leões (Cat. n
os
171 e 177A), h) cabeça de
pantera entre serpentes (Cat. n
os
201 e 214), i) cabeça de pantera entre raios (Cat. n
os
209, 210 e 240), j) cabeça de pantera entre círculos brancos (Cat. n
os
213 e 228), k)
rosácea entre serpentes (Cat. n
os
167, 181, 185, 212, 241 e 242), l) rosácea entre raios
42
No fragmento de cálice do Pintor Dúris (Cat. 248), não aparece a cabeça de Aquiles, mas é
provável que Aquiles tenha sido representado com esse motivo; como, por exemplo, no cálice por um
artesão à sua Maneira (Cat. nº 85).
43
Em uma outra vez, outros personagens aparecem com o escudo chanfrado (cf. Cat. 199); mas,
nesse caso, são Neoptólemo e Menelau, o primeiro em duelo com Enéias e o segundo com Páris,
compondo, na verdade, outras cenas.
143
(Cat. n
os
172, 189, 207, 243, 245 e 247), m) rosácea entre águias (Cat. 182), n)
rosácea entre bolas brancas (Cat. nº 205), o) rosácea entre flores (Cat. nº 219), p) galos
brigando (Cat. 168), q) serpente e leão (Cat. 175), r) bola(s) branca(s) (Cat. n
os
183, 184, 204 e 206), s) bola branca entre serpentes (Cat. n
os
194, 227 e 246), t) bola
branca entre águias (Cat. n
os
211e 239), u) bola banca entre raios (Cat. n
os
230 e 233),
v) golfinhos (Cat. 197), x) Gorgóneion entre pares de panteras (Cat. 217), y)
Gorgóneion entre rosáceas (Cat. 226), z) águia entre serpentes (Cat. 223). Os
emblemas dos escudos portados por Aquiles são difíceis de serem observados; pois,
quando chanfrados, são representados, invariavelmente, de perfil. Nos casos em que a
observação é possível, os emblemas são: a) pantera (Cat. 166), b) Gorgóneion (Cat.
n
os
167, 170, 173, 177A e 214), c) cabeça de leão (Cat. 177B), d) máscara de sileno
(Cat. n
os
183, 184, 185, 208, 212, 219 e 228), e) bola(s) branca(s) (Cat. n
os
189, 194,
198, 204, 207, 215, 230, 234 e 245), f) guirlanda de hera (Cat. 211), g) círculos com
ponto e estrelas (Cat. nº 216), h) cabeças de pantera (Cat. nº 218).
O grupo central é representado sozinho em quase um quarto dos casos
44
;
entretanto, na maioria das vezes, ele está acompanhado de personagens secundários,
que podem ser: a) guerreiros: arqueiro (Cat. n
os
164A-B, 179, 180, 181, 182, 183, 185,
187, 188, 189, 191, 194, 195, 200, 201, 215, 216, 217, 219, 221, 230, 233, 234 e 245) e
hoplita (Cat. n
os
165, 176, 179, 182, 183, 185, 192, 193, 196, 199, 201, 205, 206, 208,
212, 214, 216, 217, 218, 224, 227, 229, 232, 239 e 245); b) divindades: Atena (Cat. n
os
164B e 232) e Hermes (Cat. n
os
197 e 208); c) não guerreiros: idoso (Cat. n
os
164A,
180, 184, 198, 201, 204, 209, 213 e 219), mulher (Cat. n
os
166, 168, 175, 176, 181, 182,
183, 185, 187, 189, 190, 191, 192, 195, 197, 205, 206, 207, 210, 212, 217, 220, 221,
222, 223, 226, 227, 228, 230, 236, 238, 240, 241, 242, 243 e 244), jovem (Cat. n
os
164A-B, 206 e 244), homem (Cat. n
os
167, 192, 206 e 237) e outra mulher (Cat. n
os
168,
175, 190, 207, 210, 222, 226 e 238).
A representação dos personagens guerreiros é bastante equilibrada; pois,
arqueiro e hoplita são representados vinte e cincos vezes cada um, aparecendo em
quarenta e quatro
45
dos oitenta e nove vasos. As divindades também têm representação
balanceada, apesar de aparecerem poucas vezes. Entre os personagens não guerreiros, o
idoso e a mulher estão em destaque. O idoso é representado nove vezes e a mulher trinta
44
Cf. os vasos listados nos esquemas I
A
e II
A
.
45
Em seis casos, eles são representados no mesmo vaso (Cat. n
os
182, 183, 185, 201, 217 e 245).
144
e seis. Eles jamais são designados por inscrições; não estão, todavia, no anonimato
absoluto; pois, aparecem em correspondência com Peleu e Tétis, nas cenas de
armamento e de partida, são o pai e a mãe do guerreiro morto. A outra mulher também
tem representação expressiva, oito vezes; o jovem e o homem são pouco
representados, quatro vezes cada um.
Os gestos realizados pelos personagens não guerreiros são variados, porém,
recorrentes. O idoso aparece, na maioria das vezes, inerte (Cat. n
os
164A, 189, 198, 204,
209, 213, 220, 223 e 240); algumas vezes realiza um gesto que acompanha a emissão da
palavra (Cat. n
os
180, 201, 215 e 217) e, em outras, tem a mão na cabeça (Cat. n
os
184 e
219). A mulher aparece, na maioria das vezes, realizando um gesto que acompanha a
emissão da palavra (Cat. n
os
166, 167, 168, 184, 194, 205, 207, 209, 212, 217, 220, 221,
223, 227, 228, 236, 238, 241, 242 e 243) e, em outras, ela pode estar balançando os
braços (Cat. n
os
175 e 213), com os braços envoltos (Cat. n
os
176, 206, 216, 222, 230,
240 e 244), ou ter a(s) mão(s) na cabeça (Cat. 179, 182, 183, 185, 189, 192,198, 204
e 210) no peito (Cat. n
os
187, 190 e 191), envolta pelo manto (Cat. 197)
46
. O jovem
está sempre inerte (Cat. n
os
164A-B, 206 e 244). Das quatro vezes em que o homem é
representado, em uma realiza um gesto que acompanha a emissão da palavra (Cat.
167), e, nas outras, está inerte (Cat. n
os
192, 206 e 237). A outra mulher aparece nas
cenas em que flanqueia o grupo central com a mulher, mãe do guerreiro. Quando está
parada, pode realizar um gesto que acompanha a emissão da palavra (Cat. n
os
168, 207
e 238), ter a(s) mão(s) na cabeça (Cat. n
os
175, 210 e 226), no peito (Cat. 190), ou
envolta pelo manto (Cat. nº 222).
4.3 Síntese
Assim como nos capítulos anteriores, as análises iconográficas das cenas de
Sarpédon e de Aquiles demonstram estarem suas composições ligadas, em primeiro
lugar, à tradição dos artesãos. Na cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles, fica
evidente como, no interior da própria tradição artesã, as composições surgem em um
momento e influenciam por um tempo; para, em seguida, serem reformuladas, passando
as novas a dominarem em outro momento. Na cena de Sono e Morte carregando o
corpo de Sarpédon, a relação com a tradição artesã é ainda mais patente, pelo fato de os
artesãos adaptarem, para um tema novo, os esquemas criados para a cena de Aquiles.
46
Em dois casos, não é possível determinar seus gestos (Cat. n
os
195 e 239).
145
Essas constatações indicam, mais uma vez, que, mais importante do que
perguntar pelas relações das representações dos artesãos com a tradição literária, é
necessário colocar o foco na própria tradição artesã, verificando os esquemas
iconográficos que elaborou para cada uma delas.
CAPÍTULO 5. A GUERRA DE TRÓIA NO IMAGINÁRIO ATENIENSE
A guerra esteve presente em, praticamente, toda a história da Grécia antiga. A
História que nasce com Heródoto, no século V a.C., é a história de uma guerra, a guerra
entre os gregos e os persas. Tucídides, logo em seguida, dedica seu esforço na tentativa
de esclarecer as razões da guerra entre Atenas e Esparta e, na tentativa de demonstrar
ser essa guerra a maior de todas, passa em revista todas as anteriores. Nos poemas mais
antigos de que se tem notícia, a Ilíada e a Odisséia de Homero, o poeta canta, em seus
versos, a guerra que permanecerá, de maneira marcante, na memória dos gregos por
toda a sua história: a Guerra de Tróia. Em torno desse tema, formou-se o Ciclo Épico, o
conjunto literário que conta essa guerra do início ao fim.
Evento fundamental para os gregos antigos, a Guerra de Tróia é matéria de
dúvidas para grande parte dos arqueólogos, historiadores e helenistas atuais que
questionam a veracidade de seu acontecimento, ao menos como relatado pela tradição
literária (cf. CARLIER, 1999; DE ROMILLY, 1999; DUCREY, 1999). Mesmo
partilhando desse questionamento, o foco de minha atenção não recai nem na
historicidade da Guerra de Tróia, nem em sua história propriamente dita, mas no
significado atribuído a ela pelos atenienses nos séculos VI-V a.C. em suas
representações iconográficas.
Meu interesse volta-se para o lugar da guerra no imaginário ateniense. Por
imaginário, entendo o sistema de representações coletivas, isto é, o conjunto de idéias e
de valores próprios da sociedade ateniense. Esse imaginário expressa-se, como qualquer
outro, por discursos, imagens, ritos, práticas, performances. Ele comporta mitos,
crenças, conceitos; constrói identidades e exclusões; divide e aponta, no social,
semelhanças e diferenças (cf. BACZKO, 1985).
Se, nesse sentido, afirmo ser a Guerra de Tróia um elemento constitutivo do
imaginário ateniense nos séculos VI-V a.C.; remeter sua iconografia às representações
dos atenienses sobre a atividade guerreira em seu próprio tempo; serem suas imagens
pintadas manifestações da imagem que a cidade de Atenas faz de si mesma em relação à
guerra; e ser a Guerra de Tróia um acontecimento presente na memória coletiva dos
atenienses, no qual a cidade fundamenta seus valores, sua sociedade e os respectivos
papéis sociais de seus cidadãos; é por entender haver uma relação entre imagens e
147
sociedade e serem as imagens construções do imaginário social, que permitem uma
aproximação às representações coletivas.
Ao afirmar que a Guerra de Tróia está na memória coletiva dos atenienses, quero
dizer que ela é um de seus conteúdos essenciais, ou seja, um conjunto de imagens do
passado, que a sociedade ateniense conserva e reconhece enquanto elemento
significativo da sua história; conjunto que, na realidade, é o resultado de um constante
trabalho de seleção e de reconstrução do próprio passado, a partir das experiências do
presente
1
.
5.1 Guerra e sociedade
Essa concepção implica haver uma estreita relação entre guerra e sociedade.
Todavia, nem sempre esses dois temas estiveram associados; por isso, um balanço
historiográfico, ainda que breve, faz-se necessário.
A historiografia da guerra passou, no século XX, por uma transformação.
Conforme Yvon Garlan (1999b), essa mudança deveu-se a um olhar para o mundo
contemporâneo, um mundo marcado pela guerra, por conflitos envolvendo libertações
nacionais e causas sociais, pelo desenvolvimento das forças de destruição, pela ameaça
permanente de uma catástrofe nuclear. Essas marcas levaram os historiadores a
considerar seriamente o fato militar em todas as suas implicações e a pensar a história
de maneira diferente.
No caso da história militar grega, os historiadores abandonaram os métodos
essencialmente descritivos e se voltaram para uma reflexão temática e problemática da
guerra, desembocando em uma sociologia da guerra. No final da Segunda Guerra
Mundial, Hilda Lockhart Lorimer (1947) deu o primeiro impulso rumo a uma história
sociológica da guerra na Grécia antiga, ao estabelecer relações entre armamento e
sociedade. Com isso, ela questionou a idéia, construída sobre as fontes escritas, de que a
evolução do armamento e das táticas de combate deu-se por uma “revolução dos
hoplitas”, argumentando, sobretudo a partir dos dados arqueológicos, ter havido, ao
contrário, uma evolução relativamente lenta do armamento e do modo de combate,
conjugada com a das práticas sociais.
Logo depois, nos anos que se seguiram ao fim da guerra, AndAymard (1967)
realizou, na perspectiva teórica da escola historiográfica dos Annales, seminários
1
Para esse conceito de memória coletiva, veja-se Maurice Halbwachs (2006).
148
temáticos sobre os reféns, o saque, os mercenários, a vitória, a derrota, e tantos outros
que demonstravam uma sociologia da guerra na Antiguidade Clássica. Ele formou toda
uma geração de pesquisadores, que, a partir dos anos sessenta, dedicaram-se, na linha de
pesquisa aberta por ele, a estudar não mais as guerras, mas a guerra, entendida agora
como um fenômeno social, econômico, religioso, cultural etc., em sua “longa duração”,
isto é, sua permanência na História (cf. GARLAN, 1999b).
Significativas e marcantes, nessa direção, foram as conferências proferidas, em
1965, no Centro Louis Gernet, em Paris, na França, dedicadas aos Problemas da guerra
na Grécia antiga, onde, sob a direção de Jean-Pierre Vernant, uma grande equipe de
especialistas dedicava-se a estudar a guerra, partilhando a idéia de que, para os gregos
da época clássica, ela era natural. Essa concepção decorre do fato de que os gregos
organizados em pequenas cidades, orgulhosas de sua independência e desejosas em
afirmar sua supremacia, viam, na guerra, a expressão normal da rivalidade que preside
as relações entre seus Estados, sendo que a paz, isto é, momentos de tréguas,
inscreviam-se como tempos perdidos na trama dos conflitos. Adeptos de uma
abordagem antropológica e histórica, que buscava compreender as relações entre guerra
e sociedade, partilhavam da compreensão de que essa presença, natural e necessária da
guerra, não se constituía, na vida social grega, em um domínio à parte, com suas
instituições, seus valores, sua ideologia, mas que, antes, confundia-se com a vida
comunitária do grupo, tal qual ela exprime-se nas estruturas do Estado. Portanto, a
guerra não está apenas submissa à cidade, a serviço da política, ela é a própria política,
identificando-se, assim, com a cidade, pois o papel do guerreiro coincide com o de
cidadão, ou seja, ele manifesta-se como guerreiro, uma vez que ele é um agente político
com o poder de decidir as questões comuns do grupo (cf. VERNANT, 1999).
5.2 Guerra e religião
A abordagem sociológica, portanto, concebe a guerra como um fenômeno que
abrange todas as dimensões da realidade - humana, política, econômica, social e
cultural-; foram, porém, os aspectos políticos da guerra que receberam maior atenção.
Com o passar do tempo, outros elementos foram ganhando espaço no interesse da
historiografia.
149
Na França, em 1999, inúmeros estudos sobre guerra e sociedade no mundo
grego na época clássica
2
dispensaram boa parte da atenção à dimensão religiosa da
guerra. Madeleine Jost (1999a) postula, por exemplo, que a relação entre guerra e
religião é mais ampla que o simples estudo dos ritos, pois engloba tanto o papel da
religião no desencadeamento ou na suspensão dos combates, como a repercussão da
guerra sobre a religião; o que é um importante aspecto da relação entre guerra e
sociedade na época clássica. Em outro estudo, Jost (1999b), além de apresentar as
divindades atuantes na esfera da guerra, destaca que os gregos sentiam-se fortemente
ligados aos imperativos religiosos e que havia, no plano das crenças, uma grande
estabilidade na concepção das relações entre as divindades e os homens em situações de
guerra.
Louise Bruit-Zaidman (1999), de igual maneira, entende que, na relação entre
guerra e religião, é necessário considerar não apenas as instituições religiosas e os ritos,
mas, também, as representações que estruturam o imaginário social. Considerando
permitirem essas representações a compreensão da natureza e da significação das
práticas religiosas, Bruit-Zaidman destaca que os deuses permeiam todos os aspectos da
vida social, todas as atividades, privadas ou públicas, da vida dos cidadãos, inclusas aí,
a concepção e a realização da guerra.
Jean-Pierre Vernant (1996b; 1996d) havia realizado, nesse sentido, alguns
estudos sobre o tema morte na Grécia arcaica, o ideal heróico da bela morte, o qual eu
entendo ser o fundamento da concepção da atividade guerreira dos atenienses nos
séculos VI-V a.C.. A idéia de bela morte, segundo ele, refere-se ao conjunto de
representações e de valores atribuídos à morte, que orienta a maneira de ser e de agir do
guerreiro
3
.
Em Homero, a bela morte designa o jovem guerreiro que, na flor da idade, na
plenitude de sua virilidade, morre, corajosamente, valentemente, em batalha:
Tudo fica bem ao homem novo
2
Esse foi o tema dos concursos CAPES Certificat d’aptitude au professorat de l’enseignement
secondaire (Certificado de habilitação à docência no ensino médio) e Agrégation (Admissão ao cargo de
professor universitário), para as áreas de Geografia e de História no ano de 1999. Foi nessa ocasião que
foram re-editadas as já clássicas obras de Jean-Pierre Vernant (1999) e de Yvon Garlan (1999a; 1999b).
3
Valor refere-se à maneira de ser ou de agir que um indivíduo ou uma coletividade reconhecem
como ideal e que torna desejáveis ou estimáveis os indivíduos, os grupos ou as condutas a que ele é
atribuído (cf. FERREÓL, 2007, p. 108).
150
chacinado na guerra, quando jaz golpeado pelo bronze afiado.
Morto embora esteja, tudo nele é belo, tudo o que está à vista.
(Ilíada XXII. 71-73).
A idéia de bela morte remete, portanto, a um ideal heróico, no qual essa maneira
de morrer confere ao guerreiro morto uma iniciação ao conjunto de qualidades,
prestígios e valores pelos quais, ao longo de suas vidas, os melhores, aqueles que
compõem a elite heróica, entram em competição.
Aquiles, o melhor dos Aqueus (Ilíada II. 769), e Heitor, o melhor entre os
Troianos (Ilíada VI. 477), são os representantes máximos desse ideal no poema. Aquiles
escolhe uma vida breve que trará a “glória imperecível”, em detrimento de uma vida
longa sem ela (Ilíada IX. 410-416); Heitor, mesmo convencido de que perecerá diante
de Aquiles, deseja, em sua condição de guerreiro, transformar sua morte em “glória
imperecível” (Ilíada XXII. 304-305).
A bela morte, dessa maneira, eleva o guerreiro, ameaçado pela morte a
desaparecer, a ser esquecido, a um estado de glória. A busca por essa glória reveste-se
de pleno sentido em uma cultura em que cada um existe em função dos outros, ou seja,
sob os olhos e pelos olhos dos outros, na qual a reputação, o renome, é tudo o que conta
para uma pessoa. Se a morte é o esquecimento; existir, ao contrário, é, seja vivo ou
morto, encontrar-se reconhecido, estimado, honrado, em suma, glorificado.
O guerreiro, nesse estado, ainda que fisicamente morto, permanece vivo. Tido
entre os melhores, como herói, ele passa a ser objeto de um canto de louvor, de um
relato de seus feitos, de seu destino glorioso. Exaltado, o herói é inscrito na memória
social, passando a viver na lembrança de todos que o admiram.
A glória imperecível que o herói adquire abre-lhe, também, o acesso a uma
inalterável juventude. A beleza excepcional do corpo juvenil, sua virilidade, seu vigor,
sua força, permanece manifesta justamente ali no cadáver inerte e sem vida.
Assim, o ideal heróico, segundo Vernant (1996c; 2001), constitui uma das
respostas que os gregos elaboraram face ao problema do declínio inexorável das forças,
do envelhecimento contínuo, da fatalidade da morte. Essa idealização da morte é,
portanto, a tentativa heróica de não cair na obscuridade do esquecimento, de se fundir
na massa indistinta dos anônimos, de afastar o horror do caos, do informe, da falta de
sentido, e de afirmar a permanência social desta individualidade humana que, por
natureza, deve, necessariamente, desaparecer. Eis a solução que o ideal heróico dá à
condição humana: encontrar na morte o meio de ultrapassar essa condição, vencer a
151
morte pela própria morte, dando a ela um sentido que não tem, pois a morte, quanto a
isso, é totalmente desprovida.
Essa concepção do ideal heróico da bela morte inscreve a atividade guerreira na
esfera religiosa. Conforme Arnold van Gennep (1909), todo indivíduo passa, no curso
de sua vida, por vários estatutos sociais, com transições marcadas por ritos de
passagem, elaborados diversamente pelas sociedades. O nascimento é a ocasião do
primeiro deles, a vinda ao mundo. O período de crescimento é, geralmente, dividido em
vários estágios, como a infância, a adolescência e a juventude. Entretanto, é o acesso à
vida adulta que, frequentemente, vem acompanhado de ritos, chamados de ritos de
iniciação. Através desses ritos, por exemplo, o homem e a mulher tornam-se esposo e
esposa; a mulher torna-se mãe; o homem, um guerreiro. A morte é, certamente, o último
rito de passagem, pelo qual se confere ao defunto as novas propriedades, que permitirão
os contatos futuros com o mundo dos vivos. Segundo van Gennep, todos esses ritos
decompõem-se em categorias secundárias, que se realizam em três fases: a de
agregação, na qual o indivíduo adquire um novo estatuto; a de margem, na qual o
indivíduo está entre dois estatutos; a de separação, na qual o indivíduo sai de seu estado
anterior.
Os três momentos nodais da atividade guerreira, o armamento e a partida do
guerreiro, os duelos e o retorno do guerreiro morto em batalha, são ritos de passagem.
No primeiro, realiza-se um rito de iniciação, no qual o jovem grego adquire o estatuto
de guerreiro. No segundo, o guerreiro encontra-se em uma fase de latência, pois ao
mesmo tempo em que já foi admitido como guerreiro, ainda não é, necessariamente, um
herói, uma condição que dependerá de sua performance. Por fim, no terceiro, realiza-se
um rito de separação, no qual o guerreiro sai do estatuto de cadáver e passa ao de belo
morto.
5.3 A guerra envolve toda a cidade
São as relações estabelecidas entre guerra e sociedade e guerra e religião que
permitem afirmar estar toda a sociedade ateniense envolvida com a guerra. Em todos os
três momentos nodais da atividade guerreira, o armamento e a partida do guerreiro, os
duelos e o retorno do guerreiro morto em batalha, participam as categorias essenciais
dessa sociedade: os guerreiros, hoplitas, arqueiros e cavaleiros; e os não guerreiros,
homens, mulheres, idosos e jovens. Os papéis sociais desempenhados por cada uma
152
dessas categorias devem ser apreendidos, portanto, no contexto da sociedade ateniense e
de seu imaginário.
5.3.1 O armamento e a partida do guerreiro
Na cena de armamento, os esquemas iconográficos colocam em primeiro plano
um guerreiro e uma mulher, sua mãe, que lhe entrega sua armadura. Apesar de ser de
natureza guerreira, e voltada, primeiramente, para o guerreiro, esta é única cena em que
um personagem não guerreiro, a mulher, compõe, com tanto destaque, o grupo central.
Ela está presente em todas as imagens, portando a panóplia do guerreiro. A mulher tem,
portanto, uma função essencial: a de fazer de seu filho um guerreiro, ou seja, ela realiza
um rito de passagem através do qual seu filho é admitido como guerreiro. Ao fazerem
dos homens guerreiros, “as mulheres dão guerreiros à cidade” (LISSARRAGUE, 1984,
p. 42).
Com vistas a ressaltar o significado e as implicações dessa função da mulher
4
,
faço um contraste com os ritos realizados na efebia. A efebia está relacionada à
equivalência entre tornar-se cidadão e tornar-se guerreiro (cf. BRUI-ZAIDMAN, 1999).
Na efebia primitiva, de datação incerta, a entrada na idade adulta e na vida citadina
supunha que o jovem grego fosse capaz de defender a cidade. Assim, a efebia era, ao
mesmo tempo, uma iniciação à vida guerreira e uma confirmação da integração do
guerreiro no grupo político. A efebia foi integrada na cidade de Atenas na festa da
Apatúria, que marcava o momento da vida do jovem ateniense, no qual ele era admitido
na fratria de seu pai, o qual jurava ser seu filho um legítimo ateniense. O mito destinado
4
O papel da mulher na Grécia antiga, sobretudo no contexto da guerra, ainda é matéria debatida e
inconclusa. Dyfri Williams (1983), por um lado, em um estudo dedicado aos problemas de interpretação
da representação da mulher nos vasos atenienses, entende que a pintura desses vasos foi feita,
essencialmente, a partir de uma visão masculina, na qual as atitudes sociais referentes às mulheres ecoam
o preconceito preservado em outras fontes históricas. François Lissarrague (1991), por outro, trabalhando
uma série de vasos áticos dos séculos VI-V a.C., entende ter tido a mulher ateniense, desse período, uma
participação mais efetiva na guerra. Lissarrague destaca, quanto a isso, que, nas cenas de armamento, o
lugar das mulheres é mais importante do que os documentos escritos nos fazem supor. Pois,
frequentemente, é uma mulher que se encontra diante do guerreiro entregando-lhe sua armadura, o que
significa que guerra não é um simples negócio de homens, ela concerne à cidade inteira, ela implica a
participação das mulheres. No mesmo sentido vai o estudo de Pascal Payen (2004), que, a partir de fontes
literárias e iconográficas, defende ter havido entre mulheres e homens um conjunto de interferências e de
complementações, no respeita à função combatente.
153
a explicar essa festa a associa a um duelo entre um rei de Atenas e um da Beócia. Esse
duelo, acontecendo em uma localidade fronteiriça, estabelece uma aproximação com o
juramento do jovem efebo de proteger as fronteiras da cidade (cf. VIDAL-NAQUET,
1999).
Se na efebia, era o homem, o pai do efebo, que iniciava seu filho na condição de
cidadão e de guerreiro, na cena do armamento, é a mulher, a e do guerreiro, que
exerce essa função. Os artesãos, ao representarem a mulher nesse papel, não estão,
provavelmente, retratando uma prática de sua época; porém, considerando serem as
imagens portadoras de significados partilhados, essa representação indica a existência
de concepções divergentes, na sociedade ateniense, em relação à participação das
mulheres na esfera da guerra.
Os artesãos exprimem, ainda, outros valores da sociedade ateniense,
relacionados tanto à vida cotidiana quanto à atividade guerreira. A representação de
Aquiles atrelando seus cavalos tem uma importância fundamental para o guerreiro
5
. O
cavalo, atrelado a um carro de guerra, é o complemento indispensável da panóplia
heróica. Nenhum combatente pode ser tido como valoroso se não possui um ou mais
cavalos (cf. SCHNAPP-GOURBEILLON, 1981).
Nos esquemas I e II, a armadura do guerreiro ocupa o lugar central. A armadura
é, ao mesmo tempo, o complemento do guerreiro e o prolongamento de seu corpo
(MONSACRÉ, 1984). No campo da atividade guerreira, o corpo e a armadura partilham
uma série de propriedades. Semelhante a uma segunda pele, a armadura é adaptada,
ajustada e unida às partes do corpo que ela protege. Essa estreita correspondência entre
o corpo do guerreiro e a armadura, além do fato de que ela é a primeira condição para o
combatente ser eficaz, serve para sublinhar as qualidades físicas do guerreiro. Bem
ajustada ao corpo do guerreiro, a armadura é o seu duplo. A armadura é, de certa
maneira, o próprio guerreiro. Não uma fronteira tida entre as qualidades
propriamente individuais de um guerreiro e aquelas de sua armadura. De certo modo, a
armadura, sendo igual ao guerreiro, encarna em si mesma os sinais reconhecíveis de sua
potência.
Assim são Aquiles e sua armadura, terrificando seus adversários:
Aos Troianos deslassou os membros o pávido tremor,
apavorados, quando viram o Pelida de pés velozes
5
Cf. Cat. nº 3 para a cena do armamento e Cat. nº 47 para a de partida.
154
refulgente nas suas armas
(Ilíada XX. 44-46).
No primeiro esquema iconográfico, várias imagens contém, no seu centro, a
mulher entregando ao guerreiro um escudo chanfrado encimado por um elmo
6
. O
escudo chanfrado, segundo um código iconográfico, remete à idéia de heroísmo
7
. E
elmo e escudo, assim dispostos, parecem representar uma sorte de duplo do guerreiro,
um guerreiro ideal, do qual ele se revestirá para a guerra.
A mulher, Tétis, oferece, também, ao guerreiro, Aquiles, uma coroa, a qual à
imagem uma significação simbólica; ela traduz a profecia de Tétis, relatada por Aquiles:
Na verdade me disse minha mãe, Tétis dos pés prateados,
que um dual destino me leva até o termo da morte:
se eu aqui ficar a combater em torno da cidade de Tróia,
perece o meu regresso, mas terei um renome imorredouro;
porém se eu regressar a casa, para a amada terra pátria,
perece o meu renome glorioso, mas terei uma vida longa,
e o termo da morte não virá depressa ao meu encontro
(Ilíada IX. 412-413).
Assim, o escudo destina-se à guerra, enquanto a coroa à glória (cf.
TOUCHEFEU-MEYNIER, 2000). Aquiles vai à guerra, portanto, como um herói
destinado à glória imperecível
8
.
Os emblemas dos escudos tinham significados simbólicos, relacionados às
atitudes com a quais o guerreiro pretendia atuar na guerra. No entanto, por falta de
informações seguras, se pode fazer conjeturas, e, assim mesmo, somente para alguns.
A pantera se estiver associada a Dioniso, significa o aspecto bestial e selvagem da
energia divina por ele inspirada (cf. LISSARRAGUE, 1987)
9
. O gorgóneion, a máscara
6
Cf. Cat. n
os
1, 4, 6, 8, 9 e 10.
7
Anthony M. Snodgrass (1967; 1986) defendeu a idéia de que esse escudo não tenha existido,
sendo apenas uma criação iconográfica dos pintores do período geométrico, que permaneceu como um
mecanismo favorito dos artistas gregos, para indicar que a cena foi tomada da épica heróica. John
Boardman (1983), descontente com a opinião corrente de que esse escudo tem apenas um caráter mítico e
heróico, a partir de um estudo mais detalhado da evolução de sua representação, cogitou a possibilidade
de sua existência. Haiganuch Sarian (1989) defende sua existência, entendendo que se trata do escudo
micênico.
