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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ANÁLISE DA REAÇÃO TECIDUAL ÁS INCLUSÕES
SUBCUTÂNEAS DE MATRIZ DE COLÁGENO
LIOFILIZADA NO DORSO DE RATOS
WISTAR TRATADOS COM Aloe vera
André Luís Filadelpho
Médico Veterinário
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
Setembro de 2009
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Livros Grátis
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ANÁLISE DA REAÇÃO TECIDUAL ÁS INCLUSÕES
SUBCUTÂNEAS DE MATRIZ DE COLÁGENO
LIOFILIZADA NO DORSO DE RATOS
WISTAR TRATADOS COM Aloe vera
André Luís Filadelpho
Orientadora: Prof. Dra. Silvana Martinez Baraldi Artoni
Co-orientador: Prof. Dr. José Wanderley Cattelan
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como
parte das exigências para obtenção do título de Doutor
em Cirurgia Veterinária.
JABOTICABAL SÃO PAULO BRASIL
Setembro de 2009
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DADOS CURRICULARES DO AUTOR
André Luís Filadelpho, nascido em 17 de novembro de 1973, em Marília SP
formou-se médico veterinário pela Universidade de Marília, UNIMAR, em janeiro de
1997. Em maio de 2003, recebeu o título de Mestre em Anatomia dos Animais
Domésticos e Silvestres, pela Universidade de São Paulo, USP. Em agosto de 2005,
ingressou no Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária, na Universidade
Estadual Paulista, Campus de Jaboticabal.
“Se vi mais longe, foi por estar de pé
sobre ombros de gigantes”.
Isaac Newton
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à:
DEUS, O Grande Arquiteto do Universo, pela dádiva da vida...
À memória de minha avó, Sra. Clotildes, hoje, anjo querido a iluminar o caminho, em
minha estada terrestre...
Ao meu pai, Sr. Manoel, de quem eu herdei a honestidade e desejo de me tornar
a cada dia, um homem melhor...
À minha tia, Sra. Maria do Carmo, “minha mãe”, pelo amor, carinho e dedicação
com que nos criou...
Às minhas irmãs, Renée e Haydée, a quem eu amo com todas as fibras do meu
coração...
Aos meus cunhados Fernando e Júnior, pelo companheirismo...
Ao meu sobrinho e afilhado, Álvaro, que tanta alegria trouxe às nossas vidas...
À minha querida Silvia, que me estendeu as suas mãos em um dos momentos
mais difíceis da minha vida, e com seu carinho e ternura, ajudou a reconstruir minha
vida e acreditar novamente no amor...
“Aos meus irmãos caçulas”, Flávio Alexandre Pereira Batel, Maria
Francisca Neves, Jayme Augusto Peres, Arlei José Birck, Lucas Alécio Gomes,
Mário Henrique Bariani e Soraya Regina Sacco, sem a amizade de vocês, meus
queridos, o viver não faria sentido...
“Aos meus irmãos mais velhos”, Prof. Titular Antônio Alberto D’Errico (in
memorian), prof. Titular Valêncio José de Mattos Campos, Prof. Titular Antônio
Marcos Orsi, Prof. Titular Otávio Campos Neto, Prof. Dr. Antônio Luiz Scalzo, Prof.
Dr. Joffre Guazzeli, Prof. Dr. Ricardo de Carvalho Pinto e Silva, Prof. Dr. Geraldo
Seullner, Prof. Ms. Marcílio Félix, Prof. Ms. Roque Raineri Neto e Sr. Décio
Bertoncini, cavalheiros e professores valorosos, que com seu exemplo pessoal e
profissional, nortearam para sempre a minha vida acadêmica...
A todos vocês a minha eterna gratidão...
AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente à:
Minha orientadora Prof. Dra. Silvana Martinez Baraldi Artoni, pela paciência no
decorrer da pós-graduação, dedicação e orientação durante a confecção desta tese e
como carinhosamente possibilitou o meu ingresso no doutorado...
Agradeço também à:
Meu co-orientador Prof. Dr. José Wanderley Cattelan, pelas suas aulas muito
proveitosas na pós-graduação, e, que gentilmente aceitou ser meu co-orientador...
Ao Prof. Titular Antônio Marcos Orsi que, mais uma vez, não mediu esforços
para que pudéssemos finalizar mais um trabalho, pelos seus sábios conselhos, pelas
várias horas que lhe retirei do convívio familiar e que, sem o seu auxilio magistral, não
teria como concluir esta tese...
Aos mantenedores da Associação Cultural e Educacional de Garça ACEG,
Profa. Dra. Dayse Alonso Shimizu e do Sr. Wilson Shimizu, a quem eu devo minha
formação profissional e pedagógica...
Ao diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça
FAMED, Prof. Dr. Paulo César Gonçalves dos Santos, pela paciência e incentivo
durante todo o doutorado...
Ao Vice-Diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça
FAMED, Prof. Dr. Antonio Luiz Scalzo, pela amizade sincera e convívio fraterno
durante todos estes anos...
Ao Pós-graduando da FCAV/UNESP, Valcinir Aloisio Scalla Vulcani, pelo
auxílio imprescindível com as matrizes de colágeno...
A Pós-graduanda Giovana Rampazzo, pela colaboração na fotodocumentação
da tese...
A docente da FAEF, Profa. Dra. Mônica Neves, pela importante contribuição na
estatística deste trabalho...
Aos docentes da FAMED, Prof. Esp. Mário Henrique Bariani, pelo seu auxílio
com os animais e fotodocumentação da tese, Prof. Esp. Romulo Francis Estangari
Lot, pela colaboração na leitura das lâminas de histologia deste trabalho, Prof. Ms.
Luís Gustavo Gosuen Gonçalves Dias e Profa. Tatiana Monici Cabrini, pela
contribuição no procedimento cirúrgico dos animais da tese...
Agradeço também, aos funcionários dos Laboratórios de Anatomia Veterinária da
FCAV/UNESP, Anatomia Veterinária do IBB/UNESP e Histologia do IBB/UNESP pela
sua contribuição no desenvolvimento deste trabalho...
Aos técnicos dos Laboratórios Anatomia Patológica e Ornitopatologia da
FAMED/ACEG, Sr. Marcos Roberto Araújo, e Laboratório de histologia do
IBB/UNESP, Sr. Gelson Rodrigues, por sua contribuição na confecção das lâminas de
histologia deste trabalho...
Aos acadêmicos da FAMED/ACEG, Jessé Ribeiro Rocha, Luana Maria dos
Santos, Marcelo Bocardo, Silvia Cristina Nardy Dotta e Mayara Bérgamo, pela
colaboração no procedimento cirúrgico e histologia do trabalho...
A todos vocês o meu muito obrigado...
SUMÁRIO
Página
ÍNDICE DE TABELAS................................................................................... ii
ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................... iii
RESUMO...................................................................................................... v
SUMMARY.................................................................................................... vi
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 01
2. OBJETIVO................................................................................................ 03
3. REVISÃO DA LITERATURA..................................................................... 04
3.1. Tratamento com plantas medicinais................................................... 04
3.2. História e uso popular da Aloe vera.................................................... 05
3.3. A pele.................................................................................................. 06
3.4. Cicatrização........................................................................................ 08
3.5. O uso da Aloe vera no processo cicatricial de feridas........................ 11
3.6. Biomateriais........................................................................................ 11
3.7. Implantes biológicos............................................................................ 12
3.8. Matrizes de colágeno liofilizadas........................................................ 15
3.9. O uso de matrizes de colágeno liofilizadas na cirurgia...................... 16
4. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................... 18
4.1. Animais, alimentação e instalação...................................................... 18
4.2. Preparação do gel de Aloe vera.......................................................... 18
4.3. Preparação das matrizes de colágeno liofilizadas............................. 18
4.4. Preparação cirúrgica dos animais....................................................... 19
4.5. Grupos Experimentais......................................................................... 19
4.6. Procedimento cirúrgico....................................................................... 20
4.7. Análise Histológica.............................................................................. 21
4.8. Tratamentos........................................................................................ 22
4.9. Análise estatística dos dados............................................................. 22
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 26
6. CONCLUSÃO........................................................................................... 44
7. REFERÊNCIAS......................................................................................... 45
i
ÍNDICE DE TABELAS
Página
Tabela 1. Valores médios das espessuras das matrizes de colágeno
liofilizadas (MCL), em ratos tratados com Aloe vera (AV) e Solução
Fisiológica 0,9% (SF), em função do tempo de implante no tecido
subcutâneo do dorso torácico de ratos
Wistar................................................................................................ 29
ii
ÍNDICE DE FIGURAS
Página
Figura 1. Etapas cirúrgicas de preparo para o implante dos moldes de MCL
nos ratos da variedade Wistar, machos e adultos, durante a
realização do experimento................................................................ 23
Figura 2. Etapas cirúrgicas de implantação da MCL, no tecido subcutâneo do
dorso torácico dos ratos albinos (Wistar), durante os
procedimentos experimentais............................................................ 24
Figura 3. Etapas cirúrgicas de implantação da MCL, no tecido subcutâneo do
dorso torácico dos ratos albinos (Wistar), durante os
procedimentos experimentais............................................................ 25
Figura 4. Representação gráfica comparativa das médias das alturas
(espessuras em m), das matrizes liofilizadas de colágeno (MCL)
em relação ao tempo, nos grupos Aloe vera (AV) e Solução
Fisiológica 0,9% (SF), aos 15, 30 e 45 dias de implante no tecido
subcutâneo do dorso torácico de ratos
Wistar................................................................................................ 29
Figura 5. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo AV 15
dias. H.E. 40X......................................................................... 34
Figura 6. Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo AV 30
dias. Masson. 40X.................................................................. 35
Figura 7. Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo AV 30
dias. H.E. . 40X.................................................................................. 36
Figura 8. Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo AV 45
dias. H.E. 40X.................................................................................... 37
Figura 9. Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo SF 15
dias. H.E. 40X.................................................................................... 38
Figura 10. Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo SF 15
dias. H.E. 40X......................................................................... 39
iii
Figura 11. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo SF 30
dias. H.E. 40X.................................................................................... 40
Figura 12. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo SF 30
dias. H.E 40X..................................................................................... 41
Figura 13. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo SF 45
dias. H.E. 40X......................................................................... 42
Figura 14. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz
liofilizada de colágeno (MCL), correspondendo ao grupo SF 45
dias. H.E. 40X......................................................................... 43
iv
ANÁLISE DA REAÇÃO TECIDUAL ÁS INCLUSÕES SUBCUTÂNEAS DE MATRIZ DE
COLÁGENO LIOFILIZADA NO DORSO DE RATOS WISTAR TRATADOS COM Aloe vera
RESUMO Este trabalho teve por objetivo avaliar a incorporação das matrizes
liofilizadas de colágeno no dorso de ratos, testando principalmente a sua integridade e
capacidade de servir como suporte para a migração de fibroblastos. Implantou-se no
dorso torácico de 60 ratos albinos da variedade Wistar, machos e adultos, uma matriz
de colágeno liofilizada. Os animais foram divididos em dois grupos de 30 animais, e
cada grupo com três subgrupos de 10 animais. O primeiro grupo de animais, grupo AV,
recebeu aplicação tópica de gel de Aloe vera e, no segundo grupo de animais, grupo
SF, foi aplicado de modo similar, solução fisiológica a 0,9%. Os animais (10
ratos/subgrupo) foram submetidos à eutanásia aos 15, 30 e 45 dias de pós-operatório.
