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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
KAROLINE DANTAS BRITO
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE UMA UNIDADE DE
COMPRESSÃO DE CLORO
CAMPINA GRANDE
2009
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i
KAROLINE DANTAS BRITO
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE UMA UNIDADE DE
COMPRESSÃO DE CLORO
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Campina Grande como requisito parcial para
obtenção do tulo de mestre em Engenharia
Química.
Orientador: Luiz Sales Vasconcelos
Campina Grande
2009
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ii
KAROLINE DANTAS BRITO
PROJETO DE ESTRUTURA DE CONTROLE DE UM PROCESSO DE COMPRESSÃO
DE CLORO
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Campina Grande como requisito parcial para
obtenção do tulo de mestre em Engenharia
Química.
Orientador: Luis Gonzaga Sales Vasconcelos
Aprovado em __ de ________ de ____.
BANCA EXAMINADORA
Antônio Carlos Brandão de Araújo UFCG
Fernando Fernandes Vieira UEPB
iii
Dedico esta dissertação de Mestrado
aos meus pais, Romildo e Núbia,
à meu irmão Romildo e à minha filha linda, Sarah.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador Professor Luis Vasconcelos pela paciência em responder
a todas as perguntas ridículas que fiz ao longo destes dois anos de Mestrado.
Agradeço mais uma vez, ao meu pai, Professor Romildo Brito pela enorme ajuda
durante as simulações no Aspen.
Agradeço a Braskem, em especial ao engenheiro Júlio Tavares, pelos materiais
fornecidos e pela disponibilidade em tirar dúvidas sempre que me foi necessário.
Aos professores Antônio Brandão e Fernando Fernandes, membros da banca
examinadora, que com suas argumentações, opiniões e conhecimento contribuíram para que
este trabalho fosse concluído com êxito.
Por fim, agradeço à Universidade Federal de Campina Grande, mais particularmente ao
Lenp, pela sua estrutura e apoio financeiro.
v
“Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa,
nunca tem medo e nunca se arrepende”
Leonardo da Vinci
vi
RESUMO
As plantas de processos químicos, devido à natureza intrínseca das substâncias e dos produtos
que manuseiam, estão sujeitas a uma gama de riscos que podem, não raramente, produzir
danos irreparáveis aos equipamentos, bem como ocasionar graves lesões, ou até mesmo
mortes, aos trabalhadores e às comunidades circunvizinhas fora dos limites de suas
instalações. Ao longo das últimas décadas, muitas indústrias químicas, petroquímicas e de
processamento de petróleo, em todo o mundo, têm se envolvido em acidentes cujos reflexos
econômicos, humanos e ambientais muitas vezes ultrapassam os limites de suas instalações.
Como conseqüência, as indústrias foram obrigadas a examinar com mais cuidado os efeitos de
suas operações intra e extramuros. Neste contexto, foi abordado o processo de produção de
cloro através da eletrólise da salmoura. O cloro produzido arrasta consigo uma série de
impurezas, que devem ser eliminadas por processo de resfriamento, secagem, compressão e
posteriormente liquefação; onde será reduzido o seu volume, facilitando o seu transporte para
o destino de seus consumidores. A área de compressão além de comprimir o cloro também é
responsável pela eliminação da principal impureza que acompanha o cloro gás ao longo do
seu processamento, a tricloroamina, que em determinadas condições de temperatura, pressão e
composição possui caráter instável e explosivo. Sendo assim, esta dissertação de mestrado
contempla o Sistema de Compressão de Cloro da Braskem em Maceió, onde este sistema foi
simulado em ambiente Aspen Plus e Dynamics. Tentou-se simular o modelo em Aspen o mais
próximo possível da realidade, alcançando níveis seguro da tricloroamina. Obtido o modelo
do sistema de compressão, foram aplicados distúrbios nas vazões de cloro líquido e cloro gás
que entrava no pré resfriador, vazão de cloro líquido que entra no inter resfriador e vazão de
vapor que circulava o refervedor. Foi observado e avaliado o comportamento dinâmico da
temperatura e nível do refervedor, e as temperaturas de descarga do primeiro e segundo
estágio de compressão. COLOCAR RESULTADOS
Palavras-Chave: Produção de Cloro, Compressão, Tricloroamina, Simulação.
vii
ABSTRACT
The chemical process plants, due to the intrinsic nature of the substances and the products
they handle, are subject to a range of hazards which may not infrequently produce irreparable
damage to equipment and cause serious injuries or death to workers and the surrounding
communities outside the boundaries of its facilities. Over the past decades, many chemical,
petrochemical and oil processing in the world, have been involved in accidents which is
reflected economic, environmental and human rights often go beyond the limits of its
facilities. As a result, the industries were forced to examine more carefully the effects of their
intra and extramural. In this context, addressed the production of chlorine by the electrolysis
of brine. Chlorine produced drags a lot of impurities that must be eliminated by the process of
cooling, drying, compression and subsequent liquefaction, which will be reduced in volume,
making transport to the destination of their consumers. This dissertation covers the
Compression System Chlorine Braskem in Maceió, where this system was simulated in Aspen
Plus environment and Dynamics. We tried to simulate the model in Aspen as close as possible
to reality. With the model of compression system, disturbances were applied at rates of liquid
chlorine and chlorine gas that entered the pre-cooler, flow of liquid chlorine that enters the
inter cooler and a flow rate of steam circulating in the reboiller. Was observed and evaluated
the dynamic behavior of the temperature and level of reboiller, and discharge temperatures of
the first and second stage of compression.
Key-Words: Chlorine Production, Nitrogen Trichloride, Aspen, Control System.
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Sistema de Resfriamento e Filtração Úmida do Cloro. ....................................... 5
Figura 2 - Sistema de Secagem do Cloro. ............................................................................... 5
Figura 3 - Sistema de Compressão do Cloro. ......................................................................... 7
Figura 4 - Sistema de Liquefação e Sub-Resfriamento do Cloro. ........................................ 8
Figura 5 - Sistema de Processamento do Cloro. .................................................................... 9
Figura 6 - Comportamento da Temperatura do Refervedor de Clorofórmio. ................. 22
Figura 7 - Comportamento da Temperatura de Descarga do I Estágio do Compressor de
Cloro. ............................................................................................................................... 22
Figura 8 - Comportamento da Temperatura de Descarga do II Estágio do Compressor
de Cloro. .......................................................................................................................... 23
Figura 9 - Fluxograma Oriundo do SDCD da Braskem. ..................................................... 26
Figura 10 - Fluxograma do Processo. ................................................................................... 27
Figura 11 - Fluxograma do Processo de Compressão de Cloro Desenvolvido no
Simulador Aspen Plus. .................................................................................................... 28
Figura 12 - Fluxograma contendo Pré Resfriador e Refervedor (Seção de Degradação).
.......................................................................................................................................... 33
Figura 13 - Fluxograma do Processo de Compressão de Cloro Completo. ....................... 34
Figura 14 - Controle Automaticamente Instalados pelo Aspen Dynamics. ....................... 37
Figura 16 - Configuração do Controlador de Temperatura............................................... 38
Figura 17 Resposta para Degrau Positivo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do
Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d)
Temperatura de Descarga do II Estágio de Compressão. .......................................... 41
Figura 18 - Resposta para Degrau Negativo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível
do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d)
Temperatura do II Estágio de Compressão. ................................................................ 42
Figura 19 - Resposta para Degrau Positivo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do
Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d)
Temperatura do II Estágio de Compressão. ................................................................ 45
Figura 20 - Holdup do Reator para Distúrbio Positivo na Vazão de Cloro Líquido: (a)
Massa de Clorofórmio (kg); (b) Massa de Cloro (kg); (c) Massa de Tricloroamina
(kg). .................................................................................................................................. 46
Figura 21 - Resposta para Degrau Negativo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível
do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d)
Temperatura de Descarga do II Estágio de Compressão. .......................................... 47
Figura 22 - Resposta para Degrau Positivo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do
Refervedor (c) Temperatura do I Estágio de Compressão (d) Temperatura do II
Estágio de Compressão. ................................................................................................. 49
Figura 23 - Resposta para Degrau Negativo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nivel
do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d)
Temperatura de Descarga do II Estágio de Compressão. .......................................... 50
Figura 24 - Resposta para Degrau Positivo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do
Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d)
Temperatura de Descarga do II Estágio de Compressão. .......................................... 52
Figura 25 - Resposta para Degrau Negativo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível
do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I estágio de Compressão (d)
Temperatura de Descarga do II Estágio de Compressão. .......................................... 53
ix
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados para os 2 Estágios de Compressão. ......................................................... 10
Tabela 2 - Relação das Variáveis Controladas, Manipuladas e Distúrbios. ..................... 39
xi
LISTA DE SIGLAS
Compr Modelo do Aspen Plus para cálculo de compressores
Flash2 Modelo do Aspen Plus para cálculo de tanques flash
Heater Modelo do Aspen Plus para cálculo de trocadores de calor
RadFrac - Modelo do Aspen Plus para cálculo rigoroso de colunas de destilação
RCSTR Modelo do Aspen Plus para cálculo de reatores de mistura perfeita
SDCD Sistema digital de controle distribuído
xii
LISTA DE SÍMBOLOS
BOTTOM Corrente da base do inter resfriador
Cl2-GAS Corrente global de cloro gás que entra no pré resfriador
CL2-LIQ Corrente global de cloro líquido
INTER Inter resfriador
MAKE-UP Corrente de reposição de clorofórmio para o refervedor
PRE Pré resfriador
POS Pós resfriador
REACTOR Reator
RECYCLE Cloro gás que sai do pós resfriador e segue para o pré resfriador
TO-COMP1 Corrente do topo do pré resfriador que segue para o primeiro estágio de
compressão
TO-COMP2 - Corrente do topo do inter resfriador que segue para o segundo estágio de
compressão
TO-INT-G Corrente de cloro gás que sai do primeiro estágio de compressão e segue para o
inter resfriador
TO-INT-L Corrente de cloro líquido que segue para o inter resfriador
TO-LIQUE Cloro gás que sai do pós resfriador e segue para o sistema de liquefação
TO-POS Corrente de cloro gás que sai do 2 estágio de compressão e segue para o pós
resfriador
TO-PRE Corrente de cloro líquido que segue para o pré resfriador
TO-REAC Corrente da base do pré resfriador que segue para o refervedor
WASTE Corrente de eliminação de clorofórmio do refervedor
1-STAGE Primeiro estágio do compressor
2-STAGE Segundo estágio do compressor
B1, B2, B3, B4, B5, B6, B7, B9, B13, B14, B15, B16, B17, B19, B22, B23, B24, B26
Válvulas
B11, B21 Splitter
B12, B25 Mixer
xiii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1
2. REVISÃO DO ESTADO DA ARTE ..................................................................................................... 3
2.1 O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CLORO .......................................................................................... 3
2.2.1 Processo em Estudo O Sistema de Compressão ........................................................................... 9
2.2 A TRICLOROAMINA (NCL
3
) ............................................................................................................... 15
2.3 HISTÓRICO DE ACIDENTES ENVOLVENDO DA TRICLOROAMINA .......................................... 16
2.5 ESTUDOS RELACIONADOS À DEGRADAÇÃO DA TRICLOROAMINA ...................................... 18
2.5 O SIMULADOR ASPEN PLUS E DYNAMICS ....................................................................................... 19
3. O PROBLEMA ................................................................................................................................... 22
3.1 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ................................................................................................ 23
4. MODELAGEM E SIMULAÇÃO ....................................................................................................... 25
4.1 FLUXOGRAMA DO PROCESSO ......................................................................................................... 25
4.2 DIMENSIONAMENTO DO PROCESSO EM SIMULADOR ................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.
4.3 MODELOS UTILIZADOS NO SIMULADOR ASPEN PLUS ............................................................... 29
4.4 CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA ............................................................................................................ 31
4.5 TESTES EM MALHA ABERTA ............................................................................................................ 39
4.5.1 Teste Degrau na Vazão de Vapor para o Refervedor de Clorofórmio .......................................... 39
4.5.2 Teste Degrau na Vazão de Cloro Líquido para o Pré resfriador .................................................. 43
4.5.3 Teste Degrau na Vazão de Cloro Líquido para o Inter resfriador ................................................ 48
4.5.4 Teste Degrau na Vazão de Cloro Gás para o Pré resfriador (Distúrbio) ..................................... 51
5.4 CONCLUSÕES ................................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 56
1
1. INTRODUÇÃO
As reações químicas estão sempre sujeitas à contaminação por impurezas.
