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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
ALLISSON NEY CARVALHO GUIMARÃES
DESEMPENHO DE CORDEIROS EM TERMINAÇÃO ALIMENTADOS
COM DIETAS CONTENDO COPRODUTO DE CAJU TRATADO OU
NÃO QUIMICAMENTE COM URÉIA
FORTALEZA – CEARÁ
BRASIL
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
ALLISSON NEY CARVALHO GUIMARÃES
DESEMPENHO DE CORDEIROS EM TERMINAÇÃO ALIMENTADOS
COM DIETAS CONTENDO COPRODUTO DE CAJU TRATADO OU
NÃO QUIMICAMENTE COM URÉIA
FORTALEZA – CEARÁ
BRASIL
2008
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Zootecnia, da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Zootecnia.
Orientador: Prof. Dr. Magno José Duarte Cândido
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ALLISSON NEY CARVALHO GUIMARÃES
DESEMPENHO DE CORDEIROS EM TERMINAÇÃO ALIMENTADOS COM
DIETAS CONTEDO COPRODUTO DE CAJU TRATADO OU NÃO
QUIMICAMENTE COM URÉIA
Aprovada em 26 de setembro de 2008
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Magno José Duarte Cândido (Orientador)
Universidade Federal do Ceará – UFC
_______________________________________________
Prof. Dr. Marcos Cláudio Pinheiro Rogério (Co-orientador)
Universidade Federal do Ceará – UFC
_____________________________________
Prof. Dr. Gabrimar Araújo Martins (Conselheiro)
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Zootecnia, da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Zootecnia.
Orientador: Prof. Dr. Magno José Duarte Cândido
iii
DEDICO
Especialmente ao ETERNO e Amado DEUS Criador de todo o universo, que sempre me
amou e agiu com extrema misericórdia para comigo, inspirando-me, capacitando-me para
realizar a Sua vontade e auxiliando-me em todos os momentos de minha vida, sendo o grande
responsável por mais essa vitória. A Ele seja dada toda honra e toda glória em todo lugar,
agora e para sempre.
Aos meus pais Aurélio Portela Guimarães e Maria das Graças Carvalho Guimarães, que
sempre me amaram e me apoiaram.
Aos meus irmãos Aurélio Portela Guimarães Junior e Diego Carvalho Guimarães e a todos os
meus familiares.
À minha namorada Caroline Pará Rodrigues, pelo amor e apoio.
Aos meus amigos Bartolomeu Neto, Eduardo, Joaquim, Luciano Jany, Rildson e Sueli que
são os considero como irmãos.
iv
AGRADECIMENTOS
Em especial, ao Onipotente DEUS, por estar sempre comigo ao longo desse
trabalho e de toda minha vida, guiando os meus passos, dando-me forças, coragem, sabedoria,
paz e ensinando-me a caminhar no caminho da Verdade.
À minha família pelo incentivo, apoio, amor, confiança, orações e paciência.
À minha namorada Caroline Pará Rodrigues, pelo amor, companhia e paciência
comigo.
Aos meus amigos, Bartolomeu Neto, Eduardo, Joaquim, Luciano Jany, Rildson e
Sueli, que estiveram comigo durante esta caminhada.
À Universidade Federal do Ceará - UFC, especialmente ao Departamento de
Zootecnia e seus professores, pela oportunidade da realização do curso de mestrado.
À Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, por disponibilizar as instalações
da Fazenda Experimental Vale do Acaraú e do Laboratório de Nutrição Animal e por ceder os
transportes tornando possível a realização do experimento.
Ao Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Ceará– CENTEC, na pessoa do
meu primo, irmão e amigo Prof. Clayton Moura de Carvalho, pela disponibilização do
Laboratório de Carnes para a avaliação das carcaças.
À CAPES, pela concessão de bolsa de estudo durante a realização do curso de
mestrado.
Ao Banco do Nordeste, pelo auxílio financeiro à execução do experimento.
Aos meus irmão em Cristo, especialmente ao Anderson, Cínthia, Eliel, Helenice,
Igor, Leila, Ramirez, Rúbens, Terezinha, Thaís, Tiago e Zélia, pelas orações e amizade.
Ao Prof. orientador Dr. Magno José Duarte Cândido, por me orientar e me
conceder esta oportunidade.
Ao Prof. co-orientador e amigo Dr. Marcos Cláudio Pinheiro Rogério, por ter
confiado e me dado oportunidade de crescer profissionalmente.
Ao meu amigo e conselheiro Prof. Gabrimar Araújo Martins, pela companhia,
amizade, ajuda, conselhos e orientações.
v
Aos meus amigos da Pós-Graduação, em especial Isac, Jaime, Lígia, Socorro e
Tatiana, pelo companheirismo e amizade.
Aos amigos e companheiros Beto Simeão, Celso, Evaristo, Hélio Henrique, Joab,
José Ribeiro, Mirlanda, Pedro Simeão, Ricardo e Vandenberg e ao meu irmão Aurélio Junior
por toda ajuda durante o experimento e apoio em todas as horas durante a fase experimental e
até hoje.
Às estagiárias da Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Estadual Vale
do Acaraú - UVA, Ana Paula e Juliana e, em especial, à minha cunhada Tallita pela grande
ajuda na realização do experimento.
Ao amigo Arnaldo Junior por seu auxílio fundamental.
A todos os professores do Curso de Zootecnia da UVA e da UFC.
Aos meus amigos e colegas de trabalho do MAPA: Dr. Sales, Dra. Aldair,
Ritinha, Airton, Marcos, Íria, Edice, Primo, Leandro e Janaína, pelo apoio e companheirismo.
Aos meus amigos Humberto, Lourdinha e Raquel.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para o meu êxito. Muito
Obrigado!
vi
DESEMPENHO DE CORDEIROS EM TERMINAÇÃO ALIMENTADOS COM
DIETAS CONTENDO COPRODUTO DE CAJU TRATADO OU NÃO
QUIMICAMENTE COM URÉIA
Autor: Allisson Ney Carvalho Guimarães
Orientador: Prof. Magno José Duarte Cândido
RESUMO
Este estudo foi conduzido com o objetivo de avaliar os consumos (gramas por dia, por
unidade de tamanho metabólico UTM, porcentagens do peso vivo) de matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro (FDN), conversão
alimentar, ganho de peso médio diário, rendimentos de carcaça, de cortes comerciais e de
vísceras e a viabilidade econômica da terminação de ovinos que receberam dietas
experimentais isoenergéticas e isoprotéicas contendo níveis crescentes de coproduto de caju
amonizado ou não com uréia. Vinte e quatro ovinos foram distribuídos em delineamento
inteiramente casualizado em esquema fatorial 4 X 2, recebendo dietas contendo quatro níveis
de inclusão (6; 11; 16; 21%) de coproduto de caju tratado ou o quimicamente com uréia
(CCTQ coproduto de caju tratado quimicamente com uréia ou CCNT coproduto de caju
não tratado com uréia), feno de capim Aruana (Panicum maximum cv. Aruana), milho, torta
de algodão e sal mineralizado, perfazendo oito tratamentos experimentais, com três repetições
por tratamento. A amonização com uréia não influenciou os consumos de MS, MO e FDN. As
dietas contendo maiores níveis de inclusão do coproduto de caju proporcionaram maior
consumo de MO, em % PV e g/UTM. O consumo de PB, em % PV e g/UTM, foi maior para
os animais que consumiram CCTQ. Os veis de inclusão e tratamento químico ou não do
coproduto de caju não interferiram no peso ao abate, ganho de peso diário e na conversão
alimentar dos animais. Na avaliação das características de carcaça e vísceras, os níveis de
inclusão do coproduto de caju influenciaram no peso do lombo e rendimentos de perna,
lombo, pescoço, costilhar e aparelho respiratório. O rendimento do coração foi superior para
os animais que consumiram CCTQ. Na avaliação econômica, a dieta que com 21% de CCTQ
proporcionou maior valor presente líquido e maior relação benefício-custo.
Palavras-chave: agroindústria, amonização, consumo, coprodutos, desempenho,
ruminantes, viabilidade econômica
vii
PERFORMANCE OF TERMINATION SHEEPS FEED WHIT DIETS BY CASHEW
BY-PRODUCT WITH OR WITHOUT UREA CHEMICAL TREATMENT
Author: Allisson Ney Carvalho Guimarães
Advisor: Prof. Magno José Duarte Cândido
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the intake (g/day, per unit metabolic size UMS, percentages of
weight alive) of dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein (CP) and neutral
detergent fiber (NDF), alimentary conversion, daily weight gain, carcass, commercial cuts
and viscus yield and the economical viability of termination of lambs that received
experimental isoenergetics and isoproteics diets having growing levels of cashew by-product
urea amonized or not urea amonized. Twenty four lambs were distributed in randomly
delineation factorial project 4 X 2 with four levels of inclusion (6; 11; 16; 21%) of treat
cashew co-product (CCTQ) or not (CCNT) with urea, hay of Aruana grass (Panicum
maximum cv. Aruana), maize and cottonseed cake, resulting in eight experimental treatments,
with three replications for treatment. The urea amonization didn’t affect the DM, OM and
NDF intakes. The diets having higher levels of cashew by-product inclusion provided a larger
OM intake, in %WA and g/UMS. The CP intake, in %WA and g/UMS, was larger for animals
that consumed CCTQ. The levels of inclusion and with or without cashew by-product
chemical treatment didn’t interfere on the slaughter weight, daily weight gain and alimentary
conversion of that animals. On the carcass and viscus properties, levels of cashew by-product
inclusion affected in the loin weight and yields in leg, loin, neck, rib and breathing system.
The heart yield was superior for that animals that consumed CCTQ. On the economical
evaluation, the diet that contained 21% of CCTQ provided larger net value and better cost-
benefit relation.
Key words: agroindustry, amonization, by-products, intake, economical viability,
performance, ruminans.
viii
SUMÁRIO
1.0. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12
2.0. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 14
2.1. Rendimentos médios e valor nutricional de coprodutos do processamento de frutas ... 14
2.2. Potencial de utilização do coproduto de caju na alimentação animal .......................... 15
2.3. Consumo e digestibilidade de nutrientes de ovinos alimentados com dietas contendo
coproduto de caju ...................................................................................................... 16
2.4. Desempenho de cordeiros recebendo dietas contendo pedúnculo e coproduto de caju 17
2.5. Tratamento químico de coprodutos agroindustriais .................................................... 18
2.6. Avaliação nutricional e desempenho de ruminantes recebendo dietas contendo
coprodutos agroindustriais tratados quimicamente ..................................................... 21
3.0. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 22
3.1. Local de realização do experimento ........................................................................... 22
3.2. Tratamentos Experimentais ........................................................................................ 23
3.3. Análises Estatísticas ................................................................................................... 27
3.4. Análise econômica .................................................................................................... 28
4.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 30
4.1. Consumo de Matéria Seca .......................................................................................... 31
4.2. Consumo de Matéria Orgânica ................................................................................... 34
4.3. Consumo de Proteína Bruta ........................................................................................ 36
4.4. Consumo de Fibra em Detergente Neutro ................................................................... 38
4.5. Ganho de Peso Médio Diário ..................................................................................... 41
4.6. Conversão Alimentar ................................................................................................. 43
4.7. Peso ao abate (PV) e pesos e rendimentos de carcaça fria e cortes comerciais ............ 44
4.8. Pesos e rendimentos de vísceras ................................................................................. 49
5.0. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 55
6.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 56
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Rendimentos médios de produção de coprodutos na industrialização de frutas ..... 14
Tabela 2. Composição bromatológica de resíduos do processamento de frutas em Matéria
Seca (MS) ........................................................................................................................... 16
Tabela 3. Composição em aminoácidos do coproduto da indústria de caju ........................... 17
Tabela 4. Estimativas da produção (em toneladas) de pedúnculo de caju na região nordeste e
no Brasil .............................................................................................................................. 18
Tabela 5. Consumo médio diário de MS do coproduto de caju, feno de capim Aruana, milho e
torta de algodão em kg e, entre parêntesis, a porcentagem de cada um dos alimentos em
função do consumo de matéria seca total (CMST) em kg das dietas experimentais .............. 27
Tabela 6. Composição química dos ingredientes dietéticos fornecidos aos ovinos (%MS) ... 27
Tabela 7. Composição química das dietas experimentais com coproduto de caju sem
tratamento químico (CCNT) e com tratamento químico (CCTQ) (%MS) ............................. 34
Tabela 8. Médias de consumo diário de matéria seca (g/dia, %PV e g/UTM) por ovinos
consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não
quimicamente com uréia ...................................................................................................... 37
Tabela 9. Médias de consumo diário de matéria orgânica (g/dia, %PV e g/UTM) por ovinos
consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não
tratado quimicamente com uréia .......................................................................................... 39
Tabela 10. Médias de consumo diário de proteína bruta (g/dia, %PV e g/UTM) por ovinos
consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não
tratado quimicamente com uréia .......................................................................................... 42
Tabela 11. Médias de consumo diário da fibra em detergente neutro (g/dia, %PV e g/UTM)
por ovinos consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado
ou não tratado quimicamente com uréia ............................................................................... 44
Tabela 12. Ganho de peso médio (g/dia) de ovinos consumindo dietas contendo quantidades
crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia ................. 46
Tabela 13. Conversão alimentar de ovinos consumindo dietas contendo quantidades
crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia ................. 48
x
Tabela 14. Peso ao abate (PV) de ovinos consumindo dietas contendo quantidades crescentes
de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia .................................. 49
Tabela 15. Peso da carcaça fria e dos cortes comerciais de ovinos consumindo dietas contendo
quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia
............................... 51
Tabela 16. Rendimento da carcaça fria e dos cortes comerciais de ovinos consumindo dietas
contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente
com uréia................ ............................................................................................................ 52
Tabela 17. Peso das vísceras de ovinos consumindo dietas contendo quantidades crescentes de
coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia ....................................... 55
Tabela 18. Rendimento de vísceras de ovinos consumindo dietas contendo quantidades
crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia ................. 56
Tabela 19. Itens de receitas, despesas e rentabilidade por dietas experimentais de ovinos
contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente
com uréia............................................................................................................................. 58
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema dos cortes comerciais ........................................................................... 30
Figura 2. Consumo de matéria orgânica em g/ UTM
(CMO) em função dos níveis de inclusão
do coproduto de caju em dietas para ovinos ....................................................................... 40
Figura 3. Desenvolvimento ponderal de ovinos alimentados com dietas contendo coproduto
de caju tratado (CCTQ) ou não (CCNT) quimicamente com uréia ao longo do período
experimental .......................................................................................................................47
1.0. INTRODUÇÃO
No Nordeste do Brasil, a produção de forragem apresenta forte estacionalidade,
principalmente por causa da distribuição de chuvas e longos períodos de estiagem. Aliado
à baixa tecnificação no campo, a estacionalidade pluvial se constitui forte influenciador da
baixa produção de massa verde por hectare e do baixo valor nutricional de fontes fibrosas
forrageiras fornecidas aos ruminantes. Isso justifica, em parte, a queda vertiginosa na
produtividade dos rebanhos de ruminantes nos sistemas tradicionais particularmente nos
períodos de estiagem.
