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Bárbara Nantua Evangelista Giordano
EFEITO DO OZÔNIO SOBRE A MICOFLORA E AFLATOXINAS DURANTE A
ARMAZENAGEM DE CASTANHA-DO-BRASILCOM CASCA (BERTHOLLETIA
EXCELSA H.B.K.)
Florianópolis
2009
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIAS DOS ALIMENTOS
Bárbara Nantua Evangelista Giordano
EFEITO DO OZÔNIO SOBRE A MICOFLORA E AFLATOXINAS DURANTE A
ARMAZENAGEM DE CASTANHA-DO-BRASILCOM CASCA (BERTHOLLETIA
EXCELSA H.B.K.)
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos
do Centro de Ciências Agrárias, da
Universidade Federal de Santa Catarina,
como requisito final à obtenção do Grau de
Mestre em Ciência dos Alimentos.
Orientadora: Ph.D. Vildes Maria Scussel
Florianópolis
2009
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EFEITO DO OZÔNIO NA CONTAMINAÇÃO POR FUNGOS E AFLATOXINAS NA
ARMAZENAGEM DE CASTANHA-DO-BRASIL (BERTHOLLETIA EXCELSA H.B.K.)
Por
Bárbara Nantua Evangelista Giordano
Dissertação aprovada como requisito para a obtenção do título de Mestre no Programa de Pós-
Graduação em Ciência dos Alimentos, pela Comissão formada por:
Presidente: _______________________________________________________
Profa. PhD Vildes Maria Scussel (UFSC)
Membro: ________________________________________________________
Profa. Dra. Elisa Helena Siegel Moecke (UNISUL)
Membro: ________________________________________________________
Profa. Dra. Evanilda Teixeira (UFSC)
Membro: ________________________________________________________
Prof. Dr. César Damian (UFSC)
Coordenadora: _______________________________________________________
Profa. Dra. Renata Dias de Mello Castanho Amboni (UFSC)
Florianópolis, julho de 2009.
4
Dedico
À Deus, pela presença
constante em minha vida.
Aos queridos mestres de minha vida, meus pais, que
sempre me impulsionaram na busca de novas
oportunidades e melhores caminhos.
Ao Chico, pelo amor, força e companheirismo,
mesmo que a longas distâncias.
5
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram para realização dessa etapa de minha vida, meu sincero
reconhecimento e agradecimento, em especial:
À Deus pela força e presença na minha vida.
À minha família pelo amor incondicional.
Ao meu grande companheiro Chico pelo amor, apoio, companheirismo, força, incentivo.
À Universidade Federal de Santa Catarina.
À CAPES pelo auxílio financeiro.
À professora Vildes Maria Scussel, pela orientação na realização dessa dissertação do
mestrado.
Aos professores Ivan Gonçalves de Souza, Cleide Batista, Evanilda Teixeira, César
Damian, Pedro Barreto, Elisa Moecke pela ajuda, colaboração para a realização do trabalho.
Ao sempre prestativo Luciano Gonzaga por toda ajuda concedida.
À Ariane Pacheco e Estela Nunes pela força, ajuda, amizade, colaboração na realização
do trabalho.
Aos técnicos administrativos Maria Inêz e Sérgio de Souza por toda ajuda e
compreensão.
A todos aqueles que contribuem para a preservação e higiene do nosso local de trabalho,
em especial ao seu Bento e Dona Sônia.
Ao pessoal do Laboratório de Micotoxicologia pelo companheirismo durante a
realização do trabalho.
Às colegas de Laboratório Vanessa Simão e Mariana Wagner Rocha pela ajuda,
amizade, apoio e inestimável contribuição na elaboração deste trabalho.
À Empresa TUBOZAN pela doação dos tubos e tampas de PVC.
A todas as pessoas citadas e aquelas que possa ter esquecido o meu carinho e amizade.
MUITO OBRIGADA!
Alguns colaboraram o tempo todo, outros em algum intervalo de tempo, também houve
aqueles que em um breve momento me brindaram com uma idéia, uma pergunta ou simplesmente
um sorriso, AGRADEÇO A TODOS.
6
“Em nossas vidas há momentos de alegria e de sofrimento. Se conseguirmos entender que
sempre haverá bons e maus podemos gradualmente a não o esperar somente bons momentos, e
nem a detestar os maus.”
(Daisaku Ikeda)
7
GIORDANO, Bárbara Nantua Evangelista. Efeito do ozônio sobre a micoflora e aflatoxinas
durante a armazenagem de castanha-do-Brasil com casca (Bertholletia excelsa H.B.K.).
2009. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) – Programa de Pós-Graduação em
Ciência dos Alimentos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC.
RESUMO
Foram realizados dois trabalhos (1) [Título: Efeito do gás ozônio sobre castanha-do-Brasil
(Bertholletia excelsa H.B.K.) redução micoflora e aflatoxina durante o armazenamento]; (2)
[Titulo: Avaliação do tratamento de ozônio e embalagem a vácuo para castanha-do-Brasil
inactivação de fungos e degradação de aflatoxina durante a armazenagem]
]]
]. Em (1) foram
avaliados o efeito do ozônio (O
3
) em castanha-do-Brasil sobre a carga fúngica, degradação de
aflatoxinas, oxidação lipídica e avaliação sensoriais. Grupos de castanhas com casca foram
submetidos ao O
3
, em diferentes concentrações e armazenados por 180 dias. As amostras foram
coletadas logo após a exposição do gás e a cada 30 dias durante o período de armazenamento,
para exames micológicos, aflatoxinas, oxidação lipídica e avaliação sensorial. O tratamento com
O
3
afetou a micoflora, reduzindo a sua contagem total e assim o conteúdo de umidade (de 9,43 a
5,32%, respectivamente). O tratamento com O
3
de 5 horas a 31 mg/L foi capaz de destruir com
sucesso os fungos (inicial ufc/g: 6.9x10
4
). Espécies de Aspergillus, flavus e parasiticus, foram
capazes de crescer até 14 mg/L de O
3
e 30 dias de armazenamento. A redução de fungos logo
após a colheita, aplicando O
3
certamente ireduzir a possibilidade de uma maior proliferação
fungos e assim aflatoxinas formação. No que diz respeito à oxidação lipídica e avaliação
sensorial, a partir dos dados obtidos não foi observada alteração significativa após os tratamentos
de O
3
e tempo de armazenamento. Aflatoxinas apresentaram degradação com O
3
no Grupo II
(14mg/L), após 30 dias de armazenamento. Como conclusão, O
3
foi eficaz para a castanha-do-
Brasil em relação à contagem total de fungos, conteúdo de umidade, oxidação lipídica, análise
sensorial e à redução da aflatoxina. Em (2) foram relatados a avaliação O
3
sob a influência nas
embalagens à vácuo com relação a carga fúngica, redução de aflatoxinas, oxidação lipídica e
aceitação consumidor durante o armazenamento. Grupos de castanhas com casca, foram
submetidos a tratamento de O
3
com 31,5 mg/L de concentração e armazenados durante 2 meses.
As amostras foram analisadas cada 30 dias, as castanhas foram submetidas a testes micológicos,
aflatoxinas, oxidação lipídica e avaliação sensorial. O tratamento com O
3
afetou a micoflora,
reduzindo a sua contagem total e assim o conteúdo de umidade. O tratamento de O
3
foi aplicado
dentro de 5 horas a 31 mg/L foi capaz de destruir com sucesso contaminação fúngica (inicial
ufc/g: 6.9x10
4
). Bem como desenvolvimento de qualquer espécie aflatoxigênicas (Aspergillus
flavus e Aspergillus parasiticus). A redução de fungos logo após a colheita, aplicando O
3
certamente irá reduzir a possibilidade de uma maior proliferação fungos e assim formação de
aflatoxinas. No que diz respeito à oxidação lipídica e avaliação sensorial, a partir dos dados
obtidos não foi observada alteração significativa após o O
3
e tempo de armazenamento.
Aflatoxinas apresentou degradação com tratamento em O
3
(31,5mg/L), castanha-do-Brasil
embaladas á vácuo. O
3
foi eficaz em relação à contagem total de fungos, conteúdo de umidade,
oxidação lipídica, análise sensorial e à redução da aflatoxina.
Palavras-chave: castanha-do-Brasil, ozônio, micoflora, aflatoxina, oxidação lipídica,
armazenamento, embalagem, vácuo.
8
GIORDANO, Bárbara Nantua Evangelista. Effect of ozone on the mycoflora and aflatoxins
during storage of in shell Brazil nut (Bertholletia excelsa H.B.K.). 2009. Dissertation (Master
on Food Science) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC.
ABSTRACT
We works were performed (1) [Title: Effect of ozone gas on brazil nut (bertholletia excelsa
h.b.k.) mycoflora and aflatoxin reduction during storage] on storage of Brazil nut treated with
O
3
; (2) [Title: Evaluation of ozone treatment and vaccum packaging for in-shell brazil nut
fungi inactivation and aflatoxin degradation during storage]
]]
] In (1) the work of storage reports
an evaluation of the ozone (O
3
) gas influence during Brazil nut storage on fungi load, aflatoxins
degradation, lipid oxidation and sensory attributes. Groups of in-shell Brazil nuts, were submitted
to O
3
atmosphere at different concentrations and stored for 180 days. Samples were collected just
after the gas exposure and every each 30 days during the storage period, for mycological tests and
analysed for, aflatoxins, lipid oxidation and sensory evaluation. The O
3
treatment affected the
mycoflora growth, lowering their total count and so the moisture content (mc) (from 9.43 to 5.32
% respectively). The O
3
treatment applied within 5 hours at 31 mg/L was able to successfully
destroy nuts fungi contamination (initial cfu/g: 6.9x10
4
). Aspergillus, species flavus and
parasiticus, were able to grow up to 14 mg/l O
3
concentration and 30 days of storage. Fungi
reduction just after harvesting by applying O
3
will certainly reduce the possibility of further fungi
proliferation and so aflatoxins formation. As far as lipid oxidation and sensory evaluation are
concerned, from the data obtained it was not observed significant changes after the O
3
treatments
and time of storage. aflatoxins presented degradation with O
3
at Group II (14mg/L)
after 30 day of
storage. In conclusion, O
3
is effective for the nut with respect to the total count of fungi, mc, lipid
oxidation, sensory analysis and reduction of aflatoxin. In (2) study about packaging vaccum
reports an evaluation of the O
3
gas influence Brazil nut packaging vacuum on fungi load,
aflatoxins reduction, lipid oxidation and consumer acceptance during the storage. Groups of in-
shell Brazil nuts, were submitted to O
3
treatment at 31,5mg/L concentration and stored for 2
month. Samples were analysed each 30 days, nuts were submitted to mycological tests and
analysed for, aflatoxins, lipid oxidation and sensory evaluation. The O
3
treatment affected the
mycoflora growth, lowering their total count and so the mc. The O
3
treatment applied within 5
hours at 31 mg/L was able to successfully destroy nuts fungi contamination (initial cfu/g:
6.9x10
4
). As well as no development of species aflatoxigenic (Aspergillus flavus and Aspergillus
parasiticus).Fungi reduction just after harvesting by applying O
3
will certainly reduce the
possibility of further fungi proliferation and so aflatoxins formation. As far as lipid oxidation and
sensory evaluation are concerned, from the data obtained it was not observed significant changes
after the O
3
treatments and time of storage. Aflatoxins presented degradation with O
3
treatment at
(31.5mg/L)
at the Brazil nuts packaging vacuum. In conclusion, O
3
is effective for the nut with
respect to the total count of fungi, mc, lipid oxidation, sensory analysis and reduction of aflatoxin.
Key words: Brazil nut, ozone, mycoflora, aflatoxin, lipid oxidation, storage, packaging, vacuum.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
.
A castanha-do-Brasil: (a) árvore da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa);
(b) fruto (ouriço) e sementes; (c) castanha-do-Brasil com casca; (d) castanha-do-Brasil
sem casca................................................................................................................................ 18
Figura 2.
Fluxograma de beneficiamento da castanha-do-Brasil [*] etapas de seleção........
24
Figura 3.
Fluxograma de processo de beneficiamento da castanha com e sem casca...........
26
Figura
4.
Áreas produtoras de castanha-do-Brasil ...............................................................
32
Figu
ra 5.
Estruturas químicas das Afaltoxinas......................................................................
41
Figura 6.
Armazém convencional ......................................................................................... 54
Figura 7.
Armazém tipo silo-bolsa.........................................................................................
54
Figura 8.
Armazém granelizado............................................................................................
55
Figura 9.
Armazém graneleiro...............................................................................................
56
Figura 10.
Alguns exemplos de silos (a) metálicos, (b) de concreto (c)
secador.................................................................................................................................... 57
Figura 11.
Exemplo de armazenamento de silo hermético – tipo silos bag..........................
58
Figura
12.
Armazenamento da castanha-do-Brasil na área de produção na floresta ...........
63
Figura
13.
Armazenamento da castanha-do-Brasil na unidade de beneficiamento..............
64
Figura
14.
Formas canônicas do híbrido de ressonância representantivo da molécula de
ozônio..................................................................................................................................... 73
Figura 1
5.
Reação direta do ozônio com a matéria orgânica: mecanismo de Criegee
Exemplo do ataque eletrofílico do ozônio a um composto aromático .................................. 74
Figura 1
6.
Esquema do sistema tipo descarga corona de geração de ozônio........................
78
Figura 1
7.
Mecanismo de degradação da aflatoxina B
1
com a adição de ozônio.................
84
Figura 1
8.
Reação do ácido 2-tiobarbitúrico e o malonaldeído, formando o compelxo
colorido, medido espectrofotometricamente a 532 nm........................................................... 92
ARTIGO I
Figure 1.
Brazil nut ozone treatement and storage study system: (a) PVC silos (n=7) and
O
3
generator; (b) silo details and dimentions.……………………………………………….. 121
Figure 2.
Flowchart of the in-shell Brazil nuts storage under ozone
atmosphere study,
(*after shelling the weigth reduced to c.a. 80 g of edible part)…………………………….. 122
Figure 3.
Relative humidity and temperature (averages/month) during the storage of in-
shell Brazil nut ozone treated experiments (May to October -2008) in the site of study….. 131
ARTIGO II
Figure 1.
Flowchart of the in-shell Brazil nuts storage under O
3
treatment with vacuum
and packaging.
146
Figure
2
. Evaluation lipid oxidation by acid 2-thiobarbituric (TBA method) of in-shell
Brazil nuts of vacuum packaged treated with ozone and stored for 60 days……………….
151
Figure
3
.
Effect of ozone treatment after vacuum packaged and after stored for 60 days on
the sensory attributes of in-shell Brazil nuts (hedonic scale of 5 points (1-dislike very
much, 2- dislike, 3- indifferent, 4- like, 5- like very much)………………………………...
152
10
LISTA DE TABELAS
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Tabela 1.
Composição química centesimal, teor de selênio e valor calórico da amêndoa e
torta de amêndoa de castanha-do-Brasil................................................................................ 19
Tabela
2.
Etapas da cadeia produtiva da castanha-do-Brasil................................................
23
Tabela 3.
Ocorrência de danos em castanhas-do-Brasil e suas causas.................................
28
Tabela
4.
Limites máximos permitidos para aflatoxinas em alimentos em diversos países.
44
Tabela
5.
Fungos identificados em castanha-do-Brasil in natura e pós-processamento com
ou sem casca, reportados na literatura.................................................................................... 47
Tabela 6.
Contaminação por aflatoxinas em castanha-do-Brasil..........................................
50
Tabela
7.
Classificação relativa dos filmes de acordo com a barreira ao oxigênio..............
71
Tabela
8.
Propriedade física do ozônio ...............................................................................
75
Tabela
9.
Agente oxidante e seus potenciais de oxidação ..................................................
76
Tabela 10
.
Aplicações do ozônio em diversas matrizes reportados na literatura ................ 82
Tabela 1
1.
Categorias de testes e exemplos de métodos usados na análise sensorial..........
86
ARTIGO I
Table 1.
Total fungi count, Aspergillus aflatoxigenic species, moisture content and
evaluation AFLs levels in-shell and after shelling Brazil nut stored under ozone treatment 127
Table 2.
Fungi development on in-shell Brazil nuts treated at different ozone
concentrations and time of exposure during storage ………………………………………... 128
Table 3.
Evaluation lipid oxidation by acid 2-thiobarbituric (TBA method) of Brazil nuts
stored under different concentrations of ozone
atmosphere ………………………………… 132
Table 4
.
Effect of different ozone concentrations and time of storage on the sensory
attributes of in-shell Brazil nuts……………………………………………………………... 134
ARTIGO II
Table 1.
Total fungi count, Aspergillus aflatoxigenic species, moisture content and
evaluation AFLs levels in-shell and after shelling Brazil nut stored under vacuum
packaging after ozone treatment…………………………………………………………… 149
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFLs
Aflatoxinas
AFB
1
Aflatoxina B
1
AFB
2
Aflatoxina B
2
AFG
1
Aflatoxina G
1
AFG
2
Aflatoxina G
2
AOAC
Association of Official Analytical Chemistry
Aw
Atividade de Água
CCD
Cromatografia de Camada Delgada
CLAE
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
cm
Centímetros
FAO
Food and Agriculture Organization
FD
Fluorescence detector
HPLC
High Performace Liquid Chromatography
Kg
Kilograma
LOQ
Limit of Quantification
LOD
Limit of Detection
MAPA
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
mc
Moiture content
ml
Mililiter, milímetro
MRL
Maximum Residue Level
N
Normal
nm
Nanômetro
ppb
Parts-per-million
ppm
Parts-per-billion
ton
Tonelada
UV
Ultravioleta
µg
Micrograma
WHO
World Health Organization
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 16
2.1 Castanha-do-Brasil .............................................................................................................. 16
2.1.1 Características botânicas ................................................................................................. 16
2.1.2 Composição nutricional .................................................................................................. 18
2.1.3 Cadeia produtiva da Castanha-do-Brasil ........................................................................ 21
2.1.4 Processamento da castanha nas usinas de beneficiamento ............................................. 24
2.1.5 Fatores ambientais da região Amazônica versus cultura da castanha-do-Brasil ............ 26
2.1.6 Qualidade da castanha-do-Brasil .................................................................................... 29
2.1.7 Produção e Mercado ....................................................................................................... 30
2.2 Fungos e Aflatoxinas ........................................................................................................... 35
2.2.1 Fungos............................................................................................................................. 35
2.2.2 Aflatoxinas ...................................................................................................................... 40
2.3 Contaminação da castanha-do-Brasil por fungos e aflatoxinas ...................................... 44
2.3.1 Fungos e aflatoxinas em castanha-do-Brasil .................................................................. 45
2.5 Armazenagem como método de conservação da qualidade ............................................ 52
2.5.1 Tipos de armazenagem ................................................................................................... 53
2.5.2 Controle das condições de armazenagem ....................................................................... 58
2.5.3 Armazenamento da Castanha-do-Brasil ......................................................................... 62
2.6 Uso de atmosfera na armazenagem e em embalagem ...................................................... 64
2.6.1 Dióxido de carbono, Nitrogênio e Oxigênio ................................................................... 68
2.6.2 Vácuo .............................................................................................................................. 70
2.7 Ozônio ................................................................................................................................... 71
2.7.1 História ........................................................................................................................... 71
2.7.2 Alternativa ...................................................................................................................... 72
2.7.3 Características ................................................................................................................. 72
2.7.4 Poder oxidante e desisfetante .......................................................................................... 75
2.7.5 Geração de ozônio .......................................................................................................... 76
2.7.6 Aplicações ....................................................................................................................... 79
2.7.7 Mecanismos de reação .................................................................................................... 83
2.7.8 Método de quantificação do ozônio ................................................................................ 84
2.7.9 Legislação ....................................................................................................................... 85
2.8 Análise sensorial .................................................................................................................. 85
13
2.9. Oxidação Lipídica .............................................................................................................. 88
2.10 Referências Bibliográficas ................................................................................................ 92
3. ARTIGO .................................................................................................................................. 113
EFFECT OF OZONE GAS ON BRAZIL NUT (Bertholletia excelsa H.B.K.) MYCOFLORA
AND AFLATOXIN REDUCTION DURING STORAGE
3.1 Abstract .............................................................................................................................. 114
3.2 Introduction ....................................................................................................................... 114
3.3 Materials and Methods ..................................................................................................... 115
3.4 Results and Discussion ...................................................................................................... 123
3.5 Conclusion .......................................................................................................................... 135
3.6 Literature Cited ................................................................................................................. 136
4. ARTIGO .................................................................................................................................. 140
EVALUATION OF OZONE TREATMENT AND VACCUM PACKAGING FOR IN-
SHELL BRAZIL NUT FUNGI INACTIVATION AND AFLATOXIN DEGRADATION
DURING STORAGE
4.1 Abstract .............................................................................................................................. 141
4.2 Introduction ....................................................................................................................... 142
4.3 Materials and Methods ..................................................................................................... 144
4.4 Results and Discussion ...................................................................................................... 147
4.5 Conclusion .......................................................................................................................... 152
4.6 Literature Cited ................................................................................................................. 153
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 157
APÊNDICES ............................................................................................................................... 158
ANEXOS ...................................................................................................................................... 181
14
1. INTRODUÇÃO
A castanha, pertencente à espécie Bertholletia excelsa H.B.& K, conhecida popularmente
como castanha-do-Brasil, castanha-do-Pará e Brazil nut, é nativa da Amazônia e representa uma
grande importância econômica para a região.
O produto principal dessa espécie é a amêndoa, porém outros subprodutos também podem
ser explorados comercialmente, como óleos, farelo ou torta, leite de castanha e ouriço. A castanha
pode ser encontrada em diversos tamanhos, sendo comercializada segundo sua classificação
(grande, média e miúda), e pode ser comercializada com e sem casca.
Após a decadência da borracha, a castanha-do-Brasil passou a constituir o principal
produto extrativo para exportação da região norte brasileira. A exploração de exemplares nativos
dessa árvore é protegida por lei, porém é permitido seu plantio em sistema de monocultivo ou
consorciado (LOCATELLI et al., 2008).
na década de 1970, o volume das exportações brasileiras de castanha sofreu uma queda,
devido à exigências da Europa no que se refere aos seus padrões higiênico-sanitários,
principalmente em função das aflatoxinas, toxinas causadas pelo fungo Aspergillus flavus. No
final da década de 90, esse volume reduziu ainda mais chegando a zero em 2007.
O fungo que provoca a formação das aflatoxinas é originário do solo e se desenvolve nas
castanhas tanto após a queda no solo, durante a primeira e segunda armazenagem na floresta, bem
como, no transporte fluvial até as beneficiadoras. Também pode se desevolver em sacas nos
ambientes úmidos dos porões dos navios durante o transporte, bem como na comercialização sob
má condições de armazenagem.
Os diferentes fungos produtores de micotoxinas são encontrados em todas as regiões do
mundo e podem crescer em uma grande variedade de substratos e sob várias condições de
umidade, pH e temperatura comuns na floresta amazônica. Assim, as castanhas também estão
sujeitas à invasão por fungos e à contaminação pelas toxinas na floresta, durante sua colheita,
beneficiamento, transporte e principalmente na armazenagem (na floresta e após beneficiamento),
quando em condições favoráveis para o seu crescimento.
A armazenagem na floresta acontece de maneira rústica, em paióis de madeira com
pequenas aberturas até seu transporte por barcos para serem beneficiadas. Já na beneficiadora
ficam em silos, também de madeira, por pequeno período de tempo. Após o beneficiamento, são
embaladas em sacas de juta e ficam armazenadas em um período de no máximo 30 dias para
serem então transportadas para os navios (exportação) ou para comercialização interna. O
transporte e qualidade da armazenagem dessas castanhas para os Estados brasileiros são podem
ser precárias, podendo ficar a merdas interpéries e longas distâncias dentro do país até chegar
15
ao comerciante/consumidor. Portanto necessidade do aprimoramento das condições de
armazenagem, tanto na floresta, quanto no beneficiamento, bem como durante o transporte em
navios e principalmente dentro de nosso país.
Existem vários tipos de armazenagem para alimentos seja à granel ou embalados,
acondicionados em silos ou em armazéns graneleiros, em atmosferas naturais ou controladas. Das
atmosferas controladas e dentre os gases mais usados estão o nitrogênio, gás carbônico e ozônio.
Devido às condições deficientes de armazenagem da castanha, o ozônio ser um gás com
características antimicrobianas, ter alto potencial oxidante e não deixar resíduos nos alimentos, o
objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do gás ozônio durante sua armazenagem na redução da
contaminação fúngica e degradação das aflatoxinas na castanha-do-Brasil com casca. Estudar o
efeito desse gás na estabilidade dos lipídios presentes na castanha, e sua aceitação pelo
consumidor, bem como avaliar sua ação em castanhas com casca embaladas à vácuo.
16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Castanha-do-Brasil
Pertencente ao grupo das nozes de árvores, a castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa,
H.B.K) foi descrita pela primeira vez em 1808, quando Humboldt e Bompland, e posteriormente
Kunth, denominaram a árvore majestosa presente na Floresta Amazônica (MENNINGER, 1977;
Nybg, 2006). O Ministério da Agricultura por meio do Decreto 51209 de 18/09/1961, para efeito
de comércio exterior, regulamentou a denominação de Castanha-do-Brasil (BRASIL, 1961).
A castanheira (Bertolletia excelsa H.B.K.) é conhecida também como castanha-do-Brasil e
castanha-do-Pará e Brazil nut ou Para nut. Na Convenção mundial de Frutos Secos ocorrida
1992 em Manaus, com a participação de mais de 300 empresários, convencionou-se de chamá-la
de castanha-da-Amazônica (LOCATELLI, 2008).
2.1.1 Características botânicas
A classificação botânica é descrita como: Divisão: Angiospermae Classe:
Dicotiledônea Ordem: Myrtiflorae Família: Lecythidaceae Gênero: bertholletia
Espécie: excelsa. A família tem 325 tipos de árvores nos trópicos americanos, divide-se em 15
gêneros, em que o Bertholletia é dominante com 75 espécies (BRASIL, 2002).
A castanheira-do-Brasil é originária da região Amazônica. Apresenta porte majestoso e
frondoso (Figura 1), com copa dominante na região onde se encontra, chegando a medir cerca de
30 50 metros de altura e 5 metros de diâmetro na base do tronco (ALMEIDA, 1963; BORGES,
1967; CAVALCANTE, 1972; LOUREIRO, 1968; MELLO, 1977). Possui casca escura e fendida,
ramos encurvados nas extremidades, folhas esparsas, alternadas, pecioladas (pecíolo cilíndrico-
caniculado), oblondas ou avalado-oblondas, curto acuminadas, onduladas, verde-escuras na parte
superior e pálida na parte inferior (BRASIL, 1976). Plantas provenientes de sementes podem
iniciar a frutificação aos oito anos e somente aos doze anos, atingem a produção normal, desde
que sejam plantadas a céu aberto, enquanto as castanheiras enxertadas podem iniciar a produção
de frutos aos 3,5 anos (MÜLLER, 1995).
A floração de um exemplar adulto, no Pará, ocorre entre os meses de outubro a dezembro,
e o fruto costuma amadurecer em período correspondente ao inverno amazônico. Na Amazônia
Oriental chama-se inverno à estação chuvosa, que se inicia no Pará e Amapá em dezembro,
17
prolongando-se até o final de março e meados de abril. A Região está em dois hemisférios,
cortada pela linha do Equador (Nota da SUREG/PA)
A colheita, normalmente tem início também no inverno quando os rios estão cheios e
podem ser navegados e dura de quatro a cinco meses, sobretudo no período que vai de janeiro a
abril de cada ano.
A castanheira apresenta várias aplicações: a) “ouriços” como combustível ou na confecção
de objetos, mas o maior valor é a amêndoa, alimento rico em proteínas, lipídios e vitaminas
podendo ser consumida ou usada para extração de óleo; b) do resíduo da extração do óleo obtém-
se torta ou farelo usada como misturas em farinhas ou rações; c) “leite” de castanha, que é de
grande valor na culinária regional; c) madeira com boas propriedades, sendo indicada para
reflorestamento e empregada tanto na construção civil como naval (EMBRAPA, 2008).
O fruto da castanheira é chamado de “ouriço”, constituindo-se uma camada de substância
lenhosa (Figura 1). É uma cápsula (pixídio) globosa deprimida, quase esférica, de 08 a 16 cm de
diâmetro, tendo visível na parte superior o resto do cálice. A casca do fruto é espessa, lenhosa,
dura, de cor castanha, repleta de células resinosas. Podem pesar de 0,5 a 5 kg e conter de 10 a 25
sementes, angulosas, agudas, mais ou menos triangulares, transversalmente rugosas, estreitamente
comprimidas, envoltas em polpa amarela, dispostas em três séries (BRASIL, 2002).
A amêndoa é encontrada em diversos tamanhos, e comercializada/beneficiada de acordo
com a classificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e de Abastecimento (BRASIL, 1998)
em: com casca e sem casca (Figura 1). Comercialmente, considera-se que cada hectolitro de
castanha pesa de 47 a 60 kg (TUPIASSU; OLIVEIRA, 1967).
O suco do fruto é popularmente usado contra hepatite e o chá preparado com a casca é
indicado para doenças crônicas do fígado, além disso, considerado agente antimalarial (VIEIRA,
1992; BRANDÃO et al., 1991).
18
(a) (b)
(c) (d)
Figura 1 - A castanha-do-Brasil: (a) árvore da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa); (b) fruto
(ouriço) e sementes; (c) castanha-do-Brasil com casca; (d) castanha-do-Brasil sem casca
2.1.2 Composição nutricional
A amândoa constitui um alimento bastante apreciado não pelo seu sabor, como também
pelas suas qualidades nutritivas. Sua composição te sido amplamente estudada e demonstrada ser
rica fonte nutricional, e é popularmente chamada de “carne vegetal”, por ser um alimento
energético, rico em proteínas e valorizado pela presença de antioxidantes (COZZOLINO, 2001).
A castanha-do-Brasil contém uma amêndoa com elevado teor de proteínas de alto valor
biológico, lipídios, fibras (PACHECO; SCUSSEL, 2006; SOUZA, 2003), vitamina E e, em ordem
decrescente, minerais como fósforo, potássio, magnésio, cálcio e selênio (CHUNHIENG et al.,
2004; SOUZA; MENEZES, 2004). Este último é um oligo elemento presente em maior
quantidade na castanha-do-Brasil dentre todos os alimentos conhecidos (PACHECO; SCUSSEL,
2007).
19
A amêndoa de castanha-do-Brasil apresenta a seguinte composição química centesimal:
umidade 3,13%; proteína bruta 14,26%; lipídios 67,3%; carboidratos 3,42%; valor energético
676,56 kcal (Tabela 1) (SOUZA; MENEZES, 2004).
No estudo realizado por Souza e Menezes (2004), o percentual de umidade da amêndoa
(3,13%) mostrou-se abaixo dos valores recomendados para a castanha-do-Brasil com casca (5%) e
sem casca (4,5%), a fim de evitar o crescimento de fungos toxigênicos (ARRUS et al., 2005a).
Tabela 1 - Composição química centesimal, teor de selênio e valor calórico da amêndoa e torta de
amêndoa de castanha-do-Brasil
Componente
Castanha-do-Brasil
Amêndoa Torta
Umidade (%) 3,13 6,7
Cinzas (%) 3,84 8,85
Lipídios (%) 67,3 25,13
Proteínas (%) 14,26 40,23
Carboidratos (%) 3,42 3,37
Fibra total (%) 8,02 15,72
Fibra indolúvel (%) 4,89 12,67
Fibra solúvel (%) 3,12 3,04
Valor calórico (kcal) 676,56 400,6
Selênio (mg/kg) 2,04 7,13
Fonte: SOUZA e MENEZES (2004).
É uma amêndoa oleaginosa de elevado valor energético, rica em proteínas de alto valor
biológico. Apresenta muitos outros constituintes indispensáveis a uma boa alimentação, como o
selênio, antioxidante que vem sendo referido na prevenção de câncer, doenças cardiovascular e
muitas outras. A concentração desse elemento na amêndoa varia de região para região onde a
planta vegeta. Para redução do elevado valor energético e/ou calórico das amêndoas de castanha-
do-Brasil, se faz necessário a obtenção da torta parcialmente ou completamente desengordurada,
através da extração do material graxo. A torta apresenta inúmeras possibilidades de aplicação,
visando o enriquecimento de uma grande variedade de grupos de alimentos, tais como: produtos
para panificação, bebidas, embutidos, farinhas, leites, cereais, snacks, salgados, doces, sorvetes,
chocolates, biscoitos, bombons, além de muitos outros (SOUZA; MENEZES, 2004).
A proteína da amêndoa e torta de amêndoa de castanha-do-Brasil é rica em todos os
aminoácidos essenciais, com elevado teor dos sulfurados (metionina e cisteína), geralmente
insuficientes em proteínas vegetais. Sugere-se sua mistura com outras matérias-primas com o
objetivo de enriquecê-las em qualidade e quantidade protéicas. Na torta de amêndoa, os
aminoácidos essenciais encontra-se em valores acima do padrão teórico da FAO Food and
Agriculture Organization of the United Nations (FAO-1985), com exceção de treonina,
20
isoleucina, lisina e triptofano, entretanto o escore químico inferior ao estabelecido pelo padrão da
FAO foi apenas em relação ao aminoácido lisina (SOUZA; MENEZES, 2004).
Os teores de fibras insolúveis foram maiores do que os de fibras solúveis na amêndoa e
torta de castanha (CAMARGO, 1968; SOUZA; MENEZES, 2004).
Em relação ao valor calórico, a torta de castanha apresenta cerca de 500,60 kcal/100g e a
amêndoa 676,56 kcal/100g. O maior valor correspondente a amêndoa é devido ao alto percentual
de lipídio que contribuiu para elevar o seu valor energético, enquanto que a torta, devido â
extração de lipídios, o valor calórico ficou reduzido (SOUZA; MENEZES, 2004; PACHECO;
SCUSSEL, 2006).
O alto teor de lipídio da amêndoa (67,3%) e da torta (25,1%) de castanha-do-Brasil é um
constituinte importante do ponto de vista nutricional, de modo que grande parte da fração graxa
da amêndoa de castanha-do-Brasil é o ácido graxo linoléico (35,48%), reconhecido
universalmente como ácido graxo essencial, de grande relevância para a alimentação humana
(SOUZA et al., 1987; RODRIGUES et al., 2005).
Estudos sugerem que pode haver relação entre a frequência de consumo de nozes com
redução da incidência de doenças do coração, constituindo uma fonte alimentar, benéfica à saúde
apesar de as nozes serem reconhecidamente ricas em teor lipídico (KOCYIGIT et at., 2006) . Na
castanha-do-Brasil, o teor atinge 60-70%, bem como o teor de ácidos graxos saturados e
insaturados, com nível de 73% (ácido oléico e linoléico) superior a outras nozes (RYAN et al.,
2006).
A castanha do Brasil tem pesquisa focada na presença de selênio, devido à ão
antioxidante nos processos metabólicos (PACHECO; SCUSSEL, 2006). A atuação do selênio está
relacionada com a enzima glutationa-peroxidase, dependente do Se, no que se refere à formação
de radicais livres no organismo (HOLBEN; SMITH, 1999), proteção contra a ação nociva de
metais pesados, prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e aumento da resistência do
sistema imunológico (COZZOLINO, 2001; GONZAGA, 2002).
A quantidade de selênio encontrada na torta de castanha-do-Brasil (7,13 mg/kg) foi 3,5
vezes maior que o teor da amêndoa (2,04 mg/kg). Isto pode ser explicado pela grande quantidade
de amêndoas com película utilizada para obtenção da torta e ao seu menor percentual de lipídio,
sugerindo-se que a película da amêndoa poderá possivelmente, conter elevada concentração de
selênio (SOUZA; MENEZES, 2004).
Souza e Menezes (2004) destacam que além do selênio, outro apelo muito forte para a
utilização da castanha do Brasil é a quantidade e a qualidade da proteína contida na amêndoa e o
baixo emprego no mercado interno pelas indústrias processadoras de alimentos.
21
Selênio funciona como um componente de vários selenoproteinas em antioxidantes e
reações redox, hormônio tireoidiano, metabolismo da função imunológica e reprodução
(KRYUKOV et al., 2003).
Além disso, não existe crescente evidência de que doses superiores às recomendadas maio
conferem benefícios adicionais de saúde, tais como redução na doença crônica e melhoria da
função imunológica (RAYMAN, 2000; THOMSON, 2004).
As fontes alternativas são preferíveis para práticas de suplementação para melhorar o
estado nutricional de uma população, porque eles são sustentáveis, menos caros, e têm menor
risco de toxicidade (FINLEY, 2005). A biodisponibilidade de selênio é variável em alimentos e
sua eficácia para aumentar o selênio foi investigado, incluindo o selênio em alta de trigo pão
(THOMSON et al., 1985), peixe (FOX et al., 2004), carne (VAN DER TORRE et al., 1991).
Devido ao teor baixo de selênio em alguns destes alimentos, porém, necessitam ser consumidos
em grandes quantidades para melhorar selênio. Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa, família
Lecythidaceae) são os mais ricos alimentares conhecidos fonte de selênio, com concentrações
médias relatadas na literatura entre 8 e 83µg Se/g (VONDERHEIDE; WROBEL, 2002;
DUMONT et al., 2006; CHANG et al., 1995; KANNAMKUMARATH, et al., 2002; BODÓ et al.,
2003). Concentrações em nozes com casca são relatados a ser maior do que em nozes sem casca
(VONDERHEIDE; WROBEL, 2002; DUMONT et al, 2006; CHANG et al., 1995).
2.1.3 Cadeia produtiva da Castanha-do-Brasil
Grande parte da produção da castanha é originária de coleta nativa, isto é, e por isso
Brasil, Bolivia e Peru, dotados de grandes áreas de floresta amazônica. No Estado do Amazonas
plantações, estas experimentais, mas a grande maioria é nativa. O processo produtivo da
castanha é relativamente simples. Entre dezembro e abril o ouriço da castanha amadurece e,
graças à chuva e ao vento, cai da sua árvore. Coletores autônomos (seringueiros, povos indígenas,
camponeses e, na Bolivia, trabalhadores contratados) circulam pela floresta, de árvore em árvore,
recolhendo os ouriços, partindo-os com a ajuda de um facão, e levando a castanha bruta para um
paiol na floresta. Os coletores só começam a trabalhar após receberem um adiantamento do
comprador, e quando acumulam castanhas suficientes no paiol, levam-nas para a beneficiadora
para saldar o contrato e, em alguns casos, receber o saldo.
Nas localidades extrativistas os métodos de manejo, transporte e quebra são artesanais, e
as condições higiênicas, muitas vezes, precárias e caracterizam-se por iniciar entre os meses de
janeiro a maio, período de coleta dos "ouriços", quando caem ao solo na estação chuvosa. Nesta
etapa, de cata dos ouriços (frutos), o extrator os coloca em um cesto que leva às costas. Quando o
22
cesto está carregado, são transportados aos barracões (de palha ou cobertos com lonas),
denominadas de "região de quebramento" ou "comunidades", destinadas à operação de extração
das sementes. A segunda parte consiste na quebra manual dos ouriços, para a retirada das
castanhas. Uma vez extraídas, são lavadas para eliminar impurezas, classificadas e armazenadas a
granel, para transporte até o beneficiamento. O produtor colhe 2.000 e 3.000 ouriços na sua área e
nesta etapa de duas a três pessoas recolhem, cortam, lavam, secam e ensacam a castanha em um
período de aproximadamente 20 dias. Posteriormente, a produção é vendida no mercado,
geralmente local (BRASIL, 2002).
O produto é armazenado em barracões e levado aos portos primários de comercialização e
levado até a sede do município, sendo o transporte feito por embarcações de pequeno porte,
devido à difícil navegabilidade dos rios. Nesta etapa, as maiores dificuldades de transposição
surgem em trechos de cachoeiras dos rios, sendo possível somente na estação chuvosa, quando o
nível das águas o permite, apesar do que em algumas localidades, o transporte ocorre via terrestre,
como o Estado do Acre (PACHECO; SCUSSEL, 2006). Dos portos de convergências
secundários, a castanha é transportada em embarcações (ex. “alvarengas”, balsas e barcos de
passeio) até a usina, e após o desembarque, e ficará disposta em “montanhas”, ou irá direto para o
beneficiamento, onde passará por diversos processos.
O beneficiamento pode ou não ser feito. Nas usinas de beneficiamento possuem etapas
distintas de produção em que, principalmente, selecionam e promovem a secagem da castanha, de
forma que os lotes sejam trabalhados e preparados o mais rápido possível, em temperaturas
controladas (CAMPOS/PAS, 2004). As castanhas com casca podem ser vendidas desidratadas ou
semidesidratadas ou ainda a granel (sem beneficiamento). As castanhas sem casca (amêndoas) são
obtidas quebrando-se manualmente e podem ser vendidas com ou sem película. Devido ao
formato irregular, uma grande porcentagem que se quebra (VIANNA, 1972). Segundo
Sant’anna (1985), aproximadamente 10% delas se quebram, reduzindo seu valor comercial a
apenas 60%do das castanhas perfeitas e a utilização dessa quantidade, bem como parte da
produção na forma de subprodutos, é alternativa para o aproveitamento dessa matéria-prima de
alto valor agroindustrial. Yokoya et al. (1971) consideram que o armazenamento e a conservação
da castanha-do-Pará constituem os problemas mais importantes para sua comercialização
(EMBRAPA, 2008). Um fluxograma do beneficiamento está apresentado na Tabela 2, apesar de
que, a sequência de procedimentos de procedimentos é variável de acordo com a usina.
Após o beneficiamento, o produto com casca é acondicionado em big bags, de 500 a 1000
kg em sacos de juta ou de polietileno, e o produto sem casca são pesadas e embaladas em
embalagem aluminizada a vácuo com capacidade de 20 kg, de forma a retardar o processo de
oxidação. Como a maioria dos mercados compradores consiste de outros países, o transporte é
23
normalmente efetuado em containeres em navios (refrigerados ou não), já que o transporte aéreo é
mais aplicável em pequenos lotes. A castanha descascada e em pedaços (ferida ou quebrada), por
sua vez, possui como destino também o mercado interno, em que as indústrias de alimentos
representam os principais compradores, existindo ainda as empresas de varejo (CAMPOS/PAS,
2004).
