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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE F
´
ISICA
Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
com o Canal de Decaimento
B
s
φφ e Efeitos Sistem
´
aticos
no Experimento LHCb
Bruno Souza de Paula
Orientadora: Sandra Amato
Rio de Janeiro
Dezembro de 2006
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Paula, Bruno Souza de.
P324 Sensibilidade ao Parˆametro φ
s
com o Canal de Decai-
mento B
s
φφ e Efeitos Sistem´aticos no Experimento
LHCb/ Bruno Souza de Paula.-Rio de Janeiro: UFRJ/IF,
2006.
xx, 131f.: il.; 29,7cm.
Orientadora: Sandra Amato
Tese (Doutorado) - UFRJ/ Instituto de F´ısica/ Programa
de P´os-graduac¸˜ao em F´ısica , 2006.
Referˆencias Bibliogr´aficas: f. 127-131.
1. Modelo Padr˜ao. 2. Violac¸˜ao de CP. 3. F´ısica do
M´eson B
s
. 4. Efeitos Sistem´aticos nas medidas. I. Amato,
Sandra. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Insti-
tuto de F´ısica, Programa de P´os-graduac¸ ˜ao em ısica. III.
Sensibilidade ao Parˆametro φ
s
com o Canal de Decaimento
B
s
φφ e Efeitos Sistem´aticos no Experimento LHCb.
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Resumo
Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
com o Canal de Decaimento B
s
φφ
e Efeitos Sistem
´
aticos no Experimento LHCb
Bruno Souza de Paula
Orientadora: Sandra Amato
Resumo da Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P´os-graduac¸˜ao do Instituto de ısica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necess´arios `a obtenc¸˜ao do ıtulo de
Doutor em Ciˆencias (F´ısica).
O LHCb ´e um experimento que est´a sendo montado para estudar as colis˜oes de pr´otons
do LHC. O objetivo principal do experimento ´e fazer medidas precisas de violac¸ ˜ao de
CP, tendo como alvo de estudo o sistema de m´esons com o quark b (ou
¯
b). Nessa tese
s˜ao apresentados dois estudos distintos, tendo como base o LHCb. Como o in´ıcio das
colis˜oes do LHC est´a previsto para o final de 2007, os estudos feitos s˜ao baseados em
dados simulados.
Um dos estudos feitos foi para medir efeitos sistem´aticos devido `a selec¸ ˜ao do sistema
de Trigger na identificac¸˜ao de sabor de m´esons neutros.
´
E mostrado que essa selec¸ ˜ao
altera o espac¸o de fase, de maneira diferente para canais distintos por causa da correlac¸˜ao
entre as part´ıculas, e esse fato cria um erro sistem´atico na identificac¸˜ao de sabor. Um
m´etodo ´e proposto para a correc¸ ˜ao de tal efeito. Este consiste em separar os eventos em
categorias distintas e fazer uma correc¸ ˜ao do espac¸o de fase, levando em conta a correlac¸ ˜ao
existente. Esse m´etodo se mostrou muito eficiente na maioria dos eventos e possui a
vantagem de s´o depender de dados que ser˜ao medidos, sem precisar recorrer `a simulac¸˜ao
de eventos.
Outro estudo feito foi sobre a sensibilidade na medida de φ
s
, um parˆametro que
quantifica a violac¸˜ao de CP no sistema do m´eson B
s
, utilizando o canal de decaimento
B
S
φφ. Foi desenvolvida uma selec¸˜ao dos eventos desse canal e, com os resultados
obtidos, uma simulac¸˜ao r´apida de Monte Carlo foi feita para testar a precis˜ao que o expe-
rimento pode atingir na medida de φ
s
. Foram testados alguns cen´arios de contaminac¸˜ao
de ru´ıdo e diluic¸˜ao diferentes.
Rio de Janeiro
dezembro de 2006
Abstract
Sensitivity to the φ
s
Parameter
Using the B
s
φφ Decay and
Systematic Effects at the LHCb Experiment
Bruno Souza de Paula
Supervisor: Sandra Amato
Abstract da Tese de Doutorado submetida ao Programa de P´os-graduac¸˜ao em F´ısica,
Instituto de ısica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos
requisitos necess´arios `a obtenc¸˜ao do t´ıtulo de Doutor em Ciˆencias (F´ısica).
LHCb is one of the experiments being made to study the proton-proton collisions that
will take place at the LHC. Its main goal is to make precise measurements of CP violation
in the b quark system. In this thesis are presented two different studies based on LHCb.
As the start of data taking is expected to the end of 2007, the studies were performed
based on simulations.
The first study was done to measure systematic effects due to the trigger selection in
the flavour tagging. It was shown that this selection alters the phase space in a different
way for distinct decay channels. This fact creates a systematic error in the measurement of
the flavour of neutral mesons. A method is proposed to correct for this effect. It is based
on sorting the events in different categories, taking into account the correlation between
the particles. The method works for the majority of the events and has the advantage of
depending only in data that will be measured.
Another study was performed to estimate the sensitivity in the measurement of φ
s
,
which is a parameter that measures CP violation in the B
s
system, using the decay channel
B
s
φφ. A selection for this channel was developed and a fast Monte Carlo simulation
performed to obtain the sensitivity.
Rio de Janeiro
December 2006
Para minhas av
´
os: Eny e Let
´
ıcia.
Agradecimentos
Primeriamente gostaria de agradecer a minha orientadora Sandra Amato. Tanto
pela ajuda na parte da f´ısica, dos problemas computacionais e na correc¸ ˜ao da tese quanto
(principalmete) pela paciˆencia e comprees˜ao em per´ıodos de baixa eficiˆencia minha.
Gostaria tamb´em de agradecer a Jos´e Helder Lopes, que foi inclusive meu primeiro
orientador de iniciac¸˜ao cient´ıfica, e a
´
Erica Polycarpo, pelas contribuic¸ ˜oes com sugest˜oes
e palpites nas reuni˜oes de grupo.
Obrigado a Bernard Mar´echal, com quem muito aprendi, tanto no curso de Labo-
rat´orio Avanc¸ado II quanto no per´ıodo de iniciac¸˜ao cient´ıfica. E, em especial, pela com-
preens˜ao quando optei por mudar de rumo, no in´ıcio do doutorado.
Queria tamb´em agradecer aos demais professores do IF-UFRJ, sem os quais n˜ao teria
sido poss´ıvel chegar at´e aqui. Dentre esses, agradec¸o, em especial, a Carlos Farina e Luis
Davidovich, que, com seus cursos de Cl´assica e Quˆantica, me mantiveram empolgado
com a f´ısica, mesmo em momentos de d´uvida.
Ao Cas´e, por ajudar com a burocracia e problemas com o as agˆencias de fomento.
Ao pessoal da salinha do caf´e do departamento: Valmar, Ana Maria, Tatiana, Curt,
Pedro, Joaquim et al pelos t˜ao necess´arios momentos de descontrac¸ ˜ao ap´os o almoc¸o.
Agradec¸o muito aos amigos, sem os quais n˜ao seria poss´ıvel ter aguentado os 9 anos
indo a Ilha da Fantasia, aprender f´ısica e fazer a tese. Em especial: Ao Fernando Felufero,
tamb´em pelas caronas, e ao Filipe, tamb´em por me substituir no CEDERJ, por tornarem
os dias mais engrac¸ados. E, ´e claro, ao Kazu e ao Mente, apesar de terem abandonado
o barco, momentanemente. Ao Kazu tenho que agradecer tamb´em pelas ajudas com o
ROOT e o DaVinci. Aos amigos extra-f´ısica, Rafael Ramiro, Thiago Jorj˜ao e Rodrigo,
por sempre me permitirem a lembranc¸a de que existe um mundo fora da ısica. Ao Holmes
e ao F´abio, pela convivˆencia desde os prim´ordios de 98.
Agradec¸o, especialmente, Felipe Siqueira e Thiago de Melo Britto, pelas ajudas com
a f´ısica e, principalmente, pelos chopes e pela amizade. Tenho tamb´em que agradecˆe-los
por aturarem os telefonemas de Genebra, no meio da madrugada. E por isso agradec¸o
tamb´em a Mariana Orioli.
A meus pais, Leandro e Rose, a Miriam, tamb´em pela ajuda no ROOFIT, Jorge,
minhas av´os, Eny e Let´ıcia, a quem essa tese ´e dedicada, e que s˜ao motivo de grande
admirac¸˜ao. E a minhas irm˜as Aline e Marininha, por todos esses anos de apoio que me
fizeram chegar at´e aqui.
A Marina e, mais recentemente, a Rhanna.
´
E sempre saud´avel ter crianc¸as por perto
para n˜ao levar a vida a s´erio demais.
Agradec¸o a Rosane, pelo amor e carinho nesse dif´ıcil per´ıodo final de tese.
Um agradecimento especial a Eurico Miranda, respons´avel pelos ´unicos ıtulos do
Flamengo durante o meu per´ıodo de doutorado.
Essa tese foi parcialmente financiada por CAPES, CNPq e FAPERJ.
Acknowledgements
I thank Hans Dijkstra, with whom I learned so much. Thanks for all the help in the
systematic studies but also for the bike, skiing, lending the apartment in Amsterdam and
dinners, and for that I also have to thank Susan Weeda. In short, thank you both for taking
care of me during the year I spent in Europe. And thank you for coming all the way to the
thesis defence!
I thank Olav Ullaland for making and effort to pay me a complement to my scholarship
during the year I spent at CERN.
I also have to thank the CERN VELO group, especially Juan Palacios, Doris Eckstein,
Lars Eklund, Paula Collins and Alison Bates, for taking me as part of the group, for non-
physics matters. I don’t know if I would have survived the year I spent at CERN without
you.
Thank you also to my non-CERN friends. In particular Cathy Bull, Tania Teague and
Amandine Cazet.
“N
˜
ao Sou Nada.
Nunca Serei Nada.
N
˜
ao posso querer ser nada.
`
A parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo...
Tabacaria - Fernando Pessoa
´
Indice
1 Introduc¸
˜
ao 1
2 A Violac¸
˜
ao de CP no sistema dos m
´
esons B
s
¯
B
s
4
2.1 Introduc¸˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 A Estrutura do Modelo Padr˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 A Matriz CKM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3.1 Os Triˆangulos Unit´arios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4.1 A Oscilac¸˜ao B
s
¯
B
s
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4.2 Os Autoestados de Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4.3 O Hamiltoniano Efetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.4.4 Taxas de Decaimento Dependentes do Tempo . . . . . . . . . . . 16
2.4.5 Os Tipos de Violac¸˜ao de CP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.5 B
s
φφ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.5.1 Efeitos de Diluic¸˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3 O Experimento LHCb 25
3.1 O LHC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1.1 Alguns dados t´ecnicos do LHC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1.2 Os Grandes Experimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 O LHCb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.1 A Luminosidade no LHCb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.2.2 A Produc¸ ˜ao de Pares b
¯
b . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.2.3 Caracter´ısticas b´asicas do LHCb . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2.4 O Magneto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2.5 O Localizador de V´ertices (VELO) . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.2.6 Os Contadores Cherenkov (RICH) . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.2.7 Estac¸ ˜oes para Reconstruc¸ ˜ao de Trajet´oria . . . . . . . . . . . . . 38
3.2.8 Calor´ımetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.2.9 As Cˆamaras de M´uon (M1, M2, M3, M4 e M5) . . . . . . . . . . 43
3.2.10 O Sistema de Trigger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2.11 Sistema de Identificac¸˜ao de Sabor (SIS) . . . . . . . . . . . . . . 50
4 Efeitos Sistem
´
aticos da Selec¸
˜
ao de Trigger na Identificac¸
˜
ao de Sabor 54
4.1 Introduc¸˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2 Simulac¸˜ao do Trigger e do SIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.2.1 Trigger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.2.2 SIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3 A Correlac¸ ˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.3.1 Categorias de Trigger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4.4.1 Resultados de SIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
4.4.2 Correc¸ ˜ao da Taxa de Identificac¸ ˜ao Errada de Sabor . . . . . . . . 80
4.5 B
s
K
+
K
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.5.1 Eventos TOB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.6 Conclus˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5 Sensibilidade do LHCb ao Par
ˆ
ametro φ
s
, Utilizando o Canal de Decaimento
B
s
φφ 95
5.1 Introduc¸˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
5.2 A Simulac¸˜ao dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
5.3 A Selec¸ ˜ao dos Eventos B
s
φφ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.3.1 A Pr´e-Selec¸˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
5.3.2 As Vari´aveis de Corte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
5.3.3 As Janelas de Massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
5.3.4 Desempenho de Trigger e SIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.4 O Desempenho Anual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
5.5 O Estudo da Sensibilidade ao Parˆametro φ
s
. . . . . . . . . . . . . . . . 111
5.5.1 As Func¸ ˜oes de Aceitac¸ ˜ao Temporal . . . . . . . . . . . . . . . . 112
5.5.2 A Resoluc¸˜ao de Tempo Pr´oprio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
5.5.3 A Verossimilhanc¸a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
5.6 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
5.7 Conclus˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
6 Conclus
˜
ao 124
Refer
ˆ
encias 126
Lista de Figuras
2.1 Processos esquem´aticos das interac¸ ˜oes com mudanc¸a de sabor para os
quarks e os anti-quarks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2 Vis˜ao esquem´atica do triˆangulo no plano complexo, gerado a partir das
relac¸ ˜oes de unitariedade da matriz CKM, de onde se tira o ˆangulo χ. . . . 10
2.3 Diagramas de caixa, que dominam as contribuic¸ ˜oes ao elemento de matriz
M
12
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.4 Diagrama de ordem mais baixa, do tipo pinguim, respons´avel pelo decai-
mento B
s
φφ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.1 Vista a´erea da regi˜ao em volta do CERN com a indicac¸˜ao da localizac¸ ˜ao
do LHC e de seus pr´e-aceleradores, PS (menor) e SPS (maior). . . . . . . 26
3.2 Sistema de acelerac¸ ˜ao de pr´otons para atingirem a energia final de 7 TeV,
no LHC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Localizac¸ ˜ao de cada um dos experimentos na circunferˆencia do acelerador
LHC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.4 Probabilidade de haver n
pp
= 0, 1, 2, 3 e 4 interac¸ ˜oes inel´asticas pp por
cruzamento de nuvens como func¸˜ao da luminosidade. . . . . . . . . . . . 30
3.5
ˆ
Angulo de produc¸˜ao do b (θ
b
) e do
¯
b (θ
¯
b
) nas formac¸ ˜oes de pares depois
das colis˜oes pr´oton-pr´oton do LHC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.6 Vis˜ao lateral do LHCb ao longo da direc¸ ˜ao dos feixes de pr´otons. . . . . . 32
3.7 Desenho esquem´atico das bobinas do magneto . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.8 Foto de um sensor do tipo r junto com a eletrˆonica que faz a leitura dos
sinais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.9 Vis˜ao esquem´atica do RICH1, junto com uma indicac¸˜ao do caminho dos
f´otons emitidos at´e serem lidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.10 Vis˜ao esquem´atica da primeira camada de TTa e da segunda de TTb, res-
pectivamente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.11 Vis˜ao esquem´atica mais detalhada de uma das ITs `a esquerda e de todas
as estac¸ ˜oes de trac¸o `a direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.12 Vis˜ao esquem´atica da segmentac¸˜ao das c´elulas no ECAL e no HCAL . . . 43
3.13 A divis˜ao das 4 regi˜oes, com diferentes granularidades, de um dos qua-
drantes de M2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.1 Suavizac¸ ˜ao do parˆametro de impacto em relac¸˜ao ao v´ertice prim´ario, como
func¸ ˜ao de P
T
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.2 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B respons´avel pelo sinal estudado e para o
outro B, para o canal de controle e para o B
s
Jφ depois da selec¸˜ao
de trigger . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.3 Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal e o outro B, para o
canal de controle e para o B
s
Jφ, depois da selec¸ ˜ao de trigger . . . 64
4.4 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
Jφ depois de uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo
TIS em L0 e L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.5 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
Jφ em eventos dentro da cobertura geom´etrica
do detector. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.6 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
Jφ depois de uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo
TOS em L0 e L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.7 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
Jφ depois de uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo
TIS em L0 e TOS em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
4.8 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
Jφ depois de uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo
TOS em L0 e TIS em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.9 Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado e o outro B,
para o canal de controle e para o B
s
Jφ depois de uma selec¸ ˜ao de
trigger do tipo TOS em L0 e L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.10 Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado e o outro B,
para o canal de controle e para o B
s
Jφ depois de uma selec¸ ˜ao de
trigger do tipo TIS em L0 e TOS em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.11 Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado e o outro B,
para o canal de controle e para o B
s
Jφ depois de uma selec¸ ˜ao de
trigger do tipo TOS em L0 e TIS em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.12 Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado e o outro B,
para o canal de controle e para o B
s
Jφ depois de uma selec¸ ˜ao de
trigger do tipo TIS em L0 e em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.13 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para os k´aons utilizados na escolha de sabor pelo
pr´oprio B, para eventos com selec¸˜ao do tipo TOS em L0, para o canal de
controle e para o B
s
Jφ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.14 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para os k´aons utilizados na escolha de sabor pelo
pr´oprio B, para eventos com selec¸˜ao do tipo TIS em L0, para o canal de
controle e para o B
s
Jφ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.15 Tamanho do bin x P
T
para distribuic¸ ˜oes igualmente populadas por even-
tos de B
s
Jφ com selec¸ ˜ao L0 TOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.16 Tamanho do bin x P
T
para distribuic¸ ˜oes igualmente populadas por even-
tos de B
s
Jφ com selec¸ ˜ao L0 TIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.17 Taxa de identificac¸ ˜ao errada, como func¸ ˜ao de P
T
, de eventos do tipo L0
TOS, para os canais de controle e Jφ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.18 Taxa de identificac¸ ˜ao errada, como func¸ ˜ao de P
T
, de eventos do tipo L0
TIS, para os canais de controle e Jφ. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.19 Taxa de identificac¸˜ao errada obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada
faixa de P
T
utilizada na correc¸˜ao, em eventos na categoria L0 TOS. . . . 86
4.20 Taxa de identificac¸˜ao errada obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada
faixa de P
T
utilizada na correc¸˜ao, em eventos na categoria L0 TIS. . . . . 86
4.21 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
K
+
K
depois de uma selec¸˜ao de trigger do tipo
TOS em L0 e L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
4.22 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
K
+
K
depois de uma selec¸˜ao de trigger do tipo
TOS em L0 e TIS em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
4.23 A taxa de identificac¸ ˜ao errada obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada
faixa de P
T
utilizada na correc¸˜ao, para as categorias com L0 TOS. . . . . 90
4.24 A taxa de identificac¸ ˜ao errada obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada
faixa de P
T
utilizada na correc¸˜ao, para as categorias com L0 TIS. . . . . . 91
4.25 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
K
+
K
depois de uma selec¸˜ao de trigger do tipo
TOS em L0 e TOB em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
4.26 Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal e para o outro B, para o canal de
controle e para o B
s
K
+
K
depois de uma selec¸˜ao de trigger do tipo
TIS em L0 e TOB em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.27 A taxa de identificac¸ ˜ao errada obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada
faixa de P
T
utilizada na correc¸˜ao para as categorias com L1 TOB. . . . . 93
5.1 Diagrama de ordem mais baixa, do tipo pinguim, respons´avel pelo decai-
mento B
s
φφ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
5.2 Distribuic¸ ˜oes do menor dos momentos tranversos dos k´aons para a amostra
do sinal B
s
φφ e para a de b
¯
b inclusivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
5.3 Distribuic¸ ˜oes da massa dos φs para as amostras do sinal B
s
φφ e a de
b
¯
b inclusivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
5.4 Distribuic¸ ˜oes do menor dos momentos tranversos dos φs para as amostras
do sinal B
s
φφ e a de b
¯
b inclusivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.5 Distribuic¸ ˜oes do φ de menor I
P
em relac¸ ˜ao ao v´ertice prim´ario das
amostras do sinal B
s
φφ e de b
¯
b inclusivo. . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.6 Distribuic¸ ˜oes de χ
2
do v´ertice do B
s
, formado pelos 4 k´aons carregados,
das amostras do sinal B
s
φφ e de b
¯
b inclusivo. . . . . . . . . . . . . . 104
5.7 Distribuic¸ ˜oes da componente z da diferenc¸a entre as posic¸ ˜oes dos v´ertices
do B
s
e prim´ario das amostras do sinal B
s
φφ e de b
¯
b inclusivo. . . . . 105
5.8 Distribuic¸ ˜oes da massa do B
s
reconstru´ıdo das amostras do sinal B
s
φφ
e de b
¯
b inclusivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
5.9 Distribuic¸˜ao de massa do B
s
reconstru´ıdo, nos eventos restantes, e o ajuste
de uma gaussiana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
5.10 Raz˜ao dos histogramas com o tempo pr´oprio de decaimento entre eventos
selecionados e gerados, junto com o ajuste da func¸ ˜ao A(t) =
at
3
b+t
3
. . . . . 112
5.11 Tempo pr´oprio de decaimento medido nos eventos de b
¯
b inclusivo aceitos
pela pr´e-selec¸˜ao.
´
E feito um ajuste da func¸ ˜ao f(t) = ce
t
b
+ d. . . . . . 113
5.12 Tempo pr´oprio de decaimento medido menos o de Monte Carlo gerado,
nos eventos de sinal aceitos pela selec¸ ˜ao, pelo trigger e identificados pelo
SIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
5.13 Distribuic¸ ˜oes dos tempos pr´oprios de decaimento t
exp
gerados na amostra
de sinal para eventos que se originaram como um B
s
ou como um
¯
B
s
e da
assimetria de CP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
5.14 Distribuic¸ ˜oes dos tempos pr´oprios de decaimento t
exp
gerados na soma
da amostra de sinal com a de ruıdo para eventos identificados como B
s
ou
um
¯
B
s
em t=0 e da assimetria de CP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Lista de Tabelas
3.1 Alguns parˆametros importantes para o funciomanento do LHC . . . . . . 27
3.2 Frequˆencia de entrada e sa´ıda de cada um dos n´ıveis do trigger . . . . . . 46
3.3 Valores obtidos para as eficiˆencias do L0 e L1 para o TDR do Trigger [33].
A eficiˆencia total do trigger ´e dada por
trig
=
L0
.
L1
.
HLT
. . . . . . . . . 50
3.4 Cortes aplicados pelo SIS para escolher o sabor pelo outro B . . . . . . . 51
3.5 Cortes aplicados pelo SIS para escolher o sabor pelo pr´oprio B . . . . . . 52
3.6 Desempenho do SIS para o TDR de otimizac¸˜ao do LHCb [33]. . . . . . . 53
4.1 Valores de ω, obtidos da tabela verdade de MC para o TDR de Otimizac¸ ˜ao,
para os canais de controle e sinal estudados. . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.2 Cortes aplicados em P
T
e E
T
usados como L0, nesse estudo no ıvel de
gerador de eventos e na simulac¸˜ao completa do LHCb, respectivamente. . 57
4.3 Quantidade de eventos gerados, com os produdos dentro da cobertura
geom´etrica considerada e as eficiˆencias de trigger para os canais estuda-
dos. Estes s˜ao comparados com as eficiˆencias obtidas no TDR do Trigger. 59
4.4 Eficiˆencia de SIS e taxa de identificac¸ ˜ao errada para eventos na geometria
do detector, selecionados por L0 e L1 para os canais de controle e sinal.
A eficiˆencia efetiva tamb´em ´e mostrada para os eventos que passaram em
L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.5 Eficiˆencia de SIS e taxa de identificac¸ ˜ao errada para eventos dentro do
detector, selecionados pelo L0 e pelo L1 para cada um dos canais de sinal
e controle estudados, separados de acordo com o tipo de part´ıcula que
gerou a resposta do SIS. A eficiˆencia efetiva tamb´em ´e mostrada para os
eventos selecioados em L1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.6 Diagrama mostrando como a divis˜ao nas categorias de trigger ´e feita. . . 66
4.7 Contribuic¸ ˜oes das 2 categorias exclusivas de L0 para eventos dentro da
cobertura geom´etrica para os canais de sinal e controle utilizados no estudo. 68
4.8 O percentual de eventos em cada uma das categorias exclusivas de trigger
para os canais de sinal e controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.9 Eficiˆencia de SIS, taxa de identificac¸ ˜ao errada e poder de SIS para os
canais estudados, em cada uma das categorias de trigger. . . . . . . . . . 78
4.10 Eficiˆencia de SIS e ω para os canais estudados, em cada uma das cate-
gorias para os diversos tipos de part´ıcula usadas pelo SIS na simulac¸˜ao
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.11 Quantidade de eventos descartados por n˜ao terem correspondˆencia no
espac¸o de fase do canal de controle. Tamb´em s˜ao mostrados os novos
valores para ω, obtidos com o restante dos eventos. Somente as catego-
rias com L0 TOS s˜ao afetadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
4.12 Quantidade de eventos descartados por n˜ao terem correspondˆencia no
espac¸o de fase do canal de controle. Tamb´em s˜ao mostrados os novos
valores para ω, obtidos com o restante dos eventos. Somente as catego-
rias com L0 TOS s˜ao afetadas. Tais valores acarretam num descarte de
1,7 % dos eventos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.1 Sum´ario dos cortes aplicados e a quantidade de eventos restando nas
amostras ap´os cada uma deles. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
5.2 Resultado da aplicac¸˜ao dos algoritmos de trigger e SIS nos eventos aceitos
pela selec¸ ˜ao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
5.3 Valores obtidos para cada uma das eficiˆencias que contribuem para
tot
,
na amostra de sinal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
5.4 Sensibilidade obtida no ajuste da quantidade sen(φ
s
), no caso tratado de
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6 e R
T
= 0, para 1, 2 e 5 anos de tomada de dados. . . . . 121
5.5 Sensibilidade obtida no ajuste da quantidade sen(φ
s
), no caso tratado de
N
b
¯
b
/N
sin
= 1, 2 e R
T
= 0, para 1, 2 e 5 anos de tomada de dados. . . . . 121
5.6 Sensibilidade obtida no ajuste da quantidade sen(φ
s
), no caso tratado de
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 2 e R
T
= 0, para 1, 2 e 5 anos de tomada de dados. . . . . 121
5.7 Sensibilidade obtida no ajuste das quantidade sen(φ
s
) e R
T
, no caso tratado
de N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6, para diferentes valores de entrada para R
T
. S˜ao si-
mulados 1, 2 e 5 anos de tomada de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
Cap
´
ıtulo 1
Introduc¸
˜
ao
A grande diferenc¸a entre as quantidades de mat´eria e antimat´eria observada no nosso Uni-
verso ´e um dos grandes mist´erios da f´ısica de altas energias atualmente, n˜ao possuindo
uma explicac¸˜ao te´orica satisfat´oria. Um dos ingredientes necess´arios para explicar tal de-
sigualdade ´e a violac¸˜ao de CP [1], mecanismo que faz a mat´eria se comportar de maneira
diferente da antimat´eria.
O Modelo Padr˜ao das part´ıculas elementares procura descrever a interac¸ ˜ao entre os
constituintes fundamentais e vem tendo enorme sucesso, desde que foi proposto, para
prever as medidas experimentais. Entretanto, ele n˜ao inclui a gravidade na sua descric¸ ˜ao
e tem muitos parˆametros livres. Al´em disso, uma das part´ıculas previstas por ele, o b´oson
de Higgs, ainda n˜ao foi detectada. Por esses motivos ele n˜ao ´e uma teoria fundamental e
torna-se importante fazer testes mais aprofundados. Por exemplo, apesar de ser permitido
pelo Modelo que haja violac¸ ˜ao de CP nas interac¸ ˜oes fracas, atrav´es da matriz CKM [2],
principalmente no setor dos quarks b e
¯
b, essa quantidade n˜ao ´e suficiente para explicar
o ac´umulo de mat´eria observado no Universo [3]. Medidas mais precisas nesse setor da
teoria s˜ao boas candidatas a levar a resultados que poderiam n˜ao se encaixar no Modelo
Padr˜ao, o que traria a necessidade de f´ısica nova para explicar tais resultados.
Tendo como um dos principais objetivos fazer medidas precisas da violac¸˜ao de CP
2
nos decaimentos de h´adrons com o quark b, o LHCb (Large Hadron Collider Beauty Ex-
periment for Precision Measurements of CP Violation and Rare Decays) [4] est´a sendo
constru´ıdo para estudar as colis˜oes pr´oton-pr´oton produzidas pelo LHC (Large Hadron
Collider) [5], no CERN (European Organization for Nuclear Research). Tais colis˜oes
ter˜ao uma in´edita energia no centro de massa de 14 TeV e uma alta luminosidade, possi-
bilitando a produc¸ ˜ao de cerca de 10
12
pares de quark b
¯
b por ano que v˜ao permitir o estudo
da assimetria de CP, atrav´es de canais de decaimento espec´ıficos.
Como o in´ıcio do funcionamento do experimento est´a previsto para o final de 2007, h´a
uma crescente preocupac¸˜ao na colaborac¸ ˜ao com poss´ıveis efeitos sistem´aticos que atuem
nas medidas.
Nessa tese foram desenvolvidos dois estudos distintos, tendo como base o LHCb,
para tratar tanto a medida da violac¸˜ao de CP quanto a correc¸ ˜ao de efeitos sistem´aticos.
No primeiro, foram estudados poss´ıveis efeitos sistem´aticos causados pela selec¸˜ao de
trigger e um m´etodo para corrigir tais efeitos foi proposto. No segundo, foi feito um teste
da sensibilidade que o experimento pode alcanc¸ar na medida do parˆametro φ
s
, um dos
que quantifica a violac¸˜ao de CP, utilizando o canal de decaimento B
s
φφ. Ela est´a
estruturada da seguinte forma:
No cap´ıtulo 2 ´e apresentada a teoria da violac¸˜ao de CP no sistema dos m´esons B
s
¯
B
s
,
em especial para a assimetria de CP no canal de decaimento B
s
φφ, mostrando que
com este processo ´e poss´ıvel medir o parˆametro φ
s
, que quantifica a violac¸˜ao de CP no
sistema do B
s
.
No cap´ıtulo 3 ´e apresentado o experimento LHCb com alguns detalhes, em espe-
cial dos sistemas de trigger e de identificac¸ ˜ao de sabor, que ser˜ao utilizados no cap´ıtulo
seguinte.
No cap´ıtulo 4 est´a mostrado o estudo feito sobre os efeitos sistem´aticos causados pela
selec¸˜ao de trigger na identificac¸˜ao de sabor. Neste, ´e proposto um m´etodo para corrigir
tal efeito, com o qual obtemos um resultado satisfat´orio para a maioria dos eventos.
3
No cap´ıtulo 5 ´e apresentado o estudo feito para obter a sensibilidade que esperamos
alcanc¸ar, no LHCb, na medida do parˆametro φ
s
, utilizando o canal de decaimento B
s
φφ. Para isso, ´e mostrada a selec¸ ˜ao feita para separar os eventos desse canal dos demais
e uma simulac¸˜ao r´apida de Monte Carlo, com alguns cen´arios diferentes, para os quais se
obteve a incerteza na medida de sen(φ
s
).
No cap´ıtulo 6 est˜ao apresentadas as conclus˜oes do trabalho de tese desenvolvido e
apresentado nos cap´ıtulos 4 e 5.
Cap
´
ıtulo 2
A Violac¸
˜
ao de CP no sistema dos
m
´
esons B
s
¯
B
s
2.1 Introduc¸
˜
ao
Supondo que estamos no espac¸o de Minkowski, existem transformac¸ ˜oes do sistema para
as quais a relatividade especial permanece inalterada. As transformac¸ ˜oes cont´ınuas desse
tipo s˜ao translac¸ ˜oes, rotac¸ ˜oes e empurr˜oes de Lorentz, agrupadas no grupo de simetria de
Poincar´e. H´a tamb´em transformac¸ ˜oes discretas desse tipo: C, P e T. C ´e a conjugac¸˜ao de
carga e transforma uma part´ıcula em sua antipart´ıcula, invertendo os n´umeros quˆanticos
aditivos. P ´e a paridade, que inverte as coordenadas espaciais. T ´e a operac¸ ˜ao antiunit´aria
de invers˜ao temporal.
A quebra de cada uma dessas simetrias discretas j´a foi observada experimentalmente [6].
Por´em, de acordo com o teorema CPT [7], qualquer teoria quˆantica de campo invariante
de Poincar´e ´e conservada sob a ac¸ ˜ao da CPT. Nessa tese, estamos interessados na assime-
tria de CP, que ´e um dos ingredientes necess´arios para explicar o ac´umulo de mat´eria, em
relac¸ ˜ao `a antimat´eria, no Universo [1].
O Modelo Padr˜ao das part´ıculas elementares (MP) se prop˜oe a explicar as interac¸ ˜oes
2.2 A Estrutura do Modelo Padr
˜
ao 5
entre os menores constituintes da mat´eria. Ele tem tido enorme sucesso desde a sua
proposic¸˜ao, na d´ecada de 60, para prever resultados experimentais na f´ısica de part´ıculas.
Todavia, o MP inclui apenas as forc¸as forte, fraca e eletromagn´etica, deixando de fora
a gravidade em sua descric¸ ˜ao, e tem muitos parˆametros livres. Al´em disso, o b´oson de
Higgs, necess´ario para a gerac¸ ˜ao da massa das demais part´ıculas no MP, ainda n˜ao foi
detectado. Por esses motivos, o MP n˜ao ´e uma teoria fundamental completa e ´e importante
testar seus limites na procura por uma nova f´ısica.