Embora pouco se tenha estudado a influência de contaminantes no processo, sabe-se
que estes afetam a sua segurança e estabilidade, principalmente quando as reações são
altamente exotérmicas e rápidas. Traços de impureza contaminando as reações, em
escala industrial, podem ocasionar graves acidentes (GUSTIN, 2002).
No contexto onde algumas reações químicas inorgânicas apresentam problemas
relacionados a segurança, a produção de cloro, via eletrólise de solução aquosa de
cloreto de sódio (NaCl) ou cloreto de potássio (KCl), é considerada. Devido à presença
de amônia (NH
3
) na salmoura, ocorre a formação de tricloroamina (NCl
3
, propriedades
químicas explosivas em certas condições) que estará presente no cloro produzido ao fim
do processo, segundo a Equação 1:
(1)
Desta forma, a NCl
3
é degradada na presença de clorofórmio (CHCl
3
), que não
participa da reação, funcionando apenas como solvente. É importante frisar que esta é
uma reação exotérmica que acontece segundo a Equação 2 abaixo:
(2)
Sendo a NCl
3
um composto extremamente instável e explosivo em determinadas
condições, é importante conhecer a sua influência neste processo químico, de modo que
após este estudo, medidas preventivas sejam tomadas com a finalidade de tornar o
processo seguro.
Para representar a integração entre os equipamentos existentes no sistema de
compressão de cloro foi utilizado o software comercial Aspen Plus para simular o
regime estacionário e o Aspen Dynamics para simular o regime transiente.
Simuladores comerciais são ferramentas robustas e eficientes para a solução de
problemas da engenharia de processos, isto é, para o desenvolvimento de processos,
sempre buscando a representação teórica cada vez mais rigorosa, sendo de grande valia
em muitas situações de tomada de decisão. Sua utilização, para a elaboração de plantas
virtuais, é justificada para as mais diversas aplicações, desde o nível estratégico até o
operacional.
2
Dentre as muitas vantagens que estas ferramentas apresentam, pode-se citar a
existência de bancos de dados amplos, os quais incluem um grande número de
compostos químicos e de modelos e/ou métodos termodinâmicos, além de diversas
operações unitárias. Isto permite representar adequadamente os processos e investigar o
impacto de diferentes projetos conceituais e de condições operacionais no custo e na
facilidade de obtenção de produtos específicos.
Esta dissertação corresponde a um estudo da Unidade de Cloro Soda da Braskem
em Maceió. Outros trabalhos que estudaram este processo consideravam fluxogramas
contendo apenas refervedor e pré resfriador interligados. Agora, o sistema de
compressão foi adicionado ao acoplamento refervedor/pré resfriador, e a influência
deste sistema de compressão na degradação da tricloroamina foi analisada.
Este trabalho de Dissertação de mestrado representa, particularmente, nos dias
atuais, com a investida da Braskem, sem mencionar as restrições ambientais cada vez
mais rígidas, uma contribuição importante, não somente pelo caso de estudo em si, mas
pela simulação inédita que foi realizada.
Sendo assim, a dissertação está dividida da seguinte forma:
O capítulo, DESCRIÇÃO DO PROBLEMA, descreve em detalhes o problema
que esta dissertação aborda. Além disso, mostra a importância de resolver o problema e
quais os objetivos que deverão ser alcançados.
O capítulo, REVISÃO DO ESTADO DA ARTE, apresenta uma revisão da
literatura sobre problemas relacionados à segurança e instabilidade em processos devido
à presença de contaminantes, cita casos de acidentes relacionados à presença de
impurezas e a importância de utilizar simuladores comerciais, em especial o Aspen Plus
e Dynamics.
O capítulo, MODELAGEM E SIMULAÇÃO, descreve a solução do problema,
a Simulação em Aspen. Este capítulo descreve a construção do fluxograma que foi
utilizado durante todas as simulações, mostra os testes realizados com variáveis
manipuladas, controladas e distúrbios e avalia o comportamento dinâmico do Sistema
de Compressão.
O capítulo, CONCLUSÕES, contém as declarações curtas, concisas e inferidas a
partir dos resultados obtidos neste trabalho.
3
2. REVISÃO DO ESTADO DA ARTE
Com o avanço da industrialização, a probabilidade da ocorrência de acidentes
aumentou consideravelmente e, por este motivo, a segurança tornou-se uma das maiores
preocupações do homem (SAROHA, 2006).
No passado, o conceito de segurança estava ligado a remediar problemas que
estavam acontecendo, como por exemplo, controlar incêndios que por ventura poderiam
ocorrer. Atualmente, esse conceito de segurança está ligado à prevenção de acidentes,
ou seja, evitar condições que favoreça a ocorrência de acidentes (SAROHA, 2006).
Por manipular produtos altamente tóxicos, explosivos e inflamáveis, as
indústrias químicas têm um potencial elevado para causar acidentes. Estes acidentes
podem incluir explosões, incêndios, exposição à reatividade e produtos tóxicos. Sendo
assim, a indústria química em comparação com outros tipos de indústrias, pode
provocar um número muito maior de mortos, feridos ou doenças. Por isso, a segurança
deve ser a principal prioridade para uma indústria química (SAROHA, 2006).
Em processos químicos, certas condições de temperatura, pressão e ou
composição, podem influenciar na segurança de tal processo. Exemplo disto pode ser
citado quando a contaminação com traços de impurezas em certas reações ocasiona
graves acidentes devido à decomposição rápida e exotérmica (GUSTIN, 2002).
De acordo com a Unidade de Cloro-Soda da Braskem Maceió, a produção de
cloro eletrolítico a partir de uma solução de cloreto de sódio ou de cloreto de potássio
está inserida no leque de situações onde determinadas condições de processo colocam
em risco a segurança do mesmo. Para entender onde está localizado o risco eminente
que esta rota de produção de cloro apresenta, considera-se a seguir a descrição do
processo, de acordo com a Monografia do Processo da Braskem (2002).
2.1 O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE CLORO
Nas células eletrolíticas, a salmoura é sujeita à ação de corrente elétrica, que
gera a eletrólise no NaCl, formando cloro (Cl
2
), hidróxido de sódio (NaOH) e
hidrogênio (H
2
).
O gás cloro obtido pelo processo eletrolítico através das células eletrolíticas,
corresponde a grande maior parte (96%) do total dos gases que deixam o compartimento
4
anódico das lulas. O restante é formado por gases oriundos de reações secundárias e
situações anormais. Esses gases, geralmente são H
2
, N
2
, O
2
, CO
2
, e NCl
3
.
Pequena quantidade de NaCl também é arrastada pelos gases. Portanto, a fim de
que o cloro seja comercializado, é necessário que o mesmo sofra um processamento,
com a finalidade não de eliminar essas impurezas, como também de liquefazê-lo,
pois é sob a forma de líquido, que o cloro é transportado de forma segura.
O processamento do s cloro compreende as seguintes etapas: resfriamento,
secagem, compressão, liquefação e abatimento.
A primeira operação unitária que o Cl
2
deve ser submetido é o resfriamento
(Error! Reference source not found.), que tem a finalidade de resfriar, condensando o
máximo possível dos vapores de água existentes no cloro produzido nas células
eletrolíticas. Dois estágios compõem esta fase:
1. Resfriamento primário do gás cloro: o cloro proveniente das células eletrolíticas
arrasta consigo uma grande quantidade de água em forma de vapor. Este cloro entra
em um trocador de calor onde é resfriado por contato indireto com água da torre de
resfriamento. Neste estágio é condensada a maior parte destes vapores. Essa parcela
de água condensada flui para o vaso de água clorada.
2. Resfriamento secundário do gás cloro: consiste em outro trocador de calor que
recebe o cloro fluente do resfriador que troca calor com água. Essa outra parcela de
água condensada também flui para o vaso de água clorada.
O cloreto de sódio arrastado pelo cloro em forma de névoa é retido em um filtro,
cuja finalidade é evitar a formação de sulfato de sódio, decorrente da reação na
secagem, do cloreto de sódio com o ácido sulfúrico. Uma parcela de água arrastada é
retida nos filtros e flui também para o vaso de água clorada.
O vaso de água clorada é interligado com os resfriadores primário e secundário,
filtro de cloro úmido, e sua finalidade é coletar toda a água condensada e enviá-la por
bombeamento para a área de cloração de salmoura e coluna de stripper.
5
Figura 1 - Sistema de Resfriamento e Filtração Úmida do Cloro.
Embora 99% da água tenha sido retirada do Cl
2
gás, ele ainda é encaminhado
para o sistema de secagem para retirar o restante da água ainda existente. A quantidade
de água ainda presente no gás não permite o seu manuseio em equipamentos de aço,
sem que estes sejam fortemente atacado pelo HCl e HClO, que se formam pela reação
do Cl
2
com a H
2
O. Portanto, a fim de que seja possível a utilização de equipamentos de
aço carbono, para manuseio do gás cloro, é necessário que o mesmo sofra um processo
de secagem por contato direto com ácido sulfúrico (H
2
SO
4
). O processo de secagem é
efetuado por absorção com ácido sulfúrico em quatro torres de absorção em série.
(Error! Reference source not found.).
Figura 2 - Sistema de Secagem do Cloro.
6
Teoricamente o gás cloro após deixar a secagem poderia ser liquefeito; porém, a
baixíssima temperatura requerida e os equipamentos necessários tornam praticamente
proibitiva essa prática. Comprimindo o gás para posterior liquefação, esta poderá ser
feita à temperaturas mais elevadas e dentro de limites econômicos razoáveis. No
processo Braskem o gás é comprimido por um compressor especial de dois estágios e
seis rotores e ainda requer pré resfriador, inter resfriador, pós-resfriador e reciclo de
gases.
Com a finalidade de reduzir o volume do gás e permitir que um compressor
seja necessário, o gás é resfriado por evaporação de cloro líquido, em uma torre
especial.
O cloro líquido evaporado mais o cloro gás seco resfriado por contato direto
entra no primeiro estágio de compressão. Este pré-resfriamento além de atender as
exigências do compressor, serve também para eliminar certas impurezas do gás como
traços de NaCl, FeCl
3
e NCl
3
, levando-as para o refervedor de CHCl
3
. No refervedor, a
solução de CHCl
3
é aquecida através de injeção de vapor na camisa onde deverá ocorrer
a degradação da NCl
3
.
A temperatura de saída na descarga do primeiro estágio do compressor é elevada
a aproximadamente 103°C, exigindo o resfriamento do gás antes de entrar no segundo
estágio. Este resfriamento é feito por contato direto com cloro líquido em uma torre
especial de aço carbono com duas bandejas em aço inox, onde o cloro líquido
evaporado, mais o gás cloro comprimido e resfriado, entram no segundo estágio do
compressor.
Os gases comprimidos no segundo estágio do compressor, agora a
aproximadamente 10 kgf/cm² e 112°C, são resfriados em trocador de calor, por contato
indireto com água da torre de resfriamento para 40°C. Após este resfriamento o gás
cloro comprimido passa para a etapa de liquefação, retornando uma parte do gás a ser
liquefeito para o reciclo do compressor .
O reciclo dos gases existe para atender as necessidades do compressor, isto é,
parte do cloro, comprimido e resfriado, volta para a aspiração do primeiro estágio do
compressor, tendo como finalidade assegurar um volume constante na aspiração,
evitando que o mesmo venha entrar em “surge”.
7
Figura 3 - Sistema de Compressão do Cloro.
O cloro gás comprimido, para que seja liquefeito, necessita somente de um
pequeno abaixamento de temperatura, que é feito em três estágios (Error! Reference
source not found.).
1. Liquefação primária do gás cloro: neste primeiro estágio, o cloro gás comprimido
passa por dois trocadores de calor em paralelo com água gelada por contato indireto,
onde a maior parte se condensa sob a forma de cloro líquido. Os gases que não
condensaram seguem o processo, fluindo para o 2º estágio da liquefação.
2. Liquefação secundária do gás cloro: O líquido refrigerante usado para este segundo
estágio é o freon 12, o qual, usando um trocador de calor, abaixa por contato
indireto a temperatura dos gases saídos do primeiro estágio para 40º C. Uma parte
do gás cloro é liquefeita e a parte não condensada segue para o terceiro estágio da
liquefação.