Tabela 2 - Etapas da cadeia produtiva da castanha-do-Brasil
Etapa Fase
Etapa 1: Desde a caída natural dos ouriços até a venda ao
intemediário ou à cooperativa, compondo-se de cinco
principais fases:
1) Preparo do castanhal
2) Colheita: coleta, amontoa
3) Pré-beneficiamento: corte, lavagem
4) Primeiro transporte: terrestre, fluvial
5) Primeiro armazenamento
Etapa 2: Inicia com o segundo transporte, feito pelo
intermediário que compra as castanhas do extrativista.
Composta de duas fases:
1) Segundo transporte: fluvial, terrestre
2) Segundo armazenamento
Etapa 3: O beneficiamento com casca inicia com a chegada
para o beneficiamento, composta das seguintes fases:
1) Recepção
2) Terceiro armazenamento
3) Beneficiamento: lavagem/peneiramento,
secagem, resfriamento, primeira seleção (manual),
ensaque das castanhas com casca
Etapa 4: O beneficiamento sem casca é a etapa mais longa,
composta pela maior número de fases:
1) Autoclavagem
2) Segundo resfrimento
3) Descascamento
4) Segunda seleção por tamanho (mecânica ou
manual)
5) Desidratação
6) Terceiro resfriamento
7) Terceira seleção
8) Embalagem
Etapa 5: Industrialização da amêndoa: é realizada com
castanhas sem casca, sendo considerada a última etapa da
cadeia produtiva, tendo em vista que o processo de
industrialização para a obtenção de subprodutos e derivados
(óleo, torta/farelo, farinha, leite, biscoito, doces, etc) As
principais fases são:
1) A recepção
2) A seleção
3) O armazenamento
Etapa 6: Comercialização: Esta etapa é considerada importante do ponto de vista da valorização do produto e
acompanhado o mercado a que se destina verificam-se dois segmentos: o mercado externo e o interno.
Fonte: BRASIL (2002)
24
Figura 2 - Fluxograma de beneficiamento da castanha-do-Brasil [*] etapas de seleção
PACHECO e SCUSSEL (2006)
2.1.4 Processamento da castanha nas usinas de beneficiamento
A castanha é beneficiada em usinas com equipamentos para a produção em larga escala,
sendo obtidas com e sem casca. Nas etapas de beneficiamento devem ser observadas certas
recomendações para a preservação da qualidade da castanha tais como (Figura 3): a) recepção e
seleção: na chegada ao armazém da usina de beneficiamento, a castanha-do-Brasil é pesada,
procedendo-se uma amostragem para a análise visual quantitativa da qualidade da castanha
Recepção de castanha-do-Brasil in natura
(inspeção visual
de quabradas, alteração de cor e presença de fungos)
Armazenagem da castanha-do-Brasil in natura
(silos de madeira, aerados
-
1
-
2 dias)
Seleção de castanha-do-Brasil in natura
*(seleção manual com medição de a
w
e teor de umidade)
1
a
secagem
(secador rotativo
8
-
12h/50
-
60
o
C)
Seleção
*(manual
-
visual)
2
a
secagem
(secador rotativo
50
-
60
o
C)
*Classificação por tamanho e seleção
(manual)
Polimento
Pesagem/embalagem
(sacos de polipropileno de 1 ton)
Armazenagem
(5
-
15 dias)
Autoclavação
(vapor a 80
o
C)
Quebra e seleção visual
*(manual/visual)
Descarte de
casca
2
a
secagem
(estufa
50
-
70
o
C)
*Classificação por tamanho e seleção
(manual)
Polimento
Pesagem/1
a
Embalagem
(sacos de baixa permeabilidade de O
2
sob vácuo selados a
quente 20 kg)
2
a
Embalagem
(papel cartonado)
Armazenagem
(2
-
30 dias)
[COM CASCA]
[
DESCASCADA
]
25
recebida. As castanhas devem estar limpas, secas, em boas condições de sanidade e isentas de
matérias estranhas; b) armazenamento na usina: as castanhas com casca são armazenadas em
galpões com boa ventilação. Embaladas em sacos de polipropileno ou aniagem são mantidas
sobre estrados limpos evitando o contato com o piso e umidade. Os lotes a granel são mantidos
em baias ou silos igualmente impermeáveis e de fácil limpeza e sanitização; c) lavagem: objetiva
a retirada de excesso de matéria orgânica, identificando e descartando as castanhas chocas,
promovendo choque térmico antes da quebra; d) tratamento térmico: dois métodos são utilizados.
Ou a castanha lavada é tratada por imersão em água em ebulição, durante 1 a 2 minutos ou é
autoclavada por um período de 2 a 5 segundos imediatamente após a lavagem. Esse processo além
de reduzir a carga microbiológica da matéria prima, facilita a retirada da casca; e) descasque: as
castanhas ainda quentes são descascadas manualmente com o auxílio de um pequeno aparelho de
ferro, que as comprime pelas extremidades, quebrando a casca e deixando a amêndoa livre; f)
seleção: feita manualmente para identificar castanhas deterioradas ou danificadas e/ou tamanhos
diferentes; g) classificação: as castanhas são manualmente classificadas por tamanho, conforme as
especificações para padronização, comercialização e classificação definidas pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que determina seis classes (extra grande, grande,
semigrande, extra média, média e pequena) para castanha em casca e oito classes (grande, extra
média, média, pequena, miúda, miudinha, ferida e quebrada) para amêndoa descascada; h)
desidratação: as castanhas sem casca são levadas à estufa com circulação forçada de ar, com
temperatura de 60°C por 24 horas ou até atingirem entre 11 a 15% de umidade. Já as castanhas
com casca, podem ser secas em secadores rotativos ou em estufas obedecendo-se ao mesmo teor
de umidade; i) polimento: após classificadas, aas castanhas com casca são polidas mecanicamente
em polidores com superfície interna áspera para melhoria da aparência da casca através da
eliminação das arestas. As amêndoas são polidas através de rolos de escova ou espuma para a
retirada de resíduos de película; j) pesagem e embalagem: as amêndoas são pesadas e embaladas a
vácuo por processo semi-automático em sacos aluminizados, e/ou organizados em caixas de
papelão. As castanhas com casca são embaladas em sacos de propileno de 60 kg ou em grandes
sacos de ráfia (big bags) de 500 a 1000 kg; l) armazenamento do produto final: os sacos e caixas
com castanhas ou amêndoas desidratadas são empilhados sobre estrados de madeira que deve
obedecer as BPF, em depósito arejado, limpo e com iluminação natural; m) etapa de expedição:
tornou-se foco da atenção das usinas exportadoras brasileiras, principalmente quanto ao controle
de temperatura, umidade e tempo de transporte até o mercado de destino, sem afetar
negativamente a qualidade do produto (BRASIL, 2002; CAMPOS/PAS, 2004; PACHECO;
SCUSSEL, 2006).
26
Figura 3 - Fluxograma de processo de beneficiamento da castanha com e sem casca
(CAMPOS/PAS, 2004).
2.1.5 Fatores ambientais da região Amazônica versus cultura da castanha-do-Brasil
Na Floresta Amazônica os fatores que influenciam os fungos na produção de AFLs estão
presentes em maior ou menor escala, de forma que é necessário que desde a disposição dos
ouriços na floresta, até o beneficiamento seja evitado favorecer as condições necessárias às cepas
aflatoxigênicas (CAMPOS/PAS, 2004). A contaminação da castanha-do-Brasil por AFLs tem
afetado as exportações brasileiras. Assim, estudos sobre a natureza da contaminação são
necessários e tem sido desenvolvido a fim de administrar o problema e melhorar a qualidade da
castanha brasileira (MAPA, 2002; PACHECO, 2003; ARRUS et al., 2005a; ARRUS et al.,
2005b).
Pesagem/Embalagem
Armazenamento
Recepção e seleção
Armazenamento
Lavagem
Tratamento Térmico
Quebra
Seleção
Classificação
Desidratação
Polimento
27
Dentre os fatores intrínsecos que podem afetar a produção de AFLs em castanha-do-Brasil
o conteúdo de umidade que durante a colheita na floresta possui um conteúdo de umidade
elevado (30%) propício ao desenvolvimento de fungos. É necessário reduzir esta umidade durante
o armazenamento na floresta para evitar a proliferação durante seu transporte até as usinas de
beneficiamento. Durante seu processamento, ela é seca atingindo conteúdo de umidade que varia
de 3 a 6,5%. Faixa considerada segura para controlar a proliferação fúngica. Mas durante o
processamento de secagem da castanha no beneficiamento pode ocorrer variação de temperatura,
causando distribuição heterogênea do calor/vapor do interior da massa de castanha (dentro de
secadores). Isto pode causar uma secagem deficiente, levando as castanhas a terem conteúdo de
umidade das castanhas heterogêneo, ocasionando problemas na armazenagem e no transporte
devida à: (a) produto armazenado com elevado conteúdo de umidade, devido a secagem
ineficiente do produto; (b) presença de umidade secundária, devido à precipitação ou absorção
dos vapores de água no lote parado; (c) difusão do calor e umidade nas castanhas não
completamente secas causando por gradiente de temperatura; (d) atividade vital de
microrganismos, aumentando a temperatura e o conteúdo de umidade no interior da massa de
castanhas não completamente secas (e) mistura de lotes com umidades diferentes e (f) períodos
chuvosos (BRASIL, 2004; CAMPOS/PAS, 2004).
A presença de insetos que levam a ruptura da casca favorecendo a absorção de umidade,
quando elas ainda estão no ouriço. Ocorre infestação de formigas e cupins que atacam o ouriço e a
casca das castanhas na floresta (PACHECO; SCUSSEL, 2006). Importante salientar que a etapa
de lavagem das castanhas ainda na floresta deve ser evitada, pois a superfície de contato das
castanhas é favorável à contaminação por fungos, e o processamento deve ocorrer no menor
tempo possível, tão logo as castanhas cheguem à usina, para não haver condições favoráveis aos
fungos para a síntese das AFLs (BRASIL, 2002).
As elevadas temperaturas, em torno de 30 a 40°C, e umidade relativa (UR) entre 60 e
90%, com grande alternância de períodos de chuva e sol da região Amazônica, dificultam o
controle dos fatores determinantes para o metabolismo do fungo aflatoxigênico, juma vez que os
níveis de produção de AFLs em nozes podem ocorrer na faixa de UR de 85-98% (SCUSSEL,
1998).
A estabilidade da castanha é assegurada quando é seca abaixo de 6,5% ou seja 1-2%
abaixo da umidade crítica. Além disso, deve ser seca uniformemente, evitar quebra de amêndoas
durante o descasque, secagem e armazenagem e manter o ambiente bem ventilado (PACHECO;
SCUSSEL, 2006). As amêndoas de castanha-do-Brasil desidratada (até 3%), portanto embaladas
em aw abaixo do nível crítico (<0,60), permanecem durante todo o armazenamento estáveis,
principalmente, se embalada em sacos de polietileno com baixa permeabilidade a oxigênio e à
28
vácuo. Nessas condições sua estabilidade se prolonga por até 180 dias, independente do processo
de secagem utilizado (SILVA; MARSAIOLI, 2003).
Também um fator que pode afetar a produção de AFLs em castanha-do-Brasil é o pH,
levemente ácido (5,6 a 6,0) que possibilita um ambiente favorável ao desenvolvimento de fungos.
O tempo que a castanha fica armazenada pode favorecer o desenvolvimento de fungos,
principalmente na floresta, durante seu transporte nos barcos. Em alguns trabalhos foram
encontrados fungos do gênero Aspergillus em castanhas que foram submetidas ao tratamento
térmico e somente em amostras pré-beneficiadas foi detectado Fusarium. O período na floresta
até o beneficiamento, que é o período entre a extração/coleta até o transporte, seja nas
embarcações ou caminhões, em ambientes com elevada umidade relativa, pode ser superior a 50
dias. Considerando as condições de temperatura e umidade ambiente da região, mesmo a
armazenagem por 30 dias ou menos é para ser considerada preocupante. Portanto, necessita ações
para controlar a proliferação de fungos (BRASIL, 2002). No que se diz respeito ao potencial de
oxi-redução e o consumo de oxigênio, observou-se que mesmo em castanha descascada
embaladas à vácuo pode apresentar contaminação por leveduras remanescentes do beneficiamento
(PITT, 2005).
Quanto aos danos mecânicos eles podem ocorrer (a) na floresta durante a queda, do corte
do ouriço para a retirada das castanhas e pela ação de insetos (b) durante o transporte e (c) nas
usinas de beneficiamento (etapa de secagem até o descasque). Eles favorecem a absorção de
umidade e facilitam a invasão e a penetração dos esporos de fungos no interior altamente
nutritivo. Isto pode ocorrer quando elas já estão embaladas durante o transporte nos containers até
a chegada no país importador, levando ao desenvolvimento rápido dos fungos e
conseqüentemente aumento de toxinas (Tabela 3). No entanto o uso do vácuo eficiente pode
reduzir a velocidade da proliferação (PACHECO, 2003).
Tabela 3 - Ocorrência de danos em castanhas-do-Brasil e suas causas
Local Causa
Na floresta Queda de ouriços
Quebra do ouriço para extração das sementes
Ação de insetos (cupim e formigas) em ouriços deixados
no solo
Durante o transporte Movimento dos lotes nas descargas de barcos e/ou
caminhões
Usina de beneficiamento Castanha com casca durante a secagem
Amêndoas no descasque e secagem
Fonte: PACHECO; SCUSSEL (2006).
AFLs produzem espécies de fungos como A. flavus e A. nomius, estes têm a sua produção
para o crescimento e aflatoxina em temperaturas e umidades relativas ao redor de 30°C e 97%,
29
respectivamente (PITT; MISCAMBLE, 1995; ROSSO; ROBINSON, 2001), coincidindo com as
condições normais da Amazônia. Os ouriços e as nozes podem ocasionalmente ser armazenados
por longos períodos de tempo na floresta ou nas aldeias do coletor (SAV, 2003). Assim, pode
passar vários meses antes das nozes secas são microbiologicamente seguros para um teor de
umidade para o armazenamento. De acordo com dados fornecidos pelo Instituto Nacional de
Meteorologia do Brasil (INMET), a temperatura média diária para a colheita estações do ano
(dezembro a maio, 2004 - 2007) no estado do Pará foi de 26,9°C (intervalo de 23-30°C) e os
umidade relativa 85% (intervalo de 65-97%).
2.1.6 Qualidade da castanha-do-Brasil
Por ser um produto extrativista, a produção de castanha-do-Brasil é considerada orgânica e
sua extração ambientalmente correta e, uma vez que não são utilizados defensivos químicos para
controle de pragas, plantas daninhas ou adubação, uma grande redução de perigos químicos
comuns a produtos cultivados, pelo menos no tocante à contaminação por substâncias químicas
(EMBRAPA, 2006). O manejo adequado inclusive em embarcações é necessário também para
evitar contaminação por substâncias químicas durante o transporte. Entretanto, tais situações
ocorrem de forma isolada, pois, como produto do extrativismo, a castanha-do-Brasil deve adquirir
a classificação de Produto Orgânico, exigência de alguns mercados relacionados ao comércio
justo.
Dentre os principais problemas identificados na produção da castanha-do-Brasil está a
elevada contaminação por bactérias do grupo coliforme, devido à sua prolongada exposição a
fatores ambientais e às condições de manipulação na indústria, além da contaminação por fungos
produtores de toxinas, no caso a aflatoxina. Esses problemas têm se constituído em forte entrave
para a comercialização do produto, principalmente no mercado externo, dado ao rigoroso controle
de países europeus e Estados Unidos em relação aos níveis de toxinas presentes nos alimentos
(EMBRAPA, 2006).
Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle APPCC (Programa Alimentos Seguros
– PAS) - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem desenvolvendo ações de
apoio ao setor produtivo para implementação desse sistema, criado para identificação e controle
dos pontos mais vulneráveis à contaminação dos alimentos. Envolve toda a cadeia produtiva do
campo à mesa do consumidor. O sistema é obrigatório na Comunidade Européia e nos Estados
Unidos e recomendado pela Organização Mundial do Comércio – OMC considerado pré-
requisito entre os países signatários da Organização para comercialização de produtos
alimentícios) e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura FAO. É
aprovado pelo Codex Alimentarius. No campo, especificamente, trata da normatização das
30
práticas agrícolas, visando à certificação do produto final. Reconhece as ações mais fomentadas e
implantadas por produtores e implementa o sistema de boas práticas na agricultura, diminuindo
impactos ambientais adversos (EMBRAPA, 2006).
No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério da Saúde
estão empenhados na aplicação do sistema. A Embrapa e parceiros estão promovendo cursos para
capacitar o produtor rural a controlar a contaminação por microrganismos, agroquímicos, toxinas
e outros riscos à segurança dos produtos, contribuindo para que ele se torne apto a atender às
exigências das indústrias processadoras de alimentos, das redes de distribuição e do mercado
externo. Protocolos como o sistema APPCC são considerados garantia da produção de alimentos
de qualidade e mais seguros à saúde do consumidor, da elevação da competitividade das
empresas, do aperfeiçoamento dos processos produtivos e da redução dos custos de produção
(EMBRAPA, 2006).
Apesar de o MAPA ter estabelecido regulamentos técnicos (BRASIL, 2003) e instruções
normativas (BRASIL, 2004), para certificação do extrativismo e beneficiamento, referentes às
medidas básicas de higiene e manejo na cadeia produtiva, muitos estudos ainda precisam ser
aplicados. A monitoração da execução das normas tanto por castanheiros quanto por usineiros
deve ser uma realidade aplicada no dia a dia. Sem dúvida que já são observadas melhoras
significativas, tanto no aspecto estrutural de algumas comunidades e usinas, como na preocupação
pela prevenção de fungos e conscientização de pessoal na aplicação de medidas controle de
pontos críticos (CPC), como na recepção e a secagem da castanha. Quanto à questão analítica, a
necessidade de laboratórios que avaliassem a qualidade da castanha-do-Brasil iniciou com a
questão nutricional, nos primeiros trabalhos que estudaram o alto valor biológico da proteína da
castanha. Já os estudos da contaminação por AFLs eram as análises laboratoriais de amostras de
lotes das usinas exportadoras, realizadas em laboratórios particulares que emitiam resultados
documentais, por exigência de países importadores. Contudo, com os problemas dos lotes
brasileiros exportados para a Europa resultando nas diretivas da Comunidade Européia em 1998,
surgiu a necessidade de harmonização de protocolos analíticos e qualificação de laboratórios.
Principalmente na região Norte onde estão localizadas as usinas de beneficiamento e comunidades
extrativistas, para obter um controle de qualidade efetivo quanto à análise de aflatoxinas, inclusive
para atender a legislação quanto à obtenção de resultados tecnicamente válidos em nível
internacional (PACHECO; SCUSSEL, 2006).
2.1.7 Produção e Mercado
A demanda global da castanha-do-Brasil é muito variável em função da forte competição
comercial com outras nozes e outros países exportadores além do Brasil (SIMÕES, 2004). Grande
31
parte da produção é exportada e este fato é atribuído à estabilidade do mercado externo, ao qual,
principalmente se direciona a produção, onde cerca de 90% das aquisições da castanha-do-Brasil,
são negociadas antecipadamente, as indústrias adiantam o valor das compras, cuja entrega do
produto ocorre posteriormente em prazos que vão de 30 a 60 dias. (CONAB, 2009).
Com relação à demanda nacional, estima-se que o consumo interno de castanha-do-Brasil
ainda seja muito pequeno, onde 5% da produção é a ele destinada (ENRÍQUEZ et al., 2003). Uma
boa parte, geralmente extrativista, é exportada in natura, principalmente para os países da Europa
(Alemanha, Reino Unido e Itália) e América do Norte (Estados Unidos). A castanha representa
entre 25 a 30 milhões de dólares anuais de exportação. Os derivados como a farinha, o óleo e a
torta não têm preço fixo, não apresentando produção significativa (CHAVES, 2007).
O Brasil, até 1990, ocupou posição de liderança no mercado mundial, com 80% do
comércio internacional. Atualmente, com a redução da produção brasileira para cerca de 30.000
toneladas, a Bolívia passou a ser o maior exportador mundial, com volume da ordem de 50.000
toneladas anuais. Esta produção é proveniente de sete Estados, o principal é o Acre (36%),
seguido pelo Amazonas (28%) e Pará (22%), totalizando 86% da oferta nacional (ENRÍQUEZ et
al., 2003). Na Figura 4 mostra que o Acre é o maior produtor de castanha, mas na verdade ele
compra do estado do Amazonas e beneficia, por isso o Acre é considerado o maior produtor. O
Amazonas também fornece castanhas para o Pará. As maiores áreas de extrativismo é o
Amazonas. O sistema tradicional de coleta e pós-colheita impera e a resistência à adoção de novas
práticas ainda é grande. Como resultado tem-se ainda problemas de contaminação da amêndoa
que leva à perda da qualidade do produto e a barreiras comerciais, principalmente no mercado
externo (CHAVES, 2007).
32
Figura 4 - Áreas produtoras de castanha-do-Brasil
Fonte: ZORÓ et al., (2008)
Tem-se observado que as exportações brasileiras diminuíram gradativamente de 51.195
ton (1990) e 19.301 (1995/1996) (EC, 2003). Uma das causas, além da diminuição da oferta do
produto e destruição dos castanhais nativos (PERES et al., 2003) foi o surgimento de barreiras
não-tarifárias, pela imposição de padrões fitosanitários mais rígidos por parte dos países
exportadores, como os da União Européia (EU, 2003). Dessa forma, as empresas de
beneficiamento, procuraram aprimorar os padrões de qualidade e passaram inclusive, a buscar
novos mercados, que a tecnologia de processamento da castanha é variada e utiliza, em sua
maioria, grande contingente de mão-de-obra (BRASIL, 2002).
Dentre os fatores que justificam a redução das exportações brasileiras de castanha-do-
Brasil são:
a) Concorrência intensa: concorrência com outros países e com outras amêndoas como uma
das causas da redução das exportações brasileiras de castanha. Concorrência com a Bolívia,
que mantém o preço em patamares menores que o Brasil, com um dos principais fatores de
33
redução nas exportações. O preço baixo das castanhas bolivianas se justifica pelo baixo
custo com a mão-de-obra (salários muito baixos) e pelo intensivo investimento da ONU, na
década de 1990, em projetos sócio-econômicos em comunidades extrativistas, o que
melhorou o sistema de coleta e a qualidade do produto.
b) Barreiras não-tarifárias: estudos realizados a partir de 1982, sobre a produção de aflatoxinas
em rações produzidas com amendoim, e detectaram que esta substância extrapolou para
castanha-do-Brasil. Com isso os países importadores impuseram padrões fitossanitários
rígidos, acirrando as barreiras sanitárias aos países exportadores e reduzindo a oferta de
castanha brasileira para o mercado externo (SIMÕES, 2004). Segundo o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio (2006), no período de 2003 a 2005, a Alemanha, a
Bolívia, os Estados Unidos, a Holanda e a Itália foram os maiores importadores de castanha
brasileira, absorvendo, juntos, 84,15% das exportações nacionais. Neste período, compraram
31.013 toneladas, pagando US$ 21.961.333,00, o que representa 0,008% do valor total das
exportações brasileiras. Embora estes países participaram, conjuntamente, no período de
2003 a 2005, com 77,25% das exportações brasileiras. Os Estados Unidos compram as
castanhas para consumo, porém, a Bolívia as compra para completar suas exportações, isto
é, adquire as castanhas in natura dos estados do Acre e Rondônia e agrega valor para
exportações. Em 2004, este país comprou do Brasil 6,30 toneladas de castanha, pagando, em
média, US$ 0,31 o quilo (MDI, 2006) e exportou 29,92 toneladas, ao preço médio de US$
1,80 o quilo (FAO, 2005), o que representa uma agregação de valor de 480%. As
exportações tornaram a crescer a partir de 2004. No entanto, quando se compara a
exportação de castanha com casca e sem casca verifica-se que as amêndoas sem casca
decaíram em 2005, enquanto que as castanhas com casca continuaram subindo. Isso ocorreu
devido à procura de castanha com casca pelo mercado internacional (PACHECO;
SCUSSEL, 2006).
c) Colapso da concorrência brasileira: a produção brasileira de castanhas brutas era
concentrada no chamado “polígono das castanhas”, próximo da cidade de Marabá, no sul do
Pará. Graças à uma série de eventos externos (discutidos mais adiante) essa floresta foi
totalmente dizimada e, sem matéria prima, a indústria castanhanheira brasileira enfraqueceu-
se.
d) Abundância de dinheiro na Bolívia: produtores bolivianos têm muito dinheiro fácil, seja do
Banco Mundial, BID e USAID (que investiria como parte da campanha americana de
combate às drogas), ou do próprio tráfico de drogas (nesse caso, a indústria castanheira
estaria sendo usada como um mecanismo de lavagem de dinheiro). Graças à esse dinheiro
todo, a indústria boliviana floresceu.
34
e) Macroeconomia: Bolivia estabilizou sua economia em 1984, enquanto o Brasil
estabilizou a sua dez anos depois, e ainda assim o R$ ficou sobrevalorizado até janeiro de
1999. A situação macroeconômica teria tornado o produto boliviano mais competitivo.
f) Bolivia tem custos baixos: Na Bolívia não muitos impostos e quase não se paga direitos
trabalhistas. Por isso
o produto boliviano é mais barato e assim domina os mercados
internacionais.
g)
Bolívia: recebe verba e profissionalizaram a produção. A usina investiu n acapacitação pessoal e
nos sistemas operacionais, onde que no Brasil a grande maioria são artesanais.
Dentre os fatores que determinaram a perda da posição desta liderança estão a redução dos
castanhais produtivos; a deficiências na cadeia produtiva, em especial nas logísticas de transporte
e de armazenamento; a ausência de políticas e de programas de incentivo à produção, de apoio
direto à comercialização e de sustentação de renda ao extrativista; a dificuldades de atendimento
às exigências fitossanitárias para exportação, especialmente quanto aos limites de tolerância para
presença de aflatoxina (CHAVES, 2007).
Embora haja incidência de castanha em toda a Amazônia continental, somente no Brasil,
Bolívia e Peru a produção tem representação econômica internacional, fato que fica evidente no
estudo sobre este produto, realizado pela FAO (2005), que apontam estes três países como os
principais produtores mundiais (ONU, 2005).
A exploração de exemplares nativos da castanha-do-Brasil é protegida por lei (Decreto
1282 de 19 de outubro de 1994) e somente poderá ocupar um local de destaque na pauta de
exportações e de mercado interno a partir do momento em que houver uma política de estímulo
destinada ao produtor extrativista, mantendo o homem na floresta e aumentando a produção
extrativista.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Associação Brasileira
de Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer) firmaram, em 2006, convênio
que visa capacitar extrativistas da cadeia produtiva da castanha-do-brasil nos estados da Região
Norte. Segundo a diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov)
do Mapa, Angela Peres, a capacitação dos extrativistas tem como objetivo melhorar a qualidade
do produto a ser disponibilizado para o mercado interno e também para o mercado externo,
especialmente a União Européia.
De acordo com a diretora, a UE é bastante exigente no que se refere aos padrões higiênico-
sanitários da castanha, principalmente em função da aflatoxina, toxina causada pelo fungo
Aspergillus flavus. O MAPA explica que para fornecer castanha para o mercado europeu o Brasil
deve se adequar às exigências quanto aos padrões de aflatoxina. O fungo que provoca a aflatoxina
é originário do solo e se armazena nas sacas e porões dos navios. "A castanha não é colhida no pé,
35
ou seja, o extrativista espera a fruta cair no solo para recolher. Por isso, o problema ocorre na
armazenagem do produto", esclareceu a técnica. Ao capacitar os extrativistas, a expectativa do
MAPA é de que haja uma queda na contaminação.
2.2 Fungos e Aflatoxinas
2.2.1 Fungos
Segundo Heathcote (1984), as AFLs são metabólicos secundários, tóxicos, produzidos por
algumas linhagens de fungos Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus e Aspergillus nomius, são
as que podem causar maiores danos aos seres humanos e animais. Pela sua alta toxicidade e ampla
ocorrência, possuindo inclusive propriedades carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas
(SIMIONATO et al., 2003). Recentemente, foram notificadas no Quênia surtos de AFLs em uma
grande área geográfica e causando mais de 123 mortes (CDC, 2004).
Durante muito tempo os fungos foram considerados vegetais. A partir de 1960 passaram a
ser classificados como reino à parte - Fungi. Os fungos são seres vivos eucarióticos unicelulares
como as leveduras, ou pluricelulares como os fungos filamentosos ou bolores e os cogumelos. Os
fungos não sintetizam clorofila nem qualquer pigmento fotossintético (TRABULSI et al., 1999).
Os esporos dos fungos são abundantes e amplamente encontrados na natureza, germinam
rapidamente no solo, em plantas, em alimentos, em papel e até em vidros. Os alimentos
armazenados representam excelente campo para a proliferação dos fungos, principalmente quando
os princípios básicos de secagem adequada e armazenamento correto são desconhecidos ou
desprezados (FONSECA, 2009). Sob comdições favoráveis de temperatura e umidade, estes
fungos podem crescer em certos alimentos, resultando na produção de AFLs (FORTNUM, 1986;
LILLEHOJ, 1986).
Alguns fatores intrínsecos dos alimentos, como composição nutricional, o teor de umidade
e a atividade de água (aw) podem fornecer substratos para os fungos produtores de AFLs. Outros
fatores (externos) como: temperatura, umidade relativa (UR), tempo de armazenagem,
microclima, competição microbiológica e o uso de fungicidas, também precisam ser controlados
para a segurança do alimento (KLISCH, 2007; KABAK; DOBSON; VAR, 2006).
Conteúdo de umidade: é expresso em termos de umidade absoluta do material e das
exigências mínimas apresentadas pelos fungos com relação ao seu desenvolvimento. A baixa
umidade não garante armazenagem segura, pois outros fungos podem crescer e liberar água e
calor, aumentando a temperatura e umidade nos grãos adjacentes. O ideal é manter um baixo
36
teor de umidade (<1-2%) na armazenagem, secagem homogênea, aeração dos grãos, e a
adequada ventilação para a qualidade dos produtos (LORINI, 2002).
Composição nutricional: A composição dos alimentos, em termos de teor de proteínas,
carboidratos, lipídios e outros componentes, inclusive antioxidantes, influenciam diretamente
na curva de crescimento de microrganismos, assim como no processo de deterioração dos
alimentos (PACHECO; SCUSSEL, 2006). Também as características genéticas de algumas
plantas, mais especificamente nozes, têm maior resistência a ação de insetos, contaminação
fúngica e produção de AFLs (KABAK; DOBSON; VAR, 2006).
Teor de atividade de água (aw): É a água disponível para a ação dos microrganismos, onde
é medido em escala de 0 a 1. É a relação entre a pressão de vapor de água do substrato e a
pressão de vapor de água pura, reflete o grau em que a água está ligada aos componentes do
material, não se encontrando disponível para as reações bioquímicas (ex. oxidação lipídica,
reações enzimáticas, reações de Maillard, etc) e para o crescimento de microrganismos. A
maioria das leveduras não cresce a aw abaixo de 0,65 e os fungos em aw abaixo de 0,70. Co
poucas exceções, é possível considerar um alimento estável em relação a deterioração de
microrganismos, quando a aw < 0,60 e estes são classificados como desidratados
(PACHECO; SCUSSEL, 2006).
pH: os fungos normalmente desenvolve-se a pH ácido. A faixa de pH ótimo, tanto para a
formação de AFLs quanto pra o crescimento do fungo PE de 5 a 6 (SCUSSEL, 1998).
Temperatura: para várias espécies de fungos a temperatura de 30°C, típica de regiões
tropicais, é uma temperatura ideal para o crescimento. Porém estas faixas são afetadas por
outros fatores como umidade, concentração de oxigênio e disponibilidade de nutrientes
(LORINI et al., 2002).
Umidade relativa: é a umidade de equilíbrio entre o ambiente e o alimento, e pode ser
expressa por UR = aw.100.Em condições de equilíbrio, a aw relaciona-se com a UR do
ambiente. Dependendo da umidade presente no alimento e da umidade presente no ambiente,
haverá ganhado ou perda de umidade do produto, favorecendo ou impedindo a proliferação
de fungos (ARRUS et al., 2005a). A UR mínima onde os fungos crescem é de 70%, e a UR
ótima é de 80-85%, contudo eles também podem crescer a UR de 90-100%. A faixa de
umidade relativa para a produção de AFLs é de 80-85%, umidade relativa ótima para
esporulação de 85%, umidade relativa máxima para produção de AFLs 95-99%, este último
percentual corresponde ao conteúdo de umidade de 18,0-18,5% (SCUSSEL, 2002).
Tempo de armazenamento: pode favorecer o desenvolvimento de fungos que exigem
umidade baixa e tempo prolongado para que seus danos sejam observados. A preocupação
37
com a flora microbiana em nozes, por exemplo, tem aumentado devido ao grande volume de
comercialização desses produtos, e tem gerado, novos métodos de detecção e inibição de
fungos e AFLs (CANDLISH, 2001; ROJAS-DURAN et al., 2007).
Microclima: o crescimento de fungos depende de outras condições ambientais que
envolvem o substrato, tais como, o ambiente gasoso (composição da atmosfera gasosa). Eles
podem crescer em baixas concentrações de O
2
, sendo afetados somente a concentrações
inferiores a 0,2%. Ocorre pouco crescimento em ambientes com dióxido de carbono (CO
2
) ou
nitrogênio (N
2
), portanto essas misturas de gases podem ser usadas para reduzir a
concentração de O
2
. Ambientes com atmosfera controlada podem ser usados durante o
transporte e armazenamento de produtos para prevenir o crescimento fúngico e formação de
toxinas (SCUSSEL, 1998).
Competição microbiológica: a existência de amendoim atóxico, apesar de estar altamente
contaminado por fungos, bem como a queda abrupta da quantidade após a produção máxima,
levam a pensar na existência de microrganismos resistentes a toxina e aptos a inibir sua
produção e degradá-la. Existem linhagens de fungos mais produtoras que irão depender,
também, da temperatura, substrato, umidade e microrganismos capazes de degradar a toxina
(SCUSSEL, 1998).
Fungicidas: são bastante utilizados para controlar e prevenir o crescimento de fungos nos
produtos agrícolas. Contudo, existem limitações no uso destes compostos tais como:
toxicidade para animais, excessivo custo, dificuldade de aplicação, efeitos indesejáveis na
qualidade dos grãos e pouca toxidez para os fungos de estocagem (LORINI et al., 2002).
Danos mecânicos: favorecem a absorção de umidade e facilitam a invasão e a penetração
dos esporos de fungos no interior altamente nutritivo, desses substratos, levando ao
desenvolvimento rápido dos fungos e conseqüentemente aumento dos níveis de toxinas
(PACHECO; SCUSSEL, 2006).
Luz: a produção de toxina é inibida na presença de luz ultravioleta e infravermelha
(SCUSSEL, 1998).
As AFLs são produzidas por espécies de fungos, essencialmente por Aspergillus flavus e
Aspergillus parasiticus. O gênero Aspergillus pertence ao grupo dos Hyphomycetos que se
caracteriza pela formação de conidióforos, ou seja, hifas especializadas e produtoras de conídios
com formas e arquitetura variáveis (PITT e HOCKING, 1997). Através de estudo de prevalência
concluiu-se que a contaminação de grãos por fungos aflatoxigênicos como A. flavus é
predominantemente sobre o A. parasiticus e sua produção é favorecida por temperaturas entre 23-
26°C e umidade relativa do ar acima de 75%, sendo que a umidade relativa do ar acima de 85% e
38
temperatura em torno de 27°C favorecem o crescimento e a produção de aflatoxinas. (PEREIRA
et al., 2002).
Os fungos crescem e se proliferam bem em cereais, principalmente, no amendoim, milho,
trigo, cevada, sorgo e arroz, onde geralmente encontram um substrato altamente nutritivo para o
seu desenvolvimento. O crescimento fúngico e produção de micotoxinas em cereais podem
ocorrer em diversas fases do desenvolvimento, maturação, colheita, transporte, processamento ou
armazenamento dos grãos.
A contaminação e a deterioração dos alimentos causados por fungos são mais comuns que
as originadas por qualquer outro grupo de microrganismos. A contaminação por fungos é
importante não apenas sob o ponto de vista sensorial, mas também pelo perigo que a produção de
micotoxinas representa para o consumidor (MUNINBAZI e BULLERMAN, 1996). Os fungos
podem promover prejuízos significativos aos alimentos. Podendo alterar as condições físicas dos
produtos, reduzir o valor nutritivo, alterar o aspecto externo, produzir aflatoxinas e favorecer a
ação de outros agentes de deterioração, como leveduras, bactérias e insetos (FONSECA, 2009).
Quando presentes em sementes ocasionam perda do poder germinativo, no arroz e na manteiga de
cacau afetam a qualidade, promovendo descoloração, e no café produzem aromas desagradáveis.
A produção de micotoxinas está ligada ao crescimento do fungo, entretanto, a presença do
fungo produtor não indica a presença da micotoxina, especialmente se o crescimento não ocorrer.
O entendimento dos fatores que permitem o crescimento do fungo e a produção de micotoxinas é
de grande importância para o desenvolvimento de métodos de controle (BULLERMAN et al.,
1984).
Condições de umidade e temperatura aumentam a probabilidade de desenvolvimento do
Aspergillus e produção de aflatoxinas, situação agravada no período chuvoso. A biodegradação de
sementes e grãos, no campo e durante o armazenamento, limita o acondicionamento seguro e o
valor nutricional desses alimentos. (TEIXEIRA, 2008)
Os fungos que invadem sementes e grãos em geral são freqüentemente divididos em dois
grupos: fungos do campo, que infectam o produto ainda no campo e fungos de armazenamento,
como aqueles que invadem o milho pouco antes e durante o armazenamento. A distinção entre
fungos de campo e de armazenamento não é baseada na classificação taxonômica, mas de acordo
com as condições ambientais e/ou ecológicas que favorecem o crescimento dos mesmos. Os
fungos do campo requerem um teor de umidade em equilíbrio com uma umidade relativa de 90%
100% para crescerem. Os principais gêneros são Cephalosporium, Fusarium, Gibberella,
Nigrospora, Helminthosporium, Alternaria e Cladosporium que invadem grãos e sementes
durante o amadurecimento e o dano é causado antes da colheita. Estes fungos não se desenvolvem
39
normalmente durante o armazenamento, exceto em milho armazenado com alto teor de umidade
(ATUI; LAZZARI, 1998).
Os fungos de armazenamento Aspergillus, Penicillium, Rhizopus e Mucor são encontrados
em grande mero em armazéns, moinhos, silos, elevadores, equipamentos e lugares onde são
armazenados, manuseados e processados produtos agrícolas. Causam danos ao produto somente
se as condições de armazenagem forem impróprias à manutenção da qualidade do produto. Os
fungos do gênero Aspergillus (A. halophilicus, A. restrictus, A. glaucus, A. candidus, A. alutaceus
(A. ochraceus) e A. flavus) e os do gênero Penicillium (P. viridicatum, P. verrucosum) são os
indicadores de deterioração em sementes e grãos, causando danos no germe, descoloração,
alterações nutricionais, perda da matéria seca e os primeiros estágios da deterioração
microbiológica (ATUI; LAZZARI, 1998).
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus, são saprófitas naturais do solo e ar, e em
condições ideais são capazes de contaminar os alimentos. A ocorrência e magnitude da
contaminação por essas micotoxinas variam de acordo com os fatores geográficos e sazonais, com
as condições locais de crescimento do vegetal e ainda com as práticas de colheita e estocagem
utilizadas. As culturas em áreas tropicais e subtropicais como o Brasil estão mais sujeitas à
contaminação, pois as melhores condições para o desenvolvimento dos fungos e,
conseqüentemente, para a produção das aflatoxinas são encontradas em áreas com alta
temperatura (25 a 30ºC) e umidade elevada (80% a 90%) (BULLERMAN; SCHOEREDER;
PARK, 1984). Por isso, a redução da umidade através da secagem é de fundamental importância
para reduzir os níveis de contaminação (DILKIN, 2002).
A contaminação dos produtos agrícolas ocorre através do contato com os esporos do fungo
presentes no ambiente, sobretudo no solo, durante os procedimentos de colheita e secagem. O
armazenamento em locais úmidos e sem ventilação, bem como o transporte inadequado
favorecem não apenas a contaminação com esporos, mas também o crescimento fúngico nos
produtos já contaminados (CHU, 1991).
Perdas econômicas associadas ao descarte do alimento ou ração, contaminada, são
facilmente detectadas quando se mantém controle e levantamentos representativos. A perda
econômica total é a somatória de vários fatores e compreende perdas diretas de produtos
agrícolas, perdas de animais acompanhada de diversas taxas de mortalidade, doenças em
humanos, diminuição da produtividade, animais com redução na velocidade de crescimento e
produtividade, custos indiretos de sistemas de controle, custos de remoção da toxina para
recuperar produtos rejeição de produtos pelo mercado importador (SCUSSEL, 1998).
40
2.2.2 Aflatoxinas
O nome micotoxina é derivado da palavra grega Mykesque significa fungo e Toxicum
que significa veneno ou toxina. A doença ou síndrome (condição patológica) decorrente da
ingestão de micotoxinas é denominada micotoxicose (SCUSSEL, 2002). O conhecimento que as
micotoxicoses são os resultados do metabolismo fúngico é uma descoberta relativamente recente,
isto porque a doença causada não está diretamente relacionada à presença ou contaminação por
fungos, mas sim ao consumo de alimentos contaminados por toxinas produzidas por estes.
