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Resistência de Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae)
ao Acaricida Milbemectin e Manejo do Ácaro-Praga
em Morangueiro e Ornamentais com Utilização de
Ácaros Predadores (Acari: Phytoseiidae)
Roberto Lomba Nicastro
Dissertação apresentada ao Instituto Biológico,
da Agência Paulista de Tecnologia dos
Agronegócios, para obtenção do tulo de
Mestre em Sanidade, Segurança Alimentar e
Ambiental no Agronegócio.
Área de Concentração: Sanidade Vegetal,
Segurança Alimentar e o Ambiente.
Orientador: Prof. Dr. Mário Eidi Sato
São Paulo
2009
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ii
DADOS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Núcleo de Informação e Documentação - Biblioteca
Instituto Biológico
Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Nicastro, Roberto Lomba
Resistência de Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae) ao acaricida milbemectin e manejo do
ácaro-praga em morangueiro e ornamentais com utilização de ácaros predadores (Acari:
Phytoseiidae) / Roberto Lomba Nicastro – São Paulo, 2009.
Dissertação (Mestrado) Instituto Biológico. Programa de Pós-Graduação.
Área de concentração: Sanidade Vegetal, Segurança Alimentar e o Ambiente.
Linha de pesquisa: Manejo integrado de pragas e doenças em ambientes rurais e urbanos.
Orientador: Mário Eidi Sato.
Versão do título para o inglês: Resistance of Tetranychus urticae Koch (Acari: Tetranychidae) to the acaricide
milbemectin and management of this pest mite on strawberry and ornamental crops with the use of predaceous
mites (Acari: Phytoseiidae).
1. Acari 2. Tetranychus urticae 3. Phytoseiidae 4. Morangueiro 5. Controle Biológico 6. Resistência a
acaricidas I.Sato, Mário Eidi II. Instituto Biológico (São Paulo). Programa de Pós-Graduação III. Título.
IB/Bibl /2009/017
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i
“A todos que me ajudaram nesse trabalho, AGRADEÇO
pois DEDICO ao Planeta Terra
e OFEREÇO a vossa sabedoria.”
ii
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Mário Eidi Sato pela orientação, aos valiosos ensinamentos transmitidos,
incentivo e amizade, que favoreceram em minha formação profissional.
Ao Prof. Dr. Celso Omoto pelo apoio, colaboração e sugestões para a realização deste
trabalho.
Ao Prof. Dr. Miguel Francisco de Souza Filho pela colaboração, apoio e sugestões
concedidas.
Ao Prof. Dr. Valter Arthur pelo apoio e colaboração concedidos para conclusão deste
trabalho.
Aos Drs. Jeferson Luiz de Carvalho Mineiro e Marcos Zatti da Silva pelo companheirismo e
imenso apoio concedido em todas as minhas atividades realizadas.
Aos pesquisadores do Laboratório de Entomologia Econômica do Centro Experimental do
Instituto Biológico, Romildo Cássio Siloto, Dalva Gabriel, Adalton Raga, André Luis Matioli,
pelo carinho, confiança e preciosas colaborações.
Aos professores do curso de Pós-Graduação do Instituto Biológico pelos ensinamentos
transmitidos.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP, pela concessão de
bolsa de estudo (Processo: 2007/02748-1) para a realização desse trabalho.
À funcionária Elisamar de Almeida Corrêa pelo auxílio nas atividades realizadas no
laboratório.
Aos amigos do laboratório Débora Soller Rais, Larissa Akemi Iwassaki e Juliana Aparecida
Vieira Gomes pela amizade, carinho e auxílios prestados.
iii
Não se deve forçar a realização de algo grandioso, pois o sucesso só é possível
quando já se dispõe da confiança geral. Somente o trabalho realizado em silêncio, com
lealdade e consciência, poderá, pouco a pouco, levar a situação a se esclarecer e os
obstáculos a desaparecerem.
Confúcio
iv
RESISTÊNCIA DE Tetranychus urticae KOCH (ACARI: TETRANYCHIDAE) AO ACARICIDA
MILBEMECTIN E MANEJO DO ÁCARO-PRAGA EM MORANGUEIRO E ORNAMENTAIS
COM UTILIZAÇÃO DE ÁCAROS PREDADORES (ACARI: PHYTOSEIIDAE). 2009.
Dissertação (Mestrado em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio)
Instituto Biológico.
RESUMO
O ácaro-rajado, Tetranychus urticae Koch, é uma das principais pragas de morangueiro e
plantas ornamentais no Brasil. Um dos problemas enfrentados pelos agricultores tem sido a
dificuldade do seu controle com o uso de alguns acaricidas. O desequilíbrio biológico
causado pela eliminação de inimigos naturais e o desenvolvimento de resistência deste
ácaro a diversos acaricidas utilizados nestas culturas estão entre as principais razões para
essa dificuldade de controle. Esta pesquisa teve por objetivo fornecer subsídios para o
manejo de ácaro-rajado em morangueiro e plantas ornamentais no Estado de São Paulo. Os
objetivos específicos foram: a) estudar a resistência de T. urticae ao acaricida milbemectin e
resistência cruzada com abamectin; b) avaliar a estabilidade da resistência de T. urticae a
milbemectin; c) estudar a sensibilidade de ácaros predadores (Phytoseiidae) aos pesticidas
utilizados em morangueiro e ornamentais; e d) estudar a viabilidade do uso de ácaros
predadores (Phytoseiidae) para o controle de T. urticae em morangueiro. Foram realizadas
seleções para resistência e suscetibilidade de T. urticae a milbemectin, em condições de
laboratório, obtendo-se uma razão de resistência (CL
50
R/ CL
50
S) de 408,9 (vezes). Estudos
de monitoramento de resistência, em 25 populações de T. urticae coletadas em diversas
culturas comerciais (morango, framboesa, gérbera, crisântemo) no Estado de São Paulo,
mostraram que as freqüências de resistências a milbemectin e abamectin eram variáveis,
com a presença de algumas populações com altas freqüências de resistência (> 80%) em
culturas como morango e crisântemo. Observou-se correlação positiva e significativa entre
as freqüências de resistência a milbemectin e abamectin, nessas populações, indicando
resistência cruzada positiva entre esses acaricidas. Estudos conduzidos em laboratório
indicaram que a resistência de T. urticae a milbemectin era instável na ausência de pressão
de seleção com o acaricida. Uma das principais diferenças observadas entre os ácaros das
linhagens suscetível (S) e resistente (R) foi a sua fecundidade. O número de ovos
depositados pelas fêmeas S foi 27,4% maior que o das fêmeas R. Foram conduzidos
estudos para comparar a toxicidade de diversos agroquímicos a ácaro-rajado e ácaros
v
predadores da espécie Neoseiulus californicus (McGregor) (Acari: Phytoseiidae) em
laboratório. Spiromesifen foi altamente tóxico a T. urticae e inócuo ao predador N.
californicus. Abamectin e chlorfenapyr foram mais tóxicos a N. californicus que ao ácaro-
rajado. Dimethoate e acephate não foram prejudiciais a N. californicus, nem a T. urticae.
Diafenthiuron apresentou toxicidade elevada a T. urticae e a N. californicus. O óleo de neem
(0,5%) afetou significativamente a taxa de oviposição de T. urticae sem causar prejuízos
significativos ao predador N. californicus. Estudos de liberação de ácaros predadores em
cultivo comercial de morango mostraram que N. californicus e Phytoseiulus macropilis
(Banks) são eficientes para controle de T. urticae na cultura. O predador P. macropilis
apresentou maior capacidade de dispersão que N. californicus em morangueiro.
Palavras-chave: Acari, Tetranychus urticae, Phytoseiidae, Morangueiro, Controle Biológico,
Resistência a acaricidas.
vi
RESISTANCE OF Tetranychus urticae KOCH (ACARI: TETRANYCHIDAE) TO THE
ACARICIDE MILBEMECTIN AND MANAGEMENT OF THIS PEST MITE ON
STRAWBERRY AND ORNAMENTAL CROPS WITH THE USE OF PREDACEOUS MITES
(ACARI: PHYTOSEIIDAE). 2009. Dissertation (
ABSTRACT
The two-spotted spider mite, Tetranychus urticae Koch, is one of the main pests on
strawberry and ornamental plants in Brazil. One of the problems faced by the growers is the
difficulty for its control through the use of acaricides. The biological disequilibrium caused by
the elimination of natural enemies and the development of resistance in T. urticae to several
acaricides used on these crops are among the main reasons for this difficulty of control. The
objective of this research was to provide basic information for the management of two-
spotted spider mite on strawberry and ornamental plants in the State of São Paulo. The
specific objectives were: to study the resistance of T. urticae to the acaricide milbemectin
and cross-resistance to abamectin; b) to evaluate the stability of milbemectin resistance in T.
urticae; c) to study the sensibility of predaceous mites (Phytoseiidae) to the pesticides used
on strawberry and ornamental plants; and d) to study the viability of the use of predaceous
mites (Phytoseiidae) for the control of T. urticae in strawberry fields. Selections for resistance
and susceptibility to milbemectin were carried out in T. urticae, in laboratory conditions,
resulting in a resistance ratio (LC
50
R/ LC
50
S) of 408.9 (folds). Studies on resistance
monitoring, in 25 populations of T. urticae collected from several commercial crops
(strawberry, raspberry, gerbera, chrysanthemum) in the State of São Paulo, showed that the
resistance frequencies for milbemectin and abamectin were variable, with the presence of
some populations with high resistance frequencies (> 80%) on crops like strawberry and
chrysanthemum. A positive and significant correlation was detected between the frequencies
of resistance to milbemectin and abamectin, indicating positive cross-resistance between
these acaricides. Studies in laboratory conditions indicated that milbemectin resistance in T.
urticae was unstable in the absence of selection pressure with the acaricide. One of the main
differences between the mites of the susceptible strain (S) and of the resistant strain (R) was
their fecundity. The number of eggs laid by S females was 27.4% higher than that of R
females. Studies were carried out to compare the toxicity of several agrochemicals to two-
spotted spider mite and predaceous mites of the species Neoseiulus californicus (McGregor)
(Acari: Phytoseiidae) in laboratory. Spiromesifen was highly toxic to T. urticae and innocuous
to the predator N. californicus. Abamectin and chlorfenapyr were more toxic to N. californicus
than to the spider mite. Dimethoate and acephate were neither harmful to N. californicus nor
vii
to T. urticae. Diafenthiuron presented high toxicity to T. urticae and N. californicus. The neem
oil (0.5%) affected significantly the oviposition rate of T. urticae without causing significant
negative effect to the predator N. californicus. Studies on releases of predaceous mites on a
commercial strawberry field indicated that N. californicus and Phytoseiulus macropilis
(Banks) were effective for the control of T. urticae on this crop. The predator P. macropilis
presented higher dispersal capacity than N. californicus on strawberry field.
Key-words: Acari, Tetranychus urticae, Phytoseiidae, Strawberry, Biological Control,
Acaricide Resistance.
viii
Lista de Tabelas
Tabela 1. Relação das populações estudadas, hospedeiro, local e data de coleta para
estudo sobre resistência de Tetranychus urticae a milbemectin e
abamectin.......................................................................................................12
Tabela 2. Seleções para resistência e suscetibilidade a milbemectin em uma população
de Tetranychus urticae coletada de crisântemo de Holambra, SP. Número
total de ácaros utilizados para a obtenção das curvas de concentração-
resposta (n); estimativa da CL
50
(mg de i.a./L) e intervalo de confiança (I.C.)
a 95%; coeficiente angular e erro-padrão da média (EP); Qui-quadrado (χ
2
) e
probabilidade (p); grau de liberdade (G.L.)....................................................24
Tabela 3. Duração média ± erro padrão da média (em dias) dos estágios embrionário e
pós-embrionário das linhagens de Tetranychus urticae suscetível e resistente
a milbemectin, à temperatura de 25 ± 1ºC e fotofase de 14 horas................30
Tabela 4. Duração média ± erro padrão da média (em dias) dos períodos de pre-
oviposição, oviposição e pós-oviposição; e número médio de ovos por fêmea
das linhagens de Tetranychus urticae suscetível e resistente a milbemectin, à
temperatura de 25 ± 1ºC e fotofase de 14 horas...........................................31
Tabela 5. Duração média ± erro padrão da média (em dias) dos períodos de
longevidade e ciclo completo, de machos e fêmeas, das linhagens de
Tetranychus urticae suscetível e resistente a milbemectin, à temperatura de
25 ± 1ºC e fotofase de 14 horas...................................................................32
Tabela 6. Parâmetros biológicos obtidos através de tabela de vida e fertilidade para as
linhagens de Tetranychus urticae suscetível e resistente a milbemectin
temperatura de 25 ± 1ºC e fotofase de 14 horas): taxa líquida de
reprodução (R
0
), duração média de uma geração (T), capacidade inata de
aumentar em número (r
m
) e razão finita de aumento
(
λ
).................................................................................................................32
Tabela 7. Efeito de diferentes agroquímicos sobre Neoseiulus californicus e
Tetranychus urticae: mero de ovos por fêmea por dia (número médio ±
EP) e taxa de crescimento instantâneo (r
i
) (valor médio ± EP) (média de 40
repetições)...................................................................................................36
ix
Lista de Figuras
Fig. 1 Freqüência de resistência de Tetranychus urticae a abamectin e milbemectin.
