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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOGICA PAULA SOUZA
MESTRADO EM TECNOLOGIA
DANIEL FERNANDO ANTONUCCI E SILVA
MODELO DE MATURIDADE DE PROCESSOS DE GESTÃO
ACADÊMICA EM INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR
São Paulo
AGOSTO DE 2009
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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOGICA PAULA SOUZA
DANIEL FERNANDO ANTONUCCI E SILVA
MODELO DE MATURIDADE DE PROCESSOS DE GESTÃO
ACADÊMICA EM INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR
São Paulo
AGOSTO DE 2009
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DANIEL FERNANDO ANTONUCCI E SILVA
MODELO DE MATURIDADE DE PROCESSOS DE GESTÃO
ACADÊMICA EM INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR
Dissertação apresentada como exigência parcial
para obtenção do Título de Mestre em Tecnologia
no Centro Estadual de Educação Tecnológica
Paula Souza, no Programa de Mestrado em
Tecnologia: Gestão Desenvolvimento e
Formação, sob orientação do Prof. Dr. Alfredo
Colenci Junior.
São Paulo
AGOSTO DE 2009
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os professores, alunos e gestores de instituições de
ensino superior, pela construção de um processo educacional mais justo, imparcial,
abrangente e que, cada vez mais, mostra-se tão essencial para o crescimento e a
soberania de nosso país.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida.
Aos meus pais, Calixto e Glauceli, pelos valores, educação e amor.
A minha esposa, Ana, pela cumplicidade, carinho, amor e por ser minha eterna
companheira.
Ao meu irmão, meu primeiro e grande amigo.
Ao Prof. Alfredo Colenci, pelo conhecimento e orientação.
Ao Glauson e Rodrigo, por acreditarem.
Ao Cabral, pelo incentivo, apoio e ajuda.
Ao Centro Paula Souza, todos seus professores e colaboradores, pelo carinho e
atenção que sempre direcionaram para os alunos deste programa.
Aos amigos, Paulo, Wlad, Izael, Marcel e Claudio com os quais compartilhei grandes
momentos de aprendizado e que juntos concebemos uma família de amigos.
A todos os amigos e colaboradores da Cadsoft, em especial o Alexandre, Rodrigo
Rocha, Patricia, Leonardo Carvalho, Gothardo e Ana Karla, que sempre me
incentivaram na busca pelo conhecimento e, mesmo sem saber, lançaram tantos
desafios em minha vida.
Por fim, a todas as instituições de ensino superior brasileiras em quais estive e, em
algum momento, aprendi algo que contribuiu para a construção deste trabalho.
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos, se não tiver o amor, sou como o bronze que soa,
ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o
dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e
toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de
transportar montanhas, se não tiver o amor, não sou
nada. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não tem
inveja. Não é orgulhoso. Não é arrogante. O amor não
é escandaloso. Não busca os seus próprios interesses,
não se irrita, não guarda rancor. O amor não se alegra
com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. O Amor
tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
amor jamais acabará.”
Paulo de Tarso
RESUMO
SILVA, D. F. A. Modelo de Maturidade de Processos de Gestão Acadêmica em
Instituições Privadas de Ensino Superior. 2009. 103 p. Dissertação (Mestrado em
Tecnologia) - Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, São Paulo,
2009.
Este trabalho tem o propósito de desenvolver um método para a avaliação da
maturidade dos processos de gestão acadêmica de instituições privadas de ensino
superior. O estudo busca embasamento em conceitos de gestão e qualidade, mais
profundamente em modelos de maturidade de processos, para propor um conjunto
de processos que contemple práticas correntes de gestão acadêmica em instituições
de ensino superior, definindo seus os resultados esperados de processos (REP’s) e
resultados de atributos de processos (RAP’s). A questão principal do trabalho é
baseada na crença de que é possível avaliar, através de uma escala de maturidade,
os processos de gestão acadêmica de uma instituição privada de ensino superior.
Esta questão se justifica, pois, ajudar no aprimoramento do ensino superior é um
esforço fundamental que deve ser exercido não apenas pelos governos, mas por
toda a sociedade. Apresenta-se ainda o contexto do mercado de educação privada
no ensino superior brasileiro e os desafios atuais e futuros que as instituições e seus
gestores deverão enfrentar. Além disso, o estudo desenvolve-se não somente
através da base teórica, mas também pela aplicação da ferramenta proposta em
duas instituições de ensino superior onde seus resultados são relatados em estudos
de caso Para isso, é previsto também neste trabalho, o desenvolvimento de uma
escala de maturidade e uma forma para a avaliação de maturidade dos processos
de gestão acadêmica de instituições privadas de ensino superior. A pesquisa ajuda,
por fim, a identificar boas práticas de gestão de instituições privadas de ensino
superior, contribuindo para o fortalecimento destas instituições e para a educação
brasileira.
Palavras chave: Instituições privadas de ensino superior; Ensino superior;
Educação brasileira; Qualidade; Modelos de Maturidade; Gestão; Processos de
gestão acadêmica.
ABSTRACT
SILVA, D. F. A. Modelo de Maturidade de Processos de Gestão Acadêmica em
Instituições Privadas de Ensino Superior. 2009. 103 p. Dissertação (Mestrado em
Tecnologia) - Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, São Paulo,
2009.
This work aims to develop a method for assessing the maturity of academic
management processes on private institutions of higher education. The study was
based on concepts of management, quality and, more deeply in models of maturity
processes, to propose a set of processes covering the management practices in
academic institutions of higher education, defining the expected results of their
process (REP's ) and the and results of attributes of their process (RAP's). The main
issue of work is based on the belief that it is possible to evaluate, through a range of
maturity, the processes of academic administration of a private institution of higher
education. This question is justified, therefore, help improve the higher education is
essential that an effort should be exercised not only by governments but by the whole
society. There is also the context of the market for private education in the Brazilian
higher education and the current and future challenges that the institutions and their
managers must face. Moreover, the study develops not only through the theoretical
basis but also by application of the tool proposed in two higher education institutions
where their results are reported in case studies It is also envisaged in this paper, the
development of a level of maturity and a way for the evaluation of maturity of
management processes academic private institutions of higher education. The
research help, finally, to identify best management practices of private institutions of
higher education, contributing to the strengthening of these institutions and the
Brazilian education.
Keywords: Private institutions of higher education; higher education; Brasilian
education; Quality; Maturity models; management; Academic management
processes.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Evolução das funções das instituições de ensino ................................ 15
Quadro 2 Participação de mercado dos principais grupos consolidadores no
Brasil ....................................................................................................................... 27
Quadro 3 Evolução do conceito de qualidade ...................................................... 45
Quadro 4 Escala de maturidade do CMMI ........................................................... 67
Quadro 5 Tabela apresentada pela IPES A para caracterizar os tipos de
despesas existentes na IES. ................................................................................... 75
Quadro 6 Atendimento dos itens da REP GPF1 pela IPES A .............................. 77
Quadro 7 Atendimento dos itens da REP GPF2 pela IPES A .............................. 78
Quadro 8 Atendimento dos itens da REP GPF3 pela IPES A .............................. 79
Quadro 9 Atendimento dos itens da REP GPF1 pela IPES B .............................. 84
Quadro 10 Atendimento dos itens da REP GPF2 pela IPES B ............................ 84
Quadro 11 Atendimento dos itens da REP GPF3 pela IPES B ............................ 85
Quadro 12 Comparativo entre o atendimento dos itens da REP GPF1 pelas IPES
A e B ....................................................................................................................... 85
Quadro 13 Comparativo entre o atendimento dos itens da REP GPF2 pelas IPES
A e B ....................................................................................................................... 86
Quadro 14 Comparativo entre o atendimento dos itens da REP GPF3 pelas IPES
A e B ....................................................................................................................... 87
Quadro 15 Comparativo entre o atendimento das REP’s pelas IPES A e B e
simulação de referência regional ............................................................................. 88
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Evolução do numero de alunos no ensino superior brasileiro. .............. 17
Gráfico 2 - Taxa anual de crescimento no número de matrículas no ensino superior
privado .................................................................................................................... 23
LISTA DE FIGURAS
Figura1 Lista de Instituições de ensino com ações em bolsa............................... 26
Figura 2 Pressões sofridas pelas IPES ................................................................ 35
Figura 3 Fontes, definição e evolução dos modelos de maturidade ..................... 52
Figura 4 Visão hierárquica e vertical de uma organização ................................... 53
Figura 5 Operação executada por especialidade ................................................. 54
Figura 6 Processos horizontais, permeando os departamentos da organização . 57
Figura 7 Alinhamento entre a estrutura dos processos e os níveis de
planejamento das organizações .............................................................................. 58
Figura 8 Modelo de maturidade proposto para processos de gestão acadêmica 66
Figura 9 A aplicação da ferramenta na prática ..................................................... 70
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14
1. CENÁRIO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO .............................. 23
1.1 CONSOLIDAÇÃO DO MERCADO ............................................................. 25
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EUCAÇÃO ............................................. 28
1.3 O SISTEMA DE AVALIAÇÃO - SINAES .................................................... 29
2. QUALIDADE E OS MODELOS DE MATURIDADE .......................................... 39
2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QUALIDADE ...................................... 39
2.2 OS MODELOS DE MATURIDADE............................................................. 47
3. PROCESSOS DE GESTÃO ACADÊMICA ....................................................... 53
3.1 DEFINIÇÃO DO MODELO DE PROCESSO .............................................. 57
3.2 OS PROCESSOS DE GESTÃO ACADÊMICA .......................................... 59
3.3 GPP GESTÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO ....................................... 60
3.4 GQD GESTÃO DO QUADRO DOCENTE ............................................... 61
3.5 GPF GESTÃO DO PLANO FINANCEIRO .............................................. 63
4. FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DA MATURIDADE DOS PROCESSOS DE
GESTÃO ACADÊMICA ........................................................................................... 65
4.1 ESCALA DE MATURIDADE ...................................................................... 67
4.2 RESULTADOS DE ATRIBUTOS DE PROCESSOS (RAPs) ..................... 68
4.3 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA ............................................................... 69
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................... 71
5.1 TIPO DA PESQUISA .................................................................................. 71
5.2 O ESTUDO DE CASO ............................................................................... 72
5.3 CARACTERIZAÇÃO DA IPES “A” ............................................................. 73
5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA IPES A ................................................ 77
5.5 CARACTERIZAÇÃO DA IPES “B” ............................................................. 79
5.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA IPES B ................................................ 81
5.7 ANÁLISE CONSOLIDADA ......................................................................... 85
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 89
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 91
APÊNDICE A PESQUISA APLICADA AOS FUNCIONÁRIOS DAS IPES
ESTUDADAS .......................................................................................................... 96
ANEXO 1 POSICIONAMENTO DO FÓRUM AO CPC ......................................... 98
ANEXO 2 CARTA DE RECIFE ........................................................................... 100
14
INTRODUÇÃO
Desde o final do século XX e neste início de século XXI, vive-se uma mudança
intensa estrutural que está transformando a sociedade moderna. Segundo Hall
(2006), isso está fragmentando as paisagens culturais de classe, de gênero, de
sexualidade, de etnia, de raça de e nacionalidade, que, no passado, representavam
sólidas localizações como indivíduos sociais.
Estas transformações estão mudando tanto os indivíduos como as instituições na
forma em que são conhecidas, desde empresas, organizações e fundações até
instituições políticas e de ensino. A maneira como enxerga-se e interage-se com
estas organizações e instituições têm mudado ao longo do tempo, tanto pela
ampliação das nossas expectativas quanto pela própria evolução histórica de seus
princípios e propósitos.
No caso das instituições privadas de ensino superior, objetos de estudo desta
pesquisa, que passaram por grande um processo de crescimento e mudanças nas
últimas décadas, diversas questões foram levantadas, como pode-se perceber no
texto de Santana:
A legislação prestigia a qualidade e a melhoria da qualidade como princípios para nortear
diversas ações, como, por exemplo, os processos de avaliação oficiais do ensino superior
Nos últimos dez anos, houve uma intensificação da participação da iniciativa privada na oferta
dessa modalidade de educação (ensino superior), o que aprofundou a abordagem sobre
qualidade com as ferramentas da administração empresarial, como a qualidade total;
A educação superior passa hoje por um momento de revisão, intitulado “reforma do ensino
superior”, em que sua qualidade ou, ainda, seu papel social e sua atuação têm sido
questionados e debatidos, principalmente quanto à democratização do acesso a esse nível
de ensino.
(Santana, 2007, pg. 21)
Ainda para compreender os impactos das mudanças citadas no contexto das
instituições de ensino, apresenta-se o quadro 1, acerca das principais funções das
instituições de ensino superior ao longo dos anos:
15
Quadro 1 Evolução das funções das instituições de ensino
Período
Base Teórica
Funções Principais
Década de 20
Jaspers (2000), citado por
Pereira (2008)
investigação
centro de cultura
ensino
Década de 30
Conceitos transcritos da
obra de Santos (1997),
citado por Pereira (2008)
transmissão da cultura
ensino das profissões
investigação científica
educação dos novos
homens
Década de 60
Baldridge (2001), citado
por Pereira (2008)
transmissão da cultura
ensino das profissões
investigação científica
ensino
prestação de serviço
A partir da década
de 80
Pereira (2008)
educação geral e pós-
secundária
investigação
fornecimento de mão-de-
obra qualificada
educação e treinamento
altamente qualificados
fortalecimento da
competitividade da economia
mecanismo de seleção para
emprego de alto nível
através da credencialização
mobilidade social
prestação de serviços à
região e à comunidade local
paradigmas de aplicação de
políticas nacionais
preparação para os papéis
de liderança social
Fonte: Adaptado de PEREIRA (2008, pg. 12).
Fortalecendo o quadro acima, Shils (2001, p.13) cita: os deveres implícitos no apelo
da ciência e do saber não mudaram; mudaram, porém, as condições de seu
exercício. As universidades ficaram muito maiores; mais serviços são exigidos delas;
seus membros passaram a ser mais exigentes financeiramente. As universidades
são hoje observadas mais de perto pelo público e tomaram mais consciência dessa
16
observação, que agora cobiçam como nunca. Todas essas mudanças afetaram o
moral da profissão acadêmica.
No contexto da educação brasileira ainda temos como agravante para a mudança de
identidade das instituições de ensino a forte pressão pelo crescimento do país, o que
aprofunda a necessidade de geração de profissionais qualificados, em ciclos de
aprendizagem cada vez mais curtos e a custos acessíveis para toda população.
Porém, analisar o processo de mudança das instituições de ensino no Brasil, sem
avaliar o contexto global, pode ser um grande equivoco. Para McGrew (1992) a
globalização se refere àqueles processos, atuantes numa escala global, que
atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e
organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em
realidade e em experiência, mais interconectado.
Diante desta constatação, da globalização, o desafio para as instituições de ensino
brasileiras se torna ainda maior, pois além de atender a aspectos básicos e
inerentes ao seu negócio, que segundo Niskier (2006) é “um bom preparo
humanístico e tecnológico, necessariamente nessa ordem, para inserir o país na
Sociedade do Conhecimento”, ainda tem que se preparar para uma provável
globalização do ensino.
Conforme o PNE (Plano Nacional de Educação) aprovado pela Câmara dos
Deputados em 2000 e sancionado pela Presidência de República em janeiro de
2001 e com duração de 10 anos, a educação superior enfrenta, no Brasil, sérios
problemas, que se agravarão se o Plano Nacional de Educação não estabelecer
uma política que promova sua renovação e desenvolvimento (Plano Nacional de
Educação, pg. 35).
Ainda de acordo com o PNE, naquela época, os cerca de 1,5 milhões de jovens
egressos do nível médio tinham à sua disposição um número razoável de vagas,
entretanto, como resultado conjugado de fatores demográficos, aumento das
exigências do mercado de trabalho, além das políticas de melhoria do ensino médio,
previa-se uma explosão na demanda por educação superior. A matrícula no ensino
médio deveria crescer nas redes estaduais, sendo provável que o crescimento fosse
17
oriundo de alunos das camadas mais pobres da população. Isto é, haveria uma
demanda crescente de alunos carentes por educação superior.
De fato, os eventos projetados em 2000, pelo PNE aconteceram. Na visão de Garcia
(2008) após a aprovação da LDB (lei de diretrizes e bases da educação), em 1996,
existia uma grande demanda reprimida, uma massa enorme de pessoas que
queriam estudar, mas que não conseguiam entrar nas faculdades mais tradicionais.
Esta explosão no crescimento das matriculas no ensino superior pode ser avaliada
pela evolução no numero de matrículas, conforme o gráfico 1, entre 1980 e 2006,
como mostra Garcia (2008).
Gráfico 1 Evolução do numero de alunos no ensino superior brasileiro.
Adaptado de Garcia (2008)
Para Tachizawa (TACHIZAWA; ANDRADE, 1999 grifo nosso) uma mudança
fundamental está ocorrendo no meio ambiente e no ambiente interno das
organizações empresariais em escala mundial. Esta mudança está provocando a
renovação do modelo de gestão dessas organizações em face da necessidade de
sua sobrevivência no ambiente em que atuam. Eventos recentes no contexto do
setor educacional evidenciam que tais mudanças também estão chegando, com
mais intensidade, às instituições de ensino superior brasileiras. Estudos conduzidos
pelo MEC chegaram a diversas conclusões surpreendentes, todas elas centradas no
foco: as instituições de ensino estão entrando em uma nova fase evolutiva,
18
induzidas pelo ambiente em que estão inseridas. Esta nova fase estaria a exigir uma
postura diferente do gestor, executivo e cnico da educação, voltada para uma
administração profissional de suas instituições de ensino superior IES’s.
Para Nóbrega (2004, p.76), gestão é a busca de critérios para a tomada de decisão
com base em evidência empírica e no seu valor preditivo. Em gestão, a evidência
empírica é o nosso aprendizado com a observação dos acontecimentos e dos seus
resultados. Precisamos ordenar fatos isolados em “princípios” que prevejam o que
vai ocorrer como resultado em certas ações.
Entende-se então, administração e gestão, como um processo administrativo que
visa dotar as instituições da capacidade de gerir seus processos e ajustar as
estratégias vigentes com a necessária velocidade e efetividade sempre que for
necessário.