As AFLs são as micotoxinas mais estudadas, seu descobrimento ocorreu durante o estudo
das causas de um acidente econômico, em 1960, na Inglaterra, com a morte de 400.000 perus
devido a uma doença sem causa aparente, chamada de Turkey X Disease, e que posteriormente foi
associada ao consumo de ração contaminada (ZOLLNER, 2006). Em 1961 responsabilizou-se a
ração proveniente do Brasil de conter o princípio tóxico causador da doença. Entretanto, o
composto foi detectado também em rações de outros países. Estudos em 1962 identificaram a
ingestão do alimento contaminado com grande mero de hifas de Aspergillus flavus como causa
da doença, sendo então, um fator tóxico detectado por cromatografia em camada delgada (CCD) e
denominado de aflatoxina. Na detecção foram observados compostos com fluorescência azul e
verde, sob luz ultravioleta (UV), isto é, Aflatoxina B (Blue) e G (Green) e suas frações AFB
1
,
AFB
2
, AFG
1
e AFG
2
, em que a AFB
1
é considerado o composto mais tóxico (KELLER;
TURNER; BENNET, 2005). Duas outras micotoxinas são derivadas hidroxiladas resultantes do
metabolismo das toxinas AFB
1
e AFB
2
são elas: aflatoxina M
1
(AFM
1
) e M
2
(AFM
2
). Foram
detectadas no leite e seus derivados, urina e fezes de mamíferos. A toxicidade da AFM
1
e AFM
2
é
menor que da AFB
1
, porém a maior preocupação está no consumo principalmente por crianças
(SCUSSEL, 2002; SILVA, 2005; KAMIKAR, 2006). A Figura 5 mostra a estrutura química das
AFLs.
A série G das AFLs difere quimicamente da série B pela presença de um anel 3-lactona,
no lugar do anel ciclopentanona. Uma dupla ligação 8, 9 é encontrada na forma de um éter vinil
no anel terminal furano nas AFLs AFB
1
e AFG
1
, mas não em AFB
2
e AFG
2
. Essas variações que
diferem as AFLs estruturalmete estão associadas também a suas atividades, sendo as AFB
1
e
AFG
1
carcinogênicas e consideravelmente mais tóxicas que AFB
2
e AFG
2
(JAIMEZ et al., 2000).
As AFLs são furomarinas complexas contendo intensa fluorescência quando expostas à
luz ultravioleta (UV) com comprimento de onda longo (365 nm). Esta propriedade é aproveitável
para sua identificação e quantificação, quando presentes em diversos tipos de alimentos
(PELLETIER; REIZNER, 1992). São substâncias apolares, solúveis em solventes como o
clorofórmio, metanol, benzeno, acetonitrila, etc. São instáveis a luz UV, mas bastante estáveis a
41
temperatura acima de 250°C e não são afetadas pelo frio. Pequena ou nenhuma decomposição de
AFLs é obtida sob condições normais de cozimento, pasteurização e torrefação de alguns tipos de
alimentos (PATERSON, 2006). Além disso, são incolores, inodoras e não alteram o sabor dos
alimentos (PÁDUA; SILVEIRA; MARTINS, 2002). Agentes oxidantes, como água oxigenada e
hipoclorito de sódio, reduzem o teor de AFLs no alimento, mas a utilização de tais soluções é
impraticável, uma vez que ocorre, além da destruição de nutrientes, “flavor”, cor, textura e
propriedades funcionais do alimento, a formação de resíduos tóxicos (PÁDUA; SILVEIRA;
MARTINS, 2002).
Aflatoxina B
1
Aflatoxina B
2
Aflatoxina G
1
Aflatoxina G
2
Aflatoxina M
1
Aflatoxina M
2
Figura 5 - Estruturas químicas das aflatoxinas
a) Toxicidade
mais de 20 tipos de moléculas de AFLs e seus derivados isolados, porém os principais
tipos estudados continuam sendo a AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
e AFG
2
(HUSSEIN e BRASEL, 2001),
deido à elevada toxicidade apresentando efeitos carcinogênicos, teratogênicos e mutagênicos
(ROSA, 1995). As aflatoxinas presentes nos alimentos contaminados têm sido identificadas como
fatores envolvidos na etiologia do câncer hepático no homem sendo a AFB
1
é o composto com
maior potencial toxigênico (hepatocarcigênico) conhecido em mamíferos. A International Agency
for Research on Cancer (IARC) classificou essa toxina como carcinógeno humano do Grupo I. e
42
a exposição crônica na dieta, a pequenas quantidades desse composto, é considerada prejudicial à
saúde humana (CALONI et al., 2006; GIRAY, 2007;MCLEAN e DUTON, 1995).
A AFB
1
é a AFL que apresenta o binômio causa/efeito (ingestão de alimentos
contaminados/efeitos tóxicos) bem determinado. A ingestão de alimentos com baixos teores de
AFLs com uma dada freqüência e por tempo prolongado determinada aflatoxicose crônica
(SCUSSEL, 2002), pode levar ao aparecimento de carcinoma hepático, devido às mutações no
gene de supressão P53 e pela ativação de oncogenes dominantes (GIRAY, 2007). Por outro lado a
ingestão de alimentos com alto grau de contaminação á curto prazo, determinada aflatoxicose
aguda produz, efeitos agudos, caracteristicamente hepatotóxicos (HAAS, 2000). Esta
hepatotoxicidade se deve a alta reatividade da 8,9-epóxido-AFB
1
no metabolismo no fígado
mediado pelo sistema do citocromo P450. Os efeitos metabólicos incluem inibição da síntese
protéica, DNA e RNA, redução de atividade enzimática, depressão do metabolismo de glicose,
inibição de síntese de lipídeos, fosfolipídios, ácidos graxos livres, entre outros, interferindo no
sistema imunológico e consequentemente, reduzindo a resitência às doenças (TEIXEIRA, 2008).
O efeito agudo de aflatoxicose em homens e animais é de manifestação e percepção
rápidas, podendo levar à morte, pois causa alterações irreversíveis. O efeito subagudo é o
resultado da ingestão de doses não elevadas que provoca distúrbios e alterações nos órgãos,
especialmente no fígado. Ambos os casos dependem da susceptibilidade da espécie animal, da
idade, onde os mais jovens são mais afetado, do estado nutricional e do sexo. Sabe-se, também,
que ela pode provocar cirrose, necrose do fígado, proliferação dos canais biliares, síndrome de
Reye (encefalopatia com degeneração gordurosa do rebro), hemorragias nos rins e lesões sérias
na pele, pelo contato direto. (TEIXEIRA, 2008).
Estudos epidemiológicos mostraram que a exposição à AFLs associada com o vírus da
hepatite B aumenta o risco de carcinoma hepatocelular, e a presença desse vírus parece aumentar
a potência das AFLs (IARC/WHO, 1993). Por seu efeito mutagênico e carcinogênico, os testes de
laboratório e os estudos epidemiológicos ligam o consumo de AFLs ao aumento da incidência do
câncer de fígado (HAAS, 2000). Foi esta descoberta que estimulou a revalidação dos padrões
internacionais para os níveis de AFLs em alimentos (NEWING; HARROP, 2000).
b) Legislação Nacional
No Brasil, as aflatoxinas são as únicas micotoxinas cujos níveis máximos em alimentos
estão previstos na legislação. O Ministério da Saúde estabelece através da resolução RDC 274
em concordância com o Ministério da Agricultura o limite de 30 µg/kg AFB
1
+AFG
1
em alimentos
de consumo humano (BRASIL, 2002) e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento
estabelece o de 20
µg/kg de aflatoxinas totais para matérias-primas de alimentos e rações
43
(BRASIL, 1996). Este limite é comparável ao estabelecido por outros países (DOLL; PETO,
1981) e recomendado pela Organização Mundial da Saúde e pela Organização para Alimentação e
Agricultura (OMS/FAO, 1998).
c) Legislação Internacional
Seguindo a consideração da toxicidade de AFLs em 1997 pelo Comitê Científico de
Alimentação, em 16 de julho de 1998, a CE (Comunidade Européia) adotou o regulamento da
comissão 1525/98 reduzindo os Limites Máximos de Resíduo (LMR) para as AFLs em alimentos,
e a comissão diretiva 98/53/EC detalhando procedimentos com relação a amostragem e métodos
para análise de amostras. Os limites para a castanha brasileira (para consumo humano direto ou
como ingredientes de gêneros alimentícios) foram estabelecidas em .kg
-1
para AFLs totais
(AFB
1
+ AFB
2
+ AFG
1
+ AFG
2
) e .kg
-1
para AFB1 (EC, 1998; NEWING; HARROP, 2000).
Isto levou o governo brasileiro a definir legislações com normas para a cadeia produtiva,
envolvendo a amostragem (coleta, preparo e tamanho da amostra), método analítico e de preparo,
bem como diretrizes para aplicação dos princípios de Boas Práticas de Fabricação/Manejo
(BPF/BPM) e do Sistema de Análises e Pontos Críticos de Controle (APPCC) pelos extrativistas e
usinas de beneficiamento (BRASIL, 2004).
Devido a potenciais riscos para os seres humanos, níveis regulamentares foram
recentemente documentados. Os níveis da regulamentação para AFB
1
e aflatoxinas totais foram
de 0 a 30 µg/kg e de 0 a 50 µg/kg, respectivamente (FAO, 1997). Os países do Mercosul
estabelecem o limite máximo de 20µ/kg para as AFLs totais (MERCOSUR, 1994). Na União
Europeia, veis de aflatoxinas AFB
1
e humanos commodities estão regulamentados com Limites
Máximos de Resíduos (LMR), que não pode ser superior a 2 e 4 µg/kg, respectivamente (CEE
1998). Recentemente, a Comissão do Codex Alimentarius, Joint FAO/WHO Food Standards
Program aprovou um limite de 15 µg/kg de aflatoxinas (CODEX, 2001). Na Coréia, um resíduo
limite de 10 µg/kg para os géneros alimentícios AFB
1
foi estabelecido desde 1989 (KFDA, 2000).
A União Europeia estabeleceu um limite máximo legislativo para as aflatoxinas em nozes e
produtos com nozes destinados ao consumo direto a 2 µg/kg de aflatoxina B
1
e 4 µg/kg para o
somatório das aflatoxinas B
1
, B
2
, G
1
e G
2
(EC, 2006).
Como ainda não harmonização dos limites de AFLs em castanha-do-Brasil para todos
os países importadores, na Tabela 4, estão citados os limites máximos permitidos utilizados em
alguns países, incluindo a América Latina e Mercosul, para AFLs em alimentos em geral.
44
Tabela 4 - Limites máximos permitidos para aflatoxinas em alimentos em diversos países
País Limite máximo (µ/kg) Alimentos
África do Sul 5 (AFB
1
) Todos os alimentos
10 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
Austrália 5 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
) Todos os alimentos
Canadá 15 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
) Nozes e seus produtos
Estados Unidos 20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
) Todos os alimentos
Filipinas 20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
) Nozes e seus produtos
Índia 30 (AFB
1
) Todos os alimentos
Israel 5 (AFB
1
) Nozes, amendoim, farelo de milho, figos e seus
produtos 15 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
Japão 10 (AFB
1
) Alimentos em geral
Nova Zelândia 5 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
) Todos os alimentos
União Européia 2 (AFB
1
) Amendoim, nozes em geral e frutas secas para
consumo direto ou como ingrediente de alimentos 4 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
America Latina
Argentina Zero (AFB
1
)
20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
5 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
30 (AFB
1
)
Alimento infantil
Derivados de amendoim
Milho
Farinha de soja
Brasil
20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
Amendoim (toasted, roasted, com/sem pele
Pasta de amendoim
Farinha de milho
Milho (integral/quebrado/moído)
(integral/sem gérmen)
Bolívia
a
NH
b
NH
b
Colômbia 20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
30 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
10 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
Alimentos
Cereal (sorgo, mileto)
Oleaginosas
Sementes de gergelim
Mercosul
20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
Amendoim (com/sem pele)
Amendoim (torrado)
Pasta de amendoim
Farinha de milho (integral/sem gérmen)
Milho
Corn meal
Peru 10 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
) Alimentos
Suriname 5 (AFB
1
)
5 (AFB
1
)
30 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
Amendoim
Produtos de amendoim
Leguminosas
Milho
Uruguay 30 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
20 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
30 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
30 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
10 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
3 (AFB
1
+AFB
2
+AFG
1
+AFG
2
)
Amendoim
Produtos de amendoim
Alimentos e especiarias
Derivados de soja
Frutas secas
Côco
Alimento infantil
Fonte: PACHECO; SCUSSEL (2006).
a
maior exportador de castanha-do-Brasil
b
não há legislação
2.3 Contaminação da castanha-do-Brasil por fungos e aflatoxinas
A castanha-do-Brasil, durante toda a sua trajetória comercial, sofre ação depredatória. O
atrito das sementes, por ocasião do transporte, produz rachaduras na casca. O clima e o grau
pluviométrico na época da safra são fatores que favorecem a penetração de insetos, parasitas e
microganismos atuando junto à amêndoa deteriorando-a total ou parcialmente. Dentre os
microrganismos responsáveis, os fungos filamentosos saprófitas, são os que mais participam do
45
processo. Presentes no solo, água, vegetais e veiculados pelo ar, encontram-se em permanente
contato com o produto, constituindo-se em principal ameaça à sua integridade (CASTRILLÓN,
1988).
Árvores de nozes estão sujeitos a infecção por uma variedade de microorganismos que
podem provocar deterioração ou produzir metabólitos que são tóxicos para os seres humanos,
animais e aves. Embora em muitos casos, as fontes de infecção ainda não são conhecidas, são
agravados por fatores como danos mecânicos, ataque de insetos, seca e temperaturas elevadas.
Um levantamento da incidência estabelecido que os mais freqüentemente encontrados foram
gêneros Aspergillus, Rhizopus e Penicillium (BAYMAN et al., 2002).
Os primeiros relatos de problemas da segurança toxicológica da castanha-do-Brasil datam
da década de 60, em que foi relatada a “podridão da castanha” causada por fungo do gênero
Aspergillus (ALMEIDA, 1963). A castanha-do-Brasil que é mais consumida no estrangeiro,
começou a sofrer medidas restritivas após o evento de 1960 na Inglaterra, em parte, por ser o
alimento proveniente do Brasil (LIRA, 1976).
A presença de fungos nos alimentos alertou os países importadores de grãos, no sentido de
fiscalizar mais intensamente estes produtos adquiridos, estabelecendo, padrões tolerância dos
níveis de contaminação. Produtos como milho, amendoim, castanha-do-brasil e outros
contaminados, por AFLs, vem dificultando a exportação dos mesmos a países desenvolvidos,
onde rígido controle dos limites de tolerância desta toxina (da SILVA et al., 2007).
Considerando-se a importância dos fungos nos processos de deterioração dos produtos
alimentícios e de produção de aflatoxinas nas amêndoas, torna-se necessário a realização de
pesquisas sobre as espécies fúngicas contaminantes e um estudo sobre a freqüência de Aspergillus
sp. produtores de AFL nesse substrato (CASTRILLÓN, 1988).
2.3.1 Fungos e aflatoxinas em castanha-do-Brasil
a) Fungos
A armazenagem é considerada uma etapa crítica, pois dependendo de sua duração e
condução, podeocorrer o desenvolvimento do fungo e a produção de AFLs (CAMPOS/PAS,
2004). Consideram-se os gêneros Aspergillus e Penicillium os principais envolvidos com
castanha-do-Brasil, entretanto, nem sempre a presença de fungos aflatoxigênicos está diretamente
relacionada à presença da AFLs em castanha-do-Brasil, pois em amostras coletadas diretamente
da floresta havia ausência de AFLs, apesar da presença de cepas aflatoxigênicas (CARTAXO et
al., 2004; ARRUS et al., 2005a). Em castanhas retiradas diretamente da floresta foi constatada a
presença de fungos filamentosos, porém, AFLs, não foram detectadas (CARTAXO et al., 2004).
46
Por outro lado, pode ocorrer a interação de cepas de Aspergillus flavus não-toxigênicas com
Aspergillus parasiticus, com sinergismos na produção de AFLs (Martins et al., 2000). A casca da
castanha, por ser rígida e rugosa pode conferir proteção contra o ataque de fungos à amêndoa,
enquanto rachaduras na casca permitem a entrada de microrganismos causadores de contaminação
(FREIRE et al., 2000). Foram identificadas espécies de Aspergillus em castanha de unidades de
beneficiamento (SOUZA et al., 2003) e em castanha com casca adquirida no varejo (BAYMAN et
al., 2002). Já em amostras procedentes de Belém-PA, foram identificadas bolores e leveduras,
como por exemplo, Pichia sp e Rhodotorula sp. (FREIRE; OFFORD, 2000). Alguns dos fungos
isolados da castanha-do-Brasil estão sumarizados na Tabela 5.
47
Tabela 5 - Fungos identificados em castanha-do-Brasil in natura e pós-processamento com ou sem casca, reportados na literatura
Tipo de Castanha Procedência Local de coleta
Amostras
Fungos Autores
[A] NÃO PROCESSADA (COM CASCA)
[A.1] Da Floresta
Peru Peru 15
a
A.Wentii, Penicillium sp Arrus et al. (2005a)
Acre Acre 4
b
A.flavus, A.niger Cartaxo et al. (2003)
[A.2] Das Comunidades
Antes das BPM
c
Amazonas Amazonas -
d
A.zonatus, A.flavus, A.awamon, A.ficcum,
A.tubingensis, a.oryzae, A.japonicus, A.fetidus,
A.flavofurcatis, a.niger, a.pulverulentus,
A.parasiticus, Fusarium sp, Iddriela lunata,
Gliocadium, Trichoderma harzianum, Scopulanopsis
brumotii, Mortierella, Verticitadiela, Micelia sterilia
Simões (2004)
Após as BPM
c
Amazonas Amazonas - Acremonium strictum, A.itaconicus, A.ficcum,
A.japonicus, A.niger, A.oryzae, Cladosporium
sphaerospermum, Trichoderma hamatum, P.glabrum,
P.fellutano, Micelia sterilia, Gliocadium viridi,
Exophiala, eupenicilium, Cylindrocarpon
magnudianum, Colletotrichum
...................... - - - A.flavus, A.niger, A.fumigatus, A.clavatus,
P.verrucosum, P.viridicatum, P.citrinum, F.sacchari,
F.oxysporum, F.vercitiliodis, Alternaria alternata
CAMPOS/PAS (2004)
[A.3] Feira Livre
- Amazonas Ouriço Aspergillus sp, Candida sp, Cladosporium sp,
Fusarium sp, Geotrichum sp, Penicillium sp,
Cephalosporium sp, Phialoopora sp, Torulopsis sp,
Trichodermasp, Verticillium sp
Castrillon e Purchio
(1988)
[B] PROCESSADA (DESIDRATADA)
[B.1] Com casca
No beneficiamento - Amazonas 12
e
Pichia sp, Rhodotorula sp, sacharomyces sp,
Candida sp
Pacheco e Scussel (2007)
c
Acre Acre 72
f
A.niger, A.flavus, Rhizopus sp, Trichoderma sp,
Fusarium sp, F.sacchari, T.viridi, P.citrinum,
a.clavatus, F.oxysporum, Trichoderma harzianum
Souza et al. (2003)
- Amazonas 30
g
A.flavus, A.niger, Penicilium sp, Fusarium sp,
Gliocadium sp, Chalara sp, Syncephalostrum sp,
Pacheco (2003)
48
Absidia sp
[B.2] Sem casca
Embalagem comercial
não-esterelizada
- Belém (PA) 2
h
Acinetobacter baumannii, B.cereus, B.macerans,
B.subtilis, E.coli, E.sakazakii, Pichia sp,
Rothayibacter tritici, Rhodotorula sp
Freire e Offord (2002)
Esterilizada
i
- Belém (PA) 2
h
B.macerans, B.pumilis, S.aureus, Pichia sp Freire e Offord (2002)
- Belém (PA) 4
j
Acremonium curvulum, A.flavus, A.fumigatus,
A.niger, A.tamarii, Cunninghamella elegans,
Exophiala sp, Fusarium oxysporum, P.citrinum,
P.glabrum, Phialophora sp, Phoma sp
Pseudallescheria boydii, Scopulariopsis sp, Thielavia
terrícola, T. citrinoviride,
Freire; Kozaiewicz e
Paterson (2000)
Não-esterilizada - Califórnia 59
k
A.flavus, A.niger, A.fumigatus, A.nidulans, A.tamarii,
Penicillium sp, Rhizopus
Bayman, Baker e
Mahooney (2002)
Esterilizada - Califórnia 51
k
A.flavus, A.niger, A.fumigatus, A.nidulans, A.tamarii,
Penicillium sp, Rhizopus
Bayman, Baker e
Mahooney (2002)
Fonte: PACHECO (2007).
a
total de frutos (ouriços) analisados;
b
amostras de 1,5 kg com análises efetuadas em diferentes tempos de armazenamento (0,30,60 e 90 dias) em que A.flavus e A.niger foram
predominantes, entretanto com 60 dias houve presença de F.sachari e F.oxysporum;
c
boas práticas de manejo;
d
não informado;
e
40 kg cada;
f
1 kg cada;
g
2,5 kg cada;
h
2,0 kg
cada;
i
amostra passou por processo de esterilização antes da análise;
j
500g;
k
unidades.
49
b) Aflatoxinas
Com relação à presença de aflatoxinas em castanahs, tem sido observado, de maneira
geral, que em castanha com casca maior probabilidade de encontrar unidades contaminadas
quando comparadas com as castanahs descascadas. A porcentagem de contaminação em
castanhas avaliadas em alguns estudos realizados na região amazônica foi de 3 a 9% sendo que
algumas amostras apresentaram contaminação acima do permitido pela União Européia (2 e
g.kg
-1
para AFB
1
e AFLs total, respectivamente) (CASTILLON, 1994). Os resultados das
análises do Projeto de Monitoramento da castanha-do-Brasil na cadeia produtiva mostraram
situação preocupante, onde 44% das amostras apresentaram contaminação por AFLs e dessas,
40% estavam acima do limite de 30 µg.kg
-1
. Ao considerar os níveis de contaminação por etapa
da cadeia produtiva foi observado que as amostras procedentes dos extrativistas e das empresas
apresentaram níveis de contaminação acima do limite permitido em 50 % e 36 % das amostras,
respectivamente (SOUZA et al., 2006). Da Gloria et al. (2006) verificaram que castanhas da
linha de beneficiamento, com amostras visualmente classificadas como (“primeira”, avariada”,
“cascuda” e “pedaços”), foi observado que 0, 3, 5, 10 amostras dos tipos primeira, cascuda,
pedaços e avariada, respectivamente apresentaram contaminação por AFLs. Os níveis de
contaminação por AFLs foram de 2-36, 3-58 e 2-529 µg.kg
-1
para os tipos cascuda, pedaços e
avariada, respectivamente. Estes resultados mostraram que houve diferença nos níveis de
contaminação entre os tipos visuais estudados e que a separação destes constitui-se em um
instrumento efetivo para redução dos níveis de contaminação. MARKLINDER et al. (2005)
verificaram que o consumidor tem habilidade para distinguir castanhas de qualidade das
castanhas contaminadas, e selecioná-las visualmente.
STEINER et al. (1992) observaram que castanhas-do-Brasil contaminadas por AFLs
apresentaram fluorescência sob luz UV, e quando essas castanhas fluorescentes foram
removidas, as castanhas restantes (87,7%) ficaram livres da contaminação por AFLs. Já Pacheco
(2003) não detectou nenhuma amostra AFL positiva em amostras do beneficiamento (recém
processadas) sem casca.
As várias pesquisas sobre a presença de AFLs em castanha-do-Brasil e seus resultados
estão na Tabela 6.
50
Tabela 6 - Contaminação por aflatoxinas em castanha-do-Brasil
Tipo
Procedência
Local de Coleta
N° de
amostras
Quantidade
(Kg)
AFLs (µg/Kg)
Método
Detecção
AFLs
(µg/Kg)
Autores
Média
Min.
Máx.
LD
LQ
[A] Não Processada (crua e com casca)
A.1
Floresta Peru Ouriço da árvore 15 -
a
ND
b
NA NA ELISA 1.75 NI Arrus et al.,
(2005a)
Brasil Chão da Floresta 4 1.5 ND NA NA CCD NI NI Cartaxo et al.,
(2003)
A.2 Comunidades Brasil Após
estocagem
c
40 30 4.9 2.0 11.5 LCMS/MS 0.195 0.39 Pacheco e Scussel
(2007a)
Brasil Após
estocagem
d
40 30 2.0 1.2 4.5 LCMS/MS 0.195 0.39 Pacheco e Scussel
(2007a)
Brasil Após
estocagem
e
NI NI 20.5 0.6 16.0 CCD 0.8 NI Simões (2004)
Brasil Após
estocagem
f
NI NI 1.0 1.0 1.1 CCD 0.8 NI Simões (2004)
Após 2ª estocagem Brasil Embarcações 120 30 105.23
g
4.0
g
250
g
CCD 2.0 NI Pacheco (2003)
Brasil Porto da usina 16 1 11.13 4.8 19.2 CCD 1.5 NI Pacheco e Scussel
(2006)
[B] Processada (Desidratada)
[B.1] Fábrica
Com casca (tipo
exportação)
Brasil Área de
expedição
h
36 12 1.2 1.6 6.0 LCMS/MS 0.195 0.39 Pacheco e Scussel
(2007b)
Brasil Área de
expedição
3
i
15 5.616 NA NA LCMS/MS 0.195 0.39 De Mello Robert e
Scussel (2007)
Itália
l
Suécia 100 0.3 - 1.4 557 HPLC NI NI Marklinder et al.,
(2005)
Brasil Depósito da usina 10 - - 0.1
g
2.25
g
CCD NI NI Castrillon e
Purchio (1988)
Sem casca Brasil Área de
classificação
27 6.0 1.1 1.4 7.4 LCMS/MS 0.195 0.39 Pacheco e Scussel
(2007b)
Brasil Área de
classificação
30 2.5 ND NA NA CCD 2.0 1.5 Pacheco (2003)
[B.2]Comércio
Com casca NI Inglaterra 1 1-2 ND NA NA CCD 5 NI Kershaw (1985)
NI Reino Unido
(Glasgow)
- 0-1 ND NA NA CLAE 2 NI Candlish et al.
(2001)
Brasil
Japão
4
0.2
-
1
14.5
NI
NI
HPTLC
0.6
NI
Tabata et al. (1993)
Brasil Suíça 1
m
8 - 1.88 79.8 CCD 0.5-2 NI Steiner et al.
(1992)
NI Suécia 17 0.1-1 - 0.01 2500 CLAE 0.01 NI Thuvander et al.
(2001)
51
Sem casca Brasil Manaus 27 0.2-0.5 1.1 1.4 7.4 LCMS/MS 0.195 0.390 Pacheco e Scussel
(2007b)
Brasil Manaus 30 0.2-0.5 45.2 8.0 630 CCD 2.0 NI Pacheco (2003)
África do Sul 51 20 21.0 8.3
g
20
g
HPTLC 0.1 NI Ioannou-Kakouri et
al., (1999)
Brasil Brasília 9 Mínimo 1 27.0 48 294 CCD 8 NI Caldas et al.,
(2002)
Brasil Acre - - ND NA NA CCD 10 NI Souza e Menezes
(2004)
Brasil Belém (PA) 22
n
- - 66 21.679 CCD 0.2 0.2 Da Glória et al.,
(2006)
Brasil
Santa Catarina
63
-
ND
ND
ND
CCD
2
2
Scussel (2004)
Brasil Belém (PA)
o
4 0.5 ND NA NA CLAE - NI Freire e Offord
(2002)
Brasil Belém (PA)
p
- - 29.2 NI NI - - - Freire e Offord
(2002)
Fonte: PACHECO (2007)
a
não informado;
b
não detectado;
c
Comunidadade de Itacoatiara/Autazes;
d
Comunidades de Boca do Acre/Amaturá;
e
Antes das BPM;
f
Depois das BPM;
g
AFL B
1
;
h
Amostras
da safra de 2007;
i
do total de 15 kg divididos em três grupos de acordo com o tamanho (grande, médio e pequeno);
j
Resultado de AFL B
1
para amostras do grupo de tamanho
pequeno;
l
País da beneficiadora que forneceu as amostras de castanha-do-Brasil para o estudo e não informada a origem;
m
um lote de 42.286 kg;
n
22 amostras rejeitadas no
estudo;
o
Castanhas classificadas de Boa Qualidade;
p
Castanhas classificadas de Baixa Qualidade.
52
2.5 Armazenagem como método de conservação da qualidade
Na safra de 2008-2009 o Brasil está colhendo cerca de 137,5 milhões de toneladas de
grãos (Companhia Nacional de Abastecimento CONAB, 2009) e grande parte é perdida por
falta ou por más condições de armazenagem. Em países em desenvolvimento, essas perdas
chegam a atingir até 30% em alguns casos, sendo 10% causados diretamente pelo ataque de
pragas durante o armazenamento (CONAB, 2009). Após a colheita, a respiração e outros
processos metabólicos de grãos continuam ativos, ocasionando na maioria das vezes, perdas
significativas de qualidade. Estes processos podem ser diminuídos e/ou retardados através da
redução da umidade, que é a forma mais usada comercialmente para prolongamento do tempo de
conservação. Mas mesmo com uso de baixa umidade, os grãos perdem qualidade devido à perda
de peso e consumo de energia pelo processo respiratório, pelo aumento de rachaduras e
ocorrência de pragas e fungos (BRACKMANN, 2002).
Panetta, (1998) relata que o aspecto mais importante a considerar no armazenamento é a
manutenção da qualidade do produto. A conservação é uma exigência natural dos alimentos que
requerem cuidados para obtenção de um bom produto final. Os processos de produção devem ser
seguros, especialmente para com os produtos perecíveis, sendo que as temperaturas elevadas
convertem-se em ponto crítico de controle fundamental para garantia e qualidade dos alimentos.
De acordo com Bramorski et al. (2005), a maior parte do Brasil apresenta clima tropical e
umidade relativa alta, sendo assim, o cuidado com os alimentos deve ser redobrado para não
ocorrer o armazenamento inadequado, comprometendo a vida útil e aumentando os riscos de
decomposição dos produtos. É de suma importância analisar e manter as condições satisfatórias
de controle de temperatura, limpeza, rotatividade e ventilação, garantindo uma possível redução
do crescimento microbiano e diminuindo velocidade de reações químicas e enzimáticas que
posssam deteriorar os produtos.
O objetivo principal do armazenamento, que inicia antes da colheita, quando a semente
atinge o ponto de maturidade fisiológica até a época da semeadura, é manter a qualidade das
sementes reduzindo ao mínimo a deterioração, que a qualidade das sementes se faz no campo
e não poderá ser melhorada, nem em condições ideais de armazenamento (BAUDET, 2003). O
armazenamento das sementes para fins agrícolas geralmente é utilizado para a manutenção de
53
estoques no período da entressafra ou para a provisão de quantidades suficientes para atender a
demanda de comercialização. Muitas vezes é necessário o armazenamento por longos períodos
para garantir estoques em anos que sucedem frustrações de safras, quando as sementes
produzidas estão aquém do padrão exigido, ou para a conservação de germoplasma (BERJAK,
1987b; WETZEL, 1987). No entanto, as mesmas condições de armazenamento que permitem a
manutenção da viabilidade das sementes, podem também favorecer a sobrevivência de muitos
patógenos importantes para a cultura.
2.5.1 Tipos de armazenagem
No que se refere aos tipos de edificação, as convencionais destinam-se à armazenagem de
produtos acondicionados em um determinado tipo de embalagem, como sacarias, enquanto do
tipo a granel dispensam o uso de embalagens e podem possuir em suas estruturas silos metálicos,
silos em concreto e/ou armazéns graneleiros.
a) Armazém convencional
Constitui-se numa unidade armazenadora de fundo plano e compartimento único,
adequado à estocagem de produtos, normalmente em sacos, fardos, caixas, pallets e bags. Pallets
é a plataforma portátil sobre a qual podem ser empilhados materiais ou produtos em cargas
unitárias, de modo a facilitar o empilhamento vertical e a movimentação horizontal, através de
dispositivos mecânicos de elevação e translação (BRANDÃO, 1986) (Figura 6). Bags, lançado
há pouco tempo no Brasil corresponde ao silo tipo bolsa, instalado no chão sem qualquer preparo
especial do solo e sem cobertura. Representa uma alternativa prática e viável para os pequenos
produtores rurais armazenarem o seu produto. Consiste num tubo flexível de PVC ou similar e
lâminas triplas de polietileno de baixa densidade, podendo preservar a qualidade dos grãos
(úmidos ou secos) por até um ano (WEBER, 2005) (Figuras 7).
54
Figura 6 - Armazém convencional Figura 7 - Armazenagem tipo silo-bolsa
Fonte: CASEMG (2008) Fonte: CASEMG (2008)
Geralmente o produtor acondiciona os grãos em sacos de aproximadamente 50 kg, os
quais devem ser armazenados em galpões arejados e secos com piso impermeáveis e sobre
estrados (pallets). Também pode forrar o piso com sacos plásticos ou lona plástica, evitando o
contato direto dos grãos com o piso. É recomendável que os sacos sejam empilhados sobre um
estrado de madeira e que haja alguns centímetros entre ele e o piso, a fim de que seja facilitada a
circulação de ar e impedida absorção da umidade do solo. As pilhas não devem ser encostadas às
paredes e não devem ser muito altas, pois impedem o arejamento e aumentam o problema de
empedramento das camadas e possível rompimento dos sacos inferiores, além do risco de
desmoronarem (NOGUEIRA, 2007).
b) Granel
A implantação do manuseio e armazenagem de grãos a granel se constitui em uma
tendência universal nos países desenvolvidos. A manipulação a granel é generalizada e integrada
desde a colheita. À medida que o agricultor melhora o nível de tecnificação, utilizando técnicas
combinadas nas colheitas, verifica-se a tendência de manipular a sua produção a granel, como
acontece em algumas regiões do sul e sudeste do país (ARCE, 2004). De forma geral, os
depósitos destinados ao armazenamento de grãos a granel são classificados em silos elevados e
silos horizontais segundo a forma da estrutura de armazenamento. Os silos elevados são os
depósitos cuja altura é maior que o diâmetro. Os silos horizontais ou armazéns graneleiros têm
altura menor que a base (ARCE, 2004).
55
Armazém Granelizado: É o resultado da adaptação dos armazéns convencionais
para operar com o produto a granel. Apresenta fundo plano, reforço nos fechamentos laterais e
equipamentos de transporte horizontal e vertical de grãos. As vantagens sobre os convencionais
são a maior cadência operacional, redução de mão-de-obra, aproveitamento da capacidade ociosa
de armazéns convencionais com aumento da capacidade armazenadora e eliminação da sacaria.
em relação às desvantagens, destaca-se uma menor versatilidade de movimentação dos grãos,
a baixa capacidade dinâmica, uma grande quantidade de mão-de-obra para movimentar os grãos,
grande possibilidade de infiltração de água e o funcionamento inadequado do sistema de aeração,
quando existente (NOGUEIRA, 2007) (Figura 8).
Figura 8 - Armazém granelizado
Fonte: CASEMG (2008)
Graneleiro: Constitui-se em unidade armazenadora cuja estocagem é a granel e
desenvolve-se em sentido horizontal, através de um ou mais compartimentos, dependendo da
existência de septos divisórios. Dada a simplicidade construtiva do graneleiro, via de regra,
apresenta o custo da tonelada instalada bem inferior ao dos silos. Seu perfil mostra que o ar
quente, que é mais leve, é que tem acesso no interior do depósito. O armazenamento a longo
prazo é problemático, tendo em vista a dificuldade para o expurgo. Os riscos de deterioração são
maiores em vista da grande massa do produto estocado. Nem sempre o sistema de termometria
consegue ser instalado eficientemente. Podemos destacar como vantagem deste sistema o baixo
custo por tonelada instalada, a rapidez de execução, a grande capacidade em pequeno espaço,
56
entre outras. No entanto, as desvantagens deste tipo de armazém é a pequena versatibilidade na
movimentação de grãos, um pequeno número de células, uma grande possibilidade de infiltração
d´água e a possibilidade de ocorrer dificuldade de aeração (ARCE, 2004) (Figura 9).
Figura 9 - Armazém graneleiro
Fonte: CASEMG (2008)
c) Silos: São unidades armazenadoras de grãos caracterizadas por células ou
compartimentos estanques e herméticos, ou semi-herméticos. Oferecem condições técnicas de
conservação do produto estocado por período de tempo normalmente prolongado. Permitem
controlar as características físico-químicas e biológicas da massa de grãos que, embora perdendo
sua identidade de origem, conservam a diferenciação classificatória da espécie e padrão agrícola,
em virtude da compartimentação disponível. São dotados, funcionalmente, de equipamentos
automatizados e semi-automatizados que permitem a simultaneidade de operações, inclusive a
transilagem em circuito aberto ou fechado, além de baixa utilização de mão-de-obra. Algumas
das vantagens que apresentam são menor tempo de manipulação do produto, dispensa sacarias,
elevado índice de mecanização e automação (economia de mão-de-obra), grande velocidade de
operações, como descarga, carga e expurgo, fundações mais simples e baratas, custo por tonelada
inferior ao silo de concreto, células de capacidade média permitindo maior flexibilidade
operacional, entre outras. Já algumas desvantagens são investimento alto, maior sensibilidade à
umidade dos grãos, dificuldade de individualização dos lotes, baixa flexibilidade de
armazenamento, limitado praticamente a grãos e pellets”, dificuldade de operações com
produtos farináceos, possibilidade de infiltração de água e de vazamento de gases durante o
expurgo, transmissão de calor ambiente para dentro da célula, podendo ocorrer condensações,
maior custo de instalação que os graneleiros (NOGUEIRA, 2007). Podem ser divididos em dois
tipos: silo elevado de concreto e o silo metálico (Figura 10).
57
(a) (b) (c)
Figura 10 - Alguns exemplos de silos (a) metálicos, (b) de concreto (c) secador
Fonte: CASEMG (2008)
Os silos herméticos podem manter os grãos livres de insetos e impedir o desenvolvimento
de fungos e podem armazenar grãos úmidos para a alimentação animal, desde que seja
consumido logo após ser retirado do silo. Em relação ao princípio básico do armazenamento
hermético, este é o mesmo dos grãos secos ou úmidos e em no seguinte: reduzir a taxa de
oxigênio a um nível que causa a morte ou deixa inativos os insetos e fungos. Por causa do
processo respiratório dos grãos e destes organismos, há uma redução de oxigênio do ar confinado
(ARCE, 2004).
O armazenamento hermético é uma das formas de armazenamento em atmosfera
modificada mais antiga. Os primeiros pesquisadores a estudarem foram BAILEY e GURJAR
(1918), que observaram que a respiração do grão aumenta com o teor de umidade. Em seguida,
MILNER et al. (1947) mostraram que o rápido aumento na produção de dióxido de carbono em
grãos com mais de 15% de teor de água foi acompanhado pelo aumento do número de fungos
nos grãos.
Após um breve período, um recipiente hermético cheio de grãos úmidos apresentará uma
mudança acentuada nas proporções de oxigênio e gás carbônico existente no ar intergranular da
massa armazenada. Em razão disso, principalmente do processo respiratório dos grãos e dos
fungos associados à massa, verifica-se um rápido consumo de oxigênio e um aumento acentuado
da taxa de gás carbônico. A respiração dos grãos secos é baixa. Entretanto quando infestados por
insetos, rapidamente consomem o oxigênio disponível e ficam asfixiados. A taxa de redução de
oxigênio e do aumento de gás carbônico é determinada pelo grau de infestação de insetos e da
58
temperatura (Arce, 2004). O mercado hoje oferece um produto chamado silo bag que é
constituído de uma máquina para transporte de grãos e uma bolsa plástica que fecha muito bem,
criando um ambiente hermético (EMBRAPA, 2006). O princípio básico deste tipo de
conservação de grãos é o de eliminar o oxigênio existente no ar do recipiente hermético, de
maneira a suprimir o ataque de fungos e insetos. Os recipientes podem ser dos tipos mais
variados, indo desde tambores metálicos, a depósitos de alvenaria e cavidades subterrâneas
revestidas. As vantagens do armazenamento hermético são: facilidade de uso, eliminação de
insetos sem necessidade de recorrer ao uso de pesticida e baixo custo (WHITE; LESSCH, 1996)
(Figura 11).
Figura 11 - Exemplo de armazenamento de silo hermético – tipo silos bag
Fonte: EMBRAPA (2006)
2.5.2 Controle das condições de armazenagem
O objetivo real do armazenamento é manter as características que os grãos possuem
imediatamente após o pré-processamento, tais como a viabilidade de sementes, a qualidade de
moagem e as propriedades nutritivas. Entretanto, independentemente da espécie, do depositante
ou das características do local, perdas poderão ocorrer durante a permanência do produto no
armazém (BROOKER et al., 1992).
Os problemas de armazenamento de produtos agrícolas constituem objeto de estudo
permanente, visando prolongar ao máximo a qualidade dos produtos armazenados, sejam eles
semente ou grão para consumo. Segundo diversos pesquisadores, o prejuízo anual que a
economia das nações em desenvolvimento sofre em conseqüência das perdas pós-colheita é
muito grande, sendo a causa mais freqüente de perdas no armazenamento o ataque de insetos,
59
fungos e roedores. Ocorrem ainda perdas das qualidades intrínsecas, como a aparência e o sabor,
no caso do feijão para consumo, e, quando se trata das sementes, a sua capacidade de germinar e
produzir uma planta vigorosa e sadia.
A deterioração do grão depende do seu teor de umidade, temperatura, oxigênio disponível
e microorganismos envolvidos (HALL,1980). A umidade dos grãos é, juntamente com a
temperatura, um fator primordial na conservação dos grãos e sementes. Quando a umidade está
baixa, a atividade vital (respiração) é diminuída e o metabolismo reduzido ao mínimo. A
combinação de baixas temperaturas e baixo teor de umidade dos grãos é ideal para a semente,
que necessita se manter viável durante o armazenamento (BRAGANTINI, 2005). Segundo
Brooker et al. (1992), grãos com umidade entre 16 e 18,5% podem ser armazenados com
segurança por período de 3 a 18 meses se ocorrer a redução da temperatura do grão para valores
entre 3 e 10°C. O desenvolvimento de fungos e insetos e as perdas de germinação das sementes
são inibidos nesta faixa de temperatura. Existe uma tendência de expansão do uso de
resfriamento para grãos armazenados, mas que não irá substituir a secagem. Juntamente com a
secagem, o resfriamento irá permitir maior tempo de espera antes da secagem em condições
seguras de armazenagem neste período. Em adição, a prática de resfriamento dos grãos
possibilita a preservação da qualidade, eliminando a necessidade da rápida secagem dos grãos,
com umidade entre 16 e 18%, limitando o desenvolvimento microbiológico e de insetos, e
permitindo um maior tempo de armazenamento sem o uso de tratamentos com produtos
químicos. Os conteúdos de umidade nos quais ocorre um aumento expressivo na taxa respiratória
estão próximos daqueles nos quais o aquecimento e a deterioração se iniciam no armazenamento.