Dentro da cadeia produtiva de ruminantes, a utilização de alternativas alimentares
que efetivamente reduzam o custo de produção, sem perder de vista o respeito às exigências
nutricionais dos animais e à real biodisponibilidade dos nutrientes é importante para se
alcançar a viabilidade econômica dos sistemas de produção de ruminantes. De acordo com
Vasconcelos et al. (2002), a utilização de grãos nos suplementos concentrados encarece as
dietas, limitando a viabilidade econômica da sua utilização. Nesse caso, a produtividade
animal não estaria vinculada às oscilações de preços resultantes da sazonalidade de produção
de alimentos, mas a estratégias de planejamento alimentar e, principalmente, a programas de
utilização de alimentos alternativos disponíveis na região.
Dentre os ruminantes, os ovinos destacam-se no Nordeste do Brasil,
principalmente mediante as perspectivas favoráveis à produção de carne. Nesta rego, a
maioria dos sistemas de produção de pequenos ruminantes caracteriza-se pela criação
extensiva em pastos nativos com os rebanhos subalimentados nos períodos de estiagem,
gerando resultados zootécnicos insatisfatórios. A criação em confinamento, por sua vez, vem
crescendo, visando principalmente à oferta de carne durante o período de entressafra. O
sucesso da produção em confinamento, entretanto, depende de vários fatores, incluindo o
potencial genético dos animais, o manejo sanitário do rebanho, a nutrição, as práticas de
alimentação e a visão de mercado quanto aos insumos (Carvalho et al., 2003).
Nesse contexto, a utilização de coprodutos agroindustriais, especialmente àqueles
resultantes do processamento de frutas na alimentação de ovinos, pode contribuir
significativamente para melhoria dos índices de produtividade. Isto leva ao barateamento dos
custos de produção, evitando o desperdício, além de contribuir com a preservação ambiental
(Rogério, 2005).
No Ceará, o caju (Anacardium occidentale) se destaca pelo fato de apresentar
maior produção exatamente no período seco do ano. Em 2006, foram produzidas mais de 2,1
13
milhões de toneladas de pedúnculo de caju (IBGE, 2008), com um rendimento médio de
coproduto agroindustrial (bagaço) de aproximadamente 315 mil toneladas. Com esses
números, verifica-se a grande potencialidade de uso desse coproduto como fonte alimentar
para ruminantes.
Outra característica que faz com que o coproduto de caju (bagaço desidratado)
seja um alimento recomendado ao arraçoamento de ovinos é a sua composição bromatológica.
Conforme Rogério (2005), o coproduto de caju tanto pode constituir-se um substituto
forrageiro dado os altos valores de fibra encontrados, quanto pode contribuir com os valores
de proteína bruta e energia dos suplementos concentrados. O autor destacou, todavia, que a
presença de compostos polifenólicos como a lignina (37,8% em matéria seca), por exemplo,
pode ser um limitante à biodisponibilidade ruminal dos nutrientes citados. Ribeiro (2008),
entretanto, verificou que o tratamento químico com uréia do coproduto de caju, fornecido em
dietas formuladas para ovinos em terminação, pode melhorar os consumos dos constituintes
fibrosos dietéticos sem reduzir as digestibilidades da matéria seca, matéria orgânica, fibra em
detergente neutro, fibra em detergente ácido, hemicelulose, celulose e carboidratos totais.
Considerando-se a facilidade de aquisição e os menores riscos de intoxicação
humana em seu manuseio, em comparação à soda cáustica ou amônia anidra, por exemplo, a
uréia surge como forma de tratamento químico eficiente no tratamento do coproduto de caju.
De acordo com Sarmento et al. (1999) e Fernandes et al. (2002), o tratamento químico com
uréia promove um aumento nos teores de nitrogênio não-protéico e nitrogênio total e atua na
fração fibrosa do alimento, desestruturando o complexo formado pelos componentes fibrosos
(celulose, hemicelulose e lignina), tornando-os disponíveis e propiciando aos microrganismos
ruminais uma maior área para o ataque bacteriano e a conseqüente elevação do conteúdo de
carboidratos prontamente fermentáveis, aumentando a disponibilidade de energia, a
digestibilidade e o consumo de matéria seca.
Diante do exposto, a utilização do coproduto de caju tratado quimicamente com
uréia em dietas para ovinos pode vir a contribuir para a melhoria da qualidade bromatológica
das dietas desses animais e para o barateamento dos custos de produção sem comprometer o
desempenho animal.
Assim, objetivou-se avaliar o consumo, conversão alimentar, ganho de peso,
rendimentos de carcaça, de cortes comerciais, de vísceras e a viabilidade econômica de
cordeiros que receberam dietas experimentais contendo níveis crescentes de coproduto de caju
amonizado ou não com uréia.
14
2.0. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Rendimentos médios e valor nutricional de coprodutos do processamento de frutas
A industrialização de frutas para produção de sucos ou polpas resulta em
coprodutos com elevado potencial de utilização na alimentação de ruminantes. A produção de
desses coprodutos varia com o tipo de fruta e processamento utilizado.
Conhecendo-se a produção da matéria-prima, o percentual de utilização pela
indústria e o rendimento do resíduo, pode-se estimar a produção de coprodutos do
processamento de frutas. Por exemplo, para uma produção de pedúnculo de caju de 2,1
milhões de toneladas em 2006 (IBGE, 2008) e um rendimento de 15% do coproduto, pode-se
estimar uma produção do mesmo de, aproximadamente, 315 mil toneladas.
Além de ser fonte alternativa de nutrientes no período de escassez de alimentos, o
uso de coprodutos industriais na alimentação animal traz como vantagens, a redução da
contaminação ambiental por poluentes e a possibilidade de baratear os custos de produção
devido ao seu preço ser, normalmente, inferior aos suplementos convencionais.
A importância da racionalidade no uso dos alimentos, bem como o conhecimento
da combinação ótima entre eles, tem orientado e exigido melhor conhecimento de seu valor
nutricional, incluindo o processo de utilização de nutrientes (Euclides Filho, 1999). A
composição química-bromatológica desses coprodutos apresenta variações consideráveis,
dependendo da origem, do processamento industrial e da incorporação de outros resíduos.
A determinação da presença de compostos fenólicos, principalmente lignina e
tanino, também auxilia na avaliação da qualidade nutricional de coprodutos. A presença de
compostos polifenólicos pode promover uma queda na digestão ou na utilização metabólica
da proteína, além de reduzir ou cessar o consumo de alimentos. Outras determinações, como a
presença de constituintes tóxicos e do teor de lipídios, devem ser consideradas, pois em altas
concentrações podem tornar o coproduto indisponível para uso. A presença de gordura em
elevadas quantidades, normalmente reduz a digestão da fibra e a extensão deste efeito
negativo depende de seu grau de insaturação e esterificação (Teixeira, 1992).
15
2.2. Potencial de utilização do coproduto de caju na alimentação animal
O cajueiro ocupa lugar de destaque entre as plantas frutíferas tropicais, em face da
crescente comercialização da amêndoa e do líquido de castanha de caju (LCC) (Lavezzo,
1995). A castanha é o verdadeiro fruto e, contém no seu interior, a amêndoa de alto valor
nutritivo. O pseudofruto é o pedúnculo hipertrofiado, rico em vitamina C e usado na
fabricação de doces e bebidas. O bagaço, após a extração do suco, pode ser usado na
alimentação animal. Do peso do fruto, em média 81% são representados pelo suco. Do peso
da castanha, a amêndoa representa 32%, a película, 3% e a casca, 65% (Lima et al., 2004).
Com o desenvolvimento de tecnologias para os segmentos de produção e
industrialização do sistema agroindustrial do caju, o cajueiro tem elevado sua produtividade
por área, o número de meses de oferta para o mercado, expandido suas fronteiras de plantio e
induzido um aumento de pequenas e médias agroindústrias de amêndoa, suco e polpa,
principalmente na região Nordeste.
A castanha é a parte do caju de maior valor comercial, enquanto que o pedúnculo
é comercializado em pequena escala, entre 10 e 15% do total produzido, sendo altamente
perecível. A safra de caju concentra-se na época seca, período que se caracteriza pela baixa
produção de volumosos e preços de concentrados elevados. O pedúnculo, entretanto,
apresenta alto teor de tanino em sua composição (Meneses, 1994). Isso representa, conforme
esse autor, uma barreira química contra a infecção microbiana.
Os principais coprodutos do caju utilizados na alimentação animal o a farinha
de castanha de caju e o farelo do bagaço de caju. O farelo de castanha de caju é um coproduto
da industrialização da amêndoa e o farelo do bagaço de caju é o coproduto da industrialização
do pedúnculo do caju, obtido após a extração de sucos e seco ao sol (Barbosa et al., 1989). De
acordo com Dantas Filho et al. (2007), existe ainda o pedúnculo de caju desidratado que é o
fruto integral, sem ter passado por moagem para extração de suco, seco ao sol e então moído.
O uso direto do bagaço de caju como alimento animal pode ser limitado por seus
altos teores de umidade e fibra (Awolumate, 1983). Devido ao seu baixo conteúdo em
proteína, a eficiência de uso na alimentação animal pode ser melhorada através do seu
enriquecimento em proteína por leveduras (Furusho et al., 1997) e/ou pelo uso de processos
químicos que aumentem a biodisponibilidade dos nutrientes, além de incorporar nitrogênio-
não-protéico como a uréia, por exemplo (Ribeiro, 2008).
16
Catunda e Menezes (1989) citaram que os suplementos concentrados, comumente
usados para minorar a situação alimentar do rebanho na época seca, sofrem constantes
aumentos de preço, tornando seu uso muito oneroso e economicamente inviável. Por outro
lado, a Região Nordeste oferece condições bastante favoráveis para o aproveitamento de
coprodutos agroindustriais, resultantes do beneficiamento agroindustrial do caju, da acerola e
do maracujá, por exemplo.
2.3. Consumo e digestibilidade de nutrientes de ovinos alimentados com dietas contendo
coproduto de caju
Dantas Filho et al. (2007) analisaram a inclusão de pedúnculo de caju desidratado
na alimentação de ovinos mestiços da raça Santa Inês em veis crescentes (de 10 a 40% da
matéria seca dietética) em dietas isoprotéicas, observando que esses níveis não interferiram no
consumo de MS e PB (g/dia) e na conversão alimentar. Entretanto, o consumo de FDN elevou
e o ganho de peso diminuiu com o aumento da inclusão do pedúnculo de caju desidratado na
dieta. Para esses autores, o pedúnculo de caju desidratado pode ser incluído em níveis de até
30% da matéria seca dietética, sem prejuízos para a característica ganho de peso médio diário.
Resultado semelhante foi obtido por Borges (2001). A partir do fornecimento de rações
contendo níveis de 15 a 45% de inclusão de pedúnculo de caju desidratado na alimentação de
borregas sem padrão racial definido (SPRD), com peso vivo compreendido entre 15 e 20 kg,
este autor verificou não haver influência de níveis de inclusão sobre os consumos de MS e
PB, expressos em gramas/dia (g/dia), porcentagem do peso vivo (%PV) e gramas/Unidade de
Tamanho Metabólico (g/UTM). Contudo, o consumo de FDN, expresso em %PV e g/UTM,
elevou-se com o aumento do nível de inclusão do pedúnculo de caju.
Em trabalho realizado com 24 ovinos alimentados com dietas isoprotéicas e
isoenergéticas contendo quatro níveis de inclusão (6, 11, 16 e 21%) de coproduto de caju,
tratado ou não quimicamente com uréia, Ribeiro (2008) observou que o tratamento químico
com uréia não aumentou os consumos de MS e MO. Porém, animais alimentados com dietas
contendo nível de 21% de inclusão do referido coproduto tratado quimicamente com uréia
apresentaram menor consumo de PB em g/UTM e em %PV, bem como de extrato etéreo em
g/dia e g/UTM.
Dantas Filho et al. (2007) observaram médias de coeficientes de digestibilidade da
matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em
17
detergente ácido de 63,73; 66,63; 55,47, 54,83 e 36,33%, respectivamente, e que diminuíram
com o aumento da inclusão de pedúnculo de caju desidratado na dieta. Entretanto, Ribeiro
(2008) observou médias de coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica,
proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido de 58,27; 65,23; 55,80;
40,37 e 31,71%, respectivamente, para dietas contendo coproduto de caju não tratado
quimicamente com uréia e de 58,98; 64,90; 59,69; 49,39 e 41,17%, respectivamente, para
dietas em que o coproduto de caju foi tratado quimicamente com uréia. Essa autora afirmou
que os coeficientes de digestibilidade não foram influenciados pelo tratamento químico, bem
como pelos níveis de inclusão do coproduto de caju na dieta.
