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Universidade Federal de Pernambuco
Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação –
PROPESQ
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Patologia
IVAN RODRIGUES DE CARVALHO FILHO
ESTUDO CLÍNICO-PATOLÓGICO DOS PAPILOMAS
INTRADUCTAIS CENTRAIS E PERIFÉRICOS DA MAMA
RECIFE
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Amaro Henrique Pessoa Lins
VICE-REITOR
Prof. Dr. Gilson Edmar Gonçalves e Silva
PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Celso Pinto de Melo
DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
Prof. Dr. José Tadeu Pinheiro
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
DIRETORA SUPERINTENDENTE
Profª. Drª. Heloísa Maria Mendonça de Morais
DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA
CHEFE
Profª. Drª. Adriana Maria da Silva Telles
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA
MESTRADO EM PATOLOGIA
COORDENADORA
Profª. Drª. Sílvia Regina Arruda de Moraes
VICE-COORDENADOR
Prof. Dr. Roberto José Vieira de Mello
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II
Universidade Federal de Pernambuco
Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação –
PROPESQ
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Patologia
IVAN RODRIGUES DE CARVALHO FILHO
ESTUDO CLÍNICO-PATOLÓGICO DOS PAPILOMAS
INTRADUCTAIS CENTRAIS E PERIFÉRICOS DA MAMA
Orientadora
Profª. Dr
a
. Maria do Carmo de Abreu e Lima
Departamento de Patologia/CCS/UFPE
RECIFE
2007
Dissertação aprovada ao Programa de s-
Graduação em Patologia do Centro de
Ciências da Saúde como requisito para
obtenção do grau de Mestre em Patologia
Área de concentração: Anatomia Patológica
Carvalho Filho, Ivan Rodrigues de
Estudo Clínico-Patológico dos Papilomas Intraductais Centrais e
Periféricos.
Ivan Rodrigues de Carvalho Filho. Recife: [s/n], 2007.
134p.:il.
Dissertação (Mestrado em Patologia) – Centro de Ciências da
Saúde – Universidade Federal de Pernambuco.
1. Papiloma. 2. Mama. 3. Carcinoma. 4. Diagnóstico
histopatológico.
I. Título.
CDU 616-09
CDD.616.07
III
IV
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmãs, por sempre terem incentivado minha curiosidade
científica.
A Profª. Drª. Maria do Carmo Abreu e Lima, pela oportunidade de ter estudado e
aprimorado meus conhecimentos a respeito de uma lesão o complexa e
desafiante para um anatomopatologista. Certamente, hoje, tenho uma visão
muito mais crítica sobre a importância da atualização profissional.
A todos os Mastologistas, com quem tenho a honra de trabalhar, por estarem a
desafiar meus conhecimentos, sempre que requisitam um parecer
anatomopatológico, o que me incentiva a estudar a cada dia.
A todos os membros técnicos e administrativos dos serviços de Anatomia
Patológica do Hospital de Câncer Napoleão Laureano e do Laboratório
UNILAB, pela excelência da qualidade dos serviços, que me deu
tranqüilidade para concluir esta dissertação.
À amiga, Ana Flávia Ribeiro, pela eterna disponibilidade em ajudar os amigos.
Ao amigo, Kilder Menezes, pela hospitalidade pernambucana, cuja acolhida
permitiu que eu me dedicasse às extenuantes etapas que culminaram com a
conclusão desta dissertação.
EPÍGRAFE
A sabedoria não nos é dada.
É preciso descobri-la por nós mesmos,
depois de uma viagem
que ninguém nos pode poupar ou fazer por
nós.
Marcel Proust (1871-1922)
VI
RESUMO
Com o objetivo de detalhar as características clínico-patológicas dos papilomas
centrais e periféricos, diagnosticados em tecido mamário obtido por setorectomia
ou biópsia excisional, foi realizado estudo retrospectivo, descritivo, a partir da
análise dos laudos de exame anatomopatológico desses materiais, constantes do
arquivo do Departamento de Patologia do Hospital de Câncer da Paraíba
Fundação Napoleão Laureano, referente ao período de Dezembro de 2000 a
Dezembro de 2006. Foram localizados 63 laudos referentes a 54 pacientes do
sexo feminino, com idade média de 50,87 ± 11,34 anos, que obedeciam às
características de: laudo com diagnóstico de papiloma, independente de qualquer
classificação, em ausência de carcinoma invasor, firmado com base em clivagem
completa e inclusão total em bloco de parafina, pelo próprio pesquisador, à época
do diagnóstico anatomopatológico da lesão; registro de idade, topografia da lesão
mamária e resultado de, no mínimo, um exame de imagem anterior à
setorectomia, no prontuário da paciente, assim como existência dos blocos de
parafina dos respectivos materiais de biópsia excisional. Resultou amostra não
probabilística, de conveniência, constituída por 418 lâminas de material de biópsia
excisional e de descarga papilar, quando existentes, e 930 cortes histológicos,
reavaliados pelo pesquisador e pela Orientadora, por microscopia óptica. Quando
necessário, os blocos de parafina foram reprocessado pela técnica de rotina (HE).
As variáveis foram: faixa etária da paciente; topografia e lateralidade da lesão,
características macroscópicas de descarga papilar, palpabilidade tumoral e
aspecto ao exame de imagem, presença de alterações de papila mamária;
história familiar de câncer, de biópsia mamária prévia ou de recidiva de papiloma;
número de fragmentos de biópsia enviados para exame anatomopatológico,
dimensões da peça cirúrgica. Para classificação do padrão citoarquitetural e tipo
de lesões em tecido perilesional dos papilomas a categorização foi: padrão papilar
clássico, hiperplasia epitelial típica com formação de lúmens secundários
(simples, com metaplasia apócrina típica, com padrão apócrino símile, com
metaplasia apócrina atípica) e de padrão sólido; hiperplasia epitelial atípica de
padrão apócrino símile sólida, hiperplasia epitelial leve com metaplasia apócrina
típica, hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina (típica ou atípica),
hiperplasia epitelial típica micropapilífera sem eixo conjuntivo, áreas de adenose
símile, de hiperplasia mioepitelial e de adenomioepitelioma símile. Houve
predomínio de: papiloma em mulheres na faixa etária de 50 a 59 anos (40%
centrais e 39,3%, periféricos), em mama direita (60% centrais e 64,3%,
periféricos), em região retroareolar (36,5% por papilomas centrais e 25,4%
periféricos). Quanto ao motivo da consulta clínica, 18 (28,6%) casos
apresentavam tumor palpável (55,6% papilomas centrais e 44,4%, periféricos).
Nos casos com tumor não palpável, 23,8% apresentavam apenas descarga
papilar (17,12% com papiloma central e 32,1%, periférico). A descarga papilar
esteve presente em 38,1% dos casos, 54,2% em papilomas periféricos, na
presença de tumor palpável (28,6%). Quanto à presença de descarga papilar
espontânea, houve 36,5% casos (43,5% em papilomas centrais e 20,6% em
VII
periféricos), predominando aspecto macroscópico sanguinolento (52,2%) (60%
em papilomas centrais e 46,2% em periféricos). Dentre os 16 casos com resultado
de mamografia registrado em prontuário como BI-RADS
®
4 ou 5, o índice de
acerto de suspeita de carcinoma igualou-se a 12,5%. À ultra-sonografia mamária,
dentre 53 casos, 15,1% tinham achado de ectasia ductal com nódulo sólido
intraductal sugestivo de papiloma, confirmado à histopatologia. Considerando
padrões arquiteturais predominantes os que ocupavam mais de 50% da lesão
papilomatosa como um todo, predominou o padrão clássico, (52% centrais e 48%
periféricos), seguindo-se hiperplasia mioepitelial (28,6% centrais e 20%
periféricos). Nos papilomas com carcinoma (12,7%), 33,3% eram centrais, 66,7%,
periféricos (destes, 25% perilesionais). Em um caso, havia hiperplasia típica com
formação de lumens secundários. Dentre os casos de carcinoma intraductal
associado a papiloma, predominaram os padrões papilífero cribriforme apócrino
(34%) e papilífero apócrino (26%). Houve dois casos com carcinoma intraductal
de padrões micropapilífero e cribriforme apócrino e carcinoma intraductal de
padrão cribriforme apócrino símile, em área perilesional. Os resultados da
presente pesquisa permitiram evidenciar as dificuldades envolvidas no
diagnóstico dos papilomas e reforçaram a idéia da necessidade de excisão dessa
lesão, evitando assim as recidivas e a evolução para malignização.
Palavras-chave: Papiloma. Mama. Carcinoma. Diagnóstico histopatológico.
VIII
ABSTRACT
Aiming to detail the clinical-pathologic characteristics of central and peripheral
papillomas, diagnosed in breast tissue gotten by setorectomia or excisional
biopsy, a retrospective, descriptive study was performed based on the analysis of
anatomopathological reports of these materials, archived at Pathology Department
of Hospital de Cancer da Paraíba - Napoleão Laureano Foundation, Brazil, from
December 2000 to December 2006. Sixty three reports had been located, referring
54 women, with average age of 50,87 ± 11,34 years, which obeyed the
characteristics of: diagnosis of papilloma, independent to any classification, in
absence of invading carcinoma, firmed on the basis of complete cleavage and
total inclusion in paraffin block, by the researcher, by the time of injury’s
anatomopathologic diagnose; register of age, mammary injury topography and
result of, at least, one image examination previous to setorectomy, in patient’s
report, as well as existence of the paraffin blocks of the respective excisional
biopsy materials. Non probabilistic convenience sample consisted on 418 blades
of excisional biopsy material and discharge, when present, and 930 histological
sections, reevaluated by the researcher and the Professor, by optic microscopy.
When necessary, the paraffin blocks were reanalyzed according to routine
technique (HE). The variables were: patients’ age; injury topography and laterality,
macroscopic characteristics of: papillary discharge, breast tumor palpability and
aspect on image examination, presence of mammary papilla alterations; cancer
familial history, previous mammary biopsy or recidivate papilloma; number of
biopsy fragments sent to anatomopathological exam, dimensions of surgical part.
For classification of cytoarchitectural standard and class of perilesional injuries of
papillomas, the categorization was: classic papillar standard, typical epithelial
hyperplasia with secondary lumens formation (simple, with typical apocrine
metaplasia, standard apocrine simile, atypical apocrine metaplasia) and solid
standard; atypical epithelial hyperplasia of solid apocrine simile standard, light
epithelial hyperplasia with apocrine metaplasia, epithelial papilllary hyperplasia
with apocrine metaplasia (typical or atypical), typical epithelial hyperplasia
micropapillary without conjunctive axis, adenose simile areas, mioepithelial
hyperplasia and adenomioepitelioma simile. There was predominance of:
papilloma in women aging from 50 to 59 years (40% central and 39.3%,
peripherals), in right breast (60% central and 64.3%, peripherals), in retroareolar
zone (36.5% for central and 25.4% peripherals papillomas). According to clinical
consultation reason, 18 (28.6%) cases presented palpable tumor (55.6% central
and 44.4%, peripherals papillomas). On non palpable tumors, 23.8% presented
only papillar discharge (17.12% with central papilloma and 32.1%, peripheral).
Papillar discharge was present in 38.1% of cases, 54.2% in peripheral papilloma,
associated to palpable tumor (28.6%). Spontaneous papillar discharge were
diagnosed in 36.5% of cases (43.5% central papillomas and 20.6% peripherals),
predominating bloody macrocospic aspect (52.2%) (60% central and 46.2%
peripherals papillomas). Amongst the 16 cases with mamographic result
registered in patient’s report as BI-RADS
®
4 or 5, concordance index of carcinoma
suspicion was equal to 12.5%. Mammary ultra-sound showed that, amongst 53
IX
cases, 15.1% had ductal ectasia with intraductal solid nodule suggestive of
papilloma, confirmed by histopathology. Considering predominant architectural
standards, those occupying more than 50% of papillomatous lesion as a whole,
the classic standard predominated (52% central and 48% peripherals), following
mioepithelial hyperplasia (28.6% central and 20% peripherals). In papillomas with
carcinoma (12.7%), 33.3% were central, 66.7%, peripherals (of these, 25%
perilesional). In one case, there was typical hyperplasia with formation of
secondary lumens. Among intraductal carcinoma cases, associated to papilloma,
there was predominance of apocrine cribriform papillary (34%) and apocrine
papillary standards (26%). There were two cases of intraductal carcinoma of
micropapillary standard and apocrine cribriform e intraductal carcinoma of
cribriform apocrine mile, in perilesional areas. The results of this research
allowed to evidence the involved difficulties in the diagnosis of papillomas and
strengthened the idea of the necessity of excision of this injury, having thus
prevented the returns and the evolution for malignization.
Key-words: Papilloma. Breast. Carcinoma. Histopathological diagnose.
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Distribuição de pacientes com história familiar de câncer de mama,
segundo tipo de papiloma – Departamento de Anatomia Patológica do
Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro
2000/Dezembro 2006.................................................................................... 75
Tabela 2 – Distribuição de faixa etária e mama acometida de 63 pacientes,
segundo tipo de papiloma – Departamento de Anatomia Patológica do
Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro
2000/Dezembro 2006.................................................................................... 76
Tabela 3 – Distribuição dos motivos de consulta segundo tipo de papiloma –
Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão
Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006.............. 78
Tabela 4 – Distribuição das características da descarga papilar espontânea,
segundo tipo de papiloma – Departamento de Anatomia Patológica do
Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro
2000/Dezembro 2006.................................................................................... 79
Tabela 5 – Distribuição das características macroscópicas da descarga papilar
espontânea, segundo associação do papiloma a carcinoma – Departamento
de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João
Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006.......................................... 86
Tabela 6 – Distribuição de calcificações microscópicas, seqüestro de elementos
epiteliais, presença de mitose e grau nuclear, segundo associação do
papiloma a carcinoma – Departamento de Anatomia Patológica do Hospital
de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro
2000/Dezembro 2006.................................................................................... 86
XI
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição dos tipos de carcinoma intraductal diagnosticados nos 63
casos de papiloma – Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de
Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro
2000/Dezembro 2006.................................................................................... 81
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Critérios histológicos para diferenciação de lesões papilíferas
benignas e malignas ..................................................................................... 47
Quadro 2 – Categorias BI-RADS
®
........................................................................ 64
Quadro 3 – Descrição histopatológica dos papilomas associados a carcinoma –
Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão
Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006.............. 83
Quadro 4 – Resultados de mamografia, ultra-sonografia e histopatologia de 63
casos de papilomas – Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de
Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro
2000/Dezembro 2006.................................................................................. 128
Quadro 5 – Distribuição das características arquiteturais, expressas em
percentual, predominantes dos papilomas segundo tipo – Departamento de
Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João
Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006........................................ 131
LISTA DE ILUSTRAÇÃO
Ilustração 1 – Esquema anatômico da mama adulta............................................ 21
Ilustração 2 – Distribuição tridimensional dos papilomas dentro da árvore ductal 23
Ilustração 3 – Esquema da formação do papiloma .............................................. 24
Ilustração 4 – Concepção do desenvolvimento do papiloma ............................... 25
XII
Ilustração 5 – Papilomas periféricos em diversos estágios de maturação alguns
deles comprometidos por carcinoma intra-ductal de padrão cribriforme baixo
grau............................................................................................................... 31
Ilustração 6 – Macroscopia de papilloma ............................................................. 36
Ilustração 7 – Agrupamento papilífero em esfregaço citológico corado por
Papanicolau de descarga mamilar................................................................ 37
Ilustração 8 – Histopatologia de papiloma infartado............................................. 39
Ilustração 9 – Múltiplas unidades ducto lobular terminais comprometidas por
hiperplasia epitelial intraductal típica fazendo parte de um quadro de
papiloma periférico........................................................................................ 42
Ilustração 10 – Papiloma parcialmente esclerosado ............................................ 42
Ilustração 11 – Algumas variações histopatológicas dos papilomas.................... 44
Ilustração 12 – Lesão papilifera intraductal difícil de ser definida como benigna ou
maligna.......................................................................................................... 46
Ilustração 13 – Carcinoma ductal in situ de padrão micropapilar. Notar ausência
de eixo conjuntivo e aspecto bulboso das papilas. ....................................... 49
Ilustração 14 – Aprisionamento de elementos epiteliais em meio a área
fibroesclerótica de papiloma, simulando invasão.......................................... 54
Ilustração 15 – Papiloma com área de hiperplasia intraductal típica com formação
de lumens secundários ................................................................................. 67
Ilustração 16 – Presença de histiócitos xantomatosos dentro de eixos
fibrovasculares.............................................................................................. 68
Ilustração 17 – Hiperplasia epitelial atípica de padrão apócrino símile sólida dentro
de um papiloma............................................................................................. 70
Ilustração 18 – Hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina ............. 71
Ilustração 19 – Papiloma com padrão de adenose símile (HE 100X) .................. 72
Ilustração 20 – Adenomioepitelioma símile .......................................................... 73
Ilustração 21 – Representação esquemática da incidência de papilomas centrais e
periféricos, segundo topografia mamária - Departamento de Anatomia
Patológica do Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB –
Dezembro 2000/Dezembro 2006 .................................................................. 76
Ilustração 22 – Descarga papilar sanguinolenta espontânea............................... 79
Ilustração 23 – Carcinomas diagnosticados ao exame histopatológico ............... 82
XIII
Ilustração 24 – Carcinomas diagnosticados ao exame histopatológico em tecido
perilesional de papiloma periférico................................................................ 85
Ilustração 25 – Variações de distribuição e arranjo das células mioepiteliais em
função do padrão arquitetural do papiloma................................................... 87
Ilustração 26 – Hiperplasia típica florida em papiloma: aspecto da camada
mioepitelial .................................................................................................... 88
Ilustração 27 – Carcinomas diagnosticados na amostra...................................... 88
Ilustração 28 – Carcinoma ductal in situ adjacente a papiloma............................ 89
Ilustração 29 – Área de metaplasia apócrina clássica.......................................... 90
Ilustração 30 – Carcinoma papilífero intraductal de padrão apócrino................... 91
Ilustração 31 – Heterogeneidade da expressão citoplasmática da GCDFP-15 em
carcinoma papilífero de padrão apócrino...................................................... 92
Ilustração 32 – Esquema da anatomia lobar da mama humana .......................... 98
Ilustração 33 - Transição de carcinoma papilifero intraductal de padrão apócrino
com áreas de hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina típica
.................................................................................................................... 101
Ilustração 34 - Área de metaplasia apócrina atípica em meio a carcinoma
papilifero de padrão apócrino intraductal .................................................... 102
Ilustração 35 – Papilomas de tipo periférico estendendo-se a ductos de maior
calibre com hiperplasia epitelial típica intensa ............................................ 103
Ilustração 36 – A. Coortes transversais de ductos mamários lactíferos. Com
acentuado epitélio convoluto em figura B ................................................... 104
Ilustração 37 – Área de acentuada hiperplasia em células mioepiteliais
remanecentes fazendo parte de carcinoma papilífero dominante............... 105
Ilustração 38 – Fluxograma de diagnóstico das lesões papilíferas baseado na
presença de células mioepiteliais................................................................ 107
XIV
LISTA DE ABREVIATURAS
BI-RADS
®
- breast imaging reporting and data system
CDIS – Carcinoma ductal in situ
CPIC – Carcinoma papilar intracístico
OMS – Organização Mundial da Saúde
PAAF – Punção aspirativa por agulha fina
UDLT – Unidades ducto-lobulares terminais
XV
SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................... VI
ABSTRACT...................................................................................................... VIII
LISTA DE TABELAS........................................................................................... X
LISTA DE GRÁFICOS ....................................................................................... XI
LISTA DE QUADROS........................................................................................XI
LISTA DE ILUSTRAÇÃO................................................................................... XI
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................XIV
1
INTRODUÇÃO .............................................................................17
2
OBJETIVOS .................................................................................20
2.1 Geral ....................................................................................................... 20
2.2 Específicos.............................................................................................. 20
3
REVISÃO DA LITERATURA ........................................................21
3.1 Características clínicas ........................................................................... 25
3.1.1
Papilomas intraductais centrais ...................................................................26
3.1.2
Papilomas periféricos ..................................................................................30
3.2 Características radiológicas.................................................................... 32
3.3 Anatomia patológica dos papilomas ....................................................... 35
3.3.1
Macroscopia................................................................................................35
3.3.2
Aspectos citológicos....................................................................................37
3.3.3
Aspectos histopatológicos dos papilomas....................................................40
3.3.3.1
Variações histopatológicas dos papilomas..........................................40
3.3.3.2
Papilomas com atipia (papilomas borderline)......................................45
3.3.3.3
Diagnóstico diferencial entre papiloma intraductal e carcinoma papilar
não invasivo........................................................................................46
3.3.3.4
Diagnóstico diferencial entre papiloma intraductal e carcinoma ductal in
situ de padrão arquitetural micropapilar ..............................................49
3.3.3.5
Dificuldades no diagnóstico intra-operatório das lesões papilíferas.....50
3.4 Significado clínico e prognóstico das neoplasias papilares intraductais . 51
3.4.1
Papilomas centrais e periféricos, sem atipia ................................................51
3.4.2
Papilomas com atipia...................................................................................52
3.4.3
Carcinomas papilares não invasivos............................................................53
3.5 Aspectos histopatológicos que podem gerar dificuldade no diagnóstico 53
3.5.1
Zonas de esclerose central ou periférica em papiloma com seqüestração de
elementos epiteliais .....................................................................................53
3.5.2
Áreas de hiperplasia usual, típica, florida, dentro do papiloma....................54
3.5.3
Áreas de hiperplasia atípica.........................................................................55
3.5.4
Metaplasia apócrina atípica .........................................................................56
4
MATERIAL E MÉTODOS .............................................................58
4.1 Tipo de estudo ........................................................................................ 58
4.2 Local de estudo....................................................................................... 58
4.3 População do estudo .............................................................................. 58
4.4 Amostra................................................................................................... 58
XVI
4.4.1
Critérios de inclusão para seleção da amostra ............................................59
4.4.2
Tamanho da amostra...................................................................................60
4.5 Materiais e Métodos................................................................................ 60
4.5.1
Coleta de dados ..........................................................................................60
4.5.2
Revisão das preparações histológicas.........................................................60
4.5.3
Estudo imuno-histoquímico..........................................................................61
4.5.3.1
Marcadores para o estudo da camada mioepitelial .............................62
4.5.3.2
Marcadores para aferição do fenótipo apócrino ..................................62
4.5.4
Variáveis estudadas ....................................................................................63
5
RESULTADOS.............................................................................74
5.1 Características clínico-patológicas das 54 pacientes.............................. 74
5.2 Características topográficas dos 63 papilomas....................................... 75
5.3 Queixas clínicas das 54 pacientes.......................................................... 77
5.4 Características da descarga papilar........................................................ 78
5.5 Correlação entre os achados histopatológicos e características
radiológicas e ultra-sonográficas ............................................................ 79
5.6 Características histopatológicas ............................................................. 80
6
DISCUSSÃO ................................................................................93
7
CONCLUSÕES ..........................................................................109
8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................111
APÊNDICES.....................................................................................122
Apêndice A – Protocolo de levantamento de dados ....................................... 123
ANEXOS ..........................................................................................127
Anexo 1 - Quadro 4: Resultados de mamografia, ultra-sonografia e
histopatologia de 63 casos de papilomas ............................................. 128
Anexo 2 - Quadro 5: Distribuição das características arquiteturais, expressas
em percentual, predominantes dos papilomas segundo tipo ................ 131
1 INTRODUÇÃO
As proliferações papilíferas mamárias são pouco freqüentes e
formam um espectro de lesões que são notoriamente difíceis de diagnosticar
tanto em material de biópsia excisional, quanto em espécimes obtidos por punção
biópsia (core biopsy) (CARDER et al., 2005). Um estudo de 50 lesões papilíferas
encontrou concordância diagnóstica entre cinco patologistas em apenas 50% dos
casos (AKIYAMA; SAKAMOTO, 1995).
Histologicamente, uma lesão papilífera mamária é constituída por
digitações estromais com eixo fibrovascular coberto por células epiteliais, com ou
sem células mioepiteliais intervenientes, podendo ocorrer em qualquer lugar
dentro do sistema ductal, da papila às unidades ducto-lobulares terminais (UDLT)
(MACGROGAN, 2005; TAVASSOLI; DEVILEE, 2003).
As lesões papilíferas da mama representam menos de 10% das
neoplasias benignas, 0,5% a 2% dos carcinomas mamários e cerca de 5% de
todas as lesões biopsiadas (ROSEN et al., 2002). Formam um grupo heterogêneo
que varia desde um aspecto histopatológico benigno até lesão maligna (DI
CRISTOFANO et al., 2005; TAVASSOLI, 1999a). Apesar de o carcinoma
papilífero poder se originar de novo, parece mais provável haver uma progressão
do papiloma benigno ao papiloma com hiperplasia ductal atípica, seguindo-se o
carcinoma in situ e, finalmente, o carcinoma invasor, podendo ser excisadas em
estágios relativamente precoces de seu desenvolvimento biológico (CARDER et
al., 2005).