Torna-se importante lembrar-se da correlação entre as práticas de gestão e os
conceitos de qualidade e a evolução que houve neste tema.
As necessidades humanas pela qualidade existiram desde os princípios da história.
Slack et al. (1999), diz que originalmente a qualidade era atingida pela inspeção
final, separando os defeitos antes de serem percebidos pelos clientes. O conceito de
controle de qualidade desenvolveu uma abordagem mais sistemática, não apenas
para detectar, mas para corrigir os defeitos e problemas de qualidade. A garantia da
qualidade ampliou o escopo da qualidade, sendo responsabilidade de todos e
aumentando o uso das técnicas estatísticas. Atualmente a gestão da qualidade total,
inclui as abordagens anteriores, porém destaca o atendimento das necessidades e
expectativas dos consumidores, a participação de todas as partes e pessoas,
considerando todos os custos relacionados à qualidade, buscando fazer certo da
primeira vez, através da padronização de processos e da medição do seu
desempenho, permitindo a melhoria continua.
Santana (2007, p. 30), nos diz que a partir dos anos 1980, amplamente absorvida
pelo mundo empresarial, o termo qualidade passou a ser intensamente utilizado
também no universo educacional. Hoje, sua aplicação na educação e na avaliação
19
do ensino superior é matéria de pauta de jornais, revistas, debates acadêmicos,
seminários, treinamentos e encontros nacionais.
Diante dos argumentos apresentados, fica clara a necessidade da mudança de perfil
dos gestores de instituições de ensino superior brasileiras, notadamente as privadas,
pela sua participação em número de alunos atualmente matriculados nestas
instituições e, trazer para o contexto destes gestores práticas de gestão e de
qualidade pode acelerar o processo de profissionalização destas instituições
(privadas de ensino superior) e conseqüentemente aju-las na preparação para os
desafios atuais e futuros.
Com o cenário exposto, das expectativas dos atuais e futuros alunos e também do
que explicita a LDB sobre a responsabilidade da educação superior brasileira,
surgem questionamentos nos diversos papeis (gestores, professores, alunos,
governantes) ligados à educação. Entre eles, os gestores de instituições privadas de
ensino superior têm-se questionado em como atender a estas expectativas com
qualidade gerindo um negócio rentável e perene. Se para Gil (2002, p. 23) “problema
de pesquisa é uma questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer
domínio do conhecimento”, este trabalho pretende responder ao seguinte problema:
Como avaliar o estágio de maturidade dos processos de gestão
acadêmica nas Instituições Privadas de Ensino Superior?
Diversos são os temas necessários para garantir educação de qualidade, porém
este trabalho se limita a trabalhar no tema de qualidade dos processos de gestão de
uma instituição privada de ensino superior, não abordando temas de cunho
pedagógico, andragógico ou acadêmico, por exemplo.
A dinâmica de um trabalho de cunho científico na área de gestão e qualidade da
educação exige a distinção clara da racionalidade crítica e da racionalidade
instrumental, para que não haja sobreposição da interpretação que os termos podem
ter, ao aplicá-los na pratica. É importante também uma clara mudança do modelo
mental, até então vigente na gestão de instituições de ensino, na busca de novas
possibilidades e alternativas até então não exploradas, ou exploradas em outros
20
domínios empresariais. Nesta pesquisa, que explora o tema da avaliação da
maturidade dos processos de gestão acadêmica de instituições privadas de ensino
superior através de modelos consagrados, buscamos aplicar as praticas da
investigação para a construção de um novo conhecimento científico.
Com este delineamento da pesquisa, pretende-se testar a hipótese de que é
possível avaliar, através de uma escala de maturidade, os processos de gestão
acadêmica de uma instituição privada de ensino superior. É importante ressaltar
que hipótese é “Uma solução possível, mediante uma proposição, ou seja, uma
expressão verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa.” Gil (2002, p.31).
Diante do problema apresentado e da hipótese a ser testada esta pesquisa tem
como objetivo geral propor uma ferramenta que possa auxiliar os gestores de
instituições privadas de ensino superior a avaliar qual o nível de maturidade
dos seus processos de gestão acadêmica. Para que tal objetivo seja alcançado,
serão utilizados conhecimentos existentes em gestão e qualidade, apresentados
nos capítulos quatro e cinco desta dissertação.
Os objetivos específicos desta pesquisa são:
1. Propor um conjunto de processos que contemple práticas correntes de gestão
acadêmica em instituições de ensino superior;
2. Definir os resultados esperados de processos (REP’s) e resultados de
atributos de processos (RAP’s) para o conjunto de processos definidos no
presente trabalho;
3. Desenvolver uma escala de maturidade para os processos de gestão
acadêmica de instituições privadas de ensino superior; e
4. Aplicar a ferramenta proposta em duas instituições privadas de ensino
superior brasileiras e avaliar os resultados;
21
Para que os objetivos propostos nesta pesquisa sejam atingidos este trabalho terá,
em seu primeiro capítulo, uma contextualização do cenário atual do ensino superior
brasileiro e as políticas públicas estabelecidas pelo atual governo.
No segundo capitulo será realizada uma revisão bibliográfica nos temas de
qualidade e modelos de maturidade, principal referencial teórico de embasamento
para o modelo que será apresentado.
O terceiro capítulo inicia com uma revisão bibliográfica sobre o tema de gestão por
processos e termina com a proposição de um conjunto de processos de gestão
acadêmica com suas REPs e RAPs, conforme apresentado nos objetivos específico
e que serão utilizados na aplicação do modelo que será apresentado.
No quarto capitulo será apresentado ferramenta para avaliação de maturidade de
processos proposta nos objetivos específicos, que será baseado nos modelos de
maturidade já estudados no capítulo 2.
O quinto capítulo conterá a apresentação dos resultados colhidos nos estudos de
caso e finalmente, no capítulo de conclusão será a apresentada a análise e
conclusão dos estudos apresentados.
Ao se analisar países bem-sucedidos, como a Irlanda, a Espanha e a Coréia do Sul,
que 30 anos enfrentavam sérias dificuldades sócio- econômicas, notamos que
em comum são nações que fizeram o dever de casa, priorizando o ensino de
qualidade de sua população. Como recompensa, são países que registram hoje alto
nível educacional, crescimento econômico, aumento da renda da população, maior
volume de exportações e melhoria no nível do emprego, além de respeito
internacional. alguns países como o Brasil e o Peru, que deixaram de promover
as reformas educacionais na devida época, apareceram na pesquisa com resultados
insatisfatórios e preocupantes.
Através de uma ferramenta de avaliação de maturidade dos processos de gestão de
instituições privadas de ensino superior, poderemos qualificar os níveis de
22
maturidade destes processos que são executados por estas instituições em nosso
país criando condições para a realização de ações de melhoria continua.
Por se tratar de uma proposta original, de aplicar modelos de maturidade
consagrados em outras áreas de conhecimento em instituições de ensino, justifica-
se a realização deste trabalho.
Por fim, a proposição de ferramentas de cunho instrumental, para avaliação dos
processos de gestão de instituições privadas de ensino superior brasileiras pode se
tornar um método norteador para as boas práticas de gestão acadêmica no país.
23
1. CENÁRIO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO
Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2006, realizado pelo INEP
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) autarquia
federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), existem atualmente no Brasil
2.270 instituições de ensino superior, sendo que destas, 2.022 são de categoria
administrativa privada. Este universo de instituições é responsável pela educação de
3.467.342 alunos. A expansão no setor em número de matrículas, entre 1997 e
2006, foi de 140%. Contudo, entre 2000 e 2006 a taxa de crescimento foi declinando
gradativamente, conforme gráfico 1.
Gráfico 2 - Taxa anual de crescimento no número de matrículas no ensino superior
privado
O crescimento do número de instituições de ensino também diminuiu, tendo o seu
ápice entre 1997 e 2006 com 152% de crescimento, porém aumentando apenas
4,8% de 2005 para 2006. Afora este cenário de consolidação do setor, detectou-se
que existem 45% de ociosidade nas instituições de ensino superior, que das
2.629.598 vagas, apenas 1.448.509 foram preenchidas (relação de alunos
ingressantes). Esta desaceleração afetou diretamente as instituições privadas de
ensino superior, que estas detêm 74% dos alunos matriculados e 89% das
instituições de ensino no Brasil. É importante colocar também que o Brasil ainda
mantém altos índices de evasão, sendo que cerca de 811.000 alunos, ou seja, 21%,
24
não conseguem concluir o seu curso no período pré-determinado. Estes números
revelam um ambiente de excesso de oferta de vagas e evasão de alunos que
exigem das instituições de ensino maior eficiência, flexibilidade e capacidade de
administrar margens mais apertadas.
Segundo GARCIA (GARCIA, 2008) dois fatores foram determinantes para a primeira
crise no sistema educacional brasileiro. Primeiro o esgotamento da demanda, ou
seja, depois de atingir um fabuloso índice de crescimento de 17,5% ao ano, em
2000, as taxas foram caindo gradativamente. Outro fato que acentuou a crise foi a
redução dos valores das mensalidades, especialmente a partir de 2003. Inaugurava-
se a guerra dos preços no setor. Esses dois fatos foram surpresa para um setor com
baixíssimo grau de profissionalização, acostumado com uma farta demanda, aonde
eram desnecessárias as chamadas boas práticas de gestão.
Para BRAGA (BRAGA; MONTEIRO, 2005) ainda não existe, na grande maioria das
instituições de ensino no Brasil, uma conscientização quanto à importância das
questões estratégicas. o três as justificativas para este fato. Primeiro, a
competitividade acirrada no setor do ensino privado é relativamente recente, se
comparada a outros setores da economia. Segundo, a mentalidade de
mantenedores e dirigentes ainda é pouco afeita aos avanços da “ciência da gestão”,
uma vez que, diferentemente de outros setores da economia, boa parcela dos
dirigentes educacionais não teve formação em gestão e nem a prática
mercadológica que seus cargos exigem. Terceiro, as tarefas rotineiras e
operacionais do dia-a-dia de uma instituição de ensino costumam ser tão
envolventes que os gestores educacionais ocupam quase todo o seu tempo
“apagando incêndios” ou cumprindo rituais burocráticos.
Em contrapartida, especialistas acreditam que o setor educacional terá o maior
crescimento no mundo nas próximas décadas, alicerçadas pela necessidade de
educação continuada e permanente, pela inovação nas modalidades de ensino e
também na mudança das práticas pedagógicas, que iniciam o século com a
discussão sobre a desfragmentacão da educação, interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade em pauta. Este cenário de crescimento, segundo a Ernst &
Young, deverá se refletir também no Brasil. Um estudo realizado pela consultoria
25
indica que, em 2020, a massa salarial do país chegará a 270 bilhões de lares.
Como resultado desse aumento no poder aquisitivo, o Brasil continuará a assistir a
um rápido avanço do consumo interno. Por isso, além de atividades tradicionais
como o agronegócio e a mineração, os setores mais dinâmicos e prósperos da
economia, nos próximos anos, deverão ser aqueles ligados ao consumo interno. São
negócios como a construção civil e a venda de imóveis, o comércio de eletrônicos,
os serviços de saúde e educação (DUAILIBI; BORSATO, 2008).
Este cenário de futuro, prevendo grande crescimento no setor e comparando-o até
mesmo com os principais negócios brasileiros como agronegócio e mineração levou
a educação superior brasileira a um novo momento, o de consolidação. Como cita
Garcia (2007) em seu artigo sobre a terceira onda do mercado de educação, a partir
de 2005, com a aquisição do controle societário da mantenedora da Universidade
Anhembi Morumbi pelo grupo americano Laureate, iniciou-se uma nova etapa. Os
grupos financeiros, nacionais e internacionais, viram nas instituições privadas de
ensino superior uma excepcional possibilidade de obter retornos expressivos para
seus ativos, com taxas muito superiores a outras opções do mercado.
1.1 CONSOLIDAÇÃO DO MERCADO
No período compreendido entre 2005 e 2008 surgem os chamados grupos
consolidadores, alguns advindos do próprio mercado de educação e outros de
mercados totalmente diferentes como bancos, empresa de infra-estrutura e grupos
estrangeiros. Como a grande maioria das instituições privadas de ensino superior
brasileiras são de administração familiar e não profissionalizada, os grupos
consolidadores enxergaram ótimas oportunidades de ganho através de receitas
simples, praticadas em outros momentos e em outros mercados, como cita
Garcia(2007):
1. Remover a gordura consumida pelas estruturas familiares, usualmente remuneradas em
padrões acima do mercado, em cargos desnecessários e, quando necessários, com baixa
produtividade.
2. Otimizar os custos administrativos (RH, TI, marketing, etc...) em operações em rede, com
ganhos de escala.
3. Redução das cargas horárias dos cursos ao mínimo exigido pelo MEC.
26
4. Aumento do número de alunos por turma através da junção de turmas em “ensalamentos
horizontais” (disciplinas comuns em diferentes cursos) e “ensalamentos verticais” (módulos
semestrais não sucessivos).
Ademais a estes movimentos, os gestores dos grupos consolidadores perceberam
que, também como em outros mercados, poderiam alavancar seu crescimento
através da venda de ações em bolsa. Conforme Mazzoni (2008) “[...] a abertura de
capital foi um ponto necessário do setor de ensino, e um ponto esperado [...] As
poucas instituições preocupadas com isso saíram na frente. Algumas adotaram
posturas arrojadas. A Anhanguera Educacional foi uma delas, o que a colocou em
uma posição melhor do que as outras que ingressaram no mercado [...].” A
Anhanguera Educacional iniciou sua operação na Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa) no inicio de 2007, captando recursos que possibilitaram ao grupo sair as
compras, arrematando diversas instituições de ensino espalhadas pelo Brasil. Logo
depois da Anhanguera vieram Estácio Participações, Kroton Educacional e SEB
Sistema Educacional Brasileiro, como pode-se verificar acessando o site da
Bovespa, conforme figura 1:
Figura1 Lista de Instituições de ensino com ações em bolsa
Acesso ao site www.bovespa.com.br em 24/02/2009
27
Atualmente 18 grupos/instituições são responsáveis por quase 20% dos alunos
matriculados no ensino superior privado, representando mais de um milhão de
matrículas como mostra o quadro 2.
Quadro 2 Participação de mercado dos principais grupos consolidadores no Brasil
Ranking
2006
2007
2008
2008
Grupo/Instituição
Alunos
(Mil)
Cresci.
(%)
M/S
(%)
Alunos
(Mil)
Cresc.
(%)
M/S (%)
Alunos
(Mil)
Cresc
(%)
1
Estácio Part
183
3,0%
5,5%
193
5,0%
5,2%
198
3,0%
2
Unip
165
29,0%
4,9%
193
17,0%
5,2%
198
3,0%
3
Anhanguera
28
22,0%
0,8%
57
104,0%
1,5%
118
107,0%
4
Laureat Int
47
9,0%
1,4%
44
-6,0%
1,2%
69
57,0%
5
Uniban
49
32,0%
1,5%
63
29,0%
1,7%
65
3,0%
6
Uninove
51
21,0%
1,5%
59
16,0%
1,6%
59
0,0%
7
Unipac
52
13,0%
1,5%
58
12,0%
1,6%
59
2,0%
8
Universo
49
-17,0%
1,5%
49
0,0%
1,3%
52
6,0%
9
IUNI
28
8,0%
0,8%
40
43,0%
1,1%
48
20,0%
10
Kroton
16
14,0%
0,5%
18
12,0%
0,5%
36
100,0%
11
Unicsul
18
0,0%
0,5%
21
17,0%
0,6%
33
57,0%
12
Ânima
21
31,0%
0,6%
22
4,0%
0,6%
23
6,0%
13
M. de Nassau
10
67,0%
0,3%
16
56,0%
0,4%
23
46,0%
14
Splice
15
0,0%
0,4%
15
0,0%
0,3%
14
-8,0%
15
UB Part
11
22,0%
0,3%
11
4,0%
0,2%
13
18,0%
16
Veris
9
29,0%
0,3%
7
-22,0%
0,2%
11
57,0%
17
Fanor
4
33,0%
0,1%
8
108,0%
0,2%
11
32,0%
18
SEB (COC)
6
20,0%
0,2%
3
-42,0%
0,1%
10
186,0%
Subtotal
762
13%
22,6%
877
15,0%
23,5%
1040
19,0%
Outras IPES
2595
2,0%
77,4%
2832
8,0%
76,5%
2819
0,0%
Total Geral
3357
5,0%
100,0%
3709
11,0%
100,0%
3859
4,0%
Adaptado de Mazzoni (2008) - M/S = Market Share (Fatia de mercado que cada instituição possui)
Esta concentração mostra que os grupos consolidadores estão realmente se
movimentando, saindo as compras, abrindo novas unidades (campus) e
concentrando os alunos em suas instituições de ensino.
Para Holderegger (2009), “fatores competitivos como, a formação de grandes grupos
econômicos, como são os casos da Estácio Participações e da Anhanguera
Educacional, acontecem ao mesmo tempo em que outras IES privadas fecham as
portas, como é o caso recente da Fasp (Faculdades Associadas de São Paulo), em
junho de 2008, em São Paulo, e da Utesc (União de Tecnologia e Escolas de Santa
28
Catarina), em abril de 2008, em Joinville, amplamente divulgados pela imprensa,
caracterizam um ambiente complexo, que requer mecanismos que permitam que as
IES privadas entendam este mercado e possuam estas informações devidamente
coletadas e adequadamente caracterizada e mensurada.
1.2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A EUCAÇÃO
Preocupados com este movimento no setor, com uma possível internacionalização
do ensino superior brasileiro e a “mercantilização” da educação, o governo se
posicionou através do projeto de lei que ficou conhecido como a Reforma
Universitária. Visitando o site do MEC (2009) pode-se encontrar os seguintes
dizeres, que balizam este projeto:
A educação é um elemento constituinte do novo modelo de desenvolvimento que estamos
construindo no Brasil. Ela é vital para romper com a histórica dependência científica,
tecnológica e cultural de nosso país e consolidar o projeto de nação democrática, autônoma,
soberana e solidária.
O processo de globalização colocou nosso país e a universidade diante de uma encruzilhada.