A avaliação microscópica demonstrou aos 15 dias de s-cirúrgico, nos dois grupos
estudados, a ocorrência de uma reação inflamatória aguda, seguida de edema linfático
e formação de tecido de granulação. Esse tecido era formado, principalmente, por
leucócitos, que migraram para o local da inflamação. Linfócitos e macrófagos foram
encontrados em maior número, no material tratado com Aloe vera. Aos 30 dias de pós-
implante verificou-se um processo inflamatório moderado, nos dois grupos
experimentais. Observou-se ainda, a presença de infiltrado inflamatório mononuclear
discreto, associado à proliferação de fibroblastos. E aos 45 dias, no grupo AV, as
matrizes encontravam-se menos espessas do que no grupo SF, havendo total
bioincorporação dos moldes implantados. Frente aos resultados obtidos, é possível
concluir que a matriz liofilizada de colágeno, é substituída por tecido local próximo ao
normal e que a aplicação tópica de gel de Aloe vera acelerou o processo de
cicatrização das lesões cirúrgicas e de incorporação das matrizes de colágeno
liofilizadas.
Palavras-Chave: cirurgia experimental, implantes subcutâneos, matriz liofilizada de
colágeno, Aloe vera, ratos.
v
ANALYSIS OF REACTION INCLUSIONS SUBCUTANEOUS TISSUE MATRIX COLLAGEN
LYOPHILISATE THE BACK OF WISTAR RATS TREATED WITH ALOE VERA
SUMMARY For this study aimed to evaluate the incorporation of lyophilized
collagen matrix in the back of rats, mainly by testing their integrity and ability to serve as
support for the migration of fibroblasts. Implanted in the thoracic dorsum of 60 albino
rats of the Wistar variety, males and adults, a lyophilized collagen matrix. The animals
were divided into 2 groups of 30 animals, and each group with 3 subgroups of 10
animals. The first group of animals, the AV group received topical application of Aloe
vera gel and in the second group of animals the SF group was applied similarly saline
0.9%. Animals (10 rats / subgroup) were euthanized at 15, 30 and 45 days
postoperatively. Microscopic evaluation demonstrated 15 days after surgery in both
groups, the occurrence of an acute inflammatory reaction, followed by lymphoedema
and formation of granulation tissue. This tissue was formed mainly by leukocytes, which
migrated to the site of inflammation. Lymphocytes and macrophages were found in
greater numbers, the material treated with Aloe vera. At 30 days post-implantation there
was a moderate inflammatory process in both experimental groups. It was also
observed, the presence of discrete mononuclear inflammatory infiltrate, associated with
the proliferation of fibroblasts. And after 45 days in the AV group, matrixes were thinner
than in the SF group, with total bioincorporation the molds in place. Given our results,
we conclude that the freeze-dried collagen matrix is replaced by local tissue close to
normal and that topical application of Aloe vera gel has accelerated the healing of
surgical wounds and incorporation of freeze-dried collagen matrix.
Key-words: experimental surgery, subcutaneous implants, lyophilized collagen matrix,
Aloe vera, rats.
vi
1. INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade, o homem busca auxiliar o organismo humano e dos
animais domésticos no processo de reparação de lesões causadas por traumatismos,
malformações congênitas e neoplasias (ANDREWS, 1988).
O uso de materiais estranhos ao organismo surge na história de dezenas de
civilizações em placas de argila, esculturas, vasos, pergaminhos e papiros (ROSSA,
2005).
Atualmente, a ciência biológica mostra, cada vez mais, a tendência na utilização
da chamada “engenharia de tecidos” em muitas áreas e tem como meta a reposição de
tecidos ou órgãos danificados por outros verdadeiramente biológicos e funcionais
(NIMNI,1997).
Hoje, um dos grandes desafios da cirurgia é a substituição de tecidos no
organismo por materiais que apresentem as seguintes características: reação
inflamatória mínima no tecido hospedeiro e incorporação tecidual (ANTELL e SMITH,
1991). Deste modo, muitos materiais foram usados para este fim, sendo eles sintéticos
ou biológicos (MARQUES, 1984; ANDREWS, 1988).
Apesar de não se ter encontrado um material que preencha todos estes
requisitos, atualmente existe uma grande variedade de opções de bioimplantes,
associada a um avanço crescente no desenvolvimento e aperfeiçoamento desse tipo de
material. São considerados biomateriais seguros e compatíveis aqueles que, após
serem submetidos a testes biológicos e mecânicos, apresentam resultados nulos e
aceitáveis, sendo que esta referida segurança e efetividade incluem o conhecimento
histopatológico da interface material-tecido e a possibilidade da ocorrência de
inflamação crônica e resposta granulomatosa (HOLMES, 1990; SILVER e MASS,
1994).
Nas últimas décadas, o colágeno vem sendo amplamente utilizado como matéria
prima para a produção de biomateriais nas formas de membranas, esponja, pó, como
agente hemostático e para o revestimento de queimaduras e também como suporte
1
para o crescimento de terminais nervosos periféricos danificados. As matrizes de
colágeno são utilizadas também como suporte para o crescimento celular e géis de
colágeno para reposição de humor vítreo e para a liberação de drogas no organismo
(CHVAPIL, 1980; RAO, 1988; YANNAS, 1988).
2
2- OBJETIVO
Frente às inúmeras aplicações e vantagens apresentadas pela matriz de
colágeno liofilizada, o propósito do presente estudo foi o de analisar as reações
teciduais após o implante cirúrgico de matrizes de colágeno na região subcutânea do
dorso de ratos Wistar e verificar o efeito do gel de Aloe vera na cicatrização da pele e
na bioincorporação dos implantes.
3
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Tratamento com plantas medicinais (Fitoterapia)
O conhecimento sobre as plantas medicinais acompanha a evolução do homem
através dos tempos. Remotas civilizações já haviam percebido ao lado de plantas
comestíveis e de outras, dotadas de maior ou menor toxicidade, que ao serem
utilizadas no tratamento de doenças revelavam embora ainda empiricamente, o seu
potencial curativo (SOARES, 1998).
A história da descoberta e utilização de fármacos originários de plantas remonta
vários séculos, tendo sido descrito por babilônios, egípcios e outras civilizações antigas.
Na China antiga, Sheng-Nung (2838-2698 a.C), importante monarca e considerado pai
da medicina tradicional chinesa, descreveu curativos a base de plantas em seu Pen
Tsan (O Herbário), onde narra a utilização de plantas como a papoula, o cânhamo, o
cinamomo e a mandrágora. Na Grécia antiga, Pedamaos Dioscórides (40 a 90 a.C),
compilou um tratado intitulado Materia medica, que relatava o uso de mais de 600
plantas, muitas das quais não existem mais (LIMA, 1994).
Até o século XIX os recursos terapêuticos constituíam-se exclusivamente de
plantas e extratos medicinais. Durante o século XX inicia-se a tendência do isolamento
de princípios ativos (ALONSO, 1998). Todas estas informações vêm sendo
transmitidas, desde os tempos imemoriais, de geração em geração, pela forma oral e
depois com o aparecimento da escrita passaram a ser compiladas e guardadas como
segredo pelos curandeiros e sacerdotes (CUNHA, 2006).
Apesar dos recentes avanços na produção de rmacos, química sintética e
biotecnologia, os produtos naturais como plantas e minerais continuam sendo a
principal fonte para a obtenção de medicamentos e, muitos deles têm a sua origem na
medicina popular (NOORMOHAMED, 1994).
Destes produtos “fitoterápicos”, ou de extratos de plantas, que estão sendo
testados, alguns ou muitos deles são selecionados por serem benéficos em tratamentos
4
na “Fitomedicina” (ALONSO, 1998). Dentre estes se destacam aqueles utilizados no
processo de cicatrização de feridas, como a papaína e a sacarose (SANCHES NETO et
al., 1993; BRENDA et al., 1995), também o óleo de copaíba (EURIDES et al., 1996;
BRITO et al., 1999); o extrato de barbatimão (MELLO et al., 1995; EURIDES et al.,
1995; MELLO et al., 1999), e os extratos de própolis e de calêndula (LOPEZ et al.,
1989; MASTRANTONIO et al., 2002). Todas estas plantas são fitoterápicas cuja função
cicatrizante de seus extratos líquidos a literatura vem enfatizado (ALONSO, 1998,
PAGNANO, 2005).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem enfatizando a necessidade de se
valorizar a utilização de plantas medicinais, levando em consideração o fato de que
80% da população mundial dependem desta forma de tratamento. Ao lado disso,
destaca-se também, a participação dos países em desenvolvimento nesse processo,
sendo que os mesmos possuem 67% das espécies vegetais medicinais do mundo.
