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THIERES GEORGE FREIRE DA SILVA
ANÁLISE DE CRESCIMENTO, INTERAÇÃO BIOSFERA-ATMOSFERA E
EFICIÊNCIA DO USO DE ÁGUA DA CANA-DE-AÇÚCAR IRRIGADA
NO SUBMÉDIO DO VALE DO SÃO FRANCISCO
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de s-
Graduação em Meteorologia Agrícola,
para obtenção do tulo de Doctor
Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2009
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THIERES GEORGE FREIRE DA SILVA
ANÁLISE DE CRESCIMENTO, INTERAÇÃO BIOSFERA-ATMOSFERA E
EFICIÊNCIA DO USO DE ÁGUA DA CANA-DE-AÇÚCAR IRRIGADA
NO SUBMÉDIO DO VALE DO SÃO FRANCISCO
Tese apresentada à Universidade
Federal de Vosa, como parte das
exigências do Programa de s-
Graduação em Meteorologia Agrícola,
para obtenção do tulo de Doctor
Scientiae.
APROVADA: 11 de setembro de 2009.
____________________________
Magna Soelma Beserra de Moura
(Co-orientadora)
____________________________
Aristides Ribeiro
(Co-orientador)
____________________________
José Monteiro Soares
____________________________
Antonio José Steidle Neto
_____________________________________
Sérgio Zolnier
(Orientador)
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ii
Dedico,
Aos meus pais,
Edenilde Soares Freire da Silva e Gildemar da Silva,
pelos ensinamentos, dedicação, carinho e amor durante todos os anos de minha vida.
A minha irmã,
Taciana Freire da Silva,
pelo companheirismo, amor, carinho e amizade.
A minha companheira,
Luciana Sandra Bastos de Souza,
pelo carinho e admiração durante os meses juntos.
A todos meus amigos,
pelas vibrações positivas e confiança depositada.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a meu grande Deus,
pela benção da vida com amor, saúde, felicidade, entusiasmo e esforço.
A meu orientador, professor Sérgio Zolnier, pela dedicação, ensinamento, respeito,
competência e profissionalismo.
A minha co-orientadora, Magna Soelma Bezerra de Moura, pela ajuda, amizade,
dedicação, oportunidades e incentivo.
Ao meu co-orientador, Aristides Ribeiro, pelo o apoio e confiança.
A minha ex-orientadora da graduação, Silva Helena Nogueira Turco, pela confiança,
incentivo e amizade.
Aos colaboradores José Monteiro Soares, Elieth O. Brandão, José Francisco A. do
Carmo, Roque Antônio Barbosa, Genival Nunes, Hélio Araújo Macedo pelo auxílio na
execução do presente trabalho.
A Universidade Federal de Viçosa - UFV, pela excepcional estrutura de ensino e
pesquisa.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, unidade Semi-Árido, pela
concessão da infra-estrutura de pesquisa e de recurso financeiro.
A Empresa Agroindústrias do Vale do São Francisco – AGROVALE pelo recurso
financeiro e, especialmente, aos gerentes Vinícius José de Souza Vieira e Walter Gomes
Faria Júnior, ao técnico agropecuário Ademar e aos funcionários Edson e Ubirajara,
pelo auxílio na execução deste trabalho.
Ao CNPq, pelo incentivo financeiro.
Muito obrigado!
iv
BIOGRAFIA
THIERES GEORGE FREIRE DA SILVA, filho de Edenilde Soares Freire da
Silva e de Gildemar da Silva, nasceu em 01 de maio de 1982, na cidade de Petrolina-PE.
Em novembro de 1999, concluiu o ensino médio pelo colégio Dom Bosco, em
Petrolina-PE.
Em março de 2000, iniciou o curso de Engenharia Agronômica na Universidade
do Estado da Bahia UNEB/DTCS, localizada na cidade de Juazeiro-BA. Durante
quatro anos participou de atividades de iniciação científica, na qualidade de bolsista.
Graduou-se no segundo semestre de 2004.
Em março de 2005, iniciou o mestrado na Universidade Federal de Viçosa
UFV/DEA, município de Viçosa-MG, no programa de s-graduação em Meteorologia
Agrícola, titulando-se em setembro de 2006.
Em outubro de 2006, iniciou o doutorado na área de Meteorologia Agrícola pela
UFV/DEA. Em julho de 2009, foi aprovado em primeiro lugar no concurso para
provimento de professor de ensino de magistério superior, na área de Agrometeorologia,
pela Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, Unidade Acadêmica de
Serra Talhada – UAST. Titulou-se em nível de doutorado em setembro de 2009.
v
SUMÁRIO
LISTA DE SÍMBOLOS ............................................................................................. viii
RESUMO .................................................................................................................. xiv
ABSTRACT .............................................................................................................. xvi
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
2. OBJETIVOS ............................................................................................................. 4
2.1. Objetivo geral ..................................................................................................... 4
2.2. Objetivos específicos .......................................................................................... 4
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 5
3.1. Análise de crescimento da cultura da cana-de-açúcar .......................................... 5
3.2. Balanço de radiação e de energia em superfície .................................................. 8
3.3. Escoamento do ar em superfície e sua influência sobre a aplicação de métodos
micrometeorológicos ............................................................................................... 11
3.4. Balanço de energia com base na razão de Bowen e suas particularidades .......... 18
3.5. Evapotranspiração e coeficiente de cultura da cana-de-açúcar ........................... 22
3.6. Acoplamento entre a biosfera e a atmosfera (fator de desacoplamento) ............. 25
3.7. Interação biosfera-atmosfera e a resposta da eficiência do uso de água da cana-
de-açúcar à disponibilidade de água ......................................................................... 29
4. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 34
4.1. Descrição da área e do período experimental .................................................... 34
4.2. Dados de crescimento e de rendimento da cana-de-açúcar ................................ 36
4.2.1. Dados biométricos ...................................................................................... 36
4.2.2. Dados de biomassa seca ............................................................................. 38
4.2.3. Análise de rendimento e qualidade ............................................................. 39
4.3. Variáveis de crescimento e agrometeorológicas para a cana-de-açúcar .............. 40
4.3.1. Índices morfofisiológicos ........................................................................... 40
4.3.2. Taxa de aparecimento foliar e do filocrono ................................................. 42
4.3.3. Fração da radiação fotossinteticamente ativa interceptada .......................... 42
4.3.4. Coeficiente de extinção .............................................................................. 43
4.3.5. Uso eficiente de radião e eficiência fotossintética.................................... 43
4.3.6. Graus dias acumulados ............................................................................... 44
4.4. Medidas micrometeorológicas .......................................................................... 44
4.5. Componentes do balanço de radiação................................................................ 46
vi
4.6. Componentes do balanço de energia ................................................................. 47
4.6.1. Balanço de energia com base na razão de Bowen ....................................... 47
4.6.2. Análise da qualidade dos dados do método da razão de Bowen .................. 49
4.7. Evapotranspiração da cultura, requerimento hídrico, evapotranspiração de
referência e do coeficiente de cultura ....................................................................... 51
4.8. Análise da interação entre a cana-de-açúcar e atmosfera ................................... 53
4.8.1. Fator de desacoplamento ............................................................................ 53
4.8.2. Deslocamento do plano zero da cana-de-açúcar .......................................... 55
4.9. Análise da eficiência do uso de água para a cana-de-açúcar .............................. 56
4.9.1. Indicadores com base na resposta produtiva da cultura ............................... 56
4.9.1.1. Uso eficiente de água .............................................................................. 56
4.9.1.2. Produtividade da água da cultura ............................................................ 56
4.9.2. Indicadores de desempenho da aplicação de água com base na demanda
hídrica requerida pela cultura ............................................................................... 57
4.9.2.1. Suprimento relativo de água .................................................................... 57
4.9.2.1.1. Evapotranspiração máxima da cultura ................................................... 57
4.9.2.2. Evapotranspiração relativa ...................................................................... 59
4.9.2.3. Déficit hídrico da cultura ........................................................................ 59
4.9.2.4. Fração de redução de água ...................................................................... 59
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 60
5.1. Variáveis meteorológicas, evapotranspiração de referência e irrigação .............. 60
5.2. Padrões de crescimento da cana-de-açúcar ........................................................ 63
5.2.1. Perfilhamento ............................................................................................. 63
5.2.2. Estatura e diâmetro dos colmos .................................................................. 66
5.2.3. Número de folhas, área foliar e índice de área foliar ................................... 72
5.2.4. Biomassa seca da cana-de-açúcar e suas partições ...................................... 81
5.2.5. Índices morfofisiológicos ........................................................................... 87
5.2.6. Radiação fotossinteticamente ativa interceptada e coeficiente de extinção .. 94
5.2.7. Eficiência do uso de radiação ..................................................................... 97
5.2.8. Análise do rendimento industrial .............................................................. 101
5.3. Balanço de radiação e de energia e suas partições ........................................... 103
5.3.1. Análise da consistência física dos dados da razão de Bowen ..................... 103
5.3.2. Componentes dos balanços de radiação e de energia................................. 107
5.3.2.1. Padrões para períodos representativos do crescimento da cana-de-açúcar
.......................................................................................................................... 107
vii
5.3.2.2. Padrões médios horários ....................................................................... 112
5.3.2.3. Efeitos das condições de nebulosidade variável .................................... 119
5.3.2.4. Efeitos da disponibilidade de água no solo............................................. 121
5.3.2.5. Análise sazonal dos componentes dos balanços de radiação e de energia 123
5.4. Interação da cana-de-açúcar com a atmosfera – fator de desacoplamento ........ 128
5.4.1. Padrões médios para períodos representativos do crescimento da cultura .. 129
5.4.2. Efeitos da disponibilidade de água no solo ............................................... 134
5.4.3. Análise sazonal ........................................................................................ 136
5.5. Requerimento hídrico e coeficiente da cultura da cana-de-açúcar irrigada ....... 140
5.5.1. Evapotranspiração e requerimento da cultura............................................ 140
5.5.2. Coeficiente de cultura da cana-de-açúcar irrigada ..................................... 143
5.6. Análise da eficiência do uso de água da cana-de-açúcar irrigada ..................... 147
5.6.1. Dados das lâminas utilizadas no cálculo da eficiência do uso de água ....... 147
5.6.2. Eficiência do uso de água em relação à resposta produtiva da cultura ....... 148
5.6.3. Eficiência do uso de água em relação ao desempenho de aplicação de água
no sistema de produção ...................................................................................... 151
6. CONCLUSÕES .................................................................................................... 157
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 159
ANEXOS .................................................................................................................. 175
viii
LISTA DE SÍMBOLOS
A Advecção -
AFE Área foliar específica m
2
g
-
1
AFo Área foliar cm
2
AFoEM Área foliar das folhas emergentes cm
2
AFoTot Área foliar total cm
2
AFo+3 Área foliar da folha +3 cm
2
ARL Açúcares redutores livres %
B Bainhas -
BERB Balanço de energia com base na razão de Bowen -
BFC Biomassa fresca dos colmos g colmo
-
1
BOC Balanço de ondas curtas W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
BOL Balanço de ondas longas W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
BSB Biomassa seca das bainhas g m
-
2
BSC Biomassa seca dos colmos g m
-
2
BSFBM Biomassa seca das folhas e bainhas mortas g m
-
2
BSFV Biomassa seca das folhas verdes g m
-
2
BSPA Biomassa seca da palhada g m
-
2
BSPC Biomassa seca do pseudocolmo g m
-
2
BSPE Biomassa seca da parte emergente g m
-
2
BSTPA Biomassa seca total da parte aérea g m
-
2
C Colmo -
CAS Conteúdo de água no solo cm
3
cm
-
3
CI Comprimento do internódio cm
CLI Camada limite interna -
CLP Camada limite planetária -
C+3 Comprimento da folha +3 cm
c
p
Calor específico do ar kJ kg
-
1
o
C
-
1
d Deslocamento do plano zero m
DAC Dias após o corte -
DHC Déficit de hídrico da cultura mm
DMC Diâmetro médio dos colmos cm
DPV Déficit de pressão de vapor d’água kPa
ix
EFT Eficiência fotossintética g MJ
-
1
EMC Estatura média dos colmos cm
ER Evapotranspiração relativa -
e
a
Pressão de vapor d’água kPa
EFT Eficiência fotossintética g MJ
-
1
EMC Estatura média dos colmos cm
ER Evapotranspiração relativa -
e
s
Pressão de saturação do vapor d’água kPa
ET Evapotranspiração mm dia
-
1
ETc Evapotranspiração diária da cultura mm dia
-
1
ETc15 Evapotranspiração da cultura a cada 15 minutos mm
ETo Evapotranspiração de referência mm dia
-
1
FBM Folhas e bainhas mortas -
FCO
2
Fluxo de dióxido de carbono -
FL Filocrono
o
C dia folha
-
1
f Fração de água dispovel no solo para a cultura -
fg Fator de Gay-Lussac -
f
tempo
Fator de ajuste da escala de tempo s
f
RBAL
Fator de transformação estequiométrica de sacarose -
FRA Fração de redução de água -
f
RFA
Fração da radiação fotossinteticamente ativa
interceptada
-
FV Folhas verdes -
g Aceleração da gravidade m s
-
2
G Fluxo de calor no solo W m
-
2
GDA Graus dias acumulados
o
Cdia
GPP Produtividade primária líquida do ecossistema -
H Fluxo de calor sensível W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
h
c
Altura do dossel da cultura cm
k Constante de Von Karman -
I Lâmina de irrigação mm
IAF Índice de área foliar m
2
m
-
2
Kc Coeficiente de cultura -
ke Coeficiente de extinção -
x
K
h
Coeficiente de transferência turbulenta de calor -
K
m
Coeficiente de transferência turbulenta de momentum -
K
w
Coeficiente de transferência turbulenta de vapor
d’água
-
L Calor latente de vaporização kJ kg
-
1
LCC Limite crítico de água para a cultura -
LE Fluxo de calor latente W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
LE
eq
Evapotranspiração de equilíbrio W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
LE
imp
Evapotranspiração imposta W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
LI Largura do internódio cm
L
M-O
Comprimento característico de Monin-Obukvov m
L+3 Largura da folha +3 cm
M Energia utilizada em processos diversos como
fotossíntese, respiração e armazenamento no dossel
das plantas
-
NEE Balançoquido de dióxido de carbono -
NFE Número de folhas verdes emergentes folhas colmo
-
1
NFM Número de folhas mortas folhas colmo
-
1
NFM
AC
Número de folhas mortas acumuladas -
NI Número de internódios internódio colmo
-
1
NFVA Número de folhas verdes completamente abertas folhas colmo
-
1
NFVA
AC
Número de folhas verdes completamente abertas
acumuladas
-
NPI Número de perfilhos industrializáveis perfilhos m
-
2
P Precipitação mm
PAB Porcentagem de açúcar bruto %
PA
C
Produtividade da água da cultura kg m
-
3
pBSB Partição da biomassa seca das bainhas -
pBSFBM Partição da biomassa seca das folhas e bainhas
mortas
-
pBSFV Partição da biomassa seca das folhas verdes -
pBSPC Partição da biomassa seca dos pseudocolmos -
pBSC Partição da biomassa seca dos colmos -
pBSPE Partição da biomassa seca da parte emergente -
xi
PFC Posição da folha no colmo -
PC Pseudocolmo g m
-
2
PE Parte emergente g m
-
2
PIC Posição do internódio no colmo -
Pr Comprimento de mistura de Prandtl -
r
a
Resistência aerodinâmica s m
-
1
RAF Razão de área foliar m
2
g
-
1
RBAÇ Rendimento bruto de açúcar t ha
-
1
RBAL Rendimento bruto de álcool t ha
-
1
r
c
Resistência do dossel da cultura s m
-
1
RE Respiração µmol m
-
2
s
-
1
RFA Radiação fotossinteticamente ativa interceptada W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
RFA
LI
Radiação fotossinteticamente ativa linear inferior W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
RFA
LS
Radiação fotossinteticamente ativa linear superior W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
Rg Radiação solar incidente ou global W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
Ri mero de Richardson -
RMF Razão de massa foliar g g
-
1
Rn Saldo de radiação W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
ROC Radiação de ondas curtas W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
ROL Radiação de ondas longas W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
ROL
e
Radiação de ondas longas emitida pela supercie W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
ROL
a
Radiação de ondas longas proveniente da atmosfera W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
Rr Radiação solar refletida W m
-
2
ou MJ m
-
2
dia
-
1
SCL Subcamada laminar -
SCR Subcamada rugosa -
SCT Subcamada de transição -
SRA Suprimento relativo de água -
SFC Subcamada de fluxo constante -
t Intervalo de armazenamento min
TAL Taxa de assimilação líquida g m
-
2
dia
-
1
t
ar
Temperatura do ar
o
C
T
ar
Temperatura do ar K
t
base
Temperatura base
o
C
t
bs1
Temperatura de bulbo seco do nível de medição 1
o
C
xii
t
bu1
Temperatura de bulbo úmido do nível de medição 1
o
C
t
bs2
Temperatura de bulbo seco do nível de medição 2
o
C
t
bu2
Temperatura de bulbo úmido do nível de medição 2
o
C
TCA Taxa de crescimento absoluto g m
-
2
dia
-
1
TCH Toneladas de colmos por hectare t ha
-
1
TCR Taxa de crescimento relativo g g
-
1
dia
-
1
TEDMC Taxa de expansão média do diâmetro mm dia
-
1
TEMC Taxa de elongação média dos colmos cm dia
-
1
TP Taxa de perfilhamento perfilhos m
-
2
dia
-
1
T
s
Temperatura da superfície K
u Velocidade do vento m s
-
1
u
*
Velocidade de fricção m s
-
1
UEA Uso eficiente de água kg m
-
3
UER Uso eficiente de radiação g MJ
-
1
UR
ar
Umidade relativa do ar %
VI Volume do internódio cm
3
VTC Volume total do colmo cm
3
X Bordadura m
z Altura de medição m
z
1
Nível de medição 1 m
z
2
Nível de medição 2 m
z
oh
Parâmetro de rugosidade da superfície para o fluxo
de calor
m
z
om
Parâmetro de rugosidade para o momentum m
z
0
Nível de referência do dossel m
σ Constante de Stefan-Boltzmann W m
-
2
K
-
4
α Albedo da superfície -
β Razão de Bowen -
γ Constante psicrométrica kPa
o
C
-
1
Declividade da curva de pressão de vapor d’água kPa
ε Emissividade da superfície -
ρ
a
Densidade do ar kg m
-
3
θ Temperatura potencial K
ψ
h
Fator de correção da estabilidade atmosférica para o -
xiii
calor
ψ
m
Fator de correção da estabilidade atmosférica para o
momentum
-
Ω Fator de desacoplamento -
ζ Variável de estabilidade de Monin-Obukhov -
xiv
RESUMO
SILVA, Thieres George Freire da Silva, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa,
setembro de 2009. Análise de crescimento, interação biosfera-atmosfera e
eficiência do uso de água da cana-de-açúcar irrigada no Submédio do Vale do
São Francisco. Orientador: Sérgio Zolnier. Co-orientadores: Magna Soelma Beserra
de Moura, Aristides Ribeiro e Paulo José Hamakawa.
O objetivo deste trabalho foi compreender os padrões de crescimento da cana-de-
açúcar irrigada, as variações do controle da cultura à troca de vapor d’água com a
atmosfera e a sua eficiência em termos de uso de água sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco. O experimento foi conduzido em uma área
comercial de cana-de-açúcar da Empresa Agroindústrias do Vale do São Francisco -
Agrovale, situada no município de Juazeiro, na região semi-árida do estado da Bahia. A
variedade utilizada foi a RB 92579, no ciclo de cana-soca. Uma torre foi instalada para
a realização de medições micrometeorológicas a cada 60 segundos e com
armazenamento dos valores médios em intervalos de 15 minutos. Adicionalmente,
realizaram-se medições biométricas e de biomassa em intervalos de duas a cinco
semanas e de rendimento ao final do ciclo da cultura (aos 13 meses), com a finalidade
de determinar índices morfofisiológicos e variáveis agrometeorológicas. O método do
Balanço de Energia com base na Razão de Bowen (BERB) foi utilizado para estimar os
fluxos de calor latente (LE) e sensível (H). A interação entre a cana-de-açúcar e a
atmosfera na troca de vapor d’água foi realizada utilizando o fator de desacoplamento
(Ω). Os valores de LE foram integrados para estimar a evapotranspiração (ETc) e o
coeficiente de cultura (Kc) da cana-de-açúcar. Finalmente, análises da eficiência do uso
de água foram realizadas utilizando indicadores baseados no desempenho de aplicação
de água no sistema de produção em relação à demanda hídrica requerida pela cana-de-
açúcar e em função da resposta produtiva da cultura. Como resultados foram definidos
os padrões de crescimento e de desenvolvimento da cana-de-açúcar irrigada, bem como
o uso eficiente de radiação (UER) e a eficiência fotossintética (EFT) da cultura. Os
valores de UER e EFT foram de 1,29 g MJ
-1
e 2,67 g MJ
-1
, respectivamente, quando se
considerou a produção de biomassa seca total da parte aérea. A análise de qualidade dos
dados obtidos pelo método BERB demonstrou que 65,7% dos valores medidos
apresentaram consistência física, ao passo que 88% dos dias monitorados foram
considerados válidos para os lculos dos fluxos em escala diária e ao longo do ciclo.
Os valores de LE representaram 81% do saldo de radiação, enquanto que o H e o fluxo
de calor no solo corresponderam a 16% e 3%, respectivamente. Durante o ciclo, o
xv
parâmetro Ω esteve em torno de 0,68, indicando um desacoplamento de moderado a alto
entre a cultura e a atmosfera, de modo que o processo de troca de vapor d’água foi
governado pelo suprimento de energia, ao invés do controle estomático da cana-de-
açúcar. Contudo, este controle foi observado como sendo maior do que em outras
regiões de cultivo sob condições de irrigação, demonstrando uma provável restrição do
sistema solo-clima ao processo de evapotranspiração da cana-de-açúcar. A ETc média
durante o ciclo foi de 4,7 mm dia
-1
, resultando em um requerimento total de 1710 mm.
O Kc variou de 0,65 a 1,10 entre as fases de brotão e crescimento máximo, reduzindo
para 0,85 na fase de maturação da cultura. A cana-de-açúcar irrigada apresentou uma
eficiência de produção de 9,49 kg de colmos, 1,22 kg de açúcar e 875,23 ml de álcool
por metro cúbico de água evapotranspirada pela cultura (ETc) e de 5,36 kg de colmos,
0,69 kg de açúcar e 494,14 ml de álcool por metro cúbico de água que entrou na área de
cultivo por precipitação e irrigação (P+I).
xvi
ABSTRACT
SILVA, Thieres George Freire da Silva, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa,
September, 2009. Growth analysis, biosphere-atmosphere interaction and water
use efficiency of the irrigated sugarcane in the Submedio of the São Francisco
Valley. Adviser: Sérgio Zolnier. Co-Advisers: Magna Soelma Beserra de Moura,
Aristides Ribeiro and Paulo José Hamakawa.
The objective of this work was to understand the growth patterns of the irrigated
sugarcane, the variations of the crop control on water vapour exchange with the
atmosphere and its water use efficiency under the climatic conditions of the Submedio
of the São Francisco Valley. The experiment was carried in a commercial area of
sugarcane of the Agroindústrias do Vale do São Francisco S.A., a Company located in
the district of Juazeiro, in the semi-arid region of Bahia State. The variety RB 92579
during the ratoon cycle was used. The tower was installed for the accomplishment of
micrometeorological measurements to every 60 seconds with storage of the medium
values in intervals of 15 minutes. Additionally, biometrics and biomass measurements
were obtained in intervals from two to five weeks, while yield data were quantified at
the end of the crop cycle (to the 13 months), with the objective to determinate
morphphysiological index and agrometeorological variables. The Bowen Ratio-Energy
Balance (BREB) method was used to estimate the latent (LE) and sensible (H) heat
fluxes. The decoupling factor was calculated to analyze the interaction for water vapour
exchange between the sugarcane and the atmosphere. The LE values along of day were
integrated to estimate the crop evapotranspiration (ETc) and the crop coefficient (Kc) of
the sugarcane. Finally, analysis of the water use efficiency were carried out using
indicators based an the water application performance in the production system as
related to the requested water demand by the sugarcane and in function of the crop
yield. As results, the growth and development patterns were defined for the irrigated
sugarcane, as well as the radiation use efficiency (RUE) and the crop photosynthetic
efficiency (PTE). The RUE and PTE values were of 1.29 g MJ
-1
and 2.67 g MJ
-1
,
respectively, when it was considered the production of aboveground dry biomass. The
quality analysis of data obtained by the method BREB demonstrated that 65.7% of the
measured values presented physical consistence, while 88% of the monitored days were
considered valid for the calculations of the daily fluxes and during the crop cycle. The
values of LE represented 81% of the radiation balance, while H and the soil heat flux
corresponded to 16% and 3%, respectively. During the crop cycle, the parameter was
equal to 0.68 on average. This indicates that, there was a moderate to high decoupling
xvii
between the crop and the atmosphere, where the process water exchange was controlled,
especially, by the energy supply, instead of the stomata control of the sugarcane.
However, this control was observed to be larger than in other cultivation areas under
irrigation conditions, demonstrating a probable restriction of the soil-climate to the
evapotranspiration process of the sugarcane. The medium ETc during the cycle was of
4.7 mm day
-1
, resulting in a total water requirement of 1710 mm. The Kc ranged from
0.65 to 1.10 between the sprouting and maximum growth phases, reducing to 0.85 in the
crop maturation stage. The irrigated sugarcane presented a production efficiency of 9.49
kg of stalks, 1.22 kg of sugar and 875.23 ml of alcohol for cubic meter of consumed
water by the crop (ETc) and of 5.36 kg of stalks, 0.69 kg of sugar and 494.14 ml of
alcohol for each cubic meter of water that entered in the system as rain and irrigation
(P+I).
1
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, o Brasil é um dos maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo,
com 8,4 milhões de hectares de área cultivada e uma produção de 558 milhões toneladas
de colmos, 26,6 milhões de metros cúbicos de álcool e 30 milhões de toneladas de
açúcar, apresentando um aumento ano após ano, em decorrência da entrada de novas
unidades industriais e da obtenção de novas variedades (BRASIL, 2008).
No ano de 2007, a produção de álcool aumentou 26% em relação ao ano
anterior, resultando em um consumo total energético ainda maior (28,6%). No mesmo
ano, os produtos da cana-de-açúcar ultrapassaram a energia hidráulica e elétrica na
oferta de energia do país, permanecendo atrás apenas do petróleo e seus derivados.
Mesmo com o aumento expressivo do consumo interno, as exportações também
cresceram e permitiram ainda a formação de estoques, garantindo um equilíbrio no
fornecimento e preços no período de entressafras. O uso do bagaço da cana, que é
utilizado como fonte térmica, principalmente nos setores energéticos (produção de
álcool, inclusive para a geração de energia elétrica) e de alimentos (produção de
açúcar), teve um incremento em 11,1%. Cabe destacar também, o aumento no
rendimento de processos de conversão de cana e melaço em etanol (BRASIL, 2008).
Esses resultados mostram a importância e potencialidade da cana-de-açúcar para o setor
de produção agrícola e para a matriz energética brasileira.
As recentes preocupações com a redução da emissão dos gases de efeito estufa,
bem como o aumento dos preços dos combustíveis e as incertezas das reservas de
petróleo vêm despertando o interesse pela exploração de culturas que possam se
constituir em fontes de energia renovável (KOSGEI et al., 2007; SU & LEE, 2009).
Neste sentido, a cana-de-açúcar destaca-se como uma das culturas potenciais, devido a
produção de álcool e utilização dos resíduos do sistema de produção nas termoelétricas,
que contribuem para redução da emissão de gases de efeito estufa (ALONSO-PIPPO et
al., 2008; COELHO et al., 2006; IICA, 2009; SU & LI, 2009).
Por esses motivos, avanços das fronteiras agrícolas com áreas de cultivo de cana-
de-açúcar têm ocorrido em várias regiões do país (IBGE, 2009). Na região semi-árida do
Submédio do Vale do São Francisco, especificamente no município de Juazeiro, no norte
do Estado da Bahia, a cana-de-açúcar tem apresentado um desempenho de destaque em
relação às demais áreas de cultivo no país, devido a utilização de tecnologias de irrigação
no sistema de produção. Nesta região, existe em torno de 18 mil hectares de cana-de-
2
açúcar irrigada, os quais representam 16,6% da área plantada no estado da Bahia. Em
2007, o rendimento dio desta cultura oscilou em torno de 91,2 t ha
-1
, superior ao
rendimento dio estadual (58,7 t ha
-1
) e nacional (76,6 t ha
-1
). A produção total do
município de Juazeiro-BA foi de 1,6 milhões de toneladas de colmos, o que gerou uma
renda de 75,5 milhões de reais (IBGE, 2009).
Na região do semi-árido brasileiro, os avanços das áreas agrícolas vêm
promovendo modificações importantes no ecossistema local, por meio da substituição da
vegetação nativa (caatinga). Estas modificações têm sido determinantes para a mudança
no uso da terra desta região, o que pode contribuir para a alteração no ciclo hidrológico e
no clima local ou em mesoescala (BALDOCCHI et al., 2000; HAO et al., 2007;
WEVER et al., 2002). Dentre as principais alterações, destacam-se mudanças no albedo,
na rugosidade da superfície, na umidade do solo e nas trocas de calor e vapor d’água
entre a biosfera e a atmosfera (ADEGOKE et al., 2007; CAMPOS C., 2006).
A biosfera e o clima compõem um sistema acoplado, onde as escalares
meteorológicas (temperatura e umidade relativa do ar, precipitação, insolação, dentre
outras) e os processos biológicos (fotossíntese, respiração, trocas de calor e vapor
d’água) afetam o balanço de água, os fluxos de carbono e o crescimento das plantas
(EASTMAN, 2001; MOTZER, 2005). Essa interação (vegetação-clima) reforça os
feedbacks positivos e negativos da biosfera sobre o clima local, sendo uma informação
de grande importância para estudos de melhor entendimento dos processos pertinentes,
como aqueles relativos à modelagem, que visam predizer os possíveis impactos das
mudanças climáticas sobre os ecossistemas e necessitam de parâmetros representativos
da superfície como dados de entrada dos modelos (ADEGOKE et al., 2007; BELTRÁN-
PRZEKURAT et al., 2008; SANTOS & COSTA, 2004; VERHOEF & ALLEN, 2000;
WRAMNEBY et al., 2008).
A compreensão dos processos que influenciam na interação biosfera-atmosfera
pode ser obtida por meio de medões micrometeorológicas (BALDOCCHI et al., 1988;
CABRAL et al., 2003; QIN et al., 2008), bem como por levantamento de parâmetros
fisiológicos e de crescimento da vegetação do ecossistema em estudo (GILBERT et al.,
2006; SINGELS et al., 2005; TEJERA et al., 2007). Com isso, é de grande relevância os
monitoramentos micrometeorológico e do crescimento da cana-de-açúcar, pois
permitirão entender melhor os processos que governam a interação entre a cultura e a
atmosfera e obter parâmetros que possam ser utilizados em modelos de simulação.
Por outro lado, em regiões semi-áridas, a água é um recurso de fundamental
relevância para a produção de cana-de-açúcar (INMAN-BAMBER & MCGLINCHEY,
3
2003; WATANABE et al., 2004; WIEDENFELD, 2004). Portanto, o uso eficiente de
água pode diminuir a quantidade total aplicada no sistema de produção e aumentar o
rendimento da cultura (SINGH et al., 2007). Adicionalmente, pouco se conhece sobre o
crescimento da cana-de-açúcar produzida na região do semi-árido brasileiro, mesmo
sabendo que o acúmulo de biomassa e o rendimento de açúcar podem ser influenciados
por vários fatores inerentes ao sistema de produção e ao ambiente de cultivo (GILBERT
et al., 2006; SINGELS et al., 2005; TEJERA et al., 2007). Assim, a determinação do
requerimento drico e das variáveis de crescimento da cana-de-açúcar obtidas sobre
condições potenciais será de grande importância visando definir um “limiar” para a
eficiência do uso de água no sistema de produção agrícola da cultura, especialmente no
que se refere à produção de biomassa e, consequentemente, de rendimento de sacarose e
de álcool (INMAN-BAMBER et al., 1999; INMAM-BAMBER & SMITH, 2005).
O incremento de biomassa e de sacarose na cana-de-açúcar apresentará
benefícios à produção de energia renovável (agroenergia), por meio da utilização dos
resíduos do sistema de produção (bagaço e pallhada) e pelo aumento da quantidade de
álcool produzido por tonelada, respectivamente. Além do mais, as informações
levantadas sobre a eficiência do uso de água da cana-de-açúcar irrigada permitirão
melhorar o dimensionamento e manejo dos sistemas de irrigação, visando à redução da
lixiviação excessiva de nutrientes e degradação dos solos, garantindo assim, a utilização
mais responsável dos recursos naturais, redução dos impactos ambientais e aumento da
lucratividade e dos benefícios sociais (COELHO et al., 2006; INMAN-BAMBER &
MCGLINCHEY, 2003; INMAN-BAMBER & SMITH, 2005).
4
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Compreender os padrões de crescimento da cana-de-açúcar irrigada, as variações
do controle da cultura à troca de vapor d’água com a atmosfera e sua eficiência do uso
de água nas condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
2.2. Objetivos específicos
(a) Analisar as variáveis agrometeorológicas e de crescimento da cana-de-açúcar
irrigada;
(b) Determinar a partição do saldo de radiação nos componentes do balanço de radiação
e de energia ao longo do ciclo da cultura;
(c) Estimar a evapotranspiração e o coeficiente de cultura da cana-de-açúcar para
diferentes fases fenológicas;
(d) Avaliar os padrões do acoplamento entre a cultura da cana-de-açúcar irrigada e a
atmosfera para a troca de vapor d’água;
(e) Estimar indicadores de eficiência do uso de água da cana-de-açúcar irrigada no
Submédio do Vale do São Francisco.
5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Análise de crescimento da cultura da cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar é uma cultura bem adaptada às condições tropicais e
subtropicais, caracterizadas por alta disponibilidade de água e de radiação. As plantas
possuem um grande armazenamento de sacarose nos tecidos dos colmos, tornando-a de
extrema importância comercial (TEJERA et al., 2007). Porém, semelhante a outras
culturas agrícolas, o sistema de produção da cana-de-açúcar pode ser afetado por fatores
relacionados à planta (cultivares, tipo de ciclo), ao solo (tipo, fertilidade), às práticas
culturais (época de plantio, densidade de plantio, rotação de cultura) e especialmente ao
clima (temperatura, radião, precipitação) (BELL & GARSIDE, 2005; BONNET et al.,
2006; GILBERT et al., 2006; PARK et al., 2005).
Os componentes estruturais da cana-de-açúcar (biomassa dos colmos e sacarose)
condicionam a produção de açúcar ou de álcool, sendo que o incremento de um deles
pode aumentar o rendimento final da cultura (INMAN-BAMBER et al., 2002;
SINGELS et al., 2005). Para avaliar tal contribuição, análises do crescimento da cana-
de-açúcar, em termos de produção de biomassa e suas partições, bem como suas
dinâmicas, podem ser de grande importância para melhor entender os mecanismos que
promovem o aumento da eficiência produtiva da cultura em resposta às condições
ambientais (TEJERA et al., 2007).
A análise de crescimento é considerada, sob o ponto de vista agronômico, um
estudo que permite conhecer as diferenças funcionais e estruturais entre variedades de
uma mesma espécie. Nesta análise, a adaptação ecológica das variedades a novos
ambientes é investigada, de forma que auxilie na seleção das mesmas de acordo com o
seu desempenho produtivo (BENICASA, 1988; GAVA et al., 2001).
Comumente, a análise de crescimento da cultura da cana-de-açúcar é realizada
por meio da estimativa de índices morfofisiológicos, como taxa de crescimento absoluto
(TCA), taxa de crescimento relativo (TCR), taxa de assimilação quida (TAL), razão de
área foliar (RAF) e razão de massa foliar (RMF), que necessitam de avaliações
seqüenciais, em intervalos regulares, do acúmulo de biomassa seca e área foliar.
Contudo, também é possível avaliar o crescimento da cana-de-açúcar por meio de
análise das dinâmicas de perfilhamento e das folhas, que condicionam a fração da
radiação fotossinteticamente ativa interceptada (f
RFA
) pela cultura e, conseqüentemente,
6
o acúmulo de biomassa, eficiência do uso de radiação e incremento do rendimento
industrial (OLIVEIRA, 2004; PARK et al., 2005; SILVA, 2005; SINGELS et al., 2005;
TEJERA et al., 2007).
O perfilhamento é governado inicialmente pela temperatura e radiação; porém
também é afetado pela variedade, densidade de plantio, ciclo (cana-planta ou cana-soca)
e disponibilidade de água e de nitrogênio no solo. A cana-de-açúcar perfilha nos
primeiros meses após o plantio ou a rebrota, e esse perfilhamento intensifica-se à
medida que as condições de temperatura e disponibilidade hídrica são favorecidas. As
este período, o número de perfilhos diminui até se estabilizar (SUGUITANI &
MATSUOKA, 2001). Inman-Bamber (1994) verificou, para a cana-de-açúcar durante o
ciclo de soca, que o máximo perfilhamento ocorreu até 500
o
Cdia e que a estabilização
aconteceu após 1200
o
Cdia, considerando uma temperatura base (t
base
) de 16
o
C. Quanto
à cana-planta, a cultura necessita de mais tempo para atingir o pico de perfilhamento
quando comparada à cana-soca. Zhou et al. (2003) observaram que o máximo
perfilhamento ocorreu entre 873 e 774
o
Cdia
(t
base
= 16
o
C), respectivamente, para as
cultivares ZN6 e NCo376. Almeida et al. (2008), avaliando o desenvolvimento e a
produtividade de variedades de cana-de-açúcar em relação à disponibilidade drica e
unidades térmicas, verificaram, para a cana-soca, um perfilhamento acentuado até 60
dias após o corte (DAC) ou 350
o
Cdia. Este comportamento também foi observado por
Alvares & Castro (1999), que encontraram valores de graus dias acumulados em torno
de 350
o
Cdia. Contudo, Donald et al. (2003), trabalhando com a variedade NCo376 no
ciclo de cana-soca, verificaram que o perfilhamento ocorreu entre 399 e 873
o
Cdia (t
base
= 16
o
C).
Associada à produtividade da cana-de-açúcar, tem-se que a dinâmica de
crescimento dos colmos é outra variável que apresenta correlação positiva com o
rendimento final desta cultura; contudo, a mesma pode variar com a variedade e
condições do ambiente de cultivo. Silva (2005), analisando o crescimento de cinco
variedades de cana-de-açúcar (RB 855113, RB 928064, RB 845210, RB 845197 e RB
855536) cultivadas em sequeiro, no ciclo de cana-soca, na região Noroeste do estado do
Paraná, verificou que o diâmetro dos colmos estabilizou-se a partir dos 150 DAC,
atingindo 2,62, 2,69, 2,46, 2,26 e 2,33 cm, respectivamente, quando a estatura dos
colmos havia alcançado 50% do valor final (300 cm). Por outro lado, Costa et al.
(2008), trabalhando com a variedade RB 92579 em condições de sequeiro, no município
de Rio Largo, Alagoas, verificaram que a estabilização do diâmetro dos colmos ocorreu
quando a estatura das plantas era de apenas 12% da estatura final (275 cm).
7
Concomitantemente, a dinâmica foliar é crucial na produtividade da cultura, uma
vez que o baixo desenvolvimento foliar pode limitar expressivamente o rendimento da
cana-de-açúcar, devido à redução da interceptação de radiação solar e ao acúmulo de
biomassa pelas plantas (SINCLAIR et al., 2004). Inman-Bamber (2004) cita que o
desenvolvimento foliar da cana-de-açúcar, ou seja, a taxa de aparecimento foliar ou
filocrono (intervalo de tempo entre o surgimento de duas folhas consecutivas) é
extremamente influenciada pela temperatura, mas que varia com a variedade
(SINCLAIR et al., 2004; SINGELS et al., 2005). Segundo estes autores, a cana-de-
açúcar apresenta dois períodos distintos de filocrono: um antes e outro após o
surgimento da folha n
o
14. As primeiras folhas dos colmos têm uma taxa de crescimento
maior do que àquelas que surgem em fases mais avançadas do ciclo da cultura. Para a
variedade NCo376, o filocrono para o primeiro intervalo é de 69
o
Cdia, enquanto que
para o segundo é de 169
o
Cdia. Esses valores são bem inferiores ao observados para a
variedade N12 (118
o
Cdia
e 200
o
Cdia) por Inman-Bamber (2004). No que se refere à
área das folhas, geralmente a mesma aumenta com a posição foliar até a folha n
o
14,
como resultado do aumento da área foliar específica (AFE), apresentando valores
diferentes a depender da variedade (DONALD et al., 2003; ROBERTSON et al., 1998).
A área foliar tem grande importância para os valores da fração da radiação
fotossinteticamente ativa interceptada (f
RFA
), que pode ser afetada pelo espaçamento de
plantio, tipo de ciclo (planta ou soca), data de início do ciclo e variedade (SINGELS &
SMITH, 2002; SINGELS et al., 2005). Singels et al. (2005), analisando os efeitos da
data de plantio ou de início de soca (dezembro e junho) no desenvolvimento do dossel e
na f
RFA
da cana-de-açúcar cultivada em Mount Edgecombe, África do Sul, verificaram
que as variedades NCo376 e CP66/1043 atingiram valores de 80% de f
RFA
mais rápidos,
quando o ciclo teve início em dezembro. Quando comparado com o início em junho,
estes autores observaram que a cana-de-açúcar, durante o ciclo de soca, atingiu 80% de
f
RFA
, mais rápido do que a cana-planta, logo que no início do ciclo da cana-soca existe
um maior número de gemas para promover a emissão de perfilhos.
Na literatura internacional, tem-se avaliado a eficiência de conversão da
radiação para biomassa da cana-de-açúcar, em termos de radiação solar global
interceptada, denominando uso eficiente de radiação (UER). Contudo, quando se
considera a radiação fotossinteticamente ativa interceptada, a mesma recebe o nome de
eficiência fotossintética (EFT) (SINGELS et al., 2005; SINCLAIR & MUCHOW,
1999). A cana-de-açúcar tem uma eficiência do uso de radiação relativamente alta, mas
que depende da variedade e das condições climáticas do local de cultivo (SINCLAIR &
8
MUCHOW, 1999). Robertson et al. (1996a) informam que durante o ciclo de cana-
planta, o UER (1,72 g MJ
-1
) foi 8% maior do que no ciclo de cana-soca (1,59 g MJ
-1
).
Muchow et al. (1994) obtiveram, para variedade Q96, um UER de 1,75 g MJ
-1
. Singels
& Smith (2002) mencionam valores variando entre 1,72 e 1,25 g MJ
-1
para a variedade
NCo376, a depender do espaçamento de cultivo; ao passo que os modelos de simulação
de crescimento da cana-de-açúcar, APSIM e CANEGRO, assumem valores variando de
1,8 a 1,65 g MJ
-1
e 1,5 a 1,2 g MJ
-1
a depender da idade e do ciclo da cultura,
respectivamente (SINGELS et al., 2008; KEATING et al., 1999).
Quando não se verifica melhorias no acúmulo de biomassa, devido ao aumento
da eficiência do uso de radiação da cana-de-açúcar, uma partição mais favorável de
biomassa para os colmos pode promover maior conversão em sacarose (INMAN-
BAMBER et al., 2002). Robertson et al. (1996a) citam partição de 0,80 para variedades
de cana-de-açúcar que produzem acima de 5 kg m
-2
. Inman-Bamber et al. (2002)
mencionam valores máximos de partição para os colmos na ordem de 0,85 para
variedades que produzem acima de 6 kg m
-2
sob condições tropicais. Em termos de
concentração de sacarose, esses autores encontraram valores variando entre 0,35 e 0,50
g de sacarose por g de matéria seca.
3.2. Balanço de radiação e de energia em superfície
A supercie terrestre é a principal área de transferência de energia para os
processos atmosféricos, que estão relacionados aos fluxos do balanço de radiação e de
energia em supercie. O conhecimento do comportamento desses fluxos é crucial para
um melhor entendimento dos mecanismos que controlam o ciclo de água, carbono e de
outros processos dos ecossistemas, bem como os seus efeitos sobre o tempo
meteorológico e o clima da Terra (BALDOCHI et al, 2004; HAO et al., 2007; WEVER
et al., 2002). Como pode ser observada na Figura 1, admite-se que, de toda energia que
atinge o topo da Terra, uma fração (30%) é refletida pela supercie, nuvens e atmosfera
e retorna ao espaço, ainda como radiação de ondas curtas (ROC). Outra parte (19%) é
absorvida pela a atmosfera e nuvens, e o restante (51%) é retida na superfície terrestre.
