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Maria Estela de Oliveira
Docência Online no Ensino Superior:
o desafio da formação de professores
Orientador: Prof. Dr. Marco Silva.
Rio de Janeiro
2008
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Maria Estela de Oliveira
Docência Online no Ensino Superior:
o desafio da formação de professores
Dissertação apresentada à Universidade
Estácio de Sá como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Educação.
Aprovada em 15 de dezembro de 2008
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dr. Marco Silva
Presidente
Universidade Estácio de Sá (UNESA)
Profª. Drª. Lina Nunes
Universidade Estácio de Sá (UNESA)
Profª. Drª. Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
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Muitos acordarão um dia com a
transformação já feita.
Sem que tenham atentado para o
processo construtivo.
Olharão tudo com ar de espanto.
(Lauro de Oliveira Lima)
(...) é preciso que a educação esteja em
seu conteúdo, em seus programas e em
seus métodos, adaptada ao fim que se
persegue: permitir ao homem chegar a
ser sujeito, construir-se como pessoa,
transformar o mundo e estabelecer com
os outros homens relações de
reciprocidade, fazer a cultura e a história.
(Paulo Freire)
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação à minha família pelo amor, carinho, presença de espírito,
coragem, por saber que me incentivam e se orgulham pela minha dedicação, a
minha mãe e irmã Gisele, sempre me apoiando e encorajando para jamais desistir.
Ao meu querido irmão Jo Roberto (in memoriam), que sempre me incentivou a
transpor todas as barreiras que a vida me reservou, e de quem sinto muitas
saudades. Ao Professor Marco Silva, orientador, sempre atencioso, mesmo diante
dos imprevistos da vida, contribuindo de forma valiosa para o resultado do estudo.
Aos Professores do mestrado pela atenção, conhecimento e dedicação transmitidos
nas aulas ministradas, com especial carinho as professoras Lina Nunes, Estrella
Bohadana e Lucia Vilarinho. Aos funcionários da UNESA, principalmente a
secretária Ana Paula, pela disposição, cordialidade e carinho que sempre me ajudou
nas horas mais difíceis. Aos colegas do curso, em especial aos que compartilharam
as disciplinas da linha de pesquisa, pela oportunidade de troca de conhecimento e
companheirismo e finalmente ao Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), pela
oportunidade de viabilizar e realizar este mestrado.
RESUMO
Título: Docência Online no Ensino Superior: o desafio da formação de
professores.
Mestranda: Maria Estela de Oliveira
Orientador: Marco Silva
Com a legislação cada vez mais favorável, a oferta de disciplinas online cresce
exponencialmente nas IES. Entretanto, o investimento na formação de professores
para docência via web não acompanha a forte tendência favorável à modalidade de
ensino não presencial. Preparar eficazmente seus quadros para a educação online
torna-se um dos maiores desafios para as IES na primeira década do culo XXI,
uma vez que supõe desenvolvimento de competências específicas para a mediação
da aprendizagem via computador e internet. Os professores do ensino superior se
vêem desafiados à formação continuada e as IES precisam mobilizar esforços para
formar, em serviço, seus profissionais. Diante deste problema, o objetivo desta
pesquisa é investigar a formação para a docência online oferecida aos professores
dos cursos de graduação do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM). Toma
como foco do estudo o curso Formação Docente para o uso Pedagógico do TelEduc
e adota a abordagem qualitativa a metodologia participante acompanhadas de
questionário dirigido aos cursistas e acompanhamento da mediação e da
aprendizagem no AVA. O referencial teórico está estruturado nos eixos temáticos: a)
educação e cibercultura; b) interatividade; c) formação de professor; d) docência
online; e) Ambiente Virtual de Aprendizagem TelEduc. Quanto aos resultados da
investigação, verificou-se que: a) o envolvimento dos professores na formação para
docência online ganhou maior adesão com o tratamento aprofundado dos conceitos
“cibercultura” e “interatividade”; b) os professores que têm familiaridade com a
utilização do computador e da internet tiveram maior aproveitamento na formação
para docência online; c) a participação da equipe multidisciplinar, encarregada da
produção dos cursos online, na formação dos professores ampliou o conhecimento
sobre processos que compõem a estruturação do núcleo de educação a distância na
IES.
Palavras–chave: Cibercultura. Interatividade. Formação de Professores. Docência
Online.
ABSTRACT
Online Teaching in Higher Education: the challenge of the teachers graduation
With more and more favorable laws, the offer of online disciplines exponentially
increase in the higher education institutions (HEI). However, the investment on the
teachers graduation to teaching by web does not follow the strong and favorable
trend to at distance modality of teaching. To prepare efficiently professionals to
online education becomes one of the greatest challenges to the HEI at the first
decade of the XXI century, since it requires developments of specific skills to the
mediation of the learning by computers and internet. The teachers of higher
education institutions are challenged and the HEI need to gather efforts to graduate,
in service, its professionals. Toward that matter, the objective of this research is
examine the graduation to online teaching offered to the teachers of the graduation
courses of the Centro Universitário de Barra Mansa. It focuses the course Teaching
Graduation for the TelEduc Pedagogical Use and adopts the qualitative approach
and participant methodology followed by a questionary aimed at the students and
follow-up of mediation and learning at the virtual environment. The theoretical
references are based on these thematic axis: a) education and cyberculture; b)
interactivity; c) teachers graduation; d) online teaching; e) TelEduc virtual
environment of learning. Concerning the results of the investigation, are verified: a)
the teachers involvement in the graduation for online teaching has gain more
adhesion with deeper treatment of the concepts “cyberculture” and “interactivity”; b)
the teachers that already have familiarity with the use of computer and internet, have
obtained better results in the graduation for online teaching; c) the participation of the
multidisciplinary team responsible for the production of online courses, in the
teachers graduation has enlarged the knowledge about processes that compose the
structure of center of education at distance in the HEI.
Key words: Cyberculture. Interactivity. Teachers graduation. Online teaching.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa mental modelado por Alex Primo sobre Cibercultura -------
29
Figura 2 – arquitetura básica do TelEduc -------------------------------------------- 38
Figura 3 – Interação na interface Fórum de Discussão ---------------------------
40
Figura 4 – Interação na interface Bate-Papo ---------------------------------------- 41
Figura 5 – Ferramenta Perguntas Frequentes – questões ---------------------- 41
Figura 6 – Ferramenta Perguntas Frequentes – respostas ----------------------
42
Figura 7 – Interface Portfolio – participantes do curso ---------------------------- 43
Figura 8 – Interface Portfolio – participantes do curso ---------------------------- 43
Figura 9 – Interface Portfólio – conteúdo de atividade ---------------------------- 43
Figura 10 – Portal institucional do UBM com acesso à página do Nead ----- 46
Figura 11 – Página do Nead de acesso ao TelEduc – informações -----------
46
Figura 12 – Página do Nead de acesso ao TelEduc ------------------------------ 47
Figura 13 – Página do Nead de acesso ao TelEduc – Cursos ----------------- 47
Figura 14 – Página do NEAD de acesso ao TelEduc ----------------------------- 48
Figura 15 – Organograma do NEAD – UBM ---------------------------------------- 49
Figura 16 – Estrutura do AVA TelEduc ----------------------------------------------- 57
Figura 17 – Ferramenta Dinâmica do Curso ---------------------------------------- 57
Figura 18 Ferramenta Intermap com representação de interação entre
professor formador e alunos ---------------------------------------------
58
Figura 19 – Ferramenta Agenda --------------------------------------------------------
59
Figura 20 – Ferramenta Atividades – módulos e exercícios ---------------------
60
Figura 21 – Ferramenta Atividades – módulo 1 ------------------------------------ 60
Figura 22 – Aprendizagem significativa -----------------------------------------------
63
Figura 23 – Temas do Fórum de Discussão -----------------------------------------
65
Figura 24 – Temas do Fórum de Discussão – árvore de interação ----------- 65
Figura 25 – Temas do Fórum de Discussão – mensagem inicial -------------- 66
Figura 26 – Temas do Fórum de Discussão – interação com uma aluna ----
66
Figura 27 – Temas do Fórum de Discussão – interação entre alunos --------
67
Figura 28 – Ferramenta Dinâmica do Curso ---------------------------------------- 79
Figura 29 – Ferramenta Agenda --------------------------------------------------------
80
Figura 30 – Ferramenta Material de Apoio -------------------------------------------
80
Figura 31 – Ferramenta Atividades ---------------------------------------------------- 81
Figura 32 – Ferramenta Leituras -------------------------------------------------------
81
Figura 33 – Interface Fórum de Discussão ------------------------------------------ 82
Figura 34 - Interface Portfólio ------------------------------------------------------------
82
Figura 35 – Interface Correio ------------------------------------------------------------ 83
Figura 36 E-mail gerado pelo sistema do AVA TelEduc, com a senha de
acesso, login e endereço do curso ----------------------------------------
86
Figura 37 – Ferramenta Configurar – Alterar Senha do AVA TelEduc ------- 87
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fluxo de Atividade de DI de curso online ----------------------------- 51
Tabela 2 – Mídias digitais selecionadas para o curso ---------------------------- 55
Tabela 3 – O sociointeracionismo ------------------------------------------------------ 64
Tabela 4 Fluxo de atividades curso de Formação docente para o uso
pedagógico do TelEduc -----------------------------------------------------
78
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Formação do Professor ----------------------------------------------------
68
Gráfico 2 – Disciplinas que utilizam Tecnologia Educacional ------------------- 68
Gráfico 3 – Nível de habilidade se uso do computador e da Internet --------- 69
Gráfico 4 – Participação de cursos na Internet ------------------------------------- 69
Gráfico 5 Dificuldades para acessar o ambiente virtual de aprendizagem
TelEduc -----------------------------------------------------------------------
70
Gráfico 6 Usabilidade e aplicabilidade pedagógica das ferramentas do
TelEduc -----------------------------------------------------------------------
71
Gráfico 7 – Habilidade à docência online --------------------------------------------
72
Gráfico 8 – Possibilidades da educação online -------------------------------------
75
LISTA DE ABREVIAÇÕES
AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem
CTE – Centro de Telemídia Educacional
DI – Desenho Instrucional
EaD – Educação a Distância
GLP-GNU – General Public License
IC – Instituto de Computação
IES – Instituição de Ensino Superior
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC – Ministério de Educação e Cultura
NEAD – Núcleo de Educação a Distância
Nied – Núcleo de Informática Aplicada à Educação
SEE/RJ – Secretaria Estadual de Educação do Estado do Rio de Janeiro
TE – Tecnologia Educacional
TI – Tecnologia da Informação
TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação
UAB – Universidade aberta do Brasil
UBM- Centro Universitário de Barra Mansa
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora
UFRJ – Universidade Federal Do Rio de Janeiro
Unicamp – Universidade Estadual de Campinas
UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá
WEB – Word Wide Web
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 Carta Convite para o curso de Formação para o uso pedagógico
do TelEduc ---------------------------------------------------------------------
110
Anexo 2 – Questionário -------------------------------------------------------------------- 111
Anexo 3 – Autorização para desenvolver a pesquisa no UBM ------------------- 112
Anexo 4 – Legislação da Educação a Distância ------------------------------------- 113
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 O PROBLEMA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA
DOCÊNCIA ONLINE --------------------------------------------------------------------------
15
1.1 – OBJETO DE ESTUDO ---------------------------------------------------------------- 20
1.2 – OBJETIVO GERAL ---------------------------------------------------------------------
22
1.3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS ---------------------------------------------------------
22
CAPÍTULO 2 – DEMARCAÇÃO DAS CATEGORIAS -------------------------------
24
2.1 – EDUCAÇÃO E CIBERCULTURA -------------------------------------------------- 25
2.2 - FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA CIBERCULTURA ------------------------
30
2.3 - O CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO PEDAGÓGICO
DO TELEDUC -----------------------------------------------------------------------------------
36
CAPÍTULO 3 O CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO
PEDAGÓGICO DO TELEDUC -------------------------------------------------------------
45
3.1 – A PROPOSTA DO CURSO ---------------------------------------------------------- 45
3.1.1 – Justificativa ------------------------------------------------------------------- 49
3.1.2 – Objetivo Geral ---------------------------------------------------------------- 50
3.1.3 – Objetivos Específicos ------------------------------------------------------
50
3.1.4 – Público Alvo -------------------------------------------------------------------
50
3.1.5 – Carga Horária ----------------------------------------------------------------- 51
3.1.6 – Metodologia ------------------------------------------------------------------- 51
3.1.7 – Avaliação e Certificação -------------------------------------------------- 53
3.2 – O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM TELEDUC ------------------
54
3.3 – RESULTADOS DA PESQUISA ----------------------------------------------------- 67
3.3.1 – Caracterização --------------------------------------------------------------- 68
3.3.2 Participação dos professores no curso de Formação
Docente para o Uso Pedagógico do TelEduc ---------------------
70
CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DA INVESTIGAÇÃO SOBRE A FORMAÇÃO
DOS PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR E A DOCÊNCIA ONLINE ---
76
4.1 – A EDUCAÇÃO NA CIBERCULTURA E A INTERATIVIDADE -------------- 76
4.2 – A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO SUPERIOR PARA
ATUAR NA DOCÊNCIA ONLINE ---------------------------------------------------
78
4.3 PROMOÇÃO E DIFUSÃO DA CULTURA DA EDUCAÇÃO ONLINE NA
COMUNIDADE ACADÊMICA DO UBM -------------------------------------------
83
4.4 A OFERTA DE FORMAÇÃO AOS PROFESSORES PARA A
DOCÊNCIA ONLINE -------------------------------------------------------------------
85
CONCLUSÃO -------------------------------------------------------------------------------- 91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------------------ 94
ANEXOS ----------------------------------------------------------------------------------------- 98
Anexo 1 – Carta Convite --------------------------------------------------------------------- 99
Anexo 2 – Questionário -----------------------------------------------------------------------
100
Anexo 3 – Autorização para desenvolver a pesquisa no UBM --------------------- 101
Anexo 4 – Legislação da Educação a Distância --------------------------------------- 102
CAPÍTULO 1
O PROBLEMA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA DOCÊNCIA ONLINE
A contemporaneidade coloca as instituições de ensino superior (IES) diante
do desafio de se prepararem para as mudanças sociotécnicas provocadas pela
dinâmica comunicacional da internet
19
, em particular para o crescimento exponencial
da modalidade online de ensino.
Não retorno histórico, e as IES não podem mais negligenciar a formação
de professores para docência online, pois, como advertem Vilarinho e Bohadana
(2004, p. 104), neste cenário.
Surge a necessidade de se questionar mais profundamente a área
da Educação, em especial o ensino superior e as formações
oferecidas, as quais vêm se mostrando limitadas para interagir com
as demandas de uma sociedade informatizada globalizada.
A internet cria novas demandas, mas ao mesmo tempo oferece diversas
possibilidades aos seus usuários, uma vez que permite implementar novas e
complexas formas de interação social. Castells (2003, p. 7) as define como um
“conjunto de nós interconectados”, cujas características são a “flexibilidade e
adaptabilidade” na “sociedade em rede”. Como tal, a dinâmica comunicacional
própria da internet requer novas competências
20
dos profissionais que trabalham na
educação superior e que se vêem desafiados a buscar formação continuada,
direcionada à sua prática docente, para estar em sintonia com seu tempo.
Para Roesler e Sartori (2005, p. 106), o cenário atual “coloca em xeque as
políticas institucionais de formação deste mesmo docente”, sendo assim, é
necessário definir projetos que visem atender às exigências da prática pedagógica
do professor universitário.
Promover a modalidade de ensino online implica promover também a
reestruturação dos papéis dos principais sujeitos do processo de aprender e ensinar
19
A internet é um conglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados que
permite a todos o acesso a informações e a processos comunicacionais, além de transferência multidirecional
de dados.
20
A noção de competência foi oficialmente inserida na educação brasileira, a partir da Lei n. 9.394/96 (LDB),
seguida dos dispositivos de regulamentação no que se refere à educação profissional, como o Decreto-lei n.
2.208/1997 e as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional, consubstanciadas no Parecer
CNE/CEB n. 04/99 e nos Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Profissional.
nas concepções tradicionais de alunos e professores. Moran (2007, p. 39) adverte
que, “com o avanço da telemática, a rapidez de comunicação por redes e a
facilidade próxima de ver-nos e interagir a distância, a educação online ocupará um
espaço central na pedagogia nos próximos anos”. Isso exigirá construção de
conhecimento sobre como ensinar e aprender em sintonia com a “sociedade da
informação”
21
e a cibercultura
22
:
A educação se encontra diante da necessidade de desenvolver práticas
pedagógicas específicas que favoreçam ao mesmo tempo as aprendizagens
personalizadas e a coletiva em rede. A rede de computadores ou ciberespaço
23
permite a oferta de salas de aulas online, em que a docência passa
necessariamente pela inclusão digital do professor, entendida não apenas como
acesso ao computador e à Internet, mas no sentido da percepção profunda das
mudanças emergentes nos processos de informação, de comunicação e de relação
com o saber.
Nóvoa (1991, p. 26) observa que “a formação não se faz antes da mudança,
faz-se durante, produz-se num esforço de inovação e de procura aqui e agora dos
melhores percursos para a transformação da escola”. A incorporação de qualquer
tecnologia educacional a ser implementada na escola terá sucesso sob a
formação específica do professor. Demo (2000, p. 17) ressalta “a importância da
devida preparação dos professores, que parece evidente a dificuldade de
transformar as tecnologias em oportunidades de aprendizagem sem a mediação do
professor”. Esse autor enfatiza que, nessa incorporação, está a educação online,
que, no ambiente universitário, precisa ser no mínimo tão comum quanto a
presencial.
O computador online favorece a educação pela flexibilidade do tempo, pela
quebra de barreiras espaciais e pela multidirecionaldiade da emissão e recepção de
conteúdos. Esse favorecimento permite disponibilizar tanto as tradicionais formas
21
Entendida, a partir de D. Bell, como resultado da “convergência explosiva do computador com as
telecomunicações” (SILVA, 2006, p. 29).
