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Navarro de Andrade
99
, O condenado, de D. Thomaz de Mello
100
e Um provinciano em Paris.
Ainda se apresentaram a Companhia Dramática, de Simões e a Companhia Cuniberti.
Um ano depois, de 26 a 28 de março de 1883, o palco do São José foi ocupado pela
Companhia do Teatro Recreio Dramático do Rio de Janeiro, de Augusto de Castro e Dias
Braga,
101
e em um desses dias houve uma festa cívica para a entrega de dez cartas de alforria.
Este dado serve apenas para avaliar o papel do teatro à época. Em 31 de outubro de 1883, a
Companhia Lambertini, para homenagear o aniversário do Rei D. Luís de Portugal, levou à
cena o drama de costumes militares 29 ou Honra e Glória, de José Romano
102
.
No final de 1885, o palco do São José acolheu algumas Companhias amadoras. Entre
elas, destaca-se a Sociedade União Comercial, que levou ao palco a comédia-drama,
Trabalho e Honra, de Augusto César de Lacerda
103
, em três atos.
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João de Campos Navarro de Andrade (Porto, 1856-Rio de Janeiro, 1891) fez o liceu e o Curso Superior de
Letras. Veio ao Brasil em fevereiro de 1879, fundador do jornal O Binocudo e o Brazil Contemporâneo. Escritor,
jornalista e dramático de mérito, tendo suas peças sido representadas com êxito no Brasil: As armas pela pátria,
drama patriótico em cinco atos, As mulheres são o diabo, vaudeville, O marquês de Pombal, drama em cinco
atos. (BASTOS, 1898, p. 311)
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D. Thomaz de Mello, escritor lisboeta, empresário de teatro. Escreveu romances, com destaque para Bohemia
Antiga. (id., 1898, p. 747)
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O teatro brasileiro, durante o século XVIII e, sobretudo no século XIX, sempre esteve ligado ao teatro
português. Atores como Furtado Coelho, Lucinda Simões, Cristiano de Sousa, José Ricardo, Palmira Bastos,
Adelina Abranches, Chaby Pinheiro, empresários como Sousa Bastos e Visconde de São Luís Braga, se sentiam
tão à vontade no Rio de Janeiro quanto em Lisboa, “repartindo fraternalmente as suas temporadas entre os dois
países”. (PRADO, 1972, p. 140) Somente por volta de 1914, conforme Décio de Almeida Prado, o palco
brasileiro passou a adquirir fisionomia própria, “servindo Leopoldo Froes, que se fizera ator ainda em Portugal,
de elo entre o velho teatro luso-brasileiro e o novo teatro mais caracteristicamente nacional que se pretendia
formar.” (id. ibidem, p. 140)
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José Filippe Ovídio Romano, escritor teatral, teve inúmeras peças nos repertórios de todos os teatros e a
maioria delas originais. O público estimava-o, as suas obras faziam belas carreiras. Sabia como poucos preparar
situações e fechar atos. Seus grandes sucessos foram: Sansão, 29 ou Honra e Glória, Corsário. Foi excelente
ensaiador e, como ator, foi péssimo. (BASTOS, 1898, 546)
Acerca da peça 29 ou Honra e Glória, encenada em Lisboa em 1856 e no Rio de Janeiro em fins de 1858, houve
um fato curioso e comum à época: os partidos em torno de disputas teatrais e a cerrar fileiras em defesa dos
atores e cantores de sua preferência. O delicioso episódio é contado por Lafayette Silva: “Em fins desse mesmo
ano [1858], o ator Germano Francisco de Oliveira, que dirigia a companhia dramática instalada no São Januário,
representou o drama de José Romano 29 ou Honra e Glória. O êxito da peça animou João Caetano, que estava
no São Pedro e o 29 começou a ser ali ensaiado, para subir à cena em começo do ano seguinte, como aconteceu,
na noite de 26 de janeiro. A resolução não agradou à empresa do outro teatro, e logo que João Caetano apareceu
na cena foram atirados na platéia alguns estalos, manifestando-se um princípio de assuada. A assistência, quer
dos camarotes, quer da platéia e das gerais, abafou os gestos de desagrado, vitoriando em delírio João Caetano
que, depois do espetáculo, foi acompanhado até a sua residência pela onda popular, tomando parte na
manifestação a banda militar, que já se havia recolhido ao quartel e saiu de novo para semelhante fim. Repetindo
o drama, no São Januário, três dias depois das ocorrências no São Pedro, houve a revanche dos apaniguados de
João Caetano, que foram apupar o Germano. Tanto se agravou, por isso, a situação desse artista aqui, que ele se
viu na obrigação de apressar o seu regresso aos Estados do Norte, embarcando a 7 de março do mesmo ano
[1859], para Pernambuco, no paquete Paraná. (apud PRADO, 1972, p. 141.
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Augusto César de Lacerda 1829-1903) foi ator e autor e, segundo Fialho de Almeida, era “péssimo literato,
inculto e mal preparado, mas um sagacíssimo carpinteiro de teatro.” (REBELLO, 1980, p. 82). Dono de uma
obra diversificada, que transitava do drama histórico ao de atualidade, veio ao Brasil em 1863 e aqui foi recebido
com muito entusiasmo. Era pai do escritor Augusto Lacerda e do ator Carlos Lacerda; escreveu, entre outras, as
seguintes obras dramáticas: Assinatura d’El-Rei, (1853) comédia em dois atos; Dúplice Existência (também