Ser´a discutido posteriormente que a violac¸˜ao de CP s´o ocorre, no MP, via interac¸ ˜ao
fraca.
´
E poss´ıvel fazer medidas limpas desse tipo no decaimento de m´esons pesados,
com pouca influˆencia da interac¸˜ao forte. Al´em disso, tal assimetria ´e esperada em v´arios
decaimentos de m´esons com o quark b (e
¯
b). Ainda mais, a quantidade de violac¸˜ao de
CP esperada pelo Modelo Padr˜ao ´e insuficiente para explicar a maior concentrac¸ ˜ao de
mat´eria do que antimat´eria no Universo. Por todos esses motivos, a violac¸˜ao de CP no
decaimento de m´esons com quark b (e
¯
b) ´e uma boa candidata para se testar o MP.
2.2 A Estrutura do Modelo Padr
˜
ao
O Modelo Padr˜ao ´e uma teoria de campo que procura explicar as interac¸ ˜oes forte, fraca
e eletromagn´etica entre as part´ıculas elementares. A forc¸a forte ´e descrita pela Cro-
modinˆamica Quˆantica (QCD) [8]. J´a as forc¸as fraca e eletromagn´etica foram unificadas
na teoria eletrofraca de Glashow, Salam e Weinberg [9, 10, 11]. Cada uma das forc¸as ´e
mediada por b´osons de interac¸˜ao, de spin 1. A QCD ´e caracterizada pelo grupo de cali-
bre SU(3) e tem como propagadores de interac¸ ˜ao oito gl´uons. A teoria eletrofraca possui
a estrutura de um grupo SU(2)U(1), havendo, entretanto, uma quebra espontˆanea de
simetria, descrita pelo mecanismo de Higgs. Os mediadores da forc¸a fraca s˜ao os W
±
e o
Z
0
enquanto a eletromagn´etica ´e propagada pelos f´otons γ.
A mat´eria ´e formada por f´ermions de spin 1/2, que se dividem em quarks e l´eptons.
Existem 3 gerac¸ ˜oes (ou fam´ılias) de quarks, cada uma com um componente de carga
2.3 A Matriz CKM 6
el´etrica +2/3 e outro com carga -1/3. Essas fam´ılias s˜ao, por ordem crescente de massa:
(u d), (c s) e (t b). Os l´eptons tamb´em s˜ao organizados em 3 gerac¸ ˜oes, cada uma com um
l´epton de carga -1/2 (el´etron (e
), m´uon (µ
) e tau (τ
)) e um neutrino sem carga el´etrica
(ν
e
, ν
µ
e ν
τ
). Al´em disso, cada part´ıcula possui uma anti-part´ıcula, de mesma massa e
n´umeros quˆanticos aditivos opostos, relacionada a ela.
O mecanismo de quebra espontˆanea de simetria que ocorre no setor eletrofraco da teo-
ria requer a existˆencia de um novo campo bosˆonico, o de Higgs. O Higgs, uma part´ıcula
de spin 0, ´e, atualmente, a ´unica part´ıcula fundamental do MP ainda n˜ao detectada. O
mecanismo de Higgs tamb´em ´e respons´avel por dar massa aos b´osons mediadores da
forc¸a fraca e aos l´eptons carregados. Como tal campo n˜ao se acopla com os neutrinos,
estes permanecem sem massa
1
.
Por estarem sujeitos ao confinamento imposto pela QCD, os quarks n˜ao ficam livres,
formando compostos sem cor, chamados h´adrons. Esses h´adrons podem ser m´esons, que
s˜ao compostos de um quark e um anti-quark de cores opostas, ou b´arions, que cont´em 3
quarks de cores distintas. Toda a mat´eria com a qual estamos em contato no dia-a-dia ´e
formada por el´etrons, pr´otons e nˆeutrons (os ´ultimos s˜ao b´arions formados por quarks u e
d).
2.3 A Matriz CKM
O acoplamento dos quarks com o b´oson de Higgs n˜ao ´e diagonal, fazendo com que os
autoestados de massa n˜ao sejam os mesmos da interac¸˜ao eletrofraca. Nesse ponto ´e in-
troduzida a matriz de Cabbibo-Kobayashi-Maskawa (CKM) [2], que faz a conex˜ao entre
os autoestados de massa (d s b) com os da interac¸˜ao eletrofraca (d’ s’ b’) atrav´es de uma
1
As recentes evidˆencias de que os neutrinos tˆem massa sugerem que deve haver uma modificac¸˜ao nesse
setor da teoria.
2.3 A Matriz CKM 7
transformac¸˜ao unit´aria:
d
s
b
=
V
ud
V
us
V
ub
V
cd
V
cs
V
cb
V
td
V
ts
V
tb
d
s
b
= V
CKM
d
s
b
. (2.1)
Portanto, os estados da interac¸ ˜ao fraca s˜ao misturas dos autoestados de massa e, por
isso, pode haver troca de fam´ılia nesse tipo de processo. Al´em disso, s´o pode ocorrer a
troca de sabor mediada por b´osons carregados. A estrutura desses processos ´e da forma
D U W
, onde D {d, s, b} e U {u, c, t}. O termo respons´avel pela interac¸˜ao entre
quarks com corrente carregada ´e dado por:
L
CC
=
g
2
(¯u ¯c
¯
t)γ
µ
V
CKM
d
s
b
W
+
µ
+ h.c. (2.2)
onde γ
µ
s˜ao as matrizes de Dirac. Esse termo da Lagrangeana mostra que cada v´ertice
de interac¸˜ao possui o acoplamento dado por um dos elementos da matriz CKM. Devido
`a forma de L
CC
, para haver violac¸˜ao da simetria CP, V
ij
= V
ij
e, portanto, ela est´a
relacionada a fases na matriz CKM. Esses processos est˜ao mostrados esquematicamente
na figura 2.1.
Uma matriz de dimens˜ao NxN tem, em princ´ıpio, N
2
parˆametros livres. No caso
tratado, temos a liberdade de escolher a fase de 2N campos de quarks. Dessa forma, o
n´umero de parˆametros independentes dessa matriz unit´aria se torna:
N
2
(2N 1) =
1
2
N(N 1)

ˆangulos de Euler
+
1
2
(N 2)(N 1)

fases complexas
.
Com isso, vˆe-se que, como a dimens˜ao da matriz representa o n´umero de fam´ılias,
para N=2 s´o haveria 1 ˆangulo livre e, portanto, n˜ao haveria violac¸˜ao de CP. J´a no caso de
3 fam´ılias de f´ermions, pode-se parametrizar a matriz com 3 ˆangulos e uma fase complexa,
que ´e a fonte da assimetria de CP no Modelo Padr˜ao.
2.3 A Matriz CKM 8
V
UD
W
D U
V
UD
W
+
¯
D
¯
U
V
UD
CP
V
UD
Figura 2.1: Processos esquem´aticos das interac¸ ˜oes com mudanc¸a de sabor para os quarks
e os anti-quarks. D {d, s, b} e U {u, c, t}. Repare que no processo onde ´e aplicado o
operador CP, V
UD
V
UD
.
Uma parametrizac¸ ˜ao bastante usual e ´util da matriz CKM ´e a de Wolfenstein [12]. Ela
consiste em uma expans˜ao at´e a terceira ordem em um parˆametro, λ = 0, 2257±0.0002
2
.
Por´em, para estudar o sistema do m´eson B
s
´e necess´ario ir at´e ordem 5 em tal parˆametro.
´
E poss´ıvel encontrar uma parametrizac¸˜ao exata em termos da expans˜ao de Wolfenstein
dada por [14]:
V
CKM
=
1
1
2
λ
2
1
8
λ
4
λ
3
(ρ )
λ(1
1
2
A
2
λ
4
(1 2(ρ + ))) 1
1
2
λ
2
1
8
λ
4
(1 + 4A
2
)
2
3
(1 ¯ρ i¯η)
2
(1
1
2
λ
2
(1 2(ρ + ))) 1
1
2
A
2
λ
4
+O(λ
6
), (2.3)
onde
¯ρ ρ
1
1
2
λ
2
, ¯η η
1
1
2
λ
2
. (2.4)
Nessa parametrizac¸˜ao vˆe-se que a fase complexa ´e caracterizada por η. Medidas di-
retas de violac¸˜ao de CP, traduzidas pelos parˆametros da matriz CKM, indicam que esse ´e
2
Esse parˆametro ´e definido a partir do ˆangulo de Cabbibo θ
C
[13], respons´avel pela mistura entre a
primeira e segunda fam´ılias em primeira aproximac¸˜ao : λ sen(θ
C
).
2.3 A Matriz CKM 9
um efeito bem pequeno no MP. Todavia, ´e poss´ıvel que haja novos acoplamentos vindos
de f´ısica al´em do Modelo Padr˜ao que tragam novas fontes de violac¸˜ao de CP.
2.3.1 Os Tri
ˆ
angulos Unit
´
arios
Por se tratar de uma matriz de mudanc¸a de base, a matriz CKM ´e unit´aria. As relac¸ ˜oes
sa´ıdas de V
CKM
V
CKM
= V
CKM
V
CKM
= 1l constituem equac¸ ˜oes para os elementos da
matriz
k
V
ki
V
kj
= δ
ij
. Os casos i=j levam `as equac¸ ˜oes de normalizac¸ ˜ao enquanto para
i = j tem-se as equac¸ ˜oes de ortogonalidade. Essas ´ultimas podem ser expressas grafica-
mente na forma de triˆangulos no plano complexo, uma vez que s˜ao a soma de 3 n´umeros
complexos igualados a zero [15]. A medida dos ˆangulos e lados dos triˆangulos ´e a forma
usual de se quantificar a violac¸ ˜ao de CP. Essa parametrizac¸ ˜ao em termos dos ˆangulos
formados por esses triˆangulos pode ser escrita como:
γ arg
V
ud
V
ub
V
cd
V
cb
, β arg
V
cd
V
cb
V
td
V
tb
,
χ arg
V
cb
V
cs
V
tb
V
ts
, χ
arg
V
us
V
ud
V
cs
V
cd
. (2.5)
A relac¸ ˜ao de unitariedade que mais interessa ao sistema do B
s
e, consequentemente, a
essa tese ´e:
V
ub
V
us
+ V
cb
V
cs
+ V
tb
V
ts
= 0. (2.6)
O triˆangulo formado no plano complexo por essa relac¸ ˜ao ´e muito achatado e, por
isso, dif´ıcil de ser enxergado se mostrado na escala correta. Por essa raz˜ao, uma vis˜ao
esquem´atica desse triˆangulo ´e mostrada na figura 2.2. Dessa figura vemos que o ˆangulo χ
´e suprimido duplamente por Cabbibo (ordem de λ).
Em termos das quantidades definidas na parametrizac¸ ˜ao da matriz CKM temos que:
χ = arg
1 λ
2
1
2
ρ iη
+ O(λ
4
)
λ
2
η. (2.7)
O ˆangulo χ pode ser medido atrav´es da assimetria de CP em canais de decaimento
do m´eson B
s
e, por ser o equivalente de β, substituindo o B
d
por B
s
, tamb´em ´e iden-
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
10
V
cs
V
cb
O(λ
2
)
V
us
V
ub
O(λ
4
)
V
ts
V
tb
O(λ
2
)
χ
Figura 2.2: Vis˜ao esquem´atica do triˆangulo no plano complexo, gerado a partir das
relac¸ ˜oes de unitariedade da matriz CKM, de onde se tira o ˆangulo χ.
tificado como β
s
. Apesar de ainda n˜ao existir uma medida direta para esse ˆangulo, seu
valor pode ser obtido, atrav´es de ajustes que levam em conta outros parˆametros medi-
dos, considerando que o Modelo Padr˜ao esteja certo. O valor t´ıpico obtido ´e de sen(2 χ)
0, 04 [16].
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
Sejam |B
s
e |
¯
B
s
os autoestados de sabor, correspondendo aos estados com os quarks de
valˆencia B
s
=
¯
bs e
¯
B
s
= b¯s. Essas part´ıculas s˜ao est´aveis sob a ac¸ ˜ao da interac¸ ˜ao forte e,
pela conservac¸˜ao de sabor, temos que B
s
|
¯
B
s
=0.
Num dado instante t=0, liga-se a interac¸˜ao fraca e os m´esons B
s
e
¯
B
s
deixam de ser
autoestados do hamiltoniano. Dessa forma, um estado pode oscilar no de outro sabor du-
rante a evoluc¸˜ao. Podemos escrever o estado de evoluc¸˜ao |ψ(t) como uma superposic¸˜ao
dos estados:
|ψ(t) = a(t)|B
s
+ b(t)|
¯
B
s
. (2.8)
Os coeficientes a(t) e b(t) satisfazem a uma equac¸˜ao do tipo Schrodinger, com um
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
11
hamiltoniano efetivo H [17]:
i
t
a(t)
b(t)
= H
a(t)
b(t)
, (2.9)
onde esse hamiltoniano efetivo ´e uma matriz 2x2.
´
E ´util separar H em duas outras ma-
trizes, que s˜ao identificadas como matrizes de massa e decaimento do sistema, que s˜ao
hermitianas.
H = M
i
2
Γ. (2.10)
A exigˆencia de que o sistema seja invariante de CPT leva `a condic¸˜ao H
11
= H
22
H
0
[17]. Dessa forma, ´e poss´ıvel obter os autovalores, e os respectivos autovetores de H,
obedecendo a:
H|B
±
= λ
±
|B
±
. (2.11)
Para isso, se escolhe uma soluc¸ ˜ao do tipo a(t) = Ae
iλt
. A resoluc¸˜ao da equac¸˜ao (2.9)
nos leva `a equac¸˜ao :
λ
2
2λH
0
(H
21
H
12
H
2
0
) = 0, (2.12)
que tem como soluc¸ ˜oes:
λ
±
= H
0
±
H
21
H
12
H
0
± H
12
q
p
, (2.13)
onde foi introduzida a quantidade q/p, dada por
q
p
e
inπ
H
21
H
12
= e
inπ
2M
12
12
2M
12
12
, (2.14)
onde n =0,1 ´e para dar o sinal da raiz quadrada. Portanto, no caso mais geral as soluc¸ ˜oes
para a(t) s˜ao combinac¸ ˜oes lineares do tipo a(t) = Ae
iλ
+
t
+ Be
iλ
t
. Al´em disso, supondo
que em t=0 foi criado um B
s
ou um
¯
B
s
, temos que |a(0)|
2
= 1, |b(0)|
2
= 0 ou |a(0)|
2
=
0, |b(0)|
2
= 1. Com essas duas hip´oteses, chega-se aos autoestados do hamiltoniano
efetivo:
|B
±
=
1
1 + |
q
p
|
|B
s
±
q
p
|
¯
B
s
, |q|
2
+ |p|
2
= 1. (2.15)
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
12
Portanto, os coeficientes a(t) e b(t) podem ser escritos em termos dos autovalores de
H. Se denotarmos por |B
s
(t) um estado criado em t=0 como um autoestado de sabor B
s
e por |
¯
B
s
(t) um criado como
¯
B
s
, temos, aplicando as condic¸ ˜oes iniciais corretamente:
|B
s
(t) =
1
2
(e
iλ
+
t
+ e
iλ
t
)|B
s
+
q
p
(e
iλ
+
t
e
iλ
t
)|
¯
B
s
=
1
2
1 +
q
p
2
e
iλ
+
t
|B
+
+ e
iλ
t
|B
,
|
¯
B
s
(t) =
1
2
(e
iλ
+
t
+ e
iλ
t
)|
¯
B
s
+
p
q
(e
iλ
+
t
e
iλ
t
)|B
s
=
p
2q
1 +
q
p
2
e
iλ
+
t
|B
+
e
iλ
t
|B
. (2.16)
Verifica-se que um autoestado de sabor pode permanecer inalterado ou oscilar para o
seu estado conjugado, ocorrendo assim a mistura dos estados. Olhando para a express˜ao
de um estado geral em termos de |B
±
, percebe-se que estes mostram uma evoluc¸˜ao ex-
ponencial, com massa e larguras de decaimento bem definidas, M
±
e Γ
±
. Definindo essas
quantidades reais:
λ
±
= H
0
±
q
p
H
12
M
±
±
/2, (2.17)
onde identifica-se:
M
±
= Re(λ
±
) = M
11
±Re
q
p
H
12
, Γ
±
= 2Im(λ
±
) = Γ
11
±Im
q
p
H
12
. (2.18)
2.4.1 A Oscilac¸
˜
ao B
s
¯
B
s
A mistura de estados B
s
¯
B
s
´e causada pelos termos fora da diagonal da matriz H. Al´em
disso, pode-se tratar a forc¸a fraca como uma perturbac¸ ˜ao no hamiltoniano respons´avel
pelos autoestados de sabor. Dessa forma, o c´alculo desses termos fora da diagonal, uti-
lizando teoria de perturbac¸ ˜ao at´e segunda ordem, leva a [18]:
M
12
= B
s
|H
w
|
¯
B
s
+
n
P
B
s
|H
w
|nn|H
w
|
¯
B
s
M
B
s
E
n
,
Γ
12
= 2π
n
δ(M
B
s
E
n
)B
s
|H
w
|nn|H
w
|
¯
B
s
, (2.19)
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
13
W
b
s
u,c,t
B
s
b
s
u,c,t
¯
B
s
W
+
u,c,t
b
s
u,c,t
B
s
b
s
WW
¯
B
s
Figura 2.3: Diagramas de caixa, que dominam as contribuic¸ ˜oes ao elemento de matriz
M
12
.
onde P ´e o valor principal, M
B
s
´e o autovalor de |B
s
e |
¯
B
s
quando aplicado o hamiltoni-
ano sem perturbac¸ ˜ao, E
n
s˜ao os autovalores de todos os autoestados |n do hamiltoniano
sem pertubac¸˜ao e H
w
representa a perturbac¸ ˜ao causada pela forc¸a fraca. A presenc¸a da
Delta de Dirac em Γ
12
significa que somente estados ısicos reais contribuem nesse termo.
Por outro lado, vˆe-se que os termos que aparecem em M
12
s˜ao virtuais e, portanto, esta-
dos intermedi´arios. Por esse motivo, Γ
12
´e dominado por decaimentos com diagramas de
Feynman no n´ıvel de ´arvore, j´a muito bem medidos e de acordo com o Modelo Padr˜ao.
Por outro lado, os diagramas de menor ordem contribuindo para M
12
s˜ao os de caixa,
exemplificados na figura 2.3. Com isso, ´e poss´ıvel que haja contribuic¸˜ao de ısica al´em
do Modelo Padr˜ao nesse termo.
O c´alculo dos diagramas de mistura apresentados acima, mostra que os termos domi-
nantes s˜ao aqueles onde h´a troca de quarks top [14]. Assim sendo, ignorando-se efeitos
de QCD, no modelo padr˜ao temos:
M
MP
12
(V
ts
V
tb
)
2
e
i(πϕ
CP
)
, (2.20)
onde ϕ
CP
´e uma fase arbitr´aria que surge ao se definir o operador CP, por causa da in-
variˆancia dos campos de quark frente a escolhas diferentes de fase: CP|B
s
= e
iϕ
CP
|
¯
B
s
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
14
e CP|
¯
B
s
= e
iϕ
CP
|B
s
. Portanto, M
12
depende da escolha da fase de CP. Separando as
contribuic¸ ˜oes desse elemento de matriz em m´odulo e fase, temos:
θ
M
arg [M
12
] = φ
s
+ π ϕ
CP
,
M
12
= e
iθ
M
|M
12
|, (2.21)
onde foi introduzida a fase observ´avel do hamiltoniano efetivo, φ
s
, que no Modelo Padr˜ao
assume a forma:
φ
MP
s
2arg [V
ts
V
tb
] 2χ. (2.22)
A aproximac¸˜ao feita leva em conta termos da matriz CKM at´e a ordem λ
5
. Como
j´a foi mencionado, no cen´ario do Modelo Padr˜ao, o valor assumido por -(2 χ) e, conse-
quentemente, φ
s
´e bem pequeno, O (-0.04) rad. Qualquer desvio desse valor seria um
claro sinal de que h´a uma ısica al´em do modelo padr˜ao atuando. Por simplicidade, a
partir daqui, vamos supor ϕ
CP
= π de maneira a identificar φ
s
como a fase do elemento
de matriz M
12
.
2.4.2 Os Autoestados de Massa
O sinal presente na equac¸˜ao (2.14) ´e fixado ao se escolher o sinal da diferenc¸a de massa
dos autoestados B
±
. Nesse caso, M
M
+
> 0. Por esse motivo faremos B
B
H
e
B
+
B
L
, onde B
H
se refere ao estado mais pesado (Heavy) e B
L
ao mais leve (Light).
De (2.15), pode-se redefinir esses estados da seguinte forma:
|B
L
= p|B
s
+ q|
¯
B
s
,
|B
H
= p|B
s
q|
¯
B
s
. (2.23)
Dessa forma, ficam definidas as relac¸ ˜oes entre as massas e larguras de decaimento
desses estados:
M
B
s
= M
11
=
M
H
+ M
L
2
, ∆M
s
= M
H
M
L
,
Γ
s
= Γ
11
=
Γ
H
+ Γ
L
2
, ∆Γ
s
= Γ
L
Γ
H
. (2.24)
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
15
A soluc¸˜ao das equac¸ ˜oes de autovalores para os estados |B
H,L
nos leva `as seguintes
relac¸ ˜oes para os coeficientes p e q:
q
p
=
∆M
s
+
i
2
∆Γ
s
2
M
12
i
2
Γ
12
=
2
M
12
i
2
Γ
12
∆M
s
+
i
2
∆Γ
s
. (2.25)
Multiplicando o numerador de um dos termos pelo denominador do outro (e vice-
versa) e igualando as partes reais e imagin´arias chega-se em:
(∆M
s
)
2
1
4
(∆Γ
s
)
2
= 4 |M
12
|
2
|Γ
12
|
2
,
∆M
s
∆Γ
s
= 4Re (M
12
Γ
12
) . (2.26)
O c´alculo de Γ
12
, atrav´es dos diagramas de decaimento em estados comuns do B
s
e
do
¯
B
s
leva a [14]:
Γ
12
M
12
O
m
b
m
t
2
1. (2.27)
Usando tamb´em que ∆M
s
∆Γ
s
chega-se a [19]:
∆M
s
= 2 |M
12
|
1 + O
Γ
12
M
12
2

,
∆Γ
s
= 2 |Γ
12
|cos
arg
M
12
Γ
12

1 + O
Γ
12
M
12
2

,
q
p
= exp [iθ
M
] + O(Im
Γ
12
M
12
, (2.28)
com θ
M
definido em (2.21).
2.4.3 O Hamiltoniano Efetivo
At´e aqui estamos tratando a interac¸˜ao como sendo apenas a atuac¸ ˜ao da forc¸a eletrofraca
sobre os quarks individualmente. Todavia, os estados iniciais e finais s˜ao compostos
hadrˆonicos e, por isso, ´e necess´ario considerar correc¸ ˜oes de QCD. Isso ´e feito atrav´es
do formalismo da Expans˜ao em Produto de Operadores (OPE) [20]. Tal formalismo ´e
bastante sutil e complexo e somente as suas principais caracter´ısticas s˜ao mencionadas
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
16
aqui, por simplicidade. Nessa expans˜ao, a descric¸ ˜ao da interac¸ ˜ao ´e feita atrav´es de um
hamiltoniano efetivo, que ´e a soma de produtos de operadores locais O
i
, que descrevem
os v´ertices entre os quarks, e coeficientes C
i
, que englobam as correc¸ ˜oes de QCD.
f|H
eff
|i =
G
F
2
Λ
CKM
i
C
i
(µ)f|O
i
(µ)|i, (2.29)
onde G
F
´e a constante de Fermi, que aparece quando se elimina os b´osons W dos opera-
dores, integrando sobre o dom´ınio de seus graus de liberdade (integrate out). Isso pode
ser feito pois M
W
´e grande, comparada `a escala de renormalizac¸ ˜ao. Al´em disso, a de-
pendˆencia nos elementos da matriz CKM ´e descrita por Λ
CKM
, C
i
(µ) s˜ao chamados co-
eficientes de Wilson e µ ´e a escala de renormalizac¸˜ao. Note que tanto os coeficientes
quanto os operadores dependem de µ, mas essas dependˆencias devem se cancelar em
H
eff
.
2.4.4 Taxas de Decaimento Dependentes do Tempo
A evoluc¸˜ao de um estado criado como B
s
ou
¯
B
s
´e dada por (2.16). Supondo que H
eff
seja
o hamiltoniano efetivo respons´avel por um decaimento
¯
B
s
f, com transic¸ ˜ao no n´ıvel
de quarks b q
1
¯q
1
q
2
, as amplitudes de transic¸˜ao desse decaimento e de seu conjugado
de CP, num instante t, ´e dada por:
A(B
s
(t) f) = f|H
eff
+ H
eff
|B
s
(t), (2.30)
A(
¯
B
s
(t) f) = f|H
eff
+ H
eff
|
¯
B
s
(t). (2.31)
Definindo as func¸ ˜oes:
g
±
(t) e
iM
B
s
t
e
Γ
s
t/2
exp
i
1
2
(∆M
B
s
+ i∆Γ
s
/2)t
± exp
i
1
2
(∆M
B
s
+ i∆Γ
s
/2)t

,
(2.32)
podemos escrever, usando a equac¸ ˜ao (2.16), que:
A(B
s
(t) f) = g
+
(t)A
f
+
q
p
g
(t)
¯
A
f
,
A(
¯
B
s
(t) f) =
p
q
g
(t)A
f
+ g
+
(t)
¯
A
f
, (2.33)
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
17
onde as amplitudes A
f
e
¯
A
f
s˜ao as densidades de probabilidade de decaimento dos au-
toestados de sabor no estado final:
A
f
= f|H
eff
|B
s
,
¯
A
f
= f|H
eff
|
¯
B
s
. (2.34)
As taxas de decaimento dependentes do tempo D[B,
¯
B
s
(t) f] s˜ao o m´odulo ao
quadrado das densidades de probabilidade A(B,
¯
B
s
(t) f). Portanto, usando (2.33) e
(2.32) e identificando as exponenciais como as func¸ ˜oes trigonom´etricas, chega-se a:
D[B
s
(t) f] = N
f
|A
f
|
2
e
Γ
s
t
2
(1 + |ξ|
2
)cosh
∆Γ
s
t
2
2Re(ξ)senh
∆Γ
s
t
2
+(1 |ξ|
2
)cos(∆M
s
t) 2Im(ξ)sen(∆M
s
t)
, (2.35)
D
¯
B
s
(t) f
= N
f
|A
f
|
2
e
Γ
s
t
2
p
q
2
(1 + |ξ|
2
)cosh
∆Γ
s
t
2
2Re(ξ)senh
∆Γ
s
t
2
(1 |ξ|
2
)cos(∆M
s
t) + 2Im(ξ)sen(∆M
s
t)
, (2.36)
onde N
f
´e um fator de normalizac¸˜ao e foi usado que ξ + ξ
= 2Re(ξ) e ξ ξ
= 2Im(ξ).
A quantidade ξ ´e definida como:
ξ
q
p
¯
A
f
A
f
. (2.37)
2.4.5 Os Tipos de Violac¸
˜
ao de CP
O caso onde o estado final ´e autoestado do operador CP ´e o caso de interesse para essa
tese. Sendo o autovalor de CP η
f
= ±1, temos que, para um autoestado de CP:
|
¯
f = CP|f = η
f
|f. (2.38)
Nesse caso, pode-se identificar a violac¸˜ao de CP quando ocorrer D[B
s
(t) f] =
D
¯
B
s
(t) f
. As express˜oes encontradas para as taxas de decaimento dependentes do
tempo imp˜oem, portanto, as condic¸ ˜oes necess´arias para ocorrer a violac¸ ˜ao de CP.
´
E poss´ıvel distinguir 3 tipos de violac¸˜ao da simetria CP no sistema dos m´esons neutros
B
s
¯
B
s
.
2.4 O Sistema B
s
¯
B
s
18
Violac¸
˜
ao de CP na mistura
Primeiramente, vemos que, se
p
q
= 1 n˜ao haver´a conservac¸˜ao de CP. Quando isso ocorre,
diz-se que h´a violac¸ ˜ao de CP na mistura. Isso, pois os autoestados de massa n˜ao seriam
ortogonais se essa condic¸˜ao fosse satisfeita, uma vez que B
H
|B
L
= |p|
2
|q|
2
. Esse
fato faz com que tais estados n˜ao sejam autoestados de CP, como pode ser visto de (2.23).
Esse tipo de violac¸ ˜ao de CP ´e bem pequena no sistema de m´esons B, como visto em
(2.28). A partir desse ponto, consideraremos nos c´alculos que
q
p
= 1.
Violac¸
˜
ao de CP no decaimento
Outra condic¸ ˜ao para ocorrer a quebra de simetria estudada ocorre quando |ξ| = 1. Supondo
que n˜ao ocorre violac¸ ˜ao na mistura de estados, pela definic¸ ˜ao de ξ, essa condic¸˜ao se traduz
em
¯
A
f
A
f
= 1. Quando esse ´e o caso, diz-se que h´a violac¸ ˜ao de CP no decaimento, j´a que
a assimetria surge diretamente da diferenc¸a nos decaimentos dos autoestados de sabor.
Esse tipo de processo ´e tamb´em chamado de violac¸˜ao direta de CP.
Violac¸
˜
ao de CP na Interfer
ˆ
encia
Por ´ultimo, se Im(ξ) = 0 vemos que tamb´em haver´a violac¸ ˜ao de CP. Esse tipo de
violac¸˜ao de CP ocorre pela interferˆencia entre as fases da mistura de estados e das ampli-
tudes de decaimento. Mesmo que n˜ao haja os outros dois tipos de assimetria, a soma das
fases de q/p e das amplitudes de decaimento A
f
pode n˜ao ser zero.
Quando o canal de decaimento for dominado por uma ´unica fase da matriz CKM, n˜ao
teremos violac¸ ˜ao de CP no decaimento e, portanto, ser´a poss´ıvel inferir diretamente a fase
de mistura B
s
¯
B
s
. Mais adiante ser´a mostrado que esse ´e o caso do B
s
φφ .
2.5 B
s
φφ 19
A assimetria de CP
Define-se a assimetria de CP A
CP
como:
A
CP
=
D[B
s
(t) f] D
¯
B
s
(t) f
D[B
s
(t) f] + D
¯
B
s
(t) f
. (2.39)
Com essa definic¸ ˜ao, veremos que correc¸ ˜oes de QCD no c´alculo das amplitudes de
decaimento se cancelam tornando a medida mais limpa. Supondo, ent˜ao, que s´o ocorre
violac¸˜ao de CP na interferˆencia:
p
q
= 1 ,
¯
A
f
A
f
= |ξ| = 1. (2.40)
O que transforma a assimetria de CP em:
A
CP
=
Im(ξ)sen (∆M
s
t)
cosh (∆Γ
s
t/2) Re(ξ)senh (∆Γ
s
t/2)
(2.41)
2.5 B
s
φφ
O decaimento B
s
φφ pode ser tratado, no formalismo mencionado na sec¸˜ao anterior,
como uma transic¸˜ao
¯
b ¯ss¯s. O diagrama de ordem mais baixa que permite essa transic¸ ˜ao
´e do tipo pinguim, como mostrado na figura 2.4.
Em princ´ıpio, esse decaimento tem a contribuic¸˜ao de lac¸os dos quarks u, c e t, mostra-
dos na figura 2.4. A amplitude de decaimento toma a forma:
A(
¯
b ¯ss¯s) = V
us
V
ub
P
u
+ V
cs
V
cb
P
c
+ V
ts
V
tb
P
t
, (2.42)
onde P
k
s˜ao as contribuic¸ ˜oes dos operadores pinguim respons´aveis pela transic¸˜ao via
quark k {u, c, t}. Usando a relac¸˜ao de unitariedade (2.6), ´e poss´ıvel eliminar uma das
fases de CKM:
A(
¯
b ¯ss¯s) = V
us
V
ub
(P
u
P
t
) + V
cs
V
cb
(P
c
P
t
). (2.43)
De acordo com a parametrizac¸ ˜ao da matriz CKM apresentada na sec¸ ˜ao 2.3, o termo
V
us
V
ub
Aλ
4
(ρ + iη) e o termo V
cs
V
cb
Aλ
2
(1 λ
2
/2). Dessa forma, vemos que
2.5 B
s
φφ 20
u,c,t
b
s
s
Z
0
, γ
W
+
s
s
B
s
φ
φ
Figura 2.4: Diagrama de ordem mais baixa, do tipo pinguim, respons´avel pelo decaimento
B
s
φφ
o primeiro termo da express˜ao (2.43) ´e duplamente suprimido por Cabbibo e, portanto, a
amplitude de decaimento ´e, numa boa aproximac¸˜ao, dominada por uma ´unica fase. Sendo
assim,
¯
A
f
A
f
1 e n˜ao h´a violac¸˜ao de CP no decaimento.