Média de sobrevivência EP) de fêmeas adultas de populações coletadas de:
framboesa (Fr), morangueiro (Mo), Gérbera (Ge) e crisântemo (Cr), de diferentes
localidades: Campos do Jordão (CJ), Monte Alegre do Sul (MA), Socorro (SO),
Atibaia (AT), Serra Negra (SN), Holambra (Ho) e Santo Antônio da Posse (SA),
após o tratamento com abamectin (a 4,79 mg de i.a./L) e milbemectin (a 5,5 mg
de i.a./L) nas suas respectivas concentrações discriminatórias..........................27
Fig. 2 Variação nas freqüências de resistência (porcentagem de ácaros resistentes) de
Tetranychus urticae a milbemectin e abamectin, em condições de laboratório (25
±C, 70 ± 5% UR e fotofase de 14 h)................................................................29
Fig. 3 Flutuação populacional de ácaro-rajado (Tetranychus urticae) em morangueiro:
Tratamento 1 (área com liberação de ácaros predadores); Testemunha 1
(canteiro à esquerda do tratamento 1); Testemunha 2 (canteiro à direita do
tratamento 1); Testemunha 3 (continuação do canteiro do tratamento 1: 0 a 10 m
da área do tratamento 1); Testemunha 4 (continuação do canteiro tratamento 1:
10 a 20 m da área do tratamento 1). Não foram feitas liberações de predadores
nas áreas testemunhas. A seta indica o início das liberações de predadores no
tratamento 1.........................................................................................................39
Fig. 4 Flutuação populacional do ácaro predador Neoseiulus californicus em
morangueiro: Tratamento 1 (área com liberação de ácaros predadores);
Testemunha 1 (canteiro à esquerda do tratamento 1); Testemunha 2 (canteiro à
direita do tratamento 1); Testemunha 3 (continuação do canteiro do tratamento
1: 0 a 10 m da área do tratamento 1); Testemunha 4 (continuação do canteiro
tratamento 1: 10 a 20 m da área do tratamento 1). Não foram feitas liberações
de predadores nas áreas testemunhas...............................................................41
Fig. 5 Flutuação populacional do ácaro predador Phytoseiulus macropilis em
morangueiro: Tratamento 1 (área com liberação de ácaros predadores);
Testemunha 1 (canteiro à esquerda do tratamento 1); Testemunha 2 (canteiro à
direita do tratamento 1); Testemunha 3 (continuação do canteiro do tratamento
1: 0 a 10 m da área do tratamento 1); Testemunha 4 (continuação do canteiro
tratamento 1: 10 a 20 m da área do tratamento 1). Não foram feitas liberações
de predadores nas áreas testemunhas...............................................................42
x
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA .............................................................................................................. i
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................ii
EPÍGRAFE ................................................................................................................... iii
RESUMO ...................................................................................................................... iv
ABSTRACT .................................................................................................................. vi
LISTA DE TABELAS .................................................................................................. viii
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... ix
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 3
2.1. Importância sócio-econômica da cultura de morangueiro e ornamentais ............... 3
2.2. Pragas de morangueiro e ornamentais. ................................................................. 4
2.2.1. Tetranychus urticae ............................................................................................ 5
2.3. Controle químico e resistência de T. urticae a acaricidas ....................................... 6
2.4. Abamectin e Milbemectin ....................................................................................... 8
2.5. Controle Biológico de T. urticae com ácaros da família Phytoseiidae ..................... 8
3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 12
3.1. Estudo sobre resistência de T. urticae a milbemectin e abamectin ...................... 12
3.1.1. Coleta de ácaros no campo .............................................................................. 12
3.1.2. Manutenção da colônia estoque ....................................................................... 13
3.1.3. Testes toxicológicos com acaricidas ................................................................. 13
3.1.4. Seleções artificiais com milbemectin ................................................................. 13
3.1.4.a. Seleções para resistência a milbemectin ....................................................... 13
3.1.4.b. Seleções para suscetibilidade a milbemectin ................................................. 14
3.1.5. Concentrações discriminatórias para milbemectin e abamectin ........................ 14
3.1.6. Monitoramento da resistência de T. urticae a milbemectin e abamectin ............ 15
3.1.7. Estabilidade da resistência de T. urticae a milbemectin .................................... 15
3.1.8. Estudos de biologia comparada das linhagens de T. urticae resistente e
suscetível a milbemectin ............................................................................................. 17
3.2. Estudos sobre toxicidade diferencial de agroquímicos sobre ácaros predadores e
ácaro-rajado ............................................................................................................... 17
3.2.1. Criação de ácaros ............................................................................................. 17
3.2.2. Efeito de agroquímicos no crescimento populacional de Tetranychus
urticae e Neoseiulus californicus ................................................................................. 18
3.3. Estudos sobre manejo de T. urticae através de liberações de ácaros
xi
predadores ................................................................................................................. 19
3.3.1. Criação de ácaros predadores .......................................................................... 19
3.3.2. Liberação de ácaros predadores em área comercial de morangueiro ............... 19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 22
4.1. Resistência de T. urticae a milbemectin e abamectin ............................................. 22
4.1.1. Seleção artificial com milbemectin ...................................................................... 22
4.1.2. Monitoramento da resistência de T. urticae a abamectin e milbemectin ............... 25
4.1.3. Estabilidade da resistência de T. urticae a milbemectin ....................................... 27
4.1.4. Estudo de biologia comparada das linhagens de T. urticae resistente e
suscetível a milbemectin ............................................................................................. 30
4.2. Estudos sobre toxicidade diferencial de agroquímicos sobre ácaros predadores
e ácaro-rajado............................................................................................................. 33
4.3. Estudos sobre controle biológico de T. urticae através de liberações de
ácaros predadores ...................................................................................................... 37
5. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 45
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 47
1
1. INTRODUÇÃO
A cultura do morango tem caráter eminentemente social, pois absorve um elevado
contingente de mão-de-obra em praticamente todas as suas operações. Dessa forma
desempenha um papel importante na fixação do homem no campo. Em geral, os pequenos
produtores rurais são os responsáveis pela produção nacional, utilizando para isso mão-de-
obra familiar durante todo o seu ciclo (EMBRAPA, 2005).
As flores tradicionais (crisântemos, rosas, etc.) e, principalmente, as tropicais
(helicônias, bromélias, antúrios, etc.) têm grande potencial de crescimento no mercado
brasileiro e mundial. As taxas de crescimento de exportação de flores e ornamentais estão
entre 15 a 20% ao ano, podendo ser considerada entre as maiores da economia. Outro fator
importante em nosso país é que, assim como morangueiro, a produção de plantas
ornamentais gera um grande número de empregos, sendo de 10 a 12 empregos diretos/ha,
enquanto este número para soja é de 0,2 e para tomate 0,7 empregos (IBRAFLOR, 2005).
O ácaro-rajado, Tetranychus urticae Koch, considerado um dos ácaros de maior
importância econômica em todo o mundo, tem causado consideráveis prejuízos em diversas
culturas no Brasil, incluindo morangueiro e ornamentais (MORAES; FLECHTMANN, 2008).
Esta espécie ataca as folhas, principalmente a face inferior das mesmas. As folhas atacadas
mostram manchas branco-prateadas na face inferior e certa quantidade de teia; pela face
superior aparecem áreas inicialmente cloróticas, que passam para bronzeadas; as folhas
secam e caem, com conseqüente queda na produção (FLECHTMANN, 1979).
Seu controle vem sendo realizado quase que exclusivamente com o uso de
pesticidas químicos, cujo impacto ambiental pode ser bastante significativo (WATANABE et
al., 1994). Além disso, com o uso inadequado de pesticidas tendem a ocorrer problemas de
ressurgência da praga, devido à eliminação dos inimigos naturais (Van de VRIE;
McMURTRY; HUFFAKER, 1972).
Mesmo quando aplicações regulares de acaricidas são realizadas, existem muitos
casos em que o controle de T. urticae mostra-se ineficiente. Uma das razões para essa
ineficiência pode estar associada ao desenvolvimento de resistência do ácaro a acaricidas
(FLEXNER; WESTIGARD; SATO et al., 1994).
Apesar de os agricultores enfrentarem uma série de dificuldades para combater a
praga devido à ineficiência de controle de vários acaricidas, não existe um programa
adequado de manejo do ácaro-rajado em morangueiro ou plantas ornamentais com
informações atualizadas sobre como minimizar os possíveis problemas causados pelo uso
de agroquímicos nessas culturas, como o desenvolvimento de resistência desta praga aos
acaricidas ou a ressurgência da praga devido à eliminação dos inimigos naturais.
2
Embora diversos trabalhos com ácaros predadores da família Phytoseiidae tenham
indicado o seu potencial de uso no controle do ácaro-rajado, nenhum programa amplo de
liberação destes ácaros visando ao controle biológico desta praga tem sido realizado em
morangueiro, até o presente momento, no estado de São Paulo. Diversas informações
básicas (ex.: capacidade de dispersão dos ácaros predadores em morangueiro, momento
adequado de liberação, influência de fatores meteorológicos, etc.) ainda precisam ser
obtidas para dar subsídios para as recomendações de uso desses predadores na cultura.
Um dos problemas associados ao ácaro-rajado em morangueiro é que as maiores
populações da praga ocorrem no período de frutificação da cultura. Assim sendo, o controle
químico de T. urticae é dificultado pelo fato das colheitas de morango serem realizadas
diariamente e os frutos serem consumidos in natura. Nesse aspecto, o uso de inimigos
naturais seria de grande importância para o agricultor, favorecendo o processo de
produção/colheita; e para o consumidor devido ao menor risco de presença de resíduos de
agrotóxicos em frutos de morango.
Esta pesquisa tem por objetivo fornecer subsídios para o manejo de ácaro-rajado em
morangueiro e plantas ornamentais no Estado de São Paulo. Os objetivos específicos são:
a) estudar a resistência de T. urticae ao acaricidas milbemectine resistência cruzada com
abamectin; b) avaliar a estabilidade da resistência de T. urticae a milbemectin; c) estudar a
sensibilidade de ácaros predadores (Phytoseiidae) aos principais pesticidas utilizados em
morangueiro e ornamentais; e d) estudar a viabilidade da liberação de ácaros predadores
(Phytoseiidae) em morangueiro, visando ao controle de T. urticae.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Importância sócio-econômica da cultura de morangueiro e ornamentais
No Brasil, a cultura do morangueiro é uma importante atividade de famílias de
pequenos e médios agricultores. A produtividade média de morango, em t/ha, nos diferentes
Estados, é de 34 em São Paulo e Espírito Santo; 32,7 no Rio Grande do Sul; 25,2 em Minas
Gerais e 21,3 no Paraná (EMBRAPA, 2008).
Foram comercializados no Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) da CEAGESP,
durante o ano de 2006, 9,7 mil toneladas de morango. Minas Gerais foi o Estado com maior
participação, que 50,42% do morango vendido no ETSP teve origem em terras mineiras.
São Paulo foi a segunda origem com 28,54%, seguido do Rio Grande do Sul com 10%,
Paraná com 6,34% e Santa Catarina com 4,01% do total. Estes dados indicam uma
mudança no abastecimento do mercado paulista, nos últimos anos, que tinha municípios
paulistas como principais fornecedores de morangos para o mercado atacadista (SILVA,
2008).
A produção de morango concentra-se, no Estado de São Paulo, nas regiões
próximas a Campinas e Jundiaí, sendo Atibaia a maior produtora com 60% da área
cultivada. No Estado do Rio Grande do Sul, embora cultivado muitos anos, a partir da
década de 1990 passou a ser de importância comercial, ocupando grande contingente de
mão-de-obra, sendo de grande importância econômica e social (FERLA; MARCHETTI;
GONÇALVES, 2007).
A safra de morango ocorria sazonalmente, ou seja, uma vez por ano, durante os
períodos de inverno, porém essa tendência vem mudando nos últimos anos com a
introdução de novas variedades, aliada a evolução de tecnologias de produção da fruta
(túneis, adubação, entre outros). Hoje se pode consumir morango durante todo o ano, em
quase todos os estados brasileiros (SILVA, 2008).
No caso de ornamentais, no ano de 2006 houve um crescimento em exportações,
produzindo-se 7,8 mil toneladas, gerando US$ 29,6 milhões. As importações foram de 1,6
mil toneladas totalizando US$ 8,7 milhões. Este setor gera aproximadamente 50 mil
empregos, sendo 22,5 mil estão voltados para o segmento de produção, gerando R$ 322,3
milhões de faturamento por ano. O estado de São Paulo corresponde a 74,5% dessa
produção (MAPA, 2008).
Em 2007, o Brasil bateu novo recorde nas exportações de flores e plantas
ornamentais, fechando o ano com aumento de 9,18% em relação ao ano anterior,
4
totalizando US$ 35,28 milhões de vendas externas (IBRAFLOR, 2009a). Holanda e Estados
Unidos continuam como os parceiros comerciais mais importantes da floricultura brasileira
entre os 38 países de destino em 2007, sendo responsáveis por 78,4% do valor das
exportações brasileiras do setor (KIYUNA; ÂNGELO; COELHO, 2008).
São mais de 4 mil produtores de ornamentais, cultivando uma área de cerca de 6,0
mil hectares anualmente, em 304 municípios brasileiros em 12 pólos de produção. Em
termos globais, estima-se que a atividade responda pela geração de mais de 120 mil
empregos, dos quais 58 mil (48,3%) estão localizados na produção; 4 mil (3,3%) na
distribuição; 51 mil (42,5%) no comércio varejistas e 7 mil (5,9%) em outras funções,
principalmente nos segmentos de apoio (IBRAFLOR, 2009b).
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Floricultura, estima-se que a atividade
responda pela geração, a média nacional, de 3,7 empregos diretos/ha, os quais vêm a
equivaler a 12,95 empregos numa propriedade dedicada à floricultura, que a área média
da unidade produtiva na floricultura brasileira é de 3,5 ha (JUNQUEIRA; PEETZ, 2008).
2.2. Pragas de morangueiro e ornamentais
Existem diversas pragas na cultura do morangueiro, podendo citar pulgões
[Capitophorus fragaefolii (Cockerell); Cerosipha forbesi (Weed)], lagartas-de-solo (Agrotis
sp.), Spodoptera spp., ácaro-rajado, ácaro-do-enfezamento [Phytonemus pallidus (Banks)],
broca-dos-frutos [Lobiopa insularis (Castelnau)], tripes [Frankliniella occidentalis
(Pergande)]. Essas pragas, se não controladas, podem afetar severamente a produção de
morangos no Brasil (ANTONIOLLI et al., 2007).
Os ácaros são considerados pragas primárias dessa cultura. Alguns cultivares de
morangueiro são mais preferidos pelo ácaro-rajado, podendo ser mais danificados. Estudos
realizados em casa-de-vegetação indicaram que os cultivares Blakemore’, ‘Raritan’ e ‘IAC
Princesa Isabel’, apresentaram menos sintomas de danos de ácaros que os cultivares ‘Cruz’
e ‘Oso Grande’. Além disso, o número de ácaros por cm
2
de folha também foi menor em
‘IAC Princesa Isabel’ em relação a ‘Cruz’, ‘Dover’ e ‘Fern’ (LOURENÇÃO et al., 2000).
No caso de crisântemo, pragas como ácaros (T. urticae), larva-minadora (Lyriomyza
huidobrensis Blanchard); tripes [F. occidentalis; Thrips palmi (Karny)]; pulgões [Aphis
gossypii (Glover), Myzus persicae (Sulzer)], e mosca-branca [Bemisia tabaci (Gennadius)
raça B] estão entre as de maior importância. Essas pragas afetam a qualidade das
ornamentais, reduzindo o seu valor comercial e dificultando as exportações (SILVEIRA,
1998; BUENO et al., 2003; CARVALHO et. al., 2006).
5
2.2.1. Tetranychus urticae
O ácaro T. urticae constitui-se em uma das principais pragas de morangueiro e
plantas ornamentais de várias espécies (ex.: crisântemo, rosas). O ácaro-rajado, quando
não controlado ou controlado de forma incorreta, pode reduzir a produção de frutos de
morango em cerca de 80% (para alguns cultivares), quando em altas densidades
populacionais (CHIAVEGATO; MISCHAN, 1981).
