quais Cascudo aborda aspectos da História da Igreja no Rio Grande do Norte, destaca
manifestações de religiosidade popular e expõe sua percepção sobre a atuação de autoridades
religiosas de sua época, tais como o Arcebispo Dom Helder Câmara, e, ainda, sobre a
formação de paróquias no Rio Grande do Norte
422
.
Serão, também, alvo de nossa atenção as relações, sobretudo as de amizade, que
Cascudo manteve com membros do alto clero, como Dom Marcolino Dantas
423
, personagem
emblemático da Igreja Católica norte-rio-grandense, cujo período de atuação é tido como
marco divisório na história da Arquidiocese, e com intelectuais estreitamente vinculados ao
mundo católico potiguar, como Otto Guerra
424
, professor da faculdade de Direito da UFRN,
jornalista, sócio do IHGRN e imortal da Academia de Letras do Rio Grande do Norte, uma
das personalidades mais influentes no Estado.
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Referimo-nos ao texto de Cascudo intitulado Paróquias do Rio Grande do Norte. CASCUDO, Luís da Câmara
Paróquias do Rio Grande do Norte. Natal, RN: Departamento de Imprensa, 1955. Plaquete. Esta revela a
incursão que Cascudo fez na historiografia religiosa do Rio Grande do Norte, ao se debruçar sobre o processo
de criação das paróquias do estado. Há, também, outra plaquete escrita por ele, e que trata da criação e da
história da Paróquia de Nova Cruz no Rio Grande do Norte, tendo sido encomendada a Cascudo por ocasião
do aniversário de fundação da Paróquia. Trata-se de Notas para a História da Paróquia de Nova Cruz.
CASCUDO, Luís da Câmara. Notas para a História da Paróquia de Nova Cruz. Natal, RN: Arquidiocese
de Natal, 1955. Plaquete.
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Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas foi o 4º Bispo e 1º Arcebispo da Arquidiocese de Natal, esteve a
frente do comando do bispado norte-rio-grandense entre 1929 a 1967. Sobre a atuação de Dom Marcolino na
Arquidiocese, temos as informações do Pe. Normando Pignataro Delgado (Coordenador da cúria metropolitana de
Natal e também membro do IHGRN): “A Arquidiocese de Natal pode ser analisada como uma Igreja particular
que teve em dom Marcolino Dantas, o seu 4º Bispo, (1929-1967), o marco divisório entre antes e depois do seu
longo governo de 38 anos. A esmerada formação do clero deu a Dom Marcolino o galardão de Grande Bispo de
Natal. Construiu o prédio do Seminário de São Pedro, o Dispensário Sinfrônio Barreto, o Santuário de Santa
Teresinha, lançou a pedra fundamental da nova Catedral, restaurou o jornal diocesano e criou onze paróquias. Em
1945 comemorou solenemente o Tricentenário do Morticínio de Cunhaú e Uruaçu e, em 1953, Bi-centenário da
aparição da imagem de Nossa Senhora do Rosário, no Rio Potengi. Incentivou a realização de Congressos
Eucarísticos Paroquiais, como o de Canguaretama, de Currais Novos e de São José de Mipibu. No decorrer deste
último, ele ordenou um filho da terra, o mipibuense Manuel Tavares de Araújo, que, depois, foi sagrado bispo. No
seu governo foram criadas as dioceses de Mossoró e de Caicó. Em 1952 foi criada a Arquidiocese de Natal, que
como sede metropolitana, teve por sufragâneas as duas dioceses do Estado”. Disponível no site:
<www.arquidiocesedenatal.org.br/arquidiocese/ dommarcolinoesmeraldo>. Acessado em julho de 2008. Dom
Marcolino mantinha estreitos laços de amizade com Câmara Cascudo, razão pela qual foi um dos autores imortais
da Academia que deixou depoimento sobre Cascudo na Plaquete de homenagem originada de evento na Academia
Norte-Rio-Grandense de Letras. LUIZ da Câmara Cascudo (Depoimentos). Natal, RN: Centro de Imprensa, 1947.
Plaquete de Homenagem dos seus amigos, abril de 1947.
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Otto de Brito Guerra foi advogado e jornalista, tendo sido, também, um dos imortais da Academia que
escreveu depoimento homenageando Cascudo na Plaquete de homenagem que foi proposta em evento na
Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. LUIZ da Câmara Cascudo (Depoimentos). Natal, RN: Centro de
Imprensa, 1947. Plaquete de Homenagem dos seus amigos, abril de 1947. Aliado a Cascudo foi um dos
fundadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo o 1º vice-reitor da Instituição. Como
jornalista foi um dos primeiros diretores do Jornal A Ordem, jornal que foi o primeiro veículo de informação da
Igreja Católica do Rio Grande do Norte: “Nos primeiros anos de funcionamento, o Jornal era dirigido por um
grupo de intelectuais católicos, entre eles: Otto de Brito Guerra, Manuel Rodrigues de Melo e o professor
Ulisses de Góis. Sua sede, onde funcionava a redação e a oficina, ficava situada na Rua Dr. Barata, no Bairro da
Ribeira, em Natal”. (grifo nosso). Informações obtidas através do Link. HISTÓRIA do Jornal. A Ordem.
Disponível em: <http://www.arquidiocesedenatal.org.br>. Acesso em: 09 set. 2007.