Para relacionar a assimetria de CP no canal de decaimento estudado com a express˜ao
(2.41) ´e necess´ario identificar as quantidades relacionadas a ξ. Como dito anteriormente,
a transic¸˜ao estudada ´e dominada pelo termo de fase V
cs
V
cb
. Definindo essa fase como:
ϕ
D
arg [V
cb
V
cs
] = O(λ
6
) 0, (2.44)
vˆe-se que podemos desprezar a fase de decaimento. Supondo que o operador respons´avel
pela transic¸˜ao de quarks b s¯ss seja Q, temos:
¯
A
f
= e
iϕ
D
f|Q|
¯
B
s
f|Q|
¯
B
s
, A
f
= e
iϕ
D
f|Q
|B
s
f|Q
|B
s
. (2.45)
Inserindo CP
CP = 1l depois de f| e antes de |
¯
B
s
e usando as relac¸ ˜oes Q
=
CPQCP
, f|CP
= f|η
f
e que CP|
¯
B
s
= e
iϕ
CP
|B
s
temos que:
¯
A
f
f|Q|
¯
B
s
= η
f
e
iϕ
CP
f|Q
|B
s
η
f
e
iϕ
CP
A
f
. (2.46)
2.5 B
s
φφ 21
Por outro lado, como estamos supondo que n˜ao h´a violac¸˜ao de CP na mistura, usando
as relac¸ ˜oes (2.28) e (2.21) temos que:
q
p
= e
i(φ
s
ϕ
CP
)
. (2.47)
Juntando essas ´ultimas relac¸ ˜oes, obt´em-se o valor para ξ no caso tratado:
ξ = η
f
e
s
,
Re(ξ) = η
f
cos (φ
s
) , Im(ξ) = η
f
sen (φ
s
) . (2.48)
Com esses valores, a partir de (2.35) e (2.36), temos que, para decaimentos em au-
toestados de CP com autovalor η
f
, as taxas de decaimento dependentes do tempo em
processos
¯
b ¯ss¯s s˜ao:
D[B
s
(t) f] = N
f
|A
f
|
2
e
Γ
s
t
cosh
∆Γ
s
t
2
η
f
cos(φ
s
)senh
∆Γ
s
t
2
+η
f
sen (φ
s
) sen(∆M
s
t)
, (2.49)
D
¯
B
s
(t) f
= N
f
|A
f
|
2
e
Γ
s
t
cosh
∆Γ
s
t
2
η
f
cos (φ
s
) senh
∆Γ
s
t
2
η
f
sen (φ
s
) sen(∆M
s
t)
. (2.50)
2.5.1 Efeitos de Diluic¸
˜
ao
A Identificac¸
˜
ao de Sabor
As taxas de decaimento mostradas na sec¸ ˜ao anterior representam a situac¸ ˜ao te´orica ideal.
Todavia, existem fatores que diluem a medida da violac¸˜ao de CP. Primeiramente, uma
vez que estamos tratando casos onde os produtos finais do B
s
e do
¯
B
s
s˜ao os mesmos, ´e
necess´ario identificar, por outros meios, qual m´eson decaiu. No pr´oximo cap´ıtulo, essa
identificac¸˜ao de sabor ser´a apresentada em mais detalhes. Por enquanto, basta supor que
existe uma probabilidade ω de essa resposta ser equivocada.
2.5 B
s
φφ 22
Assim sendo, as taxas observadas de decaimento (R) em um autoestado de CP, atrav´es
da transic¸˜ao
¯
b ¯ss¯s, ser˜ao:
R [B
s
(t) f] = (1 ω)D[B
s
(t) f] + ωD
¯
B
s
(t) f
,
R
¯
B
s
(t) f
= (1 ω)D
¯
B
s
(t) f
+ ωD[B
s
(t) f] , (2.51)
levando a:
R [B
s
(t) f] = N
f
|A
f
|
2
e
Γ
s
t
cosh
∆Γ
s
t
2
η
f
cos(φ
s
)senh
∆Γ
s
t
2
+D
tag
η
f
sen (φ
s
) sen(∆M
s
t)
, (2.52)
R
¯
B
s
(t) f
= N
f
|A
f
|
2
e
Γ
s
t
cosh
∆Γ
s
t
2
η
f
cos (φ
s
) senh
∆Γ
s
t
2
D
tag
η
f
sen (φ
s
) sen(∆M
s
t)
, (2.53)
onde foi introduzido o fator de diluic¸˜ao devido `a identificac¸ ˜ao de sabor D
tag
(1 2ω).
Dessa forma, vemos que, se ω = 0, 5, D
tag
= 0 e a assimetria de CP tamb´em vai a zero.
Essa situac¸˜ao ocorre quando n˜ao ´e poss´ıvel identificar o sabor do m´eson.
A Distribuic¸
˜
ao Angular
As taxas de decaimento encontradas s˜ao v´alidas para autoestados de CP, o que n˜ao ´e o
caso do B
s
φφ . Isso, pois o m´eson B
s
tem spin 0. E assim sendo, como a part´ıcula φ
´e um m´eson vetorial, por conservac¸ ˜ao de momento angular, haver´a um momento angular
l relativo entre os φs, de valor permitido l=0,1,2. Portanto, para obter o autovalor de CP
do estado final, aplica-se o operador CP:
η
f
= CP(φφ) = CP(φ)CP(φ)(1)
l
= (1)
l
. (2.54)
Sendo assim, o estado final φφ ´e uma combinac¸ ˜ao de autoestados de CP. As taxas de
decaimento dependentes do tempo, dos estados com l=0,1,2 s˜ao dadas por (2.49) e (2.50),
2.5 B
s
φφ 23
com autovalores η
f
= (1)
l
. Denotaremos por A
0
(t), A
(t) e A
(t) as amplitudes de
decaimento nos estados l=0,1 e 2, respectivamente.
A amplitude de decaimento em um estado final constitu´ıdo pelos vetores V
1
e V
2
´e
dada por [21]:
A (B
s
V
1
V
2
) =
A
0
(t)M
V
1
M
V
2
L
V
1
L
V
2
p
V
1
· p
V
2
A
(t)
T
V
1
T
V
2
2
iA
(t)
V
1
×
V
2
· ˆp
V
2
2
,
(2.55)
onde
s˜ao os vetores de polarizac¸˜ao no referencial de repouso de V
1
, as componentes
longitudinal (L) e transversal (T) se referem `a direc¸˜ao ˆp
V
2
de propagac¸˜ao de V
2
no refe-
rencial de repouso de V
1
e p
V
1
,V
2
s˜ao os quadrimomentos.
Portanto, para tratar o decaimento B
s
φφ seria necess´aria uma an´alise angular
dos produtos para se separar as contribuic¸ ˜oes dos diferentes autoestados. Entretanto, n˜ao
disp´unhamos de uma previs˜ao te´orica que relacionasse os ˆangulos entre os produtos do
B
s
com os fatores que muliplicam cada um dos termos A
0,,
na express˜ao (2.55), para
esse canal de decaimento. Assim sendo, por simplicidade, vamos supor que, assim como
no caso do B
s
Jφ [22], ´e poss´ıvel integrar sobre os graus de liberdade do sistema de
maneira a anular os termos de interferˆencia entre as amplitudes de cada um dos estados
de l, que apareceriam em D[B
s
φφ] e supor a mesma distribuic¸˜ao angular para cada
uma das amplitudes
3
.
Tomando essa hip´otese como verdadeira, ´e poss´ıvel, ent˜ao, separar as contribuic¸ ˜oes
do autoestado de l=1, que tem autovalor -1, dos demais, que contribuem com η
f
= 1.
Ter´ıamos, portanto:
D[B
s
(t) f] = N
f
|A
(t)|
2
+ |A
0
(t)|
2
+
A
(t)
2
. (2.56)
3
Na verdade, n˜ao h´a nenhuma indicac¸˜ao de que essa hip´otese seja satisfeita e ser´a necess´ario, para a
medida de violac¸˜ao de CP nesse canal de decaimento, conhecer as distribuic¸ ˜oes esperadas para fazer uma
an´alise angular completa.
2.5 B
s
φφ 24
Definindo a frac¸ ˜ao de eventos com autoestados de autovalor η
f
= 1:
R
T
|A
|
2
|A
|
2
+
A
2
+ |A
0
|
2
(2.57)
e chamando o autoestado de autovalor η
f
= 1 de f
o
e os outros dois de f
e
, temos que, a
partir de (2.49) e (2.50), a taxa de decaimento dependente do tempo ser´a dada por:
D[B
s
(t) f] (1 R
T
)D[B
s
(t) f
e
] + R
T
D[B
s
(t) f
o
] ,
D[B
s
(t) f] e
Γ
s
t
cosh
∆Γ
s
t
2
D
T
cos (φ
s
) senh
∆Γ
s
t
2
+
D
T
sen (φ
s
) sen (∆M
s
t)] . (2.58)
Assim, vemos que D
T
(1 2R
T
) atua como um fator de diluic¸˜ao na medida de φ
s
.
Vemos por essa express˜ao que, se R
T
= 0, 5, n˜ao haveria sensibilidade nenhuma na me-
dida dessa fase, da mesma forma que o ocorrido para a diluic¸˜ao causada pela identificac¸ ˜ao
de sabor. Essas taxas de decaimento dependentes do tempo ser˜ao utilizadas no cap´ıtulo 5
no estudo da sensibilidade do LHCb `a medida do parˆametro φ
s
.
Cap
´
ıtulo 3
O Experimento LHCb
3.1 O LHC
O LHCb (Large Hadron Collider Beauty experiment for precision measurements of CP
violation and rare decays) ´e um dos experimentos que est˜ao sendo montados no CERN
(European Organization for Nuclear Research), em Genebra, na Su´ıc¸a, para estudar as
colis˜oes entre pr´otons que ocorrer˜ao no LHC (Large Hadron Collider) [5]. Al´em dele,
outros 3 grandes experimentos est˜ao sendo constru´ıdos para estudar essas colis˜oes: o
ATLAS (A Toroidal LHC ApparatuS) [23, 24], o CMS (The Compact Muon Solenoid) [25,
26] e o ALICE (A Large Ion Collider Experiment) [27, 28].
O LHC consiste de dois aceleradores de pr´oton
1
, aproximadamente circulares, de 27
quilˆometros de per´ımetro, situados fisicamente no mesmo t´unel. Todavia, os pr´otons de
cada um dos aceleradores circulam em sentidos opostos, possibilitando assim que as co-
lis˜oes acontec¸am nos 4 pontos de interac¸ ˜ao, onde est˜ao sendo montados os experimentos
mencionados. O LHC fica localizado em um t´unel abaixo do solo, nas proximidades da
fronteira franco-su´ıc¸a. A localizac¸ ˜ao do LHC est´a indicada na figura 3.1 e o in´ıcio de seu
funcionamento est´a previsto para o final de 2007.
1
Para o funcionamento do ALICE haver´a tamb´em acelerac¸˜ao de ´ıons pesados, em alguns per´ıodos.
3.1 O LHC 26
Figura 3.1: Vista a´erea da regi˜ao em volta do CERN com a indicac¸˜ao da localizac¸˜ao do
LHC e de seus pr´e-aceleradores, PS (menor) e SPS (maior).
3.1.1 Alguns dados t
´
ecnicos do LHC
A energia, no centro de massa, das colis˜oes produzidas pelo LHC ser´a de
s =14 TeV.
Para atingir essa in´edita energia em um colisor, ´e utilizado um sistema de injec¸˜ao que
inclui um acelerador linear, o LINAC (LINear ACcelerator), de onde os pr´otons saem com
energia de 50 MeV, e dois pr´e-aceleradores aproximadamente circulares: O PS (Proton
Synchrotron) e o SPS (Super Proton Syncrothon) de onde as nuvens de pr´otons saem com
energia de 450 GeV, aproximadamente. S´o ent˜ao elas entram no LHC, onde cada nuvem
atinge os 7 TeV. O esquema de injec¸ ˜ao ´e mostrado na figura 3.2.
Para manter as nuvens de pr´otons circulando a esta energia de 7 TeV ´e necess´ario um
campo magn´etico muito grande. Isso ´e conseguido atrav´es de magnetos supercondutores,
que utilizam um condutor Nb-Ti colocado dentro de um criostato com He superfluido,
mantido resfriado a uma temperatura de 1,9 K. Alguns parˆametros importantes do fun-
cionamento do acelerador est˜ao listados na tabela 3.1.
A quantidade de colis˜oes pp observadas depende basicamente de duas grandezas: a
3.1 O LHC 27
Figura 3.2: Sistema de acelerac¸ ˜ao de pr´otons para atingirem a energia final de 7 TeV, no
LHC.
Parˆametro Valor
Per´ımetro 27 Km
Campo Magn´etico 8.34 T
Nuvens por feixe 2835
Pr´otons em cada nuvem 10
11
Tempo entre cruzamento de nuvens 25 ns
Frequˆencia de cruzamento 40 MHz
Raio da regi˜ao de interac¸ ˜ao 16 µm
Tabela 3.1: Alguns parˆametros importantes para o funciomanento do LHC
3.1 O LHC 28
sec¸˜ao de choque dos pr´otons σ
pp
e da luminosidade L, que ´e definida como a quantidade
de colis˜oes por unidade de ´area, por unidade de tempo. O LHC foi projetado para atingir
uma luminosidade de L = 10
34
cm
2
s
1
. Por´em, nos 2 primeiros anos o acelerador deve
funcionar com uma luminosidade abaixo do valor m´aximo [29]. Nesse regime inicial de
baixa luminosidade, ´e esperado um funcionamento a L = 10
33
cm
2
s
1
. O n´umero m´edio
de interac¸ ˜oes por cruzamento de nuvens, calculado pela distribuic¸˜ao de Poisson, ´e dado
por:
n
pp
=
σ
pp
L
ν
cz
(3.1)
Onde ν
cz
´e a frequˆencia de cruzamento de nuvens. Quando os valores m´aximos forem
atingidos (ν
cz
= 40MHz e L = 10
34
cm
2
s
1
) espera-se uma m´edia de 25 colis˜oes por
cruzamento de nuvens.
3.1.2 Os Grandes Experimentos
Como dito no in´ıcio do cap´ıtulo, 4 grandes experimentos est˜ao sendo montados para medir
os resultados das colis˜oes acontecidas no LHC. O ATLAS e o CMS s˜ao experimentos
de prop´osito geral, que pretendem usar o grande potencial de descoberta de colisores
de h´adrons a alta energia. Tais projetos tˆem como principais objetivos as procuras pelo
b´oson de Higgs (tanto no cen´ario do Modelo Padr˜ao como em extens˜oes) e de part´ıculas
supersim´etricas. Vale ressaltar que o Higgs ´e a ´unica part´ıcula fundamental, prevista pelo
Modelo Padr˜ao, ainda n˜ao detectada.
Por sua vez, o ALICE e o LHCb s˜ao experimentos com objetivos espec´ıficos. O
ALICE ser´a o ´unico dos experimentos dedicado a colis˜oes de ´ıons pesados, visando es-
tudar a poss´ıvel formac¸ ˜ao do plasma de quarks e gl´uons, assim como suas propriedades.
O LHCb por sua vez, tem o objetivo de estudar decaimentos de h´adrons formados com o
quark b (ou
¯
b) para fazer medidas precisas de violac¸˜ao de CP e estudar canais de decai-
mentos raros. Uma vez que o trabalho dessa tese se baseia no LHCb, ele ser´a explicado
3.2 O LHCb 29
Figura 3.3: Localizac¸ ˜ao de cada um dos experimentos na circunferˆencia do acelerador
LHC.
mais detalhadamente a partir da pr´oxima sec¸ ˜ao.
A disposic¸˜ao dos experimentos ao longo do caminho do LHC est´a mostrada na figura 3.3.
3.2 O LHCb
3.2.1 A Luminosidade no LHCb
Tendo o objetivo de fazer estudos precisos de violac¸˜ao de CP, ´e muito importante para o
LHCb identificar corretamente os v´ertices prim´arios (VPs) e de decaimento dos h´adrons
estudados. Quanto maior a quantidade de colis˜oes pp num mesmo evento, mais dif´ıcil se
torna essa identificac¸˜ao. Portanto, o n´umero m´edio de interac¸ ˜oes citado anteriormente, na
luminosidade m´axima do LHC (da ordem de 25), est´a longe de ser ideal para esse tipo
de experimento. Por essa raz˜ao, o LHCb optou por um funcionamento com luminosidade
mais baixa, atrav´es da desfocalizac¸˜ao do feixe perto do ponto de interac¸˜ao.
A luminosidade de operac¸˜ao do experimento foi escolhida de maneira a ter uma maior
3.2 O LHCb 30
Figura 3.4: Probabilidade de haver n
pp
= 0, 1, 2, 3 e 4 interac¸ ˜oes inel´asticas pp por
cruzamento de nuvens como func¸˜ao da luminosidade.
probabilidade de s´o haver uma interac¸˜ao inel´astica pp por cruzamento de nuvens. A
probabilidade de haver n
pp
interac¸ ˜oes inel´asticas por cruzamento, dada pela distribuic¸˜ao
de Poisson com uma m´edia de interac¸ ˜oes dada por (3.1), ´e:
P (n
pp
, n
pp
) =
n
pp
n
pp
n
pp
!
e
−n
pp
(3.2)
A probabilidade de se ter n
pp
=0, 1, 2, 3 e 4 est´a mostrada, em func¸˜ao da luminosidade,
na figura 3.4. Essa figura mostra o porquˆe do valor de operac¸ ˜ao escolhido ser de L = 2 ×
10
32
cm
2
s
1
. Apesar dessa escolha, os detectores que formam o LHCb s˜ao desenhados
para trabalhar com um valor m´aximo de L = 5 ×10
32
cm
2
s
1
. Isso permitir´a, no futuro,
a operac¸ ˜ao em cen´arios de maior luminosidade.
3.2 O LHCb 31
3.2.2 A Produc¸
˜
ao de Pares b
¯
b
Como o objetivo do LHCb ´e estudar h´adrons com os quarks b e
¯
b, ´e preciso primeiro saber
como eles s˜ao produzidos. A sec¸ ˜ao de choque de produc¸˜ao de pares b
¯
b (σ
b
¯
b
) na colis˜ao de
pr´otons n˜ao ´e conhecida na energia de
s = 14TeV e tem que ser extrapolada a partir das
energias conhecidas. Entretanto, esse c´alculo possui grande incerteza te´orica, podendo
assumir valores entre 175 e 950 µb [30]. Utilizando o gerador de eventos PYTHIA [31],
nas condic¸ ˜oes de funcionamento do LHCb obt´em-se o valor de σ
b
¯
b
=627 µb [32]. Esse
ser´a o valor utilizado a partir desse ponto para obter as quantidades de eventos tanto de
sinal quanto de ru´ıdo esperadas. Isso faz com que a produc¸˜ao de pares no experimento
deva ser da ordem de 10
12
por ano, nas condic¸ ˜oes ideais de funcionamento do LHC.
Existe uma grande correlac¸ ˜ao entre os quarks b e
¯
b produzidos no LHC. Em particular,
eles ser˜ao produzidos em ˆangulos pequenos em relac¸ ˜ao ao eixo de propagac¸ ˜ao dos feixes
de pr´otons [4]. A distribuic¸˜ao do ˆangulo que cada um dos quarks faz com esse eixo est´a
mostrada na figura 3.5. Nesse gr´afico, pode-se ver que os quarks, al´em dos pequenos
ˆangulos, s˜ao sempre produzidos na mesma direc¸˜ao. Por esse motivo o LHCb possui
uma geometria que procura cobrir apenas essa regi˜ao, com uma cobertura de ±300 mrad
na horizontal e ±250 mrad na vertical. Isso faz com que ele tenha um formato muito
parecido com experimentos de alvo fixo, em oposic¸˜ao ao formato de barril, que ´e habitual
para experimentos com colis˜oes de feixes. Uma vis˜ao lateral do LHCb pode ser vista na
figura 3.6.
Desde a proposic¸˜ao do experimento, em 1997, muitos estudos de simulac¸ ˜oes foram
feitos, causando grande mudanc¸as no projeto original. Por esse motivo, foi publicado o
TDR (Technical Design Report) de Reotimizac¸˜ao do LHCb [33], que agrupou todas as
mudanc¸as ocorridas at´e ent˜ao, al´em de conter estudos mais detalhados sobre o desem-
penho nas medidas pretendidas. A descric¸ ˜ao do experimento que ser´a feita na sec¸˜ao a
seguir se baseia bastante nesse TDR.
3.2 O LHCb 32
0
1
2
3
1
2
3
θ
b
[rad]
θ
b
[rad]
Figura 3.5:
ˆ
Angulo de produc¸˜ao do b (θ
b
) e do
¯
b (θ
¯
b
) nas formac¸ ˜oes de pares depois das
colis˜oes pr´oton-pr´oton do LHC.
Figura 3.6: Vis˜ao lateral do LHCb ao longo da direc¸˜ao dos feixes de pr´otons [33]. As
interac¸ ˜oes ocorrer˜ao dentro do Vertex Locator.
3.2 O LHCb 33
3.2.3 Caracter
´
ısticas b
´
asicas do LHCb
A regi˜ao coberta pelo LHCb pode tamb´em ser expressa em termos da pseudo-rapidez,
definida como η = ln tan
θ
2
(onde θ ´e o ˆangulo com o eixo z, definido pela direc¸˜ao dos
feixes). A cobertura ´e de 1,9 < η < 4,9. A partir da definic¸ ˜ao do eixo z, que cresce do
ponto de interac¸˜ao para o resto do detector, escolheu-se o eixo y apontando para cima e
o eixo x na horizontal. Com essa escolha de eixos, as dimens˜oes do experimento s˜ao de
aproximadamente x=6 m, y=5 m e z=20 m.
O detector LHCb ´e composto de v´arios subdetectores e o magneto (como j´a visto na
figura 3.6). Esses subsistemas s˜ao:
O Localizador de V´ertices (VELO);
Dois contadores do tipo Cherenkov (RICH1 e RICH2);
Detector de Trac¸os para o Trigger (TT);
O Magneto;
As estac¸ ˜oes de Trac¸os (T1, T2 e T3);
Detector de Placa Cintiladora e Pr´e-Chuveiro (SPD/PS);
O Calor´ımetro Eletromagn´etico (ECAL);
O Calor´ımetro Hadrˆonico (HCAL).
As estac¸ ˜oes de M´uon (M1, M2, M3, M4 e M5);
Esses subsistemas f´ısicos ser˜ao descritos concisamente a partir da pr´oxima subsec¸ ˜ao.
Al´em destes, pode-se destacar o sistema de trigger, que visa determinar rapidamente se
um evento ocorrido ´e de interesse ou n˜ao, e o SIS-Sistema de Identificac¸˜ao de Sabor (B
Tagging), que procura identificar se um m´eson neutro foi produzido como um B
d,s
ou
como um
¯
B
d,s
. Tais sistemas tamb´em ser˜ao descritos a seguir.
3.2 O LHCb 34
Figura 3.7: Desenho esquem´atico das bobinas do magneto [34].
3.2.4 O Magneto
O objetivo de criar um campo magn´etico no experimento ´e causar uma curvatura nas
part´ıculas carregadas e, assim, identificar suas cargas e medir o momento linear das mes-
mas, atrav´es da curvatura descrita por elas. O LHCb vai funcionar com um dipolo [34],
mostrado na figura 3.7, localizado pr´oximo `a regi˜ao de interac¸˜ao e cuja abertura define
a cobertura geom´etrica do experimento j´a citada. A componente principal do campo
magn´etico estar´a na direc¸ ˜ao y, fazendo com que a curvatura das part´ıculas seja basica-
mente no plano x-z. Tal fato explica o porquˆe da maior cobertura horizontal do que
vertical.
O poder de curvatura do magneto, caracterizado pela integrac¸ ˜ao do campo magn´etico,
ser´a de
Bdl 4Tm. Com esse valor pode-se atingir, por exemplo, uma precis˜ao de
δp/p 0.4% na medida do momento de part´ıculas carregadas com p 40GeV/c. Outro
ponto importante ´e que, para o estudo de poss´ıveis efeitos sistem´aticos induzidos por
alguma assimetria no detector, a polaridade do magneto poder´a ser invertida.
3.2 O LHCb 35
3.2.5 O Localizador de V
´
ertices (VELO)
O subdetector localizado mais pr´oximo do ponto de interac¸ ˜ao ´e o VELO (Vertex Loca-
tor) [35]. O objetivo principal do VELO ´e permitir a determinac¸˜ao precisa das posic¸ ˜oes
dos v´ertices, tanto prim´arios quanto os secund´arios, de decaimento. Para tanto ´e necess´ario
fazer medidas precisas das posic¸ ˜oes das part´ıculas carregadas pr´oximas ao ponto de intera-
c¸˜ao.
O VELO consiste de v´arias camadas de sensores de sil´ıcio. Os sensores s˜ao semicir-
culares, cobrindo um ˆangulo azimutal um pouco maior de 180 graus cada um. Para obter
a maior proximidade poss´ıvel do ponto de interac¸˜ao e, consequentemente, dos v´ertices
prim´arios, esses sensores s˜ao colocados no v´acuo, em 21 m´odulos retr´ateis. Dessa forma
eles se aproximam do eixo z quando as colis˜oes v˜ao ocorrer e se afastam quando isso n˜ao
acontece para evitar dano pelos feixes do LHC, que operar˜ao desfocalizados quando n˜ao
estiverem ocorrendo colis˜oes. O fato de a luminosidade de operac¸ ˜ao do LHCb ser menor
do que a m´axima do LHC permite uma maior aproximac¸ ˜ao do ponto de interac¸˜ao.
Outra func¸˜ao do VELO ´e ajudar o trigger a decidir se o evento ´e ou n˜ao de interesse.
Como ser´a visto na subsec¸˜ao que detalha o trigger, uma das caracter´ısticas dos decaimen-
tos de compostos com quark b (ou
¯
b) ´e o alto momento transverso (P
T
) dos produtos. Por
esse motivo e pelo fato, j´a mostrado na figura 3.5, de os quarks b
¯
b terem seu momento
quase todo na direc¸˜ao z, foram escolhidos sensores semicirculares, colocados perpendicu-
larmente ao eixo dos feixes, com microtiras de sil´ıcio colocadas na direc¸˜ao r, ou na direc¸˜ao
ϕ. Onde r e ϕ definem, juntamente com z, coordenadas cil´ındricas. Com essa escolha,
medindo o momento linear dado pelas tiras posicionadas radialmente tem-se diretamente
o P
T
2
. Cada um dos 21 m´odulos possui dois sensores, um do tipo r e outro do tipo ϕ.
Um sensor do tipo r ´e mostrado, junto com os chips que fazem a leitura, na figura 3.8. Os
sensores possuem espessura de aproximadamente 300 µm e s˜ao semicondutores do tipo
2
Sempre que for mencionado o momento transverso (P
T
) nessa tese, estarei me referindo `a componente
r do momento linear.
3.2 O LHCb 36
Figura 3.8: Foto de um sensor do tipo r junto com a eletrˆonica que faz a leitura dos sinais.
n, em substrato tamb´em do tipo n (n-em-n).
Al´em disso, o VELO possui alguns sensores colocados na regi˜ao z < 0, sendo assim
o ´unico subsistema do LHCb que faz medidas nessa regi˜ao. Apesar de decaimentos dos
m´esons de interesse indo nessa direc¸ ˜ao n˜ao poderem ser reconstru´ıdos pelo experimento,
isso serve para aumentar a precis˜ao na medida das posic¸ ˜oes dos v´ertices prim´arios. Exis-
tem tamb´em 2 sensores r nessa regi˜ao dedicados a medir somente a multiplicidade de
trac¸os, informac¸˜ao usada pelo trigger para testar a sobreposic¸ ˜ao de trac¸os.
3.2.6 Os Contadores Cherenkov (RICH)
Uma das tarefas fundamentais para a medida de sabor dos m´esons de interesse no LHCb
´e a identificac¸ ˜ao de part´ıculas. Al´em disso, essa identificac¸ ˜ao ´e muito importante para
diferenciar alguns canais de decaimento com topologias parecidas. Esse ´e o objetivo dos
dois RICH (Ring Imaging Cherenkov Detectors) [36]: RICH1 e RICH2.
Os subdetectores RICH, como o pr´oprio nome sugere, fazem uso do efeito Cheren-
kov [37]. Tal efeito consiste na radiac¸ ˜ao emitida por part´ıculas se propagando com ve-
locidade maior do que a da luz em um dado meio. A medida do ˆangulo entre a direc¸ ˜oes de
3.2 O LHCb 37
emiss˜ao da luz Cherenkov e de propagac¸ ˜ao permite determinar a velocidade da part´ıcula.
Supondo o momento e o ´ındice de refrac¸ ˜ao do meio conhecidos, ´e poss´ıvel determinar a
massa e, assim, identificar a part´ıcula.
O motivo de haver 2 detectores distintos com uma func¸ ˜ao parecida ´e cobrir com maior
eficiˆencia faixas de momento linear diferentes. O RICH1 fica localizado logo ap´os o
VELO, antes do magneto, e por isso servir´a para fazer a identificac¸˜ao de part´ıculas de
menor P, com at´e 60 GeV/c. J´a o RICH2 fica localizado entre as estac¸ ˜oes de trac¸o
e a primeira estac¸˜ao de m´uon (M1). Esse subdetector ´e mais eficiente para identificar
part´ıculas com momentos maiores, de at´e 150 GeV/c.
RICH1
O RICH1 usa dois meios diferentes. Primeiro est´a localizado um pequeno radiador de
aerogel de s´ılica, de 5 cm de espessura. O aerogel utilizado tem um ´ındice de refrac¸ ˜ao de
n = 1, 03 e serve para distinguir k´aons de pions com P de at´e 10 GeV/c. Depois dessa
pequena camada de aerogel vem um radiador com 85 cm de espessura com um g´as C
4
F
10
,
de ´ındice de refrac¸ ˜ao n = 1, 0014. Essa parte de g´as ´e mais eficiente em identificar as
part´ıculas com 10GeV/c < P < 60GeV/c.
O RICH1 possui um abrigo de ferro que cobre todo o detector para minimizar o
resqu´ıcio de campo magn´etico presente nessa regi˜ao. A luz Cherenkov emitida no RICH1
´e refletida por espelhos esf´ericos e depois sofre uma segunda reflex˜ao em espelhos planos,
localizados fora da cobertura angular do detector. A radiac¸˜ao Cherenkov forma ent˜ao
an´eis que ser˜ao lidos por detectores de f´otons, os HPDs (Hybrid Photon Detector). Uma
vis˜ao esquem´atica do RICH1 ´e mostrada na figura 3.9.
RICH2
O RICH 2 visa identificar part´ıculas de momento linear maior. Por esse motivo vai utilizar
como meio radiador um g´as CF
4
com ´ındice de refrac¸ ˜ao n = 1.0005 e tem espessura de
3.2 O LHCb 38
250 mrad
Track
Beam pipe
Photon
Detectors
Aerogel
VELO exit window
Spherical
Mirror
Plane
Mirror
C
4
F
10
0 100 200 z (cm)
Figura 3.9: Vis˜ao esquem´atica do RICH1, junto com uma indicac¸˜ao do caminho dos
f´otons emitidos at´e serem lidos.
1,67 m. Ele possui uma cobertura angular menor que o resto do experimento (aproxima-
damente de 15 a 100 mrad), j´a que part´ıculas com maior P tendem a ser produzidas em
ˆangulos menores. Ele possui um esquema de reflex˜ao e detec¸ ˜ao de f´otons parecido com o
RICH1.
3.2.7 Estac¸
˜
oes para Reconstruc¸
˜
ao de Trajet
´
oria
As estac¸ ˜oes dedicadas a determinar a trajet´oria e medir o momento das part´ıculas car-
regadas s˜ao 5 e podem ser divididas em 2 tipos: 2 s˜ao chamadas de TT (Trigger Tracker)
e ficar˜ao localizadas logo ap´os o RICH1 e 3 s˜ao localizadas logo ap´os o magneto. S˜ao
chamadas simplesmente de estac¸ ˜oes de Trac¸o (T1, T2 e T3).
3.2 O LHCb 39
Estac¸
˜
oes de Trac¸o para o Trigger (TT)
As TTs (Trigger Trackers) [33] estar˜ao localizadas logo ap´os o RICH1 e logo antes
do magneto. Por esse motivo, nessa regi˜ao existe um resqu´ıcio de campo magn´etico
(
Bdl 0.15Tm) que gera curvatura nas part´ıculas carregadas e possibilita, com isso, a
medida do momento das mesmas. Por exemplo, para part´ıculas com P de alguns GeV/c,
uma deflex˜ao de alguns mil´ımetros permite a medida de P com uma precis˜ao de 10-40 %
sem a necessidade de utilizar as demais estac¸ ˜oes de trac¸o.
As TT s˜ao usadas primeiramente para atribuir momento aos trac¸os reconstru´ıdos em
est´agios do trigger, nos quais n˜ao ´e poss´ıvel utilizar toda a informac¸˜ao medida pelo LHCb,
pela necessidade de uma r´apida resposta. As TTs s˜ao tamb´em usadas para estimar o
momento de trac¸os com baixo P, que n˜ao atingem as estac¸ ˜oes T devido ao desvio sofrido
ao passar pelo magneto. Al´em disso, elas possibilitam a reconstruc¸˜ao dos produtos de
compostos neutros que s´o decaem depois do VELO.
As TTs s˜ao duas estac¸ ˜oes , TTa e TTb, com duas camadas de tiras de sil´ıcio cada uma,
separadas por 27 cm. TTa possui 420 e TTb 476 sensores, com 183 µm de espessura cada
um, representando uma ´area total de leitura de 8,3 m
2
. A cobertura angular das TTs
´e limitada para pequenos ˆangulos em relac¸ ˜ao ao eixo z pelo tubo do feixe, que tem um
buraco quadrado de lado 7,7 cm em TTa e 8 cm em TTb. Uma vis˜ao esquem´atica de
uma camada de TTa e outra de TTb ´e mostrada na figura 3.10.
