Educação Ambiental em Livro de História do Ensino Médio:
“História para o ensino médio: História Geral e do Brasil”
Resumo
Conferências internacionais, iniciadas na segunda metade do século XX, discutem a relação entre
modelo de desenvolvimento e preservação ambiental na perspectiva da sustentabilidade, atribuindo
papel central à educação ambiental neste processo. No Brasil, a inserção da temática ambiental nos
espaços formal e não-formal de ensino é destacada na seguinte legislação: Política Nacional do Meio
Ambiente (1981), Constituição Federal (1988) e Política Nacional de Educação Ambiental (1999), que
determinam a Educação Ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino, de modo transversal e
interdisciplinar, o que foi incorporado pela política educacional, que atribui importância à produção de
material didático. Os pareceres do Programa Nacional do Livro Didático são levados em consideração
para a escolha de livros em escolas do âmbito municipal, estadual e federal, permitindo-se no ensino
privado que a decisão relativa ao material didático caiba ao professor ou ainda à equipe pedagógica.
Esta pesquisa objetiva analisar como a temática ambiental, entendida a partir das relações entre
Homem-sociedade-meio ambiente, é tratada na obra “História para o ensino médio: História geral e do
Brasil”, de Claudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo. Este estudo pauta-se no paradigma da teoria crítica,
que defende uma concepção de sustentabilidade pautada na justiça social; considera a relação homem-
natureza como dialética, pois entende que a questão ambiental envolve as dimensões social, cultural e
econômica; identifica no nosso modo de produção e consumo a raiz da degradação ambiental e da
desigualdade/exclusão social; e entende a educação ambiental em uma perspectiva crítico-
emancipatória, em oposição às propostas comportamentalistas-individualistas, também denominadas
de “adestramento” ambiental”. Esta investigação desenvolveu-se a partir de análise de conteúdo
temática do material didático, precedida de levantamento na internet sobre as instituições que adotam o
livro analisado e de uma revisão bibliográfica sobre a temática ambiental em livros didáticos de
História. Concluímos que a obra analisada, ao destacar como fator de diferenciação entre o Homem e
as demais espécies a compleição física, capacidade de criar ferramentas e de transmissão de
conhecimento pela linguagem, apresenta uma abordagem adequada da concepção de Homem e de suas
relações com a natureza, mediada pelo trabalho. Constatamos três tipos de abordagem da relação
Homem-meio ambiente, duas delas pautadas em uma visão dicotômica, em que a natureza exerce o
domínio sobre o homem ou vice-versa, bem como uma que identifica uma relação dialética. A maioria
dos fatos históricos analisados destaca apenas aspectos político-econômicos, não tratando dos
problemas socioambientais. O material didático não faz menção clara ao debate sobre sustentabilidade
(relação sociedade-meio ambiente) e, em alguns momentos, aborda de forma subjetiva a busca pela
“justiça social”, gerando visões contraditórias que ora propõe uma visão de educação ambiental crítica,
pautada na “matriz discursiva da equidade”, ora defendendo um modelo de desenvolvimento que
valoriza os avanços tecnológicos e, portanto, não questionando o modo de produção e consumo,
aproximando-se assim da “matriz discursiva da eficiência”. Considerando que este livro, por ser
volume único, formará conceitualmente o aluno do ensino médio, sugerimos a inclusão de textos a
respeito da questão ambiental, visando desenvolver uma educação socioambiental efetiva para a
cidadania.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Livro didático - História. Ensino Médio. Educação Ambiental.