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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
(UFPI)
Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste
(TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(MDMA)
A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TERESINA / PI
WALDIRENE ALVES LOPES DA SILVA
TERESINA
2004
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
(UFPI)
Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico Ecotonal do Nordeste
(TROPEN)
Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(PRODEMA)
Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
(MDMA)
WALDIRENE ALVES LOPES DA SILVA
A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TERESINA / PI
Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-
Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA / UFPI /
TROPEN), como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Área de Concentração: Desenvolvimento do Trópico
Ecotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa: Política de
Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Orientador: Prof. PhD Luiz Botelho Albuquerque.
TERESINA
2004
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WALDIRENE ALVES LOPES DA SILVA
A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TERESINA / PI
Dissertação aprovada pelo Programa Regional de Pós-
Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA / UFPI /
TROPEN), como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Área de Concentração: Desenvolvimento do Trópico
Ecotonal do Nordeste. Linha de Pesquisa: Política de
Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Teresina, 23 de julho de 2004
_____________________________________________________
Prof. PhD Luiz Botelho Albuquerque
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA / UFPI)
_____________________________________________________
Profª. Drª. Cristina Arzabe
Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (PRODEMA / EMBRAPA)
_____________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Carlos Sales
Universidade Federal do Piauí (PRODEMA / UFPI)
AGRADECIMENTOS
A Deus, força que tem me conduzido e amparado desde sempre;
A meus pais, pela infância e educação que me oportunizaram e pela compreensão e
apoio constantes;
Aos meus irmãos, pela pronta disponibilidade;
Aos meus familiares: avós, tios, padrinhos e primos, pela torcida incondicional;
Aos amigos, por terem compreendido os momentos de ausência;
À Universidade Federal do Piauí e ao TROPEN-PRODEMA, pela iniciativa de
implementar o curso de pós-graduação stricto sensu;
Aos professores do PRODEMA-PI, pelos conhecimentos compartilhados;
Aos colegas de curso, pelo companheirismo de cada um;
Aos funcionários do TROPEN, pela presteza de sempre;
Às instituições que colaboraram para a obtenção dos dados necessários à realização
desta pesquisa: IBAMA, na pessoa de Ana Helena Lustosa, SEMAR, SEMEC, SEDUC,
SDUs, SEMPLAN, FURPA e Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental;
Aos colegas de repartição (DEM e GEFAPE / SEDUC), pelo incentivo;
A Maurienne Caminha, pelo exemplo de profissionalismo e humanidade;
Às pessoas que conduziram a gerência em que atuo: professora Amaziles Neves, Maria
de Jesus Morais, e Conceição Castelo Branco;
Aos colegas da Unidade Escolar Benjamim Baptista;
Aos colegas de trabalho da UESPI, pelo companheirismo;
À Rafaela e Henrique Moretz-sonh, Eulália e Albertino Rodrigues, pela amizade e
apoio;
À professora Maria do Socorro Baptista Barbosa, pela amizade e atenção dispensada à
revisão desta pesquisa;
À professora Liége de Sousa Moura, pela importante amizade, confiança, e pelo
profissionalismo que tem servido de referencial à minha caminhada;
À Aimee Conceição Silva, pela alegria, disponibilidade, e paciência no
acompanhamento da construção desta pesquisa;
À professora Elisabeth Mary de Carvalho Baptista, exemplo de competência e
profissionalismo, pelo incentivo e confiança e, principalmente, por sua tão preciosa amizade;
À professora Cristina Arzabe, pela atenção dispensada à análise desta pesquisa;
Ao professor Luiz Carlos Sales, pelas contribuições que enriqueceram a construção
desta dissertação;
Ao professor José Luis Lopes Araújo, pela colaboração para a realização deste trabalho;
Ao professor Luiz Botelho de Albuquerque, meu orientador, pela confiança depositada,
pelas palavras certas nas horas certas, e por sua disponibilidade durante a realização desta
pesquisa;
E a todos que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que essa pesquisa pudesse
concretizar-se.
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em
que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-
se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo,
grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos
reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas
de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um
destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável
global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais,
na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é
imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade
uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras
gerações.
Carta de Terra - Preâmbulo
SUMÁRIO
Lista de Siglas ...................................................................................................................
07
Lista de Quadros ...............................................................................................................
08
Resumo .............................................................................................................................
09
Abstract .............................................................................................................................
10
Introdução..........................................................................................................................
11
1. Educação Ambiental: Considerações Teóricas . ..........................................................
14
1.1. Fundamentos da Educação Ambiental: subsídios para uma reflexão .....................
14
1.2. Aspectos Históricos da Educação Ambiental .........................................................
23
2. Metodologia ..................................................................................................................
29
2.1. Fundamentação Metodológica ................................................................................
29
2.2. Procedimentos ........................................................................................................ 30
3. Aspectos Normativos da Educação Ambiental ............................................................ 32
3.1. No Brasil .................................................................................................................
32
3.2. No Piauí ..................................................................................................................
38
3.3. Em Teresina ............................................................................................................
41
4. Caracterização da Implementação Institucional da Educação Ambiental em
Teresina ............................................................................................................................
49
4.1. Educação Ambiental e as instituições em Teresina ................................................
49
4.1.1. Nos Espaços Governamentais ..............................................................................
49
4.1.2. Nos Espaços Não-Governamentais (ONGs) ........................................................
63
4.1.3 Nos Sistemas de Ensino ........................................................................................
64
4.1.3.1. Estadual .............................................................................................................
64
4.1.3.2. Municipal ..........................................................................................................
68
4.2. Aspectos da Ação Institucional da Educação Ambiental em Teresina ...................
69
5. Algumas Possibilidades para Educação Ambiental em Teresina .................................
75
Conclusão ......................................................................................................................... 82
Referências ....................................................................................................................... 85
Anexos .............................................................................................................................
89
LISTA DE SIGLAS
CEA ......... Centro de Educação Ambiental
FNDE .......... Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FNMA ......... Fundo Nacional de Meio Ambiente
FURPA ........ Fundação Rio Parnaíba
IBAMA ....... Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
LDB ............. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC ............ Ministério da Educação e Cultura
ONG ............ Organização Não Governamental
PCN ............. Parâmetros Curriculares Nacionais
PCNEM ...... Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Médio
PNEA .......... Política Nacional de Educação Ambiental
PRONEA ..... Programa Nacional de Educação Ambiental
SDR ............. Superintendência de Desenvolvimento Rural
SDU ............. Superintendência de Desenvolvimento Urbano
SEDUC ........
Secretaria Estadual de Educação e Cultural
SEMAR ....... Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SEMEC ....... Secretaria Municipal de Educação
UNESCO ..... Organização Educacional, Científica e Cultural das Nações Unidas
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Aspectos Normativos Nacionais ......................................................... 33
Quadro 2 - Aspectos Normativos Estaduais ......................................................... 38
Quadro 3 - Aspectos Normativos Municipais ...................................................... 41
Quadro 4 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina I ............................................................................................
54
Quadro 5 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina II ...........................................................................................
55
Quadro 6 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina III ..........................................................................................
56
Quadro 7 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina IV ..........................................................................................
57
Quadro 8 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina V ...........................................................................................
58
Quadro 9 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina VI ..........................................................................................
59
Quadro 10 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina VII .........................................................................................
60
Quadro 11 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina VIII .......................................................................................
61
Quadro 12 - Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina IX .........................................................................................
62
Quadro 13 - Quadro Resumo de ações – Instituições Governamentais e Não-
Governamentais ..................................................................................
70
Quadro 14 - Quadro Resumo de ações – Ensino Estadual ...................................... 71
Quadro 15 - Quadro Resumo de ações – Ensino Municipal ................................... 71
Quadro 16 - Possibilidades para a Educação Ambiental em Teresina .................... 81
Resumo
A postura cultural de um grupo tem no processo educacional um significativo veículo de
consolidação quando existe coerência entre a teoria e prática no processo educativo do qual
faz parte também a Educação Ambiental. Esta teve suas finalidades, objetivos, princípios
orientadores e estratégias de desenvolvimento definidos na Conferência de Tbilisi (1977),
quando foi apresentada a Declaração sobre Educação Ambiental. A partir daí a Educação
Ambiental difundiu-se pelos países do globo, tanto em ações formais como não formais,
constituindo um processo de formação de consciência ambiental desenvolvido com planos e
programas para atender as necessidades peculiares de cada grupo social. Diante disto, esta
pesquisa questiona de que forma vem se estabelecendo o processo de construção institucional
da Educação Ambiental na cidade de Teresina – PI com o objetivo geral de analisar a
implementação da Educação Ambiental em Teresina e, tendo como objetivos específicos,
discutir as bases teóricas e normativas que fundamentam a Educação Ambiental, caracterizar
o processo de institucionalização da Educação Ambiental na cidade, confrontar aspectos
teóricos, institucionais e práticos do processo de construção da Educação Ambiental, além de
sugerir possibilidades para o desenvolvimento do processo de Educação Ambiental. A
metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica, onde, realizamos a seleção e estudo das
obras que abordavam a temática, bem como o estudo documental. Este último constou da
seleção e análise de documentos normativos referentes às diretrizes deste processo. A
pesquisa de campo foi pautada na observação não participante e em entrevistas não
estruturadas nas instituições que constituíram a amostra desta pesquisa. Com isto obtiveram-
se subsídios para estabelecer as linhas gerais do processo detectando que o mesmo se mostra
permeado de limitações epistemológicas, instabilidade de representações institucionais e
desarticulação entre setores e instituições denunciando uma visível fragmentação.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Instituições, Implementação
Abstract
The imbalance in the relationship between Humanity and the Environment has become
evidenced in a very strong way throughout the world. The cultural posture of a certain group
has, in the educational process, a significative mean of consolidation when there is a
coherence between theory and practice in the educational process of which Environmental
Education is part, with its finalities, objectives, oriented principles and strategies of
development defined in the Conference of Tbilisi (1977), when the Declaration about
Environmental Education was presented. From then on, Environmental Education has been
spread throughout the countries in the globe, in formal actions as well as in informal ones,
followed by events of national and local sphere about the theme, including in Brasil. This way
the process of forming an environmental conscience has been developed with plans and
programs to attend the peculiar needs of each social group. Having this in mind, this research
questions the way the process of institutional building an Environmental Education process is
being established in Teresina – PI, with the general objective of analyzing the implementation
of Environmental Education in Teresina and, as specific objectives, it intends to discuss the
theoretical and normative bases that justify the Environmental Education, to characterize the
institutionalization of Environmental Education in the city, to confront theoretical institutional
and practical aspects of the building process of the Environmental Education besides
suggesting possibilities of development the Environmental Education process. The
methodology applied was bibliographical review, documental analysis and field research.
With these methods, information were obtained in order to establish the general lines of the
process under the view of its institutionalization to the State, since the research was made in
the Capital, where the decisons are made, and where a better support for any kind of action is
supposedly achieved.
Key-words: Environmental Education, Institutions, Implementations
INTRODUÇÃO
A degradação ambiental apresenta-se em todas as partes e das mais diversas formas; no
ar e na água, no campo e nas cidades, em países industrializados e não industrializados. A
humanidade tem, assim, que conviver com problemas que interferem diretamente na sua
qualidade de vida. Problemas estes que vêm se delineando desde a sua origem e que se
intensificaram com a exploração dos recursos naturais ao longo de sua evolução biológica e
cultural.
Produções humanas como a agricultura, o comércio e a atividade industrial contribuíram
grandemente para este fato ao longo dos séculos. A busca por novas fontes de riqueza
material foi validada pelo domínio do conhecimento e tecnologia, os quais tiveram como
custo direto a subjugação da natureza entendida simplesmente como fonte de matéria-prima e
energia.
Entretanto, as implicações reais desta condição vêm evidenciar por volta dos anos 50 e
60 do século XX, de forma mais aberta, além da concentração de riquezas propiciadas pelo
imediatismo consumista do modo de produção capitalista, a poluição do ar, a extinção de
espécies, chuva ácida, esterilização dos solos, contaminação de corpos hídricos, fome,
desemprego e desigualdades sociais em geral. A sociedade passa então a admitir e discutir a
relação entre os desequilíbrios ambientais e as disparidades sociais.
12
Com isso, discutir a questão ambiental é algo de grande urgência e complexidade devido
às dimensões natural, econômica, política e social que perpassam sua constituição. Cabe
ressaltar que cada sociedade apresenta necessidades específicas oriundas do seu próprio
processo histórico-evolutivo. Porém, algo é comum a todas as sociedades: a busca por uma
qualidade de vida sempre melhor. Esta, logicamente, é entendida sob uma ótica permeada de
valores e necessidades da cultura que delineia todo um modo de vida. Entretanto, tal busca
deve, para se efetivar, reconhecer as relações com as condições ambientais tendo como elo
principal a ação antrópica que é conduzida pela formação cultural e educacional dos
indivíduos.
A postura cultural de um grupo é reproduzida e repassada de geração a geração pela
vivência, tendo, ainda, no processo educacional, significativo veículo de consolidação quando
existe coerência entre a teoria e a prática do mesmo. Do contrário, esta se revela como
instrumento de alienação e dominação, características que têm se mostrado constantemente
em nosso país desde a colonização com os primeiros jesuítas aqui chegados.
Grande se mostra o poder de intervenção da educação na construção e afirmação de uma
sociedade, pois, ao mesmo tempo em que flui desta, retorna para a mesma condicionando-a
por trazer consigo a carga das dimensões inerentes à própria. Ressaltaremos nesta pesquisa a
dimensão ambiental da educação na forma da Educação Ambiental, que todas as outras
perpassam e são por ela perpassadas.
Como nas demais sociedades do planeta, a sociedade piauiense vem se deparando
também com o preocupante quadro de padrões de consumo elevado, ineficiência de
saneamento ambiental, degradação de ambientes naturais, caça e pesca predatórias,
ineficiências do sistema educacional, desigualdades sociais, etc., com conseqüente ameaça à
qualidade de vida do piauiense.
Fundada em 1852 para se tornar a sede administrativa do Piauí, a capital representa o
pioneirismo em planejamento de cidades no Brasil. No diagnóstico apresentado pelo Plano de
Desenvolvimento Sustentável do Município - Agenda 2015, Teresina é uma submetrópole
com área de influência em regiões do Maranhão, Ceará, Tocantins e parte do Pará. O impulso
à economia é atribuído ao fato de ser a capital do estado, entroncamento rodoviário regional e
nacional, elo na cadeia de distribuição e comercialização de mercadorias.
13
Mais de setecentos mil habitantes vivem nesta cidade receptora de fluxos populacionais
e polarizadora de atividades empresariais e da maior parte das pessoas empregadas
formalmente no estado.
Em 2001 foi criada a Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina com
treze municípios da microrregião de Teresina incluindo a vizinha Timon (MA). Entretanto,
consideramos apenas o perímetro urbano de Teresina.
É sob este contexto que nos propomos a buscar entender de que forma tem se
estabelecido o processo de construção institucional da Educação Ambiental na cidade de
Teresina. Tal questionamento nos levou à definição dos seguintes objetivos para este estudo
sendo o objetivo geral: analisar a implementação da Educação Ambiental na cidade de
Teresina e, como objetivos específicos: discutir as bases teóricas e normativas que
fundamentam a Educação Ambiental; caracterizar o processo de institucionalização da
Educação Ambiental na cidade; confrontar aspectos teóricos institucionais e práticos do
processo de construção da Educação Ambiental; além de sugerir possibilidades de
desenvolvimento do processo de Educação Ambiental em Teresina.
Pretendemos, ao atingir estes objetivos, obter em linhas gerais um perfil do
desenvolvimento da Educação Ambiental em Teresina, envolvendo instituições
governamentais e não-governamentais, esclarecendo como esta vem sendo trabalhada e
entendida pelas mesmas. Além de evidenciar lacunas ou limitações e, conseqüentemente,
discutir os caminhos que poderiam ser trilhados para a transposição de tais obstáculos.
1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL: CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
1.1. Fundamentos da Educação Ambiental: Subsídios para uma reflexão
A Educação Ambiental tem se mostrado um termo bem difundido nos últimos anos,
notadamente da década de 70 do século XX aos dias atuais. Entretanto, a sua complexidade
instiga um debate cada vez mais profundo que tem levado a uma grande produção teórica
sobre esta temática. É importante, assim, definirmos o arcabouço teórico que estabelecerá as
bases desta pesquisa.
Sorrentino (1995, apud LEONARDI, 1997) trata a Educação Ambiental fazendo
referência às quatro vertentes: 1) a conservacionista através da ão de entidades defensoras
da natureza intocada; 2) da educação ao ar livre com ações ao ar livre, espeleologia,
escoteirismo, etc; 3) de gestão ambiental com forte implicação política, presente nos
movimentos sociais; e, 4) da economia ecológica congregando organizações governamentais
e não governamentais, associações ambientalistas que advogam o uso de tecnologias
alternativas, desdobrando-se os adeptos do Desenvolvimento Sustentável (governantes e
algumas ONGs) e os adeptos das sociedades sustentáveis. Com isso são diversas as
concepções de Educação Ambiental as quais estão relacionadas às formas de fazê-la que se
agrupam em quatro grandes conjuntos de objetos que são: 1) biológicos (proteger, conservar e
preservar espécies etc.); 2) espirituais / culturais (promoção do autoconhecimento e
conhecimento do universo segundo uma nova ética); 3) políticos (desenvolvimento da
15
democracia, cidadania, participação popular, diálogo e autogestão); e 4) econômicos (defesa
da geração de empregos em atividades ambientais não-alimentares e não-exploradoras,
autogestão e participação de grupos e indivíduos nas decisões políticas).
Observando estas perspectivas, Leonardi (1997, p. 396) considera que a Educação
Ambiental tem como objetivo contribuir para a conservação da biodiversidade, para auto-
realização individual e comunitária e para autogestão política e econômica, mediante
processos educativos que promovam a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida”,
através de três modalidades: 1) formal, exercida em atividades escolares em todos os seus
níveis (possui metodologia e meios de avaliação claramente definidos e planejados); 2) não
formal, que acontece em variados espaços da vida social (sua realização fora do espaço
escolar envolve outros atores em espaços públicos e privados) e que, apesar de ser menos
estruturada também apresenta objetivos, metodologias e periodicidades definidas, sendo rica
em parcerias (Parques, áreas verdes, cursos, seminários etc); e 3) informal, que acontece em
outros e variados espaços da vida social, mas sem o compromisso da continuidade, possuindo
forma de ação, metodologia e avaliação sem definição clara.
Guimarães (1998) ressalta a importância do papel participativo do educador e do
educando na construção do processo de Educação Ambiental, lembrando sempre que a
realização desta se de forma diferenciada em cada meio, sem que se perca de vista a
dinâmica global, as relações políticas e econômicas que constituem a globalidade de cada
local, lançando a idéia de uma nova ética nas relações sociais e entre as diferentes sociedades
na relação com a natureza, centrando seu enfoque no equilíbrio dinâmico do meio ambiente
(seres humanos e demais seres atuando em parceria).
Guimarães (op. cit) destaca ainda um fator basilar referente às questões ambientais, qual
seja a diferenciação entre ser humano e natureza tendo se dado de forma paulatina e
acompanhado o processo evolutivo biológico e cognitivo onde aponta os humanos
“ancestrais” completamente integrados ao funcionamento da natureza bem como as
populações tradicionais (silvícolas, indígenas) baseando-se na capacidade de suporte dos
recursos naturais.
Com isso, a afirmação da consciência individual tem favorecido as ações desarmônicas
da humanidade em relação ao meio ambiente. Ações estas refletidas claramente na produção
16
humana e no conhecimento produzido por tal modelo (individualista) de sociedade resultando
em uma postura antropocêntrica dominadora. Esta postura, aperfeiçoada a cada nova geração
e em cada grupo social expandiu-se progressivamente. Temos assim uma sociedade
consumista de recursos, capitais e bens.
Carvalho (2000) destaca, com isso, o fato de que o surgimento das práticas sociais e
pedagógicas em referência à questão ambiental a nível público tem uma construção histórica
recente, mas ressalta o contexto da Revolução Industrial bem como de seus desdobramentos
(pobreza, epidemias, migração campo - cidade, violência social e degradação ambiental)
como desencadeador de uma nostalgia da natureza intocada registrada na literatura e pintura
dos séculos XVIII e XIX, mostrando a natureza como um ideal estético e moral na visão
burguesa de bem estar.
Delineia-se uma base burguesa capitalista de entendimento da natureza como algo
venerável, intocável no sentido de fornecer, além da matéria-prima para as atividades
capitalistas, o ambiente agradável a ser desfrutado por esta classe em ascensão na esfera
público-administrativa de então. As situações sociais que viriam a se formar a partir daí (luta
de classes e formação de grupos contra a opressão das classes dominadas) vem de encontro ao
pensamento de Rodrigues (2000).
