Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
REGINALDO TADEU SOEIRO DE FARIA
ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS NA PRODUÇÃO DE
FORMAS EXPRESSIVAS EM AUDIOVISUAIS PARA CELULAR
SÃO PAULO
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
REGINALDO TADEU SOEIRO DE FARIA
ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS NA PRODUÇÃO DE
FORMAS EXPRESSIVAS EM AUDIOVISUAIS PARA CELULAR
Dissertação de Mestrado apresentada à
Banca Examinadora, como exigência para a
obtenção do título de Mestre do Programa
de Mestrado em Comunicação, área de
concentração em Comunicação
Contemporânea da Universidade Anhembi
Morumbi, sob a orientação do Prof. Dr.
Vicente Gosciola
SÃO PAULO
2009
ads:
REGINALDO TADEU SOEIRO DE FARIA
ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS NA PRODUÇÃO DE
FORMAS EXPRESSIVAS EM AUDIOVISUAIS PARA CELULAR
Dissertação de Mestrado apresentada à
Banca Examinadora, como exigência
para a obtenção do título de Mestre do
Programa de Mestrado em
Comunicação, área de concentração em
Comunicação Contemporânea da
Universidade Anhembi Morumbi, sob a
orientação do Prof. Dr. Vicente Gosciola
Aprovado em 01/09/2009
___________________________________
Prof. Dr. Vicente Gosciola
___________________________________
Prof. Dr. Gelson Santana Penha
___________________________________
Prof. Dr. Sérgio Amadeu da Silveira
DEDICARIA
Dedico esta pesquisa a Roberta e Raquel, filhas que tanto amo e que
são a maior motivação de minha vida e de longe são os meus maiores projetos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, a Reinaldo e Rosinha, meus pais, que
sempre colocaram para mim e meus irmãos a importância da educação e seu
aprimoramento. A Reinaldo, Ronaldo, Roney, Renan meus irmãos que sempre
me incentivaram e em especial a Roniel meu irmão gemelar que é meu maior
fã.
Aos meus alunos que sempre serão motivo de aperfeiçoamento, aos
meus colegas que sempre acreditaram na minha capacidade, a meus amigos
que no incentivo de uma vida me ajudaram a chegar até aqui.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Vicente Gosciola, que com paciência e
sabedoria ajudou-me enormemente neste processo, de descoberta e de
pesquisa.
Especial agradecimento a Profa. Dra. Fábia Angélica Dejavite, Profa.
Dra. Silvia Rocha e Profa. Dra. Vera Lúcia da Rocha, que além de colegas, são
amigas que tiveram paciência em me ouvir, além de me incentivarem para a
continuação desta minha pesquisa, principalmente nos momentos mais difíceis.
A Adriana, mulher maravilhosa, que em momento algum duvidou que eu
fosse capaz, sempre me apoiando e incentivando.
Obrigado com toda a minha sinceridade a todos.
“A convergência ocorre dentro dos
cérebros de consumidores individuais e
em suas interações sociais com os
outros” (Henry Jenkins).
RESUMO
Esta pesquisa objetiva o estudo de quatro elementos utilizados na produção de
vídeos com câmera de aparelhos celulares, suas características e
propriedades, para podermos realizar uma comparação com o cinema,
estudando e analisando, som, plano, movimento de câmera e
montagem/edição. Esta pesquisa se tornou possível graças a uma
convergência de meios que vem ocorrendo muito e que no fim do milênio
passado e começo desse milênio teve uma aceleração dessa convergência
muito maior, possibilitando aos telefones celulares além de transmissão e
recepção de voz, transmissão e recepção de dados, imagens e vídeos, todos
em tempo real, além de recepção de sinal televisivo. Analisamos e
comparamos os quatro elementos dos quais constatamos diferenças e
propusemos alguns modos para solucionar eventuais problemas de gravação,
além de analisarmos dois filmes gravados com câmeras de telefones celulares,
um longa-metragem e um curta-metragem, considerando os quatro elementos
que comparamos anteriormente. Chegamos à conclusão que nem tudo o que
propusemos, foi uma melhor solução, passando também pela limitação de
tecnologia das câmeras de telefones celulares.
Palavras-chave: Convergência. Telefone celular. Cinema. Vídeo. Celular-
espectador.
ABSTRACT
This research aims to study the four items used in the production of videos by
mobile phones with camera, their features and properties, in order to perform a
comparison to film, studying and analyzing sound, background, camera
movement/ editing. This research only became possible thanks to the recent
media convergence that has allowed cell phones the transmission and
reception of voice, transmission and receiving data, images and videos, all in
real time, and reception of television. We analyze and compare the four
elements finding differences and proposing some ways to solve any problems
recording, and reviewing two movies recorded with cell phone cameras, a
feature film and a short film, considering the four elements previously
compared. We reached the conclusion that not everything that we proposed
was the best solution, due to the limited technology of the cameras of mobile
phones.
Keywords: Convergence. Cellular phone. Movies. Video. Cell-spectator.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Cobertura de telefones celulares .............................................
31
Figura 2 Rede celular e interligação à PSTN .........................................
31
Figura 3 Rosto desbotado ......................................................................
57
Figura 4 Nariz desproporcional ..............................................................
58
Figura 5 Nariz desproporcional ..............................................................
58
Figura 6 Movimento de câmera brusco ocasiona perda de foco ........... 59
Figura 7 Movimento de câmera inusitado ..............................................
60
Figura 8 Making off com vários movimentos de câmera e tomadas de
gravação do longa-metragem ..................................................
60
Figura 9 Making off com vários movimentos de câmera e tomadas de
gravação do longa-metragem ..................................................
61
Figura 10 Simultaneidade, a tela dividida mostrando a personagem
gravando outro personagem ....................................................
61
Figura 11 Simultaneidade, a tela dividido mostrando a personagem
gravando a si próprio ............................................................... 62
Figura 12 Simultaneidade, a tela dividido mostrando a personagem
gravando a si próprio e sendo gravado por outro celular ........ 62
Figura 13 Rosto desbotado ......................................................................
64
Figura 14 Plano geral fora de foco ...........................................................
64
Figura 15 Movimento brusco fora de foco ............................................... 65
Figura 16 Legendas prejudicam o foco de parte da imagem ...................
66
Figura 17 Propaganda da exposição do ano do Brasil na França ...........
66
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Sinal Analógico, Sinal Discretizado e Sinal Amostrado ...........
29
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..............................................................................................
10
1. CONVERGÊNCIA DOS MEIOS .............................................................
13
1.1. Convergência no som ..............................................................
16
1.2. Convergência no telefone ........................................................
17
1.3. Convergência no cinema ......................................................... 19
1.4. Convergência no rádio .............................................................
22
1.5. Convergência na Informática ...................................................
23
2. TECNOLOGIA CELULAR ..................................................................... 27
2.1. Sinal Analógico e Sinal Digital ................................................. 28
2.2. Funcionamento do telefone celular ..........................................
29
2.2.1. Conceito do celular ............................................................ 29
2.2.2. Compreensão de vídeo ...................................................... 32
2.2.3. Compreensão de áudio ...................................................... 33
2.2.4. Tecnologia de espectro disperso por salto na freqüência
(FHSS Frequency Hopping Spread Spectrum) ..................
33
2.3. Tecnologia 3G ......................................................................... 35
3. MODALIDADES DE GRAVAÇÃO DE VÍDEOS COM CELULARES ....
37
3.1. Videoconferência gravada por telefone celular ....................... 39
4. FORMAS DE EXPRESO CINEMATOGRÁFICA E ESTRATÉGIAS
TECNOLÓGICAS PRODUZIDAS PARA O AUDIOVISUAL EM
CELULARES ..........................................................................................
41
4.1. Elementos expressivos no cinema .......................................... 42
4.1.1. O som no cinema ............................................................... 42
4.1.2. O plano no cinema ............................................................. 44
4.1.3. Os movimentos no cinema ................................................. 46
4.1.4. A montagem no cinema ..................................................... 47
4.2. Os elementos das estratégias tecnológicas produzidas para
o audiovisual em celular .......................................................... 49
4.2.1. O som no audiovisual para celular ..................................... 49
4.2.2. O plano no audiovisual para celular ................................... 50
4.2.3. Os movimentos de câmera no audiovisual para celular .....
51
4.2.4. A edição no audiovisual para celular ..................................
51
4.3. Elementos exclusivos do audiovisual para celular .................. 53
5. ESTUDOS DAS ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS DOS
AUDIOVISUAIS POR E PARA CELULARES ....................................... 55
5.1. SMS Sugar Man: o primeiro longa-metragem de ficção
realizado exclusivamente com telefones celulares ................. 56
5.2. Leituras curta-metragem ..........................................................
63
CONCLUSÃO ...............................................................................................
69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 71
INTRODUÇÃO
11
INTRODUÇÃO
A primeira metade do século XX trouxe muitas inovações em vários
campos, sociais, culturais, educacionais, industriais e tecnológicas. Essas
inovações criaram culturas de vários tipos e necessidades, devido ao
pluralismo cultural em que a civilização sempre se encontrou, seja esse
pluralismo cultural em relação às etnias, às nações, às religiões, às crenças e
até mesmo às políticas.
no final do século XX e no início do século XXI essas inovações
começaram, e não sabemos quando irão parar, a diminuir distâncias, tempo e a
determinar perda de referências, como prega Hans Ulrich Gumbrecht sobre a
“destemporalização, destotalização e desreferencialização” (GUMBRECHT,
1995, pp. 137-138) em seu livro Corpo e forma: ensaios para uma crítica não-
hermenêutica.
Um exemplo concreto que podemos citar para confirmar a teoria de
Gumbrecht foi o acidente ocorrido em São Paulo no dia 17 de Julho de 2007
com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas. Devido ao acidente todos os
vôos que deveriam pousar em São Paulo foram desviados para Cumbica em
Guarulhos ou Viracopos em Campinas, e os que estavam para decolar para
São Paulo foram impedidos de decolar por algum tempo, até que a situação
melhorasse e a autorização de pouso nos aeroportos de Cumbica e Viracopos
fosse concedida. Para os passageiros dos vôos que estavam para decolar para
São Paulo, os comandantes das aeronaves, desculpavam–se pelo atraso
alegando que o tempo em São Paulo não era propício para aterrissagem e que
deveriam esperar algum tempo até melhorar. Entretanto os passageiros
imediatamente receberam em seus celulares mensagens de texto, SMS (Short
Message Service) ou o popular Torpedo, além de fotos e imagens do acidente
em mensagens MMS (Multimedia Message Service). Mesmo com a intenção
de não alarmar, não adiantou esconder o ocorrido.
Neste fato, a destotalização caracteriza-se por não existir mais
distâncias, o acidente em São Paulo passou a ser vivenciado por todos os
passageiros que estavam aguardando a sua viagem; a destemporalização
12
caracteriza-se por tomarem conhecimento da notícia em tempo real e a
dereferencialização caracteriza-se por não saber mais qual parâmetro de
verdade adotar, da companhia aérea ou da notícia recebida.
A convergência midiática que se iniciou com a reprodução técnica
(BENJAMIN, 1996, p. 166) e evoluiu até os dias de hoje tendo a internet e o
telefone celular como seus maiores expoentes. O telefone celular hoje nos
possibilita fotografar, enviar mensagens de texto, enviar fotos, filmar, assistir
programas de televisão e até audiovisuais. Audiovisuais que começam a ser
produzidos especificamente para celular e que passaremos a estudar seus
aspectos históricos, técnicos, tecnológicos e analisar comparativamente sua
produção com a produção dos audiovisuais para o cinema clássico.
Cabe ressaltar aqui que esta pesquisa está direcionada em produções
audiovisuais produzidas por e para telefone celular que possuem recurso de
gravação de vídeo.
13
1. CONVERGÊNCIA DOS MEIOS
14
1. CONVERGÊNCIA DOS MEIOS
No mundo de hoje temos várias mídias de comunicação, desde livro,
jornal, rádio, discos, televisão, cinema, telefone, teatro e internet. A partir da
primeira metade do século XX estas mídias, pouco a pouco, continuavam em
processo de convergência, como por exemplo, quando os discos começaram a
ser tocados nas rádios, os livros começaram a ser adaptados para o teatro e o
cinema chegando hoje a convergência midiática mais abrangente, como é o
caso da World Wide Web.
Com as novas tecnologias apareceram novas mídias, agora móveis, e
um desses aparelhos móveis que hoje em dia tem uma ampla convergência
tecnológica é o telefone celular, que nos possibilita fazer tudo o que citamos de
maneira simples e prática, além de ser um aparelho móvel com uma difusão
impressionante entre a população mundial.
Para exemplificar, baseando-se em dados de um levantamento em
2003, países como Luxemburgo e Itália têm mais de 100 celulares por cada
cem habitantes, Portugal, Espanha, Noruega, Suécia, Dinamarca na casa de
90 celulares e ainda a China que de 1995 pulou de 1 para 21 por cada 100
habitantes, não esquecendo que a população chinesa, à época era de
aproximadamente 1,3 bilhão de pessoas. Em outro dado dessa pesquisa o
Brasil aparecia com 46,4 Milhões de celulares em lugar. (CASTELLS,
2008, p. 23 e 27).