3. Liquefação terciária do gás cloro: O freon 12 é usado como líquido refrigerante, que
abaixa a temperatura dos gases para 66ºC, através de um trocador de calor.
O cloro liquefeito no primeiro, segundo e terceiro estágio da liquefação, flui para
um tanque onde é feita a distribuição para os seguintes pontos: Pe inter resfriadores
de cloro, cloroduto e estocagem de cloro, através do sub resfriador ou seu by-pass. O
sub-resfriador de cloro tem por finalidade abaixar a temperatura do cloro líquido que
será enviado para o cloroduto e para estocagem criogênica (Error! Reference source
not found.).
8
Os gases não condensáveis, mais um percentual de Cl
2
, se dirigem às unidades
de abatimento e fabricação de hipoclorito (HClO).
Figura 4 - Sistema de Liquefação e Sub-Resfriamento do Cloro.
Na Error! Reference source not found. a seguir está indicado o fluxograma
global do processo de produção de cloro conforme se encontra instalado na Unidade
Industrial de Cloro/Soda da Braskem situada em Maceió.
Esta breve descrição da produção de Cl
2
uma idéia de como o processo
acontece. Sendo assim, os parágrafos seguintes dão um zoom em uma parte deste
processo (em evidência na Error! Reference source not found.), mostrando o
problema que este trabalho pretende resolver ou minimizar.
9
Figura 5 - Sistema de Processamento do Cloro.
2.2.1 Processo em Estudo O Sistema de Compressão
Teoricamente o gás cloro que deixa o sistema de secagem pode ser liquefeito
diretamente. Porém A temperatura extremamente baixa e o alto custo operacional
requerido tornam na prática, proibitiva a sua liquefação neste ponto do processo.
Comprimindo o gás, a liquefação é permitida em temperaturas mais elevadas e dentro
de limites econômicos razoáveis. Na Braskem a área de compressão foi projetada para
liquefazer o gás cloro comprimido a aproximadamente 10 kgf/cm², por um compressor
centrífugo e de dois estágios.
Dois estágios de compressão são requeridos, a fim de se evitar altas
temperaturas, pois a compressão de um gás provoca desprendimento de calor. O projeto
do compressor limita em 150ºC a temperatura do contato do cloro com o aço carbono,
pois temperatura mais elevada causará corrosão desse material. Se o gás proveniente da
secagem fosse comprimido diretamente para àquela pressão, provocaria um
desprendimento de calor muito superior a este limite. O primeiro estágio comprime o
gás até aproximadamente 3,7 kgf/cm
2
, usando quatro rotores do compressor e o segundo
estágio até aproximadamente 10 kgf/cm
2
, com o uso de mais dois rotores, portanto, o
compressor possui seis rotores em um só corpo.
10
O compressor usado pela Braskem foi projetado para aspirar gases com um teor
mínimo de 96% (v/v) de cloro e na sua temperatura de condensação (ou seja, -34ºC para
o primeiro estágio e 4ºC para o segundo). Caso este percentual de cloro abaixe para
96% devido a entrada de ar no circuito ou a temperatura de entrada dos gases nos
estágios sejam superiores aos limites, fazendo com que a densidade do gás abaixe, a
pressão de descarga também abaixará.
A fim de atender as exigências da temperatura de entrada do gás no primeiro
estágio, existe o pré resfriador e, para o segundo estágio existe o inter resfriador. Existe
ainda o pós resfriador, cuja finalidade é a de resfriar o gás que sai do segundo estágio do
compressor.
Outra exigência de um compressor centrífugo é a vazão mínima de 44 ton/h,
essa vazão deve ser mantida superior constantemente, pois caso seja reduzida a 42
ton/h, pode ser atingido o ponto de surge, ou seja, o volume comprimido não é
suficiente para selar os labirintos do compressor, havendo retorno de parte dos gases
comprimidos. Isto provoca ruídos anormais, variações bruscas na amperagem do motor
e pode causar sérios danos nas partes internas e rotativas do compressor. Como o
volume de gases a ser aspirado pelo compressor não é constante para satisfazer estas
condições existe um reciclo de gases, ou seja, parte do s já comprimido volta para a
aspiração, controlado por um sistema automático, que garantirá um volume sempre
constante na entrada do compressor. Este sistema forma o conjunto reciclo dos gases.
Os equipamentos necessários para a compressão do gás cloro são: compressor de
cloro, pré resfriador, refervedor de CHCl
3
, inter resfriador e pós-resfriador de cloro.
Compressor de Cloro
Compressor centrífugo especial para mistura de gás (mínimo 98,38% em peso
ou 96% v/v de Cl
2
), dois estágios, seis rotores, 5460 RPM, um motor de 2225 HP com a
seguinte capacidade:
Tabela 1 - Dados para os 2 Estágios de Compressão.
kgf/cm² (ENT)
kgf/cm² (SAI)
ºC
1º ESTÁGIO
0,89
3,7
103
2º ESTÁGIO
3,7
10
112
11
Este tipo de compressor comprime o gás acelerando-o a uma alta velocidade
com um conjunto rotativo e então fazendo com que sua velocidade decresça em uma
parte não rotativa, ocorrendo então o aumento da pressão do gás. Este tipo de
compressor apresenta um sério problema à medida que a relação de compressão
aumenta, isto é, a relação entre a pressão do gás na descarga e a pressão na sucção do
compressor. Com uma relação de compressão elevada e vazão reduzida, esta vazão
torna-se seriamente instável e pode até reverter completamente no interior do
compressor. Esta condição chamada de surge, perturba o equilíbrio de forças dentro do
compressor, e pode jogar as partes rotativas contra as estáticas podendo não apenas
destruir a máquina, como até causar sérios danos tudo ao seu redor. O surge pode
reduzir a eficiência da máquina danificando a selagem interna da mesma (TULIO,
2006).
Pré Resfriador
Torre de aço inox com acom quatro bandejas para contato líquido/gás e um
eliminador de névoa tipo venezianas fixas. Flangeada em sua parte inferior existe uma
outra pequena torre com cinco bandejas para contato líquido-gás.
Os gases que saem do filtro de cloro gás seco, antes de entrarem no primeiro
estágio do compressor, recebem parcelas de gás cloro de vários pontos do processo,
como: degasagem da tancagem e dos vasos flash; gases do sub resfriador de cloro,
reciclo do compressor e dos analizadores de umidade e hidrogênio. Após esta mistura,
está em torno de 30°C, o que ainda não é a exigida pelas especificações do compressor
para a entrada no primeiro estágio (-34ºC).
Com a finalidade de resfriar esses gases, existe o pré resfriador, o qual também é
usado para eliminar certas impurezas, que ainda acompanham o gás cloro, tais como:
NaCl, NCl
3
, FeCl
3
, orgânicos clorados e outras. Essas impurezas são eliminadas por
contato direto com CHCl
3
, que circula na parte inferior do pré resfriador.
Os seguintes equipamentos compõem o pré-resfriamento: pré resfriador de cloro
e refervedor de clorofórmio.
Os gases a serem resfriados entram pela parte inferior da torre principal do pré
resfriador, borbulhando em cloro líquido existente nas cinco bandejas, onde é resfriado.
Normalmente em um trocador de calor usa-se o calor específico do refrigerante para
resfriar o produto desejado. No presente caso, é usado o calor latente de vaporização do
12
líquido refrigerante, ou seja, aquela quantidade de calor necessária para mudança de
fase líquido-gás, sem variação na temperatura. O cloro quido usado como refrigerante
entra pela parte superior da torre fluindo por gravidade para o fundo da torre, através
das quatro bandejas, vindo sob pressão do tanque de cloro liquefeito (8,1 kgf/cm² a
10ºC), este cloro líquido ao sofrer bruscamente uma queda de pressão (para 0,89
kgf/cm²) provoca o afastamento das moléculas de cloro, o que causa o abaixamento da
temperatura (flaxeamento) até a sua temperatura de condensação à pressão ambiente, no
caso 36ºC. Os gases resfriados na entrada mais o cloro líquido evaporado saem pela
parte superior da torre, após passarem por um eliminador de névoa, cuja finalidade é
evitar que partículas de cloro líquido sejam arrastadas para o compressor. O quido
necessário para este resfriamento vem diretamente do tanque de cloro liquefeito e
também pode ser suprida do fundo do inter resfriador.
Ao entrarem na torre e encontrarem uma temperatura relativamente baixa, certas
impurezas que acompanham o s cloro aumentam de densidade, condensando-se ou
não, indo para a parte inferior do pré resfriador (torre menor), juntamente com cloro
líquido, que é adicionado em excesso. Nesta parte do pré resfriador chega vapores de
CHCl
3
vindos do refervedor, que se condensam pela baixa temperatura, fluindo sob a
forma de líquido, através das cinco pequenas bandejas existentes. Nesta condensação
e descida, o CHCl
3
solubiliza umas (NCl
3
e orgânicos clorados) e arrasta outras (FeCl
3
,
NaCl) impurezas, saindo com as mesmas pela parte inferior do equipamento.
Refervedor de Clorofórmio
O refervedor é um vaso em aço carbono, tem diâmetro interno de 1,2 m e
capacidade volumétrica de 2,27 m³. É ele quem propicia a circulação de CHCl
3
na parte
inferior do pré resfriador através da vaporização do CHCl
3
provocada por aquecimento
externo (camisa de vapor), recebendo posteriormente impurezas que são arrastadas pela
injeção de cloro em excesso que condensa o CHCl
3
, solubilizando a tricloramina que
será decomposta por aquecimento. O controle da qualidade desse CHCl
3
circulante deve
ser periódico, purgando-o pela parte inferior, quando necessário para eliminar os
lidos. Uma das impurezas mais importantes eliminada por este sistema é a
tricloramina (NCl
3
), que quando excitada por algum agente externo, é capaz de
decompor-se quimicamente gerando considerável volume de gases a altas temperaturas,
resultando em liberação de grandes quantidades de energia em reduzido espaço de
13
tempo (poder explosivo). Esta reação de decomposição pode ser iniciada por agentes
mecânicos (pressão, atrito, impacto, vibração, etc.) ou pela ação do calor (aquecimento,
faísca, chama, etc). Seu poder explosivo é comparável ao do acetileno (C
2
H
2
),
possuindo uma altíssima instabilidade sob certas concentrações e condições. O CHCl
3
é
um estabilizador da NCl
3
e quando mantido em temperaturas ao redor de 50ºC, provoca
uma decomposição controlada da NCl
3
em nitrogênio e cloro. Temperaturas superiores
a 70ºC devem ser evitadas, correndo-se o risco de explosão; pois acima deste limite à
ação estabilizadora do CHCl
3
se torna fraca. Temperaturas no refervedor inferiores a
40ºC também devem ser evitadas, pois pouco CHCl
3
circularia no pré resfriador,
deixando passar quantidades de NCl
3
, impurificando o cloro líquido. Além disso, em
temperaturas inferiores a 40ºC a decomposição da NCl
3
é lenta, o que pode motivar
altas concentrações de NCl
3
no CHCl
3
, ocorrendo também possibilidade de explosão.
O nível de CHCl
3
pode variar tanto para menor como para maior. Mesmo
operando dentro dos limites do projeto, uma pequena quantidade de CHCl
3
é arrastada
pelo s cloro, que deixa o pré resfriador, o que provoca um abaixamento do nível no
refervedor. Por outro lado, as impurezas absorvidas pelo CHCl
3
, fazem o seu volume
aumentar. Vapor é a fonte de calor utilizada para evaporar CHCl
3
no refervedor, essa
injeção é feita em uma camisa que envolve externamente o refervedor.
Inter Resfriador
Torre em aço inox, com aproximadamente 4,35 m de altura e 1,52 m de
diâmetro com duas bandejas para contato líquido-gás e um eliminador de névoa tipo
veneziana fixa no topo.
