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Universidade de Brasília – UnB
Faculdade de Medicina – FM
Pós-Graduação em Patologia Molecular
Análise de polimorfismos no gene CTLA-4 em pacientes com
paracoccidioidomicose
Viviane Furlan Lozano
Brasília-DF
Março/2008
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Viviane Furlan Lozano
Análise de polimorfismos no gene CTLA-4 em pacientes com
paracoccidioidomicose
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em
Patologia Molecular, da Faculdade de Medicina da
Universidade de Brasília, como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Mestre em Patologia
Molecular.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Sueli Soares Felipe
Brasília – DF
Março/2008
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Agradecimentos
A Deus por me dar saúde, sabedoria e persistência.
À minha família: meus pais, Valdomiro e Maria Alice; meus irmãos, Alessandro, Fábio
e Vitor; minhas tias, Angelina e Luiza, pelo amor incondicional, que mesmo de longe
nunca deixaram de me incentivar e acreditar em mim. Ao caçula, Vitor, meu
companheiro nessa difícil jornada.
À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Sueli Soares Felipe, pelos ensinamentos
transmitidos e por acreditar na minha capacidade.
À minha co-orientadora, Profa. Dra. Anamélia Lorenzetti Bocca, pelos ensinamentos,
compreensão e amizade.
À Profa. Dra. Tarcília Aparecida da Silva por toda a ajuda e incentivo durante o projeto.
Ao Prof. Dr. Rinaldo Welerson Pereira pela dedicação e ensinamentos transmitidos.
Aos Profs. Drs. Alfredo Miranda de Góes, Maria Heloisa Souza Lima Blotta e Ana
Joaquina Cohen, que gentilmente cederam amostras de pacientes para a realização do
projeto.
Ao mestre e amigo, Prof. Dr. Sérgio Paulo Severo de Souza Diniz, pelo constante
incentivo na carreira científica.
Ao querido Prof. Dr. Carlos Eduardo Tosta, pelo apoio incondicional nos momentos
mais difíceis.
Aos professores Ildinete, Lídia, Andréa, Marcelo Fernando e Élida do Laboratório de
Biologia Molecular e à professora Cynthia do Laboratório de Microbiologia pela
atenção e incentivo dedicados.
À amiga Amabel, que possibilitou o início do meu mestrado.
Às amigas Yanna, Yllana, Cleide, Sônia, Adriana, Gianni, Vanuza, Rosana e Renata
pela amizade sincera e compreensão em todos os momentos.
Às amigas, Sheila, Karla, Alciara e Dôres, sempre presentes, pessoas muito especiais.
Às queridas amigas de infância Alessandra e Juliana, pelo carinho.
Aos amigos do laboratório de Biologia Molecular da UnB Vera, Simoneide, Hugo,
Larissa, Marcus, André, Alice, Marciano, Aldo e do laboratório de Patologia Janayna
e Cecília, por tudo que aprendi e pelo convívio maravilhoso.
Em especial aos colegas Hugo, Simoneide e Vera, que tanto me ajudaram.
Aos amigos do laboratório Exame Ormy, Marlene, Welker, Carmita, José Fernando,
Solange e Bruno pelo convívio diário e pelas boas risadas mesmo em meio a tanto
trabalho.
Ao Prof. Dr. Raul Yukihiro Matsuschita e à Izabel, que prontamente me ajudaram com
as análises estatísticas.
Aos novos colegas da UCB Rodrigo, Dione e Túlio pela ajuda na fase final deste
trabalho.
À Universidade de Brasília e ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Molecular,
que permitiram a realização deste trabalho.
Sumário
Resumo iii
Abstract iv
1. Introdução 1
1.1. Aspectos gerais da resposta imunológica 1
1.2. Estrutura do gene e expressão da proteína CTLA-4 6
1.3. O CTLA-4 e a susceptibilidade às doenças 8
1.3.1. A proteína CTLA-4 8
1.3.2. O polimorfismo no gene CTLA-4 10
1.4. A Paracoccidioidomicose (PCM) 15
1.4.1. O fungo Paracoccidioides brasiliensis e as características
gerais da PCM 15
1.4.2. Formas clínicas da PCM 17
1.4.3. Resposta imunológica da PCM 18
1.5. Análise populacional e ancestralidade 20
2. Justificativa 23
3. Objetivos 24
3.1. Objetivos específicos 24
4. Materiais e Métodos 25
4.1. Amostras de sangue 25
4.1.1. Pacientes com PCM 25
4.1.2. Controles 25
4.2. Extração de DNA 25
4.2.1. Extração por fenol-clorofórmio 26
4.3. Quantificação dos DNAs 26
4.4. Genotipagem dos SNPs -318C/T e +49ª/G 27
4.5. Análise Populacional 28
4.5.1. Marcadores Informativos de Ancestralidade (AIMs) 28
4.5.2. Amplificação das seqüências alvo 32
4.5.3. Tratamento enzimático com EXOI/SAP 32
4.5.4. Reação de Miniseqüenciamento 32
4.5.5. Tratamento enzimático com SAP 33
4.5.6. Desnaturação 33
4.5.7. Eletroforese em seqüenciador automático 33
4.6. Análises estatísticas 33
i
5. Resultados 35
5.1. Análise do DNA genômico das amostras de pacientes e indivíduos controle 35
5.2. Análise do produto de PCR amplificado pelo oligo 1 35
5.3. Análise do seqüenciamento das amostras amplificadas pelo oligo 1 36
5.4. Análise do SNP -318C/T 38
5.5. Análise do SNP +49A/G 40
5.6. Associação haplotípica dos SNPs -318C/T e +49A/G 42
5.7. Análise da estrutura populacional 44
5.6.1. Reação de PCR e genotipagem 44
5.6.2. Caracterização da ancestralidade 45
6. Discussão 48
7. Conclusão 54
8. Perspectivas 54
9. Referências 55
ii
RESUMO
A proteína CTLA-4 é expressa principalmente em células T ativadas, possuindo
um papel fundamental na resposta imune, exercendo efeito regulador na ativação de
célula T através da sua ligação com as moléculas da família B7, as quais são expressas
em células apresentadoras de antígenos. Polimorfismos do gene CTLA-4 têm sido
associados a várias doenças autoimunes e, recentemente, à doenças neoplásicas e
infecciosas. A paracoccidioidomicose é uma micose sistêmica, causada pelo fungo
dimórfico Paracoccidioides brasiliensis. As manifestações clínicas desta doença estão
associadas a vários fatores como a secreção alterada de citocinas,
hipergamaglobulinemia, e depressão da imunidade celular, sendo que a
hiporesponsividade é também atribuída a uma maior expressão de CTLA-4 em células T
de pacientes quando comparados a indivíduos controles. O presente trabalho teve por
objetivo estudar a possível associação dos SNPs -318C/T na região promotora e +49A/G
do éxon 1 do gene CTLA-4 com a PCM. Para isso, 74 pacientes com PCM e 76
indivíduos controles provenientes de regiões distintas do País tiveram suas freqüências
alélicas e genotípicas determinadas. A comparação das freqüências genotípicas e
alélicas, entre os grupos pacientes e controles, não mostrou diferenças significativas que
pudessem associar o polimorfismo dos SNPs -318 e +49 do gene CTLA-4 com a PCM.
A análise dos resultados referentes às freqüências haplotípicas obtidas mostrou que
existe um forte desequilíbrio de ligação (D’=1) entre os SNPs -318 e +49 para os dois
grupos estudados. Porém, a análise realizada não revelou diferenças significativas entre
as freqüências haplotípicas dos grupos. Outro ponto importante analisado foi o estudo da
estrutura genética (ancestralidade) dos grupos de pacientes e controles. Verificou-se que
predomínio de ancestralidade européia sobre as ancestralidades ameríndia e africana
em ambos os grupos. Através desses resultados foi possível determinar que a população
utilizada no estudo é geneticamente homogênea, e que o resultado negativo da
associação detectado para o gene CTLA-4 e a PCM não está relacionado a
ancestralidade da amostragem. Este trabalho demonstra que não foi observada nenhuma
associação entre o polimorfismo dos SNPs -318 e +49 do gene CTLA-4 com a
resistência e/ou susceptibilidade à Paracoccidioidomicose.
iii
ABSTRACT
The CTLA-4 protein is mainly expressed in activated T cells and plays an
essential role in the immune response through its regulatory effect on T cell activation.
This activity is mediated by the binding of CTLA-4 to molecules of the B7 family that
are expressed by antigen-presenting cells. Polymorphisms of the CTLA-4 gene have
been correlated to several autoimmune pathologies and, more recently, to neoplastic and
infectious illnesses. Paracoccidioidomycosis (PCM) is a systemic mycosis caused by the
dimorphic pathogen Paracoccidoides brasiliensis. Its symptoms are associated to
various factors, including altered secretion of cytokines, hypergammaglobulinaemia and
suppression of cellular immunity. This low responsiveness is also attributed to a higher
expression of CTLA-4 in the cells of patients relative to control individuals. This work
aimed at studying possible associations of PCM and two single nucleotide
polymorphisms (SNPs) of CTLA-4, namely -318C/T in the promoter and +49A/G in
exon 1. To this end, 74 PCM patients and 76 controls from different regions of the
country had their allelic and genotypic frequencies determined. The comparison of
genotypic and allelic frequencies had not showed significant differences between patient
and control groups which could associate the CTLA-4 gene SNPs to PCM. The analysis
of results concerning haplotypic frequencies revealed a strong linkage disequilibrium
(D’=1) between SNPs -318 and +49 for the two groups. Nevertheless, the analysis did
not reveal significant differences of haplotypic frequencies between groups. Another
important focus of study was the genetic structure (ancestry) of the patient and control
groups. There was a predominance of European over Amerindian and African ancestries
in both groups. From the results it was possible to determine that the population used in
this study was genetically homogeneous, and that the absence of an association between
polymorphisms of CTLA-4 and PCM cannot be attributed to ancestral bias. This work
shows that there is no association of SNPs -318 and +49 of CTLA-4 and resistance
and/or susceptibility to paracoccidioidomycosis.
iv
1. INTRODUÇÃO
1.1. Aspectos gerais da resposta imunológica
A imunidade é definida, de forma abrangente, como uma reação a microrganismos e
macromoléculas como proteínas e polissacarídeos, independentemente das conseqüências
fisiológicas ou patológicas de tal reação. Porém, o seu equilíbrio é fundamental para garantir a
adequada proteção ao hospedeiro, controlando a resposta inflamatória e os prejuízos
imunopatológicos que possam ser provocados (Abbas & Lichtman, 2005; Butty et al., 2007).
A resposta imune é representada pela imunidade inata ou natural e pela imunidade
adaptativa ou adquirida. A imunidade inata fornece a linha de defesa inicial contra os
microrganismos. Os principais componentes da imunidade inata são: barreiras físicas e
químicas; células NK (natural killers); proteínas do sistema complemento e outras proteínas
plasmáticas; citocinas como interferon-gama (IFN-γ), fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α) e
interleucina IL-1; células fagocitárias: células dendríticas (DC), neutrófilos e
monócitos/macrófagos (Medzhitov & Janeway, 1997; Romani, 2004). O processo de
reconhecimento dos antígenos depende dos receptores de reconhecimento padrão (PRR),
presentes em grande diversidade na membrana plasmática de DCs e outros fagócitos, podendo
estar presentes no soro, fluídos de tecidos ou citoplasma celular. Os PRRs reconhecem
moléculas estruturais invariantes comuns a um grande número de patógenos conhecidas como
padrão molecular associado ao patógeno (PAMP) (Janeway & Medzhitov, 2002). Os
receptores Toll-like (TLR) são os principais PRRs presentes em macrófagos e neutrófilos e
representam uma classe de proteínas transmembrana que reconhecem determinados PAMPs,
ativando vias de sinalização celulares, resultando na indução da expressão de citocinas pró-
inflamatórias e moléculas co-estimulatórias (Pasare & Medzhitov, 2004; Levitz, 2004). Os
componentes da resposta imune inata freqüentemente reagem de modos distintos a diferentes
microrganismos como os intracelulares e extracelulares e, desse modo, influenciam o tipo de
resposta imune adaptativa que se desenvolve (Abbas & Lichtman, 2005).
A imunidade adaptativa possui especificidade para distinguir um grande número de
substâncias microbianas ou não, e habilidade de memória em responder com mais intensidade
a exposições subseqüentes ao mesmo microrganismo. A imunidade adaptativa pode ser
dividida em imunidade humoral e celular. A imunidade humoral é mediada principalmente
pelos linfócitos B e os anticorpos por eles produzidos, enquanto que a imunidade celular é
mediada principalmente pelos linfócitos T e seus produtos como as citocinas (Abbas &
Lichtman, 2005). As células T CD4+ podem se diferenciar em subpopulações de células
1
efetoras que produzem diferentes citocinas, desempenhando funções distintas. As
subpopulações mais bem definidas são as células Th1 e Th2 (Figura 1) e seu conhecimento
tem sido bastante útil no entendimento dos mecanismos de defesa imunológica em infecções e
também no planejamento de estratégias terapêuticas (Jankovic et al., 2001; Kidd, 2003).
As reações imunes crônicas são normalmente representadas por uma das populações
Th1 ou Th2, e a proporção da subpopulação presente pode determinar a função protetora ou a
conseqüência patológica da resposta (Abbas & Lichtman, 2005). Os linfócitos Th1 e Th2
diferenciam-se a partir de uma célula T precursora denominada Th0 sob influência
principalmente, mas não unicamente, das citocinas produzidas pelas células do sistema imune
logo após a infecção (IL-12 para Th1 e IL-4 para Th2). Por exemplo, em uma resposta típica à
infecção fúngica, ocorre uma produção de IL-12 pelas DCs e macrófagos seguida pela
produção de IFN-γ por linfócitos NK em resposta à IL-12. Isso induz uma resposta mediada
por Th1, que caracteriza a imunidade celular. Por outro lado, a produção inicial de IL-4 pelas
DCs ou por leucócitos como linfócitos B, eosinófilos, basófilos ou mastócitos direciona uma
resposta do tipo Th2, a qual caracteriza a imunidade humoral (Kidd, 2003; Romani, 2004). Os
linfócitos Th1 produzem IFN-γ, TNF β e IL-12 enquanto que os linfócitos Th2 produzem as
interleucinas IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 e IL-13 entre outros (Jankovic et al., 2001; Kidd, 2003).
A IL-10 é freqëntemente classificada como uma citocina tipo Th2 em camundongo, porém no
homem tanto os linfócitos Th1 como Th2 secretam IL-10 (Katsikis et al., 1995).
Outra subpopulação de célula T auxiliar é a célula Th3, um linfócito T CD4+CD25+
imunoregulador (Treg), que secreta o TGF-β (fator transformador de crescimento beta) e
IL-10 (Letterio & Roberts, 1998). Há fortes evidências de que as Treg sejam especializadas na
atenuação das respostas imunológicas, tendo como função principal a regulação ou supressão
das respostas mediadas por linfócitos Th1 e Th2 (Cavassani et al., 2006). Além das
subpopulações efetoras da linhagem de células auxiliares T CD4+ existem ainda as células
efetoras T CD8+, e elas respondem a microrganismos que podem infectar qualquer célula
nucleada. A diferenciação das células T CD8+ virgens em linfócitos T citolíticos (CTLs)
funcionais requer a participação das células T CD4+. Os CTLs reconhecem e eliminam
células-alvo que expressam peptídios antigênicos estranhos em associação a moléculas MHC
classe I. São capazes de secretar citocinas, principalmente IFN-γ, linfotoxinas e TNF, os quais
atuam na ativação dos fagócitos e induzem a inflamação (Abbas & Lichtman, 2005).
2
Figura 1. Visão geral da resposta linfocitária. Os linfócitos T possuem o receptor de célula T (TCR),
que reconhece o antígeno apresentado pelas moléculas do complexo principal de histocompatibilidade
(MHC) presente nas lulas apresentadoras de antígenos. Os linfócitos T citotóxicos (CD8+)
reconhecem os antígenos apresentados pelas moléculas do MHC-I, eliminando as células infectadas
por microrganismos intracelulares como os vírus, prevenindo sua replicação. Ainda, estes linfócitos,
quando ativados, secretam interferon-γ (IFN- γ), que juntamente com os interferons α e β produzidos
pelas células infectadas, promovem um estado de resistência à infecção viral. Os linfócitos T
auxiliares (CD4+) reconhecem os antígenos apresentados pelas moléculas do MHC-II e podem ser
divididos em duas sup-populações principais: os linfócitos Th1, que secretam IFN- γ e IL-2 os quais
ativam macrófagos e linfócitos T citotóxicos para eliminarem os micorganismos; e os linfócitos Th2,
que secretam IL-4, IL-5 e IL-6 as quais auxiliam na estimulação dos linfócitos B para que estes
produzam anticorpos protetores. Os linfócitos B reconhecem o antígeno de forma direta, ou na forma
de imunocomplexos nas células dendríticas nos centros germinativos (Delves & Roitt, 2000).