Esse ácaro ataca também várias outras culturas, podendo-se citar algodão, berinjela,
feijão, maçã, pêssego, pimentão, soja, tomate, etc. Todas as fases de desenvolvimento do
ácaro-rajado apresentam coloração amarelo-esverdeada. As fêmeas são grandes, medindo
cerca de 0,5 mm de comprimento e freqüentemente apresentam dois pares de manchas
escuras no dorso. Este ácaro forma colônias numerosas na face inferior das folhas,
recobertas com apreciável quantidade de teia. As folhas atacadas por este ácaro mostram
manchas branco-prateadas na face inferior e certa quantidade de teia; pela face superior
aparecem áreas inicialmente cloróticas, que passam a bronzeadas; as folhas secam e
caem, com conseqüente queda na produção (FLECHTMANN, 1979).
Os ovos do ácaro-rajado são esféricos e amarelados e são postos entre os fios de
teia. O período de desenvolvimento de ovo a adulto varia de 5 a 50 dias (dependendo da
temperatura), sendo de aproximadamente 6,2 dias a 29,4ºC. Cada fêmea coloca em média
40 ovos (podendo chegar a 140 ovos) durante a sua vida. Esta espécie ataca as folhas
desenvolvidas do morangueiro, principalmente durante a época de produção
(FLECHTMANN, 1979; MORAES; FLECHTMANN, 2008).
Durante o desenvolvimento, os ácaros tetraniquídeos passam pelas fases de ovo,
larva, protoninfa, deutoninfa e adulto. No início de cada instar, nos estágios de ninfa a
adulto, ocorre um período em que o ácaro permanece na forma “inativa”. Essas “fases
inativas” são chamadas de protocrisálida, deutocrisálida e teliocrisálida (JEPPSON; KEIFER;
BAKER, 1975).
Fatores climáticos podem apresentar efeito sobre o desenvolvimento de
tetraniquideos. Bounfour e Tanigoshi (2001) observaram que o aumento da população de T.
urticae foi favorecido com o aumento da temperatura, sendo que, a 30°C houve maior
fecundidade e menor tempo de desenvolvimento de imaturos desta espécie, sobre folhas de
framboesa, em condições de laboratório. Trabalhos de campo e laboratório mostram que,
temperaturas acima de 27°C podem influenciar a reprodução do ácaro T. urticae em
morangueiro, levando a um aumento de até três vezes no número ovos e formas jovens
(WHITE; LIBURD, 2005).
A fecundidade de fêmeas de T. urticae também pode ser alterada pela ação de
alguns inseticidas. James e Price (2002) observaram que fêmeas deste ácaro, quando
6
expostas a imidacloprid, produzem de 30 a 70 ovos a mais, durante seu tempo de vida (1-
1,5 ovos/dia), representando um aumento de 20 a 50% no total de ovos depositados.
2.3. Controle químico e resistência de T. urticae a acaricidas
O reduzido número de produtos eficientes contra este ácaro torna o seu controle
bastante difícil. No caso de morangueiro, a utilização de acaricidas deve ser criteriosa, para
que a qualidade do produto e a segurança do consumidor e do aplicador sejam garantidas.
Observações no campo têm mostrado que o controle é mais eficaz quando a aplicação do
produto é feita através de pulverizadores motorizados do que com equipamentos manuais,
provavelmente devido à maior penetração do produto na região da planta onde os ácaros se
encontram (FADINI; ALVARENGA, 1999).
Mesmo quando aplicações regulares de acaricidas são realizadas, existem muitos
casos em que o controle deste ácaro mostra-se ineficiente. Uma das razões desta
ineficiência pode estar associada ao desenvolvimento de resistência do ácaro aos acaricidas
empregados na cultura (SATO et al., 1994).
O desenvolvimento de resistência em insetos e ácaros tem sido um dos maiores
problemas no controle de pragas, dificultando bastante a recomendação de defensivos
agrícolas aos agricultores. A resistência de T. urticae a pesticidas tem sido documentada em
diversos países para diferentes compostos tais como organofosforados (SATO et al., 1994),
dicofol (FERGUSSON-KOLMES; SCOTT; DENNEHY, 1991), organoestânicos (FLEXNER;
WESTIGARD; CROFT, 1988), hexythiazox (HERRON; ROPHAIL, 1993), clofentezine
(HERRON; EDGE; ROPHAIL, 1993), fenpyroximate (STUMPF; NAUEN, 2001; SATO et al.,
2004) e abamectin (BEERS; RIEDL; DUNLEY, 1998). Trabalhos recentes desenvolvidos no
Instituto Biológico têm indicado que diversas populações deste ácaro se mostram
resistentes a alguns acaricidas como dimetoato, abamectin, fenpyroximate e propargite
(SATO et al., 2000; SATO et al., 2004; SATO et al., 2005).
A resistência pode ser definida como o desenvolvimento de uma habilidade em uma
linhagem de um organismo de tolerar doses de tóxicos que seriam letais para a maioria da
população normal (suscetível) da mesma espécie (OMS) (IRAC-BR, 2009).
A evolução da resistência tem relação positiva com o potencial reprodutivo de uma
espécie, sendo mais rápida para espécies que tenham alto potencial reprodutivo, pois um
maior número de descendentes estará sofrendo pressão de seleção (GEORGHIOU;
TAYLOR, 1977).
Uma característica da resistência é que geralmente os indivíduos resistentes
apresentam um custo adaptativo, ou seja, os indivíduos resistentes são menos aptos que os
7
suscetíveis quando o produto químico não é utilizado. Este menor valor adaptativo dos
indivíduos resistentes pode estar associado, por exemplo, a uma menor viabilidade total,
menor fecundidade, maior tempo para o desenvolvimento, menor competitividade para o
acasalamento e maior suscetibilidade aos inimigos naturais (ROUSH; McKENZIE, 1987).
Freqüência de resistência é a proporção de indivíduos de uma população que está
resistente a um determinado produto químico. No início da evolução da resistência, estima-
se que a freqüência de alelos resistentes numa população seja da ordem de 10
-2
a 10
-13
(ROUSH; McKENZIE, 1987).
Entre os principais mecanismos pelos quais os artrópodes podem desenvolver
resistência a pesticidas estão: redução da penetração cuticular (NOPPUN et al., 1989;
FERGUSSON-KOLMES et al., 1991), alteração no alvo de ação (HAMA, 1983; GUEDES;
DOVER, 1997) e aumento da desintoxicação (OPPENOORTH, 1985), podendo-se citar o
envolvimento de algumas enzimas, tais como hidrolases (ex.: esterases) (DEVONSHIRE,
1977; ANDRADE; BRANCO JR., 1990; SAKATA; MIYATA, 1994), monooxigenases
dependentes do citocromo P-450 (KASAI et al., 1998; KASAI, 2004), e transferases. Entre
as do último grupo, as glutationa S-transferases são as únicas envolvidas na resistência,
entre várias outras transferases que podem estar relacionadas ao metabolismo de
compostos estranhos, como os inseticidas (FOURNIER et al., 1987). Glutationa S-
transferases (GSTs) são enzimas frequentemente associadas à resistência a inseticidas,
particularmente a organofosforados (SODERLUND; BLOOMQUIST, 1990; YU, 1996). As
GSTs também podem ter um importante papel na resistência a organoclorados, ciclodienos
(YU, 1996, 2002) e piretróides (LEGACID et al., 1993; FRAGOSO et al., 2007).
A atividade das monoxigenases foi maior para a linhagem resistente do ácaro
predador Amblyseius womersleyi Schicha resistente ao inseticida-acaricida methidathion,
quanto comparado a linhagens suscetíveis, e foi observado que a fase de larva apresentou
a menor atividade de monoxigenases. Em protoninfa, deutoninfa e adulto, a atividade foi
maior, sendo essas fases mais tolerantes a methidation (SATO et al., 2006). Foi observada
maior expressão de um gene CYP4 na linhagem resistente do ácaro predador (SATO et al.,
2007).
As estratégias de manejo da resistência a pesticidas podem ser divididas em três
grupos: manejo por moderação, manejo por saturação e manejo por ataque múltiplo. O
manejo por moderação consiste na redução da pressão de seleção para preservar os
indivíduos suscetíveis em uma determinada população; o manejo por saturação tem por
objetivo reduzir o valor adaptativo dos indivíduos resistentes com uso de sinergistas ou de
altas dosagens do produto; e o manejo por ataque múltiplo envolve a utilização de dois ou
mais produtos em rotação ou mistura (GEORGHIOU, 1990; OMOTO, 2000).
8
2.4. Abamectin e Milbemectin
As avermectinas e milbemicinas são classificadas segundo o IRAC-BR (2008), como
ativadores de canais de cloro. Esse grupo compreende os acaricidas Abamectin, emamectin
benzoate e milbemectin.
Abamectin é uma mistura de avermectinas contendo mais de 80% de avermectin
B1a e menos que 20% de avermectin B1b. Estes dois compostos B1a e B1b têm
propriedades biológicas e toxicológicas muito semelhantes. As avermectinas são compostos
com propriedades inseticidas, acaricidas e nematicidas, derivados da bactéria de solo
Streptomyces avermitilis (CLARK et al., 1994).
Milbemimectin é uma mistura de compostos naturais (Milbemycins) derivados do
microrganismo de solo Streptomyces hygroscopicus subsp. aureolacrimosus. É altamente
efetivo contra uma ampla variedade de ácaros pragas de importância econômica, incluindo
tetraniquídeos, eriofiídeos e tarsonemídeos. Também pode controlar insetos. Assim como
abamectin, atua como agonista de receptores de GABA (ácido gama amino butírico) e afeta
a abertura dos canais de cloro, levando à paralisia e morte de ácaros e insetos (SHOOP et
al., 1995; BLOOMQUIST, 2001).
Abamectin é utilizado no Brasil para o controle de diversas espécies de insetos [ex.:
Alabama argillacea (Hüebner), Lyriomyza huidobrensis Blanchard, Phyllocnistis citrella
Staiton, Tuta absoluta (Meyrick)] e ácaros [T. urticae, Polyphagotarsonemus latus (Banks),
Phyllocoptruta oleivora (Ashmead), Aceria guerreronis Keifer, Brevipalpus phoenicis
(Geijskes), Panonychus ulmi (Koch), Aculops lycopersici (Massee), Oligonychus ilicis
(McGregor)] em várias culturas, tais como algodão, citros, coco, maçã, melancia, morango,
pepino, tomate, café, batata e ornamentais (AGROFIT, 2008).
Milbemectin também é recomendado no país para o combate de diversas espécies
de ácaros (T. urticae, P. latus, P. oleivora) e insetos (A. argillacea, L. huidobrensis, P.
citrella, T. absoluta), nas culturas de algodão, batata, citros, crisântemo, rosa e tomate
(AGROFIT, 2008).
2.5. Controle Biológico de T. urticae com ácaros da família Phytoseiidae
Com relação aos inimigos naturais de ácaros fitófagos, os ácaros predadores da
família Phytoseiidae são os mais importantes (McMURTRY; HUFFAKER; Van de VRIE,
1970; MORAES, 1992). Em diversos países da Europa e na América do Norte, o controle de
T. urticae é freqüentemente realizado mediante liberações periódicas de ácaros predadores
da família Phytoseiidae (HELLE; SABELIS, 1985).
9
Segundo Ferla, Marchetti e Gonçalves (2007), os fitoseídeos foram os ácaros que
apresentaram maior diversidade na cultura do morango, variedade Oso Grande, e plantas
associadas, nos municípios de Bom Princípio, Capitão e Lajeado no Rio Grande do Sul,
estando presentes na maioria das plantas amostradas. Dos 855 ácaros predadores
coletados, 843 pertenceram a esta família.
O controle de ácaros-praga com uso de ácaros predadores da espécie N. californicus
tem sido eficaz em macieira. Segundo Monteiro (2002a), produtores de maçã, no município
de Fraiburgo em Santa Catarina, têm mantido criações de ácaros predadores N. californicus
destinados ao controle do ácaro-vermelho Panonychus ulmi Kock. Monteiro (2006) realizou
um estudo de comparação econômica entre o controle biológico e o químico nesses
pomares, verificando menores custos em pomares onde se realizou a produção e liberação
do ácaro predador. O custo foi 15,8% menor na área com controle biológico, quando
comparado ao controle realizado unicamente com inseticidas e acaricidas. N. californicus
mostrou-se adaptar bem às variações climáticas do Sul do Brasil, devido ao aparecimento
natural nos anos posteriores às liberações, sugerindo que o predador sobrevive durante o
inverno, migrando para ervas daninhas, quando houve redução de Panonychus ulmi nas
folhas de macieira (MONTEIRO, 2002b).
Foi sugerido por Palevsky et al. (2008) que linhagens de N. californicus adaptadas a
ambientes secos, podem exercer melhor controle de T. urticae em diferentes plantas
hospedeiras, comparado a P. persimilis. Estudos realizados em cultivo de pimenta em casa
de vegetação, sob condições quentes e áridas, mostraram que uma linhagem de N.
californicus, adaptada a clima seco e quente, foi mais eficaz que P. persimilis Athias-Henriot
no controle de T. urticae, e também reduziu significantemente a população de tripes (F.
occidentalis).
Trabalhos conduzidos no Brasil têm demonstrado alta potencialidade de se realizar o
controle biológico desta praga em morangueiro com liberações de ácaros predadores das
espécies Amblyseius idaeaus (Denmark & Muma), Phytoseiulus macropilis (Banks)
(GARCIA 1992; WATANABE et al., 1994) e N. californicus (SATO et al., 2002; SATO et al.
2007b). Liberações de ácaros desta última espécie (população de N. californicus procedente
de morangueiro comercial de Atibaia, SP) poderiam ser vantajosas em áreas de
morangueiro ou ornamentais com intenso uso de agroquímicos, devido à tolerância desses
predadores a diversos produtos químicos (SATO et al., 2002).
O uso de ácaros tolerantes a agroquímicos foi relatado para o controle biológico de
T. urticae em rosas cultivadas em casa de vegetação na Califórnia, USA. Uma linhagem do
predador Metaseiulus occidentalis (Nesbitt) apresentou um bom potencial de controle do
ácaro-praga por ser resistente a vários organofosforados e carbamatos, e pela sua
10
capacidade de controle em baixas densidades da praga, durante longos períodos (HELLE;
SABELLIS,1985),
O uso de N. californicus pode contribuir para o manejo da resistência do ácaro T.
urticae, reduzindo a população da praga em longos períodos após a aplicação de acaricidas,
resultando numa diminuição de tratamentos com acaricidas e redução da pressão de
seleção atrasando o desenvolvimento da resistência (SATO et al., 2007b).
SATO et al. (2007) observaram que a dispersão do ácaro predador N. californicus em
canteiros de morango, em casa de vegetação, foi bastante limitada quando a infestação de
T. urticae se apresentava alta. Em altas infestações, fez-se necessário a liberação de maior
quantidade de ácaros predadores em maior número de plantas, para aumentar a eficácia do
controle biológico.
