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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
DEPARTAMENTO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
A MEMÓRIA EMOCIONAL EM HOMENS E MULHERES
NELSON ROCHA DE OLIVEIRA
Brasília
2009
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
DEPARTAMENTO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
A MEMÓRIA EMOCIONAL EM HOMENS E MULHERES
NELSON ROCHA DE OLIVEIRA
Orientador: Prof. GERSON AMÉRICO JANCZURA, Ph.D.
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências do Comportamento
do Departamento de Processos Psicológicos
Básicos do Instituto de Psicologia, Universidade
de Brasília como requisito parcial para a
obtenção do diploma de Doutor em Ciências do
Comportamento Área de Concentração:
Cognição e Neurociências do Comportamento.
Brasília, Novembro de 2009
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Sumário
Banca examinadora................................................................................................................. 7
Dedicatória.............................................................................................................................. 8
Agradecimentos ...................................................................................................................... 9
Resumo ................................................................................................................................. 10
Abstract ................................................................................................................................. 11
Introdução ............................................................................................................................. 12
Medidas de Memória ................................................................................................... 15
Memória e Carga Afetiva dos Estímulos ..................................................................... 18
Memória e Indução do Humor..................................................................................... 20
Memória e Congruência do Humor ............................................................................. 22
Memória e Emoção ...................................................................................................... 25
Memória, Sexo e Emoção ............................................................................................ 27
Memória, Humor Disfuncional e Sexo ........................................................................ 33
Experiência Subjetiva da Emoção e Sexo ................................................................... 36
Memória, Sexo e Organização Neuropsicológica das Emoções ................................. 40
Metodologia .......................................................................................................................... 46
Problema ...................................................................................................................... 46
Experimento 1 ............................................................................................................. 50
Hipóteses ............................................................................................................ 51
Método ................................................................................................................ 53
Participantes .............................................................................................. 53
Delineamento ............................................................................................. 54
Materiais .................................................................................................... 54
4
Procedimentos ........................................................................................... 56
Resultados ........................................................................................................... 60
Discussão ............................................................................................................ 63
Experimento 2 ............................................................................................................. 65
Hipóteses ............................................................................................................ 66
Método ................................................................................................................ 66
Participantes .............................................................................................. 66
Delineamento ............................................................................................. 67
Materiais .................................................................................................... 67
Procedimentos ........................................................................................... 68
Resultados ........................................................................................................... 70
Discussão ............................................................................................................ 71
Experimento 3 ............................................................................................................. 72
Hipóteses ............................................................................................................ 73
Método ................................................................................................................ 74
Participantes .............................................................................................. 74
Delineamento ............................................................................................. 74
Materiais .................................................................................................... 75
Procedimentos ........................................................................................... 76
Resultados ........................................................................................................... 76
Discussão ............................................................................................................ 78
Discussão Final ..................................................................................................................... 80
Referências Bibliográficas .................................................................................................... 86
Anexos ................................................................................................................................ 102
5
Anexo 1 Termo de consentimento livre e esclarecido ............................................. 103
Anexo 2 Instruções para indução do humor triste ................................................... 104
Anexo 3 Instruções para indução do humor alegre ................................................. 106
Anexo 4 Instruções para a medida reconhecimento ................................................ 108
Anexo 5 Figuras do IAPS utilizadas na fase de treino do Experimento 1............... 109
Anexo 6 Figuras do IAPS utilizadas no Experimento 1 .......................................... 110
Anexo 7 Instruções para a medida completar fragmentos de palavras.................... 113
Anexo 8 Lista de estímulos dos Experimentos 2 e 3 ............................................... 114
Anexo 9 Fragmentos de palavras utilizados nos Experimentos 2 e 3 ..................... 116
Anexo 10 Lista de figuras distratoras do experimento 2 ......................................... 117
Anexo 11 Escala para medida de humor (Medida 1) .............................................. 119
Anexo 12 Medida de alegria (Medida 2) ................................................................. 121
Anexo 13 Lista de figuras do Experimento 3 .......................................................... 122
Anexo 14 Parecer do Comitê de Ética ..................................................................... 123
6
Lista de Tabelas
Tabela 1 Médias, amplitudes e DP das figuras alvo .................................................. 55
Tabela 2 Médias, amplitudes e DP das figuras distratoras ........................................ 55
Tabela 3 Médias e DP das medidas de humor 1 e 2 .................................................. 61
Tabela 4 Amplitudes, médias e DP das palavras positivas e negativas ..................... 67
Tabela 5 Médias e DP das medidas de humor 1 e 2 .................................................. 70
Tabela 6 Amplitudes, médias e DP das palavras positivas e negativas ..................... 75
Tabela 7 Médias e DP das medidas de humor 1 e 2 .................................................. 77
Lista de Figuras
.
Figura 1 Sequência de etapas do experimento reconhecimento ................................ 56
Figura 2 Sequência de etapas do experimento completar fragmentos de palavras ... 68
7
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
DEPARTAMENTO DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO
BANCA EXAMINADORA
Professor Gerson Américo Janczura, Ph.D. Presidente
Departamento de Processos Psicológicos Básicos Universidade de Brasília
Professor Dr. Orlando Francisco Amodeo Bueno Membro Externo
Departamento de Psicobiologia Universidade Federal de São Paulo
Professora Dra. Vera Lúcia Decnop Coelho Membro Externo
Departamento de Psicologia Clínica Universidade de Brasília
Professor Dr. Antônio Pedro de Mello Cruz Membro Interno
Departamento de Processos Psicológicos Básicos Universidade de Brasília
Professora Dra. Goiara de Castilho Mendonça Membro Interno
Departamento de Processos Psicológicos Básicos Universidade de Brasília
Dr. Tin Po Huang Membro Externo
Suplente
8
Dedico este trabalho ao meu pai
Antônio Leite pela vida e pelo que hoje sou.
9
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu orientador Gerson Américo Janczura, de quem nunca se pode
duvidar da seriedade com que conduz o trabalho, pelo amor que dedica à pesquisa e pela
retidão moral que pauta todas as suas relações.
Agradeço à minha família que compreendeu os momentos de minha ausência, e que
me ofereceu todo o suporte emocional para a consecução do trabalho de tese.
Agradeço aos meus pais, Antônio Leite de Oliveira e Clívia Isabel Rocha
de Oliveira pelo que hoje sou.
Agradeço aos meus inesquecíveis amigos Weber de Lima Bonfim e Luiz
Signates cujas mentes brilhantes são minha inspiração de trabalho.
Agradeço aos muitos participantes dos experimentos que são os responsáveis diretos
pela consecução da pesquisa.
Agradeço à Karla Patrícia Miranda Rocha, Stephanie Ferreira de Melo Santos e
Patrícia Passos de Carvalho Ramos que colaboraram na coleta de dados.
10
Resumo
O presente trabalho investigou como palavras e figuras com cargas afetivas
positivas e negativas influenciam a memória de homens e mulheres em que foram
induzidos os humores triste ou alegre. Foi utilizada uma medida explícita, o teste de
reconhecimento de figuras, e uma medida implícita, o completar fragmentos de palavras.
No Experimento 1, 58 participantes decidiram se as figuras do teste haviam sido vistas ou
não na fase de estudo. Os estímulos foram figuras positivas, negativas e neutras do
International Affective Picture System (IAPS). Os resultados revelaram que a lembrança
das mulheres é superior a dos homens, independente da valência do material e do humor
induzido. Os homens, por sua vez, geraram mais erros de memória e as figuras distratoras
neutras tiveram maior probabilidade de rejeição correta que as negativas e essas mais que
as positivas. Os experimentos 2 e 3 utilizaram uma medida implícita de memória e um total
de 131 participantes. Palavras com cargas afetivas positivas e negativas foram vistas na fase
de estudo e corresponderam a fragmentos de palavras na fase de teste. Palavras positivas
foram lembradas mais que as negativas em ambas as condições de indução do humor. Esses
resultados replicaram Oliveira e Janczura (2004) que postularam um sistema implícito de
manutenção do humor. Além disto, o desempenho da memória das mulheres foi melhor que
dos homens. Esse achado foi interpretado como indicativo de que as mulheres apresentam
um mecanismo de busca na memória mais extenso quando sob um determinado estado de
humor e quando o item a ser buscado tiver uma carga afetiva.
Palavras-chave: memória, emoção, sexo, carga afetiva, indução do humor.
11
Abstract
The present work investigated how words and pictures with positive and negative
valence influence memory of men and women under two induced humor conditions
(happiness, sadness). Both, an explicit measure (picture recognition test), and an implicit
measure (fragment word completion) were used. In Experiment 1, 58 participants judged
whether pictures had been presented during the study phase. Stimuli were positive, negative
and neutral pictures from the International Affective Picture System (IAPS). The results
revealed that women’s memory were better than men, regardless of materials valency and
induced humor. Men generated more memory errors. Neutral distractors showed higher
probability of correct rejection than negative and those higher than positive ones.
Experiments 2 and 3 used an implicit measure of memory and tested 131 participants.
Positive and negative words presented in the study phase corresponded to word fragments
in the test phase. Positive words were more likely remembered than negative, regardless of
humor state. These results replicated Oliveira and Janczura (2004) that postulated an
implicit system for humor maintenance. Also, women's memory performance was better
than men. It is suggested that women present a more extensive search mechanism in
memory under induced humor conditions for affective items.
Key words: memory, emotion, gender, stimulus valence, humor induction.
.
.
.
.
.
12
Introdução
A emoção deixou de ser assunto exclusivo dos amantes e poetas. A hipótese
positivista da neutralidade caiu por terra para dar lugar a uma visão do homem que sente e é
influenciado emocionalmente pelos eventos que ocorrem ao seu redor. Tratar de emoção
como evento que influencia a memória significa reconhecê-la como força altamente
construtiva da experiência humana e, como tal, merecedora de investigação científica
meticulosa (Cacioppo & Gardner, 1999).
Os sentimentos humanos são variados e derivam de um culminar adaptativo que
preparou os membros de nossa espécie para interações mais complexas com os semelhantes
e a natureza do que as demais espécies. Amor, alegria, choro, tristeza, saudade, felicidade,
paixão, raiva, susto, medo, desespero, tédio, tesão, surpresa, ciúmes e prazer são
sentimentos vivenciados pelas pessoas diariamente.
Muitos estímulos ambientais são capazes de produzir tais respostas emocionais
(Russel, Bachorowiski & Fernández-Dols, 2003 para uma revisão). Testemunhar acidentes,
ver animais doentes, ganhar presentes ou perder algo significativo podem ser interpretados
emocionalmente pelo organismo. Sentenças que possuem conteúdo emocional também têm
constante aparecimento em estímulos ambientais. O telejornal, o diálogo com amigos, a
conversa ao lado, trechos de uma obra de Machado de Assis, o exemplos de
circunstâncias em que as informações veiculadas podem carregar conteúdos ricos em
emocionalidade. A lembrança de eventos com carga afetiva tem maior chance de
influenciar o comportamento em várias situações da vida diária dos indivíduos do que as de
carga neutra (Blaney, 1986), além do que estados emocionais influenciam fortemente a
13
recuperação de eventos, a percepção social e o aprendizado de novos materiais (Bower,
1981; Teasdale, 1983).
O que é afinal a emoção? Como ela influencia a memória? O que diferencia homens
e mulheres em seu funcionamento e em sua expressão em uma tarefa de memória? De que
forma ela participa da organização mental da memória? O estado emocional influenciaria
diferencialmente a memória de acordo com o sexo? Essas e outras perguntas têm sido feitas
por pesquisadores de diversas áreas da psicologia, biologia, inteligência artificial, filosofia,
economia, antropologia, ciências da saúde, entre outras. A proposta de trabalho apresentada
aqui visa, de um lado, recorrer à literatura para buscar respostas às quatro primeiras
questões, de tal forma a delinear o “estado da arte” da pesquisa e da produção intelectual
em memória e emoção. Por outro lado, é necessário proceder a uma investigação para que a
última questão tenha resposta. A tese defendida pelo presente trabalho é que mulheres
teriam um processamento da informação emocional mais extenso, o que resultaria em
lembrança dessemelhante com relação aos homens. Se houver um processamento
diferencial da memória entre homens e mulheres, de tal maneira que pudesse ser
identificado pela manipulação experimental, quais procedimentos seriam sensíveis o
suficiente para capturá-lo? O caminho que se seguiu para responder a essa questão incluiu a
realização de testes diferentes de memória e manipulações que envolveram estímulos e
estados emocionais induzidos.
Nesta revisão da literatura são apresentadas as razões que justificam o esforço
presente. Parte-se de elementos definidores sobre medidas de memória, carga afetiva,
indução do humor e emoção. Posteriormente, são delineadas diferenças cognitivas e
emocionais entre homens e mulheres, de modo a traçar um panorama descritivo que
oferecerá suporte e ajudará a delimitar o trabalho de pesquisa, e feita uma revisão das
14
diferenças encontradas nas suas memórias para a sustentação da proposta
teórico/experimental.
São descritos, a seguir, os tipos de medidas de memória envolvidos no delineamento
experimental e que são elementos básicos para este trabalho, que os mesmos constituem
os paradigmas adotados como forma de investigar a questão. Posteriormente se descreve a
função da carga afetiva dos estímulos nos processos de memória e como eles interferem nos
mesmos. Logo em seguida, a pesquisa sobre indução do humor, seus pressupostos e
achados relevantes, além das manipulações utilizadas por teóricos da área são apresentados.
Na sequência se descreve o fenômeno da congruência do humor que se refere à lembrança
de itens relacionados ao estado afetivo do indivíduo durante a codificação. No item
memória e emoção são apresentadas pesquisas que utilizaram a manipulação do humor
como elemento influenciador da lembrança. Subsequentemente é feita uma revisão de como
sexo, emoção e carga afetiva afetam a memória conjuntamente. A seção memória, humor
disfuncional e sexo evidencia o papel do estresse, da ansiedade e da depressão sobre a
mulher, o que indicaria um possível diferencial na lembrança entre sexos. No item a
experiência subjetiva da emoção e sexo é explorada a vivência emocional de homens e
mulheres de tal forma a contextualizar e justificar a direção do esforço teórico empreendido
neste trabalho. Por fim, memória, sexo e organização neuropsicológica das emoções faz um
apanhado dos achados obtidos através das mais modernas técnicas de imageamento
cerebral sobre a morfologia das emoções, as correntes teóricas advindas desse novo
conhecimento e como cérebros de mulheres e homens se diferenciam quando o assunto é
emoção.
15
Medidas de Memória
O conteúdo da memória inclui o conjunto das representações mentais armazenadas
pelo sistema cognitivo. Estas representações estariam organizadas por ligações que
possuiriam um peso ou uma força e que influenciariam na probabilidade de sua utilização.
Concebe-se a existência de representações cujo acesso ou ativação pode ser intencional ou
explícito e representações de acesso não intencional ou implícito e que distinguem entre
maneiras diferentes de lembrança de eventos passados: memória explícita e memória
implícita (Graf & Schacter, 1985). A memória explícita se refere à evocação de
experiências anteriores a partir de uma demanda consciente, em que haveria uma ação
deliberada do indivíduo em recuperar ou reconhecer fatos do seu passado. A memória
implícita é revelada por uma facilitação no desempenho do indivíduo quando um evento
armazenado influencia o seu comportamento na ausência de uma deliberação consciente
para o acesso à informação. A memória explícita tem sido subdividida em memória
episódica (referente a experiências pessoais que envolvem contexto) e memória semântica
(que diz respeito ao conhecimento geral do mundo). Quanto ao tempo de retenção, a
memória tem sido subdividida em memória sensorial de armazenamento brevíssimo pelos
órgãos sensoriais; memória de curto prazo com poucos minutos de duração; e memória de
longo prazo de duração indeterminada. A memória inclui os processos de codificação,
armazenamento ou consolidação e lembrança da informação (Tulving & Craik, 2000).
Este trabalho emprega paradigmas experimentais de memória explícita e implícita,
para investigar como o fator emocional e o sexo interferem na lembrança. As medidas de
memória avaliam quantitativa ou qualitativamente os dados lembrados. Desde Ebbinghaus,
a testagem experimental da memória tem envolvido, na maioria dos paradigmas
experimentais, dois momentos básicos: uma fase de estudo e uma fase de teste. Na fase de
16
estudo os estímulos são disponibilizados ao participante e vários controles são utilizados
para que o experimentador se certifique que o indivíduo realmente se manteve atento aos
estímulos. As pessoas testadas se encontram em um contexto espaço-temporal específico,
no qual entram em contato com o objeto de investigação requerido pelo pesquisador,
geralmente em um ambiente de laboratório. Esse objeto pode ser uma lista de palavras,
figuras, sentenças (Richardson-Klavehn & Bjork, 1988) ou outro fato específico de suas
vidas, incluindo aprendizado motor e regras para resolução de problemas. A fase de teste é
usada para se medir a quantidade e finalidade da lembrança que o indivíduo tem da fase de
estudo. Quando as instruções oferecidas ao participante fazem referência direta à
informação a ser lembrada, trata-se de uma medida direta. em uma medida indireta as
instruções “despistam” do objetivo de se medir a memória. Ao longo dos anos, várias
denominações para os testes diretos de memória foram utilizadas: são chamados de
autobiográficos, diretos, episódicos, explícitos, intencionais e locais, os indiretos foram
chamados de implícitos, não intencionais ou semânticos (Jacoby, 1984 apud Richardson-
Klavehn & Bjork, 1988; Johnson & Hasher, 1987; Graf & Schacter, 1985; Schacter, 1987;
Jacoby & Dallas, 1981).
Entre os paradigmas que utilizam medidas diretas estão a recuperação livre, a
recuperação com pista e o reconhecimento. Para que haja reconhecimento solicita-se ao
participante que discrimine estímulos vistos anteriormente na fase de estudo de outros
apresentados somente na fase de teste (Luo, 1993; Mandler, 1980, MacKee & Squire,
1993). No caso da recuperação com pista estímulos que servem como pistas apresentam
uma maior probabilidade na evocação do evento alvo e podem ser intralista, quando as
pistas aparecerem durante as fases de estudo e teste (Borowsky & Besner, 1993); ou
extralista, quando elas figuram apenas durante o teste (Schreiber & Nelson, 1998). Elas
17
podem se relacionar com o evento de forma grafêmica, fonêmica ou semântica entre outros.
Na recuperação livre o investigador solicita ao sujeito que se lembre de tudo o que lhe for
solicitado sobre o alvo.
O universo dos testes indiretos de memória é mais amplo. Nestes testes a instrução
não informa que a memória do participante está sendo testada e dissocia fase de estudo de
fase de teste, tendo a particular função de evitar a associação consciente entre elas. Eles são
classificados de acordo com a tarefa a ser desenvolvida. Quando uma tarefa orienta para a
lembrança de itens de conhecimento geral, para geração de membros de uma categoria
semântica ou de palavras associadas, confirmação de membros de categoria e categorização
de estímulos são nomeados como conceptuais ou factuais. Quando é pedido que o
participante tome uma decisão léxica, pronuncie palavras, complete radicais de palavras ou
fragmentos de palavras e soletre homófonos apresentados auditivamente a tarefa é chamada
de lexical. Se envolverem a percepção classificam-se como identificação de figuras, faces e
palavras, nomeação de figuras e identificação de fragmentos de figuras. Se um
procedimento envolvido pode-se fazer a leitura de textos geometricamente transformados,
utilizar um rotor de perseguição e quebra-cabeça tipo Torre de Hanói. Uma última categoria
seriam os fisiológicos em que medidas autonômicas são feitas durante a apresentação de
estímulos (Richardson-Klavehn e Bjork 1988).
É comum que, em testes indiretos, estímulos sejam apresentados durante a fase de
evocação de modo a facilitar a lembrança (Roediger, Weldon, Stadler & Gregory, 1992). O
desempenho para os itens estudados tende a ser melhor do que em situações em que tais
estímulos não são apresentados. Tais testes mostram que houve uma pré-ativação do
estímulo original de forma a facilitar a lembrança (MacNamara, 1994).
18
Nesse estudo, a memória foi investigada a partir de um teste direto
(reconhecimento) e um indireto (completação de fragmentos de palavras) em homens e
mulheres para verificação de possíveis diferenças no desempenho entre esses grupos.
Como nos testes se manipulada a carga afetiva dos estímulos nas medidas
reconhecimento, completação de fragmentos e associação livre, as bases para a realização
dos procedimentos com tais estímulos são descritas a seguir.