22
O neologismo "cibercultura" diz respeito ao “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do
ciberespaço” (LÉVY, 1999, p. 17).
23
A palavra “ciberespaço” foi criada em 1984 por William Gibson no romance de ficção científica Neuromancer. O
termo designa o universo das redes digitais. O ciberespaço visto como suporte de tecnologias intelectuais que
amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas (LÉVY, 1999, p. 157)
mecanicistas de transmitir conteúdos, agora digitalizados e hipermidiáticos, como
explorar o potencial de interatividade da WEB
24
e desenvolver atividades a distância
com base na produção de conhecimento.
A evolução tecnológica tem tido papel pífio no processo de maturação da
educação online. Para Moran (2007, p. 41), “os papéis do professor se multiplicam,
diferenciando-se e complementam-se, exigindo uma grande capacidade de
adaptação e criatividade diante de novas situações, propostas, atividades”.
O ambiente de aprendizagem, segundo Nóvoa (1991, p. 23), “é um espaço
aberto, em ligação com outras instituições culturais e científicas e com uma
presença forte das comunidades locais, obriga os professores a redefinirem o
sentido social do seu trabalho”. Esse autor continua seu pensamento destacando
que: “os professores têm de refazer uma identidade profissional que valorize o seu
papel como animadores de redes de aprendizagem, como mediadores culturais e
como organizadores de situações educativas” (1991, p. 23).
Hoje, os professores contam cada vez mais com várias tecnologias digitais
capazes de potencializar a docência e a aprendizagem. Contam com televisão
educativa online, como a TV Escola,
25
que pode ser acessada também online pelo
portal do MEC; ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), como o TelEduc
26
,
videoconferência
27
. Entretanto, apenas ter acesso a essas tecnologias não basta.
Não basta o investimento deslumbrado
28
em aparato tecnológico, em redes de
comunicação
29
, redes de aprendizagem, se os professores não se dão conta de que
24
A World Wide Web é uma função da internet que junta, em um único e imenso hipertexto ou hiperdocumentos
(compreendendo imagens e sons), todos os documentos e hipertextos que a alimentam. (LÉVY, 1999).
25
A TV Escola é um canal de televisão, via satélite, destinado exclusivamente à educação, que entrou no ar, em
todo o Brasil, em 4 de março de 1996. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seed/. Acessado em 5/5/2006.
26
O TelEduc é um ambiente para criação, participação e administração de cursos na web. Desenvolvido por
pesquisadores do Nied (Núcleo de Informática Aplicada à Educação) da Unicamp. Disponível em:
http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/. Acessado em 8/5/2006.
27 Uma videoconferência consiste em ambiente online que permite falas e debates em grupo. Mesmo
geograficamente dispersos, os participantes podem se ver e ouvir como se estivessem reunidos em um único
local físico. Disponível em: http://penta.ufrgs.br/pgie/workshop/mara.htm. Acessado em 8/5/2006.
28
Em contraponto a esse deslumbramento muito presente, Baudrillard (1992, p. 59) diz: “Se os homens criam ou
fantasmas máquinas inteligentes é porque, no íntimo, descrêem da própria inteligência ou porque sucumbem
ao peso de uma inteligência monstruosa e inútil, então eles a exorcizam em máquinas para poder jogar e rir
com elas. Confiar essa inteligência a máquinas libera-nos de toda a pretensão ao saber, como confiar o poder
a homens políticos nos dá a possibilidade de rir de qualquer pretensão ao poder”.
29
“Redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós, desde que
consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de
comunicação.” (CASTELLS, 1999, p. 499).
as tecnologias digitais “estão transformando as relações, as oportunidades e os
resultados do ensino e da aprendizagem” (HARASSIN, 2005, p. 337).
Este cenário traz novos atores e papéis e requer aprendizado específico
para o processo de mediação pedagógica com tecnologias interativas e tendo
conciência de que elas “renovam a relação do usuário com a imagem, com o texto,
com o conhecimento. São de fato um novo modo de produção do espaço visual e
temporal mediado. Elas permitem o redimensionamento da mensagem, da emissão
e da recepção” (SILVA, 2006, p. 11).
A implementação das disciplinas online requer o aprendizado da mediação
nas interfaces
30
de comunicação sincrônica
31
ou assincrônica
32
. O mediador deve
ser capaz de motivar e orientar os cursistas para colaboração no tratamento das
informações, na construação da comunicação e do conhecimento. O mediador
precisará ser capaz de criar alternativas ao modelo unirecional um-todos da
pedagogia da transmissão ao mesmo tempo em que passa a dispor de
possibilidades de interlocução todos-todos.
O docente precisará atuar no ambiente virtual de aprendizagem (AVA), que
permite romper com as distâncias espaço-temporais e viabilizar encontro,
colaboração, ltiplas interferências, conexões e trajetórias, não se atendo apenas
à disseminação de informações e tarefas inteiramente definidas a priori. Esse
ambiente se faz de redes de computadores e, como tal, é um sistema aberto, que
dispõe de “mecanismos de participação e descentralização flexíveis, com regras de
controle discutidas pela comunidade e decisões tomadas por grupos
interdisciplinares” (MORAES, 1997, p. 68).
Os desafios da mudança comunicacional da cultura tradicional do ambiente
de aprendizagem presencial para o ambiente online, para Santos (2003, p. 223), “é
um espaço fecundo de significação onde seres humanos e objetos técnicos
interagem, potencializando assim a construção de conhecimentos, logo a
30
I
nterfaces são aparatos e materiais que permitem a interação entre o universo da informação digital e o mundo
ordinário (LÉVY, 1999. p. 157).
31
Comunicação em tempo real. Ex.: chat, videoconferência.
32
Comunicação em que os envolvidos acessam a informação em tempos distintos. Exs.: e-mail, blog e fórum.
aprendizagem” traz em sua configuração a urgência de ações efetivas das IES no
que se refere à formação dos docentes.
Belloni (2003, p. 57) alerta oportunamente para descaminhos na formação
docente:
Ir além das práticas meramente instrumentais, típicas de um certo
“tecnicismo” redutor ou de um “deslumbramentoacrítico; ir além da
visão “apocalíptica” que recusa comodamente toda tecnologia, em
nome do humanismo, remetendo a questão para as calendas gregas
e favorecendo práticas conformistas e não reflexivas, derivadas de
pressões do mercado; e dar um salto qualitativo na formação de
professores, uma mudança efetiva no sentido de superar o caráter
redutor da tecnologia educacional, sem perder suas contribuições,
para chegar à comunicação educacional.
A formação para docência online precisa estar igualmente atenta aos
possíveis descaminhos e às potencialidades da mídia online. Todavia, o
descaminho estimulado pelo peso histórico das práticas presenciais baseadas no
falar e ditar do mestre, na distribuição de informação unidirecional.
Incluir as tecnologias da informática e da Internet na prática pedagógica
supõe levar o professor a desenvolver métodos ativos de aprendizagem,
competência técnica relacionada ao domínio da tecnologia e, sobretudo, articular
esse domínio com a prática pedagógica e com as teorias educacionais que o
auxiliem na reflexão sobre a própria ação educacional e a transformá-la, visando
explorar as suas potencialidades em relação à aprendizagem e à conseqüente
constituição de redes de conhecimentos.
A representação e a apropriação de conhecimentos nesse espaço permitem
o desenvolvimento de novas formas de raciocínio, as quais não excluem as formas
lineares e hierárquicas da representação do texto impresso, mas as extrapolam pela
ênfase na variedade de linguagens de representação, registro, recuperação e
comunicação, englobando aspectos racionais e emocionais que podem ser
proporcionados pelas interfaces online.
A legislação
33
é favorável, e o crescimento da oferta da modalidade não
presencial cresce ainda mais com as potencialidades das tecnologias digitais online.
33
A educação a distância (EaD) no Brasil foi contemplada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) n. 9.394, de 1996. No artigo 80 dessa lei, é apresentada nos seguintes termos: “O poder público
incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e
modalidades de ensino, e de educação continuada”. A Portaria n. 2.253, de outubro
de 2001, determina que
até 20% das disciplinas de qualquer curso de graduação credenciado sejam ministradas na modalidade a
Todavia, as IES negligenciam os desafios da mudança comunicacional da cultura
tradicional do ambiente de aprendizagem presencial para o AVA. A oportunidade
deste aprendizado demanda a urgência de ações efetivas das IES no que se refere
ao aperfeiçoamento da comunidade acadêmica.
O docente em sua formação inicial, isto é, na graduação, não tem a
formação para incorporar na sua prática pedagógica a educação online. As
graduações muitas vezes carecem da informática acessível e integrada à docência e
à aprendizagem. Essa carência de base dificultará a transposição da docência no
ambiente presencial para o ambiente de aprendizagem online.
1.1 – OBJETO DE ESTUDO
Tendo como desafio o problema exposto, a pesquisa opta por investigar, na
prática, a formação do professor do ensino superior para atuar na docência online.
Para isso, toma como objeto de estudo a formação dos professores do Centro
Universitário de Barra Mansa (UBM)
34
que participaram do curso de Formação
Docente para o Uso Pedagógico do TelEduc.
O UBM tem como estratégia institucional implementar e desenvolver a
cultura de uso cnico e pedagógico de recursos online, visando futuramente
implementar os 20% da carga horárial total dos cursos na modalidade
semipresencial
35
. Esta pesquisa, que leva em conta essa intenção da IES, segue a
dinâmica da pesquisa participante e busca: caracterizar o perfil tecnológico dos
professores; mapear o comportamento de aprendizagem dos professores durante o
distância; a Portaria n. 335, de fevereiro de 2002, cria a Comissão Assessora para a Educação Superior a
Distância; a Portaria n. 4.059, de dezembro de 2004, reforça a Portaria n. 2.253 e normatiza procedimentos de
autorização para oferta de disciplinas na modalidade não presencial em cursos de graduação reconhecidos e
pós-graduação; e o Decreto n. 5.800, de 8 de junho de 2006, que institui o Sistema Universidade Aberta do
Brasil (UAB), voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de
expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no país. Pesquisado em
www.mec.gov.br em 15/06/2008.
34
Instituição de ensino superior localizada em Barra Mansa, sul do estado do Rio de Janeiro, com 24 cursos de
graduação e 45 anos de atuação. As novas tecnologias da informação e comunicação são utilizadas na
educação pelo professor se estiverem disponibilizadas em seu ambiente de trabalho. Com o favorecimento da
legislação e o desenvolvimento e disseminação da informática e do computador, os professores viram-se
desafiados a tratar as informações de forma a atingir um maior número de alunos e as múltiplas formas do
aluno construir o conhecimento.
35
Portaria n. 4.059, de 10 de dezembro de 2004 (DOU de 13/12/2004, Seção 1, p. 34), § 2º, que libera a oferta
de 20% da grade curricular na modalidade não presencial.
curso; e propor algumas sugestões para futuros encaminhamentos na formação
continuada dos professores dos cursos de graduação.
A metodologia adotada será a quantitativa que permite mensurar opiniões,
reações, sensações, hábitos e atitudes, através de uma amostra que represente a
população de forma estatisticamente comprovada. O instrumento utilizado para
coleta de dados no método quantitativo é o questionário semi-estruturado com
perguntas fechadas e abertas.
Segundo Alves-Mazzotti (2004, p. 148), (...) a coleta sistemática de dados
deve ser precedida por uma imersão do pesquisador no contexto a ser estudado”, e
Pesquisa Participante, que Lakatos e Marconi (1991) a definem como “(...) um tipo
de pesquisa que não possui um planejamento ou um projeto anterior à prática,
sendo que o mesmo será construído junto aos participantes (objetos de
pesquisa)”, que para Demo (2000, p.21), “(...) é ligada à práxis, ou seja, á prática
histórica em termos de usar conhecimento científico para fins explícitos de
intervenção; nesse sentido, não esconde sua ideologia, sem com isso
necessariamente perder de vista o rigor metodológico”.
Segundo Haguete (1985, p.142), “a idéia de participação envolve a presença
ativa dos pesquisadores e de certa população em um projeto comum de
investigação que é ao mesmo tempo um processo educativo, produzido dentro da
ação”, pois, o investigador coloca-se como sujeito, juntamente com o grupo a ser
pesquisado.
A corrente teórica que embasa a Pesquisa Participante é a Filosofia da
Práxis, e destacamos como ponto central desta metodologia a preocupação com o
processo em si e não com o produto, para tanto, torna-se essencial a interação entre
o pesquisador e o grupo pesquisado, proporcionando espaço, onde as pessoas
falem por si mesmas, desvelando a sua realidade, interagindo e ensinando-se
mutuamente, a população e pesquisador tornam-se partícipes do processo em
construção para a transformação.
Para evidenciar o estado da arte sobre a investigação que propomos,
verificamos que a importância de se definir um quadro teórico, segundo Mazzotti
(2003, p. 182).
O esforço de elaboração teórica é essencial, pois o quadro
referencial clarifica a lógica de construção do objeto da pesquisa,
orienta a definição de categorias e construções relevantes e dá
suporte às relações antecipadas nas hipóteses, além de constituir o
principal instrumento para a interpretação dos resultados da
pesquisa.
Os desafios da educação online “são congruentes com os desafios do
sistema educacional em sua complexidade” (ALMEIDA, 2003, p. 201). A opção por
abordar a docência online no ensino superior, como foco principal da investigação,
foi motivada particularmente pelo envolvimento da pesquisadora no processo de
implementação da cultura da educação online, no UBM, na função de coordenação
do Núcleo de Educação a Distância (NEAD).
Nesse contexto a pesquisadora buscou desenvolver investigação sobre a
docência online no âmbito da IES, na análise sistemática de um curso de
capacitação de docentes em educação online e na disposição à interatividade
36
do
AVA Teleduc.
1.2 – OBJETIVO GERAL
Investigar a formação do professor do ensino superior para atuar na
docência online.
1.3 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Pesquisar os desafios da formação de professores para docência online;
b) Investigar a formação de professores para docência online tendo em vista
especificidades da cibercultura e do ambiente virtual de aprendizagem;
c) Analisar um curso de formação continuada para os professores em
exercício.
Para tratar do problema da formação do professor para atuar na docência
online, foi abordado no capítulo 2 as categorias que fundamentam a educação online
com paradigma da cibercultura, a interatividade, a formação do professor e o curso
de Formação Docente para o Uso Pedagógico do TelEduc.
36
Vista como a possibilidade de reapropriação e de recombinação material da mensagem por seu
receptor, como parâmetro fundamental (LÉVY, 1999).
O curso de Formação Docente para o Uso Pedagógico do TelEduc, no
capítulo 3, foi apresentado em detalhes, com a proposta do curso, o AVA TelEduc, o
resultado da pesquisa sobre a docência online.
A análise dos produtos da investigação à luz dos teóricos da cibercultura e o
fenômeno da interatividade, a formação dos professores do ensino superior para a
docência online e o curso de Formação Docente para Uso Pedagógico do TelEduc,
foram tratados no capítulo 4.
Finalizando o trabalho apresentamos as conclusões e orientações para
trabalhos futuros.
CAPÍTULO 2
DEMARCAÇÃO DAS CATEGORIAS
A evolução do computador em rede conectado à internet provocou, no final do
século XX e no início do XXI, mudanças no processo de formação acadêmica do
aluno do ensino superior, principalmente com a possibilidade de acesso às
informações disponibilizadas em meio digital, pela interconexão mundial de
computadores e da WEB como interface educacional.
A importância de reconhecer que a ampliação dos espaços pelos quais
trafegam o conhecimento e as mudanças no saber, ocasionados pelos avanços das
tecnologias online e suas diversas possibilidades de associações, para Moraes
(1996, p. 65), “vem exigindo novas formas de simbolização e de representação do
conhecimento, geradoras de novos modos de conhecer, que desenvolvem muito
mais a imaginação e a intuição”.
E, diante desse fenômeno, Moraes (1996, p. 65) destaca a necessidade de
que “os indivíduos sejam alfabetizados no uso de instrumentos eletrônicos e saibam
produzir, utilizar, armazenar e disseminar novas formas de representação do
conhecimento, utilizando linguagem digital”.
Com o desenvolvimento dos computadores, principalmente os pessoais,
uma mudança dinâmica na maneira de condução da construção do conhecimento,
da natureza das organizações e dos serviços, necessitando se pensar em novos
métodos de produção do conhecimento e, principalmente, sua aquisição criativa e
crítica, que para Moraes (1996, p. 64).
Tudo isso nos leva a reforçar a importância das instrumentações
eletrônicas e o uso de redes telemáticas na educação, de novos
ambientes de aprendizagem informatizados que possibilitem novas
estratégias de ensino/aprendizagem, como instrumentos capazes de
aumentar a motivação, a concentração e a autonomia, permitindo ao
aluno a manipulação da representação e a organização do
conhecimento.
É nesse novo ambiente comunicacional, de sociabilidade, de organização, de
informação e de conhecimento, que mudam os procedimentos de ensinar e
aprender, graças às interações síncronas e assíncronas de alunos e professores e
de alunos entre si, favorecendo o trabalho dinâmico e interativo.
O mundo do conhecimento e da aprendizagem se tornou uma comunidade
em redes que, segundo Castells (2003, p. 107).
[...] são montadas pelas escolhas e estratégias de atores, sejam
individuais, famílias ou grupos sociais, Dessa forma, a grande
transformação da sociabilidade em sociedades complexas ocorreu
com a substituição de comunidades espaciais por redes como
formas fundamentais de sociabilidade.
2.1 EDUCAÇÃO E CIBERCULTURA
Apesar da dinâmica da construção do conhecimento diante da evolução da
tecnologia educacional, provocada pela Internet, o aluno ainda recebe
passivamente, na maior parte das vezes, a informação do professor, que detêm o
conhecimento específico da disciplina, sem que seja oportunizada, por exemplo, a
interatividade, paradigma que emerge da cibercultura, que, para Silva (2003, p. 53),
“é a atualidade sociotécnica informacional e comunicacional definida pela
codificação digital (bits), isto é, pela digitalização, que garante o caráter plástico,
hipertextual, interativo e tratável em tempo real da mensagem”.
