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Dedico este trabalho `a mem´oria de minha tia, Maria Jos´e
Ferreira de Melo.
AGRADECIMENTOS
Agrade¸co primeiramente a meus pais pelo dedica¸ao, amor e por priorizarem a minha
educa¸ao. Aos meus irm˜aos pelo carinho e inspira¸ao ao meu trabalho. Eles ao sabem
o quanto os admiro. A Sachiko, pelo cuidado e dedica¸ao que tem me dado.
Agrade¸co ao meu orientador, o professor Marcelo Leite, pela dedica¸ao, paciˆencia
e apoio quase incondicionais e pelo exemplo de trabalho e honestidade que tanto con-
tribu´ıram para minha forma¸ao profissional e moral.
Aos meus colegas do DF: Messias Vilbert, Tiago Nunes, Douglas Lacerda, Rebeca
Cabral, Camila Ferreira, Eglˆanio, Daniele Marques, Rafael Alves e Dibartolomei Lima
pela amizade e coleguismo. Em especial, ao abio Rodrigo por me acompanhar todos
esse anos.
Ao professor L´ucio Acioli, por me apoiar na ao complicada fase inicial de meus
estudos.
Ao colega e amigo Jos´e Borba pelas horas de estudo, apoio e exemplo que tem me
dado.
Aos colegas Marcone Sena e abio Novaes pela grande amizade que temos. Por
trabalharmos e andarmos juntos todos esses anos. Pelo apoio, compreens˜ao, carinho,
inteligˆencia e bondade.
Aos amigos Beto, Kl´eber e Carlinhos por terem come¸cado toda esta hist´oria comigo.
Aos amigos Bernardo, Maria Elaine, Adriana Rito, Bruna, Deiverson, Bruno Beck-
man, Dinaldo, Felipe Lemos, Jaqueline, Nat´alia, Cl´ecio, Carlos Vin´ıcius, Carlos Estˆev˜ao,
Edgreyce, Adriano, Andresa, Cintia, Poliana e Cris pela aventura da ´ultima d´ecada, a
qual se encerra com este trabalho.
Agrade¸co aos colegas Eglˆanio, abio Novaes, Priscila, Gerson e Pl´ınio pelas dicas
referentes a compila¸ao deste texto.
Por fim, agrade¸co a Capes pelo apoio financeiro.
iv
A fala humana ´e como uma chaleira rachada em que batemos ritmos
grosseiros para os ursos dan¸carem enquanto ansiamos por produzir uma
usica que derreta as estrelas.
—GUSTAVE FLAUBERT
RESUMO
Neste trabalho, calculamos a raz˜ao entre as amplitudes da susceptibilidade acima e
abaixo da temperatura cr´ıtica associada ao ponto de Lifshitz m-axial. Obtemos resultados
at´e primeira ordem na expans˜ao no n´umero de loops. Mostramos que o valor da raz˜ao
entre as amplitudes para o caso anisotr´opico generaliza o resultado conhecido para o caso
m = 1. A raz˜ao para o caso isotr´opico foi obtida pela primeira vez. Os resultados obtidos
ao universais.
Palavras-chave: Susceptibilidade; Ponto de Lifshitz.
vi
ABSTRACT
In this work, we calculate the ratio between the susceptibility amplitudes above and
below the critical temperature associated with the m-axial Lifshitz point. We get results
to first order in the perturbative loop expansion. We show that the ratio value between
the amplitudes for the anisotropic case generalizes the known result for the m = 1 case.
The ratio for the isotropic case was obtained for the first time. The obtained results are
shown to be universal.
Keywords: Susceptibility; Lifshitz point.
vii
SUM
´
ARIO
Cap´ıtulo 1—Introdu¸ao 1
Cap´ıtulo 2—Fenˆomenos Cr´ıticos e Teoria de Campos 10
2.1 Representa¸ao do modelo de Ising em termos de integrais funcionais . . . 11
2.2 Fun¸oes de ertice e o potencial efetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.3 Divergˆencias na teoria φ
4
e renormaliza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.4 O ponto de Lifshitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.5 Grupo de Renormaliza¸ao para Sistemas Competitivos . . . . . . . . . . 35
Cap´ıtulo 3—Amplitudes cr´ıticas para pontos de Lifshitz m-axiais 42
3.1 O potencial efetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.1.1 O caso anisotr´opico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.1.2 O caso isotr´opico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2 Susceptibilidade para o caso anisotr´opico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.3 Susceptibilidade para o caso Isotr´opico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Cap´ıtulo 4—Conclus˜ao 55
viii
LISTA DE FIGURAS
1.1 Simula¸ao computacional para um modelo de Ising em duas dimens˜oes:
acima da temperatura cr´ıtica, os estados (a) e (b) ao desordenados. Em
(c), T = T
c
. Dom´ınios magn´eticos de ordens de grandeza microsc´opicas
at´e o tamanho da amostra ao permitidos. A magnetiza¸ao ´e nula. Abaixo
de T
c
, dom´ınio maiores tomam forma e o sistema exibe uma magnetiza¸ao
diferente de zero. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Forma¸ao de bolhas na transi¸ao l´ıquido-g´as . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Diagrama de fases para o modelo de Ising. Este diagrama apresenta duas
fases: ferromagn´etica e paramagn´etica. A magnetiza¸ao vai a zero conti-
nuamente no ponto cr´ıtico T
c
, denominado ponto de Curie . . . . . . . . 5
2.1 Exemplos de diagramas de Feynman para a teoria φ
4
. . . . . . . . . . . . 19
2.2 Diagrama de fases para sistemas que exibem comportamento cr´ıtico do tipo
Lifshitz. Trˆes fases ao identificadas na vizinhan¸ca do ponto de Lifshitz:
ferromagn´etica, paramagn´etica e modulada. A linha preenchida representa
uma transi¸ao de fase de segunda ordem. A linha tracejada representa a
transi¸ao de fase de primeira ordem entre as fases ferromagn´etica e modu-
lada. Estas linhas se encontram no ponto de Lifshitz. . . . . . . . . . . . 31
3.1 Na defini¸ao do potencial efetivo, todos diagramas da ordem de um loop
para qualquer n´umero de v´ertices ao somados. Os momentos externos ao
nulos e pernas externas, representadas pelas linhas tracejadas, ao omitidas. 44
ix
CAP
´
ITULO 1
INTRODUC¸
˜
AO
Transi¸oes de fase e fenˆomenos cr´ıticos desempenharam, ao longo do tempo, um papel
importante como objeto de estudo das ciˆencias naturais. Isso se deve, por um lado, a
grande aplicabilidade tecnol´ogica do estudo de tais fenˆomenos. De fato, a fundi¸ao de
metais em tempos remotos da hist´oria da civiliza¸ao, o controle dos processos termo-
dinˆamicos durante a revolu¸ao industrial e os recentes desenvolvimentos em eletrˆonica e
na fabrica¸ao de novos materiais ao exemplos de como, em diversas ´epocas, o impacto
desse estudo foi crucial no desenvolvimento da sociedade. Por outro lado, a vasta ri-
queza de abordagens matem´aticas e fenomenol´ogicas pelas quais podemos tratar estes
fenˆomenos forneceram aos cientistas uma desafiadora e excitante ´area de estudo.
Diversos sistemas f´ısicos exibem transi¸ao de fase, ou seja, transi¸ao entre diferentes
estados de organiza¸ao da mat´eria com propriedades f´ısicas diferentes. ao not´aveis tanto
as particularidades quanto as propriedades gerais comuns a tais sistemas quando pr´oximos
`a transi¸ao. Ao longo dos anos, variadas formas de classifica¸ao das transi¸oes de fase
foram propostas. Na classifica¸ao atual, consideramos dois tipos gerais de transi¸oes.
Para transi¸oes de fase de primeira ordem quantidades como entropia e densidade da
substˆancia, que ao derivadas da energia livre, ao descont´ınuas na transi¸ao. As cha-
madas transi¸oes de fase de segunda ordem ao aquelas nas quais derivadas primeiras da
energia livre variam de forma cont´ınua quando o sistema muda de fase. Neste caso deri-
vadas de ordens superiores ao ao necessariamente cont´ınuas. Quantidades como calor
espec´ıfico, susceptibilidade e comprimento de correla¸ao, que ao derivadas segundas da
energia livre, divergem na transi¸ao e, em geral, possuem valores de amplitude diferentes
para as diferentes fases pr´oximas a transi¸ao.
As transi¸oes de fase mais conhecidas talvez sejam as transi¸oes da ´agua entre as fases
olida, l´ıquida e gasosa. Mais simples, por´em dotadas de propriedades interessantes, ao
as transi¸oes de fase associadas ao comportamento de ferromagnetos descrito pelo modelo
1
INTRODUC¸
˜
AO 2
de Ising [1], que ser´a ´util na descri¸ao tanto de sistemas competitivos quanto de sistemas
ao competitivos. E. Ising obteve solu¸ao exata para o caso unidimensional. O caso
bidimensional teve solu¸ao exata proposta por L. Onsager [2] considerando a ausˆencia de
campo externo.
O modelo de Ising consiste em um modelo de spins que interagem entre si atrav´es
de intera¸oes quˆanticas de troca.
´
Atomos com spin resultante diferente de zero ao
localizados em pontos de uma rede de d dimens˜oes denominados s´ıtios. A cada s´ıtio
associamos uma vari´avel de spin que pode assumir os valores ±1. A distˆancia entre
s´ıtios mais pr´oximos ´e chamada parˆametro de rede e somente intera¸oes entre os spins
destes s´ıtios, denominados primeiros vizinhos, ao consideradas. A contribui¸ao para
Hamiltoniana desta intera¸ao, ´e da forma
H
S
1
·
S
2
, ( . )
onde
S
1
e
S
2
ao vetores de spin de s´ıtios primeiros vizinhos. A constante de propor-
cionalidade da rela¸ao acima ´e representada pela letra J. Se J > 0, a energia m´ınima
´e obtida quando o produto interno entre S
1
e S
2
´e positivo, ou seja, quando os spins
est˜ao alinhados no mesmo sentido. Spins ao longo da rede tendem a se alinhar no mesmo
sentido nesta situa¸ao e dizemos que J > 0 contribui para um estado chamado de fer-
romagn´etico. Se J < 0, os spins se alinham em sentidos opostos e camadas da rede
apresentam uma configura¸ao de sentidos alternados resultando no estado chamado de
antiferromagn´etico.
Por simplicidade, considere o caso J > 0. Efeitos t´ermicos atuam de maneira cru-
cial na configura¸ao resultante dos spins neste modelo. Para um n´umero de dimens˜oes
d maior ou igual a dois, sistemas descritos pelo modelo de Ising apresentam transi¸ao
entre uma fase desordenada (acima de uma determinada temperatura cr´ıtica T
c
) e uma
fase ordenada (abaixo de T
c
). A figura 1.1 mostra uma simula¸ao computacional [3] para
este modelo em duas dimens˜oes. Na fase desordenada, efeitos ermicos impedem que a
intera¸ao entre os spins os oriente de forma a produzir uma magnetiza¸ao M resultante,
portanto M = 0 (figuras 1.1(a) e 1.1(b)). Diz-se, neste caso, que o sistema exibe compor-
tamento paramagn´etico e possui simetria no sentido de que ao a dire¸ao preferencial
na orienta¸ao dos spins. Na fase ordenada, efeitos t´ermicos ao mais fracos, de modo que
INTRODUC¸
˜
AO 3
uma parte consider´avel dos spins se orienta numa dire¸ao, quebrando portanto, a simetria
do estado desordenado. Abaixo de T
c
, ocorre a forma¸ao de dom´ınios magn´eticos que
apresentam magnetiza¸ao resultante, M = 0 (figuras 1.1(d) e 1.1(e)). A aplica¸ao de
um campo magn´etico externo destr´oi as paredes que separam os dom´ınios fazendo com
que todo o sistema apresente uma magnetiza¸ao macrosc´opica M = 0. Esta situa¸ao
caracteriza o estado ordenado (ordem de longo alcance) ferromagn´etico do sistema. A
magnetiza¸ao ´e mantida mesmo quando o campo externo ´e retirado. Dessa forma, a
magnetiza¸ao ´e tida como uma medida da simetria do sistema e, por isso, ´e chamada de
parˆametro de ordem do sistema.
Figura 1.1 Simula¸ao computacional para um modelo de Ising em duas dimens˜oes: acima
da temperatura cr´ıtica, os estados (a) e (b) ao desordenados. Em (c), T = T
c
. Dom´ınios
magn´eticos de ordens de grandeza microsc´opicas at´e o tamanho da amostra ao permitidos.
A magnetiza¸ao ´e nula. Abaixo de T
c
, dom´ınio maiores tomam forma e o sistema exibe uma
magnetiza¸ao diferente de zero.
Para os diversos sistemas f´ısicos que exibem transi¸ao de fase, o parˆametro de ordem
pode ter N componentes. At´e agora, temos considerado o modelo Ising, no qual, como as
INTRODUC¸
˜
AO 4
vari´aveis de spin podem assumir valores que representam sentidos de spin diferentes ao
longo de uma ´unica dire¸ao, o parˆametro de ordem M possui um n´umero de componentes
N = 1. Outros modelos descrevem sistemas magn´eticos com parˆametro de ordem com
um n´umero de componentes maior que 1. No modelo XY , por exemplo, o parˆametro de
ordem ´e definido em um espa¸co (interno, abstrato) dos campos caracterizado pelo valor
N = 2. a o modelo de Heisenberg descreve um sistema com um parˆametro de ordem
com trˆes componentes, N = 3.
No modelo de Ising, o parˆametro de ordem M vai a zero de forma cont´ınua a medida
que T se aproxima de T
c
, o que caracteriza a transi¸ao como uma transi¸ao de fase de
segunda ordem. A temperatura cr´ıtica T
c
´e tamb´em chamada de temperatura de Curie e
depende da natureza do material.
No ponto cr´ıtico, sistemas f´ısicos em geral exibem a propriedade da invariˆancia por
escala: o sistema exibe as mesmas propriedades em qualquer escala que for analisado.
Para sistemas magn´eticos, dom´ınios dos mais variados tamanhos, desde os microsc´opicos
at´e aqueles do tamanho da amostra ao observados. A figura 1.1(c) mostra a configura¸ao
de um sistema descrito pelo modelo de Ising na temperatura cr´ıtica. Note que dom´ınios
magn´eticos de diversos tamanhos ao exibidos.
Figura 1.2 Forma¸ao de bolhas na transi¸ao l´ıquido-g´as
Invariˆancia por escala ´e uma propriedade comum a diversos sistemas f´ısicos quando se
INTRODUC¸
˜
AO 5
encontram na criticalidade. Na transi¸ao l´ıquido-gas por exemplo, bolhas de as e gotas
de l´ıquido apresentam diversos tamanhos (assim como a dom´ınios de todos os tamanhos
pr´oximo `a transi¸ao para a fase ferromagn´etica em sistemas magn´eticos), desde aqueles
microsc´opicos at´e da ordem do tamanho da amostra (figura 1.2). A homogeneidade de
certas fun¸oes termodinˆamicas ´e uma consequˆencia desta propriedade e ´e fundamental
na determina¸ao de quantidades cr´ıticas que caracterizam as transi¸oes.
Alguns potenciais termodinˆamicos exibem um comportamento regular ou singular
como uma fun¸ao da diferen¸ca de temperatura de transi¸ao. O que caracteriza a singu-
laridade do dado potencial termodinˆamico ´e uma grandeza denominada expoente cr´ıtico.
A magnetiza¸ao M, varia com a temperatura da seguinte forma
M (t)
β
, ( . )
onde t =
T T
c
T
c
. A quantidade β ´e o expoente cr´ıtico associado a transi¸ao. Note que
ao a descontinuidade em M se β for positivo. A figura 1.3 mostra a rela¸ao entre
quantidades M e T .
Figura 1.3 Diagrama de fases para o modelo de Ising. Este diagrama apresenta duas fases:
ferromagn´etica e paramagn´etica. A magnetiza¸ao vai a zero continuamente no ponto cr´ıtico T
c
,
denominado ponto de Curie
Para temperaturas pr´oximas `a transi¸ao, descrevemos a varia¸ao da susceptibilidade
INTRODUC¸
˜
AO 6
com a temperatura por
χ C
±
t
γ
, ( . )
que define o expoente cr´ıtico γ e as amplitudes C
+
e C
acima e abaixo da temperatura de
transi¸ao, respectivamente. Note que, diferentemente da magnetiza¸ao, a susceptibilidade
diverge para t = 0 e γ > 0. As amplitudes C
+
e C
ao ao necessariamente iguais. a,
portanto, uma descontinuidade da susceptibilidade no ponto cr´ıtico. Quantidades como
calor espec´ıfico e comprimento de correla¸ao ao definidos de maneira semelhante, com
respectivos expoentes e amplitudes cr´ıticas; elas tamb´em divergem na transi¸ao.
Grandezas universais ao dependem dos detalhes microsc´opicos do sistema. Elas
dependem apenas do n´umero d de dimens˜oes espaciais do sistema e do n´umero N de
componentes do parˆametro de ordem. Em outras palavras, diferentes modelos em dife-
rentes condi¸oes possuem as mesmas raz˜oes de amplitudes cr´ıticas e os mesmos expoentes
se esses modelos tiverem o mesmo n´umero de componentes do parˆametro de ordem N
e o mesmo n´umero de dimens˜oes d. Dizemos ent˜ao que variados modelos que possuem
os mesmos expoentes e raz˜oes de amplitudes pertencem a uma mesma classe de uni-
versalidade especificada por (N, d). Em particular, raz˜oes entre amplitudes cr´ıticas (e
expoentes cr´ıticos, dentre outras propriedades de um sistema f´ısico) ao exemplos de
grandezas universais.
A descri¸ao da universalidade para sistemas que exibem transi¸ao de fase se torna
mais complexa quando introduzimos intera¸oes comp etitivas nos modelos que os descre-
vem. Discutiremos agora, modelos que exibem competi¸ao do tipo Lifshitz. O comporta-
mento cr´ıtico de Lifshitz foi inicialmente descrito por Hornreich, Luban e Shtrikman [4,5]
no contexto de sistemas magn´eticos e possui aplica¸oes em arios sistemas f´ısicos reais
como, por exemplo, cristais l´ıquidos ferroel´etricos [6–8], supercondutores de alta tempera-