Os valores críticos de teor de umidade são de 14% para cereais e 11% para sementes oleaginosas
(ATHIÉ et al., 1998 ). A umidade relativa do ar elevada determina maior grau de umidade das
sementes, favorecendo o desenvolvimento de microorganismos, e estes com sua atividade
biológica elevam a temperatura da massa de sementes e promovem a aceleração da atividade
respiratória das sementes, formando assim uma reação em cadeia que eleva a temperatura e
favorece a deterioração das sementes (MARCOS FILHO, 1986).
A temperatura é talvez o fator físico mais importante na conservação dos grãos
armazenados, pois a maioria das reações químicas é acelerada com o aumento da temperatura.
Quando a temperatura de armazenamento é mais baixa, pode-se armazenar com segurança,
mesmo quando a umidade dos grãos está acima da ideal, pois a baixa temperatura inibe o
60
desenvolvimento de microorganismos e insetos (BRAGANTINI, 2005). Temperaturas elevadas
provocam alterações bioquímicas nos grãos e, durante a secagem natural ou artificial, podem
prejudicar a qualidade do produto. Temperaturas elevadas também afetam a viabilidade das
sementes e em umidades relativas mais elevadas, sementes mortas são mais susceptíveis a
invasão por fungos. Em grandes volumes de grãos armazenados a granel, o efeito da temperatura
é limitado, devido à baixa condutibilidade térmica dos grãos. No entanto, quando o volume da
massa é pequeno ou estão em sacarias, o efeito da temperatura ambiente é maior, e ocorre dentro
de um período de tempo mais curto (ATHIÉ et al., 1998). Segundo Weber (1995), os grãos
deveriam ser armazenados com temperatura entre 16 e 18°C. De acordo com Acasio (2009), soja
com umidade entre 14 e 14,3%, mantida de 5 a 8°C, pode ser armazenada por mais de dois anos
sem danos causados por fungos, enquanto que mantida a 30°C, pode ser invadida por fungos em
poucas semanas e severamente danificada em seis meses. O mesmo autor afirma que a soja pode
ser armazenada com 10,5% de umidade em qualquer temperatura, sem ser danificada por ataque
de fungos. Entretanto, com esta umidade, pode desenvolver infestação de insetos, a menos que a
temperatura seja mantida abaixo de 20°C. O ideal é que as sementes permaneçam armazenadas
em um ambiente em que a temperatura não exceda a 25ºC e a umidade relativa do ar não
ultrapasse 70% (EMBRAPA, 2004).
Os fungos presentes nas sementes armazenadas são tradicionalmente divididos em dois
grupos: de campo e de armazenamento. Os primeiros invadem as sementes ainda no campo,
requerendo para o seu crescimento, umidade relativa em torno de 90-95%. O tempo de
sobrevivência desses fungos nas sementes está diretamente relacionado com as condições de
ambiente do armazém (LAL; KAPOOR, 1979; BERJAK, 1987a; MERONUCK, 1987). Os
fungos de armazenamento, por sua vez, estão presentes nas sementes recém-colhidas, geralmente
em porcentagens muito baixas. São capazes de sobreviver em ambiente com baixa umidade,
proliferando em sucessão aos fungos de campo e causando a deterioração das sementes
(BERJAK, 1987a; WETZEL, 1987; CARVALHO; NAKAGAWA, 1988). Quanto aos fungos de
armazenamento, os mais freqüentes geralmente são Aspergillus spp. e Penicillium spp. (TUITE
et al., 1985; LUZ, 1995; PINTO, 1998). Estes crescem mais rapidamente à 30-32ºC. Entretanto,
algumas raças de Aspergillus glaucus crescem lentamente próximas de 0ºC, e certas espécies de
Penicillium podem crescer à temperatura de alguns graus abaixo de zero. Em geral, estes fungos
têm para o seu máximo desenvolvimento uma temperatura ótima em torno de 20-25ºC. A
61
maioria dos fungos de campo são sensíveis a altas temperaturas e usualmente desaparecem em
tais condições. Entretanto, Alternaria tenuis pode se desenvolver a temperatura acima de 40ºC.
Pelo controle de umidade e temperatura do grão ou da semente pode-se reduzir a incidência e a
população de fungos no armazenamento (NEERGAARD, 1987).
Segundo Yokoya et al. (1971) as amêndoas de castanha-do-Brasil podem ser
armazenadas com segurança em ambientes com umidade relativa inferior a 70%, por um período
de 8 meses, sem alterações indesejáveis. Castanhas inteiras, em casca, parcialmente desidratadas,
contendo 6,8% de umidade, armazenadas em ambiente com 80% de umidade relativa, podem ser
conservadas por até 6 meses. Segundo os mesmos autores (1970) as castanhas descascadas
armazenadas em ambiente com umidade relativa superior a 80%, em temperatura de 26°C a
28°C, apresentaram crescimento fúngico em sua superfície e aumento de acidez do óleo
proporcional ao crescimento dos micélios.
O armazenamento de grãos pode ser definido como um ecossistema em que, mudanças
qualitativas e quantitativas podem ocorrer ocasionadas por interações entre os fatores físicos,
químicos e biológicos. Os fatores mais importantes que afetam os grãos durante o
armazenamento são: temperatura, umidade, concentração de dióxido de carbono e oxigênio no ar
intersticial, características do grão, presença de microrganismos, insetos, ácaros, condições do
clima e a estrutura do grão (SINHA, 1973). Dentre esses, os insetos assumem particular
importância, principalmente em condições tropicais, pelo fato da massa de grãos constituir
habitat ideal para o seu desenvolvimento. Os insetos promovem perda de peso, desvalorização e
poluição da massa de grãos, aquecimento no local da infestação, aumento da atividade
respiratória dos grãos, e, conseqüentemente, maior perda de matéria seca. A perda de peso,
devido à respiração dos grãos, durante o período de armazenamento é pequena, quando
comparada à causada por organismos vivos, mas, considerada de grande importância,
principalmente, para as unidades armazenadoras (PEDERSEN, 1992; MONTROSS et al., 1999).
Uma vez conhecidas as principais características da massa de grãos, torna-se importante entender
os diversos fatores que influenciam na conservação de grãos armazenados, incluindo os fatores
físicos, como a temperatura e a umidade, e os biológicos, como os microorganismos e insetos,
que afetam a conservação dos grãos (BRAGANTINI, 2005).
Períodos longos de armazenamento pode ser uma condição favorável ao desenvolvimento
de fungos. O período de armazenamento de grãos pode variar de poucos dias à meses, e de
62
acordo com o período, existem tabelas que indicam qual a temperatura e a umidade do grão
adequada à manutenção das qualidades organolépticas do produto (PUZZI, 1973). O resultado de
um bom e seguro armazenamento vai estar na dependência da qualidade do produto armazenado,
e para a obtenção de um material com qualidade, os cuidados devem iniciar na lavoura. Danos
mecânicos, ataques de insetos nas semantes ainda no campo e o atraso da colheita vão afetar a
qualidade, propiciando condições favoráveis ao desenvolvimento de fungos e podem induzir a
uma maior velocidade de deterioração do produto armazenado. Uma rápida secagem preliminar
do material é de extrema importância, assim como técnicas adequadas de trilhagem e transporte.
Todo equipamento de colheita e beneficiamento deve ser limpo, para que não se torne um foco
de contaminação do material. Tegumentos danificados ou sementes quebradas facilitam e
favorecem a invasão dos fungos. A avaliação dos defeitos na sementes ou nos grãos e condições
que favorecem o desenvolvimento dos fungos do armazenamento deve ser realizada através de
testes conduzidos no material antes, durante e ao final do período de armazenamento. Os
resultados destas avaliações permitirão orientar as medidas de controle a serem adotadas
(NEERGAARD, 1987).
2.5.3 Armazenamento da Castanha-do-Brasil
De acordo com as NORMAS ESPECÍFICAS DE CASTANHA-DO-BRASIL SAFRA
2009 - COMUNICADO CONAB/MOC N.º 030, DE 16/12/2008, nos Estados do Acre,
Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, os produtos castanha-do-brasil com
casca e castanha-do-brasil beneficiada, para os agricultores familiares, produtores rurais e suas
cooperativas, beneficiadores e indústrias de castanha-do-Brasil, as castanhas são classificadas de
acordo com a Portaria MA n.º 846, de 08/11/1976, não podendo as castanha-do-brasil com casca,
com mais de 10% de defeitos e/ou 2% de impurezas.
A CONAB, em norma específica sobre o armazenamento/acondicionamento de
castanhas-do-Brasil orienta que:
a) castanhas-do-Brasil com casca: a granel, do produto limpo, seco, ventilado e protegido
contra poeira. Quando do seu recebimento no depósito, o produto deverá ser medido,
procedendo-se à "bateção" do paneiro no hectolitro, para melhor acomodá-lo no recipiente e
obter medida mais precisa;
63
b) castanha-do-brasil beneficiada (amêndoa): em latas, tipo exportação, ou em sacos
plásticos, ambos com capacidade para quinze quilos, submetidos a uma injeção de nitrogênio (N)
ou gás carbônico (CO
2
), hermeticamente fechados e embalados em caixas de papelão, com
capacidade para duas unidades (trinta quilos líquidos/caixa). As caixas de papelão que embalam
as latas ou os sacos plásticos deverão ter a marca comercial, classe, safra e os pesos líquido e
bruto, e ser agrupadas por classe, com a face legendada voltada para a parte externa das pilhas.
Observar ainda:
não se admite, sobre o lastro, superposição superior a quatro caixas;
não serão admitidas, na mesma embalagem, latas ou sacos plásticos contendo produtos
de diferentes classes e safras;
não caberá adiantamento correspondente à embalagem;
o beneficiário deverá preencher declaração de que cumpriu a exigência com relação à
injeção de nitrogênio (N) ou gás carbônico (CO
2
) nas embalagens;
o limite máximo admitido na participação da quantidade total do produto, é de 7% (sete
por cento) de amêndoas feridas (chipped) e 11% (onze por cento) de amêndoas quebradas
(broken), não sendo permitidos lotes isolados de amêndoas das classes "chipped” e "broken".
O armazenamento na unidade de produção, quando o produto não é comercializado
imediatamente deve ser realizadas, em armazéns de madeira e áreas compatíveis com a produção
evitando assim grande pilhas (Figura 12), as castanhas devem estar livres de safras anteriores e
não armazenar produtos químicos e implementos.
Figura 12 - Armazenamento da castanha-do-Brasil na área de produção.
Fonte: EMBRAPA, 2009
Tela
Escada
removível
Frestas de
1,5cm
1m do chão
64
no armazenamento na unidade de beneficiamanto, as castanhas devem estar em sacos
de propileno, aniagem ou caixas sobre estrados; ter distância entre pilhas e paredes; ter boa
ventilação, tela; a granel em silos, aeração forçada; ter exaustores quando possível, ter
monitoramento diário da temperatura e umidade e os lotes devem estar separados e identificados
(Figura 13).
Figura 13 - Armazenamento da castanha-do-Brasil na unidade de beneficiamento.
Fonte: EMBRAPA, 2009
2.6 Uso de atmosfera na armazenagem e em embalagem
O uso da atmosfera artificial teve início com os egípcios, que já armazenavam em
recipientes hermeticamente fechados. Com os frutos, os primeiros experimentos foram realizados
na França, em 1821, por Jacquet Beard, mas, o grande avanço tecnológico da atmosfera
controlada deve-se a Kidd e West, que iniciaram seus estudos em 1918, na Inglaterra
(BRACKAMNN; CHITARRA, 1998).
O armazenamento em atmosfera controlada consiste no prolongamento da vida pós-
colheita de produtos, por meio da modificação e controle dos níveis dos gases no meio de
armazenamento. a atmosfera modificada consiste no prolongamento da vida pós-colheita de
produtos, pela modificação da atmosfera, geralmente por meio de filme plástico que envolve o
produto, porém, sem controle das concentrações dos gases formados ou existentes (WHITE;
LEESCH, 1996).
Após a colheita, a respiração e outros processos metabólicos de grãos continuam ativos,
ocasionando, na maioria das vezes, perdas significativas de qualidade. Estes processos podem ser
diminuídos e/ou retardados através da redução da umidade, que é a forma mais usada
comercialmente para prolongamento do tempo de conservação, mas mesmo com uso de baixa
umidade, os grãos perdem qualidade devido à perda de peso e consumo de energia pelo processo
65
respiratório, pelo aumento de rachaduras e ocorrência de pragas e fungos (BRACKMAN;
NEUWALD; RIBEIRO; de FREITAS, 2002) Segundo Jayas et al. (1991), a atmosfera
controlada (AC), que se baseia na alteração da composição dos gases da atmosfera, ou seja,
redução na concentração de oxigênio e elevação nas concentrações de nitrogênio e dióxido de
carbono, evita o crescimento de mofos e a presença de insetos, preservando a qualidade dos
grãos e mantendo a germinação. A atmosfera controlada também é considerada uma alternativa
em substituição ao uso de produtos químicos para o controle de insetos em produtos
armazenados (NICOLAS; SILLANS, 1989; JAYAS et al., 1991).
A atmosfera controlada (CAP) é um sistema dinâmico, onde a composição da
atmosferaque envolve o produto é monitorada e mantida constante sob condições específicas de
temperatura e umidade relativa durante a estocagem e distribuição do produto. Comumente,
aplica-se para armazenamento a granel de frutas e vegetais com produção sazonal, para
promover uma oferta de produto durante um período de tempo maior. A aplicação é realizada em
container de transporte ou câmara de conservação, onde a composição do gás e a umidade são
mantidas constantes, controladas e monitoradas durante todo o período de estocagem. Estes
parâmetros devem ser adequados ao tipo e estágio de maturação do produto de estocagem. Estes
parâmetros devem ser adequados ao tipo e estágio de maturação do produto que está sendo
armazenado (WHITE MARTINS, 2005).
O princípio da atmosfera controlada é baseado na redução dos níveis de oxigênio (O
2
) e
aumento dos níveis de dióxido de carbono (CO
2
), desta maneira, retardando a taxa de respiração
do produto e consequentemente, o seu processo de envelhecimento e perda de qualidade
(WHITE MARTINS, 2005). Benefícios: aumento da vida útil do produto; retarda a deterioração
da aparência, coloração, textura, aroma e qualidade nutricional; reduz perdas no manuseio pós-
colheita; reduz perdas na distribuição e estocagem; possibilita atingir mercados mais distantes,
devido ao aumento da vida útil.
Desinfestação de grãos armazenados usando a atmosfera controlada envolve os gases
dióxido de carbono (CO
2
), oxigênio (O
2
) e nitrogênio (N
2
). A atmosfera modificada pode ser
alcançada de várias maneiras: adicionando CO
2
gás ou sólido, adicionando O
2
ou permitindo
processos metabólicos dentro do armazenamento com a remoção de O
2
usualmente associado o
aumento de CO
2
. Tal qual atmosferas são referidas com alto CO
2
, baixo O
2
e armazenagem
hermético (BANKS; FIELDS, 1995). Atmosfera controlada para o armazenamento é uma
66
alternativa comparando com a utilização de químicos, inseticidas, fumigantes, sendo que esses
deixam resíduos carcinogênicos no produto (BAILEY, 1918; BANKS, 1980; SHEJBAL ; de
BOISLAMBERT, 1985).
Na literatura, os termos atmosfera modificada (AM) e em atmosfera controlada (AC) são
utilizados alternadamente. Ambos diferem baseado no grau de controle exercido sobre a
composição da atmosfera. O armazenamento em AM, composição do gás é modificado
inicialmente e ela muda dinamicamente, dependendo da respiração produto alimentar e taxa de
permeabilidade do filme ou o armazenamento estrutura em torno do produto alimentar. O
armazenamento em AC, a atmosfera de gás é continuamente controlada durante todo o período
de armazenagem (JAYAS, 2002).
O processo de atmosfera modificada (AM) começa a ganhar efetiva aplicação na
conservação de alimentos em 1940. Em 1970, com os trablahos de Kader em hortifrutitículos
deram significatico impuldo na utilização desse processo. Em 1980, Brecht discute conceitos
associados com o uso de atmosfera modificada e refrigeração, e, com isto, o respectivo efeito
sinérgico resultante da interação destes dois processor sobre produtos alimentícios.
Na atmosfera modificada, as concentrações de oxigênio vão sendo reduzidas pela própria
respiração do grão. Tanto para a AC, quanto para a AM, é importante que haja uma vedação
quase hermética do ambiente, para que a eficiência dessas técnicas seja alcançada, pois a entrada
excessiva de O
2
pela parede dos silos ou armazéns mantém a concentração desse s muito alta.
A escolha da mistura gasosa é influenciada pela microbiota capaz de crescer no produto, pela
sensibilidade do produto ao O
2
e CO
2
, e estabiizaçã do pigmento requerido. (PARRY, 1993;
CHURCH; PARSON, 1995). Benefícios: aumento da vida útil do produto (100%); reduz ou
elimina do uso de conservantes; mantém o aroma, sabor e frescor do produto; retarda o
desenvolvimento microbiano; propicia o desenvolvimento de novos mercados e a criação de
centrais de abastecimentos.
A atmosfera modificada, além de ser vista como um processo integrado
alimento/gás/embalagem, ganha aplicação a partir do momento em que passa a ser vista como
um processo multidisciplinar, que utiliza princípios das ciências químicas, física e
microbiológica dos alimentos. Esse processo tem sido aplicado com considerado sucesso na
Europa, desde a metade do século, e nos Estados Unidos vem ganhando espaço desde 1980
(Souza et al., 2001). A idéia de modificar a atmosfera ao redor de um produto alimentício, com o
67
fim de aumentar a vida útil, se transformou em tecnologia aplicada comerciamente na
preservação de carnes, produtos lácteos, aves, pescado, produtos de confeitaria, frutas e
hortaliças. A substituição do ar atmosférico por uma mistura otimizada de CO
2
, N
2
e O
2
pode
propiciar um aumento de vida útil, evitando a degradação de alimentos, pois estar inibem o
crescimento microbiano, evitam o ranço proveniente de enzimas bacterianas e oxidação e inibem
a respiração de tecidos (KING e NAGEL, 1975; SARANTÓPOULOS; OLIVEIRA, 1990;
SARANTÓPOLOULOS; SOLER, 1994).
O nitrogênio é um gás quimicamente inerte, com baixa solubilidade tanto em meio
aquoso como lipídico. O N
2
é usado para substituir o O
2
, e assim retardar a rancidez oxidativa e
inibir o crescimento de microrganismos aeróbios. Devido à sua baixa solubilidade e menor
permeabilidade através da embalagem em relação ao O
2
e CO
2
, é usado como um gás de
enchimento para prevenir o colapso da embalagem, que pode ser um problema em atmosferas
contendo altas concentrações de CO
2
(DAY, 1992; CHURCH, 1993).
O CO
2
é solúvel tanto em meio aquoso como lipídico e é principalmente responsável pelo
efeito bacteriostático e fungistático. A ação do CO
2
sobre a microbiota tem sido atribuída à
redução de pH, devido à dissolução do CO
2
no meio, às alterações da permeabilidade celular
bacteriana e à inibição enzimática, resultando no prolongamento da fase de adaptação e o
aumento do tempo de geração dos microganismos, o que resulta em um velocidade de
crescimento diminuída, além de um mudança de microflora, levando à predominância de
microrganismos de menor potencial de deterioração (KING; NAGEL, 1975; CHURCH, 1993;
SARANTÓPOULOS; SOLER, 1994; BRODY, 1993).
Para a maioria dos alimentos, as embalagens devem conter o mínimo possível de
oxigênio, com o objetivo de retardar o crecimento microbiano aeróbio e reduzir o grau de
oxidação (GODOY, 1995). Para se obter um eficiente processo de atmosfera modificada, é
necessário o monitoramento de alguns parâmetros, tais como: análise da composição gasosa no
interior da embalagem, análises físico-químicas e microbiológicas e avaliação sensorial durante a
vida útil do produto (SOUZA et al., 2001).
Atmosfera modificada no armazenamento é um dos métodos de preservação dos
alimentos que mantém a qualidade natural de produtos alimentares, além de alargar a vida de
armazenamento. A vida de armazenamento dos produtos alimentares é consideravelmente
68
prorrogado por modificar o clima em torno dos alimentos, o que reduz a taxa de respiração de
produtos alimentícios e atividade de insetos ou microrganismos em alimento (JAYAS, 2002).
2.6.1 Dióxido de carbono, Nitrogênio e Oxigênio
Em atmosferas controladas, em geral a concentração de oxigênio é reduzida e/ou, a
concentração de dióxido de carbono é aumentada (níveis acima de 20%). A redução substancial
de oxigênio possui potencial para matar animais (insetos, ácaros e roedores), reduzir outras
atividades biológicas (fungos e respiração dos grãos) e reduzir a degradação oxidativa;
entretanto, atmosferas controladas com altas concentrações de CO
2
no ar e que possuem
conteúdo significativo de oxigênio agem apenas como gases tóxicos (WHITE; LEESCH, 1996).
Embora aptos para, a longo prazo, reduzirem a infestação por insetos, é pouco provável que esses
gases possuam qualquer outro efeito direto na preservação da qualidade (BANKS, 1984, BOND;
MILLER, 1988).
O dióxido de carbono, quando em altas concentrações, é reconhecidamente tóxico aos
insetos (ANNIS; MORTON, 1997; BOND; BUCKLAND, 1979). White et al. (1996)
demonstraram que o CO
2
é tóxico para pragas de grãos armazenados por longos períodos em
níveis produzidos pela própria respiração dos insetos. Em geral, os trabalhos, têm mostrado que
o CO
2
é um possível agente de controle de insetos, mas impedimentos para o seu uso. Esses
impedimentos incluem o custo, a lentidão de ação e a necessidade de alto nível de hermeticidade
(ANNIS; MORTON, 1997).
De acordo com Puzzi (1986), o princípio básico do armazenamento hermético
fundamenta-se na redução da taxa de O
2
em nível que cause a morte ou inativação dos fungos e
dos insetos antes que proliferem a ponto de prejudicar o produto. Em decorrência do processo
respiratório dos grãos e daqueles organismos ocorre redução de oxigênio do ar confinado.
Quando se eleva a concentração de CO
2
, em detrimento dos níveis de O
2
abaixo de 1%,
pode ser observada a inibição no crescimento de fungos. O controle desse crescimento depende
da manutenção de altos teores de CO
2
e baixos de O
2
durante o armazenamento. Também foi
demonstrado que a colonização de milho torna-se mais afetada pela diminuição da atividade de
água (de 1,0 para 0,7) do que pela diminuição na concentração de O
2
de 21 para 1% (LACEY;
MAGAN, 1991).
69
A microbiota característica em grãos estocados em silos herméticos com alta
concentração de CO
2
e baixa de O
2
é composta por leveduras. As espécies Hansenula anomala,
Candida krusei, Hipopichia burtonii, Candida glabrata (Torulopsis) são predominantes.
Ocasionalmente, Hanseniaspora uvarum (Kloeckera apiculata) e Rhodotorula spp podem ser
avaliadas como agentes de biocontrole de fungos micotoxigênicos (PETERSSON; SCHNÜRER,
1998).
Gases, especialmente, CO
2
e N
2
podem ser adicionados em silos convenientemente
vedados para alterar a atmosfera intergranular. Entretanto, muitas recomendações convenientes
para o controle de insetos podem ser insuficientes para o controle de fungos (LACEY; MAGAN,
1991). Além disso, segundo Petersson e Schnürer (1998) é difícil manter silo hermético com
baixa concentração de O
2
e alta de CO
2
. O sistema é sensível às trocas de ar entre o silo e a
atmosfera externa, seja por vedação imperfeita, flutuações na temperatura diária ou pela remoção
de grãos do interior do silo. Assim, a adição de agente para o biocontrole do crescimento de
fungos pode manter a qualidade dos grãos ao longo do armazenamento.
Em atmosfera com mais de 61,7% de CO
2
(ou 99,7% de N
2
e menos de 0,3% de O
2
) foi
verificado atraso na deterioração de grãos de milho contaminados por A. flavus e Fusarium
moniliforme, mas sem interromper seu crescimento (WILSON, HUANG; JAY, 1975). Foi
observada formação de mofo sobre grãos de milho após inoculação de A. flavus e
armazenamento durante quatro semanas em atmosfera com 61,7% de CO
2
+ 8,7% de O
2
+ 29,6%
de N
2
. A produção de micotoxinas foi limitada ao máximo de 20 µg por quilo de milho, contudo
a remoção da atmosfera modificada causou rápida deterioração.
Embora os fungos sejam aeróbios, normalmente o requerimento de O
2
é superestimado,
pois são capazes de crescer em concentrações de O
2
muito baixas. Em massa de grãos a 15ºC, o
crescimento de fungos e a produção de micotoxinas são inibidos com 40% de CO
2
. Por outro
lado, na temperatura de 30ºC foi observada pequena produção de micotoxinas com 60% de CO
2
e menos de 1% de O
2
(LACEY; MAGAN, 1991).
Os fungos dos gêneros Aspergillus e Penicillium são os mais importantes em grãos
estocados herméticamente (BJÖRNEBERG; SCHNÜRER, 1993). A estocagem em atmosfera
controlada com baixo oxigênio e alto dióxido de carbono impede o crescimento de fungos e os
grãos podem ser armazenados com teor de água entre 20 e 40%, correspondente a atividade de
água de 0,9 a 1,0 (LACEY; MAGAN, 1991). Entretanto, altas tensões de oxigênio são
70
suficientes para permitir crescimento em sistemas herméticos e considerável infestação de
fungos pode ocorrer, principalmente, em temperaturas favoráveis.
2.6.2 Vácuo
De acordo com Parry (1993), a embalagem à vácuo foi a primeira forma de atmosfera
modificada desenvolvida comercialmente. Com boas condições de realização do vácuo, o nível
de O
2
se reduz a menos de 1%. O acondicionamento em embalagem com atmosfera modificada
a vácuo é um processo tecnológico de preservação de alimentos, que em essência consiste da
exposição dos alimentos à ausência de ar, controlando o desenvolvimento de microrganismos, a
ação enzimática e a oxidação, principais mecanismos de deterioração de alimentos. As
características de embalagem à vácuo são: diminuição do volume de ar do espaço-livre,
diminuindo o O
2
disponível; aumento da vida útil; alto custo do equipamento; embalagem com
material com barreira ao O
2
e ao vapor d’água; embalagem com boa resistência mecânica;
fechamento hermético.
Esse sistema é largamente utilizado e caracteriza-se pela utilização de filmes flexíveis de
boa barreira, tanto ao vapor de água como aos gases, com remoção quase que completa do ar do
espaço livre através de uma bomba e fechamento hermético. Para boa eficiência do sistema,
devem ser verificados parâmetros como nível de vácuo aplicado no interior da embalagem que
definirá o teor de O
2
residual em contato com o produto, hermeticidade de fechamento para
manter o vácuo durante a distribuição e estocagem do produto (SARANTÓPOULOS, 1991;
SARANTÓPOULOS, OLIVEIRA; CANAVESI, 2001). Além das características de
permeabilidade, a embalagem deve apresentar alta resistência à perfuração, excelentes
características de soldabilidade a fim de evitar vazamento e conseqüente perda de vácuo, boa
maquinabilidade, boas características de impressão e/ou transparência e custo compatível com a
aplicação, podendo ser do tipo encolhível ou não. Os filmes poderão ser encolhíveis ou não,
termoformáveis ou não e, preferencialmente, termosseláveis. Sua composição, espessura e
propriedades serão em função da aplicação e vida útil desejada (SARANTÓPOULOS,
OLIVEIRA e CANAVESI, 2001).
O termoencolhimento é feito após a selagem, normalmente em imersão em água
aquecida. O tempo e temperatura variam conforme a especificação da embalagem ou em túnel de
71
ar quente (232°C/9s), fazendo com que o material de embalagem tome a forma de seu conteúdo,
conferindo-lhe melhor apresentação visual. O material de embalagem a vácuo deverá possuir
baixa permeabilidade ao vapor de água a fim de reduzir a perda de peso por evaporação e
exsudação durante a estocagem (SACHAROW e GRIFFIN, 1970); evitar contato com odores
estranhos e principalmente, boa barreira ao O
2
(Tabela 7) para a conservação do vácuo no
interior da embalagem.
Tabela 7 - Classificação relativa dos filmes de acordo com a barreira ao oxigênio
Permeabilidade ao O
2
(cm
3
/m
2
atm 90% U.R. 23ºC)
Barreira
>300 Baixa
300-50 Média
50-10 Alta
<10 Ultra alta
Fonte: RIZVI, 1984.
2.7 Ozônio
2.7.1 História
De acordo com Rideal (1920) os primeiros relatos sobre o O
3
datam de 1785 quando van
Marum, um físico holandês, observou que a descarga elétrica em ar resulta em um odor irritante
bastante característico. Em 1801 o mesmo foi observado durante a eletrólise da água (RIDEAL,
1920).
O O
3
foi descoberto em 1840 pelo químico alemão Schonbein (1799-1868) durante
experimentos de eletrólise da água a partir de soluções ácidas (SCHONBEIN, 1840). Nestes
estudos constatou-se que, paralelamente a reação de desprendimento de oxigênio, ocorria à
formação de um segundo produto gasoso desconhecido com odor pungente o qual Schonbein
denominou de O
3
, palavra que deriva do grego “ozein” que significa cheiro. Este acontecimento
ocorreu cerca de vinte anos antes que o ozônio fosse identificado como um alótropo triatômico
do oxigênio. Thomas Andrews (1856) mostrou que o ozônio era constituído por átomos de
72
oxigênio e em Soret (1863) mostrou que três volumes de oxigênio (O
2
) produziam dois volumes
de ozônio (O
3
) (LANGLAIS et al.,1991). La Rive e Marignac (1845) obtiveram O
3
submetendo a
passagem de um arco elétrico em ambiente de oxigênio puro. Posteriormente, investigações
conduzidas por Hunt (1848) sobre as propriedades oxidantes do ozônio permitiram a este autor
postular que a molécula de O
3
é constituída por três átomos de oxigênio.
2.7.2 Alternativa
O aumento da preocupação com problemas ambientais tem estimulado várias pesquisas
no sentido de desenvolver produtos químicos não agressivos e também visando melhorar a
tecnologia existente (Green Chemical Processes, ou Processos Químicos Limpos) de modo a
minimizar ou evitar o impacto da atividade industrial no ambiente.
Um oxidante aceitável do ponto de vista ambiental deve possuir as seguintes
características: (i) reagir especificamente com os compostos à serem tratados; (ii) não propiciar a
formação de subprodutos com toxidade igual ou superior ao composto original e (iii) ser de fácil
obtenção. Diferentes agentes oxidantes são freqüentemente usados tanto como desinfetantes para
a água potável e de piscinas, como para a decomposição de compostos orgânicos e inorgânicos
presentes em efluentes. Os agentes oxidantes de uso mais comum para estes propósitos são: O
3
,
peróxido de hidrogênio, cloro, dióxido de cloro, hipoclorito de sódio e permanganato de potássio
(TATAPUDI; FENTON, 1994)
Nos dias atuais, em virtude da eficácia e vantagens associadas ao uso do O
3
em diversos
processos químicos de importância tecnológica, um interesse crescente relacionado a
tecnologia eletroquímica para a produção de O
3
.
2.7.3 Características
Quimicamente o O
3
, arranjo molecular triatômico e instável do oxigênio, pode ser gerado
pela excitação do oxigênio molecular a oxigênio atômico, em um ambiente energizado que
permite a recombinação de átomos. É um gás incolor de odor pungente. Em fase aquosa se
decompõe rapidamente a espécies radicalares e oxigênio, o que é uma grande vantagem porque
73
não gera subprodutos. Do ponto de vista termodinâmico, a formação do ozônio a partir da
molécula de oxigênio é um processo endotérmico não espontâneo, descrito pela seguinte reação:
3O
2
2 O
3
Hf
o
(P = 1 atm) = +284,5 kJ mol
-1
Devido à maior estabilidade do oxigênio, a molécula de O
3
sofre um processo de
dissociação espontânea com o tempo resultando novamente na formação do oxigênio
(LANGLAIS et al., 1991). A decomposição do O
3
não resulta em espécies nocivas que o
mesmo é espontaneamente convertido em O
2
; a sua instabilidade ( t
½
= 20 a 90 minutos,
dependendo do ambiente) requer que ele seja produzido no seu local de aplicação reduzindo
assim gastos e perigos relacionados como seu transporte e estocagem (ARMOR, 1999;
TRASATTI, 1995; TATAPUDI, 1994). Em condições ambientais o O
3
é um gás instável
possuidor de um elevado poder de oxidação e possuidor de um odor irritante característico
detectável no ar pela maioria das pessoas em concentrações da ordem de 0,01 ppm (KIRK;
OTHNER, 1981) (P.e. próximo a máquinas copiadoras). Em condições normais de temperatura e
pressão o O
3
é moderadamente solúvel em água (13 vezes mais solúvel que o O
2
). Sua
velocidade de decomposição, resultando em O
2
, é fortemente dependente da pureza do solvente,
diminuindo na presença de impurezas (HILL; RICE, 1982).
A Figura 14 mostra as quatro formas canônicas do híbrido de ressonância representativo
da molécula de ozônio propostas por Bailey (1978):
Figura 14 - Formas canônicas do híbrido de ressonância representantivo da molécula de ozônio
À temperatura ambiente é um gás de coloração azulada, porém nas concentrações
utilizadas com propósitos de desinfecção, torna-se incolor (RICE, 1986).
A molécula de O
3
possui uma geometria triangular, onde o átomo de oxigênio central
utiliza orbitais sp
2
para formar ligações σ como os demais oxigênios. Os orbitais p
z
dos três
oxigênios são utilizados para formar uma ligação π deslocalizada, sendo que as duas ligações
desta molécula são equivalentes, com comprimentos iguais e ordem de ligação igual a 1,5.
Devido a este arranjo, o O
3
é dipolar e pode reagir como um agente eletrofílico ou nucleofílico.
De um modo geral, nas reações de degradação de compostos orgânicos poluentes, o ozônio tende
74
a reagir preferencialmente com compostos insaturados (alquenos, alquinos, anéis aromáticos,
etc). De fato, o O
3
é o reagente clássico usado em reações orgânicas para quebrar ligações duplas
carbono-carbono, via o mecanismo de Criegee (ou simplesmente ozonólise) (GOTTSCHALK;
LIBRA; SAUPE, 2000; LEE, 2000; MCMURRY, 2005) (Figura 15).
Figura 15 - Reação direta do ozônio com a matéria orgânica: mecanismo de Criegee (A)
Exemplo do ataque eletrofílico do ozõnio a um composto aromático (B) (MCMURRY, 2005).
Assim, a oxidação direta de compostos orgânicos por ozônio é uma reação seletiva e que
muitas vezes apresenta cinéticas relativamente lentas, com valores típicos entre 10
-1
e 10
3
L mol
-
1
s
-1
dependendo das espécies envolvidas. Compostos aromáticos com grupos substituinte
desativantes, como o cloro, sofrem ozonólise mais lentamente que compostos aromáticos com
grupos substituintes ativantes, como o grupo hidroxila. Em geral, as formas ionizadas ou
dissociadas dos compostos orgânicos reagem muito mais rapidamente com o ozônio que as
formas neutras (não dissociadas) (MCMURRY, 2005). Além disso, as reações de ozonólise
direta não costumam promover a oxidação completa dos compostos orgânicos até CO
2
e H
2
O,
sendo aldeídos, cetonas, alcoóis e ácidos carboxílicos os principais produtos deste tipo de reação
(GOTTSCHALK, 2000).
A maior propriedade física do ozônio puro está citado na Tabela 8.
75
Tabela 8 - Propriedade física do ozônio
Ponto de evaporação -11,9 ± 0,3ºC
Ponto de fusão -192,5 ± 0,4ºC
Temperatura crítica -12,1ºC
Pressão crítica
54,6 atm
Fonte: MANLEY; NIEGOWSKI (1967).
2.7.4 Poder oxidante e desisfetante
É um poderoso agente oxidante e um poderoso desinfetante (MCKENZIE et al., 1997;
GUZEL-SEYDIM et al., 2004; KEELS et al. 2001; MENDEZ et al., 2003) capaz de participar de
um grande número de reações com compostos orgânicos e inorgânicos (KUNZ; PERALTA-
ZAMORA, 2002; ALMEIDA et al., 2004). Pode reagir com a maioria dos compostos contendo
ligações duplas, como C=C, C=N, N=N, etc., mas não com grupos funcionais contendo ligações
simples, como C-C, C-O, O-H, etc (ALMEIDA et al., 2004; GOGATE; PANDIT, 2004).
Comercialmente, o ozônio tem sido aplicado como um reagente químico em síntese, em
processos de purificação de água potável, como desinfetante em tratamento de esgoto e para o
branqueamento de fibras naturais. Seu poder oxidante é superado apenas pelo flúor e pelo radical
hidroxila e é superior ao de compostos reconhecidamente oxidantes, como o peróxido de
hidrogênio e o cloro (Tabela 9).
Com um potencial de oxiredução de 2,07V (BLOCK, 1991), capaz de participar de
muitas reações químicas envolvendo diferentes tipos de compostos (YAO; HAAG, 1991). Por
isso, o O
3
tem sido usado em diferentes aplicações: (i) desinfecção de água potável; (ii) controle
de odor; (iii) tratamento de esgoto e efluentes de diversos processos industriais; (iv) agente
branqueador (alvejante); (v) conservante de alimentos; (vi) síntese orgânica; (vii) tratamentos
terapêuticos (ozonioterapia); (viii) produção de prata de alta pureza, etc. O maior poder de
desinfecção do ozônio em relação a outros desinfetantes é explicado pela combinação entre sua
habilidade de se difundir através de membranas biológicas e seu alto potencial de oxidação - 2,07
volts menor apenas que o do flúor - 3,06 volts - e que dos radicais hidroxila 2,8 V (HUNT &
MARINÃS, 1997; KOLTUNSKI & PLUMRIDGE, 2000).
76
Tabela 9 - Agente oxidante e seus potenciais de oxidação
Agente oxidante Potencial de oxidação (mV)
Fluor 3,06
Ozônio 2,07
Permanganato 1,67
Dióxido de cloro 1,50
Ácido Hipocloroso 1,49
Gás Cloro 1,36
Fonte: Manley; Niegowski (1967).
Dentre as várias motivações para o emprego do O
3
é por ser um forte agente oxidante e
não é uma fonte intrínseca de poluição. Outros que são normalmente empregados, como
permanganato e gás cloro, costumam levar à formação de sub-produtos (íons de metais pesados e
compostos organoclorados), que podem ser inclusive mais tóxicos que os compostos poluentes
originais (MANAHAN, 2005). O caráter fortemente oxidante da molécula de ozônio lhe confere
habilidade para reagir prontamente com grande variedade de grupos funcionais orgânicos e
organometálicos, originando subprodutos de menor peso molecular, muitas vezes mais
biodegradáveis que seus precursores. Sua presença pode remover substâncias responsáveis pela
cor, gosto e odor, além de microrganismos resistentes a outras técnicas de desinfecção e traços
de metais de transição (MAUSTELLER, 1989). Seu poder desinfetante é conhecido desde o
início do século XX, mas foram nos últimos vinte anos que adquiriu notoriedade no tratamento
de águas residuárias. A ozonização de compostos dissolvidos em água é considerada um
processo oxidativo avançado (POA), pois são gerados radicais hidroxila (OH) na decomposição
do O
3
, que é catalisada pelo íon hidroxila ou iniciada pela presença de outras substâncias, como
cátions de metais de transição.
O gás O
3
apresenta certas características sanitizantes atraentes para a indústria
alimentícia, por ser mais seguro e potente do que os desinfetantes convencionais, agir sobre um
grande número de microrganismos, incluindo patógenos resistentes.
2.7.5 Geração de ozônio
Existem muitos métodos para a produção de ozônio, tal como descarga elétrica em
oxigênio, eletrólises na água, ou termal, fotoquímica ou radioquímica. Para a indústria o ozônio é
77
usado principalmente do oxigênio puro ou o oxigênio da atmosfera no processo de descarga
corona (MCKENZIE et al., 1997; PALA, 2001). Na descarga da corona, o ar ou o oxigênio puro
é convertido em O
3
usando alta voltagem. O aspecto atrativo do O
3
está na sua rápida
decomposição (meia-vida de 20-50min) para o oxigênio molecular sem deixar resíduo (KELLS
et al., 2001) É um desinfetante, ozônio é 1,5 vezes mais forte que o cloro e é mais efetivo e
atinge um amplo espectro de microrganismos (XU, 1999).
O maior avanço na tecnologia de produção de ozônio foi obtido por Von Siemens em
1857, quando ele desenvolveu um tubo gerador de ozônio baseado no processo corona
(passagem de um arco elétrico em ambiente gasoso). Tal processo é baseado na aplicação de uma
voltagem alternada entre dois eletrodos separados por um fluxo de oxigênio seco ou ar. Neste
processo a descarga elétrica entre os eletrodos resulta na decomposição da molécula de O
2
em
radicais O
, os quais combinam com uma molécula vizinha de O
2
resultando na formação do O
3
.
No tubo gerador de O
3
desenvolvido por von Siemens cerca de 3 a 8 % do oxigênio era
convertido em ozônio. Este tipo de gerador serviu posteriormente como protótipo para o
desenvolvimento dos ozonizadores do tipo corona. O maior custo operacional para o processo de
oxidação por ozônio é o custo da eletricidade para sua geração. O requerimento energético para a
síntese de ozônio usando ar como fonte de oxigênio varia de 22 a 33 kWh kgO
3
-1
(MUNTER,
2001). Se o ozônio for produzido a partir de oxigênio puro esse valor varia de 12 a 18 kWh
kgO
3
-1
, mas o custo do oxigênio deve ser considerado. A formação do O
3
é uma reação
endotérmica (IGLESIAS, 2002):
3 O
2
2 O
3
(+284,5 kJ mol
-1
a 1 atm)
O O
3
é gerado pela combinação de um átomo de oxigênio com uma molécula de
oxigênio, por meio de uma reação endotérmica. Todos os processos capazes de dissociar o
oxigênio molecular em radicais de oxigênio são potencialmente capazes de produzir O
3
. Alguns
processos para geração de O
3
conhecidos são a reação fotoquímica, pela exposição do oxigênio à
luz UV em 254 nm de comprimento de onda, geração pela eletrólise de ácido sulfúrico, geração
rádioquímica e geração por descarga corona (IGLESIAS, 2002; USEPA, 1986). Devido à
instabilidade da molécula de ozônio, o gás deve ser gerado no ponto de aplicação, o que
representa uma grande economia de espaço e elimina riscos associados a armazenamento e
transporte.