2.4. Desempenho de cordeiros recebendo dietas contendo pedúnculo e coproduto de caju
Furusho et al. (1997) determinaram o desempenho de cordeiros terminados em
confinamento, utilizando o pedúnculo de caju desidratado nas dietas, enriquecido ou não com
leveduras. Os autores verificaram que aqueles animais alimentados com dietas contendo o
pedúnculo enriquecido obtiveram menor ganho de peso comparado aos animais que
receberam o pedúnculo não enriquecido. Citaram que este efeito pode estar associado à
conversão dos açúcares em proteína pelos microrganismos, levando a um declínio na
quantidade de energia dietética.
O enriquecimento do pedúnculo de caju com leveduras pode influenciar as
características de carcaça dos animais. Garcia et al. (1998) também observaram em cordeiros
terminados em confinamento, menor rendimento de carcaça no grupo que recebeu o referido
coproduto enriquecido. Os autores não encontraram qualquer alteração nas proporções de
músculo, gordura e osso do pernil e do lombo.
Lopes et al. (2004) avaliando o desempenho de ovinos recebendo dietas com
diferentes níveis de inclusão de pedúnculo de caju desidratado, observaram que o ganho de
peso dos animais diminuiu proporcionalmente à medida que se aumentou o nível de inclusão
do pedúnculo nas dietas, mas não afetou o consumo de matéria seca e nem a conversão
alimentar. Observaram também, aumentos nos percentuais de fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e
redução no nível de energia das dietas com a inclusão do pedúnculo de caju. Schmidt et al.
(2003) explicaram que a digestibilidade dos constituintes fibrosos é afetada pela presença de
lignina. Portanto, conforme os autores, o baixo desempenho dos animais pode ser explicado
18
pelo aumento do nível fibroso dietético com a inclusão do pedúnculo de caju e o conseqüente
aumento no percentual lignocelulósico.
Leite et al. (2004), por sua vez, avaliaram o ganho de peso de ovinos em
terminação utilizando pedúnculo de caju e feno de leucena em diferentes proporções e
observaram que os animais apresentaram melhor desempenho quando receberam dieta
contendo 50% de feno de leucena e 50% de farelo de pedúnculo de caju. Os piores
desempenhos foram verificados nas dietas compostas por 70% de feno de leucena ou 70% de
farelo de caju. Segundo os autores, isso acontece devido aos elevados veis de tanino e
lignina existentes nas dietas com esses dois alimentos. Afirmaram ainda, que o farelo do
pedúnculo de caju pode ser um ingrediente alternativo na elaboração de dietas para ovinos
terminados em confinamento, mas recomendaram que novas pesquisas fossem realizadas.
Dados relativos à verificação do uso do coproduto de caju na terminação de
ovinos (dados de desempenho) são particularmente escassos ou praticamente inexistentes na
literatura científica. Teixeira et al. (2003) avaliaram o desempenho produtivo de ovinos
alimentados com silagens de capim elefante contendo coproduto de caju desidratado
concernente à silagem de capim-elefante pura. Os autores confinaram ovinos de
aproximadamente cinco meses de idade, os quais recebiam suplementação de ração
concentrada na proporção de 1,5 e 2,5% do peso vivo. Os pesquisadores observaram que
quando os animais receberam suplementação com concentrado na proporção de 1,5% do peso
vivo (aproximadamente 340 g/dia) apresentaram ganho de peso maior (110 g/dia), quando o
volumoso foi a silagem de capim-elefante com bagaço de caju. Os animais alimentados com a
mesma quantidade de ração concentrada, porém alimentados com silagem de capim-elefante
pura, apresentaram ganho de peso de apenas 66 g/dia. Quanto à conversão alimentar, os
autores observaram a mesma tendência, ou seja, quando se utilizou a silagem de capim-
elefante pura + concentrado, os animais apresentaram menor conversão alimentar (14,3 kg de
matéria/kg de peso vivo), enquanto os animais alimentados com silagem de capim-elefante
contendo caju + concentrado consumiram apenas 7,2 kg de matéria seca para cada kg de peso
vivo que ganharam.
2.5. Tratamento químico de coprodutos agroindustriais
A parede celular compõe-se basicamente de lignina e dos carboidratos estruturais,
celulose e hemicelulose, que são geralmente degradados a taxas menores do que a dos
19
componentes solúveis. A fibra usualmente diminui a densidade calórica das dietas e a
completa digestão da parede celular pode ocorrer, se os fatores de proteção que inibem a
degradação da parede celular estão ausentes. A composição da fibra é nutricionalmente
significante e varia com o tipo de parede celular vegetal (Van Soest, 1994).
Van Soest (1994) destacou ainda que os limites físico-químicos da degradação da
matéria seca estão relacionados às ligações covalentes entre as unidades constitutivas dos
vários sistemas macromoleculares. Todos estes sistemas envolvem um grupo ativo que age
sobre o carbono α, seguido de clivagem e utilização dos sub-componentes (aminoácidos,
açúcares ou ácidos graxos). A evolução dos polímeros polifenólicos, onde os principais são as
ligninas e os taninos, representa a maneira como ligações entre unidades se baseiam na
condensação polifenólica oxidativa a partir de ligações éter ou bifenil, que bloqueiam a
ativação hidrolítica e são geralmente resistentes aos modos convencionais de quebra
biológica. As ligações não hidrolisáveis da lignina e de outros polifenólicos trouxeram a eles a
denominação de substâncias condensadas. Essa característica não hidrolítica, entretanto, não
impediu a evolução de fungos e de algumas bactérias que conseguem degradá-los.
Substâncias fenólicas simples parecem ser utilizadas por organismos anaeróbicos, enquanto as
substâncias condensadas parecem ter as suas quebras limitadas à ação de organismos
aeróbicos. A maior parte dos tratos gastrointestinais dos animais apresenta ambiente
anaeróbico e assim existe limitação na degradação de substâncias resistentes, presentes nos
vegetais. A lignina, por exemplo, limita o potencial máximo de degradação da parede celular
vegetal.
Van Soest (1994) recomendou que para o incremento da produção animal nos
trópicos é preciso pensar em se trabalhar com coprodutos regionais, como o melaço, a
mandioca, leguminosas arbóreas e resíduos de frutas, que entrariam nas dietas como
suplementos alimentares. Por outro lado, estes coprodutos introduzem, segundo este autor,
problemas no balanço de nutrientes, particularmente no balanço nitrogênio-carboidratos, além
de indisponibilizarem esses nutrientes, em virtude dos altos teores de compostos polifenólicos
presentes.
A finalidade básica do tratamento químico é a promoção da hidrólise da parede
celular, causando o rompimento da forte ligação entre os compostos polifenólicos como a
lignina e a celulose com proteínas, por exemplo, aumentando a degradabilidade ruminal.
Conforme Souza e Santos (2002) foi Beckmann, em 1919, na Alemanha, quem desenvolveu
um método à base de NaOH para o tratamento de palhas. Este método incrementava a
digestibilidade da matéria orgânica (MO) de 46% a 71%. Na década de 60, o uso de palhas
20
tratadas por este método se tornou muito popular na Europa. O tratamento químico dos
resíduos agrícolas com bases fortes como os álcalis, não afetou a atividade microbiana do
rúmen e o principal efeito do tratamento foi a melhoria da digestibilidade da fibra, tendo sido
alcançados incrementos da ordem de 43% a 70%. Neste sentido, pesquisas têm demonstrado
que os coprodutos agroindustriais, ao serem submetidos a tratamentos com NaOH, NH
3
e
uréia, podem aumentar a ingestão voluntária, a digestibilidade e o valor nutritivo.
Segundo Souza e Santos (2002), atualmente o método químico mais indicado para
tratamento de resíduos lignocelulósicos é o método que utiliza a uréia. O incremento no valor
nutritivo de coprodutos, todavia, depende de diversos fatores, como o conteúdo de umidade,
percentual de uréia utilizado, temperatura durante o tratamento, tempo de tratamento, fatores
como percentual de uréia, nível de umidade final, temperatura ambiente e tempo de
tratamento. Os autores referenciaram que o percentual de uréia que deve ser usado deve ser de
5% com base na matéria seca e o conteúdo de umidade final deve ser de 40%. O tempo de
tratamento, ainda segundo Souza e Santos (2002), está relacionado com a temperatura
ambiente, pois a ocorrência de temperaturas amenas pode vir a prolongar esse tempo,
entretanto, em países como o Brasil, é possível encontrar eficiência de quebra e
disponibilização de nutrientes entre sete e 10 dias.
Cândido et al. (1999), por exemplo, avaliaram o uso destes tratamentos químicos
no coproduto da agroindústria de cana-de-açúcar e obtiveram um aumento do valor nutritivo
do bagaço. Afirmaram ainda que diversos métodos químicos podem ser utilizados, dentre eles
os que utilizam hidróxido de sódio, de cálcio, de potássio, amônia anidra e uréia como forma
de amônia. Sarmento et al. (1999) destacaram também a uréia como excelente alternativa para
tratamentos químicos de coprodutos agroindustriais, visto que é um produto de alta
disponibilidade no mercado, menos perigosa à intoxicação humana e de baixo custo.
De acordo com Sarmento et al. (1999) e Fernandes et al. (2002), o tratamento
químico com uréia atua na fração fibrosa do alimento, desestruturando o complexo formado
pelos componentes fibrosos (celulose, hemicelulose e lignina), tornando-os disponíveis e
propiciando aos microrganismos ruminais uma maior área para o ataque bacteriano e a
conseqüente elevação do conteúdo de carboidratos prontamente fermentáveis, aumentando a
disponibilidade de energia, a digestibilidade e o consumo de matéria seca.
Cândido et al. (1999) observaram que a amonização sobre os materiais tratados
aumenta o teor de nitrogênio-não-protéico, o teor de nitrogênio total e conseqüentemente o
teor de proteína bruta. Isto é possível porque o nitrogênio-não-protéico pode ser utilizado
21
pelas bactérias do rúmen para a produção de proteína bacteriana, a qual pode vir a ser
utilizada pelo animal para o suprimento de suas necessidades protéicas.
2.6. Avaliação nutricional e desempenho de ruminantes recebendo dietas contendo
coprodutos agroindustriais tratados quimicamente
A adição de uréia (0 e 4% da matéria seca) e a cobertura com lona plástica preta
(presença ou ausência) sobre a conservação, composição química e digestibilidade in vitro da
matéria orgânica (DIVMO) da palha de arroz foram avaliados por Fischer et al. (1996).
Segundo esses autores, a adição de 4% de uréia modificou favoravelmente a composição
química e a digestibilidade da palha de arroz, sendo que a presença de lona evitou a formação
de camada externa deteriorada, mas não apresentou efeito sobre a composição química, pH e
digestibilidade da palha de arroz. Hill et al. (1986), em adição, quando avaliaram a
digestibilidade de dietas contendo cascas de amendoim amonizadas fornecidas para bovinos,
verificaram que o processo de amonização reduziu os níveis de taninos nesse coproduto.
Grossi et al. (1993), por sua vez, verificaram que o tratamento do feno de Coast
cross e da palha de arroz com uréia elevou também os teores de proteína bruta dos mesmos, já
que a uréia incorpora nitrogênio ao material tratado. De acordo com Rodríguez (1986), essa
incorporação pode inclusive contribuir com incrementos na síntese protéica microbiana.
Saliba et al. (2004) avaliando a digestibilidade aparente e os consumos de matéria
seca, proteína bruta e energia do bagaço de cana-de-açúcar tratado com níveis crescentes de
amônia anidra, fornecido a ovinos, não encontraram influência da amonização do bagaço de
cana sobre esses parâmetros. Pires et al. (2004), por sua vez, verificaram que a
degradabilidade potencial da matéria seca do bagaço de cana-de-açúcar tratado com amônia
anidra incubado ruminalmente em novilhos holandeses, após período de 96 horas, foi maior
(65,5%) do que aquela encontrada para o bagaço não tratado (38,3%), principalmente em
virtude do aumento da degradabilidade da FDA.
Pires et al. (2004) comentaram que volumosos amonizados têm solubilização
parcial da hemicelulose e afrouxamento da parede celular permitindo que os microrganismos
do rúmen tenham maior superfície específica para se agregarem resultando em aumento da
digestibilidade. Aumento na degradabilidade da matéria orgânica foi verificado por Rahal et
al. (1997), ao tratarem sete variedades de palha de arroz com doses de 0, 3 e 4% de uréia
22
(base de MS) e Ben Salem et al. (1994) verificaram aumento na degradabilidade in situ da
matéria seca (DMS) da palhada de sorgo amonizada com uréia (5,3% base MS).
Em 2005, Wright et al. realizaram o tratamento físico-químico do farelo de canola
a partir da combinação do calor úmido com lignosulfonato (LSO
3
). Os autores obtiveram com
esse experimento, aumento do consumo de matéria seca e da digestibilidade das frações
fibrosas, além do incremento na proporção de proteína efetivamente digerida no trato
digestivo inferior de vacas em lactação nas dietas que incluíram o farelo de canola tratado
físico-quimicamente em comparação às dietas em que o farelo de canola incluído não recebeu
esse tipo de tratamento.
3.0. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local de realização do experimento
O experimento foi realizado no Setor de Digestibilidade Animal da Fazenda
Experimental Vale do Acaraú, em área pertencente à Universidade Estadual Vale do Acaraú –
UVA, em Sobral, Ceará, zona fisiográfica do Sertão Cearense, a 3º36’ de latitude Sul, 40º18’
de longitude Oeste, altitude de 56 m, no período de 31 de março a 31 de maio de 2006. A
região possui clima tipo BShw’ (classificação de Köppen), megatérmico, seco, em que a
precipitação chuvosa (janeiro a junho) apresenta média de 888,9 mm, correspondendo a
92,6% do total médio anual. A média anual das temperaturas máxima, média e mínima es
em torno de 33,3, 26,6 e 22,0
o
C, respectivamente, e a média anual da umidade relativa do ar é
de 67,9%.
As análises químico-bromatológicas foram realizadas nas dependências do Laboratório
de Nutrição Animal do Centro de Ciências Agrárias e Biológicas da Universidade Estadual
Vale do Acaraú – UVA. O processamento das carcaças foi realizado no Laboratório de Carnes
do Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Ceará (CENTEC), localizado também em
Sobral-Ceará.