Desse total (51%), uma fração (21%) é irradiada na forma de ondas longas (ROL).
9
Figura 1. Balanço de energia em supercie.
No entanto, a Terra tende a emitir uma quantidade de ROL maior para o espaço
(117%), devido receber ROC apenas durante o dia e emitir ROL durante o dia e a noite.
Apenas uma pequena fração de ROL (6%) atravessa a atmosfera em direção ao espaço,
sendo que a maior parte (111%) é absorvida pela atmosfera e pelas nuvens, retornando a
superfície, devido o efeito estufa (96%). Assim, a supercie da Terra recebe
aproximadamente duas vezes mais ROL da atmosfera (96%) do que ROC (51%),
totalizando uma quantidade (147%) superior aquela recebida no início do processo
(100%). Por outro lado, a atmosfera terrestre perde uma quantidade de energia (-160%)
superior aquela recebida pela Terra. Para um intervalo de tempo grande, por exemplo,
um ano, a energia retida pela supercie (51%) e absorvida pela atmosfera (19%) é
perdida por ROL pela própria superfície (6%), bem como pela atmosfera (64%), zerando
o balanço de energia (AHRENS, 2000).
Analisando o balanço de energia em intervalo de tempo mais curto, por exemplo,
um dia, observa-se que da energia recebida pela superfície (147%, sendo 51% em ROC e
96% em ROL), uma parte é irradiada (117%), e o saldo de radiação (30%) é utilizado no
aquecimento da atmosfera e do solo por processos de condução e convecção (7%) e a
outra parte (23%) é usada para a evapotranspiração (AHRENS, 2000).
Atmosfera
Espaço
Oceano
Continente
100%
CO2H2ONH4O3 N2O
4%20%
6%
51%
Radiação refletida
pela atmosfera
Radiação refletida
pelas nuvens
Radiação refletida
pela Superfície da
Terra
Radiação direta
e difusa
19%
Radiação
absorvida pela
atmosfera
-23% (LE)
-7% (H)
Radiação absorvida na
superfície
-6%
-111%
-117%
CO2H2ONH4O3 N2O
-64%
+96%
-
160%
Infravermelha
perdida pela
Atmosfera
Radiação infravermelha
perdida pela superfície
30%
Radiação refletida
pela Terra
10
Além dos processos de condução, convecção e conversão em calor latente,
dependendo do tipo de superfície e considerando um volume de controle solo-planta-
atmosfera, outros processos tais como, o armazenamento de energia no solo e pelo
dossel das plantas, também podem assumir uma importância no balanço de energia à
superfície (AYRA, 2001). Assim, vários componentes podem ser considerados e o
balanço de energia passa a ser tratado pela seguinte equação:
0 = M +A +G + H + LE +Rn .................................................................................... (1)
em que, Rn = saldo de radiação (W m
-2
); LE = fluxo de calor latente (W m
-2
); H = fluxo
de calor sensível (W m
-2
); G = fluxo de calor no solo (W m
-2
); A = energia resultante da
adicão horizontal de calor, ou seja, processo de advecção (W m
-2
); e M = energia
utilizada em processos diversos como fotossíntese, respiração e armazenamento no
dossel das plantas (W m
-2
). Porém, assumindo os princípios de conservação de energia à
superfície, a equação do balanço de energia pode ser simplificada para (OKE, 1978):
0 =G + H + LE +Rn .................................................................................................. (2)
onde, os componentes A e M são considerados desprezíveis devido a baixa capacidade
de armazenar energia de algumas superfícies, especialmente em intervalo de tempo
maior, e devido a fração de energia destinada à fotossíntese ser bastante pequena
(ROSENBERG et al., 1983). Assim, a partir dessa equação, de uma maneira prática, é
possível conhecer a contribuição de cada um dos componentes (Rn, LE, H e G) na
partição do balanço de energia.
O componente do saldo de radiação (Rn) da equação do balanço de energia pode
ser representado por outros componentes, que caracterizam o balanço de radiação em
superfície (BRUTSAERT, 1982). Esse balanço é dividido em radiação de ondas curtas
(< 3 µm) e ondas longas, e pode ser representado das seguintes formas:
ea
ROL -ROL +Rr - Rg = BOL + BOC =Rn
............................................................ (3)
onde, BOC = balanço de ondas curtas (W m
-2
ou MJ m
-2
dia
-1
); BOL = balanço de ondas
longas (W m
-2
ou MJ m
-2
dia
-1
); Rg = radiação solar incidente ou global (W m
-2
ou MJ
m
-2
dia
-1
); Rr = radiação solar refletida (W m
-2
ou MJ m
-2
dia
-1
); ROL
a
= radiação de
11
ondas longas proveniente da atmosfera (W m
-2
ou MJ m
-2
dia
-1
); e, ROL
e
= radiação de
ondas longas emitida pela supercie (W m
-2
ou MJ m
-2
dia
-1
).
O BOC, pode ser representado pela equação:
α) - (1 Rg = BOC
....................................................................................................... (4)
em que, α = albedo da superfície (adimensional). Similamente, BOL pode ser
quantificado por:
Tε - Rol = BOL
4
sa
............................................................................................... (5)
em que, ε = emissividade da superfície (exemplo, água: 0,96; areia fina: 0,95); σ =
constante de Stefan-Boltzmann (5,67 x 10
-8
W m
-2
K
-4
); e, T
s
= temperatura absoluta da
superfície, em K.
Os componentes LE e H da equação do balanço de energia representam as
frações de energia destinadas aos processos de evapotranspiração e aquecimento do ar,
respectivamente. Em geral, estes componentes têm sido medidos ou estimados para
diferentes supercies, utilizando métodos micrometeorológicos (Vórtices Turbulentos,
Balanço de Energia – Razão de Bowen e Método Aerodinâmico), dentre os quais um dos
mais utilizados é o método do balanço de energia com base na razão de Bowen (BERB),
como será posteriormente discutido no item 3.4.
3.3. Escoamento do ar em superfície e sua influência sobre a aplicação de métodos
micrometeorológicos
Os balanços de radiação e de energia, previamente abordados, juntamente com
outros processos (exemplo: movimentos da Terra, etc.), são fatores responsáveis pela
ocorrência de diferentes fenômenos na superfície da Terra. Dentre eles, tem-se o
escoamento do ar, que é um dos fenômenos de maior importância para os processos de
interação biosfera-atmosfera, com ações sobre a mistura e a troca de momentum, calor e
massa na camada limite planetária (CLP), a qual é extremamente influenciada pela
superfície terrestre. Essa influência pode ocorrer em intervalos de tempo de uma hora ou
menos e se estender desde algumas centenas de metros até alguns poucos quilômetros
(STULL, 1988).
12
A CLP é dividida em subcamadas, sendo que a do topo é denominada subcamada
de transição (SCT), enquanto que a situada imediatamente abaixo denomina-se
subcamada superficial ou camada limite interna (CLI) (Figura 2). Por sua vez, a CLI
divide-se em outras duas: a subcamada de fluxo constante (SFC) ou subcamada inercial,
que é a de maior interesse em estudos micrometeorológicos, logo que suas as
propriedades de escoamento (momentum, calor e massa) tornam-se constantes com a
altura; e, a subcamada rugosa (SCR), que é extremamente influenciada pelos fatores
inerentes às características da supercie, tais como, geometria e espaçamento entre os
objetos. Finalmente, próxima à superfície, em intervalo de espaço em torno de
milímetros, está situada a subcamada laminar (SCL) (CAMPBELL & NORMAN, 1998;
ROSENBERG et al., 1983).
Com exceção da SCL, o escoamento em superfície ocorre essencialmente de
forma turbulenta, caracterizada por flutuações ou turbiles (“eddies”) quase caóticos da
velocidade do ar, temperatura e da concentração de propriedades (calor, CO
2
, entre
outras), em torno de um valor médio, no tempo e no espaço. Esses turbilhões apresentam
grande eficiência no transporte de momentum, calor e massa, e apresentam uma forma
mais ou menos contínua na CLI (AYRA, 2001). Todavia, devido a natureza quase
caótica dos turbilhões, sua descrição fisico-matemática resulta em equações diferenciais
de escoamento com resolução anatica difícil, de modo que para um melhor
entendimento do escoamento faz-se necessário um tratamento estatístico e a aplicação de
parametrizações (AYRA, 2001; STULL, 1988).
Os turbilhões podem ser gerados de duas formas distintas, sendo a primeira como
resultado da fricção do ar sobre a superfície, denominada turbulência mecânica, e a
segunda devido ao aquecimento da superfície que produz flutuações, denominada
turbulência convectiva”. Na turbulência mecânica, o tamanho dos turbilhões produzidos
tendem a ser menores do que aqueles gerados pela turbulência convectiva. Por outro
lado, na ausência de fortes efeitos convectivos, o escoamento é extremamente controlado
pela força de arraste do vento sobre a superfície (cisalhamento), que atua com uma força
de atrito em sentido contrário ao movimento do ar, a qual depende do grau de rugosidade
superficial. Esse atrito reduz o escoamento e modifica as características do movimento
próximo à superfície (CAMPBELL & NORMAN, 1998; OKE, 1978).
13
Figura 2. Subcamadas da atmosfera terrestre.
No escoamento, os turbilhões maiores quando são convertidos naqueles de
tamanhos menores, e esses em turbilhões de escalas ainda menores, dissipam Energia
Cinética Turbulenta (ECT), também denominada energia interna (Teoria de
Kolmogorov), que resulta num processo denominado cascata de energia”. Esse
processo é responsável pela produção de energia e transporte das propriedades da
atmosfera, e desempenha um papel importante na transferência de calor e umidade, na
evaporação, na interação térmica e dinâmica entre a atmosfera e a superfície, bem como
na dispersão de poluentes (MARTINS, 2004).
O escoamento na CLI é descrito pelas equações de continuidade, para a
conservação de massa, e pelas equações de Navier-Stokes, para a conservação do
momentum, por apresentar um comportamento semelhante ao escoamento de um fluido
incompressível sobre uma placa plana (BERNARDES, 2008). Por causa do maior
número de incógnitas do que de equações e da necessidade de descrever o processo
turbulento do escoamento, no tratamento dessas equações são utilizadas as aproximações
de Boussinesq e a convenção de Reynolds, que consistem em separar o valor da
propriedade de escoamento, em sua média e flutuabilidade (FOKEN, 2008). Apesar
desses artifícios, outras teorias são utilizadas para promover o “fechamento das
Espaço
Oceano
Subcamada rugosa (SCR)
Subcamada de Transição
(SCT)
Subcamada Limite Interna
(CLI)
Subcamada de fluxo constante (SFC)
Subcamada laminar (SCL)
Camada Limite Planetária
(CLP)
14
equações do escoamento em supercie, por exemplo, as teorias de Monin-Obukhov e da
similaridade dos coeficientes de transferência turbulenta das propriedades (Teoria K”).
As trocas turbulentas de calor entre a superfície e a atmosfera, normalmente
levam a estratificação térmica da CLI, que se caracteriza por escoamento de natureza
inteiramente mecânica, e depende do atrito da superfície e da distribuição do fluxo de
momentum. Assim, a teoria da similaridade de Monin-Obukhov (M-O) ganha
importância para descrever fuões que validem o comportamento médio e as
flutuabilidades das propriedades de escoamento, por meio da determinação de um
parâmetro de estacionalidade para superfície lisas e homogêneas:
cρ
H
T
g
k
u
/z
paar
3
*
............................................................................................ (6)
onde, ζ = variável de estabilidade de Monin-Obukhov (adimensional); z = altura de
medição dos fluxos (m); u
*
= velocidade de fricção (m s
-1
); k = constante de Von
Karman (adimensional); g = aceleração da gravidade (m s
-2
); T
ar
= temperatura do ar
(K); H = fluxo de calor sensível (W m
-2
); ρ
a
= densidade do ar (kg m
-3
); e, c
p
= calor
específico do ar (kJ kg
-1
o
C
-1
) (Obs.: na equação de ζ, o termo do denominador refere-se
ao comprimento característico de Monin-Obukhov, L
M-O
) (AYRA, 2001).
A hipótese básica da teoria de M-O é a de que o escoamento médio e suas
flutuações dependem apenas da altura acima da superfície (z), velocidade de fricção (u
*
),
do fluxo de calor sensível (H) e da flutuabilidade ou variação da força ascencional
(g/T
ar
), sob condições homoneas, horizontais e quase estacionárias. Deste modo, os
fluxos turbulentos de momentum e de calor são constantes (independentemente da altura
em relação à superfície), as trocas moleculares são insignificantes na comparação com as
trocas turbulentas, os efeitos rotacionais podem ser desconsiderados na supercie e a
inflncia da rugosidade superficial, altura da CLP e os ventos geostróficos (definidos
pelas diferenças de pressão em grandes escalas) são totalmente responsáveis pela fricção
do vento na supercie (AYRA, 2001).
Porém, estudos de interação biosfera-atmosfera têm mostrado que, quando a
superfície deixa de ser lisa e homogênea, o escoamento torna-se complexo, de modo que
resulta em efeitos importantes sobre a variação dos fluxos das propriedades da atmosfera
15
(momentum, calor e massa). Tais condições são evidentes especialmente no local de
transição entre duas superfícies, onde o desenvolvimento de uma nova CLI, que
cresce com a distância deste local. Este comportamento é muito comum em áreas de
cultivo que são circundadas por áreas de solo nú, onde os perfis das propriedades
atmosféricas não estão em equilíbrio com a nova supercie (EVETT, 2000; AYRA,
2001).
Por este motivo, a determinação da nova altura da CLI ) torna-se de grande
importância, visando definir o local de instalação e o posicionamento dos equipamentos
micrometeorológicos, os quais serão utilizados para medir as características do
escoamento ou os fluxos das propriedades atmosféricas. Para isto, utiliza-se a seguinte
expressão:
X z 0,1=δ
0,8
0,2
om
...................................................................................................... (7)
em que, z
om
= parâmetro de rugosidade da supercie para o momentum (m); X =
distância entre o ponto de transição da nova superfície e o local de instalão dos
equipamentos, ou seja, “bordadura” (m).
Outro problema, inerente ao escoamento do ar, refere-se a sua ocorrência sobre
uma supercie vegetada. Sob tal condição, a distribuão espacial das estruturas do
dossel das plantas (folhas, tronco, galhos, entre outras) atua como elemento de atrito para
o escoamento do ar, aumentando a transformação de turbulhões maiores naqueles de
menores escalas, sem a passagem por escalas intermediárias, de forma a acelerar a
liberação de energia interna no sistema (FINNIGAN, 2000). Por outro lado, o aparente
nível de referência deixa de ser a superfície do solo e passa a ser a altura equivalente ao
deslocamento do plano zero (d), onde está situada a altura média dos parâmetros de
rugosidade da supercie, que modifica o comportamento das trocas de momentum, calor
e massa no ambiente (AYRA, 2001). Essas trocas regulam o microclima de
desenvolvimento das plantas, modificando a concentração de CO
2
para a fotossíntese,
crescimento, ciclo de nutrientes e remoção do vapor d’água resultante do processo de
transpiração (MOTZER, 2005; PATTON, 1997; WILSON et al., 1982).
O entendimento do escoamento do ar na supercie vegetada não é trivial, pois
apresenta uma grande variabilidade espacial e temporal. Essa complexidade deve-se,
especialmente, a existência das diversas subcamadas fisicamente distintas acima e dentro
16
de superfícies vegetadas, que influenciam consideravelmente, a força de arraste do vento
sobre a própria supercie (PATTON, 1997; SHEN & LECRERC, 1997).
Em muitos casos, o principal local de trocas é nas folhas das plantas, que
possuem densidades variáveis ao longo do dossel, bem como características de supercie
que são bastante distintas (altura, rugosidade, dentre outras) (OKE, 1978). Por exemplo,
em culturas como cereais, a densidade foliar não varia muito em função da altura.
Porém, naqueles casos como milho e muitas árvores, a densidade foliar concentra-se
próximo ao topo do dossel, não podendo ser considerada a rego que compreende o
caule ou tronco das plantas. No caso de florestas, o dossel de algumas espécies estende-
se até próximo à supercie do solo (FINNIGAN, 2000).
Para caracterizar a estrutura média do escoamento do ar em superfície são
utilizados os valores dios da velocidade do vento. Porém, para representar a natureza
turbulenta do escoamento do ar, devem ser aplicadas estatísticas de turbulência, bem
como análises dos termos do balanço de energia cinética e do espectro de turbulência
(Energia Cinética do Fluxo Médio) acima e abaixo do dossel das plantas (SHEN &
LECLER, 1997; WILSON, 1989). O conhecimento destas características de escoamento
do ar em supercie torna-se de grande importância, visando a aplicação de todos
micrometeorológicos como: vórtices turbulentos, balanço de energia com base na razão
de Bowen e método aerodinâmico.
Estes métodos são aplicados na subcamada de fluxo constante, acima da
subcamada rugosa, onde são encontrados fortes gradientes verticais que controlam a
transferência de momentum, calor e massa. Nesta subcamada, considera-se que os fluxos
medidos a uma altura são aproximadamente iguais aos da superficie, comportamento
esse análogo aos fluxos moleculares. Esses fluxos são proporcionais aos gradientes das
variáveis médias, assumindo a relação fluxo-gradiente, sendo que as características do
escoamento do ar e o transporte das suas propriedades ocorrem de forma idêntica.
Assim, pode-se estabecer a igualdade dos coeficientes de transferência turbulenta para o
momentum (K
m
), calor (K
h
) e vapor d’água (K
w
) (“Teoria de K”) (AYRA, 2001;
FOKEN, 2008).
Nessa subcamada, o fluxo descreve um perfil logarítmico a partir do plano de
deslocamento zero (d), considerando que o comprimento de mistura de Prandtl é
proporcional à distância da supercie (Pr = kz) e que a tensão de arrasto é constante, o
que leva ao surgimento de um perfil de velocidade do vento e o estabelecimento de uma
constante, denominada (k = constante de Von Karman) (YI, 2008). Os valores de “d”
dependem das características da vegetação, especialmente da altura e da densidade foliar
17
das plantas. Nesse caso, o escoamento sobre uma superfície vegetada pode ser obtido a
partir da lei do perfil logarítmico, acrescido dos valores de d” (CAMPBELL &
NORMAN, 1998):
om
oh
zz,
z
dz
ln
k
*
u
u(z)
...........................................................................................(8)
em que, u(z) = velocidade do vento na altura de medição z (m); u
*
= velocidade de
fricção (m s
-1
); z
om
= parâmetro de rugosidade para o momentum (m); = constante de
Von Karman (adimensional); e, z
oh
= parâmetro de rugosidade da supercie para o fluxo
de calor (m).
Porém, a aplicabilidade dessa equação pode apresentar várias limitações. Ao
contrário do escoamento molecular, os coeficientes de transferência turbulenta (K
m
= K
h
= K
w
) não são necessariamente constantes ou iguais, podendo variar com a altura,
estabilidade atmosférica ou outros parâmetros de importância da turbulência. Com isso,
a equação do perfil logarítmico do vento é válida apenas para condições de atmosfera
neutra, sendo que sob condões de atmosfera estável ou instável, o perfil do escoamento
apresenta uma distorção (AYRA, 2001; ROSENBERG et al., 1983).
Para se adequar à nova situação, deve-se utilizar funções de correção de
estabilidade, como função do número do comprimento característico de Monin-Obukvov
(L) ou de Richardson (Ri) (CAMPBELL & NOMAN, 1998; STULL, 1988). Outro
problema, relacionado ao uso da equação do perfil logarítmico, refere-se ao fato do “d”
o garantir que medições de velocidade de vento tenham sido feitas acima da camada
rugosa da supercie. Além do mais, tem-se que considerar que os valores de “d” são
diferentes para o fluxo de calor latente e para o fluxo de calor sensível (RAUPACH &
THOM, 1981).
Devido à falta de homogeneidade do escoamento do ar na subcamada rugosa
acima do topo das plantas, a relação fluxo-gradiente não se aplica a tais condições, logo
que as estruturas de arraste promovem a formação de turbilhões em várias direções.
Estes turbilhões pertubam os gradientes horizontais médios do escoamento do ar e das
suas propriedades, tornando-os menores do que aqueles da subcamada de fluxos
constantes e, consequentemente, distorcem o perfil logarítmico (RAUPACH & THOM,
1981). Por esse motivo, métodos como o da razão de Bowen e o aerodinâmico, que
assumem a relação fluxo-gradiente, perdem a sua aplicabilidade na subcamada rugosa.
18
Com base nisto, faz-se necessário garantir a instalação dos equipamentos, que fornecem
dados para estes métodos, dentro da camada de fluxo constante.
3.4. Balanço de energia com base na razão de Bowen e suas particularidades
O método do balanço de energia, com base na razão de Bowen (BERB), é um
dos mais utilizados em estudos micrometeorológicos, visando melhor entender a
interação entre a atmosfera e a vegetação. Para a partição da energia disponível (Rn
G) entre os fluxos de calor latente (LE) e sensível (H), o método BERB se baseia na
relação do fluxo-gradiente e na transferência de massa. É um método indireto, quando
comparado ao método dos Vórtices Turbulentos, que mede diretamente os fluxos, ou
aos lisímetros de pesagem, que medem a variação de massa de um volume de solo
(INMAN-BAMBER & MCGLINCHEY, 2003; TOLEDO FILHO, 2001).
O método BERB tem sido amplamente aplicado por ser simples e prático, além
de apresentar bons resultados quando comparado aos métodos dos Vórtices Turbulentos
e lisimétrico (PAUWELS & SAMSON, 2006; SILVA et al., 2005; TODD et al., 2000),
bem como, por possuir desempenho superior ao todo aerodinâmico (MOLDER et al.,
1999). Por esse motivo, vários autores têm recomendado a sua utilização na avaliação
da precisão de outros todos de estimativa dos fluxos sob diferentes superfícies, por
exemplo, o método de Penman-Monteith (RANA & KATERJI, 2000, ZHANG et al.,
2008). Outra vantagem do todo BERB está relacionada com o fato de dispensar
informações de características aerodinâmicas. Além disso, permite estimar os fluxos em
intervalos de tempo pequeno (< 1 hora), sendo sua aplicação validada em intervalos de
até 5 minutos (HEILMAN et al., 1989; RANA & KATERJI, 2000; STEDUTO &
HSIAO, 1998c).
Trata-se de um método que permite estimar LE, de modo que possa ser utilizado,
por conseguinte, na determinação da evapotranspiração da cultura (ETc), do coeficiente
de cultura (Kc) e do requerimento drico de culturas agrícolas (MARIN, 2003; RIGHI,
2004; SILVA, 2005; TEIXEIRA et al., 2007). Neste método, são utilizadas medidas do
saldo de radiação (Rn), fluxo de calor no solo (G), temperatura do ar (t) e pressão de
vapor d’água (e), em pelo menos dois níveis acima do dossel vegetativo (AZEVEDO et
al., 2003; HANSON & MAY, 2006; TEIXEIRA et al. 2007).
19
O método BERB é baseado no balanço de energia, discutido anteriormente,
forçando o seu fechamento por meio do uso da relação entre os fluxos de LE e H,
denominada razão de Bowen (β) (BROTZGE, & CRAWFORD, 2003):
LE
H
β ...........................................................................................................................(9)
O método BERB pode ser utilizado em várias condições ambientais, inclusive na
região semi-árida (DUGAS et al., 1991; GAVILÁN & BERENGENA, 2007; TODD et
al., 2000), onde o gradiente de temperatura pode atingir valores elevados, enquanto que,
o gradiente de pressão de vapor no ar pode ser pequeno (ANGUS & WATTS, 1984). As
regiões semi-áridas são caracterizadas como advectivas, com grande contribuição de
calor sensível horizontal, que pode afetar os valores dos fluxos de calor sensível e
latente (LEE et al., 2004). Isto ocorre, especialmente, em áreas irrigadas que o
comumente circundadas por áreas nuas e secas ou em áreas de cultivos esparsos, que
podem apresentar incrementos nas taxas de evapotranspiração (OLIVEIRA & LEITÃO,
2000; FIGUEROLA & BERLINER, 2006).
No entanto, para sua aplicabilidade, faz-se necessário atender algumas
suposições e requerimentos. Dentre elas, tem-se a hipótese da igualdade dos
coeficientes de transferência turbulenta de calor (Kh) e de vapor d’água (Kw), como
mencionado anteriormente, que pode assumir resultados contraditórios, caso sejam
constatadas condições advectivas no ambiente de monitoramento (GAVILÁN &
BERENGENA, 2007; VERMA et al., 1978). Essas condições são evidenciadas,
especialmente quando as medições dos sensores instalados acima da cultura não são
realizadas dentro da camada limite ajustada ou camada de fluxo constante (PEREZ et
al., 1999). Assim, é imprescindível para o uso do método BERB, uma distância mínima
de bordadura visando garantir a consistência da estimativa dos valores dos fluxos acima
da supercie (HEILMAN et al., 1989).
Outros problemas, inerentes ao método BERB, estão relacionadas às precisões
dos sensores utilizados, a aproximação dos valores de β a -1 e as dificuldades de
manutenção do sistema, no que se refere ao sensor de temperatura do bulbo úmido.
Adicionalmente, tem-se a necessidade de inversão dos psicrômetros para reduzir os
erros de medões e, conseqüentemente, a inconsistência dos resultados de LE e de H, a
depender dos valores da razão de Bowen (OHMURA, 1982; PEREZ et al., 1999; TODD
et al., 2000).
20
A precisão das estimativas dos valores de H e LE e a consistência da partição
dos fluxos dependem de algumas suposições e requerimentos e da análise de erros
associados à precisão de medida dos sensores (OHMURA, 1982; PEREZ et al., 1999).
Como mencionado anteriormente, o método BERB é baseado na igualdade dos
coeficientes de transferência turbulenta para calor (Kh) e vapor d’água (Kw) (Bowen,
1926). No entanto, tem-se verificado que, sob condições de advecção, os valores da
relação Kh/Kw
tendem a diferirem de 1. Verma et al. (1978) e Motha et al. (1979)
encontraram que Kh/Kw
é maior do que 1 em condições de inversão térmica (atmosfera
estável ou ΔT / Δe < 0). Contudo, Lang et al. (1983) e Gavilán & Berengena (2007)
observaram valores de Kh/Kw menores do que 1 sob condições de inversão térmica, o
que está relacionado com o ajuste incompleto da camada limite interna à nova
superfície, comumente evidenciado em áreas com bordadura pequena e localizadas em
regiões com advecção. Sob essas condições, Blad & Rosenberg (1974) verificaram
subestimativas dos valores de LE. Lee et al. (2004) constataram que a relação Kh/Kw
sob ambiente advectivo foi menor do que 1, quando os valores de β eram negativos, ou
superiores a 1, quando os valores de β eram positivos.
Righi et al. (2007), analisando se as condões de bordadura eram suficientes
para minimizar os efeitos de advecção, determinaram, por meio das relações entre os
valores de temperatura e pressão de vapor d’água obtidos em três níveis de medição
(N1, N2 e N3), o índice de similaridade (IN) como sugerido por Verma et al. (1978) (IN
= [(θ
N3
θ
N1
) /
N2
θ
N1
)] / [(e
N3
e
N1
) / (e
N2
e
N1
)]). Os perfis dessas propriedades
tendem a serem similares, se a razão entre os gradientes de temperatura e pressão de
vapor d’água forem constantes ao longo da subcamada atmosférica amostrada, o que
ocorre apenas na ausência de advecção de calor sensível. Righi et al. (2007) constataram
que um menor efeito advectivo foi evidenciado quando os valores de IN variaram de 0,7
a 1,3. Esta variação em relação a 1, é decorrente dos erros de medição dos sensores.
Mcnaughton & Laubach (1998) informam que grande parte dos efeitos de advecção
ocorre quando os valores de β variam entre -0,2 e 0,1, o que promove desvios nos
valores da relação Kh/Kw.
Por outro lado, Gavilán & Berengena (2007) verificaram, sob condições de
atmosfera neutra e instável, que os valores de Kh/Kw não foram expressivamente
maiores do que 1, concluindo que o método BERB pode ser aplicado na estimativa dos
fluxos em regiões com advecção, desde que não ocorram erros importantes. Sob tais
condições, estes autores verificaram que o método BERB superestimou os valores de
LE, em média, em apenas 5,5%, apresentando resultados melhores nos períodos em que
21
ocorreu instabilidade atmosférica. Além do mais, quando comparado a métodos como o
dos Vórtices Turbulentos, tem-se mostrado mais adequado para obtenção dos fluxos,
logo que este método necessita de manutenção mais freqüente e complexa (UNLAND et
al., 1996). Por outro lado, outros autores também têm constatado o bom desempenho do
método BERB quando comparado a métodos que consideram a variação de massa em
um volume de controle limitado, como o do balanço de água no solo, o qual não
necessita de grandes áreas para sua aplicação (ZHANG et al., 2008).
Vários autores têm constatado desempenho satisfatório do método BERB. No
entanto, a aplicação do mesmo requer uma exigência mínima de bordadura e da altura
de instalação dos psicrômetros (inferior e superior). Todd et al. (2000) verificaram que a
limitação de bordadura resultou em diferenças entre 5 e 15% nos valores de LE durante
o período diurno e entre 25 e 40% durante o período noturno. Porém, essas diferenças
aumentaram quando a localização de monitoramento (footprint) e as alturas dos
sensores foram distintas. De acordo com Rosenberg et al. (1983), o método BERB para
apresentar bons resultados de estimativa dos fluxos, requer uma relação
bordadura:altura dos sensores maior do que 100:1. Dentro desta faixa, as medidas dos
gradientes de temperatura e pressão de vapor d’água tendem a entrar em equilíbrio com
o dossel da cultura. Porém, quando os valores de β são pequenos e positivos, Heilman et
al. (1989) afirmam que uma relação bordadura:altura de 20:1 é suficiente.
Os requerimentos com bordadura tendem aumentar com a altura do psicrômetro
superior. Além do mais, a diferença entre a altura dos sensores do nível inferior e
superior deve ser suficiente para que estes estejam dentro da camada limite interna
(acima da camada rugosa) e que os gradientes de temperatura e de pressão de vapor
d’água sejam maiores do que a resolução dos sensores. Assim, quanto maior for essa
diferença entre os níveis de medição, maior será a necessidade de bordadura
(STANNARD, 1997).
Finalmente, os erros de estimativa dos valores de LE e H, obtidos pelo método
BERB, podem ser avaliados comparando-se os resultados com dados de fluxos medidos
pelo método dos Vórtices Turbulentos ou a partir da adoção de critérios que avaliem a
consistência dos valores da razão de Bowen (β) (OHMURA, 1982; PEREZ et al., 1999).
Essas avaliações são relevantes, especialmente nos instantes em que os valores de β
aproximam-se de -1, o que torna as estimativas de LE e de H inconsistentes. Isso ocorre,
comumente, nos horários próximos ao amanhecer e ao entardecer ou mesmo durante
eventos de precipitação ou de irrigação, que promovem a inversão dos gradientes de
temperatura e pressão de vapor d’água (PEREZ et al., 1999). Assim, para rejeitar os
22
valores de β próximos a -1, alguns autores consideram um intervalo de rejeição com
valores β fixos (ORTEGA-FARIAS et al., 1996; SOARES et al., 2007; UNDLAND et
al., 1996) ou definem intervalos que se baseiam na precisão de medida da temperatura e
da pressão de vapor d’água (OHMURA, 1982; PEREZ et al., 1999). A depender do
método de aceitação ou rejeição dos valores de β e de atenuação dos efeitos advectivos,
podem ser constatadas diferenças nos resultados de estimativa dos fluxos (SOARES et
al., 2007).
Nesse caso, também é importante ter medidas representativas de Rn e G da área
experimental e conhecer o erro de medição dos sensores, especialmente dos
psicrômetros, os quais apresentam grande importância na obtenção dos gradientes de
temperatura e pressão de vapor d’água (RIGHI et al., 2007). Linkosalo et al. (1996)
consideram um erro de 5% como aceitável para a precisão de medição dos sensores de
Rn. Angus & Watts (1884) assumem que o erro de medições de Rn é aceitável quando
estiver em torno de 4%. Para avaliar as medições de pressão de vapor d’água e
temperatura do ar, têm sido utilizados os valores de |0,02| kPa e |0,05|
o
C,
respectivamente (AZEVEDO et al., 2003; PEREZ et al., 1999).
3.5. Evapotranspiração e coeficiente de cultura da cana-de-açúcar
A evapotranspiração (ET) é um dos principais componentes do ciclo
hidrológico, em que a estimativa precisa em escala local e, ou, regional faz-se
necessário para a determinação do uso da água nas diferentes áreas de atuação (LAGE
et al., 2006).
No setor agrícola da cana-de-açúcar, a ET é um fator importante no manejo de
irrigação visando à determinação das alocações e melhoria do manejo de água
armazenada na superfície e no perfil do solo, bem como na concepção e
dimensionamento do sistema de irrigação. A ET é muito relevante para assegurar tanto
o suprimento quanto o requerimento de água da cultura, bem como para a diminuição
dos impactos dos sistemas de irrigação, que normalmente são superdimensionados
(INMAN-BAMBER & MCGLINCHEY, 2003; INMAN-BAMBER & SMITH, 2005).
O aumento da eficiência do uso da água, também, é importante para melhorias no
rendimento da cultura e para a sustentabilidade do sistema de produção.
Em regiões onde a exploração comercial da cana-de-açúcar ocorre em condições
de sequeiro, o conhecimento da evapotranspiração da cultura é de grande importância
23
para assegurar que o estresse hídrico seja minimizado em fases críticas do crescimento.
Adicionalmente, pode ser utilizada como uma ferramenta decisiva em programas de
melhoramento, visando identificar variedades resistentes à seca (INMAN-BAMBER &
MCGLINCHEY, 2003).
A evapotranspiração da cana-de-açúcar pode ser influenciada por fatores
inerentes às condições ambientais, técnicas agrícolas, sistema de irrigação, período de
plantio, idade do corte e variedades, e por estes motivos, é comum encontrar valores
diferenciados de requerimento drico da cultura. De acordo com Doorenbos & Kassam
(1979), o requerimento drico desta cultura oscila entre 1500 mm e 2500 mm. Pacheco
et al. (1983) observaram valores de evapotranspiração acumulada para a cana-de-açúcar
entre 1600 mm e 1800 mm, na Província de Matanzas, em Cuba; 1420 mm a 1650 mm,
em Porto Rico; 1936 mm, na Argentina. Porém, estes valores tendem a diminuir com o
ciclo da cultura (cana-planta, primeira soca e segunda soca).
Souza et al. (1999), em cultivo de cana-soca com idade de 13 meses e utilizando
sistema de irrigação por aspersão tipo canhão, encontraram para as variedades
RB72454, RB76418 e SP70-1011, máximas produtividades em colmos da ordem de
155,8, 126,9 e 141,9 t ha
-1
, com lâminas de água de 1568, 1424 e 1589 mm,
respectivamente.
Alfonsi et al. (1987) citam que, nas áreas canavieiras do Brasil, o total de
precipitação pluviométrica anual varia de 1100 a 1500 mm. Farias et al. (2008),
avaliando a eficiência do uso de água da cana-de-açúcar cultivada na região dos
Tabuleiros Costeiros do município de Capim PB, verificaram que a maximização do
uso eficiente de água para a variedade SP 79-1011 pode ser obtida com a lâmina de
1276 mm. Gomes (1999) obteve, para a variedade RB72454, durante o ciclo de cana-
planta, uma produtividade média de colmos e de açúcar de 130 e 17 t ha
-1
,
respectivamente, para um requerimento médio de 1195 mm.
Maule et al. (2001) verificaram no estado de São Paulo, para a variedade SP79
1011 com produtividades médias de 149, 154 e 170 t ha
-1
, precipitações totais de 1478,
1695 e 1829 mm, para ciclos de 14, 17 e 19 meses, respectivamente. Azevedo (2002)
encontrou para a mesma variedade, cultivada nos tabuleiros costeiros da Paraíba,
produtividades de 52, 79, 93 e 92 t ha
-1
, para uma precipitação efetiva mais irrigação de
609, 761, 905 e 1043 mm, respectivamente, durante 12 meses de cultivo. Para as
condições climáticas da Austrália, Baillie (2004) cita que o rendimento da cana-de-
açúcar responde espacial e sazonalmente no que se refere a distribuição da precipitação,
24
especialmente por apresentar requerimentos dricos diferenciados entre os distritos
sucroalcooleiros, os quais podem variar entre 1110 e 1960 mm.
Em termos de coeficiente de cultura (Kc), Doorenbos & Kassam (1994)
informam, para a cana-de-açúcar, que os seus valores podem variar em função do clima,
variedade, ciclo da cultura (cana-planta, soca, ressoca) e eventos de irrigação,
especialmente na fase inicial e de desenvolvimento. No boletim 56 da FAO (ALLEN et
al., 1998), o valor recomendado de Kc para a cana-de-açúcar é de 0,40 para a primeira
fase de crescimento da cultura, de 1,25 para a fase de crescimento máximo e de 0,70
para o final do ciclo.
Valores similares foram obtidos por Inman-Bamber & Mcglinchey (2003),
durante as duas primeiras fases de crescimento desta cultura, sob as condições
climáticas de Kalamia Austlia e Simunye Suazilândia (Região Sul do continente
africano). Em Kalamia – Austrália, estes autores verificaram que a ETc média, no
período de cobertura máxima do solo (fração da radiação fotossinteticamente ativa
interceptada, f
RFA
> 80%), foi de 5,48 ± 0,13 mm dia
-1
, enquanto a ETo foi de 4,44 ±
0,07 mm dia
-1
, resultando em valores dios de Kc de 1,23. Constataram também que,
na fase inicial, os valores de Kc variaram de 0,4 a 1,0 quando a RFA
inter
aumentou de
5% para 25%. Em Simunye Suazilândia, estes autores observaram que a ETc foi de
5,19 ± 0,26 mm dia
-1
, no período de cobertura máxima do solo (f
RFA
> 80%), ao passo
que, a ETo foi de 3,98 ± 0,16 mm dia
-1
, resultando em valores médios de Kc de 1,30
(entre 0,9 e 1,54). Para a fase final de desenvolvimento, estes autores verificaram que os
valores de Kc foram superiores ao valor recomendado pela FAO.
Apesar da conformidade de valores observados por Inman-Bamber &
Mcglinchey (2003), em relação aos valores sugeridos pela FAO, muitos autores têm
obtidos valores de Kc inferiores, em diferentes regiões de cultivo de cana-de-açúcar.
Watanabe et al. (2004), utilizando o todo BERB para estimar a ETc e Kc da cultura
da cana-de-açúcar cultivada num solo franco-arenoso na região semi-árida do Nordeste
da Tailândia, onde a temperatura média anual oscila em torno de 26ºC, a radiação solar
varia entre 15 e 20 MJ m
-2
dia
-1
e o total de precipitação é de 1200 mm, verificaram que
a ETc média foi de 4,0 mm dia
-1
, enquanto o Kc atingiu valores dios de 1,10, durante
a fase de máximo crescimento desta cultura, considerando a disponibilidade de água no
solo superior a 0,25 cm
3
cm
-3
. Decréscimos dos valores de Kc foram verificadas quando
o conteúdo de água no solo foi reduzido para a faixa de 0,20 a 0,24 cm
3
cm
-3
e abaixo
de 0,20 cm
3
cm
-3
, como resultados do estresse hídrico sofrido pela cultura. Pacheco et
al. (1983), revisando valores de Kc da cana-de-açúcar, encontraram valores médios de
25
1,14, na África do Sul e de 1,10, no Hawai, durante a fase de crescimento máximo da
cultura.
Omary & Izuno (1995) verificaram, para as condições do Sul da Flórida, que o
valor médio de Kc foi de 0,47, durante os dois primeiros meses do ciclo da cultura da
cana-de-açúcar (entre janeiro e fevereiro), os quais abrangem a fase de brotação e de
estabelecimento da cultura, com uma taxa de crescimento inferior a 5 g m
-2
dia
-1
. Entre
o terceiro e quinto mês (março a maio), em que a taxa de crescimento foi menor do que
10 g m
-2
dia
-1
, o valor dio de Kc variou de 0,66 a 0,76. Na fase de crescimento
máximo, a cultura apresentou taxa de crescimento entre 10 e 20 g m
-2
dia
-1
, resultando
num Kc médio de 1,09 (durante os meses de junho e outubro). Ao final do ciclo, durante
a fase de maturação da cultura (entre novembro e dezembro), a taxa de crescimento foi
inferior a 10 g m
-2
dia
-1
, com o Kc médio correspondente a 0,93.
Souza et al. (1999), em experimento com duração de 13 meses (cana-soca),
verificaram valores de Kc durante a fase de crescimento máximo da cultura (novembro
a maio), variando entre 1,10 e 1,15, em Campos dos Goytagazes, no Rio de Janeiro. Na
fase inicial (agosto), o Kc foi de 0,60 e variou entre 0,85 e 1,02 na fase de perfilhamento
(setembro e outubro). Na fase de maturação (junho a agosto), o seu valor reduziu-se de
0,85 para 0,60. Para as condições climáticas do Sul do Estado do Texas, nos Estados
Unidos, Wiedenfeld (2004) cita que o valor de Kc da cana-de-açúcar durante a fase de
crescimento máximo (maio a outubro), variou de 0,9 a 1,0, com valores da fase inicial
inferior a 0,2, mas que variaram de 0,2 a 0,90 na fase de perfilhamento.
3.6. Acoplamento entre a biosfera e a atmosfera (fator de desacoplamento)
O grau de acoplamento é um indicativo da habilidade de troca de momentum,
energia e massa entre o dossel da planta e a atmosfera. Inicialmente, esse conceito foi
proposto por Mcnaughton & Jarvis (1983) e Jarvis & Mcnaughton (1986), que
quantificaram o grau de acoplamento para a troca de vapor d’água por meio do lculo
de um fator denominado, fator de desacoplamento (Ω). Este acoplamento depende das
características aerodinâmicas da superfície e expressa a conversão de calor sensível do ar
circuvizinho em calor latente. Deste modo, uma supefície rugosa interage mais
fortemente com a atmosfera quando comparada com uma superfície lisa, proporcionando
o consumo maior de calor sensível no processo de remoção de água da superfície por
evapotranspiração (PEREIRA, 2004). Em nível foliar, o grau de acoplamento é
26
determinado pela resistência da camada limite, enquanto em nível de dossel da cultura,
depende da resistência aerodinâmica (STEDUTO & HSIAO, 1998b).
O acoplamento entre a biosfera e a atmosfera é baseado na equação de Penman-
Monteith (MONTEITH, 1977), expressa por:
)
r
r
γ(1Δ
r
ea)(escρ
G)Δ(Rn
LE
a
c
a
pa
.....................................................................................(10)
em que, LE = fluxo de calor latente (W m
-2
); = declividade da curva de pressão de
saturação de vapor d’água (kPa); Rn = saldo de radiação sobre uma supercie gramada
(W m
-2
); G = fluxo de calor no solo (W m
-2
); ρ
a
= densidade do ar (kg m
-3
); c
p
= calor
específico do ar à pressão constante (kPa
o
C
-1
); (e
s
- e
a
) = déficit de pressão vapor d’água
(kPa); γ = constante psicrométrica (kPa
o
C
-1
); u = velocidade do vento (m s
-1
); r
a
e r
c
=
resistências aerodinâmica e do dossel da cultura (s m
-1
), respectivamente.
Os valores de r
a
e r
c
estão relacionados ao acoplamento biosfera-atmosfera, sendo
que a última controla, expressivamente, a resistência estomática e, portanto, a resistência
do dossel. Quando r
a
é muito baixa comparada a r
c
, o acoplamento é considerado bom e
mudanças nos valores de r
c
resultam em alterações proporcionais na transpiração das
plantas (INMAN-BAMBER & SMITH, 2005). Por exemplo, para a cana-de-açúcar,
Mcglinchey & Inman-Bamber (1996) obtiveram valores de r
c
da ordem de 57 s m
-1
, por
meio da inversão da equação de Penman-Monteith e dados de LE obtidos por meio de
lisímetros. Por outro lado, Grantz & Meinzer (1991), utilizando o todo BERB para
obter os valores de LE, encontraram para cana-de-açúcar irrigada, valor de r
c
de 34 s m
-1
.