8
Cf. Cat. nº 11, e, também o nº 22.
9
Cf. Cat. nº 1.
155
da Górgona, pode significar o furor da carnificina (cf. VERNANT, 2006)
10
. A serpente
está associada ao morto em várias cenas funerárias nos vasos do período geométrico,
nas quais ela simboliza o morto, pintada sobre a estela ou habitando o túmulo (cf.
GARLAND, 1985). À luz dessa associação, a serpente pode significar a bela morte à
qual Aquiles está destinado
11
.
A corporeidade humana é um fenômeno social e cultural, e o corpo está
carregado de significados simbólicos, sendo, portanto, objeto de representações e
imaginários (cf. LE BRETON, 2007). Moldado pelo contexto social e cultural em que o
ator se insere, o corpo é o vetor semântico pelo qual a relação do homem com o mundo
é construída: as atividades perceptivas, a produção da aparência, as técnicas do corpo, o
conjunto de gestos, a expressão dos sentimentos, etc.
A existência é, essencialmente, corporal. Os usos físicos que o homem faz de
seu corpo dependem de um conjunto de sistemas simbólicos. Do corpo nascem e se
propagam as significações que fundamentam a existência humana, seja no plano
individual, seja no coletivo. Através do corpo, o homem, servindo-se dos sistemas
simbólicos que compartilha com sua sociedade, apropria-se da vida e a traduz aos
outros.
Os artesãos expressam a corporeidade de seus personagens através de vários
artifícios iconográficos. Um deles é a representação do guerreiro nu, como um meio de
fazer referência ao heroísmo, isto é, à nudez heróica (cf. BONFANTE, 1989)
12
. Outro é
a longa cabeleira do guerreiro. Os Aqueus são nomeados por Homero, em várias
ocasiões, pelo epíteto de “Aqueus de longos cabelos” (cf. Ilíada IX. 45). O jovem
guerreiro tinha uma longa cabeleira desde a idade da efebia, que eles tratavam com
grande cuidado em momento de perigo, como o da guerra. Essa cabeleira estava
associada à cabeleira da Górgona. A beleza viril do guerreiro, realçada por uma
cabeleira longa, comporta, nessa associação, um aspecto aterrorizante, cujo efeito, no
campo de batalha, é um sinal de vitória (cf. VERNANT, 2006). Na cena do armamento,
a longa cabeleira, com seu aspecto terrificante, demonstra a concepção que o guerreiro
10
Cf. Cat. n
os
2, 15 e 28.
11
Cf. Cat. n
os
33 e 34.
12
Aquiles é representado nu ou seminu em várias imagens (Cat. n
os
3, 6, 7, 10, 11, 14, 17, 18, 21,
24, 30 e 38).
156
tem de si mesmo; nas cenas de duelo, implica o sentimento que pretende provocar em
seus adversários
13
.
Os artesãos representam, do mesmo modo, os sentimentos dos personagens. Eles
não chegam a mostrar Aquiles chorando em lágrimas, mas, apresentando-o envolto pelo
manto e cabisbaixo
14
, retratam os sentimentos que provocam o choro e fazem derramar
as lágrimas. No Aquiles entristecido e consternado, os artesãos exprimem um dos
valores integrantes do guerreiro, o choro (cf. MONSACRÉ, 1984). A guerra é, por
excelência, uma fonte lágrimas, uma vez que acarreta a morte. As lágrimas não são
reservadas aos familiares dos guerreiros mortos em combate, os heróis também choram.
Ao mesmo tempo em que aceitam o combate, no qual arriscam a própria vida sem
algum temor, não permanecem insensíveis à perda de um amigo. Em Homero, todos os
grandes heróis, por um motivo ou outro, choram. Aquiles ao ser informado da morte de
Pátroclo, seu estimado amigo, chora desesperadamente, vertendo lágrimas escaldantes
(Ilíada XVIII. 1-27). O guerreiro é herói tanto por sua coragem em face da morte,
quanto por sua proximidade da dor. É essa dor de Aquiles que os artesãos representam
em suas imagens. Mais uma vez é a mulher, Tétis, mãe de Aquiles, que se faz presente
de maneira marcante entregando a nova armadura e consolando seu filho
15
.
Os demais personagens que acompanham o grupo central têm um papel menos
destacado. A deusa Atena é a única divindade representada. O que a deusa aprecia em
um homem não é a sua fúria, mas sim a prudência e a dignidade (cf. OTTO, 2005). No
incidente da Ilíada em que Aquiles está enfurecido com Agamêmnon por causa de
Briseida (Ilíada I. 194-214) e pronto a atacá-lo com sua espada, Atena, postada atrás
de Aquiles, toca-o e revela-lhe que, se ele mantiver a calma nesse momento, mais tarde
ele será recompensado. A presença de Atena na cena de Aquiles sendo consolado por
Tétis pode significar algo semelhante
16
. Ela está postada logo atrás de Aquiles
aconselhando a ter prudência e dignidade na guerra.
13
Aquiles é representado com uma longa cabeleira em várias imagens (Cat. n
os
1, 2, 4, 6, 7, 8, 9,
10, 11, 12, 13, 16, 18, 21, 25, 27, 31, 34 e 35).
14
Envolto pelo manto: (Cat. n
os
27, 29, 32, 33, 37 e 39); Cabisbaixo: (Cat. n
os
27, 28, 29, 31, 35, 37
e 39).
15
Cf. Cat. n
os
28 e 29.
16
Cf. Cat. nº 29.
157
Os companheiros de guerra de Aquiles, hoplitas, arqueiro e jovens são bastante
representados, mas participam como meros acompanhantes ou observadores
17
. Entre os
não guerreiros, o idoso e a outra mulher, também, são bem representados
18
. O idoso,
outrora guerreiro, marca a presença como o depositário da autoridade política (cf.
LISSARRAGUE, 1984)
19
, mas participa na cena do armamento apenas como
observador. A outra mulher tem uma participação mais significativa. Em um caso, ela
segura um ramo de mirto a ser oferecido a Aquiles
20
. O ramo de mirto significa o
destino iminente da morte, e é dado àquele que está destinado a morrer (CHIRASSI,
1968, p. 23)
21
.
Na cena da partida de Aquiles, três personagens não guerreiros compõem o
grupo central no esquema I: a mulher, o idoso e o jovem. São essas as categorias da
sociedade ateniense que os artesãos valorizaram em suas escolhas, para as porem em
relação com a do guerreiro, que delas se despede em sua partida.
Apesar de os artesãos terem começado com a representação da despedida de
uma mulher, foi a da despedida de um idoso que recebeu, da parte deles, maior atenção,
retratando-a seis vezes contra apenas duas da mulher
22
. A representação da despedida
de um jovem também foi bem recorrente, mas em todos os casos ela está inerte
23
.
O idoso desempenha um papel fundamental nessas representações. Na qualidade
de pai do guerreiro, pai de Aquiles, ele tem a função de aconselhar, de dar instruções e
de fazer recomendações ao guerreiro que parte para a guerra, no caso Aquiles (cf. Ilíada
17
Hoplitas (Cat. n
os
3, 6, 11, 15, 23, 24, 26 e 30), arqueiro (Cat. n
os
23, 24, 25 e 26), jovens (Cat. n
os
15, 18, 19, 20, 21, 22 27 e 36).
18
Idoso (Cat. n
os
2, 6, 8, 9, 12, 16, 17, 18, 29 e 32), outra mulher (Cat. n
os
6, 8, 9, 12, 19, 20, 22, 30
e 34).
19
Nas cenas de armamento e de partida do guerreiro, o idoso é uma figura convencional, para
representar o pai do guerreiro (cf. WOODFORD; LOUDON, 1980).
20
Cf. (Cat. nº 12).
21
Além das referências literárias, Ileana Chirassi aponta, a esse respeito, uma representação tardia
em um sarcófago, na Campana romana, na qual Afrodite está dando um ramo de mirto a Mirtilo, seu
filho, prestes a morrer (CHIRASSI, 1968, p. 23).
22
Despedida de uma mulher (Cat. n
os
40 e 43), despedida de um idoso (Cat. n
os
41, 44, 45, 46, 47 e
47).
23
Cf. Cat. n
os
48, 50, 51 e 52.
158
IX. 253-258; XI. 785-788). Sua mão direita levantada, um gesto que acompanha a
emissão da palavra, evidencia seu ato de falar
24
.
A atuação da mulher acontece em outro plano, o religioso. Na maioria das vezes,
ela tem a mão envolta pelo manto
25
. Esse gesto pode ser interpretado de várias
maneiras. François Lissarrague, por exemplo, argumenta que esse gesto tem sido
compreendido como gesto de lamentação, mas que, à luz do fato de que ele aparece,
também, em cenas de armamento, a interpretação precisa ser revista, pois “chorar”, no
contexto do armamento, seria desejar sorte ao guerreiro. Assim, ele busca outros
contextos em que o gesto aparece. Uma vez que ele ocorre em certas sequências
sacrificiais, assumindo um forte valor religioso, provavelmente de prece, ele o entende
como “gesto de recolhimento, de concentração psicológica ligada à agonia do
momento” (LISSARRAGUE, 1990, p. 90).
Duas outras interpretações são possíveis. Na cena de partida, pode exprimir
sentimento de ansiedade por causa do filho que estará distante e em perigo na batalha
26
e, na de retorno, tristeza por sua perda. Todavia, prefiro entender como um gesto
apotropaico, isto é, cuspir na prega do manto para afastar o mal
27
. Na cena de partida,
significaria um pedido de proteção para o filho que parte para guerra; na de retorno, a
precaução para o êxito dessa última passagem.
O idoso e a mulher participam de maneira equilibrada no esquema II, em que o
guerreiro está realizando a libação para sua partida
28
. A libação remete a cena para a
esfera religiosa, e essas representações evidenciam crenças comuns aos guerreiros e aos
não guerreiros.
24
Cf. Cat. n
os
44 e 45.
25
Cf. Cat. 43. A mulher realiza esse mesmo gesto na despedida de um idoso (Cat. n
os
44, 45 e
46), e na cena do retorno de Aquiles (Cat. n
os
197 e 222).
26
David Schaps (1982) enfatiza como é marcante, na experiência da mulher, o sofrimento que
passa em relação a seus parentes distantes e correndo risco de vida nas batalhas. Plutarco apresenta, em
seu Apotegmas das laconianas, uma situação que contém a esfera emocional desse sofrimento: “Uma
delas, que tendo enviado seus filhos (...) à guerra (...), aguardava com ansiedade o resultado da batalha”
(Cf. 241C, 7).
27
Haiganuch Sarian chamou-me a atenção para a presença desse gesto em Teofrasto, Os
caracteres,: “Se um louco ou um epiléptico, arrepia-se e cospe na prega do manto” (cf. TEOFRASTO,
XVI, 14).
28
Cf. Cat. n
os
42 e 53.
159
Os rituais para tornarem os deuses favoráveis em tempos de guerra são os
mesmos que os da vida cotidiana em tempos de paz. As libações têm uma parte
importante nesses rituais. A libação pode estar associada ao sacrifício sangrento ou se
constituir como um ritual autônomo com sua própria coerência. Nessa última acepção, a
libação pode marcar uma partida ou um retorno, colocando os atos familiares sob a
proteção dos deuses (cf. BRUIT-ZAIDMAN; SCHMITT-PANTEL, 2002).
A libação consiste em derramar algumas gotas de líquido, como o vinho,
pronunciando-se algumas palavras. De maneira geral, a libação não tem somente uma
função apotropaica, isto é, como um meio para repelir a sorte, ela faz parte de
inúmeros rituais, e sela, de certo modo, uma aliança seja entre os mortais, seja,
simbolicamente, entre um deus e os mortais (cf. TOUCHEFEU-MEYNIER, 2000).
Geralmente, a mulher verte o vinho na fíala, do qual uma parte, aquela dos deuses, será
derramada no chão, enquanto que o resto será bebido por cada um dos participantes.
Realizando essa libação, que é oferenda e partilha, a mulher marca os laços que unem
uns aos outros os membros do grupo e afirma a relação que une esse grupo aos deuses
(cf. LISSARRAGUE, 1984).
5.3.2 Os duelos
Na segunda fase, o jovem ateniense, agora um guerreiro, deve, no acontecer da
guerra, provar sua força física, seus valores, sua excelência, mas, também, sua força
moral, colocando sua vida em risco de morte. Em suma, o guerreiro deve servir, por sua
morte, a cidade à qual pertence; a única que pode fazer dele um herói, celebrar os seus
feitos e estabelecer-lhe um culto.
Essa é uma concepção da vida, da qual fazem parte os valores guerreiros. A
guerra é condição necessária para que o guerreiro possa, por seus feitos, se constituir
como herói. A guerra é a via de acesso ao heroísmo (MONSACRÉ, 1984). A guerra,
para os gregos, tem um caráter agonístico, isto é, uma luta, um concurso, no qual os dois
oponentes portam-se com estima mútua e enfrentam-se com lealdade. Sob o olhar dos
deuses, todos os atos do guerreiro devem respeitar a concepção agonística da guerra (cf.
VERNANT, 1999).
Durante o século VII a.C., muitas das cidade gregas adotaram um novo tipo de
armamento, a panóplia hoplítica, e uma nova formação tática, a falange. Essa nova
forma de fazer a guerra afetou fortemente o comportamento do guerreiro. Uma enorme
distância separa, agora, o guerreiro hoplita do guerreiro arcaico. Esse último, tal qual
160
retratado na epopéia homérica, condensa sua atividade guerreira em feitos individuais,
como o duelo, no qual o guerreiro enfrenta seu oponente, sobretudo, para provar sua
excelência, bravura e coragem. A esses combates individuais, a falange opõe uma ação
coletiva, na qual o grupo está acima do indivíduo (cf. DETIENNE, 1999).
Os artesãos, entretanto, muito raramente representam esse tipo de combate e,
motivados pela tradição épica, privilegiaram, desde a época do surgimento da guerra
hoplítica, a representação dos combates em duelo (cf. SCHEFOLD, 1972).
Homero descreve algumas batalhas em grandes formações, mostrando o
combate de tropas numerosas lideradas por seus chefes (Ilíada IV. 427-430). Nessas
batalhas, os guerreiros põem-se em linhas, posicionam suas lanças para frente, apóiam
os escudos uns nos outros e começam o combate. Todavia, na maior parte das vezes, os
exércitos, dos Aqueus e dos Troianos, posicionam-se lateralmente como espectadores de
dois guerreiros, cada um representando um dos exércitos, que se enfrentam em um
combate ritual, definido por regras específicas e comuns, o duelo.
Na Ilíada, para dar dramaticidade às suas cenas, Homero, frequentemente,
estabelece uma comparação entre a sorte dos combatentes em duelo e a de uma presa,
um touro ou um gamo, face a seu predador, o leão (cf. SCHNAPP-GOURBEILLON,
1981). Do mesmo modo que a presa do leão está fadada à morte diante de sua
ferocidade e força suprema, o duelo é, para o guerreiro, um risco real, um prelúdio da
morte.
O estado de latência do guerreiro, nesse momento da atividade guerreira, fica
manifesto nas atuações de Aquiles e de Agamêmnon na guerra em Tróia. Em uma
sociedade do face a face, como a grega, o guerreiro deve, para ser reconhecido,
enfrentar seus oponentes em uma incessante competição pela glória, pois se encontra
sob o olhar de outro, e só existe por esse olhar. O guerreiro é o que os outros veem de si.
Sua identidade coincide, portanto, com a avaliação que a sociedade faz dele (cf.
VERNANT, 1996a; 1996e).
Esse é o espírito de Aquiles ao desejar a glória:
Que eu não morra é de forma passiva e inglória, mas por ter feito
algo de grandioso, para que os vindouros de mim oiçam falar!
(Ilíada XXII. 304-305).
O seu único critério de honra, isto é, a sua atitude de colocar a cada dia, a cada
momento, no combate, sua vida em perigo, demonstra o mesmo espírito. Aquiles pode
dizer: “[ponho] constantemente em risco minha vida na guerra” (Ilíada IX. 322). Mas
161
esse não é o caso de Agamêmnon aos olhos de Aquiles, que o reprova com duras
palavras:
“Pesado de vinho! Olhos de cão! Coração de gamo!
Armares-te para a guerra juntamente com o povo,
ou fazeres uma emboscada com os príncipes dos Aqueus:
isso nunca tu ousaste no coração. Tal coisa para ti seria morte
(Ilíada I. 225-228).
Aquiles e Agamêmnon representam, portanto, dois tipos de homens: Aquiles um
guerreiro valoroso e honrado, que receberá a glória imperecível e terá seus feitos
celebrados, permanecendo na memória coletiva; e Agamêmnon o anti-herói, a negação
de todos esses valores.
Além da busca pela glória e da atitude de pôr a vida em risco, outro valor
fundamental do código guerreiro é que o inimigo deve ser afrontado em um face a face,
em pleno dia, com forças iguais, até o fim. Os oponentes devem estar de acordo, com
respeito ao combate. Em Homero, encontram-se vários exemplos desse código nos
desafios que precedem os duelos (cf. LETOUBLON, 1983). O desafio no duelo entre
Ájax e Heitor é exemplar:
[...] Ájax Telamônio
postou-se perto de Heitor e proferiu palavras de ameaça:
“Heitor, agora ficarás a saber em combate corpo a corpo
como são os guerreiros que existem entre os Dânaos
além de Aquiles, desbravador de varões, com ânimo de leão.
Mas ele está nas recurvas naus preparadas para o mar,
Furioso contra Agamêmnon, pastor das hostes.
Porém nós somos de raça e podemos enfrentar-te,
E somos muitos. Mas dá tu início ao combate e à guerra”.
A ele deu resposta o alto Heitor do elmo faiscante:
“Ájax Telamônio, criado por Zeus, condutor das hostes!
Não me ponhas à prova como se eu fosse um rapaz franzino
ou uma mulher, que nada sabe de façanhas guerreiras.
Conheço bem as batalhas e as matanças dos homens.
Sei manejar para a direita e para a esquerda o meu escudo
de couro curtido: é isso que considero pelejar como deve ser.
Sei investir contra a chusma de carros puxados por éguas velozes;
162
e sei executar em cerrado combate a dança de Ares furibundo.
Mas pela pessoa que és não te quero ferir desprevenido,
Mas de forma frontal, se acaso tal me for concedido”
(Ilíada VII. 224-243).
A necessidade que o guerreiro tem de triunfar em um duelo leal e de confirmar a
excelência, afrontando a de um outro, aparece na boca de Heitor, quando se refere ao
iminente duelo com Aquiles. Seus pais, Príamo e Hécuba, suplicam-lhe para entrar na
cidade e não enfrentar Aquiles:
[...] Mas não persuadiram o coração de Heitor,
que aguardou até se aproximar o enorme Aquiles.
[...] Mas depois, agitado, assim disse ao seu magnânimo coração:
“Ai de mim! Se eu passar os portões e entrar para lá dos muros,
[...] Para mim teria sido mais proveitoso
defrontar Aquiles e regressar depois de o ter morto,
ou então ser gloriosamente morto por ele à frente da cidade”
(Ilíada XXII. 90-110).
A característica fundamental do combate hoplítico, nos períodos arcaico e
clássico, é justamente essa, a de afrontar seu inimigo lealmente de frente, em terreno
aberto, no corpo a corpo, seguindo o ritual em vigor (cf. DELAVAUD-ROUX;
GONTIER; LIESENFELT, 1999).
O guerreiro grego do período clássico encontra, assim, na mitologia, os modelos
de comportamentos valorosos que deve imitar, isto é, os grandes feitos dos heróis, os
quais ecoam em toda literatura grega desde Homero. Os heróis da Guerra de Tróia
constituem a referência para o conjunto dos gregos, especialmente para os atenienses
(cf. LAFOND, 1999).
Os personagens que Homero apresenta não são homens ordinários, eles são
heróis. Homero os designa como homens acabados, completos, como os melhores,
superiores aos outros, que permanecem, entretanto, simples mortais, mesmo quando são
filhos de deuses e de deusas, como Aquiles e Sarpédon. Em suma, esses heróis de
Homero representam, no limite da condição humana, as qualidades às quais pode aspirar
um homem (cf. DE ROMILLY, 1999).
Esse é o comportamento do herói e o ideal que o guerreiro ateniense, dos séculos
VI-V a.C., deseja imitar no campo de batalha, e que os artesãos, seus contemporâneos,
representam em seus vasos.
163
Quando os artesãos representam o duelo indefinido quanto à vitória de um dos
combatentes, são esses valores que retratam. Pois os dois estão se enfrentando com a
mesma postura, a qual indica estarem em iguais condições de vencer. Páris e Menelau,
Enéias e Diomedes, Ájax e Heitor, Aquiles e Heitor e Aquiles e Mêmnon, todos
experimentaram esse momento crucial, no qual nada está definido e a morte é um risco
real. Entretanto, foi justamente nessa situação que demonstram seus mais altos valores,
ao enfrentarem, cada um, seu oponente com respeito, como igual, com lealdade, bravura
e coragem, em suma, portaram-se como heróis
29
.
No duelo entre Aquiles e Mêmnon em que eles combatem em pé, intermediados
por Hermes, realizando a psicostasia
30
, a pesagem das almas representa uma
confirmação sobrenatural do inevitável, a morte de Mêmnon. O significado da
divindade segurando a balança reside no fato de que a presença de um imortal é própria
a mortes importantes (cf. VERMEULE, 1981). A presença de Zeus, sentado em seu
trono, assistindo à pesagem das almas, reforça ainda mais essa idéia
31
. A morte de
Mêmnon, sob os golpes de Aquiles, não é uma morte qualquer, é a morte de um herói.
Nos duelos ante um guerreiro caído, um outro valor é posto em cena, o da
necessidade de resgatar o corpo do companheiro morto em batalha
32
. A raiva em
combate dos guerreiros homéricos é tal, que a morte do inimigo não basta, é necessário
injuriar o morto, ultrajando seu cadáver. Ultraja-se pela decapitação, como faz Ájax
cortando a cabeça de Anfímaco; Peneleu, a de Ilioneu; coisa que pretendia Heitor fazer
com Pátroclo (cf. Ilíada XIII. 202-205; XIV. 496-498; XVIII. 175-180). Ultraja-se,
ainda, pelo abandono do corpo no campo de batalha, para ser comido pelos cães e pelos
pássaros, ultraje que temiam acontecer Aquiles com o corpo de Pátroclo e Príamo com o
de Heitor (cf. Ilíada XIX. 23-27; XXIV. 405-423).
Pássaros e cães, na Ilíada, são os comedores dos cadáveres após a vitória de um
dos combatentes em duelo e se tornaram uma convenção, inclusive na arte, para o medo
29
Páris e Menelau (Cat. n
os
54, 55 e 57), Enéias e Diomedes (Cat. n
os
59 e 60), Ájax e Heitor (Cat.
n
os
67 e 72) e Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
88, 89, 90, 93, 96, 97, 102, 103, 105, 110, 111, 115, 123, 124,
125, 128, 137 e 145). O duelo entre Aquiles e Heitor foi representado com o duelo indefinido ante um
guerreiro caído (Cat. nº 76).
30
Cf. Cat. n
os
127 e 135.
31
Cf. Cat. nº 127.
32
Páris e Menelau (Cat. 56), Ájax e Heitor (Cat. n
os
66 e 70), Aquiles e Heitor (Cat. 76) e
Aquiles e Mêmnon (Cat. n
os
94, 95, 106, 108, 109, 113, 114, 118, 121, 122A, 126, 131 e 132).
164
e para o ultraje (cf. VERMEULE, 1981). Eles são os carniceiros por excelência, que
infligem ao guerreiro morto o mais terrível dos ultrajes, a destruição da integridade
física de seu cadáver, que impede a passagem ao Hades. Eles representam, portanto,
para o guerreiro, uma negação, a de não poder ser tido como morto (cf. SCHNAPP-
GOURBEILLON, 1981). Sem cadáver não há corpo, sem corpo não há belo morto, sem
belo morto não há nem herói, nem glória.
Quando Heitor cai sob os golpes de Aquiles, os Aqueus se aproximam e
admiram a beleza juvenil e viril do guerreiro morto, mesmo sendo o inimigo:
[Aquiles] do cadáver arrancou a lança de bronze
e pô-la de lado; depois dos ombros lhe despiu as belas armas
ensanguentadas. Acorreram os outros filhos dos Aqueus,
que contemplaram a estatura do corpo e a beleza arrebatadora
de Heitor (Ilíada XXII. 367-371).
O clímax dos ultrajes no poema de Homero é o de Aquiles com o corpo de
Heitor (Ilíada XIV. 1-21). Sua tentativa era a de impedir Heitor, pela desfiguração de
seu corpo, de receber os ritos funerários, sem os quais ele não pode, efetivamente, ser
glorificado (cf. VERNANT, 1996b).
Os duelos indefinidos praticamente deixaram de ser representados por volta de
500 a.C.
33
. As cenas de duelos foram, gradativamente, deixando de ser representadas
entre 480 e 450 a.C.
34
. Depois de 480 a.C., as representações dos duelos definidos pela
vitória de um dos combatentes tornaram-se raras
35
.
Os desaparecimentos dos duelos indefinidos e das cenas de duelo, bem como o
declínio das representações dos duelos definidos, podem ter relação com a “ideologia da
vitória” que se formou em Atenas nesse período. Yves Lafond (1999) interessado na
33
A exceção é um único vaso, datado cerca de 450 a.C., com o duelo entre Aquiles e Mêmnon; os
demais deixam de representar esse esquema antes: Paris e Menelau cerca de 500 a.C. (Cat. 57), Enéias
e Diomedes cerca de 550-540 a.C. (Cat. nº 60), Ájax e Heitor cerca de 500-490 a.C. (Cat. nº 72) e Aquiles
e Heitor cerca de 520 a.C. (Cat. nº 76).
34
Os duelos entre Páris e Menelau, Enéias e Diomedes e Ájax e Heitor foram representados pela
última vez cerca de 480 a.C. (Cat. n
os
58, 65 e 74); o duelo entre Aquiles e Heitor, cerca de 460 a.C.; e o
entre Aquiles e Mêmnon, cerca de 450 a.C. (Cat. n
os
87 e 145).
35
O duelo entre Aquiles e Heitor foi representada apenas duas vezes (Cat. n
os
86 e 87), cerca de
460 a.C.; o entre Aquiles e mnon, quatro vezes (Cat. n
os
141, 142, 143 e 144), cerca de 470-460 a.C..
Os duelos entre Páris e Menelau (Cat. 58), Enéias e Diomedes (Cat. 65) e Ájax e Heitor (Cat. nº 74),
foram assim representados pela última vez cerca de 480 a.C.
165
ideologia ateniense, entendida como o conjunto de representações e de comportamentos
que define um modelo da Atenas democrática, estudou os discursos sobre a guerra,
entre 490 e 322 a.C., tais quais expressos nos textos literários e epigráficos e nas
representações figuradas. A batalha de Maratona teve fortes consequências na
mentalidade dos atenienses: o prestígio dos combatentes e a idealização da figura do
soldado hoplita. Os hoplitas passaram a encarnar a cidade e a ser o fundamento de seu
exército. Maratona representou, nesse sentido, a colocação em prática de um esquema
ideal, no qual o exército ateniense passou ser composto somente por hoplitas e a
ascensão ao estatuto de soldado-cidadão assentou-se sobre uma moral da batalha, da
qual um dos componentes essenciais é a moral hoplítica. Conforme esse novo valor
guerreiro, a preservação da coesão do grupo tem que ser mantida a todo custo; mesmo
que o soldado esteja em risco de ser ferido mortalmente, ele não pode deixar sua fileira
na falange, pois o êxito do combate, a vitória, depende da manutenção dessa formação
fechada.
As vitórias obtidas nas Guerras Médicas levaram os gregos a modificar a
imagem que faziam de si mesmos; as cidades gregas passaram a contar e a reconstituir
sua vitória, celebrando essa geração gloriosa. Os relatos homéricos continuaram a ser
única memória histórica dos gregos, mas as Guerras Médicas modificam sua
compreensão. Essas guerras não fizeram surgir somente uma coalizão militar, elas se
tornaram uma referência a todo debate político no interior das cidades e geraram um
sentimento comum entre os gregos, produzindo sua unidade (cf. PICARD, 1995).
No contexto dessa ideologia da vitória, é que o duelo indefinido não tem mais
cabimento, o único duelo que continua a despertar os interesses é aquele que desemboca
na vitória. As cenas de duelo desaparecem, porque, ao longo desse período, vai se
acentuando, paulatinamente, que não há mais lugar para os feitos individuais, típicos
dos valores guerreiros anteriores, e que tudo deve ser feito em comum, de maneira
coletiva, sobretudo a guerra. Nas celebrações dessas vitórias, expressas nas dedicações,
nas oferendas, nos epitáfios etc., o herói não tem mais um nome individual, como tinha
Aquiles; o herói passa a ser um ateniense, um espartano, um grego.
Seja como for, no período em que as cenas de duelos foram representadas, os
artesãos exprimiram, através delas, inúmeros valores guerreiros, como a nudez heróica,
a longa cabeleira, o escudo chanfrado e os emblemas dos escudos.
166
A nudez heróica insinua serem heróis os guerreiros que combatem em duelo.
Menelau, Enéias, Diomedes, Ájax, Heitor, Aquiles e Mêmnon foram, inúmeras vezes,
assim postos em cena
36
. Páris constitui-se na única exceção.