23
3.2. Tratamentos Experimentais
Foram utilizados 24 ovinos mestiços com peso vivo médio de 22,3 kg e seis
meses de idade, previamente everminados e alojados individualmente em gaiolas metálicas de
metabolismo dotadas de comedouros, bebedouros e saleiros plásticos, localizadas em galpão
de alvenaria coberto, com piso concretado, onde permaneceram durante todo o período
experimental.
Foram testados quatro níveis de inclusão (6, 11, 16 e 21%) de coproduto de caju
tratado (CCTQ coproduto de caju tratado quimicamente com uréia) ou não tratado
quimicamente com uréia (CCNT), em dieta composta por feno de capim Aruana (P. maximum
cv. Aruana), milho e torta de algodão, em dietas isoprotéicas e isoenergéticas, perfazendo oito
tratamentos experimentais. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em
esquema fatorial 4 X 2 (quatro níveis de inclusão versus tratamento ou não com uréia) com
três repetições por cada inclusão de coproduto de caju.
O coproduto agroindustrial de caju foi obtido na empresa Cajubrás, localizada em
Pacajus-CE, composto basicamente pelo pseudofruto de caju após a extração do suco, seco ao
sol. O feno foi confeccionado a partir do capim-Aruana (Panicum maximum cv. Aruana),
produzido na Fazenda Experimental Vale do Acaraú com aproximadamente 70 dias de idade
no momento do corte. A torta de algodão e o milho foram obtidos no comércio de Sobral em
quantidade suficiente para a realização de todo o experimento.
A amonização do coproduto de caju com uréia foi realizada antes do início do
experimento, segundo a metodologia de Dolberg (1992). A uréia foi diluída em água (uma
parte de uréia para 3,4 partes de água). Para cada 100kg de matéria seca do coproduto de caju
adicionaram-se 5kg de uréia (5,0% da matéria seca), dissolvidos em 17 litros de água. A uréia
diluída foi distribuída por aspersão, utilizando-se um regador e em seguida foi coberta com
lona plástica, permanecendo fechada durante 20 dias, sem uso de fonte de urease.
Incluiu-se o coproduto de caju tratado ou não quimicamente com uréia a uma
dieta básica composta de feno de capim-Aruana, milho e torta de algodão. O nível máximo de
inclusão do coproduto de caju às dietas foi determinado a partir de resultados encontrados por
Rogério (2005) e, concomitantemente, para atender aos requisitos de 14,5% de PB conforme
o NRC (1985) para a categoria animal utilizada e de NDT de 61,8% na MS. Procurou-se,
também, estabelecer um nível de FDN dietético mínimo de 38%, semelhante também ao
estabelecido por Rogério (2005) para todos os tratamentos propostos.
24
Pelo ajuste de consumo, em função da seletividade dos animais, a real inclusão do
coproduto de caju ficou nos seguintes níveis arredondados: 6, 11, 16 e 21% (Tabela 1).
Tabela 1. Consumo médio diário de MS do coproduto de caju, feno de capim Aruana, milho e
torta de algodão em kg e, entre parêntesis, a porcentagem de cada um dos alimentos em
função do consumo de matéria seca total (CMST) em kg das dietas experimentais
Tratamentos CMST Coproduto de
caju
Feno de capim
Aruana
Milho Torta de
algodão
6% 0,968 0,055 (5,7) 0,236 (24,38) 0,387 (39,98)
0,290 (29,96)
11% 0,983 0,1111 (11,29) 0,274 (27,87) 0,432 (43,95)
0,166 (16,89)
16% 1,079 0,170 (15,76) 0,266 (24,65) 0,424 (39,30)
0,219 (20,30)
21% 1,042 0,220 (21,11) 0,251 (24,09) 0,404 (38,77)
0,167 (16,63)
A composição química (%) dos alimentos utilizados em porcentagem de matéria
seca está expressa na Tabela 2.
Tabela 2. Composição química dos ingredientes dietéticos fornecidos aos ovinos (%MS)
Componentes
Coproduto de Caju
não tratado
Coproduto de
Caju tratado
Feno de
Aruana
Milho
Torta de
Algodão
Matéria Seca (%)
89,11 88,74 90,58 87,73
87,55
Matéria Orgânica (%)
75,32 73,46 73,58 74,56
72,17
Proteína Bruta (%)
16,91 28,31 7,78 11,74
37,40
Extrato Etéreo (%)
3,97 0,80 2,83 3,88 9,78
FDN (%)
*
67,74 88,72 88,14 31,92
59,22
FDA (%)
**
47,47 73,24 44,05 12,43
41,23
Hemicelulose(%)
20,27 15,47 30,09 19,49
17,99
Celulose (%)
22,50 6,62 37,39 3,76 29,99
Lignina (%)
21,43 64,40 4,07 0,33 11,22
*
FDN = Fibra em Detergente Neutro;
**
FDA = Fibra em Detergente Ácido.
25
As dietas foram divididas em duas refeições iguais e oferecidas aos ovinos, às oito
e às 17 h, buscando-se sempre deixar uma sobra média (em matéria seca) entre 15 e 20% por
dia. Água e sal mineralizado foram disponibilizados à vontade. Amostras semanais do
alimento oferecido e das sobras foram recolhidas, pesadas e guardadas em sacos plásticos
identificados, à temperatura média de -5°C. As pesagens foram feitas para o cálculo de
consumo diário e conversão alimentar. Ao final do período experimental, todas as amostras
foram secas em estufa de ventilação forçada à temperatura de 65
o
C durante 72 horas.
Posteriormente foram moídas em moinhos Thomas Myller com peneira de 0,5 mm e
estocadas para futuras análises laboratoriais.
Foram realizadas as análises laboratoriais dos alimentos fornecidos e das sobras
alimentares. Para as determinações de Matéria Seca (MS), Matéria Orgânica (MO), Cinzas,
Extrato Etéreo (EE) e Proteína Bruta (PB) do material analisado, seguiu-se a metodologia
proposta por AOAC (1980). para a quantificação da Fibra em Detergente Neutro (FDN),
Fibra em Detergente ácido (FDA), celulose, hemicelulose e lignina, utilizou-se a metodologia
proposta por Van Soest et al. (1991).
O confinamento teve início em 31/03/2006, encerrando as atividades em
31/05/2006, perfazendo um total de 62 dias, sendo 10 para adaptação e 52 dias de período
experimental. Todos os animais foram pesados no início do período de adaptação para ajuste
da quantidade de sobras e para fins de cálculo do consumo em gramas por unidade de
tamanho metabólico (UTM). O acompanhamento do ganho de peso dos animais foi feito por
meio de pesagens semanais com os animais em jejum alimentar. Ao final desse período os
animais foram abatidos.
Antes do abate, os animais foram pesados após jejum de 16 horas para
determinação do peso final. O abate foi realizado por atordoamento e degola. Após a sangria e
retirada da pele, efetuou-se uma abertura ao longo de toda a extensão da linha mediana ventral
do abdômen para a retirada das vísceras. Em seguida, procedeu-se à retirada da cabeça, cauda
e pés/canela e, mediante corte longitudinal da carcaça, obtiveram-se duas metades
aproximadamente simétricas. Foram determinados o peso de abate (PA), o peso de carcaça
quente (PCQ), o peso de carcaça fria (PCF), o rendimento de carcaça fria (RCF= PCF/PA x
100), pesos de vísceras (rins, fígado, aparelho respiratório, coração, baço, sangue e aparelho
digestivo) e calculada a sua proporção (rendimento) em relação ao peso vivo ao sacrifício. As
carcaças foram envolvidas em sacos de polietileno de alta densidade e acondicionadas em
câmara frigorífica por 24 horas a uma temperatura de 2 a 4ºC. Consecutivamente, foram
realizados os seguintes cortes comerciais: pescoço, perna, lombo, paleta e costilhar (Figura 1),
26
determinando-se o rendimento dos cortes comerciais referidos, conforme as dietas
experimentais. Foi tomado como base os cortes comerciais realizados por Cézar (2004), em
que o pescoço foi separado da carcaça em sua extremidade inferior entre a última rtebra
cervical e a primeira torácica. A paleta foi obtida por intermédio da secção da região axilar
através do corte dos tecidos que unem a escápula e o úmero à região torácica da carcaça. O
costilhar resultou de dois cortes, o primeiro entre a última vértebra cervical e a primeira
torácica, e o segundo entre a última vértebra torácica e a primeira lombar. O lombo foi obtido
através de dois cortes, um entre a última vértebra torácica e a primeira lombar, e outro entre a
última lombar e a primeira sacral. A perna foi separada da carcaça em sua extremida superior
entre a última vértebra lombar e a primeira sacral.
Os dados obtidos, a partir dos parâmetros citados, permitiram avaliar a viabilidade
econômica em função dos diferentes valores de mercado para cada um deles e proporções em
relação ao peso vivo ao sacrifício para avaliação da qualidade comercial da carcaça.
Figura 1. Esquema dos cortes comerciais.
27
3.3. Análises Estatísticas
As análises de variância foram feitas usando o procedimento GLM do programa
estatístico SAS@ (Littel et al., 1991). Para a comparação de médias usou-se a opção
LSMEANS (médias ajustadas pelo todo dos quadrados mínimos) e o teste t”. A
significância admitida para os testes de média foi até o nível de 5% (P<0,05). Aplicando o
modelo descrito a seguir:
Y
ijk
= µ + H
j
+ G
k
+ HG
jk
+ e
ijk
em que,
Y
ijk
= valor referente à observação da repetição i do nível de inclusão j versus tratamento
químico k;
µ = média geral;
H
j
= efeito do nível de inclusão j (j = 6%, 11%, 16%, 21%);
G
k
= efeito do tratamento químico k (k = tratado quimicamente com uréia (1), não tratado
quimicamente com uréia (2));
HG
jk
= interação dos efeitos do nível de inclusão j ao tratamento químico k;
e
ijk
= erro aleatório associado à observação.
Para análises de variância em que as interações entre os fatores foram
significativas (P<0,05), ajustou-se equações de regressões (PROC STEPWISE/SAS, 2003).
Somente modelos de regressão significativos foram mantidos e descritos em termos de
mudança na variável dependente y = consumo, conversão alimentar, ganho de peso,
rendimentos de carcaça, de cortes comerciais e de vísceras; por mudança unitária na variável
independente x = níveis de inclusão e tratamento químico, correspondente ao modelo
regressional abaixo:
ŷ
i
= preditor para variável dependente y;
i
;
b
y.x
= coeficiente linear de regressão que descreve a magnitude das mudanças em y por
mudança unitária em x;
28
3.4. Análise econômica
A avaliação econômica foi baseada nos conceitos de valor presente líquido (VPL)
e da relação benefício-custo (RBC), como medidas de rentabilidade do sistema. Para o cálculo
do VPL foi necessário atualizar os valores das receitas e dos custos obtidos em um
determinado período (n) através de uma expressão de desconto, considerando-se uma taxa de
juros de 12% a.a. O VPL correspondeu ao lucro futuro do empreendimento expresso em valor
atual, calculado pela diferença entre receitas e custos atualizados (valor presente), conforme
Ross et al. (2000) e apresentado na equação seguinte:
Em que,
R = receitas;
r = taxa de juros;
n = períodos (i = 0 corresponde ao período de implantação; i = n corresponde ao
número de períodos considerado na análise (dia, mês ou ano)).
A RBC corresponde à relação entre o valor presente das receitas e dos custos,
conforme Hoffmann et al. (1992) e para o cálculo da RBC foi utilizada a seguinte equação:
Em que,
R = receitas;
r = taxa de juros;
n = períodos (i = 0 corresponde ao período de implantação; i = n corresponde ao
número de períodos considerado na análise (dia, mês ou ano)).
A renda quida foi incluída no item rentabilidade e composta pela diferença entre
as receitas e custos operacionais totais (sem atualizações), para expressar a forma usual de
lucro. O VPL foi utilizado como parâmetro determinante de um bom investimento,
29
destacando o melhor tratamento sob esse aspecto. A RBC serviu para apontar qual
investimento trouxe o maior retorno de capital conforme Ross et al. (2000).
O item receitas atualizadas foi composto pela quantidade de carcaça (kg)
multiplicada pelo preço do quilo de carcaça utilizado no mercado de Sobral-CE (R$ 6,00/kg)
atualizados pelo fator de desconto (1/(1+r)
n
), sendo n igual ao número de períodos de duração
do experimento e r igual à taxa de juros bancária aplicada de 12% a.a. Todos os lculos das
atualizações foram feitos em base anual e aplicados aos valores do experimento
proporcionalmente ao número de períodos por ano (2 meses relativo a 12 meses, na proporção
de 1/6). Foi considerada, também, a receita expressa por kg de peso vivo (PV) e kg de carcaça
não atualizados.
O item despesas foi separado em custos fixos, associados ao investimento com
animais, correspondente ao custo de criação a pasto, adaptado de Sales et al. (2007) mais as
depreciações de instalações, máquinas e equipamentos, e custos operacionais efetivos
atualizados (COEA), correspondentes aos custos com alimentação (custo da dieta e energia
elétrica), sendo o custo com energia elétrica determinado utilizando a expressão de estimativa
de consumo de energia para motores elétricos com menos de 25 cv de potência,
correspondente a: Consumo (kWh) = 0,286 + 0,9 x Potência (cv), de acordo com Carvalho et
al. (2000), sendo a potência utilizada nesse cálculo igual a 7,5 cv e o preço do kWh de
energia praticado na zona rural (R$ 0,21769). Outros custos foram distribuídos entre despesas
com vermífugo, baldes, sacos plásticos, material de limpeza, mão-de-obra e energia não
associada ao custo da alimentação, sendo esta calculada utilizando o valor gasto no período
apresentado pela companhia de energia elétrica e distribuído proporcionalmente ao número
total de animais (154) criados no sistema. Os itens da despesa foram atualizados pelo fator de
desconto descrito anteriormente. As despesas relacionadas com os custos fixos foram
consideradas como período n=0 (implantação) e período n=1 e 2, para despesas geradas no
primeiro e segundo períodos do experimento. Portanto, o total das despesas (COTA)
correspondeu à soma dos períodos desde i =0 até n. As receitas foram obtidas no final do
experimento correspondente ao período n=2.