Podemos considerar o início da convergência midiática com a invenção
de Gutenberg, a imprensa possibilitou a edição de livros, antes manuscritos,
desta feita impressos. Na continuação desse processo podemos colocar a
encenação das histórias desses livros em peças de teatro e mais tarde em
gravações de filmes pela indústria do cinema.
Essa possibilidade que o aparelho celular nos dá dentro da convergência
midiática traz algumas reflexões, sobre uma delas o pesquisador Henry Jenkins
(JENKINS, 2006, p. 28) escreve: “Convergência ocorre dentro dos cérebros
dos consumidores individuais e através de suas interações sociais com os
outros”, portanto a convergência é mais de conteúdo do que de plataforma.
15
Mas essas mudanças de comportamento que esses aparelhos e essa
convergência nos provocam têm de ser consideradas também como um
processo social e cultural. Jenkins defende em seu livro Cultura da
Convergência, que:
Estamos entrando na cultura da convergência. Não surpreende
que ainda não estejamos prontos para lidar com suas
complexidades e contradições. Temos de encontrar formas de
transpor as mudanças que estão ocorrendo (JENKINS, 2006,
p. 50).
Ainda colocando o celular como exemplo, temos celulares hoje, que
devido à convergência registram e editam deos, fotografam, enviam
mensagens eletrônicas e recebem fotos e filmes.
A convergência muda hábitos desde que as pessoas queiram aceitar
essas mudanças de hábito, posso citar dois exemplos, o primeiro por ocasião
do enforcamento de Saddam Hussein, um guarda registrou o acontecido com
uma câmera de celular e colocou na internet, tornando-se algo público,
agradando a uns e chocando outros. O segundo exemplo é um curta-metragem
gravado, produzido e editado pela professora Consuelo Lins, por ocasião de
seus estudos em Paris para obter o título de pós-doutorado. Este tipo de vídeo
é característico dessa convergência, baixa qualidade da imagem, como em
alguns trechos em que o movimento rápido do celular durante o registro, o que
ocasiona uma imagem sem foco e pouca clareza no som.
Apesar desses problemas, existem possibilidades para o realizador do
filme, que não são possíveis em equipamentos profissionais de filmagem,
como, por exemplo, a mobilidade plena da câmera conseguindo tomadas
próprias e impensáveis com equipamentos profissionais. Algo interessante a
colocar sobre este audiovisual: temos um aparelho móvel moderno, um dos
maiores símbolos da convergência midiática da contemporaneidade,
apresentando um curta-metragem sobre a mais antiga mídia: o livro.
16
1.1. Convergência no som
O registro de sons foi estudado por Thomas Young que em 1807
desenvolveu o vibroscópio, aparelho que registrava graficamente vibrações
sonoras através da vibração de um diapasão. Cinqüenta anos depois, 1857,
Edward Leon Scott de Martinville criou o Fonautógrafo, que também registrava
graficamente a vibração da voz. O aparelho era composto por um pavilhão por
onde o som entrava e havia um diafragma com uma agulha acoplada, essa
agulha grafava um gráfico em um cilindro, mas ainda não conseguia reproduzir
a voz registrada.
No ano de 2008 foi encontrada por engenheiros pesquisadores e
historiadores musicais em Paris uma gravação feita como o fonautógrafo de
Martinville, era uma gravação de dez segundos de uma voz feminina cantando
a canção folclórica Au Claire de La Lune”. A reprodução só foi possível devido
à utilização de scanners em conjunto com uma agulha virtual, no Laboratório
Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos. Esta gravação data de Abril
de 1860, muito antes da gravação do fonógrafo de Edison de 1877.
A gravação deixou de ser feita em cilindros de folha de estanho para
serem gravados em cilindros de cera, o que possibilitava gravar e desgravar,
algo que não era possível anteriormente. o alemão Emile Berliner
desenvolveu em 1887, o sistema de gravação em disco com uma máquina que
batizou de Grammophone, onde era possível a produção de várias cópias a
partir de uma matriz.
Em 1924 a Western Eletric Co, nos EUA, desenvolveu a gravação
elétrica, com base nos princípios do rádio, além desses princípios, utilizava
circuitos eletrônicos com microfones e amplificadores, tendo como nome oficial
Ortophonic Recording.
Já em 1948, Peter Goldmark, com menos ruído e maior fidelidade lançou
o LP. Em 1979, a Philips e a Sony estabeleceram um convênio para
desenvolver o novo disco de áudio digital, até que em novembro de 1982 foi
lançado o primeiro CD-ROM (Compact Disk Read Only Memory) disco
compacto apenas para leitura, com uma gravação do conjunto Abba.
17
1.2. Convergência no telefone
O inventor do telefone foi o italiano Antonio Meucci no ano de 1849,
registrando sua patente apenas em 1871, antes de Alexander Graham Bell. Em
viagem a Nova York, o Vapor Westfield explodiu e Meucci sofreu muitas
queimaduras, mas sobreviveu e, durante sua hospitalização, sua mulher
vendeu alguns de seus inventos, para custear as despesas, por 6 dólares para
um comerciante de objetos usados e entre eles foi vendido o aparelho de
telefone. Quando Meucci, após sair do hospital, procurou o comerciante para
comprar os objetos de suas invenções, foi informado que o telefone fora
vendido a um jovem desconhecido, que nunca chegou a ser identificado.
Posteriormente, não se sabe como, chegou às mãos de Alexander Graham
Bell, que registrou a patente em seu nome. Outras fontes informam que
Meucci, imigrante nos EUA, fez a primeira instalação telefônica do mundo em
1855, uma conexão fio a fio entre os vários cômodos de sua residência na
cidade de Clifton (Staten Island, perto da cidade de Nova Iorque) e sua oficina
em um galpão perto dali, para se comunicar com sua esposa paralítica. Meucci
teria vendido a patente para Bell.
No ano de 1876, na Exposição Centenária da Filadélfia, por ocasião da
comemoração do centenário da independência dos Estados Unidos, o telefone
foi
apresentado por Alexander Graham Bell e Thomas Watson, que haviam
criado a Associação Telefônica Bell. Em 18 de outubro de 1889, Meucci faleceu
pobre após vários processos para reconhecimento como inventor do telefone,
contra a Bell Laboratories. Em 11 de Junho de 2002, o Congresso dos Estados
Unidos, em sua Resolução 269, reconheceu Antonio Santi Giuseppe Meucci
como o verdadeiro inventor do telefone.
Paul V. Galvin e Joseph E. Galvin fundaram a Stewart Storage Battery
Company que mais tarde em 1947 foi renomeada para Motorola, que foi a
empresa que desenvolveu o primeiro aparelho celular. A data de 3 de abril de
1973 entra para a história da telefonia como o dia em que foi feita a primeira
ligação de um aparelho celular por Martin Cooper, pesquisador da Motorola.
Por volta de 1980 surgiram os primeiros telefones celulares comerciais,
pesando entre 3 e 10 Kg, esse peso devido a bateria que durava apenas 20
18
minutos, pois o telefone celular consumia muita energia, com uma baixa
qualidade de voz e ainda por cima transmitindo com sinal analógico.
Os aparelhos de telefone celular analógicos foram substituídos pelos
telefones celulares digitais, após a criação das Redes Digitais de Telefonia
Celular. Em 1982 a Conference of European Posts and Telegraphs (CEPT)
criou um grupo de estudos para desenvolvimento de um sistema de telefonia
móvel com o nome Group Special Mobile (GSM) em 1989 esse grupo de
estudos passou à responsabilidade do European Telecomunication Standards
Institute (ETSI) e em 1990 foram publicadas as especificações do GSM.
Já neste novo milênio passamos a ter como facilidades em nossos
telefones celulares, os SMS (Short Message Service), mensagens de texto
popularizadas aqui no Brasil como Torpedos, envio e recebimento de
mensagens de correio eletrônico.
O primeiro celular com câmera fotográfica foi da KYOCERA modelo VP-210, no
ano de 1999, sua resolução era de 0,1 megapixel, o que para os padrões da
época era uma resolução muito baixa com qualidade muito ruim. Em 2002
houve dois lançamentos um da SAMSUNG, o modelo SCH-V200 e outro da
NOKIA, o modelo 7650, ambos com resolução de 0,3 megapixel, que era
uma resolução mais aceitável.
Em 2001, a empresa de telecomunicações japonesa NTT DoCoMo
lançou o primeiro serviço 3G, com transferência de dados a 64 Kbps. Em 2004
a VIVO lança a tecnologia 3G (3ª Geração), que se caracteriza pela
transmissão de dados em alta velocidade. Na tecnologia 3G, as operadoras
transmitem voz e dados dentro de um espectro de freqüência mais amplo,
entre 1,9 Ghz e 2,1 Ghz, trabalhando com uma Banda Larga de 2 Mbps,
possibilita acesso à internet, envio de fotografias, ouvir e transmitir músicas
além da recepção de filmes e vídeos. Essa tecnologia foi desenvolvida e
lançada por um consórcio internacional formado por seis grandes operadoras
telefônicas do mundo. Em dezembro de 2005 a NOKIA traz para o Brasil o
modelo N90, o primeiro celular com câmera de vídeo VHS.
19
1.3. Convergência no cinema
O nascimento do cinema ocorreu em novembro de 1895, quando os
irmãos Max e Emile Skladanowsky na Alemanha lançaram a Bioskop, um
sistema de projeção de imagens em movimento em um ambiente público
franqueado por bilheteria, além de Jean Acme Leroy nos EUA, antes dos
irmãos Lumiére, promoverem sessões pagas de cinema, segundo a pesquisa
de Arlindo Machado prefaciando o livro Primeiro Cinema de Flávia Cesarino
Costa (COSTA, 2005, p. 7).
No mesmo ano, ao final do mês de dezembro os irmãos Lumiére por sua
vez exibem, também em sessão paga, um filme que mostrava, entre outros
filmetes, a chegada de um trem à estação La Ciotat. Existem alguns registros,
segundo a pesquisadora Flávia Cesarino Costa, de que antes dessa exibição
houve outras, mas não o consideradas como a origem do cinema, pois não
foram sessões pagas.
Essa fase do cinema que vai do seu início até os primeiros filmes
sonoros é denominado primeiro cinema (COSTA, 2005, p. 34), onde
encontramos os pioneiros ainda aprendendo a lidar com uma arte que
engatinhava e com equipamentos com sérias restrições tecnológicas ainda
que, para a época, era o que se tinha de melhor.
Para solucionar algumas restrições tecnológicas existentes
desenvolveram alguns equipamentos e no museu de artes e ofícios encontra-
se uma máquina de sonoplastia para cinema mudo e teatro, que data
aproximadamente do início do século XX, anos 1900, e pode se dizer que é
uma máquina que imita os sons de uma cidade industrial da época, com
manivelas reproduz ruídos de charretes que circulavam pelo calçamento, louça
que era quebrada, apito da máquina a vapor, buzinas de carros, sons dos
primeiros automóveis e inclusive tiros de revólver. (JACOMY, 2004, p.156)
Essas restrições tecnológicas limitavam alguns elementos do cinema,
como por exemplo, o movimento de câmera, que no início não existia, pois a
câmera ficava parada em um plano, que era único, até terminar a filmagem da
cena completa, o que duravam poucos minutos e também a montagem que
existia em casos em que era necessário cortar uma cena que não havia sido
encenada corretamente, os telefones celulares com suas câmeras, hoje em
20
dia, também têm limitações, apesar de existirem celulares que editam o que
gravam, essa edição ainda tem poucos recursos assim como na época do
primeiro cinema.
Nesse período do primeiro cinema foram criados outros planos para
filmagem, o primeiro plano, mais conhecido como close, primeiríssimo plano,
onde podemos ver detalhes do ator ou de um objeto que está sendo filmado e
plano americano, onde vemos o personagem aparecer do joelho para cima. Os
movimentos de câmera passaram ao status de importante elemento nas
filmagens, pois as câmeras, possibilitado pela melhora da tecnologia eram
fabricadas com menos peso e podiam ser transportadas com mais facilidade,
possibilitando assim novos movimentos de câmera.
Em 1927 surge o cinema falado, convergência do som com a filmagem e
o primeiro filme sonoro foi “O Cantor de Jazz” (The Jazz Singer) de Alan
Crosland. Foi uma transformação muito grande: os atores passaram a ter voz e
as sessões de cinema se tornaram mais interessantes e os espectadores
puderam assistir a um filme sem necessidade de acompanhar quadros com
falas ou que explicassem o enredo do filme, além de poder escutar a trilha
sonora sem ter a necessidade de haver uma orquestra para acompanhar.
Durante a década de 1930 a convergência tecnológica no cinema
permitiu a substituição do som dos discos para a própria película e pela
introdução comercial do filme em cores naturais (GOSCIOLA, 2008, p.51).
No cinema temos um exemplo de um filme revolucionário, Cidadão Kane
(Citizen Kane, 1941) de Orson Welles, que com os novos recursos de época
começou a trabalhar intensamente a profundidade de campo e preenchimento
de quadro a cada seqüência de maneira única e inovadora. Enquanto que a
década de 1950 e 1960 trouxe a ampliação das telas nas salas de cinema para
proporções avançadas chegando a uma relação de aspecto de até 2.77:1
(GOSCIOLA, 2008, pp.52-55).