3
De maneira geral, os linfócitos T e B precisam de um duplo sinal para iniciar sua
proliferação e diferenciação em células efetoras, como também para regular a resposta imune
desencadeada por algum processo de ativação. No caso das células T o primeiro sinal, que
garante a especificidade da resposta imunológica subseqüente, é representado pela ligação do
complexo formado pelo peptídio-MHC ao receptor de célula T (TCR) e aos co-receptores
CD4 e CD8. O segundo sinal é gerado pela interação de moléculas co-sinalizadoras das
células apresentadoras de antígenos (APCs) - as proteínas da família B7 - com moléculas co-
sinalizadoras específicas das células T (Chen, 2004; Abbas & Lichtman, 2005). As proteínas
B7-1 e B7-2 (CD80 e CD86 respectivamente) são os co-sinalizadores mais bem definidos
para as células T e são induzidos nas APCs por moléculas de microrganismos e por citocinas
produzidas durante a resposta imune inata (Parjis & Abbas, 1998). A maioria das moléculas
co-sinalizadoras presentes nas células T são componentes importantes das sinapses
imunológicas (representadas pela superfície celular formada entre a célula T e a APC). Tais
moléculas podem ser classificadas em co-estimulatórias, que amplificam a resposta mediada
pelo TCR e garantem a ocorrência de uma resposta imune celular e em co-inibitórias, que
diminuem este tipo de resposta promovendo a manutenção da homeostase imunológica. A
falta de um sinal co-estimulatório leva a uma diminuição da resposta imune e, em alguns
casos, induz à anergia (falta de resposta à estimulação antigênica) e até mesmo à morte celular
(Parjis & Abbas, 1998; Chen, 2004; Moretta & Bottino, 2004). As moléculas CD28 e
CTLA-4 (antígeno 4 de linfócito T citotóxico) são co-sinalizadores presentes nas células T e
possuem funções complementares na resposta imune (Figura 2). A interação CD28/B7
promove um sinal positivo relacionado à ativação de células T e amplifica a resposta imune
celular; em contraste, a interação CTLA-4/B7 exerce papel regulador, diminuindo a resposta
gerada (Ling et al., 2001; Butty et al., 2007). Outras moléculas têm sido descritas com
funções sinalizadoras na resposta imune como o co-estimulador induzível ICOS, o programa
de morte celular PD-1 e o atenuador de linfócitos B e T BTLA. Porém, ambos ligam-se a
outros membros da família B7 que não B7-1 e B7-2 (Greenwald et al., 2005).
A imunidade adaptativa tem a função de defesa do hospedeiro contra infecções
microbianas, mas as respostas imunes também podem provocar lesão tecidual e doença. Os
distúrbios causados por respostas imunes são chamados de doenças causadas por
hipersensibilidade. Uma causa comum dessas doenças é a falha da auto-tolerância, a qual
assegura que os indivíduos normalmente não respondam a seus antígenos próprios. As
doenças causadas por falha na auto-tolerância são chamadas de doenças auto-imunes. As
doenças causadas por hipersensibilidade também podem resultar de respostas descontroladas
4
ou excessivas contra antígenos estranhos, como microrganismos e antígenos ambientais não-
infecciosos (Abbas & Lichtman, 2005).
Figura 2. Complexidade da via co-estimulatória de célula T: CD28/CD152-B7-1/B7-2. Após a
interação peptídeo-MHC/TCR (dados não mostrados), o CD28 interage com B7-2 e posteriormente
com B7-1, expressos nas células apresentadoras de antígenos (APC). Isto resulta na transdução de um
sinal co-estimulatório positivo para a célula T, culminando com a produção de citocinas, expansão
clonal, e prevenção da anergia e morte celular. As células T ativadas expressam então o CTLA-4,
homólogo ao CD28, porém sua interação com B7-1 e B7-2 promove um sinal negativo para a célula T,
resultando em inibição da produção de citocinas e da progressão do ciclo celular, finalizando a
resposta imune. O uso de agentes biológicos como anticorpos monoclonais anti-B7 ou CTLA-4Ig
resulta em anergia da célula T in vitro, e em anergia, deleção, ou indução de células T regulatórias in
vivo (Sayegh, 2004).
Estudos recentes mostram que os genes CTLA-4 e CD28 e alguns de seus
polimorfismos conferem susceptibilidade às doenças auto-imunes e infecciosas por meio da
regulação da ativação de células T. O CTLA-4, expresso principalmente em células T
ativadas, tem papel fundamental na regulação da resposta imune, ligando-se às moléculas B7
presentes nas APCs, funcionando como um regulador negativo da ativação de célula T. Dessa
forma, o papel inibitório do CTLA-4, na manutenção da homeostase das reações imunes e
inflamatórias, tornou-o um gene candidato potencial na determinação de predisposições
genéticas para doenças auto-imunes e infecciosas (Cheng et al., 2006).
5
1.2. Estrutura do gene e expressão da proteína CTLA-4
O gene CTLA-4 humano foi mapeado no cromossomo 2q33 em humanos por
Dariavach et al. (1988). Este gene possui 7195 kilobases (kb) (Ling et al., 1999), e apresenta
4 éxons (Figura 3), os quais codificam respectivamente o peptídeo de sinalização, o domínio
de ligação ou extracelular, o domínio transmembrana e a região citoplasmática do gene
(Harper et al., 1991; Ling et al., 1999). Está intimamente ligado ao gene CD28 (Harper et al.,
1991) e dentro do domínio extracelular o motivo de ligação às moléculas B7, centralizado nos
aminoácidos MYPPY, corresponde a uma seqüência também encontrada no domínio
extracelular do CD28 (Balzano et al., 1992). O domínio citoplasmático codifica o motivo
YVKM, no qual o estado de fosforilação da tirosina (Y) está relacionado à internalização do
CTLA-4 da membrana plasmática, com subseqüente acúmulo intracelular via endocitose
mediada pela clatrina (Ling et al., 1999).
Embora o CTLA-4 e o CD28 tenham funções opostas, esses dois receptores mostram
similaridade entre os seus genes (ambos localizados no cromossoma 2q33) e suas proteínas
em humanos e camundongos, sugerindo fortemente que ambos os genes são resultado de uma
duplicação gênica que deve ter ocorrido antes da divergência entre as espécies sendo,
entretanto, suficientemente recente para revelar a sua homologia (Harper et al., 1991; Balzano
et al., 1992; Ling et al., 1999; Kristiansen et al., 2000; Gough et al., 2005).
Dois transcritos do gene CTLA-4 são codificados, com 1,8 e 0,8 Kb respectivamente,
gerando duas isoformas conhecidas: flCTLA-4 (isoforma de comprimento total) expressa na
superfície de células T CD4+ e CD8+ ativadas e sCTLA-4 (isoforma solúvel), sendo que esta
última representa uma forma de splicing alternativo do mRNA e não possui o éxon 3, que
codifica o domínio transmembrana. O sCTLA-4 é traduzido, secretado, e está presente no
soro humano, podendo ligar-se às moléculas B7 e inibir a proliferação celular in vitro (Harper
et al., 1991; Ueda et al., 2003; Gough et al., 2005).
A proteína CTLA-4 é expressa em maior quantidade nas células T CD4+ e T CD8+
recentemente ativadas, por meio de indução transcricional ou redistribuição celular (Gough et
al., 2005; Butty et al., 2007). A proteína CD28, nos seres humanos, é expressa de forma
constitutiva em mais de 90% das células T CD4+ e em 50% das células T CD8+. A afinidade
do CTLA-4, comparada ao CD28 para seus ligantes comuns B7-1 e B7-2, é muito maior e
seus níveis de expressão na superfície celular alcançam 1/30-50 dos níveis de CD28 (Jago et
al., 2004; Gough et al., 2005). A molécula B7-1 possui dois sítios de ligação para
CD28/CTLA-4, ao contrário de B7-2 que tem estrutura monomérica. Dado que o CD28
6
possui apenas um sítio de ligação e menor avidez, a interação B7-1-CTLA-4 é então
favorecida, considerando-se também que B7-1 recruta e estabiliza a molécula de CTLA-4 na
sinapse imunológica, o que não ocorre na interação com o CD28 (Mao et al., 2004; Gough et
al., 2005).
O CTLA-4, em células não-ativadas, localiza-se intracelularmente em vesículas
semelhantes a lisossomos secretores. Enquanto uma quantidade significativa da proteína
CTLA-4 é transportada para a superfície celular após a estimulação pelo TCR, ela também é
rapidamente endocitada através do complexo adaptador da clatrina (AP-2) e, portanto, apenas
uma pequena porção continua presente na superfície celular sob condições controladas
(Shiratori et al., 1997; Gough et al., 2005). O domínio citoplasmático defosforilado do
CTLA-4 interage com AP-2, resultando na rápida endocitose do CTLA-4 da superfície
celular; porém, quando este domínio está fosforilado, o CTLA-4 é estabilizado na superfície
(Egen et al., 2002).
1 2 3 4
Peptídeo de
sinalização
Domínio de
Ligação
Domínio
Transmembrana
5’
3’
Região
Citoplasmática
flCTLA-4
sCTLA-4
1 3 42
5’ UTR
Promotor
3’ UTR
Figura 3. Representação esquemática das isoformas codificadas pelo CTLA-4. Em flCTLA-4
(isoforma de comprimento total) estão representados os éxons 1, 2, 3 e 4. Em sCTLA-4 (isoforma
solúvel) verifica-se a ausência do éxon 3 (adaptado de van Oosterhout et al., 2004).
Segundo Gough et al. (2005) o padrão do controle de expressão de CTLA-4 pode ser
explicado pelo fato de que a restrição do mesmo na superfície celular permite uma melhor
interação entre o CD28 e seus ligantes, favorecendo a ativação de célula T, enquanto que a
rápida alteração na expressão de CTLA-4 na sinapse imunológica, após a ativação da célula
7
T, permite um sistema inibitório finamente regulado. Como a função do CTLA-4 está
intimamente relacionada à sua expressão, Jago et al. (2004) determinaram a cinética de
regulação do CTLA-4 em vários subtipos de células T, incluindo as células T não-ativadas,
células T de memória, as células Treg CD4+CD25+ e as não-regulatórias. Eles observaram
que, assim como o CTLA-4 de superfície celular pode ser recrutado de estoques
intracelulares, a presença de reservatórios pré-existentes poderia ter um papel importante
determinando a capacidade para expressão na superfície. Seus resultados mostraram que as
células T não-ativadas possuem um reservatório intracelular pequeno enquanto que as células
T de memória possuem um reservatório maior de CTLA-4. Foram verificados também níveis
intracelulares significantes de CTLA-4 em células CD4+CD25+, confirmando sua ação em
células Treg. Eles verificaram ainda que, após serem estimuladas, as células Treg e as células
T de memória mantinham a expressão de CTLA-4 na superfície celular por mais tempo que as
células T não-ativadas e as células não-regulatórias. Isso sugere que a manutenção da
expressão de CTLA-4 na superfície celular pode ser mais importante que os níveis de
expressão das células não-ativadas, e que os níveis intracelulares de CTLA-4 podem estar
relacionados ao histórico de estímulos pelo qual a célula foi submetida (Jago et al., 2004).
1.3. O CTLA-4 e a susceptibilidade às doenças
1.3.1. A proteína CTLA-4
Doenças auto-imunes como diabetes tipo I (TID), o hipotireoidismo auto-imune
(AIH), a doença de Graves (GD) e a artrite reumatóide (RA) acontecem por uma falha em um
ou mais mecanismos do sistema imunológico, que estabelecem e mantêm a não-
responsividade ou tolerância ao próprio organismo. Como as doenças citadas estão
regularmente agrupadas nas mesmas famílias, é provável que elas compartilhem a mesma
base genética. De fato, o risco a essas doenças tem sido associado com a mesma região no
cromossoma 2q33, a qual contém os genes reguladores dos linfócitos T (CD28, CTLA-4 e
ICOS), que são os únicos genes funcionais dessa região (Ueda et al., 2003). A importância do
CTLA-4 nos mecanismos de homeostase do sistema imunológico é evidenciada através da
observação de que camundongos nocauteados para o gene CTLA-4 desenvolvem
espontaneamente desordens linfoproliferativas acompanhadas pela infiltração letal de muitos
órgãos por células T policlonais (Tivol et al., 1995; Chen, 2004; Abbas, 2005).
Adicionalmente, as respostas auto-imunes nesses camundongos sofrem influência do CD28,
pois a sua ausência elimina a doença linfoproliferativa anteriormente instalada. Isso confirma
8
que a co-estimulação por CD28 é suprimida pela sinalização de CTLA-4 (Chen, 2004;
Moretta & Bottino, 2004). Uma variante do CTLA-4 denominada liCTLA-4 não possui o
éxon 2, que codifica o domínio de ligação, sendo portanto incapaz de se ligar às moléculas
B7-1 e B7-2. A proteína liCTLA-4 é capaz de inibir a função de células T atuando sobre o
TCR. Esta forma alternativa do CTLA-4 tem uma ligação genética com diabetes tipo I em
camundongos diabéticos não-obesos (NOD), e sua expressão está aumentada em células Treg
e células de memória dos camundongos resistentes a essa doença, sugerindo que o aumento da
sinalização negativa fornecida pelo liCTLA-4 pode regular o desenvolvimento de doenças
auto-imunes mediadas por células T (Vijayakrishnan et al., 2004; Moretta & Bottino, 2004).
Além da correlação do CTLA-4 com doenças auto-imunes, alguns grupos estudaram o
papel dessa molécula em doenças infecciosas. Martins et al. (2004) estudaram os efeitos
decorrentes do bloqueio do CTLA-4 na parasitemia de camundongos infectados por
Trypanosoma cruzi e verificaram que isso aumentava a produção de IFN-γ , TNF-α e óxido
nítrico (NO), que são fatores importantes envolvidos na resistência à infecção pelo T. cruzi,
resultando em uma diminuição da parasitemia. Da mesma forma, verificou-se que o bloqueio
da molécula de CTLA-4 aumenta a resistência à infecção pela Leishmania donovani (Murphy
et al., 1998) e pelo Nippostrongylus brasiliensis (McCoy et al., 1997). No caso da infecção
causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) a expressão diferenciada de CTLA-4
pode provocar diferentes efeitos em circunstâncias especiais. É sabido que células T CD4+
ativadas estão relacionadas à multiplicação aumentada do HIV. A maior expressão de
CTLA-4 nessas células poderia refletir no controle da replicação viral durante a fase aguda da
infecção, diminuindo a ativação celular e conseqüentemente a replicação viral. durante a
fase crônica, o efeito da expressão aumentada de CTLA-4 poderia estar relacionado com uma
maior depleção de células T CD4+ e CD8+ através de anergia e apoptose, diminuindo ainda
mais a resposta imune contra o vírus, acelerando o curso da doença (Shao et al., 2006).
Cavassani et al. (2006) demonstraram que células Treg com expressão aumentada de CTLA-4
estavam presentes nas lesões e no sangue periférico de pacientes com paracoccidioidomicose
(PCM), sugerindo uma potencial função dessas células em regular a ação efetora das APCs e
das células T. Campanelli et al. (2003) investigaram a participação de moléculas co-
sinalizadoras na hiporesponsividade celular verificada em pacientes com PCM, avaliando a
cinética de expressão de CD28 e CTLA-4 nesses pacientes comparados a indivíduos controle.
Eles verificaram que a expressão de CD28 era muito similar em células do sangue periférico
de pacientes e controles. Em contraste, a expressão de CTLA-4 em células de pacientes com
PCM era significativamente maior que dos indivíduos controle, indicando que a expressão do
9
CTLA-4 poderia estar envolvida na hiporesponsividade encontrada nas células mononucleares
do sangue periférico dos pacientes com PCM.
Atualmente estão sendo estudadas aplicações terapêuticas para as moléculas co-
inibitórias. O bloqueio destas moléculas por antagonistas, como anticorpos monoclonais,
poderia levar ao aumento da resposta de células T, podendo ser aplicado na promoção da
imunidade celular contra antígenos tumorais ou infecções virais. Ao contrário, o uso de
agonistas dessas moléculas poderia suprimir a resposta imune mediada por células T e ser
aplicado no tratamento de doenças auto-imunes, rejeições de transplantes e respostas
inflamatórias. Em alguns modelos clínicos, a proteína de fusão CTLA-4-Ig tem sido testada
em uma variedade de doenças incluindo psoríase severa e artrite reumatóide, promovendo
benefícios clínicos como a diminuição da resposta imune celular sem efeitos colaterais graves,
podendo induzir uma diminuição transitória ou permanente da resposta imune em portadores
dessas doenças (Chen, 2004).