Memória e Carga Afetiva dos Estímulos
A carga afetiva dos estímulos é um fator que, demonstradamente, interfere na
codificação, armazenamento e evocação de informações da memória, o que indica que a
configuração de itens emocionais é dependente da carga afetiva dos mesmos (Schmidt,
1994; Breslow, Kocsis & Belkin, 1981; Snyder & White, 1982; Ellis & Hunt, 1993). E,
devido a isso, diversas condições experimentais buscam avaliar a influência desse fator no
desempenho das pessoas (Breslow, Kocsis & Belkin, 1981; Calev & Edelist, 1993; Ceitlin,
Santos, Parisotto, Zanata & Chaves, 1995).
Estudos diversos investigaram o desempenho da memória para palavras com carga
afetiva em indivíduos sob indução da depressão (Pietromonaco & Markus, 1985; Finkel,
Glass & Merluzzi, 1982; Ingram, Smith & Brehm, 1983; Kuiper & Derry, 1982; Kuiper,
Olinger, MacDonald & Shaw, 1985; Mathews & Bradley, 1983). Por exemplo, Gotlib e
McCann (1984) testaram a memória de estudantes universitários deprimidos para palavras
com conteúdo neutro, maníaco ou depressivo e verificaram que o desempenho era melhor
para as palavras que estavam de acordo com o humor; sendo assim, aquelas de conteúdo
depressivo foram lembradas com maior probabilidade que as outras. Utilizando ainda uma
tarefa de Stroop modificada, seus resultados indicaram maior latência de resposta para
19
palavras com conteúdo depressivo que as outras citadas, levando-os a concluir que essas
pessoas mantinham “esquemas negativos” durante a depressão, corroborando a teoria
sustentada por Beck (1967, 1976).
Outros, entretanto, buscaram direcionar a pesquisa a sujeitos normais, sem nenhuma
indução do humor. Por exemplo, Ceitlin, Santos, Parisotto, Zanata e Chaves (1995)
avaliaram o efeito do tono afetivo de estímulos classificados como agradáveis,
desagradáveis e neutros em um teste de memória auditiva, para verificar possíveis
diferenças sobre a codificação e recordação da informação. Verificaram maior recuperação
de palavras com carga desagradável, sendo seguidas das agradáveis e das neutras.
Diferentemente, Oliveira e Janczura (2004) compararam palavras agradáveis e
desagradáveis em uma medida direta e outra indireta e verificaram que palavras agradáveis
foram lembradas mais que as desagradáveis na tarefa completar fragmentos de palavras,
enquanto que na tarefa de recuperação livre não foram encontradas diferenças.
Ao investigar o efeito da emoção sobre a lembrança em pessoas normais e
esquizofrênicos, utilizando listas de palavras contendo emoções neutras, agradáveis e
desagradáveis, Calev e Edelist (1993) relataram que todos lembravam menos das palavras
neutras, em seguida as agradáveis e por fim as desagradáveis. Constataram que, entre
aqueles do grupo controle, as palavras agradáveis e desagradáveis foram lembradas com
probabilidades semelhantes. Os esquizofrênicos recuperaram as palavras desagradáveis
com maior sucesso, havendo menor probabilidade de recuperação das palavras agradáveis e
neutras.
Utilizando o reconhecimento e recuperação livre, Silberman, Weingartner, Laraia,
Byrnes e Post (1983) verificaram que pessoas deprimidas e indivíduos normais lembram
mais de palavras com carga emocional alta em relação àquelas que têm carga emocional
20
baixa. Em um estudo com pacientes deprimidos, Danion, Kauffmann-Muller, Grangé,
Zimmermann e Greth (1995) contrastaram medidas indiretas com medidas diretas para
avaliar a memória para palavras com carga afetiva. Eles verificaram que os indivíduos
lembraram de forma semelhante palavras agradáveis e desagradáveis.
O presente trabalho utilizou fotografias e palavras como estímulos nos
experimentos. As palavras foram classificadas quanto às dimensões valência, alerta,
concretude e frequência (Oliveira, Janczura & Castilho, manuscrito não publicado;
Janczura e cols., 2007; LAEL, 2006) e as fotografias quanto à valência, alerta e dominância
(Ribeiro, Pompéia & Bueno, 2004, 2005; Porto, 2005). Busca-se, com isso, verificar a
interação entre o tono afetivo do material apresentado, o estado de humor e o sexo do
participante. O delineamento experimental foi voltado para investigar se o valor afetivo dos
estímulos influenciaria diferencialmente a evocação de informações da memória de homens
e mulheres, de acordo com um humor previamente induzido.
Antes de testar a memória para o material afetivamente carregado, os participantes
foram induzidos a uma mudança no estado de humor. A próxima seção explora as
possibilidades desse procedimento.
Memória e Indução do Humor
A indução de estados emocionais temporários permite a manipulação experimental
dos estados emocionais como classes de variáveis independentes (Teasdale & Taylor, 1981;
Teasdale & Russell, 1983; Snyder & White 1982; Rholes, Riskind & Lane, 1987; Ellis &
Hunt, 1993). Nesses casos, um humor peculiar é induzido no sujeito e na sequência ele é
exposto a um determinado material (p.ex., verbal, auditivo, visual). Após a manipulação do
humor, a memória para esse material é testada no mesmo estado de humor ou em outro
21
diferente. A partir disso, cunharam-se os termos dependência de estado e congruência do
humor. Para a primeira proposta, a lembrança que ocorre em um humor específico seria
determinada, em parte, pelo aprendizado prévio naquele mesmo humor, não importando a
valência do material. Na segunda hipótese, a probabilidade de codificação e lembrança de
material afetivo estaria vinculada à repetição do estado de humor do indivíduo nesses dois
momentos. Os estudos sobre a congruência do humor e sobre a dependência de estado
mostram que o estado emocional pode influenciar os processos cognitivos de várias
maneiras, que serão descritas adiante (Blaney, 1986).
Vários procedimentos foram propostos para a indução do humor. Um recurso é o
uso da música (Balch, Myers & Papotto, 1999) que, devido ao seu reconhecido efeito
emotivo, “facilita” a aquisição de estados de felicidade ou tristeza. Podem-se empregar,
ainda, sentenças de auto-referência (Velten, 1968) as quais são lidas pelos sujeitos e
expressam diretamente idéias positivas ou negativas sobre eles mesmos. A hipnose é outra
estratégia metodológica usada, e pela sugestão verbal a pessoa é levada ao humor triste ou
alegre (Bower, Monteiro & Gillian, 1978). Estados de dor podem ser aproveitados também
para se testar a memória nos indivíduos, que são acompanhados de sensações
desagradáveis (Pearce, Isherwood, Hrouda, Richardson, Erskine & Skinner, 1990). O
humor desejado pode ser conseguido por meio de eliciação da memória; neste caso, é
pedido ao sujeito que entre no humor requerido dando ênfase a uma experiência pessoal do
seu passado (Nasby & Yando, 1983). Um jogo de computador, apesar de ser um recurso
questionado (Blaney, 1986), foi sugerido como indutor do humor do sujeito, na medida em
que ele pode perder ou ganhar (Isen, Shalker, Clark & Karp, 1978). Por fim, também se
pode usar o método da postura (Riskind, 1983) no qual o indivíduo é solicitado a se ajustar
a um humor específico. Por exemplo, quando pessoas são solicitadas a gerar uma expressão
22
facial que demonstrariam ao sentir determinada emoção, elas relatam produzir níveis
significativos de vivência subjetiva associada àquela emoção específica. Além disso,
reações autonômicas peculiares características de emoções positivas e negativas são
observadas em populações especializadas (como atores e jornalistas) e não especializadas,
em homens e mulheres, bem como em delineamentos entre grupos e em dados individuais
(Levenson, Ekman & Friesen, 1990).
Memória e Congruência do Humor
Um fenômeno que tem sido observado por alguns pesquisadores da memória e
emoção é o da congruência do humor. Pessoas que não apresentam transtornos do humor
são expostas a material carregado de emocionalidade negativa ou positiva e são induzidas a
“entrar” no estado de humor sugerido. É provável verificar diferenças na lembrança quando
o indivíduo estudou o material alvo afetivamente relevante, durante um estado de humor e é
testado fora dele. Ou, ainda, quando estudo e teste deste material são realizados em um
mesmo estado emocional. A eficiência do processo mnemônico é polarizada pela
congruência entre o humor e o tom afetivo do material envolvido (Blaney, 1986). Quando
suas memórias são testadas por medidas diretas, como recuperação livre ou recuperação
com pista, é mais provável ser observado o fenômeno da congruência do humor (Denny &
Hunt, 1992). O mesmo não ocorre com testes implícitos ou não intencionais, como no
completar fragmentos de palavras e completar radicais de palavras. Nessa manipulação
ocorreria uma transferência da informação, mas o participante não teria consciência que sua
memória estaria sendo testada (Roediger III & McDermott, 1992). Observa-se, então, que
as diferenças na retenção, como função do tipo de material, tendem a desaparecer. Portanto,
23
a congruência do humor não é encontrada em medidas implícitas (Watkins, Mathews,
Williamson & Fuller, 1992; Hertel & Hardin, 1990; Bazin, Perruchet & Féline, 1996).
Investigando a congruência do humor em pessoas portadoras de depressão, Breslow,
Kocsis e Belkin (1981) verificaram que menor chance de recordação para palavras
positivas com relação às palavras negativas ou neutras em um paradigma de recuperação de
história. Eles hipotetizaram que os problemas seletivos de memória em pacientes
deprimidos podem ser resultado de uma desatenção seletiva aos aspectos positivos de uma
determinada situação. Esta, talvez, pode ser a característica determinante da congruência da
memória ao estado emocional.
O conteúdo lembrado durante um humor específico é determinado, em parte, pelo
que se aprende quando se está previamente naquele humor. Quando o indivíduo se encontra
em outro estado, decaimento da lembrança. Neste caso, o conteúdo da carga afetiva é
irrelevante (Balch, Myers & Papotto, 1999).
Embora pareça simples o processo de prever que determinada informação facilitaria
a memória quando uma pessoa é testada nas mesmas condições de humor da codificação,
há certa dificuldade na obtenção do efeito de dependência do humor. Muitos estudiosos têm
falhado em obter esse resultado (Bower, Monteiro & Gilligan, 1978; Bower, Gillian &
Monteiro, 1981; Schare, Lisman & Spear, 1984). Para Isen (1984, apud Blaney, 1986) tais
efeitos podem ocorrer com maior probabilidade quando o material a ser lembrado é
ambíguo ou impreciso, como nos paradigmas de interferência na aprendizagem. Leight e
Ellis (1981) afirmam que eles dependem da natureza do material a ser aprendido que, pela
sua organização, podem ser acessados mais rapidamente, ou ainda, que o papel do humor
seria de pista contextual (Oliveira & Janczura, 2004). Mayer e Bower (1985) afirmam “é
24
mais provável que esse efeito ocorra quando o estado de humor é percebido como
causalidade inicial do material a ser lembrado” (p. 398).
Isen, Shalker, Clark e Karp (1978) sugerem que uma pessoa em um estado de bom
humor lembra com maior probabilidade do material agradável do que desagradável da
memória. Além disso, o acesso a estímulos agradáveis afeta o processo de tomada de
decisão como, por exemplo, induzindo o comportamento de filantropia. Eles sugerem que
os pensamentos associados ao bom humor ou um evento de indução de humor podem servir
como pista para outro material agradável na memória, da mesma forma que um membro de
uma categoria é lembrado quando ao indivíduo é apresentado como pista outro membro da
mesma categoria. Para eles haveria uma acessibilidade diferencial ao item dependendo do
humor da pessoa. A tendência para lembranças agradáveis durante o estado de bom humor
leva o indivíduo a ter expectativas mais positivas, o que não significa que haverá uma
distorção grosseira quanto ao julgamento das consequências do comportamento. Além
disso, as pessoas, durante o bom humor, tendem a estimar as situações vividas de forma
mais positiva que as outras e se comportam de acordo com tais estimativas.
No presente estudo se considera que, além do papel que o humor desempenha na
acessibilidade à informação, a carga afetiva das palavras também atuaria como contexto
emocional intrínseco interferindo na acessibilidade (Johnson & Hasher, 1987). Tanto a
carga afetiva do material como o humor do indivíduo funcionariam como pistas contextuais
para a lembrança, de tal maneira que a lembrança de itens agradáveis e desagradáveis seria
determinada pelo contexto emocional produzido no momento da codificação do material
estudado, havendo a reprodução do fenômeno da congruência do humor. Postula-se, ainda,
que o padrão de lembrança entre homens e mulheres seria influenciado pela diferença na
acessibilidade ao item que, nesse caso, está associado a um processamento diferenciado do
25
estímulo. Para esta proposta de pesquisa, sugerimos que mulheres teriam maior
acessibilidade ao item emocional, o que poderia redundar em um desempenho específico
diferente dos homens. Tal hipótese se sustenta no amplo espectro de diferenças cognitivas
entre homens e mulheres, como descrito nas seções memória e emoção e memória, sexo e
emoção a seguir.
Memória e Emoção
Elementos com carga emocional auxiliam na organização da memória (Schmidt,
1994; Breslow, Kocsis & Belkin, 1981) e podem influenciar as mais diversas decisões, das
simples às complexas. Isen et al. (1978) sugerem que o humor modula diferencialmente as
lembranças dos indivíduos. Um estado de bom humor possibilita a lembrança de eventos
relacionados a sentimentos de felicidade, enquanto um humor deprimido tende a se manter
pela recorrência de pensamentos de tristeza. Essa congruência entre estado de humor e
pensamentos agradáveis ou desagradáveis revelaria a existência de um loop cognitivo
positivo ou negativo. Seria um sistema de retroalimentação do humor que processaria
melhor a informação da memória relacionada com as cognições existentes ou com o estado
de humor.
Frank e Tomaz (2000) apresentaram uma história, visual e auditivamente, com duas
versões, uma emocional e a outra não, a pessoas normais. Dez dias depois foi apresentado
um questionário de múltipla escolha sobre a mesma. A função dos participantes da pesquisa
era discriminar os itens vistos na história daqueles que não estavam presentes e recontar a
mesma. Os autores observaram um aumento da memória declarativa de longo prazo para a
história emocional com relação à versão não emocional. Alguns estudos têm demonstrado
que a habilidade em adquirir informação declarativa declina com a idade, mais agudamente
26
após a sexta década (Horn, 1982, apud Denburg, Buchanan, Tranel & Adolphs, 2003). Em
contrapartida a uma diminuição geral da capacidade de lembrar dos idosos em relação aos
jovens, o material emocional é mais lembrado para ambos os grupos (Denburg et. al.,
2003). O decréscimo na memória declarativa, pelos idosos, poderia advir em decorrência de
uma diminuição da função do hipocampo nessa fase do desenvolvimento, resultado do
decréscimo na sua massa celular. os eventos emocionais parecem estar mais preservados
que as informações com baixo conteúdo afetivo porque a amídala, um núcleo modulador de
processos de memória emocional, se encontra mais preservada nessa fase (Packard &
Cahill, 2001; Paré, Collins & Pelletier, 2002; Hamann, 2001).
Em uma revisão que analisou cinco artigos sobre memória autobiográfica com o
interessante título Life Is Pleasant and Memory Helps to Keep It That Way, Walker,
Skowronski e Thompson (2003) verificaram que há uma tendência maior das pessoas
lembrarem eventos de vida agradáveis (média = 59,5) que os desagradáveis (média = 25,8)
e neutros (média = 14,7). Os autores argumentam que os afetos relacionados a histórias
desagradáveis teriam uma probabilidade de decaimento maior que aqueles associados às
agradáveis. Eles denominaram esse fenômeno de tendência ao decaimento do afeto.
Haveria um fator básico na gênese desse evento: as pessoas tendem a evitar experiências
negativas e buscam aquelas que são positivas. Sendo assim, um tom afetivo positivo da
vida predominaria entre as populações derivado do maior peso de longo prazo conferido
pelas experiências positivas. Indivíduos com humor disfórico teriam um padrão
diferenciado de lembranças.
Também foi investigado como falsas memórias são produzidas quando o humor é
levado em consideração. Wright, Startup e Mathews (2005) agregaram, na recuperação
livre, o paradigma de Deese-Roediger-McDermott (DRM) que utiliza grupos de palavras
27
associadas e indução do humor pela música, para verificar a possível interação desses
fatores. Eles constituíram dois grupos e deram instruções diferentes para a lembrança das
palavras. Pedia-se aos participantes do primeiro grupo que recuperassem tantas palavras
quanto pudessem e aos do segundo grupo quantas eles sentissem que pudessem.
Verificaram que aqueles em estado de tristeza produziam mais falsas memórias na primeira
condição, enquanto que pessoas na segunda condição e no estado de alegria tinham maior
chance de lembrança de itens não apresentados.
Portanto, verifica-se que quando um fator emocional está envolvido a memória
sofre sua influencia seletiva. O que se defende no trabalho experimental realizado aqui é
que essa seletividade seria dessemelhante quando se considera o sexo como um fator.
Seguindo essa linha de raciocínio são descritos, na seção abaixo, procedimentos que
manipularam sexo e emoção para verificar como interagiam com a memória. Ela busca
qualificar os papéis desses fatores de maneira a associá-los ao delineamento do presente
estudo.
Memória, Sexo e Emoção
Miller e Bichsel (2004) não encontraram diferenças entre sexo quando mediram
memória de trabalho visual e auditiva em pessoas que apresentavam ansiedade para testes
de matemática, apesar de o procedimento ter sido disruptivo para o desempenho global
dessas memórias, ou seja, houve diminuição na lembrança dos itens do teste. Contudo,
Canli, Desmond, Zhao e Gabrieli (2002), ao testar a memória de reconhecimento para
figuras emocionais verificaram, três semanas após a apresentação dos estímulos, maior
desempenho entre as mulheres que entre os homens, sendo que apenas as figuras mais
intensamente negativas foram lembradas diferencialmente. Mas em situações em que não
28
indução do humor, a falha da memória não é percebida pelas pessoas como relacionada
ao sexo (Erber, Szuchman & Rothberg, 1990).
Em um trabalho que utilizou a indução do humor através da música, após a
codificação dos estímulos, Clark e Teasdale (1985) verificaram como 24 substantivos
abstratos e palavras de traço de personalidade influenciariam a memória em um paradigma
de recuperação incidental. Utilizando 64 voluntários normais com idade média de 19,1 anos
foram testados quatro grupos: mulher deprimida, homem deprimido, mulher alegre e
homem alegre. Seus resultados indicaram que mulheres recuperam mais palavras
agradáveis que as desagradáveis em um humor alegre e mais palavras desagradáveis que as
agradáveis em um humor triste. Por outro lado, a lembrança dos homens para o tom afetivo
dos estímulos não apresentou uma variação significativa nas condições testadas. Seus
resultados foram interpretados com base nos modelos de rede associativa do humor
(Bower, 1981; Clark & Isen, 1982; Teasdale, 1983). De acordo com tais modelos, essa
ativação diferencial dos conceitos, observada entre homens e mulheres, seria devido a uma
maior ocorrência destes em mulheres que em homens, em um estado de humor congruente.
Utilizando, com os mesmos participantes, uma medida subjetiva de frequência de uso das
palavras de traço de personalidade, eles obtiveram apoio à hipótese de que as mulheres
classificariam as palavras estudadas como mais frequentes que os homens. No entanto, é
possível que tal medida de frequência não expresse a origem dos resultados, e sim um fator
contingencial do grupo estudado, dado o mero amostral pequeno e a não utilização de
uma medida objetiva de frequência.
Em um extenso estudo sobre diferenças de sexo na recuperação de experiências
afetivas pessoais passadas, Seidlitz e Diener (1998) investigaram o papel da intensidade do
afeto no momento da recuperação e da codificação, o papel do ensaio, a quantidade de
29
detalhes relatados em cada evento e a influência da motivação, habilidade verbal e rapidez
na escrita. Utilizando um total de 606 pessoas, em três experimentos, verificaram que as
mulheres lembraram mais de eventos de vida emocionalmente relevantes, com valência
positiva e negativa, que os homens, sendo que a lembrança sobre humor vivenciado era
invariável entre os dois grupos. Elementos como a motivação, habilidade verbal e escrita
rápida não influenciaram os resultados, sendo medidos e comparados posteriormente.