Em um trabalho envolvendo os ácaros predadores Neoseiulus cucumeris
(Oudemans) e N. californicus para o controle do tarsonemideo P. pallidus e do ácaro-rajado,
T. urticae, Easterbrook (2001) mencionou a importância do controle das pragas, antes das
mesmas atingirem altas populações, para não tornar o procedimento custoso.
Segundo Fraulo e Liburd (2007), o predador N. californicus quando liberado em
proporções adequadas, em proporções entre 1:5 e 1:10 predador:presa, este apresentou-se
efetivo como agente de controle biológico de T. urticae em morangueiro, em condições de
campo e casa de vegetação, mantendo a população da praga em baixos níveis durante
longos períodos.
De acordo com Croft, Kim e Kim (1995), Neoseiulus fallacis (Garman) apresentou
comportamento dispersivo em baixos níveis de presas. As atividades de caminhamento e
procura deste ácaro foram estudadas posteriormente por Croft e Croft (1996), sendo
consideradas maiores comparativamente aos de Amblyseius andersoni (Chant),
Typhlodromus pyri Scheuten e Metaseiulus occidentalis (Nesbitt).
Com relação a P. persimilis, este se mostrou altamente específico e muito eficiente
para o controle de ácaros da família Tetranychidae, em casa de vegetação. Porém, esta
especificidade tem como conseqüência uma aparente dependência do predador pelo
tetraniquídeo, por esta razão, liberações inundativas do predador são recomendadas
apenas quando a população da praga estiver em altas infestações (HELLE; SABELIS,
1985).
Outra possibilidade de controle biológico do ácaro-rajado é através do uso de fungos
entomopatogênicos, que em alguns casos mostram-se bastante promissores. Alguns fungos
são eficazes para o controle de T. urticae, podendo-se citar Beauveria bassiana,
Lecanicillium lecanii, L. muscarium, Hirsutella thompsonii, alguns Entomophthorales, entre
outros.
11
Maniania et al. (2008) relataram diversas possibilidades do controle de T. urticae e T.
evansi utilizando fungos entomopatogênicos em planta olerícolas. Foram citados diversos
trabalhos de controle biológico de ácaros em campo e casa de vegetação, mencionando sua
importância no manejo integrado de pragas.
Alves et al. (2002), avaliando a patogenicidade ao ácaro-rajado, verificaram que
conídios de B. bassiana na concentração de 10
8
estruturas infectivas/mL provocaram
mortalidade em torno de 74%. A patogenicidade de isolados de B. bassiana também foi
avaliada por Tamai et al. (2002) que verificaram que após cinco dias da inoculação, 59%
dos isolados testados proporcionaram mortalidades entre 60 e 80% ao ácaro T. urticae.
Leite et al. (2004) avaliaram a virulência de estruturas de L. muscarium a T. urticae e
verificaram que os fungos, nas concentrações avaliadas (entre 5 x 10
5
e 5 x 10
8
estruturas
infectivas/mL), causaram mortalidade entre 44 a 72%, quatro dias após a inoculação dos
blastóporos ou conídios.
12
3. MATERIAL E MÉTODOS
3. 1. Estudo sobre resistência de T. urticae a milbemectin e abamectin
3. 1. 1. Coleta de ácaros no campo.
Os ácaros T. urticae utilizados neste estudo foram coletados de plantas de morango,
ornamentais e outras plantas de importância agrícola, em diversos municípios do Estado de
São Paulo (ex.: Campos do Jordão, Monte Alegre do Sul, Socorro, Atibaia, Serra Negra,
Holambra e Santo Antônio de Posse) (Tabela 1).
Tabela 1. Relação das populações estudadas, hospedeiro, local e data de coleta para estudo sobre
resistência de Tetranychus urticae a milbemectin e abamectin.
População Hospedeiro Local de coleta (Município) Data de coleta
FrCJ1 Framboesa Campos do Jordão 08/09/2008
MoMA9 Morangueiro Monte Alegre do Sul 26/10/2007
MoSo1 Morangueiro Socorro 22/06/2007
MoMA1 Morangueiro Monte Alegre do Sul 22/06/2007
MoMA6 Morangueiro Monte Alegre do Sul 03/08/2007
MoAT1 Morangueiro Atibaia 02/07/2007
MoSN1 Morangueiro Serra Negra 13/07/2007
MoMA4 Morangueiro Monte Alegre do Sul 03/08/2007
MoSo4 Morangueiro Socorro 03/08/2007
MoMA7 Morangueiro Monte Alegre do Sul 03/08/2007
MoSo2 Morangueiro Socorro 13/07/2007
MoMA2 Morangueiro Monte Alegre do Sul 02/07/2007
MoMA5 Morangueiro Monte Alegre do Sul 03/08/2007
MoSo3 Morangueiro Socorro 03/08/2007
MoMA3 Morangueiro Monte Alegre do Sul 03/08/2007
GeHo2 Gérbera Holambra 21/07/2008
MoAT2 Morangueiro Atibaia 18/10/2007
CrSA2 Crisântemo Santo Antônio de Posse 04/10/2007
GeHo1 Gérbera Holambra 21/07/2008
CrCa2 Crisântemo Campinas 21/07/2008
MoMA8 Morangueiro Monte Alegre do Sul 26/10/2007
CrCa1 Crisântemo Campinas 21/07/2008
CrSA1 Crisântemo Santo Antônio de Posse 04/10/2007
CrHo1 Crisântemo Holambra 21/07/2008
MoMA10 Morangueiro Monte Alegre do Sul 26/10/2007
13
3. 1. 2. Manutenção da colônia estoque.
As populações foram criadas isoladamente, em plantas de feijão-de-porco (Canavalia
ensiformis L.) cultivadas em vasos, no interior de caixas plásticas (32 x 42 x 48 cm). As
populações foram mantidas em salas climatizadas (25 ± 1ºC, 70 ± 5% de UR, fotofase de 14
h) do Laboratório de Entomologia Econômica do Centro Experimental do Instituto Biológico,
em Campinas, SP.
3. 1. 3. Testes toxicológicos com acaricidas.
Os testes com os acaricidas milbemectin (Milbeknock
®
) e abamectin (Vertimec
®
18
CE) foram realizados baseando-se no método descrito por KNIGHT et al. (1990). Foram
colocadas 20 fêmeas adultas de T. urticae em um disco de folha de feijão (4 cm de
diâmetro), mantido sobre uma camada de algodão hidrófilo úmido em uma placa de Petri (9
cm de diâmetro). A borda da folha foi coberta por uma estreita faixa de algodão úmido,
formando uma barreira para evitar a fuga dos ácaros. Cada arena de folha recebeu
aplicação em torre de Potter (Burkard Scientific, Uxbridge, UK), calibrada a 68,9 kPa.
Utilizou-se um volume de calda de 2 ml, o que correspondeu a uma deposição média de
resíduo úmido de 1,6 mg/cm
2
da arena. Após o tratamento, os ácaros foram mantidos a 25 ±
1ºC, 70 ± 5% de UR e fotofase de 14h. As avaliações do número de ácaros vivos e mortos
foram conduzidas 48h (para abamectin) ou 72h (para milbemectin) após o tratamento.
Foram considerados mortos os ácaros que não conseguiram se locomover por uma
distância mínima equivalente ao comprimento do seu corpo, ao serem tocados com um
pincel de pêlo macio.
3. 1. 4. Seleções artificiais com milbemectin
3. 1. 4. a. Seleção para resistência a milbemectin
Esta seleção foi conduzida em laboratório, realizando-se a aplicação com torre de
Potter, diretamente sobre os ácaros colocados em arenas de folha de feijão, como descrito
anteriormente. Foram colocadas em dia 50 meas adultas de T. urticae por arena. Foram
realizadas seis seleções, utilizando-se concentrações crescentes do acaricida (10; 20; 40; 75;
120; 130 mg de i.a./L) a cada ciclo de seleção, procurando-se obter mortalidades entre 50 a
70%. Foram utilizados pelo menos 1400 ácaros em cada seleção, tendo sido realizados seis
ciclos de seleção para resistência. O intervalo entre uma seleção e outra foi de 21 a 29 dias. Os
14
sobreviventes após 72 horas do tratamento foram utilizados para a formação de novas
colônias. A criação destes ácaros foi conduzida como descrita anteriormente.
3. 1. 4. b. Seleção para suscetibilidade a milbemectin
A seleção para suscetibilidade foi baseada na metodologia descrita por Fournier et al.
(1988). meas de T. urticae previamente expostas ao acasalamento foram isoladas em
arenas constituídas de rculos de folha de feijão-de-porco (2,5 cm de diâmetro) colocados
sobre um disco de papel de filtro, mantido sempre umedecido, no interior de uma placa de
Petri. As fêmeas foram mantidas nestas arenas por 48 horas, peodo em que houve a
oviposição média de 12,7 ovos por fêmea. Após este período, cada fêmea de ácaro-rajado foi
transferida para outra arena, semelhante à anterior, onde foi submetida à aplicação de uma
suspeno do acaricida em torre de pulverização. Os ovos e as formas jovens correspondentes
às fêmeas que morreram em 72 horas após o tratamento foram utilizados para a formação das
novas gerações.
Foram realizadas cinco seleções para suscetibilidade, utilizando-se concentrões
decrescentes (6,0; 4,0; 1,5; 0,8; 0,5 mg de i.a./L) do acaricida estudado, para cada ciclo de
seleção, que causaram mortalidades entre 26 e 37% nas fêmeas de T. urticae. O intervalo
entre as seleções variou de 27 a 39 dias.
Após seis seleções para resistência e cinco seleções para suscetibilidade, foram
obtidas as linhagens de T. urticae suscetível (S) e resistente (R) a milbemectin.
Análise estatística: Os dados de mortalidade para as linhagens S e R foram
submetidos à analise de Probit (FINNEY, 1971), utilizando-se o programa POLO-PC (LEORA
SOFTWARE, 1987). A rao de resistência foi obtida através da divisão da CL
50
(concentração
letaldia) da linhagem R pela CL
50
da linhagem S.
3. 1. 5. Concentrações discriminatórias para milbemectin e abamectin
Para milbemectin, a concentração discriminatória foi estabelecida como aquela
correspondente à CL
99
do produto, obtida para a população suscetível, após as seleções
para suscetibilidade.
No caso de abamectin, a concentração discriminatória (4,79 mg de i.a./L) também foi
estabelecida como aquela correspondente à CL
99
do produto, obtida para uma população
suscetível selecionada para suscetibilidade, conforme descrito por Sato et al. (2005).
A partir do estabelecimento da concentração discriminatória é possível monitorar a
resistência, baseando-se apenas na mortalidade dos ácaros para uma única concentração
15
de cada acaricida. De acordo com Halliday e Burnham (1990), esse método é mais eficiente
que o monitoramento da resistência baseado na estimativa da CL
50
, podendo-se detectar a
resistência em populações em que a freqüência de indivíduos resistentes ainda se mostre
baixa.
3. 1. 6. Monitoramento da resistência de T. urticae a milbemectin e abamectin
Foram coletadas 25 populações de T. urticae de culturas comerciais de morango,
framboesa, gérbera e crisântemo, nos municípios paulistas de Campos do Jordão, Monte
Alegre do Sul, Socorro, Atibaia, Serra Negra, Holambra e Santo Antônio da Posse.
Após a coleta, os ácaros foram transferidos para plantas de feijão-de-porco, onde
foram mantidos por um período de 18 a 25 dias, em condições de laboratório (25 ± 1ºC, 70 ±
5% de UR e fotofase de 14h). Os testes toxicológicos foram realizados seguindo-se a
mesma metodologia descrita anteriormente (pulverização direta sobre os ácaros), porém
utilizando-se apenas a concentração discriminatória de cada acaricida [abamectin (4,79 mg
de i.a./L) e milbemectin (5,5 mg de i.a./L)]. Foram utilizados pelo menos 240 ácaros (4
repetições de 60 ácaros/arena), para a obtenção da freqüência de resistência de T. urticae,
para cada produto, para cada população avaliada. A avaliação das freqüências de
resistência para milbemectin e abamectin, em cada população coletada visou observar
também a possível resistência cruzada entre estes dois acaricidas.
Análise estatística: As percentagens de mortalidade para cada população de ácaro-
rajado foram corrigidas através da fórmula de Abbott (ABBOTT, 1925), transformadas para
arc sen x/100 . As médias de sobrevivência foram comparadas pelo teste de Tukey. O
nível de significância dos testes foi de α = 0,05.
A análise de correlação entre as freqüências de resistência a milbemectin e
abamectin, para as diferentes populações estudadas, foi realizada utilizando-se o programa
BioEstat 3.0 (AYRES et al., 2003).
3. 1. 7. Estabilidade da resistência de T. urticae a milbemectin
As freqüências de resistência a milbemectin foram estimadas mensalmente em uma
população com uma freqüência inicial de 75% de ácaros resistentes ao produto. Essa
população foi obtida colocando-se 750 fêmeas adultas de ácaros da linhagem R
(selecionada) e 250 fêmeas adultas de ácaros da linhagem S (selecionada). A população foi
mantida sobre plantas de feijão-de-porco (C. ensiformis), cultivadas em vasos livres de
16
qualquer aplicação de pesticidas. A população foi mantida em câmara B.O.D. a 25ºC e
fotofase de 14 horas. A essa temperatura, a duração do período de desenvolvimento de ovo
adulto é de aproximadamente 9,8 dias. A duração média de uma geração é em torno de
16,2 dias (SAITO, 1979).
A população inicial (R + S) foi de 1.000 ácaros (fêmeas adultas). A população de
ácaros ao longo experimento, no interior da B.O.D. (a 25 ± C, 70 ± 5% de UR e fotofase
de 14h), foi sempre muito acima de 1.000 ácaros.
Foram realizadas avaliações periódicas (mensais) para avaliar a freqüência de
resistência desses ácaros a milbemectin. As avaliações foram conduzidas observando-se a
mortalidades dos ácaros após 72 h da aplicação de milbemectin na sua concentração
discriminatória (5,5 mg de i.a./L). As aplicações foram realizadas em torre de Potter,
utilizando-se 2 mL de calda acaricida, conforme descrito no item 3.1.3.
Também foram realizadas avaliações mensais da freqüência de resistência dessa
população de T. urticae a abamectin, utilizando-se a concentração discriminatória de 4,79
mg de i.a./L. Para abamectin, as avaliações foram realizadas 48 h após o tratamento.
O experimento foi constituído de quatro repetições (60 ácaros/repetição), totalizando
240 fêmeas adultas para cada produto, em cada avaliação.
17
3. 1. 8. Estudo de biologia comparada das linhagens de T. urticae resistente e
suscetível a milbemectin
A biologia das linhagens de T. urticae S e R foi avaliada em arenas de folhas de
feijão-de-porco, C. ensiformis. As arenas foram mantidas em câmaras climatizadas (tipo
B.O.D.) a 25 ±C e fotofase de 14h.