Estac¸
˜
oes de Trac¸o (T1, T2 e T3)
O objetivo das estac¸ ˜oes T (Tracking Stations) ´e fornecer a base dos trac¸os longos
3
. Essa
base vai ser usada para a procura de locais onde pode haver an´eis criados nos RICHs. O
mesmo ser´a feito para buscar poss´ıveis sinais nos calor´ımetros e nas cˆamaras de m´uon.
Essa informac¸˜ao das Ts ser´a complementada por outros subdetectores para completar
esses trac¸os criados nas Ts.
3
No LHCb trac¸os longos s˜ao aqueles que deixam rastro desde o VELO at´e as estac¸ ˜oes T.
3.2 O LHCb 40
120
.
8
15
.
15
117
.
1
143
.
7
7
.
7
131
.
8
15
.
15
159
.
1
139
.
6
8
.
0
Figura 3.10: Vis˜ao esquem´atica da primeira camada de TTa e da segunda de TTb, respec-
tivamente.
A densidade de part´ıculas carregadas esperada diminui quando nos afastamos da direc¸ ˜ao
dos feixes. Por esse motivo, as Ts s˜ao divididas em duas partes. Na regi˜ao mais pr´oxima
ao eixo z, fica a IT (Inner Tracker) [38] e na regi˜ao mais afastada fica a OT (Outer
Tracker) [39] que tem uma granularidade menor que a IT.
Por ficar na parte com maior quantidade de trac¸os, as ITs utilizar˜ao microtiras de
sil´ıcio. Esses sensores ficar˜ao dispostos em quatro camadas, numa organizac¸˜ao em for-
mato de cruz, parecida com a regi˜ao central das TTs. Cada IT cobrir´a uma ´area de, apro-
ximadamente, 40 cm na vertical e 120 cm na horizontal. A cobertura maior na horizontal
se deve ao fato de o campo magn´etico estar praticamente todo na direc¸ ˜ao y, espalhando
as part´ıculas que sofrem sua ac¸ ˜ao no plano x-z.
Por fora das ITs, as OTs ficam numa regi˜ao com menos trac¸os carregados e, por isso,
utilizar˜ao cˆamaras de g´as. A detecc¸˜ao ser´a feita em tubos cheios de uma composic¸˜ao de
75 % de Ar, 15 % CF
4
, 10 % CO
2
. Essa mistura foi escolhida para obter um tempo total
de recolhimento de sinal menor do que 50 ns (o que corresponde a 2 vezes o tempo entre
cruzamento de nuvens no LHC). Uma vis˜ao esquem´atica da regi˜ao coberta tanto pela IT
quanto pela OT est´a mostrada na figura 3.11.
3.2 O LHCb 41
Figura 3.11: Vis˜ao esquem´atica mais detalhada de uma das ITs `a esquerda e de todas as
estac¸ ˜oes de trac¸o `a direita, junto o tubo dos feixes do LHC. Na ´ultima vemos primeira-
mente as 2 TTs e depois as ITs mais pr´oximas ao feixe (na cor mais escura) e, mais
asfastadas, as OTs.
3.2.8 Calor
´
ımetros
A func¸˜ao principal dos calor´ımetros [40] no LHCb ´e fazer parar quase todas as part´ıculas
(excetuando-se os m´uons e neutrinos), medindo suas energias e posic¸ ˜oes. Est˜ao locali-
zados entre a primeira e a segunda cˆamaras de m´uon. As part´ıculas geram chuveiros e
v˜ao perdendo energia, at´e serem absorvidas. Esses chuveiros s˜ao detectados e seu sinal
agrupado em c´elulas nos calor´ımetros. Eles tamb´em servem para identificar el´etrons e
reconstruir part´ıculas neutras que ainda n˜ao tenham deca´ıdo (γ, π
0
). S˜ao ainda utilizados
no primeiro n´ıvel do trigger para identificar objetos com alta energia.
Para atuar eficientemente em todos os tipos de part´ıcula os calor´ımetros s˜ao 4. Temos,
por ordem crescente de distˆancia ao ponto de interac¸˜ao: o Detector de Placas Cintiladoras
(SPD), o Pr´e-Chuveiro (PS), o Calor´ımetro Eletromagn´etico (ECAL) e o Calor´ımetro
Hadrˆonico (HCAL).
3.2 O LHCb 42
SPD e PS
O SPD (Scintilating Pad Detector) identifica part´ıculas carregadas antes de ocorrerem
os chuveiros de part´ıculas neutras, caracter´ısticos dos calor´ımetros. Serve para ajudar a
distinguir entre el´etrons e f´otons.
´
E feito de placas cintiladoras de 15 mm de espessura e
a luz que foi emitida nelas ´e direcionada `a fotomultiplicadoras, por meio de fibras ´oticas.
O PS (Pre-Shower) funciona de maneira parecida, por´em entre o SPD e ele existe
uma parede de 12 mm de chumbo que inicia um chuveiro eletromagn´etico. Serve para
distinguir entre el´etrons e h´adrons.
ECAL
O ECAL (Electromagnetic Calorimeter) usa m´odulos do tipo Shashlik, alternando placas
cintiladoras de 4 mm de espessura e paredes de chumbo de 2 mm. A estrutura do ECAL ´e
parecida com a do SPD/PS. O ECAL detecta f´otons e el´etrons e possui uma resoluc¸ ˜ao de
energia de
σ(E)
E
=
10%
E
1, 5%, onde o primeiro termo representa a incerteza estat´ıstica
nos chuveiros e o segundo traduz efeitos sistem´aticos no calor´ımetro. Os termos devem
ser adicionados quadraticamente.
HCAL
O HCAL (Hadronic Calorimeter), al´em de medir a energia, identifica h´adrons.
´
E com-
posto por telhas de 16 mm de ferro com 4 mm de placas cintiladoras, colocadas paralela-
mente `a direc¸ ˜ao dos feixes. A resoluc¸˜ao de energia esperada ´e de
σ(E)
E
=
80%
E
10%.
Tanto o ECAL quanto o HCAL possuem uma segmentac¸ ˜ao de c´elulas menor mais
pr´oximo ao tubo do feixe pelo fato, j´a mencionado anteriormente, de haver uma maior
concentrac¸ ˜ao de part´ıculas carregadas mais pr´oximas a essa regi˜ao. A segmentac¸ ˜ao desses
dois calor´ımetros ´e mostrada na figura 3.12.
3.2 O LHCb 43
Outer section :
Inner section :
262.6 mm cells
608 channels
131.3 mm cells
860 channels
Figura 3.12: Vis˜ao esquem´atica da segmentac¸ ˜ao das c´elulas no ECAL, `a esquerda e no
HCAL, `a direita, em um dos quadrantes dos calor´ımetros. O quadro ao lado de cada figura
apresenta o tamanho das c´elulas (cells) e a quantidade de canais de leitura em cada regi˜ao.
3.2.9 As C
ˆ
amaras de M
´
uon (M1, M2, M3, M4 e M5)
Das part´ıculas que interagem com o detector, os m´uons s˜ao as que possuem maior poder
de penetrac¸˜ao. Por isso, as cˆamaras de M´uon [41, 42, 43] s˜ao situadas no final da cadeia
de detectores, excetuando-se M1 que fica antes dos calor´ımetros. O sistema de m´uons
´e constitu´ıdo por 5 estac¸ ˜oes de trac¸o e, de M2 a M5 h´a paredes de 80 cm de ac¸o entre
as cˆamaras para evitar a penetrac¸ ˜ao de outras part´ıculas que n˜ao sejam m´uons. O LHCb
depende muito do sistema de m´uons para o funcionamento do trigger, para o qual deve
fornecer rapidamente informac¸ ˜ao sobre o momento transverso dos m´uons que l´a deixam
rastro.
O sistema de m´uons tamb´em serve de base para a identificac¸˜ao de µ no LHCb. As
exigˆencias nessa identificac¸˜ao s˜ao bastante severas: um ınimo de 90 % de eficiˆencia e
uma identificac¸ ˜ao errada de no m´aximo 1,5 %. Para a reconstruc¸˜ao dos m´uons, os trac¸os
iniciados nas estac¸ ˜oes T s˜ao extrapolados at´e as M.
Na parte mais interna de M1 haver´a uma incidˆencia muito maior de part´ıculas do que
na camada externa e nas outras cˆamaras, j´a que ela est´a localizada antes dos calor´ımetros
e por essa regi˜ao ser pr´oxima ao eixo z. Por esse motivo, nessa regi˜ao ser˜ao usados
detectores do tipo multiplicadores de el´etrons gasosos, ou GEM (Gaseous Electron Mul-
tiplier) [44]. Um detector desse tipo consiste em uma fina folha de metal perfurada com
3.2 O LHCb 44
Figura 3.13: A divis˜ao das 4 regi˜oes, com diferentes granularidades, de um dos quadrantes
de M2, com a indicac¸ ˜ao dos canais l´ogicos onde os sinais s˜ao lidos.
uma alta densidade de furos. Aplicando uma alta diferenc¸a de potencial nas diferentes
GEMs, forma-se campo el´etrico dentro dos buracos. Dessa forma, el´etrons produzidos na
ionizac¸˜ao do g´as s˜ao multiplicados e recolhidos nos buracos. No LHCb, ser˜ao usadas 3
GEMs em M1.
A regi˜ao mais externa de M1 e as demais cˆamaras ser˜ao Cˆamaras Proporcionais Multi-
Filares, ou MWPC (Multi-Wire Proportional Chambers). A espessura das cˆamaras ser´a
de 40 cm e estar˜ao divididas em 4 regi˜oes de granularidade diferentes (R1, R2, R3 e R4).
A leitura dos sinais em diversas placas ser´a feita em conjunto, criando um canal l´ogico.
A granularidade de uma das cˆamaras e a indicac¸˜ao dos canais l´ogicos em cada uma das
regi˜oes est´a mostrada na figura 3.13.
3.2 O LHCb 45
3.2.10 O Sistema de Trigger
A frequˆencia das interac¸ ˜oes entre as nuvens de pr´otons que gerar˜ao produtos vis´ıveis
no LHCb ser´a de aproximadamente 16 MHz. Por´em, as ferramentas computacionais s´o
permitir˜ao o registro de eventos a uma taxa de aproximadamente 2 MHz.
Somente jogar fora aleatoriamente a quantidade de eventos que ultrapasse essa taxa
seria um grande desperd´ıcio, uma vez que apenas uma pequena frac¸ ˜ao dessas colis˜oes
produzir´a eventos de interesse para o experimento. Isso ocorre j´a que a probabilidade de
produc¸˜ao de pares b
¯
b em colis˜oes de pr´otons a essa energia ´e, apesar de nunca ter sido
medida, estimada em P(pp b
¯
b) 6, 3 × 10
3
. Desses pares formados, somente em
49 % dos casos um dos h´adrons interessantes para as medidas desejadas ser´a formado.
Ainda assim, apenas uma frac¸ ˜ao muito pequena dos h´adrons com quark b decair˜ao em
algum canal onde se possa medir violac¸˜ao de CP ou gerar˜ao um decaimento raro. E
mesmo sendo um decaimento desejado pode n˜ao ser poss´ıvel reconstru´ı-lo.
A func¸˜ao do sistema de trigger [45] ´e decidir, de maneira r´apida, se o evento ocorrido
deve ser gravado ou rejeitado. Com isso, espera-se que somente os dados provenientes
de canais interessantes que possam ser reconstru´ıdos sejam gravados, n˜ao se perdendo,
assim, capacidade de armazenamento com eventos in´uteis. O trigger ´e, portanto, um dos
sistemas mais importantes do LHCb.
O trigger usa a assinatura ıpica de eventos com pares b
¯
b para fazer a selec¸ ˜ao dos even-
tos. Essas caracter´ısticas principais s˜ao: produtos com alto P
T
, pelo fato dos m´esons com
esses quarks serem pesados, e com alto parˆametro de impacto (I
P
) em relac¸ ˜ao ao v´ertice
de criac¸ ˜ao do par
4
, uma vez que os m´esons estudados possuem um tempo m´edio de vida
alto
5
. O trigger ´e divido em 3 n´ıveis: N´ıvel-0 (L0), N´ıvel-1 (L1) e Trigger de Alto N´ıvel
(HLT)
6
. Eles funcionam de maneira sequencial, s´o sendo analisados pelo ıvel seguinte
4
Sempre que for mencionado o parˆametro de impacto de uma part´ıcula em relac¸˜ao a um v´ertice, estarei
me referindo `a menor distˆancia entre a extrapolac¸˜ao do trac¸o dela e um v´ertice.
5
Nesses casos, alto se comparado aos demais eventos esperados no LHCb.
6
Est´a havendo uma mudanc¸a nos ıveis do trigger que integra L1 e HLT, por´em aqui ´e apresentada
3.2 O LHCb 46
N´ıvel Entrada Sa´ıda
L0 16 MHz 1 MHz
L1 1 MHz 40 kHz
HLT 40 kHz 2 kHz
Tabela 3.2: Frequˆencia de entrada e sa´ıda de cada um dos n´ıveis do trigger
os eventos que foram aceitos pelo anterior. A taxa de reduc¸ ˜ao da frequˆencia de eventos
em cada um dos n´ıveis est´a especificada na tabela 3.2. Dessa forma, a complexidade e a
quantidade de informac¸˜ao utilizada por cada um dos n´ıveis vai crescendo.
O N
´
ıvel-0
O L0 (Level-0) ´e o primeiro n´ıvel do trigger e ´e respons´avel por reduzir a taxa de eventos
de 16 para 1 MHz. Devido `a necessidade da rapidez de resposta, o L0 ser´a implemen-
tado totalmente em eletrˆonica especializada (trigger de hardware). O tempo entre uma
colis˜ao pp e a decis˜ao do L0 ´e de 4 µs, o que exige que os dados sejam armazenados
temporariamente at´e serem descartados ou n˜ao, dependendo da decis˜ao do L0.
O L0 possui partes diferentes e segue a seguinte l´ogica:
Di-m´uon: Se a soma dos momentos tranversos dos dois µs de maior P
T
(dado pelas
cˆamaras de m´uon) for > 1, 5GeV/c, o evento ´e aceito.
Sobreposic¸˜ao de trac¸os: Caso n˜ao tenha sido aceito pelo trigger de di-m´uon e se o
n´umero total de trac¸os nos sensores do VELO em z<0, dedicados a isso, for maior
do que 112 o evento ´e rejeitado.
Calor´ımetro: Caso n˜ao tenha ainda sido aceito ou rejeitado e a energia transversa
total (E
T
) depositada nos calor´ımetros for menor do que 5GeV, ou se a quantidade
apenas a situac¸˜ao na qual o trabalho dessa tese foi desenvolvido.
3.2 O LHCb 47
de trac¸os no SPD for maior do que 280, o evento ´e rejeitado. Se o evento n˜ao tiver
ainda sido rejeitado ou aceito e existir nos calor´ımetros um agrupamento de c´elulas
com E
T
> 2, 6GeV para el´etrons, > 2, 3GeV para f´otons, > 3, 5GeV para h´adrons
ou > 4, 0GeV para π
0
um evento ´e aceito.
M´uon: Se ainda n˜ao tiver sido rejeitado ou aceito e existir um m´uon parcialmente
reconstru´ıdo pelas cˆamaras de m´uons, com P
T
> 1.3GeV/c, o evento tamb´em ´e
aceito.
´
E importante ressaltar que essa l´ogica ´e aplicada a posteriori pela Unidade de Decis˜ao
(DU) e os processos do L0 s˜ao todos feitos em paralelo.
O N
´
ıvel-1
Os eventos aceitos pelo L0 chegariam ent˜ao ao L1 (Level-1). O L1 ´e um n´ıvel de trigger
programado em algoritmos para rodar em processadores, os quais dividir´a com o HLT.
A frequˆencia de eventos chegando ao L1 ´e de 1 MHz e ele deve reduzi-la para 40 kHz.
Considerando-se que 400 CPUs estariam dedicadas ao L1, o tempo de processamento de
1 evento seria de aproximadamente 0,4 ms.
O L1 utiliza informac¸ ˜ao do VELO, TT, das Cˆamaras de M´uon e da unidade de de-
cis˜ao do L0. Antes que qualquer processamento relativo `a decis˜ao seja feito, h´a uma
reconstruc¸˜ao de trac¸os que passaram pelo VELO e pelas TTs. Isso ´e feito para determi-
nar os v´ertices prim´arios, os parˆametros de impacto (I
P
) em relac¸ ˜ao a estes e o momento
transverso (P
T
) dos trac¸os:
Utilizando apenas informac¸˜ao do VELO, s˜ao reconstru´ıdos trac¸os no plano r-z e
determinados v´ertices prim´arios em 2 dimens˜oes;
Destes trac¸os em 2D, os com 0, 15 < I
P
< 3mm ou que possuem um objeto
correspondente no L0 s˜ao reconstru´ıdos em 3D, utilizando tamb´em a informac¸ ˜ao
em ϕ;
3.2 O LHCb 48
Estes trac¸os em 3D s˜ao, ent˜ao, relacionados a trac¸os reconstru´ıdos pelas Estac¸ ˜oes
de Trac¸o para o Trigger. Pelo desvio sofrido por esses trac¸os no campo magn´etico,
o momento dos mesmos ´e determinado.
Assim como no L0, existem alguns processos que funcionam em paralelo para deter-
minar se o evento ser´a aceito ou n˜ao. Todavia, no L1 n˜ao existe veto. As linhas paralelas
s˜ao:
Linha gen´erica: Um evento que atenda a condic¸˜ao de ter
ln P
T
m´ınimo ser´a
aceito. A soma ´e feita nas duas part´ıculas de maior P
T
, que possuem um I
P
m´ınimo
em relac¸ ˜ao aos v´ertices prim´arios.
Linha de um m´uon: Eventos com um m´uon tendo P
T
e I
P
m´ınimos ser˜ao aceitos.
Linha de di-m´uon: Se existem dois µs no evento, cuja massa invariante do par
atende `a condic¸˜ao m
µµ
> 500MeV/c
2
e cada um possui um I
P
m´ınimo em relac¸ ˜ao
aos v´ertices prim´arios, o evento ´e aceito.
Linha do J: Um di-m´uon com massa satisfazendo m
µµ
> m
J
500MeV/c
2
faz com que o evento seja aceito.
Linha de el´etrons: Se existe um el´etron com E
T
m´ınima, o mesmo corte da primeira
condic¸ ˜ao ´e aplicado, com um valor de
ln P
T
mais frouxo.
Linha de F´otons: Se existe um f´oton com E
T
m´ınima, o corte de
ln P
T
tamb´em
´e aplicado, mais frouxo.
Os valores dos cortes aplicados no L1 dependem de um ajuste fino que leva em
considerac¸˜ao a taxa de rejeic¸˜ao de eventos necess´aria. Como esse ajuste varia a cada nova
vers˜ao dos programas de simulac¸ ˜ao, os seus valores n˜ao s˜ao apresentados aqui.
´
E impor-
tante ressaltar que somente na linha do J/ψ n˜ao h´a corte no I
P
em relac¸˜ao aos v´ertices
prim´arios.
3.2 O LHCb 49
Trigger de Alto N
´
ıvel
Os eventos aceitos pelo L1 chegariam ao HLT (High Level Trigger) a uma taxa de 40 kHz.
Sendo esse o ´ultimo ıvel do trigger ele deve reduzir a frequˆencia de eventos para 2 kHz e
o tempo de processamento dispon´ıvel ser´a de aproximadamente 10 ms. Os eventos aceitos
pelo HLT ser˜ao salvos em disco e nesse est´agio j´a ´e poss´ıvel utilizar toda informac¸˜ao
detectada pelo LHCb para a tomada da decis˜ao.
Primeiramente, os eventos aceitos pelo L1 passam por uma selec¸˜ao gen´erica que faz a
confirmac¸˜ao (ou n˜ao) da decis˜ao do L1, com valores mais precisos de P
T
e I
P
, por utilizar
tamb´em a informac¸˜ao das estac¸ ˜oes de Trac¸o. Os eventos aceitos por essa parte gen´erica
do HLT podem ser aceitos por 4 tipos diferentes de selec¸ ˜ao:
HLT Exclusivo ( 200 Hz): Essa linha de selec¸˜ao procura identificar alguns canais
de decaimento espec´ıficos e representa a maior parte dos eventos interessantes para
as medidas do LHCb, incluindo os canais de controle
7
.
D
300 Hz: Procura eventos com D
D
0
h, com D
0
hh. Aos h´adrons
presentes no estado final ´e sempre atribıda a massa do π, o que permite um estudo
da eficiˆencia de identificac¸ ˜ao de part´ıculas e da taxa de identificac¸˜ao errada.
Di-m´uon 600 Hz: S˜ao selecionados di-m´uons, sem corte no I
P
em relac¸ ˜ao aos
VPs, para evitar um vi´es no tempo pr´oprio de decaimento (τ) dos m´esons com b.
Servir˜ao para estudar a incerteza em τ.
Inclusivo b µ (900 Hz): Seleciona eventos com um m´uon de altos P
T
e I
P
.
Ser˜ao utilizados para estudos da eficiˆencia do trigger.
Ainda que os valores estejam mudando constantemente devido a novos ajustes, na
tabela 3.3 est˜ao apresentados valores demonstrativos de eficiˆencia dos ıveis de trigger
7
Originalmente a taxa de gravac¸˜ao de dados seria 200 Hz, representando exatamente esse tipo de selec¸˜ao.
3.2 O LHCb 50
Canal
L0
L1
HLT
B
s
D
s
π
+
49, 4 ± 0, 6 63, 0 ± 0, 9 77, 2 ± 0, 6
B
s
J(µ
+
µ
)φ 89, 7 ± 0.1 71, 4 ± 0, 2 93, 0 ± 0, 5
B
s
K
+
K
51, 8 ± 0, 3 60, 0 ± 0, 4 93, 5 ± 0, 4
B
s
φφ 41, 8 ± 0, 9 60, 3 ± 1, 5 79, 3 ± 1, 3
Tabela 3.3: Valores obtidos para as eficiˆencias do L0 e L1 para o TDR do Trigger [33]. A
eficiˆencia total do trigger ´e dada por
trig
=
L0
.
L1
.
HLT
.
para os 4 canais que ser˜ao estudados nessa tese. Os valores para o L0 e L1 foram tirados
do TDR do trigger [45] e para o HLT de [46].
3.2.11 Sistema de Identificac¸
˜
ao de Sabor (SIS)
O LHCb tem como principal objetivo fazer medidas precisas de violac¸ ˜ao de CP. Para
tanto, ´e necess´ario saber se um dado m´eson neutro que decaiu, e pode ter oscilado,
originou-se como um B ou seu estado conjugado de CP. Sendo assim, um dos sistemas
imprescind´ıveis para o LHCb ´e o Sistema de Identificac¸ ˜ao de Sabor (SIS) [33, 47], que
tem como objetivo dar essa resposta.
Assim como o trigger, o SIS utiliza caracter´ısticas t´ıpicas dos eventos com pares b
¯
b
para tomar sua decis˜ao. Ele tenta fazer a identificac¸˜ao tanto por caracter´ısticas do outro B
do evento quanto pelo pr´oprio B do decaimento estudado, no caso de ele ser um B
s
.
Identificac¸
˜
ao pelo Outro B
No caso de se estar estudando o decaimento de um m´eson B
d,s
, ele ´e composto por um
quark
¯
b. Uma vez que a criac¸˜ao desse quark se deu juntamente com um quark b, existe
um outro composto no evento com tal componente. A id´eia por tr´as da Identificac¸ ˜ao
pelo Outro B ´e descobrir o sabor do m´eson estudado pelo(s) produto(s) de decaimento do
3.2 O LHCb 51
Part´ıcula Corte em P(GeV/C) Corte em P
T
(GeV/c) Corte em
I
P
σ
l´eptons > 5 > 1, 2 Sem corte
K > 3 > 0, 4 > 3, 7
Tabela 3.4: Cortes aplicados pelo SIS para escolher o sabor pelo outro B
composto com o outro quark do par, mesmo que esse outro decaimento n˜ao seja comple-
tamente reconstru´ıdo (o que ocorrer´a quase sempre).
A identificac¸˜ao do sabor pode ser feita se houver um ac´umulo de cargas vindas de um
v´ertice secund´ario. Isso pode ocorrer se o outro b formou um h´adron carregado. Outra
maneira de identificar o sabor ´e procurar l´eptons ou k´aons carregados com exigˆencias de
P
T
e I
P
(como j´a mencionado caracter´ısticas t´ıpicas de produtos de h´adrons com quark b
ou
¯
b). Isso ´e feito pois existe uma maior probabilidade de um B (B
d,s
ou B
) decair num
l´epton com carga positiva do que com carga negativa e, pela cadeia b c s, num K
+
do que num K
[48]. Evidentemente, nos casos de estados conjugados de CP (
¯
B
d,s
ou
B
+
), a carga dos l´eptons e k´aon s˜ao trocadas.
Os cortes aplicados pelo algoritmo do SIS na escolha do sabor pelo outro B est˜ao
listadas na tabela 3.4. O corte mais severo em P e P
T
nos l´eptons ´e para reduzir a
contaminac¸˜ao de b c l, caso no qual a carga do l´epton tende a ser contr´aria ao
desejado.
Identificac¸
˜
ao pelo Pr
´
oprio B
Quando um m´eson B
s
´e formado, ele necessariamente pegou um quark s de um par s¯s.
Portanto existe um ¯s em excesso no evento, vindo do mesmo v´ertice de criac¸˜ao do B
s
. Em
muitos casos esse quark formar´a um K
+
. O algoritmo da escolha de sabor pelo pr´oprio B
tenta ent˜ao achar esse k´aon carregado vindo do mesmo v´ertice do B estudado, aplicando
cortes que os relacione. Os cortes aplicados pelo SIS para encontrar esses k´aons est˜ao
listados na tabela 3.5. Os cortes em η e ϕ s˜ao na diferenc¸a na pseudo-rapidez e no ˆangulo
3.2 O LHCb 52
Vari´avel Corte aplicado
P > 4 GeV/c
P
T
> 0, 4 GeV/c
IP
σ
< 2, 5
|η| < 1
|ϕ| < 1, 1
|m| < 1, 5GeV/c
2
Tabela 3.5: Cortes aplicados pelo SIS para escolher o sabor pelo pr´oprio B
polar entre o k´aon e o B
s
. J´a corte na massa ´e entre a massa da combinac¸˜ao B
s
K e a do
B
s
reconstru´ıdo.
Desempenho
A primeira quantidade para se avaliar o desempenho do SIS ´e a eficiˆencia (
tag
), definida
como a quantidade de vezes em que se tem uma resposta de SIS dividido pelo n´umero
de eventos analisados. Uma das quantidades mais importantes da identificac¸˜ao de sabor
por´em, ´e a taxa de decis˜ao errada (ω), definida como a quantidade de eventos para os
quais foi obtida uma resposta errada para o sabor do B estudado, dividida pelo n´umero
total de eventos para os quais o SIS obteve uma resposta.
No caso da decis˜ao pelo outro B, existe uma probabilidade menor de ele realmente
decair nos l´eptons e k´aons com o sinal que leva `a resposta equivocada do SIS. Al´em
disso, esse outro B pode ser neutro e oscilar antes de decair, tendo assim uma maior
probabilidade de levar `a uma decis˜ao errada. Portanto h´a uma taxa intr´ınseca de ω que
sempre estar´a presente, mesmo que o detector e os algoritmos fossem perfeitos. J´a no caso
da decis˜ao pelo pr´oprio B, muitas part´ıculas (incluindo poss´ıveis k´aons) vˆem do v´ertice
prim´ario e podem ser identificadas equivocadamente.
Como foi mostrado no cap´ıtulo 2, as quantidades de SIS entram no c´alculo das quanti-
3.2 O LHCb 53
Canal de Decaimento
tag
ω
eff
B
s
D
s
π
+
54, 6 ± 1, 2 30, 0 ± 1, 6 8, 7 ± 1, 2
B
s
J(µ
+
µ
)φ 50, 4 ± 0, 3 33, 4 ± 0, 4 5, 5 ± 0, 3
B
s
K
K
+
49, 8 ± 0, 5 33, 0 ± 0, 8 5, 8 ± 0, 5
Tabela 3.6: Desempenho do SIS para o TDR de otimizac¸˜ao do LHCb [33].
dades ıpicas de violac¸ ˜ao de CP no LHCb como:
eff
tag
(12ω)
2
.
´
E intuitivo entender
que se ω = 0, 5 o SIS est´a sendo aleat´orio e, como n˜ao se consegue identificar o sabor
do B estudado, ´e imposs´ıvel fazer medidas de violac¸˜ao de CP. Assim como o trigger, o
SIS est´a em constante modificac¸˜ao. Todavia, para se ter id´eia dos valores em quest˜ao, os
obtidos para o TDR de otimizac¸˜ao do LHCb [33] s˜ao apresentados na tabela 3.6. Vale
ressaltar que esses valores de
eff
s˜ao bem melhores que os obtidos pelos detectores do
Tevatron, que tamb´em funcionam num ambiente de colis˜oes hadrˆonicas. Por exemplo, o
experimento D0 obt´em um valor de aproximadamente 2,5 [49].
Se mais de uma resposta para o SIS estiver dispon´ıvel no evento, a carga do v´ertice
secund´ario nunca ´e usada e o algoritmo de decis˜ao ´e:
Se existe a resposta de um l´epton, ela ´e a escolhida;
Se mais de um l´epton foi selecionado no SIS, o de maior P
T
d´a a resposta final;
Caso contr´ario, a decis˜ao ´e feita pela resposta da maioria dos k´aons, independente-
mente de outras vari´aveis;
Se existe um n´umero igual de respostas dos k´aons, para sabores distintos, o sabor
n˜ao ´e identificado.
Cap
´
ıtulo 4
Efeitos Sistem
´
aticos da Selec¸
˜
ao de
Trigger na Identificac¸
˜
ao de Sabor
4.1 Introduc¸
˜
ao
Como dito na sec¸ ˜ao 3.2.11, um dos sistemas imprescind´ıveis para fazer medidas pre-
cisas de violac¸˜ao de CP ´e o que identifica o sabor do m´eson B
s,d
estudado (SIS-Sistema
de Identificac¸ ˜ao de Sabor). Al´em de obter uma resposta para o sabor, ´e extremamente
importante ter uma estimativa precisa da taxa de identificac¸˜ao errada (ω). A raz˜ao ω re-
presenta a probabilidade de termos uma resposta equivocada para o sabor do m´eson que
gerou o decaimento estudado, no instante da criac¸˜ao do mesmo. Essa quantidade entra
diretamente no c´alculo das assimetrias de CP.
Para a medida de ω, os canais de decaimento podem ser separados em canais de con-
trole e canais de sinal. Os de controle s˜ao aqueles para os quais ´e poss´ıvel saber o sabor
do m´eson estudado, no instante de decaimento, atrav´es de seus produtos. J´a nos canais
de sinal n˜ao se pode saber o sabor do m´eson que decaiu pelos seus produtos e, portanto,
n˜ao se mede diretamente ω. Nesses casos, ´e preciso obter tal quantidade dos canais de
controle.
4.1 Introduc¸
˜
ao 55
B
s
D
s
π
+
B
s
Jφ B
s
K
+
K
30, 0 ± 1, 6 33, 4 ± 0, 4 33, 0 ± 0, 8
Tabela 4.1: Valores de ω, obtidos da tabela verdade de MC para o TDR de Otimizac¸˜ao,
para os canais de controle e sinal estudados.
Uma comparac¸ ˜ao dos valores obtidos para o desempenho do SIS em diferentes canais
de controle e sinal no TDR de Otimizac¸˜ao [33] mostra diferenc¸as claras. Por exemplo,
usar B
s
D
s
π
+
como canal de controle para obter ω para B
s
J(µ
+
µ
)φ ou para
B
s
K
+
K
, considerando que os valores seriam os mesmos, implicaria num grande
erro sistem´atico, uma vez que os ωs obtidos diretamente da tabela verdade de Monte Carlo
est˜ao em desacordo, como mostrado na tabela 4.1.
Nesse cap´ıtulo, est´a apresentado o estudo que eu fiz sobre os efeitos sistem´aticos
causados pela selec¸˜ao de trigger na identificac¸ ˜ao de sabor do LHCb. Al´em disso, foi
proposto e testado um m´etodo para a correc¸ ˜ao de tais efeitos indesej´aveis, conseguindo
extrair corretamente o valor de ω para canais de sinal, a partir de um de controle. Esses
resultados foram publicados em uma nota da colaborac¸˜ao [50]. Para obter os valores de
ω nesse estudo, ao contr´ario do que vai ocorrer quando os dados reais estiverem sendo
tomados, temos acesso e utilizamos a informac¸˜ao de MC para saber se um dado m´eson
originou-se como um B
s
ou como um
¯
B
s
.