O diagnóstico diferencial entre estas entidades está baseado em
critérios arquiteturais, citológicos e imuno-histoquímicos. Nos papilomas benignos,
o eixo fibrovascular é revestido por duas camadas distintas de células epiteliais e
mioepiteliais e não mostra atipias citológicas, enquanto o carcinoma papilífero se
caracteriza por: ausência da camada de células mioepiteliais e presença de atipia
citológica e arquitetural. No carcinoma papilífero invasor, há invasão estromal que
18
pode variar de um padrão morfológico de carcinoma tubular a um de carcinoma
ductal infiltrante de alto grau.
Apesar da grande maioria das neoplasias papilares intraductais
serem benignas, as associadas à atipia citológica e arquitetural, especialmente o
papiloma com atipia e o carcinoma surgindo em papiloma, são um problema para
o patologista, sobretudo pela falta de critérios consensuais para o diagnóstico
diferencial (ABREU E LIMA et al., 2005).
O papiloma com atipia exibe padrão morfológico, em sua maior
parte, de natureza benigna, mas com uma limitada proliferação celular, monótona,
típica de carcinoma intraductal de baixo grau ocupando menos de um terço da
lesão. Um aumento na área ocupada por células atípicas entre 33% e 90% da
lesão papilífera identifica carcinoma surgindo em papiloma (IBARRA, 2006;
MACGROGAN, 2005).
No entanto os poucos estudos, que comparam o perfil molecular do
papiloma com o do carcinoma papilífero intraductal, identificam mutações no
cromossomo 16 comuns entre as duas entidades, sugerindo que estas possam
estar envolvidas na tumorigênese das lesões papilíferas; contribuir para o
estabelecimento do fenótipo papilífero e atuar como fatores de progressão
associados à transformação maligna do papiloma mamário. A identificação
dessas mutações precoces pode colaborar, no futuro, para prevenção e
intervenção terapêutica (DI CRISTOFANO et al., 2005; TSUDA, 1995; LININGER
et al., 1998).
Na primeira metade do Século XX, a mastectomia era adotada como
terapia para as neoplasias papilíferas, consideradas como carcinoma ou como
condições pré-malignas (OYAMA; KOERNER, 2004). Haagensen et al. (1951), no
inicio da cada de 1950, documentou que na maioria dos casos era bastante a
excisão local do papiloma, sem necessidade de mastectomia.
Apesar dos avanços nas técnicas diagnósticas e de os papilomas
terem baixa prevalência, ou seja, serem identificados em aproximadamente 1% a
3% de todas as biópsias de mama, seu significado não pode ser subestimado
devido ao risco ainda não determinado de transformação maligna (GUTMAN et
al., 2003).
19
Alguns autores julgam que os casos com diagnóstico de lesão
papilífera benigna à core biopsy, associada a imagens radiológicas concordantes,
podem receber apenas conduta expectante (CARDER et al., 2005; PHILPOTTS et
al., 2000; SOHN et al., 2007), contudo outros autores entendem que a distinção
radiológica entre papiloma e carcinoma é difícil (FRANCIS et al., 2002). Hoda e
Roden (2002) observaram que os papilomas podem abrigar carcinoma papilífero
focal ou podem ser contínuos com um carcinoma que não foi incluído na amostra
da core biopsy, recomendando assim a excisão para todas as lesões papilíferas.
O problema parece residir na natureza polimorfa dos papilomas.
Podem estar presentes concomitantemente alterações que vão desde
modificações estromais, proliferações metaplásicas e hiperplásicas típicas ou
atípicas, além do carcinoma in situ. Por esse motivo, o estudo das variáveis
clínico-morfológicas pode contribuir para reduzir os erros diagnósticos e,
conseqüentemente, guiar uma conduta mais adequada.
A experiência profissional como anatomopatologista nos permitiu
vivenciar as dificuldades de diagnosticar cuidadosamente lesões tão complexas
em sua natureza, do que surgiu a motivação para pesquisá-las. A análise crítica
da literatura consultada reforçou esse interesse, ao identificar a importância do
diagnóstico anatomopatológico correto para o mastologista, na medida em que
pode evitar uma excisão mamária excessiva, e para a paciente, na medida em
que lhe assegura melhor qualidade de vida e menor impacto psicológico. Outro
grande estímulo para pesquisar características clínico-patológicas dos papilomas
mamários foi identificar a inexistência de trabalhos semelhantes, no idioma
português, indexados na base de dados do Centro Latino-Americano da América
Latina e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), o que
transformou nosso propósito num desafio.
20
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Detalhar as características clínico-patológicas dos papilomas
centrais e periféricos diagnosticados em tecido mamário, obtido por setorectomia
ou biópsia excisional.
2.2 Específicos
Caracterizar as amostras quanto a faixa etária e história familiar de
câncer mamário das pacientes.
Descrever a topografia mamária da lesão, quanto a: lateralidade,
quadrante acometido e concomitância de acometimento.
Detalhar as características clínicas das lesões, relativas a: descarga
papilar, palpabilidade tumoral, alterações papilares e da pele da
mama e recidiva de papiloma mamário.
Classificar as lesões comparando-as aos exames ultra-sonográfico e
mamográfico.
Descrever as características anatomopatológicas das lesões e dos
tecidos perilesionais, relativas à: tipo de papiloma, padrões
morfológicos arquiteturais e características celulares.
21
3 REVISÃO DA LITERATURA
Anatomicamente, a mama adulta é composta por parênquima
(glandular) e estroma (tecido conjuntivo e adiposo). É revestida externamente
pela pele, sendo o complexo aréolo-mamilar posicionado centralmente, em local
correspondente ao quarto espaço intercostal. A mama consiste de 15 a 20 lobos
de tecido glandular,
formados por lóbulos.
Os lóbulos são
compostos de
dúctulos terminais,
que confluem para
ductos de calibres
cada vez maiores até
os ductos lactíferos,
formando a ampola
ductal, que
desemboca na papila
(Ilustração 1).
Ilustração 1 – Esquema anatômico da mama adulta
FONTE: Adaptado de Nettler (1995)
O conhecimento da anatomia da mama adulta facilita compreender o
processo de formação dos papilomas, assim como sua classificação atual.
Inicialmente, os papilomas foram classificados de acordo com sua
morfologia em dois tipos principais: solitário e ltiplo. Os papilomas solitários
eram tumores dos ductos de maior calibre (coletores, lactíferos ou segmentares),
22
enquanto que os papilomas múltiplos acometiam as unidades ducto-terminais
(MULLIGAN; O’MALEY, 2007).
Ohuchi, Abe e Kasai (1984b) reconstruíram tridimensionalmente a
distribuição intraductal de quinze papilomas através de cortes histológicos
seriados e métodos gráficos. Observaram que, em cinco pacientes, os papilomas
eram solitários e originados nos grandes ductos segmentares e sub-segmentares,
não envolvendo as unidades ducto-lobulares terminais (UDLT). Os demais
papilomas eram multifocais e cada um possuía uma origem nas UDLT e se
expandia para dentro dos grandes ductos. Em virtude desta diferença e da maior
possibilidade de cancerização nas lesões mais periféricas, situadas dentro das
UDLT, os autores então propuseram a nomenclatura periférica e central em
substituição à convencional múltipla e solitário (Ilustração 2). Essa é a atual
classificação aceita pela Organização Mundial de Saúde (TAVASSOLI, DEVILEE,
2003).
23
A – Fotografia da preparação histológica: papilomas centrais ocupando ductos segmentares com extensão a
ductos sub-segmentares; B – Desenho de Ohuchi et al. modificado mostrando o mesmo aspecto.
A – Fotografia da preparação histológica: papilomas múltiplos originados nas UDLT estendendo-se a ductos
sub-segmentares; B – Desenho de Ohuchi et al. modificado mostrando o mesmo aspecto.
A - Observar modificação dos padrões ao longo do trajeto ductal: a direita há papilas com eixo fibrovascular,
a esquerda notam-se ductos com hiperplasia típica em padrão sólido ou fenestrado (HE, 100X); B - Desenho
de Ohuchi et al. modificado mostrando o mesmo aspecto: DS (ducto segmentar) com formação de papilas;
DT (ducto terminal); DTE (ducto terminal extra lobular); UDLT (unidade ducto-lobular terminal): notar nos
ductos de menor calibre arranjo em “epiteliose sólida” e “epiteliose fenestrada”.
Ilustração 2 – Distribuição tridimensional dos papilomas dentro da árvore ductal
FONTE: (A) Fotos da Professora Orientadora (B) Adaptado de Ohuchi et al. (1984a)
24
Em 1999, a hipótese de maior cancerização nas lesões mais
periféricas foi reforçada pela identificação de maior concentração da proteína ras-
p21 no epitélio mamário normal das UDLT de pacientes que subseqüentemente
desenvolveram carcinoma ductal invasor (OHUCHI, 1999).
Whang (1960) ofereceu uma outra explicação para a gênese dos
papilomas. Sugeriu que o papiloma intraductal pode ser resultante do crescimento
do revestimento epitelial e do tecido conectivo, em um ou mais pontos da parede
de um cisto ou de um ducto. Pode também surgir da hiperplasia lobular com
aumento de número, tamanho e posterior coalescência dos dúctulos, através do
corpo e periferia da massa central intralobular, com destacamento parcial desta
da parede perilobular periférica e formação do padrão papilomatoso, o qual
sofrerá alterações regressivas (Ilustrações 3 e 4).
Ilustração 3 – Esquema da formação do papiloma
LEGENDA: (A) Crescimento proliferativo inicial da parede do ducto ou cisto. (B) Crescimento adicional. (C)
União do epitélio da massa em crescimento com o da parede
FONTE: Adaptado de Whang (1960)
25
Ilustração 4 – Concepção do desenvolvimento do
papiloma
LEGENDA: (A) Lóbulo normal. (B) Hiperplasia inicial. (C)
Hiperplasia subseqüente com agrupamento de alvéolos. (D)
Coalescência dos alvéolos na periferia com início da
separação da massa central da parede. Coalescência inicial
dos alvéolos no corpo da massa lobular. (E) Coalescência
central adicional formando padrão de papiloma. Modificações
degenerativas iniciais. (F) Alterações regressivas adicionais.
(G) Desprendimento das massas papilíferas deixando uma
cavidade de paredes lisas.
FONTE: Adaptado de Whang (1960)
Os estudos dos achados morfológicos e clínicos dos papilomas de
Haagensen, Stout e Phillips (1951), de Cardenosa e Eklund (1991) e de Woods et
al. (1992), comparando achados clínicos e mamográficos, ajudaram a estabelecer
padrões bem definidos do comportamento clinico dos papilomas.
Para atender aos objetivos do presente trabalho, cumpre fazer uma
breve revisão das características clínicas e patológicas dos papilomas, de acordo
com sua classificação, para embasar a exposição do significado clínico e
prognóstico das neoplasias papilares intraductais.
3.1 Características clínicas
Os papilomas intraductais apresentam características clínicas
diferentes quanto à idade de acometimento, topografia mamária, presença de
tumor palpável e de descarga papilar.
26
3.1.1 Papilomas intraductais centrais
O papiloma intraductal central é uma lesão mamária que acomete
principalmente mulheres entre 30 e 50 anos de idade (SARAKBI et al., 2006) e
corresponde a 90% dos papilomas mamários (FAUCZ; HIDALGO; URBAN, 2002).
Quanto à topografia mamária, localizam-se principalmente nas
regiões central e subareolar, sendo a bilateralidade rara (HAAGENSEN; STOUT;
PHILLIPS, 1951; MULLIGAN; O’MALLEY, 2007).
Embora os papilomas intraductais centrais apresentem pouca
probabilidade de transformação maligna, seu desenvolvimento pode indicar um
epitélio instável e, portanto, mais propenso à transformação maligna (KOPANS,
2000; TAKEMOTO et al., 2007). Page et al. (1985) mostraram que algumas
desordens proliferativas da mama, incluindo o papiloma intraductal central,
aumentam o risco de câncer em cerca de duas vezes e em cerca de quatro vezes
em mulheres com hiperplasia atípica, seja dentro do papiloma central ou no tecido
circunvizinho. Em trabalho de Guttman et al. (2003), foi observado que a
distribuição da presença de carcinoma dentro dos papilomas centrais ou
periféricos, não foi significativamente diferente levando a concluir que tanto o
papiloma central como o periférico devem ser considerados fator de risco para o
carcinoma mamário, requerendo seguimento pós-biópsia.
A descarga mamilar ocorre em 7% das pacientes com sintomas
mamários (SAUTER et al., 2004) sendo a terceira causa mais comum de queixa
mamária, depois da mastalgia e do nódulo mamário (ANDREA et al., 2006;
HUSSAIN et al., 2006). Geralmente é o primeiro sintoma que faz com que a
paciente procure o médico, especialmente se a descarga for sanguinolenta
(DONNELLY, 1950; HAANGENSEN, 1989).
Macroscopicamente, as descargas papilares podem ser leitosas,
multicoloridas, purulentas, claras (aquosas), amareladas (serosas), róseas
(serossangüíneas) e sangüíneas. Dentre elas, as aquosas, serosas, róseas e
sangüinolentas requerem investigação mais detalhada, por poderem indicar a
necessidade de terapêutica cirúrgica (LEIS JR, 1989).
27
Uma descarga mamilar anormal é indicativa de processo patológico
dentro do sistema ductal e secretor mamário ou que secundariamente invade o
sistema ductal (MURRAY et al., 1960). Excluídas outras causas de secreção
mamilar, como as fisiológicas de natureza endócrina benigna, as induzidas por
droga ou secundárias a lesão pituitária (SIMMONS et al., 2003), quatro doenças
mamárias podem se manifestar por secreção mamilar: ectasia ductal, doença
fibrocística, papiloma central ou periférico e carcinoma in situ ou invasor (SILVA et
al., 2003; SIMMONS et al., 2003), porém o papiloma intraductal central é o
responsável por este sintoma em mais de dois terços dos casos (DIETZ JR et al.,
2002; HUSSAIN et al., 2006; PATEROK et al., 1993; VEST; GREK, 1990). A
descarga papilar está presente em aproximadamente 70% dos casos de papiloma
central (ROSEN, 2001; WOODS et al., 1992).
Descarga espontânea, unilateral, persistente, não lactacional, de um
ducto único é mais provável ser causada por um papiloma intraductal ou câncer,
enquanto que a bilateral, não espontânea, de múltiplos ductos, frequentemente
leitosa ou multicolorida, usualmente deve-se à indução por drogas ou de origem
endócrina ou a doenças mamarias benignas tais como ectasia ductal ou outra
alteração funcional benigna (CHAUDARY et al., 1982; SIMMONS et al., 2003).
A avaliação e o diagnóstico da descarga mamilar são importantes
para detecção precoce do carcinoma, com ou sem tumor palpável e, nos casos de
doença benigna, quando se faz necessário interromper o incômodo causado à
paciente (HUSSAIN et al., 2006).
Como os achados especialmente amedrontadores para a paciente
são um tumor palpável e a descarga papilar sanguinolenta, cumpre discutir essa
associação.
A formação do tumor deve-se à distensão do ducto pelas estruturas
papilares que crescem dentro dele, ao plasma sanguíneo coletado em seu interior
ou a uma combinação de secreção aumentada (do papiloma ou da irritação a ele
secundária) que não é equilibrada pela reabsorção fazendo com que o ducto
dilate-se. Pode ocorrer um processo cíclico entre a formação do tumor e a
secreção mamilar, pois durante certo tempo o tumor pode se desenvolver sem
presença de secreção mamilar para, posteriormente, surgir secreção profusa com
28
desaparecimento do tumor devido ao esvaziamento do ducto distendido
(KOPANS, 1998; WOODS et al., 1992).
A associação entre tumor e descarga papilar sanguinolenta iniciou-
se em 1917, quando Judd, analisando uma série de 100 pacientes com descarga
serosa ou sanguinolenta, identificou que 57% apresentavam carcinoma associado
a tumor palpável ao passo que em nenhum dos seus papilomas havia tumor
palpável. O autor concluiu que a presença de tumor poderia ser um fator
diferencial entre as descargas provocadas por carcinomas e as provocadas por
papiloma intraductal. Esse fator fez com ele indicasse mastectomia para todas as
pacientes com descarga mamilar e tumor palpável e tratamento conservador para
os casos não associados a tumor detectado (JUDD, 1917).
Essa conclusão motivou outros estudos que corroboraram a
hipótese de Judd (1917). Murad et al. (1982) identificaram que cerca de 25% das
pacientes com descarga maligna e 5% com descarga benigna tinham um tumor
palpável associado. Chaudary et al. (1982) ainda sugerem que as descargas
mamilares secundárias a carcinoma sempre contem hemoglobina ou seus
produtos de degradação e propõem nova divisão em dois grupos dos tipos de
descarga: as hemoglobinas positivas e negativas.
Axelrod (1954) observou que o tipo de descarga não guarda relação
com a lesão subjacente. Seltzer et al. (1970) afirmaram que a descarga
sanguinolenta estava tão freqüentemente associada a carcinoma (25%) quanto
estava a descarga serosa (21%), por outro lado Fleming e Drosd (1954)
encontraram descarga sanguinolenta somente em presença de papilomas. No
estudo de Sauter et al., (2004), foi observado que o papiloma foi a causa mais
comum de descarga mamilar espontânea sanguinolenta enquanto que 75% dos
casos de câncer mamário associados a descarga mamária unilateral espontânea
não foram sanguinolentas, reforçando a idéia de que, independente do aspecto
macroscópico da descarga e de esta apresentar características patológicas,
existe a necessidade de intervenção cirúrgica para excluir malignidade (DIETZ et
al., 2002).
Ainda que uma descarga sanguinolenta mamilar possa ocorrer no
carcinoma mamário em 8% a 12% dos casos (DINKEL et al., 2000;
29
MARKOPOULOS et al., 2006), mais freqüentemente está associada com o
papiloma intraductal (CABIOGIU et al., 2003; DILLON et al., 2006; LORENZEN;
GRAVDAL, 1986; SAUTER et al., 2004; VARGAS et al., 2002).
A erosão da parede vascular do eixo papilomatoso, adjacente ou
dentro de um carcinoma, produz a descarga sanguinolenta; caso a lesão esteja
situada próxima ao orifício do ducto, então a descarga será francamente
hemorrágica. Contrariamente, se localizada profundamente, terá coloração
serosangüinea ou amarronzada devido à degeneração de hemácias ou à mistura
com outras secreções do ducto (DONNELLY, 1950).
Geschickter (1945) relatou que, em 203 casos de papilomas
benignos, ocorreram 96 casos de descarga sanguinolenta (47%). Os estudos de
Haagensen sobre descarga mamilar (HAAGENSEN, 1956) concluíram que a
histopatologia do carcinoma associado à descarga mamilar é devida a um
papiloma benigno intraductal coincidente com um carcinoma ou devido a um
carcinoma tipo papilífero. Sauter et al. (2004) também observaram em sua série
que todos os casos de câncer, associados à descarga mamilar espontânea,
continham um papiloma ou padrões papiliferos.
A maior freqüência de secreção mamilar sem tumor palpável no
papiloma ductal central do que a associação de secreção com tumor palpável tem
sido documentada por diversos autores ao longo da história (FLORIO et al., 1999;
HEBERT et al., 1957; LEVEQUE et al., 1990; PILLERON, 1975; STOUT, 1950),
comprovando que, ao exame histopatológico de biópsia excisional, em ordem de
freqüência, estão: o papiloma intraductal, a ectasia ductal, a doença cística e o
carcinoma (DONNELLY, 1950).
O significado clínico do derrame papilar torna-se extremamente
importante quando não existe qualquer massa palpável na mama (ANDREA et al.,
2006), devido ao risco de a paciente subestimar a descarga e retardar a busca de
socorro médico. Por outro lado, quando o papiloma se associa a retrações da
pele, do mamilo, eritema, hiperemia ou distorção do contorno mamário, uma
maior valorização clínica da lesão devido ao fato de levarem a uma falsa
impressão clinica de lesão maligna (HAAGENSEN, 1989; IVAN et al., 2004).
30
3.1.2 Papilomas periféricos
Os papilomas periféricos o tumores que se originam da porção
mais distal do sistema ductal, a unidade ducto-lobular terminal, podendo se
estender por continuidade aos ductos de maior calibre (MULLIGAN; O’MALLEY,
2007; OHUCHI et al., 1984a; PUTTI et al., 2005).
Esses papilomas apresentam várias características clínicas que os
diferenciam dos papilomas centrais: são menos freqüentes; tendem a ocorrer em
pacientes mais jovens (MURAD et al., 1977), ou seja, entre terceira e quarta
décadas de vida e num menor número de casos se associam a secreção mamilar
(OYAMA; KOENER, 2004).
A importância dos papilomas periféricos se deve a sua maior
susceptibilidade à recorrência, à transformação maligna e à presença simultânea
de carcinoma intraductal na lesão (Ilustração 5), devido ao seu local de origem,
pois o epitélio do ducto terminal é especialmente susceptível a alterações atípicas
e cancerosas (FARISELLI, 1998; OHUCHI et al., 1984a).
Refere-se que mulheres com papilomas múltiplos têm um aumento
de 7,4 vezes no risco relativo, ao longo da vida, para desenvolvimento de câncer
de mama (KALISHER et al., 1998). Murad et al. (1981) relataram série de
papilomas múltiplos na qual seis dentre 21 casos (28,6%) mostraram
transformação maligna em alguma parte da lesão com áreas de invasão
presentes em três casos. Al-Fehmi et al. (2003), estudando 61 casos de
papilomas múltiplos, referiram que 17 não apresentavam atipia; em 11, havia
alguma forma de atipia no interior dos papilomas; em 20, havia presença de
carcinoma ductal in situ e em 13, carcinoma invasor.
31
Ilustração 5 – Papilomas periféricos em diversos estágios de maturação alguns deles
comprometidos por carcinoma intra-ductal de padrão cribriforme baixo grau
LEGENDA: 1 (HE 80X); 2 (HE 400X)
FONTE: Adaptado de Papotti et al. (1984)
Outra característica que os diferencia dos papilomas centrais é a
maior probabilidade de ocorrerem como lesões bilaterais e, por esse motivo, a
imagem radiográfica da mama contralateral deve ser sugerida, para descartar
malignidade. Esse fato associado à multifocalidade do papiloma periférico e ao
aumento do risco para carcinoma faz com que as biópsias excisionais devam ser
32
completamente incluídas na parafina e submetidas ao exame anatomopatológico
rigoroso (ALI-FEHMI et al., 2003).
Os papilomas periféricos mais comumente são clinicamente ocultos,
geralmente assintomáticos. Apesar disso, quando sintomáticos, se associam a
descarga papilar (FAUCZ et al., 2002) e, em um quarto dos casos, a nódulos
palpáveis periféricos, não acompanhados de descarga papilar (DI PIETRO et al.,
1979). São visualizados à mamografia mais freqüentemente como
microcalcificações e mais raramente como massa (MULLIGAN; O’MALLEY,
2007).
3.2 Características radiológicas
Os aspectos radiológicos dos papilomas dependem do método de
imagem empregado, pois que a mamografia convencional (ou por filme), a
mamografia digital, a ultra-sonografia e a ductografia têm valores preditivos,
sensibilidade e especificidade diferentes.
A mamografia convencional apresenta valor preditivo positivo de
apenas 25%, especialmente em mulheres jovens com mamas densas. No entanto
essa taxa pode ser aumentada com o uso da mamografia digital, que se mostra
significativamente melhor que a convencional entre mulheres com menos de 50
anos de idade, comparadas àquelas com 50 anos ou mais (AL SARAKBI et al.,
2006).
Independente do método, grande parte dos papilomas não é visível
à mamografia (LAM et al., 2006). Francis et al. (2002), numa pesquisa envolvendo
35 pacientes com papiloma mamário comprovado por histopatologia, relataram
que 44% das mamografias foram consideradas normais. Orel et al. (2000)
relataram achados mamográficos negativos em 22 das 23 (96,5%) pacientes com
diagnóstico de papiloma, percentual maior que o do estudo de Woods et al.
(1992) no qual houve 42% de mamografias normais para mama com papiloma
comprovado.
33
Lam et al. (2006), em análise dos resultados mamográficos, ultra-
sonográficos e de core biopsy de 56 lesões papilíferas, constataram que 35
(62,5%) lesões não foram identificadas à mamografia. Dentre as 21 lesões
detectadas por imagem mamográfica, 13 (61,9%) foram concordantes (sete
lesões benignas e seis, malignas) e 8 (38,1%) discordantes. Esses autores, assim
como Puglisi et al. (2003) e Liberman et al. (1999) concluem que a baixa
sensibilidade da mamografia para identificar ou distinguir entre lesão papilífera
benigna ou maligna justifica a indicação sistemática da biópsia excisional em
todos os casos nos quais haja diagnóstico prévio de lesão papilífera à core
biopsy.
Os papilomas centrais freqüentemente são ocultos à mamografia,
em 69,5% dos casos, porque geralmente têm pequeno tamanho, localizam-se no
parênquima denso central e estão confinados ao interior dos ductos mamários,
fazendo com que se confundam com os contornos ductais (KOPANS, 2000;
YANG et al., 1997). Quando visualizados à mamografia, estão próximos ao
mamilo e se apresentam como dilatação ductal, embora possam também estar
associados a microcalcificações, massa circunscrita (WOODS et al., 1992) ou
distorção arquitetural (LIBERMAN et al., 1999).