Foram transferidas três fêmeas para cada arena para ovipositar por seis horas. Após
esse período, as fêmeas foram retiradas, deixando-se apenas um ovo por arena. As
observações da biologia foram realizadas em intervalos de 12h, anotando-se a duração e a
mortalidade em cada estágio de desenvolvimento. Foram avaliados os estágios embrionário
e pós-embrionário, e na fase adulta, os períodos de pré-oviposição, oviposição, pós-
oviposição, e fecundidade. Os dados de cada parâmetro biológico avaliado para as
linhagens S e R foram analisados pelo teste t. O nível de significância foi de α = 0,05. No
caso da razão sexual, a proporção de machos e fêmeas, para cada linhagem, foi comparada
utilizando-se o teste qui-quadrado (
χ
2
). Tabelas de vida de fertilidade para as duas linhagens
foram preparadas utilizando-se o método proposto por Silveira Neto et al. (1976).
3. 2. Estudos sobre toxicidade diferencial de agroquímicos sobre ácaros predadores e
ácaro-rajado
3. 2. 1. Criação de ácaros
Após a coleta, os ácaros fitófagos e predadores foram criados sobre plantas de
feijão-de-porco [Canavalia ensiformis (L.)] cultivadas em vasos no interior de bandejas
plásticas, em condições controladas de temperatura (25 ± 2°C), umidade relativa (70 ± 10%)
e fotoperíodo (fotofase de 14h).
No caso dos ácaros predadores, estes foram mantidos em plantas infestadas por T.
urticae, em uma sala isolada do local de criação do ácaro-rajado. Pólen de mamona, Ricinus
communis L., também foi oferecido como alimento para os ácaros predadores (N.
californicus), em algumas ocasiões.
A população de ácaro-rajado utilizada nos testes toxicológicos foi coletada de
crisântemo, em Santo Antônio da Posse, em julho de 2007.
18
3. 2. 2. Efeito de agroquímicos no crescimento populacional de Tetranychus urticae e
Neoseiulus californicus
Neste estudo, foram avaliados os seguintes produtos: spiromesifen (Oberon
®
240
SC), chlorfenapyr (Pirate
®
240 SC), abamectin (Vertimec
®
18 CE), milbemectin (Milbeknock
®
50 CE), dimetoate (Tiomet
®
400 CE), acephate (Orthene
®
750 BR), diafenthiuron (Polo
®
500
WP) e óleo de neem emulsionado (Nim-I-Go
®
). Este último produto é bastante interessante
para o manejo de ácaros em cultivos orgânicos de morango e outras culturas.
Para avaliar o efeitos desses produtos sobre a taxa de crescimento de N.
californicus, 30 fêmeas adultas de T. urticae (3 a 5 dias de idade) foram colocadas em uma
arena de disco de folha por 24 h (a 25ºC), ovipositando em torno de 160 ovos. O número de
ovos de T. urticae por arena foi fixado em 150 ovos, removendo-se os ovos excedentes. Em
seguida, uma fêmea adulta de N. californicus foi colocada em cada arena infestada com T.
urticae.
Os ácaros (nas arenas) foram pulverizados com os produtos mencionados, nas suas
respectivas concentrações recomendadas para morangueiro e/ou ornamentais no Brasil. A
pulverização foi realizada diretamente sobre os ácaros com torre de Potter (Burkard
Scientific, Uxbridge, UK), utilizando-se um volume de calda de 2 ml e pressão de 0,703
kg/cm
2
, o que correspondeu a um depósito de aproximadamente 1,6 mg de calda por cm
2
de
folha.
As arenas com os ácaros foram mantidas a 25 ± 1ºC e 14h de fotofase, por um
período de 10 dias após o tratamento.
O número total de ácaros N. californicus (ovos, larvas, protoninfas, deutoninfas e
adultos) foram contadas no décimo dia após o tratamento para estimar a taxa instantânea
de crescimento para esse ácaro predador.
A taxa de crescimento instantâneo (r
i
) foi calculada utilizando-se a seguinte equação:
r
i
=
ln (N
f
/N
o
)
t
Onde N
f
é o número total de ácaros N. californicus no décimo dia após o tratamento, N
o
é o
número inicial de ácaros colocados nas arenas no início do bioensaio e t é o período na
qual os ácaros ficaram em contato com o agroquímico (ou duração do experimento)
(STARK; BANKS, 2003).
Os tratamentos com os diversos agroquímicos em N. californicus foram comparados
a uma testemunha na qual somente água destilada foi pulverizada sobre as arenas. O
19
experimento contou com 40 repetições (1 arena/repetição para cada tratamento). Dados do
número de ovos depositados por fêmea por dia (média durante o período avaliado) e r
i
foram
analisados utilizando ANOVA. Para a comparação dos diferentes tratamentos em relação à
testemunha utilizou-se o teste t.
Para avaliar o efeito dos tratamentos sobre a taxa de crescimento instantâneo de T.
urticae, o mesmo tipo de experimento mencionado acima foi conduzido para o ácaro-rajado,
colocando-se apenas uma fêmea adulta do ácaro tetraniquídeo por arena. O experimento foi
repetido 40 vezes. O experimento também foi conduzido por 10 dias para a estimativa de r
i
para T. urticae.
3. 3. Estudos sobre manejo de T. urticae através de liberações de ácaros predadores
3. 3. 1. Criação de ácaros predadores
A criação dos ácaros predadores foi realizada no Laboratório de Entomologia
Econômica, Centro Experimental Central do Instituto Biológico, (CEIB) em Campinas, SP,
seguindo-se a metodologia descrita anteriormente (item 3. 2. 1.). Também foi mantida uma
criação adicional de ácaros predadores em condições de casa de vegetação, em plantas de
feijão-de-porco infestadas com T. urticae. Populações de N. californicus e P. macropilis têm
sido criadas no Instituto Biológico desde 2000 e 2003, respectivamente.
3. 3. 2. Liberação de ácaros predadores em área comercial de morangueiro
Este experimento foi conduzido em morangueiro, em cultivo não protegido em Monte
Alegre do Sul, SP, no período de 13 de agosto a 26 de outubro de 2007.
Na área onde foi instalado o experimento de campo, haviam sido realizadas
previamente 14 aplicações com o acaricida abamectin (Vertimec
®
18CE), sendo que o
agricultor estava com dificuldade de controlar o ácaro-rajado apenas com acaricidas. Apesar
das aplicações freqüentes do acaricida, a população de ácaro-rajado era alta (acima de 60
ácaros por folíolo). A cultivar utilizada era Oso Grande. Devido à baixa eficiência de
abamectin, foi sugerida a mudança do princípio ativo para o controle da praga. Assim sendo,
o agricultor passou a utilizar o acaricida propargite, que se mostra seletivo ao predador N.
californicus (SATO et al., 2002).
O agricultor fez três pulverizações com propargite, nos dias 16/08; 20/08 e
28/08/2007, utilizando uma concentração três vezes inferior à recomendada, para evitar
20
possíveis problemas de fitotoxicidade. A aplicação em dose reduzida foi por iniciativa do
agricultor. As duas primeiras aplicações de propargite foram realizadas antes da primeira
liberação (22/08/2007) dos ácaros predadores no campo. Nenhuma aplicação adicional de
qualquer acaricida foi realizada na área experimental após essa data (28/08/2007).
Cada parcela foi constituída de uma área de canteiro de morango de 1,2 m x 10 m
(aproximadamente 80 plantas de morango por parcela). No início do experimento, as plantas
tinham aproximadamente 13 folhas ou 39 folíolos em média. O espaço entre os canteiros foi
de aproximadamente 0,80 m.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados com 4 repetições, tendo
sido instalado no campo da seguinte forma:
- Tratamento 1 (com liberação de N. californicus e P. macropilis). Duas liberações de N.
californicus foram feitas visando ao controle de T. urticae. A primeira liberação foi realizada
em 22/08/2007 e a outra em 03/09/2007. Os ácaros predadores foram distribuídos em
aproximadamente 10 pontos ao acaso em cada parcela (10 m de canteiro de morango), a
uma taxa média de 32 ácaros predadores adultos por ponto de liberação (ou seja, 4 ácaros
N. californicus por planta).
No caso de P. macropilis, a sua liberação no campo ocorreu em uma única ocasião
(em 03/09/2007) a uma taxa de 54 ácaros predadores/m
2
, ou seja, 8,0 ácaros de P.
macropilis por planta.
- Testemunha 1 (sem liberação de ácaros predadores). As parcelas da Testemunha 1
ficavam adjacentes (paralelas – “canteiro ao lado”), à esquerda ou Nordeste das parcelas do
Tratamento 1, separadas por uma distância de aproximadamente 0,8 m. Não foi realizada
nenhuma liberação de ácaros predadores na Testemunha 1.
- Testemunha 2 (sem liberação de ácaros predadores). As parcelas da Testemunha 2
ficavam adjacentes (“canteiro ao lado”), à direita ou Sudoeste das parcelas do Tratamento 1,
a uma distância de aproximadamente 0,8 m destas (Tratamento 1). Não foi realizada
nenhuma liberação de ácaros predadores na Testemunha 2.
- Testemunha 3 (sem liberação de ácaros predadores). As parcelas da Testemunha 3
eram continuação do canteiro das parcelas do Tratamento 1, ficando à Noroeste das
parcelas do Tratamento 1. Nesse caso, as amostras de folíolos de morangueiro eram
coletadas a uma distância de 1 a 9 metros da área com liberação de predadores, no mesmo
“canteiro” de produção de morango. Não foi realizada nenhuma liberação de ácaros
predadores na Testemunha 3.
21
- Testemunha 4 (sem liberação de ácaros predadores). As parcelas da Testemunha 4
eram continuação do canteiro das parcelas do Testemunha 3, ficando à Noroeste das
parcelas da Testemunha 3. Nesse caso, as amostras de folíolos de morangueiro eram
coletadas a uma distância de 11 a 19 metros da área com liberação de predadores
(Tratamento 1), no mesmo “canteiro” de produção de morango. Não foi realizada nenhuma
liberação de ácaros predadores na Testemunha 4.
Foram realizadas avaliações nas seguintes datas: 13/08; 22/08; 03/09; 10/09; 28/09;
10/10 e 26/10/2007. Em cada avaliação, foram coletados 10 folíolos por parcela, totalizando
40 folhas por tratamento.
A análise estatística adotada foi ANOVA (análise de variância) com dois critérios
(tratamentos e época de avaliação), com interações, para cada espécie avaliada. As médias
foram comparadas através do teste de Tukey (α = 0,05). Para fins de análise estatística os
dados foram transformados em
5,0+X
.
22
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4. 1. Resistência de T. urticae a milbemectin e abamectin
4. 1. 1. Selão artificial com milbemectin
Antes do início das seleções, a concentração letal média (CL
50
) de milbemectin para a
população de T. urticae era de 7,33 mg de i.a./L. Tanto a seleção para resistência como a
seleção para suscetibilidade mostraram-se efetivas para alteração das suscetibilidades das
duas populações do ácaro-praga. Após seis selões artificiais para aumento da resistência, a
CL
50
passou de 7,33 mg de i.a./L para 184 mg de i.a./L. Com relão à seleção para
suscetibilidade, após cinco seleções, houve uma redão da CL
50
de 7,33 mg de i.a./L para
0,45 mg de i.a./L (Tabela 2).
Comparando-se as populações resistentes e susceveis após as selões, a razão de
resistência (CL
50
R/ CL
50
S) atingiu 408,9 (vezes). Estas seleções serviram para se observar o
elevado potencial de desenvolvimento de resistência de T. urticae ao acaricida milbemectin.
Estudos anteriores envolvendo seleções artificiais de T. urticae a abamectin, realizados no
Instituto Biológico, tamm mostraram rápida evolução da resistência do ácaro-rajado ao
acaricida. Para abamectin, a razão de resistência alcançou 342 (vezes) após o processo de
seleção (SATO et al., 2005).
A rápida evolução de resistência de T. urticae a milbemectin, conforme observada neste
trabalho indica que, caso sejam feitas aplicões repetidas do acaricida visando ao controle de
T. urticae em condições de campo, é posvel ocorrer um pido desenvolvimento da
resistência ao acaricida, com o estabelecimento de populações com elevadas magnitudes de
resistência ao produto. A maior CL
50
(184 mg de i.a./L) observada para milbemectin, após o
processo de seleção para resistência, corresponde a 18,4 vezes a concentrão recomendada
do produto para o controle de T. urticae em crisântemo no Brasil.
Altas intensidades de resistência de T. urticae a outros acaricidas também m sido
observadas. No caso de chlorfenapyr, Sato et al. (2007a) reportaram que após seis seleções
artificiais para resistência, a CL
50
passou de 107 para 2.254 ppm de i.a, sendo esta 23,5 vezes
maior que a sua concentração recomendada no país, para o controle de ácaro-rajado. Nas
seleções para suscetibilidade, após cinco seleções, houve uma redão de 107 para 3,95 ppm,
atingindo uma intensidade de resistência entre a população suscetível e resistente de 571
vezes.
A rápida evolução da resistência do ácaro-rajado a fenpyroximate também foi registrada
por Sato et al. (2004). A razão de resistência (CL
50
R/CL
50
S) alcançou 2.910 (vezes), após
cinco seleções para resistência e três seleções para susceptibilidade.
23
Uesugi, Goka e Osakabe (2002) observaram para populações de T. urticae, razões de
resistência de 483 (vezes) para chlorfenapyr, e maior que 100.000 (vezes) para etoxazole.
Diversos outros autores também têm registrado altas intensidades de resistência a acaricidas
em T. urticae (EDGE; JAMES, 1986; TIAN et al., 1992; CAMPOS; KRUPA; DYBAS, 1996;
STUMPF; NAUEN, 2001).
Um elevado potencial de desenvolvimento da resistência de Tetranychus cinnabarinus
(Boisduval) ao acaricida dicofol foi observado por Dagli e Tunç (2001).
A partir de seleções para resistência a hexythiazox, observaram-se elevadas razões de
resistência do ácaro B. phoenicis ao acaricida, com valores superiores a 10.000 vezes
(CAMPOS; OMOTO, 2002). No caso de dicofol, a razão de resistência estimada para o ácaro-
praga foi de 56,82, após um processo de seleção em laboratório (OMOTO; ALVES; RIBEIRO,
2000).
24
Tabela 2.
Seleções para resistência e suscetibilidade a milbemectin em uma população de
Tetranychus urticae coletada de crisântemo de Holambra, SP. Número total de ácaros utilizados para
a obtenção das curvas de concentração-resposta (n); estimativa da CL
50
(mg de i.a./L) e intervalo de
confiança (I.C.) a 95%; coeficiente angular e erro-padrão da média (EP); Qui-quadrado (χ
2
) e
probabilidade (p); grau de liberdade (G.L.).
