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UNIVERSIDADE FUMEC
FACULDADE DE CIÊNCIAS EMPRESARIAIS
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE A GESTÃO DAS
EMPRESAS E O SETOR DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO (TI): O MOMENTO DA AQUISIÇÃO DE
SOLUÇÕES DE TECNOLOGIA
CLÁUDIO ROBERTO MAGALHÃES PESSOA
Belo Horizonte – MG
2009
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CLÁUDIO ROBERTO MAGALHÃES PESSOA
ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ENTRE A GESTÃO DAS
EMPRESAS E O SETOR DE TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO (TI): O MOMENTO DA AQUISIÇÃO DE
SOLUÇÕES DE TECNOLOGIA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
em Administração, da Faculdade de Ciências
Empresariais da Universidade Fumec, como parte
dos requisitos para a obtenção do título de Mestre
em Administração:
Área de concentração: Gestão Estratégica de
Organizações.
Orientador: Prof. Dr. George Leal Jamil
Belo Horizonte – MG
2009
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Dedico este trabalho às minhas filhas, Luiza e
Isabela. Vocês são a força que o pai precisa para
seguir sempre em frente.
Dedico também a três pessoas que sempre me
apoiaram em minha batalha diária e que nunca
me deixaram desanimar, doando todo carinho,
amor e incentivo nos momentos difíceis de
minha vida. Pai, mãe e “Cepa”, este trabalho é de
vocês. Muito obrigado pelo que sempre foram e
são para mim.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por me dar esta oportunidade de crescimento em minha
vida.
Agradeço a Jane Amélia, por ter me mostrado que, na vida, temos valores desprezados por
nós, mas que, a partir do momento em que enxergamos isso, podemos ser muito mais felizes.
Agradeço a Isabela, pela ajuda nas noites de estudos de governança. Obrigado pela força: sem
você não teria terminado.
Agradeço a todos os profissionais, que dispuseram do seu tempo para a realização das
entrevistas, sem o que não seria possível concluir este trabalho.
Agradeço, em especial, ao Jamil, pela ajuda, orientação, paciência, competência e amizade.
Citar nome é difícil, pois corremos o risco de sermos injustos com alguém que nos ajudou em
algum momento. Agradeço a todas as pessoas que contribuíram, de forma direta ou indireta,
para a realização deste trabalho.
"A vida consiste em experiência extrema
e séria, exigindo o consciente alijamento
de tudo o que obstrui o crescer da alma"
Guimarães Rosa
RESUMO
Em um mercado competitivo, a utilização de ferramentas de TI se torna
imprescindível para o sucesso dos negócios. Com isso, alguns autores apontam a falta de
alinhamento estratégico como problema para o fracasso na maioria das compras realizadas
pelo departamento de TI. Este trabalho faz um estudo qualitativo e exploratório da existência
de alinhamento estratégico entre os gestores de empresas e o departamento de Tecnologia da
Informação (TI) no momento da aquisição de soluções (produtos/serviços) de tecnologia.Com
este objetivo, foram estudados conceitos de Governança corporativa, governança em TI,
processo decisório e alinhamento estratégico, buscando fechar todo o contexto em que se
encaixa o alinhamento propriamente dito. Utilizou-se como metodologia uma análise de
literatura e um estudo de múltiplos casos, em que foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com gestores de ambas as áreas. Depois de realizadas as pesquisas,
elaborou-se um estudo de caso de cada empresa em separado para, posteriormente, cruzar os
dados e fechar o estudo múltiplo. O trabalho aponta para a inexistência deste alinhamento no
momento da aquisição de ferramentas de TI.
Palavras-chave: Alinhamento estratégico. Governança corporativa. Governança em TI.
Processo decisório.
ABSTRACT
In a competitive market, the use of Information Technology´s tools has become indispensable
for the success of the business. Therefore, some authors have pointed out that the lack of
strategic alignment appears as a problem for the failure in most purchases accomplished by
the IT department. This work makes a qualitative and exploratory study about the existence of
strategic alignment among company´s managers and IT department at the moment of
acquiring technology solutions (products/services). Therefore, concepts of corporative
Governance, IT Governance, decision-making process and strategic alignment were analyzed
in this study in order to make a context where the alignment itself fits. The methodology used
for this work included literature´s analyses and multiple cases study, where semi-structures
interviews were done with managers of both areas. After the interviews, it was done a case
study of each company in separate to make a data intersection and conclude the multiple
study. This work points to the nonexistence of this alignment at the moment of IT tools´
acquisition.
Keywords: Strategic alignment. Corporative governance. IT Governance. Decision-making
process.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - COMO O CEO ENXERGA A TI? .....................................................................25
FIGURA 2 - REDESENHO DE PROCESSOS .......................................................................26
FIGURA 3 – CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE MATURIDADE DO
ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ........................................................................................32
FIGURA 4 – MODELOS ADOTADOS PARA GOVERNANÇA EM TI .............................37
FIGURA 5 - OS QUATRO DOMÍNIOS DO COBIT ...............................................................1
FIGURA 6 - METODOLOGIA DE ESTUDO DE MÚLTIPLOS CASOS............................52
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – OS QUATRO DOMÍNIOS DO COBIT............................................................38
TABELA 2 – COMPARAÇÃO DE PERSPECTIVAS DA DECISÃO ESTRATÉGICA......45
TABELA 3 – CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO DE PORTE EMPRESARIAL DO BNDES
..................................................................................................................................................54
TABELA 4 – PERFIL DAS PESSOAS ENTREVISTADAS .................................................55
TABELA 5 – RESPOSTAS AO PRIMEIRO QUESITO – EMPRESA A..............................58
TABELA 6 – RESPOSTAS AO SEGUNDO QUESITO – EMPRESA A..............................59
TABELA 7 – RESPOSTAS AO TERCEIRO QUESITO – EMPRESA A .............................59
TABELA 8 – RESPOSTAS AO QUARTO QUESITO – EMPRESA A ................................59
TABELA 9 – RESPOSTAS AO QUINTO QUESITO – EMPRESA A..................................60
TABELA 10 – RESPOSTAS AO SEXTO QUESITO – EMPRESA A..................................60
TABELA 11 – RESPOSTAS AO SÉTIMO QUESITO – EMPRESA A ................................61
TABELA 13 – RESPOSTAS AO PRIMEIRO QUESITO – EMPRESA B ............................64
TABELA 14 – RESPOSTAS AO SEGUNDO QUESITO – EMPRESA B ............................64
TABELA 15 – RESPOSTAS AO TERCEIRO QUESITO – EMPRESA B............................65
TABELA 16 – RESPOSTAS AO QUARTO QUESITO – EMPRESA B ..............................65
TABELA 17 – RESPOSTAS AO QUINTO QUESITO – EMPRESA B................................66
TABELA 18 – RESPOSTAS AO SEXTO QUESITO – EMPRESA B ..................................66
TABELA 19 – RESPOSTAS AO SÉTIMO QUESITO – EMPRESA B ................................67
TABELA 20 – RESPOSTAS AO OITAVO QUESITO – EMPRESA B................................67
TABELA 21 – RESPOSTAS AO PRIMEIRO QUESITO – EMPRESA C ............................69
TABELA 22 – RESPOSTAS AO SEGUNDO QUESITO – EMPRESA C ............................69
TABELA 23 – RESPOSTAS AO TERCEIRO QUESITO – EMPRESA C............................70
TABELA 24 – RESPOSTAS AO QUARTO QUESITO – EMPRESA C ..............................70
TABELA 25 – RESPOSTAS AO QUINTO QUESITO – EMPRESA C................................71
TABELA 26 – RESPOSTAS AO SEXTO QUESITO – EMPRESA C ..................................71
TABELA 27 –RESPOSTAS AO SÉTIMO QUESITO – EMPRESA C .................................72
TABELA 28 – RESPOSTAS AO OITAVO QUESITO – EMPRESA C................................72
TABELA 29 – RESPOSTAS AO PRIMEIRO QUESITO – EMPRESA D...........................74
TABELA 30 –RESPOSTAS AO SEGUNDO QUESITO – EMPRESA D.............................75
TABELA 31 – RESPOSTAS AO TERCEIRO QUESITO – EMPRESA D ...........................75
TABELA 32 – RESPOSTAS AO QUARTO QUESITO – EMPRESA D ..............................76
TABELA 33 – RESPOSTAS AO QUINTO QUESITO – EMPRESA D................................76
TABELA 34 – RESPOSTAS AO SEXTO QUESITO – EMPRESA D..................................77
TABELA 35 – RESPOSTAS AO SÉTIMO QUESITO – EMPRESA D ................................77
TABELA 36 – RESPOSTAS AO OITAVO QUESITO – EMPRESA D................................78
TABELA 37 – RESPOSTAS AO PRIMEIRO QUESITO – EMPRESA E ............................80
TABELA 38 – RESPOSTAS AO SEGUNDO QUESITO – EMPRESA E ............................80
TABELA 39 – RESPOSTAS AO TERCEIRO QUESITO – EMPRESA E............................81
TABELA 40 –RESPOSTAS AO QUARTO QUESITO – EMPRESA E................................81
TABELA 42 – RESPOSTAS AO QUINTO QUESITO – EMPRESA E ................................82
TABELA 43 – RESPOSTAS AO SEXTO QUESITO – EMPRESA E ..................................82
TABELA 44 – RESPOSTAS AO SÉTIMO QUESITO – EMPRESA E ................................83
TABELA 45 – RESPOSTAS AO OITAVO QUESITO – EMPRESA E ................................83
TABELA 46 – RESPOSTAS AO PRIMEIRO QUESITO – EMPRESA F.............................85
TABELA 47 – RESPOSTAS AO SEGUNDO QUESITO – EMPRESA F.............................86
TABELA 48 – RESPOSTAS AO TERCEIRO QUESITO – EMPRESA F ............................86
TABELA 49 – RESPOSTAS AO QUARTO QUESITO – EMPRESA F...............................87
TABELA 50 – RESPOSTAS AO QUINTO QUESITO – EMPRESA F ................................87
TABELA 51 – RESPOSTAS AO SEXTO QUESITO – EMPRESA F...................................88
TABELA 52 – RESPOSTAS AO SÉTIMO QUESITO – EMPRESA F.................................88
TABELA 53 – RESPOSTAS AO OITAVO QUESITO – EMPRESA F ................................88
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................6
RESUMO ...................................................................................................................................8
ABSTRACT ...............................................................................................................................9
SUMÁRIO................................................................................................................................14
2.1 ESTRATÉGIA ...................................................................................................................21
2.2 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ..................................................................................24
2.3 GOVERNANÇA CORPORATIVA...................................................................................33
2.4 GOVERNANÇA EM TI ....................................................................................................36
2.5 O PROCESSO DECISÓRIO NA AQUISIÇÃO EM TI ....................................................42
4.1 ESCOLHA DA AMOSTRA DE PESQUISA....................................................................54
4.2 EMPRESAS PESQUISADAS ...........................................................................................56
4.2.1 EMPRESA A...................................................................................................................56
4.2.2 EMPRESA B...................................................................................................................56
4.2.3 EMPRESA C...................................................................................................................57
4.2.4 EMPRESA D...................................................................................................................57
4.2.5 EMPRESA E ...................................................................................................................57
4.2.6 EMPRESA F ...................................................................................................................58
4.3 ESTUDO DE CASOS ........................................................................................................58
4.3.1 EMPRESA A – RAMO DE CONCESSIONÁRIA DE CAMINHÕES E VENDAS DE
PNEUS AUTOMOTIVOS .......................................................................................................58
4.3.2 EMPRESA B – RAMO DE TRANSPORTE DE CARGAS ESPECIAIS......................63
4.3.3 EMPRESA C – ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA ........................................................69
4.3.4 EMPRESA D – RAMO DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA ........................................74
4.3.5 EMPRESA E – RAMO DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS................................79
4.3.6 EMPRESA F – RAMO DE TURISMO (HOTELARIA)................................................85
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................94
ANEXO 1 – QUESTÕES DE PESQUISA ............................................................................103
16
1 INTRODUÇÃO
Em um mercado cada dia mais dinâmico e competitivo, torna-se difícil a
sobrevivência das organizações que não estão preparadas para tomadas rápidas de decisões ou
até mesmo para processar as inúmeras informações que estão disponíveis. Para Hitt, Ireland e
Hoskisson (2008), a partir do momento em que as empresas implantam soluções que
permitam um acesso rápido e uma análise eficiente das informações, elas passam a ter uma
vantagem competitiva considerável em praticamente todas as indústrias.
Com uma visão aprofundada nas organizações modernas, notam-se os problemas
trazidos pelas transformações no ambiente de negócios. Autores como Ansoff, Declerck e
Hayes (1981) chamavam a atenção para a necessidade de se mudar a forma de gestão das
empresas, de uma visão clássica, em que o ambiente não tinha nenhuma influência sobre o
negócio das empresas, para teorias modernas de administração estratégica, em que os gestores
têm como obrigação monitorar as mudanças ambientais, pois estas passam a ter uma
influência significativa na tomada de decisão. Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008), as
estratégias devem ser ditadas pelo ambiente externo da empresa e, como conseqüência, as
empresas devem desenvolver habilidades internas requeridas por este ambiente. Segundo
Porter (2001), a Internet influenciou radicalmente as empresas em relação à estrutura da
indústria, sustentabilidade e, especialmente, as vantagens competitivas, visando a oferecer
valor diferenciado a seus clientes.
O avanço tecnológico permitiu uma melhora significativa no acesso à informação.
Porém, o excesso de informações traz consequências que, em alguns casos, podem causar
problemas aos gestores. Jamil (2001, p. 38) chama a atenção para a mudança do contexto em
que se tratam as informações. Segundo o autor, “até meados da década passada eram ainda
encontrados países onde havia mecanismos variados de controle legal sobre emissões
radiofônicas e de TV, bem como sobre a imprensa escrita”. Porém, ainda segundo o autor,
estamos hoje no outro extremo, onde se pode publicar informações muito facilmente e sem
amarras. Isso nos coloca perante um problema, que é selecionar as fontes e as informações por
elas emitidas. Ter acesso a um volume cada vez maior de informação não significa ter acesso
a informações de qualidade e que realmente sejam relevantes para o negócio no momento
oportuno.
17
Para Davenport (2000), os investimentos realizados em tecnologia nem sempre trazem
os retornos esperados pelos seus gestores. Segundo o autor
a despeito dos 20 anos de tentativas de controlar a informação, criando uma
“arquitetura” de dados precisos, bem como de quem e de como se deve
recebê-los, a abordagem da engenharia centralizada não tem, regra geral,
informado ou aperfeiçoado nossas discussões sobre necessidades
informacionais (DAVENPORT, 2000, p. 15).
O autor dá exemplos de empresas como a International Business Machines (IBM), que
faz investimentos constantes em tecnologia e se destaca mundialmente como uma das maiores
empresas do ramo. Mesmo na IBM, onde os profissionais possuíam recursos tecnológicos
atualizados, os novos gestores da área financeira não tinham acesso às informações
necessárias de que precisavam para o desenvolvimento do negócio da organização. “A
administração de informações na IBM ilustra com perfeição como a boa tecnologia não se
traduz, necessariamente, em boa informação” (DAVENPORT, 2000, p. 16). É neste contexto
que as empresas passam a depender da Tecnologia da Informação (TI) para obter sucesso nos
negócios.
Para Jamil (2001), a TI, através de desenvolvimento de sistemas, possibilita a
implantação de ferramentas adequadas de armazenamento de dados e informações, visando à
sua recuperação de forma e qualidade necessárias para o processo de tomada de decisão.
Dentre vários conceitos sobre TI, o de Laurindo et al. (2001) chama a atenção: nele,
TI não diz respeito somente a hardwares e softwares, mas inclui também sistemas de
informação, uso do hardware e software, telecomunicações, automação, recursos multimídia,
ou qualquer outro sistema utilizado pela organização para fornecer dados, informações e
conhecimento. Souza (2008) acrescenta a tudo isso recursos humanos, modelos de gestão e
contextos organizacionais.
Para Moraes, Bosbin e Lana (2006), as empresas vêm realizando investimentos
relevantes em TI visando a aumentar o desempenho organizacional. Segundo os autores, as
organizações utilizam TI em seus planejamentos estratégicos em razão do impacto social e
empresarial que causa. São ferramentas que se tornam cada dia mais comuns e indispensáveis
para uma gestão profissional da corporação, como: BI (Business Inteligence), utilizada para
18
entregar as informações necessárias aos executivos nas tomadas de decisão; CRM (Customer
Relationship Management), que gerencia o relacionamento com clientes; BPM (Business
Process Management), que faz o mapeamento e gerenciamento de processos; ERP
(Enterprise Resource Planning), também conhecido como sistema integrado de gestão
(SIGE), para integrar todos os departamentos e processos em um sistema único; ECM
(Enterprise Content Management), ferramenta de gestão de conteúdo das informações
armazenadas na empresa. Segundo Henderson e Venkatraman (1993), a TI transcendeu a
utilização tradicional, para a qual foi concebida (back office), indo para um patamar de
suporte à tomada de decisão estratégica. Para Jamil (2001), a TI poderá implantar recursos
tecnológicos que permitirão a simulação e criação de cenários com o objetivo de trabalhar em
previsões de comportamentos de sistemas e agentes.
Porém, a aquisição de ferramentas de TI nas organizações poderá tornar-se um
problema se não for bem planejada. Davenport (2000) diz que um terço dos gastos com
tecnologia foi desperdiçado por causa de uma utilização inadequada ou por simples falta de
uso. Para o autor, o verdadeiro problema está no fato de os profissionais entenderem que o
simples uso da tecnologia irá resolver todas as dificuldades. É importante para a empresa que
os responsáveis pela aquisição, geralmente os gestores de TI, estejam alinhados com a visão
de negócio das mesmas, pois
por muito tempo, os CIO
1
s foram responsáveis apenas pela viabilidade técnica
dos sistemas de informação (SI). Neste novo ambiente concorrencial, cada
vez mais é exigido destes profissionais uma visão estratégica e um profundo
conhecimento do negócio, ficando a solução técnica em um segundo plano
(KIELING, 2005, p.13).
Não existe mais lugar nas organizações para aquele profissional que seja
simplesmente técnico. É necessário que os responsáveis pela área de TI possuam também
conhecimentos de gestão das organizações. Para Godinho (2004), apud Kieling (2005, p. 45)
“o CIO não deve cuidar apenas de tecnologia. Deve entender o fluxo de informações dentro
da empresa, corrigir processos e ser o principal responsável pela inovação”. Tarefa para cuja
execução nem sempre os CIO estão preparados.
Moraes, Bosbin e Lana (2006) concluem que os diversos autores, que pesquisam o
tema, tendem a propor novos métodos para investimento em TI, para mensuração dos
1
CIO – Chief Information officer: Profissional responsável pelas informações da empresa. No Brasil, utiliza-se o
nome para se referir aos diretores do setor de tecnologia da Informação (informática).
19
impactos da TI no desempenho organizacional, porque os existentes são precários. Para
Laurindo et al. (2001) e Brodbeck et al. (2005), a falta de habilidade das organizações em
obter retornos satisfatórios dos investimentos feitos em TI deve-se, em parte, à falta de
alinhamento entre as estratégias de negócio e as de TI.
Alinhamento estratégico tem sido estudado por diversos acadêmicos como Josemin e
Brodbeck (2006), Moraes e Lana (2006), Pietro e Carvalho (2006), Silva e Magalhães (2006).
A falta desse alinhamento é apontada como o principal causador dos problemas de
investimentos inadequados, que não atendem a real necessidade das empresas e, em especial,
a dos gestores.
Para Souza (2008), o alinhamento estratégico dará, à organização, parâmetros para
análise do seu posicionamento atual, e permitirá ter uma visão concreta de onde ela pode
chegar. Assim, as organizações terão métricas para aferir se, de fato, a estratégia implantada
atingiu também ao setor de TI.