Os pequenos papilomas periféricos múltiplos usualmente são ocultos
à mamografia, pois são alterações microscópicas, geralmente menores que 1 cm,
considerado o limite de resolução mamográfica (YANG et al., 1997). Podem
também formar ductos proeminentes, nodulares, ou massas periféricas múltiplas,
pequenas, bem delimitadas, visíveis à mamografia e, ocasionalmente, produzir
microcalcificações periféricas, aglomeradas, focais, de morfologia variável, que
são indistinguíveis das calcificações do câncer requerendo, portanto, biópsia para
o diagnóstico (KOPANS, 2000). Mais raramente, podem estar presentes massas
ou opacificações assimétricas e espiculadas (CARDENOSA; EKLUND, 1991).
Os papilomas calcificados produzem depósitos semelhantes a
cascas. Não são tão redondas quanto às calcificações associadas aos cistos e
parecem mais irregulares, mas com áreas centrais lucentes, com orientação linear
ao longo do trajeto do ducto delineando uma estrutura semelhante a uma
salsicha. Depósitos calcários translúcidos em forma de concha, com padrão
34
ramificado na região subareolar, são quase certamente devidos à calcificação
parcial de um papiloma de grande ducto. Alguns papilomas apresentam-se como
uma massa circunscrita, redonda ou oval, com calcificações puntiformes muito
finas, quando os eixos fibrosos se tornam velhos ou calcificados (IBARRA, 2006).
O infarto com hemorragia é um processo que pode explicar as calcificações em
forma de escudo (KOPANS, 2000).
Quanto à ultra-sonografia, três padrões básicos de imagem
referentes às neoplasias papilíferas intraductais: massa intraductal, com ou sem
dilatação ductal, massa intracística e um padrão predominantemente sólido com
uma massa intraductal preenchendo completamente o ducto (GANESAN et al.,
2006).
Apesar de a ultra-sonografia não detectar lesões papilomatosas
pequenas, é considerada um método melhor que a mamografia para mulheres
com mais de 40 anos de idade, que apresentam descarga papilar e suspeita
clínica de papiloma, com sensibilidade de 95%, contra 66% da mamografia
(FRANCIS et al., 2002). Outra vantagem da ultra-sonografia é poder fornecer
informação detalhada sobre as paredes ductais (BALLESIO et al., 2007).
Quando as lesões se tornam grandes, podem ser vistas como
massas sólidas, hipoecóicas, usualmente lobuladas, bem delimitadas. Podem
também ser observadas como lesões císticas com conteúdo sólido, devido ao
aumento da produção intraluminal ou à redução da reabsorção intraluminal de
fluidos (CARDENOSA; EKLUND, 1991; KOPANS, 2000).
À ultra-sonografia, os papilomas centrais aparecem como ducto
dilatado, com ou sem eco sólido intraluminal, bem como uma lesão hipoecóica
bem definida, seja sólida, cística ou mista (YANG et al., 1997).
A ultra-sonografia tem se mostrado um método diagnóstico acurado
e válido capaz de identificar lesões nodulares e ectasia ductal mamária;
diferenciar nódulos intraductais de extraductais, em presença de ectasia ductal, e
diagnosticar lesões sólidas com características benignas que podem ser apenas
submetidas a seguimento clínico daquelas nodulares, com características
suspeitas, que devem ser excisadas. No entanto, quando o ducto não está
ectásico, a ultra-sonografia apresenta uma dificuldade de reconhecer lesões
35
ductais, assim como de classificar os nódulos como intra ou extraductais,
especialmente quando se localizam na porção mais periférica da árvore ductal
(BALLESIO et al., 2007; TAKEMOTO et al., 2007).
Dois outros métodos têm sido empregados para diagnóstico de
lesões papilares: a ductografia e a ressonância magnética por imagem. A
ductografia, usada para esclarecer a origem da secreção mamilar, pode revelar
um defeito de enchimento na coluna de contraste, extravasamento ou obstrução
completa ao fluxo retrógrado, que prova ser um papiloma intraductal. No entanto,
como os papilomas intraductais não podem ser diferenciados do carcinoma ao
ductograma, é necessária biópsia para estabelecer o diagnóstico. Em pacientes
com descarga patológica e com achados físicos e de imagens normais, a
ductografia pode ser a única forma de localizar e ressecar a lesão (CABIOGIU et
al., 2003; LOCKER et al., 1988). Apesar dessas vantagens, a ductografia é um
procedimento doloroso e tem limitações importantes na detecção de lesões que
não obstruem completamente o lúmen ductal, assim como de lesões múltiplas
num mesmo ramo ductal (AL SARAKBI et al., 2006).
A ressonância magnética por imagem só recentemente tem sido
utilizada para diagnóstico de lesões mamárias. No entanto não deve ser o método
de escolha para diagnóstico de lesões papilares tais como papilomas e
carcinomas papilíferos císticos, mas como processo auxiliar (IBARRA, 2006).
3.3 Anatomia patológica dos papilomas
3.3.1 Macroscopia
Os papilomas centrais geralmente originam-se de uma projeção
papilar, a partir do revestimento de um dos ductos de maior calibre e crescem
lentamente, preenchendo parte dos ductos dos quais se originaram. Essas lesões
geralmente são menores que 1 cm de diâmetro e medem em média 3 a 4 mm
(ROSEN, 2001). Na maioria dos casos são tão pequenos que o chegam a
formar um tumor palpável. Ocasionalmente podem ser grandes, com dimensões
36
variando de 4 cm a 10 cm, devido a seu prolongamento ao longo da ramificação
ductal (HAAGENSEN, 1989).
Macroscopicamente, os papilomas intraductais centrais formam
tumores murais, de coloração acinzentada ou castanho-avermelhada (Ilustração
6), friáveis, estando geralmente ligados à parede do ducto por um delicado
pedículo, embora possam ser sésseis.
Ilustração 6 – Macroscopia de papilloma
LEGENDA: (A) Ducto distendido com lesão papilífera polipóide. (B) Corte transversal de papiloma, ocupando
ductos
FONTE: Fotos do Autor
O papiloma intraductal central pode crescer como uma massa
amolecida e hemorrágica, obliterando todo o espaço de uma cavidade cística
formada por um ducto muito dilatado, configurando o chamado papiloma
intracístico que pode ser maior que 10 cm. As lesões são bem circunscritas e
envolvidas por uma cápsula formada pela parede ductal (ABREU E LIMA et al.,
2005; HAANGENSEN, 1989; ROSEN 2001).
É importante que o patologista, antes de clivar o segmento mamário
que contém o ducto lesionado, tente localizar a lesão através da abertura dos
ductos com uma tesoura apropriada, pois, caso clive a peça ao acaso, uma lesão
pequena pode não ser identificada (HAANGENSEN, 1989), ou ainda a
possibilidade de a mesma destacar-se da peça, perdendo sua conexão com a
parede ductal.
O papiloma intraductal periférico é uma lesão mais extensa do que o
papiloma intraductal central, na qual muitos ductos periféricos estão
comprometidos formando tumores por vezes maiores que 2 cm. Os papilomas
37
múltiplos associados podem ser vistos macroscopicamente quando formam
nódulos em ductos contíguos associados (ROSEN, 2001).
3.3.2 Aspectos citológicos
Para análise citopatológica, a aspiração de um papiloma pode ser
realizada quando a lesão é palpável ou quando o mesmo é visualizado por ultra-
sonografia dentro de um ducto dilatado.
Os esfregaços de um aspirado de papiloma usualmente são
celulares com agrupamentos de células epiteliais em arranjo papilífero
tridimensional (Ilustração 7).
Ilustração 7 – Agrupamento papilífero em esfregaço citológico corado por Papanicolau de
descarga mamilar
LEGENDA: (A) aumento de 100X. (B) aumento de 400X
FONTE: Fotos do Autor
As células epiteliais freqüentemente são colunares, com pouca
variabilidade de dimensões, podendo se apresentar isoladas, agrupadas ou em
colunas. As células apócrinas podem estar presentes (BIBBO; HANAU, 1999;
IBARRA, 2006).
As células epiteliais usualmente estão dispersas em meio a fundo
proteináceo ou hemorrágico, com muitos macrófagos espumosos ou carregados
de hemossiderina (IBARRA, 2006). Maygarden et al., (1994) notaram que a
presença de macrófagos espumosos, em associação com agrupamentos
celulares em “chifre de veado”, era o padrão mais distinto dos papilomas. Embora
esse arranjo celular esteja também presente nos fibroadenomas, estes não
A
B
38
apresentam grandes quantidades de lulas espumosas. Contrariamente, a
presença de grande quantidade de núcleos dispersos ”nus” é mais freqüente nos
fibroadenomas (IBARRA, 2006).
Os padrões citológicos dos papilomas periféricos não são
significantemente diferentes dos papilomas centrais, exceto quando complicados
por carcinoma (JEFFREY; LJUNG, 1994).
Os diagnósticos diferenciais entre lesão papilomatosa e carcinoma in
situ em citopatologia são sempre difíceis, quando o carcinoma é de baixo grau ou
quando assume configuração papilar (TSE et al., 2007). No aspirado do papiloma,
a presença de vários padrões de proliferação epitelial (hiperplasia intraductal
típica ou atípica e carcinoma intraductal) é compreensível visto que todas essas
lesões se originam na UDLT (TAVASSOLI, 1999b). Dessa forma, pode haver
concomitância de atipia e carcinoma no interior da lesão papilomatosa ou no
tecido circunjacente, especialmente o carcinoma intraductal de padrão cribriforme
de baixo grau, caracterizado por presença de agrupamentos monomórficos de
células sem eixos papilíferos (ALI-FEHMI et al., 2003; PAPOTTI et al., 1984), o
que dificulta o diagnóstico diferencial.
A presença dessa concomitância no aspirado de lesão papilomatosa
se deve à possibilidade de serem aspiradas células da porção benigna do
papiloma juntamente com as de áreas atípicas ou de carcinoma, que se
apresentarão juntas ao esfregaço, impossibilitando à citologia definir com precisão
o potencial biológico de malignidade da lesão (IBARRA, 2006).
É importante distinguir papiloma de carcinoma papilífero, contudo,
nenhum padrão isolado, pode diferenciar as duas condições. Os esfregaços de
aspirados de carcinoma papilífero usualmente são muito celulares representados
por agrupamentos papilíferos de células atípicas, isoladas ou dispersas, em um
fundo freqüentemente hemorrágico com macrófagos carregados de
hemossiderina, podendo haver também alguma necrose e presença de células
epiteliais colunares altas isoladas. Além disso, alguma anisonucleose e perda da
coesão podem ser vistas no papiloma, sendo mais freqüentes no carcinoma. A
sobreposição desses padrões (rica celularidade, fundo sero-hemorrágico,
39
agrupamentos papilíferos, presença de células colunares) pode tornar essa
diferenciação difícil (VALDES et al., 2007).
Os casos de papiloma que sofreram infarto podem produzir uma
combinação de pequenos agrupamentos celulares com atipias nucleares e
presença de necrose resultando na possibilidade de um diagnóstico falso positivo
de carcinoma ductal in situ (KOBAYASHI et al., 1992; ISHIHARA; KOBAYASHI,
2006) (Ilustração 8).
Ilustração 8 – Histopatologia de papiloma infartado
LEGENDA: (A) aumento de 100X. (B) Notar hipercromasia dos núcleos das células degeneradas (400X)
FONTE: Fotos do Autor
Modernos testes imunológicos podem ser realizados sobre os
esfregaços citológicos. A presença ou ausência de lulas mioepiteliais é um dos
critérios diagnósticos mais importantes para distinguir papiloma de carcinoma
papilífero, porque neste estão ausentes, mas sua visualização pode ser difícil. Por
esse motivo se têm pesquisado marcadores específicos para músculo liso que
identificam células mioepiteliais sem corar outras estruturas (MOSUNJAC et al.,
2000; PUTTI et al., 2005). Também se empregado à pesquisa de antígeno
carcinoembriônico porque a ocorrência de altos níveis indica malignidade latente
(VARGAS et al., 2002).
A citologia da descarga bem como sua aparência macroscópica tem
importante papel na indicação cirúrgica dos casos (LEVEQUE et al., 1990). A
descarga mamilar associada com papiloma contém lulas com atipias leves,
usualmente em agrupamentos papilíferos coesos (JOHNSON; KINI, 1991).
A
B
40
Os esfregaços obtidos a partir de descarga papilar são de
interpretação mais difícil e por isso têm menor sensibilidade do que os aspirados.
Esse fato deve-se, principalmente, às alterações degenerativas de lulas
epiteliais expelidas juntamente com macrófagos espumosos, fluído seroso
sanguinolento e debris, presentes no material oriundo de descarga papilar. Além
disso, as células neoplásicas da mama tendem a diminuir e ou desaparecer na
descarga papilar, levando a uma baixa celularidade que dificulta ainda mais o
diagnóstico (SAUTER et al., 2004). Apesar disso, a citologia da descarga mamilar
é de grande ajuda na detecção de lesões mamárias não-palpáveis associadas à
descarga (FLORIO et al., 1999; LEE, 2003).
O diagnóstico de lesão papilomatosa de aspirado ou de descarga
papilar é difícil, porque uma superposição de achados citopatológicos entre
lesões benignas papilares e não papilares, assim como entre neoplasias papilares
benignas e malignas, tornando necessária a avaliação histopatológica em todos
os casos para os quais a citopatologia firmou diagnóstico de lesão de padrão
papilífero. Jayaram et al. (2007) relataram que 49,2% de 65 lesões mamárias,
com padrão papilífero à citologia de esfregaço de aspirado ou de descarga papilar
espontânea, provaram ser malignas.
3.3.3 Aspectos histopatológicos dos papilomas
3.3.3.1 V
ARIAÇÕES HISTOPATOLÓGICAS DOS PAPILOMAS
Do ponto de vista histopatológico, os papilomas apresentam
características gerais e variações morfológicas mais freqüentes em cada tipo.
Em linhas gerais, o papiloma é o protótipo das lesões papilíferas da
mama. Seu diagnóstico é baseado na presença de uma massa sólida encistada,
com padrão fibrovascular ramificado, ocorrendo dentro de uma cavidade cística.
Em microscopia com maior aumento, os padrões clássicos incluem: um eixo
fibrovascular que cria um processo ramificante digitiforme. O eixo fibrovascular
inclui a presença de um ramo fibroso com um vaso centralmente localizado,
41
delineado por células endoteliais, com uma camada mioepitelial praticamente
uniforme na base do epitélio, com as células epiteliais voltadas para a cavidade
da lesão cística (IBARRA, 2006), embora as células mioepiteliais possam estar
focalmente ausentes (MULLIGAN; O’MALLEY, 2007).
As lulas mioepiteliais geralmente são redondas e cuboidais e
freqüentemente possuem um citoplasma claro. As células epiteliais são
usualmente colunares ou cuboidais e possuem uma razão núcleo citoplasmática
menor que as células mioepiteliais (IBARRA, 2006; PUTTI et al., 2005).
As lesões papilíferas podem apresentar variações morfológicas cuja
freqüência pode ser maior ou mesmo característica de alguns tipos de papilomas.
Nos papilomas intraductais ou intracísticos, não são raros os
arranjos tubulares do componente epitelial, em meio ao eixo fibrovascular. Esse
padrão pode ser confundido com adenose, sobretudo quando fibrose com
incorporação do papiloma à parede ductal, podendo haver hialinização como
processo involutivo (MULLIGAN; O’MALLEY, 2007).
Ohuchi et al. (1984b) descreveram modificações da arquitetura ao
longo do trajeto ductal. Mostraram que os papilomas periféricos apresentavam
uma continuidade com alterações epiteliais hiperplásicas das UDLT, havendo
uma tendência ao predomínio da proliferação epitelial sólida ou com formação de
lumens secundários (Ilustrações 2 e 9). Nos ductos maiores, a proliferação
epitelial proeminente pode acarretar complexidade da arquitetura, com fusão dos
eixos papilíferos e também com formação de lúmens secundários (MULLIGAN;
O’MALLEY, 2007; PUTTI et al., 2005). Essas alterações epiteliais hiperplásicas
são análogas ao padrão da hiperplasia epitelial ductal usual e não devem ser
confundidas com a hiperplasia atípica ou carcinoma intraductal de baixo grau de
padrões sólido ou cribriforme.
42
Ilustração 9 – Múltiplas unidades ducto lobular terminais comprometidas por hiperplasia
epitelial intraductal típica fazendo parte de um quadro de papiloma periférico
LEGENDA: Notar presença de aréas cribriformes e outras de padrão sólido - A (HE 100X); B (HE 100X)
FONTE: Fotos do Autor
Pode ser observada também a esclerose dos eixos fibrovasculares,
possivelmente como resultado de isquemia (MULLIGAN; O’MALLEY, 2007),
levando à formação do papiloma esclerosante ou lesão papilífera esclerosante, na
qual usualmente estão presentes calcificações (Ilustração 10) (IBARRA, 2006).
Ilustração 10Papiloma parcialmente esclerosado
LEGENDA: (HE 100X)
FONTE: Foto do Autor
Algumas das alterações que ocorrem mais comumente nos
papilomas intraductais podem ser vistas na Ilustração 11, são elas:
A
B
43
a) Inflamação: ocorre na parede do ducto que alberga o papiloma, como
conseqüência do obstáculo que produz dentro do sistema ductal
(ROSEN, 2001);
b) Necrose: é atribuída à isquemia ou ao trauma, muitas vezes, após o
procedimento como punção aspirativa com agulha fina, core biopsy ou
marcação pré-operatória (ROSEN, 2001). Pode se expressar tanto no
eixo conjuntivo fibrovascular como no componente epitelial/mioepitelial e
ser acompanhada de hemorragia recente ou antiga e metaplasia
escamosa do epitélio remanescente. A distinção deve ser feita com
necrose tumoral, que se limita ao componente epitelial e se mostra como
material granular com debris necróticos nucleares (ROSEN, 2001);
c) Metaplasia: a metaplasia apócrina, com ou sem atipia, é a mais comum e
pode ser extensa, mas confinada aos limites da lesão papilífera (PUTTI et
al., 2005). Podem ser encontrados outros tipos de metaplasia, como:
escamosa tipicamente em sítios de infarto (MULLIGAN; O’MALLEY,
2007), sebácea (JIAO et al., 2001; MULLIGAN; O’MALLEY, 2007),
mucípara (ROSEN, 2001), de células claras ou metaplasia
osteocondromatosa do eixo fibrovascular (ROSEN, 2001);
d) Outras alterações: incluem calcificações (IBARRA, 2006), produção de muco
(MULLIGAN; O’MALLEY, 2007), hiperplasia de células mioepiteliais
(IBARRA, 2006), alterações de células colunares com secreção de tipo
decapitante, esferulose colagenosa.
Na esferulose colagenosa, as células epiteliais não mostram atipia e os
microlúmens formados contêm um material eosinofílico, anfófilo ou quase
transparente, constituído por substância fundamental ou material de
membrana basal que pode calcificar. A camada mioepitelial pode estar
atenuada nessas lesões. Essa alteração pode ser confundida com áreas
de padrão cribriforme de cancerização em papiloma (RESETKOVA et al.,
2006).
44
Ilustração 11 – Algumas variações histopatológicas dos papilomas
LEGENDA: A padrão clássico papilífero (HE, 400X); B padrão clássico papilífero: notar camada
mioepitelial marcada (imuno-histoquímica, calponina, 400X); C padrão adenose símile (HE, 100X); D
padrão adenose símile (HE, 400X); E esferulose colagenosa (HE, 40X); F esferulose colagenosa (HE,
400X); G alteração de células colunares (HE, 400X); H metaplasia apócrina (HE, 100X); I papiloma
hialinizado (HE, 100X); J – papiloma hialinizado (HE, 400X)
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
45
3.3.3.2 P
APILOMAS COM ATIPIA
(
PAPILOMAS BORDERLINE
)
Para se estabelecer um diagnóstico de hiperplasia atípica em
papiloma, são utilizados os mesmos critérios para o diagnóstico das lesões
proliferativas intraductais, ou seja, a proliferação epitelial deve ser semelhante ao
carcinoma ductal in situ de baixo grau, mas sem preencher todos os critérios
(PAGE; ROGERS, 1992).
Os papilomas borderline caracterizam-se por uma proliferação
epitelial monótona, uniforme, com formação de pontes "rígidas", arcadas,
micropapilas epiteliais ou microlúmens secundários rígidos, redondos ou ovais
(padrão cribriforme) e mais regularmente distribuídos, com polarização das
células epiteliais em torno dos espaços (pseudo-rosetas) (PAGE; ROGERS,
1992). Em geral, as áreas de atipia têm distribuição focal dentro da lesão papilar e
podem se estender em padrão pagetóide ao longo do pregueamento papilar. A
camada mioepitelial, em geral, está conservada, porém pode estar atenuada nas
áreas de hiperplasia atípica (PUTTI et al., 2005). São mais freqüentes nos
papilomas periféricos que nos centrais (MULLIGAN; O’MALLEY, 2007).
Não consenso na literatura quanto ao ponto de corte na distinção
entre papiloma com atipia e carcinoma ductal in situ originado em papiloma.
Critérios quantitativos distintos foram propostos por Tavassoli (1999a), Page et al.
(1996), Simpson et al. (1999).
Tavassoli (1999a) tomou como parâmetro, de forma arbitrária, o
percentual da área envolvida por proliferação. Assim, classificou a lesão como
papiloma com hiperplasia atípica, quando menos de um terço do papiloma mostra
área de atipia, e como carcinoma ductal in situ originado em papiloma, quando a
área de atipia envolve de um terço até menos de 90% da lesão.
Page et al. (1996), por sua vez, utilizaram como parâmetro o
tamanho absoluto da área atípica, em estudo de caso controle com seguimento
das pacientes para avaliação de risco. Consideraram que área de atipia menor ou
igual a 3 mm enquadraria a lesão como papiloma atípico e as maiores que 3 mm,
como carcinoma ductal in situ originado em papiloma (Ilustração 12).
46
Ilustração 12 – Lesão papilifera intraductal difícil de ser definida como benigna ou maligna
LEGENDA: No maior aumento (Figura B) na área central superior encontra-se proliferação celular disposta
em duas camadas sobre eixos fibrovasculares; perifericamente, a maior parte da lesão é constituída por
carcinoma de padrão cribriforme (região traçada por linha vermelha) A (HE 100X); B (HE 400X)
FONTE: Modificado de Papotti et al (1984)
Na prática, medir ou avaliar percentual de áreas atípicas em
papiloma é problemático, pois são, muitas vezes, de distribuição multifocal e
misturadas a setores de proliferação sem atipia e focos de metaplasia apócrina
(ABREU E LIMA, 2005). Talvez, por isso, o grupo de Nottingham (ELLIS et al.,
1998) optou por basear-se apenas na qualidade (padrão citológico e arquitetural)
da proliferação. MacGrogan e Tavassoli (2003), em trabalho com seguimento por
110 meses, demonstraram que, em papilomas atípicos adequadamente
excisados, a ocorrência de hiperplasia ductal atípica no parênquima adjacente
teve maior valor preditivo para o risco de carcinoma subseqüente, do que a
proporção ou tamanho da área atípica dentro do papiloma, na qual essa relação
não foi demonstrada.
3.3.3.3 D
IAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE PAPILOMA INTRADUCTAL
E CARCINOMA PAPILAR NÃO INVASIVO
Os critérios para distinção dos carcinomas papilares in situ dos
papilomas intraductais são praticamente os mesmos descritos há mais de 40 anos
A
B
47
por Kraus e Neubecker (1962) e esse conhecimento é essencial ao
anatomopatologista para estabelecer diagnósticos diferenciais fidedignos (Quadro
1).
Quadro 1 – Critérios histológicos para diferenciação de lesões papilíferas benignas e
malignas
Aspecto histológico Papiloma Carcinoma papilífero
Número de tipos celulares Dois tipos Um tipo
Núcleos Normocromáticos Hipercromáticos
Metaplasia apócrina Presente Ausente
Padrão glandular Complexo Cribriforme
Ductos adjacentes Hiperplasia intraductal Carcinoma intraductal
Adenose esclerosante Às vezes presente Geralmente ausente
FONTE: Traduzido de Ibarra (2006), modificado de Kraus e Neubecker (1962)
Os carcinomas papilares não invasivos podem ocorrer na forma
localizada, como carcinoma papilar intracístico (CPIC), ou multifocal, envolvendo
as unidades ductolobulares, correspondendo ao carcinoma papilar intraductal
(carcinoma ductal in situ de padrão papilar - CDIS).
O carcinoma papilar intracístico costuma ter localização central,
retroareolar, ocorrendo em uma faixa etária mais tardia, em média de 65 anos. Do
ponto de vista clínico-radiológico e macroscópico, é indistinguível do papiloma
intracístico central, solitário, exceto por tendência a ser de maior tamanho (Rosen,
2001). O padrão micropapilar do carcinoma ductal in situ está enquadrado pela
Classificação Histológica da Organização Mundial de Saúde (TAVASSOLI;
DEVILEE, 2003) no tópico de lesões proliferativas intraductais, como uma das
variantes do CDIS e será descrito separadamente.
