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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Carolina Morato Façanha Bandeira Dantas
Atendimento domiciliar ao indivíduo idoso novo
usuário de aparelhos de amplificação sonora
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
São Paulo
2009
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Carolina Morato Façanha Bandeira Dantas
Atendimento domiciliar ao indivíduo idoso novo
usuário de aparelhos de amplificação sonora
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora como exigência parcial
para obtenção do título de MESTRE
em Fonoaudiologia, pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo,
sob a orientação da Prof
a
. Dra. Iêda
Chaves Pacheco Russo.
São Paulo
2009
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Autorizo exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução
parcial ou total desta dissertação através de fotocópias ou meios eletrônicos.
_____________________
Carolina Morato F. B. Dantas
São Paulo, Junho de 2009.
Banca Examinadora:
_________________________________
Prof
a
. Dra. Iêda Chaves Pacheco Russo
_________________________________
Prof
a
. Dra. Katia de Almeida
_________________________________
Prof
a
. Dra. Edilene Marchini Boéchat
Aprovada em __/__/____
Ao meu marido Gustavo, o grande amor da minha vida!
Obrigada por todo amor, incentivo, torcida, apoio
e principalmente por acreditar na Fonoaudiologia.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Aos meus amados pais, Chateaubriand e Celina, mesmo estando
longe, sempre me apoiaram. E agora, papai, aonde quer que esteja, tenho
certeza que estará orgulhoso por mais esta conquista em minha vida.
“A saudade a cada dia é maior!”
À minha amada sogra, Prof
a
. Dra. Maria Esperança Carneiro, que, com
sua vivência profissional, despertou o meu interesse pela pesquisa. Obrigada
pelas leituras, correções... e incentivo. Sem seu apoio, não poderia ter realizado
esta pesquisa.
Muito obrigada!
ii
AGRADECIMENTOS
À minha queridíssima orientadora Prof
a
. Dr
a
. Iêda Chaves Pacheco Russo
que é um grande exemplo para a Fonoaudiologia. Obrigada pela dedicação,
atenção, ensinamentos e correções.
As Prof
as
Dr
as
Edilene Boéchat e Katia de Almeida por terem feito parte do
Exame de Qualificação. São duas profissionais da área da Audiologia que
admiro muito e deram sugestões muito importantes que ajudaram a direcionar
esta pesquisa.
A amiga Karina Paiva pela ajuda na “estatística” e por dividir as angústias da
vida de mestrandas.
Ao João, da biblioteca da DERDIC, pela grande ajuda na formatação desta
pesquisa.
As amigas de trabalho: Jesiela por me ensinar a utilizar o ganho de inserção,
Carol pela torcida, Agatha pelo apoio e ajuda na tradução dos textos.
A Virgínia, secretária do Programa de Fonoaudiologia da Pós Graduação da
PUC-SP por estar sempre disponível.
As minhas amadas irmãs, Ticiana e Juliana e sobrinha Maria Eduarda, que
são grandes amigas. Obrigada por vocês serem tão especiais na minha vida!
Ao meu sogro, Edmundo, pelo apoio, pela torcida e palavras de conforto nos
momentos mais difíceis que passei durante a realização desta pesquisa.
Ao meu cunhado Ricardo pela torcida e apoio.
As duas grandes amigas “do pré-escolar” que conheci no mestrado, Fgas.
Adriana Soares Alves e Fabiola Garcia Molina, amizade que levarei para o
resto da vida.
iii
As amigas de infância Ivi, Juliana, Regininha e Fernanda pela força, torcida e
compreensão da minha ausência nesses últimos meses.
A amiga Fga. Renata Cunha Figueiredo, mesmo estando longe, está sempre
perto no meu coração. Obrigada pelas orações!
A amiga Ana Paula Carvalho pelo carinho e torcida.
As amigas do mestrado Fgas. Paula Fortes, Alice Sampaio, Juliana
Rezende, Maria Aparecida pela força, torcida e desabafos.
Aos tios Bandeira e Beth, Rick e Nora, Beto e Mônica pelo carinho e torcida.
Ao Centro Auditivo Widex Brasiton, por sempre me apoiar.
Aos colegas de trabalho da Widex pela torcida.
Aos colegas de turma do mestrado.
Aos professores do mestrado pelos ensinamentos.
A CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de vel Superior, pela
bolsa de estudo flexibilizada concedida, que possibilitou o desenvolvimento
desta pesquisa.
A todos os sujeitos que participaram direta e indiretamente para a realização
desta pesquisa.
E, finalmente,
Aos que foram inspiração para este estudo, OS IDOSOS, que a cada dia me
mostram que o viver é maravilhoso.
Muito obrigada!
iv
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS ................................................................................................. i
AGRADECIMENTOS..................................................................................................................... ii
LISTA DE FIGURAS..................................................................................................................... vi
RESUMO...................................................................................................................................... vii
ABSTRACT................................................................................................................................. viii
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
1.1. Objetivos ............................................................................................................................. 5
2. REVISÃO DA LITERATURA..................................................................................................... 6
2.1. A perda auditiva no idoso ................................................................................................... 6
2.2. Seleção e adaptação de aparelho de amplificação sonora para idosos ............................ 8
2.3. Orientação e aconselhamento ao indivíduo idoso novo usuário de AAS......................... 14
2.4. Papel do cuidador/ familiar do idoso novo usuário de AAS.............................................. 15
2.5. Atendimento domiciliar ao idoso....................................................................................... 18
3. MÉTODO.................................................................................................................................. 20
3.1. Considerações éticas........................................................................................................ 20
3.2. Caracterização do estudo................................................................................................. 21
3.3. Local e período de realização da pesquisa ...................................................................... 21
3.4. Casuística ......................................................................................................................... 21
3.5. Seleção dos sujeitos ......................................................................................................... 22
3.6. Material ............................................................................................................................. 22
3.6.1. Equipamentos............................................................................................................ 22
3.6.2. Instrumentos de avaliação ........................................................................................ 24
3.7. Procedimentos .................................................................................................................. 26
3.7.1. Primeiro
atendimento................................................................................................. 26
3.7.2. Segundo
atendimento................................................................................................ 27
3.7.3. Terceiro atendimento................................................................................................. 28
3.7.4. Quarto atendimento................................................................................................... 29
3.8. Critérios para análise dos resultados ............................................................................... 30
v
4. RESULTADOS......................................................................................................................... 33
4.1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa: dados de identificação. .................................. 33
4.2. Resultados da aplicação do questionário IOI-HA............................................................. 55
4.3. Resultados da avaliação qualitativa ................................................................................. 57
5. DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 59
5.1. Discussão da caracterização dos sujeitos da pesquisa: dados de identificação. ............ 61
5.2. Discussão dos resultados da aplicação do questionário IOI-HA...................................... 64
5.3. Discussão dos resultados da avaliação qualitativa .......................................................... 67
6. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 71
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 72
ANEXO......................................................................................................................................... 77
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Limiares tonais aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I1........................ 35
Figura 2 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do indivíduo I1. .... 36
Figura 3 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I2.................................. 37
Figura 4 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda do indivíduo I2................................... 38
Figura 5 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I3.................................. 39
Figura 6 – Mensuração com microfone sonda da orelha direita do indivíduo I3....................................... 40
Figura 7 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I4.................................. 41
Figura 8 – Mensuração com microfone sonda da orelha direita do indivíduo I4....................................... 42
Figura 9 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I5.................................. 43
Figura 10 – Mensuração com microfone sonda da orelha direita e da orelha esquerda do indivíduo I5. .. 44
Figura 11 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I6. ............................... 45
Figura 12 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do indivíduo I6. .. 46
Figura 13 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I7. ............................... 47
Figura 14 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda do indivíduo I7. ................................ 48
Figura 15 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I8. ............................... 49
Figura 16 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do indivíduo I8. .. 50
Figura 17 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I9. ............................... 51
Figura 18 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do indivíduo I9. .. 52
Figura 19 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I10. ............................. 53
Figura 20 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do indivíduo I10. 54
vii
RESUMO
Dantas CMFB. Atendimento domiciliar ao indivíduo idoso novo usuário de
aparelhos de amplificação sonora [dissertação]. São Paulo: Pontifícia
Universidade Católica; 2009.
Esta pesquisa teve como objetivo descrever, aplicar e verificar a efetividade de
um programa de atendimento domiciliar ao indivíduo idoso novo usuário de
aparelhos de amplificação sonora (AAS), considerando a influência da família
e/ou do cuidador no processo de adaptação. todo: Para tal optamos por
uma perspectiva quanti/qualitativa, descritiva e exploratória. Participaram deste
estudo dez indivíduos idosos candidatos ao uso de AAS que estavam
impossibilitados de comparecer ao local de atendimento, necessitando do
atendimento domiciliar. Os indivíduos foram distribuídos em dois grupos: Grupo
I - Experimental, os indivíduos que tinham cuidador/ familiar e Grupo II -
Controle, os indivíduos que não tinham cuidador/ familiar. A fim de avaliar o
programa de atendimento domiciliar ao novo usuário de AAS foi aplicado o
questionário The International Outcome Inventory for Hearing Aids (IOI-HA),
elaborado por Cox e Alexander (2002), na quarta sessão do programa de
atendimento, pela própria pesquisadora. Para complementar a avaliação, foi
feita a pergunta para todos os indivíduos: “O que significou o atendimento
domiciliar para o senhor/senhora? Resultados: Observamos que não houve
associação estatisticamente significante (p<0,05) entre ter cuidador e
apresentar maior pontuação do questionário. Todos os indivíduos atribuíram
sentidos positivos ao uso dos AAS e valorizaram o programa de atendimento
domiciliar. Conclusão: O programa para o atendimento domiciliar desenvolvido
para este estudo mostrou-se efetivo e os resultados de sua aplicação
independem da influência da família e/ou cuidador, pois não foram encontradas
diferenças estatisticamente significantes, no grau de satisfação apresentado
pelos idosos usuários de AAS.
Palavras-chave: Atendimento domiciliar; Deficiência auditiva; Auxiliares de
audição
viii
ABSTRACT
Dantas CMFB. Homecare program for elderly individuals new hearing aid
wearers. [Master’s Dissertation]. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
2009.
This research had as objective to describe, apply and verify the effectiveness of
a homecare program for elderly patients, new hearing aid wearers, taking into
account the family and/or caretaker’s influence during the fitting process.
Method: The study had a design based on quantitative-qualitative, descriptive
and exploratory perspective. Ten elderly subjects, candidates for hearing aid
use who were unable to be seen at the clinic, thus needing homecare, took part
from the study. The subjects were divided in two groups: Group I – Experimental
Group: the subjects had a caretaker/ family member to meet their needs; and
Group II Control Group: subjects who did not have caretaker/family member.
A questionnaire: The International Outcome Inventory for Hearing Aids (IOI-HA)
prepared by Cox and Alexander (2002) was applied at the 4
th
homecare
program session. In order to complement the program’s evaluation, a question
was made to all subjects: What the homecare service meant to you?” Results:
There was no statistically significant association (p<0.05) between having a
caretaker and achieving a higher score at the questionnaire. All subjects
attributed positive scores at the questionnaire, and the answer to the question
showed a high degree of satisfaction with their hearing aids. Conclusion: The
homecare program developed for this study was applied and it was effective,
revealing also that the results of its application are independent on the
family/caretaker’s influence.
Key words: Homecare; Hearing impairment; Hearing aids.
1
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o fenômeno do aumento da expectativa de vida é recente, uma
vez que a reversão da população campo/cidade definiu-se a partir da década de
1970.
A modernização conservadora do campo via grandes propriedades
intensivas de capital, ou seja, com utilização de insumos, tecnologias e técnicas
de plantio, colheita e comercialização, expulsou do setor agropecuário um
contingente crescente da população entre as décadas de 1950 a 1970. A
reversão campo/cidade, que na Europa durou séculos, no Brasil ocorreu em
apenas cinco décadas. O impacto da urbanização foi de tal ordem que, de 1970
a 2008, o número de municípios brasileiros quase dobrou, como informa o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008).
No Brasil, é considerada população idosa aquela acima de 60 anos; a
população mais idosa”, isto é, acima de 80 anos, vem aumentando
gradualmente. Em 2008, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD-
2007) e apontou que os idosos no Brasil já eram 19,9 milhões, o que equivale a
10,5% da população.
De acordo com Paschoal (2002), com o aumento da idade, crescem as
chances de ocorrência de doenças e alterações na funcionalidade física,
psíquica e social, o que pode gerar anos de sofrimento para os indivíduos
idosos e seus familiares. Geralmente, estes anos o marcados pelo aumento
da dependência, seja por causa de uma doença que deixa sequelas, levando
ao isolamento social, seja em decorrência de depressão, entre outras
2
consequências. Entretanto, se o indivíduo envelhece com autonomia e
independência, sua qualidade de vida pode ser muito boa.
A deficiência auditiva está, para Bilton e Couto (2006), entre as três
doenças crônicas que mais afetam os idosos, sendo mais comum nos homens
do que nas mulheres, podendo estar associada a outros fatores determinantes
de perda auditiva, como, por exemplo, a exposição prolongada a ruídos. De
acordo com esses autores, o uso dos aparelhos de amplificação sonora (AAS) é
uma medida importante na intervenção fonoaudiológica em idosos deficientes
auditivos, sendo o recurso ideal para diminuir as dificuldades auditivas desta
população.
No decorrer do processo de seleção de AAS, a avaliação audiológica tem
a função de determinar precisamente o grau e o tipo de perda auditiva de cada
indivíduo, podendo também fornecer dados para que seja realizado o ajuste
apropriado da amplificação, em termos de ganho, resposta de frequência e
saída máxima do instrumento (Menegotto, Iório, 2003).