tura [9–11], ferroel´etricos uniaxiais [12], alguns tipos de pol´ımeros [13–16] e de materiais
magn´eticos [17–22]. Por simplicidade, utilizaremos a linguagem de sistemas magn´eticos.
Ae ent˜ao temos considerados modelos que o apresentam intera¸oes de troca entre
os primeiros vizinhos. Podemos considerar modelos mais gerais que estes quando inse-
rimos intera¸oes de troca entre segundos vizinhos. Imagine um tipo de modelo de Ising
em que al´em de intera¸oes ferromagn´eticas entre primeiros vizinhos, intera¸oes antifer-
INTRODUC¸
˜
AO 7
romagn´eticas entre segundos vizinhos ao tamb´em permitidas. Seja J
1
a intera¸ao de
troca entre os primeiros vizinhos e J
2
a intera¸ao de troca entre os segundos vizinhos. Se
ambos as acoplamentos ao maiores que zero, o sistema deve apresentar um comporta-
mento ferromagn´etico. Propriedades f´ısicas novas e interessantes surgem quando temos
J
1
> 0 e J
2
< 0. Essa ´e uma maneira de introduzirmos competi¸ao entre os estados
ferromagn´etico e antiferromagn´etico.
A maneira mais simples de se introduzir intera¸oes competitivas como descrito acima
´e permitir J
2
< 0 apenas para uma dire¸ao espacial dentre as d dimens˜oes nas quais
o modelo ´e descrito. O comportamento cr´ıtico do sistema descrito por esse modelo ´e
chamado de comportamento cr´ıtico de Lifshitz uniaxial e ocorre quando a raz˜ao J
1
/J
2
possui determinado valor. O modelo que trata deste caso ´e conhecido por modelo ANNNI
(do inglˆes ’axial next-nearest-neighbor Ising’) [23, 24]. Trabalharemos no caso em que
as intera¸oes entre primeiros vizinhos ao idˆenticas em qualquer dire¸ao espacial, haja
competi¸ao entre primeiros vizinhos ou ao. Dizemos enao que o eixo paralelo `a dire¸ao
espacial em que ocorre competi¸ao na intera¸ao entre primeiros e segundos vizinhos ´e
chamado de eixo competitivo. As demais dire¸oes (d 1) o apresentam a intera¸ao
ferromagn´etica entre primeiros vizinhos.
O diagrama de fases para os sistemas descritos pelo modelo ANNNI apresenta al´em
das a conhecidas fases ferromagn´etica e paramagn´etica uma fase modulada. As linhas
que separam estas trˆes fases se encontram num ponto especial onde as fases coexistem.
Este ponto ´e chamado de ponto de Lifshitz e a temperatura do sistema quando este se
encontra no estado especificado pelo ponto de Lifshitz ´e chamada de temperatura de
Lifshitz (T
L
).
Podemos generalizar o modelo ANNNI para o caso que a intera¸oes competitivas
ao longo de m dire¸oes espaciais, ou seja, J
2
tem componentes ao longo destas dire¸oes.
Dizemos ent˜ao que o sistema apresenta comportamento cr´ıtico do tipo Lifshitz m-axial.
´
E nesta situa¸ao que a complexidade da descri¸ao do comportamento cr´ıtico em termos
de parˆametros universais se manifesta. Para sistemas sem competi¸ao, vimos que classes
de universalidade ao classificadas pelo n´umero de dimens˜oes d do sistema e pelo n´umero
N de componentes do parˆametro de ordem. Para sistemas com intera¸oes competitivas
ao longo de m dire¸oes espaciais, classes de universalidade ao especificadas por d, N e
INTRODUC¸
˜
AO 8
m. Em outras palavras: sistemas que apresentam intera¸oes competitivas ao longo de m
dire¸oes espaciais possuem os mesmos expoentes cr´ıticos e as mesmas raz˜oes de amplitudes
acima e abaixo da transi¸ao se tiverem o mesmo n´umero de dimens˜oes, o mesmo n´umero
de componentes do parˆametro de ordem e o mesmo n´umero de dire¸oes espaciais ao longo
das quais ocorrem intera¸oes competitivas. Para o comportamento cr´ıtico de Lifshitz m-
axial definimos dois casos distintos: aquele em que m < d, denominado anisotr´opico e
aquele em que m = d denominado isotr´opico.
Neste trabalho, estudamos o alculo da raz˜ao C
+
/C
entre as amplitudes de suscep-
tibilidade acima e abaixo da temperatura de Lifshitz T
L
para sistemas que apresentam
comportamento cr´ıtico de Lifshitz m-axial. Para isso, utilizaremos o potencial efetivo
renormalizado calculado at´e a ordem de um loop na expans˜ao diagram´atica como quan-
tidade correspondente `a energia livre de Helmholtz. A susceptibilidade ´e obtida como
segunda derivada desta quantidade em rela¸ao a magnetiza¸ao.
Analogias entre quantidades calculadas em Mecˆanica Estat´ıstica e teoria de campos
desempenham um papel fundamental ao longo de todo este trabalho. No cap´ıtulo 2 fa-
remos uma breve revis˜ao de defini¸oes e conceitos relacionados a esta correspondˆencia.
Discutiremos rapidamente como a fun¸ao de parti¸ao associada ao modelo microsc´opico
de Ising pode ser escrita em termos de integrais funcionais de campos cont´ınuos. Dis-
cutiremos analogias entre fun¸oes de Green de N pontos e fun¸oes de correla¸ao. In-
troduziremos a id´eia da representa¸ao da expans˜ao perturbativa em termos de integrais
de Feynman. Revisaremos conceitos relacionados a quebra de simetria e como fun¸oes
calculadas em teoria de campos podem ser ´uteis no estudo das propriedades de sime-
tria das transi¸oes de fase. Discutiremos tamb´em como m´etodos de renormaliza¸ao e de
grupo de renormaliza¸ao atuam no estudo de fenˆomenos cr´ıticos. Ainda no cap´ıtulo 2
veremos como ecnicas aplicadas ao estudo dos sistemas sem intera¸oes competitivas des-
critos pelo modelo de Ising podem ser adaptadas ao estudo de sistemas que apresentam
comportamento cr´ıtico de Lifshitz m-axial.
No cap´ıtulo 3, construiremos uma express˜ao para o potencial efetivo escrito at´e a
ordem de um loop na expans˜ao diagram´atica, bem como sua forma renormalizada. Tra-
balharemos com o potencial efetivo renormalizado na dedu¸ao da express˜ao para a sus-
ceptibilidade e calcularemos as amplitudes cr´ıticas acima e abaixo da transi¸ao. Proce-
INTRODUC¸
˜
AO 9
dimentos semelhantes, por´em distintos, ser˜ao desenvolvidos para os casos anisotr´opico e
isotr´opico.
No cap´ıtulo 4, discutimos os resultados e conclu´ımos discutindo perspectivas decor-
rentes deste trabalho.
CAP
´
ITULO 2
FEN
ˆ
OMENOS CR
´
ITICOS E TEORIA DE CAMPOS
Transi¸oes de fase em sistemas f´ısicos foram inicialmente estudados sob a influˆencia
de leis e resultados experimentais da Termodinˆamica. A consolida¸ao da Mecˆanica Es-
tat´ıstica em tempos posteriores acabou por prover uma rica variedade de modelos mi-
crosc´opicos capazes de descrever tais sistemas f´ısicos que apresentam comp ortamento
cr´ıtico.
Em ´epocas mais recentes, tornou-se mais comum a implementa¸ao de ferramentas
matem´aticas usadas em teoria quˆantica de campos para o alculo de grandezas que ao
mat´eria de estudo da Mecˆanica Estat´ıstica. De fato, como discutiremos neste cap´ıtulo,
podemos relacionar fun¸oes asicas desta ´ultima, como a fun¸ao de parti¸ao e as fun¸oes
de correla¸ao, a quantidades calculadas em teoria de camp os.
O modelo de Ising ´e um dos modelos mais simples cuja formula¸ao microsc´opica pode
ser levada a uma representa¸ao funcional de campos cont´ınuos. Neste cap´ıtulo, vamos
discutir este modelo e esbcar uma argumenta¸ao de sua representa¸ao em termos de
integrais funcionais. Dessa maneira, como em teoria de campos, podemos desenvolver um
tratamento por expans˜oes perturbativas e p ela expans˜ao diagram´atica dos termos dessa
expans˜ao. Faremos uma breve discuss˜ao sobre como fun¸oes de Green e fun¸oes de v´ertice
irredut´ıveis a uma part´ıcula (ou “fun¸oes de ertice 1PI”) relacionadas a teoria de campos
ao aplicadas ao estudo da simetria das fases ordenada e desordenada descritas no cap´ıtulo
1. Veremos como ecnicas de renormaliza¸ao podem ser aplicadas para extrair infinitos
que aparecem no alculo de diversas quantidades de interesse e como a id´eia de grupo
de renormaliza¸ao ´e ´util na descri¸ao do comportamento cr´ıtico. ao ´e nosso objetivo
de maneira alguma, nesta parte, descrever detalhes de dedu¸oes e ecnicas envolvidas
no estudo destes temas. Trata-se apenas de uma breve revis˜ao de conceitos e defini¸oes
relacionados ao trabalho desenvolvido. Ao leitor interessado em uma abordagem mais
detalhada ´e recomendado o livro do Amit [25], onde o estudo de sistemas sem competi¸ao
10
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 11
nesta se¸ao foi baseado. Outra referˆencia ´util ´e o livro do Zinn-Justin [26] e o artigo
publicado na s´erie Domb e Green, volume 6 [27].
Por fim, veremos como os mesmos procedimentos usados para o alculo de arias
grandezas podem ser estendidos de maneira bastante an´aloga para sistemas competitivos.
Descreveremos de maneira sucinta o comportamento cr´ıtico do tipo Lifshitz usando a
linguagem de sistemas magn´eticos. Tamem neste caso ao nos prenderemos a detalhes
e o leitor interessado pode consultar a bibliografia recomendada ao longo do texto.
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS
FUNCIONAIS
Considere, inicialmente, uma rede em d dimens˜oes com pontos denominados s´ıtios. A
situa¸ao mais simples corresponde a uma rede hiperc´ubica em d dimens˜oes. Vamos apoiar
nossa discuss˜ao neste caso lembrando, entretanto, que o resultado obtido ´e independente
do tipo de rede estudada. A cada s´ıtio, associamos uma vari´avel de spin s
i
que pode
assumir somente os valores s
i
= ±1. O modelo de Ising ´e um modelo macrosc´opico de
spins na rede que descreve o magnetismo de materiais magn´eticos macrosc´opicos. Ele
consiste na intera¸ao dos spins atraes de intera¸oes de troca de natureza quˆantica. A
energia associada a esta configura¸ao ´e dada por
E{s
i
} =
<ij>
J
ij
s
i
s
j
h
i
s
i
, ( . )
onde < ij > significa que a soma ´e feita considerando-se apenas pares de vizinhos
pr´oximos. O termo J
ij
representa a intera¸ao de troca e h
i
, o campo magn´etico no s´ıtio
i. Valores positivos de J
ij
implicam que o sistema formado por um par de spins vizinhos
mais pr´oximos ter´a menor energia quando estes estiverem alinhados no mesmo sentido.
Neste caso, dizemos que a um acoplamento ferromagn´etico entre dois spins. Se J
ij
´e
negativo, o alinhamento em sentidos opostos ´e favorecido e dizemos que o acoplamento ´e
antiferromagn´etico.
Definimos o peso de Boltzmann para uma dada configura¸ao {s
i
} como
P {s
i
} = exp[βE{s
i
}] = exp
<ij>
K
ij
s
i
s
j
+
H
i
s
i
, ( . )
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 12
onde β = (kT )
1
, K
ij
= βJ
ij
, H
i
= βh
i
, k ´e a constante de Boltzman e T , a temperatura
absoluta. Utilizamos ( . ) para definir a fun¸ao de parti¸ao:
Z{H
i
} =
{s
i
}
exp
<ij>
K
ij
s
i
s
j
+
H
i
s
i
. ( . )
A fun¸ao Z{H
i
} gera todas as fun¸oes de correla¸ao do parˆametro de ordem. Por exemplo,
a grandeza
M
i
= s
i
H
I
=0
= Z
1
Z
H
i
H=0
, ( . )
´e a magnetiza¸ao edia no s´ıtio i. Se J
ij
= J
ij
e H = 0, o sistema ´e translacionalmente
invariante, o que implica que s
i
= s. Neste caso,
M =
1
N
Z
1
Z
H
=
1
N
Σ
i
s
i
. ( . )
A susceptibilidade ´e dada por
χ =
M
H
. ( . )
A fun¸ao de parti¸ao Z{H} pode ser escrita como uma exponencial de um potencial
termodinˆamico Ψ. Esse potencial ´e uma fun¸ao do parˆametro de ordem M e de vari´aveis
termodinˆamicas como a temperatura e a press˜ao. Como estamos tratando de transi¸oes
de segunda ordem, M ´e pequeno na regi˜ao cr´ıtica, de modo que Ψ pode ser expandido
em potˆencias de M:
Ψ = a
0
+ a
2
M
2
+ a
4
M
4
+ ... ( . )
A simetria do potencial Ψ sob a invers˜ao M M, para H = 0, explica a ausˆencia
dos termos ´ımpares na express˜ao acima. Quando a campo externo, esta simetria ´e
quebrada e um termo linear HM ´e adicionado ao potencial Ψ.
Discutiremos como obter uma descri¸ao do modelo microsc´opico de Ising em termos de
integrais funcionais. Este procedimento leva a analogia entre a abordagem em linguagem
de Mecˆanica Estat´ıstica e a descri¸ao do modelo a partir de uma teoria quˆantica de campos
escalares definida no espa¸co-tempo euclideano. Na linguagem dessa teoria, o expoente na
fun¸ao de parti¸ao ´e representado pelo negativo da ao
d
d
x(L L
S
) =
d
d
xL
,
onde L
´e a densidade lagrangiana modificada pelo termo de fonte L
S
.
Uma caracter´ıstica importante dessa descri¸ao, ´e o surgimento de um termo (M(x))
2
na densidade lagrangiana que mede as flutua¸oes no parˆametro de ordem. Este termo ao
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 13
aparece na express˜ao ( . ) proposta originalmente no modelo de Landau. Isso significa
que esse modelo despreza flutua¸oes de M na transi¸ao. Vimos no cap´ıtulo 1 que flu-
tua¸oes se tornam arbitrariamente grandes quando nos aproximamos do ponto cr´ıtico de
modo que a express˜ao ( . ) pode ser considerada, quantitativamente uma aproxima¸ao
grosseira. Entretanto, com a inclus˜ao do termo (M(x))
2
poderemos realizar uma ex-
pans˜ao perturbativa sistem´atica nas flutua¸oes de forma que grandezas universais podem
ser calculadas usando este formalismo de teoria de campos combinado com argumentos
de grupo de renormaliza¸ao.
Discutiremos agora o procedimento que leva a descri¸ao em termos de campos cont´ınuos.
Usando a rela¸ao
−∞
N
i=1
dx
i
exp
1
4
x
i
V
ij
x
j
+ s
i
x
i
= Constante × exp(s
i
V
ij
s
j
), ( . )
onde os ´ındices repetidos definem uma soma e V ´e uma matriz sim´etrica de elementos
V
ij
. Podemos escrever
Z{H
i
} =
{s
i
}
exp(s
i
K
ij
s
j
H
i
s
i
)
{s
i
}
−∞
N
i=1
i
exp
1
4
φ
i
K
ij
φ
j
+ (φ
j
+ H
i
)s
i
.
( . )
Os φ
i
ao vari´aveis cont´ınuas que atuam como campos auxiliares. Fazendo uma transla¸ao
φ
i
φ
i
H
i
na express˜ao acima e definindo Dφ =
i
i
, como a medida da integral,
obtemos
Z{H
i
} =
−∞
N
i=1
i
exp
1
4
(φ
i
H
i
)K
ij
(φ
i
H
i
)
{s
i
}
exp(φ
i
s
i
). ( . )
A soma na express˜ao acima pode ser desenvolvida da seguinte forma
{s
i
}
exp(φ
i
s
i
) =
i
(exp φ
i
+exp φ
i
) =
i
2(cosh φ
i
) = Constante×exp
i
ln(cosh φ
i
)
.
( . )
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 14
Fazendo a seguinte transforma¸ao linear dos campos
ψ
i
=
1
2
K
1
ij
φ
i
, ( . )
podemos escrever
Z{H
i
} exp
1
4
H
i
K
ij
H
j
×
Dψ exp
ψ
i
K
ij
ψ
j
+ H
i
ψ
i
+
i
ln[cosh(2K
ij
ψ
i
)]
.
( . )
Para desenvolvermos o termo no somat´orio, utilizaremos a expans˜ao em eries de Taylor
ln cosh x =
1
2
x
2
1
12
x
4
+ .... No nosso caso,
i
ln cosh(2K
ij
ψ
j
) =
i
2(K
ij
ψ
j
)
2
4
3
(K
ij
ψ
j
)
4
+ ...
. ( . )
´
E particularmente simples descrever esta formula¸ao do modelo de Ising no espa¸co
dos momentos. Para tanto, consideremos as seguintes transformadas de Fourier da quan-
tidades envolvidas:
ψ
i
ψ(r
i
) =
1
N
k
exp(ik· r
i
)ψ(k), ( . )
H
i
H(r
i
) =
1
N
k
exp(ik· r
i
)H(k), ( . )
K
ij
K(r
i
r
j
) =
1
N
k
exp[ik· (r
i
r
j
)K(k)]. ( . )
Substituindo estas express˜oes no argumento da exponencial em ( . ) e partindo do fato
de que K(k) = K
(k) para K(r
i
r
j
) real, escrevemos o argumento desta exponencial
na forma
d
d
xL
=
1
N
k
[K(k) 2|K(k)|
2
]ψ(k)ψ(k) + H(k)ψ(k)
4
3N
3
k
1
,k
2
,k
3
,k
4
δ
K
(k
1
+ k
2
+ k
3
+ k
4
)
K(k
1
)ψ(k
1
)K(k
2
)ψ(k
2
)K(k
3
)ψ(k
3
)K(k
4
)ψ(k
4
). ( . )
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 15
Desenvolvemos a transformada de Fourier inversa de K(k):
K(k) =
R
K(R) exp(ik· R) =
i,α
K(R
i,α
) exp(ik· R
i,α
), ( . )
onde o ´ındice i refere-se as dire¸oes espaciais e o ´ındice α = 1, 2 rotula os dois vizi-
nhos associados a cada dire¸ao espacial. Expandimos a exponencial em potˆencias de k,
exp(ik· R
i,α
) = 1
k
2
i
a
2
2
+ . . ., onde desenvolvemos o produto interno k· R
i,α
= (1)
α
k
i
a
e os termos ´ımpares se anulam pela simetria em α de modo que o car´ater escalar da
densidade lagrangiana que queremos obter ´e mantido. Podemos enao escrever:
K(k) = K
0
(1 ρ
2
k
2
), ( . )
onde K
0
= 2J e ρ =
a
(2d)
1/2
. Para o termo de ordem quadr´atica nos campos ignoramos
os termos de ordem maior que k
2
. a para o termo de ordem qu´artica, mantemos apenas
o termo de ordem zero na expans˜ao, ou seja, K(k) K
0
. Pode-se mostrar que os
termos ignorados ao irrelevantes ao comportamento cr´ıtico do sistema sem competi¸ao
que estamos considerando [25]. Substituindo ( . ) no argumento da exponencial de
( . ), obtemos
d
d
xL
=
1
N
k
K
0
[(1 2K
0
) + (4K
0
1)ρ
2
k
2
]ψ(k)ψ(k) + H(k)ψ(k)
4K
4
0
3N
3
k
1
,k
2
,k
3
,k
4
δ
K
(k
1
+ k
2
+ k
3
+ k
4
)ψ(k
1
)ψ(k
2
)ψ(k
3
)ψ(k
4
).
Note que para K
0
=
1
2
, o termo independente de k na parte quadr´atica em ψ se anula.
Isso define a temperatura cr´ıtica de campo edio T
0
= 4dJ. Expandindo K
0
, que ´e
fun¸ao da temperatura T , em torno de T
0
, podemos escrever
d
d
xL
=
k
1
2N