De um lado, o caminho da desregulamentação e da mercantilização do ensino, que retira do
Estado o protagonismo na definição das políticas educacionais. De outro, um projeto que
percebe a educação superior como um direito público a ser ofertado pelo Estado
gratuitamente, com qualidade, com democracia e comprometido com a dignidade do povo
brasileiro, com as expressões multiculturais que emergem do interior da sociedade, com a
sustentabilidade ambiental e com o desenvolvimento tecnológico de sua estrutura produtiva.
O governo atual optou pelo segundo caminho: valorização da universidade pública e defesa
da educação como um direito de todos os brasileiros. Para o Ministério da Educação, a
universidade tem um papel estratégico na construção de um novo projeto de
desenvolvimento, que compatibilize crescimento sustentável com justiça social.
Outro texto que chama a atenção sobre a Reforma Universitária, também disponível
no site do MEC (2009) cita:
Hoje, apenas 9% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos está cursando o ensino superior,
número bem abaixo da Argentina, que tem 32%, dos Estados Unidos, com 50%, e do
Canadá, com 62%. O Plano Nacional de Educação (2001/2010) prevê uma taxa de
29
escolarização de 30% da população. O Estado brasileiro precisa promover políticas efetivas
que garantam o acesso de jovens de baixa renda ao ensino superior expandindo as IFES
para regiões que careçam de escolas superiores, criando vagas públicas nas universidades
não estatais e privadas e ampliando os cursos noturnos nas universidades públicas
instaladas. O desafio da inclusão social é um dos temas centrais da reforma.
Para tentar conter o movimento de internacionalização do ensino superior brasileiro,
o projeto de reforma universitária do Ministério da Educação limita a participação de
estrangeiros a 30% do capital votante das instituições. Esta preocupação está
diretamente ligada à preocupação com a mercantilização do ensino superior que fica
clara em mais um texto encontrado no site do MEC (2009) em área exclusiva para o
debate da reforma universitária, que traz os seguintes dizeres:
Reformar para impedir a mercantilização do ensino superior
O ensino não é mercadoria, é um bem público. A constituição federal prevê a educação como
dever do Estado, mas garante também a participação da iniciativa privada. No entanto, ao
exercer uma função pública delegada, o setor privado deve buscar a qualidade como centro
de sua ação. O Estado, amparado no seu papel regulador, deve garantir esse princípio,
orientando a expansão de forma ordenada, evitando a proliferação de instituições caça-níveis,
cujo único objetivo é a obtenção de lucros exorbitantes. As instituições estatais e privadas
devem integrar um sistema público de Ensino Superior.
Conforme citado no texto acima, a constituição prevê a participação da iniciativa
privada no provimento do serviço ensino. A partir da Reforma do Estado, de 1995, a
educação passou a ser definida como serviço não exclusivo e, podendo ser prestado
por instituições de capital privado, com fins de lucro. A partir deste momento abriu-se
a possibilidade para o investimento da iniciativa privada e o conseqüente
crescimento em número de cursos e instituições de ensino desta modalidade.
Paralelamente à estes acontecimentos, da expansão do ensino superior privado,
aumento exagerado de vagas, ociosidade, inadimplência, consolidação do setor e a
Reforma Universitária, protagonizou papel tão importante neste contexto o sistema
de avaliação.
1.3 O SISTEMA DE AVALIAÇÃO - SINAES
30
no seu texto inicial, no artigo 9º, a lei 9394/96, que dispõe sobre a LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação), explicita, dentre outras responsabilidades da
união, os seguintes termos:
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação
superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre
este nível de ensino;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,
respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os
estabelecimentos do seu sistema de ensino.
As ferramentas utilizadas pelo MEC Ministério da Educação para avaliar a
qualidade dos cursos superiores no Brasil até a publicação da Lei 10.861 de 14
de abril de 2004, conhecida como SINAES, estavam pautadas nos resultados do
ENC Exame Nacional de Cursos, o Provão, e nas Avaliações para
Reconhecimento dos Cursos Superiores.
Com a publicação da nova Lei, o ENC Exame Nacional de Cursos é destituído da
pauta do MEC e entra em cena o ENADE Exame Nacional de Desempenho dos
Estudantes, além de estabelecer outros critérios para as Avaliações dos Cursos.
O novo sistema, com objetivo de trabalhar de forma integrada a avaliação das IES,
dos cursos e dos estudantes, estabeleceu que, de forma unificada em todo o país, a
nova avaliação considerará 10 (dez) dimensões definidas na Lei, divididas em 2
(dois) momentos:
1. Auto-avaliação, coordenada pelas CPAs Comissões Próprias de Avaliação;
2. Avaliação Externa, coordenada por docentes que atuam na educação
superior e devidamente treinados e credenciados pelo MEC.
O objetivo central do Ministério da Educação com a Lei do SINAES é a realização de
uma Avaliação Sistêmica, que até então não havia sido criada. Dessa forma, os
princípios que então regem a avaliação proposta pelo SINAES e de acordo com as
Diretrizes para a Avaliação das IES, são:
31
Responsabilidade social com a qualidade da educação superior;
Reconhecimento à diversidade do sistema;
Respeito à identidade, à missão e à história das IES;
Globalidade institucional, pela utilização de um conjunto significativo de
indicadores considerados em sua relação orgânica;
Continuidade do processo avaliativo como instrumento de política educacional
para cada IES e para o sistema da educação superior em seu conjunto;
A proposta do SINAES, levando em consideração a experiência em outros países
que possuem sistemas de avaliação consolidados, é estar comprometido com a
transparência nos processos de avaliação, com embasamentos cientificamente
fundamentados nas diretrizes estabelecidas na legislação. A sistemática proposta
para a avaliação institucional está construída sobre três processos:
Avaliação da Instituição: Essa avaliação consiste na Auto-avaliação da IES e
na Avaliação Externa;
Avaliação do Desempenho dos Estudantes ENADE: Avaliação essa que
tem sido realizada desde 2004, com a publicação da Lei do SINAES;
Avaliação dos Cursos de Graduação: Avaliação realizada para
Reconhecimento e Renovação de Reconhecimento dos Cursos;
A Auto-avaliação, realizada pelas CPAs tornou-se obrigatória e anual e o resultado
dessa avaliação precisa ser consolidado nos relatórios que o MEC utilizará para dar
prosseguimento ao processo avaliativo final. A Auto-avaliação vem acontecendo
desde então, ao menos, nas IES comprometidas com a qualidade do processo
educativo.
A Avaliação Externa, que deveria ser realizada pelos Docentes treinados e
Credenciados pelo MEC ainda não aconteceu. Na proposta do Ministério, as
Avaliações Externas deveriam ter iniciado em 2006, após um processo de marca,
32
remarca, o que não ocorreu, ainda. Dirigentes de IES, estudiosos do assunto e
comunidades acadêmicas em geral imaginam que o MEC ainda não obteve “fôlego”
para comandar o batalhão de profissionais necessários para aplicar todas as
dimensões propostas pelo SINAES nas diversas IES espalhadas pelo país. De
qualquer maneira, a Lei esta em vigor e as instituições precisam estar preparadas
para ela.
A Avaliação do Desempenho dos Estudantes ENADE vem acontecendo todos os
anos, desde 2004, na lógica trienal, para todos os cursos de graduação no país.
Este instrumento avaliativo é o que tem sido utilizado pelo MEC, juntamente com a
avaliação para reconhecimento e renovação de reconhecimento dos cursos de
graduação, para identificar as IES que estão atendendo aos mínimos de qualidade
na educação superior.
Igualmente ao ENADE, a avaliação dos cursos de graduação vem acontecendo,
com alguns atropelos desde 2006, quando vários processos começaram a se
acumular no INEP e em alguns casos, IES que não receberam as comissões nas
datas corretas. Com isso a avaliação dos relatórios gerados pelas comissões se
acumulou numa demonstração de perda de “fôlego” das equipes do MEC. O
resultado foram portarias para reconhecimento de cursos para efeito de registro de
diplomas, publicadas no ano de 2007. Podemos citar as duas portarias, sendo:
Portaria Conjunta 608 de 28/06/2007 Portaria publicada pelo MEC para
efeito de reconhecimento dos cursos que passaram por visitas de
reconhecimento, mas não foram avaliados os relatórios para a publicação das
portarias de cada IES. Essa portaria foi publicada para efeito de registro de
diplomas;
Portaria Normativa 40 de 12/12/2007 Essa portaria trata de diversos
assuntos, dentre eles, o reconhecimento dos cursos que passaram por visitas
do MEC, mas não tiveram as análises dos relatórios concluídas e, portanto,
não publicadas as portarias de reconhecimento de cada curso;
33
A Lei do SINAES tem preocupação no que diz respeito à sistemática das avaliações,
merecendo destaque os seguintes aspectos:
1. A avaliação que visa verificar o processo de formação dos alunos, ou seja, o
ENADE, tem o objetivo de analisar os conhecimentos adquiridos ao longo do
processo de formação;
2. Permitir a interação entre a avaliação e a regulação, ou seja, a avaliação deve
aprimorar a missão e o compromisso social da IES. O objetivo é a
legitimidade da IES em suas ações junto à sociedade;
Os princípios que devem reger o processo avaliativo, conforme o texto da lei, são:
Respeito às peculiaridades históricas e características institucionais de cada
IES;
Observação da missão e do processo de auto-avaliação da IES como pontos
de partida e dados fundamentais da avaliação externa;
Realização de um adequado processo de auto-avaliação, onde as
potencialidades e fragilidades da IES precisam estar devidamente
identificadas, visando desenvolver projetos de melhoria contínua;
Manutenção constante do processo de auto-avaliação, seguindo as
recomendações que resultam dos processos de avaliação externa;
Elaboração de relatórios da avaliação externa de maneira que possa servir de
referencial básico para o aperfeiçoamento da IES. Deve oferecer subsídios
para a melhoria da política de educação superior, além de oferecer elementos
para os processos regulatórios do sistema educativo, administrados pelos
órgãos competentes da União.
Recentemente, o MEC criou mais dois indicadores para avaliação de instituições de
ensino, O IGC e CPC. O IGC (Índice Geral de Cursos da Instituição) que é um
indicador de qualidade de instituições de educação superior que considera, em sua
composição, a qualidade dos cursos de graduação e de pós-graduação (mestrado e
34
doutorado). No que se refere à graduação, é utilizado o CPC (conceito preliminar de
curso) e, no que se refere à pós-graduação, é utilizada a Nota Capes. O resultado
final está em valores contínuos (que vão de 0 a 500) e em faixas (de 1 a 5).
o CPC (conceito preliminar de curso) tem como base o Conceito Enade (40%), o
Conceito IDD (30%) e as variáveis de insumo (30%). O dado variáveis de insumo
que considera corpo docente, infra estrutura e programa pedagógico - é formado
com informações do Censo da Educação Superior e de respostas ao questionário
socioeconômico do Enade.
A Avaliação dos Programas de Pós-graduação, realizada pela Capes, compreende a
realização do acompanhamento anual e da avaliação trienal do desempenho de
todos os programas e cursos que integram o Sistema Nacional de Pós-graduação,
SNPG. Os resultados desse processo, expressos pela atribuição de uma nota na
escala de "1" a "7" fundamentam a deliberação CNE/MEC sobre quais cursos
obterão a renovação de "reconhecimento", a vigorar no triênio subseqüente
A criação destes novos índices não agradou aos gestores de instituições privadas de
ensino superior. Através do Fórum das Entidades Representativas do Ensino
Superior Particular, foi entregue um documento ao Ministério da Educação com
questionamentos sobre a legitimidade e a legalidade dos indicadores. Abaixo, parte
da carta enviada ao MEC:
O conceito preliminar de curso e sua divulgação pelo Ministério da Educação, além de
revogar parcialmente a Lei 10.861, que criou o Sistema Nacional de Avaliação de Ensino
Superior, prejudicará sobremaneira a imagem das IES e por conseqüência de seus alunos.
O conceito preliminar leva em consideração o ENADE com peso de 40%. Entretanto, inexiste
a obrigatoriedade da resolução das questões do ENADE pelos alunos, podendo ser boicotado
o referido exame, e por este motivo, a Instituição de Ensino passa a ser considerada de baixa
qualidade.
Fica claro que o Ministério da Educação não conseguiu implantar o Sistema Nacional de
Avaliação do Ensino Superior e pretende substituí-lo por um Conceito Preliminar de Curso,
improvisado e precário, instituído por intermédio de Portaria.
35
No critério estabelecido, a valorização acadêmica ocorreu exclusivamente em função da
quantidade de doutores, desconsiderando todo professor com titulação de especialista e de
mestre, em desrespeito ao previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB.
Apenas para exemplificar, cita-se um dentre inúmeros equívocos dos critérios estabelecidos
no Conceito Preliminar de Curso: Cursos com IDD com nota 1 e ENADE 1 estão
condenadas ao fracasso, mesmo que tenha nota 5 em todos os outros indicadores, terá o
conceito preliminar final, a nota 2,2.
Apresentado todo este cenário, em que IPES (Instituições Privadas de Ensino
Superior) estão recebendo pressões de governo, do mercado e de suas próprias
entidades representativas, conforme mostra a figura 2, surge a necessidade da
busca pela profissionalização e melhores práticas na gestão destas instituições.
Figura 2 Pressões sofridas pelas IPES
36
Algumas ações em busca de qualidade na gestão e na profissionalização estão
sendo realizadas, como cita Santana (2007):
Seminário sobre certificação da conformidade EME educação (Projeto E-
9000, que culminou na publicação da tradução da norma ISSO para a
educação em 2006 no Brasil);
Treinamento ISSO 9001:2000 aplicado a instituições de ensino e
organizações de treinamento, com base na norma ASQ Z1.11-2002;
Encontros nacionais e regionais do fórum Brasil de Educação, realizados em
fevereiro a dezembro de 2003, cujo debate “Avaliação e expansão: qualidade
em educação”, teve destaque na publicação Conferências do Fórum Brasil de
Educação;
Seminário Qualidade do Ensino de Graduação na IES Particulares I
Encontro Nacional de Pró-reitores e gestores de Graduação das IES
Particulares, promovido pela Associação Brasileira dos Mantenedores do
Ensino Superior (ABMES) e pela Funadesp;
Entre outros;
Esta preocupação com educação, tanto na qualidade quanto nas práticas de gestão
fica muito clara com a realização do Congresso da Educação Superior “Desafios
de Crescer com Qualidade e Quantidade”, do qual participaram instituições de
ensino superior (IES), entidades e associações representativas, federações e
sindicatos. Este congresso aponta para uma nova etapa de trabalho conjunto entre
todas as associações representativas do ensino superior particular. O Congresso
terminou com a decisão de transformar as conclusões em uma carta, denominada
Carta de Recife”, que diz:
Concepção da educação como bem social, direito do cidadão e patrimônio estratégico
indispensável ao desenvolvimento do País;
Desenvolvimento de um amplo trabalho conjunto com o governo e a sociedade para ampliar o
acesso das classes “C” , “D” e “E” ao ensino superior em um montante de cinco milhões de
novos alunos nos próximos cinco anos
Integração entre o ensino superior particular e o ensino básico (seja este desenvolvido pelo
governo ou por entidades particulares), na busca de um novo marco da educação brasileira,
complementando e aperfeiçoando os mecanismos de ensino existentes;
37
Promoção do aperfeiçoamento dos cursos de formação de professores nas instituições
públicas e privadas visando a contribuir, de forma decisiva, para a melhoria da qualidade da
educação básica;
Respeito ao pluralismo, à heterogeneidade de instituições de ensino e à coexistência entre
instituições públicas e privadas;
Aperfeiçoamento dos mecanismos de regulação, regulamentação, supervisão e avaliação do
ensino superior, com regras duradouras que permitam a segurança jurídica;
Necessidade do estabelecimento de um diálogo permanente e duradouro com o Governo,
com o Ministério da Educação e suas Secretarias afins, além do Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e do Conselho Nacional de Educação
(CNE);
Participação das entidades do ensino superior particular nas diversas instâncias
governamentais de interesse do setor;
Cumprimento das disposições legais do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior (Sinaes), sem a preponderância do Exame Nacional de Desempenho do Estudante
(Enade). Considerar a qualidade como um conjunto sistêmico que inclua a avaliação
institucional interna e externa e de cursos;
Aperfeiçoamento dos mecanismos de financiamento à educação superior com a ampliação
dos recursos previstos e com a eliminação das burocracias desnecessárias;
Rejeição de qualquer critério que vise a “ranquear” as instituições de ensino superior e os
cursos de graduação;
Atuação junto a todos os afiliados para que busquem sempre um ensino superior de
qualidade;
Desenvolvimento de campanha nacional de divulgação à sociedade, com fatos e números
das ações desenvolvidas pelo ensino superior particular nas áreas de ensino, pesquisa,
extensão e responsabilidade social, visando a contribuir para o fortalecimento de sua imagem
e de suas reais dimensões;
Alteração da Lei n. 9.780/1999 que fomenta a inadimplência e afugenta a expansão das
linhas de financiamento estudantil;
Rejeição à interferência indevida das corporações no ensino superior;
Participação integrada do Congresso Nacional como avalizador de um pacto blicoprivado
no ensino superior;
Fortalecimento da Frente Parlamentar de Apoio ao Ensino Superior;
Criação da Agência Nacional de Acreditação órgão de regulação do ensino superior
particular, com autonomia de gestão e composto por pessoas de reputação ilibada, não
representantes de instituições particulares e/ou de Governo, para conferir legitimidade ao
processo;
38
Com todas estas forças e pressões diretamente voltadas para os gestores de
instituições de ensino e com a busca de modelos que possam ajudá-los a transpor
todos estes desafios que estão se cristalizando, buscando o amadurecimento do
segmento de educação, cria-se espaço para o desenvolvimento de técnicas,
metodologias e ferramentas que possam apoiar a esta profissionalização.
