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budismo, antigas religiões semiticas e cristianismo)
2
. Stephan Hoeller, por exemplo,
prefere falar em “atitude gnóstica” para explicar os sucessivos renascimentos ao
longo da história:
Consiste em uma certa atitude da mente, uma ambiência psicológica
(...) um certo tipo de alma é, por sua própria natureza, gnóstica.
Qualquer que seja o seu ambiente geográfico, cultural ou espiritual esta
gravita inevitavelmente para uma visão de mundo gnóstica. Quando
aquela predisposição ideológica encontra o estímulo de algum elemento
de transmissão gnóstica, está fadado a surgir um renascimento
3
No entanto, alguns historiadores acreditam que a característica unificadora
das diversas escolas e seitas é a significante influência budista/hinduísta nas re-
interpretações da Bíblia, em particular do livro do Gênesis, através da adição de um
prólogo original
4
. Esta re-interpretação inclui tanto uma cosmogonia como um
sistema moral, muito mais do que uma descrição factual da criação. Está delineado
no clássico gnóstico “Apócrifo de João”.
5
, um dos principais textos encontrados em
Nag Hammadi. Este livro desenvolve todos os temas míticos sobre os quais os
visionários gnósticos irão propor suas respostas. Escrito em torno de 150 DC, nele
pode ser encontrado o mito da queda, criação e salvação. Para ele a origem da vida
não está no Deus bíblico, mas em um radical e transcendente poder, uma divindade
mais elevada e definida em termos tão abstratos que exclui todo antropomorfismo e
envolvimento com o mundo. Para além desse mistério, encontram-se diversas
emanações andrógenas, aeons, cada qual sendo uma manifestação única de suas
origens. Juntos, as origens e suas manifestações compõem o Pleroma, a
2
Cf. HUTIN, Serge. Los Gnósticos, EUDEBA: Buenos Aires, 1963.
3
HOELLER, Stephan A., Gnosticismo: tradição oculta. Rio de Janeiro: Nova Era, 2005, p. 155-156.
4
“budistas estiveram em contato com os cristão de Tomé (ou seja, cristãos que conheceram e
usaram tais escritos – Evangelho de Tomé) no Sul da Índia”. CONZE, E. “Buddhism and Gnosis”
Apud: PAGELS, Elaine. Os Evangelhos Gnósticos. R. de Janeiro: Objetiva, 2006, p. xxii.
5
WISSE, Frederik.(tradução) “O Apócrifo de João” IN: ROBINSON, James M. A Biblioteca de Nag
Hammadi. São Paulo: Madras, 2007. Um dos vários textos escritos nos primeiros anos da era cristã
que comprova que o cristianismo original tinha pensamentos muito mais diversificados do que hoje. A
fé só foi unificada, quando a corrente cristã romana, adotada pelo imperador, baniu todos os outros
grupos cristãos. Após a morte de Jesus, os cristãos compartilharam relatos da vida e das lições de
Cristo. Dezenas deles foram escritos, mas os próceres da igreja elegeram só quatro para o Novo
Testamento. No século 20, evangelhos rejeitados foram redescobertos. Alguns, como o de Pedro,
assemelham-se aos quatro escolhidos. Outros, como o de Judas, têm diferenças drásticas e
valorizam a gnose – o conhecimento de Deus pela percepção da centelha divina que existe no
indivíduo.