T T
0
T
0
+ a
2
k
2
ψ(k)ψ(k) + H(k)ψ(k)}
4
3N
3
1 4
T T
0
T
0

k
1
k
2
k
3
k
4
δ
K
(k
1
+ k
2
+ k
3
+ k
4
)ψ(k
1
)ψ(k
2
)ψ(k
3
)ψ(k
4
).( . )
No limite de volume infinito, as somas em k se tornam integrais. assim, definimos as
rela¸oes
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 16
k
f(k) =
Na
d
(2π)
d
d
d
k, ( . )
δ
K
(k) =
(2π)
d
Na
d
δ(k), ( . )
onde δ
K
(k) e δ(k) ao as fun¸oes delta de Kronecker e de Dirac respectivamente.
Redefinimos o campo ψ por
ψ(k) = ρ
1
a
d/2
φ(k), ( . )
de modo que, no limite cont´ınuo, a express˜ao ( . ) ´e escrita como
d
d
xL
=
1
2
d
d
k
(2π)
d
T T
0
ρ
2
T
0
+ k
2
φ(k)φ(k) + ρ
1
a
d/2
H(k)φ(k)
d
2
3a
4d
(2π)
3d
1 4
T T
0
T
0

d
d
k
1
d
d
k
2
d
d
k
3
d
d
k
4
δ(k
1
+ k
2
+ k
3
+ k
4
)φ(k
1
)φ(k
2
)φ(k
3
)φ(k
4
),( . )
Este resultado ´e fundamental no nosso estudo. Quando escrito no espa¸co dos momentos,
pela tranforma¸ao de Fourier inversa dos campos, obtemos
d
d
xL
=
1
2
(|∇φ|
2
+ µ
2
φ
2
) +
λ
4!
φ
4
Jφ
d
d
x, ( . )
onde µ
2
= (T T
0
)
2
T
0
, J = ρa
d/2
H e λ =
8d
2
a
4d
14
T T
0
T
0

. Assim a teoria de campos
resultante ´e definida em tempo imagin´ario e a fun¸ao de parti¸ao torna-se exatamente
o funcional gerador de campos escalares φ. Este funcional gerador ´e escrito como uma
integral funcional sobre os campos. Na linguagem dessa teoria, φ, µ e λ ao o campo,
a massa e a constante de acoplamento ao-renormalizados, respectivamente. A massa ´e
an´aloga a uma quantidade proporcional `a diferen¸ca entre uma dada temperatura T e a
temperatura de transi¸ao T
0
, de maneira que podemos associar uma teoria quˆantica de
campos ao massiva a uma descri¸ao do modelo microsc´opico na temperatura cr´ıtica. O
campo φ ´e an´alogo `a magnetiza¸ao, o que permite o estudo das fun¸oes de correla¸ao do
parˆametro de ordem no contexto de teoria de campos cont´ınuos.
Podemos escrever L
= L
0
+ L
int
+ L
s
, onde L
0
=
1
2
(|∇φ|
2
+ µ
2
φ
2
) ´e a densidade
lagrangiana para o campo escalar livre, L
int
= (λ/4!)φ
4
´e o termo de intera¸ao e L
s
= Jφ,
o termo de fonte. A fun¸ao de parti¸ao (funcional gerador) ´e dado por:
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 17
Z{J} =
Dφ exp
(L Jφ)dx
Dφ exp
Ldx
. ( . )
O denominador da express˜ao acima ´e definido pela condi¸ao de normaliza¸ao Z{J} = 1.
O termo Dφ = Π
i
i
´e a medida da integral funcional e dx um elemento de volume em
d dimens˜oes. Como o termo de fonte ´e linear em φ, podemos escrever o argumento de
L
int
como derivadas funcionais em rela¸ao `a fonte J. A express˜ao ( . ) pode ser escrita
como
Z{J} = N
1
exp
L
Int
δ
δJ(x)