39
2. QUALIDADE E OS MODELOS DE MATURIDADE
2.1 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QUALIDADE
Pode-se dizer que o estudioso mais conhecido do tema qualidade, e verdadeiro
precursor do movimento de qualidade, é W. Edwards Deming. Deming cursou
doutorado em Física na Universidade de Yale tendo colaborado durante os seus
períodos de férias no famoso estudo do comportamento organizacional conhecido
como experiências de Hawthorne. Nestas experiências verificou-se que empregados
motivados atingiam níveis de produtividade superiores. O mais interessante é que a
verificou-se que o principal fator motivacional era relativo à atenção dada, por parte
dos gestores das organizações, aos empregados, e não recompensas financeiras ou
de evolução de carreira, como poderia se pensar. Deming foi fortemente influenciado
pelo estudo de Hawthorne e isso impactou diretamente em suas crenças e seu
pensamento. Ao terminar seu doutorado Deming trabalhou no Departamento de
Agricultura do governo dos Estados Unidos para estudar o efeito do nitrogênio
colheitas agrícolas. Nesta oportunidade conheceu Walter A. Shewhart, um
estatístico que trabalhava nos Laboratórios Bell e que estudava o efeito da
variabilidade em processos industriais e desenvolveu um sistema de controle
estatístico de qualidade que permitia aos trabalhadores determinar, de forma
simples, o nível de variação inerente a um processo produtivo. Influenciado por tudo
que havia passado e também pelos pensamentos de Shewhart, Deming (1982)
definiu a qualidade como conformidade de um produto com as especificações
técnicas que lhe foram atribuídas. (Grifo nosso).
No início da II Guerra Mundial, a Universidade de Stanford precisava de
pensamentos que pudessem contribuir para o esforço de guerra e solicitou a Deming
alguns conselhos. Deming sugeriu a aplicação dos princípios do controle estatístico
da qualidade à produção de materiais bélicos. A idéia de Deming foi aceita com
euforia e ele viajou pelos Estados Unidos ministrando cursos sobre esta metodologia
para diversas pessoas. Após este movimento, em 1946, originou-se a American
Society for Quality Control (ASQC) sendo Deming membro honorário.
40
Neste mesmo ano Deming deixou o Departamento de Agricultura e assumiu a
posição de professor na escola de gestão da Universidade de Nova Iorque criando
também uma empresa de consultoria em controle estatístico da qualidade. No
entanto, no pós-guerra, a principal preocupação da economia americana era a
produção em larga escala, o que suplantou o entusiasmo com a qualidade. Se o
objetivo era aumentar os volumes de produção, não havia tempo a perder com
qualidade. Gradualmente, o modelo de controle estatístico que havia trazido
excelentes resultados durante a guerra foi abandonado.
Em 1947 acontecia no Japão um recenseamento e Deming foi chamado pelo
Supremo Comando das Forças Aliadas para apoiar este trabalho. Neste mesmo
período, formou-se no Japão a União de Cientistas e Engenheiros Japoneses
(JUSE), grupo que foi determinante na adoção e difusão dos princípios da qualidade
pela indústria japonesa. Uma equipe de especialistas em estatística dos
Laboratórios Bell, que trabalhava no Japão no período pós-guerra, remeteu a este
grupo cópias do livro de Walter Shewhart, de 193, sobre controle da qualidade na
produção de bens manufaturados. O tema despertou interesse em todo Japão,
assim como aconteceu nos Estados Unidos durante a guerra. Em 1950 Deming
participou de seminários sobre controle estatístico de qualidade, destinados a
engenheiros e chefes de produção de empresas japonesas, estendendo conversas
também com os gestores das organizações. A sua experiência com a implantação
de técnicas de qualidade mostrou-lhe que envolver apenas trabalhadores da área de
produção na aplicação destas técnicas era insuficiente, era necessário envolver
também a gestão.
A filosofia da qualidade atribuída a Deming resulta da combinação dos seus
conhecimentos técnicos e de sua experiência na implantação de técnicas de
qualidade em organizações nos Estados Unidos e Japão. Deming estava
convencido que para uma organização manter a ênfase necessária na qualidade era
imprescindível o empenho continuado da gestão.
Joseph Juran trabalhou com Walter Shewhart na aera de Controle de Qualidade dos
Laboratórios Bell e participou do grupo que visitou o Japão no pós-guerra. Tal como
Deming, Juran teve um forte impacto no pensamento japonês sobre o controle da
41
qualidade. Juran (1982) definiu qualidade em termos da adequação de um
produto à sua utilização. (Grifo nosso). Esta definição aproximou o conceito de
qualidade à perspectiva do cliente e abriu a porta para oportunidades de melhoria da
qualidade no nível de adequação das especificações técnicas do bem ou serviço à
utilização pretendida pelo cliente. Em 1951, Juran publicou o livro Quality Control
Handbook, onde apresentou o modelo de custos da qualidade. O modelo explicitava
uma série de custos de falhas internas (custo com produtos defeituosos) e falhas
externas (custos com garantias) que poderiam ser reduzidos através de
investimentos em inspeção e prevenção. O modelo representa uma ferramenta de
gestão que permite justificar investimentos em programas de melhoria da qualidade.
No entanto, a contribuição de Juran foi muito além da definição de um modelo de
custos de qualidade. No seu livro Juran on Leadership for Quality, apresenta uma
base conceitual para um processo de gestão da qualidade. Juran divide o processo
em três fases:
Planejamento da qualidade
Controle da qualidade
Melhoria de qualidade
E recomenda a criação de equipes de projeto responsáveis por cada uma destas
fases. O planejamento da qualidade requer a visão dos clientes e das suas
necessidades, a definição de objetivos da qualidade, a definição de medidas de
qualidade, o desenvolvimento do plano de qualidade, a disponibilização de recursos
necessários para implantar o plano e a sua implantação de fato. O controle da
qualidade consiste na implantação de um sistema de métricas de qualidade, de
avaliação de ações que visam melhorias da qualidade e de ações corretivas com
base na análise de métricas da qualidade. A terceira fase do processo idealizado por
Juran exige às organizações o estabelecimento, através de políticas, de programas
e procedimentos e de uma infra-estrutura que potencializa a melhoria contínua da
qualidade, reduzindo desperdícios, melhorando a satisfação dos empregados e dos
clientes. Assim, o trabalho de Juran torna evidente que a gestão da qualidade exige
processos de gestão específicos nas organizações.
42
Armand FEIGENBAUM propôs (FEIGENBAUM, 1961), em 1956, a expressão
"controle da qualidade total", introduzindo a idéia de que a qualidade resulta do
trabalho de todos os indivíduos que colaboram com uma organização e não de
apenas um grupo de projeto. Feigenbaum vem dar ênfase à melhoria da
comunicação entre as áreas funcionais, em particular no controle de design, controle
de materiais e produção, como forma de promover melhorias da qualidade. Assim
como Juran, acreditava no poder do modelo de custos da qualidade, tendo
contribuído para a definição de sistemas de medição e reporte de custos da
qualidade. E como Juran, defendeu a necessidade de criar uma estrutura
organizacional que servisse de suporte à gestão da qualidade. Propôs também a
criação de uma nova função nas organizações, a engenharia de qualidade,
responsável por resolver problemas de qualidade que atravessam as áreas
funcionais.
O modelo de custos da qualidade visava o investimento em programas de melhoria
até ao ponto em que o custo de prevenção e inspeção era menor que o custo
provocado por falhas de qualidade. Nessa perspectiva, em muitos casos não seria
desejável obter 100% de produto em conformidade, uma vez que os custos de
prevenção e inspeção seriam maiores que o custo das falhas.
Phillip CROSBY tem uma contribuição fundamental para a teoria da qualidade ao
defender o conceito de zero defeitos ou produção sem defeito. Crosby trabalhava na
Martin Company, empresa que fabricava mísseis para o exército americano. A
empresa tinha uma reputação de qualidade atingida à custa de inspeção em massa
dos seus produtos. Em determinado momento, a Martin Company comprometeu-se
a entregar um míssil do tipo Pershing ao exército americano sem defeitos e com um
prazo de entrega relativamente curto. Sabendo que não havia tempo suficiente para
garantir qualidade através do processo de inspeção habitual, a gestão pediu aos
trabalhadores para produzir um míssil com qualidade na primeira montagem e
assim fizeram. Assim como DEMING, Crosby (1979) define qualidade em termos
de conformidade do produto com as suas especificações técnicas, mas
introduz a idéia de que a qualidade é grátis, compensa sempre o investimento,
desde que se garanta que o processo vai produzir bem à primeira vez, "right
first time". (Grifo nosso). No seu livro Quality is Free (CROSBY, 1979) defende que
43
produzir bem à primeira vez depende essencialmente da gestão de recursos
humanos da empresa, de criar uma consciência coletiva para a qualidade, motivar
os colaboradores para produção com qualidade e reconhecer o seu esforço para
melhoria da qualidade.
Filho de um dos fundadores e primeiro presidente da JUSE, Kaoru ISHIKAWA
contribuiu principalmente no desenvolvimento de um conjunto de ferramentas da
qualidade, métodos de apoio à resolução de problemas de qualidade. O mais
famoso deles, conhecido como diagrama de causa-efeito, procura chegar à raiz de
uma falha de qualidade explorando causas primárias do problema, causas de
causas primárias e assim sucessivamente. Também é atribuída a Ishikawa a idéia
de círculos de qualidade, isto é, formação de grupos de trabalho que reúnem
periodicamente para discutir e resolver problemas de qualidade que afetam o dia-a-
dia. ISHIKAWA (1985) define gestão de qualidade como o desenvolvimento,
produção e serviço de um produto, da forma mais econômica, útil e satisfatória
para o consumidor. (Grifo nosso). Assim como no trabalho de Juran, nota-se uma
evolução do conceito de qualidade no sentido de incorporar requisitos do
consumidor.
Genichi TAGUCHI contribuiu de forma importante para a teoria da qualidade e para
ferramentas de qualidade. Taguchi acredita que a qualidade deve ser garantida
através do design dos produtos. Se o design não facilitar a produção com qualidade,
os esforços de melhoria em nível do processo produtivo vão ser em grande parte
frustrados. Taguchi vem dar nova ênfase aos efeitos nocivos da variabilidade
anunciados por Deming, defendendo que é preferível ter um produto que tem um
desempenho médio fora de especificação, mas muito consistente, do que um
produto com desempenho médio próximo da especificação mas pouco consistente
isto porque é mais fácil corrigir o desvio médio de desempenho do que a falta de
consistência. Desta forma, Taguchi acrescenta ao conceito de qualidade uma
dimensão de consistência (TAGUCHI, 1986). (Grifo nosso). Enquanto Juran e
Feigenbaum se preocupam com os custos da qualidade para a organização,
Taguchi preocupa-se com os custos da qualidade para a sociedade. Taguchi leva o
conceito de falha externa de qualidade mais longe, considerando não o custo
para a organização que envia para o mercado um produto com defeito, mas também
44
para a organização que adquire esse produto, o consumidor final, etc. Esta
perspectiva leva em conta o efeito sistêmico das falhas de qualidade, e o efeito
potencialmente devastador para uma sociedade da acumulação de pequenas falhas
de qualidade.
A contribuição de David Garvin para a evolução do conceito de qualidade é
fundamentalmente diferente das contribuições anteriores. Garvin (1987) analisou as
definições anteriores e desenvolveu um léxico da qualidade que ganha valor à
medida que se utiliza de forma cada vez mais comum a palavra "qualidade". Com
base na sua análise, Garvin descreve diferentes dimensões da qualidade. O seu
trabalho permite que gestores, trabalhadores e até clientes pensem e discutam
questões da qualidade de uma forma mais precisa. Este vocabulário comum não
propicia discussões sobre qualidade mais proveitosas, como vem encorajar as
organizações a considerar a qualidade como um elemento importante no seu
posicionamento estratégico. Na sua estratégia, as organizações devem identificar as
dimensões da qualidade que consideram prioritárias, por exemplo, fiabilidade e
serviço, em vez de manifestar um propósito genérico de melhoria da qualidade.
Berry, Zeithaml, Parasuraman (1990), entre outros, acrescentaram alguns elementos
ao léxico original proposto por Garvin de forma a refletir os desafios de qualidade
colocados a organizações prestadoras de serviços. A prestação de serviços
distingue-se da produção de bens manufaturados em diversos níveis. Os serviços
são, por natureza, intangíveis e o resultado do processo produtivo não é meramente
um bem físico, o que lhes confere um caráter de diferenciação que dificulta a
avaliação de qualidade.
A prestação de um serviço exige em muitos casos a participação do cliente, o que
origina preocupações no nível da qualidade da relação que se estabelece durante o
processo de prestação do serviço. Assim, a qualidade de um serviço é avaliada em
função de dois componentes principais: a qualidade técnica do serviço qualidade
dos resultados desejados pelos clientes ou fiabilidade do serviço e a qualidade
funcional qualidade do processo a que os clientes se submetem para obterem os
resultados desejados. A qualidade funcional é por natureza subjetiva, a satisfação
de cada cliente com o serviço que resulta da comparação entre a sua percepção de
45
qualidade do serviço e as suas expectativas. Esta componente perceptiva da
qualidade é decomposta em quatro dimensões: empatia, prontidão, assistência e
tangibilidade:
Empatia: relaciona-se com o sentimento do cliente que recebeu atenção
individual e que o colaborador do serviço se preocupa com a sua situação.
Prontidão: depende da percepção do cliente em termos de rapidez de
resposta e exatidão na resposta.
Assistência: engloba a percepção dos clientes sobre cortesia, competência e
comunicação dos intervenientes no processo produtivo.
A tangibilidade: depende da percepção dos clientes sobre a adequação dos
aspectos tangíveis do serviço ao processo em si.
Estas quatro dimensões são relativamente genéricas, no entanto, fornecem um
ponto de partida útil para o gestor interessado em definir as dimensões de qualidade
específicas para o seu serviço.
O quadro 3 faz uma síntese dos autores e sua contribuição para o produto e para o
processo, no que tange ao aspecto de qualidade, mostrando a evolução do conceito
e como este foi aplicado.
Quadro 3 Evolução do conceito de qualidade
Autor
Contribuição para o Produto
Contribuição para o Processo
Deming
Conformidade e Padronização
Compromisso da gestão com a
qualidade
Juran
Adequação do Produto
Processos de gestão específicos
Feigenbaum
Conformidade relativa, adaptada
ao custo
Visão sistêmica do processo de
qualidade
Crosby
Produto sem defeitos
Produção capaz e consciente
Ishikawa
Rastreamento da falha até as
causas
Produtos com falhas conhecidas
Taguchi
Produto consistente ao
desempenho
Controle de qualidade incorporado ao
desenho do produto
46
Garvin
Produto coerente as necessidades
Alinhamento de percepções de
qualidade
Zeithaml, et
al
Serviços como produtos
Qualidade percebida versus
qualidade esperada
Conforme Silva, Cabral e Colenci Junior (2008), com o passar dos anos, o conceito
de controle de qualidade evolui para a era da computação e, com isso, criou-se a
necessidade do controle de qualidade no desenvolvimento de software. Porém,
diferentemente de produtos e serviços, o controle de qualidade no software foi
desenvolvido através de modelos de maturidade de processos, dando início a um
novo momento da qualidade.
A educação superior é em si um processo de prestação de serviços com
características totalmente especificas, uma vez que cabe ao aprendente, a
responsabilidade intrínseca e intransferível de transformar as informações
disponibilizadas em conhecimento próprio. De fato, não se transfere conhecimento
no ato da prestação de serviços, mas toda a experiência, conhecimento prévio,
sensibilidade e habilidades são disponibilizadas e transferidas ao aprendente na
condição de informação. Caberá a este, com seus modelos mentais, seu estilo de
aprendizagem e sua inteligência preponderante sob disciplina própria e
perseverança angariá-la na condição de conhecimento, segundo Colenci, Jr. A
(2008).
Para Guidio (2006) O gestor deverá ter a competência de fazer a leitura do que
signifique para o outro o que é qualidade, o que significa esta palavra e que
ressonâncias cognitivas ela vai encontrar internamente em cada um. Exercendo a
competência de reconhecer essas especificidades, o gestor, em seu processo
integrado de gestão de gripo, terá condições de incorporar os elementos mais
significativos para o outro, para o grupo, com qualidade.
A gestão da qualidade na educação não é um desafio apenas brasileiro, como pode
se perceber no texto de Tucci, Cellesi (2001) Quality implementation in higher
education institutions is a great challenge[1] in all Europe, especially after Bologna
Declaration (1999).
47
Ainda para Tucci, Cellesi (2001, tradução nossa) Cada país tem estabelecido o seu
próprio modelo de avaliação para a garantia da qualidade nas universidades,
geralmente inspirados em esquemas internacionais, como ISO 9000, modelo de
excelência EFQM e assim por diante. Na verdade, temos também a distinção entre
os modelos nacionais de avaliação de qualidade, e os escolhidos por cada
universidade: de fato, acontece frequentemente que uma única instituição adota um
sistema de referência específica a fim de melhor cumprir as exigências impostas.”
2.2 OS MODELOS DE MATURIDADE
O modelo SW-CMM® (Software Capability Maturity Model) foi definido no SEI
(Software Engineering Institute) a pedido do Departamento de Defesa dos Estados
Unidos. A partir de 1991, foram desenvolvidos CMMs® para várias disciplinas
(Engenharia de Sistemas, Engenharia de Software, Aquisição de Software, Gerência
e Desenvolvimento da Força de Trabalho, Desenvolvimento Integrado do Processo e
do Produto). Embora estes modelos tenham mostrado sua utilidade, o uso de
múltiplos modelos se mostrou problemático. O CMMI surgiu para resolver o
problema de se usar vários modelos e é o resultado da evolução do SW-CMM
SECM® (System Engineering Capability Model) e IPD-CMM® (Integrated Product
Development Capability Maturity Model). É, portanto, o sucessor destes modelos.
Além disso, o framework CMMI foi desenvolvido para ser consistente e compatível
com a ISO/IEC 15504.
O SEI (Software engineering Institute) define o CMMI: “is a process improvement
approach that provides organizations with the essential elements of effective
processes. It can be used to guide process improvement across a project, a division,
or an entire organization. CMMI helps integrate traditionally separate organizational
functions, set process improvement goals and priorities, provide guidance for quality
processes, and provide a point of reference for appraising current processes. (SEI,
2009).