Partindo-se então do pressuposto de que a falta de alinhamento não traz retornos
satisfatórios para a empresa, surge o problema que é o objetivo geral da pesquisa: Existe
alinhamento estratégico entre os setores de gestão empresarial e de TI das organizações,
no momento da aquisição de recursos de tecnologia da informação?
Este processo torna-se crítico no momento em que uma ferramenta adquirida não
atenda aos objetivos do planejamento estratégico da empresa, tornando-se inútil e, em alguns
casos, perdulária.
Têm-se, como objetivos específicos, a avaliação dos procedimentos para a tomada de
decisão, a existência de governança no setor de TI e a existência de um modelo de governança
corporativa.
O trabalho se inicia pelo capítulo introdutório, onde foi feita uma análise do contexto
da pesquisa e uma elaboração do problema que foi pesquisado posteriormente. No capítulo 2,
buscou-se o embasamento teórico, através de uma revisão de literatura, com o objetivo de dar
sustentação a pesquisa. No capítulo 3, elaborou-se uma descrição detalhada da metodologia
utilizada para que fosse possível atingir os objetivos da pesquisa. No capítulo 4, podem-se ver
20
os estudos de caso realizados nas empresas pesquisadas, bem como o perfil das empresas e
dos entrevistados. No capítulo 5, as conclusões finais da pesquisa. Em seguida, vêm as
referências utilizadas para a realização do trabalho. Anexadas ao trabalho, apresentam-se as
questões de pesquisa que serão propostas aos gestores das empresas pesquisadas.
Como metodologia, foi elaborada uma pesquisa de caráter exploratório e qualitativo,
com análise de literatura para o embasamento teórico e, posteriormente, um estudo de
múltiplos casos.
21
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
2.1 ESTRATÉGIA
Estudar o conceito de estratégia nos remete a conhecer o significado do termo.
Segundo Fischmann e Almeida (1991),
a palavra estratégia vem do grego stratego, que quer
dizer chefe do exército. O termo, mesmo tendo surgido no ambiente militar, migrou para a
área empresarial por ser relevante no setor de planejamento de ações. O conceito de estratégia
vem sendo discutido e desenvolvido ao longo do tempo, devido a vários fatores que o
compõem, principalmente em se tratando do ambiente externo às organizações.
Vários autores dissertam sobre o conceito de estratégia e pode-se acompanhar, ao
longo dos anos, como este conceito evoluiu até chegar a conceitos modernos. Ansoff,
Declerck e Hayes (1981) debatem o tema e mostram com clareza esta evolução. Para os
autores, nos antigos modelos de gestão, os controles eram feitos para verificar o
comportamento em relação às regras e procedimentos. nos novos modelos, esses controles
são utilizados para obtenção de subsídios que permitem planejar o futuro. As teorias
administrativas de Frederick Taylor, datadas de 1911, e de Henry Fayol, de 1916, tratavam o
ambiente externo como uma categoria à parte e sem relevância para organização. Isso era
possível devido ao fato de o ambiente, naquele tempo, ser totalmente previsível por sofrer
poucas alterações. Todavia, as condições do ambiente externo mudaram com o passar do
tempo. Esta mudança se caracterizou com o advento da Internet, que trouxe consigo um
ambiente turbulento, com novos concorrentes, mudanças bruscas no setor econômico,
mudança dos valores culturais e dos negócios em si.
Nicolau (2001) fez uma coletânea de conceitos, elaborados por vários autores ao longo
dos anos, que ilustra esta mudança. Em seu trabalho, encontram-se conceitos de estratégia na
visão de vários autores: para Chandler (1962, p. 4) estratégia “é a determinação dos objetivos
básicos de longo prazo de uma empresa”; já para Learned et al. (1965, p. 4) e Andrews (1971,
p. 4), a estratégia “é o padrão de objetivos, fins ou metas e principais políticas e planos para
22
atingir objetivos”; Ansoff (1965, p. 4) diz que estratégia “ é um conjunto de regras de tomada
de decisão em condições de desconhecimento parcial”.
Mais adiante, o fator mercado começa a aparecer nos conceitos de estratégia. Para
Katz (1970, p. 4), estratégia “refere-se a relação entre a empresa e o seu meio envolvente:
relação atual e relação futura”. Steiner e Miner (1977, p. 4) dizem que “estratégia é o forjar de
missões da empresa, estabelecimento de objetivos à luz das forças internas e externas,
formulação de políticas específicas e estratégias para atingir objetivos [...]”.
Nota-se que os conceitos ligam estratégia ao planejamento que será elaborado pelos
gestores, com o objetivo de atingir as metas da organização. Após os anos 70, devido a
mudanças significativas no mercado, os autores começam a ligar o termo estratégia ao
ambiente externo. A necessidade de um diferencial de mercado fez com que as empresas e os
cientistas da Administração estudassem a fundo novas teorias de administração, que
pudessem acompanhar as mudanças ambientais, como um fator de extrema importância para a
gestão moderna.
Porter (1986) propõe o uso da estratégia nas organizações como um diferencial
competitivo. Para o autor, estratégia competitiva são ações ofensivas ou defensivas, que criam
uma posição defensável em uma determinada indústria, visando a enfrentar com sucesso as
forças competitivas e obter um retorno maior sobre o investimento. Porter (1979) criou um
modelo, ao qual denominou de Cinco Forças Competitivas, cujo objetivo é analisar a
competição entre as empresas. Segundo o autor, devem ser estudados cinco fatores (forças)
para a elaboração de uma estratégia eficiente. Essas forças são: a rivalidade entre os
concorrentes, o poder de negociação dos clientes, o poder de negociação dos fornecedores, a
ameaça da entrada de novos concorrentes e, por fim, a ameaça de produtos substitutos. Essas
forças, segundo o autor, devem guiar os gestores na elaboração de uma estratégia capaz de
conduzir uma empresa ao seu cenário previsto no futuro.
Mintzberg (1988) trata a estratégia como uma força mediadora entre a organização e o
seu meio envolvente. O próprio Mintzberg (1994) ressalta a importância dos gestores
entenderem a diferença entre planejamento e pensamento estratégico. Para o autor, o conceito
de planejamento estratégico atual está ligado ao que as empresas fazem reunindo pessoas
chave da organização em busca de “desenhar” as metas e objetivos, estudar forças, fraquezas
23
e estruturar o plano estratégico da organização. Porém, para Mintzberg (1994), o pensar
estratégico deveria estar ligado à intuição e à criatividade, que farão com que os gestores
estejam integrados com a perspectiva da empresa, e não com a visão da direção.
Senge (1994) traz a idéia do pensamento sistêmico. Segundo o autor, pensar de forma
sistêmica é conseguir olhar para organização como um todo, em vez de focar em problemas
específicos, sem analisar o impacto que uma determinada decisão poderá trazer para a
empresa como um todo. Senge (1994) defende a idéia da importância, para o gestor, de
estudar as inter-relações que modelam o comportamento do sistema. Somente com isso será
possível adaptar as empresas para trabalharem de acordo com as exigências do que o autor
chamou de mundo natural e econômico.
Teorias modernas de administração defendem uma mudança drástica na forma de
gestão, em que as empresas devem migrar de planejamento estratégico para administração
estratégica. É importante estar ligado a ambientes internos e externos, para possibilitar
tomadas de decisões que farão diferença para a organização. Neste contexto, não se admite
um planejamento de longo prazo devido às mudanças contínuas do ambiente; torna-se
necessário um monitoramento constante do mercado para adequação dos modelos estratégicos
adotados.
Porter (2001) faz um estudo do impacto da Internet (mudança ambiental) nas forças
competitivas, descritas por ele anteriormente. Para ele, a Internet intensifica a rivalidade entre
os concorrentes, reduz as barreiras de entrada, aumenta consideravelmente o acesso às
informações, dando com isso um grande poder de barganha aos compradores. Segundo o
autor, a maioria das empresas define a utilização da Internet, no mercado concorrente, em
termos de eficiência (velocidade, flexibilidade, etc.). Porém, para o autor, a facilidade de
copiar as vantagens competitivas expostas na rede gera uma necessidade de revisão do
posicionamento estratégico. Nesse sentido, as empresas devem fazer o que os competidores
estão fazendo de forma melhor e entregar um valor único a seus clientes, diferente dos seus
concorrentes. Para Porter (2008), o grande erro das organizações é manter o foco
exclusivamente no atendimento às necessidades dos acionistas das empresas. “A origem das
estratégias ruins está na forma de encarar a concorrência”. Para o autor, não existe a melhor
empresa ou o melhor conjunto de processos: tudo dependerá dos clientes, das suas reais
24
necessidades, capacidade financeira, etc.. Ainda segundo Porter, as empresas devem tentar ser
únicas e a estratégia é o que faz essa diferenciação.
Visando a obter sucesso na adoção das estratégias, é importante que toda a
organização se mobilize neste sentido. O setor de Tecnologia da Informação pode contribuir
de forma significativa para este intuito. Ferramentas modernas de TI permitem aos gestores
elaborar cenários diferenciados e muni-los de informações que auxiliarão em uma tomada de
decisão precisa. Entretanto, é mister que o setor de TI esteja alinhado com a visão estratégica
da empresa, sob pena das ações do setor não contribuírem neste objetivo da organização.
2.2 ALINHAMENTO ESTRATÉGICO
Supõe-se, no presente trabalho, que um dos grandes problemas a serem enfrentados
pelos gestores das organizações é a falta do alinhamento estratégico com o setor de TI. Sem
esse alinhamento, alguns investimentos feitos pelo setor podem não estar de acordo com a
estratégia da empresa, fazendo com que os gestores administrativos passem a enxergar TI
simplesmente como despesa, e não como um setor alinhado aos seus objetivos para alavancar
o negócio. Com isso,
a viabilidade de negócios em TI é um desafio aos CIOs que devem
identificar todas as possibilidade de ganhos e perdas, diretas e indiretas dos
recursos de TI. Muitas vezes, isto não é possível de visualizar em curto
prazo, pois, além do universo financeiro, o ROE (Return On Expectation) e a
análise de riscos também devem ser considerados (KIELING, 2005 p. 4).
O termo ROE passou a ser utilizado pelos profissionais de TI pelo fato de a aquisição
de soluções de TI trazer benefícios intangíveis, dificultando uma análise financeira
aprimorada.
O grande desafio do estrategista é fazer com que todos os setores da empresa
trabalhem de forma que os colaboradores se esforcem para atingir o objetivo comum,
previamente traçado no planejamento estratégico da organização. Em se tratando de
25
tecnologia da informação, os problemas começam na falta de visão do CEO
2
em como a TI
poderá auxiliá-lo nas tomadas de decisão, e se agrava com a falta de conhecimento do CIO a
respeito do negócio da organização.
Barbosa (2004), apud Kieling (2005, p. 26), mostra pesquisa realizada nos Estados
Unidos, que comprova esta afirmação. Nessa pesquisa, foi perguntado a 700 CIOs
americanos: “como o CEO enxergam o setor de TI?”. A figura abaixo demonstra que, para a
maioria dos entrevistados (69%), o setor é um centro de custo e não de benefício.
2%
8%
21%
69%
Centro de pesquisa e
Desenvolvimento
Departamento Estragico
Geradora de Valor para
organização
Centro de Custo
FIGURA 1 - Como o CEO enxerga a TI?
Fonte: KIELING, 2005, p. 26.
Para Roberts (2008), do Gartner Group,
3
o que causa problemas é o fato de os CIOs
iniciarem um projeto para sanar deficiências numa área e ignorarem outras, não tendo assim
o que Senge (1990) chamou de visão sistêmica da organização. Consequentemente, ficarão
desapontados em não poder rever o projeto, pois o CEO não participou da tomada de decisão
e não enxerga que os investimentos em infra-estrutura e aplicativos de TI sejam prioridades
em suas áreas de negócio. Roberts acrescenta que, da mesma maneira, quando os CIOs
decidem mudar a estrutura de TI, os CEOs tendem a não se envolver por possuírem questões
que consideram mais importantes e por não visualizarem as contribuições do setor de TI.
2
CEO (Chief Executive Officer): Termo utilizado para se referir ao executivo principal de uma organização,
geralmente o presidente ou o diretor executivo
3
Gartner Group: Respeitável empresa de pesquisa em nível mundial que provê informações a seus clientes que
permitem tomadas de decisões mais eficazes. Fonte: www.gartner.com
26
Segundo Kitzis (2007), vice presidente do Gartner Group, o perfil dos CIOs deve
mudar radicalmente para atender as novas necessidades das empresas. Não basta mais o CIO
cumprir as funções “comoditizadas” de diretor de TI: deve assumir também funções
estratégicas. Kitzis vai além ao dizer que o CIO não deve desperdiçar recursos com o
operacional. É preciso saber delegar essas atividades e usar melhor o seu tempo em ações de
promoções do alinhamento estratégico com a Gestão da Organização.
Alinhada a essa visão, Beal (2001) demonstra, na Figura 2, como os processos
organizacionais, as necessidades de informação e a tecnologia são interdependentes. Segundo
a autora, “quando um processo organizacional é remodelado ou criado podem surgir novas
exigências de informação, e, consequentemente, ser necessários novos investimentos em
tecnologia” (BEAL, 2001, p. 5). Para a autora, as organizações necessitam que o redesenho de
processos oriente a aquisição de TI, e não o inverso, conforme demonstra a Figura 2.
FIGURA 2 - Redesenho de Processos
Fonte: Beal, 2001, p. 5.
Segundo Rigoni, Brodbeck e Hopen (2006), o conceito de alinhamento estratégico
originou-se em pesquisas sobre estratégia de negócios, uma vez que delas emergiu o conceito
de alinhar os recursos das empresas com as ameaças e as oportunidades do ambiente.
27
Autores como Henderson e Venkatraman (1993) definem alinhamento estratégico
como uma
adequação estratégica entre as competências, estratégias e objetivos de
negócio com as de TI e a integração funcional entre os processos
organizacionais, as funções e habilidades das pessoas de áreas de negócio e
os processos, arquitetura e pessoas de TI, nos níveis interno (operações) e
externo (escopo e competências essenciais) (HENDERSON;
VENKATRAMAN, 1993, p. 1 ).
Para Kotler (1992), Millher (1998) e Brodbeck e Hoppen (2006), as decisões de
negócios devem estar alinhadas com TI a fim de ajudá-las a tentar alcançar os seus objetivos.
Para Luftman e Brier (1999), ter um bom alinhamento estratégico quer dizer que a
organização aplica a TI de forma adequada e no momento oportuno e ainda que estas ações
atendem as necessidades do negócio.
Reich e Benbasat (1996) definem alinhamento de TI como o grau com o qual a
missão, objetivos e planos de TI são suportados pela missão, objetivos e planos de negócios.
Segundo Chan et al. (1997), para se obter o alinhamento estratégico de TI, é necessário
alinhar a orientação estratégica das unidades de negócio e a orientação estratégica de TI. Já
para Hirschheim e Sabherwal (2001), para se obter o alinhamento estratégico, deve haver um
esforço contínuo da organização, visando a estabelecer e manter relações interdependentes
entre negócios e TI.
Luftman (2000, p. 3) define alinhamento estratégico como “aplicar Tecnologia da
Informação (TI) de forma adequada e no momento certo, em harmonia com as estratégias do
negócio, metas e necessidades”. Para Graeml (2000, p. 114), “O alinhamento da TI com o
negócio da empresa ocorre à medida que a TI passa a assumir o papel de suporte estratégico
para a consecução dos objetivos organizacionais”. Já para Rezende (2003, p. 4), “o sucesso da
TI não está somente relacionado ao uso eficiente de hardware, software ou de metodologias
de programação, mas ao uso efetivo da TI no alinhamento entre esta e as estratégias
empresariais”
Josemin e Ângela (2006), baseando-se em autores como Henderson e Venkatraman
(1993), definem alinhamento estratégico como:
28
adequação estratégica entre as competências, estratégias e objetivos de
negócio com as de TI e a integração funcional entre os processos
organizacionais, as funções e habilidades das pessoas de áreas de negócio e
os processos, arquitetura e pessoas de TI, nos níveis interno (operações) e
externo (escopo e competências essenciais) (JOSEMIN; ANGELA, 2006, p.
3).
Esses autores acrescentam ainda que alinhamento estratégico não é um processo
isolado, necessitando então de uma reavaliação contínua.
Segundo Prieto e Carvalho (2006), alinhamento estratégico é, ao mesmo tempo, um
resultado e um processo. Como resultado, baseiam-se nos autores como Fuchs et al. (1984) e
Labovitzm e Rosansky (1997), que propõem ferramentas para medir o grau de alinhamento. E
como processo, baseiam-se no conceito de Pietro (2006), em que o exercício prático de um
conjunto de atividades estruturadas tem a finalidade de realizar o alinhamento estratégico. Os
autores ainda dividem o conceito de alinhamento estratégico em três diferentes construtos:
alinhamento externo, alinhamento interno e consenso. O alinhamento externo está ligado às
capacidades, recursos e estratégia do ambiente de atuação da empresa. O alinhamento interno
refere-se à mobilização de recursos internos (tangíveis e intangíveis) para implantar a
estratégia formulada. Para os autores, uma empresa está alinhada internamente quando “seus
dirigentes e atores estão atuando de acordo com a estratégia da empresa”(PIETRO;
CARVALHO, 2006, p. 2). Os autores dizem existir o construto consenso quando uma
concordância nas opiniões, tanto na formulação quanto na adoção da estratégia.
Segundo Rigoni, Brodbeck e Hoppen (2006), o conceito de alinhamento estratégico
originou-se em pesquisas sobre estratégia de negócios, que delas emerge o conceito de
alinhar os recursos organizacionais com as ameaças e as oportunidades do ambiente.
Visando à implantação do alinhamento estratégico, existem alguns modelos que
auxiliam o CIO nesta tarefa. O modelo clássico de Henderson e Venkatraman (1993) inspirou
vários autores, como Reich e Benbasat (1996), Chan et al. (1997),Teo e King (1997),
Hirschheim e Sabherwal (2001) e Kearns e Sabherwal (2006) a estudar a melhor forma para
implantação.
Para Gerrard e Gomolski (2008), do Gartner Group, existe um consenso de que, para
29
se tornar eficaz, o planejamento de TI deverá ser regido pela estratégia de negócios. Para tal,
definem seis passos, que devem ser seguidos para implantação do alinhamento, colocados
como uma série de perguntas, que são:
1) Que estratégias de negócios serão apoiadas e em que período?
Para os autores, é importante que os líderes de negócios e TI determinem a estratégia
de negócios para que, ao final, sejam alcançados os objetivos. O grande problema disso é que
nem sempre esta estratégia está clara, fazendo com que cada equipe trabalhe de forma
separada, não permitindo assim o tão esperado alinhamento.
2) Quais elementos do plano estratégico dependerão da organização?
É importante para os autores que, prioritariamente, se identifiquem as capacidades
funcionais e de negócios, que serão desenvolvidas, entregues e apoiadas, pela área de TI, para
cumprir as estratégias. Isso porque, para muitas empresas, é alto o investimento a ser feito na
infra-estrutura de TI, visando a suportar a estratégia, e o impacto é significante na estratégia
de TI.
3) Qual o alcance e a escala de investimentos necessários em TI para apoiar o plano?
Usando as informações da questão 2, deve-se desenvolver um planejamento para o
investimento.
4) Esses programas de investimentos são administráveis?
Os autores sugerem que sejam feitos processos padronizados de detalhamento do trabalho
administrativo, para dividir programas e “pedaços de projetos”, facilitando a identificação das
dependências e dos resultados específicos. Com isso, serão criados diversos projetos menores,
em vez de um ou dois, grandes, dando às empresas maior flexibilidade.
5) É factível delegar ou obter recursos necessários para fazer todo o trabalho no período
determinado?
30
Segundo os autores, é fundamental desenvolver orçamentos que envolvam requerimentos
de tempo e custos para implantação de cada projeto. “Um dos propósitos desse processo é
estabelecer a possibilidade de executar o trabalho de desenvolvimento necessário no tempo
especificado” (GERRARD; GOMOLSKI, 2008).