Como eventos neutros da vida diária também foram lembrados diferencialmente entre os
grupos, sugeriu-se que a intensidade da emoção não participa do processo de lembrança,
pelo contrário, homens relataram, em diário, vivenciar mais intensamente as emoções
relacionadas aos eventos positivos que as mulheres (junto com as anotações dos eventos
emocionais foi feita uma classificação da intensidade daquela emoção). No entanto, um
fator importante das medidas sobressaiu: os homens tenderam a anotar eventos repetidos
mais frequentemente que as mulheres. Segundo os autores, poderia haver um viés na
codificação dos eventos pelos homens que seria refletido na anotação apenas do aspecto
principal, deixando de fora detalhes específicos dos mesmos. Esse fator teria repercussão
no momento da recuperação, que menos pistas seriam geradas, produzindo uma
lembrança de tipo geral onde instâncias mais específicas não teriam participação. Como as
mulheres geraram menos repetições e produziram mais detalhes, provavelmente foram
beneficiadas por um maior número de pistas.
Os odontólogos Eli, Baht, Kozlovsky e Simon (2000) investigaram a expectativa da
dor e a memória de sua intensidade em pessoas submetidas à cirurgia oral. Foram feitas
quatro avaliações para realização das medidas: a primeira consistiu em um exame inicial
em que foi aplicado o questionário de ansiedade dental, colhido o relato do estado de
ansiedade por uma escala de analogia visual e a expectativa da dor; a segunda ocorreu no
30
dia da cirurgia, quando foram reaplicadas as duas últimas medidas; a terceira, em uma
semana de pós-operatório (remoção da sutura), em que foi coletado novo relato de
ansiedade e realizada a medida de memória da dor; a última, quatro semanas após a cirurgia
(rotina de avaliação), em que se repetiu a medida de ansiedade e da memória para a dor
cirúrgica. Dentre os resultados, verificou-se que as mulheres predisseram menor
intensidade de dor antes do ato cirúrgico, mas sua memória para a dor no pós-operatório foi
maior que nos homens. Os autores concluíram que os homens tendem a supervalorizar a
expectativa da dor no pré-operatório e minimizá-la no pós-operatório, provavelmente
devido à redução da ansiedade nesse período e o retorno à sua atitude de “macho”,
somando-se a isso o fato de que uma mulher conduziu o experimento. Segundo Levine e De
Simone (1991) os homens tendem a minimizar seu relato de dor diante de uma
experimentadora.
Diferenças sexo-específicas na memória autobiográfica de jovens e idosos não
foram reproduzidas por Rubin, Schulkind e Rahhal (1999). Eles testaram a memória de 40
idosos e 20 jovens. A tarefa dos mesmos era, inicialmente, relacionar substantivos a um
evento de suas vidas. Após isso foi disponibilizado um histograma com 5 blocos desses
eventos para ambos os grupos e pedido para que os participantes fizessem descrições
similares às memórias daqueles eventos. Na análise de dados a única diferença de memória
observada entre homens e mulheres foi a lembrança de eventos relacionados ao baseball.
Os autores concluíram que, se tivessem sido realizadas medidas de vividez e
emocionalidade, é possível que as diferenças tivessem surgido, como parte da literatura
aponta. É possível, também, que se a tarefa fosse exclusivamente relacionar eventos
positivos, negativos e neutros, poderiam aparecer diferenças nos resultados, o que não foi
feito.
31
Em um estudo que comparou a memória para estórias emocionais (Cahill, Gorski,
Belcher & Huynh, 2004) um mês após a apresentação dos estímulos, verificou-se que os
itens periféricos eram lembrados de forma semelhante entre os participantes, mas a
informação central foi lembrada mais por homens que por mulheres. Esses achados foram
discutidos em termos de influências na recuperação das informações enquanto viés
relacionado ao sexo.
Canli et al. (2002) coletaram imagens por ressonância magnética funcional (IRMf)
ao apresentarem figuras com alto conteúdo afetivo a diversas pessoas. Após o
procedimento verificaram claras diferenças entre sexo na ativação dos circuitos neurais que
envolvem as amídalas. Os homens ativaram mais circuitos que envolvem a amídala direita,
enquanto que as mulheres ativaram significantemente menos circuitos que envolvem a
amídala esquerda. Apesar disso, elas apresentaram um padrão de ativação cerebral maior,
ou seja, mais estruturas foram vistas envolvidas no processamento emocional e na
memória. Ao testarem a memória de reconhecimento para figuras altamente emocionais,
três semanas após a apresentação do estímulo, verificaram melhores resultados para
mulheres que para homens.
Considerando os estudos acima, é possível pensar que um componente intrínseco e
diferencial entre homens e mulheres seja subjacente aos resultados observados. Assim, esse
trabalho pretendeu investigar a possibilidade desse componente estar na diferença de
desempenho da memória entre homens e mulheres em função da emoção. O mecanismo
pelo qual isso ocorreria seria o processamento diferenciado do estímulo emocional. As
mulheres utilizariam recursos mais amplos que os homens quando a informação é
emocional, tendo em vista os achados que mostram que elas percebem e experienciam a
emoção de forma mais intensa. Tanto nas ginas anteriores desta tese como nas que se
32
seguem, há indicações de vários estudos que apontam uma visível diferença nos aspectos da
percepção e expressão emocional, bem como do processamento desse tipo de informação
em função do sexo do indivíduo. É também possível verificar que a experiência subjetiva
da emoção pode depender de aspectos intrínsecos do sistema de processamento da
informação que modulam a memória emocional e outras funções responsáveis pela
avaliação e resposta a estímulos ambientais carregados afetivamente. O ponto de encontro
das pesquisas descritas acima com esse trabalho, está em sugerir o mecanismo pelo qual
ocorrem as diferenças na memória para itens emocionais. Uma diferença funcional, mais do
que estrutural, menos dependente da cultura e de outros aspectos relacionais ou aprendidos
(embora não completamente), associado a um sistema organizado para compor diferenças
entre homens e mulheres, conjunto no qual a memória está inserida.
Diferente dos estudos apresentados, o estudo atual avança por contrastar um teste
direto com um indireto, medir a memória de curto prazo no teste de reconhecimento,
associar vários procedimentos de indução do humor de modo a tornar a indução mais
confiável, testar a hipótese do loop cognitivo positivo implícito e utilizar figuras e palavras
nos testes de memória.
A seção seguinte descreve como o estresse, a depressão, a ansiedade e as síndromes
disfóricas pré-menstruais são moduladas pelo sexo, aqui consideradas como diferenciações
desadaptativas do processamento da informação emocional. Para fins de entendimento da
presente argumentação teórica, as diferenças na expressão e experiência emocional seriam
possíveis em função de um substrato neurocognitivo específico que as modulasse
diferencialmente entre homens e mulheres. Ou seja, um processamento diferencial
subjacente ao comportamento emocional.
33
Memória, Humor Disfuncional e Sexo
Estresse. De uma forma geral, evidências de que o estresse aumenta a memória
para material emocional (Ghika-Schimid, Ansermet & Magistretti, 2001), enquanto o
estresse agudo e corticosteróides têm efeito deletério sobre a memória declarativa
(Buchanan & William, 2001) e sobre a atenção (Braunstein-Bercovitz, Dimentman-
Ashkenazi, & Lubow, 2001). O transtorno de estresse pós-traumático, um processo
patológico que pode se iniciar após a ocorrência de um evento emocionalmente intenso e
negativo, é caracterizado pela ocorrência de memórias intrusas e carregadas de conteúdo
indesejado (Quevedo, Feier, Agostinho, Martins & Roesler, 2003). A memória do fato
danoso pode prejudicar o desempenho social e diminui o bem estar da pessoa afetada. As
mulheres, de uma forma geral, reagem mais intensamente a eventos traumáticos que os
homens segundo Allen e Haccoun (1976), e isso poderia se refletir em várias instâncias no
processamento da informação. Lipp (2002) verificou que homens e mulheres diferem
significativamente em uma das fases do estresse, chamada de resistência, com um prejuízo
maior para elas.
Depressão. Pessoas deprimidas mostram perda de interesse, diminuição de energia,
sentimentos de culpa, idéias suicidas, dificuldade de concentração, alterações de apetite e
de sono, desinteresse sexual e diminuição de funções cognitivas. A depressão é uma
patologia que acomete mais frequentemente o sexo feminino e pode ocorrer em um
episódio único ou apresentar um padrão recorrente (Nunes, Bueno & Nardi, 2000). Uma
alteração cognitiva central da depressão é a ocorrência dos pensamentos negativos
recursivos, pessimistas ou de auto-acusação e a memória para eventos negativos aumentada
(Clark & Teasdale, 1985).
34
Ansiedade. Pensamentos negativos com relação a eventos futuros e a circularidade
de idéias desagradáveis são uma característica dos estados ansiosos. Hembree (1990)
encontrou que a ansiedade para matemática provoca maior prejuízo no desempenho de
homens do que de mulheres, resultado não confirmado por Miller e Bichsel (2004) que não
encontraram diferenças sexo-específicas para o desempenho em testes de matemática,
apesar de a ansiedade ter sido preditora da queda do desempenho das pessoas. Mulheres
adoecem mais de transtornos de ansiedade como transtorno do pânico, agorafobia e
transtorno de ansiedade generalizada (Nunes et al., 2000). Ao comparar indivíduos com
altos e baixos níveis de ansiedade, Green e McKenna (1996) verificaram não haver
diferenças na memória incidental para palavras negativas, positivas ou neutras quando
inseridas em frases contendo ou não auto-referência. No entanto, eles demonstraram que
indivíduos com altos traços de ansiedade fazem julgamentos semânticos de palavras
negativas mais rapidamente que de palavras neutras, enquanto que palavras positivas são
julgadas mais rapidamente que as neutras independentemente do nível de ansiedade. A
ansiedade pode também gerar respostas hemisféricas diferentes em mulheres quando
submetidas a uma tarefa de Stroop emocional. Van Strien e Valstar (2004) submeteram 54
mulheres a um procedimento de leitura de palavras com valência emocional e nas cores
vermelho, verde amarelo e azul, no campo visual direito ou esquerdo e constataram que,
entre as participantes com altos escores de traço de ansiedade, as palavras positivas tiveram
maior interferência pelo hemisfério direito (campo visual esquerdo), enquanto que naquelas
com baixos escores de traço de ansiedade o hemisfério esquerdo (campo visual direito)
mostrou significativa interferência para palavras negativas. Segundo Zald (2003) isso
poderia ser um indicativo de viés na orientação pré-consciente em indivíduos ansiosos.
35
Essa maior tendência em mulheres apresentarem transtornos de depressão e
ansiedade, estados que afetam diretamente a memória e outras cognições, revela um fator
importante: um processamento sexo-específico mais extenso das emoções. A extensão
deste processamento caracteriza especificidades comportamentais típicas do feminino,
desde o humor saudável até manifestações desadaptativas. Portanto, a diferença que se
espera encontrar na memória de homens e mulheres é apenas parte da coorte de
manifestações desse processamento distinto.
Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, Síndrome Pré-Menstrual e Tensão Pré-
Menstrual. Uma categoria de humor disfórico recorrente específica do sexo feminino é
aquela correlacionada à ocorrência do ciclo-menstrual. A gravidade dos sintomas pode
variar de um desconforto, passando pelo prejuízo das atividades diárias até severos
problemas familiares e sociais. Dependendo da gravidade, o conjunto de sintomas recebe
um nome específico transtorno, síndrome ou tensão. Quarenta por cento das mulheres em
idade reprodutiva apresentam, em algum grau, sintomas relacionados à variação hormonal
mensal e 5% sua forma mais grave (Daugherty, 1998). Podem ocorrer sintomas afetivos,
cognitivos e somáticos que variam desde depressão ou tristeza, passando por irritabilidade,
tensão, dor muscular, ansiedade, raiva, tremores, sensação de abandono, mudanças no
interesse sexual, instabilidade do humor, dificuldade de concentração, confusão,
esquecimento, evitação social, temperamento explosivo, aumento das mamas, ganho de
peso, retenção de líquido, fadiga, náuseas e insônia (Bhatia & Bhatia, 2002; Taylor, 2005).
No DSM IV o transtorno disfórico pré-menstrual é classificado como “transtorno
depressivo sem outra especificação” (Bhatia & Bhatia, 2002). Segundo Dickerson, Mazyck
e Hunter (2003) mais de 200 sintomas foram relatados, sendo mais frequentemente
descritas a irritabilidade, tensão e disforia. Os prejuízos cognitivos e afetivos apareceriam
36
em decorrência de um conjunto de alterações metabólicas em que o eixo hipotálamo-
pituitário-tireóideo estaria envolvido. Deficiências de minerais, vitaminas e do ácido
linoléico foram relatadas em pessoas portadoras dos transtornos (Daugherty, 1998). Estas
extensas manifestações sintomáticas sexo-específicas apontam que haveria um fator
fisiológico de “quebra” do equilíbrio afetivo, interrompendo a expressão emocional
adequada e causando prejuízos psicológicos, familiares e sociais.
Em uma generalização do que é proposto nesta tese, a maior extensão do
processamento emocional possibilitaria maior sucesso na lembrança e, adversamente, maior
probabilidade de desenvolvimento de doenças do afeto. Essa maior extensão do
processamento reflete um mecanismo de busca que envolve mais itens emocionais a serem
ativados durante a lembrança, e se esses itens tiverem carga negativa, sua influência pode
romper o equilíbrio assimétrico (que tende à positividade) do sistema de regulação
emocional e gerar o humor disfórico transitoriamente ou patologicamente.
A próxima seção explora a questão das diferenças de sexo no processamento da
informação emocional. Ela estende a compreensão sobre como se organiza e desenvolve a
emoção e sua função individual e social em homens e mulheres.
Experiência Subjetiva da Emoção e Sexo
Alguns autores têm avançado na construção de hipóteses para explicar o fenômeno
emocional. Por exemplo, Bradley, Codispoti, Cuthbert & Lang (2001) propuseram a
existência de dois sistemas de organização da emoção: um apetitivo e outro defensivo. Eles
teriam a função de promover a sobrevivência dos indivíduos e das espécies ou lidar com
ameaças a esses. Na cultura ocidental há um pensamento corrente que a mulher é mais
emocional que o homem (Fischer & Manstead, 2000, apud Bradley, Codispoti, Sabatinelli
37
& Lang, 2001) e reage mais intensamente a eventos desagradáveis, principalmente os
traumáticos (Allen & Haccoun, 1976; Kring & Gordon, 1998). Por outro lado, sabe-se que
a incidência de transtornos afetivos é maior em mulheres que em homens (Nolen-
Hoeksema, 1987; Sachs-Ericsson & Ciarlo, 2000). No entanto, contrabalançando essa
maior reatividade afetiva negativa feminina, Brody (1996) descobriu que mulheres relatam
experienciar mais alegria e prazer que homens, enquanto que para Fujita, Diener e Sandvik
(1991) mulheres experienciam as emoções, de uma forma geral, mais intensamente que os
homens, ou seja, com maior contentamento ou contrição, além de maior concordância
quanto ao sentimento de alegria e bem estar (Wood, Rhodes & Whelan, 1989). Esse padrão
diferencial, expresso pelas mulheres, em sentir e manifestar emoções tanto de maneira
saudável como patológica pode indicar que, cognitivamente, o funcionamento do humor em
humanos varia de acordo com o sexo. Deve-se salientar que indivíduos em várias culturas
(senão em todas) têm, intuitivamente, manifestado conhecimento dessas diferenças, embora
algumas apontadas sejam produtos do preconceito e provenientes de análises superficiais
do comportamento (Kraft, 2005).
Evocar e perceber a informação emocional podem ser diferentes dependendo do
sexo. Por exemplo, maior relutância para mulheres em demonstrar raiva (sentimento
menos caracteristicamente feminino), enquanto são mais expressivas em externalizar
alegria, aparentando um estilo próprio de regulação da expressão emocional (Pennebaker,
1985). Outro dado que aponta para o mesmo caminho é que maior probabilidade de
mulheres adoecerem de depressão e transtornos de ansiedade (Nunes et al., 2000), o que
indica uma regulação particular. Além do mais, estudos com neuroimagem têm revelado
diferenças funcionais na ativação de áreas do sistema límbico entre mulheres e homens, o
que também poderia ser, em maior proporção, reflexo do aprendizado do que da expressão
38
gênica. Diferenças de sexo são também evidenciadas quando figuras agradáveis e
desagradáveis, de conteúdos diversos, são mostradas aos indivíduos. Demonstrou-se que há
uma ativação diferencial entre homens e mulheres quanto à motivação defensiva e
apetitiva. Para a mulher, as figuras desagradáveis eliciam a motivação de defesa mais
fortemente que para os homens. Elas apresentam maior reatividade a esses estímulos em
medidas de eletromiografia facial. O contrário se em relação aos homens. Para esses,
figuras eróticas são interpretadas de forma mais intensa e linear (Bradley, Codispoti,
Sabatinelli & Lang, 2001).
Timmers, Fischer & Manstead (1998), ao investigar as razões das diferenças de
sexo na expressão social da emoção, descobriram que uma maior preocupação das
mulheres em relacionamentos, e essas são menos hesitantes em demonstrar emoções que
indicam menos poder, enquanto os homens são mais motivados a permanecer no controle e
tendem a expressar emoções que refletem seu poder ou domínio.
Cramer (1979) sustenta que, antes do início da adolescência, os meninos começam a
externalizar o conflito utilizando a projeção ou até da agressão direta como reação
defensiva. as garotas tendem a internalizar o conflito, de maneira a inverter o vetor ou a
direção da agressão (Diehl, Coyle, & Labouvie-Vief, 1996). Para ele as escolhas dos
mecanismos de defesa, relacionadas ao sexo, se tornam mais fortes durante o período da
adolescência. Ele testou essa hipótese utilizando um paradigma de história. Após induzir
raiva em adolescentes, Cramer (1991) demonstrou que uma crítica feita por uma mulher
evocava maior resposta de defesa em homens do que em mulheres.
Com a idade, a diferença da resposta emocional entre sexos parece desaparecer.
Mulheres jovens apresentam maior reatividade cardíaca que homens jovens para raiva e
medo, após indução do humor através de memórias autobiográficas, diferença não
39
encontrada entre homens e mulheres idosos. É possível que tais resultados sejam derivados
de mudanças na regulação emocional em indivíduos idosos, especificamente com respeito à
internalização versus externalização da expressão emocional (Labouvie-Vief, Lumley, Jain
& Heinze, 2003). Haveria uma tendência, por parte de adultos jovens, em dar mais ênfase à
informação negativa na formação da impressão (Kanouse & Hanson, 1972, apud Charles,
Mather & Carstensen, 2003) e carga de decisão (Tversky & Kahneman, 1991). Além disso,
a informação negativa teria um processamento mais completo sendo mais difícil sua
desconfirmação (Rozin & Royzman, 2001).
A partir das evidências apresentadas de que mulheres e homens apresentam
diferenças significativas quanto ao processamento e experienciação da emoção, fator que
tem um peso considerável no funcionamento humano normal e patológico, é razoável supor
um mecanismo sexo-específico que regulasse a memória emocional. Tais evidências,
correlacionadas ou de analogia direta, nos levam a hipotetizar que a lembrança de itens
emocionais apresenta um viés segundo o sexo, sendo que os escores das mulheres
tenderiam a serem superiores aos dos homens. Essa maior “sensibilidade” feminina ao tom
hedônico revelaria uma diferença fundamental que deverá ser manifestada na memória das
pessoas quando submetidas a um procedimento de indução do humor. Mulheres seriam
capazes de lembrar, com maior acurácia que homens, de estímulos com carga afetiva em
congruência com o estado de humor induzido. No entanto, tais diferenças apareceriam em
quais procedimentos experimentais? Testes diferentes produziriam resultados diferentes na
avaliação da memória de homens e mulheres? O que eles poderiam indicar? Para a
demonstração da tese proposta, dois delineamentos foram propostos e serão expostos na
seção Metodologia. Eles investigaram se as memórias explícita e implícita seriam
influenciadas pelas variáveis estudadas.
40
A seguir são descritos estudos que mapearam regiões cerebrais associadas ao
comportamento emocional e diferenças de sexo na localização de tais regiões.
Memória, Sexo e Organização Neuropsicológica das Emoções
Pesquisas utilizando neuroimagem e outras técnicas de investigação do cérebro
identificaram um extenso corpo de evidências sobre organização, processamento e
expressão emocional diferenciados entre homens e mulheres, inclusive com relação à
memória autobiográfica. Estes resultados estão de acordo com a tese proposta aqui de
diferenças no processamento da informação emocional.