Em princ´ıpio, tanto a eficiˆencia de identificac¸˜ao de sabor (
tag
) quanto ω deveriam ser
as mesmas para um dado m´eson B, independentemente dos seus produtos de decaimento,
contando que n˜ao haja nenhuma selec¸ ˜ao que afete de maneira diferente o espac¸o de fase
de tal h´adron para canais de decaimento distintos. Todavia, para dois canais diferentes,
um canal de sinal e um de controle por exemplo, os produtos de decaimento est˜ao dife-
rentemente distribu´ıdos no espac¸o de fase. Portanto, ao se aplicar a selec¸ ˜ao de trigger
nesses dois casos, o espac¸o de fase do B pode ser alterado de maneira desigual. Devido
`a correlac¸˜ao existente entre o B respons´avel pelo sinal e o resto do evento, especialmente
4.1 Introduc¸
˜
ao 56
o outro quark b do par, criado junto com o respons´avel pelo B de sinal, essa mudanc¸a
no espac¸o de fase faz com que n˜ao haja raz˜ao para esperar um mesmo desempenho do
SIS para um canal de controle e um de sinal ap´os a selec¸˜ao de trigger. E pode-se esperar
que tal efeito sistem´atico gere uma desigualdade ainda maior ao se aplicar as selec¸ ˜oes
espec´ıficas de cada canal, que possuem cortes distintos. A diferenc¸a total entre o desem-
penho de diversos canais pode ser vista em [33, 47].
A diferenc¸a em
tag
pode ser medida diretamente em canais distintos, podendo, in-
clusive, servir de indicac¸ ˜ao de que o vi´es entre tais canais seja diferente. Por outro lado,
´e muito importante verificar a existˆencia e tentar corrigir diferenc¸as em ω, de maneira a
se poder extrair corretamente tal valor para os canais de sinal a partir de canais de con-
trole. O objetivo do trabalho de tese relatado nesse cap´ıtulo ´e mostrar os estudos que fiz
nessa direc¸˜ao, sugerindo um poss´ıvel m´etodo para solucionar as diferenc¸as no espac¸o de
fase produzidas pela selec¸ ˜ao de trigger. Para isso, foi utilizado como canal de controle o
B
s
D
s
(K
+
K
π
)π
+
e como canais de sinal o B
s
J(µ
+
µ
)φ e o B
s
K
+
K
.
Foi escolhido fazer o estudo no ıvel de gerac¸˜ao de eventos, usando o programa
PYTHIA [31]. Isso foi feito para poder lidar somente com o vi´es causado no SIS, pela
selec¸˜ao do trigger, atrav´es de correlac¸ ˜oes cinem´aticas entre as part´ıculas, al´em de veri-
ficar que o m´etodo proposto para a correc¸ ˜ao ´e v´alido sem complicac¸ ˜oes desnecess´arias.
Somente foram tratados eventos com uma colis˜ao pp, mas os demais parˆametros utiliza-
dos [51] no PYTHIA s˜ao os mesmos da simulac¸˜ao para o TDR de reotimizac¸˜ao. Sendo
assim, n˜ao ´e objetivo desse estudo obter valores individuais para
tag
e ω que reproduzam
as futuras medidas do LHCb e sim corrigir incompatibilidades entre os diferentes canais
de decaimento. Outros efeitos que podem contribuir para o vi´es no experimento
1
podem
ser adicionados futuramente, na simulac¸˜ao completa existente do LHCb.
1
como a ineficiˆencia de reconstruc¸˜ao de trac¸os, identificac¸˜ao de part´ıculas e principalmente a selec¸˜ao
espec´ıfica de cada canal.
4.2 Simulac¸
˜
ao do Trigger e do SIS 57
Part´ıcula Corte no estudo corte na simulac¸˜ao completa
µ P
T
> 1,2 GeV/c P
T
> 1,3 GeV/c
e P
T
> 2,6 GeV/c E
T
> 2,6 GeV
h´adron P
T
> 3,5 GeV/c E
T
> 3,5 GeV
Tabela 4.2: Cortes aplicados em P
T
e E
T
usados como L0, nesse estudo no n´ıvel de
gerador de eventos e na simulac¸˜ao completa do LHCb, respectivamente.
4.2 Simulac¸
˜
ao do Trigger e do SIS
4.2.1 Trigger
Trabalhando diretamente no gerador de eventos, se torna necess´ario simular as decis˜oes
do trigger. Como o HLT age mais como uma selec¸ ˜ao espec´ıfica para cada canal e quando
esse estudo comec¸ou ainda n˜ao havia uma definic¸ ˜ao de como seria estruturado, somente o
L0 e o L1 foram tratados. Como um dos objetivos ´e evitar complicac¸ ˜oes desnecess´arias,
foi tentado simular tais n´ıveis de uma maneira simples. Para tanto, foram utilizadas dire-
tamente as vari´aveis de Monte Carlo geradas, com excess˜ao do parˆametro de impacto (I
P
)
em relac¸˜ao ao v´ertice prim´ario (VP), no qual foi aplicada uma suavizac¸˜ao como func¸˜ao
do momento transverso (P
T
) da part´ıcula em quest˜ao.
Para o L0 n˜ao foi utilizado nenhum veto, principalmente porque s´o est˜ao sendo trata-
dos eventos de canais f´ısicos, que n˜ao necessitam ser vetados. Portanto procuro o m´uon,
o el´etron ou p´ositron e o h´adron de maior P
T
dentro da cobertura geom´etrica do LHCb.
Essa cobertura foi considerada como sendo a extrapolac¸ ˜ao dos trac¸os, em uma linha reta,
at´e uma das estac¸ ˜oes de Trac¸o para o Trigger, TTb. Os cortes aplicados a essas part´ıculas
s˜ao parecidos com os feitos pela simulac¸˜ao completa, descritos na subsec¸ ˜ao 3.2.10, como
mostra a tabela 4.2.
J´a para o L1, ´e feita a soma
ln P
T
das duas part´ıculas de maior P
T
, com I
P
>
200µm, dentro da cobertura geom´etrica do LHCb. O valor do corte ´e definido para que
4.2 Simulac¸
˜
ao do Trigger e do SIS 58
(c/GeV)
T
1/P
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(mm)
P
Resolucao de I
-1
10
0.072+(206*log(1000/x)-1.27)*pow(1000/x,-1.66)
Figura 4.1: Suavizac¸ ˜ao do parˆametro de impacto em relac¸ ˜ao ao v´ertice prim´ario, como
func¸˜ao do P
T
, aplicada ao valor de MC.
40 kHz do total dos eventos sejam aceitos. Uma suavizac¸ ˜ao no I
P
´e feita, em especial
para evitar os valores de I
P
nulos.
´
E adicionado ao valor de MC um valor sorteado, a
partir de uma distribuic¸˜ao gaussiana, com uma resoluc¸˜ao que depende do P
T
, mostrada
na figura 4.1 e obtida atrav´es da f´ormula [52]:
σ(I
P
)[mm] = 0, 072 + (206 × ln P
T
[MeV/c] 1, 27) × (P
T
[MeV/c])
1,66
(4.1)
Para levar em conta o vi´es causado pelo trigger de di-m´uon nos canais com di-m´uon,
que ´e o caso de um dos canais de sinal estudados, um evento que tenha dois m´uons dentro
da aceitac¸ ˜ao geom´etrica do detector ´e considerado aceito pelo L1, independentemente da
ln P
T
.
As eficiˆencias de trigger obtidas nessa simulac¸˜ao simples s˜ao comparadas com as j´a
mostradas no cap´ıtulo 3 para os canais estudados na tabela 4.3. Nessa tabela, tamb´em
est˜ao mostrados o n´umero total de eventos gerados e a eficiˆencia da geometria do ex-
perimento (
geo
), que corresponde a ter todos os produtos do B
s
dentro da cobertura
geom´etrica. Assim como no caso completo, a selec¸ ˜ao ´e feita sequencialmente, de modo
que s´o eventos dentro da cobertura geom´etrica podem ser aceitos pelo L0 e s´o os que
passarem por este s˜ao considerados pelo L1.
4.2 Simulac¸
˜
ao do Trigger e do SIS 59
Canal B
s
D
s
π
+
B
s
J(µ
+
µ
)φ B
s
K
+
K
# Evt 17,8 M 12 M 14,5 M
geo
12, 193 ± 0, 008 12, 271 ± 0, 009 14, 829 ± 0, 009
L0
59, 11 ± 0, 03 99, 421 ± 0, 006 79, 98 ± 0, 03
TDR
L0
49, 4 ± 0, 6 89, 7 ± 0, 1 51, 8 ± 0, 3
L1
65, 75 ± 0, 04 100 ± 0 60, 21 ± 0, 04
TDR
L1
63, 0 ± 0, 9 71, 4 ± 0, 2 60, 0 ± 0, 4
Tabela 4.3: Quantidade de eventos gerados, com os produdos dentro da cobertura
geom´etrica considerada e as eficiˆencias de trigger para os canais estudados. Estes s˜ao
comparados com as eficiˆencias obtidas em [45] (TDR do Trigger). As incertezas s˜ao
estat´ısticas.
´
E poss´ıvel verificar que j´a existe uma pequena diferenc¸a em
geo
entre canais distin-
tos. Essa diferenc¸a pode trazer tamb´em diferentes desempenhos de SIS, de uma maneira
parecida com a selec¸˜ao espec´ıfica dos canais de decaimento. Um efeito importante pre-
sente ´e o de haver 100 % na eficiˆencia de L1 para o B
s
Jφ. Isso se d´a por causa da
implementac¸˜ao do trigger de di-m´uon: todos os eventos aceitos geometricamente ter˜ao,
necessariamente, os dois m´uons dentro da cobertura do LHCb e, portanto, ser˜ao aceitos
no L1, se tiverem passado tamb´em pelo L0. Esse efeito vai potencialmente aumentar a
diferenc¸a no vi´es de SIS entre dois canais diferentes, uma vez que ele implica em n˜ao
haver nenhuma exigˆencia cinem´atica sendo feita em L1 para o canal B
s
Jφ. Sendo
assim, lembrando que o objetivo ´e corrigir tal diferenc¸a, esse efeito ´e aceit´avel e talvez
at´e desej´avel.
4.2 Simulac¸
˜
ao do Trigger e do SIS 60
4.2.2 SIS
Uma simulac¸˜ao parecida com a do trigger foi feita para imitar a identificac¸˜ao de sabor.
Os mesmos cortes usados na simulac¸˜ao completa, apresentados na sec¸ ˜ao 3.2.11, foram
aplicados. Portanto, para a identificac¸ ˜ao pelo outro B, um l´epton com P > 5 GeV/c e
P
T
> 1, 2 GeV/c ou um k´aon com P > 3 GeV/c, P
T
> 0, 4 Gev/c e
I
P
σ
> 3,7, dentro da
cobertura geom´etrica, foram consideradas part´ıculas do SIS. Onde o I
P
´e em relac¸˜ao ao
VP e foi mais uma vez suavizado, da mesma forma descrita na subsec¸ ˜ao anterior.
O mesmo foi feito para a identificac¸˜ao pelo pr´oprio B: um k´aon com P > 4 GeV/c,
P
T
> 0, 4 GeV/c,
I
P
σ
< 2,5 (com a mesma suavizac¸˜ao de antes), |η| < 1, |ϕ| < 1, 1
e |∆m| < 1, 5 GeV/c
2
foi considerado como resposta do SIS. A diferenc¸a na pseudo-
rapidez e no ˆangulo polar ϕ s˜ao entre o k´aon e o B
s
. A diferenc¸a na massa ´e entre o B
s
e
a combinac¸˜ao B
s
K.
Nessa simulac¸˜ao n˜ao foi utilizada a carga do v´ertice secund´ario e, al´em disso, outra
diferenc¸a com a simulac¸˜ao completa acontece se mais de uma part´ıcula for aceita pelo
SIS. Nesse caso, a resposta ´e dada pela maioria simples, n˜ao importando o tipo de part´ıcula
que serviu para dar a resposta. Se existe um n´umero igual de respostas para B
s
e
¯
B
s
, o
sabor do B nesse evento n˜ao ´e identificado.
Os resultados obtidos para a eficiˆencia de SIS (
tag
) e para a taxa de identificac¸˜ao
errada (ω) s˜ao mostrados, para cada passo da selec¸˜ao, na tabela 4.4 para o SIS total e
na 4.5 para cada categoria de SIS, junto com eficiˆencia efetiva de SIS (
eff
) para eventos
aceitos em todas as selec¸ ˜oes.
Os resultados para o desempenho do SIS na simulac¸˜ao simplificada mostram que
mesmo antes do trigger atuar, os canais j´a possuem valores ligeiramente diferentes, in-
troduzidos pelo k´aon do pr´oprio B (K
same
). Tal fato pode ser entendido ao se observar os
diferentes valores de
geo
na tabela 4.3 e lembrando que esse k´aon est´a diretamente ligado,
atrav´es dos cortes a ele aplicados, ao espac¸o de fase do B
s
respons´avel pelo decaimento
estudado. Todavia, o efeito mais interessante pode ser observado ao acompanhar os valo-
4.2 Simulac¸
˜
ao do Trigger e do SIS 61
Selec¸ ˜ao B
s
D
s
π B
s
Jφ B
s
KK
Geo
tag
39, 96 ± 0, 03 40, 27 ± 0, 04 39, 03 ± 0, 03
ω 26, 69 ± 0, 05 27, 07 ± 0, 06 26, 77 ± 0, 05
L0
tag
45, 14 ± 0, 04 40, 33 ± 0, 04 41, 72 ± 0, 04
ω 25, 10 ± 0, 06 27, 05 ± 0, 06 26, 10 ± 0, 05
L1
tag
47, 15 ± 0, 05 40, 33 ± 0, 04 43, 72 ± 0, 05
ω 24, 63 ± 0, 07 27, 05 ± 0, 06 25, 65 ± 0, 06
eff
12, 14 ± 0, 03 8, 49 ± 0, 02 10, 37 ± 0, 03
Tabela 4.4: Eficiˆencia de SIS e taxa de identificac¸ ˜ao errada para eventos na geometria do
detector, selecionados por L0 e L1 para os canais de controle e sinal. A eficiˆencia efetiva
tamb´em ´e mostrada para os eventos que passaram em L1.
res de
tag
e ω ao longo do processo de selec¸˜ao do trigger. Neste, pode-se verificar como
as diferenc¸as entre os canais aumentam para K
same
e s˜ao introduzidas no SIS pelo outro B.
Esse fato torna o desempenho total de SIS completamente diferente entre o B
s
D
s
π
+
e os canais de sinal. Portanto, assim como na simulac¸˜ao completa, estaria-se cometendo
um erro ao aplicar cegamente o valor de ω obdito no canal de controle diretamente aos
canais de sinal.
Com uma simulac¸˜ao simples do trigger e do SIS no ıvel de gerador de eventos, foi
poss´ıvel criar claras diferenc¸as no vi´es causado pela selec¸ ˜ao de trigger no SIS num canal
de controle e em canais de sinal. Mais uma vez vale lembrar que o objetivo do estudo n˜ao ´e
reproduzir os valores obtidos na simulac¸ ˜ao completa e sim corrigir os efeitos sistem´aticos
de maneira a obter corretamente ω para os canais de sinal, a partir do canal de controle.
4.2 Simulac¸
˜
ao do Trigger e do SIS 62
µ e
Sel B
s
D
s
π B
s
Jφ B
s
KK B
s
D
s
π B
s
Jφ B
s
KK
Geo
tag
4, 77 ± 0, 01 4, 78 ± 0, 02 4, 77 ± 0, 01 4, 88 ± 0, 01 4, 93 ± 0, 02 4, 89 ± 0, 01
ω 25, 6 ± 0, 1 25, 8 ± 0, 2 25, 4 ± 0, 1 26, 2 ± 0, 1 26, 3 ± 0, 2 26, 1 ± 0, 1
L0
tag
8, 07 ± 0, 02 4, 81 ± 0, 02 5, 97 ± 0, 02 5, 88 ± 0, 02 4, 94 ± 0, 02 5, 21 ± 0, 02
ω 25, 6 ± 0, 1 25, 8 ± 0, 2 25, 4 ± 0, 1 25, 8 ± 0, 2 26, 3 ± 0, 2 25, 8 ± 0, 1
L1
tag
9, 43 ± 0, 03 4, 81 ± 0, 02 7, 23 ± 0, 03 6, 74 ± 0, 03 4, 94 ± 0, 02 6, 14 ± 0, 02
ω 26, 5 ± 0, 2 25, 8 ± 0, 2 26, 5 ± 0, 2 26, 7 ± 0, 2 26, 3 ± 0, 2 26, 7 ± 0, 2
eff
2, 08 ± 0, 01 1, 13 ± 0, 01 1, 60 ± 0, 01 1, 46 ± 0, 01 1, 10 ± 0, 01 1, 33 ± 0, 01
K
opp
K
same
Sel B
s
D
s
π B
s
Jφ B
s
KK B
s
D
s
π B
s
Jφ B
s
KK
Geo
tag
10, 19 ± 0, 02 10, 26 ± 0, 02 10, 24 ± 0, 02 29, 09 ± 0, 03 29, 39 ± 0, 04 27, 79 ± 0, 03
ω 19, 89 ± 0, 08 19, 8 ± 0, 1 19, 83 ± 0, 08 31, 09 ± 0, 06 31, 63 ± 0, 07 31, 42 ± 0, 06
L0
tag
10, 69 ± 0, 03 10, 26 ± 0, 03 10, 30 ± 0, 02 32, 56 ± 0, 04 29, 43 ± 0, 04 30, 15 ± 0, 03
ω 19, 5 ± 0, 1 19, 7 ± 0, 1 19, 7 ± 0, 1 29, 28 ± 0, 07 31, 61 ± 0, 07 30, 48 ± 0, 06
L1
tag
12, 83 ± 0, 04 10, 26 ± 0, 03 12, 94 ± 0, 03 32, 63 ± 0, 05 29, 43 ± 0, 04 29, 73 ± 0, 04
ω 19, 3 ± 0, 1 19, 7 ± 0, 1 19, 6 ± 0, 1 29, 09 ± 0, 09 31, 61 ± 0, 07 30, 58 ± 0, 08
eff
4, 83 ± 0, 02 3, 78 ± 0, 02 4, 77 ± 0, 02 5, 70 ± 0, 02 3, 98 ± 0, 02 4, 47 ± 0, 02
Tabela 4.5: Eficiˆencia de SIS e taxa de identificac¸˜ao errada para eventos dentro do detector, selecionados pelo L0 e pelo L1
para cada um dos canais de sinal e controle estudados, separados de acordo com o tipo de part´ıcula que gerou a resposta do
SIS. A eficiˆencia efetiva tamb´em ´e mostrada para os eventos selecioados em L1.
4.3 A Correlac¸
˜
ao 63
4.3 A Correlac¸
˜
ao
Como j´a foi mencionado, a diferenc¸a no desempenho do SIS entre os canais poderia
ser esperada e deve se originar na diferenc¸a no espac¸o de fase dos h´adrons B, tanto o
respons´avel pelo decaimento estudado quanto o outro criado com este. As figuras 4.2
e 4.3 mostram a comparac¸ ˜ao do P
T
e do tempo pr´oprio de decaimento (τ), tanto para o B
estudado quanto para o outro B, entre o canal de controle e o B
s
J(µ
+
µ
)φ depois
da selec¸˜ao do trigger. Vˆe-se que, de fato, o espac¸o de fase do B de sinal foi transformado
de uma maneira completamente diferente nos dois canais. Este fato poderia ser facilmente
previsto, mas uma consequˆencia menos ´obvia ´e que a selec¸˜ao de trigger tamb´em alterou,
de maneira diversa nos dois canais, o espac¸o de fase do outro B.
Corrigir as diferenc¸as no espac¸o de fase dos Bs deve ser suficiente para tamb´em acabar
com a discrepˆancia em ω. Por´em, quando o experimento estiver funcionando, nem sempre
os dois Bs ser˜ao reconstru´ıdos. Por esse motivo, n˜ao podemos usar a informac¸ ˜ao do outro
B na correc¸ ˜ao, uma vez que as ´unicas informac¸ ˜oes que estar˜ao sempre dispon´ıveis s˜ao
as que dizem respeito ao B respons´avel pelo decaimento estudado. A soluc¸˜ao pode ser
que, corrigindo o espac¸o de fase somente do B respons´avel pelo sinal, mas levando-se em
conta corretamente a correlac¸ ˜ao entre o par b
¯
b criado, a taxa de identificac¸˜ao errada seja
tamb´em corrigida.
A maioria dos cortes aplicados pelo trigger s˜ao no P
T
das part´ıculas. Portanto, deve-se
esperar que essa seja a vari´avel do B
s
mais afetada pela selec¸˜ao. Por isso, a id´eia ´e tentar
corrigir somente as distribuic¸ ˜oes de P
T
. Todavia, como mostrado pela figura 4.3 estamos
lidando com amostras de vieses bem diferentes em τ. Tal diferenc¸a pode ser explicada
por causa do trigger de di-m´uon: o B
s
J(µ
+
µ
)φ sempre vai ser aceito pelo L1
enquanto o canal de controle tamb´em ´e selecionado pelos produtos do outro B. Uma vez
que ´e exigido um corte de I
P
no L1, o outro B dever´a ter um tempo de vida m´ınimo. Isso
significa que, sem saber o espac¸o de fase do outro B, n˜ao deveria ser poss´ıvel corrigir
ω somente com o B respons´avel pelo sinal. Para prosseguir com o estudo, os eventos
4.3 A Correlac¸
˜
ao 64
Figura 4.2: Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B respons´avel pelo sinal estudado, `a esquerda,
e o outro B, `a direita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ
(linha s´olida) depois da selec¸ ˜ao de trigger. Os eventos que excedem a escala em x foram
agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma ´area e a
raz˜ao entre os histogramas ´e mostrada no canto superior direito de cada gr´afico.
Figura 4.3: Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado, `a esquerda, e
o outro B, `a direita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ
(linha s´olida) depois da selec¸ ˜ao de trigger. Os eventos que excedem a escala em x foram
agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma ´area e a
raz˜ao entre os histogramas ´e mostrada no canto superior direito de cada gr´afico.
4.3 A Correlac¸
˜
ao 65
foram separados segundo categorias, de acordo com a selec¸ ˜ao de trigger, de maneira a
possibilitar a correc¸ ˜ao desejada.
4.3.1 Categorias de Trigger
A diferenc¸a ´obvia na selec¸ ˜ao do trigger entre canais distintos ´e introduzida quando os
produtos do sinal s˜ao diretamente respons´aveis pela escolha. Por esse motivo ´e feita uma
divis˜ao de cada n´ıvel de trigger em 3 categorias:
Trigger Independente do Sinal (TIS) - A categoria TIS (Trigger Independent of
Signal) ´e aquela na qual os eventos seriam selecionados pelo trigger mesmo que os
produtos do B de sinal estudado n˜ao estivessem presentes no evento.
Trigger no Sinal (TOS) - A categoria TOS(Trigger On Signal) ´e aquela na qual os
eventos s˜ao, ou seriam, selecionados aplicando os cortes somente nos produtos de
decaimento do B de sinal estudado.
Trigger nos Dois (TOB) - A categoria TOB (Trigger On Both) ´e aquela na qual os
eventos s˜ao selecionados e n˜ao se encaixam nas outras duas. Isso significa que tais
eventos precisam tanto dos produtos do B estudado quanto do resto do evento para
serem aceitos.
A maneira como essa divis˜ao em categorias ´e feita est´a mostrada num diagrama, na
tabela 4.6. A partir das definic¸ ˜oes e do diagrama de fluxo ´e poss´ıvel inferir que um evento
pode ser do tipo TIS e TOS ao mesmo tempo mas a categoria TOB ´e exclusiva.
Pela estrutura da divis˜ao, pode-se esperar que nos eventos do tipo TOS, nos quais
as exigˆencias cinem´aticas foram aplicadas somente ao sinal, o espac¸o de fase do B de
sinal seja afetado drasticamente. Isso pode ocorrer, inclusive, de maneira diversa entre
4.3 A Correlac¸
˜
ao 66
Ignoram-se os produtos do sinal Separa-se os produtos do sinal
Roda o algoritmo de trigger Cortes aplicados a esses trac¸os Evento TIS ou TOS?
N
˜
AO
Passou pelo Trigger? Passou pelo Trigger? Passou pelo Trigger?
SIM SIM SIM
TIS TOS TOB
Tabela 4.6: Diagrama mostrando como a divis˜ao nas categorias de trigger ´e feita.
diferentes canais de decaimento. Essa mudanc¸a deve afetar tamb´em o resto do evento.
Contudo, tal alterac¸ ˜ao na parte respons´avel pelo SIS ocorre somente via correlac¸ ˜ao com o
B de sinal. Portanto, ao se comparar o desempenho de identificac¸ ˜ao de sabor de um canal
de controle com um de sinal, num volume infinitesimal do espac¸o de fase do B de sinal,
devemos encontrar valores compat´ıveis.
Num evento do tipo TIS, todas as exigˆencias foram feitas independentemente dos
produtos do B estudado. Por esse motivo, o espac¸o de fase da parte do evento respons´avel
pela identificac¸˜ao de sabor deve ser alterada de maneira significativa, juntamente com o
desempenho de SIS. Apesar disso, uma vez que a parte diretamente ligada ao sinal foi
ignorada na selec¸ ˜ao, o efeito deve ser o mesmo para quaisquer canais de decaimento.
Portanto, espera-se que eventos do tipo TIS tenham o mesmo desempenho de SIS para
um dado canal de sinal e outro de controle.
Os eventos foram divididos em duas amostras. Na primeira, o SIS deve depender
apenas do espac¸o de fase do sinal e pode, portanto, ter seu desempenho corrigido usando
apenas a parte ligada ao B de sinal, `a qual teremos sempre acesso completo no expe-
rimento. Na outra amostra, a parte respons´avel pela identificac¸˜ao de sabor, `a qual n˜ao
teremos acesso completo, deve ter sido bastante alterada, por´em, de maneira igual para os
canais.
4.3 A Correlac¸
˜
ao 67
Os demais eventos s˜ao colocados na categoria TOB. O tratamento dos efeitos sis-
tem´aticos para que seja poss´ıvel obter o desempenho de SIS para os canais de sinal cor-
retamente ´e bem mais complicado. Isso ocorre pois nesse tipo de evento os cortes s˜ao
aplicados tanto nos produtos de sinal quanto no resto do evento ao mesmo tempo. Dessa
forma, o racioc´ınio usado para explicar o porquˆe da necessidade da separac¸ ˜ao em catego-
rias se aplica. Todavia, o mesmo m´etodo de correc¸ ˜ao aplicado `as outras categorias ser´a
usado.
A divis˜ao dos eventos em categorias se aplica a cada ıvel de trigger. Portanto,
ter´ıamos em princ´ıpio 9 diferentes categorias: L0 e L1 TOS, L0 TOS e L1 TIS etc. En-
tretanto, s´o existem cortes de 1 part´ıcula no L0, fazendo com que n˜ao seja poss´ıvel haver
eventos do tipo L0 TOB. Al´em disso, por termos uma eficiˆencia de 100 % do trigger de
di-m´uon, tamb´em n˜ao haver´a eventos do tipo L1 TOB para o B
s
J(µ
+
µ
)φ .
Para fazer a correc¸ ˜ao ´e preciso termos categorias exclusivas, o que n˜ao ´e o caso
para TIS e TOS. Para resolver esse problema ´e necess´ario lembrar que antes de qual-
quer selec¸ ˜ao ser feita, o desempenho de SIS deve ser o mesmo para quaisquer canais.
Ap´os aplicarmos uma selec¸ ˜ao do tipo TIS, j´a foi dito que as mudanc¸as devem acontecer
de maneira igual para os canais. Da mesma forma, os eventos que n˜ao foram aceitos por
tal selec¸˜ao tamb´em devem ter desempenhos iguais. Aplicando-se, ent˜ao, uma selec¸ ˜ao do
tipo TOS nesses eventos restantes deve aparecer uma diferenc¸a no desempenho de SIS
entre os canais. Entretanto, tal diferenc¸a deve-se somente `a correlac¸ ˜ao entre o B de sinal
e o resto do evento, significando que uma correc¸ ˜ao pelo espac¸o de fase do B de sinal deve
ser suficiente para corrigir tamb´em os valores de SIS. De agora em diante, quando me
referir a TOS estarei tratando `a categoria “TOS e n˜ao TIS”. As categorias exclusivas de
trigger tratadas ser˜ao:
1. L0 TIS & L1 TIS
2. L0 TIS & L1 TOS
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 68
Canal
L0T OS
L0
L0T IS
L0
B
s
D
s
π
+
64, 54 ± 0, 06 35, 46 ± 0, 05
B
s
Jφ 78, 92 ± 0, 05 21, 08 ± 0, 07
B
s
K
K
+
74, 18 ± 0, 05 25, 82 ± 0, 04
Tabela 4.7: Contribuic¸ ˜oes das 2 categorias exclusivas de L0 para eventos dentro da cober-
tura geom´etrica para os canais de sinal e controle utilizados no estudo.
3. L0 TIS & L1 TOB
4. L0 TOS & L1 TIS
5. L0 TOS & L1 TOS
6. L0 TOS & L1 TOB
A contribuic¸˜ao de cada uma das categorias exclusivas ´e mostrada nas tabelas 4.7 para
a selec¸ ˜ao em L0 e 4.8 para L1. Nestas, pode-se ver as contribuic¸ ˜oes das diferentes cate-
gorias para cada um dos canais. Um ponto importante, j´a mencionado, ´e a ausˆencia de
eventos TOB para o canal B
s
J(µ
+
µ
)φ .
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ
Para comec¸ar com menos categorias e tamb´em para evitar os eventos TOB, que s˜ao mais
dif´ıceis de serem tratados, primeiro foi tentada a correc¸˜ao de ω entre o B
s
J(µ
+
µ
)φ
e o canal de controle.
A partir do racioc´ınio dado para explicar a separac¸ ˜ao em categorias, s˜ao esperados
comportamentos diferentes para elas. Por exemplo, na amostra completamente TIS, os
espac¸os de fase tanto do B de sinal quanto do outro B presente no evento, devem ser
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 69
L0 TOS
L1 TOS L1 TIS L1 TOB
B
s
D
s
π 39, 89 ± 0, 05 13, 04 ± 0, 03 8, 12 ± 0, 03
B
s
ψφ 64, 89 ± 0, 04 14, 03 ± 0, 03 0 ± 0
B
s
KK 32, 19 ± 0, 04 16, 93 ± 0, 03 22, 39 ± 0, 03
L0 TIS
L1 TOS L1 TIS L1 TOB
B
s
D
s
π 20, 19 ± 0, 06 14, 09 ± 0, 05 4, 67 ± 0, 03
B
s
ψφ 15, 09 ± 0, 06 5, 99 ± 0, 04 0 ± 0
B
s
KK 9, 22 ± 04 11, 41 ± 0, 05 7, 86 ± 0, 04
Tabela 4.8: O percentual de eventos em cada uma das categorias exclusivas de trigger
para os canais de sinal e controle.
igualmente preenchidos para canais diferentes. A figura 4.4 mostra as distribuic¸˜oes de P
T
para esses dois h´adrons em eventos aceitos por uma selec¸ ˜ao L0 e L1 do tipo TIS.
Nos gr´aficos mostrados na figura 4.4 ´e poss´ıvel ver que as diferenc¸as entre os canais
s˜ao pequenas por´em existem. Isso ocorre porque sempre est´a presente o requisito da
cobertura geom´etrica. Como as exigˆencias s˜ao aplicadas nos produtos de decaimento do
B de sinal, essa pode ser pensada como uma selec¸˜ao do tipo TOS. Olhando os valores
para as eficiˆencias de tal selec¸ ˜ao, na tabela 4.3, deve-se esperar que essas diferenc¸as se-
jam pequenas. Tamb´em, por ser do tipo TOS, o espac¸o de fase do B
s
estudado deve ser
mais alterado do que o do outro B. As distribuic¸ ˜oes de P
T
para eventos dentro da cober-
tura geom´etrica do detector est˜ao apresentadas na figura 4.5. Nestas, ´e poss´ıvel verificar
(especialmente olhando para as raz˜oes) que ambas as previs˜oes s˜ao confirmadas.
Ao contr´ario do que ocorre para os eventos TIS, nos casos em que a selec¸˜ao ´e toda
do tipo TOS, espera-se uma diferenc¸a importante no vi´es entre os canais. A figura 4.6
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 70
Figura 4.4: Distribuic¸˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a direita,
para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ (linha s´olida) depois de
uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo TIS em L0 e L1. Os eventos que excedem a escala em x
foram agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma ´area
e a raz˜ao entre as distribuic¸ ˜oes ´e mostrada no topo direito de cada gr´afico.
Figura 4.5: Distribuic¸˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a direita,
para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ (linha s´olida) em eventos
dentro da cobertura geom´etrica do detector. Os eventos que excedem a escala em x foram
agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma ´area e a
raz˜ao entre as distribuic¸ ˜oes ´e mostrada no topo direito de cada gr´afico.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 71
mostra as distribuic¸ ˜oes de momento linear transverso para as amostras dos dois canais,
selecionadas como TOS em ambos os ıveis de trigger tratados. Nesses gr´aficos, vˆe-se
com clareza que, de fato, a selec¸ ˜ao TOS faz os espac¸os de fase dos canais ficarem bem
diferentes, enquanto na selec¸˜ao TIS o efeito ´e bem menor. As distribuic¸ ˜oes de P
T
das
categorias restantes s˜ao mostradas nas figuras 4.7 e 4.8.