Esta representação define um conjunto de áreas de processo para definir um
caminho de melhoria para a unidade organizacional, descrito em termos de níveis de
48
maturidade. O método criado pelo SEI para avaliação CMMI é o SCAMPI (Standard
CMM Appraisal Method for Process Improvement), também baseado nos requisitos
para avaliação de processo da ISO/IEC 15504.
Juran, Deming e Ishikawa diziam que as organizações necessitam alcançar
maturidade e qualidade no gerenciamento para aperfeiçoar permanentemente seus
produtos e seus serviços. Desta forma, as políticas de maturidade são fundamentais
para o sucesso da administração das empresas e das instituições, uma vez que
estão baseadas na melhoria contínua. O gerenciamento da maturidade é o
desenvolvimento de processos que garantem uma alta probabilidade de sucesso,
aumentando a produtividade.
Os modelos de maturidade surgiram para avaliar a qualidade dos processos
aplicados em uma organização (empresa ou instituição) e atualmente estão sendo
utilizados para melhorar os serviços e produtos das organizações. Até algum tempo
atrás, o conceito de maturidade era raramente usado para descrever o estado de
eficácia de uma organização no desempenho de certas tarefas. Hoje nós
encontramos este conceito de maturidade sendo usado para mapear as formas
lógicas para melhorar os serviços da organização.
Ao longo dos anos, tem-se testemunhado um grande crescimento em modelos de
maturidade, em diversas áreas do conhecimento. Podemos citar ao menos 30
modelos de maturidade:
1. Capability Maturity Model Integration (CMMI)
2. Capability Maturity Model for Software (SW-CMM)
3. People Capability Maturity Model (P-CMM)
4. Software Acquisition Capability Maturity Model (SA-CMM)
5. Software Engineering Capability Maturity Model (SE-CMM)
6. Integrated Product Development Capability Maturity Model (IPD-CMM)
7. IT Service Capability Maturity Model (IT Service CMM)
8. Organizational Project Management Maturity Model (OPM3)
9. Services Maturity Model
10. Self-Assessment Maturity Model (SAMM)
11. Test Maturity Model (TMM)
49
12. Web Services Maturity Model
13. Security Maturity Model (SMM)
14. Operations Maturity Model
15. e-Learning Maturity Model
16. eGovernment Maturity Model
17. Earned Value Management Maturity Model (EVM3)
18. Outsourcing Management Maturity Model
19. Change Proficiency Maturity Model
20. Performance Engineering Maturity Model
21. Architecture Maturity Model
22. Information Process Maturity Model
23. Project Management Maturity Model (PMMM)
24. Programme Management Maturity Model
25. Learning Management Maturity Model (LM3)
26. Automated Software Testing Maturity Model
27. Website Maturity Model
28. PM2 Maturity Model
29. Internet Maturity Model
30. Usability Maturity Model
31. Software Reliability Engineering Maturity Model
32. System Security Engineering Capability Maturity Model
33. Configuration Management Maturity Model
Dentre os modelos de maturidade existentes decidiu-se avaliar três deles, a começar
pelo ISO 15504, passando pelo CMMI e finalmente, explorando o modelo brasileiro
MPS.Br.
A Norma ISO/IEC 12207 foi criada pela ISO the International Organization for
Standardization e o IEC - International Electrotechnical Commission dentro de um
esforço conjunto dessas organizações. Em 1988, foi proposto o desenvolvimento da
norma e em agosto de 1995 ela foi publicada como norma internacional. Em 1998,
foi publicada a sua versão brasileira que tem o mesmo nome que a internacional,
somente acrescida das iniciais NBR. Em outubro de 2002 e 2004, foram feitas
atualizações na norma ISO/IEC 12207, chamadas de emendas 1 e 2
50
respectivamente, onde foram inseridas algumas melhorias com o objetivo de
representar a evolução da Engenharia de Software, as necessidades vivenciadas
pelos usuários da norma e a harmonização com a série ISO/IEC 15504 - Avaliação
de Processo. Em setembro de 1992, a ISO realizou um estudo chamado
“Necessidades e Exigências para uma Norma de Avaliação de Processos de
Software”. O trabalho concluiu que era pertinente a elaboração de uma norma que
fosse aplicável à melhoria de processos e à determinação da capacidade. Este
padrão deveria considerar os métodos e normas existentes (como por exemplo, o
SW-CMM® e a ISO 9001), abranger todos os processos de software e ser
construído pelos especialistas que desenvolviam e trabalhavam com os métodos
e normas existentes à época. Como resultado desse primeiro trabalho, a ISO iniciou
em janeiro de 1993 o projeto SPICE (Software Process Improvement and Capability
dEtermination) com o objetivo de produzir inicialmente um Relatório Técnico que
fosse, ao mesmo tempo, mais geral e abrangente que os modelos existentes e mais
específico que a norma ISO 9001 originando assim a Norma ISO/IEC 15504
[ISO/IEC 15504-1, 2004]. A ISO/IEC 15504 presta-se à realização de avaliações de
processos de software com dois objetivos: a melhoria de processos e a
determinação da capacidade de processos de uma unidade organizacional. Se o
objetivo for a melhoria de processos, a unidade organizacional pode realizar uma
avaliação com o objetivo de gerar um perfil dos processos que será usado para a
elaboração de um plano de melhorias. A análise dos resultados identifica os pontos
fortes, os pontos fracos e os riscos inerentes aos processos.
Silva, Cabral e Colenci JR. alertam:
O Brasil é um país cujo desenvolvimento de produtos de software está entre os maiores do
mundo, e a cada dia, aumenta o nível de exigência por parte dos clientes no que diz respeito
à qualidade e complexidade dos produtos. A partir deste ponto, podemos observar que as
empresas estão buscando cada vez mais a maturidade nos seus processos de software para
atingir padronizações de qualidade e produtividade internacionais, que são essenciais para a
sobrevivência no mercado de TI. Porém, o custo de uma certificação para uma empresa pode
ser de até US$ 400 mil, o que se torna inviável para empresas de micro, pequeno e médio
porte. Então, em uma parceria entre a Softex, Governo e Universidades, surgiu o projeto
MPS.Br (melhoria de processo de software brasileiro), que é a solução brasileira compatível
com o modelo CMMI, está em conformidade com as normas ISO/IEC 12207 e 15504, além de
ser adequado à realidade brasileira. (Silva, Cabral e Colenci Jr, 2008).
51
O MPS.BR baseia-se nos conceitos de maturidade e capacidade de processo para a
avaliação e melhoria da qualidade e produtividade de produtos de software e
serviços correlatos. Dentro desse contexto, o MPS.BR possui três componentes:
Modelo de Referência (MR-MPS), Método de Avaliação (MA-MPS) e Modelo de
Negócio (MN-MPS).
O Modelo de Referência MR-MPS (SOFTEX, 2008) define níveis de maturidade que
são uma combinação entre processos e sua capacidade. A definição dos processos
segue os requisitos para um modelo de referência de processo apresentados na
ISO/IEC 15504-2, declarando o propósito e os resultados esperados de sua
execução, ou REPs. Isso permite avaliar e atribuir graus de efetividade na execução
dos processos. A capacidade do processo é a caracterização da habilidade do
processo para alcançar os objetivos de negócio, atuais e futuros; estando
relacionada com o atendimento aos atributos de processo, ou RAPs, associados aos
processos de cada nível de maturidade.
Os níveis de maturidade estabelecem patamares de evolução de processos,
caracterizando estágios de melhoria da implementação de processos na
organização. O nível de maturidade em que se encontra uma organização permite
prever o seu desempenho futuro ao executar um ou mais processos.
A capacidade do processo é representada por um conjunto de atributos de processo
descrito em termos de resultados esperados. A capacidade do processo expressa o
grau de refinamento e institucionalização com que o processo é executado na
organização. No MPS, à medida que a organização evolui nos níveis de maturidade,
um maior nível de capacidade para desempenhar o processo deve ser atingido pela
organização.
O atendimento aos atributos do processo (AP), pelo atendimento aos resultados
esperados dos atributos do processo (RAP) é requerido para todos os processos no
nível correspondente ao nível de maturidade, embora eles não sejam detalhados
dentro de cada processo.
52
Os modelos de maturidade foram concebidos a partir da experiência de diversos
autores e pela evolução do conceito de qualidade, conforme mostra a figura 3. Esta
evolução, iniciando pela qualidade no produto, passando pelo processo e finalmente,
chegando a qualidade do serviço, nos permitiu chegar até o modelo de maturidade
conhecido como MPS.Br, com suas REP’s e RAP’s, modelo este que será utilizado
como base para o modelo proposto neste trabalho.
Figura 3 Fontes, definição e evolução dos modelos de maturidade
53
3. PROCESSOS DE GESTÃO ACADÊMICA
A visão tradicional de uma organização, mais conhecida como vertical, é
representada por uma estrutura de agrupamento de atividades em setores ou
departamentos, de acordo com sua especialização ou conhecimento. Este
agrupamento leva os gestores a terem uma visão distorcida da organização pois,
inicialmente, ela o tem representação clara do cliente, não tem representação dos
produtos e serviços que são produzidos e prestados ao cliente e também não existe
clareza na definição do fluxo de trabalho por meio do qual são produzidos e
entregues o produtos/serviços a estes clientes. Por esta visão parcial, focada na
estrutura hierárquica, os gestores tendem a gerenciar a organização de maneira
vertical e funcional, criando os “feudos” (departamentos) na organização, conforme
figura 4.
Figura 4 Visão hierárquica e vertical de uma organização
Esta visão vertical reflete na forma que a operação (produção de produtos e
prestação de serviços) é realizada sendo que, para que um cliente seja atendido,
sua necessidade passa por diversos setores / departamentos dentro da organização,
perdendo informações e agilidade durante a troca de departamentos na cadeia de
produção/prestação de serviços. Como cada departamento tem suas metas,
medidas, objetivos e orçamento, essa troca causa uma série de problemas para o
cliente, como:
54
A necessidade do cliente passa por inúmeras filas
Erros de comunicação entre os departamentos provocam falhas de
entendimento das necessidades reais do cliente
Os custos são altos pois muitas tarefas como entendimento da necessidade,
tarefas de controle e validação de qualidade são repetidas em diversos
setores
Se ocorrer um erro de execução em um dos departamentos, a necessidade
do cliente precisa voltar para o departamento anterior para ser “retrabalhada”
Como nenhum dos departamentos tem a visão real e completa da
necessidade do cliente, seus controles são voltados para tarefas e não para a
satisfação dos clientes
Estas características do trabalho vertical geram um cenário onde a necessidade do
cliente, que não é plenamente conhecida por ninguém na organização, passa por
inúmeros passos, por vezes repetitivos, com idas e vindas e no final ninguém sabe
se o cliente ficou ou não satisfeito com o produto/serviço produzido e entregue,
conforme figura 5.
Figura 5 Operação executada por especialidade
Em um ambiente de negócios em constante mudança, grande competitividade e
onde as necessidades dos clientes se tornam cada vez mais individualizadas, a
visão vertical com operação por especialidade torna-se altamente arriscada para a
perenidade do da organização.
55
Segundo Hammer (1998), a organização orientada para processos está surgindo
como a forma organizacional dominante para o século XXI. Para Hammer e Stanton
(1999), a mudança para uma empresa por processos deve estar ligada com uma
iniciativa estratégica.
Robbins (2002), citado por Sentanin (2004), nos explica que a organização precisa
avaliar seus processos essenciais que, claramente, agregam valor as suas
competências. Estes processos transformam material, capital, informação e mão de
obra em produtos e serviços aos quais clientes dão valor. Quando uma organização
é vista como uma série de processos, que vão desde o planejamento estratégico até
o suporte pós venda, a gestão pode determinar o valor que cada um desse agrega a
organização, podendo, portanto, reavaliar tais processos e, principalmente reavaliar
seu posicionamento estratégico perante o mercado.
Cruz (2003, p. 46), quando comentado por Sentanin (2004), explica que “um negócio
é uma reunião de três elementos: pessoas, processos e tecnologia da informação,
com a finalidade de atender às expectativas dos clientes. Os três elementos devem,
necessariamente, agregar valor aos insumos que foram utilizados para produzir os
bens ou serviços pois, do contrário, a empresa não conseguirá colocar seus
produtos e serviços no mercado, e, cedo ou tarde, desaparecerá”.
Neste contexto, é necessária uma nova forma de gerir, definindo claramente o
cliente, os produtos e serviços que existem para atendê-lo e também o fluxo de
trabalho para o atendimento destas necessidades. A gestão por processos,
abordada neste capitulo, permite que estes itens sejam definidos e explicitados, de
forma que a gestão os enxergue e administre e que a operação ocorra dentro desta
perspectiva. Conforme Harrington “processo é qualquer atividade que recebe uma
entrada (input), agrega-lhe valor e gera uma saída (output) para um cliente interno
ou externo. Os processos fazem uso dos recursos da organização para gerar
resultados concretos“ (HARRINGTON, 2006).
Ainda para Harrington os processos existentes dentro da organização são
subdivididos em processos produtivos e processos empresariais. Processo produtivo
56
é “qualquer processo que entra em contato físico com o produto ou serviço que será
fornecido a um cliente externo, até o ponto em que o produto é embalado ou o
serviço é prestado.” Os processos empresariais são “todos os processos que geram
serviço e os que dão apoio aos processos produtivos (por exemplo, processos de
atendimento de pedidos, de mudança de engenharia, etc.) (HARRINGTON, 2006).
Desta forma, a representação da organização como um conjunto de processos é
uma maneira útil de compreendê-la. Ao se orientar pelos processos, a organização
estará trabalhando com todas as dimensões do seu negócio (clientes, produtos e
serviços e o fluxo de trabalho) e poderá empregar, não mais de forma isolada, todos
os seus esforços para atender as reais expectativas e necessidades de seus
clientes, conforme figura 6. As principais vantagens associadas à visão processual
em uma organização são:
O foco da organização passa a ser o atendimento da necessidade do cliente;
O trabalho não é mais verticalizado e sim horizontal, onde cada colaborador
agrega seus conhecimentos, habilidades e atitudes para a geração do
serviço/produto;
Como não há retrabalho, pois não existe mais a departamentalização do
conhecimento, os tempos de respostas mais rápidos;
Os controles o do processo, e não mais do departamento, diminuindo o
custo de administração do produto/serviço;
Maior flexibilidade e agilidade na mudança dos processos;
Relacionamentos dentro da organização passam a ser focado no processo e
não em seus departamentos
Provê uma visão sistêmica das atividades e processos da organização
Mantém o foco no processo e não na estrutura organizacional;
Minimiza a ocorrência de erros, ao passo que uma atividade não pode ser
concluída se não tiver atendido seus objetivos de controle;
O gestor consegue visualizar de forma mais clara a sua cadeia de valor da
sua organização;
Desenvolve um sistema de avaliação simples, baseado na efetividade do
processo;
57
Colaboradores se sentem mais valorizados ao poder expandir seus
conhecimentos horizontalmente na cadeia do processo.
Para Sentanin (2004) “para criar os novos processos que suportarão um negócio,
novo ou existente, é necessário contextualizá-lo. Para isso é preciso conhecer
bem os objetivos do negócio, os resultados esperados do negócio e os fatores
críticos de sucesso do negócio”.
O alinhamento dos processos à estratégica da organização se torna fundamental
para gestão desta, possibilitando aos gestores uma visão sistêmica de toda sua
empresa.
Figura 6 Processos horizontais, permeando os departamentos da organização
3.1 DEFINIÇÃO DO MODELO DE PROCESSO
A norma [ISO/IEC 15504-5, 2006], utilizada neste trabalho como referência para a
construção do modelo dos processos de gestão acadêmica, determina quais as
características necessárias para a existência de um processo, que são:
Identificação (process identifier);
Nome (process name);
Propósito (process purpose);
Resultados (Outcomes);
Práticas base (base practice):
58
Produtos de trabalho (work-products).
Para este trabalho, foram escolhidas quatro das seis características de processo,
para a composição do modelo, sendo:
Identificação;
Nome;
Propósito;
Resultados esperados do processo (REP’s);
Para que este modelo de processo permita o alinhamento com a estratégica da
organização, sua estrutura deve permitir uma relação direta dos seus elementos
com os níveis estratégico, tico e operacional de uma organização, conforme figura
7.
Figura 7 Alinhamento entre a estrutura dos processos e os níveis de planejamento
das organizações
Estratégico
Tático
Operacional
veis de planejamento das
organizações
Propósito
REPs
Fluxo de
Trabalho
Estrutura dos processos
propostos
Alinhamento com a
estratégia da IPES
59
3.2 OS PROCESSOS DE GESTÃO ACADÊMICA
De acordo com a definição do modelo de processo utilizado neste trabalho, descrito
na seção 3.1 e consoante a verticalização da gestão de uma organização, no caso
deste trabalho, Instituições Privadas de Ensino Superior (IPES’s), foram definidos 4
processos de gestão acadêmica.
Porém, antes de escolher quais os processos serão apresentados neste trabalho é
importante conhecer quais os processos de gestão acadêmica que foram
identificados em outro trabalho.
Silva, Cabral e Colenci JR (2008), definem os seguintes processos de gestão
acadêmica:
“existem 17 processos de gestão acadêmica, que são:
Gestão do Projeto Pedagógico
Gestão do Quadro Docente
Gestão do Plano Financeiro
Gestão das Exigências Regulatórias
Gestão da Oferta
Gestão do Processo Seletivo
Gestão da Matriz Curricular
Gestão do Conteúdo
Gestão da Matrícula
Gestão da Diplomação
Gestão da Avaliação e Presença
Gestão da Colaboração
Gestão do Caixa
Gestão da Cobrança
Gestão da Avaliação Institucional
Gestão da Avaliação Externa
Gestão do Egresso
Os três processos escolhidos para compor este trabalho foram:
Gestão do Projeto Pedagógico
Gestão do Quadro Docente
Gestão do Plano Financeiro
Seguindo o modelo proposto na seção 3.1, estes quatro processos terão o seu
propósito declarado e suas REP’s (resultados esperados de processos) definidas,
lembrando do alinhamento com os níveis estratégicos e táticos da instituição. O fluxo
de trabalho do processo não será abordado neste trabalho pois entende-se que este
60
fluxo deve ser determinado de acordo com a aplicação de cada processo em uma
instituição, tendo elementos muito particulares, ligados principalmente à sua
operação.