Borod (1993a) define emoções como estados fundamentados em substratos
biológicos que são compostos de percepção, experiência, níveis de ativação fisiológica,
atividade dirigida a alvo e expressão. Para Davidson (1993) a emoção é uma instância
dimensional ou categórica que incluiria a relação entre expressões faciais da emoção e
estados emocionais e diferenciação psicológica entre emoções. LeDoux (1996), baseado em
estudos neuropsicológicos com indivíduos portadores de lesão cerebral, designa a emoção
tão somente como um estado biológico do sistema nervoso, marcando uma clara divisão do
enfoque biológico das teorias puramente psicológicas. Para Hamann e Canli (2004) as
diferenças individuais constituem regra para que o processamento emocional esteja
presente, além de afirmarem que um estímulo emocional tem o poder de disparar uma série
de respostas que podem ser a chave para o entendimento de como o sexo feminino e o
masculino lidam com as diversas valências dos estímulos.
várias propostas neuropsicológicas de organização da emoção que incluem
componentes ou estruturas corticais, subcorticais e límbicas (Bowers, Bauer & Heilman,
1993; Heller, 1993; Davidson, 1993; Buck, 1993). As teorias que buscam caracterizar as
41
emoções no cérebro têm apontado para uma assimetria funcional, e várias são baseadas em
estudos com pessoas que apresentaram lesões provenientes de acidente vascular cerebral,
tumor, excisão tecidual ou trauma. Os componentes emocionais são, então, organizados
segundo sua localização inter-hemisférica cérebro direito e esquerdo, e intra-hemisférica
anterior e posterior (Borod, 1993b para uma revisão). Dessa forma, Buck (1993) localiza
na região frontal a expressão emocional e na região parietotemporal a percepção emocional.
O lobo límbico, composto por estruturas que estão na extremidade inferior do neocórtex,
tem sido chamado de sede da emoção devido seu importante papel evolucionário entre os
mamíferos. Ele está situado às margens do telencéfalo e parte do neuroeixo e suas
estruturas estão envolvidas na modulação da experiência, expressão e regulação da emoção.
As estruturas límbicas que notadamente estão relacionadas com a emoção são: tálamo,
hipocampo, área septal, estria medular do tálamo, giro do cíngulo, ístimo do giro do
cíngulo, giro subcalosal, amídala, corpos mamilares, uncus, formação hipocampal e
formação reticular do tronco cerebral (Patterson & Schimidt, 2003). Canli e colaboradores
(2002) diferenciaram essas áreas no cérebro de homens e mulheres, após uma tarefa de
memória para figuras emocionais altamente alertantes, e verificaram que mulheres
ativavam mais regiões límbicas que os homens. Enquanto eles tinham o giro frontal inferior
direito e o giro do cíngulo anterior esquerdo “iluminados”, elas ativavam o lobo frontal
(superior, mediano e medial esquerdos), giro temporal superior direito da ínsula, giro do
cíngulo anterior esquerdo, amídala esquerda e hipocampo bilateralmente. Os autores
contrapõem à idéia que a função afetiva estaria lateralizada à direita e afirmam que as
diferenças na lateralidade entre os sexos em tarefas de memória emocional pela amídala
poderiam indicar diferentes estratégias de codificação.
42
Em um estudo com neuroimagem sobre o amor romântico, Bartels e Zeki (2000)
mostraram a voluntários a foto da pessoa amada e de três outras do mesmo sexo com
aproximadamente a mesma idade e duração da amizade. Eles identificaram áreas que se
ativaram e outras que se desativaram apenas diante do indivíduo alvo da paixão. O nível de
oxigênio sanguíneo dependente do sinal de duas áreas afastadas do córtex visual esteve
aumentado; a primeira à esquerda: a ínsula medial e, bilateralmente, o córtex cingulado
anterior, o núcleo caudado e o putamen. As áreas desativadas foram aquelas envolvidas
com o processamento de emoções negativas: o giro do cíngulo posterior e a amídala
bilateralmente, os córtices pré-frontal, parietal e temporal médio à direita. Os autores ainda
salientam a possibilidade da ligação entre o amor romântico e os estados eufóricos, que
achados anteriores relacionaram as mesmas áreas ativadas no amor romântico à euforia
provocada por cocaína e agonistas mu-opióides indutores de euforia (Breiter et al., 1997;
Schlaepfer et al., 1998).
Wood, Heitmiller, Andreasen e Nopoulos (2007) identificaram variações de
tamanho no córtex frontal entre homens e mulheres. Essa área é identificada como a sede
de funções cognitivas superiores, fazendo parte do sistema mbico e modulando respostas
emocionais, e é mais volumosa em mulheres. A amídala, por sua vez, apresenta um volume
maior entre homens (Cahill, 2005).
A partir das descobertas da especialização inter-hemisférica surgiram duas teorias
concorrentes para a emoção (Borod, 1993b). A primeira, denominada hipótese inter-
hemisférica, estabelece que o hemisfério direito evoluiu para o processamento emocional,
indiferente da valência (Borod, 1992). A segunda é chamada de hipótese da valência e
possui duas vertentes. Uma assegura que o hemisfério direito processa a emoção negativa e,
o hemisfério esquerdo, a emoção positiva (Silberman & Weingartner, 1986). A outra
43
sustenta uma especialização assimétrica para a experiência e a expressão emocional, mas a
percepção das valências seria exclusiva do hemisfério direito (Hirschman & Safer, 1982).
Plutchik (1984) descreve quatro componentes que compreenderiam o
processamento emocional: avaliação ou percepção, comportamento expressivo, alerta
fisiológico e experiência subjetiva (sentimentos). para Davidson (1993) o espaço afetivo
deve conter dois elementos fundamentais, um para o comportamento de aproximação,
localizado na região frontal esquerda e outro para a esquiva, no córtex frontal direito. Em
seu modelo da organização emocional no cérebro, Heller (1993) inclui o que considera
serem os aspectos principais da função emocional normal: um componente avaliador da
informação relevante, a experiência subjetiva da emoção e a simultaneidade somática e
autonômica de diferentes estados emocionais. Esses aspectos teriam um papel modulador
nos estados autonômicos e níveis de alerta comportamental que produzem respostas
adaptativas aos estímulos ambientais. Para ela (Heller, 1990) haveriam dois sistemas
neurais envolvidos na modulação emocional. O primeiro localizado nos lobos frontais,
bilateralmente, seria responsável pela variação entre o desagradável e o agradável
determinando, assim, a valência; o segundo, presente na região parietotemporal direita,
estaria envolvido na modulação do nível de ativação autonômica. De acordo com sua
teoria, diversos estados emocionais teriam padrões específicos na ativação cerebral
regional. Por exemplo, a alegria seria caracterizada por uma alta ativação frontal esquerda e
parietotemporal direita; na depressão se notaria alta ativação frontal direita e baixa ativação
parietotemporal direita.
Para Buck (1993) as respostas emocionais podem ser divididas em três classes:
resposta adaptativa e homeostática a qual ele chama de emoção I, comportamento
espontâneo e expressivo denominado de emoção II e leitura afetiva experiencial alcunhada
44
de emoção III, esta última inspirada na teoria perceptual ecológica de Gibson (Gibson,
1966, 1979, apud Buck, 1993). Ele propõe que “a experiência subjetiva do estado de certos
sistemas emocionais e motivacionais evoluíram para prover o organismo com o
conhecimento de eventos corporalmente relevantes à auto-regulação. Nos seres humanos,
esses leitores subjetivos são denominados de afetos”. O autor argumenta que “a experiência
afetiva subjetiva pode ser considerada como conhecimento direto de uma realidade interna
uma ecologia interna do corpo”
1
(pp. 490). Afetos puros ou comportamentos qualia
seriam os elementos irredutíveis da emoção que propiciam as propriedades experienciais
das coisas tornadas possíveis por neurohormônios peptídios.
Considerando as diferenças cognitivas e neuropsicológicas descritas acima,
incluindo probabilidades diferentes de lembrança de itens ou eventos emocionais,
questiona-se quais procedimentos que avaliam a memória seriam sensíveis a essas
diferenças. Entretanto, como se viu anteriormente, não concordância na literatura sobre
dessemelhanças na memória entre homens e mulheres. Se realmente o processamento da
memória emocional das mulheres difere dos homens em algumas instâncias, seria possível
identificar quais paradigmas são sensíveis a essas diferenças e quais não são. É possível que
a manipulação da valência do estímulo e do estado emocional do participante contribuam
para os resultados esperados. Como mulheres processariam as emoções com uma amplitude
maior, a combinação desses fatores modificaria a acessibilidade ao item emocional de
forma a revelar maior probabilidade de lembrança congruente com o humor. Manipulações
que manejam a força associativa tenderiam a mascarar o fenômeno devido a influência da
associação inter-item na memória. Para a demonstração desta tese, três estudos foram
1
Tradução livre do autor.
45
propostos: o primeiro combinou as variáveis sexo, humor e valência do estímulo em um
teste de reconhecimento de imagens emocionais; o segundo e o terceiro contrastaram a
valência e o sexo em um teste de completar de fragmentos de palavras, e verificaram a
influência do fator emocional quando não existe a intencionalidade ao recordar. A seguir é
descrita a metodologia utilizada para a testagem das expectativas desta investigação.
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46
Metodologia
Atualmente um crescente interesse sobre como variáveis pessoais e contextuais
dos estados afetivos atuam nos processos de memória como, por exemplo, se a felicidade e
a depressão influenciariam na lembrança de eventos. Partindo-se de observações que o
processamento das informações emocionais seria, em algumas instâncias, diferente entre
homens e mulheres e que o estado de humor poderia interagir com a carga emocional e
produzir respostas diferentes na memória em função do sexo, propomos investigar como o
fator emocional influencia a memória de pessoas de ambos os sexos aplicando os
paradigmas de reconhecimento e completação de palavras. Aponte-se, ainda, que a carga
afetiva dos estímulos pode funcionar como pista contextual, facilitando ou prejudicando a
recordação do material estudado (Johnson & Hasher, 1987).
Problema
Informações emocionais são lembradas com maior probabilidade que informações
neutras (Blaney, 1986). Em adição sabe-se que a lembrança de itens pode ser
potencializada ou prejudicada quando um determinado procedimento é realizado antes ou
após a tarefa de memória como, por exemplo, estresse agudo, administração de fármacos,
indução de determinado humor, divisão dos recursos da atenção (Deary, Capewell,
Hajducka & Muir, 1991; Bower, 1981).
Diferenças entre sexo na percepção e evocação de informações emocionais têm sido
encontradas. Tais diferenças mostram que mulheres processam estímulos emocionais e
reagem a esses diferentemente dos homens. Segundo a hipótese da inibição da expressão
emocional (Pennebaker, 1985), mulheres podem ser mais relutantes em expressar raiva,
47
refletindo um estilo interno de regulação emocional. Mulheres também são mais
susceptíveis em apresentar depressão e transtornos de ansiedade, o que poderia ser
consequência desse tipo de regulação específica (Sachs-Ericsson & Ciarlo, 2000). Nessa
linha de raciocínio, Nolen-Hoeksema (1987) hipotetizou que as mulheres amplificariam os
pensamentos depressivos pela ruminação de idéias negativas que interfeririam na atenção,
na iniciação de comportamentos instrumentais e, finalmente, amplificariam a depressão e
aumentariam a probabilidade do indivíduo levar em consideração explicações
depressogênicas para eventos comuns da vida. A percepção social de que a mulher é mais
emocional que o homem (Fischer & Manstead, 2000, apud Bradley, Codispoti, Sabatinelli
& Lang, 2001) pode não ser apenas um viés da cultura, pois se verifica que ela apresenta
uma reação mais forte a eventos desagradáveis, principalmente os traumáticos (Allen &
Haccoun, 1976; Kring & Gordon, 1998), além de relatarem experienciar mais alegria e
prazer que homens (Brody, 1996) vivenciando os sentimentos com maior intensidade
emocional (Fugita, Diener & Sandvik, 1991).
Além do mais, estudos com neuroimagem m revelado diferenças funcionais na
ativação de áreas do sistema límbico entre mulheres e homens, o que também poderia ser,
em maior proporção, reflexo da diferenciação entre sexos sugerida aqui. Mulheres ativam
significantemente mais reges cerebrais que estão correlacionadas com uma avaliação
contínua da experiência emocional e com a memória para figuras mais intensamente
emocionais (Canli et al., 2002). Isso sugere um funcionamento sexo-diferencial que, como
postulamos, pode ter consequências sobre a evocação de memórias emocionais de uma
maneira geral.
Testes de recuperação livre mostram desempenho similar entre sexos, no entanto, há
escassez de estudos que investiguem indução do humor e memória entre homens e
48
mulheres (Rothkopf & Blaney, 1991; Popovski & Bates, 2004). A memória para
experiências e estímulos emocionais pode diferir de acordo com o sexo. Eventos
autobiográficos são lembrados em maior quantidade e mais rapidamente por mulheres que
por homens em que limite de tempo para a lembrança; elas relatam maior vividez das
imagens e maior intensidade na experiência da emoção (Fugita et al., 1991; Larsen, Diener
& Emmons 1986; Canli et al., 2002). Sabe-se que um mesmo estímulo pode ter
interpretação diferencial particular entre os indivíduos devido à natureza e conteúdo dos
seus construtos. Assim, duas ou mais pessoas podem ter a mesma imagem mental, mas sua
probabilidade de lembrança não seria a mesma (Higgins, King & Mavin, 1982; Basden &
Higgins, 1972).
Se o sexo feminino realmente experiencia e expressa maior intensidade emocional
que o masculino como consequência a eventos peculiares, é razoável hipotetizar a
existência de uma diferença na forma de processamento da informação emocional entre os
dois, estando essa informação mais acessível à lembrança em função do sexo.
Portanto, diferenças na memória para itens emocionais realmente ocorreriam em
função de um melhor acesso ao item dependente do sexo, de tal forma que mulheres
apresentariam uma maior probabilidade de lembrança de itens emocionais? É sempre
necessária uma modificação no humor para haver diferenças na memória entre homens e
mulheres? Quais paradigmas de memória seriam sensíveis para captar tais diferenças? Um
delineamento voltado a investigar a possível diferença na acessibilidade poderia esclarecer
tal questão, evidenciando uma diferença cognitiva que teria por base o processamento da
experiência emocional. A presente tese visou, então, responder essas questões através da
manipulação do humor de homens e mulheres em três experimentos que utilizaram
estímulos emocionais e os paradigmas do reconhecimento e completação de fragmentos de
49
palavras. O teste de reconhecimento foi utilizado tendo em vista que a memória de
reconhecimento é mais susceptível aos efeitos do contexto (Tulving & Tompson, 1971).
Essa susceptibilidade ao contexto poderia aumentar a probabilidade da lembrança de itens
cuja valência estaria relacionada ao humor, como se espera no fenômeno da congruência do
humor. O contexto foi produzido com fotografias que expressam carga afetiva positiva ou
negativa, o que deve evocar imagens mentais complexas e possivelmente semelhantes a
eventos vistos anteriormente pelos participantes. O teste completar fragmentos de palavras
pode ajudar a compreender como o fator emocional é processado de acordo com o sexo em
uma medida implícita de memória. Esse último teste também visa estender para palavras o
teste feito com imagens e verificar se os resultados da interação entre carga afetiva e humor
influenciam a memória em função do sexo do participante. Além disto, sabe-se que os
estados emocionais desencadeados por palavras podem servir como pistas para a lembrança
de eventos associados com o respectivo estado (Johnson & Hasher, 1987) e, em
experimentos em que se estudou a dependência do humor, verificou-se a influência do
contexto intrínseco sobre a recuperação livre (Smith, 1995). Os experimentos visam, então,
testar a hipótese de lembrança diferencial pelas mulheres quando são consideradas a
valência e o estado afetivo. As diferenças esperadas na lembrança dos itens, de acordo com
o sexo e humor, serão discutidas segundo a hipótese da lembrança diferencial entre homens
e mulheres.
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50
Experimento 1
Imagens expressam contextos que podem incluir conteúdos afetivos e interferir no
tipo de processamento dos indivíduos. São poderosos recursos mnemônicos quando
comparados a palavras lidas ou ouvidas (Paivio, Rogers & Smythe, 1968), e podem,
inclusive, induzir estados fisiológicos de calma e relaxamento até uma postura de vigilância
e alerta (Ribeiro, Teixeira-Silva, Pompéia & Bueno, 2007). Essas mudanças internas
poderiam ser entendidas como estados emocionais induzidos através da interpretação
afetiva por áreas cerebrais envolvidas no processamento da informação emocional e
relacionadas à resposta autonômica.
Estados de humor poderiam ser ainda produzidos quando a pessoa se lembra de
fatos emocionais significativos de sua vida (memória episódica). Em laboratório isso é
conseguido por meio da técnica chamada de eliciação da memória (Nasby & Yando, 1983).
Neste caso, é pedido ao participante que entre no humor requerido dando ênfase a uma
experiência pessoal do seu passado (Nasby & Yando, 1983). Músicas também m o poder
de provocar situações internas como alegrar e entristecer as pessoas (Balch, Myers &
Papotto, 1999).
Pensando em induzir estados de alegria ou tristeza, Velten (1968) utilizou frases
contendo auto-afirmações que eram repetidas pelas pessoas de modo a sentirem o estado
desejado pelo pesquisador. Teasdale e Russell (1983) modificaram o instrumento de forma
a eliminar possíveis limitações, mantendo as afirmações na primeira pessoa sobre o estado
de humor triste ou alegre. A função do instrumento, portanto, é instaurar um tom afetivo
51
artificial nas pessoas de modo a tornar possível a manipulação experimental do humor em
laboratório.
Essa susceptibilidade cognitiva das pessoas a modificar seus estados internos pela
apresentação de estímulos ou comandos verbais foi administrada no presente experimento.
Observando, como foi mencionado anteriormente, que mulheres experienciam as emoções
mais intensamente que os homens pôde-se esperar que tais estados e estímulos produzissem
diferenças na memória entre os dois grupos. Este estudo verificou possíveis diferenças em
função do sexo na lembrança de cenas emocionais e sob um estado emocional. Ou seja,
previu-se uma interação entre sexo, indução do humor e carga afetiva na memória.
A questão central investigada é se mulheres e homens diferem na lembrança de
cenas carregadas de emocionalidade, sob determinado humor. A resposta a essa questão
pode ajudar a esclarecer a influência do fator emocional sobre a memória e a participação
do sexo no desempenho. O teste utilizado foi o reconhecimento. Nesse paradigma, o
participante julga se um item que foi apresentado em condições de instruções explícitas
pertence ou não àquele grupo de estímulos. Neste caso, cabe à pessoa interpretar esse item
da mesma maneira pela qual ele foi codificado no momento do estudo (Bower, 2005).
Hipóteses
1. diferenças entre homens e mulheres no reconhecimento de fotografias.
Mulheres tendem a reconhecer mais itens emocionais que os homens em função de
um processamento emocional mais extenso. Tal resultado poderá ser explicado pela
lembrança diferencial de acordo com o sexo (Canli, Desmond, Zhao & Grabielli,
2002).
52
2. O humor tem efeito sobre a memória dos participantes. O humor triste exerceria
uma ação deletéria sobre a lembrança, como é visto em pessoas deprimidas ou em
experimentos de indução de tristeza, a alegria tenderia a potencializar a
recordação (Clark & Teasdale, 1985).
3. A carga afetiva afeta diferencialmente a lembrança dos participantes. Essa previsão
deriva do achado de Calev e Edelist (1993) e Oliveira e Janczura (2004) de que o
tono afetivo positivo estaria relacionado à maior quantidade de lembranças que o
negativo. Portanto, previu-se que os participantes reconheceriam mais itens com
carga afetiva positiva que negativa, e mais negativas que neutras.
4. Independente do estado emocional, os fatores sexo e carga afetiva deverão
interagir. Entre homens e mulheres os itens positivos teriam maior chance de serem
reconhecidos que os negativos (Canli, Desmond, Zhao & Gabrieli, 2002). De uma
forma geral, como mulheres experienciam a emoção de forma mais extensa, o que
poderia lhes conferir uma maior acessibilidade ao item emocional, esperou-se que o
desempenho de suas memórias, tanto para itens positivos como negativos, seja
superior quando comparado com as dos homens.