À microscopia, no carcinoma ductal papilar não invasivo e no CPIC,
as papilas têm eixo conjuntivo mais delgado e tendem a mostrar maior
complexidade que os papilomas benignos. Há perda total ou quase total da
camada das células mioepiteliais, entre as células epiteliais neoplásicas e o eixo
fibrovascular, sobretudo nas áreas onde predomínio do crescimento epitelial
atípico (MAC GROGAN, 2005).
A camada de células mioepiteliais é mais bem estudada por imuno-
histoquímica, com a utilização dos marcadores miosina músculo liso de cadeia
pesada (SMM-HC) e p63, considerado como o de maior especificidade para
48
células mioepiteliais. Os marcadores de actina sculo liso (SMA) e calponina
também são sensíveis para células mioepiteliais, todavia menos específicos, pois
se expressam em miofibroblastos (actina>calponina>SMM-HC). Esses
marcadores podem revelar miofibroblastos da parede dos vasos do eixo
fibrovascular, que se situam muito próximos do epitélio neoplásico, acarretando
erro de interpretação (JACOBS, 2005; SCHNITT, 2005). Por marcar apenas o
núcleo da célula mioepitelial, a imunoexpressão do p63 pode parecer mais
descontínua que a dada pelos demais anticorpos que marcam todo o citoplasma
(TROXELL et al., 2006).
As células epiteliais neoplásicas que revestem as papilas são,
geralmente, uniformes, de baixo grau, e se orientam de forma perpendicular ao
eixo fibrovascular, ao contrário da disposição mais ao acaso, presente nos
papilomas benignos. O crescimento epitelial é, muitas vezes, preponderante
produzindo áreas sólidas, cribriformes, micropapilares ou de células colunares
estratificadas (MAC GROGAN, 2005) que são, usualmente, negativas para as
citoqueratinas 5/6 (CK 5/6) (TROXELL et al., 2006) e citoqueratina 14 (CK14)
(TSE et al., 2007). Os núcleos tendem à hipercromasia, em contraste com os
núcleos normocromáticos dos papilomas. A metaplasia apócrina em geral está
ausente, enquanto é freqüente nos papilomas benignos (MAC GROGAN, 2005).
Por vezes, o CPIC apresenta-se como nódulos de limites bem
definidos, resultante da proliferação de células neoplásicas em padrão
predominantemente sólido (carcinoma ductal in situ papilar, sólido). Em meio à
proliferação notam-se remanescentes do eixo fibrovascular, ao redor dos quais as
células epiteliais se distribuem em paliçada (aspecto em pseudo-rosetas). O
diagnóstico diferencial mais importante é com a hiperplasia ductal, florida, sem
atipias (JACOBS, 2005). No CDIS papilar sólido, a citologia é mais uniforme, com
núcleos redondos ou ovais, de cromatina fina e nucléolos pequenos. Podem se
formar ocasionais microlúmens secundários que tendem a ser uniformes e
redondos, em padrão assemelhado ao do CDIS cribriforme, ao contrário da
distribuição mais irregular e de formato variado (oval, redondo, fendiforme), que
ocorre na hiperplasia usual. A produção de muco extracelular pode estar presente
(RABBAN et al., 2006). Os marcadores imunohistoquímicos de diferenciação
49
endócrina (cromogranina, sinaptofisina) geralmente são positivos (MALUF;
KOERNER, 1995).
3.3.3.4 D
IAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE PAPILOMA INTRADUCTAL
E CARCINOMA DUCTAL IN SITU DE PADRÃO ARQUITETURAL
MICROPAPILAR
O carcinoma ductal in situ de padrão arquitetural micropapilar é uma
das variantes arquiteturais do CDIS de baixo grau, na sua maioria, que se associa
freqüentemente à extensa lesão in situ.
Microscopicamente, caracteriza-se pela formação de pequenos tufos
(micropapilas), que se projetam para o lúmen ductal, constituídas pelo epitélio sem
ocorrência de eixo fibrovascular. As micropapilas m configuração bulbosa, com a
extremidade luminar arredondada, em geral, mais larga que a base (Ilustração
13). O principal diagnóstico diferencial do CDIS micropapilar é a hiperplasia
ginecomastóide (micropapilar), uma alteração proliferativa intraductal análoga à
observada na fase florida da ginecomastia masculina (SELLAND et al., 2000;
THAM et al., 1989).
Ilustração 13Carcinoma ductal in situ de padrão micropapilar. Notar ausência de eixo
conjuntivo e aspecto bulboso das papilas.
LEGENDA: A (HE 100X); B (HE 400X)
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
Na hiperplasia ginecomastóide, as micropapilas, que se projetam
para o lúmen ductal, possuem extremidades afiladas, pontiagudas, em comparação
com o aspecto bulboso, arredondado, daquelas do CDIS micropapilar. As células
das extremidades dos tufos são pequenas, de núcleos hipercromáticos, em
comparação com as da base. Por sua vez, no CDIS micropapilar, as células são
50
uniformes ao longo de toda a papila, com núcleos preponderantes. A hiperplasia
ginecomastóide costuma acompanhar-se de alterações de natureza proliferativa
benigna, como hiperplasia ductal usual, pica, nos ductos circunvizinhos, enquanto
que o CDIS micropapilar associa-se, com freqüência, a outros padrões de CDIS,
especialmente o cribriforme
(ROSEN, 2001).
3.3.3.5 D
IFICULDADES NO DIAGNÓSTICO INTRA
-
OPERATÓRIO DAS
LESÕES PAPILÍFERAS
Quando se trata de diagnóstico imediato de lesão papilífera por
exame intra-operatório, o anatomopatologista defronta-se com as expectativas do
cirurgião, para que possa definir a conduta mais adequada, e a esperança do
paciente, em não se submeter a nova cirurgia e não se expor a uma mastectomia
desnecessária (YUN et al., 2007).
Muito embora a taxa de diagnóstico correto em exames intra-
operatórios por congelação de lesões mamárias varie entre 92,6% e 98%, um erro
diagnóstico falso positivo pode acarretar grande prejuízo ao paciente (YUN et al.,
2007).
Em virtude de erros diagnósticos de papilomas intraductais
benignos, que foram confundidos com carcinoma no exame de congelação intra-
operatório acarretando mastectomias desnecessárias, Haangensen et al. (1981)
adotaram como regra, no Departamento de Patologia Cirúrgica do hospital em
que atuavam, que, ao se encontrar uma lesão papilífera, não se tentaria dar um
diagnóstico definitivo com base apenas na biópsia de congelação, devendo-se
aguardar as secções da peça de parafina para um estudo mais cuidadoso.
O preparo de cortes histológicos e o diagnóstico em exame intra-
operatório de congelação satisfatórios, em lesões papilíferas, podem ser
complicados em virtude da fragilidade das lesões e da dificuldade de identificação
da camada de lulas mioepiteliais (o congelamento diminui as diferenças
tintoriais entres as células epiteliais e mioepiteliais) ou de um foco de carcinoma,
que pode ter se desenvolvido dentro de um papiloma (ROSEN, 2001). Por outro
51
lado, podem coexistir áreas de metaplasia apócrina proeminente com atipias
nucleares focais que podem ser de difícil interpretação diagnóstica numa amostra
escassa, que, nesses casos, é importante usar a morfologia da área apócrina
normal como ponto de referência para determinar a presença de atipia citológica
na proliferação apócrina (O’MALLEY; BANE, 2004; PUTTI et al., 2005).
O retardo no diagnóstico de um carcinoma papilífero não é
preocupante porque esse tipo possui um excelente prognóstico, mesmo que seja
invasivo e estejam presentes metástases axilares linfonodais. Dessa forma, um
retardo relativo no tratamento definitivo não acarretará grandes conseqüências à
paciente (MULLIGAN; O’MALLEY, 2007).
3.4 Significado clínico e prognóstico das neoplasias papilares
intraductais
É de fundamental importância o anatomopatologista conhecer o
significado clínico e prognóstico das neoplasias papilares intraductais para
corretamente aquilatar as decisões terapêuticas às quais seu diagnóstico dará
origem, ou seja, deve identificar corretamente o potencial biológico de
malignidade da lesão.
3.4.1 Papilomas centrais e periféricos, sem atipia
Os papilomas intraductais sem atipia e sem alterações significativas
dos ductos circundantes são considerados de baixo risco para carcinoma invasivo
subseqüente, comparável ao das hiperplasias intraductais usuais sem atipia. No
entanto é recomendável a excisão completa dessas lesões e avaliação do corpus
mammae circundante (LEWIS et al., 2005; GUTMAN et al., 2003).
Os papilomas intraductais periféricos, com maior freqüência, se
associam à hiperplasia ductal atípica e ao carcinoma in situ, no parênquima
circundante. Ohuchi et al. (1984a) argumentaram que os papilomas periféricos
52
associam-se a um maior risco, não por serem ltiplos, mas por se originarem
nas unidades ducto-lobulares terminais da mama, tal qual a maior parte dos
carcinomas. Haagensen et al. (1981), em 68 pacientes com papilomas múltiplos,
encontraram associação com carcinoma subseqüente ou simultâneo em 22 casos
(32%). Comparando os papilomas centrais com os periféricos, Lewis et al. (2005)
referiram aumento significativo do risco relativo nos papilomas periféricos
(múltiplos) quando comparados aos centrais (RR = 2,81 contra RR= 1,82,
respectivamente). Esse risco aumenta substancialmente quando atipia nessas
lesões, passando a um risco relativo de 8,66 e 4,88, respectivamente para os
papilomas periféricos e centrais.
3.4.2 Papilomas com atipia
O risco de desenvolvimento de carcinoma invasivo nos papilomas
com atipia não foi suficientemente estudado, nem completamente esclarecido.
Page et al. (1996) em estudo caso/controle, no qual avaliaram a presença de
hiperplasia típica e atípica dentro dos papilomas, encontraram um risco relativo de
0,78 naqueles associados à hiperplasia sem atipia (risco análogo ao encontrado
nas hiperplasias intraductais usuais). Todavia, nos casos associados com
hiperplasia atípica, o risco relativo de desenvolvimento de carcinoma invasivo foi
de 7,5, maior que o de hiperplasia ductal atípica não relacionada às lesões
papilares. Se a atipia, dentro do papiloma, associava-se à hiperplasia ductal
atípica no parênquima adjacente, esse risco aumentava para 15,8. Observaram
ainda que esse risco relativo de desenvolvimento de carcinoma invasivo referia-
se a carcinoma ipsilateral e no mesmo quadrante envolvido. Assim os papilomas
com atipia parecem representar lesões precursoras ao invés de marcadores de
risco aumentado, generalizado, de câncer mamário (JACOBS et al., 2002). Esses
dados argumentam em favor da excisão dessas lesões com avaliação de
margens e exame histopatológico dos ductos adjacentes.
53
Recentemente, um grupo da Mayo Clinic, observou nos papilomas
atípicos múltiplos um risco de câncer similar ou maior que o da hiperplasia
ductal e lobular atípicas (risco relativo de 8,66) (LEWIS et al., 2005).
3.4.3 Carcinomas papilares não invasivos
Vários relatos descrevem um excelente prognóstico para essas
lesões, que não requerem dissecção axilar e, em geral, são tratadas com cirurgia
conservadora (COLLINS et al., 2006).
A indicação de radioterapia permanece controversa, sobretudo, no
CPIC (MAC GROGAN, 2005). A avaliação prognóstica ou preditiva baseia-se nos
mesmos parâmetros histopatológicos e imuno-histoquímicos utilizados para
avaliação do CDIS: grau nuclear, necrose, tamanho do tumor, status das
margens, estado dos receptores estrogênicos e progestogênicos, da expansão de
membrana para a proteína HER-2/neu e dos marcadores Ki-67 e p53 (COLLINS
et al., 2006).
3.5 Aspectos histopatológicos que podem gerar dificuldade no
diagnóstico
3.5.1 Zonas de esclerose central ou periférica em papiloma com
seqüestração de elementos epiteliais
As zonas de esclerose central ou periférica em papiloma podem ser
extensas e podem levar ao aprisionamento de epitélio ductal, resultando em um
padrão que pode ser confundido com carcinoma invasor (MULLIGAN; O’MALLEY,
2007).
O exame mamográfico é importante porque os papilomas costumam
ser lesões bem circunscritas, nodulares ou intracísticas, diferindo do aspecto
irregular, espiculado dos carcinomas invasivos. A localização central tamm sugere
54
papiloma, pois os papilomas com acentuada esclerose são geralmente formados
em ductos segmentares ou lactíferos principais, retroareolares (ROSEN, 2001).
O aspecto citológico é benigno e usualmente podem ser encontradas
lulas mioepiteliais de permeio aos elementos epiteliais envolvidos pela fibrose
(Ilustração 14).
Ilustração 14 Aprisionamento de elementos epiteliais em meio a área fibroesclerótica de
papiloma, simulando invasão
LEGENDA: A (HE 100X); B (HE 400X); C, D (p63, 400X) notar células mioepitelias expressas pela
positividade nuclear para o p63, excluindo invasão
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
Na avaliação de casos de carcinomas papilares intracísticos
enviados em consulta, o grupo da Vanderbilt (CALHOUN et al., 2005) observaram
ter sido mais comum o erro de interpretão de áreas de pseudo-invasão estromal,
que o encontro de microinvasão verdadeira.
3.5.2 Áreas de hiperplasia usual, típica, florida, dentro do papiloma
Esses setores podem ser diagnosticados erroneamente como
papiloma com atipia ou carcinoma papilar in situ sólido ou cribriforme. Nessas
55
áreas, a camada mioepitelial pode estar focalmente desaparecida ou atenuada
pela compressão (ABREU E LIMA, 2005). A decio diagnóstica deve se basear no
aspecto citológico e arquitetural da proliferação, ou seja, devem ser encontrados
padrões arquiteturais análogos aos vistos na hiperplasia ductal usual, típica: em
"corrente", "redemoinhos", superposição celular, membranas celulares
inconspícuas, lúmens secundários irregulares (ovais ou fendiformes), dispostos
ao acaso, e população celular heterogênea sendo comum a coexistência de
metaplasia apócrina (PAGE; ROGERS, 1992).
O exame imuno-histoqmico, com anticorpos anti-citoqueratinas de
tipo basal e de alto peso molecular (CK5/6, CK14, 34BE12), é útil para exclusão de
atipia ou carcinoma in situ. As áreas de hiperplasia usual costumam expressar
forte imunomarcação para a CK5/6, CK14, 34BE12, em contraste com ausência ou
fraca positividade, nas hiperplasias atípicas e no carcinoma in situ, sobretudo com
a CK5/6 e a CK14 (OTTERBACH et al., 2000; RABBAN et al., 2006; TAN et al.,
2005).
3.5.3 Áreas de hiperplasia atípica
De padrão cribriforme ou sólido, compatíveis com cancerização em
papiloma, podem simular carcinoma invasivo cribriforme ou sólido, quando áreas
representativas do papiloma o estão presentes nos fragmentos de core biopsy.
Nesse caso a excisão cirúrgica é primordial. Alguns autores consideram que o
diagnóstico de papiloma com hiperplasia atípica em core biopsy deve ser
seguido de excisão cirúrgica, porque o risco estimado de carcinoma in situ ou
invasivo foi 7,5 vezes maior que o do papiloma sem atipia (PAGE et al., 1996).
Em muitos serviços de mastologia, opta-se por excisão cirúrgica,
mesmo quando os achados da core biopsy são benignos, devido à possibilidade
de heterogeneidade intralesional e do risco de malignidade concorrente ou
subseqüente, porque o espécime de core biopsy pode não ser representativo da
área mais preocupante da lesão papilífera (JACOBS et al., 2002). Um estudo
prévio demonstrou que a área de hiperplasia atípica entre os papilomas
56
analisados ocupava menos de 25% da lesão e a presença de hiperplasia atípica
no tecido mamário adjacente em 63% dos casos, onde havia associação de
papiloma com hiperplasia atípica. Estes achados provam que uma amostra não
representativa da lesão pode resultar em subdiagnóstico tanto da lesão papilífera
bem como do status do tecido mamário circunvizinho (PAGE et al., 1996).
A utilização da imuno-histoquímica também tem contribuído para a
melhor acurácia do diagnóstico. Shah et al. (2005), usando imuno-histoquímica
para estudo da camada mioepitelial (calponina, p63) e CK 5/6 em lesões
papilares, em material de core biopsy, obtiveram maior concordância na
classificação das lesões papilares (93%), em contraste com os casos nos quais
foram utilizadas apenas as preparações de rotina (48%).
3.5.4 Metaplasia apócrina atípica
A alteração apócrina é vista em um amplo espectro de lesões
ocorrendo desde cistos microscópicos a carcinoma apócrino invasor (O’MALLEY;
BANE, 2004). O epitélio apócrino típico exibe células cuboidais a colunares, altas,
com citoplasma eosinofílico, com fina granulação, núcleos moderados a grandes,
vesiculares, com ocasional nucléolo avermelhado proeminente e presença
esporádica de decapitação apical citoplasmática. É comum sua ocorrência em
papilomas. Às vezes, a maior parte ou todo o epitélio é do tipo apócrino (ROSEN,
2001; TAVASSOLI, 1999a), podendo estar associado com atipia celular focal
(PUTTI et al., 2005).
A atipia citológica em uma lesão proliferativa apócrina tem sido
definida por vários grupos como um aumento de cerca de três vezes do volume
nuclear, com um aumento associado do nucléolo. A presença de múltiplos
pequenos nucléolos em células apócrinas que mostram variabilidade de tamanho
nuclear também são consideradas atípicas (O’MALLEY; BANE, 2004). Vale
salientar que a distribuição das células atípicas dentro da metaplasia apócrina
atípica não ocorre de maneira homogênea (ROSEN, 2001). Essas células
usualmente não exibem a cromatina grosseira e demostram membranas
57
nucleares regulares em contraste com as células malignas do carcinoma apócrino
(O’MALLEY; BANE, 2004). As células do carcinoma apócrino ainda exibem
núcleos maiores quando comparadas aos da metaplasia apócrina benigna com
atipias (ZAGORIANAKOU et al., 2006). Uma proliferação apócrina atípica,
extensa, dominante com comprometimento de ductos parenquimatosos
adjacentes ao papiloma, pode levantar a suspeita de carcinoma intraductal
apócrino (MULLIGAN; O’MALLEY, 2007; PUTTI et al., 2005). Faltam ainda
critérios para definir lesões apócrinas atipicas fronteriças (borderline) para
carcinoma intraductal apócrino em virtude da ausência de estudos clínicos e de
seguimento de longa data (O’MALLEY; BANE, 2004). O critério de extensão de 2
mm foi usado para separar lesões proliferativas apócrinas benignas que mostram
atipia e padrão arquitetural cribriforme do carcinoma intraductal apócrino
(TAVASSOLI; NORRIS, 1994). A presença de necrose tem sido útil em distinguir
lesões apócrinas benignas com atipias do carcinoma intraductal apócrino, muito
embora a presença de necrose não seja um pré-requisito para o diagnóstico de
carcinoma intraductal apócrino (O’MALLEY; BANE, 2004).
Numerosas pesquisas apontam que as alterações apócrinas
observadas nas lesões epiteliais proliferativas mamárias, incluindo as hiperplasias
papiliferas, principalmente as de morfologia complexa (estratificação celular e
formação de arcadas) e a adenose possam ser precursoras de transformação
maligna, particularmente se a metaplasia apócrina presente esteja associada a
atipias (ROSEN, 2001; ZAGORIANAKOU et al., 2006).
O achado de várias alterações moleculares em lesões apócrinas
proliferativas benignas apoiam a teoria de que essas lesões são de origem clonal
e não metaplásica, resultantes de acúmulos de aberrações genéticas, refletindo
assim uma instabilidade do epitélio mamário, criando um ambiente favorável a
alterações oncogênicas adicionais (ZAGORIANAKOU et al., 2006).
58
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Tipo de estudo
O estudo realizado foi do tipo retrospectivo, descritivo.
4.2 Local de estudo
O estudo foi realizado no Departamento de Patologia do Hospital de
Câncer da Paraíba Fundação Napoleão Laureano, situado na cidade de João
Pessoa, Paraíba, que é referência estadual para diagnóstico e tratamento de
pacientes com câncer.
Os exames imuno-histoquímicos foram realizados no Laboratório
Imunopat, Recife, Pernambuco.
4.3 População do estudo
A população de estudo consistiu de cortes histológicos de biópsia
mamária excisional e respectivos laudos de exame anatomopatológico que
constavam do arquivo do Departamento de Patologia do Hospital de Câncer da
Paraíba Fundação Napoleão Laureano, referentes ao período de Dezembro de
2000 a Dezembro de 2006.
4.4 Amostra
A amostra foi do tipo não probabilístico, por conveniência, por se
tratar de serviço de referência estadual para diagnóstico e tratamento de câncer
59
de mama, incluindo todos os exames anatomopatológicos que obedeceram aos
critérios de inclusão.
4.4.1 Critérios de inclusão para seleção da amostra
Foram adotados como critérios de inclusão:
Realização do exame anatomopatológico no período de Dezembro de
2000 a Dezembro de 2006, no Departamento de Patologia do Hospital
de Câncer da Paraíba;
Presença de diagnóstico de papiloma, independente de qualquer
classificação, constante do laudo do exame anatomopatológico;
Referência de ter sido o material obtido por biópsia excisional por
setorectomia mamária;
Ausência de relato de carcinoma invasor no laudo do exame
anatomopatológico;
Referência de clivagem completa e inclusão total em bloco de parafina
do material obtido por biópsia excisional de mama;
O exame macroscópico de material de biópsia excisional ter sido
realizado pelo próprio pesquisador, à época do diagnóstico
anatomopatológico da lesão;
Existência dos blocos de parafina contendo material de biópsia
excisional dos casos, no arquivo do Departamento de Patologia do
Hospital de Câncer da Paraíba;
Registro no prontuário da paciente de idade, topografia da lesão
mamária e resultado de no mínimo um exame de imagem anterior à
setorectomia.
Não foi necessário o estabelecimento de critérios de exclusão no
presente estudo.
60
4.4.2 Tamanho da amostra
A amostra consistiu em 63 laudos de exames anatomopatológicos
de 54 pacientes do sexo feminino, com idade média de 50,87 ± 11,34 anos,
variando entre 23 e 83 anos, firmados com base em 418 lâminas e de 930 cortes
histológicos de material de biópsia excisional.
Não foram incluídos na amostra quatro casos devido à referência de
carcinoma invasor no laudo do exame anatomopatológico.
4.5 Materiais e Métodos
4.5.1 Coleta de dados
Para a coleta de dados clínicos, macroscópicos, citológicos e
histológicos, foi criada ficha padronizada, na qual se anotaram os dados durante
as consultas aos prontuários e a análise histológica dos casos (Apêndice A).
Por meio da revisão do arquivo de rascunhos de macroscopia e de
controle de blocos, certificou-se que todos os espécimes das setorectomia foram
totalmente incluídos.
4.5.2 Revisão das preparações histológicas
Para firmar diagnóstico anatomopatológico de confirmação de
papiloma das 54 pacientes, as lâminas de material de biópsia excisional, assim
como as lâminas de descarga papilar, quando existentes, foram observadas pelo
pesquisador, por meio de microscopia óptica. As preparações histológicas
61
revisadas constituíram um total de 418 lâminas contendo 930 cortes histológicos
de material de biópsia excisional.
Quando os cortes histológicos não estavam em boas condições para
avaliação histopatológica foram feitos recortes e novas colorações por
hematoxilina-eosina. Os casos de maior complexidade foram revisados em
conjunto com a Professora Orientadora. Nos casos em que havia carcinoma in
situ associado, foi realizado estudo imuno-histoquímico, com posterior
reavaliação.
4.5.3 Estudo imuno-histoquímico
Foi realizado estudo imuno-histoquímico em sete de um total de oito
casos de carcinoma (seis de carcinoma associado a papiloma e um de carcinoma
intraductal no tecido adjacente ao papiloma), os quais tinham componente
apócrino ou apócrino-simile na proliferação epitelial atípica. O objetivo foi a
análise da camada de células mioepiteliais e confirmação do provável padrão
apócrino da neoplasia.
Para essa avaliação, foi escolhido o bloco mais representativo de
cada uma das lesões. As reações foram efetuadas em laboratório privado de
Patologia (Imunopat, Recife). A análise da camada mioepitelial foi feita, em
conjunto, pelo autor e a professora orientadora. O estudo das áreas atípicas de
padrão apócrino foi executado pelo autor, com aferição expressa, sob forma de
percentual de células coradas nas áreas de carcinoma.
Em um caso a imuno-histoquímica não foi possível por o existir
material suficiente no bloco de parafina; em outro, obtiveram-se cortes
histológicos suficientes para estudo da camada mioepitelial, mas não houve
tecido remanescente para análise das áreas apócrino-simile, portanto, o exame
foi efetivado em sete casos para detecção da camada mioepitelial e em seis, para
aferição do fenótipo apócrino.
62
4.5.3.1 M
ARCADORES PARA O ESTUDO DA CAMADA MIOEPITELIAL
Calponina: foi utilizado o marcador de clone CALP (marca DAKO
®
).