É um desafio do paradigma da cibercultura abrir espaços dialógicos entre os
atores do processo de mudança. Estamos falando da escola, do aluno, do professor,
dos conteúdos das disciplinas, como também, da cultura e da sociedade.
É o momento de transição do conhecimento disponibilizado pela educação
centrada no falar e ditar do mestre para a educação da comunicação bidirecional
(SILVA, 2005), de grande complexidade, que Morin (2004) clareia ao declarar que
“conhecer é a produção da tradução das realidades do mundo exterior e neste
processo somos co-produtores dos objetos que conhecemos”. Portanto, em
educação precisamos ser co-autores de nossa formação e responsáveis pelo nosso
próprio destino.
A cibercultura, como novo paradigma comunicacional, vem provocar uma
série de mudanças estruturais na educação e nos atores que atuam no ensino
superior, pois, torna necessário criar a cultura da educação online em professores,
alunos e nas instituições.
Com esse desafio, é importante atentarmos para essas questões
contemporâneas, pois, segundo Lévy, (1999, p. 29, 32), a cibercultura é o “conjunto
de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de
pensamento e de valores, que se desenvolvem juntamente com o crescimento do
ciberespaço, como ambiente propício da inteligência coletiva”.
O fenômeno da cibercultura, para Lemos (2003, p. 13), “nasce do
desdobramento da relação da tecnologia com a modernidade que se caracterizou
pela dominação, do projeto racionalista iluminista, da natureza e do outro”. De uma
nova sociabilidade, que, a partir da década de 60, deu rumos inusitados à relação
entre homem e tecnologia de informação e comunicação.
O desenvolvimento da cibercultura se com o surgimento da
microinformática nos anos 70, com a convergência tecnológica e o estabelecimento
do personal computer (PC). Nos anos 80-90, assistimos à popularização da internet
e à transformação do PC em um “computador coletivo” (CC), conectado ao
ciberespaço (LEMOS 2003).
Ainda, segundo Lemos (2003, p.17), “a cibercultura é recheada de novas
maneiras de se relacionar com o outro e com o mundo”. “É a cultura contemporânea
que se estabelece como uma cultura de redes, sendo fruto da sinergia entre a
sociabilidade contemporânea e as novas tecnologias de base microeletrônica” (Ibid.
2002, p. 111). “Duas, pelo menos, são as conseqüências mais flagrantes da
cibercultura, as comunidades virtuais e a inteligência coletiva” (SANTAELLA, 2004,
p.105).
As comunidades virtuais que se apóiam na interconexão [...]
construída sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos,
sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca
independente das proximidades geográficas e das filiações
institucionais [...] a vida de uma comunidade virtual raramente
transcorre sem conflitos [...] Por outro lado, afinidades, alianças
intelectuais, até mesmo amizades podem desenvolver-se nos
grupos de discussão, exatamente como entre pessoas que se
encontram regularmente para conversar (LÉVY, 1999, p. 157).
A cibercultura, para Lemos (2003, p.11), “transforma as características de
tempo e espaço, diante de uma nova conjuntura espaçotemporal marcada pelas
tecnologias digitais”, em que tempo e espaço estão desmaterializados
independentemente de nossa localização geográfica, podemos agir em qualquer
outro lugar, emitindo e recebendo informações em tempo real (idem, p. 13).
Outra transformação, segundo Lemos (2003, p. 14), é a evolução do
computador pessoal para o computador conectado, e este para o computador
conectado móvel, em que as características das redes são fundamentais a “rede é
tudo e tudo está em rede”.
As práticas comunicacionais foram sendo ampliadas e potencializadas pelos
recursos da Internet, como a rede que democratiza a informação e dá acesso
àqueles que dominam as habilidades técnicas necessárias.
Essa rede, cujo conceito é uma característica da cibercultura e amplia as
possibilidades de comunicação global, segundo Santaella (2004, p. 38), “deve ser
entendida em uma acepção muito especial, pois ela não se constrói segundo
princípios hierárquicos, mas, como se uma grande teia na forma de globo
envolvesse a terra inteira, sem bordas nem centros”.
A cibercultura tem na internet a tecnologia que possibilita a ampliação da
interação em rede, e Santaella (2004, p. 89) observa que, nessa rede de múltiplas
conexões e possibilidades, “os agentes, suas ligações e trocas constituem os nós e
os elos de redes caracterizadas pelo paralelismo e simultaneidade das múltiplas
operações que aí se desenrolam”.
Porém, Baudrillard (1997, p. 71) “receia que o espaço virtual transforme, e
até aniquile, as representações que temos do mundo, do político, do real e do social.
Hoje não pensamos o virtual; somos pensados pelo virtual”. Essa transparência
inapreensível, que nos separa definitivamente do real, nos é tão ininteligível quanto
pode ser para a mosca o vidro contra o qual ela se bate, sem compreender o que a
separa do mundo exterior. Ela não pode sequer imaginar o que põe fim ao seu
espaço.
Em contraponto, Santaella (2004, p. 105) coloca que:
A tecnologia computacional está fazendo a mediação das nossas
relações sociais, de nossa auto-identidade e do nosso sentido mais
amplo da vida social. O telefone celular, o fax portátil, o computador
notpad e várias outras formas eletrônicas de extensão humana se
tornaram essenciais à vida social e se constituem nas condições
para a criação da cibercultura.
E diante deste cenário Martín-Barbero (2003, p. 58) sustenta que, para
“entender essas transformações exige, em primeiro lugar, uma mudança nas
categorias com que pensamos o espaço”. O espaço virtual, ou ciberespaço, que
segundo Lemos (2002, p. 122):
Não formata o fluxo de informação nem o centraliza. A digitalização
da informação, que transforma tudo em bits, faz com que os diversos
formatos midiáticos possam transitar por vários suportes (imagens,
textos, sons, vídeo... e por ondas, cabos, fibras óticas, satélites, etc.).
Mais ainda, a capilaridade da Rede impossibilita uma edição
centralizada, fazendo com que a informação circule livremente de
todos para todos.
É um desafio da cibercultura abrir espaços dialógicos entre os atores do
processo de mudança. Estamos falando da interatividade no ambiente de
aprendizagem, do aluno, do professor, dos conteúdos das disciplinas, como
também, da cultura e da sociedade.
A questão da interatividade parece hoje, segundo Primo e Cassol (2008),
ligada inexoravelmente à informática. Em verdade, para muitos, é entendida como
um fenômeno cujo estudo se inicia com a evolução dos computadores e suas
interfaces. Mas, como o conceito de “multimídia”, a questão vinha merecendo
estudos aprofundados em diversas áreas do conhecimento.
A interatividade é um elemento fundamental para os processos
comunicacionais e de aprendizagem online e vem se destacando cada vez mais
como a modalidade comunicacional da cibercultura, que vai ao encontro da dinâmica
da lógica das redes.
Segundo Silva (2005, p. 92), para que a comunicação e a aprendizagem
sejam eficazes, é fundamental “a intervenção dos usuários no conteúdo de
mensagens e do produto e a bidirecionalidade entre emissão e recepção, entre
interlocutores humanos, entre usuários e máquinas, entre usuários e serviços”.
O termo “interatividade” tem sido muito utilizado e vem transformando e
reconfigurando a tradicional forma de comunicação de massa, principalmente pelo
ciberespaço, possibilitando a inteligência coletiva e o “rompimento com o reinado da
mídia de massa baseada na transmissão” e permitindo ao indivíduo “a teleintra-
interante a comunicação personalizada, operativa e colaborativa em rede
hipertextual” (SILVA, 2005, p. 193).
Diante das questões que envolvem o conceito de interatividade, Primo
(2000, p. 82) cita Machado (1997), que demonstra seu temor frente ao elástico uso
que se tem dado a esse conceito, que:
[...] parece querer abarcar tamanha gama de fenômenos (desde
salas de cinema em que as cadeiras sacodem até programas de
televisão onde o telespectador pode votar por telefone em alguma
alternativa apresentada) correndo o risco de nada mais representar.
Quando nos referimos à educação, é necessário focar a formação dos
professores diante das mudanças do paradigma comunicacional centrado no falar
ditar do mestre (SILVA, 2007) para o paradigma da interatividade, como fenômeno
da cibercultura em que o aluno passa a ser também aquele que interfere na sua
própria aprendizagem, traçando caminhos e rotas na aquisição do conhecimento.
Isso se encaixa na definição de interatividade reativa de Alex Primo, distinta
da interatividade tua, que se caracteriza por “relações interdependentes e
processos de negociação, no qual cada interagente participa da construção inventiva
da interação, afetando-se mutuamente”. Primo define a interatividade como “reativa
é linear, limitada por relações de estimulo e resposta predeterminadas” (PRIMO,
2000, p. 118).
Alex Primo elaborou o Mapa Mental sobre a cibercultura, apresentada na
Figura 1.
Figura 1 – Mapa mental modelado por Alex Primo sobre cibercultura
O fenômeno da cibercultura, para Lévy (1999, p. 157), “deve ser fundada
em uma análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber [...] diz
respeito à velocidade de surgimento e de renovação dos saberes”. Em relação à
formação para percurso profissional, cuja formação estará obsoleta no fim de sua
carreira, diz que na cibercultura “trabalhar quer dizer, cada vez mais aprender,
transmitir saberes e produzir conhecimentos” (LÉVY, 1999, p. 157).
É importante destacar que, para Lévy (1999, p. 157), essas tecnologias
definidas por ele define como “intelectuais”, no ambiente online, transformam o
trabalho, “amplificam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas
humanas” e favorecem:
Novas formas de acesso à informação: navegação por
hiperdocumentos, caça à informação através de mecanismos de
pesquisa knowbots ou agentes de software, exploração contextual
através de mapas dinâmicos de dados.
Novos estilos de raciocínio e de conhecimento, tais como a
simulação, verdadeira industrialização da experiência do
pensamento, que não advém nem da dedução lógica nem da
indução a partir da experiência.
Estabelecer a inter-relação entre esses atores é o desafio que mobiliza
muitos pesquisadores que buscam configurar algumas hipóteses que dêem conta da
problemática da cibercultura e da interatividade, pois estão convivendo no mesmo
espaço de aprendizagem práticas pedagógicas que são claramente contrastantes,
umas centradas no paradigma da transmissão e outras no da interatividade.
2.2 FORMAÇÃO DO PROFESSOR NA CIBERCULTURA
A educação encontra-se diante da emergência comunicacional da
cibercultura. Lévy (1999, p. 172) faz uma abordagem que explicita o momento
crucial dessa mudança:
O uso crescente das tecnologias digitais e das redes de
comunicação interativa acompanha e amplifica uma profunda
mutação na relação com o saber. Ao prolongar determinadas
capacidades cognitivas humanas (memória, imaginação, percepção),
as tecnologias intelectuais com suporte digital redefinem seu
alcance, seu significado e algumas vezes até mesmo sua natureza.
As novas possibilidades de criação coletiva distribuída,
aprendizagem cooperativa e colaboração em rede oferecidas pelo
ciberespaço colocam novamente em questão o funcionamento das
instituições e os modos habituais de divisão do trabalho, tanto nas
empresas como nas escolas.
“Como manter as práticas pedagógicas atualizadas com esses novos
processos de transação de conhecimento?”, pergunta-se Lévy (1999), no mesmo
trabalho. Não se trata aqui de usar as tecnologias a qualquer custo, mas sim de
acompanhar consciente e deliberadamente uma mudança de civilização que
questiona profundamente as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos
sistemas educacionais tradicionais e, sobretudo, os papéis de professor e de alunos.
Todo processo educacional diante do paradigma da cibercultura passou a
exigir das IES revisão: de algumas ações de planejamento, gestão, materiais
didáticos e infra-estrutura de tecnologia da informação (TI); dos processos de
avaliação, nas relações de aprendizagem entre professor/alunos; dos investimentos
em tecnologias digitais e na formação do professor para atuar na docência online.
Segundo Moran (2007, p. 146) “em poucos anos, dificilmente teremos um curso
totalmente presencial”.
Na prática docente ainda prevalece a transmissão, o esquema clássico da
informação que se baseia na ligação unidirecional emissor-mensagem-receptor
(SILVA, 2003).
Neste sentido, Nóvoa (1991, p. 26) defende: “[...] a formação não se faz
antes da mudança, faz-se durante, produz-se num esforço de inovação e de procura
aqui e agora dos melhores percursos para a transformação da escola”.
De acordo com Moraes (1996, p. 61), no paradigma educacional condizente
com a atualidade, a ênfase está no processo de aprendizagem, pelo qual os
educandos desenvolverão características próprias, como “a criticidade, criatividade,
autonomia, imaginação, raciocínio, construção do seu conhecimento, pesquisa e
acesso ao conhecimento existente”. A formação continuada do professor diante
dessa mudança paradigmática vai exigir também, segundo Morais (1991, p. 61),
“adaptabilidade ao novo, formação contínua, conhecimento integrado,
interdisciplinaridade, cooperação”.
A formação continuada do professor da graduação faz parte da política de
desenvolvimento do UBM, pois a IES procura, em consonância com o pensamento
de Nóvoa (1991, p. 38 e 39), “estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que
forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as
dinâmicas de autoformação participativa”.
O professor necessita desenvolvimento de competências ou do que Tardif
prefere chamar de “saberes docentes para atuar na docência online”. É o próprio
Tardif (2002, p. 36 e 40) quem diz:
O saber do professor é plural (composto de saberes de variadas
áreas do conhecimento), estratégico (pelo impacto que tem junto às
gerações jovens, à construção de novos conhecimentos e à definição
de hegemonias no contexto social, entre outros fatores) e
desvalorizado (já que a sociedade não lhe reserva, no podium da
ciência, papel tão importante quanto o da comunidade científica e o
dos grupos reconhecidos como produtores de saber).
Em seguida, ele enumera o que compreende como saberes docentes:
Saberes da formação profissional transmitidos pelas instituições
de formação de professores, pertencentes às Ciências da
Educação e à ideologia pedagógica.
Saberes disciplinares pertencentes às variadas áreas do
conhecimento.
Saberes curriculares correspondentes aos discursos, objetivos,
conteúdos e métodos constantes dos programas escolares, e que
o professor precisa saber aplicar.
Saberes experienciais desenvolvidos pelos professores na sua
própria prática, no exercício das suas funções. Segundo o autor,
vão sendo incorporados à experiência individual e coletiva através
do habitus e das habilidades (do “saber-fazer” e do “saber-ser”)
(TARDIF, 2002, 36-40).
Ainda segundo Tardif, o os saberes experienciais “o núcleo vital do saber
docente, podendo constituir-se em propulsores para o alcance, pelos professores,
do reconhecimento da sociedade e dos grupos geradores de saberes” (2002, 36-40).
Em tempos de mudanças, a experiência do professor é importante e
relevante ao propor novas possibilidades de atuação pedagógica, como a docência
online, porém, como nos coloca voa (2002, p. 39), “não se trata de mobilizar a
experiência apenas numa perspectiva pedagógica, mas também num quadro
conceitual de produção de saberes”. A educação online, para Santos (2005, p. 125).
Não é simplesmente sinônimo de EaD [...] é uma modalidade de
educação que pode ser vivenciada e exercitada tanto para
potencializar situações de aprendizagem mediadas por encontros
presenciais quanto a distância, caso os sujeitos do processo não
possam ou não queiram se encontrar face a face; ou ainda híbridos,
onde os encontros presenciais podem ser combinados com
encontros mediados por tecnologias telemáticas [...] os sujeitos
podem até encontrar-se geograficamente dispersos, entretanto, em
potência estão juntos e próximos, compartilhando informações,
conhecimentos, seus dispositivos e narrativas de formação a partir
da mediação tecnológica das e com as interfaces
e dispositivos de comunicação síncronas e assíncronas e de
conteúdos hipertextuais disponíveis no ciberespaço a partir do
AVA.
Algumas questões pedagógicas precisam ser pensadas para que a
docência online seja eficaz. Percebemos que algumas indicações não são postas
em prática sem dificuldades e resistências e que é importante repensar os
processos de formação docente, bem como a organização e o contexto do
trabalho do professor.
desafios inadiáveis e, segundo Tractenberg (2006, p. 6), soluções
serem adotadas para a mudança necessária, tais como:
Os hábitos arraigados de uma prática educacional baseada na
transmissão de conteúdos;
as estruturas institucionais e curriculares, cristalizadas dentro
de uma divisão disciplinar tradicional;
a falta de traquejo com as novas tecnologias da informação e
da comunicação e sua possível aplicabilidade no processo de
ensino-aprendizagem presencial, semipresencial e a distância;
o desconhecimento das abordagens e métodos construtivistas:
de trabalho colaborativo, aprendizagem baseada em
problemas, aprendizagem por projetos, aprendizagem situada,
entre outros;
o medo e a incerteza frente a mudanças que ameacem o status
quo e a estabilidade alcançados;
a forma como o trabalho docente é pensado e estruturado:
isolado de outras disciplinas, restrito a um determinado espaço-
tempo de aula e envolvendo pouca ou nenhuma
colaboração /
diálogo inter, multi e transdisciplinar.
O professor que desenvolve seu fazer pedagógico em ambiente online
constrói, para Silva (2003, p. 55 e 56).
Uma rede e não uma rota [...] o professor não se posiciona como
detentor do monopólio do saber, mas como aquele que dispõe
teias, cria possibilidades de envolvimento, oferece ocasião de
engendramento, de agenciamento e estimula a intervenção dos
aprendizes como co-autores da aprendizagem.
Em sua experiência, Silva (2003, p. 55) aprendeu que “disponibilizar em
sala de aula online significa basicamente três investimentos”:
Oferecer múltiplas informações (em imagens, sons, textos, etc.)
sabendo que as tecnologias digitais utilizadas de modo
interativo potencializam consideravelmente ações que resultam
em conhecimento.