exp
1
2
dxdyJ(x)∆(x y)J(y)
, ( . )
onde ∆(x y) ´e o propagador livre da teoria. Esta forma ´e conveniente para desenvolver-
mos expans˜oes perturbativas. Como o termo de intera¸ao ser´a L
int
= (λ/4!)[δJ(x)]
4
, a
exponencial deste termo de intera¸ao pode ser expandida da seguinte forma:
Z{J} = N
1
0
1
n!
λ
4!
n
dx
1
. . . dx
n
δ
δJ(x
1
)
4
δ
δJ(x
2
)
4
. . .
δ
δJ(x
n
)
4
Z
0
{J},
( . )
onde Z
0
{J} ´e o funcional gerador para a teoria livre. Os termos dessa expans˜ao podem ser
expressos por meio de diagramas de Feynman, que ao de grande utilidade no tratamento
dessas express˜oes. A id´eia asica ´e representar os propagadores ∆(x
i
x
j
) que aparecem
na expans˜ao como linhas que conectam os pontos especificados em seu argumento e no
argumento das fontes J(x
i
). A representa¸ao por diagramas ´e particularmente ´util para
a manipula¸ao dos termos da expans˜ao das fun¸oes de Green.
A express˜ao “funcional gerador” vem do fato de que, a partir de Z{J}, podemos gerar
as fun¸oes de Green de N pontos da teoria, as quais ao definidas por
G
(N)
(x
i
. . . x
N
) = φ(x
1
) . . . φ(x
N
) =
Dφφ(x
1
) . . . φ(x
N
) exp
(L Jφ)dx
Dφ exp
Ldx
.
( . )
Note que esta defini¸ao ´e an´aloga `a defini¸ao de fun¸oes de correla¸ao, em Mecˆanica
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 18
Estat´ıstica, feita a partir da fun¸ao de parti¸ao. Como o termo de fonte ´e linear em φ,
podemos obter a express˜ao para G
(N)
(x
i
. . . x
N
) em ( . ), fazendo
G
(N)
(x
1
, . . . , x
N
) =
δ
(N)
Z{J}
δJ(x
1
) . . . δJ(x
N
)
J=0
. ( . )
Por simplicidade, trabalharemos com quantidades definidas no espa¸co dos momentos a
que este caso permite o alculo expl´ıcito das grandezas universais desejadas. Primeiro
fazemos uma transformada de Fourier dos campos escalares no espa¸co das coordenadas
para express´a-los em termos dos momentos. As fun¸oes de Green no espa¸co dos mo-
mentos, obtidas atrav´es da transformada de Fourier daquelas no espa¸co das coordenadas,
podem ser escritas como:
G
(N)
(k
1
, . . . , k
N
) =
δ
(N)
Z{J}
δJ(k
1
) . . . δJ(k
N
)
J=0
. ( . )
De acordo com esta defini¸ao, o propagador no espa¸co dos momentos ser´a dado por
G
0
(k) =
1
k
2
+ µ
2
, ( . )
que ´e a fun¸ao de Green de dois pontos em ordem zero na expans˜ao perturbativa.
Na representa¸ao diagram´atica das fun¸oes de Green no espa¸co dos momentos, as
linhas ao rotuladas pelo k correspondente `a defini¸ao ( . ) e associada a um propagador
deste tipo. Se a express˜ao pertence a um termo de ordem n na expans˜ao perturbativa,
associamos um n´umero n de ertices de intera¸ao e, a cada um destes v´ertices associamos
uma fun¸ao delta de Dirac que representa a conservao dos momentos que entram e
saem deles. Uma integral no momento ´e associada a cada linha interna (que conecta dois
v´ertices de intera¸ao) e um fator de (λ/4!) ´e associado a cada v´ertice. Um diagrama
com I linhas internas e n v´ertices de intera¸ao ter´a I integra¸oes e n fun¸oes delta a
serem integradas com exce¸ao de uma: a que representa a conservao de momento total
no diagrama. Ela o possui momentos externos que ao ser˜ao integrados. O n´umero de
integrais resultantes enao ser´a
l = I (n 1), ( . )
que define o n´umero de loops de um diagrama. A figura 2.1 mostra exemplos de diagramas
2.1 REPRESENTAC¸
˜
AO DO MODELO DE ISING EM TERMOS DE INTEGRAIS FUNCIONAIS 19
de Feynman de fun¸oes de Green de 2 e 4 pontos.
Figura 2.1 Exemplos de diagramas de Feynman para a teoria φ
4
.
O diagrama (a) ´e denominado diagrama de acuo. Ele consiste de duas parte sepa-
radas, sendo que a parte direita do diagrama ao se conecta a p ontos externos. Eles ao
eliminados pela condi¸ao de normaliza¸ao do funcional gerador, isto ´e, quando conside-
ramos o denominador de ( . ), diagramas de acuo ao aparecem na expans˜ao pertur-
bativa. O grafo (b) est´a relacionado `a fun¸ao de 4 pontos e ´e um exemplo de diagrama
desconectado. A figura 2.1(c) est´a associada `a fun¸ao de 2 pontos e ´e eliminada por re-
defini¸ao da massa. O diagrama (d) tamb´em representa uma dada contribui¸ao `a fun¸ao
de 2 pontos e pode ser dividido em dois pelo corte da linha central. a os diagramas
(e) e (f) ao podem ser divididos em duas partes ao cortarmos apenas uma das linhas
internas. Eles ao relacionados a fun¸ao de quatro pontos e ao exemplos de diagramas
de um e dois loops, respectivamente.
Se E ´e o n´umero de pernas externas, pela topologia dos gr´aficos podemos escrever:
I =
1
2
(4n E). ( . )
Para concluir esta se¸ao, introduzimos a id´eia de fun¸ao de Green incluindo operadores
compostos. Se na lagrangiana original considerarmos um termo de fonte para campos φ
2
do tipo
2
/2, a fun¸ao de Green para operadores compostos ´e definida como:
2.2 FUNC¸
˜
OES DE V
´
ERTICE E O POTENCIAL EFETIVO 20
G
(N,L)
(x
1
. . . x
N
, y
1
. . . y
N
) =
1
2
L
φ(x
1
) . . . φ(x
N
), φ
2
(y
1
) . . . φ
2
(y
N
). ( . )
De maneira an´aloga a ( . ), podemos escrever a express˜ao acima como:
G
(N,L)
(x
1
, . . . , x
N
, y
1
, . . . , y
N
)
δ
N+L
Z{J, t}
δJ(x
1
) . . . δJ(x
N
)δt(y
1
) . . . δt(y
N
)
J,t=0
. ( . )
No espa¸co dos momentos, a express˜ao
G
(N,L)
(k
1
, . . . , k
N
, p
1
, . . . , p
N
)
δ
N+L
Z{J, t}
δJ(k
1
) . . . δJ(k
N
)δt(p
1
) . . . δt(p
N
)
J,t=0
, ( . )
pode ser utilizada no alculo de fun¸oes de Green que incluem operadores compostos de
maneira semelhante `aquela definida em ( . ).
2.2 FUNC¸
˜
OES DE V
´
ERTICE E O POTENCIAL EFETIVO
Diagramas do tipo (b) na figura 2.1 ao denominados diagramas desconectados. Eles
podem ser escritos como produtos disjuntos de dois ou mais diagramas. Da mesma forma
denominamos diagramas conectados aqueles que ao podem ser escritos como tal produto.
Assim, a expans˜ao p ode, em geral, ser escrita como uma soma de diagramas conectados
e desconectados. Apenas diagramas conectados podem ser obtidos se utilizarmos o fun-
cional
F = ln Z{J}, ( . )
como funcional gerador das fun¸oes de Green conectadas. Escrevemos enao
G
(N)
c
(k
1
, . . . , k
N
) =
δ
(N)
F {J}
δJ(k
1
) . . . δJ(k
N
)
, ( . )
com G
(N)
c
(k
1
, . . . , k
N
) sendo as fun¸oes de Green de N pontos conectadas.
Podemos nos restringir a um n´umero menor ainda de diagramas se considerarmos
apenas diagramas cujos propagadores associados `as pernas externas, que ao envolvem
integrais, ao omitidos. Dentre esses diagramas selecionamos aqueles que ao podem ser
2.2 FUNC¸
˜
OES DE V
´
ERTICE E O POTENCIAL EFETIVO 21
divididos em dois cortando-se apenas uma linha e os chamamos de partes de v´ertice 1PI
(irredut´ıveis a uma part´ıcula). Os diagramas (c), (e) e (f) na figura 2.1 ao diagramas
deste tipo. a o diagrama (d) pode ser dividido em dois cortando-se a linha central e
ao ´e considerado 1PI. A vantagem de se trabalhar com partes de ertice 1PI ´e que uma
fun¸ao de Green de N pontos pode ser expressa em termos de Γ
(N)
, podendo a teoria ser
reconstru´ıda a partir de somas de partes de ertice 1PI. Esta formula¸ao da teoria ´e mais
elegante e fornece uma ferramenta natural para tratarmos quebras de simetria.
Para obtermos as partes de ertice 1PI partimos da transforma¸ao de Legendre
Γ{φ} + F {J} =
i
φ(i)J(i), ( . )
de onde podemos obter
φ(i) φ(k
i
) φ
i
=
δF {J}
δJ(i)
, ( . )
e
δΓ{φ}
δφ(i)
= J(i). ( . )
Note que, na ausˆencia de campo externo, Γ{φ} tem um extremo em φ = v(i) por( . ).
Se φ = 0, neste caso, a quebra espontˆanea de simetria, o que significa fisicamente que,
mesmo na ausˆencia de campo externo, a um campo macrosc´opico diferente de zero
relacionado ao φ. Este ´e exatamente o estado ordenado descrito no cap´ıtulo 1. Se φ = 0
obtemos o estado desordenado em que a simetria.
Assim como expandimos Z{J} nos campos externos para defini-lo como funcional
gerador das fun¸oes de Green, podemos expandir Γ{φ} em termos das m´edias dos campos,
φ, e identificarmos os coeficientes como sendo as parte de v´ertice 1PI
Γ
(N)
(1, . . . , N)
δ
N
Γ{φ}
δφ(1) . . . δφ(N)
J=0
. ( . )
Podemos associar um ´ındice L ao valor m´edio dos campos compostos φ
2
(y) de modo
que
Γ
(N,L)
(x
1
, . . . , x
N
, y
1
, . . . , y
N
)
δ
N+L
Γ{φ, t}
δφ(x
1
) . . . δφ(x
N
)δt(y
1
) . . . δt(y
N
)
J=0
, ( . )
2.2 FUNC¸
˜
OES DE V
´
ERTICE E O POTENCIAL EFETIVO 22
ao as partes de ertice 1PI para campos compostos. Os t(y
i
) ao definidos como em
( . ).
Partes de ertice 1PI ao identificadas como os coeficientes da expans˜ao de Γ{φ} na
m´edia dos campos:
Γ{φ} =
N=1
dx
1
. . . dx
N
1
N!
Γ
(N)
(x
1
. . . x
N
)φ(x
1
) . . . φ(x
N
). ( . )
Note que, de acordo com ( . ), os coeficientes da expans˜ao Γ
(N)
(x
1
. . . x
N
) ao especifi-
cados em J = 0, embora a vari´avel de expans˜ao seja φ. Isso significa que a expans˜ao ´e
feita em torno de um φ que ´e obtido quando J = 0. A equa¸ao ( . ) representa o caso
sim´etrico, portanto. Quando a quebra de simetria podemos escrever
Γ{φ} =
N=1
dx
1
. . . dx
N
1
N!
Γ
(N)
(x
1
. . . x
N
)[φ(x
1
) v] . . . [φ(x
N
) v], ( . )
onde
v
i
= lim
J0
φ. ( . )
Por fim, analisamos o caso em que temos uma distribui¸ao uniforme φ(x
i
) = Φ. Neste
caso
Γ{φ} =
N=2
1
N!
dx
1
. . . dx
N
Γ
(N)
(x
1
. . . x
N
)
Φ
N
, ( . )
Dada a transformada de Fourier de Γ
(N)
no limite de volume infinito:
Γ
(N)
(x
1
. . . x
N
) =
dk
1
(2π)
d
. . .
dk
N
(2π)
d
Γ
(N)
(k
1
. . . k
N
) exp(i
j
k
j
x
j
) ( . )
e definindo
Γ
(N)
(k
1
. . . k
N
) = (2π)
d
δk
i
(N)
(k
1
. . . k
N
). ( . )
Escrevemos
2.3 DIVERG
ˆ
ENCIAS NA TEORIA φ
4
E RENORMALIZAC¸
˜
AO 23
Γ{φ} =
N=2
1
N!
Γ
(N)
(0, . . . , 0)Φ
N
(2π)
d
δ(0) = (2π)
d
δ(0)U(Φ). ( . )
Que significa que Γ{φ} ´e proporcional ao volume do sistema. U(Φ) ´e denominado poten-
cial efetivo.
Antes de discutirmos uma express˜ao para o potencial efetivo, fazemos uma consi-
dera¸ao importante.
´
E poss´ıvel e conveniente trabalharmos com expans˜oes perturbativas
das partes de ertices 1PI em termos do n´umero de integra¸oes resultantes, ou no n´umero
l de loops definido em ( . ).
Se considerarmos apenas os termos de Γ
(N)
que ao possuem integrais, isto ´e, a ordem
zero da expans˜ao em loops, o potencial efetivo ser´a escrito como:
U(Φ) =
1
2
µ
2
(Φ)
2
+
λ
4!
2
)
2
. ( . )
Na an´alise da simetria do sistema partimos de ( . ) para J(i) = 0 e chegamos a conclus˜ao
de que esta equa¸ao ter´a Φ = 0 como solu¸ao trivial e
(Φ)
2
= 6
µ
2
λ
, ( . )
na fase de simetria quebrada. O valor do campo na equa¸ao ( . ) o faz sentido fisica-
mente no caso estudado se µ
2
< 0, ou seja, abaixo da temperatura cr´ıtica.
2.3 DIVERG
ˆ
ENCIAS NA TEORIA φ
4
E RENORMALIZAC¸
˜
AO
Muitas integrais que aparecem na expans˜ao diagram´atica das fun¸oes de ertice apre-
sentam resultados divergentes. Considere a integral relacionada a parte de ertice 1PI
do diagrama (e) mostrado na figura 2.1:
d
d
q
1
(q
2
+ µ
2
0
)[(q + k)
2
+ µ
2
0
]
( . )
An´alise dimensional elementar requer que ela tenha d 4 potˆencias de momento. Em
d = 4, esta integral diverge logaritmamente.
´
E de fundamental importˆancia portanto
que divergˆencias desse tipo sejam removidas a que elas ao representam divergˆencias de
natureza f´ısica associadas a determinadas quantidades na transi¸ao de fase.
2.3 DIVERG
ˆ
ENCIAS NA TEORIA φ
4
E RENORMALIZAC¸
˜
AO 24
Antes que as fun¸oes de ertice sejam tratadas por um programa de renormaliza¸ao,
precisamos redefinir as integrais de maneira a parametrizar o grau de divergˆencia. etodos
de regulariza¸ao ao empregados com esse prop´osito. Podemos por exemplo, permitir que
d seja arbitr´ario na integral ( . ) e a divergˆencia se manifestar´a como olos que ocorrem
quando d = 4. Esse processo se chama regulariza¸ao dimensional. Outro processo de re-
gulariza¸ao muito utilizado ´e a regulariza¸ao por corte (em inglˆes “cutoff”) dos momentos
e consiste em definir um limite de integra¸ao Λ acima do qual o integrando se anula, de
modo que divergˆencias ultravioleta manifestam-se como potˆencias de Λ para Λ .
An´alise dimensional tem um imp ortante papel no estudo das divergˆencias em quest˜ao.
Trabalhamos num sistema de unidades onde , c e K
B
ao adimensionais e, como con-
sequˆencia, qualquer grandeza ter´a dimens˜ao do comprimento L ou de seu inverso (a
dimens˜ao de momento Λ). A dimes˜ao canˆonica de um determinado objeto matem´atico
corresponde `a potˆencia de momento deste objeto. Assim, se o objeto X tem dimens˜ao
canˆonica x, podemos simbolizar esta rela¸ao na forma [X] = Λ
x
. Como tem dimens˜ao
de ao, esta ser´a adimensional o que implica que a dimens˜ao da densidade lagrangi-
ana em d dimens˜oes ´e L
d
= Λ
d
. A dimens˜ao de φ pode ser obtida a partir do termo
cin´etico |∇φ|
2
. Dessa maneira, obtemos [φ] = Λ
d/21
e, com isso, para a constante de
acoplamento, teremos
[λ] = Λ
4d
( . )
O que mostra que numa teoria φ
4
a constante de acoplamento λ ´e adimensional em d = 4.
De fato ´e nesta dimens˜ao que a teoria ´e renormaliz´avel [25].
Voltamos ao problema das divergˆencias. Diversos esquemas de renormaliza¸ao ao
usados para absorver a divergˆencia nos parˆametros da teoria ao-renormalizada (tamb´em
chamada de teoria “bare”). Conforme mencionamos, quando usamos regulariza¸ao por
cutoff, divergˆencias ultravioletas ao refletidas em potˆencias do cutoff Λ. Procedemos de
forma a absorver essa dependˆencia em Λ na constante de acoplamento λ e na massa µ que
aparecem na densidade lagrangiana inicial. Os valores destas grandezas, que ao medidos
em laborat´orio, assim como os valores reais associados `as fun¸oes de ertice ao definidos
em termos de grandezas finitas. Estas podem ser descritas a partir das condi¸oes de
normaliza¸ao.
2.3 DIVERG
ˆ
ENCIAS NA TEORIA φ
4
E RENORMALIZAC¸
˜
AO 25
Aqui trabalharemos com uma teoria renormalizada em momentos externos fixos e
massa renormalizada (ou diferen¸ca de temperatura) igual a zero. As condi¸oes de nor-
maliza¸ao que utilizaremos,
Γ
(2)
R
(0, g) = m = 0; ( . )
k
2
Γ
(2)
R
(k, g)
k
2
=κ
2
= 1; ( . )
Γ
(4)
R
(k
i
, g)
SP
= g; ( . )
Γ
(2,1)
R
(k
1
, k
2
, p, g)
SP
= 1, ( . )
ao suficientes para tornar todas as partes de ertice 1PI que ao renormalizadas mul-
tiplicativamente livres de divergˆencias. Nas condi¸oes acima, m e g ao a massa e a
constante de acoplamento renormalizados, SP significa ponto de simetria (do inglˆes ’sym-
metry point’).
´
E o ponto onde os momentos externos ao especificados e ´e definido por
SP : k
i
· k
j
=
κ
2
4
(4δ
ij
1), ( . )
que implica (k
1
+k
2
)
2
= κ
2
. Para a dependˆencia de Γ
(2,1)
em (k
1
+k
2
), o ponto de simetria
´e definido por
SP : k
2
i
=
3
4
κ
2
; k
1
· k
2
=
1
4
κ
2
, ( . )
o que implica p
2
= (k
1
+ k
2
)
2
= κ
2
. O ponto de simetria ´e ´util p ois permite somar
diagramas com formas integrais semelhantes que diferem apenas pela permuta¸ao dos
momentos externos, quando usamos condi¸oes de normaliza¸ao.
As condi¸oes ( . ) e ( . ) definem os parˆametros renormalizados g e m (m = 0,
neste caso). a as condi¸oes ( . ) e ( . ) definem as constantes de normaliza¸ao mul-
tiplicativas Z
φ
e Z
φ
2
. As fun¸oes de v´ertice ao definidas por
Γ
(N,L)
R
(k
i
, p
i
, g, κ) = Z
N/2
φ
Z
L
φ
2
Γ
(N,L)
(k
i
, p
i
, λ, Λ). ( . )
2.3 DIVERG
ˆ
ENCIAS NA TEORIA φ
4
E RENORMALIZAC¸
˜
AO 26
Isto quer dizer que a teoria de campos ´e renormalizada multiplicativamente. A partir das
condi¸oes ( . ) a ( . ) podemos escrever, at´e a ordem de um loop:
λ = g +
3
2
g
2
I
SP
, ( . )
Z
φ
= 1, ( . )
Z
φ
2
= Z
φ
Z
φ
2
= 1 +
1
2
gI
SP
, ( . )
onde
I
SP
=
Λ
1
q
2
(q + k
i
+ k
j
)
2
SP
. ( . )
A condi¸ao ( . ) determina um deslocamento na temperatura de transi¸ao. De fato,
em linguagem de sistemas magn´eticos, a susceptibilidade corresponde ao inverso da fun¸ao
de ertice Γ
(2)
R
(k = 0), ou seja, ao inverso de m. Dessa maneira, at´e a ordem de um loop,
podemos escrever
χ
1
= µ
2
+
λ
2
dq
1
q
2
+ µ
2
. ( . )
Note que a susceptibilidade ao diverge em µ = 0. Isto acontece para um certo valor
da temperatura para o qual o lado direito de ( . ) se anula. Escrevemos esta condi¸ao
como
µ
2
c
=
λ
2
dq
1
q
2
. ( . )
Isso significa que a um deslocamento na temperatura cr´ıtica de T
0
para T
c
. Definimos
µ
c
(T
c
T
0
) e δµ
2
= µ
2
µ
2
c
(T T
c
). Assim, a quantidade δµ
2
desempenha um
papel an´alogo ao do termo de fonte t(y) usado para gerar fun¸oes de Green de N pontos
para campos compostos quando t(y) = t, constante no espa¸co. Isso ´e justificado pelo fato
de que µ
2
´e o coeficiente do termo quadr´atico em φ acompanhado do fator de 1/2.
Aplicamos as condi¸oes de normaliza¸ao ( . ) a ( . ) de modo a tornar as fun¸oes
de ertice finitas. Vimos anteriormente como as fun¸oes de v´ertice ao obtidas das fun¸oes
de Green de N pontos e como estas ´ultimas ao obtidas de um funcional gerador definido
2.3 DIVERG
ˆ
ENCIAS NA TEORIA φ
4
E RENORMALIZAC¸
˜
AO 27
para uma densidade lagrangiana L. Modifica¸oes nas fun¸oes de Green e mesmo na
lagrangiana podem gerar uma teoria de valores finitos que resultar´a em fun¸oes de ertice
renormalizadas. Dessa forma, podemos escrever a densidade lagrangiana a em termos
de quantidades renormalizadas. Al´em de µ
2
e λ redefinidos em ( . ) e ( . ), pode-se
mostrar tamb´em que as grandezas
t
R
= Z
1
φ
2
t, ( . )
e
φ
R
= Z
1/2
φ
φ, ( . )
ao finitas e correspondem ao termo de fonte para campos compostos e o campo renor-
malizado respectivamente.
Analisamos agora um ponto importante do nosso estudo. O fato de que condi¸oes
de renormaliza¸ao definidas para uma teoria sem massa, ou seja, na temperatura cr´ıtica,
podem ser usadas para extrair infinitos de fun¸oes de ertice que ao definidos em uma
temperatura diferente de T
c
. Primeiro, note que podemos relacionar fun¸oes de v´ertice
definidas em T = T
c
com fun¸oes de ertice definidas em T = T
c
pela expans˜ao
Γ
(N,L)
(k
i
, p
i
, µ
2
, φ, g, κ) =
I,J=0
1
I!J!
dl
1
. . . dl
I
dq
1
. . . dq
J
( . )
φ(l
1
) . . . φ(l
I
)r(q
1
) . . . r(q
J
(N+I,L+J)
(k
i
, l
i
, p
i
, q
i
, µ
2
c
, λ, Λ), ( . )
onde r(q) ´e o coeficiente do termo quadr´atico em φ. No limite em que r se torna cons-
tante no espa¸co das coordenadas, temos que r(q) δµ
2
δ(q). Aplicamos as condi¸oes de
normaliza¸ao a ambos os lados da igualdade em ( . ). Como o lado direito ser´a finito,
o lado esquerdo tamb´em ser´a. Assim podemos escrever
Γ
(N,L)
R
(k
i
, p
i
, δt, M, g, κ) =
I,J=0
1
I!J!
M
I
(δt)
J
Γ
(N+I,L+J)
(k
i
, l
i
= 0, p
i
, q
i
= 0, g, κ) ( . )
onde M = Z
1/2
φ
φ e δt = Z
1
φ
2
δµ
2
ao o campo e a diferen¸ca de temperatura renormaliza-
2.3 DIVERG
ˆ
ENCIAS NA TEORIA φ
4
E RENORMALIZAC¸
˜
AO 28
dos respectivamente.
O alculo de expoentes e amplitudes cr´ıticas pode ser realizado de maneira elegante
se forem utilizadas ecnicas de grupo de renormaliza¸ao. Kadanoff [28] introduziu esta
id´eia a partir da ecnica de dizima¸ao. Para melhor entender como funciona esta ecnica,
considere, por simplicidade, uma rede hiperc´ubica em d dimens˜oes. Podemos entendˆe-
la como arios cubos interligados, cada cubo elementar da elula unit´aria contendo 2
d
spins. Uma dizima¸ao consiste em substituir os 2
d
spins do bloco da c´elula unit´aria por
um ´unico spin efetivo. Se repetirmos este procedimento para toda a rede, obtemos uma
rede efetiva cujo parˆametro de rede ´e o dobro da original.
Na temperatura de transi¸ao, em que o comprimento de correla¸ao diverge, obtemos a
propriedade de invariˆancia por escala. Dessa forma, um n´umero infinito de procedimentos
de dizima¸ao (ou de reescalas da rede) ´e permitido. Diversas quantidades podem ser cal-
culadas para uma determinada escala na qual os resultados ao dependem do parˆametro
de rede original, ou seja, a descri¸ao f´ısica de sistemas na criticalidade ao depende das
caracter´ısticas microsc´opicas destes sistemas, mas de parˆametros macrosc´opicos gerais.
Do ponto de vista operacional, a t´ecnica de Kadanoff de dizima¸ao, tamem conhecida
como grupo de renormaliza¸ao no espa¸co real teve dram´aticos avan¸cos quando foi adap-
tada ao espa¸co dos momentos. Em particular, esta ecnica introduzida por Wilson [29–32]
produziu pela primeira vez novos conceitos que permitiram calcular grandezas universais,
como expoentes cr´ıticos, e que permitiram entender fenˆomenos cr´ıticos em sistemas f´ısicos
completamente distintos, sendo essencialmente manifesta¸oes da mesma f´ısica atrav´es da
hip´otese da universalidade. Nesta formula¸ao, divergˆencias ultravioletas podem ser ma-
nipuladas matematicamente, enquanto que um processo f´ısico caracterizado por certos
expoentes finitos pode ser definido em termos de grandezas renormalizadas. As ´ultimas
ao livres das divergˆencias UV automaticamente.
No programa de renormaliza¸ao que estamos utilizando, determinamos quantidades
renormalizadas para uma escala de momento κ. Trataremos o grupo de renormaliza¸ao
como um grupo de transforma¸oes entre diferentes vers˜oes da teoria renormalizada em
diferentes escalas de momento (κ
1
, κ
2
, . . .) para uma mesma teoria ao-renormalizada.
Faremos aqui uma breve descri¸ao desse conceito.
Para que a teoria seja renormalizavel ´e necess´aria a existˆencia de uma certa dimens˜ao
2.3 DIVERG
ˆ
ENCIAS NA TEORIA φ
4
E RENORMALIZAC¸
˜
AO 29
espacial chamada de dimens˜ao cr´ıtica, em que a constante de acoplamento do termo
de intera¸ao se torna adimensional. Abaixo dessa dimens˜ao, podemos introduzir um
parˆametro que mede o desvio dessa dimens˜ao cr´ıtica e formular a teoria em termos de
constantes de acoplamento adimensionais. Definimos g
e λ u
0
κ
, onde u e u
0
ao as constantes de acoplamento adimensionais em suas vers˜oes renormalizada e ao-
renormalizada, respectivamente. A vari´avel κ tem dimens˜ao de momento e, portanto,
= 4 d determina a dimens˜ao canˆonica da constante de acoplamento. Dessa forma, a
rela¸ao ( . ) toma a forma
Γ
(N,L)
R
(k
i
, p
i
, u, κ) = Z
N/2
φ
Z
L
φ
2
Γ
(N,L)
(k
i
, p
i
, λ, Λ) ( . )
Uma teoria ao-renormalizada ao depende da escala de momento κ. Dessa forma,
aplicando a ambos os lados da rela¸ao ( . ) a derivada total κ(/∂κ)
λ,Λ
, obtemos a
equa¸ao de grupo de renormaliza¸ao na temperatura cr´ıtica, isto ´e,
κ
κ
+ β(u)
u
1
2
Nγ
φ
(u) +
φ
2
(u)
Γ
(N)
R
(k
i
, p
i
, u, κ) = 0, ( . )
onde
β(u) =
κ
u
κ
λ
=
ln u
0
u
1
, ( . )
γ
φ
(u) = κ
ln Z
φ
κ
λ
= β(u)
ln Z
φ
u
, ( . )
γ
φ
2
(u) = κ
ln Z
φ
2
κ
λ
= β(u)
ln(Z
φ
2
)
u
. ( . )
ao as fun¸oes de Wilson.
A fun¸ao β descreve como a constante de acoplamento adimensional u varia com a
escolha da escala de momento κ em que fixamos as condi¸oes de normaliza¸ao.
No ponto cr´ıtico, o comprimento de correla¸ao diverge e o sistema se torna invariante
sob uma mudan¸ca da escala. Dessa maneira, as constantes de acoplamento que caracte-
rizam o sistema f´ısico ao invariantes pela mudan¸ca de escala dos momentos κ. Assim,
temos β(u
) = 0, onde u
´e denominado ponto fixo. Dizemos enao que o sistema flui
a um ponto fixo na criticalidade (apenas no regime infravermelho de uma teoria sem
2.4 O PONTO DE LIFSHITZ 30
massa).
Podemos calcular as fun¸oes de Wilson usando as condi¸oes de normaliza¸ao para
determinar as constantes escritas na forma simb´olica. Para ordem de um loop, escrevemos
( . ) na forma
u
0
= u(1 + au). ( . )
Aplicando a ( . ), obtemos
β(u) =
ln u
0
u
1
= u(1 au); ( . )
Podemos calcular o ponto fixo u
fazendo β(u
) = 0 em ( . ). O coeficiente a na
express˜ao acima cont´em uma integral associada a expans˜ao perturbativa da fun¸ao de
v´ertice de 4 pontos acompanhada do fator de simetria associado ao diagrama correspon-
dente. Este fator de simetria depende do n´umero N de componentes do parˆametro de
ordem. Dessa forma, para um sistema com parˆametro de ordem de N componentes,
o ponto fixo u
tem dependˆencia em N e . Para N = 1, o caso em que estaremos
interessados, al´em do ponto fixo trivial u
= 0, temos
u
=
2
3
. ( . )
Este procedimento pode ser adaptado para modelos que descrevem sistemas compe-
titivos. O valor da constante de acoplamento no seu ponto fixo ´e utilizado no alculo das
amplitudes de susceptibilidades.
2.4 O PONTO DE LIFSHITZ
Vamos agora adaptar os conceitos discutidos nas se¸oes anteriores para tratarmos
sistemas f´ısicos que apresentam intera¸oes competitivas
A figura 2.2 mostra o diagrama de fases para sistemas competitivos do tipo Lifshitz.
Nele, T ´e a temperatura e P , um determinado parˆametro. A linha tracejada representa a
transi¸ao de primeira ordem entre as fases ferromagn´etica e modulada. A linha preenchida
representa uma transi¸ao de fase de segunda ordem. Estas linhas se encontram no ponto
multicr´ıtico indicado na figura, denominado ponto de Lifshitz. O comportamento cr´ıtico
2.4 O PONTO DE LIFSHITZ 31
descrito pela figura 2.2 corresponde a um fenˆomeno cr´ıtico do tipo Lifshitz.
Figura 2.2 Diagrama de fases para sistemas que exibem comportamento cr´ıtico do tipo
Lifshitz. Tes fases ao identificadas na vizinhan¸ca do ponto de Lifshitz: ferromagn´etica, para-
magn´etica e modulada. A linha preenchida representa uma transi¸ao de fase de segunda ordem.
A linha tracejada representa a transi¸ao de fase de primeira ordem entre as fases ferromagn´etica
e modulada. Estas linhas se encontram no ponto de Lifshitz.
Como vimos no cap´ıtulo 1, o comportamento cr´ıtico de Lifshitz mais simples ´e aquele
descrito pelo modelo ANNNI. Neste modelo apenas componentes de J
2
ao longo de uma
dire¸ao ao consideradas, de maneira que a hamiltoniana do sistema descrito pelo modelo
ANNNI ´e dada por
H =
j=x
1
,...,x
d
i
J
1j
S
ij
S
(i+1)j
J
2z
i
S
iz
S
(i+2)z
. ( . )
A densidade lagrangiana relacionada ao modelo ANNNI ´e obtida de maneira seme-
lhante `aquela desenvolvida para sistemas sem competi¸ao [33,34]. Maiores detalhes deste
procedimento podem ser encontrados na referˆencia [35]. Um certo cuidado ´e necess´ario
na expans˜ao de K(k) em potˆencias de k devido `as diferentes maneiras que os eixos com-
petitivos e ao competitivos ao tratados. Considere a parte livre da express˜ao ( . ):
d
d
xL
0
=
1
N
k
[K(k) 2|K(k)|
2
]ψ(k)ψ(k), ( . )
2.4 O PONTO DE LIFSHITZ 32
desenvolvemos a transformada inversa de K(k) =
i,α
K(R
i,α
) exp(ik ·R
i,α
) e obtemos
K(k) =
α
βJ
1
d1
i=1
exp(ik· R
i,α
) + βJ
1
exp(ik· R
α
) + βJ
2
exp(ik· R
α
)
. ( . )
Como no caso sem competi¸ao, expandimos as exponenciais em potˆencias pares de k. Na
regi˜ao cr´ıtica de Lifshitz, potˆencias em k
4
associadas a intera¸ao entre segundos vizinhos,
se tornam relevantes [24]. Assim, desenvolvendo exp(ix) = 1
x
2
2
+
x
4
24
. . . para o ´ultimo
termo na express˜ao acima e exp(ika) = 1
x
2
2
. . ., para os demais, obtemos
K(k) = K
0
1 βJ
1
k
2
ρ
2
βJ
1
1 + 4
J
2
J
1
k
2
ρ
2
+
4
3
βJ
2
k
4
ρ
2
a
2
+ . . .
, ( . )
onde K
0
= 2β(dJ
1
+ J
2
) e ρ =
J
1
2(dJ
1
+J
2
)
1/2
a. Substituindo em ( . ), escrevemos
d
d
xL
0
=
1
N
k
K
0
(1 2K
0
) + (4K
0
1)
k
2
ρ
2
+
1 + 4
J
2
J
1
k
2
ρ
2
4
3
J
2
J
1
k
4
ρ
2
a
2