Segundo Boéchat el al. (2003), o aconselhamento compreenderia todas
as orientações essenciais e fundamentais para que o indivíduo possa seguir
sem dúvidas, “caminhar com seus próprios pés”. Para que se consiga ter
sucesso na adaptação ao AAS, o indivíduo e/ou o cuidador deste indivíduo que
utilizará o equipamento deverá ser bem orientado quanto ao manuseio, aos
cuidados e à limpeza, para que esses fatores não dificultem o funcionamento do
aparelho de amplificação sonora.
Em decorrência das modificações que ocorrem com o envelhecimento,
os mais variados profissionais da saúde têm dedicado especial cuidado aos
idosos, em diversas especialidades, como: geriatria, medicina, enfermagem,
nutrição, psicologia, fisioterapia e fonoaudiologia. Tais especialidades muitas
vezes diferenciam os cuidados com esses pacientes e, levando-se em conta
3
que, segundo dados divulgados pelo IBGE (2007), 83% dos idosos vivem em
centros urbanos, o atendimento domiciliar passa ser uma das melhores formas
de atender esse segmento da população.
O tratamento domiciliar, observado e conceituado por Samuels (1997),
representa um método que engloba mais do que um simples fornecimento de
tratamento médico residencial padronizado, sendo necessário em qualquer
procedimento utilizado em tratamentos de longo prazo. A maior parte dos
indivíduos idosos conta com um cuidador ou familiar que, na maioria das vezes,
desempenha um papel muito importante no processo de adaptação ao AAS,
principalmente quando o indivíduo o consegue manuseá-lo sozinho.
Entretanto, é importante observar que, desde a inserção crescente das
mulheres no mercado de trabalho, o papel dos cuidadores tem sido ampliado,
quer sendo desempenhado por outros membros da família, quer por
profissionais, ainda que estes, em sua maioria, sejam do gênero feminino.
Após a adaptação ao AAS, no atendimento domiciliar do indivíduo idoso
novo usuário de AAS, uma forma ideal de fazer a validação do processo de
seleção e adaptação é usar questionários de auto-avaliação; o que não invalida
a necessidade de verificação, principalmente quando não a possibilidade de
o idoso ir à empresa/clínica/hospital distribuidor do AAS para submeter-se a
procedimentos como ganho funcional, teste de reconhecimento de fala e
mensurações com microfone sonda.
O atendimento domiciliar para os indivíduos idosos, candidatos ao uso de
AAS é, preferencialmente, feito na residência do paciente. A maioria dos
atendimentos é solicitada pelo próprio paciente; em alguns casos por algum
membro da família, sendo os principais motivos a dificuldade de locomoção,
problemas visuais, problemas de saúde, internações e outros.
4
Muitos desses pacientes não têm um bom desempenho ou sucesso na
adaptação do AAS. Tal problema decorre da dificuldade de manuseio, de
limpeza diária ou da simples troca de pilha. Nos últimos anos, ocorreu um
grande avanço na tecnologia de aparelhos auditivos, proporcionando ao usuário
uma melhor comunicação. É de se perguntar: de que adianta toda essa
tecnologia se o paciente muitas vezes não pode chegar até ela por problemas
de locomoção ou, até mesmo quando tem acesso, não consegue manuseá-la
adequadamente?
A partir dessa reflexão, a hipótese levantada para o presente trabalho é
de que os deficientes auditivos idosos podem apresentar menores dificuldades
de adaptação ao AAS se forem submetidos a um programa de atendimento
domiciliar que inclua e enfatize o papel do fonoaudiólogo enquanto profissional
de reabilitação. Espera-se também que os indivíduos que receberem o
atendimento em domicílio obtenham um melhor desempenho do que os
atendidos na empresa/clínica/hospital distribuidor dos aparelhos de
amplificação sonora, por proporcionar a adaptação/programação dos AAS no
“ambiente sonoro” em que o usuário vive.
Esta pesquisa centra-se no estudo da prática profissional do
fonoaudiólogo que trabalha com pacientes idosos, enfocando a importância do
atendimento domiciliar para o indivíduo idoso novo usuário de aparelho de
amplificação sonora (AAS). Este tipo de atendimento tem como principal meta
dar suporte ao indivíduo impossibilitado de se locomover até o atendimento
especializado. Desta forma, é fundamental desenvolver um programa de
atendimento domiciliar, dando melhor qualidade e visibilidade à prática
profissional do fonoaudiólogo.
5
1.1. Objetivos
Descrever, aplicar e verificar a efetividade de um programa de
atendimento domiciliar ao indivíduo idoso novo usuário de aparelhos de
amplificação sonora, considerando a influência da família e/ou do cuidador no
processo de adaptação.
6
2. REVISÃO DA LITERATURA
Os aspectos pertinentes ao tema deste estudo englobaram a seleção de
obras e textos referentes à: perda auditiva em idosos, aos processos de
seleção e adaptação de aparelhos de amplificação sonora em idosos, à
orientação e ao aconselhamento dos novos usuários de AAS, ao papel do
cuidador/ familiar do idoso novo usuário de AAS e ao atendimento domiciliar ao
idoso. Para efeitos didáticos, foi respeitada a ordem cronológica das citações,
sempre que possível, dando prioridade ao encadeamento de idéias nos temas.
2.1. A perda auditiva no idoso
Segundo Russo (2004), a deficiência auditiva, que afeta especialmente a
população idosa, conhecida também como presbiacusia, causa um dos mais
incapacitantes distúrbios de comunicação, dificultando sua inserção na
sociedade.
Ainda, de acordo com Russo (2004), a presbiacusia caracteriza-se por
uma perda auditiva bilateral para tons de alta frequência. Idosos portadores de
presbiacusia apresentam redução da sensibilidade auditiva e diminuição na
inteligibilidade da fala em níveis supraliminares, o que dificulta gravemente seu
processo de comunicação verbal.
Conforme um estudo realizado por Sousa (2007), a presbiacusia diminui
a inteligibilidade da fala, dificultando a comunicação e a vida social dos idosos.
Seu estudo teve como objetivo caracterizar a percepção da audição que os
indivíduos idosos possuem e também identificar os aspectos envolvidos no
processo de comunicação. Participaram do estudo 40 sujeitos, 34 do sexo
7
feminino e 06 do sexo masculino, com idades variando entre 61 e 88 anos,
alunos de uma Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI), na cidade de
Salvador, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Para o estudo, foi
aplicado um questionário denominado de “Inventário Auditivo para Idosos”
(IAPI) e realizada a avaliação audiométrica dos indivíduos em estudo. Os
resultados mostraram que 37,5% dos indivíduos apresentaram audição dentro
da normalidade; 62,5% apresentaram perda auditiva, sendo 30% perda auditiva
assimétrica e 32,5%, simétrica. O estudo concluiu que, de acordo com a faixa
etária e o grau de perda auditiva, quanto maior a idade maior é o grau de perda
auditiva, sendo esta perda predominante no sexo masculino em relação ao
feminino.
Outro estudo realizado por Assayag e Russo (2006) teve como objetivo
avaliar subjetivamente os benefícios e os efeitos proporcionados pelo uso de
AAS em idosos e relacionar os achados de benefício com os de satisfação.
Foram avaliados quatro mulheres e três homens, com idade entre 70 e 87 anos,
usuários experientes de AAS. Para a avaliação dos benefícios, foi aplicado o
questionário Abbreviated Profile of Hearing Aid Benefit (APHAB) e, para os
efeitos, o questionário
International Outcome Inventory for Hearing Aids (IOI-
HA). Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre as
condições sem e com aparelho de amplificação sonora na avaliação subjetiva
do benefício e 57,1% dos idosos o apresentaram. As pesquisadoras concluíram
que o benefício não é condição básica para a satisfação do idoso com o uso de
aparelho de amplificação sonora e a avaliação dos efeitos proporcionados pelo
seu uso indica que cada sujeito pode apresentar uma configuração de
resultados particular a suas condições físicas, emocionais, sociais e culturais.
8
2.2. Seleção e adaptação de aparelho de amplificação sonora para
idosos
De acordo com Campos et al. (2003), o otorrinolaringologista é o
profissional responsável por indicar o uso do AAS. Mesmo após a adaptação a
esse equipamento, o indivíduo deve passar por consultas otorrinolaringológicas
periódicas, com o objetivo de acompanhar o aparecimento de possíveis
problemas de saúde, bem como realizar remoção de excesso de cerume no
meato acústico externo, uma vez que isto é muito frequente em usuários de
AAS.
Para Russo et al. (2003), ao iniciar a avaliação, a seleção e a adaptação
ao AAS para indivíduos idosos deficientes auditivos, o fonoaudiólogo deve ter
conhecimento das possíveis alterações que esse indivíduo possa apresentar:
biológicas, fisiológicas e psicológicas, comuns no processo de envelhecimento.
O objetivo principal é evitar o isolamento do indivíduo idoso que apresenta
perda auditiva, melhorando sua qualidade de vida. Para se ter sucesso no uso
de AAS com essa população, tem-se de levar em consideração alguns fatores
que incluem o grau da perda auditiva, a tolerância para sons intensos, o índice
de reconhecimento de fala, mas, principalmente, a aceitação da perda auditiva,
a motivação para buscar ajuda, as expectativas quanto ao uso do AAS e,
também, a idade do candidato. Já para a escolha do modelo adequado de AAS,
deve-se levar em consideração a acuidade visual, a sensibilidade tátil e a
destreza manual do indivíduo idoso, uma vez que essas habilidades são
fundamentais para a manipulação, a inserção e a remoção do AAS.
As mesmas autoras observam que a escolha do modelo do AAS é feita,
geralmente, para o uso do retroauricular e intraurais, sendo estes os modelos
considerados mais fáceis de serem manuseados, por se constituírem de
9
apenas uma peça. Os modelos retroauriculares oferecem vantagens por serem
mais potentes e seus controles maiores, apesar de mais visíveis, facilitando a
sua manipulação, mesmo assim alguns usuários têm dificuldade na sua
inserção e remoção.
Upfold et al. (1990) fizeram um estudo com 244 indivíduos idosos, com
perda auditiva, usuários de três diferentes tipos de AAS: retroauricular,
intrauricular e intracanal. Os indivíduos foram avaliados em momentos
diferentes: o primeiro foi no processo de seleção do AAS; o segundo, após três
sessões de orientação, quando foram levados em consideração oito aspectos
diferentes: (1-2) inserção e remoção do molde; (3-4) remoção e colocação da
bateria; (5-6) ligar e desligar o AAS; (7) ajuste do controle de volume e (8)
utilização da bobina telefônica, quando necessário. Os resultados mostraram
que o modelo intracanal foi mais cil para ligar e desligar, como também para
colocar e remover. Os sujeitos avaliados acharam o modelo retroauricular mais
difícil de ser inserido. O controle de volume foi mais difícil para ajustes no
modelo intracanal. Já o uso da bobina telefônica foi mais fácil no intrauricular do
que no retroauricular. A maioria dos indivíduos orientados no período de quatro
sessões e incentivados à experiência domiciliar mostrou que, mesmo após três
sessões de orientação, ainda possuíam dificuldades para manipularem seus
aparelhos. Os autores relataram que o fonoaudiólogo que fizer a adaptação do
AAS deve reconsiderar a opção da colocação da bobina telefônica no AAS.
Estes indivíduos podem ser mais bem adaptados com amplificadores de
telefone e/ou dispositivos auxiliares de audição do que com o uso da bobina
telefônica.
De acordo com Russo et al. (2003), a avaliação audiológica é
fundamental para a determinação das características físicas e eletroacústicas
envolvidas no processo de seleção do AAS. Para as autoras, a avaliação
audiológica deve incluir audiometria tonal por vias aérea e óssea,
10
logoaudiometria, pesquisa dos níveis de desconforto para cada frequência e
imitanciometria.
Outro ponto relevante na adaptação de AAS em idosos é a confecção de
moldes. Segundo as autoras citadas anteriormente, no caso de idosos, a
impressão do molde auricular pode ser dificultada, que, com o
envelhecimento, ocorrem também alterações na orelha externa. Uma destas
alterações é o estreitamento da entrada do meato acústico externo. Tal
característica é muito importante, uma vez que o tamanho do meato acústico
externo é determinante para a seleção do modelo de AAS, pois os muito
estreitos não sustentam AAS pequenos, como o modelo microcanal. Outro
problema relativo ao molde comumente relatado nos idosos é a descamação da
pele do meato acústico externo com o uso constante desses equipamentos, o
que pode prejudicar o seu bom uso. É comum, também, o aumento na
produção de cerume e na quantidade de pelos, principalmente nos indivíduos
do sexo masculino, podendo prejudicar a confecção da pré-moldagem e, até
mesmo, o funcionamento do AAS.
Segundo Russo et al. (2003), o sucesso do uso do AAS para a
população idosa depende de vários fatores, tais como: a aceitação da perda
auditiva, a motivação para buscar ajuda, as expectativas quanto ao uso do AAS
e a idade do indivíduo.
Pode-se comprovar a importância do uso de AAS ao se analisar um
estudo realizado pelo Conselho Nacional de Idosos dos Estados Unidos,
desenvolvido por Cook e Hawkins (2006), que revelou que, em 1999, foram
identificados mais de 2000 adultos com dificuldade auditiva. Os autores
observaram que as perdas auditivas não tratadas se refletiam em quadros
depressivos, distúrbios psíquicos e isolamento social. Neste mesmo estudo,
aqueles que receberam tratamento para a perda auditiva relataram melhora na
11
auto-estima, maior independência, aumento da saúde mental e melhor
relacionamento com seus familiares.