Assumindo os limites para a equação de Penman-Monteith, em que os valores de
r
a
são considerados próximos ao infinito (+
) e a zero (0), respectivamente, tem-se que:
γΔ
G)Δ(Rn
LE
r
lim
a
............................................................................................(11)
c
aspa
0
a
rγ
)e(ecρ
LE
r
lim
..........................................................................................(12)
O limite para LE, com r
a
tendendo ao +
, é conhecida como evapotranspiração
de equilíbrio (LE
eq
), que depende apenas da energia disponível e armazenada, ou seja, do
27
termo energético da equação de Penman-Monteith. Por outro lado, o limite para LE, com
r
a
tendendo a zero, é conhecida como evapotranspiração imposta (LE
imp
), que depende
apenas do ficit de pressão de vapor d’água e da resistência do dossel da cultura, ou
seja, do termo aerodinâmico da equação de Penman-Monteith. Com isso, reestruturando-
se a equação de Penman-Monteith, é possível analisar a contribuição dos termos
energético e aerodinâmico na evapotranspiração total, considerando a seguinte expressão
(MCNAUGHTON & JARVIS, 1983):
imp
LEΩ)(1
eq
LEΩLE
......................................................................................(13)
em que, Ω = fator de desacoplamento (adimensional), que varia entre zero (caso extremo
de total acoplamento entre a planta e a atmosfera; neste caso, indicando que a
evapotranspiração total deve-se ao termo aerodinâmico, representando a importância
relativa da LE
imp
, ou mesmo que sob essas condições a cultura exerce maior controle
sobre a transferência de vapor d’água para atmosfera) e um (caso extremo de total
desacoplamento entre a planta e a atmosfera. Neste caso, a evapotranspiração total é
resultado do termo energético, sendo o termo LE
eq
de maior importância relativa. A
energia disponível no sistema possui maior contribuição para a transferência de vapor
d’água da cultura por evapotranspiração) (GOLDBERG & BERNHOFER, 2008;
JONES, 1992; MCNAUGHTON & JARVIS, 1983).
Quando a cultura encontra-se no período de senescência, ou seja, quando há uma
redução do índice de área foliar, o Ω tende a diminuir, demonstrando que a cultura
começa a exercer influência no processo de evapotranspiração, quando então um
aumento da resistência estomática é evidenciado (PEREIRA, 2004; STEDUTO &
HSIAO, 1998b). Por outro lado, quando a cultura encontra-se totalmente desenvolvida, a
interação biosfera-atmosfera pode ser induzida pelo aumento da velocidade do vento,
resultando em valores de Ω tendendo a zero; porém, condições de vento muito calmo ou
muito forte promovem um menor acoplamento entre a biosfera e a atmosfera (valores de
Ω tendendo a 1), indicando que a importância relativa no processo de evapotranspiração
deve-se ao termo energético (LE
eq
). Sob condições de cultura esparsa e velocidade do
vento moderada, também é observado baixo acoplamento entre a vegetação e a
atmosfera (STEDUTO & HSIAO, 1998b).
Pereira (2004), calculando os valores de Ω para uma superfície gramada, nas
condições de Davis-USA e Piracicaba-SP, verificou que os seus valores variaram de 0,69
28
a 0,93, cuja a média foi de 0,83. Este autor evidenciou, também, uma relação negativa
entre os valores de Ω e a velocidade do vento, de modo que, sob condições de vento
entre ~0,5 e ~4 m s
-1
, um aumento do acoplamento da vegetação com a atmosfera é
favorecido. Steduto & Hsiao (1998b), determinando o fator de desacoplamento para o
milho, com altura entre 3,0 e 3,2 m, submetido a dois regimes de água no solo
(tratamento seco e úmido), observaram, em escala diária, antes do período de
senesncia da cultura, que os valores de Ω variaram entre 0,4 (acoplamento moderado)
e 0,8 (baixo acoplamento), no horário de meio-dia, demonstrando o baixo controle da
cultura no processo de evapotranspiração. Verificaram também, durante as primeira
horas da manhã, que os valores de Ω foram menores devido aos altos valores de
resistência da cultura e à baixa velocidade do vento, mas que tenderam a aumentar até ao
meio-dia. Contudo, uma nova redução até o entardecer foi evidenciada. Além disso foi
constatado que o aumento da velocidade do vento até 5 m s
-1
promoveu um acréscimo na
interação entre a cultura e a atmosfera. Entretanto, sob condições de ventos fortes (>5 m
s
-1
), os valores de Ω tornaram-se superiores a 0,4, indicando a redução do acoplamento
entre a cultura e a atmosfera. As difereas entre os valores de Ω para os dois regimes de
água no solo foram significativamente evidenciados, somente após o início do período
de senescência da planta no tratamento seco, quando então notou-se uma redução na
transpiração da cultura. A redução no índice de área foliar proporcionou um aumento do
acoplamento (baixo valores de Ω), devido ao maior controle da superfície vegetada.
Para a cana-de-açúcar, Meinzer & Grantz (1989) obtiveram, para diferentes
variedades cultivadas sob condições irrigadas, valores de Ω em torno de 0,9. Contudo,
sob condições severas de restrição de água no solo, Ω atingiu valores próximos de 0,2.
Segundo estes autores, quando a cultura apresenta desenvolvimento completo do seu
dossel e estão submetidas a condições ótimas de água no solo, os valores de Ω tendem a
ser semelhantes entre variedades distintas. Adicionalmente, os valores de Ω somente
respondem a pequenas variações quando as variedades foram cultivadas sob condições
de estresse hídrico severo.
Quando comparados com espécies florestais, os valores de Ω tendem a ser
maiores do que os de culturas agrícolas, especialmente sob condições de baixa
turbulência e resistência estômática, indicando um maior acoplamento da vegetação de
floresta com a atmosfera. Isto se deve ao fato da estatura, fechamento do dossel e a
dimensão das folhas das culturas agrícolas inibirem a interação do ar com a supercie
vegetada das plantas (MAGNANI et al., 1998). Estes autores constataram, nas primeiras
horas da manhã, quando a resistência das plantas e a velocidade do vento eram baixas,
29
um menor acoplamento > 0,3) entre uma vegetação de floresta (Fagus sylvatica L.) e
a atmosfera. Com o aumento de energia incidente, devido à baixa disponibilidade de
água no solo, os valores de Ω tenderam a diminuir, em decorrência do maior controle das
plantas à transpiração. Na fase de crescimento das plantas, foram evidenciados valores
médios de Ω da ordem de 0,28.
3.7. Interação biosfera-atmosfera e a resposta da eficiência do uso de água da cana-
de-açúcar à disponibilidade de água
O balanço de radiação à superfície é a fonte primária de energia que governa
muitos dos processos de importância para o solo e para as plantas. Por exemplo, pode-se
citar a partição da energia em fluxo de calor latente e sensível, partição de biomassa,
condutância estomática e a assimilação de carbono, que condicionam a eficiência do uso
de água da cultura. No entanto, a partição dos fluxos de energia, a utilização de radião
e os níveis de estresse hídrico, os quais as plantas o submetidas, permitem entender
melhor os fatores e suas influências no crescimento e desenvolvimento das plantas, bem
como nos processos do balanço quido de dióxido de carbono (NEE), respiração (RE) e
produtividade primária líquida de um ecossistema (GPP) (KAR & KUMAR, 2007;
SUYKER & VERMA, 2008).
Sob condições de disponibilidade de água e nutrientes no solo, a cana-de-açúcar
produz uma grande quantidade de biomassa. No entanto, quando cultivada em
condições de estresse drico durante as fases críticas (perfilhamento e início da
elongação de colmos), pode apresentar reduções expressivas no acúmulo de biomassa
total, biomassa dos colmos e de sacarose. Por outro lado, quando o estresse drico é
aplicado, durante a fase de maturação, condiciona o aumento da concentração de
sacarose nos colmos (INMAN-BAMBER, 2004; ROBERTSON & DONALD, 1998;
ROBERTSON et al., 1999; SINGH et al., 2007).
Quando este estresse não é bem manejado, a restrição de água no solo pode
reduzir a emissão foliar e aumentar a velocidade de senescência das folhas e dos
perfilhos da cana-de-açúcar. Como resultado, a fração da radiação fotossinteticamente
ativa interceptada pela cultura é reduzida (INMAN-BAMBER, 2004). Assim, sob tais
condições, onde a possibilidade de estresse hídrico é alta, a cultura da cana-de-açúcar
pode apresentar um menor crescimento, resultando numa maior exposição da supercie
do solo (SMITH & SINGELS, 2006; TERUEL et al., 1997).
30
Um aumento da temperatura do dossel, também pode ser verificado (TRIGGS et
al., 2004; INMAN-BAMBER & SMITH, 2005), em decorrência, tanto do incremento da
radiação de ondas longas emitida pela superfície do solo quanto da redução da
condutância estomática do dossel (MAGLIULO et al., 2003; TRIGGS et al., 2004;
WANG et al., 2007).
Quando a disponibilidade de água no solo é reduzida, ocorre elevação do albedo
da supercie (LIMA et al., 2005). Por outro lado, onde a disponibilidade de água no solo
o é limitante, a maior parte do saldo de radiação é convertida em LE. No entanto, à
medida que a quantidade de água no solo vai diminuindo, a energia disponível é
utilizada no armazenamento de calor no solo e, ou, na conversão de calor sensível
(TEIXEIRA et al., 2008).
Cabral et al. (2003) monitoraram durante 408 dias o LE, H e o fluxo de dióxido
de carbono (FCO
2
), em uma área cultivada com cana-de-açúcar não irrigada, no
município de Sertãozinho-SP. Os autores observaram que a maior parte do saldo de
radiação foi convertida em H (4 a 6 MJ m
-2
dia
-1
), durante os períodos de menor
disponibilidade de água no solo, que ocorreram nos primeiros 100 dias após o corte
(supercie descoberta) e na fase de maturação da cultura (final do ciclo). Em ambos os
períodos, foram evidenciados valores de β superiores a 1. Na fase subsequente aos
primeiros 100 dias, quando houve a ocorrência de precipitações, os valores de β
mostraram-se inferiores a 0,5, e a cultura passou a crescer de maneira plena. Os maiores
valores de LE (16 MJ m
-2
dia
-1
) foram observados na estação do verão, que correspondeu
ao período de maior diponibilidade de água no solo e, consequentemente, maior taxa de
transpiração e de evaporação de chuva interceptada pelo dossel da cana-de-açúcar. A
assimilação máxima de CO
2
no período de maior e menor disponibilidade de água,
verificados em março e outubro, foram de 45 µmol m
-2
s
-1
e 20 µmol m
-2
s
-1
,
respectivamente. Nesse caso, o balanço de radiação e a partição para o LE e H, bem
como o FCO
2
foram afetados pela disponibilidade de água no solo, o que pode ter
resultado em modificações no NEE e, consequentemente, no uso eficiente de água
(UEA) pela cultura.
Sob condições de estresse hídrico, Robertson & Donald (1998) e Robertson et al.
(1999) informam que o acúmulo de biomassa total, biomassa dos colmos e de sacarose
da cana-de-açúcar são expressivamente afetados, caso a restrição ocorra na fase
fenológica de perfilhamento e, ou, início da elongação de colmos da cultura. O estresse
hídrico imposto durante a fase de perfilhamento, quando o índice de área foliar (IAF)
ainda era pequeno, promoveu grandes impactos na área foliar, perfilhamento e biomassa
31
acumulada. Porém, teve pouco efeito sobre o rendimento final desta cultura, comparado
ao manejo de água pleno durante todo o ciclo. O mesmo resultado não foi observado
para a fase de início da elongação dos colmos, quando o dossel da cultura estava bem
estabelecido (IAF > 2 m
2
m
-2
). Esses resultados, provavelmente, ocorreram devido a
habilidade da cana-de-açúcar reestabelecer a taxa de emissão foliar e de perfilhos quando
irrigada, logo após ter sido submetida a um período de estresse hídrico, o que permite a
cultura apresentar um NEE maior quanto imposta a outra condição de estresse hídrico.
Sob condições de estresse hídrico prolongado, vários autores (KWON et al.,
2008; SAITO et al., 2005; SAN JOSÉ et al., 2007; WANG et al., 2004) têm observado
que as plantas reduzem a assimilação de CO
2
, em decorrência dos efeitos da limitação de
água no solo sobre a estrutura fotossintética (IAF) e o processo de respiração.
Kwon et al. (2008) mencionam que o FCO
2
entre a vegetação e a atmosfera é
governado, primeiramente, pela RFA, IAF, temperatura e umidade do solo, dependendo
do período do dia. Durante o período diurno, o balanço quido de carbono (NEE) tende
a apresentar uma forte dependência do nível de radiação incidente nas diferentes fases de
crescimento da cultura. Neste período, reduções do NEE podem ser evidenciadas devido
ao controle estômático das plantas à transferência de vapor d’água, sob condições de
baixo conteúdo de água no solo, altos valores de temperatura do ar e de déficit de
pressão de vapor d’água. Contudo, o FCO
2
pode atingir valores elevados quando o IAF é
máximo, mesmo que as plantas sejam ou não irrigadas (SURKER et al., 2004). Por outro
lado, devido à redução do IAF sob restrição de água no solo, as magnitudes de FCO
2
tendem a ser menores, provocando reduções do NEE. Durante o período noturno, além
da umidade do solo e IAF, a temperatura do solo assume, igualmente, grande relevância
nos processos do FCO
2
entre a superfície e a atmosfera. Este fato ocorre especialmente
na fase inicial de crescimento, provavelmente, em decorrência da influência relativa das
taxas de respiração de crescimento e de manutenção. O NEE, durante o período noturno,
tende a ser significativamente menor para culturas o irrigadas (SURKER et al., 2004).
Por outro lado, sob condições irrigadas, as taxas de respiração das plantas (RE) tendem a
ser elevadas na fase de crescimento, o que pode compensar os benecios do GPP
evidenciadas sob maior disponibilidade de água no solo (VERMA et al., 2005).
De modo geral, o valor de NEE tende a ser superior nas áreas com maior
disponibilidade de água no solo, logo que as plantas apresentam maior acúmulo de
biomassa. No entanto, o valor de NEE pode apresentar uma grande variabilidade
sazonal, principalmente entre os períodos secos e chuvosos e entre as distintas fases de
crescimento das plantas (BONNEVILLE et al., 2008; SUYKER et al., 2004).
32
A cana-de-açúcar responde bem a condões irrigadas, podendo apresentar altos
valores de UEA (atingindo até 27 kg m
-3
, a depender do método de cálculo do UEA),
mesmo quando o incremento de água pela irrigação não seja significativo (em torno de
9% do total recebido pelas plantas). Sob estas condições, a cultura apresenta expressivo
aumento no desenvovimento do dossel, o que resulta em um incremento considerável da
biomassa (em torno de 31%), juntamente com a produtividade (41%). Este resultado
pode ser atribuido à melhoria na partição de biomassa para os colmos, proporcionada
pela irrigação (INMAM-BAMBER & SMITH, 2005). Por esses motivos, comumente,
sob condições irrigadas, a cana-de-açúcar tende a apresentar incrementos expressivos no
valor de UEA quando comparado aos sistemas de produção de sequeiro, como resultado
do incremento do NEE, principalmente, quando a fase de maior crescimento desta
cultura coincide com o período de maior disponibilidade hídrica.
Sob restrições de água no solo, reduções de UEA de diversas culturas têm sido
evidenciado por vários autores (DETAR, 2008; KARAM et al., 2007; LINDERSON et
al., 2007). Contudo, para a cana-de-açúcar, a magnitude de redução do UEA depende do
tipo de variedade, ciclo (cana-planta ou cana-soca), condições ambientais e práticas de
manejo adotadas (SINGELS & SMITH, 2006). Esses fatores afetam o desenvolvimento
do dossel, que governa os processos de interceptação de radião fotossinteticamente
ativa, evapotranspiração, balanço de carbono e, consequentemente, os valores de NEE da
cultura. Por exemplo, dependendo da variedade de cana-de-açúcar, as plantas tendem a
fechar os estômatos, enrolar as folhas e realizar ajustes osmóticos, como mecanismos de
tolerância ao estresse hídrico (INMAM-BAMBER & SMITH, 2005; ROBERTS et al.,
1990).
Pelo que foi abordado, é evidente que o manejo de água adequado e estratégico
ao longo de todo o ciclo da cana-de-açúcar, torna-se de grande importância, podendo o
UEA ser utilizado para ajustar o planejamento e a tomada de decisão da irrigação e,
conseqüentemente, aumentar a produtividade de colmos, açúcar e de álcool, bem como
a lucratividade do sistema de produção (INMAN-BAMBER & SMITH, 2005;
KARATAS et al., 2009).
Muitos pesquisadores têm proposto indicadores para avaliar a eficiência do uso
de água (BOS et al., 1994; MOLDEN et al., 1998; PERRY et al., 1996). Estes
indicadores consideram a resposta produtiva da cultura (grupo I) e o desempenho de
aplicação de água no sistema de produção em relação à demanda drica máxima
requerida (grupo II) (PEREIRA et al., 2002). O primeiro grupo de indicadores está
associado à produtividade da água da cultura (PA
C
), que expressa a relação entre a
33
quantidade produzida e o volume de água aplicado ou consumido pela cultura.
Comumente, este indicador é conhecido como uso eficiente de água. No entanto, para a
PA
C
, é considerada a fração econômica do rendimento (IGBADUN et al., 2006;
KAHLOWN et al., 2007). A PA
C
é um ótimo indicador de análise da eficiência do uso
de água, pois permite avaliar a redução do rendimento em decorrência da diminuição da
disponibilidade de água para a cultura (DETAR, 2008; DI PAOLO & RINALDI, 2008).
O segundo grupo de indicadores tem sido utilizado em diferentes áreas agrícolas e
considera o suprimento relativo de água (SRA), a evapotranspiração relativa (ER), a
fração de redução de água (FRA) e o ficit de drico da cultura (DHC) (AHMAD et
al., 2009; BASTIAANSSEN et al., 2001; BOS et al., 2005; KARATAS et al., 2009).
34
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1. Descrição da área e do período experimental
Este estudo foi conduzido em um talhão experimental de 12,17 ha de cana-de-
açúcar, pertencente à Empresa Agroinstrias do Vale do São Francisco (Agrovale),
que possui aproximadamente 18 mil hectares de áreas cultivadas, localizados no
município de Juazeiro, Bahia, no Submédio do Vale do São Francisco, na rego semi-
árida do Nordeste brasileiro. As coordenadas geográficas do local de realização do
estudo o: 9º28’07”S; 40º22’43’’O; 386,5 m. A cana-de-açúcar (Saccharum
officinarum ssp.), variedade RB 92579, foi conduzida no ciclo de cana-soca (segundo
ciclo da cultura), na safra de 2007/2008.
O solo da área experimental é pertencente à classe dos Vertissolos, que
compreendem solos constitdos de material mineral, horizonte vértico, pequena
variação textural ao longo do perfil, baixa velocidade de infiltração de água e com
características de mudanças abruptas entre contração e fendilhamento, nos períodos
entre eventos de irrigação (AMARAL et al., 2007). Na Tabela 1 são demonstradas as
características físico-hídricas e químicas do solo da área experimental.
O cultivo foi realizado na direção leste-oeste, em fileiras com espaçamento de 1,5
m. A adubação foi feita com base nas análises de solo e foliar, onde no início do ciclo
de cana-soca foram aplicados 157,5 kg ha
-1
e 0,5 L ha
-1
de uréia e Ajipower,
respectivamente. Para o controle de ervas daninhas foram aplicados 1 L ha
-1
dos
herbicidas Aminol e Trop. A irrigação era do tipo superficial por sulcos, utilizando um
sistema de condução em tubos janelados, tendo os eventos sido realizadas com base no
conteúdo de água no solo obtido por meio de uma sonda FDR (Frequency Domain
Reflectometer) modelo PR2/6 (Delta-T Devices Ltd., Burwell, Cambridge, UK) e a
partir dos valores de evapotranspiração de refencia (ETo). A irrigação foi realizada
sempre que o conteúdo de água no solo atingia 50% da capacidade de campo.
O experimento foi conduzido entre os meses de junho/2007 a junho/2008,
totalizando 389 dias, compreendendo as fases fenológicas brotação e estabelecimento
(Fase I), estabelecimento e perfilhamento (Fase II), crescimento máximo (Fase III) e
maturação (Fase IV). O período e duração de cada uma destas fases podem ser
observados na Tabela 2.
35
Tabela 1. Características físico-hídricas e químicas do vertissolo da área experimental da
cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Características
Unidades
Profundidades
Média 5 10 20 30 50 90
Argila % 46,84 49,14 50,52 48,21 44,94 53,18 48,80
Silte % 21,31 17,64 15,26 17,53 22,38 17,44 18,59
Areia fina % 10,91 10,46 11,09 11,09 11,23 10,81 10,93
Areia grossa % 20,93 22,76 23,13 23,17 21,45 18,58 21,67
Areia total % 31,84 33,22 34,22 34,25 32,68 29,39 32,60
d
a
g cm
-3
1,33 1,36 1,37 1,39 1,38 1,37 1,37
d
s
g cm
-3
2,40 3,26 2,43 2,45 2,44 2,44 2,57
CC cm cm
-3
0,51 0,52 0,46 0,48 0,45 0,48 0,48
PM cm cm
-3
0,35 0,36 0,33 0,34 0,32 0,33 0,34
M.O. g/kg 28,62 17,31 8,14 5,89 4,93 4,31 11,53
pH - 8,53 8,77 8,83 8,90 9,00 8,97 8,83
C.E. dS/m 2,31 0,96 1,02 0,97 0,74 0,88 1,15
P mg/dm
3
2,00 1,33 1,00 1,00 1,00 1,67 1,33
K cmolc/dm
3
2,22 2,57 0,55 0,42 0,28 0,17 1,04
Ca cmolc/dm
3
29,53 31,03 33,20 34,13 35,83 37,43 33,53
Mg cmolc/dm
3
4,30 3,10 3,30 3,47 2,47 2,43 3,18
Na cmolc/dm
3
1,34 0,88 0,83 0,83 0,84 0,93 0,94
Al cmolc/dm
3
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
H+Al cmolc/dm
3
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
S (bases) cmolc/dm
3
37,39 37,58 37,88 38,85 39,42 40,97 38,68
CTC cmolc/dm
3
37,39 37,58 37,88 38,85 39,42 40,97 38,68
V % 100
100 100 100 100 100
100
Obs.: d
a
= densidade aparente, d
s
= densidade do solo, CC = capacidade de campo, PMP = ponto
de
murcha permanente.
Tabela 2. Período e duração das fases fenológicas da cana-de-açúcar irrigada (variedade
RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do
São Francisco.
Fase fenológica
Data DAC Duração
I. Brotação e estabelecimento 28/05/2007 a 27/06/2007 0 a 30 30
II. Estabelecimento e perfilhamento 28/07/2007 a 14/09/2007 31 a 109 79
III. Crescimento máximo 15/09/2007 a 10/05/2008 110 a 347 238
IV. Maturação* 11/05/2008 a 20/06/2008 348 a 389 42
Ciclo 28/05/2007 a 20/06/2008 0 a 389 389
DAC: Dias após o corte
.
*Considerou-se o início desta fase, após a realização do último evento de irrigação.
36
4.2. Dados de crescimento e de rendimento da cana-de-açúcar
Para a análise dos padrões de crescimento da cana-de-açúcar, foram realizadas
medições de variáveis biométricas, de biomassa e de rendimento da cana-de-açúcar em
três subáreas de amostragem, representativas do talhão experimental (Figura 3). Estas
subáreas apresentavam dimensões de 30 m x 30 m (900 m
2
).
4.2.1. Dados biométricos
O monitoramento biométrico foi executado em intervalos entre duas e quatro
semanas, a partir dos 60 dias após o corte (DAC), ou seja, início do ciclo produtivo.
Realizou-se dois tipos de monitoramento biométrico, um em campo e o outro em
laboratório. No monitoramento em campo, foram realizadas entre 10 e 15 campanhas,
em que se mediu o número de perfilhos industrializáveis (NPI), o diâmetro médio dos
colmos (DMC), a estatura média dos colmos (EMC), o número de folhas verdes
completamente abertas (NFVA), de folhas emergentes (NFE) e de folhas mortas
(NFM), o comprimento (C+3) e a largura (L+3) da folha +3, que se refere à terceira
folha superior completamente desenvolvida, e o índice de área foliar (IAF).
O NPI foi obtido por meio da contagem dos perfilhos (ou plantas) em cinco
metros ao longo da fileira em cada subárea de amostragem. O DMC foi medido na base
dos colmos de 15 perfilhos representativos de cada surea de amostragem, com o
auxílio de um paquímetro, totalizando 45 perfilhos monitorados no talhão experimental.
Nestes mesmos perfilhos, foram obtidas a EMC por meio da utilização de uma trena,
medindo-se do vel do solo até a primeira aurícula visível, classificada como folha +1
(primeira folha superior completamente desenvolvida com a gula visível).
O NFV e o NFM foram contados em cada um dos perfilhos selecionados,
considerando-se como folhas verdes, aquelas com pelo menos 50% de área foliar verde.
O NFE foi contabilizado considerando-se as folhas acima da folha +1 que não se
apresentavam completamente expandidas. Os dados de L+3 e C+3 foram obtidos por
meio da realização de medições na porção mediana e nos pontos extremos das folhas
+3, respectivamente, utilizando paquímetro e trena. O IAF foi obtido por meio de um
integrador de área foliar (LAI 2000, LI-COR Inc., Lincoln, NE). Nesta análise, foram
37
selecionadas parcelas dentro das subáreas de amostragem, as quais foram monitoradas
ao longo do experimento.
No monitoramento biométrico em laboratório, foram realizadas 10 campanhas,
amostrando-se entre três e cinco perfilhos por subárea, totalizando entre 9 e 15 perfilhos
por cada campanha. Nesta etapa, foram registrados as seguintes variáveis: número de
internódios (NI), largura (LI) e comprimento (CI) de cada internódio e a estatura média
dos colmos (EMC); número de folhas verdes completamente abertas (NFVA), folhas
emergentes (NFE) e de folhas mortas (NFM); comprimento (C+3) e largura (L+3) da
folha +3; área foliar da folha +3 (AFo+3) e das folhas emergentes (AFoEM); e, a área
foliar total (AFoTot). A AFoEM e AFoTot foram medidas utilizando o LAI 3000 (LI-
COR Inc., Lincoln, NE).
Figura 3. Localização da área experimental e das subáreas de amostragem.
38
4.2.2. Dados de biomassa seca
A biomassa seca da cana-de-açúcar foi obtida para seis componentes estruturais
dos perfilhos, bem como para a parte aérea total, utilizando uma metodologia proposta
por MUCHOW et al. (1993), que tem sido bastante aplicada em estudos para esta
cultura (INMAN-BAMBER & MCGLINCHEY, 2003; INMAN-BAMBER, 2004;
ROBERTSON et al., 1996a). Os componentes estruturais dos perfilhos compreenderam
as folhas verdes (FV), as bainhas (B), as folhas e bainhas mortas (FBM), o pseudocolmo
(PC), o colmo (C) e a parte emergente (PE). Realizou-se 10 campanhas de amostragens,
ao longo do ciclo da cultura.
A partir desta metodologia, amostragens de perfilhos foram realizadas, ao nível
do solo, em quatro a cinco metros ao longo da fileira de cultivo, de cada subárea,
totalizando entre 18 e 24 m
2
de material analisados por campanha de amostragem. Este
material foi pesado separadamente por subárea, de modo a se obter a biomassa fresca
total por parcela (BF1 - biomassa fresca da primeira coleta). Desse total, foram
amostrados 15 perfilhos representativos por subárea, que foram divididos nos seis
componentes estruturais (FV, B, FBM, PC, C e PE), caracterizando a segunda coleta na
mesma campanha de amostragem (BF2).
As folhas referem-se à lâmina foliar verde da cultura expressa em base seca
(BSFV - biomassa seca das folhas verdes). Para as bainhas, designou-se a abreviação
BSB (biomassa seca das bainhas). A biomassa seca das folhas e bainhas mortas
(BSFBM) representa o termo “trash”, comumente denominada na literatura
internacional para a cana-de-açúcar. O pseudocolmo, por sua vez, refere-se à seção do
colmo acima de um ponto de quebra, onde se inicia a parte ainda em maturação, ou seja,
onde internódios em formação. O ponto de quebra é facilmente identificado pela sua
facilidade de rompimento, expresso em termos de biomassa seca por BSPC (biomassa
seca do pseudocolmo). O segmento do perfilho a partir deste ponto até a interseção com
as raízes, corresponde ao colmo da planta, caracterizando a biomassa seca dos colmos
(BSC). Finalmente, as folhas em expansão existente acima do pseudocolmo são
designadas como folhas em emergência e, conseqüentemente, sua biomassa seca que é
representada por BSPE. Na literatura internacional esse termo é conhecido como
biomassa seca das folhas do meristema. A soma entre os componentes estruturais da
BSPC e da BSPE é conhecida mundialmente, como cabbage” (INMAN-BAMBER et
al., 2002; ROBERTSON et al., 1999; 1996a).
39
A soma da biomassa fresca dos componentes estruturais dos 15 perfilhos de cada
subárea forneceu a biomassa fresca total da parte aérea. Na seqüência, todo o
correspondente a cada um dos componentes estruturais foi triturado separadamente em
uma forrageira, da qual foram retiradas subamostras, caracterizando a terceira coleta
(BF3). Essas subamostras foram colocadas em recipientes de alumínio, pesadas em uma
balança de precisão de 0,001 g (modelo MARK 210A, Bel Engineering, Monza-MI,
Itália) e, posteriormente, foram secas em estufa com ventilação forçada e temperatura
entre 65-70
o
C, até atingir massa constante. Após a secagem, definiu-se a biomassa seca
da terceira coleta (BS3).
Os valores correspondentes a biomassa de cada componente estrutural das
plantas possibilitaram a determinação da biomassa seca total da parte aérea dos
perfilhos sem os colmos (BSFV + BSB + BSFBM + BSPC + BSPE), conhecida como
biomassa seca da palhada (BSPA). Adicionalmente, foram obtidas as biomassas seca
dos colmos (BSC) e total da parte aérea (BSTPA). Os valores de biomassa seca foram
expressos em metro quadrado e por hectare. Estas informações foram obtidas,
inicialmente, a partir da extrapolação dos dados das coletas do material triturado para o
cálculo da biomassa seca dos 15 perfilhos de cada subárea (BS2 = BS3 x BF2 / BF3).
Em seguida, calculou-se a fração (fx, onde x = BFFV, BFB, BFFBM, BFPC, BFC e
BFPE) que cada componente estrutural dos perfilhos correspondia da biomassa fresca
total da parte aérea (BFTPA), ou seja, fx = x/BFTPA. Os valores de fx, BS2, BF3 e BF2
permitiram estimar a biomassa seca de cada componente estrutural dos perfilhos
referente às coletas por subárea (BS1), ou seja, BS1 = fx * BS2 * BF3 / BF2.
4.2.3. Análise de rendimento e qualidade
Ao final do ciclo da cana-de-açúcar, foram obtidos, no laboratório de Análise
Química da Empresa Agro-Indústrias do Vale do São Francisco S.A. – AGROVALE, os
seguintes índices tecnológicos: sólidos solúveis totais, teor de fibra, teor de sacarose do
caldo, pureza, percentagem de açúcar bruto, açúcares redutores livres, açúcares
redutores totais, umidade e toneladas de colmo por hectare.
Com base nestes índices tecnológicos foram calculados os rendimentos de
açúcar e de álcool, bem como o conteúdo de sacarose na biomassa seca dos colmos. O
rendimento bruto de açúcar (RBAÇ) foi calculado conforme metodologia proposta por
Caldas (1998):
40
0,01xTCH)x(PABRBAÇ
......................................................................................(14)
em que, RBAÇ, em t ha
-1
; PAB, porcentagem de açúcar bruto, em %; TCH, toneladas
de colmos por hectare, em t ha
-1
.
O rendimento bruto de álcool (RBAL) foi calculado utilizando a seguinte
expressão (CALDAS, 1998):
TCHx0,01xfg)x)ARL)fx(PAB(RBAL
RBAL
.............................................. (15)
em que, RBAL, em m
3
ha
-1
; fg, fator de Gay-Lussac, igual a 0,6475; ARL, açúcares
redutores livres, em %; f
RBAL
, fator de transformação estequiométrica de sacarose em
uma molécula de glicose mais uma de frutose, igual a 1,052.
4.3. Variáveis de crescimento e agrometeorológicas para a cana-de-açúcar
A partir dos dados biométricos, de biomassa e meteorológicos foram calculadas
as seguintes variáveis de crescimento e agrometeorológicas para a cana-de-açúcar:
índices morfofisiológicos, filocrono, fração da radiação fotossinteticamente ativa
interceptada, coeficiente de extinção, uso eficiente de radiação e exincia térmica ou
graus-dia acumulados (ROUPHAEL & COLLA, 2005; TEJERA et al., 2007; SINGELS
et al., 2005; WOOD et al., 1996).
4.3.1. Índices morfofisiológicos
A partir dos valores de biomassa seca total da parte aérea das plantas (sem as
raízes) (BSTPA), IAF, EMC, DMC e do NPI, foram estimados os índices
morfofisiológicos: taxa de crescimento absoluto (TCA, g m
-2
dia
-1
), taxa de crescimento
relativo (TCR, g g
-1
dia
-1
), taxa de assimilação quida (TAL, g m
-2
dia
-1
), razão de área
foliar (RAF, m
2
g
-1
), razão da massa foliar (RMF, g g
-1
), área foliar específica (AFE, m
2
g
-1
), taxa de elongação média dos colmos (TEMC, cm dia
-1
), taxa de expansão média do
diâmetro (TEDMC, mm dia
-1
) e a taxa de perfilhamento (TP, perfilhos m
-2
dia
-1
).
A TCA representa a variação da biomassa seca acumulada pela planta, ao longo
de um intervalo de tempo, enquanto que, a TCR reflete o acúmulo de matéria seca da
41
planta em um intervalo de tempo, a partir do seu tamanho atual. A TAL indica a
eficiência do sistema assimilador que está envolvido na produção de matéria seca, ou
seja, a fotossíntese quida da planta. A AFE refere-se à espessura das folhas, quanto
maior o valor, menor será a espessura, enquanto que, a RAF representa a relação entre a
área foliar (IAF) e a massa seca (BSTPA), resultando na taxa de fotossíntese. A RPF
indica quanto da estrutura das folhas corresponde da massa total. A TEMC, TEDMC e
TP indicam o incremento de estatura, do diâmetro dos colmos e do número de perfilhos
industrializáveis em um intervalo de tempo.
Para estimativa dos valores de TAL, TCA, TCR, RAF, RPF, AFE, TEMC,
TEDMC e TP foram utilizadas as seguintes equações:
n1)(n
n1)(n
n1)(n
n1)(n
IAFIAF
)Ln(IAF)Ln(IAF
.
DACDAC
BSTPABSTPA
TAL
....................................... (16)
n1)(n
n1)(n
DACDAC
BSTPABSTPA
TCA
............................................................................. (17)
n1)(n
n1)(n
DACDAC
)Ln(BSTPA)Ln(BSTPA
TCR
............................................................... (18)
)Ln(IAF)Ln(IAF
)Ln(BSTPA)Ln(BSTPA
.
BSTPABSTPA
IAFIAF
RAF
n1)(n
n
1)(n
n1)(n
n1)(n
.......................... (19)
n
n
BSTPA
BSFV
RPF
...................................................................................................... (20)
n
n
BSTPA
IAF
AFE
................................................................................................. (21)
n
1)(n
n1)(n
DACDAC
EMCEMC
TEMC
................................................................................ (22)
n1)(n
n1)(n
DACDAC
DMCDMC
TEDMC
............................................................................ (23)
n1)(n
n1)(n
DACDAC
NPINPI
TP
........................................................................................ (24)
em que, BSTPA = biomassa seca total da parte aérea (g), excluindo-se as raízes; BSFV
= biomassa seca das folhas verdes (g); IAF = índice de área foliar (m
2
m
-2
); DAC = dias
após o corte; EMC = elongação média dos colmos; DMC = diâmetro médio dos colmos;
42
NPI = número de perfilhos industrializáveis; e, n+1 e n = meros de duas amostras
consecutivas.
A derivação do modelo sigmoidal com três parâmetros em relação à variável
DAC foi utilizada para descrever a variação dos índices morfofisiológicos TCA, TEMC,
TEDMC e TP, ao longo do ciclo da cana-de-açúcar. Similarmente, a equação utilizada
para descrever os comportamentos da TCR foi obtida por meio da solução analítica da
relação TCR = TCA/BSTPA. Adicionalmente, as curvas de AFE, TAL, RAF e RMF
foram traçadas com base nos cálculos das relações AFE = IAF/BSFV, TAL = TCA/IAF,
RAF = IAF/BSTPA e RMF = BSFV/BSTPA.
4.3.2. Taxa de aparecimento foliar e do filocrono
A taxa de aparecimento foliar (folha
o
C
-1
dia
-1
) para a cana-de-açúcar foi
calculada por meio do coeficiente angular da regressão linear obtida entre a relação dos
graus dias acumulados (GDA) e o número de folhas verdes completamente abertas
(NFVA) acumuladas ao longo do ciclo. O filocrono (FL,
o
C dia folha
-1
) foi obtido
invertendo-se o valor da taxa de aparecimento foliar. O FL é definido como o intervalo
de tempo térmico necessário para a emissão de folhas consecutivas e trata-se de um
indicador que tem sido utilizado para simular o aparecimento de folhas nos colmos da
cana-de-açúcar, em trabalhos de modelagem (SINCLAIR et al., 2004; SINGELS et al.,
2005).
4.3.3. Fração da radiação fotossinteticamente ativa interceptada
A fração da radiação fotossinteticamente ativa interceptada (f
FRA
) é um
indicador da radiação solar que foi utilizada pela cultura para a realização da
fotossíntese, a qual, também, indica a percentagem de cobertura do solo. Para sua
estimativa foram utilizadas medições de radiação fotossinteticamente ativa realizadas
abaixo (RFA
LI
), em três repetições, e acima (RFA
LS
) do dossel da cultura, em uma
repetição. Em seguida, utilizou-se a seguinte expressão:
LS
LI
RFA
RFA
RFA
1f
...........................................................................................................(25)
43
em que, RFA
LI
e RFA
LS
são expressos em escala diária em MJ m
-2
dia
-1
.
4.3.4. Coeficiente de extinção
O coeficiente de extinção (ke, adimensional) é um indicador da interceptação de
radiação fotossinteticamente ativa pelas plantas, influenciado por uma série de fatores
morfológicos e estruturais das plantas, tais como crescimento, estrutura, ângulo foliar e
disposição das folhas no dossel (KINIRY et al., 2005). Os valores de ke foram
calculados com os dados de f
FRA
e do IAF, conforme a seguinte expressão resultante da
Lei de Beer:
IAF
)f-(1ln
ke
RFA
........................................................................................................(26)
4.3.5. Uso eficiente de radiação e eficiência fotossintética
O uso eficiente de radiação (UER, g MJ
-1
) e a eficiência fotossintética (EFT, g
MJ
-1
) indicam a quantidade de biomassa seca produzida, a partir da radiação
interceptada pela cultura. O UER e a EFT foram calculados a partir da regressão entre a
biomassa seca e a radiação interceptada acumuladas entre os intervalos de amostragens,
considerando-se os valores acumulados da radiação solar global (Rg) e da radiação
fotossinteticamente ativa (RFA), respectivamente. Esta distinção entre UER e EFT foi
considerada, visando uma análise comparativa com os dados da literatura, pois o UER,
da maneira proposta, destaca-se como o mais calculado para a cana-de-açúcar
(ROBERTSON et al., 1996a; SINGELS et al., 2005). Considerou-se para os cálculos do
UER e da EFT, os dados de biomassa seca total da parte aérea (BSTPA) e de biomassa
seca dos colmos (BSC). Os valores dos coeficientes angulares das equações lineares
obtidas entre a relação de BSTPA ou BSC e Rg ou RFA acumulados forneceram os
valores de UER ou EFT (KINIRY et al., 2005; ROUPHAEL & COLLA, 2005).
44
4.3.6. Graus dias acumulados
Para a estimativa dos graus-dia acumulados (GDA,
o
Cdia) ou da exigência
térmica da cana-de-açúcar, foram utilizados os dados de temperatura média do ar
obtidos por meio de uma estação meteorológica automática, instalada a 3 km de
distância em relação à área experimental. Para o cálculo dos GDA, foi considerada a
temperatura base da cultura igual a 10
o
C para a parte aérea total da planta e 16
o
C para
os colmos, como sugerido por Smith & Singels (2005) e Sinclair et al. (2004).
4.4. Medidas micrometeorológicas
As medidas micrometeorológicas foram obtidas dentro do talhão experimental,
onde foi instalada uma torre micrometeorológica de oito metros de altura e a 350 m em
relação à bordadura, na direção do vento predominante. Para a medição dos
componentes do balao de radiação e de energia foram instalados vários sensores
eletnicos (Tabela 3). As disposições destes sensores, equipamentos e acessórios na
torre micrometeorológica podem ser observadas na Figura 4.
Um saldo radiômetro foi instalado na altura de 2z
om
+ 1,5h
c
(onde, z
om
=
parâmetro de rugosidade da supercie para o momentum e h
c
= altura do dossel da
cultura), juntamente com um sensor de radiação solar refletida. No topo da torre, foram
dispostos um sensor de radiação solar incidente ou global, um de radiação
fotossinteticamente ativa pontual e outro linear. Abaixo do dossel da cultura foram
dispostos três sensores lineares de radiação fotossinteticamente ativa, de maneira
perpendicular e diagonalmente em relação as fileira de cultivo. Além disso, foram
instalados três fluxímetros a 0,02 m de profundidade no solo, situados entre fileiras e na
fileira de cultivo.
Para a estimativa dos componentes do balanço de energia, também, foram
utilizados três psicrômetros ventilados com termopares do Tipo T de Cobre-Constantan,
sendo o primeiro localizado a uma altura de 2z
om
do topo do dossel da cultura, enquanto
o segundo a uma distância de 1,5 m do primeiro psicrômetro. O segundo e o terceiro,
também, foram posicionados a 1,5 m entre si. Estas distâncias entre os psicrômetros
foram mantidas até o final do experimento, contudo os mesmos foram realocados para
novas posições em relação ao dossel, à medida que a cultura foi crescendo.
45
Tabela 3. Descrição dos sensores eletrônicos utilizados no experimento da cana-de-açúcar irrigada no Submédio do Vale do São Francisco e seus
respectivos períodos de medição. Obs.: Início do ciclo em 28/05/2007, z
om
= parâmetro de rugosidade e h
c
= altura do dossel da cultura.
Parâmetro
Quantidade
Instrumento Modelo/Fabricante/Local Descrição das
medidas
Disposão (m) Período de
medição
Rg 1 Piranômetro LI-200SA Quantum sensor, Li-cor,
Nebraska, USA
Radiação solar
incidente ou global
8** 19/06/2007 a
09/06/2008
Rr 1 Piranômetro EPPLEY PSP, Campbell Scientific, Inc,
Logan, Utah, USA
Radiação solar
refletida
2 z
om
+ 1,5* 19/06/2007 a
09/06/2008
Rn 1 Saldo
radiômetro
NR-Lite Net radiometer, Campbell
Scientific, Inc, Logan, Utah
Saldo de radiação 2 z
om
+ 1,5 * 19/06/2007 a
09/06/2008
t
bs
e t
bu
3 Termopar Tipo T, Cobre-Constantan Temperatura do bulbo
seco e úmido
2 z
om
+ 1,5 * 19/06/2007 a
09/06/2008
RFA 1 Sensor
quântico
LI-190SA Quantum sensor, Li-cor,
Nebraska, USA
Radiação
fotossinteticamente
ativa
8** 19/06/2007 a
09/06/2008
RFA
LS
1 Sensor
Quântico
LI-191SA Line Quantum Sensor Li-
cor, Nebraska, USA
Radiação
fotossinteticamente
ativa linear superior
8** 19/06/2007 a
09/06/2008
RFA
LI
3 Sensor
quântico
LI-191SA Line Quantum Sensor Li-cor,
Nebraska, USA
Radiação
fotossinteticamente
ativa linear inferior
Em três posições abaixo
do dossel
19/06/2007 a
09/06/2008
G 3 Placas de
termopilha
HFT3-REBS, Campbell Scientific, Inc,
Logan, Utah, USA
Fluxo de calor no solo 0,02 de profundidade * 19/06/2007 a
09/06/2008
P 1 Pluviômetro CS700-L Hydrological Services Rain
Gage, Liverpool, Australia
Precipitação 8 ** 19/06/2007 a
10/06/2008
t
ar
e UR
ar
4 Termistor e
Capacitor
CS215, Campbell Scientific, Logan,
Utah, USA
Temperatura e
umidade relativa do ar
2 z
om
+ 0,5; 2 z
om
+1,0; 2
z
om
+ 2,0; e, 2 z
om
+ 4,0 *
12/07/2007 a
09/06/2008
u 4 Anemômetro
03001-5, R.M. Young, Wind Sentry,
Campbell Scientific, Logan, Utah, USA
Velocidade do vento 2 z
om
+ 0,5; 2 z
om
+1,0; 2
z
om
+ 2,0; e, 2 z
om
+ 4,0 *
06/08/2007 a
09/06/2008
Obs.: * posição em relação ao dossel da cultura; e, ** posição em relação à superfície do solo.