Pode-se concluir claramente das distribuic¸ ˜oes que a selec¸ ˜ao de L0 ´e a maior res-
pons´avel por criar a desigualdade no P
T
dos canais. Isso pode ser dito j´a que em ambas
as amostras selecionadas como L0 TOS, as distribuic¸ ˜oes s˜ao bem diferentes. Por outro
lado, para as categorias com L0 TIS elas s˜ao bem mais parecidas, mesmo para a categoria
com L1 TOS. Tamb´em por esse motivo, nas distribuic¸ ˜oes do B de sinal, as diferenc¸as s˜ao
bem mais marcantes do que as do outro B. Essa ´e uma boa indicac¸˜ao de que o SIS pelo
outro B ser´a menos afetado, como ser´a mostrado mais adiante.
Outra vari´avel importante para o SIS ´e o tempo pr´oprio de decaimento do outro B. Se
a escolha de sabor foi feita baseada nos produtos desse m´eson, um maior τ se traduzir´a
numa maior probabilidade de ter havido a oscilac¸˜ao antes do decaimento. Evidentemente,
se o outro B oscilou, provavelmente a resposta de SIS ser´a equivocada. A diferenc¸a em τ
entre os canais j´a foi mostrada na figura 4.3 para a amostra total. Assim como para o P
T
,
em cada uma das categorias o efeito em τ ser´a diferente.
Como τ n˜ao depende das vari´aveis cinem´aticas, o τ do outro B n˜ao deve ser afetado
por uma selec¸ ˜ao do tipo TOS. Por outro lado, o corte em I
P
feito pelo L1 deve alterar o τ
do B de sinal. Ambas as previs˜oes podem ser comprovadas na figura 4.9. Como o corte
de I
P
´e feito somente pelo L1, o mesmo comportamento ´e esperado para os eventos da
categoria L0 TIS e L1 TOS. As distribuic¸ ˜oes de τ dessa categoria est˜ao apresentadas na
figura 4.10.
J´a para as categorias do tipo TIS em L1, espera-se que o vi´es causado no τ do outro B
venha de uma outra selec¸ ˜ao do tipo TOS. Isso ocorre uma vez que a selec¸ ˜ao do tipo TOS
deve ter alterado o espac¸o de fase antes dele ser analisado pelo L1. Por isso, ao se aplicar
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 72
Figura 4.6: Distribuic¸˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a direita,
para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ (linha s´olida) depois de
uma selec¸˜ao de trigger do tipo TOS em L0 e L1. Os eventos que excedem a escala em x
foram agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma ´area
e a raz˜ao entre as distribuic¸ ˜oes ´e mostrada no topo direito de cada gr´afico.
Figura 4.7: Distribuic¸˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a direita,
para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ (linha s´olida) depois de
uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo TIS em L0 e TOS em L1. Os eventos que excedem a escala
em x foram agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma
´area e a raz˜ao entre elas ´e mostrada no topo direito de cada gr´afico.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 73
Figura 4.8: Distribuic¸˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a direita,
para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ (linha s´olida) depois de
uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo TOS em L0 e TIS em L1. Os eventos que excedem a escala
em x foram agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma
´area e a raz˜ao entre elas ´e mostrada no topo direito de cada gr´afico.
Figura 4.9: Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado, `a esquerda, e
o outro B, `a direita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ
(linha s´olida) depois de uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo TOS em L0 e L1. Os eventos que
excedem a escala em x foram agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas
para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre os histogramas ´e mostrada no canto superior direito
de cada gr´afico.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 74
Figura 4.10: Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado, `a esquerda, e o
outro B, `a direita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ (linha
s´olida) depois de uma selec¸˜ao de trigger do tipo TIS em L0 e TOS em L1. Os eventos que
excedem a escala em x foram agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas
para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre os histogramas ´e mostrada no canto superior direito
de cada gr´afico.
Figura 4.11: Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado, `a esquerda, e o
outro B, `a direita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ (linha
s´olida) depois de uma selec¸˜ao de trigger do tipo TOS em L0 e TIS em L1. Os eventos que
excedem a escala em x foram agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas
para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre os histogramas ´e mostrada no canto superior direito
de cada gr´afico.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 75
cortes de I
P
nestes eventos, devemos ter vieses diferentes para cada canal. Dessa forma,
´e natural esperar que a desigualdade para a categoria L0 TOS seja maior que a TIS. Isso
decorre do fato de a ´unica selec¸ ˜ao do tipo TOS na ´ultima ser a da cobertura geom´etrica
do detector. Tal comportamento pode ser observado nas figuras 4.11 e 4.12.
At´e aqui, foram sempre mostradas as distribuic¸ ˜oes para o B de sinal e o outro B
produzido juntamente com ele. Isso foi feito j´a que a escolha do sabor pelo outro B
deve ser feita com os produtos de decaimento deste h´adron. Mas esse n˜ao ´e o caso da
escolha pelo pr´oprio B. O mesmo racioc´ınio apresentado at´e aqui deve se aplicar tamb´em
a quaisquer part´ıculas correlacionadas com o sinal. Isso quer dizer que, tamb´em para os
k´aons utilizados na escolha de sabor pelo pr´oprio B, espera-se claras desigualdades nos
espac¸os de fase com L0 TOS e similares para L0 TIS. As distribuic¸ ˜oes de P
T
desses k´aons
s˜ao mostradas para todas as categorias nas figuras 4.13 e 4.14.
4.4.1 Resultados de SIS
Para procurar por discrepˆancias no desempenho de SIS causadas por diferenc¸as no espac¸o
de fase, uma boa escolha de vari´avel ´e o P
T
do outro B. Isso se deve ao fato de os cortes
do algoritmo de SIS serem aplicados nessa vari´avel e por, no caso ideal, as part´ıculas
utilizadas para a decis˜ao terem vindo desse h´adron. Foi mostrada uma clara diferenc¸a nas
distribuic¸ ˜oes dessa vari´avel para canais distintos na sec¸ ˜ao anterior. Dessa forma, tamb´em
se espera que o desempenho de SIS seja desigual, mesmo se forem comparados os valores
dentro de uma mesma categoria de trigger. Tais valores est˜ao apresentados na tabela 4.9
para o SIS total e na tabela 4.10 para cada uma das part´ıculas diferentes usadas para a
decis˜ao de SIS, juntamente com os valores para o B
s
K
+
K
.
Da tabela 4.9, vˆe-se que os desempenhos de SIS nos casos de uma selec¸ ˜ao TIS em
L0 s˜ao parecidos. J´a em eventos onde a selec¸ ˜ao de L0 foi do tipo TOS, criou-se uma
consider´avel diferenc¸a entre os canais de controle e sinal. Esse era exatamente o com-
portamento esperado, j´a que traduz o mesmo comportamento apresentado pelo espac¸o de
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 76
Figura 4.12: Distribuic¸ ˜oes de τ para o B respons´avel pelo sinal estudado, `a esquerda, e o
outro B, `a direita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ (linha
s´olida) depois de uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo TIS em L0 e em L1. Os eventos que
excedem a escala em x foram agrupados no ´ultimo bin. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas
para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre os histogramas ´e mostrada no canto superior direito
de cada gr´afico.
Figura 4.13: Distribuic¸ ˜oes de P
T
para os k´aons utilizados na escolha de sabor pelo pr´oprio
B, para eventos com selec¸ ˜ao do tipo TOS em L0.
`
A esquerda s˜ao mostrados eventos L1
TOS e `a direita L1 TIS para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ
(linha s´olida). Os eventos que excedem a escala em x foram agrupados no ´ultimo bin.
As distribuic¸˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre os histogramas ´e
mostrada no canto superior direito de cada gr´afico.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 77
Figura 4.14: Distribuic¸ ˜oes de P
T
para os k´aons utilizados na escolha de sabor pelo pr´oprio
B, para eventos com selec¸ ˜ao do tipo TIS em L0.
`
A esquerda s˜ao mostrados eventos L1
TOS e `a direita L1 TIS para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
Jφ
(linha s´olida). Os eventos que excedem a escala em x foram agrupados no ´ultimo bin.
As distribuic¸˜oes s˜ao normalizadas para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre os histogramas ´e
mostrada no canto superior direito de cada gr´afico.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 78
L0 TIS
canal L1 TIS L1 TOS L1 TOB
B
s
D
s
π
tag
65, 3 ± 0, 1 53, 5 ± 0, 1 58, 9 ± 0, 2
ω 22, 7 ± 0, 2 25, 0 ± 0, 1 23, 6 ± 0, 3
eff
19, 4 ± 0, 1 13, 40 ± 0, 08 16, 4 ± 0, 2
B
s
Jφ
tag
64, 2 ± 0, 2 54, 1 ± 0, 1 -
ω 23, 2 ± 0, 2 25, 2 ± 0, 1 -
eff
18, 4 ± 0, 1 13, 32 ± 0, 07 -
B
s
K
+
K
tag
65, 0 ± 0, 1 53, 1 ± 0, 2 56, 1 ± 0, 2
ω 23, 0 ± 0, 2 25, 7 ± 0, 2 23, 8 ± 0, 2
eff
19, 0 ± 0, 1 12, 6 ± 0, 1 15, 4 ± 0, 1
L0 TOS
canal L1 TIS L1 TOS L1 TOB
B
s
D
s
π
tag
43, 2 ± 0, 1 38, 49 ± 0, 08 41, 9 ± 0, 2
ω 22, 8 ± 0, 2 26, 4 ± 0, 1 24, 2 ± 0, 3
eff
12, 8 ± 0, 1 8, 54 ± 0, 05 11, 1 ± 0, 1
B
s
Jφ
tag
36, 8 ± 0, 1 35, 68 ± 0, 05 -
ω 25, 2 ± 0, 2 28, 76 ± 0, 08 -
eff
9, 05 ± 0, 06 6, 44 ± 0, 03 -
B
s
K
+
K
tag
40, 4 ± 0, 1 35, 02 ± 0, 08 39, 7 ± 0, 1
ω 24, 0 ± 0, 2 29, 1 ± 0, 1 25, 7 ± 0, 1
eff
10, 94 ± 0, 07 6, 11 ± 0, 04 9, 37 ± 0, 06
Tabela 4.9: Eficiˆencia de SIS, taxa de identificac¸ ˜ao errada e poder de SIS para os canais
estudados, em cada uma das categorias de trigger.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 79
SIS µ
Trigger B
s
D
s
π B
s
J/ψφ B
s
K
+
K
L0 L1
tag
ω
tag
ω
tag
ω
TIS TIS 30, 0 ± 0, 1 29, 0 ± 0, 2 29, 2 ± 0, 2 28, 7 ± 0, 3 30, 4 ± 0, 1 29, 3 ± 0, 2
TIS TOS 20, 1 ± 0, 1 23, 9 ± 0, 2 20, 3 ± 0, 1 24, 1 ± 0, 2 22, 7 ± 0, 1 23, 1 ± 0, 3
TIS TOB 24, 6 ± 0, 2 25, 9 ± 0, 4 - - 21, 3 ± 0, 1 24, 7 ± 0, 3
Total 9, 43 ± 0, 03 26, 5 ± 0, 2 4, 81 ± 0, 02 25, 8 ± 0, 2 7, 23 ± 0, 03 26, 5 ± 0, 2
SIS e
Trigger B
s
D
s
π B
s
J/ψφ B
s
K
+
K
L0 L1
tag
ω
tag
ω
tag
ω
TIS TIS 14, 7 ± 0, 1 28, 9 ± 0, 3 14, 3 ± 0, 1 29, 4 ± 0, 4 14, 9 ± 0, 1 28, 7 ± 0, 3
TIS TOS 8, 97 ± 0, 07 22, 8 ± 0, 3 9, 10 ± 0, 06 22, 6 ± 0, 3 9, 6 ± 0, 1 22, 4 ± 0, 4
TIS TOB 10, 8 ± 0, 2 25, 3 ± 0, 7 - - 9, 5 ± 0, 1 25, 0 ± 0, 5
TOS TIS 6, 02 ± 0, 07 30, 9 ± 0, 6 5, 05 ± 0, 05 29, 8 ± 0, 4 5, 87 ± 0, 06 30, 0 ± 0, 5
TOS TOS 2, 97 ± 0, 03 26, 5 ± 0, 4 3, 08 ± 0, 02 26, 3 ± 0, 3 2, 93 ± 0, 03 25, 7 ± 0, 4
TOS TOB 4, 67 ± 0, 08 26, 4 ± 0, 8 - - 3, 87 ± 0, 04 26, 1 ± 0, 5
Total 6, 74 ± 0, 03 26, 7 ± 0, 2 4, 94 ± 0, 02 26, 3 ± 0, 2 6, 14 ± 0, 02 26, 7 ± 0, 2
SIS K
opp
Trigger B
s
D
s
π B
s
J/ψφ B
s
K
+
K
L0 L1
tag
ω
tag
ω
tag
ω
TIS TIS 28, 1 ± 0, 1 18, 0 ± 0, 2 26, 3 ± 0, 3 18, 2 ± 0, 3 28, 1 ± 0, 1 18, 4 ± 0, 2
TIS TOS 8, 51 ± 0, 07 19, 0 ± 0, 3 8, 78 ± 0, 06 19, 3 ± 0, 3 8, 73 ± 0, 09 18, 8 ± 0, 4
TIS TOB 12, 6 ± 0, 2 19, 0 ± 0, 6 - - 11, 2 ± 0, 1 18, 8 ± 0, 4
TOS TIS 18, 3 ± 0, 1 19, 8 ± 0, 3 14, 39 ± 0, 08 19, 5 ± 0, 2 17, 73 ± 0, 09 19, 7 ± 0, 2
TOS TOS 7, 98 ± 0, 05 20, 6 ± 0, 2 8, 23 ± 0, 03 20, 4 ± 0, 1 8, 06 ± 0, 05 20, 9 ± 0, 2
TOS TOB 12, 2 ± 0, 1 20, 1 ± 0, 4 - - 10, 94 ± 0, 06 20, 2 ± 0, 3
Total 12, 83 ± 0, 04 19, 3 ± 0, 1 10, 26 ± 0, 03 19, 7 ± 0, 1 12, 94 ± 0, 03 19, 6 ± 0, 1
SIS K
same
Trigger B
s
D
s
π B
s
J/ψφ B
s
K
+
K
L1 L0
tag
ω
tag
ω
tag
ω
TIS TIS 32, 1 ± 0, 1 30, 2 ± 0, 2 32, 0 ± 0, 2 30, 6 ± 0, 3 30, 4 ± 0, 1 30, 3 ± 0, 2
TIS TOS 34, 2 ± 0, 1 31, 8 ± 0, 2 34, 6 ± 0, 1 32, 1 ± 0, 2 30, 1 ± 0, 1 35, 2 ± 0, 3
TIS TOB 35, 5 ± 0, 2 29, 4 ± 0, 4 - - 35, 2 ± 0, 2 29, 5 ± 0, 3
TOS TIS 30, 5 ± 0, 1 26, 0 ± 0, 2 25, 5 ± 0, 1 29, 7 ± 0, 2 27, 2 ± 0, 1 28, 3 ± 0, 2
TOS TOS 32, 34 ± 0, 08 28, 6 ± 0, 1 28, 85 ± 0, 05 31, 94 ± 0, 09 28, 32 ± 0, 08 32, 3 ± 0, 2
TOS TOB 32, 7 ± 0, 2 27, 0 ± 0, 3 - - 31, 3 ± 0, 1 28, 6 ± 0, 2
Total 32, 63 ± 0, 05 29, 09 ± 0, 09 29, 43 ± 0, 04 31, 61 ± 0, 07 29, 73 ± 0, 04 30, 58 ± 0, 08
Tabela 4.10: Eficiˆencia de SIS e ω para os canais estudados, em cada uma das categorias
para os diversos tipos de part´ıcula usadas pelo SIS na simulac¸˜ao .
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 80
fase, mostrado na sec¸ ˜ao anterior.
Da tabela 4.10 um efeito claro ´e que o SIS pelo pr´oprio B (K
same
) tem seu desem-
penho bem mais afetado do que quando ´e feito pelo outro B. Isso ocorre devido aos cortes
cinem´aticos aplicados ao K
same
, que o ligam mais diretamente ao B
s
de sinal. Por outro
lado, as diferenc¸as de desempenho no SIS pelo outro B acontecem apenas atrav´es da
correlac¸ ˜ao entre os quarks b
¯
b. Outro ponto que vale salientar ´e a ausˆencia de eventos L0
TOS quando um µ de SIS est´a presente no evento. Tal fato se deve aos cortes aplicados
em m´uons pelo SIS e pelo trigger serem iguais.
4.4.2 Correc¸
˜
ao da Taxa de Identificac¸
˜
ao Errada de Sabor
J´a foi argumentado anteriormente, na subsec¸ ˜ao 4.3.1, que o ω deve ser o mesmo para
qualquer canal de decaimento, se olharmos apenas em um volume infinitesimal do espac¸o
de fase do B de sinal, dentro de cada categoria de trigger diferente. Dessa maneira, para
cada evento de um canal de sinal, deve-se utilizar apenas eventos do canal de controle
que estejam numa regi˜ao parecida do espac¸o de fase, para uma obtenc¸ ˜ao correta de ω. O
tamanho do volume no espac¸o de fase, em torno do evento do canal de sinal, no qual se
procura uma resposta de SIS, deve ser um compromisso entre a precis˜ao desejada em ω e a
quantidade de eventos que precisar˜ao ser descartados. Isso ocorre pois ao tentar procurar
por tal resposta numa regi˜ao muito pequena ´e bem prov´avel que n˜ao haja uma corre-
spondˆencia no canal de controle. E, se esse for o caso, o evento precisaria ser descartado.
Por outro lado, ao escolher um volume muito grande para se obter a resposta, eventos que
n˜ao s˜ao representativos para o sinal estar˜ao sendo utilizados para obter ω.
Algumas hip´oteses foram feitas para simplificar o problema. Lembrando que tanto a
selec¸˜ao de trigger quanto a do SIS s˜ao feitas baseadas em cortes no P
T
, essa foi a ´unica
vari´avel utilizada na correc¸ ˜ao. Portanto, para cada evento de B
s
Jφ, ´e preciso pegar
todos os eventos do canal de controle em uma faixa de P
T
, em torno do valor obtido para
o pr´oprio canal de sinal, para obter ω. Fazendo isso, ao inv´es de a reposta de SIS ser
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 81
apenas certa ou errada, teremos um valor fracion´ario para cada evento do canal de sinal.
Esse valor corresponde `a probabilidade de se ter a resposta errada do sabor do B
s
, dada
pela amostra de B
s
D
s
π
+
.
Tamb´em supusemos que o erro em ω para cada evento de B
s
J(µ
+
µ
)φ seja o
binomial da raz˜ao de eventos com resposta errada sobre o total de eventos com resposta
de SIS, usados para obter a resposta no canal de controle. Na pr´atica, ao inv´es de procu-
rar a resposta para cada evento de B
s
J(µ
+
µ
)φ , eles s˜ao agrupados em fatias
suficientemente pequenas de P
T
, traduzidas na forma de bins.
Uma caracter´ıstica importante do problema pode ser percebida olhando-se para todas
as distribuic¸ ˜oes de P
T
mostradas. Fica claro que h´a muito mais eventos na regi˜ao de
valores menores de P
T
. Por este motivo, n˜ao seria sensato utilizar a mesma faixa para
todo o espectro de valores de momento transverso. Se esse fosse o caso, estar´ıamos
desperdic¸ando bins na regi˜ao de maiores P
T
, onde n˜ao se precisa de uma precis˜ao t˜ao boa
quanto na parte mais populada das distribuic¸ ˜oes.
Para lidar com tais caracter´ısticas, a correc¸ ˜ao foi feita usando tamanhos diferentes de
faixas de P
T
, dependendo da regi˜ao. Seguindo o racioc´ınio acima, foi feita a escolha
de colocar a mesma quantidade de eventos em cada fatia do espac¸o de fase. Uma vez
que o B
s
J(µ
+
µ
)φ popula uma maior regi˜ao de P
T
foi escolhido separar os bins
populando-os com a mesma quantidade de eventos do canal de sinal. Fazendo isso, che-
gamos aos tamanhos de bin vari´aveis mostrados nas figuras 4.15 e 4.16.
Na pr´atica, os argumentos dados acima significam que se espera que as distribuic¸ ˜oes
para a taxa de identificac¸˜ao errada de SIS, como func¸˜ao do P
T
, deveriam se sobrepor
em cada uma das categorias de trigger. Tal fato pode ser verificado, usando os bins
igualmente populados descritos acima, para todas as categorias nas figuras 4.17 e 4.18.
Outra caracter´ıstica importante do m´etodo, para esses canais espec´ıficos, pode ser
vista nas figuras 4.6 e 4.8. Nestas, pode-se ver que h´a eventos de B
s
J(µ
+
µ
)φ
que populam a regi˜ao de baixo P
T
que n˜ao aparecem no canal de controle. Portanto, para
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 82
Figura 4.15: Tamanho do bin x P
T
para distribuic¸ ˜oes igualmente populadas por eventos
de B
s
Jφ com selec¸˜ao L0 TOS. L1 TOS ´e mostrada `a esquerda e L1 TIS `a direita.
Figura 4.16: Tamanho do bin x P
T
para distribuic¸ ˜oes igualmente populadas por eventos
de B
s
Jφ com selec¸˜ao L0 TIS. L1 TOS ´e mostrada `a esquerda e L1 TIS `a direita.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 83
Figura 4.17: Taxa de identificac¸ ˜ao errada, como func¸ ˜ao de P
T
, de eventos do tipo L0
TOS. Eventos L1 TOS s˜ao mostrados `a esquerda e L1 TIS `a direita. O canal Jφ ´e
mostrado pela linha s´olida e o canal de controle na linha tracejada. As barras de erro n˜ao
s˜ao mostradas para obter uma clareza maior nas distribuic¸˜oes.
esses eventos n˜ao ser´a poss´ıvel obter uma resposta do canal de controle e eles dever˜ao ser
descartados. A quantidade de eventos descartados ´e mostrada na tabela 4.11, junto com os
novos valores de ω, obtidos j´a sem tais eventos. Nesse caso espec´ıfico foram descartados
8,8 % de eventos B
s
J(µ
+
µ
)φ
2
Para cada evento de B
s
J(µ
+
µ
)φ , em cada uma das categorias, procura-se
por um valor de ω na amostra do canal de controle. Isso ´e feito somente em eventos que
estejam dentro de uma faixa de valores de P
T
em torno do valor desse canal de sinal.
Os valores de ω obtidos como func¸ ˜ao do tamanho do intervalo de P
T
s˜ao mostrados
nas figuras 4.19 e 4.20, para cada uma das categorias de trigger presentes no B
s
2
Al´em disso, neste estudo foram escolhidos canais com uma diferenc¸a grande de vi´es para mostrar
que o m´etodo funciona. Dessa forma, pode-se esperar que, quando o experimento estiver funcionando, a
quantidade de eventos descartados ser´a menor. Por exemplo, o B
d
JK
´e um canal de decaimento
com cinem´atica mais parecida com o B
s
J(µ
+
µ
)φ .
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 84
Figura 4.18: Taxa de identificac¸ ˜ao errada, como func¸ ˜ao de P
T
, de eventos do tipo L0 TIS.
Eventos L1 TOS s˜ao mostrados `a esquerda e L1 TIS `a direita. O canal Jφ ´e mostrado
pela linha s´olida e o canal de controle na linha pontilhada. As barras de erro n˜ao s˜ao
mostradas para obter uma clareza maior nas distribuic¸ ˜oes.
L0 TIS L0 TOS
L1 TIS L1 TOS L1 TIS L1 TOS
% Descarte - - 10,4 11,8
Novo ω 22, 7 ± 0, 2 25, 0 ± 0, 1 22, 7 ± 0, 2 28, 31 ± 0, 08
Tabela 4.11: Quantidade de eventos descartados por n˜ao terem correspondˆencia no espac¸o
de fase do canal de controle. Tamb´em s˜ao mostrados os novos valores para ω, obtidos com
o restante dos eventos. Somente as categorias com L0 TOS s˜ao afetadas.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 85
J(µ
+
µ
)φ . Nestes, o eixo x representa o n´umero de bins, em torno do valor de P
T
do
sinal, nos quais se procurou eventos na amostra do canal de controle para atribuir ω para
cada evento. No menor intervalo, foi considerado que cada evento do canal de sinal tinha
o ω obtido somente com os eventos de B
s
D
s
π
+
que ca´ıssem dentro do mesmo bin
de P
T
que ele, nas distribuic¸˜oes 4.17 e 4.18. O segundo tamanho de intervalo (segundo
ponto no gr´afico) ´e onde para cada evento de B
s
J(µ
+
µ
)φ tamb´em s˜ao utilizados
os eventos da amostra do canal de controle que estejam em um bin `a esquerda e outro `a
direita, nas mesmas distribuic¸ ˜oes, para atribuir o valor de ω. E assim por diante. Portanto,
o ´ultimo ponto nos gr´aficos ´e onde todos os eventos do canal de controle foram utilizados
para obter o ω de cada evento e, dessa forma, nenhuma correc¸ ˜ao ´e feita.
Assim como foi feito para ω, o erro em tal quantidade ´e atribıdo por evento. Foi
explicado anteriormente como, para um dado intervalo de P
T
, a taxa de identificac¸˜ao
errada de sabor era obtida usando uma raz˜ao de uma certa quantidade de eventos do canal
de controle. O erro binomial dessa raz˜ao ´e atribıdo, ent˜ao, a cada evento do canal de
sinal. Dessa forma, para intervalos menores a incerteza em ω por evento ser´a maior, j´a
que menos eventos ser˜ao utilizados para obter ω. Isso explica o fato das barras de erro
serem maiores nessa regi˜ao das distribuic¸ ˜oes.
No procedimento utilizado, toda a amostra do canal de controle ´e utilizada em todos os
intervalos. Por´em, para o menor intervalo de P
T
utilizado, somente eventos da amostra de
B
s
D
s
π
+
que estejam no mesmo bin de P
T
que ele pr´oprio s˜ao utilizados na obtenc¸ ˜ao
de ω. Alargando o intervalo, s˜ao usados tamb´em eventos de bins adjacentes. Isso ´e feito,
at´e chegar ao maior intevalo, onde toda a amostra de B
s
D
s
π
+
´e usada para cada
evento do canal de sinal. Isso significa que existe uma grande correlac¸˜ao, tanto no valor
ω quanto na sua incerteza, entre esses intervalos diferentes. Isso pode ser entendido ao se
pensar em um ´unico evento. Passando para uma faixa de P
T
maior, est´a se adicionando
alguns eventos, aos mesmos j´a presentes no intervalo imediatamente menor, para extrair
o valor de ω.
4.4 B
s
J(µ
+
µ
)φ 86
Figura 4.19: Os pontos com barras de erro representam a taxa de identificac¸˜ao errada
obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada faixa de P
T
utilizada na correc¸ ˜ao. A linha
s´olida representa o valor de ω obtido diretamente do canal de sinal, utilizando informac¸˜ao
de MC, com os eventos que n˜ao foram descartados. As linhas tracejadas substituem as
barras de erro para as linhas s´olidas. O eixo x representa a faixa de P
T
utilizada para obter
o valor de ω para cada evento, expressa em n´umero de bins das distribuic¸ ˜oes de ω(P
T
)
(figura 4.17). A categoria L1 TOS ´e mostrada `a esquerda e L1 TIS `a direita, ambas para
L0 TOS.
Figura 4.20: A mesma explicac¸˜ao para os gr´aficos dada na figura 4.19 vale. O eixo x
representa a faixa de P
T
utilizada para obter o valor de ω para cada evento, expressa em
n´umero de bins das distribuic¸ ˜oes de ω(P
T
) (figura 4.18). A categoria L1 TOS ´e mostrada
`a esquerda e L1 TIS `a direita, ambas para L0 TIS.
4.5 B
s
K
+
K
87
Tamb´em nas figuras 4.19 e 4.20, est˜ao mostrados os valores de ω obtidos atrav´es da
informac¸˜ao de MC da amostra do canal de sinal, para comparac¸ ˜ao. Dessas distribuic¸˜oes
´e not´avel que, para as categorias com selec¸ ˜ao TIS em L0, a correc¸ ˜ao faz pouca diferenc¸a.
Isso j´a era esperado, uma vez que tanto as distribuic¸˜oes de P
T
quanto os ωs eram parecidos
j´a antes da correc¸ ˜ao. Por outro lado, nas categorias com L0 TOS existia inicialmente uma
grande diferenc¸a nos valores de ω. Olhando para as figuras em quest˜ao, percebe-se que,
ao se estreitar o intervalo de P
T
, a discrepˆancia entre o valor de ω obtido a partir do canal
de controle e o valor correto diminui. No final da correc¸˜ao, os valores obtidos atrav´es do
canal de controle atingem um pequeno platˆo que ´e compat´ıvel com o valor correto, obtido
pela informac¸˜ao de MC.
O m´etodo para extrair o valor correto para ω, a partir do canal de controle B
s
D
s
π
+
, funciona para o B
s
J(µ
+
µ
)φ . Considerando-se as grandes diferenc¸as
observadas antes da correc¸ ˜ao entre os canais, tanto em ω quanto no vi´es, esse ´e um bom
teste para o m´etodo. Essa diferenc¸a proposital exagerada de vi´es dos canais causou um
maior descarte de eventos.
4.5 B
s
K
+
K
Foi mostrado que o m´etodo proposto funciona bem para extrair o valor correto de ω para o
canal B
s
J(µ
+
µ
)φ . Todavia, esse canal possui a conveniente caracter´ıstica de n˜ao
ter categorias do tipo TOB. Uma conferida na tabela 4.8 mostra que esse tipo de evento
representa um percentual consider´avel no B
s
K
+
K
. Isso ocorre, pois o L1 ´e um n´ıvel
de trigger de 2 part´ıculas. Assim sendo, ´e mais prov´avel que, num canal de decaimento
com apenas 2 trac¸os carregados no estado final, o evento seja aceito pela soma de um
desses trac¸os com um outro qualquer.
O mesmo procedimento seguido na correc¸ ˜ao do B
s
J(µ
+
µ
)φ ´e aplicado nesse
canal. Uma diferenc¸a importante pode ser percebida comparando-se as distribuic¸ ˜oes de
P
T
do B
s
de sinal para as categorias com L0 TOS, mostradas nas figuras 4.21 e 4.22.
4.5 B
s
K
+
K
88
Figura 4.21: Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a direita,
para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
K
+
K
(linha s´olida) depois de
uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo TOS em L0 e L1. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para
ter a mesma ´area e a raz˜ao entre elas ´e mostrada no topo direito de cada gr´afico.
Nestas, pode-se verificar que o espac¸o de fase ocupado por ambos os canais ´e bastante
parecido (considerando que o espac¸o de fase seja apenas o P
T
). Por esse motivo, somente
uma pequena quantidade de eventos do canal de sinal precisar˜ao ser descartados pelo
m´etodo. Essa quantidade ´e mostrada, junto com os novos valores de ω obtidos sem tais
eventos, na tabela 4.12.
O resultado da correc¸ ˜ao aplicada a esse canal ´e mostrado, para as categorias sem
eventos do tipo TOB, nas figuras 4.23 e 4.24. A tabela 4.9 mostra que, inicialmente, ao
contr´ario do ocorrido para o B
s
J(µ
+
µ
)φ , os valores de ω tamb´em s˜ao incom-
pat´ıveis na categoria L0 TIS, L1 TOS.
Os gr´aficos mostram que a correc¸˜ao funciona muito bem em todas as categorias onde
havia, originalmente, discordˆancia em ω. O valor correto de ω ´e atingido nas menores
faixas de P
T
usadas na correc¸ ˜ao. Isso significa que, iutilizando o canal de controle, ´e
poss´ıvel extrair corretamente a taxa de identificac¸ ˜ao errada para o canal B
s
K
+
K
.
4.5 B
s
K
+
K
89
Figura 4.22: Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a dire-
ita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
K
+
K
(linha s´olida) depois
de uma selec¸˜ao de trigger do tipo TOS em L0 e TIS em L1. As distribuic¸˜oes s˜ao nor-
malizadas para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre elas ´e mostrada no topo direito de cada
gr´afico.
L0 TIS L0 TOS
L1 TIS L1 TOS L1 TOB L1 TIS L1 TOS L1 TOB
% Descartada - - - 3,8 2,7 1,9
Novo ω 23, 0 ± 0, 2 25, 7 ± 0, 2 23, 8 ± 0, 2 23, 9 ± 0, 2 29, 0 ± 0, 1 25, 6 ± 0, 1
Tabela 4.12: Quantidade de eventos descartados por n˜ao terem correspondˆencia no espac¸o
de fase do canal de controle. Tamb´em s˜ao mostrados os novos valores para ω, obtidos com
o restante dos eventos. Somente as categorias com L0 TOS s˜ao afetadas. Tais valores
acarretam num descarte de 1,7 % dos eventos.
4.5 B
s
K
+
K
90
Figura 4.23: Os pontos com barras de erro representam a taxa de identificac¸˜ao errada
obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada faixa de P
T
utilizada na correc¸ ˜ao. A linha
s´olida representa o valor de ω obtido diretamente do canal de sinal, utilizando informac¸˜ao
de MC, com os eventos que n˜ao foram descartados. As linhas tracejadas substituem as
barras de erro para as linhas s´olidas. O eixo x representa a faixa de P
T
utilizada para obter
o valor de ω para cada evento, expressa em n´umero de bins das distribuic¸ ˜oes de ω(P
T
).
A categoria L1 TOS ´e mostrada `a esquerda e L1 TIS `a direita, ambas para L0 TOS.