3.3 GPP GESTÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO
O Projeto Político Pedagógico de uma Instituição de Ensino Superior (IES) é um
instrumento teórico-metodológico que determina as opções pedagógicas,
descrevendo suas concepções na área da educação e apoiando no enfrentamento
dos desafios do cotidiano da instituição, que de uma forma refletida, consciente,
sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É o modelo tático da
instituição, coerente com a estratégia da mesma, porque possibilita a efetivação da
intencionalidade desta, que é a formação do cidadão participativo, responsável,
compromissado, crítico e criativo bem como a concretização da identidade da
instituição e dos desafios de oferecer um ensino de qualidade. Na teia de relações
entre os níveis estratégico, tico e operacional, a Gestão do Projeto Pedagógico
apóia as IES no alinhamento entre o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o
Projeto Pedagógico Institucional (PPI) e o Projeto Pedagógico de Curso (PPC), em
busca do posicionamento da IES a respeito da sociedade global e local, de
educação, de ser - humano, organizando suas políticas, suas estratégias, suas
ações de responsabilidade social e de sustentabilidade.
REP’s (Resultados Esperados dos Processos)
GPP1 O Projeto Pedagógico Institucional (PPI) está coerente com o Plano de
Desenvolvimento Institucional.
O PPI é coerente com a Filosofia, Missão e Diretrizes Pedagógicas da IES
O PPI é exeqüível, de acordo com a Estrutura Organizacional e Atividades
Acadêmicas consideradas no PDI
O PPI é exeqüível baseado nos aspectos financeiros e orçamentários da IES
O PPI apóia e permite a avaliação e o acompanhamento do desenvolvimento
institucional
GPP2 O Projeto Pedagógico Institucional (PPI) atende às expectativas legais e de
mercado em sua concepção, transparência e objetividade.
61
É um processo participativo de decisões;
Preocupa-se em instaurar uma forma de organização de trabalho pedagógico
que desvele os conflitos e as contradições;
Explicita os princípios baseados na autonomia da instituição, na solidariedade
entre os agentes educativos e no estímulo à participação de todos no projeto
comum e coletivo;
Contem opções explícitas na direção de superar problemas no decorrer do
trabalho educativo voltado para uma realidade especifica;
Explicita o compromisso com a formação do cidadão.
Reuni todos os cursos oferecidos pela IES caracterizando-os, sucintamente,
de modo a organizar a rede das macro perspectivas das áreas do
conhecimento
GPP3 - O Projeto Pedagógico Institucional constitui base teórica e legal ao
desenvolvimento e organização do Projeto Pedagógico de Curso e permite que
estes tenham identidade própria, porém de acordo com a estratégia traçada pela
IES, explicitando:
Perfil do profissional a ser formado
Objetivos Gerais e Específicos do curso
Descrição do Currículo Pleno oferecido, com ementário das
disciplinas/atividades
Bibliografia básica;
Número de vagas iniciais e turno de funcionamento;
Relação dos docentes e especificação da composição por níveis
Acervo da Biblioteca (livros e periódicos especializados)
Apresentação das instalações, equipamentos, laboratórios
3.4 GQD GESTÃO DO QUADRO DOCENTE
O exercício da docência no ensino superior tem como principal função produzir,
sistematizar, refletir, construir e socializar o saber científico, tecnológico, cultural e
artístico, ampliando e aprofundando a formação de todo seu alunado para o
exercício competente da profissão e a condução moral e intelectual do indivíduo
62
(PEREIRA, 2008), sendo este exercício, por sua natureza, coletivo e público
(TARDIF; LESSARD, p.33), protagonizado pelos professores e alunos. A Gestão do
Quadro Docente pretende, através do acompanhamento dos docentes, conhecer os
atributos dessas relações e seus efeitos sobre a qualidade da aprendizagem para
garantir que o exercício da docência seja desenvolvido diante desta definição e que
esteja alinhado, em seu conteúdo, ao projeto pedagógico do curso. A docência,
através de sua prática, deve ainda oferecer aos alunos conhecimentos somados às
habilidades e atitudes que poderão sustentar a animação de competências mais
especificamente profissionais. A retenção dos alunos matriculados, através da
conquista diária a partir da percepção do valor agregado dos serviços recebidos
pelos alunos, neste caso o desempenho dos docentes, também é tema de avaliação
da Gestão do Quadro Docente.
REP’s (Resultados Esperados dos Processos)
GQD1 O docente tem compromisso com os resultados propostos pelo Projeto
Pedagógico
Respeito ao programa acadêmico e projeto pedagógico;
Planejamento e organização das aulas
Equilíbrio entre trabalhos e provas
Orientação dos trabalhos e das atividades propostas
Justiça e equidade na correção dos instrumentos avaliativos
Cumprimento das obrigações administrativo-acadêmicas
Pontualidade e assiduidade,
Prontidão e disponibilidade para participação das atividades acadêmicas,
GQD2 O docente possui competência em didática e comunicação
Preocupação em ajustar o processo de ensino-aprendizagem ao ritmo dos
alunos
Facilidade em transmitir conhecimentos
Apresentação de forma aplicável, simples e clara do conteúdo e didática para
ministrá-lo
63
Estímulo ao aluno para expressar idéias e discutir conteúdos, incentivando o
pensamento crítico
Utilização de recursos eficazes para o aprendizado do aluno
Atendimento ao aluno na sala de aula e fora da sala de aula.
GQD3 O docente possui domínio teórico e prático sobre o conteúdo a ser
ministrado
Domínio dos conteúdos ministrados
Conhecimentos práticos do conteúdo ministrado
Utilização de exemplos que facilitem o processo de ensino-aprendizagem
Formação continuada
Atualização constante do conteúdo ministrado, mesmo que isso exija um
julgamento negativo de sua própria obra
3.5 GPF GESTÃO DO PLANO FINANCEIRO
O planejamento financeiro de um curso é a garantia da sustentabilidade financeira e
orçamentária de uma Instituição de Ensino Superior (IES) e deve permitir
investimentos para a melhoria continua na prestação do serviço educação, alinhada
a estratégia da IES definida no PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional)
vigente. Por ser, um curso, de natureza intangível e pela alta probabilidade de que a
prestação de um serviço seja insubstituível, a Gestão do Plano Financeiro apóia
gestores estratégicos (Pró-reitores, diretores) e ticos (coordenadores de curso) na
elaboração dos custos (fixos e variáveis), despesas (diretas e indiretas),
investimentos e precificação do serviço “curso”, em busca do ponto de equilíbrio, do
financiamento adequado e da geração de lucro contribuindo para a perenidade da
IES.
REP’s (Resultados Esperados dos Processos)
GPF1 - Os gastos são conhecidos e controlados
Os custos fixos do curso estão definidos
Os custos variáveis do curso estão definidos
64
As despesas diretas e indiretas são apuradas
Os investimentos necessários para abertura e/ou manutenção do curso estão
planejados
Os coordenadores de curso participam ativamente de todo o processo de
gestão financeira do curso
GPF2 A estratégia de preços do curso está de acordo com a estratégia da IES
A IES possui uma estratégia de preços para os cursos
O preço do curso segue a estratégia definida pela gestão da IES
A oferta de preço esta alinhada com a expectativa do público alvo da IES
O ponto de equilíbrio financeiro do curso é conhecido, em reais e/ou em
número de alunos/créditos matriculados
A definição de preços leva em consideração estudos de inadimplência do
setor e da região ao qual o curso está inserido
GPF3 O financiamento (forma de pagamento) do curso está definido e é
sustentável
O financiamento do curso preserva o caixa da IES, de forma que não haja
“desencaixe” financeiro
As opções de pagamento estão definidas e são conhecidas pelo público alvo
As taxas de financiamento estão compatíveis com as taxas de mercado
O valor do crédito/disciplina está determinado
A estratégia de financiamento deve permitir financiamentos externos como
FIES, PROUNI e outros
65
4. FERRAMENTA PARA AVALIAÇÃO DA MATURIDADE DOS PROCESSOS DE
GESTÃO ACADÊMICA
O segmento de educação, como contextualizado no capitulo um deste trabalho,
em seu atual momento de profissionalização, encontra-se receptivo para o
desenvolvimento de modelos de auditoria e qualidade, e portanto, um modelo de
maturidade pode se tornar uma ferramenta de apoio para assegurar avaliação
contínua e comparativa, fundamentando a tomada de decisão dos gestores destas
instituições.
Conforme afirmam Silva, Cabral e Colenci Jr (2008), “os estudos realizados indicam
que, atualmente, não existe uma definição padronizada de níveis de maturidade de
processos de gestão acadêmica, apontando a carência também de mecanismos de
avaliação da maturidade.
Portanto, este trabalho pretende levar ao o segmento de educação os conceitos de
modelos de maturidade que se formaram ao longo dos anos, como parte da própria
evolução de modelos de qualidade e auditoria das organizações.
Um modelo de maturidade é uma coleção estruturada de elementos que descrevem
certos aspectos da maturidade de uma organização (WIKIPEDIA, 2008). Um modelo
de maturidade fornece, por exemplo:
Um ponto de partida para um programa de qualidade, permitindo acompanhar
a evolução das melhorias alcançadas;
Os benefícios dos usuários em experiências anteriores, reaproveitando o
conhecimento entre indivíduos e as organizações;
Um vocabulário comum e uma visão compartilhada, permitindo o
desenvolvimento de melhores práticas;
Um framework para priorizar ações, reduzindo os custos e aumentando a
eficácia do trabalho realizado;
Uma forma de definir as melhorias mais significativas para uma organização,
criando uma visão abstrata do que deve ser feito.
66
O Modelo de Maturidade de Processos é um referencial usado para:
Avaliar a capacidade de processos na realização de seus objetivos;
Localizar oportunidades de melhoria de produtividade e qualidade e de
redução de custos;
Planejar e monitorar as ações de melhoria contínua dos processos
empresariais;
Como base para avaliar diferentes organizações e estabelecer comparações
entre elas;
O modelo proposto é baseado em quatro conceitos, conforme figura 8:
Processos de gestão acadêmica, declarados na seção 3.2, que delimitam o
escopo da avaliação de maturidade;
Resultados esperados dos processos, que avaliam os resultados dos
processos de gestão acadêmica de uma IES, também declarados na seção
3.2;
Resultados de atributos de processos, que avalia os resultados do modelo de
processos de gestão acadêmica de uma IES;
Escala que determina o grau de maturidade em que uma instituição de ensino
se encontra, de acordo com os resultados esperados e atributos de processos
alcançados;
Figura 8 Modelo de maturidade proposto para processos de gestão acadêmica
67
4.1 ESCALA DE MATURIDADE
A escala que será proposta para este trabalho é baseada na escala de maturidade
do CMMI, conforme o quadro 4.
Quadro 4 Escala de maturidade do CMMI
Nível
Características
Comportamento
5 Otimizado
Todos engajados na melhoria contínua e
refinamento do processo
Continuamente Melhorado
4 Gerenciado
Indicadores Consistentes
Metas e planos baseados em dados.
Processos integrados e alinhados.
Previsível e Controlado
3 Estruturado
Procedimentos Padronizados
Alto grau de Controle
Início do uso de Indicadores
Padronizado e Consistente
2 Organizado
Processos Principais Definidos
Compromissos e recursos balanceados
Disciplinado
1 Informal
Conceito de Processo Ausente
Refúgio de Heróis e Bombeiros
Indefinido e Imprevisível
Qualquer instituição de ensino superior encontra-se, no mínimo, no nível um, ou
informal. Neste nível, o conceito de processos é ausente e a organização se apóia
em atos isolados de seus colaboradores, não existindo padronização na entrega de
resultados. As reais causas de sucesso ou fracasso são desconhecidas.
Para que uma instituição de ensino superior esteja no nível dois, “Organizado,
precisa ter, segundo esta proposta, os quatro processos de gestão acadêmica
definidos no item 3.2, gerenciados e com resultados comprovadamente alcançados.
Propõem-se, desta forma, que os processos que precisam ser gerenciados no
segundo nível de maturidade, “Organizado”, sejam:
Gestão do Projeto Pedagógico
Gestão do Quadro Docente
Gestão do Plano Financeiro
Gestão da Matriz Curricular
68
Outros processos, distribuídos nos demais níveis de maturidade, serão objeto de
futuros estudos. Neste ensaio delimita-se o estudo do segundo nível com o processo
Gestão do Projeto Pedagógico.
4.2 RESULTADOS DE ATRIBUTOS DE PROCESSOS (RAPs)
A capacidade de um processo é representada por um conjunto de atributos de
processo descrito em termos de resultados esperados. A capacidade do processo
expressa o grau de refinamento e institucionalização com que o processo é
executado na organização.
Para o nível dois, “Disciplinado”, propõe-se trazer do modelo MPS.BR dois
resultados de atributos de processos que precisam ser avaliados para que uma
instituição de ensino seja considerada neste nível de maturidade:
AP1 - O processo é executado
AP2 - A execução do processo é planejada
AP3 - As pessoas que executam o processo possuem a competência
necessária
4.2.1 RAP1 O processo é executado e atinge os resultados esperados
Este resultado esperado busca garantir que o processo transforma produtos de
trabalho de entrada identificáveis em produtos de trabalho de saída, também
identificáveis, permitindo, assim, atingir o propósito do processo. Ou seja, este
resultado implica diretamente na geração dos principais produtos requeridos pelos
resultados dos processos.
4.2.2 RAP2 - A execução do processo é planejada
Este resultado visa à realização de um plano para a execução do processo. Este
planejamento deve incluir recursos, responsabilidades e tempo, bem como as
atividades de controle e monitoramento da execução do processo. Deve ser
estabelecido e documentado um plano para a execução do processo, o que inclui
69
sua própria descrição. É importante que o planejamento seja revisto, sempre que
necessário, especialmente quando forem aprovadas mudanças significativas no
projeto.
4.2.3 RAP3 - As pessoas que executam o processo possuem a competência
necessária em termos de formação, treinamento e experiência
Este resultado visa assegurar que as pessoas tenham os conhecimentos,
habilidades e atitudes (CHA) necessário para executar ou apoiar o processo. Deve-
se assegurar que as pessoas tenham o conhecimento em relação ao seu papel no
processo. Quando necessário, um treinamento apropriado deve ser fornecido para
as pessoas que irão executar os processos. Mantendo-se o registro das
competências atuais e necessárias das pessoas para a realização dos diversos
papéis na execução dos processos, pode-se planejar os treinamentos necessários.
4.3 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA
Com a aplicação da avaliação, através do modelo proposto, será possível:
Permitir a avaliação objetivo dos processos de gestão acadêmica
Atribuir um nível de maturidade do modelo, com base no resultado da
avaliação
Ser aplicável a qualquer instituição privada de ensino superior
Na prática, a utilização da ferramenta será através da aplicação de questionários
(Apêndice A) para funcionários dos três níveis, operacional, tático e estratégico, para
garantir que todos conhecem os resultados esperados dos processos e a busca de
evidências (Apêndice B) que comprovem o atendimento a estes resultados e aos
resultados de atributos de processo, conforme a figura 9.
Como resultado da aplicação da ferramenta:
Pode-se determinar o grau em que os resultados esperados são alcançados
Pode-se determinar o se os processos atingem seus propósitos
70
Determinar o nível de maturidade que determinada instituição de ensino
possui em seus processos de gestão acadêmica
Figura 9 A aplicação da ferramenta na prática
No escopo deste trabalho definiu-se que será avaliado, a título de validação do
modelo, a Gestão do Plano financeiro, em duas Instituições Privadas de Ensino
Superior Brasileiras.
71
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 TIPO DA PESQUISA
Será apresentada nesta seção a opção metodológica escolhida para elaboração
deste trabalho. Com relação ao critério de classificação, Bello (2004, p. 73) apud
Vergara (2000) afirma que uma pesquisa se qualifica em relação a dois aspectos:
quanto aos fins e quanto aos meios:
a. quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa aplicada
b. quanto aos meios, trata-se ao mesmo tempo bibliográfica e estudo de caso.
Na elaboração do processo investigativo, o estudo de caso foi a abordagem de
investigação utilizada. Para Gil (2002, p. 54) o estudo de caso é uma modalidade de
pesquisa amplamente utilizada. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento,
tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados.
A crescente utilização do estudo de caso é utilizada, ainda segundo Gil (2002, p.
54), com diferentes propósitos, entre eles:
a. descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada
investigação;
b. formular hipóteses ou desenvolver teorias
c. preservar o caráter unitário do objeto estudado
Nos estudos de casos apresentados neste trabalho, seguiram-se as seguintes
etapas:
a. formulação do problema
b. definição do caso
c. determinação do numero de casos
d. coleta de dados
e. avaliação e analise dos dados
f. preparação do relatório
72
Finalmente, um estudo de caso deve ser escolhido quando se busca explicar
variáveis causas de determinados fenômenos em situações muito complexas e ao
estudar algo singular, que tenha valor em si mesmo.
5.2 O ESTUDO DE CASO
Para o presente estudo foram selecionadas duas IPES (Instituições Privadas de
Ensino Superior). Para analisar os casos foi estudado o contexto de cada uma das
IPES e também foi escolhido, como forma de testar o modelo proposto, um dos
processos de gestão apresentados: GPP Gestão do Plano Financeiro. Para
entender como cada IPES atende os resultados esperados dos processos (REP’s)
da Gestão do Plano Financeiro, foi aplicado um questionário (Apêndice A) com o
colaborador responsável pela gestão financeira dos cursos da IES. Na análise dos
resultados e classificação na escala de maturidade proposta, foram avaliados os
questionários respondidos, o contexto da IPES e também a experiência do autor em
gestão de IPES. Para que as duas IPES pudessem responder às questões
propostas alicerçadas em um conceito único, foram apresentados os seguintes
conceitos de custos, despesas e investimentos aos respondentes.
Custos
O custo pode ser definido diferentemente para cada tipo de segmento empresarial
que existe. Os segmentos mais comuns são Indústria, Comércio e Serviços.