Deste modo, o Brasil por apresentar a maior diversidade vegetal do mundo, uma vasta
área territorial e clima favorável o ano todo, teria todos os itens para transformar o
conhecimento popular associando o mesmo às pesquisas e novas tecnologias em
medicamentos fitoterápicos, garantindo assim, a segurança contra efeitos tóxicos,
contra-indicações e mutagenicidade, possibilitando desta maneira a distribuição
mundial destes produtos (MELLO, 1980; LOPES et al., 1989 ; SOARES, 1998;
ANTONIO, 2005; SANTOS et al., 2006).
3.2. História e uso popular da Aloe vera
Em placas de argila na Mesopotâmia e em papiros no antigo Egito encontram-se
descrições do uso de Aloe vera para cura de infecções, lesões de pele e como laxativo
(SHENTON, 1991). Nefertiti e Cleópatra, rainhas do Egito, incluíam um creme a base
de Aloe vera em seus tratamentos de beleza (SURJUSHE, 2008). Esta planta também
foi utilizada por Hipócrates, na Grécia antiga, e por Alexandre o Grande, imperador
persa, que supria suas legiões com Aloe vera, para o tratamento de soldados feridos
(ATHERTON, 1998; HALLER, 1990; SURJUSHE, 2008).
1
5
A Aloe vera é muito comum nas medicinas chinesa, ayurvedica e árabe. Pelos
chineses era utilizada em queimaduras provocadas pelo frio e como laxante, o gel era
utilizado também como calmante. Pelos hindus era usada como laxativo, anti-
helmíntico, no tratamento de hemorróidas, regulador menstrual e, topicamente, era
utilizada no tratamento de eczema e psoríase (BENSKY, 1993). Pelos árabes, o gel foi
utilizado para resfriar a cabeça, no caso de febre, para tratar conjuntivite, também como
desinfetante e laxativo (GHAZANFAR, 1994).
O nome alloeh é originado do árabe que significa substância amarga e lustrosa e
vera do latim que significa verdadeiro (ATHERTON, 1998).
Segundo Mourelle et al. (1996), a planta Aloe vera, conhecida na medicina
popular como babosa, sendo nativa originalmente do mediterrâneo, pertence à família
Liliaceae, foi reclassificada recentemente pelos botânicos como Asphodelaceae.
A babosa é encontrada tanto na América Central e Caribe, como no
subcontinente da América do Sul. Deste modo, trata-se de uma planta de plantio e
cultivo ceis, sendo ainda de fácil manuseio e também é facilmente encontrado em
nosso meio. Da folha de babosa se extrai o rico extrato “fitoterápico” na forma de gel e
extrai-se ainda uma densa mucilagem, que também compõe as folhas desta planta, e
que apresenta outras aplicabilidades (ALONSO, 1998).
Hoje a Aloe vera é um ingrediente ativo em centenas de loções de pele,
protetores solares e cosméticos. É utilizado também com sucesso nas queimaduras
provocadas pela radioterapia. Mais recentemente o extrato de Aloe vera tem sido
utilizado no tratamento de úlceras de pele, úlceras pépticas e como complemento
alimentar para pacientes com AIDS (GRINDLAIR & REYNOLDS, 1986; DANHOF,
1993).
3.3. A pele
A pele, ou cútis, é a base estrutural do sistema tegumentar, e a sua constituição
tecidual, fundamental, em mamíferos tetrápodes é similar à da cútis humana. Apesar de
ambas serem estruturadas pela epiderme e derme, repousando sobre a tela
subcutânea (hipoderme), ocorre maior abundância de pêlos, formando uma pelagem
6
comum e uniforme, nos animais. Por outro lado, observa-se maior quantidade de
glândulas sudoríparas presentes na cútis humana, em detrimento da ausência de uma
“pelagem” uniforme, sendo estes, mais esparsos e distribuídos em vórtices (ORSI,
1993).
É continua com as membranas mucosas que revestem os seguintes sistemas:
respiratório, digestório e urogenital, nos locais onde os mesmos se abrem no meio
externo (ARNOLD JUNIOR et al, 1994; FRANDSON, 2005).
A pele é dividida em duas camadas, a epiderme e derme, ambas se mantém
unidas entre si firmemente. A primeira camada, a epiderme, é uma porção conjuntiva de
origem ectodérmica composta por três linhagens de células: os queratinócitos, os
melanócitos e as células de Langerhans (MOORE & PERSAUD, 2000; JUNQUEIRA e
CARNEIRO. 2004).
A epiderme organiza-se em camadas, à medida que as mais superficiais são
eliminadas, as camadas mais profundas são restauradas pelo processo de mitose
celular. Apresenta cinco camadas: germinativa, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea.
A camada germinativa é a mais profunda e faz limite com a derme. Ela é rica em células
tronco, apresenta intensa atividade mitótica e é formada por células prismáticas ou
cubóides. A camada espinhosa apresenta filamentos de queratina e desmossomos, que
apresentam papel importante na manutenção da coesão entre as células da epiderme e
na resistência ao atrito sendo formadas por células cubóides ou ligeiramente
achatadas. A camada granulosa apresenta células que estão carregadas de grânulos
de querato-hialina, o material lipídico produzido por estas células contribui para formar
uma barreira contra a penetração de substâncias e impermeável a água, impedindo a
desidratação do organismo. Na camada lúcida, os núcleos e as organelas das células
desta camada foram digeridos por enzimas dos lisossomos, é composta por uma
delgada camada de células achatadas. A camada córnea apresenta espessura variável
e é constituída por células mortas, achatadas e sem núcleo. O citoplasma dessas
células apresenta-se repleto de queratina (BANKS, 1992; JUNQUEIRA e CARNEIRO,
2004; FRANDSON, 2005).
7
A derme é uma camada espessa de tecido conjuntivo de origem mesodérmica,
que se estende da epiderme até o tecido subcutâneo. Nesta camada localizam-se os
anexos da pele, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos (ARNOLD et. al., 1994).
Esta camada pode ser dividida em camada papilar e camada reticular. A camada
papilar é constituída principalmente de tecido conjuntivo frouxo que forma as papilas
dérmicas. A camada reticular é mais espessa e constituída por tecido conjuntivo denso.
A derme contém muitos tipos diferentes de células incluindo fibroblastos, fibrócitos,
macrófagos, neutrófilos, eosinófilos e linfócitos. Fornece também uma base firme para a
epiderme e para os anexos cutâneos. Possui fibras colágenas que proporcionam
resistência a tensão e fibras elásticas que lhe conferem flexibilidade (BANKS, 1992;
JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004).
A hipoderme ou tecido celular subcutâneo, o faz parte da pele e é composta
por tecido conjuntivo frouxo, que se une de maneira pouco firme aos órgãos
subjacentes. É a região responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas nas
quais se apóia, modela o corpo, funciona como isolante térmico e reservatório de
energia (BANKS, 1992; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; FRANDSON, 2005).
A pele recobre toda a superfície do o corpo, constituindo-se como seu maior
órgão, atingindo aproximadamente 16% do peso corporal. A pele também apresenta
inúmeras funções como: protege o organismo contra perda e água e o atrito; através de
suas terminações nervosas sensitivas recebe informações sobre o ambiente e as envia
para o sistema nervoso central; por meio dos vasos sanguíneos, glândulas e tecido
adiposo colabora na termorregulação do corpo; as glândulas sudoríparas participam na
excreção de várias substâncias; a melanina um pigmento produzido e acumulado na
pele, tem função protetora contra os raios ultravioleta e sintetiza a vitamina D, pela ação
da radiação solar, em precursores produzidos pelo próprio organismo (JUNQUEIRA e
CARNEIRO, 2004; FRANDSON, 2005).
3.4. Cicatrização
A cicatrização de feridas é um processo fisiológico que se inicia com uma
resposta inflamatória que se caracteriza pelo aumento do fluxo sanguíneo,
permeabilidade capilar e migração de leucócitos para o local lesado (MODOLIN e
BEVILAQUA, 1985).
Esse processo de reparação ocorre com reposição do tecido original. O trauma
inicial gera uma resposta inflamatória aguda, que se manifesta pela formação de edema
e de exsudado seroso. As células epidérmicas das margens da ferida e das
invaginações epidérmicas dos folículos pilosos e glândulas sudoríparas e sebáceas
começam a proliferar e migrar para o leito da ferida, ocluindo a sua superfície
(ANDRADE et al., 1992; ABLA e ISHISUKA, 1995).
Como a pele delimita o espaço ocupado pelo organismo, ela se constitui na
primeira barreira de proteção do corpo. Deste modo, ela estará sujeita às agressões ou
injúrias constantes partindo, principalmente, do meio externo. Portanto, a reparação
tecidual da pele é de importância vital para a sobrevivência do organismo (COCKBILL e
TURNER, 1995).
Alguns autores consideram três estágios no processo de reparação tecidual: um
estágio inflamatório, um de proliferação e finalmente um estágio de remodelação.
FAZIO et al. (2000), classificam-na de uma forma mais complexa, dividindo em cinco
fases
1. Coagulação: o inicio imediato após o surgimento da ferida. Esta fase depende
principalmente da atividade plaquetária e da cascata de coagulação. São
liberadas substâncias vasoativas, proteínas adesivas, fatores de crescimento, e
proteases (TERKELTAUB e GINSBERG, 1998).