Com seu aspecto aterrorizante, a longa cabeleira implica, no contexto de um
duelo, a imagem que um combatente quer provocar em seu oponente: o pavor e
prenunciar sua derrota. Em todos os duelos, os combatentes são representados,
frequentemente, com uma longa cabeleira. De todos esses guerreiros que combatem em
duelo, somente Diomedes não é assim apresentado
37
.
O escudo chanfrado, que remete à idéia de heroísmo, não foi representado
como arma de defesa nas mãos de Páris
38
. No que concerne aos emblemas dos escudos,
chanfrados e redondos, apenas três, a gorgóneion, o leão e o javali, são passíveis de lhes
serem atribuídos um significado simbólico.
A gorgóneion, a máscara da Górgona, figura, na Ilíada, em um contexto
guerreiro: sobre a égide de Atena e como emblema do escudo de Agamêmnon. Na égide
Atena, “está a cabeça monstruosa da Górgona, terrível e medonha” (Ilíada V. 741-742).
No escudo de Agamêmnon, “coroava-o como grinalda a Górgona de terrível aspecto,
que olhava, medonha” (Ilíada XI. 36-37). Nesse contexto guerreiro, de enfrentamento
impiedoso, a Górgona é uma Potência de Terror, associada ao pavor, à derrota e à
perseguição que gela os corações (cf. VERNANT, 2006).
O escudo de Mêmnon, em seu duelo com Aquiles, traz a gorgóneion como
emblema em três ocasiões distintas. Na primeira, o duelo está indefinido e a máscara da
Górgona pode significar que ele deseja provocar em Aquiles o pavor e insinuar que o
36
Menelau (Cat. 56), Enéias (Cat. n
os
59 e 61) e Diomedes (Cat. 61) , Ájax (Cat. 69) e
Heitor (Cat. n
os
69 e 74), Aquiles (Cat. n
os
75 77, 79, 81, 83 e 85) e Heitor (Cat. n
os
77, 79, 80, 83 e 85),
Aquiles (Cat. n
os
90, 93, 94, 96, 97, 98, 99, 101, 103, 109, 120, 134, 137 e 144) e Mêmnon (Cat. n
os
90,
96, 97, 99, 101, 103, 104, 109, 120, 134, 137, 138, 141 e 144).
37
Páris (Cat. 56) e Menelau (Cat. n
os
55, 56 e 58), Enéias (Cat. n
os
61, 63 e 64), Ájax e Heitor
(Cat. n
os
67, 68, 69, 70 e 73), Heitor (Cat. n
os
75, 80, 81, 84, 85 e 87) e Aquiles (Cat. 85), Aquiles e
Mêmnon (Cat. n
os
88, 89, 103, 107, 111, 113, 114, 121, 122A-B, 124, 127, 130, 131, 136, 139, 140, 141,
143, 144 e 145).
38
Menelau (Cat. n
os
56 e 57), Enéias e Diomedes (Cat. 60), Ájax e Heitor (Cat. n
os
67 e 72),
Aquiles (Cat. n
os
92, 100, 101, 103, 107, 111, 115, 116, 118, 119, 120, 122A, 123, 124, 125, 127, 128,
130, 131, 132, 140 e 144) emnon (Cat. n
os
94, 97, 105, 108, 113, 115, 116, 120, 121, 123, 124 e 125).
O duelo entre Aquiles e Heitor é o único em que ambos os combates portam sempre o escudo redondo
(Cat. n
os
75 a 87).
167
mesmo será derrotado
39
. Nas outras duas, a vitória do duelo está definida a favor de
Aquiles; pois, na cena em que Hermes está realizando a psicostasia, a morte de Mêmnon
já está determinada, e, na outra, está caindo de costas, golpeado por Aquiles
40
. O
significado é, evidentemente, outro; porém, indecifrável.
Nas analogias consagradas ao leão, Homero associou o herói a um animal
relevante, e, nesse processo, o animal tornou-se o modelo do herói, representando seu
estado de espírito. O leão, símbolo heróico por excelência, aparece na Ilíada como um
personagem central, qualificando, exclusivamente, os guerreiros tidos como heróis em
suas atitudes no combate. Quase todas as cenas de violência são ilustradas por uma
comparação com o leão: o herói está no meio de seus inimigos como está o leão
diante dos homens que o cercam para matar; o herói, como o leão, realiza seu feito
graças ao seu valor inerente, a força; e o leão, como o herói, está possuído da fúria
guerreira; o herói realiza sua aristéia, alcançando a vitória sobre seus inimigos, como o
leão mata e devora sua presa, apesar da resistência dos pastores e camponeses (cf.
SCHNAPP-GOURBEILLON, 1981).
Uma cabeça de leão decora os escudos de Páris no duelo com Menelau e de
Mêmnon no com Aquiles
41
. Em ambos os casos, o duelo está indefinido quanto à vitória
de um dos oponentes. Portanto, Páris e Mêmnon anunciam aos seus oponentes, Menelau
e Aquiles, a força e fúria com as quais os enfrentam, e a certeza de suas vitórias.
Homero considera o javali um animal tão forte quanto o leão (Ilíada XII. 41),
formando com ele o par de animais mais perigoso ao caçador. Em suas comparações,
Homero associa o herói ao javali, que, como o leão, põe em fuga seus oponentes (Ilíada
XVII. 281-283). Todavia, o javali não é o modelo ideal do herói; não é de seu feitio
atacar, mas apenas defender-se. A implicação maior do javali é a morte; no
enfrentamento com o javali, a morte está sempre na iminência de acontecer (cf.
SCHNAPP-GOURBEILLON, 1981). Nas representações artísticas, a luta com o javali
envolve o perigo de morte, e ele aparece, frequentemente, associado ao morto,
ocupando seu lugar nos monumentos funerários, exprimindo poder e perigo (cf.
VERMEULE, 1981).
39
Cf. Cat. nº 121.
40
Cf. Cat. n
os
127 e 141.
41
Cf. Cat. n
os
55 e 111.
168
O javali é o emblema do escudo de Aquiles em uma vez na qual ele persegue
Heitor
42
. O emblema, nesse caso, está intimamente ligado ao ato de Aquiles colocar
Heitor em fuga. Heitor foge da força superior de seu perseguidor e da morte iminente.
Os valores guerreiros englobam, também, as crenças religiosas, que ditam aos
guerreiros os rituais e a ações a serem realizadas em todos os momentos da guerra.
Elemento essencial dessas crenças é que os deuses, em caso de guerra, não permanecem
neutros; eles tomam partido por um dos lados. Na Ilíada, no curso da Guerra de Tróia,
cada um dos deuses fez sua escolha, entre os Aqueus e os Troianos. Afrodite, por
exemplo, ficou ao lado dos Troianos para favorecer Páris, por lhe ter designado a mais
bela das deusas; enquanto que Atena escolheu os Aqueus, para se de vingar do mesmo
Páris que não lhe outorgou essa honra, da qual ela se julgava merecedora. Quando Páris
está em perigo, Afrodite o salva; do mesmo modo que Atena acode Aquiles, quando
necessário. Os deuses intervêm, portanto, nas guerras humanas, e, consequentemente, a
vitória ou a derrota não podem acontecer somente pela ão humana ou pelo mero
acaso.
Os gregos acreditavam que todo saber e todo êxito procedem dos deuses, e que
os pensamentos e as decisões humanas se dão por obra divina. Portanto, os deuses se
manifestam não só nos fenômenos da natureza e nos acontecimentos fatais, mas também
no que move o ser humano interiormente, determinando sua atitude e suas ações (cf.
OTTO, 2006).
Os artesãos, nesse sentido, representaram inúmeras vezes os deuses atuando nos
combatentes em duelo: Afrodite salva Páris
43
e Enéias
44
, uma vez ajudada por Ártemis
45
;
Atena
46
protege e incentiva Ájax
47
e Aquiles
48
; Apolo faz o mesmo com Heitor
49
; e Tétis
42
Cf. Cat. nº 84.
43
Cf. Cat. n
os
57 e 58.
44
Cf. Cat. n
os
60, 61, 63 e 64.
45
Cf. Cat. 58. Ártemis não é uma deusa guerreira, mas ela tem certo papel na condução da
guerra. Ártemis intervém na guerra, não para lutar, mas para guiar e salvar (cf. VERNANT, 2006).
46
Atena se dá a conhecer por meio de seu modo de atuar e exercer sua influência. Incita ânimo aos
guerreiros (Ilíada II. 446-454). É companheira do herói em seus empreendimentos, presente sempre que é
preciso animá-lo, inspirá-lo e alegrá-lo com sua celeste aproximação (cf. OTTO, 2005). O que Atena quer
do guerreiro e o que lhe inspira são valores como a audácia, a valentia e a vontade de vencer; todavia,
tudo isso ficaria vazio sem a prudência e a lucidez, seus dons supremos (cf. OTTO, 2006).
47
Cf. Cat. n
os
71 e 74. No segundo vaso, Atena chega mesmo a tocar em Ájax.
48
Cf. Cat. n
os
77, 79, 81, 82, 85 e 86.
169
e Eos que, também, protegem, incentivam e clamam por seus filhos Aquiles e
Mêmnon
50
.
Além desses personagens centrais das cenas de duelos (os combatentes e os
deuses), os artesãos representaram, ainda, outras categorias da sociedade ateniense.
Entre os guerreiros, aparecem o hoplita
51
, o cavaleiro
52
, o arqueiro
53
e o auriga
54
; entre
os não guerreiros, estão o homem
55
, o idoso
56
, o jovem
57
e a mulher
58
. Nenhum deles,
todavia, tem participação significativa; na maioria das vezes, apenas marcam presença.
A mulher tem uma participação ativa nas representações do duelo entre Aquiles
e Mêmnon nas pessoas de Tétis e Eos. Nas vezes em que as duas mulheres não são
designadas por inscrições, elas podem ser tomadas, metaforicamente, como as mães dos
guerreiros. Quando elas realizam um gesto que acompanha a emissão da palavra
59
, isso
implica que as mulheres, na condição de mães dos guerreiros, têm direito ao lógos, ao
discurso, que possibilita intervir nos assuntos guerreiros.
5.3.3 O retorno do guerreiro morto
A terceira fase tem um caráter metafórico, pois antecipa os ritos funerários que o
guerreiro morto receberá; os únicos que poderão concretizar a passagem do estado de
cadáver ao de morto. Todavia, segundo seus códigos iconográficos, os artesãos realizam
uma prefiguração desses ritos, representando, não o cadáver, mas o belo morto, isto é, o
corpo do herói morto em batalha.
A passagem do cadáver ao herói foi percebida por François Lissarrague, ao
associar as representações do retorno do guerreiro morto em batalha ao ideal heróico da
bela morte:
49
No duelo com Ájax (Cat. n
os
71 e 74); no duelo com Aquiles (Cat. n
os
77, 79, 81, 85 e 86).
50
Cf. Cat. n
os
127, 137 e139.
51
Cf. Cat. n
os
62, 66, 69 e 70.
52
Cf. Cat. nº 59.
53
Cf. Cat. n
os
70, 78 e 84.
54
Cf. Cat. n
os
90 e 112.
55
Cf. Cat. n
os
54, 55, 61, 96, 103, 112 e 144.
56
Cf. Cat. n
os
54, 68, 69, 73, 83 e 101.
57
Cf. Cat. n
os
68, 106 e 144.
58
Cf. Cat. n
os
95, 98 e 122A.
59
Cf. Cat. n
os
92, 95, 98, 100, 102, 103, 105, 106, 107, 108, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117,
118, 119, 120, 121, 123, 124, 126, 128, 130, 131, 132, 133, 134, 136, 138, 141 e 142.
170
Os pintores, para apresentar o morto em combate, retomam a tradição épica da
“bela morte” [...]. Do mesmo modo que a epopéia tem a função de cantar os
feitos dos heróis, e que não heroísmo possível sem um aedo para perpetuá-lo
na memória, a imagem desempenha esse papel comemorativo fazendo do morto
um herói épico. [...] É a passagem do cadáver ao herói que mostram essas
imagens, desempenhando elas também, à sua maneira, o papel de uma memória
épica (LISSARRAGUE, 1984, p. 46-47).
As imagens não têm, todavia, relação com os funerais oficiais reservados aos
mortos na guerra, para os quais eram trazidas as cinzas do morto. Os artesãos não
representam essa cerimônia cívica, eles encenam um transporte do guerreiro, em uma
transição entre o campo de batalha e o espaço doméstico e urbano ao qual ele retorna
para ser acolhido e velado por seus familiares. As imagens referem-se à ideologia
guerreira da epopéia; a manipulação dos cadáveres ocorre em outro contexto e serve
para encenar um uso diferente da morte, no qual o morto é heroicizado (cf.
LISSARRAGUE, 1991).
Com seus esquemas iconográficos, os artesãos representam, antes de tudo, um
valor da sociedade ateniense, sem o qual não pode haver bela morte, os cuidados com o
corpo do guerreiro morto. Primeiramente, é preciso retirar o corpo do guerreiro do
campo de batalha, depois transportá-lo, e, por fim, chegar com ele ao destino desejado.
Mas, ao retratarem essas etapas do retorno do guerreiro, os artesãos representam,
também, o belo morto.
Por seus feitos, sua vida breve, seu destino heróico, o guerreiro morto encarna
valores como a beleza, a juventude, a virilidade e a coragem, que o fazem escolher a
morte para ganhar a glória, dando-lhe uma excelência e uma perenidade que a vida
ordinária não comporta. A bela morte do guerreiro, tal qual canta o poema e apresentam
figurada os artesãos, adquire uma consistência, uma estabilidade, uma permanência que
permite ao guerreiro escapar ao inexorável declínio que marca todas as coisas humanas
(cf. VERNANT, 1996b; 1996c).
Os artesãos representam o belo morto, expondo os aspectos do corpo que
encarnam os valores definidores, aos olhos da sociedade ateniense, do estatuto de um
guerreiro herói: beleza, juventude, virilidade, força, tamanho, nudez, cabeleira.
171
O Pintor Clítias faz isso magistralmente, ao representar, por duas vezes, Ájax
erguendo, em seus ombros, o corpo de Aquiles
60
. Aquiles está morto, o corpo
languidamente pendido, os olhos fechados. Mas tudo no Aquiles morto é belo
61
. Seu
corpo é mostrado completamente nu, enorme, viril e forte. Esse morto morreu na flor da
idade, é o corpo de um homem jovem, uma longa cabeleira cuidadosamente penteada
em mechas regulares se desfaz, seguindo a inclinação de sua cabeça
62
.
A mesma demonstração desses valores é feita pelo Pintor Eufrônio em sua
representação do corpo de Sarpédon
63
. O corpo que Sono e Morte levantam em seus
braços tem todos os aspectos do de Aquiles, mas agora mostrado de maneira mais
expressiva
64
. O desenho cuidadoso da musculatura de um corpo nu e de porte
avantajado e de uma face juvenil, ornada de uma longa cabeleira flutuante, a
Sarpédon a aparência do belo morto
65
.
Os artesãos também exprimem a condição de belo morto através de outros
recursos iconográficos, quase sempre ligados à esfera religiosa.
As concepções do eídolon como da figuração da alma que sai do guerreiro no
momento de sua morte, ligam-se às representações que os gregos fizeram do morto em
diferentes contextos sócio-culturais. A poesia e a tragédia traduziram sua imagem pelos
meios da literatura; os pintores e escultores, pelas formas iconográficas. Entre essas
traduções e o imaginário coletivo, estabeleceu-se um jogo de interações, no qual poetas
e artistas tinham a função de nutrir e precisar as imagens de sua cultura. Dentre as várias
concepções, uma é a visão heroicizante que exalta a boa sorte do morto (cf. SIEBERT,
1981). As figurações do eídolon, nas representações do retorno do guerreiro morto, têm
60
Cf. Cat. nº 160A-B.
61
Conforme François Lissarrague (1984; 1999), nada nesse corpo é horrível ou repulsivo; pelo
contrário, tudo o que ele permite ver é belo.
62
Em várias outras imagens, Aquiles é mostrado nu (Cat. n
os
162, 163A-B, 193, 199, 225, 232 e
248) e com uma longa cabeleira (Cat. n
os
161, 162, 163A-B, 193, 195, 199, 214, 218, 224 2 225).
63
Cf. Cat. nº 147.
64
O corpo de Sarpédon é mostrado praticamente nu em todas as representações, e, em muitas
delas, Sarpédon tem uma longa cabeleira (Cat. n
os
146, 147, 1500, 153 e 154).
65
Odette Touchefeu-Meynier (2000) destaca que Eufrônio, mostrando Sarpédon em uma beleza
ideal e serena, substituindo Apolo por Hermes, o condutor de almas, e apresentando Sono e Morte com
vestes militares, representa a sua bela morte.
172
a função de precisar ser, Sarpédon e Aquiles, heróis que completaram a trajetória de
suas vidas com a bela morte
66
.
Nas representações dos escudos, a bela morte de Aquiles é expressa de várias
maneiras. Aquiles porta o escudo chanfrado na maioria delas. Os emblemas desses
escudos também são reveladores de sua condição de belo morto.
A gorgóneion é sempre representada de perfil, nos escudos de Aquiles,
indicando que ele não está sob o olhar da rgona
67
. Essa, talvez, tenha sido uma
maneira que os artesãos encontraram para expressarem que o morto não é um morto
ordinário, que encontrou seu fim no olhar mortal da Górgona e capaz de reduzir o morto
ao nada (cf. VERNANT, 2006), mas sim um belo morto, que realizou, no curso de sua
vida, os grandes feitos de um herói.
Três emblemas podem estar relacionados a Dioniso: a pantera, a guirlanda de
hera e a máscara de sileno
68
. Dioniso é um deus da vida e da morte. Na esfera da morte,
Dioniso é quem põe em cena, com seus destinos, seus valores e sua morte, os heróis
cantados na epopéia (cf. OTTO, 2006). Nesse caso, são os feitos heróicos de Aquiles,
sua bela morte e glória, que são encenados.
No que concerne às outras categorias da sociedade ateniense, todos são
representados, guerreiros e não guerreiros; todavia, são os papéis do idoso e da mulher,
pai e mãe do guerreiro, que se destacam. Nas representações de Sono e Morte
carregando o corpo de Sarpédon, a mulher os recebe duas vezes
69
. Mas são nas
representações de Ájax carregando o corpo de Aquiles que eles são mais notórios.
O grupo central pode ser recebido por guerreiros, hoplita e arqueiro, quando a
chegada dá-se no acampamento, mas é na chegada a casa que as representações
concentram-se. O idoso o recebe muitas vezes; é a mulher, todavia, que o faz com mais
frequência. O idoso, quase sempre, está inerte. Em alguns casos, ele participa,
66
O eídolon Sarpédon aparece cinco vezes (Cat. n
os
150, 151, 152, 154 e 159); e o de Aquiles, três
vezes (Cat. n
os
187, 190 e 214).
67
A máscara mostrada de perfil representa uma descontinuidade no espaço figurado, fazendo com
que uma parte desse espaço saia de seu campo de visão (cf. FRONTISI-DUCROUX, 1987).
68
Pantera (Cat. n
os
166 e 218), guirlanda de hera (Cat. 211) e máscara de sileno (Cat. n
os
183,
184, 185, 208, 212, 219 e 228). No 185, a máscara de sileno está circundada por uma guirlanda de hera.
Conforme Fraçoise Frontisi-Ducroux (1995), a máscara de sileno é uma referência ao deus Dioniso e
associa a cena ao seu mundo.
69
Cf. Cat. n
os
148 e 157. O grupo central é recebido por um homem uma vez (Cat. nº 159).
173
realizando um gesto que acompanha a emissão da palavra
70
. Entretanto, é a mulher que
tem uma participação mais expressiva. Ela raramente está inerte; pelo contrário,
normalmente, está movimentando-se e gesticulando.
Como na cena da partida, a mulher gesticula com a mão envolta pelo manto
71
.
Se, no contexto da partida, esse gesto significaria um pedido de proteção para o filho
que parte para guerra, na de retorno, seria a precaução para o êxito dessa última
passagem e para que o morto não retorne ao mundo dos vivos; daí a presença de
Hermes Psicopompo
72
. O gesto que a mulher mais realiza, e que a torna proeminente, é
o que acompanha a emissão da palavra
73
.
Mulher e idoso, representantes maiores dos não guerreiros, indicam que a guerra
não é assunto exclusivo dos guerreiros, mas sim de toda a cidade.
5.4 Síntese
Ao representarem os três momentos nodais da atividade guerreira, o armamento
e a partida do guerreiro, os duelos e o retorno do guerreiro morto, os artesãos, ainda
que tenham tomado os personagens da epopéia (Aquiles, Páris, Menelau, Enéias,
Diomedes, Ájax, Heitor, Mêmnon e Sarpédon) não estavam ilustrando esse ou aquele
poema; pelo contrário, eles exprimiam o conjunto de idéias e de valores que
partilhavam, com sua sociedade, para explicar o mundo, a vida.
Os valores do passado, à medida que a epopéia continua a encantar e a tocar os
espíritos, permanecem vivos na memória coletiva dos atenienses, mas reinterpretados e
atualizados, conforme as novas maneiras de perceber e viver a realidade, para atender às
necessidades do presente.
A guerra foi um fenômeno marcante na sociedade ateniense, envolvendo não
somente os que atuavam no campo de batalha, mas também aqueles que permaneciam
na cidade.
70
Cf. Cat. n
os
180, 201, 215 e 217.
71
Cf. Cat. n
os
197 e 222.
72
Cf. 197.
73
Cf. Cat. n
os
166, 167, 168, 184, 194, 205, 207, 209, 212, 217, 220, 221, 223, 227, 227, 228, 236,
238, 241, 242 e 243.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando iniciei esta pesquisa, a primeira etapa a ser cumprida era a constituição
do corpus. Naquele momento, parecia algo fácil; pois, o tema escolhido já vinha sendo
estudado fazia quase duzentos anos e inúmeras análises de cenas da iconografia da
Guerra de Tróia haviam sido realizadas. Entretanto, não foi assim que se sucedeu.
Grande parte desses estudos era de difícil acesso e as listas de vasos estudados
revelaram-se desatualizadas diante das novas descobertas arqueológicas e das
publicações de vasos pouco conhecidos. Não havia, portanto, catálogos completos que
pudessem ser utilizados. Anos de pesquisas em bibliotecas e em museus foram
necessários para sua elaboração. O resultado foi o catálogo de 248 vasos por mim
constituído.
Por sua vez, esse catálogo, também, não comporta todos os vasos existentes
atualmente, mas arrola, assim mesmo, mais vasos do que qualquer outro anterior. Com a
exceção da cena de Ájax carregando o corpo de Aquiles, o número de vasos
inventariados para as demais cenas é maior que o dos estudos anteriores. A lista de
vasos referentes à Partida de Aquiles é, praticamente, inédita, e realizei o primeiro
estudo com essa temática.
Empreendi, ainda, o primeiro estudo do conjunto de cenas da Guerra de Tróia,
comportando os três momentos nodais da atividade guerreira: o Armamento e a Partida
do guerreiro, os Duelos e o Retorno do guerreiro morto em batalha. Diferentemente
das pesquisas anteriores, majoritariamente preocupadas com a relação entre imagem e
texto, abordei essa iconografia a partir dela mesma, sem deixar, entretanto, de
considerar a tradição literária. Procedendo dessa maneira, detectei alguns esquemas
iconográficos até então não percebidos, como os das cenas de Partida e de Duelos. Nas
cenas de Armamento e de Retorno, se os esquemas não são totalmente novos, com
certeza o é o arranjo final.
Essas observações foram permitidas pela disposição cronológica dos vasos, em
cada cena, segundo a ordem dos artesãos. Essa disposição possibilitou a verificação
tanto do surgimento e do desenvolvimento dos esquemas iconográficos, quanto das
relações mantidas entre os artesãos nesse processo. Os dados obtidos por essa
verificação é que tornam sustentável a alegação de que os artesãos estavam ligados,
antes de tudo, à sua própria tradição iconográfica.
175
A partir de uma concepção teórica, que entende haver uma relação entre imagens
e sociedade e serem as imagens construções do imaginário social, defendi que a Guerra
de Tróia foi um elemento constitutivo do imaginário ateniense nos séculos VI-V a.C. e
que essa iconografia remete às representações dos atenienses sobre a atividade guerreira
em seu próprio tempo. Tomando o imaginário como um sistema de representações
coletivas, trouxe à tona o conjunto de idéias e de valores próprios à sociedade ateniense.
Mostrei, nesse sentido, que a Guerra de Tróia estava na memória coletiva dos
atenienses, como um conjunto de imagens do passado, que sua sociedade conservava e
reconhecia enquanto elemento significativo da sua história; conjunto que, na realidade,
foi o resultado de um constante trabalho de seleção e de reconstrução do próprio
passado, a partir das experiências do presente.
Situando essa idéia nas relações entre guerra e sociedade e entre guerra e
religião, mostrei como o ideal heróico da bela morte permeava toda a atividade
guerreira, do momento do armamento e da partida ao do retorno do guerreiro.
Entendendo que esse ideal caracterizava os três momentos da atividade guerreira como
ritos de passagem, destaquei as idéias e os valores com que cada rito era realizado,
conforme expressos nas representações iconográficas. Por entender que os artesãos
partilhavam de um patrimônio cultural comum a todos os gregos, associei essas idéias e
valores à expressão maior desse patrimônio, a tradição épica.
Foi nesse contexto que defendi estar toda a sociedade ateniense envolvida na
guerra, destacando, a cada momento, a participação das categorias essenciais dessa
sociedade: a dos guerreiros e a dos não guerreiros. Mostrei, quanto a isso, que, do lado
guerreiro, hoplitas, arqueiros e cavaleiros e, do lado não guerreiro, mulheres, idosos,
homens e jovens participavam conjuntamente da esfera da guerra, cada qual à sua
maneira.
A participação de cada uma dessas categorias foi bastante desigual. Nesse
sentido, ressaltei os papéis desempenhados pelo idoso e pela mulher, o pai e mãe do
guerreiro, e indiquei como a mulher foi a personagem mais expressiva e participativa
em todos os três momentos da atividade guerreira.
São essas, em essência, as contribuições que realizei no estudo desse tema e as
idéias que defendi.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA
A GUERRA DE TRÓIA NO IMAGINÁRIO ATENIENSE:
SUA REPRESENTAÇÃO NOS VASOS ÁTICOS DOS SÉCULOS VI-V A.C.
José Geraldo Costa Grillo
Orientadora: Profª Drª Haiganuch Sarian
Linha de Pesquisa: Representações simbólicas em Arqueologia
São Paulo
2009
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA
A GUERRA DE TRÓIA NO IMAGINÁRIO ATENIENSE:
SUA REPRESENTAÇÃO NOS VASOS ÁTICOS DOS SÉCULOS VI-V A.C.
José Geraldo Costa Grillo
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Arqueologia do Museu de
Arqueologia e Etnologia da Universidade
de São Paulo para a obtenção do título de
doutor em Arqueologia.
Orientadora: Profª Drª Haiganuch Sarian
Linha de Pesquisa: Representações simbólicas em Arqueologia
São Paulo
2009
CATÁLOGO
Cada ficha contém os seguintes dados: o número do vaso; a forma; a técnica; a
proveniência; o nome do artesão, antecedido da indicação de atribuição, quando for o
caso; a cidade; o museu ou a coleção; o número de inventário; a data; inscrição ou
inscrições, quando existem; e, por fim, a bibliografia. A origem de cada imagem é
indicada por um asterisco, que antecede o sobrenome do autor da obra utilizada, ou
outra expressão informativa.
Abreviaturas utilizadas:
a.C. = antes de Cristo n
o(s)
= número(s)
Atr. = Atribuição p. = página(s)
fig. = figura(s) pr. = prancha(s)
inv. = inventário Prov. = Proveniência
Os vasos estão listados sequencialmente, da primeira à última cena. Em cada
uma delas, segue-se a ordem cronológica, isto é, do vaso mais antigo ao mais recente.
De modo a facilitar a consulta do catálogo, indicam-se, na tabela abaixo, as cenas e a
listagem de vasos que lhes correspondem.
Cenas Listagem
Armamento de Aquiles 1-39
Partida de Aquiles 40-53
Duelo entre Páris e Menelau 54-58
Duelo entre Enéias e Diomedes 59-65
Duelo entre Ájax e Heitor 66-74
Duelo entre Aquiles e Heitor 75-87
Duelo entre Aquiles e Mêmnon 88-145
Sono e Morte carregando o corpo de Sarpédon 146-159
Ájax carregando o corpo de Aquiles 160-248
177
1
Lêcana. Figuras negras. Prov.: Ialysos, Rodes. Atr.: Grupo do Comasta: Pintor do KX.
Rodes, Museu Arqueológico, inv. 5.008. Cerca de 570 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 24, 1; 1971, p. 14; IACOPI, 1934, p. 3, pr. (431)
2.4; *JOHANSEN, 1967, p. 92-127, B14a, fig. 33; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981,
p. 123, nº 507.
178
2
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Camtar. Boston, Museu
de Belas Artes, inv. 21.21. Cerca de 570-560 a.C.
Inscrições: ΑΧΙΛΕΥ, ΘΕΤΙΣ, ΚΥΜΑΤΟΘΕΑ, ΝΕΟΤΟΛΕΜΕ, ΠΑΝΟΠΕ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 84, 6; 1971, p. 31, 3; HOFFMANN; VON
BOTHMER, TRUITT, 1973, p. 12-13, pr. (638-639) 16.1-3, 17.3-4; JOHANSEN,
1967, p. 92-127, nº B14b, fig. 23-25; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 70, nº 191, pr.
77; LISSARRAGUE, 1990, p. 34-47, fig. 15; LOWENSTAM, 1993, p. 205, fig. 6;
VON BOTHMER, 1949, p. 84-90, fig. 1-3; 1959, p. 6, pr. 2.2, 3.4. *Fotografia do
museu.