6) A estratégia é economicamente viável?
Para os autores, isso pressupõe desenvolvimento de recursos, capital de alto nível e
orçamentos de custos. Caso não seja elaborado com cuidado, o projeto pode se tornar
perdulário, o que não seria interessante para a empresa.
No presente trabalho, analisa-se o que Pietro e Carvalho (2006) denominaram de
alinhamento interno, citado anteriormente. A análise da existência do alinhamento das
organizações baseou-se no modelo de maturidade desenvolvido por Luftman (2000), uma vez
que este avalia o grau de alinhamento já existente na organização. O modelo parte do
pressuposto que o alinhamento estratégico existe em algum nível, mesmo que de forma
precária, e possui um caráter evolutivo de cinco níveis, sendo:
1) Processo Inicial/Ad Hoc: as organizações possuem o mais baixo nível de maturidade para
o alinhamento estratégico. Segundo o autor, é muito improvável que as organizações, que
se encontram neste nível, atinjam o alinhamento estratégico de gestão com TI e deixem os
investimentos no setor de TI significantemente “parados”.
2) Processos Definidos: as organizações estão comprometidas (empenhadas) em começar o
processo de alinhamento estratégico. Existe uma tendência de dirigir o alinhamento para
situações locais ou áreas funcionais, como marketing, RH, produção. As oportunidades
começam a ser reconhecidas, mas com a dificuldade de compreensão das áreas funcionais,
o alinhamento pode se tornar difícil de alcançar.
3) Processos estabelecidos e focados: as organizações neste nível estão focadas na
maturidade do alinhamento estratégico. Os ativos de TI e os aplicativos estão planejados e
gerenciados a fim de saírem dos processos tradicionais de transação para sistemas que
utilizam informações para tomadas de decisão.
31
4) Processos mapeados e aperfeiçoados: neste nível, as organizações demonstram
governança efetiva e serviços que reforçam a importância da TI como centro de valor. As
organizações focam os aplicativos na direção dos processos avançados de negócios para
obter uma vantagem competitiva sustentável. Também neste nível as organizações
enxergam a TI como um recurso inovador e contribuinte estratégico para o sucesso.
5) Processos Otimizados: no nível cinco de maturidade, as organizações se encontram com
os seus processos perfeitamente alinhados. Processos sustentados de governança integram
os processos de planejamento estratégico de TI com os processos de negócio e direcionam
os ativos de TI (infra estrutura) para a cadeia de suprimentos de clientes e fornecedores.
Para se avaliar em qual nível se encaixam as empresas, existem seis critérios descritos
no modelo de Luftman (2000, p. 13), a saber:
1) Maturidade em comunicação
2) Competência/Valor
3) Maturidade em governança
4) Maturidade nas parcerias
5) Maturidade no escopo e arquitetura
6) Maturidade nas habilidades
Dentro destes seis critérios, o autor define a evolução para os cinco níveis de
maturidade do alinhamento, conforme a Figura 3, abaixo:
32
FIGURA 3 – Critério de Avaliação do nível de maturidade do alinhamento estratégico
Fonte: LUFTMAN, 2000, p. 11.
A figura acima é importante para a pesquisa, pois auxilia na análise da existência do
alinhamento estratégico. Como o autor define os veis de evolução para atingir o
alinhamento em seu modo pleno, foi possível, através de alguns parâmetros utilizados pelo
autor, avaliar a existência do alinhamento. Neste trabalho, utilizaram-se três critérios,
descritos acima, na análise da existência do alinhamento estratégico que foram: maturidade na
comunicação, maturidade da governança e maturidade nas parcerias.
33
2.3 GOVERNANÇA CORPORATIVA
Com o objetivo de falar em estratégia, alinhamento estratégico e gestão corporativa, é
importante dissertar também sobre governança corporativa, que surgiu para implantar
controles e avaliar se os planejamentos foram implantados de forma correta.
O conceito de governança não é novo. Segundo Andrade e Rossetti (2004), a
expressão governança corporativa vem desde o ano de 1990 para “designar os princípios que
regem as melhores práticas de gestão”. Para o autor, governança tem uma abrangência grande
dentro das empresas, pois atinge várias áreas, tais como: área financeira, onde diz respeito à
geração de valor e maximização dos retornos; área legal, onde trata do direito de propriedade
e controle; área estratégica, na definição de propósitos e diretrizes corporativas; e ainda área
social, onde se aponta a extensão dos interesses da corporação.
Segundo Fontes Filho (2003, p. 4), a “pulverização da propriedade das empresas em
um número cada vez maior de acionistas, conduziu a um controle difuso, e o controle das
informações e o conhecimento do negócio passou a ficar cada vez mais no âmbito executivo”.
Com isso, surgiram os movimentos para a introdução das práticas de governança corporativa,
no intuito de devolver esse poder aos acionistas.
O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) traz o seguinte conceito de
governança:
Governança corporativa é o sistema que assegura aos sócios-proprietários o
governo estratégico da empresa e a efetiva monitoração da diretoria
executiva. A relação entre propriedade e gestão se dá através do conselho de
administração, a auditoria independente e o conselho fiscal, instrumentos
fundamentais para o exercício do controle. A boa governança corporativa
garante eqüidade aos sócios, transparência e responsabilidade pelos
resultados (accountability) (IBGC, 1995).
4
Segundo Williamson (1996), governança é a forma que a empresa tratará da justiça, da
transparência e da responsabilidade das empresas visando às questões que envolvem os
interesses do negócio da sociedade como um todo. Para Turnbull (1997), governança descreve
todas as influências que afetam os processos das instituições e que, inclusive, definem os
4
www.ibgc.org.br
34
controladores e, ou, reguladores envolvidos na organização da produção e da venda de
produtos e serviços.
Para Shleifer e Vishny (1997), governança é o campo da administração que trata das
relações entre a direção da empresa, seus conselhos de administração, seus acionistas e outras
partes interessadas. E ainda estabelece as normas e diretrizes que os “supridores” de capital
buscam para assegurar o retorno de seus investimentos. Já segundo Rabelo e Silveira (1999),
a governança é o sistema que permite exercer e monitorar os controles nas empresas.
Segundo os autores, “este sistema está intimamente vinculado à estrutura de propriedade, às
características do sistema financeiro, à densidade e profundidade dos mercados de capitais e
ao arcabouço legal de cada economia” (RABELO; SILVEIRA, 1999, p. 5).
Lopes (2008) destaca a necessidade de uma boa governança corporativa para os
investidores profissionais. Somente com ferramentas de governança as organizações terão um
controle eficiente dos seus processos e, consequentemente, serão mais atrativas para estes
investidores. Mendes-da-Silva e Magalhães Filho (2005) destacam que investidores
profissionais se dispõem até a pagar prêmios a empresas que possuem alto padrão de
governança.
Apesar de o conceito não ser novo, ele ganhou força a partir de 2002, depois de
escândalos econômicos de empresas como Enron, Wordcon e Tycon, em que os gestores
desviavam divisas para contas pessoais, deixando a empresa com problemas financeiros
graves, atingindo diretamente os investidores. Como, nos Estados Unidos, grande parte da
economia gira em torno das bolsas de valores, a grande preocupação dos envolvidos era uma
proteção maior aos investidores. A governança então ganha força, visando a minimizar um
problema, que Jesen e Meckling (1976) chamaram de teoria da agência. O problema de
agência existe no momento em que uma empresa pulveriza a sua propriedade para
investidores e o seu controle deve ser entregue a um grupo de executivos, não proprietários. A
governança será então a forma de controlar as ações destes executivos, “forçando-os” a
trabalhar de forma a maximizar o retorno aos acionistas.
35
Com este intuito, dois políticos norte-americanos, o senador Paul Sarbanes e o
deputado Michael Oxley se uniram e criaram uma lei denominada Sarbanes Oxley (Sox).
5
A
Sox tem o objetivo de recuperar a credibilidade do cenário econômico norte-americano. Esta
lei rege como as organizações devem aplicar controles internos e obriga o presidente e o
diretor financeiro das empresas a assinarem um documento dizendo ter ciência de que são
responsáveis, pessoalmente, por todos os processos da organização e que responderão por
qualquer fraude ou problema financeiro desta perante todos os interessados, sejam eles
investidores, funcionários, sociedade, etc..
A forma de adotar a governança pode variar, pois dependerá de vários fatores.
Segundo Fontes (2003), existem dois modelos clássicos de governança associados aos
modelos Anglo-Saxão e Nipo-Germânico. No primeiro modelo, objetiva-se primeiramente a
obtenção de lucro e a ênfase é dada ao acionista (shareholder). Já no segundo modelo, busca-
se o equilíbrio de interesses dos acionistas com outros grupos que são impactados pelas suas
atividades (stakeholders)
6
. Fontes Filho (2003, p. 6) afirma que “as diferenças entre os dois
modelos refletem as estruturas de financiamento e propriedade empresarial nesses países”.
No modelo anglo-saxão, ocorre uma pulverização das ações e as bolsas de valores têm a
função de permitir a liquidez do mercado. Já no modelo nipo-germânico, a concentração da
propriedade está nas os de investidores e financiadores (por exemplo, bancos) e existe a
participação de trabalhadores e representantes da sociedade no conselho das empresas. Para o
autor, a tônica sobre governança nas empresas gira em torno do modelo shareholder.
Segundo Andrade e Rossetti (2004), existem, como origens e características de
governança, as condições históricas, formação econômica, aspectos culturais e institucionais
do país em questão, o sistema legal de controle, propriedade e de regulamentação do mercado,
a forma dominante de financiamento das empresas, a maturidade do sistema financeiro e a
cultura das organizações (familiares, fechadas, abertas, estatais). Segundo o autor, existem
quatro modelos para implantar governança corporativa:
5
Sarbanes Oxley Lei originada nos Estados Unidos, em 2002, que obriga as empresas que possuem ações na
bolsa de valores de Nova York a possuírem controles internos. Esta lei coloca toda a obrigação de garantia aos
investidores no nome dos gestores da empresa, não sendo mais responsabilidade da própria organização qualquer
dano causado pela má gestão de seus executivos. SANTOS; LEMES, 2004.
6
Stakeholders: Traduzindo literalmente, teremos Stake = interesse, participação, risco e Holder= aquele que
possui. Portanto, segundo vários autores, Stakeholder seria qualquer pessoa ou organização que tenha interesse,
ou seja afetado pelo projeto.
http://ogerente.com/stakeholder/2007/02/23/o-que-e-um-stakeholder.
36
1) Modelo stakeholders: neste modelo, os elementos de inter-relação sistêmica da
organização são mais relevantes que os próprios acionistas. Portanto, este modelo
privilegia todos os grupos de interesse na organização.
2) Modelo de Procuradoria (stwardship): neste modelo, é eleito um corpo diretivo
que representará os interesses organizacionais. Este corpo será quem maximizará
os benefícios corporativos e garantirá o retorno dos investimentos aos acionistas.
3) Modelo Político: neste modelo, o investidor convergirá para um processo que vise
a aumentar o seu direito de voto no sentido de reverter a política corporativa
dominante.
4) Modelo de Finanças: a governança é investigada, desvendando os caminhos pelos
quais os investidores da corporação buscam assegurar o retorno do capital
investido.
É importante salientar que, na literatura apresentada sobre governança, é unânime
afirmar que, em um ambiente de concorrência cada vez mais acirrado, é quase uma obrigação,
não importando qual o modelo aplicado, a adoção de medidas de controle que permitirão uma
visão profissional e automatizada da organização. Isso contribuirá para um crescimento
sustentável da mesma.
2.4 GOVERNANÇA EM TI
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança (IBGC),
7
Governança em TI é essencial
para gerenciar transações, informações e o conhecimento necessário para iniciar e sustentar
atividades econômicas e sociais.
Implantar governança no setor de TI demanda, por parte dos gestores, um
conhecimento de ferramentas que os auxiliarão a atingir estes objetivos. Isso se dá pelo
7
www.ibgc.org.br
37
mesmo motivo que existem modelos de governança corporativos diferentes, ou seja, culturas
diferentes, objetivos diferentes, etc..
Para esse fim, existem diversas ferramentas que poderão auxiliar os gestores neste
momento de adoção de controles. Morais e Mariano (2008) apresentam uma pesquisa
realizada em 2007, pelo ITSMF (IT Service Management Fórum Brasil), que demonstra quais
são os modelos de governança em TI mais adotados por empresas brasileiras.
FIGURA 4 – Modelos adotados para Governança em TI
Fonte: MORAIS; MARIANO, 2008, p. 7
Como mostrado na Figura 4, as metodologias mais utilizadas para este fim são
Information Tecnology Library (ITIL), Control Objectives for Information and related
Technology (Cobit), Balanced Scorecard (BSC), metodologia utilizada como modelo de
avaliação e performance empresarial, International Organization for Standardization (ISO
20000), norma internacional que trata do gerenciamento de TI, Project Management Body of
Knowledge (PMBOK) e Capability Maturity Model (CMM) que são as melhores práticas para
desenvolvimento de softwares. Todas elas servem como um guia para que o gestor siga os
passos de implantação. Cada uma se aplica melhor em um modelo de negócios ou no ramo de
atuação das empresas. Porém, duas delas se destacam: Cobit e ITIL, que merecem uma
explanação.
O Cobit é um guia para implantar governança em TI, desenvolvido pelo Information
Security Audit e Control Foundation (ISACF) e mantido pelo Information Security Audit and
38
Control Association (ISACA),
8
o maior órgão de auditoria de sistemas e segurança da
informação existente.
Segundo Ridley e Young (2004), “é o mais apropriado framework de controle que
auxiliará as organizações a assegurar o alinhamento entre o uso da TI e os objetivos do
negócio”.
Para Fagundes (2008), o CobiT é orientado ao negócio. A ferramenta fornece
informações detalhadas para gerenciar processos baseados em objetivos do negócio. Portanto,
em se tratando de alinhamento estratégico, é o mais indicado aos gestores para uma
implantação visando a este objetivo.
O Cobit está dividido em 4 domínios, que ainda se subdividem em 34 processos,
conforme mostrado na Tabela 1, abaixo:
TABELA 1 – Os quatro domínios do Cobit
Planejamento e Organização
- Define o plano estratégico de TI
- Define a arquitetura da informação
- Determina a direção tecnológica
- Define a organização de TI e seus relacionamentos
- Gerencia os investimentos de TI
- Gerencia a comunicação das direções de TI
- Gerencia os recursos humanos
- Assegura o alinhamento de TI com os requerimentos
externos
- Avalia os riscos
- Gerencia os projetos
- Gerencia a qualidade
Aquisição e Implantação
- Identifica as soluções de automação
- Adquire e mantém os softwares
- Adquire e mantém a infraestrutura tecnológica
- Desenvolve e mantém os procedimentos
- Instala e certifica softwares
- Gerencia as mudanças
Entrega e suporte
- Define e mantém os acordos de níveis de serviços (SLA)
- Gerencia os serviços de terceiros
- Gerencia a performance e a capacidade do ambiente
- Assegura a continuidade dos serviços
- Assegura a segurança dos serviços
- Identifica e aloca custos
- Treina os usuários
8
www.isaca.org
39
- Assiste e aconselha os usuários
- Gerencia a configuração
- Gerencia os problemas e incidentes
- Gerencia os dados
- Gerencia a infraestrutura
- Gerencia as operações
Monitoração
- Monitora os processos
- Analisa a adequação dos controles internos
- Provê auditorias independentes
- Provê segurança independente
Fonte: http://www.efagundes.com/artigos/cobit.htm
A implantação do Cobit cria um ciclo dentro das empresas, em que todos as informações
serão gerenciadas em busca de uma melhor gestão dos processos, permitindo aos CIOs ter
uma visão geral dos mesmos e gerenciar possíveis problemas que o setor de TI possa causar
aos objetivos de negócios da empresa. A Figura 5 mostra como funciona o ciclo de gestão
dos processos.
Fonte: www.isaca.com
Governança de TI
Objetivos do Negócio
COBIT
Informação
Monitoração
Planejamento e
Organização
Aquisição e
Implementação
Entrega e
Suporte
Informação
Efetividade
Eficiência
Confidêncialidade
Integridade
Disponibilidade
Fidelidade
Contabilidade
Pessoas
Sistemas de Aplicação
Tecnologia
Infra-Estrutura
Dados
FIGURA
5
Os Quatro Domínios do Cobit
40
Como um guia importante para auxiliar os gestores, o Cobit, permite conhecer a
maturidade de gestão dos processos de TI da empresa também em relação à conformidade
legal, que, a partir de 2002, tornou-se um ponto importante para os gestores da área. Leis
como a Sox, citada anteriormente, trouxeram uma necessidade de controle interno mais
apurado, visando encontrar as falhas do setor, sob pena de o gestor vir a ser penalizado por
ações de terceiros. O Cobit é um grande aliado neste objetivo, uma vez que permite criar e
apurar níveis de maturidade que avaliam o grau de comprometimento da organização, e de
todos envolvidos com ela, para fatores de conformidade legal. Os níveis definidos pelo Cobit
são os seguintes:
Nível 0 Não Existe: este nível representa que pouca consciência de requisitos
externos que afetam o setor de TI e também que não existem processos com foco em
conformidade com legislação, normas ou contratos;
Nível 1 Inicial /Ad Hoc: neste nível, já existe uma consciência do impacto da
conformidade. Existem também alguns processos “informais”, voltados para conformidade,
que surgem quando uma necessidade de novos projetos ou de resposta a auditorias
externas ou revisões internas. O processo ainda é reativo;
Nível 2 Repetível, mas intuitivo: um entendimento da necessidade da
conformidade e isso é comunicado a todos da empresa. Os procedimentos de conformidade
são aplicados anualmente. Porém, a abordagem ainda não está padronizada. Há uma confiança
grande no conhecimento das pessoas, o que aumenta a probabilidade de erros. O treinamento
para realização da conformidade é informal;
Nível 3 Definido neste nível, as políticas, planos e procedimentos são definidos,
documentados e comunicados, buscando assegurar uma conformidade efetiva. Porém, existem
processos que podem não ser aplicados por estarem, por exemplo, desatualizados,
impraticáveis ou por não se aplicarem naquele momento. A monitoração ainda é falha e os
requisitos não são devidamente tratados. Os padrões existem para minimizar os riscos com
obrigações contratuais;
41
Nível 4 Gerenciado e Mensurável neste nível os processos estão todos mapeados,
compreendidos, treinados e implantados. Existe um treinamento formal e regular, um plano de
incentivo à implantação de boas práticas, monitoração e correções, caso necessário. Os papéis
e responsabilidades estão todos definidos, documentados e comunicados;
Nível 5 Otimizado quando processos bem organizados, eficientes e
compulsórios que asseguram a conformidade com os requisitos externos, com as funções
organizacionais centralizadas e que proveem direção e coordenação para toda a empresa. A
organização participa de fórum de discussão sobre conformidade: existe um sistema central de
acompanhamento, um processo de auto-avaliação. Neste nível, a cultura e gestão da
organização estão voltados para a implantação da conformidade legal, o que permite, nesse
estágio, que até a contratação de novos funcionários se com a busca de um perfil de
pessoas que trabalhem dentro da filosofia da empresa.
Outra ferramenta interessante para implantação de uma governança no setor de TI das
organizações é o ITIL (Information Technology Infrastructure Library). O ITIL completo está
documentado em quarenta livros. Por isso, deu-se o nome “biblioteca”. São livros que
descrevem as boas práticas para infraestrutura dos serviços de TI.
Segundo Arruda e Silva Filho (2006), a metodologia do ITIL foi criada em 1980, dada
a necessidade de ter os processos de TI organizados e claros. Em 2000, foi criada a secretaria
de comércio do governo inglês (OGC Office of Government Commerce) para regulamentar
os serviços do ITIL, a partir de pesquisas com especialistas em TI.
