do sétimo verso, que coincide com a exata metade do que entendemos como um poema
completo, tendo explicado sua condição, ele apresenta o temor que tem de morrer.
Com respeito à tradução dos efeitos poéticos do poema, vejamos de início o final
do primeiro e do terceiro verso do texto grego, o qual apresenta uma rima toante com as
parônimas “½dh” e “¼bh”, fazendo com que esta última seja valorizada e enfatizada
tanto pela sonoridade recorrente do /é/ e pela similaridade das palavras, quanto pela
subseqüente ocorrência de uma outra plosiva, /p/, em “p£ra” no verso seguinte. Na
tradução, não foi possível reproduzir a rima toante, mas há uma exploração maior tanto
das plosivas /p/ e /b/ quando do som de /m/ que, por também ser bilabial, as reforça. No
local em questão, há os vocábulos “mais”, “me” e “acompanha”, estando os dois
últimos no quarto verso. No final dos três primeiros versos da tradução, de maneira
semelhante, há a ocorrência de uma bilabial em posição de destaque (“minhas”,
“cabeça” e “mais). Fora isso, no segundo verso ainda se podem observar, nesse âmbito,
os vocábulos “têmporas” e “brancas”. Mais adiante, há uma nova seqüência de plosivas
no quinto e no sexto verso do texto grego com “pollÕj”, “biÒtou” e “lšleiptai”, que,
na tradução, foi compensada por uma nova cadeia de som /m/ (“muito”, “mais” e
“mim”).
Do final do sexto ao nono verso do texto grego, há o emprego de uma longa
seqüência das alveolares /t/ e /d/ (“lšleiptai”, “di¦”, “taàt'”, “¢nastalÚzw”,
“qam¦”, “T£rtaron”, “dedoikèj”, “'A…dew”, “™sti” e “deinÕj”), a qual proporciona
um peso maior às consoantes de mesmo tipo das palavras “T£rtaron” e “'A…dew”,
encontradas no interior desta seqüência. Na tradução, houve uma preocupação em
recuperar esse efeito, recriando-o com os vocábulos “temor”, “de”, “Tártaro”, “do”,
“Hades”, “certamente”, “terrível” e “íntimo”.
No penúltimo verso do texto grego, pode-se encontrar o vocábulo “k£todoj”,
cuja tradução literal poderia ser “caminho para baixo”, uma vez que é formado pelas
palavras “kat£” e “ÐdÒj” que significam, respectivamente, “para baixo” e “caminho”.
Não houve espaço, infelizmente, para a tradução de ambas as idéias no texto em
português. Assim, foi preciso optar entre traduzir “descida” ou “caminho”. A noção de
descida pareceu, nesse caso, ser mais importante, ou pelo menos mais significativa para
nosso imaginário, do que a idéia de um caminho, já que quando se pensa em uma