2. Inflamação: intimamente ligada à fase anterior, esta fase depende além de
muitos mediadores químicos, das células infamatórias, como leucócitos
polimorfonucleares, macrófagos e linfócitos (DIEGELMANN et al. 1981).
3. Proliferação: é responsável pelo fechamento da lesão propriamente dita, ela é
dividida em três subfases: a primeira é a reepitelização. Nesta fase, fatores de
crescimento são provavelmente os responsáveis pelos aumentos das mitoses e
hiperplasia do epitélio. A segunda fase inclui a fibroplasia e a formação da matriz,
fundamental na formação de tecido de granulação (coleção de elementos
celulares: fibroblastos, células inflamatórias e componentes neovasculares; e da
matriz como: fibronectina, glicosaminoglicanas e proteases. A terceira fase é a
9
angiogênese, essencial para o suprimento de oxigênio e nutrientes para a
cicatrização (ABLA e ISHISUKA, 1995).
4. Contração da ferida: é o movimento centrípeto das bordas da ferida (STEGMAN
et al., 1982).
5. Remodelação: esta é a última das fases, ocorre no colágeno e na matriz durando
meses. É responsável pelo aumento da força de tensão e pela diminuição da
cicatriz e do eritema. A neovasculatura diminui e tardiamente a cicatriz é
considerada avascular (DOILLON et al., 1985).
Apesar de a reparação tecidual ser um processo sistêmico, é necessário
favorecer as condições locais através de terapia tópica adequada para viabilizar o
processo fisiológico através dos seguintes princípios: remover tecidos necróticos e
corpos estranhos do leito da ferida, identificar e eliminar processos infecciosos, obliterar
espaços mortos, absorver o excesso de exsudato, manter o leito da ferida úmido,
promover o isolamento térmico e proteger a ferida de traumas e invasão bacteriana
(DOUGHTY, 1992; DEALEY, 1996; YAMADA, 1999).
Para a reparação tecidual, podem-se utilizar dois grandes grupos de produtos: os
agentes tópicos são aqueles aplicados diretamente sobre a ferida ou destinados à
limpeza ou proteção da área lesada; e os curativos, também chamados de cobertura,
são utilizados para recobrir uma ferida com o objetivo de favorecer o processo de
cicatrização e protegê-la contra agressões externas, mantendo-a úmida e preservando
a integridade da região periférica (DEALEY, 1996).
Vários fatores podem interferir ao longo deste complexo processo de reparação
tecidual, eles podem ser de ordem geral como: a idade, o estado nutricional, alterações
cardiocirculatórias e de coagulação, aterosclerose, disfunção renal, diabetes, quadros
infecciosos e o uso de drogas sistêmicas. Os de ordem local incluem: formação de
hematomas, infecção, reação de corpo estranho, uso de drogas picas e
ressecamento durante a cicatrização (MANDELBAUM, 2003).
10
3.5. O uso da Aloe vera no processo cicatricial de feridas
Deve-se considerar que o extrato de Aloe, com destaque ao gel de Aloe vera
(MOTHYKIE et al., 2004), apresenta propriedades farmacológicas que se caracterizam
pela sua grande capacidade de penetrar nos tecidos lesados, exercendo função
cicatrizante, anestésico e anti-inflamatório, previamente comprovados em seres
humanos (DAVIS et al., 1986; DAVIS et al., 1988; DAVIS et al., 1989; FUJITA et al.,
1996; MOTYKIE et al., 2004; PAGNANO, 2005).
Os produtos que mostraram capacidade antiinflamatória no gel de Aloe são
esteróides de ação tópica; eucosanóides e terpenóides, os quais abrandam o processo
inflamatório; giberelina e auxina, dois fitohormônios, que estimulam a produção de
anticorpos in loco”, e vários íons inorgânicos que atuam como oligoelementos
essenciais no processo de cicatrização (MOTYKIE et al., 2004).
3.6. Biomateriais
Um dos grandes desafios atuais da cirurgia moderna tem sido a substituição de
tecidos do organismo, inclusive em áreas de lesão cutânea, isso, por meio do uso de
implantes, ou de inclusões, de materiais sintéticos; de produtos artificiais ou de
“biomateriais” (FREDEL e BARRA, 2004).
Um biomaterial configura-se em um produto que possa ser utilizado no todo ou
numa parte de um segmento orgânico, a qual foi previamente lesada, ou sofreu um
trauma, ou mesmo teve injúria grave (BORETOS e EDÉN, 1984).
Espera-se que esses produtos desenvolvam reação inflamatória mínima quando
implantados, cirurgicamente num tecido hospedeiro determinado, o qual se que reparar
(ANTEL & SMITH, 1991).
Mas por outro lado, a efetividade de materiais utilizados como implantes
biológicos, visando reparos cirúrgicos, necessariamente dependem da interface do
material implantado com o tecido (FREDEL e BARRA, 2004).
11
Na busca pelo desenvolvimento destes “substitutos biológicos”, para reparar,
manter ou melhorar a função de diversos tecidos, um novo campo interdisciplinar tem
emergido com intenso vigor, a “engenharia de tecidos” (NIMNI, 1997).
Este novo campo da medicina visa à substituição no caso de perdas de
estruturas anatômicas nos defeitos congênitos, seqüelas de trauma ou cirurgia
oncológica (ANDREWS, 1988).
Entretanto, grande esforço ainda se faz para que esse biomaterial desenvolva
uma mínima reação inflamatória no hospedeiro (ANTELL e SMITH, 1991).
A segurança e efetividade dos materiais incluem o conhecimento histopatológico
da relação implante-tecido, e a possibilidade de ocorrer inflamação crônica e resposta
granulomatosa, a partir de estudos experimentais, visando-se obter uma menor reação
possível no hospedeiro, bem como a restauração dos tecidos (ANTELL e SMITH, 1991;
SILVER e MASS, 1994).
3.7. Implantes biológicos
A técnica de implantes de materiais de diversas naturezas, em seres vivos, tem
sido uma prática necessária, e relativamente freqüente, no caso de perdas de
estruturas anatômicas decorrentes de defeitos congênitos; seqüelas de trauma, ou de
injúria grave, e também em conseqüência da realização de cirurgias de reparo em
Oncologia e em Cirurgias de Traumas (ANDREWS, 1988; HADDAD FILHO et al.,
2004).
As duas novas especialidades vêem se desenvolvendo com sucesso, criando e
inovando importantes biomateriais, cuja compatibilidade tecidual e orgânica destes
produtos tem representado ganhos e avanços na técnica cirúrgica, dentro das Ciências
Médicas. Assim, a Física Médica é uma área, relativamente recente do saber humano,
com implicações diretas com a Cirurgia Experimental. Esse desdobramento, antes
citado, foi muito importante por ter lançado os alicerces, de base, e o ulterior
desenvolvimento da Engenharia Biomédica. Essa vem desenvolvendo, com sucesso,
importantes materiais biocompatíveis ou biomateriais visando a utilização destes
12
materiais, ou produtos histocompatíveis, em Medicina Humana e em Medicina
Veterinária (FREDEL e BARRA, 2004),
Segundo Boretos e Eden (1984), o conceito de biomaterial refere-se a qualquer
nova substância desenvolvida, exceto as drogas medicamentosas, ou se reporta, ainda,
à elaboração de uma combinação estável de substâncias, com origem sintética ou
natural. Estas devem poder ser usadas, durante qualquer período de tempo, em parte,
ou no todo, sobre uma parte de um sistema orgânico, ou em uma parte de um
segmento orgânico, lesado ou sob injúria, aos quais se trata ou se repara
cirurgicamente.
Um biomaterial, além do que foi considerado, configura-se em um “produto” que
possa substituir qualquer tecido, órgão, ou até mesmo beneficiar a recuperação e o re-
equilíbrio de uma função orgânica determinada, antes prejudicada e mostrando
seqüelas na parte somática do corpo. Eles podem ser originários de processos de
tratamentos químicos e físicos de materiais, inclusive aqueles de natureza biológica
(FRANKE, 2003). Ele também pode ter origem sintética, representando às vezes, um
produto elaborado a partir de uma combinação estável de substâncias. O implante de
materiais sintéticos, contudo, continua sendo um desafio a ser empregado no reparo de
cirurgias estéticas, embora o uso de moldes de silicone tivesse, até hoje, obtido um
relativo sucesso na cirurgia mamária (BORETOS e EDÉN, 1984).
“Biocompatibilidade”, segundo Williams (1987), refere-se à habilidade,
desempenho adequado ou favorável, que ocorre entre um material produzido para
implante cirúrgico, ou para inclusão biológica, e os tecidos circunjascentes, bem como a
obtenção de uma resposta orgânica apropriada do hospedeiro, em termos da aplicação
específica daquele material (FRANKE, 2003).
Com a finalidade de realizar implantes ou inclusões, para reparo cirúrgico, muitos
materiais foram utilizados, sendo tanto “produtos” sintéticos como materiais de natureza
biológica (MARQUES, 1984).
No Reino Unido, em 1937, iniciou-se a utilização de resinas sintéticas, tais como
o polietileno e o metacrilato de metila, com objetivos de bioimplantação cirúrgica. Desde
então, outros materiais foram desenvolvidos, tais como o silicone, o
“politetrafluoretileno”, o polietileno poroso e a poliamida, podendo ser veiculados em
13
solução salina ou na forma de gel (MARQUES et al., 1989; HADDAD FILHO et al.,
2004).