Segundo os autores, o modelo é dividido em dois grandes grupos:
1) Entrega de Serviços: incluem-se neste grupo o gerenciamento do nível de serviço
(service level management), gerenciamento financeiro (financial management),
gerenciamento de capacidade (capacity management), gerenciamento de
disponibilidade (avaliability management) e gerenciamento da continuidade de
serviços (IT Service Continuity).
2) Suporte a serviços de TI: neste grupo serão definidos os meios pelos quais os
serviços serão oferecidos e gerenciados. Nele estão incluídos os serviços de
42
gerenciamento de incidentes (incident management), gerenciamento de problemas
(problem management), gerenciamento de mudanças (change management),
gerenciamento de liberação (release management) e gerenciamento de
configurações (configuration management);
Apesar da pesquisa de Morais e Mariano (2008), citada anteriormente, mostrar o
oposto, a metodologia mais utilizada deveria ser o COBIT, por ser um guia voltado para os
objetivos do negócio. O ITIL é de grande auxílio no momento de implantar processos de TI.
Porém, conforme comprovado pela pesquisa, existe um problema no momento da escolha de
qual guia utilizar. Isso acontece porque os gestores se questionam qual o modelo mais
indicado para a sua organização. Essa resposta dependerá dos objetivos das organizações, área
de atuação e do conhecimento dos gestores a respeito das ferramentas e do negócio da
empresa. Segundo Albertin e Albertin, apud Sandonato (2007, p. 7) “os modelos de
administração se completam, uma vez que cada um deles possui um foco específico e atende a
alguns dos aspectos da gestão da tecnologia da informação”. É possível, com isso, que seja
necessário utilizar mais de um método para atender a demanda efetiva da organização.
Contudo, nota-se a importância de o gestor de TI possuir conhecimentos da área de
gestão, que permitirão a ele decidir qual será a melhor opção de controle a ser utilizado em
seu setor, que atenda as demandas e necessidades do negócio.
2.5 O PROCESSO DECISÓRIO NA AQUISIÇÃO EM TI
O processo de compra em uma empresa é complexo e envolve muitos fatores que
poderão prejudicá-la se não forem bem analisados. Kotler (2000) elaborou um modelo que
mostra as etapas de um processo decisório de compra:
- Reconhecimento do Problema: é o início do processo. Começa quando o
“consumidor” reconhece um problema ou necessidade;
- Busca de Informações: o “consumidor” buscará informações a respeito do produto;
43
- Avaliação de Alternativas: os atributos de interesse variam de acordo com o produto;
- Decisão de compra: é o momento em que o consumidor toma a decisão para
comprar;
- Comportamento pós-compra: tudo dependerá, após a compra, do quanto o produto
atendeu as expectativas iniciais do “consumidor”.
O modelo de Kotler foi elaborado com base em estudos sobre o comportamento do
consumidor. Neste trabalho, partiu-se do pressuposto de que a compra poderá ser feita, dessa
forma, por um CIO. Caso isso ocorra e não seja avaliada a necessidade real da demanda junto
ao CEO e ao planejamento estratégico, a decisão será tomada apenas pelo sentimento do
“comprador” e não para atender a real demanda da empresa.
O dinamismo do mercado e a concorrência acirrada obrigam os gestores a tomarem
decisões que poderão afetar o futuro das organizações, positivamente ou não. Para Simon
(2004), administrar é, fundamentalmente, tomar decisões.
Para Lucas Jr. (1975), apud Amâncio e Gonçalves (2006, p. 3), sistemas de
informação compõem-se de “entidades tangíveis e intangíveis que reduzem a incerteza sobre
um evento ou estado futuro, assim, eles têm a capacidade de melhorar, significativamente, o
gerenciamento e a tomada de decisão nas organizações”.
Segundo Bourgeois e Eisenhardt (1998), apud Luciano, Freitas e Becker (1995), em
ambientes instáveis, a pressão sobre o gerente é para que ele decida rápido e com resultado de
alta qualidade, o que nem sempre é possível.
Para Senge (1990), os problemas que as empresas enfrentam no momento atual são
consequências das soluções dadas a problemas no passado. Portanto, tomar uma decisão por
impulso ou de forma impensada pode acarretar problemas para o futuro das organizações.
O estudo de Simon (2004) visa a analisar como as decisões são feitas e como deveriam
ser, visando maior efetividade no processo. Ele descreve o processo decisório em três
estágios: o primeiro, a busca de situações que requerem decisão (Inteligência); o segundo, o
44
de criação (Design ou projeto), desenvolvimento e análise dos possíveis cursos de ação; e o
terceiro, seleção de um curso particular de ação, dentre os possíveis (atividade de escolha).
Para Simon (2004), os estágios vêm nesta ordem, mas podem se tornar complexos, pois cada
fase poderá se tornar um processo completo, englobando os três estágios. Simon levanta uma
hipótese que estuda a base em que os gestores tomam decisões. E para responder a esta
questão, Simon propõe o modelo de “homem administrativo”, que faz escolhas
suficientemente boas, em contrapartida à teoria econômica onde o “homem econômico” diz
fazer escolhas ótimas.
No caso da proposta de Simon, os administradores se contentam em considerar apenas
fatores que suas mentes são capazes de reconhecer e lidar. Segundo o autor, “A maioria dos
processos decisórios, individuais ou organizacionais, se preocupa em descobrir e selecionar
alternativas satisfatórias, apenas em casos muito especiais, com busca e seleção de
alternativas ótimas” (SIMON, 2004, p. 140).
Isso quer dizer que o homem administrativo poderá tomar decisões sem ter que buscar
todos os possíveis cursos de ação, valendo-se de “regras de bolso relativamente simples”
(SIMON, 2004, p. 140), como o modelo de Kotler, citado anteriormente. Segundo Simon, as
pessoas não buscam, no mundo dos negócios, o “máximo retorno” e o “preço ótimo”, mas o
“retorno adequado” e o “preço adequado”. Assim, o mundo de negócios se torna mais
simples.
O autor divide as técnicas de decisão em: programadas, aquelas decisões repetitivas e
rotinizadas; e não programadas, que envolvem situações novas ou ainda problemas para os
quais não existem regras para soluções. Mas salienta que não exclusão de uma pela outra e
que se pode transitar de um extremo ao outro nas tomadas de decisões.
O custo para tomada de decisões não programadas é, geralmente, maior. Isso leva à
necessidade de as empresas buscarem sempre decisões programadas. Para tal, é importante a
implantação de um sistema de apoio à decisão (SAD), em que técnicas de apoio à decisão são
utilizadas e auxiliam o administrador a conhecer os possíveis problemas e escolher o melhor
caminho. Simon propõe um modelo de processo decisório dividido em três fases: inteligência
ou investigação, desenho ou concepção e fase de escolha. Ainda acrescenta que, entre as
45
fases, podem acontecer eventos em que fases já passadas podem ser resgatadas: a isso,
chamou Feedback.
9
Eisenhardt e Zbaracki (1992, p. 32) apresentam um quadro comparativo que relaciona
alguns modelos de tomada de decisão:
TABELA 2 – Comparação de perspectivas da decisão estratégica
CONCEITO RACIONALIDADE E
RACIONALIDADE
LIMITADA
POLÍTICA E PODER MODELOS DA
LATA DE LIXO
Principal
contribuição
Quebra da perfeita
racionalidade
Quebra das metas
organizacionais consistentes
Lógica temporal ao
invés de lógica
causal
Organização Coleção de pessoas
seguindo uma direção
comum
Coalizão de pessoas com
interesses conflitantes
Anarquia
organizada
Participação Depende das
necessidades da decisão
Depende de interesses e
poder
Fluida: depende da
demanda e estrutura
Cognição Organizada, correta Super-herói Não se aplica
Pesquisa e
análise
Local, para encontrar
uma solução
Para justificar o ponto de
vista e vencer
Não se aplica
Metas Razoavelmente
consistentes ou com
atenção sequencial
Conflitantes, múltiplas Ambíguas,
mutáveis
Conflito Positivo, mas com
pouca atenção à
resolução
Alto, simula "jogos"
políticos
Não se aplica
Processos de
escolha
Intencionalmente
racionais com limites
cognitivos e ciclos
Conflitos de interesses
dominados por coalizões
poderosas
Colisões eventuais e
aleatórias de
problemas,
soluções,
participantes e
oportunidades
Ênfase Resolução de problemas
Resolução de conflitos Problemas errantes
Fonte: EISENHARDT; ZBARACKI,1992, p. 32.
Vroom (2004, p. 154-155) apresenta um modelo de tomadas de decisão que, em
termos de implantação de um SAD, é interessante. Segundo o autor, os processos de decisão
que um gestor provavelmente utilizaria são:
9
Feedback é o processo de fornecer dados a uma pessoa ou grupo ajudando-o a melhorar seu desempenho no
sentido de atingir seus objetivos.
http://www.umtoquedemotivacao.com/motivacao/feedback-o-que-e-3
46
1) Toma-se a decisão utilizando informações disponíveis naquele momento;
2) Buscam-se as informações necessárias com os seus subordinados e, então, faz-se a
escolha pessoalmente da solução do problema. Neste caso, o papel dos subordinados é
simplesmente fornecer as informações, não tendo responsabilidade alguma na tomada
da decisão;
3) Compartilha-se o problema individualmente com os subordinados mais destacados
(não em grupo), obtêm-se idéias e sugestões, e tomam-se as decisões que podem ou
não refletir o que foi dito pelos subordinados;
4) Compartilha-se o problema com os subordinados em grupo, obtendo idéias e soluções.
Então, tomam-se as decisões que poderão estar ou não baseadas nas discussões com os
subordinados.
5) Compartilha-se o problema com os subordinados em grupo. Juntos avaliam-se
alternativas e procura-se chegar a um consenso para a solução. O gestor procura não
influenciar o grupo a adotar sua solução: está disposto a aceitar e implantar qualquer
solução que tenha o apoio do grupo.
Vroom (2004) desenvolveu um modelo normativo de processos para tomada de
decisão baseado em princípios racionais. Foram identificados três grupos de consequências
que influenciam a eficácia das decisões:
1. A qualidade ou racionalidade da decisão. Claramente, um processo que
compromete ou coloca isto em risco não seria eficaz.
2. A aceitação ou comprometimento dos subordinados para, de fato,
implantar a decisão. Se esse comprometimento é necessário, então processos
que não o produzem, ainda que gerem uma decisão de alta qualidade, não
seriam eficazes.
3. A quantidade de tempo exigido para tomar a decisão. “Um processo de
decisão que gastou menos tempo, caso fosse igualmente eficaz, normalmente
seria preferido a um que gastasse mais tempo (VROOM, 2004, p. 157).
Ao tratar do processo decisório para aquisição de ferramentas de TI, o problema torna-
se complexo. Autores como Hinton e Kaye (1996), Laroche et al. (2004), Sampaio, Brasil e
Perin (2005) e Costa e Freitas (2007) salientam, como variável maior para esta complexidade,
47
a intangibilidade do custo-benefício destas ferramentas. Segundo Costa e Freitas (2007), a
percepção do risco ao tratar de bens em TI é de grande complexidade e, quanto mais
intangível é um bem, maior a dificuldade na sua avaliação.
Outro problema que deve se levar em consideração é que o “custo com a aquisição de
equipamentos de TI representa menos na metade dos custos totais necessários para torná-los
operacionais”. Stair (1980), citado por Costa e Freitas (2007, p. 2). Este fator é importante e
geralmente relevado pelos gestores ao não considerar o custo de serviços para implantação de
hardwares e softwares adquiridos. Isso poderá onerar em demasia o projeto e, se não
planejado, inviabilizará a solução e prejudicará a estratégia da empresa.
Segundo Costa e Freitas (2007), as empresas não podem deixar de lado os custos de
implantação de uma nova ferramenta de TI, sejam custos voltados para infraestrutura, sejam
com treinamento, consultorias de implantação, gestão de processos, ou até mesmo com a
mudança cultural que existe na implantação de uma nova ferramenta. Os autores, Costa e
Freitas (2007), apresentam algumas teorias que norteiam o processo de aquisição de TI:
- Innovation Diffusion Theory (IDT): desenvolvido por Rogers (1976) e que foca
como a atitude do indivíduo é formada e como ela influencia na decisão de adoção ou rejeição
de uma inovação;
- Theory of Reasoned Action (TRA): focada no comportamento individual. Segundo os
autores, serve como base para diferentes estudos referentes à aceitação e à intenção de uso de
novas TIs;
- Theory of Planed Behavior (TPB): partindo dos dois construtos originalmente
definidos na TRA, a TPB completa a primeira no momento em que inclui um novo construto,
denominado de controle comportamental percebido;
- Technology Acceptance Model (TAM): desenvolvido por Moore e Benbasat (1991),
em que os construtos foram operacionalizados em variáveis de um instrumento
48
Os modelos de tomada de decisão são importantes para os administradores, pois
auxiliam em um momento tão importante. É notório que a escolha dependerá da demanda, da
equipe e do perfil de cada gestor.
O tema de processo decisório, devido a sua grande importância para os gestores, é
extremamente debatido entre os pesquisadores da área, provocando uma vasta gama de teorias
a respeito do assunto. Porém, não é objetivo fim deste trabalho aprofundar esse tema, mas
apenas abordar de forma superficial alguns modelos existentes que servirão de exemplos, no
momento da pesquisa, para avaliar o conhecimento dos gestores de TI e a adoção de algum
modelo existente, que possibilitariam melhorar o processo decisório, ou se seguem modelos
como os apresentados por Kotler, em que as tomadas de decisão estão em níveis pessoais.
Embasado nos conceitos que foram levantados, foca-se então na questão de pesquisa,
que busca avaliar o alinhamento estratégico existente nas empresas, entre o setor de TI e o
setor de gestão, no momento da aquisição de ferramentas de tecnologia.
49
3 METODOLOGIA
Nesta parte do trabalho, será detalhada a forma pela qual foi conduzida a pesquisa para
o levantamento dos dados, sua análise e, por fim, a resolução do problema proposto. A
pesquisa realizada é de natureza exploratória, com conotação qualitativa, cujo método foi o
estudo de múltiplos casos.
Segundo Bermejo (2009, p. 20), “metodologia de pesquisa descreve o que foi
pesquisado no projeto e como foi realizado o trabalho por completo, desde a sua concepção
até as Conclusões”. Portanto, a escolha do método de pesquisa se torna importante, pois ele
auxiliará o pesquisador a alcançar os seus objetivos.
A motivação que levou à realização da pesquisa foi o interesse em conhecer a
existência do alinhamento estratégico entre o setor de TI e a gestão da empresa, no momento
da aquisição de ferramentas de TI, sejam elas hawdware ou software. Optou-se por utilizar
metodologia de caráter qualitativo e de natureza exploratória, realizando-se uma análise de
conteúdo que permitiu análise crítica, por parte do pesquisador, em relação aos dados obtidos.
A pesquisa exploratória, segundo Kerling (1973), possui três propósitos:
- Descobrir variáveis significativas no campo alvo;
- Descobrir a relação entre estas variáveis;
- Formar a base para estudos posteriores mais aprofundados
Para alcançar este objetivo, baseado em Vergara (2005), dividiu-se o trabalho em
etapas conforme descrito a seguir:
- Revisão de Literatura: nesta etapa, elaborou-se análise literária buscando conhecer
os conceitos acadêmicos sobre estratégia, alinhamento estratégico, governança, governança
em TI e processo de decisão de compra em TI que deram suporte ao estudo realizado;
50
- Após conhecidos os conceitos, foram analisados métodos de alinhamento estratégico,
no intuito de obter critérios para avaliação da existência do alinhamento estratégico nas
organizações pesquisadas;
- Conhecidos os métodos, escolheu-se o modelo de Luftman (2000) como base, por
fornecer critérios que permitiram avaliar o grau de maturidade do alinhamento estratégico nas
empresas. Além de basear-se no modelo de Luftman, fez-se também uma análise de conteúdo
das entrevistas realizadas, buscando evidências da existência, ou não, do alinhamento
estratégico.
- Em uma última etapa, foi realizado um estudo de múltiplos casos. Segundo Brodbeck
(2001), as pesquisas recentes da área de TI, principalmente as com foco em planejamento e
alinhamento estratégico, adotam métodos de estudo de caso. O método de estudo de caso vem
sendo aplicado pela sociedade acadêmica, pois permite ter uma visão focada do problema que
se quer pesquisar.
Segundo Merriam (1998), utiliza-se o estudo de caso quando se deseja compreender
situações com uma maior profundidade, enfatizando seu significado para os vários
envolvidos.
Autores como Strake (1988, 1994, 2000), Yin (2001) e Merriam (1988, 1998)
compartilham o ponto de vista de que a especificidade do estudo de caso não está centrada nas
formas de pesquisas empregadas, mas no tipo de questão que responde, cujo foco de interesse
está no específico.
Segundo Yin (2005, p. 20), “em todas as ocasiões, a clara necessidade pelo estudo de
caso surge do desejo de se compreender fenômenos sociais complexos”. Segundo o autor, o
estudo de caso ganha uma “certa” força ao contar com duas fontes de evidências que
usualmente não são incluídas, quando comparado a uma simples narrativa da história: a
observação direta dos acontecimentos e a entrevista com os envolvidos no processo.
Brodbeck (2001), corroborando a ideia de Hoppen (1997), diz que o estudo de caso
tem por característica uma análise aprofundada de uma unidade específica e o exame dos
fenômenos no local de ocorrência, o que possibilita gerar uma teoria a partir da prática.
51
É oportuno então utilizar-se uma pesquisa qualitativa. Segundo Godoi e Balsini
(2006), a visão qualitativa nos estudos organizacionais aparece a partir de 1960. Para as
autoras, pesquisa qualitativa é um conceito “guarda-chuva” que abrange várias formas de
pesquisas e ajuda o pesquisador a compreender e explicar o fenômeno social com um menor
afastamento possível do ambiente natural. Neste cenário, busca-se então uma compreensão do
agente, daquilo que o levou a agir como agiu. Segundo Hoppen (1997), o uso de técnica
qualitativa se justifica no contexto de pesquisa em que a prática antecede a teoria, o que
ocorre com os estudos de casos.
Autores como Fleury e Fleury (1995), Vanderbosch e Huff (1997), Santos e Beraquet
(2001), Hariban (2002), Tallman et al. (2004) e Diakoulakis et al. (2004) afirmam que o
estudo de múltiplos casos vem apresentando aceitação expressiva em pesquisas do tipo
exploratória e qualitativa.
Segundo Yin (2005), pode-se utilizar o que ele chama de “generalização analítica”, em
que se utiliza uma teoria previamente desenvolvida como modelo e com que se deve
comparar os resultados empíricos do estudo de caso. Assim, segundo o autor, as evidências
resultantes são consideradas convincentes, e o global será visto como algo mais robusto.
No presente trabalho, utilizou-se o modelo de múltiplos casos indicado por Yin
(2005), detalhado na Figura 6, abaixo:
52
FIGURA 6 – Metodologia de estudo de Múltiplos casos
Fonte: YIN, 2005, p. 72.
No planejamento do estudo de caso foram utilizados também os procedimentos de
análise de conteúdo que, segundo Vergara (2005), dividem-se em três etapas: a pré-análise,
onde se seleciona o material e os procedimentos a serem seguidos; a exploração, onde serão
implantados os procedimentos; e, por fim, o tratamento e interpretação dos dados, que
consistem na geração de inferências e dos resultados da observação.
Em paralelo a essa escolha, efetuou-se o projeto de coleta de dados. Segundo Vergara
(2005), a coleta de dados, sobre que se fará uma análise de conteúdo, pode ser feita de duas
formas: documental ou de campo. Optou-se pela pesquisa de campo com a elaboração de uma
entrevista semi-estruturada, em que o pesquisador utilizou um questionário como guia,
buscando abordar todos os itens de pesquisa, sem uma ordem dos assuntos abordados. A
elaboração deste questionário baseou-se nos autores citados anteriormente, em especial no
Modelo de Luftman (2000). Para esse modelo, os quesitos utilizados para medir o grau de
maturidade foram: comunicação, governança e parcerias. As questões levantadas, através da
revisão de literatura, são apresentadas no Anexo A deste trabalho.