Este autor apresenta o movimento germinativo da sociedade civil organizada
denunciando o que Almeida (2002) afirma na tendência que a sociedade tem de transformar-
se em seu contrário, que a ordem nacional acaba sendo gestada enquanto sistema paralelo
ao Estado instituído. Enquanto o Estado reprime e pune autoritariamente (mais
especificamente na primeira metade da década de 60 do século XX) a sociedade cria e
fortalece seus mecanismos de resistência através das associações, grupos, organizações, etc.
para romper a centralização administrativa deste. O Estado compõe-se então de uma estrutura
política e econômica e outra militar e ideológica (instituições culturais, de comunicação,
partidos políticos, etc.)
Diante da conjuntura supracitada, o Estado que surge no Brasil absorve e dissolve as
diferenças de interesse de grupos. A administração passa a se manifestar como vontade de
todos que as iniciativas são, agora, tomadas com base na competência técnica excluindo a
17
participação dos segmentos sociais de onde a forte centralização propiciou o crescimento da
resistência popular em função de sua exclusão nos processos decisórios.
As divergências entre prioridades da política do Estado (desenvolvimento nacional,
produto interno bruto, política monetária, etc.) e da população (alimentação, saúde, educação,
etc.) levaram ao crescimento de organizações de setores marginalizados, buscando soluções
aos problemas existenciais ou políticos vivenciados, tornando-se instrumentos de negociação
política renovando a sociedade brasileira e reorientando a política pública através do poder
local dando abertura à política social enquanto prioritária.
Com isso, Rodrigues (2000) afirma que as populações passam a assumir a direção das
políticas públicas. Os setores marginais são agora parceiros na elaboração e condução das
decisões políticas. Assim, desde a década de 1980, as prioridades à modernização da
economia cedem espaço às políticas de atendimento às necessidades da população. O papel do
Estado é, então, coordenar, atender e procurar alternativas para a solução dos problemas
básicos com a organização da sociedade em torno da educação.
Diante da amplitude de abrangência da questão, Warren (2000 apud SORRENTINO,
2001) destaca que se abre o espaço da atuação civil neste cenário, como nos mostra a ampla
difusão do termo ONGs (Organizações Não Governamentais) que veio a se dar com a
conotação assumida com a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento Rio 92 (espaço de participação da sociedade civil organizada, permitindo
incluir associações de natureza e fins diversos, tendo como características em comum serem
não governamentais e sem fins lucrativos).
As ONGs brasileiras têm se mostrado como entidades de assessoria, apoio, promoção,
educação e defesa de direitos humanos e ambientalistas, visando transformar aspectos
negativos da realidade social, buscando a defesa da cidadania, evidenciando temáticas como
violência, carências coletivas, etc. Atuam ainda como mediadoras não-partidárias em caráter
educacional, informacional e político. Mas as ONGs latino-americanas têm visões de mundo e
valores que sugerem alguns desencontros políticos interinstitucionais com as ONGs do Norte.
Partindo da idéia de que a cooperação internacional tem mantido as infra-estruturas de boa
parte das ONGs do Sul, estabelecem-se alguns tipos que indicam ainda uma cronologia de
surgimento, ainda segundo Warren (op. cit).
18
Da reorientação do trabalho das Igrejas Cristãs que constituem o apoio financeiro das
ONGs do Norte aos pobres em geral, surgem as assistencialistas. Para as desenvolvimentistas
a redução das desigualdades no Terceiro Mundo depende do processo educacional e inserção
de tecnologias apropriadas com apoio de agências captadoras de recursos financeiros.
Enquanto as democratizantes surgem diante do crescente autoritarismo na América Latina,
com desrespeito aos direitos humanos e civis (questões de gênero, étnicas, saúde e meio
ambiente, etc.). Têm-se ainda, as neoliberais, em um momento em que se delineia a
necessidade de políticas de ajuste estrutural em função do aumento da miséria e degradação
em países do sul.
A questão ambiental é entendida em interação com as questões sociais, crescimento e
institucionalização das agências de apoio e surgimento de novos agentes de cooperação
internacional de esferas governamentais, disponibilização de recursos para setores
organizados da sociedade civil visando seu fortalecimento.
Assim as ONGs, em suas ações, não podem perder de vista a ligação da educação com
os sistemas econômicos principalmente a partir da Revolução Industrial, pois, segundo Carlos
(2001, p. 24) a acumulação de capital e a Revolução Industrial são dois momentos
fundamentais da história da humanidade” que culminarão com o aparecimento e resolução de
contradições decorrentes da ação dialética entre o homem e a natureza:
…A especialização das ciências se impõe e permite um aprofundamento entre
ciência e prática. O conhecimento passa a ser entendido como domínio da natureza
e o esforço inventivo dirige-se, num primeiro momento, principalmente ao domínio
das forças externas da natureza (CARLOS, 2001, p. 28).
A tendência da escola poderá ser a de formar pessoas que não pensam criticamente
preparando-as apenas para dominar ou obedecer ordens. Com isso, Nascimento (2001) nos
chama a atenção para a necessidade de se estabelecer as bases conceituais dos termos
Educação e Desenvolvimento enquanto processos sociais que remetem um ao outro sendo
oriundos da sociedade moderna sem perderem sua identidade. Porém comumente se coloca a
Educação como pilar básico ao desenvolvimento.
19
Este autor afirma ainda que a educação é um espaço generalizado de socialização e
transmissão de conhecimento, separado da produção e que o direito da escolaridade para
todos deu-se pautado em três argumentos: o econômico, político e nacional. A escola nasce da
sociedade moderna ao mesmo tempo em que a constrói, sendo instrumento de mobilidade
social, condição do crescimento econômico e dever do cidadão. Assim, questiona
Porque não se dá a devida importância à educação como fator de mudança e
mobilidade social, de integração nacional, de democratização da sociedade e de
melhoria da qualidade de vida geral? (NASCIMENTO, 2001, p.108).
Para responder a seu questionamento, ele próprio aponta os caminhos: vontade política,
prioridade do bem estar e formação da população.
Cabe destacar Warren (2001), apontando a importância de se observar a historicidade da
noção do termo ONG de onde teremos, partindo dos países do norte: NGOs Non
Governamental Organtizations, sendo entidades ou agências de cooperação financeira a
projetos desenvolvimentistas ou assistencialistas em favor de populações desprivilegiadas do
Primeiro e do Terceiro Mundo. Alguns autores as entendem como um terceiro setor, além do
Estado e do Mercado, representado pela sociedade civil e, de grande importância para a
“Educação do futuro” (MORIN, 2002). Este, partindo da idéia de “Era planetária”, destaca
para a Educação a missão de favorecer o uso dos conhecimentos existentes ao mesmo tempo
superando os paradoxos dos conhecimentos especializados, mostrando e ilustrando o destino
multifacetado do humano que é social e histórico de forma entrelaçada e inseparável.
Conseqüentemente, mostra-se a necessidade de situar tudo no complexo planetário e no
contexto que é multidimensional, articulando e organizando as informações sobre o mundo, o
que demanda uma reforma no pensamento.
Leff (2002), chama a atenção à necessidade da construção de uma racionalidade
ambiental, a qual demanda a formação de um novo saber e a integração interdisciplinar do
conhecimento a fim de explicar o comportamento de sistemas sócioambientais complexos
mediante problematização do conhecimento fragmentado em disciplinas e, ainda, a
20
administração setorial do desenvolvimento visando a constituição de um campo de
conhecimentos teóricos e práticos orientados para a rearticulação das relações sociedade-
natureza abrindo-se ao campo dos valores éticos, conhecimentos práticos e saberes
tradicionais. Evidencia ainda a necessidade de enfoques integradores do conhecimento para a
compreensão das causas e dinâmica de processos sócioambientais, o que exige uma
recomposição holística, sistêmica e interdisciplinar.
Este autor aponta, ainda, que estratégias acadêmicas, políticas educativas, métodos
pedagógicos, produção de conhecimentos científicos e tecnológicos, e formação de
capacidades se entrelaçam com as condições políticas, econômicas e culturais de cada região
e de cada nação para a construção do saber e racionalidades ambientais que orientam
processos de reapropriação da natureza e as práticas do desenvolvimento sustentável. A
perspectiva de desenvolvimento sustentável apresenta-se heterogênea devido aos diversos
interesses ambientais de setores e atores sociais.
Nesta perspectiva, Loureiro (2002, p. 69) delimita Educação Ambiental como uma
práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos,
habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação
lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente”. Para este autor,
…o conhecimento transmitido e assimilado e aspectos técnicos desenvolvidos
fazem parte de um contexto social e político definido. (…) As relações sociais
estabelecidas na escola, família, trabalho ou comunidade possibilitam a
compreensão crítica e o entendimento da posição e inserção social e, construção da
base de respeitabilidade para com o próximo. (LOUREIRO, 2002, p. 71)
Assim, as relações no campo educativo constituem espaços pedagógicos de exercícios
de cidadania em uma compreensão política da educação, o que não se pode perder de vista
quando da tentativa de implementação de um padrão societário e civilizacional embasado em
uma nova ética da relação sociedade-natureza.
As concepções e práticas estão subordinadas a um contexto histórico condicionador de
seu caráter e direção pedagógica e política, pois o processo educativo não é neutro, objetivo,
21
destituído de valores, interesses e ideologias é, ao contrário, uma construção social
estratégica.
O entendimento supra citado é validado pelas considerações de Neves (2002) quando
situa a educação como política social do Estado capitalista, a qual responde especificamente
às necessidades de valorização do capital. O ritmo e direção do desenvolvimento das políticas
educacionais em uma dada formação social capitalista se relacionam com os níveis de
participação popular alcançados e com o nível de desenvolvimento das forças produtivas e
relações de produção. Os sistemas educacionais na atualidade, tanto quantitativa como
qualitativamente, têm como determinantes essenciais a nova relação ciência / trabalho e
ciência / vida.
Condição complexa, real e decisiva uma vez que Viezzer e Ovalles (1995, apud JESUS
& MARTINS, 2002) apontam em suas colocações que os sistemas educativos dos mais
variados países têm servido para consolidar modelos baseados no crescimento econômico e
em padrões de consumo favoráveis ao aumento das desigualdades sociais e problemas
ambientais. A busca pela implantação de políticas que compatibilizem desenvolvimento
comercial, manutenção da qualidade ambiental e produtividade dos recursos naturais tem
crescido nas últimas décadas o que demanda conhecimento, consciência, valores e atitudes.
Assim, a educação para o ambiente deve estar vinculada à educação para a cidadania.
A Educação Ambiental tem assim o papel de fomentar a percepção da integração do ser
humano com o meio ambiente de forma harmoniosa, consciente do equilíbrio dinâmico da
natureza possibilitando ao cidadão, com o uso de novos conhecimentos, atingir valores e
atitudes para o processo de transformação da situação vigente do planeta. Devendo para tanto
ser sempre destacada sua natureza interdisciplinar orientada para resolução de problemas
locais.
O trabalho de Educação Ambiental é de compreensão, sensibilização e ação, para
possibilitar o questionamento elaborado de valores, construção do conhecimento e crítica aos
valores partindo da realidade uma vez que os padrões dominantes da sociedade contrapõem-se
aos alternativos.
Assim, a Educação Ambiental surge contrapondo-se à departamentalização da Educação
e evidenciando valores de conservação, cooperação, qualidade e associação. Entretanto, em se
22
tratando da normatização que versa sobre a Educação Ambiental, seus objetivos não são
mostrados claramente. Sua natureza mostra-se complexa e transformadora da concepção de
Educação uma vez que busca, além da utilização racional dos recursos naturais, a participação
dos cidadãos nas discussões e decisões em geral. A interdisciplinaridade, à mesma inerente,
tem aparecido sob a forma do trabalho de conteúdos desvinculados da realidade do aluno em
uma ou duas disciplinas e com metodologias descontextualizadas ou fora das condições
estruturais concretas (VIEZZER, 1996, apud JESUS & MARTINS, 2002).
Diante deste painel, em suas discussões, esses autores retratam a Educação à luz das
transformações ocorridas no mundo, de onde se destaca o seu papel perante a sociedade
invariavelmente favorável às classes dominantes e sendo envolvida por questões econômicas,
políticas e sociais. Ao mesmo tempo, as envolve e alicerça em um movimento permanente e
cíclico.
Este movimento não deve ser entendido como algo nocivo. Suas características e
fundamentos, porém, m indicado a necessidade de revisão no sentido de atingir a promessa
inata à Educação: o acesso a uma situação digna de vida do cidadão em todos os segmentos
sociais, saúde, moradia, trabalho, etc. que por sua vez estarão vinculados à questão ambiental,
e inerentemente condensados pela Educação Ambiental.
As considerações aqui colocadas vêm de diferentes ramos do conhecimento (direito,
economia, sociologia, pedagogia, dentre outros), entretanto, apontam para uma mesma
constatação que é destacada por Almeida (2002) quando indica que, além de preparar para o
trabalho, a escola passa a acumular mais demandas sociais no sentido de busca pela
estabilidade das condições de vida e convívio sociais.
A sociedade contemporânea supervalorizou a Escola, deu a esta um lugar de destaque
devido ao processo de formação da vida social enquanto, paradoxalmente, está
desamparando-a estruturalmente por priorizar os interesses de mercado em relação aos
referentes à formação, ou seja, o ensino-aprendizagem.
Torna possível constatar o quanto educação, sociedade e cidadania podem se tornar
sinônimo de Educação Ambiental e vice-versa. A análise das características da construção de
um processo de conscientização ambiental deve oferecer essa clareza para todos os atores
23
sociais, sejam eles educadores, empresários ou operários, que disso depende a continuidade
da existência de vida na terra.
1.2. Aspectos Históricos da Educação Ambiental
Segundo Dias (1998), as discussões sobre a questão ambiental somente atingiram a
condição de movimento social por volta dos anos de 60 e 70 do século XX, resultando da
organização de vários movimentos sociais. Os problemas ambientais atingem, então,
dimensões alarmantes tanto em seu segmento natural quanto em seu segmento social, dando
abertura ao acontecimento de vários eventos para sua discussão, que acabaram recebendo
freqüentemente os nomes das cidades que os sediaram. Destes, alguns serão mais
significativos no sentido de abordarem um aspecto imprescindível desta discussão geral, que é
a Educação Ambiental, termo que passa a ter seu uso difundido nos EUA na década de 70 do
século XX. A mesma surge com a missão de erigir e consolidar todo um processo de
conscientização ambiental. Sua construção teve como marco algumas conferências de nível
internacional que foram posteriormente se aproximando mais do âmbito nacional, regional e
local.
Dentre estas, cabe citar a Conferência de Estocolmo Conferência das Nações Unidas
Sobre o Meio Ambiente Humano (1972) acontecendo ao mesmo período da publicação de um
documento reflexivo pelo Clube de Roma, fundado em 1968, a partir da reunião de 30
especialistas de várias áreas naquela cidade, no intuito de discutir a crise da humanidade,
baseado em estudos sobre crescimento demográfico e recursos naturais, e sugerindo a
reavaliação do modelo de crescimento humano diante da “Declaração Sobre o Meio Ambiente
Humano” (DIAS, op. cit). Aqui, o Plano de Ação da conferência de Estocolmo recomenda
capacitação de professores, desenvolvimento de métodos e recursos direcionados à Educação
Ambiental de acordo com Pedrini (1997).
A Conferência de Estocolmo reforçou e expandiu as considerações anteriores,
representando, nas palavras de McCormick (1992), a transição de um entendimento
sentimental e ingênuo nos anos 60 para uma perspectiva racional, política e global nos anos
70 do século XX, bem como a presença de ONG’s e outros grupos não-credenciados.
24
McCormick (op. cit.) agrupa os 26 princípios listados na Declaração de Estocolmo em 5
grupos:
. Resguardo e conservação dos recursos naturais;
. Desenvolvimento e Educação Ambiental (que devem andar juntos);
. A poluição (que não deve exceder a capacidade de recuperação do Meio Ambiente);
. Padrões de administração ambiental e exploração de recursos (que devem ser
estabelecidos por cada país).
. Ciência, tecnologia, educação e pesquisa (que devem ser utilizadas para promover a
proteção ambiental).
Pedrini (1997) lembra que, posteriormente, a Conferência de Belgrado, promovida pela
Organização Educacional Científica e Cultural das Nações Unidas UNESCO, que ocorreu
em 1975, abordou uma nova ética planetária para erradicação da pobreza, analfabetismo, etc.,
formulando princípios e orientações para o Programa Internacional de Educação Ambiental
PIEA da UNESCO, relatando experiências ocorridas no mundo, na tentativa de que
representassem uma referência para novas tentativas em outras áreas tanto desenvolvidas
quanto subdesenvolvidas. Foram realizados ainda eventos com a participação de estudantes,
professores e administradores.
Dias (1998) destaca que o documento elaborado ao final do evento foi denominado
Carta de Belgrado. Esta questiona as políticas de maximização de crescimento econômico
desconsiderando as conseqüências para a sociedade e recursos, apontando, ainda, reformas de
processos e sistemas educacionais como centrais para uma nova ética de desenvolvimento,
bem como a necessidade de novo tipo de educação à juventude no intuito de promover a
defesa e a melhoria do meio ambiente para as gerações presentes e futuras.
Dois anos depois, a Conferência de Tbilisi, Conferência Intergovernamental sobre
Educação Ambiental, também promovida pela UNESCO e PNUMA em 1977, apresenta-se
com maior destaque, devido aos avanços que representa, uma vez que lança as bases dos
objetivos, funções, estratégias, princípios e recomendações para Educação Ambiental. Esta
deveria ter sua base pautada na ciência e tecnologia visando uma tomada de consciência
quanto ao uso dos recursos naturais em ações veiculadas através da educação formal e não-
formal a todos os segmentos sociais indicando a participação social efetiva.
25
Trata-se a Educação Ambiental enquanto processo contínuo e interdisciplinar em 41
recomendações nas quais, esta é imprescindível para o desenvolvimento igualitário dos países,
chegando a propor nas instâncias políticas do planeta a inserção e intensificação da reflexão,
pesquisa, inovações, intercâmbio e solidariedade internacional direcionados à formação de
docentes qualificados para tal, mediante a Declaração Sobre Educação Ambiental de acordo
com Dias (op. cit).
Em abril de 1987 foi divulgado o documento Nosso Futuro Comum ou Relatório
Brundtland, produzido pela Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Comissão Brundtland (referência ao nome da Presidente responsável pelo mesmo) tratando de
preocupações, desafios e esforços comuns no sentido de formular propostas realistas para o
enfrentamento de tais questões.
Entretanto, somente com a Conferência de Moscou e com o Congresso Internacional
sobre a Educação e Formação Ambientais da UNESCO / PNUMA de 1987, houve larga
participação de educadores de vários países reforçando as considerações de Tbilisi e,
objetivando modificações comportamentais cognitivas e afetivas. A meta naquele momento
era apontar um plano de ação para a década de 1990 com estruturação de um modelo
curricular, intercâmbio de informações, desenvolvimento de novos recursos instrucionais,
promoção de avaliação de currículos, capacitação de docentes, capacitação de alunos de
cursos profissionalizantes, criação de banco de programas audiovisuais, informações sobre a
legislação etc.
Pedrini (1997) esclarece ainda que a partir dela ocorreram reuniões setorizadas
incluindo o Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a Educação Ambiental
promovido pelo Ministério da Educação e Cultura MEC, juntamente com a secretaria de
Meio Ambiente da Presidência da República, sugerindo propostas no âmbito da capacitação
de recursos humanos, material didático, formas de trabalho na comunidade e escola e
objetivando a discussão de diretrizes para a política de Educação Ambiental, até a realização
da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) ou
Conferência de Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro em 1992, também denominada Rio 92.
Neste mesmo ano, durante a Rio 92, a Assessoria do MEC promoveu o Workshop sobre
Educação Ambiental do que resultou a formalização da Carta Brasileira para a Educação
26
Ambiental tendo ainda as indicações da Agenda 21, documento aprovado durante a Rio 92 em
que os países signatários se comprometeram a incorporar em suas políticas públicas as
dimensões do Desenvolvimento Sustentável (DIAS, 1998).
Neste Encontro, foram aprovados 5 acordos oficiais estando entre eles a Agenda 21 e a
“Carta Brasileira para Educação Ambiental” enfocando o papel do Estado na implementação
imediata da Educação Ambiental em todos os níveis. Cabendo destacar as reuniões realizadas
no aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, com ONG’s e Sociedade Civil além da Jornada
Internacional de Educação Ambiental com o Tratado de Educação Ambiental para as
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. (PEDRINI, 1997).
Por fim, a reunião da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 10)
ocorreu de 26 de agosto a 4 de setembro de 2002, em Joanesburgo, África do Sul,
objetivando a reafirmação do compromisso com acordos e tratados internacionais (Agenda
21) e, identificar novas prioridades.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente - MMA (BRASIL, 2003), a discussão
integrada quanto aos pilares básicos do Desenvolvimento Sustentável (econômico, social e
ambiental) aproximou proteção ambiental e o combate à pobreza levando a produção de dois
documentos:
- Declaração de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável;
- Plano de implementação da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável.
A Declaração de Joanesburgo destaca avanços na convergência de pontos de vista entre
os povos em relação a Desenvolvimento Sustentável e do trabalho em parcerias para tal.