Pressão de
Seleção
Número
Concentração
(mg de i.a./L)
n
CL
50
(95% I.C.)
Coeficiente
Angular
± EP
χ
2
G.L.
Para Resistência
0* - 300 7,33
(5,99 – 9,21)
1,80 ± 0,093
3,71 3
1 10 360 18,0
(12,2 – 25,7)
0,97 ± 0,073
0,63 3
2 20 360 36,8
(28,0 – 49,6)
1,17 ± 0,059
0,57 4
3 40 420 63,3
(48,8 – 83,0)
1,24 ± 0,060
3,13 4
4 75 360 104
(84,0 - 130)
1,55 ± 0,064
2,64 4
5 120 360 131
(103 - 169)
1,35 ± 0,061
1,10 4
6 130 360 184
(142 - 248)
1,26 ± 0,061
3,26 4
Para Suscetibilidade
0 - 300 7,33
(5,99 – 9,21)
1,80 ± 0,093
3,71 3
1 6,0 360 5,08
(4,30 – 6,04)
2,22 ± 0,080
1,54 4
2 4,0 420 1,84
(1,50 – 2,23)
1,71 ± 0,054
0,666 5
3 1,5 360 1,00
(0,80 – 1,26)
1,50 ± 0,063
3,66 4
4 0,8 360 0,69
(0,58 – 0,86)
1,88 ± 0,072
4,69 4
5 0,5 360 0,45
(0,36 – 0,59)
1,51 ± 0,066
5,09 4
25
4. 1. 2. Monitoramento da resistência de T. urticae a abamectin e milbemectin
A avaliação de 25 populações de T. urticae de diversas culturas no estado de São
Paulo indicou que a suscetibilidade das populações de ácaro-rajado a abamectin e
milbemectin mostrou-se bastante variável, com grandes contrastes (P < 0,05) entre as
populações. As freqüências de resistência a abamectin variaram entre 7,0 e 90,5%; e de
milbemectin, entre 4,1 e 89,5% (Figura 1). Populações com altas freqüências de resistência
a abamectin também apresentaram altas freqüências de resistência a milbemectin.
Estudos anteriores realizados no Instituto Biológico, em condições de laboratório,
indicaram a presença de resistência cruzada positiva entre abamectin e milbemectin em
ácaro-rajado (SATO et al., 2005). Os resultados deste experimento corroboram a hipótese
de resistência cruzada entre esses acaricidas, observando-se uma nítida correlação positiva
(F = 198,99; G.L. = 1, 23; R
2
= 0,896; P < 0,0001) entre as freqüências de ácaros resistentes
a milbemectin e abamectin, considerando-se as 25 populações avaliadas.
As maiores freqüências de resistência foram observadas para ornamentais, onde os
dois acaricidas (milbemectin e abamectin) têm sido utilizados com freqüência para o controle
de T. urticae. Elevadas freqüências de resistência a chlorfenapyr também foram observadas
em ornamentais, principalmente em crisântemo, com populações com mais de 65% de
ácaros T. urticae resistentes ao acaricida, no Estado de São Paulo (SATO et al., 2007a).
Apesar de o acaricida milbemectin ter sido registrado no Brasil pouco tempo,
freqüências de resistência acima de 80% têm sido observadas para o produto. Esta alta
freqüência de resistência pode ser explicada por uma seleção prévia com abamectin, que
tem sido utilizado intensamente para o controle de ácaro-rajado vários anos, em
ornamentais.
Embora as populações de T. urticae tenham sido coletadas em cultivos comerciais
de morangueiro em que os produtores afirmem não utilizar milbemectin na cultura,
observou-se populações com freqüências de resistência iguais ou acima de 80%. Este fato
também corrobora com a hipótese da presença de resistência cruzada entre estes dois
acaricidas, que apresentam mecanismos de ação semelhantes. Os dois produtos atuam
como ativadores de canais de cloro, sendo classificados pelo IRAC (Insecticide Resistance
Action Committee) como pertencentes ao grupo 6 (IRAC, 2008).
A resistência cruzada de acaricidas também tem sido reportada para T. urticae por
diversos autores. Stumpf e Nauen (2001) detectaram resistência cruzada entre pyridaben e
os acaricidas fenpyroximate e tebufenpirade, em T. urticae. Resistência cruzada entre
fenpyroximate e os produtos pyridaben e dimetoate também foram mencionadas por Sato et
al. (2004), em T. urticae. De acordo com Kim et al. (2006), o ácaro-rajado apresentou uma
26
ampla gama de resistência múltipla a vários grupos de acaricidas, sendo altos níveis
observadas para piridaben, benzoximate, fenpyroximate e acrinathrin, e baixos níveis de
resistência para azocyclotin, bromopropylate, chlorfenapyr, dicofol, milbemectin, e
propargite.
Omoto, Alves e Ribeiro (2000), em estudo de monitoramento da resistência de
Brevipalpus phoenicis ao dicofol, observaram diferenças significativas na freqüência de
resistencia entre populações provenientes de diferentes pomares comercias de citros. A
estimativa da freqüência de resistência ao dicofol foi mais favorável na concentração de 32
ppm (i.a.).
Resultados obtidos por Alves, Omoto e Franco (2000a), indicaram que o acaricida
dicofol não apresentou resistência cruzada a fenpyroximate, propargite e óxido de
fenbutatin, em B. phoenicis. Resistência cruzada positiva foi verificada entre dicofol e
bromopropilate. Assim sendo, os três primeiros produtos (fenpyroximate, propargite e óxido
de fenbutatin) podem ser opções viáveis dentro de um programa de manejo da resistência
de B. phoenicis a dicofol. A mistura dos acaricidas dicofol e fenpyroximate apresentou efeito
sinérgico em B. phoenicis, sendo a mortalidade obtida através da mistura destes produtos,
significantemente superior a soma das mortalidades obtidas para os produtos utilizados
isoladamente (ALVES; OMOTO; FRANCO, 2000b).
A sobrevivência observada para populações de B. phoenicis a cyhexatin em pomares
de citros, onde não foram realizadas pulverizações nos últimos anos, mostrou-se
relacionada ao uso de azocyclotin e outros acaricidas, o que pode indicar resistência
cruzada entre esses acaricidas (FRANCO et al., 2007).
Humeres e Morse (2005) sugerem uma possível resistência cruzada entre abamectin
e milbemectin em Oligonychus perseae Tuttle (Acari: Tetranychidae), baseando-se em
avaliações de populações do ácaro-praga coletadas em cultura de abacateiro na Califórnia,
EUA. Os resultados não foram claros pelo fato de não haver grandes contrastes entre as
populações com relação à suscetibilidade aos acaricidas.
27
0
20
40
60
80
100
120
Frequencia de resistência (%)
Abamectin Milbemectin
Fig. 1
Freqüência de resistência de T. urticae a abamectin e milbemectin. Média de sobrevivência EP) de
fêmeas adultas de populações coletadas de: framboesa (Fr), morangueiro (Mo), Gérbera (Ge) e crisântemo (Cr),
de diferentes localidades: Campos do Jordão (CJ), Monte Alegre do Sul (MA), Socorro (SO), Atibaia (AT),
Campinas (Ca), Serra Negra (SN), Holambra (Ho) e Santo Antônio de Posse (SA), após o tratamento com
abamectin (a 4,79 mg de i.a./L) e milbemectin (a 5,5 mg de i.a./L) nas suas respectivas concentrações
discriminatórias.
4. 1. 3. Estabilidade da resistência de T. urticae a milbemectin
O estudo da estabilidade da resistência de T. urticae a milbemectin indicou que a
resistência é instável na ausência de pressão de seleção, em condições de laboratório (Fig.
2). A porcentagem de ácaros resistentes a milbemectin variou significativamente ao longo do
tempo (F=61,65; G.L. = 7, 24; P < 0,0001), decrescendo de 75% para aproximadamente
14%, em sete meses. A porcentagem de ácaros resistentes decresceu seguindo uma
tendência de curva exponencial (y = 100,9e
-0,2483x
; R
2
= 0,994; F = 355.3; G.L. = 1, 30;
P<0,0001).
Durante o mesmo período (sete meses), a freqüência de resistência a abamectin
também variou significativamente (F = 69,65; G.L.= 7, 24; P < 0,0001), decrescendo de 57%
para 9%, nessa linhagem de T. urticae. A variação na freqüência de resistência também
seguiu uma tendência de curva exponencial (y = 80,8e
-0.262x
; R
2
= 0,978; F=352,4; G.L.= 1,
30; P<0,0001).
Y = 6,73 + 0,888x R
= 0,896 P < 0,0001
28
Observou-se correlação linear positiva e significativa (y = 2,8836 + 0,6853x; F =
171,53; G.L. = 1, 30; R
2
= 0,851; P < 0,0001) entre as freqüências de resistência a
milbemectin e abamectin, ao longo do período avaliado.
Sato et al. (2005) mencionaram uma possível resistência cruzada entre abamectin e
milbemectin, em T. urticae. Esses resultados, mostrando declínio proporcional das
freqüências de resistência a milbemectin e abamectin, corroboram com a hipótese de
resistência cruzada entre esses acaricidas.
A instabilidade da resistência de T. urticae a abamectin havia sido observada
anteriormente, em experimento de laboratório (SATO et al., 2005).
Em outro estudo, verificou-se que a freqüência de resistência a fenpyroxymate
declinava significantemente na ausência de pressão de seleção, no entanto, o tempo para
reversão da resistência era superior à observada para abamectin. Para uma população com
freqüência inicial de 75% de ácaros resistentes, a porcentagem de ácaros resistentes
decresceu para 49,6% em um ano (SATO et al., 2004).
Em um estudo sobre dinâmica da resistência de B. phoenicis a hexythiazox, em
talhões de citros com alta e baixa freqüência de resistência, Campos e Omoto (2006)
observaram que a resistência a hexythiazox era instável, em condições de campo. Foi
possível observar uma redução da freqüência de resistência em duas áreas de citros, com
aplicações de spirodiclofen e cyhexatin. Entretanto, em condições de laboratório, a
resistência de B. phoenicis mostrou-se estável, na ausência de pressão de seleção e
imigração de indivíduos suscetíveis (CAMPOS; OMOTO, 2002).
Estudos de estabilidade da resistência de T. urticae e outras espécies de ácaros a
acaricidas têm sido conduzidos por vários autores, para diferentes compostos (OMOTO et
al. 1995; DAGLI; TUNÇ, 2001; SATO et al. 2004; STUMPF; NAUEN, 2002).
Flexner et al. (1988) observaram que a resistência de T. urticae a cyhexatin declinou
rapidamente quando aplicações em campo foram cessadas. Tian et al. (1992) sugerem que
diferenças na estabilidade da resistência podem ser influenciadas por fatores ecológicos,
como a presença de plantas hospedeiras alternativas, onde não são feitas aplicações de
acaricidas, o que pode ser uma tática proveitosa para o manejo da resistência. Essas
plantas hospedeiras do ácaro-praga serviriam de refúgio para as populações suscetíveis.
Os resultados obtidos no presente estudo indicam alguma desvantagem adaptativa
associada aos indivíduos resistentes a milbemectin. A instabilidade da resistência, como
observada nessa linhagem de T. urticae, pode ser bastante favorável para o manejo da
resistência ao acaricida.
29
y = 100,9e
-0,248x
R² = 0,9937
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Frequência de resistência (%)
Período (meses)
Milbemectin
y = 80,847e
-0,262x
R² = 0,9785
0
10
20
30
40
50
60
70
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Frequência de resisncia (%)
Peodo (meses)
Abamectin
Fig. 2. Variação nas freqüências de resistência (porcentagem de ácaros resistentes) de Tetranychus
urticae a milbemectin e abamectin, em condições de laboratório (25 ± 1°C, 70 ± 5% UR e fotofase de
14 h).
30
4. 1. 4. Estudo de biologia comparada das linhagens de T. urticae resistente e
suscetível a milbemectin
Não foram observadas diferenças significativas entre as linhagens S e R, com
relação à duração dos estágios de larva, larva quiescente, protoninfa e protoninfa
quiescente. No entanto, diferenças significativas foram registradas para a duração das fases
de ovo, deutoninfa, deutoninfa crescente, e período de ovo a adulto (para fêmeas) entre as
duas linhagens. Neste caso, os ácaros da linhagem S apresentaram um tempo menor de
duração dessas fases, ou do período de desenvolvimento, que os ácaros da linhagem R
(Tabela 3).
Tabela 3.
Duração média ± erro padrão da média (em dias) dos estágios embrionário e pós-
embrionário das linhagens de Tetranychus urticae suscetível e resistente a milbemectin, à
temperatura de 25 ± 1ºC e fotofase de 14 horas
Estágio de
desenvolvimento
Linhagens
n Suscetível n Resistente
Ovo 133 3,51 ± 0,018 a 128 3,74 ± 0,033 b
Larva 133 1,00 ± 0,021 a 128 1,05 ± 0,021 a
Larva Quiescente 133 0,76 ± 0,023 a 127 0,86 ± 0,028 a
Protoninfa 133 0,79 ± 0,024 a 125 0,84 ± 0,024 a
Protoninfa Quiescente 133 0,78 ± 0,023 a 124 0,77 ± 0,023 a
Deutoninfa 132 0,88 ± 0,022 a 124 0,97 ± 0,024 b
Deutoninfa Quiescente 132 1,03 ± 0,027 a 123 1,07 ± 0,023 b
Ovo-adulto (Fêmea) 116 9,25 ± 0,044 a 94 9,60 ± 0,059 b
Ovo-adulto (Macho) 19 9,34 ± 0,10 a 23 9,50 ± 0,13 a
Essa pequena diferença (ao redor de 4%) no período de desenvolvimento (ovo-
adulto) entre as linhagens S e R de T. urticae não demonstra ser o principal fator
responsável pela rápida reversão da resistência a milbemectin, observada nesta pesquisa.
Não foram observadas diferenças significativas entre as linhagens S e R com relação
à duração dos períodos de pré-oviposição, oviposição e pós-oviposição (Tabela 4). Também
não foram observadas diferenças significativas na longevidade (ambos os sexos) e ciclo
completo dos ácaros fêmeas, das duas linhagens estudadas. Apenas foi observada
diferença significativa no ciclo completo de machos resistentes, que foi maior que o dos
suscetíveis.
31
O principal contraste observado entre os ácaros das linhagens S e R foi o número de
ovos depositados pelas fêmeas, que foi 27,4% maior na linhagem suscetível (Tabela 4).
Observou-se também um pequeno contraste (
χ
2
= 55,159; G.L. = 1; P < 0,0001) na
razão sexual, na qual, a proporção de fêmeas geradas dos ovos depositados pelas fêmeas
S (81,5 % de fêmeas) foi significativamente maior que para a linhagem R (73,5% de
fêmeas). A razão sexual foi estudada observando-se o sexo de 3687 ácaros adultos da
linhagem S e 2434 ácaros da linhagem R, originários de ovos das fêmeas obtidas neste
trabalho de biologia comparada.