Os gases que deixam o primeiro estágio do compressor a 3,7 kgf/cm² e 103ºC
precisam ser resfriados asua temperatura de condensação (-4,2ºC) antes de entrarem
no segundo estágio. Esse resfriamento é feito no resfriador intermediário do compressor
de cloro, usando como refrigerante o calor latente de vaporização do cloro líquido, tal
qual é usado no pré resfriador. O cloro líquido usado como refrigerante entra pela parte
superior da torre, vindo sob pressão do tanque de cloro liquefeito (8,1 kgf/cm² a 10ºC),
este cloro líquido ao sofrer bruscamente uma queda de pressão (para 3,7 kgf/cm²)
provoca o afastamento das moléculas de cloro, o que causa o abaixamento da
temperatura (flaxeamento). O gás cloro a ser resfriado entra pela parte inferior da torre,
borbulhando em cloro quido existentes nas duas bandejas. O cloro líquido evaporado
14
mais o cloro resfriado (-4,2ºC) saem pela parte superior, após passarem por um
eliminador de névoa, cuja finalidade é evitar que partículas de cloro líquido sejam
arrastadas para dentro do compressor pois isso causaria corrosão nos rotores.
A disposição dos equipamentos (LAYOUT) é feita de maneira tal, que a
transferência do cloro líquido entre o resfriador intermediário e o pré resfriador (quando
se está utilizando essa forma de resfriamento), é feita sem o controle de válvulas, apesar
da diferença de pressão existente entre as duas torres (0,89 kgf/cm² e 3,7 kgf/cm²). Isto é
possível uma vez que entre a saída e a entrada do cloro líquido, existe uma diferença de
nível, que em coluna de líquido equivale a uma pressão suficiente para neutralizar essa
diferença de pressão. Caso ocorra nível baixo no resfriador intermediário, este detalhe
do LAYOUT impede que o gás cloro passe para o pré resfriador. Caso isso ocorresse
faria um reciclo de gases, dificultando o controle automático especificamente existente
para isso (reciclo de gases). Uma linha é usada para a transferência deste cloro líquido,
pois como o mesmo está em sua temperatura de ebulição, parte deste líquido durante a
transferência se gaseifica, dificultando um fluxo contínuo.
Pós Resfriador
São trocadores de calor horizontais, de aproximadamente 0,6 m de diâmetro e
4,0 m de comprimento.
Os gases que saem do segundo estágio do compressor têm uma temperatura
muito elevada (110ºC), tanto para serem usados no reciclo dos gases como para a
liquefação de cloro. É necessário portanto que sofram um resfriamento, este
resfriamento é feito no resfriador final de cloro, usando água da torre de resfriamento,
como líquido refrigerante. Nas condições do projeto serão usados 177,6 m
3
/h de água, a
qual deixa o trocador com 2,8ºC a mais do que a sua temperatura de entrada. Cuidados
devem ser tomados a fim de se evitar a possibilidade de temperaturas inferiores a 26ºC
no pós resfriador, pois em limites inferiores a este o cloro se liquefaz nesta pressão
(10 kgf/cm²). Caso isso ocorra dificulta o controle automático do reciclo dos gases e
ainda provoca trinca nos tubos e severa corrosão no trocador de calor. O projeto prevê
em 40ºC a temperatura de saída do gás cloro.
15
Após o pós resfriador parte do gás segue para o reciclo dos gases e a outra parte
segue para a liquefação do cloro.
Reciclo dos Gases
A finalidade é a de proporcionar um volume sempre constante na sucção do
compressor, mantendo, além disso, uma pressão negativa (vácuo) fixa do lado da
aspiração. Isto é possível, fazendo-se com que parte do gás comprimido, volte para a
sucção do compressor, através de um automatismo, que controla esse volume.
2.2 A TRICLOROAMINA (NCl
3
)
A oxidação de compostos orgânicos contendo nitrogênio em sua fórmula
(aminas, amidas, cianetos, uréia), utilizando cloro, fornece cloroaminas instáveis. Entre
as cloroaminas, NCl
3
é extremamente instável e é uma das principais impurezas
existentes no processo de produção de cloro. A NCl
3
é apenas ligeiramente solúvel em
água e pode ser obtida por cloração de soluções aquosas contendo íons amônio, nitrato
de amônio, sulfato de amônio, cloreto de amônio ou amoníaco. A formação de NCl
3
é
possível na cloração processos e no tratamento da água através de cloro ou água
sanitária (GUSTIN, 2005).
A NCl
3
foi obtida pela primeira vez por Pierre Louis Dulong através da cloração
de uma solução de cloreto de amônio. Dulong foi seriamente ferido por diversas
explosões de líquido de NCl
3
(GUSTIN, 2005).
O calor de formação da NCl
3
foi determinado em soluções de tetracloreto de
carbono (CCl
4
): ∆H = 54,7 kcal/mol ou ∆H = 457 kcal/kg de NCl
3
. Nesta
decomposição, 1 mol de nitrogênio e 3 mol de cloro são produzidos por 2 mol de NCl
3
.
O solvente não participa desta decomposição (GUSTIN, 2005).
A NCl
3
é solúvel em Cl
2
, CCl
4
e CHCl
3
. Outros solventes às vezes também são
mencionados como o benzeno ou o dissulfeto de carbono, mas deve ser evitado o uso de
solventes que possam ser reagidos por NCl
3
ou cloro, pois a solução obtida pode ser
instável e violenta. Espera-se que soluções de 12 a 15% em peso de NCl
3
em CCl
4
ou
CHCl
3
sejam estáveis em temperaturas abaixo da temperatura ambiente, mas que
decompõe-se acima de 60°C (GUSTIN, 2005).
16
No contexto onde a segurança é prioridade para a indústria química e,
considerando todos os comentários feitos sobre o cloro e a NCl
3
, considera-se o
processo de produção de cloro. O cloro pode reagir com amônia para formar NCl
3
, que
é um composto extremamente instável e de caráter explosivo, como citado
anteriormente. A NCl
3
é formada durante a cloração de íons amônio. A NCl
3
formada
provoca explosões muito facilmente durante aquecimentos rápidos, mesmo em
quantidade de uma grama. Esta detonação pode ser evitada com a adição de compostos
alcalinos ou agitação intensa (GUSTIN, 2005).
Todas as reações com cloro e hipoclorito de um lado e aminas de outro devem
ser avaliadas, no que diz respeito à possibilidade de formar cloroaminas. Em tais
situações devem ser analisadas alternativas a fim de se evitar maiores desastres. Se isso
não for possível, então a formação de NCl
3
deve ser controlada e as condições propícias
à sua formação devem ser evitadas (GUSTIN, 2005).
A NCl
3
é líquida em condições normais de temperatura e pressão. O ponto de
ebulição teórico é de 71,8ºC. A densidade do líquido é de 1,635 g/cm
3
à temperatura
ambiente, e por este motivo, o líquido pode se acumular abaixo da água sem ser
detectado. A pressão de vapor do líquido puro é de 150 mmHg à 20ºC e 80 mmHg à 0ºC
(GUSTIN, 2005).
2.3 HISTÓRICO DE ACIDENTES ENVOLVENDO DA TRICLOROAMINA
Considerando o processo de produção de cloro usando a eletrólise de NaCl ou
KCl, parte do processo diz que o cloro é lavado em um pré resfriador que opera abaixo
da pressão atmosférica e a uma temperatura de -35ºC para remover a NCl
3
formada. A
NCl
3
e os compostos orgânicos clorados passam por um refervedor que está acoplado a
um pré resfriador contendo CCl
4
que promove a remoção da NCl
3
. O CCl
4
é um
solvente adequado para extrair a NCl
3
porque não favorece o processo de cloração e,
além disso, seu ponto de ebulição é de 77ºC versus 71ºC da NCl
3
. Este refervedor
permite a vaporização do cloro que deve retornar ao pré resfriador (GUSTIN, 2005).
O refervedor pode operar frio (entre 0 e 5°C), mas a NCl
3
formada deve ser
imediatamente descartada ou o refervedor pode operar aquecido (45 e 60ºC), onde
ocorre a decomposição térmica da NCl
3
. No caso da decomposição térmica, a
temperatura deve ser cuidadosamente controlada a fim de evitar o acúmulo da NCl
3
.
17
Esta etapa do processamento está sujeita a muitos problemas e vários estudos de caso
sobre acidentes devido a eliminação da NCl
3
(GUSTIN, 2005).
Há muito tempo atrás, o cloro líquido era utilizado para lavar a NCl
3
presente no
cloro gasoso proveniente do pré resfriador descrita acima. Este cloro residual líquido era
coletado em cilindros e foi verificado que ocorria auto-aquecimento em seu interior O
cilindro não era destruído, mas ficou claro que a concentração da NCl
3
no cloro residual
estava elevada e que este método de eliminação da NCl
3
não era seguro (GUSTIN,
2005).
Depois deste incidente o processo foi modificado e o tetracloreto de carbono foi
adicionado a um refervedor acoplado ao pré resfriador de purificação de cloro para
extração da NCl
3
. A solução de NCl
3
no cloro líquido foi continuamente descarregada
na base do pré resfriador para um refervedor de aço e a NCl
3
era degradada em uma
solução de CCl
4
a uma temperatura entre 45 e 60°C. Após as modificações no processo
de eliminação de NCl
3
nenhum grave acidente foi relatado (GUSTIN, 2005).
Em outro exemplo, a NCl
3
foi extraída pela adição da mistura entre tetracloreto
de carbono e clorofórmio ao refervedor acoplado à coluna de purificação. A NCl
3
na
solução de cloro líquido é alimentada ao refervedor, desgaseificada e retirada para ser
levada para a incineração. Nenhum grave acidente ocorreu com este tipo de eliminação
(GUSTIN, 2005).
No entanto, o controle da concentração da NCl
3
em CCl
4
, CHCl
3
e soluções de
organoclorados é crítica, que a decomposição da NCl
3
pode ser violenta mediante
aquecimento. American Chlorine Institute relata acidentes causados por reações
descontroladas.
Em Lake Charles (Luisiana, EUA) um refervedor de eliminação de NCl
3
em
solução de CCl
4
e CHCl
3
explodiu em 17 de outubro de 1967. Após o incidente, foi
possível deduzir a concentração da NCl
3
analisando a base da coluna de purificação,
onde a concentração estava em torno de 8,5% em peso de NCl
3
. É possível que a
solução tenha liberado calor, onde sua temperatura tenha sido elevada acima da
temperatura ambiente e a reação de eliminação tornou-se descontrolada causando a
ruptura do vaso (INSTITUTE, 1975).
Outro caso de acidente relatado sobre o mesmo tipo de instalação em local
desconhecido também foi registrada em um carta de 3 de fevereiro de 1995 emitido pela
Chlorine Institute. Neste acidente, uma válvula instalada entre o pré resfriador e o
18
refervedor foi manuseada incorretamente causando explosão e matando dois operadores
(INSTITUTE, 1975).
A EuroChlor recomenda que a concentração de NCl
3
não deva ultrapassar 20
ppm em cilindros de 1000 kg de cloro, 10 ppm em tanques fechados de 20000 e 50000
kg de cloro e 2 ppm em quantidades acima de 300000 kg de cloro (EUROCHLOR,
1990).
2.5 ESTUDOS RELACIONADOS À DEGRADAÇÃO DA TRICLOROAMINA
A degradação da NCl
3
foi estudada por Tavares (2006). Tavares desenvolveu
uma estratégia de controle para o processo da decomposição térmica da NCl
3
. O sistema
usado para decomposição foi constituído por um pré resfriador e um refervedor
acoplados, cujo problema principal era a manutenção da temperatura do refervedor
dentro de uma faixa segura. Peculiaridades foram verificadas, como o fato do sistema
nunca entrar em regime estacionário, ou seja, apresentar comportamento integrador. O
processo foi simulado em Aspen e os resultados comparados com dados de planta
industrial. Além disso, Tavares propôs uma nova configuração de controle. A
implementação dos resultados do trabalho de Tavares na planta industrial resultou em
forte redução da variabilidade da temperatura do refervedor.
Tavares (2006) concluiu que em relação a cinética o CCl
4
atuava apenas como
diluidor para a NCl
3
e a degradação era fortemente dependente da temperatura. A causa
principal da oscilação da temperatura no refervedor era a manipulação da vazão de cloro
líquido que entra no pré resfriador. A temperatura do refervedor era fortemente
dependente das vazões de cloro quido e de cloro gás. Diminuindo a vazão de cloro
líquido que entra no pré resfriador, a vazão de recirculação ao pré resfriador foi
diminuída drasticamente, o que resultou em uma menor perda de tetracloreto de carbono
e menor carga térmica.
