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liberdade para pensar, imaginar, explorar, descobrir, fazer estimativas,
experimentar suas próprias intuições e atribuir seus próprios significados –
tudo está pré-fixado a esquemas rígidos estruturados para conter o
pensamento inventivo do aluno. Baseado na dicotomia certo-errado, quase
sempre só o resultado interessa e os instrumentos super valorizados nas aulas
e nas avaliações. O processo de raciocínio não é levado em conta. O que
importa é o resultado. A estimativa, o adivinhar, a exploração, não tem lugar.
Só o ensino direto de habilidades é enfatizado. (DANTE, 1980, p. 68)
Na mesma direção, Mario Tourasse Teixeira acredita que a rotina repetitiva da sala de
aula faz com que a criatividade seja inibida. Um aluno sempre condicionado ao mesmo tipo
de problema, de provas e experiências, acabará por inibir outras habilidades que lhe são natas,
com relação à escola ou a algum tipo de arte, por exemplo.
Há uma pequena estória, de Helen Buckley
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, que explicita bem essa idéia. Relata a
vida escolar de um menino que desde pequeno foi incitado pela professora a fazer o mesmo
desenho: uma flor vermelha com caule verde. Essa professora não propunha o desenho livre,
todas as ações eram sempre dirigidas. Com o passar do tempo, a autonomia do menino foi tão
prejudicada que, quando mudou de professora, a única coisa que conseguiu fazer em uma aula
de desenho foi a mesma flor, ensinada há anos.
Essa narrativa ajuda a entender, de maneira simples, o que o professor Mario acredita
estar acontecendo nas salas de aula. Por isso seus textos trazem novas perspectivas e idéias
para o ensino, que fogem do rotineiro e tradicional da escola. O autor insere, então, elementos
artísticos que ajudarão no despertar do emotivo e do criativo, para gerar motivação e
autonomia no aprendizado.
Este autor tem uma grande preocupação com o caráter criativo da Educação, pois
acredita que a criatividade é um elemento indispensável na sala de aula. Em seu artigo, “Da
rotina para a criatividade”, chama a atenção para esse elemento pouco utilizado, procurando
alertar os professores de seus benefícios.
Mesmo aqueles que, impregnados da monotonia da rotina mal percebem o
dano que causam, estão propensos a admitir, na desgastada retórica
tradicional, que a criatividade é a gema mais preciosa da educação, sua
expressão mais sublime. (TEIXEIRA, 1975, p. 39)
Há muitas maneiras de se entender criatividade. No dicionário, encontram-se
sinônimos como inventividade e inteligência, nata ou adquirida, para criar inventar, inovar,
quer no campo artístico, científico, esportivo, entre outros. É justamente essa capacidade de
criar que o professor Mario defende que seja exercida também no campo da Educação.
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A estória encontra-se em anexo. Não foi possível descobrir seu título.