A calponina é um polipetídeo de 34 kD, responsável pela
modulação da atividade da actinomiosina adenosina trifosfatase (ATPase)
no aparelho contrátil do músculo liso. É considerada um marcador muito
sensível para detecção da camada de células mioepiteliais e de boa
especificidade, corando o citoplasma das células mioepiteliais. Todavia se
expressa também em miofibroblastos estromais e em músculo liso da
parede vascular, motivo pelo qual, em geral, é usada em associação com
marcadores mais específicos como o p63. Utilizou-se um caso de papiloma
previamente testado como controle externo da reação.
p63: foi utilizado o marcador de clone 4A4 (marca DAKO
®
)
O p63 é um homológo da proteína do gene supressor tumoral
p53, que mostra alta sensibilidade e excelente especificidade para a
detecção de células mioepiteliais, não se expressando em miofibroblastos
ou camada muscular de parede vascular. Por corar o núcleo da célula
mioepitelial, a sua imunoexpressão tem um aspecto descontínuo.
Utilizamos para controle externo da reação caso de hiperplasia benigna da
próstata, previamente testado.
4.5.3.2 M
ARCADORES PARA AFERIÇÃO DO FENÓTIPO APÓCRINO
GCDFP - 15 – Empregou-se o marcador de clone 23A3 (marca Cell Marque
®
).
A fração 15 da proteína do fluido da doença cística
macroscópica da mama (GCDFP-15; gross cystic disease fluid protein
fraction 15) é encontrada de forma abundante no fluído de cistos mamários
63
e também em qualquer tipo celular de padrão apócrino. Assim, também
está expressa em glândulas salivares, glândulas lacrimais, glândulas
brônquicas, glândulas apócrinas e sudoríporas, também na doença de
Paget da pele e vulva e ainda na próstata (DABBS, 2006; VIAVACA et al.,
1997; ZAGORIANAKOU et al., 2006). Esse anticorpo tem alta
especificidade (95%) e sensibilidade (74%) para o carcinoma da mama e
por isso é usualmente utilizado na investigação de sítio primário de
neoplasia metastática sempre que uma origem mamária é suspeitada. É
um excelente marcador para fenótipo apócrino (ZAGORIANAKOU et al.,
2006). O controle externo utilizado foi caso de carcinoma apócrino da
mama previamente testado.
Receptor de andrógeno: foi utilizado o marcador, clone AR441 (marca
Neomarkers
®
).
Estudos imuno-histoquímicos de lesões mamárias, tanto
benignas quanto malignas, com diferenciação apócrina têm demonstrado
que essas células mostram imunomarcação nuclear para receptor de
andrógeno, sendo negativas para receptor de estrógeno e de progesterona
(GATALICA, 1997; SELIM et al., 1999). O controle externo utilizado foi caso
de hiperplasia benigna da próstata, previamente testado.
4.5.4 Variáveis estudadas
As variáveis foram divididas em: clínicas, macroscópicas e
histopatológicas.
As variáveis clínicas incluíram:
Faixa etária da paciente, categorizada em intervalos de 10 anos;
Topografia e lateralidade da lesão, categorizada segundo quadrantes
mamários e lateralidade da mama acometida;
64
Características de descarga papilar relativas à presença e aspecto
macroscópico;
Características de tumor quanto à palpabilidade e aspecto ao exame de
imagem (mamografia ou ultra-sonografia). A categorização foi feita
empregando a classificação do Colégio Americano de Radiologia por meio do
breast imaging reporting and data system (BI-RADS
®
) (Quadro 2).
Quadro 2 – Categorias BI-RADS
®
Categoria Avaliação Risco de câncer (%)
0
necessita investigação adicional através de incidências
complementares ou ultra-sonografia, e comparação com
exames anteriores
-
1 Lesão negativa para malignidade 0,05
2 Achados benignos 0,05
3 Lesão provavelmente benigna < 2
4 Lesão suspeita de malignidade > 20
5 Lesão altamente suspeita de malignidade > 75
6 Diagnóstico de câncer comprovado histologicamente 100
FONTE: Adaptado de Quadros (2003)
Presença de alterações de papila mamária;
História familiar de câncer;
História de biópsia mamária prévia, segundo resultado;
História de recidiva de papiloma.
As variáveis macroscópicas incluíram:
Número de fragmentos de biópsia enviados para exame anatomopatológico;
Dimensões da peça cirúrgica.
As variáveis histopatológicas dos papilomas incluíram: classificação,
padrão citoarquitetural e tipo de lesões em tecido perilesional.
Para análise dos diferentes padrões morfológicos que o papiloma
pode adquirir durante seu trajeto ao longo dos ductos foram utilizados critérios
histológicos específicos de acordo com a literatura. Cada padrão morfológico que
fazia parte da lesão papilomatosa foi especificado como percentual do volume do
65
papiloma. Tomando por base a literatura consultada, admitiram-se, no presente
trabalho os seguintes padrões:
padrão papilar clássico - caracteriza-se pela presença de eixos fibro-
vasculares revestidos por camada ou camadas de células epiteliais
cilíndricas ou bicas, com uma camada de células mioepiteliais entre o
epitélio e a membrana basal. O mioepitélio pode estar atenuado em
algumas áreas. O ducto envolvido freqüentemente encontra-se distendido
(IBARRA, 2006).
-hiperplasia epitelial típica com formação de mens secundários - a
proliferação epitelial é expressa por população celular heterogênea em
proporções variadas, constituída de células epiteliais ou mioepiteliais,
podendo ocupar apenas a área focal do ducto ou toda sua circunferência
preenchendo-o, total ou parcialmente. Pode se limitar a foco único ou
constituir múltiplos focos (Ilustração 9).
O citoplasma é anfofílico ou francamente eosinofílico, homogêneo,
de bordos mal definidos dando a aparência sincicial às células. O volume
citoplasmático, em geral, está diminuído em relação às células ductais
normais, levando ao aumento da relação núcleo-citoplasmática por
aumento relativo dos núcleos.
Os núcleos são de forma variada, redondos, ovais, alongados ou,
ainda, reniformes, dependendo do plano de secção. Ocupam espaços
desiguais, resultando em áreas de aparente superpopulação celular, nas
quais os núcleos parecem se amontoar uns sobre os outros. A membrana
nuclear é delicada e a cromatina está uniformemente distribuída. Os
nucléolos são inconspícuos, exceto na vigência de metaplasia apócrina.
As mitoses são raras e de configuração dentro dos limites normais.
Quando a hiperplasia é discreta, a proliferação ocorre como crescimento
simples, dando às células uma conformação pavimentar ou micropapilar. À
medida que aumenta o grau de hiperplasia, tendência à formação de
cordões celulares que intercruzam os lúmens, configurando pontes e
resultando em fenestrações e lúmens secundários, dispostos ao acaso, os
66
quais tendem a ser mais numerosos na periferia que centralmente e são de
formato variado, ovóide, em crescente, irregular, serpiginoso, raramente
redondos, como vistos no padrão cribriforme do carcinoma intraductal
(Ilustração 15).
As células que limitam tais lúmens secundários são distribuídas ao
acaso, ao contrário da forma polarizada com que se dispõem ao redor dos
lúmens no carcinoma. Os espaços formados são, em geral, vazios, embora
ocasionalmente contenham resquícios de secreção, histiócitos (Ilustração
16) ou linfócitos. Em geral, na periferia dos ductos persiste epitélio ductal
cubóide ou colunar, com núcleos regularmente orientados (PAGE et al.,
1992).
A camada mioepitelial frequentemente é discernível, mas sua
presença não é útil para o diagnóstico diferencial com carcinoma
intraductal, pois pode persistir nessa condição (ABREU E LIMA, 2005).
67
Ilustração 15 Papiloma com área de hiperplasia intraductal típica com formação de
lumens secundários
LEGENDA: A, B e C - (HE 100X, HE 400X e HE 100X). D Notar presença acentuada de células
mioepiteliais de permeio (seta de cor preta) (HE 400X). E e F Notar presença de eixos fibrovasculares em
meio à proliferação epitelial (HE 100X).
FONTE: Fotos do Autor
A
B
C
D
E F
68
Ilustração 16 – Presença de histiócitos xantomatosos dentro de eixos fibrovasculares
LEGENDA: A (HE 100X); B (HE 400X)
FONTE: Fotos do Autor
hiperplasia epitelial típica com formação de lúmens secundários com
metaplasia apócrina típica - O epitélio da hiperplasia ductal sem atipias
pode apresentar metaplasia apócrina caracterizada por células ductais com
citoplasmas abundantes, eosinofílicos e granulares, núcleos redondos,
vesiculosos, redondos, basal ou centralmente localizados, freqüentemente
possuindo um nucléolo proeminente e usualmente com protusão apical
secretória do citoplasma para o lúmen (PUTTI et al., 2005).
-hiperplasia epitelial típica com formação de lúmens secundários com padrão
apócrino símile – caracteriza-se por alterações epiteliais na hiperplasia
epitelial típica, intermediárias entre células ductais e células apócrinas, nas
quais um ou outro padrão clássico de alteração apócrina não está
presente. As células podem se dispor no mesmo formato poligonal da
metaplasia apócrina, com citoplasmas amplos, bem delimitados, contudo
sem a mesma eosinofilia e granulação citoplasmática, apresentando
núcleos redondos, menores, e nucléolos menos evidentes (RAJU;
VERTES, 1996).
hiperplasia epitelial típica com formação de lúmens secundários com
metaplasia apócrina atípica - identificada pela presença de ductos
ocupados pelo papiloma, exibindo proliferação epitelial metaplásica
apócrina em tufos, formando arcadas cribriformes com lúmens irregulares.
A metaplasia apócrina atípica caracteriza-se por revestimento epitelial
A B
69
apócrino, exibindo presença de células com núcleos muito aumentados de
volume (cerca de três vezes) e nucléolos proeminentes. Estas células
estão dispostas de maneira irregular em meio ao epitélio apócrino usual
(O’MALLEY; BANE, 2004).
hiperplasia epitelial típica de padrão sólido - Quando se observa presença de
proliferação expansiva celular intraductal, de padrão sólido, com obstrução
completa dos ductos ou fazendo parte da lesão papilífera, sendo
constituída por uma população celular heterogênea, com uma mistura de
células epiteliais e mioepiteliais. Por vezes, o componente epitelial torna-se
predominante atenuando, por compressão, a camada mioepitelial, todavia
o padrão clássico de hiperplasia típica está preservado. A ausência de
atipias nucleares, com cromatina fina e bem distribuída, associada a
variedade da aparência nuclear (redonda, oval, fusiforme ou reniforme),
com membranas inconspícuas e distribuição irregular, podendo, por vezes,
haver áreas de desorganização, sobreposição e formação de redemoinhos,
classificam a hiperplasia como típica (PAGE et al., 1987).
hiperplasia epitelial atípica de padrão apócrino símile sólida caracterizada
quando ocorre no papiloma uma área de proliferação expansiva celular,
ocupando cerca de um terço de sua extensão, constituída por células
regularmente distribuídas com citoplasma poligonal, bem delimitado,
discretamente granular e eosinofílico, claro, e núcleos redondos, uniformes,
monótonos, com nucléolos centrais pouco evidentes. Não se observam
presença de células mioepiteliais de permeio (Ilustração 17) (RAJU,
VERTES, 1996).
70
Ilustração 17 – Hiperplasia epitelial atípica de padrão apócrino símile sólida dentro de um
papiloma
LEGENDA: A (HE 400X); B (HE 400X)
FONTE: Fotos do Autor
hiperplasia epitelial leve com metaplasia apócrina típica - Quando a hiperplasia
epitelial não ultrapassa a espessura de três camadas e se associada a
metaplasia apócrina de padrão habitual (PUTTI et al., 2005).
hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina típica - o epitélio
apócrino estratificado que reveste os eixos papilíferos e composto por
células com núcleos uniformes, regularmente espaçados, geralmente
eqüidistantes da membrana basal (Ilustração 18 A e B) (ROSEN, 2001).
hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina atípica - Quando o
revestimento epitelial apócrino estratificado, que reveste os eixos
papilíferos, exibe atipias celulares com áreas focais de distribuição
(Ilustração 18 C e D) (O’MALLEY; BANE, 2004; ROSEN, 2001).
A
B
71
Ilustração 18 – Hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina
LEGENDA: A e B - Hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina típica (HE 100X e HE 400X); C -
Hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina atípica (HE 100X); D – Hiperplasia epitelial papilífera
com metaplasia em presença de células apócrinas atípicas isoladas (setas em cor branca) (HE 1000X)
FONTE: Fotos do Autor
hiperplasia epitelial típica micropapilífera sem eixo conjuntivo - representa
parte do espectro das hiperplasias epiteliais intraductais moderadas,
correspondendo a projeções de micropapilas para o lúmen ductal,
possuindo extremidades afiladas e pontiagudas em padrão ginecomastóide
(ABREU E LIMA et al., 2005).
adenose símile - Padrão morfológico caracterizado quando o papiloma exibe
áreas de acentuada proliferação ductular típica (revestidos por uma
camada epitelial e outra de mioepitélio), em meio ao estroma fibrovascular,
podendo obliterar todo o espaço do lúmen ductal e haver áreas focais de
crescimento papilífero (Ilustração 19) (ROSEN, 2001).
A
B
C D
72
Ilustração 19 – Papiloma com padrão de adenose símile (HE 100X)
FONTE: Foto do Autor
adenose símile com metaplasia apócrina atípica - Padrão morfológico da
adenose símile, associada a áreas de metaplasia apócrina atípica ductular
(O’MALLEY; BANE, 2004).
adenomioepitelioma símile - Padrão similar ao da adenose, diferenciando-se
apenas pela acentuada hiperplasia mioepitelial em torno dos ductos
(Ilustração 20) (TAVASSOLI, 1999a).
73
Ilustração 20 – Adenomioepitelioma símile
LEGENDA: A e B – Observar acentuada hiperplasia mioepitelial em torno dos ductos (HE 100X e HE 400X);
C e D – Mesmo tipo de lesão, malignizada, com perda das células mioepiteliais (HE 100X e HE 400X)
FONTE: Foto do Autor
carcinoma intraductal de padrão papilífero com ou sem áreas cribriformes
representado por carcinoma intraductal com revestimento epitelial de
padrão apócrino, com células grandes, citoplasma abundante, acidofílico,
granular, núcleos redondos a ovalados, aumentados de volume,
pleomórficos, com membrana nuclear de contorno irregular, cromatina
irregular, freqüentemente condensada em torno da membrana nuclear,
com aspecto vacuolar; macronucléolos eosinofílicos, excêntricos, por vezes
múltiplos, presença de figuras atípicas de mitose e corpos apoptóticos. Dito
revestimento epitelial apócrino, organiza-se em padrões papilíferos
complexos ou com formação de arcos regulares e uniformes, com escasso
estroma fibrovascular interveniente, podendo esses padrões estarem
associados ou não (O’MALLEY, BANE, 2004; TAVASSOLI, 1999a;
ZAGORIANAKOU et al., 2006).
A B
C
D
74
5 RESULTADOS
5.1 Características clínico-patológicas das 54 pacientes
Dentre as 54 pacientes cujas biópsias integraram o estudo, a idade
variou entre 23 a 83 anos, com média de 50,9±11,3 anos.
Em relação à bilateralidade simultânea, houve 2 (3,7%) casos de
papilomas centrais e 1 (1,8%) de papiloma periférico. Observaram-se ainda 2
(3,7%) pacientes com papiloma periférico ipsilateral.
No período do estudo (2000 a 2006), foi identificada recidiva de
papiloma em 4 (7,4%) casos. Em dois deles, o tipo de papiloma referido no
prontuário coincidiu com o da recidiva, ou seja, os dois casos eram periféricos,
informação que foi valorizada, embora não se tenham reanalisado as lâminas
histológicas com as quais o diagnóstico inicial foi firmado. Uma paciente
apresentou duas recidivas, que integraram os casos do presente estudo, de
papiloma central, coincidente com o tipo de papiloma inicial referido no prontuário
e outra apresentou quatro recidivas, todas analisadas no presente estudo, do tipo
central, também coincidente com o papiloma inicial.
Em relação à associação de história familiar de câncer em parentes
de primeiro ou segundo grau e do tipo de papiloma apresentado observou-se que
4 (7,4%) pacientes com papilomas centrais e 4 (7,4%) com papilomas periféricos
apresentavam antecedentes familiares de carcinoma mamário. Dentre as
pacientes com papiloma periférico, uma paciente apresentava história de
carcinoma papilífero em mama contralateral, nove anos, e história familiar de
carcinoma mamário em tia (Tabela 1).
75
Tabela 1 – Distribuição de pacientes com história familiar de câncer de mama, segundo tipo
de papiloma – Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão
Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006
Tipo de papiloma Grau de parentesco de história
de câncer de mama
central periférico
Total
Avó 1 - 1
Irmã - 1 1
Mãe 1 - 1
Duas primas - 1 1
Prima e sobrinha 1 - 1
Sobrinha - 1 1
Tia 1 1 2
Total 4 4 8
5.2 Características topográficas dos 63 papilomas
Houve predomínio de papiloma em mulheres na faixa etária de 50 a
59 anos, dos quais 14 (40%) eram papilomas centrais e 11 (39,3%), periféricos.
Nas faixas etárias de 20 a 29 anos e 40 a 49 anos, a freqüência dos tipos central
ou periférico igualou, respectivamente, a um caso e nove casos. Na faixa etária
de 30 a 39 anos, houve predomínio de papilomas centrais (5; 14,3%) sobre os
periféricos (1; 3,6%) (Tabela 2).
Em relação à distribuição dos papilomas quanto à lateralidade
mamária, tanto os centrais quanto os periféricos predominaram em mama direita
(61,9%), sendo 21 (60%) casos de papilomas centrais e 18 (64,3%), periféricos. A
mama esquerda foi acometida em 38,1% dos casos, registrando-se 14 (40%)
casos de papiloma central e 10 (35,7%), periféricos (Tabela 2).
76
Tabela 2 – Distribuição de faixa etária e mama acometida de 63 pacientes, segundo tipo de
papiloma – Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão
Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006
Tipo de papiloma
Características
demográficas e
anatômicas
central periférico
Total
Tipo de papiloma 35 55,6 28 44,4 63 100,0
Faixa etária (anos)
20 - 29 1 2,9 1 3,6 2 3,2
30 - 39 5 14,3 1 3,6 6 9,5
40 - 49 9 25,7 9 32,1 18 28,6
50 - 59 14 40,0 11 39,3 25 39,7
60 - 69 5 14,3 4 14,3 9 14,3
70 – 89 1 2,9 2 7,1 3 4,8
Mama acometida
direita 21 60,0 18 64,3 39 61,9
esquerda 14 40,0 10 35,7 24 38,1
Quanto à distribuição dos papilomas em relação à topografia
mamária, observou-se que a região retroareolar foi a mais acometida por
papilomas centrais (23 casos; 36,5%), em ambas as mamas (57,1% dos casos
em mama direita e 78,7%, na esquerda), assim como pelos papilomas periféricos
(16 casos; 25,4%), em ambas as mamas (55,6% na mama direita e 60%, na
esquerda) (Ilustração 21).
Ilustração 21 – Representação esquemática da incidência de papilomas centrais e
periféricos, segundo topografia mamária - Departamento de Anatomia Patológica do
Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro
2006
77
Os papilomas centrais, em mama direita, foram diagnosticados em
todos os quadrantes, exceto no superior interno, no entanto acometeu a junção
dos quadrantes superiores, diferente da mama esquerda, na qual não esteve
presente nos quadrantes inferiores e na junção deles. Quanto aos papilomas
periféricos, foram identificados em todos os quadrantes, exceto o inferior interno,
embora estivesse presente em dois (11%) casos, na junção desses quadrantes.
Em mama esquerda, os papilomas periféricos topograficamente localizaram-se
em região retroareolar (seis casos, 60%), quadrante superior externo (três casos;
30%) e junção dos quadrantes inferiores (um caso, 10%).
5.3 Queixas clínicas das 54 pacientes
Quanto ao motivo da consulta clínica, 18 (28,6%) casos
apresentavam tumor palpável, dos quais 10 (55,6%) eram papilomas centrais e 8
(44,4%) periféricos. Nos papilomas centrais, o tumor palpável se associou a
descarga papilar em quatro casos e a retração de pele em um caso. Dentre os
papilomas periféricos, em seis casos o tumor palpável foi o único sinal, mas em
dois casos associou-se a descarga papilar (Tabela 3).
Nos casos com tumor não palpável, 15 (23,8%) apresentavam
apenas descarga papilar, sendo 6 (17,12%) com papiloma central e nove (32,1%),
com papiloma periférico. Em dois casos, a queixa foi inversão de mamilo, sendo
um associado a descarga papilar. Um caso referiu desvio de mamilo associado a
descarga papilar (Tabela 3).
Considerando a queixa clínica, isolada ou associada a outra
alteração, a descarga papilar foi a mais freqüente (24 casos; 38,1%) e
predominou entre papilomas periféricos (13 casos; 54,2%) seguindo-se a
presença de tumor palpável (18 casos; 28,6%), o qual predominou em papilomas
central (10 contra oito de papilomas periféricos), embora a distribuição percentual
tenha sido igual (28,6%) (Tabela 3)
Em 27 (42,8%) casos, a paciente não apresentava queixas e o
78
motivo da consulta foi a prevenção de rotina de câncer de mama. Apesar disso
em 19 (70,4%) casos foi firmado diagnóstico histopatológico de papiloma central e
em 8 (29,6%), de papiloma periférico (Tabela 3).
Tabela 3 – Distribuição dos motivos de consulta segundo tipo de papiloma – Departamento
de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB –
Dezembro 2000/Dezembro 2006
Tipo de papiloma
Motivos de consulta
central periférico
Total
Presença de tumor palpável + retração de pele 1 2,8 - - 1 1,6
Presença de tumor palpável + descarga 4 11,4 2 7,1 6 9,5
Presença de tumor palpável 5 14,3 6 21,4 11 17,5
Presença de desvio mamilar + descarga - - 1 3,6 1 1,6
Presença de inversão mamilar - - 1 3,6 1 1,6
Presença de inversão mamilar + descarga - - 1 3,6 1 1,6
Presença de descarga papilar 6 17,1 9 32,1 15 23,8
Prevenção de câncer de mama de rotina 19 54,3 8 28,6 27 42,8
TOTAL 35 55,6 28 44,4 63 100,0
5.4 Características da descarga papilar
A presença de descarga papilar espontânea foi relatada em 23
(36,5%) casos, dos quais 10 (43,5%) em papilomas centrais e 13 (20,6%), em
papilomas periféricos. Quanto ao aspecto macroscópico do derrame papilar, 12
(52,2%) casos foram sanguinolentos, dos quais 6 (60%) em papilomas centrais e
6 (46,2%), em papilomas periféricos. Os quatro (30,8%) casos de descarga
cristalina, ocorreram em papilomas periféricos. Houve dois (8,7%) casos de
descarga serosa, um em cada tipo de papiloma. Em cinco (21,7%) casos, não
havia registro no prontuário do aspecto macroscópico da descarga papilar, sendo
três (30%) em papilomas centrais e dois (15,3%), em periféricos (Tabela 4).
Houve registro de diagnóstico citológico da descarga papilar
espontânea no prontuário de 13 (24,1%) das 54 pacientes, dos quais 5 (38,5%)
eram centrais e 8 (51,5%), periféricos (Ilustração 22).
79
Tabela 4 – Distribuição das características da descarga papilar espontânea, segundo tipo
de papiloma – Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão
Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006
Tipo de papiloma
central periférico
Total
Características da descarga papilar
espontânea
n % n % n %
Aspecto macroscópico
Cristalina - - 4 30,8 4 17,4
Sanguinolenta 6 60,0 6 46,2 12 52,2
Serosa 1 10,0 1 7,7 2 8,7
Não informada 3 30,0 2 15,3 5 21,7
Ilustração 22 – Descarga papilar sanguinolenta espontânea
FONTE: Adaptado de Ibarra (2006)
5.5 Correlação entre os achados histopatológicos e características
radiológicas e ultra-sonográficas
Comparando os achados de imagem por mamografia ou ultra-
sonografia aos diagnósticos histopatológicos firmados nos 63 casos de papiloma,
dos quais oito (12,7%) apresentavam carcinoma, pode-se identificar que à
mamografia: dentre os 20 casos com BI-RADS
®
zero, 2 (10%) apresentavam
carcinoma, assim como 50% dos dois casos com BI-RADS
®
2. Dentre os cinco
casos de BI-RADS
®
3, dois (40%) casos eram carcinoma mamário. Dos 15 casos
de BI-RADS
®
4, portanto suspeitos de carcinoma, um (6,7%) teve diagnóstico
80
confirmado por histopatologia, assim como ocorreu com o único caso de BI-
RADS
®
5. Além desses casos, houve um caso de carcinoma do qual não se
localizou a informação do Bi-RADS
®
. Dentre os 16 casos com resultado de
mamografia registrado em prontuário como BI-RADS®
4 ou 5, houve dois casos
de carcinoma confirmados por histopatologia, correspondendo a um índice de
acerto de suspeita de carcinoma a 12,5% (Anexo 1 - Quadro 4).