4.5 B
s
K
+
K
91
Figura 4.24: Os pontos com barras de erro representam a taxa de identificac¸˜ao errada
obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada faixa de P
T
utilizada na correc¸ ˜ao. A linha
s´olida representa o valor de ω obtido diretamente do canal de sinal, utilizando informac¸˜ao
de MC, com os eventos que n˜ao foram descartados. As linhas tracejadas substituem as
barras de erro para as linhas s´olidas. O eixo x representa a faixa de P
T
utilizada para obter
o valor de ω para cada evento, expressa em n´umero de bins das distribuic¸ ˜oes de ω(P
T
).
A categoria L1 TOS ´e mostrada `a esquerda e L1 TIS `a direita, ambas para L0 TIS.
Figura 4.25: Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a dire-
ita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
K
+
K
(linha s´olida) depois
de uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo TOS em L0 e TOB em L1. As distribuic¸ ˜oes s˜ao nor-
malizadas para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre elas ´e mostrada no topo direito de cada
gr´afico.
4.5 B
s
K
+
K
92
Figura 4.26: Distribuic¸ ˜oes de P
T
para o B de sinal, `a esquerda, e para o outro B, `a dire-
ita, para o canal de controle (linha tracejada) e para o B
s
K
+
K
(linha s´olida) depois
de uma selec¸ ˜ao de trigger do tipo TIS em L0 e TOB em L1. As distribuic¸˜oes s˜ao nor-
malizadas para ter a mesma ´area e a raz˜ao entre elas ´e mostrada no topo direito de cada
gr´afico.
4.5.1 Eventos TOB
Entretanto, a maior diferenc¸a entre os canais B
s
J(µ
+
µ
)φ e B
s
K
+
K
´e a
presenc¸a de eventos do tipo TOB no ´ultimo. Foi argumentado na sec¸ ˜ao 3 deste cap´ıtulo
que em categorias com esse tipo de evento ´e mais dif´ıcil tratar os efeitos sistem´aticos. Por
falta de um m´etodo melhor, n´os aplicamos o mesmo usado anteriormente para verificar
os resultados. As distribuic¸ ˜oes de P
T
dos h´adrons com quark b (
¯
b) s˜ao mostradas nas
figuras 4.25 e 4.26 para cada uma das categorias com L1 TOB.
Nas distribuic¸ ˜oes de P
T
, nota-se o mesmo tipo de comportamento apresentado anteri-
ormente, onde a selec¸ ˜ao L0 TOS ´e a maior respons´avel pelas diferenc¸as. Tal fato tamb´em
pode ser observado pelos dados da tabela 4.9. Seguindo o m´etodo de correc¸˜ao, obt´em-se ω
a partir do canal B
s
D
s
π
+
. Os resultados s˜ao mostrados na figura 4.27. A quantidade
4.5 B
s
K
+
K
93
Figura 4.27: Os pontos com barras de erro representam a taxa de identificac¸˜ao errada
obtida, a partir do B
s
D
s
π
+
, para cada faixa de P
T
utilizada na correc¸ ˜ao. A linha
s´olida representa o valor de ω obtido diretamente do canal de sinal, utilizando informac¸˜ao
de MC, com os eventos que n˜ao foram descartados. As linhas tracejadas substituem as
barras de erro para as linhas s´olidas. O eixo x representa a faixa de P
T
utilizada para obter
o valor de ω para cada evento, expressa em n´umero de bins das distribuic¸ ˜oes de ω(P
T
).
A categoria L0 TOS ´e mostrada `a esquerda e L0 TIS `a direita, ambas para L1 TOB.
de eventos descartada est´a mostrada na tabela 4.12, juntamente com os valores obtidos
para ω sem tais eventos.
Dos resultados mostrados, pode-se verificar que, mesmo que a correc¸˜ao aproxime do
ω correto, o platˆo ´e atingido antes que ω se torne compat´ıvel com o valor de MC do canal
de sinal. Isso ocorre apenas para a categoria com L0 TOS, uma vez que para L0 TIS os
valores para ω j´a eram compat´ıveis antes da correc¸ ˜ao.
Por esses resultados, para obter corretamente o valor de ω, a partir de um canal de
controle, seria preciso jogar fora toda a amostra de L1 TOB.
4.6 Conclus
˜
ao 94
4.6 Conclus
˜
ao
Fazendo uma simulac¸˜ao no n´ıvel de gerac¸ ˜ao de eventos, conseguimos produzir o mesmo
tipo de diferenc¸a causado na identificac¸ ˜ao de sabor pela selec¸ ˜ao de trigger. Foi apre-
sentado e testado um m´etodo de correc¸˜ao, baseado na correc¸ ˜ao do espac¸o de fase das
amostra em diferentes categorias de selec¸ ˜ao de trigger. Com isso, conseguimos extrair
corretamente de um canal de controle o valor de ω para 2 canais de sinal distintos, para
todas as categorias TIS e TOS.
J´a para eventos do tipo TOB, o m´etodo n˜ao funcionou corretamente fazendo com que
esse tipo de evento seja jogado fora. No caso de apenas 2 part´ıculas no estado do final,
a quantidade de eventos com esse tipo de selec¸ ˜ao ´e consider´avel. No caso do canal de
decaimento B
s
K
+
K
tratado. isso representaria uma perda de 30 % . Essa dificuldade
de tratar efeitos sistem´aticos desse tipo de eventos levou `a uma grande reestruturac¸ ˜ao do
sistema de trigger, criando um trigger de uma part´ıcula, tamb´em no L1 [53]. Com isso,
canais do tipo B hh s˜ao predominantemente selecionados por um de seus h´adrons e,
portanto, n˜ao s˜ao mais do tipo TOB.
Cap
´
ıtulo 5
Sensibilidade do LHCb ao Par
ˆ
ametro
φ
s
, Utilizando o Canal de Decaimento
B
s
φφ
5.1 Introduc¸
˜
ao
J´a foi dito que um dos principais objetivos do experimento LHCb ´e fazer medidas pre-
cisas de violac¸˜ao de CP. Por esse motivo, um dos estudos feitos nessa tese foi testar a
sensibilidade de medir a assimetria de CP com um canal de decaimento espec´ıfico, o
B
s
φφ. Foi mostrado no cap´ıtulo 2 que, sendo esse um decaimento com uma transic¸˜ao
de quarks b s¯ss, ele ´e sens´ıvel ao parˆametro φ
s
, que ´e um dos parˆametros que quan-
tifica a violac¸˜ao de CP e, de acordo com o Modelo Padr˜ao, est´a relacionado ao ˆangulo χ,
de um dos triˆangulos unit´arios da matriz CKM.
O diagrama de menor ordem, no n´ıvel de quarks, com o qual esse processo ocorre ´e
do tipo chamado pinguim, com um lac¸o interno, mostrado na figura 5.1. Por esse motivo,
esse ´e um processo raro, cuja raz˜ao de ramificac¸˜ao, recentemente medida pela primeira
5.2 A Simulac¸
˜
ao dos Dados 96
u,c,t
b
s
s
Z
0
, γ
W
+
s
s
B
s
φ
φ
Figura 5.1: Diagrama de ordem mais baixa, do tipo pinguim, respons´avel pelo decaimento
B
s
φφ
vez, ´e de BR(B
s
φφ) = (1, 4 ± 0, 6 ± 0, 6) × 10
5
[54]
1
. Esse mesmo ˆangulo χ pode
ser medido com canais de decaimento com transic¸ ˜ao no n´ıvel de quarks b cs [14],
que s˜ao menos raros, por ocorrerem no n´ıvel de ´arvore. Todavia, esses decaimentos mais
frequentes s˜ao dominados por esses diagramas de ´arvore, que s˜ao muito bem medidos
e est˜ao de acordo com o Modelo Padr˜ao. Isso faz com que seja interessante testar a
assimetria de CP em canais como o B
s
φφ, onde a sensibilidade a efeitos de ısica
nova seria maior.
5.2 A Simulac¸
˜
ao dos Dados
Para fazer o estudo da sensibilidade ´e necess´ario, primeiramente, separar esse tipo de de-
caimento dos demais eventos. Isso ´e feito baseado numa simulac¸˜ao feita pela colaborac¸˜ao,
que tenta reproduzir os dados que ser˜ao medidos no LHCb. Esse processo procura simular
detalhada e realisticamente as colis˜oes de pr´otons, a formac¸ ˜ao dos h´adrons, a interac¸ ˜ao
das part´ıculas com o detector, o decaimento das part´ıculas inst´aveis e a resposta que se
1
O primeiro termo da incerteza ´e devido `a estat´ıstica e o segundo a efeitos sistem´aticos.
5.2 A Simulac¸
˜
ao dos Dados 97
espera do LHCb [55]. Essa simulac¸˜ao ´e feita modularmente, com cada parte sendo real-
izada por um programa diferente. O objetivo ´e que a entrada do ´ultimo desses programas,
onde ´e feita a an´alise dos dados e chamado DaVinci [56], seja igual `a resposta real do
experimento.
Toda a an´alise feita, e que ser´a apresentada, foi baseada nesse programa desenvolvido
pela colaborac¸ ˜ao para analisar os dados experimentais, utilizando os eventos simulados
existentes.
J´a foi dito, no cap´ıtulo 3, que o LHCb est´a interessado em uma frac¸ ˜ao muito pequena
do total das colis˜oes que ocorrer˜ao no LHC. Da mesma forma que n˜ao ser´a poss´ıvel
salvar todos os eventos produzidos, tamb´em n˜ao existe capacidade computacional para
gerar todos os dados que se espera obter. Por esse motivo, a simulac¸ ˜ao dos eventos ´e
separada em categorias distintas.
Vi´es M´ınimo: Esses eventos s˜ao todos os sa´ıdos de colis˜oes p-p e, portanto, ´e o que
se esperaria obter se todos os dados fossem tomados;
b
¯
b Inclusivo: S˜ao gerados somente eventos onde haja formac¸˜ao de pelo menos um
par b
¯
b nas colis˜oes p-p, que esteja dentro da cobertura geom´etrica do detector;
Canais espec´ıficos: Cada canal de decaimento que o LHCb se prop˜oe a estudar
´e simulado separadamente, com os produtos finais estando dentro da cobertura
geom´etrica.
A maior quantidade de eventos que foi gerada ´e de vi´es m´ınimo, por´em, ela correspon-
deria a cerca de apenas 10 segundos de tomada de dados reais. Por isso, s˜ao simulados
eventos de b
¯
b inclusivo. A totalidade desse tipo de evento corresponde a cerca de 15
minutos da tomada de dados. Mas, como estamos interessados em estudar canais com
raz˜oes de ramificac¸˜ao muito baixas, fica claro que, na grande maioria dos casos, os canais
estudados n˜ao est˜ao presentes nesses eventos. Dessa forma, ´e necess´ario simular sepa-
radamente eventos onde um dos h´adrons formados com o quark b ´e forc¸ado a decair em
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 98
um dos canais estudados. Para se ter uma id´eia, a quantidade de eventos gerados para o
B
s
φφ corresponde a mais de 3 meses de tomada de dados.
J´a foi explicado como o sistema de trigger procura selecionar apenas eventos onde h´a
h´adrons com o quark b(ou
¯
b). Por esse motivo, s´o foram tratados na selec¸ ˜ao aprestentada
na tese, eventos de b
¯
b inclusivo e do canal espec´ıfico B
s
φφ. Mais do que isso, o
φ decai em quase 100 % dos casos em 2 k´aons, em pares neutros ou carregados. Uma
vez que s´o ser˜ao medidos os k´aons carregados, s´o s˜ao gerados eventos B
s
φφ, com
φ K
+
K
. Dessa forma, na obtenc¸˜ao da quantidade de eventos que se espera obter por
ano, ser´a necess´ario compensar a perda dos decaimentos φ K
0
¯
K
0
. A an´alise precisa,
portanto, ser feita em amostras diferentes onde visamos rejeitar todos os eventos de b
¯
b
inclusivo mantendo o m´aximo da amostra do sinal espec´ıfico.
Para fazer a an´alise, utilizamos o DaVinci para encontrar trac¸os identificados como
k´aons que foram reconstru´ıdos em um dado evento simulado. Esses k´aons s˜ao agrupados,
em pares de cargas opostas, na tentativa de construir um v´ertice (que representa cada um
dos φs). Depois, tenta-se fazer um v´ertice com 4 k´aons, com os quais se conseguiu fazer
um φ, que consideramos ser um B
s
.
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ
5.3.1 A Pr
´
e-Selec¸
˜
ao
A quantidade total de eventos de b
¯
b inclusivo analisados nesse estudo foi de 33926781.
Todos esses eventos s˜ao salvos em diversas fitas e, em princ´ıpio, deveriam ser acessados
por todos os pesquisadores trabalhando em algum tipo de an´alise. Essa grande quantidade
de acessos se mostrou tecnicamente imposs´ıvel de ser feita. Por esse motivo, todas as
selec¸ ˜oes tˆem que fornecer uma pr´e-selec¸˜ao, baseada em poucos eventos que, basicamente,
tenham um fator de reduc¸˜ao 2000 nos eventos de b
¯
b inclusivo, descartando o m´ınimo de
eventos do canal espec´ıfico. Com isso, em se tratando de b
¯
b inclusivo, somente eventos
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 99
que tenham passado em alguma das pr´e-selec¸ ˜oes s˜ao acessados.
A selec¸˜ao de um dado canal de decaimento ´e feita baseada em cortes nas vari´aveis
cinem´aticas e na topologia do evento. Portanto, s˜ao utilizados tanto aspectos ıpicos de
eventos com m´esons B
s
quanto caracter´ısticas espec´ıficas do B
s
φ(K
+
K
)φ(K
+
K
).
Assim sendo, as vari´aveis utilizadas na pr´e-selec¸˜ao foram:
I
P
σ
(K) > 2 : Primeiro, ´e utilizado que os m´esons B
s
¯
B
s
tˆem um tempo de vida su-
ficiente para distanci´a-los do v´ertice prim´ario. Portanto, ´e exigido de todos os k´aons
usados na reconstruc¸ ˜ao do m´eson B
s
, um parˆametro de impacto m´ınimo em relac¸ ˜ao
a todos os v´ertices prim´arios reconstru´ıdos no evento. O parˆametro de impacto ´e
dividido pelo erro σ.
DLL (K-π) > -2 :
´
E utilizado o sistema de identificac¸˜ao de part´ıculas para dife-
renciar k´aons de ıons carregados. A func¸ ˜ao DLL (Delta Log Likelihood) ´e uma
diferenc¸a dos logaritmos das verossimilhanc¸as de k´aon e p´ıon. A verossimilhanc¸a
´e uma func¸ao constru´ıda baseada nas vari´aveis cinem´aticas medidas, que quanto
maior seu valor, maior a probabilidade de uma part´ıcula ter um certo sabor. No
caso da separac¸ ˜ao K-π, essas func¸ ˜oes s˜ao basicamente medidas pelos dois detec-
tores RICH.
M(φ) < 1050 MeV/c
2
: Como o m´eson φ ´e uma ressonˆancia, ´e exigido que ambos
tenham uma massa menor do que um valor, que corresponde ao valor nominal so-
mado de 30 MeV/c
2
. Na pr´atica, esse corte significa exigir que a massa medida para
o φ n˜ao deve diferir por mais de 30 MeV/c
2
do valor tabelado. N˜ao ´e necess´ario
fazer a mesma exigˆencia para valores menores do que o valor nominal pois, uma
vez que a massa do φ nunca pode ser menor que a soma das massas dos k´aons nos
quais ele decaiu, ela necessariamente ser´a maior do que 990 MeV/c
2
.
χ
2
(φ) < 100 : O parˆametro que quantifica o quanto um v´ertice foi bem ajustado ´e
o χ
2
. Portanto, o χ
2
dos v´ertices formados pelos pares de k´aons deve ser menor do
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 100
que 100.
χ
2
(B
s
) < 40 : Uma vez que o φ ´e uma ressonˆancia, os 4 k´aons devem vir do
v´ertice do B
s
. Por esse motivo, ´e feito um ajuste do v´ertice do B
s
com os 4 trac¸os
carregados, com uma exigˆencia de χ
2
m´aximo.
4 GeV/c
2
< M(B
s
) < 7GeV/c
2
:
´
E feita essa leve exigˆencia na massa do B
s
(ou
¯
B
s
)
formado.
Com essa pr´e-selec¸ ˜ao, reduz-se a quantidade de eventos de b
¯
b inclusivo de um fator
2140. Esses mesmos cortes aplicados aos eventos com a presenc¸a do canal estudado
seleciona 5843 de um total de 69000 gerados. Apesar de a eficiˆencia parecer pequena
para os eventos de sinal, temos, nesse caso, um estado final com 4 k´aons. A eficiˆencia
que se espera na reconstruc¸˜ao de cada uma dessas part´ıculas ´e uma das menores que se
espera ter no LHCb. Isso faz com que em somente 8768 desses eventos todos os 4 k´aons
sejam reconstru´ıdos completamente. Assim sendo, somente nesses casos seria poss´ıvel
esperar selecionar corretamente o B
s
.
5.3.2 As Vari
´
aveis de Corte
A partir daqui, ser´a apresentada a selec¸ ˜ao dos eventos de B
s
φφ com os eventos aceitos
na pr´e-selec¸˜ao, descrita na subsec¸ ˜ao anterior. Os cortes ser˜ao apresentados na ordem
que s˜ao feitos ao longo do programa de selec¸˜ao, primeiro com as exigˆencias nos k´aons
sendo apresentadas, depois nos φs at´e chegar ao B
s
. Temos nesse ponto 5843 eventos
do sinal estudado e 15839 de b
¯
b inclusivo. Por estarmos sempre tratando quantidades
diferentes de eventos em uma amostra e na outra, para obter uma clareza maior, todos os
gr´aficos com as vari´aveis de corte para cada uma das amostras ser˜ao apresentados ap´os
uma normalizac¸˜ao, de maneira a terem a mesma ´area.
A primeira vari´avel de corte escolhida foi o momento transverso (P
T
) dos K
±
. Como
j´a mencionado, mais de uma vez, uma das caracter´ısticas principais de decaimentos de
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 101
dos Kaons [GeV/c]
T
Menor P
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5
Unidades Arbitrarias
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
> 0,4 GeV/c
T
P
55315843
105515839
Figura 5.2: Distribuic¸ ˜oes do menor dos momentos tranversos dos k´aons. A amostra do
sinal B
s
φφ ´e representada pela linha s´olida e a de b
¯
b inclusivo pela linha tracejada. O
corte de P
T
> 0, 4 GeV/c ´e indicado no gr´afico pela linha vertical e a reduc¸ ˜ao provocada
em cada uma das amostras por ele tamb´em ´e apresentada, em n´umero de eventos. As
distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para terem a mesma ´area.
h´adrons com o quark b ´e ter produtos com alto P
T
. Como s˜ao 4 os k´aons utilizados na
reconstruc¸˜ao do B
s
, para se ter uma melhor noc¸ ˜ao de quantos eventos de fato est˜ao sendo
descartados, s˜ao apresentadas as distribuic¸ ˜oes do menor dos P
T
s dos k´aons para cada uma
das amostras na figura 5.2. Nessa figura, assim como em todas as outras mostradas daqui
pra frente, s˜ao apresentadas, al´em das distribuic¸ ˜oes da vari´avel de corte, uma indicac¸ ˜ao
gr´afica de onde o corte ´e feito e a reduc¸ ˜ao no n´umero de eventos provocada pela exigˆencia
nos eventos de sinal e nos de b
¯
b inclusivo.
Depois do P
T
dos k´aons, utilizamos o fato de o φ ser uma ressonˆancia que tem uma
largura de massa pequena. Esse fato j´a havia sido usado na pr´e-selec¸˜ao. Aqui, apertamos
o corte na diferenc¸a entre a massa dos φs reconstru´ıdos e a tabelada, de 1019, 5MeV/c
2
.
´
E feita a exigˆencia de ∆M(φ) < 20 MeV/c
2
. As distribuic¸ ˜oes da massa dos φs s˜ao
mostradas, junto com o corte aplicado e as reduc¸ ˜oes causadas pelo mesmo nas amostras,
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 102
]
2
Mass [GeV/cφ
0.97 0.98 0.99 1 1.01 1.02 1.03 1.04 1.05 1.06 1.07
Unidades Arbitrarias
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
52985531
5571055
2
) < 0.02 GeV/cφ M (
Figura 5.3: Distribuic¸ ˜oes da massa dos φs. A amostra do sinal B
s
φφ ´e representada
pela linha s´olida e a de b
¯
b inclusivo pela linha tracejada. O corte de ∆M(φ) < 0, 02
GeV/c
2
´e indicado no gr´afico pela linha vertical e a reduc¸ ˜ao provocada em cada uma das
amostras por ele tamb´em ´e apresentada, em n´umero de eventos. As distribuic¸ ˜oes s˜ao
normalizadas para terem a mesma ´area.
na figura 5.3.
J´a foi feito um corte no P
T
dos k´aons utilizados. Todavia, como s˜ao 4 os produtos
finais, o momento transverso de cada um deles pode ficar um pouco dilu´ıdo. Por isso,
fazemos tamb´em um corte no P
T
dos φs.
´
E feita uma exigˆencia de o P
T
de cada uma das
ressonˆancias ser maior do que 1,2 GeV/c. S˜ao mostradas, na figura 5.4, as distribuic¸ ˜oes
do menor P
T
dos φs, juntamente com a indicac¸˜ao do corte e a reduc¸˜ao causada em cada
uma das amostras.
Na pr´e-selec¸˜ao ´e feito um corte no parˆametro de impacto dos k´aons em relac¸ ˜ao aos
v´ertices prim´arios dividido pela sua incerteza. Como as ressonˆancias tˆem o mesmo v´ertice
de criac¸ ˜ao dos k´aons, a mesma condic¸˜ao ´e exigida de cada um dos φs, I
P
(φ) > 2. As
distribuic¸ ˜oes para o φ de menor I
P
s˜ao mostradas na figura 5.5, juntamente com as
reduc¸ ˜oes causadas pelo corte escolhido.
Ap´os os cortes feitos nos produtos do decaimento, passamos `as exigˆencias feitas dire-
tamente no m´eson B
s
. Primeiro, ´e feito um corte no χ
2
do ajuste do v´ertice formado pelos
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 103
s [GeV/c]φ dos
T
Menor P
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Unidades Arbitrarias
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
> 1,2 GeV/c
T
P
50695298
292557
Figura 5.4: Distribuic¸˜oes do menor dos momentos tranversos dos φs. A amostra do sinal
B
s
φφ ´e representada pela linha s´olida e a de b
¯
b inclusivo pela linha tracejada. O
corte de P
T
> 1, 2 GeV/c ´e indicado no gr´afico pela linha vertical e a reduc¸ ˜ao provocada
em cada uma das amostras por ele tamb´em ´e apresentada, em n´umero de eventos. As
distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para terem a mesma ´area.
em relacao ao VPφ dos σ /
P
Menor I
0 10 20 30 40 50 60
Unidades Arbitrarias
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
> 2σ /
P
I
50535069
209292
Figura 5.5: Distribuic¸ ˜oes do φ de menor I
P
em relac¸ ˜ao ao v´ertice prim´ario. A amostra
do sinal B
s
φφ ´e representada pela linha s´olida e a de b
¯
b inclusivo pela linha tracejada.
O corte de I
P
> 2 ´e indicado no gr´afico pela linha vertical e a reduc¸ ˜ao provocada
em cada uma das amostras por ele tamb´em ´e apresentada, em n´umero de eventos. As
distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para terem a mesma ´area.
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 104
)
s
(B
2
χ
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Unidades Arbitrarias
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0.025
0.03
0.035
0.04
0.045
) < 25
s
(B
2
χ
48685053
136209
Figura 5.6: Distribuic¸ ˜oes de χ
2
do v´ertice do B
s
, formado pelos 4 k´aons carregados. A
amostra do sinal B
s
φφ ´e representada pela linha s´olida e a de b
¯
b inclusivo pela linha
tracejada. O corte de χ
2
< 25 ´e indicado no gr´afico pela linha vertical e a reduc¸ ˜ao provo-
cada em cada uma das amostras por ele tamb´em ´e apresentada, em n´umero de eventos.
As distribuic¸˜oes s˜ao normalizadas para terem a mesma ´area.
4 k´aons, para garantir que o B
s
foi bem localizado. A figura 5.6 mostra as distribuic¸ ˜oes
de χ
2
para o sinal e o b
¯
b inclusivo, juntamente com o corte aplicado nessa vari´avel e a
reduc¸˜ao causada por ele em cada uma das amostras.
Outra vari´avel de corte utilizada ´e a distˆancia entre o v´ertice de decaimento do B
s
e
o v´ertice prim´ario, onde ele foi criado. Na verdade, a ´unica exigˆencia feita ´e a de que a
posic¸˜ao do v´ertice do B
s
, ao longo do eixo z, definido pela direc¸˜ao do feixe, seja maior do
que a componente nesse mesmo eixo do v´ertice prim´ario reconstru´ıdo. Isso ´e feito pois, se
esse n˜ao for o caso, o m´eson estudado e, consequentemente, seus produtos estariam indo
em direc¸ ˜ao `a regi˜ao z < 0, n˜ao coberta pelo LHCb. As distribuic¸ ˜oes da componente z da
diferenc¸a entre as posic¸ ˜oes dos v´ertices de decaimento do B
s
e prim´ario s˜ao mostradas
na figura 5.7, juntamente com o corte aplicado e a reduc¸ ˜ao causada pelo mesmo em cada
uma das amostras. No caso de mais de um v´ertice prim´ario ser reconstru´ıdo no evento, ´e
escolhido aquele com o qual o B
s
possui o menor I
P
.
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 105
) (mm)
s
(B
Z
) - Z(VP) = D
s
Z(B
-20 -10 0 10 20 30 40 50
Unidades Arbitrarias
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
0.14
0.16
0.18
0.2
) > 0 mm
s
(B
z
D
48114868
66136
Figura 5.7: Distribuic¸˜oes da componente z da diferenc¸a entre as posic¸ ˜oes dos v´ertices do
B
s
e prim´ario. A amostra do sinal B
s
φφ ´e representada pela linha s´olida e a de b
¯
b
inclusivo pela linha tracejada. O corte de D
z
(B
s
) > 0 mm ´e indicado no gr´afico pela linha
vertical e a reduc¸ ˜ao provocada em cada uma das amostras por ele tamb´em ´e apresentada,
em n´umero de eventos. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para terem a mesma ´area.
5.3.3 As Janelas de Massa
Por ´ultimo, ´e utilizada como vari´avel de corte a massa do B
s
reconstru´ıdo. Todavia, nesse
ponto ´e necess´ario ter cuidado. Para obter a quantidade de eventos de sinal que esperamos
selecionar em um certo per´ıodo, ´e necess´ario utilizar a eficiˆencia da selec¸˜ao desenvolvida.
Para os eventos do sinal, isso pode ser feito diretamente, j´a que a quantidade de eventos
simulada representa alguns meses da tomada de dados.
Por outro lado, como j´a foi dito anteriormente, a quantidade de eventos de b
¯
b inclusivo
gerados representa pouco mais de 10 minutos da tomada de dados. Sendo assim, mesmo
que todos os eventos de b
¯
b inclusivo sejam rejeitados, a obtenc¸ ˜ao das quantidades de
eventos esperados de ru´ıdo ficaria limitada. O que fazemos ´e seguir o procedimento
adotado pela colaborac¸˜ao de escolher para a amostra de b
¯
b inclusivo uma janela de massa
larga e sim´etrica, ao redor da massa medida do B
s
, M(B
s
) = (5369, 9±1, 3)MeV/c
2
[48].
J´a para a amostra de sinal ´e aplicada uma janela de massa mais estreita, que corresponde
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 106
)
2
(GeV/c
s
Massa do B
4 4.5 5 5.5 6 6.5 7
Unidades Arbitrarias
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
48084811
1466
2
) < 0,5 GeV/c
s
M(B
Figura 5.8: Distribuic¸ ˜oes da massa do B
s
reconstru´ıdo. A amostra do sinal B
s
φφ
´e representada pela linha s´olida e a de b
¯
b inclusivo pela linha tracejada. O corte de
∆M(B
s
) < 0, 5 GeV/c
2
´e indicado no gr´afico pelas duas linhas verticais e a reduc¸ ˜ao
provocada em cada uma das amostras por ele tamb´em ´e apresentada, em n´umero de even-
tos. As distribuic¸ ˜oes s˜ao normalizadas para terem a mesma ´area.
a que ser´a de fato utilizada para a selec¸ ˜ao.
Com os eventos restantes na janela de massa larga, ´e obtida a quantidade de eventos
que se esperaria ter de ru´ıdo em um dado per´ıodo, com os cortes utilizados na selec¸˜ao
de eventos do canal B
s
φφ.
´
E feita, ent˜ao, a suposic¸˜ao de que a reduc¸ ˜ao da largura
da janela de massa atua linearmente na quantidade de eventos esperada. Sendo assim, o
n´umero de eventos de ru´ıdo que se espera selecionar em um dado per´ıodo ´e a quantidade
que se obt´em pela janela de massa larga multiplicada por um fator de reduc¸ ˜ao dado pela
raz˜ao entre as janelas de massa estreita, utilizada para o sinal, e a larga.
Sendo assim, escolhemos uma janela de massa larga de ±500 MeV/c
2
em torno do
valor tabelado para M(B
s
). Essa escolha foi baseada nas distribuic¸ ˜oes mostradas na
figura 5.8, que tamb´em apresenta a reduc¸˜ao provocada pela exigˆencia em cada uma das
amostras.
J´a para decidir sobre a janela de massa estreita a ser utilizada, fizemos o ajuste de uma
gaussiana aos eventos restantes, obtendo uma largura de σ = (12, 1 ±0, 2)MeV/c
2
. Esse
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 107
(GeV/c)
s
Massa do B
5.2 5.25 5.3 5.35 5.4 5.45 5.5 5.55 5.6
Unidades Arbitrarias
0
100
200
300
400
500
600
700
2
0,2) MeV/c± = (12,1 σ
Figura 5.9: Distribuic¸˜ao de massa do B
s
reconstru´ıdo, nos eventos restantes, e o ajuste de
uma gaussiana. O ajuste fornece o resultado de σ = 12, 1 ± 0, 2 MeV/c
2
.
ajuste ´e mostrado na figura 5.9. Com isso, optamos por uma janela de massa estreita de
±40 MeV/c
2
, a ser aplicada nos eventos de sinal.
Os cortes aplicados na selec¸˜ao e as respectivas reduc¸ ˜oes na quantidade de eventos
causadas por ele est˜ao apresentados no sum´ario da tabela 5.1.
5.3.4 Desempenho de Trigger e SIS
Depois de ter feito a selec¸ ˜ao dos eventos gerados, aos aceitos foram aplicados os algo-
ritmos de trigger e SIS dispon´ıveis no DaVinci. Os n´umeros obtidos est˜ao mostrados na
tabela 5.2. Lembrando que s˜ao considerados apenas eventos de sinal dentro da janela de
massa estreita, mas os de b
¯
b inclusivo s˜ao os dentro da janela larga. Por esses n´umeros,
vemos que n˜ao h´a nenhum evento de ru´ıdo selecionado pelos cortes escolhidos e aceito
pelo trigger.
5.3 A Selec¸
˜
ao dos Eventos B
s
φφ 108
N´umero de Eventos
Corte Aplicado Eventos de Sinal Eventos de Ru´ıdo
Gerados 69000 33926781
Pr´e-selec¸ ˜ao 5843 15839
P
T
(K) > 400 MeV/c 5531 1055
∆M(φ) < 20 MeV/c
2
5298 557
P
T
(φ) > 1200 MeV/c 5069 292
I
P
(φ) > 2 5053 209
χ
2
(B
s
) < 25 4868 136
D
Z
(B
s
) > 0 mm 4811 66
∆M(B
s
) < 500 MeV/c
2
- 14
∆M(B
s
) < 40 MeV/c
2
4663 -
Tabela 5.1: Sum´ario dos cortes aplicados e a quantidade de eventos restando nas amostras
ap´os cada uma deles.
N´umero de Eventos
Selec¸ ˜ao Sinal b
¯
b Inclusivo
Aceitos pelos Cortes 4663 14
L0 1716 (
L0
= 36, 8 ± 0, 7) 5
L1 1208 (
L1
= 70, 4 ± 1, 1) 4
HLT 870 (
HLT
= 72, 0 ± 1, 3) 0
SIS 592 (
tag
= 68, 0 ± 1, 6) 0
Tabela 5.2: Resultado da aplicac¸ ˜ao dos algoritmos de trigger e SIS nos eventos aceitos
pela selec¸ ˜ao. A an´alise ´e sequencial, de maneira que somente eventos aceitos pelo n´ıvel
anterior s˜ao analisados pelo posterior. Vale ressaltar que os eventos considerados como
aceitos pelos cortes dizem respeito a janelas de massa diferentes para o sinal e o ru´ıdo.
5.4 O Desempenho Anual 109
5.4 O Desempenho Anual
Para saber o n´umero de eventos de sinal N
sin
, que o LHCb espera medir por ano, com essa
selec¸˜ao espec´ıfica, ´e preciso aplicar a f´ormula:
N
sin
= L
int
b
¯
b
.2.P(b B
s
).BR
vis
(B
s
φφ).
tot
(5.1)
Onde L
int
= 2fb
1
´e a luminosidade integrada esperada em 1 ano de tomada de dados,
σ
b
¯
b
= 627µb ´e a sec¸˜ao de choque simulada para a formac¸ ˜ao de pares b
¯
b na colis˜ao de
pr´otons. Portanto, o produto L
int
σ
b
¯
b
1, 3 × 10
12
´e o n´umero de pares que se espera
produzir em um ano. Al´em disso, P(b B
s
) = 0, 099 ´e a probabilidade de um quark
(
¯
b) hadronizar em um m´eson B
s
e o fator 2 leva em conta que h´a um par b
¯
b no evento.