78
3O
2
2O
3
H
o
(1 atm) = + 34 kcal / mol
O processo de geração por descarga corona, Figura 16, é o mais amplamente utilizado e
consiste na aplicação de uma corrente alternada de alta voltagem - entre 6 a 20 kV - em um gap
dielétrico por onde passa o ar seco e limpo ou oxigênio puro (USEPA, 1999). Os geradores
podem ser dos tipos prato, tubo vertical e tubo horizontal. O dielétrico pode ser construído tanto
em vidro como em cerâmica, esta última mais eficiente em termos energéticos.
Figura 16 - Esquema do sistema tipo descarga corona de geração de ozônio
Fonte: Adaptado de USEPA (1999) e de EVANS (1972).
As plantas de geração de O
3
podem ainda ser identificadas conforme o gás utilizado para
alimentação: ar ou oxigênio de alta pureza. O uso de ar para geração de O
3
exige que o ar seja
filtrado e seco antes de passar pelo processo de descarga corona. Isto porque a presença de
umidade no gás pode produzir um condensado muito corrosivo dentro do reator. Além disso, o
rendimento do equipamento pode ser reduzido pela formação de óxidos de nitrogênio, como o
ácido nítrico.
Os sistemas que utilizam oxigênio de alta pureza podem obter oxigênio tanto em
processos criogênicos como por peneiras moleculares. Segundo Robson e Rice (1991), das 15
plantas de desinfecção com ozônio que operavam a partir do oxigênio de alta pureza nos Estados
Unidos, 11 aplicavam o processo criogênico e 4 o processo de peneiras moleculares. Isso porque,
devido ao seu custo comparativamente mais alto até o final da década de 1980, o processo por
peneiras moleculares era limitado a plantas com capacidade para tratamento de até 38.000
79
m3/dia. Vazões maiores dependiam do uso de oxigênio criogênico. Atualmente esta limitação
não existe mais.
Ambos os processos podem ser utilizados independentemente do volume a ser tratado. As
principais diferenças entre os sistemas que utilizam ar e aqueles que utilizam oxigênio de alta
pureza são os custos energéticos e as concentrações de ozônio que cada sistema pode produzir.
De acordo com Costa (2003), para produzir 1 g de ozônio a partir do oxigênio, consomem-se
aproximadamente 708 calorias ou 0,82 watt-hora.
A partir do ar, o consumo de energia aumenta para entre 15 e 20 watt-hora, mais ou
menos os mesmos valores reportados por Tchobanoglous (2003). Processos que utilizam
oxigênio têm capacidade de geração de O
3
de 1,7 a 2,5 vezes àquela obtida quando o ar é
utilizado (IGLESIAS, 2002). Segundo Paraskeva e Graham (2002), equipamentos de última
geração que operam a partir do ar, em geral, produzem ozônio em concentrações mássicas de até
6 %, contra 20 % daqueles alimentados diretamente com oxigênio. Entre 85 e 95 % da energia
elétrica consumida na geração de O
3
é convertida em calor, o que torna necessária a adoção de
um dispositivo para resfriamento do sistema. A remoção de calor tem por objetivo aumentar a
vida útil do equipamento. Além disso, o resfriamento do gás ozonizado promove aumento do
desempenho do equipamento, dado que a meia vida do ozônio aumenta conforme a temperatura
diminui. O resfriamento pode ser feito usando água, óleo, ou freon em água ou ar (DOE, 1998).
2.7.6 Aplicações
O
3
foi reconhecido como seguro (US FOOD, 1997). Food and Drug Administration
(FDA), e em 26 de junho de 2001, publicou uma determinação oficial sobre a utilização do
ozônio admissível como um agente antimicrobiano para o tratamento, armazenamento e
processamento de alimentos em gás e uma fase aquosa em contato direto com os alimentos,
incluindo as matérias-primas e de frutas e hortaliças minimamente processadas (GUZEL-
SEYDIM, GREENE; SEYDIM, 2004).
Por regra, a movimentação deve ser coerente com Boas Práticas de Fabricação (BPF).
Especificamente, o O
3
foi aprovado para utilização em BPF, que significa "a exposição dos
alimentos ao ozônio (concentração e do tempo de exposição) para realizar a sua finalidade". Isto
traduz-se ao mínimo de exposição dos frutos e produtos hortícolas para que a dose de O
3
necessário fornecer o alvo antimicrobiana benefícios específicos sobre hortícolas comestíveis. O
3
80
pode ser aplicado na forma de gás, como alimentos ou como uma forma dissolvida em água. Os
principais efeitos do O
3
na aplicação da fase pós-colheita são apresentadas a seguir:
a) inativação de bactérias (ARCHEN e YOUSEF, 2001; KIM e YOUSEF, 2000;
SHARMA et al., 2002; XU, 1999);
b) inativação e prevenção de produção de fungos (PALOU et al., 2002; PEREZ et al.,
1991);
c) destruição de pesticidas e resíduos químicos (ONG et al., 1996; HWANG et al., 2001);
d) inativação de aflatoxinas (INAN et al., 2007; YESILCIMEN e OZDEMIR, 2006);
e) controle de insetos na armazenagem (KELLS et al., 2001; MENDEZ at al., 2002)
(Tabela 10).
Atualmente existem mais de 4000 plantas de ozonização operando no mundo. Suas duas
principais aplicações são como desinfetante e como oxidante. Como desinfetante o O
3
tem sido
reconhecido como inativador de bactérias do grupo coliforme e outras bactérias presentes em
esgotos sanitários. Também é eficaz contra protozoários como Giardia spp. E CryptosporidIum
spp. no tratamento de água (ZHOU; SMITH, 2001).
Efluentes que possuam cor, como os da indústria de celulose e papel, podem ser
descolorados por O
3
. Os efluentes industriais são geralmente uma mistura complexa, composta
de diversas substâncias individuais, presentes em uma ampla faixa de concentrações (de mg/L a
g/L), que precisam ser removidas. Os principais papéis do O
3
no tratamento de águas residuárias
são:
a oxidação parcial da parte refratária ao tratamento biológico, na maioria das vezes
aplicada com o objetivo de aumentar a biodegradação,
subseqüente e a remoção de cor.
À medida que o pH aumenta, a velocidade de decomposição do O
3
na água também
aumenta. A oxidação de compostos orgânicos pode ocorrer devido a uma combinação de reações
com O
3
molecular e reações com os radicais hidroxila formados (MUNTER, 2001):
3O
3
+ OH
-
+ H
+
2 OH + 4 O
2
A velocidade de reação do radical OH é muito mais rápida que o O
3
molecular (GLAZE
et al., 1987). Porém o aumento do pH não necessariamente aumenta a taxa de destruição do
substrato pelo radical OH devido ao aumento de efeitos de inibição pela presença de íons
carbonato e bicarbonato (GOGATE e PANDIT, 2004). Em pH acima de 10,3 o íon carbonato
81
predomina sobre o íon bicarbonato e a velocidade de reação do O
3
com o íon carbonato é cerca
de 20 vezes maior que com o íon bicarbonato (GLAZE et al., 1987).
Muitos estudos têm sido relatados sobre o efeito do O
3
que tem reduzido o nível de AFLs
em produtos agrícolas contaminados. MAEBA et al., (1988) tem confirmado a destruição e
descontaminação de AFB
1
e AFG
1
com O
3
. AFB
1
e AFG
1
são sensíveis ao O
3
e degrada com
1,1mg/L em 5 minutos em modelo experimenal. O
3
é usado para preservar a qualidade de frutas e
vegetais na pós colheita. FRAZIER e WESTHOFF (1988) concluíram que durante o período de
armazenagem quando morango, framboesa, currant e maçã coletadas no ambiente colocando 2 a
3 µg/kg de O
3
.
O efeito bactericida do O
3
tem sido estudado e documentado por uma variedade de
organismos, incluindo as bactérias Gram positiva e Gram negativa bem como os esporos e
células vegetativas (FEMER; INGOIS, 1956; FOOGEDING, 1985; ISHIZAKI et al., 1986;
RESTAINO, FRAMPTON et al., 1995). Restaino et al. (1995) reportaram que o O
3
destruiu
leveduras Cândida albicans e Zygosaccharomyces bacilli e esporos Aspergillus niger.
Guzel-Seydim et al., (2004). Keels et al. (2001) e Mendez et al., (2003) demonstraram a
eficácia do O
3
no controle de pragas e insetos, para o armazenamento de milho. A utilização de
O
3
torna-se atraente pelo fato de descartar a necessidade de manipulação, armazenamento e
eliminação dos recipientes de produtos químicos e, principalmente, por não deixar resíduos
tóxicos, uma vez que o único produto da sua degradação é o oxigênio (O
2
).
A maior vantagem do O
3
torna um dos principais candidatos a atrair a atenção da
indústria de alimentos. O
3
é um dos mais potentes sanizantes para esterilização de bactérias
láticas e ácidas em alimentos. O excesso do ozônio é auto-decomposto rapidamente produzindo
oxigênio e assim não resta resíduo no alimento (NAITO; TAKAHARA, 2006). O
3
foi aprovado
para uso como desinfetante ou sanizante em alimentos e alimentos processados nos Estados
Unidos (USDA, 1997). Além de ser reconhecido como seguro para o tratamento de garrafas de
água (“General Recognized As Safe”-GRAS) pela “Food and Drug Administration” americana,
ser utilizado efetivamente no tratamento da água para o consumo na Europa há mais de cem anos
e na indústria de alimentos por décadas, o ozônio não deixa resíduos tóxicos nos alimentos,
capazes de alterarem o odor e o sabor dos mesmos (TORRES, 1996)
82
Tabela 10 - Aplicações do ozônio em diversas matrizes reportados na literatura
Fonte: autoria própria
matriz
O
3
armazenagem
(dias)
redução autores
exposição
(min)
concentração
(ppm)
Prevenção de fungos
Figos
180; 300
5; 10
-
72% contagem total de fungos
Oztekin, Zorlugenc, Zurlugenc, 2006
Peras - 0.03 35 100% Monilinia fruticola, Botrytis
cinerea, Mucor piriformis, penicillium
expansum
Palou et al., 2002
Figos 7.5; 15 ;30 13.8 - 75% contagem total e fungos Zorlugenç et al., 2008
Morangos 15 0,35 4 100% B. cinerea Pérez et al., 1999
Milho 3 50 - 63% the contamination level Aspergillus
parasiticus
Kells et al., 2001
Cevada 5 0.16 - 96% total fungi load Allen et al., 2003
Café 60 3.5 - 90% contagem total de fungos Nacimento et al., 2008
Inativação de aflatoxinas
Pimenta
7,5; 15; 30; 60
16; 33; 66
-
80% e 93% AFB
1
Inan; Pala; Doymaz, 2007
Pistache
140; 420
5; 7; 9
-
24% AFLS; 23% AFB
1
Yesilcimen; Ozdemir, 2006
Amendoim 30 82 - 78% AFLs Dwarakanath et al., 1968
Amendoim 120 82 - 83% AFLs Dollear et al., 1968
Algodão
60
214
-
91% AFLs
Dwarakanath et al., 1968
Figos 30; 60; 180 13.8 - 48.77; 72.39 ;95.21% AFB
1
Zorlugenç et al., 2008
Inativação do crescimento bacteriano
Queijo 15 60 70% coliformes Lanita; Silva, 2008
Figos
360
1,0; 5,0; 7,0; 9,0
-
100% E.coli, B. cereus
Akbas; Ozdemir, 2008
Figos 7.5; 15 ;30 13.8 - 88% E. coli Zorlugenç et al., 2008
Pimenta 360 1,0 - 100% E.coli B.cereus Akbas; Ozdemir, 2008
Café 60 3.5 - 100% coliformes Nascimento, 2008
Controle de pragas de armazenagem
Milho 3 50 - 92–100% Tribolium castaneum, Sitophilus
zeamais, Plodia interpunctella
Kells et al., 2001
Milho 3 50 - 100% Sitophilus zeamais Strait, 1998
Milho 23.76 ;64.19 50 - 95% S. zeamais e T. castaneum Rozado, 2008
83
2.7.7 Mecanismos de reação
Ozonização é um método de oxidação, foi recentemente desenvolvido para
descontaminação de AFLs em alimentos (SAMARAJEEWA et al., 1990). Muitos métodos
físicos e químicos tais como o aquecimento do microondas, tratamentos com O
3
ou amônia tem
sido recomendado para descontaminação de alimentos por AFLs (FARAG et al., 1996; XU,
1999; PRUDENTE; KING, 2002). A ozonização envolve dois mecanismos de reação, o ataque
direto do ozônio e o ataque através dos radicais OH formados na decomposição do O
3
. A
ozonização em pH ácido envolve apenas a reação seletiva do O
3
com compostos orgânicos
insaturados. A capacidade oxidante do O
3
é muito menor que a do radical OH, cuja formação é
favorecida em pH>10 (GOGATE; PANDIT, 2004). Portanto, o pH básico é mais eficiente que o
pH ácido, devido à reação dos compostos orgânicos tanto com ozônio molecular quanto com
radicais oxidantes, incluindo o radical hidroxila (GLAZE et al., 1987).
Reage através C8 e C9 dupla do anel de furano da AFL através ataque electrofílico,
provocando a formação de ozonides primários seguido de rearranjo de monozonides derivados,
como aldeídos, cetonas e ácidos orgânicos (PROCTOR et al., 2004).
A diferença nas taxas de degradação entre AFB
l
, AFB
2
, AFG
1
e AFG
2
sugere uma
propensão do O
3
com a dupla ligação C8 - C9, que está presente em AFB
1
e AFG
l
, mas não
AFB
2
e AFG
2
. Como resultado da natureza do dipolo do O
3
, de acordo com o postulado de
Creegie diz que o mecanismo para esta reação pode envolver um 1,3-ciclo adição de O
3
na dupla
C8-C9 de AFB
1
e AFG
1
(Figuta 17). Após a formação do ozónide primário, este produto pode
reorganizar para derivado molozónide, produzindo uma grande variedade de compostos
carbonílicos (aldeídos e cetonas) ou ácidos orgânicos (BABLON et al., 1991).
Desde que nas AFB
2
e AFG
2
a faltam a dupla ligação, a reação inicial com O
3
pode
ocorrer em outra (menos reativas) parte na molécula.
84
Figura 17 - Mecanismo de degradação da AFB
1
com a adição de ozônio
2.7.8 Método de quantificação do ozônio
Conforme Di Matteo (1992), medições de concentrações de O
3
, tanto no feed-gas como
no off-gas, em processo contínuo, via método de absorção em UV e iodométrico, permitem
melhor controle operacional do sistema. O método iodométrico utilizado para a análise das
amostras é quantitativo, sujeito a poucas interferências capaz de boa precisão. A técnica utilizada
é descrita pela APHA, 1980. O método iodométrico é o mais utilizado para a quantificação do
ozônio na fase gasosa, e baseia-se na oxidação do íon iodeto pelo O
3
, que causa liberação de
iodo. O gás contendo O
3
e oxigênio passa pela solução de iodeto de potássio, onde reage
quantitativamente para produzir um mol de oxigênio para cada mol de O
3
.
O
3
+ 2I
-
+ H
2
O I
2
+ O
2
+ OH
-
O iodo liberado é então titulado com uma solução padrão de tiossulfato de sódio e a
concentração de O
3
é calculada. Esse método, muito empregado, utiliza uma solução de iodeto de
85
potássio (KI) que, ao reagir com o O
3
, libera íons OH
-
. O pH elevado e a presença de íons
hidroxila constituem fatores propícios para o início da decomposição do O
3
, podendo interferir
na determinação da concentração.
2.7.9 Legislação
O O
3
é seguro e vem sendo usado muitos anos nos Estados Unidos e Europa onde a
legislação é extremamente rígida. FDA (Food and Drugs Administration) confere ao O
3
a
classificação "GRAS" (Generally Recognized as Safe) que é o mais alto padrão para segurança
para os usuários de um produto. A alta toxicidade do O
3
ao ser humano torna extremamente
perigosa sua aspiração direta. No Brasil, a portaria da ANVISA Nr. 25/76 publicada no Diário
Oficial da União em 09/11/1977, regulamenta o uso do O
3
.
2.8 Análise sensorial
A análise sensorial é uma ciência interdisciplinar na qual se convidam avaliadores, que se
utilizam da complexa interação dos órgãos dos sentidos (visão, gosto, tato e audição) para medir
as características sensoriais e a aceitabilidade dos produtos alimentícios e muitos outros materiais
(WATTS et al., 1992).
O consumo de qualquer alimento está relacionado às suas características sensoriais, as
quais definem sua aceitabilidade pelos consumidores (ORMENESE et al., 2001). Os métodos
sensoriais são baseados nas respostas aos estímulos, que produzem sensações cujas dimensões
são: intensidade, extensão, duração, qualidade e prazer ou desprazer. Enquanto os estímulos
podem ser medidos por métodos físicos e químicos, as sensações são medidas por processos
psicológicos (LANZILLOTTI, 1999). A análise sensorial é uma importante ferramenta utilizada
para o desenvolvimento de novos produtos, reformulação dos produtos já estabelecidos no
mercado, estudo de vida de prateleira, determinação das diferenças e similaridades apresentadas
entre produtos concorrentes, identificação das preferências dos consumidores por um
determinado produto, otimização e melhoria da qualidade (MEILGAARD, CIVILLE e CARR,
1999).
86
Normalmente os atributos observados em um produto são na ordem de aparência,
odor/aroma, consistência ou textura e sabor. Deve-se considerar que no processo global de
percepção os atributos sobrepõem-se uma vez que todas as impressões surgem quase que
simultaneamente (MEILGAARD, CIVILLE e CARR, 1999).
A análise sensorial utiliza princípios traçados pela ciência dos alimentos, fisiologia,
psicologia e estatística, para que tenhamos respostas objetivas às propriedades dos alimentos,
percebidas através dos sentidos (PIGGOT, SIMPSON e WILLIAMS, 1998). Os testes sensoriais,
os quais utilizam os órgãos dos sentidos humanos como “instrumentos”, devem ser incluídos
como garantia de qualidade por ser uma medida multidimensional integrada, que possui
importantes vantagens, como por exemplo, determinar a aceitação de um produto por parte dos
consumidores (CARDELLO e CARDELLO, 1998). Segundo WATTS, YLIMAKI e JEFFERY
(1992) não existe nenhum outro instrumento que possa reproduzir ou substituir a resposta
humana e, portanto, a avaliação sensorial resulta num fator essencial em qualquer estudo com
alimentos.
Para realização de análise sensorial, empregam-se diferentes métodos de avaliação,
visando determinar o perfil sensorial, a aceitação e preferências acerca de um produto específico.
Os métodos sensoriais podem ser divididos em três grupos: métodos discriminativos
(comparação pareada, teste triangular, duo-trio, teste de ordenação, comparação múltipla);
métodos descritivos de resposta objetiva (perfil de sabor, perfil de textura, análise descritiva
quantitativa - ADQ) (ABNT, 1994; PIGGOT, SIMPSON e WILLIAMS, 1998) e os métodos
afetivos, compreendendo um menor número de testes: preferência e aceitabilidade (ABNT,
1994). Na tabela 11 encontram-se, divididos por categorias, alguns dos métodos mais
tradicionalmente empregados em análise sensorial (STONE e SIDEL, 1993).
Tabela 11 - Categorias de testes e exemplos de métodos usados na análise sensorial.
Categoria Tipo de teste
Discriminativos Diferença: comparação pareada, duo trio, triangular
Descritivos Análise descritiva: Perfil livre, Análise Descritiva Quantitativa
Afetivos Aceitação-preferência: escala hedônica
Fonte: STONE; SIDEL, 1993
87
Os métodos afetivos utilizam provadores não treinados e são importantes porque
expressam a opinião do consumidor, mas necessitam de um grande número de provadores.
HOUGH et al., (2006) relataram uma cnica para estimativa do número mínimo de provadores
em testes de consumidores considerando o erro padrão e a escala utilizada. Segundo STONE;
SIDEL (1993) para triagem inicial das amostras ou avaliação preliminar da aceitação, a análise é
normalmente realizada em condições laboratoriais com 30 a 50 provadores.
Os métodos discriminativos são de fácil interpretação, requerem pouco tempo, são
relativamente baratos e estabelecem a diferença qualitativa e/ou quantitativa entre as amostras
(STONE; SIDEL, 1993).
Métodos descritivos têm como objetivo caracterizar as propriedades sensoriais do
produto alimentício, empregando um grupo de pessoas treinadas, e que descrevem qualitativa e
quantitativamente as amostras (MURRAY, DELAHUNTY; BAXTER, 2001). A análise
descritiva quantitativa (ADQ) avalia a intensidade dos atributos sensoriais presentes no produto
através de uma escala que, via de regra, é um escala não estruturada de 9 cm ancorada em seus
extremos com palavras que indicam intensidade. A ADQ foi desenvolvida por STONE et al.
(1974), da Tragon Corporation, EUA. Através desse método é possível descrever e quantificar os
atributos associados ao produto (conforme aparência, aroma, sabor e textura). A ADQ é
desenvolvida com base nas seguintes etapas: i) pré seleção dos provadores; ii) desenvolvimento
da terminologia descritiva; iii) treinamento e seleção dos provadores; iv) testes sensoriais finais;
e v) análise estatística dos resultados.
Os princípios essenciais da ADQ são: o uso de provadores selecionados e treinados
guiados por um líder; o uso de fichas descritivas e glossário desenvolvidos pela equipe; o uso de
escalas não estruturadas ancoradas nos extremos, com termos que indicam a intensidade do
atributo que está sendo avaliado; treinamento e definição de padrões para os extremos de escala,
repetição nas avaliações e o uso de análise estatística (STONE ; SIDEL, 1993). A ADQ
apresenta como vantagens: a confiança no julgamento de uma equipe composta por 10-12
provadores treinados, ao invés de alguns poucos especialistas; desenvolvimento de uma
linguagem descritiva objetiva, mais próxima à linguagem do consumidor; desenvolvimento
consensual da terminologia descritiva a ser utilizado o que implica em maior concordância de
julgadores entre os provadores; e emprego de repetições por todos os provadores em testes à
cega e os resultados estatisticamente analisados (STONE; SIDEL, 1993; BEHRENS; SILVA,
88
2000). Esta técnica de análise fornece descrições qualitativas e quantitativas de produtos,
baseadas nas percepções de indivíduos qualificados. Constitui-se numa descrição sensorial
completa, levando em conta todas as sensações percebidas quando o alimento é avaliado: visual,
auditiva, gustativa, olfativa e cinestética (STONE e SIDEL, 1992).
Em testes sensoriais descritivos existem cinco causas principais de divergências nas
respostas dos provadores: efeito de interpretação (emprego de diferentes termos ou combinações
de termos para a descrição do produto); efeito de nível (variação na avaliação da intensidade doa
tributo); efeito de faixa (tendência do provador a utilizar diferentes partes da escala); percepção
de diferentes estímulos e variação entre sessões (OP & P Product Research, 1998). Esses efeitos
podem ser minimizados pelo treinamento e detectados em seleção final dos provadores.
A análise dos dados de ADQ permite, ainda, observar o desempenho da equipe (STONE;
SIDEL, 1993). As principais causas de divergência entre provadores (efeito interpretação, de
nível, de faixa, percepção de diferentes estímulos e variação entre sessões) podem ser
minimizadas pelo treinamento e detectadas em seleção de provadores, permitindo retreinamento
da equipe se necessário.
A análise de variância (ANOVA) é o método estatístico mais apropriado para avaliar as
respostas da ADQ (NATACIO, 2003; GOMES, 2003; PIAZZON-GOMES et al., 2003).
2.9. Oxidação Lipídica
Os lipídios desempenham um importante papel no que respeita à qualidade de certos
produtos alimentares, particularmente em relação às propriedades organolépticas que os tornam
desejáveis (e.g. flavor, cor, textura). São misturas de glicerídeos (mono, di, triglocerpideos) e
oxidáveis em diferentes graus (SILVA; MARSAIOLI, 1999). Estes por sua vez, são formados
pela associação química entre o glicerol e molécula(s) de ácidos graxos (HOLCAPEK et al.,
2003) que por sua vez são classificados em saturados e insaturados (mono e polinsaturados),
dependendo do número de duplas ligações em sua estrutura química. Por outro lado, conferem
valor nutritivo aos alimentos, constituindo uma fonte de energia metabólica, de ácidos graxos
essenciais (e.g. ácidos linoleíco, linolênico e araquidónico) e de vitaminas lipossolúveis (e.g. A,
D, E e K) (St. ANGELO, 1996).
89
Os ácidos graxos insaturados são considerados como uma das maiores causas de danos
nas propriedades sensoriais de alguns alimentos devido às reações oxidativas que levam à
formação de hidroperóxidos. A rancidez oxidativa, um dos fatores críticos que afetam a
qualidade do produto processado, ocorre em lipídios que contém ácidos graxos insaturados.
Esses podem sofrer oxidação, degradação e polimerização via radicais livres, causando a
formação de aldeídos, cetonas, ácidos, alcoóis e hidrocarbonetos, responsáveis pelas
características organolépticas e físico-químicas associadas com a rancificação (HASENHUETTL
e WAN, 1992). Ocorre com maior facilidade em alimentos com certa quantidade de água,
condição que permite a hidrólise enzimática e contaminação bacteriana. As enzimas envolvidas
são as lipases (fosfolipases e glicolipídiohidrolases), próprias do alimento ou de origem
bacteriana. O processo hidrolítico pode provocar uma profunda modificação da fração lipídica,
propiciando alterações sensoriais às vezes muito evidentes. No caso dos ácidos graxos serem
voláteis, como ocorre com o ácido butírico, o produto da rancidez manteiga, eles também
contribuem no sabor característico de queijos (PIÑOL; BORONAT, 1989).
A oxidação é um fenômeno espontâneo e inevitável, com uma implicação direta no valor
comercial quer dos corpos graxos, quer de todos os produtos que a partir deles são formulados
(e.g. alimentos, cosméticos, medicamentos) (FERREIRA, 1999). Entre os fatores que afetam ou
catalisam a oxidação dos lipídios, os mais importantes são: presença de insaturação nos ácidos
graxos, luz, temperatura, presença de antioxidantes e de pró-oxidantes (como metais e clorofila),
enzimas, metaloproteínas, microrganismos e condições de armazenamento (NAWAR, 1985).
As alterações nos óleos e gorduras (animais e vegetais) e dos produtos que os contêm
devem-se, principalmente, a processos químicos e/ou enzimáticos, podendo ser detectadas ou
percebidas sensorialmente, ainda em estágios iniciais. Os processos bioquímicos dependem da
umidade, da atividade enzimática e da presença de microrganismos, enquanto que os processos
químicos, chamados de autoxidação e de fotoxidação, ocorrem com intervenção de oxigênio
(FRANK et al., 1982).
A oxidação lipídica está na origem do desenvolvimento do ranço, da produção de
compostos responsáveis por off flavors e off odors, da reversão e da ocorrência de um elevado
número de reações de polimerização e de cisão. Este tipo de reações não diminui o tempo de
vida e o valor nutritivo dos produtos alimentares, como podem gerar compostos nocivos
(MOTTRAN, 1998). Responsável pelas mudanças de cor, aroma, sabor, valor nutritivo e textura
90
dos alimentos, bem como a formação de produtos lipídicos indesejáveis (CHAN et al., 1995). A
maior parte dos produtos de oxidação lipídica,como malonaldeídos e óxidos de colesterol, têm
despertado a atenção da comunidade, devido a sua possível relação com formação de câncer
(PEARSON et al., 1977; ADDIS, 1986). Quanto maior a quantidade de ácidos graxos
insaturados e o grau de insaturação destes ácidos, maior a susceptibilidade ao ranço e,
consequentemente, menor será o tempo de estocagem (FORREST et al., 1979; BOBBIO e
BOBBIO, 1989).
Torres (1988) relata que à partir da origem dos hidroperóxidos há a formação de produtos
secundários como os aldeídos, cetonas, alcoóis, ácidos e, em condições drásticas, lactonas, sendo
de grande importância para o desenvolvimento do odor característico do ranço. O aldeído mais
citado como produto da oxidação lipídica é o malonaldeído, que é um dialdeído com três
carbonos, que é produzido durante a oxidação dos ácidos graxos polinsaturados (ARAÚJO,
1995).
O malonaldeído é um dialdeído de três carbonos e grupos carbonil nas posições C-1 e C-
3. Pode ser encontrado em diversos alimentos, entretanto, nos gordurosos, a sua concentração é
dependente do grau de insaturação do ácido graxo, da presença de metais, do pH e da
temperatura e duração de cocção a que os mesmos estiveram submetidos (DAWSON &
GARTNER, 1983). É considerado o maior produto secundário da oxidação lipidica, e, como um
aldeído bifuncional, é muito reativo, podendo interagir através de ligações cruzadas com o DNA
e proteínas, promovendo aberrações cromossômicas e redução da capacidade de síntese protéica
(PEARSON et al., 1983; ADDIS, 1986).
Existem poucas dúvidas de que o malonaldeído, produto secundário da oxidação lipídica,
seja tóxico às células vivas (ADDIS et al., 1983 e PEARSON et al., 1983). O malonaldeído pode
ser formado “in vivo” ou pré-formado em alimentos. Existem estudo sugerindo que o
malonaldeído seja cancerígeno (SHAMBERRGER et al., 1974) e mutagênico (MUKAI e
GOLDSTEIN, 1976). Os produtos da oxidação lipidica, como o malonaldeído e óxidos de
colesterol têm chamado a atenção da comunidade cientifica devido á sua provável relação com a
formação de câncer (PEARSON et al., 1983; ADDIS, 1986).
Testes como índice de peróxidos, ácidos graxos livres, anisidina, Kreis, TBA (ácido 2-
tiobarbitúrico), valor Totox (valor total de oxidação) e compostos voláteis são utilizados no
controle de qualidade de óleos, gorduras e produtos que os contenham, por fornecerem
91
informações valiosas e essenciais a respeito do estado oxidativo, na predição da rancidez do
alimento analisado. (SQUIRES; VALDES; WU; LEESON, 1991; BARRERA-ARELLANO,
1993; ADDIS, 1986; GÓMEZ PIÑOL; DE LA TORRE-BORONAT, 1989; CECCHI, 1999).
Torres (1997) desenvolveu um método que avalia a extensão da estabilidade lipídica
chamado o teste de TBA (ácido 2-tiobarbitúrico) ou TBARS (substâncias reativas ao ácido 2-
tiobarbitúrico). Nesse todo, o malonaldeído, um produto de oxidação lipídica, após ser obtido
por destilação, reage sob aquecimento com o ácido tiobarbitúrico, produzindo coloração rósea
que pode ser medida espectrofotometricamente e comparada com a absorção da curva padrão.
Araújo (1995) cita que este é um excelente método para detectar oxidação lipídica. O teste é
expresso em miligramas de malonaldeído por quilo de amostra.
Essa técnica é bastante utilizada em laboratórios no mundo inteiro. Ela vem sendo
frequentemente aperfeiçoada, devido aos avanços tecnológicos em se obter dados mais
confiáveis (TORRES, 1997) e fundamenta-se na formação de um composto de coloração
vermelha resultante da condensação de 2 moles de ácidos 2-tiobarbitúrico com 1 mol de aldeído
malônico ou de seus tautômetros (originados na oxidação dos lipídios) (TARLADGIS et al.,
1960).
O teste de TBA quantifica o malonaldeído (MDA), um dos principais produtos de
decomposição dos hidroperóxidos de ácidos graxos poliinsaturados, formado durante o processo
oxidativo o MDA é um dialdeído de três carbonos, com grupos carbonilas nos carbonos C-1 e
C-3 (ST ÂNGELO, 1996). É um teste altamente empírico e foi sugerido primeiramente por
Patton, Keeney; Kurtz, em 1951, para leites e produtos lácteos (CECCHI, 1999;
MEHLENBACHER, 1960). A reação envolve o ácido 2-tiobarbitúrico com o malonaldeído,
produzindo um composto de cor vermelha, medido espectrofotometricamente a 532 nm de
comprimento de onda (de acordo com a metodologia, esse comprimento de onda pode variar,
situando-se ao redor de 500 a 550 nm). A formação do composto TBA-MDA, na proporção de
2:1, é possivelmente iniciada pelo ataque nucleofílico, envolvendo o carbono 5 do TBA e o
carbono 1 do MDA, seguido de desidratação e reação similar subseqüente do composto
intermediário com uma segunda molécula de TBA, na proporção de 1:16. A quantificação de
malonaldeído é feita a partir de curvas de calibração construídas com concentrações conhecidas
de malonaldeído. Os padrões mais freqüentemente utilizados são 1,1,3,3-tetrametoxipropano
(TMP) e 1,1,3,3-tetraetoxipropano (TEP) que, nas condições ácidas do teste, sofrem hidrólise,
92
resultando na liberação do malonaldeído. Os resultados são expressos em unidades de
absorbância por unidade de massa de amostra ou em “valor de TBA” ou “número de TBA”,
definidos como a massa, em mg, de malonaldeído por kg de amostra (ST ANGELO, 1996)
(Figura 18).
Figura 18 - Reação do teste ácido 2-tiobarbitúrico e o malonaldeído, formando o composto
colorido, medido espectrofotometricamente a 532 nm.
Ao optar pelo teste de TBA, deve-se conhecer a composição em ácidos graxos do
alimento em análise, uma vez que o teste mede a extensão da oxidação de lipídios com três ou
mais duplas ligações. Para sistemas mais complexos, em que estão presentes misturas de
constituintes, a medida de TBA tem apenas significado qualitativo e comparativo (DAHLE;
HILL; HOLMAN, 1962), embora seja de grande utilidade na comparação de um único material
em diferentes estágios de oxidação (NAWAR, 1996). É usado satisfatoriamente na avaliação dos
estágios iniciais de rancidez de banhas, gorduras e óleos de soja, girassol e colza. Em
contrapartida, é um pobre indicador da oxidação térmica de vários óleos de fritura (KIM;
MAENG, 1984). Apesar de ser reconhecido como metodologia oficial (AOAC, 2004),
atualmente não se recorre à avaliação de TBA em óleos vegetais.
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113
3. ARTIGO
EFFECT OF OZONE GAS ON BRAZIL NUT (Bertholletia excelsa H.B.K.)
MYCOFLORA AND AFLATOXIN REDUCTION DURING STORAGE
Trabalho submetido para publicação na revista: Journal of Agricultural and Food
Chemistry
114
EFFECT OF OZONE GAS ON BRAZIL NUT (Bertholletia excelsa H.B.K.)
MYCOFLORA AND AFLATOXIN REDUCTION DURING STORAGE
3.1 Abstract
This work reports an evaluation of the ozone (O
3
) gas influence during in-shell Brazil nut storage
on fungi load, aflatoxins (AFLs) degradation, lipid oxidation and the sensory attributes of
quality. Groups of in-shell Brazil nuts obtained from retail market were submitted to O
3
gas
atmosphere at different concentrations (10, 14, 31.5 mg/L) and stored for 180 days. Samples
were collected just after the gas exposure and every 30 days during the storage period, for
mycological tests and analysed for, AFLs by HPLC-FD, lipid oxidation by 2-thiobarbituric acid -
TBA test and sensory evaluation by descriptive quality analysis utilizing 18 trained panelists.
The O
3
treatment affected the mycoflora growth, lowering their total count and the moisture
content (mc) from 9.43 to 7.32 %. The O
3
treatment applied within 5 hours at concentration of 31
mg/L was able to successfully destroy nuts fungi contamination (initial log cfu/g: 4,83) and the
Aspergillus species of A. flavus and A. parasiticus since the day of application. On the other
hand, those A. flavus and A. parasiticus species were able to grow at 14 mg/L O
3
concentration
up to and the 30
th
day of storage. AFLs presented total degradation in all samples despite the O
3
treatments for all concentrations applied. Regarding the toxigenic potential, the species of
Aspergillus (A. flavus, A. parasiticus) and Penicillium citrinum were able to produce AFLs and
citrinin, respectively, however only in the Control Group. As far as lipid oxidation (TBA test)
and sensory evaluation are concerned, no significant changes were obtained that could affect
their acceptability after the O
3
treatments and time of storage utilized in the present experiment.
In contrary, the Control Group had high MDA and low scores in the sensory evaluation
throughout the storage nuts. Fungi reduction just after storage by applying O
3
will certainly
reduce the possibility of further fungi proliferation and AFLs formation during long storage
period and so nut acceptability.
Keywords: in-shell Brazil nut, ozone, mycoflora, aflatoxin, storage, lipid oxidation, sensory
evaluation.
115
3.2 Introduction
Brazil nuts are the seeds of Bertholletia excelsa H.B.K. trees that grow wild in the
Amazon rainflorest. They can reach up to 60 meters in height, take 12 years to bear fruits and
live up to 500 years (1). Harvesting of Brazil nuts, a major non-timber forest product, not only
helps to preserve the Amazon rainforest but also creates an economy on which thousands of local
people depend up on (2, 3, 4). Brazil nut is widely recognized as the cornerstone species of the
Amazonian extractive economy, and is the only internationally traded nut collected almost
entirely from natural populations in mature forest (5, 6). AFLs contamination can be a potential
problem for Brazil nuts (7). The occurrence of AFLs, produced by aflatoxigenic strains of
Aspergillus species such as flavus in Brazil nuts has been reported in some studies (3, 8, 9,
10,11) and so A. nomius (12, 13).
Moulds can growth either on the shell and inside the nuts when shells are cracked or
througth the opercule. AFLs have been detected on the surface of shelled nuts and/or inside of
cracked, or brown spotted in-shell nuts (10, 14). Recently it was found that the main AFLs site is
in between shell and the nut peel (15. Several environmental factors are known to influence fungi
growth and AFL production, being temperature and relative humidity (RH) the most critical.
Studies performed on hazelnuts and pistachios suggested that optimum temperature and RH for
AFLs production are 25 to 30 ºC and 97 to 99%, respectively (16). In a study carried out by
Arrus et al., (2) in Brazil nuts, the authors reported that the optimal conditions for A. flavus
growth were moisture content (mc) of 8.6 % and water activity (a
w
) of 0.91, at RH of 97% and
30
o
C. They reported also the limiting mc and a
w
of 4.5 and 0.68, and, 5.0 and 0.75 for shelled
and in-shell nuts fungi growth at those same temperature and time, respectively. The Codex
Alimentarium Commission (CAC) consider mc below the maximum limit accepted for
international trade of 13±2% and the a
w
< 0.70 safe for toxigenic fungi growth (17).
Brazil nuts have been exported mainly to Canada, United States and the European
countries, since 1950. More recently, there have been demands to Eastern countries such as
Australia, China, Hong Kong, Japan and Vietnam. However, since 1998 a reduction of Brazil
nuts export has been detected, affected especially by the European Union (EU) that regulated
nuts total AFLs limit down to 4 µg/kg and for AFB
1
only 2 µg/kg (18). Recently, the EU import
zero Brazil nut from Brazil (19). Moreover, since temperature and RH are important factors for
116
AFLs production, it is of interest to evaluate the effect of these parameters on AFLs production
during storage of Brazil nuts (4, 6). Apart from AFLs, lipid oxidation may also reduce its quality.
Physical and chemical methods such as microwave heating or treatments with ozone (O
3
)
or ammonia have been recommended for fungal destruction AFLs detoxification of contaminated
food (20, 21, 22, 23). Ozonation, an oxidation method by O
3
, has recently been studied for
detoxification of AFLs in foods (24). O
3
, or triatomic oxygen, is a powerful disinfectant and
oxidizing agent (25). As a disinfectant, O
3
is 1.5 times stronger than chlorine and is effective
over a much wider spectrum of microrganisms (21, 26). It reacts across the 8, 9 double bond of
the furan ring of AFLs through electrophilic attack, causing the formation of primary ozonides
followed by rearrangement into monozonide derivatives such as aldehydes, ketones and organic
acids (27). That reaction resultes in decrease of AFL concentration over time (25). As far as
fungi growth and O
3
atmosphere modified application are concerned studies have been
developed, in dried figs (37), barley (28), pistachio (29) among other foods. The attractive aspect
of O
3
is that it decomposes rapidly (half-life of 20–50 min) to molecular oxygen without leaving
a residue (30).
One of the important usages of O
3
in agriculture is the post harvest treatment of crops. It
can be applied to food as a gas or as a dissolved form in water. The main purposes of O
3
application at the postharvest stage are as follows: inactivation of bacterial growth (21, 31),
prevention of fungal decay (32, 33) destruction of pesticides and chemical residues (34, 35) and
control of storage pests (30, 36). Oztekin et al. (37) reported reduction of microorganism counts
on dried figs at a minimum of three hours treatment at 5 mg/L of O
3
, decreasing the total
yeast/mould counts of 72%. In postharvest of strawberry, Pérez, et al. (33) observed fungal decay
after 4 days of storage under ozonation. Lanita and da Silva (38) utilized O
3
for controlling fungi
in Parmesan cheese maturation. After 60 days of ozonization it reduced the total fungi count
from 10 to 3.7 cfu/plate (15 min exposition). In cereal product (barley), treated with O
3
for 5
minutes of ozonation (0.16mg/L of O
3
) observed inactivation of 96% of fungi spores (28).