1.3.2. O polimorfismo no gene CTLA-4
Os polimorfismos correspondem a alterações na seqüência de nucleotídeos em
membros individuais da população. O tipo mais simples de polimorfismo é o SNP, onde
uma mutação de base única, que substitui um nucleotídeo por outro. Os SNPs não
necessariamente possuem alguma relevância no desenvolvimento de doenças; eles podem ser
variantes anônimas dentro de/ou entre genes, ou podem ser funcionais, mutações causais.
Existem mais SNPs no genoma humano do que qualquer outro tipo de polimorfismo.
Aproximadamente três milhões de variantes foram relatadas e catalogadas em um banco de
dados público (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/SNP/) (Cardon & Palmer, 2003).
Polimorfismos envolvendo a região promotora do CTLA-4 (-318 C/T), o éxon 1 (+49
A/G), e a região 3’UTR [microsatélite (AT)n] têm sido estudados por apresentarem ligação
com várias doenças auto-imunes e, recentemente, com algumas doenças neoplásicas e
infecciosas. O primeiro SNP, -318 C/T, mostra a substituição de uma citosina por uma timina
(Deichmann et al., 1996) e poderia influenciar os níveis de expressão gênica do CTLA-4
devido à sua localização na região promotora (Holopainem et al., 2004); o segundo, +49 A/G,
mostra a substituição de uma adenina por uma guanina, que leva à troca do aminoácido
treonina por alanina do códon 17 do peptídeo sinal (Nistico et al., 1996); e, finalmente, o
polimorfismo microsatélite (AT)n, com pelo menos 23 alelos diferentes contendo repetições
que variam de 7 a 30 AT (Polymeropoulos et al., 1991). Alguns autores identificam este
polimorfismo de diferentes formas, que podem ser baseadas nos tamanhos dos produtos de
10
PCR em pares de base (bp) ou de acordo com o número de repetições. A repetição (AT)n
pode afetar a estabilidade do mRNA do CTLA-4 e, conseqüentemente, o nível de expressão
deste gene (Huang et al., 2000).
Trabalhos recentes mostram a relação entre o polimorfismo na posição +49 do éxon 1
e a regulação negativa exercida sobre a ativação da célula T. Este polimorfismo afeta a
função inibitória do CTLA-4, sendo que o alelo +49G está associado a uma resposta
proliferativa celular T aumentada (Kouki et al., 2000). Segundo estes autores, algumas
hipóteses poderiam explicar a ocorrência causada pelo polimorfismo, que afeta a seqüência
líder através: a) do nível de expressão da proteína; b) transporte intracelular de CTLA-4 e, c)
ativação diminuída da via de sinalização negativa ou ainda diminuição da apoptose.
Posteriormente, Mäurer et al. (2002) avaliaram a alteração funcional envolvendo o
polimorfismo +49A/G com a ativação da célula T e localização intracelular. Eles
demonstraram padrões qualitativamente diferentes de distribuição intracelular do CTLA-4
entre indivíduos com os genótipos G/G e A/A na posição +49, além de notarem uma resposta
proliferativa aumentada em células T dos indivíduos com o genótipo G/G. Gough et al.
(2005) verificaram que maiores quantidades de mRNA de sCTLA-4 eram produzidas por
indivíduos portadores dos genótipos A/A (considerado então protetor para doenças auto-
imunes) ao contrário dos portadores de G/G, enquanto que nenhuma diferença foi observada
para a isoforma flCTLA-4. Ainda, verificaram que a razão entre o mRNA de sCTLA-4 e
flCTLA-4 era 50% menor em células T CD4+ não estimuladas de indivíduos portadores do
genótipo GG comparada aos portadores de AA. Esses resultados demonstram que os alelos
susceptíveis associados a esta região podem determinar a eficiência da produção de sCTLA-4,
com o haplótipo susceptível à doença produzindo menor quantidade do transcrito de sCTLA-4
do que o haplótipo protetor.
De acordo com Anjos et al. (2002) a associação com diabetes tipo 1 tem se limitado a
um haplótipo abrangendo o CTLA-4 mas não os genes adjacentes. O haplótipo é composto
dos três polimorfismos já citados, que estão em desequilíbrio de ligação (LD) entre si e, por
causa disto, alguns estudos funcionais seriam necessários para definir as variantes etiológicas.
Entenda-se por LD a situação na qual uma determinada combinação de alelos, chamada de
haplótipo, encontra-se numa freqüência estatisticamente diferente daquela esperada caso os
alelos estivessem associados aleatoriamente (Lewontin, 1988). Dessa forma, Anjos et al.
(2002) apresentaram um modelo onde o polimorfismo da região +49G/G provoca a alteração
do tráfego intracelular de CTLA-4 por meio de diferenças no processo de glicosilação da
proteína. Este processo compromete sua expressão na superfície celular em cerca de um terço
11
a menos do que a quantidade de proteína expressa pelos homozigotos +49A/A, favorecendo a
ativação celular aumentada e levando a uma maior predisposição às doenças auto-imunes.
O primeiro caso relatado sobre a associação entre polimorfismo no gene CTLA-4 e
doença auto-imune foi na doença de Graves, descrito por Yanagawa et al. (1995), envolvendo
o microsatélite (AT)n na região 3’UTR. Eles verificaram a presença de 21 alelos diferentes,
variando entre 88 e 134 bp, na população caucasiana estudada. Nas análises de associação, as
freqüências de genótipos entre pacientes e controles diferiram significativamente e tal
diferença foi atribuída à alta freqüência do alelo de 106 bp entre os pacientes com doença de
Graves. No ano seguinte, Nistico et al. (1996) relataram a associação entre o SNP +49 A/G
com o diabetes tipo 1 e a doença de Graves, onde o alelo +49G mostrou estar em
desequilíbrio de ligação com o alelo microsatélite de 106 bp. Vários outros estudos foram
realizados envolvendo o SNP +49 A/G e sua associação com diabetes tipo 1 (Anjos &
Polychronakos, 2003; Zalloua et al., 2004; Kavvoura & Ioannidis, 2005) e doença de Graves
(Badenhoop & Seidl, 2003; Furugaki et al., 2004; Yanagawa et al., 2007).
Estudos funcionais têm evidenciado que os polimorfismos das posições -318 e +49,
juntamente com os haplótipos resultantes das variantes desses loci exercem um efeito
funcional diferente na regulação negativa exercida pelo CTLA-4 na ativação celular (Yee et
al., 2003). Ligers et al. (2001) verificaram que os indivíduos com esclerose múltipla
portadores de timina (T) na posição -318 do promotor, e homozigotos para adenina (A) na
posição +49 do éxon 1, têm uma expressão significativamente aumentada tanto da proteína
CTLA-4 na superfície celular após estimulação quanto do mRNA de CTLA-4 em células não-
estimuladas. Experimentos realizados em células T por Wang et al. (2002) mostraram que o
alelo -318T estava associado a uma alta atividade promotora do gene CTLA-4, considerando
a presença do alelo como uma fator protetor para doenças auto-imunes.
Ueda et al. (2003) seqüenciaram uma região de mais de 300 Kb contendo o CD28,
CTLA-4 e ICOS e dos 108 SNPs verificados apenas esse, na posição +49 do éxon 1 do
CTLA-4 (+49A/G), mostrava alteração do aminoácido. Neste mesmo trabalho, que também
estudou a região microsatélite (AT)n na região 3’UTR, os autores sugeriram que nenhum dos
polimorfismos estudados para as regiões de CD28 e ICOS estavam associados a doença de
Graves. Porém, observou-se que a variante causal da doença estava provavelmente localizada
dentro de uma região em desequilíbrio de ligação (LD) contendo o CTLA-4 e a região 5’ de
ICOS. Cinco outros SNPs do gene CTLA-4 mostraram associação mais forte com a doença de
Graves sendo eles denominados CT60, MH30, JO30, JO31 e JO27. Dentre esses, o CT60 (A/
G) mostrou associação também com diabetes tipo 1 e hipotireoidismo auto-imune. A redução
12
dos níveis de mRNA de sCTLA-4 produzidos pelo haplótipo susceptível à doença (CT60
G/G) poderiam reduzir o bloqueio das moléculas B7-1 e B7-2, causando um aumento da
ativação celular através de CD28 ou ainda uma menor estimulação dessas moléculas pelo
sCTLA-4 em DCs imaturas. As correlações publicadas entre a ativação de células T in
vitro e o genótipo de CTLA-4 poderiam ser explicadas pela variação nos níveis de sCTLA-4.
Além da verificação de que o alelo G para este SNP provoca a redução do sCTLA-4,
verificou-se também a associação deste SNP com a freqüência de células T reguladoras,
sendo que indivíduos homozigotos para o alelo A apresentavam um aumento na freqüência
dessas células, relacionando o polimorfismo de CT60 com variações nas respostas imunes
adaptativas tanto para antígenos próprios quanto para patógenos (Sowsan et al., 2005). Outro
SNP foi identificado no CTLA-4 e encontra-se na posição +1822(C/T) no íntron 1, com
relatos de associação com diabetes tipo 1 e a doença de Graves, em desequilíbrio de ligação
com o SNP +49(A/G) do éxon 1 (Holopainem et al., 2004).
Estudos subseqüentes foram realizados envolvendo os polimorfismos citados para o
gene CTLA-4, isolados ou associados, relacionando os mesmos a uma série de outras doenças
auto-imunes, incluindo a doença celíaca (Djilali-Saiah et al., 1998; van Belzen et al., 2004;
Holopainem et al., 2004), o lupus eritematoso sistêmico (Barreto et al., 2004; Lee et al.,
2005), a doença de Addison (Blomhoff et al., 2204), e o hipotireoidismo auto-imune
(Akamisu et al., 2000; Tomer et al., 2001; Zalatel et al., 2006). Com relação à psoríase, os
resultados obtidos referentes às análises dos polimorfismos em indivíduos portadores dessa
doença não mostraram associação alguma (Luszczek et al., 2006). Em recente meta-análise
Han et al. (2005) confirmaram a associação do polimorfismo +49A/G em pacientes
portadores de artrite reumatóide. Já, o mesmo tipo de estudo, realizado por Bagos et al.
(2007) descarta a participação dos SNPs +49 e -318 em pacientes com esclerose múltipla.
Todos esses dados são importantes no entendimento do papel do CTLA-4 na patogênese de
doenças auto-imunes (Mäurer et al., 2002; Chistiakov & Turakulov, 2003), e também servem
de base para o estudo dos polimorfismos desse gene e sua correlação com outras patologias
(Tabela I). Recentemente, a verificação da ocorrência de polimorfismos no gene CTLA-4 em
doenças tumorais e infecciosas mostraram que o conceito de genótipo protetor e genótipo
susceptível, ligado às doenças auto-imunes, não tem o mesmo significado quando tentativa
de correlação com essas outras doenças. Ghaderi et al. (2004) verificaram que o genótipo
+49(AA), considerado protetor para algumas doenças auto-imunes, está correlacionado com a
progressão do câncer de mama, admitindo-se o fato de que indivíduos que possuem o
genótipo AA expressam níveis maiores da proteína CTLA-4, regulando negativamente a
13
resposta imune celular contra as células tumorais. A especulação sobre a perpetuação do alelo
G durante a evolução, a despeito da desvantagem da susceptibilidade relacionada à auto-
imunidade, seria relacionada a uma defesa mais efetiva contra as doenças infecciosas.
Thio et al., (2004) estudaram a hipótese de os diferentes haplótipos e SNPs do
CTLA-4 poderem explicar algumas das diferenças que ocorrem entre os indivíduos no
processo de recuperação da infecção pelo vírus da hepatite B (HBV). Eles sugeriram que
haplótipos contendo o alelo +49G sozinho ou com o alelo -1722C estavam associados com a
recuperação da infecção, considerando que eles podem alterar a habilidade do CTLA-4 em
regular negativamente a resposta imune. Segundo esses autores o vigor desse mecanismo
provavelmente contribui para a resolução da infecção pelo HBV. Ainda, o SNP da posição
-318C/T do sítio promotor, na maioria dos relatos, não parece estar associado com doenças
auto-imunes (Gough et al., 2005), porém alguns trabalhos sugerem que exista uma forte
ligação entre este SNP com o +49 do éxon 1 (Kristiansen et al., 2000; Liegers et al., 2001) e
ainda mostram a sua maior freqüência em mulheres com papiloma vírus humano (HPV),
sugerindo que este SNP possa estar envolvido na persistência do vírus com o possível
desenvolvimento do câncer de colo de útero (Su et al., 2007).
Variantes de DNA que alteram mecanismos fisiológicos, bioquímicos e imunológicos
envolvidos em uma doença são, por si só, fatores de risco primários naturais. A demonstração
de efeitos funcionais associados com uma variante de DNA é um passo importante na
tentativa de correlacionar tal variante com a patogênese da doença (Gough et al., 2005).
Alterações genéticas exercem impacto em algumas doenças auto-imunes, neoplásicas e
infecciosas em humanos e modelos animais. Como o CTLA-4 exerce um papel
imunomodulador importante, variações genéticas que promovam uma falha nesse mecanismo
são de total relevância no que se refere ao estudo dos mais diversos tipos de doenças. Vários
trabalhos sugerem que a região do CTLA-4 é um locus importante para as doenças auto-
imunes de uma forma geral, tendo focado nos três polimorfismos mais estudados do gene
CTLA-4: -318C/T na região do sítio promotor, +49A/G do éxon 1 e (AT)n na região 3’ UTR.
Estes três polimorfismos têm mostrado associações com algumas doenças, embora nenhum
deles tenha sido identificado como sendo a variante causal. As associações com variantes não-
causais provavelmente ocorrem em locais como a região do CTLA-4, onde um forte
desequilíbrio de ligação (King et al., 2003). No entanto, apenas um mapeamento rigoroso do
CTLA-4 e dos genes vizinhos pode afirmar essa hipótese (Gough et al., 2005).
14
Tabela I. Alterações funcionais e algumas patologias associadas ao SNP +49A/G, de forma
isolada ou em associação com outros polimorfismos.
SNP +49 (alelo A)
Alterações funcionais:
* aumento de mRNA de sCTLA-4 (Gough et al., 2005)
* aumento na expressão da proteína de superfície em associação com o alelo -318T (Ligers et
al., 2001)
Patologias associadas:
* progressão do câncer de mama (Ghaderi et al., 2004)
* infecção crônica pelo vírus da hepatite B (Thio et al., 2004)
___________________________________________________________________________
SNP +49 (alelo G)
Alterações funcionais:
* diminuição da expressão na superfície celular com conseqüente proliferação celular T
aumentada (Kouki et al., 2000; Mäurer et al., 2000)
Patologias associadas:
* Diabetes mellitus tipo 1 (Harbo et al., 1999; Anjos et al., 2002; Kavvoura & Ioannidis,
2005)
* Artrite reumatóide (Han et al., 2005)
* Lupus eritematoso sistêmico (Lee et al., 2005)
* Doença de Graves, em associação com o alelo de 106bp (AT)n (Nistico et al., 1996)
1.4. A paracoccidioidomicose (PCM)
1.4.1. O fungo Paracoccidioides brasiliensis e as características gerais da PCM
A PCM é uma doença sistêmica, causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides
brasiliensis, encontrada com maior prevalência na América Latina (Restrepo, 1985). O Brasil
é o centro endêmico, possuindo 80% dos casos relatados, sendo os estados de São Paulo,
Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso os mais afetados. Acometendo principalmente a
população rural, provavelmente devido ao contato contínuo com o habitat do fungo, a PCM é
a oitava causa de mortalidade por doença crônica (entre as infecciosas e parasitárias) e a
primeira entre as micoses sistêmicas no Brasil (Coutinho et al., 2002). Estima-se que existam
cerca de 10 milhões de indivíduos infectados na América Latina e que 2% destes
desenvolvam a doença (Restrepo, 1985).
A incidência da PCM ocorre numa taxa de 78:1 em adultos do sexo masculino quando
comparados àqueles do sexo feminino (Restrepo et al., 1984). O fato desse perfil não ser
verificado em indivíduos infectados antes da puberdade e que a exposição ao fungo é
15
praticamente igual para ambos os sexos levou à hipótese de que os hormônios sexuais
femininos interferem na infecção do fungo (Kerr et al., 1984; Restrepo, 1984). De fato,
Restrepo et al. (1984), Salazar et al. (1988) e Sano et al. (1992) mostraram a presença de
proteínas que atuam como receptores do 17-β-estradiol no citosol das células fúngicas. Esses
estudos demonstraram, in vitro, que esse estrógeno tem a capacidade de inibir a transição do
micélio para levedura. Posteriormente, Aristizabal et al. (1998) demonstraram que fêmeas de
camundongos infectadas por via intranasal com conídios de P. brasiliensis inibiram a
transformação dessas células para levedura.