Scales (1953) definiu as características de um implante sintético ideal, as quais
englobariam cerca de nove parâmetros, conforme segue: 1) não causar modificação
física no tecido ou órgão hospedeiro; 2) ser quimicamente inerte; 3) não ser um material
carcinogênico; 4) não causar reação alérgica, ou reação de corpo estranho; 5) ter a
comprovada capacidade de resistência a forças mecânicas, tais como a tração e a
tensão físicas a que se possa submeter a área do implante; 6) poder ser fabricado na
forma, ou na conformação, desejadas (e, se possível, em escala compatível com a
demanda); 7) poder ser submetido à esterilização; 8) existir, ou estar disponível, em
diferentes tamanhos e formatos, e, 9) não necessitar de reparo, após ser realizado o
implante (SCALES, 1953; HADDAD FILHO et al., 2004).
Em relação ao emprego de materiais sintéticos, foi sugerido, para a sua
utilização cirúrgica, que reproduzissem, de forma ideal, repostas inflamatórias agudas
mínimas e que ocorresse uma incorporação tecidual “perfeita”, ou adequada, a cujo
conjunto pudesse se denominar de biocompatibilidade (NELL, 1983).
Materiais “biocompatíveis” e seguros, foram considerados aqueles que, ao serem
submetidos a testes biológicos e mecânicos, não mostraram resultados de reatividade
histopatológica, ou mostraram apenas uma reatividade inflamatória discreta, em termos
de bioincorporação e de histocompatibilidade (HOLMES, 1990; HADDAD FILHO et al.,
2004).
Concernente ao implante de substitutos biológicos de procedência animal, muita
importância tem sido dada ao pericárdio bovino. Esse foi utilizado principalmente na
cirurgia cardiovascular, em conseqüência de sua alta resistência e da fácil aquisição
deste material (BARTEK et al., 1974 e HADDAD FILHO et al., 2004).
Outras membranas biológicas m sido utilizadas experimentalmente ou na
prática médica, tais como: o centro tendinoso do diafragma de cão, objetivando a
reparação de defeitos musculares em ratos Wistar (BRUN et al., 2004); as membranas
da camada cortical óssea, “não mineral” e liofilizada de bovino, para implante
subcutâneo em ratos (YAMATOGI et al., 2005); a cartilagem auricular conservada em
glicerina a 98% (HADDAD FILHO et al. 2004); e as matrizes de colágeno, previamente
14
preparadas em soluções alcalinas, usadas essas, por exemplo, no reparo cirúrgico da
parede abdominal de eqüinos (VULCANI et al., 2008a).
3.8. Matrizes de Colágeno Liofilizadas
O colágeno é uma proteína fibrosa presente na pele, tendões, ossos, dentes,
vasos sanguíneos, intestinos e cartilagem, correspondendo a 30% da proteína total e a
6% em peso do corpo humano (TONHI e PLEPIS, 2002).
No processo de reparação tecidual, o colágeno é de fundamental importância,
sua produção pelos fibroblastos tem início entre o quarto e o quinto dia após a injúria,
resultando em um significativo ganho de resistência da ferida. Desde modo, qualquer
sustância com potencial para melhorar este processo auxiliará efetivamente o processo
de cicatrização (SAGE, 1982; TEVES, 2001). São produzidos no local da lesão
colágenos tipo I e tipo III, todavia o tipo III é o principal sintetizado no leito da ferida. A
quantidade de colágeno aumenta com o tempo e após duas semanas suas fibras
predominam na matriz celular (CARDOSO, 2003).
Esses biomateriais vêm sendo utilizados como matéria prima na medicina,
odontologia e farmacologia, pois se trata de um material biocompatível, atóxico e
biodegradável, além de inúmeras propriedades biológicas (BIAGINI, 1991;
MUZZARELLI, 1994; CHAMBERLAIN, 1998). Ele pode se apresentar nas mais variadas
formas: membranas, esponja, pó, como agente hemostático e materiais para
revestimento de queimaduras e outras lesões, e ainda como suporte para o
crescimento de terminais nervosos periféricos danificados (YANNAS, 1980).
De um modo geral, o colágeno é utilizado na sua forma original ou reconstituído,
associado principalmente a reações de reticulação com a finalidade de aumentar a
biocompatibilidade e propriedades mecânicas. Somente em alguns casos tem sido
quimicamente modificado por esterilação, acilação ou desaminação (GRIMM et al.,
1992; SHENOY e ROSEMBLATT, 1995).
Recentemente, materiais colagênicos têm sido obtidos de várias espécies de
animais, o que requer diferentes cnicas de conservação para preservar a sua
viabilidade e diminuir a sua antigenicidade. Esta preservação tem sido feita por
15
congelamento ou agentes químicos como soluções mercuriais, ácido acético glacial,
ácido peracético e glicerina (VULCANI et al., 2008b).
A preservação das matrizes de colágeno liofilizadas não pressupõe a
manutenção da viabilidade celular, sendo que a eficiência da cirurgia reparadora
geralmente está associada à reação biológica de reparação e não à sobrevida dos
elementos celulares presentes no implante, uma vez que o implante funciona como um
arcabouço ou suporte temporário à migração dos fibroblastos (PRISTA, 1990). Para
isso são necessários: meios de preservação que sejam de fácil obtenção, que impeçam
a decomposição e o crescimento de microorganismos, aumentem a resistência e atuem
por um período necessário à condição a que estão sendo expostos (ALVARENGA,
1992).
Em seu trabalho, Vulcani et al. (2008), afirma que a composição química de uma
membrana biodegradável determinará não somente a longevidade, mas também a
resposta inflamatória e imune.
Segundo Vert et al. (1992), o termo “membranas biodegradáveis” é utilizado para
polímeros ou dispositivos sólidos que devido a degradação das macromoléculas sofrem
dispersão in vivo, mas sem que ocorra a eliminação dos produtos e subprodutos pelo
organismo. Essas membranas podem sofrer ação de elementos biológicos de forma
que a sua integridade possa ser afetada, formando fragmentos que poderão ser
removidos do seu local de ação, mas não necessariamente do organismo.
Portanto, quando a estrutura biológica de um órgão ou tecido não pode ser
reparada, a melhor alternativa para o restabelecimento das funções normais de um
organismo é a substituição deste tecido lesado por um implante de um biomaterial,
como por exemplo, a matriz de colágeno liofilizada (TONHI e PLEPIS, 2002; BARBANTI
e ZAVAGLIA, 2005).
3.9. O uso de matrizes de colágeno liofilizadas na cirurgia
Quanto à utilização de matriz de colágeno liofilizada (MCL) VULCANI et
al.(2008b) descreveram que o no reparo cirúrgico da parede abdominal de eqüinos,
após cirurgia, foi feita, com sucesso, a partir do emprego do tecido conjuntivo denso (ou
16
tecido colágeno), presente em centros tendinosos do diafragma de animais, sendo
previamente submetidos a soluções alcalinas por diferentes períodos de tempo.
O biomaterial obtido é, genericamente, denominado de “matriz de colágeno
liofilizada(MCL), e houve a submissão, prévia, do tecido colágeno a diferentes testes
físico-químicos para, a seguir, ser usado como implante cirúrgico. As amostras,
aparentemente ideais, para os implantes foram àquelas tratadas em meio alcalino,
durante 72 horas e, a seguir, liofilizadas. Como implantes eficazes, utilizaram-se
amostras de MCL submetidas a uma solução aquosa de glicerina a 98%. A aplicação
de membranas biológicas (BRUN et al., 2004; YAMATOGI et al., 2005), como, por
exemplo, o uso de um “fragmento” adequado de MCL na parede abdominal de eqüinos
(VULCANI et al., 2008a), tem sido útil no reparo cirúrgico, constituindo-se num achado
valioso, e, aparentemente inquestionável, para uso em técnica cirúrgica.
17
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Animais, alimentação e instalações
Foram utilizados 60 ratos (Rattus norvegicus albinus), da variedade Wistar,
machos e adultos, com pesos corpóreos variando entre 320 e 400 gramas. Os roedores
foram agrupados em dois grupos experimentais de 30 ratos em cada grupo, e cada
grupo em 3 subgrupos de 10 animais, em função dos períodos de observação s-
operatória, fixou-se os períodos de tempos após as cirurgias em 15, 30 e 45 dias
respectivamente.
Nas fases que precederam as cirurgias experimentais, bem como durante o
período pós-operatório, que precedeu a eutanásia para observações e coletas de
tecidos com o implante de MCL, os ratos foram mantidos em cativeiro, isolados entre si,
em ambiente adequado (Salas de Biotérios da FAMED\ACEG e do IBB/UNESP),
procedendo-se administração de alimentação e água ad libitum.
4.2. Preparação do gel de Aloe vera
As amostras de Aloe vera foram coletadas no banco de plantas medicinais do
campo experimental Rosa Dourada, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
de Garça FAMED\ACEG, localizada no município de Garça, estado de São Paulo. A
preparação do Aloe vera foi obtida a partir de um corte transversal da folha da planta e
em seguida extraindo-se da porção central um produto in natura em forma de gel
(SEMENOFF SEGUNDO, 2007).
4.3. Preparação das matrizes de colágeno liofilizadas
As matrizes de colágeno foram preparadas no Departamento de Química e
Física Molecular, Grupo de Bioquímica e Biomateriais, Instituto de Química de São
Carlos UFSCAR, a partir de centros tendinosos diafragmáticos de eqüinos (que
18
vieram a óbito ou foram eutanasiados, exceto aqueles com doenças
infectocontagiosas), oriundos da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de
Jaboticabal FCAV/UNESP.
Os centros tendinosos diafragmáticos foram lavados em solução fisiológica a
0,9%, permanecendo imersos por 4 horas. Após este período, o material foi submetido
a congelamento, sob a temperatura de 15º C por 12 horas e -15º C por mais 12 horas.
Em seguida as amostras foram pesadas e submetidas ao processo de liofilização. A
cada 12 horas elas eram novamente pesadas, até que não houvesse mais diminuição
da massa, indicando desta forma a remoção da água presente no material.