Analisando os resultados da ultra-sonografia mamária, identificou-se
ausência de relato em prontuário em 10 (15,9%) casos. Dentre os 53 casos dos
quais se pôde resgatar o laudo ultra-sonográfico, oito (15,1%) tinham achado de
ectasia ductal com nódulo sólido intraductal que sugeria papiloma, mas todos
tiveram esse diagnóstico histopatológico confirmado.
5.6 Características histopatológicas
Para análise das características arquiteturais dos papilomas,
buscou-se identificar os padrões arquiteturais predominantes, ou seja, aqueles
que ocupavam mais de 50% da lesão papilomatosa como um todo.
Foram diagnosticados 58 (92,1%) papilomas com padrão papilar
clássico, dos quais 27 (46,6%) ocupavam uma área maior que 50% da lesão
papilomatosa como um todo. O segundo padrão mais freqüente foi a hiperplasia
epitelial papilífera com metaplasia apócrina típica, diagnosticada em 26 (41,3%)
casos, à qual se seguiu a hiperplasia epitelial típica com formação de lúmens
secundários, diagnosticada em 23 (36,5%) casos, seguindo-se a adenose símile
(20 casos; 31,7%) (Anexo 2 - Quadro 5).
Os padrões arquiteturais menos freqüentes foram: hiperplasia
epitelial atípica de padrão sólido apócrino símile, hiperplasia epitelial típica com
formação de lumens secundários com metaplasia apócrina atípica, mas em
nenhum caso esses padrões ocuparam mais de 50% da lesão como um todo.
Houve 22 (34,9%) casos de hiperplasia mioepitelial em papiloma
(Anexo 2 - Quadro 5).
81
Dos oito (12,7%) papilomas, que apresentavam carcinoma, seis
(75%) estavam presentes na lesão papilomatosa, sendo dois (33,3%) do tipo
central e quatro (66,7%) do tipo periférico, e dois (25%), no tecido perilesional,
também periféricos.
Dentre os casos de carcinoma intraductal associado a papiloma,
diagnosticados neste estudo, predominaram os padrões papilífero cribriforme
apócrino (34%) e o padrão papilífero apócrino (26%) (Gráfico 1) (Ilustração 23).
Houve dois casos nos quais as áreas carcinomatosas localizaram-se
no tecido perilesional, com resultados de carcinoma intraductal de padrões
micropapilífero e cribriforme apócrino e carcinoma intraductal de padrão
cribriforme apócrino símile.
Áreas de carcinoma
intraductal de
padrão papilifero
apócrino
26%
Áreas de carcinoma
intraductal de
padrão papilifero
8%
Áreas de carcinoma
intraductal de
padrão papilífero
sólido apócrino
8%
Áreas de carcinoma
intraductal de
padrão papilífero
cribriforme apócrino
34%
Áreas de carcinoma
intraductal de
padrão papilífero
cribriforme apócrino
símile
8%
Áreas de carcinoma
intraductal de
padrão papilífero
cribriforme com
comedonecrose
8%
Áreas de carcinoma
intraductal de
padrão papilífero
cribriforme
8%
Gráfico 1 – Distribuição dos tipos de carcinoma intraductal diagnosticados nos 63 casos de
papiloma – Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão
Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006
82
Ilustração 23 – Carcinomas diagnosticados ao exame histopatológico
LEGENDA: A - Carcinoma papilífero de padrão cribriforme / sólido (HE 400X). B - Carcinoma
papilífero de padrão cribriforme (HE 400X). C - Carcinoma papilifero de padrão cribriforme
apócrino (HE 1000X); D - Carcinoma papilifero de padrão papilífero apócrino (HE 400X)
FONTE: Foto do Autor
A
B
C
D
83
Para que se possam discutir os casos de papilomas associados a
carcinomas, foi feita a descrição histopatológica detalhada dessas lesões, no
Quadro 3 (Ilustração 24).
Quadro 3 – Descrição histopatológica dos papilomas associados a carcinoma –
Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João
Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006
Casos Descrição histopatológica dos papilomas associados a carcinomas
1 Algumas UDLT ocupadas por papilomas periféricos, residuais, exibindo no tecido
perilesional múltiplas UDLT distorcidas ocupadas por carcinoma intraductal, onde o
epitélio atípico exibe padrão apócrino com células grandes, citoplasmas abundantes,
acidófilicos, bem delimitados, núcleos aumentados de volume com marcada variação,
redondos a ovalados, pleomórficos, por vezes multinucleados com membranas
nucleares irregulares, cromatina irregular frequentemente condensada ao longo da
periferia nuclear, nucléolos proeminentes, eosinofílicos, muitas vezes excêntricos, e
ainda figuras atípicas de mitoses e corpos apoptóticos. Dito epitélio organiza-se ora em
um padrão constituído por pequenos tufos de padrão papilar sem eixo conjuntivo, ora
em arcadas rígidas que revestem a parede ductal e que ocasionalmente exibem nos
lumens comedonecrose e calcificações constituindo os carcinomas intraductais de
padrões micropapilífero e cribriforme apócrino, alto grau, com comedonecrose.
2 Áreas de papiloma central residual, associadas a extensas áreas de substituição por
carcinoma intraductal, onde o epitélio atípico exibe padrão apócrino com citoplasmas
amplos, bem delimitados, eosinofílicos claros, granulares, com núcleos aumentados de
volume, com marcada variação, redondos a ovalados, pleomorfismo moderado,
cromatina irregular por vezes condensada ao longo da periferia nuclear, nucléolos
proeminentes, eosinofílicos, freqüentemente excêntricos e, por vezes, múltiplos e
pequenos. Dito epitélio organiza-se ora formando padrão papilífero, ora papilífero
cribriforme, apocrinos, alto grau, sem comedonecrose com focos de calcificações.
Notam-se ainda focos de hiperplasia papilífera com metaplasia apócrina típica e atípica,
chamando atenção essa última por se apresentar por vezes em conexão com áreas
carcinomatosas.
3 Múltiplas UDLT comprometidas por papilomas periféricos em diferentes estágios de
evolução estando muito desses associados a áreas de acentuada hiperplasia epitelial
com formação de lumens secundários, irregulares, constituídas por mioepitélio e pela
proliferação de células apócrinas típicas com citoplasmas amplos, bem delimitados,
granulares, eosinofílicos claros, núcleos ovalados regulares, cromatina fina, vacuolar e
ocasionais nucléolos eosinofílicos centrais. Chama a atenção no tecido perilesional
único foco de carcinoma intraductal constituído pela proliferação de células com
citoplasmas amplos bem delimitados, granulares, com eosinofilia inferior ao epitélio
coexistente, com núcleos ovalados, regulares, cromatina irregular com ocasionais
nucléolos excêntricos. Dito epitélio encontra-se organizado em múltiplos espaços
arredondados regulares, com núcleos com distribuição eqüidistante um do outro,
configurando um carcinoma intraductal de padrão cribriforme apócrino símile, baixo
grau, sem comedonecrose.
84
Casos Descrição histopatológica dos papilomas associados a carcinomas
4 Múltiplas UDLT distorcidas comprometidas por papilomas periféricos, residuais, em
diferentes estágios de maturação associados a extensas áreas de proliferação ductular
com hiperplasia mioepitelial associada, localizadas nos eixos fibrovasculares
papilomatosos e por vezes ocupando todo lúmen ductal (padrão adenomiepitelioma
símile) por vezes com metaplasia apócrina atípica. Notam-se ainda vários focos de
carcinoma intraductal com revestimento epitelial de padrão apócrino exibindo células
grandes com citoplasmas abundantes acidófilicos, granulares, núcleos redondos a
ovalados, aumentados de volume, pleomórficos, membrana nuclear de contornos
irregulares, cromatina irregular freqüentemente condensada em torno da membrana
nuclear dando aspecto vacuolar, macronucléolos eosinófilos excêntricos e por vezes
múltiplos, figuras atípicas de mitoses e corpos apoptóticos. Dito revestimento epitelial
apócrino organiza-se em padrões papilíferos complexos e formação de arcos regulares
com escasso estroma fibrovascular interveniente, por vezes permeados por focos de
calcificações, configurando carcinomas de padrões papilifero e papilifero cribriforme
apócrino, alto grau, sem comedonecrose. Notam-se ainda áreas de hiperplasia epitelial
papilifera com metaplasia apócrina típica, e atípica; essa ultima chama a atenção pela
associação com áreas carcinomatosas.
5 Múltiplas UDLT com arquiteturas distorcidas, comprometidas por carcinoma intraductal
papilifero com algumas UDLT residuais comportando papilomas periféricos benignos de
permeio. Chama a atenção estrutura ductal cisticamente distendida ocupada por área
residual de papiloma benigno com hiperplasia de células mioepiteliais, sendo substituída
em sua maior parte por carcinoma papilifero intraductal apócrino, alto grau, de padrões
papilifero, sólido e cribriforme. Chama ainda atenção focos de hiperplasia papilifera
atípica permeando dita lesão. Perifericamente à estrutura cística, ductos menores
ocupados e distendidos pelos mesmos padrões de carcinoma com focos de
comedonecrose.
6 Múltiplas UDLT com arquiteturas distorcidas e comprometidas por papilomas periféricos
em sua maior parte benignos. Chamam a atenção raros focos de carcinomas papilifero
representados pela substituição total da dupla camada celular (epitelial/mioepitelial) de
alguns papilomas por proliferação epitelial com citoplasmas amplos bem delimitados,
eosinofílicos, granulares, com núcleos redondos a ovalados, regulares, monótonos,
hipercromáticos, nucléolos inconspícuos, pouco evidentes. Dita proliferação celular
organiza-se sem mioepitélio de permeio formando espaços ovalares, regulares, por
vezes permeada por escasso estroma fibrovascular configurando o carcinoma
intraductal de padrão papilifero cribriforme apócrino símile, de baixo grau, sem
comedonecrose. Notam-se ainda um papiloma com substituição de menos de um terço
de sua arquitetura pela mesma proliferação celular anteriormente descrita, sendo que
em padrão sólido configurando área de hiperplasia intraductal atípica, lida, de padrão
apócrino símile (papiloma atípico). Os papilomas periféricos benignos remanescentes
ainda exibem áreas de proliferação ductular dentro dos eixos fibrovasculares, por vezes
englobados dentro dos lumens ductais (padrão adenose símile) e áreas de hiperplasia
epitelial micropapilifera, sem atipias.
7 Múltiplas UDLT com arquiteturas distorcidas e ocupadas por papilomas periféricos em
sua maioria benignos em diversos estágios de maturação. Chamam a atenção alguns
papilomas com suas arquiteturas totalmente substituídas por proliferação epitelial,
formando múltiplos pequenos espaços redondos regulares, com células exibindo
núcleos monótonos, hipercromáticos, sem mioepitélio de permeio, permeada por
escasso estroma vascular configurando o carcinoma intraductal de padrão papilifero
cribriforme, baixo grau, sem comedonecrose. A maioria dos papilomas benignos
encontram-se associados a hiperplasia epitelial com formação de lumens secundários
com metaplasia apócrina típica. Notam-se ainda focos de hiperplasia epitelial papilifera
com metaplasia apócrina típica associada aos papilomas.
85
Casos Descrição histopatológica dos papilomas associados a carcinomas
8 Áreas de papiloma central residuais exibindo porção substituída por proliferação epitelial
constituída por células aumentadas de volume, citoplasmas bem delimitados,
volumosos, eosinofílicos, claros, granulares, e núcleos redondos a ovalados com
pleomorfismo moderado, nucléolos eosinofílicos, excêntricos, por vezes, múltiplos,
cromatina irregular, por vezes condensada ao redor da membrana nuclear, dando
aspecto vacuolar ao núcleo. Dita proliferação epitelial organiza-se formando espaços
arredondados com certa regularidade, resultando em arcadas e pontes celulares rígidas
sem mioepitélio de permeio, apresentando ainda alguns eixos fibrovasculares de
espessura variável configurando o carcinoma intraductal de padrão papilifero cribriforme
apócrino, baixo grau, sem comedonecrose, surgindo em papiloma. Notam-se ainda
focos hiperplasia epitelial típica com formação de lumens secundários, irregulares,
fazendo parte do papiloma remanescente
Ilustração 24 – Carcinomas diagnosticados ao exame histopatológico em tecido perilesional
de papiloma periférico
LEGENDA: A - Carcinoma intraductal de padrão micropapilífero / cribriforme (HE 100X); B e C - Carcinoma
intraductal de padrão cribriforme apócrino símile (HE 100X e HE 400X)
FONTE: Foto do Autor
A
B
C
86
Considerando o tipo de descarga papilar, identificou-se que a
descarga cristalina esteve presente em papiloma periféricos, sendo dois
(33,3%) casos associados a carcinoma e dois (9,1%), não associados. A
descarga papilar sanguinolenta foi constatada em papilomas centrais e
periféricos, independente da presença de carcinoma associado a papiloma
(Tabela 5).
Tabela 5 – Distribuição das características macroscópicas da descarga papilar espontânea,
segundo associação do papiloma a carcinoma – Departamento de Anatomia Patológica do
Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro
2006
Tipo de papiloma
central periférico
c/ carcinoma
(n=2)
s/ carcinoma
(n=33)
c/ carcinoma
(n=6)
s/ carcinoma
(n=22)
Aspecto macroscópico da
descarga papilar
espontânea
n % n % n % n %
Cristalina - - - - 2 33,3 2 9,1
Sanguinolenta 1 50,0 5 15,2 2 33,3 4 18,2
Serosa - - 1 3,0 - - 1 4,5
Não informada 1 50,0 27 81,8 2 33,3 15 68,2
Detalhando outras características dos papilomas, constatou-se que
todos os papilomas associados a carcinoma apresentavam calcificações
microscópicas identificadas ao exame histopatológico, assim como a presença de
mitoses (Tabela 6).
Tabela 6 – Distribuição de calcificações microscópicas, seqüestro de elementos epiteliais,
presença de mitose e grau nuclear, segundo associação do papiloma a carcinoma –
Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João
Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006
Tipo de papiloma
central periférico
c/ carcinoma
(n=2)
s/ carcinoma
(n=33)
c/ carcinoma
(n=6)
s/ carcinoma
(n=22)
Características dos papilomas
n % n % n % n %
Calcificações 2 100,0 3 9,1 6 100,0 6 27,3
Seqüestro de elementos epiteliais
em meio à hialinização estromal
2 100,0 11 33,3 2 33,3 11 50,0
Presença de mitose 2 100,0 6 18,2 6 100,0 3 13,6
Grau nuclear do carcinoma
2 1 50,0 - - 3 50,0 - -
3 1 50,0 - - 3 50,0 - -
Não aplicável - - 33 100,0 - - 22 100,0
87
Os casos de carcinoma associado a papiloma (seis) e o de
carcinoma intra-ductal perilesional a papiloma (um) de uma maneira geral
mostraram camada mioepitelial presente no contorno ductal e atenuação ou
desaparecimento da camada de células mioepiteliais nas áreas de proliferação
epitelial atípica intra-luminar, pelo estudo com os marcadores calponina e p63
(Ilustrações 25 a 28).
Ilustração 25 – Variações de distribuição e arranjo das células mioepiteliais em função do
padrão arquitetural do papiloma
LEGENDA: A (calponina 400X); B (p63 400X) Padrão papilar clássico; C Padrão adenose símile; D
Padrão “rendilhado”; E – Hiperplasia de células mioepiteliais (calponina, 400X).
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
88
Ilustração 26 – Hiperplasia típica florida em papiloma: aspecto da camada mioepitelial
LEGENDA: A – Notar atenuação da camada mioepitelial na parte central da foto onde a hiperplasia é mais
intensa (calponina, 100X); B – Aspecto da área de atenuação com camada mioepitelial presente à direita
(calponina 400X).
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
Ilustração 27 – Carcinomas diagnosticados na amostra
LEGENDA: A, B, C – Carcinoma papilar intraductal: notar padrão cribiforme e população celular monótona. A
camada mioepitelial está presente, corada em castanho, em torno do ducto e também dentro da proliferação
intraductal. Todavia, está atenuada com áreas negativas delimitadas pelas células mioepiteliais, que se
dispõe de forma linear. O padrão é semelhante ao visto na figura 31 em papiloma com hiperplasia epitelial
típica. (calponina, 100X, 400X, 400X). D – A mesma lesão mostrando a imunomarcação com p63, expressa
no núcleo das células mioepiteliais (400X).
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
89
Ilustração 28 – Carcinoma ductal in situ adjacente a papiloma
Legenda: Notar a ocorrência de camadas de células mioepiteliais circundando todo ducto A, B (calponina,
100X, 400X).
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
Dentre os seis casos de carcinoma submetidos à imuno-
histoquímica para a GCDFP-15, observou-se positividade em quatro (66%), nos
seguintes percentuais em relação à área de atipia em padrão apócrino: 15%;
80%; 60%; 90%. A positividade para receptor de andrógeno esteve presente em
quatro (66%) de seis casos, em percentual de 60%; 15%; 30%; 90%. Houve dois
casos negativos tanto para a GCDFP-15 como para receptor de andrógeno. Nos
casos positivos, a expressão ocorreu nas áreas de metaplasia apócrina benigna e
também em áreas de metaplasia apócrina com atipia, de forma focal em relação à
totalidade da neoplasia papilar (Ilustrações 29, 30 e 31).
Apesar da realização a quantificação por percentual, não foi possível
a perfeita avaliação topográfica da imunomarcação pela GCDFP-15
exclusivamente das áreas atípicas do papiloma, dada a heterogeneidade e
mistura de padrões dos papilomas, bem como pela intensa imunocoloração da
secreção intraductal que por vezes aparece dentro de pequenos lúmens, de
permeio a proliferação epitelial (Ilustrações 29, 30 e 31).
90
Ilustração 29 – Área de metaplasia apócrina clássica
LEGENDA: A positividade para GCDFP-15 (citoplasmática) e em B positividade para receptor de andrógeno
(nuclear); C, D Área de metaplasia apócrina atípica mostrando positividade para receptor de andrógeno.
(400X).
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
91
Ilustração 30 – Carcinoma papilífero intraductal de padrão apócrino
LEGENDA: Notar o aspecto abundante, eosinofílico e granular do citoplasma das células atípicas. A (HE,
100X); B, C, D – (HE, 400X); E – Imunoexpressão nuclear para receptor de andrógeno (400X); F
Imunoexpressão citoplasmática para GCDFP-15. Notar mitose (400X).
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
92
Ilustração 31 – Heterogeneidade da expressão citoplasmática da GCDFP-15 em carcinoma
papilífero de padrão apócrino
LEGENDA: Em E e F notar a imunocoloração do material secretório o qual é abundante em E, e em
pequenos acúmulos focais em F. A (100X); B, C, D, F (400X)
FONTE: Fotos da Professora Orientadora
93
6 DISCUSSÃO
Ao discutir os dados do presente estudo, é primordial ressaltar
alguns aspectos sobre o tema. Na literatura consultada, abrangendo o período de
1917 a 2007, poucos artigos detalham aspectos como idade, história de câncer e
mesmo carecem da descrição detalhada dos papilomas, associados ou não a
carcinoma. Este fato se constituiu, a um só tempo, no desafio de enriquecer esses
detalhes e na limitação, em relação a comparar os dados com os de outros
autores. Foi o trabalho de Haagensen (1989) o mais rico em detalhes que se pode
acessar e este foi tomado como referência para a presente discussão.
Em 1905, Warren escreveu um artigo clássico sobre tumores
benignos da mama e propôs uma nova classificação das lesões papilares e
reconheceu que os papilomas eram lesões benignas (adenomas císticos
papilares), sugerindo excisão local ao invés de mastectomia, que então era o
tratamento padrão (IBARRA, 2006).
Pensamento semelhante parece ter motivado os estudos do
cirurgião mamário Cushman Davis Haagensen (1989), que atuou no hospital
presbiteriano de Columbia por cinqüenta anos. Estes estudos sobre os papilomas
mamários foram de certa forma decisivos para o entendimento do comportamento
clínico-patológico dessas lesões. Estimulado por Bloodgood (BLOODGOOD,
1932) e inconformado com a tendência de alguns cirurgiões da época em
empregar um tratamento radical (ESTES; PHILLIPS, 1949; KILGORE et al., 1953)
para uma lesão que, no seu ponto de vista, era benigna e que poderia ser tratada
com exérese local, passou a publicar suas séries de casos.
Em duas séries de casos pessoais, Haagensen referiu que, em
papilomas centrais (173 casos entre 1936-1973) e periféricos (53 casos entre
1936-1972), a maior concentração de casos ocorreu na faixa etária dos 40-49
anos, sendo a idade média de ocorrência para os papilomas centrais de 47,9
anos e dos papilomas periféricos de 41,2 anos.
94
Ivan et al. (2004), estudando 50 casos de lesões papilíferas,
referiram idade média das pacientes igual a 59 anos, com variação de 31 anos a
89 anos. Gutman et al. (2003), analisando essas lesões em 95 mulheres,
detalharam idade média de 56 anos, com variação entre 29 e 82 anos.
Na série 23 casos de papilomas periféricos (1994-2004), estudada
por Harjit et al. (2006), a idade de ocorrência variou dos 44 anos aos 74 anos,
com idade média igual a 56,4 anos.
No presente estudo, observou-se que a maioria dos papilomas
concentrou-se numa faixa etária mais tardia do que a observada por Haagensen,
bem como as idades médias de ocorrência, mas semelhante à de Harjit et al.
(2006), Ivan et al. (2004) e Gutman et al. (2003). Também chamou a atenção, nos
casos dos papilomas periféricos, a idade média de ocorrência ter sido maior do
que a observada nos papilomas centrais, o que também diferiu do observado por
Haagensen (1989), mas semelhante ao referido por Harjit et al. (2006).
Essa maior incidência dos papilomas periféricos numa faixa etária de
mulheres na pós-menopausa coincide com o presente estudo, no qual houve
um caso de papiloma periférico em uma mulher aos 83 anos de idade. A presença
de casos de papiloma em idade maior que 80 anos é tão rara, que chegou a ser
motivo de publicação de relato de caso no Japão (HIRAI et al., 1998), chamando
assim a atenção que nem todos os tumores mamários papilíferos em pacientes
senis são necessariamente malignos.
A região retroareolar mamária foi o local mais comum de ocorrência,
não dos papilomas centrais, mas também dos papilomas periféricos, pois a
árvore do sistema ductal, na parte mais profunda da região central, também
apresenta unidades ducto-lobulares terminais, do mesmo modo, em mamas
pouco volumosas, podem-se notar lóbulos mais superficialmente, favorecendo o
surgimento de descargas na vigência de papiloma periférico. Este fato sugere o
motivo pelo qual, no presente trabalho, os papilomas periféricos mais
freqüentemente produziram descarga papilar (TAVASSOLI, 1999b).
A presença de história familiar de carcinoma mamário em pacientes
com papilomas periféricos deve ser particularmente valorizada em virtude de
essas lesões surgirem em região vulnerável à transformação neoplásica
95
(OHUCHI et al., 1984). Assim sendo, essas pacientes devem realizar follow-up
clínico periódico, em ambas as mamas, devido também à maior ocorrência de
bilateralidade para os papilomas periféricos (HAANGENSEN, 1989; GURAY;
SAHIN, 2006).
A observação de uma paciente com papiloma periférico, submetida a
mastectomia da mama contralateral por carcinoma papilífero nove anos e com
história familiar de carcinoma mamário, convidou à reflexão quanto à hipótese de
o carcinoma mamário papilífero prévio ter surgido da evolução neoplásica de um
papiloma periférico bilateral, motivo pelo qual se deva submeter a paciente a
acompanhamento amiudado da mama remanescente.
O sintoma mais freqüente na presente pesquisa foi a presença de
descarga sem ocorrência de tumor palpável, o que concorda com a literatura
consultada (ANDREA et al., 2006; HUSSAIN et al., 2006).
A descarga sanguínea é mais freqüentemente benigna, sendo
causada por papiloma, ectasia ductal e, menos freqüentemente, por carcinoma.
Apesar disso, a descarga mamária sanguinolenta causa uma grande ansiedade
nas mulheres em virtude de ser entendida como uma lesão de maior gravidade,
despertando conseqüente medo de câncer, contudo a ênfase da presença de
sangue pode levar a uma falsa segurança sobre as descargas que
macroscopicamente não o avermelhadas ou sanguinolentas. Por outro lado, a
ausência de nódulo palpável ou alterações mamográficas oferecem uma falsa
sensação de segurança causando atraso no diagnóstico.
Não consenso sobre o uso de testes diagnósticos e
procedimentos cirúrgicos disponíveis para estabelecer a causa da descarga
sanguinolenta. Vários testes têm sido propostos, dentre os quais a ultra-
sonografia e a citologia esfoliativa, que se mostram de utilidade somente quando
positivos, mas possuem uma alta taxa de resultados falsos negativos.
Em uma série de 503 pacientes operadas por descarga mamilar de
importância cirúrgica, 67 (13,3%) tinham câncer. Entre essas, 8 (11,9%) não
tinham massa palpável e 11 (16,4%) tinham achados citológicos negativos e 7
(10,4%) tinham uma mamografia negativa (LEIS et al., 1988).