5. Independente da carga afetiva, interação entre sexo e humor. Sob o humor
alegre, mulheres reconheceriam mais itens que no humor triste, resultado que
também era esperado para os homens. No entanto, haveria maior probabilidade de
lembrança entre as mulheres que entre os homens em ambos os estados.
6. Previu-se uma interação significativa entre carga afetiva e humor. Itens com carga
afetiva positiva seriam reconhecidos com maior probabilidade do que itens com
carga afetiva negativa durante o humor alegre. No humor triste, itens com carga
positiva teriam menor probabilidade de lembrança que aqueles com carga negativa.
53
Este efeito é chamado de congruência com o humor (Blaney, 1986) e foi descrito
anteriormente.
7. Os fatores sexo, carga afetiva e humor deverão interagir significativamente. De
acordo com a teoria da congruência do humor (Blaney, 1986), tanto mulheres como
homens devem reconhecer mais itens positivos que os negativos durante o humor
alegre, e reconhecer mais itens negativos que os positivos durante o humor triste. Os
itens neutros seriam menos reconhecidos que os positivos e negativos. As mulheres
tenderiam a reconhecer mais itens positivos e negativos em ambos os estados de
humor que os homens.
Método
Participantes
O grupo experimental incluiu 58 participantes, sendo 28 homens e 30 mulheres.
Seus componentes foram jovens universitários na faixa etária entre 17 e 25 anos (média de
19,83 anos e DP = 2,15 anos). Os participantes foram submetidos a duas medidas: uma para
ansiedade (Beck Anxiety Inventory) e outra para depressão (Beck Depression Inventory)
(Cunha, 2001). Essas medidas são necessárias para identificação de pessoas deprimidas ou
ansiosas. As pessoas consideradas ansiosas (ansiedade estado com escores acima de 10)
e/ou deprimidas (com escores acima de 11) foram gentilmente solicitadas a descontinuar o
experimento antes da indução do humor. A participação de todos foi voluntária e foram
convidados a integrar a pesquisa através de chamado direto, individual ou em sala de aula.
Trinta participantes foram excluídos devido a escores elevados nas medidas de ansiedade
e/ou depressão, 34 porque não entraram no humor pretendido.
54
Delineamento
Como forma de testar as hipóteses desse experimento, o teste realizado foi o
reconhecimento. As variáveis independentes foram: humor (alegre, triste) x carga afetiva
(figuras positivas, negativas e neutras) x sexo (masculino, feminino). Como os estímulos
incluíram as dimensões prazer (presentemente tratada como carga afetiva), alerta e
dominância (Ribeiro, Pompéia e Bueno, 2004, 2005), essas duas últimas foram tratadas
como variáveis secundárias. Desenhou-se, dessa maneira, um fatorial 2
3
misto, com a
variável dependente o reconhecimento dos participantes aos itens apresentados. As
variáveis sexo e indução do humor foram tratadas entre-sujeitos e carga afetiva intra-
sujeito. Assim, o delineamento produziu 8 condições de testagem. O grupo experimental foi
subdividido de acordo com o tipo de indução do humor, sendo 15 homens e 15 mulheres
para o humor alegre, 13 homens e 15 mulheres para o humor triste. Os participantes foram
alocados aleatoriamente às condições de humor.
Materiais
Estímulos. Os estímulos foram selecionados do IAPS International Affective
Picture System, que é um conjunto de fotografias selecionadas e classificadas segundo as
dimensões prazer, alerta e dominância. Esse instrumento foi produzido inicialmente para
investigações sobre emoção e atenção (Lang, Bradley & Cuthbert, 1999) e foi padronizado
para o Brasil por Ribeiro, Pompéia e Bueno (2004, 2005) e Porto (2005). As fotografias do
instrumento representam várias situações em que podem estar envolvidos objetos, pessoas,
animais, natureza, ruas, postes de luz, mutilações, desenhos abstratos, entre outros. Foram
utilizadas 150 imagens, sendo 75 alvos e 75 distratores, além das 5 do ensaio. As
dimensões valência, alerta e dominância foram controladas tanto para as figuras alvo como
55
para as distratoras (Anexo 6) e suas amplitudes, médias e desvios padrão podem ser vistos
nas Tabelas 1 e 2.
Tabela 1
Amplitudes, médias e DP das figuras alvo positivas, negativas e neutras
Alerta
Dominância
Positivas
Amplitude
5,00 a 7,00
4,53 a 7,67
Média
5,73
6,59
DP
0,59
0,76
Negativas
Amplitude
5,18 a 7,06
3,00 a 5,29
Média
6,61
3,86
DP
0,43
0,76
Neutras
Amplitude
5,00 a 7,29
3,90 a 5,90
Média
5,78
5,10
DP
0,69
0,58
Tabela 2
Amplitudes, médias e DP das figuras distratoras positivas, negativas e neutras
Alerta
Dominância
Positivas
Amplitude
5,02 a 6,59
5,62 a 7,63
Média
5,64
6,76
DP
0,50
0,66
Negativas
Amplitude
5,21 a 7,08
2,63 a 5,57
Média
6,50
3,89
DP
0,48
0,89
56
Neutras
Amplitude
4,15 a 7,51
2,78 a 6,38
Média
5,84
4,76
DP
0,78
0,96
Procedimentos
O teste utilizado foi o reconhecimento. Na medida de reconhecimento se pede ao
participante que diga se o item apresentado na fase de teste é ou não aquele visto na fase de
estudo, ou se não sabe responder.
A Figura 1 ilustra a sequência de etapas do experimento:
Figura 1 Sequência de etapas do experimento reconhecimento.
O procedimento obedeceu a seguinte ordem de etapas:
a) Cada sessão experimental iniciou-se com a explicação do experimento e a
assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo 1).
b) Em seguida foram aplicados os inventários de Beck para ansiedade e depressão
(Cunha, 2001). A contagem dos pontos dos inventários foi feita pelo pesquisador
57
imediatamente após seu preenchimento. Tomou-se tal cuidado devido ao fato desses
estados poderem interferir na memória e, no caso específico de indução de tristeza, para se
evitar aumentar esse sentimento, já que tais pessoas estão predispostas a ruminar
pensamentos negativos (Nolen-Hoeksema, 1987).
c) Um Ensaio foi feito antes da fase de estudo. O experimentador efetuou a leitura
das instruções sobre o ensaio. Aos participantes foi dito que o ensaio é um treino para a
forma de apresentação das figuras (Anexo 4). Foram apresentadas 8 figuras por um tempo
de 5 segundos cada e uma tela branca entre elas, com intervalo de 0,5 segundo.
d) O humor triste ou alegre foi inicialmente induzido através da técnica eliciação
da memória que é a evocação de uma memória emocional negativa ou positiva (Nasby &
Yando, 1983). Aos participantes foi dito que entrassem no estado de alegria ou tristeza e
isso iniciaria o procedimento de indução do humor (Anexos 2 e 3).
e) Após o final do procedimento de indução pela eliciação da memória foram
tocadas músicas, que acompanharam todo o processo experimental para auxiliar na
manutenção do humor induzido inicialmente. As músicas alegres são: Eine Kleine Nacht
Musik (17,21 min), Divertimento #136 (12,65 min), Eing Musikalischer Spass de Mozart
(22,16 min) e Concerto for two mandolins and strings de Vivaldi (3,31 min). As músicas
tristes são: Adagietto (da Symphony 5 in C# minor ) de Mahler (12,05 min) e Adagio for
Strings de Barber (9,31 min). Elas foram previamente padronizadas por Balch, Myers e
Papotto (1999). Também se informou aos participantes que as músicas que acompanharam
o experimento fazem parte do procedimento de indução de alegria ou tristeza. As músicas
foram reproduzidas pelo programa Windows Media Player (versão 10.00.00.4058) em
ordem randômica, sendo repetidas até o final da sessão experimental.
58
f) Na sequência, o experimentador solicitou em voz alta que os participantes
“sentissemo estado de alegria ou de tristeza na música e repetissem a leitura do texto de
indução para o humor triste ou alegre (sempre em consonância com o tipo de humor
induzido). As frases indutoras do humor utilizadas nessa etapa foram aquelas do
procedimento de Velten (1968) modificado por Teasdale & Russel (1983) e traduzidas para
a língua portuguesa (Anexos 2 e 3).
g) Em seguida os participantes preencheram as escalas de medidas de humor que
teve a função de avaliar o estado de humor durante o teste. A Medida do Humor 2 foi
coletada através da Medida de Alegria (Fordyce, 1977, 1988; Anexo 12) e a Medida de
Humor 1, que era uma escala de zero a cem para a emoção que se desejou induzir antes das
fases de estudo e teste (Teasdale & Russel, 1983; Anexo 11). Nesta escala, Zero indica “Eu
não sinto alegria” e 100 indica “Eu sinto alegria extrema”. Antes das frases estava escrito
“Neste momento”, de tal forma que a noção de instantaneidade para a classificação da
emoção (Teasdale & Russel, 1983). A tarefa do participante foi marcar, na escala, o valor
que melhor quantificasse seu estado emocional durante o experimento.
h) Fase de estudo. Foram lidas as instruções da Etapa de Estudo pelo
experimentador, que se certificou do entendimento das mesmas pelos participantes (Anexo
4). A fase de estudo consistiu na apresentação visual das fotografias alvo (Anexo 6),
individualmente. A tarefa do participante foi olhar cada figura e memorizar a mesma, pois
ela deveria ser lembrada no momento do teste. Uma sequência aleatória de 75 fotografias
foi apresentada aos participantes: 25 positivas, 25 negativas e 25 neutras. As fotografias
foram apresentadas randomicamente, uma a uma, sem repetição. Elas foram vistas pelos
participantes em um tempo de apresentação de 5 segundos cada, com apresentação de tela
branca entre as imagens por 0,5 segundos.
59
i) Após a fase de estudo foi feita uma nova indução do humor utilizando a técnica
da eliciação da memória e as frases de indução do humor, seguida pelo preenchimento das
escalas de medidas de humor 1 e 2.
j) O momento seguinte consistiu na fase de teste. Foi feita a leitura da instrução da
etapa de teste (Anexo 4). Na fase de teste foram mostradas as mesmas fotografias
apresentadas na fase de estudo mescladas com fotografias novas e em ordem aleatória. A
tarefa dos participantes consistiu em reconhecer as fotografias alvo na medida em que
foram aparecendo. Ele ou ela deveriam usar as teclas de uma “tábua de respostas” (Cedrus
modelo RB 620) que continha uma tecla verde para a resposta “sim”, uma tecla vermelha
para a resposta “não” e uma azul para ver a próxima tela. O tempo para resposta do
participante foi livre. O programa SuperLab registrou as respostas.
k) Após a fase de teste, solicitou-se a cada participante que preenchesse novamente
as medidas de humor. Isso ocorreu para certificação de que ele/ela mantiveram o humor
induzido até o final do experimento.
l) Reversão do humor triste. Os indutores do humor alegre (frases, música e
eliciação da memória) foram sempre apresentados após o término de cada seção
experimental em que foi feita a indução do humor triste. Isso objetivou reverter o estado
afetivo dos participantes para sua dispensa posterior.
Nesse experimento os participantes foram testados individualmente, de forma a
obtenção de maior controle na coleta de dados. Nenhum participante foi testado em mais de
uma condição de indução de humor ou convidado para os outros experimentos nesse
estudo. A lista de fotografias foi a mesma para todos os participantes, diferindo apenas o
tipo de indução do humor, que para um grupo foi de alegria e para outro de tristeza.
Controlou-se a apresentação dos estímulos pelo programa SuperLab (versão 4.0) na
60
plataforma Windows, rodado em um PC. Para minimizar a influência de uma imagem
antecedente sobre a consequente, a sequência teve ordenamento randômico.
Resultados
O teste utilizado foi o reconhecimento de fotografias. Neste teste, uma medida
consciente ou direta de memória, o participante era solicitado a discriminar fotografias que
havia visto antes de outras que não estavam presentes no momento do estudo. Os dados
foram tabulados em função do tipo de item, se alvos ou distratores, e de acordo com a
valência (positiva, negativa e neutra). Posteriormente, os acertos para cada valência foram
transformados em hits, os acertos aos distratores em rejeições corretas e os erros aos
distratores em falsos alarmes, de acordo com a teoria da detecção do sinal (Wixted, 2007).
As medidas de interesse no teste foram, então, a quantidade de acertos dos alvos ou hits, os
alarmes falsos que oferecem a medida das falsas lembranças, e a rejeição correta dos
distratores. Uma ANOVA mista foi calculada para analisar o efeito dos três fatores em
estudo: dois entre-sujeitos (sexo e indução do humor) e um intra-sujeitos (carga afetiva)
adotando-se um α de 0,05. Foi verificado, ainda, se os grupos não diferiram quanto ao
estado emocional induzido. O Experimento teve duração média de 47,8 minutos para os
homens (DP = 15,9) e 49,4 minutos para as mulheres (DP 13,5).
As ANOVAS não apontaram diferenças na classificação do humor entre homens e
mulheres nas medidas de humor 1 e 2 tanto para indução de alegria como tristeza. As
médias de homens e mulheres para as medidas de humor são mostradas na Tabela 3:
61
Tabela 3
Médias e Desvios Padrão das medidas de humor 1 e 2
Indução do Humor Alegre
Indução do Humor Triste
Medida 1
Medida 2
Medida 1
Medida 2
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Homens
72,9
12,9
7,5
0,7
26,5
8,9
2,8
0,8
Mulheres
73,5
12,4
7,6
0,9
28,0
11,6
3,1
1,8
A hipótese de que a memória seria influenciada diferencialmente em função do sexo
dos participantes foi confirmada. O desempenho do sexo feminino foi superior quanto à
lembrança dos alvos (hits). Este desempenho foi ratificado pela ANOVA, F (1, 54) = 5,537,
MS = 34,452, p = 0,022. A média de acertos das figuras alvo pelas mulheres foi de 71,01
(94,7%) e DP = 1,34, e para os homens de 68,42 (91,2%) DP = 1,99. Posteriormente foi
realizado o cálculo da medida do efeito (d), que quantificou o grau de sobreposição dos
escores entre homens e mulheres, e pode ser interpretado como a quantidade de desvios-
padrão que separam as médias dispostas em duas curvas de distribuição de resultados e que
se comportam como variável contínua. Essa medida padronizada da distância entre as
médias de duas populações (Dancey & Reidy, 2008) revelou um efeito de tamanho médio
para a carga afetiva, de 0,53.
Por outro lado, verificou-se que homens produzem mais alarmes falsos que as
mulheres: F (1, 54) = 5,537, MS = 0,051, p = 0,022. A média de produção de alarmes falsos
entre os homens foi 0,09% e entre as mulheres foi de 0,05%.
62
Com relação à indução do humor, esperava-se que o desempenho dos sujeitos no
reconhecimento fosse superior no humor alegre que no humor triste. Diferente do relatado
na literatura, esta expectativa não foi confirmada.
Em relação à hipótese sobre o efeito da carga afetiva, se postulou que a fotografias
positivas seriam reconhecidas mais que as negativas e neutras. Isso não ocorreu entre os
estímulos. No entanto, quando realizada a análise dentre as distratoras pela ANOVA,
utilizando um nível de significância de 0,05, foram verificadas diferenças, F(2, 54) =
36,480, MS = 15,788, p = 0,000. Um teste post hoc utilizando LSD, com um nível de
significância de 0,05 revelou significante diferença entre as três médias, verificou-se que as
neutras (média = 24,72, DP = 0,79) tiveram maior probabilidade de rejeição correta que as
negativas (média = 24,32, DP = 1,07), p = 0,002, e positivas (média = 23,68, DP = 0,86), p
= 0,000; além disto, as negativas tiveram maior rejeição correta que as positivas, p = 0,000.
A medida do efeito indicou um efeito de tamanho pequeno para a carga afetiva, de 0,40.
Posteriomente foi realizado o cálculo do d’prime, que é uma estimativa da força do
sinal e fornece um índice de discriminabilidade entre acertos e falsos alarmes. Com esses
dados foi rodada uma ANOVA mista = 0,05) que revelou diferenças na discriminação
entre homens e mulheres, F(1, 54) = 7,495, MS = 34,048, p = 0,008. A média das
mulheres foi 0,427 enquanto as dos homens foi de - 0,458.
Não foram verificadas interações entre sexo e carga afetiva; sexo e humor; carga
afetiva e humor. Além disto, interações entre sexo, carga afetiva e humor igualmente não
foram detectadas.
63
Discussão
O Experimento 1 buscou verificar como os fatores sexo, humor a carga afetiva
influenciam a memória quando se utiliza um teste de reconhecimento. Os resultados
apresentados mostraram que a lembrança das mulheres é superior a dos homens para
fotografias que carregam informações emocionais e que elas as discriminam com mais
sucesso que eles. Sugere-se que essas informações fornecem o contexto intrínseco que
possibilita o sistema na interpretação do tom afetivo característico da imagem e que pode
interferir no sucesso da lembrança. É preciso salientar que cada imagem fornece
informações centrais e periféricas, cores e tons, luz e sombra, pontos relevantes que
interferem na carga da memória e padrões a serem identificados. Tais variáveis não foram
controladas pelo IAPS, provavelmente pela dificuldade de se trabalhar com material que
não foi produzido em laboratório. Embora seja necessário reconhecer que essas variáveis
podem exercer alguma influência, assume-se que essa extensão o controlada de
informações tem um peso pouco significativo nas diferenças mnemônicas encontradas. O
que se postula é que o processamento da informação emocional é mais extenso na mulher
que no homem e que esta é a razão do seu melhor desempenho no teste. Portanto, conclui-
se que o experimento contribuiu para elucidar como a memória para itens emocionais tem
seu desempenho modificado em função do sexo.
Foi verificada, ainda, a produção de maior taxa de falsas memórias nos homens.
Esse achado reforça a hipótese de que o processamento da informação emocional nos
homens é menos extenso que nas mulheres, e isto seria gerador de maior quantidade de
inconsistências no momento de discriminar um item antigo de um item novo. Menos
comparações entre itens na memória podem fazer com que o sistema de busca não encontre
64
o item que geraria a resposta correta, optando, então pelo item mais provável. Isto mostra
um sistema de decisão na memória para itens emocionais menos acurado nos homens que
nas mulheres.
Outro achado interessante foi o efeito da carga afetiva dos estímulos distratores
sobre a memória dos participantes. Verificou-se que figuras distratoras neutras tiveram
maior probabilidade de rejeição correta que as negativas e essas mais que as positivas. Ou
seja, os participantes erraram menos ao dizer “não vi” para imagens de menor impacto
emocional que aquelas cujo conteúdo possui uma carga. Isto é o oposto ao que geralmente
se encontra quando se investiga o efeito da carga sobre a memória, em que os estímulos
com carga afetiva são mais bem lembrados que os neutros. Esta diferença na rejeição
correta entre as imagens neutras daquelas que possuem uma carga, seria devida à
interferência da extensão do processamento da informação emocional. Pode ser mais fácil
negar que afirmar que uma imagem neutra foi vista pela mesma razão que é mais fácil dizer
“vi” a uma imagem emocional, o que explicaria os alarmes falsos. Um processamento mais
amplo envolve maior quantidade de ligações inter-item, o que aumenta a carga da memória.
É uma questão de relevância da informação. Itens emocionais podem gerar mais falsas
memórias quando comparados aos itens neutros. Falando de outra maneira, a vantagem
desses últimos seria devido aos erros gerados pela lembrança falsa identificadas pela
resposta “vi” aos itens emocionais. E este resultado pode ser visualizado na maior
quantidade de falsas memórias dos homens em relação às mulheres no presente
experimento.
65
Experimento 2
Oliveira e Janczura (2004) e Oliveira (2001) sugeriram a existência de um sistema
implícito de manutenção do humor que atuaria preventivamente contra a ocorrência de
pensamentos que poderiam gerar o humor disfórico. Eles verificaram que havia uma
probabilidade maior das pessoas lembrarem itens positivos que negativos em uma tarefa de
completar fragmentos de palavras sem prévia indução do humor. No entanto, ao se
adicionar a variável indução do humor seriam mantidas as diferenças na evocação de
palavras com carga afetiva em medidas indiretas? A resposta provável é sim. Esperou-se
que ela influenciasse os resultados do teste da mesma forma prevista no paradigma de
congruência do humor. Foi ainda previsto que a memória das mulheres tenderia a
apresentar um melhor desempenho que a dos homens, indicando que a estabilidade do
padrão de processamento da informação emocional se manteria em uma medida implícita
de memória.
