FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Posteriormente, os quadrinhos começaram a usar animais estilizados e humanizados, por
exemplo, Felix the cat e Crazy Kat, que foram seguidos por uma série de quadrinhos que
criticavam e ironizavam os novos ricos americanos e seus conflitos, como as de Pafúncio e
Marocas, Polly and her Pals.
A década de 20, conforme descrevem Patati e Braga (2006:38), viu nascer as
aventuras em lugares exóticos, como as HQs de Tintin, Tarzan, Buck Rogers e Flash Gordon,
para citar alguns. Essas aventuras registram o espírito colonialista do homem branco e
civilizado que leva ordem e justiça aos ‘selvagens’ do Terceiro Mundo. Nos anos 30,
apareceram Mandrake, Fantasma, Dick Tracy, Batman e Robin e o Príncipe Valente.
Gubern (1980:24-27) e Patati e Braga (2006:81) registram ainda que a história em
quadrinhos se popularizou nos Estados Unidos no final do século XIX. No rastro da
hegemonia americana, a HQ também conquistou o mundo, difundindo a cultura, os valores e
os modismos daquele povo. Desse modo, afirmam os autores, na época que antecedeu a
Segunda Guerra Mundial, durante e após seu desenvolvimento, no período denominado
Guerra Fria, houve a politização da HQ. Os quadrinhos contribuíram para a propaganda pró-
americana contra a ideologia socialista, por meio de personagens como Superman (1938,
Capitão América (1941) Steve Trevor e sua namorada Princesa Diana (1942), que tinham
também as cores da bandeira americana nas suas indumentárias.
Após a Segunda Guerra Mundial, apareceram O Brucutu, A Luluzinha, Ferdinando,
The Spirit, e novas argumentações temáticas de quadrinhos como o suspense, o terror, o
policial, o western, a ficção científica e o erótico.
Registram ainda Patati e Braga (2006) que a década de 50 viu nascer a turma do
Charlie Brown, o Pato Donald, nos Estados Unidos; O Asterix, na França e A turma do
Pererê, no Brasil. Nos anos 60, Mafalda na Argentina; Fradim, no Brasil; Valentina, na Itália;
Mad, uma publicação metalingüística em quadrinhos, que criticava os quadrinhos e Sin City,
nos Estados Unidos e Corto Maltese, na Itália. Nos anos 70, Turma da Mônica, no Brasil e
nos anos 80, Maus de Spiegelman, que relata o holocausto judeu em HQ e que foi agraciado
com prêmio Pulitzer de literatura. Na concepção de Vergueiro (2005:117), o maior
reconhecimento que a arte em HQ já teve. Vale lembrar, no entanto, que as obras aqui citadas
são apenas algumas das mais marcantes qualitativamente, segundo Patati & Braga (2006),
nesse espaço de 100 anos em que a HQ foi popularizada.
Os autores argumentam que o gênero HQ como meio de expressão midiática nasceu
cambaleante, priorizando a linguagem verbal mais intensamente do que a linguagem
imagética, o que não concorre com a agilidade da HQ atual. No entanto, preciso ressaltar que