Posteriormente as amostras foram esterilizadas em óxido de etileno e acondicionadas
em embalagens de papel estéril de grau cirúrgico (VULCANI, 2008b).
4.4. Preparação cirúrgica dos animais
Como procedimento inicial, os roedores foram acondicionados em recipientes
apropriados, contendo chumaços de algodão embebidos com éter, e, em seguida,
anestesiados através de anestesia inalatória.
A assepsia da região do dorso torácico, escolhida como local para os implantes,
foi realizada com álcool iodado e procedeu-se também uma cuidadosa tricotomia
regional. Em seqüência, foi realizada uma incisão longitudinal mediana do dorso
torácico, imediatamente, abaixo da borda caudal das duas escápulas, com posterior
divulsão dos tecidos moles subjacentes, e identificação da musculatura epaxial dorsal
superficial, sendo essa musculatura o parâmetro adotado para se avaliar a
profundidade da incisão cirúrgica.
4.5. Grupos experimentais
O primeiro grupo experimental de ratos, (grupo AV), recebeu o implante de MCL
e aplicação, na região operada de gel de Aloe vera in natura. Esse foi aplicado de forma
tópica sobre a área cirúrgica, desde o pós-operatório a o evolver do processo
cicatrizante e reparatório das cirurgias. Decorridos os períodos de 15, 30 e 45 dias de
19
pós-operatório, os animais de cada subgrupo de roedores (10 animais em cada
subgrupo) foram, respectivamente, eutanasiados, visando coletas de materiais
biológicos da região abordada para estudos histológicos.
O segundo grupo experimental de ratos (grupo SF), considerado grupo controle,
recebeu também o implante e foi aplicada na região operada, solução fisiológica a
0,9%, sendo realizada diariamente desde o início da etapa de cicatrização, até a
eutanásia dos roedores. Os procedimentos cirúrgicos para o implante das matrizes e
sutura da pele foram semelhantes ao grupo AV.
4.6. Procedimento cirúrgico
A metodologia cirúrgica utilizada, de modo geral, nos grupos experimentais para
o implante de molde de matriz de colágeno liofilizada (MCL), constou das etapas de
pré-operatório, trans-operatório (transcurso da cirurgia) e pós-operatório.
Na etapa de pré-operatório os roedores sofreram uma extensa e cuidadosa
tricotomia do dorso torácico e de modo, aproximadamente concomitante, eram pré-
anestesiados por inalação controlada de éter etílico, aplicado através de um inalador
cujo bocal cobria toda a parte rostral do focinho (Figura 1a).
Logo após ligeira sedação, procedeu-se a indução e manutenção anestésica, em
aparelho de anestesia inalatória
1
. Utilizou-se anestésico halogenado (halotano), diluído
em oxigênio, administrado por meio de máscara, em circuito de Brin. A concentração
dos gases no procedimento cirúrgico era suficiente para manter o paciente no segundo
plano do estágio III de Guedel.
A seguir os animais foram colocados numa câmara de inalação (Figura 1b), para
completar esta fase pré-anestésica. O parâmetro utilizado, neste caso, para se avaliar o
grau de sedação anestésica correspondeu à coloração do espelho nasolabial e das
extremidades dos dígitos, relativamente ao grau de cianose observada.
Em seqüência, os ratos pré-anestesiados foram conduzidos ao campo cirúrgico,
em ambiente asséptico, e receberam uma solução dorsal de álcool iodado (anti-séptico
tópico), aplicado na região tricotomizada (Figura 1c).
____________________
1
Oxigel Materiais Hospitalares Indústria e Com. Ltda, modelo O600, São Paulo.
20
Precedendo o período trans-operatório, e, concomitantemente, os ratos foram
submetidos ao inalador de halotano fixado à região cefálica (Figura 1d), visando obter
eficiência plena da anestesia.
Durante estes procedimentos, os moldes de MCL eram hidratados com solução
fisiológica (Figura 2a e 2b), objetivando-se, logo a seguir, sua implantação.
Após a seleção e isolamento da área cirúrgica (Figura 2c e 2d), procedeu-se uma
secção transversal, interescapular, na pele do dorso torácico (Figura 2e e 2f), e,
“divulsão” dos tecidos cutâneo e subcutâneo, tendo como limite de profundidade da
secção, a musculatura “epaxial” dorsal. Fez-se a implantação de cada molde de MCL
(Figura 3a e 3b), o qual foi alojado na profundidade da tela subcutânea (Figura 3c e 3d).
Imediatamente a seguir, se procedeu à sutura da pele com fio de náilon 3-0
(Figura 3e e 3f), utilizando-se pontos simples e separados, assim sendo concluída a
etapa trans-cirúrgica.
4.7. Análise Histológica
Fragmentos de tecidos do dorso torácico dos ratos após a incorporação das
matrizes liofilizadas de colágeno foram coletados e fixados, em solução de Bouin para
estudos de microscopia de luz (MO). Decorridos os tempos de fixação histológica, os
tecidos foram conduzidos para a rotina habitual de MO, com obtenção de fragmentos
histológicos incluídos em paraplast. Posteriormente, foram obtidos cortes histológicos
de 5 a 7 m de espessura, que foram corados com HE e tricrômicos de Masson
segundo a técnica de Behmer et al. (2003). Os cortes foram analisados e
documentados em microscópico óptico de pesquisa
2
. Foi utilizado também um
equipamento de multi-análises, sendo composto por um microscópio fotográfico
Axiophot
3
e um sistema de análise de imagens Zeiss KS-300
4.
No sistema KS-300, foi realizada, também, a análise histomorfométrica da
espessura das matrizes liofilizadas de colágeno em relação ao tempo nos grupos de
Aloe vera e solução fisiológica 0,9% aos 15, 30 e 45 dias de implante no tecido
subcutâneo do dorso torácico de ratos Wistar.
____________________
2
Olympus Inc. BH-2, Japão.
3
Axiophot, Carl Zeiss, Oberkochen, Alemanha.
4
Carl Zeiss, KS 300, Oberkochen, Alemanha.
21
4.8. Tratamentos
Os passos tomados a seguir foram: o aguardo do rmino do período anestésico,
condução dos roedores às caixas de criatório e a aplicação tópica no primeiro grupo
experimental de gel de Aloe vera e no segundo grupo de solução fisiológica a 0,9%. Os
ratos passaram então a receber visitas diárias, sete vezes por semana, uma vez ao dia
e sempre no mesmo horário. As aplicações eram realizadas com animais em estado de
alerta, sendo os mesmos contidos manualmente enquanto o auxiliar realizava a
aplicação, da mesma forma como foi realizado nos trabalhos de Pagnano (2005) e
Semenoff-Segundo (2007). O gel de Aloe vera in natura foi aplicado sobre as suturas
cutâneas com o auxílio de uma espátula plástica descartável, enquanto que a solução
fisiológica foi aplicada com o uso de um conta gotas, preenchendo toda a superfície da
sutura. O tratamento foi mantido até o término do experimento aos 45 dias.
4.9. Análise estatística dos dados
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância utilizando-se o
programa estatístico Statistical Analysis of Sistems SAS” (2002) e as médias
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
22
Figura 1. a, b, c, d, e, f: Mostram as etapas cirúrgicas de preparo para o implante dos moldes de MCL nos ratos
da variedade Wistar, machos e adultos, durante a realização do experimento. Em a e b, a fase indução
anestésica; em c, a anestesia inalatória e em d, a demonstração do local para o implante das matrizes.
a
s
d
s
c
s
b
s
23
Figura 2. a, b, c, d, e, f: Mostram as etapas cirúrgicas de implantação dos moldes de MCL no tecido
subcutâneo do dorso torácico dos ratos durante os procedimentos experimentais. Em a e b, é
realizada a hidratação dos moldes; em c e d, o preparo do campo cirúrgico e em e e f a demonstram
o início da implantação das matrizes.
a
b
d
c
e
e
s
f
s
24
Figura 3. a, b, c, d: Mostram as etapas cirúrgicas de implantação dos moldes de MCL no tecido subcutâneo do
dorso torácico dos ratos durante os procedimentos experimentais. Em a e b, é realizada a hidratação
dos moldes; em c e d, o preparo do campo cirúrgico e em e e f a demonstram o início da implantação
das matrizes.
a
b
c
d
e
e
s
f
s
25
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A evolução da cicatrização ao nível macroscópico foi considerada clinicamente
normal. Observou-se, nos quinze primeiros dias a formação de tecido de granulação, e
não foi evidenciada a formação de abscessos.
Ao nível histológico nos ratos dos dois grupos experimentais não foram
observados alterações marcantes nos tecidos cortados (pele e hipoderme), a não ser
aos 15 dias de idade em que se caracterizaram os eventos típicos de um processo
inflamatório agudo asséptico, e decorrente das lesões cirúrgicas. Aos 45 dias após a
cirurgia os cortes se apresentavam totalmente cicatrizados.
No grupo de ratos Aloe vera, tratados com gel de extrato líquido de Aloe vera
(15 dias), os resultados foram, em linhas gerais, similares ao grupo SF, no mesmo
período. Todavia a bioincorporação dos moldes a partir dos 30 dias, acontece de forma
mais intensa que no grupo AV, apresentando cápsulas mais delgadas, maior número
relativo de fibroblastos e fibrócitos que invadiam a matriz. Aos 45 dias, no grupo AV, os
moldes apareceram menos espessos do que no grupo solução fisiológica 0,9% (SF), de
45 dias, havendo total bioincorporação dos moldes implantados (Figura 4).
No grupo experimental de ratos, com emprego de gel de Aloe vera, aos 15 dias
de pós-implante, aparentemente, houve aumento dos moldes de MCL (Figura 5), pelo
menos, na dimensão microscópica, da região tecidual bioincorporada. Tal aumento não
foi acompanhado de alterações macroscópicas à vista desarmada.