Portanto, este experimento foi desenhado para verificar a influência do humor alegre
e triste na memória de homens e mulheres, quando considerada a carga afetiva e ausência
de intencionalidade ao recordar implicitamente. Na medida implícita de memória
administrada, as instruções não estabelecem relação entre a fase de estudo e a fase de teste
e procuram evitar sua associação por apresentá-las como tarefas distintas. Além disto, outro
cuidado tomado é a interpolação, entre essas fases, de uma tarefa não relacionada ao teste
de memória, cuja função é também dificultar ao participante a associação entre estudo e
teste.
66
Neste estudo buscou-se verificar diferenças na memória implícita ao se manipular as
variáveis sexo e carga afetiva do estímulo através de um procedimento de indução do
humor alegre.
Hipóteses
1. Mulheres e homens lembrarão com diferentes probabilidades as palavras
apresentadas, de tal forma que se esperou haver maior acurácia para as primeiras
que para os segundos. Esse resultado esperado se baseia no pressuposto de que
uma diferença funcional implícita no processamento emocional dependente do sexo.
2. A memória será influenciada pela carga afetiva das palavras. Itens positivos serão
lembrados com maior probabilidade que os negativos (Oliveira & Janczura, 2004;
Oliveira, 2001; Calev & Edelist, 1993).
Método
Participantes
Vinte e cinco estudantes universitários foram testados. Os participantes eram de
ambos os sexos, sendo 13 homens e 12 mulheres. A média de idade foi de 20,32 anos
(amplitude = 17-25 anos e DP = 2,38 anos). Os participantes preencheram os inventários
para ansiedade (Beck Anxiety Inventory) e depressão (Beck Depression Inventory) (Cunha,
2001) que foram utilizados para seleção da amostra, como no Experimento 1. A
participação foi voluntária e o convite realizado individualmente. Nenhum indivíduo havia
participado do Experimento 1. Foram excluídos três participantes porque não entraram no
humor requerido.
67
Delineamento
Como forma de testar as hipóteses de pesquisa foi aplicado um teste indireto de
memória. As variáveis independentes constituíram-se de: carga afetiva (palavras positivas e
negativas) x sexo (masculino e feminino). Desenhou-se, dessa maneira, um fatorial misto 2
x 2, com a variável dependente a lembrança aos itens apresentados. A variável sexo foi
manipulada entre-sujeitos e carga afetiva intra-sujeitos. Foram tratados como controles a
indução do humor alegre, o alerta, a concretude das palavras e as respectivas frequências.
Materiais
O paradigma de completar fragmentos de palavras utilizou 44 palavras alvo mais 5
palavras do ensaio (Anexo 8). Metade correspondeu às palavras positivas e metade às
negativas. As palavras alvo foram selecionadas de um banco de palavras normatizadas
quanto à concretude (Janczura e cols., 2007), valência e alerta (Oliveira, Janczura &
Castilho, manuscrito não publicado) e frequências (LAEL, 2006). As palavras continham
entre 6 e 8 letras e foram configuradas em caixa alta, na fonte Candara 24. As amplitudes,
médias e desvios padrão podem ser vistos na Tabela 4.
Tabela 4
Amplitudes, médias e DP das palavras negativas e positivas
Valência
Alerta
Concretude
Frequência
Positivas
1,61 a 3,09
6,50 a 7,94
1,98 a 4,35
125 a 938
2,22
7,27
2,81
424,86
0,35
0,43
0,58
262,12
Negativas
7,04 a 8,49
1,75 a 3,87
2,03 a 4,41
110 a 974
68
7,86
2,73
3,01
312,41
0,35
0,58
0,73
222,44
Para a fase de teste do paradigma completar fragmentos de palavras, os estímulos
foram modificados pela remoção de 4 ou 5 letras por palavra, correspondendo, em média, a
remoção de 50,1% das letras de cada palavra (média = 4,25 letras ausentes, DP = 0,44).
Cada letra removida foi substituída por um traço (sublinhado) (Anexo 9). Os 44 fragmentos
foram randomizados e impressos em papel A4 branco, em Times New Roman 16.
Ilustrando: a palavras na fase de estudo poderia ser Contente que, na fase de teste
correspondeu ao fragmento C _ _ t _ _ _ e.
Procedimentos
A Figura 2 abaixo ilustra a sequência de etapas do experimento:
Figura 2 Sequência de etapas do experimento reconhecimento.
A sequência procedimental obedeceu a mesma ordem de etapas do Experimento 1,
com as seguintes diferenças:
69
Um Ensaio foi feito antes da fase de estudo (Anexo 7). O experimentador solicitou
que o participante fizesse a leitura das instruções sobre o Treino. Cinco palavras foram
utilizadas nesta fase. A função do treino é habilitar o participante na forma de leitura e
apresentação das palavras alvo.
Fase de estudo. Foram lidas as instruções da Etapa de Estudo pelo participante, e o
experimentador se certificou do seu entendimento (Anexo 7). A fase de estudo consistiu na
apresentação visual e aleatória de 44 palavras alvo: 22 pares com valência positiva e 22
com valência negativa (Anexo 8). A tarefa do participante consistiu em ler as palavras em
voz alta. Elas foram apresentadas uma a uma em um monitor com fundo branco, sem
repetição e em um tempo de apresentação de 2 segundos e com intervalo entre estímulos
com duração de 1 segundo. Isso objetivou homogeneizar a taxa de exposição.
Uma tarefa distratora foi interpolada entre a fase de estudo e a fase de teste, de
modo a evitar a associação, pelo participante, dessas duas etapas. Ela consistiu na
visualização de 39 figuras neutras do IAPS com baixo nível de alerta (entre 1 e 5, Anexo
10), cujo tempo de apresentação foi de 5 segundos para cada uma, com intervalo entre
estímulos de 0,5 segundos.
A fase de teste iniciou com a leitura das instruções da Etapa de Teste contida na
instrução (Anexo 7). Na fase de teste foram entregues aos participantes formulários
impressos contendo os 44 fragmentos das palavras alvo arranjados em 10 ordens
randômicas. O papel do participante foi preencher, a caneta, os espaços correspondentes às
letras que faltam de tal maneira a formar uma palavra da língua portuguesa. A fase de teste
da tarefa distratora consistiu em escrever a cor predominante nas fotografias apresentadas.
Nesse experimento os participantes foram testados individualmente. Nenhum
participante foi convidado para os outros experimentos nesse estudo. As listas de palavras e
70
fragmentos foram as mesmas para todos os participantes. A apresentação dos estímulos foi
controlada pelo programa SuperLab 4.0 na plataforma Windows, rodado em um PC. O
experimento teve duração média de 17,1 minutos para os homens (DP = 20,74) e 23,7
minutos para as mulheres (DP = 23,5).
Resultados
Esse experimento verificou os efeitos do sexo e da carga afetiva na lembrança de
palavras, sob um estado de humor alegre. A medida utilizada foi a lembrança aos itens
positivos e negativos verificada através do preenchimento dos fragmentos de palavras e
comparados os acertos de homens e mulheres.
Não foram verificadas diferenças na classificação do humor entre homens e
mulheres nas duas medidas de humor pela ANOVA. Na Tabela 2 são apresentadas as
médias e desvios padrão das respectivas medidas:
Tabela 5
Médias e Desvios Padrão das medidas de humor 1 e 2
Indução do Humor Alegre
Medida 1
Medida 2
Média
DP
Média
DP
Homens
77,3
10,1
7,5
1,06
Mulheres
79,5
8,7
7,6
0,8
71
As hipóteses foram testadas para verificar se houve diferenças na lembrança de
palavras positivas e negativas para homens e mulheres sob condição de humor alegre. Uma
ANOVA mista foi calculada para esta análise utilizando um α de 0,05.
Hipotetizou-se que a memória sofreria influência da carga afetiva, de tal forma que
as palavras positivas teriam maior probabilidade de serem completadas que as negativas.
Essa previsão foi confirmada pela ANOVA, F (1, 23) = 13,889, MS = 50,723, p = 0,001. A
média de recordação implícita das palavras positivas foi de 5 (11,36%), DP = 3,22, um
resultado superior às palavras negativas que foi de 2,96 (6,73%), DP = 2,09. O cálculo da
medida do efeito indicou um efeito de tamanho pequeno de 0,38.
A hipótese de que homens e mulheres lembrariam com diferentes probabilidades as
palavras apresentadas não se confirmou, nem foram vistas interações significativas entre os
fatores.
Discussão
Neste estudo homens e mulheres foram induzidos a entrar em um humor alegre e
suas memórias foram testadas por um paradigma de memória implícita. O que se observou
foi que palavras positivas tiveram maior probabilidade de serem completadas que palavras
negativas na ausência de intencionalidade ao se recordar. Esse resultado replica os achados
de Oliveira & Janczura (2004) e Oliveira (2001) e corrobora a hipótese da existência do
loop cognitivo positivo implícito, que é um mecanismo de proteção contra a perpetuação de
pensamentos ansiogênicos e depressogênicos mantenedores do humor disfórico.
No entanto, não foi detectado o efeito previsto para o sexo. A que se deveu isto?
Considerou-se possível que, em uma medida implícita, a extensão diferencial do
72
processamento entre sexos não fosse mensurável e, como consequência homens e mulheres
apresentaram escores de lembrança similares na tarefa de completar fragmentos de
palavras. Assim, o efeito previsto para o sexo não seria percebido pela medida implícita.
Mas foram percebidas limitações metodológicas que devem ser apontadas. A
primeira foi o tamanho da amostra por condição experimental. Em uma amostra pequena o
poder estatístico, que é uma medida metanalítica diretamente dependente da amostra, da
variabilidade, da magnitude do efeito e do nível de significância (α), pode ser pequeno e um
erro do tipo II (não rejeitar H
0
) pode ocorrer. A segunda limitação pode ter sido a
dificuldade do teste. Verificou-se que os participantes apresentaram baixos escores no
completar fragmentos. Em um teste muito difícil o fenômeno em apreciação pode ser
mascarado pela impossibilidade de completar a tarefa. Tendo isto em consideração, um
terceiro experimento foi desenhado, de modo a corrigir as restrições do experimento 2.
Experimento 3
O experimento 3 foi delineado com o objetivo de corrigir possíveis limitações do
experimento anterior pela extensão do número de participantes, pela inclusão da variável
independente humor e pela diminuição do número de fragmentos na fase de teste. O
aumento do tamanho da amostra, entretanto, levou em consideração não incrementar
excessivamente o número de participantes de forma a produzir efeitos espúrios. Assim,
estabeleceu-se que cada condição experimental incluísse um “n” compatível com a
estabilidade da média aritmética para fins estatísticos (“n” médio igual a 25 participantes).
Desta forma, pôde-se aumentar o poder de previsibilidade do mesmo por torná-lo mais
acurado diminuindo a probabilidade de erros em seu desenho. Além do mais, verificar a
73
influência do humor em homens e mulheres sobre a memória implícita significa ampliar o
campo de observação na área. Ainda, melhorar a acurácia dos participantes pela diminuição
da dificuldade do teste significa permitir a visualização de fenômenos que não foram
apresentados em um teste de maior dificuldade.
A hipótese da existência de um sistema implícito de manutenção do humor (Oliveira
& Janczura, 2004; Oliveira, 2001), que prevê que itens positivos têm uma lembrança
melhor que negativos, foi novamente testada. A previsão de que a memória das mulheres
seria melhor que a dos homens foi novamente posta à prova a partir de modificações no
delineamento experimental e no teste implícito.
Assim, este experimento foi rodado de maneira que pudesse fornecer parâmetros
para verificar a influência do humor alegre e triste e da carga afetiva na memória de
homens e mulheres na ausência de intencionalidade ao recordar. Avaliou-se a memória
implícita quando consideradas as variáveis independentes indução do humor, sexo e carga
afetiva de palavras.
Hipóteses
1. Completar fragmentos é dissimilar entre homens e mulheres, com a expectativa de
maior média de lembrança para elas que para eles. Tal expectativa se apóia na idéia
de um processamento emocional implícito mais amplo em mulheres que em
homens.
2. A carga afetiva tem impacto sobre a memória, dada a tendência de o sistema
manter itens positivos em um loop implícito de forma a evitar a intrusão de
pensamentos geradores do humor disfórico (Oliveira & Janczura, 2004; Oliveira,
74
2001). Portanto, fragmentos referentes a palavras positivas são mais provavelmente
completadas que aqueles referentes às palavras negativas.
3. Durante o humor alegre são completados mais fragmentos que durante o humor
triste (Clark & Teasdale, 1985). A lentificação do pensamento e a circularidade das
idéias depressogênicas, durante a tristeza, poderiam levar a uma dificuldade maior
na produção da resposta.
Método
Participantes
Cento e seis estudantes universitários participaram deste estudo (Média = 19,7 anos;
DP = 2; amplitude = 16-26). Na condição de indução de humor triste foram 25 homens e 31
mulheres e na condição de humor alegre 26 homens e 24 mulheres. Os participantes foram
convidados a integrarem os grupos experimentais através de chamado direto, individual.
Todos preencheram os inventários para ansiedade (Beck Anxiety Inventory) e depressão
(Beck Depression Inventory) (Cunha, 2001) utilizados para seleção da amostra. Oito
participantes foram excluídos por não atingirem os escores de humor requeridos pelo
experimento e 1 porque associou a fase de estudo com a fase de teste. Nenhum indivíduo
havia participado de experimentos anteriores.
Delineamento
As hipóteses foram testadas pelo paradigma de memória implícita de completar
fragmentos de palavras. Foram manipuladas as seguintes variáveis: sexo (masculino,
feminino) x humor (triste, alegre) x carga afetiva (palavras positivas e negativas).
75
Constituiu-se, assim, um fatorial misto 2 x 2 x 2, com a recordação como variável
dependente. As variáveis sexo e humor foram manipuladas entre-sujeitos e carga afetiva
intra-sujeitos. As variáveis de controle foram o alerta, a concretude e frequência das
palavras.
Materiais
Os estímulos foram 22 palavras alvo (sendo metade de cada carga afetiva) mais 5
palavras do ensaio. As palavras selecionadas foram as que tiveram maior lembrança no
experimento 2, cujo total era de 44 palavras e estão ressaltadas em negrito no Anexo 8. A
média de fragmentos preenchidos referentes a essas palavras foi de 3,6 (DP = 2,2) naquele
experimento. As positivas e negativas foram classificadas segundo a valência, alerta,
concretude e frequência. Os critérios de remoção de letras para os fragmentos foram os
mesmos do experimento 2. As amplitudes, médias e DP para as palavras positivas e
negativas podem ser vistas na Tabela 6.
Tabela 6
Amplitudes, médias e DP das palavras negativas e positivas
Valência
Alerta
Concretude
Frequência
Positivas
7,04-8,49
1,75-3,38
2,25-4,41
110-974
7,9
2,72
3,01
274,91
0,42
0,54
0,76
244,84
Negativas
1,61-2,59
6,50-7,94
2,28-4,12
163-872
2,15
7,23
2,82
248,45
0,3
0,46
0,56
208,16
76
Procedimentos
A sequência procedimental obedeceu a mesma ordem de etapas do Experimento 2,
havendo apenas três modificações. A primeira mudança foi na quantidade de palavras alvo
durante a fase de estudo, que naquele experimento foi de 44 e neste foi de 22. Um teste de
completar fragmentos apresenta dificuldade maior que um teste explícito, portanto,
diminuir a quantidade de estímulos e de fragmentos visa aumentar a possibilidade de
preenchimento desses últimos. A segunda mudança foi em adequar a tarefa distratora ao
humor induzido. Ela consistiu em focar a atenção em 24 figuras negativas na condição de
humor triste e igual número de figuras positivas na condição de humor alegre (Anexo 13).
As figuras tiveram, então, a função de contribuir para a manutenção do humor que foi
induzido. A terceira modificação foi no tempo de apresentação do estímulo que foi de 3
segundos, objetivando aumentar o tempo de ensaio. Um tempo de ensaio maior pode
beneficiar a memória, o que poderia ser fator aditivo nos escores dos participantes. O
Experimento teve duração média de 29,8 minutos (DP = 5,0).
Resultados
O Experimento 3 teve a função de examinar como o sexo, o humor e a carga afetiva
influenciam a memória implícita para palavras. A medida de interesse foi a lembrança das
palavras positivas e negativas verificada pelo preenchimento dos fragmentos durante a fase
de teste.
Ao se calcular duas ANOVAS = 0,05), verificou-se que homens e mulheres não
se diferenciaram quanto à auto-avaliação do seu humor na condição de alegria, assim como
na condição de tristeza. As respectivas médias e desvios padrão se encontram na Tabela 3.
77
Tabela 7
Médias e Desvios Padrão das medidas de humor 1 e 2
Indução do Humor Alegre
Indução do Humor Triste
Medida 1
Medida 2
Medida 1
Medida 2
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Homens
76,9
10,1
7,7
0,9
40,2
11,6
3,8
1,1
Mulheres
80,0
14,1
7,9
1,2
34,8
14,3
3,6
1,6
Uma ANOVA mista com um α = 0,05 foi calculada para o teste dos efeitos
principais. A hipótese de que mulheres teriam uma maior probabilidade de lembrança que
homens foi confirmada pela ANOVA, F (1, 102) = 5,495, MS = 30,072, p = 0,021. A
média de recordação das mulheres foi de 5,14 (23,36%; DP = 0,23), um resultado superior
aos homens que foi de 4,39 (19,95%; DP = 0,23). O tamanho efeito foi de 0,51,
significando um efeito de tamanho médio.
A hipótese de que o humor alegre produziria maior lembrança que o humor triste
não foi confirmada pela ANOVA. No entanto pôde-se confirmar a hipótese de melhor
lembrança para itens positivos quando comparados aos negativos: ANOVA, F (1, 102) =
101,160, MS = 185,514, p = 0,000. A média de recordação para os itens positivos foi de
5,71 (25,95%; DP = 0,2), enquanto que para os itens negativos foi de 3,83 (17,41%) DP =
0,18. O tamanho efeito foi de 0,5, um efeito de tamanho médio.
A ANOVA revelou interação entre carga afetiva e humor, F (1, 102) = 7,91, MS =
14,504, p = 0,006. A média de lembrança durante o humor alegre para os itens positivos foi
de 6,1 (55%; DP = 0,3), e para os itens negativos foi de 3,65 (33,18%; DP = 0,26);
enquanto no humor triste a média de lembrança dos itens positivos foi de 5,36 (48,73%; DP
= 0,27) e dos itens negativos foi de 4,01 (36,5%; DP = 0,24). O tamanho do efeito foi de
78
0,07, revelando um efeito pequeno. Não foram verificadas outras interações significativas.
Um teste post hoc (LSD) apontou diferenças significativas na lembrança entre itens
positivos e negativos no humor alegre (p = 0,000), entre itens positivos e negativos no
humor triste (p = 0,000); entre os itens positivos no humor alegre e os itens negativos no
humor triste (p = 0,000); e entre os positivos no humor triste e os negativos no humor
alegre (p = 0,000).
Discussão
Neste experimento puderam-se testar as hipóteses da influência da extensão do
processamento, do loop cognitivo positivo implícito e da congruência do humor. Como no
primeiro experimento, verificou-se que a memória das mulheres se diferenciou da dos
homens pela quantidade de itens lembrados. Essa diferença é interpretada como indicativa
de que as mulheres possuem um mecanismo mais extenso de busca na memória que os
homens quando a emoção está presente. Esse fator contribuiria para as diferenças
encontradas na percepção, experiência e expressão da emoção normal, e estaria associado à
maior prevalência dos transtornos do humor entre as mulheres.
O maior sucesso da lembrança dos itens com carga afetiva positiva está de acordo
com a hipótese teórica sobre a existência do loop cognitivo positivo implícito. Segundo
essa hipótese haveria uma tendência implícita em se acessar informações com carga afetiva
positiva e manter esses itens na memória de trabalho de tal forma a evitar a intrusão de
idéias causadoras do humor disfórico. E foi isso que ocorreu. Pôde-se verificar uma maior
probabilidade de lembrança dos itens positivos em ambas as condições, sendo que os itens
negativos tiveram a probabilidade de lembrança pior qualquer que fosse a condição. Seria
79
um equilíbrio mantido pela assimetria entre pensamentos agradáveis e os causadores de
tristeza, ansiedade, raiva ou medo.