Os resultados obtidos pela elaboração das tabelas de vida e fertilidade para as
linhagens S e R são apresentados na Tabela 6. A taxa líquida de reprodução (R
0
) observada
para a linhagem S (70,9516) foi 39,7% mais alta do que a da linhagem R. Esses resultados
indicam uma desvantagem adaptativa associada à linhagem resistente de T. urticae,
podendo explicar a instabilidade da resistência a milbemectin nessa espécie.
Tabela 4. Duração média ± erro padrão da média (em dias) dos períodos de pre-oviposição,
oviposição e pós-oviposição; e número médio de ovos por fêmea das linhagens de Tetranychus
urticae suscetível e resistente a milbemectin, à temperatura de 25 ± 1ºC e fotofase de 14 horas.
Linhagens
n Suscetível n Resistente
Pré-oviposição 116 0,94 ± 0,026 a 94 1,03 ± 0,032 a
Oviposição 98 18,16 ± 0,71 a 92 14,92 ± 0,69 a
Pós-oviposição 98 1,24 ± 0,23 a 92 1,31 ± 0,34 a
Nº ovos/fêmea 98 149,88 ± 7,02 a 92 117,69 ± 6,35 b
32
Tabela 5. Duração média ± erro padrão da média (em dias) dos períodos de longevidade e ciclo
completo, de machos e fêmeas, das linhagens de Tetranychus urticae suscetível e resistente a
milbemectin, à temperatura de 25 ± 1ºC e fotofase de 14 horas
Linhagens
n Suscetível N Resistente
Longevidade fêmeas 98 19,35 ± 0,82 a 92 15,76 ± 0,81 a
Longevidade machos 15 10,67 ± 1,77 a 20 18,58 ± 2,08 a
Ciclo completo fêmeas 98 28,28 ± 0,81 a 92 25,69 ± 0,78 a
Ciclo completo machos 15 19,70 ± 1,58 a 20 28,24 ± 2.06 b
Tabela 6. Parâmetros biológicos obtidos através de tabela de vida e fertilidade para as linhagens de
Tetranychus urticae suscetível e resistente a milbemectin (à temperatura de 25 ± 1ºC e fotofase de 14
horas): taxa líquida de reprodução (R
0
), duração média de uma geração (T), capacidade inata de
aumentar em número (r
m
) e razão finita de aumento (
λ
)
Parâmetros biológicos Linhagens
Suscetível Resistente
T 18,7429 17,8704
R
0
70,9516 50,7952
r
m
0,2274 0,2198
λ
1,2553 1,2458
Considerando as razões finitas de aumento (λ) obtidas para as linhagens S (1,2553
fêmeas/fêmea/dia) e R (1,2458 fêmeas/fêmea/dia), em um período de 30 dias, uma fêmea
da linhagem S seria capaz de produzir 917 ácaros fêmeas, enquanto que uma fêmea R
geraria “apenas” 730 fêmeas dessa espécie (em 30 dias). Em 180 dias ou aproximadamente
6 meses, o número de ácaros gerados por uma fêmeas S (5,95 x 10
17
ácaros fêmeas) seria
aproximadamente quatro vezes maior que número de ácaros gerados por uma fêmea R
(1,51 x 10
17
ácaros fêmeas), no mesmo período.
Desvantagens reprodutivas também foram consideradas responsáveis pela
instabilidade da resistência de Panonychus citri (Acari: Tetranychidae) ao acaricida dicofol
(INOUE, 1980).
No caso da resistência de B. phoenicis a dicofol, também foram observadas
diferenças significativas quanto a razão finita de aumento (λ), sendo de 1,095
33
fêmeas/fêmea/dia para a linhagem S, e de 1,081 fêmeas/fêmea/dia para a linhagem R. Ao
final de 60 dias uma fêmea da linhagem S seria capaz de produzir 231 indivíduos enquanto
da linhagem R produziria apenas 107 indivíduos (ALVES, 1999).
Em contraste com nossos resultados, Flexer et al. (1989) não constataram diferença
significativa no número total de ovos colocados por fêmeas de T. urticae de linhagens
resistentes e suscetíveis a cyhexatin, no entanto, um menor tempo de desenvolvimento para
fêmeas da linhagem suscetível foi observado em laboratório. Diferenças no tempo de
desenvolvimento e sobrevivência podem ser responsáveis pela reversão da resistência a
cyhexatin e, em condições de campo, a imigração de indivíduos suscetíveis também pode
favorecer esta reversão.
A partir de dados obtidos em estudo de biologia de linhagens S e R de B. phoenicis a
hexythiazox, não foram encontradas diferenças significativas nos parâmetros biológicos
estudados, corroborando com os resultados obtidos por Campos e Omoto (2002), em que a
resistência deste ácaro foi estável em condições de laboratório (CAMPOS; OMOTO, 2006).
Franco et al. (2007) concluíram que não existia custo adaptativo associado a
resistência de B. phoenicis a propargite, para os parâmetros biológicos estudados em
laboratório (duração dos estágios de desenvolvimento de ovo a adulto, duração do período
de pré-oviposição, oviposição, longevidade e fecundidade), exceto para o período de pós-
oviposição que foi maior para a linhagem R a propargite do que para a linhagem S.
O presente trabalho indica que a resistência de T. urticae a milbemectin é instável na
ausência de pressão de seleção com o acaricida. Em condições de laboratório, a reversão
da resistência está ligada às diferenças no valor adaptativo da linhagem R em relação à
linhagem S. Em condições de campo, a reversão pode ser favorecida pela imigração de
ácaros suscetíveis de diversas plantas hospedeiras próximas às culturas estudadas.
4. 2. Estudos sobre toxicidade diferencial de agroquímicos sobre ácaros predadores e
ácaro-rajado
Os resultados dos testes de toxicidade de pesticidas em ácaros predadores e T.
urticae, conduzidos em condições de laboratório, são apresentados na Tabela 7.
Os testes mostraram que spiromesifen foi altamente tóxico a T. urticae, eliminando a
população do ácaro-praga em um período de dez dias. A mortalidade das fêmeas adultas
por esse produto está provavelmente associada ao acúmulo de ovos que não foram
depositados após o contato dos ácaros com o produto (NAUEN et al., 2005).
No entanto, spiromesifen, na sua concentração recomendada, mostrou-se inócuo ao
ácaro predador N. californicus, não causando mortalidade significativa em adultos ou
34
qualquer outra fase da vida deste ácaro. Não houve diferença significativa no número de
ovos depositados pelas fêmeas ou na taxa de crescimento instantâneo de N. californicus
para o tratamento com spiromesifen em relação à testemunha.
O acaricida chlorfenapyr foi mais prejudicial ao ácaro predador do que ao ácaro-
rajado. O produto afetou severamente a população de N. californicus. A baixa sensibilidade
de T. urticae a chlorfenapyr está provavelmente relacionada à resistência dessa população
(coletada de crisântemo em Santo Antônio da Posse, SP) ao acaricida.
Embora o chlorfenapyr não tenha sido eficiente contra a população de T. urticae
utilizada no presente experimento, esse acaricida se mostrou altamente tóxico aos ovos de
T. urticae coletados de mamoeiro, em Pernambuco, em área onde não havia sido utilizado
acaricidas. O produto causou 100% de inviabilidade dos ovos nas concentrações de 25, 50
e 75% das dosagens comerciais recomendadas para o controle de T. urticae em mamoeiro
no Brasil (ESTEVES FILHO; OLIVEIRA; GONDIM JÚNIOR, 2008).
Da mesma forma que para chlorfenapyr, o abamectin se mostrou mais prejudicial ao
ácaro predador do que à praga. Nesse caso, essa população de T. urticae (coletada de
crisântemo em Santo Antonio da Posse, SP) também se mostrou moderadamente resistente
ao acaricida abamectin.
Resultados semelhantes, indicando alta toxicidade de abamectin e chlorfenapyr a N.
californicus, foram constatados por Silva e Oliveira (2006) e por Sato et al. (2002).
O milbemectin também se mostrou prejudicial ao ácaro predador, porém seu efeito
foi bem menos drástico do que chlorfenapyr. O acaricida foi mais prejudicial a N. californicus
do que a T. urticae, baseando-se na taxa de crescimento instantâneo.
Os produtos dimethoate e acephate mostraram-se inócuos a N. californicus, não
afetando os adultos, nem as taxas de oviposição e crescimento populacional. Esses
acaricidas também não causaram mortalidade significativa em T. urticae.
O acaricida diafenthiuron mostrou-se bastante tóxico ao ácaro fitoseídeo, afetando
todas as fases de desenvolvimento de N. californicus. O produto reduziu drasticamente a
taxa de crescimento populacional do fitoseídeo. O produto também prejudicou severamente
a população do ácaro-praga, mostrando-se altamente eficiente contra a praga.
Elevadas mortalidades pelo acaricida diafenthiuron sobre imaturos de N. californicus
também foram observadas por Poletti, Collette e Omoto (2008).
O óleo de neem (na concentração de 0,5%) causou redução significativa na taxa de
oviposição de T. urticae. O óleo de neem nessa concentração mostrou-se pouco prejudicial
aos ácaros predadores, não diferindo significativamente da testemunha, em termos de taxa
de crescimento populacional (Tabela 7).
Estes resultados são importantes no âmbito do manejo do ácaro-rajado em “cultivo
orgânico”, como também para diminuir a contaminação de agrotóxicos em frutos
35
consumidos in natura. Toxicidades relativamente mais baixas de neem em ácaros
fitoseídeos (Euseius alatus e P. macropilis) em relação a T. urticae também haviam sido
mencionadas por Brito et al. (2006).
Extratos e isolados de Kochia scoparia (planta herbácea cosmopolita), formulada
com diferentes solventes, apresentaram efeito acaricida sobre Tetranychus viennensis, T.
urticae e T. cinnabarinus, porém, estudos relacionados ao modo de ação, técnicas de
extração, impactos ecológicos e toxicidade sobre mamíferos ainda são necessários (SHI et
al., 2006).
Estudos realizados com óleo essencial de rosemary Rosmarinus officinalis L. e
EcoTrol (pesticida baseado em óleo de rosemary), causaram menos mortalidade sobre o
ácaro predador P. persimilis do que sobre T. urticae, em laboratório e casa de vegetação,
sobre cultivo de tomate Lycopersicum esculatum Mill. (MIRESMAILLI; ISMAN, 2006). Além
disso, esses óleos não foram persistentes no ambiente, sendo seu efeito letal minimizado
em 1 a 2 dias.
Em testes realizados em laboratório, Kim e Yoo (2002) demonstraram que
bifenazate, acequinocyl, chlorfenapyr, flufenoxuron e óxido de fenbutatin foram menos
tóxicos a P. persimilis do que a T. urticae, podendo ser indicados como acaricidas seletivos
em programa de manejo integrado de ácaros na Republica da Coréia.
Dos produtos testados no presente estudo, spiromesifen, dimetoate, acephate e
neem foram os menos tóxicos a N. californicus, podendo ser utilizados em programas de
manejo de pragas em morangueiro e ornamentais. Abamectin, chlorfenapyr, milbemectin e
diafenthiuron foram os produtos mais tóxicos aos predadores. Entretanto de acordo com
Sato et al. (2002), o abamectin apresenta um curto efeito residual, não mostrando qualquer
efeito tóxico ao predador, um dia após a aplicação.
Estes resultados servem de subsídios para programa de manejo de ácaros, quando
se pretende realizar liberações de ácaros predadores visando ao controle biológico de T.
urticae em diversas culturas.
36
Tabela 7. Efeito de diferentes agroquímicos sobre Neoseiulus californicus e Tetranychus
urticae: mero de ovos por fêmea por dia (número médio ± EP) e taxa de crescimento
instantâneo (r
i
) (valor médio ± EP) (média de 40 repetições)
Produto
Concentração
(mg i.a./l)
N. californicus T. urticae
ovos/fêmea/dia
r
i
(dia)
Nº ovos/fêmea/dia
r
i
(dia)
spiromesifen 288 1,78 ± 0,35 0,31 ± 0,019 0,41 ± 0,20* -
a*
chlorfenapyr 120 0,070 ± 0,016* - 0,12 ± 0,039* 2,79 ± 0,15* 0,245 ± 0,039*
abamectin 13,5 0,17 ± 0,15* 0,0079 ± 0,021* 1,25 ± 0,52* 0,270 ± 0,048*
milbemectin 10 0,44 ± 0,19* 0,12 ± 0,024* 1,89 ± 0,57* 0,290 ± 0,027*
dimetoate 320 2,00 ± 0,40 0,38 ± 0,041 5,27 ± 0,64 0,44 ± 0,029
acephate 750 2,08 ± 0,48 0,36 ± 0,028 5,33 ± 0,64 0,46 ± 0,012
diafenthiuron 300 0,035 ± 0,021* - 0,24 ± 0,020* 0,045 ± 0,013* - 0,34 ± 0,021*
neem 0.5%
b
2,43 ± 0,39 0,38 ± 0,0295 3,75 ± 0,35* 0,31 ± 0,023*
Testemunha - 2,12 ± 0.32 0,35 ± 0,034 5,42 ± 0,59 0,49 ± 0,018
a
População final = zero
b
No caso de Neem, considerou-se porcentagem do produto comercial
37
4. 3. Estudos sobre controle biológico de T. urticae através de liberações de ácaros
predadores
Considerando-se as sete avaliações realizadas, no período de 13/08/2007 a
26/10/2007, verificou-se que as densidades populacionais de T. urticae variaram
significativamente entre os tratamentos [Tratamento 1 (área com liberação de predadores) e
Testemunhas 1, 2, 3 e 4)] (F = 4,0613; G.L. = 4, 24; P = 0.0118) e entre datas de avaliação
(F = 26,3473; G.L. = 6, 24; P < 0,0001), indicando que os padrões de flutuação populacional
foram diferentes entre os tratamentos, durante o referido período.
No caso do ácaro predador N. californicus, também foram observadas diferenças
entre tratamentos (F = 3,45; G.L. = 4, 24; P = 0,042) e entre datas de avaliação (F = 2,5615;
G.L. = 6, 24; P = 0,0459). Para a outra espécie de ácaro predador avaliada, P. macropilis,
também foram observadas diferenças entre tratamentos (F = 4,41; G.L. = 4, 24; P = 0,039) e
entre datas de avaliação (F = 19,2763; G.L. = 6, 24; P < 0,0001), durante esse período.
Nesse experimento, a população inicial de T. urticae foi de aproximadamente de 50 a
60 ácaros/folíolo. As duas aplicações iniciais de propargite (utilizando 1/3 da concentração
recomendada, por decisão do agricultor), antes da liberação inicial de ácaros predadores,
não foram suficientes para reduzir a população de T. urticae no campo. Na área do
tratamento 1, a população de T. urticae passou de 62,4 para 114,9 ácaros por folíolo, no
período de 13/08 a 22/08/2007. Caso as aplicações de propargite não tivessem sido
realizadas, o aumento populacional da praga poderia ter sido ainda maior (Fig. 3).