.
( . )
O valor de K
0
para o qual o termo independente de k na express˜ao acima se anula define
a temperatura cr´ıtica de campo edio T
0
= 4(dJ
1
+ J
2
). Expandindo K
0
em torno deste
valor, a express˜ao acima toma a forma:
d
d
xL
0
=
1
N
k
1
2

T T
0
T
0
+ k
2
ρ
2
+ k
2
ρ
2
1 + 4
J
2
J
1
4
3
k
4
ρ
2
a
2
ψ(k)ψ(k).
( . )
No limite cont´ınuo ( . ) e ( . ), e com a redefini¸ao dos campos ( . ), podemos
escrever
d
d
xL
0
=
d
d
k
(2π)
d
1
2

T T
0
ρ
2
T
0
+k
2
+k
2
1+4
J
2
J
1
4
3
J
2
J
1
a
2
k
4
φ(k)φ(k). ( . )
Esta ´e a contribui¸ao para a parte livre da densidade lagrangiana. No espa¸co das coor-
denadas escrevemos
L = σ
1
2
|∇
2
1
φ|
2
+
1
2
|∇
(d1)
φ|
2
+ δ
0
1
2
|∇
1
φ|
2
+
1
2
µ
2
φ
2
+
1
4!
λφ
4
, ( . )
2.4 O PONTO DE LIFSHITZ 33
onde σ =
3
4
J
2
J
1
a
2
, δ
0
=
1 + 4
J
2
J
1
, µ
2
=
T T
0
ρ
2
T
0
e λ =
dJ
1
+J
2
J
1

1 4
T T
0
T
0

8
a
4d
. O
alculo dos termos ao incluidos na parte livre ´e idˆentico `aquele do caso ao competitivo.
O modelo que estudaremos ´e uma generaliza¸ao do modelo ANNNI. Nele a intera¸oes
competitivas ao apenas ao longo de uma dire¸ao espacial, mas ao longo de um umero
gen´erico m de dire¸oes. Neste caso, temos m eixos competitivos e d m eixos ao
competitivos. O acoplamento J
2
tem, portanto, componentes ao longo de m dire¸oes
espaciais, de modo que a densidade lagrangiana ( . ) ´e generalizada para
L = σ
1
2
|∇
2
m
φ|
2
+
1
2
|∇
(dm)
φ|
2
+ δ
0
1
2
|∇
m
φ|
2
+
1
2
µ
2
φ
2
+
1
4!
λφ
4
. ( . )
Note que derivadas de ordens diferentes aparecem na express˜ao acima e devem contri-
buir de maneira diferente para a dimens˜ao canˆonica da densidade lagrangiana. O papel
da constante σ ´e fazer com que o primeiro termo tenha dimens˜ao canˆonica igual a dos
outros termos. O coeficiente δ
0
depende da raz˜ao J
1
/J
2
. Para determinado valor desta
raz˜ao, δ
0
se anula. Esta condi¸ao define a regi˜ao cr´ıtica de Lifshitz, que ser´a usada na
nossa discuss˜ao daqui por diante.
Podemos identificar a dimens˜ao canˆonica do primeiro termo `a direita em ( . ) como
sendo igual a dos outros termos na express˜ao sem utilizar a constante σ. Se σ for escolhido
adimensional, σ = 1, podemos fazer uma redefini¸ao dimensional ao longo das dire¸oes
paralelas aos eixos competitivos, de modo que a dimens˜ao canˆonica dos momentos ao
longo destas dire¸oes ser´a a metade da dimens˜ao canˆonica dos momentos ao longo das
dire¸oes p erpendiculares a estes eixos [36].
Analisaremos a dimens˜ao de algumas quantidades para duas situa¸oes: m < d, o caso
anisotr´opico e m = d, o caso isotr´opico. Para valores de d muito diferentes de 8, o caso
isotr´opico ao pode ser tratado usando as mesmas ecnicas. Trabalharemos neste caso
para d pr´oximo a 8.
Seja q uma escala de momento ao longo das d m dire¸oes, enquanto que k ´e uma
escala de momento ao longo das m dire¸oes competitivas. A redefini¸ao dimensional
dos momentos ao longo do eixos de competi¸ao ´e equivalente a condi¸ao [k] = [q]
1/2
=
Λ
1/2
. Neste caso, o elemento de volume no espa¸co dos momentos, como aqueles que
aparecem nas integrais associadas a diagramas de Feynman, ter´a dimens˜ao dada por
[d
dm
qd
m
k] = Λ
dm/2
. Elementos de integra¸ao espacial ter˜ao dimens˜ao inversa a esta,
2.4 O PONTO DE LIFSHITZ 34
ou seja [d
dm
x
d
m
x
] = Λ
(dm/2)
, onde x
representa coordenadas espaciais ao longo das
dire¸oes perpendiculares aos eixos de competi¸ao. A vari´avel x
representa as coordenadas
espaciais ao longo das dire¸oes paralelas a estes eixos.
A dimens˜ao do campo φ pode ser calculada de maneira semelhante `aquela desenvolvida
na se¸ao 2.3 para sistemas sem competi¸ao. A ao ´e adimensional, de maneira que a
dimens˜ao canˆonica dos termos da densidade lagrangiana dever´a ser o negativo do elemento
de volume da integral espacial que a cont´em. A dimens˜ao de uma derivada espacial ´e
negativo da dimens˜ao espacial, ou seja ter´a dimens˜ao de momento ao longo da dire¸ao
considerada. Analisando tanto a derivada de ordem quadr´atica quanto a derivada de
ordem qu´artica, obtemos o mesmo resultado que pode ser escrito como
[φ] = Λ
1
2
d
m
2
1
. ( . )
A partir disso, determinamos a dimens˜ao canˆonica da constante de acoplamento λ, de
maneira que a integral espacial do termo (λ/4!)φ
4
ser´a adimensional. Assim, escrevemos
[λ] = Λ
4d+
m
2
. ( . )
A dimens˜ao espacial onde a constante de acoplamento se torna adimensional ´e cha-
mada de dimens˜ao cr´ıtica da teoria de campo associada. O expoente de ( . ) se anula
quando d = d
c
= 4 + m/2. O desvio da dimens˜ao cr´ıtica naturalmente define um
parˆametro que ser´a ´util na descri¸ao perturbativa. No caso do comportamento cr´ıtico
de Lifshitz anisotr´opico, o parˆametro perturbativo ser´a
L
= d
c
d = 4 +
m
2
d. ( . )
O propagador para a teoria de campo que descreve sistemas competitivos pode ser
obtido da seguinte maneira. Seja a transformada de Fourier do campo
φ(x) =
d
dm
qd
m
k exp[i(qx
+ kx
)]φ(k). ( . )
A partir da densidade lagrangiana ( . ), o propagador livre ao-renormalizado ser´a dado
por
2.5 GRUPO DE RENORMALIZAC¸
˜
AO PARA SISTEMAS COMPETITIVOS 35
G
0
=
1
(k
2
)
2
+ q
2
+ µ
2
. ( . )
Toda esta an´alise pode ser adaptada para o caso isotr´opico. Como m = d, o segundo
termo na express˜ao para a densidade lagrangiana ( . ) ao aparece. O elemento de
integra¸ao definido no espa¸co dos momentos ter´a dimens˜ao canˆonica determinada por
[d
m
k] = Λ
m/2
. Para determinar a dimens˜ao do campo φ, trabalhamos com o termo de
ordem qu´artica na derivada na densidade lagrangiana. Procedendo de maneira idˆentica
ao caso anisotr´opico, obtemos
[φ] = Λ
m
4
1
. ( . )
Consequentemente, obtemos a seguinte express˜ao para a dimens˜ao canˆonica da cons-
tante de acoplamento
[λ] = Λ
8m
2
. ( . )
A dimens˜ao cr´ıtica para o caso isotr´opico vale d
c
= m = 8. O parˆametro perturbativo
correspondente ser´a
L
= 8 d. ( . )
Argumentos an´alogos `aqueles utilizados para o caso isotr´opico nos permitem concluir
que o propagador livre no espa¸co dos momentos ser´a dado por
G
0
=
1
(k
2
)
2
+ µ
2
. ( . )
No ponto cr´ıtico escrevemos a express˜ao acima e o propagador ( . ) para µ = 0.
2.5 GRUPO DE RENORMALIZAC¸
˜
AO PARA SISTEMAS COMPETITIVOS
Para sistemas competitivos, quantidades renormalizadas podem ser obtidas em termos
de quantidades ao-renormalizadas utilizando um esquema de renormaliza¸ao semelhante
`aquele usado no caso de sistemas sem competi¸ao.
Considere, inicialmente, o caso anisotr´opico. As integrais de Feynman envolvidas
2.5 GRUPO DE RENORMALIZAC¸
˜
AO PARA SISTEMAS COMPETITIVOS 36
depender˜ao de duas escalas de momento externo. Definimos dois conjuntos de condi¸oes
de normaliza¸ao [36] relacionadas aos eixos competitivos e ao competitivos. Para os eixos
ao competitivos, definimos um conjunto de condi¸oes de normaliza¸ao com momentos
externos especificados no ponto de simetria (SP), definido por
p
i
· p
j
=
κ
2
1
4
(4δ
ij
1). ( . )
Isto leva a (p
i
+ p
j
)
2
= κ
2
1
, para i = j. Para este conjunto de condi¸oes de normaliza¸ao,
todas as fun¸oes de ertice 1PI ao definidas com as componentes dos momentos externos
ao longo das dire¸oes paralelas aos eixos competitivos iguais a zero. Fixamos a escala de
momento da fun¸ao de 2 pontos, fazendo κ
2
1
= 1. As condi¸oes de normaliza¸ao ao enao
Γ
(2)
R
(0, g
1
) = 0, ( . )
p
2
Γ
(2)
R
(p, g
1
)
p
2
=κ
2
1
= 1, ( . )
Γ
(4)
R
(pi, g
1
)
SP
= g
1
, ( . )
Γ
(2,1)
R
(p
1
, p
2
, p, g
1
)
SP
= 1. ( . )
Na equa¸ao ( . ), onde a uma vari´avel de momento associada a um campo composto,
o ponto de simetria satisfaz p
2
= (p
1
+ p
2
)
2
= κ
2
1
.
Da mesma maneira, definimos as condi¸oes de normaliza¸ao para os eixos competi-
tivos. Neste caso, as fun¸oes de v´ertice 1PI ao definidas em momentos externos nulos
perpendiculares aos eixos de competi¸ao. Agora, os momentos externos ao longo das
dire¸oes de competi¸ao ao escolhidos em uma escala de momento externo igual a κ
2
.
Portanto estas observoes se traduzem nas seguintes condi¸oes de normaliza¸ao:
Γ
(2)
R
(0, g
2
) = 0, ( . )
k
4
Γ
(2)
R
(k
, g
2
)
k
4
=κ
4
2
= 1, ( . )
2.5 GRUPO DE RENORMALIZAC¸
˜
AO PARA SISTEMAS COMPETITIVOS 37
Γ
(4)
R
(k
i
, g
2
)
SP
= g
2
, ( . )
Γ
(2,1)
R
(k
1
, k
2
, p
, g
2
)
SP
= 1, ( . )
onde o ponto de simetria agora ´e definido por
k
i
· k
j
=
κ
2
2
4
(4δ
ij
1), ( . )
o que implica que (k
i
+ k
j
)
2
= κ
2
2
. Na equa¸ao ( . ), temos p
2
= (k
1
+ k
2
)
2
= κ
2
2
.
Fixamos a escala de momento da fun¸ao de dois pontos por k
2
= κ
2
2
= 1.
Estes dois conjuntos de condi¸oes de normaliza¸ao levam a duas diferentes constantes
de acoplamento renormalizadas. Assim, podemos tratar de forma independente os fluxos
de momento para os eixos competitivos e ao competitivos.
Definimos as constantes de acoplamento renormalizada g
1
= u
1
(κ
2
1
)
L
/2
e ao-renorma-
lizada λ
1
= u
01
(κ
2
1
)
L
/2
em termos das quantidades adimensionais u
1
e u
01
. Estas quan-
tidades est˜ao associadas ao fluxo da componentes de momento perpendiculares aos eixos
competitivos.
Da mesma forma, para as componentes de momento paralelas aos eixos competitivos,
podemos relacionar constantes de acoplamento renormalizadas adimensionais u
2
e u
02
a
λ
2
e g
2
pelas identidades g
2
= u
2
(κ
4
2
)
L
/2
e λ
2
= u
02
(κ
4
2
)
L
/2
.
Para o caso isotr´opico, precisamos de apenas um conjunto de condi¸oes de norma-
liza¸ao. Para evitar confus˜ao com o subespa¸co competitivo do caso anisotr´opico, vamos
fixar uma escala de momento diferente para definir grandezas renormalizadas do caso
isotr´opico. Por exemplo, suponha que a teoria renormalizada ´e definida em uma escala
de momento externo κ
3
. Seja a constante de acoplamento renormalizada definida nessa
escala de momento igual a g
3
. Neste caso, podemos escrever as condi¸oes de normaliza¸ao
da seguinte forma:
Γ
(2)
R
(0, g
3
) = 0, ( . )
k
4
Γ
(2)
R
(k
, g
3
)
k
4
=κ
4
3
= 1, ( . )
2.5 GRUPO DE RENORMALIZAC¸
˜
AO PARA SISTEMAS COMPETITIVOS 38
Γ
(4)
R
(k
i
, g
3
)
SP
= g
3
, ( . )
Γ
(2,1)
R
(k
1
, k
2
, p
, g
3
)
SP
= 1. ( . )
O ponto de simetria ´e definido por
k
i
· k
j
=
κ
2
3
4
(4δ
ij
1), ( . )
o que implica que (k
i
+ k
j
)
2
= κ
2
3
. Em ( . ) o ponto de simetria determina p
2
=
(k
1
+ k
2
)
2
= κ
2
3
. A escala de momento ´e fixa por k
4
= κ
2
3
= 1. Para o caso isotr´opico,
ao precisamos de duas escalas de momento diferentes para renormalizarmos a teoria.
Como no caso anisotr´opico, relacionamos as constante de acoplamento g
3
e λ
3
`as
quantidades adimensionais u
3
e u
03
a partir das identidades g
3
= u
3
(κ
4
3
)
L
/2
e λ
3
=
u
03
(κ
4
3
)
L
/2
.
Podemos simplificar a nota¸ao usada para nos referirmos aos trˆes conjuntos de condi¸oes
de normaliza¸ao. Para o caso anisotr´opico, utilizamos o otulo τ = 1, 2 para as quantida-
des relacionadas aos eixos ao competitivo e competitivo respectivamente. Para o caso
isotr´opico utilizamos o otulo τ = 3. Assim, constantes de normaliza¸ao definidas por
estes conjuntos podem ser escritos como Z
φ(τ)
, Z
φ
2
(τ)
, u
τ
e u
0τ
.
Fun¸oes de ertice ao renormalizadas multiplicativamente pela rela¸ao
Γ
(N,L)
R(τ)
(p
i(τ)
, Q
i(τ)
, g
τ
, κ
τ
) = Z
N/2
φ(τ)
Z
L
φ
2
(τ)
Γ
(N,L)
(p
i(τ)
, Q
i(τ)
, λ
τ
, Λ
τ
), ( . )
onde as constante de normaliza¸ao envolvidas ao definidas pelo conjunto de condi¸oes
de normaliza¸ao adequado especificado pelo otulo τ. Em termos das constantes de
acoplamento adimensionais, a equa¸ao ( . ) pode ser escrita como
Γ
(N,L)
R(τ)
(p
i(τ)
, Q
i(τ)
, u
τ
, κ
τ
) = Z
N/2
φ(τ)
Z
L
φ
2
(τ)
Γ
(N,L)
(p
i(τ)
, Q
i(τ)
, u
0τ
, Λ
τ
). ( . )
De maneira semelhante `aquela descrita na se¸ao (2.3), obtemos a equa¸ao de grupo de
renormaliza¸ao definida na temperatura cr´ıtica derivando ambos os lados de ( . ) em
rela¸ao a κ
τ
(/∂κ
τ
)
λ
τ
,Λ
τ
. Como as fun¸oes de ertice ao-renormalizadas ao dependem
da escala de momento κ
τ
, obtemos
2.5 GRUPO DE RENORMALIZAC¸
˜
AO PARA SISTEMAS COMPETITIVOS 39
κ
τ
κ
τ
+ β(u
τ
)
u
τ
1
2
Nγ
φ
(τ)
(u
τ
) +
φ
2
(τ)
(u
τ
)
Γ
(N)
R
(p
i(τ)
, Q
i(τ)
, u
τ
, κ
τ
) = 0, ( . )
onde
β
τ
(u
τ
) =
κ
τ
u
τ
κ
τ
λ
τ
= τ
L
ln u
0τ
u
τ
1
, ( . )
γ
φ(τ)
(u
τ
) = κ
τ
ln Z
φ(τ)
κ
τ
λ
τ
= β
τ
(u
τ
)
ln Z
φ(τ)
u
τ
, ( . )
e
γ
φ
2
(τ)
(u
τ
) = κ
τ
ln Z
φ
2
(τ)
κ
τ
λ
τ
= β
τ
(u
τ
)
ln Z
φ
2
(τ)
u
τ
, ( . )
ao as fun¸oes de Wilson. Note que a fun¸ao β
τ
escrita para os eixos competitivos ´e o
dobro daquela definida para os eixos ao competitivos.
´
E preciso um certo cuidado para escrever as fun¸oes de Wilson para o caso isotr´opico.
Escrevemos enao separadamente
β(u
3
) =
κ
3
u
3
κ
3
λ
3
=
L
ln u
03
u
3
1
, ( . )
γ
φ(3)
(u
3
) = κ
3
ln Z
φ(3)
κ
3
λ
3
= β
3
(u
3
)
ln Z
φ(3)
u
3
, ( . )
e
γ
φ
2
(3)
(u
3
) = κ
3
ln Z
φ
2
(3)
κ
3
λ
3
= β
3
(u
3
)
ln Z
φ
2
(3)
u
3
. ( . )
As fun¸oes β
τ
descrevem fluxos de momento independentes. Discutimos na se¸ao (2.3)
que na criticalidade, o comprimento de correla¸ao diverge e o sistema se torna invariante
por escala, assim o sistema ´e descrito em termos de uma constante de acoplamento que
ao depende da escala de momento em que a teoria ´e renormalizada. Dizemos ent˜ao que
a constante de acoplamento flui a um ponto fixo. A fun¸ao beta descreve a varia¸ao da
constante de acoplamento com a escala de momento. Determinamos o ponto fixo ent˜ao,
a partir da condi¸ao β
τ
(u
τ
) = 0.
Das condi¸oes de normaliza¸ao para os trˆes casos descritos aqui, escrevemos at´e a
ordem de um “loop” na expans˜ao
2.5 GRUPO DE RENORMALIZAC¸
˜
AO PARA SISTEMAS COMPETITIVOS 40
u
0τ
= u
τ
(1 + a
τ
u
τ
). ( . )
Aplicamos a rela¸ao acima a ( . ) e obtemos
β(u) = τ
L
u
τ
(1 a
τ
u
τ
) = 0. ( . )
Na express˜ao acima o coeficiente a
τ
´e uma fun¸ao do n´umero de componentes do parˆametro
de ordem N e do parˆametro
L
. Pode-se mostrar, resolvendo a integral de Feynman asso-
ciada, que quando especificado no ponto de simetria para os casos com e sem competi¸ao,
o coeficiente a
τ
´e independente de τ . Isso significa que o ponto fixo ´e o mesmo para
ambos os casos. Para N = 1, a solu¸ao de ( . ) ser´a
u
=
2
3
L
. ( . )
O mesmo racioc´ınio pode ser aplicado ao caso isotr´opico. O formato das equa¸oes
´e idˆentico `aquelas que descrevem quantidades associadas aos eixos ao competitivos,
trocando-se apenas o otulo 1 por 3 e exclu´ıdo o fator τ que multiplica ( . ). Assim, o
ponto fixo at´e a ordem
L
tamem ser´a dado pelo resultado ( . ).
A partir de um processo an´alogo `aquele descrito na se¸ao (2.3) relacionando fun¸oes de
v´ertice associadas a teorias cr´ıticas e ao cr´ıticas, pode-se deduzir equa¸oes de grupo de
renormaliza¸ao para temperaturas acima e abaixo de T
c
. Rela¸oes de escala de momento
entre solu¸oes dessas equa¸oes ao utilizadas no alculo de expoentes cr´ıticos. O alculo
de expoentes cr´ıticos est´a fora de nosso prop´osito neste trabalho. Listaremos aqueles
que ser˜ao ´uteis para coment´arios relacionados a nossos alculos expostos no cap´ıtulo 3.
O leitor interessado deve consultar a referˆencia [36]. O expoente cr´ıtico γ
L
para o caso
anisotr´opico associado ao comportamento cr´ıtico da susceptibilidade pode ser escrito
como
γ
L
= 1 +
(N + 2)
2(N + 8)
L
, ( . )
enquanto que o expoente da magnetiza¸ao anisotr´opica vale
β
L
=
1
2
3
2(N + 8)
L
. ( . )
2.5 GRUPO DE RENORMALIZAC¸
˜
AO PARA SISTEMAS COMPETITIVOS 41
Os expoentes an´alogos isotr´opicos ao dados por
γ
L
= 1 +
(N + 2)
4(N + 8)
L
, ( . )
e
β
L
=
1
2
3
4(N + 8)
L
. ( . )
Estes expoentes ao escritos at´e a ordem
L
na expans˜ao perturbativa. Note que eles
dependem unicamente de d, m e N, o que confirma o car´ater universal destas quantidades.
CAP
´
ITULO 3
AMPLITUDES CR
´
ITICAS PARA PONTOS DE
LIFSHITZ m-AXIAIS
Apesar das amplitudes cr´ıticas de alguns potenciais termodinˆamicos serem ao uni-
versais, a raz˜ao entre as amplitudes desses potenciais acima e abaixo da temperatura de
transi¸ao ao grandezas universais. Vamos nos concentrar na descri¸ao da raz˜ao entre as
amplitudes da susceptibilidade para sistemas que exibem comportamento cr´ıtico do tipo
Lifshitz m-axial daqui por diante.
Como mencionado no cap´ıtulo 1, quantidades como a susceptibilidade, o calor es-
pec´ıfico e o comprimento de correla¸ao, que ao derivadas segundas da energia livre,
divergem na transi¸ao. Estas divergˆencias ao de natureza f´ısica, diferente daquelas que
ao extra´ıdas por etodos de renormaliza¸ao. Fora da temperatura cr´ıtica estas quan-
tidades ao finitas e podem ser calculadas usando etodos de teoria de campos, cujos
conceitos e defini¸oes asicas foram apresentados no cap´ıtulo 2. Valores das amplitu-
des cr´ıticas ao, em geral, diferentes para temperaturas imediatamente acima e abaixo
da temperatura de transi¸ao, o que caracteriza uma descontinuidade destes valores. A
raz˜ao entre as amplitudes cr´ıticas ´e, portanto, um parˆametro importante na descri¸ao da
transi¸ao de fase.
Vimos que expoentes e raz˜oes entre amplitudes cr´ıticas ao exemplos de grandezas
universais: ao dependem dos detalhes microsc´opicos do sistema f´ısico estudado, mas sim
de caracter´ısticas gerais comuns a diversos sistemas. Expoentes e raz˜oes entre amplitudes
cr´ıticas de sistemas competitivos pertencem `as classes de universalidade especificadas
pelos parˆametros (d, N, m).
Trabalharemos no esquema dimensional apresentado no cap´ıtulo 2 para sistemas com-
petitivos. Calcularemos a susceptibilidade para temperaturas acima e abaixo da tempe-
ratura de Lifshitz partindo do potencial efetivo nos valendo da analogia entre este e a
energia livre de Helmholtz. De fato, a susceptibilidade ´e dada pela rela¸ao
42
3.1 O POTENCIAL EFETIVO 43
χ =
M
H
. ( . )
O campo magn´etico pode ser obtido em termos da magnetiza¸ao M, por
H =
A
M
, ( . )
onde A ´e a energia livre de Helmholtz. Apartir da equa¸ao ( . ) observamos que o
funcional gerador das fun¸oes de Green conectadas F corresponde ao negativo da energia
livre de Gibbs:
F G ( . )
As energias livres de Gibbs e de Helmholtz ao relacionadas por AG = HM. Assim,
pela transforma¸ao de Legendre ( . ), notamos a correspondˆencia
Γ A, ( . )
isto ´e, a menos de um volume infinito, o potencial efetivo U ´e an´alogo `a energia livre de
Helmholtz. Utilizaremos enao, a rela¸ao
H =
U
M
( . )
que identifica o campo H com a fun¸ao de ertice de um ponto Γ
(1)
. A rela¸ao ( . )
associa χ ao inverso da fun¸ao de v´ertice de dois pontos Γ
(2)
. Obteremos uma express˜ao
para χ a partir das identidades ( . ) e ( . ) e das fun¸oes de v´ertice 1PI associadas. Para
tanto, precisamos de uma uma express˜ao renormalizada do potencial efetivo at´e a ordem
de um loop. Vamos analisar o caso N = 1 para evitar discutir modos de Goldstone para
N > 1.
3.1 O POTENCIAL EFETIVO
Na se¸ao (2.2) calculamos o potencial efetivo considerando apenas termos em ordem
zero na expans˜ao em n´umero de loops. Escreveremos agora a express˜ao para at´e a ordem
de um loop.
U(φ) ´e definido em ( . ) como a soma de partes de v´ertice com momentos externos
3.1 O POTENCIAL EFETIVO 44
nulos. Para a contribui¸ao das partes de v´ertice da ordem de um loop consideramos a
soma de todos os diagramas desse tipo numa teoria φ
4
.
Figura 3.1 Na defini¸ao do potencial efetivo, todos diagramas da ordem de um loop para
qualquer n´umero de ertices ao somados. Os momentos externos ao nulos e pernas externas,
representadas pelas linhas tracejadas, ao omitidas.
Como os momentos externos ao nulos, a apenas um produto de n propagadores em
uma integral definida em d dimens˜oes. Desenvolvemos o alculo do potencial efetivo para
os casos anisotr´opico e isotr´opico.
3.1.1 O caso anisotr´opico
Utilizamos o propagador ( . ) no desenvolvimento da soma descrita pela figura (3.1).
O diagrama de ordem de um loop com 2n pernas externas ter´a express˜ao integral com o
correspondente fator de simetria dado por
Γ
(2n)
(0, . . . , 0) = (2n 1)!
λ
2
n
d
dm
qd
m
k
1
(q
2
+ (k
2
)
2
+ µ
2
)
n
. ( . )
Substituindo esta express˜ao na defini¸ao ( . ), obtemos
U
1loop
(Φ) =
n=1
1
(2n)!
(2n 1)!
λ
2
n
d
dm
qd
m
k
1
(q
2
+ (k
2
)
2
+ µ
2
)
n
Φ
2n
. ( . )
O que leva a
U
1loop
(Φ) =
1
2
d
dm
qd
m
k
n=1
1
n
1
(q
2
+ (k
2
)
2
+ µ
2
)
n
λΦ
2
2
n
. ( . )
3.1 O POTENCIAL EFETIVO 45
Para somar a s´erie, utilizamos a rela¸ao ln(1 + x) = Σ
1
(1/n)(x)
n
. Obtemos enao
U
1loop
(Φ) =
1
2
d
dm
qd
m
k ln
1 +
λΦ
2
/2
q
2
+ (k
2
)
2
+ µ
2
. ( . )
Acrescentando a contribui¸ao em zero loop obtida na se¸ao (2.2), escrevemos o potencial
efetivo at´e a ordem de um loop:
U(Φ) =
1
2
µ
2
Φ
2
+
λ
4!
Φ
4
+
1
2
d
dm
qd
m
k ln
1 +
λΦ
2
/2
q
2
+ (k
2
)
2
+ µ
2
. ( . )
A express˜ao acima ´e escrita em termos de parˆametros ao-renormalizados, que apresen-
tam divergˆencias. Podemos escrever a express˜ao acima em termos de parˆametros finitos.
Como a diferen¸ca de temperatura δµ
2
desempenha um papel an´alogo ao do termo de
fonte t, podemos escrever a diferen¸ca de temperatura renormalizada como
t = Z
1
φ
2
(τ)
δµ
2
. ( . )
Isto ´e an´alogo a ( . ). Rescrevemos ( . ) com M sendo a magnetiza¸ao renormalizada
(ou campo renormalizado):
M = Z
1/2
φ(τ)
Φ. ( . )
Uma propriedade geral das grandezas universais ´e que elas ao obtidas em termos de
objetos que ao fun¸oes da constante de acoplamento no ponto fixo. Vamos enao calcular
o potencial efetivo da agina anterior como fun¸ao das grandezas renormalizadas e da
constante de acoplamento no ponto fixo u
. As constantes de normaliza¸ao ao dadas
pelas condi¸oes de normaliza¸ao da teoria sem massa vista na se¸ao (2.5). Substituindo
no potencial efetivo ( . ) as rela¸oes ( . ), ( . ) e as redefini¸oes da massa e da
constante de acoplamento dadas pelas condi¸oes de normaliza¸ao referentes ao subespa¸co
especificado por τ , obtemos
U(M) =
1
2
tM
2
+
1
4!
u
M
4
+
1
2
d
m
kd
dm
q
ln
1 +
1
2
u
M
2
(k
2
)
2
+q
2
+t
1
2
u
M
2
((k
2
)
2
+q
2
)
+
1
4
u
tM
2
+
1
4
u
2
M
4
I
SP
τ
, ( . )
onde fizemos κ
2
τ
= 1 e a constante de acoplamento no seu valor de ponto fixo u
. Este ´e
o potencial efetivo renormalizado para um sistema competitivo anisotr´opico. Neste caso,
3.1 O POTENCIAL EFETIVO 46
I
SP
´e definido por
I
SP
τ
=
d
dm
qd
m
k
1
{[(k + K
)
2
]
2
+ (q + P )
2
}[(k
2
)
2
+ q
2
]
SP
τ
. ( . )
Note que a express˜ao acima ´e geral, mas devemos particularizar o subespa¸co que nos
interessa para realizarmos as transforma¸oes de grupo de renormaliza¸ao. Por exemplo,
se usarmos as condi¸oes de normaliza¸ao correspondentes a τ = 1 (subespa¸co ao com-
petitivo), devemos escolher K
= 0 e P
2
= 1 na integral acima, simbolizada por I
SP
1
.
Quando analisamos o fluxo de momento no acoplamento no subespa¸co comp etitivo τ = 2,
devemos fixar P = 0 e K
2
= 1 na integral acima escrita como I
SP
2
. Esta forma ´e conve-
niente para tratar independentemente as transforma¸oes de grupo de renormaliza¸ao nos
dois subespa¸oes distintos do problema.
3.1.2 O caso isotr´opico
No caso isotr´opico, precisamos de apenas um tipo de subespa¸co. Portanto, o elemento
de volume das integrais de um loop ´e d
m
k. O propagador livre ´e dado por ( . ).
Portanto, a express˜ao resultante para o potencial efetivo ao-renormalizado at´e a ordem
de um loop pode ser escrita como
U(Φ) =
1
2
µ
2
Φ
2
+
λ
4!
Φ
4
+
1
2
d
m
k ln
1 +
λΦ
2
/2
(k
2
)
2
+ µ
2
. ( . )
O potencial efetivo renormalizado pode ser obtido de forma identica `aquela descrita
para o caso anisotr´opico. No ponto fixo, obtemos ent˜ao, a seguinte express˜ao
U(M) =
1
2
tM
2
+
1
4!
u
M
4
+
1
2
d
m
k
ln
1 +
1
2
u
M
2
(k
2
)
2
+t
1
2
u
M
2
(k
2
)
2
+
1
4
u
tM
2
+
1
4
u
2
M
4
I
SP
, ( . )
Para o caso isotropico, I
SP
´e definido pela integral
I
SP
=
d
m
k
1
[(k + K
)
2
]
2
(k
2
)
2
SP
. ( . )
para o ponto de simetria fixado em K
2
= 1.
3.2 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ANISOTR
´
OPICO 47
3.2 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ANISOTR
´
OPICO
Prosseguiremos agora com o alculo da raz˜ao entre as amplitudes de susceptibilidade
para o caso anisotr´opico. Trabalharemos com a densidade lagrangiana ( . ) e com o
propagador ( . ). Utilizaremos as defini¸oes dimensionais descritas na se¸ao (2.4).
Um procedimento semelhante a foi utilizado no alculo da raz˜ao entre as amplitudes
de susceptibilidade acima e abaixo da temperatura cr´ıtica para sistemas descritos pelo
modelo ANNNI [37].
Come¸camos substituindo o potencial efetivo renormalizado ( . ) na express˜ao
H
R
=
U(M)
M
. ( . )
Obtemos ent˜ao
H
R
= tM +
1
6
u
M
3
+
1
2
u
M
t +
1
2
u
M
2
I
SP
d
dm
qd
m
k
1
((k
2
)
2
+ q
2
)
(k
2
)
2
+ q
2
+ t +
1
2
u
M
2
( . )
onde I
SP
´e a integral definida em ( . ). Esta integral a foi resolvida at´e a ordem
L
[36]:
I
SP 1
= I
SP 2
=
1
L
(1 + [i
2
]
m
L
), ( . )
onde [i
2
]
m
1 + (1/2)[ψ(1) ψ(2 m/4)]. Os pontos de simetria ao especificados
por SP
1
(P
2
= 1, K
= 0) e SP
2
(K
2
= 1, P = 0). Na dedu¸ao de ( . ) foi
usada a aproxima¸ao ortogonal de modo a tornar a solu¸ao homogˆenea nos momentos
externos. O leitor interessado pode consultar a referˆencia [36] que mostra o procedimento
detalhado da resolu¸ao desta integral no esquema dimensional que estamos considerando.
Precisamos ainda calcular a integral
I =
d
dm
qd
m
k
1
[(k
2
)
2
+ q
2
]
(k
2
)
2
+ q
2
+ t +
1
2
u
M
2
, ( . )
que aparece em ( . ). Para tal objetivo utilizaremos o m´etodo dos parˆametros de Feyn-
man que faz uso da seguinte identidade:
3.2 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ANISOTR
´
OPICO 48
1
a
α
1
1
a
α
2
2
. . . a
α
n
n
=
Γ(α
1
+ α
a
+ . . . + α
1
)
Γ(α
1
)Γ(α
2
) . . . Γ(α
n
)
dx
1
dx
2
. . . dx
n1
x
α
1
1
1
x
α
2
1
2
. . . x
α
n1
1
n1
(1 x
1
x
2
. . . x
n1
)
α
n1
x
1
a
1
+ x
2
a
2
+ . . . + x
n1
a
n1
+ (1 x
1
x
2
. . . x
n1
)a
n
]
α
1
+α
2
+...+α
n
, ( . )
com 0 x
i
1; x
1
+ x
2
+ . . . + x
n1
1. Tamb´em utilizaremos a rela¸ao [25]:
−∞
d
d
x
1
[(x
2
1
+ . . . + x
2
d
) + 2kx + m
2
]
α
=
1
2
S
d
Γ
d
2
Γ
α
d
2
Γ(α)
(m
2
k
2
)
α+d/2
, ( . )
e [36]
−∞
d
d
x
1
[(x
2
1
+ . . . + x
2
d
)
2
+ 2a(x
2
1
+ . . . + x
2
d
) + m
2
]
β
=
1
4
S
d
Γ
d
4
Γ
β
d
4
Γ(β)
(m
2
a
2
)
β+d/4
. ( . )
A partir de ( . ), podemos escrever a express˜ao ( . ) como
I =
1
0
dx
d
dm
qd
m
k
1
(k
2
)
2
+ q
2
+ x
t +
u
M
2
2

2
. ( . )
A rela¸ao ( . ) pode ser aplicada para a integral em (d m) dimens˜oes na vari´avel q na
express˜ao acima. Assim podemos escrever
I =
1
0
dx
d
m
kS
dm
1
2
Γ
dm
2
Γ
2
dm
2
Γ(2)
(k
2
)
2
+ x
t +
u
M
2
2

dm
2
2
, ( . )
onde S
dm
´e a ´area da superf´ıcie de uma superf´ıcie esf´erica de d m dimens˜oes. Ex-
pandindo d em termos do parˆametro perturbativo
L
de acordo com ( . ), a express˜ao
( . ) pode ser reescrita como
I = S
dm
1
2
Γ
2
m
4
L
2
Γ
m
4
+
L
2
1
0
dx
d
m
k
1
(k
2
)
2
+ x
t +
u
M
2
2

m
4
+
L
2
( . )
3.2 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ANISOTR
´
OPICO 49
A seguir, desenvolvemos a integral na vari´avel k pela rela¸ao ( . ). Dessa maneira,
obtemos
I =
1
8
S
dm
S
m
Γ
2
m
4
L
2
Γ
m
4
Γ
L
2

t +
u
M
2
2
L
2
1
0
dxx
L
2
. ( . )
Integrando sobre x, use a identidade
Γ(a + bx) = Γ(a)[1 + bxψ(a) + O(x
2
)], ( . )
onde ψ(z) = (d/dz)lnΓ(z). Usaremos
L
como parˆametro perturbativo na express˜ao
( . ). Assim, a partir de ( . ), obtemos
I =
1
4
S
dm
S
m
Γ
2
m
4
Γ
m
4

1
L
1+
L
2

1+
L
2
ψ(1)ψ
2
m
4

t+
u
M
2
2
L
2
.
( . )
O fator que aparece entre colchetes corresponde a uma constante angular multiplicativa
que aparece toda vez que uma integral de loop ´e realizada. Ela pode ser absorvida em
uma redefini¸ao da constante de acoplamento. Esta redefini¸ao tamb´em foi realizada
no desenvolvimento da integral I
SP
[36], de modo que as constantes de acoplamento
envolvidas na defini¸ao de ambas as integrais ao redefinidas da mesma maneira. A
expres˜ao ( . ) cont´em termos at´e ordem
L
nas expans˜oes desenvolvidas ao longo do
alculo. Precisamos ainda desenvolver o termo exponencial em
L
como uma expans˜ao
perturbativa. Utilizando a identidade
y
x
= e
x ln y
=
n=0
1
n!
x
n
(ln y)
n
, ( . )
obtemos
t +
u
M
2
2
L
/2
= 1
L
2
ln
t +
u
M
2
2
+ O(
2
L
). ( . )
at´e a ordem
L
. Substituindo ( . ) em ( . ), obtemos
I =
1
L
1 +
L
[i
2
]
m
1
2
L
2
ln
t +
u
M
2
2

, ( . )
3.2 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ANISOTR
´
OPICO 50
Assim, a subtra¸ao de integrais que aparece em ( . ) torna-se
I
SP
I =
1
2
1 + ln
t +
u
M
2
2

. ( . )
Podemos enao escrever a equa¸ao de estado como
H
R
= tM +
1
6
u
M
3
+
1
4
u
M
t +
1
2
u
M
2

1 + ln
t +
u
M
2
2

. ( . )
Com este resultado, podemos calcular a susceptibilidade χ. Como vimos, esta quantidade
est´a associada a fun¸ao de ertice de dois pontos
Γ
(2)
R
=
H
R
M
, ( . )
atraes da rela¸ao
χ
1
= Γ
(2)
R
(k = 0), ( . )
ou seja, como a segunda derivada do potencial efetivo.
Como vimos anteriormente na se¸ao 2.5, o valor do ponto fixo
u
=
2
L
3
( . )
ser´a utilizado no alculo das amplitudes. Para T > T
L
o estado desordenado (para-
magn´etico) tem magnetiza¸ao macrosc´opica nula. Substitu´ımos enao, M = 0 e o valor
do ponto fixo ( . ) em ( . ). Obtemos enao:
χ = t
(1+
L
/6)
1
L
6
, ( . )
Assim γ
L
= 1 +
L
/6, como definimos na se¸ao (2.5). Esta ´e a parte singular para
temperatura acima de T
L
, com expoente cr´ıtico γ
L
e amplitude
C
+
= 1
L
6
( . )
Para T < T
L
temos quebra de simetria. Determinamos a magnetiza¸ao M como
o valor que extremiza ( . ). Agora, al´em da solu¸ao trivial M = 0, obtemos M
2
=
(6t/u
) + 3t[1 + ln(2t)], at´e a ordem de um loop. Aplicando este valor e ( . ) em
( . ), obtemos
χ(T < T
L
) = (t)
(1+
L
/6)
1
2
1
L
6
(4 + ln 2)
, ( . )
3.3 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ISOTR
´
OPICO 51
Esta ´e a parte singular da susceptibilidade abaixo de T
L
para o caso anisotr´opico com
expoente cr´ıtico γ
L
e amplitude
C
=
1
2
1
L
6
(4 + ln 2)
( . )
Assim, com os resultados ( . ) e ( . ), a raz˜ao entre as susceptibilidades ´e escrita como
C
+
C
= 2
(
L
/6)+1
1 +
L
2
. ( . )
Ae a ordem
L
esta express˜ao pode ser escrita como
C
+
C
= 2
L
/6
1 +
L
6
1
2
L
6
, ( . )
Assim, chegamos ao resultado
C
+
C
= 2
γ
L
1
γ
L
β
L
. ( . )
Usando ( . ) para N = 1, temos que β
L
= (1/2)(
L
/6)). Este resultado ´e uma fun¸ao
do n´umero d de dimens˜oes do sistema e do n´umero m de dire¸oes em que a intera¸oes
competitivas, como esp er´avamos. Lembrando que fixamos N = 1.
3.3 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ISOTR
´
OPICO
Vimos, pela an´alise dimensional descrita na se¸ao (2.4), que o caso isotr´opico ao
pode ser obtido como limite do caso anisotr´opico para m = d quando
L
´e usado como
parˆametro perturbativo. Portanto, o procedimento descrito na se¸ao anterior deve ser
adaptado ao caso isotr´opico.
Vimos tamb´em que, alheio a isto, o propagador, pode ser obtido como um limite
do caso anisotr´opico, resultando na express˜ao ( . ). Neste caso, o potencial efetivo
renormalizado pode ser escrito como ( . ). Daquela express˜ao, obtemos a equa¸ao de
estado
3.3 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ISOTR
´
OPICO 52
H
R
= tM +
1
6
u
M
3
+
1
2
u
M
t +
1
2
u
M
2
I
SP
d
m
k
1
(k
2
)
2
(k
2
)
2
+ t +
1
2
u
M
2
( . )
onde I
SP
´e definido como a integral ( . ) especificada no momento externo SP K
2
=
1. Assim como no caso anisotr´opico, I
SP
a foi calculado na referˆencia [36] e vale
I
SP
=
1
L
1 +
L
4
. ( . )
Prosseguimos ent˜ao com o alculo da integral
d
m
k
1
(k
2
)
2
(k
2
)
2
+ t +
1
2
u
M
2
. ( . )
De acordo com ( . ) podemos escrever ( . ) como
I =
1
0
dx
d
m
k
1
(k
2
)
2
+ x
t +
u
M
2
2

2
, ( . )
A integral em k pode ser desenvolvida a partir da rela¸ao ( . ). Assim, a express˜ao
acima pode ser escrita como
I = S
m
1
0
dx
1
4
Γ
m
4
Γ
2
m
4
Γ(2)
(x
t +
u
M
2
2

m
4
2
, ( . )
A partir de ( . ), podemos escrever
I = S
m
1
L
1
L
4
Γ
1
L
4
Γ
1 +
L
4

t +
u
M
2
2
L
/4
1
0
dxx
L
/4
( . )
Absorvemos S
m
numa redefini¸ao da constante de acoplamento. No caso anisotr´opico,
esta redefini¸ao foi feita com o termo [(1/4)S
dm
S
m
Γ(d m/4)Γ(m/4)]. Note que eles
ao bem diferentes, mesmo no limite d m = 8
L
. Esta ´e uma das raz˜oes pelas quais
precisamos trabalhar isoladamente os casos anisotr´opico e isotr´opico.
A rela¸ao ( . ) implica que Γ(1 bx)Γ(1 + bx) = 1 + O(
2
L
), de maneira que, at´e a
3.3 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ISOTR
´
OPICO 53
ordem
0
L
na expans˜ao perturbativa, ( . ) pode ser escrito como
I =
1
L
t +
u
M
2
2
L
/4
( . )
e, pela expans˜ao ( . ), a express˜ao acima se resume a
I =
1
L
1
L
4
ln
t +
u
M
2
2

. ( . )
A equa¸ao ( . ) ´e o resultado que est´avamos procurando para a integral I no caso
isotr´opico. A subtra¸ao que aparece na equa¸ao de estado ser´a ent˜ao
I
SP
I =
1
4
1 + ln
t +
u
M
2
2

. ( . )
A equa¸ao de estado para o caso isotr´opico portanto tomar´a a forma
H
R
= tM +
1
6
u
M
3
+
1
8
u
M
t +
1
2
u
M
2

1 + ln
t +
u
M
2
2

. ( . )
Como no caso anisotr´opico, para χ
1
(T > T
L
), aplicamos a derivada em rela¸ao a M na
equa¸ao para H
R
, substitu´ımos o valor M = 0 e usamos o valor o ponto fixo de u definido
em ( . ) na rela¸ao ( . ). Obtemos enao
χ = t
(1+
L
/12)
1
L
12
, ( . )
o que determina o expoente cr´ıtico γ
L
= 1 +
L
/12. Esta ´e a parte singular para a
susceptibilidade acima da temperatura cr´ıtica de Lifshitz, com amplitude
C
+
= 1
L
12
. ( . )
Abaixo de T
L
, o valor da magnetiza¸ao ser´a aquele que extremiza ( . ), assim M
2
=
(6t/u
) + (3/2)t[1 + ln(2t)]. Aplicando resultado e o valor do ponto fixo ( . ) em
( . ), obtemos
χ(T < T
L
) = (t)
γ
L
1
2
1 +
L
12
(4 + ln 2)
. ( . )
Esta ´e a parte singular para a susceptibilidade abaixo da temperatura cr´ıtica de Lifshitz,
com expoente cr´ıtico γ
L
e amplitude
3.3 SUSCEPTIBILIDADE PARA O CASO ISOTR
´
OPICO 54
C
=
1
2
1 +
L
12
(4 + ln 2)
( . )
Apartir dos resultados ( . ) e ( . ), a raz˜ao entre as amplitudes ser´a ent˜ao
C
+
C
= 2
(
L
/12)+1
1 +
L
4
. ( . )
Esta express˜ao pode ser escrita como
C
+
C
= 2
L
/12
1 +
L
12
1
2
L
12
, ( . )
De modo que, podemos escrever o resultado final como
C
+
C
= 2
γ
L
1
γ
L
β
L
, ( . )
onde β
L
= (1/2) (
L
/12), ou seja o expoente ( . ) para N = 1. Apesar de ser uma
express˜ao idˆentica `aquela obtida para o caso isotr´opico, ou mesmo para aquela obtida
para o caso ANNNI [37], a defini¸ao dos exp oentes γ
L
e β
L
e de
L
´e diferente para cada
caso. O parˆametro
L
guarda a informa¸ao do n´umero d de dimens˜oes do sistema e do
n´umero m de dire¸oes espaciais ao longo das quais a intera¸ao competitiva. Mostramos
enao que a raz˜ao da susceptibilidade para os casos isotr´opico e anisotr´opico pertencem
a classes de universalidades especificadas por (d, m) para N = 1.
CAP
´
ITULO 4
CONCLUS
˜
AO
Raz˜oes entre amplitudes acima e abaixo da temperatura cr´ıtica para determinadas
quantidades termodinˆamicas ao exemplos de grandezas universais. Elas ao dependem
de caracter´ısticas microsc´opicas do sistema f´ısico considerado. Para sistemas que apre-
sentam comportamento cr´ıtico de Lifshitz de segundo car´ater, estas grandezas dependem
apenas do n´umero d de dimens˜oes, do n´umero m de dire¸oes espaciais ao longo das quais
a intera¸oes competitivas e do n´umero N de dimens˜oes do parˆametro de ordem. A
propriedade da universalidade surge naturalmente quando ecnicas de grupo de renorma-
liza¸ao ao aplicadas ao estudo de sistemas que exibem transi¸ao de fase.
Neste trabalho, utilizamos ecnicas de teoria quˆantica de campos aplicadas a Mecˆanica
Estat´ıstica. A partir de analogias e correspondˆencias entre diversas quantidades relaci-
onadas a estas duas ´areas de estudo, calculamos a raz˜ao C
+
/C
entre as amplitudes de
susceptibilidade para temperaturas acima e abaixo da temperatura associada ao ponto
de Lifshitz de segundo car´ater. Nos concentramos no comportamento cr´ıtico de sistemas
que ao extens˜oes do modelo de Ising. Assim a magnetiza¸ao, que ´e o parˆametro de
ordem associado a tal modelo tem apenas uma componente. Restringimo-nos enao ao
caso particular N = 1. Utilizamos ecnicas de renormaliza¸ao de uma teoria sem massa
para tornar finito o potencial efetivo e deduzimos uma equa¸ao de estado. A partir desta
equa¸ao, calculamos a susceptibilidade χ.
Desenvolvemos este procedimento para os casos anisotr´opico e isotr´opico e obtivemos
a susceptibilidade para ambos os casos. Especificamos este resultado para os estados
ordenado e desordenado, determinando assim, a raz˜ao entre as amplitudes relacionadas
a cada estado.
Obtivemos resultados que est˜ao de acordo com o car´ater universal desta quantidade.
Estes resultados ao expressos em termos do parˆametro perturbativo
L
. No caso ani-
sotr´opico,
L
= 4 d +m/2, ou seja ´e uma fun¸ao de d e m. Dessa forma, a raz˜ao C
+
/C
55
CONCLUS
˜
AO 56
tamem ´e unicamente uma fun¸ao de d e m. No caso isotr´opico,
L
= 8 m, ou seja,
uma fun¸ao do n´umero de dimens˜oes m. Neste caso, a raz˜ao C
+
/C
´e fun¸ao unicamente
de m = d.
Os resultados obtidos neste trabalho consistem numa generaliza¸ao daqueles obtidos
para o modelo ANNNI [37]. Naquele caso, foi obtido o valor 3,85 para a raz˜ao C
+
/C
.
Podemos obter este valor especificando m = 1 na equa¸ao ( . ), obtida para o caso
anisotr´opico.
Na descri¸ao original de Wilson, os expoentes foram obtidos para o caso especial = 1
(d = 3). Para o caso isotr´opico, a situa¸ao an´aloga seria tomar
L
= 1 e d = 7. Nese caso,
o valor num´erico da raz˜ao entre as amplitudes de susceptibilidade vale C
+
/C
= 2, 73.
Este resultado tem, at´e o presente momento, apenas interesse acadˆemico.
Uma interessante generaliza¸ao deste alculo pode ser imaginado para o caso do sis-
tema competitivo mais geral poss´ıvel.
´
E poss´ıvel tamem definir modelos que descrevem
sistemas com intera¸oes at´e o Lesimo vizinho. Dessa forma, podemos imaginar um
sistema onde haja intera¸oes ferromagn´eticas e antiferromagn´eticas alternadas (J
1
> 0,
J
2
< 0, ..., J
L
0) ao longo de m
L
dire¸oes. Tamb´em consideramos, neste caso, m
L1
dire¸oes em que a intera¸oes competitivas alternadas at´e o ( L 1)-´esimo vizinho e
assim sucessivamente at´e encontrarmos dire¸oes em que a intera¸oes alternadas at´e o
terceiro vizinho (m
3
dire¸oes, neste caso), intera¸oes alternadas at´e o segundo vizinho
(m
2
dire¸oes, neste caso) e apenas intera¸oes ferromagn´eticas entre primeiros vizinhos
((dm
2
m
3
. . . m
L
) dire¸oes, neste caso). Sistemas com essa configura¸ao apresentam
comportamento cr´ıtico de Lifshitz de Lesimo car´ater gen´erico. Classes de universalidade
para este tipo de comportamento cr´ıtico ao especificadas por (N, d, m
2
, . . . , m
L
). O caso
isotr´opico ocorre quando intera¸oes competitivas alternadas at´e o Lesimo vizinho ao de-
finidas ao longo de todas as d dire¸oes espaciais. Dessa forma, classes de universalidade
para este caso ao especificadas por (N, d, m
2
= 0, m
3
= 0, . . . , m
L
= d) [38, 39].
O comportamento cr´ıtico de Lifshitz de L-´esimo car´ater gen´erico ´e o caso mais geral
em que podemos definir um sistema competitivo e diversas outras situa¸oes podem ser
obtidas como casos particulares deste. O sistema em que a intera¸oes competitivas
entre primeiros e segundos vizinhos discutido neste trabalho ´e um caso particular em que
m
2
= m e m
3
= m
4
= . . . = m
L
= 0 e ´e chamado de comportamento cr´ıtico de Lifshitz
CONCLUS
˜
AO 57
de segundo car´ater.
Alguma extens˜oes do nosso trabalho podem ser desenvolvidas no alculo de amplitudes
cr´ıticas para outros potenciais termodinˆamicos como o calor espec´ıfico e o comprimento
de correla¸ao. Pode-se ainda determinar amplitudes cr´ıticas para temperaturas acima e
abaixo da temperatura associada ao ponto de Lifshitz de L-´esimo car´ater gen´erico.
REFER
ˆ
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58
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