A mulher nas piadas de almanaque: estratégias discursivas e representações sociais.
Rony Petterson Gomes do Vale, 2009.
C
ONIVÊNCIA
D
ESCRIÇÃO
E
FEITO VISADO
L
ÚDICA
“... é um alegramento por ele-mesmo
dentro de uma fusão emocional do autor
e do destinatário, livre de todo o
espírito crítico, produzido e consumido
dentro de uma gratuidade de
julgamento como si tudo fosse
possível.”
60
(p.36)
“... busca fazer partilhar uma visão
decalcada sobre as bizarrices do
mundo e das normas do julgamento
social, sem sugerir algum
engajamento moral, mesmo si, [...],
uma ‘mise en cause’ das normas
sociais se encontre em
subjacência...”
61
(p.36)
C
RÍTICA
“... propõe ao destinatário uma
denúncia de um “falso-parecer” de
virtude que esconde valores negativos.
[...] Contrariamente à conivência
lúdica, a crítica possui um carga
particularizante podendo tornar-se
agressiva com relação ao alvo.”
62
(p.36)
“Ela é polêmica (o que a torna
diferente da conivência lúdica), como
se houvesse uma contra-
argumentação implícita, pois busca
fazer partilhar o ataque a uma ordem
estável denunciando falsos valores.”
63
(p.36)
C
ÍNICA
“... possui um efeito destruidor. [...]
Aqui, não há a mesma contra-
argumentação implícita, como dentro
da conivência crítica. Além disso, o
sujeito humorista ostenta que ele
assume essa destruição dos valores,
avesso e contra todos.”
64
(p.37)
“... busca fazer partilhar uma
desvalorização dos valores que a
norma social considera positivos e
universais.”
65
(p.37)
D
ERRISÃO
“... visa desqualificar o alvo,
rebaixando-o, isto é, fazendo-o descer
do pedestal sobre o qual ele esteja.”
66
(p.37)
“A conivência de derrisão tem em
“... a conivência de derrisão busca
fazer partilhar a insignificância do
alvo quando esse se crê importante
(ou quando se crê que ele se crê
importante). De forma mais geral, ela
busca fazer partilha uma ‘mise à
60
No original: ... est un enjouement pour lui-même dans une fusion émotionnelle de l’auteur et du
destinataire, libre de tout esprit critique, produite et consommée dans une gratuité du jugement comme si
tout était possible.
61
No original: Elle cherche à faire partager un regard décalé sur le bizarreries du monde et le normes du
jugement social, sans qu’elle suppose un quelconque engagement moral, même si, comme pour tout acte
humoristique, une mise en cause des normes sociales se trouve en sous-jacente.
62
No original: La connivence critique propose au destinataire une dénonciation du faux-semblant de
vertu qui cache des valeurs négatives. [...]. Contrairement à la connivence ludique, la critique a une
portée particularisante pouvant devenir agressive à l’endroit de la cible.
63
No original: Elle est donc polémique (ce que n’est pas la connivence ludique), comme s’il y avait une
contre-argumentation implicite, car elle cherche à faire partager l’attaque d’un ordre établi en
dénonçant de fausses valeurs.
64
No original: La connivence cynique a un effet destructeur. [...] Ici, il n’y a même pas contra-
argumentation implicite, comme dans la connivence critique. De plus, le sujet humoriste affiche qu’il
assume cette destruction des valeurs, envers et contre tous.
65
No original: ... elle cherche à faire partager une dévalorisation des valeurs que la norme sociale
considère positives et universelles.
66
No original: La dérision vise à disqualifier la cible en la rabaissant, c’est-à-dire en la faisant
descendre du piédestal sur lequel elle était.