Em 1968, o cineasta norte-americano Stanley Kubrick faz o primeiro uso
de computação gráfica em filmes no longa-metragem 2001, uma Odisséia no
Espaço.
Na cada de 1970, o audiovisual teve importantes momentos em que
são lançados novas técnicas e produtos: a Ampex lança comercialmente o
primeiro sistema de registro de vídeo, a câmera pesa 30 quilos e o sistema
21
câmera-monitor custam 30 mil dólares; a Norelco e a Sony lançam as primeiras
câmeras de vídeo portáteis, pela qual a experimentação do artista sul-coreano
Nam June Paik, do artista alemão Wolf Wostell e do artista norte-americano
Andy Warhol, dá a eles o título de pais da vídeo-arte. Esse momento da criação
da deo-arte é importante neste momento em que temos peças audiovisuais
realizadas com celular com a proposta de arte.
Em 1971 foi lançado 200 Motels, de Tony Palmer & Frank Zappa, o
primeiro longa-metragem integralmente registrado com câmeras de vídeo com
cópias transferidas para 35 mm, com razão de aspecto de 1.66 : 1, adequada
para projeção em cinema. Westworld (Michael Crichton, 1973), Alien (Ridley
Scott, 1979), Blade Runner (Ridley Scott, 1982), e Tron (Steven Lisberger,
1982), são os filmes do final dos anos 70 e início dos anos 80 que utilizaram
imagens realistas geradas por computador. Em 1981, a Sony lançou o primeiro
aparelho de foto digital e a primeira Handcam, a vídeo 8 enquanto a JVC
lançava o S-VHS que copia fita de vídeo. Apesar de ser um processo que ainda
deteriorava a imagem da pia em relação à original, essa deterioração era
menor em relação aos equipamentos anteriores.
Em 1981, Michelangelo Antonioni apresentou Il mistero di Oberwald, o
primeiro longa-metragem totalmente realizado com câmera de vídeo, no
sistema PAL e copiado em 35 mm, com razão de aspecto de 1.37 : 1,
evidentemente voltado para a exibição em TV, mas mesmo assim circulou
pelas salas de cinema. Francis Ford Coppola, durante a pré-produção de O
Fundo do Coração em 1982, inovou ao incluir registro em película e em vídeo
simultaneamente e o computador para desenvolver storyboard com os vídeos
dos ensaios (GOODWIN; WISE, 1989, pp.299-301). Para este filme Coppola
ainda fez gravações de alta definição (1125 linhas horizontais), mas preferiu
não utilizá-las (FAENZA, 1985, p. 208). Em 1983, Giuliano Montaldo
apresentou o curta-metragem de 10 minutos Arlecchino a Venezia, a primeira
experiência ficcional cinematográfica com vídeo de alta definição analógica Hi-
Vision (HDVS) da Sony e NHK. Em 1987, utilizando o mesmo equipamento,
Peter Del Monte apresentou Giulia e Giulia, considerado o primeiro longa-
metragem em vídeo analógico de alta definição e que foi copiado em 35mm
para projeção em salas de cinema.
22
Em 1997 foi lançado Love God de Frank Grow, considerado o primeiro
longa-metragem realizado por “cinematografia digital”, que teve todo o registro
em vídeo digital com uma câmera Sony DVW-700, Betacam digital, transferido
para negativo 35mm e copiado também em 35mm.
No primeiro ano do século 21 existiam 32 salas de cinemas
espalhadas pelo mundo equipadas para projetar filme digital. Em 2002 George
Lucas dirigiu e produziu Star Wars 2: O Ataque dos clones, reconhecido como
o primeiro longa para cinema de negativo digital. Isso porque utilizou discos
rígidos ligados às câmeras Sony HDW-F900 com objetivas Panavision Primo. A
master foi gerada em HDCAM (1080p/24fps) e as cópias em 35mm
(anamórfico), 70 mm na horizontal para salas IMAX e Digital para salas comuns
com projetores digitais a 1280 x 1024.
A Panavision e a Sony lançam a câmera Gênesis, em alta definição (HD)
compatível com as objetivas 35 mm: a tecnologia do HD encontra a
profundidade de campo das objetivas 35 mm em Scary Movie 4.
Jia Zhang-Ke filma em 2004 em HD The World”, parábola sobre a
mundialização e o desfazer-se da vida nas metrópoles e em 2006 David Lynch
produziu Inland Empire em DV, câmera de gravação de vídeo digital.
A DV permite a Lynch revolucionar a gravação, aproximar o tempo do
cinema de outras práticas artísticas como a pintura. Lynch se encanta com as
facilidades da câmera, a possibilidade de ficar muito próximo dos atores e ter
40 minutos de gravação direta, ao invés de 9 a 10 minutos de filmagem em
película.
1.4. Convergência no rádio
O rádio começou no Brasil em 1893 com o Padre-Cientista Roberto
Landell de Moura, que em São Paulo expôs os aparelhos desenvolvidos por ele
e que transmitiam e recebiam sinais de rádio. E foi do alto da Av. Paulista até o
alto de Santana que realizou-se a primeira transmissão de telegrafia e telefonia
sem fio, o que cobriu uma distância de aproximadamente 8 Km em linha reta.
Somente 3 anos depois Guglielmo Marconi, cientista italiano, demonstrou seus
equipamentos na Inglaterra em 1896, que emitiam e recebiam sinais de rádio.
23
Foi em 1916 que Lee Forest, em Nova York instalou a primeira “estação-
estúdio” de radiodifusão com músicas de câmara ao vivo e gravações em
disco, dessa maneira temos então mais uma convergência, entre os discos
gravados e o rádio.
Não houve maiores novidades no dio até que em outubro de 1957,
com o advento do satélite aos poucos algumas estações de rádio passaram a
transmitir sua programação via satélite, que permitia um alcance muito maior,
não só de extensão geográfica como também de ouvintes.
Em meados da década de 1990 surgiu a World Wide Web, e no final
da década e começo do novo milênio a internet passou a utilizar a banda larga,
possibilitando que as estações de rádio criassem portais para serem ouvidas
pela internet.
Dessa possibilidade também ocorreu um fenômeno interessante,
passaram a existir rádios apenas na internet, com programação completa e até
mesmo programas de produção independente onde qualquer pessoa poderia
manter no ar, desde que tivesse um site com os recursos necessários para
transmissão pela internet e estivesse hospedado em um servidor, sem a
necessidade de pesados investimentos em equipamentos de transmissão de
sinais e concessão do governo para poder operar com transmissões
radiofônicas.
1.5 Convergência na informática
Charles P. Babbage, matemático inglês que já havia projetado uma
calculadora com precisão até a vigésima casa decimal dez anos antes, em
1833, projetou a Máquina Analítica, com a ajuda de sua mulher Ada August
Byron King, Condessa de Lovelace e filha do escritor Lord Byron, a primeira
programadora dessa máquina e da história.
A máquina era constituída de Unidade de Controle de Memória,
Aritmética e de Entrada e Saída. Sua operação era controlada por um conjunto
de cartões perfurados. Ada Lovelace também inventou o conceito de subrotina,
descobriu o valor das repetições e iniciou o desenvolvimento de desvio
condicional.
24
No ano de 1854, o matemático inglês George Boole publicou "The
Mathematical Analysis of Logic", essa análise lógica trabalhava com o conceito
de lógica binária, que utilizava apenas variáveis que assumissem os valores 0
e 1. Boole propôs então uma álgebra booleana para resolver problemas lógicos
com operadores lógicos.
Operadores lógicos são utilizados em qualquer tipo de programação nos
dias de hoje, e depois de programados operam decisões lógicas, como por
exemplo, verdadeiro ou falso, positivo ou negativo, maior ou menor. Esses
operadores foram batizados de E (AND), OU (OR), NÃO (NO).
Herman Hollerith, Ph.D. em estatística, funcionário do censo americano,
em 1890, utilizando o conceito de Babbage, desenvolveu uma máquina que
separava cartões perfurados de oito colunas, diminuindo o tempo de
processamento de dados do censo de 7 anos para 2 anos e meio.
No ano de 1897, o físico britânico Joseph John Thomson descobriu o
elétron, partícula elementar de carga negativa, que viria a revolucionar, não
o mundo da química e o conceito da estrutura do átomo, como também o que
seria conhecido como eletrônica, nome derivado de elétron.
Essa descoberta possibilitou a criação de novos componentes da área
elétrica e principalmente da eletrônica como, por exemplo, relés e válvulas. A
válvula era um componente que funcionava bem, mas tinha as características
de tamanho, consumo e aquecimento, todos os três com altos valores.
Na década de 1920, a TMC “Tabulation Machine Company”, fundada por
Herman Hollerith, que em 1914 havia se unido a duas pequenas empresas
passando a se chamar CRTC Computing Tabulation Recording Company”,
tornou-se internacional e mudou o seu nome para International Business
Machine e adotou a sigla IBM. A IBM tornou-se a maior empresa de
informática algumas décadas depois.
Durante o período da segunda guerra mundial apareceram várias
máquinas de calcular automáticas e computadores: o computador Z3 inventado
pelo alemão Konrad Zuse em 1941, que utilizava relés e películas de filmes
para realizar os cálculos. Essas películas eram tracionadas por um projetor de
cinema, mais uma convergência, do projetor de cinema com a computação.
A Marinha dos EUA, a Universidade de Harvard e a IBM, com um projeto
de Howard Aiken, desenvolveram em 1944 o computador MARK I, foi o
25
primeiro computador da era eletrônica. Foi anunciado em 1945 o ENIAC
(Eletronic Numerical Integrator and Calculator), era um projeto do Exército do
EUA e da universidade da Pensilvânia e era baseado em cálculos decimais, ou
seja, de dez números e não binários como os computadores atuais.
Maurice V. Wilker montou em 1949 o EDSAC (Eletronic Delay Storage
Automatic Calculator) na Universidade de Cambridge e Von Neuman, Eckert e
Mauchly começaram a desenvolver uma versão melhorada do ENIAC, que
ficou pronta em 1952, o EDVAC (Eletronic Discrete Variable Automatic
Computer) que incorporou o conceito de programas armazenados.
Nos laboratórios da Bell, a equipe de pesquisadores de Willian Shokley,
John Bardeen e Walter Brattain desenvolveram em 1945, o que seria o primeiro
transistor, com a função de amplificar sinais e ligar ou desligar circuitos
eletrônicos, com menor consumo de energia, menor aquecimento, menor custo
e com um tamanho reduzido.
Nos anos 50, temos o primeiro computador produzido comercialmente o
UNIVAC (Universal Automatic Computer). A IBM lança o 701, o primeiro
computador digital da IBM, e o computador digital é a base para todos os
sistemas de computação e telefonia nos dias de hoje.
Os EUA lançaram o primeiro satélite artificial terrestre e formaram a
ARPA Advanced Research Projects Agency”, que ficava subordinada ao
departamento de defesa dos EUA, e para conectar as bases militares e os
departamentos de pesquisas do governo americano foi criada uma rede, com
base no pentágono, que recebeu o nome de ARPANET.
Jack St. Clair Kilby, pesquisador da Texas Instruments, desenvolveu em
1958, o Circuito Integrado (CI), que é uma pastilha de semicondutor,
normalmente Silício ou Germânio, integrando dois ou mais transistores, hoje
em dia também integram componentes, formando um circuito eletrônico. A
partir dessa invenção foi possível diminuir cada vez mais os equipamentos de
tamanho e de custo, com a possibilidade de tê-los portáteis.
Em 1964 a IBM apresentou o Sistema 360, que foi o primeiro
computador de grande porte que passou a usar os CI's, Circuitos Integrados,
que melhoravam o consumo, o aquecimento e o desempenho do computador.
Gordon Moore, em 1965, futuro presidente da Intel preconizou o que seria
conhecida com a Lei de Moore, que os circuitos integrados teriam de dobrar em
26
complexidade a cada ano e manter o custo, para que a informática pudesse ser
desenvolvida.
Nos anos 1970, a Intel apresenta o 4004, o primeiro microprocessador
com todas as funções de um processador central. Foram realizadas as
primeiras conexões internacionais para a ARPANET. Em 1976, Steve Jobs,
Steve Wozniak e Ronald Wayne fundaram a Apple e lançaram o primeiro
computador pessoal.
No ano de 1978, foi criada a primeira rede de comunicação BBS
baseada nos conceitos de comunicação da ARPANET. O exército dos EUA
interliga as máquinas da rede ARPANET e forma a rede que originaria a
internet.
A internet nos anos 90 com a criação da World Wide Web (WWW)
passou a ter um crescimento impactante e com números de crescimento, tanto
percentuais como absolutos, nunca visto antes na área da informática. Como
exemplo, a quantidade de computadores ligados à rede em janeiro de 1994 era
algo em torno de 2,2 milhões e passou a pouco mais de 5,8 milhões em janeiro
de 1995, ou seja, mais do que 2 vezes e meia (CHANDLER, 2002, p. 247).
Esse crescimento deve-se ao fato do crescimento da utilização da banda
larga, tecnologia ADSL (Asymmetric Digital Suscriber Line) que basicamente
divide a linha telefônica em três canais, um para voz, um para baixar dados
(download) e outro para enviar dados (upload), essa tecnologia possibilitou
conversar ao telefone e utilizar a internet ao mesmo tempo enviando ou
recebendo dados.