46
Figura 4. Disposição dos sensores eletrônicos e equipamentos na torre
micrometeorológica instalada em uma área experimental cultivada com cana-de-açúcar
irrigada (variedade RB 92579), ciclo cana-soca, safra 2007/2008, no Submédio do Vale
do São Francisco.
Quatro sensores de velocidade do vento, temperatura e de umidade relativa do ar
foram instalados logaritmicamente em diferentes alturas acima do dossel vegetativo,
visando determinar as características aerodinâmicas da cultura. Os dados de chuva
foram monitorados por meio de um pluviômetro instalado no topo da torre.
Todos os sensores foram conectados a um multiplexador (modelo AM16/32,
Campbell Scientific Inc., Logan, Utah, USA) e a um sistema de aquisição de dados
(modelo CR10X, Campbell Scientific Inc., Logan, Utah, USA) programado para
realizar medidas a cada 60 s e armazenar médias em intervalos de 15 min. O período de
monitoramento micrometeorológico compreendeu os dias 19/06/2007 a 09/06/2008,
totalizando 357 dias.
4.5. Componentes do balanço de radiação
Os componentes medidos do balanço de radiação (Rn, Rg, Rr e RFAp) foram
utilizados para o cálculo do balanço de ondas curtas (BOC) e de ondas longas (BOL),
Pluviômetro (P)
Radmetro (Rg)
Sensor Quantum
Pontual (RFAp)
Conjunto de
Psicrômetros
Fluxímetros (G)
Velocidade do vento (u)
Sensores Quantum
Linear (RFA
LINF
)
Sensor Quantum
Linear (RFA
LSUP
)
Painel solar
Conjunto de baterias
Datalogger
Umidade do solo
Umidade do solo
47
acima da supercie do dossel da cana-de-açúcar. O BOC foi estimado pela equação 4,
expresso em W m
-2
, quando analisados ao longo do dia, e em MJ m
-2
dia
-1
, quando
analisados em escala diária.
Uma vez determinados os componentes do BOC e o Rn, foi calculado o BOL
sobre o dossel da cana-de-açúcar, como segue:
Rr) - (Rg-RnBOL
....................................................................................................(27)
Finalmente, por meio dos dados de Rg e Rr foram calculados os valores da
fração da radiação solar refletiva pela supercie (cultura + solo), ou seja, o albedo (α,
%), utilizando a seguinte relação:
100x
Rg
Rr
α
.................................................................................................................(28)
4.6. Componentes do balanço de energia
4.6.1. Balanço de energia com base na razão de Bowen
A partição do balanço de energia à superfície, entre os fluxos de calor sensível
(H) e latente (LE), foi obtida por meio do método do balanço de energia com base na
razão de Bowen (BERB), conforme as seguintes expressões:
β1
G)(Rn β
H
..............................................................................................................(29)
β1
GRn
LE
................................................................................................................(30)
em que, β = razão de Bowen (adimensional).
Assumindo um período médio de 15 minutos, as relações empíricas entre os
fluxos e gradientes verticais de H e LE podem ser expressas por:
48
z
t
K cρH
ha p
........................................................................................................(31)
z
e
K
γ
cρ
LE
w
pa
...................................................................................................(32)
em que, ρ
a
= densidade do ar (kg m
-3
), c
p
= calor específico do ar à pressão constante (kJ
kg
-1
ºC
-1
), γ = constante psicrométrica (kPa ºC
-1
), L = calor latente de vaporização (kJ
kg
-1
), K
h
e K
w
= coeficientes de transferência turbulenta de calor sensível e latente,
respectivamente (adimensionais); e, t/∂z , ∂e/∂z = gradientes de temperatura (
o
C) e de
pressão de vapor d’água (kPa), respectivamente.
Admitindo a hitese da igualdade entre os coeficientes de transferência
turbulenta de calor, vapor e momentum (K
h
= K
w
= K
m
), β pode ser expresso como:
Δe
Δt
γβ .......................................................................................................................(33)
em que, ∆t e ∆e = diferea de temperatura do ar e de pressão de vapor d’água, em
o
C e
kPa, respectivamente.
Os valores de ∆t e e foram obtidos por meio de medições de temperatura de
bulbo seco (t
bs
) e de bulbo úmido (t
bu
) dos psicrômetros situados em dois níveis (z
1
e z
2
)
acima do topo da cultura. Assim, considerando a equação psicrométrica, os valores de β
foram calculados a partir da seguinte expressão (PEREIRA et al., 1997):
1
bs2bs1
bu2bu1
1
t-t
t-t
γ
γΔ
β
...........................................................................................(34)
em que, = declividade da curva de pressão de vapor d’água (kPa
o
C
-1
); γ = constante
psicrométrica (kPa
o
C
-1
); t
bu1
e t
bu2
= temperaturas de bulbo úmido em dois níveis de
medida acima do dossel da cultura (
o
C), respectivamente; t
bs1
e t
bs2
= temperatura de
bulbo seco em dois níveis de medida acima do dossel da cultura (
o
C), respectivamente.
Com os valores de LE, Rn e G, também foram quantificados os valores da fração
evaporativa acima do dossel da cana-de-açúcar (TEIXEIRA et al., 2008).
49
4.6.2. Análise da qualidade dos dados do método da razão de Bowen
Para avaliar os erros associados com o método BERB na estimativa dos valores
de β e, conseqüentemente, no cálculo do fluxo de calor latente (LE) foram utilizados
inicialmente os critérios definidos por Perez et al. (1999). De acordo com as
recomendações destes autores, avaliou-se a consistência física dos dados com base nos
dados do perfil de pressão de vapor d’água em cada horário de medição, na resolução
dos sensores e na conversão de sinais da relação fluxo-gradiente.
Nessa conversão, os valores de Rn e G são considerados positivos quando em
direção à supercie, enquanto LE e H são positivos quando em direção oposta à
superfície e aos gradientes de temperatura (Δt) e pressão de vapor (Δe). A variação de
t
ar
e “e” no perfil é obtida pela diferença dos valores medidos em duas alturas (z
1
e
z
2
), acima do dossel da cultura (t
ar
= t
bs1
t
bs2
e e = e
1
e
2
) (Figura 5), sendo que o
primeiro psicrômetro foi situado a altura de 2 x z
om
.
A partir das considerações acima, tem-se que a expressão a seguir, deve ser
sempre maior que zero, enquanto os valores de β não devem estar contidos no intervalo
de rejeição para que os dados de LE e H sejam considerados consistentes:
0
G-Rn
ΔtΔe
H
Δt
γ
LE
Δe
arar
............................................................................................(35)
||1-||1--
...........................................................................................(36)
em que, ε = erro absoluto de β.
Os valores de ε foram estimados por meio da seguinte expressão:
Δe
ΔtγΔe
ε
ar
.............................................................................................................(37)
em que, ∂∆e e ∂∆t
ar
= limites de resolução dos gradientes de pressão de vapor d’água
(kPa) e de temperatura (
o
C), respectivamente.
Como os erros podem ser positivos ou negativos, considerou-se valores fixos de
∂∆e e ∂∆t
ar
, sendo iguais a |0,02|kPa e |0,05|
o
C, respectivamente (AZEVEDO et al.,
2003; PEREZ et al., 1999). Observa-se pela equação 37, que os valores de
variam
50
tanto com a resolução dos sensores quanto com os valores medidos de ∆e. A partir das
condições citadas anteriormente, apenas duas combinações são válidas para estimativas
fisicamente consistentes dos valores de LE e H:
a) quando (Rn – G) > 0 e β > -1, o valor de LE (equação 32) sempre deverá ser positivo,
enquanto que, H (equação 31) pode ser positivo (caso β > 0) ou negativo (caso -1< β
0). Quando (Rn – G) > 0 e β < -1, apenas os casos LE < 0 e H > 0 são possíveis.
(B) quando (Rn G) < 0 e β < -1, apenas os casos LE > 0 e H < 0 são possíveis.
Quando (Rn G) < 0 e β > -1, LE sempre deverá ser negativo, enquanto H pode ser
negativo (caso β > 0) ou positivo (caso -1< β ≤ 0).
Figura 5. Representação esquemática da convenção dos sinais dos fluxos de energia na
interface entre a cana-de-açúcar e a atmosfera.
51
Ambos os casos não consideram uma possível advecção (A) (Figura 3). Além do
mais, quando as condições acima não são satisfeitas, o método BERB falha e pode
apresentar erros denominados por Perez et al. (1999) tais como A, B, C e D (Tabela 2).
Adicionalmente, considerou-se que valores de β < - 0,75 resultam em valores de LE e H
fisicamente inconsistentes (MARIN, 2003; ORTEGA-FARIAS et al., 1996).
Para o cálculo dos valores diários de LE e H foram considerados os dados a cada
15 minutos, quando (Rn G) foram positivos. Contudo, utilizou-se apenas os dias que
apresentaram pelo menos 80% dos dados de LE e H (médios de 15 minutos) fisicamente
consistentes de acordo com os critérios mencionados anteriormente, sendo com isso
caracterizado como dias “válidos”. Para os dados rejeitados, referentes aos 20%
complementares do período diurno, foram interpolados assumindo que os valores de LE
e H eram iguais a zero, quando o primeiro valor de Rn G foi negativo (INMAN-
BAMBER & MCGLINCHEY, 2003; MARIN, 2003; OHMURA, 1982).
Tabela 4. Resumo dos erros do método do balanço de energia com base na razão de
Bowen (BERB), segundo Perez et al. 1999.
Tipo de Erro Condição
A (Rn – G) > 0, Δe > 0, β < -1+|ε|
B (Rn – G) > 0, Δe < 0, β < -1-|ε|
C (Rn – G) < 0, Δe > 0, β < -1-|ε|
D (Rn – G) < 0, Δe < 0, β < -1+|ε|
E Mudanças rápidas de “t” e “e”
Rn – G: energia disponível, Δe: diferença da pressão de vapor entre o primeiro e segundo
níveis de medição, β: razão de Bowen, “t
ar
” e “e”: temperatura e pressão de vapor,
respectivamente, e |ε|: intervalo de exclusão de dados de β em torno de -1.
4.7. Evapotranspiração da cultura, requerimento hídrico, evapotranspiração de
referência e do coeficiente de cultura
Para a estimativa dos valores da evapotranspiração da cultura (ETc), foram
integrados inicialmente os valores de LE a cada 15 minutos, caracterizados como
consistentes de acordo com a metodologia proposta de Perez et al. (1999). Assim, para
este intervalo de tempo, a ETc15 foi estimada por:
L
fxtxLE
ETc15
tempo
..................................................................................................(38)
52
em que, LE = fluxo de calor latente (W m
-2
); t = intervalo de armazenamento dos
valores médio (15 minutos); f
tempo
= fator de ajuste da escala de tempo (60 s); L = calor
latente de vaporização (kJ kg
-1
). Por meio dos valores de ETc15 foram calculados os
valores diários de ETc, considerando os valores durante o período em que a energia
disponível (Rn – G) foi positiva:
1i
0GRn
ETc15ETc
.........................................................................................................(39)
O requerimento drico da cultura da cana-de-açúcar foi determinado
integrando-se os valores de ETc para todo o período de monitoramento (357 dias) e, em
seguida, extrapolado para todos os dias do seu ciclo (389 dias), incluindo dias não
considerados “válidos” e que não foram monitorados. Este procedimento foi realizado a
partir das equações de coeficiente de cultura ajustadas em função das variáveis
independentes, dias após o corte e graus dias acumulados.
Para estimar a evapotranspiração de referência (ETo, mm dia
-1
), foram utilizados
os dados de uma estação meteorológica automática (modelo Davis Vantage Pro2,
Hayward, CA, USA) instalada em uma área gramada de 20 m x 20 m, pertencente à
Empresa AGROVALE e situada a 3 km de distância da área experimental. Foi utilizado
o método de Penman-Monteith padronizado pela FAO para o cálculo da ETo (ALLEN
et al., 1998):
0,34u)γ(1Δ
)e(eu)
273t
900
γ(G)0,408(Rn
ETo
as
ar
...............................................................(40)
em que, Rn = saldo de radiação sobre a superfície gramada (MJ m
-2
dia
-1
); G = fluxo de
calor no solo (MJ m
-2
dia
-1
); γ = constante psicrométrica (kPa
o
C
-1
); t
ar
= temperatura do
ar (
o
C); u = velocidade do vento (m s
-1
); (e
s
-e
a
) = déficit de pressão vapor d’água (kPa);
∆ = declividade da curva de pressão de vapor d’água (kPa
o
C
-1
).
Com base na relação entre os valores de ETc e ETo, foi estimado o coeficiente
de cultura (Kc, adimensional) para as diferentes fases de desenvolvimento da cana-de-
açúcar:
53
ETo
ETc
Kc ......................................................................................................................(41)
4.8. Análise da interação entre a cana-de-açúcar e atmosfera
Para analisar a interação entre da cana-de-açúcar e a atmosfera, no processo de
troca de vapor d’água, calculou-se os valores do fator de desacoplamento (Ω) em função
dos dados micrometeorológicos coletados na torre instalada dentro do talhão
experimental e das estimativas das características aerodinâmicas da cultura.
4.8.1. Fator de desacoplamento
Para a estimativa do fator de desacoplamento, foi utilizada a seguinte expressão
(MCNAUGHTON & JARVIS, 1983):
1
a
c
r
r
Δ γ
γ
1Ω
.......................................................................................................(42)
Os valores de r
c
foram calculados por meio da inversão da equação de Penman-
Monteith (equação 11), obtendo-se a equação a seguir:
LEγ
)e(ecρ
1
LE
H
γ
Δ
rr
as
pa
ac
............................................................................. (43)
A r
a
foi calculada utilizando a seguinte expressão:
O-M
h
*
a
L
dz
ψ
uk
z
dz
ln
r
oh
............................................................................................(44)
em que, z = altura de medição acima do dossel da cultura (m), d = deslocamento do
plano zero (m), z
oh
= parâmetro de rugosidade que governa a transferência de calor e
vapor d’água entre a superfície e a atmosfera; k = constante de Von Karman (0,41); u
*
=
velocidade de fricção (m s
-1
); ψ
h
= fator de corrão da estabilidade atmosférica para o
54
calor (adimensional); L
M-O
= comprimento de Monin-Obukhov (adimensional), que é
semelhante ao número de Richardson (Ri), pois permite caracterizar a natureza do
escoamento, apresentando a seguinte relação com o Ri: a) L
M-O
= z / Ri (sob condições
de instabilidade atmosférica) e, b) L
M-O
= z (1 5 Ri) / Ri (sob condões de
estabilidade atmosférica).
Para o lculo de u
*
, foi utilizada a relação fluxo-gradiente com dois veis de
velocidade do vento acima do dossel da cultura e a equação:
O-M
1
m
O-M
2
m
1
2
12
*
L
dz
ψ
L
dz
ψ-
dz
dz
ln
)u -(uk
u
................................................................... (45)
em que, u
2
e u
1
são os valores de velocidade do vento obtidos nos níveis z
2
e z
1
,
respectivamente; e ψ
m
= fator de correção da estabilidade atmosférica para o momentum
(adimensional).
No cálculo de ψ
h
e ψ
m
consideraram-se as seguintes expressões:
a) condições de instabilidade (Ri < -0,01):
2
Ri161
2lnψ
2
0,25
h ..............................................................................................(46)
2
)Ri16(1arctan 2
2
Ri1611
ln
2
)Ri16(11
2lnψ
0,25
2
0,250,25
m
.........(47)
b) condições de estabilidade (Ri > 0,01):
0,25
mh Ri165ψψ ..................................................................................................(48)
Os valores de z
oh
foram obtidos a partir dos dados estimados de z
om
(parâmetro
de rugosidade para o momentum), considerando a seguinte relação: z
oh
= 0,1 z
om
. Por
sua vez, z
om
foi calculado a partir da expressão:
55
)
L
dz
(ψ
u
u(z)k
exp
d - z
z
O-M
m
*
om
................................................................................... (49)
4.8.2. Deslocamento do plano zero da cana-de-açúcar
O deslocamento do plano zero (d) foi calculado considerando o perfil
logarítmico do vento para subcamada de fluxo constante ou inercial. Os dados foram
estimados utilizando os valores médios de 30 min de velocidade do vento restritos a
condições próximas da neutralidade (-0,01 < Ri < 0,01), para satisfazer a lei do perfil
logarítmico do vento (TOLEDO FILHO et al., 2003).
Devido aos erros proporcionados pela inércia dos anemômetros de concha, os
perfis, em que, a velocidade do vento no anemômetro inferior foi menor que 1,0 m s
-1
,
foram desconsiderados (LYRA & PEREIRA, 2007). Para caracterizar as condições de
estabilidade atmosférica e, posteriormente, identificar os perfis próximos à neutralidade,
foi utilizado o número de Richardson (Ri):
2
Δz
Δu
θ
Δz
Δθ
g
Ri
.................................................................................................................(50)
em que, g = aceleração da gravidade (9,81 m s
-2
), ∆θ e ∆u = diferença da temperatura
potencial (K) e da velocidade do vento (m s
-1
) entre dois níveis de medição (z),
respectivamente,
θ
= temperatura potencial média (K). Quando as condições da
atmosfera aproximam-se da neutralidade, tem-se que as forças térmicas e mecânicas se
equilibram, com isso as flutuações instantâneas da velocidade do ar na horizontal e na
vertical são idênticas.
Assim, a partir de um método iterativo da relação linear entre ln(z-d) e “u”,
os
valores de “d” foram obtidos até que o coeficiente de determinação fosse o maior
possível (LYRA & PEREIRA, 2007; STEDUTO & HSIAO, 1998a).
56
4.9. Análise da eficiência do uso de água para a cana-de-açúcar
Para analisar a eficiência do uso de água em relação ao desempenho da aplicação
de água, com base na demanda drica requerida pela cultura, foram calculados
indicadores mensais do ciclo produtivo da cana-de-açúcar (13 meses). Foram estimados
os seguintes indicadores: suprimento relativo de água (SRA), evapotranspiração relativa
(ER), fração de redução de água (RFA) e ficit de drico da cultura (DHC). Para
avaliar a eficiência do uso de água, com base na resposta produtiva da cultura, foi
considerado o uso eficiente de água (UEA) e a produtividade da água da cultura para o
mesmo intervalo de tempo (PA
C
).
4.9.1. Indicadores com base na resposta produtiva da cultura
4.9.1.1. Uso eficiente de água
Os valores do uso eficiente de água (UEA) da cana-de-açúcar referem-se à
quantidade de biomassa seca produzida em relação ao volume de água aplicado ou que
entrou no sistema de produção pela irrigação (I, mm) e precipitação (P, mm). Os valores
de UEA foram obtidos para a produção de biomassa seca total da parte rea (BSTPA,
kg m
-2
), de palhada (BSPA, kg m
-2
) e dos colmos (BSC, kg m
-2
), utilizando a seguinte
expressão:
I)P(ouETc
BSCou BSPA ou BSTPA
UEA
........................................................................(51)
4.9.1.2. Produtividade da água da cultura
A produtividade da água da cultura (PA
C
) é semelhante ao UEA, contudo leva
em consideração o rendimento industrializável da cana-de-açúcar. Os seus valores
foram calculados por meio dos dados da análise de rendimento e de qualidade cana-de-
açúcar, em termos de toneladas de colmos por hectare (TCH), rendimento bruto de
açúcar (RBAÇ) (equação 14) e de rendimento bruto de álcool (RBAL) (equação 15),
por meio da seguinte expressão:
57
I)P(ouETc
RBALou RBAÇou TCH
PAC
...........................................................................(52)
4.9.2. Indicadores de desempenho da aplicação de água com base na demanda
hídrica requerida pela cultura
4.9.2.1. Suprimento relativo de água
O suprimento relativo de água (SRA) é um indicador utilizado para avaliar se o
volume de água aplicado está atendendo à demanda máxima da cultura (PERRY et al.,
1996), como segue:
ETm
I)(P
SRA
..................................................................................................................(53)
em que, P = precipitação mensal acumulada (mm), I = lâmina de água mensal
acumulada aplicada pela irrigação (mm) e ETm = evapotranspiração máxima da cultura
mensal acumulada (mm mês
-1
).
4.9.2.1.1. Evapotranspiração máxima da cultura
A ETm considerada neste trabalho difere teoricamente da que é obtida por meio
do produto entre ETo e o valor médio da curva do coeficiente de cultura (Kc
med
) para
uma determinada fase fenológica. Na ausência de condições meteorológicas, de manejo
e de disponibilidade de água no solo que possam restringir o processo de
evapotranspiração, tem-se que a ETm possui valores maiores que a ETc.
Considerando, em termos de coeficiente de cultura, o valor acima do valor
médio da curva (Kc
med
) pode ser representado como Kc
max
. Para um melhor
entendimento, na Figura 6 é demonstrada uma representação gráfica do que foi
considerado nos lculos da ETm. A partir desta representação, é possível inferir que,
além dos valores de Kc acima da curva representarem os valores máximos (Kc
max
) ao
longo do ciclo da cultura, tem-se que os valores abaixo indicam os valores mínimos
58
(Kc
min
). O valor médio (Kc
med
) representado pela curva do coeficiente de cultura é
obtido por meio da média aritmética entre os valores de Kc
max
e Kc
min
.
Assumindo duas situações, representadas no gráfico teórico da Figura 6,
observa-se que, na situação 1, a ETm será resultante do produto entre o ETo e o Kc
1
,
logo que nesta situação o Kc
1
refere-se ao valor de Kc
max
, uma vez que Kc
1
> K
med
. Por
outro lado, na situação 2, em que o Kc
2
é menor do que o Kc
med
, ou seja, Kc
2
< Kc
med
, a
ETm é resultado do produto entre a ETo e Kc
med
, pois nesta situação o Kc
max
será igual
ao Kc
med
.
Figura 6. Representação gráfica da teoria de cálculo da evapotranspiração máxima
(ETm) a partir dos valores do coeficiente de cultura (Kc).
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Coeficiente de cultura (Kc)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
Valores de Kc
Kc
max
Kc
min
Kc
2
Kc
1
Kc
med
2
KcKc
Kc
21
med
Situação 1
Situação 2
Kc
max 2
= Kc
med
Kc
max 1
= Kc
1
Considerações para obtenção da ETm:
Quando Kc > Kc
med
, então Kc
max
= Kc. Assim: ETm = ETo x Kc
Quando Kc < Kc
med
, então Kc
max
= Kc
med
. Assim: ETm = ETo x Kc
med
59
4.9.2.2. Evapotranspiração relativa
A evapotranspiração relativa (ER) quantifica a redução da evapotranspiração da
cultura, permitindo avaliar o desempenho do fornecimento de água ao longo do tempo e
identificar as áreas com limitação hídrica (BANDARA, 2006), calculada pela
expressão:
ETm
ETc
ER .....................................................................................................................(54)
em que, ETc = evapotranspiração da cultura mensal acumulada (mm), obtida pelo
método do balanço de energia com base na razão de Bowen.
4.9.2.3. Déficit hídrico da cultura
O déficit hídrico da cultura (DHC, mm) para um determinado período é definido
como a diferença entre a evapotranspiração da cultura (ETc) e máxima (ETm),
indicando quanto à cultura evapotranspirou em relação a sua capacidade máxima
(KARATAS et al., 2009):
ETcETmDHC
........................................................................................................(55)
4.9.2.4. Fração de redução de água
A fração de redução de água (FRA) é um indicador que permite demonstrar as
variações no consumo de água pela cultura em relação ao volume de água aplicado ao
longo de um mês produtivo. O valor de FRA foi calculado pela expressão:
I)(P
ETc
FRA
................................................................................................................(56)
60
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Variáveis meteorológicas, evapotranspiração de referência e irrigação
Os valores médios diários das variáveis meteorológicas (temperatura do ar, T
ar
;
umidade relativa do ar UR
ar
; radiação solar global, Rg; déficit de pressão de vapor,
DPV; e, velocidade do vento, u), evapotranspiração de referência média diária (ETo) e
irrigação (I), ao longo do ciclo da cultura, são demonstrados na Figura 7.
Na Fase I do ciclo da cultura (brotação e estabelecimento) (junho/2007, até 30
DAC), os valores dios diários da T
ar
foram, em torno, de 24,6
o
C (Figura 7A),
enquanto a UR
ar
foi de aproximadamente 61% (Figura 7A). Esses valores resultaram em
um baixo DPV, cuja dia diária foi de 1,3 kPa (Figura 7C). Neste período, a Rg na
região é considerada baixa (em média, 16,4 MJ m
-2
dia
-1
) (Figura 7B), coincidindo com
a fase em que o índice de área foliar ainda era reduzido. O valor de “u” é ascendente,
cuja média foi de 1,8 m s
-1
(Figura 7D). A interação entre essas variáveis resultou em
uma ETo média diária em torno de 4,5 mm dia
-1
(Figura 7E).
Na Fase II (estabelecimento e perfilhamento) (julho a setembro/2007, entre 31 a
109 DAC), houve uma pequena redução nos valores da T
ar
e da UR
ar
, o que resultou em
um DPV dio diário de 1,4 kPa. Por outro lado, a Rg mostrou-se ligeiramente superior
ao período anterior, com média diária de 17,4 MJ m
-2
dia
-1
. Neste período, os valores
médios diários de “u” apresentaram-se bem mais elevados (2,5 m s
-1
) (Figura 7D),
condicionando junto com a Rg a elevação da ETo (5,0 mm dia
-1
).
No período subseqüente (Fase III, crescimento máximo, outubro/2007 a
maio/2008, entre 110 a 348 DAC), com o aumento da temperatura do ar (27
o
C) e
redução da umidade relativa (54%), os valores de DPV foram superiores, com média
diária de 1,7 kPa. Porém, observou-se valores médios em torno de 2,11 kPa entre os
meses de outubro/2007 e janeiro/2008. A Rg apresentou, em média, 21,4 MJ m
-2
dia
-1
,
sendo que, entre os meses de novembro e janeiro, a mesma foi de 23,1±0,1 MJ m
-2
dia
-1
.
A “u” reduziu de 2,3 m s
-1
, em outubro/2007, para 0,8 m s
-1
em abril/2008, resultando
em um valor médio de 1,5 m s
-1
para a fase de crescimento.
61
Figura 7. Valores médios diários das variáveis meteorológicas, evapotranspiração e irrigação,
ao longo do peodo de cultivo da cana-de-açúcar irrigada, no ciclo de cana-soca, sob as
condições do Submédio do Vale do São Francisco.
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Temperatura do ar (
o
C)
10
15
20
25
30
35
40
Umidade relativa do ar (%)
20
40
60
80
100
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Temperatura do ar
Umidade relativa do ar
(A)
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Radiação solar global (MJ m
-2
dia
-1
)
0
5
10
15
20
25
30
35
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Radiação solar
(B)
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Déficit de pressão de vapor (kPa)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(C)
DPV
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Velocidade do vento (m s
-1
)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(D)
u
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Evapotranspiração de refencia (mm dia
-1
)
0
2
4
6
8
10
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
ETo FAO 56
(E)
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Precipitação, Irrigação (mm)
0
20
40
60
80
100
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
(F)
P
I
62
Na Fase III, a ETo atingiu o maior valor dio diário durante o ciclo da cultura
(5,9 mm dia
-1
), com valores máximos e nimos de 6,73 mm dia
-1
(em novembro) e de
4,67 mm dia
-1
(em abril), respectivamente.
No período da Fase IV (maturação, maio a junho/2008, entre 349 a 389 DAC), a
Rg oscilou em torno de 15,5 MJ m
-2
dia
-1
e o valor de temperatura do ar, em média, foi
igual a 24,1
o
C. Em decorrência do aumento da UR
ar
e da redução dos valores de Rg e
velocidade do vento (1,3 m s
-1
), os valores de ETo foram menores (4,1 mm dia
-1
).
O total de precipitação pluviométrica ocorrida ao longo do ciclo da cultura foi de
523 mm (Figura 7F). Observou-se que no início do ciclo da cana-de-açúcar, em que a
demanda de água é reduzida, o intervalo de irrigação foi maior (em média, a cada duas
semanas). Um aumento na freqüência da irrigação foi evidenciado, a partir de
outubro/2007 (Figura 7F), quando os valores de ETo alcançaram valores máximos
(Figura 5E). Pode-se constatar que, entre os meses de março e abril/2008, o número de
irrigações foi reduzido, devido à ocorrência dos eventos de precipitação pluviométrica,
a qual respondeu por 48% do volume total de chuva ao longo do experimento.
A partir do dia 10/05/2008 (DAC 348), os eventos de chuva foram reduzidos e
as irrigações foram suspensas para promover a maturação da cultura, bem como para
propiciar a colheita mecanizada, por se tratar de um solo da classe dos vertissolos.
63
5.2. Padrões de crescimento da cana-de-açúcar
5.2.1. Perfilhamento
Nas Figuras 8 e 9 são demonstrados o número de perfilhos industrializáveis
(NPI) e a taxa de perfilhamento (TP) da cana-de-açúcar irrigada a partir dos 70 dias
após o corte (DAC), quando se iniciou o período de amostragem das variáveis
biométricas e de biomassa. Nestas figuras, também, podem ser verificadas as equações
do NPI ajustadas em função dos dias após o corte (DAC) e dos graus dias acumulados
(GDA).
O máximo de perfilhamento constatado foi de 42,5 perfilhos m
-2
, próximo aos
valores informados por Almeida et al. (2008), para a mesma variedade (RB 92579),
cultivada sob irrigação, no ciclo de soca, no Estado de São Paulo. Porém, o autor relatou
que um pico de perfilhamento com 40,5 perfilhos m
-2
ocorreu quando o ciclo da cultura
iniciou em março. Por outro lado, esse resultado foi superior ao observado para um
cultivo de cana-de-açúcar no ciclo de cana-soca, variedade RB 92579, em sequeiro sob
as condições de climáticas de Rio Largo-AL, onde foram encontrados 23,2 perfilhos m
-2
(COSTA et al., 2008). Para as variedades NCo376 e N17, cultivadas sob as condições
climáticas de Mount Edgecombe, África do Sul, com início do ciclo de soca em junho,
Singels et al. (2005) obtiveram o número máximo de perfilhos na ordem de 35 e 20
perfilhos m
-2
, respectivamente.
Para o NPI foi possível observar três períodos distintos, tendo o primeiro sido
caracterizado por um aumento do número de perfilhos, ocorrido até o 96 DAC ou 790
o
Cdia. Neste caso, a taxa de perfilhamento variou entre 0,250 e 0,147 perfilhos dia
-1
ou
0,0289 e 0,0185 perfilhos m
-2
o
Cdia
-1
, quando então ocorreu o pico de perfilhamento da
cultura. Castro (2001) cita que o perfilhamento da cana-de-açúcar pode ocorrer até o
quarto mês do seu ciclo produtivo, contudo pode ser influenciado pela temperatura do
ar, umidade do solo, cultivar e ciclo (cana-planta ou cana-soca). Casagrande (1996)
informa que a cana-de-açúcar, durante o ciclo de cana-planta, pode atingir o pico de
perfilhamento até o quarto mês após o plantio. Silva (2005), trabalhando com as
variedades RB855113, RB 72454, RB 83594, RB855536 e SP81-3250, em ciclo de
cana-soca, sob irrigação plena, na rego de Coruripe-AL, obteve o pico de
perfilhamento aos 60 DAC.
64
Figura 8. mero de perfilhos industrializáveis (NPI) e taxa de perfilhamento (TP) da
cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Vale do Submédio São Francisco, em fuão dos dias após o corte (DAC).
Figura 9. mero de perfilhos industrializáveis (NPI) e taxa de perfilhamento (TP) da
cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Vale do Submédio São Francisco, em função dos graus dias acumulados
(GDA), utilizando a temperatura base de 16
o
C.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Número de perfilhos industrializáveis
(perfilhos m
-2
)
10
15
20
25
30
35
40
45
Taxa de perfilhamento (perfilhos dia
-1
)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
R
2
= 0,85
NPI
TP
}
2
]
0,2374
97,6819
DAC
ln[*exp{-0,5*27,256615,2892NPI
Graus dias acumulados (GDA,
o
C dia
-1
)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Número de perfilhos industrializáveis
(perfilhos m
-2
)
10
15
20
25
30
35
40
45
Taxa de perfilhamento (perfilhos
o
C dia
-1
)
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
NPI
TP
}
2
]
0,2625
823,2780
GDA
ln[*exp{-0,5*26,167715,4217NPI
65
Em termos de graus dias acumulados, o período de ocorrência de máximo
perfilhamento foi semelhante aos observados por Donald et al. (2003), para a variedade
NCo376 no ciclo de cana-soca, variando entre 399 e 873
o
Cdia (t
base
= 16
o
C) e por
Singels et al. (2005) para as variedades NCo376 e N17, com valores variando, tanto
para o ciclo de cana-planta quanto de cana-soca, entre 600 e 800
o
Cdia (t
base
= 16
o
C);
porém, o valor aqui observado foi superior ao informado por Inman-Bamber (1994), que
considera para cana-soca valores até 500
o
Cdia
(t
base
= 16
o
C).
A taxa de perfilhamento observada por Singels et al. (2005), quando o ciclo teve
início no mês de dezembro, foi de 0,0825 e 0,0528 perfilhos m
-2
o
Cdia
-1
, para as
variedades NCo376 e N17, respectivamente. Singels & Smit (2002) assumem um valor
médio para a taxa de perfilhamento na ordem de 0,1234, 0,0515 e 0,0333 perfilhos m
-2
o
Cdia
-1
, para a cana-planta irrigada sob espaçamento de 0,72, 1,69 e 2,66 m,
respectivamente.
O segundo período (96 DAC a 154 DAC) de perfilhamento da cana-de-açúcar,
que se refere ao intervalo entre o máximo perfilhamento e a estabilização do número de
perfilhos, caracterizou-se por uma fase de rápida senescência. Neste período, constatou-
se uma brusca diminuão do número de perfilhos, passando de 42,5 para 19,6 perfilhos
m
-2
, enquanto a taxa de perfilhamento reduziu-se de 0,147 para 0,056 perfilhos m
-2
dia
-1
(0,0185 para 0,0063 perfilhos m
-2
o
Cdia
-1
). A estabilização ocorreu quando o GDA foi
de 1380
o
Cdia
-1
. Inman-Bamber (1994) cita valores em torno de 1200
o
Cdia
-1
(t
base
=
16
o
C) para a estabilização do número de perfilhos para variedades sul-africanas no ciclo
de cana-soca sob condições de sequeiro.
No terceiro período (>154 DAC ou >1380
o
Cdia
-1
), observou-se pequena
variação tanto do número (0,056 para 0,003 perfilhos m
-2
dia
-1
) quanto da taxa de
perfilhamento (0,0063 para 0,003 perfilhos m
-2
o
Cdia
-1
) da cana-de-açúcar. Ao final do
ciclo, foi verificado que o número de perfilhos industrializáveis foi de 15,3 perfilhos m
-
2
. Este valor está acima daqueles citados por Almeida et al. (2008) para a mesma
variedade RB 92579, cultivada sob irrigação no estado de São Paulo (12,7 perfilhos m
-
2
), e por Oliveira et al. (2008), cultivada no estado de Pernambuco (14,5 perfilhos m
-2
).
66
5.2.2. Estatura e diâmetro dos colmos
As taxas de elongação dia (TEMC) e de expansão do diâmetro médio
(TEDMC) dos colmos da cana-de-açúcar irrigada e suas respectivas equações podem
ser observadas na Figura 10, respectivamente. A estatura média (EMC) e o diâmetro
médio (DMC) dos colmos desta cultura e suas referentes equações ajustadas, em função
dos DAC e dos GDA, podem ser visualizadas nas Figuras 11 e 12.
O conhecimento do comportamento do crescimento dos colmos da cana-de-
açúcar é de grande importância, logo que apresenta uma correlação positiva com a
produtividade esperada (BARBOSA et al., 2002; MIOCQUE et al., 1999). Evidenciou-
se que a cana-de-açúcar apresentou um crescimento acentuado do diâmetro dos colmos,
atingindo valor de TEDMC em torno de 0,368 mm dia
-1
. Por outro lado, o valor dio
do DMC foi de 2,67 cm, a partir dos 132 DAC. Neste instante, a estatura da cultura
correspondeu a apenas 20% do seu valor final.
Costa et al. (2008), trabalhando com a variedade RB 92579, cultivada sob
condições de sequeiro, no município de Rio Largo-AL, verificaram que a estabilização
do diâmetro dos colmos ocorreu quando a estatura máxima das plantas, ainda, era de
12% da estatura final. Contudo, o mesmo não foi observado por Silva (2005), para
outras variedades (RB 855113, RB 928064, RB 845210, RB 845197 e RB 855536)
cultivadas na região Noroeste do estado do Paraná, verificando no momento da
estabilização do DMC, que a estatura da cultura correspondia a 50% do seu valor final.
Diante disto, a relação entre EMC e DMC, provavelmente, depende da variedade de
cana-de-açúcar.
A partir dos 132 DAC, é possível observar que o valor do DMC tornou-se
praticamente constante, com a TEDMC tendendo a zero. Por outro lado, a TEMC
aumentou expressivamente, atingindo valores médios máximos de 1,837 cm dia
-1
,
durante os meses de janeiro e fevereiro/2008 (Figura 10). Contudo, observou-se que o
incremento de estatura dos colmos ocorreu mais efetivamente entre os 238 e 273 DAC
(21/01 a 26/02/2008). Neste período, foi verificado incremento em torno de 2,47 cm dia
-
1
(Figura 13), em decorrência do tombamento da cultura, que promoveu um crescimento
acentuado dos colmos. Concomitantemente, verificou-se que o suprimento de radiação
solar global (Figura 7B) associada à disponibilidade de água para as plantas (Figura 7F),
proporcionou ótimas condições para o crescimento da cana-de-açúcar.
67
Figura 10. Taxas de elongação média (TEMC) e de expansão do diâmetro médio dos
colmos (TEDMC) da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-
soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco, em função
dos dias após o corte (DAC).
Figura 11. Estatura (EMC) e diâmetro médio dos colmos (DMC) da cana-de-açúcar
irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco, em função dos dias após o corte (DAC).
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Taxa de elongação média dos colmos
(cm dia
-1
)
0.0
0.4
0.8
1.2
1.6
2.0
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Taxa de expansão do diâmetro dos colmos
(mm dia
-1
)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
TEMC = 451,9413 exp(-(DAC - 218,3941)/61,1507)) _
61,1507 (1 + exp(-(DAC - 218,3941)/61,1507)))
2
TEDMC = 2,6612 exp(-(DAC - 63,1636)/17,9445)) _
17,9445 (1 + exp(-(DAC - 63,1636)/17,9445)))
2
TEMC
TEDMC
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Estatura média dos colmos (cm)
0
100
200
300
400
500
Diâmetro médio dos colmos (cm)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
R
2
= 0,99
EMC
DMC
]}
61,1507
218,3941)-(DAC
exp[-{1
451,9413
EMC
]}
17,9445
63,1636)-(DAC
exp[-{1
2,6612
DMC
R
2
= 0,98
68
Figura 12. Estatura (EMC) e diâmetro médio dos colmos (DMC) da cana-de-açúcar
irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco, em função dos graus dias acumulados (GDA).
Figura 13. Incremento médio da estatura dos colmos entre os intervalos das amostragens
biométricas da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob
as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Graus dias acumulados (GDA)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Estatura média dos colmos (cm)
0
100
200
300
400
500
Diâmetro médio dos colmos (cm)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
EMC
DMC
]}
717,7254
2208,3338)-(DAC
exp[-{1
466,1641
EMC
]}
167,7880
507,6702)-(DAC
exp[-{1
2,6770
DMC
R
2
= 0,98 R
2
= 0,97
Intervalo entre amostragens
70 - 77
77 - 105
105 - 132
132 - 154
154 - 182
182 - 203
203 - 238
238 - 273
273 - 312
312- 346
346 - 381
Incremento médio da estatura (cm dia
-1
)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Período após o tombamento da cultura
69
No período antecedente aos 238 DAC, observou-se que o incremento da estatura
dos colmos era pequeno, sendo em torno de 0,46 cm dia
-1
(Figura 13) e houve uma
ligeira redução do IAF da cultura (Figuras 25 e 26), como será discutido posteriormente.
Ao final do ciclo, quando também foi observado o tombamento da cultura, não foram
evidenciados incrementos expressivos na estatura dos colmos. Contudo, verificou-se
inflncias nos valores do IAF (Figuras 25 e 26).
No período subseqüente aos 238 e 273 DAC, verificou-se uma redução do valor
de TEMC até o final do ciclo, em que a cultura atingiu valores máximos de EMC na
ordem de 421 cm. Este valor foi superior aos encontrados por outros autores como,
Costa et al. (2008) que, trabalhando com a variedade RB 92579 irrigada, no ciclo de
cana-soca, encontraram valores de EMC em torno de 275 cm, enquanto Almeida et al.
(2008) verificaram valores próximos a 350 cm. O valor superior da EMC observado no
presente trabalho pode estar associado ao tombamento da cultura, constatado mais
efetivamente após os 200 DAC, que promoveu um novo crescimento da parte apical da
cultura. Este comportamento pode promover incrementos expressivos na produtividade
da cana-de-açúcar (CARLIN et al., 2008), ou seja, no valor de TCH (toneladas de
colmos por hectare). Entretanto, uma relação linear com a EMC pode não ser
evidenciada, logo que, parte do incremento da EMC, resultante do tombamento,
promove o acúmulo de biomassa para os pseudocolmos, que, neste caso não é
considerada nos valores de TCH. Para a cana-soca irrigada em Rio Largo-AL, variedade
RB 92579, Oliveira et al. (2008) encontraram valores de EMC próximos a 300 cm, ao
passo que a TCH foi de 136,22 t ha
-1
.
Como demonstrado na Figura 14, o aumento do DMC apresentou importância
para a biomassa seca dos colmos (BSC), apenas até o momento em que o valor de BSC
foi inferior a 50 g. A partir daí, o seu valor médio final oscilou em torno de 600 g
colmo
-1
de biomassa seca, resultante, principalmente, devido ao incremento da EMC ao
longo do ciclo. Assumindo que as medidas de comprimento (CI) e de largura (LI) dos
internódios (Figura 15) correspondiam aos valores de altura e do diâmetro de cada
internódio e que os mesmos assemelham-se a um cilindro, observou-se, pelos lculos
dos volumes dos internódios (VI) (Figura 16), que a importância EMC nos valores de
BSC ocorreu especialmente entre os internódios 2 e 17, respondendo por 57% do
volume total do colmo (435,6 cm
3
). Estes interdios foram os que apresentaram os
maiores valores de CI e LI e, conseqüentemente, os maiores volumes dentre os 32
existentes no final do ciclo.
70
Figura 14. Relação da estatura (EMC) e do diâmetro (DMC) com a biomassa seca dos
colmos (BSC) da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca,
sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Figura 15. Comprimento (CI) e largura (LI) dos internódios da cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco, em função de suas posições no colmo (PIC).
Estatura média dos colmos (EMC, cm)
0 100 200 300 400 500
Biomassa seca dos colmos (g colmo
-1
)
0
100
200
300
400
500
600
700
Diâmetro médio dos colmos (cm)
1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0
Biomassa seca dos colmos (g colmo
-1
)
0
20
40
60
80
100
BSC x EMC
BSC x DMC
]}
52,0638
228,2145)-(EMC
exp[-{1
603,3780
BSC
DMC)*exp(1,3957BSC
R
2
= 0,98 R
2
= 0,99
Posição do internódio no colmo
0 7 14 21 28 35
Comprimento do internódio (cm)
0
5
10
15
20
Largura do internódio (cm)
2.0
2.2
2.4
2.6
2.8
3.0
R
2
= 0,94
R
2
= 0,96
PIC 0,02122,8601LI
}
2
]
1,5677
)
6,8384
PIC
ln(
[*exp{-0,5* 16,7705CI
71
Figura 16. Volume dos internódios (VI) da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco, em função de suas posições no colmo (PIC).