Yesilcimen and Murat (29) studied pistachio exposure to O
3
(5.0, 7.0 and 9.0 mg/L of O
3
) for
140 and 420 minutes and found that AFB
1
and total AFLs were reduced by 23 and 24 % at 9
mg/L for 420 min, respectively. O
3
(29 mg/L) also was effective to reduce or eliminate AFL
from cottonseed and peanut meal (23, 39). Five mg/L of O
3
inhibited the surface growth,
sporulation and mycotoxin production of cultures of Aspergillus flavus Link and Fusarium
117
moniliforme Sheldon (40). Several research studies have been undertaken to evaluate the effects
of O
3
gas in reducing AFLs levels in contaminated agricultural products. Maeba et al. (41) have
confirmed the destruction and detoxification of AFB
1
and AFG
1
with O
3
. AFB
1
and AFG
1
were
sensitive to O
3
and was degraded with 1.1 mg/L of O
3
in 5 min in model experiments. In the
study with red pepper, the reductions of content of AFB
1
in flaked and chopped red peppers were
80 and 93% after exposures to 33 and 66 mg/L O
3
for 60 min, respectively (42). Olmez, et al.
(43), used O
3
to preserve the quality of fresh-cut green leaf lettuce after harvest and determined
an optimum ozonization condition of 2 mg/L. Frazier and Westhoff (44) reported that the storage
period can be doubled when strawberry, raspberry, currant and apples are held in an environment
including 2–3 mg/L of O
3
Considering that in-shell Brazil nuts for export (a) have been rejected by the EU due to
AFL contamination, (b) fungi deterioration is found mostly on the nut shell cracked parts and in
the microclimate between the shell and the peel (c) fungi can growth during shipping under
favorable UR and TºC conditions, (d) O
3
has been utilized in different food commodities and
sensory efficiency on fungi destruction and AFLs degradation. A work was carried out to study
the influence of O
3
controlled atmosphere during in-shell Brazil nut storage and its best
concentration on fungi load reduction, possible AFLs degradation/reduction as well as the
consumer acceptance of the O
3
treated and stored nuts by checking lipid oxidation and sensory
evaluation.
3.3 Materials and Methods
Material
Sample. dry (processed) in-shell Brazil nuts (14 Kg) with, initial AFLs (AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
and
AFG
2
) of 11.58 µg/kg obtained in the retail market. Total fungi count: 4.83 log cfu/g and 9.43%
and mc.
Storage. (a) seven vertical silos, build with vinyl polychloride (PVC) tubes with the following
dimensions 80 x 15 x 0.2 cm for height, diameter and width; containing an upper lid and two
apertures (top and lower part of the silos) for sample collection and O
3
application, respectively;
(b) ozone generator (Megazon). (c) thermometer and hygrometer (CE) (Figure 1).
118
Iodinemetrical Analysis. potassium iodine, sulphuric acid and sodium thiosulfate (Vetec). Starch
indicator (Synth).
Mycology Tests. (a) culture media: malt extract agar MEA (Himedia); Aspergillus flavus and
parasiticus agar AFPA (Fluka) and peptone agar (Himedia); (b) tween 80 (CRQ); (c)
equipment and apparatus: automatic pipette 100 and 1000µl tips (Digipet); autoclave (Phoenix);
oven (Fanen); microscope (PZO); incubator set at 20-25°C (Dist); analytical scale (Mettler);
semi-analytical (CAB); microscope stereoscope (Carlzeiss Jena); colonies counter (Phoenix).
mc. microbiological oven (Fanen); analytical scale (Mettler); semi-analytical (CAB) an industrial
Brazil nut cracker provided by CIEX ( Manaus, AM).
AFL Analysis. (a) AFL standards: B
1
, B
2
, G
1
and G
2
(Sigma); (b) chemicals: methanol,
acetonitrile, benzene, toluene (Carlo Erba). Ultrapure water (MilliQ system, Millipore); (c) liquid
chromatograph: injector Rheodine (loop 20µl), with isocratic pump 305 (Gilson) and
fluorescence detector model fluorimeter 121 (Gilson). Column C18 length 15cm, diameter
4.6mm, particle size 5µm (Phenomenex).
Lipid Peroxidation. 2-thiobarbituric acid (TBA), trichloroacetic (TCA), Butylated
hydroxytoluene (BHT), ethanol, analytical scale (Mettler), homogenizer (IKA T 25 – Ultra
Turrax), water bath (Quimis – Dubnoff Q226D), spectrophotometer (Hitachi).
Sensory Evaluation. in-shell and shelled Brazil nuts (ca. 8g each) from each storage time and O
3
treatments Groups (C, I, II and III), plastic cups (50 x 45 mm, id and height, respectively), spring
water. A group of 18 panelists.
Methods
Sample Preparation for O
3
Application. in-shell Brazil nuts previously analysed for fungi load,
mc and AFLs contamination were aseptically weighted into portions of 2 kg to be added into
each silo for the O
3
treatment.
Preparation of the Storage Silos. they were filled with the nuts (2 kg) and had the upper part
with the lid tightly closed. Silos were divided into 4 Groups for O
3
application: Group C (Control
= no O
3
application), Group I (O
3
conc. = 10mg/L), Group II (O
3
conc. = 14 mg/L) and Group III
(O
3
conc. = 31.5 mg/L) (Figure 1 and 2). Each treatment was carried out in duplicate (n =2)
except for Group C. Note: the silos (total = 7) were previously cleaned with sulphite
hypochloride, rinsed with distilled water to remove the excess of humidity and dried.
119
Ozone Application. after closing the upper part of the silos, O
3
gas was applied through the
lower lateral aperture by means of a compressed air pump to get the following concentration in
each silo: 10, 14 e 31.5 mg/L, with 1, 3 and 5 hours of exposure time, (n=2) for silo 1, 2 and 3,
respectively. Those concentration were checked by iodinemetrical analysis. A portion of Brazil
nut was taken for mycoflora and mc analysis just after treatment.
Iodinemetrical Method. O
3
concentration rechecked in each silo was measured by titration. The
gas was bobbled into a potassium iodide solution (50 mL), acidified with 2.5 ml of sulfuric acid
1N (pH below 2.0). The solution was then titrated with sodium thiosulfate 0.005 N using a starch
solution as the indicator (45).
Storage. silos with the O
3
atmosphere and Control (just air) in-shell Brazil nut were placed in a
room with the following dimensions of 3.25 x 6.4 x 3m (height, length, width, respectively) that
had the temperature and RH monitored for 6 month during May to October (180 days). Data on
rain precipitation out door during that period was provide by the Santa Catarina State Company
of Agriculture Research and Extension (EPAGRI/SC) located in Florianopolis, SC, Brazil.
Sample Collection for Analysis. Individual 200 g portions of Brazil nuts were aseptically
collected from each silo for the mycological analysis as well as for, mc, AFLs, lipid oxidation
and sensory evaluation, at Day one and every 30 days. That was carried out from the top silo
aperture. Nuts, after being shelled, were then ground and weighed for each analysis. Silos were
rechecked O
3
concentration for the each time of sample collection. Samples collected for analysis
were made in duplicate. See figure 2 for the flowchart of the whole O
3
experiment.
Mycology Tests. for total fungi count the method used was of Pit and Hocking (46) by applying
serial dilutions (10
-1
to 10
-4
) on to the surface of MEA media. For fungi toxigenicity (AFLs) the
method was of Machida and Saito (47). The identification of fungi in genus and species was
carried out according to the keys of Samsom et al., (48). The strains aflatoxigenicity was checked
utilizing the AFPA by Pitt et al. (49).
mc. by gravimetry (50).
RH and Temperature. they were monitored daily utilizing hygrometer and thermometer,
respectively. In parallel data on relative humidity and temperature was obtained from
EPAGRI/SC from May to October in the year 2008.
AFLs Analysis. by high performance liquid chromatography with fluorescence-detection
HPLC/FD at 330 (ex.) and 460 (em.) nm, LOD 0.25; 0.08; 0.25 and 0.08 µg/kg e LOQ 0.50;
120
0.17; 0.50 and 0.17 µg/kg, for AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
and AFG
2
respectively (51). mobile fase
water:MeOH:ACN (60:15:15), ex. 330, em 460.
Lipid Peroxidation. TBA method (52). It was used 2 g of the edible Brazil nuts part,
homogenized together with aqueous solution of TCA. After filtration, extract was mixed with
TBA solution (20 mmol/L) in stoppered test tubes, that were then immersed in water bath. After
cooling, MDA was measured at 532 nm. The results were expressed as mg of MDA equivalents
per kg of nut sample using a molar extinction coefficient of 1.56 x 10
5
M
-1
cm
-1
for MDA. The
method LOD was 0.37 ppm.
Sensory Evaluation. descriptive quantitative analysis (DQA) by Stone and Sidel (53), it was
conducted using a team of 18 trained (specifically for Brazil nut taste) panelists during four
sessions (n=4). Nuts were peeled and served at room temperature in plastic cups that received a
three-digits random code number and randomized order of presentation. At each session the
panelists were encouraged to use associative and cognitive terms to describe impressions
perceived, for each reference nut sample. Was used a hedonic scale of 5 points (1 for dislike very
much, 2 for dislike, 3 for neither like nor dislike, 4 for like and 5 for like very much). The
sensory attributes of Brazil nuts which was analysed shell appearance, nut appearance, strange
odor, roasted flavor, rancidity and firmness. Note: The panelists were trained on the use of
hedonic scale and what they need to consider during the evaluation.
Statistical Analysis: the results were expressed as the mean values and standard errors. Statistical
analysis was performed by analysis of variance (ANOVA) and included the Turkey´s test to
evaluate significant differences among the means (p< 0,05).
121
(a) (b)
Figure 1 - Brazil nut ozone treatment and storage study system: (a) PVC silos (n=7) and O
3
generator; (b) silo details and dimentions.
Group C
(control)
Group I
(10 mg/L)
O
3
generator
Group II
(14 mg/L)
Group III
(31,5 mg/L)
122
Figure 2 - Flowchart of the in-shell Brazil nuts storage under O
3
atmosphere study (*after
shelling the weigth reduced to c.a. 80 g of edible part).
sample collection
Day One and every 30 days, c.a. 200g
mycology
aflatoxins
lipid oxidation
moisture content
sensory evaluation
in
-
shell
(100 g)
(
whole nut
)
after shelling
(100 g)*
(
edible part only
)
O
3
gas
in-shell Brazil nuts
(total:14 kg)
in-shell Brazil nuts storage - 180 days
(at room temperature)
analysis
silo groups
(2 kg nuts/silo)
Group C Group I Group II Group III
(n=1) (n=2) (n=2) (n=2)
Group C
(control)
nuts O
3
treatments
Group I Group II Group III
(conc.=10mg/L) (conc.=14mg/L) (conc.=31,5mg/L)
123
3.4 Results and Discussion
From the data obtained on the stored Brazil nuts O
3
treated mycoflora, AFLs, lipids, sensory
attributes and environmental conditions, it was possible to observe a direct correlation regarding
the gas treatment effect on the fungi load and AFLs degradation. On the other hand, that gas
atmosphere effect was not able to deeply influence the lipid oxidation and the sensory attributes
of nut quality under the experiment conditions despite of the O
3
concentration used.
Effect of the O
3
Concentrations and Storage Time on the In-shell Brazil Nut Mycoflora
and Moisture Content During Storage
The total fungi load, aflatoxigenic species of Aspergillus, AFLs and mc variation during the
storage of in-shell Brazil nuts under O
3
atmosphere at different concentrations are shown in
Table 1. There was a clear reduction on the total fungi count, AFLs and mc when compared to
the Control Group, however that was dependent upon the O
3
concentration used and time of
storage.
Total Fungi Load. As expected, the in-shell Brazil nuts ozonation showed to be effective on the
fungi/spores destruction during the period of storage. A reduction of total fungi count was
registered since the first day after O
3
application in all treated nut Groups. However, the
complete destruction of fungi (no growth: ng) was reached at different stages of storage
depending on the gas
concentration applied. Total fungi destruction started at the first day when
the highest O
3
concentration was applied (31.5 mg/L) and after 30 days of storage, when O
3
was
at 14.0 and 10 mg/L. Thus no fungi growth was registered in all O
3
treated nut Groups after a
month of storage up to the end of the six month. From the original (untreated nuts) total fungi
load of 4.83 log cfu (Control), it went at Day One of the O
3
treated nuts down to 3.5
and 3.3 log
cfu/g for Groups I (O
3
: 10.0 mg/L) and II (O
3
: 14.0 mg/L), respectively, and no fungi growth was
detected in the nuts treated with the highest O
3
concentration (Group III O
3
: 31.5 mg/L).
Different of, the nuts of Control Group that kept the fungi load somewhat stable with a slight
increase during the whole period of storage i.e., from Day Zero/One: 4.83 to Day 180: 4.91 log
cfu/g. Similar happened to those nuts when analyzed after being shelled however is a lower level
(Day One: 2.54 to Day180: 2.69
log cfu/g Control Group) which was expected as the edible
part was protected by the shell.
124
Some work have reported the effect of ozonation in food and nuts and they have similar
findings for fungi load reduction as obtained in the present experiments, however applying lower
O
3
concentrations. We utilized higher O
3
concentrations due to the fact that our aim was more
than just fungi disinfection. We wanted AFLs degradation too (to be discussed in the next
Session) and for that purpose the O
3
concentration should be higher. Zhao and Cranston (54)
studied the effect of O
3
on black pepper, at a lower gas concentration (6.7mg/L) than in our
study. The authors reported fungi load reduction from 7 to 4 log cfu/g. In another study carried
out in dried figs (37), O
3
reduced the total fungi load from initial 1.46 to 1.00, 0.57 and 0.40 log
cfu/g using O
3
at 1, 5 to 10 mg/L, respectively. A work carried out in Brazil nut, however
treating the nuts with aqueous O
3
solutions (0, 1, 10 and 20mg/L) authors showed that they were
effective to fungi control reaching an inactivation rate of 100% for A. parasiticus and 96% for A.
flavus (55).
Moisture Content, RH, T°C and Rain Precipiation: During the nuts storage of the 3 silos
Groups with O
3
, nuts reduced their mc from initial 9.4% i.e., prior to O
3
treatments, to ca. 7%
corresponding to 22% of total mc loss at the end the of storage period. The mc reduction per
Group during the nuts storage was: from 9.4% (untreated- Group Control) Day Zero to 7.4
(21.8%), 7.4 (22.1%) and 7.32 (22.3%) for O
3
treated nuts of Groups I, II and III; respectively at
the end of storage (Table 1). That may have occurred due to the O
3
atmosphere concentration
adjustment each 30 days at sample collection or due to the environment low RH (min 75.8; max
85.3%). The loss of moisture can lead to an unfavorable environment for fungi growth.
According to Pacheco and Scussel, (2007b), mc can still be considered safe up to 8%, fungi
growth wise. That reduction in mc also occurred in peanut treated with O
3
, down to 12%
(Dollear et al., 1968). The rain precipitation, as well as other environmental conditions such as
temperature and RH data (Figure 3) that are considered factors to influence fungal growth and
AFL formation were monitored in and out doors during the storage period. Rain precipitation:
the experiment started in May, and up to June rain precipitation was of 80 mm (average), it went
down to 10 mm in July and then increased again, reaching 300 mm in October. RH: throughout
the storage period was some what low between 75.8 to 85.5%. Temperature: the temperature
average was from 16.6 to 20.6°C which was not optimal for fungi proliferation (seasons
throughout the experiment in Southern Brazil: autumn, winter and spring - dry seasons). That is
125
one of the reasons for the Control Group fungi contamination to remain similar during the whole
experiment.
Aflatoxigenic Species of Aspergillus. Regarding the isolation of aflatoxigenic species of
Aspergillus (A. flavus and A. Parasiticus) in the Brazil nuts just after the O
3
treatments (Group I,
II, III), only the the highest O
3
concentration treated nuts (Group III - 31,5mg/L) did not allow
them to growth since Day one after the gas application. The same occurred to the Groups of
lower O
3
concentrations, however after 30 days of storage. On the other hand, the Control Group
had those species being detected on the nuts throughout the whole storage period. Similar
happened when Mason et al. (40) applied O
3
(5 mg/L) in cultures of A. flavus Link and Fusarium
moniliforme Sheldon. It inhibited the growth, sporulation and mycotoxin production. Kells et al.
(30) studied the efficacy of O
3
as a fumigant to desinfest stored maize (50 mg/L), apart from
insects, it reduced by 63% the contamination level of A. parasiticus on the kernels. Important to
emphasize that the species A. nomius was not detected in the present experiments either due to
the fact that after nut dehydration fungi were destroyed by the heating temperature or because the
AFPA media does not give a clear response ie., not enhancing the characteristic of that
Aspergillus species.
Other Fungi: Apart from the A. flavus, and A. parasiticus that were isolated on AFPA media,
other fungi genera and species were also isolated utilizing MEA media. The more often isolated
ones from the untreated nuts (Control Group) during the storage were Acremonium sp; A.
ochraceus; Cladosporium sp.; P. corylophium and Rhizopus sp. followed by A niger; A.
parasiticus; A. versicolor and P. crustosum (Table 2). Regarding the toxigenic potential of those
fungi isolated, Aspergillus (A. flavus; A. parasiticus) and Penicillium citrinum were able to
produce AFLs and citrinin (CTR), respectively, only in the Control Group. These fungi were
found from the beginning until the end of storage Table 1. They did not have an accentuated
growth though, due to the mild (RH 80.5%; 18.5°C) environmental conditions of the storage and
inside the silo being tightly closed apart from the lower nut mc. Important to emphasize that after
O
3
treatment nuts from Groups I and II at Day One still presented the following fungi strains
showing to be more resistant to that gas: A. flavus, A. parasiticus, P. penicilioides,
Byssochlamys, Cladosporium P. corylophium, P crusdtosum, P. naugioviense, P variabile and
Rhizopus sp., P viridicatum. Despite of the fact that Brazil nuts have a hard outer shell on
(protects the edible part), since their collection when they drop from the trees (50-60m high),
126
transport, storage and nut handling during commercialization; cracks can happen becoming an
entrance for moisture and fungi spores. Thus, allowing fungal proliferation and toxin formation,
which need to be taken into account and try to use methods for control, such as the use of O
3
.
Previous studies have shown that as long as mc is kept below 10–11%, Brazil nuts can be stored
safely (10).
127
Table 1 - Total fungi count, Aspergillus aflatoxigenic species, moisture content and evaluation AFLs levels in-shell and after shelling
Brazil nut stored under ozone treatment.
a
nuts were evaluated for fungi whole (in-shell + edible part) and after shelling (only edible part); nuts Groups:
b
C = control (no O
3
treatment); I (O
3
conc. = 10mg/L), II (O
3
conc. = 14 mg/L) and III (O
3
conc. = 31.5 mg/L); NT = not treatment ; NA = no applicable; ng = no growth; mc = moisture content; total fungi load initial = 6.9x10
4
; initial mc= 9.43%/ ND = not detected;
c
= concentration AFLs
µg/Kg in duplicate; LOD 0.25; 0.08; 0.25 and 0.08 µg/kg e LOQ 0.50; 0.17; 0.50 and 0.17 µg/kg, to AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
and AFG
2
respectively;
d
AFB
1
+AFG
1
+AFB
2
+AFG
2
.
storage Brazil nut
days
O
3
treatment
fungi mc/loss (%)
AFLs (µ
µµ
µg/kg)
a
- (in-shell/after shelling)
total count (log cfu/g)
Aspergillus aflatoxigenic
species
in-shell after shelling
AFLs
AFB
1
AFG
1
AFB
2
AFG
2
group
conc.
(mg/L)
in-shell
after
shelling
in-shell
after
shelling
1
C 0
a
4.83 2.54
A. flavus,
A. parasiticus
ng
9.43 (NA) 5.14 (NA) 11.58/6.61 3.48/1.16 3.57/1.89 2.21/2.02 2.32/1.74
I 10 3.5
ng
A. flavus,
A. parasiticus
ng
7.72 (6.61) 3.97 (6.25) 3.01/ND 3.01 ND ND ND
II 14 3.3
ng
A. flavus,
A. parasiticus
ng
7.71 (7.58) 3.96 (6.89) ND ND ND ND ND
III 31.5 ng
ng
ng
ng
7.68 (8.56) 3.95 (7.52) ND ND ND ND ND
30
C 0 4.84 2.57
A. flavus,
A. parasiticus
ng
9.57 (NA) 5.28 (NA) 12.06/8.01 3.69/1.37 3.78/2.73 2.23/2.05 2.36/1.86
I
10
ng
ng
ng
ng
7.67 (
10.22)
3.95 (
8.04)
ND
ND
ND
ND
ND
II
14
ng
ng
ng
ng
7.66 (
10.60)
3.94 (
8.67)
ND
ND
ND
ND
ND
III
31.5
ng
ng
ng
ng
7.64 (
11.74)
3.93 (
9.29)
ND
ND
ND
ND
ND
60
C 0 4.86 2.60
A. flavus,
A. parasiticus
ng
9.63 (NA) 5.32 (NA) 12.24/7.95 3.83/1.16 3.82/2.83 2.22/2.08 2.37/1.88
I
10
ng
ng
ng
ng
7.63 (11.65)
3.93 (9.03)
ND
ND
ND
ND
ND
II
14
ng
ng
ng
ng
7.61 (12.59)
3.90 (9.65)
ND
ND
ND
ND
ND
III
31.5
ng
ng
ng
ng
7.58 (13.34)
3.88 (10.28)
ND
ND
ND
ND
ND
90
C 0 4.88 2.62
A. flavus,
A. parasiticus
ng
9.84 (NA) 5.46 (NA) 12.34/8.03 3.86/1.14 3.86/2.86 2.25/2.10 2.37/1.93
I
10
ng
ng
ng
ng
7.56 (14.65)
3.87 (11.38)
ND
ND
ND
ND
ND
II 14
ng
ng
ng
ng
7.54 (15.75) 3.87 (12.29) ND ND ND ND ND
III 31.5
ng ng ng ng
7.51 (16.11) 3.60 (12.50) ND ND ND ND ND
120
C 0 4.89 2.65
A. flavus,
A. parasiticus
ng
9.89 (NA) 5.51 (NA) 12.49/8.08 3.94/1.14 3.88/2.88 2.27/2.11 2.40/1.95
I 10
ng ng ng ng
7.47 (16.15) 3.85 (12.23) ND ND ND ND ND
II 14
ng ng ng ng
7.43 (17.78) 3.84 (13.14) ND ND ND ND ND
III
31.5
ng
ng
ng
ng
7.41 (17.96)
3.82 (13.34)
ND
ND
ND
ND
ND
180
C 0 4.91 2.69
A. flavus,
A. parasiticus
ng
9.93 (NA) 5.63 (NA) 12.55/8.17 3.95/1.13 3.90/2.91 2.28/2.17 2.42/1.96
I 10
ng
ng
ng
ng
7.37 (18.82) 3.80 (12.99) ND ND ND ND ND
II 14
ng ng ng ng
7.35 (19.89) 3.78 (13.79) ND ND ND ND ND
III 31.5
ng ng ng ng
7.32 (19.89) 3.76 (14.19) ND ND ND ND ND
128
Table 2 - Fungi development on in-shell Brazil nuts treated at different ozone
concentrations and time of exposure during storage
nuts Groups: Ctl = control (no O
3
application); Group I (O
3
conc. = 10mg/L),Group II (O
3
conc. = 14 mg/L) and Group III (O
3
conc. = 31.5 mg/L);
g = growth; ng = no growth
fungi
storage time of in-shell Brazil nut O
3
treated
day 1 day 30 day 60 day 90 day 120 day 180
groups Ctl I II III Ctl I II III Ctl I II III Ctl I II III Ctl 1 II III Ctl I II III
Acremonium sp
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
Aspergillus. candidus Link
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A. flavus
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A níger
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A. ochraceus Wilhem
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A. parasiticus
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A. penicillioides Speg
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A. tamari
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A. versicolor
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A .ustus Thom & Church
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
A.wentii
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
Byssochlamys fulva
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
B. nivea Westling
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
Cladosporium sp.
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
Mucor sp
g g ng ng g ng ng ng g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
Penicillium. citrinum
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
P. corylophium
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
P. crustosum Thom
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
P. nalgioviense Laxa
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
P. variabile Sopp
g g g ng g ng ng ng g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
Rhizopus sp
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
P. viriticatum
g g g ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
Syncephalastrum
recemosum Cohn
g g ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng g ng ng ng
129
Effect of the O
3
Concentrations and Storage Time on the In-shell Brazil Nut Natural AFL
Contamination
In contrary of the nuts Control Group, a reduction on the AFL levels was detected throughout
the whole storage period of the in-shell Brazil nuts O
3
treated (Table 1). Just after the O
3
treatments, either at gas concentrations of 10, 14 or 31.5 mg/L, the Brazil nuts did not present
contamination by AFLs up to the method LOQ (0.50; 0.17; 0.50 and 0.17 µg/kg, for AFB
1
,
AFB
2
, AFG
1
and AFG
2
,
respectively). Although the three concentrations applied were able to
degrade the toxins, some AFLs were still detected i.e., 3.01 µg/kg (74% reduction) at the lower
O
3
concentration (10 mg/L) the toxins was able to be totally degradated after 30 days. As far as
the storage period and the AFL degradation are concerned, all the groups did not present any
AFLs contamination after one month of storage throughout the whole period. As expected, in the
Control Group the nuts AFL level remained or slightly increased from the beginning to the end
of storage (11.58 to 12.55 µg/kg, respectively). That could be explain by the controlled
experiment environment and storage conditions applied. The fact that other AFLs were detected,
i.e., AFB
2
and AFG
2
in the Control Group, it is probably because the nuts were obtained in the
retail market of Southern Brazil and not in the Amazon region, thus exposed to different fungi
spores through manipulation and or different environments, tropical to temperate climate,
respectively. Although studies on O
3
effect have been published on fungi in dried fruits (figs, red
and black peppers), cereal (rice, corn) and nuts (pistachios, peanuts), only a few are on AFLs
degradation (23, 29, 39,42). A reduction on the AFB
1
content
was observed by Inan et al. (42) on
red pepper ozonated at three concentrations (16, 33, 66 mg/L) and exposure times (7.5, 15, 30,
60 min). They found toxin reduction reduction of 80 and 93% after exposure to 33 and 66 mg/L
O
3
for 60 min, respectively. For pistachios exposed to gaseous atmosphere at 5.0, 7.0 and 9.0
mg/L concentrations, AFB
1
and total AFLs reduced (95%) at the highest concentration
(9.0mg/L) (29). Cottonseed and peanut meal when exposure to O
3
, AFB
1
and AFG
1
were
destroyed. Authors reported that O
3
at 25 mg/L reduced AFLs in both meal. Cottonseed meal had
91% of the total AFLs reduced (214 to 20 ppb) and peanut meal, 78% of AFL destroyed in 1 h,
(82 to 18 ppb). In both studies, AFB
1
was totally inactivated (22)
.
Prudente and King (39)
determined the efficacy and safety of ozonation degrading AFL in corn. O
3
reduced AFL levels
by 92% and no reversion to the parent compound was observed. In the present study with in-
shell Brazil nuts, the AFL reduction at Day One for 10 mg/L O
3
concentration was 74% and
130
100% reduction occurred only after 30 days throughout the rest of period of storage. For the
other O
3
concentrations used, a total AFLs degradation occurred.
Environmental Conditions During Stored of In-shell Brazil Nut O
3
Treated
The environmental conditions of temperature and relative humidity (RH) during the period
(May to October) of the in-shell Brazil nut storage in Southern Brazil were rather mild with
average temperature of 20°C (min 16.6 and max 20.6°C) and RH of 80% (min 75.8 and max
85.3%). Those conditions in the present experiment, together with other factors related (silos
tightly closed, low mc) reduced the possibility of fungi growth and AFLs formation, as well as
rancidity development, when compared to optimal conditions of 30°C, RH 80-85% (6) and mc >
8% (4). In this study it was observed that the Control Group did not show high fungi growth
during the six months of storage. That can be explained by the environmental conditions present
throughout the whole period, which were not adequate enough for fungi growth. Thus remaining
a constant total number of fungi, during storage, from 4.83 to 4.91 log cfu/g at the end of storage.
The environmental conditions are very important, since the collection of Brazil nuts in the forest
until reaching the stores for sale to consumers. In a work carried out by Pacheco and Scussel (11)
the authors reported that in the Brazil nut colleted in the Amazon forest from April to May, had
much higher rain precipitation index rather averages of 496.2 and 440.3 mm, in 2006 and 2007,
respectively. The RH outdoors of the factory, the authors reported to vary from 80 to 96% for
April and 80 to 93% for May in 2006, with average of 85.6% for both months. In contrary, the
storage conditions, in this study (May to October, 2008), for rain precipitation average was 126
mm (min 10mm and max 300mm). The RH indoors of storage room varied from 75.8 to 85.3%
(average 80%) for the period. The room temperature ranged from 18.8 to 20.6ºC (average
18.5ºC). As expected the indoor and outdoor environmental conditions were rather similar to the
outdoors in the period of study for RH and temperature.
131
Figure 3 - Relative humidity and temperature (averages/month) during the storage of in-shell
Brazil nut O
3
treated experiments (May to October -2008) in the site of study.
Effect of the O
3
Concentration and Time of Storage on the In-Shell Brazil Nuts Lipid
Stability and Quality of the Sensory Attributes
Rancidity is one of the most depreciative alterations that can occur in food containing lipids
regarding consumer acceptance. Methodology for that oxidation detection / quantification varies
and none can define that group of reactions solely. Therefore is necessary to use a combination
of methods and the sensory evaluation is one of the best method to determine lipid alteration. For
that reason, we applied the TBA together with the sensory evaluation for a better approach to
check nut acceptability regarding lipid degradation under the storage experiment conditions.
Lipid Stability: Table 3 shows the results of TBA tests on the nuts extracts from all Groups and
times of storage. The levels of MDA, formed by the TBA reactants in the in-shell Brazil nut O
3
treated did not increase significantly (Day one: 7.25; day 180 7.27 mg/kg) when compared to the
Control Group. The levels detected in the last month of storage were 7.27, 7.21, 7.21 and 7.80
mg/Kg for Groups I, II, III and Control, respectively. These results can be attributed to low
132
oxidation occurring on the storage silos. That probably due to lower temperature (average 19.6;
min 17.9°C and max 21.9°C), lack of light and the O
3
gas
influence on lipids. These results are
corroborated by experiments reported in vegetable and nuts. The same effect occured in aloe
powders when submitted to O
3
treatment (18 mg/L for 8 h), where the TBA test did not detect
significant changes in the lipid oxidation (56). Also Inan et al. (42) when working with red
pepper and Yesilcimen and Murat, (29) with pistachio. The authors reported that no significant
changes observed after those foods were O
3
treated, but the Control (not O
3
) with lipid oxidation
being detected during storage period. Our experiments data achieved with TBA test for in-shell
Brazil nuts are better understood if together with sensory evaluation which was carried out next.
Table 3 - Evaluation of lipid oxidation by the acid 2-thiobarbituric method of in-shell Brazil nuts
stored under different concentrations of ozone
storage (day) MDA
a
level
b
on the in-shell Brazil nut O
3
treated (mg/kg)
groups
control
I
c
(O
3
: 10 mg/L)
II
c
(O
3
: 14 mg/L)
III
c
(O
3
: 31.5 mg/L)
1 7.16 7.25 7.17 7.15
30 7.25 7.24 7.18 7.17
60 7.38 7.24 7.18 7.18
90 7.59 7.25 7.19 7.19
120 7.64 7.26 7.20 7.20
180 7.80 7.27 7.21 7.21
a
average (n=3);
b
O
3
treatement;
c
MDA increase from Day one to Day 180.
Nuts Quality Sensory Attributes: No significant changes (p<0.05) were found between shell and
nut appearances, strange odor, roasted flavor, rancidity and firmness scores of the ozonated
Brazil nuts samples stored (Table 4). It was observed on the sensory evaluation that all notes of
O
3
treated nut Groups, despite of the O
3
concentrations, did not differ greatly. They were
between 3 (indifferent) and 4 (like), different of the Control Group that received score 2 for most
of the attributes except for nut firmness (score 3). The treatment with O
3
and the period of
storage of the in-shell Brazil nuts, did not affect their sensory quality for all Groups. Also the
shell received score 4 except for roasted flavor (score 3). The data obtained are corroborated by
studies on pistachio nuts. When Yesilcimen and Murat (29) studied pistachio they observed no
133
significant changes between sweetness, rancidity, flavor, appearance and overall palatability of
ozonated and non-ozonated nuts. Apart from that, O
3
was also found to be better effective for
degrading AFLs in whole pistachio than ground ones. Inan et al., 2006 observed that the colour
values in red pepper did not present any significant changes after O
3
treatment and the
appearance was still quite acceptable. According to the present work carried out with O
3
in the
Brazil nuts and the sensory evaluation scores plus TBA test, one can conclude that the gas
treatment did not interfere greatly on the nuts lipid oxidation and their sensory attributes thus still
palatable apart from being safe.
134
Table 4 - Effect of different ozone concentrations and time of storage on the sensory attributes of in-shell Brazil nuts
a
nuts Groups: Ctl = control (no O
3
application); Group I (O
3
conc. = 10mg/L),Group II (O
3
conc. = 14 mg/L) and Group III (O
3
conc. = 31.5 mg/L);
a
values were the mean scores of 18 individual trained panelists. Results are based on a 5-points hedonic scale. Highest rating is: 5 like very much, 4 like, 3 neither like
nor dislike, 2 dislike and 1 dislike very much.
quality attributes
scores for Brazil nut O
3
treated per days of storage
day 1 day 30 day 60 day 90 day 120 day 180
groups: Ctl I II III Ctl I II III Ctl I II III Ctl I II III Ctl I II III Ctl I II III
edible part
nut appearance 2 3 4 4 2 4 4 4 2 3 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4
strange odor 3 3 4 4 3 4 4 4 3 3 4 4 3 4 4 4 3 4 4 4 3 4 4 4
roasted flavor 3 4 3 4 3 3 3 4 3 3 4 4 3 4 4 4 3 4 4 4 3 4 4 4
rancidity 2 3 4 4 2 3 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4
firmness 2 3 4 4 2 4 3 4 2 4 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4
shell
shell appearance 2 4 4 4 2 3 3 4 2 4 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4 2 4 4 4
135
3.5 Conclusion
O
3
reduced fungal growth and so AFLs in the ozonated in-shell Brazil nuts, consequently,
that treatment can be an effective method for reducing nut deterioration and toxin
contamination in the market. Regarding the O
3
concentration for the safest storage, by
utilizing 31.5mg/L, nuts can be free of fungi and AFLs since the first day of application under
the present experiment conditions. This study showed that O
3
treatment prior storage can
prolong the self life of in-shell Brazil nuts and it could be applied on nuts for export prior
shipping held in bags (60 kg bags) with or without vacuum. Currently in-shell Brazil nuts are
shipped either in bulks (loose) or in raffia bags (keep nuts micro-environment ventilated) and
piled up inside containers. By applying O
3
prior packing, nuts could be kept away from mold
and last safer longer. Also, fungi reduction just after harvesting in the forest by applying O
3
will certainly reduce the possibility of further mycelia proliferation and AFL formation. It
could be applied in other stages of the Brazil nuts productive chain (prior
transporting/processing/packaging/ shipping either in bulk or bags) as well as during truck
transportation and commercialization (raffia bags) in the country. In addition nuts O
3
treated
could be packaged in hermetic (silos bags) or under vacuum with shell resistant materials.
From a food quality and safety point of view prevention is a better strategy than detoxification
which is much more complicated and so the implications to human and animal health. Despite
of the findings, there is a need of more studies, especially on application (a) in pilot plants and
(b) with larger amounts of nut (c) under the Amazon forest environment (first and second
storages) prior factory processing, in order to establish the optimal applicable O
3
gas
concentration and time of exposure for maximum effectiveness utilizing the present findings.
Important to emphasize that gaseous O
3
decomposes to form O
2
and it does not affect the
environment, nor leave residues in the nuts. This work is part of a Research Project on
“Technology Development for Prevention and Control of AFLs in Stored Brazil Nutsthat
has been developed in the Food and Technology Department of the Federal University of
Santa Catarina/SC, Brazil.
Acknowledgment
Authors thank de Mello, F.R. for providing the Brazil nut samples and Simão, V. for carrind
out the LC AFLs analysis.
136
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140
4. ARTIGO
EVALUATION OF OZONE TREATMENT AND VACCUM PACKAGING FOR IN-
SHELL BRAZIL NUT FUNGI INACTIVATION AND AFLATOXIN
DEGRADATION DURING STORAGE
Trabalho submetido para publicação na revista: Journal of Agricultural and Food
Chemistry
141
EVALUATION OF OZONE TREATMENT AND VACCUM PACKAGING FOR IN-
SHELL BRAZIL NUT FUNGI INACTIVATION AND AFLATOXIN
DEGRADATION DURING STORAGE
4.1 Abstract
A study utilizing ozone (O
3
)
and vacuum packaging to find out their effect on in-shell Brazil
nuts fungi and aflatoxin (AFL) degradation was carried out together with lipid stability and
sensory evaluation after 60 days of storage 26ºC. In-shell Brazil nuts were O
3
treated at 31.5
mg/L (5h.), vacuum packaged in low oxygen permeability polyethylene bags, heat sealed and
stored (Group I). Groups of in-shell nut packs were kept for Control: no O
3
treatment / with
vacuum (Group II) and no O
3
/ no vacuum (Group III). The nuts initial fungi load was 4.83
log cfu/g, moisture content of 9.37% and AFLs of 11.58 µg/kg. Any fungi load change (on
MEA media), Aspergllus flavus and parasiticus (on AFPA media) growth/inhibition, AFL
presence (analyzed either in-shell and after shelling by LC/FD), lipid oxidation (TBA test)
and nut acceptance/rejection by sensory evaluation (attributes: nut shell and edible part
appearance, strange odor, residual taste, rancidity and firmness) were registered. Right after
the O
3
treatment no fungi and yeast count (cfu), neither the toxigenic species of Aspergillus
(A. parasiticus and/or A. flavus) growth were detected in the nuts and the same persisted
throughout the whole storage period. As expected, different behavior was observed in the
Control Groups. Group II nuts kept similar fungi count as the beginning of the experiment;
however, slightly lower, probably due to lack of oxygen by the vacuum environment. With
the exposure of O
3
, AFLs were not detected up to the LOQ of the method (0.50; 0.17; 0.50;
0.17 µg/kg) since Day One up to the end of the storage, different of the untreated nut packs
(Control Groups). The sensory evaluation showed that nuts O
3
treated and vacuum packaged
were still palatable and were accepted by the panelist groups scores ranging from 4 (like) to 5
(like very much), with no significant changes (p<0.05) between nut sensory attributes. O
3
gas
did not affect the lipids of the treated in-shell Brazil nuts and vacuum packaged. The
malonaldehyde values were constant throughout the whole storage period. The data obtained
here on O
3
+ vacuum + packaging showed that it can be an alternative procedure, easy to
apply, for transporting in-shell Brazil nuts in long distances such as: in the forest (raw) by
boat in the long and curved Amazon river, or during export– trips by ship can last 3 to more
weeks.
142
Keywords: Brazil nut, ozone, packaging, vacuum, mycoflora, aflatoxin, lipid oxidation.
4.2 Introduction
The Brazil nut trees (Bertholletia excelsa H.B.K.) grow in the Amazonian basin in
South America with thousands of tons of its seeds (the Brazil nuts), that are held in poods,
exported each year. The consumption of that nut in the internal market is very small, ca. 1%
of its production. Most are exported in natura, to European countries, North America and
more recently to China. Brazil nuts have 67.0, 17.0 and 7.0% of fat, protein and carbohydrates
as average (g/100g), respectively. The albumin fraction, the excelsine, is a complete protein,
leading Brazil nuts to the called by the Amazonian natives: the meat nut (de Souza,; de
Menezes, 2004; Pacheco, Scussel, 2006). They are also rich in selenium, an important
antioxidant (Cardarelli, Oliveira, 2000; Mehlenbacher, Janick, 2003; Pacheco, Scussel, 2007).
The occurrence of aflatoxins (AFLs) produced by strains of Aspergillus in Brazil nuts
has been reported (Pacheco, Scussel, 2007; 2009; Xavier, Scussel, 2008; Olsen et al., 2008).
Fungi can grow both, on the shell and in the nut i.e., the edible part, due to the penetration of
spores through the operculum and the cracks of the shell (de Mello, Scussel, 2007; Freire et
al., 2000). Therefore it is necessary to conduct studies to reduce the proliferation of fungi and
production of the toxin, mainly by modifying the factors that favor its production during the
harvest, storage (raw) as well as after processing when nuts are load in ships for export or on
trucks for road transportation in the country.
Packaging with modified atmosphere and vacuum have become increasingly popular
as preservation techniques, which has brought great advances in storage, distribution and
marketing of raw materials and processed products in order to meet the consumer demands.
Modified atmosphere and vacuum systems have provided improvements in the shelf life and
organoleptic quality in a range of food products and may be extended, depending on factors
such as: if raw or processed type, temperature, gas mixtures and packaging materials, to
several other food commodities (Farber, 1991; Church, 1998). The shelf life improvement
under modified atmosphere can vary up to 280%, when compared to the aerobic storage
(Reddy et al., 1992). As far as vacuum is concerned, the content of available O
2
, is reduced by
the vacuum, only, in sealed impermeable packaging, or by an additional injection of a gas free
of O
2
, such as carbon dioxide and/or nitrogen (New, 1988, Parry, 1993). Trials conducted
with pumpkin seeds (Bee, Barros, 1999), beans (Aguirre, Peske, 1991), wheat (Aguirre,
143
Peske, 1991) and peanuts (Odowd, Dobie, 1983) have indicated the viability of vacuum
storage for prolonging the shelf-life.
Fungi growth can make unacceptable the foods organoleptic characteristics due to
changes in color, odor and texture, apart from mycotoxin formation. Therefore the inhibition
of growth of these fungi results in a potential improvement of its shelf life when using
modified atmosphere and vacuum and it is considered one of the main benefits of that
technology (Church, Parsons, 1995; Farber, 1991).