Russo et al. (2003) afirmaram que a avaliação holística tem como
objetivo identificar quais os aspectos mais importantes a serem abordados
durante a adaptação ao AAS. É fundamental selecionar e avaliar candidatos
antes de inseri-los em um programa de reabilitação audiológica.
Segundo Couto et al. (2003), as mensurações com microfone sonda,
também denominadas de mensurações in situ, têm como grande vantagem a
objetividade, uma vez que exigem pouca colaboração do paciente e são de fácil
aplicação. As mensurações referem-se à condição na qual o AAS é avaliado, ou
seja, no meato acústico externo do indivíduo.
Para Matas e rio (2003), as medidas de inserção efetuadas com
microfone sonda constituem um dos todos capazes de avaliar a efetividade
do aparelho de amplificação sonora. Sendo objetivas, não necessitam da
colaboração do paciente. Trata-se de uma medida física que avalia a
amplificação dada pelo AAS na orelha do paciente, nas frequências
intermediárias, por meio de uma varredura e não sofre interferência do ruído
ambiental.
Entretanto, os procedimentos de verificação do AAS feitos por meio do
ganho funcional ou das medidas de inserção não são suficientes para avaliar o
sucesso da amplificação do AAS, nas situações de vida diária de comunicação
do usuário de AAS. Desse modo, foram desenvolvidos procedimentos de
validação da amplificação que permitissem avaliar o benefício do usuário de
AAS fora do ambiente clínico. Esse procedimento é realizado principalmente
por meio de questionário, por ser rápido, simples e eficiente, permitindo avaliar
a adaptação do indivíduo ao uso do AAS (Matas, Iório, 2003).
12
Estudos como os de Prates e Iório (2006) mostraram que os indivíduos
com perda auditiva neurossensorial se beneficiam muito com o uso da
amplificação não-linear, uma vez que a compressão tenta restabelecer a
sensação de intensidade normal. No entanto, a literatura ainda é controversa
em relação aos benefícios para o reconhecimento de fala em usuários de
próteses auditivas lineares e não-lineares. O estudo teve como objetivo
comparar o desempenho de usuários de AAS lineares e não-lineares por meio
de avaliações objetivas e subjetivas, além de verificar o circuito que mais
favorece uma melhor adaptação auditiva e um melhor reconhecimento de fala
no silêncio e no ruído. A casuística foi composta por 21 usuários de AAS
bilateral pelo menos três meses, com idades compreendidas entre 12 e 64
anos, com perdas auditivas de grau leve a moderadamente severo, estudados
conforme o tipo de sua amplificação, formando dois grupos: grupo linear,
composto por dez usuários de próteses auditivas lineares; grupo o-linear,
composto por 11 usuários de próteses auditivas o-lineares. Foram realizados
testes de reconhecimento de fala no silêncio e no ruído, e aplicado o
questionário internacional de avaliação das próteses auditivas (International
Outcome Inventory for Hearing Aids - IOI-HA). Nos resultados, não observaram
diferenças estatisticamente significantes nos testes de reconhecimento de fala
no silêncio e no ruído, nem nos questionários aplicados, quando comparados os
grupos de usuários de AAS, lineares e não-lineares. Ainda, em relação ao IOI-
HA, as médias obtidas nas análises por item foram positivas e superiores a
quatro pontos, lembrando que a pontuação máxima possível por questão é
cinco. Consequentemente, as análises da soma de todas as questões (ST),
fator 1 e fator 2, também foram positivas, indicando um bom resultado subjetivo
nas adaptações de AAS lineares e não-lineares. O estudo concluiu que pode
não haver diferença entre o desempenho dos usuários de próteses auditivas
lineares e não-lineares nas avaliações objetivas (testes de fala) e subjetivas
13
(questionário) aplicadas, que indique melhor adaptação auditiva ou favoreça o
reconhecimento de fala tanto no silêncio quanto no ruído.
Teixeira et al. (2008) fizeram um estudo como o objetivo de avaliar o
nível de satisfação dos usuários em relação a seus AAS e com seu meio
ambiente. Avaliaram 256 indivíduos (m= 48,33%; f= 51,67%), com idade média
de 50 anos, recém protetizados, com perda auditiva do tipo neurossensorial
(n=268) e mista (n=32), por meio do questionário de auto-avaliação
International Outcome Inventory for Hearing Aids IOI-HA, para determinar o
grau do benefício e a satisfação dada pela amplificação sonora. Os resultados
mostraram que, para 68% dos indivíduos avaliados, o uso do AAS melhorou
sua qualidade de vida, evidenciado pela alta pontuação (média=26,45). A
relação do usuário com seu AAS foi significativamente melhor (p<0,001*) do
que com o meio ambiente. Na avaliação subjetiva dos problemas auditivos,
78,5% referiram ter problemas de grau leve a moderado e 21,5% de grau
moderadamente severo a severo. As autoras concluíram que o IOI-HA é uma
ferramenta simples, fácil de aplicar, além de servir como um instrumento
facilitador durante o período de aclimatização com a prótese. A melhora na
qualidade de vida foi mais referida pelos homens, principalmente em relação ao
nível de satisfação com a prótese, bem como a diminuição do impacto da
deficiência nos contatos com outros indivíduos. O nível de dificuldades dos
problemas subjetivos referenciados na vida diária foi mais útil do que as
informações objetivas ilustrada no audiograma. A análise mostrou forte
associação entre a percepção do individuo e o grau de resultados perda
auditiva. Indivíduos com percepção de perda auditiva de grau moderadamente
severo ou severo mostraram maior restrição de participação em suas vidas.
14
2.3. Orientação e aconselhamento ao indivíduo idoso novo usuário
de AAS
De acordo com Russo et al. (2003), sessões de orientação feitas pelo
fonoaudiólogo o de grande importância no processo de adaptação do AAS,
que vai desde a inserção e a remoção do AAS, até a manipulação dos controles
de acesso externos, limpeza, cuidados e vida útil.
Segundo Iervolino et al. (2003), o objetivo principal da orientação e do
aconselhamento deve ser a resolução das dificuldades direta ou indiretamente
específicas que envolvem a perda auditiva. É de grande importância a
aceitação do indivíduo desta nova forma de vida, pois o sucesso não está
apenas na utilização efetiva e sim, nas estratégias que ajudam no desempenho
para uma melhor comunicação. Deve-se conhecer o indivíduo, observar seu
comportamento, avaliar seu aproveitamento auditivo e suas possíveis
dificuldades, que serão de grande importância para que o fonoaudiólogo possa
adequar suas orientações.
Segundo Boéchat el al. (2003), para que se consiga ter sucesso na
adaptação ao AAS, o indivíduo e/ou o cuidador do indivíduo que o utilizará
deverá ser bem orientado quanto ao manuseio, aos cuidados e à limpeza, para
que esses fatores não dificultem o seu funcionamento.
Para Clark e Martin (1994), o aconselhamento é definido como sendo um
dos procedimentos que facilitam a recuperação do paciente ou a adaptação ao
distúrbio de comunicação, por meio de informação, suporte, encaminhamentos
apropriados para outros profissionais e auxílio no desenvolvimento de
estratégias para resolução dos problemas com vistas a melhorar o processo de
reabilitação.
15
Trata-se da obtenção de dados por meio de escuta cuidadosa,
fornecimento de informações e realização de ajustes nas estratégias individuais
com base nesse conhecimento (Sweetow, 1999).
Hull (1992) relatou que o aconselhamento é um dos aspectos mais
importantes dentro de um programa de reabilitação auditiva, que é composto
de: 1) aconselhamento; 2) orientação para adaptação ao aparelho de
amplificação sonora; 3) ajuda ao idoso para manipular o ambiente a fim de
favorecer a comunicação; 4) ajuda ao idoso para falar sobre sua perda auditiva
às pessoas, para que possam ajudá-lo; 5) desenvolvimento de habilidades
compensatórias com o uso da audição residual e pistas visuais suplementares;
6) participação da família e/ou amigos no programa.
Para Russo et al. (2003), existe uma grande diferença no
aconselhamento de idosos, que está no tempo exigido para a realização desta
tarefa. O fonoaudiólogo deverá dar as informações gradualmente, de forma a
serem retidas, para que o indivíduo possa memorizar, de preferência com a
utilização de material escrito. As informações deverão ser repetidas várias
vezes, sempre que necessário, o que requer muita paciência e atenção. Tanto a
orientação quanto o aconselhamento são fundamentais para o sucesso do uso
efetivo da AAS pelo idoso.
2.4. Papel do cuidador/ familiar do idoso novo usuário de AAS
Os pacientes atendidos em suas residências são, na maioria, pessoas
idosas (acima de 60 anos), do sexo feminino (em torno de 70% do total), com
várias doenças crônicas, o que os faz dependentes de uma ou mais pessoas
16
para suas necessidades da vida diária. (Jacob Filho et al. 2000; Papaléo Netto;
Tieppo, 2000; Yuaso; Sguizzatto, 2000).
Quem são esses cuidadores?
(...) em geral, são as mulheres que assumem o cuidar e esse
papel é visto como natural, pois está inscrito socialmente, no
papel de mãe e, culturalmente, as mulheres o assumem como
mais um papel pertinente à esfera doméstica. Neste contexto,
surge outra variável significativa, a faixa etária dos cuidadores
que pertencem, frequentemente, à mesma geração dos doentes
são “velhos jovens independentes” cuidando de “velhos
dependentes”. (Mendes, 1998)
Foram pesquisadas na literatura diversas terminologias para identificar
cuidadores. De acordo com pesquisa realizada por Zagabria (2001), foram
encontradas as seguintes denominações: cuidador primário ou secundário,
voluntário ou remunerado, leigo ou profissional e cuidador/familiar. Gonçalves et
al. (2000) dividiram os cuidadores de duas maneiras: cuidador primário,
responsável pelas atividades de vida diária (AVD) e cuidador secundário,
responsável pelas atividades instrumentais de vida diária (AIVD).
Para Diogo e Duarte (2006), o cuidador é de fundamental importância na
concretização de um programa de assistência domiciliar, representando o elo
entre o idoso, a família e o profissional. Independente da nomenclatura
empregada é fato que o cuidador é a peça fundamental da assistência
domiciliar, pois sem ele o indivíduo idoso deficiente auditivo candidato ao uso
do AAS muitas vezes poderia não ter um bom aproveitamento do aparelho.
Estudos como o de Lüders (1999), enfatizaram a necessidade da
inclusão dos familiares nos programas de reabilitação audiológica oferecidos
por fonoaudiólogos que trabalham com a população idosa buscando melhorar o
17
convívio destes indivíduos com suas famílias e com a sociedade em geral. A
autora teve como objetivos investigar como agem os familiares que convivem
com idosos deficientes auditivos, abordar a afetividade no relacionamento entre
eles, as implicações que a deficiência auditiva traz para a comunicação no
ambiente familiar e quais as estratégias utilizadas pelo familiar durante a
conversação com o idoso. A pesquisadora utilizou três roteiros diferentes de
entrevista para que o objetivo fosse atingido com 38 familiares que convivem
com idosos deficientes auditivos. Os problemas referentes à comunicação com
os idosos o devidos, muitas vezes, ao desconhecimento sobre o que é a
deficiência auditiva. Este estudo mostrou a importância dos familiares nos
programas de reabilitação audiológica, buscando um melhor desempenho para
o convívio do idoso deficiente auditivo com a família e com a sociedade.
Outros estudos, como o de Ruschel et al. (2007), pesquisaram a
eficiência de um programa de reabilitação audiológica em idosos com
presbiacusia e seus familiares. O trabalho teve como objetivo desenvolver um
programa de treinamento de estratégias de comunicação para indivíduos idosos
deficientes auditivos, usuários de aparelho de amplificação sonora e seus
familiares. Analisaram também a contribuição da participação de familiares no
processo de reabilitação audiológica. Participaram dessa pesquisa 30
indivíduos com presbiacusia, com idades entre 60 e 87 anos, e seus familiares.
A casuística foi dividida em dois grupos: o grupo controle recebeu uma única
sessão de orientação e o grupo experimental participou de um programa de
reabilitação fonoaudiológica fracionado em seis sessões. Ocorreram diferenças
estatisticamente significantes entre os dois grupos, quando comparadas as
entrevistas dos pacientes e de seus familiares. Os autores concluíram que os
idosos têm necessidade de acompanhamento fonoaudiológico após a
adaptação ao aparelho de amplificação sonora. Sem ajuda de outra pessoa,
não conseguirão manuseá-lo e utilizá-lo de forma adequada.
18
Compete ao fonoaudiólogo esclarecer ao paciente e sua família sobre
todos os aspectos envolvidos no processo de atendimento, o motivo, as
condutas, os procedimentos, os objetivos, os planejamentos e as possíveis
modificações quando necessárias. A ética do atendimento deve permear sua
conduta, devendo estar presente em todos os níveis de sua atuação (Venâncio,
2007).
2.5. Atendimento domiciliar ao idoso
Segundo Caldas (2006), a intervenção domiciliar para o indivíduo idoso
poderá ocorrer quando este indivíduo está em domicílio e é portador de doença
crônica ou agravo incapacitante, temporário ou permanentemente, ou quando o
idoso estiver hospitalizado.
Amaro (2003) conceitua atendimento domiciliar como:
Uma prática profissional, investigativa ou de atendimento,
realizada por um ou mais profissionais, junto ao indivíduo em
seu próprio meio social ou familiar. Em um hospital, clínica,
posto ou consultório existe a instituição por trás do profissional.
No domicílio, mesmo que o profissional pertença a um grupo
específico de prestação de serviço, não caracterização
explícita da instituição, pois o ambiente pertence ao paciente
e/ou a família. (Viude, 2000)
Neste espaço, o paciente pode conviver com o cuidador, os familiares e
os amigos. Mesmo que o foco do atendimento domiciliar seja o paciente, é
19
necessário ter sua “família como perspectiva”, pois quando se tem a família, ela
é parte integrante do atendimento (Ângelo, 2000).
Segundo Floriani e Schramm (2004), o atendimento domiciliar ao idoso
tem-se tornado um importante instrumento de assistência nos últimos anos,
tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento.
Rodrigues (2003) realizou um estudo com o objetivo de avaliar o
atendimento fonoaudiológico domiciliar dentro do Programa de Saúde da
Família e verificou que, quando o atendimento fonoaudiológico é efetuado no
domicílio do paciente, essa intervenção pode ser irradiada para o grupo todo,
ampliando as ações e fazendo da família o lugar de intervenção clínica. Este foi
um estudo interdisciplinar na área de Saúde Coletiva, no qual o fonoaudiólogo
trabalhou também com questões sociais tais como condições financeiras
(pobreza), condições básicas de higiene e saúde e níveis de violência.
No atendimento, domiciliar ou o, segundo Iervolino et al. (2003), é
muito importante que o usuário e seus familiares tenham conhecimento sobre o
funcionamento do AAS e entendam os seus componentes, sua localização e a
função de cada controle, para obterem uma boa efetividade no aproveitamento
dos resíduos auditivos, mudando a imagem de que é um equipamento de difícil
adaptação e manipulação.
20
3. MÉTODO
Serão descritos neste capítulo as considerações éticas, a caracterização
do estudo, local e período de realização da pesquisa, casuística, seleção dos
sujeitos, materiais, instrumentos de avaliação, procedimentos e critérios para
análise dos resultados.
3.1. Considerações éticas
Esta pesquisa foi encaminhada à Comissão de Ética do Programa de
Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo e foi aprovada, sob o nº. 117/2008 (Anexo 1).
Para tanto, foram elaborados os seguintes documentos: Carta de
Autorização da Empresa (Anexo 2), permitindo o uso de informações e a
realização da pesquisa dentro da empresa; Carta de Informação e Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 3), para os participantes da
pesquisa. Tais documentos contêm informações a respeito desta proposta de
atendimento e dos objetivos da pesquisa.
21
3.2. Caracterização do estudo
O tipo de estudo escolhido foi uma pesquisa quanti-qualitativa, descritiva
e exploratória. Nesta perspectiva, valorizamos a participação dos sujeitos
pesquisados como elementos imprescindíveis do fazer científico.
3.3. Local e período de realização da pesquisa
Os atendimentos foram realizados de outubro de 2008 a abril de 2009,
em indivíduos que buscaram atendimento em uma empresa distribuidora de
AAS, sendo feitos nas residências dos indivíduos, todos da cidade de São
Paulo-SP. A empresa que autorizou a pesquisa disponibiliza o atendimento
domiciliar para todos os pacientes que não têm condições de ir até ela.
Os atendimentos foram agendados pela fonoaudióloga que realiza os
atendimentos domiciliares, que é a pesquisadora, sendo ela pessoalmente
quem entrou em contato com o paciente e/ou cuidador para agendá-los.
3.4. Casuística
Foram selecionados para esta pesquisa dez indivíduos idosos entre 60 e
95 anos, deficientes auditivos, novos usuários de aparelhos de amplificação
sonora. Os indivíduos foram distribuídos em dois grupos: Grupo I -
Experimental, no qual os indivíduos tinham cuidador/familiar e Grupo II -
Controle, em que os indivíduos não tinham cuidador/familiar.
22
Os cuidadores/familiares tinham idades, níveis socioeconômicos e
culturais variados e tinham de acompanhar o indivíduo idoso durante o
processo de seleção e adaptação ao AAS.
3.5. Seleção dos sujeitos
Foram estabelecidos os seguintes critérios para inclusão do sujeito no
presente estudo:
Indicação recente de uso de aparelho de amplificação sonora pelo
médico otorrinolaringologista.
Avaliação audiológica completa (audiometria tonal liminar; testes
de limiar e índice de reconhecimento de fala e imitanciometria).
Ter 60 anos ou mais, segundo o Estatuto do Idoso (2003).
o ter experiência anterior com uso de AAS.
Estar impossibilitado de comparecer ao local de atendimento.
3.6. Material
3.6.1. Equipamentos
23
Para fazer as inspeções visuais do meato acústico externo e
realizar a impressão do pré-molde auricular, utilizamos o otoscópio
da marca Heine, modelo Mini 2000.
Para a confecção da pré-moldagem, foi utilizada a massa Otoform
AK, da marca Dreve Otoplastik GmbH.
Todos os aparelhos de amplificação sonora (AAS) selecionados
para este estudo foram de tecnologia digital, da marca Widex,
podendo ser intracanal, miniretroauricular e retroauricular.
Para a programação dos AAS, utilizamos o Noah System
(NOAHlink), que é um
equipamento que possui um software
específico para programar aparelhos de amplificação sonora, que
não possui cabos de alimentação entre o paciente e o
computador, sendo feita a programação/ajuste do AAS através de
Bluetooth.And NOAHlink fits in the palm of your hand, making it
easy to take on home visits. É um equipamento pequeno, que
cabe na palma da mão, sendo fácil de carregar, principalmente em
visitas domiciliares.
Também foi utilizado notebook da marca Itautec, contendo o
software Compas 4.4 para conectar o NOAHlink.
Todas as respostas foram gravadas em um gravador Oregon
Scientific Digital Voice Recorder VR 636 e devidamente
transcritas.
Para a verificação dos processos de seleção e adaptação aos
AAS, foi utilizada a mensuração com microfone sonda,
denominada também de mensuração in situ. Para este
24
procedimento, foi utilizado o equipamento da marca Interacoustics
MS 40 como método de avaliação do desempenho dos AAS, de
maneira a identificar a resposta de frequência em relação à meta
prescrita. Para a realização do exame, foi utilizada a regra do
National Acoustic Laboratories-NAL (Dillon, 1999), o estímulo foi o
Warble e a intensidade do sinal de 60 dB. Os tipos de respostas
foram a Real Ear Unaided Response (REUR), que é a resposta de
ressonância da orelha externa, não ocluída e a Real Ear Insertion
Gain (REIG), que é o ganho de inserção, realizado com o aparelho
de amplificação sonora.
Foi utilizada a máquina fotográfica da marca FUJIFILMI, modelo S
5000, para registrar as respostas da mensuração “in situ”.
3.6.2. Instrumentos de avaliação
A fim de avaliar o programa de atendimento domiciliar destinado ao novo
usuário de AAS, foi utilizado o questionário The International Outcome Inventory
for Hearing Aids (IOI-HA), elaborado por Cox e Alexander (2002), traduzido
para o Português por Bevilácqua et al. (2002) (Anexo 4). Este instrumento foi
aplicado na quarta sessão do programa de atendimento, pela própria
pesquisadora.
O questionário IOI-HA é composto de uma breve auto-avaliação, que
documenta a satisfação do indivíduo com aparelhos de amplificação sonora,
avaliando o sucesso da adaptação à amplificação sonora. O questionário surgiu
25
como produto de um workshop internacional sobre medidas de auto-avaliação
em reabilitação auditiva. Com a cooperação de pesquisadores e profissionais
de programas de reabilitação de diversos serviços de saúde auditiva, este
questionário foi traduzido em 21 idiomas, por pessoas qualificadas na área de
audiologia, sendo que cada tradutor procurou seguir cuidadosamente a versão
original.
É composto por sete questões, que investigam de forma subjetiva o
resultado da adaptação do dispositivo eletrônico de amplificação sonora sob os
seguintes aspectos: 1-Uso; 2- Benefício; 3- Limitação residual de atividades; 4-
Satisfação; 5- Restrição residual de participação; 6- Impacto em outros; 7-
Qualidade de vida.
As questões são elaboradas com poucas exigências cognitivas e de fácil
nível de leitura para os indivíduos responderem sem o auxilio de terceiros. Uma
maior pontuação indica bons resultados em relação à adaptação ao AAS.
Para complementar a avaliação, foi feita uma pergunta na última sessão
do programa do atendimento domiciliar para todos os indivíduos: “O que
significou o atendimento domiciliar para o senhor/senhora?”. Todas as
respostas foram gravadas e transcritas para posterior análise qualitativa da
pesquisa.
26
3.7. Procedimentos
O indivíduo e/ou o cuidador/familiar entraram em contato com a empresa
distribuidora de AAS para solicitar o atendimento, sendo este agendado para
que a pesquisadora fosse até a residência do indivíduo.
O programa constituiu-se de quatro sessões de atendimento, com
duração de uma hora cada, como descrito a seguir.
3.7.1. Primeiro
atendimento
O programa de atendimento (Anexo 5) iniciou-se com a obtenção dos
dados de identificação e história pregressa (Anexo 6) dos indivíduos avaliados;
determinação da extensão e das causas da deficiência auditiva, para se o
indivíduo era candidato ao uso da amplificação, com base nos dados
audiológicos, inventários de auto-avaliação e história do paciente.
Foi feita a inspeção visual do meato acústico externo para a realização
da impressão do pré-molde auricular. Se o indivíduo apresentasse qualquer
impedimento para sua confecção, como excesso de cerume, por exemplo, era
encaminhado para avaliação do médico otorrinolaringologista, para posterior
execução do pré-molde.
O atendimento continuou com uma entrevista para conhecer as
dificuldades de comunicação de cada indivíduo. Buscamos conhecer o
acompanhante deste indivíduo e foi apresentado o programa durante todo o
processo de seleção e adaptação ao AAS para o atendimento domiciliar.
27
Neste momento, o profissional, o paciente e/ou os familiares os
resultados da avaliação e identificaram as áreas de dificuldades, bem como as
necessidades.
Após a impressão do pré-molde, foi feita a seleção do AAS, escolhidos o
tipo de adaptação e as características físicas e eletroacústicas do AAS, sendo
considerados o tipo e o grau da perda auditiva, a configuração audiométrica e
as necessidades individuais (binauralidade, estética, anatomia da orelha,
reconhecimento de fala e manuseio), tendo como parâmetro a regra NAL e as
recomendações do Protocolo da Adaptação de Aparelhos de Amplificação
Sonora, proposto por Valente et al. (2006).
Posteriormente, foi agendado o retorno para o início da experiência
domiciliar com o AAS.
3.7.2. Segundo
atendimento
Depois de uma semana, quando os moldes estavam prontos, ocorreu
a segunda visita domiciliar, na qual foi verificada a adaptação dos moldes e
realizada a programação dos AAS. Neste momento, foi feita a avaliação das
condições ambientais do indivíduo, em conversa informal sobre temas
relacionados a programas de televisão. Por intermédio desta avaliação,
verificamos se o indivíduo apresentou melhora na compreensão de fala e se o
som estava confortável ou desconfortável; no telefone, o paciente foi orientado
em relação ao posicionamento do fone, que deveria estar agora no microfone
do AAS e, se necessário, o uso da bobina telefônica durante a conversação. O
28
cuidador, por sua vez, foi orientado no sentido de falar perto do indivíduo,
direcionar a fala para o AAS, falar devagar e de frente para o indivíduo.
O indivíduo também foi orientado sobre as limitações do AAS e da perda
auditiva, pois estas são informações fundamentais para que o usuário não
tenha uma expectativa muito elevada quanto ao desempenho do AAS, devido à
falta dessas informações. A pesquisadora aconselhou os indivíduos sobre o uso
e a manutenção dos instrumentos e orientou sobre a possibilidade do uso de
dispositivos auxiliares de audição e realização da reabilitação.
Os indivíduos e o cuidador/familiar foram então orientados acerca da
colocação e remoção dos AAS, limpeza do molde, troca das pilhas, uso da
bobina telefônica e/ou controle de volume. Todas as orientações foram feitas
tanto oralmente quanto por escrito. (Anexo 7).
Neste momento, a pesquisadora determinou se os AAS iam ao encontro
de uma série de medidas padronizadas, que incluem o desempenho
eletroacústico básico, a estética, o conforto e a performance. Foram realizadas
as verificações dos AAS por meio da mensuração com microfone sonda
(mensuração in situ) e teve início a experiência domiciliar com os aparelhos de
amplificação sonora (AAS).
3.7.3. Terceiro atendimento
Depois de uma semana de experiência domiciliar com os aparelhos de
amplificação sonora (AAS), a pesquisadora voltou à residência de cada
indivíduo avaliado para realizar a terceira visita.
29
Nessa fase, foi observado como foi a experiência domiciliar durante esta
semana, se o indivíduo fez uso contínuo do AAS, se não teve problemas com
os moldes, se a amplificação ficou confortável ou desconfortável. Quando
necessário, foram efetuados ajustes finos nas características eletroacústicas
dos AAS. As principais queixas e dificuldades encontradas pelos indivíduos
e/ou cuidadores /familiares durante a utilização e o manuseio do AAS foram
relatadas.
Foi avaliada a necessidade de testar outra linha de AAS, caso o paciente
revelasse dificuldades de adaptação ao modelo escolhido. Caso isso ocorresse,
seria agendada mais uma sessão de atendimento.
Foram dadas novamente as orientações do segundo atendimento sobre
funcionamento, limpeza, manutenção dos aparelhos de amplificação sonora e
estratégias de comunicação.
3.7.4. Quarto atendimento
No quarto atendimento, após duas semanas de experiência domiciliar
com os AAS, os indivíduos avaliados responderam ao questionário: The
International Outcome Inventory for Hearing AIDS (IOI-HA) e à pergunta: “O que
significou o atendimento domiciliar para o senhor/senhora?”
A forma de apresentação do IOI-HA foi feita oralmente, a fim de garantir
a compreensão das perguntas e a obtenção das respostas, avaliando de modo
subjetivo, o resultado da adaptação do AAS.