179
3
Cântaro fragmentário. Figuras negras. Prov.: Atenas, Acrópole. Pintor Nearcos. Atenas,
Museu Nacional, Coleção da Acrópole, inv. 611. Cerca de 560 a.C.
Inscrições: 1 − ΝΕΑΡΧΟΣ ΜΕΓΡΑΦΣΕΝ ΚΑ[ΠΟΙΕΣΕΝ];
2− ΑΧΙΛΕ[Υ], ΧΑΙΤΟΣ, ΕΝΘΟΙΑΣ; 3 − ...Σ, ΧΟ...
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 82, 1; 1971, p. 30; BULAS, 1929, p. 42-46;
JOHANSEN, 1967, p. 92-127, B14l, fig. 38; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 69,
186, pr. 75; LOWENSTAM, 1993, p. 206-207, fig. 9; PEASE, 1935, p. 227, 229,
15, fig. 6.*Fotografia do autor.
180
4
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Camtar. Paris, Museu do
Louvre, inv. CP10521. Cerca de 560 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 84, 4; 1971, p. 31; JOHANSEN, 1967, p. 92-127,
B14c, fig. 26-27; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 71, 201; LOWENSTAM,
1993, p. 205, fig. 7; VON BOTHMER, 1949, p. 84-90, fig. 4-5; *1959, p. 6-7, pr. 4.1-4.
181
5
Hídria. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor do Louvre F6. Cracóvia, Museu
Czartoryski, inv. 1166. Cerca de 560 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 123, nº 5; *BULAS, 1935, p. 9, pr. (57) 3.10;
JOHANSEN, 1967, p. 258-259; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 70, nº 195.
182
6
Cratera com colunas. Figuras negras. Prov.: Beócia. Atr.: Pintor de Londres B76.
Berlim, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 3763. Cerca de 560-550 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 87, 17; 1971, p. 32; JOHANSEN, 1967, p. 92-
127, B14h, fig. 31; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 70, 188, pr. 76;
LOWENSTAM, 1993, p. 200, fig. 1; *MOMMSEN, 1991, p. 12-14, pr. (2996-2998)
3.4-6, 4.1-3, 5.1-5.
183
7
Fragmento de Cálice com faixa. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pequenos Mestres.
Vaticano, Museu Gregoriano Etrusco, inv. 325. Cerca de 560-550 a.C.
Inscrições: Sem sentido.
Bibliografia: ALBIZZATI, 1924-1938, p. 114-115, 325, pr. 36; BULAS, 1929, p.
42-46; *JOHANSEN, 1967, p. 92-127, nº B14i, fig. 32; KOSSATZ-DEISSMANN,
1981, p. 71, nº 202; LOWENSTAM, 1993, p. 204-205, fig. 5.
184
8
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Londres B76. Londres,
Museu Britânico, inv. 1922.6-15.1. Cerca de 550 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 86, 9; 1971, p. 32; BULAS, 1929, p. 42-46;
JOHANSEN, 1967, p. 92-127, nº B14e, fig. 29; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 70-
71, nº 197; VON BOTHMER, 1949, p. 88; *WALTERS, 1927, p. 3, pr. (143) 23.1a-c.
185
9
Fragmentos de Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Londres
B76. Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1450. Cerca de 550 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 86, 19; 1971, p. 32; JOHANSEN, 1967, p. 92-
127, B14f, fig. 30; *KNAUSS, 2006c, p. 221-225, 75, fig. 33.5-6; KOSSATZ-
DEISSMANN, 1981, p. 71, nº 199; KUNZE-GÖTTE, 1982, p. 48-49, pr. (2337) 40.1-3;
VON BOTHMER, 1949, p. 88.
186
10
Fragmento de Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Cerveteri, Etrúria. Atr.:
Pintor de Londres B76. Londres, Museu Britânico, inv. B600.29. Cerca de 550 a.C.
Para a composição, ver os n
os
8 e 9.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, 86, 11; *BEAZLEY; PAYNE, 1929, p. 261, 28,
pr. 16.12; JOHANSEN, 1967, p. 92-127, B14g; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p.
71, nº 198, pr. 77; WALTERS, 1893, p. 270.
187
11
Hídria. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Grupo de Arquipe. Paris, Museu do Louvre,
inv. E869. Cerca de 550 a.C.
Inscrições: ΟΛΥΤΕΥΣ, ΑΧΙΛΕΥΣ, ΘΕΤΙΣ, ΠΟΝΤΙΑ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 106, 2; 1971, p. 43; BULAS, 1929, p. 42-45;
JOHANSEN, 1967, p. 92-127, nº B14d, fig. 28; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 71,
200, pr. 77; POTTIER, 1923, p. 10, pr. (61-62) 12.1, 3, 13; TOUCHEFEU-
MEYNIER, 2000, p. 46-47; fig. 1; VON BOTHMER, 1949, p. 85; 1969, p. 26-29, pr.
19.1-3. *Fotografia do museu.
188
12
Hídria. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor do Louvre F6. Florença, Museu
Arqueológico Etrusco, inv. 3808. Cerca de 550 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 124, nº 6; BOCCI, 1969, p. 3-4, pr. (1867-1868) 3.3-
4, 4.1-2; *ESPOSITO; TOMMASO, 1993, p. 27, fig. 23; JOHANSEN, 1967, p. 258-
259; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 70, nº 193.
189
13
Cálice tipo Siana. Figuras negras. Prov.: Tanagra. Atr.: Pintor de Heidelberg. Viena,
Museu de História da Arte, inv. 1672. Cerca de 550-540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 63, nº 8; *BRIJDER, 1991, p. 461, nº 440, pr. 142b.
190
14
Fragmento de Cálice tipo Siana. Figuras negras. Prov.: Sibari. Atr.: Pintor de
Heidelberg. Sibari, Museu Nacional Arqueológico da Sibaratida, inv. 26300b. Cerca de
550-540 a.C.
Para a composição, ver o nº 13.
Bibliografia: *BRIJDER, 1991, p. 461, nº 442, pr. 143a.
191
15
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Pintor de Amásis. Berlim, Museu
Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 3210. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: *BEAZLEY, 1951, p. 59, pr. 23.1; 1956, p. 151, 21; 1971, p. 63;
JOHANSEN, 1967, p. 258-259; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 70, nº 190.
192
16
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Orvieto. Atr.: Pintor de Amásis. Boston,
Museu de Belas Artes, inv. 01.8027. Cerca de 540 a.C.
Inscrições: 1 − ΑΜΑΣ[ΙΣ] ΜΕΠΟΙΕΣΕΝ; 2 − ΦΟΙΝΙΧΣ, ΑΧΙΛΕΥΣ, ΘΕ[Τ]ΙΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 152, 27; 1971, p. 63; BULAS, 1929, p. 42-45;
HOFFMANN; VON BOTHMER; TRUITT, 1973, p. 21-22, fig. 26, pr. (649-650) 27.1-
2, 28.3; JOHANSEN, 1967, p. 92-127, B14m, fig. 40; KOSSATZ-DEISSMANN,
1981, p. 123, 508, pr. 109; LOWENSTAM, 1993, p. 202-204, fig. 4; VON
BOTHMER, 1949, p. 89, fig. 7; WALTON, 1907, p. 150-159, pr. 13.1-2. *Fotografia
do museu.
193
17 (= 42, 107)
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Berlim 1686. Paris,
Biblioteca Nacional, Coleção das Medalhas, inv. 207. Cerca de 540 a.C.
Inscrições: Sem sentido.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 296, 6; DE RIDDER, 1901-1902, p. 117-119,
207; LAMBRINO, 1928, p. 26-27, pr. (318) 34.3-5; *LISSARRAGUE, 1999, p. 85, fig.
66.
194
18
Prato. Figuras negras. Prov.: Vari, Ática. Atr.: Pintor Lido. Atenas, Museu Nacional,
inv. 507. Cerca de 540-530 a.C.
Inscrições: ΠΕΛΕΥΣ, ΑΧΙΛΕΥΣ, ΘΕΤΙΣ, ΝΕΟΝΤΟΛΕΜΟΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 112, nº 56; 1971, p. 44; BULAS, 1929, p. 42-46, fig.
23; CALLIPOLITIS-FEYTMANS, 1974, p. 319, 30, pr. 26, fig. 30; COLLIGNON;
COUVE, 1902, p. 204-205, nº 671; 1904, p. 14, pr. 29; HASPELS, 1936, p. 37;
JOHANSEN, 1967, p. 92-127, nº B14k, fig. 35; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 70,
nº 187, pr. 76; LISSARRAGUE, 1990, p. 34-47, fig. 13; LOWENSTAM, 1993, p. 2002,
fig. 3; RHOMAIOS; KAROUZOU, 1932, p. 3-4, pr. (10), 2.4; TOUCHEFEU-
MEYNIER, 1992, p. 775, nº 3; VON BOTHMER, 1949, p. 88. *Fotografia do autor.
195
19
Esquifo. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor da Olpa de Nicósia. Seattle, Museu de
Arte, inv. 65.155. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: *BLIQUEZ, 1985, p. 15, fig. 10.
196
20
Esquifo. Figuras negras. Prov.: Tanagra. Atr.: Pintor da Olpa de Nicósia. Atenas, Museu
Nacional, inv. 363. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 453, nº 11; COLLIGNON; COUVE, 1902, p. 251, nº
793; 1904, p. 16, pr. 32; PIPILI, 1993, p. 38-40, pr. (175) 27.1-4. *Fotografia do autor.
197
21
Olpa. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Pintor da Olpa de Nicósia. Paris, Museu do
Louvre, inv. F28. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 199, 1; 1971, p. 196, 1ter; BULAS, 1929, p.
42-46; FOURNIER-CHRISTOL, 1990, p. 73, 3, pr. 3-4; POTTIER, 1901, p. 90-91,
nº 28, pr. 66. *Fotografia do museu.
198
22
Píxide trípode. Figuras negras. Prov.: Tanagra. Sem atribuição. Paris, Museu do Louvre,
inv. MNB508. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: Não publicado.*Fotografia do museu.
199
23 (= 187)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro. Bruxelas,
Universidade Católica de Louvian, Coleção Abbé Mignot. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: *DE RUYT; HACKENS, 1974, p. 53, fig. 18; LISSARRAGUE, 1990, p.
34-47, nº A7.
200
24
Olpa. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Classe do Louvre F335. Bruxelas, particular,
Coleção J. L. Theodor. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: *HEESE, 1996, p. 18, 67-69, nº 8, fig. 20.
201
25
Píxide trípode. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Paris, Museu do Louvre, inv.
F151. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: BULAS, 1929, p. 42-46; LISSARRAGUE, 1990, p. 34-47, A4, fig. 9;
POTTIER, 1901, p. 112, nº 151, pr. 75. *Fotografia do museu.
202
26 (= 51)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Maneira do Pintor da Linha
Rubra. Paris, Museu do Louvre, inv. F269. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 34-47, A13; POTTIER, 1929, p. 36, pr.
(355) 57.5, 10, 14. *Fotografia do autor.
203
27
Estano. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor do Hefesteu. Leiden, Museu
Nacional de Antiguidades, inv. PC88. Cerca de 480 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 298, 2; 1971, p. 356; JOHANSEN, 1967, p. 92-
127, nº B14n, fig. 41; *JONGKEES-VOS, 1983, p. 31-32, pr. (227-228) 133.1-4, 134.1-
2; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 123-124, nº 514, pr. 110.
204
28
Ânfora com pescoço pontuda. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Oritia.
Zurique, Museu da Universidade, inv. L5. Cerca de 480 a.C.
Inscrições: ΑΧΙΛ[ΛΕΥΣ], ΘΕΤΙΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, 1656, 2bis; JOHANSEN, 1967, p. 92-127, B14o;
KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 125, n
os
524a, 525. *Fotografia do museu.
205
29
Pélica. Figuras vermelhas. Prov.: Camiro, Rodes. Atr.: Primeiros Maneiristas. Londres,
Museu Britânico, inv. E363. Cerca de 470-460 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 586, 36; BULAS, 1929, p. 13-18, fig. 7;
JOHANSEN, 1967, p. 92-127, B14p; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 124,
515, pr. 110; SMITH, 1896, p. 239-240; TOUCHEFEU-MEYNIER, 2000, p. 26-27; fig.
2. *Fotografia do museu.
206
30
Pélica. Figuras vermelhas. Prov.: Spina. Atr.: Pintor de Pã. Ferrara, Museu
Arqueológico Nacional, inv. 1499. Cerca de 460 a.C.
Bibliografia: *ARIAS, 1963, p. 3, pr. (1645) 1.4-5; BEAZLEY, 1963, p. 554, 83;
1971, p. 386; BULAS, 1950, p. 117.
207
31
Cratera em cálice fragmentária. Figuras vermelhas. Prov.: Bolonha. Atr.: Maneira do
Pintor dos Nióbidas. Bolonha, Museu Cívico Arqueológico, inv. 291. Cerca de 460 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 608, 5; 1971, p. 130; *BOTTINI; TORELLI,
2006, p. 246, 56; BULAS, 1929, p. 13-18, B; JOHANSEN, 1967, p. 92-127, nº
B14r; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 123, nº 511, pr. 110.
208
32
Cratera com volutas. Figuras vermelhas. Prov.: Tarquínia. Atr.: Relacionado ao Pintor
de Genebra. Paris, Museu do Louvre, inv. G482. Cerca de 460 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 615; BULAS, 1929, p. 13-18, A; KOSSATZ-
DEISSMANN, 1981, p. 124, 521, pr. 112; JOHANSEN, 1967, p. 92-127, B14q;
POTTIER, 1929, p. 21, pr. (371) 30.1-3, 7; VON BRUNN, 1858, p. 367. *Fotografia do
museu.
209
33
Rito. Figuras vermelhas. Prov.: Cápua. Atr.: Maneira do Pintor de Sotades: Pintor de
Florença 3968. Boston, Museu de Belas Artes, inv. 95.38. Cerca de 450 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 766, 6, 769, 1; BULAS, 1950, p. 117;
HOFFMANN, 1962, p. 19, 27, pr. 6.1-4; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 123,
512, pr. 110. *Fotografia do museu.
210
34
Cratera em sino. Figuras vermelhas. Prov.: Magna Grécia. Atr.: Pintor de Londres
E497. Londres, Museu Britânico, inv. E497. Cerca de 450 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 1079, 1; BULAS, 1929, p. 13-18, D;
KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 124, nº 516, pr. 110. *Fotografia do museu.
211
35
Pélica. Figuras vermelhas. Prov.: Atenas, Cerâmico. Atr.: Pintor de Peleu. Atenas,
Museu Nacional, inv. 15299. Cerca de 440 a.C.
Bibliografia: AMANDRY, 1947, p. 389, fig. 4; BEAZLEY, 1963, p. 1040, nº 14; 1971,
p. 443; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 123, nº 510. *Fotografia do museu.
212
36
Fragmento de Estano. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Peleu. Magdeburgo,
Museu de História e Cultura, inv. (?). Cerca de 440 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 1039, 5; *BULAS, 1950, p. 117, pr. 19;
KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 124, nº 517.
213
37
Cratera em sino. Figuras vermelhas. Prov.: Gela. Atr.: Grupo de Polignoto. Gela, Museu
Arqueológico, inv. 8709. Cerca de 440 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 1054, 45; BOTTINI; TORELLI, 2006, p. 247,
57, fig. 57; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 123, 513; *PANVINI, 2003, p. 113,
II.62, fig. II.62a-b; PANVINI, GIUDICE, 2003, p. 396, L52, fig. L52a-b; VAN
BUREN, 1949, p. 386, pr. 53b.
214
38
Ânfora com pescoço. Figuras vermelhas. Prov.: Nola. Atr.: Pintor de Aquiles. Londres,
Museu Britânico, inv. E329. Cerca de 440-430 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 989, 33; OAKLEY, 1997, p. 120, 44, pr. 20a;
SMITH, 1896, p. 228; *WALTERS; FORSDYKE, 1930, p. 8, pr. (313) 63.2a-b.
215
39
Lécito. Figuras vermelhas. Prov.: Rutigliano. Atr.: Próximo do Pintor de Aquiles.
Taranto, Museu Arqueológico Nacional, inv. 165082. Cerca de 430 a.C.
Bibliografia: *OAKLEY, 1997, p. 164, nº L21, pr. 170c-d.
216
40
Cântaro. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Sócles. Berlim, Museu Pérgamo,
Coleção de Antiguidades, inv. F1737. Cerca de 550 a.C.
Inscrições: 1− [Μ]ΕΝΕΣΘΕΥΣ ΗΟ∆[Ι];
2− ΟΛΥΤΕΥ, ΠΑΤΡΟΦΛΟΣ, ΘΕΤΙΣ, ΑΧΙΛΕΥΣ, ΜΕΝΕΛΕΟΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 173, 1; 1971, p. 72; JOHANSEN, 1967, p. 113-
115, fig. 37; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 70, 189, pr. 76; LOWENSTAM,
1993, p. 206, fig. 8; TOUCHEFEU-MEYNIER, 1997, p. 949, 1; VON BOTHMER,
1949, p. 85. *Fotografia do museu.
217
41 (= 166)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Chiusi. Atr.: Pintor Exécias. Berlim, Museu
Pérgamo, Coleção de Antiguidades, inv. F1718. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 144, nº 5; *STEINER, 1997, p. 162, fig. 8.
218
42 (= 17, 107)
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Berlim 1686. Paris,
Biblioteca Nacional, Coleção das Medalhas, inv. 207. Cerca de 540 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 296, 6; DE RIDDER, 1901-1902, p. 117-119,
207; LAMBRINO, 1928, p. 26-27, pr. (318) 34.3-5; *LISSARRAGUE, 1999, p. 84-87,
fig. 66; NEILS, 1994, p. 513, nº 48, pr. 402.
219
43 (= 181)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Londres B235. Nova
Iorque, Museu Metropolitano de Arte, inv. 26.60.20. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 152, 2; *MOORE; VON BOTHMER, 1976, p.
51-53, pr. (771) 43.5-8.
220
44 (= 184)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Relacionado ao Pintor de
Antímenes. Adolphseck, Castelo Fasanerie, inv. 4. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 123, 12ter; *BROMMER, 1956, p. 10, pr. (484,
486) 6.1-2, 8.1-2, 4; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 28-29, 37, nº E1, pr. 4.8.
221
45 (= 185)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Círculo do Pintor de Antímenes.
Limoges, Museu Adrien Dubouché, inv. 80.58. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 91, 258, A166, fig. 54b; TOUCHEFEU-
MEYNIER, 1968, p. 8, pr. (1025) 6.1. *Fotografia do museu.
222
46 (= 190)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Dublin, Museu
Nacional da Irlanda, inv. 1921.91. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: *LISSARRAGUE, 1990, p. 76, 253, nº A96, fig. 39b.
223
47 (= 205)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Fundo branco. Prov.: Tarquínia. Atr.: Comparar
ao Pintor de Villa Giulia M482. Tarquínia, Museu Nacional Tarquiniense, inv. (?).
Cerca de 520-500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 590, nº 3; *CULTRERA, 1930, p. 123-125, pr. 6b.
224
48 (= 206)
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: Camiro, Rodes. Sem atribuição. Londres, Museu
Britânico, inv. B172. Cerca de 520-500 a.C.
Bibliografia: WALTERS, 1893, p. 120; *1927, p. 9, pr. (165) 45.4a.
225
49 (= 62)
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Pintor Oltos. Berlim, Museu Pérgamo,
Coleção de Antiguidades, inv. F2264. Cerca de 510 a.C.
Inscrições: 1 − Ε[Υ]ΧΙΘΕΟΣ ΕΠΟΙΕΣΕ[Ν]; ΟΛΤΟΣ ΕΓ[ΡΑΦ]ΣΕ[Ν];
2 − ΑΝΤΙΛΟΧΟΣ, ΦΟΙΝΙΧΣ, ΙΡΙΣ, ΑΧΙ[ΛΛΕΥΣ], ΝΕΣΤΟ[Ρ].
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 60, 64; 1971, p. 326; BULAS, 1929, p. 42-46;
JOHANSEN, 1967, p. 270, nº B32; *ROHDE, 1964, p. 11-14, pr. (112-114) 1.1-2, 2.1-
2, 3.1-4.
226
50 (= 230)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Villa Giulia M482.
Bruxelas, Museus Reais, inv. R313. Cerca de 500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 590, nº 8; *MAYENCE, 1926, p. 3, pr. (22) 9.2a.
227
51 (= 26)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Maneira do Pintor da Linha
Rubra. Paris, Museu do Louvre, inv. F269. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 255, nº A123; POTTIER, 1929, p. 36, pr.
(355) 57.5, 10, 14. *Fotografia do autor.
228
52 (= 240)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Gela. Atr.: Pintor de Wurzburgo 234.
Siracusa, Museu Arqueológico Regional Paolo Orsi, inv. 24509bis. Cerca de 500-480
a.C.
Bibliografia: ARIAS, 1941, p. 4, pr. (811) 6.1; LISSARRAGUE, 1990, p. 257,
A146; ORSI, 1906, col. 295-296, fig. 218; *PANVINI; GIUDICE, 2003, p. 461,
pF66, fig. pF66b.
229
53
Cântaro. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Erétria. Paris, Biblioteca
Nacional, Coleção das Medalhas, inv. 851. Cerca de 440 a.C.
Inscrições: ΑΧΙΛΛΕΥΣ, ΚΥΜΟΘΕΑ, [Ο]ΥΚΑΛΕ[Γ]ΟΝ.
(Lado A: ΝΕΣΤ[ΩΡ], ΑΝΤ[Ι]ΛΟΧΟΣ, ΠΑΤΡΟΚΛΟΣ, ΘΕΤ[ΙΣ])
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 1251, 41; DE RIDDER, 1901-1902, p. 501-502,
851; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 71, 204, pr. 77; TOUCHEFEU-
MEYNIER, 1997, p. 949, nº 2. *Fotografia do autor.
230
54
Cálice tipo Siana. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor da Acrópole 1441. Basiléia,
Museu de Antiguidades, inv. BS1953.8. Cerca de 560 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 68, nº 1; 1971, p. 28, nº 1; *DESCOEUDRES, 1981,
p. 80, pr. (171) 25.1-5; KAHIL, 1997, p. 836-837, nº 16.
231
55
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Amásis. Riehen, particular,
Coleção Dr. H. Hoek. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 65; HAMPE, 1981, p. 514, 79a; *VON
BOTHMER, 1960, p. 75-77, pr. 9, 10.1-2.
232
56 (= 199)
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro. Munique, Museu
Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1415. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: *BRINKMANN, 2006a, p. 184-186, 18, fig. 25.1; HAMPE, 1981, p.
514, 78, pr. 392; KAHIL, 1997, p. 836, 12, pr. 563; LULLIES, 1939, p. 30-31, pr.
(139-141, 146) 45.2, 46.2, 47.3, 52.6.
233
57
Olpa. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro: Maneira do Pintor de Aqueloo.
Tarquínia, Museu Nacional Tarquiniense, inv. 595. Cerca de 500 a.C.
Bibliografia: *CAMPUS, 1981, p. 25-26, nº 14, pr. 50-51.
234
58 (= 74)
Cálice tipo C. Figuras vermelhas. Prov.: Cápua. Pintor Dúris. Paris, Museu do Louvre,
inv. G115. Cerca de 480 a.C.
Inscrições: 1. ∆ΟΡΙΣ ΕΓΡΑΦΣΕΝ, ΚΑΛΙΑ∆ΕΣ ΕΠΟΙΕΣΕΝ;
2. ΜΕΝΕΛΕΟΣ, ΑΛΕΧΑΝ∆ΡΟΣ, ΑΡΤΕΜΙΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 434, 74; 1971, p. 375; BULAS, 1929, p. 36-37;
HAMPE, 1981, p. 514, 79, pr. 392; JOHANSEN, 1967, p. 212-213, B2, fig. 89;
KAHIL, 1997, p. 836, nº 13; POTTIER, 1922a, p. 161-162, nº 115, pr. 107-108.
*Fotografia do museu.
235
59
Cálice tipo Siana. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Enípilo. Amsterdã, Museu
Allard Pierson, inv. B11.999. Cerca de 560-550 a.C.
Inscrição: ΑΙΝΕΑΣ.
Bibliografia: *BRIJDER; HEESEN; SMITH-LUB; BORGERS, 1996, p. 30-33, fig.
14b, pr. (395-397) 86.1-2, 87.1-2, 88.1-2.
236
60
Fragmentos de Cratera com colunas. Figuras negras. Prov.: Atenas, Acrópole. Sem
atribuição. Atenas, Museu Nacional, Coleção da Acrópole, inv. 1.646. Cerca de 550-
540 a.C.
Inscrições: [∆ΙΟΜΗ∆Η]Σ, ΑΙΝΕΑΣ.
Bibliografia: CANCIANI, 1981, p. 384, 33, pr. 298; *JOHANSEN, 1967, p. 200-
206, nº B3a, fig. 82;
237
61
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor Oltos. Copenhague, Museu
Thorvaldsens, inv. 100. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 60, 67; 1971, p. 327; CANCIANI, 1981, p. 384,
nº 36; *JOHANSEN, 1967, p. 200-206, nº B3b, fig. 83.
238
62 (= 49)
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Pintor Oltos. Berlim, Museu Pérgamo,
Coleção de Antiguidades, inv. F2264. Cerca de 510 a.C.
Inscrições: 1 − Ε[Υ]ΧΙΘΕΟΣ ΕΠΟΙΕΣΕ[Ν]; ΟΛΤΟΣ ΕΓ[ΡΡΑΦ]ΣΕ[Ν];
2 − ΗΙΠΑΣΟΣ, ΑΙΝΕΑ[Σ], ΠΑΤΡΟΚΛΟΣ, ΑΙΑΣ, ∆ΙΟΜΕ∆ΕΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 60, 64; 1971, p. 326; JOHANSEN, 1967, p. 191-
200, nº B12f, fig. 81; *ROHDE, 1964, p. 11-14, pr. (112-114) 1.1-2, 2.1-2, 3.1-4;
TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 317-318, nº 23.
239
63
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Camiro, Rodes. Atr.: Pintor de Cleófrades.
Londres, Museu Britânico, inv. E73. 500-480 a.C.
Inscrições: ΑΘΗΝ[ΑΙΑ], ∆ΙΟΜΗ∆ΗΣ, ΑΦΡΟ∆ΙΤΗΣ, ΑΙΝΕΑΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 192, 106; 1971, p. 341; BOARDMAN, 1974, p.
7-14, fig. 8; BULAS, 1929, p. 30-36, I, fig. 19; CANCIANI, 1981, p. 384, 37, pr.
298; JOHANSEN, 1967, p. 200-206, nº B3c, fig. 84-85; SMITH, 1896, p. 97-99;
*WILLIAMS, 1993, p. 72-74, pr. (857-859) 81.a-b; 82a-d; 83.a-d.
240
64 (= 140)
Cratera em cálice. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Tyszkiewicz. Boston,
Museu de Belas Artes, inv. 97.368. Cerca de 480 a.C.
Inscrições: ΑΘΕΝΑΙΑ, ∆ΙΟΜΕ∆ΕΣ, ΑΙΝΕΑΣ, ΑΦΡΟ∆ΙΤΕ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 290, 1; 1967, p. 54-55, fig. 34; 1971, p. 355;
BULAS, 1929, p. 30-36, nº H, fig. 18; CANCIANI, 1981, p. 384, nº 38, pr. 299;
CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 13-21, 70, pr. 13; JOHANSEN, 1967, p. 200-206,
B3d, fig. 86. *Fotografia do museu.
241
65
Fragmento de Cratera com volutas. Figuras vermelhas. Prov.: Atenas, Ágora. Sem
atribuição. Atenas, Museu da Ágora, inv. P8533. Cerca de 480 a.C.
Para a composição, ver o nº 64.
Bibliografia: DINSMOOR, 1941, p. 134-135, 13, fig. 61; *MOORE, 1997, p. 170-
171, nº 237, fig. 14, pr. 32.
242
66
Cratera em cálice, fragmentária. Figuras negras. Prov.: Ágora. Atr.: Pintor Exécias.
Atenas, Museu da Ágora, inv. AP1044. Cerca de 530 a.C.
Inscrições: ∆ΙΟΜΕ∆ΕΣ, ΗΕΓΤΟΡ, [Π]ΑΤΡΟΚΛΟΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 145, 19; 1971, p. 60; BRONEER, 1937, p. 469-
486, fig. 1-10; 1938, p. 161, pr. 16.b; 1956, p. 345-349, pr. 50.a-b; JOHANSEN, 1967,
p. 191-200, B12d, fig. 80; MOORE, 1980, p. 421-434, pr. 50.4; TOUCHEFEU-
MEYNIER, 1981, p. 321, nº 48, pr. 237. *Fotografia do museu.
243
67
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Antímenes. Toronto,
Museu Real Ontário, inv. 926.19.2. Cerca de 520 a.C.
Inscrição: ΑΙ[Ν]ΤΟΣ
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 272, nº 100; *HAYES, 1981, p. 7-8, pr. (9-10) 9.3-4,
10.3-4; JOHANSEN, 1967, p. 207-208, nº B23; ROBINSON; HARCUN; ILIFFE,
1930, p. 123-125, 303, pr. 38; TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 320, 41, pr.
236.
244
68
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Munique 1410. Munique,
Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1411. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 311, 2; *BRINKMANN, 2006b, p. 195-199,
70, fig. 28.4; LULLIES, 1939, p. 28-29, pr (135, 137) 41.3, 43.1-3; TOUCHEFEU-
MEYNIER, 1981, p. 326, nº 76, pr. 241.
245
69
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Grupo de Leagro: Grupo de Antíope.
San Francisco, Museu Memorial M. H. Young, inv. 243.24874. Cerca de 510-500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 367, 92; SMITH, 1943, p. 27-31, pr. (468-470,
490) 8.1a-e, 9.1a-f, 10.1a-f, 30.6. *Fotografia do museu.