Nas observações realizadas em microscopia de luz (ML), feitas sobre os
implantes de moldes de matriz de colágeno liofilizado (MCL), no grupo AV, após 15 dias
de pós-operatório, notou-se processo inflamatório agudo e grande evidencia do molde
implantado, que apresentava áreas com infiltrado de células mononucleares (Figuras 6
e 7). A parte periférica dos moldes mostrava-se com maior eosinofilia retratando,
efetivamente, maior resposta biocompatibilizante, assim como uma marcante ocorrência
de neovasculatura. (Figuras 6 e 7).
Aos trinta dias, no grupo implantado com molde de MCL e tratado com gel de
Aloe vera (AV), verificou-se processo inflamatório moderado. Histologicamente, com o
26
emprego de maiores aumentos, notou-se ainda presença de infiltrado inflamatório
mononuclear discreto, associado à proliferação de fibroblastos (Figuras 6 e 7).
Ocorrência de neovasculatura e de início da maturação do tecido conjuntivo
fibroso foi observada in loco no grupo AV com 30 dias. Ademais, resquícios do
biomolde apareciam, de forma evidente, sendo mais biocompatibizados do que no
grupo de solução fisiológica 0,9% aos 30 dias de pós-operatório (Figuras 6 e 7; e
Tabela1).
No grupo AV, após 45 dias de implante, o molde de MCL se apresentava
reduzido e circundado por tecido conjuntivo, ocorrendo ainda uma apreciável
quantidade de tecido adiposo de natureza hipodérmica (Figura 8).
No grupo dos ratos tratados com solução fisiológica 0,9%, verificaram-se as
etapas do processo inflamatório agudo (15 dias), formação de tecido de granulação,
linfedema e aporte de leucócitos (30 dias) e persistência dos eventos inflamatórios,
porém mais brandos, com aparente incorporação dos moldes de MCL (45 dias pós-
cirúrgico) (Figura 4).
Os resultados obtidos no grupo (SF), exceto aos 15 dias de pós-operatório,
mostraram valores médios mais discretos quanto à espessura dos moldes implantados.
Logo a consistência dos moldes de MCL foi menos alterada, ou talvez, os moldes foram
menos biocompatibilizados, relativamente aos resultados visualizados no grupo Aloe
vera (Figuras 9 e 10).
As áreas circundantes dos moldes implantados, no grupo com SF aos 15 dias de
pós-operatório, mostraram as características marcantes de um processo inflamatório,
caracterizando-se algumas células inflamatórias mononucleares (linfócitos), com
moderada quantidade de fibras colágenas e também ocorreram fibroblastos, não muito
abundantes (Figuras 9 e 10).
No grupo SF, aos 15 dias de pós-operatório, os blocos de MCL estavam
incorporados no tecido subcutâneo dorsal dos ratos. Estes moldes mostravam-se bem
evidentes e bastante contrastados, em sua maior extensão, verificando-se a presença
dos tecidos dérmicos e hipodérmicos adjacentes Numa determinada extensão, por
outro lado, a parte dos moldes predominantemente voltada para o estrato reticular da
derme, se mostrava infiltrada por lulas do tecido conjuntivo fundamental. Dentre
27
estas células, observadas em aumentos histológicos maiores, foi possível visualizar
fibroblastos, fibrócitos e macrófagos (Figuras 9 e 10).
No grupo SF, aos 30 dias, o implante biológico mostrava contornos irregulares,
bem como era notória a presença de um processo inflamatório moderado (Figura 11 e
12). Ademais, se notou a ocorrência de infiltrado linfoplasmocitário moderado, formado
de células inflamatórias mononucleares. Destacaram-se linfócitos, fibroblastos,
fibrócitos e macrófagos.
Neste grupo SF de 30 dias de pós-cirurgia, as dimensões do implante de MCL
apareceram menores do que no grupo SF 15 dias (Figura 4 e Tabela 1). Indícios de
neoangiogênese foram também visíveis em ambas as figuras destacadas (Figuras 13 e
14).
Aos 45 dias do pós-implante de moldes de MCL, no grupo de SF, verificou-se a
continuidade do processo inflamatório, porém ele foi menos intenso do que aquele
notado nos grupos de SF de 15 e 30 dias do experimento (Figuras 13 e 14).
Em aumentos maiores de ML, notaram-se raras células inflamatórias
mononucleares (linfócitos), Observaram-se, também, fragmentos menores da
membrana biológica implantada, acompanhada de discreta quantidade de fibroblastos e
fibras colágenas (Figuras 11 e12).
Quando aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade aos resultados nos
dois grupos experimentais, pode-se observar que: considerando as avaliações, aos 15
dias não se mostraram estatisticamente significantes, ao se utilizar Aloe Vera.
Entretanto aos 30 e 45 dias, a diferença foi significativa (P<0,05).
Em relação ao grupo SF, as duas primeiras avaliações, 15 e 30 dias, não se
mostraram estatisticamente significantes. Porém aos 45 dias a diferença foi significativa
(P<0,05).
28
Tabela 1. Valores das médias e erro padrão das espessuras (µm) das matrizes liofilizadas de colágeno
(MCL), em ratos tratados com Aloe vera (AV) e Solução Fisiológica 0,9% (SF), em função do
tempo de implante no tecido subcutâneo do dorso torácico de ratos Wistar.
DIAS PÓS-
IMPLANTE
ALOE VERA
SOLUÇÃO
FISIOLÓGICA
0,9%
15
2272,9 ± 20,94 aA
2176,6 ± 13,77 aA
30
1929,7 ± 10,89 bB
2048,4 ± 17,19 aA
45
314,9 ± 12,12 cB
1429,8 ± 16,85 bA
1505,8 B
1884,9 A
Médias seguidas da mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem
estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Figura 4. Representação gráfica comparativa das médias das alturas (espessuras em m), das
matrizes liofilizadas de colágeno (MCL) em relação ao tempo, nos grupos Aloe vera (AV)
e solução fisiológica 0,9% (SF), aos 15, 30 e 45 dias de implante no tecido subcutâneo do
dorso torácico de ratos Wistar.
Durante o processo de cicatrização, neste trabalho, não se observou a presença
de exsudado e de odor, tendo o mesmo sido observado nos resultados obtidos por
Semenoff-Segundo et al. (2007).
29
Ao nível subcutâneo, com os moldes implantados de MCL, não se registraram
respostas patológicas evidentes como infecções, necroses teciduais e calcificações
(HADDAD-FILHO et al., 2004 ;ROSSA et al., 2005; BENGTSON et al., 2006).
Após a utilização do gel de Aloe vera, pode observar-se que os animais tentavam
retira-lo do local da ferida, provavelmente pela sua ação analgésica e antiinflamatória
(MOURELLE et al., 1996; ANTONIO, 2005).
É de consenso na cirurgia que a formação de uma crosta é um sinal positivo no
reparo (YOUNG e HEATH, 2001), apresentando uma maior formação de vasos
sanguíneos, infiltrado inflamatório e fibras colágenas. Observou-se, no presente
trabalho, a formação de crostas, no entanto, diferente dos resultados observados por
Oliveira (2000) e Semenoff-Segundo et al. (2007), não houve a necessidade da
remoção das crostas aos sete dias de pós-operatório, pois as mesmas destacaram-se
naturalmente sem a necessidade de remoção manual.
Este fato deve-se provavelmente à manutenção do meio úmido, o que
proporcionou a viabilidade das células e permitiu que elas liberassem fatores de
crescimento e estimulasse a sua produção (BLANES, 2004). Além disso, evitou a
desidratação, acelerou a angiogênese, reduziu a dor e permitiu o desbridamento
autolítico dos tecidos nos dois grupos.
O grupo tratado com gel de Aloe vera mostrou maior velocidade nos processos
de inflamação aguda, o mesmo observado no trabalho de Pagnano (2005), e de
bioincorporação dos moldes, provavelmente porque além de se valer dos mecanismos
intrínsecos da via clássica de reparo tecidual, também foi favorecida por substâncias
cicatrizantes próprias do gel de Aloe vera. O mesmo sendo observado por Dorneles et
al. (2003), ao relatar uma maior contração das feridas cirúrgicas e uma melhor
epitelização ao se utilizar derivados de Aloe vera, quando comparados ao grupo
controle. Além do que se considerou anteriormente, no grupo de AV de 45 dias foi
notória a diminuição dos valores médios de espessuras dos moldes implantados de
MCL (Tabela 1).
Isso poderia significar uma melhor incorporação e histocompatibilização do
molde de MCL junto aos tecidos dérmicos e subcutâneo, adjacentes à pele do dorso
cutâneo dos ratos submetidos aos implantes de MCL e tratados com gel de Aloe vera.
30
O Aloe vera foi utilizado com o intuito de ser um elemento potencializador ou
co-adjuvante (ALONSO, 1998), na resolução do processo inflamatório decorrente do
implante de MCL, o que acabou sendo observado aos 45 dias de pós-cirúrgico. Isso
vem ao encontro ao que foi relatado por Kiliç (2007), sobre os dados clínicos do
processo de cicatrização na presença de Aloe vera. Este autor observou que este
agente produziu uma melhora três vezes superior ao processo de cicatrização de
cirurgias na cavidade abdominal. Essa ação poderia ter favorecido a
“biocompatibilidade” dos moldes de MCL durante a fase inflamatória aguda do
processo.
Dentre as substâncias que podem ter contribuído efetivamente no processo de
cicatrização e incorporação das matrizes liofilizadas de colágeno no presente trabalho,
podem destacar os derivados antraquinóicos como a aloína (MOURELLE et al., 1996),
ácidos orgânicos, vitaminas A, B e C, aminoácidos, polissacarídeos e glicoproteínas
com atividade antitumoral e antiinflamatória (ROIG, 1988; SURJUSHE et al., 2008).