A infecção envolve primariamente os pulmões, local da lesão primária, através
da inalação de conídios ou fragmentos de micélios pelas vias aéreas superiores, que na
temperatura corpórea sofrem a transição para a forma leveduriforme e podem, ou ser
eliminadas pelo sistema imune ou persistir, produzir lesão tecidual e se espalhar pelo resto do
organismo (Restrepo, 1985; Newman et al., 1990). O contágio também pode acontecer
através de lesões na mucosa oral ou na pele provocadas por trauma. As lesões secundárias
freqüentemente aparecem nas membranas mucosas, linfonodos, pele e glândulas adrenais
(Domer et al., 1992; Brummer et al., 1993). A evolução e as conseqüências da infecção vão
depender de fatores relacionados ao fungo, como virulência e composição antigênica; e do
hospedeiro, como características genéticas, imunidade e ao meio ambiente (Restrepo, 1985;
Calich et al., 1985 e 1987). Acredita-se que os fungos causadores de micoses sistêmicas
utilizem mecanismos de patogenicidade e/ou virulência, como capacidade de adesão,
colonização, disseminação, sobrevivência em ambientes hostis e escape dos mecanismos de
resposta imune para se estabelecerem no hospedeiro e causarem doença (Franco, 1987). A
virulência fúngica é um evento complexo resultante da regulação de diversas vias de
sinalização que culminam na ativação de um conjunto de genes em diferentes estágios da
infecção, e cuja conseqüência está fortemente associada ao estabelecimento da patogênese.
Em P. brasiliensis, as adesinas envolvidas na interação do fungo com as células do
hospedeiro têm sido correlacionadas à virulência e patogenicidade, destacando-se a
glicoproteína 43 (gp43) (Gesztesi et al., 1996), uma adesina de 30 kDa (Andreotti et al.,
2005) e a gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase (Barbosa et al., 2006), a gp70 (Grosso et al.,
2003), e a paracoccina (Coltri et al., 2006).
A PCM caracteriza-se como uma doença de padrão granulomatoso. O granuloma, a
lesão fundamental desta doença, é resultante de uma reação de hipersensibilidade tardia
(DTH) contra antígenos do agente infeccioso que permite a restrição do patógeno prevenindo
a sua disseminação pelo organismo (Romani, 1997). Fagócitos mononucleares, plasmócitos,
16
neutrófilos, eosinófilos e fibroblastos estão presentes no granuloma (de Brito & Franco,
1994), no entanto, a principal célula constituinte é o macrófago, que tem por funções a
liberação de substâncias microbicidas (óxido nítrico, radicais superóxido e peróxido de
hidrogênio), a apresentação de antígenos e o recrutamento de linfócitos T para a produção de
citocinas que variam de acordo com a susceptibilidade do hospedeiro. A atividade de
linfócitos T e a resposta granulomatosa são características das formas localizadas da infecção,
enquanto que nas formas disseminadas não se observa formação de granulomas epitelióides
(Murphy, 1998; Camargo e Franco, 2000). Ao mesmo tempo, o microrganismo pode se
beneficiar da formação do granuloma. Por se tratar de um microambiente isolado, o
granuloma apresenta um ecossistema especial para o patógeno no hospedeiro. A lesão
granulomatosa pode ser um reservatório do qual o patógeno sobrevivente emerge para reativar
a infecção após um longo período de latência, rompido por alguma falha no sistema imune
(Chan & Flynn, 2004). Silva et al. (2008), com a finalidade de compreender a complexa
interação entre as células hospedeiras e leveduras de P. brasiliensis, analisou a modulação de
genes imunoregulatórios após a infecção de macrófagos peritoniais de camundongos por este
patógeno. A análise do perfil transcricional dessas células revelou que o patógeno interage
com os macrófagos modulando genes envolvidos no processo pró-inflamatório (ex: Irak2,
Il7r, Cxcl1), proteínas relacionadas à membrana e fagocitose (ex: Clec1b, Ddr1), regulação da
transcrição de citocinas e quimiocinas (ex: Stat1), transdução de sinal (ex: Rasa3, Grb2) e
apoptose (Gzma), na tentativa de aumentar a eficiência da resposta imune tanto inata quanto
adaptativa contra o fungo.
1.4.2. Formas clínicas da PCM
Existem duas diferentes formas da PCM, a infecção (assintomática) e a doença
(sintomática), podendo esta última ser subdividida em aguda (juvenil) ou crônica (adulto). A
forma aguda apresenta evolução rápida e lesões multifocais, comumente acometendo jovens
de ambos os sexos, com deterioração do estado geral e evidente comprometimento do sistema
retículo-endotelial (linfoadenomegalia e hepatoesplenomegalia). A forma crônica é
responsável por mais de 90% dos casos de PCM, com evolução lenta e silenciosa,
acometendo principalmente adultos do sexo masculino, tendendo a ser localizada, geralmente
apresentando lesões granulomatosas pulmonares (Franco et al., 1993). Em 25% dos casos, os
pulmões são os únicos órgãos afetados (forma crônica unifocal). Os sintomas respiratórios são
inespecíficos e incluem tosse, expectoração, perda de fôlego, sendo que anorexia, febre e
perda de peso são também usualmente relatados. Entretanto, em alguns casos, o envolvimento
17
pulmonar unifocal é silencioso, o que leva os pacientes a procurarem cuidados médicos
somente após a disseminação do fungo (via corrente sangüínea ou sistema linfático) ter
ocasionado lesões extra-pulmonares (forma crônica multifocal). Nessa forma clínica, os
sintomas são variáveis e estão relacionados a mais de um órgão ou sistema, sendo que as
lesões frequentemente ocorrem na mucosa oral e nasal, pele, linfonodos e glândulas adrenais
(Franco et al., 1993; Shikanai-Yasuda et al., 2006).
1.4.3. Resposta imunológica da PCM
A defesa imunológica do hospedeiro mamífero contra as micoses sistêmicas é
complexa e multifatorial, dependendo de mecanismos inatos e adaptativos (Huffnagle &
Deepe, 2003; Romani, 2004). A importância de qualquer um desses mecanismos na
resistência às infecções fúngicas sistêmicas pode variar conforme o agente infeccioso, de tal
maneira que os fatores da resposta inata teriam uma maior importância na ação contra os
fungos oportunistas como C. albicans, A. fumigatus, C. neoformans do que contra fungos
patogênicos primários como C. immitis, H. capsulatum, B. dermatitidis e P. brasiliensis
(Schaffner et al., 1986; Cutler et al., 2007). Nas últimas décadas, diversos trabalhos vêm
demonstrando que a resistência aos fungos causadores de micoses sistêmicas como C.
albicans, A. fumigatus, C. neoformans, C. immitis, H. capsulatum, B. dermatitidis e P.
brasiliensis está associada a uma resposta imunológica celular efetiva, enquanto que a
susceptibilidade está associada a uma resposta predominantemente humoral (Romani, 2004,
Abbas & Lichtman, 2005). Durante uma resposta imunológica a agentes infecciosos, em
muitos casos, não uma absoluta restrição na ativação de linfócitos Th1 ou Th2. Entretanto,
em algumas enfermidades, uma clara dominância de uma ou outra subpopulação de
linfócitos auxiliares, e uma falha na ativação da subpopulação apropriada pode ocasionar
resultados desastrosos para o hospedeiro (Cavassani et al., 2006).
Na PCM humana e experimental ocorre uma extensa variação da resposta
imunológica, cujo grande espectro de manifestações clínicas depende principalmente do nível
de supressão da imunidade celular. Assim, formas severas de PCM são caracterizadas por
distúrbios imunológicos como alterações na razão de subpopulações de linfócitos T, DTH,
prejudicada, produção de citocinas que inibem o desenvolvimento de uma resposta imune
celular efetiva e supressão da proliferação de linfócitos T (Bocca et al., 1998; Campanelli et
al., 2003; Cavassani et al., 2006). A resposta imune celular é a principal defesa contra o P.
brasiliensis sendo que a resistência à infecção está relacionada à presença do IFN- γ e outros
tipos de citocinas Th1 como IL-2 e também IL-10, enquanto que a susceptibilidade à infecção
18
está relacionada ao padrão celular Th2, com a presença das interleucinas IL-4, IL-5, IL-13 e
IL-10 (Bernard et al., 2001; Bozzi et al., 2004).
Mamoni et al. (2002) observaram no soro de pacientes com a forma aguda e a forma
crônica multifocal um padrão de citocinas do tipo Th2 (IgE anti-GP-43, IgA, IgG4 e
eosinófilos aumentados) quando comparados com pacientes portadores da forma crônica
unifocal. Posteriormente Mamoni et al. (2006) ampliaram seus estudos por meio da avaliação
da expressão intracelular de IFN-γ, TNF-α, IL-2, IL-10, IL-12 em células mononucleares do
sangue periférico (PBMC) de pacientes com a forma aguda e forma crônica da doença, além
de indivíduos sensibilizados para o fungo (Pb infecção). Um perfil condizente com uma
resposta predominantemente Th1 foi encontrado nos indivíduos sensibilizados. Esse perfil era
caracterizado por um número elevado de linfócitos T expressando IFN-γ, TNF-α, IL-2, com
baixos níveis dessas células positivas para IL-10. Apesar de uma polarização clara Th2 não ter
sido evidenciada nos pacientes com a forma aguda neste trabalho, uma baixa produção de
citocinas e quimiocinas pró-inflamatórias, além de um grande número de células expressando
IL-10 foram encontradas.
Bozzi et al. (2004), estudando a resposta imune celular em pacientes com PCM não-
tratados e em diferentes períodos de tratamento, verificaram que os níveis de IFN-γ aumentam
e os de IL-4 diminuem com o tratamento. Além disso, verificaram que linfócitos CD4+ e
CD8+ no grupo de indivíduos não-tratados mostraram expressão reduzida da molécula co-
estimulatória CD28 após estimulação antigênica, e uma presença aumentada de células B
expressando B7-2 em todos os grupos, que concorda com a grande quantidade de anticorpos
específicos não-protetores encontrados nos indivíduos com PCM, além do possível papel de
B7-2 em sinalizar para a produção de IL-4 e contribuir com o fenótipo celular Th2. Este
mesmo trabalho verificou ainda a expressão celular de CTLA-4 e não encontrou diferenças
significativas da sua expressão nas diferentes fases do tratamento dos indivíduos com PCM,
apesar de constatar uma regulação nos níveis de CD4+CD28+ com o tratamento. Outros
estudos envolvendo o fungo P. brasiliensis e a PCM realizados por Cavassani et al. (2006)
verificaram que a hiporesponsividade imune celular presente na PCM es relacionada a
alguns fatores como a secreção alterada de citocinas, a apoptose de células T induzida por
Fas-FasL e também pela participação do CTLA-4. Observa-se uma maior expressão dessa
proteína em pacientes portadores de PCM do que em indivíduos controles. Além disso, a
presença de células Treg (que expressam quantidades aumentadas de CTLA-4) no sangue e
nas lesões de pacientes com a forma crônica de PCM sugere uma regulação da resposta imune
19
sistêmica e local nessa doença. Masteller et al. (2000) mostraram que o domínio
citoplasmático de CTLA-4 contribui na regulação do balanço Th1/Th2 da resposta imune.
Isso poderia ocorrer através da habilidade do domínio citoplasmático iniciar a transdução de
sinal ou ainda como resultado da sua habilidade em reposicionar o CTLA-4 para sítios
específicos durante a ativação da célula T. Greenwald et al. (2001), utilizando camundongos
nocauteados para CTLA-4, sugeriram um desvio da resposta imune para o perfil Th2,
indicando que CTLA-4 normalmente opõe-se ao fenótipo Th2. Campanelli et al. (2003)
verificaram que o bloqueio simultâneo de Fas e CTLA-4 resulta em aumento significativo da
proliferação celular em pacientes com PCM, apontando seu envolvimento na modulação da
resposta imune. Esses autores sugerem que um protocolo terapêutico envolvendo o bloqueio
de CTLA-4 poderia aumentar a proteção mediada por células T nesses pacientes.
A produção de citocinas está sob controle genético, e variantes alélicas de genes de
citocinas estão associadas a uma maior ou menor produção destas, o que poderia indicar
susceptibilidade ou resistência à diversas doenças, inclusive às infecciosas (Lio et al., 2002;
Cipriano et al., 2005). Dessa forma, Bozzi et al. (2006) avaliaram a freqüência dos
polimorfismos de SNPs conhecidos em duas importantes citocinas presentes no soro de
pacientes com PCM, a IL-10 (-1082 G/A) e o TNF-α (-308 G/A). Seus estudos indicaram que
a estimulação de células de pacientes com PCM portadores do fenótipo A+ (genótipo GA ou
AA) apresentaram um aumento de células produtoras de TNF-α em comparação às células
produtoras de IL-10, sugerindo que a avaliação genética dos pacientes com PCM seria uma
ferramenta válida em sua terapia. É importante ressaltar que, até o momento, não existem
dados na literatura sobre a análise de polimorfismo no gene CTLA-4 em pacientes com PCM,
objeto deste estudo.
1.5. Análise populacional e ancestralidade
Durante as últimas décadas as causas genéticas de várias doenças complexas
(multifatoriais) têm sido enfatizadas para um melhor entendimento da sua patogênese, com o
objetivo de desenvolver estratégias preventivas, ferramentas diagnósticas e tratamento
(Cardon & Palmer, 2003). Existem alguns métodos geralmente usados para a detecção de
genes que contribuem para a susceptibilidade ou resistência a doenças multifatoriais e dentre
eles encontram-se os estudos de associação (Tsuchiya et al., 2002).
Os estudos de associação envolvem a seleção de um gene candidato e o encontro de
alelos polimórficos predisponentes para a doença na população (Cardon & Palmer, 2003). Em
geral, este método considera uma variedade de informações como os mecanismos conhecidos
20
do início da doença e a sua patologia, resultados de estudos de ligação em humanos e modelos
animais e os fenótipos de animais nocauteados e transgênicos. Examina-se a variação
encontrada e se existe uma diferença significativa entre pacientes (casos) e indivíduos-
controle, em termos de freqüência alélica ou genotípica. Esse tipo de estudo possui um alto
poder de detecção, porém esse método pode apresentar resultados espúrios, associações
falsamente positivas ou negativas quando o background genético dos casos e controles for
diferente (Tsuchiya et al., 2002).
O conceito de variação genética levou o matemático inglês Godfrey Hardy e o médico
alemão Wilhelm Weinberg a desenvolverem o princípio matemático que é conhecido como
equilíbrio de Hardy-Weinberg, o qual indica que, sob determinadas condições, após uma
geração de acasalamentos aleatórios, as freqüências genotípicas em um único loco de gene
tornar-se-ão fixas em um valor particular no equilíbrio, sendo então a conseqüência direta da
segregação de alelos na meiose dos heterozigotos (Hartl & Clark, 1997). É sabido que as
freqüências alélicas variam amplamente dentro e entre as populações, independentemente da
doença. Essa diferença nas freqüências surgiu porque cada população tem um histórico
genético e social, e então os padrões ancestrais de migração geográfica provocam diferenças
nas freqüências alélicas entre indivíduos, que estão espalhadas por todo o genoma, incluindo
muitos genes de relevância médica. Quando casos e controles têm diferentes freqüências
alélicas atribuídas ao background populacional então o estudo apresenta uma estratificação
populacional, sendo uma das razões mais comumente citadas para resultados de associações
genéticas não-reprodutíveis (Tsuchiya et al., 2002). Baseando-se neste fato, instituições
públicas e privadas juntaram-se para fundar o Consórcio Internacional de Mapas de
Haplótipos (HapMap), que foi criado a partir do seqüenciamento do genoma humano e teve
como objetivo inicial guiar o desenho e análise de estudos de associação genética em
medicina pela organização de um banco de dados público para os polimorfismos mais comuns
no genoma humano, os SNPs, e prover informações necessárias para os estudos genéticos de
doenças complexas (Altshuler et al., 2005). Desta forma, nos estudos de associação deve-se
considerar a análise de ancestralidade na população estudada para eliminar-se a possibilidade
da associação não ser uma conseqüência do background genético de casos e controles, mas
sim do polimorfismo do gene candidato escolhido para análise.