246
70
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Grupo de Leagro. Munique, Museu
Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1408. Cerca de 510-500 a.C.
Inscrições: ΑΙΑΑΣ, ΗΕΚΤΟΡΟ, ΤΥ∆ΥΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 368, 106; 1971, p. 162; JOHANSEN, 1967, p.
197-198, B24; *KNAUSS, 2006b, p. 216-220, 70, fig. 32.4; LULLIES, 1939, p.
26-27, pr. (130, 133) 36.4, 39.1-2; MOORE, 1980, p. 423-424; TOUCHEFEU-
MEYNIER, 1981, p. 320, nº 46, pr. 237.
247
71
Estano. Figuras vermelhas. Prov.: Todi. Atr.: Pintor Esmícro. Londres, Museu
Britânico, inv. E438. Cerca de 500 a.C.
Inscrições: 1 − ΣΜ[Ι]ΚΡΟΣ [ΜΕ]ΕΓΡΑΦΣΕΝ;
2 − ΑΙΑΣ, ΕΚΤΟ[Ρ], [Α]ΘΕΝΑ[Ι]Α.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 20, 3; BULAS, 1929, p. 30-36, B;
JOHANSEN, 1967, p. 207-212, B5a, fig. 87; SMITH, 1896, p. 267-268;
TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 319, 36, pr. 235; *WALTERS, 1927, p. 7-8, pr.
(184) 19.2a-c.
248
72
Cálice tipo C. Figuras vermelhas. Prov.: Cerveteri. Atr.: Pintor Onésimo. Roma, Museu
Nacional Etrusco de Villa Giulia, inv. 121110. Cerca de 500-490 a.C.
Inscrição: [ΑΘΕ]ΝΑΙΑ.
Bibliografia: WILLIAMS, 1991, p. 59-61, fig. 8n. *Fotografia do museu.
249
73
Ânfora tipo A. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Cleófrades. Wurzburgo,
Museu Martin von Wagner, inv. 508. Cerca de 480 a.C.
Inscrição: ΦΟΙΝΙΞ, ΗΕΚΤΟ[Ρ].
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 182, 5; 1971, p. 340; BULAS, 1929, p. 40-41;
JOHANSEN, 1967, p. 186-188, B6a, fig. 76; NEILS, 1994, p. 513, 51, pr. 402;
TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 320, nº 43, pr. 237. *Fotografia do museu.
250
74 (= 58)
Cálice tipo C. Figuras vermelhas. Prov.: Cápua. Pintor Dúris. Paris, Museu do Louvre,
inv. G115. Cerca de 480 a.C.
Inscrições: 1. ∆ΟΡΙΣ ΕΓΡΑΦΣΕΝ; ΚΑΛΙΑ∆ΕΣ ΕΠΟΙΕΣΕΝ.
2. ΑΙΑΙ[Σ], ΑΘΕ[Ν]ΑΙΑ, ΗΕΚΛΟΡ, ΑΠΟΛΛΟΩΝ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 434, nº 74; 1971, p. 375; BULAS, 1929, p. 30-36,
G; JOHANSEN, 1967, p. 207-212, B5b, fig. 88; POTTIER, 1922a, p. 161-162,
115, pr. 107-108; TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 319, 37, pr. 235. *Fotografia
do museu.
251
75
Enócoa. Figuras vermelhas. Prov.: Cerveteri. Atr.: Classe de Altemburgo. Paris,
Biblioteca Nacional, Coleção das Medalhas, inv. 458. Cerca de 520 a.C.
Inscrições: 1. ΑΧΙΛΕΩΣ, ΗΕΚΤΩΡ; 2. ΧΑΙΡΕΤΟΝ ΠΟΛΥ∆Ι.
Bibliografia BEAZLEY, 1963, p. 12, 10; 1971, p. 321; DE RIDDER, 1901-1902, p.
348-349, 458, fig. 80; JOHANSEN, 1967, p. 213-219, B17b, fig. 90; KOSSATZ-
DEISSMANN, 1981, p. 134-135, 567, pr. 115; *LAMBRINO, 1928, p. 73-74, pr.
(482) 96.4-6.
252
76
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Agrigento. Sem atribuição. Paris, Museu do
Louvre, inv. CA4201. Cerca de 520 a.C.
Inscrição: ΑΧΙΛΛΕΥΣ, ΗΕΚΤΟΡ.
Bibliografia: JOHANSEN, 1967, p. 213-219, nº B25; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981,
p. 134, nº 562; *LANDES; LAURENS, 1998, p. 137-138, 144, nº 92, fig. 92a-c;
TOUCHEFEU-MEYNIER, 1988, p. 490, nº 57.
253
77
Fragmentos de Fíala. Figuras vermelhas. Prov.: Pyrgi. Pintor Dúris. Malibu, Museu J.
Paul Getty, inv. 81.AE.213. Cerca de 500-480 a.C.
Inscrições: 1. ∆ΟΡΙΣ [ΜΕΓΡΑΦΣ]ΕΝ; 2. [ΑΘ]ΕΝΑΙΑ, ΑΧ[ΙΛΛΕΥΣ]
Bibliografia: *ROBERTSON, 1991, 87-91, fig. 1n-r. *Fotografia do museu.
254
78
Lécito. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Atena. Oslo, Museu de Arte Aplicada,
inv. 7916. Cerca de 490 a.C.
Inscrições: 1. ΑΧΙΛΛΕΥΣ, ΕΚΘΟΡ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 261; HASPELS, 1936, p. 50; JOHANSEN, 1967, p.
262-264; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 134, 560; *MARSTRANDER;
SEEBERG, 1964, p. 23-24, pr. (18) 18.1-3, 19.4; TOUCHEFEU-MEYNIER, 1988, p.
490, nº 56a.
255
79 (= 137)
Cratera com volutas. Figuras vermelhas. Prov.: Cerveteri. Atr.: Pintor de Berlim.
Londres, Museu Britânico, inv. E468. Cerca de 490 a.C.
Inscrições: ΑΧΙΛΛΕΥΣ, ΗΕΚΤΟΡ, ΑΘΕΝΑΙΑ, ΑΠΟΛΛΟΝ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 206, 132; 1971, p. 343; JOHANSEN, 1967, p.
213-219, B17c, fig. 91; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 134, 565, pr. 114;
SMITH, 1896, p. 287-288; TOUCHEFEU-MEYNIER, 2000, p. 26-27; fig. 1.
*Fotografia do museu.
256
80
Estano. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Berlim. Munique, Museu
Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 2406. Cerca de 490 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 207, 137; 1971, p. 343; BULAS, 1929, p. 30-36,
nº C; JOHANSEN, 1967, p. 262-264, fig. 96; *KNAUSS, 2006d, p. 226-231, 76, fig.
34.1; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 134, 566, pr. 115; LULLIES, 1961, p. 31-
32, pr. (953-955) 238.1-2, 239.1-2, 240.1-4.
257
81
Hídria. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Eucarides. Vaticano, Museu
Gregoriano Etrusco, inv. 502. Cerca de 490 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 229, nº 38; 1971, p. 347; BULAS, 1929, p. 30-36,
E; *BOTTINI; TORELLI, 2006, p. 11, 253, 60; JOHANSEN, 1967, p. 213-219, nº
B17d, fig. 92; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 135, 568; TOUCHEFEU-
MEYNIER, 1988, p. 490, nº 59.
258
82
Fragmento de Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor Dúris. Vaticano,
Museu Gregoriano Etrusco, inv. AST131. Cerca de 490-480 a.C.
Inscrição: ΘΕ[ΤΙ]Σ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 431, 43; 1971, p. 41bis; CASKEY; BEAZLEY,
1954, p. 52-53; *KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 135, nº 569, pr. 115.
259
83
Estano. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Triptólemo. Basiléia, Museu de
Antiguidades, Coleção Ludwig, inv. BS477. Cerca de 480 a.C.
Inscrições: ΦΟΙΝΙΧΣ, ΗΕΚΤΟΡ, [Π]ΡΙΑΜΟΣ, ΠΑΤ[ΡΟΚΛΟΣ].
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 361, 7; EKROTH, 2005, p. 13; JOHANSEN,
1967, p. 186-188, B6b; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 110, 453, pr. 105;
NEILS, 1994, p. 513, 52, pr. 402; SLEHOFEROVA, 1988, p. 42-45, pr. (334-335)
22.1-6, 23.1-6; TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 321, nº 50. *Fotografia do museu.
260
84
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Cerveteri. Atr.: Pintor da Fundição. Boston,
Museu de Belas Artes, inv. 98.933. Cerca de 480 a.C.
Inscrições: ΙΛΙΟΝ, [ΗΕΚ]ΤΟΡ, ΑΧΙΛΛΙΕΥ[Σ].
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 402, 23; 1971, p. 370; BULAS, 1929, p. 37-38,
fig. 20; HEDREEN, 2001, p. 149-150, 158, fig. 40a-b; JOHANSEN, 1967, p. 188-191,
B15, fig. 77; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 134, 564, pr. 114; NEILS, 1994,
p. 513, nº 54. *Fotografia do museu.
261
85
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Maneira do Pintor Dúris. Vaticano,
Museu Gregoriano Etrusco, inv. 545. Cerca de 480 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 449, 2; 1971, p. 376; BULAS, 1929, p. 30-36,
F; JOHANSEN, 1967, p. 213-219, B17e-f; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 135,
nº 570, pr. 115. *Fotografia do museu.
262
86
Estano. Figuras vermelhas. Prov.: Ampurias, Espanha. Atr.: Pintor de Providence.
Barcelona, Museu Arqueológico Nacional, inv. 589. Cerca de 460 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 639, 55; *BOSCH I GIMPERA; DE C. SERRA I
RAFOLS, 1957, p. 27-28, pr. (116-117) 18.1a-b, 19.1a-b; TOUCHEFEU-MEYNIER,
1988, p. 490, nº 62.
263
87
Ânfora tipo nolana. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Relacionado ao Pintor de Nícon.
Providence, Museu de Arte da RISD, inv. 23.323. Cerca de 460 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 653, 1; 1971, p. 506; LUCE, 1933, p. 24-25, pr.
(68-69) pr. 15.2a-b, 16.2. *Fotografia do museu.
264
88
Píxide. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor C. Lille, Museu de Belas Artes, inv. 763.
Cerca de 570-560 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 681, nº 122bis; TALLEUX, 2005, p. 25-28, pr.
(1733-1735) 5-7. *Fotografia do museu.
265
89
Cálice tipo Siana. Figuras negras. Prov.: Siana. Atr.: Maneira do Pintor C. Londres,
Museu Britânico, inv. B379. Cerca de 570-560 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 60, 20; 1971, p. 26, 20; *BRIJDER, 1983, p.
246-247, 121, pr. 24; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 339, 16, pr. 253;
SMITH; PRYCE, 1926, p. 4, pr. (66) 8.2a-c; WALTERS, 1893, p. 210-212.
266
90
Cotão. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Pintor C. Munique, Museu Nacional,
Coleção de Antiguidades, inv. 8600. Cerca de 570-560 a.C.
Bibliografia: LULLIES, 1952, p. 34-35, fig. 3-4, pr. (420-421) 138.3-5, 139.1-2;
*WÜNSCHE, 2006b, p. 251-257, nº 82, fig. 38.5.
267
91
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Londres B76. Londres,
Museu Britânico, inv. 1899.7-21.2. Cerca de 570-560 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 86, 8; 1971, p, 32; KOSSATZ-DEISSMANN,
1981, p. 176, nº 818; *WALTERS, 1927, p. 7, pr. (155) 35.1a-b.
268
92
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo Tirrênico: Pintor de
Prometeu. Nova Iorque, Museu Metropolitano de Arte, inv. 59.11.25. Cerca de 570-560
a.C.
Inscrição: ΑΧΙΛΕΟΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 40; KLUIVER, 1995, p. 60, 30; *MOORE; VON
BOTHMER, 1976, p. 2-4, pr. (731) 3.1-4.
269
93
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo Tirrênico: Pintor de
Guglielmi. Paris, Museu Louvre, inv. E835. Cerca de 570-560 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 101, 82; KLUIVER, 1996, p. 21, 206.
*Fotografia do museu.
270
94
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo Tirrênico: Grupo de
O.L.L.. Hamburgo, particular. Cerca de 570-560 a.C.
Inscrições: ΗΕΚΤΟΡ, ΜΕΝΜΟΝ, [ΑΧΙ]ΛΛΕΥΣ, ΦΟΚΟΣ, Θ[ΕΤ]ΙΣ, [∆ΙΟ]ΜΕ∆ΕΣ.
Bibliografia: KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 176, 822, pr. 137; 1992, p. 454,
37; *VON BOTHMER, 1977, p. 251-254, nº 233, fig. 1.
271
95
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo Tirrênico: Pintor de
Castellani. Frankfurt, Museu Liebieghaus, inv. VFβ285. Cerca de 570-560 a.C.
Bibliografia: *DEPPERT, 1964, p. 27-28, pr. (1196-1197) 24.1-2, 25.5-7.
272
96
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo Tirrênico: Grupo O.L.L..
Jerusalém, Museu das Terras da Bíblia, inv. 4639. Cerca de 560-550 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: *BERNHEIMER, 2001, p. 44-45, nº 55, fig. A-B.
273
97
Cratera com volutas, fragmentária. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo Tirrênico:
Pintor do Gamo. Malibu, Museu J. Paul Getty, inv. 86.AE.112. Cerca de 560-550 a.C.
Inscrição: sem sentido.
Bibliografia: *CLARK, 1988, p. 50-52, pr. (1160-1161) 50.1-2, 51.1-2; KLUIVER,
1996, p. 26, nº 253.
274
98
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Caere, Etrúria. Atr.: Grupo Tirrênico:
Pintor do Gamo. Paris, Museu do Louvre, inv. E845. Cerca de 560-550 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 102, 93; 1971, p. 38; KLUIVER, 1996, p. 26,
234, fig. 32; POTTIER, 1901, p. 568, 845; 1922b, p. 4, pr. (34) 4. 5, 13. *Fotografia
do museu.
275
99
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo Tirrênico: Pintor do Gamo.
Paris, Museu do Louvre, inv. CP10503. Cerca de 560-550 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 101, 84; 1971, p. 38; KLUIVER, 1996, p. 26,
233, fig. 33. *Fotografia do museu.
276
100
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Grupo Tirrênico: Pintor de
Prometeu. Paris, Museu do Louvre, inv. E854. Cerca de 560-550 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 101, 89; KLUIVER, 1995, p. 60, 27;
POTTIER, 1901, p. 570, 854; 1922b, p. 5. pr. (35) 5.3, 11; VON MEHREN, 2002, p.
47-48, fig. 5. *Fotografia do museu.
277
101
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Caere. Atr.: Pintor do Vaticano 309.
Vaticano, Museu Gregoriano Etrusco, inv. 309. Cerca de 560-550 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 121, 7; *ALBIZZATI, 1924-1938, p. 106-107,
309, pr. 31.
278
102
Lécito. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Havana, Museu Nacional de Belas
Artes, Coleção Lagunillas. Cerca de 560-550 a.C.
Bibliografia: *OLMOS, 1993, p. 140, nº 58.
279
103
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo Tirrênico: Pintor do Gamo.
Bruxelas, particular, Coleção J. L. Theodor. Cerca de 550 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: *HEESE, 1996, p. 46-49, nº 2, fig. 3; KLUIVER, 1996, p. 26, nº 240.
280
104
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Grupo Tirrênico: Pintor do
Gamo. Paris, Museu do Louvre, inv. CP10504. Cerca de 550 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 41; KLUIVER, 1996, p. 21, 223. *Fotografia do
museu.
281
105
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Grupo E. Quioto, particular,
Coleção Hashimoto, inv. 130. Cerca de 550-540 a.C.
Bibliografia: *MIZUTA, 1991, p. 9-10, pr. (57-58, 60) 7.4, 8.1-2, 10.3-4.
282
106
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Próximo do Grupo E: Pintor de
Towry Whyte. Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1381. Cerca
de 540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 142, nº 5; 1971, p. 58; LULLIES, 1939, p. 15-16, pr.
(108, 110-11) 14.2, 16.1-2, 17.1-2; *WÜNSCHE, 2006b, p. 251-257, nº 84, fig. 38.7.
283
107 (= 17, 42)
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Berlim 1686. Paris,
Biblioteca Nacional, Coleção das Medalhas, inv. 207. Cerca de 540 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 296, 6; LAMBRINO, 1928, p. 26-27, pr. (318)
34.3-5; *LISSARRAGUE, 1999, p. 86, fig. 67.
284
108
Ânfora tipo nicostênica. Figuras negras. Prov.: Caere. Atr.: Pintor N. Roma, Museu
Nacional Etrusco de Villa Giulia, inv. 50558. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 221, 37; 1971, p. 104; *BOARDMAN, 2001, p.
163, fig. 187.
285
109
Cálice com faixa. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de BMN. Berlim, Museu
Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1797. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 227, nº 14; *1986, p. 67, pr. 77.5.
286
110
Fragmentos de Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de
Antímenes. Malibu, Museu J. Paul Getty, inv. 86.AE.62.1-2. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: *CLARK, 1988, p. 3-4, pr. (1113) 3.1-2.
287
111
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Antímenes. Oxford,
Museu Ashmolean, inv. 1965.116. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 273, 111; 1971, p. 119; *BUROW, 1989, p. 83-
84, nº 41, pr. 41.
288
112
Cálice com faixa. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Círculo do Pintor de Antímenes. San
Antonio, Museu de Arte, inv. 86.134.36. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: *SHAPIRO, 1995, p. 99-100, nº 47, fig. 47.
289
113
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Munique 1410. Karlsruhe,
Museu Nacional de Baden, inv. 61.89. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 135, 1bis; *WEISS, 1990, p. 36-39, pr. (2957,
2959-2960) 12.1-2, 14.1-5, 15.3.
290
114
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Lisipides. Nova Iorque, Museu
Metropolitano de Arte, inv. 58.32. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: *VON BOTHMER, 1963, p. 23-24, pr. (561-562) 29.1-2, 30.1-2.
291
115
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Classe de Cambridge 49.
Paris, Museu do Louvre, inv. F57. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 316, 3; POTTIER, 1901, p. 95, 57, pr. 67;
1926, p. 18, pr. (197) 31.1, 5. *Fotografia do museu.
292
116
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Relacionado ao Pintor de
Lisipides. Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1523. Cerca de
520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 262, 1; KUNZE-GÖTTE, 1973, p. 14-15, pr.
(1781, 1784-1785) 363.4, 366.1-2, 367.3;*WÜNSCHE, 2006b, p. 251-257, 86, fig.
38.9.
293
117
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Relacionado ao Pintor de
Lisipides. Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1502. Cerca de
520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 263, 2; 1971, p. 116; KUNZE-GÖTTE, 1973, p.
20-21, pr. (17-85-1786, 1789) 367.4, 368.3, 371.1-2;*WÜNSCHE, 2006b, p. 251-257,
nº 87, fig. 38.10.
294
118
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: Tarquínia. Atr.: Relacionado ao Pintor de
Lisipides. Boston, Museu de Belas Artes, inv. 89.256. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 115, 4. HOFFMANN; VON BOTHMER;
TRUITT, 1973, p. 7, pr. (632) 10.1-2. *Fotografia do museu.
295
119
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Antímenes. Los
Angeles, Museu de Arte do Condado, inv. 50.8.1. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 273, 108; *PACKARD; CLEMENT, 1977, p. 9-
10, pr. (847) 7.1-4.
296
120
Hídria. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Pintor de Antímenes. Münster,
Museu Arqueológico, Universidade Wilhelms, inv. 564. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: *KORZUS, 1984, p. 43, nº 1, fig.1.
297
121
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Munique 1410.
Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1410. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 311, 1; 1971, p. 135; LULLIES, 1939, p. 28, pr.
(135-136, 146) 41.2, 42.1-3, 52.4; *WÜNSCHE, 2006b, p. 251-257, nº 85, fig. 38.8.
298
122 A e B
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Pintor de Lissipides. Dallas,
Museu de Arte, inv. 1965.29.M. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, 115, 3bis; *BROMBERG; KILINSKI II, 1996, p.
64-65, nº 25, fig. A-B.
299
123
Hídria. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Pintor de Antímenes. Nova Iorque,
Museu Metropolitano de Arte, inv. 23.160.1. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 280, nº 4.*Fotografia do museu.
300
124
Enócoa. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Classe do Vaticano G47. Munique, Museu
Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1764. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: PFISTERER-HAAS, 1993, p. 36-37, pr. (3216, 3218) 23.3-4, 25.5;
*WÜNSCHE, 2006b, p. 13, 251-257, nº 83, fig. 38.6.
301
125
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Wurzburgo 199.
Vaticano, Museu Gregoriano Etrusco, inv. 389. Cerca de 520-510 a.C.
Inscrições: ΑΧ[Ι]ΛΕΥΣ, ΜΕΜΝΟΝ.
Bibliografia: *ALBIZZATI, 1924-1938, p. 172, 389, pr. 55; BEAZLEY, 1956, p.
288, 8; 1971, p. 126; CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 15; KOSSATAZ-
DEISSMANN, 1981, p. 176, nº 819; 1992, p. 454, nº 38, pr. 235.
302
126
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Cambridge, Museu da
Faculdade Trindade, inv. T2. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: *NICHOLLS, 1970-1971, p. 82, fig. 8.
303
127
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Cerveteri. Pintor Epícteto. Roma, Museu
Nacional Etrusco de Villa Giulia, inv. 57912. Cerca de 510 a.C.
Inscrições: 1. ΕΠΙΚΤΕΤΟΣ; 2. ΕΓΡΑΦΣΕΝ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 72, nº 24; CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 18;
JOHANSEN, 1967, p. 261; *KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p.174, 179, n
os
804, 841,
pr. 136; 1992, p. 452, nº 19.
304
128
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Círculo do Pintor de Antímenes.
Copenhague, Museu Thorvaldsens, inv. 552. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: *MELANDER, 1999, p. 35-36, pr. (380-381) 18-19.
305
129
Fragmento de Cratera em cálice. Figuras vermelhas. Prov.: Tasos. Atr.: Pintor Fíntias.
Tasos, Museu Arqueológico, inv H398. Cerca de 510 a.C.
Inscrição: ΜΕΜ[ΝΟΝ]
Para a composição ver nº 140.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 23, 6; *GHALI-KAHIL, 1960, p. 110, 26, pr.
45.26; KOSSATAZ-DEISSMANN, 1981, p. 179, nº 843; 1992, p. 454, nº 43.
306
130
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Sem atribuição. Munique, Museu
Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1492. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: KUNZE-GÖTTE, 1973, p. 73-74, pr. (1831, 1834, 1836) 413.3, 416.1-2,
418.3; *WÜNSCHE, 2006b, p. 251-257, nº 89, fig. 38.12.
307
131
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?) Atr.: Grupo das Três Linhas. Bruxelas,
Museus Reais, inv. A712. Cerca de 510-500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 320, nº 3; *MAYENCE, 1926, p. 3, pr. (22) 9.3a-b.
308
132
Cratera com colunas. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Northampton, Castelo
Ashby, inv. 20. Cerca de 510-500 a.C.
Bibliografia: *BOARDMAN; ROBERTSON, 1979, p. 12-13, pr. (675) 20.3-4.
309
133
Hídria. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Rycroft. Munique, Museu Nacional,
Coleção de Antiguidades, inv. 1720. Cerca de 500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 337, 24; CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 17;
*WÜNSCHE, 2006b, p. 251-257, nº 88, fig. 38.11.
310
134
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Atenas, Ágora. Atr.: Pintor de Berlim. Atenas,
Museu da Ágora, inv. P24113. Cerca de 500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 213, 242; 1971, p. 344; CARDON, 1979, p. 169-
173, pr. 22.1, 23.4-5, 24.8, 25.12; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 178, 830, pr.
138; KURTZ, 1983, p. 69-71, pr. IVa-b; MOORE, 1997, p. 317-318, 1407, pr. 129-
130; ROBERTSON, 1958, p. 55-66, pr.6.1-2, 7.3-5; THOMPSON, 1955, p. 64-66, pr.
30. *Fotografia do museu.
311
135
Lécito. Figuras negras. Fundo branco. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Safo. Londres, Museu
Britânico, inv. B639. Cerca de 500-480 a.C.
Inscrição: sem sentido.
Bibliografia: CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 18; HASPELS, 1936, p. 227, 28, pr.
36.1; *KOSSATZ-DEISSMANN, 1992, p. 452, nº 18, pr. 233-234.
312
136
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Sabouroff. Londres,
Museu Britânico, inv. E77. Cerca de 500-480 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 837, nº 1; CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 18;
KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 178, nº 835; SMITH, 1896, p. 103-104. *Fotografia
do museu.
313
137 (= 79)
Cratera com volutas. Figuras vermelhas. Prov.: Cerveteri. Atr.: Pintor de Berlim.
Londres, Museu Britânico, inv. E468. Cerca de 490 a.C.
Inscrições: ΑΧΙΛΛΕΥΣ, ΜΕΜΝΟΝ, ΘΕΤΙΣ, ΗΕΟΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 206, 132; 1971, p. 343; BULAS, 1929, p. 30-36,
D; CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 16; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 179,
837; 1992, p. 454, nº 44, pr. 235; SMITH, 1896, p. 287-288. *Fotografia do museu.
314
138
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Tarquínia. Atr.: Pintor de Brígo. Tarquínia,
Museu Nacional Tarquiniense, inv. RC6846. Cerca de 490-480 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 369, 4; 1971, p. 365; *BOTTINI; TORELLI,
2006, p. 222-223, 43; CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 18; HAMPE, 1981, p. 514,
80, pr. 392; IACOPI, 1955, p. 4-5, pr. (1156-1157) 4.1-2, 5.1-2; KOSSATZ-
DEISSMANN, 1981, p. 179, nº 842.
315
139
Cálice tipo C. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Castelgiorgio. Londres,
Museu Britânico, inv. E67. Cerca de 490-480 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 386, nº 3; CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 18;
KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 178, 836; 1992, p. 455, 53, pr. 236; SMITH,
1896, p. 90-91; *WILLIAMS, 1993, p. 61-62, pr. (842-843) 66.a-b, 67.a-b.
316
140 (= 64)
Cratera em cálice. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Tyszkiewicz. Boston,
Museu de Belas Artes, inv. 97.368. Cerca de 480 a.C.
Inscrições: ΑΘΕΝΑΙΑ, ΑΧΙΛΕΥΣ, ΜΕΛΑΝΙΠΠΟΣ, ΜΕΙΜΝΟΝ, ΗΕΙΟΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 290, 1; 1967, p. 54-55, fig. 34; 1971, p. 355;
CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 13-21, 70, pr. 13; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981,
p. 178, nº 833, pr. 139; 1992, p. 454, nº 45.
317
141
Estano. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor Hermónax. Melbourne, Galeria
Nacional de Victoria, inv. D391.1980. Cerca de 470 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 129, 25; KOSSATZ-DEISSMANN, 1992, p. 452,
nº 21. *Fotografia do museu.
318
142
Cratera com colunas. Figuras vermelhas. Prov.: Etrúria. Atr.: Pintor do Pomar. Paris,
Museu do Louvre, inv. CP10763. Cerca de 470-460 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 523, nº 4. *Fotografia do museu.
319
143
Cratera em cálice. Figuras vermelhas. Prov.: Agrigento, Sicília. Atr.: Pintor de
Altamura. Paris, Museu do Louvre, inv. G342. Cerca de 460 a.C.
Inscrição: ΑΧ[Ι]ΛΛΕΥΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 590, 12; CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 16;
KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 179, 839, pr. 139; 1992, p. 454, 46;
POTTIER, 1922a, p. 229-230, nº 342, pr. 137; *1923, p. 4-5, pr. (98) 4.2-3.
320
144
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Spina. Atr.: Pintor de Pentesiléia. Ferrara,
Museu Arqueológico Nacional, inv. 44885. Cerca de 460-450 a.C.
Bibliografia: *ALFIERI; ARIAS, 1958, p. 48-53, pr. 28-33; 1960, p. 162-166, pr. LIV-
LVII; BEAZLEY, 1963, p. 882, 35; 1971, p. 428; KOSSATZ-DEISSMANN, 1992,
p. 455, nº 55, pr. 236; TOUCHEFEU-MEYNIER, 1981, p. 320, nº 42, pr. 237.
321
145
Cálice tipo C. Figuras vermelhas. Prov.: Etrúria. Sem atribuição. Paris, Museu do
Louvre, inv. G399. Cerca de 450 a.C.
Bibliografia: CASKEY; BEAZLEY, 1954, p. 18; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p.
173, 179, n
os
801, 840, pr. 135, 139; 1992, p. 453, nº 24; *POTTIER, 1922a, p. 244-245,
nº 399, pr. 140.
322
146
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Pintor Eufrônio. Dallas, particular, Coleção
Nelson Bunker Hunt. Cerca de 520 a.C.
Inscrições: 1. ΕΥΦΡΟΝΙΟΣ ΕΓΡΑΓ[ΣΕΝ];
2. ΗΥΠΝ[ΟΣ], ΣΑΡΠΕ∆ΟΝ, ΘΑΝΑΤΟΣ, ΑΚΑΜΑΣ.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 904, 2; *DENOYELLE, 1990, p. 168-169, nº 34;
MINTSI, 1991, p. 9-20, fig. 1; ROBERTSON, 1981, p. 23-25, fig. 1-6; TURNER,
2003-2004, p. 57-64, fig.1a-c; VON BOTHMER, 1987, p. 10-11, fig. 6; 1994, p. 697, nº
3, pr. 520.
323
147
Cratera em cálice. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Pintor Eufrônio. Nova Iorque, Museu
metropolitano de Arte, inv. 1972.11.10. Cerca de 515 a.C.