Para a Indústria custos o os valores gastos na fabricação, compreendendo
matérias-primas, insumos, mão-de-obra interna e/ou externa, etc.
Para o Comércio são os valores gastos na aquisição das mercadorias que serão
posteriormente revendidas.
Para a área de Serviços são os valores gastos na execução do serviço,
compreendendo os materiais, componentes, peças, principalmente a mão-de-obra
interna e/ou externa.
Despesas
As despesas estão relacionadas aos valores gastos com a estrutura administrativa e
comercial da empresa em aluguel, salários e encargos (do pessoal administrativo e
comercial), pró-labore, telefone, propaganda, impostos, comissões de vendedores,
73
etc. Elas ainda são classificadas em fixas e variáveis, sendo as fixas aquelas cujo
valor a ser pago não depende do volume, ou do valor das vendas, enquanto que as
variáveis são aquelas cujo valor a ser pago está diretamente relacionado ao valor
vendido.
Investimentos
Investimento representa os valores gastos com a aquisição de bens como máquinas,
equipamentos, veículos, móveis, ferramentas, informática, etc. Uma empresa em
situação normal utiliza o lucro gerado para a realização de investimentos.
5.3 CARACTERIZAÇÃO DA IPES “A”
A instituição privada de ensino superior que chamaremos de “IPES A” foi constituída
em 1947, é de direito privado, porém tem como mantenedora uma fundação. Esta
inserida fisicamente na região central da cidade de São Paulo, é organizada como
faculdade e possui apenas um campus. A IPES A possui aproximadamente 4.000
(quatro mil) alunos e atua na área de comunicação, ministrando os seguintes cursos:
Jornalismo
Publicidade
Relações Públicas
Rádio e TV
Turismo
A IPES Ministra ainda cursos de pós graduação nas mesmas áreas dos cursos de
graduação supracitados.
Uma das grandes preocupações da IPES A ao longo dos seus mais de sessenta
anos de existência é fazer com que a formação técnica dos alunos seja
complementada por uma formação ética e humanística de excelência já que acredita
que esta é a base absolutamente necessária a qualquer atividade no mundo da
comunicação.
74
A estrutura orgânica da IPES A possui características típicas de IES, sendo
constituída por um conselho, um diretor geral, uma gerencia pedagógica, uma
gerencia administrativa e as coordenadorias de curso.
Das coordenadorias de curso, existem 7, que atuam como órgãos técnico-
pedagógicos e atendem às demandas de professores e alunos, no âmbito dos
respectivos cursos ministrados, estão assim constituídas:
Coordenadoria de Ensino de Jornalismo
Coordenadoria de Ensino de Publicidade e Propaganda
Coordenadoria de Ensino de Relações Públicas
Coordenadoria de Ensino de Rádio e TV
Coordenadoria de Ensino de Turismo
Coordenadoria de Ensino de Cultura Geral
Coordenadoria de Ensino de Pós-Graduação
Para a aplicação do questionário que deu embasamento para a avaliação da GPP
Gestão do Plano Financeiro, foi escolhido o gerente administrativo da IPES A, e as
seguintes informações foram obtidas:
GPF1 - Os gastos são conhecidos e controlados
1. Quase todos os custos da faculdade são relativamente fixos. Em termos
gerais, classificam-se internamente como Diretos ou indiretos.
2. Abaixo, mostro uma tabela com o relacionamento entre sua classificação.
3. Todos os custos ou despesas são apurados através do sistema ERP da
empresa que consolida as informações numa DRE por Curso ou unidade de
negócio.
4. Ao se criar um novo curso, observam-se as condições sócio-econômicas dos
candidatos, infra-estrutura interna, e de acordo com um plano pedagógico, os
75
custos são elaborados. Isto é feito num projeto de viabilidade que fica
armazenado na IES.
5. Os coordenadores tem apenas função pedagógica ou orçamentária.
Quadro 5 Tabela apresentada pela IPES A para caracterizar os tipos de despesas
existentes na IES.
Tipo Desp.
Descrição
Fixo
/Variável
Direto /
Indireto
1
MÃO DE OBRA DIRETA
F
D
2
HORAS EXTRAS MÃO DE OBRA DIRETA
V
D
3
MÃO DE OBRA INDIRETA
F
I
4
HORAS EXTRAS MÃO DE OBRA INDIRETA
V
I
5
SALÁRIO ADMINISTRAÇÃO DIRETA
F
D
6
HORAS EXTRAS SAL. ADM. DIRETA
V
D
7
SALARIO ADM. INDIRETA
F
I
8
HORAS EXTRAS SAL.ADM.INDIRETA
V
I
9
COMISSÕES
V
D
10
ENCARGOS S/13º SALARIO
F
D
12
FGTS
F
D
13
INSS - SEG.ACID.TRABALHO
F
D
14
13º SALARIO
F
D
16
PIS
F
D
17
PROVISÃO DE FÉRIAS
F
D
18
RESCISÕES
F
D
19
INSS - COTA PATRONAL
F
D
20
ENCARGOS S/ FÉRIAS (SAT, PIS, FGTS)
F
D
21
VALE REFEIÇÃO
F
D
22
VALE TRANSPORTE
F
D
23
ASSISTÊNCIA MEDICA
F
D
24
TREINAMENTO
F
D
25
AUXILIO DOENÇA
F
D
26
ASSISTÊNCIA AOS FUNCIONÁRIOS
F
D
27
MATERIAL DE USO DIRETO
V
D
29
MATERIAL DE ESCRITÓRIO/EXPEDIENTE
V
D
30
MATERIAL DE CONSUMO
V
D
33
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
V
I
34
HONORÁRIOS DE AUDITORIA
V
I
35
HONORÁRIOS DE CONSULTORIA
V
I
36
DIREITOS AUTORAIS
V
D
38
CONTRIBUIÇÃO A ASSOCIAÇÕES
F
D
39
SERVIÇOS DE TERCEIROS-CONTRATOS
F
D
40
TAXA DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE
V
D
43
TAXA ADM DE SERVIÇOS GRAFICOS
V
D
44
DESPESAS COM COBRANÇAS DE
TITULOS
V
I
45
PROMOÇÃO E DIVULGAÇÃO
V
I
48
OUTROS SERVIÇOS DE TERCEIROS
V
I
49
DESPESAS C/ PROPAGANDA
F
I
51
ÁGUA E GÁS
V
I
76
52
ENERGIA ELÉTRICA
V
I
53
TELECOMUNICAÇÕES - EMBRATEL
V
I
54
IMPOSTOS E TAXAS
V
I
55
TELEFONE E TELEX
V
I
56
CORREIOS E TELEGRAMAS
V
I
59
MANUTENÇÃO DO PRÉDIO
F
I
60
MANUTENÇÃO DE MAQ. E EQUIPTOS
F
I
63
ALUGUEL - LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
V
I
65
JORNAIS, REVISTAS E LIVROS
F
I
66
XEROX E GRÁFICA
V
I
67
AJUDA DE CUSTO
V
I
68
TRANSPORTE - TAXI
V
D
69
DESP LEGAIS /FISCAIS/MULTAS TRANS
V
I
70
DESPESAS DE VIAGEM
V
I
71
DESPESA COM VEÍCULOS
V
I
72
MATERIAIS DE LIMPEZA
V
I
74
SEGURO ATIVO FIXO
F
I
76
SEGUROS DIVERSOS
F
I
77
DEPRECIAÇÕES
F
I
78
AMORTIZAÇÕES
F
I
GPF2 A estratégia de preços do curso está de acordo com a estratégia da IES
1. O critério é a viabilidade financeira no longo prazo. São levados em conta os
aspectos sócio-econômicos dos alunos, infra-estrutura a ser oferecida e
custos gerais para o curso. A IES tem foco na área de comunicação e isto
também é levado em conta. O mercado também é consultado para relevância
de formação de preço.
2. A estratégia de formação de preço obedece ao critério: Publico alvo X
Concorrência X infra-estrutra.
3. Sim. A pesquisa é feita no momento da matrícula.
4. Não informado.
5. Sim.
77
GPF3 O financiamento (forma de pagamento) do curso está definido e é
sustentável
1. Cheque, Cartão de crédito, boleto, depósito em Conta, dinheiro. A IES não
oferece financiamento próprio.
2. Não.
3. Sim, conhecem.
4. Não se aplica.
5. Sim.
6. Apenas FIES. Qualquer aluno pode se utilizar do crédito desde que não seja
cumulativo a outro benefício oferecido pela IES, como por exemplo bolsa-
estágio. As informações são amplamente divulgadas em site / manual do
aluno.
Baseado no contexto a qual a IPES A esta inserida e nas informações apresentadas
pelo gerente administrativo da mesma, acerca das práticas financeiras da IES, pode-
se inferir que, no que tange ao atendimento dos resultados esperados de processos
(REP’s) da GPP1 Gestão do Plano Financeiro, a IPES A esta assim classificada:
5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA IPES A
GPF1 - Os gastos são conhecidos e controlados
Quadro 6 Atendimento dos itens da REP GPF1 pela IPES A
Objetivos estabelecidos
Situação
Os custos fixos do curso estão definidos
Atendido
Os custos variáveis do curso estão definidos
Atendido
As despesas diretas e indiretas são apuradas
Atendido
78
Os investimentos necessários para abertura e/ou manutenção do curso estão
planejados
Atendido
Os coordenadores de curso participam ativamente de todo o processo de gestão
financeira do curso
Não Atendido
Pode-se concluir que, com 80% dos objetivos estabelecidos para a REP GPF1
atendidos, esta REP foi parcialmente atendida. Para esta REP, fica a recomendação
de aumentar a participação dos coordenadores de curso na elaboração da estratégia
e na gestão financeira dos cursos, afim de comprometê-los com os resultados do
mesmo.
GPF2 A estratégia de preços do curso está de acordo com a estratégia da IES
Quadro 7 Atendimento dos itens da REP GPF2 pela IPES A
Objetivos estabelecidos
Situação
A IES possui uma estratégia de preços para os cursos
Atendido
O preço do curso segue a estratégia definida pela gestão da IES
Parcialmente
Atendido
A oferta de preço esta alinhada com a expectativa do público alvo da IES
Parcialmente
Atendido
O ponto de equilíbrio financeiro do curso é conhecido, em reais e/ou em número
de alunos/créditos matriculados
Não Atendido
A definição de preços leva em consideração estudos de inadimplência do setor e
da região ao qual o curso está inserido
Atendido
Pode-se concluir que, com 40% dos objetivos estabelecidos atendidos para a REP
GPF2 atendidos, a REP não foi atendida. Para esta REP, ficam as seguintes
recomendações:
Alinhar a estratégia de preço do curso a estratégia de preço de IES, ou
documentar a prática atual de preços como estratégia da IES
Realizar pesquisas com o blico alvo do curso antes do momento da
matrícula, afim de garantir que haverá quórum para o curso.
Não pudemos saber se existe o ponto de equilíbrio pois a resposta a esta
questão foi: “não informado”
79
GPF3 O financiamento (forma de pagamento) do curso está definido e é
sustentável
Quadro 8 Atendimento dos itens da REP GPF3 pela IPES A
Objetivos estabelecidos
Situação
O financiamento do curso preserva o caixa da IES, de forma que não haja
“desencaixe” financeiro
Não atendido
As opções de pagamento estão definidas e são conhecidas pelo público alvo
Atendido
As taxas de financiamento estão compatíveis com as taxas de mercado
Não se aplica
O valor do crédito/disciplina está determinado
Atendido
A estratégia de financiamento deve permitir financiamentos externos como FIES,
PROUNI e outros
Parcialmente
Atendido
Pode-se concluir que, com 70% dos objetivos estabelecidos para a REP GPF3
atendidos, esta REP foi parcialmente atendida. Para esta REP, ficam as seguintes
recomendações:
Estruturar as formas de cobrança dos cursos avaliando a dimensão do caixa
da IES
Ampliar estratégias de financiamento para aumentar a base de alunos que
podem ser atendidos pela IES
Em uma avaliação inicial, de acordo com as escala de maturidade proposta
podemos inferir que a IPES A atende parcialmente o GPF Gestão do Plano
Financeiro.
5.5 CARACTERIZAÇÃO DA IPES “B”
A instituição privada de ensino superior que chamaremos de “IPES B foi constituída
mais de 10 anos, é de direito privado e tem como mantenedora também uma
instituição de direito privado. Esta IES possui uma característica diferente em sua
administração. Apesar de sua sede estar em Campinas SP, possui unidades em
mais 10 cidades brasileiras. O modelo utilizado para abertura de novas unidades é,
em sua maioria, através de parcerias com instituições de ensino locais que buscam
oferecer cursos de graduação e pós-graduação com qualidade e excelência
80
comprovada pelo mercado. Daí une-se o conhecimento pedagógico e a marca da
“IPES B” e o conhecimento do mercado local do parceiro.
A "IPES B" nasceu com o propósito de zelar por valores éticos, como escola voltada
para o mercado, transformando-se num centro de excelência em educação dentre
os melhores do país. Hoje, é reconhecida pela comunidade empresarial e pelo
MEC como uma das principais escolas de Administração de Empresas, Relações
Internacionais, Direito, Comunicação Mercadológica e Design do país - sempre com
foco no mercado, o que garante uma visão empreendedora aos seus alunos.
Utilizando-se das mais modernas técnicas de gestão, a "IPES B" é hoje um dos
principais ícones de gestão escolar do Brasil. Desta forma pode oferecer em
diversas cidades o mesmo curso, com o mesmo padrão de qualidade oferecido
pelas melhores instituições de ensino do país. A "IPES B" conta, hoje, com mais de
10.000 alunos, ministrado os seguintes cursos de graduação:
Graduação Em Administração
Graduação Em Ciências Contábeis
Graduação Em Comunicação Social - Jornalismo
Graduação Em Comunicação Social - Propaganda E Marketing
Graduação Em Comunicação Social - Relações Públicas
Graduação Em Design
Graduação Em Direito
Graduação Em Economia
Graduação Em Relações Internacionais
E os seguintes cursos de pós-graduação (MBA):
Gestão Empreendedora de Negócios
Gestão de Marketing
Gestão de Vendas e Trade Marketing
Gestão da Comunicação com o Mercado
Gestão Financeira
Logística - Nacional e Internacional
Gestão de Recursos Humanos
Gestão da Produção
81
Negócios Internacionais
Direito Empresarial
Direito Internacional Privado
Direito Tributário
Direito Trabalhista
Por ser uma IES que tem diversas cidades, além do corpo diretivo geral que fica em
Campinas, cada unidade possui um diretor da faculdade que é responsável pela
gestão de todos os cursos que aquela determinada unidade ministra. Para este
estudo, a pesquisa foi aplicada em uma as unidades da IPES B, que tem total
independência na gestão administrativa.
Para a aplicação do questionário que deu embasamento para a avaliação da GPP
Gestão do Plano Financeiro, foi escolhido o diretor de uma das unidades da IPES B,
e as seguintes informações foram obtidas:
5.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA IPES B
GPF1 - Os gastos são conhecidos e controlados
1. Os custos fixos são os indicados abaixo.
Mensalmente os valores são encaminhados aos níveis de direção, vice-
presidência e presidência.
DESPESAS - SALÁRIOS COM APOIO PEDAGÓGICO
Salários, Provisões e Encargos Direção Acadêmica
Salários, Provisões e Encargos Coordenadores
Salários, Provisões e Encargos Secretaria
Salários, Provisões e Encargos Áudio-Visual e Manutenção
Salários, Provisões e Encargos Biblioteca e Estúdios
Salários, Provisões e Encargos Informática
Salários, Provisões e Encargos Limpeza
DESPESAS - SALÁRIOS ADMINISTRATIVO E MARKETING
Salários, Provisões e Encargos Administrativos
Salários, Provisões e Encargos Marketing
DESPESAS ADMINISTRATIVAS
Materiais - manutenção e limpeza
82
Financeiro
Secretária
Acadêmico
Academias - Colaboradores
Biblioteca
Telecomunicações e Correio
Aluguel
Água
Energia Elétrica
Segurança
Marketing
Informática e Site
Viagens e Estadias
Serviços contratados
Seguros Diversos
Depreciação
Outras Despesas
2. Os custos variáveis são os indicados abaixo.
Mensalmente os valores são encaminhados aos níveis de direção, vice-
presidência e presidência
DESPESAS COM PROFESSORES = SALÁRIOS
Salários, Provisões e Encargos Professores (Graduação)
Salários, Provisões e Encargos Professores (MBA)
Salários, Provisões e Encargos Professores (Outros Cursos)
3. A apuração é feita pelo conjunto de cursos e não individualmente.
4. São avaliados os itens abaixo.
O orçamento é preparado semestralmente em novembro e maio e revisado
em fevereiro e agosto.
Fica em poder das diretorias: Acadêmica, Marketing, Administrativa e
Financeira.
INVESTIMENTOS
- Obras
- Audiovisual + Salas de Aula
- Lab. Vídeo
- Lab. Aúdio
- Móveis
- Biblioteca
- Equipamentos Diversos
- Lab. Fotografia
- Lab. Informática + Micros
- Outros
83
5. Os coordenadores não fazem a gestão financeira dos cursos. Ela é feita pela
Direção Acadêmica.
GPF2 A estratégia de preços do curso está de acordo com a estratégia da IES
1. Para a decisão de preço leva-se em conta: custos fixos e variáveis,
investimentos necessários, atratividade do curso, valores cobrados pela
concorrência, características do público-alvo, taxa de inadimplência e índice
de desistência.
2. A estratégica genérica é a de trabalhar com preço premium, mantendo uma
margem entre 20 e 25% acima do preço do principal concorrente. Essa
postura mercadológica é de conhecimento de todos os gestores.
3. É realizada em cada processo seletivo pesquisa sócio-econômica com os
candidatos o que permite uma composição do perfil de aluno que cada curso
está atraindo. São realizadas também pesquisa qualitativas com alunos do
ensino médio para avaliar o impacto do preço em relação à imagem.
4. O ponto de equilíbrio gira em torno de 15 alunos por sala é obtido pela divisão
dos custos pelo valor médio de mensalidade.
5. Utiliza-se como referencial os índices das outras unidades da escola e o
histórico da instituição.