27
2. TECNOLOGIA CELULAR
28
2. TECNOLOGIA CELULAR
2.1. Sinal Analógico e Sinal Digital
A maioria dos sinais encontrados na natureza são contínuos, ou seja,
sem interrupções, o sinal analógico, em uma transmissão, é uma onda
ininterrupta que carrega uma mensagem. Essa mensagem é compreendida
conforme o modo como esse sinal é enviado/recebido. Podemos modular a
freqüência, a amplitude ou a fase desse sinal. Modulação é quando alteramos
a forma original de um sinal com o propósito de enviar uma mensagem.
Estes sinais analógicos precisam ser convertidos em sinais digitais,
também conhecidos como sinais discretos, processados digitalmente para
serem transmitidos e convertidos novamente em sinais analógicos para serem
lidos. Essa digitalização passa por dois processos: amostragem que é o
processo no qual são armazenados os valores de um sinal contínuo apenas em
instantes discretos de tempo.
Este processo é similar ao que acontece nos filmes de cinema, são
tiradas fotos das cenas a intervalos regulares de tempo e estas fotos quando
apresentadas em progressão nos dão a sensação de movimento. O teorema
da amostragem, também conhecido como teorema de Nyquist, é um modelo
matemático desenvolvido por Harry Nyquist, pesquisador da Bell Labs.
E a quantização, para explicarmos o que a quantização faz é necessário
dizer que após a amostragem os sinais mudam de valor apenas em instantes
discretos de tempo, mas assumem valores em uma faixa contínua, e para
representá-lo em um computador digital é necessário também discretizar o
sinal em amplitude, esse é o processo que a quantização realiza discretizar o
sinal em amplitude.
A partir do controle dessa digitalização, passou-se a trabalhar com
códigos binários utilizando apenas 0´s e 1´s, conceito desenvolvido por Claude
Elwood Shannon, pesquisador do MIT e mais tarde da Bell Labs, baseado na
Álgebra booleana.
29
Gráfico 1 Sinal Analógico, Sinal Discretizado e Sinal Amostrado
1
No primeiro quadro vemos o sinal analógico, no seguinte esse sinal es
sendo discretizado com um trem de pulsos e no último gera um sinal
amostrado, onde através de um trem de pulsos vemos o sinal analógico
mostrado.
Essa conversão desse sinal analógico em um sinal digital foi uma
revolução, pois nos dias de hoje temos transmissões de dados de milhões de
Gigabytes digitalmente processadas, essas informações podem ser simples
arquivos, bancos de dados gigantes, música, vídeo, filmes e possibilita
teleconferências em tempo real.
2.2. Funcionamento do telefone celular
2.2.1. Conceito do celular
1
http://www.inatel.br/docentes/ynoguti/e724/Digitalização.pdf
30
Os primeiros sistemas de telefonia móvel tinham como conceito um
transmissor de alta potência cobrindo uma grande área, com uma antena
instalada em um local elevado, com um determinado espectro de freqüências,
sendo uma para cada usuário.
Em pouco tempo ficou constatado que o sistema não era o ideal, devido
a limitações técnicas de quantidade de ligações. Iniciou-se uma reestruturação
para solucionar o problema e desenvolveram o conceito de células, que
aumentam a capacidade espectral de freqüências.
Segundo a FCC (Federal Comunication Comission órgão
regulamentador das telecomunicações nos EUA), em 22 de junho de 1981
definiu: “Um sistema móvel terrestre de alta capacidade no qual o espectro
alocado é dividido em canais que são alocados, em grupos, em células que
cobrem determinada área geográfica de serviço. Os canais podem ser
reusados em células diferentes na área de serviço”.
Cada célula cobre uma região geográfica pequena e utiliza
transmissores de RF (radiofreqüência) de baixa potência, instalados em ERB´s
(Estação Rádio Base). Nas estações são alocados diferentes grupos de canais
de maneira que todos os grupos de canais disponíveis no sistema sejam
alocados nas estações vizinhas.
Como no sistema de telefonia celular a freqüência não é proprietária do
aparelho, ou seja, a freqüência é reutilizada várias vezes por vários aparelhos
diferentes, a comunicação vel se faz possível, pois ao passarmos de uma
célula para a outra, as ERB´s estão preparadas e reconhecem a sua ligação,
permitindo que seja utilizada uma nova freqüência para a sua ligação
telefônica, para o envio de uma mensagem de SMS, para o envio de uma
imagem MMS e até mesmo o envio de um vídeo, este mecanismo é conhecido
como Handoff.
Na figura a seguir temos os círculos que representam a região que cada
antena cobre, conhecida como célula, no momento que um usuário que trafega
entre as células utilizar um sistema móvel de comunicação estará a utilizar o
mecanismo de Handoff.
31
Figura 1 Cobertura de telefones celulares
2
Cada célula é um centro de radiocomunicação que permite estabelecer
ligações de telefone vel para telefone móvel, de telefone vel para
telefone fixo e de telefone fixo para telefone vel, utilizando-se a Central de
Comutação vel (MSC ou CCC Central de Comutação de Controle) e a
Rede de Telefonia Pública Comutada (PSTN). Como o formato da cobertura da
célula é irregular, para facilitar a representação gráfica, é utilizado o hexágono.
A figura seguir ilustra essa plataforma de funcionamento:
Figura 2 Rede celular e interligação à PSTN
3
2
http://www.wirelessbrasil.org/wirelessbr/colaboradores/marcio_rodrigues/tel_02.html
3
http://www.wirelessbrasil.org/wirelessbr/colaboradores/marcio_rodrigues/tel_02.html
32
2.2.2. Compressão de vídeo
Para que as imagens de um vídeo sejam transmitidas através de um
telefone celular, fez-se necessário criar um sistema de compressão de imagens
eficiente. Foi desenvolvido e padronizado pelo ITU-T, na seção de
Padronização da área de Telecomunicações do ITU - União Internacional de
Telecomunicações ("International Telecommunication Union"), que é o órgão
responsável pela padronização de sistemas de telecomunicações em geral e
que foi denominado H.264/AVC. Este sistema de compressão de deo está
dividido nas seguintes partes: estimação e compensação de movimento,
quantização e codificação entrópica.
Antes de iniciarmos cabe explicar que uma imagem de vídeo digital é
dividida em pixels e esses pixels têm o formato regular de um pequeno
quadrado. Para que a imagem do vídeo a ser transmitido seja comprimida faz-
se necessário dividi-la em blocos menores com tamanho de 16x16 pixels e que
recebem o nome de macrobloco.
A estimação de movimento de um macrobloco tem a função de
encontrar uma região de 16x16 pixels no quadro de referência, essa região
selecionada terá um melhor ajuste com o macrobloco de 16x16 pixels do
quadro atual. O quadro de referência é um quadro que foi codificado
anteriormente a partir da seqüência de quadros da imagem que está em
processo de compressão.
A região selecionada, que tem o melhor ajuste no quadro de referência,
é subtraída do macrobloco atual para resultar em um macrobloco residual. A
partir daí esse macrobloco passa pelo processo de quantização, que é o
processo de atribuição de valores discretos para um sinal cuja amplitude varia
entre infinitos valores.
O próximo passo é o processo de codificação entrópica, que é usada
para uma drástica redução de dados e depois ser transmitido junto com o vetor
de movimento que descreve a posição da região de melhor ajuste. Dessa
maneira o vídeo é transmitido para ou por um telefone celular.
33
2.2.3. Compressão de áudio
PCM (Pulse Code Modulation) é o mecanismo utilizado para
digitalização de sinais de áudio. Consiste da amostragem do sinal à taxa
mínima do dobro da componente da freqüência máxima do sinal.
Ao passar pelo processo de quantização, os sinais de voz são
codificados com 12 bits por amostra e os sinais de som genéricos com 16 bits
por amostra. Esses sinais de voz, quando em uma gravação vídeo, são
gravados em um canal separado das imagens de vídeo, sofrendo o mesmo
processo de digitalização e enviado juntamente no mesmo arquivo.
O MPEG (Motion Pictures Expert Group) foi formado pela ISO
(International Standard Organization) Organização Internacional de
Padronização, para gerar uma quantidade de padrões para aplicações em
multimídia que necessitem de transmissão de áudio e vídeo.
Os codificadores que foram gerados para compressão de áudio são
conhecidos como codificadores de áudio MPEG4. O Padrão ISO 11172-3 é o
que regulamenta a definição de três níveis de processamento do sinal, a saber:
codificação PCM, explicada anteriormente, filtro de análise, que trata o sinal
através do cálculo da transformada discreta de Fourier e a formatação do
quadro de dados para transmissão.
2.2.4. Tecnologia de espectro disperso por salto na freência (FHSS
Frequency Hopping Spread Spectrum)
A tecnologia de espectro disperso por salto na freqüência foi
desenvolvida e criada na década de 1940 por George Antheil e Hedy Lamarr,
atriz austríaca, que mais tarde se radicaria nos EUA tornando-se atriz e
entrando para a história como a primeira atriz a aparecer com um frontal no
cinema. Hoje Hedy Lamarr é considerada a “Patrona das Comunicações sem
fio”.
Essa tecnologia é a utilizada pelos telefones móveis hoje em dia, para a
transmissão de dados (SMS e MMS), voz e vídeo, transmite uma parte da
34
informação em uma determinada freqüência durante um intervalo de tempo
inferior a 400ms e chamado dwell time.
Depois deste tempo, a freqüência de emissão é alterada e continua a
transmitir em outra freqüência. Assim, cada pacote de informações será
transmitido em uma freqüência distinta durante um intervalo pequeno de
tempo.
As transmissões são realizadas a uma freqüência concreta e utiliza uma
portadora de banda estreita que vai saltando no decorrer do tempo. Este
procedimento equivale a realizar um particionamento da informação no domínio
do tempo, seja ela dados, voz ou vídeo.
Esse sistema para transmissão de sinais de gravação de vídeo mostrou-
se como o melhor a ser utilizado devido a sua segurança, pois estes saltos
dificultam a captação desse sinal de algum sistema intruso. A ordem desses
saltos na freqüência, que deve ser realizado pelo emissor é determinada por
tabelas com uma seqüência pseudo-aleatória que tanto o emissor como o
receptor deve conhecer.
A vantagem desta tecnologia é que podemos ter mais de um ponto de
acesso na área geográfica e sem interferências, caso duas comunicações
distintas utilizem a mesma freqüência portadora em um mesmo instante de
tempo.
Caso seja mantida uma sincronização correta destes saltos entre os dois
extremos da comunicação, o efeito global é o mesmo que mudar de canal físico
com o tempo, mas manter-se em um canal lógico, através do qual a
comunicação ocorre.
A camada física FHSS tem 22 “modelos de salto” para serem escolhidos
e são requeridos para saltar em torno da banda ISM de 2,4 GHz, cobrindo 79
canais. Os canais ocupam 1 MHz de largura de banda e devem saltar em torno
de uma taxa mínima especificada pelo regulamento do país que está a utilizar o
sistema. Podemos citar como desvantagem do FHSS, a perda de algum tempo
por saltar de uma freqüência para a outra, diminuindo assim sua taxa de
transferência.
35
2.3. Tecnologia 3G
A tecnologia 3G (3ª Geração), caracterizada por transmissão de dados
em alta velocidade e utilizando uma banda larga de 2 Mbps em um espectro de
freqüência maior. Antes da 3G os celulares passaram por outras tecnologias,
evoluindo sempre e também não sabemos quando irá parar, pois se fala em
tecnologia 4G, mas esse assunto é para o futuro, vamos falar um pouco das
tecnologias mais antigas dos celulares.
A primeira geração ou 1G, é a AMPS (Advanced Mobile Phone Service),
era uma tecnologia analógica que só permitia transmissão de voz e operava na
faixa de 800 Mhz. A segunda geração ou 2G, veio com 3 tecnologias a TDMA
(Time Division Multiple Access) tecnologia digital que dividia os canais de
freqüência em até 6 intervalos de tempo utilizado pelos usuários e assim
impedindo interferência entre as chamadas e operava a 800 Mhz, a CDMA
(Code Division Multiple Access) tecnologia digital que permite a utilização de
um único canal por vários usuários de uma ERB e tendo como desvantagem
uma maior suscetibilidade à clonagem de aparelhos e a GSM (Global System
Móbile) tecnologia digital suportada por chips de memória e foi desenvolvida na
Europa, permite taxas de transferências mais rápidas, portabilidade das
informações e opera nas faixas de freqüência de 900, 1800 e 1900 Mhz.
Depois se considera a geração 2,5 ou 2,5 G, que veio com 2
tecnologias a GRPS (General Packet Radio Service) tecnologia digital que é
uma evolução da GSM, ela divide os dados em pacotes, o que possibilita uma
conexão permanente de dados e permite uma conexão à internet pagando
apenas pelos dados e não pela tempo que permanece transferindo esses
dados e a EDGE (Enhanced Data Rates For Global Evolution) tecnologia digital
que transmite dados até 384 Kbps, essa taxa possibilita serviços de streaming
de áudio e vídeo, ou seja, ouvir musicas e assistir a vídeos no celular em
tempo real, internet de alta velocidade e baixar arquivos de grandes tamanhos.