30
4.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A composição químico-bromatológica das dietas experimentais encontra-se na Tabela 3.
Tabela 3. Composição química das dietas experimentais com coproduto de caju sem
tratamento químico (CCNT) e com tratamento químico (CCTQ) (%MS)
Componentes
Dietas Experimentais
6% 11% 16% 21%
CCNT CCTQ CCNT CCTQ CCNT CCTQ CCNT CCTQ
Matéria Seca (%) 88,47 88,45 88,65 88,61 88,62 88,56 89,20 89,13
Matéria Orgânica (%)
73,66
73,56
73,97
73,76
73,96
73,67
74,53
74,14
Proteína Bruta (%) 18,76 19,41 15,55 16,84 16,79 18,59 16,22 18,62
Extrato Etéreo (%)
5,40
5,22
4,59
4,24
4,83
4,33
4,65
3,98
FDN (%) 55,85 57,05 56,24 58,61 56,97 60,28 57,76 62,19
FDA (%) 30,77 32,24 30,06 32,97 31,59 35,66 32,31 37,75
Hemicelulose (%)
21,67
21,40
22,28
21,74
21,92
21,17
22,08
21,06
Celulose (%) 20,89 19,98 19,68 17,89 20,33 17,83 20,20 16,85
Lignina (%) 5,71 8,16 5,59 10,45 6,79 13,56 7,50 16,57
Pode-se observar que as dietas cujo tratamento químico com uréia (CCTQ) foi
realizado, resultaram em incrementos nos teores de PB em relação àquelas que receberam
coproduto de caju não tratado (CCNT). O resultado mais consistente observado nas pesquisas
sobre amonização de alimentos fibrosos é a elevação nos teores dos compostos nitrogenados,
o que é devido ao conteúdo de nitrogênio (N) dos produtos usados, pois a amônia anidra
possui 82,0% de N e a uréia possui 46,5% de N (Sundstol e Coxworth, 1984). De maneira
geral, com a amonização verifica-se elevação de 0,8 a 1,0 unidade percentual no conteúdo de
N dos alimentos fibrosos, correspondendo a 5,0 a 6,0 unidades percentuais de proteína bruta
(Sundstol e Coxworth, 1984; Berger et al., 1994). Os incrementos aqui encontrados foram
superiores, o teor de PB do coproduto de caju não tratado foi de 16,91% e do coproduto de
caju tratado da ordem de 28,31% na matéria seca (Tabela 2). Nas dietas, as variações foram
menores do que estas citadas na literatura, mas ficaram em torno de 1,54 pontos percentuais
para mais nas dietas CCTQ. Um outro aspecto que deve ser mencionado, todavia, é que as
dietas contendo CCTQ apresentaram teores de lignina mais elevados, quando comparados
com as dietas em que o coproduto de caju não foi tratado com uréia. Isso efetivamente
contribuiu para que os teores de FDN e FDA das dietas experimentais acompanhassem esse
31
comportamento, que os teores de celulose e hemicelulose foram praticamente os mesmos
(Tabela 3).
De acordo com Van Soest (1994), a presença de ligninas eleva as concentrações
de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), um parâmetro de análise que pode
refletir a baixa disponibilidade da proteína aos microrganismos ruminais. Tonucci (2006), por
sua vez, alertou que a amonização pode ter sua eficiência afetada por uma rie de fatores,
dentre eles, a temperatura. Segundo este autor, um aumento exagerado da temperatura durante
o processo pode favorecer a Reação de Maillard, tornando parte do nitrogênio adicionado ao
material indisponível ao animal. Hurrel e Carpenter (1981) citados por Nunes e Baptista
(2001) afirmaram que o tratamento térmico e a armazenagem prolongada de alimentos podem
causar efeitos deletérios sobre a qualidade nutricional das proteínas, como um dos resultados
da Reação de Maillard. Tonucci (2006) destacou também que um outro fator intrinsecamente
relacionado com a temperatura é o período de tratamento. Em temperaturas elevadas, em
torno de 30
o
C, a amonização com amônia anidra, segundo este autor, deve ser feita em uma
semana para que o processo seja eficiente. A técnica de amonização por uréia proposta por
Dolberg (1992) e usada nesse trabalho determinou um período de 20 dias. Isto combinado
com as médias ximas de temperatura descritas no período (33,3
o
C) podem ter resultado na
ocorrência da Reação de Maillard e conseqüente formação de lignina artificial para as dietas
com coproduto de caju tratado quimicamente com uréia (Van Soest, 1994).
4.1. Consumo de Matéria Seca
A Tabela 4 contém a comparação de médias de consumo de matéria seca (CMS)
em g/dia, %PV e g/UTM. Não houve diferença significativa (P>0,05) para o CMS
considerando os níveis de inclusão de CCNT e de CCTQ. Os consumos de matéria seca das
dietas contendo CCNT, expressos em g/dia, %PV e g/UTM, variaram entre 917,50 e 1047,52;
3,07 e 3,66; e 72,86 e 84,54, respectivamente. Nas dietas contendo CCTQ, os CMS variaram
entre 924,24 e 1120,74; 3,20 e 3,75; e 73,86 e 87,28, expressos em g/dia, %PV e g/UTM,
respectivamente.
A interação níveis de inclusão de coproduto de caju versus tratamentos químicos
não foi significativa (P>0,05) para os consumos de matéria seca (g/dia e %PV), no entanto,
quando o consumo foi expresso em g/UTM, houve interação significativa (P<0,05). Embora
esta interação na análise de variância tenha sido significativa, o estudo do ajuste de equações
32
de regressão entre essas variáveis não foi significativo para efeitos lineares, quadráticos ou
cúbicos, pelo procedimento Stepwise utilizado e as equações o estão apresentadas neste
trabalho.
Considerando-se as dietas cuja inclusão de CCNT foi feita, verificou-se que o
nível de inclusão de 21% apresentou o maior CMS (g/UTM) em relação aos níveis 6% e 16%.
O nível 11% apresentou valor semelhante a todos. para as dietas que incluíram o CCTQ, o
maior valor de CMS ficou para o nível 16% em relação ao nível 21% de inclusão de CCTQ.
Ambos os tratamentos citados foram semelhantes aos demais.
O consumo médio diário de matéria seca foi de 78,55 gramas/UTM, inferior ao
recomendado pelo National Research Council (2007) para cordeiros com quatro meses de
idade, 30 kg de peso vivo, em maturidade rápida e ganho de peso de 200 g/dia (93,61
g/UTM). Esses resultados foram inferiores aos obtidos por Borges (2001), isto é, 94,49
g/UTM ao utilizarem níveis de inclusão de polpa de caju desidratada em veis dietéticos
compreendidos entre 15 e 45%, bem como à média de consumo obtida por Rogério (2005)
que avaliou a inclusão dietética de coproduto de caju de 19 a 52% e obteve o valor de 90,03
g/UTM em dietas para ovinos. Costa (2008), avaliando a inclusão de coproduto de caju sob
duas granulometrias (três e 19 mm) em níveis crescentes de 11 a 33% em dietas para
cordeiros de três grupamentos genéticos, verificou média de consumo de matéria seca de
105,51 g/UTM, superior à média obtida neste trabalho.
Coppock e Wilks (1991) sugeriram que reduções de consumo podem estar
associadas a odores ou sabores desagradáveis e/ou efeitos digestivos sobre a taxa de
passagem. Gagliostro e Chillard (1991) citam que a regulação dos consumos de matéria seca e
de matéria orgânica são feitos pela ingestão de energia pelo animal.
O consumo médio diário de matéria seca foi de 1012,88 g/dia, superior ao
observado por Silva et al. (2008) fornecendo dietas para ovinos, com peso corporal médio de
22,6 kg, contendo silagem de capim-elefante amonizado, farelo de cacau e torta de dendê
(927,67 g/dia). Bolzan et al. (2007) trabalhando com ovinos alimentados com dietas contendo
grãos de milho moídos/inteiros, tratados ou não com uréia, observaram médias de CMS de
1112 g/animal/dia. Gentil et al. (2007), avaliando o fornecimento de cana-de-açúcar “in
naturaou ensilada com Lactobacillos ou uréia em níveis de 1,0 e 1,5% na alimentação de
ovinos com peso corporal médio de 49 kg, obtiveram médias de CMS de 1690 g/animal/dia,
não apresentando diferenças significativas entre os tratamentos. Já Furusho et al. (1997),
trabalhando com terminação de ovinos em confinamento com dieta contendo pedúnculo
33
desidratado de caju com ou sem adição de leveduras, observaram variações no CMS entre 968
a 1.024 g/animal/dia, semelhantes àquelas obtidas nesse trabalho.
Tabela 4. Médias de consumo diário de matéria seca (g/dia, %PV e g/UTM) por ovinos
consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não
quimicamente com uréia
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05)
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05)
Os consumos observados por Ribeiro (2008) foram semelhantes ao presente
estudo. Esta autora também avaliou a inclusão de coproduto de caju tratado ou o com uréia
em níveis de 6, 11, 16 e 21% na alimentação de ovinos e verificou médias de 1045,1; 86,13 e
3,77, expressos em g/animal/dia, %PV e g/UTM, respectivamente. Entretanto, Dantas Filho et
al. (2007), trabalhando com ovinos alimentados com dietas contendo níveis crescentes entre
10 e 40% de polpa de caju desidratada, obtiveram médias de CMS, expressos em g/dia, %PV
Consumo de Matéria Seca (g/dia) (CV = 15,22%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju (% da MS)
Médias
6 11 16 21
Não tratado com uréia 917,50
977,99 997,29 1047,52 985,07
Tratado com uréia 1057,86 1059,91 1120,74 924,24 1040,69
Médias 987,68 1018,95 1059,01 985,88
Consumo de Matéria Seca (%PV) (CV = 10,65%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju (% da MS)
Médias
6 11 16 21
Não tratado com uréia 3,14 3,32 3,07 3,66 3,30
Tratado com uréia 3,45 3,31 3,75 3,20 3,43
Médias 3,30 3,31 3,41 3,43
Consumo de Matéria Seca (g/UTM) (CV = 8,26%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju (% da MS)
Médias
6 11 16 21
Não tratado com uréia 72,86
Ab
77,26
Aab
73,02
Ab
84,54
Aa
76,92
A
Tratado com uréia 81,12
Aab
78,46
Aab
87,28
Aa
73,86
Ab
80,18
A
Médias 76,99
77,86
80,15
79,20
34
e g/UTM, de 1488; 4,52 e 106,08, respectivamente. Os resultados deste experimento foram
superiores aos obtidos por Rodrigues et al. (2003), que encontraram consumos médios de MS,
em g/dia, %PV e g/UTM, de 777,52; 3,17 e 70,54, respectivamente, quando avaliaram a
inclusão de farelo de castanha de caju em níveis de 0, 12, 24 e 36% em dietas para ovinos.
4.2. Consumo de Matéria Orgânica
A Tabela 5 contém a comparação de médias de consumo matéria orgânica (CMO)
em g/dia, %PV e g/UTM. Não houve interação (P>0,05) entre níveis de inclusão de coproduto
de caju versus tratamento químico ou não do coproduto para o consumo de matéria orgânica
expresso em g/dia e %PV. Porém, quando expresso em g/UTM, o nível de inclusão interagiu
(P<0,05) com o tratamento químico ou não do coproduto de caju.
Não houve diferença (P>0,05) entre as médias de consumo das dietas contendo
coproduto de caju, considerando-se o tratamento ou não com uréia (g/dia e %PV), bem como
entre os níveis de inclusão para o CMO expresso em g/dia. Entretanto, quando expressas em
%PV e g/UTM, as médias de consumo de matéria orgânica diferiram significativamente
(P<0,05) considerando-se os níveis de inclusão de coproduto de caju. Observou-se maior
CMO no tratamento em que o coproduto de caju foi incluído em 21% do total dietético em
relação aos tratamentos 6% e 11% de inclusão. O tratamento com 16% de inclusão foi similar
considerando-se esse parâmetro aos tratamentos 11 e 21% de inclusão, tendo sido superior ao
tratamento com 6% de inclusão. Este último, por sua vez, foi similar ao tratamento com 11%
de inclusão de coproduto de caju.
Considerando-se o CMO (g/UTM) nos animais experimentais que receberam
CCNT em 21%, houve o maior valor. Naqueles que receberam CCTQ, a dieta com 16%
resultou no maior CMO em relação aos níveis 6% e 11%, sendo estes semelhantes ao nível
21% de inclusão.
Deve-se destacar ainda que no nível 16% de inclusão de coproduto de caju, o
tratamento químico com uréia resultou em maior CMO (g/UTM). para o nível 21% de
inclusão de coproduto de caju, o maior consumo ocorreu na dieta com CCNT. Fatores
relativos à proporção fibrosa dietética e ou componentes estruturais da parede celular como a
lignina, por exemplo, podem ter interferido nestes resultados. Ribeiro (2008) constatou que no
nível de inclusão de 16% de CCTQ houve os maiores consumos de FDN e de FDA
35
digestíveis, corroborando com os dados aqui encontrados e demonstrando que na fração da
matéria orgânica, a FDN e a FDA digestíveis contribuíram para esse resultado.
Os consumos de matéria orgânica das dietas contendo CCNT, expressos em g/dia,
%PV e g/UTM, variaram de 697,97 a 939,85; de 2,39 a 3,38; de 55,44 a 75,82,
respectivamente. Nas dietas contendo CCTQ, os CMO variaram de 797,08 a 941,56; de 2,60 a
3,16; e de 61,14 a 73,36, expressos em g/dia, %PV e g/UTM, respectivamente.
Tabela 5. dias de consumo diário de matéria orgânica (g/dia, %PV e g/UTM) por ovinos
consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não
tratado quimicamente com uréia
Consumo de Matéria Orgânica (g/dia) (CV = 15,31%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju (% da MS)
Médias
6 11 16 21
Não tratado com uréia 697,97 795,53 864,86 939,85 824,55
Tratado com uréia 797,08 854,96 941,56 820,66 853,56
Médias 747,52 825,24 903,21 880,25
Consumo de Matéria Orgânica (%PV) (CV = 10,55%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju (% da MS)
Médias
6 11 16 21
Não tratado com uréia 2,39
Ab
2,70
Ab
2,66
Ab
3,28
Aa
2,76
A
Tratado com uréia 2,60
Ab
2,67
Aab
3,16
Aa
2,84
Aab
2,82
A
Médias 2,50
2,68
bc
2,91
ab
3,06
Consumo de Matéria Orgânica (g/UTM) (CV = 8,07%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju (% da MS)
Médias
6 11 16 21
Não tratado com uréia 55,44
Ab
62,83
Ab
63,33
Bb
75,82
Aa
64,35
A
Tratado com uréia 61,14
Ab
63,26
Ab
73,36
Aa
65,57
Bab
65,83
A
Médias 58,29
63,04
bc
68,35
ab
70,70
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05)
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05)
A dia de consumo de matéria orgânica (65,9 g/UTM) mostrou-se inferior à
encontrada por Rogério (2005) (91,11g/UTM), bem como à obtida por Ribeiro (2008) (83,30
36
g/UTM). Costa (2008) também encontrou consumo superior (90,18 g/UTM) ao obtido neste
estudo, como reflexo do que já havia sido percebido no CMS.
Para o consumo de matéria orgânica (g/UTM), a análise de regressão indicou
resposta linear ascendente quando o coproduto de caju foi tratado quimicamente e incluso em
níveis crescentes (6 a 21%) (Figura 2).
CMO = 53,61 + 0,85X (R
2
= 0,4006)
CMO = Consumo de matéria orgânica (g/UTM)
X = % de inclusão do coproduto de caju
Figura 2. Consumo de matéria orgânica em g/ UTM
(CMO) em função dos níveis de inclusão do
coproduto de caju tratado com uréia, em dietas fornecidas para ovinos
4.3. Consumo de Proteína Bruta
Na Tabela 6 encontra-se a comparação de médias de consumo de proteína bruta
(CPB) em g/dia, %PV e g/UTM. Não houve interação (P>0,05) entre os níveis de inclusão de
coproduto de caju versus tratamento químico ou não com uréia, considerando-se o consumo
de proteína bruta (g/dia, %PV e g/UTM). O CPB das dietas contendo coproduto de caju
tratado quimicamente com uréia foi maior e diferiu (P<0,05) daquelas em que o coproduto
não foi tratado com uréia, quando expressos em %PV e g/UTM. Tal fato era esperado e pode
ser explicado pela retenção de nitrogênio não-protéico proveniente da uréia, no coproduto de
caju tratado.
Zundt et al. (2002), estudando o desempenho de ovinos alimentados com dietas
contendo diferentes níveis protéicos, observaram que à medida que o nível de PB foi elevado
37
de 8 a 9% para 13 a 14%, o consumo de matéria seca aumentou. No entanto, o efeito da
adição de proteína sobre o consumo é mais sensível, quando a proteína se encontra em níveis
muito baixos, limitando a atividade microbiana do rúmen, o que não ocorreu neste trabalho
(Tabela 3), uma vez que as dietas continham teores superiores a 7%, considerados valores
mínimos para o bom desempenho ruminal (Van Soest, 1994).
O consumo médio diário de PB foi de 13,58 g/UTM. O National Research
Council (2007) recomendou para a categoria animal utilizada, o fornecimento de 10,89 a
11,95 g/UTM de PB. A maioria dos valores de consumo verificados neste estudo foram
superiores a esta recomendação, exceto para o nível de 16% de CCNT. Corroborando com
Ribeiro (2008), o tratamento químico feito sobre o coproduto de caju no nível de 16%
proporcionou um incremento no consumo de PB em relação aos outros níveis de inclusão.
Isso traz consigo um indicativo de que em 16% de inclusão do coproduto de caju, sob
condições semelhantes àquelas aplicadas neste ensaio. Segundo Van Soest (1994), apesar da
ocorrência do processo fermentativo, apenas 50-70% do nitrogênio microbiano representa
proteína disponível para o organismo animal. O restante está ligado às estruturas da parede
celular e ácidos nucléicos. Essa ligação normalmente representa indisponibilização da
proteína, principalmente quando os níveis de lignina são elevados como os observados neste
estudo. O tratamento químico com uréia parece ter sido benéfico neste caso.
Os consumos médios de proteína bruta obtidos nesta pesquisa (174,41 g/dia; 0,58
%PV e 13,58 g/UTM) foram superiores aos observados por Rogério (2005) (12,19 g/UTM) e
Bolzan et al. (2007), que identificaram médias de CPB de 152 g/animal/dia, e inferiores aos
obtidos por Borges (2001) (0,73 %PV e 15,77g/UTM) e Dantas Filho et al. (2007) (0,68 %PV
e 16,42 g/UTM). Os resultados médios de consumo de proteína bruta encontrados por Ribeiro
(2008) foram de 175,54 g/dia, 0,63% PV e 14,49 g/UTM, semelhantes aos aqui observados.
38
Tabela 6. Médias de consumo diário de proteína bruta (g/dia, %PV e g/UTM) por ovinos
consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não
tratado quimicamente com uréia
Consumo de Proteína Bruta (g/dia) (CV = 23,77%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Não tratado com uréia 163,02 162,93 146,44 153,76 156,54
Tratado com uréia 207,91 152,45 224,51 184,28 192,29
Médias 185,47 157,69 185,47 169,02
Consumo de Proteína Bruta (%PV) (CV = 22,36%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Não tratado com uréia 0,55
Aa
0,56
Aa
0,45
Ba
0,54
Aa
0,52
B
Tratado com uréia 0,68
Aab
0,49
Ab
0,75
Aa
0,64
Aab
0,64
A
Médias 0,61
0,52
0,60
0,59
Consumo de Proteína Bruta (g/UTM) (CV = 20,47%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Não tratado com uréia 12,84
Aa
12,94
Aa
10,72
Ba
12,42
Aa
12,23
B
Tratado com uréia 15,92
Aab
11,55
Ab
17,51
Aa
14,71
Aab
14,92
A
Médias 14,38
12,25
14,12
13,56
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
4.4. Consumo de Fibra em Detergente Neutro
O consumo de FDN (CFDN), segundo Waldo (1986), é o melhor e mais simples
fator para predizer o consumo voluntário de MS pelos ruminantes. Mertens (1994) comentou
que a FDN expressa melhor a propriedade dos alimentos em ocupar espaços do que os
componentes fibra bruta e FDA. De acordo com Weiss (1993), a fibra pode ser definida como
o componente estrutural das plantas (parede celular), a fração menos digestível dos alimentos,
a fração do alimento que não é digerida por enzimas de mamíferos ou a fração do alimento
que promove a ruminação e a saúde do rúmen.
39
Na Tabela 7, encontra-se a comparação de médias de CFDN, em g/dia, %PV e
g/UTM. Não houve interação (P>0,05) entre níveis de inclusão de coproduto de caju versus
tratamento químico ou não com uréia do coproduto para o consumo de fibra em detergente
neutro expresso em g/dia e %PV. Porém, quando expresso em g/UTM, o nível de inclusão
interagiu (P<0,05) com o tipo de tratamento químico (tratado ou não com uréia) do coproduto
de caju. Embora esta interação na análise de variância tenha sido significativa, o estudo do
ajuste de equações de regressão entre essas variáveis o foi significativo para efeitos
lineares, quadráticos ou cúbicos, pelo procedimento Stepwise utilizado e, por esta razão, não
estão apresentadas neste trabalho.
As médias de consumo de FDN não diferiram (P>0,05) entre os níveis de inclusão
do coproduto de caju, bem como não houve diferença (P>0,05) entre as médias de CFDN das
dietas que continham coproduto de caju tratado ou não quimicamente com uréia
considerando-se as unidades de medida g/dia e %PV. O CFDN quando expresso em g/UTM
apresentou diferença (P<0,05) comparando-se os veis de 6 e 21% de inclusão de CCNT,
provavelmente devido ao maior teor de FDN apresentado no nível 21% de inclusão (Tabela 3)
que também apresentou o maior valor de CFDN (Tabela 7). Os valores de CFDN dos níveis 6
e 21% foram semelhantes aos demais níveis. para o CCTQ, percebeu-se maior CFDN
(g/UTM) no nível 16% de inclusão em relação ao nível 21%, sendo ambos semelhantes aos
demais.
Concordando com a análise estatística feita para o CMO (Tabela 5), também nos
níveis 16% e 21% houve diferenças (P>0,05) entre CFDN (g/UTM) para CCTQ e CCNT. No
nível 16% o maior valor foi para CCTQ e para 21%, o maior valor foi para CCNT. Neste
último nível, provavelmente os elevados teores de ligninas observados no CCTQ podem ter
reduzido o CFDN como discutido anteriormente.
Van Soest (1994) sugeriu como níveis ideais de CFDN para a manutenção do
processo fermentativo ruminal entre 0,8 e 1,2% PV, enfatizando que esse limite pode ser
ultrapassado, quando a densidade energética da dieta é baixa. O consumo dio de FDN dos
ovinos correspondeu a 2,27% PV, estando de acordo com relatos de Mertens (1994), que
considerou a FDN um dos principais controladores do consumo de MS pelos ruminantes.
Segundo Mertens (1985), a capacidade ótima para ingestão da FDN é de 1% do peso vivo
para animais em crescimento. Mertens (1987) relatou ser importante que o teor da FDN não
limite a ingestão, para que os animais sejam capazes de consumir quantidades suficientes de
MS que atendam às suas necessidades energéticas, não influenciando a produção. O consumo
40
de FDN em níveis acima de 1,2% do peso vivo do animal (Mertens, 1992) seria um dos
principais mecanismos físicos reguladores do consumo de MS.
Tabela 7. Médias de consumo diário da fibra em detergente neutro (g/dia, %PV e g/UTM) por
ovinos consumindo dietas contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou
não tratado quimicamente com uréia
Consumo de Fibra em Detergente Neutro (g/dia) (CV = 15,49%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Não tratado com uréia 605,60 661,13 690,50 720,26 669,37
Tratado com uréia 699,94 702,50 756,64 623,05 695,53
Médias 652,77 681,82 723,57 671,66
Consumo de Fibra em Detergente Neutro (%PV) (CV = 10,64%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Não tratado com uréia 2,07 2,24 2,12 2,52 2,24
Tratado com uréia 2,28 2,19 2,53 2,16 2,29
Médias 2,17 2,22 2,33 2,34
Consumo de Fibra em Detergente Neutro (g/UTM) (CV = 8,65%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Não tratado com uréia 48,13
Ab
52,16
Aab
50,50
Bab
58,16
Aa
52,24
A
Tratado com uréia 53,70
Aab
51,99
Aab
58,90
Aa
49,85
Bb
53,31
A
Médias 50,91
52,08
54,70
54,01
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
Dantas Filho et al. (2007) obtiveram consumo médio de FDN (2,24 %PV e 53,61
g/UTM) semelhante ao encontrado neste trabalho (2,27 %PV e 52,78g/UTM). Borges et al.
(2004), também encontraram CFDN semelhante (2,28 %PV e 49,36 g/UTM). Os resultados
médios de CFDN obtidos por Ribeiro (2008) também se mostraram semelhantes (584,33g/dia;
2,1 %PV e 48,09g/UTM) aos observados neste estudo, encontrando diferença significativa
entre os tipos de tratamentos químicos, bem como entre os níveis de inclusão, quando os
consumos foram expressos em %PV e g/UTM. Entretanto, Rogério (2005) estudando a
41
inclusão de resíduo agroindustrial de caju (19 a 52%) em dietas para ovinos encontrou médias
de CFDN superiores (3,24 %PV e 71,53 g/UTM).
O National Research Council (2007) não especifica valores de consumo mínimo de
fibra para ovinos. Entretanto, uma quantidade máxima de carboidratos rapidamente
fermentáveis (CNF) e uma quantidade mínima de carboidratos lentamente digestíveis (maior
proporção da FDN) devem ser providas, e a relação entre estas frações de carboidratos é
importante (National Research Council, 2001). Considerando a recomendação feita por
Macedo Júnior (2004) de que ovelhas da raça Santa Inês com peso vivo dio de 45 Kg
necessitam de no mínimo 28,05% de FDN para que a função ruminal não seja prejudicada, é
possível calcular o teor de gramas de FDN/UTM exigidos pelos animais. Como referido
anteriormente, o consumo médio diário de matéria seca foi de 78,55 g/UTM, inferior ao
recomendado pelo National Research Council (2007), ou seja, 93,61g/UTM. Se
considerarmos os percentuais mínimos de inclusão de fibra dietética citados anteriormente,
deve haver um consumo médio superior a 26,26 g de FDN/UTM. Desse modo todos os
valores ultrapassaram essa recomendação de mínimo consumo de FDN para a adequada
funcionalidade ruminal. Se considerarmos ainda a composão química das dietas fornecidas
(Tabela 3) verifica-se também que o nível de FDN presente nas dietas experimentais (58,12%
em dia dos tratamentos) foi superior ao recomendado por Macedo Júnior (2004). Ressalta-
se que teores elevados de FDN na dieta limitam o consumo de MS, mas induzem a maior
consumo de FDN.
4.5. Ganho de Peso Médio Diário
Na Tabela 8 são apresentados os resultados do ganho de peso médio diário
(GMD) por ovinos alimentados com dietas contendo níveis crescentes de inclusão de
coproduto de caju tratado ou não quimicamente com uréia. Não houve interação (P>0,05)
entre níveis de inclusão de coproduto de caju versus tratamento químico ou não com uréia do
coproduto. Do mesmo modo não foram evidenciadas diferenças (P>0,05) nem entre os níveis
de inclusão, nem entre os valores médios para tratamento ou não com uréia.