Porém o distanciamento entre países ricos e pobres tem ameaçado grandemente o Meio
Ambiente global. Paradoxalmente, a globalização sustenta a perspectiva integradora do
desenvolvimento sustentável ao mesmo tempo em que colabora para as disparidades globais
uma vez que custos e benefícios têm sido distribuídos de forma desigual.
Com isso, o compromisso para o futuro está pautado na parceria construtiva, com foco
na indivisibilidade da dignidade humana e no trabalho cooperativo para facilitar o acesso a
recursos financeiros e benefícios da abertura de mercados, levando a um processo inclusivo
27
de grupos e governos e da operacionalização do Plano de Implementação da Cúpula Mundial
sobre o Desenvolvimento Sustentável. O qual, buscando promover a integração
desenvolvimento social, crescimento econômico e proteção do Meio Ambiente, busca o
respeito à diversidade cultural e considera a dimensão ética no processo de discussão quanto
a: erradicação da pobreza, alteração dos padrões insustentáveis de produção e consumo,
proteção e gestão da base de recursos naturais para o desenvolvimento econômico e social,
desenvolvimento sustentável em um mundo voltado para a globalização, saúde e
desenvolvimento sustentável, desenvolvimento de pequenos estados insulares em
desenvolvimento, desenvolvimento sustentável para a África bem como as iniciativas
regionais.
Dentre os mecanismos para a sua implementação, têm-se como premissa básica recursos
financeiros novos e adicionais, acesso ao desenvolvimento, transferência e disseminação de
tecnologias ambientais saudáveis, a educação e a mobilização dos recursos necessários para a
mesma, inclusive financeiros. (BRASIL, op. cit)
De acordo com constatações feitas por Pedrini (1997) a Educação Ambiental no Brasil
tem se manifestado há pelo menos 50 anos sob várias denominações (educação
conservacionista, sanitária, ecológica) antes de atingir o termo em questão e uma concepção
naturalista.
Dias (1998) enfatiza que a Educação Ambiental no Brasil é resultado de toda uma
discussão anterior e a nível internacional que somente é instituída em 31 de agosto de 1981
pela Lei Federal 6.938, a qual criou, dentre outros, o Cadastro Técnico Federal de
Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental no Brasil, admitindo como um de seus
princípios que a Educação Ambiental deveria ser trabalhada a nível formal e informal sendo
que esta assume um caráter mais pedagógico quando da emissão do parecer 226/87
(Plenário do Conselho Federal de Educação / MEC) que indica seu caráter interdisciplinar e a
realização em todos os veis de ensino. Em 1988 a Constituição Brasileira faz referência ao
Meio Ambiente em seu Capítulo VI, artigo 225; e posteriormente em 1991 o MEC baixa a
portaria 678 (14 / 05 / 91) que recomenda a Educação Ambiental como conteúdo disciplinar
em todos os níveis de ensino, sem que se configure, entretanto, como disciplina específica.
28
Diante deste quadro histórico-evolutivo torna-se necessário uma análise de documentos
que têm norteado mais de perto o processo de implementação da Educação Ambiental no
Brasil e no Estado do Piauí, uma vez que este representa forte veículo de validação da cultura
de uma sociedade.
2. METODOLOGIA
2.1. Fundamentação Metodológica
Para atingir os objetivos aqui propostos, foram utilizados, como procedimentos
metodológicos, a pesquisa bibliográfica, estudo documental e a pesquisa de campo no intuito
de atingir a sistematização do conhecimento acerca do tema para, em seguida, analisá-lo sob o
prisma de sua normatização com base na seleção de documentos diretamente ligados ao tema.
De acordo com Pedrón (2001), a pesquisa bibliográfica, enquanto procedimento básico a
qualquer pesquisa, leva ao delineamento e organização das idéias sobre o tema, partindo da
análise de produções humanas como livros, artigos, filmes, etc. conhecidos ou inéditos sobre
um dado assunto. Associado a isso, o Instituto Pedagógico Latino-Americano e Caribenho
IPLAC (1998), indica o estudo documental como obter, organizar e sistematizar os dados
disponíveis, submetendo-os a um conjunto de operações mentais com vistas a utilizá-los como
fonte de informação sobre o objeto disponível” (IPLAC, 1998, p. 6). Documentos podem ser
ainda de fontes primárias as quais, no dizer de Gonsalves (2003), são materiais que ainda não
passaram por análise, como fotos, diários, textos, etc. Nos ateremos assim, aos documentos
escritos.
A pesquisa de campo, segundo Rudio (1995) e Pedrón (2001), consta da observação dos
fatos como eles ocorrem espontaneamente. Deste modo foram usados também dados
30
coletados de forma assistemática (ocasional, simples ou não-estruturada), sem controle pré-
elaborado, pois os acontecimentos podem ser esperados, mas ao mesmo tempo são
imprevisíveis e casuais sem determinação do quê ou como será observado.
Realizamos nosso trabalho como observador não participante que, nas palavras de Rudio
(1995, p. 35) “é um elemento que vê de fora”, um estranho, uma pessoa que não está
envolvida na situação.
Trata-se, assim, de um estudo descritivo, que abrange aspectos gerais e amplos de um
contexto social no intuito de obter entendimento sobre o comportamento de fatores e
elementos que influenciam um determinado fenômeno, bem como qualitativo uma vez que
este tem como objetivo situações complexas ou estritamente particulares (…) buscando
entender a relação de causa e efeito do fenômeno(PEDRÓN, 2001, p. 129-130) diante da
busca por aspectos gerais e amplos de um contexto social através da análise da interação de
certas variáveis. E, ainda, sob uma perspectiva dialética, a qual Seabra (2001, p. 56) destaca a
partir “do princípio de que os fenômenos trazem consigo as suas próprias contradições sendo
levados a transformarem-se nos seus contrários”.
2.2. Procedimentos
Uma vez estabelecida a base teórica e normativa, a pesquisa de campo foi realizada em
instituições e Organizações Não-Governamentais (ONGs) da área urbana de Teresina,
direcionando assim o foco desta pesquisa para o aspecto institucional da implementação da
Educação Ambiental sob a forma de observação não participante no acompanhamento das
ações referentes à Educação Ambiental desenvolvidas pelas mesmas.
O uso da amostra intencional foi estabelecido em função da busca por elementos com
características específicas bem definidas, tendo sido a atuação com a temática ambiental o
critério para a seleção. Foram definidos, assim, como elementos de amostra intencional: o
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR), o Centro de Educação
Ambiental do Estado (CEA-PI), as Superintendências de Desenvolvimento Urbano (SDU
31
Centro-Norte, Leste-Sudeste e Sul), a Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEDUC),
Secretaria Municipal de Educação (SEMEC) e as ONGs representadas pela Fundação Rio
Parnaíba (FURPA), pioneira em sua categoria nesta cidade.
A opção por tais procedimentos mostra-se pertinente a partir do momento em que a
pesquisa bibliográfica constitui o instrumento que levará à delimitação da ampla produção
teórica referente às discussões que perpassam mais proximamente à temática em questão.
O estudo documental permitiu a ordenação sistemática da base normativa que a
direciona. A pesquisa de campo por meio de observação assistemática torna-se necessária
diante do trabalho com fatos e acontecimentos não premeditáveis, uma vez que, se trata da
detecção de aspectos do comportamento de dado segmento da sociedade complementado por
entrevistas não estruturadas com representantes dos segmentos envolvidos.
Uma vez selecionadas as amostras, procedemos a observação não participante durante as
visitas aos locais selecionados, além da aplicação de roteiros de entrevistas a gerentes,
diretores, coordenadores e supervisores dos respectivos órgãos e setores nesta pesquisa
abordados. Seguindo-se a isso, realizamos o estudo documental, selecionando leis, pareceres,
decretos e outras diretrizes que abordam o processo ou as estruturas que se referem as
entidades em questão. A análise destes documentos buscou evidenciar as ações propostas para
que fossem verificados a abordagem, a aplicação, o desenvolvimento e seus respectivos
efeitos para a implementação da Educação Ambiental.
A perspectiva dialética de análise dos resultados obtidos contribuirá no sentido de que as
lacunas existentes neste processo serão entendidas enquanto originadas em suas
especificidades que por sua vez interagem com o contexto externo.
3. ASPECTOS NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O processo de estruturação da Educação Ambiental demanda ações que partem dos mais
variados segmentos. Diante de tamanha diversidade, a normatização da mesma tornou-se
premissa para organização de sua realização.
Quando utilizamos aqui o termo “base normativa”, este se refere não só à legislação,
mas também às diretrizes gerais ligadas a este processo. Estas foram verificadas na esfera
nacional, estadual e municipal, nas quais elegemos aquelas que, em nosso entendimento,
mostram-se mais representativas nos cenários citados e que convergem para o objeto desse
estudo. Tendo em vista que as deliberações e ações neste âmbito no país se precedem e se
embasam, entendemos ser pertinente abordar aqui os aspectos da institucionalização da
Educação Ambiental no Brasil e no Piauí para atingir aquelas referentes a Teresina enquanto
capital, inserida neste contexto.
3.1. No Brasil
Podemos dizer que as manifestações em relação ao Meio Ambiente neste país ocorrem
desde a sua descoberta. A exuberância da natureza já se impôs nos primeiros relatos sobre
esta terra. Porém, esta mesma condição instigou o seu consumo desmedido por longos cinco
séculos. E apesar de haver registros de normatização visando a sua proteção desde o século
33
XVI (DIAS, 1998) é apenas no século XX que isto se transportará de maneira mais efetiva às
camadas populares e, inclusive, na forma de normatizações dispensadas à Conservação e
Educação Ambiental das quais destacamos algumas mais representativas no quadro a seguir:
Quadro 1 – Aspectos Normativos Nacionais
BASE NORMATIVA ANO OBJETIVOS
- Constituição da República Federativa do Brasil
(Cap. VI, Art. 225, Inciso VI, § 1º)
1988 - Promoção da Educação Ambiental em
todos os níveis de ensino;
- Conscientização pública.
- Lei Nº 7.797 (Art. 5, Inciso III) 1989 - Cria o Fundo Nacional de Meio
Ambiente;
- Estabelece a Educação Ambiental como
prioridade.
- Programa Nacional de Educação Ambiental
(PRONEA)
1994 - Aprofundamento e sistematização da
Educação Ambiental (sistema escolar
como instrumento);
- Produção de informação e formação da
consciência pública.
- Lei Nº 9.394 – Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB)
1996 - Foco da aprendizagem em linguagens,
competências e habilidades;
- Ensino interdisciplinar;
- Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 1998 - Referências nacionais;
- Especificidades regionais;
- Temas transversais.
- Lei Nº 9.795 – Política Nacional de Educação
Ambiental
1999 - Princípios básicos: humanista, holístico,
democrático e participativo;
- Linhas de ação: capacitação de recursos
humanos, desenvolvimento de estudos,
pesquisas e experimentações;
- Produção e divulgação de material
educativo, acompanhamento e avaliação.
- Parâmetros Curriculares Nacionais de Meio
Ambiente na Escola
2001 - Capacitação de professores.
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
34
Dos fatos que antecedem a apresentação da Constituição Federal de 1988, acreditamos
ser um bom veículo para iniciarmos nossas observações, diante do seu caráter sensibilizatório,
o parecer 226 / 1987 do Conselho Federal de Educação / MEC sobre Educação Ambiental
acionado pelo Conselheiro Arnaldo Niskier, que indica a necessidade da inclusão da
Educação Ambiental dentre os currículos das escolas de 1º e graus(DIAS, 1998, p. 331),
no sentido de instituir, orientar e estimular uma Educação Ambiental sistematizada. Este
Conselho sugere a formação de Centros de Educação Ambiental nos estados com equipes
interdisciplinares, elaboração de diagnósticos locais para a incorporação dos temas mais
significativos.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (Anexo 1), referindo-se ao
Meio Ambiente em seu Capítulo VI, artigo 225, considera que Todos têm direito ao Meio
Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 2004, p. 128). Neste artigo
chamamos a atenção para o inciso VI, §, que afirma promover a educação ambiental em
todos os veis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente
(BRASIL, 2004, p. 146). Temos aqui a primeira abertura a nível constitucional para a
Educação Ambiental mesmo que sem sistematização definida ou caráter pedagógico explícito,
mas com atribuições do Poder Público.
Com a Lei Federal 7.797 de 10 de julho de 1989 é criado o Fundo Nacional de Meio
Ambiente (Anexo 2) que deverá ser aplicado através de órgãos públicos federais, estaduais,
municipais ou entidades privadas sem fins lucrativos consonantes com os objetivos deste
fundo como indica seu Artigo 3. Cabe aqui destacar que, em seu Artigo 5, inciso III, a
Educação Ambiental é considerada prioridade para aplicação de tais recursos.
Do Workshop sobre Educação Ambiental realizado em Julho de 1992 no Rio de Janeiro,
o documento, aqui elaborado e aprovado, evidenciava a limitada atuação do Estado em
relação às considerações da Constituição Federal de 1988 recomendando um maior
comprometimento do poder público federal, estadual e municipal na elaboração e execução de
políticas para Educação Ambiental, bem como o estabelecimento de metas, articulando com
instituições de ensino superior, viabilização de recursos, programas, capacitações, etc. Aqui,
as solicitações referentes ao Meio Ambiente e à Educação Ambiental especificamente
35
passariam a ter uma popularização crescente contemplada posteriormente com o Programa
Nacional de Educação Ambiental – PRONEA.
Assim, diante das diretrizes apontadas pelas grandes conferências, foi aprovado pelo
Governo Federal, em dezembro de 1994, o PRONEA, tendo suas ações orientadas sob duas
perspectivas; a primeira
referente ao aprofundamento e a sistematização da Educação Ambiental para as
atuais e para as novas gerações tendo o sistema escolar como seu instrumento;
enquanto a segunda se direciona à boa gestão ambiental, visando a firmação da
consciência pública, ou a produção de informação adequada nos mais diversos
segmentos. (BRASIL, 1997, p. 6).
O Programa visa ainda atingir aqueles que tem poder decisório ou capacidade de influir
nas decisões sobre as questões ambientais; os usuários de recursos naturais (pescadores,
pecuaristas, etc) e aqueles que atuam nos meios de comunicação. Os recursos para tanto serão
oriundos de forma complementar do Ministério da Educação e Cultura - MEC, do Ministério
do Meio Ambiente – MMA, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis IBAMA, do Fundo Nacional do Meio Ambiente FNMA e do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.
Com isso, observamos a necessidade e solicitação da sistematização da Educação
Ambiental formal ventiladas, formalmente, desde antes de atingir a natureza constitucional,
apesar do debate propiciado com o Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a
Educação Ambiental (MEC / SEMAM Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da
República) que estabelece princípios norteadores quanto à capacitação, material didático,
formas de trabalho na comunidade e escola.
As deliberações mais operacionais vêm a se dar quase uma década depois com a reforma
do ensino nacional como apontará a Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996 Lei de
Diretrizes e Bases da Educação – LDB (BRASIL, 1999), segundo a qual a Educação deve ser
desenvolvida na convivência familiar, humana, no trabalho, em instituições e nos movimentos
e organizações civis bem como em manifestações culturais buscando disciplinar e vincular a
36
educação escolar formal ao trabalho e práticas sociais, o que abertura a uma formação
menos compartimentada como bem aponta a composição dos níveis escolares com Educação
Básica formada pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, tendo em
seqüência o Ensino Superior.
A Educação deve, assim, assegurar a formação comum indispensável para o exercício da
cidadania e fornecer meios para progredir no trabalho e estudos posteriores, que inicia com o
ensino infantil que visa o desenvolvimento integral da criança até os seis anos, continua no
ensino fundamental que tem duração de oito anos e foca na formação básica do cidadão para o
desenvolvimento da capacidade de aprender, compreender o ambiente natural e social,
político, tecnológico, artístico, bem como os valores em que se fundamenta a sociedade; visa
ainda a aquisição de conhecimentos e habilidades com formação de atitudes e valores,
fortalecimento dos vínculos de família e solidariedade humana.
A continuidade no desenvolvimento da capacidade de aprender será feita com base no
uso de linguagens para adaptação do educando às condições de mudança na sociedade,
estabelecendo competências e habilidades a serem atingidas em vez do foco em disciplinas ou
conteúdos específicos, aproximando a formação geral da preparação para o trabalho e
prevendo um destaque para a interdisciplinaridade no processo educativo. Esta deverá ser
construída ainda no ensino fundamental para ser consolidada no ensino médio tendo como
suporte os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRASIL, 1998).
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ensino Fundamental pretende-se admitir e
respeitar as especificidades regionais lembrando os pontos comuns ao processo educacional
que constitui as referências nacionais sob uma configuração aberta e flexível com o que se
conforma o cenário para o trabalho com Temas Transversais. Estes são concebidos como uma
tradução das discussões sociais que devem ser verificadas sob o prisma das diversas
disciplinas manifestando, assim, a abordagem interdisciplinar dos temas elencados que são:
Ética, Saúde, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo, e Meio
Ambiente. Este último tema transversal será objeto de considerações mais aprofundadas
que representa também as disposições da Lei Federal 9.795 / 1999 (Anexo 3) que dispõe
sobre a Educação Ambiental instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental. Segundo
esta, a Educação Ambiental é representada pelos
37
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do Meio Ambiente, bem de uso comum do povo e essencial a sadia
qualidade de vida e a sua sustentabilidade (…). A Educação Ambiental é ainda
componente essencial e permanente da educação nacional devendo estar presente,
de forma articulada em todos os níveis e modalidades do processo educativo em
caráter formal e não-formal (BRASIL, 1999).
Ainda segundo esta lei, a Educação Ambiental tem por princípios básicos o enfoque
humanista, holístico, democrático e participativo. O capítulo II, que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental, indica as seguintes linhas de atuação: capacitação de
recursos humanos, desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações, produção e
divulgação de material educativo, acompanhamento e avaliação, sendo que não deve ser
implantada como disciplina específica no currículo, destacando ainda que os professores em
atividade devem receber formação complementar em suas áreas de atuação. Assim, esta Lei já
representa um maior esclarecimento em relação a viabilização operacional pedagógica da
Educação Ambiental Formal.
Dentre os Temas Transversais apresentados nos Parâmetros Curriculares Nacionais que
buscavam orientar o trabalho interdisciplinar com estas demandas sociais (orientação sexual,
trabalho e consumo, pluralidade cultural), o tema transversal Meio Ambiente teve grande
valorização no meio educacional tanto que foi o único até o momento a ter material didático
específico voltado à capacitação de docentes denominado: Parâmetros Curriculares Nacionais
em Ação: Meio Ambiente na Escola. Cabe agora verificar a forma como estas ações vêm
sendo aplicadas e em quais perspectivas são abordadas.
Respondendo a esta demanda, o material dos PCNs Meio Ambiente foi publicado em
2001 e vem sendo difundido por meio de capacitações ministradas por consultores do
Ministério da Educação (MEC) vinculados à Secretaria de Educação Fundamental através da
formação de redes de apoio em cada estado do país mediante cadastramento dos mesmos. O
programa pretende trabalhar a temática ambiental nos currículos, no convívio escolar e da
comunidade através de projetos de Educação Ambiental inseridos no projeto educativo da
escola. Está organizado em módulos de estudo com atividades que remetem à reflexão sobre
experiências já desenvolvidas contando com dois kits de material compostos por livros, CD’s,
vídeos e guias de utilização voltados, um para capacitação dos docentes, e o outro para o
38
trabalho com os discentes, objetivando ampliação de conhecimentos e ajuda na elaboração de
propostas de trabalhos em grupo.
O material didático é composto por 11 módulos intitulados: Acordos e Vínculos, Os
Temas Transversais, Ser Humano, Sociedade e Natureza, Meio Ambiente na Escola,
Sustentabilidade, Biodiversidade, Água, Energia, Resíduos, Diálogos com as Áreas e Projetos
de Trabalho em Educação Ambiental. Este é um material de qualidade gráfica, didática e
educacional que atende as deliberações da base legal nacional que o antecedeu.
3.2. No Piauí
O Piauí, enquanto área ecotonal, ou seja, de transição entre ecossistemas e
conseqüentemente de grande diversidade / variedade de ambientes, também tem sofrido com
o uso irracional de seus recursos desde os primórdios da ocupação de seu território. Como tal,
desperta para a defesa do Meio Ambiente sob as deliberações oriundas das discussões
nacionais. Conscientizar a população é imprescindível, e a difusão da Educação Ambiental é
aqui apoiada pela seguinte base normativa:
Quadro 2 – Aspectos Normativos Estaduais
BASE NORMATIVA ANO OBJETIVOS
- Lei Nº 4.854 1996 - Estabelece a Política Ambiental do
Estado do Piauí;
- Promoção da Educação Ambiental formal
e não-formal para atuação da comunidade
na defesa do Meio Ambiente.
- Lei Nº 4.940 – Lei de Educação Ambiental do estado
do Piauí
1997 - Plano Estadual de Educação Ambiental;
- Criação da comissão Especial da
Educação Ambiental;
- Atuação obrigatória da Secretaria
Estadual de Educação.