Essa tecnologia também é conhecida como GRPS ampliada.
A terceira geração ou 3G, tem hoje 4 tecnologias digitais no mercado,
sendo que a mais antiga é a CDMA-2000 1x ou 1xRTT (1xRadio Transmission
Technology) que é considerada 3G porque foi a primeira a atingir velocidade
36
de transmissão acima de 144 Kbps, sendo precursora das mais recentes
tecnologias.
A tecnologia CDMA-2000 1x está caindo em desuso e vamos encontrar no
mercado as 3 a seguir: UMTS (Universal Mobile Telecomunications Service) é
uma evolução da GSM baseada em protocolo de internet - IP e opera na faixa
de 1900 Mhz atingindo taxas de transmissão de 2 Mbps, com velocidades de
200 a 320 Kbps. Essas velocidades possibilitam a utilização do serviço de
videoconferência, transmissão de programação de televisão aberta e streaming
de áudio e vídeo.
A tecnologia HSPA (High Speed Packet Access) que permite
permanecer conectado à internet ou a uma rede IP, pode transmitir a uma
velocidade de 5,7 Mbps com uma taxa de transferência que varia de 144 Kbps
a 384 Kbps, além de enviar e receber grandes arquivos, disputar jogos em
tempo real, enviar e receber imagens e vídeos em alta resolução.
A tecnologia WCDMA (Wideband Code Division Multiple Access)
desenvolvida pela operadora de telefonia japonesa NTT DoCoMo, como uma
interface aérea da rede 3G que permite atingir até 5,7 Mbps, com um protocolo
de transmissão que utiliza o método de sinalização da tecnologia CDMA para
poder alcançar velocidades mais altas e suportar mais usuários.
37
3. MODALIDADES DE GRAVAÇÃO DE
VÍDEOS COM CELULARES
38
3. MODALIDADES DE GRAVAÇÃO DE VÍDEOS COM CELULARES
A videoconferência é um serviço bastante difundido pela telefonia fixa
que possibilita uma comunicação à distância entre dois ou mais pontos,
podendo ser de caráter pessoal ou profissional. Sua utilização vai desde
reuniões de empresas, palestras em congressos, cobertura jornalística até
entretenimentos.
A videoconferência normalmente é realizada ao vivo, mas pode ser
gravada e utilizada como matéria, em caso de jornalismo, como elemento de
aprendizagem, no caso de palestras e até entretenimento em caso de eventos.
Em reuniões de empresa a videoconferência tem por objetivo
economizar custos de transporte, hospedagem e alimentação de funcionários
para o deslocamento até o local determinado onde à reunião normalmente é
realizada, ganhar tempo, pois o deslocamento desses funcionários até o local
da reunião não é necessário, agilizar tomadas de decisão e iniciar processos
decisórios rapidamente devido a reunião ser ao vivo e ao término os
participantes da reunião já estão em seus respectivos locais de trabalho.
Em palestras de congressos a videoconferência tem por objetivo
economizar custos de transporte e hospedagem, no caso da palestra ser
realizada em um local distante da origem dos congressistas, ampliar a
possibilidade de um maior número de congressistas a assistir a palestra e
conseqüentemente aumentar o debate devido ao maior número de
congressistas participantes.
Neste caso além da transmissão de uma videoconferência ao vivo, o
registro de gravação da palestra para posterior exibição como elemento de
aprendizagem do conteúdo proferido pelo palestrante, configura-se como outra
modalidade, a modalidade de videoconferência gravada.
A cobertura jornalística por videoconferência tem por objetivo transmitir
ao vivo acontecimentos, seja um evento de cunho social, político, econômico
ou religioso. A vantagem consiste em um maior número de pessoas poderem
assistir, ao vivo, a determinados eventos que normalmente não podem ser
assistidos devido à distância e/ou devido ao local do evento não comportar um
número grande de participantes.
39
Neste caso o registro de gravação do evento transmitido ao vivo por
videoconferência, pode ser exibido como uma matéria a ser apresentada
posteriormente em um jornal diário de televisão, em um documentário e até
mesmo como material de pesquisa posterior. Neste caso temos a modalidade
de videoconferência gravada.
O entretenimento transmitido por videoconferência tem por objetivo dar
condições de que um maior número de pessoas possível participe e assista ao
vivo o evento de entretenimento que está sendo transmitido.
Como nas situações anteriores o registro de gravação do entretenimento
pode ser assistido posteriormente por outras pessoas que não puderam assistir
ao vivo; também se configura como modalidade de videoconferência gravada.
3.1. Videoconferência gravada por telefone celular
Uma das possíveis aplicações é a videoconferência gravada por
aparelho de telefone celular além de possibilitar o que foi colocado
anteriormente, possibilita em todas as situações descritas, que a pessoa de
posse de um aparelho celular, que tenha tecnologia capaz de receber e enviar
imagens e mensagens e utilizando-se de banda larga, possa ver, ouvir,
participar e questionar em qualquer lugar, desde que esse aparelho esteja em
um local que tenha uma antena que ao aparelho essa condição de
utilização.
Essa pessoa pode estar na rua, em casa, na estrada, no ônibus, no
trabalho, que terá condições de participar desses eventos tendo toda essa
mobilidade a sua disposição. Ainda na modalidade de videoconferência ao
vivo, pode-se colocar como diferencial as redes colaborativas via telefone
celular, onde as pessoas entram em contato umas com as outras formando
redes de amigos que podem combinar através de videoconferência, pontos de
encontro, festas e conhecer novas pessoas e lugares.
Outra possibilidade será em todos os casos de videoconferência, desde
que o aparelho tenha essa condição, com a vantagem de que essa gravação é
de propriedade particular e tem um foco e um olhar todo próprio da pessoa que
grava o evento ocorrido, e passa ter uma conotação especial para quem o
40
grava e para quem a gravação da videoconferência. E também não
podemos esquecer que na maioria dos casos essa videoconferência, seja ao
vivo ou gravada, terá sido assistida por uma pessoa apenas com as
impressões e conclues próprias.
Essa aplicação nos motiva a estudar as formas de expressão
cinematográfica conforme veremos a seguir.
41
4. FORMAS DE EXPRESSÃO CINEMATOGRÁFICA E
ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS PRODUZIADAS
PARA CELULAR
42
4. FORMAS DE EXPRESSÃO CINEMATOGRÁFICA E
ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS PRODUZIDAS PARA O
AUDIOVISUAL EM CELULAR
O objeto de estudo desta dissertação, audiovisual em dispositivos
móveis, como o celular, especificamente a ficção, é aqui cotejado ao cinema,
através de elementos comuns aos dois audiovisuais e no final colocaremos as
especificidades do audiovisual em celular.
Neste estudo escolhi quatro elementos da linguagem audiovisual,
pertinentes às duas formas de expressão. São eles: o som, o plano, o
movimento de câmera e a montagem/edição.
O som, por ser um elemento de extrema importância em qualquer tipo
de forma de expressão audiovisual, pois determina muitas vezes até se o
espectador terá uma atenção maior ou menor assistindo um audiovisual; o
plano, que para o cinema é importante para transmitir muitas vezes a essência
de uma ação; o movimento de câmera por suas possibilidades e
características próprias mostrando ângulos importantes para a história que está
sendo contada, algumas vezes inusitados; a montagem que sequência e
lógica a uma história.
Existem ainda outros elementos que também o comuns às duas
formas de expressão audiovisual, mas optamos por esses quatro deixando os
outros para estudar, talvez, em outra oportunidade.
4.1. Elementos Expressivos do Cinema
4.1.1. O Som no Cinema
O filme sonoro passou por diversas experiências durante a década de
1920, mas se tornou popular e tecnológica-comercialmente viável em 1927
com o filme “The Jazz Singer” (Alan Crosland, EUA, 1927).
43
Tal novidade promoveu uma verdadeira revolução para o mundo do
cinema, pois os personagens passaram a ter falas nos filmes, o que, em alguns
casos, tornou-se um problema, pois havia atores e atrizes que não tinham um
timbre de voz que podemos dizer adequado, timbre esse que depois de
gravado, não agradava ao público do cinema, ocasionando então o
aparecimento de novos atores e atrizes com timbres de voz e dicção mais
apropriados.
A exemplo de “The Jazz Singer, os produtores dos EUA começaram a
contratar cantores famosos do rádio para atuarem em filmes musicais. O país
passaria pela Grande Depressão levando a economia a buscar condições de
melhoria, entre elas levar à população filmes com mensagens de otimismo e
alegria, muitos deles patrocinados pelo próprio governo dos EUA, através de
programas de incentivo e de investimentos de agências criadas para fomentar
essa mídia que crescia em importância dentro do país e do mundo.
Atores de então além de serem selecionados por capacidade de
interpretação, timbre de voz adequadamente sonoro, também passaram por
seleções de competência musical. Outro elemento incorporado aos filmes foi a
trilha sonora, que passou de músicas instrumentais de fundo, para a
participação na dramatização e no desenrolar da trama do enredo do filme,
fosse ou não o filme musical.
A era de ouro dos musicais no cinema foi a dos anos 50, com vários
musicais de sucessos do teatro dos EUA que foram adaptados para o cinema,
além de vários musicais de enredos originais que conquistaram sucesso de
bilheteria e de público. Marcel Martin afirma: “A música é sem dúvida a
contribuição mais interessante do cinema falado” (MARTIN, 2005, p.119).
A novidade do cinema falado não foi muito bem aceita por todos, houve
resistências e críticas, como por exemplo, a de Charles Chaplin ao afirmar
hostilmente: “Os talkies... podem dizer que os detesto! Eles vão acabar com a
arte mais antiga do mundo, a arte da pantomima. Aniquilam a grande beleza do
silêncio” (MARTIN, 2005, p. 108).
Também à época houve pessoas que se declaravam favoráveis à
novidade, como por exemplo, Eisenstein que escreveu: “O som não foi
introduzido no cinema mudo: saiu dele. Surgiu da necessidade que levou nosso
cinema mudo a ultrapassar os limites da pura expressão plástica” (MARTIN,
44
2005, p. 111); e para André Bazin, “o filme mudo constituía um universo
privado de som, donde os múltiplos simbolismos destinados a compensar essa
deficiência”. (MARTIN, 2005, p. 111).
O fato é que com o advento do som, o cinema, principalmente o falado,
passou a ficar mais perto do real, assemelhar-se mais aos acontecimentos do
cotidiano trazendo uma realidade duplicada, uma cópia do real, pois antes, no
cinema mudo, imperava apenas a imagem e o gesto.
Nessa direção do cinema como cópia do real, o som foi introduzido
aumentando e reforçando os efeitos do real, segundo Jacques Aumont: “... e
que o som é, na maioria das vezes, considerado com um simples adjuvante da
analogia cênica oferecida pelos elementos visuais” (AUMONT, 2002, p. 48).
Diferentemente da imagem no cinema, onde se pode definir um campo
visual, com o som não conseguimos definir um “campo sonoro”, mesmo porque
os sentidos que utilizamos para distinguir imagem e som, têm características
biológicas e anatômicas diferentes e, consequentemente, têm uma relação com
espaço muito diferente.
Sobre o assunto Jacques Aumont constatou: “Todo o trabalho do cinema
clássico e de seus subprodutos, hoje predominantes, visou, portanto
espacializar os elementos sonoros, oferecendo-lhes correspondentes na
imagem...” (AUMONT, 2002, p. 49). Por não conseguirem criar um “campo
sonoro” começaram a criar vínculos entre imagem e som, vínculos esses que
até hoje, em muitos casos, são redundantes e mesmo assim não definem um
“campo sonoro”.
4.1.2. O Plano no Cinema
Encontramos a definição de plano de Marcel Martin assim descrita:
Tecnicamente falando e do ponto de vista da filmagem,
consiste no fragmento de película impressionado desde que o
motor da câmera é acionado até que tenha parado; - do ponto
de vista do montador, o pedaço de filme entre dois cortes de
tesoura e, depois, entre duas emendas; - e finalmente, do
ponto de vista do espectador (o único que nos interessa aqui),
o pedaço de filme entre duas ligações. (MARTIN, 2005,
p. 139)
45
Geralmente um plano geral tem uma duração mais longa, o
primeiríssimo plano e o primeiro plano têm uma duração mais curta, apesar de
terem um efeito psicológico profundo no espectador. “O tamanho do plano é
determinado pela distância entre a câmera e o objeto e pela duração focal da
cena utilizada”. (MARTIN, 2005, p. 37).
Quem definiu de maneira feliz esse efeito sobre o espectador foi André
Malraux (1901-1976), pensador francês que disse: “Um ator de teatro é uma
cabeça pequena numa grande sala; um ator de cinema, uma cabeça grande
numa sala pequena” (MARTIN, 2005, p. 39).
O filme utiliza os planos para melhor esclarecer a história. O tamanho de
um plano está diretamente relacionado com o conteúdo dramático e com o
conteúdo material, ou seja, se houver muitas coisas a serem vistas o plano terá
de ser grande o suficiente para mostrar tudo o que tem de ser mostrado e
nesse caso a duração desse plano terá de ser maior para que o espectador
consiga ver tudo o que precisa ser mostrado na cena.