Ensejar (oferecer ocasião de...) e urdir (dispor entrelaçados os
fios da teia, enredar) múltiplos percursos para conexões e
expressões com que os alunos possam contar no ato de
manipular as informações e percorrer percursos arquitetados.
Estimular os aprendizes a contribuir com novas informações e
a criar e oferecer mais e melhores percursos, participando
como co-autores do processo.
O desafio de formar professores para atuar em um mundo em mutação
mobiliza as IES, e Lessard (2006, p. 224) faz alguns questionamentos sobre
“como formar docentes aptos a aprenderem a partir de sua prática, sendo esta
submetida a prescrições abertas?” e chega à conclusão de que neste caso o
desafio é “o sujeito confrontado com situações profissionais complexas e
parcialmente indeterminadas”.
Para Santos (2005, p. 28):
É necessário que as competências dos sujeitos sejam
solicitadas/ressignificadas no processo como um todo, onde a
gestão dos saberes não se limite apenas à produção dos
recursos/conteúdos, mas ao acompanhamento do processo que
ganha potenciais co-autores, os estudantes.
Porém, segundo SILVA (2003, 180), esse professor que emerge da
cibercultura deve “ser ‘um conselheiro’, ‘uma ponte entre a informação e o
conhecimento’, ‘um facilitador da aprendizagem’”, um professor:
1. Disponibiliza possibilidades de múltiplas experimentações, de
múltiplas expressões;
2. Disponibiliza uma montagem de conexões em rede que permite
múltiplas ocorrências;
3. Formula problemas;
4. Provoca situações;
5. Arquiteta percursos;
6. Mobiliza a experiência do conhecimento;
7. Constrói uma rede e não uma rota;
8. Cria possibilidade de envolvimento;
9. Oferece ocasião de engendramentos, de agenciamentos, de
significações;
10.Estimula a intervenção dos alunos como co-autores da
construção do conhecimento e da comunicação.
As IES que se propõem a repensar as práticas pedagógicas e a
transformar a sua estrutura centrada na transmissão em uma estrutura flexível,
dinâmica e articuladora, necessitam de estratégias inovadoras.
Quando a IES que tem em seu projeto institucional a implementação da
docência online, é necessário atentar para:
estabelecer as bases filosóficas e pedagógicas de seu programa para a
docência online;
iniciar a oferta da docência online somente quando tiver testado sua
capacidade de atender tanto às atividades comuns quanto resolver questões
contingenciais, de forma a garantir continuidade e o padrão de qualidade
estabelecido em seus processos educacionais;
distribuir responsabilidades de administração, gerência e operacionalização do
AVA;
identificar as competências de uso das tecnologias online como o computador
e a Internet dos alunos potenciais;
preparar seus recursos humanos para o desenho de um projeto que encontre o
aluno onde ele estiver, oferecendo-lhe todas as possibilidades de
acompanhamento, tutoria e avaliação, permitindo-lhe elaborar
conhecimentos/saberes, adquirir hábitos, habilidades e atitudes, de acordo com
suas possibilidades;
pré-testar materiais didáticos e recursos tecnológicos a serem usados na
docência online, programa, oferecendo orientações aos alunos;
providenciar suporte pedagógico, técnico e tecnológico aos alunos e aos
professores e técnicos envolvidos no projeto de forma a assegurar a qualidade
no processo;
preparar plano de contingência para que não falte ao aluno o suporte técnico
necessário.
A formação dos professores para uma sociedade do conhecimento tem
novas implicações que precisam ser cuidadosamente observadas, no sentido de
possibilitar um novo redimensionamento de seu papel diante do paradigma
comunicacional, se concordarmos com Moraes (1996, p. 66), para quem:
O modelo de formação dos professores, de acordo com esse novo
referencial, pressupõe continuidade, visão de processo, não
buscando um produto completamente acabado e pronto, mas um
movimento permanente de “vir a ser”, assim como o movimento
das marés, ondas que se desdobram em ações e que se dobram
e se concretizam com processos de reflexão. É um movimento de
reflexão na ação de reflexão sobre a ação.
Para definir a reflexão na ação do professor, Prado (1996, apud
MORAES, 1996, p. 66) observa que essa nova configuração
[...] estabelece um dinamismo de novas idéias e de novas
hipóteses que demandam do professor uma forma de pensar e
agir mais flexível [e que este] precisa aprender a construir e a
comparar novas estratégias de ações, novas teorias, novos
modos de enfrentar e definir os problemas.
2.3 O CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO PEDAGÓGICO DO
TELEDUC
Com a política de utilização de outros ambientes de aprendizagem do
UBM, a formatação do curso de Formação Docente para o Uso Pedagógico do
TelEduc foi proposta pela coordenação do NEAD como estratégia de cultura de
uso de ambiente online, visando à futura aplicação em EaD, como disposto na
Portaria n. 4.059, de 10 de dezembro de 2004, segundo a qual poderão ser
oferecidas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, desde que a
oferta não ultrapasse 20% da carga horária total do curso.
O construtivismo de base interacionista, que privilegia a cooperação,
colaboração, interação e interatividade nos processos de ensino-aprendizagem,
foi a teoria que fundamentou o Desenho Instrucional (DI) do curso por ter papel
fundamental no desenvolvimento cognitivo. Segundo essa teoria, toda função no
desenvolvimento cultural do sujeito aparece primeiro no nível social, entre
pessoas, e depois no individual, dentro do próprio sujeito, quando a
aprendizagem é moldada pela construção do conhecimento marcado pela história
e pela cultura e resultado das interações sociais em um processo contínuo.
Ainda segundo essa teoria, o aluno é dotado de potencialidade de acordo
com suas características pessoais e personalidade e estabelece relações consigo
e com os outros sujeitos na construção de seu conhecimento, trazendo sua
bagagem sociocultural para o ambiente de aprendizagem como um sujeito ativo e
interativo, capaz de formar conhecimento pela troca.
O curso foi oferecido aos professores no formato semipresencial, com
encontros presenciais no laboratório de informática. Os professores, por interesse
próprio, se inscreveram no curso e foram recepcionados pelo formador, que, ao
aceitar sua inscrição, permitia que o sistema lhes enviasse um nome de usuário e
uma senha de acesso.
Ao acessar o ambiente do curso, os professores tinham à disposição uma
agenda com as informações iniciais e com a dinâmica das ferramentas que
seriam utilizadas. As orientações da agenda são importantes, pois, em ambiente
virtual de aprendizagem, o design das informações disponibilizadas precisa ser
claro e objetivo, de forma a não deixar dúvidas do caminho que deverá ser
seguido para efetivar a interação com o conteúdo e a interatividade na construção
do conhecimento.
O ambiente TelEduc possui um esquema de autenticação de acesso aos
cursos. Para que formadores, coordenadores, alunos, convidados e visitantes
acessem ao curso, como foi dito, é preciso ter uma senha e uma identificação
pessoal (login). Todas as publicações do aluno ou do formador apresentam o dia
e horário em que foram feitas. Para garantia da integridade das informações
armazenadas no curso, é imprescindível sair do navegador
(Mozilla/Opera/Netscape Navigator/Microsoft Internet Explorer) ao terminar uma
sessão de acesso.
Os desenvolvedores do TelEduc mantêm um site para contato com os
usuários: http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/ . O site apresenta artigos sobre
ambiente virtual de aprendizagem, lista todas as entidades que utilizam o
TelEduc, contém um endereço para contato com os desenvolvedores e
coordenadores do projeto e lista os cursos que são realizados no ambiente. A
arquitetura básica do TelEduc está representada na Figura 2.
Figura 2 – Arquitetura do TelEduc
O AVA TelEduc possui as seguintes características pedagógicas
38
:
1 O Ambiente incentiva a autonomia do usuário: para trabalhar
nesse ambiente, sem dúvida, o aluno necessitará interagir com a
máquina, com as ferramentas disponibilizadas, sendo exigida,
portanto, a autonomia do educando para que haja tal processo.
2 O ambiente mostra ao usuário a explicação dos objetivos de
cada ferramenta: um item dentro do ambiente que se
denomina Estrutura do Ambiente, em que é explicada com clareza
a funcionalidade de cada ferramenta e do ambiente como um
todo.
3 O ambiente possui a capacidade de adaptar-se às
necessidades do usuário: o Ambiente permite que o usuário
tenha opções naquilo que necessita, podendo ser alterado de
uma disciplina para outra pelo formador, porém as mesmas são
limitadas e definidas em menus.
4 O ambiente é visivelmente interessante: de um modo geral, o
ambiente é razoavelmente interessante. Chama a atenção sua
organização, que é bastante funcional.
5 O ambiente é eficiente na comunicação usuário-sistema:
geralmente o ambiente em questão se comunica eficientemente
com o usuário, facilitando a sua utilização. Os eventuais
problemas que surgem são decorrentes de serviços de excesso
de tráfego da linha, que, nesses casos, é discada.
38
Informações pesquisadas no site do CINTED da UFRGS em 15/04/2008
http://www.espie.cinted.ufrgs.br/~dsbit/trimestre2/lucila/avalia_ambiente/avaliacao_teleduc.asp
6 Motivação ao usuário: a motivação é realizada através dos
agentes humanos que interagem no ambiente, o qual é um agente
facilitador da motivação.
7 O ambiente é tolerante à entrada incorreta de dados: para
acessar o ambiente, é necessário possuir senha e login,
aumentando assim o seu nível de segurança. Caso os dados de
acesso estejam incorretos, é possibilitada ao usuário uma nova
tentativa, que, se for infrutífera, resta ao usuário entrar em contato
com o suporte do ambiente para recadastrar-se.
8 As informações estão organizadas de forma lógica: conforme
foi mencionado, uma organização do ambiente que é digna
de destaque pela usabilidade, ou seja, pela facilidade com que o
usuário encontra o que procura. Observa-se também que os
títulos das ferramentas ajudam à navegação.
9 Em caso de erro, os usuários o informados: ao cometer um
erro, os usuários são clara e imediatamente informados, qualquer
que seja a ferramenta em uso.
10 O tempo de espera para a página ser carregada é aceitável:
logo após o acesso ao ambiente, a página é imediatamente
carregada, excetuando-se as ocasiões que o servidor está
indisponível.
11 As informações podem ser impressas facilmente: quando o
usuário precisa realizá-la, facilidade na impressão de materiais
para consulta fora do ambiente.
12 O ambiente possui interfaces que propiciam trocas
pedagógicas significativas: através de interfaces como chat e
fórum, são proporcionadas ao aluno interações entre professor-
aluno, aluno-monitor, e a interface Grupos visa facilitar a
cooperação entre os membros de um grupo, podendo ser
observado o crescimento do aluno, inclusive com a intervenção de
colegas que auxiliam nesse processo de crescimento de
determinadas unidades.
As interfaces do AVA TelEduc possibilitam a interatividade, principalmente
as interfaces de comunicação, como o Fórum de Discussão e o Bate-papo, que
foram utilizados durante o curso para provocar a reflexão pela exposição das
principais idéias da educação online e do processo de construção do
conhecimento, como pode ser visto na Figura 3.
Figura 3 – Interação na interface Fórum de Discussão
Como interfaces de interatividade e comunicação assíncrona, para Santos
(2005, p. 133), os fóruns de discussão “permitem o registro e a partilha das
narrativas e sentido entre sujeitos envolvidos. Emissão e recepção se imbricam e
se confundem permitindo que a mensagem circulada seja comentada por todos
os sujeitos do processo de comunicação”.
Ainda segundo Santos (2005, p. 133), a interface Fórum de discussão
“permite a construção, estruturação, organização e registro das narrativas e
autorias dos sujeitos a partir da multiplicidade e da pluralidade de seus discursos”.
A interface Bate-papo permite uma conversa em tempo-real entre os
alunos do curso e os formadores. Os horários de bate-papo com a presença dos
formadores são, geralmente, informados na Agenda. Se houver interesse do
grupo de alunos, o bate-papo pode ser utilizado em outros horários. O Bate-papo
ou chat, segundo Santos (2005, p. 134), “se configura como um espaço virtual
onde os sujeitos interagem num mesmo tempo físico estando em lugares
geograficamente dispersos”. Os participantes do curso puderam vivenciar essa
interação síncrona, ainda que, para ajustar o horário para a maioria, houvesse
necessidade de se fazer uma negociação anterior, com tempo hábil para que o
bate-papo temático pudesse ser efetivado, como se pode observar na Figura 4.
Figura 4 – Interação na interface Bate-Papo
Observou-se que alguns professores manifestaram interesse em discutir
com mais profundidade as questões da cibercultura no rum de discussão e a
necessidade da mudança, mas discussões relacionadas à falta de habilidades e
competências, isto é, aos ditos excluídos digitais, que se sentem incomodados
com o desafio da mudança, precisam ser motivadas.
Foram disponibilizadas informações sobre a EaD e o AVA TelEduc na
ferramenta Perguntas Freqüentes, como demonstrado nas figuras 5 e 6, com
questões comuns observadas em cursos anteriores.
Figura 5 – Ferramenta Perguntas Freqüentes - questões
Figura 6 – Ferramenta Perguntas Freqüentes - respostas
A interface Portfolio possibilita a interatividade, e os participantes podem
armazenar textos e arquivos utilizados e/ou desenvolvidos durante o curso, bem
como endereços da internet. Esses dados podem ser particulares, compartilhados
apenas com os formadores ou compartilhados com todos os participantes do
curso. Além do seu, cada participante pode ver os portfolios dos demais e os
comentar, se assim o quiser.
O Portfolio pode significar, segundo Santos (2005, p. 137), “desde a
mídia, o suporte que veicula a mensagem, até o seu conteúdo, a mensagem
propriamente dita [...e] “a hibridação do suporte com o conteúdo, ou seja, mídia e
mensagem juntas”.
No curso, objeto desta análise, a interface Portfólio, representada nas
Figuras 7, 8 e 9, foi importante para o processo de avaliação formativa, pois,
como observa Santos (2005, p. 138), “quando afirmamos que a avaliação
formativa é um ato interativo acreditamos que cada sujeito que é avaliado deve
também ser um sujeito que pode e deve avaliar”.
Santos (2006, p. 3) vai além e apresenta três modelos de avaliação:
Auto-avaliação: o avaliador é o autor da ação, da produção ou
da performance avaliada;
Co-avaliação: o avaliador é um par da ação, da produção ou da
performance avaliada;
Heteroavaliação: o avaliador é um ator mais experiente,
geralmente o professor da atividade, no tratamento do objeto
de estudo a ser avaliado.
Figura 7 – Interface Portfolio – participantes do curso
Figura 8 – Interface Portfolio – participantes do curso
Figura 9 – Interface Portfólio – conteúdo de atividade
Na docência online, o professor, em vez de apenas ensinar o conteúdo de
sua disciplina, necessitará aprender a disponibilizar ltiplas experimentações e
expressões no plano da interatividade. E deverá buscar a conexões em rede que
permitam múltiplas experiências, pois, no paradigma comunicacional da
cibercultura e da interatividade, o professor é um formulador de questões,
provocador de idéias, arquiteto de percursos, motivador da experiência do
conhecimento coletivo, interlocutor de fundamentos (SILVA, 2006).
CAPÍTULO 3
O CURSO DE FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO PEDAGÓGICO DO
TELEDUC
3.1 A PROPOSTA DO CURSO
A delimitação do campo para a investigação proposta é o curso de
Formação Docente para o Uso Pedagógico do AVA TelEduc. A primeira fase
consiste em situar o objeto da investigação. A segunda fase é a coleta de dados
que foi realizada com aplicação de questionário para levantamentos de dados,
análise de conteúdo, etc.; a terceira fase de organização e tratamento dos dados,
considerando os objetivos da investigação, seus limites e um sistema de
referências para avaliar a utilidade dos dados. O cuidado com estas três fases é o
propósito deste capítulo 3 e a análise propriamente dita dos dados e tratamento
dos resultados ficará para o próximo capitulo.
Desde a implantação do NEAD, em junho de 2005, o UBM vem
desenvolvendo projetos de formação continuada para os professores dos seus 29
cursos de graduação, priorizando o uso do AVA TelEduc, um ambiente de ensino,
com características singulares e diferenciadas do ensino presencial, que reúne os
recursos da informática e da web, em consonância com o que pensa Dias (2004,
p. 23), para quem “as redes educacionais encontram na WEB mais do que uma
tecnologia para o acesso e a transmissão de informações, é um meio para a
construção e transformação da informação em conhecimento”. Em dois campi da
IES, há laboratórios de informática disponíveis.
Para o desenvolvimento das funções de ensino, pesquisa e extensão, o
UBM tem sua sede (Rua Vereador Pinho de Carvalho, n. 267, Centro) e a unidade
Cicuta (Rua 35, nº 714, Fazenda Santa Cecília) em Barra Mansa, RJ.
O setor responsável pelo desenvolvimento e implementação do curso em
análise foi o Núcleo de Educação a Distância (NEAD), unidade vinculada à Pró-
Reitoria Acadêmica do UBM, criado pela Portaria da Reitoria n. 015/2005, de
22/07/2005, com competência para implantar e implementar políticas e diretrizes
para a docência online estabelecidas no âmbito do UBM. Possui servidor
39
dedicado ao AVA TelEduc, com acesso pelo portal institucional, como mostram as
Figuras 10, 11, 12, 13 e 14
Figura 10 – Portal institucional do UBM com acesso à página do NEAD.
Figura 11 – Página do NEAD de acesso ao TelEduc - informações
39
Tecnologia da informação
dedicada à gestão da informação do AVA TelEduc.