Estes componentes fitoquímicos presentes no gel de Aloe vera poderiam explicar
o processo inflamatório agudo mais brando, observado no grupo Aloe vera e a menor
sensibilidade nos primeiros dias de tratamento. Mourelle et al.(1996), relataram em seu
trabalho a ação analgésica da Aloe vera em testes de sensibilidade dolorosa.
Outras substâncias cicatrizantes e antiinflamatórias presentes no gel de Aloe
vera, podem ter contribuído para o abrandamento do processo inflamatório no grupo
AV, destacando-se os eucosanóides e terpenóides, e também substâncias “fito-ativas”
como giberelina e auxina, que estimulam produção local de anticorpos, além de vários
íons inorgânicos, presentes no gel Aloe vera, que atuam, igualmente, como fatores
essenciais no processo de reparação tecidual (MOTYKIE et al., 2004).
Os animais do grupo tratado com solução fisiológica a 0,9% apresentaram bons
resultados, porém inferiores ao grupo tratado com Aloe vera em relação à cicatrização
da pele. O mesmo foi observado por Silva (2004), em seu trabalho sobre a cicatrização
da pele de ratos quando utilizou três agentes de limpeza para as feridas, sendo que a
solução fisiológica apresentou menor percentual de cicatrização.
Comprovou-se em todos os grupos estudados, com o implante de MCL, que o
tecido de granulação era rico em capilares sanguíneos. Todavia, no grupo tratado com
31
Aloe vera, houve um incremento na neoangiogenêse local, provavelmente, pela sua
ação antiinflamatória que, por sua vez, contribuiu efetivamente com a diapedese de
leucócitos imunocompetentes ao local do implante (MODOLIN e BEVILACQUA, 1985;
YOUNG e HEATH, 2001).
Em relação à matriz de colágeno liofilizada, utilizada neste experimento, Vulcani
et. al. (2008a) relataram que ela é constituída basicamente de cogeno tipo I, e por ser
absorvível, não requer posterior remoção, vantagem observada por Yamatogi et al.
(2005) em relação às membranas não absorvíveis, que necessitam de uma segunda
intervenção cirúrgica para sua retirada.
Outro fato relevante é que uma membrana deve permanecer estruturalmente e
funcionalmente integra para permitir a migração de células do tecido hospedeiro e
promover a regeneração do tecido original lesado. No presente experimento foi
observada aos 45 dias após os implantes de matriz de colágeno liofilizada, uma
migração de células mais efetiva no grupo AV onde se observou também, um estágio
mais avançado de reparação com a substituição por tecido característico da área. Este
dado também foi observado por Bengtson et al.(2006), após o término do período
experimental de seu trabalho com implantes de proteína morfogenética de osso no
tecido subcutâneo de ratos.
O tipo de resposta orgânica, obtida no presente experimento, vem de encontro
com as considerações de Franke (2003) sobre os moldes dotados de boa
“biocompatibilidade”, evidenciando que a MCL, certamente, está entre estes tipos de
moldes compatíveis.
A possibilidade de ocorrer um processo inflamatório crônico e formação de
granulomas como respostas biológicas também se ressaltam (SILVER e MASS, 1994).
Entretanto, esse tipo de resposta não ocorreu no presente trabalho com os implantes
de MCL, quando os moldes foram veiculados em Aloe vera ou quando foram tratados
com solução fisiológica.
Efetivamente, o organismo apresenta mecanismos de resposta inespecífica à
invasão de um agente estranho (YOUNG e HEATH, 2001), a exemplo de um biomolde
implantado, sendo esta resposta denominada inflamação, a qual pode ser aguda ou
crônica. Mas, o tipo de resposta inflamatória notada com o bioimplante de MCL, no
32
subcutâneo do dorso dos ratos, foi predominantemente do tipo agudo, caracterizando-
se pela ocorrência de alterações vasculares, maior fluxo sanguíneo e produção de
exsudato inflamatório rico em fibrina no local do implante, estando de acordo com as
observações feitas por Rossa et al. (2005) e Haddad Filho et al. (2004).
Posteriormente, os campos cirúrgicos implantados com MCL mostraram, ao nível
histológico, a presença de leucócitos granulares e de macrófagos, bem como o
aumento do número de fibroblastos presentes nas áreas operadas, o mesmo tem sido
observado por Bengtson.(2006).
Embora na casuística do presente trabalho, a tendência foi a de se circunscrever
os moldes, pelo tecido de granulação formado e, se possível, de expulsá-los, posto que
fossem identificados como agentes invasores isto, efetivamente, não ocorreu. A
tendência ao encapsulamento do material implantado, bem como a presença de
processo inflamatório reparacional, também foi observado nos trabalhos de Haddad
Filho et al. (2004) e Yamatogi et al. (2005).
Face ao exposto, o processo inflamatório tendeu, com o evolver do tempo de
pós-operatório, a ser substituído por tecido cicatricial decorrente da presença de
colágeno de neoformação, segregado pelos fibroblastos ativados neste processo.
Porém, na casuística desse trabalho, apesar da observação do tecido de granulação,
da ocorrência de muitas células imunocompetentes e de fibroblastos circunscrevendo
os moldes de MCL implantados, efetivamente não se observou o processo cicatrizante
ao redor dos moldes, sendo estes bioincorporados de modo muito natural aos 45 dias
de pós-operatório.
33
Figura 5: Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo AV 15 dias: região da derme - Vasos
Sanguíneos (VS), Fibroblastos (seta Cheia) Infiltrado de células mononucleares
(Cabeça de Seta), Macrófagos (asterisco), Fibras Colágenas (FC) H.E., 40x
20µm.
34
Figura 6: Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo AV 30 dias: região da derme
Matriz de colágeno liofilizada (MCL), Tecido Conjuntivo (TC), Capilares
Sanguíneos (CS), Fibroblastos (Seta Cheia), Macrófago (asterisco).
Infiltrado de lulas mononucleares (Cabeça de Seta), Masson, 40x,
20µm.
35
Figura 7: Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo AV 30 dias: região da derme
Matriz de colágeno liofilizada (MCL), Secreção Eosinofílica (SE), Capilares
Sanguíneos (CS), Fibroblastos (seta cheia), Infiltrado de células
mononucleares (cabeça de seta), Hemácias (H), Macrófagos (asterisco)
H.E., 40x,
20µm.
36
Figura 8: Corte histológico da pele de rato Wistar com implantes de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo AV 45 dias: região da derme Fibras
Colágenas (FC) Fibroblastos (seta cheia), Fibrócitos (seta fina), Macrófagos
(asterisco), Células Mononucleares Linfocitárias (cabeça de seta), Células
Gigantes (G), Vasos Sanguíneos (VS), H.E., 40x,
20µm.
37
Figura 9. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo SF 15 dias: região da derme -
Vaso Sanguíneo (VS), Fibroblastos (seta cheia), Linfócitos (cabeça de seta),
Macrófagos (asterisco), H.E., 40x,
20µm.
38
Figura 10. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo SF 15 dias: região da derme
Tecido conjuntivo (TC), Matriz de colágeno liofilizada (MCL), Arteríolas (A),
Fibroblastos (seta cheia), Fibrócitos (seta fina), Linfócitos (cabeça de seta),
H.E., 40x,
20µm.
Linfócitos (cabeça de seta). H.E. 40X.
39
Figura 11. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo SF 30 dias: região da derme Matriz
de colágeno liofilizada (MCL), Capilares Sanguíneos (CS), Tecido Adiposo (TA),
Fibroblastos (Seta Cheia), Macrófagos (asterisco), Infiltrado de células
mononucleares (ICM), H.E., 40x,
20µm.
40
Figura 12: Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo SF 30 dias: região da derme Matriz
de colágeno liofilizada (MCL), Arteríolas (A), Fibroblastos (seta cheia), Fibrócitos
(seta fina), Macrófagos (asterisco), Linfócitos (cabeça de seta), H.E., 40x,
20µm.
H.E. 40X.
41
Figura 13. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo SF 45 dias: região da derme
Matriz de colágeno liofilizada (MCL), Tecido Adiposo (TA) Fibroblastos (seta
cheia), Macrófago (asterisco), Infiltrado de células mononucleares (cabeça de
seta), H.E., 40x,
20µm.
42
Figura 14. Corte histológico da pele de rato Wistar com implante de matriz de colágeno
liofilizada (MCL), correspondendo ao grupo SF 45 dias: região da derme
Matriz de colágeno liofilizada (MCL), Vasos Sanguíneos (VS), Fibroblastos
(Seta Cheia), Infiltrado de células mononucleares (cabeça de seta), Hemácias
(H), H.E. 40x,
20µm.
43
6. CONCLUSÃO
Dentro das condições experimentais observadas neste trabalho, pode-se concluir que:
1- A matriz de colágeno liofilizada (MCL) cumpre em termos de biocompatibilidade,
o papel de um bom implante biológico, pois não promoveu necrose no tecido
hospedeiro ou a formação de abscessos.
2- No decorrer do período de observação, até os 45 dias, não se evidenciou sinal
de infecção ou reação de corpo estranho significativa das matrizes.
3- A matriz de colágeno liofilizada permitiu o crescimento de tecido conjuntivo
neoformado e bem vascularizado no interior das matrizes de colágeno.
4- O gel de Aloe vera acelerou o processo de cicatrização das feridas cirúrgicas e
propiciou melhor incorporação das matrizes de colágeno liofilizadas no tecido
subcutâneo dos ratos.
5- Recomenda-se, portanto, a utilização de matrizes de colágeno liofilizadas
associada ao uso concomitante de Aloe vera nos procedimentos cirúrgicos de
reparação tecidual.
.
44
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