Porque a hipótese de melhor desempenho da memória para o humor alegre não foi
confirmada? A abordagem do loop cognitivo positivo implícito apresenta uma resposta
para essa questão. O sucesso em recordar mais itens positivos, mesmo na situação de
indução de humor triste, indica que um sistema regulador, cuja base se assenta na
memória, e que é responsável pela manuteão do humor saudável. É possível que a
indução do humor triste tenha sido de intensidade leve, portanto eticamente aceitável, e por
isso não foi capaz de romper o equilíbrio assimétrico responsável pelo humor saudável.
Uma observação importante neste experimento é com relação aos materiais. As
palavras positivas tiveram uma média de 2,72 (relaxantes) enquanto as negativas de 7,23
(alertantes). Em uma medida explícita de memória se poderiam esperar diferenças na
lembrança em função desta diferença, no entanto isto não foi previsto por se tratar de uma
medida implícita e em função da previsão de melhor lembrança dos itens positivos com
relação aos negativos.
80
Discussão Final
O esforço teórico levado a termo neste trabalho teve como principal eixo
demonstrar que a memória de mulheres, quando em um determinado estado emocional,
apresenta um desempenho melhor que a memória dos homens. O que sustento é que isso
aconteceria em função de um processamento mais extenso da informação emocional pela
mulher. Em outras palavras, quando há uma emoção envolvida as mulheres efetuam buscas
e comparações na memória mais extensas que os homens.
O que levou à busca desta demonstração foram descrições da literatura que apontam
para um processamento diferencial da informação emocional entre mulheres e homens. Os
exemplos vieram de várias áreas. Canli, Desmond, Zhao e Gabrieli (2002) demonstraram
que mulheres discriminam melhor que homens figuras emocionais e as lembram com maior
acurácia (Canli et al., 2002). Clark e Teasdale (1985) demonstraram interação para palavras
agradáveis e desagradáveis em estados de humor alegre e triste apenas em mulheres. O
estudo de Seidlitz e Diener (1998) indicou que as mulheres lembram mais de eventos
episódicos emocionais que os homens, que acabam por gerar menos pistas facilitadoras da
memória. Além disto, a expectativa da dor é diferencial entre os sexos: mulheres
predisseram menor intensidade de dor antes do ato cirúrgico, mas sua memória para a dor
no pós-operatório foi maior que nos homens (Eli, Baht, Kozlovsky & Simon 2000).
Homens tendem a lembrar mais dos itens centrais de uma informação (Cahill, Gorski,
Belcher & Huynh, 2004).
Achados de neurociência também indicam para um processamento diferencial como
o defendido aqui. Canli et al. (2002) apontaram para características sexo-específicas, nos
circuitos neurais que envolvem as amídalas, para figuras com alto conteúdo afetivo, na
81
ressonância magnética funcional (IRMf). Soma-se a isso um padrão de ativação cerebral
maior envolvendo processamento emocional e memória. O córtex frontal das mulheres é
mais volumoso (Wood, Heitmiller, Andreasen & Nopoulos, 2007) e sua amídala é menor
(Cahill, 2005).
Dados epidemiológicos também corroboram a idéia de um processamento
diferencial da emoção entre mulheres. Elas são mais susceptíveis aos efeitos deletérios do
estresse (Lipp, 2002), são mais acometidas de episódios de depressão e sofrem de mais
transtornos de ansiedade (Nunes, Bueno & Nardi, 2000), além de apresentarem respostas
hemisféricas diferentes para o processamento das emoções. Oscilações emocionais
previsíveis derivadas do ciclo menstrual são fato específico e podem, inclusive, tornarem-se
problema grave de saúde (Daugherty, 1998).
Por outro lado, sabe-se que a mulher é mais emocional que o homem (Fischer &
Manstead, 2000, apud Bradley, Codispoti, Sabatinelli & Lang, 2001), que experienciam
mais alegria e prazer (Brody, 1996), que suas reações são mais intensas diante de eventos
desagradáveis, principalmente os traumáticos (Allen & Haccoun, 1976; Kring & Gordon,
1998), estão mais de acordo em relação ao sentimento de alegria e bem estar (Wood,
Rhodes & Whelan, 1989) e relutam mais em demonstrar raiva (Pennebaker, 1985). Além
disto, têm maior reação defensiva para figuras desagradáveis (Bradley, Codispoti,
Sabatinelli & Lang, 2001) e são menos hesitantes em demonstrar emoções que indicam
menos poder (Timmers, Fischer & Manstead, 1998).
Diante desses achados uma diretriz plausível de investigação, era avançar na
identificação de quais fatores emocionais poderiam influenciar a memória. Postulou-se,
portanto, que o processamento da informação emocional pelas mulheres tem uma amplitude
maior que dos homens, e isso seria refletido na lembrança. A combinação de estímulos com
82
carga afetiva poderia revelar as diferenças buscadas. Foi o que ocorreu em dois dos três
experimentos realizados, embora não tenha sido a única resposta esperada. Também se
desejou replicar os achados de Oliveira & Janczura (2004) e Oliveira (2001) sobre o loop
cognitivo positivo implícito que agora sugiro chamar de mecanismo de retroalimentação
positiva, além do fenômeno da congruência do humor.
Os estudos produziram indicativos de que as mulheres tendem a uma melhor
resposta da memória para itens emocionais que os homens, demonstrando um ajustemais
fino ao tom hedônico dos estímulos o que, segundo a hipótese aqui sustentada, revela uma
diferença na extensão do seu processamento. Elas foram capazes de lembrar mais que eles
quando estímulos positivos e negativos foram combinados. É preciso salientar que as auto-
avaliações do humor feitas pelos participantes durante os procedimentos experimentais não
revelaram diferenças entre homens e mulheres e serviram como parâmetro para
comparação entre esses dois grupos.
O primeiro experimento explorou a relação do sexo com o humor e a carga afetiva.
Utilizando um procedimento que mede a memória explícita o teste de reconhecimento
pôde-se verificar que mulheres lembraram mais fotografias emocionais que homens. Fotos
carregam informações contextuais que influenciam no sucesso da lembrança. Informações
centrais e periféricas, tons, quantidades diferenciadas de pontos relevantes, de padrões a
serem identificados. Mas apenas essa extensão de informações não determinaria diferenças
mnemônicas. O fator que influenciou a melhora da memória em mulheres foi seu
processamento mais extenso da informação interpretada como emocional. Além disto, esse
mesmo experimento mostrou que figuras distratoras negativas têm uma maior
probabilidade de rejeição correta que as positivas e essas mais que as neutras.
83
O segundo experimento contrastou os fatores sexo e a carga afetiva dos estímulos
em indivíduos submetidos a um humor alegre. A tarefa de memória implícita proposta a
completação de fragmentos teve como elementos constituintes estímulos provenientes de
um banco de palavras normatizadas quanto à frequência, concretude, alerta e valência. As
palavras selecionadas para o teste foram ainda transformadas em fragmentos de palavras e
submetidas a completação sem que houvesse indicativos de relação entre fase de estudo e
fase de teste. Os resultados replicaram Oliveira e Janczura (2004) e Oliveira (2001) que
demonstraram o efeito da carga afetiva em um teste indireto de memória. Palavras positivas
foram lembradas com maior probabilidade que palavras negativas, revelando uma
tendência da memória em manter uma retroalimentação de itens positivos de modo a
diminuir o impacto, no sistema, da intrusão de idéias geradoras e mantenedoras do humor
disfórico.
Mas porque não se viu o efeito esperado para o sexo? Verificou-se que o teste
precisaria de um maior refinamento para captar o fenômeno, que incluiu o aumento da
amostra, a diminuição da quantidade de fragmentos a serem preenchidos e a inclusão de
mais um fator, a indução do humor. Isso inspirou a realização do último experimento.
O último estudo manipulou os fatores carga afetiva, o tipo de indução do humor e o
sexo. Com 22 fragmentos e 1 segundo a mais na apresentação dos estímulos, a carga de
memória foi menor e isso se refletiu nos resultados. Verificou-se que o tamanho do efeito
aumentou. Além disto, as figuras para a tarefa distratora no humor alegre foram de carga
afetiva positiva e vice-versa para o humor triste, mantendo a ressonância com o humor que
se queria obter. Novamente o mecanismo de retroalimentação positiva apareceu, indicando
um equilíbrio assimétrico para o humor em que a memória teria forte participação. Por essa
hipótese o humor disfórico ocorre quando a assimetria se torna extrema e potencialmente
84
geradora de um episódio de mania ou é invertida por ruminações depressogênicas,
ansiogênicas, ou ainda modificada por pensamentos fóbicos ou de raiva. O mecanismo atua
quando um sistema emocional funcionante, o que não ocorre na anedonia. Pôde-se
observar ainda a interação entre carga afetiva e humor. Itens positivos foram mais bem
lembrados que os negativos nas duas condições de indução do humor. O efeito do sexo foi
novamente obtido. Mulheres lembraram mais que homens na condição de teste implícito. A
interpretação para este fato é que a memória das mulheres é mais beneficiada que dos
homens em decorrência da maior extensão do seu processamento da informação emocional.
Ao se comparar os testes implícitos com o explícito pôde-se perceber que foram
semelhantes em apontar diferenças na memória entre homens e mulheres. Enquanto no
reconhecimento os distratores com carga afetiva positiva tiveram menor probabilidade de
lembrança que as negativas e neutras, nos testes completar fragmentos de palavras os itens
positivos tiveram maior chance de lembrança. Esses resultados apontaram para a
sensibilidade da medida implícita como um indicador do equilíbrio assimétrico apontado
por Oliveira e Janczura (2004) e Oliveira (2001).
Nos três experimentos realizados as medidas de humor revelaram que a
manipulação do humor pode ser utilizada como um instrumento viável para criar condições
de humor adequadas à pesquisa experimental. A combinação de três técnicas indutoras do
humor, possivelmente, garantiu o sucesso da maioria das induções realizadas, mesmo
ocorrendo uma indução de intensidade leve.
Considerando os resultados da investigação realizada, é possível apontar a
influência do componente emocional dos estímulos sobre a memória. Esse componente
pode ser especificamente revelado pela lembrança diferencial entre homens e mulheres
devido, teoricamente, a um fator dependente do sexo que está na base da diferença de seu
85
desempenho. O mecanismo pelo qual isso ocorre seria o processamento diferenciado do
estímulo emocional revelado pela utilização de recursos mais amplos, resultando na
percepção, experiência e expressão mais intensa da emoção. Isso faria parte do mecanismo
regulador das especificidades comportamentais típicas do feminino, que incluem o humor
saudável e manifestações desadaptativas.
Porque as mulheres processariam mais extensamente a informação emocional? É
possível que a resposta a essa pergunta devesse ter uma base tanto filogenética quanto
ontogenética. As estratégias cognitivas complexas utilizadas pelas fêmeas do gênero homo
e suas tarefas específicas são boas indicadoras do caminho a ser trilhado. A identificação
correta das necessidades dos filhos através de suas reações emocionais, um maior tempo
dedicado ao cuidado da família, cuidado esse que inclui o afeto como produtor de
estabilidade nas relações, o uso de emoções que envolvem um poder diferente do poder do
macho, além do uso de estratégias menos diretas que as estratégias masculinas para o
alcance de objetivos. Todos esses fatores podem ser resultado de uma mudança bem
sucedida na forma como o cérebro interpreta os elementos emocionais. Um processamento
idêntico ao do macho poderia significar disputa e concorrência, algo o razoável para o
alto poder discriminador do cérebro hominídeo e para uma agregação de indivíduos
formadores de cultura que desenvolvem papéis tão específicos em suas sociedades. No
entanto, um melhor desenvolvimento desta linha de raciocínio foge ao escopo da presente
tese, e fica reservada a futuras pesquisas em memória, psicologia evolutiva e cultura.
86
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102
Anexos
.
.
.
.
.
.
.
.
103
ANEXO 1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Convidamos a participar de nossa pesquisa intitulada “O ITEM EMOCIONAL É
MAIS ACESSÍVEL À MEMÓRIA DE ACORDO COM O SEXO”. Ela objetiva
compreender como o estado emocional de homens e mulheres influencia a cognição. Para
isso seu estado emocional será modificado para alegria ou tristeza através da técnica da
eliciação da memória, música instrumental e frases de auto-referência.
Seu papel durante a tarefa será primeiramente observar atentamente os itens que
aparecerão na tela. Após isso, você deverá marcar em uma folha de papel os itens que
lembrar. Esclarecemos que todas as suas respostas serão mantidas em segredo, bem como o
seu nome, e, afirmamos ainda que, independente da sua resposta, não haverá nenhuma
represália moral e/ou constrangimento pessoal para você.
Caso, o(a) senhor(a) não concorde em colaborar conosco respondendo a esta
pesquisa, em qualquer momento, mesmo que inicialmente tenha concordado em participar,
poderá voltar atrás em sua decisão, sem nenhum prejuízo.
Tendo ficado esclarecido o objetivo da pesquisa, assim como da confidencialidade
de minhas respostas, bem como a garantia de manutenção de todos meus direitos, caso
resolva não colaborar mais com esta pesquisa,
( ) Aceito participar do experimento.
( ) Não aceito participar do experimento.
Pesquisador__________________________________________
Entrevistado__________________________________________
Telefones e endereço do pesquisador
Nelson Rocha de Oliveira
UnB - Instituto de Psicologia Asa Norte
3307-2625 ramal 519
NB: O Termo de Consentimento terá duas pias. Uma ficará com o participante da
pesquisa e outra ficará em poder do pesquisador.
.
104
ANEXO 2 Instruções para Indução do Humor Triste
1ª Parte: indução musical
indução: Nesse momento começaremos a reproduzir músicas que vão ajudar
você a entrar no estado de tristeza. Por favor, concentre-se nas músicas e deixe fluir esse
sentimento.
2ª Parte: indução pela eliciação da memória triste
Agora sua função é lembrar-se de um episódio negativo que ocorreu em sua vida.
No entanto esse episódio deve ter sido suficientemente forte para ter deixado você triste,
desanimado, sem vontade de fazer as coisas. Você vai lembrar-se do mesmo durante dois
minutos e procurar entrar no mesmo estado de tristeza que você ficou quando o fato
ocorreu.
(Após 2 minutos) Agora você entrou no estado de tristeza. Você sente que as
coisas são difíceis, que você está sem ânimo, que tudo está cinza e sem graça. Sua energia
diminuiu e parece que você se tornou um problema para os outros. Baixe a cabeça e os
ombros e pense nisso.
3ª Parte: indução musical
indução: As músicas que você está ouvindo vão ajudar você a aprofundar ainda
mais seu estado de tristeza. Por favor, concentre nelas e deixe fluir esse sentimento.
4ª Parte: indução verbal
Agora procure imaginar uma paisagem cinza e triste. Você sente falta de energia e
seus pensamentos estão lentos e você não se sente muito bem. Parece que as coisas não
estão dando certo e está sempre difícil superar os obstáculos. Você sente uma tristeza muito
grande invadindo sua mente e seu corpo. A música que você está ouvindo vai inspirar
tristeza e desânimo em você. Procure manter este estado.
Repita, por favor, em voz alta comigo, as seguintes frases:
Eu me sinto triste
Eu me sinto triste e melancólico
105
Eu me sinto de entediado
Eu me sinto sem energia, esgotado
Eu me sinto muito pra baixo
As coisas parecem fúteis, sem sentido
Eu me sinto sem esperança
Sinto-me desanimado e bastante infeliz
Sinto tanto cansaço e melancolia que prefiro ficar sentado a fazer qualquer coisa
Eu me sinto pesado e lerdo
Parece que qualquer esforço é demais
Eu me sinto de saco cheio de tudo
.
.
.
.
106
ANEXO 3 Instruções para Indução do Humor Alegre
1ª Parte: indução musical
indução: Nesse momento começaremos a reproduzir músicas que vão ajudar
você a entrar no estado de alegria. Por favor, concentre-se nas músicas e deixe fluir esse
sentimento.
2ª Parte: indução pela eliciação da memória alegre
Agora sua função é lembrar-se de um episódio positivo que ocorreu em sua vida.
No entanto esse episódio deve ter sido suficientemente forte para ter deixado você alegre,
muito animado(a) e cheio(a) de energia. Você vai lembrar-se do mesmo durante dois
minutos e procurar entrar no mesmo estado de alegria que você ficou quando o fato
ocorreu.
(Após 2 minutos) “Agora você entrou no estado de alegria. Procure sentir como a
vida é gratificante, que seu ânimo é imenso, que tudo está alegre e colorido. Você mal pode
conter tanta energia e parece que tudo sorri para você. Seus olhos brilham e suas idéias
passam rapidamente.
3ª Parte: indução musical
indução: As músicas que você está ouvindo vão ajudar você a aprofundar ainda
mais seu estado de alegria. Por favor, concentre nelas e deixe fluir esse sentimento.
4ª Parte: indução verbal
Agora procure imaginar que você está cheio(a) de energia, os seus pensamentos
estão rápidos e você está bem disposto(a). Você sente que as coisas estão dando certo e que
você é capaz de superar qualquer obstáculo. Você sente uma alegria muito grande
invadindo sua mente e seu corpo. A música que está sendo tocada vai inspirar mais alegria
em você. Procure manter este estado.
Repita, por favor, em voz alta comigo, as seguintes frases:
Eu me sinto muito bem agora
Eu me sinto feliz
107
Eu me sinto animado e confiante
Neste momento meus pensamentos são rápidos e claros
Sinto contentamento agora
Estou com vontade de sorrir agora
Sinto-me alerta, feliz e cheio de energia
Eu me sinto leve e alegre
Estou adorando sentir-me livre, leve e feliz.
Eu posso sentir um sorriso na minha face
Eu me sinto tão bem que estou quase rindo
É formidável estar vivo
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
108
ANEXO 4 Instruções para a Medida Reconhecimento
Você verá a seguir uma lista de fotografias, apresentadas uma de cada vez. Veja
com atenção todas elas e tente memorizá-las. Concentre-se o mais que puder, que cada
fotografia será apresentada somente uma vez na tela.
Ensaio
Antes de começar, você verá oito fotografias, uma de cada vez. A sua tarefa é ver
com atenção cada uma na medida em que for aparecendo na tela. O objetivo desta tarefa é
lhe familiarizar com a velocidade de apresentação das fotografias. As fotografias
aparecerão automaticamente. Preste bastante atenção. Alguma dúvida?
(Certificar-se de que o participante compreendeu as instruções)
Etapa de Estudo
Agora, na tela vão aparecer as fotografias que interessam. Lembre-se de ver com
atenção cada uma e tentar memorizar. As fotografias vão aparecer rapidamente e mudar
automaticamente, você só precisa focar sua atenção e memorizá-las.
Etapa de Teste
Agora a tela vai mostrar, uma a uma, as fotografias que você viu anteriormente
somadas a outras novas que você não viu. O seu papel é dizer sim (digitanto a tecla verde)
ou não (digitanto a tecla vermelha), em caso de reconhecer ter visto ou não a fotografia
anteriormente. Outra figura aparecerá quando você digitar sua resposta. Procure responder
a todas as figuras. Não se preocupe se sua resposta está certa ou não.
.
.
.
.
109
ANEXO 5 Figuras do IAPS utilizadas na fase de treino do Experimento 1
Neutras
Ordem
Descrição
Prazer
Alerta
Dominância
1
8116
Futebol
5,80
4,84
5,88
2
8162
Balões
7,72
3,65
6,63
3
8190
Esquiador
8,39
5,63
7,14
4
8311
Golfe
7,04
4,25
6,20
5
8480
Ciclista
2,11
7,93
2,84
6
9000
Cemitério
3,82
5,37
3,85
7
9210
Chuva
4,11
4,64
5,11
8
9270
Dedetização
4,38
4,96
5,06
Média
5,42
5,16
5,34
DP
2,17
1,28
1,44
.
.