Lenp (2004) estudou a substituição do CCl
4
por CHCl
3
na unidade de
degradação de NCl
3
do processo de produção de Cloro da Unidade de Cloro Soda de
Alagoas da Braskem, através do desenvolvimento e implementação do modelo
matemático, validado com dados da planta operando com CCl
4
.
Lenp concluiu que mantendo a pressão do refervedor igual a pressão usada com
sistema contendo CCl
4
, a perda de CHCl
3
foi o dobro da perda de CCl
4
. Elevando a
19
pressão do refervedor para 2,4 kgf/cm
2
a perda de CHCl
3
foi igual à perda de CCl
4
.
Reduzindo-se a vazão de refluxo (cloro líquido) a vazão de recirculação do pré
resfriador diminui drasticamente: a perda de CHCl
3
foi igual à perda de CCl
4
e; a carga
térmica foi aproximadamente 50 % da carga usada na planta. A quantidade de CHCl
3
a
ser utilizada foi igual à atual (CCl
4
, ~1500 kg de holdup). No caso do CCl
4
, era possível
aumentar a temperatura até 90
o
C (ponto de ebulição do CCl
4
à 1.5 kgf/cm
2
); no caso do
CHCl
3
, a temperatura não poderá ser aumentada mais do que 74
o
C (ponto de ebulição
do CHCl
3
à 1.5 kgf/cm
2
) sob risco de esvaziar o refervedor. Em relação à cinética o
CCl
4
atua apenas como “diluidor” para a NCl
3
, e o mesmo acontecerá com o CHCl
3
, ou
seja, também é apenas um diluente. A temperatura da parede do refervedor influencia
fortemente a degradação. O modelo desenvolvido pode ser utilizado para prever as
diversas situações (estacionária e dinâmica) encontradas na planta.
2.5 O SIMULADOR ASPEN PLUS E DYNAMICS
A utilização de simuladores comerciais é uma ferramenta robusta e eficiente na
solução de problemas da engenharia de processos, isto é, no desenvolvimento de
processos, sempre buscando a representação teórica cada vez mais rigorosa dos mesmos
e sendo de grande valia em muitas situações de tomada de decisão (LUYBEN, 2004).
Sua utilização é justificada para as mais diversas aplicações, desde o nível estratégico,
até o tático e o operacional de empresas e de centros de pesquisa e universidades: gestão
estratégica, planejamento, gerenciamento da operação, adoção de tecnologias,
desenvolvimento de processos e treinamento de profissionais e pesquisadores.
A simulação de processos permite predizer o comportamento de um
determinado processo utilizando relações básicas da engenharia, tais como as trocas de
massa e de energia, o equilíbrio químico e de fases. Dados termodinâmicos confiáveis,
operações realísticas, e modelos rigorosos dos equipamentos podem ser simulados com
um comportamento bem real da planta (CUSTÓDIO, 2007).
A simulação de processos permite o simulador realizar análises que executam
estudos de sensibilidade e de otimização. Com isso, pode-se projetar plantas melhores e
aumentar a rentabilidade de plantas existentes. A simulação de processos é útil durante
todo o ciclo de vida de um processo, da pesquisa e do desenvolvimento de um projeto
até a sua produção.
20
Segundo Luyben (2004), o software comercial mais utilizado em simulações é o
desenvolvido por Aspen Technology Aspen Plus para a simulação em estado
estacionário e Aspen Dynamics para simulação dinâmica, sendo estas ferramentas
utilizadas também neste trabalho de dissertação. A notação padrão do Aspen é utilizada,
por exemplo, os estágios da coluna de destilação são contados de cima para baixo,
sendo o condensador o estágio de número 1 e o refervedor o último estágio.
Um processo consiste nos componentes químicos que estão sendo misturados,
separados, aquecidos, refrigerados e convertidos por operações das unidades. Estes
componentes são transferidos de unidade à unidade através das correntes do processo.
Pode-se traduzir um processo no simulador Aspen Plus executando-se as seguintes
etapas (CUSTÓDIO, 2007):
1. Definição do Flowsheet do processo:
Definição das operações unitárias do processo.
• Definição das correntes do processo e das operações da unidade.
Selecionar os modelos do Aspen Plus na biblioteca modelo para descrever cada
operação da unidade e para utilizá-los no flowsheet do processo.
Colocar as correntes no flowsheet, nomeá-las e conectá-las aos modelos da
operação da unidade.
2. Especificar os componentes químicos do processo. Pode-se fazer uma busca dos
componentes o banco de dados do simulador Aspen Plus, ou o usuário mesmo pode
defini-los.
3. Especificar os modelos termodinâmicos para representar as propriedades físicas dos
componentes e das misturas no processo. Estes modelos são construídos pelo Aspen
Plus.
4. Especificar os componentes e as taxas de fluxos, e as condições termodinâmicas (por
exemplo, temperatura e pressão) das correntes que alimentam o processo.
5. Especificar as circunstâncias operacionais para os modelos da operação da unidade.
Com a Aspen Plus, pode-se interativamente mudar as especificações como, a
configuração do flowsheet; circunstâncias operacionais e composições da
alimentação, para realizar casos de estudo novos e para analisar alternativas do
processo.
Além de processar a simulação, o simulador comercial Aspen Plus permite que
sejam executadas muitas outras tarefas, tais como, estimativa e regressão de
21
propriedades físicas, geração de resultados gráficos e tabelas dos resultados finais,
dados apropriados da planta aos modelos da simulação e otimização dos resultados do
processo (CUSTÓDIO, 2007).
Alguns trabalhos têm feito uso da simulação computacional para a proposição e
avaliação de processos.
Torres (2001) inter-relacionou os modelos do Aspen Plus para representar a
Refinaria de Poços de Caldas, simulando o balanço de massa e energia do processo
Bayer. Além de validar o modelo do processo Bayer ao comparar os resultados do
simulador com o da planta, foi possível identificar oportunidades de melhoras do
processo produtivo, em que fosse viável a aplicação do processo produtivo.
Custódio (2007) propôs uma nova configuração para o processo da produção de
acetato de etila através da reação de esterificação do ácido acético com o etanol. O
projeto conceitual proposto incluiu um reator de tanque contínuo (CSTR) acoplado a
um retificador, um decantador e duas colunas de purificação, para a água e o acetato de
etila. O software comercial Aspen Plus foi utilizado para a realização dos estudos do
processo proposto através de simulação computacional em estado estacionário, e o
simulador Aspen Dynamics foi utilizado para a simulação dinâmica. A contribuição
principal de seu trabalho foi a proposta de uma planta conceitual com alta pureza de
todas as correntes do processo, o que diminuiu desperdícios, de modo que o produto
indesejado ou os reagentes não convertidos não estivessem presentes nas correntes de
saída do sistema. No processo proposto, todos os reagentes são de origem renovável.
É importante frisar que o software não é auto-suficiente, ou seja, para a
construção de modelos de planta é necessário que se conheça o aplicativo e o processo
muito bem. Além de conhecer o processo, é muito importante entender como as
informações estão disponíveis e em que base de unidades se encontram, pois o poderoso
banco de dados do aplicativo pode direcionar o usuário erroneamente, se a interface de
informações entre a planta e o aplicativo não for corretamente entendida (TORRES,
2001).
22
3. O PROBLEMA
Como citado anteriormente, Tavares simulou o refervedor e o pré resfriador do
sistema de compressão de cloro da Braskem acoplados como um reator e uma coluna de
absorção utilizando o tetracloreto de carbono (CCl
4
), que era o solvente utilizado
naquela época. Neste trabalho pretende-se inovar o trabalho de Tavares, acrescentando
todos os equipamentos do Sistema de Compressão. Além de simular o refervedor com
um novo solvente, o clorofórmio, que é solvente substituto do CCl
4
. Esta substituição
foi devido ao banimento do CCl
4
exigido pelo Protocolo de Montreal.
A seguir, serão apresentados comportamentos das principais variáveis,
atualmente controladas na planta, que interferem fortemente na segurança e estabilidade
do processo.
A Figura 6 representa o comportamento real da temperatura de operação do
refervedor de clorofórmio. A degradação da NCl
3
é bastante comprometida devido a
grande variabilidade na temperatura do refervedor.
Figura 6 - Comportamento da Temperatura do Refervedor de Clorofórmio.
A Figura 7 representa o comportamento real da temperatura de descarga do
primeiro estágio do compressor de cloro.
Figura 7 - Comportamento da Temperatura de Descarga do I Estágio do Compressor de Cloro.
30
35
40
45
50
55
60
65
0 200 400 600 800 1000
Tempos(s)
Temperatura do refervedor (ºC)
99
99,5
100
100,5
101
101,5
102
102,5
103
103,5
104
0 200 400 600 800 1000
tempos(s)
temperatura de descarga do I
estágio do compresso de cloro
(ºC)
23
A Figura 8 representa o comportamento real da temperatura de descarga do
segundo estágio do compressor de cloro.
Figura 8 - Comportamento da Temperatura de Descarga do II Estágio do Compressor de Cloro.
É possível verificar nitidamente a importância deste trabalho, considerando o
fato de que o processo não opera de forma satisfatória, necessitando ser controlado com
o intuito de evitar distúrbios que se propaguem e gerem problema de segurança graves,
como por exemplo, o aumento da concentração da tricloroamina no refervedor. Ainda é
possível perceber que o refervedor é um dos pontos críticos na produção do cloro
eletrolítico, pelos motivos que já foram extensamente apresentados ao longo desta
dissertação.
3.1 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Esta dissertação apresenta tem como objetivo geral simular todo o Sistema de
Compressão de Cloro da Braskem o mais próximo possível da realidade.
Sendo assim os objetivos específicos são:
1. Modelar em Aspen Plus o regime estacionário do sistema de compressão de cloro
utilizando o clorofórmio como solvente;
2. Os resultados obtidos na etapa anterior serão utilizados como estimativa inicial para
a simulação do sistema em Aspen Dynamics onde o estado estacionário deve ser
alcançado;
3. Provocar distúrbios e avaliar o comportamento dinâmico do Sistema de Compressão;
109
109,5
110
110,5
111
111,5
112
0 200 400 600 800 1000
tempos(s)
temperatura de descarga do II
estágio do compresso de cloro
(ºC)
24
Os objetivos específicos dizem respeito aos resultados que se deseja obter na
planta industrial e podem ser listados a seguir:
1. Limitar o valor da tricloroamina em torno de 1000 ppm no interior do refervedor.
2. Assegurar que a temperatura de descarga do primeiro e segundo estágio do
compressor de cloro seja inferior a 125°C (temperatura de inter-travamento do
compressor);
3. Assegurar que a temperatura de descarga do primeiro e segundo estágio do
compressor de cloro seja sempre superior à 105°C com o objetivo de evitar a
possibilidade de arraste de líquido para o interior do compressor e/ou sobre corrente
no motor elétrico;
25
4. MODELAGEM E SIMULAÇÃO
4.1 FLUXOGRAMA DO PROCESSO
A produção de cloro, como comentado anteriormente, é realizada a partir da
eletrólise da salmoura. O cloro produzido passa por etapa de filtração e resfriamento
para retirada de cloreto de sódio e vapores de água, respectivamente, ainda passa por
uma etapa de secagem, onde o restante dos vapores de água é retirado, passa por uma
etapa de compressão a fim de diminuir a sua temperatura de liquefação, e depois é
liquefeito, que o cloro é transportado sob a forma de líquido. Como este trabalho
enfatiza a etapa de compressão, o fluxograma do processo de compressão foi baseado na
tela do SDCD da Braskem, como mostrado na Figura 9.
Os equipamentos necessários para a compressão do gás cloro são: compressor de
cloro, pré resfriador, refervedor de CHCl
3
, inter resfriador e pós-resfriador de cloro. O
processo de compressão pode ser fragmentado em duas seções, uma de degradação da
tricloroamina e outra de compressão do gás cloro produzido, conforme delimitado da
Figura 10.
O modelo no estado estacionário foi implementado usando o simulador Aspen
Plus. Os resultados obtidos no estado estacionário foram usados como valor inicial para
as simulações dinâmicas, as quais foram realizadas no Aspen Dynamics.
Utilizando o simulador Aspen Plus juntamente com dados e informações
fornecida pela Braskem indústria, foi realizada a construção do fluxograma do processo
de compressão do cloro, de acordo com a Figura 11.