Inscrições: 1. ΕΥΧΣΙΘΕΟΣ ΕΠΟΙΕΣΕΝ; ΕΥΦΡΟΝΙΟΣ ΕΓΡΑΦΣΕΝ;
2. ΛΕΟ∆ΑΜΑΣ, ΗΥΠΝΟΣ, ΗΕΡΜΕΣ, ΘΑΝΑΤΟΣ, ΣΑΡΠΕ∆ΟΝ, ΗΙΠΠΟΛΥΤΟΣ.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 904, 3; MINTSI, 1991, p. 9-20, fig. 2; SARIAN,
1994-1995, p. 64, 69, fig. 2; TOUCHEFEU-MEYNIER, 2000, p. 48-49; fig. 1-2;
TURNER, 2003-2004, p. 64-69, fig. 4a-b; VON BOTHMER, 1972, p. 2, 34-39, 15;
1981, p. 63, 67-68, 79, fig.65-66; 1987, p. 6-8, fig. 2-3; 1990, p. 77-88, 4; 1994, p.
697, nº 4, pr. 520. *Fotografia do museu.
324
148
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Nicóstenes. Londres,
Museu Britânico, inv. E12. Cerca de 510-500 a.C.
Inscrição: ΠΑΝΘΑΙΟΣ ΕΠΟΙΕΣΕΝ.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 904, 4; BEAZLEY, 1963, p. 126, nº 24; 1971, p.
333; BULAS, 1929, p. 48-49; JOHANSEN, 1967, p. 255-256, B11d; MINTSI, 1991,
p. 9-20, fig. 3; SMITH, 1896, p. 47-49; VON BOTHMER, 1981, p. 71, 77, fig. 75;
*1987, p. 8-9, fig. 4; 1994, p. 697, nº 5, pr. 521.
325
149
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Lisboa, particular,
Coleção Manuel de Lancastre. Cerca de 510-500 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: *PEREIRA, 2007, p. 82-83, nº 7, fig. 7a-b.
326
150
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Cápua. Atr.: Pintor de Diósfos. Paris,
Museu do Louvre, inv. F388. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 904, 6; BULAS, 1929, p. 48-49; HASPELS, 1936,
p. 238, 133; JOHANSEN, 1967, p. 255-256, B11a; MINTSI, 1991, p. 9-20, fig. 5;
POTTIER, 1901, p. 134, 388, pr. 87; VON BOTHMER, 1981, p. 74-75, 77, fig. 76-
77; 1994, p. 697, nº 7, pr. 521. *Fotografia do museu.
327
151
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Diósfos. Nova Iorque,
Museu Metropolitano de Arte, inv. 56.171.25. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 904, 5; BULAS, 1929, p. 48-49; HASPELS, 1936,
p. 239, 137; JOHANSEN, 1967, p. 255-256, B11; KAHIL, 1997, p. 838-839,
36; MINTSI, 1991, p. 9-20, fig. 6; VON BOTHMER, 1981, p. 74-75, fig. 78-79; 1994,
p. 697, nº 8, pr. 521. *Fotografia do museu.
328
152
Olpa. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor do Vaticano G49. Sydney, Museu
Nicholson, Universidade de Sydney, inv. 98.150. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: OAKLEY, 2002, p. 245-248, pr. 66a-b; TURNER, 2003-2004, p. 72-74,
fig. 6a-b. *Fotografia do museu.
329
153
Lécito. Figuras negras. Prov.: Agrigento. Atr.: Grupo de Haimon. Agrigento, Museu
Arqueológico Regional, inv. AG9215. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: *DE MIRO, 2000, p. 223, 1204, pr. 126a-b; TURNER, 2003-2004, p.
74-75, fig. 7.
330
154
Cratera em cálice. Figuras vermelhas. Prov.: Cerveteri. Atr.: Pintor de Eucarides. Paris,
Museu do Louvre, inv. G163. Cerca de 500-490 a.C.
Inscrições: ΗΥΠΝΟΣ, ΣΑΡ[Ε∆ΟΝ].
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 905, 8; BEAZLEY, 1963, p. 227, nº 12; 1971, p.
347; BULAS, 1929, p. 48-49; JOHANSEN, 1967, p. 255-256, B11e; MINTSI, 1991,
p. 9-20, fig. 4; POTTIER, 1922b, p. 5-6, pr. (46-47) 8.1-4, 9.1-3; 1922b, p. 190-191,
163, pr. 124; SARIAN, 1994-1995, p. 64-65, 70, fig. 3; TURNER, 2003-2004, p. 69-70,
fig. 5a-b; VON BOTHMER, 1981, p. 74, 77, fig. 74; 1987, p. 9-10, fig. 5; 1994, p. 697,
nº 6, pr. 521. *Fotografia do autor.
331
155
Lécito. Figuras negras. Prov.: Erétria. Atr.: Pintor de Atena. Berlim, Museu Pérgamo,
Coleção de Antiguidades, inv. F3252. Cerca de 490-480 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 904-905, nº 7; BEAZLEY, 1956, p. 522, nº 28;
BULAS, 1929, p. 48-49; HASPELS, 1936, p. 255, 28; JOHANSEN, 1967, p. 255-
256, B11f; MINTSI, 1991, p. 9-20, fig. 7; TURNER, 2003-2004, p. 58, fig. 2; VON
BOTHMER, 1994, p. 697, nº 9. *Fotografia do museu.
332
156 A e B
Cálice tipo A. Figuras negras. Prov.: Velanideza, Ática. Atr.: Grupo de Haimon:
Maneira do Pintor de Haimon. Atenas, Museu Nacional, inv. 505. Cerca de 490-480
a.C.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 905, 13, pr. 616; BEAZLEY, 1956, p. 564, 580;
COLLIGNON; COUVE, 1902, p. 340, 1093; JOHANSEN, 1967, p. 255-256,
B11b; MINTSI, 1991, p. 9-20, fig. 8; VON BOTHMER, 1981, p. 77, fig. 82.
*Fotografias do autor.
333
157
Lécito. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Haimon. Frankfurt, Galeria Nacional
em Liebighaus, inv. 532. Cerca de 480 a.C.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 905, 12; *DEPPERT, 1968, p. 15, pr. (1440) 49.8-
10; HASPELS, 1936, p. 242, 23; JOHANSEN, 1967, p. 255-256, B11c; MINTSI,
1991, p. 9-20, fig. 9; VON BOTHMER, 1994, p. 697, nº 10, pr. 522.
334
158
Fragmentos de Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Sem atribuição. Florença,
Museu Arqueológico Etrusco, inv. 12B7 e 12B15. Cerca de 470-450 a.C.
Bibliografia: *VON BOTHMER, 1994, p. 697, nº 11, pr. 522.
335
159
Enócoa fragmentária. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Pintor do Dino.
Port Sunlight, Galeria de Arte Lady Lever, inv. 5060. Cerca de 430 a.C.
Bibliografia: BAŽANT, 1994, p. 905, 9; *ROBERTSON, 1988, p. 109-120, fig.
12.1-11; VON BOTHMER, 1981, p. 78, fig. 83; 1994, p. 697, nº 12, pr. 522.
336
160 A e B
Cratera com volutas. Figuras negras. Prov.: Chiusi. Pintor Clítias. Florença, Museu
Arqueológico Etrusco, inv. 4209. Cerca de 570 a.C.
Inscrições: 1. ΚΛΙΤΙΑΣ ΜΕΓΡΑΦΣΕΝ, ΕΡΓΟΤΙΜΟΣ ΜΕΠΟΙΕΣΕΝ;
2. Alças A e B: ΑΧΙΛΕΥΣ, ΑΙΑΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 76, nº 1; 1971, p. 29; *HOLTZMANN; PASQUIER,
1998, p. 110-111, fig. b; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 188, nº 873, pr. 141;
LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-297, fig. 2; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-
96, nº 1, fig. 38; 1999, p. 10-21, 100-101, fig. 1-13, 79; MOORE, 1980, p. 424;
*TORELLI, 2007, p. 46-47, 72-73, pr. 85-87, 111-112; WOODFORD; LOUDON,
1980, p. 26-30, 36, nº A1-2, pr. 3.3.
337
161
Cálice tipo Siana. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Heidelberg. Florença,
Museu Arqueológico Etrusco, inv. 3893. Cerca de 560 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 64, 26; 1971, p. 26; *BRIJDER, 1991, p. 445,
346, pr. 112a; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 188, 872; LISSARRAGUE, 1990,
p. 71-96, nº 3; MOORE, 1980, p. 424; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36,
A4.
338
162
Cálice com lábio. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Frínos. Vaticano, Museu
Gregoriano Etrusco, inv. 317. Cerca de 560 a.C.
Inscrições: ΑΧΙΛΕΥΣ, ΑΙΑΣ.
Bibliografia: ALBIZZATI, 1924-1938, p. 111-112, 317, pr. 34; BEAZLEY, 1956, p.
169, 4; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 190, 882, pr. 142; LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, nº 2; MOORE, 1980, p. 424; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30,
36, nº A3. *Fotografia do museu.
339
163 A e B
Cálice com faixa. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Berlim, Museu Pérgamo,
Coleção de Antiguidades, inv. F1802. Cerca de 560-550 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 5; *Fotografia do museu.
340
164 A e B
Esquifo. Figuras negras. Prov.: Thespiai, Beócia. Atr.: Pintor do Camelo. Atenas,
Museu Nacional, inv. 433. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 120, 5; COLLIGNON; COUVE, 1902, p. 256,
809; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, n
os
22 e 79; MOORE, 1980, p. 427; *PIPILI,
1993, p. 26-28, pr. (162) 14.1-4; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, F3.
*Fotografia do autor (lado A).
341
165
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: Orvieto. Atr.: Pintor Exécias. Filadélfia, Museu da
Universidade da Pensilvânia, inv. MS3442. Cerca de 540 a.C.
Inscrições: ΑΜΑΣΟΣ, ΜΕΝΕΛΑΟΣ, [ΑΧ]ΙΛΕΟΣ.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 145, 14; 1971, p. 60; KOSSATZ-DEISSMANN,
1981, p. 189-190, 881; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 25, fig. 37; MOORE,
1980, p. 424-431, pr. 53.12; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº J2.
*Fotografia do museu.
342
166 (= 41)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Chiusi. Atr.: Pintor Exécias. Berlim, Museu
Pérgamo, Coleção de Antiguidades, inv. F1718. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 144, 5; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 188,
871; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 41; MOORE, 1980, p. 424-431, pr. 51.7;
*STEINER, 1997, p. 162, fig. 9; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, C1,
pr. 3.4.
343
167
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Wurzburgo 243.
Jerusalém, Museu das Terras da Bíblia, inv. 4767. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: BERNHEIMER, 2001, p. 48-49, 57, fig. A-B. *Fotografia do museu
(David Harris).
344
168
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor do Vaticano 365.
Altemburgo, Museu Nacional Lindenau, inv. 211. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 312, 5; 1971, p. 136; *BIELEFELD, 1959, p. 20-
22, pr. (806-807) 21.1-2, 24.4; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 188, 868;
LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-297, fig. 4; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-
96, 21, fig. 42; MOORE, 1980, p. 427; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30,
37, nº H2.
345
169
Fragmento de Cálice tipo A. Figuras negras. Prov.: Atenas, Ágora. Sem atribuição.
Atenas, Museu da Ágora, inv. P27233. Cerca de 540 a.C.
Bibliografia: *MOORE; PEASE PHILIPPIDES, 1986, p. 313, nº 1810, pr. 116.
346
170
Fragmento de Ânfora. Figuras negras. Prov.: Orvieto. Atr.: Pintor Exécias. Leipzig,
Museu de Antiguidades, Universidade Karl Marx, inv. T356. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 190, 888, pr. 142;
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 16; *MOORE, 1980, p. 424-431, pr. 52.11;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº B3.
347
171
Fragmento de Cálice tipo A. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Lisipides. Nova
Iorque, comércio, Antiguidades Atlantis, inv. (?). Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: *ATLANTIS ANTIQUITIES, 1988, p. 60, nº 57, fig. 1.
348
172
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor do Focinho Comprido. San
Simeon, Monumento Histórico Estadual Hearst, inv. 9848. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 145; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 8;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº B7. *Fotografia do museu.
349
173
Ânfora tipo nicostênica. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor do Louvre F161.
Amsterdã, Museu Allard Pierson, inv. 6268. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: *ALLARD PIERSON MUSEUM, 1937, p. 139, pr. 49b.
350
174
Fragmento de Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição.
Florença, Museu Arqueológico Etrusco, inv. 141830. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: Não publicado. *Fotografia do museu.
351
175
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Tarquínia. Sem atribuição. Tarquínia,
Museu Nacional Tarquiniense, inv. RC1646. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: *IACOPI, 1956, p. 8, pr. (1181) 32.2-3; LISSARRAGUE; SCHNAPP,
1981, p. 286-297, fig. 8; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 50; 1991, p. 191, fig. 17;
MOORE, 1980, p. 429; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº H4.
352
176
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: Agrigento. Sem atribuição. Agrigento, Museu
Arqueológico Regional, inv. 23079. Cerca de 540-530 a.C.
Bibliografia: *CALDERONE, 1988, p. 254, 257, fig. 2.
353
177 A e B
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor Exécias. Munique,
Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1470. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 144, 6; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 189,
876, pr. 141; KUNZE-GÖTTE, 1970, p. 55-58, pr. (1565-1568) 351-352, 353.1-4,
354.1-3: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 7; MOORE, 1980, p. 424-431, pr. 51.8-9;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, B1-2; *WÜNSCHE, 2006c, p. 258-
269, nº 90, fig. 39.1, 5.
354
178
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Próximo de Pintor Exécias. Bolonha,
Museu Cívico Arqueológico, inv. 565. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 149, 2; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 10;
*MOORE, 1980, p. 424-431, pr. 52.10.
355
179
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Círculo do Pintor Exécias. Melbourne,
Galeria Nacional Victoria, inv. 1729.D4. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 58, nº 4bis; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p.
188-189, 874; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 86; *POTTS; LEGGE;
DUNSMORE, 1997, p. 37, fig. 7; MOORE, 1980, p. 427-428; WOODFORD;
LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº D7.
356
180
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Blera, Etrúria. Atr.: Pintor do Balanço. São
Petersburgo, Museu Nacional Hermitage, inv. B2066. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: GORBUNOVA, 1983, p. 86-87, 91, nº 63, fig. 63; LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, nº 71; *PANDOLFINI, 1994, p. 258, nº 19, pr. 45.19.
357
181 (= 43)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Londres B235. Nova
Iorque, Museu Metropolitano de Arte, inv. 26.60.20. Cerca de 530 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 152, 2; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 67;
*MOORE; VON BOTHMER, 1976, p. 51-53, pr. (771) 43.5-8; MOORE, 1980, p. 428;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº D3.
358
182
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor de Antímenes. Nova
Iorque, Museu Metropolitano de Arte, inv. 56.171.20. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 270, 53; 1971, p. 118; KOSSATZ-DEISSMANN,
1981, p. 189, 879; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 76; *MOORE; VON
BOTHMER, 1976, p. 20-22, pr. (751) 23.1-4; MOORE, 1980, p. 429; WOODFORD;
LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº D1.
359
183
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Antímenes. Baltimore,
Galeria de Arte Walters, inv. 48.17. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 271, 70; *BUROW, 1989, p. 84, 48, pr. 49.a-b;
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 74.
360
184 (= 44)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Relacionado ao Pintor de
Antímenes. Adolphseck, Castelo Fasanerie, inv. 4. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 123, 12ter; *BROMMER, 1956, p. 10, pr. (484,
486) 6.1-2, 8.1-2, 4; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 187, 866; LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, 53; MOORE, 1980, p. 429; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-
30, 37, nº E1, pr. 4.7.
361
185 (= 45)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Círculo do Pintor de Antímenes.
Limoges, Museu Adrien Dubouché, inv. 80.58. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-297, fig. 10;
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 75, fig. 54a; TOUCHEFEU-MEYNIER, 1968, p.
8, pr. (1025) 6.2. *Fotografia do museu.
362
186
Ânfora tipo nicostênica. Figuras vermelhas. Prov.: Cerveteri. Atr.: Classe da Coleção
das Medalhas 218. Viena, Museu de História da Arte, inv. 3722. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 11, 3; 1971, p. 321; *EICHLER, 1959, p. 8-9, pr.
(51) 51.1-4; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 191, nº 890, pr. 143; LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, nº 18.
363
187 (= 23)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro. Bruxelas,
Universidade Católica de Louvian, Coleção Abbé Mignot. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: *DE RUYT; HACKENS, 1974, p. 53, fig. 18; LISSARRAGUE, 1990, p.
71-96, nº 69; *WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 37, nº J4, pr. 5.11.
364
188
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro. Londres,
comércio, Sotheby’s. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-297, fig. 11;
*LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 36, fig. 45; WOODFORD; LOUDON, 1980, p.
26-30, 37, nº G4.
365
189
Olpa. Figuras negras. Prov.: Vulci. Sem atribuição. Altemburgo, Museu Nacional
Lindenau, inv. 203. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: *BIELEFELD, 1959, p. 33-34, pr. (818-819) 33.1, 34.1-4; KOSSATZ-
DEISSMANN, 1981, p. 187-188, 867; LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-
297, fig. 7; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 77, fig. 48; WOODFORD; LOUDON,
1980, p. 26-30, 37, nº F1.
366
190 (= 46)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Dublin, Museu
Nacional da Irlanda, inv. 1921.91. Cerca de 520 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 46, fig. 39a; *WOODFORD;
LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº H5, pr. 5.10.
367
191
Enócoa. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Basiléia, comércio. Cerca de 520
a.C.
Bibliografia: KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 190, 885; *LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, nº 68, fig. 53.
368
192
Cálice tipo B. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor Eufrônio. Malibu, Museu J.
Paul Getty, inv. 77.AE.20. Cerca de 520-515 a.C.
Bibliografia: *WIGHT, 1990, p. 170-173, nº 35.
369
193
Fragmento de Cratera em cálice. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor Eufrônio.
Princeton, Museu de Arte, Universidade de Princeton, inv. 1997.488a. Cerca de 515-
510 a.C.
Inscrição: [ΑΙ]ΑΣ.
Bibliografia: PADGETT, 1998, p. 194, 197, fig. 2; *2001, p. 1-17, fig. 1.
370
194
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Pintor de Antímenes. Paris,
Museu do Louvre, inv. F201. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 274, nº 120; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 72;
POTTIER, 1901, p. 114-115, 201, pr. 78; 1926, p. 22, pr. (205) 39.5-6;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº D4. *Fotografia do museu.
371
195
Fragmentos de Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Pintor de
Antímenes. Paris, Museu do Louvre, inv. CP10585. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 271, 69; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 70,
fig. 47; MOORE, 1980, p. 430; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, D10.
*Fotografia do museu.
372
196
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Pintor de Lisipides.
Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. SL458. Cerca de 520-510
a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 259, 18; 1971, p. 114; KOSSATZ-DEISSMANN,
1981, p. 189, 875, pr. 141; KUNZE-GÖTTE, 1970, p. 62-64, pr. (1572-1573) 358.3,
359.1-2; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 32; MOORE, 1980, p. 429;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, G9; *WÜNSCHE, 2006c, p. 258-269,
nº 95, fig. 39.10.
373
197
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Pintor de Antímenes.
Beverley Hills, comércio, Galerias Summa. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 190, 886; *LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, nº 24, fig. 44; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 38, nº J8.
374
198
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Maneira do Pintor de Antímenes.
Melbourne, particular, Coleção Grahan Geddes. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: *COHEN; SHAPIRO, 1995, p. 5-7, nº 3, fig. 3a.
375
199 (= 56)
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro. Munique, Museu
Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1415. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 189, 877, pr. 142; LULLIES,
1939, p. 30-31, pr. (139-141, 146) 45.2, 46.2, 47.3, 52.6; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-
96, 26; MOORE, 1980, p. 430; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, J1;
*WÜNSCHE, 2006c, p. 258-269, nº 18, fig. 39.11.
376
200
Enócoa fragmentária. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Classe de Altemburgo. Munique,
Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 9263. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: *PFISTERER-HAAS, 1993, p. 44-45, pr. (3229) 36.1-4.
377
201
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. San Simeon,
Monumento Histórico Estadual Hearst, inv. 9815. Cerca de 520-510 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 81; *WOODFORD; LOUDON,
1980, p. 26-30, 38, nº J7, pr. 2.1.
378
202
Fragmento de Prato. Figuras negras. Prov.: Atenas, Acrópole. Atr.: Próximo do Pintor
Lido. Atenas, Museu Nacional, Coleção da Acrópole, inv. 1.2416. Cerca de 520-500
a.C.
Inscrição: sem sentido.
Bibliografia: *CALLIPOLITIS-FEYTMANS, 1974, p. 340, 26, pr. 56.26;
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 91bis.
379
203
Olpa. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro. Paris, Museu do Louvre, inv.
F323. Cerca de 520-500 a.C.
Bibliografia: *FOURNIER-CHRISTOL, 1990, p. 90-91, 25, pr. 16, 18;
LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-297, fig. 12; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-
96, 15, fig. 49; POTTIER, 1901, p. 129, 323, pr. 85; WOODFORD; LOUDON,
1980, p. 26-30, 36, nº B5.
380
204
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Gela. Atr.: Grupo de Leagro: Pintor de
Oxford 569. Siracusa, Museu Arqueológico Regional Paolo Orsi, inv. 21926. Cerca de
520-500 a.C.
Bibliografia: ARIAS, 1941, p. 4, pr. (810) 5.3, 5; ORSI, 1906, col. 469-471, fig. 334;
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 54; *PANVINI, GIUDICE, 2003, p. 420-421,
pD16, fig. pD16b; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº E4.
381
205 (= 47)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Tarquínia. Atr.: Comparar ao Pintor de
Villa Giulia M482. Tarquínia, Museu Nacional Tarquiniense, inv. (?). Cerca de 520-500
a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 590, 3; *CULTRERA, 1930, p. 123-125, pr. 6a;
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 64; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36,
nº C4.
382
206 (= 48)
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: Camiro, Rodes. Sem atribuição. Londres, Museu
Britânico, inv. B172. Cerca de 520-500 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 83; WALTERS, 1893, p. 120;
*1927, p. 9, pr. (165) 45.4b; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº D8.
383
207
Ânfora tipo B. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Vaticano, Museu Gregoriano
Etrusco, inv. G42. Cerca de 520-500 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-297, fig. 9;
*LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 49, fig. 52; WOODFORD; LOUDON, 1980, p.
26-30, 37, nº H1.
384
208
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Bolonha, Museu
Cívico Arqueológico, inv. 575. Cerca de 520-500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 149; LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-
297, fig. 5; *LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 23, fig. 43; WOODFORD; LOUDON,
1980, p. 26-30, 38, nº J6.
385
209
Olpa. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Vaticano, Museu Gregoriano Etrusco,
inv. 441. Cerca de 520-500 a.C.
Bibliografia: *ALBIZZATI, 1924-1938, p. 203, 441, pr. 60; LISSARRAGUE, 1990,
p. 71-96, nº 57; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº E3.
386
210
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Campana, Itália. Sem atribuição. Metz,
Museu de Arte e de História, inv. F1185. Cerca de 520-500 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 51; *Fotografia do museu.
387
211
Fragmento de Olpa. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Próximo do Pintor do Vaticano
G43. Paris, Museu do Louvre, inv. CP12695. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: *FOURNIER-CHRISTOL, 1990, p. 77-78, 10, pr. 7; LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, nº 13, fig. 50.
388
212
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Pintor de Antímenes. Paris,
Museu do Louvre, inv. F228. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 269, 46; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 63;
POTTIER, 1901, p. 120-121, 228, pr. 80; 1926, p. 24, pr. (209) 43.1, 6;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº D6. *Fotografia do museu.
389
213
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Grupo do Olho-Sereia.
Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1537. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 55; KUNZE-GÖTTE, 1973, p. 60-
62, pr. (1821, 1823) 403.3, 405.1-3; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37,
E6; *WÜNSCHE, 2006c, p. 258-269, nº 94, fig. 39.9.
390
214
Hídria. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Grupo de Leagro: Próximo do Grupo de
Antíope. Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1712. Cerca de 510
a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 362, 34; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 189,
878; LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-297, fig. 1; LISSARRAGUE, 1990,
p. 71-96, 29, fig. 36; MOORE, 1980, p. 430; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-
30, 37, nº G8, pr. 4.9; *WÜNSCHE, 2006c, p. 258-269, nº 96, fig. 39.12.
391
215
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Grupo de Leagro: Pintor de
Munique 1519. Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1519. Cerca
de 510 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 394, 4; 1971, p. 173; KUNZE-GÖTTE, 1982, p.
19-21, pr. (2304, 2308, 2314) 7.4, 11.1-2, 17.2; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 73;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, J3; *WÜNSCHE, 2006c, p. 258-269,
nº 92, fig. 39.7.
392
216
Lécito. Figuras negras. Prov.: Taranto. Atr.: Grupo de Leagro. Taranto, Museu
Arqueológico Nacional, inv. 52195. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: *D’AMICIS, 1994, p.148-149, 3.1, fig. 3.1; *DRAGO, 1942, p. 6, pr.
(879) 13.1; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 85; WOODFORD; LOUDON, 1980, p.
26-30, 37, nº D11.
393
217
Ânfora tipo A. Figuras negras. Prov.: Cerveteri. Atr.: Grupo de Leagro. Vaticano,
Museu Gregoriano Etrusco, inv. 370. Cerca de 510 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: *ALBIZZATI, 1924-1938, p. 160-161, 370, fig. 101-103, pr. 49;
BEAZLEY, 1956, p. 367, 95; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 84;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº F2.
394
218
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Edimburgo. Atenas,
Museu Paul Canellopoulos, inv. (?). Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 218; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 188,
869; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 27; *Fotografia do museu.
395
219
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Munique 1512.
Munique, Museu Nacional, Coleção de Antiguidades, inv. 1512. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: KUNZE-GÖTTE, 1992, p. 140, 202, pr. 48.1-2, 53.2; *WÜNSCHE,
2006c, p. 258-269, nº 91, fig. 39.6.
396
220
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Tarquínia. Sem atribuição. Tarquínia,
Museu Nacional Tarquiniense, inv. RC5652. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: *IACOPI, 1956, p. 12, pr. (1190) 41.1-2; KOSSATZ-DEISSMANN,
1981, p. 190, 883; LISSARRAGUE; SCHNAPP, 1981, p. 286-297, fig. 6;
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 61; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37,
nº E8.
397
221
Cratera com colunas. Figuras negras. Prov.: Itália. Sem atribuição. Paris, Museu do
Louvre, inv. F305. Cerca de 510 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 78; *POTTIER, 1923, p. 4, pr. (75)
3.5, 8; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº D9.
398
222
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Etrúria. Atr.: Próximo do Pintor de Príamo.
Paris, Museu do Louvre, inv. F270. Cerca de 510-500 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 47; POTTIER, 1929, p. 35, pr. (354)
56.8, 11; *Fotografia do autor.
399
223
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Grupo de Leagro. Leiden,
Museu Nacional de Antiguidades, inv. PC51. Cerca de 510-500 a.C.
Bibliografia: *JONGKEES-VOS, 1972, p. 23, pr. (122) 28.1-2; LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, nº 60; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº E9.
400
224
Lécito. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro. Baden, particular, Coleção M.
Ros. Cerca de 510-500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 378, 261; *BLOESCH, 1943, p. 57-60, 167-168,
12, pr. 28-29; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 188, 870; LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, 28; MOORE, 1980, p. 430; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-
30, 37, nº G7.
401
225
Lécito. Figuras negras. Prov.: Tebas. Atr.: Pintor do Cacto. Oxford, Museu Ashmolean,
inv. V512. Cerca de 510-500 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 212; GARDNER, 1904, p. 302, 512, pr. 7.1;
*HASPELS, 1936, p. 198, 4, pr. 18.3; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 189,
880; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 4; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30,
36, nº A5.
402
226
Olpa. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. San Antonio, Museu de Arte, inv.
86.134.48. Cerca de 510-500 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 52bis; *SHAPIRO et al., 1995, p.
117-118, nº 58, fig. 58.
403
227
Lécito. Figuras negras. Prov.: Agrigento. Sem atribuição. Munique, Museu Nacional,
Coleção de Antiguidades, inv. 1884. Cerca de 510-500 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: CALDERONE, 1988, p. 106, 8, fig. 8; HASPELS, 1936, p. 54;
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 65; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36,
nº D5; *WÜNSCHE, 2006c, p. 258-269, nº 93, fig. 39.8.
404
228
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo de Leagro. Raleigh, Museu
de Arte, inv. 74.1.6. Cerca de 500 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 44bis; SHAPIRO, 1981a, p. 92-93,
nº 35, fig. A-B. *Fotografia do museu.
405
229
Lécito. Figuras negras. Prov.: Thespiai, Beócia. Atr.: Grupo de Leagro. Atenas, Museu
Nacional, inv. 429. Cerca de 500 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 379, 281; COLLIGNON; COUVE, 1902, p. 298-
299, 939; HASPELS, 1936, p. 50; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 31;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº G6. *Fotografia do autor.
406
230 (= 50)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Villa Giulia M482.
Bruxelas, Museus Reais, inv. R313. Cerca de 500 a.C.
Bibliografia: Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 590, 8; LISSARRAGUE, 1990, p.
71-96, 250, nº 66, fig. 46; *MAYENCE, 1926, p. 3, pr. (22) 9.2b; WOODFORD;
LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº D2.
407
231
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Classe da Faixa com Pontos.
Berlim, Museu Pérgamo, Coleção de Antiguidades, inv. F1879. Cerca de 500 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 221; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 6;
*MOMMSEN, 1980, p. 58-59, pr. (2189) 44.1-2.
408
232
Fragmentos de Cratera em cálice. Figuras vermelhas. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Berlim.
Malibu, Museu J. Paul Getty, inv. 77.AE.5. Cerca de 500 a.C.