Assim podemos concluir que o tamanho do plano, geralmente, determina
o tempo interno de duração desse plano. Esse tempo interno somado ao tempo
interno de duração de outros planos de uma mesma seqüência é chamado de
tempo seqüencial e as seqüências, após a montagem, que veremos mais a
frente, formarão o filme com o seu tempo total. “O que chamamos de tempo
diegético é o imbricamento desses três tempos que estão harmonizados na
estória.” (LEONE, 1993, p. 43).
As condições colocadas acima são as mais comuns para um plano
geral, que apresenta além das condições estéticas, o aspecto psicológico, que
de um plano geral segundo palavras de Martin: “Reduzindo o homem a uma
silhueta minúscula, o plano geral o reintegra no mundo, faz com que as coisas
o devorem, ‘objetiva-o’” (MARTIN, 2005, p. 38).
Podemos ver essa redução na cena antológica de “No tempo das
Diligências” de John Ford, onde em um plano geral vemos uma diligência
atravessando o deserto rumo ao oeste, minúscula naquela imensidão, como se
estivesse sem rumo, solidão, em uma locação, aliás, que foi utilizada
posteriormente por vários outros diretores de filmes deste gênero.
O primeiro e o primeiríssimo plano podem ser considerados iguais tanto
com relação aos aspectos dramáticos como em relação aos aspectos
46
psicológicos. Esses planos têm a intenção de apresentar as minúcias do rosto
de um personagem, sua expressão mais realista e suas fisionomias, podendo
ler nelas os seus dramas mais íntimos, os detalhes de uma flor, de uma fruta e
de quaisquer outros objetos inanimados, dando a impressão por vezes que
nunca tínhamos visto antes aquele objeto, aquela flor ou aquela fruta, pois, não
tínhamos visto seus detalhes com tamanha precisão e tempo de exposição.
Por ser um plano que foca em um objeto apenas, o seu tempo de duração é
em menor em relação ao plano geral.
Quanto ao aspecto psicológico esses planos captam a essência da
representação dramática, a acuidade da representação, os modos como as
emoções são representadas e até como são sentidas, o vigor dos olhares e
das expressões.
Ainda temos o chamado plano americano, que enquadra o ator do joelho
até o alto da cabeça, muito utilizado por D. W. Griffith, importante diretor de
cinema do início do século XX.
4.1.3. Os Movimentos de Câmera no Cinema
Os movimentos de câmera são um dos meios de criação de
suspense porque suscitam um sentimento de espera (mais ou
menos inquieta) daquilo que a câmera vai revelar ao final de
seu trajeto. ... Do ponto de vista da expressão fílmica os
movimentos de câmera podem ser divididos em descritivos,
onde o movimento da câmera não tem valor enquanto tal, mas
somente naquilo que permite revelar ao espectador; e
dramático, onde o movimento tem uma significação própria e
busca exprimir, sublinhando, um elemento material ou
psicológico que deve desempenhar um papel decisivo no
desenrolar da ação. (MARTIN, 2005, pp.45-46)
As três primeiras funções, do ponto de vista da expressão fílmica,
citadas abaixo são descritivas e as quatro restantes dramáticas, são elas:
acompanhamento de um personagem ou de um objeto em movimento: esse
acompanhamento auxilia na descrição de cada cena e sua seqüência; criação
da ilusão do movimento de um objeto estático: quando a partir de um objeto
parado, é realizado um travelling em direção a algo, alguma coisa ou a alguém,
tem-se a ilusão de que esse objeto está em movimento; descrição de um
47
espaço ou de uma ação que tem um conteúdo material ou dramático único e
unívoco: da mesma maneira, utilizando um travelling, para frente ou para trás
sobre cenas de multidões ou mesmo regiões desertas, por exemplo, passa a
impressão dramática de domínio.
As quatro dramáticas são: definição de relações espaciais entre dois
elementos da ação: situação onde temos dois personagens onde um está
escondido observando o outro personagem que, por exemplo, está entrando
em um carro estacionado na rua; realce dramático de um personagem ou de
um objeto que vão desempenhar um papel importante na seqüência da ação
ou que represente uma imagem-choque: um travelling em direção a um rosto
ou até mesmo a um objeto, para realçar a importância desse personagem e/ou
desse objeto; expressão subjetiva do ponto de vista de um personagem em
movimento: ponto de vista de um personagem em movimento, seja em um
veículo ou a pé, ao entrar em um local; e expressão da tensão mental de um
personagem: ponto de vista subjetivo quando é realizado um travelling muito
rápido e repentino para algum objeto ou algm e ponto de vista objetivo
quando com um travelling em um rosto para relembrar situações passadas.
(MARTIN, 2005, pp. 44 e 45).
4.1.4. A Montagem no Cinema
“Montagem é a organização dos planos de um filme em certas condições
de ordem e de duração” (MARTIN, 2005, p.132). Essa ordem dos planos,
dependendo de como são colocados, pode mudar o sentido de uma cena ou de
uma seqüência, modificando muitas vezes a intenção que o diretor tinha para
determinada cena ou sequência.
Admitindo-se isso, parece lícito deduzir que, de um
lado, a montagem afeta diretamente as capacidades
emocionais do espetáculo e, de outro, interfere também
diretamente na significação do discurso, pois torna
relativos os possíveis sentidos absolutos que tem os
planos isoladamente (LEONE, 1993, p. 50).
48
Basicamente, temos dois principais tipos de montagem. A montagem
narrativa que consiste em reunir, numa seqüência lógica ou cronológica, tendo
em vista contar uma história, planos que possuam individualmente um
conteúdo factual contribuindo assim para que a ação progrida do ponto de vista
dramático (o encadeamento dos elementos da ação segundo uma relação de
causalidade) e psicológico (a compreensão do drama pelo espectador).
A montagem expressiva, que é baseada em justaposições de planos
cujo objetivo é produzir um efeito direto e preciso pelo choque de duas
imagens. (MARTIN, 2005, p. 133). A montagem expressiva também foi
estudada por Eisenstein que afirmava: “dois pedaços de película (já imprimida)
de qualquer classe, colocados juntos, se combinam inevitavelmente em um
novo conceito, em uma nova qualidade, que surge da justaposição” (apud
MARTIN, 2005, p. 11). Eisenstein ainda coloca que: “Cada componente é uma
representação particular, a justaposição dos planos; portanto, é contigüidade
metonímica, que leva o espectador a viver um conceito mais complexo a
idéia através da imagem.” (1993 apud EISENSTEIN, 1957, p. 80).
Podemos afirmar que Eisenstein constata através desse conceito mais
complexo, a idéia através da imagem, ou seja, através da imagem é possível
compreendermos o filme como também sentirmos, pavor, medo, angústia e
vários sentimentos que o diretor quer passar quando cria uma cena e que
quando montada reflete essa idéia através da imagem, esse sentir.
Existem ainda subdivisões dessas montagens a montagem relacional
onde temos o contraste onde alterna com duas situações opostas, por
exemplo, pobre/rico, magro/gordo, etc., paralelismo onde alterna duas
situações desconexas relacionadas apenas por um conceito (o tempo) ou
objeto (o trem). Simbolismo, cena intercortada por planos de uma outra
situação, para reforçar um conceito abstrato na consciência do espectador,
simultaneidade, próximo do final do filme duas cenas importantes acontecem
simultaneamente e são apresentadas alternando-se seus planos para criar no
espectador uma tensão máxima. Leitmotiv repetição de uma cena ou de um
plano para dar ênfase ao tema sico do roteiro (1991 apud. EINSENSTEIN,
1926, pp. 62-65).
49
Ainda existe a montagem tonal onde o movimento é percebido num
sentido mais amplo e a atonal que nasce do conflito entre o tom principal do
fragmento e uma atonalidade (1991 apud. EINSENSTEIN, 1923, p. 79).
4.2. Os Elementos das Estratégias Tecnológicas produzidas para o
Audiovisual em Celular
4.2.1. O Som no Audiovisual para Celular
Para o celular o som passa a ter uma importância maior que no cinema,
tendo os seguintes motivos: o audiovisual produzido para celular terá de ter
como primeira preocupação a execução da trilha sonora.
Por ser um produto destinado na maioria das vezes para um celular-
espectador, que é o espectador que assiste a um audiovisual em movimento,
essa trilha sonora terá de prender muito mais a atenção do celular-espectador,
que na maioria das vezes o celular-espectador estará a assistir ao
audiovisual em locais públicos e/ou abertos, onde a inferência de sons externos
poderá desviar a atenção do celular-espectador com muito mais facilidade.
Mesmo com a utilização de fones de ouvido a possibilidade de
desatenção ao audiovisual sempre será maior que em uma sala de cinema. Um
segundo fator de preocupação se deve a uma característica técnica dos alto-
falantes dos aparelhos celulares, como os aparelhos estão cada vez menores,
os alto-falantes também diminuem, onde ocorrerá uma tendência da emissão
de sons agudos pelos aparelhos; o que acarretaria desconforto ao celular-
espectador e poderia ser um motivo de desatenção ao audiovisual que
estivesse assistindo.
Uma terceira preocupação situa-se na tentativa de solução para os
problemas citados anteriormente, praticamente obrigando o produtor de
audiovisuais para celular a trabalhar com sons medianos e graves, para
diminuir a tendência de sons agudos. Com a opção de trabalhar com sons
sintetizados por equipamentos de digitalização durante o período de edição do
audiovisual.
50
4.2.2. O Plano no Audiovisual para Celular
Para o audiovisual produzido por celular verificamos o primeiríssimo
plano e primeiro plano como enquadramentos preferenciais, dado que a tela do
aparelho ter dimensões diminutas; o celular-espectador desses audiovisuais
terá contato com os efeitos psicológicos produzidos por esses planos
constantemente, eventualmente algumas cenas poderão ser feitas com plano
americano e as cenas com plano geral serão muito mais raras.
Marcel Martin ainda alerta que:
A cena é determinada mais particularmente pela unidade de
lugar e de tempo e a seqüência é uma noção especificamente
cinematográfica: consiste numa sucessão de planos cuja
característica principal é a unidade de ação e a unidade
orgânica, isto é, a estrutura própria que lhe é dada pela
montagem. (MARTIN, 2005, p.140)
Comparado ao início do cinema os filmes de hoje têm uma velocidade
muito maior, com uma tendência a deixar os planos cada vez mais curtos, para
que o filme tenha um maior sentido de ação, essa tendência foi pesquisada
pelo pesquisador britânico Barry Salt que criou o conceito de Average Shot
Length, ASL, ou seja, Média da Duração de Plano, MDP, calculada pela divisão
da duração do filme sobre o seu número de planos (GOSCIOLA, 2007, pp.11 e
12).
Talvez seja válido considerar essa tendência, neste momento em que
são produzidos audiovisuais para celular, pois com a tela diminuta, não
poderão ser utilizados plano-fixos, que geralmente tornam o filme vagaroso e
lento. Essa produção com planos-fixos não será interessante para o celular-
espectador que poderá abandonar a idéia de assistir a esse audiovisual pelo
aparelho celular, a não ser que utilize o quadro vazio, que será explicado em
outra parte deste capítulo.
51
4.2.3. Os Movimentos de Câmera no Audiovisual para Celular
Nos audiovisuais produzidos com celular a movimentação de câmera,
devido a limitações técnicas, tem de ser feita com movimentos pausados e
lentos, pois a rapidez desses movimentos ocasionará perda de foco e até
perda de imagem.
existem no mercado câmeras de celulares com capacidade de cinco
Megapixels que é a esperança para a solução desse problema. Apesar das
limitações de enquadramento, devido ainda a sua tela pequena, e apesar de
existir a vontade de algum diretor de gravar determinados quadros e espaços,
sempre estará limitado em relação ao enquadramento.
Mas os movimentos de uma câmera de celular, devido a seu tamanho e
peso pequeno e ainda facilmente transportável, pode gravar em determinados
ângulos cenas jamais imaginadas, criando assim um novo estilo de gravação,
ângulos novos que poderão causar, uma pequena revolução no modo como
assistimos um audiovisual.
As particularidades dos atores ou até mesmo dos objetos em uma cena,
poderão muitas vezes, ser mais importantes em várias tomadas, necessitando
assim uma nova maneira de assistir um audiovisual.
Sempre mantendo preocupação com a perda de foco, os movimentos de
câmera com um aparelho celular, estarão a utilizar suaves reenquadramentos
para mostrar um espaço fora da tela, o que irá manter a atenção no
audiovisual.
Esse recurso era muito utilizado pelo cinema russo, Aleksandr Dovjenko
foi um dos expoentes maiores que sentiram essa polivalência dos movimentos
de câmera e que utilizou em vários de seus filmes, entre eles, A Terra (1930),
tentando fazer com que os movimentos de mera organizassem a relação
entre o espaço da tela e o espaço fora da tela de um filme.
4.2.4. A Edição no Audiovisual para Celular
A edição de um audiovisual produzido para telefone celular tede ser
expressiva na maioria das vezes, pois como expliquei anteriormente, para o
52
audiovisual não ficar monótono e lento, a quantidade de quadros por plano terá
de ser menor para que o audiovisual tenha uma ação maior e prenda a atenção
do espectador de maneira mais eficiente.