110
ANEXO 6 Figuras do IAPS utilizadas no Experimento 1
Negativas
Alvo
Distratora
Ordem
Descrição
Prazer
Alerta
Domin
Descrição
Prazer
Alerta
Domin
1
1274
Baratas
2,14
6,70
4,91
1111
Cobras
2,02
6,59
3,83
2
2120
Adulto
2,32
7,00
4,02
1275
Baratas
2,70
6,20
5,50
3
2205
Hospital
1,94
6,84
2,58
2276
Garota
2,43
6,71
3,14
4
2722
Prisão
1,93
6,57
3,14
2720
Homem
2,88
5,51
5,92
5
2900
Garoto
2,29
6,50
3,73
3160
Rosto
2,58
6,49
3,68
6
3180
Mulher
1,67
7,02
4,18
3181
Mulher
2,14
7,02
3,12
7
3220
Hospital
2,18
6,40
3,78
3230
Homem
1,84
7,02
2,63
8
3280
Exame
2,82
6,04
4,39
3300
Criança
2,71
7,02
3,98
9
4621
Assédio
2,56
6,89
4,22
6010
Prisão
2,29
7,04
3,87
10
6800
Arma
2,98
7,00
3,98
7234
Tábua
2,88
5,21
4,60
11
6840
Polícia
2,67
6,87
4,10
8231
Boxeado
2,46
6,37
3,63
12
7361
Cortador
2,73
6,44
4,60
9010
Arame
2,84
6,19
3,42
13
9001
Cemitério
2,52
5,18
2,80
9042
Índio
2,38
5,95
5,43
14
9008
Agulha
1,91
6,30
5,14
9180
Peixes-boi
2,34
6,64
3,22
15
9041
Criança
2,57
6,64
3,17
9220
Cemitério
2,20
6,13
2,73
16
9046
Família
1,79
7,06
2,21
9417
Multa
2,78
6,25
4,38
17
9140
Vaca morta
2,35
6,77
3,97
9290
Lixo
1,51
6,51
3,92
18
9190
Mulher
2,68
6,42
4,10
9432
CA mama
2,88
6,46
3,51
19
9250
Guerra
2,30
6,92
3,82
9440
Crânios
2,69
7,08
4,16
20
9373
Lixo
2,30
6,35
4,26
9530
Garotos
2,18
6,93
3,54
21
9390
Louças
2,61
5,93
5,29
9571
Gato
1,80
6,88
3,71
22
9480
Crânio
2,56
6,69
3,48
9582
Exame
2,35
6,52
3,33
23
9490
Cadáver
2,36
6,82
4,11
9592
Injeção
2,40
6,83
3,04
24
9520
Crianças
2,20
6,93
3,00
9830
Cigarros
1.57
6,82
5,57
25
9584
Exame
1,96
6,92
3,60
9912
Carro
2,35
6,35
3,48
111
ANEXO 6 Figuras do IAPS utilizadas no Experimento 1 (continuação)
Positivas
Alvo
Distratora
Ordem
Descrição
prazer
alerta
domin
Descrição
prazer
alerta
domin
1
1720
Leão
7,60
5,00
4,53
2616
Dançarina
7,68
5,75
5,86
2
4302
Mulher nua
7,15
6,08
7,58
4531
Homem
7,01
5,13
6,81
3
4533
Homem
7,10
5,57
6,37
4608
Casal
8,15
5,32
7,02
4
4611
Casal
8,30
5,43
7,17
4651
Casal
7,40
5,02
7,06
5
4653
Casal
8,49
5,09
7,67
4656
Casal
8,14
5,16
7,63
6
4660
Casal
7,62
5,50
6,64
8190
Esquiador
8,39
5,63
7,14
7
8502
Dinheiro
7,33
5,26
6,31
8380
Atletas
8,23
5,16
7,20
8
8470
Ginasta
7,81
5,03
7,74
4680
Casal
7,07
6,53
7,40
9
4689
Casal
8,57
6,29
7,36
5270
Natureza
7,29
5,39
4,79
10
5450
Foguete
7,32
5,93
5,07
5470
Astronauta
7,65
5,55
6,32
11
5621
Paraquedas
7,78
6,20
6,76
5622
Tubarão
7,75
5,02
6,31
12
5623
Windsurfe
8,13
5,73
6,13
5629
Alpinista
7,05
6,41
6,29
13
5910
Fogos
8,14
6,30
6,32
7230
Perú
8,45
5,23
7,10
14
7350
Pizza
7,41
5,31
6,86
7351
Pizza
7,04
5,27
6,13
15
7402
Salgados
7,87
5,29
7,19
7430
Doce
8,23
5,16
6,91
16
7450
Hambúrguer
8,16
5,32
6,36
7475
Camarão
7,19
5,33
6,63
17
7481
Comida
7,67
5,12
7,35
8021
Esquiador
7,81
6,30
7,41
18
8030
Esquiador
7,68
6,90
6,77
8031
Esquiador
7,98
5,75
7,44
19
8034
Esquiador
7,32
5,88
6,54
8040
Salto
7,00
5,91
5,62
20
8041
Mergulho
8,35
5,19
6,02
8161
Asa delta
7,88
5,56
7,12
21
8180
Saltos
7,29
6,12
5,96
8260
Motoqueiro
7,26
5,87
7,00
22
8185
Paraquedas
8,19
6,58
6,71
8340
Avião
7,34
5,71
6,61
23
8300
Piloto
7,04
6,02
5,73
8370
Rafting
8,32
5,79
7,11
24
8400
Rafting
7,29
7,00
6,74
8490
Parque
7,76
6,59
6,67
25
8500
Ouro
7,32
5,00
6,76
8501
Dólares
8,18
6,57
7,38
112
ANEXO 6 Figuras do IAPS utilizadas no Experimento 1 (continuação)
Neutras
Alvo
Distratora
Ordem
Descrição
prazer
alerta
domin
Descrição
prazer
alerta
domin
1
1121
Lagarto
5,59
5,67
5,75
1112
Cobra
4,59
5,41
4,80
2
1303
Cachorro
4,84
5,12
5,32
1310
Leopardo
4,63
6,77
4,19
3
1313
Sapo
5,10
5,71
5,51
1321
Urso
5,13
6,92
3,31
4
1660
Gorila
4,85
5,80
4,32
1390
Abelhas
5,00
6,08
4,48
5
4180
Mulher nua
5,88
5,20
5,90
1640
Coiote
5,84
6,45
4,35
6
4290
Mulher nua
4,57
5,90
5,90
2206
Digital
4,41
5,22
4,89
7
4490
Homem nú
5,00
5,42
5,89
1931
Tubarão
4,34
7,51
2,78
8
4770
Beijo
5,93
5,81
5,86
2230
Rosto triste
4,06
5,18
4,78
9
5130
Pedras
4,37
5,59
5,00
2271
Mulher
4,55
5,41
4,82
10
5950
Raios
5,64
7,10
4,38
2312
Mãe
5,00
5,04
4,71
11
6314
Ataque
5,19
5,41
5,41
2410
Garoto
4,59
5,52
5,09
12
6910
Bombardeio
4,32
6,77
4,20
2520
Senhor
4,18
5,02
3,94
13
7160
Tecido
4,57
5,45
4,86
2830
Mulher
4,64
5,62
4,40
14
7180
Prédio
4,93
5,15
5,00
4210
Mulher nua
4,95
5,50
6,02
15
7182
Abstrato
4,93
5,59
5,41
4230
Prostituta
4,60
5,84
6,38
16
7496
Rua
4,96
5,46
4,94
4233
Prostituta
4,63
5,07
5,78
17
7590
Trânsito
4,00
6,14
3,90
4310
Mulher nua
5,93
5,93
5,77
18
7600
Dragão
5,94
6,65
4,69
4470
Homem nú
4,84
5,63
5,79
19
7640
Operário
4,35
7,29
4,39
4631
Casal
5,66
5,61
6,04
20
7830
Abstrato
5,65
5,00
5,00
5920
Vulcão
5,09
7,09
3,30
21
8010
Corredor
4,45
5,00
4,94
6930
Mísseis
4,29
6,97
3,26
22
8050
Remador
5,84
5,18
5,80
7183
Abstrato
4,80
4,15
5,53
23
8060
Boxeador
4,76
5,87
5,31
7560
Estrada
4,65
5,84
4,88
24
8160
Alpinista
5,79
7,05
4,91
8232
Boxeador
4,18
6,27
5,41
25
9045
Índia
5,14
5,10
5,02
9080
Postes
4,13
5,92
4,33
113
Anexo 7 Instruções para a Medida Completar Fragmentos de Palavras
A sua tarefa é fazer três exercícios diferentes. Você verá na tela do computador
uma lista de palavras sendo que cada uma será apresentada individualmente. Leia em voz
alta todas as palavras. Observe-as com atenção.
Treino das Palavras
Antes de começar, você verá cinco palavras, uma de cada vez. A sua tarefa é ler
em voz alta assim que cada palavra aparecer na tela. O objetivo desta tarefa é você se
familiarizar com a velocidade de apresentação das palavras. Alguma dúvida?
(apresentar as palavras)
Etapa de Estudo
Agora o computador vai apresentar uma série maior de palavras. Lembre-se de ler
cada palavra em voz alta.
Tarefa Distratora
Da mesma forma como apareceram as palavras, aparecerão figuras, uma a uma.
Sua tarefa é prestar atenção nas cores das mesmas. O objetivo desta tarefa é verificar se
você identifica as cores que mais aparecem nas figuras.
(apresentar as figuras e ao final perguntar quais foram as cores predominantes)
Etapa de Teste
Agora você fará outro exercício que é de completar as letras que faltam em cada
palavra. É como um jogo de forca, mas você terá um tempo limitado para completar todas
as palavras. Complete os fragmentos com a primeira palavra que lhe vier à mente. Trabalhe
o mais rápido que puder, quando terminar esse tempo eu lhe aviso.
.
.
.
114
Anexo 8 Lista de estímulos dos Experimentos 2 e 3
Lista de Treino
1. Casa
2. Sapo
3. Bola
4. Pato
5. Cola
Palavras com Carga Afetiva Negativa
Palavra
Valência
Alerta
Concretude
Frequência
Acusar
2,77
7,21
2,89
209,00
Agonia
1,89
7,66
2,42
191,00
Agressão
1,73
7,92
3,14
564,00
Calúnia
1,98
7,66
2,28
283,00
Cólera
2,19
7,06
2,87
938,00
Decepção
1,94
6,96
2,63
340,00
Demônio
2,51
7,05
2,82
265,00
Demora
2,57
7,08
2,88
920,00
Forçado
2,59
6,81
2,37
266,00
Horrível
2,17
7,00
2,55
231,00
Mentira
2,01
7,50
2,76
489,00
Nicotina
2,05
6,50
4,12
176,00
Obrigar
2,21
6,94
2,46
265,00
Pânico
2,39
7,70
2,33
448,00
Pesadelo
2,02
7,65
2,84
322,00
Pobreza
2,22
7,11
4,35
837,00
Rancor
2,28
6,50
1,98
125,00
Tensão
2,55
7,26
2,48
872,00
Terror
3,09
7,59
2,37
620,00
Tortura
1,61
7,88
3,32
531,00
Traição
1,98
7,94
3,37
292,00
Trauma
2,04
6,98
2,49
163,00
Obs.: As palavras em negrito correspondem àquelas utilizadas no experimento 3
115
Anexo 8 Continuação
Palavras com Carga Afetiva Positiva
Palavra
Valência
Alerta
Concretude
Frequência
Abraço
8,13
2,99
4,41
279,00
Acalmar
7,44
2,49
2,66
168,00
Alívio
7,94
2,17
2,86
306,00
Benção
7,48
2,74
2,94
147,00
Bondade
8,12
2,55
2,25
164,00
Bonita
7,70
3,36
4,15
782,00
Carinho
8,04
2,45
3,32
323,00
Contente
8,49
2,80
2,95
299,00
Curtir
7,71
3,32
2,56
123,00
Delícia
8,34
3,31
2,95
110,00
Descanso
7,93
1,94
2,86
345,00
Diversão
8,40
3,87
2,93
430,00
Dormir
8,05
2,23
4,35
974,00
Gostoso
7,86
3,34
3,25
172,00
Leveza
7,04
2,06
2,44
143,00
Pureza
7,55
2,31
2,19
253,00
Repouso
7,98
1,97
3,27
293,00
Respirar
7,77
3,15
4,40
181,00
Saudável
8,03
2,82
2,94
371,00
Sonhar
7,55
3,38
2,28
182,00
Sossego
7,86
1,75
2,32
183,00
Virtude
7,50
3,02
2,03
645,00
Obs.: As palavras em negrito correspondem àquelas utilizadas
no experimento 3
.
.
116
Anexo 9 Fragmentos de palavras utilizados nos Experimentos 2 e 3
Ordem
Fragmentos de Palavras
Positivas
Fragmentos de Palavras
Negativas
1
A _ _ a _ _
A _ _ s _ _
2
A _ _ l _ _ r
A _ _ n _ _
3
A _ _v _ _
A _ _ e _ _ _ o
4
B _ _ ç _ _
C _ _ ú _ _ a
5
B _ _d _ _ e
C _ _e _ _
6
B _ _i _ _
D _ _ e _ _ _ o
7
C _ _ i _ _ o
D _ _ ô _ _ o
8
C _ _ t _ _ _ e
D _ _ o _ _
9
C _ _ t _ _
F _ _ ç _ _ o
10
D _ _í _ _ a
H _ _ r _ _ _ l
11
D _ _ c _ _ _ o
M _ _ t _ _ a
12
D _ _ e _ _ _ o
N _ _ o _ _ _ a
13
D _ _m _ _
O _ _ i _ _ r
14
G _ _ t _ _ o
P _ _ i _ _
15
L _ _ e _ _
P _ _ a _ _ _o
16
P _ _e _ _
P _ _ r _ _ a
17
R _ _ o _ _o
R _ _ c _ _
18
R _ _ p _ _ _ r
T _ _ s _ _
19
S _ _ d _ _ _ l
T _ _ r _ _
20
S _ _ h _ _
T _ _ t _ _ a
21
S _ _ s _ _ o
T _ _ i _ _ o
22
V _ _ t _ _ e
T _ _ u _ _
Obs.: Os fragmentos em negrito correspondem àqueles utilizados no
experimento 3
.
.
117
ANEXO 10 Lista de figuras distratoras do Experimento 2
Ordem
Nº Figura
Nome Figura
Prazer
Alerta
Dominância
1
1112
Cobra
4,59
5,41
4,80
2
1121
Lagarto
5,59
5,67
5,75
3
1303
Cachorro
4,84
5,12
5,32
4
1313
Sapo
5,10
5,71
5,51
5
1660
Gorila
4,85
5,80
4,32
6
1310
Leopardo
4,63
6,77
4,19
7
1321
Urso
5,13
6,92
3,31
8
1390
Abelhas
5,00
6,08
4,48
9
1640
Coiote
6,18
6,57
4,83
10
1931
Tubarão
4,34
7,51
2,78
11
2206
Digital
4,41
5,22
4,89
12
2230
Rosto triste
4,06
5,18
4,78
13
2271
Mulher
4,55
5,41
4,82
14
2312
Mãe
5,00
5,04
4,71
15
2520
Senhor
4,18
5,02
3,94
16
2830
Mulher
4,64
5,62
4,40
17
4233
Prostituta
4,63
5,07
5,78
18
5130
Pedras
4,37
5,59
5,00
19
5920
Vulcão
5,09
7,09
3,30
20
5950
Raios
5,64
7,10
4,38
21
6910
Bombardeio
4,32
6,77
4,20
22
6930
Mísseis
4,29
6,97
3,26
23
7160
Tecido
4,57
5,45
4,86
24
7180
Prédio
4,93
5,15
5,00
25
7182
Abstrato
4,93
5,59
5,41
26
7183
Abstrato
4,80
4,15
5,53
27
7496
Rua
4,96
5,46
4,94
28
7560
Estrada
4,65
5,84
4,88
118
29
7590
Trânsito
4,00
6,14
3,90
30
7600
Dragão
5,94
6,65
4,69
31
7640
Operário
4,35
7,29
4,39
32
7830
Abstrato
5,65
5,00
5,00
33
8010
Corredor
4,45
5,00
4,94
34
8050
Remador
5,84
5,18
5,80
35
8060
Boxeador
4,76
5,87
5,31
36
8160
Alpinista
5,79
7,05
4,91
37
8232
Boxeador
4,18
6,27
5,41
38
9080
Postes
4,13
5,92
4,33
39
9045
Índia
5,14
5,10
5,02
.
.
.
119
ANEXO 11 - Escala para Medida do Humor (Medida 1)
Na próxima folha é apresentada uma escala visual de alegria que varia de 0 a 100. A
sua tarefa é marcar o número que melhor descreva o seu estado. Você pode estar muito
alegre ou nada alegre ou em algum estado intermediário entre os dois. Você é que irá julgar
seu próprio estado interno. Para essa escolha, siga a escala marcando o número que
corresponder ao que você pensa estar sentindo no momento. Zero (0) significa que você se
não sente alegria e cem (100) que você se sente extremamente alegre. Qualquer dúvida,
pergunte. Obrigado pela participação.
.
.
120
Neste momento Eu não sinto alegria
Eu sinto alegria extrema
0
1
2
3
4
5
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100
121
ANEXO 12 Medida de Alegria (Medida 2)
DATA __________________
NOME __________________
IDADE_______ SEXO______
PARTE I DIREÇÕES: Use a lista abaixo para responder a seguinte questão: EM GERAL,
QUÃO ALEGRE OU TRISTE EU ESTOU ME SENTIDO AGORA? Marque apenas uma
afirmação abaixo que melhor descreva sua média de alegria.
Marque apenas uma dessas caixas
10.
Extremamente feliz (sentindo êxtase, jubiloso, fantástico)
9.
Muito feliz (sentindo muito bem, alegre)
8.
Feliz (espírito elevado, sentindo bem)
7.
Medianamente feliz (sentindo brandamente bem e, de alguma forma, satisfeito)
6.
Levemente feliz (apenas pouco acima do neutro)
5.
Neutro (nem feliz ou infeliz)
4.
Levemente triste (apenas pouco abaixo do neutro)
3.
Medianamente triste (apenas um pouco para baixo)
2.
Triste (de alguma forma “sombrio”, com espírito para baixo)
1.
Muito triste (deprimido, com espírito muito para baixo)
0.
Extremamente triste (totalmente deprimido, completamente para baixo)
122
ANEXO 13 Lista de Figuras do Experimento 3
Positivas
Negativas
Ordem
Descrição
prazer
alerta
dominância
Descrição
prazer
alerta
dominância
1
1720
Leão
7,60
5,00
4,53
2141
Desespero
1,96
7,22
2,49
2
4302
Mulher nua
7,15
6,08
7,58
2682
Polícia
2,63
7,26
3,52
3
4533
Homem
7,10
5,57
6,37
2751
Bebida
2,12
7,29
3,86
4
4611
Casal
8,30
5,43
7,17
3181
Mulher
2,14
7,02
3,12
5
4653
Casal
8,49
5,09
7,67
6836
Polícia
2,59
7,18
3,47
6
4660
Casal
7,62
5,50
6,64
9001
Cemitério
2,52
5,18
2,80
8
8470
Ginasta
7,81
5,03
7,74
9008
Agulha
1,91
6,30
5,14
9
4689
Casal
8,57
6,29
7,36
9041
Criança
2,57
6,64
3,17
10
5450
Foguete
7,32
5,93
5,07
9102
Heroína
2,59
7,30
3,78
11
5621
Paraquedas
7,78
6,20
6,76
9140
Vaca morta
2,35
6,77
3,97
12
5623
Windsurfe
8,13
5,73
6,13
9250
Guerra
2,30
6,92
3,82
13
5910
Fogos
8,14
6,30
6,32
9432
CA mama
2,88
6,46
3,51
14
7350
Pizza
7,41
5,31
6,86
9415
Deficientes
1,67
7,31
2,27
15
7402
Salgados
7,87
5,29
7,19
9470
Ruínas
2,10
7,20
2,95
16
7450
Hambúrguer
8,16
5,32
6,36
9480
Crânio
2,56
6,69
3,48
17
7481
Comida
7,67
5,12
7,35
9490
Cadáver
2,36
6,82
4,11
18
8030
Esquiador
7,68
6,90
6,77
9520
Crianças
2,20
6,93
3,00
123
19
8034
Esquiador
7,32
5,88
6,54
9561
Gato
2,88
5,43
5,68
20
8041
Mergulho
8,35
5,19
6,02
9570
Carchorro
2,00
7,00
3,82
21
8180
Saltos
7,29
6,12
5,96
9594
Injeção
2,41
7,25
3,31
22
8185
Paraquedas
8,19
6,58
6,71
9611
Avião Caído
1,94
7,06
2,64
23
8300
Piloto
7,04
6,02
5,73
9800
Nazista
2,96
7,07
5,21
24
8400
Rafting
7,29
7,00
6,74
9810
KKK
2,29
7,04
3,35
25
8500
Ouro
7,32
5,00
6,76
9912
Carro
2,35
6,35
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