Bibliografia: LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 22; *PADGETT, 2001, p. 12-13, fig.
11-12; ROBERTSON, 1981, p. 25-27, fig. 7-10.
409
233
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Classe da Faixa com Pontos:
Pintor de Michigan. Bruxelas, Museus Reais, inv. R312. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 483, 1; 1971, p. 157, 9bis; KAHIL, 1997, p.
838, 35; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 37, fig. 51; *MAYENCE, 1926, p. 3,
pr. (22) 9.1a-b; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº G1.
410
234
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Classe da Faixa com Pontos:
Pintor de Michigan. Nova Iorque, comércio, Galerias Royal Athena. Cerca de 500-490
a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 157, nº 9ter; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 38;
WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº G3. *Fotografia da galeria.
411
235
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor do Louvre F268. São
Petersburgo, Museu Nacional Hermitage, inv. 1850. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: GORBUNOVA, 1983, p. 190-191, 194, 166, fig. 166a-b.
LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 31ter. *Fotografia do museu.
412
236
Enócoa. Figuras negras. Prov.: Spina. Atr.: Maneira do Pintor da Linha Rubra. Ferrara,
Museu Arqueológico Nacional, inv. 172. Cerca de 500-490 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, 301, 73ter; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 43;
*PATITUCCI, 1971, p. 10-11, pr. (2136) 11.3-5; WOODFORD; LOUDON, 1980, p.
26-30, 36, nº C5.
413
237
Lécito. Figuras negras. Fundo branco. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Safo. Agrigento, Museu
Arqueológico Regional, inv. C847. Cerca de 500-480 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: *CALDERONE, 1981, p. 29-30, pr. (2755) 71.1-2; HASPELS, 1936, p.
226, nº 26; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, nº 88.
414
238
Lécito, Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Safo. Londres, particular, Coleção
William Hamilton. Cerca de 500-480 a.C.
Inscrições: sem sentido.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 508; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 52;
*TISCHBEIN, 1795, p. 53, pr. 53; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 35, fig. 1,
37, nº H3.
415
239
Lécito, Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor de Diósfos. Londres, comércio,
Christie’s. Cerca de 500-480 a.C.
Bibliografia: *CHRISTIE’S, 2008, p. 130, 173; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96,
92.
416
240 (= 52)
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Gela. Atr.: Pintor de Wurzburgo 234.
Siracusa, Museu Arqueológico Regional Paolo Orsi, inv. 24509bis. Cerca de 500-480
a.C.
Bibliografia: ARIAS, 1941, p. 4-5, pr. (811) 6.1; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96,
59; *PANVINI; GIUDICE, 2003, p. 461, pF66, fig. pF66a; ORSI, 1906, col. 295-
297, fig. 219; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº E6.
417
241
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor da Linha Rubra. Nova
Iorque, comércio, Galerias Royal Athena. Cerca de 500-480 a.C.
Bibliografia: *EISENBERG, 1997, p. 22, nº 92, fig. 92.
418
242
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: Vulci. Atr.: Pintor da Linha Rubra.
Londres, Museu Britânico, inv. B279. Cerca de 500-480 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 601, 5; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 44;
WALTERS, 1893, p. 167; 1929, p. 10, pr. (214) 69.2a-b; *WOODFORD; LOUDON,
1980, p. 26-30, 36, nº C2, pr. 3.6.
419
243
Ânfora com pescoço. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Pintor da Linha Rubra. Bruxelas,
Museus Reais, inv. R314. Cerca de 500-480 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 601, 6; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 42;
*MAYENCE, 1926, p. 3, pr. (23) 10.2a-b; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30,
36, nº C3.
420
244 A e B
Cálice tipo A. Figuras negras. Prov.: (?). Atr.: Grupo do Ramo sem Folhas: Pintor de
Caylus. Paris, Biblioteca Nacional, Coleção das Medalhas, inv. 333. Cerca de 500-480
a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1956, p. 646, 203; DE RIDDER, 1901-1902, p. 229,
333; *LAMBRINO, 1931, p. 42, pr. (443) 57.1-4; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96,
62; WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 37, nº J5.
421
245
Cratera com colunas. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Friburgo, comércio,
Galeria Günter Puhze. Cerca de 500-480 a.C.
Bibliografia: *GÜNTER PUHZE, s.d., p. 17, nº 184, fig. 1.
422
246
Hídria. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Nova Iorque, Museu Metropolitano
de Arte, inv. 96.18.63. Cerca de 500-480 a.C.
Bibliografia: BEAZLEY, 1971, p. 145; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 11;
*WOODFORD; LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº B6, pr. 3.5.
423
247
Olpa. Figuras negras. Prov.: (?). Sem atribuição. Paris, Biblioteca Nacional, Coleção
das Medalhas, inv. 262. Cerca de 500-480 a.C.
Bibliografia DE RIDDER, 1901-1902, p. 174, 262; *LAMBRINO, 1931, p. 45-46,
pr. (448-449) 62.3-4, 63.2; LISSARRAGUE, 1990, p. 71-96, 14; WOODFORD;
LOUDON, 1980, p. 26-30, 36, nº B4.
424
248
Fragmento de Cálice. Figuras vermelhas. Prov.: Tarquínia. Atr.: Pintor Dúris. Paris,
Biblioteca Nacional, Coleção das Medalhas, inv. 537. Cerca de 480 a.C.
Inscrição: Α[ΙΑΣ].
Bibliografia: BEAZLEY, 1963, p. 429, 19; DE RIDDER, 1901-1902, p. 404-405,
537; KOSSATZ-DEISSMANN, 1981, p. 190-191, 889, pr. 143; LISSARRAGUE,
1990, p. 71-96, nº 19; *1999, p. 101, fig. 80.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
I. Textos antigos
EURÍPIDES. Ifigênia em Áulide. Introdução e versão de Carlos Alberto Pais de
Almeida. Notas e revisão de Maria de Fátima Silva. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 1998.
_____ Electra. Tradução de Maria Fernanda Brasete. Lisboa: Relógio de Água, 1998.
HOMERO. Ilíada. Tradução do grego e introdução de Frederico Lourenço. Lisboa:
Cotovia, 2005.
_____ Odisséia. Tradução do grego, introdução e análise de Donaldo Schüler. Edição
bilíngüe em três volumes. Porto Alegre: L&PM, 2007.
PLUTARQUE. Apophtegmes des rois et de généraux. Apophtegmes laconiens. Oeuvres
morales. Tome III. Texte établi et traduit par François Fuhrmann. Paris: Les Belles
Lettres, 1988.
TEOFRASTO. Os caracteres. Texto grego, com tradução e comentário de Daisi
Malhadas e Haiganuch Sarian. São Paulo: EPU, 1978.
WEST, Martin L., edited and translated by, Greek epic fragments from the seventh to
the fifth centuries BC. Loeb Classical Library, 497. Cambridge, MA; London: Harvard
University, 2003.
II. Obras modernas
ALBIZZATI, Carlo. Vasi antichi dipinti del Vaticano. Roma: P. Sansani, 1924-1938.
ALFIERI, Nereo; ARIAS, Paolo Enrico. Spina. Firenze: Sansoni, 1958.
_____ Spina. Guida al museo archeologico in Ferrara. Firenze: Sansioni, 1960.
ALLARD PIERSON MUSEUM. Algemeene gids. Amsterdam: Allard Pierson Museum,
1937.
AMANDRY, Pierre. Chroniques des fouilles en 1946: II Découvertes et acquisitions
nouvelles. Bulletin de Correspondance Hellénique 71, p. 385-402, 1947.
ARIAS, Paolo Enrico. Corpus Vasorum Antiquorum. Siracusa, Museo Archeologico
Nazional 1. Italia 17. Roma: Unione Accademica Nazionale; Istituto Poligrafico dello
Stato, 1941.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Ferrara, Museo Nazionale 1. Italia 37. Roma:
Unione Accademica Nazionale; Istituto Poligrafico dello Stato, 1963.
ATLANTIS ANTIQUITIES. Greek and Etruscan art of the archaic period. New York:
Atlantis Antiquities, 1988.
AYMARD, André. Études d’histoire ancienne. Paris: PUF, 1967.
BACZKO, Bronislaw. Imaginação social. In: ROMANO, Ruggerio (Dir.). Enciclopédia
Einaudi. Volume 5. Lisboa: Imprensa Naconal; Casa da Moeda, 1985. p. 296-332.
427
BAŽANT, Jan. Thanatos. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae. Volume
VII. Zürich; München: Artemis, 1994. p. 904-908; pr. 616-618.
BEAZLEY, John Davidson. Review: Les illustrations antiques de l’Iliade by
Kazimeierz Bulas, 1929. Journal of Hellenic Studies 51, p. 301-302, 1931.
_____ Review: Iliaden i tidlig graesk Kunst by K. Friis Johansen, 1934. Journal of
Hellenic Studies 54, p. 84-85, 1934.
_____ The development of attic black figure. Berkley: University of California, 1951.
_____ Attic black figure vase painters. Oxford: Clarendon, 1956.
______ Attic red figure vase painters, 3 volumes. Oxford: Clarendon, 1942. Second
edition, 1963.
_____ Attic red figured vases in American museums. Roma: L’Erma di Bretschneider,
1967.
______ Paralipomena. Additions to attic black figure vase painters and to attic red
figure vase painters. Oxford: Clarendon, 1971.
_____ The development of attic black-figure. Sather Classical Lectures, volume 24.
Revised edition by Dietrich von Bothmer and Mary B. Moore. Berkeley: University of
Califórnia, 1986.
BEAZLEY, John Davidson; PAYNE, Humfry Gilbert Garth. Attic black figured
fragments from Naucratis. Journal of Hellenic Studies 49, p. 253-272, 1929.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Oxford, Ashmolean Museum 2. Great Britain 9.
Oxford: Clarendon, 1931.
BÉQUIGNON, Yves. Paysages et imagens de l’Iliade. Collection « Les textes grecs
illustrés par les documents » . Paris: Les Belles Lettres, 1945.
BERMOND MONTANARI, Giovanna. Corpus Vasorum Antiquorum. Bologna, Museo
Civico 5. Italia 33. Roma: Unione Accademica Nazionale; Istituto Poligrafico dello
Stato, 1960.
BERNHEIMER, G. Max. Glories of ancient Greece. Vases and jewelry from the
Borowski Collection. Jerusalem: Bible Lands Museum, 2001.
BIELEFELD, Erwin. Corpus Vasorum Antiquorum. Altenburg, Staatliches Lindenau-
Museum 1. Deutschland 17. München: C. H. Beck, 1959.
BIRCHALL, Ann; COBERTT, P. E. Greek gods and heroes. London: British Museum,
1974.
BLINKENBERG, Christian; JOHANSEN, Knud Friis. Corpus Vasorum Antiquorum.
Copenhague, Musée National, Collection des Antiquités Classiques 3. Danemark 3.
Paris; Copenhague: Édouard Champion; V. Pio - Povl Branner, 1928.
BLIQUEZ, Lawrence J. Classical vases and containers in the collection of the Seattle
Art Museum. Seattle: Seattle Art Museum, 1985.
BLOESCH, Hans Jörg. Antike kunst in der schweiz. Fünfzig meisterwerke aus dem
klassischen altertum in öffentlichem und privatem besitz. Erlenbach; Zürich: Eugen
Rentsch, 1943.
BOARDMAN, John. The Kleophrades Painter’s cup in London. J. Paul Getty Museum
Journal 1, p. 7-14, 1974.
428
_____ Exekias. American Journal of Archaeology 82, p.11-25, 1978.
_____ Symbol and story in Geometric art. In: MOON, Warren G.(Ed.). Ancient Greek
art and iconography. Madison: University of Wisconsin, 1983. p. 15-36.
_____ Athenian black figure vases: a handbook. World of Art. London: Thames and
Hudson, 1974. Corrected edition, 1991. Reprinted, 1997a.
______ Athenian red figure vases. The archaic period: a handbook. World of Art.
London: Thames and Hudson, 1975. Reprinted, 1997b.
______ Athenian red figure vases. The classical period: a handbook. World of Art.
London: Thames and Hudson, 1989. Reprinted, 1997c.
_____ The history of Greek vases. Potters, painters and pictures. London: Thames and
Hudson, 2001.
BOARDMAN, John ; ROBERTSON, Martin. Corpus Vasorum Antiquorum.
Northampton, Castle Ashby. Great Britain 15. Oxford: Oxford University, 1979.
BOCCI, Piera. Corpus Vasorum Antiquorum. Firenze, Museo Nazionale 5. Italia 42.
Roma: L’Erma di Bretschneider, 1969.
BONFANTE, Larissa. Nudity as a costume in classical art. American Journal of
Archaeology, 93, p. 543-570, 1989.
BOSCH I GIMPERA, Pedro; DE C. SERRA I RAFOLS, José. Corpus Vasorum
Antiquorum. Barcelone, Musée Arquéologique 1. Espagne 3. Barcelona: Institut
d'Estudis Catalans, 1957.
BOTTINI, Angelo; TORELLI, Mario, a cura di. Iliade. Catalo della mostra. Roma,
Colosseo 9 settembre 2006 – 18 febbrario 2007. Roma: Mondadori Electa, 2006.
BRIJDER, Herman A. G. Siana cups I and komast cups. Allard Pierson Series, 4.
Amsterdam: Allard Pierson Museum, 1983.
_____ Siana cups II. The Heidelberg painter. Allard Pierson Series, 8. Amsterdam:
Allard Pierson Museum, 1991.
BRIJDER, Herman A. G.; HEESEN, Pieter; SMITH-LUB, J. T.; BORGERS, O. E.
Corpus Vasorum Antiquorum. Amsterdam, Allard Pierson Museum 2. Netherlands 8.
Amsterdam: Koninklijke Nederlandse Akademie van Wetenschappen ; Allard Pierson
Museum, 1996.
BRINKMANN, Vinzenz. Das Duell. In: WÜNSCHE, Raimund, (Hrsg). Mythos Troja.
München: Staatliche Antikensammlungen und Glyptothek, 2006a. p. 184-186.
_____ Hektor kämft gegen Ajas. In: WÜNSCHE, Raimund, (Hrsg). Mythos Troja.
München: Staatliche Antikensammlungen und Glyptothek, 2006b. p. 195-199.
_____ Ilion ist der Ursprung allen Ruhms“ Der Mythos als politisches Monument.
In: WÜNSCHE, Raimund, (Hrsg). Mythos Troja. München: Staatliche
Antikensammlungen und Glyptothek, 2006c. p. 410-417.
BROMBERG, Anne R.; KILINSKI II, Karl. Gods, men and heroes. Ancient art at the
Dallas Museum of Art. Dallas; Seattle: Dallas Museum of Art; University of
Washington, 1996.
BROMMER, Frank. Corpus Vasorum Antiquorum. Adolphseck, Schloss Fasanerie 1.
Deutschland 11. München: C. H. Beck, 1956.
429
BRONEER, Oscar. A calyx crater by Exekias. Hesperia, 6, p. 469-486, 1937.
_____ Recent discoveries on the north slope of the Acropolis in Athens. American
Journal of Archaeology, 42, p. 161-164, 1938.
_____ The north slope krater, new fragments. Hesperia, 25, p. 345-349, 1956.
BRUIT-ZAIDMAN, Louise. Guerre et réligion en Grèce à l’époque classique. In:
BRUN, Patrice (Coord.). Guerres et sociétés dans les mondes grecs (490-322). Paris:
Du Temps, 1999. p. 127-148.
BRUIT-ZAIDMAN, Louise; SCHMITT-PANTEL, Pauline. La religion grecque dans
les cités à l’époque classique. Collection Cursus. Histoire de l’Antiquité. Paris: Armand
Colin, 1991. Troisième édition, 2002.
BULAS, Kazimierz. Les illustrations antiques de l’Iliade. Evs Svpplementa, vol. 3.
Lwów: Drukarnia Akademicka, 1929.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Cracovie, Collections de Cracovie, Fascicule
unique. Pologne 2. Varsovie; Cracovie: Académie Polonaise des Sciences et des Lettres;
Gebethner et Wolff, 1935.
_____ News illustrations to the Iliad. American Journal of Archaeology, 54, p. 112-118,
1950.
BUROW, Johannes. Der Antimenesmaler. Forschungen zür antiken keramik. II reihe.
Kerameus, band 7. Mainz; Rhein: Philipp von Zabern, 1989.
CALDERONE, Anna. Corpus Vasorum Antiquorum. Agrigento, Museo archeologico
nazionale 1. Italia 61. Roma: Unione Accademica Nazionale; L'Erma di Bretschneider,
1981.
_____ a cura di, Catalogo. In: Veder Greco. Le necropoli di Agrigento. Mostra
Internationale. Agrigento, 2 maggio 31 luglio 1988. Roma: L’Erma di Bretschneider,
1988, p. 95-231.
CALLIPOLITIS-FEYTMANS, Denise. Les plats attiques à figures noires. École
Française d’Athènes. Travaux et Mémoires des Anciens Membres Étrangers de l’École
et de divers savants, XIX. Paris: De Boccard, 1974.
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. Com Bill Moyers. Trad. Carlos Felipe Moisés.
Org. por Betty Sue Flowers. 26. ed. São Paulo: Palas Athena, 2008.
CAMPUS, Lucrezia. Ceramica attica a figure nere. Piccoli vasi e vase plastici.
Materiali del Museo Archeologico Nazionale di Tarquinia, II. Archaeologia, 16. Roma:
Giorgio Bretschneider, 1981.
CANCIANI, Fulvio. Aineias. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae.
Volume I. Zürich; München: Artemis, 1981. p. 381-396; pr. 296-309.
CARDON, Carol Moon. The Gorgos cup. American Journal of Archaeology, 83, p.
169-173, 1979.
CARLIER, Pierre. Homère. Paris: Fayard, 1999.
CARPENTER, Thomas H. Art and myth in ancient Greece: a handbook. World of Art.
London: Thames and Hudson, 1991. Reprinted, 1998.
430
CASKEY, Lacey Davis; BEAZLEY, John Davidson. Attic vase paintings in the
Museum of Fine Arts, Boston. Part II. London; Boston: Oxford University; Museum of
Fine Arts, 1954.
CHIRASSI, Ileana. Elementi di culture precereali bei miti e riti greci. Incunabula
Graeca, XXX. Roma: Ateneo, 1968.
CHRISTIE’S. Antiquities. 13 October 2008. London: Christie’s, 2008.
CLARK, Andrew J. Corpus Vasorum Antiquorum. Malibu, J. Paul Getty Museum 1. U.
S. A. 23. Los Angeles: J. Paul Getty Trust, 1988.
CLARK, Andrew J.; ELSTON, Maya; HART, Mary Louise. Understanding Greek
vases: a guide to terms, styles, and techniques. Los Angeles: J. Paul Getty Museum,
2002.
COHEN, Beth; SHAPIRO, Harvey Alan, eds., Mother city and colony. Classical
Athenian and south Italian vases in New Zealand and Australia. Christchurch:
University of Canterbury, 1995.
COLLIGNON, Maxime; COUVE, Louis. Catalogue des vases peints du Musée
National d’Athènes. Volume I, Texte. Bibliothèque des Écoles Françaises d’Athènes et
de Rome, 85. Paris: Albert Fontemoins, 1902.
_____ Catalogue des vases peints du Musée National d’Athènes. Volume II, Plates.
Bibliothèque des Écoles Françaises d’Athènes et de Rome, 85. Paris: Albert
Fontemoins, 1904.
COOK, Robert Manuel. ‘Epoisen’ on Greek vases. Journal of Hellenic Studies, 91, p.
137-138, 1971.
CULTRERA, Giuseppe. Tarquinia. Scoperte nella necropoli. Notizie degli scavi di
atichità comunicate alla R. Accademia Nazionale dei Lincei, 6, p. 113-184, 1930.
D’AMICIS, Amelia, et alli, Catalogo del Museo Nazionale Archeologico di Taranto. I,
3: Atleti e guerrieri, tradicioni aristocratiche a Taranto tra VI e V sec. a. C. Catalogo
della mostra Taranto, Museu Nazionale Archeologico, 9 aprile 1994. Taranto: La
Colomba, 1994.
DAVIES, Malcom. The Greek epic cycle. London: Bristol Classical, 1989. Second
edition, 2003.
DE MIRO, Ernesto. Agrigento I. I santuari urbani: l’area sacra tra il tempio di Zeus e
Porta V. 2 volumes. Bibliotheca Archeologica, 28. Roma: L’Erma di Bretschneider,
2000.
DE RIDDER, André Henri Pierre. Catalogue des vases peints de la Bibliothèque
Nationale. Paris: Ernest Leroux, 1901-1902.
DE ROMILLY, Jacqueline. Homère. Paris: PUF, 1985. 4
e
édition, actualisée, 1999.
DE RUYT, Franz; HACKENS, Tony. Vases grecs, italiotes et étrusques dela collection
Abbé Mignot. Publications d’Histoire de l’Art et d’Archéologie de l’Université
Catholique de Louvain, III. Louvain: Institut Supérieur d’Archéologie et d’Histoire de
l’Art, 1974.
DELAVAUD-ROUX, Marie-Hélène; GONTIER, Pierre; LIESENFELT, Anne-Marie
(Dir.). Guerres et sociétés. Monds grecs V
e
-IV
e
siècles. Neuilly: Atlande, 1999.
431
DENOYELLE, Martine. Catalogue Euphonios: 34. Coupe (type B). In: PASQUIER,
Alain, et alli, Euphronios peintre à Athènes au VI
e
siècle avant J.-C. Catalogue
d’exposition. Musée du Louvre, Paris 18 septembre 31 décembre 1990. Paris:
Réunion des musées nationaux, 1990. p. 168-169.
DEPPERT, Kurt. Corpus Vasorum Antiquorum. Frankfurt am Main 1. Deutschland 25.
München: C. H. Beck, 1964.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Frankfurt am Main 2. Deutschland 30. München:
C. H. Beck, 1968.
DE ROMILLY, Jacqueline. Homère. 4. ed. Paris: PUF, 1999.
DESCOEUDRES, Jean-Paul. Corpus Vasorum Antiquorum. Basel, Antikenmuseum, 1.
Schweis 4. Bern: Peter Lang, 1981.
DETIENNE, Marcel. La phalange: problèmes et controverses. In : VERNANT, Jean-
Pierre, dir., Problèmes de la guerre em Grèce ancienne. Points-Histoire, 265. Paris;
EHESS; Seuil, 1968. Nouvelle édition, 1999. p. 157-188.
DINSMOOR, William Bell. Observations on the Hephaisteion. Hesperia. Supplement
V. Princeton: American School of Classical Studies at Athens, 1941.
DRAGO, Ciro. Corpus Vasorum Antiquorum. Taranto, Regio Museo Nazionale 2. Italia
18. Roma: Unione Accademica Nazionale; Istituto Poligrafico dello Stato, 1942.
DUCAT, Jean. La femme de Sparte et la guerre. Pallas. Revue d’études antiques, 51, p.
159-171, 1999.
DUCREY, Pierre. Guerre et guerriers dans la Grèce antique. Paris: Hachette, 1999.
DUGAS, Charles. Tradition littéraire et tradition graphique dans l’atiquité grecque. In:
Recueil Charles Dugas. Paris: De Boccard, [1937] 1960. p. 59-74.
DURAND, Jean-Louis. Le faire et le dire vers une anthropologie des gestes iconiques.
History and Anthropology, 1, p. 29-48, 1984.
DURAND, Jean-Louis; LISSARRAGUE, François. Les entrailles de la cité. Lectures de
signes: propositions sur la hiéroscopie. Hephaistos. Kritische Zeitschrift zur Theorie
und Praxis der Archäolgie und angrenzender Wisenschaften, 1, p. 92-108, 1979.
EICHLER, Franz. Corpus Vasorum Antiquorum. Wien, Kunsthistorisches Museum 2.
Österreich 2. Wien: Anton Schroll, 1959.
EISENBERG, Jerome M. Art of the ancient world. Volume 9. New York : Royal
Athena Galleries, 1997.
EISMAN, Michael Max. A further note on ΕΠΟΙΕΣΕΝ signatures. Journal of Hellenic
Studies, 94, p. 172, 1974.
ESPOSITO, Anna Maria; TOMMASO, Giandomenico, a cura di, Museo Archeologico
Nazionale di Firenze, Antiquarium Vasi Attici. Ministero Beni Cultrali e Ambientali
Soprintendenza ai Beni Archeologici della Toscana. Firenze: Il Ponte, 1993.
ÉTIENNE, Roland; MÜLLER, Christel; PROST, Francis. Archéologie historique de la
Grèce antique. Paris: Ellipses, 2000.
ÉTIENNE, Roland. Athènes, espaces urbains et histoire: des origines à la fin du III
e
siècle ap. J.-C. Paris : Hachette, 2004.
FERRÉOL, Gilles. Léxico das ciências sociais. Porto: Porto, 2007.
432
FOURNIER-CHRISTOL, Claudie. Catalogue des olpés attiques du Louvre. De 550 à
480 environ. Paris: De Boccard, 1990.
FRONTISI-DUCROUX, Françoise. Face et profil: les deux masques. In: BÉRARD,
Claude; BRON, Christiane; POMARI, Alessandra (Org.). Images et société en Grèce
ancienne: l’iconographie comme méthode d’analyse. Actes du Colloque International,
Lausanne 8-11 février 1984. Cahiers d’Archéologie Romande, 36. Lausanne: Institut
d ‘Archéologie et d’Histoire Ancienne de l’Université de Lausanne, 1987. p. 89-102.
_____ Du masque au visage: aspects de l’identité en Grèce ancienne. Paris:
Flammarion, 1995.
FRONTISI-DUCROUX, Françoise; LISSARRAGUE, François. Vingt ans de vases
grecs: tendences actuelles des études en iconographie grecque (1970-1990). Métis.
Revue d’anthropologie du monde grec ancien, 5, p. 205-224, 1990.
FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Arqueologia, história e arqueologia histórica no contexto
Sul-Americano. In: Idem (Org.) Cultura material e arqueologia histórica. Coleção
Idéias 1. Campinas: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - UNICAMP, 1998. p. 7-
34.
GARDNER, Percy. Vases added to the Ashmolean Museum. Journal of Hellenic
Studies, 24, p. 293-316, 1904.
GARLAN, Yvon. La guerre dans l’Antiquité. Paris: Nathan, 1972. 3
e
édition revue et
augmentée, 1999a.
_____ Guerre et économie en Grèce ancienne. Paris: La Découverte, 1994. 2
e
édition,
1999b.
GARLAND, Robert. The Greek way of death. London: Duckworth, 1985.
GHALI-KAHIL, Lilly. La céramique guecque (Fouilles 1911-1956). École Française
d’Athènes. Études Thasiennes, VII. Paris: De Boccard, 1960.
GINOUVÈS, René. Perspectives actuelles de l’archéologie classique. Clássica, 1, p.
111-126, 1988.
_____ L’archéologie gréco-romaine. Paris: PUF, 1997.
GORBUNOVA, Ksenij Sergeevna. Chernofigurnie atticheskie vazi v Ermitazhe,
Katalog. Leningrad: Iskusstvo, 1983.
GÜNTER PUHZE. Kunst der antike. Katalog 10. Freiburg: Galerie Günter Puhze, s.d.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.
HAMPE, Roland. Alexandros. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae.
Volume I. Zürich; München: Artemis, 1981. p. 494-529; p. 374-396.
HASPELS, Caroline Henriette Emilie. Attic black figured lekthoi. École Française
d’Atènes. Travaux et mémoires publiés par les Professeurs de l’Intitut Supérieur
d’Études Français et les Membres Étrangers de l’École, IV. Paris: De Boccard, 1936.
HAYES, John W. Corpus Vasorum Antiquorum. Toronto, Royal Ontario Museum 1.
Canada 1. London; Toronto; Oxford: British Academy; The Royal Ontario Museum;
Oxford University, 1981.
433
HEESEN, Pieter. The J. L. Theodor Collection of attic black figure vases. With
contributions by Herman A. G. Brijder and Jeroen L. KLUIVER. Allard Pierson Series,
10. Amsterdam: Allard Pierson Museum, 1996.
HERMARY, Antoine. Images de l’apothéose des Dioscures. Bulletin de
Correspondance Hellénique, 102, p. 51-76, 1978.
HOFFMANN, Herbert. Attic red figured Rhyta. Mainz: Philipp von Zabern, 1962.
_____ Knotenpunkte. Zur Bedeutungsstruktur griechischer vasenbilder. Hephaistos 2, p.
127-154, 1980.
HOFFMANN, Herbert; VON BOTHMER, Dietrich; TRUITT, Penelope. Corpus
Vasorum Antiquorum. Boston, Museum of Fine Arts 1. U. S. A. 14. Boston: Museum of
Fine Arts, 1973.
HOLTZMANN; Bernard; PASQUIER, Alain. Histoire de l’art antique: l’art grec.
Paris: École du Louvre, 1998.
HÔTEL DROUOT, Catalogue de vente. 14 mai. Paris: Hôtel Drouot, 1903.
IACOPI, Giulio. Corpus Vasorum Antiquorum. Rodi, Museo Archeologico dello
Spedelle dei Cavalieri 1. Italia 9. Milano; Roma: Bestetti e Tummineli, 1934.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Tarquinia, Museo Nazionale Tarquiniense 1. Itália
25. Roma: Unione Accademica Nazionale; Istituto Poligrafico dello Stato, 1955.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Tarquinia, Museo Nazionale Tarquiniense 2. Itália
26. Roma: Unione Accademica Nazionale; Istituto Poligrafico dello Stato, 1956.
JOHANSEN, Knud Friis. The Iliad in early Greek art. Copenhagen: Munksgaard, 1934.
New edition, 1967.
JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem sociológica.
Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
JONGKEES-VOS, Maria Frederika. Corpus Vasorum Antiquorum. Leiden,
Rijksmuseum van Oudheden 1. Netherlands 3. Amsterdam; Leiden: Koninklijke
Nederlandse Akademie van Wetenschappen; E. J. Brill, 1972.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Leiden, Rijksmuseum van Oudheden 3.
Netherlands 5. Amsterdam; Leiden: E. J. Brill, 1983.
JOST, Madeleine. Guerre et religion. Pallas. Revue d’études antiques, 51, p.129-139,
1999a.
_____ Les divinités de la guerre. In: PROST, Francis (Org.). Armées et sociétés de la
Grèce classique: aspects sociaux et politiques de la guerre aux V
e
et IV
e
s. Av. J.-C.
Paris: Errance, 1999b. p. 163-178.
KAHIL, Lilly. Menelaos. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae. Volume
VIII, Supplementum. Zürich; Düsseldorf: Artemis, 1997. p. 834-841; pr. 562-565.
KAROUZOU, Semni. Corpus Vasorum Antiquorum. Athénes, Musée National 2. Grèce
2. Paris: Honoré Chapion, 1954.
KLUIVER, Jeroen. Early ‘Tyrrhenian’: Prometheus painter, Timiades painter, Goltyr
painter. Bulletin Antieke Beschaving, 70, p. 55-103, 1995.
_____ The five later ‘Tyrrhenian’ painters. Bulletin Antieke Beschaving, 71, p. 1-58,
1996.
434
KNAUSS, Florian. Keine Heldentat. Achill: ein Kindermörder. In: WÜNSCHE,
Raimund, (Hrsg). Mythos Troja. München: Staatliche Antikensammlungen und
Glyptothek, 2006a. p. 162-171.
_____ Der Wendepunkt: Taten und Tod des Patroklos. In: WÜNSCHE, Raimund,
(Hrsg). Mythos Troja. München: Staatliche Antikensammlungen und Glyptothek,
2006b, p. 216-220.
_____ Trost für Achill. In: WÜNSCHE, Raimund, (Hrsg). Mythos Troja. München:
Staatliche Antikensammlungen und Glyptothek, 2006c. p. 221-225.
_____ Die Rache: Achill tötet Hektor. In: WÜNSCHE, Raimund, (Hrsg). Mythos Troja.
München: Staatliche Antikensammlungen und Glyptothek, 2006d. p. 226-231.
KORZUS, B. Griechische vasen aus Westfalischen Sammlungen. Münster: Wilhelms
Universität, 1984.
KOSSATZ-DEISSMANN, Annelise. Achilleus. In: Lexicon Iconographicum
Mythologiae Classicae. Volume I. Zürich; München: Artemis, 1981. p. 37-200; pr. 56-
145.
_____ Memnon. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae. Volume VI.
Zürich; München: Artemis, 1992. p. 448-462; pr. 230-239.
KUNZE-GÖTTE, Erika. Corpus Vasorum Antiquorum. München, Museum Antiker
Kleinkunst 7. Deutschland 32. München: C. H. Beck, 1970.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. München, Antikensammlungen ehemals Museum
Antiker Kleinkunst 8. Deutschland 37. München: C. H. Beck, 1973.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. München, Antikensammlungen ehemals Museum
Antiker Kleinkunst 9. Deutschland 48. München: C. H. Beck, 1982.
_____ Der Kleophrades maler unter malern schwarzfiguriger amphoren. Eine
werkstattstudie. Mainz: Philipp von Zabern, 1992.
KURTZ, Donna Carol. Gorgo’s cup: an essay in connoisseurship. Journal of Hellenic
Studies, 103, p. 68-86, 1983.
LAFOND, Yves. Guerre et idéologie civique à Athènes. In: BRUN, Patrice (Org.).
Guerre et sociétés dans les mondes grecs (490-322). Paris: Du Temps, 1999. p. 151-
178.
LAMBRINO, S. Corpus Vasorum Antiquorum. Paris, Bibliothèque Nationale, Cabinet
des Médailles, 2. France 7. Paris: Honoré Champion, 1928
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Paris, Bibliothèque Nationale, Cabinet des
Médailles 2. France 10. Paris: Honoré Champion, 1931.
LANDES, Christian; LAURENS, Annie-France(Ed.). Exposition: Les vases à mémoire.
Les collections de céramique grecque dans le midi de la France. Lattes: Imago; Musée
Archéologique de Lattes, 1998.
LE BRETON, David. A sociologia do corpo. Petrópolis: Vozes, 2007.
LETOUBLON, Françoise. Défi et combat dans l’Iliade. Revue des Études Grecques, 96,
p. 27-48, 1983.
LISSARRAGUE, François. Autour du guerrier. In: La cité des images. Religion et
société en Grèce antique. Lausanne; Paris: Fernand Nathan; L.E.P., 1984. p. 35-48.
435
_____ Un regard sur l`imagerie grecque, L`Homme, 97-98, p. 347-352, 1986.
_____ Dionysos s’en va-t-en guerre. In: BÉRARD, Claude; BRON, Christiane;
POMARI, Alessandra (Org.). Images et société en Grèce ancienne: l’iconographie
comme méthode d’analyse. Actes du Colloque International, Lausanne 8-11 février
1984. Cahiers d’Archéologie Romande, nº 36. Lausanne: Institut d ‘Archéologie et
d’Histoire Ancienne de l’Université de Lausanne, 1987. p. 111-120.
_____ L’autre guerrier. Arches, peltastes, cavaliers dans l’imagerie attique. Paris;
Rome: La Découvert; École Française de Rome, 1990.
_____ Femmes au figuré. In: DUBY, Georges; PERROT, Michelle (Dir.). Histoire des
femmes en occident. Volume 1, L’Antiqui. Sous la direction de Pauline Schmitt Pantel.
Paris: Plon, 1991. p. 159-251.
______ Vases grecs. Les athéniens et leurs images. Paris: Hazan, 1999.
LISSARRAGUE, François; SCHNAPP, Alain. Imagerie des Grecs ou Grèce des
imagiers? Le temps de la réflexion, 2, p. 275-297, 1981.
LORIMER, Hilda Lockhart. The hoplite phalanx with special references to the poems of
Archilochos and Tyrtaeus. Annual of the British School at Athens, 42, p. 76-138, 1947.
LOWENSTAM, Steven. The arming of Achilleus on early Greek vases. Classical
Antiquity, 12, p. 199-218, 1993.
LUCE, Stephen Bleecker. Corpus Vasorum Antiquorum. Providence, Museum of the
Rhode Island School of Design 1. U. S. A. 2. Cambridge (MA): Harvard University,
1933.
LULLIES, Reinhard. Corpus Vasorum Antiquorum. München, Museum Antiker
Kleinkunst 1. Deutschland 3. München: C. H. Beck, 1939.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. München, Museum Antiker Kleinkunst 3.
Deutschland 9. München: C. H. Beck, 1952.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. München, Museum Antiker Kleinkunst 5.
Deutschland 20. München: C. H. Beck, 1961.
MARSTRANDER, Sverre; SEEBERG, Axel. Corpus Vasorum Antiquorum. Norway,
Public and Private Collections 1. Oslo: Det Norske Videnskaps-Akademi;
Universitetsforlaget, 1964.
MAYENCE, Fernand. Corpus Vasorum Antiquorum. Bruxelles, Musées royaux du
Cinquantenaire 1. Belgique 1. Bruxelles; Paris: Musée royaux d'Art et d'Histoire;
Édouard Champion, 1926.
MELANDER, Torben. Corpus Vasorum Antiquorum. Copenhague, Thorvaldsens
Museum 1. Danemark 9. Copenhague: Thorvaldsens Museum; Académie Royale des
Sciences et des Lettres du Denemark, 1999.
METZGER, Henri. La céramique greque. Paris: PUF, 1964.
MINTSI, Efthymia. Hypnos et Thanatos sur les vases attiques (520-470 av. J.-C.).
Histoire de l’Art, 15, p. 9-20, 1991.
MIZUTA, Akira. Corpus Vasorum Antiquorum. Schwarz und Rotfigurige Vasen in
Japanischen Sammlungen. Schwarzfigurig und Rotfigurig 2. Japan 2. Tokyo: Japan
Society for the Promotion of Science, 1991.
436
MOMMSEN, Heide. Corpus Vasorum Antiquorum. Berlin, Antikenmuseum, ehemals
Antiquarium 5. Deutaschland 45. München: C. H. Beck, 1980.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Berlin, Antikenmuseum ehemals Antiquarium 7.
Deutschland 61. München: C. H. Beck, 1991.
MONSACRÉ, Hélène. Les larmes d’Achile: le héros, la femme et la souffrance dans la
poésie d’Homère. Paris: Albin Michel, 1984.
MOORE, Mary B. Exekias and telamonian Ajax. American Journal of Archaeology, 84,
p. 417-434, 1980.
_____ The Athenian Agora. Volume XXX: Attic red figured and white ground pottery.
Princeton: American School of Classical Studies at Athens, 1997.
MOORE, Mary B.; PEASE PHILIPPIDES, Mary Zelia. The Athenian Agora. Volume
XXIII: Attic black figured pottery. Princeton: American School of Classical Studies at
Athens, 1986.
MOORE, Mary B.; VON BOTHMER, Dietrich. Corpus Vasorum Antiquorum. New
York, Metropolitan Museum of Art 4. U. S. A. 16. New York : Metropolitan Museum
of Art, 1976.
NICHOLLS, Richard Vaughan. The Trinity College Collection and other recent loans at
the Fitzwilliam Museum. Archaeological Reports, 17, p. 77-85, 1970-1971.
OAKLEY, John Howard. The Achilles painter. Mainz; Rhein: Philipp von Zabern,
1997.
_____ A new black figure Sarpedon. In: CLARK, Andrew J.; GAUNT, Jasper;
GILMAN, Benedicte(Ed.). Essays in honor of Dietrich von Bothmer. Allard Pierson
Series, 14. Studies in Ancient Civilization. Amsterdam: Allard Pierson Museum, 2002.
OLMOS, Ricardo. Catálogo de los vasos griegos del Museo Nacinal de Bellas Artes de
La Habana. Madrid: Instituto de Conservación y Restauración de Bienes Culturales,
1993.
ORRIEUX, Claude; SCHMITT PANTEL, Pauline. Histoire grecque. 3e ed. Paris: PUF,
1999.ORSI, Paolo. Gela scavi del 1900-1905. Monumenti Antichi. Publicati per cura
della Reale Accademia dei Lincei 17, cols. 295-298, 1906.
OTTO, Walter Friedrich. Os deuses da Grécia: a imagem do divino na visão do espírito
grego. São Paulo: Odysseus, 2005.
_____ Teofania: o espírito da religião dos Gregos antigos. São Paulo: Odysseus, 2006.
PACKARD, Pámela M.; CLEMENT, Paul A. Corpus Vasorum Antiquorum. Los
Angeles, County Museum of Art 1. U. S. A. 18. Los Angeles: University of California,
1977.
PADGETT, J. Michael. Acquisitions of the Art Museum 1997. Record of the Art
Museum, Princeton University, 57, p. 164-208, 1998.
_____ Ajax and Achilles on a calyx-krater by Euphronios. Record of the Art Museum,
Princeton University, 60, p. 2-17, 2001.
PALMER, Hazel. Greek gods and heroes. Boston: Museum of Fine Arts, 1915. Fifth
edition fully revised, 1962.
PANDOLFINI, Maristela. Blera. Studi Etruschi, Serie III, 59, p. 258, 1993.
437
PANVINI, Rosalba. Ceramiche attiche figurate del Museo Archeologico di Gela.
Selectio vasorum. Venezia: Marsilio, 2003.
PANVINI, Rosalba; GIUDICE, Filippo, a cura di, Ta Attika. Veder greco a Gela
ceramiche attiche figurate dall’antica colonia. Roma: L’Erma di Bretschneider, 2003.
PATITUCCI, Stella. Corpus Vasorum Antiquorum. Ferrara, Museo Archeologico
Nazionale 2. Italia 48. Roma: Unione Accademica Nazionale; L'Erma di Bretschneider,
1971.
PAYEN, Pascal. Femmes, armées civiques et fonction combattante en Grèce ancienne
(VII
e
-IV
e
siècle avant J.-C.). CLIO, Histoire, Femmes et Sociétés, 20, p. 15-41, 2004.
PEASE, Mary Zelia. The pottery from the north slope of Acropolis. Hesperia, 4, p. 214-
302, 1935.
PEDRINA, Marta. I gesti del dolore nella cerâmica attica (VI-V Secolo). Per un’analisi
della comunicazione non verbale nel mondo Greco. Memorie, Classe si Scienze Morali,
Lettere ed Arti, 97. Venezia: Istituto Veneto di Scienze, Lettere ed Arti, 2001.
PEREIRA, Maria Helena da Rocha (Coord.). Vasos gregos em Portugal: aquém das
Colunas de Hércules. Catálogo de exposição. Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia,
2007.
PFISTERER-HAAS, Susanne. Corpus Vasorum Antiquorum. München,
Antikensammlungen, ehemals Museum Antiker Kleinkunst, 12. Deutschland 65.
München: C. H. Beck, 1993.
PICARD, Olivier. Les grecs devant la menace perse. Paris : SEDES, 1980. Deuxième
édition, 1995.
PIPILI, Maria. Corpus Vasorum Antiquorum. Athens, National Museum 4. Greece 4.
Athens: Academy of Athens, 1993.
POTTIER, Edmond. Vases antiques du Louvre. Salles E-G: Le style archaïque à figures
noires et à figures rouges, Écoles ionienne et attique. Paris : Hachette, 1901.
_____ Vases antiques du Louvre. Salle G: Le style attique à figures rouge. Paris :
Hachette, 1922a.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Paris, Musée du Louvre 1. France 1. Paris:
Édouard Champion, 1922b.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Paris, Musée du Louvre 2. France 2. Paris:
Édouard Champion, 1923.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Paris, Musée du Louvre 4. France 5. Paris:
Édouard Champion, 1926.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. Paris, Musée du Louvre 5. France 8. Paris: Honoré
Champion, 1929.
POTTS, Timothy ; LEGGE, Margaret ; DUNSMORE, Amanda. Antiquities in Autralia:
new Antiquities Galleries at the National Gallery of Victoria. Minerva. International
Review of Art and Archaeology, 8, p. 35-39, 1997.
RHOMAIOS, Konstantinos A.; KAROUZOU, Semni. Corpus Vasorum Antiquorum.
Athènes: Musée National 1. Grèce 1. Paris: Honoré Champion, 1932.
438
ROBERTSON, Martin. The Gorgos cup. American Journal of Archaeology, 62, p. 55-
66, 1958.
_____ ‘Epoiesen’ on Greek vases: others considerations. Journal of Hellenic Studies,
92, p. 180-183, 1972.
_____ Euphronios at the Getty. J. Paul Getty Museum Journal, 9, p. 23-34, 1981.
_____ Sarpedon brought home. In: BETTS, John H.; HOOKER, James T.; GREN, John
Richard, (Ed.). Studies in honour of T. B. L. Webster. Volume 2. Bristol: Bristol
Classical, 1988. p. 109-120.
_____ A fragmentary Phiale by Douris. Greek vases in the J. Paul Getty Museum, 5.
Occasional Papers on Antiquities, 7, p. 75-98, 1991.
ROBINSON, David Moore; HARCUN, Cornelia Caskins; ILIFFE, John Henry. A
catalogue of the Greek vases in the Royal Ontario Museum of Archaeology Toronto. 2
volumes. Toronto: University of Toronto, 1930.
ROHDE, Elisabeth. Corpus Vasorum Antiquorum. Berlin, Gotha Schlossmuseum 1.
Deutsche Demokratische Republik 1. Berlin: Akademie, 1964.
SARIAN, Haiganuch. L’héritage mycénien: la civilisation. In: TREUIL, René, et al.,
Les civilisations égéennes du Néolithique et de l’Age du Bronze. Collection Nouvelle
Clio, 1ter. Paris: PUF, 1989. p. 585-593.
_____ Poieîn-gráphein: o estatuto social do artesão-artista de vasos áticos. Revista do
Museu de Arqueologia e Etnologia, 3, p. 105-120, 1993.
_____ Morte e Sono na arte grega: notas de iconografia funerária. Clássica, 7-8, p. 63-
74, 1994-1995.
_____ Arqueologia da imagem: aspectos teóricos e metodológicos na iconografia de
Héstia. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, Suplemento 3 (Anais da I
Reunião Internacional de Teoria Arqueológica na América do Sul) , p. 69-84, 1999.
SCHAPS, David. The women of Greece in wartime. Classical Philology, 77, p. 193-
213, 1982.
SCHEFOLD, Karl. Poésie homérique et art archaïque. Revue Archéologique, nouvelle
série, p. 9-22, 1972.
_____ Gods and heroes in late archaic Greek art. Cambridge: Cambridge University,
1992.
SCHERER, Margaret R. The legends of Troy in art and literature. London: Phaidon,
1963. Second edition, 1964.
SCHMITT-PANTEL, Pauline ; THELAMON, Françoise. Image et histoire : illustration
ou document. In : LISSARRAGUE, François ; THELAMON, Françoise (Ed.). Image et
céramique grecque. Actes du Colloque de Rouen. Rouen : Publications de l’Université
de Rouen, 1983. p. 9-20.
SCHNAPP, Alain. Histoire de l’archéologie et l’archéologie dans l’histoire. In:
DEMOULE, Jean-Paul et alli. (Ed.). Guide des méthodes de l’archéologie. Paris: La
Découverte, 2002. p. 9-38.
SCHNAPP-GOURBEILLON, Annie. Lions, héros, masques: les représentations de
l’animal chez Homère. Paris: François Maspero, 1981.
439
SÉCHAN, Louis. Études sur la tragédie grecque dans ses rapports avec la céramique.
Paris: Honoré Champion, 1926.
SHAPIRO, Harvey Alan. Art, myth, and culture: Greek vases from southern collections.
New Orleans: New Orleans Museum of Art; Tulane University, 1981.
_____ et alli, Greek vases in the San Antonio Museum of Art. San Antonio: San Antonio
Museum of Art, 1995.
_____ Myth into art. Poet and painter in classical Greece. London: Routledge, 1994.
Reprinted, 1997.
SIEBERT, Gérard. Eidôla: le problème de la figurabilité dans l’art grec. In: idem. (Ed.).
Méthodologie iconographique. Actes du collque de Strasbourg 27-28 avril 1979.
Strasbourg: AECR, 1981. p. 63-73.
SILVA, Maria de Fátima Souza e. Crítica do teatro na comédia antiga. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1997.
SLEHOFEROVA, Vera. Corpus Vasorum Antiquorum. Basel, Antikenmuseum und
Sammlung Ludwig, 3. Schweiz 7. Bern: Peter Lang, 1988.
SMITH, Arthur Hamilton; PRYCE, Frederick Norman. Corpus Vasorum Antiquorum.
London, British Museum 2. Great Britain 2. London: British Museum, 1926.
SMITH, Cecil Harcourt. Catalogue of the Greek and Etruscan vases in the British
Museum. Volume III, Vases of the finest period. London: British Museum, 1896.
SMITH, Henry Roy William. Corpus Vasorum Antiquorum. San Francisco, M. H. De
Young Memorial Museum and California Palace of the Legion of Honor 1. U. S. A. 10.
Cambridge: Harvard University, 1943.
SNODGRASS, Anthony M. Arms and armour of the Greeks. London: Thames and
Hudson, 1967.
_____ La Grèce archaïque: le temps des apprentissages. Paris: Hachette, 1986.
SOTHEBY’S, Catalogue of Antiquities and Islamic works of art. June 08. New York:
Sotheby’s, 1994.
STEINER, Ann. Illustrious repetitions: visual redundancy in Exekias and his followers.
In: OAKLEY, John H.; COULSON, William D. E.; PALAGIA, Olga, eds., Athenian
potters and painters. The conference proccedings. Oxford: Oxbow, 1997. p. 155-169.
TALLEUX, Dominique. Corpus Vasorum Antiquorum. Lille, Palais des Beaux-Arts;
Université Charles-de-Gaulle. France 40. Paris: De Boccard, 2005.
THOMPSON, Homer A. Activities in Athenian Agora: 1954. Hesperia, 24, p. 50-71,
1955.
TISCHBEIN, Johann Heinrich Wilhelm. Collection of engravings from ancient vases,
discovered in the kingdom of the two Sicilies, during the years 1789 and 1790, with
remarks on each vase, now in the possession of Sir William Hamilton. Tome 4. Naples:
s. e., 1795.
TORELLI, Mario. Le strategie di Kleitias: composizione e programa figurative del vaso
François. Milano: Electa, 2007.
440
TOUCHEFEU-MEYNIER, Odette. Corpus Vasorum Antiquorum. Musée de Limoges
(Adrien Dubouché); Musée de Vannes (Socié polymathique). France 24. Paris:
Académie des Inscriptions et Belles Lettres; De Boccard, 1968.
_____ Aias I. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae. Volume I. Zürich;
München: Artemis, 1981. p. 312-336; pr. 232-252.
_____ Hektor. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae. Volume IV. Zürich;
München: Artemis, 1988. 482-498; pr. 283-291.
_____ Patroclos. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae. Volume III,
Supplementum. Zürich; Düsseldorf: Artemis, 1997. p. 948-952; pr. 636-637.
_____ Homère: un heritage. Documentation photographique, 8013. Paris: La
documentation française, 2000.
TURNER, Jonathan H. Sociologia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makron, 2000.
TURNER, Michael. Iconology vs. Iconography: the influence of Dionysos and the
imagery of Sarpedon. Hephaistos, 21-22, p. 53-79, 2003-2004.
VAN BUREN, Albert William. Archaeological news: Italy. American Journal of
Archaeology, 53, p. 376-387, 1949.
VAN GENNEP, Arnold. Les rites de passage. Paris: Émile Nourry, 1909.
VERMEULE, Emily Townsend. Aspects of death in early Greek art and poetry. Sather
Classical Lectures, 46. Berkeley: University of California, 1981.
VERNANT, Jean-Pierre. Préface. In: La cité des images. Religion et société en Grèce
antique. Lausanne; Paris: Fernand Nathan; L.E.P., 1984. p. 4-5.
_____ Avant-propos. In: L’individu, la mort, l’amour: soi-même et l’autre en Grèce
ancienne. Paris: Gallimard, [1989], 1996a. p. i-iii.
_____ La belle mort et le cadavre outragé. In: L’individu, la mort, l’amour: soi-même et
l’autre en Grèce ancienne. Paris: Gallimard, [1982] 1996b. p. 41-79.
_____ Mort grecque, mort à deux faces. In: L’individu, la mort, l’amour: soi-même et
l’autre en Grèce ancienne. Paris: Gallimard, [1981] 1996c. p. 81-89.
_____ Pánta kalá. D’Homère à Simonide. In: L’individu, la mort, l’amour: soi-même et
l’autre en Grèce ancienne. Paris: Gallimard, [1979] 1996d. p. 91-101.
_____ La «belle mort» d’Achille. In: Entre mythe et politique. Paris: Seuil, 1996e. p.
501-510.
_____ Introduction. In : VERNANT, Jean-Pierre, dir., Problèmes de la guerre em
Grèce ancienne. Points-Histoire, 265. Paris; EHESS; Seuil, 1968. Nouvelle édition,
1999. p. 11-38.
_____ La mort heroïque chez les Grecs. Paris: Pleins Feux, 2001.
_____ La mort dans les yeux. Figures de l’autre en Grèce ancienne : Artémis, Gorgô.
Paris: Hachette, 1985. Troisième édition, 2006.
VIDAL-NAQUET, Pierre. La tradition de l’hoplite athénien. In : VERNANT, Jean-
Pierre, dir., Problèmes de la guerre em Grèce ancienne. Points-Histoire, 265. Paris;
EHESS; Seuil, 1968. Nouvelle édition, 1999. p. 213-241.
VILLARD, François. Les vases grecs. Paris: PUF, 1956.
441
VON BOTHMER, Dietrich. The painters of “Tyrrhenian” vases. American Journal of
Archaeology, 44, p. 161-170, 1944.
_____ The arming of Achilles. Bulletin of the Museum of Fine Arts, volume XLVII,
270, p. 84-90, 1949.
_____ The Camtar painter. Antike Kunst, 2, p. 5-9, 1959.
_____ New vases by the Amasis painter. Antike Kunst, 3, p. 71-80, 1960.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. New York, Metropolitan Museum of Art 3. U. S.
A. 12. New York: Metropolitan Museum of Art, 1963.
_____ Six hydriai. Antike Kunst, 12, p. 26-29, 1969.
_____ Greek vase painting. Metropolitan Museum Art Bulletin, 31, p. 2, 10-68, 1972.
_____ Halsamphora der O.L.L.-Gruppe. In: HORNBOSTEL, Wilhelm, et al., Kunst der
Antike. Schätze aus norddeutschem privatbeistz. Museum für Kunst und Gewerbe
Hamburg. Mainz; Rhein: Philipp von Zabern, 1977. p. 251-254.
_____ The death of Sarpedon. In: HYATT, Stephen L.(Ed.). The Greek vase. Papers
based on lectures presented to a symposium held at Hudson Valley Community College
at Troy, New York in April of 1979. Latham: Hudson-Mohawk Association of Colleges
and Universities, 1981. p. 63-80.
_____ Euphronios and Memnon? Observations on a red-figured fragment. Metropolitan
Museum Journal, 22, p. 5-11, 1987.
_____ Catalogue Euphronios: 4. Cratère en calice. In: PASQUIER, Alain, et alli,
Euphronios peintre à Athènes au VI
e
siècle avant J.-C. Catalogue d’exposition. Musée
du Louvre, Paris 18 septembre 31 décembre 1990. Paris: Réunion des musées
nationaux, 1990. p. 77-88.
_____ The subject matter of Euphronios. In: DENOYELLE, Martine(Dir.). Euphronios
peintre. Actes de la jounée d’étude organisée par l’École du Louvre et le Département
des antiquités grecques, étrusques et romaines du Musée du Louvre, 10 octobre 1990.
« Rencontres de l’École du Louvre ». Paris : La Documentation Française, 1992, p. 13-
32.
_____ Sarpedon. In: Lexicon Iconographicum Mythologiae Classicae. Volume VII.
Zürich; München: Artemis, 1994. p. 696-700; pr. 519-523.
VON BRUNN, Heinrich. Ira di Achille. Annali dell’Instituto di Corrispondenza
Archeologica, 30, p. 352-373, 1858.
VON MEHREN, Margit. The Trojan cycle on Tyrrhenian amphorae. In: RATHJE,
Annette; NIELSEN, Marjatta; RASMUSSEN, Bodil Bundgaard(Ed.). Pots for the
living, pots for the dead. Danish Studies in Classical Archaeology. Acta Hyperborea, 9.
Copenhagen: Museum Tusculanum; University of Copenhagen, 2002. p. 33-58.
WALTERS, Henry Beauchamp. Catalogue of the Greek and Etruscan vases in the
British Museum. Volume II, Black figured vases. London: British Museum, 1893.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. London, British Museum 3. Great Britain 4.
London: British Museum, 1927.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. London, British Museum 4. Great Britain 5.
London: British Museum, 1929.
442
WALTERS, Henry Beauchamp.; FORSDYKE, Edgar John. Corpus Vasorum
Antiquorum. London, British Museum 5. Great Britain 7. London; Paris: British
Museum; Édouard Champion, 1930.
WALTON, Alice. An unpublished amphora and eye cylix signed by Amasis, in Boston
Museum. American Journal of Archaeology, 11, p. 150-159, 1907.
WEISS, Carina. Corpus Vasorum Antiquorum. Karlsruhe, Badisches Landesmuseum 3.
Deutschland 60. München: C. H. Beck, 1990.
WESCOAT, Bonna D. Poets and heroes: scenes of the Trojan War. Catalogue of
exhibition. Emory University Museum of Art and Archaeology. November 8, 1986
February 28, 1987. Atlanta: Emory University, 1986.
WIGHT, Karol. Catalogue Euphronios: 35. Coupe (type B). In: PASQUIER, Alain, et
alli, Euphronios peintre à Athènes au VI
e
siècle avant J.-C. Catalogue d’exposition.
Musée du Louvre, Paris 18 septembre 31 décembre 1990. Paris: Réunion des musées
nationaux, 1990. p. 170-173.
WILLIAMS, Dyfri. Women on Athenian vases: problems of interpretation. In:
CAMERON, Averil; KUHRT, Amélie (Ed.). Images of women in antiquity. London:
Routledge, 1983. p. 92-106.
_____ Onesimos and the Getty Iliupersis. Greek vases in the J. Paul Getty Museum 5,
1991. p. 41-64.
_____ Euphronios’ contemporary companions and followers. In: DENOYELLE,
Martine (Dir.). Euphronios peintre. Actes de la jounée d’étude organisée par l’École du
Louvre et le Département des antiquités grecques, étrusques et romaines du Musée du
Louvre, 10 octobre 1990. « Rencontres de l’École du Louvre ». Paris : La
Documentation Française, 1992. p. 79-95.
_____ Corpus Vasorum Antiquorum. London, British Museum 9. Great Britain 17.
London: British Museum, 1993.
WOODFORD, Susan. The Trojan War in ancient art. New York: Cornell University,
1993.
WOODFORD, Susan; LOUDON, Margot. Two Trojan themes: the iconography of
Ajax carrying the body of Achilles and Aeneas carrying Anchises in black figure vase
painting. American Journal of Archaeology, 84, p. 25-40, 1980.
WÜNSCHE, Raimund (Hrsg). Mythos Troja. München: Staatliche Antikensammlungen
und Glyptothek, 2006a.
_____ Achill tötet Memnon. In: Idem. Mythos Troja. München: Staatliche
Antikensammlungen und Glyptothek, 2006b. p. 251-257.
_____ Der Tod des Achill. In: Idem. Mythos Troja. München: Staatliche
Antikensammlungen und Glyptothek, 2006c. p. 258-269.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo