163
Adair Nacarato, Adriana Varani, & Valéria Carvalho (1998) acentuam que, apesar das
pressões, que o(a) professor(a), contraditoriamente, vivenciam no seu cotidiano profissional,
também há momentos fascinantes e, enumera alguns:
• a relação emocional/afetiva e solidária, constituidora do ser humano,
que se estabelece com intensidade, na maioria das vezes, com os/as
estudantes e demais atores;
• a “belezura” e o encantamento de presenciar e colaborar com o
processo de crescimento e de desenvolvimento dos/das estudantes;
• a crença, a confiabilidade, a satisfação naquilo que faz e a certeza de
que correr riscos é necessário quando se busca alguma transformação;
• a grandiosidade e luminosidade dos momentos de insight, tanto dos
estudantes como de si próprio;
• as boas surpresas dos momentos de superação dos estudantes, de si
mesmo e dos outros atores no ambiente escolar;
• a paixão pelo conhecimento, pela aprendizagem, pela possibilidade de
conviver e contribuir com o outro. (p. 93)
Apesar das inúmeras dificuldades cotidianas, encontradas para a realização do trabalho
pedagógico, é necessário que o/a professor/a mantenha um potencial elevado de alegria, de
confiança, buscando o encantamento do cotidiano por meio da beleza da profissão de
professor/a. É importante, entretanto, que também seja recíproco, pois o/a professor/a precisa
sentir que o seu trabalho está sendo importante e aceito pelos educandos. É mediante essa
relação que se desenvolveum trabalho no qual a ludicidade possa se encontrar presente.
Uma segunda crença observada diz respeito ao sacerdócio do ensino, a qual chamei de
Ser professor é como se fosse mãe! Em relação às professoras pesquisadas, Margarida
demonstrou, com muita clareza, essa crença, ao assinalar que:
Olha, o professor das séries iniciais precisa ter muita paciência, ser cuidadosa. É como se
fosse uma mãe, ter mais aquele instinto materno, que a gente tem que ensinar, que alfabetizar,
tem que ter muito cuidado com eles, muito carinho, muita atenção para ser professora das
séries iniciais. (entrevista).
Percebi que a crença no caráter maternal do magistério também se encontra presente
em Cândida, quando expressa
(pausa) É a aproximação, eu acho, porque eu tive experiência com meninos do Ensino Médio
e a gente é mais próximo, a gente tem que ficar mais próximo, ficar mais perto dos meninos
menores. É aquela coisa mesmo assim, do afeto, do familiar que muitas pessoas acham que
não deve ter, deve diferenciar a escola da casa, da família. Diferenciar a professora da mãe, de
tia, mas eu acho que a gente é isso tudo também. Está tudo ligado à professora das séries
iniciais. É uma relação bem próxima mesmo do menino das séries iniciais, bem mais próxima
do menor. Acho que o maior também tem que ter, mas pros menores eu acho que é mais. Eu
acho que tem que ter uma atenção maior assim com eles, especialmente, com estes que são da
escola pública. (entrevista).
A sua resposta foi elaborada por meio da experiência que ela vivenciou em outros
níveis de ensino. Com essa constatação, busco demonstrar que muitos dos conhecimentos