96
Em outra série com 162 pacientes operadas por descarga
persistente de ducto único e sem tumor palpável, a presença de carcinoma foi
diagnosticada em 16 pacientes (10%). A descarga foi sanguinolenta em 14 destas
mulheres e em duas foi clara. A mamografia foi realizada em 15 das 16 pacientes
e foi anormal em somente em cinco (WELCH et al., 1990).
O tratamento tradicional é a excisão cirúrgica do sistema ductal
envolvido, do qual a descarga emana, único procedimento confiável em
estabelecer um diagnóstico de certeza. A excisão do papiloma guiada por imagem
e a endoscopia ductal prometem uma melhora significativa na acurácia
diagnóstica (HUNERBEIN et al., 2006; NELSON; HOEHN, 2006; VARGAS et al.,
2002).
Em série de Cabiogiu et al. (2003), foi observado que em 3 (15.8%)
pacientes dos 19 casos de câncer e em 30 (48.4%) pacientes, dos 62 casos de
papilomas associados a descarga mamilar patológica, todos submetidos a exame
físico, mamografia, ultra-sonografia e citologia, a ductografia foi o único meio de
identificar as lesões a serem ressecadas.
Na série de Markopoulos et al. (2006), em treze pacientes que
apresentaram carcinoma in situ ou invasivo associado à descarga mamilar, a
citologia prévia da descarga foi positiva ou suspeita em apenas sete das 13
pacientes (MARKOPOULOS et al., 2006).
Na presente pesquisa, o estudo citológico mostrou-se bastante útil
em indicar a presença de lesão com natureza epitelial papilífera subjacente,
associada aos casos de descarga, especialmente naquelas em que o havia
presença de tumor palpável associado, evitando-se assim atraso na indicação
cirúrgica com posterior diagnóstico histológico preciso da causa da descarga. Nos
casos em que os esfregaços citológicos da descarga exibiam apenas fundo sero-
hemorrágico sem elementos epiteliais, foi indicado prosseguir investigação
diagnóstica no sentido de procurar uma lesão de natureza epitelial papilífera,
que os papilomas são os principais motivos de descarga desse tipo.
O fibroadenoma é uma importante lesão simuladora de lesão de
natureza epitelial papilifera, em casos de punção aspirativa por agulha fina
(SIMSIR et al., 2003).
97
No presente estudo, foram observados dois casos de punção por
agulha fina de tumor impalpável, ambos previamente diagnosticados, um como
fibroadenoma, posteriormente confirmado à histologia como papiloma periférico
com focos de carcinoma papilífero, e outro como lesão epitelial proliferativa com
atipias, que se revelou ser papiloma central, com acentuada adenose símile, ao
exame histopatológico. A citologia por punção com agulha fina não é um
procedimento seguro para identificar carcinoma focal em papiloma (DAWSON,
MULFORD, 1994).
Uma das explicações para essa inconsistência da citologia por
punção com agulha fina, comparada aos achados histopatológicos, pode ser a
superposição de elementos dificultando o diagnóstico, especialmente nos
papilomas benignos e nos carcinomas papilíferos de baixo grau, podendo ainda
alguns papilomas apresentar aparências citológicas indistinguíveis do carcinoma
in situ (MCKINNEY; FECHNER, 1995). Dessa forma, todas as lesões que exibem
padrão papilífero à citologia por punção com agulha fina ou descarga devem ser
biopsiadas (JAYARAM; ELSAYED; YACCOB, 2007; MEHERBANO et al., 2006).
Conduta conservadora nas descargas não sanguinolentas pode ser
considerada em pacientes sem outro sinal clínico ou radiológico de malignidade
(DILLON et al., 2006). No entanto, os dados da presente amostra parecem não
apoiar essa recomendação, visto que duas pacientes com descarga cristalina
tiveram diagnóstico de papiloma associada a carcinoma, identificado ao exame
histopatológico, analogamente ao que ocorreu a pacientes com descarga
sanguinolenta. Além do mais, a mamografia e a ultra-sonografia não distinguem
com confiabilidade lesões mamárias papilíferas benignas das malignas (VALDES
et al., 2007). Por esse motivo, não parece prudente a recomendação de Dillon et
al. (2006) na presença de descargas mamárias espontâneas uniductais, devendo-
se prosseguir a investigação diagnóstica.
O volume de tecido mamário que pode ser comprometido pela
proliferação epitelial papilomatosa pode variar grandemente, de acordo com o
tamanho do sistema ductal envolvido. Dessa forma, se uma lesão papilomatosa
surgir dentro de um pequeno sistema ductal, não se espera que este se propague
através de um grande volume mamário. Contrariamente, a ocorrência de uma
98
lesão papilomatosa muito extensa pode refletir a colonização de um sistema
ductal dominante.
Uma outra explicação para tal disseminação extensa seria a
existência de anastomoses entre os diferentes sistemas ductais, embora a
existência dessas seja ainda assunto controverso (Ilustração 25). Caso os
sistemas ductais sejam realmente independentes uns dos outros, então definir
suas fronteiras antes da cirurgia para uma lesão intraductal, como os papilomas,
poderia ajudar a conquistar uma completa remoção do lobo afetado, poupando o
tecido sadio (GOING; MOFFAT 2004; LOVE; BARSKY 1996; OHTAKE et al.,
2001).
Ilustração 32 – Esquema da anatomia lobar da mama humana
LEGENDA: (A) anatomia lobar da mama humana normal reconstruida através de métodos gráficos
identificando diferentes sistemas ductais individuais; (B) sistema ductal único completo
FONTE: Modificado de Going, Moffat, (2004)
Apesar da maioria dos papilomas intraductais não atingir grandes
dimensões e nem sequer formar tumores palpáveis, é importante lembrar que
estes podem formar grandes massas tumorais. Haangensen et al. (1951)
relataram caso de papiloma benigno intraductal de grande volume (13 cm),
localizado em região central superior da mama esquerda, que foi erroneamente
diagnosticado como carcinoma papilífero, em exame intra-operatório de
congelação. No presente estudo, o maior volume mamário comprometido,
correspondente à rego retroareolar e quadrante superior interno da mama
A
B
99
esquerda, mediu 7,8 cm, estando envolvido por papiloma periférico associado a
carcinoma papilífero, com áreas papilíferas e cribriformes de padrão apócrino.
De acordo com o relato de Haangensen et al. (1951), a maioria das
lesões papilíferas, com ampla disseminação pela mama envolvendo uma grande
área de sua periferia, prova ser carcinomas papilíferos. Vale salientar ainda que
as lesões papilíferas benignas podem ocasionar sinais de retração da pele
mamária sobrejacente e alterações mamilares, as quais, associadas a uma
descarga papilar sanguinolenta, podem provocar grande ansiedade tanto para a
paciente como para o mastologista. Esses sinais de retração são provocados pela
fibrose periductal e do tecido mamário adjacente. Esta informação tem importante
aplicação clínica. A não identificação ou o isolamento inadequado dos ductos que
contêm o papiloma; dificuldade de julgar com precisão a extensão da lesão; a
multiplicidade da lesão, a extensa ramificação ao longo dos ductos e a falta de
margens adequadas são fatores que podem prejudicar a ressecção completa do
papiloma, favorecendo sua recidiva, bem como permitindo que o tecido tumoral
remanescente, mesmo que inicialmente benigno, possa prosseguir sua evolução
e sofrer transformação maligna (GRYNBERG et al., 2007).
Outro aspecto igualmente importante na ressecção de lesões
papilíferas é o estado das margens. Em série de casos de Murad et al. (1981),
houve relato que, em 11 pacientes com papilomas múltiplos tratados com excisão
local, cinco desenvolveram lesões recorrentes, por vezes ltiplas, similares em
complexidade com o processo original e, freqüentemente, com maior proliferação.
Dessa forma, a avaliação de margens deve ser de particular interesse nos casos
de papilomas múltiplos, visto sua maior incidência de recidiva e associação com
carcinoma, muito embora alguns trabalhos relatem também associação ou
recidiva tumoral maligna pós-ressecção, em casos de papiloma intraductal central
(HAAGENSEN, 1989; HAAGENSEN et al.; 1951; DONNELY, 1949; GUTMAN et
al., 2003; MOORE et al., 1961).
Cabe então discutir os achados histopatológicos dos papilomas, com
ênfase nos aspectos que pareceram mais interessantes, ainda que não
estivessem presentes na literatura consultada.
100
O uso do termo epiteliose-papilomatose proposto por alguns autores
(AZZOPARDI, 1979; FOOTE; STEWART, 1945; IBARRA, 2006) para a
hiperplasia epitelial intraductal sem atipias, por vezes com formações papilíferas
sem eixo conjuntivo em pequenos ductos, dúctulos e lóbulos, é controversa. Os
achados do presente estudo permitem concordar com Tavassoli (1999a) ao
empregar o termo papilomatose como sinônimo para papilomas múltiplos,
definindo assim essa lesão, microscopicamente, como uma proliferação
simultânea e multifocal (contrariamente ao papiloma central) de estruturas
papilares, com eixo fibrovascular dentro de várias unidades ductolobulares
terminais, com ou sem extensão para dentro dos ductos terminais adjacentes ou
ductos maiores. No entanto vale salientar que a hiperplasia epitelial localizada na
UDLT foi freqüentemente vista nos casos de papilomas periféricos, sendo
considerada por Ohuchi et al. (1984a) como uma condição pré-papilomatosa, ou
seja, um estágio precoce do papiloma que à medida que cresce e aumenta em
tamanho, ao longo dos ductos, são requeridos eixos fibrovasculares para oferecer
suporte a uma estrutura mais complexa, dando origem ao papiloma propriamente
dito.
Em trabalho de Stout e Stewart (1950) sobre 125 pacientes com
diagnóstico de papilomas benignos, em sete pacientes, foi observada presença
de carcinoma subseqüente, próximo à área do papiloma previamente ressecado.
Desses casos, foi realizada revisão em seis, sendo observado que cinco desses,
na verdade, eram carcinomas e um confirmou ser papiloma. Menos de 5% das
pacientes desenvolveram carcinoma mamário, após a excisão do papiloma, e
aproximadamente a metade dos cânceres subseqüentes foi detectada na mama
oposta. Em alguns casos, a proximidade do carcinoma com o papiloma era tão
íntima que eles eram considerados como parte de uma mesma lesão. Essa
mistura dos dois processos seria a evidência de um carcinoma surgindo em um
papiloma, sendo, usualmente, o componente carcinomatoso dessas lesões in situ
(intraductal) (MORE; PEARCE, 1961).
Foi interessante identificar que, dentre os casos do presente
trabalho, nos carcinomas papilíferos, as proliferações atípicas freqüentemente
apresentaram padrão apócrino, tal como referido por Raju e Vertes (1996) e
101
Haangensen (1989) ao relatar uma rie de casos. No entanto diferiu do que
enunciou Tavassoli (1999a), ao afirmar que células apócrinas metaplásicas estão
ausentes como uma segunda população, nos carcinomas papilíferos, assim como
não concordou com Kraus e Neubecker , em 1962, ao estabelecerem os critérios
histológicos para diferenciação entre lesões papilíferas benignas e malignas,
afirmam ser a presença de metaplasia apócrina característica exclusiva das
lesões papilíferas benignas.
Atualmente, as pesquisas indicam que algumas lesões mamárias
epiteliais apócrinas benignas sejam de origem clonal, podendo assim serem
consideradas como lesões pré-malignas ou precursoras de carcinoma. A adenose
e a hiperplasia apócrinas parecem demonstrar uma oncoproteína anormal e sua
expressão relacionada à apoptose, associada a alto nível de proliferação. Esse
aumento da celularidade e da atipia arquitetural pode indicar um risco aumentado
para o desenvolvimento de carcinoma apócrino (ZAGORIANAKOU et al., 2006).
Em alguns casos da presente pesquisa, observou-se íntima
associação de hiperplasia epitelial apócrina atípica ou típica com o carcinoma
apócrino, parecendo corroborar as evidências histológicas de transição de
metaplasia apócrina para carcinoma apócrino, descritas por Yates e Ahmed
(1988), Haagensen et al. (1981) e Page et al. (1978) (Ilustrações 26 e 27).
Ilustração 33 - Transição de carcinoma papilifero intraductal de padrão apócrino com áreas
de hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina típica
LEGENDA: A - Seta de cor branca – área de metaplasia papilífera apócrina típica. Seta de cor preta:
carcinoma papilífero apócrino (HE 100X); B - Carcinoma cribriforme papilifero misturado com áreas de
metaplasia apócrina (seta de cor branca – área de metaplasia papilífera apócrina típica. seta de cor preta:
carcinoma papilífero apócrino) (HE 400X)
A B
102
Ilustração 34 - Área de metaplasia apócrina atípica em meio a carcinoma papilifero de
padrão apócrino intraductal
LEGENDA: Observar detalhe em maior aumento, da área de metaplasia apócrina atípica. (A) HE 400X, (B)
HE 1000X
FONTE: Fotos do Autor
A natureza e o potencial biológico das células apócrinas ainda é um
tema controverso, que tornam essencial o patologista descrever no laudo
histopatológico a presença de metaplasia apócrina, quando esta estiver fazendo
parte do papiloma e houver associação com atipia e com padrões epiteliais
proliferativos complexos, pois, quando encontrados, uma conduta conservadora e
seguimento clínico devem ser realizados.
Embora alguns autores tenham estabelecido um consenso de definir
papiloma múltiplo como, no mínimo, a presença de cinco papilomas claramente
separados dentro de um segmento mamário localizado, não é tão fácil definir sua
origem do ponto de vista histológico (SAPINO et al., 1996), pois uma lesão, que
pode parecer múltipla em uma determinada secção, seja, na verdade, uma lesão
única, com múltiplas ramificações ductais.
Aceitando os conceitos propostos no trabalho de Ohuchi (1984b), no
presente trabalho admitiu-se como papiloma periférico quando da presença de
papiloma em alguma unidade ducto-lobular terminal e papiloma central, quando
presente dentro de um ducto subsegmentar ou segmentar, independente do
número de lesões presentes, priorizando assim a origem da lesão.
A
B
103
É importante lembrar que a lesão pode aumentar de tamanho dentro
da unidade ductolobular terminal, de forma a distendê-la a tal ponto que dificulte a
identificação de tratar-se de uma UDLT desdobrada (unfolded DLTU) ou ductos
de maior calibre (Ilustração 28). Assim sendo, pode, na presente pesquisa, ter
ocorrido a classificação de alguns papilomas periféricos como centrais, o que não
parece comprometer a veracidade do trabalho como um todo. Não se pode
afastar também a possibilidade, não comentada em outros artigos consultados, de
associação de papilomas centrais e periféricos em um mesmo segmento
mamário.
Ilustração 35 Papilomas de tipo periférico estendendo-se a ductos de maior calibre com
hiperplasia epitelial típica intensa
LEGENDA: A Origem em unidade ductolobular terminal. Observar princípio de desdobramento do bulo
(HE, 25X); BNotar, no meio da proliferação, eixo conjuntivo hialinizado (HE, 400X); C Extensão a ductos
sub-segmentares (HE, 100X); D Aspecto da hiperplasia típica. Notar população celular heterogenia, micro
lumens irregulares com tendência a distribuição periférica (HE, 400X)
FONTE: Fotos do Autor
As projeções convolutas habituais do epitélio e do tecido conjuntivo
dos ductos lactíferos podem ser acentudadas em determinados casos, com a
possibilidade de mimetizar uma lesão papilífera verdadeira (Ilustração 29). A
noção do posicionamento da clivagem da peça cirúrgica, bem como a presença
de feixes de musculatura lisa no tecido conectivo adjacente, irá ajudar na
104
identificação do ducto como sendo de origem lactífera e de sua proximidade da
papila mamária.
Ilustração 36 – A. Coortes transversais de ductos mamários lactíferos. Com acentuado
epitélio convoluto em figura B
LEGENDA: (A) HE 100X, (B) HE 100X
FONTE: Fotos do Autor
A constatação dos diferentes padrões arquiteturais observados que
os papilomas podem adquirir ao longo do trajeto ductal, além do padrão papilar
clássico, é de fundamental importância na formação de um anatomopatologista
em mastologia, pois essa noção prévia da heterogeneidade arquitetural,que essa
lesão possui, poderá evitar erros diagnósticos.
A presença e a distribuição de células mioepiteliais ocorrem
caracteristicamente de maneira uniforme e proporcional no epitélio de lesões
epiteliais papilíferas benignas. Todavia variação no diâmetro destas células
mioepiteliais, acompanhando as variações arquiteturais do papiloma (Ilustração
30). Do mesmo modo, essas células podem sofrer um supercrescimento em
lesões papilíferas que apresentam áreas de carcinoma (PAPOTTI et al., 1983)
(Ilustração 31). A presença de células mioepiteliais em algumas partes da lesão
papilífera remancescente não deve impedir o reconhecimento do elemento
carcinomatoso, que o subdiagnóstico deste resultará em tratamento
inadequado.
No presente estudo, foi observado um caso de papiloma periférico,
associado ao carcinoma, no qual uma das lesões exibia áreas remanescentes de
benignidade, associadas à hiperplasia de células mioepiteliais, correspondendo a
cerca de 30% da lesão. Chama assim a atenção da possibilidade de um falso
A
B
105
diagnóstico de benignidade que poderia ocorrer numa core biopsy, caso a punção
biópsia tivesse sido realizada em dita área, o que indicaria erroneamente a
conduta expectante.
Ilustração 37 – Área de acentuada hiperplasia em células mioepiteliais remanecentes
fazendo parte de carcinoma papilífero dominante
LEGENDA: HE 400X
FONTE: Foto do Autor
É de grande importância o reconhecimento da possibilidade da
associação de hiperplasia epitelial intraductal com formação de lúmens
secundários, ou sólida, florida, típica, em áreas do papiloma, a fim de evitar
confusão diagnóstica com carcinoma intraductal cribriforme ou sólido de baixo
grau. Um importante achado que pode impedir esse erro é a presença de eixos
fibrovasculares no meio da proliferação epitelial, bem como o padrão clássico
citoarquitetural da hiperplasia do tipo usual florida, indicando que, na verdade,
trata-se de papiloma com acentuada hiperplasia do epitélio e obstrução dos
ductos, como verificado nesta pesquisa.
Cinqüenta por cento dos casos de carcinoma, associados a
papiloma ou presentes no tecido perilesional, exibiram um grau nuclear elevado
(Grau 03), com marcado pleomorfismo, contornos irregulares e cromatina
grosseira, não sendo, assim, difícil estabelecer a presença de carcinoma
intraductal nessa amostra.
A presença de mitoses não foi exclusiva das áreas papilares
carcinomatosas ocorrendo também em áreas benignas. Signifca dizer que,
106
embora a presença de mitoses possa chamar a atenção do patologista, não deve
ser mais valorizada que o grau nuclear na confirmação da suspeita de
malignidade.
MacGrogan e Tavassoli (2003) sugerem que a recorrência dos
papilomas está relacionada à presenca de lesões proliferativas mamárias
(incluindo hiperplasia ductal usual, hiperplasia ductal atípica e neoplasia lobular)
no tecido mamário adjacente. Tavassoli (1999a) ainda sugere que o risco de
carcinoma subseqüente está baseado na presença de atipias em ductos
adjacentes ao papiloma.
Os carcinomas podem surgir no interior como próximos às áreas
envolvidas pelos papilomas benignos pré-existentes (ALI-FEHMI et al., 2003). A
extensão da lesão atípica ou carcinomatosa que envolve o papiloma é variável
podendo ser parcial, dominante ou completa (CARTER et al., 1983; LEIKOWITZ
et al., 1994), inclusive havendo a possibilidade de coexistência de carcinoma
intraductal envolvendo ductos do parênquima adjacente ou de algum componente
invasor periférico (IVAN et al., 2004).
Diante desses fatos, os pacientes que exibem diagnóstico
histopatológico de papiloma devem ter o máximo de material da biópsia incluído
em parafina, com a finalidade de cuidadosa avaliação histológica do tecido
mamário adjacente, procurando lesões associadas, particularmente em caso de
papiloma periférico. Essa avaliação segura permite a indicação correta de
seguimento, no que beneficia o paciente, mas, por outro lado, significa dizer que
os papilomas são lesões com diagnósico de alto custo, quando comparadas a
outras lesões da mama. Esse custo deriva da necessidade de processar diversos
blocos de parafina, efetua um grande número de cortes e, conseqüentemente,
deve analisar diversas lâminas.
Nesse caso, o aumento do trabalho para diagnóstico não é objeto de
remuneração por parte dos convênios de saúde, que há um pagamento fixo
para exame anatomopatológico, independente da complexidade que o diagnósico
da lesão envolve. Esse aspecto deve ser ressaltado, porque pode atuar como o
desafio de o patologista aceitar arcar com grande parte do custo operacional, para
beneficiar ao paciente.
107
A literatura consultada relata perda total ou quase total da camada
de células mioepiteliais nos carcinomas papilares não invasivos e nas áreas de
predomínio de crescimento epitelial atípico (SCHNITT, 2005; TROXELL et al.,
2006).
Por esse motivo, a identificação das células mioepiteliais é de
especial importância. Deve-se associar uma observação microscópica detalhada
à imunomarcação pela calponina e o p63, por se mostrarem bastante úteis no
delineamento das lesões papilíferas com atipias.
Com base nos achados do presente trabalho e das evidências na
literatura consultada, foi possível estabelecer um fluxograma de ajuda no
diagnóstico de lesões papilíferas, a partir do achado de células mioepiteliais
(Ilustração 38).
Ilustração 38 – Fluxograma de diagnóstico das lesões papilíferas baseado na presença de
células mioepiteliais
FONTE: Adaptado de Mulligan e O’Malley (2007)
Células mioepiteliais presentes
dentro da lesão papil
í
fera
Sim
Sim
Eixos fibrovasculares
Eixos fibrovasculares
cobertos por c
cobertos por c
é
é
lulas
lulas
mioepiteliais
mioepiteliais
por toda lesão
por toda lesão
C
C
é
é
lulas mioepiteliais
lulas mioepiteliais
ausentes em
ausentes em
á
á
reas que
reas que
mostram prolifera
mostram prolifera
ç
ç
ão epitelial
ão epitelial
Papiloma intraductal
Papiloma intraductal
benigno
benigno
Atipia arquitetural
Atipia arquitetural
ou atipia citol
ou atipia citol
ó
ó
gica
gica
de baixo grau dentro
de baixo grau dentro
da prolifera
da prolifera
ç
ç
ão epitelial
ão epitelial
Papiloma intraductal
Papiloma intraductal
benigno com hiperplasia
benigno com hiperplasia
epitelial do tipo usual
epitelial do tipo usual
3mm ou
3mm ou
< 1/3 da lesão
< 1/3 da lesão
> 3mm ou
> 3mm ou
> 1/3 da lesão
> 1/3 da lesão
ADH dentro
ADH dentro
do papiloma
do papiloma
DCIS dentro
DCIS dentro
do papiloma
do papiloma
Atipia
Atipia
citol
citol
ó
ó
gica de
gica de
alto grau
alto grau
Ausência de c
Ausência de c
é
é
lulas
lulas
mioepiteliais em toda
mioepiteliais em toda
lesão papil
lesão papil
í
í
fera
fera
Ú
Ú
nica popula
nica popula
ç
ç
ão celular
ão celular
composta de c
composta de c
é
é
lulas
lulas
epiteliais neopl
epiteliais neopl
á
á
sicas
sicas
Carcinoma
Carcinoma
papilar
papilar
intracisto
intracisto
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Fluxograma para diagn
Fluxograma para diagn
ó
ó
stico de lesões papil
stico de lesões papil
í
í
feras
feras
Células mioepiteliais presentes
dentro da lesão papil
í
fera
Sim
Sim
Eixos fibrovasculares
Eixos fibrovasculares
cobertos por c
cobertos por c
é
é
lulas
lulas
mioepiteliais
mioepiteliais
por toda lesão
por toda lesão
C
C
é
é
lulas mioepiteliais
lulas mioepiteliais
ausentes em
ausentes em
á
á
reas que
reas que
mostram prolifera
mostram prolifera
ç
ç
ão epitelial
ão epitelial
Papiloma intraductal
Papiloma intraductal
benigno
benigno
Atipia arquitetural
Atipia arquitetural
ou atipia citol
ou atipia citol
ó
ó
gica
gica
de baixo grau dentro
de baixo grau dentro
da prolifera
da prolifera
ç
ç
ão epitelial
ão epitelial
Papiloma intraductal
Papiloma intraductal
benigno com hiperplasia
benigno com hiperplasia
epitelial do tipo usual
epitelial do tipo usual
3mm ou
3mm ou
< 1/3 da lesão
< 1/3 da lesão
> 3mm ou
> 3mm ou
> 1/3 da lesão
> 1/3 da lesão
ADH dentro
ADH dentro
do papiloma
do papiloma
DCIS dentro
DCIS dentro
do papiloma
do papiloma
Atipia
Atipia
citol
citol
ó
ó
gica de
gica de
alto grau
alto grau
Ausência de c
Ausência de c
é
é
lulas
lulas
mioepiteliais em toda
mioepiteliais em toda
lesão papil
lesão papil
í
í
fera
fera
Ú
Ú
nica popula
nica popula
ç
ç
ão celular
ão celular
composta de c
composta de c
é
é
lulas
lulas
epiteliais neopl
epiteliais neopl
á
á
sicas
sicas
Carcinoma
Carcinoma
papilar
papilar
intracisto
intracisto
Não
Não
Não
Não
Sim
Sim
Fluxograma para diagn
Fluxograma para diagn
ó
ó
stico de lesões papil
stico de lesões papil
í
í
feras
feras
108
A imunomarcação com a calponina e o p63 deve ser assim utilizada
como um complemento da certificação diagnóstica de todas as lesões papilíferas,
para definir seu real potencial biológico.