Figura 12 – Página do NEAD de acesso ao TelEduc
Figura 13 – Página do NEAD de acesso ao TelEduc – Cursos
Figura 14 – Página do NEAD de acesso ao TelEduc
A equipe do NEAD é constituída de profissionais com formação focada
nas mídias digitais, design instrucional e pedagogia, com seis estagiários, de
cursos afins, atuando de segunda-feira a sexta-feira das 7 horas às 22 horas e
aos sábados das 7 horas às 17 horas, para atender aos alunos e professores. E
capacitados para orientar os professores e alunos no uso eficaz do TelEduc. As
funções da equipe do NEAD estão definidas no organograma da IES, como
demonstrado na Figura 15.
Figura 15 – Organograma do NEAD - UBM
A estrutura de apoio tecnológico do UBM, disponibilizada para as
atividades do NEAD são: Servidor dedicado ao TelEduc com processadores
Intel Xeon 550Mhz, HD 73Gb, espaço livre 54Gb e 1 Gb Memória; Ambiente
Sistema Operacional Linux Debian Sarge 3.1, PHP 5.1.6, Apache 2.2.3 e TelEduc
3.3.7; Rede dois laboratórios dedicado ao NEAD, um com 27 pontos de rede na
unidade de Barra Mansa e outro com 28 pontos na unidade Cicuta, interligados
a um backbone estruturado com fibra óptica FastEthernet e sala de coordenação
com três pontos de rede interligados também no backbone estruturado com fibra
óptica FastEthernet.
3.1.1 Justificativa
Diante do desafio de desenvolver a cultura da docência online nos
processos educacionais do UBM, o NEAD disponibilizou para os professores, nos
anos de 2007 e 2008, o curso de Formação Docente para o Uso Pedagógico do
TelEduc, visando desenvolver competências de uso de forma crítica e reflexiva do
trabalho de mediação e construção do conhecimento.
3.1.2 Objetivo geral do curso
Formar técnica e pedagogicamente os professores para o
desenvolvimento, execução e acompanhamento de disciplinas e cursos no AVA
TelEduc, na construção de competências para a docência online, com vistas à
apropriação teórico-prática, crítica e reflexiva que a fundamente.
3.1.3 Objetivos específicos
Incentivar o uso crítico e gradativo do AVA TelEduc em atividades
pedagógicas online, propiciando experiências para as gerenciar com autonomia e
eficácia da aprendizagem;
desenvolver a usabilidade pedagógica das ferramentas e interfaces de
informação, comunicação, conteúdo, interatividade e administração do AVA
TelEduc;
modelar os conteúdos de disciplinas ou cursos no AVA TelEduc,
pedagogicamente orientados pelos parâmetros de qualidade do UBM, e
desenvolver um ambiente de disciplina ou curso utilizando as ferramentas e
interfaces do TelEduc.
3.1.4 Público alvo
Professores dos cursos de graduação do UBM.
Com o objetivo de motivar a participação no curso, foram listados alguns
diferenciais, como: gratuidade aos professores dos cursos de graduação; a
interface amigável do AVA TelEduc, não exigindo muito conhecimento técnico do
uso do computador e das suas ferramentas que possibilitam a construção do
conhecimento pela colaboração e cooperação, além da interação e interatividade
entre os participantes.
3.1.5 Carga horária
40 (quarenta) horas, com 4 (quatro) módulos de 10 (dez) horas, sendo 9
(nove) horas presenciais no laboratório do NEAD.
3.1.6 Metodologia
O modelo de design instrucional (DI) do curso escolhido foi o que
privilegia a cooperação, colaboração, interação e interatividade nos processos de
ensino e aprendizagem, isto é, o construtivismo de base interacionista, pois, cabe
ao educador associar aquilo que o aprendiz sabe a uma linguagem culta ou
científica para ampliar os conhecimentos daquele que aprende, de forma a
integrá-lo histórica e socialmente no mundo, ou ao menos, integrá-lo
intelectualmente no seu espaço vital, onde a aprendizagem é mais do que a
aquisição de capacidades para pensar, é a aquisição de muitas capacidades para
pensar sobre várias coisas.
É relevante disponibilizar o fluxo dos eventos instrucionais que orientou o
desenvolvimento do projeto do curso, que foi desenvolvido para formar os
professores do UBM para utilizarem o AVA TelEduc. A designer instrucional do
curso utilizou as referências do fluxo de atividades descrito por Filatro (2008, p.
51-53), na Tabela 1.
Tabela 1 – Fluxo de Atividade de DI de curso online.
FASE EVENTOS DESCRIÇÃO
Ativar a atenção
do aluno
Informar os
objetivos de
aprendizagem
Introdução
Aumentar o
interesse e
motivação
Essa fase visa chamar a atenção do aluno para uma
unidade de aprendizagem específica, levando em conta
a infinidade de estímulos visuais, auditivos, táteis a que
ele está submetido no ambiente virtual.
Embora a multimídia nos permita utilizar efeitos visuais,
sonoros e animados com essa finalidade, a atenção do
aluno também pode ser capturada por recursos mais
acessíveis, como a colocação de questões provocativas,
fatos do cotidiano, problemas de interesse imediato dos
alunos, conflitos ou paradoxos.
Os objetivos de aprendizagem precisam ganhar
relevância, e a própria atividade de aprendizagem
proposta deve estar relacionada a um quadro cognitivo
mais amplo.
Recuperar
conhecimentos
prévios
Apresentar
informações e
exemplos
Focar a atenção
Usar estratégias
de
aprendizagem
Proporcionar a
prática e orientá-
la
Processo
Fornecer
feedback
Nessa fase, é importante que os alunos recuperem os
conhecimentos que serão necessários à nova
aprendizagem. Isso pode ser feito por meio de revisões,
sumários, mapas conceituais e analogias. Pode ser feito
também pela colocação de questões encadeadas que
levem à recuperação de informações a partir da
memória de longo prazo.
A nova informação pode ser apresentada aos alunos de
duas maneiras:
Na forma expositiva (também chamada didática),
quando se apresenta um novo conceito, seus
exemplos e contra-exemplos (exemplos aos
quais o conceito não se aplica).
Na forma de descoberta (ou investigação),
quando se espera que o aluno deduza um
conceito ou princípios a partir dos exemplos
apresentados
Durante todo o processo, a atenção do aluno deve ser
constantemente redirecionada, fazendo sobressair os
princípais elementos da unidade, Isso pode ser obtido
aplicando-se aos materiais instrucionais recursos
gráficos, como negritos, sombreados, caixas de
destaques, setas, ou utilizando-se segmentos de áudio,
vídeo e animação. Podem ser solicitadas também ações
por parte do aluno, como registrar anotações, sublinhar
trechos escritos, responder a uma bateria de questões e
reproduzir a informação em outras linguagens (por
exemplo, descrever oralmente um trecho de vídeo ou
elaborar um gráfico a partir de um segmento de áudio).
Processo
Fornecer
feedback
No processo os alunos precisam ser orientados à
prática, isto é, devem tornar-se capazes de colocar em
uso os conteúdos estudados para resolver problemas
semelhantes ou mesmo situações novas. Para tanto, os
alunos podem praticar individualmente ou como
membros de grupos, realizando atividades que vão dos
tradicionais exercícios de perguntas e respostas, com
questões objetivas (múltipla escolha, verdadeiro e falso,
associação, preenchimento de lacunas) ou abertas
(ensaios, papers, dissertações, resenhas) até atividades
mais elaboradas como estudos de caso, roleplayings,
investigações orientadas e desenvolvimento de projetos.
O processo de ensino-aprendizagem estará incompleto
se o aluno não receber feedback sobre sua prática.
Considerações acerca da adequação da prática podem
ser feitas pelo educador, pelos pares (feedback
cruzado), pelo próprio aluno (auto-avaliação) ou de
forma automatizada (quando um software é programado
para checar a precisão das respostas).
Revisar e
sintetizar
Transferir a
aprendizagem
Conclusão
Remotivar e
encerrar
A fase de conclusão permite que os alunos revisem e
sintetizem os principais pontos da unidade de
aprendizagem, destacando a utilidade e a aplicabilidade
do que foi aprendido.
A síntese pode conter, por exemplo, a sequência de
passos para realizar um procedimento ou destacar os
princípios gerais relacionados a um domínio. Como em
todos os outros eventos, a síntese pode fazer parte dos
materiais instrucionais ou ser realizada pelo próprio
aluno.
O processo de transferência da aprendizagem envolve
aplicar conceitos, princípios, estratégias cognitivas,
habilidades motoras e atitudes aprendidas a uma
variedade de situações da vida cotidiana e profissional.
A transferência da aprendizagem contribui para que o
aluno reconheça a importâcia da aprendizagem obtida.
É importante que o aluno saiba que determinada
unidade de aprendizagem foi concluída – o que, pelo
menos em tese, significa que os objetivos de
aprendizagem declarados foram alcançados.
Avaliara a
aprendizagem
Avaliação
Fornecer
feedback e
complementação
da
aprendizagem
A avaliação é essencial não apenas para o aluno, mas
também para o educador e para o designer instrucional.
Isso porque ela permite verificar se os objetivos
propostos foram realmente atingidos.
Às vezes, a avaliação não ocorre ao final de cada
unidade de aprendizagem, mas sim ao final do curso ou
programa. Nesse caso, o feedback é mais cumulativo do
que costuma ser quando há acompanhamento das
atividades práticas.
Para os alunos que não atingiram plenamente os
objetivos podem-se oferecer atividades
complementares, como apresentações de conteúdo em
formatos alternativos e atividades práticas diferenciadas.
3.1.7 Avaliação e certificação
A avaliação será através da participação das atividades nos módulos e
nos encontros presenciais. Os certificados serão disponibilizados pela Pró-
Reitoria Comunitária para os professores/alunos que concluírem o curso com no
mínimo 80% de participação e apresentarem projeto.
A avaliação do curso será formativa, pois, apresenta característica
informativa e reguladora, fornecendo informações aos dois atores do processo de
ensino-aprendizagem:
ao professor, que será informado por feedbacks consistentes da
trajetória de um curso, sobre os efeitos reais de suas ações, podendo
regular sua ação pedagógica;
ao aprendiz, que terá oportunidade de tomar consciência de suas
dificuldades, administrar melhor o seu tempo e, possivelmente,
reconhecer e corrigir seus próprios erros durante o curso.
Estas características revelam uma especial importância no contexto da
educação via web, pois:
possibilitam que os formadores, mesmo a distância, percebam as
dificuldades de seus alunos e os orientem efetivamente;
orientam tanto formadores como os alunos em direção aos objetivos;
incentivam a autonomia e tornam a participação dos alunos mais ativa;
fornecem dados e informações ao designer Instrucional para rever seu
planejamento e suas ações didáticas visando ao êxito na aprendizagem
do aluno.
3.2 O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM TELEDUC
A necessidade de desenvolver um curso de formação para a docência
online se configura, diante do cenário em que as IES se encontram, como um
desafio para a mudança. Formar em serviço exige uma política voltada à
qualidade das ações pedagógicas, em que professores e alunos são colocados
diante da realidade do mundo contemporâneo e precisam encontrar espaços para
se movimentarem com conhecimento e visão de futuro.
A tecnologia educacional precisa ser contemplada na formação do
professor, principalmente no que trata de habilidades e competências no uso do
computador e de softwares que podem auxiliar na prática pedagógica. Muitos são
os desafios para a educação, e a percepção da mudança de paradigmas é
necessária para que ações sejam efetivadas para atingir a excelência.
O UBM vem investindo no uso do AVA Teleduc, como mais um ambiente
de aprendizagem, e o interesse em conhecer e aplicar as mídias na educação
vem aumentando significativamente na comunidade acadêmica.
A gestão das mídias envolve cuidados com a seleção, condições de
operação e de manutenção dos equipamentos escolhidos para serem utilizados.
Requer a garantia de seu pleno funcionamento e a disponibilidade dos mesmos
durante todo o tempo em que as atividades estiverem sendo realizadas. As
mídias selecionadas para o curso foram o computador, a internet e web, como
também vídeos, simulações e animações, apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 – Mídias digitais selecionadas para o curso.
Mídia escrita
Palavra escrita e as diferentes formas de
apresentação
Áudio Arquivo de som
Imagem fixa
Foto – esquema – desenho – cartoon
Imagem em movimento
Animação - vídeos gravados - vídeo via web
Hipertexto e hipermídia
Textos ampliados por links da web
Objetos de aprendizagem Acesso a repositórios como RIVED e Cesta.
O TelEduc foi selecionado por ser um ambiente de que propicia a criação,
administração e participação de cursos através da internet, e sua utilização pode
ser tanto no ensino a distância como no presencial. Foi desenvolvido
conjuntamente pela equipe do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied)
e pelo Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), com o objetivo de possibilitar a formação de professores para a
informática educativa.
O TelEduc é um software livre, de código aberto, desenvolvido de forma
participativa, ou seja, todas as suas ferramentas foram idealizadas, projetadas e
depuradas segundo necessidades relatadas por seus usuários. Com isso, ele
apresenta características que o diferenciam dos demais ambientes para educação
a distância disponíveis no mercado, como a facilidade e a flexibilidade de uso por
pessoas não especialistas em computação e um conjunto enxuto de
funcionalidades. As informações sobre o TelEduc podem ser encontradas na
página do projeto: http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/.
Usa-se equivocadamente o termo “ferramenta” no lugar de “interface”. A
ferramenta está para a sociedade industrial como instrumento individual de
fabricação, de manufatura. A interface, no contexto sociotécnico do computador
online, é espaço coletivo de comunicação entre duas ou mais faces humanas ou
infotécnicas geograficamente dispersas. É mais do que um mediador de interação
ou tradutor de sensibilidades entre as faces. Isso seria “ferramenta”, termo
inadequado para exprimir o sentido de ambiente de encontro e de interatividade
no “ciberespaço” ou “universo paralelo de zeros e uns” (JOHNSON, 2001, p.19).
Portanto, neste trabalho de investigação, estaremos utilizando os dois
termos, sendo “ferramenta para a tecnologia que no TelEduc não possibilita a
interação, mas somente disponibiliza informações e atividades, e “interface” para
a tecnologia que possibilita a construção do conhecimento pela co-criação e a
interatividade.
A estrutura do TelEduc tem como elemento central a ferramenta de
Atividades, possui também as ferramentas Agenda, Leituras, Material de Apoio,
Parada Obrigatória e Perguntas Freqüentes.
O TelEduc dispõe das interfaces Grupos e Diário de Bordo, e para o apoio
à comunicação apresenta as seguintes interfaces: Correio eletrônico, Bate-papo,
Fóruns de discussão, Mural, Portfolio e Perfil.
Para conhecimento do ambiente e de sua dinâmica, o curso dispõe das
ferramentas Estrutura do Ambiente e Dinâmica do Curso.
A ferramenta Estrutura do AVA TelEduc é uma página comum do
ambiente TelEduc, que apresenta as ferramentas e as interfaces que definem
brevemente seus propósitos de utilização, como demonstrado na Figura 16.
Figura 16 – Estrutura do AVA TelEduc
A ferramenta Dinâmica do Curso contém informações sobre a
metodologia e a organização geral do curso, e, como se pode ver na Figura 17, é
fundamentada no fluxo de atividades descrito por Filatro (2008. p. 51 a 53), como
uma introdução, para ativar a atenção do aluno para uma unidade de
aprendizagem específica, levando em conta a infinidade de estímulos visuais,
auditivos, táteis a que ele está submetido no ambiente virtual, como também
informar os objetivos de aprendizagem e aumentar o interesse e motivação.
Figura 17 – Ferramenta Dinâmica do Curso
O TelEduc possui também as ferramentas de consulta às informações
derivadas da navegação dos participantes pelas diversas ferramentas de um
curso: Intermap e Acessos. Recentemente, foram adicionadas ao sistema as
ferramentas Exercícios e Avaliação. A primeira permite a inserção de exercícios
com questões aos alunos e a segunda permite o acompanhamento formativo e
somativo dos alunos. A ferramenta Intermap possibilita visualizar as interações
entre professores e alunos, como representado na Figura 18.
Figura 18 Ferramenta Intermap com representação de interação entre professor
formador e alunos.
O processo de ensino-aprendizagem, de acordo com o fluxo de Filatro
(2208) estará incompleto se o aluno não receber feedback sobre sua prática.
Considerações acerca da adequação da prática podem ser feitas pelo educador,
pelos pares (feedback cruzado), pelo próprio aluno (auto-avaliação) ou de forma
automatizada (quando um software é programado para checar a precisão das
respostas).
O AVA TelEduc suporta arquivos de vários formatos, como o da
ferramenta Agenda, que possibilita disponibilizar informações de forma textual,
visual e sonora, como ilustrado na Figura 19.
A Agenda é uma ferramenta de comunicação que, no fluxo de Filatro
(2008), faz parte do processo da organização do curso, como: a) recuperar
conhecimentos prévios; b) apresentar informações e exemplos; b) focar a
atenção; d) usar estratégias de aprendizagem; e) proporcionar a prática e orientá-
la; e f) fornecer feedback.
Durante todo o processo, a atenção do aluno deve ser constantemente
redirecionada, fazendo sobressair os princípais elementos da unidade, Isso pode
ser obtido aplicando-se aos materiais instrucionais recursos gráficos, como
negritos, sombreados, caixas de destaques, setas ou utilizando-se segmentos de
áudio, vídeo e animação.
Figura 19 – Ferramenta Agenda
A ferramenta Atividades é utilizada para disponibilizar as informações
fundamentais que nortearão a interação e a construção do conhecimento entre os
participantes do curso, como ilustrado nas Figuras 20 e 21.
No processo, de acordo com o fluxo de Filatro (2008), os alunos precisam
ser orientados à prática, isto é, devem tornar-se capazes de colocar em uso os
conteúdos estudados para resolver problemas semelhantes ou mesmo situações
novas. Para tanto, os alunos podem praticar individualmente ou como membros
de grupos, realizando atividades que vão dos tradicionais exercícios de perguntas
e respostas, com questões objetivas (múltipla escolha, verdadeiro e falso,
associação, preenchimento de lacunas) ou abertas (ensaios, papers,
dissertações, resenhas) e até atividades mais elaboradas como estudos de caso,
roleplayings, investigações orientadas e desenvolvimento de projetos.