A edição também terá de se preocupar com o som, para que a trilha
sonora fique harmoniosa e sincronizada, pois o som sempre foi um elemento
fundamental do audiovisual e de extrema importância, devendo em muitos
casos o editor utilizar recursos de sintetizadores de som para solucionar
eventuais problemas decorrentes de características já discutidas anteriormente.
Mas uma outra possibilidade radicalmente inversa a anterior, e com a
mesma função de prender mais a atenção, é utilizar o recurso de quadro vazio
ou pillow-shot, que é basicamente um plano-fixo no momento em que, por
exemplo, um personagem sai de cena e ouvem-se os passos desse
personagem caminhando, o som desses passos vai diminuindo, até chegar a
um automóvel, identificado pela abertura e o fechamento da porta do
automóvel, outro exemplo, dois personagens saindo de cena, um com uma
arma na o e o outro desarmado, ouvem-se dois tiros, depois de alguns
segundos, o homem que estava com a arma na mão retorna sozinho,
acrescentando suspense à cena prendendo a atenção do celular-espectador.
Noël Burch cita Yasujiro Ozu como, talvez, o primeiro que compreendeu
a verdadeira importância do quadro vazio, da tensão que ele pode causar,
principalmente porque Ozu começou a jogar com a duração desses quadros,
deixando-os com alguns segundos ampliando a dramaticidade e tensão.
Noël Burch ainda coloca: “Ora este plano surpreendente enfatiza uma
verdade fundamental: quanto mais o quadro vazio se prolongar, mais se criará
uma tensão entre o espaço da tela e o espaço fora da tela.” (BURCH, 1992, p.
46). Ozu ainda utilizava e aproveitava esses quadros vazios para estruturar
melhor a decupagem do filme.
Outro realizador que teve uma importância muito grande utilizando o
quadro vazio foi o francês Robert Bresson, no seu filme Pickpocket”. Os
quadros vazios foram colocados sistematicamente, marcando esses momentos
com sua duração e delimitando o espaço fora da tela através do som.
53
4.3 Elementos Exclusivos do Audiovisual para Celular
No início do cinema havia muitas dificuldades de filmagem, como não
havia recursos seguros para fazer cortes e colagens, o tamanho do rolo de
filme era limitado, a distância da filmadora era fixa e mais algumas outras
dificuldades, todas decorrentes da limitação técnica da filmadora da época.
Verificamos esse fenômeno ao longo da história do cinema, não com as
filmadoras, como também com os outros equipamentos que ao longo da
história foram inventados e cada vez mais aperfeiçoados.
Mesmo assim, os diretores, desde o primeiro cinema, utilizavam da
criatividade e da imaginação para superar as dificuldades técnicas. Um
exemplo interessante é o da cine-série Star Wars, onde George Lucas realizou
primeiro a segunda trilogia porque não havia desenvolvimento tecnológico na
computação gráfica para realizar a primeira.
Os audiovisuais produzidos para celular, guardando as proporções, têm
limitações técnicas como os pioneiros do primeiro cinema, a necessidade de
criatividade e imaginação é muito grande.
Limitações comentadas, como o movimento de câmera, que tem de
ser lento, para não perder nitidez e foco da imagem, do som, que por ter alto-
falantes reduzidos, tende a produzir sons agudos, o que gera uma necessidade
de digitalizar o som para ser sintetizado e evitar essa dificuldade, além de ser
um importante recurso para prender a atenção do celular-espectador quando
estiver assistindo a uma produção para celular e também os planos, que devido
ao tamanho reduzido da tela, serão limitados a primeiro e primeiríssimo plano,
eventualmente a um plano americano.
Mas como uma vantagem, temos a mobilidade, que proporciona
facilidade, agilidade e oportunidade, quando se está com uma celular com uma
câmera para gravar.
Facilidade devido ao peso ser pequeno e de fácil utilização, agilidade por
poder estar em vários locais com extrema rapidez e oportunidade por poder
registrar cenas inusitadas e muitas vezes inéditas e exclusivas, como por
exemplo, no ano de 2007 no Grande Prêmio do Japão de Fórmula 1, o piloto
Lewis Hamilton, foi punido pela Federação Internacional de Automobilismo, por
uma atitude anti-desportiva contra um colega durante a corrida.
54
O fato foi registrado pela câmera de um celular de uma pessoa que
estava assistindo a corrida no autódromo. Esse é um dos aspectos que
podemos classificar como revolucionário na tecnologia de câmera de gravar em
aparelhos celulares.
Existem algumas correntes que pregam uma revolução completa em
produções audiovisuais, sejam elas produzidas para a internet ou para celular,
algumas radicais que sugerem, por exemplo, que esqueçamos tudo o que o
cinema clássico nos deu e nos ensinou, algo que não pode jamais ser
desprezado.
Mas também temos o outro lado do radicalismo, algumas correntes
defendem que essas produções devam ser produzidas como se fosse para um
espectador de cinema, algo inconcebível, pois são meios totalmente diferentes
com características e públicos diferentes ou, mesmo que o público seja
parecido a diferença reside nas condições espaciais e temporais que são
completamente diversas, as produções para internet estão com uma
quantidade de produções que pode se dizer grande, passando por vários tipos
de experiências e podem gerar um estudo de pesquisa bem criterioso.
As produções para celular, estão a aumentar, ainda não atingiram um
número de produções muito significativo, mas é um meio novo, que irá
descobrir suas características próprias e terá um público senão específico,
certamente seleto.
55
5. ESTUDOS DAS ESTRAGÉGIAS
TECNOLÓGICAS DOS AUDIOVISUAIS
POR E PARA O CELULAR
56
5. ESTUDOS DAS ESTRATÉGIAS TECNOLÓGICAS DOS
AUDIOVISUAIS POR E PARA CELULARES
Os estudos dos audiovisuais que seguem se orientam pelos quatro
elementos que são objetos de estudo desta dissertação, deixando os outros
elementos para serem analisados em uma oportunidade posterior. Reitero que
esta pesquisa baseia-se em produções audiovisuais produzidas por e para
celulares, não consideramos produções para celulares gravadas com meras
que não de aparelhos celulares.
Assistimos a dois audiovisuais, um longa-metragem e um curta-
metragem, estudando os elementos som, plano, movimento de câmera e
edição, baseando-nos nas observações colocadas no capítulo 4.
5.1. SMS Sugar Man: o primeiro longa-metragem de ficção realizado
exclusivamente com telefones celulares
O audiovisual SMS Sugar Man foi uma realização do diretor sul-africano
Aryan Kaganof, que tamm se identifica como Ian Kerkhof, considerado o
primeiro longa-metragem a ser gravado com a câmera de um telefone celular.
Para realização foram utilizados oito telefones celulares de fabricação da
Sony Ericsson modelo W900i. O filme é ambientado em Johanesburgo, na
véspera de natal e conta a história de um agenciador de mulheres (proxeneta)
e suas prostitutas que atendem os clientes agendados.
O som: quando assistimos ao longa-metragem notamos que em certos
momentos existe dificuldade de escutarmos as falas, talvez em função de
alguns seguintes fatores: primeiramente a qualidade de gravação de som dos
aparelhos celulares não é muito boa; em segundo lugar: pode ter sido desejo
do diretor deixar vários sons do ambiente na gravação para os celular-
espectadores, poderem sentir melhor a atmosfera; em terceiro lugar: como
dissemos, foi utilizado mais de um aparelho celular para gravar as cenas e
além das falas foram captados vários outros sons ambiente, -ruídos que,
57
muitas vezes, são repetidos de celular para celular-, dificultando a audição das
falas; em quarto lugar: a edição de som foi limitada, não sei se por falta de
recursos ou por vontade do diretor de manter dessa maneira para, como já citei
acima, capturar os sons ambientes e colocar os celular-espectadores dentro do
clima da história.
O som, como estou a sugerir na minha comparação do capítulo 4,
deveria ser tratado e filtrado digitalmente para então ser melhor editado.
O plano: na maioria das tomadas, utiliza-se o primeiro plano e o
primeiríssimo plano, -também conhecidos por plano fechado e close-up
respectivamente-, em algumas é utilizado o plano americano e em poucas
vezes o plano geral. Essa constatação corrobora com o que defendemos no
capítulo 4, que os planos mais utilizados devem ser o primeiro e o
primeiríssimo plano. Mas no caso do primeiríssimo plano notamos que o rosto
dos atores fica esbranquiçado, perdendo foco, além de apresentar o nariz com
um tamanho desproporcional, arredondado. Como vemos abaixo:
Figura 3 Rosto desbotado. Parte do rosto do ator está
esbranquiçado, fora de foco.
58
Figura 4 Nariz desproporcional. O nariz da atriz está desproporcional,
tem uma parte que não sabemos onde começa o nariz.
Figura 5 Nariz desproporcional. Mais
um exemplo de nariz desproporcional.
Esse problema nos faz pensar de maneira um pouco diferente, que o
primeiríssimo plano poderá ser adotado em condições específicas de
59
objetiva, iluminação e gravação. O problema ocorre em função da abertura de
lente e da ausência de um conjunto de lentes: a objetiva.
O movimento de câmera: os movimentos bruscos provocam uma perda
de foco, que também poderá ser sanada futuramente com a melhora da
tecnologia de gravação: aumentar a quantidade de quadros (frames) por
segundo e de megapixels de gravação, algo que acontece durante a gravação
do audiovisual com freqüência. Como vemos abaixo:
Figura 6 Movimento de câmera brusco ocasiona perda de foco
E como defendo, o celular pode realizar vídeos com tipos de tomadas
muito específicas graças a sua portabilidade, no sentido físico, inclusive
encontramos algumas fotos de making off no blog do SMS Sugar Man, onde
vemos o diretor registrando em posições improváveis e de extrema dificuldade
se fossem feitas com uma câmera profissional ou aem alguns casos seria
impossível. Durante o audiovisual assistimos tomadas de cenas que até
poderiam ser realizadas com uma câmera profissional, mas teriam um grau de
dificuldade grande para serem realizadas, ao passo que com o celular são
tomadas realizadas com simplicidade e facilidade, pelo fato da portabilidade do
celular. Como vemos abaixo:
60
Figura 7 Movimento de câmera inusitado.
Movimento de câmera inusitado, o diretor deitado no
chão gravando olhando para trás.
Figura 8 Making off com vários movimentos de câmera e tomadas de
gravação do longa-metragem.
61
Figura 9 Making off com vários movimentos de câmera e tomadas de
gravação do longa-metragem.
Quanto à edição: foi feita em um computador com software e
equipamento adequado. A edição tem uma velocidade compatível ao enredo
do audiovisual, o que é uma preocupação nesses casos como já citamos
anteriormente. No audiovisual foi realizada uma edição relacional utilizando o
simbolismo, com algumas cenas utilizando simultaneidade como vemos abaixo:
Figura 10 Simultaneidade, a tela dividida mostrando a personagem
gravando outro personagem.
62
Figura 11 Simultaneidade, a tela dividida mostrando a personagem
gravando a si próprio.
Figura 12 Simultaneidade, a tela dividida mostrando a
personagem gravando a si próprio e sendo gravado por outro
celular.
Como último comentário, ainda em relação à edição, existem alguns
aparelhos de celular que além de gravarem também nos dão a possibilidade de
editar as cenas, o que com certeza irá aumentar o número de produções por e
para celulares, devido ao custo de edição que ficará muito menor, apesar de
63
que no início não existirão muitos recursos de edição, mas existe a certeza que
será desenvolvido, tornando os celulares também uma ilha de edição.
5.2 Leituras curta-metragem
A professora Consuelo Lins participou de um concurso de vídeos para
celulares em Paris, classificando-se em 1 lugar entre cerca de 400
participantes, realizando, com apenas um celular, um audiovisual de pouco
mais de 6 minutos onde apresentava as pessoas lendo nos trens e no metrô de
Paris, dando a esse curta-metragem realizado em agosto de 2005, o nome de
Leituras”.
Consuelo Lins participou com este mesmo curta-metragem no Festival
Internacional de Curtas de Belo Horizonte e foi classificada em lugar, onde
competiu, inclusive com curtas-metragem realizados com câmeras profissionais
de vídeo e não apenas celulares.
O som: tem grande interferência do som ambiente, o que a autora optou
por manter para dar uma exata noção de como é estar em um metrô em Paris
lendo um livro, uma revista, um artigo e etc. Durante a gravação ela pediu para
algumas pessoas gravarem um trecho do que estavam lendo naquele momento
e editou junto com a imagem da pessoa com seu material de leitura e legendas
com a tradução. Este recurso ficou interessante e nos chama a atenção
durante o audiovisual. Como a autora optou por captar os sons diretamente do
ambiente, verifica-se novamente que o som poderia ter sido tratado e filtrado
digitalmente, mas poderia ser perdido um pouco do clima que envolve o curta-
metragem.
O plano: o primeiro plano foi o mais utilizado pela autora, em algumas
cenas utilizou o plano aberto, onde se notou pouca definição e baixa qualidade
da imagem, devido à capacidade de gravação da câmera utilizada não ser
muito boa.
