42
Os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e
que apresentam características sócio-comunicativas definidas por
conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição
característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os
gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gênero textuais seriam:
telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete,
reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio,
notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista
de compras, cardápio de restaurante, instrução de uso, outdoor,
inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação
espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por
computador, aulas virtuais e assim por diante.
É importante ressaltar que nos diversos gêneros realizam-se diferentes
modos de organização do discurso, ou seja, mais de uma sequência, e é bastante
comum que, no mesmo gênero textual, se realizem dois ou mais modos, havendo
quase sempre a predominância de um sobre os outros.
A proposta de Bronckart (2007) a respeito dos gêneros do discurso se
aproxima, em alguma medida, da de Bakhtin (1995). Apesar dessa aproximação,
observa-se um posicionamento mais discursivo de Bakhtin (1995) nos estudos de
gêneros, enquanto que em Bronckart (2007) a noção de discurso, tendo em conta
aspectos ideológicos, não é contemplada na proposta descritiva do autor. Apesar
disso, Bronckart (2007) defende ser no âmbito sócio-histórico que os textos, através
das formações sociais, são produtos das atividades de linguagem. Da mesma forma
de Marcuschi (2002), Bronckart (2007) entende que os gêneros não podem ser
objetos de uma classificação completamente estável.
Schneuwly e Dolz (2004), nessa mesma perspectiva, porém com uma
preocupação mais voltada para as práticas de sala de aula, esclarecem que uma
sequência didática (que nada têm a ver com as sequências textuais de que tratamos
acima, embora as envolvam) se constitui num conjunto dinâmico de atividades
escolares em torno de um gênero. O fundamental dessa proposta é que as
sequências didáticas ajudam o aluno a dominar um gênero de texto.
Schneuwly e Dolz (2004, p.77) afirmam que os alunos desenvolvem
competências relativas às sequências com a prática de gêneros em sala de aula.