Ozone (O
3
) is a recommended gas for use in the storage of grains. It is also indicated for
food disinfection especially because it does not leave any residue due to its structure rapid
decomposition (Zeynep, 2004). The main effects of the application of O
3
in the post-harvest
are: prevention and reduction/inactivation of fungal growth (Peres et al., 1999; Palou et al.,
2002; Alen et al., 2003), and bacteria and virus (Tyrrell et al., 1995, Kim et al., 1999; Xu et
al., 1999; Sharma et al., 2002), destruction of pesticides and chemical residues (Hwang et al.,
2001), control of the storage pests (Kells et al., 2001; Mendez et al., 2002) and degradation of
AFLs (Samarajeewa et al., 1990; Proctor et al., 2004; Yesilcimen et al., 2006; Giordano,
Scussel, 2009). Although the sensitivity of microorganisms to O
3
can be influenced by factors
such as species, moisture content (mc), microorganisms location in food, the forms of fruit,
the interactions between different parameters, etc. To reduce the activity fungi/yeast, the O
3
can be applied either for long periods in low concentration, or conversely short period, with
higher concentrations (Oztekin et al., 2006) also as a gas or aqueous solution. The destruction
of fungi and yeasts immediately after harvest certainly reduces the possibility of AFL
formation in the next stages of processing. From a food quality and safety in terms of
prevention is a better strategy than detoxification which is much more complicated.
Considering that in-shell Brazil nut for export (a) can get moldy in the nut shell
cracked parts and in between the shell and the peel (Conforcast, 2008), (b) fungi can grow
during nut shipping (load in bulks -loose) under favorable UR and TºC conditions and (d) O
3
together with vacuum packaging that have been used in several foods for fungi inactivation
and AFL degradation can be an alternative to control / prevent fungi spoilage and toxin
formation as well as to improve nuts quality; a work was carried out to study the influence of
in-shell Brazil nut treated with O
3
gas under vacuum packaging on fungi load reduction,
AFLs degradation during storage as well as the consumer acceptance.
144
4.3 Materials and Methods
Material
Sample. Dry (processed) in-shell Brazil nuts (4 kg). A naturally contaminated batch was
chosen for the study with initial total AFLs (AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
and AFG
2
) of 11.58 µg/kg
obtained from the retail market in Southern Brazil. Total fungi count: 4.83 log cfu/g and
9.43% and mc. Export Medium size Type: 40-50 mm length (de Mello, Scussel, 2007).
Samples Preparation. Brazil nuts were aseptically divided into portions of 200 g to be
treated with the O
3
and vacuum packed.
O
3
Treatment. Container with an upper lid and two apertures for the O
3
application as
reported by Giordano and Scussel (2009); O
3
generator (Megazon).
Vacuum Packaging. Vacuum machine with heat sealer (Sunnyvale). Packaging material:
polyethylene film, 0.025 mm thickness with low permeability to O
2
, thermal retracted,
thickness 80µ, weight 78 g/m
2
. Bags dimensions: 10 x 20 cm (height x width, respectively).
Iodinemetrical Test. Potassium iodine, sulphuric acid and sodium thiosulfate analytical
Grade (Vetec). Starch indicator (Synth).
Storage. BOD oven (Dist).
Analysis. (a) Mycology tests: (a1) culture media: malt extract agar - MEA (Himedia);
Aspergillus flavus and parasiticus agar - AFPA (Fluka) and peptone agar (Himedia); (a2)
tween 80 (CRQ); (a3) equipment and apparatus: automatic pipette 100 and 1000µl tips
(Digipet); autoclave (Phoenix); oven (Fanen); microscope (PZO); incubator set at 20-25°C
(Dist); analytical scale (Mettler); semi-analytical scale (CAB); microscope stereoscopic
(Carlzeiss Jena); colony counter (Phoenix). (b) Mc: microbiological oven (Fanen); analytical
scale (Mettler); semi-analytical scale (CAB) an industrial Brazil nut cracker provided by
CIEX (Manaus, AM). (c) Aflatoxin analysis: (c1) aflatoxin standards: AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
and
AFG
2
(Sigma); (c2) chemicals: methanol, acetonitrile, benzene, toluene (Carlo Erba).
Ultrapure water (MilliQ system, Millipore); (c3) liquid chromatograph: isocratic pump, model
305 (Gilson) and fluorescence detector model 121 (Gilson). Column C
18
(15 mm, 4.6 mm, 5
µm for length, diameter and particle size, respectively (Phenomenex). (d) Lipid peroxidation:
2-thiobarbituric acid -TBA, trichloroacetic acid -TCA, butylated hydroxytoluene BHT and
ethanol (Vetec). Analytical scale (Mettler), homogenizer (IKA T 25 Ultra Turrax), water
bath (Quimis) and spectrophotometer (Hitachi). (e) Sensory evaluation: in-shell Brazil nuts
shells and edible parts (ca. 8g each) from each month and Group (Controls and with
treatment), polyethylene cups, spring water and a group of 18 panelists.
145
Methods
Sample Preparation for O
3
Application. In-shell Brazil nuts previously analysed for fungi
load, mc, AFLs contamination, lipid oxidation and sensory evaluation were aseptically
weighted into portions of 4 kg to be added into silo for the O
3
treatment.
O
3
Application. The O
3
gas was applied to the in-shell Brazil nuts utilizing the O
3
generator,
until the concentration reached 31.5 mg/L (5 h) (Giordano, Scussel, 2009).
Packaging preparation. The ozonated portions of (200 g) were aseptically placed into the
16 polyethylene bags previously prepared, applied vacuum and quickly sealed by heating (n =
2). The nut packs were divided into 3 Groups: Group I (O
3
conc. = 31.5 mg/L), Group II
(Control = no O
3
application / with vacuum) and Group III (Control = no O
3
/ no vacuum).
Each group was carried out in duplicate (n =2) (Figure 1).
Iodinemetrical Test. The high O
3
concentration were checked by measuring it by titration.
The gas was bobbled into a potassium iodide solution (50 mL), acidified with 2.5 ml of
sulfuric acid 1N (pH below 2.0). The solution was then titrated with sodium thiosulfate 0.005
N using a starch solution as the indicator (APHA, 1980).
Storage. Nut packs were stored at 26°C in BOD oven for a period of two months
(December 2008 to February 2009). Samples were collected also before and after injection of
O
3
every 30 days for mycology analysis, mc, AFLs, lipid oxidation and sensory evaluation
two intervals of 30 days.
Sample Collection for Analysis. Two packs (n=2) of 200 g portions of in-shell Brazil nuts
from each group were collected from the BOD storage to be analysed for: fungi, mc, AFLs,
lipid oxidation and sensory evaluation. That was at Day One, after 30 and 60 days.
Mycology. For total fungi count, the method used was of Pit and Hocking (1997) by
applying serial dilutions (10
-1
to 10
-4
) on to the surface of MEA media. For fungi
identification the method was of Machida, Saito (1999). The identification of fungi in genus
and species was carried out according to the keys of Samsom et al., (2004). The strains
aflatoxigenicity was checked utilizing the AFPA by Pitt et al. (1983).
Mc. by gravimetry (AOAC, 2005).
Aflatoxins. By liquid chromatography with fluorescence-detection FD at 330 (ex.) and 460
(em.) nm, LOD 0.25; 0.08; 0.25 and 0.08 µg/kg e LOQ 0.50; 0.17; 0.50 and 0.17 µg/kg, for
AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
and AFG
2
, respectivily (Sobolev, 2007); mobile fase was
water:MeOH:ACN (60:15:15).
Lipid Peroxidation. TBA method by Yaacoub et al. (2008). For extraction, 2 g of the
sample was homogenized together with 5% (w/v) aqueous solution of TCA containing 100
µL
146
of freshly prepared BHT in ethanol (1 mg/mL) by using a homogenizer set at 20 000 rpm for
15 s. After filtration, extract was mixed with TBA solution (20 mol/L) in stopered test tubes
immersed in a 70 °C water bath for 30 min and then rapidly ice cooled. The absorbance of the
reaction solutions was read at 532 nm against a blank containing of TCA and TBA reagent.
The results were expressed as mg of MDA equivalents per kg of nut sample using a molar
extinction coefficient of 1.56 x 10
5
M
-1
cm
-1
for MDA. LOQ was 0.37 mg/Kg.
Sensory Evaluation. Descriptive quantitative analysis (DQA) was by Stone, Sidel (1993). It
was conducted using 18 trained panelists during four sessions (n=4). Nuts were peeled and
served at room temperature in plastic cups that received a random three-digits code number.
At each session the panelists were encouraged to use associative and cognitive terms to
describe impressions perceived, for each reference nut sample. It was used a hedonic scale of
5 points (1 for dislike very much, 2 for dislike, 3 for neither like nor dislike, 4 for like and 5
for like very much) for shell and the edible nut part. The sensory attributes of Brazil nuts
analysed were: shell appearance, nut appearance, strange odor, roasted flavor, rancidity and
firmness.
Statistical Analysis. Statistical analysis was performed by analysis of variance (ANOVA).
Figure 1 - Flowchart of the in-shell Brazil nuts storage under O
3
treatment with vacuum and
packaging.
147
4.4 Results and Discussion
The data of total fungal counts, the toxigenic species of genus Aspergillus, the moisture
content and AFLs of in-shell Brazil nut treated with O
3,
and packaged under vacuum and
stored for 60 days are presented in Table 1. Figures 1 and 2 represent the results of the
evaluation of the oxidation of lipids and sensory analysis of the nuts, respectively.
Effect of the O
3
Treatment, Vacuum Packaging and Storage Time on the in-shell Brazil
nut mycoflora and moisture content
Total Fungi Count. As expected, fungi and yeasts as well as, the mc of in-shell Brazil nuts
were sensitive to O
3
when compared to the Control Groups (II = no O
3
/ with vacuum; III =
no O
3
/ no vacuum). The vacuum packaged Brazil nuts, immediately after (Day one) the O
3
treatment with 31.5 mg/L and until the end of the experiment (60
th
day), showed no fungal
growth. In contrary, the Control Groups, from previous 4.83 log cfu/g, reached 4.86 and 6.86
log cfu/g, for II and III respectively. The Group III, as expected, the total count of fungi and
yeasts increased and Group II kept it fungi load showing that the O
3
is a powerful oxidizing
agent that is very effective in destroying fungi.
Regarding the extent of fungal growth and O
3
modified atmosphere, studies have been
developed in figs (Oztekin et al., 2006), black pepper (Zhao, Cranston, 1995), barley (Allen et
al., 2003), pistachio (Yesilcimen and Murat, 2006), among other foods. As a disinfectant, O
3
is 1.5 times stronger than chlorine and is very effective over a wider spectrum of
microorganisms including fungi (Xu, 1999). O
3
is a strong oxidant that has been effectively
used to control fungal growth and reduce contamination by mycotoxins (Kim et al., 1999).
Moisture Content. The mc of in-shell Brazil nut analyzed before (Day zero) the treatment
with O
3
and vacuum packing was 9.37%. The packs of nuts treated with O
3
and stored under
vacuum packaging had a small reduction in mc (from initial 9.37 to 8.53%). The same
happened for different commodities reported by several authors. When pistachio paste was
packed under vacuum the mc reduced (from 8.65 to 7.56 %) in 7 month of storage (Gamh,
Hayoglu, 2007). Also Torun (1999) found similar mc behavior when walnuts were stored
under different temperatures and packing materials. Another study with pecans, 60% RH
reduction in mc after 6 months of storage (Dull, 2006).
Packaging under vacuum offers protection against O
2
and does not favor the development
of fungi. Exposure to moisture results in loss of crunchiness and shelf life, different than what
occurs with vacuum packing, where there is no contact of the food/nut with the exterior
148
environment (Saleemullah, et al., 2006). In a similar way, prolonged exposure to O
2
results in
rancidness, whereas packing under vacuum protects the food from exposure to O
2
.
Aflatoxigenics Species of Aspergillus. The considerations above were made with respect to
the total fungi and yeasts count. When evaluating especially the aflatoxigenic fungi (A. flavus
and A. parasiticus), under the O
3
and vacuum conditions, the development of aflatoxigenic
species was observed only on to those that were not O
3
treated (Controls II and III) they
presente development of the Aspergillus aflatoxigenic species. Mason et al., (1997) reported
growth inhibition of A. flavus Link and Fusarium moniliforme Sheldon cultures, as well as
sporulation and mycotoxin production when O
3
was applied (5 mg/L). The low concentrations
of O
3
protect food from fungal contamination and subsequent their growth, though higher
doses are necessary to kill fungi in contaminated areas (Rice et al., 1982) which was what was
uded and corroborated by the present study findings.
149
Table 1 - Total fungi count, Aspergillus aflatoxigenic species, moisture content and evaluation AFLs levels in-shell Brazil nut under vacuum
packaging after O
3
treatment for 60 days at 26°C
storage
(days)
in-shell Brazil nut vaccum packed
O
3
treatment total count (log cfu/g)
aflatoxigenic species of
Aspergillus
moisture
content
(%)
AFLs (µ
µµ
µg/Kg)
a
groups
conc.
(mg/L)
fungi yeast
AFLs
b
AFB
1
AFG
1
AFB
2
AFG
2
(Group I) ozone with O
3
/ with vacuum
0
c
control no O
3
4.83 2.50
A. flavus
A. parasiticus
9.37 11.58 3.57 3.48 2.32 2.21
1
d
treatment with O
3
31.5
ng
e
ng
ng
ng
ng
ng
9.04 ND ND ND ND ND
30
ng
ng
ng
ng
ng
ng
8.80 ND ND ND ND ND
60
ng
ng
ng
ng
ng
ng
8.47 ND ND ND ND ND
(Group II) control no O
3
/ with vacuum
0
c
4.83 2.50
A. flavus
A. parasiticus
9.37 11.58 3.57 3.48 2.32 2.21
30
4.80 2.47
A. flavus
A. parasiticus
8.91 11.59 3.56 3.49 2.33 2.21
60
4.86 2.49
A. flavus
A. parasiticus
8.54 11.60 3.56 3.49 2.33 2.22
(Grupo III) control no O
3
/ no vacuum
0
c
4.83 2.50
A. flavus
A. parasiticus
9.37 11.58 3.57 3.48 2.32 2.21
30
5.84 2.57
A. flavus
A. parasiticus
9.57 12.06 3.69 3.78 2.23 2.36
60
6.86 2.60
A. flavus
A. parasiticus
9.63 12.24 3.83 3.82 2.22 2.37
a
LOD: 0.25; 0.08; 0.25 and 0.08 µg/kg and LOQ: 0.50; 0.17; 0.50 and 0.17 µg/kg for AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
and AFG
2
, respectively;
b
AFB
1
+AFG
1
+AFB
2
+AFG
2
;
c
before O
3
treatment;
d
just after O
3
treatment;
e
no
growth;
ND = not detected
150
Effect of O
3
Treatment, Vacuum Packaging and Storage on the in-shell Brazil nut Natural
AFL Contamination
As reported by Giordano and Scussel (2009) utilizing the same O
3
concentration 31.5 mg/L on
in-shell stored nuts, however stored loose in silos, at room temperature (20°C), which was lower
than the present experiment and RH of 82 %, fungi and AFLs were totally inactivated. Here it
was included vacuum which is another controlling (addition) fungi growth method, AFLs were
again, not detected neither at Day one, nor after 30 and 60 days of storage. The same did not
occur in the Control Group where AFLs were still detected (Table 1). These results are in
agreement with the literature available on AFL degradation by O
3
. This oxidation method
(ozonation) has been developed for the detoxification of AFLs in foods (Samarajeewa et al.,
1990). The O
3
reacts with 8, 9 double bond of the furan ring of AFL through electrophilc attack,
causing the formation of primary ozonides followed by rearrangement in monozonide derivatives
such as aldehydes, ketones and organic acids (Proctor et al., 2004). The attractive aspect of O
3
is
that it decomposes rapidly (half-life of 20-50 minutes) to molecular oxygen without leaving a
residue (Kells et al., 2001).
Lipid Stability and Sensory Analysis of the in-shell Brazil nut versus Treatment with O
3
,
Vacuum and Storage Time
Lipid Oxidation: With respect to the possible stability of the lipids in the in-shell Brazil nuts O
3
treated and vacuum packaged, it was observed that the values of MDA lowered and kept constant
throughout the whole period of storage (Figure 2) with 8 mg/Kg.The same occurred when Gamh
and Hayoglu (2007) studied vacuum packaged pistachio. The authors observed no significant
difference on the TBA values during the storage period in pistachio. These results can be
attributed to the reduction in the speed rate of oxidation, both by the withdrawal of air (vacuum)
and by O
3
treatment (removing waste from O
2
). The Control samples had an increase of MDA.
Similar results occurred in peppers and pistachio after the application of O
3
and vacuum
packaging the effect on lipid oxidation was not apparent, which could not alter the sensory
characteristics (Yesilcimen, Murat, 2006).
Sensory Evaluation: The sensory analysis of the in-shell Brazil nuts treated with O
3
and
vacuum packed did not present significant changes (p <0.05). The scores for the sensory
attributes tested (shell appearance, appearance nut, strange odor, residual taste, rancidity and
151
firmness) are shown in Figure 3. It was observed that, all scores for the O
3
treated nuts during
storage period did not differ much. They were between 4 (like) and 5 (like very much). It was
verified that O
3
leaves no residue, neither residual odor or taste. Similar occurred when Inan et al.
(2006) worked with red pepper ozonation. They did not register significant sensory changes after
the O
3
application as the peppers were still quite palatable. When Yesilcimen and Murat (2006)
studied the quality of pistachio, no significant changes were observed between sweetness,
rancidity, taste, overall appearance and taste, compared to Control samples (no O
3
) indicating the
efficacy of that gas application. Other authors also have reported the efficiency of the O
3
and its
low interference in the sensory attributes of quality in several products such as vegetables, fish,
birds carcasses and their by-products (Takaharra, Naito, 2006; King, Walker, 2000; Naito, 2006;
Ibanoglu, 2001). In a work carried by Dull (2006) with pecans, the author reported a slightly
better sensory quality on the vacuum packaging nuts after 6 months of storage at 24 °C.
Figure 2 - Effect of ozone treatment and vacuum packaging on lipid oxidation of in-shell Brazil
stored for 60 days
152
Figure 3 - Effect of ozone treatment and vacuum packaging on the sensory attributes of in-shell
Brazil nuts stored for 60 days (hedonic scale of 5 points (1-dislike very much, 2- dislike, 3-
indifferent, 4- like, 5- like very much)
4.5 Conclusion
The in-shell Brazil nut O
3
treated at 31.5 mg/L for 5 hours with vacuum packaging study,
revealed a successful reduction/inactivation of total fungi / yeast load and AFLs degradation.
That procedure, apart form preventing and controlling fungi proliferation and AFLs
contamination, can maintain nut sensory quality. It could be a safer alternative for shipping
batches of in-shell Brazil nut abroad in 40 kg bags to be pilled up in containers. Trips to
foreigner countries can take long, reaching 3 to 4 weeks. Treating then with O
3
gas and pack
under vacuum can keep whole nuts under stable conditions during the journey - a key point. It
also could be an effective method to be used in the retail market and even in the forest 1
st
ands
2
nd
storage stages (raw in-shell nut) prior processing them (Pacheco and Scussel 2006). A study
on packaging resistance material will be a future work to be carried out with a three transversal
layered material, more resistant to the sharp corners of the three faced nut shell.
This is the first study reported out on O
3
gas treatment and vacuum packaging for storage of in-
shell Brazil nut. Important to emphasize that the O
3
gas was chosen to be use, instead of aqueous
153
O
3
solution, due to the fact that gas can be more deeply distributed and defused in the interstitial
nuts spaces, reaching more efficiently the moldy the areas and AFLs, than aqueous solutions
which can add moist, thus interfering with the crunchy and firm characteristics of the dry nut
product.
The data obtained here on O
3
+ vacuum + packaging showed that it can be an alternative
procedure, easy to apply, for transporting in-shell Brazil nuts in long distances such as: in the
forest (raw) – by boat in the long and curved Amazon river, or during export– trips by ship.
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157
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da presença de AFLs em castanha-do-Brasil, a heterogenicidade desta ocorrência
demostra que diversos fatores podem agir isoladamente ou em associação para determinar as
condições ideais de produção das AFLs, ou que suas características físico-químicas ou
organolépticas sejam alteradas negativamente.
As condições ambientais em toda a cadeia produtiva são extremamente dinâmicas a cada safra, e
os controles aplicados em caráter preventivo têm papel fundamental em diminuir a possibilidade
de instalação do fungo e produção da toxina, que demonstra ter alta ocorrência mesmo nas etapas
anteriores ao beneficiamento.
Para diminuir a ocorrência e a possibilidade de instalação do fungo e a posterior produção de
toxina, são propostos métodos mais adequados, como a utilização do gás O
3
durante o
armazenamento da castanha-do-Brasil. Por ter como propriedade ser um poderoso oxidante, ele
previne, inativa os fungos e degrada toxinas. Sabendo disso, há necessidade de ter novos estudos,
sobre a concentração de O
3
por quantidade de castanha-do-Brasil; o estudo de onde seria melhor
aplicado o O
3
nas unidades de armazenamento e estudo de uma unidade de armazenamento ideal
para ser aplicado o O
3
.
Em função do impacto que podem causar tanto na saúde do comsumidor, como também no
âmbito comercial, a castanha-do-Brasil necessita de monitoramento contínuo na sua qualidade.
Assim, observa-se que os dados obtidos podem ser úteis para subsidiar a busca de outros
mecanismos de melhoria da cadeia produtiva da castanha-do-Brasil, de forma a contribuir na
manutenção desta atividade tão importante aos povos da Amazônia.
158
APÊNDICES
159
APÊNDICE A
TRABALHO APRESENTADO NO XIII ENCONTRO NACIONAL DE MICOTOXINAS,
6 A 8 DE AGOSTO DE 2008, RIO DE JANEIRO
INFLUÊNCIA DO OZÔNIO NOCONTEÚDO DE UMIDADE DA CASTANHA-DO-
BRASIL (BERTHOLLETIA EXCELSA H.B.K.)
160
161
162
163
APÊNDICE B
TRABALHO APRESENTADO NO CONTROLLED ATMOSPHERE AND
FUMIGATION, 21 A 26 DE SETEMBRO DE 2008, CHENGDU, CHINA
EFFECT OF OZONE GAS ON BRAZIL NUT (BERTHOLLETIA EXCELSA H.B.K.)
MYCOFLORA AND AFLATOXIN REDUCTION
164
165
166
167
168
169
170
171
APÊNDICE C
TRABALHOS APRESENTADOS NO XVI ENCONTRO NACIONAL E III
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE ANALISTAS DE ALIMENTOS, 19 A 23 DE
JULHO DE 2009, BELO HORIZONTE
I SUSCETIBILIDADE DO ASPERGILLUS FLAVUS E PARASITICUS EM
CASTANHAS-DO-BRASIL COM CASCA TRATADAS COM OZÔNIO E EMBALADAS
À VÁCUO
II ESTUDO DA ESTABILIDADE LIPÍDICA NA ARMAZENAGEM DA CASTANHA-
DO-BRASIL COM CASCA TRATADAS COM OZÔNIO E EFEITOS NAS
CARACTERISTICAS SENSORIAIS
172
SUSCETIBILIDADE DO Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus EM CASTANHAS-
DO-BRASIL COM CASCA TRATADAS COM OZÔNIO E EMBALADAS À VÁCUO
*GIORDANO, B.N.E.
1
; MANFIO, D.
2
; GALVÃO, S.
3
; PANINI, R.L.
4
; MOECKE, E.
5
;
SCUSSEL, V.M.
6
1
Bolsista CAPES, Discente de Mestrado em Ciências dos Alimentos (CAL/CCA/UFSC);
2
Mestrando em Ciência dos Alimentos
(CAL/CCA/UFSC);
3
Estagiárias (CAL/CCA/UFSC);
5
Coordenadora do Laboratório de Microscopia- NUMIC(CAL/CCA/UFSC);
6
Profa Dra,
Laboratório de Micotoxicologia e Contaminantes Alimentares –LABMICO, Depto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências
Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina (CAL/CCA/UFSC). Endereço:Rod Admar Gonzaga 1346, Itacorubi, Florianópolis-SC, CEP
88034-001; *e-mail do autor para correspondência –
1. INTRODUÇÃO
As castanheiras são árvores nativas da floresta amazônica. Tem sido relatada em seus
frutos (castanhas-do-Brasil) a ocorrência de aflatoxinas (AFLs) produzidas por espécies de
Aspergillus (OLSEN et al., 2008; PACHECO & SCUSSEL, 2009). Fungos podem crescer tanto
na casca quanto entre a casca e a amêndoa (CONFORCAST, 2008) devido à penetração de seus
esporos através do opérculo e de rachaduras da casca, podendo assim produzir as AFLs (De
MELLO & SCUSSEL, 2007; XAVIER & SCUSSEL, 2008). O ozônio (O
3
)
é um gás
recomendado na armazenagem de grãos e também para alimentos em geral, pois não deixa
qualquer resíduo devido a sua rápida decomposição. Um dos principais efeitos do O
3
na fase pós-
colheita é a prevenção e diminuição do crescimento fúngico (PALOU et al., 2002). Alimentos
tratados com O
3
devem ser embalados utilizando métodos adequados, tais como armazenamento
hermético ou à vácuo (OZTEKIN et al. 2006).
2. OBJETIVO
Avaliar a ação O
3
sobre a micobiota bem como nas espécies A. flavus e parasiticus, e
AFLs em castanha-do-Brasil com casca embaladas à vácuo.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Amostras: castanha-do-Brasil com casca, Tipo Médio (comprimento: 40 - 50 mm) para
Exportação, (carga fúngica, conteúdo de umidade e AFLs previamente avaliados = 6,9 x 10
4
cfu/g, 9,37 e 11.58%, respectivamente). Preparo da amostra: as castanhas foram assepticamente
divididas em porções de 200 g, tratadas com O
3
e embaladas à vácuo utilizando embalagem (10 x
20 cm, altura e largura) com baixa permeabilidade à O
2
. Tratamento com O
3
: O gás foi aplicado
nas castanhas antes de embalar até atingir a concentração de 31,5 mg/L (tempo: 5 hs) Grupo I.
Em seguida foram colocadas assepticamente em embalagens previamente preparadas,
submetidas ao vácuo e rapidamente seladas por aquecimento (n=2). Controle: Grupo II sem
O
3
/com vácuo. Armazenagem: Em estufa DBO à 26
o
C por 2 meses (dez./2008 a fev./2009).
173
Amostras foram coletadas a cada 30 dias para análises. Micologia: (a) contagem de fungos totais
com extrato de malte (MEA) (PIT & HOCKING, 1997) e (b) isolamento de cepas
aflatoxigênicas verificadas utilizando o método AFPA para A. flavus e A. parasiticus (PITT et
al., 1983). Aflatoxinas: por LC/FD, ex.330; em.460 nm (SOBOLEV, 2007). LOD 0.25; 0.08;
0.25 and 0.08 µg/kg e LOQ 0.50; 0.17; 0.50 and 0.17 µg/kg, para AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
e AFG
2
,
respectivamente (d) conteúdo de umidade: por gravimetria (AOAC, 2005).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados da contagem total de fungos, as espécies toxigênicas do gênero Aspergillus, o
conteúdo de umidade e AFLs das castanhas com casca tratadas com O
3
, embaladas à vácuo e
armazenadas estão apresentados na Tabela 1. Fungos: Foi observada redução na contagem total
de fungos e leveduras nas castanhas com casca tratadas com O
3
quando comparadas com as do
grupo Controle com vácuo. Foi observado que os pacotes de castanhas embaladas à cuo, tanto
logo após o tratamento com O
3
(conc. 31,5mg/L) (Grupo I) como durante os primeiros 30 dias de
armazenagem e no final do experimento (60 dias), não apresentaram crescimento fúngico, bem
como de leveduras. Isso provavelmente ocorreu, devido à uns dos principais efeitos do O
3
na
fase pós-colheita: a prevenção e/ou redução de fungos através da sua destruição. Diferentemente,
ocorreu com o grupo Controle que previamente apresentava 6,9 x 10
4
ufc/g e após embalado à
vácuo não apresentaram diferença na carga fúngica
nos dias de armazenagem zero, 30 e 60.
Espécies aflatoxigênicas: Não foi observado desenvolvimento de espécies aflatoxigênicas ie., A.
flavus e A. parasiticus, nas castanhas tratadas com O
3
e embaladas à vácuo, diferente do que
ocorreu nas castanhas Controle, onde ocorreu desenvolvimento dessas espécies aflatoxigênicas.
Aflatoxinas: as castanha expostas ao O
3
e embaladas à cuo, não apresentaram AFLs
detectáveis desde o dia zero até os 60 dias de armazenagem. no grupo Controle AFLs ainda
foram detectadas, o que também ocorreu em castanhas tratadas com O
3
armazenados à granel em
silos por 3 meses (GIORDANO et al., 2008). Essa redução provavelmente ocorreu devido a sua
degradação causada pelo O
3
. Em paralelo
as castanhas embaladas sob vácuo, se mantiveram
estáveis porque houve proteção contra a entrada de O
2
e umidade, não favorecendo o
desenvolvimento de microrganismos. Umidade: As castanhas tratadas com O
3
e armazenadas em
embalagem à vácuo apresentaram uma pequena redução no conteúdo de umidade: de 9,37%
(sem tratamento/O
2
/sem embalagem) inicial, reduziu para 9,04% após O
3
e chegando a 8,53% no
final da armazenagem.
174
Tabela 1. Contagem total de fungos e leveduras, fungos aflatoxigênicos, conteúdo de umidade e AFLs após do tratamento com
O
3
em castanha-do-Brasil armazenada por 60 dias
Armazenagem
(dias)
Castanha-do-Brasil embaladas à vácuo
Tratamento com O
3
Contagem total (cfu/g)
Espécies
aflatoxigênicas
de Aspergillus
Conteúdo de
umidade
(%)
AFLs (
µ
g/Kg)
Grupo
Conc.
(mg/L)
Fungos
(10
4
)
Leveduras
(10
2
)
AFLs
AFB
1
AFG
1
AFB
2
AFG
2
(Grupo I) Ozônio
0
a
C ST 6,9 3,2
A. flavus
A. parasiticus
9,37 11.58 3.57 3.48 2.32 2.21
1
b
T com O
3
(31,5)
NC NC NC 9,04 ND ND ND ND ND
30
T NC NC NC 8,90 ND ND ND ND ND
60
T NC NC NC 8,53 ND ND ND ND ND
(Grupo II) Controle Sem O
3
/com vácuo
0 Controle 6.9 3.2 A. flavus
A. parasiticus
9.37 11,58 3,57 3,48 2,32 2,21
30 6.8 3.0 A. flavus
A. parasiticus
8.91 11,59 3,56 3,49 2,33 2,21
60 6.9 3.1 A. flavus
A. parasiticus
8.54 11,60 3,56 3,49 2,33 2,22
a
antes do tratamento com O
3
b
logo após o tratamento com O
3
; C = controle; T = tratamento; ST = sem tratamento; NC = não cresceu; LOD 0.25;
0.08; 0.25 and 0.08 µg/kg e LOQ 0.50; 0.17; 0.50 and 0.17 µg/kg, para AFB
1
, AFB
2
, AFG
1
e AFG
2
; ND= não detectado.
5. CONCLUSÃO
Pelos dados obtidos, o O
3
foi capaz de reduzir a carga fúngica e as leveduras que
contaminavam a castanha e as espécies: A. flavus e A. parasiticus não obteveram condições para
crescimento. O
3
também favoreceu a degradação das AFLs e o uso de embalagem juntamente
com o vácuo intensificou a ação do gás. Portanto, os métodos aplicados conjuntamente nesse
estudo (O
3
+ vácuo + embalagem) sugerem ser uma alternativa de controle para o embarque de
castanha-do-Brasil em longas viagens durante exportação.
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175
ESTUDO DA ESTABILIDADE LIPÍDICA NA ARMAZENAGEM DA CASTANHA-DO-
BRASIL COM CASCA TRATADAS COM OZÔNIO E SEU EFEITO NAS
CARACTERISTICAS SENSORIAIS
*GIORDANO, B.N.E.
1
; MANFIO, D.
2
; GALVÃO, S.
3
; PANINI, R.L.
4
; GONZAGA, L.
5
;
SCUSSEL, V.M.
6
1
Bolsista CAPES, Discente de Mestrado em Ciências dos Alimentos (CAL/CCA/UFSC);
2
Mestrando em Ciência dos Alimentos
(CAL/CCA/UFSC);
3
Estagiárias (CAL/CCA/UFSC);
5
Laboratório de Bromatologia (CAL/CCA/UFSC);
6
Profa Dra, Laboratório de
Micotoxicologia e Contaminantes Alimentares –LABMICO, Depto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Federal de Santa Catarina (CAL/CCA/UFSC). Endereço:Rod Admar Gonzaga 1346, Itacorubi, Florianópolis-SC, CEP 88034-
001; *Autor para correspondência –
1.INTRODUÇÃO
A castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa, H. B. K.), também conhecida como castanha-
do-pará, tem alto potencial econômico. A amêndoa contém elevado teor de lipídios, proteínas,
além de fibras, vitamina E e minerais tais como fósforo, potássio, magnésio, cálcio e selênio
(PACHECO; SCUSSEL, 2006). A degradação ou oxidação lipídica muito tem sido
considerada um grave problema no armazenamento de óleos e gorduras, bem como alimentos
contendo lipídios. Essa oxidação produz compostos responsáveis por sabores e aromas
indesejáveis no alimento, e leva à produção de compostos tóxicos (hidroperóxidos),
comprometendo também a qualidade nutricional e sua aceitabilidade pelo consumidor. Um dos
métodos para controlar a oxidação de óleos e gorduras comestíveis é a utilização de embalagem
à vácuo para expelir o oxigênio atmosférico aumentando assim, o tempo de armazenamento. A
utilização do gás O
3
juntamente com a embalagem à vácuo podem controlar a oxidação dos
lipídios e reduzir a carga fúngica com possível redução de aflatoxinas (MIRALIAKBARI;
SHAHIDI, 2008).
2. OBJETIVO
Estudar a influência do O
3
na estabilidade lipídica de castanhas-do-Brasil com casca,
embaladas à vácuo bem como seu efeito nas características sensoriais durante armazenagem.
3. MATERIAL E MÉTODOS
Amostras: castanha-do-Brasil com casca. Preparo da amostra: as castanhas foram
assepticamente divididas em porções de 200 g para serem tratadas com O
3
e embaladas à vácuo.
Tratamento com O
3
: O gás foi aplicado nas castanhas acondicionadas em um silo de PVC até
atingir a concentração de 31,5 mg/L (tempo de 5 hs), colocadas assepticamente dentro das
176
embalagens (de baixa permeabilidade à O
2
) previamente preparadas, submetidas ao vácuo e
rapidamente seladas por aquecimento (n=2). Armazenagem: Os pacotes foram colocados em
estufa DBO 26
o
C por 2 meses (dez./2008 a fev./2009) e coletadas a cada 30 dias para análises.
Oxidação lipídica: método de TBA (ácido 2-tiobarbiturico) de YAACOUB et al. (2008). As
castanhas foram homogenizadas com solução aquosa de TCA (ácido tricloroacético) juntamente
com BHT em metanol. Após a filtração o extrato foi misturado com TBA e incubado em banho
maria, após resfriamento rápido a formação da cor vermelha (complexo MDA/TBA), onde o
malondialdeído (MDA) é determinado à 532 nm e expresso em equivalentes de MDA mg/kg de
castanha. Análise sensorial: análise descritiva quantitativa (ADQ) por STONE e SIDEL (1993),
realizada utilizando equipe de 18 provadores treinados em quatro sessões. As castanha-do-Brasil
foram descascadas e servidas em temperatura ambiente em recipientes codificados (3 dígitos).
Os 5 atributos das castanhas foram julgados. Análise estatística: análise de variância (ANOVA).
Teste de Turkey para avaliar diferenças significativas entre as médias (P <0,05).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estabilidade lipídica: O TBA utilizado como reagente, para indicar rancidez das castanhas que
contenham ácidos graxos poliinsaturados, condensa com o MDA (produto da oxidação)
produzindo uma cor rosa e com aldeídos e dienos, produzindo cor laranja. No presente estudo foi
observado que os valores de MDA foram constantes em todo o período de armazenagem na
castanha-do-Brasil tratadas com O
3
embaladas à vácuo (Figura 1). Estes resultados podem ser
atribuídos à redução da velocidade de oxidação dos lipídios contidos nas castanhas, tanto pela
retirada do ar (vácuo), quanto pelo tratamento como O
3
bem como pela substituição do resíduo
de O
2
(microclima) pelo O
3
. Foi inclusive observado que essas castanhas embaladas à vácuo não
apresentaram diferença em relação ao grupo embaladas à vácuo e sem aplicação de O
3
onde
essas amostras apresentaram um pequeno aumento do MDA indicando autoxidação. Assim o
ozônio, por sua vez apresentou um efeito positivo com o vácuo tanto no controle na redução da
deterioração (fungos e leveduras), mantendo assim as características organolépticas das
castanhas, e posteriormente a aceitação pelo consumidor.
Análise sensorial: Não foram observadas alterações significativas (p<0,05) quanto à análise
sensorial no tratamento com O
3
em castanhas-do-Brasil embaladas à vácuo. Os atributos
sensoriais analisados foram: aparência casca, aparência amêndoa, odor estranho, sabor residual,
177
odor râncido e firmeza (Figura 1). Foi observado que todos os escores às castanhas durante o
tratamento nos meses de armazenamento não diferiram entre si: haviam escores entre 4 (gostei) e
5 (gostei muitíssimo), assim foi verificado que o O
3
: (a) não deixa resíduos, (b) não interfere no
odor natural da castanha e (c) não deixa sabor residual. Semelhantes resultados ocorreram em
pimentas e pistaches após a aplicação do O
3
(YESILCIMEN e MURAT, 2006). Portanto o O
3
e
vácuo mantém/aumentam a aceitação e a qualidade das castanhas armazenadas.
Figura 1. Efeito do tratamento com ozônio para os teores de malondialdeido (MDA) - indicador da oxidação lipídica e na análise sensorial de
castanha-do-Brasil embaladas à vácuo e armazenadas por 60 dias (resultados baseados na escala hedônica de 5 pontos - 1 desgostei muito, 2
desgostei, 3 indiferente, 4 gostei, 5 gostei muito).
5. CONCLUSÃO
O tratamento com O
3
e a utilização do vácuo nas castanhas-do-Brasil apresentaram
resultados bastante satisfatórios quanto aos lipídios, que se mantiveram estáveis durante o
período de armazenagem, permanecendo com o flavor agradável natural das castanhas. Portanto
o emprego do O
3
pode ser um possível aliado à aceitabilidade da castanha-do-Brasil e ao tempo
de prateleira/armazenamento.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
MIRALIAKBARI, H.; SHAHIDI, F. Oxidative stability of tree nut oils. J. Agric. Food Chem. 2008, v.56, p.4751–4759.
PACHECO, A. M.; SCUSSEL, V. M. Castanha-do-Brasil: da floresta tropical ao consumidor. Florianópolis: Editorgraf, 2006. 176 p.
YAACOUB, R.; SALIBA, R.; NSOULI, B.; KHALAF, G.; BIRLOUEZ-ARAGON, I. Formation of Lipid Oxidation and Isomerization
Products during Processing of Nuts and Sesame Seeds. J. Food Agric.Chem., 2008, v.56, p.7082-7090.
STONE, H.S.; SIDEL, J.L. Sensory evaluation practices. Florida: Academc Press, INC, 1993. 295p.
YESILCIMEN, A.M.; MURAT, OZDEMIR. Effect of different treatments on aflatoxin degradation and physicochemical properties of
pistachios. J. Science Food Agric., 2006, v.86, n.13, p.2099-2104.
178
APÊNDICE D
TRABALHOs APRESENTADOs NO WORLDWIDE MYCOTOXIN REDUCTION IN
FOOD AND FEED CHAINS, 9 A 11 DE SETEMBRO DE 2009, TULLN/VIENNA,
AUSTRIA
EVALUATION OF OZONE TREATMENT AND VACCUM FOR IN-SHELL BRAZIL
NUTS SHIPMENT AND AFLATOXIN REDUCTION
EFFECT OF OZONE TREATMENT DURING THE IN-SHELL BRAZIL NUTS
STORAGE ON MYCOFLORA, AFLATOXIN AND LIPID STABILITY
179
Evaluation of Ozone treatment and Vaccum for In-shell Brazil nuts Shipment
and Aflatoxin Reduction
Bárbara Nantua Evangelista Giordano
a
, Daniel Manfio
a
, Vanessa Simao
a
, Vildes Maria Scussel
a
a
Food Science and Technology Department, Center of Agricultural Sciences, Federal University
of Santa Catarina, P.O. Box 476, Rod Admar Gomzaga 1346, Itacorubi, Florianopolis – SC,
CEP 88034-001, Brazil - e-mail: [email protected]
Fungi and aflatoxins can develop in/on in-shell Brazil nuts and methods for their prevention and
reduction need to be developed. Ozone (O
3
) is a gas suitable for use in storage of grains for fungi
control. It is also indicated for other foods as it leaves no residue due to fast decomposition.
Some papers have reported aflatoxin degradation by O
3.
Therefore, a study utilizing O
3
and
vacuum packaging was carried out, to find out their behavior on in-shell Brazil nuts fungi and
aflatoxin degradation. It was also evaluated the effect of that treatment
on nuts lipid stability and
consumers acceptance after 60 days of application. In-shell Brazil nuts were O
3
treated (at 31.5
mg/L, 5h), vacuum packaged in low oxygen permeability polyethylene bags, heat sealed and
stored for a period of 60 days (Group I). Two Groups of nuts were kept as Controls: without O
3
treatment but with vacuum (Group II) and no O
3
and no vacuum at all (Group III). The nuts
initial fungi load: was 6.9 x 10
4
cfu/g, moisture content: 9.37% and aflatoxins: 11.58 µg/kg. Any
fungi load change (on MEA media) Aspergllus flavus and parasiticus (on AFPA media)
growth/inhibition, aflatoxin presence (analyzed either in-shell and after shelling by LC/FD), lipid
oxidation (TBA test) and nut acceptance/rejection by sensory evaluation (attributes: nut shell and
edible part appearance, strange odor, residual taste, rancidity and firmness) were registered.