Este processo foi desenvolvido na versão 20 do simulador comercial Aspen Plus,
Esta versão apresenta melhores bancos de dados para cálculo de propriedades de
componentes e misturas, além de novas ferramentas no modo dinâmico. A maior parte
das restrições encontradas em versões anteriores, principalmente em relação aos
modelos termodinâmicos e respectivos parâmetros já foram superadas na versão 20.
Na construção do fluxograma na versão 20, foram utilizados os mesmos valores
do fluxograma original da planta referentes às correntes de alimentação de matérias-
primas, dados de processo (temperatura, pressão, composição), e dimensionamento de
equipamentos. Posteriormente foram efetuadas modificações para implementação do
processo.
26
Figura 9 - Fluxograma Oriundo do SDCD da Braskem.
27
z
Figura 10 - Fluxograma do Processo.
28
Figura 11 - Fluxograma do Processo de Compressão de Cloro Desenvolvido no Simulador Aspen Plus.
29
4.3 MODELOS UTILIZADOS NO SIMULADOR ASPEN PLUS
Cálculo de Propriedades
O modelo termodinâmico utilizado para o cálculo de propriedades das misturas
encontradas no processo e nos equipamentos foi o modelo de Peng-Robinson.
Pré Resfriador
O primeiro equipamento adicionado foi o pré resfriador, que foi simulado como uma
coluna de absorção com pratos. Este equipamento é responsável pelo resfriamento do gás
proveniente da área de secagem usando cloro líquido como quido refrigerante. Os dados de
projeto dessa coluna foram:
09 estágios;
1
o
ao 4
o
estágio com 419 mm de diâmetro;
5
o
ao 9
o
estágio com 400 mm de diâmetro;
Eficiência de Murphee igual a 70 %.
Para a simulação foi usado o modelo RadFrac que consiste de um modelo rigoroso
para cálculo de operações multi-estágios de fracionamento líquido-vapor. Essas operações
podem ser de destilação simples, absorção, arraste, destilação extrativa, azeotrópica, reativa.
O modelo permite a manipulação das eficiências dos estágios para aproximação de sistemas
reais, dimensionamento de pratos, estágios, avaliações de perfis hidráulicos e térmicos, entre
outros. Cálculos de equilíbrio são realizados de acordo com o modelo termodinâmico
escolhido.
Refervedor
O refervedor de CHCl
3
foi simulado como um reator do tipo CSTR, com as seguintes
características:
Adiabático (por hipótese);
Diâmetro de 2 m;
30
Orientação vertical do vaso;
Volume de 2,27 m
3
;
No simulador foi usado o modelo RCSTR, que consiste em um modelo rigoroso de um
reator de tanque de mistura contínua (mistura perfeita). Este modelo é usado quando são
conhecidas as cinéticas das reações e quando o conteúdo do reator tem as mesmas
propriedades do fluxo de saída. O modelo RCSTR pode calcular a temperatura do reator,
quando a carga térmica é fornecida ou inversamente, pode calcular a carga térmica do reator,
quando sua temperatura de operação é fornecida.
Compressor
O compressor de cloro foi simulado usando o modelo Comp do simulador Aspen Plus.
Este modelo pode simular um compressor centrífugo politrópico, um compressor de
deslocamento positivo politrópico e um compressor isentrópico. Se a pressão ou a energia
requerida ou a curva de desempenho forem conhecidas, o modelo Compr é utilizado para
provocar uma mudança na pressão da corrente. Algumas especificações são requeridas
dependendo do tipo de compressor. O compressor isentrópico pode ser modelado usando os
métodos GPSA, ASME, ou Mollier. O método GPSA pode estar baseado nas condições de
sucção ou na média das condições de sucção e descarga. O método ASME é mais rigoroso do
que o método para GPSA para cálculos utilizando compressor isentrópica. O Mollier é o
método mais rigoroso para os cálculos isentrópicos. Este trabalho optou por não seguir
nenhum dos métodos existentes, portanto, utilizou-se apenas um compressor do tipo
isentrópico, ou seja, um compressor ideal que opera de forma adiabática.
Inter Resfriador
O modelo matemático escolhido no simulador Aspen Plus para o inter resfriador é
denominado Flash2. Este modelo é utilizado para modelar tanques Flash, evaporadores,
tanques de mistura e outros separadores de apenas um estágio. O modelo Flash2 realiza os
cálculos de equilíbrio líquido-vapor e líquido-líquido-vapor de acordo como modelo
termodinâmico escolhido. Quando especificadas as condições de saída, o modelo determina
as condições térmicas e de fase para mistura de uma ou mais correntes de entrada. O inter
resfriador tem a finalidade de realizar uma destilação flash. A corrente de cloro gás é resfriada
31
no flash adiabático por uma corrente de cloro gás que origem a duas correntes saturadas.
Uma de líquido e outra de vapor, em equilíbrio. Sendo assim, o flash foi especificado segundo
as condições abaixo:
Carga térmica = 0;
Queda de pressão igual a zero.
Pós Resfriador
Trocador de calor que tem a finalidade de resfriar os gases provenientes do segundo
estágio de compressão, para isto utiliza-se água da torre de resfriamento como líquido
refrigerante. O modelo matemático usado no simulador foi o Heater, que é utilizado para
sistemas de troca térmica entre duas correntes. O modelo Heater é utilizado para cálculos de
ponto de bolha e de ponto de orvalho, adicionar ou remover qualquer quantidade de taxa de
calor, encontrar grau de super aquecimento ou sub resfriamento, determinar a taxa de
aquecimento ou resfriamento para atingir certa fração de vapor ou ainda para especificar ou
modificar condições termodinâmicas de uma corrente. As especificações deste trocador
foram:
Temperatura da corrente de saída = 40°C;
Queda de pressão de 0,1 kgf/cm
2
.
4.4 CONSTRUÇÃO DO FLUXOGRAMA
A cada dimensionamento de equipamento foi feita a simulação para geração dos dados
das correntes de saída do bloco. A construção do sistema foi iniciada a partir do pré resfriador
e do refervedor.
O pré resfriador, conforme citado anteriormente foi modelado como uma coluna de
absorção de 9 estágios (1
o
ao 4
o
estágio com 419 mm de diâmetro; 5
o
ao 9
o
estágio com 400
mm de diâmetro). Foram consideradas as correntes CL2-GAS e CL2-LIQ para o pré resfriador
com seus valores de vazão, temperatura, pressão e composição iguais às usadas nas correntes
do processo real. O pré-resfriador foi simulado com as respectivas correntes de saída e
entrada.
32
As correntes de MAKE-UP e WASTE foram simuladas para o refervedor. Embora estas
correntes não existam na planta real havia a necessidade de utilizá-las nesse momento da
construção do fluxograma, com a finalidade de injetar clorofórmio para o interior do
refervedor. Outra especificação do refervedor foi fixar a sua temperatura de operação em
50°C, que é a mesma temperatura utilizada na planta industrial.
De acordo com o relatório da Euro Chlor (2001), a reação de degradação da
tricloroamina é exotérmica e de 1ª ordem, segundo a mostra a Equação 5 a seguir:
(5)
Conforme o relatório citado, a taxa da reação de degradação é expressa pela Equação
6 a seguir:
(6)
onde x é fração mássica de NCl
3
.
No Aspen Plus a implementação da cinética desta reação é realizada através da
equação de Arrenhius, conforme mostra a Equação 7:
(7)
O método, utilizado para encontrar a constante pré-exponencial e a energia de
ativação, está disponível em Tavares (2006). Esses dados cinéticos têm os seguintes valores:
Com o pré resfriador e o refervedor modelados no simulador, a seção de degradação é
finalizada e mostrada na Figura 12 a seguir.
33
Figura 12 - Fluxograma contendo Pré Resfriador e Refervedor (Seção de Degradação).
Diversos erros foram apresentados pelo fluxograma com dados de planta durante
inúmeras tentativas de simular o arquivo no Aspen Plus. Esta seção de degradação, onde
ocorre o primeiro resfriamento do cloro gás no pré resfriador e a degradação da tricloroamina
do refervedor de clorofórmio, pode ser considerada a etapa crítica de todo o processo de
compressão de cloro, devido a reação de degradação da NCl
3
. A convergência com dados de
planta é extremamente complicada, sendo necessária a alteração de dados para obter
convergência. Em especial a temperatura do refervedor que opera a 50°C na planta industrial,
neste momento da simulação foi de 35°C, acima deste valor o sistema não converge. Além
disto, a fração mássica da tricloroamina, que deve ser abaixo de 1000 ppm, está extremamente
alta, em torno de 0,027. Esta situação, na planta industrial, está apta a causar graves acidentes.
Esta dificuldade em convergir pode ser explicada da seguinte forma: à uma temperatura de
50ºC o balanço de massa não é obedecido, devido a uma perda considerável de clorofórmio
pelo topo do pré resfriador, quando a temperatura é diminuída, o balanço de massa é
obedecido e o arquivo converge na plataforma Aspen Plus.
A seguir foram adicionados os blocos, 1-STAGE, INTER, 2-STAGE e POS finalizando
o fluxograma, como mostra a Figura 13.
34
Figura 13 - Fluxograma do Processo de Compressão de Cloro Completo.
Observe que as correntes de alimentação para o pré resfriador foram alteradas. Com a
adição do inter-resfriador, a corrente CL2-LIQ é dividida em duas, onde uma parte segue para
o pré resfriador, e a outra parte restante segue para o inter resfriador. A corrente RECYCLE
somada à corrente CL2-GAS é a nova alimentação de cloro gás para o pré-resfriador. Ao
simular este arquivo, a convergência não é alcançada facilmente. Um dos principais erros
obtidos está relacionado ao inter resfriador. Na planta industrial, apenas a corrente de topo
tem fluxo de massa, enquanto a sua vazão da base (BOTTOM) é nula. Ao simular o arquivo
este é o resultado obtido, no entanto, o simulador Aspen Plus não considera este resultado
satisfatório e, portanto o arquivo converge com recomendações. Estas recomendações
sugerem que todas as correntes tenham valor maior que zero, pois assim será possível
exportar o arquivo do Aspen Plus para o Aspen Dynamics. Sendo assim é preciso fazer várias
tentativas aumentando o valor da corrente CL2-LIQ, não esquecendo que apenas um valor em
torno de 6000 kg deve fluir para o pré resfriador (esta restrição é especificada no Aspen Plus
no bloco FSplit). A vazão mínima da corrente BOTTOM que fizer o sistema convergir é a
correta. Outro detalhe é com relação a razão entre as correntes TO-LIQUE e RECYCLE. A
35
corrente que segue para liquefação, TO-LIQUE, é a maior parte da vazão mássica que chega
neste ponto do processo. A corrente RECYCLE existe apenas para atender a exigência de
volume constante na aspiração do compressor.
A vazão de topo do pré resfriador (TO-COMP1) sai a uma temperatura de -34,7°C e
pressão de 0,89 kg/cm
2
. Um compressor isentrópico foi utilizado para o primeiro estágio da
compressão onde foi especificada a pressão de descarga de aproximadamente 3,7 kg/cm
2
. O
compressor eleva a temperatura do Cl
2
gás de -34,7°C para 103°C.
Após a compressão, o Cl
2
gás (TO-INT-G) segue para o inter resfriador. No Aspen
Plus o inter resfriador foi simulado como um flash, onde a pressão e a carga térmica foram
especificadas iguais a zero. Além da alimentação de Cl
2
gás, há a entrada de Cl
2
líquido (TO-
INT-L). Esta corrente é uma ramificação proveniente de um splitter onde a alimentação deste,
é Cl
2
líquido à temperatura de 10°C e pressão de 8 kg/cm
2
. A vazão de alimentação para este
splitter foi de 16000 kg/h, onde 10000 kg/h são direcionados para o inter resfriador e os
outros 6000 kg/h seguem como uma segunda alimentação para o pré-refriador. As
especificações do flash levam a entender que este inter resfriador funciona como um
misturador adiabático entre a corrente de cloro gás e a corrente de cloro quido. O inter
resfriador baixa a temperatura de 103°C para -1,4°C. Este abaixamento da temperatura
acontece à pressão constante.
Agora, a vazão de Cl
2
gás (TO-COMP2) segue para o segundo estágio da compressão.