- Lei Nº 5.101 1999 - Dispõe sobre o Sistema Educacional do
Piauí;
- Obrigatoriedade do Ensino do tema Meio
Ambiente nas escolas públicas e
particulares.
- Programa Estadual de Educação Ambiental 2000 - Ações para a sistematização e evolução
da Educação Ambiental no Estado;
- Criação da Comissão Interinstitucional de
Educação Ambiental
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
39
A Lei 4.854 de 10 de Julho de 1997 (Anexo 4) estabelece a Política Ambiental do
Estado do Piauí: implementação, acompanhamento, princípios, objetivos e normas básicas. A
multidisciplinaridade, participação comunitária, compatibilização com políticas ambientais
nacional e regional, unidade e descentralização, continuidade, informação e divulgação
permanente de dados sobre as condições ambientais deverão ser aplicadas na Ação do Piauí
Capítulo III do qual destacamos a promoção da Educação Ambiental formal.
É possível notar no texto do documento supracitado a grande preocupação com os
recursos naturais; com questões de saneamento e com a poluição diante de um vago
posicionamento em relação à Educação Ambiental propriamente, a qual somente terá a sua
introdução nos currículos dos Ensinos Fundamental e Médio, bem como a instituição do
Plano Estadual a ela referente com a Lei 4.940 de 15 de Julho de 1997 - Lei de Educação
Ambiental do Estado do Piauí (Anexo 5). Aqui se torna obrigatória a sua abordagem
transdisciplinar em todas as matérias curriculares de Ensino Fundamental e Médio nos
estabelecimentos de ensino do Piauí para promoção de revisão de conteúdos e grades
curriculares e implantação das oficinas de reciclagem, da elaboração do plano estadual de
Educação Ambiental, destacando a formação, treinamento e reciclagem de professores e
especialistas com a obrigatória atuação da Secretaria Estadual de Educação e Cultura –
SEDUC.
Cria-se a Comissão Especial da Educação Ambiental presidida pelo Secretário de Meio
Ambiente, composta por dois representantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos SEMAR, dois da Secretaria de Educação e Cultura, dois das
Universidades, dois das ONG’s e um de Centros e/ou institutos de pesquisa escolhidos pelo
Governador.
Caberia a esta Comissão propor à SEDUC a revisão de currículos e, à SEMAR, as
diretrizes para o Plano Estadual bem como encaminhar às mesmas propostas programáticas,
estratégias metodológicas e avaliativas, orientações sobre produção e diversificação de
material didático necessário à prática docente. A Comissão contaria com o apoio logístico da
SEMAR, entretanto a mesma não chegou a funcionar, segundo o relato de técnicos da própria
SEMAR.
40
Posteriormente, a Lei 5.101, de 23 de Novembro de 1999 (Anexo 6) dispõe sobre o
sistema educacional do Piauí e, como a LDB Nacional, atribui ao Ensino Fundamental o
objetivo de formação básica do cidadão mediante a compreensão do ambiente natural e social,
sistema político, tecnológico, artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade
construindo a base para os níveis seguintes (Médio e Superior). Evidenciamos ainda a nível de
Constituição Estadual, a obrigatoriedade do ensino do tema Meio Ambiente em escolas
públicas e particulares como também à promoção da Educação Ambiental em todos os níveis
de ensino e a conscientização pública para a preservação do Meio Ambiente (Artigo 226 §
Único) pouco especificando-a.
Somente durante o Seminário de Educação Ambiental ocorrido em de Julho de 2000,
promovido pela SEMAR, é validado o Programa Estadual de Educação Ambiental (Anexo 7),
propondo o desenvolvimento de ações básicas para a sistematização e evolução dessa prática
a fim de implementar a Educação Ambiental no Estado com os objetivos de promover a
qualificação dos recursos humanos, apoiar e incentivar o desenvolvimento de instrumentos
etc. e, produzir e difundir materiais educativos, seguindo as linhas de ação: capacitação de
recursos humanos, desenvolvimento de instrumentos e metodologias, produção e difusão de
conhecimentos.
As estratégias operacionais para tanto são: instituição de uma Comissão
Interinstitucional de Educação Ambiental para coordenar o planejamento, acompanhamento e
a avaliação das ações de Educação Ambiental, articulação intra e interinstitucional (parcerias),
descentralização de ações (núcleos ou câmaras setoriais), e elaboração de planos de trabalho
em Educação Ambiental com periodicidade anual.
Esta Comissão foi instituída no Estado pelo Decreto Estadual 10.399 em 2000 como
resposta a uma necessidade de se atender as solicitações do Ministério do Meio Ambiente,
tendo representantes das seguintes instituições: Secretaria Estadual do Meio Ambiente,
Secretaria Estadual de Educação, Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Estadual de
Agricultura, Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Teresina (atualmente representada
pela Secretaria Municipal de Planejamento SEMPLAN, que as atuais Superintendências
de Desenvolvimento Urbano SDUs estão a esta subordinadas), Universidades Estadual e
Federal do Piauí, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,
Empresa de Turismo do Piauí, Associação Piauiense de Prefeitos Municipais, Fundação Rio
41
Parnaíba, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Piauí e Banco do Nordeste.
Este momento representa um marco para a implementação da Educação Ambiental piauiense
porém, percebem-se claramente as limitações de atuação desta comissão diante do cenário
político no Estado e ao observar-se a desarticulação e paralelismo de ações e eventos de
cunho ambiental tanto a nível formal quanto informal.
3.3. Em Teresina
A nível de capital, Teresina acaba se valendo da condição de centro de decisões para
acompanhar e representar as discussões sobre Meio Ambiente e Educação Ambiental no
Piauí. Estas tiveram sua formalização praticamente ao mesmo ritmo da esfera estadual. Mas
algumas ações serão mais significativas que outras diante de seus efeitos na área urbana da
mesma, como as que listamos no quadro abaixo:
Quadro 3 – Aspectos Normativos Municipais
BASE NORMATIVA ANO OBJETIVOS
- Lei Nº 2.475 1996 - Estabelece a Política Municipal de Meio
Ambiente;
- Educação Ambiental na escola em todos os
níveis;
- Lei Nº 2.960 2000 - Cria as Superintendências de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente.
- Plano de Desenvolvimento
Sustentável de Teresina
2002 - Agenda 2015.
- Lei Nº 3.183 2003 - Plano Decenal da Educação para Teresina:
. Erradicação do analfabetismo;
. Universalização do atendimento da
Educação Básica;
. Melhoria da qualidade de ensino;
. Formação para o trabalho e Ensino
Superior.
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
42
Em 4 de julho de 1996, a Lei Municipal 2.475 estabelecia a Política Municipal de
Meio Ambiente, tendo como princípios básicos passíveis de destaque:
I a interdisciplinaridade e multidisciplinaridade no trato das questões ambientais;
II participação comunitária na defesa do Meio Ambiente; III integração com a Política de
Meio Ambiente Federal e Estadual; VIIIEducação Ambiental na escola a todos os níveis de
Ensino e na comunidade, a nível informal (empresas, associações, cooperativas, entidades
filantrópicas, indústrias, ONG’s, os três poderes e pessoas físicas) dentre outros. Entretanto,
aqui é evidenciada como instrumento da Política Municipal de Meio Ambiente, dentre outros,
a extinta Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Com a Lei 2.960 de 26 de dezembro de 2000, (Anexo 8) são criadas as
Superintendências de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Inicialmente foram
criadas: a Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro-Norte (SDU / Centro-Norte),
Superintendência de Desenvolvimento Urbano Leste-Sudeste (SDU / Leste-Sudeste) e
Superintendência de Desenvolvimento Urbano Sul (SDU / Sul), agregando as atribuições dos
órgãos e secretarias extintos com sua criação como no caso da Secretaria Municipal de Meio
Ambiente (SEMAM). Logo depois, foram criadas a SDU Sudeste, desmembrada da SDU
Leste / Sudeste e a Superintendência de Desenvolvimento Rural (SDR).
Estas SDU’s atuam sob coordenação da Secretaria Municipal de Planejamento
(SEMPLAN) com autonomia para administrar os Serviços Urbanos (coleta de lixo, limpeza
de vias públicas, serviços de mercados e feiras, cemitérios, numeração, emplacamento de
ruas), Habitações (regularização de construções, licenças para construir, documentos e
licenciamentos de bancas de revistas e trailers), Meio Ambiente (poluição ambiental, poda de
árvores, plantio e distribuição de mudas, etc.), Obras e Serviços (pavimentação e manutenção
de calçamentos, asfalto, galerias, praças) e Feiras Livres e Mercados (abastecimento).
Vivenciando o contexto da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a Rio 92, de onde é assumido por 170 países o compromisso com o
desenvolvimento sustentável por meio da elaboração da Agenda 21 (pensar globalmente, agir
localmente) em cada cidade de cada país, a administração municipal de Teresina implementa
o processo de construção do Plano de Desenvolvimento Sustentável de Teresina ou Agenda
2015 (Quadros 4 a 12) de forma participativa e multissetorial considerando a dimensão
ambiental (conservação de recursos, capacidade de suporte dos ecossistemas), a dimensão
43
social (redução da exclusão, melhoria da qualidade de vida urbana), a dimensão econômica
(aumento do emprego e renda com redução de consumo de recursos naturais e de produção de
resíduos), a dimensão política (fortalecimento da democracia participativa, parcerias e novos
instrumentos de gestão), a dimensão cultural (valorização da cultura local) e a dimensão
urbanística (beleza, mobilidade com segurança e organização do espaço). (TERESINA,
2003).
Em agosto de 2001 o processo foi iniciado no Congresso da cidade e concluído em
agosto de 2002 abordando dezessete temas sob o prisma das potencialidades, tendências
atuais e vocação da cidade além de um diagnóstico que levou a construção de dois cenários:
um considerando os próximos treze anos sem intervenção nos processos que então se
desenvolviam e o outro considerando a construção do que seria um cenário desejável.
Para tanto foi organizada a seguinte estrutura:
. Conselho Estratégico de Teresina para garantir a sustentação política sendo
composto por organizações da sociedade civil, lideranças empresariais, comunitárias,
sindicais, estudantis, religiosas, políticas, judiciárias, artísticas, intelectuais que participaram
dos seminários temáticos, grupos de trabalho;
. Grupo Consultivo, subgrupo do Conselho estratégico, visando discutir e aprovar
documentos síntese do diagnóstico, cenários e propostas para apreciação e aprovação final do
conselho;
. Grupos temáticos: compostos por especialistas que realizaram estudos e reuniões com
atores sociais relacionados aos temas e que levaram à redação de documentos aperfeiçoados
em seminários temáticos.
A implementação do plano da Agenda 2015 conta com Grupos de Impulsão para
viabilização de projetos que dependam de ações mobilizadoras, contando com o
acompanhamento que se em reuniões anuais do Conselho Estratégico com uma revisão
completa do mesmo a cada cinco anos.
O documento produzido apresenta em seu diagnóstico uma tendência à diminuição do
crescimento populacional com redução da pressão sobre equipamentos urbanos e Meio
Ambiente. Tendo ainda, como pontos fortes: a condição de submetrópole regional, um setor
44
educacional que atua até os níveis de pós-graduação e pesquisa acadêmica, um conjunto de
atividades competitivas formado por pequenas e médias empresas, em saúde, moda, cerâmica
e turismo de eventos, a atuação de instituições e programas públicos e privados para
qualificação profissional, fomento ao empreendedorismo e oferta de crédito a micro e
pequenos empresários bem como o segmento informal, ovinocaprinocultura, avicultura e
fruticultura organizadas inclusive, com disponibilidade de crédito e apoio à atividade agrícola.
Contamos ainda com a beleza cênica da paisagem de uma topografia plana favorável à
urbanização e serviços públicos, abundância dos recursos hídricos, minerais para a construção
civil, indústrias e artesanato de cerâmica. A existência de uma malha viária bem definida
contando com vias também aéreas. Equipamentos culturais e de valor histórico, comércio
dinâmico e instituições públicas no centro da cidade, sistema municipal de habitação com
atuação integrada para fornecer urbanização adequada inclusive a vilas e favelas; grande
número de programas e projetos sociais governamentais e não-governamentais,
universalização do ensino fundamental, programas de alfabetização de adultos; diversos
programas e campanhas de saúde bem sucedidos e por último, mas não menos importante, a
hospitalidade e honestidade do teresinense.
São identificados também pontos fracos como : os altos índices de desemprego e
informalidade no mercado de trabalho em conseqüência da pobreza na região, bem como a
pequena diversificação econômica e limitadas oportunidades de desenvolvimento e trabalho,
mantendo elevada dependência à renda gerada pelo setor público. Baixa média salarial e
dificuldades de inserção do jovem no mercado de trabalho, agricultura frágil (subsistência,
desorganização e técnicas tradicionais), alta taxa de analfabetismo adulto e nível educacional
insuficiente para atender o mercado de trabalho atual, grande número de loteamentos
irregulares em áreas com restrições ambientais, baixa cobertura do sistema de saneamento e
deficiências operacionais no abastecimento de água impondo valores elevados ao serviço,
precariedade do aterro sanitário, grandes vazios urbanos devido a grande extensão do
perímetro urbano, insuficiência de pontes sobre os rios, deterioração da área central por
ocupação de vendedores ambulantes, descaracterização do patrimônio arquitetônico e praças.
Grande parte da população vive em vilas e favelas com estrutura sica precária,
expressivo número de famílias em situação de vulnerabilidade econômica e social, incidência
entre jovens e adolescentes, de violência, prostituição, uso e tráfico de drogas, crianças
45
expostas à exploração de trabalho, violência sexual e doméstica; elevados índices de evasão e
reprovação escolar, defasagem idade / série, oferta em educação infantil insuficiente; pouca
integração e articulação nos diversos níveis de assistência à saúde e ausência de sistema de
referência e contra-referência no atendimento ao cliente; insuficiente resolutividade no
atendimento à criança na rede de média e, alta complexidade e inexistência de serviços
especializados para tratamento de crianças e adolescentes usuários de drogas, falta de
identidade local na produção cultural, carência de programas e infra-estruturas adequadas para
atividades esportivas, além da falta de estímulo ao esporte e à educação física nas escolas.
Deste panorama delineiam-se algumas fragilidades como a perda de competitividade nas
atividades em que Teresina é referência regional e crescimento da violência com
disseminação de gangues e narcotráfico.
Como oportunidades apontam-se : a formação do cluster de saúde, com investimentos
no setor e, em especial, nos elos faltantes e incipientes, o turismo de eventos, saúde e
educação principalmente, crescimento do agronegócio inclusive para exportação, implantação
da gestão integrada da bacia hidrográfica do rio Parnaíba pela Agência Nacional de Águas e
disponibilidade de recursos federais para novo programa habitacional e infra-estrutura urbana
para a população de baixa renda.
Com isso surge a previsão de dois cenários para o futuro da cidade sendo: “os espinhos
da unha-de-gato” e “a floração do caneleiro”:
“Os espinhos da unha-de-gato” descrevem um cenário de reprodução da situação atual
sem diversificação da economia, investimentos ou emprego mantendo-se a dependência aos
setores governamentais. O baixo nível de renda e a exclusão social seriam resultados das
limitações do mercado. Ocupação irregular dos espaços, agravamento de problemas
ambientais, aumento da violência, desenvolvimento humano insatisfatório e uma baixa auto-
estima da população.
“A floração do caneleiro” projeta tendências resultantes da realização de intervenções
necessárias ao desenvolvimento das potencialidades do município para atingir as condições
ideais de existência até 2015. Assim espera-se uma economia diversificada e fortalecida,
aumento nos índices de emprego, Teresina polarizando uma grande área de influência nos
46
setores de educação, saúde, moda, turismo de eventos, comércio atacado, varejo e de serviços
em geral; consolidação de um cluster na área de saúde; uma zona rural forte atuante nas
atividades de avicultura, fruticultura, floricultura, ovinocaprinocultura, piscicultura, apicultura
e olericultura, criação de uma rede de micro e pequenos empresários a partir de projetos
políticos para geração de emprego e renda, microcréditos e qualificação de profissionais.
Na área de Meio Ambiente e Saneamento espera-se a valorização do patrimônio
ambiental com despoluição e usos adequados, arborização de qualidade e bom nível de
Educação Ambiental. O sistema de abastecimento de água com serviços de qualidade
abrangendo a toda a população e com tarifas compatíveis bem como o sistema de esgotos,
com aterro sanitário funcionando sem oferecer riscos ao meio ambiente e saúde da população
e, um sistema de drenagem eficiente.
O uso e ocupação do solo urbano estará pautado na ausência de grandes vazios urbanos
e as áreas habitacionais serão bem servidas pelos tipos de transporte coletivo e o aeroporto
assumirá categoria internacional. O comércio atacadista se localizará em área onde o acesso
não interfira no trânsito urbano. Vias estruturais interligadas, com novos corredores de tráfego
em decorrência do planejamento de loteamentos, novas pontes e viadutos, ferrovia rebaixada
refletindo numa distribuição modal equilibrada do transporte coletivo (mais rapidez,
segurança, conforto).
Prevê-se ainda uma revitalização do centro em função de parcerias entre iniciativas
públicas e privadas e a participação da população, melhor organização e segurança do setor
comercial. Valorização do seu patrimônio histórico, cultural e ambiental com melhor fluência
do tráfego. Regularização de ocupações e loteamentos clandestinos com desocupação das
áreas de risco, as áreas urbanizadas contarão com infra-estrutura urbana e equipamentos
sociais, redução do déficit habitacional com moradia de qualidade, ambientalmente
sustentável.
Estima-se que uma eficiente rede de assistência à população exposta a riscos sociais
estará implantada (eliminação do trabalho e da prostituição infantil) promovendo a inclusão
social, participação da sociedade civil na gestão e controle da Política de Assistência Social.
Bem como a universalização do ingresso, sucesso e permanência de todas as crianças e jovens
47
na educação infantil, ensino fundamental e médio com eliminação do analfabetismo em que
contará também com uma população saudável e índice de desenvolvimento elevado.
Espera-se um maior interesse no esporte através do fortalecimento do esporte escolar,
desenvolvimento cultural consolidado (ações de incentivo à produção local) e resgate da
memória envolvendo iniciativa privada e geração de renda a artistas e agentes culturais.
Assim como condições favoráveis de acesso ao lazer e esporte nos segmentos escolar,
comunitário e performance. Resgate da relação homem / rio pela sua maior integração à
paisagem urbana e utilização para esporte, lazer e ecoturismo. A cidade teria consolidados
baixos índices de criminalidade e melhor sociabilidade levando à elevação da auto-estima e
conformação de uma imagem positiva a nível nacional.
Para atingir este cenário, foram estabelecidos os Macro objetivos, Estratégias, Projetos e
Ações que podem abranger tanto o poder público municipal quanto de outros níveis de
governo, setor privado, ONG’s, instituições prestadoras de serviços à comunidade e
associações representativas atuantes no município.
Cabe ainda citar o Plano Decenal de Educação para Teresina (PEDET), aprovado pela
Lei 3.183 de 25 de abril de 2003 (Anexo 9), que foi iniciado ao final de agosto de 2002 e
considerou como referência, dentre outros, o Plano de Desenvolvimento Sustentável para
Teresina ou Agenda 2015. Em setembro de 2002 começaram os fóruns para discussão da
proposta que gerou uma versão preliminar posteriormente sistematizada.
Seu eixo de ação está pautado na Educação para os Direitos Humanos, Educação para
Democracia e Cidadania e Educação para o Desenvolvimento Econômico e Social
apresentando dois objetivos gerais:
- Universalizar o atendimento à demanda escolarizada do município de Teresina
garantindo o acesso, permanência e sucesso das crianças, jovens e adultos a um
ensino de qualidade, numa perspectiva de educação para todos;
- Erradicar o analfabetismo visando inserir mulheres e homens piauienses no
processo sócio-econômico e político do estado e do país, ampliando as
oportunidades de geração e aumento de trabalho e renda, a redução da pobreza e o
resgate de suas dignidades de cidadãos. (PREFEITURA MUNICIPAL DE
TERESINA, 2003. p. 28)
48
Com isto terá como suas políticas educacionais: a erradicação do analfabetismo,
universalização do atendimento da Educação Básica, melhoria da qualidade de ensino,
formação para o trabalho e Ensino Superior. As estratégias institucionais para atingi-las
consistem na implantação de ações concretas de alfabetização e profissionalização da
população escolarizável, concretização de acordos ou convênios entre os vários sistemas de
ensino e instituições da sociedade civil no sentido da utilização de espaços educativos como
bibliotecas etc, adoção de processo de gestão democrática que garantam o fortalecimento e
dinamização da escola como espaço sócio-pedagógico e cultural da comunidade; a promoção
de intercâmbio interinstitucional para o desenvolvimento de projetos tecnológicos, culturais e
de formação de recursos humanos; apoio ao desenvolvimento de estudos, pesquisas,
experiências e projetos educativos inovadores; a utilização de recursos tecnológicos para
melhoria dos níveis de capacitação formal e continuada, informação técnico-científica e
cultural, a ação dos órgãos de apoio e financiamento à pesquisa como meio de acelerar a
produção de conhecimentos científicos e tecnológicos; a valorização dos profissionais da
educação; a formação de mão-de-obra propiciando o engajamento de mulheres e homens
piauienses no processo social produtivo e político do Estado; e a criação de condições
mínimas necessárias ao desenvolvimento da educação popular, envolvendo instituições da
sociedade civil. (TERESINA, 2003).