30
Todas as respostas foram gravadas e transcritas para posterior análise.
As respostas obtidas permitiram a verificação da necessidade de fazer novos
ajustes. Os indivíduos e os cuidadores foram orientados sobre a necessidade
dos retornos a cada seis meses. Deveriam, portanto, agendar atendimento com
a fonoaudióloga e, também, com o médico otorrinolaringologista para nova
avaliação e acompanhamento.
3.8. Critérios para análise dos resultados
Para descrever o grau de perda auditiva, empregamos o
encaminhamento de classificação proposto por Russo et al. (2009): perda
auditiva moderada (41-55 dBNA), perda auditiva moderada/severa (56-70 dB
NA) e perda auditiva severa (71-90 dB NA) neurossensorial, em ambas as
orelhas. Os timpanogramas foram classificados segundo o critério proposto por
Jerger (1970).
A efetividade do programa de atendimento domiciliar foi realizada por
meio da comparação das respostas do questionário IOI-HA.
O questionário oferece opção de cinco respostas graduadas de cima
para baixo, de forma que a primeira opção refere-se a um pior desempenho,
pontuado como (1); a última opção indica um melhor desempenho, pontuado
como (5). O paciente foi orientado a optar por apenas uma resposta, ou seja,
aquela que mais caracterizasse o resultado da adaptação ao seu AAS. Assim,
maior pontuação é indicativa de um bom resultado e menor pontuação,
indicativa de um resultado ruim.
31
O questionário IOI-HA foi aplicado por ser uma medida breve,
abrangente, acessível a diferentes fatores culturais e sociais para uso e
comparações diversas (Cox et al., 2000), enfocando, neste estudo, a
comparação do indivíduo novo usuário de AAS com cuidador e do indivíduo
novo usuário de AAS sem cuidador. No entanto, apesar do caráter auto-
explicativo do questionário, elaborado para ser respondido sem qualquer ajuda
adicional (Cox e Alexander, 2002), neste estudo ele foi aplicado oralmente, na
quarta sessão de atendimento, para garantir a compreensão das perguntas e
respostas, pois muitos usuários avaliados tinham dificuldades na leitura e na
interpretação das perguntas.
Segundo Cox e Alexander (2002), os sete itens agrupam-se em duas
áreas distintas: o fator 1 e o fator 2.
A análise do questionário foi individual e também agrupada por item,
sendo os resultados comparados entre dois grupos: com e sem cuidador.
Dessa forma, considerou-se a pontuação de cada questão com valores de um a
cinco, a soma total dos pontos obtidos nos sete itens com valores de zero a
100; a soma dos quatro itens do fator 1, com pontuação xima de 20 pontos,
e a soma dos três itens do fator 2, com pontuação máxima de 15 pontos.
Para a análise estatística, devido ao pequeno tamanho da amostra do
estudo, utilizamos o Teste Exato de Fisher para testar a probabilidade da
associação entre a pontuação dos itens do questionário e a presença ou não de
cuidador.
Com a finalidade de testar a relação entre os fatores 1 e 2, empregamos
o teste não-paramétrico Kruskal Wallis. O nível de significância estabelecido
para este estudo foi de 0,05 (5%) de rejeição de hipótese de nulidade. Os
intervalos de confiança foram construídos com 95% de confiança estatística.
32
Para avaliar qualitativamente os resultados desta pesquisa, foram
transcritas as respostas à pergunta: “O que significou o atendimento domiciliar
para o senhor/senhora?”, elaborada pela pesquisadora. As respostas foram
comparadas à literatura compulsada.
33
4. RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos no presente
estudo. Na primeira e na segunda etapa, procuramos caracterizar os indivíduos
que participaram do estudo. Deste modo, encontram-se aqui dados sobre: sexo,
idade, presença de cuidador, grau da perda auditiva, timpanometria e os
resultados das mensurações com o microfone sonda. Na terceira etapa, são
apresentadas as respostas de cada indivíduo à pergunta formulada.
4.1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa: dados de identificação.
Participaram deste estudo dez indivíduos, sendo seis do sexo masculino
e quatro do sexo feminino, com idades entre 60 e 90 anos. A idade média da
população foi de 81,3 anos.
Todos os indivíduos não tinham experiência anterior com uso de AAS.
Cinco deles tinham cuidador e fizeram parte do Grupo I Experimental. Os
outros cinco não tinham cuidador e fizeram parte do Grupo II – Controle.
O quadro 1 apresenta a caracterização dos sujeitos em função das
variáveis sexo, idade, presença de cuidador, grau da perda auditiva e
resultados dos timpanogramas.
34
Quadro 1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa (n=10) em função das variáveis: sexo,
idade, presença de cuidador, grau de perda auditiva e resultados dos timpanogramas.
I* Sexo**
Idade
cuidador
Grau da perda
auditiva
Timpanogramas
I1 F 86 anos Sim moderada/severa tipo A (OD-OE)
***
I2 M 82 anos Sim moderada/severa
tipo A (OD-OE)
I3 M 83 anos Sim severa (OE) tipo As (OD-OE)
I4 M 83 anos Sim moderada/severa
tipo A (OD-OE)
I5 F 80 anos Sim moderada/severa
tipo A (OD-OE)
I6 F 91 anos Não moderada/severa
(OE)
severa (OD)
tipo A (OD-OE)
I7 F 81 anos Não moderada/severa tipo A (OD-OE)
I8 M 82 anos Não moderada/severa
tipo A (OD-OE)
I9 M 72 anos Não moderada/severa
tipo A (OD-OE)
I10 M 73 anos Não moderada/severa
tipo A (OD-OE)
*I= indivíduo; **Sexo - F=feminino; M=masculino; ***OD = orelha direita e OE = orelha esquerda
A seguir, são apresentadas as características referentes à destreza
manual e à visão, dos sujeitos, dados colhidos na entrevista inicial e essenciais
para o programa de atendimento domiciliar.
Indivíduo 1 (I1):
Sexo feminino, 86 anos, tem companhia de cuidador durante todo o dia,
mais de três vezes na semana, mas mora sozinha, não tendo nenhum grau de
parentesco. Sua queixa auditiva é a de que, quando as pessoas falam, não
entende, sendo que percebeu o início da deficiência auditiva há dois anos.
Relata a presença de zumbido e tem uma irmã com deficiência auditiva. Foram
adaptados AAS do modelo intracanal, bilateralmente. Apesar de usar óculos, a
35
paciente revelou não ter dificuldade para manusear objetos pequenos, estando
mais preocupada com a estética.
Na figura 1 podemos visualizar a configuração audiométrica das orelhas
direita e esquerda.
Figura 1 - Limiares tonais aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I1.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon 56%-80 dB OE: mon 56%-85 dB
dis. 64%-80 dB dis. 64%-85 dB
Na figura 2, observamos os resultados da mensuração com microfone
sonda dos AAS das orelhas esquerda e direita.
36
Figura 2 Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do
indivíduo I1.
Indivíduo 2 (I2):
Sexo masculino, 82 anos, tem como queixa auditiva não escutar bem
mais de dez anos e refere ter zumbido na orelha esquerda. Foi adaptado um
modelo de AAS intracanal, com ventilação de 1 mm na orelha esquerda. O
indivíduo foi orientado sobre a importância do uso bilateral, mas preferiu
inicialmente usar AAS apenas na orelha esquerda pela dificuldade de ouvir e
por causa do zumbido. Tem sua esposa como cuidadora, que o acompanha
diariamente.
O indivíduo usa óculos e disse ter dificuldade de manusear coisas
pequenas. Foi orientado sobre a possibilidade de testar um AAS maior
(miniretroauricular), mas não quis, porque acha que as pessoas vão ver e
assim, discriminá-lo por ser “surdo”.
Na figura 3, podemos observar a sua configuração audiométrica da
orelha direita e da orelha esquerda.
37
Figura 3 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I2.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon 64%-80 dB OE: mon 60%-75 dB
dis. 80%-80 dB dis. 92%-75 dB
tris. 92%-80 dB tris. 92%-75 dB
Na figura 4, observamos os resultados da mensuração com microfone
sonda do AAS da orelha esquerda.
38
Figura 4 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda do indivíduo I2.
Indivíduo 3 (I3):
Sexo masculino, 83 anos. Sua queixa auditiva é a de que ouve, mas
não entende, mais ou menos seis anos. Adaptou-se ao modelo
miniretroauricular na orelha direita, com o molde de acrílico e ventilação de 1
mm. A adaptação foi monoaural devido à perda unilateral. Tem uma enfermeira
como cuidadora, que o acompanha durante todo o dia, mais de três vezes por
semana. Não foi necessário deixar o AAS com a bobina telefônica ligada
porque o paciente atende ao telefone com a orelha esquerda. O indivíduo usa
óculos e tem dificuldade de manusear coisas pequenas.
Na figura 5, podemos observar a configuração audiométrica da orelha
direita e da orelha esquerda.
39
Figura 5 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I3.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon 100 % - 40 dB OE: mon 100% - 60 dB
Na figura 6, observamos os resultados da mensuração com microfone
sonda do AAS da orelha direita.
40
Figura 6 – Mensuração com microfone sonda da orelha direita do indivíduo I3.
Indivíduo 4 (I4):
Sexo masculino, 84 anos, queixa-se de dificuldade para ouvir a mais ou
menos quatro anos. O modelo do AAS adaptado foi o intracanal, na orelha
direita. O indivíduo foi orientado sobre o benefício da adaptação bilateral, mas
preferiu iniciar a experiência apenas na orelha direita. Mesmo usando óculos,
disse ter facilidade para manusear coisas pequenas. Sua filha, que é pedagoga,
o visita todos os dias da semana.
Na figura 7, podemos observar a configuração audiométrica da orelha
direita e da orelha esquerda.
41
Figura 7 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I4.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon 80 %- 75 dB OE: mon 76%- 70 dB
dis. 88 %-75 dB dis. 84%- 70 dB
Podemos observar na figura 8 os seus resultados da mensuração com
microfone sonda do AAS da orelha direita.
42
Figura 8 – Mensuração com microfone sonda da orelha direita do indivíduo I4.
Indivíduo 5 (I5):
Sexo feminino, 80 anos, tem o zumbido como sua principal queixa
auditiva. Foi adaptado o modelo miniretroauricular, binauralmente com o molde
de acrílico, com ventilação de 2 mm. Ela tem dificuldade de manipular coisas
pequenas, apesar de usar óculos. O cuidador é seu marido, que está a seu lado
todos os dias da semana. Não foi necessário ligar a bobina telefônica porque a
paciente apresentou bom resultado ao usar o telefone.
Na figura 9, podemos observar a sua configuração audiométrica da
orelha direita e da orelha esquerda.
43
Figura 9 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I5.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon 96 % - 50 dB OE: mon 92 % - 50 dB
Podemos observar na figura 10 os resultados da mensuração com
microfone sonda do AAS da orelha direita e da orelha esquerda.
44
Figura 10 Mensuração com microfone sonda da orelha direita e da orelha esquerda do
indivíduo I5.
Indivíduo 6 (I6):
Sexo feminino, 90 anos. Queixa auditiva: ouve, mas não entende e
sente zumbido forte em ambas as orelhas. Relata perda auditiva mais ou
menos oito anos. Foi adaptado o modelo intracanal, binaural com ventilação de
1 mm. Apresenta dificuldade para manusear coisas pequenas e usa óculos.
Não quis testar AAS maior porque acha “feio”. Não tem cuidador, apesar de ter
uma diarista três vezes por semana para fazer comida e arrumar a casa.
Na figura 11, podemos observar a sua configuração audiométrica da
orelha direita e da orelha esquerda.
45
Figura 11 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I6.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon 56 %-90 dB OE: mon 80 %-60 dB
dis. 60 %-90 dB dis. 88%- 60 dB
Podemos observar na figura 12 os resultados da mensuração com
microfone sonda do AAS da orelha esquerda e da orelha direita.
46
Figura 12 Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do
indivíduo I6.
Indivíduo 7 (I7):
Sexo feminino, 82 anos, queixa-se de que ouve, mas não entende,
mais ou menos um ano. Foi adaptado o modelo miniretroauricular na orelha
esquerda, com o molde de acrílico. Ela foi orientada sobre os benefícios da
adaptação bilateral, mas preferiu testar AAS apenas em um lado. Tem
dificuldade de manusear coisas pequenas e usa óculos. o tem cuidador,
disse ter um filho que a visita raramente. Não foi necessário deixar a bobina
telefônica ligada porque a paciente disse não ter dificuldade para atender ao
telefone, porque usa um aparelho telefônico com “viva voz”.
Na figura 13, podemos observar a sua configuração audiométrica da
orelha direita e da orelha esquerda.
47
Figura 13 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I7.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon -40 % - 90dB OE: mon - 44% - 90dB
dis.- 44 % -90 dB dis.- 48% - 60 dB
Podemos observar na figura 14 os resultados da mensuração com
microfone sonda do AAS da orelha esquerda.
48
Figura 14 – Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda do indivíduo I7.
Indivíduo 8 (I8):
Sexo masculino, 82 anos. Queixa-se de que ouve, mas não entende
cerca de dois anos. Adaptou-se ao modelo intracanal, bilateralmente. Disse não
ter facilidade para manusear coisas pequenas e faz uso de óculos. Não tem
cuidador, apesar de ter uma ajudante para a limpeza da casa e fazer comida,
não quer que ela a ajude com o AAS.
Na figura 15, podemos observar a configuração audiométrica da orelha
direita e da orelha esquerda.
49
Figura 15 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I8.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon -76 % - 90dB OE: mon - 80% - 90dB
dis.- 80% -90 dB dis.- 84% - 60 dB
Podemos observar na figura 16 os resultados da mensuração com
microfone sonda do AAS da orelha esquerda e da orelha direita.
50
Figura 16 Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do
indivíduo I8.
Indivíduo 9 (I9):
Sexo masculino, 72 anos, queixa-se de zumbido e dificuldade para ouvir.
Disse ter um irmão com perda auditiva. Adaptou-se ao modelo intracanal,
bilateralmente. Não tem cuidador, disse conseguir fazer as atividades de vida
diária bem, apesar de ter dificuldade de manusear coisas pequenas e usar
óculos. Disse que só usaria AAS se fosse pequeno, para as pessoas não verem
que usa.
Na figura 17, podemos observar a configuração audiométrica da orelha
direita e da orelha esquerda.
51
Figura 17 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I9.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon 68%-90 dB OE: mon 80%-85 dB
dis. 76%-90 dB dis. 96%-85 dB
Podemos observar na Figura 18 os seus resultados da mensuração com
microfone sonda do AAS da orelha esquerda e da orelha direita.
52
Figura 18 Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do
indivíduo I9.
Indivíduo 10 (I10):
Sexo masculino, 74 anos. Queixa auditiva: dificuldade para ouvir a mais
ou menos um ano. Disse ter um irmão com perda auditiva. Adaptou-se com o
modelo mini-retroauricular binauralmente com molde de acrílico. Não tem
cuidador, apesar de morar com a filha. Disse não gostar de depender de
ninguém. Não foi necessário o uso da bobina telefônica porque o paciente disse
ouvir bem no telefone.
Na figura 19, podemos observar a configuração audiométrica da orelha
direita e da orelha esquerda.
53
Figura 19 - Limiares aéreos e ósseos das orelhas direita e esquerda do indivíduo I10.
Logoaudiometria:
IRF OD: mon 72%-85 dB OE: mon 76%-85 dB
dis. 80%-85 dB dis. 80%-85 dB
54
Podemos observar na figura 20 os seus resultados da mensuração com
microfone sonda do AAS da orelha esquerda e da orelha direita.
Figura 20 Mensuração com microfone sonda da orelha esquerda e da orelha direita do
indivíduo I10.
55
4.2. Resultados da aplicação do questionário IOI-HA
Para realizar análise quantitativa, foi aplicado o questionário The
International Outcome Inventory for Hearing Aids (IOI-HA), elaborado por Cox e
Alexander (2002), traduzido para o Português por Bevilácqua et al. (2002).
A média e o desvio padrão de cada questão, da soma total e dos fatores
1 e 2, comparadas entre os grupos: Grupo I- Experimental, indivíduos com
cuidador (n=5), e Grupo II– Controle, indivíduos que não tinham cuidador (n=5),
estão expostas na Tabela 1.
56
Tabela 1 - Distribuição da média e desvio padrão das respostas aos itens (I-1 a I-7) do
questionário IOI-HA e comparação entre usuários com e sem cuidador, considerando a
população obtida em cada item, a soma total (ST), o fator 1 (F1) e o fator F2.
Respostas Cuidador Média Desvio
Padrão
IC 95% p-valor
I-1 Sim
Não
5.0
4.4
0
0.24
-
3.7-5.1
0.08*
I-2 Sim
Não
4.6
4.4
0.24
0.24
3.9-5.3
3.7-5.1
0.50
I-3 Sim
Não
4.2
4.4
0.20
0.24
3.6-4.8
3.7-5.1
0.50
I-4 Sim
Não
4.8
4.8
0.20
0.20
4.2-5.4
4.2-5.4
0.78
I-5 Sim
Não
4.4
4.6
0.24
0.24
3.7-5.1
3.9-5.3
0.50
I-6 Sim
Não
4.8
4.4
0.20
0.24
4.2-5.4
3.7-5.1
0.26
I-7 Sim
Não
5.0
4.8
0
0.20
-
4.2-5.4
0.50
ST Sim
Não
92.4
91.0
1.93
3.71
87.0-97.8
80.7-
101.3
0.26
F1 Sim
Não
19.4
18.4
0.24
0.69
18.7-20.1
16.5-20.3
0.12
F2 Sim
Não
13.4
13.4
0.51
0.68
12.0-14.8
11.5-15.3
0.57
* (p<0,05)
Devido ao pequeno tamanho da amostra do estudo, foi utilizado o Teste
Estatístico Exato de Fisher para testar a probabilidade da associação entre a
pontuação dos itens do questionário e a presença ou não de cuidador. Não foi
observada associação estatisticamente significante (p<0,05) entre ter cuidador
e apresentar maior pontuação no questionário.
Com a finalidade de testar a relação entre os fatores 1 e 2, utilizou-se o
Teste Estatístico Não-Paramétrico Kruskal Wallis, que revelou um resultado
estatisticamente não significante (p=0,18).
57
4.3. Resultados da avaliação qualitativa
A análise qualitativa foi realizada por meio da pergunta: “O que significou
o atendimento domiciliar para o Senhor/Senhora?”, cujas respostas serão agora
apresentadas.
Indivíduo 1 (I1):
“Sem dúvida facilitou muito. Ter que sair de casa me cansa muito. Vo
veio várias vezes aqui em casa, imagina se eu tivesse que sair essas vezes
para ser atendida na clínica, seria muito difícil.”
Indivíduo 2 (I2):
“Não saio de casa por causa da dificuldade de andar. Gostei muito que
você veio aqui em casa e agora posso ouvir quando as pessoas falam comigo.”
Indivíduo 3 (I3):
“Se você não tivesse vindo aqui, acho que seria difícil. Minha saúde
não me ajuda mais, me canso.”
Indivíduo 4 (I4):
“Foi bom, né. Agora escuto melhor, né. Por causa da perna fraca, o
saio de casa, né.”
Indivíduo 5 (I5):
“Se não existisse esse tipo de atendimento na casa, não poderia colocar
aparelho porque um pouco que ando, me canso. Gostei muito.”
58
Indivíduo 6 (I6):
“Quase não saio de casa devido à minha dificuldade de andar. Você ter
vindo aqui em casa para colocar o aparelho foi fantástico. Ainda mais, sendo
você uma pessoa atenciosa, paciente.”
Indivíduo 7 (I7):
“Foi muito bom, se você não tivesse vindo aqui em casa, não poderia
usar o aparelho. Como você sabe, meu marido está doente e não tenho
ninguém que possa ficar com ele para eu ir até a cidade.”
Indivíduo 8 (I8):
“Não queria te dar o trabalho de vir aqui. Poderia ter ido até o seu
escritório, mas como o médico disse que você vinha na minha casa, achei
melhor, minhas pernas não estão boas para eu ficar andando muito.”
Indivíduo 9 (I9):
“Se soubesse que iria ouvir tão bem, teria te chamado antes. Foi muito
bom que você pode me atender em casa.”
Indivíduo 10 (I10):
“Achei ótimo o atendimento, você é muito atenciosa e como uso oxigênio,
é difícil quando preciso sair de casa.
59
5. DISCUSSÃO
Pela literatura levantada, observamos que a perda auditiva no idoso leva
a um impacto considerável do ponto de vista psicossocial e que não
tratamento clínico, medicamentoso ou cirúrgico que possa ser feito, além da
adaptação e do uso de aparelhos de amplificação sonora (AAS) (Russo, 2004;
Assayag e Russo, 2006; Souza, 2007).
O processo de seleção e adaptação de AAS envolve etapas que devem
ser seguidas, para obtermos um bom resultado. Devemos respeitar as
necessidades individuais de cada sujeito e ter cautela ao observar os
problemas biológicos, fisiológicos e psicológicos geralmente presentes e que
vão ser de grande importância na definição do modelo do AAS. Além disso,
deve ser realizada a verificação e a validação dos AAS na análise do
desempenho pelo fonoaudiólogo. Para tanto, existem inúmeros questionários
que verificam a satisfação e o benefício obtidos com o uso do AAS,
adaptados e traduzidos para a língua portuguesa (Upfold et al.,1990; Cox e
Alexander, 2002; Campos et al.,2003; Russo et al. 2003; Teixeira et al., 2008).
Outro aspecto relevante diz respeito ao fato de que o adianta o sujeito
utilizar um AAS com tecnologia de última geração se ele não for bem orientado
pelo fonoaudiólogo durante e após a adaptação ao aparelho. Esta orientação
deve englobar tanto a colocação e a remoção, a limpeza do AAS, quanto a
troca de pilhas, condições sicas para obter sucesso com o AAS. Para
indivíduos idosos, tais orientações, além de serem dadas oralmente, devem ser
efetuadas por escrito, com letras grandes, para que eles possam consultá-las a
qualquer momento. No caso de o indivíduo contar com a presença de um
60
cuidador, essas orientações precisam também ser transmitidas a ele (Hull,
1992; Sweetow, 1999; Russo et al., 2003; Iervolino et al., 2003; Boéchat el al.,
2003).
Na literatura, foram encontrados estudos que apresentaram bons
resultados na adaptação dos AAS para os indivíduos que contavam com
cuidadores e que, sem a presença deles, os indivíduos idosos não
conseguiriam manuseá-los de forma correta, resultando em uma adaptação
ruim. Em tais estudos foi revelado que a prevalência dos cuidadores é do
gênero feminino (Mendes 1998; Lüders,1999; Jacob Filho et al., 2000; Papaléo
Netto e Tieppo, 2000; Yuaso e Sguizzatto, 2000; Ruschel et al. 2007).
O atendimento domiciliar, que pode ser realizado na residência do
indivíduo, na clínica e no hospital, é de grande importância para dar suporte ao
paciente que não tem condições de se locomover até o consultório, clínica ou
empresa, que dispõem de serviços especializados. Neste tipo de atendimento,
o profissional consegue avaliar in loco as condições ambientais em que o
indivíduo vive e observar as dificuldades encontradas, a fim de minimizá-las.
Além disso, o fonoaudiólogo pode verificar se o cuidador/ familiar está disposto
a participar ativamente do processo de reabilitação audiológica do idoso (Viude,
2000; Ângelo, 2000; Amaro, 2003; Iervolino et al, 2003).
A seguir, serão feitos os comentários referentes aos resultados do
presente estudo, comparando-os com a literatura compulsada.
61
5.1. Discussão da caracterização dos sujeitos da pesquisa: dados de
identificação.
Os dez indivíduos que participaram da pesquisa estavam
impossibilitados de locomover-se até a empresa/clínica e/ou hospital distribuidor
dos AAS. Este fato dificulta ainda mais a sua inserção na sociedade, o que, de
acordo com Russo (2004), é muito comum no idoso. Para realizar o estudo,
foram selecionados os indivíduos impossibilitados de sair de casa, seja por
motivos de saúde ou até mesmo por falta de tempo de sair do trabalho, levando
em consideração as distâncias e o trânsito de uma metrópole como São Paulo.
Todos os atendimentos deste estudo foram agendados pelos próprios
indivíduos, que tinham indicação para o uso do aparelho de amplificação
sonora e foram orientados sobre as consultas periódicas com o médico
otorrinolaringologista, principalmente os que foram adaptados com o modelo
intracanal, para possível remoção do excesso de cerume que poderia prejudicar
o uso do AAS, o que condiz com Campos et al. (2003).
Dos dez indivíduos pesquisados, nove apresentavam perda auditiva
bilateral, com queda mais acentuada nas freqüências altas e diminuição da
inteligibilidade de fala, o que, de acordo com Russo (2004) e Souza (2007), é
como é caracterizada a perda auditiva no idoso. Apenas um indivíduo
apresentou perda auditiva unilateral.
Todos os indivíduos dispunham dos resultados da audiometria tonal por
via aérea e óssea, da logoaudiometria e da imitanciometria, que auxiliaram a
determinar as características físicas e eletroacústicas no processo de seleção e
adaptação aos AAS (Russo et al. 2003). Neste estudo, não foi realizada a
pesquisa de desconforto para cada freqüência porque todos os indivíduos
possuíam os exames efetuados em um serviço terceirizado.
62
Na primeira sessão do programa de atendimento domiciliar, ao iniciar a
avaliação e a seleção para posterior adaptação do AAS, foram levadas em
consideração as possíveis dificuldades que o sujeito avaliado poderia
apresentar em relação a sua comunicação. para a escolha do modelo de
AAS, foram levadas em conta a acuidade visual, a sensibilidade tátil e a
destreza manual do indivíduo idoso, uma vez que, para a manipulação, a
inserção e a remoção do AAS, são fundamentais essas habilidades. Isto vai ao
encontro das idéias de Russo et al. (2003).
Outro ponto relevante na adaptação de AAS em idosos é a confecção de
moldes devido à flacidez da pele e ao excesso de pêlo no caso dos homens.
Neste estudo, não foi encontrada nenhuma dificuldade em relação à impressão
do molde auricular e em todos os moldes dos AAS miniretroauriculares foi
utilizado o material de acrílico recomendado por Russo et al, (2003).
No tocante aos aparelhos de amplificação sonora utilizados, sete
indivíduos foram adaptados com o modelo intracanal e três com o modelo
miniretroauricular. Apesar de os idosos terem dificuldades visuais e de
manipulação de objetos pequenos, ainda preferem o modelo menor, que fica
menos visível, pois continuam a se preocupar com a estética, mesmo em
idades mais avançadas (Upfold et al,1990). As dificuldades encontradas com o
modelo intracanal foram relacionadas às trocas do protetor de cerume, por ser
muito pequeno e necessitar de uma boa visão. Com o modelo
miniretroauricular, a dificuldade foi o uso do telefone, pois teriam de posicioná-lo
junto ao microfone do AAS, que fica na parte superior da orelha.
No estudo de Upfold et al. (1990), a maioria dos indivíduos orientados no
período de quatro sessões e incentivados à experiência domiciliar mostrou que
ainda possuía dificuldades para manipular os aparelhos após três sessões de
orientação. Este dado difere do nosso estudo, uma vez que, na quarta sessão
63
deste programa de atendimento domiciliar, os sujeitos mostraram estar
manipulando melhor os seus aparelhos.
Estes mesmos autores relataram que o fonoaudiólogo que fizer a
adaptação do AAS deve reconsiderar a opção da colocação da bobina
telefônica no AAS. No presente estudo, os indivíduos que se adaptaram com o
modelo intracanal não tiveram a opção da bobina telefônica. Os indivíduos que
se adaptaram ao modelo miniretroauaricular tinham a opção de ligar a bobina
telefônica, mas isso não foi necessário para nenhum deles. Apenas um
indivíduo apresentou dificuldades para usar o telefone e preferiu utilizá-lo no
modo “viva voz”, apresentando um ótimo resultado.
No programa de atendimento domiciliar proposto neste estudo foram
feitas as verificações dos AAS por meio da mensuração com microfone sonda
(mensuração in situ”) para avaliar a efetividade dos AAS. Pudemos observar
que os ganhos desejados dos AAS foram obtidos. Matas e Iório (2003) e Couto
et al. (2003) apontaram a grande vantagem deste método, por ser objetivo,
exigir pouca colaboração do indivíduo e ser de fácil aplicação, mostrando ser
ideal para o programa de atendimento domiciliar. Foi observado neste estudo
que as respostas aos aparelhos de amplificação sonora estavam de acordo
com as regras prescritas e com a sensação de cada paciente.
Sabemos que outra forma de efetuar a verificação seria o uso do ganho
funcional, que é um exame subjetivo, que precisa ser realizado dentro de uma
cabina acústica, em um ambiente silencioso, além de necessitar de um
audiômetro acoplado a caixas acústicas. Nesta pesquisa, o ganho funcional não
foi realizado pela impossibilidade de deslocar este equipamento até o domicílio
de cada indivíduo. No caso de o paciente que é atendido domiciliarmente não
ter impedimento de sair, podendo deslocar-se até a empresa/clínica/hospital
para realizar este exame, ele é de grande importância para complementar a
64
verificação e possibilitar ao profissional uma melhor avaliação do desempenho
com os AAS.
5.2. Discussão dos resultados da aplicação do questionário IOI-HA
Para avaliar o sucesso da adaptação aos AAS nas situações de vida
diária de comunicação de novos usuários, foi aplicado o questionário The
International Outcome Inventory for Hearing Aids (IOI-HA), por ser de fácil
aplicação, o que está de acordo com Matas e Iório (2003) e Teixeira et al.
(2008), que o destacaram por ser rápido, simples, eficiente e validado.
A pontuação média de cada item variou entre 4,2 e 5,0. A alta pontuação
apresentada pela maioria dos indivíduos indica que apresentam reações
favoráveis ao uso do AAS, mostrando-se satisfeitos com os resultados da
adaptação ao AAS como um todo. Prates e Iório (2006) também encontraram
médias positivas e superiores a quatro pontos nas análises por item, lembrando
que a pontuação máxima possível por questão é cinco. Conseqüentemente, as
análises da soma de todas as questões (ST), fator 1 e fator 2, também foram
positivas. Vale ressaltar que maiores pontuações indicam melhores resultados
de adaptação aos AAS pelos indivíduos.
Cox e Alexander (2002) também verificaram uma alta pontuação dos
indivíduos avaliados em seu estudo no questionário IOI-HA, sugerindo atitudes
favoráveis a suas próteses auditivas. Enfatizaram, ainda, a provável
sensibilidade do questionário para detectar indivíduos com experiência negativa
em relação à amplificação sonora. Para estes mesmos autores, os sete itens
agrupam-se em duas áreas distintas: fator 1 e fator 2. O primeiro é interpretado
como aquele que abrange a introspecção do indivíduo com o seu AAS (eu e o
meu AAS), incluindo tempo de uso, benefício, satisfação e qualidade de vida. O
65
fator 2 reflete a influência do AAS nas interações do indivíduo com o mundo (eu
e o resto do mundo), englobando os itens de limitação de atividades, restrições
sociais e impressão dos outros.
A relação entre os fatores 1 e 2 revelou um resultado estatisticamente
não significante (p=0,18), sugerindo que não houve discrepância na relação do
usuário com o AAS e a impressão das outras pessoas com relação ao mesmo.
Embora a associação entre presença de cuidador e alta pontuação no
questionário não tenha sido estatisticamente significante, a similaridade de
resultados entre os fatores 1 e 2 sugere que eles são interdependentes; ou
seja, se o primeiro fator apresentou pontuação alta, indicando bom
relacionamento do indivíduo com AAS, o segundo fator, relacionado ao usuário
de AAS e resto do mundo, também deve ser alta, pois os fatores necessitam
um do outro.
Ao iniciar esta pesquisa, acreditávamos que os indivíduos que
contassem com a presença de um cuidador teriam melhor desempenho com o
uso do AAS. Todavia, neste estudo não foi observada associação
estatisticamente significante entre ter cuidador e apresentar maior pontuação no
questionário, o que poderia sugerir maior satisfação do usuário com o AAS.
Este achado contraria os estudos realizados por Diego e Duarte (2006),
Lüders (1999), Ruschel et al. (2007), que apontam para o fato de que indivíduos
idosos usuários de AAS necessitam da ajuda de outra pessoa para terem um
bom desempenho com os AAS. Esta diferença pode ser explicada devido ao
tamanho pequeno da amostra, indicando que outros estudos são necessários
para confirmar esta hipótese.
A avaliação subjetiva, por meio de questionário de auto-avaliação das
intercorrências da deficiência auditiva, é de grande importância para verificar a
66
adaptação do indivíduo idoso ao AAS nas situações do dia-a-dia, visando
melhor qualidade de vida.
Os resultados satisfatórios encontrados nos dois grupos: Grupo I -
Experimental, que tinha cuidador/familiar e Grupo II - Controle, que não tinha
cuidador/familiar possivelmente ocorreram devido às orientações e aos
aconselhamentos fornecidos.
O programa de atendimento domiciliar proposto nesta pesquisa,
distribuído em quatro atendimentos, foi completamente estruturado com
sessões de orientações, ou seja, em todos os atendimentos os indivíduos e/ou
cuidadores foram orientados e reorientados. De acordo com Clark e Martin
(1994); Sweetow (1999); Russo et al. (2003); Iervolino et al. (2003); Boéchat et
al. (2003), estas orientações são fundamentais para o sucesso do uso efetivo
do AAS pelo idoso. Para Hull (1992), o aconselhamento é um dos aspectos
mais importantes dentro de um programa de reabilitação auditiva. Por outro
lado, no estudo de Upfold et al. (1990), a maioria dos indivíduos orientados no
período de quatro sessões e incentivados à experiência domiciliar mostrou que
ainda possuíam dificuldades para manipularem seus aparelhos após três
sessões de orientação.
Apesar de alguns indivíduos apresentarem dificuldades para manusear
os AAS, metade dos indivíduos avaliados (n=5) tinha a presença de um
cuidador que lhes dava assistência. Ruschel et al. (2007) concluíram que, sem
a ajuda de outra pessoa, os indivíduos usuários de AAS não conseguiriam
manuseá-lo e utilizá-lo de forma adequada. Na realização deste estudo,
observamos que, por mais que os indivíduos apresentassem dificuldades
visuais e de manuseio, não deixaram de usar os AAS por estes motivos.
Dos cuidadores dos indivíduos avaliados, três eram do sexo feminino e
apenas dois do sexo masculino, comprovando maior prevalência das mulheres.
67
Este achado foi confirmado pelo estudo de Mendes (1998), que observou que a
maioria dos cuidadores é do sexo feminino e nem todas as mulheres têm
qualquer grau de parentesco com os indivíduos.
Por outro lado, estudos como o de Jacob Filho et al. 2000; Papaléo Netto
e Tieppo, 2000; Yuaso e Sguizzatto, 2000 mostraram que os indivíduos
atendidos em sua residência são na maioria mulheres, o que mostrou ser em
menor proporção neste estudo, no qual foram avaliados seis homens e somente
quatro mulheres.
Apesar de não haver associação estatisticamente significante entre ter
cuidador e não ter cuidador, neste programa de atendimento domiciliar e em
nossa prática clínica, constatamos a importância da inclusão destes no
processo de adaptação de AAS em indivíduos idosos. Este fato é corroborado
pelos estudos de ders (1999); Diogo e Duarte (2006); Ruschel et al. (2007) e
Venâncio (2007), que mostraram a necessidade da inclusão dos familiares nos
programas de reabilitação audiológica. Os cuidadores/familiares acabam
motivando os indivíduos, fazendo com que eles fiquem mais independentes,
que tenham maior envolvimento no mundo ao seu redor, participando mais
ativamente das conversas. Em alguns casos, esses indivíduos voltam assistir a
televisão e, com isso, ficam mais motivados e atualizados e passam a usar
mais o telefone para conversar com um parente e/ou amigo, deixando de se
isolar do mundo a sua volta.
5.3. Discussão dos resultados da avaliação qualitativa
Os indivíduos produziram segmentos discursivos referentes à pergunta
“O que significou o atendimento domiciliar para o Senhor/Senhora?”, formulada
pela pesquisadora.
68
Todos os indivíduos avaliados nesta pesquisa estavam abalados
fisicamente e socialmente devido aos problemas de saúde e, principalmente,
pela deficiência auditiva, deixando de participar de reuniões de família, assistir
televisão e, até mesmo, falar ao telefone com um amigo ou parente, o que os
isolava dos demais.
Em todas as respostas dadas, foi atribuído um sentido positivo em
relação ao benefício obtido após o uso do AAS e comprovada a eficácia do
programa de atendimento domiciliar. Todos os indivíduos definiram o programa
de atendimento domiciliar e conseqüente uso de AAS como sendo um meio
eficaz de reduzir as dificuldades ocasionadas pela deficiência auditiva. Devido
às dificuldades de locomoção e/ou problemas de saúde que apresentam,
estariam impossibilitados de ir à empresa distribuidora/clínica e/ou hospital
fornecedor dos dispositivos para se submeterem às quatro sessões de
atendimento. Houve unanimidade ao afirmarem que teria sido mais difícil uma
adaptação do AAS.
Os dados relativos à dificuldade auditiva apresentados pelos indivíduos
sem o uso da amplificação sonora concordam com Russo (2004) e Souza
(2007), ao revelarem que as dificuldades de comunicação se devem ao fato de
que a perda auditiva na população idosa, além da reduzir a sensibilidade
auditiva, gera muita dificuldade na compreensão da fala em níveis
supraliminares, prejudicando significativamente o processo de comunicação.
Durante as entrevistas, os indivíduos abordaram amplamente a
necessidade do uso do AAS, que passou a ter um significado relevante em
suas vidas. Todos os indivíduos reforçaram a melhora da audibilidade e da
compreensão dos sons verbais, favorecendo, decorrente do uso da
amplificação sonora e das estratégias de comunicação empregadas, facilitando,
assim, o processo de comunicação. Além disso, foi constatado um elevado grau
69
de satisfação relacionado ao atendimento proporcionado durante e após a
adaptação dos AAS. Isto vem ao encontro de Assayag e Russo (2006), que
verificaram que o benefício não é condição básica para a satisfação do idoso
com o uso do aparelho de amplificação sonora e a avaliação dos efeitos
proporcionados pelo seu uso, indicando que cada sujeito pode apresentar uma
configuração de resultados particular a suas condições físicas, emocionais,
sociais e culturais. Estes fatores devem ser levados em consideração no
processo de reabilitação auditiva do indivíduo idoso candidato ao uso de AAS
em nossa realidade.
Considerações Finais
Os resultados do questionário apontaram altas pontuações, indicando
que todos os idosos mostraram bom desempenho com os aparelhos de
amplificação sonora e se encontravam felizes com a adaptação. Esta satisfação
foi proporcionada pela inserção do indivíduo em um programa de atendimento
domiciliar, no qual o AAS é visto como parte de um processo que envolve
orientação, aconselhamento e uso de estratégias de comunicação.
Sessões de orientações para o indivíduo idoso novo candidato ao uso de
AAS e/ou para o cuidador são de grande importância no sucesso da adaptação,
pois envolvem a escuta do fonoaudiólogo para a solução dos problemas.
O questionário IOI-HA mostrou ser um instrumento eficiente para avaliar
a satisfação da população idosa com o uso da amplificação sonora, sendo
recomendável a sua utilização nos programas de atendimento domiciliar para
os idosos. Os dados também mostraram que os fatores 1 e 2 do questionário
dependem um do outro, ou seja, a introspecção do indivíduo com o seu AAS,
70
abrangendo o tempo de uso, os benefícios, a satisfação e a qualidade de vida
interferem nas interações do indivíduo com o mundo, limitando suas atividades,
impondo restrições sociais e afetando a impressão dos outros. Da interação
entre os dois fatores dependem os bons resultados em relação à adaptação do
indivíduo idoso ao uso do AAS.
Desse modo, esperamos que este estudo possa contribuir para a
formação do fonoaudiólogo que atua na área de seleção e adaptação de AAS
para idosos, que deverá pensar neste programa de atendimento domiciliar,
visando o bem estar e a satisfação de seu paciente idoso. A imobilidade é uma
das principais conseqüências do processo de envelhecimento, mas não deve
representar uma barreira à realização de um trabalho de reabilitação adequado
às necessidades audiológicas, estéticas e psicossociais dos idosos deficientes
auditivos em nossa realidade.
71
6. CONCLUSÃO
Diante dos resultados do presente estudo, que teve como objetivo
descrever, aplicar e verificar a efetividade de um programa de atendimento
domiciliar ao indivíduo idoso novo usuário de aparelhos de amplificação sonora,
pudemos chegar às seguintes conclusões:
O programa para o atendimento domiciliar destinado ao idoso novo
usuário de aparelho de amplificação foi proposto e aplicado, revelando
ser efetivo.
o houve associação estatisticamente significante entre a presença e a
ausência de cuidador ou familiar no grau de satisfação apresentado
pelos idosos usuários de AAS.
72
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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76
Zagabria DB. O cotidiano de cuidadores de idosos dependentes: o limite entre
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77
ANEXO
ANEXO 1 – Parecer do Comitê de Ética
78
ANEXO 2 - Modelo de Carta de Aceitação da instituição onde foi realizada
a coleta dos dados
(assinada pelo responsável)
São Paulo, __________de___________________de________.
À
Comissão de Ética do PEPG de Fonoaudiologia da PUC-SP
Eu, ____________________________, CPF_______________,
responsável pela
_______________________________________________(nome da
instituição)_______________________________, autorizo o pesquisador
Carolina Morato Façanha Bandeira Dantas a realizar a pesquisa Atendimento
domiciliar ao indivíduo idoso novo usuário de aparelhos de amplificação
sonora nesta instituição.
____________________________________
Nome da Instituição
____________________________________
Assinatura do responsável
(com carimbo)
79
ANEXO 3 - CARTA PARA OBTENÇÃO DO CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO PARA PESQUISAS QUE ENVOLVAM: ADULTOS E
QUESTIONÁRIO (SEM AVALIAÇÃO)
Caro (a) Senhor (a)
Eu, Carolina Morato Façanha Bandeira Dantas, fonoaudiólogo(a),
portadora do CIC 085.390.777-36, RG 11326286-9, estabelecido(a) na Rua
Martiniano de Carvalho, 676-apt 12 , CEP 01321-000, na cidade de São Paulo,
cujo telefone de contato é (11) 35691067, vou desenvolver uma pesquisa cujo
título é Atendimento domiciliar ao indivíduo idoso novo usuário de
aparelhos de amplificação sonora, necessito que o Sr.(a). forneça
informações à respeito de __________________________, cujas perguntas
estão em anexo, devendo ocupá-lo(a) por quinze minutos para completar as
respostas.
Sua participação nesta pesquisa é voluntária e constará apenas de oito
perguntas que deverão ser respondidas sem minha interferência ou
questionamento e que não determinará qualquer risco ou desconforto.
Sua participação não trará qualquer benefício direto, mas proporcionará
um melhor conhecimento a respeito do Atendimento domiciliar ao indivíduo
idoso novo candidato ao uso de AAS, que em futuros tratamentos
fonoaudiológicos poderão beneficiar outras pessoas ou, então, somente no final
do estudo poderemos concluir a presença de algum benefício.
Não existe outra forma de obter dados com relação ao procedimento em
questão e que possa ser mais vantajoso.
80
Informo que o Sr(a). tem a garantia de acesso, em qualquer etapa do
estudo, sobre qualquer esclarecimento de eventuais vidas. Se tiver alguma
consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com a
Carolina Morato F. B. Dantas, Telefone (11) 35691067.
Também é garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer
momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à
continuidade de seu tratamento na instituição
Garanto que as informações obtidas serão analisadas em conjunto com
outros pacientes, não sendo divulgado a identificação de nenhum dos
participantes.
O Sr (a). tem o direito de ser mantido atualizado sobre os resultados
parciais das pesquisas e caso seja solicitado, darei todas as informações que
solicitar.
Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante em
qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não
compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer
despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa
e os resultados serão ser veiculados através de artigos científicos em revistas
especializadas e/ou em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar
possível sua identificação.
Anexo está o consentimento livre e esclarecido para ser assinado caso
não tenha ficado qualquer dúvida.
81
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Acredito ter sido suficiente informado à respeito das informações que li
ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo Atendimento domiciliar
ao indivíduo idoso novo usuário de aparelhos de amplificação sonora.
Eu discuti com a fonoaudióloga Carolina Morato F. B. Dantas sobre a
minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são
os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus
desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos
permanentes.
Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que
tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer minhas dúvidas a
qualquer tempo. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o
mesmo, sem penalidade ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu
possa ter adquirido.
_____________________________ Data __/__/__
Assinatura do entrevistado
Nome:_________________________________________
Endereço:______________________________________
RG.___________________________________________
Fone: ( )_______________________________________
_______________________________ Data __/__/__
Assinatura do(a) pesquisador(a)
82
ANEXO 4 - Questionário: The International Outcome Inventory for Hearing
AIDS (IOI-HA), traduzido e adaptado por Bevilácqua, 2002.
1. Pense no tempo em que usou o(s) seu(s) aparelho(s) de amplificação sonora
nas últimas duas semanas. Durante quantas horas usou o(s) aparelho de
amplificação sonora individual num dia normal?
não usou
menos que 1 hora por dia
entre 1 e 4 horas por dia
entre 4 e 8 horas por dia
mais que 8 horas por dia
2. Pense em que situação gostaria de ouvir melhor, antes de obter o(s) seu(s)
aparelho(s) de amplificação sonora. Nas últimas duas semanas, como o(s)
aparelho(s) de amplificação sonora individual o/a ajudou (ou ajudaram) nessa
mesma situação?
não ajudou (não ajudaram) nada
ajudou (ajudaram) pouco
ajudou (ajudaram) moderadamente
ajudou (ajudaram) bastante
ajudou (ajudaram) muito
3. Pense novamente na mesma situação em que gostaria de ouvir melhor,
antes de obter o(s) seu(s) aparelho(s) de amplificação sonora. Que grau de
dificuldade AINDA encontra nessa mesma situação usando o(s) aparelho(s) de
amplificação sonora?
83
muita dificuldade
bastante dificuldade
dificuldade moderada
pouca dificuldade
nenhuma dificuldade
4. Considerando tudo, acha que vale a pena usar o(s) aparelho(s) de
amplificação sonora individual?
Não vale a pena
Vale pouco a pena
Vale moderadamente a pena
Vale bastante a pena
Vale muito a pena
5. Pense nas últimas duas semanas, usando o(s) aparelho(s) de amplificação
sonora individual? Quanto os seus problemas de ouvir o/a afetaram nas suas
atividades?
Afetaram muito
Afetaram bastante
Afetaram moderadamente
Afetaram pouco
Não afetaram
6. Pense nas últimas duas semanas, usando o(s) aparelho(s) amplificação
sonora. Quanto os seus problemas de ouvir afetaram ou aborreceram outras
pessoas?
84
Afetaram muito
Afetaram bastante
Afetaram moderadamente
Afetaram pouco
Não afetaram
7. Considerando tudo, como acha que o(s) seu(s) aparelho(s) de amplificação
sonora mudou (ou mudaram) a sua alegria de viver ou gozo na vida?
 Para pior ou menos alegria de viver
 Não houve alteração
 Um pouco mais de alegria de viver
 Bastante alegria de viver
 Muito mais alegria de vive
85
ANEXO 5 - Programa de Atendimento domiciliar para indivíduo idoso novo usuário de aparelho de amplificação sonora (AAS)
Primeiro atendimento ___/___/___ Segundo atendimento ___/___/___ Terceiro atendimento ___/___/___
Quarto atendimento: __/__/__
Meatoscopia: Moldes: Fez uso contínuo do AAS:
Aplicar o questionário IOI-HA:
( ) sem alterações ( ) Fisicamente confortáveis ( ) sim Perguntas:
( ) com alterações, encaminhar para o
ORL ( ) Sente oclusão ( ) não. Por quê?_______________
1) Quanta dificuldade auditiva
Pré-moldagem: Programação dos AAS:
_____________________________
você tem quando não está usando
( ) orelha direita OD:
Moldes:
o AAS?
( ) orelha esquerda ( ) silicone _______________________________
( ) Fisicamente confortáveis ___________________________
( ) bilateral ( ) acrílico _______________________________
( ) AAS apita ___________________________
Tipo de molde: _______________________________
Percepção da fala:
___________________________
( ) canal ( ) concha OE: ( ) ambiente silencioso 2) O quê significou o atendimento
( ) simples ( ) meia-concha
_______________________________
( ) ambiente ruidoso domiciliar para o Sr (a)?
( ) duplo _______________________________
( ) apenas um interlocutor ___________________________
Ventilação: _______________________________
( ) mais de um interlocutor ___________________________
( ) alívio ( ) 3mm
( ) melhorou para o telefone: ___________________________
( ) 1mm ( ) 4 mm
Verificação dos AAS
Bobina telefônica ( ) sim ( ) não
Ajustes dos AAS:
( ) 2mm
Ganho de inserção:
( ) melhorou para a TV
OD:
____________________________
Modelo dos AAS:
Ajustes dos AAS:
___________________________
( ) microcanal
ORIENTAÇÃO E
OD:
____________________________
____________________________
( ) intracanal
ACONSELHAMENTO
_____________________________
OE:
____________________________
( ) miniretroauricular
OE:
____________________________ ___________________________
( ) retroauricular
____________________________ ___________________________
Queixas e dificuldades auditivas:
ORIENTAÇÂO sobre os retornos
_____________________________
com a fonoaudióloga e com o
_____________________________
médico otorrinolaringologista. E
ORIENTAÇÃO E
ACONSELHAMENTO
também sobre as revisões dos
aparelhos.
86
ANEXO 6 - Entrevista Inicial:
Sexo: Data de nascimento: __/__/__
( ) Feminino 60-70 anos ( )
( ) Masculino 71-80 anos ( )
81-90 anos ( )
Profissão: _____________________________________________
Queixa Auditiva: _______________________________________
Há quanto tempo sente a perda auditiva? ____________________
Apresenta algum destes sintomas?
( ) otalgia
( ) presença de otorréia
( ) prurido
( ) zumbido
Tem antecedentes familiares?
( ) Sim, quem?_________________________________________
( ) Não
87
Já ficou exposto a ruídos intensos?
( ) Sim, Há quantos anos?________________________________
( ) Não
Grau da perda auditiva (Russo et al. - 2009):
( ) Perda Auditiva Moderada: 41-55 dB NA
( ) Perda Auditiva Moderada/severa: 56 – 70 dB NA
( ) Perda Auditiva Severa: 71 – 90 dB NA
Tipo da perda auditiva:
( )Condutiva
( )Mista
( )Neurossensorial
( )Bilateral
( )Unilateral
( )Orelha direita
( )Orelha esquerda
( )Simétrico
( )Assimétrico
88
Tem facilidade para manusear coisas pequenas?
( ) Sim
( )Não
Apresenta problemas visuais/uso de óculos?
( ) Sim
( ) Não
Tem cuidador e/ou familiar?
Sim ( ) Grau de parentesco____________________________
Não ( )
Se sim, qual o grau de instrução?
1
0
Grau ( )
2
0
Grau ( )
Superior: Incompleto ( )
Completo ( ) Profissão?__________________________
Qual o período que acompanha o indivíduo?
( ) de manhã
89
( ) de tarde
( ) de noite
( ) durante todo o dia
( ) menos de três vezes por semana
( ) mais de três vezes por semana
( ) todos os dias
Tem experiência com aparelho de amplificação sonora (AAS)?
( ) Sim
( ) Não
90
ANEXO 7 - Orientações (Entregue por escrito para paciente e/ou cuidador)
Cuidados básicos com o seu aparelho de amplificação sonora:
o pode molhar.
o deixar cair, pois poderá danificá-lo.
Guardar em lugar seco: a umidade é muito prejudicial para seu aparelho
de amplificação sonora.
Quando não estiver usando, deixar a gaveta de pilha aberta.
Sempre que tirar, guardar na caixinha que vem com o aparelho, longe de
crianças e animais de estimação.
Tirar quando for dormir e tomar banho.
Limpeza: diariamente, com papel seco, sem passar qualquer produto
químico. Mantenha o molde sempre limpo. Lave-o com água e sabão
neutro, sempre que observar cerume, após a lavagem, seque-o bem,
podendo utilizar uma bombinha, que os fornecedores de aparelho
fornecem, para retirar as gotículas de água que ficam no tubo.
Troque as pilhas somente quando ouvir o “bip” sonoro avisando que as
pilhas estão fracas. Sempre que for trocá-las, retire o selo e passe um
papel seco para retirar a cola, espere alguns segundos para a pilha
carregar. Sempre tenha pilhas em mãos para os aparelhos de
amplificação sonora.
91
o retirar o tubo do molde. O tubo setrocado sempre que o aparelho
de amplificação sonora for para a manutenção, pois com o desgaste do
tempo poderá ficar amarelado, ressecado e até mesmo rasgar.
Para os aparelhos de amplificação sonora intracanal (que fica
completamente dentro da orelha), deve-se trocar o filtro uma vez ao mês
ou se antes de um mês, parar de funcionar e não for pilha gasta, foi o
filtro que entupiu. É só removê-lo e colocar um filtro novo.
Quanto for utilizar o telefone, lembrar da posição do fone : para usuários
do modelo intracanal (aparelho que fica completamente dentro da orelha,
se o AAS apitar, afastar o fone); para AAS do modelo miniretroauricular
ou retroauricular ( aparelhos que ficam atrás da orelha, o fone deve estar
posicionado no microfone do AAS).
Acompanhamentos:
A cada três meses fazer o acompanhamento com a fonoaudióloga da
empresa distribuidora dos aparelhos de amplificação sonora.
A cada seis meses fazer o acompanhamento com o médico
otorrinolaringologista.
A cada seis meses fazer revisão dos aparelhos de amplificação sonora
na assistência técnica da empresa distribuidora (qualquer pessoa poderá
levar os aparelhos).
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