Mais uma vez, o compressor utilizado é isentrópico e sua descarga foi especificada em 10
kg/Cm
2
. O compressor eleva a temperatura de -1,4°C para 112°C.
Passada as duas etapas de compressão, a vazão de Cl
2
gás (TO-POS) a 112°C e 10
kg/cm
2
é a alimentação para um pós-resfriador, onde no Aspen Plus é simulado como um
trocador de calor. A temperatura e a pressão do trocador foram especificadas em 40°C e -0,1
kg/cm
2
.
A saída deste pós resfriador passa por um splitter que divide a alimentação em duas
correntes, a maior parte da alimentação (TO-LIQUE) segue para o sistema de liquefação e,
apenas uma pequena parte da corrente de Cl
2
gás proveniente do trocador (RECYCLE) retorna
ao processo (pouco mais de 1%). Essa recirculação se une a uma corrente de Cl
2
gás
proveniente das células eletrolíticas em um mixer, onde a corrente de saída deste mixer é a
alimentação do pré resfriador.
No fluxograma são incluídas apenas as válvulas para controle do processo, que foram
configuradas de acordo com dados iniciais de forma a conferir maior robustez ao processo.
Para isso foi realizada a análise de fases das correntes de material, e partir de seus resultados
36
foram definidas válvulas: “somente líquido”, e “somente vapor”. Essa determinação reduz a
presença desnecessária de correntes bifásicas, uma vez que sua presença pode ser resultado de
pequenas imprecisões de cálculo durante os processos de iteração numérica (CARVALHO,
2007).
Depois de construir o processo é necessário reiniciar a seqüência de cálculo, pois
durante a construção dos blocos do processo, podem ter sido gerados erros e valores residuais.
Para realização dos cálculos e convergência em cada simulação, o software Aspen Plus utiliza
os resultados da simulação anterior como valores iniciais para a próxima iteração numérica.
Caso ocorra algum erro durante este processo seqüencial de cálculo, erros e valores residuais
podem ter sido usados em cálculos, gerando resultados finais imprecisos (CARVALHO,
2007).
Para evitar que esses possíveis erros tenham influenciado nos resultados finais do
processo, todos os valores, exceto as correntes de alimentação de reagentes novos, foram
apagados, ou seja, o fluxograma completo passa a ter apenas os dados de equipamentos e
correntes de alimentação de matéria-prima.
Pode se chamar este procedimento de simulação de partida, pois a seqüência escolhida
e inclusão de equipamentos foram idealizadas a partir do provável procedimento real de
partida da unidade produtiva.
Então se iniciou o teste de convergência com o fluxograma completo para avaliar a
resposta do simulador. Inicialmente todos os blocos do Aspen Plus foram desativados, ou seja,
eles permanecem no fluxograma, mas não fazem parte dos cálculos da simulação.
Após este procedimento de reinicialização, o arquivo do processo estacionário do
Aspen Plus foi revisado em relação à pressão Pressure Check. No caso de alguma
incompatibilidade entre pressões no processo, o software abre uma janela com a localização e
todas as informações que devem ser corrigidas para que o sistema seja regido pelas diferenças
de pressão. No caso de todos os equipamentos estarem corretamente dimensionados e
configurados, o arquivo encontra-se preparado para ser exportado ao Aspen Dynamics.
4.4 MODELO DINÂMICO
A simulação de processos em estado estacionário permite a proposição da melhor
topologia, especificações e utilidades requeridas para a obtenção dos produtos desejados,
através da construção de diversos cenários distintos, bem como a otimização de processos.
Entretanto, qualquer processo, de um modo geral, está sujeito a perturbações, de forma que a
37
análise do comportamento dinâmico torna-se uma ferramenta necessária para a proposição da
sistemática de controle adequada para um dado sistema. A solução obtida em estado
estacionário é o ponto de partida para tal análise.
Após o procedimento e a verificação da compatibilidade de pressão ao longo do
fluxograma completo, o arquivo foi transferido para o Aspen Dynamics no formato .dynf,
que o configura para ter os fluxos regidos pela diferença de pressão entre pontos. No Aspen
Dynamics o arquivo é aberto, e são realizadas sugestões de controle básico pelo próprio
programa, como mostra a Figura 14. O manual do Aspen sugere a retirada de todas as malhas
de controle antes de inicializar a simulação.
Figura 14 - Controle Automaticamente Instalados pelo Aspen Dynamics.
Na planta industrial, quando o processo vai dar partida, o refervedor está
devidamente preenchido com CHCl
3
. No entanto, simular esta situação não é possível. A
alternativa encontrada foi adicionar uma corrente de solvente ao refervedor (MAKE-UP), e
adicionar uma corrente de saída (WASTE), como citado em outro momento No estado
estacionário essas correntes possuem valores maiores que zero. A corrente MAKE-UP é de
aproximadamente 500 kg/h. Na simulação dinâmica, a válvula da corrente WASTE é fechada,
consequentemente, o nível do reator começa a aumentar. Após o valor de nível desejado ser
alcançado (aproximadamente 1 m), a corrente MAKE-UP é gradualmente minimizada até
atingir um valor nulo.
38
No Aspen Plus, a temperatura de operação do refervedor simulada foi de 35ºC para
que a convergência fosse alcançada. Como a temperatura de operação real é de 50ºC, um
controlador PID de temperatura é colocado no refervedor a fim de se atingir as condições
planta. Somente no regime transiente é possível obedecer ao balanço de massa à 50ºC. A uma
temperatura em torno de 50°C, uma decomposição eficiente da NCl
3
é alcançada
(concentração de 700 ppm). Para controlar a temperatura deste refervedor utilizou-se uma
camisa de aquecimento que fornecia energia por volta de 43400 kcal/h.
O ajuste do controlador foi realizado pela inicialização automática dos valores na
janela do controlador, conforme mostrado na Figura 15. Este controlador trabalha de forma
reversa, ou seja, para manter a temperatura num set point se o seu valor aumentar, a
quantidade de energia fornecida ao reator deve diminuir, mas se o valor da temperatura
diminuir, a quantidade de energia fornecida ao reator deve aumentar. Portanto o controlador
opera de forma reversa, como indicado na Figura 15.
Figura 15 - Configuração do Controlador de Temperatura.
Para as simulações do processo de produção no aplicativo Aspen Dynamics foram
utilizados os métodos de Newton para equações não lineares e de Euler Implícito no
algoritmo de integração. A tolerância para a convergência nas iterações foi configurada para
um valor de 10
-5
, e o tempo discreto de 0,001 horas.
39
4.5 TESTES EM MALHA ABERTA
Com o estado estacionário alcançado, o controlador foi retirado para permitir que o
sistema opere em malha aberta. Foram realizados alguns testes para verificar o
comportamento de variáveis significativas para a manutenção da estabilidade do processo. A
escolha das variáveis manipuladas foi baseada num estudo feito por Tavares (2006). Segundo
Tavares, a definição das variáveis manipuladas, controladas e distúrbios levaram em
consideração o entendimento, o conhecimento e a experiência existente sobre o sistema em
estudo. A Tabela 1 abaixo apresenta a escolha das variáveis manipuladas, controladas e
distúrbios. Todas as variáveis controladas e manipuladas foram avalidas, mas apenas o efeito
do distúrbio da vazão de cloro produzido é considerado.
Tabela 2 - Relação das Variáveis Controladas, Manipuladas e Distúrbios.
Variáveis Controladas (CV)
Variáveis Manipuladas (MV)
Variáveis Distúrbios (DV)
Temperatura do refervedor
Vazão de vapor para o refervedor
Vazão do cloro produzido
Temperatura de descarga do I
estágio do compressor
Vazão de Cl
2
líquido para o pré
resfriador de cloro
Vazão de Cl
2
gasoso do
subresfriador de Cl
2
Temperatura de descarga do II
estágio do compressor
Vazão de Cl
2
líquido para o inter
resfriador de cloro
Vazão de Cl
2
gasoso da
estocagem de Cl
2
Tavares, 2006.
4.5.1 Teste Degrau na Vazão de Vapor para o Refervedor de Clorofórmio
A Figura 16 mostra o comportamento para a temperatura e nível do refervedor, e
temperaturas do I e II estágio de compressão mediante uma perturbação de +10% aplicada na
vazão de vapor para o refervedor, 1 hora após o estado estacionário ser estabelecido (todos os
distúrbios deste trabalho foram aplicados quando a simulação estacionária atingiu exatamente
1 hora). O degrau de +10% na vazão de vapor corresponde a aproximadamente +8 kg/h.
A simulação foi realizada até aproximadamente 4,5 horas, após este período o
refervedor foi esvaziado e não houve necessidade em dar continuidade à simulação. Com o
aumento na vazão de vapor, a temperatura cresce rapidamente até t = 4 h, onde alcança um
máximo (~75°C) e, neste valor permanece por quase 30 minutos (a). Este período de
“estabilidade” não representa um estado estacionário, mas sim um período de saturação, que
40
pode ser justificado da seguinte forma: a mistura do refervedor é formada praticamente por
clorofórmio, e quando a mistura reacional alcança a temperatura de ebulição do clorofórmio a
1,5 kg/cm
2
(~75°C), este começa a vaporizar e após 30 minutos praticamente não mais
líquido no interior do refervedor (b). Com relação à resposta das temperaturas de descarga no
I (c) e no II (d) estágio do compressor, pode ser verificado que um distúrbio positivo na vazão
de vapor praticamente não tem influência sobre estas duas variáveis.
Considerando um degrau negativo na vazão de vapor, por exemplo -10% ou 8 kg/h
(Figura 17), a resposta da temperatura de descarga nos dois estágios de compressão tem
comportamento extremamente semelhante com o obtido para um degrau positivo, ou seja,
pouca ou nenhuma influência. Com relação à temperatura, como era de se esperar, se a
energia fornecida ao refervedor diminui, conseqüentemente, a temperatura de operação do
refervedor cai. Ao cair a temperatura, a velocidade de reação também cai, o que favorece o
aumento da concentração da tricloroamina no interior do refervedor. Além deste fato,
observa-se que, em aproximadamente 15 horas, o nível do refervedor é preenchido
completamente, ou seja, o refervedor transborda devido à pouca vaporização do clorofórmio.
41
(a)
Tempo (h)
Temperatura (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0
50.0 60.0 70.0 80.0
(b)
Tempo (h)
Nível (m)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0
0.5 1.0 1.5
(c)
Tempo (h)
Temp - I Estagio (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0
103.2 103.6 104.0
(d)
Tempo (h)
Temp - II Estagio (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0
112.4 112.8
Figura 16 Resposta para Degrau Positivo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d) Temperatura de Descarga
do II Estágio de Compressão.
42
(a)
Tempo (h)
Temperatura (°C)
0.0 5.0 10.0 15.0
0.0 25.0 50.0
(b)
Tempo (h)
Nível (m)
0.0 5.0 10.0 15.0
1.5 2.0
(c)
Tempo (h)
Temp - I Estágio (°C)
0.0 5.0 10.0 15.0
103.4 103.5
(d)
Tempo (h)
Temp - II Estágio (°C)
0.0 5.0 10.0 15.0
112.3 112.35
Figura 17 - Resposta para Degrau Negativo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d) Temperatura do II Estágio
de Compressão.
43
4.5.2 Teste Degrau na Vazão de Cloro Líquido para o Pré resfriador
Considera-se agora uma perturbação de +173 kg/h na vazão de cloro líquido que entra
no pré resfriador, como mostrado na Figura 18. Este distúrbio corresponde a uma abertura na
válvula desta corrente de aproximadamente +3%.
Um distúrbio de +3% na vazão de cloro líquido para o pré resfriador gera uma
diminuição suave tanto na temperatura (a) como no nível do refervedor (b). A diminuição na
temperatura pode ser explicada da seguinte forma: no pré resfriador, cloro gás a 30°C e cloro
líquido a 10°C entram como alimentação. Na base do pré resfriador, a corrente de saída tem
temperatura de -18°C, resultante da mistura cloro/clorofórmio/tricloroamina (como o pré
resfriador opera à pressão constante, as temperaturas de saída da base e do topo são apenas
função da composição). Após degrau positivo na corrente de cloro líquido, a concentração de
cloro no pré resfriador aumenta, fazendo com que maior quantidade de cloro saia na vazão da
base, além de diminuir a temperatura devido ao maior grau de resfriamento (a temperatura da
base passa a ter um valor de -30°C). Sendo a vazão da base do pré resfriador a alimentação do
refervedor, uma maior quantidade de cloro mais frio que entra no reator e mantendo a carga
térmica constante, a temperatura no interior do refervedor também decresce. Com relação as
temperaturas de descarga dos dois estágios de compressão não foi observado nenhuma
mudança.