Os valores de CI e LI variaram entre 8,5 e 17,1 cm (média de 13,6±2,4 cm) e 2,1
e 2,9 cm (média de 2,5±0,2 cm) (Figura 15), respectivamente. Em contrate, os de VI
variaram de 34,6 e 95,6 cm
3
, com média em torno de 68,8±19,5 cm
3
(Figura 16).
O volume máximo (95,6 cm
3
) ocorreu no internódio número 5, devido à alta
taxa de expansão do diâmetro médio dos colmos observada no início do ciclo, em
conjunto com o subseqüente aumento da taxa de elongação (Figura 10). Sinclair et al.
(2005) constataram, para as variedades CP80-1743, CP89-2143, CP88-1762 e CP72-
2086, que o volume máximo ocorreu nos internódios 14, 15, 16 e 16, respectivamente,
com um mero total de internódio variando entre 30 e 35. Por outro lado, verificou-se
uma correlação dos valores do VI com a posição dos internódios nos colmos (Figura
16). Relacionando-se o volume total do colmo (VTC), considerando os volumes de cada
um dos internódios, verificou-se, também, uma ótima relação entre o VTC e os dados de
biomassa fresca dos colmos (BFC), como pode ser verificada na Figura 17.
Posição do internódio no colmo
0 7 14 21 28 35
Volume do internódio (cm
3
)
0
20
40
60
80
100
R
2
= 0,96
}
2
]
1,3758
)
5,2786
PIC
ln(
[*exp{-0,5* 98,2815VI
72
Figura 17. Biomassa fresca dos colmos da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579), no ciclo de cana-soca sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco, em função do volume total dos colmos (VTC).
5.2.3. Número de folhas, área foliar e índice de área foliar
O número de folhas verdes abertas por colmo (NFVA) pode ser visualizado na
Figura 18. É possível observar que o NFVA variou entre 6 e 8 folhas por colmo,
apresentando redução ao final do ciclo, em decorrência da diminuição da emissão pelas
plantas e do aumento da taxa de mortalidade. O maior valor de NFVA (8 folhas colmo
-
1
) foi verificado entre 200 e 250 DAC, quando a emissão era máxima, em termos de
número de folhas emergentes (NFE) (Figura 19).
Nota-se que o NFE variou ao longo do ciclo da cultura em função da dinâmica
foliar (Figura 19), contrariando os valores de NFE adotados em modelos de estimativa
do IAF da cana-de-açúcar, que assumem valores iguais a 2, como utilizados por vários
autores (HERMANN & CÂMARA, 1999; OLIVEIRA et al., 2007; SILVA et al., 2005).
A cultura da cana-de-açúcar irrigada teve um número de folhas verdes abertas
acumuladas (NFVA
AC
) em torno de 24, ao longo do seu ciclo, tendo-se observado dois
intervalos distintos, caracterizados por taxas diferentes de aparecimento foliar (Figura
20). No primeiro intervalo, pode-se constatar uma taxa de aparecimento foliar mais
pronunciada, por ser um período em que a cultura amplia sua área foliar, visando
aumentar a quantidade de radiação interceptada e, conseqüentemente, a fotossíntese
Volume total do colmo (cm
3
)
600 900 1200 1500
Biomassa fresca dos colmos (g colmo
-1
)
1000
1500
2000
2500
3000
3500
BFC = 2,9694 VTC - 750,3040
R
2
= 0,97
73
(TEJERA et al., 2007). Por outro lado, o segundo intervalo caracterizou-se por uma taxa
de aparecimento foliar reduzida, resultando em um pequeno incremento do IAF
(SINCLAIR et al., 2005). O ponto de transição entre esse dois intervalos é representado
por uma quebra no gráfico de regressão entre NFVA
AC
e GDA (Figura 20). Este ponto
ocorreu em torno da folha 17. Inman-Bamber (1994) constatou para as variedades
NCo376 e N12, cultivadas sem irrigação, que o ponto de quebra ocorreu na folha 14,
enquanto Bonnett (1998), analisando 9 variedades de cana-de-açúcar, observou o ponto
de quebra na folha 10.
A partir da relação entre os dados de NFVA
AC
e GDA, foi encontrada uma taxa
de aparecimento foliar de 0,0079 folhas
o
Cdia
-1
, que equivale a um filocrono de 127
o
Cdia
-1
folha
-1
. Sinclair et al. (2005) encontraram valores de filocrono variando entre
136 a 151
o
Cdia
-1
folha
-1
para as variedades NCo376 e CP66/1043, respectivamente.
Inman-Bamber (1994) constatou, para a variedade NCo376 não irrigada, valores
variando de 69 a 170
o
Cdia
-1
folha
-1
. A variação do número de folhas mortas
acumuladas (NFM
AC
) foi semelhante ao observado para o NFVA
AC
(Figura 21).
Figura 18. mero de folhas verdes abertas por colmo (NFVA) para a cana-de-açúcar
irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco, em função dos dias após o corte (DAC).
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Número de folhas verdes abertas
(folhas colmo
-1
)
0
2
4
6
8
10
NFVA = 4,7757 + 0,0291 DAC - 6,534610
-5
DAC
2
R
2
= 0,62
74
Figura 19. mero de folhas emergentes por colmo (NFE) para a cana-de-açúcar
irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco, em função dos dias após o corte (DAC).
Figura 20. Número de folhas verdes acumuladas (NFVA
AC
) ao longo do ciclo para a
cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco, em função dos graus dias
acumulados (GDA).
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Número de folhas emergentes
(folhas colmo
-1
)
0
1
2
3
4
R
2
= 0,87
}
2
]
132,6831
212,4021)-(DAC
[*exp{-0,5* 3,1763NFE
Graus dias acumulados (GDA)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Número de folhas verdes abertas acumuladas
0
5
10
15
20
25
30
R
2
= 0,97
R
2
= 0,99
R
2
= 0,97
Período II
Período I
Período total
13,5006GDA 0,0018NFAC
1,0187GDA 0,0079GDA10 6,8404NFVA
2-7
AC
0,1432 -GDA 0,0075NFVA
AC
75
Figura 21. Número de folhas mortas acumuladas (NFM
AC
) ao longo do ciclo para a
cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco, em função dos graus dias
acumulados (GDA).
A área individual da folha +3 da cana-de-açúcar foi obtida ao longo do ciclo de
cultivo da cana-de-açúcar, utilizando o comprimento (C+3) e a largura (L+3) da folha
+3 (AFo+3) e um fator de forma. A análise da folha +3, juntamente com o NFVA,
permite entender melhor o desenvolvimento temporal e espacial da superfície foliar
desta cultura ao longo do ciclo, logo que uma folha que passa de emergente para uma
completamente expandida, não crescerá mais, e sua posição no colmo será modificada
com o surgimento de novas folhas, até o momento em que ocorra a sua senescência.
Assumindo os valores de L+3 e C+3, observa-se que o L+3 tendeu a se
estabilizar a partir dos 180 DAC, com valores em torno de 4 cm, enquanto o C+3
alcançou valor máximo, em torno dos 146 cm, aos 238 DAC (Figura 22).
Para o cálculo da AFo+3 estimou-se primeiramente o fator de forma específico
para a variedade RB 92579. Este fator representa a área da folha, logo que a mesma não
é retangular, tendo sido obtido por meio das amostragens de plantas e análises em
laboratório. Nestas análises, foram medidos os comprimentos e as larguras das folhas
+3 de cada planta, utilizando uma trena, e as suas respectivas áreas foliares, por meio de
integrador de área foliar LAI 3000. Com base no coeficiente angular da regressão obtido
entre o produto de C+3 e L+3 e a área foliar da folha +3, determinou-se o valor do fator
de forma, que foi igual a 0,69 (Figura 23). Robertson et al. (1998) obtiveram valores do
Graus dias acumulados (GDA)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Número de folhas mortas acumuladas
0
5
10
15
20
R
2
= 0,96
R
2
= 0,99
Período II
Período I
R
2
= 0,95
Período total
4,5107GDA 0,0022NFMAC
7,0136 -GDA 0,0075NFM
AC
4,0502 GDA 0,0062GDA10 4,437NFM
2-7
AC
76
fator de forma para a variedade Q117 igual a 0,62, enquanto Sinclair et al. (2005)
constataram valores iguais a 0,71, 0,72, 0,71 e 0,73, correspondentes às variedades
CP80-1743, CP89-2143, CP88-1762 e CP72-2086, respectivamente.
Na Figura 24, está apresentada a área foliar (AFo) da cana-de-açúcar ao longo
do seu ciclo, onde é possível evidenciar um incremento da AFo com o decorrer do
tempo, principalmente até 250 DAC (02/02/2008), resultando em valores máximos entre
250 e 300 DAC. De acordo com Smit & Singels (2006), a área máxima de uma folha
individual depende da disponibilidade de radiação, temperatura, água e nutrientes.
Contudo, também é função da sua posição na planta. Pode-se observar que a folha com
maior área foi a número 15, cujo valor de AFo foi de 410 cm
2
. Este resultado é devido
ao aumento do C+3, logo que em termos de L+3, as mesmas apresentaram uma
tendência de estabilização (Figura 24). A partir da folha número 15, verificou-se uma
pequena redução da área foliar, decorrente da diminuição dos valores C+3 até o final do
ciclo da cana-de-açúcar.
Figura 22. Comprimento (C+3) e largura (L+3) das folhas +3 para a cana-de-açúcar
irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco, em função dos dias após o corte (DAC).
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Comprimento da folha + 3 (C+3)
40
60
80
100
120
140
160
Largura da folha + 3 (C+3)
0
2
4
6
8
R
2
= 0,96
R
2
= 0,95
C+3
L+3
]}
41,5043
76,8827) -(DAC
exp[-{1
4,2058
3)L(
}
2
]
175,7991
282,0409)-(DAC
[*exp{-0,5* 148,66903)C(
77
Figura 23. Fator de forma da folha (coeficiente angular da equação de regressão), obtido
para estimativa da área média de uma folha individual para a cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco.
Figura 24. Área foliar (AFo) de uma folha individual para a cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do São Francisco, em função da posição da folha no colmo (PFC) e dos dias
após o corte (DAC).
C(+3) x L(+3)
0 200 400 600 800 1000
Área foliar +3 (cm
3
)
0
200
400
600
800
AFo (+3) = 0,6922 x L(+3) x (C+3)
R
2
= 0,93
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Área foliar (cm
2
)
0
100
200
300
400
500
600
Posição da folha no colmo
0 5 10 15 20 25
R
2
= 0,98
AFo
PFC
]}
33,6911
114,2764) -(DAC
exp[-{1
404,5216
3)AFo(
78
Singels et al. (2005) constataram que a área foliar máxima da cana-de-açúcar
variou com a variedade e com a época de início do ciclo. Para as variedades NCo376 e a
CP66/1043 cultivadas nas condições climáticas de Mount Edgecombe, África do Sul,
estes autores verificaram que os valores de área foliar foram menores para os ciclos de
cultivo iniciados no mês de junho (menor radiação solar global e temperatura do ar),
quando comparados àqueles iniciados em dezembro (340 cm
2
para a NCo376 e 500 cm
2
para a CP66/1043).
Nas Figuras 25 e 26, são mostrados os valores do índice de área foliar (IAF) em
função dos dias após o corte (DAC) e graus dias acumulados (GDA), respectivamente.
Concomitantemente, na Figura 27, são demonstradas as relações do IAF com os valores
de NFVA, AFo e NPI.
O IAF da cana-de-açúcar irrigada variou de 1,07 m
2
m
-2
, aos 108 DAC, até o
máximo de 5,55 m
2
m
-2
aos 332 DAC. A partir d, verificou-se uma redução dos seus
valores atingindo 4,33 m
2
m
-2
(Figuras 25 e 26). Almeida et al.(2008) obtiveram valores
máximos de IAF de 4,50 m
2
m
-2
para a variedade 92-579 irrigada. Para esta mesma
variedade, sob condições irrigadas, Ferreira et al. (2008) encontraram valores máximos
em torno de 4,56 m
2
m
-2
. Observa-se pelas Figuras 25 e 26 que, na amostragem aos 234
DAC, o IAF apresentou um aumento menos acentuado no seu valor, o que esteve
associado ao tombamento da cana-de-açúcar, evidenciado em período antecedente aos
238 DAC.
A variação do IAF mostrou uma correção positiva com o número de folhas
verdes abertas (NFVA) e com a área individual das folhas. Pode-se observar pela Figura
27, que, quando o valor do IAF foi próximo de 1 m
2
m
-2
, o do NFVA foi de 7,2, e
quando o IAF foi próximo de 4 m
2
m
-2
, o NFVA tornou-se igual 8,0. Estes resultados
demonstram, para esse intervalo, que o incremento do IAF estava associado ao aumento
do NFVA. Concomitantemente, constata-se que o incremento do IAF, deve-se também
ao aumento da AFo, ou seja, da expansão da área individual das folhas. Esta passou de
200 cm
2
, quando o IAF situava-se em torno de 1,0 m
2
m
-2
, para 400 cm
2
, quando o valor
do IAF aumentou para 4,0 m
2
m
-2
. Em relação ao NPI, observou-se uma correlação
negativa com o número de perfilhos m
-2
, de modo que não influenciou diretamente nos
valores de IAF. Pode-se observar na Figura 27 que, quando o IAF aumentou, o NPI
diminuiu em decorrência da intensa mortalidade de perfilhos, a partir dos 96 DAC
(Figura 9). Na Figura 27, verificou-se que essa redução ocorreu, especialmente, devido
à redução do NFVA, logo que quando o IAF era de 5,33 m
2
m
-2
, o valor do NFVA era
de 7,7. Por outro lado, quando o NFVA reduziu-se para 6,2, o valor de IAF diminui para
79
4,33 m
2
m
-2
. Como citado anteriormente, esse menor NFVA é decorrente de uma menor
emissão de folhas pela planta (NFE baixo) (Figura 19) e do aumento do NFM (Figura
21). Ao final do ciclo, a redução dos valores de IAF, foi decorrente também do
tombamento da cultura.
Figura 25. Índice de área foliar (IAF) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco, em função dos dias após o corte (DAC).
Figura 26. Índice de área foliar (IAF) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco, em função dos graus dias acumulados (GDA).
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Índice de Área Foliar (m
2
m
2
)
0
1
2
3
4
5
6
7
R
2
= 0,99
}
2
]
116,1349
309,9640) -(DAC
*{exp[-0,5 x 5,5191IAF
Período após o tombamento
da cultura
Graus dias Acumulados (GDA)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Índice de Área Foliar (IAF, m
2
m
-2
)
0
1
2
3
4
5
6
7
R
2
= 0,98
}
2
]
1968,4178
4922,8900) -(GDA
*{exp[-0,5 x 5,4388IAF
Período após o tombamento
da cultura
80
Figura 27. Interação entre o índice de área foliar (IAF) e o número de folhas verdes
abertas (NFVA), número de perfilhos industrializáveis (NPI) e área foliar (AFo) para a
cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Número de folhas verdes abertas (NFVA)
6.0 6.5 7.0 7.5 8.0
Índice de área foliar (IAF, m
2
m
-2
)
0
1
2
3
4
5
6
Número de perfilhos industrializáveis (perfilhos m
-2
)
10 20 30 40 50
Área foliar (AFo, cm
2
)
150 200 250 300 350 400 450
IAF x NFVA IAF x NPI IAF x AFo
Regressão IAF x NFVA
Regressão IAF x AFo
Regressão IAF x NPI
81
5.2.4. Biomassa seca da cana-de-açúcar e suas partições
A biomassa seca total da parte aérea (BSTPA) para a cana-de-açúcar irrigada, no
ciclo de cana-soca, foi de 6653 g m
-2
(Figura 28). Este resultado é semelhante ao
observado por Inman-Bamber et al. (2002), para as variedades Q96 e Q117 cultivadas
sob diferentes épocas, num ciclo de cana-soca irrigado, com duração de 12 meses, cujos
valores variaram de 5000 a 6800 g m
-2
. Ferreira Júnior et al. (2008), para as condições
irrigadas do município de Rio Largo-AL, em ciclo de cana-soca de 13 meses, obtiveram
uma biomassa seca acumulada de 6600 g m
-2
. Contudo, nas condições de sequeiro no
Estado de São Paulo, Almeida et al. (2008) verificaram valores de 3500 g m
-2
para a
variedade RB 92579. Estes resultados mostram que a maior eficiência produtiva da
cana-de-açúcar, nas condições do Submédio São do Vale do São Francisco,
provavelmente esteve associada aos aspectos varietal e ao sistema de produção irrigado.
Na Figura 29 é demonstrada a biomassa seca acumulada das folhas verdes
(BSFV) e sua partão (pBSFV) em relação à biomassa total da parte área (BSTPA).
Verificou-se que, entre os 66 e 87 DAC, a BSFV variou de 23 a 93 g m
-2
,
correspondendo a uma fração média 0,34±0,01 da BSTPA (em torno de 69 g m
-2
). Estes
valores foram inferiores aos observados por Robertson et al. (1996a), que constataram
valores de até 0,62 para a pBSFV.
A partir dos 87 DAC, observou-se um crescimento acentuado da BSFV,
alcançando valores médios de 369 g m
-2
, de 250 a 300 DAC. Este período foi
caracterizado por elevados valores de temperatura do ar e de radiação solar global
(Figura 7A e 7B). Contudo, nota-se que a fração destinada a BSFV (pBSFV) reduziu-se
para 0,06 em relação à BSTPA. No período subseqüente, constatou-se uma diminuição
da BSFV, em conformidade com a redução do IAF (Figuras 25 e 26), resultando, ao
final do ciclo, valores de BSFV e de pBSFV iguais a 243 g m
-2
e a 0,04,
respectivamente. Inman-Bamber et al. (2002) verificaram, para as variedades Q36 e
Q117, que a pBSFV esteve em torno de 0,1, quando a BSTPA foi superior a 4000 g m
-2
,
e 0,40 quando a BSTPA foi inferior a 4000 g m
-2
.
82
Figura 28. Biomassa seca total da parte aérea (BSTPA) para a cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco.
Figura 29. Biomassa seca acumulada das folhas verdes (BSFV) e sua partição (pBSFV)
em relação à biomassa total da parte área, para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Biomassa seca total da parte aérea (g m
-2
)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
R
2
= 0,99
]}
40,3378
199,9846) -(DAC
exp[-{1
6743,9809
BSTPA
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Biomassa seca das folhas (g m
-2
)
0
100
200
300
400
500
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
pBSFV (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
R
2
= 0,97
Biomassa
Partição
}
2
]
112,2953
277,4524)-(DAC
[*exp{-0,5* 380,5704BSFV
83
No que se concerne à biomassa seca das folhas e das bainhas mortas (BSFBM),
verificou-se que a mesma mostrou um desempenho ascendente (Figura 30). No início
do ciclo, quando a cultura ainda apresentava um IAF baixo (Figura 25 e 26), observou-
se que a BSFBM foi apenas expressiva a partir do DAC 112, quando atingiu um valor
de 39 g m
-2
. Nesse momento (112 DAC), a BSFBM respondia por 0,07 da BSTPA.
Com o decorrer do ciclo, o surgimento de novas folhas (NFE) (Figura 19) promoveu um
aumento da quantidade de BSFBM, atingindo valores máximos de 1010 g m
-2
, quando
então o valor de pBSFBM alcançou 0,15 da BSTPA (Figura 30). Inman-Bamber et al.
(2002) contataram valores de pBSFBM, ao final do ciclo, variando entre 0,18 e 0,22,
para as variedades NCo376 e N12, respectivamente. Sob condições de sequeiro, cuja
precipitação pluviométrica foi em torno de 669 mm, os valores de pBSFBM tenderam a
aumentar, atingindo 0,36 para a variedade N16 e 0,31 para a NCo376, como respostas
às diferenças dos mecanismos de tolencia à seca.
Figura 30. Biomassa seca acumulada das folhas e bainhas mortas (BSFBM) e sua
partição (pBSFBM) em relação à biomassa total da parte área para a cana-de-açúcar
irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condões climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco.
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Biomassa seca das folhas e bainhas mortas (g m
-2
)
0
300
600
900
1200
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
pBSFBM (adimensional)
0.00
0.04
0.08
0.12
0.16
0.20
R
2
= 0,98
Biomassa Partição
]}
51,6627
239,3421)-(DAC
exp[-{1
1009,8844
BSFBM
84
Em relação à biomassa seca acumulada para as bainhas (BSB) (Figura 31),
observou-se um comportamento similar ao obtido para a BSFV. Contudo, a fração
destinada a BSB (pBSB) foi inferior ao da BSFV. A pBSB era de 0,23 aos 66 DAC,
enquanto o valor de pBSFV era de 0,33. A partir dos 112 DAC, o valor de BSB
mostrou-se muito próximo ao da BSFV, ambas apresentando, praticamente, o mesmo
valor de biomassa seca acumulada, quando passaram de 135 g m
-2
para um valor
máximo de 356 g m
-2
(aos 220 DAC). No entanto, este foi reduzido para 243 g m
-2
ao
final do ciclo, quando então o valor de pBSB era igual a 0,04 (Figura 31).
Na Figura 32, é demonstrada o desempenho da biomassa seca acumulada do
pseudocolmo (BSPC) e sua partição (pBSPC) em relação à biomassa seca total da parte
área da cana-de-açúcar. Observou-se, no início do ciclo, que os valores médios foram de
0,24±0,01. Aos 66 DAC, o valor da BSPC era de 17 g m
-2
, mas alcançou 113 g m
-2
até
os 168 DAC. Este período coincide com a fase de maior taxa de elongação média dos
colmos (Figura 10), de grande importância para o rendimento final desta cultura. A
partir deste momento, verificou-se que houve uma redução dos valores de BSPC para 47
g m
-2
, o que correspondeu a 0,01 da BSTPA no final do ciclo.
Figura 31. Biomassa seca acumulada das bainhas (BSB) e sua partição (pBSB) em
relação à biomassa total da parte área para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Biomassa seca das bainhas (g m
-2
)
0
100
200
300
400
500
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
pBSB (adimensional)
0.00
0.06
0.12
0.18
0.24
0.30
R
2
= 0,96
Biomassa Partição
}
2
]
278,7345
108,5710)-(DAC
[*exp{-0,5* 384,0967BSB
85
Figura 32. Biomassa seca acumulada do pseudocolmo (BSPC) e sua partição (pBSPC)
em relação à biomassa total da parte área para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Notoriamente, a maior partição de biomassa ocorreru para os colmos (Figura
33). Pode-se perceber uma simetria entre os valores de pBSC e de pBSPC (Figura 32),
de modo que fortalece a teoria da relação fonte-dreno entre essas duas estruturas (LIU &
BULL, 2001). Entre os 66 e 87 DAC, não foi verificada nenhuma formação
pronunciada de BSC, de modo que toda a biomassa era destinada a BSPC (Figura 32).
Entretanto, a partir dos 113 DAC, observou-se que a BSC já era de 130 g m
-2
, tendendo
a aumentar rapidamente. Fato semelhante foi observado com a elongação dos colmos
(Figura 10), resultando uma produção da ordem de 5037 g m
-2
ao final do ciclo,
decorrente de uma maior partição para os colmos que foi em torno de 0,76. Inman-
Bamber et al. (2002) constataram, nas condições climáticas da África do Sul, valores
médios de pBSC em torno de 0,85, para várias variedades e locais de cultivo. Para um
ano mais seco (~ 669 mm), estes autores notaram que a BSC variou entre 2000 e 3000 g
m
-2
, enquanto para um ano mais chuvoso (~1098 mm), a cultura apresentou valores de
BSC variando entre 3000 a 4000 g m
-2
. Para as condições climáticas da Austlia,
quando o rendimento foi de 5000 a 6000 g m
-2
, os valores médios de pBSC oscilaram
em torno de 0,80.
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Biomassa seca do pseudocolmo (g m
-2
)
0
30
60
90
120
150
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
pBSPC (adimensional)
0.00
0.06
0.12
0.18
0.24
0.30
R
2
= 0,90
Biomassa
Partição
}
2
]
0,5750
)
168,9519
DAC
ln(
[*exp{-0,5* 107,4264BSPC
86
Figura 33. Biomassa seca acumulada dos colmos (BSC) e sua partição (pBSC) em
relação à biomassa total da parte área para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
A biomassa seca acumulada da parte emergente (BSPE) e sua partição (pBSPE)
em relação à BSTPA (Figura 34) apresentaram comportamento semelhante ao da BSPC
(Figura 32). Aos 66 DAC, a BSPE foi 13 g m
-2
e a sua partição 0,19, atingindo valor
máximo de 125 g m
-2
aos 242 DAC, com um pBSPE de 0,03. Analogamente, observou-
se que, nesse período, ocorreu a maior emissão de folhas pela cultura (NFE) (Figura
19). Ao final do ciclo, os valores de BSPE e de pBSPE foram iguais a 74 g m
-2
e 0,01,
respectivamente. Inman-Bamber et al. (2002), em experimentos realizados na África do
Sul, verificaram valores máximos de 0,05 no início do ciclo. No entanto, seus valores
tenderam a aproximar-se de zero ao final do ciclo.
A soma dos valores da BSPC e da BSPE resulta num componente denominado
internacionalmente como “cabbage”. No presente experimento, seus valores
responderam por 0,43 (30 g m
-2
), reduzindo a 0,02 (120 g m
-2
) da BSTPA ao final do
ciclo. Para variedades com produção de BSTPA acima de 5000 g m
-2
, Robertson et al.
(1996a) citam valores de “cabbage” em torno de 0,05 no final do ciclo. Inman-Bamber
et al. (2002) informam valores de 0,10 para variedades de cana-de-açúcar com produção
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Biomassa seca dos colmos (g m
-2
)
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
pBSC (adimensional)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
R
2
= 0,99
Biomassa
Partição
]}
35,8965
214,3091) -(DAC
exp[-{1
5107,9660
BSC
87
de BSTPA até 3000 g m
-2
. Contudo, à medida que ocorre aumento da BSTPA (de 3000
a 6000 g m
-2
), maior quantidade de BSPC é convertida em rendimento final, de modo
que os valores de “cabbage” podem reduzir para a faixa de 0,05 a 0,07.
A biomassa seca total da parte área, subtraída da biomassa dos colmos, é
conhecida como palhada”, que corresponde aos demais componentes da planta, a qual
pode ser incorporada ao solo como matéria orgânica ou utilizada para a produção de
energia em termoelétricas (OLIVEIRA et al., 1999). No presente experimento,
verificou-se uma redução pronunciada da palhada com o decorrer do ciclo, em
decorrência do aumento da BSC. Ao final do ciclo produtivo, a biomassa de palhada
correspondeu a aproximadamente 0,24 da BSTPA.
Figura 34. Biomassa seca acumulada da parte emergente (BSPE) e sua partição (pBSPE)
em relação à biomassa total da parte área para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
5.2.5. Índices morfofisiológicos
A partir dos dados de biomassa seca acumulada, do índice de área foliar e de
suas respectivas equações ajustadas por meio do modelo sigmoidal, foram obtidas as
curvas da taxa de crescimento absoluto (TCA), taxa de crescimento relativo (TCR), taxa
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Biomassa seca da parte emergente (BSPE, g m
-2
)
0
30
60
90
120
150
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
pBSPE (adimensional)
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
R
2
= 0,86
Biomassa Partição
}
2
]
0,5438
)
218,3726
DAC
ln(
[*exp{-0,5* 117,7152BSPE
88
de assimilação líquida (TAL), razão de área foliar (RAF), área foliar específica (AFE) e
a razão de massa foliar (RMF), como apresentadas nas Figuras 35 a 40, nessa ordem.
Analisando a Figura 35, pode-se observar que a TCA ainda é baixa antes dos 87
DAC, com valores inferiores a 9,0 g m
-2
dia
-1
, caracterizando-se um período de
incremento reduzido de biomassa, como foi verificado na Figura 28. Nesta fase de
crescimento, a temperatura dia do ar foi de 24,1
o
C e o suprimento médio de radiação
na ordem de 16,5 MJ m
-2
dia
-1
(Figuras 7A e 7B). A partir desse momento, a TCA
tendeu a aumentar substancialmente, até atingir o valor máximo de 41,8 g m
-2
dia
-1
, em
torno dos 200 DAC (entre os meses de dezembro e janeiro), em que a temperatura
média do ar alcançou valores médios de 28,0
o
C e o suprimento médio de radiação solar
na ordem de 23,1 MJ m
-2
dia
-1
. Na fase subseqüente, verificou-se uma redução
acentuada da TCA, tendo o seu valor médio em torno de 4,7 g m
-2
dia
-1
aos 348 DAC,
quando foi realizado o último evento de irrigação (Figura 7F). Na fase final do ciclo
(348 a 385 DAC), constatou-se uma redução pequena da TCA, cujo valor dio foi na
ordem de 1,7 g m
-2
dia
-1
(Figura 32). Esse resultado mostra que as plantas continuaram
crescendo, mesmo com a suspensão da irrigação, em virtude da alta capacidade de
retenção de água dos vertissolos.
O comportamento observado para a TCA foi análogo ao constatado por Vitti et
al. (2008) para a variedade SP 813250, no ciclo de cana-planta, submetida a quatro
tratamentos de doses de nitrogênio, sob as condições climáticas de Pradópolis-SP.
Nestas condições, esses autores observaram valores máximos de TCA oscilando entre
35 e 43 g m
-2
dia
-1
. Por outro lado, sob as condições climáticas do Noroeste do estado
do Paraná, Oliveira (2005) cita valores de TCA variando entre 3 e 27 g m
-2
dia
-1
, para
diferentes variedades de cana-de-açúcar, durante o ciclo de cana-planta.
Analisando-se a TCR, constatou-se que, na fase inicial da cana-de-açúcar, o seu
valor era de 0,024 g g
-1
dia
-1
, aos 87 DAC (Figura 36). Contudo, com o decorrer do
ciclo, verificou-se uma redução nos valores, atingindo 0,001 g g
-1
dia
-1
aos 348 DAC, e
sendo, praticamente desprezíveis no final do ciclo (385 DAC). Silva (2005), analisando
o crescimento das variedades, RB855113, RB 72454, RB 83594, RB855536 e SP81-
3250, no ciclo de cana-soca, sob condições de sequeiro no estado do Paraná, encontrou
valores máximo de TCR variando entre 0,0025 e 0,0034 g g
-1
dia
-1
aos 100 DAC, e, ao
final do ciclo, valores inferiores a 0,005 g g
-1
dia
-1
. Oliveira et al. (2004) obtiveram
valores máximos de TCR inferiores a 0,10 g g
-1
dia
-1
, para a cana-planta, a depender da
variedade.
89
Figura 35. Taxa de crescimento absoluto (TCA) para a cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco.
Figura 36. Taxa de crescimento relativo (TCR) para a cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Taxa de crescimento absoluto (TCA, g m
-2
dia
-1
)
0
10
20
30
40
50
60
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
TCA = 6743,9809 exp(-(DAC - 199,9846)/40,3378))
40,3378 (1 + exp(-(DAC - 199,9846)/40,3378)))
2
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Taxa de crescimento relativo (TCR, g g
-1
dia
-1
)
0.000
0.005
0.010
0.015
0.020
0.025
0.030
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
TCR = exp(-(DAC - 199,9846)/40,3378))
40,3378 (1 + exp(-(DAC - 199,9846)/40,3378)))
90
Os aumentos pronunciados dos valores de BSTPA (Figura 28) e do IAF (Figura
25 e 26), observados no início do ciclo, promoveram o aumento da taxa de assimilação
líquida (TAL) da cana-de-açúcar irrigada até próximo dos 168 DAC (TAL ~ 13,8 g m
-2
dia
-1
). Provavelmente, como resposta da alta conversão de energia das estruturas foliares
(BSFV e BSPE), que permitiram o aumento da eficiência fotossintética (BENINCASA,
1988; RAMESH, 2000). Este valor ocorreu em torno do mês de novembro/2007,
indicando que é possível aumentar a eficiência fotossintética da cana-de-açúcar, com
deslocamento do início do ciclo. Assim, pode-se selecionar um período em que ocorre
maior disponibilidade de radiação solar na região, em vez de iniciar o cultivo quando o
suprimento é ainda ascendente, como foi constatado no presente experimento, que
começou no mês de junho/2007.
No período seguinte (aos 168 DAC), observou-se uma redução nos valores de
TAL, o que pode estar relacionado com um aumento do auto-sombreamento das folhas,
condicionando a redução da interceptação de radiação fotossinteticamente ativa em uma
maior camada do dossel. Outros aspectos, que podem estar relacionados com esta
redução do TAL são a progressiva expansão foliar (Figura 24), o aumento da taxa de
respiração de manutenção e a elevação da temperatura ambiente (Figura 7A)
(PARSONS et al., 1983; WOLDGE & LEAFE, 1976; GOMIDE & GOMIDE, 1999).
Adicionalmente, tem-se que a redução da eficiência fotossintética do dossel é decorrente
da senescência das folhas, como pode ser verificado para esse período (em torno de 168
DAC), quando então o NFVA e o NFE tornaram-se praticamente constantes (Figuras 18
e 19). Notou-se, também, nesse período, que a BSPC apresentou valores máximos,
seguida de uma contínua redução (Figura 32). Além do mais, os valores de TEMC
(Figura 10) e da BSC (Figura 33) tenderam a aumentar mais expressivamente,
indicando, provavelmente, que a produção fotossintética das plantas, a partir desse
momento, foi destinada principalmente para a produção dos colmos.
Verificou-se que a TAL variou de 13,8 g m
-2
dia
-1
, aos 168 DAC, até 0,8 g m
-2
dia
-1
aos 348 DAC (Figura 37). A partir deste momento, semelhante ao comportamento
dos outros índices morfofisiológicos citados anteriormente, constatou-se que os valores
de TAL apresentaram pouca variação, alcançando valor mínimo de 0,4 g m
-2
dia
-1
. Silva
(2005) obteve valores de TAL variando de 6 a 12 g m
-2
dia
-1
, dependendo da variedade
de cana-de-açúcar. Ao final do ciclo, os valores de TAL oscilaram entre 0 e 6 g m
-2
dia
-
1
.
91
Figura 37. Taxa de assimilação líquida (TAL) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade
RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do
São Francisco.
Na Figura 38, é demonstrada a razão de área foliar (RAF) para a cana-de-açúcar
irrigada, indicando que, no início do ciclo da cultura, a maior parte da produção
fotossintética da planta foi destinada à formação da área foliar. Estes resultados estão
em conformidade com a partição da BSFV (pBSFV) e da BSPE (pBSPE) (Figuras 29 e
34). Por outro lado, na presente análise, a razão de massa foliar (RMF) (Figura 39)
representa a própria pBSFV (Figura 29), que alcançou valores máximos no início do
ciclo, mas que se reduziu com o decorrer do tempo, devido à elevada conversão de
fotoassimilados em biomassa de colmos. Quando se considerou a RAF, observou-se que
os valores máximos da ordem de 0,0026 m
2
g
-1
, no início do período de crescimento.
Contudo, reduziu-se para 0,007 m
2
g
-1
ao final do ciclo de cultivo. Oliveira (2005)
obteve valores máximos de RAF oscilando entre 0,0025 e 0,0045 m
2
g
-1
para diversas
variedades de cana-de-açúcar, no ciclo de cana-planta, sob condições de sequeiro.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Taxa de assimilação líquida (g m
-2
dia
-1
)
0
3
6
9
12
15
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
92
Figura 38. Razão de área foliar (RAF) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Figura 39. Razão de massa foliar (RMF) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Razão de área foliar (m
2
g
-1
)
0.0000
0.0005
0.0010
0.0015
0.0020
0.0025
0.0030
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Razão de massa foliar (g g
-1
)
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
93
Analisando-se a área foliar específica (AFE) da cultura (Figura 40), constatou-se
que houve um ligeiro aumento com o decorrer do tempo, indicando que as folhas
tornaram-se menos espessas, decorrente da menor fração de fotoassimilados destinada à
formação da estrutura foliar (BSFV e BSPE). Este resultado é contrário ao observado
por Silva (2005) para a cana-soca e Oliveira (2005) para a cana-planta, indicando que a
cultura, provavelmente, apresentou um aumento da eficiência fotossintética ao longo do
seu ciclo. Aos 66 DAC, o valor da AFE oscilou próximo de 0,010 g g
-1
dia
-1
,
aumentando para 0,018 g g
-1
dia
-1
ao final do ciclo (Figura 37). Silva (2005) observou
variações mais pronunciados dos valores da AFE entre a fase inicial (0,0025 a 0,0045 g
g
-1
dia
-1
) e final (0,005 a 0 g g
-1
dia
-1
) do ciclo da cana-de-açúcar.
Figura 40. Área foliar específica (AFE) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Área foliar específica (m
2
g
-1
)
0.00
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
94
5.2.6. Radiação fotossinteticamente ativa interceptada e coeficiente de extinção
A fração da radiação fotossinteticamente ativa interceptada (f
RFA
) pela cana-de-
açúcar irrigada, pode ser observada nas Figuras 41 e 42, em função dos dias após o corte
(DAC) e graus dias acumulados (GDA), respectivamente.
No início do ciclo da cultura (< 30 DAC, Fase I), caracterizado por um baixo
índice de área foliar (IAF) (Figura 25 e 26), verificou-se que o valor máximo de f
RFA
foi
de apenas 6%. No período subseente (30 a 109 DAC, Fase II), os valores de f
RFA
variaram de 6% a 59%, sendo que a cobertura total do solo (f
RFA
> 80%) ocorreu nos
primeiros 132 dias do ciclo ou aos 1132
o
C dia
-1
. Neste período, considerou-se a t
base
de
16
o
C, com valores médios de temperatura média do ar em torno de 24,5
o
C. Para as
cultivares NCo376 e CP66/1043, no ciclo de cana-soca, cultivadas em Mount
Edgecombe, África do Sul, Singels et al. (2005) verificaram que foram necessários 100
e 120 DAC, respectivamente, para que a f
RFA
atingisse 80%, com início do ciclo no mês
de dezembro (temperatura média do período igual a 23,3
o
C). Por outro lado, quando o
ciclo foi iniciado no mês de junho (temperatura média do período igual a 18,0
o
C),
necessitou-se de 180 e 230 DAC, respectivamente, para que ocorresse a cobertura total
do solo. Constatou-se, também, que o valor máximo de f
RFA
foi de aproximadamente
99%, ocorrendo aos 213 DAC (~ 2096
o
C dia
-1
, t
base
de 10
o
C) durante a Fase III. Na Fase
IV, cuja duração foi de apenas 41 dias (DAC 348 – 389), apesar da redução do índice de
área foliar (Figura 22 e 23), os valores de f
RFA
permaneceram inalterados.
O valor médio de f
RFA
para o ciclo completo da cana-de-açúcar foi de 73%, que
foi superior aos observados para as cultivares NCo376 e CP66/1043 no ciclo de cana-
soca, para os cultivos iniciados em julho, como informado por Singels et al. (2005).
Segundo estes autores, a variedade NCo376, no ciclo de cana-soca e de cana-planta,
com início de cultivo em dezembro, apresentou valores médios de f
RFA
iguais a 75% e
79%, respectivamente, e de 65% no ciclo de cana-soca, com início de cultivo em junho.
para a variedade CP66/1043, no ciclo de cana-planta e de cana-soca, com início em
dezembro, os valores de f
RFA
foram iguais a 65% e 74%, respectivamente. Porém, para
o ciclo de cana-soca iniciado em junho, foi igual a 57%.
95
Figura 41. Fração da radiação fotossinteticamente ativa interceptada pela cana-de-
açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco, em função dos dias após o corte
(DAC).
Figura 42. Fração da radiação fotossinteticamente ativa interceptada (f
RFA
) pela cana-de-
açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco, em função dos graus dias
acumuladas utilizando a temperatura base de 16
o
C.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Fração da rad. fotoss. ativa intercep. (adimensional)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
R
2
= 0,99
]}
23,0908
97,7986)-(DAC
exp[-{1
0,9716
f
RFA
Graus dias acumuladas (GDA)
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Fração da rad. fotoss. ativa intercep.
(adimensional)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
R
2
= 0,99
]}
200,8182
810,1656)-(DAC
exp[-{1
0,9657
f
RFA
96
Na Figura 43, é demonstrada a relação entre a fração da radiação
fotossinteticamente ativa interceptada (f
RFA
) e o índice de área foliar (IAF) para a
cultura da cana-de-açúcar irrigada. Nesta relação, foi considerada a equação da Lei de
Beer para a determinação do coeficiente de extinção (ke), cujo valor médio de ke foi de
aproximadamente 0,72. Este valor está inserido no intervalo de ke informado por
Singels et al. (2008), que assume valores variando entre 0,58 e 0,86, para diferentes
variedades de cana-de-açúcar, considerando-se a faixa espectral de radiação de 400 a
700 nm.
Na literatura internacional, vários trabalhos foram publicados com o objetivo de
determinar os valores de ke e, conseqüentemente, o uso eficiente da radiação (UER),
utilizando a faixa da radiação global. No entanto, esta faixa compreende os
comprimentos de onda situados entre 300 e 3000 nm (SINGELS et al., 2005), o que
implica em resultados inferiores aqueles determinados com base na RFA. Muchow et al.
(1994), utilizando a faixa espectral da radiação global, obtiveram um valor de ke de
0,38. PARK et al. (2005) encontraram, para cinco variedades de cana-de-açúcar
submetidas a diferentes condições de cultivo, valores de ke variando entre 0,37 e 0,53.
Similarmente, os valores de UER também foram inferiores quando comparados aos
obtidos com base na RFA (SINCLAIR & MUCHOW et al., 1996).
Figura 43. Determinação do coeficiente de extinção (ke) para a cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco.
Índice de área foliar (m
2
m
-2
)
0 1 2 3 4 5 6
f
RFA
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
f
FRA
= 1 - exp(-0,7185 IAF)
R
2
= 0,93
Assim: ke = 0,72
97
5.2.7. Eficiência do uso de radiação
As relações entre a biomassa seca total da parte aérea (BSTPA) e os valores
acumulados de radiação solar global interceptada (Rg
ia
) e entre a BSTPA e a radiação
fotossinteticamente ativa interceptada (RFA
ia
) estão demonstradas na Figura 44,
resultando no uso eficiente de radiação (UER) e na eficiência fotossintética (EFT).
Observou-se que a biomassa, ao longo do ciclo da cultura, respondeu ao
acúmulo de RFA
ia
praticamente de forma linear, até a oitava amostragem (DAC 280),
quando o valor era de 1949 MJ m
-2
e o da BSTPA de 5963 g m
-2
. A partir daí,
constatou-se uma variação pequena da BSTPA (690 g m
-2
), de modo que a resposta ao
incremento de 829 MJ m
-2
foi relativamente baixa durante os últimos 105 dias do ciclo
de cultura. Quando se considerou os dados correspondentes às 10 amostragens,
verificou-se que o valor do EFT
BSTPA
foi, em torno, de 2,67 g MJ
-1
, aproximadamente
(Figura 44). Por outro lado, quando se considerou o UER
BSTPA
, verificou-se que o seu
valor foi de 1,29 g MJ
-1
.
Ferreira Júnior et al. (2008), analisando a EFT
BSTPA
para quatro variedades de
cana-de-açúcar sob sistema de produção irrigado, em Rio Largo-AL, encontraram
valores de EFT
BSTPA
de 3,12 g MJ
-1
para a RB92-579. Para as variedades SP791011,
RB93509 e RB931530, os mesmos autores obtiveram valores de EFT
BSTPA
de 2,06, 3,10
e 1,66 g MJ
-1
, respectivamente. Singels & Bezuidenhout (2002) informam valores de
UER
BSTPA
variando entre 1,2 e 1,5 g MJ
-1
, a depender da fase de crescimento e do tipo
de ciclo (cana-planta ou cana-soca). Singels et al. (2005) encontraram valores de
UER
BSTPA
entre 0,8 e 1,5 g MJ
-1
para as variedades N26 e NCo376, no ciclo de cana-
soca e cana-planta, respectivamente, cultivadas em Pongola, África do Sul. Para a
variedade Q96, no ciclo de cana-planta, Muchow et al. (1994) observaram que o
UER
BSTPA
foi de 1,75 g MJ
-1
.