Considerando a ocorrência de variação da estrutura genética da população de acordo
com a distribuição geográfica (Rosenberg, 2002), existe a chance de se encontrar loci com
diferenças extremas de freqüência alélica entre os grupos populacionais diversos, que podem
caracterizar a ancestralidade individual ou determinar a contribuição de cada população
21
parental em grupos miscigenados recentemente. Para essa finalidade, marcadores genéticos
que capturam essas informações de freqüência alélica em duas ou mais populações distintas
vêm sendo amplamente explorados pela comunidade científica e são designados marcadores
informativos de ancestralidade (AIMs) (Shriver et al., 1997). O marcador bi-alélico ideal
para distinguir uma população de outras populações, ou estimar proporções de ancestralidade
em amostras miscigenadas, seria aquele em que um alelo (X) se encontre altamente fixado
para uma população enquanto o outro alelo (x) se encontre fixado para as demais, fazendo
com que a diferença de freqüência alélica ) seja igual a 1,0. No entanto, tais loci são
relativamente raros (Pfaff et al., 2004). A diferença de freqüência alélica atualmente indicada
para um AIM de grande informação e correta atribuição é δ 0,60 (Hoggart et al., 2003;
Rosenberg et al., 2003).
Nos trabalhos onde a população brasileira é objeto de estudos de associação genética
ou estudos de genética populacional o risco de heterogeneidade é muito alto, mesmo com o
cuidado de se agrupar indivíduos por características físicas que possam determinar a origem
africana ou européia, por exemplo (Parra et al., 2003). Esta heterogeneidade é causada, em
sua maioria, pelo histórico de miscigenação recente e contínua, ao longo de 500 anos, entre
africanos, europeus e ameríndios. Tal fato reforça a necessidade de atentar-se aos riscos de
resultados espúrios devidos à estratificação. Assim, a utilização de marcadores SNPs
informativos de ancestralidade em metodologias otimizadas de miniseqüenciamento tornam-
se necessários para a aplicação da associação estruturada nos estudos da população brasileira.
22
2. JUSTIFICATIVA
Como mencionado anteriormente, as alterações na expressão do gene CTLA-4 e sua
capacidade de regulação da resposta imune em doenças infecciosas podem estar
correlacionadas com o polimorfismo existente na sua seqüência gênica. No caso da PCM, por
meio da verificação: a) da hiporesponsividade imune celular presente na PCM; b) da
expressão aumentada da molécula de CTLA-4 em pacientes com esta doença; c) do aumento
da concentração de CTLA-4 solúvel; d) do conhecimento das alterações provocadas na
resposta imune por este aumento, justifica-se a análise de polimorfismos deste gene em
pacientes com PCM.
A associação de polimorfismos no gene CTLA-4 com a ocorrência de diferentes
patologias fortalece a necessidade de um melhor entendimento do background genético do
indivíduo com PCM e sua importância no curso da infecção. Desta forma, a avaliação da
presença de polimorfismo no sítio promotor (-318C/T) e no éxon 1 (+49A/G) poderá
fortalecer a hipótese do envolvimento de diferentes haplótipos influenciando o
desenvolvimento da PCM. Adicionalmente, se forem constatadas diferenças entre os
indivíduos controle e com PCM, os dados poderão ser utilizados como referência para futuros
estudos e também para a criação de um protocolo de atendimento dos pacientes com PCM.
Neste protocolo as variações genéticas do CTLA-4 poderão ser consideradas dentro do plano
de tratamento destes pacientes, aumentando desta forma a possibilidade de tornar o tratamento
desta micose sistêmica mais eficaz.
23
3. OBJETIVOS
Investigar a associação do polimorfismo do gene CTLA-4 entre indivíduos com PCM
e indivíduos não-infectados, nas posições -318 do sítio promotor e +49 do éxon 1. Além disto,
para afastar a possibilidade da ocorrência do polimorfismo estar relacionada à ancestralidade
e não à ocorrência de infecção, foi também avaliada a estrutura populacional das amostras
analisadas.
3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Extração de DNA genômico de pacientes e controles a partir de amostras sangüíneas.
Amplificação por reação de PCR das regiões -318 e +49 usando oligonucleotídeo
específico.
Seqüenciamento dos produtos de PCR e análise dos SNPs nos eletroferogramas
gerados pelo seqüenciador automático.
Análise da estrutura populacional visando avaliar a relação dos fenótipos estudados
com a estratificação através de reações de PCR em sistema multiplex, utilizando
oligonucleotídeos específicos e genotipagem automatizada baseada em extensão de
base única (miniseqüenciamento).
Análise estatística dos resultados obtidos através dos testes de χ2 (Qui-Quadrado) e
OR (Odds Ratio).
24
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Amostras de sangue
Os indivíduos incluídos neste estudo assinaram um termo de consentimento após
terem recebido orientações sobre os objetivos da pesquisa, e também responderam a
questionamentos relevantes para este estudo. Foram colhidos aproximadamente 8 ml de
sangue de cada indivíduo, distribuídos em dois tubos, um deles contendo o anticoagulante
EDTA (ácido etileno diamino tetra-acético) e o outro tubo sem adição de anticoagulante. Este
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da
Universidade de Brasília sob registro CEP-FM 065/2004.
4.1.1. Pacientes com PCM
O grupo de pacientes com PCM foi constituído por 74 indivíduos. Desse total, 9
amostras de sangue foram colhidas no Hospital Universitário de Brasília (HUB), 13 amostras
de sangue foram colhidas no Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia (HDT) com o auxílio
da Dra. Ana Joaquina Cohen, 29 amostras de DNA foram cedidas pelo Dr. Alfredo Miranda
de Goes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e 23 amostras de DNA foram
cedidas pela Dra. Maria Heloisa Souza Lima Blotta, da Universidade de Campinas
(UNICAMP). Foram incluídos no estudo pacientes do sexo masculino e feminino, com idades
variando entre 13 e 70 anos, não-relacionados (sem qualquer grau de parentesco),
diagnosticados clínica e/ou laboratorialmente com alguma das formas clínicas conhecidas de
PCM.
4.1.2. Controles
O grupo controle do estudo foi constituído de 76 amostras de voluntários saudáveis,
sem histórico de PCM e/ou quaisquer doenças auto-imunes, do Hospital Geral de Brasília
(HGeB), Exame Medicina Laboratorial, Laboratórios de Biologia Molecular e de Patologia
Molecular da Universidade de Brasília (UnB), também de ambos os sexos, não-relacionados
(sem qualquer grau de parentesco), com idades variando entre 9 e 75 anos.
4.2. Extração de DNA
O DNA das amostras de sangue foi obtido pelo método de extração por fenol-
clorofórmio (adaptado de Sambrook & Russel, 2001) ou, alternativamente, por utilização do
25
kit comercial GeneCatcher gDNA Blood Kits (Invitrogen™) seguindo as recomendações do
fabricante.
4.2.1. Extração por fenol-clorofórmio
Um volume de aproximadamente 4 ml de sangue foi colocado em tubo sem
anticoagulante e centrifugado a 3000 rotações por minuto (rpm) por 10 minutos. Em seguida
o sobrenadante (soro) foi separado e o coágulo obtido, contendo a porção celular sangüínea,
foi utilizado para a extração do DNA. O coágulo foi transferido para um tubo Falcon (50 ml)
onde foram acrescentados 30 ml de Tampão de Lise (MgCl2 5mM; NaCl 1mM; Tris-HCl
10mM). A mistura foi agitada em vórtex, colocada em banho-maria 37ºC por 10 minutos e
posteriormente centrifugada a 4000 rpm por 10 minutos a 4ºC. O sobrenadante foi descartado
e o sedimento novamente tratado com Tampão de Lise sob as condições descritas
anteriormente por mais duas vezes. Em um tubo a parte foram adicionados 0,006g de DL-
ditiotretiol (DTT) em 1 ml de Tampão de Extração (NaCl 100mM; Tris-HCl 1mM; EDTA
0,5mM; SDS 2%) e então 900 μl desta mistura foram adicionados ao sedimento anteriormente
obtido, juntamente com 22,5 μl de Proteinase K (10 mg/ml). A mistura foi agitada em vórtex
e incubada em banho-maria 56ºC overnight. Após esse período, o material obtido foi separado
em três tubos eppendorfs com capacidade de 1,5 ml e, a cada alíquota, 300 μl de uma solução
contendo Fenol/Clorofórmio (1:1, v:v, pH 7.9) foram adicionados. A mistura obtida foi
agitada em vórtex até que obtivesse aparência leitosa e foi centrifugada a 14.000 rpm por 3
minutos a 4ºC. Os sobrenadantes obtidos foram cuidadosamente transferidos para novos tubos
eppendorfs e então 600 μl de isopropanol (PA) foram adicionados a cada tubo, os quais foram
suavemente homogeneizados por inversão. Os tubos foram submetidos a uma temperatura de
-20ºC por 20 minutos e então centrifugados a 14.000 rpm por 10 minutos a 4ºC. Os
sobrenadantes foram descartados e 600 μl de álcool 70º foram adicionados aos pellets obtidos,
centrifugando-se os eppendorfs a 10.000 rpm por 5 minutos a 4ºC. Os sobrenadantes foram
novamente descartados e os pellets foram ressuspendidos com 10 μl de Tampão TE pH8.0
(EDTA 1mM; Tris-HCl 10mM) e seus volumes foram todos reunidos em um único tubo
eppendorf. Uma alíquota de 1 μl foi utilizada para corrida eletroforética em gel de agarose 1%
para a verificação da qualidade do material obtido.
4.3. Quantificação dos DNAs
Os DNAs extraídos foram quantificados no "GeneQuant™pro” (GE Healthcare) ou,
alternativamente, tiveram suas concentrações estimadas com Low DNA Mass Ladder
26
(GIBCO BRL) em gel de agarose 1% (p/v) corado com EtBr (0,5 μg/ml). Usou-se tampão de
corrida TBE 0,5X (EDTA 20mM; Ácido Bórico 890 mM; Trizima Base 890 mM, pH 8.0) e
voltagem de corrida 60 V/cm². Para a corrida das amostras foi usado tampão de amostra (Azul
de Bromofenol 0,1%; Glicerol 50%; Xileno Cianol 0,1%).
4.4. Genotipagem dos SNPs -318C/T e +49A/G
Para a genotipagem destes SNPs foi utilizada a técnica de PCR para a amplificação
das regiões de interesse, seguida pelo seqüenciamento automático do produto amplificado no
equipamento MegaBACE 1000 (GE Healthcare) com o kit DYEnamic™ ET Dye Terminator
Cycle Sequencing kit. Os eletroferogramas gerados foram analisados visualmente.
Tabela II. Condições utilizadas para amplificação das regiões do sítio promotor e éxon 1 do CTLA-4
com o Par 1 de oligonucleotídeos (P1F e P1R).
Reagentes Concentrações finais Volumes
FideliTaq™ 1X 25,0 μl
P1Forward 10 μM 0,10 μM 0,50 μl
P1Reverse 10 μM 0,10 μM 0,50 μl
DNA 20ng/μl 1,00 μl
H2O ___ 23,0 μl
___________________________________________________________________________
Volume total 50,0 μl
O desenho dos oligonucleotídeos (P1Forward 5’ AGGCTCAGAAGTTAGCAGCCT
3’ e P1Reverse 5’ CCCTGGAATACAGAGCCAGC 3’ - Integrated DNA Technology -
IDT) utilizados para a PCR foi baseado na seqüência com código de acesso M74363 do
GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov), representado na Figura 4. A referida seqüência
compreende a região do CTLA-4 onde estão localizados os SNPs -318C/T do sítio promotor e
+49A/G do éxon 1. As amostras de DNA foram amplificadas de acordo com as condições
mostradas acima na Tabela II. O programa de PCR consistiu em um primeiro passo de
desnaturação 95ºC/1 minuto; 28 ciclos de 95ºC/20 segundos, 62ºC/1 minuto, 72ºC/1 minuto e
30 segundos; e uma extensão final a 72ºC/5 minutos.
27
CTGCAGAGTCTCCTCTGCTGTGCTGAGGTGTGGACAATGGGAAACCATGGACGGACTGGAGTAGGCAAAT
GTCATATTCCCTGTTGCAACTGTCTGTTTGCATGTCAGCCTTCTAGAAGCCCCTTAAGGTATCAACTATG
TTTTTGTTTTGTCATCATTCAATCCTAAGTGCACAGAATTCCGGGCATATTACAGGTTCCCCATAAATGT
TTCTTTCTTTATTAAAATGTATGAAAACTCTCCAGATTTAAGGAAGGTCCTCAATGTTTCAAATTCTTTT
TGTTAGATCAGTTGGTCCTGTCTACAGCTGTCACAAATTTAAGGACTCTGGTTATATTTAATCTTCACTT
TTGAATTTTCTGCTTGAAAAATTTGTATTAGAAAAAAAAGTCTATCCTTTTATGGACGGCTCTAATCTCT
TGAATCATTTGGGTTGGCTTTTCTTTGGACCTTCTTCAACTCTGTTTTGTCTCTGTTGAGTTAAGGCTTT
TAAGAACACCTGAATTCTTTCCTTCTGCAAAACCAGAGGCAGCTTCTTTTCCGCCTATTTTCAGTTTATT
TCTTGTGATTTTAGTTTTTTTCTCTTAACCAAATGCTAAATGGATTTAGGAGAAATAAACTTATTTGTAA
AGCTGTCAAGGGACCATTAGAAGGATGGTGCTTCACAGATAGAATACAGTTTTTATTAATGATGCCTAGA
CAATCCTGCCATTACGCAAGGCTCAGAAGTTAGCAGCCTAGTAGTTTGAGATGTCAATGAAATGAATTGG
ACTGGATGGTTAAGGATGCCCAGAAGATTGAATAAAATTGGGATTTAGGAGGACCCTTGTACTCCAGGAA
ATTCTCCAAGTCTCCACTTAGTTATCCAGATCCTCAAAGTGAACATGAAGCTTCAGTTTCAAATTGAATA
CATTTTCCATCCATGGATTGGCTTGTTTTGTTCAGTTGAGTGCTTGAGGTTGTCTTTTCGACGTAACAGC
TAAACCCACGGCTTCCTTTCTCGTAAAACCAAAACAAAAAGGCTTTCTATTCAAGAGCCTTCTGTGTGTG
CACATGTGTAATACATATCTGGATCAAAGCTATCTATATAAAGTCCTTGATTCTGTGTGGGTTCAAACAC
ATTTCAAAGCTTCAGGATCCTGAAAGGTTTTGCTCTACTTCCTGAAGACCTGAACACCGCTCCCATAAAG
CCATGGCTTGCCTTGGATTTCAGCGGCACAAGGCTCAGCTGAACCTGGCTACCAGGACCTGGCCCTGCAC
TCTCCTGTTTTTTCTTCTCTTCATCCCTGTCTTCTGCAAAGGTGAGTGAGACTTTTGGAGCATGAAGATG
GAGGAGGTGTTTCTCCTACCTGGGTTTCATTTGTTTCAGCAGTCAAGGGCAGTCATTTATAGCAAAGCCA
GAAGTTAAAGGTAAAACTCAATCTGGCTTGGCTGGCTCTGTATTCCAGGGCCAGCAGGGAGCAGTTGGGC
GCCAGAATAAGGCAAAAGAGATAGCTCGAGAACAGAGCGCCAGGTATTTAGTAGGGGCTTCATGAATGCA
TGTGAGTTGGTTTAGTAGAGAGACACAGGCAATTTCAGACCCTTCTATGAGACTGGAAGTGATTTAAGAG
GGAAAGGATAGCCATAGTAATGAATACATTTGAGCTGGGTTTCAGGATGAGCTC
Figura 4. Seqüência representativa do código de acesso M74363 do GenBank. Em azul estão
representados os oligonucleotídeos utilizados para a amplificação das regiões do sítio promotor e do
éxon 1 do CTLA-4. Em vermelho estão sinalizadas as posições dos SNPs -318 e +49, respectivamente.
4.5. Análise Populacional
4.5.1. Marcadores informativos de ancestralidade (AIMs)P
Foram utilizados neste trabalho 16 marcadores informativos de ancestralidade (AIMs)
anteriormente selecionados na literatura (Shriver et al., 2003; Smith, 2004) pelo grupo do
Prof. Dr. Rinaldo Welerson Pereira (UCB Brasília DF). Esses AIMs são caracterizados
por marcadores com eixo de diferença de freqüência alélica (δ) entre Europeus e Ameríndios,
Europeus e Africanos e Ameríndios e Africanos.
A Tabela III mostra as informações da posição genética, da descrição alélica, da
freqüência alélica para um dos alelos e da diferença de freqüência alélica para cada um dos 16
marcadores nas três populações parentais. A Tabela IV mostra os desenhos e os tamanhos
dos oligonucleotídeos utilizados na PCR e dos oligonucleotídeos do miniseqüenciamento
(descrito no item 4.5.4.).
28
Além das amostras de pacientes (43 indivíduos) e controles (70 indivíduos), dados de
genótipos de três populações alocadas no HapMap foram utilizadas nas análises: Africanos
Sub-Saarianos (120 indivíduos), Ameríndios (69 indivíduos) e Euro-Americanos (78
indivíduos).
Tabela III. Descrição dos 16 marcadores informativos de ancestralidade estudados: suas posições
gênicas, seus alelos e as freqüências do alelo 1 nas populações parentais Européia (EUR), Africana
(AFR) e Ameríndia (AMR). Descrição da diferença de freqüência alélica (δ) entre as três populações
parentais arranjadas par a par. Fonte: Lins, (2007).
___________________________________________________________________________
Alelos Freq. alelo 1
___________________________________________________________________________
loci Posição 1 2 EUR AFR AMR δAFR/ δAFR/ δAMR/
gênica EUR AMR EUR
__________________________________________________________________________________________
rs2065160 (TSC) 1q32 C T 0,078 0,512 0,850 0,434 0,336 0,770
rs1129038 15q13 C T 0,224 0,995 0,983 0,771 0,012 0,759
rs1426654 15q21 C T 0,000 0,980 0,950 0,980 0,030 0,950
rs0727563 22q13 C T 0,260 0,820 0,950 0,560 0,130 0,690
rs0734780 15q26 C T 0,070 0,710 0,854 0,640 0,144 0,787
rs4305737 6q24 A G 0,250 0,929 1,000 0,679 0,071 0,750
rs1240709 1p36.3 A G 0,794 0,036 0,103 0,758 0,067 0,691
rs3796384 3p14 C G 0,154 0,783 0,875 0,629 0,092 0,721
rs2278354 5p15.2 G T 0,120 0,704 0,839 0,584 0,135 0,719
rs3176921 CRH) 8q13 G A 0,073 0,682 0,017 0,609 0,665 0,056
rs2814778 (FYNULL) 1q23 C T 0,998 0,001 1,000 0,997 0,999 0,002
rs0803733 9q33 C T 0,880 0,015 0,411 0,865 0,396 0,469
rs285 (LPL) 8p21 G A 0,508 0,029 0,558 0,479 0,529 0,050
rs1800404 (OCA2) 15q13 G A 0,254 0,885 0,552 0,631 0,333 0,298
rs6034866 20p12 G A 0,917 0,051 0,857 0,866 0,806 0,060
rs7349 10p11.2 G A 0,939 0,016 1,000 0,923 0,984 0,061
__________________________________________________________________________________
29
Tabela IV. Descrição das seqüências e dos tamanhos dos oligos de PCR (F e R) e dos oligos de
miniseqüenciamento (S). Fonte: Lins, (2007).
___________________________________________________________________________
Oligos Seqüência Direção do Tamanho
Iniciador (bp)
___________________________________________________________________________
TSC-F CTGCTGTGCTAGCTGCTGAT direto 20
TSC-R GCTGTGAGGACGTCAAACCT reverso 20
TSC-S gactCCTCTCGATGAGTAAATATGGG reverso 26
rs1129038-F CAGCAGCGACGATTCA direto 20
rs1129039-R ATCACGGCCAGTCAGTCTCT reverso 20
rs1129040-S (gact)5ACAGTCTACACAGCAGCGAG reverso 40
rs1426654-F TTCAGCCCTTGGATTGTCTC direto 20
rs1426655-R AATTGCAGATCCAAGGATGG reverso 20
rs1426656-S gactGACCGCTGCCATGAAAGTTG reverso 24
rs0727563-F CACGGTATCCAGAACAAGCA direto 20
rs0727564-R ACACTGCCTCCCAATAACCA reverso 20
rs0727565-S (gact)3ACCAGGCTGTCTCAAATAAC reverso 32
rs0734780-F GATGGCACTGACCTTCCTTC direto 20
rs0734781-R AGGTTGCAGTGAGCCAAGAT reverso 20
rs0734782-S (gact)4CCCAGCAGTGGGTATCAC direto 34
rs4305737-F TGGTGAACACGTGAGGTTACA direto 21
rs4305737-R TGGAGAAACCAGTCTCACCTG reverso 21
rs4305737-S (gact)3AATTGAGGCCCCTGAAGA direto 30
rs1240709-F ATCCTATCTGGGTGGCACAG direto 20
rs1240710-R CAGCAGTCAGCTCAGTTCAGTCAGG reverso 20
rs1240711-S (gact)5ATGTGGACACGGGTGAGGGA direto 40
rs3796384-F GCCAATGTCGGAAGGATTAC direto 20
rs3796385-R GCTAGCCAATGTGCAAGACA reverso 20
rs3796386-S (gact)6CGTTCTTCTCTCCATTCAGA direto 44
30
CRH-F TTTGTGCCCCTTCACTATGG direto 20
CRH-R CCATATTTCTGCCTGGAAAA reverso 20
CRH-S (gact)3TGCAGAAGCAAGGCCAATAA reverso 32
FYNULL-F TCACCCTGTGCAGACAGTTC direto 20
FYNULL-R GTGGGGTAAGGCTTCCTGAT reverso 20
FYNULL-S (gact)2GACCTCATTAGTCCTTGGCTCTTA reverso 32
LPL-F CAGTGGGTTCAAGGCTCTGT direto 20
LPL-R AACAACAACAAAACCCCACA reverso 20
LPL-S (gact)4GACAACAAAACCCCACAGCT reverso 36
OCA-2-F CAGGCTTTCGTGTGTGCTAA direto 20
OCA-2-R TGAGCTGACATCCCACTGAG reverso 20
OCA-2-S (gact)2GGTGCACAGAACTCTGGC direto 26
rs6034866-F TTGTGAGTCAAGGCAAGCTG direto 20
rs6034866-R TAGCTAGGGCAGGAGGTGAA reverso 20
rs6034866-S (gact)7TGTGAGTCAAGGCAAGCTGG direto 48
rs7349-F GCAATTGGTTCTCCTGCATT direto 20
rs7349-R GAAATGAGAGTTGTATGGTTAGGC reverso 24
rs7349-S (gact)5AAATGAGAGTTGTATGGTTAGGCT reverso 44
rs0803733-F TCCCCAAGAGTTCAACCAAC direto 20
rs0803733-R AACCTTAGGCTTGAGCATGG reverso 20
rs0803733-S (gact)7ATGTCATTGTGGAGGAGATA reverso 48
__________________________________________________________________________________
31
4.5.2. Amplificação das seqüências alvo
Os dois painéis foram co-amplificados em uma reação de volume final igual a 12,5 μl,
contendo: 10 a 50 ng do DNA molde; 0,25 μM de cada oligonucleotídeo (Forward e Reverse)
em multiplex; dNTP 0,25 μM; MgCl2 1,5 μM; BSA (albumina sérica bovina) 0,16mg/ml; Taq
Platinum DNA Polimerase (Invitrogen) 1U; Tampão Taq Platinum (Invitrogen) 1X e H2O
Milli-Q qsp. O programa de PCR utilizado consistiu em um two-step touchdown PCR
sugerido por Lins (2007) da seguinte forma: 95ºC/3 minutos; 26 ciclos de 95ºC/30 segundos,
65ºC/35 segundos decrescendo até 52ºC (-0,5 ºC por ciclo); em seguida, 20 ciclos de 94ºC/30
segundos, 52ºC/30 segundos e uma extensão final de 72ºC/12 minutos. O método de
touchdown consiste na redução seriada das temperaturas de anelamento a cada repetição ciclo,
reduzindo a perda de anelamento por parte de alguns oligonucleotídeos que possuam
temperaturas de anelamento diferenciadas (Don et al., 1991). A verificação da presença dos
amplicons (visualização de 2 ou 3 bandas com aproximadamente 300 bp cada) foi feita
aplicando-se 3 μl do produto de PCR em gel de agarose 2% .
4.5.3. Tratamento enzimático com EXOI / SAP
Após a amplificação, os produtos de PCR foram submetidos a um tratamento
enzimático para a eliminação do excesso de oligonucleotídeos e dNTP através das enzimas
EXOI (Exonuclease I New England BioLabs) e SAP (Fosfatase Alcalina de Camarão -
USB). A reação foi realizada nas seguintes condições: 3 μl do produto de PCR acrescidos de
EXOI 1U, SAP 0.9U e Tampão de SAP 0,5X. A mistura foi colocada em termociclador e
submetida às seguintes condições: 37ºC/90 minutos e 80ºC/20 minutos.
4.5.4. Reação de Miniseqüenciamento
Amplificações de regiões genômicas por oligonucleotídeos são mecanismos robustos e
flexíveis de discriminação alélica e requerem quantidades muito pequenas de DNA e de
oligos (Sambrook & Russel, 2001). A reação de extensão ou miniseqüenciamento é a mais
difundida para a detecção de SNPs em média escala, e baseia-se na habilidade da DNA-
polimerase em incorporar um dideoxiribonucleotídeo fosfato (ddNTP) específico
complementar à seqüência do molde de DNA (Kwok, 2001). Assim, um
dideoxiribonucleotídeo fosfato marcado com fluorescência é estendido a um iniciador não-
marcado, anelado adjacente ao sítio da mutação de interesse (Syvanen et al., 1999). A
32
especificidade e sensibilidade dessa detecção dependem, principalmente, da amplificação por
PCR da região do DNA que contém a variável de interesse.
A genotipagem dos SNPs foi realizada utilizando o sistema SNaPshot™ Multiplex
System (Applied Biosystems), em uma reação de volume final igual a 5 μl contendo: 1 μl de
SNaPshot™ Kit reaction mix; 1,5 μl de uma mistura de oligos S (0,1 a 0,3 μM cada); 1,25 μl
do produto de PCR purificado e H2O Milli-Q qsp. O programa de PCR consistiu de: 96ºC/2
minutos; 30 ciclos de 96ºC/20 segundos, 55ºC/20 segundos decrescendo até 40ºC (-0,5ºC por
ciclo) e extensão a 60ºC por 30 segundos; em seguida, 15 ciclos de 96ºC/15 segundos,
40ºC/20 segundos e 60ºC/30 segundos.
4.5.5. Tratamento enzimático com SAP
Os produtos do miniseqüenciamento foram submetidos a um novo tratamento
enzimático para a remoção do excesso dos ddNTPs fluorescentes. A reação foi realizada
adicionando-se 0,5U de SAP e 0,5X de Tampão de SAP ao produto do miniseqüenciamento.
Em seguida, essa mistura foi levada ao termociclador, onde foi submetida às seguintes
condições: 37ºC/60 minutos e 85ºC/15 minutos.
4.5.6. Desnaturação
Em 1 μl de produto purificado acrescentou-se 8,85 μl de formamida altamente
deionizada e 0,15 μl de Liz 120 Size Standard (Applied Biosystems). A mistura foi submetida
a 95ºC por 3 minutos e, imediatamente após, a uma temperatura de -20ºC por 3 minutos.
4.5.7. Eletroforese em seqüenciador automático
A eletroforese do material desnaturado foi realizada no seqüenciador automático de
DNA ABI 3130 xl Genetic Analyser (Applied Biosystems), em polímero ABI 3700 POP-6™.
As corridas foram analisadas com o programa GeneScan Analysis 3.7 e os eletroferogramas
foram analisados, para cada grupo de iniciadores, no programa Genotyper 3.7 (Applied
Biosystems, EUA).
4.6. Análises estatísticas
As freqüências alélicas e genotípicas de pacientes com PCM e indivíduos-controle
para os SNPs -318 e +49 foram comparadas e a significância dos desvios foi verificada
através do teste de Qui-Quadrado utilizando-se o programa “SPSS Data Editor”. Valores de
P<0,05 se encontrados, indicariam associação positiva da variante com a doença. Foi
33
realizado o cálculo de OR (“Odds Ratio”) e determinado o intervalo de confiança (IC 95%)
de OR através do programa Med Calc”. O OR reflete a força da associação de um
determinado fator com o desenvolvimento de algum evento ou doença.
A estimativa dos haplótipos, suas freqüências e o desequilíbrio de ligação entre os dois
SNPs -318 e +49 foram obtidas utilizando-se o algoritmo EM (maximização das expectativas)
implementado no programa “Haploview” (Barrett et al., 2005). Ainda com este programa
buscou-se a associação entre haplótipos, pacientes e controles, a qual também é verificada
através do teste de Qui-Quadrado.
Para avaliar a existência de estruturação populacional (ancestralidade) foi usado o
programa “Structure 2.1” (Pritchard et al., 2000). Este programa modela a estrutura
populacional, miscigenação populacional e miscigenação individual utilizando inferência
Bayesiana a partir dos dados de genótipos.
34
5. RESULTADOS
5.1. Análise do DNA genômico das amostras de pacientes e indivíduos controle
A qualidade das amostras de DNA extraídas de pacientes com PCM e controles foi
verificada em gel de agarose 1%. O perfil eletroforético demonstrou a integridade das
amostras de DNA como observado na Figura 5. As amostras foram quantificadas e tiveram
suas concentrações ajustadas para serem utilizadas nas reações de PCR com o par 1 de
oligonucleotídeos (oligo 1).
Figura 5. Gel representativo de DNAs de pacientes e controles. O gel possui amostras representativas
de DNA extraídos de pacientes com PCM (1 a 7) e controles (8 a 14) em gel de agarose 1% corado
com brometo de etídio (1 μl DNA + 9 μl H2O + 1,3 μl tampão de amostra por poço).
5.2. Análise do produto de PCR amplificado pelo oligo 1
O produto de PCR amplificado pelo oligo 1 foi verificado através de corrida em gel de
agarose 1% com marcador de massa molecular “100 bp Leader Invitrogen™”, para que o
tamanho dos amplicons obtidos pudessem ser avaliados. As bandas mostradas no gel
apresentam tamanho de aproximadamente 700 pares de base (bp), compatível com o tamanho
esperado (731 bp) para os amplicons (Figura 6). Após a reação de amplificação pela PCR,
estas amostras foram purificadas com o kit “GFX PCR DNA and Gel Band Purification Kit
(GE Healthcare)”. Após a purificação, tiveram suas concentrações estimadas em gel de
agarose 1% com marcador de massa molecular, sendo então submetidas ao seqüenciamento
automático.
35
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
Figura 6. Gel representativo dos produtos de PCR com oligo 1. O gel mostra bandas representativas
da reação de PCR com oligo 1 mostrando tamanho compatível com 731 bp (1 μl de produto
amplificado + 9 μl H2O + 1,3 μl tampão de amostra por poço) em gel de agarose 1%. À esquerda,
marcador de massa molecular com a seta preta indicando a banda referente a 700 bp.
5.3. Seqüenciamento das amostras amplificadas com o oligo 1
As amostras amplificadas com o oligo 1 foram seqüenciadas no equipamento
MegaBACE 1000 (GE Healthcare) para que a determinação dos genótipos de cada amostra
pertencente aos grupos de pacientes e controles pudesse ser realizada. A determinação das
bases presentes nas localizações referentes aos SNPs -318C/T do sítio promotor e +49 A/G
do éxon 1 do CTLA-4 foi realizada através da análise individual dos eletroferogramas gerados
pelo seqüenciador. Pode-se verificar que a posição referente ao SNP -318C/T apresentava
uma base C (citosina) representada por um pico de cor azul ou uma base T (timina)
representada por um pico de cor vermelha. A posição referente ao SNP +49 A/G apresentava
uma base A (adenina) representada por um pico de cor verde ou uma base G (guanina)
representada por um pico de cor preta. A sobreposição de picos com cores diferentes
(referentes a bases diferentes) numa mesma localização caracteriza um genótipo
heterozigótico para o SNP em questão, enquanto que a presença de um único pico, de uma
única cor, caracteriza um genótipo homozigótico. A Figura 7 exemplifica um dos genótipos
caracterizados nas amostras estudadas, onde a posição -318 apresenta um único pico referente
à base citosina, caracterizando o genótipo CC enquanto que a posição +49 mostra a presença
de dois picos de cores distintas, representando as bases guanina e adenina respectivamente,
caracterizando o genótipo heterozigoto AG para esta amostra.
36
700 bp
Figura 7. Representação dos eletroferogramas gerados pelo seqüenciador automático MegaBACE
1000 (GE Healthcare). Em A o retângulo amarelo evidencia a posição correspondente ao SNP -318C/
T e em B a posição correspondente ao SNP +49A/G para uma das amostras seqüenciadas. Observar
que em A o pico de cor azul correspondente à citosina não possui sobreposição, e em B o pico de cor
preta correspondente à guanina está sobreposto por um pico de cor verde correspondente à adenina,
caracterizando o genótipo -318CC; +49AG para esta amostra.
37
A B
5.4. Análise do SNP -318C/T
A distribuição dos genótipos CC, CT e TT em pacientes com PCM (n=74) e controles
(n=76) relacionada à posição -318 está representada na Tabela V, assim como suas
respectivas freqüências obtidas e esperadas. A quantidade dos três genótipos mencionados em
cada grupo de indivíduos foi determinada através da análise individual dos eletroferogramas.
O genótipo CC é o mais freqüente para os dois grupos de amostras (88% em pacientes e 95%
em indivíduos-controle) na posição -318 do gene CTLA-4, seguido do genótipo CT e
ausência do genótipo TT. Observa-se que as freqüências genotípicas não diferiram
significativamente entre pacientes e controles, o que foi avaliado pelos testes de Qui-quadrado
(valores significativos são considerados quando P< 0,05) e Odds Ratio [segundo Rumel,
(1986) o limite inferior do intervalo de confiança atribuído ao Odds Ratio” deve ser maior
do que “1,0” para que se possa afirmar que em dado intervalo exista associação]. Pode-se
observar também que as distribuições genotípicas encontram-se em equilíbrio de Hardy-
Weinberg (HWE), pois as freqüências obtidas para pacientes e controles não diferem
significativamente das freqüências esperadas, como verificado em “DeFinetti for Online
HWE Analysis for SNP Data” (http://ihg2.helmholtz-muenchen.de/cgi-bin/hw/hwa2.pl).
A partir da determinação dos genótipos foi possível verificar a distribuição dos alelos
C e T e suas respectivas freqüências nos dois grupos. Para isto, foi considerada a presença dos
2 alelos em cada individuo; sendo assim os valores de 2n considerados foram 148 e 152 para
pacientes e controles, respectivamente. Os resultados obtidos mostraram a maior freqüência
do alelo C (94% em pacientes e 97% em controles), enquanto que o alelo T apresentou uma
freqüência menor que 10% em ambos os grupos. De acordo com a análise estatística
realizada, também não foram observadas diferenças significativas entre as freqüências alélicas
para os dois grupos estudados. A representação gráfica da distribuição dos genótipos e alelos
para o SNP -318 do sítio promotor do CTLA-4 descrita na Tabela V para os grupos de
pacientes e controles pode ser observada na Figura 8.
38
Tabela V. Distribuição dos genótipos e alelos com suas respectivas freqüências para a posição -318
do sítio promotor do CTLA-4 em pacientes com PCM e controles. N= mero de indivíduos; fo=
freqüência obtida; fe=freqüência esperada; P= P value; OR= Odds ratio; IC= Intervalo de Confiança.
Pacientes n = 74 Controles n = 76
________________ _______________
Posição -318 N fo(%) fe(%) N fo(%) fe(%) P OR IC (95%)
Genótipos
CC 65 88 (88,3) 72 95 (95,0) 0,13 0,40 [0,12 – 1,37]
CT 9 12 (11,3) 4 5 (4,9) 0,13 2,49 [0,73 – 8,48]
TT 0 0 (0,4) 0 0 (0,1) - - -
HWE (P) 0,58 0,81
Pacientes (2n = 148) Controles (2n = 152)
_________________ _________________
N fo(%) N fo(%) P OR IC (95%)
Alelos
C 139 94 148 97 0,142 0,42 [0,13 – 1,39]
T 9 6 4 3 0,142 2,40 [0,72 – 7,96]
Figura 8. Representação gráfica da distribuição dos genótipos (CC, CT, TT) e alelos (C e T) para a
posição -318 do sítio promotor do CTLA-4 nos os grupos de pacientes e controles.
5.5. Análise do SNP +49A/G
39
A distribuição dos genótipos AA, AG e GG de pacientes com PCM (n=74) e controles
(n=76) para a posição do SNP +49 está representada na Tabela VI, assim como suas
respectivas freqüências obtidas e esperadas. A quantidade dos genótipos mencionados e suas
respectivas freqüências para cada grupo foram determinadas da mesma forma que para o SNP
-318C/T. Os genótipos AA (pacientes = 39%; controles = 47%) e AG (pacientes = 49%;
controles = 45%) são mais freqüentes que o genótipo TT (pacientes = 12%; controles = 8%)
em ambos os grupos para esta posição gene CTLA-4. Observa-se que as freqüências
genotípicas não diferiram significativamente entre pacientes e controles, o que foi avaliado
pelos testes de Qui-quadrado e Odds Ratio”. Pode-se observar também que as distribuições
genotípicas encontram-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg (HWE), pois as freqüências
obtidas para pacientes e controles não diferem significativamente das freqüências esperadas,
como verificado em “DeFinetti for Online HWE Analysis for SNP
Data” (http://ihg2.helmholtz-muenchen.de/cgi-bin/hw/hwa2.pl).
A partir da determinação dos genótipos foi possível verificar a distribuição dos alelos
A e G e suas respectivas freqüências nos grupos de pacientes e controles. Para isto, também
foi considerada a presença dos 2 alelos em cada individuo. Os resultados obtidos mostraram a
maior freqüência do alelo A nos dois grupos (64% em pacientes e 70% em controles),
enquanto que o alelo G apresentou uma freqüência menor (36% em pacientes e 30% em
controles). De acordo com a análise estatística realizada, também não foram observadas
diferenças significativas entre as freqüências alélicas para os dois grupos estudados. A
representação gráfica da distribuição dos genótipos e alelos para o SNP +49 do éxon 1 do
CTLA-4 descrita na Tabela VI para os grupos de pacientes e controles pode ser observada na
Figura 9.
40
Tabela VI. Distribuição dos genótipos e alelos com suas respectivas freqüências para a posição -318
do sítio promotor do CTLA-4 em pacientes com PCM e controles. N= mero de indivíduos; fo=
freqüência obtida; fe=freqüência esperada; P= P value; OR= Odds ratio; IC= Intervalo de Confiança.
Pacientes n = 74 Controles n = 76
________________ _______________
Posição +49 N fo(%) fe(%) N f(%) fe(%) P OR IC (95%)
Genótipos
AA 29 39 (40,2) 36 47 (45,6) 0,31 0,72 [0,37 – 1,37]
AG 36 49 (46,7) 34 45 (45,1) 0,47 1,27 [0,66 – 2,43]
GG 9 12 (13,1) 6 8 (9,3) 0,38 1,62 [0,54 – 4,79]
HWE (P) 0,67 0,60
Pacientes (2n = 148) Controles (2n = 152)
_________________ _________________
N fo(%) N fo(%) P OR IC (95%)
Alelos
A 94 64 106 70 0,25 0,75 [0,47 – 1,22]
G 54 36 46 30 0,25 1,32 [0,82 – 2,14]
Figura 9. Representação gráfica da distribuição dos genótipos (AA, AG, GG) e alelos (A e G) para a
posição +49 do éxon 1 do CTLA-4 nos grupos de pacientes e controles.
5.6. Associação haplotípica dos SNPs -318C/T e +49A/G
41
Esta análise foi realizada utilizando-se o programa “Haploview” (Barret et al., 2005),
com o qual foi possível estimar os haplótipos das amostras de pacientes e controles e suas
respectivas freqüências haplotípicas. Este software permite também visualizar padrões de
desequilíbrio de ligação (LD) entre os dois SNPs. O resultado revelou a ocorrência de três
tipos de haplótipos em ambos os grupos de amostras: CA, CG e TA. O haplótipo TG (também
esperado) não foi observado, provavelmente pela baixa freqüência do alelo T observada em
ambos os grupos. A composição dos haplótipos é dada da seguinte forma: CA é formado a
partir da herança do alelo C do SNP -318 com o alelo A do SNP +49; CG é formado a partir
da herança do alelo C do SNP -318 com o alelo G do SNP +49; TA é formado a partir da
herança do alelo T do SNP -318 com o alelo A do SNP +49.
As freqüências haplotípicas observadas foram diferentes das freqüências esperadas
(0,25 para cada um dos quatro haplótipos esperados: CA, CG, TA, TG) - Tabela VII.
Observou-se que o haplótipo CA ocorre com maior freqüência nos dois grupos (57,4% em
pacientes e 67,1% em controles), seguido pelo haplótipo CG (36,5% em pacientes e 30,3%
em controles). O haplótipo TA mostrou freqüência abaixo de 10% em ambos os grupos de
análise.
Após a estimativa dos haplótipos, o software forneceu o desvio entre as freqüências
observadas e esperadas, o qual é representado por D’. Valores positivos de D’, diferentes de
zero, indicam LD. Os dados desta análise mostram que existe um desequilíbrio de ligação
entre os os SNPs -318 e +49, com valor de D’=1 (Tabela VII). A análise estatística pelo teste
de Qui-Quadrado verificou que não existem diferenças significativas entre os grupos de
pacientes PCM e controles com relação às freqüências haplotípicas.
A representação gráfica dos haplótipos CA, CG, TA e suas respectivas freqüências
descritas na Tabela VII para pacientes e controles está mostrada na Figura 10.
Tabela VII. Caracterização dos haplótipos e suas respectivas freqüências (f) nos grupos de pacientes
PCM e controles, fornecidas pelo programa “Haploview”. P = p value.
42
Pacientes (n = 74) Controles (n = 76)
Haplótipos f (%) f (%) P
CA 57,4 67,1 0,08
CG 36,5 30,3 0,25
TA 6,1 2,6 0,14
Desvio entre as freqüências observadas e esperadas (D’) = 1.
Figura 10. Representação gráfica das freqüências haplotípicas observadas nos grupos de pacientes
e controles através da análise obtida pelo programa “Haploview”. O haplótipo CA ocorre em maior
freqüência nos grupos descritos, seguido pelos haplótipos CG e TA respectivamente.
5.7. Análise da estrutura populacional
5.7.1 Reação de PCR e genotipagem
43
A análise da estrutura populacional foi realizada para verificar o grau de
homogeneidade genética entre os dois grupos. A existência de uma não-homogeneidade entre
os grupos comparados poderia acarretar a ocorrência de resultados espúrios no estudo de
associação de polimorfismos no gene CTLA-4 com a PCM.
O sistema multiplex foi utilizado para a realização de uma tipagem rápida e eficiente
dos marcadores informativos de ancestralidade (AIMs). Foram utilizados 16 AIMs, o que
deveria gerar na reação de amplificação 16 bandas referentes aos amplicons destes
marcadores, de tamanhos que variariam entre 100-300 pb. A análise dos fragmentos
amplificados revelou a presença de bandas na região com os tamanhos esperados, que
variaram entre 100 e 300 bp, como mostrado na Figura 11. O aparecimento de todas as
bandas correspondentes a todos os marcadores utilizados não foi verificado, pois vários
produzem amplicons de tamanhos semelhantes.
Figura 11. Gel de agarose 2% representativo das amostras controle 1 a 5 amplificadas com 16
maracadores de ancestralidade (AIMs) em sistema multiplex (3 μl de amplicon + 7 μl de H2O + 1,3 μl
de tampão de amostra).
O material amplificado foi purificado para eliminação de excesso de dNTP e
submetido à reação de minisequenciamento por SNaPshot™. Um eletroferograma
representativo da genotipagem dos amplicons marcados, do total de 113 realizados (70 DNAs
do grupo controle e 43 de pacientes), utilizando 16 marcadores informativos de ancestralidade
44
(AIMs), amplificados pelo método de miniseqüenciamento em sistema múltiplo, está
mostrado na Figura 12.
Figura 12. Eletroferograma representativo da amplificação dos alelos dos AIMs por SNaPshot™ para
uma das amostras controle utilizadas no estudo. Os picos referentes às diferentes bases estão
representados pelas cores: azul (G), verde (A), preto (C), vermelho (T). rfu = unidade relativa de
fluorescência.
5.7.2. Caracterização da ancestralidade
Os dados obtidos a partir da genotipagem das amostras analisadas de pacientes com
PCM (43) e controles (70) foram analisados junto aos dados dos genótipos de três populações
parentais alocadas no HapMap: Africanos Sub-saarianos, Ameríndios e Euro-Americanos,
caracterizando a proporção de indivíduos na amostragem em cada população pré-definida no
programa “Structure 2.1” para os clusters europeu, ameríndio e africano (Tabela VIII). Os
resultados mostram que ambos os grupos, pacientes com PCM e controles, possuem maior
ancestralidade européia (superior a 70%), seguida das ancestralidades ameríndia e africana.
As proporções de ancestralidade européia, ameríndia e africana encontradas mostram
diferenças não-significativas entre pacientes e controles (P = 0,221), refletindo a
homogeneidade genética entre os dois grupos.
Tabela VIII. Caracterização da média da proporção dos membros de cada população
analisada para os clusters europeu (1), ameríndio (2) e africano (3).
População Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Nº indivíduos
___________________________________________________________________________
*Africanos 0,017 0,026 0,957 120
45
Sub-saarianos
*Ameríndios 0,023 0,950 0,027 69
*Euro-Americanos 0,961 0,028 0,011 78
___________________________________________________________________________
*Pacientes PCM 0,717 0,148 0,135 43
*Controles 0,767 0,104 0,129 70
___________________________________________________________________________
P = 0,221
A representação gráfica das amostras de pacientes e controles de acordo com a
ancestralidade atribuída a cada grupo (mostrado na tabela VIII) é observada na Figura 13.
Figura 13. Gráfico tipo triângulo com os três vértices representando em cada um deles o valor de
100% de cada ancestralidade atribuída aos indivíduos dos dois grupos estudados (pacientes PCM e
controle). Observa-se um maior predomínio de ancestralidade européia em ambos os grupos, com
semelhança em relação às suas distribuições entre as ancestralidades ameríndia e africana.
Os três vértices do triângulo indicam a caracterização máxima em cada
ancestralidade, que vai diminuindo à medida que os pontos representativos das populações se
afastam dos vértices. As linhas internas do triângulo facilitam a caracterização aproximada da
ancestralidade para cada amostra. È possível observar que a maioria dos pacientes e controles
encontra-se em uma área do triângulo (A) onde a ancestralidade européia para estas amostras
46
AB
varia entre 75% e 100% e a ancestralidade ameríndia varia entre 0% e 25%. Outro grupo de
amostras encontra-se distribuídos em uma área (B) onde a ancestralidade européia varia entre
50% e 75%, a ancestralidade ameríndia varia entre 25% e 50% e a ancestralidade africana
varia entre 25% e 50%.
Também foi realizado no programa “Structure 2.1” o cálculo do valor de Fst, o qual
mede a diferença entre uma população e outra baseado em dados de freqüência alélica.
Valores de Fst próximos a zero apontam para homogeneidade genética entre os grupos em
questão. A média e o desvio-padrão dos grupos de pacientes com PCM e controles são
apresentados na Tabela IX.
Tabela IX. Médias e respectivos desvios-padrão (SD) apresentados para os grupos de pacientes com
PCM e controles com relação aos clusters Europeu (EU), Ameríndio (AM) e Africano (AF).
Clusters Clusters
___________________________________________________________________________
Controles EU AM AF Pacientes EU AM AF
___________________________________________________________________________
Média 0,767 0,104 0,129 Média 0,717 0,148 0,135
SD 0,237 0,164 0,137 SD 0,250 0,191 0,155
Máx 0,991 0,727 0,550 Máx 0,986 0,839 0,579
Mín 0,015 0,005 0,003 Mín 0,059 0,008 0,007
___________________________________________________________________________
Fst = 0,002 P = 0,221
O resultado encontrado de Fst (0,002) confirma a observação de que os grupos
analisados neste trabalho não apresentam níveis de heterogeneidade significativos,
caracterizando a homogeneidade genética das amostras envolvidas neste estudo de associação.
Esta caracterização evita a obtenção de resultados espúrios, que poderiam estar associados à
ancestralidade das amostras caso as mesmas fossem geneticamente heterogêneas e não ao
fenótipo estudado.
6. DISCUSSÃO
O CTLA-4 é expresso principalmente em células T ativadas e tem papel fundamental
na resposta imune, exercendo efeito regulador na ativação de célula T através da sua ligação
com as moléculas da família B7 expressas em células apresentadoras de antígenos. Estudos
47
experimentais mostram que camundongos nocauteados para o gene CTLA-4 desenvolvem
desordens linfoproliferativas, o que confirma a importância do seu papel na manutenção da
homeostase imunológica (Tivol et al., 1995). A influência dos polimorfismos localizados na
região promotora (SNP -318C/T) e no éxon 1 (SNP +49A/G) do CTLA-4 nas respostas
imunes e susceptibilidade à doenças tem sido demonstrada em estudos de associação genética
(Nistico et al., 1996; Wang et al., 2002; Polychronakos, 2003; Zalloua et al., 2004; Kavvoura
& Ioannidis, 2005; Badenhoop & Seidl, 2003; Furugaki et al., 2004; Yanagawa et al., 2007).
Estudos recentes mostram a relação entre o polimorfismo na posição +49 do éxon 1 e
a regulação negativa exercida sobre a ativação da célula T. Este polimorfismo afeta a função
inibitória do CTLA-4, sendo que o alelo +49G está associado a uma menor expressão de
CTLA-4, com conseqüente resposta proliferativa aumentada de célula T (Kouki et al., 2000).
Algumas doenças autoimunes foram associadas a este polimorfismo, como a artrite
reumatóide (Han et al., 2005), diabetes (Nistico et al., 1996) e o hipotireoidismo autoimune
(Zalatel et al., 2006). Com relação ao SNP -318C/T, experimentos realizados em células T
por Wang et al. (2002) mostraram que o mesmo estava associado a uma alta atividade
promotora do gene CTLA-4, provocando uma maior expressão da proteína e regulando de
forma acentuada a resposta de célula T, o que seria relevante na regulação das respostas
autoimunes. Além da correlação do CTLA-4 com doenças autoimunes, alguns grupos
estudaram o papel dessa molécula em doenças infecciosas. Martins et al. (2004) verificaram
que o CTLA-4 é uma molécula importante no controle da resposta contra parasitos. A indução
da sua expressão por agentes infecciosos (principalmente na fase aguda da doença, levando a
uma forte imunossupressão) poderia ser parte de um mecanismo desenvolvido pelo parasito
visando sua evasão da ação do sistema imune.
Na PCM verifica-se uma ampla variação da resposta imunológica, dependente
principalmente do nível de supressão da imunidade celular. Lacaz et al. (1992) realizaram
estudos correlacionando o quadro histológico da forma clínica crônica da doença com a
resposta imune humoral e celular, definindo duas formas polares: o pólo positivo ou
hiperérgico e o negativo ou anérgico. Entre essas duas formas polares existe um amplo
espectro de manifestações com reatividade imunológica variável. Os indivíduos do pólo
hiperérgico, com imunidade celular preservada e anticorpos específicos geralmente não
demonstrados, apresentam lesões localizadas, poucos parasitos nas lesões e estado geral
preservado. Por outro lado os indivíduos do pólo anérgico, com imunidade celular deprimida
e altos níveis de anticorpos circulantes, apresentam lesões disseminadas ou sistêmicas, grande
quantidade de fungos nas lesões e estado geral comprometido, o que reflete na severidade
48
com que a doença se desenvolve. Esta polarização das formas clínicas também é observada
nos modelos experimentais e Calich et al. (1987) demonstraram que, no modelo murino, a
resistência e susceptiblidade estão associadas a um gene autossômico dominante. Campanelli
et al. (2003) e Cavassani et al. (2006) demonstraram que a hiporesponsividade imune celular
presente na PCM, além de estar relacionada a alguns fatores como a secreção alterada de
citocinas (TGF-β, IL-10, IFN-γ) e moléculas indutoras da apoptose de células T (Fas e Fas-L),
também possui relação com o CTLA-4. Pacientes portadores de PCM apresentam maior
expressão dessa proteína do que indivíduos controles. Além disso, a presença de células T
expressando quantidades aumentadas de CTLA-4 no sangue e nas lesões de pacientes com a
forma crônica de PCM sugere uma regulação da resposta imune sistêmica e local nessa
doença. O bloqueio de CTLA-4 e de Fas-L por anticorpos específicos resulta em um aumento
na produção de IFN-γ e significativa proliferação de células T (Campanelli et al., 2003).
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de verificar a associação entre os SNPs
-318C/T e +49A/G do gene CTLA-4 e pacientes com PCM. Um total de 150 amostras de
DNA foram utilizadas, sendo que destas, 76 eram amostras de indivíduos controles, e 74 eram
amostras de pacientes com PCM, a maioria portadores da forma crônica, provenientes de três
diferentes estados do País: Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Foram empregadas técnicas
moleculares como a PCR e o seqüenciamento automático dos seus produtos, visando
evidenciar os polimorfismos citados em cada amostra e determinar os genótipos das amostras
analisadas. A comparação destes genótipos entre os grupos de pacientes e controles não
revelou diferenças estatisticamente significativas para os dois SNPs analisados. Além da
análise genotípica, realizou-se a análise comparativa entre os dois grupos da freqüência dos
alelos C, T, A e G para cada um dos SNPs citados. Novamente não foram observadas
diferenças significativas entre as amostras de pacientes com PCM e controles. Esses
resultados mostram que não existe relação entre qualquer dos alelos ou genótipos avaliados
com a PCM. Os SNPs -318 e +49 apresentaram forte desequilíbrio de ligação (D’=1). O
desequilíbrio de ligação representa a situação onde uma determinada combinação de alelos,
chamada de haplótipo, encontra-se numa freqüência estatisticamente diferente daquela
esperada caso os alelos estivessem associados aleatoriamente e em equilíbrio (Lewontin,
1988). Tal fato nos levou a analisar a associação entre os haplótipos obtidos (CA, CG, TA)
para os dois grupos de amostras estudados e a PCM. A comparação entre as freqüências
haplotípicas para os grupos de pacientes e controles foi realizada, e também mostrou que não
existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, evidenciando que não
existe relação entre qualquer dos haplótipos observados e a PCM.
49
Ainda existem poucos relatos na literatura correlacionando os polimorfismos
existentes no gene CTLA-4 com doenças neoplásicas e infecciosas. Ghaderi et al. (2004)
estudaram a correlação do SNP +49A/G com câncer de mama em 197 mulheres iranianas
diagnosticadas com o câncer e 151 controles. Foi verificado que o genótipo +49 AA,
considerado protetor para as doenças autoimunes, estava relacionado à progressão do câncer
de mama, considerando-se que indivíduos que possuem o genótipo AA expressam mais
CTLA-4, o que irá regular negativamente a resposta imune contra as células tumorais.
Estudos realizados por Thio et al. (2004) sugeriram que o alelo +49G estava associado com a
recuperação da infecção pelo vírus da hepatite B, de forma isolada ou associada com o alelo C
no SNP-1722, alterando a regulação negativa normalmente exercida pelo CTLA-4 na resposta
imune. Os grupos estudados neste trabalho foram compostos de 189 indivíduos portadores de
hepatite B crônica e 338 indivíduos que apresentaram recuperação da infecção pelo vírus
causador da hepatite B. A presença do alelo +49G foi detectada com maior freqüência no
grupo de indivíduos que apresentaram recuperação da infecção, mostrando que este alelo
estava relacionado com o vigor da resposta imune apresentada nesses pacientes. Estes dados
corroboram com o que foi descrito por Kouki et al. (2000), onde o alelo +49G está associado
a uma diminuição da expressão do CTLA-4, resultando em uma resposta imune com maior
intensidade. Recentemente, Su et al. (2007) estudaram a correlação do polimorfismo do
CTLA-4 com o câncer em 144 mulheres tailandesas com carcinoma cervical escamoso e 378
mulheres tailandesas saudáveis. Foi verificada uma maior freqüência do alelo -318T em
mulheres portadoras do papiloma vírus humano do que em mulheres saudáveis, sugerindo o
envolvimento deste SNP com a persistência do vírus, que é o principal agente causal do
câncer de colo uterino. Esses resultados corroboram o que foi descrito por Wang et al. (2002),
que mostraram a associação do alelo -318T com uma maior expressão da proteína, regulando
negativamente a resposta imune. Adicionalmente, alguns trabalhos sugerem que exista uma
forte ligação entre os SNPs -318 e o +49 do éxon 1 (Kristiansen et al., 2000; Liegers et al.,
2001), sugerindo que os haplótipos decorrentes desses SNPs possam estar associados a
algumas doenças onde não se encontra associação para tais SNPs isoladamente.
Estudos correlacionando o polimorfismo de genes de citocinas relevantes para a
eficiência da resposta imunológica foram realizados por Bozzi et al. (2006), que avaliaram a
freqüência dos polimorfismos em duas citocinas presentes no soro de pacientes com PCM
(n=54) e controles (n=31), a IL-10 (-1082 G/A) e o TNF-α (-308 G/A). Estes estudos
indicaram que a freqüência aumentada do genótipo GG para o SNP -1082 do gene da IL-10
(que auxilia no controle das respostas imunes inatas e adaptativas) em pacientes com PCM,
50
quando comparados com indivíduos controles, poderia ser considerada como um fator de
risco para a susceptibilidade aumentada à PCM. Porém, essa correlação não foi observada
para o TNF-α, bem como não se observou a correlação entre o polimorfismo e a produção
dessas citocinas.
Apesar de existirem alguns estudos correlacionando a proteína CTLA-4 com a PCM
(Campanelli et al., 2003; Bozzi et al., 2004; Cavassani et al., 2006), o presente trabalho é
pioneiro no que se refere à análise de associação entre polimorfismos do gene CTLA-4 com a
PCM. O poder em estudos de associação é determinado pela inter-relação entre tamanho
amostral, efeito do alelo no fenótipo em estudo, freqüência do alelo na população e em casos
onde o alelo estudado não é o alelo causal, a verificação do seu desequilíbrio de ligação com o
verdadeiro alelo causal (Zondervan & Cardon, 2004). Os estudos de associação envolvendo
polimorfismos do CTLA-4 em doenças autoimunes ou infecciosas possuem um número
amostral médio de 231 indivíduos apresentando o fenótipo em estudo, variando de 133 até
483 indivíduos (Nistico et al., 1996; Zalloua et al., 2004; Thio et al., 2004; Balbi et al., 2007;
Yanagawa et al., 2007; Sue et al., 2007). Em estudos com número amostral pequeno, a
possibilidade de se encontrar associação, uma vez que ela exista, está basicamente relacionada
ao alto efeito dos alelos, o que raramente ocorre em fenótipos não-mendelianos. Em nosso
estudo não verificamos a existência de associação entre os SNPs -318 e +49 do CTLA-4 e a
PCM com o número amostral utilizado (n=74 pacientes). Se o efeito dos alelos estudados
fosse alto, a associação entre os polimorfismos e a PCM poderia ter sido detectada mesmo
com este número amostral. É possível dizer que caso o número amostral deste trabalho fosse
aumentado em cerca de três vezes, o que aproximaria do número médio de amostras utilizadas
em outros trabalhos (n=231), se alguma associação fosse encontrada a mesma seria
provavelmente fraca. Deve-se considerar a dificuldade de obtenção de amostras de indivíduos
que apresentam a PCM, uma vez que não é uma doença de notificação compulsória.
Outro ponto importante a ser considerado neste trabalho é o estudo da estrutura
genética (ancestralidade) dos grupos de pacientes e controles, pois diferenças em freqüências
alélicas têm sido observadas em grupos étnicos distintos (Guzman et al., 2005). Quando
pacientes e controles têm diferentes freqüências alélicas atribuídas ao background genético,
significando que o estudo apresenta uma estratificação populacional, isto se torna uma das
razões mais comumente citadas para obtenção de resultados de associações genéticas espúrias
(Tsuchiya et al., 2002). Desta forma, nos estudos de associação, e principalmente naqueles
onde a população brasileira (que é altamente miscigenada) constitui as amostras envolvidas
no estudo, deve-se considerar a análise de ancestralidade para eliminar-se a possibilidade da
51
associação não ser uma conseqüência do background genético da amostragem, mas sim de
fato do polimorfismo do gene-candidato escolhido para análise (Parra et al., 2003). Através da
utilização de dados alocados no Consórcio Internacional de Mapas de Haplótipos (HapMap)
sobre as populações parentais de Europeus, Ameríndios e Africanos-Subsaarianos e de
Marcadores Informativos de Ancestralidade (AIMs), foi possível determinar a ancestralidade
das amostras de pacientes com PCM e controles com auxílio da técnica de
miniseqüenciamento. A grande vantagem desta técnica é a possibilidade de ser trabalhada em
um sistema múltiplo, onde diferentes sítios de mutações podem ser investigados
simultaneamente (Syvanen et al., 1999). Verificou-se que predomínio de ancestralidade
européia em ambos os grupos de pacientes e controles (valores superiores a 70%) sobre as
ancestralidades ameríndia e africana. Através desses resultados foi possível determinar que a
população utilizada no estudo é geneticamente homogênea, e que o resultado negativo da
associação detectado para o gene CTLA-4 e a PCM não está então possivelmente relacionado
a ancestralidade da amostragem.
Os valores das freqüências genotípicas e alélicas encontradas neste trabalho são
similares aos verificados por Guzman et al., (2005). Estes autores determinaram a freqüência
de polimorfismos dos genes CD28, ICOS e CTLA-4 (SNPs -318 e +49) em três diferentes
grupos étnicos da população brasileira (brancos, mulatos e negros), utilizando 279 indivíduos
brasileiros saudáveis, provenientes da região sudoeste do país. Os resultados das freqüências
genotípicas e alélicas apresentados para o grupo étnico dos brancos (com ancestralidade
predominantemente européia) é compatível com aqueles aqui encontrados para os grupos de
pacientes e controles (que também possuem ancestralidade predominantemente européia),
reforçando os resultados deste trabalho.
Diferentemente do que foi observado em estudos de associação envolvendo
polimorfismos no gene CTLA-4 e doenças como a artrite reumatóide, diabetes, tireoidismo
autoimune, hepatite B crônica e o carcinoma de colo uterino, não foram observadas diferenças
significativas entre os grupos de pacientes com PCM e controles para os SNPs -318 e +49.
Tal fato é provavelmente decorrente de: 1) diferenças não-significativas das freqüências
genotípicas e alélicas entre os grupos de pacientes e controles; 2) diferenças não-significativas
entre as freqüências haplotípicas encontradas para os dois grupos; 3) nível do efeito dos alelos
estudados na PCM. Outros SNPs do gene CTLA-4 poderiam também ser investigados quanto
a sua associação com a PCM. O marcador microsatélite (AT)n, localizado na região 3’-UTR,
tem sido relacionado em vários trabalhos de associação entre o CTLA-4 e doenças
autoimunes, o que gera a curiosidade sobre sua possível influência em doenças infecciosas.
52
Além disso, não se pode descartar a possibilidade de que o aumento da expressão do CTLA-4
em pacientes com PCM não seja devido ao polimorfismo no seu gene, mas sim decorrente de
outros pontos que controlem a sua expressão como possíveis alterações em fatores de
transcrição decorrentes do contato com o fungo P. brasiliensis. O aumento da expressão de
CTLA-4 também poderia ocorrer como um mecanismo compensatório caso outras vias
envolvidas na regulação da resposta imune celular estivessem prejudicadas.
Em resumo, este trabalho demonstra que, considerando a amostragem analisada, não
foi detectada nenhuma correlação/associação entre o polimorfismo dos SNPs -318 e +49 do
gene CTLA-4 e a resistência e/ou susceptibilidade à paracoccidioidomicose. Em decorrência
da complexidade do processo inflamatório desenvolvido no curso da PCM, não se pode
excluir a possibilidade de associação entre polimorfismos em outros genes relacionados com a
resposta imune e a PCM. As citocinas produzidas no curso desta infecção determinam
diretamente as populações celulares que migram para o foco inflamatório assim como o grau
de ativação destas células recém-migradas. Em adição, a expressão do gene CTLA-4 está
relacionada a um mecanismo regulatório que ocorre na fase mais tardia da resposta imune
sendo que esta expressão também é influenciada pelas citocinas produzidas no foco
inflamatório. Considerando a importância dos diferentes mediadores produzidos no curso da
PCM é importante investigar o polimorfismo em outros genes que estão envolvidos com a
transdução de sinal nas células que interagem com o fungo, bem como outras
citocinas/proteínas importantes na ativação/regulação da resposta do hospedeiro.
7. CONCLUSÃO
Considerando que:
a comparação das freqüências genotípicas e alélicas, entre os grupos pacientes e
controles, não mostrou diferenças significativas que pudessem associar o
polimorfismo dos SNPs -318 e +49 do gene CTLA-4 com a PCM;
53
apesar de ter sido detectado um desequilíbrio de ligação entre os SNPs -318 e +49 do
gene CTLA-4, a comparação dos haplótipos não mostrou diferenças significativas
entre os grupos;
o estudo de ancestralidade das amostras envolvidas no estudo mostrou
homogeneidade genética entre os grupos, o que reforçou a não existência de
associação dos polimorfismos estudados do gene CTLA-4 e a PCM;
Pode-se concluir que os dados deste trabalho indicam que os SNPs -318 e +49 do gene
CTL-4 não estão associados à resistência e ou susceptibilidade à PCM.
8. PERSPECTIVAS
Considerando os resultados obtidos até o momento, pode-se colocar como
perspectivas analisar a possível associação do marcador microsatélite (AT)
n
da região 3´-UTR
do gene CTLA-4 com a PCM bem como a possibilidade de analisar o polimorfismo de outros
genes envolvidos na resposta imune (por exemplo, o CD28).
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