Na terceira fase da pesquisa, foram entrevistados 14 gestores, entre gerentes de TI e
executivos, de seis empresas, localizadas na região metropolitana de Belo Horizonte. Estas
entrevistas foram transcritas e, posteriormente, lidas. Definiu-se como análise das categorias a
grade aberta, em que, segundo Vergara (2005), identificam-se as categorias conforme vão
surgindo para o pesquisador. Realiza-se a análise de conteúdo com procedimentos
53
interpretativos. Confrontaram-se os dados com a teoria que suportou a investigação e
formulou-se a conclusão de cada caso. Após a realização das pesquisas, separadamente, foi
elaborado um relatório particular do estudo de caso de cada empresa.
Por fim, na última etapa de pesquisa, foram cruzados os dados obtidos visando à
elaboração do estudo de múltiplos casos. Realizou-se uma análise de conteúdo e então foi
elaborado o relatório final, mostrando o resultado do estudo de múltiplos casos para as
empresas em questão.
54
4 ANÁLISE DOS DADOS
4.1 ESCOLHA DA AMOSTRA DE PESQUISA
Para levantamento dos dados, foram escolhidas empresas de áreas de atuação distintas,
de pequeno, médio e grande porte, que possuem setor de TI formalizado. O critério utilizado
para classificação das empresas foi o mesmo do Banco Nacional de Desenvolvimento Social
(BNDES). Segundo o BNDES, o critério de classificação do porte das empresas é feito
utilizando-se o faturamento anual das empresas, conforme pode-se ver na Tabela 3:
TABELA 3 – Critério de classificação de porte empresarial do BNDES
Porte Faturamento Anual em R$
Microempresa Menor ou igual a 1,2 milhões
Pequena
Maior que R$ 1,2 milhão e menor ou igual a R$ 10,5 milhões
Média
Maior que R$ 10,5 milhões e menor ou igual a R$ 60 milhões
Grande
Maior que R$ 60 milhões
Fonte: BNDES
10
Foram pesquisadas seis empresas: duas de pequeno porte, duas de médio porte e duas
de grande porte, visando a uma distribuição uniforme dentro das categorias e permitindo com
isso uma comparação eficaz entre elas.
Segundo Yin (2005), uma das mais importantes fontes de informações para um estudo
de caso é a entrevista. Segundo o autor, para se realizar a pesquisa, escolhem-se os
“respondentes-chave” que o pesquisador julga necessários para dar todas as informações a
respeito da pesquisa. Pode-se então questioná-los, pedir opiniões e explanações sobre o fato
pesquisado. O Respondente poderá sugerir outras pessoas que julgue importante serem
entrevistadas, buscando com isso informações concisas para esclarecimento dos fatos
pesquisados. Entrevistou-se um mínimo de dois gestores, um da área de TI, outro da área de
gestão da empresa, definidos pelo pesquisador como os que teriam domínio das informações
pesquisadas. Em algumas empresas, foram indicadas, pelos gestores, mais pessoas que
10
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Navegacao_Suplementar/Perfil/porte.html
55
poderiam ajudar na pesquisa. Com isso, fez-se necessária a entrevista com mais profissionais,
seguindo o modelo de Yin (2005). O perfil dos profissionais entrevistados pode ser observado
na Tabela 4, abaixo:
TABELA 4 – Perfil das pessoas entrevistadas
Empresa Funcionário Referência Formação Cargo Data da
Entrevista
1 EA1 Administração de
Empresas
Gerente
Administrativo
25/07/2009
A
2 EA2 Engenharia de
Telecomunicações
Gerente de TI 25/07/2009
1 EB1 Economia e
Administração de
Empresas
Gerente de TI 01/07/2009
B
2 EB2 Administração de
Empresas
Gerente
Administrativo
01/07/2009
1 EC1 Advogado Diretor
Executivo
08/07/2009
2 EC2 Advogado Diretor
Administrativo
08/07/2009
C
3 EC3 Engenharia
Elétrica
Empresa
Terceirizada
09/07/2009
1 ED1 Análise de
Sistemas
Gestor de TI 21/07/2009
D
2 ED2 Administração de
Empresas
Sócio Diretor 11/08/2009
1 EF1 Engenheiro
Mecânico
Sócio Diretor 21/07/2009
2 EF2 Analise de
Sistemas
Gerente de
Desenvolvimento
13/08/2009
E
3 EF3 Administração Gerente de TI
(Filho de uma
das diretoras da
empresa)
21/08/09
1 EE1 Administração Sócio Diretor 22/07/2009
F
2 EE2 Técnico Gerente de TI 22/07/2009
Fonte: Dados da pesquisa.
56
4.2 EMPRESAS PESQUISADAS
A seguir, serão traçados breves históricos com a caracterização das empresas
pesquisadas.
4.2.1 Empresa A
Empresa privada, fundada no ano de 1981, que atua no ramo de varejo para venda de
pneus automotivos e concessionária de caminhões. Possui um faturamento anual em torno de
R$ 20.000.000,00 o que a classifica, segundo o critério do BNDES, como empresa de médio
porte.
A empresa possui um “grupo de qualidade”, composto por todos os gerentes
administrativos das lojas e da matriz, com a participação do gestor de TI. O Grupo de
qualidade foi sugerido aos proprietários pelos gerentes da organização, ao perceberem que os
resultados não estavam dentro do esperado pelos proprietários. Este grupo se reúne
anualmente, para traçar as estratégias da organização e, realiza encontros semanais para
discutir os procedimentos e avaliar se os resultados estão indo ao encontro do planejamento
efetuado. Após a reunião deste grupo de qualidade, em que são eleitos os procedimentos e
estratégias a serem tomadas, um relatório segue para os proprietários da empresa (diretores)
para aprovação final dos investimentos necessários.
4.2.2 Empresa B
Empresa privada, fundada em 1965, que atua no ramo de transporte de cargas
especiais em todo o território brasileiro. Possui um faturamento anual em torno de R$
100.000.000,00, o que a classifica como empresa de grande porte, segundo o critério do
BNDES.
A empresa é gerida pelos proprietários (empresa familiar), porém recentemente foram
contratados dois gestores externos para que seja adotada uma gestão profissional. Existe uma
preocupação atual com a sucessão empresarial, uma vez que já existem filhos de proprietários
da empresa trabalhando na organização e com potencial para assumir cargos de direção da
mesma.
57
4.2.3 Empresa C
Empresa privada, que atua no ramo de advocacia, com um faturamento anual em torno
de R$ 4.000.000,00, o que a classifica como empresa de pequeno porte, segundo o critério do
BNDES.
A empresa é gerida pelos proprietários. Possui todo o acervo de processos jurídicos
digitalizados, para facilitar a pesquisa dos mesmos, e utiliza esta característica como um
diferencial competitivo. Possui uma empresa terceirizada para cuidar do setor de TI, em que
são elaborados e instalados os projetos que suportam todo o funcionamento do setor da
empresa.
4.2.4 Empresa D
Empresa privada, fundada em 2004, que atua no ramo de transporte e logística. Possui
um faturamento anual em torno de R$ 5.000.000,00, o que a classifica como empresa de
pequeno porte, pelo critério do BNDES. Empresa familiar gerida pelos proprietários. Possui
um gerente de TI contratado e que não faz parte da família que gere a empresa.
A empresa demonstra uma preocupação em adotar uma gestão profissionalizada e
contratou recentemente uma consultoria externa para auxiliar aos gestores a definir um
modelo de gestão.
4.2.5 Empresa E
Grupo de empresas privadas, fundado em 1943, que atua no ramo de transporte de
passageiros. Possui um faturamento anual em torno R$ 594.000.000,00 o que a classificada
como empresa de grande porte, segundo critério do BNDES. Empresa familiar, gerida pelos
proprietários.
58
4.2.6 Empresa F
Empresa privada, que atua no ramo de Turismo (Hotelaria). Possui um faturamento
anual em torno de R$ 11.000.000,00 o que a classifica como empresa de médio porte, pelo
critério do BNDES. Empresa familiar, gerida pelos proprietários.
4.3 ESTUDO DE CASOS
Buscando analisar a existência do alinhamento no momento da aquisição de
serviços/produtos de telecomunicações, utilizou-se um guia para direcionar a conversa e
encontrar evidências que possibilitem uma análise. Abaixo, demonstram-se os dados
coletados e os quesitos analisados:
4.3.1 Empresa A Ramo de Concessionária de Caminhões e Vendas de Pneus
automotivos
1) Quanto à participação do gestor de TI no planejamento estratégico da empresa:
TABELA 5 – Respostas ao primeiro quesito – empresa A
Empresa Referência Respostas
EA1 Existe a participação através do “grupo de qualidade”. O
entrevistado considera importante esta participação visando uma
gestão mais eficiente.
A
EA2 A participação é efetiva, uma vez que “a empresa possui
desenvolvimento próprio dos softwares necessários”, “as
modificações são feitas sob demanda da própria empresa” e
decididas nas reuniões semanais, quando é comunicado a ele o
que deve fazer. Para o gestor, a sua participação nas reuniões
auxilia na tomada de decisão visando à gerência de
armazenamento de informações, uma vez que permite conhecer as
demandas internas de forma mais rápida.
Fonte: Dados da pesquisa.
59
2) Quanto à participação dos setores na escolha e compra de ferramentas de TI:
TABELA 6 – Respostas ao segundo quesito – empresa A
Empresa Referência Respostas
EA1
A
EA2
Segundo ambos os gestores (Administrativo e TI), ambas as áreas
participam dos dois momentos nas reuniões do “grupo de
qualidade”. Para o gestor de TI, o grupo de qualidade “estreita o
relacionamento entre os setores”.
Fonte: Dados da pesquisa.
3) Comunicação entre os setores de TI e de Gestão:
TABELA 7 – Respostas ao terceiro quesito – empresa A
Empresa Referência Respostas
EA1
A
EA2
Baseado no modelo de Luftman (2000), que avalia o nível de
maturidade da comunicação entre os setores; para ambos os
entrevistados, existe um bom entendimento entre os setores, uma
vez que todos participam do grupo de qualidade.
Fonte: Dados da pesquisa.
4) O nível de parceria dos setores para o negócio da empresa:
TABELA 8 – Respostas ao quarto quesito – empresa A
Empresa Referência Respostas
EA1 A empresa, hoje, enxerga a importância do setor de TI para o
negócio da organização. Segundo ele, o setor é visto como ativo
da empresa e o negócio depende da tecnologia para acontecer,
uma vez que a empresa possui diversos pontos remotos (lojas).
A
EA2 A empresa está começando a sentir a importância do setor para o
negócio. O entrevistado acha importante a participação do setor
nas reuniões. Porém, ele considera uma limitação do setor o fato
de a empresa ser concessionária de um fabricante de caminhões.
Isso limita o poder de decisão da empresa, pois, na maioria das
vezes, a fábrica “dita” as regras do setor, não dando autonomia
aos concessionários para a escolha de ferramentas de TI.
Fonte: Dados da pesquisa.
60
5) A Visão da empresa sobre o setor de TI:
TABELA 9 – Respostas ao quinto quesito – empresa A
Empresa Referência Respostas
EA1 A empresa está “buscando sempre o que de mais moderno em
TI, pois a informação é importante nas tomadas de decisão. Com
isso, a TI se tornou um setor estratégico da empresa”. Porém,
mesmo salientando a importância do setor na tomada das
decisões, disse não existir nenhuma ferramenta que auxilie este
processo.
A
EA2 A empresa possui um interesse no setor por saber da importância
do mesmo. Mas este interesse, segundo o entrevistado, está
focado em ferramentas que permitam dar velocidade aos
processos. “Os gestores buscam sempre saber o que terão que
adquirir futuramente” para que seja feito um planejamento
financeiro. Porém, como todo o sistema é desenvolvido
internamente, esta decisão é para aquisição somente de
equipamentos (hardwares).
Fonte: Dados da pesquisa.
6) Modelo de Governança:
TABELA 10 – Respostas ao sexto quesito – empresa A
Empresa Referência Respostas
EA1 Apesar da existência do “grupo de qualidade” não existe um
modelo formal de governança na empresa. Segundo o
entrevistado, o grupo não possui um objetivo de controle e sim de
apoio à tomada de decisão dos proprietários da empresa. Não
existe um conselho fiscal, ficando este setor limitado aos
proprietários.
A
EA2 A estrutura é controlada pelos proprietários (“empresa familiar”).
Porém, ainda segundo o entrevistado, existe uma necessidade, por
parte dos proprietários, de conhecimentos gerais sobre empresas
como “marketing, contabilidade, etc.”.
Fonte: Dados da pesquisa.
61
7) Governança em TI:
TABELA 11 – Respostas ao sétimo quesito – empresa A
Empresa Referência Respostas
EA1 Não soube responder.
A
EA2 O gestor de TI descreveu vários procedimentos de controle das
ferramentas de TI como “processos de implantação de
ferramentas e testes e datas para implantações”. Disse ainda não
utilizar nenhuma metodologia conhecida de mercado (Cobit, Itil,
etc.), pois o “sistema, que é desenvolvido em Cobol, dificulta”.
Fonte: Dados da pesquisa.
8) Processo formal ou ferramenta de apoio a decisão:
TABELA 12 – Respostas ao oitavo quesito - Empresa A
Empresa Referência Respostas
EA1 Na reunião do “grupo de qualidade”, em que “os departamentos
estão interligados e buscam a melhor solução para todos”, são
tomadas as decisões de compra. Porém, não existe nenhum
modelo e nem ferramenta que auxiliam nesta tomada de decisão.
Existem, sim, relatórios gerenciais efetuados pelos gestores para
um estudo da tomada de decisão por parte dos proprietários da
empresa, pois são eles que decidem financeiramente pela
realização, ou não, dos investimentos.
A
EA2 Como a empresa está vinculada a uma fabricante de caminhões,
não existe liberdade para tal, sendo necessário seguir as normas e
procedimentos descritos por este fabricante. Segundo ele “não
existe ferramentas e sim relatórios internos para análises
financeiras”.
Fonte: Dados da pesquisa.
9) Análises e conclusões:
Após analisar os dados coletados. conclui-se que, no caso da empresa A, existe uma
intenção de fazer com que o setor de TI participe de forma efetiva no negócio. Porém, esta
intenção não se concretiza nas atitudes da gestão da empresa.
62
Nas entrevistas, ficou evidente que existe, por parte da gestão da empresa, uma
grande preocupação no que se refere à participação efetiva de todos os gestores no momento
do planejamento e gerenciamento. A TI é vista como uma ferramenta imprescindível para
atingir os objetivos traçados pela estratégia da organização. Mas não existe ainda uma
participação do gestor de TI na estratégia propriamente dita. Nota-se, pela resposta dada pelo
gestor de TI ao quesito 1, que a participação do setor no “grupo de qualidade” deve-se à
necessidade de o gestor ficar informado das decisões tomadas pelos demais gestores. Com
isso, o gestor de TI deve planejar o setor visando a atender as demandas da organização.
Ficou claro que a participação do gestor de TI não é no intuito de participar das decisões
gerenciais da empresa.
Outro aspecto evidente na pesquisa é que o bom entendimento citado pelos
entrevistados, no quesito três, diz respeito à boa convivência em termos de relacionamento
pessoal e não de alinhamento para o negócio. Comprova este fato o que foi dito pelo gestor de
TI no quesito dois: “Isso é bom que estreita o relacionamento entre os setores”. Não existe um
relacionamento focado em um planejamento estratégico feito por ambos os setores. Apesar de
ambos citarem o fato de a empresa ter o setor de TI como estratégico, a atuação do setor de
TI, ela se encontra limitada na implantação de ferramentas que atendam aos objetivos
traçados pelos gestores.
Analisando-se as respostas obtidas nos quesitos 6 e 7, notam-se limitações de visões
de ambas as áreas, uma em relação à outra. A visão do gestor de TI é puramente técnica, não
existindo portanto uma preocupação com a adoção de metodologias de mercado para alinhar
ao negócio. Em relação ao gestor administrativo, a pesquisa mostrou sua falta de
conhecimento de métodos, metodologias, ferramentas, guias, etc., para que seja adotado um
modelo de governança no setor de TI, limitando sua visão à área de negócios. Existe uma
deficiência em saber como trazer a TI para participar efetivamente do negócio.
um fato interessante na empresa. Apesar de existir um “grupo de qualidade”, que
tem a missão de elaborar os planejamentos e estratégias, este não tem conhecimento suficiente
para a adoção de modelos de Governança na organização. Analisando sob a óptica de
governança corporativa, pode-se dizer que a empresa utiliza algo parecido com o modelo do
tipo procuradoria, conforme se vê neste trabalho, no item 2.4. O “grupo de qualidade”,
nomeado pela diretoria, traça os objetivos e implanta os controles necessários visando a
maximizar os benefícios corporativos e garantir o retorno dos investimentos aos acionistas. Os
63
proprietários funcionam como um conselho fiscal, onde são aprovados (ou reprovados) os
investimentos planejados, e são fiscalizados os custos, receitas e despesas da organização.
Analisando o processo de tomada de decisão, conforme o pressuposto deste trabalho, a
decisão é tomada com base na que os gestores tomam (sentimento pessoal). Levanta-se a
demanda “grupo de qualidade”, e o gestor de TI estuda as soluções separadamente, sem
contar com os gestores administrativos para auxiliá-lo. O gestor de TI levanta o custo de
adoção e o apresenta ao “grupo de qualidade”. O grupo defende a importância do projeto
junto aos diretores, que estudam a viabilidade financeira do projeto e decidem investir ou não.
Não existe alinhamento dos setores no momento da tomada de decisão. É evidente que a
participação das áreas se de forma isolada. Não existe uma ferramenta de apoio à decisão,
nem uma metodologia que apoie este processo. A decisão é tomada com base no modelo de
Kotler (2000), apresentado neste trabalho.
Conclui-se que, na empresa pesquisada, existe um grande interesse e consciência dos
gestores administrativos da importância do TI, que está emergindo como um ativo da
empresa. Porém, existe uma limitação de conhecimento, por parte dos gestores de cada uma
das áreas (TI e gestão), da outra parte envolvida, o que impossibilita escolhas efetivas para o
negócio da organização. Essa limitação impede o setor de TI de colaborar de forma eficiente
com a estratégia da organização, além de servir simplesmente de ferramenta para apoio ao
negócio. O alinhamento está direcionado para situações locais na área de produção
(desenvolvimento de software). As oportunidades são reconhecidas, mas, com a dificuldade
de compreensão das áreas funcionais, o alinhamento efetivo se tornará difícil de alcançar.
4.3.2 Empresa B – Ramo de transporte de Cargas Especiais
1) Quanto à participação do gestor de TI no planejamento estratégico da empresa:
64
TABELA 13 – Respostas ao primeiro quesito – empresa B
Empresa Referência Respostas
EB1 Existe a participação do TI na estratégia da empresa, porém de
modo ainda bastante incipiente. Segundo o entrevistado, “80%
são ações isoladas da estratégia da empresa”. Portanto, a TI
participa de apenas 20% da elaboração da estratégia. Segundo o
entrevistado, isso acontece na empresa por sua formação estar
ligada à área administrativa financeira. Existe um trabalho dele
(pessoalmente) para demonstrar esta importância para a empresa.
B
EB2 Existe esta participação, principalmente pelo motivo de a empresa
ter crescido sete vezes o faturamento nos últimos cinco anos.
Segundo o entrevistado, os proprietários enxergam que esse
crescimento é devido ao fato de os diretores terem aumentado o
interesse pelas soluções de TI, depois de perceberem que o setor
teve grande influência no crescimento da empresa. Para o
entrevistado, sem a TI a empresa não teria condições de crescer, e
estar, hoje, distribuída ao longo do território nacional. “A TI
ajuda a manter o crescimento e faz parte da rotina da empresa”.
Fonte: Dados da pesquisa.