Foi observado que o nível do refervedor diminuiu o que não corresponde ao
comportamento esperado. Quando uma perturbação positiva é aplicada à vazão de cloro
líquido que entra no pré resfriador, a quantidade de cloro líquido no interior do refervedor
aumenta, e embora a temperatura do refervedor diminua, ainda continua a ocorrer a
vaporização do clorofórmio. Esta vaporização ainda é maior do que a quantidade de cloro
líquido que entra no reator, portanto o nível apresenta um decréscimo suave, como mostrado
na Figura 19 a seguir.
Aplicou-se agora um degrau negativo à vazão de cloro líquido que entra no pré
resfriador (-3%), o que corresponde a -204 kg/h (Figura 20). A temperatura do refervedor
aumenta até o ponto de ebulição da mistura reacional, este aumento dura em torno de 1 hora e
meia. No tempo de simulação próximo de 6 horas o nível do refervedor é praticamente nulo,
não havendo mais qualquer vestígio de líquido em seu interior. Neste caso, o tempo de
saturação dura cerca de 3 horas e meia. Como a vazão de cloro líquido diminui menos cloro
líquido entra no pré resfriador para resfriar o cloro gás, por sua vez, a concentração de
44
clorofórmio no pré resfriador também aumenta, fazendo com que a temperatura de saída na
base do pré resfriador seja maior (passa de -18°C para 62°C). Uma menor quantidade de cloro
líquido mais aquecido entra no refervedor, fazendo com que praticamente exista apenas
clorofórmio no interior do refervedor que aquece até seu ponto de saturação, depois evapora e
por fim todo o refervedor é esvaziado em torno de 6 horas de simulação.
Com relação à resposta das temperaturas do primeiro e segundo estágios de compressão
observe a Figura 20 (c) e (d). A corrente de saída do pré resfriador que antes do distúrbio
tinha uma temperatura -34,7°C passa a ter uma temperatura maior de -34°C, onde o acréscimo
é justificado pelo fato de que uma pequena parte de clorofórmio escapa pelo topo do pré
resfriador, o que faz com que a temperatura de saída do topo aumente. Por sua vez, uma
temperatura maior entra no compressor, e como é de se esperar, a temperatura de descarga no
primeiro estágio do compressor também se eleva. A mesma justificativa pode ser usada para
explicar o aumento na temperatura de descarga no segundo estágio do compressor.
45
(a)
Tempo (h)
Temperatura (°C)
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0
25.0 50.0 75.0
(b)
Tempo (h)
Nível (m)
0.0 5.0 10.0
1.0 1.2
(c)
Tempo (h)
Temp - I Estágio (°C)
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0
100.0 110.0 120.0
(d)
Tempo (h)
Temp - II Estágio (°C)
0.0 2.5 5.0 7.5 10.0
110.0 120.0 130.0
Figura 18 - Resposta para Degrau Positivo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d) Temperatura do II Estágio
de Compressão.
46
Figura 19 - Holdup do Reator para Distúrbio Positivo na Vazão de Cloro Líquido: (a) Massa de Clorofórmio (kg); (b) Massa de Cloro (kg); (c) Massa de Tricloroamina (kg).
47
(a)
Tempo (h)
Temperatura (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0
50.0 60.0 70.0 80.0
(b)
Tempo (h)
Nivel (m)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0
0.5 1.0 1.5
(c)
Tempo (h)
Temp - I Estágio (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0
103.5 104.0 104.5
(d)
Tempo (h)
Temp - II Estágio (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0
114.0 116.0
Figura 20 - Resposta para Degrau Negativo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d) Temperatura de Descarga
do II Estágio de Compressão.
48
4.5.3 Teste Degrau na Vazão de Cloro Líquido para o Inter resfriador
O terceiro tipo de distúrbio gerado durante a simulação foi uma perturbação na vazão de
cloro líquido que alimentava o inter resfriador. O distúrbio gerado foi de 15667 kg/h na vazão
de cloro líquido que entra inter resfriador, o que significa abrir a válvula em +8%. Os
resultados relacionados às temperaturas do refervedor, primeiro e segundo estágios de
compressão foram praticamente inalterados. Além disso, o nível do refervedor também se
manteve praticamente o mesmo.
para um distúrbio negativo na vazão de cloro líquido de -8% (1641 kg/h) para o inter
resfriador a resposta da temperatura no refervedor foi extremamente parecida com a resposta
obtida para uma perturbação negativa na vazão de cloro líquido que entra no pré resfriador: a
temperatura aumenta até atingir o ponto de saturação (75°C) e depois, nesse período
permanece por quase 3,5 horas. Isto acontece porque a diminuição na vazão de cloro quido
que entra no inter resfriador acarreta numa diminuição na vazão de cloro líquido. Como
explicado anteriormente, se a vazão de cloro líquido que entra no pré-resfriador diminui, o
comportamento da temperatura segue o mostrado na Figura 22 (a).
Com relação ao nível do refervedor, a tendência é esvaziar, e esse esvaziamento ocorre
por volta de 7 horas de simulação. Já as temperaturas de descargas dos dois estágios de
compressão têm seu valor incrementado, como mostra a Figura 22 (b). Finalmente é
observado um acréscimo significativo para as temperaturas de descargas nos estágios dos
compressores. O primeiro estágio tem um acréscimo bastante suave enquanto o segundo
estágio tem um acréscimo considerável (∆~17°C), devido à diminuição na vazão de cloro frio
necessário para resfriar o cloro gás (quente), a temperatura de saída do inter resfriador é
maior.
49
(a)
Tempo (h)
Temperatura (°C)
4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0
50.0 55.0
(b)
Tempo (h)
Nível (m)
4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0
1.1 1.2
(c)
Tempo (h)
Temp - I Estágio (°C)
4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0
100.0 110.0 120.0
(d)
Tempo (h)
Temp - II Estágio (°C)
4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0
110.0 120.0 130.0
Figura 21 - Resposta para Degrau Positivo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do Refervedor (c) Temperatura do I Estágio de Compressão (d) Temperatura do II Estágio de
Compressão.
50
(a)
Tempo (h)
Temperatura (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
50.0 60.0 70.0 80.0
(b)
Tempo (h)
Nível (m)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
0.5 1.0 1.5
(c)
Tempo (h)
Temp - I Estágio (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
103.5 104.0 104.5
(d)
Tempo (h)
Temp - II Estágio (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
120.0 130.0
Figura 22 - Resposta para Degrau Negativo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nivel do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d) Temperatura de Descarga
do II Estágio de Compressão.
51
4.5.4 Teste Degrau na Vazão de Cloro Gás para o Pré resfriador (Distúrbio)
A Figura 23 abaixo mostra um distúrbio na corrente de cloro gás que entra no pré
resfriador de aproximadamente 2553 kg/h (ou abertura de +5% na válvula).
Verifica-se, segundo Figura 23 (a), um aumento na temperatura do refervedor. Se a
vazão de cloro gás aumenta, a concentração de cloro quido diminui, ou seja, aumentar a
vazão de cloro gás tem o mesmo efeito que uma diminuição na vazão de cloro líquido. Sendo
assim, o comportamento para a temperatura pode ser justificada utilizando-se dos mesmos
argumentos utilizados para um distúrbio negativo na vazão de cloro líquido que entra no pré
resfriador. O nível, segundo a Figura 23 (b), segue o comportamento esperado.
Com relação às respostas nas temperaturas de descarga dos dois estágios de compressão
verifica-se o comportamento mostrado na Figura 23 (c) e (d).
Degrau negativo foi aplicado à vazão de cloro líquido que entra no pré resfriador de
aproximadamente 2773 kg/h, o que corresponde uma abertura na válvula de 5% (Figura 24).
A temperatura do refervedor decai em uma curva suave. O mesmo comportamento para
a temperatura foi obtido quando um degrau positivo foi aplicado à vazão de cloro líquido que
entra no pré resfriador. Se a vazão de cloro gás diminui, o grau de resfriamento aumenta, ou
seja, a concentração de cloro líquido mais frio que deve entrar no refervedor também
aumenta, fazendo com que haja um decréscimo suave na temperatura do holdup do
refervedor. Semelhantemente ao comportamento do nível quando aplicado distúrbio positivo
na vazão de cloro líquido que entra no pré resfriador, o nível também diminui lentamente ao
longo de 10 horas.
A temperatura de descarga do compressor aumenta de 103 para 109°C, enquanto que a
temperatura de descarga aumenta de 112 para 116.
52
(a)
Temperatura (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
60.0 80.0
(b)
Tempo (h)
Nível (m)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
0.5 1.0 1.5
(c)
Tempo (h)
Temp - I Estágio (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
100.5 103.0
II Estagio
Tempo (h)
Temp - II Estágio (°C)
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0
110.5 113.0
Figura 23 - Resposta para Degrau Positivo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I Estágio de Compressão (d) Temperatura de Descarga do
II Estágio de Compressão.
53
(a)
Tempo (h)
Temperatura
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0
40.0 50.0 60.0
(b)
Tempo (h)
Nível (m)
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0
0.85 1.1
(c)
Tempo (h)
Temp - I Estagio (°C)
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0
105.0 107.5 110.0
(d)
Tempo (h)
Temp - II Estagio (°C)
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0
114.5 117.0
Figura 24 - Resposta para Degrau Negativo: (a) Temperatura do Refervedor (b) Nível do Refervedor (c) Temperatura de Descarga do I estágio de Compressão (d) Temperatura de Descarga
do II Estágio de Compressão.
54
5.4 CONCLUSÕES
Levando em consideração os resultados parciais obtidos até agora, alguns comentários
finais podem ser feitos.
A princípio, foi apresentada a necessidade de tentar minimizar os distúrbios existentes na
Unidade de Cloro-Soda da Braskem Maceió, em especial na seção de Compressão do Cloro. As
variáveis onde houve necessidade de evitar variações bruscas são a temperatura do refervedor de
clorofórmio e as temperaturas de descarga do primeiro e segundo estágio do compressor.
O simulador de processos Aspen Plus apresentou alguns bons resultados em modo
estacionário, sendo possível a composição de um fluxograma de processo de produção
compressão de cloro que reproduz condições operacionais semelhantes as reportados na fábrica.
No simulador Aspen Plus tentou-se alcançar as condições existentes atualmente na planta.
Devido à complexidade do processo notou-se uma elevada dificuldade de alcançar tais
condições, e para tal, alguns artifícios foram utilizados, com o propósito de tornar o fluxograma
simulado o mais próximo da realidade.
O simulador Aspen Dynamics se mostrou muito útil para avaliações dinâmicas do
processo, em especial para alcançar as condições da planta que não foram atingidas no Aspen
Plus.
Foram feitos testes em malha aberta do tipo degrau nas variáveis de relevância com o
objetivo de compreender o comportamento dinâmico das mesmas diante de possíveis distúrbios
reais existentes na planta.
Foi observado que a temperatura do refervedor é fortemente dependente da vazão de vapor
da camisa do refervedor, como era de se esperar. Sendo a temperatura do refervedor um fator
crítico para a degradação da tricloroamina e, por sua vez, para a segurança do processo, o seu
controle é de fundamental importância.
Foi observado que perturbação positiva na vazão de cloro líquido corresponde a uma
perturnação na vazão de cloro gás, e vice-versa.
Em alguns casos, foi observado que a temperatura chega a um ponto de saturação (75°C) e
a partir deste ponto o clorofórmio evapora-se até o completo esvaziamento do refervedor. Em
outros casos, a temperatura diminui, causando ao longo de determinado período de tempo o
transbordamento do refervedor.
Com relação às temperaturas de descarga nos estágios do compressor foi verificado que a
maior parte dos distúrbios não provocava nenhuma mudança significativa. Variação notável
55
aconteceu para perturbação negativa na vazão de cloro líquido que alimenta o inter resfriador e
nas perturbações positivas e negativas da vazão de cloro gás que alimenta o pré resfriador.
Sugere-se realizar os mesmos testes degrau na planta industrial com a finalidade de validar
os resultados obtidos por esta dissertação.
56
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