Os valores do GMD em gramas/animal/dia (g/dia) variaram de 147,85 a 193,01,
nas dietas contendo coproduto de caju não tratado quimicamente com uréia e de 115,05 a
177,96, nas dietas em que o coproduto foi tratado com uréia. Mertens (1994) afirmou que 60 a
90% das variações no desempenho animal são devidas às diferenças em ingestão de matéria
42
seca, e que, dentre os fatores envolvidos na regulação do consumo, estão a ingestão de energia
pelo animal e a concentração de FDN da dieta – esta é considerada limitante em função de sua
lenta degradação e baixa taxa de passagem pelo rúmen. Isso ocorreu provavelmente porque as
dietas foram formuladas para serem isoprotéicas e isoenergéticas tendo em vista o
atendimento aos requisitos nutricionais dos animais experimentais e considerando-se que
também foi atendido o limite mínimo de inclusão de FDN.
Tabela 8. Ganho de peso médio (g/dia) de ovinos consumindo dietas contendo quantidades
crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia
Ganho de Peso Médio Diário (g/dia) (CV = 23,21%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 162,90 166,67 147,85 193,01 167,61
Com tratamento 177,96 150,00 140,86 115,05 145,97
Médias 170,43 158,33 144,35 154,03
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
O GMD obtido de todos os tratamentos avaliados foi de 156,79 g/dia, superior ao
encontrado por Moreno et al. (2005) (78,77 g/dia), que avaliou o desempenho de ovinos
alimentados com dietas orgânicas, na fase de terminação. Rodrigues et al. (2003) também
registraram GMD inferiores (74,4 g/animal/dia) aos encontrados neste trabalho quando
utilizaram farelo de castanha de caju para ovinos em confinamento. Borges (2001) estudando
o desempenho de ovelhas alimentadas com diferentes níveis do pseudofruto seco do cajueiro
encontrou GMD de 135,42 g/dia, inferior ao encontrado neste trabalho. Andrade (2000)
também obteve resultados de GMD inferiores, com valores de 91,74 a 127,68 g/animal/dia, ao
trabalharem com cordeiros sem raça definida recebendo resíduos agro-industriais. Esses dados
sugerem que o preparo de dietas com CCNT ou CCTQ podem vir a trazer bons resultados de
desempenho e justificam o uso do referido coproduto disponível principalmente nos períodos
não chuvosos do ano conforme citou Rogério (2005).
Entretanto, Pereira et al. (2008) avaliando o desempenho de cordeiros em
confinamento alimentados com dietas com polpa cítrica úmida prensada em substituição à
silagem de milho, observaram valores de GMD de 283,33 g/dia, bastante superiores aos
encontrados neste estudo. Resultados superiores também foram encontrados por Furusho et al.
43
(1997) (GMD de 240 g/animal/dia), em estudo com cordeiros Santa Inês em confinamento,
recebendo pedúnculo de caju.
A seguir está apresentado o desempenho ponderal dos cordeiros experimentais de
forma gráfica (Figura 3) para melhor visualização dos dados aqui apresentados. Embora não
tenha havido diferenças significativas entre os níveis de inclusão percebe-se um crescimento
no ganho de peso médio diário com o aumento da inclusão do coproduto de caju tratado ou
não tratado.
Figura 3. Desenvolvimento ponderal de ovinos alimentados com dietas contendo coproduto de caju
tratado (CCTQ) ou não (CCNT) quimicamente com uréia ao longo do período experimental.
4.6. Conversão Alimentar
Na Tabela 9 são apresentados os resultados de conversão alimentar (CA) de
ovinos alimentados com dietas contendo níveis crescentes de inclusão de coproduto de caju
tratado ou não quimicamente com uréia.
Os valores de CA variaram de 5,85 a 6,76, nas dietas contendo coproduto de caju
não tratado quimicamente com uréia e de 6,00 a 8,18, nas dietas em que o coproduto foi
tratado com uréia e não foi influenciada (P>0,05) pelos níveis de inclusão de CCNT e CCTQ,
bem como não houve interação (P>0,05) entre níveis de inclusão de coproduto de caju versus
tratamento químico ou não com uréia para CA. Os dados aqui verificados complementam e
reafirmam o que foi constatado na discussão anterior sobre GMD. A homogeneidade quanto
44
ao atendimento dos requisitos nutricionais das dietas fornecidas aos animais experimentais
não trouxe diferenças para o desempenho dos grupos experimentais estudados.
A média de CA encontrada neste estudo foi de 6,58, inferior àquelas obtidas por
Andrade (2000) (7,56 a 12,78) e Borges (2001) (7,64). Rodrigues et al. (2003) observaram
conversão alimentar de ovinos alimentados com dietas contendo diferentes níveis de farelo de
castanha de caju de 10,6. Barros et al (1997) encontraram valor médio de 6,4 para conversão
alimentar de ovinos mestiços Santa Inês x Crioula, alimentados com feno de cunhã e ração
concentrada. Garcia et al. (2000) também encontraram conversão alimentar de 7,22 para
cordeiros Santa Inês alimentados com ração concentrada e silagem de capim-Napier, superior
a esse experimento. Melhor conversão alimentar foi obtida por Furusho et al. (1997), de 4,35,
em cordeiros Santa Inês recebendo dietas contendo pedúnculo de caju.
Tabela 9. Conversão alimentar de ovinos consumindo dietas contendo quantidades crescentes
de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia
Conversão Alimentar (CV = 23,77%)
Tratamento Químico
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 5,96 6,04 6,76 5,85 6,15
Com tratamento 6,00 7,45 7,92 8,18 7,39
Médias 5,98 6,75 7,34 7,02
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
4.7. Peso ao abate (PV) e pesos e rendimentos de carcaça fria e cortes comerciais
O peso ao abate dos animais não foi influenciado (P>0,05) pelas dietas
experimentais e não houve interação (P<0,05) entre níveis de inclusão e tratamento químico
ou o com uréia. Os dados são apresentados na Tabela 10. A média de peso ao abate dos
animais foi de 35,10 kg, superior inclusive à encontrada por Cunha et al. (2008a) (31,74 kg),
que avaliou o desempenho de ovinos confinados alimentados com dietas contendo níveis de
20 a 40% de caroço de algodão integral, alimento que se caracteriza pela alta disponibilidade
de proteínas e elevado teor energético conforme estes autores. Como conseqüência da
inexistência de diferenças significativas entre os ganhos de pesos médios diários e de
45
conversão alimentar para os tratamentos experimentais aplicados provavelmente não houve
diferenças entre os pesos ao abate dos animais experimentais.
Como o objetivo do trabalho também foi realizar a avaliação econômica do
experimento, o peso ao abate foi fator determinante para indicar o tratamento mais indicado
sob esse aspecto no tocante a avaliação sobre para qual tratamento experimental a diferença
entre receita e custo presentes (VPL) foi maior. Isso será discutido posteriormente no item
sobre viabilidade econômica das dietas experimentais.
Tabela 10. Peso ao abate (PV) de ovinos consumindo dietas contendo quantidades crescentes
de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia
Tratamento
Peso ao abate (kg) (CV = 18,39%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 34,23
Aa
34,43
Aa
37,40
Aa
34,33
Aa
35,10
A
Com tratamento 36,13
Aa
37,63
Aa
34,07
Aa
32,63
Aa
35,12
A
Médias 35,18
a
36,03
a
35,73
a
33,48
a
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
Nas Tabelas 11 e 12 foram apresentadas as médias de pesos e rendimentos de
carcaça fria e cortes de carcaça dos animais utilizados no experimento, respectivamente. Não
houve diferença (P>0,05) para os pesos de carcaça fria, de perna, paleta, pescoço e costilhar,
considerando os níveis de inclusão de CCNT e CCTQ. O tratamento químico não afetou
(P>0,05) os pesos de carcaça fria e dos cortes de carcaça. para o peso do lombo percebeu-
se que no nível 11% de inclusão foi verificada maior média em relação ao nível 21% tendo
sido ambos semelhantes aos demais. Considerando-se, portanto, este parâmetro é preferível
que seja feita a inclusão do coproduto de caju tratado ou não com uréia em no máximo 16%
do total dietético.
Não houve interação (P>0,05) entre níveis de inclusão de coproduto de caju
versus tratamentos químicos para os pesos de carcaça fria, bem como dos cortes comerciais.
As médias de pesos (kg) de carcaça fria, perna, lombo, paleta, pescoço e costilhar foram,
respectivamente, 14,61; 4,79; 1,13; 2,59; 1,36 e 4,75.
Gomes (2008) avaliando o desempenho de ovinos mestiços recebendo dietas com
níveis crescentes (0 a 100%) de bagana de carnaúba em substituição ao capim-Tifton 85
(Cynodon spp.), encontrou peso médio de carcaça fria de 9,58 kg, inferior ao observado neste
46
estudo. Vale salientar que a bagana de carnaúba, embora também seja um coproduto
agroindustrial, apresenta características de composição bromatológica completamente
diferentes das aqui encontradas e apresenta-se como um alimento de elevado proporção de
NIDA em relação ao nitrogênio total (51%) com teores de lignina da ordem de 10,6% e de
tanino da ordem de 12,2% o que lhe confere um valor de digestibilidade in vitro da matéria
orgânica conforme Gomes (2008) de apenas 11,7%. Ribeiro (2008) destacou que o coproduto
de caju apresenta digestibilidade da matéria orgânica em torno de 65% sendo tratado ou não
com uréia. A média de peso de carcaça fria (14,71) aqui verificada foi, portanto similar àquela
evidenciada por Cunha et al. (2008a) que trabalharam com dietas fornecidas a ovinos
contendo caroço de algodão integral.
As médias de pesos de perna, lombo, paleta e pescoço foram ainda superiores às
encontradas por Cunha et al. (2008b) ao estudar as características quantitativas de carcaça de
ovinos Santa Inês confinados alimentados com rações contendo diferentes níveis de 20 a 40%
de caroço de algodão integral, que foram de 2,20; 0,76; 1,36 e 0,52, respectivamente.
47
Tabela 11. Peso da carcaça fria e dos cortes comerciais de ovinos consumindo dietas contendo
quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia
Tratamento
Peso da Carcaça Fria (kg) (CV = 19,64%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 14,81
14,97 15,80 14,18 14,94
Com tratamento 14,75 16,01 13,60 12,77 14,28
Médias 14,78 15,49 14,70 13,48
Tratamento
Peso da Perna (kg) (CV = 18,56%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 5,14 4,59 5,22 4,53 4,87
Com tratamento 5,02 4,93 4,67 4,19 4,70
Médias 5,08 4,76 4,94 4,36
Tratamento
Peso do Lombo (kg) (CV = 29,11%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,97
Ab
1,56
Aa
1,23
Aab
1,06
Ab
1,20
A
Com tratamento 1,13
Aa
1,32
Aa
0,92
Aa
0,88
Aa
1,06
A
Médias 1,05
ab
1,44
a
1,07
ab
0,97
b
Tratamento
Peso da Paleta (kg) (CV = 20,41%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 2,76 2,44 2,79 2,43 2,60
Com tratamento 2,40 2,99 2,49 2,43 2,58
Médias 2,58 2,71 2,64 2,43
Tratamento
Peso do Pescoço (kg) (CV = 29,02%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 1,08 1,57 1,48 1,30 1,36
Com tratamento 1,25 1,70 1,30 1,17 1,36
Médias 1,16 1,63 1,39 1,24
Tratamento
Peso do Costilhar (kg) (CV = 20,37%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 4,87 4,82 5,09 4,87 4,91
Com tratamento 4,95 5,08 4,23 4,10 4,59
Médias 4,91 4,95 4,66 4,48
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
48
Tabela 12. Rendimento da carcaça fria e dos cortes comerciais de ovinos consumindo dietas
contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente
com uréia
Tratamento
Rendimento de Carcaça Fria (%) (CV = 20,99%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 43,76 45,49 42,60 42,68 43,63
Com tratamento 41,34 45,34 40,93 40,29
41,98
Médias 42,55 45,42 41,77 41,49
Tratamento
Rendimento de Perna (%) (CV = 8,10%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 34,36
Aa
29,48
Ab
32,45
Aab
31,01
Aab
31,83
A
Com tratamento 33,62
Aa
29,42
Aa
33,65
Aa
31,67
Aa
32,09
A
Médias 33,99
a
29,45
b
33,05
a
31,34
ab
Tratamento
Rendimento de Lombo (%) (CV = 18,18%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 6,32
Ab
9,84
Aa
7,52
Aab
7,19
Ab
7,72
A
Com tratamento 7,52
Aa
7,79
Aa
6,42
Aa
6,93
Aa
7,16
A
Médias 6,92
b
8,81
a
6,97
b
7,06
b
Tratamento
Rendimento de Paleta (%) (CV = 5,88%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 18,47 15,51 17,34 16,58 16,97
Com tratamento 16,03 17,50 18,05 18,40 17,49
Médias 17,25 16,51 17,69 17,49
Tratamento
Rendimento de Pescoço (%) (CV = 13,06%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 7,14
Ab
10,04
Aa
9,02
Aa
8,85
Aa
8,76
A
Com tratamento 8,35
Aa
9,74
Aa
9,33
Aab
8,96
Aab
9,10
A
Médias 7,75
b
9,89
a
9,18
a
8,91
ab
Tratamento
Rendimento do Costilhar (%) (CV = 5,45%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 32,26
Aa
30,72
Aa
31,19
Aa
33,20
Aa
31,84
A
Com tratamento 33,10
Aa
29,93
Ab
30,65
Aab
31,27
Aab
31,24
A
Médias 32,68
a
30,3
b
30,92
ab
32,24
ab
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
49
Não houve interação (P>0,05) entre níveis de inclusão e tratamento químico ou
não com uréia para os rendimentos de carcaça fria, perna, lombo, paleta, pescoço e costilhar.
As médias de rendimento de carcaça fria, perna, lombo, paleta, pescoço e costilhar foram
respectivamente iguais a 42,8; 31,96; 7,44; 17,23; 8,93 e 31,54%. Observou-se que não houve
diferença (P>0,05) entre rendimentos de carcaça fria e cortes entre dietas com CCNT e
CCTQ. Considerando-se os níveis de inclusão não houve diferenças quanto aos rendimentos
de carcaça fria e paleta. para o rendimento de perna foram verificados maiores valores nos
níveis 6% e 16% em relação ao nível 11% e todos estes semelhantes ao nível 21%. Maior
valor de rendimento de lombo foi obtido no nível 11%. Menores rendimentos de pescoço
ocorreu no nível 6% em relação aos níveis 11% e 16% e todos estes semelhantes ao nível
21%. No nível 11% foi obtido menor rendimento de costilhar em relação ao nível 6% e ambos
foram semelhantes aos demais.
O rendimento de carcaça fria mostrou-se semelhante ao encontrado por Gomes
(2008) (42,34%), porém inferior ao observado por Cunha et al. (2008b), que foi de 46,28%.
Este mesmo autor avaliando os rendimentos de perna e pescoço, 31,45% e 7,45%,
respectivamente, encontraram valores semelhantes ao presente trabalho, entretanto, os
rendimentos de lombo (10,80%) e paleta (20,10%) daquele trabalho foram superiores a este.
Estudos mais aprofundados sobre a composição bromatológica dos cortes comerciais e
estudos sensoriais da carne ovina obtida de animais alimentados com coproduto de caju
tratado ou não com uréia são ainda necessários.
4.8. Pesos e rendimentos de vísceras
Nas indústrias de processamento de produtos cárneos, a carne constitui o item de
maior valor econômico. No entanto, o ponto-chave para aumentar ou melhorar os ganhos es
no aproveitamento dos subprodutos do animal abatido. Os subprodutos cárneos comestíveis
são constituídos por uma grande variedade de tecidos, os quais em geral, são submetidos aos
mais variados tratamentos durante o processamento, uma vez que cada subproduto exibe
características químicas e microbiológicas próprias. Os estômagos, intestinos, fígado, rins,
coração e, em algumas vezes, o sangue são utilizados principalmente no Nordeste do Brasil
em pratos típicos da culinária regional, como a buchada e o sarapatel, bastante apreciados pela
população nordestina e consagrada pela cultura popular brasileira. Em estudo realizado por
Costa et al. (2003), a buchada ovina ou caprina pode atingir até 57,5% de receita adicional em
50
relação ao valor da carcaça. A importância dos não-componentes da carcaça não está
relacionada apenas à possibilidade de aumentar o retorno econômico no momento da
comercialização dos produtos oriundos da ovinocultura, mas, também, no alimento ou
matérias-primas que se perdem e que poderiam colaborar na melhoria do nível nutricional das
populações (Yamamoto, 2004).
Nas Tabelas 13 e 14 foram apresentadas as médias de pesos e rendimentos de
vísceras dos animais utilizados no experimento. Também não houve interação significativa
para as variáveis aqui apresentadas em termos de níveis de inclusão aplicados e tratamento
químico ou o com uréia (P>0,05). Não houve diferença (P>0,05) para pesos e rendimentos
de vísceras, considerando os níveis de inclusão de CCNT e CCTQ. Entretanto, as médias de
rendimentos de coração foram diferentes (P<0,05) apenas quando se considerou dietas
tratadas e não tratadas quimicamente com uréia, independentes do nível de inclusão. Para o
rendimento do aparelho respiratório, o nível de inclusão de 21% de coproduto de caju
apresentou maior média de rendimento e diferiu (P<0,05) dos níveis de 11 e 16%,
independente do tratamento químico.
As médias de pesos (kg) de rins, gado, aparelho respiratório, coração, baço,
sangue e aparelho digestivo, com seus respectivos rendimentos entre parêntesis, foram,
respectivamente, 0,09 (0,31%); 0,50 (1,78%); 0,70 (2,48%); 0,13 (0,47%); 0,06 (0,21%), 0,91
(3,22%) e 2,01 (7,08%). Não foram encontrados trabalhos na literatura com coprodutos
agroindustriais avaliando-se esses parâmetros.
51
Tabela 13. Peso das vísceras de ovinos consumindo dietas contendo quantidades crescentes de
coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia
Tratamento
Peso dos Rins (kg) (CV = 26,33%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,072 0,100 0,100 0,097 0,092
Com tratamento 0,105 0,087 0,080 0,068 0,085
Médias 0,089 0,094 0,090 0,083
Tratamento
Peso do Fígado (kg) (CV = 26,97%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,483 0,508 0,516 0,464 0,493
Com tratamento 0,553 0,564 0,428 0,509 0,514
Médias 0,518 0,536 0,472 0,487
Tratamento
Peso do Aparelho Respiratório (kg) (CV = 17,19%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,635 0,763 0,697 0,754 0,712
Com tratamento 0,724 0,638 0,601 0,801 0,691
Médias 0,680 0,701 0,649 0,778
Tratamento
Peso do Coração (kg) (CV = 35,29%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,094 0,131 0,136 0,117 0,120
Com tratamento 0,125 0,172 0,164 0,132 0,148
Médias 0,110 0,152 0,150 0,125
Tratamento
Peso do Baço (kg) (CV = 44,88%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,060 0,087 0,064 0,063 0,069
Com tratamento 0,057 0,054 0,047 0,042 0,050
Médias 0,059 0,071 0,056 0,053
Tratamento
Peso do Sangue (kg) (CV = 27,04%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,867 1,044 0,968 0,876 0,939
Com tratamento 0,862 0,985 0,766 0,904 0,879
Médias 0,865 1,015 0,867 0,890
Tratamento
Peso do Aparelho Digestivo (kg) (CV = 28,96%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 1,904 2,196 1,826 1,977 1,976
Com tratamento 2,014 1,989 2,074 2,102 2,045
Médias 1,959 2,092 1,950 2,039
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
52
Tabela 14. Rendimento de vísceras de ovinos consumindo dietas contendo quantidades
crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente com uréia
Tratamento
Rendimento dos Rins (%) (CV = 28,76%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,268 0,346 0,329 0,333 0,319
Com tratamento 0,370 0,288 0,301 0,264 0,306
Médias 0,319 0,317 0,315 0,299
Tratamento
Rendimento do Fígado (%) (CV = 30,57%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 1,729 1,729 1,734 1,625 1,704
Com tratamento 1,920 1,851 1,610 2,035 1,854
Médias 1,825 1,790 1,672 1,830
Tratamento
Rendimento do Aparelho Respiratório (%) (CV = 14,97%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 2,316
Aa
2,603
Aa
2,337
Aa
2,616
Aa
2,468
A
Com tratamento 2,549
Aab
2,117
Ab
2,224
Ab
3,078
Aa
2,492
A
Médias 2,433
ab
2,360
b
2,281
b
2,847
Tratamento
Rendimento do Coração (%) (CV = 24,49%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,355
Aa
0,447
Aa
0,440
Aa
0,409
Aa
0,413
B
Com tratamento 0,438
Aa
0,547
Aa
0,577
Aa
0,515
Aa
0,519
A
Médias 0,397
0,497
0,509
0,462
Tratamento
Rendimento do Baço (%) (CV = 43,13 %)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 0,219 0,301 0,209 0,218 0,237
Com tratamento 0,198 0,178 0,162 0,162 0,175
Médias 0,209 0,240 0,186 0,190
Tratamento
Rendimento do Sangue (%) (CV = 28,97%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 3,126 3,577 3,267 3,055 3,256
Com tratamento 2,960 3,203 2,904 3,633 3,175
Médias 3,043 3,390 3,086 3,344
Tratamento
Peso do Aparelho Digestivo (kg) (CV = 28,32%)
Níveis de inclusão do coproduto de caju
Médias
6% 11% 16% 21%
Sem tratamento 7,054 7,401 5,859 6,776 6,773
Com tratamento 6,961 6,667 7,604 8,312 7,386
Médias 7,007 7,033 6,731 7,544
*Médias com letras minúsculas iguais na mesma linha não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
**Médias com letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem pelo teste t, de Student (P>0,05).
53
4.9. Avaliação econômica
Na Tabela 15 estão apresentados os itens que compõem as receitas, os custos e as
medidas de rentabilidade. Pode-se observar que os indicadores de rentabilidade foram
positivos. A renda líquida, por exemplo, embora represente o lucro do sistema estudado,
possui confundimento, que as receitas aconteceram em períodos diferentes dos custos e a
remuneração dos valores monetários aplicados nos custos, não é a mesma dos valores
monetários retornados com a obtenção das receitas. A renda líquida, portanto, o foi
utilizada para a avaliação da rentabilidade do presente trabalho, mas foi apresentada como
valor referencial.
Considerando-se a relação benefício custo e o valor presente líquido (VPL), não
confudimento, pois tanto os custos como as receitas foram regredidos ao valor presente e
assumidos como mesma base de comparação para período. Esses dados foram então levados
em conta para medir a rentabilidade do experimento. Ross et. al. (2000), elegeram o valor
presente líquido como a medida mais apropriada de rentabilidade, o que aponta neste trabalho
a dieta com nível de inclusão de 11% de CCTQ como a de maior rentabilidade ou a mais
atrativa para investimento, embora estatisticamente os resultados de avaliação nutricional
(P>0,05), de modo geral, não tenham apresentado vantagens de um tratamento sobre o outro.
O item que mais contribuiu para o maior VPL, que elegeu a dieta supracitada
como mais atrativa, foi a receita atualizada para quilo de carcaça, ou seja, na dieta com 11%
de CCTQ, a receita com a venda da carcaça foi maior. Muito embora, o menor custo por
tratamento e COTA tenha sido para o nível de inclusão de 21% de CCTQ. Nesta última dieta,
a não inclusão de torta de algodão, em virtude do tratamento químico feito sobre o coproduto
e nível incluído do mesmo (21%), resultou em menor custo relativo. O resultado apresentado
sugere que nem sempre a dieta de menor custo, representa a mais rentável. Nesse caso, o
aumento de receitas foi mais importante do que a redução de custos no preparo da dieta.
A segunda melhor opção, apontada tanto pelo VPL como pela RBC, foi a dieta
com nível de inclusão de 16% de CCNT. Ross et al. (2000) não elegeram a RBC como a
melhor medida de rentabilidade, mas ela determina o valor de retorno do investimento por
unidade monetária, portanto, para o tratamento que apresentou melhor rentabilidade (VPL =
R$ 32,22 e RBC = 1,65), o lucro presente médio por animal multiplicado por todos os animais
assumindo a mesma dieta, seria de R$ 773,28 no período e segundo a RBC, para cada unidade
monetária investida (R$ 1,00) o investidor receberia R$ 1,65.
54
Tabela 15. Itens de receitas, despesas e rentabilidade por dietas experimentais de ovinos
contendo quantidades crescentes de coproduto de caju tratado ou não tratado quimicamente
com uréia
Itens
Dietas Experimentais
6%
11%
16%
21%
CCNT
CCTQ
CCNT
CCTQ
CCNT
CCTQ
CCNT
CCTQ
Receita
Peso vivo (kg) 34,23 36,13 34,43 37,63 37,40 34,07 34,33 32,63
Valor do peso vivo (R$) 89,01 93,95 89,53 97,85 97,24 88,57 89,27 84,85
Peso de carcaça (kg)
14,99
14,99
15,67
17,07
16,16
13,89
14,67
13,11
Valor da carcaça (R$) 89,94 89,92 94,02 102,44 96,94 83,34 88,04 78,66
Receita Atualizada
Valor atualizado da carcaça
(R$)
71,95 71,95 75,22 81,95 77,55 66,67 70,43 62,93
Despesas (R$)
Investimento com animais
experimentais
8,49 8,84 8,48 9,97 9,94 8,92 7,87 8,98
Depreciação de instalações,
máquinas e equipamentos
6,90 6,90 6,90 6,90 6,90 6,90 6,90 6,90
Alimentação
23,05
25,12
24,37
22,65
23,75
22,28
25,15
18,63
Outras
10,21
10,21
10,21
10,21
10,21
10,21
10,21
10,21
COEA
1
33,26 35,33 34,58 32,86 33,96 32,49 35,36 28,84
COTA
2
48,65
51,07
49,96
49,73
50,80
48,31
50,13
44,72
COT
3
60,82 63,83 62,45 62,18 63,49 60,39 62,67 55,89
Custo/kg de ração 0,41 0,39 0,41 0,35 0,40 0,33 0,39 0,30
Custo/kg
de
PV
1,47
1,47
1,51
1,36
1,38
1,48
1,54
1,39
Custo/kg de carcaça 3,36 3,57 3,34 3,01 3,29 3,62 3,63 3,45
Rentabilidade
Renda Líquida (R$) 29,12 26,09 31,57 40,26 33,45 22,95 25,37 22,77
VPL
4
(R$)
23,30
20,88
25,26
32,22
26,75
18,36
20,30
18,21
RBC
5
1,48 1,41 1,51 1,65 1,53 1,38 1,40 1,41
1
Custo Operacional Efetivo Atualizado = despesa com alimentação + outras despesas (atualizados para valor presente);
2
Custo Operacional Total Atualizado = COEA + depreciação de máquinas e equipamentos (atualizados para valor presente);
3
Custo Operacional Total = despesa com alimentação + outras despesas + depreciação de máquinas e equipamentos;
4
Valor Presente Líquido;
5
Relação Benefício-Custo.
55
5.0. CONCLUSÕES
O tratamento químico com uréia interferiu apenas no consumo de proteína,
incrementando-o. Os tratamentos experimentais não influenciaram o ganho médio diário de
peso e a conversão alimentar. O peso vivo ao abate, da carcaça fria e dos cortes também o
foram influenciados pelas dietas experimentais, exceto o peso do lombo. Não houve para
esses parâmetros interferência do tratamento químico.
Na avaliação da carcaça, apenas os rendimentos da carcaça fria e paleta não foram
influenciados nem pelos níveis de inclusão, nem pelo tratamento químico. O tratamento
químico, todavia, não interferiu nos outros rendimentos de cortes comerciais avaliados.
Não houve mudança no peso das vísceras conforme os tratamentos experimentais.
Entretanto, na avaliação do rendimento de vísceras, o tratamento químico com uréia melhorou
o rendimento do coração.
A dieta com 11% de coproduto de caju tratado quimicamente com uréia
apresentou maior valor presente líquido e, caso fosse a única adotada nas condições do
experimento, apresentaria um lucro de R$ 773,28 no período estudado. Na escolha pelo
investidor da dieta que apresentou maior rentabilidade, este receberia R$ 1,65 para cada R$
1,00 investido.
56
6.0. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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