BR
vis
(B
s
φφ) = BR(B
s
φφ). [BR(φ K
+
K
)]
2
´e a raz˜ao de ramificac¸˜ao dos
eventos vis´ıveis pelo detector, que leva em conta n˜ao s´o a raz˜ao de ramificac¸ ˜ao do canal
B
s
φφ como tamb´em a probabilidade de decaimento do φ nos k´aons carregados. Por
fim,
tot
´e a eficiˆencia para medir um desses eventos.
Essa eficiˆencia total inclui v´arios fatores. Primeiro, a probabilidade de o m´eson em
quest˜ao estar dentro da cobertura geom´etrica do detector,
geo
= 0.348 para um m´eson B
s
.
Esse fator precisa ser levado em conta explicitamente pois s´o s˜ao simulados eventos com
os produtos dentro da cobertura geom´etrica do LHCb. Al´em disso, temos ineficiˆencias
no detector e na reconstruc¸˜ao de eventos. Esse fato leva ao fator
det
= N
rec
/N
sim
, onde
N
rec
´e o n´umero de eventos reconstru´ıdos
2
e N
sim
´e a quantidade de eventos simula-
dos. Temos tamb´em que considerar a eficiˆencia da selec¸˜ao desenvolvida para o canal
sel
= N
sel
/N
rec
, onde N
sel
´e a quantidade de eventos aceitos pela selec¸ ˜ao. Ainda temos a
eficiˆencia de trigger
trig
=
L0
.
L1
.
HLT
. Por fim, ´e necess´ario que o evento tenha passado
pelo SIS, introduzindo o fator
tag
. Portanto, tirando a eficiˆencia da cobertura geom´etrica,
as eficiˆencia total pode ser obtida diretamente, a partir do resultado final da selec¸˜ao. To-
davia, ´e interessante fatoriz´a-la, para entender como cada etapa da selec¸˜ao est´a atuando.
2
Um evento reconstru´ıdo ´e aquele no qual todos os produtos finais formam trac¸os longos.
5.4 O Desempenho Anual 110
Eficiˆencia
geo
34,8 %
det
8768/69000 (12, 7 ± 0, 1)%
sel
4663/8768 (53, 7 ± 0, 5)%
L0
1716/4663 (36, 8 ± 0, 7)%
L1
1208/1716 (70, 4 ± 1, 1)%
HLT
870/1208 (72, 0 ± 1, 3)%
trig
870/4663 (18, 7 ± 0, 6)%
tag
592/870 (68, 0 ± 1, 6)%
tot
(0, 298 ± 0, 012)%
Tabela 5.3: Valores obtidos para cada uma das eficiˆencias que contribuem para
tot
, na
amostra de sinal.
Sendo assim, temos que:
tot
=
geo
.
det
.
sel
.
trig
.
tag
(5.2)
A tabela 5.3 cont´em o valor de
tot
, junto com cada um dos termos da fatorizac¸ ˜ao .
Assim sendo, a quantidade de eventos do canal B
s
φφ que esperamos medir em um
ano no LHCb, com a selec¸ ˜ao desenvolvida, aceitos pelo trigger e com o sabor do m´eson
B
s
identificado, ´e:
N
sin
= 2510 ± 10 (5.3)
Onde foi utilizado que BR(φ K
+
K
) = 0, 492 ± 0, 006 [48].
J´a para a quantidade de eventos de ru´ıdo que esperamos ter em um ano, utilizando
a mesma selec¸ ˜ao, devemos obter um limite, uma vez que n˜ao foi selecionado nenhum
evento, ap´os a selec¸˜ao de trigger. O n´umero esperado de eventos de ru´ıdo selecionados
por ano ´e dado por:
5.5 O Estudo da Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
111
N
b
¯
b
= L
int
b
¯
b
.
b
¯
b
(5.4)
onde a luminosidade integrada e a sec¸˜ao de choque para a formac¸ ˜ao de pares b
¯
b s˜ao
as mesmas j´a utilizadas no c´alculo de N
sin
. No c´alculo de
b
¯
b
entram a eficiˆencia da
geometria
geo
= 43, 4%
3
, o fator de reduc¸˜ao devido `a diferenc¸a nas larguras das janelas
de massa utilizadas
mas
= 8% e a eficiˆencia de selec¸ ˜ao
sel
. Como nenhum evento foi
selecionado nessa amostra, utilizamos o fato de a quantidade de eventos medidos seguir a
distribuic¸˜ao de Poisson. Sendo assim, o limite superior, com 90 % de n´ıvel de confianc¸a,
para o valor da m´edia de eventos da distribuic¸˜ao ´e de ν = 2, 3 [48]. O limite superior da
eficiˆencia de selec¸˜ao para a amostra de b
¯
b inclusivo ser´a, portanto:
sel
= 2, 3/33926781 6, 8 × 10
6
% (5.5)
A aplicac¸ ˜ao da f´ormula (5.4) nos leva a um limite superior da quantidade de eventos
medidos em 1 ano de:
N
b
¯
b
= 2960 (5.6)
Com os valores obtidos, esperamos ter, portanto, uma raz˜ao N
b
¯
b
/N
sin
= [0, 0 1, 2],
com 90 % de n´ıvel de confianc¸a.
5.5 O Estudo da Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
Para estudar a sensibilidade do LHCb ao parˆametro φ
s
, utilizando o canal de decaimento
B
s
φφ, fizemos um programa com uma simulac¸˜ao de Monte Carlo r´apida para estimar
as taxas de decaimento dependentes do tempo, dos m´esons B
s
e
¯
B
s
no estado final. Como
entrada desse programa s˜ao utilizados as quantidades de eventos esperadas por ano para
3
A eficiˆencia da cobertura geom´etrica ´e maior para os eventos de b
¯
b do que para o canal espec´ıfico j´a
que no ´ultimo caso, os eventos s˜ao gerados com a exigˆencia adicional de os produtos do B
s
estarem dentro
da geometria
5.5 O Estudo da Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
112
Tempo Proprio de Decaimento (ps)
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Aceitacao Temporal
0
0.05
0.1
0.15
0.2
Figura 5.10: Raz˜ao dos histogramas com o tempo pr´oprio de decaimento entre eventos
selecionados e gerados, junto com o ajuste da func¸˜ao A(t) =
at
3
b+t
3
.
o sinal e para o ru´ıdo. Como temos que simular as taxas de decaimento dependentes do
tempo, ´e necess´ario saber a func¸˜ao de aceitac¸˜ao temporal dos eventos, uma vez que a
probabilidade de detecc¸ ˜ao pode depender fortemente do valor do tempo pr´oprio de decai-
mento t, especialmente ap´os os cortes em I
P
.
5.5.1 As Func¸
˜
oes de Aceitac¸
˜
ao Temporal
Chamaremos de Aceitac¸˜ao Temporal A(t) a func¸ ˜ao que d´a a probabilidade de um evento
que decaiu num tempo pr´oprio t ser detectado e selecionado pelo LHCb. Para obter A(t)
dividimos o histograma do tempo pr´oprio de decaimento medido dos eventos selecionados
pelo dos eventos gerados. A essa raz˜ao ´e feito o ajuste de uma func¸˜ao do tipo:
A(t) =
at
3
b + t
3
(5.7)
A raz˜ao dos histogramas mencionados e o ajuste da func¸ ˜ao para a amostra de sinal s˜ao
apresentados na figura 5.10. O resultado do ajuste nos parˆametros ´e: a = 0, 084 ± 0, 001
e b = 0, 027 ± 0, 003ps
3
.
Para tratar o ru´ıdo da mesma maneira, ´e preciso obter a distribuic¸˜ao do tempo pr´oprio
5.5 O Estudo da Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
113
Tempo Proprio de Decaimento (ps)
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
Unidades Arbitrarias
0
100
200
300
400
500
] + d
b
τf(t) = c exp[-t/
11±c = 471
0,7±d = 18,9
0,01) ps± = (0,54
b
τ
Figura 5.11: Tempo pr´oprio de decaimento medido nos eventos de b
¯
b inclusivo aceitos
pela pr´e-selec¸ ˜ao.
´
E feito um ajuste da func¸ ˜ao f(t) = ce
t
b
+ d.
medido desse tipo de evento. Para isso, ajustamos uma func¸ ˜ao do tipo f(t) = c.e
t
b
+ d
aos eventos aceitos pela pr´e-selec¸˜ao. A distribuic¸˜ao do tempo pr´oprio reconstru´ıdo, para
os eventos de b
¯
b aceitos pela pr´e-selec¸˜ao, ´e mostrada juntamente com o ajuste feito na
figura 5.11. Como indicado na figura, obtemos τ
b
= (0, 54 ± 0, 01)ps. Desse ajuste,
vemos que essa amostra tem um comportamento similar ao do decaimento de um canal
espec´ıfico, com τ
b
agindo como a meia vida do decaimento. Com esse valor obtido,
fizemos um ajuste na distribuic¸˜ao de t dos eventos aceitos pela selec¸ ˜ao, da func¸ ˜ao: h(t) =
A(t) × e
t
b
, onde A(t) ´e a mesma func¸ ˜ao de aceitac¸ ˜ao temporal usada na amostra de
sinal. Devido `a falta de eventos, foram utilizados todos os eventos antes do corte da janela
de massa larga, aplicado a essa amostra. O resultado do ajuste para o ru´ıdo ´e: a = 10 ±16
e b = (0, 00012 ± 0, 00007)ps
3
.
5.5.2 A Resoluc¸
˜
ao de Tempo Pr
´
oprio
Al´em das quantidades de eventos em cada uma das amostras a serem simuladas e da
aceitac¸ ˜ao temporal, tamb´em ´e preciso obter a resoluc¸˜ao na medida do tempo pr´oprio
de decaimento. Isso ocorre pois as taxas de decaimento dependentes do tempo a serem
5.5 O Estudo da Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
114
(ps)
MC
- t
exp
t
-0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6
Unidades Arbitrarias
0
100
200
300
400
500
600
0,0006) ps± = (0,0426
t
σ
Figura 5.12: Tempo pr´oprio de decaimento medido menos o de Monte Carlo gerado, nos
eventos de sinal aceitos pela selec¸ ˜ao, pelo trigger e identificados pelo SIS. Do ajuste de
uma gaussiana resulta a resoluc¸ ˜ao σ
t
= 0, 04ps.
utilizadas dizem respeito aos valores reais t
MC
, que s´o poderiam ser obtidos se o detector
fosse perfeito. Como esse n˜ao ´e o caso, ´e necess´ario relacionar t
MC
ao valor do tempo
pr´oprio medido t
exp
. Para isso, obtemos a resoluc¸ ˜ao na medida do tempo pr´oprio pelo
ajuste de uma func¸˜ao gaussiana na distribuic¸˜ao t
exp
t
MC
, mostrada na figura 5.12. No
estudo da sensibilidade ser´a usada, portanto, uma resoluc¸˜ao de σ
t
= 0, 04ps.
5.5.3 A Verossimilhanc¸a
Para fazer a simulac¸ ˜ao r´apida de Monte Carlo, utilizamos uma ferramenta desenvolvida
para modelar dados, o RooFit [57], que ´e integrada com o programa ROOT [58], uma
interface para an´alise de dados. O ajuste dos parˆametros ´e feito pelo MINUIT [59], uma
ferramenta para minimizac¸˜ao de func¸ ˜oes desenvolvida no CERN.
O m´etodo consiste em definir uma verossimilhanc¸a total, que engloba as amostras
de sinal e ru´ıdo, e gerar um tempo pr´oprio de decaimento segundo essa probabilidade.
No fim ´e feito um ajuste aos eventos simulados, minimizando a verossimilhanc¸a com a
variac¸˜ao de φ
s
para obter a sensibilidade na medida desse parˆametro.
5.5 O Estudo da Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
115
Os Par
ˆ
ametros de Entrada
Para fazer o ajuste, ´e necess´ario saber quantos eventos de sinal e ru´ıdo devem ser gerados.
Para N
sin
, usamos o valor obtido no desempenho anual, de 2510. J´a para o ru´ıdo, o que
obtivemos na selec¸ ˜ao foi um intervalo poss´ıvel da quantidade N
b
¯
b
/N
sin
= [0 1, 2].
Sendo assim, foram tratados 3 casos diferentes:
Um com o valor do meio do intervalo, N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6, o que corresponde a N
b
¯
b
=
1500;
O limite superior do intervalo, N
b
¯
b
/N
sin
= 1, 2, correspondendo a N
b
¯
b
= 3000
Um valor muito baixo de N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 2, correspondendo a N
b
¯
b
= 500
´
E montada, ent˜ao, uma verossimilhanc¸a para sortear um tempo pr´oprio de decaimento
t
exp
medido do tipo:
L
tot
= f
sin
L
sin
+ f
rui
L
rui
(5.8)
onde f
sin
= N
sin
/(N
sin
+ N
b
¯
b
) ´e a frac¸˜ao de eventos de sinal e f
rui
= N
b
¯
b
/(N
sin
+ N
b
¯
b
) a
de ru´ıdo, L
sin
a verossimilhanc¸a de sinal e L
rui
a do ru´ıdo.
Como visto no cap´ıtulo 2, o canal de decaimento B
s
φφ ´e uma combinac¸˜ao dos
autoestados de CP, de autovalores η
f
= ±1. Sendo assim, al´em de φ
s
, o ajuste ser´a feito
tamb´em em R
T
. Uma vez que esse valor n˜ao ´e determinado, foi feita a simulac¸˜ao de 4
cen´arios diferentes R
T
= 0, 0,1, 0,2 e 0,3. Lembrando que R
T
corresponde `a raz˜ao de
decaimentos no estado com η
f
= 1. L
sin
ser´a, portanto, uma soma do tipo:
L
sin
= R
T
L
o
+ (1 R
T
)L
e
(5.9)
onde L
o
corresponde `a probabilidade de ocorrer um decaimento do m´eson B
s
no autoes-
tado de autovalor -1 e L
e
`a de o decaimento ser no autoestado de autovalor 1.
As probabilidades de ocorrer um decaimento de um evento de sinal, num estado com
autovalor de CP η
f
= ±1 s˜ao dadas pelas express˜oes (2.52) e (2.53). Como descrito
5.5 O Estudo da Sensibilidade ao Par
ˆ
ametro φ
s
116
anteriormente, ´e necess´ario transformar esse tempo pr´oprio t
MC
no tempo medido t
exp
.
Al´em disso ´e necess´ario levar em conta a aceitac¸˜ao temporal do detector. Com isso, as
func¸ ˜oes de densidade de probabilidade assumem a forma:
L
o
A
sin
(t
exp
) × R
o
(t
MC
, tag; ω) G(t
exp
t
MC
)
L
e
A
sin
(t
exp
) × R
e
(t
MC
, tag; ω) G(t
exp
t
MC
) (5.10)
onde as express˜oes R
f
(t
MC
, tag; ω) representam as probabilidades de ocorrer um decai-
mento no estado de autovalor η
f
, dadas por (2.52) e (2.53), com a quantidade tag = ±1
representando a possibilidade de termos um B
s
ou um
¯
B
s
em t=0. A func¸ ˜ao G(t
exp
t
MC
)
´e uma gaussiana, de largura σ
t
= 0, 04 ps, que faz a transformac¸˜ao t
MC
t
exp
. O ımbolo
significa que integramos sobre os tempos t
MC
. Al´em disso, A
sin
(t
exp
) ´e a func¸˜ao de
aceitac¸ ˜ao temporal da amostra de sinal, j´a ajustada anteriormente.
No que diz respeito `a taxa de identificac¸ ˜ao errada de sabor, ω, n˜ao podemos medir
essa quantidade diretamente, por se tratar de um canal de sinal. Como aqui estamos
interessados na sensibilidade na medida de φ
s
e n˜ao em obter o valor preciso para essa
quantidade, por simplicidade, sorteamos um valor de ω para cada evento, segundo uma
distribuic¸˜ao gaussiana de m´edia 0,300 e largura 0,016, que correspondem ao valor e `a
incerteza de ω, obtidos para o canal de controle B
s
D
s
π
+
no TDR de Reotimizac¸˜ao
[33]. Esse valor ´e aplicado a R
f
(t
MC
, tag; ω).
Os valores usados para as constantes f´ısicas, presentes em R
f
(t
MC
, tag; ω), foram:
∆M
s
= 17,3 ps
1
medido pelo experimento CDF [60]
4
.
∆Γ
s
= 0,22 ps
1
, usando que ∆Γ
s
= (0, 22 ± 0, 09)ps
1
[48]
τ
B
s
= 1/Γ
s
= 1, 47ps, usando que τ
B
s
= 1, 466 ± 0, 059 [48]
J´a para o valor de φ
s
, foi mencionado na sec¸ ˜ao 5.1 que, com esse canal de decaimento,
espera-se ter uma maior sensibilidade a efeitos de f´ısica nova. Por esse motivo, usamos
4
Esse valor utilizado era de uma medida preliminar que evoluiu para ∆M
s
= (17, 77 ± 0, 10 ±
0, 07)ps
1
.
5.6 Resultados 117
um valor de sen(φ
s
) = -0,2. Esse valor corresponde a cinco vezes o esperado pelo Modelo
Padr˜ao. Vale ressaltar aqui que o valor do ˆangulo em si n˜ao alterou muito a sensibilidade
na medida do mesmo, desde que a sensibilidade fosse suficiente para n˜ao tornar a medida
de φ
s
compat´ıvel com zero.
Para a func¸ ˜ao de densidade de probabilidade do ru´ıdo, consideramos um decaimento
de meia-vida τ
b
, com a func¸˜ao de aceitac¸˜ao temporal obtida para a amostra de b
¯
b inclu-
sivo, A
rui
(t
exp
):
L
rui
A
rui
(t
exp
) × e
t
b
G(t
rec
t
MC
) (5.11)
5.6 Resultados
Devido ao baixo valor de τ
b
e a func¸ ˜ao de aceitac¸ ˜ao temporal A
rui
(t), muitos eventos de
ru´ıdo se concentram na regi˜ao de baixo t
exp
, dificultando em alguns dos casos tratados a
gerac¸ ˜ao dos eventos. Por esse motivo, escolhemos trabalhar com a faixa de valores
0, 15ps < t < 4, 0ps (5.12)
Com essa escolha, ´e necess´ario gerar somente a quantidade de eventos de cada amostra
que estaria contida nessa faixa. Essas quantidades, (N
sig
de sinal e N
rui
de ru´ıdo) s˜ao dadas
pela raz˜ao da integrac¸ ˜ao num´erica das func¸ ˜oes no intervalo escolhido e da integrac¸˜ao no
intervalo completo:
N
sig
N
sin
=
4,0
0,15
e
t
B
s
× A
sin
(t)
15,0
0,0
e
t
B
s
× A
sin
(t)
0, 94
N
rui
N
b
¯
b
=
4,0
0,15
e
t
b
× A
rui
(t)
15,0
0,0
e
t
b
× A
rui
(t)
0, 84 (5.13)
Assim sendo, foram gerados N
sig
eventos de sinal. Para cada um deles, foi sorteado
um valor para ω e, a partir deste, um t
exp
e um sabor para o m´eson, segundo a func¸ ˜ao
L
sin
. Al´em disso foram gerados N
rui
sinais de ru´ıdo. Mais uma vez, para cada um deles
foi sorteado um t
exp
segundo L
rui
e um sabor aleat´orio para o m´eson.
5.6 Resultados 118
Primeiramente, resolvemos tratar o caso limite de R
T
= 0. Essa situac¸˜ao correspon-
deria a termos o canal B
s
φφ como autoestado de CP. Escolhendo o valor N
b
¯
b
/N
sin
=
0, 6, dever´ıamos ter N
b
¯
b
= 0, 6 × N
sin
1500. Por´em, dentro da faixa de tempo tratada,
temos N
rui
= 0, 84 × N
b
¯
b
1260.
O tempo pr´oprio de decaimento medido para um m´eson, identificado em t=0 como
um B
s
ou um
¯
B
s
e a soma das duas amostras s˜ao mostrados na figura 5.13, juntamente
com a assimetria A
CP
A esses eventos gerados s˜ao somados os simulados como amostra de ru´ıdo. As
distribuic¸ ˜oes da soma de todos os eventos s˜ao mostradas na figura 5.14. A um evento
de ru´ıdo, foi atribıdo um sabor aleat´orio para o m´eson B
s
. Como a maior parte dos even-
tos de ru´ıdo est˜ao concentrados na regi˜ao de menor t
exp
, a assimetria medida tamb´em ´e
menor nessa faixa de valores, como ´e poss´ıvel verificar na figura.
A minimizac¸˜ao da verossimilhanc¸a total, leva a um valor de:
sen(φ
s
) = 0, 21 ± 0, 10 (5.14)
Portanto, a sensibilidade que se espera ter na medida de sen(φ
s
), com uma raz˜ao
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6, com R
T
= 0 ´e de 0,10. Al´em desse caso, consideramos a situac¸˜ao com
2 e 5 anos de tomada de dados. Os resultados est˜ao na tabela 5.4, onde vemos que em
cinco anos de tomada de dados esperamos reduzir `a metade o erro na medida de φ
s
.
Al´em desse caso, ainda com o mesmo valor de R
T
, tratamos os casos limite da quanti-
dade de eventos de ru´ıdo medidos, com N
b
¯
b
/N
sin
= 1, 2 e N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 2. Os resultados
obtidos est˜ao, respectivamente, nas tabelas 5.5 e 5.6.
Pelos resultados apresentados, vemos que a sensibilidade ao parˆametro φ
s
´e pouco
afetada pela variac¸˜ao da quantidade de eventos de ru´ıdo na amostra, dentro do intervalo
obtido na selec¸ ˜ao do canal. Esse comportamento tamb´em foi observado para outros va-
lores da quantidade R
T
. Assim sendo, apresentaremos, a seguir, somente os resultados
obtidos para a sensibilidade na medida de sen(φ
s
) para diferentes valores de R
T
, com
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6.
5.6 Resultados 119
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
5
10
15
20
25
30
35
40
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
5
10
15
20
25
30
35
40
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
5
10
15
20
25
30
35
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
5
10
15
20
25
30
35
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
10
20
30
40
50
60
70
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
10
20
30
40
50
60
70
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
CP
A
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
CP
A
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
Figura 5.13: Distribuic¸ ˜oes dos tempos pr´oprios de decaimento t
exp
gerados na amostra
de sinal. No canto superior esquerdo s˜ao mostrados os eventos que se originaram como
um B
s
e no superior direito os que se originaram como um
¯
B
s
. Na parte inferior esquerda
est´a mostrada a soma dos dois e na inferior direita a assimetria de CP. Os pontos com as
barras de erro representam os eventos simulados e as linhas s´olidas as func¸ ˜oes utilizadas
nessa gerac¸˜ao.
5.6 Resultados 120
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
20
40
60
80
100
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
20
40
60
80
100
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Unidades Arbitrarias
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
CP
A
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
t (ps)
0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
CP
A
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
Figura 5.14: Distribuic¸ ˜oes dos tempos pr´oprios de decaimento t
exp
gerados na soma da
amostra de sinal com a de ruıdo. No canto superior esquerdo s˜ao mostrados os eventos
identificados como B
s
em t=0 e no superior direito os que como
¯
B
s
. Na parte inferior
esquerda est´a mostrada a soma dos dois e na inferior direita a assimetria de CP. Os pontos
com as barras de erro representam os eventos simulados e as linhas s´olidas as func¸ ˜oes
utilizadas nessa gerac¸ ˜ao.
5.6 Resultados 121
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6 e R
T
= 0
Anos N
sig
N
rui
sensibilidade no ajuste sen(φ
s
)
1 2360 1260 0,10
2 4720 2520 0,07
5 11800 6300 0,05
Tabela 5.4: Sensibilidade obtida no ajuste da quantidade sen(φ
s
), no caso tratado de
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6 e R
T
= 0, para 1, 2 e 5 anos de tomada de dados.
N
b
¯
b
/N
sin
= 1, 2 e R
T
= 0
Anos N
sig
N
rui
sensibilidade no ajuste sen(φ
s
)
1 2360 2520 0,11
2 4720 5040 0,08
5 11800 12600 0,05
Tabela 5.5: Sensibilidade obtida no ajuste da quantidade sen(φ
s
), no caso tratado de
N
b
¯
b
/N
sin
= 1, 2 e R
T
= 0, para 1, 2 e 5 anos de tomada de dados.
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 2 e R
T
= 0
Anos N
sig
N
rui
sensibilidade no ajuste sen(φ
s
)
1 2360 420 0,09
2 4720 840 0,07
5 11800 2100 0,04
Tabela 5.6: Sensibilidade obtida no ajuste da quantidade sen(φ
s
), no caso tratado de
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 2 e R
T
= 0, para 1, 2 e 5 anos de tomada de dados.
5.7 Conclus
˜
ao 122
N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6
Entrada: R
T
= 0, 1 Entrada: R
T
= 0, 2 Entrada: R
T
= 0, 3
Anos σ(sen(φ
s
)) σ(R
T
) σ(sen(φ
s
)) σ(R
T
) σ(sen(φ
s
)) σ(R
T
)
1 0,13 0,09 0,15 0,09 0,20 0,11
2 0,09 0,07 0,11 0,07 0,13 0,07
5 0,06 0,04 0,07 0,05 0,08 0,05
Tabela 5.7: Sensibilidade obtida no ajuste das quantidade sen(φ
s
) e R
T
, no caso tratado
de N
b
¯
b
/N
sin
= 0, 6, para diferentes valores de entrada para R
T
. S˜ao simulados 1, 2 e 5
anos de tomada de dados.
Variando, ent˜ao, os valores de R
T
, e fazendo desse um parˆametro adicional a ser
ajustado na minimizac¸˜ao de L
tot
, obtemos os valores mostrados na tabela 5.7.
Com os resultados obtidos nas tabelas 5.4 e 5.7 percebe-se que a sensibildade na
medida de sen(φ
s
) depende bastante do valor de R
T
, que age como um fator de diluic¸˜ao.
5.7 Conclus
˜
ao
Na sec¸ ˜ao anterior, foram mostrados os resultados obtidos para a sensibilidade do LHCb na
medida de φ
s
. Analisando-os, vemos que tal sensibilidade n˜ao varia muito para diferentes
valores do n´umero de eventos de ru´ıdo medidos, seja em um ano de tomada de dados ou
em mais. Tal fato ´e verificado com a variac¸ ˜ao sendo feita dentro do limite obtido para
o desempenho anual. Por outro lado, percebe-se que a alterac¸ ˜ao da sensibilidade ´e bem
maior quando variamos o parˆametro R
T
, que corresponde `a frac¸ ˜ao de eventos decaindo
no autoestado de CP de autovalor η
f
= 1.
Vemos que, apesar de n˜ao atingirmos a sensibilidade necess´aria para medir o valor de
φ
s
= 2χ, esperado pelo Modelo Padr˜ao, ´e poss´ıvel obter uma boa sensibilidade na me-
dida desse parˆametro, supondo que existem processos de f´ısica al´em do MP contribuindo
5.7 Conclus
˜
ao 123
para o decaimento b s¯ss. Dependendo da diluic¸˜ao causada por R
T
, a sensibilidade
na medida de sen(φ
s
) varia ficando, por´em, sempre menor do que 0,20 em 1 ano de fun-
cionamento do detector. Por outro lado, em 5 anos da tomada de dados, podemos esperar
um erro nessa medida sempre menor do que 0,08.
Vale lembrar que o tratamento dado aos autoestados de momento angular distin-
tos, atrav´es de uma diluic¸˜ao, foi simplificado. Isso foi feito j´a que n˜ao conhec´ıamos a
distribuic¸˜ao angular que multiplica cada um dos termos com as amplitudes de decaimento,
na express˜ao (2.55). Para fazer a medida de sen(φ
s
) nos dados reais ser´a imprescind´ıvel
conhecer essas distribuic¸ ˜oes.
Cap
´
ıtulo 6
Conclus
˜
ao
O experimento LHCb deve comec¸ar a tomar dados no final de 2007. Com a aproximac¸˜ao
desse in´ıcio, ´e muito importante saber se as medidas ser˜ao feitas corretamente, sem erros
sistem´aticos. Por esse aspecto, o sistema de trigger ´e um dos mais importantes do experi-
mento, j´a que ´e ele quem seleciona os eventos que ser˜ao salvos. Portanto, ´e fundamental
entender o seu funcionamento.
Outro sistema impresc´ındivel para o LHCb ´e o de identificac¸˜ao do sabor de m´esons
neutros pois, na maioria dos canais onde se pretende medir violac¸˜ao de CP, o sabor n˜ao
poder´a ser conhecido pelos produtos de decaimento. Nessa tese, apresentei o estudo que
fiz sobre a influˆencia da selec¸˜ao de trigger no sistema de identificac¸ ˜ao de sabor, criando
poss´ıveis efeitos sistem´aticos nas medidas.
Com uma simulac¸˜ao realizada no n´ıvel da gerac¸ ˜ao de eventos, conseguimos criar o
mesmo tipo de efeito observado na simulac¸˜ao completa do experimento, que altera os
valores das taxas de identificac¸ ˜ao errada (ω). Essa alterac¸ ˜ao ocorre de maneira diferente
para canais distintos, o que causa um erro sistem´atico ao supor que o valor para um canal
de controle ´e o mesmo que o para um canal de sinal qualquer. Aplicamos um m´etodo,
proposto para corrigir esse efeito, baseado na separac¸ ˜ao dos eventos em categorias de
trigger e na correc¸ ˜ao do espac¸o de fase do B
s
respons´avel pelo decaimento estudado,
125
levando corretamente em considerac¸˜ao a correlac¸ ˜ao entre as part´ıculas. Utilizando como
canal de controle o B
s
D
s
π
+
, foi poss´ıvel obter corretamente as taxas de identificac¸˜ao
errada (ω) para o canal de decaimento B
s
J(µ
+
µ
)φ e para a maioria dos eventos
do B
s
K
+
K
.
Somente para os eventos que necessitam tanto dos produtos do sinal quanto do resto
do evento, classificados como TOB, na amostra de B
s
K
+
K
, n˜ao foi poss´ıvel obter
corretamente as taxas ω. Essa dificuldade de tratar efeitos sistem´aticos nesse tipo de
evento levou a colaborac¸˜ao a reestruturar o sistema de trigger, de maneira a minimizar a
quantidade deles.
Al´em desse estudo sobre efeitos sistem´aticos, tamb´em testamos a sensibilidade do
experimento LHCb na medida do parˆametro φ
s
, que mede a violac¸˜ao de CP no sistema
do m´eson B
s
. No cen´ario do Modelo Padr˜ao, tal quantidade ´e equivalente ao ˆangulo χ, de
um dos triˆangulos da matriz CKM. O principal canal de decaimento para a medida desse
ˆangulo ´e B
s
Jφ, onde o decaimento ´e dominado por um diagrama de Feynman
de ´arvore. Todavia, o canal de decaimento B
s
φφ s´o ocorre por diagramas do tipo
pinguim e, por isso, a medida de φ
s
se torna mais sens´ıvel `a f´ısica al´em do MP.
Foi desenvolvida uma selec¸ ˜ao, baseada nas vari´aveis cinem´aticas e na topologia para
separar os eventos do B
s
φφ dos demais. Com esta, esperamos medir 2510 ± 10
eventos de sinal que sejam aceitos pelo sistema de trigger e tenham o sabor do m´eson B
s
identificado. Al´em disso, esperamos que a raz˜ao entre o n´umero de eventos de ru´ıdo e de
sinal aceitos pela selec¸ ˜ao espec´ıfica e pelo trigger esteja no intervalo [0-1,2].
Utilizando os desempenhos anuais de eventos que esperamos medir, fizemos uma
simulac¸˜ao r´apida de Monte Carlo para testar a sensibilidade que o LHCb pode alcanc¸ar na
medida de φ
s
. Como esse canal ´e uma mistura de autoestados de CP, ser´a necess´aria uma
an´alise angular para separar os trˆes estados distintos. Uma vez que n˜ao disp´unhamos das
distribuic¸ ˜oes angulares esperadas que multiplicam cada um dos termos das amplitudes de
decaimento, fizemos a suposic¸˜ao de que elas s˜ao as mesmas para cada um dos autoestados
126
de CP. Com isso, a separac¸ ˜ao nos estados pode ser tratada como uma diluic¸˜ao na medida
de φ
s
, caracterizada por R
T
, que ´e a frac¸˜ao de eventos que decai no estado de autovalor
de CP -1 e ´e ajustada juntamente com φ
s
.
Fizemos testes com 3 diferentes valores de N
¯
bb
/N
sin
e 4 de R
T
. Mostramos que a
variac¸˜ao da quantidade de eventos de ru´ıdo, dentro da faixa de eventos obtida na selec¸ ˜ao,
n˜ao altera muito a incerteza na medida de sen(φ
s
). Por outro lado, vimos que a variac¸ ˜ao
de R
T
interfere bastante na medida, fazendo a incerteza na medida variar de 0,10 a 0,20
em um ano de tomada de dados, dependendo do valor de R
T
.
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