1. Maturação lenta ou funcionamento deficitário de sistemas neurológicos
específicos, relacionados com funções de percepção ou com aquisição de
linguagem, determinados geneticamente.
2. Lesões mínimas adquiridas em áreas cerebrais cuja extensão é insuficiente para
produzir deficiências neurológicas grosseiras, mas suficientes para produzir
perturbações de linguagem, de percepção e motoras.
3. Lesões cerebrais evidentes, resultando em deficiências neurológicas francas.
Segundo o autor, a primeira poderia ser reconhecida como referente à dislexia
de evolução
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. A segunda, lesão cerebral mínima
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adquirida, surgiria como suspeita de
difícil comprovação. Segundo ele, essas duas primeiras categorias poderiam ser
incluídas no termo genérico de disfunção cerebral mínima. A terceira categoria, dizia o
autor, referia-se a crianças com síndromes neurológicas claramente definidas,
apresentando distúrbios de aprendizagem com produção escolar não proporcional à
capacidade intelectual.
Para Lefèvre (1975) entre as implicações da DCM (disfunsão cerebral
mínima), nas atividades escolares, encontrar-se-ia a dificuldade de concentração como
principal característica, acrescentando:
(...) como saber se uma pequena anormalidade encontrada no exame neurológico, a
qual possamos, corretamente, atribuir significado patológico, deve ser
simplesmente relacionada com um distúrbio do comportamento e/ou do
aprendizado? (Lefevre, 1975)
Para ele, haveria que se tomar um cuidado extremo quanto à tendência a
simplificar o problema, procurando atribuir todos os fracassos e dificuldades escolares a
uma DCM, levemente detectada nos exames, e eximir-se de considerar outras causas,
inclusive a deficiência pedagógica de professores mal preparados ou sobrecarregados de
trabalho, ou ainda, um ambiente familiar desajustado, onde imperariam a indisciplina e,
muitas das vezes, a vontade infantil de fazer tudo que lhe apetecesse como, por
exemplo, ficar diante de programas de TV, de baixo teor cultural.
Embora fizesse essa ressalva, para ele, isto seria solucionado por meio de
exame minucioso para distinguir o patológico dos fatores de variação normal, e,
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Pela Federação Mundial de Neurologia (1968) define-se dislexia como um distúrbio que se manifesta
por dificuldade em aprender a ler, a despeito do ensino convencional, de inteligência adequada e de boa
condição sociocultural. É dependente de incapacidades cognitivas fundamentais, frequentemente de
origem constitucional. (Schain, 1976: 69)
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De Strauss e Lehtinem (1947) – O tipo (de lesão cerebral mínima) que se expressa por dificuldades de
fala, dominância unilateral pobremente definida e por integração retardada, pode resultar mais tarde em
dificuldades sérias na organização da leitura. As coordenações óculos-motoras e defeitos da visão estão
também frequentemente associados com esta síndrome geral. A prevalência surpreendente da chamada
incapacidade para leitura, e sua frequente associação com traumatismos mínimos de parto, tendem a
apoiar nossa tese de que tais lesões são mais comuns do que geralmente se supõe. (Schain, 1976: 34)