Na área com liberação de predadores (Tratamento 1), com população de 114,9
ácaros T. urticae por folíolo no dia da primeira liberação de N. californicus, não foi observado
nenhum aumento populacional da praga, que se manteve em torno de 100 ácaros/folíolo até
24 dias após a primeira liberação de N. californicus. Após esse período, a população de T.
urticae decresceu gradativamente, chegando a 24,9 ácaros/folíolo, aos 42 dias após a
introdução de N. californicus no morangueiro. A população de T. urticae tornou-se igual ou
inferior a 3,5 ácaros por folíolo somente aos 54 dias após o início das liberações de ácaros
predadores.
Deve ser lembrado que uma terceira aplicação de propargite (1/3 da dose
recomendada) foi realizada em todo o campo (inclusive nas áreas testemunha) no dia
28/09/2007, o que pode ter influenciado na população de T. urticae, que não aumentou na
área do Tratamento 1, após a primeira liberação de N. californicus (22/08/2007), mesmo na
fase inicial, quando a população de predadores ainda era baixa (Fig. 3).
A aplicação de propargite, na concentração sua recomendada (216 mg de i.a./L),
antes da liberação de N. californicus, foi importante para reduzir a população de T. urticae e
38
favorecer o controle da praga, em um experimento realizado em morangueiro, em Atibaia,
SP (SATO et al. 2007b).
Na área da Testemunha 1 (canteiro adjacente, à esquerda das parcelas do
Tratamento 1), sem liberação de predadores, a população de ácaro-rajado atingiu 202,2
ácaros/folíolo aos 33 dias após o início do experimento (10/09/2008), sendo o dobro da
população da praga na área com liberação de predadores. Aos 51 dias após o início do
experimento, observou-se um início de redução populacional (em relação à avaliação
anterior), chegando a 153,5 ácaros/folíolo. Aos 63 dias (10/10/2007), a população de T.
urticae chegou a 10,3 ácaros por folíolo, não diferindo estatisticamente da área com
liberação de predadores. Aos 79 dias, a população de ácaro-rajado foi reduzida para 0,45
ácaro/folíolo. Essa redução populacional de T. urticae ocorreu acompanhando o crescimento
populacional de N. californicus e P. macropilis no campo.
Na área Testemunha 2 (canteiro adjacente; à direita das parcelas do Tratamento 1),
sem liberação de predadores, a população de T. urticae chegou a 187,9 ácaros/folíolo aos
26 dias após o início do experimento (03/09/2007), mantendo uma população igual ou acima
de 51,5 ácaros/folíolo até 63 dias do início do estudo. Nessa data (10/10/2007), a população
na Testemunha 2 mostrava-se 14,5 vezes maior que na área com liberação de predadores.
Aos 79 dias, a população de T. urticae tornou-se igual ou inferior a 2 ácaros/folíolo, após o
estabelecimento da população de N. californicus (e P. macropilis) nas áreas da Testemunha
2 (Fig. 3, 4 e 5).
Na Testemunha 3 (continuação do canteiro do tratamento 1: 0 a 10 m da área do
tratamento 1), sem liberação de predadores, o número de ácaros T. urticae chegou a 197,5
ácaros/folíolo aos 33 dias após o início do experimento (10/09/2007), com a população do
ácaro-praga em níveis iguais ou acima de 72,5 ácaros por folíolo até 10/10/2007 (63º dia do
experimento). Nessa data (10/10/2007), a população de T. urticae na área com liberação de
predadores (Tratamento 1) era de 3,5 ácaros por folíolo, ou seja, 20,7 vezes menor. Aos 79
dias do início do experimento, a população de ácaro-rajado caiu para 11,1 ácaro por folíolo,
em conseqüência da dispersão de ácaros predadores (Fig. 3, 4 e 5).
39
0
50
100
150
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13/8
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mero de ácaros/folíolo
Tetranychus urticae
Área liberão predadores Testemunha 1 Testemunha 2
0
50
100
150
200
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8/10
15/10
22/10
mero de ácaros/folíolo
Tetranychus urticae
Área liberação predadores Testemunha 3 Testemunha 4
Fig. 3 Flutuação populacional de ácaro-rajado (Tetranychus urticae) em morangueiro: Tratamento 1
(área com liberação de ácaros predadores); Testemunha 1 (canteiro à esquerda do tratamento 1);
Testemunha 2 (canteiro à direita do tratamento 1); Testemunha 3 (continuação do canteiro do
tratamento 1: 0 a 10 m da área do tratamento 1); Testemunha 4 (continuação do canteiro tratamento
1: 10 a 20 m da área do tratamento 1). Não foram feitas liberações de predadores nas áreas
testemunhas. A seta indica o início das liberações de predadores no tratamento 1.
40
Na testemunha 4 (continuação do canteiro do Tratamento 1: 10 a 20 m da área do
tratamento 1), com população inicial do ácaro-praga de 39,8 ácaros/folíolo, houve um
crescimento populacional da praga até 28 dias do início do experimento (10/09/2007),
quando a população da praga se tornou 4,1 vezes maior que a população inicial (mesmo
com as aplicações de propargite). A partir dessa data houve uma redução gradativa da
população do ácaro-praga, seguindo a tendência de aumento populacional de ácaros
fitoseídeos que migraram do tratamento 1. A espécie que contribuiu inicialmente com essa
queda populacional foi P. macropilis (Fig. 3, 4 e 5).
Com relação à população de N. californicus, observou-se uma dispersão mais rápida
dos ácaros desta espécie para a testemunha 1, em relação à testemunha 2, provavelmente
devido à influência do vento, que predominava em direção nordeste, nessa propriedade (a
distribuição dos morros ao redor favoreciam os ventos nessa direção). Aos 42 dias após a
primeira liberação (28/09/2007), foi observado o maior contraste, na qual a população de N.
californicus na testemunha 1 chegou a ser quase 3 vezes maior que na testemunha 2. Esse
fato influenciou a população de T. urticae, sendo que, foi observada uma queda
populacional da praga mais rápida na testemunha 1 em relação à testemunha 2, no período
entre 42 e 54 dias após a primeira liberação (de 28/09 a 10/10/2007). Deve ser lembrado
que as testemunhas 1 e 2 ficavam eqüidistantes do local de liberação dos predadores (área
do tratamento 1) (Fig. 3 e 4).
Os ácaros da espécie N. californicus apresentaram baixa taxa de dispersão por
caminhamento ao longo do canteiro de morango. Os primeiros ácaros N. californicus na
testemunha 3, com amostras tomadas de 1 a 9 m do local de liberação dos ácaros
predadores dessa espécie, só foram observados 24 dias após o início das liberações
(10/09/2007). Na testemunha 4, com amostras tomadas de 11 a 19 m do local de liberação,
os primeiros predadores dessa espécie foram detectados apenas 54 dias do início das
liberações (10/10/2007).
41
0
0,5
1
1,5
2
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mero de ácaros/folíolo
Neoseiulus californicus
Área liberão predadores Testemunha 1 Testemunha 2
0
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1
1,5
2
2,5
3
3,5
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1/10
8/10
15/10
22/10
mero de ácaros/folíolo
Neoseiulus californicus
Área liberão predadores Testemunha 3 Testemunha 4
Fig. 4 Flutuação populacional do ácaro predador Neoseiulus californicus em morangueiro: Tratamento
1 (área com liberação de ácaros predadores); Testemunha 1 (canteiro à esquerda do tratamento 1);
Testemunha 2 (canteiro à direita do tratamento 1); Testemunha 3 (continuação do canteiro do
tratamento 1: 0 a 10 m da área do tratamento 1); Testemunha 4 (continuação do canteiro tratamento
1: 10 a 20 m da área do tratamento 1). Não foram feitas liberações de predadores nas áreas
testemunhas.
42
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
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1/10
8/10
15/10
22/10
mero de ácaros/folíolo
Phytoseiulus macropilis
Área liberão predadores Testemunha 1 Testemunha 2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
13/8
20/8
27/8
3/9
10/9
17/9
24/9
1/10
8/10
15/10
22/10
mero de ácaros/folíolo
Phytoseiulus macropilis
Área liberão predadores Testemunha 3 Testemunha 4
Fig. 5 Flutuação populacional do ácaro predador Phytoseiulus macropilis em morangueiro:
Tratamento 1 (área com liberação de ácaros predadores); Testemunha 1 (canteiro à esquerda do
tratamento 1); Testemunha 2 (canteiro à direita do tratamento 1); Testemunha 3 (continuação do
canteiro do tratamento 1: 0 a 10 m da área do tratamento 1); Testemunha 4 (continuação do canteiro
tratamento 1: 10 a 20 m da área do tratamento 1). Não foram feitas liberações de predadores nas
áreas testemunhas.
43
Os ácaros predadores da espécie P. macropilis apresentaram maior caminhamento
ao longo do canteiro de morango, sendo que os primeiros ácaros P. macropilis na
testemunha 3 foram observados 7 dias após a sua liberação. Na testemunha 4, aos 21 dias
após a liberação, a população de P. macropilis atingia 0,25 ácaro/folíolo. Os ácaros
predadores dessa espécie foram provavelmente os responsáveis pelo início da redução
populacional de T. urticae nas áreas das testemunhas 3 e 4 (Fig. 5).
Garcia e Chiavegato (1997) avaliaram a resposta funcional e reprodutiva de P.
macropilis a diferentes densidades de ovos de T. urticae, demonstrando grande eficiência do
predador em reduzir elevadas densidades de ovos de T. urticae, com aumento da população
do predador.
Segundo Sato et al. (2007b) o ácaro predador P. macropilis apresentou grande
potencial de controle e causou rápida supressão de T. urticae em casa de vegetação em
cultivo de morango comercial. Os ácaros dessa espécie abandonavam as plantas de
morango quando a população de T. urticae apresentava-se baixa (<5.6 ácaros/folíolo). A
dispersão de N. californicus foi muito baixa quando a infestação de T. urticae era alta (40
ácaros/folíolo).
Apesar de o número total de ácaros predadores liberados das espécies N.
californicus e P. macropilis ter sido semelhante, a primeira liberação de N. californicus foi
realizada 17 dias antes da liberação de P. macropilis, o que favoreceu o estabelecimento
dessa espécie no campo.
A população de N. californicus atingiu níveis populacionais quatro vezes superiores a
de P. macropilis no Tratamento 1, mantendo níveis populacionais significativamente (P<
0,05) mais elevados que do outro fitoseídeo, durante todo o período avaliado. Mesmo nas
áreas das testemunhas 3 e 4, a população de N. californicus tornou-se maior que a de P.
macropilis, nas duas últimas avaliações do experimento, indicando que N. californicus tem a
capacidade de deslocar P. macropilis em condições de baixas populações de ácaro-rajado.
Resultados semelhantes também foram observados por Sato et al. (2007b), quanto a
capacidade do ácaro N. californicus de deslocar P. macropilis em morangueiro.
De acordo com Rhodes et al. (2006), o ácaro N. californicus pode deslocar P.
persimilis, como observado em experimento de campo, onde ocorreu a liberação destes dois
ácaros predadores em combinação. Com relação ao controle do ácaro T. urticae, tanto em
casa-de-vegetação como também em campo, a combinação destes dois ácaros fitoseídeos
apresentaram significante redução na população do tetraniquídeo. Esse trabalho também
sugere a combinação de uso de bifenazate (Acramite
®
) com N. californicus ou P. persimilis
por apresentar um efetivo controle de T. urticae, sem prejudicar os predadores.
Os resultados obtidos por Walzer, Blumel e Schausberger (2001), relatam maior
capacidade de P. persimilis de aumentar em número em relação a N. californicus, quando
44
criados individualmente, no entanto, a população de N. californicus oscilou menos ao longo
do período estudado (ausência de períodos com populações muito baixas). No sistema em
que as duas espécies foram criadas juntas, houve uma redução da densidade populacional
de P. persimilis, enquanto que, a população de N. californicus se manteve elevada, como
quando criado isoladamente, indicando a capacidade de N. californicus de deslocar P.
macropilis. É importante também ressaltar que, durante esse estudo, os autores observaram
uma rápida predação de T. urticae por P. persimilis, seguida de uma rápida redução
populacional do predador, enquanto que, N. californicus persistiu por mais tempo no campo.
Os resultados obtidos no presente experimento indicam que as duas espécies de
predadores (N. californicus e P. macropilis), utilizadas em conjunto, foram eficientes no
controle de T. urticae, em cultivo (comercial) não protegido de morangueiro, em Monte
Alegre do Sul, no Estado de São Paulo. P. macropilis mostrou maior capacidade de
dispersão que N. californicus em área de morangueiro.
45
5. CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos no presente estudo, pode-se concluir que:
1)
A magnitude de resistência (CL
50
R / CL
50
S) de Tetranychus urticae a milbemectin
pode chegar a 408,9 (vezes).
2) A concentração discriminatória de 5,5 mg de i.a./L de milbemectin pode ser utilizada
para o monitoramento da resistência de T. urticae a milbemectin.
3) As freqüências de resistências de T. urticae a milbemectin e abamectin se mostram
variáveis no Estado de São Paulo, com a presença de algumas populações com altas
freqüências de resistência (> 80%) em culturas como morango e crisântemo.
4) Os estudos indicam resistência cruzada positiva entre abamectin e milbemectin
em T. urticae.
5) A resistência de T. urticae a milbemectin é instável na ausência de pressão de
seleção com milbemectin.
6) A linhagem resistente de T. urticae a milbemectin apresenta menor valor
adaptativo em relação à linhagem suscetível ao acaricida.
7) O custo adaptativo da resistência de T. urticae a milbemectin está relacionado
principalmente à menor fecundidade da linhagem resistente em relação à linhagem
suscetível ao produto.
8) Spiromesifen mostra-se altamente tóxico a T. urticae e inócuo ao ácaro predador
Neoseiulus californicus.
9) Os acaricidas milbemectin, abamectin e chlorfenapyr mostram-se mais tóxicos a
N. californicus que a T. urticae.
10) Dimetoate e acephate não se mostram prejudiciais a N. californicus, nem a T.
urticae.
46
11) Diafenthiuron apresenta toxicidade elevada a T. urticae e a N. californicus.
12) Óleo de neem (0,5%) afeta significativamente a taxa de oviposição de T. urticae
sem causar prejuízos significativos ao predador N. californicus.
13) Os ácaros predadores N. californicus e Phytoseiulus macropilis apresentam bom
potencial para o controle de T. urticae em cultivo de morango não protegido.
14) O predador P. macropilis apresenta maior capacidade de dispersão que N.
californicus em morangueiro.
47
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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