Esse fator também é notado quando em algumas cenas de primeiro
plano onde o rosto das pessoas aparece um pouco esbranquiçado, reiterando,
algo que defendíamos e começamos a mudar esse conceito em relação a
64
esses planos, principalmente enquanto a capacidade tecnológica não for
melhorada. Como vemos abaixo:
Figura 13 Rosto desbotado. Parte do rosto do ator está esbranquiçado,
fora de foco.
Além da autora também ter gravado algumas cenas através das janelas
do trem onde notamos que a imagem ficou borrada, fora de foco, algo que se
for gravado com uma mera de capacidade de gravação melhor, deva ser
resolvido. Como vemos abaixo:
Figura 14 Plano geral fora de foco. Plano geral gravado através da janela
do trem em movimento, totalmente fora de foco.
65
O movimento de câmera: este curta-metragem, por não contar uma
história, tem poucos movimentos de câmera que podemos colocar, como um
movimento de câmera que possa ser realizado apenas através da mera de
um celular.
Novamente a baixa qualidade tecnológica do aparelho, não permitiu
movimentos bruscos e notamos que o balanço da composição que estavam
sendo gravadas as cenas, prejudicava o foco caracterizando-se como um
movimento brusco. Como vemos abaixo:
Figura 15 Movimento brusco fora de foco. O balanço do trem torna-se
um movimento brusco para a câmera do celular e deixa a imagem fora
de foco.
Quanto à edição: a edição foi bem realizada, como exemplo citado,
as legendas do audiovisual, em sintonia com as vozes das pessoas que
estavam sendo gravadas lendo uma parte do seu material de leitura. Ainda
sobre a limitação técnica da câmera do aparelho celular utilizado à época,
quando foram inseridas as legendas no curta-metragem, nota-se que a imagem
em torno das legendas perde um pouco de foco. Como vemos abaixo:
66
Figura 16 Legendas prejudicam o foco de parte da imagem
A autora colocou legenda em algumas cenas do curta-metragem e o foco ao
redor da legenda está prejudicado. alguns cortes bruscos, não prejudiciais
ao entendimento do curta-metragem, em um deles inclusive o corte nos leva a
uma propaganda da exposição sobre o Brasil, pois 2005 foi o ano do Brasil na
França. Como vemos abaixo:
Figura 17 Propaganda da exposição do ano do Brasil na França.
67
Por ser um documentário a edição não tem um padrão muito bem
definido, em certos momentos é relacional utilizando o simbolismo e em outros
é uma edição tonal que tenta dar uma emoção ao audiovisual.
A duração exata do curta-metragem é de 6 minutos e 24 segundos e aos 5
minutos e três segundos, está a única cena que não foi gravada pela autora,
ela própria lendo um livro no metrô de Paris.
68
CONCLUSÃO
69
CONCLUSÃO
O objetivo principal desta pesquisa era estudar a relação entre as formas
de expressão de um audiovisual produzido por e para celular e sua
aplicabilidade e inserção social, comparando-a com as formas de expressão
audiovisual do cinema, a partir de quatro principais elementos de sua
especificidade: som, plano, movimento de câmera e montagem/edição.
Este estudo resultou em algumas conclusões iniciais que são elas:
evita-se ao ximo o grande plano geral e o plano geral; dá-se preferência
para o primeiro plano e primeiríssimo plano; edita-se o som em mesas de
mixagem, processando-o com filtros digitais, para não haver problemas com
freqüências excessivamente agudas; evitam-se movimentos de câmera
bruscos para não perder o foco e não borrar a imagem e na edição procura-se
colocar um maior número de quadros por cena para termos uma ação maior e
evitar que o audiovisual fique monótono.
Para verificarmos nossas conclusões iniciais, estudamos intensamente
dois audiovisuais produzidos por e para celular, o longa-metragem SMS Sugar
Man de Aryan Kaganof e o curta-metragem Leituras de Consuelo Lins.
Nessa verificação constatamos que, em relação ao primeiro e o
primeiríssimo plano -que compreendemos inicialmente serem dois tipos de
plano utilizados com mais freqüência-, realmente o foram. Mas quando
assistimos aos referidos audiovisuais, verificamos uma distorção da imagem do
ator, ou um “desbotamento” ou uma ampliação do nariz do ator, quando não
ocorrem os dois problemas. Problemas esses que com o tempo poderão ser
resolvidos pela evolução da tecnologia para câmeras de celulares.
Especialmente com novas lentes lançadas recentemente no mercado como as
objetivas grande angular, tele de 2X e olho de peixe, acopladas ao celular por
meio de dispositivo magnético.
Confirmamos o problema do som, que terá uma limitação técnica,
demandando a edição e mixagem do som com filtros digitais, para uma melhor
audição do audiovisual. Assim, o áudio se somará, como um meio a mais de
prender a atenção do celular-espectador, resultando em uma trilha sonora
70
adequada e dinâmica. Também confirmamos que os movimentos de câmera
com o celular seriam muitas vezes inesperados e bem resolvidos, Todavia há a
necessidade de movimentos lentos ao invés de bruscos.
As distorções provocadas pela lente do celular poderão ser utilizadas
como recursos estéticos dos autores desses audiovisuais. Os movimentos de
câmera bruscos promovem a perda de foco da imagem -um desbotamento ou
“borramento” da imagem-, algo que pode ter um fim estético, mas que logo
poderá perder o seu valor como inovação e cair no anacronismo de efeitos
inúteis. É provável que com o tempo possa ser resolvido o problema pela
evolução da tecnologia para câmeras de celulares como no recente
lançamento de aparelhos smartphone com características técnicas como a taxa
de frames por segundo maior, 30 frames por segundo, definão de imagem
melhor, 5 megapixels em VGA 640×480px.
A utilização de uma maior quantidade possível de frames por segundo,
ocorreu no audiovisual SMS Sugar Man que teve uma edição muito boa e o
ficou monótono quando assistido.
Para o futuro temos a perspectiva que o audiovisual produzido por e
para celular terá um aumento das produções devido a facilidade de acesso aos
aparelhos, tanto em relação ao custo que com o tempo irá diminuir como
tecnologicamente melhorando a qualidade de gravação das câmeras.
Gostaríamos de reiterar que esta pesquisa não esgota o assunto tratado
e temos intenção de dar continuidade ao trabalho porque aparecerão mais
audiovisuais que ampliarão a pesquisa.
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUMONT, Jacques. A estética do filme. São Paulo: Papirus, 2002.
Azollin, João D.C. Tributo ao Padre Cientista.
<http://www.radioantigo.com.br/landell.htm>. Acesso em 23 de Mai de 2009.
BRAGA, Newton C. Revista Cibéria. Tributo a Hedy Lamarr.
<http://www.eca.usp.br/njr/espiral/ciberia32a.htm> . Acesso em 25 de Fev de
2009.
BURCH, Noël. Práxis do cinema. São Paulo: Perspectiva, 1992.
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra. 1999.
CASTELLS, Manuel; FERNANDEZ-ARDEVOL, Mireia; QIU, Linchuan Jock;
SEY, Araba. The Mobile Communication Society: A cross-cultural analysis of
available evidence on the social uses of wireless communication technology.
Los Angeles: University of Southern California, 2004. Em
<http://arnic.info/workshop04/MCS.pdf>
CLAQUETE, CAMERA E AÇÂO. Cinema a sétima arte.
<http://www.lunaeamigos.com.br/setimaarte/capitulo16.htm>. Acesso em 22 de
Abr de 2009.
COSTA, Flávia Cesarino. O primeiro cinema. Rio de Janeiro: Azougue, 2005.
FAENZA, Roberto. Diferenças inconstantes. Em: ARISTARCO, Guido;
ARISTARCO, Teresa (org.). O novo mundo das imagens eletrônicas. Lisboa:
70, 1985.
FONTOURA, Alexandre. Primeira ligação de celular completa 30 anos.
<http://jbonline.terra.com.br/jb/online/internet/destaque/2003/04/onlintdes20030
403002.html>. Acesso em 23 de Mai de 2008.
FRANCO, Célio. Antonio Meucci, o verdadeiro inventor do telefone.
<http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Barra_Escolha/B_AntonioMeucci.h
tm>. Acesso 23 de Mai de 2008.
GOLIOT-LÉTÉ, Anne; Vanoye, Francis. Ensaio sobre a análise lmica. São
Paulo: Papirus, 1994.
GOODWIN, Michael; WISE, Naomi. On the edge: the life and times of Francis
Coppola. New York: William Morrow, 1989.
72
GOSCIOLA, Vicente. Tecnologia e Estilo no Cinema Brasileiro entre 1960 e
1970. In: XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. INTERCOM.
Disponível em: <
www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R1586-
1.pdf>. Acesso em 27 de Jan de 2009.
GOSCIOLA, Vicente. Roteiro para as novas mídias: do cinema às mídias
interativas. 2ª ed. revista e ampliada, São Paulo: Senac, 2008.
IDGNOW. Nokia traz celular filmadora para Natal no Brasil.
<http://idgnow.uol.com.br/telecom/2005/11/03/idgnoticia.2006-03-
12.2540014311/>. Acesso em 12 de Jul de 2009.
INFOWESTER. ADSL: O que é e como funciona. Disponível em
<http://www.infowester.com/adsl.php >. Acesso em 23 de Jun de 2009.
JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2006.
KAGANOF, Aryan. Blog e filme. <smssugarman.com/>. Acesso em 12/07/2009.
KLEIN, Adriano Renato; BROCKER, Fábio André. Trabalho sobre arquivos
JPG. Disponível em <http://209.85.215.104/search?q=cache:SmAxDfa3fpMJ:
professores.faccat.br/azambuja/jpg.html+codifica%C3%A7%C3%A3o+entropic
a&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=5&gl=br>. Acesso em 23 de Mai de 2008
LEONE, Eduardo. Cinema e Montagem. São Paulo: Ática, 1993.
LINS, Consuelo. Leituras. <http://www.youtube.com/watch?v=3WuZzFlWVU8>.
Acesso em 30 de Out de 2007.
MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. São Paulo, 2005.
MICROFONE.JOR.BR. História do Rádio.
<http://www.microfone.jor.br/historia.htm>. Acesso em 12 de Abr de 2009.
OLIVEIRA, Jauvane C. de. Sistemas Multimídia. <http://www.lncc.br/~jauvane/
SMM/2002/SMM-A04.pdf>. Acesso em 26 de Mai de 2008.
PAMPANELLI, Giovana A. A Evolução do telephone e uma nova forma de
sociabilidade: o Flash Mob. <http://www.razonypalabra.org.mx/anteriores/n41/
gazevedo.html>. Acesso em: 28 de Jul de 2007.
PERANI, Letícia. Interfaces gráficas e os processos de imediação: uma crítica
através da teoria das materialidades. <http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed
_10/contemporanea_n10_leticia_perani.pdf>. Acesso em 12de Fev de 2009.
PINHO, Marcelo da Silva. Compressão de dados via codificadores universais,
de estado finito e sem perda de informação. <
http://www.maxwell.lambda.ele.
73
puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/10168_2.PDF?NrOcoSis=32746&CdLinPrg=
pt>. Acesso em 23 de Mai de 2008.
PORTAL AMAZÔNIA. Compact Disc completa 25 anos.
<http://portalamazonia.globo.com/pscript/noticias/noticias.php?pag=old&idN=57
294>. Acesso em 25 de Mai de 2009.
POVALA, Adalgir. 3G Telefonia Móvel do Futuro.
http://www.pucrs.br/feng/tcc/eletrica/2004_1_103_trabalho.pdf. Acesso em
30/07/2009.
POZO, Ugo. Bioskop: a gênese de tudo.
<http://tecnologia.uol.com.br/produtos/ultnot/2008/07/30/teste-comparativo-de-
projetores-abaixo-de-2-mil.jhtm>. Acesso em 03 de Mai de 2009.
RIBEIRO, Gisele. Como funciona a telefonia 3G. <
http://informatica.hsw.uol.com.br/telefonia-3g.htm>. Acesso em 24 de Jun de
2009.
RODRIGUES, Márcio. Telefonia Celular.
<http://www.wirelessbrasil.org/wirelessbr/colaboradores/marcio_rodrigues/tel_0
2.html >. Acesso em 23 de Mai de 2008.
SOTERO, Ana Paula. Dos transistores aos computadores. <http://www.com
ciencia.br/ reportagens/fisica/fisica11.htm>. Acesso em: 25 de Jan de 2008.
VIVA SEM FIO. História do telefone celular, Martin Cooper, DynaTac.
<http://www.vivasemfio.com/blog/historia-telefonia-celular-martin-cooper-
dynatac/>. Acesso em 10 de Mai de 2009.
WIKIPEDIA. Andy Warhol. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Andy_Warhol>. Acesso
em 18 de Jul de 2009.
WIKIPEDIA. Nam June Paik. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Nam_June_Paik>.
Acesso em 18 de Jul de 2009.
WIKIPEDIA. Wolf Vostell. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Wolf_Vostell>. Acesso
em 18 de Jul de 2009.
XAVIER, Ismail (org.). A experiência do cinema. ed. revista e aumentada,
Rio de Janeiro: Graal, 1991.
YNOGUTI, Carlos Alberto. Processamento digital de sinais.
<http://www.inatel.br/docentes/ynoguti/e724/Digitalizacao.pdf>. Acesso em: 26
de Mai de 2008.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo