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eles sabem, eles não têm medo de responder uma coisa errada porque não vai dar nada
errado.
Isto dinamiza?
Dinamiza muito, eu acho que traz maior interesse em sala de aula. É, esta questão dos
conceitos é assim que é tratada.
E quanto ao mercado de trabalho?
É eu acho, a gente viu que, na última experiência do ProJovem, nos últimos dois anos,
muitos deles estavam desempregados, ficavam sempre à procura de emprego e no
decorrer do ano eles já arrumavam alguma coisa só por terem voltado para a escola,
principalmente elas, que logo tinham uma vontade maior de voltar a trabalhar. Quando
estão em casa parece que tudo está muito distante delas. Aí elas mesmas vão se
ajeitando. Isto acontece principalmente com as mulheres. O ProJovem demorou a pagar
a bolsa, mas quando começa a pagar, vai dando um tempo e é um tal de Avon, calcinha,
material que elas começam a vender, negócio de cabelo. Começa ter aquela
movimentação.
Você acredita no sucesso do ProJovem como sendo um programa de inclusão
social? Nada tem atrapalhado?
Muito, muito. Bom, neste programa, nesta versão, eu acho que são poucos os entraves,
está bem tranquilo, da outra vez demorou a ter informática, isto era um problema, a
gente teve problema com a qualificação profissional, agora já tem tudo certinho, pelo
menos todas as coisas que o programa prevê já estão acontecendo, agora eles evadem
muito. Estes entraves pessoais é o que mais tem, a gente tem que refletir desta vez “por
que se evade tanto”? Não acredito que é tanto a bolsa que “prende” eles não, não é só
pela bolsa, é a família, responsabilidade de casa, marido.
Como sua prática pode contribuir para a permanência do aluno no ProJovem?
Eu acho que não só a minha prática, mas a de todos os professores. Ela faz com que os
alunos permaneçam, porque por estarem aprendendo, e não ser uma coisa distante deles,
eles começam a perceber que vão passar. É muito assim, na EJA eles não passam, não
estão aprendendo, e dizem: “no outro ano eu volto”. Este sentimento de estar
aprendendo, de pertencer a um projeto faz com que eles fiquem, mas há uma grande
evasão.
Por falar em evasão, por que será que os alunos evadem?
Evasão? Acho que muitas vezes tem a ver com família, filho, marido; mais a família e
ao cansaço para quem trabalha que acaba desanimando, e para aqueles que não
trabalhavam e começam a trabalhar, estes também evadem. E aí fica uma coisa pra
pensar.
E a avaliação ela contempla?
Ela contempla sim, aos conceitos ao que é trabalhado na sala de aula, acho que ela tem
um nível bom, a gente a subestima, às vezes achamos fácil. Os conceitos estão
embutidos nas questões, mas para eles não é tão fácil assim. Têm questões que é meio
pegadinha, tinha uma que era do ano bissexto. Perguntava quantos anos tinham o ano
bissexto? É uma pegadinha, não mede. Eu posso procurar saber disto sem está na
escola, sem precisar desta reflexão, entende?