GPF3 O financiamento (forma de pagamento) do curso está definido e é
sustentável
1. Pagamentos:
o Pagamento da semestralidade em seis parcelas, sendo a primeira
referente à matrícula.
o Pagamento integral da semestralidade com desconto de 3%.
o Pagamento integral do curso 10% de desconto.
o A escola possui um programa próprio de financiamento estudantil com
possibilidade de financiamento de até 50% do valor do curso.
2. Sim, as parcelas vencem antes do 5º. dia útil em função do maior
desembolso previsto que é o pagamento de professores.
3. Sim. O regulamento financeiro está disponível no site da instituição.
4. Sim. A taxa de financiamento é o IPC-FIPE .
5. A instituição trabalha como o modo seriado, não há valor por crédito.
6. A instituição está inscrita nos dois programas e as informações ficam
disponíveis no site e nos murais. A escola fornece bolsas até o número
permitido, favorecendo os cursos de menor concorrência.
84
GPF1 - Os gastos são conhecidos e controlados
Quadro 9 Atendimento dos itens da REP GPF1 pela IPES B
Objetivos estabelecidos
Situação
Os custos fixos do curso estão definidos
Atendido
Os custos variáveis do curso estão definidos
Atendido
As despesas diretas e indiretas são apuradas
Atendido
Os investimentos necessários para abertura e/ou manutenção do curso estão
planejados
Atendido
Os coordenadores de curso participam ativamente de todo o processo de gestão
financeira do curso
Não Atendido
Pode-se concluir que, com 80% dos objetivos estabelecidos para a REP GPF1
atendidos, esta REP foi parcialmente atendida. Para esta REP, fica a recomendação
de aumentar a participação dos coordenadores de curso na elaboração da estratégia
e na gestão financeira dos cursos, afim de comprometê-los com os resultados do
mesmo.
GPF2 A estratégia de preços do curso está de acordo com a estratégia da IES
Quadro 10 Atendimento dos itens da REP GPF2 pela IPES B
Objetivos estabelecidos
Situação
A IES possui uma estratégia de preços para os cursos
Atendido
O preço do curso segue a estratégia definida pela gestão da IES
Atendido
A oferta de preço esta alinhada com a expectativa do público alvo da IES
Atendido
O ponto de equilíbrio financeiro do curso é conhecido, em reais e/ou em número
de alunos/créditos matriculados
Atendido
A definição de preços leva em consideração estudos de inadimplência do setor e
da região ao qual o curso está inserido
Parcialmente
atendido
Pode-se concluir que, com 90% dos objetivos estabelecidos atendidos para a REP
GPF2 atendidos, esta REP foi atendida. Para esta REP, fica uma única
recomendação:
85
Levar em consideração as taxas de inadimplência do setor e da região a qual
a IES está inserida.
GPF3 O financiamento (forma de pagamento) do curso está definido e é
sustentável
Quadro 11 Atendimento dos itens da REP GPF3 pela IPES B
Objetivos estabelecidos
Situação
O financiamento do curso preserva o caixa da IES, de forma que não haja
“desencaixe” financeiro
Atendido
As opções de pagamento estão definidas e são conhecidas pelo público alvo
Atendido
As taxas de financiamento estão compatíveis com as taxas de mercado
Atendido
O valor do crédito/disciplina está determinado
Não se aplica
A estratégia de financiamento deve permitir financiamentos externos como FIES,
PROUNI e outros
Atendido
Pode-se concluir que, com 100% dos objetivos estabelecidos atendidos para a REP
GPF2 atendidos, esta REP foi atendida.
Em uma avaliação inicial, de acordo com as escala de maturidade proposta
podemos inferir que a IPES B atende parcialmente o GPF Gestão do Plano
Financeiro.
5.7 ANÁLISE CONSOLIDADA
Colocando as duas IPES e uma mesma tabela podemos fazer uma análise
comparativa dos objetivos alcançados em cada REP proposta para a GPF Gestão
do Plano Financeiro.
GPF1 - Os gastos são conhecidos e controlados
Quadro 12 Comparativo entre o atendimento dos itens da REP GPF1 pelas IPES A
e B
REP
Objetivos Estabelecidos
IPES A
IPES B
GPF1
Os custos fixos do curso estão definidos
Atendido
Atendido
86
GPF1
Os custos variáveis do curso estão definidos
Atendido
Atendido
GPF1
As despesas diretas e indiretas são apuradas
Atendido
Atendido
GPF1
Os investimentos necessários para abertura e/ou
manutenção do curso estão planejados
Atendido
Atendido
GPF1
Os coordenadores de curso participam ativamente
de todo o processo de gestão financeira do curso
Não
Atendido
Não Atendido
Nota-se que, para a GPF1, as duas IPES não atendem apenas um dos objetivos
estabelecidos, sendo o mesmo para ambas IPES, que é: Os coordenadores de
curso participam ativamente de todo o processo de gestão financeira do curso. Isso
mostra que ambas as IPES não tem a preocupação de fazer com que o coordenador
do curso assuma um papel de gestor do curso, deixando-o responsável apenas pela
determinação e aplicação da metodologia pedagógica do curso.
GPF2 A estratégia de preços do curso está de acordo com a estratégia da IES
Quadro 13 Comparativo entre o atendimento dos itens da REP GPF2 pelas IPES A
e B
REP
Objetivos estabelecidos
IPES A
IPES B
GPF2
A IES possui uma estratégia de preços para os cursos
Atendido
Atendido
GPF2
O preço do curso segue a estratégia definida pela
gestão da IES
Parcialmente
Atendido
Atendido
GPF2
A oferta de preço esta alinhada com a expectativa do
público alvo da IES
Parcialmente
Atendido
Atendido
GPF2
O ponto de equilíbrio financeiro do curso é conhecido,
em reais e/ou em número de alunos/créditos
matriculados
Não
Atendido
Atendido
GPF2
A definição de preços leva em consideração estudos
de inadimplência do setor e da região ao qual o curso
está inserido
Atendido
Parcialmente
atendido
Nota-se que, na GPF2, a semelhança no atendimento dos objetivos estabelecidos
deixa de existir. A IPES A tem dois objetivos “Parcialmente atendidos” e um “Não
atendido”, sendo que destes três, a IPES B atende a todos. Já a IPES B tem um dos
objetivos estabelecidos “Parcialmente atendido” sendo que, neste quesito a IPES A
o atende.
87
GPF3 O financiamento (forma de pagamento) do curso está definido e é
sustentável
Quadro 14 Comparativo entre o atendimento dos itens da REP GPF3 pelas IPES A
e B
REP
Objetivos estabelecidos
IPES A
IPES B
GPF3
O financiamento do curso preserva o caixa da IES,
de forma que não haja “desencaixe” financeiro
Não atendido
Atendido
GPF3
As opções de pagamento estão definidas e são
conhecidas pelo público alvo
Atendido
Atendido
GPF3
As taxas de financiamento estão compatíveis com
as taxas de mercado
Não se aplica
Atendido
GPF3
O valor do crédito/disciplina está determinado
Atendido
Não se aplica
GPF3
A estratégia de financiamento deve permitir
financiamentos externos como FIES, PROUNI e
outros
Parcialmente
Atendido
Atendido
Nota-se que, na GPF3, novamente ao existe semelhança entre o atendimento dos
objetivos estabelecidos pelas IPES. Enquanto a IPES A tem um objetivo “Não
atendido”, um “Parcialmente atendido” e um que “Não se aplica”, a IPES B tem
quatro objetivos atendidos e um que não se aplica. Dos cinco objetivos
estabelecidos para esta REP, apenas em um deles houve resposta igual pelas duas
IPES, que foi o item: As opções de pagamento estão definidas e são conhecidas
pelo público alvo. É importante ressaltar que, para análise de maturidade, os
objetivos que não se aplicam não são levados em consideração para aquela IPES.
Colocando as duas IPES com todas as REP’s numa tabela consolidada e
acrescentando uma simulação de parâmetro de mercado, que seriam coletados ao
longo do tempo através da aplicação da metodologia de proposta, temos o seguinte
quadro:
88
Quadro 15 Comparativo entre o atendimento das REP’s pelas IPES A e B e
simulação de referência regional
REP’s
% Atendido IPES A
% Atendido IPES B
Referência Regional
GPF1
80%
80%
80%
GPF2
40%
90%
80%
GPF3
70%
100%
80%
Média
64%
90%
80%
Diante deste quadro fica mais clara a constatação de que, com uma referência
externa de atendimento de REP’s de outras IPES, a metodologia pode apoiar aos
gestores destas instituições na escolha de qual o caminho a percorrer para melhorar
a gestão dos seus processos.
89
CONCLUSÃO
Este estudo teve como proposta elaborar um conjunto de processos de gestão
acadêmica para instituições de ensino superior definido as suas REP’s (resultados
esperados dos processos), em conjunto com uma escala de maturidade que podem
facilitar um diagnóstico das práticas correntes de gestão de uma IES. Tendo como
base conceitual a pesquisa bibliográfica e também a estratégia de estudo de caso, e
de acordo com um dos objetivos do estudo, optou-se por aplicar um dos processos
de gestão, a GPF Gestão do Plano Financeiro, em duas IPES (Instituições
Privadas de Ensino Superior), para validar o modelo proposto.
A intenção é permitir que, em um mercado que está passando por mudanças tão
significativas nos últimos anos, possamos ter uma ferramenta que possa auxiliar os
gestores no diagnóstico das atuais práticas de sua gestão e avaliar qual o nível de
maturidade dos processos de gestão que a sua instituição se encontra,
possibilitando-o traçar um planejamento de como melhorar estes processos em
busca de uma maior maturidade.
A partir do estudo de caso, avaliando aspectos da gestão do plano financeiro das
duas IPES estudadas, podemos concluir que:
Nos aspectos operacionais da gestão financeira e que afetam diretamente o
aluno, como forma de pagamento, planos de financiamento, parceria com
programas do governo para propiciar o estudo ao público alvo, as IPES
analisadas estão bem preparadas.
Ainda dos aspectos operacionais, porém no que tange a contabilização das
receitas e despesas dos cursos, as IPES estão bem preparadas.
Ambas IPES ainda não enxergam o coordenador de curso como um gestor
financeiro. Ele ainda é referido como gestor do modelo pedagógico da IPES,
apesar de se saber que, na prática os coordenadores são cobrados pelos
resultados dos cursos a qual gerenciam.
Na relação entre operacionalização do plano financeiro e a estratégia da IES,
ficou claro que existe a busca pelo alinhamento.
90
Existe a preocupação em adequar o preço do curso ao seu público alvo e isso
é feito através de pesquisas durante o processo seletivo e durante o período
de matricula
O ponto de equilíbrio (número de alunos por turma) do curso é, de fato, um
indicador importante para o setor, pois ambas as IPES (mesmo uma delas
não informando) conhecem este número e o utilizam para a gestão de suas
instituições
As IPES se preocupam com a inadimplência e acompanham a taxa pelo seu
setor ou pela série histórica da própria IES
As IPES oferecem programas de financiamento, sejam do governo, próprios
ou ambos, para permitir que um maior numero de pessoas possa se tornar
um estudante da IES
De acordo com a proposta deste estudo, podemos inferir que ambas as IES
alcançam um resultado muito positivo na avaliação da maturidade do processo da
GPF Gestão do Plano Financeiro. Desta forma, se o nível de maturidade 2
Organizado tivesse, nesta proposta apenas a GPF, poderíamos concluir que ambas
IES estariam neste ponto da escala, necessitando de pequenos ajustes em seus
processos para atendê-la por completo.
Partindo do princípio que este estudo não é definitivo, é importante salientar que os
resultados alcançados mostram que a ferramenta proposta poderá ser evoluída e
futuramente utilizada como um modelo de maturidade de processos para instituições
privadas de ensino superior.
Considerações finais
Como contribuição deste trabalho, as IPES que participaram do estudo de caso
receberão uma copia da dissertação com ênfase na análise dos resultados e nos
quadros comparativos, para que possam entender como esta a sua IPES em relação
à outra participante do estudo. Com isso, acreditamos poder ajudar aos gestores à
melhorar as suas práticas de gestão nos pontos abordados.
91
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96
APÊNDICE A PESQUISA APLICADA AOS FUNCIONÁRIOS DAS IPES
ESTUDADAS
Questionário para avaliação do nível de maturidade da Gestão do Plano Financeiro
Obs. 1. Para aplicação deste questionário foi entregue um documento definindo os seguintes conceitos:
Custos, Despesas e Investimentos.
Obs. 2. Foi solicitado que o profissional escolhesse apenas um curso da IES para elaborar as respostas
da pequisa.
GPF1 - Os gastos são conhecidos e controlados
1. Quais os custos fixos, em números ou em rubricas, de cada um dos cursos
ofertados pela instituição e como estes estão documentados para que os
interessados possam consultá-los?
2. Quais os curtos variáveis, em números ou em rubricas, de cada um dos
cursos ofertados pela instituição e como estes estão documentados para que
os interessados possam consultá-los?
3. Como é a apuração das despesas, diretas e indiretas, de cada um dos cursos
ofertados pela instituição e como eles são apurados, afim de obter um
controle sobre os mesmos?
4. Quais os investimentos são avaliados para a abertura de um novo curso ou
para a manutenção de um curso existente? De quanto em quanto tempo este
plano é revisado? Onde este plano fica documentado?
5. Qual o papel dos coordenadores de curso na gestão financeira dos cursos?
GPF2 A estratégia de preços do curso está de acordo com a estratégia da IES
1. Como funciona o processo de definição de preços dos cursos? São levados
em conta aspectos sócio-econômicos do publico alvo? São levados em conta
aspectos de investimento e manutenção do curso ao longo dos anos? Que
documentos são gerados após esta definição?
2. Existe uma estratégia de preços definida pela gestão da IES? Se sim, a
estratégia de definição de preço dos cursos esta alinhada a esta estratégia ou
ela segue uma estratégia própria, de acordo com seu público alvo? A
estratégia da IES esta documentada para que todos os gestores de cursos
possam tê-la como parâmetro?
97
3. É realizada alguma pesquisa cio-econômica para avaliar se os preços
praticados em cada curso estão alinhados com o publico alvo do mesmo?
Como é realizada esta pesquisa?
4. Qual o ponto de equilíbrio do curso (em valores ou em números de alunos) e
como é o calculo para encontrá-lo?
5. A estratégia de preços leva em consideração as taxas de inadimplência do
setor e/ou da região a qual a IES esta inserida?
GPF3 O financiamento (forma de pagamento) do curso está definido e é
sustentável
1. Quais as possibilidades de pagamento que o aluno pode escolher ao se
matricular no curso? A IES oferece algum financiamento próprio para o
aluno?
2. São avaliados aspectos de fluxo de caixa na elaboração das propostas de
pagamentos ofertadas aos alunos, para que não haja “desencaixe”
(pagamento dos custos e despesas antes do recebimento das
mensalidades)?
3. Os alunos conhecem, de antemão, quais são as opções de pagamento e
financiamento ofertadas pela IES para o seu curso?
4. As taxas de financiamento (se existir) estão compatíveis com as taxas de
mercado?
5. O valor de um crédito/disciplina é conhecido e documentado?
6. Qual a estratégia da IES para a oferta de FIES e PROUNI para seus alunos?
Como eles ficam sabendo destas informações?
98
ANEXO 1 POSICIONAMENTO DO FÓRUM AO CPC
POSICIONAMENTO DO FÓRUM DAS ENTIDADES REPRESENTATIVAS DO
ENSINO SUPERIOR PARTICULAR AO DENOMINADO PELO MEC DE
“CONCEITO PRELIMINAR E CURSO – CPC”
As entidades representativas do ensino superior, que compõem o Fórum das
Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, que subscrevem o
presente, representando 80% das Instituições de Ensino Superior do país, vêm a
público informar que não o contra nenhuma forma de avaliação e, nem tampouco
de tornar público as notas do ENADE. São contra sim a implantação parcial do
Sistema Nacional de Avaliação de Ensino Superior, em flagrante desrespeito à Lei
do SINAES (LEI nº 10.861, de 2004).
As entidades representativas do ensino superior particular, em nenhum momento
foram ouvidas sobre a instituição do denominado Conceito Preliminar de curso. Não
houve sequer a realização de uma audiência pública sobre o tema.
O conceito preliminar de curso e sua divulgação pelo Ministério da Educação, além
de revogar parcialmente a Lei 10.861, que criou o Sistema Nacional de Avaliação
de Ensino Superior, prejudicará sobremaneira a imagem das IES e por
conseqüência de seus alunos.
O conceito preliminar leva em consideração o ENADE com peso de 40%. Entretanto,
inexiste a obrigatoriedade da resolução das questões do ENADE pelos alunos,
podendo ser boicotado o referido exame, e por este motivo, a Instituição de Ensino
passa a ser considerada de baixa qualidade.
Fica claro que o Ministério da Educação não conseguiu implantar o Sistema
Nacional de Avaliação do Ensino Superior e pretende substituí-lo por um Conceito
Preliminar de Curso, improvisado e precário, instituído por intermédio de Portaria.
No critério estabelecido, a valorização acadêmica ocorreu exclusivamente em
função da quantidade de doutores, desconsiderando todo professor com titulação de
99
especialista e de mestre, em desrespeito ao previsto na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - LDB.
Apenas para exemplificar, cita-se um dentre inúmeros equívocos dos critérios
estabelecidos no Conceito Preliminar de Curso: Cursos com IDD com nota 1 e
ENADE 1 estão condenadas ao fracasso, mesmo que tenha nota 5 em todos os
outros indicadores, terá o conceito preliminar final, a nota 2,2.
Pelos motivos expostos, as entidades que compõem o Fórum discordam da
implantação deste “Conceito Preliminar de Curso”, improvisado e divulgado nesta
ocasião pelo Ministério da Educação.
As entidades reafirmam a necessidade do cumprimento integral da Lei nº 10.861 que
institui o Sistema Nacional de Avaliação de Ensino Superior, pois do contrário, serão
obrigadas a mudar seus projetos pedagógicos para transformarem-se,
exclusivamente, em cursos preparatórios para o ENADE.
100
ANEXO 2 CARTA DE RECIFE
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