2) Quanto à participação dos setores na escolha e compra de ferramentas de TI:
TABELA 14 – Respostas ao segundo quesito – empresa B
Empresa Referência Respostas
EB1 O setor de TI geralmente sente a necessidade de alguma solução,
pesquisa e a propõe. Existem alguns pontos traçados para
avaliação de solução e, posteriormente, “praticamente o setor de
TI decide a compra”. Segundo o entrevistado, inexiste hoje um
planejamento estratégico formal na empresa. Existem diretrizes
definidas (certos objetivos) e estes se desdobram na TI. As ações
são informais e não estruturadas.
B
EB2 Segundo o entrevistado, ambos os setores participam da decisão
de compra. A TI apresenta soluções de mercado “às vezes sob
demanda da empresa”. Para o entrevistado, “é inadmissível nos
dias de hoje, em uma empresa, fazer o controle gerencial usando
somente planilhas em Excel”. É importante que o departamento
de TI forneça subsídios para tomada de decisão das principais
ferramentas que suportarão o negócio.
Fonte: Dados da pesquisa.
65
3) Comunicação entre os setores de TI e de Gestão:
TABELA 15 – Respostas ao terceiro quesito – empresa B
Empresa Referência Respostas
EB1 O nível de comunicação é limitado. Apesar de existir a visão dos
gestores da importância do setor, não um planejamento formal
para utilização dos serviços. O gestor de TI é quem apresenta
algumas soluções de forma isolada. Segundo o entrevistado, “não
existe alinhamento e, sim, uma intenção”.
B
EB2 A comunicação é limitada, porém, segundo o entrevistado, o que
causa este problema é a cultura da empresa. A empresa é dirigida
pelos proprietários que, ainda, não têm uma visão ousada para a
atualidade. Existe também um problema de choque de visão, uma
vez que a empresa começa a passar por problemas de sucessão.
Fonte: Dados da pesquisa.
4) O nível de parceria dos setores para o negócio da empresa:
TABELA 16 – Respostas ao quarto quesito – empresa B
Empresa Referência Respostas
EB1 As demandas trazidas pelo mercado levaram os gestores a investir
em TI. Existe uma grande intenção de trazer efetivamente o setor
de TI para o negócio, porém, isso ainda está somente na intenção.
Não foram colocados em prática processos que efetivem esta
intenção. Portanto, a TI está emergindo como ativo da empresa.
B
EB2 Algumas pessoas da organização ainda veem a TI como um “mal
necessário”. Outra parte da diretoria consegue perceber a
importância da TI para o negócio, “mas não sabem o porquê”.
Mas, segundo o gestor, existe um grande interesse dos diretores
em relação ao setor de TI, por sentirem que as demandas do
mercado necessitam de ferramentas para melhoria dos processos.
A TI está emergindo como ativo da empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
66
5) A visão da empresa sobre o setor de TI:
TABELA 17 – Respostas ao quinto quesito – empresa B
Empresa Referência Respostas
EB1 Os gestores começaram a enxergar a importância do setor de TI,
porém existe um esforço do entrevistado para mostrar os
benefícios financeiros que as soluções podem trazer. Os diretores
não sabem avaliar os benefícios para o negócio. B
EB2 O gestor de TI elabora relatórios que ajudam os proprietários a
enxergarem alguns benefícios trazidos para a empresa. “Os
relatórios são de gestores para gestores”.
Fonte: Dados da pesquisa.
6) Modelo de Governança:
TABELA 18 – Respostas ao sexto quesito – empresa B
Empresa Referência Respostas
EB1 Não existe nenhum modelo de governança implantado na
empresa. O fato de ser uma empresa familiar dificulta a adoção de
algum modelo. uma preocupação incipiente com o assunto e
uma busca pela profissionalização da gestão. Segundo o gestor,
“não existem ações formais, somente a intenção”. O mercado está
“acordando para governança neste momento”. E a empresa não
ficará fora dessa onda.
B
EB2 Existe um estudo de modelos visando uma possível adoção. O
indício disso foi a contratação de dois gestores que têm o objetivo
de implantar uma gestão profissional na empresa. Segundo o
entrevistado, os proprietários iniciaram a delegação de autonomia
com responsabilidades. Principiou-se a elaboração de um estatuto.
Ainda segundo o entrevistado, a empresa possui três sócios, sendo
que “dois dos proprietários pensam em modelo de governança
por já possuírem filhos trabalhando na empresa”. Existe, portanto,
uma preocupação com a sucessão. “A governança servirá para
definir o futuro”.
Fonte: Dados da pesquisa.
67
7) Governança em TI:
TABELA 19 – Respostas ao sétimo quesito – empresa B
Empresa Referência Respostas
EB1 Não existe governança no setor de TI. Segundo o entrevistado,
existe uma distância grande entre o setor e os gestores da
empresa. A visão que ele possui, para uma melhor contribuição
do setor com o negócio, ainda está distante da visão dos demais
gestores. Existe somente um projeto de mapeamento de
processos. B
EB2 Sim, há um modelo de governança de TI, mas isso só é conhecido
pelo pessoal do setor. Existe uma dificuldade de visão da diretoria
em como implantar governança no setor. Segundo o gestor,
existem metas, carteiras de projetos, bonificações e prazos.
Porém, não foi adotado nenhum modelo de mercado.
Fonte: Dados da pesquisa.
8) Processo formal ou ferramenta de apoio a decisão:
TABELA 20 – Respostas ao oitavo quesito – empresa B
Empresa Referência Respostas
EB1 Não existe nenhum método formal. O gestor avalia a necessidade,
busca um ou mais produtos no mercado para atender a demanda
e, posteriormente, leva à diretoria para a tomada de decisão. “A
demanda nem sempre vem da diretoria”.
B
EB2 O setor de TI não entra no mérito da decisão”. A decisão é
sempre tomada pela diretoria em cima dos relatórios emitidos
pelo setor de TI. A decisão é tomada no sentimento e “mistura um
pouco de razão com emoção”.
Fonte: Dados da pesquisa.
9) Análises e conclusões:
Após analisar os dados coletados, conclui-se que, no caso da empresa B, ficou claro
existir uma visão positiva, por parte da administração, em relação à TI. Porém, há uma
preocupação maior do setor de TI em propor soluções que agregarão valor ao negócio. Esta
decisão está além do planejamento da empresa, que é bem incipiente, sendo tomada de forma
68
unilateral pelo gestor do departamento de TI. Apesar de os diretores “sentirem” a importância
que a TI ganhou para o negócio, os profissionais do setor participam, de longe, das decisões
tomadas pela organização, se limitando a levantarem soluções e “dar sugestões”. Não há, de
forma efetiva, a participação do setor de TI para decidir os negócios. Há, sim, a utilização de
ferramentas de tecnologia para atender as demandas de serviços que auxiliarão o negócio.
O fato do perfil de o gestor de TI ser da área administrativa/financeira, tendo
facilidade, portanto, em mostrar aos gestores as soluções de TI em termos do negócio, faz
com que os gestores enxerguem esta necessidade emergente. Este fato comprava o que foi
dito no presente trabalho por autores como Beal (2001), Kitzis (2007) e Roberts (2008), sobre
a necessidade da mudança de perfil dos CIOs nas empresas. O fato de o CIO possuir
conhecimentos do negócio facilita a comunicação e traz benefícios a organização.
Em termos de alinhamento estratégico, a empresa está comprometida em começar este
processo. Mas este alinhamento ainda é fraco. Existem projetos direcionados para situações
locais no departamento de TI. As oportunidades são reconhecidas, mas com a dificuldade de
compreensão das áreas funcionais. Portanto, o alinhamento efetivo se tornará difícil de
alcançar.
O grande diferencial da empresa é ter como gestor de TI um profissional com o perfil
administrativo/financeiro e ter contratado dois profissionais de administração visando a
implantar uma gestão profissionalizada. Isso poderá facilitar o alinhamento, pois os
profissionais estão empenhados a mudar o cenário, iniciando a elaboração de estratégias e
planejamentos em ambas as áreas (Gestão e TI).
Em relação à tomada de decisão, conforme pressuposta neste trabalho, a decisão é
tomada conforme o modelo de Kotler (2000), em que se utilizará mais do feeling dos gestores
que de ferramentas que os apoiarão em suas tomadas de decisão.
69
4.3.3 Empresa C – Escritório de Advocacia
1) Quanto à participação do gestor de TI no planejamento estratégico da empresa:
TABELA 21 – Respostas ao primeiro quesito – empresa C
Empresa Referência Respostas
EC1
EC2
Segundo ambos os entrevistados, não existe a participação do
gestor de TI no planejamento da empresa. Para o diretor
executivo, o setor de TI não participa. Porém, depois de tomadas
as decisões, o setor de TI tem a missão de direcionar os negócios,
ou seja, após definidas as estratégias utilizam-se ferramentas de
TI para gerenciar e fazer funcionar o negócio. Contudo, houve
uma ênfase em dizer que de forma alguma o setor de TI interfere
no planejamento.
C
EC3 Não existe participação alguma do setor no planejamento. Como
a empresa é terceirizada, os serviços e soluções adotadas seguem
o que foi definido pelos gestores da empresa. Existe um
movimento de ambos os setores para que os profissionais de TI
iniciem um projeto em que o departamento de TI apresente aos
gestores possíveis soluções que auxiliarão o negócio da empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
2) Quanto à participação dos setores na escolha e compra de ferramentas de TI:
TABELA 22 – Respostas ao segundo quesito – empresa C
Empresa Referência Respostas
EC1
EC2
Para ambos, a participação do setor de TI está limitada em definir
ferramentas que atendam a demanda levantada pelos gestores da
empresa. A decisão é tomada entre os sócios que fazem um
estudo de viabilidade e, posteriormente, escolhem qual a solução
adotar. C
EC3 O setor participa somente da apresentação de soluções. São
projetadas soluções que atendam a demanda do escritório e,
posteriormente, apresentadas aos gestores. A partir daí a decisão
de compra é toda tomada por parte dos gestores da empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
70
3) Comunicação entre os setores de TI e de Gestão:
TABELA 23 – Respostas ao terceiro quesito – empresa C
Empresa Referência Respostas
EC1 A comunicação é limitada. Para o entrevistado, não existe um
conhecimento, de ambos os setores, de características importantes
do outro setor, ou seja, os gestores administrativos não entendem
bem da área de TI, ficando o conhecimento limitado em nível de
usuários final e os profissionais de TI “não possuem condições de
trazer sugestões de melhorias para o negócio”.
EC2 A visão é unificada. Segundo o entrevistado, a TI é a ferramenta
que viabiliza o negócio; portanto, a comunicação acontece de uma
forma natural.
C
EC3 A comunicação é limitada devido à visão técnica dos
profissionais de TI e também de uma visão pouco técnica por
parte dos usuários e gestores da empresa. Segundo o entrevistado,
ele não possui uma visão apurada do negócio que permita
participar de forma efetiva das tomadas de decisão da empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
4) O nível de parceria dos setores para o negócio da empresa:
TABELA 24 – Respostas ao quarto quesito – empresa C
Empresa Referência Respostas
EC1
EC2
Os gestores foram unânimes em dizer que, apesar da comunicação
ser um pouco dificultada pelas limitações profissionais, a TI na
empresa é vista como ativo e possui grande importância para o
negócio. Isso se reflete no fato de a empresa utilizar o setor de TI
como um diferencial competitivo para o mercado.
C
EC3 Ainda existe conflito entre as áreas. Segundo ele, o nível de
parceria limita a participação do setor de TI apenas na execução
dos serviços demandados pela organização, não sendo de forma
alguma, a TI, um ativo da mesma. A TI não leva em consideração
o planejamento estratégico da empresa, pois não participa da
elaboração nem tem acesso ao mesmo. A escolha das ferramentas
a serem utilizadas na organização fica a cargo exclusivo dos
gestores. Os diretores definem os projetos, o departamento de TI
estuda soluções possíveis e, posteriormente, os diretores escolhem
quais serão utilizadas, empregando como critério principal o custo
da solução.
Fonte: Dados da pesquisa.
71
5) A visão da empresa sobre o setor de TI:
TABELA 25 – Respostas ao quinto quesito – empresa C
Empresa Referência Respostas
EC1
EC2
Conforme resposta dada no item 4, a empresa o setor de TI
como um diferencial competitivo, investindo no setor, mas não
permitindo ainda que seja influenciador para o planejamento
estratégico da instituição, utilizando TI somente como ferramenta
para atingir os objetivos. Segundo o diretor executivo, “a gente
não vive sem TI, pois os clientes nos cobram esta agilidade e
diferencial”.
C
EC3 O setor “serve apenas para atender as demandas da organização e
manter os sistemas em funcionamento”. A visão fica limitada à
prestação de serviços.
Fonte: Dados da pesquisa.
6) Modelo de Governança:
TABELA 26 – Respostas ao sexto quesito – empresa C
Empresa Referência Respostas
EC1
EC2
Existe um interesse inicial para adoção de um modelo de
governança na empresa. Mas o trabalho de gestão do dia-a-dia
não permitiu aos diretores escolherem um modelo que melhor se
adapte às necessidades da empresa. Para eles, uma administração
de escritório de advocacia, de forma profissional, é um modelo
novo, pois na maioria dos escritórios os proprietários dirigem a
empresa e isso não foi pensado até então. A grande demanda do
mercado tem feito os escritórios de advocacia pensar nesta
mudança. Porém, segundo os entrevistados, não existe no
mercado um modelo específico para escritório de advocacia e esta
é uma das causas que atrasa a adoção de um modelo de
governança. Este movimento, na empresa, iniciou-se com a
terceirização do setor de TI, considerado principal aliado do
negócio, e também de recursos humanos, devido ao crescimento
rápido que houve na empresa. um pensamento voltado para
adoção de Sox e Basiléia, devido ao perfil dos clientes do
escritório (bancos, seguradoras e fundos de investimentos).
C
EC3 Não soube responder a este quesito. Segundo o entrevistado, ele
não possui conhecimento da área para responder a esta pergunta.
Fonte: Dados da pesquisa.
72
7) Governança em TI:
TABELA 27 –Respostas ao sétimo quesito – empresa C
Empresa Referência Respostas
EC1
EC2
Existe um início de adoção de modelo para governança do setor
de TI. Contratou-se uma empresa terceirizada, que tem como
objetivo montar planos de gestão para o setor, que contribuirá
para o crescimento da empresa. Segundo os gestores, o diferencial
profissional será importante para este planejamento. Também,
como no caso da governança corporativa, não sabem ainda qual
modelo seguir. Esperam a empresa de TI terceirizada para auxiliá-
los nesta decisão.
C
EC3 Não existe. Todo controle está focado na gestão das ferramentas
de TI e na utilização da rede de dados por parte dos usuários que
utilizam os sistemas para melhoria dos processos. Porém,
uma conversa com os diretores da empresa visando a uma
implantação de governança no setor, o que demandará um estudo
sobre o assunto.
Fonte: Dados da pesquisa.
8) Processo formal ou ferramenta de apoio a decisão:
TABELA 28 – Respostas ao oitavo quesito – empresa C
Empresa Referência Respostas
EC1
EC2
Não existem ferramentas de auxilio à decisão, nem processos
formais. A decisão é tomada levando em consideração o seguinte:
levanta-se a necessidade, estudam-se a viabilidade financeira e a
viabilidade técnica de implantação e então se toma a decisão da
compra.
C
EC3 O setor estuda soluções sob demanda da empresa, soluções que
atendam as necessidades e que são apresentadas aos gestores. A
participação do setor fica limitada nos estudos de soluções. Mas
iniciou-se um processo de mudança, visando a uma participação
efetiva para auxiliar o negócio.
Fonte: Dados da pesquisa.
73
9) Análises e conclusões:
Após analisar os dados coletados, observa-se que a empresa C está em um estágio
inicial, muito incipiente, de alinhamento estratégico. Os diretores dão grande importância ao
setor de TI, entendendo ser importante para o negócio da empresa. Porém, esta percepção não
foi percebida na prática.
A empresa depende das soluções de tecnologia para que tenha um diferencial
competitivo em relação aos seus concorrentes. Existem várias soluções implantadas com este
objetivo como, por exemplo, a digitalização de todos os processos em que a empresa trabalha.
Mas todas estas soluções visam somente a dar uma velocidade maior ao trabalho realizado
pelos profissionais da empresa. Nota-se isso com a percepção do gestor de TI, que aponta o
setor apenas como ferramenta e não como um aliado estratégico. No quesito alinhamento
estratégico, considerou-se que a empresa se encaixa em um nível inicial pelo fato de a
organização estar empenhada em começar o processo de alinhamento.
Sobretudo, nota-se certa dificuldade em atingir este alinhamento pelo despreparo de
ambos os setores (TI e Gestão) para este fim. O conhecimento dos gestores sobre o assunto é
limitado e o nível de parceria entre os setores é baixo. Ao analisar os dados obtidos, vê-se
que os gestores administrativos dizem, em unanimidade, da importância do setor para
empresa, e ainda o fato de o gestor de TI apontar um conflito na entre as áreas. Com isso,
notou-se uma falta de comunicação eficaz entre os setores, o que dificultará o processo de
alinhamento.
Outro ponto que chamou a atenção foi o fato de todos os entrevistados comentarem
que o setor de TI não participa de nenhuma decisão da empresa. Não existe, nas entrevistas,
nenhuma referência da influência do setor de TI nas tomadas de decisão. Isso comprova que
os diretores, mesmo dando grande importância ao setor, fazem uma gestão sem levar em
consideração as opiniões do departamento de TI. Ou seja, a TI não participa em nada das
estratégias da empresa. Este fato aumentará a dificuldade no momento de se implantar o
alinhamento entre os setores. Por fim, no caso da empresa C, a mudança cultural e intelectual
que deverá acontecer para se avançar nos estágios da maturidade do alinhamento será grande,
podendo, assim, ser um empecilho para se alcançar o nível desejado.
74
No quesito tomada de decisão, conforme pressuposto neste trabalho, o processo
acontece baseado nos princípios de tomadas de decisão de consumidores, citado por Kotler
(2000). Nota-se o fato nas respostas dos gestores no quesito 8, em que apresentam uma
sequência da tomada de decisão parecida com o processo decisório citado pelo autor e
mostrado anteriormente neste trabalho. Não existem ferramentas ou processos que auxiliem a
tomada de decisão. Segundo os entrevistados, será um dos itens adotados no momento da
implantação de um modelo de governança.
4.3.4 Empresa D – Ramo de Transporte e Logística
1) Quanto à participação do gestor de TI no planejamento estratégico da empresa:
TABELA 29 – Respostas ao primeiro quesito – empresa D
Empresa Referência Respostas
ED1 Existe a participação do setor no planejamento estratégico da
empresa. Segundo o entrevistado, uma preocupação de ambas
as partes (Gestão e TI) em investir “na melhor ferramenta” e de
fazer sempre um estudo de custo/benefício para os projetos da
empresa. Reuniões periódicas acontecem para elaboração de
relatórios de acompanhamento das tecnologias. também
controle do uso, dos colaboradores, das ferramentas implantadas,
bem como relatórios gerenciais que auxiliam aos gestores em suas
tomadas de decisão para realização dos investimentos.
D
ED2 O conhecimento do gestor de TI no negócio é de grande
importância para a organização, pois facilita na aquisição de
ferramentas e auxilia no gerenciamento dos recursos humanos, no
momento da utilização e desenvolvimento de melhores soluções.
Fonte: Dados da pesquisa.
75
2) Quanto à participação dos setores na escolha e compra de ferramentas de TI:
TABELA 30 –Respostas ao segundo quesito – empresa D
Empresa Referência Respostas
ED1
D
ED2
Em ambas as entrevistas, a resposta para este quesito foi
afirmativa. Segundo ED1, para este quesito existem duas
possibilidades distintas na empresa. Em caso de investimentos em
“soluções rápidas e que atende as necessidades do dia a dia”, ele
próprio terá autonomia para tomar decisão, sendo necessária,
neste caso, a simples apresentação do estudo feito para chegar à
solução. Em um segundo momento, caso o investimento seja para
“um projeto melhor elaborado”, e que envolva principalmente as
filiais, deve-se planejar, estudar o custo/benefício e o impacto que
a solução trapara empresa. Segundo ED1, é exigido dele uma
visão geral de todos os setores da empresa, visando auxiliar nas
tomadas de decisão da diretoria, por ser ele o responsável pela
elaboração dos relatórios que informarão os gestores sobre a
situação, que os diretores não possuem conhecimento
necessário de TI para esta função. “Os diretores são bons em suas
respectivas áreas”, com exceção de ED2, que possui a missão de
fazer a interface entre as duas áreas (Gestão e TI).
Fonte: Dados da pesquisa.
3) Comunicação entre os setores de TI e de Gestão:
TABELA 31 – Respostas ao terceiro quesito – empresa D
Empresa Referência Respostas
ED1 A comunicação é limitada. O que mais dificulta neste objetivo,
segundo ED1, é o fato de a empresa ser familiar: “todos os
diretores são irmãos”. Todos os processos dependem de uma
conversa de ED2 com os demais diretores. Esta conversa tem
como objetivo mostrar aos gestores os benefícios que as soluções
de tecnologia trarão para a organização.
Para ED1, o seu trabalho na empresa se tornou mais
administrativo do que técnico. “Às vezes tenho que bolar
diagramas e apresentações, voltadas à gestão da empresa, para
que os gestores entendam os projetos da área”. Completa dizendo
que as empresas exigem hoje um perfil do gestor de TI voltado
para área de gestão, uma vez que a tecnologia é vista,
simplesmente, como uma ferramenta para atender as demandas da
empresa. Cabe ao gestor planejar o uso destas ferramentas com
este objetivo.
D
ED2 O entendimento é limitado. O entrevistado acumula a função do
diretor de tecnologia buscando fazer uma “interface” entre o setor
de tecnologia e os demais diretores da empresa, que não possuem
conhecimento nenhum da área de tecnologia. Isso dificulta muito
a comunicação.
Fonte: Dados da pesquisa.
76
4) O nível de parceria dos setores para o negócio da empresa:
TABELA 32 – Respostas ao quarto quesito – empresa D
Empresa Referência Respostas
ED1 A empresa passa, neste momento, por uma transição.
Recentemente, houve uma consultoria externa que apontou TI
como o setor mais “atuante, mas também o que causa maior
preocupação, pois as ferramentas existentes não atendem as
necessidades da organização. Os diretores “não escutam as
opiniões da TIe buscam sempre resultados imediatos, o que às
vezes cria um conflito por não ser possível atender a esta
expectativa.
D
ED2 Para o diretor de operações, a TI é vista como um ativo da
organização, sabendo os diretores da importância que o setor
possui para o negócio da mesma.
Fonte: Dados da pesquisa.
5) A Visão da empresa sobre o setor de TI:
TABELA 33 – Respostas ao quinto quesito – empresa D
Empresa Referência Respostas
ED1 Os diretores enxergam a importância da TI, mas não dão a devida
atenção ao setor. As soluções para o mercado em que a empresa
atua mudam rapidamente, devido a fatores que envolvem o
negócio. Para ED1, isso deveria refletir na área de TI, o que,
segundo ele, não é verdade. Para os diretores, a TI “deixa de ser
gerencial para ser um setor de suporte”. Este pensamento já
causou vários problemas à empresa. Por isso, esta visão vem
mudando. Mas não ainda o suficiente, a ponto de estar alinhada à
gestão da empresa.
D
ED2 O setor de tecnologia tem grande importância por ter o dever de
zelar pelo bom funcionamento dos sistemas e de possuir
ferramentas capazes de manter seguras as informações da
empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
77
6) Modelo de Governança:
TABELA 34 – Respostas ao sexto quesito – empresa D
Empresa Referência Respostas
ED1 “Existe no papel, mas não na prática”. somente ferramentas
para elaborar relatórios financeiros. Existem planejamentos e
estudos feitos, principalmente pela consultoria externa realizada
recentemente. Porém, ED1 enfatiza que, na prática, a cultura de
empresa familiar não permite que sejam implantados modelos de
governança. “As necessidades passam por cima da estrutura,
hierarquia etc.. A causa e efeito disso é o retrabalho”.
D
ED2 Existia um modelo implantado, mas posterior à consultoria
recente a que foi submetida à empresa, este modelo está sendo
reestruturado para uma nova implantação.
Fonte: Dados da pesquisa.
7) Governança em TI:
TABELA 35 – Respostas ao sétimo quesito – empresa D
Empresa Referência Respostas
ED1 Não é utilizado nenhum modelo de governança de TI conhecido,
porque ED1 não encontrou um modelo que se encaixe nas
“peculiaridades” do negócio da empresa. Na consultoria realizada
recentemente, fez-se um estudo com este objetivo, mas, segundo
ED1, até a data da entrevista não havia ainda uma resposta para
esta questão. “A empresa não se encontra preparada para isso”.
Porém, fez questão de salientar que foram adotados alguns
controles, no intuito de gerenciar a utilização da tecnologia da
empresa, como políticas de uso dos recursos de rede.
D
ED2 A resposta dada a este quesito foi evasiva, limitando-se a dizer
que o setor é visto hoje com grande importância, se comparado
com setores como financeiro, operacional, TI, manutenção,
contábil. Notou-se certo desconhecimento do assunto por parte
do gestor.
Fonte: Dados da pesquisa.
78
8) Processo formal ou ferramenta de apoio a decisão:
TABELA 36 – Respostas ao oitavo quesito – empresa D
Referência Respostas
ED1 Os processos decisórios estão baseados em planilhas e gráficos
elaborados pelos colaboradores de cada área. Cada responsável
por seu setor se encarrega de criar relatórios referentes à sua área
com o auxílio do departamento de TI, o que causa alguns
“congestionamentos”.
Existia na empresa uma ferramenta de BI que auxiliava os
gestores nas tomadas de decisão. Porém, esta ferramenta foi
desativada, passando-se à utilização de planilhas e gráficos. “As
decisões envolvem geralmente o lado passional, não utilizando
modelos específicos para este fim”.
D
ED2 A tomada de decisão para a aquisição de ferramentas é a base de
estudos independentes em cada setor, visando a um estudo de
viabilidade e a adequação da ferramenta à demanda existente.
Não uma ferramenta ou processos formais que auxiliem na
tomada decisão.
Fonte: Dados da pesquisa.
9) Análises e conclusões:
Após analisar os dados coletados da empresa D, observa-se que a empresa está em um
estágio inicial de alinhamento estratégico. O fato de ser uma empresa fundada recentemente, e
de seus diretores serem pessoas novas e com visão arrojada, poderá contribuir para um
alinhamento rápido. É notório o valor dado, pela diretoria, para o setor de TI. Para eles, a
empresa não conseguirá tocar o negócio sem auxílio de ferramentas de tecnologia. Outro fator
que contribuirá para busca do alinhamento é o perfil do gestor de TI. ED1 possui uma visão
empreendedora e sabe da importância de alinhar a visão do departamento ao negócio. Este
fato comprova o que foi dito no presente trabalho, por autores como Beal (2001), Kitzis
(2007) e Roberts (2008). Contudo, notou-se, durante a entrevista, que falta a ED1 um pouco
de conhecimento de gestão para contribuir de forma efetiva para o avanço do alinhamento.
É importante salientar que, apesar de ambos os setores estarem cientes da importância
mútua, existente de um setor para o outro, a TI é utilizada somente como ferramenta para
acelerar processos, não sendo utilizada, por exemplo, em tomadas de decisão da empresa. Isso
79
em grande parte se deve ao fato do pouco conhecimento, dos diretores da empresa, da área de
tecnologia, ficando a cargo do gestor de TI buscar soluções, geralmente sob demanda, para
atender as necessidades da empresa.
A diretoria está preocupada em adotar uma gestão profissionalizada na empresa. Isso
se reflete na contratação de uma consultoria externa que, entre outras coisas, visa a estudar um
modelo de governança corporativa que se adapte às necessidades da empresa. Como as
entrevistas foram realizadas logo após esta auditoria, não foi possível levantar as novas ações
que serão adotadas. Mas é clara a preocupação com este quesito.
O modelo de tomada de decisão, conforme pressuposto neste trabalho, segue o modelo
de Kotler. A frase dita por ED1 deixa claro este fato: “As decisões envolvem geralmente o
lado passional, não utilizando modelos específicos para este fim”.
Conclui-se que, no quesito alinhamento estratégico, a empresa encontra-se em um
estágio inicial. Contudo, com as mudanças que estão acontecendo, em conjunto com o perfil
do gestor de TI, bem como com a visão administrativa dos diretores, a empresa poderá em
breve mudar este cenário, caminhando para um estágio avançado de alinhamento estratégico.
4.3.5 Empresa E – Ramo de Transporte de Passageiros
1) Quanto à participação do gestor de TI no planejamento estratégico da empresa:
80
TABELA 37 – Respostas ao primeiro quesito – empresa E
Empresa Referência Respostas
EE1 EE1 deixou claro que a equipe de TI não participa, em momento
algum, do planejamento da estratégia da empresa. Esta
participação fica limitada à pessoa dele que, por ser um dos
sócios da empresa, participa de reuniões administrativas e é o
responsável direto por gerir o setor de tecnologia. Assim, busca
atender às demandas existentes para o negócio da organização. É
importante citar que o fato de EE1 estar presente nas duas áreas
(Administrativa e TI) a ele uma visão abrangente organização.
Adiciona-se a isso o fato de estudar, constantemente, ferramentas
de tecnologia para utilizar na empresa. Isso permite a ele
desenvolver soluções eficazes para o negócio. “O sistema é quem
está se adequando às necessidades da empresa e não a empresa
está se adequando as ferramentas de mercado”. A participação do
departamento de TI limita-se a fornecer facilidades aos usuários
para melhoria dos processos empresariais.
EE2
E
EE3
Ambos os entrevistados afirmaram participar do planejamento
estratégico da empresa. Porém, ficou muito claro nas entrevistas,
não com EE2 e EE3, mas também com EE1, que não existe
esta participação. No caso de EE2 e EE3, a participação se limita
à escolha de soluções de tecnologia para a empresa, cada um em
sua área, desenvolvimento e infraestrutura, respectivamente.
Fonte: Dados da pesquisa.
2) Quanto à participação dos setores na escolha e compra de ferramentas de TI:
TABELA 38 – Respostas ao segundo quesito – empresa E
Empresa Referência Respostas
EE1 Tratando-se de equipamentos (hardware), o setor de TI faz a
escolha dos modelos ideais. O setor faz uma cotação de preços e
posteriormente passa as informações para EE1; e este toma a
decisão de compra dos mesmos.
para sistemas (software), todo o desenvolvimento é feito
internamente, por uma equipe coordenada por EE2, sob as
orientações de EE1. As decisões a respeito do assunto estão, mais
uma vez, centralizadas em EE1. A participação do setor de TI se
limita na escolha das ferramentas. “A decisão não é discutida, ela
é exclusiva da diretoria”. Toda decisão de compra fica
concentrada na mão do diretor.
EE2
E
EE3
Ambos os entrevistados responderam a este quesito de forma
afirmativa. Mas deixam claro que a participação deles limita-se à
escolha e levantamento dos custos para aquisição, ficando a
decisão a cargo de EE1.
Fonte: Dados da pesquisa.
81
3) Comunicação entre os setores de TI e de Gestão:
TABELA 39 – Respostas ao terceiro quesito – empresa E
Empresa Referência Respostas
EE1 Devido ao fato de existir a figura de EE1, esta comunicação se
de forma natural. EE1 salienta que, se houvesse a necessidade de
comunicação entre o departamento de TI e os demais gestores,
esta comunicação seria problemática, pois os diretores não
possuem conhecimentos da área de tecnologia e delegam todo
este relacionamento a EE1.
EE2
E
EE3
Ambos consideram a comunicação boa. Mas é notório que a
comunicação, em termos do negócio, acontece somente entre eles
e EE1, não existindo uma comunicação com os demais diretores.
Fonte: Dados da pesquisa.
4) O nível de parceria dos setores para o negócio da empresa:
TABELA 40 –Respostas ao quarto quesito – empresa E
Empresa Referência Respostas
EE1 A TI está emergindo como ativo da organização. Os demais
diretores começaram a sentir a importância que o departamento
tem para o negócio da organização. EE1 destaca o fato de o
presidente da empresa, até pouco tempo, não fazer o uso de
computadores nem como ferramenta de trabalho. O fato de terem
sido desenvolvidas ferramentas que demonstraram a ele alguns
resultados da empresa, em tempo real, (um pequeno BI
desenvolvido internamente), o convenceu desta importância.
Segundo EE1, o presidente da empresa não toma decisões sem
consultar as informações do andamento da empresa.
EE2
E
EE3
Para ambos os entrevistados, a TI é vista como ativo da
organização. Alguns setores, que até então utilizavam de forma
limitada as ferramentas de TI, passaram a utilizá-las de forma
significativa.
Outro ponto salientado, que demonstra esta importância, é o
departamento comercial da empresa. As vendas de passagens são
realizadas, em tempo real, através do sistema interno da empresa,
que está ligado aos pontos de venda distribuídos por todo o
território nacional. Portanto, a falha do sistema traz
consequências graves para o negócio.
Fonte: Dados da pesquisa.
82
5) A Visão da empresa sobre o setor de TI:
TABELA 42 – Respostas ao quinto quesito – empresa E
Empresa Referência Respostas
EE1 “A gestão não enxerga mais a empresa sem TI”. Porém, faz
questão de salientar que o departamento de TI é uma ferramenta
para atender ao negócio. São desenvolvidos internamente
relatórios e planilhas, que se utilizam de um banco de dados
centralizado, para permitir aos diretores buscar as informações de
que necessitam para as tomadas de decisão gerenciais.
EE2 Não respondeu a esta questão. Como a comunicação é feita mais
diretamente com EE1, não soube responder a respeito dos demais.
E
EE3 Essencial para a empresa. A empresa hoje necessita da TI para o
crescimento e para a gestão da empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
6) Modelo de Governança:
TABELA 43 – Respostas ao sexto quesito – empresa E
Empresa Referência Respostas
EE1 Por se tratar de uma empresa familiar, onde todas as decisões e
metodologias foram desenvolvidas pelos próprios gestores, não
existe um modelo formal de governança corporativa. Não existem
estudos nem interesse neste momento, uma vez que as demandas
dos acionistas (proprietários) estão atendidas.
EE2 Não.
E
EE3 Não seguimos nenhum modelo de governança.
Fonte: Dados da pesquisa.
83
7) Governança em TI:
TABELA 44 – Respostas ao sétimo quesito – empresa E
Empresa Referência Respostas
EE1 No departamento de TI, os modelos de governança são empíricos.
Toda a política de controle e de utilização das ferramentas passa
por decisões de EE1, buscando sempre atender as necessidades
reais do negócio da empresa. “Os colaboradores que sentirem a
necessidade de utilização de alguma ferramenta, devem justificar
a mim esta necessidade e eu decido da liberação, ou não, do uso
desta ferramenta”.
EE2
E
EE3
Não é seguido nenhum modelo governança pelo departamento de
TI.
Fonte: Dados da pesquisa.
8) Processo formal ou ferramenta de apoio a decisão:
TABELA 45 – Respostas ao oitavo quesito – empresa E
Empresa Referência Respostas
EE1 Não existe um procedimento ou modelos formais de tomadas de
decisão. Na tomada de decisão, levanta-se a demanda, escolhe-se
a melhor solução, faz-se o estudo financeiro e decide-se pela
compra. A decisão está centralizada no diretor de tecnologia. No
caso de ferramentas de informática, existe um estudo maior,
coordenado pelo diretor, para análise da necessidade de utilização
deste recurso. Faz-se um estudo dos benefícios que serão obtidos
com o investimento.
EE2
E
EE3
Ambos responderam que não existem ferramentas ou processos
para tomada de decisão na área de TI. O departamento auxilia na
coleta de informações, repassa estas informações à EE1 e toda
decisão é feita pelo diretor.
Fonte: Dados da pesquisa.
84
9) Análises e conclusões:
A empresa E possui características bem peculiares. A cultura de gestão familiar é
muito forte, fazendo com que toda a gestão da empresa fique limitada à visão de seus
proprietários e gestores. EE1 acumula as funções de diretor de manutenção e tecnologia.
Com isso, é responsável por fazer a interface entre o departamento de TI e os demais diretores
da empresa. Ficaram claros na entrevista com EE1 a dedicação e o interesse pessoal em
relação à tecnologia. Isso o tornou um profissional dedicado aos estudos de assuntos
relacionados à área, fazendo com que estude também as soluções voltadas para o negócio.
Isso, em conjunto com a cultura de empresa familiar, levou a uma centralização das decisões,
procedimentos e controles (do departamento de TI) nas mãos de EE1.
O departamento de TI auxilia EE1 a desenvolver sistemas e a realizar estudos na área
de infraestrutura, principalmente no levantamento de custos, que visam a atender a demanda
da organização. Estas demandas são “trazidas” pelo diretor. Todo o negócio da organização,
em especial a área comercial (venda de passagens), depende diretamente das soluções de
tecnologia, pois funciona de forma on-line. Isso traz uma importância ímpar do setor de TI
para o negócio da empresa.
Devido à presença do diretor de tecnologia, a empresa se encontra no nível inicial da
existência do alinhamento estratégico, por estar empenhada em melhorar os processos de
alinhamento, principalmente depois que outros diretores, em especial o presidente da
empresa, começaram a perceber a importância das ferramentas tecnológicas para as tomadas
de decisão (oportunidades reconhecidas). Contudo, o fato de EE1 centralizar todas as decisões
em suas mãos, em sua ausência, a empresa passaria para um estágio ruim do alinhamento
estratégico, que os demais diretores não possuem visão em mesmo nível e a comunicação
entre os setores fica dificultada.
A cultura familiar, alinhada ao sucesso atingido pela empresa, impede a adoção de
qualquer modelo de governança, inclusive em TI, ficando o controle todo centralizado nas
mãos dos proprietários e diretores da empresa. Ficou claro, através da entrevista com EE1,
que não existe nenhum interesse por parte dos diretores em adotar um modelo de mercado,
sendo suficiente o adotado hoje pela diretoria da empresa.
85
O modelo de tomada de decisão, conforme pressuposto neste trabalho, é baseado no
modelo de Kotler (2000). Não existe nenhuma ferramenta ou modelo e procedimentos formais
sendo utilizados pela empresa. É importante citar que, recentemente, desenvolveu-se um
pequeno BI, que tem feito os gestores da organização mudarem esta visão. Em breve, será
possível utilizar ferramentas que auxiliarão os demais setores da empresa. Com isso, a
mudança poderá acontecer de forma rápida.
4.3.6 Empresa F – Ramo de Turismo (Hotelaria)
1) Quanto à participação do gestor de TI no planejamento estratégico da empresa:
TABELA 46 – Respostas ao primeiro quesito – empresa F
Empresa Referência Respostas
EF1 O entrevistado deixou claro na entrevista que não existe a
participação do gestor de TI nas decisões estratégicas da empresa.
Segundo ele, “não há um planejamento específico”. Quando
aparece uma demanda que englobe tecnologia, o gestor de TI
participa do planejamento como consultor de TI, pois os diretores
não possuem conhecimento suficiente para tomarem decisão
isoladamente. Existe uma preocupação do diretor executivo com
soluções de tecnologia existentes no mercado. Para ele, as
grandes empresas fabricantes de softwares não se preocupam com
as necessidades de empresas pequenas e “querem que a empresa
se adapte às características do software e não que o software se
adapte às necessidades do negócio da empresa”. Com isso, surge
a necessidade da participação do profissional de TI para auxiliar
tecnicamente na escolha da melhor solução. A participação deste
profissional para por aí, ficando a decisão nas mãos de EF1.
F
EF2 Segundo EF2, todas as decisões tomadas, que se referem à área de
tecnologia, não acontecem sem a participação dele. Nenhum
negócio se concretiza sem uma prévia avaliação do gestor,
ficando a decisão da diretoria da empresa focada na viabilidade
financeira para o investimento. Não foi citada, em momento
algum da entrevista, uma participação do setor de TI no
planejamento estratégico da organização. Esta participação
acontece somente na escolha das tecnologias que serão utilizadas
na empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
86
2) Quanto à participação dos setores na escolha e compra de ferramentas de TI:
TABELA 47 – Respostas ao segundo quesito – empresa F
Empresa Referência Respostas
EF1 A decisão do investimento está concentrada na mão de EF1, que é
o responsável por fazer a “interface” de comunicação entre o
departamento de TI e os demais diretores. A participação do
gestor de TI está concentrada na escolha e apresentação da
solução à EF1. O gestor de TI trabalha como um consultor no
momento do planejamento. Porém, não toma decisões. F
EF2 É responsável por estudar as ferramentas, estudar cenários,
analisar se atendem a demanda da organização e passar as
informações ao diretor executivo. No momento da análise e da
tomada de decisão, o diretor executivo passa a trabalhar de forma
isolada.
Fonte: Dados da pesquisa.
3) Comunicação entre os setores de TI e de Gestão:
TABELA 48 – Respostas ao terceiro quesito – empresa F
Empresa Referência Respostas
EF1
F
EF2
Ambos os entrevistados deixaram claro um entendimento
limitado entre as áreas. Apesar de EF2 ter citado que existe um
bom entendimento, ficou clara, pelas palavras de EF1, a limitação
dele em relação a TI, que permite ajudar na escolha de soluções
que agreguem valor ao negócio da empresa. Existe, sim, um bom
relacionamento entre os profissionais. Mas, sob a óptica do
negócio, nenhum dos diretores tem a capacidade de debater a
respeito de tecnologias.
Fonte: Dados da pesquisa.
87
4) O nível de parceria dos setores para o negócio da empresa:
TABELA 49 – Respostas ao quarto quesito – empresa F
Empresa Referência Respostas
EF1
F
EF2
Em ambas as respostas para este quesito, ficou claro que a
empresa já vê a TI como um ativo da empresa e existe uma
preocupação grande com investimentos na área.
Fonte: Dados da pesquisa.
5) A Visão da empresa sobre o setor de TI:
TABELA 50 – Respostas ao quinto quesito – empresa F
Empresa Referência Respostas
EF1 Informática não é mais opção: sem a mesma não se trabalha”.
Segundo EF1, “é impossível de conceber hoje uma empresa
trabalhando, no setor hoteleiro, sem utilização de tecnologia”. A
empresa atingiu um patamar que, sem as ferramentas de
tecnologia, não é mais possível tomar decisões em tempo hábil
para atender a demanda de seus clientes. Até mesmo as pequenas
empresas não terão como “escapar da utilização da informática,
pois até a prefeitura irá começar exigir a emissão de notas fiscais
de serviço através de seu site”. F
EF2 A empresa precisa de informações para aprimorar o seu negócio.
Cita como exemplo o sistema de gestão dos hotéis. “Às vezes,
não temos informações a respeito da taxa de ocupação dos
quartos, o que é vital para o negócio”. Portanto, o investimento na
área é imprescindível para o crescimento do negócio. Estes
problemas fizeram os proprietários enxergar esta necessidade e se
preocupar em melhorar a qualidade das ferramentas de
tecnologia.
Fonte: Dados da pesquisa.
88
6) Modelo de Governança:
TABELA 51 – Respostas ao sexto quesito – empresa F
Empresa Referência Respostas
EF1 Como uma empresa familiar, toda a gestão está concentrada nas
mãos dos proprietários (irmãos e pai), não existindo uma
preocupação, até o momento, em relação a isso. Questionado,
EF1 disse não conhecer os modelos de governança e de não haver
nenhum estudo visando à adoção de nenhum modelo de
governança. Segundo ele, os problemas culturais decorrentes de a
gestão ser familiar impedem a adoção de uma administração
profissionalizada, com a utilização de metodologias que auxiliem
nos controle e tomadas de decisão. As demandas dos acionistas
estão sendo atendidas.
F
EF2 Limitou-se a dizer da não existência, justificando pelo fato de a
empresa ser uma empresa familiar.
Fonte: Dados da pesquisa.
7) Governança em TI:
TABELA 52 – Respostas ao sétimo quesito – empresa F
Empresa Referência Respostas
EF1 Todo o controle da área de TI se encontra sob sua
responsabilidade, não existindo nenhum estudo também neste
sentido.
F
EF2 Limitou-se a dizer que não existe, nem mesmo um estudo, pelo
fato de ser uma gestão focada nas mãos do diretor executivo da
empresa.
Fonte: Dados da pesquisa.
8) Processo formal ou ferramenta de apoio a decisão:
TABELA 53 – Respostas ao oitavo quesito – empresa F
Empresa Referência Respostas
EF1 Não existe. Toda tomada de decisão segue critérios de decisão
comuns, como levantamento da demanda, análise de soluções,
indicações de amigos e consultores, avaliação financeira e tomada
de decisão.
F
EF2 Não ferramentas, processo ou metodologias que auxiliem nas
tomadas de decisão. Segundo ele, às vezes a solução surge antes
da demanda da empresa, buscando com isso antecipar as
expectativas dos gestores.
Fonte: Dados da pesquisa.
89
9) Análises e conclusões:
Após analisar os dados coletados, conclui-se que a empresa F se encontra em um
estágio muito ruim do alinhamento estratégico. um reconhecimento dos gestores, tanto os
de TI quanto os diretores, da importância que as ferramentas de TI adquiriram para o negócio.
Existe também um investimento visando a atender as demandas do negócio. Como dito por
ambos, hoje a TI é vital para a empresa e uma possível falha do sistema de gestão poderá
causar problemas para a organização, como se nota pelo fato de ambos citarem que o software
de gestão hoteleira é uma das ferramentas de maior importância para o negócio. O grupo
administra três hotéis e, segundo os entrevistados, sem esta ferramenta seria inviável geri-los
de forma eficiente.
Uma característica interessante, percebida na empresa, foi a preocupação do gestor de
TI em ser pró-ativo na busca de soluções, sem a ciência da diretoria, ou amesmo ter sido
demandado pelo negócio. Foi citada, por EF2, a preocupação do gestor de TI em trocar o
sistema de gestão hoteleira, já que, segundo este gestor, o sistema não atende a contento as
necessidades atuais. Este fato gerou um estudo, sem o prévio conhecimento de EF1, de
soluções de mercado que atendam as necessidades atuais da empresa. Após escolher a
ferramenta, apresentará a EF1 para avaliação e investimento no sistema. Isso demonstra a
mudança de perfil que vem ocorrendo nos profissionais de TI. Segundo EF2, o profissional da
área que se limitar a atender simplesmente as demandas que forem repassadas ao setor será
fatalmente desligado do mercado, pois as empresas de hoje estão em busca de algo mais, de
um diferencial. Segundo ele, a concorrência acirrada exige dos profissionais da área
conhecimentos de negócio apurados. Este fato corrobora a visão de autores como Beal (2001),
Kitzis (2007) e Roberts (2008).
Portanto, analisando sob a óptica da existência do alinhamento estratégico, considera-
se estar em um nível baixo, porém crescente. Mesmo existindo ainda certa limitação na
comunicação dos setores, a empresa está focada em melhorar esta posição. É notória a visão,
por parte dos diretores, a respeito das soluções de TI como um ativo da empresa. Os
aplicativos estão sendo programados e utilizados para auxiliar na gestão da empresa. Para
haver uma evolução do alinhamento, faz-se necessário estudo e adoção de metodologias,
processos e ferramentas que possibilitem uma gestão profissional. Porém, isso será dificultado
90
pela cultura de gestão familiar existente na organização, que impede um avanço neste sentido.
Não há uma preocupação dos proprietários neste sentido, uma vez que, segundo EF1, a
demanda dos acionistas está atendida a contento. Não existe nenhum movimento para
implantação de modelos de governança corporativa e de TI.
No que diz respeito à tomada de decisão, conforme pressuposto neste trabalho, ficou
evidente que o processo acontece de forma similar ao modelo de Kotler (2000), descrito
anteriormente neste trabalho. As respostas dadas pelos gestores, no quesito 8, mostram
claramente esta afirmativa. A sequência é similar ao processo decisório citado pelo autor. Não
existem ferramentas ou processos estudados visando a auxiliar na tomada de decisão. Existe,
sim, uma preocupação na melhoria do nível das informações fornecidas pelos sistemas de
gestão. Buscam-se, com esta ferramenta de gestão, subsídios suficientes visando a tomadas de
decisão seguras e que atendam a demanda da organização.
91
5 CONCLUSÕES
Depois de elaborados os estudos de caso de cada empresa separadamente, foi feita
uma análise cruzada dos dados, com o objetivo de realizar o estudo de múltiplos casos, e
atender aos objetivos, geral e específicos, deste trabalho, possibilitando chegar às conclusões
a seguir.
No quesito governança corporativa e em TI ficou evidente, no caso das empresas
pesquisadas, a presença marcante de uma forte cultura de gestão familiar. Excetuando a
empresa C, cujos diretores não são de uma mesma família, todas as demais possuem esta
característica. Este fator dificulta para as empresas a adoção de modelos de governança
(corporativa ou em TI) e, consequentemente, cria barreiras ao alinhamento estratégico. No
caso das empresas E e F, esta cultura se faz mais presente. Ficou claro nas entrevistas, com os
diretores das duas empresas, que não existe interesse em estudar modelos de governança, uma
vez que se tratam de empresas já consolidadas no mercado e que atendem as necessidades dos
acionistas. Em contrapartida, as empresas A, B, C e D, por motivos particulares, já possuem a
intenção de adotar algum modelo. Há, nestas empresas, a consciência dos
acionistas/proprietários da necessidade de uma gestão profissionalizada, e cada uma, à sua
maneira, já iniciou um projeto com este objetivo.
Observou-se também um desconhecimento, da maioria dos entrevistados, em relação
aos modelos de governança. Quando perguntados a respeito do assunto, a maioria limitou-se a
dizer que não nada a respeito. Ao aprofundar no questionamento, citando alguns modelos,
ficou clara a falta de conhecimento específico a respeito do assunto. Com os profissionais da
área de TI, esta percepção foi ainda maior. Ao citar nomes dos guias ou modelos apresentados
neste trabalho, percebeu-se que alguns dos entrevistados sequer conheciam os nomes. Isso se
torna outro problema no momento de escolha e adoção de algum modelo. Conforme dito por
Beal (2001), Kitzis (2007) e Roberts (2008), a necessidade da mudança do perfil dos gestores
de TI é inevitável na busca do alinhamento estratégico.
As empresas B, C e F se diferenciam das demais por possuírem gestores da área de TI
com um perfil que engloba as duas áreas. Portanto, será mais fácil para estas empresas, em
92
relação às demais entrevistadas, realizarem esta mudança de visão de forma mais rápida.
Especificamente, no caso da empresa B, esta mudança está partindo da área de TI, uma vez
que o gestor de TI possui formação administrativa/financeira que o diferencia dos demais
entrevistados do setor. Portanto, conclui-se que, em se tratando de governança corporativa ou
na área de TI, todas as empresas encontram-se sem a adoção de algum modelo formal.
Na análise do processo decisório, conforme pressuposto neste trabalho, observou-se
que, em 100% dos casos pesquisados, a decisão é tomada baseada no sentimento dos gestores.
Este é um procedimento similar ao descrito por Kotler (2000), com base em estudos sobre
comportamento do consumidor. Avalia-se a demanda, buscam-se informações, faz-se coleta
de preços e decide-se pela aquisição. A tomada de decisão é uma decisão pessoal dos
diretores envolvidos. No caso da empresa E, o diretor entrevistado citou o início da utilização
de uma ferramenta de tomada de decisão (BI) pelo presidente da empresa. Mas isso é feito de
forma lenta, e não se pode considerar a existência de um processo de tomada de decisão
instalado. No caso da empresa D, um estudo na busca de uma solução neste sentido.
Porém, como na empresa E, ainda de forma muito incipiente, não podendo também ser
considerado. Portanto, as tomadas de decisão estão totalmente baseadas na experiência dos
gestores e em informações que, geralmente, são fornecidas pelos profissionais de TI.
Ao analisar a existência de alinhamento estratégico no momento da aquisição de
serviços ou produtos de tecnologia, que é o objetivo geral do trabalho, notou-se que existe, em
todas as empresas pesquisadas, um início de movimento com este objetivo. Ao aplicar os
critérios do modelo de alinhamento de Luftmam (2000), tem-se:
1) Maturidade de comunicação: Em todas as empresas pesquisadas, existe uma
limitação na comunicação entre o departamento de TI e a gestão da empresa. Em
todas elas foram adotadas soluções que visam diminuir este problema. No caso da
empresa A, existe o grupo de qualidade, em que a participação do gestor de TI
acontece para que o mesmo fique informado das decisões de uma forma mais
rápida. Na empresa B, os gestores de TI, em conjunto com os administradores
contratados com este objetivo, levam à diretoria, de uma forma detalhada, as
informações necessárias para melhoria do negócio. Na empresa C, onde o caso é
mais crítico, buscou-se uma empresa externa na tentativa de melhorar esta
comunicação. Os diretores esperam que esta empresa busque as soluções para os
93
problemas que foram levantados pelos diretores. Nesta empresa, nota-se a falta de
compreensão entre as partes. As empresas D e E possuem, na figura de um de seus
diretores, a missão de fazer esta comunicação acontecer. Porém, sem eles, não
existiria esta compreensão. Por fim, na empresa F, a comunicação também está
limitada pelo pouco conhecimento do diretor responsável pela área de tecnologia,
conforme citado por ele mesmo.
2) Maturidade da Governança: Em 100% dos casos, nota-se que, neste critério, tem-
se, no setor de TI, os processos não formalizados migrando para planos táticos no
plano funcional, centro de custos muito bem definidos e separados, e as
prioridades reativas. Somente no caso das empresas B e F observa-se uma ão
dos gestores de TI em serem pró-ativos em relação ao negócio da organização.
3) Maturidade da parceria: Em 100% dos casos, os diretores e sócios percebem o
valor que as ferramentas de TI têm para o negócio da organização. consideram,
portanto, inviável conduzirem os negócios sem utilização destas. Observou-se
também um grande movimento, dos gestores de TI, com o objetivo de atingir o
alinhamento estratégico. Segundo eles, somente assim será possível elevar o
departamento de TI e fazer com que este participe do planejamento estratégico da
organização. Em 100% dos casos, notou-se que a participação dos gestores de TI
ainda é limitada à escolha de ferramentas e à busca de informações técnicas que
auxiliam a tomada de decisão dos diretores. Em nenhum dos casos foi citada, pelos
diretores entrevistados, a participação do gestor de TI no planejamento da
estratégia empresarial. No caso da empresa A, tem-se a participação do gestor no
“grupo de qualidade”. Porém, como ele mesmo destacou, a sua participação está
limitada em saber o que deverá adquirir para atender as demandas traçadas pelos
gerentes da organização. Não há a participação na escolha das estratégias, até
mesmo pelo pouco conhecimento desse profissional a respeito do assunto. Na
empresa B, devido ao perfil do gestor de TI, existe uma possibilidade de efetivar
esta participação, uma vez que o gestor possui os conhecimentos necessários para
este fim.
Outro aspecto que chamou a atenção neste quesito é o fato dos diretores das empresas
B, C, D e F salientarem a necessidade da mudança de perfil dos profissionais da área de TI.
Nota-se uma demanda do mercado em busca de profissionais técnicos, que conheçam os
assuntos técnicos da área de TI, mas que também saibam estruturar estratégias em busca de
94
resultados mais expressivos. Foi possível perceber, nas entrevistas realizadas, que todas as
empresas necessitam deste perfil de profissional. É importante para as empresas aprimorarem
a parceria entre o departamento de TI e o setor administrativo.
Enfim, conclui-se que, em 100% dos casos, não existe este alinhamento no momento
da aquisição. O departamento de TI auxilia no fornecimento de informações sobre soluções
para as demandas, de forma reativa. Em alguns casos, como das empresas B, D e F, os
gestores de TI buscam soluções de forma proativa, mas limitam-se aos estudos técnicos e
apresentações para diretoria. Posteriormente, os diretores analisam estas informações e
decidem de forma isolada a adoção ou não destas ferramentas. Há um movimento de todos os
entrevistados em busca deste alinhamento. É consenso, entre todos, da importância da TI para
as empresas, mas em nenhum dos casos a TI participa efetivamente do planejamento
estratégico das organizações. O departamento de TI trabalha somente na área funcional,
sempre provendo ferramentas para atender as demandas traçadas pela estratégia. Não foi
citado, em nenhum dos casos, algo que fosse diferente disso.
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora tenha atendido os objetivos planejados para esta pesquisa, é importante realizar
algumas considerações no intuito de poder colaborar com o tema.
Por se tratar de uma pesquisa de caráter exploratório, não houve em nenhum momento a
intenção de se esgotar as reflexões sob o(s) tema(s) pesquisado(s). A pesquisa foi focada em
empresas da região da grande Belo Horizonte, nas quais se sabe existir uma cultura familiar
enraizada. Essa cultura impede as empresas de evoluir para uma administração melhor,
baseada em teorias que, em alguns casos, trariam retornos melhores para as mesmas. É
interessante, então, analisar empresas que não possuam esta característica cultural, visando a
conhecer quais seriam os resultados neste caso.
Percebeu-se, nas entrevistas, uma tendência de mudança do perfil dos profissionais do
departamento de TI. Pelo que se pode notar, esta mudança está ocorrendo por conta de uma
concorrência acirrada de mercado, a que as empresas e os próprios profissionais se submetem.
Este tema merece ser melhor explorado em pesquisas futuras, em que se possa definir um
aprofundamento interessante, que contribua em busca do alinhamento estratégico.
95
Não foram buscadas, portanto, conclusões absolutas. Poderão ser utilizados outros
métodos de pesquisa para que sejam comparados os resultados e, assim, contribuir com a
evolução do tema.
96
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103
Anexo 1 – Questões de pesquisa
Questão 1) A participação dos gestores de TI no planejamento estratégico da
organização repercute beneficamente no processo de aquisição de ferramentas de TI?
Referencial Teórico: Henderson e Venkatraman (1993); Mintzberg (1994); Luftman
(2000);
Questão 2) A participação do setores, de TI e de Gestão, dá-se tanto na escolha quanto
na decisão de compra de ferramentas de TI?
Referencial Teórico: Henderson e Venkatraman (1993); Mintzberg (1994); Luftman
(2000);
Questão 3) Como é feita a comunicação entre os setores de TI e Gestão da empresa?
Referencial Teórico: Henderson e Venkatraman (1993); Luftman (2000);
Questão 4) Existe algum nível de parceria entre a TI e a gestão da empresa?
Referencial Teórico: Henderson e Venkatraman (1993); Luftman (2000);
Questão 5) Quais os profissionais envolvidos no processo de decisão de compra de
Tecnologia?
104
Referencial Teórico: Henderson e Venkatraman (1993); Luftman (2000);
Questão 6) Qual a formação destes profissionais?
Referencial Teórico: Henderson e Venkatraman (1993); Luftman (2000);
Questão 7) Qual a visão da empresa sobre o setor de TI na organização?
Referencial Teórico: Henderson e Venkatraman (1993); Barbosa (2004); Luftman
(2000);
Questão 8) Existe algum modelo de governança corporativa na organização? Qual?
Em que nível está implementado?
Referencial Teórico: Williamsom (1996); Lopes (2008); Pardini (2008)
Questão 9) Existe algum modelo de governança de TI na organização? Qual? Em que
nível está implementado?
Referencial Teórico: Albertin e Albertin (2007); Morais e Mariano (2008)
Questão 10) Existe algum método de tomada de decisão adotado na organização?
Qual?
Referencial Teórico: Senge (1990); Kotler (2000); Vroom (2004)
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