Em relação à imunomarcação pela GCDFP-15 e o receptor de
andrógeno, identificou-se marcação heterogênea nos carcinomas apócrinos. Essa
diferença de expressão citoplasmática para a GCDFP-15 e nuclear para
marcação de receptor de andrógeno do carcinoma apócrino pareceu refletir que
as alterações moleculares para o fenótipo apócrino não ocorreram de forma
homogênea nesses casos.
O presente trabalho deixou evidentes as dificuldades envolvidas no
diagnóstico dos papilomas, mas reforçou a idéia da necessidade de excisão
dessa lesão, evitando assim as recidivas e a evolução para malignização.
109
7 CONCLUSÕES
As 54 pacientes caracterizaram-se por idade média de 50,9 ± 11,3
anos, variando entre 23 e 83 anos, das quais 4 (7,4%) com diagnóstico de
papiloma central e igual número com papiloma periférico, tinham história familiar
de câncer de mama em parentes de primeiro ou segundo grau.
Houve predomínio em mama direita de papilomas centrais (60%) e
periféricos (64,3%), predominantemente em quadrante central, independente do
tipo de papiloma ser central ou periférico (57,1% e 78,7% em mama direita e
esquerda, nos papilomas centrais, e 55,6% e 60%, nos papilomas periféricos,
respectivamente).
Dos prontuários das pacientes analisadas, foi possível identificar 2
(3,7%) pacientes com papiloma central bilateral e 1 (1,8%) paciente com papiloma
periférico bilateral. A estes, associaram-se dois casos com papiloma periférico
ipsilateral.
A descarga papilar foi a queixa mais freqüente, isolada ou associada
a palpabilidade tumoral ou alterações de pele, (24 casos; 38,1%), predominando
em papilomas periféricos (13 casos; 54,2%), enquanto que o tumor palpável foi
mais freqüente nos papilomas centrais (10 contra 8 nos periféricos), embora
tenham representado mesmo percentual do total de cada tipo (28,6%). Houve
dois casos de inversão mamilar, um dos quais associado a descarga papilar, e um
caso de desvio do mamilo, também associado a descarga papilar.
Quanto à recidiva, houve dois casos com uma recidiva de papilomas
periféricos; um caso com duas recidivas de papiloma central e um caso com
quatro recidivas do tipo central.
Quanto aos achados ultra-sonográficos e mamográficos, identificou-
se que, dentre os 53 casos com referência de ultra-sonografia no prontuário, em 8
(15,1%), o achado de ectasia ductal com nódulo sólido intraductal concordou com
os achados histopatológicos, discordando ou sendo impreciso nos demais casos.
110
À mamografia, o índice de concordância entre BIRADS® 4 ou 5 e os achados de
carcinoma por exame histopatológico igualou-se a 12,5%.
O padrão morfológico mais freqüente dos papilomas foi o padrão
papilar clássico presente em 58 casos (92,1%). O segundo padrão morfológico
mais comum foi a hiperplasia epitelial papilífera com metaplasia apócrina típica
presente em 26 casos (41,3%).
Os padrões papilífero cribriforme apócrino (34%) e o padrão
papilífero apócrino (26%) predominaram dentre os casos de carcinoma intraductal
associado a papiloma.
Empregando a coloração por imuno-histoquímica com os
marcadores calponina e p63, seis casos de carcinoma associado a papiloma e um
de carcinoma intra-ductal perilesional a papiloma mostraram camada mioepitelial
presente no contorno ductal e atenuação ou desaparecimento da camada de
células mioepiteliais nas áreas de proliferação epitelial atípica intra-luminar. Nos
seis casos positivos para a GCDFP-15, a expressão ocorreu nas áreas de
metaplasia apócrina benigna e também em áreas de metaplasia apócrina com
atipia, de forma focal em relação à totalidade da neoplasia papilar. Houve
positividade para receptor de andrógeno em 4 (66%) de seis casos.
111
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APÊNDICES
123
123
Apêndice A – Protocolo de levantamento de dados
Dados avaliados CASO: ______________
.IDADE
.MAMA
PAPILOMA IPSILATERAL
LESAO BILATERAL
.TOPOGRAFIA
.DESCARGA PAPILAR
Não infomado
Presente
Ausente
.TIPO DA DESCARGA
Sanguinolenta
Serosa
Cristalina
Não informado
Outras
.REALIZADO CITOLOGIA DA DESCARGA
REALIZADO CITOLOGIA DE NODULO SOLIDO
.RESULTADO DA CITOLOGIA
Suspeito para lesão papilifera
Fundo serohemorragico sem elementos epiteliais
Lesao epitelial proliferativa com atipias
Lesao epitelial proliferativa sem atipias
Cels degeneradas em meio a fundo seroso
Compativel com fibroadenoma
negativo para malignidade
TUMOR
Não informado
Ausente
Palpavel
Impalpavel
ALTERAÇÕES DA PAPILA
sim
tipo
nao
HISTORIA DE CÂNCER(mama,ovario,endometrio)
sim
tipo
não
.RECIDIVA DE PAPILOMA
.ASPECTO MAMOGRAFICO
.Birads
.Calcificações
.ASPECTO ULTRASOM
2) MACROSCOPIA
.TIPO DO ESPECIMEN
.NUMERO DE SEGMENTOS
.TAMANHO
.INCLUSÃO
Total
124
124
Dados avaliados CASO: ______________
Parcial
3) MICROSCOPIA
.TIPO DO PAPILOMA
.DIAMETRO DO MAIOR DUCTO
.CONTEUDO INTRADUCTAL
Secreção acidofila
Secreção acidofila coloidal
Hemorragica
Histiocitos
Outras
.ARQUITETURA GERAL DOS PAPILOMAS
Padrao papilar classico
HT-com formacao de lumens secundarios com meta apo tipica
HT-com formacao de lumens secundarios
HT-de padrao solido
HA-solida de padrao apocrino simile
HT-leve com metaplasia apocrina tipica
HT-papilifera com metaplasia apocrina tipica
HT-papilifera com metaplasia apocrina atipica
HT-micropapilifera sem eixo conjuntivo
Areas de carcinoma papilifero intraductal de padrão papilifero
Areas de ca papilifero intraduc de padrao papilifero apocrino
Areas de ca papi intra de padrao papilifero apocrino simile
Areas de carcinoma papilifero intraductal de padrão cribriforme
Areas de ca palf intra de padrao cribriforme apocrino simile
Areas de ca papilifero intraduc de padrao cribriforme apocrino
Areas de ca pap intraduc de padrao solido apocrino
Areas de ca papi intraduc de padrao solido apocrino simile
Areas de hiperplasia mioepitelial
Presenca de camada de cels mioepitelias descontinua
Atentuação da camada de celulas mioepiteliais
Areas de adenose simile
Areas de adenose simile com MAA
Areas de adenose simile com MAT
Areas de papilomatose
Areas de substituição hialina do papiloma
Areas de infarto do papiloma
Areas de hiperplasia tipo colagenose esferulose mixoide
Areas de adenomioepitelioma
Areas de adenomioepitelioma com MAA
.EIXO FIBROVASCULAR
Edematoso
Fibrose-hialinizacao
Sequestro de elementos epiteliais
Calcificações
Hemorragia
Histiocitos dentro do eixo
Outros
.ARQUITETURA DO COMPONENTE EPITELIAL
(epitelio não atipico,não carcinomatoso)
Orientação celular ao acaso
Orientação perpendicular ao eixo conjuntivo
Orientacao celular mista
Camada única
Multiplas camadas
Tipo de celula epitelial
apenas revestimento epitelial ductal usual
apenas revestimento epitelial apocrino
125
125
Dados avaliados CASO: ______________
revestimento epitelial misto(ductal usual-ductal metaplasico)
predominio de revestimento ductal usual
predominio de revestimento ductal metaplasico apocrino
.poligonais
ovais
.colunares
.cubicas
.variadas
Secreção decapitante focal
Secreção decapitante extensa
Citoplasmas
Forma do nucleo
aumento do volume nuclear
Cromatina nuclear
Pleomofismo nuclear
Nucleolo
nucleolo aumentado
Mitoses ( em dez campos de grande aumento)
.ARQUITETURA DO COMPONENTE EPITELIAL
(Areas com epitelio atipico ou carcinomatoso)
Orientação celular ao acaso
Orientação perpendicular ao eixo conjuntivo
Orientacao celular mista
Camada única
Multiplas camadas
Tipo de celula epitelial
Apenas revestimento ductal usual
Apenas revestimento epitelial apocrino
Apenas revestimento epitelial apocrino simile
revestimento epitelial misto(apocrino simile+apocrino)
revestimento epitelial misto(ductal usual-ductal metaplasico)
revestimento epitelial misto(ductal usual-apocrino simile)
predominio de revestimento ductal usual tipico
predominio de revestimento ductal metaplasico tipico
predominio de revestimento ductal usual atipico
predominio de revestimento ductal apocrino atipico
predominio de revestimento apocrino simile atipico
atipia apenas em epitelio de padrao ductal usual
atipia apenas em epitelio de padrao ductal apocrino
atipia apenas em epitelio apocrino simile
.poligonais
.colunares
.cubicas
variadas
Secrecao decapitante focal
Secrecao decapitante extensa
Citoplasmas
Forma do nucleo
Aumento do volume nuclear
Cromasia nuclear
Pleomofismo nuclear
Nucleolo
Nucleolo aumentado
Mitoses ( em dez campos de grande aumento)
NUMERO DE LAMINAS
.NUMEROS DE CORTES HISTOLOGICOS
.MARGENS DA LESAO
Comprometidas
Livres
4) ACHADOS NO TECIDO PERILESIONAL
.FIBROSE-HIALINIZAÇÃO PERIDUCTAL
126
126
Dados avaliados CASO: ______________
.DUCTOS COM CALCIFICAÇÃO
DUCTOS CISTICOS E ATROFICOS
.ADENOSE ESCLEROSANTE COM CALCIFICAÇÃO
.ADENOSE ESCLEROSANTE
.ADENOSE USUAL
ADENOSE USUAL ASSOCIADA A CALCIFICAÇAO
ADENOSE ASSOCIADA SECREÇÃO POR DECAPTAÇAO
ADENOSE COM ALT SECRETORA +CALCIFICAÇAO
ADENOSE EM FUNDO CEGO
ADENOSE COM METAPLASIA APOCRINA
ADENOSE COM CALCIFICAÇÕES
.DUCTOS COM SECREÇÃO DECAPTANTE
DUCTOS COM SECRECAO DECAPTANTE E CALCIFICACAO
.FIBROADENOMA
HIPERPLASIA FIBROADENOMATOIDE
.METAPLASIA APOCRINA PLANA TIPICA
.METAPLASIA APOCRINA PAPILIFERA TIPICA
METAPLASIA APOCRINA USUAL ATIPICA
.HIPERPLASIA EPITELIAL INTRADUCTAL CRIBIFORME T
.HIPERPLASIA EPITELIAL INTRADUCTAL CRIBIFORME A
HEICA de padrao apocrino simile
HIPERPLASIA EPITELIAL INTRADUCTAL SOLIDA A
.INFILTRADO INFLAMATORIO CRONICO PERIDUCTAL
.HIPERPLASIA EPITELIAL IN . MICROPAPILIFERA T
.HIPERPLASIA EPITELIAL CT COM MAA
.FIBROSE INTRA E EXTRA LOBULAR
ECTASIA DUCTAL
AREA de hiperplasia tipo colagenose esferulose mixoide
.OUTROS
ANEXOS
128
Anexo 1 - Quadro 4: Resultados de mamografia, ultra-sonografia e histopatologia de 63 casos de papilomas
Quadro 4 – Resultados de mamografia, ultra-sonografia e histopatologia de 63 casos de papilomas – Departamento de Anatomia Patológica do
Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006
Idade Mamografia BI-RADS
®
Ultra-sonografia Histopatologia
1 47 nódulo regular não graduado nódulo sólido central
2 25 assimetria mamária não graduado nódulo central
3 83 assimetria mamária 4 cisto periférico
4 57
nódulo regular com microcalcificações
puntiformes
0 nódulo sólido
áreas de papiloma central, residual, associadas a extensas áreas de
substituição por carcinoma intraductal papilífero e papilífero cribriforme,
de padrão apócrino, alto grau, sem comedonecrose, com focos de
calcificações
5 56 sem alterações 0 ectasia ductal periférico
6 38 nódulo 0 cistos central
7 38 nódulo 0 cistos central
8 49 nódulo 0 nódulo sólido central
9 49 nódulo não graduado nódulo sólido central
10 45 nódulo não graduado nódulo sólido central
11 52
assimetria mamária e
microcalcificações
4 cistos homogêneos e ectasia periférico
12 67 assimetria mamária 4 não há relato periférico
13 47 nódulo não graduado cistos periférico
14 51 microcalcificações agrupadas 4 nódulo misto periférico
15 64 nódulo não graduado ectasia ductal com nódulo intraductal central
16 50 microcalcificações 4
ectasia ductal com nódulo sólido
intraductal
central
17 50 nódulo 4
ectasia ductal com nódulo sólido
intraductal
central
18 54
nódulo e microcalcificações
pleomórficas
4 cistos central
19 35
assimetria mamária e
microcalcificações
4 ectasia ductal com nódulo intraductal central
20 51 nódulo irregular não graduado nódulo sólido irregular central
21 56 assimetria mamária 0 nódulo misto central
129
Idade Mamografia BI-RADS
®
Ultra-sonografia Histopatologia
22 51 microcalcificações agrupadas 4 cistos periférico
23 56 nódulo 0 nódulo sólido irregular central
24 50 nódulo 4 cistos complexo periférico
25 65
nódulo regular e microcalcificações
puntiformes
4 não há relato central
26 46 nódulo e microcalcificações 3 nódulo sólido central
27 40 sem descrição não há relato nódulo sólido periférico
28 40 sem descrição não há relato nódulo sólido periférico
29 79 nódulo não graduado ectasia ductal central
30 55 nódulo regular 0 nódulo sólido central
31 51 assimetria mamária 0 ectasia ductal com nódulo intraductal periférico
32 66 nódulo regular e microcalcificações 0 nódulo sólido irregular central
33 52 nódulo regular não graduado nódulo sólido central
34 53 nódulo 0 nódulo sólido central
35 50 nódulo não graduado cisto complexo central
36 48 nódulo 3 não há relato
papilomas periféricos residuais associados a carcinoma papilífero
intraductal, papilífero, sólido e cribriforme, alto grau, com
comedonecrose
37 23 sem descrição não há relato nódulo sólido periférico
38 61 nódulo 0 não há relato periférico
39 42 nódulo 0 nódulo misto central
40 31
assimetria mamária e
microcalcificações
4 nódulo misto de contornos indefinidos
papilomas periféricos exibindo no tecido perilesional foco de carcinoma
intraductal de padrão cribriforme, apócrino símile, baixo grau, sem
comedonecrose
41 48
distorção arquitetural e
microcalcificações
5 não há relato
papilomas periféricos residuais, associados a carcinomas intraductais,
de padrões papilífero e papilífero cribriforme apócrino alto grau, sem
comedonecrose e com calcificações
42 59 nódulo não graduado não há relato central
43 53 nódulo irregular não graduado não há relato
papilomas periféricos associados a focos de carcinomas papilíferos,
cribriforme, apócrino símile, de baixo grau, sem comedonecrose
44 47 sem descrição não há relato não há relato central
45 32 nódulo regular não graduado nódulo misto regular-irregular central
46 64 microcalcificações agrupadas 4 ectasia ductal periférico
47 52 sem alterações não graduado normal periférico
48 61 assimetria mamária 0 normal central
49 53 microcalcificações 0 cistos e ectasia ductal periférico
130
Idade Mamografia BI-RADS
®
Ultra-sonografia Histopatologia
50 60 microcalcificações esféricas 2 não há relato central
51 58 mama densa 2 nódulo sólido irregular
papilomas periféricos associados a carcinoma intraductal, de padrão
papilífero cribriforme, baixo grau sem comedonecrose
52 58 assimetria mamária 0 ectasia ductal periférico
53 65 nódulo regular 3 nódulo sólido
áreas de papiloma central residual, parcialmente substituído por
carcinoma intraductal papilífero cribriforme de padrão apócrino, baixo
grau, sem comedonecrose
54 42 nódulo irregular e microcalcificações 4 não há relato periférico
55 73 assimetria mamária 4 ectasia ductal com nódulo intraductal periférico
56 50 assimetria mamária 0 ectasia ductal com nódulo intraductal central
57 47 assimetria mamária 0 ectasia ductal
papilomas periféricos residuais exibindo em tecido perilesional
carcinomas intraductais de padrões micropapilífero e cribriforme de
padrão apócrino, alto grau, com comedonecrose e calcificações
58 36 mama densa 0 ectasia ductal central
59 41 sem descrição não há relato normal periférico
60 42 nódulo e microcalcificações 3 cistos periférico
61 42 nódulo e microcalcificações 3 cistos periférico
62 48 sem alterações 0 ectasia ductal com nódulo intraductal central
63 51 sem descrição não há relato nódulo sólido central
131
Anexo 2 - Quadro 5: Distribuição das características arquiteturais, expressas em percentual, predominantes dos
papilomas segundo tipo
Quadro 5 – Distribuição das características arquiteturais, expressas em percentual, predominantes dos papilomas segundo tipo –
Departamento de Anatomia Patológica do Hospital de Câncer Napoleão Laureano – João Pessoa – PB – Dezembro 2000/Dezembro 2006
Casos
padrão papilar clássico (%)
hiperplasia epitelial papilífera com
metaplasia apócrina típica (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
(%)
adenose símile (%)
carcinoma intraductal papilífero
(%)
adenose símile com metaplasia
apócrina atípica (%)
hiperplasia epitelial leve com
metaplasia apócrina típica (%)
hiperplasia epitelial típica de
padrão sólido (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com metaplasia apócrina típica
(%)
hiperplasia epitelial típica
micropapilífera sem eixo
conjuntivo (%)
hiperplasia epitelial papilífera com
metaplasia apócrina atípica (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com padrão apócrino símile (%)
adenomioepitelioma símile (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com metaplasia apócrina atípica
(%)
hiperplasia epitelial atípica de
padrão sólido apócrino símile (%)
substituição hialina na área do
papiloma (%)
áreas de enfarto no papiloma (%)
áreas de hiperplasia mioepitelial
(%)
3 100 - - - - - - - - - - - - - - - - -
7 100 - - - - - - - - - - - - - - - - -
10 100 - - - - - - - - - - - - - - - - -
32 100 - - - - - - - - - - - - - - - - -
48 100 - - - - - - - - - - - - - - - - -
59 100 - - - - - - - - - - - - - - - - 20
1 95 - 5 - - - - - - - - - - - - 5 - 70
6 95 - 5 - - - - - - - - - - - - - - 80
9 95 - - - - - 5 - - - - - - - - - - 60
39 95 - - 5 - - - - - - - - - - - - - -
17 90 - 10 - - - - - - - - - - - - - - 30
35 90 10 - - - - - - - - - - - - - - - 90
5 80 10 10 - - - - - - - - - - - - - - 30
15 80 - 20 - - - - - - - - - - - - - - 60
54 80 - 20 - - - - - - - - - - - - - - -
11 70 - 20 - - - 10 - - - - - - - - - - -
132
Casos
padrão papilar clássico (%)
hiperplasia epitelial papilífera com
metaplasia apócrina típica (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
(%)
adenose símile (%)
carcinoma intraductal papilífero
(%)
adenose símile com metaplasia
apócrina atípica (%)
hiperplasia epitelial leve com
metaplasia apócrina típica (%)
hiperplasia epitelial típica de
padrão sólido (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com metaplasia apócrina típica
(%)
hiperplasia epitelial típica
micropapilífera sem eixo
conjuntivo (%)
hiperplasia epitelial papilífera com
metaplasia apócrina atípica (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com padrão apócrino símile (%)
adenomioepitelioma símile (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com metaplasia apócrina atípica
(%)
hiperplasia epitelial atípica de
padrão sólido apócrino símile (%)
substituição hialina na área do
papiloma (%)
áreas de enfarto no papiloma (%)
áreas de hiperplasia mioepitelial
(%)
16 70 - - 20 - - - 5 - - - - 5 - - - - 40
24 70 - - - - - - - - 10 - - - - - 30 - 40
25 70 5 - 20 - - - - - - - - - - - 5 - -
52 70 - - - PL - - - 30 - - - - - - - - -
58 70 10 - 20 - - - - - - - - - - - - - -
62 65 30 - - - - - - - - - - - - - 5 - 40
26 60 - - 30 - - - - - - - - - - - - 10 -
29 60 10 30 - - - - - - - - - - - - - - -
37 60 5 10 - - - - - - 5 - - - - - 20 - -
2 55 10 25 - - - - 5 - - - - - - - - - -
57 55 - 5 - 40 - - - - - - - - - - - - -
12 50 35 10 - - - - - 5 - - - - - - - - -
13 50 - - 50 - - - - - - - - - - - - - -
22 50 20 - 25 - - - - - - - - - - - 5 - 30
30 50 5 15 20 - - - - - 5 - - - - - - 5 10
38 50 10 30 5 - - 5 - - - - - - - - - - 10
42 50 - 15 30 - - - - - 5 - - - - - - - 90
55 50 10 40 - - - - - - - - - - - - - - -
36 45 5 - 50 - - - - - - - - - - - - - 40
51 45 - - - - - - - - - - 5 - 50 - - - -
23 40 5 10 40 - - 5 - - - - - - - - - - -
44 40 - - - - 60 - - - - - - - - - - - 60
47 40 40 - - - - - - 20 - - - - - - - - 70
56 40 - - - - 60 - - - - - - - - - - - 60
63 40 - 60 - PL - - - - - - - - - - - - -
133
Casos
padrão papilar clássico (%)
hiperplasia epitelial papilífera com
metaplasia apócrina típica (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
(%)
adenose símile (%)
carcinoma intraductal papilífero
(%)
adenose símile com metaplasia
apócrina atípica (%)
hiperplasia epitelial leve com
metaplasia apócrina típica (%)
hiperplasia epitelial típica de
padrão sólido (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com metaplasia apócrina típica
(%)
hiperplasia epitelial típica
micropapilífera sem eixo
conjuntivo (%)
hiperplasia epitelial papilífera com
metaplasia apócrina atípica (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com padrão apócrino símile (%)
adenomioepitelioma símile (%)
hiperplasia epitelial típica com
formação de lúmens secundários
com metaplasia apócrina atípica
(%)
hiperplasia epitelial atípica de
padrão sólido apócrino símile (%)
substituição hialina na área do
papiloma (%)
áreas de enfarto no papiloma (%)
áreas de hiperplasia mioepitelial
(%)
41 40 - - 25 20 - - - - 5 - - - - 10 - - -
18 35 - - 60 - - - 5 - - - - - - - - - -
53 35 5 - - 10 - - - 50 - - - - - - - - -
8 30 - - 40 - - - - - - 30 - - - - - - -
20 30 10 50 - - - - 10 - - - - - - - - - 30
27 30 - - 70 - - - - - - - - - - - - - -
34 30 - - 40 - - 5 - - - - - - - - 25 - -
49 30 - - 65 - - - - 5 - - - - - - - - -
60 30 - - - - - - - - - - - - - - 70 - -
19 25 5 70 - - - - - - - - - - - - - - -
21 20 10 65 - - - - 5 - - - - - - - - - -
31 20 - - - 65 - - - - - 5 - - - - - - 30
14 10 40 10 - - - - 10 - - - - - - - 30 - -
33 10 40 - 10 - - - - - - - - - - - 40 - -
43 10 5 - - 30 - - - - - 5 - 50 - - - - 10
28 10 10 - - 75 - - - - - 5 - - - - - - -
40 5 5 - - - 60 - - - - - - - - - 30 - -
4 - - - - - 100 - - - - - - - - - - - -
45 - 20 - - - 80 - - - - - - - - - - - -
46 - - - - - 50 40 - - - - - - - - 10 - -
50 - - 70 - - - - - 10 - - 30 - - - - - -
61 - - - 100 - - - - - - - - - - - - - -
N 58 26 23 20 8 6 6 6 6 5 4 2 2 1 1 12 2 22
LEGENDA: Linhas na cor amarelo – casos em que parte da área do papiloma era ocupada por substituição hialina ou por enfarto (representadas em colunas de cor azul)
Coluna de cor salmão claro – presença de área de hiperplasia mioepitelial que não integrou a soma da área ocupada pelo papiloma
NOTA: PL – carcinoma em tecido perilesional
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