Diante disso foram delineados programas de acesso, ensino, formação para o trabalho,
financiamento e gestão, avaliação dos sistemas educacionais e do Plano Decenal de Educação
para Teresina, não havendo porém nenhum destaque para o trabalho com a perspectiva
ambiental.
Os recursos normativos aqui elencados foram citados devido a relação mais próxima que
ensaiam com a implementação da Educação Ambiental no Piauí e mais especificamente na
área urbana da capital. A existência dessas normativas indicam um envolvimento maior das
instituições como resposta à demanda ambiental, na forma de sua oficialização. Entretanto, o
seu caráter oficial não deve ser entendido como solução automática das lacunas à esta
inerentes.
4. CARACTERIZAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO INSTITUCIONAL DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TERESINA
4.1. Educação Ambiental e as Instituições em Teresina
Inicialmente, pensamos chamar a este capítulo Educação Ambiental Formal em
Teresina, uma vez que, de início, os termos formal e institucional indicam uma
complementaridade quase que inerente aos mesmos. Porém, diante de alguns anos convivendo
e fazendo parte deste cenário, temos ciência da variedade de experiências que dele fluem,
conseqüentemente, dos modos de construí-lo e entendê-lo a nível local. Entendemos assim,
ser adequada a mudança para o título que apresentamos. Portanto, as situações aqui citadas
foram observadas enquanto pontos de partida para uma reflexão.
4.1.1. Nos Espaços Governamentais
Em Teresina, as esferas Federal, Estadual e Municipal apresentam elementos e ações
referentes à Educação Ambiental como mostram claramente as nossas observações anteriores.
Em se tratando da esfera Federal, o Ministério do Meio Ambiente é representado no Piauí
pela gerência Executiva do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA, no qual funciona o Núcleo de Educação Ambiental (NEA) criado pela
50
Portaria 77 N, de 13 de julho de 1992 para assegurar atividades de Educação Ambiental,
apoiar programas e ões educativas que promovam a participação da comunidade na
preservação e conservação do Meio Ambiente, apoiar a introdução da Educação Ambiental
formal e não-formal em todos os níveis de ensino. E, ainda, apoiar a divulgação dessas ações,
articular com instituições governamentais e o-governamentais, e dar suporte técnico /
conceitual nos projetos da Superintendência.
Diante de suas atribuições, o NEA Piauí tem desenvolvido encontros, seminários,
palestras, visitas técnicas, cursos e oficinas em parceria com empresas privadas locais,
organizações não-governamentais, escolas, universidades, prefeituras, instituições diversas e
comunidade em geral além de disponibilizar material a estudantes e pesquisadores como
indicam os relatórios de 2002 e 2003.
Estas ações tem sido pautadas em uma perspectiva de Educação no processo de gestão
ambiental buscando fomentar a conscientização ambiental em Teresina e no Estado como um
todo por meio da Educação Ambiental não-formal, divulgando os problemas ambientais em
cartilhas, panfletos, cartazes, etc., utilizados nas campanhas elaboradas pela equipe do
referido setor. Este trabalho conta também com a participação de pesquisadores que atuam na
área, segundo declarações de técnicos do setor.
Na esfera Estadual, a representação se manifesta na Secretaria do Meio Ambiente e dos
Recursos Hídricos do Piauí (SEMAR), criada em 1995 pela Lei nº 4.797 sendo, dentre outras,
competência sua pesquisas, experimentações e fomento, informações técnicas e científicas
nas áreas de meio ambiente e recursos hídricos; educação ambiental em articulação com a
Secretaria de Educação” (Lei 4.797 / 95).
Até o ano de 2002 as atribuições supra citadas eram atendidas pela Divisão de Educação
Ambiental da SEMAR, na forma de participação, realização de eventos e palestras em escolas
nos municípios do estado. Entretanto, o Departamento de Meio Ambiente (DMA) absorveu a
demanda de Educação Ambiental trabalhando atualmente com base em quatro diretrizes
gerais, apontadas pelo diretor do mesmo:
1. Educação Ambiental Informal: no intuito de atingir entidades civis organizadas ou
não e a população em geral;
51
2. Educação Ambiental Formal: oferecer a professores das redes pública e privada
cursos incluindo montagem de material didático próprio;
3. Educação Ambiental Institucional: estruturar montagem de serviços de Meio
Ambiente em instituições públicas e privadas; programa de treinamento para responsáveis por
estes serviços visando atingir uma postura ecologicamente correta inclusive no ambiente de
trabalho;
4. Marketing Ambiental: atuar com a área de desenvolvimento sustentável; melhorar a
imagem da SEMAR com base no atendimento ao público; divulgação do nome, trabalho e
importância da SEMAR;
Estas encontram-se em fase de implementação bem como a criação de um módulo de
informatização para licenciamentos ambientais e a manutenção do funcionamento dos
conselhos, estes, organizados e instituídos mas que, apresentam limitações na preparação
das reuniões. Tais limitações levaram o Conselho de Meio Ambiente a se reunir apenas duas
em vez de quatro vezes no ano de 2003.
Em 05 de junho daquele ano foi criado o Centro de Educação Ambiental (CEA-PI),
localizado às margens do Rio Poti, que absorveu as atribuições e funcionários da extinta
Divisão de Educação Ambiental. Este centro é subordinado ao Departamento de Meio
Ambiente da SEMAR que planeja as atividades para que o CEA-PI as coordene.
Técnicos do setor declararam que, atualmente, as atividades desenvolvidas pelo CEA-PI
consistem em atendimento às escolas, realização de cursos e seminários, atividades de
Educação Ambiental com as comunidades do entorno do Parque Zoobotânico e comunidades
periféricas. Destas, aquela que merece destaque pela grande procura é o percurso feito pelo
Barco-escola. Esta última consiste em um passeio de barco que sai do próprio CEA-PI e vai
até o Parque Zoobotânico pelo Rio Poti contando com dinâmicas educativas realizadas por
técnicos que destacam também, algumas curiosidades quanto à fauna, flora e a paisagem.
Cabe ainda citar a atuação da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental sob a
coordenação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente que tem como intuito local buscar um
nivelamento das ações de E. A. diante de sua natureza propositiva. Assim, agrega instituições
para discussão e sugestão de ações ao governo do Estado.
52
Diante de uma situação política bastante movimentada no Estado do final de 2001 até o
início de 2003, a Comissão passou por momentos de instabilidade de seus representantes.
Com isso, o presidente desta Comissão aponta que as reuniões somente retomaram a
freqüência mensal a partir de junho de 2003.
Neste ínterim, a citada Comissão sempre tomou como foco em suas ações manter a
realização do Seminário Estadual de Educação Ambiental, tendo ocorrido o primeiro em
2000, organizar um Fórum de Entidades Não-Governamentais e um Fórum Permanente de
Discussões sobre Educação Ambiental, as duas últimas ainda não implementadas.
A nível de município, Teresina contou durante vários anos com uma Secretaria
Municipal do Meio Ambiente (SEMAM), que trabalhava as demandas ambientais da cidade.
Entretanto em 2001 esta foi extinta e absorvida pelas Superintendências Regionais de
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente no intuito de promover a descentralização da
administração municipal e aproximá-la das demandas locais da população, uma vez que a
atuação das mesmas passa a ocorrer por regiões: SDU Centro / Norte, SDU Leste / Sudeste e
SDU Sul.
Atualmente, as superintendências mostram algumas modificações em relação ao período
de sua criação. Existem mais duas SDUs, a SDU Sudeste desmembrada da Leste e a SDU
Rural, além de, em sua estrutura organizacional, apresentarem agora uma Gerência de Meio
Ambiente composta pela Divisão de Licenciamento Ambiental, Divisão de Fiscalização,
Divisão de Monitoramento e Divisão de Educação Ambiental.
As Gerências de Meio Ambiente foram criadas em 2003. Com isso, nas declarações da
gerente de Meio Ambiente da SDU Centro / Norte, a maior parte das equipes é nova no setor
e tem atuado com participação em eventos ou realizando eventos em datas comemorativas
com escolas ou para a comunidade em geral da região. As ações são realizadas por meio de
projetos necessitando da busca de financiamento através de parceiros uma vez que não
dispõem de recursos próprios.
Contudo a SDU Centro / Norte congregou a maior parte dos funcionários que já
atuavam na extinta Secretaria Municipal de Meio Ambiente SEMAM e está trabalhando
com um projeto piloto que visa a implantação do Centro de Referência em Educação
53
Ambiental (CEREAM) tendo como sede a Escola Ambiental 15 de Outubro através do
Projeto Aprendendo no Parque.
Este tem como objetivo geral a promoção da Educação Ambiental no Parque Ambiental
da Cidade considerando, em seus objetivos específicos, a Educação Ambiental formal e
informal, transversalidade dos temas abordados, participação de professores, alunos e
comunidade em geral, oficinas complementares ao processo ensino-aprendizagem trabalhando
em temas do calendário ecológico tendo a participação da SEMEC.
A Divisão de Educação Ambiental (DEA) apóia esta atividade, mas, por ser uma ação
iniciada antes de sua criação, é conduzido pela equipe de assessoria técnica do supervisor da
SDU Centro / Norte.
As SDUs Leste / Sudeste e Sul apresentam a mesma estrutura organizacional, porém,
suas ações estão centradas na participação em eventos, palestras, etc. sem linhas de
intervenção estabelecidas.
O ponto mais comum a todas é a ausência de recursos próprios para realização de ações.
Estas contam, principalmente, com o apoio financeiro de parcerias para realizar suas ações,
as quais são baseadas em demandas regionais e nos direcionamentos previstos pela Agenda
2015.
A Agenda 2015 ou Plano de Desenvolvimento Sustentável de Teresina apresenta a
implementação de alguns dos programas apontados no próprio documento, por ação dos
grupos de impulsão, representados por cinco técnicos e um coordenador que dividem o
acompanhamento a dezesseis temas.
Assim, cada técnico acompanha três temas e o coordenador acompanha um. A equipe
atua basicamente por meio da articulação para elaboração de projetos e na busca de
financiamento para os mesmos.
Os programas que estão em andamento foram determinados como prioridades partindo
de discussões entre os membros da equipe. Segundo as declarações da Coordenadora do
grupo, são eles os seguintes:
54
Quadro 4 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina I
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Desenvolvimento Econômico
- Economia diversificada e
fortalecida, menos dependente do
setor público;
-Fortalecimento como centro
político, comercial e prestador de
serviços.
- Apoiar empreendimentos econômicos
sediados em Teresina;
- Criação de ambiência para
competitividade de pequenos e médios
negócios mediante ações articuladas de
formação de recursos humanos,
empreendedorismo, inovações
tecnológicas e fomento econômico.
PROGRAMAS PROJETOS
1: TERESINA CAPITAL
REGIONAL
- Região Integrada de Desenvolvimento da Grande Teresina;
- Agendas de desenvolvimento sustentável;*
- Implementação do Teresina Agenda 2015. *
2: APOIO AO
EMPREENDEDORISMO
- Educação Empreendedora; *
- Jovem Empreendedor; *
- Prêmio anual Empresa Inovadora;
- Prêmio anual de reportagem sobre empreendedorismo
3: INOVAÇÕES
TECNOLÓGICAS
- Gestão em ciência e tecnologia;
- Incubadoras de empresas;
- Centro tecnológico de Teresina. *
4: PROMOÇÃO ECONÔMICA
- Promoção econômica; *
- Distrito Atacadista de Teresina; *
- Porto Seco de Teresina.
5: PEQUENOS NEGÓCIOS
- Avaliação e fortalecimento;
- Crédito orientado;
- Incentivo às exportações; *
- Mercado institucional;
- Qualidade na microempresa;
- Institucionalizar o Dia da Microempresa em Teresina
6: GESTÃO AMBIENTAL NOS
EMPREENDIMENTOS
ECONÔMICOS
- Fortalecimento da política ambiental do Estado do Piauí e do Município de
Teresina;
- Capacitação ambiental;
- Empresa legal;
- Consórcio de empresas para o meio ambiente.
7: ARRANJOS PRODUTIVOS DE
MODA E TURISMO
- Confecções e moda; *
- Turismo
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Pólo de Saúde
- Ter um centro de excelência em
serviços de saúde com cluster
consolidado e empreendimentos
competitivos em toda a cadeia
produtiva e de serviços.
- Melhorar os serviços de saúde de
Teresina;
- Consolidar o Pólo de Saúde de
Teresina enquanto atividade econômica:
cluster de saúde.
PROGRAMAS PROJETOS
1: ESTÍMULO À MELHORIA DA
ESTRUTURA FÍSICA E DOS
EQUIPAMENTOS DOS
ESTABELECIMENTOS PRIVADOS
DE SAÚDE
NÃO APRESENTA PROJETOS
2: FOMENTO ÀS ATIVIDADES
ECONÔMICAS DO PÓLO DE
SAÚDE
- Estímulo às atividades produtivas;
- Sistema de tratamento de resíduos hospitalares.
3: MELHORAMENTO DAS
ÁREAS DO PÓLO DE SAÚDE
- Modernização e urbanização;
- Higienização e limpeza;
- Melhoria nos hotéis, pensões e comércio de alimentos. *
4: EVENTOS DA SAÚDE - Marketing científico da saúde;
- Feira de equipamentos médico-hospitalares;
- Novo centro de convenções;
- Revista Teresina Saúde;
- Quiosques da saúde.
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002.
55
Quadro 5 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina II
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Desenvolvimento Rural
- Ter uma zona rural forte e
desenvolvida nas áreas de
avicultura, piscicultura,
apicultura e olericultura.
- Articular e disponibilizar os serviços
necessários à atividade produtiva;
capacitar e estimular o espírito
empreendedor nos produtores rurais;
- Melhorar os níveis sócio-
econômicos e educacionais dos
trabalhadores e produtores rurais,
ampliara o acesso das comunidades
rurais aos serviços sociais oferecidos
pelo município, através de quatro
programas.
PROGRAMAS PROJETOS
1: CENTROS DE
DESENVOLVIMENTO RURAL
- Criação dos CDRs – Centros de Desenvolvimento Rural;
- Ação articulada;
2: FORTALECIMENTO DAS
ATIVIDADES PRODUTIVAS
- Assistência técnica e capacitação; *
- Condomínios de produção;
- Centro de manejo animal;
- Centro de produção de mudas e sementes;
- Ecoturismo ativo.
3: INFRA-ESTRUTURA E MEIO
AMBIENTE DA ZONA RURAL
- Ampliação, melhoria e conservação das estradas rurais;
- Ampliação da rede de eletrificação rural;
- Ampliação do sistema de abastecimento d’água;
- Conservação do solo e recursos hídricos. *
4: SERVIÇOS BÁSICOS E
ORGANIZAÇÃO SOCIAL NA
ZONA RURAL
- Educação rural;
- Vida saudável;
- Sanear;
- Social em ação;
- Morar bem;
- Transporte;
- Limpeza pública;
- Associativismo e cooperativismo;
- Comunicação
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Geração de Trabalho e Renda
- Contribuição de uma renda de
micro e pequenos empresários
competitivos por meio de
políticas para geração de
emprego e renda, qualificação
profissional, empreendedorismo
e microcrédito.
- Articular e integrar políticas
públicas de geração de trabalho e
renda através da Comissão Municipal
de Trabalho e Emprego priorizando
pequenos negócios contando com o
Programa Municipal de Trabalho e
Renda.
PROGRAMAS PROJETOS
1: PROGRAMA MUNICIPAL
DE TRABALHO E RENDA
- Fortalecimento institucional da Comissão Municipal de Trabalho e
Emprego;
- Produção de informações sobre o mercado de trabalho;
- Central de intermediação do Trabalho (Cintra);
- Projeto de desenvolvimento técnico e gerencial dos
microempreendimentos informais em Teresina (Prodemicro);
- Crédito Popular; *
- Profissionalizar Teresina. *
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002
56
Quadro 6 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina III
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Uso e ocupação do solo urbano
- Não existirão grandes vazios
urbanos e as áreas habitacionais
serão bem localizadas em relação
aos eixos de transporte coletivo
existentes ou potenciais;
- O aeroporto terá categoria
internacional;
- O comércio atacadista será
localizado em área de acesso
adequado a grandes caminhões,
sem interferência com o trânsito
urbano.
- Melhorar as condições de
estruturação e gerenciamento de
espaço urbano;
- Organizar espacialmente as
atividades econômicas consideradas
estratégicas
para a cidade, buscando
uma melhor condição de suporte e
competitividade;
- Ampliar a atuação
do poder público
sobre processos de especulação
imobiliária.
PROGRAMAS PROJETOS
1: REVISÃO E ATUALIZAÇÃO
DA LEGISLAÇÃO URBANA
- Compilação, análise e propostas de alteração da legislação (DPUMA /
SEMPLAN) *
2: GESTÃO DO ESPAÇO
URBANO E INTEGRAÇÃO
REGIONAL
- Criação do Instituto de Planejamento Urbano;
- Implantação de um Sistema de Informações Geográficas – SIG;
- Promoção da integração regional.
3: ESPAÇO, COMÉRCIO E
INDÚSTRIA
- Distrito atacadista; *
- Consolidação do Pólo Empresarial Sul; *
- Distrito Industrial II;
- Núcleos de Atividades Industriais Artesanais;
- Ampliação do Projeto de Hortas Comunitárias.
4: ESPAÇO HABITAÇÃO - Zoneamento habitacional;
- Habitar eixos e vazios urbanos;
- Espaços para esporte e lazer.
5: MELHORIA DA INFRA-
ESTRUTURA REGIONAL DE
TRANSPORTES
- Asfaltamento da rodovia federal Teresina - Presidente Dutra;
- Manutenção e melhoria das rodovias de acesso a Teresina; *
- Plano de Estruturação viária; *
- Estruturação do metrô; *
- Ampliação e melhoria do sistema aeroportuário;
- Ampliação e melhoria da estação rodoviária.
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Revitalização do centro
- O centro de Teresina será revitalizado
graças a parceria entre as iniciativas pública
e privada e à participação da população;
- O setor comercial estará organizado,
seguro, limpo e dinâmico, atendendo
melhor e contribuindo para o
desenvolvimento econômico da cidade;
- O patrimônio histórico, cultural e
ambiental estará valorizado, com praças,
ruas, edificações e monumentos
preservados, e uma bela paisagem urbana
reabilitada;
- O tráfego fluirá melhor e o estacionamento
será mais adequado, com ordenamento e
racionalização de uso de vias e da ocupação
do espaço.
- Integrar a sociedade civil às
políticas públicas, buscando
parcerias interinstitucionais,
que visem ao
desenvolvimento sócio-
econômico e cultural da área;
- Equacionar os problemas do
centro como o comércio
informal, a desvalorização
imobiliária, a
descaracterização do
patrimônio natural e
construído, e o trânsito e o
estacionamento.
PROGRAMAS PROJETOS
1: REVITALIZAÇÃO DO
CENTRO
- Ame o centro; *
- Beira de rio, beira de vida;
- Abrace uma praça; *
- Comércio vivo; *
- Transitandando; *
- Fuá no centro;
- Moro no centro
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002.
57
Quadro 7 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina IV
MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Vilas e favelas e política
habitacional
- As ocupações e o
loteamentos clandestinos
estarão regularizados e as
áreas impróprias e de
risco estarão
desocupadas;
- Toda a área urbanizada
contará com infra-
estrutura urbana e
equipamentos sociais
adequados;
- O déficit habitacional
estará reduzido, com
moradia de qualidade e
ambientalmente
sustentável para todos.
- Remover todas as habitações edificadas em áreas
impróprias (logradouros públicos, áreas de risco e de
preservação ambiental);
- Regularizar todas as ocupações e loteamentos
clandestinos;
- Impedir a invasão de áreas impróprias e a
implantação de loteamentos clandestinos;
- Aumentar o acesso da população de baixa renda a
programas habitacionais;
- Fortalecer o Sistema Municipal de Habitação;
- Promover melhor integração entre as instituições
gestoras de programas habitacionais ;
- Criar ou ampliar procedimentos de informação e
orientação à comunidade;
- Melhorar a infra-estrutura complementar à habitação
nos bairros (urbanização, equipamentos sociais e
prestação de serviços públicos).
PROGRAMAS PROJETOS
1: CONSOLIDAÇÃO DA
POLÍTICA HABITACIONAL
- Projeto vila-bairro (continuidade e ampliação);
- Banco de Terras Municipais BTM (continuidade e ampliação);
- Projeto minha casa (continuidade e ampliação);
- Lotes urbanizados (continuidade e ampliação);
- Projeto Casa Melhor (continuidade e ampliação).
2: CADASTRO E INFORMAÇÃO - Cadastro dinâmico;
- Comunicação e informação
3: FORTALECIMENTO
INSTITUCIONAL
- Fortalecimento do Conselho Municipal de Habitação;
-Ampliação da fiscalização;
- Fóruns.
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Assistência social
- Existirá uma eficiente rede de assistência à
população exposta a riscos sociais, em especial
às famílias, crianças e adolescentes, com
eliminação do trabalho e da prostituição infantil,
e redução significativa da delinqüência,
promovendo a sua inclusão social;
- A sociedade civil estará participando
organicamente na gestão e controle social da
Política de Assistência Social.
- Articular e integrar as
políticas públicas para
potencializar o atendimento
às famílias em processo de
exclusão e/ou em situação
de extremo risco social nas
zonas urbanas e rural.
PROGRAMAS PROJETOS
1:AÇÃO EM FAMÍLIA
- Ampliação e fortalecimento do Núcleo de Apoio à Família – NAF; *
- Realização de atividades sócio-educativas complementares a crianças de 0 a
14 anos e suas famílias (continuidade e ampliação); *
- Fortalecendo e exercitando o protagonismo jovem;
- Pró-idoso: valorizando a pessoa idosa (continuidade e ampliação); *
- Valorizando as pessoas portadoras de deficiência; *
- Atenção e proteção à mulher. *
2: POLIS – CIDADANIA E
ESPAÇO PÚBLICO
- Apoio à estruturação dos conselhos setoriais; *
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002.
58
Quadro 8 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina V
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Saúde
- Teresina era uma
população saudável e índice
de desenvolvimento humano
elevado.
- Melhorar a resolutividade e qualidade das ações e
serviços de saúde;
- Promover o desenvolvimento de recursos humanos;
- Garantir o desenvolvimento institucional e a
modernização gerencial;
- Desenvolver um programa de educação da
população nos aspectos referentes à saúde pública.
PROGRAMAS PROJETOS
1: REFORÇO À QUALIDADE
DA ATENÇÃO INTEGRAL A
SAÚDE DA MULHER E DA
CRIANÇA
- Criação de centros regionais de recursos educativos em saúde para a mulher e a
criança;
- Consolidação e universalização do PSF;
- Melhoria da capacidade resolutiva do nível secundário;
- Projeto de assistência terciária.
2: ATENÇÃO INTEGRAL À
SAÚDE DE ADOLESCENTES
E JOVENS
- Melhoria da qualidade devida de adolescentes e jovens.
3: REDUÇÃO DA
DESNUTRIÇÃO INFANTIL
- Incentivo ao aleitamento materno;
- Saúde e nutrição;
- Perfil nutricional do escolar e do adolescente.
4: CONTROLE DE
ENDEMIAS PREVALENTES,
AGRAVOS À SAÚDE E
PROBLEMAS MENTAIS E
OCUPACIONAIS
- Promoção de saúde e prevenção das doenças;
- Humanizando o atendimento;
- Vigilância à saúde.
5: REDUÇÃO DE
MORBIDADE POR
ACIDENTES E VIOLÊNCIA
- Organização em rede dos serviços de atendimento pré-hospitalar às vítimas;
- Melhoria da assistência às vítimas;
- Recuperação e reabilitação das vítimas.
6: SAÚDE ORAL - Implantação de ações de saúde bucal no PSF;
- Bochechos com flúor;
- Educação em saúde bucal.
7: ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA E
LABORATORIAL
- Medicamentos e saúde;
- Farmácia cidadã;
- Dose segura;
- Remédio verde;
- Chec-check-up;
- Re-tratando.
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Cultura
- O desenvolvimento cultural estará
consolidado em Teresina, com ações
de incentivo à produção local, de
resgate da memória e com o
envolvimento da iniciativa privada
gerando renda aos artistas e agentes
culturais;
- A população de Teresina terá
elevada auto-estima e a imagem da
cidade será positiva em todo o país.
- Valorização da cultura local, tradicional e
moderna, promovendo e equacionando sua
adaptação ao processo de globalização;
- Incentivo e criação de mecanismos que
viabilizam a instalação de empresas na área
da cultura e estímulo à aplicação das Leis de
Incentivo Fiscal em todas as esferas
administrativas;
- Desenvolvimento de ações integradas entre
educação, cultura, esporte, lazer e turismo.
PROGRAMAS PROJETOS
1: TERESINA CULTURAL
- Promovendo arte; *
- Cultura popular viva; *
- Difusão do livro e da leitura; *
- Incentivo a produção cultural; *
- Centro cultural do humor; *
- Complexo turístico cultural;
- Teatro-escola do Itararé; *
- Complexo Estação da Cultura;
- Pólo ceramista do Poti Velho.
2: PRESERVAÇÃO DO
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
E CULTURAL
- Inventários do Patrimônio Histórico e Cultural de Teresina para fins de preservação; *
- Implantar legislação específica relativa à preservação do Patrimônio Cultural,
especificamente na área do centro da cidade; *
- Tombar a área da Praça da bandeira e edificações históricas do entorno e demais praças
do centro histórico cultural.
*
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002.
59
Quadro 9 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina VI
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Esporte e Lazer
- O esporte escolar estará fortalecido,
propiciando a crianças e adolescentes o
desenvolvimento do interesse pelo esporte;
- Todos terão acesso ao lazer e o esporte
estará desenvolvido nos três segmentos:
escolar, comunitário e performance;
- A relação homem-rio será resgatada, com
os rios mais integrados à paisagem urbana e
utilizados para o esporte, lazer e turismo.
- Incentivo ao esporte
comunitário e escolar;
- Fortalecimento do esporte
de competição /
performance;
- Ampliação e melhoria da
infra-estrutura e incentivo
ao uso dos rios, ao lazer, ao
esporte e ao turismo.
PROGRAMAS PROJETOS
1: INCENTIVO AO ESPORTE
ESCOLAR
- Criação da seccional do CREF em Teresina; *
- Escola na praça;
- Olimpíada Estudantil Teresinense.
2: TERESINA ESPORTIVA - Calendário anual de eventos esportivos de Teresina.
3: CAPACITAÇÃO CONTÍNUA
DOS PROFISSIONAIS
ENVOLVIDOS NO ESPORTE
- Centro de capacitação e aperfeiçoamento técnico dos profissionais de
esporte;
- Capacitação contínua dos profissionais do desporto.
4: INCENTIVO A FORMAÇÃO
DE ATLETAS
- Centro Olímpico de Teresina; *
- Bolsa-atleta. *
5: REESTRUTURAÇÃO
GERENCIAL E ADEQUAÇÃO
FÍSICA DOS GINÁSIOS
POLIESPORTIVOS
- Revitalização dos ginásios poliesportivos municipais; *
- Jogos intercomunitários. *
6: UTILIZAÇÃO DAS ÁREAS
DE LAZER
- Praça viva; *
- Caminhar saudável; *
- Domingo no Parque;
- Abraçando Teresina.
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Segurança
- Teresina será uma cidade
segura, com baixos índices de
criminalidade e melhor
sociabilidade.
- Promover ações integradas entre os
diversos órgãos de segurança pública;
- Ampliar a participação da
comunidade na política de segurança;
- Intensificar as ações contra o tráfico
de entorpecentes;
- Melhorara a prevenção contra o
incêndio e pânico;
Aprimorara as atividades de
atendimento às vítimas de acidentes.
PROGRAMAS PROJETOS
1: SEGURANÇA EFICAZ - Fortalecimento da Polícia Militar;
- Academia da Polícia Militar;
- Fortalecimento do Corpo de Bombeiros;
- Fortalecimento da Polícia Civil;
- Coordenação geral das perícias oficiais;
- Informação integrada.
2: PARCERIA COM TERESINA - Conselho Municipal de Segurança;
- Agentes voluntários de segurança;
- Núcleos de defesa civil;
- Corpo de voluntários.
3: TERESINA CONTRA AS
DROGAS
- Combate ao tráfico de entorpecentes;
- Implantação de serviço social na Delegacia de Entorpecentes
4: CENTRO SEGURO - Polícia no centro da cidade.
5: TERESINA ATENTA - Legislação contra incêndios;
- Melhoria na iluminação pública;
- Educação para a segurança.
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002.
60
Quadro 10 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina VII
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Sistema de circulação e
transporte
- As vias estruturais estarão interligadas
e o planejamento adequado dos
loteamentos viabilizará a implantação
de novos corredores de tráfego;
- Existirão novas pontes sobre o rio Poti
e novos viadutos nos prolongamentos
das ruas sobre a ferrovia rebaixada,
permitindo boa fluidez do tráfego;
- O sistema de transporte coletivo terá
uma distribuição modal adequada
equilibrada, com deslocamentos mais
rápidos, segurança e conforto.
-
PROGRAMAS PROJETOS
1: MELHORIA DOS
CORREDORES DE TRÁFEGO
NÃO APRESENTA PROJETOS
2: NOVAS PONTES SOBRE OS
RIOS POTI E PARNAÍBA
- Construção de ponte de prolongamento da Av. Domingos Afonso
Mafrense / Av. Poti Velho;
- Construção de ponte no prolongamento da Av. Prefeito Freitas Neto /
Av. Jornalista Da Costa Ribeiro;
- Construção de ponte no prolongamento da Av. Central da UFPI – CT
CCHL / Av. Duque de Caxias;
- Construção de ponte no prolongamento da Alameda Parnaíba / Av.
Dom Severino; *
- Construção de ponte no prolongamento da Av. Marechal Castelo
Branco / Teresina Shopping;
- Construção de ponte no prolongamento da Av. Gil Martins /
Prolongamento da Av. José Francisco de Almeida Neto;
- Construção de ponte no prolongamento da Av. Joaquim Nélson /
Estrada da Alegria
3: NOVOS VIADUTOS SOBRE
A FERROVIA E ADEQUAÇÃO
DOS PONTOS EM NÍVEL
- Construção de viaduto na rua David Caldas;
- Construção de viaduto na rua 7 de setembro; *
- Construção de viaduto na rua Quintino Bocaiúva;
- Construção de viaduto na rua Arlindo Nogueira;
- Construção de viaduto na rua Árêa Leão;
- Construção de viaduto na rua Anísio de Abreu;
- Construção de viaduto na rua Félix Pacheco;
- Construção de viaduto na rua Olavo Bilac;
- Construção de viaduto na rua Desembargador Freitas.
4: MODERNIZAÇÃO
GERENCIAL DO TRANSPORTE
COLETIVO
NÃO APRESENTA PROJETOS
5: PLANO ESTRATÉGICO DE
TRANSPORTES
- Aperfeiçoamento da legislação de transportes urbanos;
- Racionalização do sistema de transporte coletivo por ônibus;
- Reorganização dos transportes opcionais e alternativos, especialmente
nas áreas do Pólo de Saúde e central.
6: REORGANIZAÇÃO DOS
TRANSPORTES SEMICOLETIVO
E INDIVIDUAL
- Expansão do sistema de transporte escolar;
- Expansão e modernização das cooperativas de radiocomunicação dos
táxis;
- Adequação dos transportes públicos às pessoas portadoras de
deficiência.
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002.
61
Quadro 11 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina VIII
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Meio Ambiente e
Saneamento
- Valorização do patrimônio
ambiental, elevação da
biodiversidade de áreas verdes com
arborização de qualidade e
excelente nível de educação
ambiental;
- Atendimento ininterrupto com
água de boa qualidade e tarifas
compatíveis com os serviços
oferecidos e a capacidade de
pagamento da população;
- O sistema de coleta de esgotos se
estenderá a toda a malha urbana e
será totalmente tratado antes do
lançamento nos rios;
- Um novo aterro sanitário estará
sendo implantado e operando de
acordo com as normas, sem colocar
em risco o meio ambiente e a saúde
da população;
- Um sistema de drenagem eficiente
eliminará o risco de inundações.
- Aprimorar e divulgar a
legislação ambiental no
município;
- Promover a educação
ambiental;
- Estruturar o poder público
para executar a política
municipal de meio ambiente;
- Promover o zoneamento
ambiental urbano e rural,
estabelecendo parâmetros de
uso do solo e de recursos
naturais;
- Dotar o município de
cobertura vegetal adequada e
recuperar áreas degradadas com
espécies nativas;
- Implementar planos de
manejo das unidades de
conservação e estimular sua
visitação;
- Monitorar a disponibilidade e
a qualidade dos recursos
hídricos.
PROGRAMAS PROJETOS
1: NATUREZA LEGAL
- Atualização e divulgação da legislação ambiental;
- Educação ambiental; *
- Gestão ambiental; *
- Zoneamento ambiental.*
2: CIDADE VERDE E
LINDA
- Áreas verdes; *
- Recuperação de áreas degradadas. *
3: CIDADE LIMPA
- Lagoas limpas; *
- Rios limpos; *
- Redução da poluição sonora e do ar. *
4: APROVEITAMENTO DA
ENERGIA SOLAR
- Estímulo ao aproveitamento do sol como fonte de energia.
5: ABASTECIMENTO DE
ÁGUA
- Água para todos;
-Tarifa adequada;
- Gestão por bacias hidrográficas;
- Poço aprovado.
6: ESGOTAMENTO
SANITÁRIO
- Esgoto para todos; *
- Efluentes industriais;
- Informações transparentes.
7: GESTÃO DOS RESÍDUOS
SÓLIDOS
- Plano de gestão;
- Coleta seletiva; *
- Aterro sanitário;
- Lixo especial. *
8: DRENAGEM URBANA - Elaborar e implantar Plano Diretor de Drenagem Urbana – PDU.
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002.
62
Quadro 12 – Caracterização do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Teresina IX
TEMÁTICA MACROOBJETIVOS ESTRATÉGIAS
Educação
- Em Teresina existirá a
universalização do ingresso, do sucesso
e da permanência de todas as crianças e
jovens na educação infantil, no ensino
fundamental e médio;
- Haverá oportunidades educacionais
para toda a população jovem e adulta ,
por meio de diferentes agências
educativas, eliminando o
analfabetismo.
- Universalizar a educação básica;
- Oferecer oportunidades
educacionais permanentes para
toda a população de jovens e
adultos;
- Fortalecer os mecanismos de
controle social da educação.
PROGRAMAS PROJETOS
1: EDUCAÇÃO DE
QUALIDADE PARA TODOS
- Conquistando espaços;*
- Abrindo os caminhos; *
- Resgatando a cidadania; *
- Fomentando as novas tecnologias educacionais; *
- Avaliando os serviços educacionais; *
- Aprendendo sempre.
2: TERESINA PÓLO DE
ENSINO SUPERIOR
- Organizando o setor;
- Melhorando o entorno;
Legenda: * Em andamento
Fonte: Adaptado da Agenda 2015, 2002.
Diante dos quadros que sintetizam a situação vigente da Agenda 2015 constatamos que
dos seus 62 programas, 31 estão em andamento através dos projetos previstos, sendo: nove
em Desenvolvimento Econômico, um em Pólo de Saúde, dois em Desenvolvimento Rural,
dois em Geração de Trabalho e Renda, seis em Uso e Ocupação de Solo Urbano, quatro em
Revitalização do Centro, nenhum em Vilas e Favelas e Política Habitacional, seis em
Assistência Social, nenhum em Saúde, nove em Cultura, sete em Esporte e Lazer, nenhum em
segurança, dois em Sistemas de Circulação e Transporte, onze em Meio Ambiente e
Saneamento e cinco em Educação, totalizando 64 projetos em andamento.
Dentre estes projetos a Educação Ambiental é contemplada no projeto Educação
Ambiental do Programa Natureza Legal que faz parte da temática Meio Ambiente e
Saneamento sendo realizada pelas SDUs (conforme Quadro 11).
Observando a distribuição dos projetos dentro dos programas e considerando que a
existência dos mesmos decorre do seu estabelecimento enquanto prioridade, constatamos que
o trabalho com a conservação de áreas acaba se sobressaindo àquele com a própria
conscientização com relação as mesmas, mostrando assim um diálogo fragmentado entre
conservação de áreas e Educação Ambiental.
63
4.1.2. Nos Espaços Não-Governamentais (ONGs)
O Cadastro Nacional de Entidades Ambientais (CENEA) apresenta oito ONGs e
fundações em Teresina, entretanto, esta lista não passou ainda por uma atualização. A alusão
às atividades da Fundação Rio Parnaíba (FURPA) é feita pelo caráter ambiental e tempo de
existência da mesma. A FURPA é uma ONG de utilidade pública que foi fundada em 21 de
maio de 1988, sendo pioneira em suas atividades as quais são ligadas ao Meio Ambiente,
Direitos Humanos e às questões sociais apresentando caráter filantrópico e de natureza
cultural e educacional com atuação no Piauí, Maranhão, Ceará e Tocantins.
Dentre seus objetivos destacamos, através de declarações fornecidas pela equipe que a
compõe, a promoção da educação, bem como a preservação do patrimônio histórico cultural
existente nas áreas de atuação da entidade, conscientização da comunidade através de ações
de Educação Ambiental e de saúde, preservação dos mananciais como forma de se obter
melhor qualidade de vida, promover um desenvolvimento econômico, social e cultural de
modo harmônico com o meio ambiente.
Ao longo do tempo muitas ações foram desenvolvidas como capacitações, cursos,
projetos de reflorestamento, consultorias por meio de parcerias e convênios com instituições
federais, estaduais e municipais sempre visando atingir a população em geral, desde as
comunidades ribeirinhas até estudantes, professores e etc. Em sua infra-estrutura conta com
uma sede própria em Teresina, um barco pequeno, estagiários e voluntários para a realização
dos trabalhos de fiscalização, capacitação, etc. Atua com representação junto aos Conselhos
de Meio Ambiente Federal, Estadual e Municipal (CONAMA, CONDEMA e CONSEMA). É
ainda filiada ao Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH).
Com isso, as ONGs têm atuado principalmente sob a forma de consultorias em projetos
de empresas e instituições, e produzindo materiais informativos para divulgação sendo
principalmente folders e cartilhas, utilizadas em ações de Educação Ambiental não-formal e
informal. Visa ainda a sensibilização do respectivo público-alvo e envolvendo pesquisadores,
professores, estudantes, comunidade em geral, além de congregar também organizações civis
como cooperativas e associações, ao estabelecer contatos mais próximos com as necessidades
e vivência dos mesmos.
64
4.1.3. Nos Sistemas de Ensino
4.1.3.1. Estadual
Em Teresina, a Secretaria Estadual de Educação e Cultura SEDUC conta com 82
estabelecimentos de ensino de a séries e 80 de a séries, os quais passam por
problemas os mais variados, podendo ir da limitada infra-estrutura até a falta de professores.
Apresentam ainda professores e alunos desestimulados que de maneira geral acabam
centrando suas ações nos conteúdos comuns. Conteúdos estes apresentados na proposta
Curricular do Estado datada do ano 1970 (JOHANSSON, 2001).
Este mesmo sistema de ensino passa, atualmente, por uma série de modificações
organizacionais. Cabe destacar nesta nova estrutura, algumas unidades que podem representar
o trabalho mais próximo com a temática em foco, como: a Unidade de Ensino Fundamental e
Educação Infantil (UEFEI) com as atribuições de propor a política e diretrizes curriculares do
Ensino Fundamental e Educação Infantil; planejar, coordenar, orientar e supervisionar a
execução da política estadual da área; articulação com instituições públicas e privadas visando
integração de ões; prestar cooperação técnico-pedagógica às unidades de Ensino
Fundamental e Infantil, bem como as atribuições da Unidade de Ensino Médio (UEM) de
propor a política e diretrizes do Ensino Médio, planejar, coordenar, orientar e supervisionar a
execução da política estadual da área; articular-se com instituições públicas e privadas. Até a
criação da supervisão de Educação Ambiental, seus técnicos atuavam como participantes em
eventos de Meio Ambiente promovidos por outras instituições.
Citamos ainda a Gerência de Formação e Aperfeiçoamento de Profissionais da
Educação (GEFAPE) com atribuições de estabelecer as diretrizes de formação inicial e
continuada para o estado do Piauí; coordenar a execução de todas as ações de formação e
aperfeiçoamento dos profissionais da educação e monitorar os programas / projetos de
formação e aperfeiçoamento.
A GEFAPE tem como um de seus objetivos a formulação das diretrizes estaduais da
capacitação e formação continuada inclusive em Educação Ambiental com acompanhamento,
65
apoio, e participação neste processo. Entretanto as ações para isto sequer foram pensadas
diante da necessidade em atender outras demandas priorizadas pela Secretaria como na área
de gestão, por exemplo.
Poucas são as manifestações curriculares que se organizaram na e para a própria escola.
Assim o macro currículo do Estado configura-se um “programa institucional”. E apesar de os
professores terem noção das orientações a nível de reforma do ensino e da emergência das
questões ambientais, as práticas ainda se modificam de maneira muito lenta e pontual até
mesmo pelo fato de não haver nenhum direcionamento sistematizado neste sentido.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação de Meio Ambiente na Escola foram a
tentativa mais próxima de uma sistematização deste processo que se desenvolve em âmbito
formal. Caracterizado como implantação de uma formação continuada de professores de a
séries, via Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, tem as seguintes finalidades:
apresentar opções de estudo deste tema transversal enquanto instrumento para o
desenvolvimento profissional, desenvolvimento do ensino e da vida das comunidades;
contribuir para o debate e reflexão sobre a relação escola e questões sociais e ambientais; criar
espaços de aprendizagem coletiva; conhecer idéias nucleares neste tema adaptando-as as
necessidades locais; potencializar o uso de materiais produzidos pelo MEC e incentivar o uso
da TV escola como suporte à formação de professores.
De acordo com as declarações da então Diretora da Unidade de Educação Infantil, em
2002 um grupo de 5 profissionais da SEDUC participou de capacitação em PCNs em Ação de
Meio Ambiente na Escola em Timon MA para posteriormente operacionalizar o programa a
nível de Piauí. Entretanto a proposta piauiense de adesão não foi efetuada, implicando a não
implantação da Rede Piauí. As pessoas selecionadas eram provenientes dos seguintes setores:
Divisão de Ensino Médio (professora de Geografia), Divisão de vales-transportes (professora
de Geografia), estes localizados na Sede Administrativa, 18ª Diretoria Regional (professora de
Geografia) Diretoria Regional (Pedagoga) e Unidade Escolar Cícero Portela (professora de
Geografia). Os critérios de seleção não ficaram claros, a não ser o que solicitava
disponibilidade de tempo para cursar 40 horas de curso manhã e tarde por cinco dias.
66
A seleção para o curso foi conduzida pela Unidade de Ensino Fundamental e Infantil
(UEFEI) que deveria, posteriormente, trabalhar com esta equipe na multiplicação do mesmo
para as escolas de todo o Estado.
Somente no decorrer do curso os participantes foram se inteirando do projeto maior,
uma vez que os da cidade de Timon já contavam com uma rede de apoio estruturada e sediada
em São Luis – Maranhão, contando com consultores contratados pelo MEC, bem como com a
realização de eventos anteriores. Enquanto os piauienses mantinham os primeiros contatos
com o programa, os maranhenses já realizavam ações em seus respectivos municípios.
Deste primeiro contato em 2002 haveria outro no segundo semestre do mesmo ano,
também com a participação do mesmo grupo. Porém, findado o “Encontro da Fase I do PCN
em Ação Meio Ambiente na Escola” (o primeiro) ficou acordado com a representante do
MEC que a situação do Piauí seria reavaliada e os materiais didáticos entregues na UEFEI até
novembro do mesmo ano.
O material, enviado pelo MEC foi recebido em outubro, mas a quantidade enviada não
era suficiente, uma vez que foram sobras recebidas de outros estados para redistribuição. A
SEDUC não dispôs de recursos financeiros para reproduzi-los na quantidade adequada. As
atividades foram “interrompidas” pelo período de eleições, a partir das quais não houve,
posteriormente, nenhum planejamento para execução deste programa, não ficando o Piauí
realmente inserido sob a explicação, segundo o MEC, de perda de prazos para envio da
solicitação de adesão.
Com isso a Secretaria Estadual de Educação e Cultura se atem a verificar, e às vezes
acompanhar, alguns projetos que chegam de várias partes do Estado (a maior parte de escolas
da capital).
Entretanto, é possível perceber dificuldades operacionais em sua implementação, as
quais se repetem comumente nos projetos apresentados a SEDUC, como recursos financeiros
e infra-estrutura. A integração entre conhecimento sobre as questões ambientais e o processo
de formação da consciência ambiental são mediados pela sensibilização e acabam sendo
abordados de forma segmentada, apresentando estes dois momentos que se perpassam e
complementam como fases estanques desta questão tão complexa e dinâmica.
67
Diante da reforma do ensino, a temática ambiental teve maior abordagem no Ensino
Fundamental representada pelos PCN’s em Ação de Meio Ambiente na Escola. Entretanto, o
programa não tem sido operacionalizado por falta de recursos financeiros. Tanto para a
Unidade de Ensino Médio (UEM) como para a Unidade de Ensino Fundamental e Infantil
(UEFEI) as atividades realizadas tem sido principalmente de participação em eventos e
análise das propostas e projetos que chegam oriundos das escolas de todo o Estado.
no ano de 2004 foi criada a Supervisão de Educação Ambiental inserida na UEM.
Esta supervisão conta com a apresentação de diretrizes federais, as quais provavelmente
decorrerão das Conferências sobre Meio Ambiente realizadas no ano de 2003 para
estabelecimento de suas ações.
Neste cenário, detectamos que, a nível de sistema educacional estadual, a questão
ambiental é discutida em função do projeto pedagógico da escola, o qual não pode perder de
vista as diretrizes colocadas pelos PCNs uma vez que não se dispõe de uma diretriz gerada
pelo sistema educacional do Estado, mas apenas do posicionamento institucional favorável na
figura da Unidade de Ensino Fundamental e Infantil e Unidade de Ensino Médio (SEDUC).
Em virtude desta ação estar ainda em fase inicial de desenvolvimento uma vez que ainda
não atingiu as salas de aula, vale ressaltar a necessidade de se atentar para o aperfeiçoamento
e otimização da operacionalização deste e outros programas. Devemos lembrar que processos
como a conscientização ambiental demandam tempo e continuidade, ao mesmo tempo em que
esta é uma questão de caráter urgente desde algumas décadas atrás.
Cabe, assim, acuração ao lidar com a mesma, bem como o apoio concreto da
comunidade e das Secretarias ou instituições, sendo estas últimas figuras importantes para seu
desenvolvimento e também limitantes no sentido de que nem sempre observam isto como
prioridade.
68
4.1.3.2. Municipal
O sistema de ensino do município é representado pela Secretaria Municipal de Educação
(SEMEC) a qual se ocupa da Educação Infantil e Ensino Fundamental em escolas da zona
urbana e rural de Teresina.
Nesta Secretaria o Núcleo de Estudos e Apoio Pedagógico (NEAP), que conta com
representações por área do conhecimento, tem respondido pela ordenação da inserção da
temática ambiental a vel de sistema de ensino, diante da inexistência de um setor que
trabalhe especificamente com a mesma.
As ações desenvolvidas neste sentido têm se materializado na realização de um
treinamento sobre Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação de Meio Ambiente na Escola
para cinco professores em um universo de 3.000 na rede, que atuam em sala de aula para
atuarem como multiplicadores, porém a quantidade de material não era suficiente e houve
também o fato de os Parâmetros Curriculares Nacionais estarem acontecendo. O
paralelismo dessas duas ações sobrecarregaria a agenda dos professores, segundo declarações
de uma das coordenadoras do NEAP.
Diante das mudanças administrativas a nível federal, o posicionamento da SEMEC é de
aguardar o apoio federal para dar continuidade aos programas iniciados (PCN’s em Ação
de Ensino Fundamental e PCN’s em Ação de Meio Ambiente na Escola) uma vez que
inexistem diretrizes ou programas de Educação Ambiental traçados pela própria SEMEC,
ficando a cargo das administrações escolares e seus professores a opção por desenvolver
Educação Ambiental como componente da formação educacional. Normalmente isto se dá por
meio de projetos.
O fato é que, até agora, a Educação Ambiental acontece no sistema de ensino piauiense
de maneira não-formal, pontualizada e desprovida de discussões mais profundas, resultando
em supervalorização dos aspectos de saneamento ambiental ou em uma perspectiva
ecologicista, admitindo a perspectiva interdisciplinar a nível de discurso mas sem que se
efetive ao nível prático.
69
4.2. Aspectos da Ação Institucional da Educação Ambiental em Teresina
Ao iniciarmos uma discussão sobre a temática ambiental, é imprescindível lembrar que,
ao fazê-lo, estaremos também discutindo nossa própria existência e modo de vida. Trata-se de
uma discussão global permeada pelas especificidades locais.
Os seus aspectos ambiental, social e pedagógico somente fazem sentido se observados
em sua interação e enquanto processo, pois que estes refletem no ritmo e intensidade com que
o processo se desenvolve.
O aspecto institucional aqui abordado prescinde da normatização que o embasa, sendo
que esta última não é, seguramente, a única via para sua implementação, porém se somada a
espontaneidade ou não formalidade do mesmo, ambos poderão representar o suporte
necessário para a efetivação de objetivos maiores.
Com isso, discutir a Educação Ambiental em Teresina nos remete, mesmo que
indiretamente, a uma infinidade de variáveis, incluindo desde as práticas efetuadas em escolas
individualmente, ou em projetos interdisciplinares até a normatização disponível, as quais não
pretendemos exaurir.
Cientes destas condições, partimos das constatações feitas nos capítulos anteriores ao
exame do formato que sua institucionalização assume em Teresina, tendo como norte as
atribuições, modalidades, ações e limitações apresentadas pelas próprias instituições por meio
dos seus representantes entrevistados (diretores, coordenadores, técnicos, etc.) que a
permeiam e que evidenciamos nos quadros que se seguem.
Ao nos basearmos nas atribuições, modalidades, ações e limitações apresentadas nos
quadro-resumos 13, 14 e 15 é possível constatar que as estruturas institucionais citadas
acabam tendo atribuições bastante semelhantes (apoio, divulgação, articulação e pesquisa de
modo geral), porém algumas peculiaridades devem ser também destacadas.
70
Quadro 13 – Quadro Resumo de ações – Instituições governamentais e não-governamentais
ATRIBUIÇÕES MODALIDADE AÇÕES LIMITAÇÕES
IBAMA/NEA Apoio a programas e
ações educativas;
divulgação;
articulação
Formal; Não-
formal
Seminários;
Palestras; Cursos;
Oficinas
Recursos
financeiros
SEMAR Pesquisa e fomento a
Educação Ambiental
em articulação com
SEDUC
Formal; Não-
formal;
Institucional
Coordenar
Comissão
interinstitucional
Conselho de Meio
Ambiente
Recursos
Financeiros
CEA-PI Coordenar atividades
propostas pelo DMA
Não Formal Palestras, Cursos,
seminários, barco-
escola
Recursos
Financeiros
SDU Administrar Serviços
urbanos, habitações,
meio ambiente, obras
e serviços, feiras
livres e mercados
Não formal Palestras,
participação em
eventos,
realização de
palestras em datas
comemorativas
CEREAM;
Implantação da
Agenda 2015.
Recursos
Financeiros
FURPA Promover um
desenvolvimento
econômico, social e
cultural em harmonia
com o meio ambiente
Não formal Capacitações
cursos,
consultorias,
fiscalização.
Recursos
Financeiros
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Apenas o IBAMA e a SEMAR trabalham com a Educação Ambiental formal e não-
formal. A SEMAR cita ainda, a categoria institucional. Todos implementam suas atribuições
por meio de palestras, seminários, cursos e oficinas com recursos financeiros escassos, pois,
todos necessitam da colaboração de parceiros patrocinadores, uma vez que órgãos federais
possuem recurso próprio, mas que nem sempre são o suficiente para impedir atrasos ou a não
continuidade dessas ações. No segmento estadual, a maior parte das ações desenvolvidas pelo
DMA / CEA-PI ou que envolvem a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental
também demandam parceiros patrocinadores, bem como as SDUs e a FURPA, esta última se
mantendo através de doações.
As ações são caracteristicamente seminários, palestras, cursos, oficinas, realização e
participação em eventos, normalmente atrelados a datas comemorativas, ou seja, temos uma
Educação Ambiental formal viabilizada pela Educação Ambiental não-formal tanto na esfera
federal quanto estadual, municipal e não-governamental.
71
Ao considerarmos a escala hierárquica que envolve estas esferas e instituições,
observaremos que em relação aos sistemas de ensino acontece algo similar como é mostrado
nos quadros seguintes:
Quadro 14 - Quadro Resumo de ações – Ensino Estadual
SECRETARIA ESTADUAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA
SETOR ATRIBUIÇÕES AÇÕES OBJETIVOS RESULTADOS
Unidade de
Ensino
Fundamental e
Infantil –
UEFEI
- Propor diretrizes
curriculares do Ensino
Fundamental e Infantil;
- Planejar, coordenar,
orientar e supervisionar a
execução da política
estadual da área.
- PCNs em
Ação de Meio
Ambiente na
Escola;
- Protetores da
vida.
- Capacitação;
- Formação
continuada;
- Estabelecimento
de uma rede de
multiplicadores.
- Participação
de cinco
técnicos.
Unidade de
Ensino Médio
– UEM
- Propor a política de
diretrizes do Ensino Médio;
- Planejar, coordenar,
orientar e supervisionar a
execução da política
estadual da área;
- Articular-se com
instituições públicas e
privadas.
- PCNs em
Ação de Meio
Ambiente na
Escola;
- Protetores da
vida;
- Criação de
uma
Supervisão de
Educação
Ambiental.
- Capacitação;
- Formação
continuada;
- Absorver a
referida demanda
no seu segmento.
- Participação
de um técnico;
- Participação
de técnicos;
- Participação
nos eventos
referentes à
temática.
Gerência de
Formação e
Aperfeiçoa-
mento de Pro-
fissionais da
Educação –
GEFAPE
- Estabelecer as diretrizes
de formação inicial e
continuada para o Estado
do Piauí;
- Coordenar a execução de
todas as ações de formação
e aperfeiçoamento dos pro-
fissionais da Educação;
- Monitorar os programas /
projetos de formação e
aperfeiçoamento.
NÃO
DESENVOLVE
- Formulação das
diretrizes;
- Acompanha-
mento, apoio e
participação.
NÃO
APRESENTA
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Quadro 15 - Quadro Resumo de ações – Ensino Municipal
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
SETOR ATRIBUIÇÕES AÇÕES MODALIDADE
OBJETIVOS RESULTADOS
Núcleo de
Apoio
Pedagógico
– NEAP
- Oferecer
subsídios
pedagógicos aos
setores e escolas
da SEMEC
- PCNs em
Ação de
Meio
Ambiente na
Escola;
Formal - Capacitar
multiplicadores
- Cinco
professores
capacitados
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
72
Ao analisarmos o processo de desenvolvimento da Educação Ambiental na cidade de
Teresina, buscamos considerar as esferas institucionais que o amparam remetendo-nos ao
sistema estadual de educação na figura da Secretaria Estadual de Educação e Cultura
(SEDUC) e Secretaria Municipal de Educação (SEMEC).
A nível de sistema, a SEDUC conta com três setores atuando nesta área que tem suas
atribuições direcionadas a viabilização da educação mediante seus níveis e sob a égide das
diretrizes federais, especificamente a LDB e os PCNs. A Educação Ambiental é aqui
contemplada por ações federais como o PCN em Ação de Meio Ambiente na Escola,
Protetores da Vida um programa federal de sensibilização por meio de oficinas (MMA), tendo
como resultados a participação de técnicos e professores para efeito de uma multiplicação que
não tem se efetivado por falta de materiais e recursos financeiros.
Outra forma de atuarem é com a análise de projetos que contém esta temática pela
recém-criada supervisão de Educação Ambiental dentro da UEM sem que isso signifique sua
operacionalização. A Gerência de Formação e Aperfeiçoamento de Profissionais detém em
seus objetivos a formulação de diretrizes estaduais de Educação Ambiental mas ainda não
apresenta nenhuma movimentação neste sentido. O que é comum a estes setores é a atribuição
dos escassos recursos financeiros como a principal dificuldade de implementação de suas
ações, o que também se repetirá nas escolas que, como o Liceu Piauiense, iniciam ações sob
forma de projetos, os quais permanecem até onde seus idealizadores conseguem mantê-los.
Em se tratando de Sistema Municipal de Ensino, um único setor, o NEAP, atua com,
dentre outros temas e atribuições, a Educação Ambiental por meio também das diretrizes
nacionais visando a formação de multiplicadores. Estes também, por motivos de materiais e
recursos financeiros, além das dificuldades com carga horária em função de outras atividades,
não prosseguiram.
Diante disto, as escolas acabam realizando ações de Educação Ambiental não-formal
através de projetos e com recursos próprios, normalmente com caráter efêmero e como ações
atreladas a datas comemorativas específicas.
Uma vez que, regida pelas normas dos sistemas Estadual e Municipal, na rede privada
de ensino, a Educação Ambiental também é conduzida por diretrizes nacionais em ações
73
ligadas a datas comemorativas específicas mediante o projeto pedagógico da escola. Situação
esta diversa do que acontece nas escolas públicas em que este projeto tem comumente uma
valorização aquém do que deveria.
Entendemos, diante do contexto percorrido até aqui, uma trajetória no mínimo dispersa
da implementação de Educação Ambiental em Teresina, pois os mecanismos existentes
versam sobre esta nas modalidades formal e não-formal de maneira bastante abrangente tanto
a nível federal, quanto estadual, municipal e não-governamental.
Desta forma, legaliza e aponta uma organização pautada na necessidade de capacitação
e multiplicação além da produção e divulgação de um conhecimento interdisciplinar para a
formação de uma consciência ambiental, mas que tem se configurado bastante frágil, onde os
mecanismos normativos apresentam-se consonantes em suas redações, porém comumente
destoantes em sua aplicação.
Ao nos reportarmos mais uma vez aos quadros resumos de ações constatamos que todos
os segmentos citados atuam com as mesmas práticas mas que, entretanto, são declaradas tanto
como Educação Ambiental formal quanto como Educação Ambiental não formal ou informal.
Ao que parece, a institucionalização da Educação Ambiental e a Educação Ambiental
formal têm sido entendidas aqui com significados similares, senão, iguais. Uma vez que as
instituições que conduzem e fazem parte do processo de implementação da Educação
Ambiental mostram claramente que as ações de Educação Ambiental formal são
operacionalizadas por meio de práticas de Educação Ambiental não formal conduzidas por
alguma instituição ou simplesmente por estarem acontecendo em ambiente escolar.
Desta forma, pode nos ser óbvio declarar a Educação Ambiental formal como uma ação
limitada e pouco eficiente em oposição à Educação Ambiental não formal e / ou informal que
admitem uma amplitude de aplicação bem maior por atingir uma clientela diversificada ao
mesmo tempo e não necessitar de seqüencialidade posterior de ações.
Porém algo imprescindível tem sido esquecido nesta discussão. Além do conceito,
devemos atentar para a missão inerente a cada uma dessas modalidades, as quais entendemos
para a Educação Ambiental não-formal / informal a de sensibilização e, para a Educação
74
Ambiental formal a de sistematização. Assim, ambas se complementam que a segunda
oferece os subsídios teóricos a realização da primeira a qual, por sua vez, oferecerá
consolidação à segunda, fora do âmbito em que se conforma, o institucional.
Com isso, nossa contribuição pretende se dar no sentido de propor um acompanhamento
mais próximo da realidade do desenvolvimento da Educação Ambiental pelas instituições e
com maior participação da comunidade.
5. ALGUMAS POSSIBILIDADES PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM
TERESINA
Sem pretensão de engessar este processo, uma vez que as ONGs têm a liberdade de
trabalhar a Educação Ambiental não-formal / informal, que as escolas têm autonomia para
gerenciar as questões que a permeiam e, que as instituições verificadas por este estudo são
independentes umas das outras, apresentamos aqui algumas sugestões para a resolução das
limitações, que teoricamente não são evidenciadas nos documentos normatizadores, mas que
se mostram prementes na execução prática dos mesmos, com vistas a uma contribuição
embasada pela sustentabilidade de idéias e ações.
A este desenvolvimento, que não esgota mas conserva e realimenta sua fonte de
recursos naturais, que não inviabiliza a sociedade mas promove a repartição justa
dos benefícios alcançados, que não é movido apenas por interesses imediatistas,
mas sim baseados no planejamento de sua trajetória e que por estas razões, é capaz
de manter-se no espaço e no tempo, é que damos o nome de desenvolvimento
sustentável (BRASIL, 2000).
A tomada deste conceito como diretriz local para um novo modelo de desenvolvimento
da civilização se estabelece a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento A Rio 92, ocorrida em 1992 no Rio de Janeiro levando à aprovação do
76
documento Agenda 21 em que os países signatários assumiram o compromisso de inserir o
desenvolvimento sustentável em suas políticas públicas a nível nacional, estadual e municipal.
Para tanto emerge a rediscussão do papel do Estado, o qual deverá indicar abertura ao
diálogo com segmentos civis compartilhando responsabilidades e esforços no provimento de
bens e serviços sem que se perca o papel regulador das relações sociais e econômicas na
perspectiva da equalização de desigualdades enfatizando ainda, o seu papel salutar na ciência
e tecnologia.
A construção do conhecimento é tarefa decisiva, já que a economia é cada vez
mais informação (…) Isto significa transformar o sistema educacional, também
para que seja capaz de qualificar a força nacional de trabalho, construir base de
dados consistentes sobre a realidade e indicadores ambientais, implica investir em
pesquisa e desenvolvimento (…) Não se chegará a sustentabilidade se ela não tiver
como base e como promotor o capital social do país. (BRASIL, 2000, p.16-17).
As considerações da Agenda 21 vêm de encontro ao pensamento de Warren (2001),
quando este afirma que:
O exercício da cidadania plena implica marcar presença na esfera pública. Significa
adquirir e garantir direitos, cumprir com deveres sociais e, em condições
consideradas adversas, buscar a conquista de novos direitos. Por isso, a cidadania
pressupõe a observação de regulamentações sociais, a convivência societária e, em
última instância, o reconhecimento do outro como cidadão. (WARREN, 2001,
p. 41).
É nesta perspectiva que Warren (2001) indica a construção da cidadania, fundamentada
na participação do sujeito nas ações / atividades públicas com o intuito de atingir a justiça
social. Indica assim o associativismo civil e movimentos sociais como caminho possível à
participação na esfera pública por possibilitar “a formação de identidades coletivas e ideários
comuns, pré-requisitos para demanda coletiva de direitos e para criação de novos valores e
normas para a vida societária”. (WARREN, 2001, p. 41)
77
Warren (2001, p. 42) entende as associações civis como organizações formais com
continuidade temporal e referência espacial” das quais destaca alguns tipos mais evidentes no
Brasil: associações comunitárias, de classe, mútua-ajuda, organizações não-governamentais,
organizações de defesa da cidadania associativismo de base religiosa.
Nas associações comunitárias o bairro ou localidade trabalha reivindicações de melhoria
na qualidade de vida, reconhecimento de tradições culturais, etc. enquanto, grupos de mútua
ajuda trabalham com ações de solidariedade para lidar com carências ou sofrimentos de
grupos específicos muitas vezes combinando filantropia e cidadania. E as Associações de
Classe são organizações profissionais que defendem interesses de categorias específicas de
trabalhadores.
As organizações não-governamentais (ONGs) direcionam suas ações a outros grupos
carentes ou problemas específicos por meio de mediações de caráter político, educacional,
assessoria técnica para desenvolvimento sócio-econômico, bem-estar social, construção da
cidadania de populações alvos. Apresentam institucionalidades próprias e registradas como
entidades sem fins lucrativos, públicas e não-estatais.
Já as Organizações de Defesa da Cidadania, que não possuem institucionalidade e
buscam a construção de identidades específicas ou de valores a serem reconhecidos na esfera
pública, bem como o associativismo de base religiosa, evidenciam uma base organizacional
conectada a uma religião institucionalizada.
Assim, Warren (2001) estabelece a importância dos sujeitos coletivos (Associações
comunitárias, de classe, ONGs, etc.) no processo de transformação das estruturas tradicionais
de dominação, discriminação e exclusão social. As redes irão estruturar a sociedade
contemporânea globalizada.
De acordo com Leff (2002) o condicionamento do conhecimento humano ao contexto
geográfico, ecológico e cultural leva à produção e reprodução de uma formação social
relacionando conhecimento teórico e saberes. Esta relação, estreitada com o advento do
capitalismo, a ciência moderna e institucionalização da racionalidade econômica terá,
associada às transformações ideológicas, a transformação da natureza em objeto de trabalho e
da demanda de conhecimentos tecnológicos.
78
Com o desenvolvimento das ciências, novas especialidades surgem apontando a
interface com duas ou mais disciplinas de onde se evidenciam a problemática interdisciplinar
uma necessidade prática de articulação dos conhecimentos (…) o importante é
analisar como influem num processo determinado, os efeitos de diferentes
estruturas do real, onde o concretoé analisável a partir da especificidade de cada
uma das ciências legitimamente constituídas. (LEFF, 2002, p. 36-37).
Trabalhada a partir de então, por meio de uma prática transdisciplinar, efetivando a
aplicação de metodologias de uma ciência em outros campos científicos. Leff (2002) destaca
assim que
A problemática ambiental gerou mudanças globais em sistemas socioambientais
complexos que afetam as condições de sustentabilidade do planeta, propondo a
necessidade de internalizar as bases ecológicas e os princípios jurídicos e sociais
para a gestão democrática dos recursos materiais. (LEFF, 2002, p. 59)
A partir disso, a crise ambiental problematiza paradigmas do conhecimento e demanda
novas metodologias de orientação do processo de construção do saber, no sentido de uma
análise integrada da realidade. O vínculo sociedade-natureza remete ao entendimento
articulado das especificidades do todo à necessidade de se evidenciar um saber ambiental
viabilizado pela interdisciplinaridade, por uma visão holística e integradora do processo de
desenvolvimento.
O processo de implementação da Educação Ambiental em Teresina, emergindo do
contexto da Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), demanda um
embasamento em pelo menos três aspectos centrais, quais sejam: cidadania,
interdisciplinaridade e sustentabilidade. Estas premissas viabilizariam a abertura e
consolidação dos mecanismos que operam com a temática sendo estes: as instituições
político-administrativas, instituições que atuam com a educação e as organizações não-
governamentais (ONGs, associações, etc.).
79
As instituições político-administrativas, representando a normatização, legalização e
uma certa uniformização de direcionamento de ações em linhas gerais, bem como, a
disponibilização de infra-estrutura e financeiros somente atingem tal missão se diante de um
trabalho integrado com instituições que atuam com a educação. Estas, sob a égide político-
administrativa, são veículo de construção e consolidação da cidadania, não dos estudantes
mas também de seus pais, da vizinhança e da sociedade em geral, tanto através das escolas
quanto das organizações comunitárias, de bairro, ONGs, etc. Esta sociedade será a causa e
conseqüência de suas próprias questões em decorrência do seu modo de vida, daí a
importância da sustentabilidade como um paradigma norteador de comportamentos mediado
pela Educação Ambiental enquanto catalisadora de um processo de conscientização.
A Educação Ambiental formal e não-formal acabam, assim, não apresentando
diferenciação em seu tratamento bem como as idéias de Educação Ambiental e Conservação
Ambiental, apesar de esta última apresentar-se mais contemplada na base normativa e em
ações do que a própria Educação Ambiental. Com isso podemos elencar alguns grandes
obstáculos que, em nosso entendimento, entravam um desenrolar mais firme e eficiente de
nossa Educação Ambiental além dos limitados recursos financeiros:
- limitado domínio epistemológico;
- instabilidade de representações;
- dificuldade de interação interinstitucional e intersetorial;
- isolamento dos sistemas de ensino;
- limitada participação pública.
Assim, não podemos perder de vista a importância da Educação para a consolidação
destas perspectivas. Devemos buscar, agora, a resistência a este isolamento entre segmentos
escolares e entre as próprias instituições valorizando desde a possibilidade de fomento das
escolas ambientais no nível básico, aos núcleos de estudos e pesquisas de nível acadêmico.
Além de reconhecer como fortes aliadas as ONGs que, poderiam vir a se congregar em
fóruns, retirando a população da condição de mera receptora de informações e levando a
condição de construtora do processo.
A existência de cursos de pós-graduação na área de Meio Ambiente abertos a clientela
de diversas áreas é um caminho que necessita de consolidação cada vez maior, uma vez que
80
aqui tem se dado a qualificação dos profissionais que atuarão no processo de conscientização
ambiental diante da aquisição de base teórica e metodológica sobre a questão ambiental,
desde as séries iniciais, demandando uma efetiva reavaliação curricular nos segmentos que
tratam da formação inicial para que a formação continuada se mostre mais consolidada; bem
como da forma de gerenciamento institucional para o trabalho mais democrático e
participativo aproximando as instituições e seus setores uns dos outros.
A busca pelo domínio epistemológico da questão deve estar contemplada na formação
inicial e continuada de nossos profissionais através da elaboração e operacionalização de uma
política de formação continuada para profissionais das instituições públicas e privadas além,
da sua oferta à população em geral.
Para isso a valorização e reconhecimento das instituições de ensino superior e seus
profissionais é uma premissa básica diante da produção oriunda dos núcleos de estudos e
pesquisas nesta área. Situação que se tornaria requisito para os representantes de esferas
públicas em conselhos, comitês, comissões, etc. que lidam com Educação Ambiental em
Teresina desconectando assim estas representações das variações políticas.
Estas condições deveriam contar efetivamente com os preceitos da gestão democrática e
participativa em todas as esferas de administração, o que permitiria maior autonomia e
suscitaria maior interação entre instituições e setores permitindo a consolidação da Comissão
Interinstitucional de Educação Ambiental diante de gestões transparentes e includentes dos
segmentos populacionais, tendo como veículo a atuação cada vez mais respaldada das ONGs.
O reflexo disso se mostraria em um diálogo maior entre as escolas públicas estaduais,
municipais e privadas, sob forma de intercâmbio de experiências e cooperação mútua entre as
mesmas e ONGs, encaminhando a construção de uma perspectiva interdisciplinar de ação.
Para visualizarmos estas declarações utilizaremos o quadro a seguir.
81
Quadro 16 – Possibilidades para a Educação Ambiental em Teresina
LIMITAÇÕES POSSIBILIDADES
- Limitado domínio epistemológico . Elaboração e operacionalização de uma política
de formação continuada contempladora da
Educação Ambiental para profissionais das
instituições públicas e privadas;
. Reformulação de currículos no âmbito da
formação inicial escolar;
. Interdisciplinaridade no ensino em geral até em
nível de pós-graduação;
. Valorização dos núcleos de pesquisa.
- Instabilidade de representações . Valorização da experiência na atuação com o
tema.
- Dificuldade de interação interinstitucional e
intersetorial
. Gestão democrática e participativa;
. Inclusão maior dos segmentos populacionais;
. Constituição de um banco de dados;
. Abertura maior à atuação das ONGs;
. Criação do Fórum de ONGs.
- Isolamento dos sistemas de ensino . Programas que incentivem o intercâmbio de
experiências e a cooperação mútua entre as redes
estadual, municipal e privada de ensino.
- Limitada participação pública . Inclusão maior dos segmentos populares no
processo de tomada de decisões;
. Gestão democrática e participativa.
Fonte: Pesquisa Direta, 2004.
Assim, nossa sugestão visa um melhor aproveitamento das estruturas existentes
considerando a base normativa vigente, mas sob uma nova ótica que permita o acesso e uso de
mecanismos alternativos e oriundos da realidade local. Destacamos, neste contexto, a
importância da atuação da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental como peça
fundamental na estruturação desta rede de cooperação, inclusive com a constituição de um
banco de dados referentes às ações de Educação Ambiental no Estado.
CONCLUSÃO
É notório que a evolução do homem enquanto ser social, trouxe consigo o avanço cada
vez maior sobre os recursos naturais demandando o aperfeiçoamento em sua organização
através de normas, regulamentos, diretrizes e leis utilizando-se das instituições enquanto cerne
para tais mecanismos norteadores da organização da sociedade. O panorama que delineamos
nesta pesquisa permitiu atingirmos as seguintes conclusões.
Atingimos o momento atual desta evolução para discutir os seus efeitos sobre a questão
ambiental com enfoque em Educação Ambiental em Teresina, onde nos deparamos com o
processo de implementação provido de uma razoável base normativa mas, com condições
epistemológicas e operacionais aquém das demandas reais.
Iniciaremos por uma questão aparentemente simples, mas que é apenas a introdução
para outras. Tanto as instituições que declaram trabalhar a Educação Ambiental formal,
quanto as que declaram trabalhar a Educação Ambiental não-formal, ou as duas modalidades
simultaneamente, citaram praticamente as mesmas atividades e limitações, inclusive, os
sistemas de ensino e ONGs.
Verificar o processo de implementação da Educação Ambiental em Teresina à luz de
sua institucionalização poderia significar a s duas sensações distintas: desânimo ou
otimismo. Perceber o arsenal de leis, programas e diretrizes que se delinearam diante das
83
grandes conferências e dos eventos que se seguiram até o âmbito local nos mostram uma
caminhada impregnada de pseudo-soluções para as suas lacunas.
Ainda confundimos Educação Ambiental formal e não-formal, mas essa é apenas uma
de nossas limitações. O fato é que a fragilidade institucional se reporta ao processo e o
impregna de um caráter não-formal (às vezes até informal). Essa situação não nos pareceria
prejudicial se não refletisse a fragmentação e inconsistência do processo. A Educação
Ambiental não-formal e a informal devem existir, claro, uma vez que são canal para difusão
da Educação Ambiental formal.
A Educação Ambiental não-formal / informal representa o mecanismo de realização
para a Educação Ambiental formal além do ambiente institucional. É esta complementaridade
que nos permite ver a fragilidade do elo institucional com a mesma apesar, de este contar com
o apoio da normatização dispensada.
Inicialmente podemos apontar o desenvolvimento das bases normativas com textos que
as constroem, mas sequer indicam caminhos para realizá-las. Quando indicados os caminhos,
omite-se os meios de operacionalização e manutenção das mesmas.
Acreditamos que esta situação tenha se mostrado possível diante de nossas limitações
epistemológicas que por sua vez demandam de nossa formação escolar, profissional e
acadêmica com sua natureza compartimentada não nos favorecendo trabalhar
interdisciplinarmente porque ainda não sabemos o que é interdisciplinaridade.
Entendemos que o processo de implementação institucional da Educação Ambiental em
Teresina mostra-se tardio se observarmos os primeiros registros formais constando da década
de 90 do século XX. Mas também devemos destacar as conquistas que se delinearam
anteriormente e a partir daí. Ações que emanaram da comunidade e que mesmo nascidas
tímidas tem se mantido por empenho próprio com apoio de ONGs e outros tipos de
associações.
De maneira geral as diretrizes deste processo tem sido mais nacionais que locais além de
em termos normativos, a implementação da Educação Ambiental em Teresina permanecer
84
muito em um nível teórico apresentando dificuldades de aproximação com a sua efetiva
realização.
De fato a implementação da Educação Ambiental em Teresina está acontecendo sim,
graças ao empenho pessoal daqueles que a abraçaram voluntariamente nas instituições,
escolas ou ruas. A questão é: até quando estas ações poderão se reproduzir, atingir
continuidade suficiente para fazer parte de um processo de conscientização e não somente de
um conjunto de ações pontuais e desarticuladas.
Tal questão necessita ser discutida partindo dos limites gerais que lhe são apontados
aqui (limitado domínio epistemológico, instabilidade de representações, dificuldade de
interação interinstitucional e intersetorial, isolamento dos sistemas de ensino e limitada
participação pública) e, viabilizados mediante as possibilidades levantadas neste estudo para
que se consiga atingir a conexidade de posturas e ações demandada por este processo.
Esperamos enfim, que esta pesquisa possa representar um referencial a mais na
discussão e entendimento dessa Educação Ambiental que, entendida como segmento da
Educação e igualmente redentora dos erros desta sociedade, tem o seu real significado, o de
dimensão da Educação ainda relegado.
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(coord.). Ambientalismo e participação na contemporaneidade. São Paulo: EDUC /
FAPESP, 2001.
ANEXOS
ANEXO 1
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua
função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.
§ - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei,
dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
recursos naturais.
§ - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas.
http://www.planalto.gov.br/ccivil/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm
ANEXO 2
LEI 7.797 DE 10/07/1989
DOU 11/07/1989
Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente, e dá outras Providências.
art. 1º -Fica instituído o Fundo Nacional de Meio Ambiente, com o objetivo de desenvolver os projetos
que visem ao uso racional e sustentável de recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou
recuperação da qualidade ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da população brasileira.
art. 2º -Constituirão recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente de que trata o art.1 desta Lei:
I - dotações orçamentárias da União;
II- recursos resultantes de doações, contribuições em dinheiro, valores, bens móveis e imóveis, que
venha a receber de pessoas físicas e jurídicas;
III- rendimentos de qualquer natureza, que venha a auferir como remuneração decorrente de
aplicações do seu patrimônio;
IV - outros, destinados por lei.
Parágrafo único. (Revogado pela Lei número 8.134 de 27/12/1990).
art. 3º - Os recursos do Fundo Nacional de Meio Ambiente deverão ser aplicados através de órgãos
públicos dos níveis federal, estadual e municipal ou de entidades privadas cujos objetivos estejam em
consonância com os objetivos do Fundo Nacional de Meio Ambiente, desde que não possuam, as
referidas entidades, fins lucrativos.
art. 4º - O Fundo Nacional do Meio Ambiente é administrado pela Secretaria do Meio Ambiente da
Presidência da República, de acordo com as diretrizes fixadas pelo Conselho de Governo, sem
prejuízo das competências do CONAMA.
art. 5º - Serão consideradas prioritárias as aplicações de recursos financeiros de que trata esta Lei,
em
I - unidades de conservação;
II - pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
III - educação ambiental;
IV - manejo e extensão florestal;
V - desenvolvimento institucional;
VI - controle ambiental;
VII - aproveitamento econômico racional e sustentável da flora e fauna nativas.
§ 1 - Os programas serão periodicamente revistos, de acordo com os princípios e projetos nas
seguintes áreas: diretrizes da política nacional de meio ambiente, devendo ser anualmente
submetidos ao Congresso Nacional.
§ 2 - Sem prejuízo das ações em âmbito nacional, será dada prioridade aos projetos que tenham sua
área de atuação na Amazônia Legal.
art. 6º - Dentro de 90 (noventa) dias, a contar da data da publicação desta Lei, a Secretaria de
Planejamento e Coordenação da Presidência da República - SEPLAN-PR e o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA regulamentarão o Fundo Nacional de Meio
Ambiente, fixando as normas para a obtenção e distribuição de recursos, assim como as diretrizes e
os critérios para sua aplicação.
art. 7º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
art. 8º - Revogam-se as disposições em contrário.
http://www.silex.com.br/leis/l_7797.html
ANEXO 3
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
LEI N
o
9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999.
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e outras
providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1
o
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas
para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de
vida e sua sustentabilidade.
Art. 2
o
A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal.
Art. 3
o
Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental,
incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir políticas
públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental em todos os níveis
de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos
programas educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover ações
de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e melhoria do meio
ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na
disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão
ambiental em sua programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover programas
destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o
ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores, atitudes e
habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e
a solução de problemas ambientais.
Art. 4
o
São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o
meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e
transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Art. 5
o
São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e
complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e
social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação
do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e
macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundada
nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e
sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como
fundamentos para o futuro da humanidade.
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 6
o
É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 7
o
A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos
órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, instituições
educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação
ambiental.
Art. 8
o
As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser
desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de
atuação inter-relacionadas:
I - capacitação de recursos humanos;
II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III - produção e divulgação de material educativo;
IV - acompanhamento e avaliação.
§ 1
o
Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão respeitados os
princípios e objetivos fixados por esta Lei.
§ 2
o
A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:
I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos
educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;
II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos
profissionais de todas as áreas;
III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental;
IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente;
V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito à
problemática ambiental.
§ 3
o
As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para:
I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da dimensão
ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de ensino;
II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informões sobre a questão ambiental;
III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos interessados
na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática ambiental;
IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área ambiental;
V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material
educativo;
VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações enumeradas
nos incisos I a V.
Seção II
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
Art. 9
o
Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no âmbito dos
currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a) educação infantil;
b) ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada,
contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1
o
A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de
ensino.
§ 2
o
Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da
educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica.
§ 3
o
Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis, deve ser
incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem
desenvolvidas.
Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formão de professores, em
todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas
áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e
objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 12. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos,
nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos arts. 10 e 11 desta Lei.
Seção III
Da Educação Ambiental Não-Formal
Art. 13. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas
voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e
participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de
programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao meio
ambiente;
II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-governamentais na
formulação e execução de programas e atividades vinculadas à educação ambiental não-formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de
educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-
governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 14. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um órgão
gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.
Art. 15. São atribuições do órgão gestor:
I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional;
II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de educação
ambiental, em âmbito nacional;
III - participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área de
educação ambiental.
Art. 16. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e nas
áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação ambiental,
respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 17. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos vinculados
à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em conta os seguintes
critérios:
I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de Educação
Ambiental;
II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação;
III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o retorno
social propiciado pelo plano ou programa proposto.
Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser contemplados, de
forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes regiões do País.
Art. 18.
(VETADO)
Art. 19. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e educação,
em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 20. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua publicação,
ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de Educação.
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 27 de abril de 1999; 178
o
da Independência e 111
o
da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
José Sarney Filho
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 28.4.1999
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L9795.htm
ANEXO 4
105
ANEXO 5
ANEXO 6
ANEXO 7
ANEXO 8
ANEXO 9
ANEXO 10
INSTRUMENTAIS / INSTITUIÇÕES
1. Qual a concepção de Educação Ambiental com a qual a instituição trabalha?
2. Que ações de Educação Ambiental a instituição está promovendo?
3. Qual o público-alvo?
4. De que infra-estrutura (física e profissional) a instituição dispõe para tanto?
5. Há incentivo a parcerias, cooperação com ONGs e comunidade civil organizada?
6. Como isto é operacionalizado?
INSTRUMENTAL / ONGs
1. Qual a concepção de Educação Ambiental adotada pela organização?
2. Que ações de Educação Ambiental a organização está promovendo?
3. Qual o público-alvo?
4. De que infra-estrutura (física e profissional) a organização dispõe para tanto?
5. Há incentivo a parcerias, cooperação com comunidade civil organizada?
6. Como isto é operacionalizado?
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