Analisando-se, também, a EFT
BSC
e a UER
BSC
, com base nos dados de biomassa
dos colmos, verificou-se que o comportamento da relão entre a radiação interceptada
acumulada (Figura 45) e a BSC, mostrou-se bastante semelhante ao observado para a
EFT
BSTPA
e a UER
BSTPA
(Figura 44). Este resultado demonstra que a maior parte da
radiação interceptada pela cultura, a partir dos 280 DAC, pode estar sendo utilizada para
a conversão de biomassa de colmos em sacarose, ao invés de biomassa para as demais
estruturas da planta. Assim, neste período, a cana-de-açúcar tende a aumentar a
concentração de sacarose nos colmos, de maneira mais efetiva (INMAN-BAMBER et
al., 2002; ROBERTSON et al., 1996a).
98
Figura 44. Uso eficiente da radiação (UER) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade
RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do
São Francisco. Os resultados referem-se a relação da biomassa seca total da parte aérea
(BSTPA) com a radiação fotossinteticamente ativa (RFA
ia
) e com a radião global
(Rg
ia
) acumuladas ao longo do ciclo pelo dossel da cultura.
Figura 45. Uso eficiente da radiação (UER) da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco. Os resultados referem-se a relação da biomassa seca dos colmos (BSC) com
a radiação fotossinteticamente ativa (RFA
ia
) e com a radiação global (Rg
ia
) acumuladas
ao longo do ciclo pelo dossel da cultura.
RFA
ia
ou Rg
ia
(MJ m
-2
)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Biomassa seca total da parte aérea (g m
-2
)
0
2000
4000
6000
8000
10000
BSTPA = 2,6749 RFA
ia
Assim: EFT
BSTPA
~ 2,67 g MJ
-1
R
2
= 0,97
BSTPA = 1,2941 Rg
ia
Assim: UER
BSTPA
~ 1,29 g MJ
-1
R
2
= 0,96
RFA
ia
ou Rg
ia
(MJ m
-2
)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Biomassa seca dos colmos (g m
-2
)
0
2000
4000
6000
8000
10000
BSC = 2,1891 RFA
ia
Assim: EFT
BSC
~ 2,19 g MJ
-1
R
2
= 0,96
BSC = 1,0262 Rg
ia
Assim: UER
BSC
~ 1,03 g MJ
-1
R
2
= 0,96
99
Nas Figuras 46 e 47 são destacadas a EFT e o UER ao longo do ciclo da cana-
de-açúcar irrigada, com base na biomassa seca total da parte aérea (BSTPA) e dos
colmos (BSC), respectivamente. Em ambos os casos, pode-se observar que a maior
eficiência compreendeu o período entre 200 e 300 DAC, caracterizado por um crescente
acúmulo de BSTPA, resultando em valores médios da EFT
BSTPA
de 3,02±0,07 g MJ
-1
e
de EFT
BSC
2,14±0,12 g MJ
-1
. No início do ciclo, constatou-se um rápido crescimento da
cultura, evidenciando uma alta eficiência do uso de radiação para a BSTPA, contudo,
ainda, reduzida para os colmos. A partir dos 352 DAC, durante o período da suspensão
da irrigação, observou-se uma diminuão da eficiência do uso de radiação, cujos
valores foram de 2,40 g MJ
-1
para a EFT
BSTPA
e de 1,81 g MJ
-1
para a EFT
BSC
.
Quando se assumiu os valores de UER
BSTPA
e do UER
BSC
, verificou-se o mesmo
comportamento obtido para os valores de EFT
BSTPA
e da EFT
BSC
. No entanto, no
período de maior eficiência de radiação (entre 200 e 300 DAC), os valores de UER
BSTPA
e do UER
BSC
foram de 1,56±0,02 g MJ
-1
e 1,07±0,06 g MJ
-1
, respectivamente. No início
do ciclo, o UER
BSTPA
variou de 0,85 a 1,56 g MJ
-1
, enquanto a partir dos 352 DAC,
reduziu-se de 1,31 g MJ
-1
para 1,18 g MJ
-1
. Em termos de UER
BSC
, observou-se um
aumento de até 0,78 g MJ
-1
,
aos 168 DAC, sendo que, para o período subseqüente, aos
350 DAC, o seu valor decresceu de 1,0 g MJ
-1
para 0,89 g MJ
-1
.
Em termos de UER
BSTPA
, Park et al. (2005), trabalhando com seis variedades de
cana-de-açúcar, cultivadas em diferentes regiões da Austrália, observaram durante a
primeira fase da cultura, caracterizada por um crescimento rápido, valores variando
entre 0,77 e 1,81 g MJ
-1
. Na fase intermediária, encontraram valores de UER
BSTPA
de
1,79±0,06 g MJ
-1
para a cana-planta e 1,19±0,06 g MJ
-1
para a cana-soca. Entretanto, na
fase final, em que o crescimento é lento, a UER
BSTPA
foi igual a 0,06±0,22 g MJ
-1
para a
cana-planta e -0,52±0,51 g MJ
-1
para a cana-soca. Este valor negativo indica que a
cultura apresentou redução expressiva de biomassa, mesmo com o aumento da radião
interceptada.
100
Figura 46. Eficiência fotossintética (EFT) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco, com base na biomassa seca total da parte aérea (BSTPA) e dos colmos
(BSC).
Figura 47. Uso eficiente de radiação (UER) para a cana-de-açúcar irrigada (variedade
RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do
São Francisco, com base na biomassa seca total da parte aérea (BSTPA) e dos colmos
(BSC).
Dias após o corte (DAC)
0 100 200 300 400
Eficiência fotossintética (g MJ
-1
)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
EFT
BSTPA
EFT
BSC
Dias após o corte (DAC)
0 100 200 300 400
Uso eficiente de radiação (g MJ
-1
)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
UER
BSTPA
UER
BSC
101
5.2.8. Análise do rendimento industrial
A partir dos índices tecnológicos obtidos ao final do ciclo de cultivo, foi
possível analisar o rendimento industrial da cana-de-açúcar irrigada, como pode ser
observado na Tabela 5. Estes dados foram obtidos junto à empresa Agrovale, dos quais
alguns indicadores (NCH, CC, PC e NIC) são análogos aos obtidos na biometria de
campo, anteriormente discutida. No entanto, os mesmos foram coletados após o corte da
cultura, ao passo que algumas diferenças nos valores podem ser observadas.
Dentre os índices de interesse para análise no presente estudo, concernente ao
cálculo da eficiência do uso de água da cana-de-açúcar irrigada, considerou-se a TCH
(toneladas de colmos por hectare), o RBAÇ (rendimento bruto de açúcar) e o RBAL
(rendimento bruto de álcool). Adicionalmente, analisou-se o teor de fibras (TF), devido
sua importância na eficiência do processo industrial (CASTRO & KLUGE, 2001), e o
teor de açúcar com base na biomassa seca dos colmos.
A TCH foi igual a 162,75 t ha
-1
, valor esse superior ao informado por Almeida et
al. (2008), que observaram um rendimento de TCH de 136,22 t ha
-1
, para a mesma
variedade (RB 92579), sob as condões irrigadas do Estado de São Paulo. Em termos
de RBAÇ, verificou-se que rendimento foi de 20,89 t ha
-1
, enquanto que o RBAL foi de
15,01 m
3
ha
-1
(Tabela 3). Dantas Neto et al. (2006), trabalhando com a variedade SP
791011, submetida a várias lâminas de irrigação sob as condições cliticas de Capim-
PB, obtiveram valores de RBentre 9 e 12,58 t ha
-1
e de RBAL entre 6,25 e 8,91 m
3
ha
-1
. Azevedo (2002) encontrou valor médio de RBAÇ da ordem de 14,71 t ha
-1
para a
cana-planta, enquanto Wiedenfeld (2000), trabalhando com a cana-de-açúcar sob três
condições de irrigação (95, 85 e 65% do limite crítico de água no solo para a cultura),
constatou rendimentos de 13, 10 e 8 t ha
-1
de açúcar, respectivamente.
Comparando estes dados, aos obtidos no presente estudo, é possível inferir que a
cana-de-açúcar irrigada, sob as condições do Submédio do Vale do São Francisco,
possui uma alta capacidade de conversão de biomassa dos colmos em sacarose, logo que
apresentou um alto rendimento industrial. Por outro lado, o teor de fibras (TF ~ 13,74%)
(Tabela 5) foi comparável aos obtidos por diferentes autores, como por exemplo,
Carvalho et al. (2008) que citam valores de TF variando entre 13,91 e 13,32%, para a
variedade SP 791011, dependendo dos níveis de água aplicados via irrigação. Silva
(2002), avaliando a resposta da variedade SP 716949 sob diferentes níveis de adubação
nos tabuleiros costeiros da Paraíba, encontrou valores de TF em torno de 14,20%.
Marques et al. (2007), analisando os índices tecnológicos de 6 variedades de cana-de-
102
açúcar (SP 801816, RB 845210, SP 813250, RB 855536, RB 867515 e RB72454),
verificaram valores de TF variando entre 12,02 e 13,83%.
Em termos de concentração de açúcar nos colmos, observou-se que os valores
foram em torno de 0,41 g de açúcar por g de matéria seca (g g
-1
). Este valor é
semelhante aos citados por Inman-Bamber et al. (2002), que variaram entre 0,35 e 0,50
g g
-1
, e inferiores aos valores obtidos por ROBERTSON et al. (1999), para a variedade
Q96 irrigada, sob as condições climáticas da Austrália, em que os valores variaram
entre 0,47 e 0,53 g g
-1
.
Tabela 5. Indicadores de rendimento obtidos ao final do período de cultivo para a cana-
de-açúcar irrigada (variedade RB 92579) no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Indicadores NCH CC* PC* NIC* DC**
SST TF
Unidades unid. ha
-
1
cm g unid. cm Brix %
Valores 22,4 2,52 1021 16,7 1,78 19,82 13,74
Indicadores TP
TCH*
,
***
POL AR PCC RBAÇ RBAL
Unidades % ton. ha
-
1
% % % ton. ha
-
1
m
3
ha
-
1
Valores 82,64 162,75 15,63 0,74 12,84 20,89 15,01
* Medido após o corte;
** Diâmetro obtido na metade do colmo;
*** Teor de umidade: 69
,
90
%.
Obs.: NCH, Número de colmos por hectare; CC, comprimento dos colmos; PC, peso fresco por colmo;
NIC, número de internódios; SST, sólidos solúveis totais; TF, teor de fibras; TP, teor de pureza; TCH,
toneladas de colmos por hectare; POL, porcentagem de sacarose no caldo; AR, açúcares redutores; PCC,
percentagem bruta de açúcar; RBAÇ, rendimento bruto de açúcar; e, RBAL, rendimento bruto de álcool.
103
5.3. Balanço de radiação e de energia e suas partições
Antes da análise dos componentes do balanço de radiação (BR) e de energia
(BE), realizou-se um diagnóstico da consistência dos valores estimados da razão de
Bowen (β), os quais, em seguida, foram utilizados para o cálculo dos fluxos de calor
latente (LE) e sensível (H). Uma vez realizado este diagnóstico, os valores de LE e H,
juntamente com os demais componentes do BR e do BE (Rg, Rn, Rr, RFA, BOC, BOL,
albedo, G), foram analisados para 5 períodos representativos do crescimento da cana-
de-açúcar (julho/2007, outubro/2007, janeiro/2008, abril/2008 e maio-junho/2009), os
quais compreenderam três fases de crescimento desta cultura (Fase IIestabelecimento
e perfilhamento; Fase III crescimento máximo; e, Fase IV - amadurecimento). Foram
utilizados os valores médios horários dos dias, compreendidos nestes períodos, para
analisar os dados do BR e do BE e de suas partições. Adicionalmente, foram
selecionados dias específicos para análises das variações dos valores de LE e H como
resposta à disponibilidade de energia (nebulosidade variável) e à influência dos eventos
de irrigação. Finalizando, realizou-se uma análise sazonal, utilizando os dados diários
ao longo do ciclo da cultura.
5.3.1. Análise da consistência física dos dados da razão de Bowen
A partir dos critérios propostos por Perez et al. (1999) e assumindo a rejeição
dos valores da razão de Bowen (β) quando inferiores a -0,75, observou-se que 65,7%
dos dados analisados (34272, dados dios de 15 minutos) foram considerados
fisicamente consistentes. No próprio estudo realizado por estes autores, valores
consistentes somente foram observados entre 56 e 70% do total de dados medidos em
quatro localidades situadas em regiões semi-áridas. Pela Tabela 6, é possível constatar,
para os períodos de crescimento analisados, que os dados com consistência física
variaram entre 52,4% (abril/2008) e 77,1% (julho/2007).
De modo geral, o período noturno foi o que apresentou maior rejeição dos dados
de β, por ocorrerem, principalmente, sob condições de atmosfera estável, em que os
valores dos gradientes de temperatura e pressão de vapor tornam-se pequenos e
aproximam-se da faixa de resolução dos sensores (PEREZ et al., 1999; OHMURA,
1982). Na Tabela 6, percebe-se, também, que os erros mais comuns foram do tipo C”,
igual a 32,2%, tendo variado de 8,2% a 47,6%, com um valor médio de 32,2%. Outro
104
erro, que também ocorre durante o período em que (Rn – G) é negativo, é do tipo “D”,
que correspondeu em apenas 0,1% do total (variando entre 0,0% e 0,5% nos períodos).
O erro tipo “A” que ocorre quando (Rn G) é positivo, semelhante ao Erro tipo
D”, variou de 0,0% e 0,5% entre os períodos analisados, cuja média para o ciclo de
cultivo foi de 0,2%. Este erro ocorre, especialmente, após eventos de irrigação ou
precipitação, condicionando a obtenção de valores de H menores que zero, logo que os
valores do gradiente são negativos. De acordo com Perez et al. (1999) para serem
considerados consistentes, os valores de H deveriam ter sido positivos quando os
gradientes eram negativos (PEREZ et al., 1999).
Em relação ao erro tipo “B”, verificou-se que o mesmo respondeu por 4,9%, devido,
especialmente, ao maior número de dados rejeitados durante o período diurno entre
maio-junho/2008, que atingiu 34,5%.
Tabela 6. Resumo da análise de consistência física dos dados da razão de Bowen ).
Obs.: valores expressos em porcentagem.
Período
PDC
*
Tipo de Erro
(-1- |∂ԑ|)
< β <
(-1+ |∂ԑ|)
*
β < -
0,75
*
PDV
**
A
*
B
*
C
*
D
*
Julho/2007 77,1 0,5 0,4 20,4 0,1 23,7 1,5 100,0
Outubro/2007
56,7 0,1 0,4 42,6 0,1 12,7 0,0 100,0
Janeiro/2008 64,2 0,1 0,2 34,0 0,5 14,5 1,5 100,0
Abril/2008 52,4 0,0 0,0 47,6 0,0 6,1 0,0 100,0
Maio-
Junho/2008
57,3 0,0 34,5 8,2 0,0 2,1 0,0 80,0
Ciclo 62,1 0,2 4,9 32,2 0,1 12,9 0,4 88,0
Obs
.: PD
C
= p
ercentua
l de dados consistentes, PDV = p
ercentual de dias válidos
* Número total de dados medidos a cada 15 minutos: 34272
** Número total de dias monitorados: 357
Erro “A”: (Rn – G) > 0, Δe > 0, β < -1+|ε|; Erro “B”: (Rn – G) > 0, Δe < 0, β < -1-|ε|; Erro “C”: (Rn – G)
< 0, Δe > 0, β < -1-|ε|; Erro “D”: (Rn – G) < 0, Δe < 0, β < -1+|ε|
105
Dos dados considerados inconsistentes, verificou-se que 12,9% foram devidos à
ocorrência de valores de β dentro da faixa de rejeição de dados. O total descartado
variou a depender do período analisado, logo que foram observados valores de rejeição,
variando entre 2,1% (maio-junho/2008) e 23,7% (julho/2007). Por outro lado, adotando-
se valores de β < -0,75 como inconsistentes (MARIN, 2003; ORTEGA et al., 1996),
quando o critério de Perez et al. (1999) não os considera como dados incoerentes, pode-
se observar, que poucos dados foram rejeitados ao longo do ciclo, variando entre 0 e
1,5% para os períodos analisados, cuja média foi de 0,4%.
A partir da análise de valores médios para cada período de 15 min e assumindo
que, o dia válido refere-se aquele em que pelo menos 80% dos dados diurnos
apresentaram consistência física, constatou-se que 88% dos dias (total de 357 dias
monitorados) foram caracterizados como válidos para serem utilizados na estimativa
dos valores de LE e H nos períodos representativos do crescimento da cultura e para
todo o ciclo. Este procedimento foi realizado, considerando-se que a inconsistência dos
dados no período diurno ocorre especialmente ao amanhecer e ao entardecer. Este fato
está relacionado a inversão térmica, ao passo que, nestes períodos, também ocorrem
valores pequenos do LE, de modo que as suas estimativas não proporcionarão mudanças
expressivas nos valores diários (OHMURA, 1982; MARIN, 2003; RIGHI, 2004). Os
20% de dados rejeitados, para o período diurno, foram estimados por interpolação,
considerando que o (Rn – G) é representado apenas por LE, e o H é igual a zero, quando
ocorre a transição de valores de (Rn G) de positivos para negativos. Adotando este
procedimento, verificou-se que o único período em que tiveram valores diários
rejeitados foi aquele compreendido entre maio e junho/2008, de modo que 20% dos dias
foram considerados inválidos. Ao final do ciclo, observou-se que apenas 12% dos dias
foram rejeitados, ou seja, 88% dos dias foram utilizados para análise dos valores do BR
e do BE.
Analisando-se os dados de β, LE e H para um dia específico (23/06/2007), nota-
se que a maioria dos valores inconsistentes ocorreu no período noturno, onde foram
constatados dados de β dentro da faixa de rejeição e inferiores a -0,75 (Figuras 48A e
48B), especialmente no período horário entre 18 e 0 h. Neste intervalo, os valores de H
foram predominantemente maiores do que zero, enquanto os valores de LE foram
negativos. Tal condição (LE < 0 e H > 0) caracterizou-se como inconsistente do ponto
de vista sico. De acordo com os critérios propostos por Perez et al. (1999), quando
(Rn – G) < 0 e β < -1, apenas os casos LE > 0 e H < 0 são possíveis.
106
Por outro lado, entre às 0 e 8 h, verificou-se que alguns valores de β foram
considerados como consistentes (β > 1), resultando em valores de LE < 0 e de H < 0.
Entretanto, observa-se pela Figura 48B, que a maioria dos valores de β referente ao
período diurno apresentaram consistência sica, resultando em valores de LE > 0 e de H
> 0, quando β > 0. Esta situação, ocorrida no dia 23/06/2007, caracterizou-se como uma
condição típica, quando comparada aos demais dias monitorados ao longo do ciclo.
Figura 48. Alise de consistência do método do balanço de energia com base na razão
de Bowen (BERB) para um dia específico (23/06/2007). Assumiu-se os critérios de
Perez et al. (1999) e a rejeição dos dados de β < -0,75. (A) Dia sem análise de
consistência, (B) Dia com análise de consistência.
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
IAF ~ 0,40DAC = 2623/06/2007
12 dias após a última irrigação
G
H LE
Rn Razão Bowen DPV
(A)
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
12 dias após a última irrigação
IAF ~ 0,40DAC = 2623/06/2007
G
H LE
Rn Razão Bowen DPV
(B)
107
5.3.2. Componentes dos balanços de radiação e de energia
5.3.2.1. Padrões para períodos representativos do crescimento da cana-de-açúcar
A quantificação dos componentes do balanço de radiação e de energia à
superfície da cana-de-açúcar é importante para se determinar o uso de água, a eficiência
fotossintética e o microclima no dossel da cultura. Os valores médios dos componentes
do balanço de radiação e de energia e suas relações para os 5 períodos representativos
do crescimento da cultura estão apresentados na Tabela 7. Para estes períodos,
considerou-se apenas os dias caracterizados como “válidos”, de acordo com a
metodologia proposta por Perez et al. (1999).
O período compreendido entre 34 e 64 DAC (julho/2007) foi caracterizado por
valores de radiação solar global (Rg) reduzidos (16,3 MJ m
-2
dia
-1
), baixo IAF
(~0,6±0,1) e ocorrência de apenas um evento de irrigação (90,9 mm) (Figura 5E).
Constatou-se, também, que a fração da radiação solar global refletida (Rr), ou seja, o
albedo, correspondeu a 16%, em média, devido à baixa cobertura do solo (Figura 38 e
39). Neste mesmo período, o balanço de ondas longas (BOL), durante o período diurno,
tornou-se mais negativo (-4,19 MJ m
-2
dia
-1
) (Tabela 7), logo que uma maior quantidade
de energia foi perdida pela superfície.
Como resultado, verificou-se que o saldo de radiação (Rn) representou 54% da
radiação solar global (Rg) (~9,1 MJ m
-2
dia
-1
), enquanto o valor do balanço de ondas
curtas (BOC) (13,8 MJ m
-2
dia
-1
) foi superior ao de Rn. A radiação fotossinteticamente
ativa (RFA) correspondeu, em média, a 47%, visto que este período era caracterizado
por uma baixa ocorrência de nebulosidade. Em termos do balanço de energia, o valor de
G/Rn foi, em média, igual a 7%, em decorrência da alta incidência de radiação sobre a
superfície e o número de eventos de irrigação reduzidos durante este período (Figura
7F). Para um cultivo de cana-de-açúcar sob as condições de sequeiro no município de
Sertãozinho-SP, Cabral et al. (2003) observaram, para três dias consecutivos de solo
descoberto, valores máximos de G, correspondendo a 30% do Rn. Estes valores são bem
superiores aos observados neste estudo e aos determinados por Bastable et al. (1993),
para a região amazônica, cujos valores foram de 1% e 5% para um cultivo de pastagem
e para floresta, respectivamente.
108
Tabela 7. Dados médios e partição dos componentes do balanço de radiação e de
energia para 5 períodos representativos do crescimento da cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco.
Variáveis
Períodos
Ciclo
Julho/07
Outubro/07
Janeiro/08
Abril/08 Maio-Junho/08
DAC 34 a 64 126 a 156 218 a 248
309 a 338 339 a 378 -
IAF 0,6 1,9 4,5 5,3 5,0 -
t
ar
23,4 27,1 28,1 25,7 24,4 25,9
DPV 1,30 2,10 2,13 1,01 1,14 1,57
P 3,1 0,0 84,3 13,2 3,1 523,2
I 90,9 363,6 293,2 90,9 90,9 2515
P+I 94,0 363,6 377,5 104,1 94 3038
Rg 16,3 22,8 22,6 17,2 15,38 19,8
Rn 9,1 13,6 13,5 10,9 8,87 11,8
BOC 13,8 17,6 16,9 13,1 11,6 15,8
BOL -4,2 -4,0 -3,3 -2,2 -2,7 -3,8
Rn/Rg 0,54 0,60 0,60 0,64 0,57 0,59
Rr/Rg 0,16 0,23 0,25 0,24 0,25 0,23
RFA/Rg 0,47 0,49 0,51 0,49 0,46 0,48
LE/Rn 0,69 0,86 0,80 0,84 0,74 0,81
FE* 0,75 0,90 0,82 0,85 0,75 0,81
H/Rn 0,25 0,11 0,17 0,15 0,25 0,16
G/Rn 0,07 0,03 0,03 0,01 0,01 0,03
β** 0,36 0,10 0,27 0,19 0,41 0,27
DAC = Dias após o corte; IAF = índice de área foliar (m
2
m
-
2
); t
ar
= temperatura média do ar (
o
C); DPV
= déficit de pressão de vapor d’água (kPa); P = precipitação (mm); I = irrigação (mm).
Unidades: Rg, Rn, BOC e BOL, em MJ m
-2
dia
-1
; Rn/Rg, Rr/Rg, RFA/Rg, LE/Rn, FE, H/Rn, G/Rn e β,
adimensional.
* FE = LE/(Rn-G); ** valores médios obtidos a partir dos dados das 8 às 16 h.
Assumindo apenas os valores do LE e do H, como resultado do saldo da energia
disponível (Rn G) e desprezando àquela armazenada pela vegetação e utilizada na
fotossíntese, tem-se que a magnitude dos valores de LE e H pode variar de acordo com
as condições de disponibilidade de energia e do conteúdo de água no solo (ORTEGA et
al., 1996). Verificou-se, para o período inicial do ciclo da cultura, que os valores de H
apresentaram contribuição expressiva no balanço de energia, respondendo por 25% de
Rn (Tabela 7), com valores variando entre 1,0 e 5,9 MJ m
2
dia
-1
. Sob esta condição,
uma maior fração da radiação solar tende aquecer a supercie da cultura e do solo, o
que promove uma elevação do fluxo de calor sensível para a atmosfera e,
conseqüentemente, um aumento da temperatura do ar (WU et al., 2006).
109
Notou-se, para o período de julho/2007 (34 a 64 DAC), que os valores médios
diários da razão de Bowen (β = H/LE) mostraram-se elevados (0,36) para o horário
entre às 8 e 16 h. De acordo com Cabral et al. (2003), valores de β elevados durante esta
fase do crescimento da cana-de-açúcar são comumente observados, logo que as taxas de
transpiração das plantas e da evaporação de água no solo são baixas, em decorrência do
reduzido nível de cobertura da supercie e da limitada disponibilidade de água no solo.
Estes autores obtiveram valores de H variando entre 4 e 6 MJ m
2
dia
-1
ao longo do ciclo
da cana-de-açúcar o irrigada, implicando em valores de β > 1. Por outro lado, nos
períodos subseqüentes à ocorrência de precipitação, proporcionou determinação de
valores de β < 0,50, mas aumentando, especialmente, nos períodos de entressafras
(intervalos entre ciclos de cana-de-açúcar) e na fase de maturação, quando a redução na
disponibilidade de água no solo, tornou-se mais efetiva.
Quando se analisou o fluxo de LE, constatou-se que seu valor respondeu por
69% do Rn, em sua maior parte, resultante da evaporação de água do solo, perante a sua
alta exposição à radiação solar (Figura 41 e 42). Durante esta fase, verificou-se que os
valores de LE variaram entre 3,8 e 13,4 MJ m
2
dia
-1
. Notou-se, também, uma maior
magnitude dos valores de LE/Rn em comparação à fração evaporativa (FE = LE/(Rn
G)) (Tabela 7), que apresentou valores dios da ordem de 75%, em decorrência da
maior quantidade do fluxo de calor que penetrou no solo sob condições de baixo nível
de cobertura (LI et al., 2006).
No período subseqüente (126 a 156 DAC, outubro/2007), observou-se que os
eventos de irrigação tornaram-se mais freqüentes (turno de rega, em média, de 8 dias),
enquanto o IAF foi de 1,9±0,2 m
2
m
-2
e os valores de radiação solar global (Rg), bem
como do déficit de pressão de vapor d’água (DPV), foram superiores quando
comparados aos valores do período anterior (Figuras 7B e 7C). Como, nesta fase, a
cobertura do solo já se apresentava completa (f
RFA
> 80%) (Figura 41 e 42), uma maior
quantidade de radiação era interceptada pela cultura (Figura 25 e 26), resultando em
valores menos negativos de BOL (-4,0 MJ m
-2
dia
-1
) (Tabela 7), cuja variação foi entre -
2,2 e -4,7 MJ m
-2
dia
-1
. Como decorrência, o valor da relão Rn/Rg alcançou 60%,
enquanto, no período diurno, o Rn foi representado, em sua maior parte, pelo BOC
(17,6 MJ m
-2
dia
-1
). A RFA disponível para a cultura foi 49% da Rg, enquanto a
radiação refletida correspondeu a 23% (Tabela 7).
Os valores de G tornaram-se menores em relação aos obtidos no período
antecedente, respondendo por 3% do Rn, o mesmo ocorrendo com os valores de H/Rn
que foram de 11%. Os valores diários de G variaram de -0,8 a 0,6 MJ m
-2
dia
-1
. Por
110
outro lado, a magnitude dos valores de H foi de 0,8 a 3,4 MJ m
-2
dia
-1
. Neste período, o
aumento da superfície vegetada, a maior disponibilidade de água no solo e os altos
valores de Rg favoreceram a partição do Rn para o LE, de modo que foram
evidenciados os maiores valores médios (86%) (Tabela 7), com os fluxos variando entre
9,2 e 18,1 MJ m
-2
dia
-1
. Resultados similares foram obtidos por Cabral et al. (2003), que
obtiveram valores máximos de LE, em torno de 16 MJ m
-2
dia
-1
,
como resposta ao
aumento do conteúdo de água no solo e ao IAF da cana-de-açúcar não irrigada.
Em decorrência da menor contribuição dos valores de G em relação à energia
disponível (Rn - G), foi evidenciado que os valores de FE mostraram-se muito mais
próximos aos valores de LE/Rn. Os valores de β apresentaram-se, em média, iguais a
0,10. Para o mesmo período do ciclo da cana-de-açúcar não irrigada (126 a 156 DAC),
variedade SP 70-1143, cultivada no município de Pilar-AL, durante a estação chuvosa,
Toledo Filho (2001) obteve valores de LE variando entre 8,88 e 10,96 MJ m
-2
dia
-1
,
resultando em uma relação de LE/Rn entre 63% e 71%. A fração de H em relação aos
valores de Rn variaram entre 26% e 28%, possuindo magnitudes médias de 3,3 e 4,9 MJ
m
-2
dia
-1
. Por outro lado, uma maior quantidade de energia penetrou no solo,
respondendo por um G entre 0,6 e 1,6 MJ m
-2
dia
-1
, os quais corresponderam por um
fração de 5% a 9% de Rn, respectivamente.
Entre os 218 e 248 DAC (janeiro/2008), a fração Rn/Rg não variou em relação
ao período anterior, correspondendo a 60%. Contudo, um ligeiro aumento da fração da
radiação refletiva foi observado (25%). O BOC e BOL variaram pouco em resposta das
mudanças das características da supercie, quando comparados ao período precedente,
apresentando valores de 16,9 e -3,3 MJ m
-2
dia
-1
, respectivamente (Tabela 7). Com o
aumento da nebulosidade local, percebeu-se uma elevação nos valores da relão entre a
RFA e Rg (em torno de 51%), tendo o valor médio de Rg sido igual a 23,1 MJ m
-2
dia
-1
.
Nesse período, apesar da fração de interceptação da cultura ter sido elevada (f
RFA
>
96%), o valor médio de G ainda representou 3% do Rn (Tabela 7), com valores
variando de -0,6 a 0,2 MJ m
-2
dia
-1
. A relação H/Rn aumentou, como resposta do
tombamento da cana-de-açúcar, que promoveu uma redução da área foliar exposta à
atmosfera (Figuras 25 e 26), resultando em redução da troca de vapor d’água entre a
cultura e a atmosfera. Por outro lado, o foram observadas reduções da disponibilidade
de água para a cultura (Figura 7F).
Durante este período, os valores mínimos e máximos observados de H foram de
1,0 e 7,24 MJ m
-2
dia
-1
, respectivamente. Como resultado, constatou-se que os valores
de β mostraram-se maiores aos obtidos no período anterior, alcançando valores médios
111
de 0,27. Devido o aumento de H, a partição de Rn para LE foi de 80%, enquanto os
valores de FE foram, em média, iguais a 82%. Toledo Filho (2001) verificaram que,
apesar do aumento do IAF da cana-de-açúcar, cultivada em sequeiro, o houve
aumento da relação LE/Rn, quando comparada à fase de perfilhamento e
estabelecimento da cultura, mesmo durante a estação chuvosa, cujo valores médios
variaram entre 65% e 71%. Entretanto, os valores de H/Rn aumentaram (entre 27% e
29%), como resultado da diminuição da relação G/Rn, cujos valores oscilaram entre 3%
e 8%.
No período entre os 309 e 338 DAC (abril/2008), o IAF da cana-de-açúcar
atingiu o valor de 5,3±0,1, próximo ao IAF máximo da cultura que foi de 5,6 m
2
m
-2
(Figuras 25 e 26), quando então a disponibilidade de radiação, em termos de Rg, foi de
17,3 MJ m
-2
dia
-1
(Figura 7B). Este período caracterizou-se, também, por compreender
parte da estação chuvosa e, por conseguinte, não terem ocorridos eventos reduzido de
irrigação (Figura 7F). Em escala diária, o BOC e o BOL apresentaram valores de 13,1
MJ m
-2
dia
-1
e -2,2 MJ m
-2
dia
-1
(Tabela 7), respectivamente. Diferentemente dos três
períodos precedentes, neste observou-se uma redução mais evidente dos valores de BOL
durante a noite, provavelmente, como resultado de uma redução da emissão efetiva de
radiação de ondas longas pela atmosfera. Por outro lado, evidenciou-se uma ligeira
redução da relação Rr/Rg (24%), em decorrência do acúmulo de água da precipitação no
dossel e na supercie do solo, que promoveu uma redução da radiação refletida. Como
resultado das mudanças nos valores de BOC, BOL e Rg, a relação entre Rn/Rg
apresentou um aumento quando comparado ao período anterior, respondendo por 64%.
Neste mesmo período, a RFA respondeu por 49% da Rg.
Em termos do balanço de energia, a relação entre G/Rn foi reduzida em
comparação aos períodos anteriores, tendo seus valores médios drios oscilado entre
-0,2 e 0,2 MJ m
-2
dia
-1
, e representando, em média, 1% dos valores de Rn (Tabela 7). O
valor de H foi em torno de 15% de Rn (0,09 e 3,11 MJ m
-2
dia
-1
). Por outro lado, a
magnitude dos valores de LE foi de 2,9 a 12,8 MJ m
-2
dia
-1
, respondendo por 84% dos
valores de Rn. Como resposta da menor contribuição de G, os valores da fração
evaporativa foram, em média, iguais a 85%. Combinando os valores de H e LE,
percebe-se que os valores de β foram em média iguais a 0,19.
No período compreendido entre os 339 e 378 DAC (maio-junho/2008),
observou-se que o valor de BOL foi mais negativo (-2,7 MJ m
-2
dia
-1
), como resposta da
suspensão da irrigação (Figura 7F), visando promover a maturação da cultura, e devido
à redução do IAF (5,0 m
2
m
-2
) (Figuras 25 e 26). Por outro lado, o BOC foi, em média,
112
igual a 11,6 MJ m
-2
dia
-1
(Tabela 7). Apesar da redução da radiação solar global (15,7
MJ m
-2
dia
-1
) durante o período, foi constatado uma redução na relação Rn/Rg (57%).
Em relação aos períodos anteriores, a relação Rr/Rg apresentou uma pequeno aumento
(25%). A relação entre RFA/Rg tendeu a reduzir, por compreender um período de
diminuição da nebulosidade, atingindo o valor médio de 48%. Verificou-se que os
valores de H responderam por 25% do Rn, resultando em valores de H entre 1,2 e 8,3
MJ m
-2
dia
-1
, enquanto o G oscilou entre -0,2 e 0,1 MJ m
-2
dia
-1
. Desta forma, os valores
de LE/Rn e da FE foram menores em relação ao período anterior, correspondendo a
74% e 75%, respectivamente. Os valores de LE variaram entre 2,9 e 12,5 MJ m
-2
dia
-1
.
Nesse período, os valores médios de β foram iguais a 0,41.
5.3.2.2. Padrões médios horários
Exemplos dos padrões médios horários da densidade de fluxos dos componentes
do balanço de radiação e de energia estão demonstrados nas Figuras 49 e 50.
Concomitantemente, na Figura 51, é possível observar as suas partões horárias, que
foram calculadas para o intervalo em que a Rg apresentou valores positivos. Os
resultados são semelhantes àqueles observados em outros estudos de
micrometeorologia. Contudo, suas magnitudes variaram expressivamente com o ângulo
de inclinação dos raios solares, condições de nebulosidade e com a sazonalidade. Os
componentes que dependem das características dossel da cana-de-açúcar sofreram
também alterações por causa de modificações da cobertura e do conteúdo de água no
solo, como foram os casos da radiação refletida, da radiação de ondas longas emitida
pela supercie, do saldo de radiação e suas partições em fluxo de calor no solo, sensível
e latente.
Analisando-se a disponibilidade média de radiação solar global (Rg), no horário
de 11h45 e às 12h15, constatou-se valores iguais a 658±170 W m
-2
, para o período de
339 a 378 DAC (maio-junho/2008) (Figura 49E). Por outro lado, mostrou-se inferior ao
observado no período de 126 a 156 DAC (outubro/2007) (Figura 49B), cujo valor foi de
920±73 W m
-2
, ambos ocorridos em resposta ao ângulo de declinação solar e à condição
atmosférica local. Observou-se para este último período, um baixo desvio padrão, o que
caracteriza a predominância de condições de céu claro. O mesmo comportamento foi
constatado para os valores do saldo de radião (Rn), em que as maiores magnitudes
ocorreram no período de 126 a 156 DAC (outubro/2007), resultando em valores
113
máximos médios (entre às 11h45 e 12h15) de 748±68 W m
-2
. Por outro lado, no período
de 339 a 378 DAC (maio-junho/2008), os seus valores decresceram para 513±149 W m
-
2
(Figura 49E).
Figura 49. Padrões médios horários da densidade de fluxos dos componentes do balanço
de radião para 5 períodos representativos do crescimento da cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579), sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Rg
Rr
BOC
Rn
BOL
RFA
IAF ~ 0,60 ± 0,10
DAC = 34 - 64
01/07 a 31/07/2007
(A)
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Rg
Rr
BOC
Rn
BOL
RFA
(B)
IAF ~ 1,90 ± 0,20
DAC = 126 - 156
01/10 a 31/10/2007
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Rg
Rr
BOC
Rn
BOL
RFA
IAF ~ 4,50 ± 0,20
DAC = 218 - 248
01/01 a 31/01/2008
(C)
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Rg
Rr
BOC
Rn
BOL
RFA
(D)
IAF ~ 5,30 ± 0,10
DAC = 309 - 338
01/04 a 31/04/2007
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Rg
Rr
BOC
Rn
BOL
RFA
(E)
IAF ~ 5,00 ± 0,10
DAC = 339 - 378
01/05 a 09/06/2008
114
Figura 50. Padrões médios horários da densidade de fluxos dos componentes do balanço
de energia para 5 períodos representativos do crescimento da cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco.
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
(A)
IAF ~ 0,60 ± 0,10DAC = 34 - 6401/07 a 31/07/2007
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
(B)
IAF ~ 1,90 ± 0,20DAC = 126 - 15601/10 a 31/10/2007
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
(C)
IAF ~ 4,50 ± 0,20DAC = 218 - 24801/01 a 31/01/2008
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
(D)
IAF ~ 5,30 ± 0,10DAC = 309 - 33801/04 a 31/04/2007
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
(E)
IAF ~ 5,00 ± 0,10DAC = 339 - 37801/05 a 09/06/2008
115
Figura 51. Partição média horária dos componentes do balanço de radiação e de energia
para 5 períodos representativos do crescimento da cana-de-açúcar irrigada (variedade
RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale
do São Francisco.
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Partição das densidades de fluxos (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Rn/Rg
FE
LE/Rn
H/Rn
Rr/Rg
G/Rn
(A)
IAF ~ 0,60 ± 0,10DAC = 34 - 6401/07 a 31/07/2007
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Partição das densidades de fluxos (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Rn/Rg
FE
LE/Rn
H/Rn
Rr/Rg
G/Rn
(B)
IAF ~ 1,90 ± 0,20DAC = 126 - 15601/10 a 31/10/2007
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Partição das densidades de fluxos (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Rn/Rg
FE
LE/Rn
H/Rn
Rr/Rg
G/Rn
(C)
IAF ~ 4,50 ± 0,20DAC = 218 - 24801/01 a 31/01/2008
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Partição das densidades de fluxos (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Rn/Rg
FE
LE/Rn
H/Rn
Rr/Rg
G/Rn
(D)
IAF ~ 5,30 ± 0,10DAC = 309 - 33801/04 a 31/04/2007
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00
00:00
Partição das densidades de fluxos (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Rn/Rg
FE
LE/Rn
H/Rn
Rr/Rg
G/Rn
(E)
IAF ~ 5,00 ± 0,10DAC = 339 - 37801/05 a 09/06/2008
116
Ao longo do dia, observou-se que a fração de Rn/Rg tendeu a ser baixa no início
e final do período diurno, logo que a quantidade de energia incidente na superfície era
inferior àquela emitida pela mesma. Este comportamento foi notoriamente observado
para todos os períodos. Concomitantemente, a partir dos valores de Rg e Rn, foram
determinadas as suas partições diárias em relação aos componentes dos balanços de
radiação (Rr) e de energia (LE, H, G) (Figura 51), com o objetivo de se melhor
conhecer a importância de cada um dos seus componentes nos diferentes processos e
respostas das plantas às condições ambientais vigentes (BADOCCHI et al., 2001;
STEDUTO & HSIAO, 1998a).
De modo geral, verificou-se que a fração da radiação refletida (Rr) em relação a
Rg (Rr/Rg) foi influenciada pela inclinação do ângulo solar. Assim, foram encontrados
valores mais baixos ao meio-dia, quando então a quantidade de radiação refletida era
pequena, enquanto ao nascer e ao pôr-do-sol, os valores de Rr/Rg eram altos. No
período compreendido entre 34 e 64 DAC (julho/2007), os valores médios de Rr/Rg
foram iguais, em média, a 16±1%, entre às 11h45 e 12h15 (Figura 51A),
correspondendo a 112±8 W m
-2
(Figura 49A). Em contraste, no inicio e no final do
período diurno, foram verificados valores iguais a 42±6% e 55±9%, respectivamente.
Por outro lado, nos dois períodos seguintes (126 156 DAC, outubro/2007, e
218 248 DAC, janeiro/2008), os efeitos do ângulo solar sobre a relação Rr/Rg foram
reduzidos, de modo que ao nascer e ao pôr-do-sol os valores foram iguais a 34±3% e
35±2%, para outubro/2007, e a 33±1% e 40±1%, para janeiro/2008 (Figuras 51B e
51C). Os valores máximos médios de Rr/Rg (entre às 11h45 e 12h15) foram de 19±0%
e 22±0%, correspondendo a 175±3 W m
-2
e 189±7 W m
-2
(Figuras 49B e 51C) para os
dois períodos, respectivamente.
Com o decorrer do ciclo, observou-se que as diferenças entre os valores de
Rr/Rg ao nascer e r-do-sol, para os períodos de 309 a 338 DAC (abril/2008) e de 339
a 378 DAC (maio-junho/2008), voltaram a aumentar, devido o efeito da inclinação dos
raios solares, alcançando 53±1% e 49±1% e 63±15% e 78±19% (Figuras 51D e 51 E),
respectivamente. Por outro lado, os valores máximos médios do dia (entre às 11h45 e
12h15) foram de 20±0% e 21±0%, os quais correspondem a 135±9 W m
-2
e 139±3 W
m
-2
(Figuras 49D e 49E), respectivamente.
Com relação aos componentes do balanço de energia, foi possível notar que, nas
primeiras horas após o amanhecer (antes das 8 h), a maior parte da energia disponível
(Rn G) era utilizada pelo LE para promover, provavelmente, a evaporação da água
existente tanto na superfície do solo quanto no dossel da cultura. A partir deste
117
momento, constatou-se que o H ganha importância, uma vez que a superfície começa a
tornar-se mais aquecida. Contudo, verificou-se que a contribuição de H sempre foi
inferior a do LE (Figuras 50 e 51). Para o período entre 34 e 64 DAC (julho/2007),
quando a radiação solar global ainda era baixa, foi possível identificar um fluxo maior
de H da superfície para a atmosfera entre às 10 e 12 h, respondendo por 29±1% do Rn.
Uma redução mais lenta é evidenciada até o pôr-do-sol (Figura 51A). Como
conseqüência, pode-se verificar que a contribuição do LE, nesse período, torna-se cada
vez mais pronunciada quando comparada a do H (Figura 51A). O LE apresentou valores
maiores durante o período da tarde, comparado aos horários da manhã, logo que o
déficit de pressão de vapor (DPV) era elevado, condicionando um aumento da taxa de
evapotranspiração.
Como resultados das contribuições de H e LE ao longo do período diurno, os
valores de β tornaram-se baixos ao amanhecer, aumentando no período entre as 8 e 12 h
da manhã (β ~ 0,44±0,03) e, em seguida, reduzindo até o entardecer (0,28±0,07) (Figura
50A). Comportamento similar foi constatado para os demais períodos (Figuras 50B a
50E). Por outro lado, antes e depois do amanhecer e entardecer, foram obtidos valores
negativos de β, indicando que a superfície da cultura e, ou, do solo estavam mais frias
do que a do ar, de modo que o fluxo de H ocorreu da atmosfera em direção às mesmas.
O G tendeu a apresentar valores maiores durante o peodo da tarde (Figura 50A),
mostrando a influência da arquitetura das plantas sobre a quantidade de radiação solar
global que atinge a supercie do solo. Analisando-se a variação da relação LE/Rn e da
FE, ao longo do período diurno, constatou-se que os valores médios de LE foram de
65±1% e de 72±5%, para os intervalos entre às 8 e 12 h e às 12 e 16 h, enquanto os de
FE foram de 70±2% e de 80±6%, respectivamente.
Para o período compreendido entre os 126 e 156 DAC (outubro/2007) (Figura
50B), as magnitudes dos valores de H mostraram-se maiores durante a manhã. No
entanto, a partir das 15 h, os seus valores tornaram-se negativos, indicando que a
superfície da cultura encontrava-se mais fria do que o ar, em função do aumento da
evapotranspiração da cultura, decorrente da baixa nebulosidade e dos altos valores de
radiação solar global e do elevado déficit de pressão de vapor d’água (DPV) (Figura
50B). Os valores de β tornaram-se maiores durante a manhã (entre 8 e 12 h, β ~ 0,18)
reduzindo acentuadamente durante a tarde (Figura 50B). Resultados similares foram
verificados por Steduto & Hsiao (1998a) para o milho, quando esta cultura apresentava
cobertura completa do solo, em que os valores de β foram maiores durante a manhã,
mas que reduziram no período da tarde até atingir valores negativos após as 15 h, como
118
resultado da inversão de H, caracterizando uma superioridade dos valores da
temperatura do ar em relação à da superfície da cultura.
O aumento do IAF, associado com a arquitetura das plantas, influenciou para
uma menor contribuição de G, resultando em uma maior interceptação de radião pelo
dossel da cultura, que promoveu uma redução dos valores de G, especialmente durante
o período da tarde (Figura 50B). Esta inflncia, também esteve associada aos ângulos
de declinação solar e azimutal em relação ao local de disposição dos fluxímetros de solo
(latitude da área experimental: 9º28’07”S), logo que, durante o mês de outubro o sol
estava mais próximo do zênite quando comparado aos demais períodos analisados. Estes
resultados, proporcionaram a obtenção de pequenas diferenças entre os valores de
LE/Rn e FE (Figura 51B). Isto se tornou, mais evidente ainda nos períodos seguintes:
218 248 DAC (janeiro/2008), 309 338 DAC (abril/2008) e 339 378 DAC (maio-
junho/2008) (Figura 51C, 51D e 51E).
Analisando-se a Figura 51C, foi possível verificar, para o período 218 a 248
DAC (janeiro/2008), como já mencionado, um aumento de H, quando comparado com o
período anterior, resultante, do tombamento da cana-de-açúcar. Neste período, entre as
10 e 12 h, os valores de H estiveram em torno de 27±3%, ao passo que nos horários da
tarde foi de 14±5%. Por outro lado, os valores médios de LE foram de 72±1%, enquanto
à tarde foi de 83±5%. Estes resultados indicam que uma maior parte da energia
disponível (Rn - G) pode ter sido utilizada no aquecimento da supercie vegetada, em
relação ao período antecedente. O G apresentou maiores valores, especialmente, após o
meio-dia, em decorr6encia da inércia térmica (Figura 50C). Entre às 8 e 12 h, o valor
médio de β foi, em média, igual a 0,37±0,03, enquanto nos horários da tarde foi de
0,18±0,06. Em termos de FE, constatou-se que os valores médios oscilaram em torno de
73±2% pela manhã, enquanto que à tarde estiveram próximos de 86±5% (Figura 51C).
No período de 309 a 338 DAC (abril/2008) (Figura 50D), mesmo
compreendendo o final da estação chuvosa e a ocorrência de apenas um evento de
irrigação no dia 29/04/2007, foi possível verificar que os valores médios diários de β
o foram elevados em relação ao período anterior, o que, provavelmente, esteja
associada à pequena redução da disponibilidade de água (Figura 7F), ao aumento do
IAF (Figuras 25 e 26), à redução da quantidade de energia disponível (Rn - G) e
ocorrência de valores menores de DPV (Figura 7C). Para a manhã, foram obtidos
valores médios em torno de 0,25±0,04, enquanto à tarde foi de 0,13±0,04. Pela Figura
50D, percebe-se que o DPV máximo, ao longo do dia, foi em torno de 2 kPa. Constatou-
119
se, também, que a FE respondeu por 80±6% e 88±3%, durante a manhã e à tarde, ao
passo que o LE foi de 79±3% e a 87±3% (Figura 51D), respectivamente.
Contudo, comparando estes resultados com os obtidos no período subseqüente
(339 – 378 DAC, maio-junho/2008) (Figura 51E), quando ocorreu a suspensão da
irrigação (Figura 7F), verificou-se que os valores de FE foram menores (74±6% pela
manhã e 85±3% pela tarde). O fluxo de H aumentou neste período, resultando em
elevação dos valores de β tanto no período entre 8 e 12 h (0,49) quanto no período da
tarde (0,32) (Figura 50E).
5.3.2.3. Efeitos das condições de nebulosidade variável
Para analisar os efeitos da variabilidade das condições de nebulosidade sobre os
componentes do balanço de energia, foram selecionados 2 dias consecutivos que
representaram dois dos cinco períodos representativos do crescimento da cultura.
Os padrões horários para os dias parcialmente nublados (17/07/2007 e
05/01/2008) e os dias de céu claro (18/07/2007 e 06/01/2008) o demonstrados na
Figura 52. Os dias 17/07/2007 e 18/07/2007 corresponderam aos 50 e 51 DAC, quando
o IAF da cultura era reduzido (Figuras 25 e 26), sendo que o Rg apresentou valores de
16,8 MJ m
-2
dia
-1
e 20,3 MJ m
-2
dia
-1
, respectivamente. Por outro lado, nos dias
05/01/2008 (222 DAC) e 06/01/2008 (223 DAC), o IAF da cultura já estava bem
desenvolvido, sendo que o Rg apresentou, nessa ordem, valores de 18,3 MJ m
-2
dia
-1
e
26,0 MJ m
-2
dia
-1
.
Assumindo que a disponibilidade de água para a cultura não variou
significativamente entre os dias sucessivos, de modo a promover efeitos expressivos
sobre a resposta da cultura, observou-se que, sob condições de céu parcialmente
nublado, uma menor quantidade de energia é destinada ao H. No dia 17/07/2007 (Figura
52A), das 8 às 12 h, verificou-se que o H foi reduzido quando comparado ao mesmo
período do dia 18/07/2007 (Figura 52B), em decorrência da menor incidência de
radiação, que resultou em um menor aquecimento da superfície do solo e da cultura e,
conseqüentemente, baixo fluxo ascendente. Como resultado, os valores de β, durante
este mesmo intervalo de tempo, tenderam a ser menores, indicando que uma maior
fração da energia disponível foi destinada ao fluxo de LE.
120
Figura 52. Padrões diurnos dos componentes do balanço de energia para dias com
condições de nebulosidade variável, durante o ciclo da cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579), sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Neste mesmo dia (17/07/2007), o valor máximo de H ocorreu em torno do meio
dia, ao passo que no período da tarde, quando as condições de nebulosidade foram
menores, os valores de H foram reduzidos em função do aumento do DPV e da
diminuição da energia disponível. Ao final do dia, a partição em relação ao Rn foi de
70% para LE e de 19% para H, enquanto o G respondeu por 11%. Para o dia
18/07/2007, o valor de H foi maior entre 8 e 12 h, diminuindo durante o período da
tarde devido ao aumento de G e LE. Em relação ao G,o foram verificadas influências
expressivas em relação aos 2 dias, logo que o maior fluxo para o solo ocorreu durante o
período da tarde, ao passo que os efeitos da nebulosidade ocorreram, de maneira mais
pronunciada, durante o período da manhã. Os valores diários de LE, H e G responderam
por 68%, 21% e 11% em relação ao Rn, respectivamente.
Por outro lado, quando o IAF da cultura e o conteúdo relativo de água no solo
são maiores, sob condições de céu nublado, a partição durante o período da manhã
tendeu a ocorrer especialmente para LE (Figura 52C e 52D). Para o dia 05/01/2008 (222
DAC), as condições de nebulosidade ocorreram praticamente durante todo o período
diurno, de modo que resultaram em valores de H mais baixos, quando comparado ao dia
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
5
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
IAF ~ 0,60DAC = 5017/07/2007
Rg = 15,1 MJ m
-2
dia
-1
(A)
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
5
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
IAF ~ 0,60DAC = 5118/07/2007
Rg = 20,5 MJ m
-2
dia
-1
(B)
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
5
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
IAF ~ 4,30DAC = 22205/01/2008
Rg = 18,3 MJ m
-2
dia
-1
(C)
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
5
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
IAF ~ 4,30DAC = 22306/01/2008
Rg = 26,0 MJ m
-2
dia
-1
(D)
121
seguinte de céu claro (06/01/2008, 223 DAC). Uma maior partição de energia para LE
foi verificada, de modo que os valores de β foram baixos ao longo do dia. No dia
06/01/2008, devido à maior incidência de radiação sobre a supercie, observou-se que o
H foi maior entre 8 e 12 h, reduzindo no período da tarde, onde se verificou a inversão
do sinal de H, demonstrando que a temperatura do ar tornou-se maior do que a
temperatura da superfície.
Em relação ao G, observou-se que no dia 06/01/2008, quando a incidência de
radiação foi maior, os valores foram superiores aos do dia 05/01/2008. Porém, quando a
análise foi realizada em termos diários, verificou-se uma ligeira superioridade do H, sob
condições de céu nublado, quando comparado com os dias de céu claro, devido neste
último ter sido observado maior contribuição dos valores de LE durante o período da
tarde e os maiores valores de G. O LE, H e G diários, em relação ao Rn,
corresponderam a 73%, 25% e 2% para o dia 05/01/2008, respectivamente, enquanto
que, para o dia 06/01/2008, responderam por 75%, 23% e 3%, respectivamente.
5.3.2.4. Efeitos da disponibilidade de água no solo
Na Figura 53 estão apresentados os padrões diurnos da densidade de fluxos dos
componentes do balanço de energia para 4 dias do período inicial de crescimento da
cana-de-açúcar, nos quais o IAF da cultura (variando entre 0,50 e 0,60 m
2
m
-2
) e o Rg
(variando entre 19,2 e 19,9 MJ m
-2
dia
-1
), ainda, eram semelhantes entre os dias.
Contudo diferenciavam-se quanto ao número de dias após o último evento de irrigação
(4, 12, 17 e 21 dias) e aos valores de DPV. Estes dias corresponderam a 02, 10, 15 e
19/07/2007, sendo que o último evento de irrigação ocorreu no dia 28/06/2007.
Inicialmente, observou-se que os valores de G foram de 5%, 7%, 11% e 13%
para os 4, 12, 17 e 21 dias após a irrigação, demonstrando a influência do conteúdo de
água no solo nas magnitudes deste componente. Por outro lado, ao analisar-se os valores
de H, foi possível constatar que os mesmos aumentaram até os 17 dias após a irrigação,
com valores em relação ao Rn na ordem de 13%, 26% e 33%, respectivamente. Em
contrate, os valores de LE diminuíram, respondendo por 82%, 67% e 56%,
respectivamente. Para os três primeiros dias (4, 10 e 17 dias após a irrigação),
constatou-se que os valores dios drios de DPV foram baixos (1,15, 1,08 e 1,18 kPa,
respectivamente) (Figura 53). No entanto, quando a demanda atmosférica aumentou
para 1,48 kPa, aproximadamente, verificou-se uma ligeira elevação dos valores de LE
122
aos 21 dias após a irrigação, e redução dos valores de H, quando comparados àqueles
obtidos aos 17 dias após a irrigação. Os valores dos fluxos aos 21 dias após a irrigação
foram 67% para o LE e 20% para o H.
Estes resultados indicam que a cana-de-açúcar tendeu a fechar os estômatos,
visando reduzir a troca de água com a atmosfera, à medida que a disponibilidade de
água no solo foi reduzindo e o DPV, ainda era baixo. Esse fato proporcionou uma maior
transferência de H do dossel da cultura para a atmosfera. Contudo, quando o DPV
aumentou, o fluxo de LE foi maior, possivelmente, como artifício da cultura visando
evitar o aquecimento do seu dossel.
Figura 53. Padrões médios horários dos componentes do balanço de energia para
diferentes dias após o último evento de irrigação, durante o ciclo da cultura da cana-de-
açúcar irrigada (variedade RB 92579), sob as condições climáticas do Submédio do
Vale do São Francisco.
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
5
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
IAF ~ 0,50DAC = 3502/07/2007
Rg = 19,2 MJ m
-2
dia
-1
4 dias após a última irrigação
(A)
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
5
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
IAF ~ 0,50DAC = 4310/07/2007
Rg = 19,9 MJ m
-2
dia
-1
12 dias após a última irrigação
(B)
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
5
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
IAF ~ 0,55DAC = 4815/07/2007
Rg = 19,1 MJ m
-2
dia
-1
17 dias após a última irrigação
Hora
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
Densidade de fluxos (W m
-2
)
-200
0
200
400
600
800
1000
Razão de Bowen, DPV (kPa)
-1
0
1
2
3
4
5
G
H
LE
Rn
Razão Bowen
DPV
IAF ~ 0,60DAC = 5219/07/2007
Rg = 19,7 MJ m
-2
dia
-1
21 dias após a última irrigação
123
Em termos horários, observa-se pela Figura 53 que, durante os 4, 12 e 17 dias
após a última irrigação, os valores de H tornaram-se maiores, especialmente entre o
período compreendido entre às 10 e 14 h. Por outro lado, aos 21 dias após a irrigação,
nos horários da tarde, os valores de LE foram mais pronunciados, como resposta do
aumento do DPV. A relação entre a contribuição dos valores de LE e H, ao longo do
dia, pode ser analisada por meio dos dados de β, quando se verificou, na maioria dos
casos, os maiores valores ocorrendo entre os horários de 8 às 12 h, sendo igual a 0,24,
0,38, 0,68 e 0,56, para os 4, 12, 17 e 21 dias após a última irrigação. Em contraste, entre
as 12 e 16 h, os valores foram de 0,10, 0,38, 0,48 e 0,19, respectivamente, com dados
médios diários, nessa ordem, iguais a 0,17, 0,38, 0,58 e 0,38.
5.3.2.5. Análise sazonal dos componentes dos balanços de radiação e de energia
Durante o ciclo da cultura, a relação entre os componentes do balanço de
radiação e de energia variaram em resposta ao nível de cobertura do solo, sazonalidade
do suprimento de energia, conteúdo relativo de água e características da supercie
cultura.
A relação entre o saldo de radiação (Rn) e radiação global (Rg) pode ser
observada na Figura 54. Até próximo aos 132 DAC, quando a cultura atingiu a
cobertura máxima do solo (f
RFA
> 80%), a razão Rn/Rg apresentou valores baixos,
devido ao IAF ainda ser pequeno (Figuras 25 e 26). Assim, uma maior quantidade de
radiação de ondas longas foi perdida pela supercie do solo para a atmosfera, ou seja, o
BOL foi mais negativo (Figura 55), o que resultou em menores valores de Rn. A relação
Rn/Rg foi igual a 56%. Neste mesmo período, o BOC (Figura 55) foi de 15,5 MJ m
-2
dia
-1
, enquanto que o saldo dio diário do BOL foi igual a -4,5 MJ m
-2
dia
-1
.
Quando o valor máximo de f
RFA
(~99%) foi atingido, depois do mês de
dezembro/2007, mesmo aumentando a quantidade de radiação refletida (Figura 56), os
valores de BOC foram maiores devido ao aumento da disponibilidade de radiação solar
global (Rg) ao longo deste período. Como resultado, os valores de Rn/Rg foram
superiores quando comparados ao valor médio do período precedente, em que a
variação da cobertura do solo era ascendente (Figura 41 e 42). Por outro lado, por causa
do aumento do IAF, a quantidade de radiação associada ao BOL apresentou uma
tendência de redução, em função da menor incidência de radiação sobre o solo e maior
retenção de energia pelo dossel da cultura.
124
Figura 54. Relação entre o saldo de radiação (Rn) e a radiação solar global (Rg) ao
longo do período de cultivo da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo
de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.:
A linha tracejada indica o valor médio do ciclo.
Figura 55. Balanço de ondas curtas (BOC) e de ondas longas (BOL) ao longo do
período de cultivo da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-
soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.: A linha
tracejada indica o valor médio do ciclo.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Rn / Rg
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
BOC, BOL (MJ m
-2
dia
-1
)
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
BOC BOL
125
Esta tendência foi verificada até em torno dos 300 DAC, quando,
posteriormente, observou-se um ligeiro aumento dos valores de BOL (mais negativos),
provavelmente como resultado da menor emissão efetiva de radiação de ondas longas
pela atmosfera, como pode ser confirmado por meio da comparação das magnitudes dos
valores de BOL noturno, no período de 339 a 378 DAC (maio-junho/2008), com os
demais analisados (Figura 49). O aumento do BOL, associado com a redução dos
valores de BOC, promoveu reduções na relação Rn/Rg ao final do ciclo da cultura.
Como pode ser observado, pela linha tracejada na Figura 54, o valor médio de Rn/Rg
para o ciclo foi de 59%, ao passo que os valores médios de BOC e BOL foram iguais a
15,76 e -3,81 MJ m
-2
dia
-1
, respectivamente (Figura 55).
A relação entre a radiação refletida (Rr) e a radiação solar global (Rg) ao longo
do período de cultivo da cana-de-açúcar irrigada pode ser observada na Figura 56. Os
menores valores de Rr/Rg ocorreram no início do ciclo, quando a superfície do solo
estava mais exposta (f
RFA
< 80%, 132 DAC), apresentando, em média, um valor igual a
19%. Em seguida, verificou-se uma aumento de Rr/Rg até próximo de 280 DAC. Em
torno dos 300 DAC, foi possível observar uma ligeira redução (~ 2%) dos valores de
Rn/Rg, em decorrência da redução da radiação refletida durante o período chuvoso da
região, logo que a cana-de-açúcar, devido à sua arquitetura, comumente consegue
interceptar em torno de 39,5% do volume de água precipitado (CASTILHO, 2000).
Depois do período chuvoso, um novo aumento foi observado nos valores de Rr/Rg.
Em média, para o ciclo inteiro, esta relação foi de 23%. Este resultado é muito
semelhante ao citado por JUÁREZ (2004), que obteve um valor médio de Rr/Rg igual a
21% para a cana-de-açúcar, com variações de 0,15 a 0,25, sendo que o padrão sazonal
demonstrou valores nimos na estação chuvosa e máximos na estação seca. Cabral et
al. (2003) verificaram para a cana-de-açúcar não irrigada, valores variando em torno de
12% e 32%, a depender da fase de crescimento da cultura. Bastable et al. (1993)
encontraram para pastagens valores de 21%.
Na Figura 57 são demonstradas as magnitudes dos fluxos de energia (LE, H e
G). Em média, durante os períodos representativos do crescimento da cana-de-açúcar, o
LE sempre apresentou valores superiores ao H. No entanto, durante os 3 períodos do
ciclo (junho a setembro/2007, janeiro a março/2008 e maio a junho/2008), os valores de
H tornaram-se ligeiramente maiores quando comparado aos outros meses do ciclo. Os
valores de LE foram mais elevados (> 18 MJ m
-2
dia
-1
) durante os meses de
outubro/2007, enquanto que o G apresentou maior contribuição nos 3 primeiros meses.
126
Figura 56. Relação entre a radiação refletida (Rr) e a radião solar global (Rg) ao longo
do período de cultivo da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de
cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.: A
linha tracejada indica o valor médio do ciclo.
Figura 57. Densidade de fluxos de LE (calor latente), H (calor sensível) e G (calor no
solo) ao longo do período de cultivo da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579),
no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do o
Francisco. Obs.: A linha tracejada indica o valor médio do ciclo.
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Rr / Rg
0.10
0.12
0.14
0.16
0.18
0.20
0.22
0.24
0.26
0.28
0.30
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Densidade de fluxo (MJ m
-2
dia
-1
)
-3
0
3
6
9
12
15
18
21
24
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Rn LE H G
127
Figura 58. Partição do saldo de radiação (Rn) nos fluxos de LE (calor latente), H (calor
sensível) e G (calor no solo) ao longo do ciclo da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco. Obs.: A linha tracejada indica o valor médio do ciclo.
Figura 59. Variação da razão de Bowen ao longo do período de cultivo da cana-de-
açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.: A linha tracejada indica o
valor médio do ciclo.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
LE/Rn, H/Rn, G/Rn
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
LE/Rn
H/Rn
G/Rn
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Bowen
-0.50
-0.25
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
128
Observou-se que as partições para H atingiram em torno de 40% em agosto/2007
e foram inferiores a 50% em março/2008 (Figura 58). Na fase final (> 350 DAC),
também foram verificados valores próximos a 50%. Em decorrência dos altos valores de
H durante esses períodos, o β apresentou valores acima de 0,5. Em média, os valores de
β para o ciclo foram de 0,27 (Figura 59).
Para o ciclo, os valores de LE, H e G corresponderam a 81%, 16% e 3% em
relação ao Rn (Figura 58), respectivamente. Toledo Filho (2001) observou que os
valores de LE, H e G responderam por 67%, 28% e 5% de Rn, respectivamente, para a
cana-de-açúcar não irrigada, enquanto que, Cabral et al. (2003) verificaram que os
valores de LE responderam por 70% da precipitação registrada (1351 mm), sob as
condições de sequeiro. Por outro lado, Brauner et al. (2008) observaram para um cultivo
de cana-de-açúcar não irrigado, sob condições climáticas do município de Pilar-AL, que
o LE respondeu por apenas 37% de Rn, ao passo que a maior contribuão foi do H com
61% e apenas 2% para o G.
5.4. Interação da cana-de-açúcar com a atmosfera – fator de desacoplamento
Para analisar a interação da cana-de-açúcar com a atmosfera, utilizou-se o fator
de desacoplamento (Ω). O mesmo foi calculado diariamente para 5 períodos
representativos do crescimento da cana-de-açúcar (agosto/2007, outubro/2007,
janeiro/2008, abril/2008 e maio-junho/2009). Adicionalmente, foram escolhidos dias
específicos visando analisar a contribuição relativa da resistência do dossel da cultura e
da radiação no processo de troca de vapor d’água entre a cana-de-açúcar e a atmosfera,
em escala horária, bem como ao longo do ciclo. Os valores do fator de desacoplamento
foram calculados para o período do dia, quando a energia disponível (Rn G) era
positiva.
No cálculo da resistência aerodinâmica (r
a
), que foi utilizada na estimativa dos
valores da resistência da cultura (r
c
) e do Ω, foram considerados os dados do
deslocamento do plano zero (d) e do parâmetro de rugosidade da superfície para o
momentum (z
om
), obtidos por meio de 67 perfis do vento medidos sob condições de
atmosfera neutra. O resumo destes perfis e dos valores das características aerodinâmicas
para a cana-de-açúcar irrigada pode ser observada em anexo (Tabela 1). Com base nos
resultados, verificou-se que o valor médio de d” em relação à altura do dossel da
cultura (h
c
) foi igual a 0,71. Por outro lado, a relação entre o valor de z
om
estimado e a h,
129
resultou em valores médios de 0,09 m, aproximadamente. Este valor foi próximo ao
obtido utilizando a equação 49, que resultou em um valor médio de z
om
/h igual a 0,08
m. A magnitude e o comportamento destes valores de d” e z
om
para a cana-de-açúcar
foram semelhantes aos obtidos por Cabral et al. (2003) e Toledo Filho (2001).
5.4.1. Padrões médios para períodos representativos do crescimento da cultura
De modo geral, ao amanhecer e ao entardecer, observou-se que os valores do Ω
foram menores < 0,4) (Figura 60), indicando um maior acoplamento da cultura com
a atmosfera. Esta tendência se deve aos altos valores da resistência do dossel (r
c
), que
ocorrem nesses horários por causa do fechamento estomático, como resultado da baixa
disponibilidade de radiação solar global (NICOLÁS et al., 2008). Na Tabela 8 são
apresentados os dados médios do e de variáveis relacionadas para os 5 períodos
representativos do crescimento e para o ciclo da cultura da cana-de-açúcar. Semelhante
à análise realizada para os componentes do balanço de radiação e de energia,
considerou-se apenas os dias caracterizados como “válidos”, de acordo com a
metodologia proposta por Perez et al. (1999).
No início do ciclo (70 95 DAC, agosto/2007), quando a cana-de-açúcar
possuía IAF em torno de 0,9±0,1 m
2
m
-2
e h
c
de 0,58 m (Tabela 8), o Ω médio diário foi
de 0,74, ou seja, o controle fisiológico do dossel ao processo de transpiração da planta
foi de 0,26 (1 - Ω), indicando que o desacoplamento entre a cultura e a atmosfera era de
moderado a alto; assim, a troca de vapor d’água com a atmosfera foi decorrente da
radiação dispovel (Rn G) (JONES, 1982). Estes resultados são normalmente
evidenciados quando se tem o IAF e h pequenos. Contudo, os mesmos podem ser
influenciados pelos valores de velocidade do vento (u) e do déficit de pressão de vapor
(DPV), devido aos efeitos sobre a resistência aerodinâmica e, conseqüentemente, sobre
a resistência da cultura (STEDUTO & HSIAO, 1998b).
Observou-se que a variável Ω apresentou um aumento até às 8 h (variando entre
0,5 e 0,6), devido à redução da r
c
. Entretanto, a partir deste momento, um acréscimo no
desacoplamento foi verificado entre às 8 e 10 h, atingindo valores em torno de 0,70,
entre às 11 e 14 h. Este aumento provavelmente esteja associado à alta velocidade do
vento (> 4 m s
-1
) durante o período diurno, que reduziu o acoplamento da cultura com
atmosfera. Estes resultados o consistentes com os obtidos por Steduto & Hsiao
(1998b) que, analisando o fator de desacoplamento para a cultura do milho, verificaram
130
valores de Ω acima de 0,40, quando a velocidade do vento apresentou valores entre 4 a
5 m s
-1
. Entretanto, esses autores afirmam que, no início do ciclo da cultura (IAF de
0,58 m
2
m
-2
e h
c
de 30 cm), os baixos valores de Ω podem aumentar (entre 0,45 e 0,65),
quando os valores de velocidade do vento são muito baixos (~1,53 m s
-1
).
Figura 60. Padrões médios horários do fator de desacoplamento (, ômega), velocidade do
vento (u), déficit de pressão de vapor (DPV) e resistência da cultura (r
c
) para 5 períodos
representativos do crescimento da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo
de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
u (m s
-1
), DPV (kPa)
0
1
2
3
4
5
rc (s m
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
Ômega (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
u
DPV
rc
Ômega
(A)
IAF ~ 0,90 ± 0,10DAC = 70 - 95
06/08 a 31/08/2007
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
u (m s
-1
), DPV (kPa)
0
1
2
3
4
5
rc (s m
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
Ômega (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
u
DPV
rc
Ômega
(B)
IAF ~ 1,90 ± 0,20
DAC = 126 - 156
01/10 a 31/10/2007
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
u (m s
-1
), DPV (kPa)
0
1
2
3
4
5
rc (s m
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
Ômega (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
u
DPV
rc
Ômega
(C)
IAF ~ 4,50 ± 0,20DAC = 218 - 24801/01 a 31/01/2008
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
u (m s
-1
), DPV (kPa)
0
1
2
3
4
5
rc (s m
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
Ômega (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
u
DPV
rc
Ômega
(D)
IAF ~ 5,30 ± 0,10DAC = 309 - 338
01/04 a 31/04/2007
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
u (m s
-1
), DPV (kPa)
0
1
2
3
4
5
rc (s m
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
Ômega (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
u
DPV
rc
Ômega
(E)
IAF ~ 5,00 ± 0,10
DAC = 339 - 378
01/05 a 09/06/2008
131
Tabela 8. Dados médios do fator de desacoplamento (Ω, ômega) e de variáveis
relacionadas para 5 períodos representativos do crescimento da cultura da cana-de-
açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Variáveis
Períodos
Ciclo
Agosto/07 Outubro/07
Janeiro/08 Abril/08 Maio-Junho/08
DAC 70 a 95 126 a 156 218 a 248 309 a 338
339 a 378
0,74 0,70 0,61 0,75 0,69 0,68
IAF
0,90 1,90 4,50 5,30 5,00 -
h
c
1,00 2,35 3,95 4,32 4,35 -
DPV 1,45 2,07 2,13 1,01 1,14 1,57
u 3,10 2,55 1,86 1,34 1,81 2,10
u
*
0,37 0,42 0,37 0,33 0,40 0,39
Rg 16,3 22,8 22,6 17,2 15,4 19,8
z
om
0,08 0,10 0,27 0,17 0,51 0,43
r
c
53 49 80 39 50 58
r
a
46 29 32 30 27 31
β 0,39 0,13 0,28 0,18 0,55 0,25
Em média, ao longo do dia, os valores de velocidade do vento foram iguais a
3,10 m s
-1
(Tabela 8). Verificou-se que houve uma sustentação dos altos valores de Ω,
entre às 11 e 14 h, que provavelmente esteja associada a elevada velocidade do vento
(Figura 60A). A partir das 14 h, até aproximadamente às 16 h, observa-se um ligeiro
acoplamento da cana-de-açúcar com a atmosfera, associado possivelmente ao aumento
do DPV (Figura 60A). Durante o dia, o DPV foi, em dia, igual a 1,45 kPa, com os
maiores valores ocorrendo entre às 14 e 18 h. Contudo, a influência do DPV foi
evidente apenas até às 16 h; a partir deste momento, observou-se que os valores da
resistência do dossel da cultura (r
c
) apresentaram maior importância, devido à
diminuição da radiação disponível. Em média diária, para o período analisado
(agosto/2007), a r
c
foi de 53 s m
-1
.
Quando o IAF e h aumentaram para 1,90±0,20 m
2
m
-2
e 2,35 m,
respectivamente, compreendendo o período entre 126 e 156 DAC (outubro/2007)
(Tabela 8), foi observado que o Ω aumentou continuamente até próximo do meio dia,
onde atingiu os valores máximos (Figura 60B). Este mesmo comportamento foi
evidenciado para os períodos subseqüentes. Em seguida, foi verificada uma pequena
redução de Ω até próximo às 16 h, provavelmente devido ao aumento dos valores de
DPV (> 3,0 kPa) e a velocidade do vento moderada (entre 2 e 3 m s
-1
durante o horário
de 12 às 14 h) (Figura 60B), que sob tal condição, pode aumentar o acoplamento da
132
cultura com a atmosfera (STEDUTO & HSIAO, 1998b). A partir das 16 h, Ω reduziu
rapidamente devido a diminuição da disponibilidade de radiação (Figura 49B).
Diferentemente do período anterior, não foram verificadas influências dos
valores de velocidade do vento sobre o acoplamento da cana-de-açúcar com a
atmosfera, sendo que durante o período da manhã os valores estiveram compreendidos
entre 3 e 4 m s
-1
(Figura 60B). Em escala dria, a velocidade do vento foi, em média,
igual a 2,55 m s
-1
(Tabela 8). Durante este período, foi verificada pouca redução na
resistência da cultura (~ 49 s m
-1
), ao passo que, a resistência aerodinâmica reduziu
expressivamente (de 46 s m
-1
para 29 s m
-1
). Entretanto, verificou-se um aumento do
DPV (média diária 2,07 kPa), o que resultou em pouca variação de Ω em relação ao
período anterior. A disponibilidade de radião foi superior, sendo, em média, igual a
22,8 MJ m
-2
dia
-1
(Tabela 8).
No período 218 248 DAC (janeiro/2008), os valores de Ω tenderam a ser
ligeiramente menores (Figura 60C). Durante este período, a r
c
foi maior, apresentando
valores, em média, iguais a 80 s m
-1
, em decorrência do tombamento da cultura. Este
aumento em r
c
resultou numa redução do fluxo de LE para atmosfera, provocando um
aumento dos valores de β (de 0,11 para 0,25) (Tabela 7). Em escala horária, foram
verificados elevação dos valores de r
c
, quando o DPV atingiu valores maiores (em torno
de 3,0 kPa durante o período da tarde); ao passo que se observou um maior acoplamento
da cana-de-açúcar com a atmosfera, resultando em valores de inferiores a 0,70. Em
escala dria, os valores médios foram iguais a 0,61 (Tabela 8). Neste período, a
velocidade do vento foi de 1,86 m s
-1
, inferior ao verificado no período antecedente,
enquanto a Rg não variou expressivamente, sendo igual a 22,64 MJ m
-2
dia
-1
. Não foram
verificadas modificações na disponibilidade de água para a cultura (Figura 7F), contudo
os altos valores de Rg, associados ao DPV e a menor velocidade do vento, podem
justificar os elevados valores de r
c
.
Nos dois períodos seguintes (218 248 DAC, abril/2008; 339 378 DAC,
maio-junho/2008), constatou-se um aumento dos valores de Ω, resultante,
provavelmente, do retorno dos eventos de irrigação, da menor demanda atmosférica e da
pouca redução verificada no IAF ao final do ciclo. O mês de abril/2008 (Figura 60D),
foi caracterizado por estar situado compreendido na parte final da estação chuvosa, o
que favoreceu o aumento de Ω devido à disponibilidade de água no solo, ao passo que o
suprimento de radiação foi o principal responsável pelo processo de evapotranspiração.
Neste período, os valores de r
c
foram, em média, iguais a 39 s m
-1
, indicando o baixo
estresse sofrido pela cultura (MEINZER & GRANTZ, 1989), bem como se observou
133
uma redução no DPV. Como decorrência da maior utilização de energia disponível para
LE, os valores de β foram menores quando comparados aos do peodo antecedente (em
torno de 0,18). Em escala horária, o comportamento de Ω foi similar ao observado para
o peodo anterior, contudo os valores próximos ao meio dia foram maiores. Neste
período, a velocidade do vento média foi menor, apresentando valores máximos pela
manhã, próximos a 2,0 m s
-1
. Conforme mencionado, os baixos valores de velocidade
do vento também podem ter reduzido o acoplamento da cultura com a atmosfera.
Entre os 339 e 378 DAC (maio-junho/2008) (Figura 60E), devido à suspensão
da irrigação, foi verificada uma redução dos valores de Ω, sendo em média igual a 0,69
(Tabela 8). Vários aspectos podem estar relacionados a este comportamento. O primeiro
possivelmente esteja associado ao tombamento da cana-de-açúcar, também, comumente
evidenciado, ao final do ciclo, nos cultivos bastante produtivos, como foi verificado no
presente trabalho. Para esse período, verificou-se que z
om
foi, em média, igual a 0,51 m
(Tabela 8), resultado confirmado por Cabral et al. (2003), que devido ao tombamento da
cultura, a rugosidade da superfície aumentou atingindo, em média, valores iguais a 0,50
m. Associado a estas informações, também, tem-se que, durante esse período, a
velocidade do vento (1,81 m s
-1
) juntamente com o DPV (1,14 kPa) foram superiores ao
do período antecedente, de modo que promoveram para um aumento da r
c
(~50 s m
-1
)
(Tabela 8), resultando em efeitos sobre os valores .
Meinzer & Grantz (1989) citam que, sob condições de estresse hídrico severo, a
cana-de-açúcar tende a apresentar valores de Ω em torno de 0,20. Assim, apesar da
redução dos valores de Ω, no período entre os 339 e 378 DAC (maio-junho/2008),
verificou-se que o desacoplamento foi caracterizado como sendo moderado (STEDUTO
& HSIAO, 1998b). Tal resultado pode está relacionado a aspectos como, o fato do IAF
o ter apresentado reduções expressivas (5,55 m
2
m
-2
para 4,30 m
2
m
-2
), logo que, os
vertissolos tendem a armazenar volumes consideráveis de água. Além do mais, a cultura
o foi submetida, por tempo muito prolongado a condições de suspensão de irrigação
(< 44 dias), de modo que não foram evidenciadas condições de estresse severo, uma vez
que a cana-de-açúcar poderia ter apresentado diminuições no acúmulo de sacarose
(INMAN-BAMBER, 2004; ROBERTSON et al., 1998). Segundo Steduto & Hsiao
(1998b), reduções nos valores de Ω são observadas apenas quando restrições severas de
água no solo promovem reduções significativas sobre os valores de IAF (5,4 m
2
m
-2
para
2,1 m
2
m
-2
), de maneira que a planta tende a controlar a transferência de água por meio
do fechamento dos estômatos.
134
5.4.2. Efeitos da disponibilidade de água no solo
Embora não tenham sido observados efeitos expressivos da redução da
disponibilidade de água no solo sobre o Ω para um período de tempo maior (339 378
DAC, maio-junho/2008), realizou-se uma análise para 2 dias distintos em relação ao
último evento de irrigação. O primeiro dia (12/02/2008) foi caracterizado pela
ocorrência de 13 dias após o último evento de irrigação, enquanto que o segundo
(15/02/2008) 2 dias após a última irrigação. Os dias foram escolhidos para o mesmo
período de crescimento e com valores similares de radiação solar global, velocidade do
vento e déficit de pressão de vapor, como podem ser observadas nas Figuras 61A e 61B.
Verifica-se que a variação dos valores de “u” e DPV são bem semelhantes, de
modo que os maiores valores de “u” ocorreram durante o período da manhã, enquanto
que os do DPV ocorreram nos horários da tarde, atingindo valores máximos bem
próximos, para os 2 dias analisados. Por outro lado, em relação ao Ω, é possível
observar para o dia 12/02/2008, que os valores são bem menores quando comparados
aos do dia 15/02/2008. Verificou-se, para o dia 12/02/2008 (Figura 61A), que os valores
de Ω foram baixos entre às 8 e 10 h (0,2 a 0,3), caracterizando um forte acoplamento
entre a cana-de-açúcar e a atmosfera, devido, possivelmente, aos valores de velocidade
do vento, em torno de 2 m s
-1
. Entre às 10 e 12 h, observou-se um aumento de Ω,
provavelmente devido ao aumento na disponibilidade de energia.
Durante o período da tarde, foi possível perceber um maior acoplamento da
cultura, em decorrência da elevação dos valores de r
c
devido ao maior DPV. Em média,
durante o dia, os valores de r
c
foram iguais a 103 s m
-1
, ao passo que os do Ω foram
iguais a 0,41, indicado um controle expressivo da cultura ao processo de troca de vapor
d’água com a atmosfera, ou seja, um acoplamento significativo (STEDUTO & HSIAO,
1998b).
Por outro lado, quando se analisou o dia 15/02/2008 (Figura 57B), foi possível
verificar menor acoplamento da cana-de-açúcar com a atmosfera. Em média diária, o
valor de Ω foi igual a 0,58, caracterizando um acoplamento moderado, enquanto que a
r
c
foi de 93 s m
-1
. Durante este dia, o Ω aumentou rapidamente após às 8 h, mesmo com
o aumento da r
c
devido aos valores de DPV mais acentuados. Os valores máximos de Ω
ocorreram entre às 12 e 14 h, com valores em torno de 0,5 e 0,7, sendo que uma
pequena redução nos valores de r
c
foi verificada neste período. Entre às 14 e 16 h, um
reduzido acoplamento foi observado por causa do aumento da r
c
, até atingir valores
menores ao final da tarde (Figura 57B).
135
Figura 61. Padrões médios horários do fator de desacoplamento (Ômega), velocidade do
vento (u) e resistência da cultura (r
c
) para 2 dias distintos, quanto ao último evento de
irrigação em um cultivo de cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de
cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
u (m s
-1
), DPV (kPa)
0
1
2
3
4
5
rc (s m
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
Ômega (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
u
DPV
rc
Ômega
(A)
IAF ~ 5,10
DAC = 26012/02/2008
u = 1,6 m s
-1
Rg = 24,7 MJ m
-2
s
-1
Ômega = 0,41
13 dias após o último evento de irrigação
Hora local
00:00 04:00 08:00 12:00 16:00 20:00 00:00
u (m s
-1
), DPV (kPa)
0
1
2
3
4
5
rc (s m
-1
)
0
200
400
600
800
1000
1200
Ômega (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
u
DPV
rc
Ômega
(B)
IAF ~ 5,10
DAC = 263
15/02/2008
u = 1,6 m s
-1
Rg = 24,4 MJ m
-2
s
-1
Ômega = 0,58
2 dias após o último evento de irrigação
136
5.4.3. Análise sazonal
Nas Figuras 62, 63, 64 e 65 são apresentadas as variações diárias do fator de
desacoplamento (Ω) em comparação aos valores das resistências da cultura (r
c
) e
aerodinâmica (r
a
), velocidade do vento (u), parâmetro de rugosidade para o momentum
(z
om
), velocidade de fricção (u
*
) e a razão de Bowen ao longo do ciclo da cana-de-
açúcar irrigada.
No início do ciclo (< 75 DAC), observou-se que houve uma tendência dos
valores Ω serem maiores, indicando o menor acoplamento da cana-de-açúcar devido ao
IAF ainda pequeno (Figuras 25 e 26). Contudo, ao longo do ciclo, verificou-se que seus
valores tenderam a oscilar entre 0,60 e 0,80 (Figura 62), com uma ligeira redução nos
valores ocorrendo entre os 200 e 300 DAC. Esta diminuição possibilitou inferir que,
durante este período, o tombamento da cultura promoveu uma redução na troca de vapor
d’água da cana-de-açúcar com a atmosfera, devido a redução da exposição da área foliar
às condições ambientais.
Neste período (200 a 300 DAC), também foram constatados valores elevados de
Rg e DPV (Figuras 7B e 7C) e baixos valores de velocidade do vento (Figura 63), ao
passo que não foram verificadas reduções expressivas na disponibilidade de água para a
cultura (Figura 7F). Por outro lado, mesmo sob estas condições de disponibilidade de
água, a alta demanda atmosférica associada às características físico-hídricas dos
vertissolos, que apresentam baixa condutividade hidráulica (AMARAL et al., 2007),
podem restringir a captação de água pela cultura e, conseqüentemente, reduzir a sua
capacidade de atender a demanda de água da atmosfera.
Para o ciclo, os valores de Ω foram, em média, iguais a 0,68, demonstrando um
desacoplamento de moderado a alto da cultura. Entretanto, quando não se considerou o
período após os 200 DAC, caracterizado pelo início do tombamento, visando retirar
seus efeitos sobre os valores de Ω, observou-se pouca alteração no valor médio final,
sendo igual a 0,69. Estes resultados indicam que, provavelmente, o sistema solo-clima
induziu ao maior controle da cana-de-açúcar no processo de troca de vapor d’água com
a atmosfera. Este valor é inferior ao informado por Meinzer & Grantz (1989), que citam
para cultivos irrigados de cana-de-açúcar valores de Ω, em torno de 0,90; contudo
mencionam que o uso de água pela cultura sofre variações expressivas apenas quando se
tem condições severas de estresse drico (Ω ~0,20). Para as condições climáticas de
Araras-SP, Peres et al. (1997) encontraram valor médio de Ω igual a 0,76 para a cana-
137
de-açúcar irrigada, variedade NA56-79, cultivada em um Latossolo Vermelho-escuro,
distfico, com textura argilosa.
Figura 62. Variação diária do fator de desacoplamento (ômega), resistências da cultura
(r
c
) e aerodinâmica (r
a
), ao longo do ciclo da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São
Francisco.
Figura 63. Variação diária do fator de desacoplamento (ômega) e da velocidade do
vento (u), ao longo do ciclo da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo
de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Dias após o corte (DAC)
50 100 150 200 250 300 350 400
Ômega (adimencional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
ra, rc (s m
-1
)
0
100
200
300
400
500
Ômega rc ra
Dias após o corte (DAC)
50 100 150 200 250 300 350 400
Ômega (adimencional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
u (m s
-1
)
0
1
2
3
4
5
Ômega Velocidade do vento a 2 metros
138
Figura 64. Variação diária do fator de desacoplamento (ômega), velocidade de fricção
(u
*
) e parâmetro de rugosidade (z
om
), ao longo do ciclo da cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco.
Figura 65. Variação diária do fator de desacoplamento (ômega) e da razão de Bowen, ao
longo do ciclo da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca,
sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Dias após o corte (DAC)
50 100 150 200 250 300 350 400
Ômega (adimencional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
u*, zom (m s
-1
, m)
0.0
0.4
0.8
1.2
1.6
2.0
Ômega Velocidade de fricção
Parâmetro de rugosidade para o momentum
Dias após o corte (DAC)
50 100 150 200 250 300 350 400
Ômega (adimensional)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Bowen (adimensional)
-0.2
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
Ômega Razão de Bowen
139
Notoriamente, a resistência da cultura foi elevada durante os 200 e 300 DAC,
atingindo valores próximos de 100 s m
-1
, ao passo que a resistência aerodinâmica não
apresentou modificações relevantes nos seus valores (Figura 62). Ao longo do ciclo, os
valores da r
a
foram na sua maioria inferiores aos da r
c
, indicando que as trocas de LE,
por efeito de mecanismos turbulentos, foram mais eficientes, comparadas à
transferência de vapor a partir do dossel da cultura (SANTOS & ANDRÉ, 1993;
VERMA et al., 1976).
Em média, os valores da r
c
foram iguais a 58 s m
-1
, mostrando que a cana-de-
açúcar apresentou uma leve resistência ao processo de evapotranspiração. Meinzer &
Grantz (1989) obtiveram valores médios de r
c
iguais a 34 s m
-1
para a cana-de-açúcar
irrigada, utilizando o todo do balanço de energia com base na razão de Bowen. Em
escala decendial e mensal, Peres et al. (1999) encontraram valores variando entre 3 e 82
s m
-1
e 8 e 74 s m
-1
, com valores médios de 43 s m
-1
e 42 s m
-1
, respectivamente, para
um cultivo de cana-de-açúcar irrigada sob as condições climáticas de Araras-SP.
Pela Figura 63, observa-se que o menor acoplamento da cana-de-açúcar foi
verificado quando a velocidade do vento foi maior, tanto no início do ciclo da cultura
quanto no final, demonstrando a importância relativa da velocidade do vento na
interação entre a biosfera e a atmosfera (STEDUTO & HSIAO, 1998b). Como
mencionado, no final do ciclo, o acoplamento esteve associado com a suspensão dos
eventos de irrigação e o tombamento da cultura. Entretanto, evincias do tombamento
foram observadas a partir dos 200 DAC, confirmado em decorrência de um aumento
mais pronunciado da rugosidade da supercie (Figura 64). No início do ciclo, a cultura
mais homogênea e com h
c
, ainda, reduzida, os valores de z
om
tenderam a ser menores.
Para o ciclo, z
om
foi, em média, igual a 0,43 m (Tabela 8).
Em relação à velocidade de fricção, verificou-se que seus valores foram, em
média, em torno de 0,39 m s
-1
(Tabela 8), porém, foram ligeiramente superiores antes
dos 200 DAC (Figura 64). Finalmente, na Figura 65, verifica-se que, no período em que
as trocas de vapor d’água entre a cana-de-açúcar e a atmosfera foram menores,
especialmente entre os 200 e 300 DAC e na fase final do ciclo, em decorrência do maior
controle da cultura, os valores de β foram maiores.
140
5.5. Requerimento hídrico e coeficiente da cultura da cana-de-açúcar irrigada
5.5.1. Evapotranspiração e requerimento da cultura
A evapotranspiração da cultura da cana-de-açúcar (ETc) e evapotranspiração de
referência (ETo), ao longo do ciclo, são apresentadas na Figura 66. Constatou-se que, os
valores de ETc correspondentes a Fase I (brotação e estabelecimento da cultura)
oscilaram em torno de 3,0 mm dia
-1
. Na Fase II (estabelecimento e perfilhamento), o
valor médio da ETc aumentou para 3,8 mm dia
-1
, especialmente, em decorrência do
incremento do IAF da cana-de-açúcar (Figura 29).
Na Fase III, que é caracterizada pelo período de crescimento máximo, verificou-
se que os valores da evapotranspiração atingiram, em média, 5,1 mm dia
-1
, destacando-
se como o mais elevado do ciclo produtivo da cana-de-açúcar. Nesta fase, observou-se
que, entre os 200 e 300 DAC, que a ETc apresentou uma diminuão acentuada,
provavelmente, devido ao tombamento que afetou o processo de evapotranspirão,
como resultado de uma redução do seu índice de área foliar (Figuras 25 e 26).
Concomitantemente, nesse período, obtiveram-se as taxas mais elevadas de elongação
média dos colmos (Figura 10), quando então o valor da BFTPA era superior a 143 t ha
-1
,
em base fresca (dados não mostrados). No período subseqüente, entre os 300 e 348
DAC, a ETc volta a aumentar, devido ao aumento do IAF. Na Fase IV (maturação da
cultura), em que ocorreu a suspensão da irrigação para promover o acúmulo de sacarose
nos colmos e, conseqüentemente, a redução do IAF, os valores da ETc tenderam a
decrescer alcançando 3,1 mm dia
-1
(Figura 66).
De modo geral, ao longo do ciclo da cana-de-açúcar, os valores mínimos e
máximos da ETc variaram, em média, entre 1,2 mm dia
-1
e 7,5 mm dia
-1
, com média de
4,7 mm dia
-1
. Esses valores são bastante próximos aos revisados por Santos (2005), que
encontrou valores mínimos, médios e máximos de ETc, variando de 0,52 a 4,10, 2,33 a
5,70 e de 3,70 a 8,60 mm dia
-1
, respectivamente, em diferentes regiões do mundo, a
depender da variedade, do local de cultivo e do sistema de produção. Souza et al.
(1999), avaliando a influência da irrigação na produção de cana-de-açúcar, em Campos
dos Goytacazes-RJ, obtiveram valores médios de ETc oscilando em torno de 1,9 mm
dia
-1
, na fase I (agosto), e entre 3,2 a 4,0 mm dia
-1
, na fase II (setembro a outubro).
Durante a Fase III de crescimento máximo (novembro a maio), os valores de ETc
variariam entre 3,2 e 6,3 mm dia
-1
, sendo que na maturação (junho a agosto) foram
141
constatados valores entre 1,8 e 2,1 mm dia
-1
. A partir de medições realizadas em
lisímetros, Thompson & Boyce (1967) obtiveram valores máximos de ETc igual a 6,8
mm dia
-1
para a cana-de-açúcar, sob as condições climáticas de Pongola, na África do
Sul. Ham (1985), citado por Inman-Bamber & Smith (2005), utilizando sondas de
utrons para o monitoramento de água no solo, constataram que a ETc máxima para a
cana-de-açúcar irrigada foi de 7,8 mm dia
-1
.
O requerimento drico para cada uma das fases de desenvolvimento e para todo
o ciclo da cana-de-açúcar pode ser observado na Figura 67. Na Fase I, quando a cultura
apresenta área foliar reduzida (Figuras 25 e 26), a demanda hídrica foi de 50 mm,
enquanto na Fase II o requerimento drico foi igual a 299 mm. Na Fase III, a cultura
apresentou um requerimento de 1211 mm, enquanto na IV, em que houve a suspensão
da irrigação, a evapotranspiração acumulada foi de 147 mm. Como resultado, foi
possível verificar que o requerimento drico da cana-de-açúcar, ao longo do ciclo de
cana-soca no Submédio do Vale do São Francisco, foi de 1710 mm, ligeiramente
inferior ao valor acumulado da evapotranspiração de referência, que foi de 1743 mm.
Figura 66. Evapotranspiração da cultura (ETc) e de referência (ETo) ao longo do
crescimento da cana-de-açúcar irrigada, no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco.
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Evapotranspiração (mm dia
-1
)
0
2
4
6
8
10
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
ETc
ETo
142
Figura 67. Requerimento drico por fase de desenvolvimento e para o ciclo da cana-de-
açúcar irrigada (variedade RB 92579), cana-soca, sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco.
Almeida et al. (2008), trabalhando com a mesma variedade (RB 92579), no ciclo
de cana-soca, sob as condões irrigadas da região de Rio Largo-AL, encontraram a
evapotranspiração acumulada de 1584 mm. Doorenbos & Kassam (1979) citam valores
do requerimento drico da cana-de-açúcar situado entre 1500 e 2500 mm. Pacheco et
al. (1983) mencionam que o requerimento drico da cultura da cana-de-açúcar possui
grandes variações entre as regiões de produção, tendo oscilado entre 1600 e 1800 mm,
na Província de Matanzas, em Cuba; de 1420 a 1650 mm, em Porto Rico; e de 1936
mm, na Argentina.
Fase fenológica
Requerimento hídrico acumulado (mm)
0
500
1000
1500
2000
FASE I FASE II FASE III FASE IV CICLO
50
299
1211
147
1710
FASE I - Brotação e estabelecimento
da cultura
FASE II - Estabelecimento e
perfilhamento
FASE III - Crescimento máximo
FASE IV - Maturação
143
5.5.2. Coeficiente de cultura da cana-de-açúcar irrigada
A partir da relação entre os valores de ETc e de ETo, calculou-se os valores
diários do coeficiente de cultura (Kc) ao longo do ciclo. Na Figura 68, são
demonstrados os valores diários e as dias mensais. Constatou-se para a Fase I, que os
valores variaram entre 0,64 e 0,71, com uma média de 0,65. Como se pode observar por
esta figura, as medições tiveram início próximo do período de transição entre as Fases I
e Fase II, logo que a instalação da torre micrometeorológica, bem como dos sensores só
foram finalizadas aos 22 DAC. Verificou-se que o valor médio do Kc (0,65) foi superior
ao sugerido no boletim 56 da FAO (Kc ~ 0,40) e por Inman-Bamber & Mcglinchey
(2003) (Kc ~ 0,40), porém semelhante aos informados por Doorenbos & Pruitt (1975,
1977) e Doorenbos & Kassam (1979) (Kc entre 0,40 e 0,60), Omary & Izuno (1995)
(Kc igual a 0,47) e por Souza et al. (1999) (Kc igual a 0,60).
Na Fase II, o valor de Kc aumentou para a faixa de 0,85 a 1,0 (Figura 68), como
resposta ao rápido incremento da área foliar (Figuras 25 e 26). Similarmente, Souza et
al. (1999) observaram valores variando entre 0,85 e 1,02.
Na Fase III, constatou-se que o valor médio de Kc foi, aproximadamente, igual a
1,10. Este valor é inferior ao informado no boletim da FAO 56 (ALLEN et al., 1998) e
citado por Inman-Bamber & Mcglinchey (2003), sendo igual a 1,25. No entanto, o
mesmo foi similar aos determinados por vários outros autores, para a cana-soca
(DOORENBOS & PRUITT, 1977; DOORENBOS & KASSAM, 1979; OMARY &
IZUNO, 1995; WATANABE et al., 2004). Souza et al. (1999), em experimento com
duração de 13 meses (cana-soca), encontraram, para a fase de crescimento máximo
(novembro a maio), valores de Kc compreendidos entre 1,10 e 1,15, em Campos dos
Goytacazes-RJ. Omary & Izuno (1995) obtiveram, no período de máximo crescimento,
um valor de Kc médio igual a 1,09, para a cana-de-açúcar com 12 meses. Wiedenfeld
(2004) constatou que o valor de Kc, da cana-de-açúcar para a fase de máximo
crescimento (maio a outubro), variou de 0,9 a 1,0.
Semelhante ao que foi discutido para a ETc, também, foi observado uma
redução seguida de um novo aumento dos valores de Kc, no período compreendido
entre 200 e 300 DAC (Figura 68), como resultado do tombamento da cana-de-açúcar.
Comportamento similar foi constatado no estudo desenvolvido por Inman-Bamber &
Mcglinchey (2003), onde se observou redução dos valores de Kc, próximo aos 200
DAC.
144
Figura 68. Coeficiente de cultura (Kc) da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB
92579), no ciclo de cana-soca, sob as condões climáticas do Submédio do Vale do
São Francisco.
Na Fase IV, verificou-se que os valores de Kc reduziram, ao final do ciclo, para
0,85 (Figura 68), sendo este valor superior ao informado no Boletim 56 da FAO (Kc =
0,70). Este resultado pode estar associado ao fato do monitoramento
micrometeorológico ter sido finalizado 20 dias antes da colheita da cana. Outra causa
provável, é que o valor de 0,70 citado no boletim 56 da FAO, pode ter sido oriundo de
dados médios de experimentos realizados sob condições de menor disponibilidade de
água no solo, durante esta fase de crescimento da cultura (INMAN-BAMBER &
MCGLINCHEY, 2003), quando comparado com o presente experimento (Figura 7F).
Souza et al. (1997) obtiveram valores de Kc para esta fase (junho a agosto), reduzindo-
se de 0,85 para 0,60. Ao final do ciclo (novembro a dezembro), Omary & Izuno (1995)
determinaram um valor médio de Kc igual a 0,93.
Na Figura 69, estão demonstrados as equações empíricas ajustadas para
estimativa do coeficiente de cultivo (Kc) da cana-de-açúcar, no ciclo de cana-soca. Esse
tipo de informação torna-se de grande importância, pois permite calcular o valor de Kc
Data
01-Jun-07 01-Aug-07 01-Oct-07 01-Dec-07 01-Feb-08 01-Apr-08 01-Jun-08
Coeficiente de cultura (Kc)
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
1.50
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
FASE I - Brotação e estabelecimento
FASE I
FASE II
FASE III
FASE IV
FASE II - Estabelecimento e perfilhamento
FASE III - Crescimento máximo FASE IV - Maturação
JUN JUL AGO SET OUT NOV
DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN
0,65 0,85 0,90 1,00 1,05 1,10 1,05 1,00 0,95 1,15 1,15 1,00 0,85
145
para qualquer idade da cana, visando a otimização do manejo da irrigação desta cultura,
de uma maneira simples e prática (HANSON & MAY, 2006; SAMMIS et al., 2004).
Para o ajuste das equações, foram considerados todos os dados médios mensais do Kc
ao longo do ciclo da cultura, visando suavizar as variações diárias e possibilitar a
obtenção de equações com melhor ajuste, bem como pelo fato de que, na prática, os
produtores agrícolas utilizam dados médios durante períodos mais longos de tempo.
Figura 69. Ajuste do coeficiente de cultura (Kc) mensal para a cana-de-açúcar
irrigada, no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do
São Francisco, utilizando como variáveis independentes dias após corte (DAC) (A) e
graus dias acumulados (GDA) (B), considerando os períodos, antes (período I) e
depois (período II) do tombamento da cultura.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Coeficiente de cultura mensal (Kc)
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
1.50
1.75
R
2
= 0,98
R
2
= 0,95
Período I
Período II
(A)
}
2
]
157,37
180,11)-(DAC
[*exp{-0,5* 1,10
I Período
Kc
}
2
]
81,53
321,20)-(DAC
[*exp{-0,5* 1,15
II Período
Kc
Graus dias acumulados (GDA)
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000
Coeficiente de cultura mensal (Kc)
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
1.50
1.75
R
2
= 0,96
R
2
= 0,98
Período I
Período II
(B)
}
2
]
2554,61
2848,72)-(GDA
[*exp{-0,5* 1,10
I Período
Kc
}
2
]
1234,71
5186,11)-(GDA
[*exp{-0,5* 1,16
II Peodo
Kc
146
Considerou-se os períodos antes (período I) e depois (período II) do tombamento
da cultura, para ajustar as equações de estimativa do Kc mensal, que apresentou o
formato de uma dupla sigmóide. Adicionalmente, foram utilizados como variáveis
independentes os valores dos dias após corte (DAC) (Figura 69A) e dos graus dias
acumulados (GDA) (Figura 69B). A equação sigmoidal Gaussiana com três parâmetros
foi a que apresentou os maiores valores dos coeficientes de determinação e os
parâmetros das equações estatisticamente significativos (P < 0,01). Verificou-se,
também, que os coeficientes de determinação das equações, utilizando os DAC e os
GDA, mostraram-se bastante semelhantes, variando entre 0,95 e 0,98 (Figura 69A e
69B).
147
5.6. Análise da eficiência do uso de água da cana-de-açúcar irrigada
5.6.1. Dados das lâminas utilizadas no cálculo da eficiência do uso de água
Em termos de lâminas acumuladas, as entradas (irrigação e precipitação) e
saídas (evapotranpiração da cultura e evapotranspiração máxima) de água do sistema de
produção da cana-de-açúcar, para todas as fases fenológicas, podem ser observadas na
Figura 70. Verificou-se que, a lâmina total de água que entrou no sistema de produção
por precipitação e irrigação (P+I) no ciclo da cana-de-açúcar foi superior a ETc,
totalizando 3073 e 1710 mm, respectivamente. Do volume de P+I, 2525 mm foram
oriundos da irrigação e apenas 523 mm foram resultantes da precipitão (P), sendo que
a maior parte deste valor ocorreu durante a Fase III (crescimento máximo). Constatou-
se ainda que durante o ciclo, a ETc acumulada foi ligeiramente inferior a
evapotranspiração máxima da cultura (ETm), que totalizou valores iguais a 1860 mm.
Finalmente, a demanda atmosférica local, em termos de evapotranspiração de referência
(ETo), foi de 1743 mm.
Figura 70. Entradas (irrigação e precipitação) e saída (evapotranspiração) acumuladas
após o corte da cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca,
sob as condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.: P =
precipitação, I = irrigação, ETm = evapotranspiração máxima da cultura, ETo =
evapotranspiração de referência e ETc = evapotranspiração da cultura.
Dias após o corte (DAC)
0 50 100 150 200 250 300 350
Lâmina acumulada de água (mm)
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
P + I
I
ETm
ETo
ETc
P
FASE III
FASE II
FASE I - Brotação e
estabelecimento
FASE II - Estabelecimento e
Perfilhamento
FASE III - Crescimento Máximo
FASE IV - Amadurecimento
FASE IV
FASE I
148
5.6.2. Eficiência do uso de água em relação à resposta produtiva da cultura
A partir dos dados acumulados de biomassa seca dos colmos (BSC), da palhada
(BSPA) e do total da parte aérea (BSTPA) da cana-de-açúcar e das lâminas de água
evapotranspirada pela cultura (ETc) e que entraram no sistema de produção por
precipitação (P) e irrigação (I), calculou-se a eficiência do uso de água mensal da
cultura, em termos de resposta produtiva, utilizando o uso eficiente de água (UEA). Os
desempenhos de UEA em relação à ETc e (P+I) podem ser observados nas Figuras 71A
e 71B, respectivamente.
Com base nestas figuras, constatou-se que os meses produtivos (MP) 7 e 8
(período inserido na Fase III) foram os que apresentaram os maiores valores de
UEA
BSTPA
, sendo de 7,88±0,10 kg m
-3
em relação à ETc e de 4,01±0,70 kg m
-3
quando
relacionado com (P+I). Estes meses compreendem a fase de maior taxa média de
elongação média dos colmos (TEMC), como resposta da alta disponibilidade de
radiação solar e de água no solo. Verificou-se, também, que neste período obtiveram-se
os maiores valores de UEA
BSC
, que foram de 6,60±0,29 kg m
-3
em relação à ETc e de
3,35±0,39 kg m
-3
quando relacionado com (P+I). No período subseqüente, dentro desta
mesma fase, constatou-se, ainda, que os valores de UEA
BSC
reduziram-se de 0,81 kg m
-3
para 0,48 kg m
-3
, uma vez que a cana-de-açúcar apresentou uma redução contínua no
seu crescimento (Figura 28). Na Fase IV (MP13), observou-se que o valor de UEA
BSC
foi de 9,71 kg m
-3
, considerando (P+I) (Figura 71B), em decorrência do longo período
de suspensão da irrigação e do pequeno acúmulo de biomassa. Por outro lado, quando se
considerou a ETc, observou-se o menor valor do ciclo (0,26 kg m
-3
). Para o ciclo como
um todo, verificou-se que os valores de UEA
BSC
foram de 2,95 e de 1,67 kg m
-3
, em
relação à ETc e a (P+I), respectivamente (Tabela 9).
Em base de palhada, constatou-se para a Fase III, que os valores máximos de
UEA
BSPA
ocorreram entre os meses produtivos MP4 e MP7, tendo sido de 1,51±0,20 e
de 0,85±0,12 kg m
-3
, correspondentes à ETc e a (P+I), respectivamente (Figuras 71A e
71B). Em seguida, observou-se uma diminuição dos valores de UEA
BSPA
, como
resposta da maior fração de biomassa destinada aos colmos (Figura 33). A partir desse
período, verificou-se que os seus valores reduziram-se até o MP12, passando de 0,99
para 0,07 kg m
-3
, quando relacionado com a ETc, e de 0,90 para 0,04 kg m
-3
, assumindo
(P+I).
149
Figura 71. Uso eficiente de água (UEA) para os meses produtivos da cana-de-açúcar
irrigada, no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio do Vale do
São Francisco, em relação à biomassa seca dos colmos (BSC), palhada (BSPA) e
biomassa seca total da parte aérea (BSTPA), considerando a evapotranspiração da
cultura (ETc) (A) e o volume de água que entrou no sistema por precipitação e irrigação
(P+I) (B).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Uso eficiente da água
(BSC, BSPA ou BSTPA / ETc, kg m
-3
)
0
2
4
6
8
10
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Mês produtivo
FASE
I
FASE
II
FASE
III
FASE
IV
(A)
UEA
BSTPA
UEA
BSC
UEA
BSPA
Col 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Uso eficiente da água
(BSC, BSPA ou BSTPA / P+I, kg m
-3
)
0
2
4
6
8
10
12
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Mês produtivo
FASE
I
FASE
II
FASE
III
FASE
IV
(B)
UEA
BSTPA
UEA
BSC
UEA
BSPA
150
Tabela 9. Indicadores da eficiência do uso de água para a cana-de-açúcar irrigada
(variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do Submédio
do Vale do o Francisco.
SRA (adimensional) 1,63
ER (mm) 0,92
FRA (adimensional) 0,56
DHC (mm) 145,3
UEA
(ETc)
, em base seca da parte aérea (kg m
-
3
) 3,93
UEA
(P+I)
, em base seca da parte aérea (kg m
-
3
) 2,22
UEA
(ETc)
, em base seca de colmos (kg m
-
3
) 2,95
UEA
(P+I)
, em base seca de colmos (kg m
-
3
) 1,67
UEA
(ETc)
, em base seca de palhada (kg m
-
3
) 0,94
UEA
(P+I)
, em base seca de palhada (kg m
-
3
) 0,53
PA
C(ETc)
, em base industrial de colmos (kg m
-
3
) 9,49
PA
C(P+I)
, em base industrial de colmos (kg m
-
3
) 5,36
PA
C(ETc)
, em base de açúcar (kg m
-
3
) 1,22
PA
C(P+I)
, em base de açúcar (kg m
-
3
) 0,69
PA
C(ETc)
, em base de álcool (ml m
-
3
) 875,23
PA
C(P+I)
, em base de álcool (ml m
-
3
) 494,14
Obs.: SRA = suprimento relativo de água, ER = evapotranspiração relativa, FRA =
fração de redução de água, DHC = déficit drico da cultura, UEA = uso eficiente de
água, PA
C
= produtividade da água da cultura, ETc = evapotranspiração da cultura e
P+I = volume de água da precipitação mais irrigação.
Verificou-se, também, que a UEA
BSPA
apresentou um comportamento de modo
semelhante à UEA
BSC
, logo que os seus valores mais elevados alcançaram 0,90 kg m
-3
.
Ao final do ciclo, o valor de UEA
BSPA
foi de 0,94 kg m
-3
em relação à ETc e de 0,53 kg
m
-3
quando relacionado com (P+I) (Tabela 9).
Por outro lado, quando se relacionou o rendimento de colmos em base industrial
(TCH), RBAÇ e RBAL com os valores de ETc e de (P+I), a eficiência do uso de água
foi analisada em termos de produtividade da água da cultura (PA
C
). Observou-se que o
valor de PA
C
foi igual a 9,49 kg m
-3
, utilizando a ETc, enquanto que foi de 5,30 kg m
-3
,
quando se considerou (P+I) (Tabela 9). Inman-Bamber & Smith (2005) mencionam que
a PA
C
da cana-de-açúcar pode atingir valores elevados, variando entre 4,8 a 12,1 kg m
-3
para o Sudeste da África, Havaí e Austrália, e de 5,3 a 15,4 kg m
-3
, a depender da faixa
de acúmulo de biomassa da cultura e do déficit de pressão de vapor da região. Singh et
151
al. (2007), avaliando o planejamento da irrigação para cana-de-açúcar (variedade
CoPant 84212), com base na relação entre as lâminas de irrigação e da
evapotranspiração acumulada do tanque classe A, obtiveram valores de PA
C
, variando
entre 5,8 e 7,6 kg m
-3
. Doorembos & Kassam (1979) citam que a cana-de-açúcar, sob
condições irrigadas nos trópicos e subtrópicos secos, em solos com 80% de água
disponível, pode apresentar entre 5 e 8 kg m
-3
, em termos de colmos, e de 0,6 a 1 kg m
-3
,
em termos de sacarose.
Em termos de rendimento de açúcar e de álcool, a cana-de-açúcar irrigada
apresentou uma PA
C
de 1,22 kg m
-3
e 875,23 ml m
-3
quando foram considerados os
valores de ETc (Tabela 9). Quando se considerou a lâmina total aplicada (P+I),
constatou-se que os seus valores foram de 0,69 kg m
-3
e 494,14 ml m
-3
, respectivamente
(Tabela 9). Farias et al. (2008) relatam, para a região norte paraibana dos tabuleiros
costeiros, que a eficiência do uso de água da cana-de-açúcar (variedade SP 791011)
quanto às produções de colmo e de açúcar foram da ordem de 7,12 e 0,67 kg m
-3
,
respectivamente. Estes resultados indicam que a cana-de-açúcar, variedade RB 92597,
quando bem irrigada, sob as condições semi-áridas do Nordeste, podem apresentar uma
alta eficiência de produção de açúcar e álcool, em comparação com outras regiões e
variedades.
5.6.3. Eficiência do uso de água em relação ao desempenho de aplicação de água no
sistema de produção
Os indicadores de eficiência do uso de água (SRA, ER, DHC e FRA), em
relação ao desempenho de aplicação com base na demanda máxima requerida pela
cultura, podem ser observados nas Figuras 72 a 75.
O suprimento relativo de água (SRA) variou entre 0,83 e 2,19 ao longo dos
meses produtivos (MP) das Fases I, II, III e IV (Figura 72). No MP1 (junho/2007),
verificou-se que o valor de SRA foi de 1,15, como resultado do baixo regime de chuvas
nesse período e do grande intervalo entre os dois eventos consecutivos de irrigação.
152
Figura 72. Suprimento relativo de água (SRA) para os meses produtivos da cana-de-
açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.: A linha tracejada indica o
valor médio do ciclo.
Figura 73. Evapotranspiração relativa (ER) para os meses produtivos da cultura da cana-
de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condões
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.: A linha tracejada indica o
valor médio do ciclo.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Suprimento relativo de água (adimensional)
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Mês produtivo
FASE
I
FASE
II
FASE
III
FASE
IV
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Evapotranspiração relativa (ER, adimensional)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Mês produtivo
FASE
I
FASE
II
FASE
III
FASE
IV
153
Figura 74. Fração de redução de água (FRA) para os meses produtivos da cultura da
cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.: A linha tracejada indica o
valor médio do ciclo.
Figura 75. ficit hídrico da cultura (DHC) para os meses produtivos da cultura da
cana-de-açúcar irrigada (variedade RB 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições
climáticas do Submédio do Vale do São Francisco. Obs.: A linha tracejada indica o
valor médio do ciclo.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Fração de redução de água (adimensional)
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Mês produtivo
FASE
I
FASE
II
FASE
III
FASE
IV
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Déficit hídrico da cultura (DHC, mm)
0
5
10
15
20
25
30
Data
01-Jun-07 01-Sep-07 01-Dec-07 01-Mar-08 01-Jun-08
Mês produtivo
FASE
I
FASE
II
FASE
III
FASE
IV
154
No MP2 e MP3, constatou-se que os valores de SRA são mais alto do que o
MP1, sendo iguais a 1,83 e 1,75, mas que decresceu para 1,14 no MP4 (setembro/2007)
(Figura 72). Este comportamento ocorre em decorrência do aumento da demanda
máxima da cultura, como reposta da elevação da demanda atmosférica local (Figura
7C). Entretanto, na Fase III, os valores de MP5 a MP10 foram, em média, iguais a
2,0±0,19. Contudo, o MP10 ocorreu dentro do período mais chuvoso desta região, que
combinado com a redução da disponibilidade de radiação solar (Figura 7B) e, por
conseqüente, diminuição da demanda atmosférica (Figura 7C), apresentou uma
diminuição da demanda máxima pela cultura. Assim, o volume de água adicionado ao
sistema, por precipitação e irrigação, resultou em elevados valores de SRA (2,19)
(Figura 72). Segundo Molden et al. (1998), valores de SRA em torno de 2 o
considerados ideais para o sistema de produção, e que valores muito acima indicam que
um grande volume de água pode estar sendo perdido por drenagem profunda,
aumentando o nível do lençol freático, ou sendo perdido escoamento.
Já o MP11 ocorreu no período final da estação chuvosa, quando então o número
de eventos de irrigação era reduzido (Figura 7F). Apesar disto, verificou-se que a cana-
de-açúcar apresentou uma UEA
BSTPA
de 2,49 kg m
-3
(Figura 71A), indicando que um
SRA igual a 0,83, foi ainda suficiente para aumentar a eficiência do uso de água pela
cultura. Resultados similares foram observados por Teixeira et al. (2008), para a cultura
da mangueira, os quais obtiveram um SRA igual a 0,80, considerado como limite crítico
para promover o aumento da eficiência do uso de água pela cultura. No MP12
(maio/2008), ocorreram apenas 2 eventos de irrigação que foram realizados no começo
do mês, que permitiram a reposição de água no solo, mas que na seqüência teve a
irrigação suspensa, resultando num valor de SRA igual 1,50. Além disso, verificou-se a
redução da demanda máxima da cultura (ETm). O valor de SRA mais baixo (0,03) foi
obtido no último mês produtivo (MP13), em decorrência do elevado ficit de água no
solo, causado pela suspensão da irrigação.
O valor médio obtido para o ciclo da cana-de-açúcar foi de 1,63 (Tabela 9), que
está situado dentro da faixa de valores de SRA informados por Karatas et al. (2009),
para os distritos de Salihli RB (1,66) e Salihli LB (1,24) localizados na Turquia. Dentre
os distritos avaliados pelos autores, estes apresentaram os melhores desempenhos
quanto ao fornecimento de água para as culturas.
Quando se analisou a evapotranspiração relativa (ER) (Figura 73), constatou-se
entre os meses produtivos que os menores valores foram o MP1 (junho/2007) com 0,63,
MP8 (janeiro/2008) com 0,89 e MP9 (fevereiro/2008) com 0,84. Roerink et al. (1997)
155
citam que os valores aceitáveis de ER para áreas irrigadas devem ser superiores a 0,75.
Com base neste valor de referência, apenas o MP8 e MP9 situaram-se acima de 0,75.
Contudo, o valor de 0,63 pode ser considerado aceivel, logo que o UEA
BSTPA
situou-se
em torno de 3,03 kg m
-3
. Constatou-se, também, que apesar da restrição do conteúdo de
água, condicionado pela suspensão da irrigação no período de maturação da cultura
(MP13), a ETc alcançou valores muito próximos ao máximo esperado para esta fase,
resultando em um valor de ER igual a 0,97 (Figura 73). Este resultado está associado
com a demanda máxima da cultura da cana-de-açúcar, que foi relativamente baixa neste
período, bem como devido à elevada capacidade de retenção de água dos vertissolos.
Assim, mesmo sob condições de suspensão de água, o volume de água armazenado no
solo atendeu à demanda evapotranspirométrica desta cultura na sua fase final de
maturação.
Os MP8 e MP9 compreenderam meses em que a demanda máxima da cultura foi
considerada alta, apesar da diminuição dos valores de ER. Este resultado é decorrente
da redução de ETc, devido, provavelmente, ao tombamento sofrido pela cultura, como
já mencionado. Ao longo do ciclo, o valor médio de ER foi de 0,92 (Tabela 9).
Bastiaanssen et al. (2001) observaram valores de 0,76 para fruteiras cultivadas no
Submédio do Vale do São Francisco, enquanto Karatas et al. (2009) encontraram
valores médios em torno de 0,70 para dez distritos irrigados na Turquia.
A fração de redução de água (FRA) (Figura 74) revelou um valor médio para o
ciclo da cana-de-açúcar igual a 0,56 (Tabela 9), indicando que apenas 56% do volume
total de água (P+I) que entrou no sistema de produção foi utilizado pela cultura. Este
valor de FRA está dentro da faixa limite de 0,5 a 0,7 para regiões de clima semi-áridas
(BASTIAANSSEN et al., 2001). Isto significa que 44% da lâmina de água aplicada
deixou de ser efetivamente utilizada, sendo assim importante a redistribuição da
aplicação de água para outros períodos do ciclo da cultura (BOS et al., 2005).
Analisando-se a FRA para cada mês produtivo, observou-se que dez dos 13 meses
produtivos apresentaram excesso de água, uma vez que os valores de FRA foram
inferiores a 0,6 (valor médio limite). Entretanto, na Fase IV, os valores de FRA
mostraram-se bastante elevados (Figura 74), logo que a entrada de água no sistema por
P+I foi de 3 mm, proveniente apenas de dois eventos de precipitação.
Como o indicador DHC está relacionado com o SRA (Figura 75), é possível
conhecer a magnitude da deficiência hídrica sofrida pela cultura ao longo dos meses
produtivos, ou seja, quanto à mesma deixou de evapotranspirar em relação a sua
demanda máxima (BASTIAANSSEN et al., 2001). Apesar dos altos valores de SRA
156
obtidos nos MP8 e MP9, decorrente do alto volume de água que entrou no sistema,
constatou-se uma deficiência de água que pode estar relacionada a fatores intrínsecos do
solo ou das condições meteorológicas vigentes, restringindo a absorção de água pelas
plantas. Contudo esta deficiência foi pequena, atingindo valores de 20,2 mm mês
-1
para
o MP8, e de 25,9 mm mês
-1
para MP9, sendo em média igual a 23,0±4,0 mm mês
-1
. No
MP1, verificou-se valores de DHC atingindo 29,5 mm mês
-1.
Estes valores mostraram-se
inferiores ao informado por Bastiaanssen et al. (2001), que assumem como valor crítico
de DHC, 30 mm mês
-1
. Entretanto, neste período, não se verificaram diminuições
expressivas na disponibilidade de água (Figura 7F), ao passo que o tombamento da
cultura condicionou uma pequena redução do seu IAF (Figuras 25 e 26), justificando a
redução da evapotranspiração da cultura em relação a sua demanda máxima.
O DHC acumulado ao longo do ciclo foi de apenas 145,3 mm, correspondendo a
8,5% da demanda máxima requerida pela cultura (Tabela 9). No MP1 (Fase I), em que a
restrição hídrica foi de 29,5 mm mês
-1
, a equivalência foi de 58,4% em relação a sua
demanda máxima acumulada para esta fase. No entanto, alcançou 89,15 mm mês
-1
(7,4%), na Fase III, e apenas 11,0 mm mês
-1
ou 7,4% da sua demanda máxima
acumulada, na Fase IV.
157
6. CONCLUSÕES
A partir das análises realizadas neste estudo, foi possível concluir que:
1. a cana-de-açúcar irrigada apresentou excelentes padrões de crescimento, de produção
de biomassa seca e de rendimento, quando cultivada sob as condições semi-áridas do
Submédio do Vale do São Francisco;
2. a maior fração (81%) da energia disponível (Rn G), na interface cana-de-
açúcar/atmosfera, foi destinada ao fluxo de calor latente (LE). Porém, verificou-se,
sobre os valores de LE, os efeitos da alta demanda atmosférica, da nebulosidade
variável e da redução da disponibilidade de água no solo entre os eventos de irrigação;
3. o fator de desacoplamento foi de moderado a alto (0,6 a 0,8), indicando um controle
do processo de troca de vapor d’água da cana-de-açúcar com a atmosfera,
principalmente no período em que ocorreu o tombamento da cultura, verificado nos
meses mais quentes, quando ocorreram altos valores de disponibilidade de radiação e de
demanda atmosférica;
4. a interação entre a cana-de-açúcar e a atmosfera, no início do seu ciclo, foi menor, em
decorrência do baixo índice de área foliar que inibem o contato entre a cultura e a
atmosfera;
5. o processo de troca de vapor d’água da cana-de-açúcar com a atmosfera foi
governado, especialmente, pela disponibilidade de energia, mesmo sob condições semi-
áridas. Contudo foi possível verificar que o sistema solo-clima induziu a um maior
controle da cultura ao processo de evapotranspiração, logo que apresentou valores do
fator de desacoplamento ligeiramente inferiores (~0,68) quando comparados aos
informados na literatura;
6. Observou-se que os valores da evapotranspiração (ETc) e do coeficiente de cultura
(Kc) da cana-de-açúcar irrigada, no ciclo cana-soca, sob condição semi-árida do
Submédio do Vale do São Francisco, foram ligeiramente inferiores aos recomendados
no boletim 56 da FAO. Além do mais, verificou-se, em alguns períodos do ciclo
produtivo, os efeitos do tombamento da cultura sobre os valores de ETc e de Kc;
158
7. a evapotranspiração diária média da cana-de-açúcar irrigada, no ciclo de cana-soca,
nas condições climáticas do Submédio do Vale do São Francisco, foi de 4,7 mm dia
-1
,
resultando em um requerimento total de 1710 mm;
8. os valores do coeficiente de cultura da cana-de-açúcar variaram de 0,65 a 1,10 entre
as fases de brotação e estabelecimento, e crescimento máximo, reduzindo-se para 0,85
na fase de maturação da cultura;
9. as equações de estimativa do coeficiente de cultura mensal apresentaram excelentes
ajustes com valores do coeficiente de determinação, variando entre 0,95 a 0,98, quando
foram utilizados os dias após o corte e os graus dias acumulados como variáveis
independentes;
10. a maior produção de palhada da cana-de-açúcar ocorreu até o sétimo mês produtivo,
mas após este período, a maior partição (76%) foi para os colmos;
11. a eficiência do uso de água da cana-de-açúcar demonstrou que a cultura se
desenvolveu sob condões favoráveis de disponibilidade de água no solo, mesmo
evidenciando alguma deficiência drica (< 30 mm mês
-1
), decorrente do tombamento
da cultura em alguns meses produtivos;
12. as eficiências de produção foram de 9,49 kg de colmos, 1,22 kg de açúcar e 875,23
ml de álcool por metro cúbico de água evapotranspirada pela cultura (ETc) e de 5,36 kg
de colmos, 0,69 kg de açúcar e 494,14 ml de álcool por metro cúbico de água, que
entrou na área de cultivo por precipitação e irrigação (P+I);
13. as informações obtidas poderão ser utilizadas para subsidiar novos experimentos,
visando definir o período do ano em que a cultura pode apresentar maior eficiência
produtiva, bem como pesquisas de modelagem que visem melhor entender os impactos
dos agroecossistemas no clima local. Adicionalmente, estas informações auxiliarão os
produtores no manejo de água nas propriedades agrícolas e na melhoria da eficiência do
uso de água dos sistemas de produção de cana-de-açúcar irrigada no Submédio do Vale
do São Francisco.
159
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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175
ANEXOS
Tabela 1. Resumo dos valores das características aerodinâmicas da cana-de-açúcar
irrigada (variedade 92579), no ciclo de cana-soca, sob as condições climáticas do
Submédio do Vale do São Francisco. DJ = dia Juliano, h
c
= altura do dossel da cultura
(m), Ri = número de Richardson (adimensional), d = deslocamento do plano zero (m), u
*
= velocidade de fricção (m s
-1
), z
om
= parâmetro de rugosidade para o momentum (m), R
2
= coeficiente de determinação (decimal), d/h e z
om
/h = relações do deslocamento do
plano zero e do parâmetro de rugosidade para o momentum com a altura do dossel da
cultura (adimensionais).
Data DJ Hora
DAC h Ri d u
*
z
o
m
R
2
d/h z
o
m
/h
13/10/07
286 6:00 138 2,3 0,0049 1,91 0,39 0,12 0,9995
0,84
0,05
14/10/07
287 15:00
139 2,3 0,0018 2,13 0,45 0,07 0,9998
0,93
0,03
15/10/07
288 15:30
140 2,3 0,0054 1,76 0,57 0,19 0,9983
0,76
0,08
22/10/07
295 6:30 147 2,5 -0,0025 1,80 0,53 0,38 0,9980
0,72
0,15
23/10/07
296 13:30
148 2,5 -0,0044 1,74 0,38 0,14 0,9996
0,69
0,05
23/10/07
296 6:00 148 2,5 -0,0037 1,94 0,41 0,08 0,9989
0,77
0,03
24/10/07
297 14:30
149 2,5 -0,0079 1,98 0,46 0,13 0,9999
0,78
0,05
24/10/07
297 3:00 149 2,5 0,0065 1,20 0,58 0,28 0,9996
0,47
0,11
28/10/07
301 11:30
153 2,6 -0,0071 1,85 0,31 0,22 1,0000
0,70
0,08
29/10/07
302 13:30
154 2,7 -0,0075 1,73 0,45 0,21 0,9996
0,65
0,08
30/10/07
303 14:30
155 2,7 -0,0099 1,48 0,52 0,31 0,9983
0,55
0,12
2/11/07 306 8:30 158 2,8 -0,0074 1,52 0,47 0,45 0,9984
0,55
0,16
7/11/07 311 14:30
163 2,9 0,0083 2,01 0,57 0,24 0,9988
0,70
0,08
7/11/07 311 14:00
163 2,9 -0,0047 1,67 0,60 0,42 0,9998
0,58
0,15
7/11/07 311 6:00 163 2,9 0,0000 2,01 0,38 0,36 0,9969
0,70
0,13
5/11/08 309 12:30
161 2,8 0,0027 2,46 0,35 0,11 0,9998
0,87
0,04
5/11/08 309 13:30
161 2,8 -0,0016 2,04 0,35 0,19 0,9947
0,72
0,07
6/11/07 310 15:00
162 2,9 0,0017 1,74 0,50 0,51 0,9919
0,61
0,18
20/11/07
324 6:30 176 3,2 0,0082 2,75 0,47 0,23 0,9979
0,87
0,07
25/11/07
329 19:30
181 3,3 0,0048 2,67 0,40 0,12 0,9936
0,82
0,04
22/11/08
326 16:00
178 3,2 -0,0065 1,73 0,42 0,41 0,9999
0,54
0,13
18/11/08
322 15:00
174 3,1 0,0000 2,59 0,44 0,26 0,9991
0,83
0,08
16/11/07
320 6:00 172 3,1 0,0077 2,61 0,44 0,21 1,0000
0,85
0,07
1/12/07 335 1:00 187 3,4 0,0077 2,66 0,53 0,17 0,9989
0,79
0,05
1/12/07 335 1:30 187 3,4 0,0062 2,15 0,50 0,29 0,9972
0,64
0,09
2/12/07 336 5:30 188 3,4 -0,0082 2,57 0,46 0,27 0,9987
0,76
0,08
5/12/08 339 6:00 191 3,4 0,0063 2,30 0,47 0,48 0,9993
0,67
0,14
13/12/07
347 6:00 199 3,6 0,0039 2,46 0,35 0,27 0,9999
0,69
0,08
13/12/07
347 6:30 199 3,6 0,0028 2,89 0,29 0,16 0,9973
0,81
0,04
12/12/07
345 14:00
197 3,5 -0,0095 2,30 0,58 0,29 0,9950
0,65
0,08
28/12/07
362 3:30 214 3,8 0,0070 3,17 0,49 0,16 0,9989
0,84
0,04
3/01/08 3 14:30
220 3,8 0,0075 2,76 0,41 0,31 0,9982
0,72
0,08
5/01/08 5 15:30
222 3,9 0,0042 3,55 0,32 0,12 0,9993
0,92
0,03
10/01/08
10 1:30 227 3,9 0,0099 2,66 0,71 0,38 0,9995
0,68
0,10
176
Continuação
10/01/08
10 6:00 227 3,9 0,0031 2,97 0,54 0,44 0,9997
0,76
0,11
10/01/08
10 6:30 227 3,9 0,0000 3,48 0,47 0,19 0,9996
0,89
0,05
24/01/08
24 22:00
241 4,0 0,0074 3,22 0,70 0,29 0,9997
0,80
0,07
2/04/08 93 13:00
310 4,3 -0,0037 3,14 0,64 0,60 0,9917
0,73
0,14
7/04/08 98 17:00
315 4,3 -0,0074 3,40 0,33 0,28 0,9998
0,79
0,07
15/04/08
106 18:30
323 4,3 -0,0024 3,15 0,46 0,30 0,9908
0,73
0,07
19/04/08
110 8:00 327 4,3 0,0010 2,90 0,49 0,77 0,9975
0,67
0,18
29/04/08
120 19:00
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