Right after O
3
treatment no fungi (cfu) neither toxigenic species (parasiticus and/or flavus) of
Aspergillus were detected on/in the nuts. Also no yeast growth was observed. The same persisted
after 30 and 60 days of storage. Different behavior was observed in the Control Groups (with and
without vacuum) that kept similar fungi count as the beginning of the experiment (slightly lower)
probably due to lack of oxygem (micro-atmosphere) Group II. That Control Group presented
9.8 x 10
4
cfu at the end of the storage. On the other hand, as expected for Group III, fungi load
increased quite high. With the exposure of O
3
, aflatoxins were not detected neither in the 30th or
60th Day of storage up to the LOQ of the method 0.25; 0.08; 0.25 and 0.08 µg/kg. That
contamination could be either due to fungi growth or to the heterogeneity of the original nut
contamination. The sensory evaluation showed that nuts were still palatable and were accepted
by the panelist groups, as no significant changes (p<0.05) were found between nut sensory
attributes. As far as the oxidation or rancidity of lipids (TBA test) in the Brazil nuts O
3
treated
and vacuum packaged are concerned the values of malonaldehyde were constant throughout the
storage period. This method can be a safer alternative for shipping batches of Brazil nut (in-shell)
abroad. It can prevent and control fungi and aflatoxins, at the same time, it maintains nut sensory
acceptance. Trips to foreigner countries can be long reaching 3 to 4 weeks thus keeping nuts
safer/stable during the journey. A study on packaging material will be a future work to be carried
out.
180
Effect of Ozone Treatment During the In-shell Brazil nuts Storage on
Mycoflora, Aflatoxin and Lipid Stability
Bárbara Nantua Evangelista Giordano
a
, Vildes Maria Scussel
a
a
Food Science and Technology Department, Center of Agricultural Sciences, Federal University
of Santa Catarina, P.O. Box 476, Rod Admar Gomzaga 1346, Itacorubi, Florianopolis – SC,
CEP 88034-001, Brazil - e-mail: [email protected]
As for other nuts (hazelnuts, pistachio, wallnuts and pecans), aflatoxins (AFLs) can also be
found in in-shell Brazil nuts and are produced by fungi especies of Aspergillus. The storage is
one of the stages of in-shell Brazil nuts fungi proliferation (Safe Nut, 2008). Thus there is a need
of finding alternatives for long term in-shell Brazil nuts storage. There have been reports of the
ozone (O
3
) use for controling bacterial and fungi proliferation on several foods as well on AFLs
degradation. Therefore, the aim of this work was to evaluate the effect of O
3
gas on the
mycoflora, species of Aspergillus (A. flavus, A. parasiticus), AFLs, lipids as well as its effect on
the sensorial attribute of in-shell Brazil nuts stored for 180 days. Groups of in-shell Brazil nuts,
were submitted to O
3
atmosphere at different concentrations and stored. Samples were collected
just after the gas exposure and every 30 days during the storage period, for mycological tests and
analysed for, AFLs, lipid oxidation (2-thiobarbituric acid-TBA-test) and sensory evaluation with
18 trained panelists. The O
3
treatment affected the mycoflora growth, lowering their total count
and so the moisture content (from 9.43 to 11.58 %) similar the findings of Giordano et al, 2008.
The O
3
treatment applied within 5 hours at 31 mg/L was able to successfully destroy nuts fungi
contamination (initial cfu/g: 6.9x10
4
) since Day One and so the Aspergillus, species. On the
other hand, those species were still able to grow when the O
3
at 14 mg/L concentration was
applied in the nuts silo, up to the 30th day of storage. That fungi reduction just at the begining of
storage by applying O
3
(31 mg/L) will certainly reduce the possibility of further fungi
proliferation and so AFLs formation. As far as lipid oxidation (TBA test) and sensory evaluation
are concerned, from the data obtained it was not observed significant changes after the O
3
treatments and times of storage. AFLs presented degradation with O
3
14 mg/L
after 30 day of
storage. In conclusion, O
3
can be a safer alternative for shipping batches of Brazil nut (in-shell)
abroad as well as for controling fungi proliferation/AFLs production during storage in the
Amazon environment conditions.
181
ANEXOS
182
ANEXO A
PORTARIA N.846, DE 08 DE NOVEMBRO DE 1976.
ESPECIFICAÇÕES PARA PADRONIZAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E
COMERCIALIZAÇÃO INTERNA DA CASTANHA-DO-BRASIL (BERTHOLLETIA
EXCELSA H.B.K.)
183
Especificações para padronização, classificação e comercialização interna da
Castanha do Brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.), aprovadas pela portaria Ministerial
846 de 08 de 11 de 1976, em observância ao disposto no artigo 39, Ministério da
Agricultura, ítem VIII, do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, e com vistas
ao que prescreve o art. 1º do Decreto nº 69.502, de 05 de novembro de 1971.
DA PADRONIZAÇÂO
Art. 1º. A castanha do Brasil, conhecida no mercado internacional como Brazil nuts ou noix du Brésil, semente do castanheiro (Bertholletia
excelsa H.B.K.), da família das Lecythidáceas, será classificada em grupos, subgrupos, classes e tipos, segundo sua forma de apresentação,
preparo ou manipulação, tamanho e qualidade.
DOS GRUPOS E SUBGRUPOS
Art. 2º. A castanha do Brasil, segundo sua forma de apresentação, será ordenada em 2 (dois) grupos, assim denominados:
I – Castanha em Casca: É o produto que se apresenta no estado que foi colhido, extraído ou ouriço, limpo e seco naturalmente ou por processo de
desidratação adequado.
II – Castanha Descascada ou Beneficiada: É o produto limpo, seco e são, que por processos tecnológicos adequados, teve retirada sua casca.
Art. 3º. A castanha em casca, segundo o seu preparo ou processo de manipulação, será classificada em 3 (três) subgrupos:
I – Natural: É o produto “in natura”, sem ter sido submetido a qualquer processo de desidratação artificial, apenas limpo e seco naturalmente.
II Desidratado: É o produto que foi submetido simplesmente ao processo artificial de desidratação, teve o seu teor de umidade compreendido
entre 11% (onze por cento) e 15% (quinze por cento), no máximo.
III Desidratado Polido: É o produto que, depois de desidratado, foi submetido ao processo de polimento, objetivando melhoria de sua
apresentação e conservação.
Art. 4º. A castanha descascada ou beneficiada, segundo seu preparo ou processo de manipulação, será classificada em 2 (dois) subgrupos:
I – Amêndoa com Película: É o produto que se apresenta total ou parcialmente revestido de película.
II – Amêndoa sem Película: (Brancheada): É o produto que, após ter sido submetido a processo químico, se apresenta totalmente desprovido de
película.
DAS CLASSES
Art. 5º. A castanha em casca, quando “in natura”, do subgrupo Natural, será classificado segundo o seu tamanho, caracterizado pelo número de
unidade/castanha por 453 gramas, em 6 (seis) classes:
I – Extra Grande (extra-large): É o produto que contiver menos de 36 unidades/castanha por 453 gramas.
II – Grande (large): É o produto que contiver de 36 a 40 unidades/castanha por 453 gramas.
III – Semigrande (weak-large): É o produto que contiver de 41 a 45 unidades/castanha por 453 gramas.
IV – Extra Média (extra-medium): É o produto que contiver de 46 a 50 unidades/castanha por 453 gramas.
V – Média (medium): É o produto que contiver de 51 a 58 unidades/castanha por 453 gramas.
VI – Pequena (small): É o produto que contiver acima de 58 unidades/castanha por 453 gramas.
Art. 6º. A castanha em casca dos subgrupos Desidratado e Desidratado Polido será classificada segundo seu tamanho, caracterizado na forma do
artigo anterior, em 6 (seis) classes:
I – Extra Grande (extra-large): É o produto que contiver menos de 46 unidades/castanha por 453 gramas.
II – Grande (large): É o produto que contiver de 46 a 50 unidades/castanha por 453 gramas.
III – Semigrande (weak-large): É o produto que contiver de 51 a 55 unidades/castanha por 453 gramas.
IV – Extra Média (extra-medium) É o produto que contiver de 56 a 62 unidades/castanha por 453 gramas.
V – Média (medium): É o produto que contiver de 57 a 68 unidades/castanha por 453 gramas.
VI – Pequena (small): É o produto que contiver acima de 68 unidades/castanha por 453 gramas.
Art. 7º. A castanha descascada ou beneficiada dos Subgrupos Amêndoa com Película e Amêndoa sem Película (Brancheada) será classificada
segundo seu tamanho, caracterizado na forma do disposto no artigo e, simultaneamente, de acordo com a natureza a que for o produto
enquadrado (inteira, ferida ou quebrada), em 8 (oito)
classes:
I – Miudinha (tiny): É o produto que contiver acima de 180 unidades/amêndoa por 453 gramas.
II – Miúda (midget): É o produto que contiver de 160 a 180 unidades/amêndoa por 453 gramas.
III – Pequena (small): É o produto que contiver de 140 a 159 unidades/amêndoa por 453 gramas.
IV – Média (medium): É o produto que contiver de 115 a 139 unidades/amêndoa por 453 gramas.
V – Extra Média (extra-medium): É o produto que contiver de 102 a 114 unidades/amêndoa por 450 gramas.
VI – Grande (large): É o produto que contiver menos de 102 unidades/amêndoa por 453 gramas.
VII – Ferida (chipped): É o produto que se apresente com as amêndoas lascadas e/ou mutiladas por escoriações, oriundas de agente físico.
VIII – Quebrada (broken): É o produto que apresenta com as amêndoas fragmentadas, partidas e/ou quebradas.
DOS TIPOS
Art. 8º. A castanha em casca será classificada, segundo a qualidade, respeitado o subgrupo e a classe a que pertencer, em um único tipo;
constituído de castanhas perfeitamente desenvolvidas, de cor natural; de tamanho e uniformidade correspondentes à classe a que forem
enquadradas; limpas; secas, em boas condições de sanidade e isentas de matérias estranhas.
Tolerância: Máximo de 10% (dez por cento) de castanhas danificadas e/ou defeituosas, e 2% (dois por cento) de impurezas próprias do produto
para a castanha natural; sendo, quando desidratada e desidratada polida, de 7% (sete por cento) e 1% (um por cento), no máximo,
respectivamente.
Art. 9º. A castanha descascada ou beneficiada será classificada, segundo a qualidade, respeitado o subgrupo e a classe a que pertencer, em um
único tipo: constituído de amêndoas de cor natural; de tamanho e uniformidade correspondentes à classe a que forem enquadradas, em boas
condições de sanidade; livre de amêndoas rancificadas, e isentas de matérias estranhas.
Tolerância: Máximo de 1% (um por cento) de impurezas próprias do produto. Parágrafo único As amêndoas das Classes VII (Ferida) e VIII
(Quebrada) serão respectivamente classificadas, segundo a qualidade, respeitado o subgrupo a que pertencer, em um único tipo: constituído de
184
amêndoas, correspondentes à classe a que forem enquadradas, de cor natural, em boas condições de sanidade, livre de amêndoas rancificadas e
isentas de matérias estranhas.
Tolerância: Máximo de 2% (dois por cento) de impurezas próprias de produto, inclusive resíduo e/ou pó.
ABAIXO DO PADRÃO
Art. 10. A castanha de qualquer grupo, respeitados os respectivos subgrupos e as respectivas classes, que pelos seus atributos não se enquadrar no
tipo descrito, será considerada Abaixo do Padrão, desde que se apresente em bom estado de conservação.
§ 1º. A castanha assim classificada poderá, conforme o caso, ser rebeneficiada ou submetida à secagem, para efeito de se enquadrar no tipo
descrito, observando os artigos 8º, 9º e 10.
§ 2º. É permitido, quando no ato da inspeção e de rebeneficiamento ou secagem do produto, a recomposição (loteamento) e o desdobramento dos
lotes.
§ 3º. Deverão constar, obrigatoriamente, no Certificado de Classificação, os motivos que deram lugar à denominação Abaixo do Padrão.
DESCLASSIFICAÇÂO
Art. 11. Será desclassificado a castanha de qualquer grupo que apresente:
a). Mau estado de conservação;
b).Aspecto generalizado de mofo e/ou fermentação;
c). Odor estranho de qualquer natureza, impróprio ao produto, prejudicial a sua utilização normal;
d).Presença de insetos vivos.
Parágrafo Único - Serão declarados, obrigatoriamente, no Certificado de Classificação, os motivos que deram lugar a Desclassificação.
Art. 12. Toda a castanha em que for verificada a presença de insetos vivos, poderá ser comercializada depois de expurgada, medida esta
prescrita pela autoridade fitossanitária competente, que expedirá o respectivo Certificado, respeitada a legislação vigente.
DA AFLATOXINA
Art. 13. Quando exigido em cláusula contratual, a castanha, de qualquer grupo, poderá ser comercializada internamente, mediante
apresentação do certificado de isenção de aflatoxina.
Parágrafo único - Será considerado isento de aflatoxina o produto que presença dessa toxina até um limite máximo de 50 p.p.b. (cinqüenta partes
por bilhão).
DA AMOSTRAGEM
Art. 14. A retirada ou extração de amostra será procedido do seguinte modo:
a). Nos lotes de castanha em casca natural, quando à granel, far-se-á extração
de amostra do alto, do meio e das laterais do lote ou tulha, em quantidade que represente a totalidade de castanha a ser classificada, nunca inferior
a 10 (dez) quilograma por tonelada do produto.
b).Nos lotes de castanha em casca natural ou desidratada, quando ensacada, far-se-á extração de amostra ao acaso, em quantidade mínima
correspondente a 10% (dez por cento) do total do lote a ser classificado.
c). Nos lotes de castanha descascada ou beneficiada (amêndoa) encaixotada, far-se-á extração de amostras, obedecendo ao seguinte critério:
Lote de até 5 (cinco) caixas: amostra média de 1 (uma) unidade (caixa);
Lote de 6 (seis) a 100 (cem) caixas: 10% (dez por cento) do lote, com um mínimo de 5 (cinco) unidades (caixa);
Lote acima de 100 (cem) caixas: 5% (cinco por cento) do lote, com um mínimo de 10 (dez) unidades (caixa).
DA ANÁLISE
Art. 15. As amostras extraídas segundo os processos descritos no artigo anterior, serão homogeneizadas, divididas em 3 (três) ou mais exemplares
com o pese
mínimo de 500 (quinhentos) gramas cada, as quais serão acondicionadas em saquinhos de papel, plástico ou similar, devidamente identificadas,
sendo 2 (duas) destinadas, obrigatoriamente, ao órgão classificador.
Parágrafo Único – Para fins de fiscalização, a extração de amostra e sua embalagem serão idênticas ao estabelecido nos artigos 14 e 15.
DA EMBALAGEM E MARCAÇÃO
Art. 16. A castanha em casca, quando não embarcada a granel, e a castanha descascada ou beneficiada (amêndoa), deverão ser acondicionadas em
embalagens apropriadas e em lotes uniformes.
§ 1º - No caso especifico de castanha descascada ou beneficiada (amêndoa), seu acondicionamento deverá simultaneamente ser feito mediante
injeção de gás inerte na respectiva embalagem, objetivando preservar a conservação do produto.
§ 2º - As embalagens avariadas durante o transporte deverão ser substituídas ou reparadas com material idêntico.
§ 3º - A embalagem de castanha será obrigatoriamente marcada de acordo com a legislação específica em vigor.
§ 4º - A marcação de embalagem será procedida mediante o emprego de tintas que não afetem sua qualidade.
DO AMARZENAMENTO E MAIOS DE TRANSPORTE
Art. 17. O depósito para armazenamento da castanha e os meios para seu transporte devem oferecer plena segurança e condições técnicas
imprescindíveis à sua perfeita conservação, respeitadas as exigências da legislação específica vigente.
DA FRAUDE
Art. 18. Considera-se fraude toda alteração dolosa de qualquer natureza praticada não na classificação e no acondicionamento, como também
nos documentos da qualidade da castanha, conforme legislação vigente.
NORMAS GERAIS
Art. 19. As normas e termos adotados nas presentes especificações assim como as características relacionadas com a qualidade da castanha
deverão ser observadas e interpretadas do seguinte modo, e de acordo com o apêndice incluso:
Castanha Defeituosa: Castanha em casca, amêndoas e fragmentos de amêndoas que se apresentem carunchados, mofados, rancificados.
Coloração: Cor uniforme e característica do produto.
185
Corte: Operação que compreende na abertura da castanha em casca, para exame do estado em que se encontra sua amêndoa.
Danificada: Castanha em casca, amêndoas e pedaços de amêndoas que se apresentem com danos causados por agentes biológicos (carunchos,
roedores, insetos e outros).
Impurezas: Detritos do próprio produto, tais como haste, pó e casca.
Matérias Estranhas: Detritos de qualquer natureza, estranhos ao produto tais como: areia, fragmentos de madeira, pedra, torrões, sementes
estranhas, sujidades, restos de insetos.
Mofada: Castanha em casca, amêndoa e fragmentos de amêndoa, que apresentem, a olho nu, filamentos de fungos.
Odor Estranho: Aroma não peculiar ao produto.
Quebrado: Pedaço ou fragmento de amêndoa, qualquer que seja o seu tamanho.
Rancificada: Amêndoa que apresenta cor anormal, odor e sabor desagradáveis, devido às características físico-químicas do óleo terem se
alterado por processo oxidativo.
Teor de Umidade: Percentual de água contida na castanha ou na amêndoa, determinado através de processos reconhecidos oficialmente.
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 20. O Certificado de Classificação será válido pelo prazo de 90 (noventa) dias para a castanha em casca natural, e de 150 (cento e cinqüenta)
dias para a castanha em casca desidratada, e descascada ou beneficiada (amêndoa), contados, respectivamente, da data de sua emissão.
Parágrafo Único – Deverão constar do Certificado de que trata o presente artigo a indicação do grupo, subgrupo, classe, tipo e ano da safra a que
pertencer o produto, sendo que no caso de mistura de castanha de safras colhidas em anos diferentes prevalecerá a anotação da mais antiga.
Art. 21. As determinações físico-químicas, serão aquelas obtidas em laboratórios devidamente credenciados.
Art. 22. Os métodos de análises para a determinação dos teores de umidade e aflatoxina serão os de validade reconhecido no mercado, tanto
interno como externo.
Art. 23. Os casos omissos serão resolvidos pelo órgão técnico competente do Ministério da Agricultura.
186
ANEXO B
PORTARIA N.85, DE 06 DE MARÇO DE 2002.
ANEXO VIII – REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E DE QUALIDADE
PARA A CLASSIFICAÇÃO DAS CASTANHAS-DO-BRASIL
187
ANEXO VIII
REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E DE QUALIDADE PARA A
CLASSIFICAÇÃO DA CASTANHA DO BRASIL
1.OBJETIVO:
O presente Regulamento tem por objetivo, definir as características de identidade e de qualidade para fins de classificação da Castanha do Brasil.
2.ÂMBITO DE APLICAÇÃO:
Este Regulamento Técnico será aplicado para atender a obrigatoriedade de classificação prevista nos incisos I, II e III, do Art. 1º, da Lei n.º 9.972,
de 25 de maio de 2000.
3.DEFINIÇÃO DO PRODUTO:
Entende-se por Castanha do Brasil, o fruto do castanheiro, Bertholletia excelsa H.B.K, da família das Lecythidáceas.
4.CONCEITOS:
Para efeito deste Regulamento, considera-se:
4.1.Castanha defeituosa: castanha em casca, amêndoas e fragmentos de amêndoas que se apresentem mofadas e rancificadas.
4.1.1.Mofada: castanha em casca, amêndoa e fragmentos de amêndoas, que apresentem colônias de fungos (bolores), visíveis a olho nu.
4.1.2.Rancificada: amêndoa que apresenta odor e sabor desagradáveis, devido às características físico-químicas do óleo terem se alterado por
processo oxidativo.
4.2.Castanha danificada: castanha em casca, amêndoas e pedaços de amêndoas que se apresentem com danos causados por agentes biológicos
(carunchos, roedores, insetos e outros).
4.3.Quebrado: pedaço ou fragmento de amêndoa, qualquer que seja o seu tamanho.
4.4.Impurezas: detritos do próprio produto, tais como haste, pó e casca.
4.5.Matérias estranhas: detritos de qualquer natureza, estranho ao produto tais como: areia, fragmentos de madeira, pedra, torrões, sementes
estranhas, sujidades e restos de insetos.
4.6.Odor estranho: aroma não peculiar ao produto.
4.7.Coloração: cor uniforme e característica do produto.
4.8.Teor de umidade: percentual de água contida na castanha ou na amêndoa, determinado através de processos reconhecidos oficialmente.
4.9.Corte: operação que compreende a abertura da castanha em casca, para exame do estado em que se encontra sua amêndoa.
4.10. Lote: quantidade de produtos com as mesmas especificações de identidade, qualidade e apresentação, processados pelo mesmo fabricante
ou fracionador, em um espaço de tempo determinado, sob condições essencialmente iguais.
4.11.Embalagem: recipiente, pacote ou envoltório, destinado a garantir a conservação, e a facilitar o transporte e o manuseio dos produtos.
4.12.Produto embalado: todo produto que está contido em uma embalagem pronto para ser oferecido ao consumidor.
4.13.Aflatoxina: substância tóxica (metabólito) de fungo Aspergillus flavus, também produzido por outros fungos, capaz de provocar danos à
saúde do homem e dos animais.
4.14.Libra: medida de peso inglesa equivalente à 453,59 gramas.
4.15.Fora de tipo: produto que não atende, em um ou mais aspectos, às especificações de qualidade previstas nas Tabelas de Tolerâncias
constantes neste Regulamento Técnico.
4.16. Contaminantes ou substâncias nocivas à saúde: substâncias ou agentes estranhos de origem biológica, química ou física que se saiba ou se
presuma, serem nocivas a saúde.
4.17. Isento de substâncias nocivas à saúde: quando o produto apresenta contaminação cujo valor se verifica dentro dos limites máximos previstos
na legislação específica vigente.
4.18. Umidade: o percentual de água encontrado na amostra do produto, podendo ser determinado por métodos indiretos, calibrados pelo método
de estufa (método 44-15 A da American Association of Cereal Chemists, 1995);
5.CLASSIFICAÇÃO
A Castanha do Brasil será classificada em grupos, subgrupos, classes e tipos, segundo sua forma de apresentação, preparo ou manipulação,
tamanho e qualidade, respectivamente.
5.1.GRUPOS : a Castanha do Brasil, segundo sua forma de apresentação, será ordenada em 2 (dois) grupos, assim denominados:
5.1.1.Castanha em Casca: produto que se apresenta no estado em que foi colhido, extraído do ouriço, limpo e seco naturalmente ou por processo
de desidratação adequado.
5.1.2.Castanha Descascada ou Beneficiada: produto limpo, seco e que por processos tecnológicos adequados, teve retirada sua casca.
5.2. SUBGRUPOS
5.2.1.A Castanha em Casca, segundo seu preparo ou processo de manipulação, será classificada em 3 (três) subgrupos:
5.2.1.1.Natural: produto "in natura", sem ter sido submetido a qualquer processo de desidratação artificial, apenas limpo e seco naturalmente.
5.2.1.2.Desidratado: produto que foi submetido ao processo de desidratação ou secagem artificial.
5.2.1.3.Desidratado polido: produto que, depois de desidratado, foi submetido ao processo de polimento, objetivando melhoria de sua
apresentação.
5.2.2. A Castanha Descascada ou Beneficiada, segundo seu preparo ou processo de manipulação, será classificada em 2 (dois) subgrupos:
5.2.2.1.Amêndoa com película: produto que se apresenta total ou parcialmente revestido de película.
5.2.2.2.Amêndoa sem película: produto que, após ter sido submetido a processo químico/mecânico, se apresenta totalmente desprovido de
película.
5.3.CLASSES
5.3.1. A castanha em casca, do subgrupo Natural, será classificada segundo seu tamanho, pelo número de unidades de castanha por 453,59
gramas, em 3 (três) classes:
5.3.1.1.Grande (large): produto que contém de 30 a 45 unidades de castanha por 453,59 gramas.
5.3.1.2. Média (medium): produto que contém de 46 a 55 unidades de castanha por 453,59 gramas.
5.3.1.3.Pequena (small): produto que contém acima de 56 unidades de castanha por 453,59 gramas.
188
5.3.2.A castanha em casca, dos subgrupos Desidratado e Desidratado polido, será classificada segundo seu tamanho, pelo número de unidades de
castanha por
453,59 gramas, em 6 (seis) classes.
5.3.2.1.Extra Grande (extra-large) : produto que contém de 30 a 40 unidades de castanha por 453,59 gramas.
5.3.2.2.Grande (large) : produto que contém de 41 a 45 unidades de castanha por 453,59 gramas.
5.3.2.3.Semigrande (weak-large): produto que contiver de 46 a 50 unidades de castanha por 453,59 gramas.
5.3.2.4.Extra média (extra-medium) : produto que contiver de 51 a 55 unidades de castanha por 453,59 gramas.
5.3.2.5. Média (medium) : produto que contiver de 56 a 60 unidades de castanha por 453,59 gramas.
5.3.2.6.Pequena (small) : produto que contiver de 60 a 70 unidades de castanha por 453,59 gramas.
5.3.3. A castanha descascada ou beneficiada, dos Subgrupos Amêndoas com película e Amêndoas sem películas, será classificada segundo seu
tamanho, pelo número de unidades de amêndoas por 453,59 gramas ou pelo seu estado de apresentação/integridade (inteira, ferida ou quebrada),
em 7 (sete) classes:
5.3.3.1.Miudinha (tiny) : produto inteiro, íntegro, que contém de 180 a 220 unidades de amêndoa por 453,59 gramas.
5.3.3.2. Miúda (midget) : produto inteiro, íntegro, que contém de 160 a 179 unidades de amêndoa por 453,59 gramas.
5.3.3.3.Pequena (small) : produto inteiro, íntegro, que contém de 130 a 159 unidades de amêndoa por 453,59 gramas.
5.3.3.4. Média (medium) : produto inteiro, íntegro, que contém de 110 a 129 unidades de amêndoa por 453,59 gramas.
5.3.3.5.Grande (large) : produto inteiro, íntegro, que contém de 90 a 109 unidades de amêndoa por 453,59 gramas.
5.3.3.7.Ferida (chipped) : produto que se apresenta com as amêndoas lascadas e/ou mutiladas por escoriações, oriundas de agente físico,
mantendo mais da metade do tamanho.
5.3.3.8.Quebrada (broken) : produto que se apresenta com as amêndoas fragmentadas, partidas e/ou quebradas, com menos da metade do
tamanho.
5.4. TIPOS
5.4.1.A castanha em casca, respeitado o subgrupo e a classe a que pertencer, será classificada, segundo a qualidade, em um único tipo, constituído
de castanhas perfeitamente desenvolvidas, de cor natural, limpas, secas e isentas de matérias estranhas, conforme os limites máximos de
tolerância estabelecidos na Tabela 1, deste Regulamento.
5.4.2. A castanha descascada ou industrializada, respeitado o subgrupo e a classe a que pertencer, será classificada, segundo a qualidade, em tipo
único, constituído de amêndoas de cor natural, livres de amêndoas rancificadas e isentas de matérias estranhas, conforme os limites máximos de
tolerância estabelecidos na tabela 1, deste Regulamento.
5.4.3.As amêndoas das classes Ferida e Quebrada, respeitado o subgrupo a que pertencer, serão classificadas, segundo a qualidade, em tipo único,
constituído de amêndoas de cor natural, livre de amêndoas rancificadas e isentas de matérias estranhas.
5.5. UMIDADE, MATÉRIAS ESTRANHAS E IMPUREZAS.
5.5.1.O teor máximo de umidade para enquadramento em tipo, tecnicamente recomendado para a conservação e empacotamento da Castanha do
Brasil, será de 15% (quinze por cento), qualquer que seja o seu grupo, subgrupo ou classe.
5.5.2.Os limites máximos de impurezas aceitável para o produto, segundo o seu grupo, subgrupo ou classe, estão estabelecidos para o Tipo Único,
na Tabela 1, do presente Regulamento.
5.5.3. Ao nível da comercialização o produto deve se apresentar livre ou isento de matérias estranhas.
5.6. INSETOS VIVOS E SEMENTES TÓXICAS.
5.6.1.Será exigido, previamente à classificação, o expurgo e/ou o beneficiamento do produto que apresentar insetos vivos ou sementes tóxicas
prejudiciais a sua utilização normal.
5.7. FORA DE TIPO
5.7.1.Será classificada como Fora de Tipo, a Castanha do Brasil que apresentar os percentuais de ocorrência de defeitos das castanha e amêndoa,
de impurezas e de umidade, excedendo os limites máximos de tolerância especificados para o Tipo Único, da Tabela 1, qualquer que seja o
Grupo, respeitados os respectivos subgrupos e classes.
5.7.2.Não será admitida a internalização e a comercialização da Castanha do Brasil classificada como Fora de Tipo, devendo neste caso ser
previamente rebeneficiada para enquadramento em tipo.
5.8. DESCLASSIFICAÇÃO
5.8.1.Será desclassificada a Castanha do Brasil que apresentar uma ou mais das características indicadas abaixo, sendo proibida a sua
comercialização para a alimentação humana. São elas:
5.8.1.1. Mau estado de conservação.
5.8.1.2 . Aspecto generalizado de mofo e/ou fermentação.
5.8.1.3.Odor estranho de qualquer natureza, impróprio ao produto.
5.8.1.4.Resíduos de produtos fitossanitários, teor de micotoxinas e outros
contaminantes ou substâncias nocivas à saúde acima do limite estabelecido por legislação específica vigente.
5.8.1.5.Presença de insetos vivos no produto destinado diretamente à alimentação humana.
5.8.2.Sempre que julgar necessário, o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento ou a Pessoa Jurídica responsável pela classificação, poderá requerer a análise laboratorial prévia, do produto suspeito de
contaminação, visando certificar-se de sua impropriedade para consumo humano.
5.8.2.1. As análises laboratoriais serão realizadas por laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o
respectivo ônus para o detentor do produto.
5.8.3. A pessoa jurídica responsável pela classificação deverá comunicar imediatamente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
a ocorrência de produto desclassificado, para as providências cabíveis, junto ao setor técnico competente.
5.8.4.Caberá ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a decisão quanto ao destino do produto desclassificado, podendo, para isso,
articular-se, onde couber, com outros órgãos oficiais.
5.8.4.1.No caso específico da permissão ou autorização de utilização do produto desclassificado para outros fins, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento deverá estabelecer, ainda, todos os procedimentos necessários ao acompanhamento do produto até a sua completa
desnaturação ou destruição, cabendo ao proprietário do produto ou ao seu preposto, além de arcar com os custos pertinentes à operação, ser
o seu depositário e responsável pela inviolabilidade e indivisibilidade do lote, em todas as fases de manipulação, imputando-lhe as ações civis e
penais cabíveis, em caso de irregularidades ou de uso não autorizado do produto nestas condições.
5.9.SUBSTÂNCIAS NOCIVAS À SAÚDE
189
5.9.1. É obrigatória a análise de aflatoxina da Castanha do Brasil, efetuada em laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento e realizada de acordo com o método de análise e plano de amostragem oficiais.
5.9.2.O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento poderá, sempre que julgar necessário, em ação de caráter temporário ou por tempo
indeterminado, exigir a análise de outras micotoxinas, de resíduos e outros contaminantes da castanha posta à comercialização,
independentemente do resultado de sua classificação.
5.9.3.O ressarcimento dos custos das análises a que se refere os itens 5.9.1. e
5.9.2, correrá por conta do interessado.
5.9.4.O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, juntamente com outros órgãos oficiais, as pessoas jurídicas responsáveis pela
classificação, Instituições de pesquisa, redes de laboratórios credenciados e em parceria com o setor privado, poderá desenvolver programas
específicos de monitoramento de micotoxinas, resíduos e contaminantes da castanha, visando ao controle e à garantia de sua qualidade para a
alimentação humana.
6.EMBALAGEM
6.1.As embalagens utilizadas no acondicionamento da Castanha do Brasil poderão ser de materiais naturais, sintéticos ou qualquer outro material
apropriado.
6.2.As embalagens da Castanha do Brasil, quando comercializada no varejo, devem obedecer ás legislações específicas vigentes.
6.3.Dentro de um mesmo lote será obrigatório que todas as embalagens sejam do mesmo material e tenham idêntica capacidade de
acondicionamento.
7. MARCAÇÃO OU ROTULAGEM
7.1. As especificações de qualidade do produto, contidas na marcação ou rotulagem, e na identificação do lote, deverão estar em consonância com
o seu respectivo Certificado de Classificação.
7.2.Todo lote ou embalagem deve trazer as especificações qualitativas, marcadas ou rotuladas, na vista principal, em lugar de destaque, de fácil
visualização e de difícil remoção.
7.3.Os rótulos dos produtos embalados não deverão apresentar vocábulos, símbolos, emblemas, ilustrações ou outras representações gráficas que
possam induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano em relação a sua qualidade.
7.4.No nível de atacado, para o produto ensacado ou à granel, (neste caso desde que não haja mistura do lote ou carga com outros produtos à
granel, de diferentes qualidades ou origem), a marcação do lote deve trazer, no mínimo, as seguintes indicações:
7.4.1.Identificação do lote.
7.4.2.Grupo
7.4.3.Subgrupo.
7.4.4.Classe.
7.4.5.Tipo.
7.4.6.Safra de produção, de acordo com a declaração do responsável pelo produto.
7.4.7.Identificação do responsável pelo produto (nome ou razão social e endereço completo).
7.4.8.Peso líquido.
7.4.9. Órgão responsável pela fiscalização da classificação: MAPA
7.5.No nível de varejo, a marcação ou rotulagem das especificações de qualidade será feita, na posição horizontal em relação à borda superior ou
inferior da embalagem a qual deverá conter, no mínimo, as seguintes indicações, no idioma oficial do País de consumo:
7.5.1.Denominação de venda do produto.
7.5.2. Identificação do lote.
7.5.3.Identificação da origem (deverá ser indicado o nome ou a razão social, o endereço completo e o CNPJ do fabricante, produtor ou
embalador, conforme o caso, assim como a localidade, o Estado e o País de origem, onde couber).
7.5.4.Data de validade
7.5.5.Peso líquido.
7.5.6.Subgrupo.
7.5.7.Classe.
7.5.8. Subclasse. (Quando for subclasse mesclada, sendo facultativa para as demais subclasses).
7.5.9. Órgão responsável pela fiscalização da classificação: MAPA
7.6.Todo rótulo deverá ter impresso, gravado ou marcado de qualquer outro modo, uma indicação em código ou linguagem clara, que permita
identificar o lote a que pertence o alimento de forma visível, legível e indelével.
7.6.1. O lote será determinado em cada caso, pelo produtor, fabricante, fracionador ou embalador do produto, onde couber, segundo seus
critérios.
7.6.2. Para indicação do lote poderá ser utilizado:
7.6.2.1.Um código chave precedido da letra "L". Este código deverá estar a disposição da autoridade competente e constar da documentação
comercial, quando ocorrer comércio nacional e internacional.
7.6.2.2. A data de fabricação, embalagem ou prazo de validade, sempre que seja(m) indicado(s) claramente, pelo menos, o dia e o mês, ou o mês
e o ano nesta ordem, conforme o regulamento técnico específico de alimentos embalados.
7.7. As expressões qualitativas referentes ao grupo, ao subgrupo, à classe e ao tipo, devem ser grafadas por extenso, respectivamente, e com a
expressão "tipo único", também por extenso. Fora de Tipo
7.8.Os indicativos de grupo, subgrupo, classe e tipo devem ser grafados em caracteres do mesmo tamanho, segundo as dimensões especificadas
para o peso líquido, em legislação metrológica vigente.
7.9.No caso específico da comercialização feita à granel ou em conchas, o produto exposto diretamente ao consumidor deverá ser identificado e a
identificação colocada em lugar de destaque, de fácil visualização, contendo, no mínimo, as seguintes indicações:
7.9.1.Denominação de venda do produto.
7.9.2.Subgrupo.
7.9.3.Classe.
7.9.4.Tipo.
7.9.5.Identificação da origem (deverá ser indicado o nome ou a razão social, o endereço completo e o CNPJ do fabricante, produtor ou
embalador, conforme o caso, assim como a localidade, o Estado e o País de origem onde couber).
7.9.6.Data de validade.
8. AMOSTRAGEM
190
8.1.Previamente à amostragem, deverão ser observadas as condições gerais do lote do produto e em caso de verificação de qualquer
anormalidade, tais como, presença de insetos vivos ou a existência de quaisquer das características desclassificantes (odor estranho, mau estado
de conservação, aspecto generalizado de mofo, entre outras), adotar os procedimentos específicos previstos neste Regulamento.
8.2. A retirada ou extração de amostra em lotes da Castanha do Brasil, ensacada ou à granel, será efetuada do seguinte modo:
8.2.1. Castanha ensacada: por abertura ou despejo de, no mínimo, 10% (dez por cento) dos sacos, escolhidos inteiramente ao acaso, e sempre
representando a expressão média do lote, numa quantidade mínima de 30g (trinta gramas) de cada saco, observando-se o plano de amostragem
abaixo:
8.2.2.Castanha a granel: far-se-á a extração do alto, do meio e das laterais do lote ou tulha, em quantidade que represente a totalidade da castanha
ser classificada, nunca inferior a 10kg (dez quilogramas) por tonelada do produto.
8.2.3.Em navios ou similares: serão adotados os mesmos critérios e procedimentos de amostragem, previstos neste Regulamento, para o produto a
granel ou ensacado, conforme o caso, até que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através de seu setor competente, discipline a
matéria por instrução normativa complementar específica.
8.2.4.Castanha empacotada ou encaixotada: far-se-á a extração de amostras, obedecendo o seguinte critério:
8.2.4.1.Lote de até 5 (cinco) caixas: amostra média de 01 (uma) unidade (caixa).
8.2.4.2.Lote de 6 (seis) caixas: 10% (dez por cento) do lote, com um mínimo de 5 (cinco) unidades (caixa).
8.2.4.3.Lote acima de 100 (cem) caixas: 5% (cinco por cento) do lote, com um mínimo de 10 (dez) unidades (caixa).
8.2.5.Quando a amostra for coletada e enviada pelo interessado, deverão ser observados os mesmos critérios e procedimentos de amostragem
previstos neste Regulamento, visando garantir a identificação da mesma com o lote ou volume da qual se originou, sendo o coletor o responsável
legal pela sua representatividade.
8.2.6.As amostras extraídas conforme os itens anteriores, referentes ao produto ensacado, a granel e empacotado, serão homogeneizadas,
reduzidas e acondicionadas em, no mínimo, 3 (três) alíquotas, com peso de, no mínimo, 1kg (um quilograma) cada, devidamente identificadas,
lacradas e autenticadas.
8.2.7.Será entregue 01 (uma) alíquota para o interessado, 02 (duas) ficarão com a pessoa jurídica responsável pela classificação e o restante da
amostra será obrigatoriamente recolocado no lote ou devolvido ao proprietário.
8.2.8. A amostra para efeito de classificação (amostra de trabalho) será de 1kg (um quilograma),
9.CERTIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO
9.1.O Certificado de Classificação será emitido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou pelas pessoas jurídicas, devidamente
credenciadas pelo mesmo, de acordo com a legislação vigente.
9.2.O Certificado de Classificação é o documento hábil para comprovar a realização da classificação, correspondendo a um determinado lote do
produto classificado.
9.3. O Certificado somente será considerado válido quando possuir a identificação do classificador (carimbo e assinatura), pessoa física,
devidamente habilitada e registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
9.4. A validade do Certificado de Classificação será de 45 (quarenta e cinco) dias, contados a partir de sua emissão.
9.4.1. A validade, a que se refere o item anterior, se aplica à validação do serviço de classificação, ou seja o prazo em que se pode questionar
administrativamente o resultado apresentado ( laudo e Certificado emitidos) e será averiguada com base na amostra de arquivo ( contraprova) ou
se necessário, com uma nova amostra do produto, caso o lote em questão se mantenha inalterado nos aspectos qualitativo e quantitativo.
9.5.No Certificado de Classificação deverão constar, além das informações estabelecidas no Regulamento Técnico específico, as seguintes
indicações:
9.5.1.Discriminação dos resultados de cada análise efetuada e dos percentuais encontrados para cada determinação de qualidade da castanha,
estabelecidos no item 5 e seus subitens deste Regulamento, bem como as informações conclusivas (enquadramento em grupo, subgrupo, classe e
tipo), que serão transcritos do seu respectivo laudo de classificação.
9.5.2.Os motivos que determinaram a desclassificação do produto.
9.5.3.O percentual de umidade e de impurezas encontradas no produto.
10.ARMAZENAGEM E MEIOS DE TRANSPORTE
10.1. Os estabelecimentos destinados à armazenagem da castanha do Brasil e os meios de transporte devem oferecer plena segurança e condições
técnicas imprescindíveis à sua perfeita conservação, respeitada a Legislação específica em vigor, sendo fundamental a tomada de cuidados
especiais quanto à manutenção rigorosa dos teores de umidade recomendados para o produto, visando evitar ou controlar a contaminação por
aflatoxina.
11.FRAUDE
11.1.Considerar-se-á fraude toda a alteração dolosa, de qualquer ordem ou natureza, praticada na classificação, no acondicionamento, no
transporte e na armazenagem, bem como nos documentos de qualidade do produto.
11.2.Será também considerada fraude, a comercialização da castanha do Brasil em desacordo com o estabelecido neste Regulamento.
12. TABELAS
TABELA 1 - CASTANHA EM CASCA - Limites máximos de tolerância (%) e características admitidas
CASTANHA EM CASCA
191
TABELA 2 - CASTANHA DESCASCADA OU BENEFICIADA - Limites máximos de tolerância (%) e características admitidas
CASTANHA DESCASCADA OU BENEFICIADA
TABELA 3 - Classificação - Quadro sinóptico
TIPO ÚNICO ÚNICO
13.DISPOSIÇÕES GERAIS
13.1.Este Regulamento Técnico será também aplicável, quanto à classificação
aos produtos orgânicos e aos transgênicos, desde que os mesmos tenham cumprido
previamente os trâmites necessários a sua identificação ou certificação, atestando-os
como tal e ainda, tenham atendido as disposições específicas vigentes.
13.2.Será de competência exclusiva do Órgão Técnico do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento resolver os casos omissos porventura surgidos
na utilização do presente Regulamento.
192
ANEXO C
CHAPTER I - FOOD AND DRUG ADMINISTRATION
PART 173 SECUNDARY DIRECT FOOD ADDITIVES PERMITED IN FOOD FOR
HUMAN CONSUMPTION
193
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Milhares de Livros para Download:
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