2.3 DIVERG
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ENCIAS NA TEORIA φ
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E RENORMALIZAC¸
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AO 28
dos respectivamente.
O c´alculo de expoentes e amplitudes cr´ıticas pode ser realizado de maneira elegante
se forem utilizadas t´ecnicas de grupo de renormaliza¸c˜ao. Kadanoff [28] introduziu esta
id´eia a partir da t´ecnica de dizima¸c˜ao. Para melhor entender como funciona esta t´ecnica,
considere, por simplicidade, uma rede hiperc´ubica em d dimens˜oes. Podemos entendˆe-
la como v´arios cubos interligados, cada cubo elementar da c´elula unit´aria contendo 2
d
spins. Uma dizima¸c˜ao consiste em substituir os 2
d
spins do bloco da c´elula unit´aria por
um ´unico spin efetivo. Se repetirmos este procedimento para toda a rede, obtemos uma
rede efetiva cujo parˆametro de rede ´e o dobro da original.
Na temperatura de transi¸c˜ao, em que o comprimento de correla¸c˜ao diverge, obtemos a
propriedade de invariˆancia por escala. Dessa forma, um n´umero infinito de procedimentos
de dizima¸c˜ao (ou de reescalas da rede) ´e permitido. Diversas quantidades podem ser cal-
culadas para uma determinada escala na qual os resultados n˜ao dependem do parˆametro
de rede original, ou seja, a descri¸c˜ao f´ısica de sistemas na criticalidade n˜ao depende das
caracter´ısticas microsc´opicas destes sistemas, mas de parˆametros macrosc´opicos gerais.
Do ponto de vista operacional, a t´ecnica de Kadanoff de dizima¸c˜ao, tamb´em conhecida
como grupo de renormaliza¸c˜ao no espa¸co real teve dram´aticos avan¸cos quando foi adap-
tada ao espa¸co dos momentos. Em particular, esta t´ecnica introduzida por Wilson [29–32]
produziu pela primeira vez novos conceitos que permitiram calcular grandezas universais,
como expoentes cr´ıticos, e que permitiram entender fenˆomenos cr´ıticos em sistemas f´ısicos
completamente distintos, sendo essencialmente manifesta¸c˜oes da mesma f´ısica atrav´es da
hip´otese da universalidade. Nesta formula¸c˜ao, divergˆencias ultravioletas podem ser ma-
nipuladas matematicamente, enquanto que um processo f´ısico caracterizado por certos
expoentes finitos pode ser definido em termos de grandezas renormalizadas. As ´ultimas
s˜ao livres das divergˆencias UV automaticamente.
No programa de renormaliza¸c˜ao que estamos utilizando, determinamos quantidades
renormalizadas para uma escala de momento κ. Trataremos o grupo de renormaliza¸c˜ao
como um grupo de transforma¸c˜oes entre diferentes vers˜oes da teoria renormalizada em
diferentes escalas de momento (κ
1
, κ
2
, . . .) para uma mesma teoria n˜ao-renormalizada.
Faremos aqui uma breve descri¸c˜ao desse conceito.
Para que a teoria seja renormalizavel ´e necess´aria a existˆencia de uma certa dimens˜ao