Figura 20 – Ferramenta Atividades – módulos e exercícios
Figura 21 – Ferramenta Atividades – módulo 1
Um curso é cooperativo quando é baseado nos trabalhos em grupos,
onde todos participam e contribuem de forma conjunta para atingir os objetivos
comuns. Esse trabalho pode ser feito utilizando a interface Bate-papo ou a
Portfolio, com o compartilhamento de arquivos online.
São interfaces que possibilitam atividades interativas no sentido de tornar
o trabalho integrado, onde todos possam interagir para que o trabalho em grupo
se torne significativo para os participantes, tendo em vista que é pela
interatividade que o grupo constrói o conhecimento pela co-autoria.
Como pressuposto básico da teoria socioconstrutivista, segundo Vygotsky
(1984, p. 21), “o ser humano constitui-se enquanto sujeito na relação com o outro.
O funcionamento psicológico do homem é formado ao longo da história humana,
sendo, pois, moldado pela cultura”. Outra idéia que fundamenta a teoria é a
plasticidade cerebral que se refere à base biológica do funcionamento psicológico
do homem, pois o cérebro é sua matéria-prima e é entendido como sistema
aberto, cujos modos de funcionamento são modelados ao longo de sua história.
São muitos os conceitos do socioconstrutivismo de base interacionista de
Vygotsky que podem garantir uma ação pedagógica mais consistente. D’Ávila
(2006, p. 97-98) assim os sintetizam:
a) Zona de desenvolvimento proximal significa a distância entre
nível real de desenvolvimento, determinado pela capacidade de
resolver independentemente um problema, e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da resolução
de um problema sob a orientação de alguém mais capaz (pais,
colegas, amigos ou professores). Para uma ação pedagógica
eficaz, basta que o professor reconheça essa distância nos
seus alunos e saiba ensinar de acordo, fazendo com que estes
avancem rumo às novas descobertas do saber. Logo, a
intervenção pedagógica deve ser facilitadora da ampliação da
zona de desenvolvimento proximal de conhecimento e da
criação, eventualmente, de zonas novas.
b) Todo conhecimento brota das relações do sujeito com seu meio
sociocultural: logo, o que o aluno traz para a sala de aula é um
manancial riquíssimo de conteúdos a serem explorados no
ambiente escolar e relacionados ao saber sistematizado.
c) A consciência humana é produto da história social: como é a
universidade o espaço formador, por excelência, das
consciências humanas, não se pode deixar de desenvolver uma
postura pedagógica sensível à história dos seus sujeitos; as
escuta sensível é, pois, um expediente pedagógico de
importância vital no processo educativo.
d) Interações cognitivas: a busca do conhecimento corresponde a
necessidades da vida social, evocando, assim, as relações
interpessoais; logo um aluno aprenderá mais e melhor se
estiver em companhia solidária de outros.
Para enfatizar a aprendizagem significativa, que tem o professor como
mediador de saberes e que deverá estar sempre junto ao aluno no processo de
aquisição do conhecimento e da aprendizagem construtiva, D´Ávila (2006, p. 99 e
100) cita Jonassen:
A aprendizagem deve ser “ativa”: isto é, resultar de
experiências genuínas, comprometendo-se o aprendiz com
atividades nas quais se encontre implicado, e dispondo de
ferramentas que possam ser manipuladas ativamente pelo
aprendiz.
A aprendizagem deve ser “construtiva”, propriamente: onde os
alunos possam integrar experiências novas aos esquemas
conceituais constituídos, tornando-se capazes, também, de
imprimir significado próprio às novas aprendizagens.
A aprendizagem deve ser “reflexiva”: pois, sem reflexão, não
como se constituir conceitos próprios. Ao contrário da
aprendizagem mecânica e reflexa, baseada no esquema
estímulo/resposta (S-R), a aprendizagem reflexiva evoca no
aprendiz as possíveis análises e críticas daquilo que leu ou
aprendeu. Principalmente na EaD, deve-se exigir dos alunos
que analisem a tarefa, as estratégias e ferramentas que
utilizaram, bem como as respostas obtidas para que, assim,
sejam capazes de aplicar esse conhecimento em outras
situações.
A aprendizagem deve ser “cooperativa”: isto é, desenvolvida a
partir das múltiplas interações entre os pares; assim, o
conhecimento construído e compartilhado será ainda mais
significativo, vez que exposto, discutido, dialogado.
A aprendizagem deve ser “intencional”: a partir de objetivos
pessoais, inicialmente, e coletivos, quando a interação com o
grupo (nas comunidades) se fizer sentir. Quando uma intenção
se revela ao aprendiz, ele se sentirá, imediatamente,
comprometido com todo o processo de aprendizagem. Quando
essa intenção se transformar em objetivo coletivo, mais ainda
envolvido com os destinos de todo o processo educativo ele
estará.
A aprendizagem deve ser “contextualizada”: quanto mais as
atividades de ensino-aprendizagem forem elaboradas para um
contexto específico, muito mais a aprendizagem será
significativa. Disso decorre a necessidade de se envolver o
aprendiz em experiências que tenham alguma ressonância com
sua vida, que toque seus objetivos pessoais e, posteriormente,
coletivos também. Longe do intelectualismo abstrato das
pedagogias mais tradicionais, o que deve se levar em conta,
nessa perspectiva, é a conexão do saber ao contexto
sociocultural dos educandos.
A aprendizagem deve ser “socializadora”: ao que Jonassen
chama de coloquial, chamarei aqui de aprendizagem
socializadora. Visa ensejar a troca de opiniões, de idéias e a
organização de novos conceitos na estrutura cognitiva dos
alunos. Esse aspecto será muito beneficiado na EaD, uma vez
que estarão conectadas pessoas de várias partes a troca de
experiências e de saberes poderá ser extremamente rica se o
professor for habilidoso o suficiente para favorecer o clima de
socialização no grupo. Aqui a dimensão de comunidade se
explicita: não faz sentido a aprendizagem de novos
conhecimentos e não se pode compartilhar de seus resultados
e construir uma realidade melhor.
D’Ávila (2006, p. 101), citando Jonassen, diz que podemos visualizar a
idéia de rede nas dimensões da aprendizagem significativa, como representado
na Figura 22.
Figura 22 – Aprendizagem significativa
Na modelagem do curso foram definidos alguns aspectos da teoria
sociointeracionista como métodos, como se processa a aprendizagem, o papel do
professor e do aluno, as contribuições para o DI em cursos virtuais e algumas
conclusões de sua aplicação, detalhados na Tabela 3.
Ativa
Construtiva
Cooperativa
Reflexiva
Contextualizada
Socializadora
Intenciona
l
Tabela 3 – O sociointeracionismo
Teoria
Métodos
Aprendizagem Papel do professor Papel do aluno
Sociointeracionista
A interação social possui um papel
fundamental no desenvolvimento
cognitivo e toda função no
desenvolvimento cultural do sujeito
aparece primeiro no nível social, entre
pessoas, e depois no nível individual,
dentro do próprio sujeito.
O desenvolvimento cognitivo é
apoiado na concepção de um
organismo vivo, onde o pensamento é
construído gradativamente em um
ambiente histórico e, em essência,
social e
deverá procurar a superação da
relação opressor - oprimido, através
de uma educação problematizadora
com essência na dialogicidade,
superando a dicotomia sujeito-objeto.
A aprendizagem é moldada
pela construção do
conhecimento marcado pela
história e pela cultura.
É resultado das interações
sociais e um processo social
contínuo.
A idéia de zona de
desenvolvimento proximal,
considerada como um nível
intermediário entre o nível
de desenvolvimento real e o
nível de desenvolvimento
potencial.
O professor deve ser um
mediador; parceiro.
A relação profes
sor-aluno é horizontal e
não imposta.
Desmistificar e
questionar com o aluno a
cultura dominante,
valorizando a linguagem
e a cultura deste, criando
condições para que cada
um deles analise seu
conteúdo e produza
cultura.
É dotado de potencialidade
de acordo com suas
características pessoais e
personalidade e estabelece
relações sociais entre si e
com os outros sujeitos na
construção de seu
conhecimento.
Traz sua bagagem
sociocultural para o
ambiente de aprendizagem.
É um sujeito ativo e
interativo por ser capaz de
formar conhecimento pela
troca com o outro e consigo
mesmo.
64
A interação no curso de Formação Docente para o Uso Pedagógico do
TelEduc, feita pela interface Fórum de discussão, é um exemplo significativo do
potencial pedagógico para a construção do conhecimento, apresentada nas
Figura 23, 24, 25, 26 e 27.
Figura 23 – Temas do Fórum de Discussão
Figura 24 – Temas do Fórum de Discussão – árvore de interação
Figura 25 – Temas do Fórum de Discussão – mensagem inicial
Figura 26 – Temas do Fórum de Discussão – interação com uma aluna
Figura 27 – Temas do Fórum de Discussão – interação entre alunos
A avaliação, de acordo com fluxo proposto por Filatro (2008), é essencial
não apenas para o aluno, mas também para o educador e para o DI, isso porque
ela permite verificar se os objetivos propostos foram realmente atingidos.
É importante fornecer feedback visando à complementação da
aprendizagem. Às vezes, a avaliação não ocorre ao final de cada unidade de
aprendizagem, mas sim ao final do curso ou programa. Nesse caso, o feedback é
mais cumulativo do que costuma ser quando há acompanhamento das atividades
práticas.
Para os alunos que o atingiram plenamente os objetivos, podem-se
oferecer atividades complementares, como apresentações de conteúdo em
formatos alternativos e atividades práticas diferenciadas.
3.3 RESULTADOS DA PESQUISA
Como orientação da investigação sobre a docência online no ensino
superior, foi aplicado um questionário em 50 (cinqüenta) professores, com 11
(onze) questões divididas em duas partes, a primeira sobre as características dos
entrevistados e a segunda sobre a participação no curso de Formação Docente
para o Uso Pedagógico do TelEduc.
Formão do Professor
28%
14%
50%
8%
Biológica Tecnológica Humanas Jurídicas
Disciplinas que utilizaram Tecnologia
Educacional
10%
90%
SIM NÃO
3.3.1 Caracterização
Nos questionários aplicados aos professores da graduação do UBM, uma
questão levantada foi “Qual sua área de formação na graduação?”. Responderam
a essa pergunta 50 (cinqüenta) professores. Como ilustra o Gráfico 1, 50% dos
professores são da área de Humanas, 28% pertencem à área Biológica, 14% à
área Tecnológica (Ciência da Computação, Engenharia de Computação e Cursos
Tecnológicos) e 8% à área Jurídica (Direito).
Gráfico 1
FORMAÇÃO DO PROFESSOR
À segunda questão –“Em seu curso de graduação havia disciplina
utilizando Tecnologia Educacional?” – responderam 50 (cinqüenta) professores,
como ilustra o Gráfico 2. Noventa por cento dos professores entrevistados não
tiveram disciplinas sobre o uso de Tecnologia Educacional e 10% a tiveram em
seus cursos de graduação.
Gráfico 2
DISCIPLINAS QUE UTILIZARAM TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Nível de habilidade de uso do computador e da
Internet
14%
54%
32%
Básico Intermediário Avaado
Participação de curso na Internet.
82%
18%
SIM NÃO
“Qual é seu nível da habilidade no uso do computador e Internet” é a
terceira questão do questionário, respondida por 50 (cinqüenta) dos entrevistados,
como ilustra o no Gráfico 3, sendo que 14% responderam que possuem o nível
básico, 32% o nível avançado e 54% o nível intermediário como usuários de
computador e da internet.
Gráfico 3
NÍVEL DE HABILIDADE DE USO DO COMPUTADOR E DA INTERNET
A quarta questão, ilustrada no Gráfico 4, é “Voparticipou de algum
curso através da internet?” Dos 50 (cinqüenta) professores que responderam o
questionário, 18% não participaram e 82% participaram.
Gráfico 4
PARTICIPAÇÃO DE CURSOS NA INTERNET
A quinta questão da caracterização dos entrevistados é “Você se
considera incluído(a) digital?” Cem por cento dos professores responderam que
se consideram incluídos digitais.
Dificuldades para acessar o ambiente virtual de
aprendizagem TelEduc
11%
66%
23%
SIM NÃO MAIS OU MENOS
3.3.2 Participação dos professores no curso de Formação Docente
para o Uso Pedagógico do TelEduc
A segunda parte do questionário aplicado a 50 (cinqüenta) professores
dos cursos de graduação do UBM procurou levantar informações sobre a
participação no curso de Formação Docente para o Uso Pedagógico do TelEduc.
À sexta questão, “Houve alguma dificuldade para acessar o ambiente
virtual de aprendizagem TelEduc?”, como ilustrada o Gráfico 5, 11% dos 50
(cinqüenta) professores responderam “sim”, 23% responderam “mais ou menos” e
66% responderam que não tiveram dificuldades. Foi solicitado também aos
professores que responderam “sim”, que citassem as dificuldades encontradas,
porém nenhum deles respondeu o porquê ou quais as dificuldades encontradas
para acessar o TelEduc.
Gráfico 5
DIFICULDADES PARA ACESSAR O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM
TELEDUC
A sétima questão é “As informações disponibilizadas sobre a usabilidade
e aplicabilidade pedagógica das ferramentas ou interfaces: Atividades, Agenda,
Material de Apoio, Fórum de Discussão, etc., do TelEduc, foram claras e
objetivas?” As respostas estão representadas no Gráfico 6: Quinze por cento dos
professores responderam “mais ou menos”, 85% responderam “sime nenhum
professor teve dificuldades.
Foi solicitado que, se a resposta fosse “não” ou “mais ou menos”, o sujeito
da pesquisa citasse as dificuldades encontradas, e um professor respondeu: “Não
consigo ver muita diferença entre o Mural e Parada Obrigatória”.
Usabilidade e aplicabilidade pedagógica das
ferramentas do TelEduc
85%
0%
15%
SIM NÃO MAIS OU MENOS
Gráfico 6
USABILIDADE E APLICABILIDADE PEDAGÓGICA DAS FERRAMENTAS DO
TELEDUC
A totalidade dos professores entrevistados respondeu à oitava questão,
“Após concluir o curso, você utilizaria o ambiente TelEduc como apoio ao ensino
presencial de sua disciplina?”, dizendo que estarão aptos a utilizarem o ambiente
virtual de aprendizagem TelEduc nos processos educacionais de seu curso. Um
professor respondeu que “sim, porém, existem algumas restrições que dificultam
a utilização do ambiente, como, por exemplo, número de alunos por turma,
gerenciamento das atividades, aulas práticas, tamanhos de arquivos, pagamento
extra sala de aula versus tempo livre”.
“Você acredita na possibilidade de qualidade na educação online?” foi a
nona questão do questionário feita aos professores. Responderam “não” 10% e
“sim” 90%, como mostra o Gráfico 7, porém houve algumas ressalvas, como:
“porque preciso treinar mais e aprender a organizar melhor meus próprios
materiais”, “ainda não me sinto totalmente capacitado, necessito de mais tempo
para me adaptar a essa modalidade, mas achei bastante interessante essa nova
forma de educar”.
Gráfico 7
Habilidade à docência online
90%
10%
SIM NÃO
HABILIDADE À DOCÊNCIA ONLINE
Foi solicitado aos professores entrevistados que respondessem a décima
questão: “Você acredita na possibilidade de qualidade na educação online?” Dos
50 (cinqüenta) professores, como ilustra o Gráfico 8, oito por cento responderam
“não” e 92% “sim”. Para complementar a questão, foi solicitado que, se a resposta
fosse sim, eles citassem algumas possibilidades identificadas e, se fosse não,
dissessem por quê? Dos professores envolvidos na pesquisa 27 (vinte e sete)
responderam que:
P.1 A possibilidade de manusear, online, as informações
diversas que facilitam a interdisciplinaridade. Agilidade no
acompanhamento dos estudos e na resposta a
questionamentos que dinamizam o processo de ensino e
aprendizagem.
P.2 O curso online permite uma interação com o mundo virtual,
onde as ferramentas usadas nos garantem um novo
paradigma educacional que aborda possibilidades como a
interação;
P.3 Aprendizado com as ferramentas tecnológicas; garantia de
um processo mais rápido.
P.4 Discussões, leituras mais dinâmicas; aumento nas
participações de alunos que talvez não se sentem à vontade
na forma presencial.
P.5 – Através do estudo independente, o aluno alcança mais
autonomia em seu aprendizado. Isso promoverá,
futuramente, profissionais mais independentes, pois, fica
visível a possibilidade de crescimento pessoal.
P.6 Entendo a autonomia como um dos pilares de uma
educação de qualidade. Nesse sentido, se o professor
conseguir lidar bem com os recursos tecnológicos, essa
ferramenta pode trabalhar nesse sentido. Mas não
necessariamente. Portanto, acredito que a educação tem
que utilizar todos os recursos disponíveis e deva criar
espaços para a utilização dos mesmos. A escola e a
universidade não podem continuar lançando mão de
métodos e recursos
retrógrados, distanciando-se cada vez
mais da cultura de sua clientela.
P.7 – Em virtude da disponibilização na internet.
P.8 – Planejamento.
P.9 Material de apoio dinâmico do curso; acompanhamento do
professor; o ambiente em si facilita o aprendizado.
P.10 Sim, por ter o tempo e no horário disponível após o
trabalho e num ambiente mais acolhedor em minha casa.
P.11 Acredito que a qualidade pode existir, mas para isso é
necessário um sistema intensivo juntamente com alunos e
professores, para todos perceberem a grandiosidade deste
recurso. Estou usando em
minhas disciplinas e recebo
elogios de outros colegas e dos próprios alunos. Tem sido
extremamente útil o uso do TelEduc, facilitando
nossa
comunicação, além de nos dar a grata satisfação que
estamos caminhando com a tecnologia.
P.12 – O aluno busca o conhecimento no ensino presencial e quer
o conhecimento (material) pronto, informações apenas e não
quer se aprimorar.
P.13 Ao responder à questão 11, eu disse que tenho interesse
em atuar como docente em disciplinas oferecidas na
modalidade online, portanto seria incoerente dizer que não
acredito na possibilidade de qualidade nessa modalidade de
ensino, no entanto, acredito muito na interação face a face.
Acredito que a presença do professor é de suma
importância para a construção do conhecimento do aluno e,
por que não dizer?, de seu próprio conhecimento. Diante
dos novos desafios, entretanto não podemos prescindir das
novas tecnologias. Apostaria então em ensino híbrido que
privilegiasse a interação e se utilizasse dos meios
tecnológicos.
P.14 Acredito que é preciso estar disponível e aberto para esta
nova exigência e encontrar uma linguagem qualitativa na
elaboração de cursos dentro desta nova mídia. Acredito que
a atenção para esta nova linguagem deva ser específica. É
preciso não adaptar, mas estar dentro deste novo processo.
Quanto ao "adaptar", não basta transferir a forma de
educação anterior para essa nova forma.
P.15 – Devemos verificar os blocos a serem considerados, a
qualidade das aulas (formação adequada mais
disponibilidade do profissional) troca de informações aluno e
professor, presença real do aluno (ele realmente está
fazendo?).
P.16 Flexibilização do horário para estudo e para acessar as
aulas, trabalhando melhor os conteúdos. Redução de tempo
para deslocamento à instituição e atendimento
individualizado.
P.17 Além de ministrar disciplinas de dependência online,
participei de cursos online fora da IES e dentro da IES.
P.18 – Sim como ferramenta de apoio ao ensino presencial.
P.19 – É possível o desenvolvimento de orientação com qualidade
aos alunos via online. A facilidade de disponibilização de
material didático e o contato a qualquer momento que se
deseje com o aluno são as grandes armas da educação
online.
P.20 Trabalhos de leitura e comentário de textos, artigos,
monografias, etc.
P.21 – Guardar o número grande de informação.
P.22 Porque acredito que a qualidade e quantidade de
conhecimento existente poderão ser implementadas
através de ferramentas da web.
P.23 Administração do tempo. Maior possibilidade de contato,
pesquisa na rede mais ágil.
P.24 Acredito na educação online, desde que seja da forma
semipresencial, pois o contato direto com o professor em
certas situações é fundamental.
P.25 A possibilidade de uso de diversos recursos que motivam
alunos, e que podem fazê-los buscar mais conhecimentos. A
possibilidade da troca de informações e conhecimento além
das discussões enriquecedoras. A qualificação para o uso
da informática tão necessária ao desenvolvimento das
atividades profissionais.
P.26 Sim. Mas pondero que seja para quem tenha uma boa
formação inicial. O aspecto positivo é a oportunidade de
perguntar ao professor sem a turma ficar consciente. O
fórum de discussão permite uma boa troca de opinião entre
os participantes. Além disso, é importante para a
capacitação continuada. Exemplo: eu faço cursos online no
SEBRAE nos meus horários vagos sem ter que me deslocar
ou ter horário fixo. Isso é maravilhoso.
P.27 – Tempo e interesse por parte do aluno.
P.28 Ao proporcionar mais abrangência de horário, o processo
de educação online permite um tempo maior dedicado à
pesquisa e aos estudos. A disponibilidade da internet,
proporcionando enorme gama de informações, melhora a
qualidade daqueles que optaram pela educação online.
P.29 A educação online apenas exigirá do aluno que, ao invés
do mesmo estar dentro de uma sala, ele poderá utilizá-lo em
casa. Isso acredito que pode ser até um fato motivacional. E
as provas serem cobradas presencialmente garante a
qualidade do aprendizado. Tudo dependerá de como o
professor irá conduzir sua aula, será mero blá-blá-blá ou
algo que leve o aluno a criar novas perspectivas,
novas
análises, que o torne mais crítico e que acrescente
conhecimento ao adquirido. Eu mesma adoraria encontrar
um mestrado semipresencial, pois facilitaria em muito o meu
dia-a-dia e o desenvolvimento de meu potencial pedagógico.
Gráfico 8
Possibilidades da educação online
92%
8%
SIM NÃO
POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO ONLINE.
À cima primeira questão, “Você tem interesse em atuar como docente
em disciplinas oferecidas na modalidade online?”, 50% dos professores
entrevistados responderam “sim”, sendo que um deles ressalvou: “desde que a
remuneração seja compatível ao tempo necessário para atuar satisfatoriamente”.
Para esta questão foi chamada a atenção para que: segundo a
PORTARIA 4.059, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2004 (DOU de 13/12/2004,
Seção 1, p. 34) - Art. 1o. As instituições de ensino superior poderão introduzir, na
organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a
oferta de disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade
semipresencial, com base no art. 81 da Lei n. 9.394, de 1.996, e no disposto
nesta Portaria.
§ 2o. Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou
parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da
carga horária total do curso.
CAPÍTULO 4
ANÁLISE DA INVESTIGAÇÃO SOBRE A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES
DO ENSINO SUPERIOR E A DOCÊNCIA ONLINE
Este capítulo é dedicado à análise do campo investigado à luz da
cibercultura, da interatividade, da formação dos professores do ensino superior
para docência online, e tendo como foco o curso de Formação Docente para Uso
Pedagógico do TelEduc.
A metodologia que deu suporte à investigação foi a pesquisa quantitativa
e participante, tendo a pesquisadora envolvimento direto com o objeto pesquisado
Ela atua como coordenadora do NEAD do UBM e foi designer instrucional e
formadora do curso, cujo projeto desenvolvido de acordo com as referências do
fluxo de atividades dos eventos instrucionais descrito por Filatro (2008).
4.1 A EDUCAÇÃO NA CIBERCULTURA E A INTERATIVIDADE
Foi observado durante a investigação que as questões da cibercultura são
percebidas por alguns professores e que, para o sucesso de qualquer projeto de
mudança no processo educacional, é necessário investir na formação dos
professores envolvidos, porque eles influenciam os alunos, os motivam, e, ao
mesmo tempo em que acreditam na mudança, crêem que o uso crescente das
tecnologias digitais e das redes de comunicação interativa provoca uma mudança
na relação com o saber.
Essa mudança é percebida na prática pedagógica do professor que passa
a utilizar recursos educação online, principalmente na comunicação com os
alunos que podem, diante dessa mudança sociotécnica, desenvolver
características próprias de criticidade, de criatividade, pelo pensamento
autônomo, pela imaginação, pelo raciocínio, na construção do conhecimento. Ela
eleva a curiosidade em relação à pesquisa e acesso ao conhecimento existente, a
adaptabilidade ao novo, o interesse pela formação contínua, pelo conhecimento
integrado, pela interdisciplinaridade e pela cooperação configurada pelas redes de
aprendizagem.
As redes de aprendizagem oferecem múltiplas possibilidades de acesso
às informações sistematizadas com feedback imediato entre professores e
alunos, o que levanta questões que precisam ser respondidas, como as
dificuldades de integrar as tecnologias em dinâmicas realmente formativas,
interativas, que possibilitem a autoria do aluno e provoquem sua autonomia,
que se está tratando de algo novo no ambiente educacional.
A reprodução do ambiente da sala de aula presencial, dos conteúdos das
disciplinas sem o tratamento que possibilite uma maior interatividade e construção
do conhecimento, para o ambiente online, é uma perda de energia criativa dos
atores do processo.
O grande desafio é a comunicação bidirecional, isto é, uma forma de
construir o conhecimento, utilizando as TIC e o potencial das redes de
comunicação, o que exige competências e habilidades específicas dos envolvidos
no processo pedagógico.
A proposta da inserção do AVA TelEduc para a implemetação da
docência online partiu da necessidade percebida pela reitoria do UBM de ampliar
as possibilidades de comunicação da comunidade acadêmica e dos professores
de interagir com seus alunos, principalmente por já utilizarem ferramentas de
comunicação online, como e-mail, para disponibilizar conteúdos de suas
disciplinas.
A estratégia do UBM é a de oferecer formação continuada a seus
professores para atuarem na docência online no âmbito de suas disciplinas,
disponibilizando o AVA TelEduc.
4.2 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO SUPERIOR PARA
ATUAR NA DOCÊNCIA ONLINE.
A relevância da investigação está relacionada à formação do professor,
principalmente a inicial, sendo o problema de estudo as novas tecnologias da
informação e comunicação que desafiam as IES e sendo tomadas como
referência a graduação e a necessidade de aquisição de competências para o uso
das tecnologias necessárias à docência online.
Não foi focada a EaD propriamente dita, e sim, a educação online, como
uma de suas modalidades, com o uso de recursos das TIC que possibilitam a sua
prática, tendo como suporte tecnológico o computador, a internet, a web e
ambiente virtual de aprendizagem TelEduc.
A Tabela 4 apresenta fluxo de atividades do curso de Formação Docente
para o Uso Pedagógico do TelEduc, tendo como referência o fluxo descrito por
Filatro (2008).
Tabela 4 Fluxo de atividades curso de Formação docente para o uso
pedagógico do TelEduc.
FASE EVENTOS DESCRIÇÃO
Ativar a
atenção do
aluno.
Os alunos apresentaram interesse em participar do
curso a partir do momento em que foi oferecido pela
IES sem custos e podendo ser feito online e com e
encontros presenciais.
Informar os
objetivos de
aprendizagem.
Foi apresentado ao aluno o projeto do curso na
ferramenta Dinâmica do Curso, representado pela
Figura 28.
Introdução
Aumentar o
interesse e
motivação.
Foram utilizados recursos de multimídia como
imagens, cores e formas para despertar o interesse,
na ferramentra Agenda, representado pela Figura
30
Recuperar
conhecimentos
prévios.
Isso foi feito pelas informações disponibilizadas na
ferramenta Material de Apoio, representada pela
Figura 30
Apresentar
informações e
exemplos.
As informações sobre as atividades no processo
foram disponibilizadas na ferramenta Atividades
representada pela Figura 31.
Focar a
atenção.
Com o objetivo de focar a atenção dos alunos foi
utilizada a ferramenta Leituras, representada pela
Figura 32.
Usar
estratégias de
aprendizagem.
As estratégias de aprendizagem foram a expositiva
ou didática e a da descoberta ou de investigação,
através das ferramentas Leituras, Material de Apoio
e Mural e das interfaces Fórum de Discussão,
Correio e Portfólio
Proporcionar a
prática e
orientá-la.
Foi utilizada a interface Fórum de Discussão e
Grupos, representadas na figuras 33 e 34.
Processo
Fornecer Foram utilizadas as Interfaces Correio e Portfólio
feedback.
Revisar e
sintetizar
para a comunicação com o e entre os alunos do
curso, representado pela figura 35.
Transferir a
aprendizagem.
A transferência da aprendizagem foi feita pela
atividade do aluno formatar um ambiente no AVA
TelEduc de uma disciplina.
Conclusão
Remotivar e
encerrar.
Os alunos foram reorientados nas suas dificuldades
de aprendizagem e avaliados no processo do curso
e na atividade final pelas interfaces Correio e
Portfolio.
Figura 28 – Ferramenta Dinâmica do Curso
Projeto do curso de Formação para o uso Pedagógico do Teleduc,
disponibilizado no ambiente TelEduc na Ferramenta Dinâmica do curso, espaço
apropriado para as informações gerais como metodologia e organização.
Figura 29 – Ferramenta Agenda
Foram utilizados recursos de multimídia como imagens, cores e formas
para despertar o interesse, na ferramenta Agenda. É a página de entrada do
ambiente e do curso em andamento. Traz a programação de um determinado
período do curso (diária, semanal, etc.).
Figura 30 – Ferramenta Material de Apoio
A ferramenta Material de Apoio é ideal para ser disponibilizadas
informações que irão ampliar a possibilidade de acesso contextualizado ao
assunto que está sendo abordado no módulo. Apresenta informações úteis
relacionadas à temática do curso, subsidiando o desenvolvimento das atividades
propostas.
Figura 31 – Ferramenta Atividades
As atividades do curso devem ser amplamente informadas e detalhadas,
não deixando dúvidas ao aluno. O direcionamento às ferramentas onde os
conteúdos estão disponibilizados são importantes informações que deverão estar
bem claras na ferramenta Atividades.
Figura 32 – Ferramenta Leituras
Os textos que serão o apoio da aprendizagem são disponibilizados na
ferramenta Leituras, desta forma facilitando o acesso do aluno aos conteúdos de
forma amigável. Podendo incluir sugestões de revistas, jornais, endereços na
Web, etc.
Figura 33 – Interface Fórum de Discussão
A Interface Fórum de Discussão permite acesso a uma gina que
contém tópicos que estão em discussão naquele momento do curso. O
acompanhamento da discussão se por meio da visualização de forma
estruturada das mensagens enviadas e, a participação, por meio do envio de
mensagens.
Figura 34 – Interface Portfólio
Nesta interface os participantes do curso podem armazenar textos e
arquivos utilizados e/ou desenvolvidos durante o curso, bem como endereços da
Internet. Esses dados podem ser particulares, compartilhados apenas com os
formadores ou compartilhados com todos os participantes do curso. Cada
participante pode ver os demais portfólios e comentá-los se assim o desejar.
Figura 35 – Interface Correio
Trata-se de um sistema de correio eletrônico interno ao ambiente. Assim,
todos os participantes de um curso podem enviar e receber mensagens através
deste correio. Todos, a cada acesso, devem consultar seu conteúdo recurso a fim
de verificar as novas mensagens recebidas.
4.3 PROMOÇÃO E DIFUSÃO DA CULTURA DA EDUCAÇÃO ONLINE
NA COMUNIDADE ACADÊMICA DO UBM
O que foi percebido no processo pelas respostas dos professores que
participaram da pesquisa para questões como: “Você acredita na possibilidade de
qualidade na educação online?”
P.2 - O curso online permite uma interação com o mundo virtual,
onde as ferramentas usadas nos garantem um novo
paradigma educacional que aborda possibilidades tais como:
interação;
P.3 - aprendizado com as ferramentas tecnológicas; garantia de
um processo mais rápido;
P.4 - discussões, leituras mais dinâmicas; aumento nas
participações de alunos que talvez não se sentem à vontade
na forma presencial.
P.19 - É possível o desenvolvimento de orientação com qualidade
aos alunos via online. A facilidade de disponibilização de
material didático e o contato a qualquer momento que se
deseje com o aluno são as grandes armas da educação
online.
O UBM, através do NEAD, possibilitou a formatação do curso de
Formação Docente para o Uso Pedagógico do TelEduc e ofereceu aos
professores que quisessem desenvolver competências de uso para atuar na
docência online. O projeto foi desenvolvido focando as especificidades das TIC
disponibilizadas pela IES e apoio técnico da equipe multidisciplinar do NEAD.
Foi estimulada a perspectiva crítico-reflexiva, a construção do
pensamento autônomo a partir da valorização de dinâmicas de autoformação
participativa (NÓVOA, 1991), baseada em saberes plural, saberes de variadas
áreas do conhecimento (TARDIF, 2002).
As competências dos sujeitos foram solicitadas/ressignificadas no
processo como um todo, onde a gestão dos saberes não deveria se limitar
apenas à produção dos recursos/conteúdos, mas ao acompanhamento do
processo que ganha potenciais co-autores, os estudantes (SANTOS, 2005).
A docência online foi estimulada a não tomar o professor meramente
como “um transmissor”, “um conselheiro”, “uma ponte entre a informação e o
conhecimento”, “um facilitador da aprendizagem”. Para além dessa limitação, o
referido curso estimulou a docência entendida como engendrar/disponibilizar a
participação/exploração livre e plural dos alunos, de modo que a apropriação das
informações, a utilização das tecnologias comunicacionais e a construção do
conhecimento se efetuem como co-criação, como colaboração (SILVA, 2003).
4.4 A OFERTA DE FORMAÇÃO AOS PROFESSORES PARA A DOCÊNCIA
ONLINE
A questão “Qual sua área de formação na graduação?” identificou que a
área de Humanas foi a que mais participou tanto da pesquisa quanto do curso.
Constatamos pela fala de alguns dos professores participantes da pesquisa que,
como destacou Nóvoa (1991), a formação não se faz antes da mudança, faz-se
durante, produz-se num esforço de inovação e de procura aqui e agora dos
melhores percursos para a transformação da escola. Destacamos a fala de um
professor.
P.14 - Acredito que é preciso estar disponível e aberto para esta
nova exigência e encontrar uma linguagem qualitativa na
elaboração de cursos dentro desta nova mídia. Acredito que
a atenção para esta nova linguagem deva ser específica. É
preciso não adaptar, mas estar dentro desse novo processo.
Quanto ao "adaptar", não basta transferir a forma de
educação anterior para esta nova forma.
Na caracterização do público alvo da pesquisa, muitos dos professores
que participaram são da área de Humanas, sendo a menor participação da área
Jurídica. Quanto à formação inicial dos professores, verificaram-se na sua
maioria, conforme a questão dois, disciplinas que utilizaram TE, o que
provavelmente caracterize o interesse em desenvolver competências para a
docência online para atender ao desafio integrar e coordenar a equipe
multidisciplinar num currículo multirreferencial em rede (SANTOS, 2005). O que
verificamos na resposta à questão “Votem interesse em atuar como docente
em disciplinas oferecidas na modalidade online?”
P.26 - Sim. Mas pondero que seja para quem tenha uma boa
formação inicial. O aspecto positivo é a oportunidade de
perguntar ao professor sem a turma ficar consciente. O
fórum de discussão permite uma boa troca de opinião
entre os participantes. Além disso. é importante para a
capacitação continuada. Exemplo: eu faço cursos online
no SEBRAE nos meus horários vagos sem ter que me
deslocar ou ter horário fixo. Isso é maravilhoso.
Sobre o nível de habilidade no uso do computador, muitos professores
são usuários de nível intermediário, com competência no uso de softwares de
edição de texto, de apresentação e com acesso à internet para pesquisa e
comunicação, se consideram incluídos digitais e alguns participaram de cursos
online.
Para utilizar as tecnologias online, é necessário que se estabeleça um
dinamismo de novas idéias e de novas hipóteses que demandam do professor
uma forma de pensar e agir mais flexível, para construir e comparar novas
estratégias de ações, novas teorias, novos modos de enfrentar e definir os
problemas (MORAES, 1996). Mas a realidade nos mostrou que também existe a
necessidade de tempo para a implementação da cultura das tecnologias online,
como podemos constatar pela fala de um professor que “ainda não me sinto
totalmente capacitado, necessito de mais tempo para me adaptar a essa
modalidade, mas achei bastante interessante essa nova forma de educar”.
A segunda parte do questionário foi focada no curso de Formação
Docente para o Uso Pedagógico do TelEduc, quanto ao acesso, usabilidade e
interação com o conteúdo e com os outros professores participantes.
Dos professores que participaram da investigação, muitos não tiveram
dificuldades de acesso ao TelEduc, porém alguns relataram dificuldades com a
senha de acesso, que é gerada automaticamente pelo sistema e é necessário ser
trocada por uma que fosse mais fácil de ser lembrada na ferramenta Configurar e
Alterar Senha, Permite também, alterar configurações pessoais no ambiente tais
como: senha, idioma e notificação de novidades, como pode ser verificado nas
Figuras 36 e 37.
Figura 36 – E-mail gerado pelo sistema do AVA TelEduc, com a senha de acesso,
login e endereço do curso.
Figura 37 – Ferramenta Configurar – Alterar Senha do AVA TelEduc.
A investigação aponta para a necessidade de desenvolver a cultura de
uso de outros ambientes de aprendizagem, além da sala de aula, pois, diante do
ambiente online, as informações estão acessíveis a todos e o diferencial para a
educação é a mediação do professor como provocador da construção dos
saberes.
A importância da investigação está nas conclusões a que se chegou, em
resposta às questões do questionário:
1. Os professores que participaram da pesquisa estavam
sensibilizados para o novo, isto é, atentos às mudanças do cenário
da educação;
2. As TIC na educação os estão mobilizando na busca de habilidades
e competências para o seu uso pedagógico;
3. O ambiente virtual de aprendizagem TelEduc é amigável e permite
a interação entre os atores do processo de aprendizagem;
4. o interesse em trabalhar na docência online, após a
participação no curso de Formação Docente para o Uso
Pedagógico do TelEduc;
5. A ênfase na qualidade da EaD como estratégia de aprendizagem;
Para ilustrar essa conclusão, citamos a fala de um professor:
P.11 Acredito que a qualidade pode existir, mas para isso é
necessário um sistema intensivo juntamente com alunos e
professores, para todos perceberem a grandiosidade deste
recurso. Estou usando em minhas disciplinas e só recebo
elogios de outros colegas e dos próprios alunos. Tem sido
extremamente útil o uso do TelEduc, facilitando nossa
comunicação, além de nos dar a grata satisfação de estarmos
caminhando com a tecnologia.
No que se refere ao contexto da EaD no UBM, os professores
participantes da investigação se colocaram como motivados a utilizar as TIC
disponibilizadas e enfatizaram o seu uso como fator de ampliação da informação
e de maior interesse do aluno. Como na resposta do professor P.12.
P.13 Ao responder à questão 11, eu disse que tenho interesse
em atuar como docente em disciplinas oferecidas na
modalidade online, portanto, seria incoerente dizer que não
acredito na possibilidade de qualidade nessa modalidade de
ensino. No entanto, acredito muito na interação face a face.
Acredito que a presença do professor é de suma
importância para a construção do conhecimento do aluno e,
por que não dizer?, de seu próprio conhecimento. Diante
dos novos desafios, entretanto não podemos prescindir das
novas tecnologias. Apostaria então em ensino híbrido, que
privilegiasse a interação e se utilizasse dos meios
tecnológicos.
Como o UBM está utilizando o AVA TelEduc desde 2006, como apoio
ao ensino presencial e em alguns processos acadêmicos de orientação, de
trabalho final de curso, estágio, atividades complementares e pesquisa, mudando
o foco linear da comunicação face a face da sala de aula presencial para a
comunicação em rede, os professores que participaram da investigação se
mostraram receptivos à mudança, como revela a fala do P.29.
P.29 A educação online apenas exigirá do aluno que, ao invés
do mesmo estar dentro de uma sala, ele poderá utilizá-lo em
casa. Isto acredito que pode ser até um fato motivacional. E
as provas serem cobradas presencialmente garante a
qualidade do aprendizado. Tudo dependerá de como o
professor irá conduzir sua aula, será mero blá-blá-blá ou
algo que leve o aluno a criar novas perspectivas,
novas
análises, que o torne mais crítico e que acrescente
conhecimento ao adquirido. Eu mesma adoraria encontrar
um mestrado semipresencial, pois facilitaria em muito o meu
dia-a-dia e o desenvolvimento de meu potencial pedagógico.
A investigação nos aponta algumas sugestões que passamos a
referencias como:
a) o envolvimento dos professores no projeto esclarecendo todas as questões
pertinentes ao projeto propriamente dito. Para essa sugestão é necessário
envolver além dos professores a comunidade acadêmica que possibilitará a
efetivação do projeto e que todos estejam envolvidos e com conhecimento
pleno das possibilidades da docência online.
b) formação para a docência online, em serviço. Para atender a essa sugestão,
as políticas de formação continuada do professor em serviço devem estar
claras e previstas no projeto de recursos humanos da IES, com a valorização
dos envolvidos com pontuação específica ao concorrer às atividades
acadêmicas.
c) o AVA selecionado deve ter interface amigável e de fácil acessibilidade. A
sugestão é em função da preocupação de que o AVA seja amigável e
apresente ferramentas e interfaces de fácil utilização e formatação,
principalmente não necessitando de programação mais complexa, que não
faça parte da competência técnica do professor.
d) desenvolver estratégias de motivação para inserir o professor considerado
excluído digital na docência online. Para esta sugestão, a mobilização do
professor é importante e necessária, pois, sem o interesse do professor, não
mudança que possa ser efetivada, principalmente porque é ele quem vai
realmente estar em contato com a informação e com os alunos no processo
da docência online.
e) formação de uma equipe multidisciplinar para desenvolver projetos para a
educação online. A sugestão é pertinente ao momento, pois a equipe
multidisciplinar é que dará suporte técnico e pedagógico para que os
professores possam atuar com segurança e desenvolver com qualidade a
educação online.
Finalmente, verificou-se a necessidade de inclusão na matriz curricular
dos cursos de graduação disciplinas que contemplem o desenvolvimento de
competências técnicas e pedagógicas para a docência online, na formação do
futuro professor. E, mais do que a inclusão de uma nova disciplina na graduação,
o essencial é a discussão permanente do currículo, que segundo Santos (2005, p.
229).
Para que o ciberespaço possa agregar AVA e a docência online é
fundamental discutir o currículo [...] para além das clássicas
discussões sobre a EaD. Urge entendermos a educação, a
comunicação e as tecnologias digitais como referências híbridas e
recursivas. O que importa nessa complexa rede de relações
sociotécnicas é a garantia da produção de sentidos, da autoria
coletiva dos sujeitos e grupos envolvidos em todo o processo.
Assim, a aprendizagem acontece quando a equipe interdisciplinar e
interativa propõe o conhecimento, não o distribui. Não oferece
informações a distância. O profissional envolvido não estará mais
reduzido à passividade de um receptor que olha, copia, repete e
justapõe o conhecimento do outro. Ele é co-autor da comunicação e
da rede de conhecimentos, criando, modificando e tecendo novas e
complexas redes interativas e cooperativas.
CONCLUSÂO
Aqueles espantosos computadores eletrônicos
que aumentam a esfera da pesquisa. Essa
tecnologia está criando um sistema nervoso para
a humanidade, uma membrana única,
organizada, inteiriça sobre a Terra, uma
estupenda máquina pensante. A era da
civilização terminou, e a da civilização unificada
está começando.
(McLuhan, 1964)
A investigação aponta para a necessidade de desenvolver a cultura de
uso de outros ambientes de aprendizagem como os mediados pelas novas
tecnologias da informação e comunicação; da inclusão do professor do ensino
superior na cibercultura e na perspectiva da interatividade, que ultrapassa as
fronteiras do ambiente da sala de aula, pois, no ambiente online as informações
estão acessíveis a todos e o diferencial desta modalidade para a educação é a
mediação do professor, como provocador da construção dos saberes.
A relevância acadêmica da pesquisa desenvolvida está relacionada
principalmente com os desafios que as IES se encontram na urgência da
formação de professores para atuarem na docência online no ensino superior.
Diante de tal demanda, como exigência da sociedade informatizada, advertem
Vilarinho e Bohadana (2004, p. 104), que:
Surge a necessidade de se questionar mais profundamente a
área da Educação, em especial o ensino superior e as formações
oferecidas, as quais vêm se mostrando limitadas para interagir
com as demandas de uma sociedade informatizada globalizada.
Uma das conclusões que se chegou pelas respostas às questões do
questionário aplicado aos professores do UBM que participaram da pesquisa, é
que eles estão sensibilizados para o novo, isto é, atentos às mudanças do cenário
da educação, e que diante desses desafios, que a mudança traz, se vê provocado
a buscar desenvolver competência ajustadas as novas tendências
comunicacionais, para incentivar no aluno a aprendizagem, desenvolver o
raciocínio, pensar, falar e escrever melhor.
A possibilidade de uso das tecnologias online na educação estão
mobilizando os professores do UBM na busca de competências para o seu uso
pedagógico. Para tanto, o UBM vem oferecendo aos seus professores e
acadêmicos, formação continuada para o uso do ambiente virtual de
aprendizagem TelEduc, que tem características de interface amigável, isto é, não
exige que o usuário seja um expertem informática e permite a interação entre
os atores do processo de aprendizagem.
No que se refere ao contexto da docência online na UBM, os professores
participantes da investigação se colocaram como motivados a utilizar o
computador e a internet e enfatizaram o seu uso como fator de ampliação da
informação e de maior interesse do aluno. o interesse em trabalhar na
docência online, após a participação no curso de Formação Docente para o Uso
Pedagógico do TelEduc.
Como a IES UBM está utilizando o AVA TelEduc desde 2006, como
apoio ao ensino presencial e em alguns processos acadêmicos de orientação de
trabalho final de curso, estágio, atividades complementares e pesquisa, mudando
o foco linear da comunicação da sala de aula presencial para a comunicação
online, e é percebido que os professores que participaram da investigação se
mostraram receptivos à mudança
Pela investigação desenvolvida concluiu-se que a IES está iniciando o
processo para a docência online, que os professores envolvidos na investigação
estão sensibilizados a utilizar recursos das mídias digitais em suas aulas, que o
projeto do UBM, de desenvolver a cultura de uso de AVA em seus processos
educacionais, está no caminho correto, ao investir na formação do professor em
serviço, buscando desenvolver habilidades e competências necessárias para
atingir os seus objetivos educacionais, disponibilizando recursos para que os
acadêmicos possam adquirir a cultura de uso de outros ambientes de
aprendizagem.
Esta pesquisa convida ao mergulho no potencial da docência online e de
que é necessário investir mais tempo na investigação para aprofundar aspectos
que se mostraram essenciais no processo de formação de professores para
docência online. Dentre muitos aspectos, visando futuros trabalhos é possível
propor algumas sugestões como:
a) Envolver os professores e a comunidade acadêmica no projeto de
docência online da IES; b) desenvolver projeto de formação para a
docência online, em serviço; c) selecionar um ambiente virtual que
tenha interface amigável e de fácil acessibilidade; d) desenvolver
estratégias de motivação para inserir o professor na cibercultura; e)
formar uma equipe multidisciplinar para desenvolver projetos para a
educação online e, f) desenvolver mecanismo de avaliação no
processo de implementação da educação online.
O desafio é grande, porém, diante da mudança do paradigma
comunicacional o sistema educacional, principalmente o ensino superior, precisa
mobilizar todos os envolvidos no processo pedagógico, na busca de soluções
adequadas à inserção das tecnologias online e sociais ao ambiente de
aprendizagem.
Ao concluir esta investigação citamos Silva (2001, p.15).
É preciso enfatizar: o essencial não é a tecnologia, mas um novo
estilo de pedagogia sustentado por uma modalidade
comunicacional que supõe interatividade, isto é, participação,
cooperação, bidirecionalidade e multiplicidade de conexões entre
informações e atores envolvidos. Mais do que nunca o professor
está desafia do a modificar sua comunicação em sala de aula e
na educação. Isso significa modificar sua autoria enquanto
docente e inventar um novo modelo de educação. Como diz
Edgar Morin, “Hoje, é preciso inventar um novo modelo de
educação, que estamos numa época que favorece a
oportunidade de disseminar um outro modo de pensamento”. A
época é essa!: a era digital, a sociedade em rede, a sociedade de
informação, a cibercultura.
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ANEXOS
ANEXO 1 – CARTA CONVITE
Caro Professor
Estamos iniciando o curso de Formação Docente para o uso Pedagógico do
TelEduc, dando ênfase às novas tecnologias da informação e comunicação,
principalmente as que dão suporte a educação on-line.
A Educação a distância (EaD) vem se configurando como uma modalidade de
ensino adequada e coerente aos novos anseios educacionais e diante deste
cenário, no UBM, a docência online é vista como uma oportunidade de ampliar
qualitativamente os processos educacionais, oferecendo mais um ambiente de
aprendizagem além da sala de aula presencial.
Então, dentro do atual contexto qual seria a função da docência online, como por
exemplo, o uso dos ambientes virtuais de aprendizagem como o TelEduc?
Podemos focalizar 4 dimensões diferentes no processo de aprendizagem com o
uso de tecnologia:
1. Aprendizagem a partir da tecnologia: em que a tecnologia apresenta o
conhecimento e o papel do aluno é receber esse conhecimento, como se
ele fosse apresentado pelo próprio professor;
2. Aprendizagem acerca da tecnologia: em que a própria tecnologia é
objeto da aprendizagem;
3. Aprendizagem através da tecnologia: em que o aluno aprende
ensinando o computador (programando o computador através de
linguagens como BASIC, linguagem C ou LOGO), e
4. Aprendizagem com a tecnologia: em que o aluno aprende usando as
tecnologias como ferramenta que o apóiam no processo de reflexão e de
construção do conhecimento (ferramentas cognitivas). Nesse caso, a
questão determinante não é a tecnologia e si mesma, mas a forma de
encarar essa mesma tecnologia, usando-a, sobretudo como estratégia
cognitiva de aprendizagem.
No nosso caso, será aplicada a dimensão 4, considerando que nessa perspectiva
o uso da metodologia deverá, habilitar e dar oportunidade aos alunos de adquirir
novos conhecimentos, ampliando o processo de ensino e aprendizagem.
O convidamos a esta viagem de aprendizagem com o objetivo de desenvolver
competências para o uso pedagógico das ferramentas e interfaces do ambiente
virtual de aprendizagem TelEduc.
Atenciosamente,
Maria Estela de Oliveira
Coordenadora do NEAD
ANEXO 2 - QUESTIONÁRIO
COLETA DE DADOS SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO UBM
O presente questionário faz parte da pesquisa de Mestrado em Educação UNESA/RJ,
com o tema Docência Online no Ensino Superior: . Tem por objetivo caracterizar os participantes e
coletar informações referentes às habilidades e competências necessárias para uso pedagógico
do TelEduc” no Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), através do curso “Formação para o
uso Pedagógico do TelEduc”.
Caracterização dos entrevistados:
1) Qual sua área de formação na graduação?
( ) Biológica ( ) Tecnológica ( ) Humanas ( ) Jurídica
2) Em seu curso de graduação havia disciplina utilizando Tecnologia Educacional?
( ) sim ( ) não
3) Qual é seu nível da habilidade no uso do computador e Internet.
( ) básico ( ) intermediário ( ) avançado
4) Você já participou de algum curso através da internet?
( ) sim ( ) não
5) Você se considera incluído(a) digital?
( ) sim ( ) não
____________________________________________________________________________
Informações sobre a participação no curso
OBSERVAÇÃO: enumere e responda no verso desta folha as questões que solicitam sua
redação.
6) Houve alguma dificuldade para acessar o ambiente virtual de aprendizagem TelEduc?
( ) sim ( ) não ( ) mais ou menos
Se a resposta for sim, favor citar as dificuldades encontradas?
7) As informações disponibilizadas sobre a usabilidade e aplicabilidade pedagógica das
ferramentas ou interfaces: Atividades, Agenda, Material de Apoio, Fórum de Discussão, etc, do
TelEduc, foram claras e objetivas?
( ) sim ( ) não ( ) mais ou menos
Se a resposta for não ou mais ou menos, favor citar as dificuldades encontradas.
8) Após concluir o curso, você utilizaria o ambiente TelEduc como apoio ao ensino presencial de
sua disciplina?
( ) sim ( ) não
Se a resposta for não, poderia explicar o motivo?
9) Após sua formação no curso você se sente habilitado para exercer docência online?
( ) sim ( ) não
Se a resposta for não, poderia citar o motivo?
10) Você acredita na possibilidade de qualidade na educação online?
( ) sim ( ) não
Se a resposta for sim, poderia citar algumas possibilidades identificadas por você e se for não,
poderia citar por quê?
11) Você tem interesse em atuar como docente em disciplinas oferecidas na modalidade online?
( ) sim ( ) não
(ATENÇÃO: segundo a PORTARIA 4.059, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2004 (DOU de
13/12/2004, Seção 1, p. 34) - Art. 1o. As instituições de ensino superior poderão introduzir, na
organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de
disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-presencial, com base no art. 81
da Lei n. 9.394, de 1.996, e no disposto nesta Portaria.
§ 2o. Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, desde que
esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária total do curso).
ANEXO 3 - AUTORIZAÇÃO PARA DESENVOLVER A PESQUISA NO UBM
ANEXO 4 – LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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