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e, como padrões, podiam ser adaptados e até evitados, por exemplo, em função de
algum aspecto interpretativo que o Maestro julgasse necessário ressaltar. Para uma
melhorcompreensãodestetópico,convémaleituradoAnexodestadissertação,que
fazumbreveestudodaclassificaçãodeconsoantes.
a) Vogais. Neste ponto estava um dos pilares da unificação da sonoridade do
Ars Nova, pautado na escola do professor Eladio Pérez‐Gonzáles
(Rodrigues;PÉREZ‐GONZÁLES, 2000).
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Todas asvogaistinham deter a
mesma abertura, para não haver diferença de impedância.
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Entendo de
Fernandes que essa abertura era definida pela mandíbula, e a medida
mínimaeraencontradapelamordeduradaspontassobrepostasdosdedos
médioeindicador,medida,segundoele,aplicadaatodooregistrograve,
médio grave e médio agudo. Mantendo os lábios relaxados, fechando‐os
lateralmente apenas para formar as vogais |u|
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e |o|, evitava‐se a
aberturalateralquelembraumsorriso.Algumasadaptaçõespoderiamser
feitasemfunçãodoregistro–quantomaisagudo,maisaberto–,mas,em
cada registro, todas as vogais deveriam manter essa mesma abertura. É
importante observar que isso é uma opção do Maestro – ele poderia ter
escolhidooutraescoladeCanto–e,nãosomentecontribuiparaunificara
sonoridadedoCoro,mastambémdefineumaspectomuitopeculiardesua
sonoridade.
b) |s| em fim de sílaba seguido de pausa. Como consoante da categoria das
fricativas surdas, o |s| é muito brilhante, pois produz freqüências muito
agudas, muito acima dos registros da voz humana e, por isso, pode ser
ouvida com facilidade num contexto de música coral. Como se não
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VeronaafirmaqueFonsecaapresentassemaispreocupaçãocomasconsoantes,umavezque,emsua
opinião, as vogais são mais audíveis e, portanto, precisam de menos cuidado. Justifica‐se sua
opinião pelo fato de que a escrita rítmica tradicional indique a duração das vogais, deixando
implicadoqueasconsoantesdevem
duraromenortempopossível,antesoudepoisdasvogais.
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Apesar de este termo ser originalmente aplicado à Engenharia Elétrica (veja o verbete
correspondenteemFERREIRA,2004),façousodelecomsignificadobemdiverso:indicaquantoo
fechamento dos lábios ou da mandíbula impedem a saída do som pela cavidade bucal. Aprendi
este conceito com o professor Neri Rodrigues Contin,
regente do Coral da FUNREI (hoje UFSJ –
UniversidadeFederaldeSãoJoãodelRei),noperíodode1996a1999,ecomaMaestrinaAngélica
Faria,emoficinadePráticaCoraleemcursodeRegênciaCoralministradosnoIXInvernoCultural
da FUNREI, em Julho de 1996. Angélica Faria
trabalhara com o professor Eladio Pérez‐Gonzáles
(citada em PÉREZ‐GONZÁLES, 2000, p. 3), que também adota o mesmo conceito para o termo
impedânciaaolongodeseulivro.
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Fonemasserãoindicadosentrebarrasverticais.