especialistas consideram o America’s Dust Bowl, o exemplo clássico de como o
mau uso da terra, agravado pela seca, pode transformar o solo produtivo em
poeira.
O termo desertificação foi primeiramente usado por um francês chamado
Aubréville, em 1949, ao descrever a sua percepção sobre a expansão do deserto
do Saara para as regiões de savanas.
Em 1973, a região do Sahel, uma zona de transição para os climas
tropicais, situada na África, precisamente à margem sul do Saara, havia sofrido
cinco anos ininterruptos de seca.
A grande seca do Sahel, que começou em 1968, foi atribuída
principalmente à baixa precipitação da chuva, vez que, na normalidade se atingia
anualmente o índice de 284 mm, e, naquela ocasião o índice foi muito abaixo da
média, registrando somente 122 mm. Nos anos seguintes, o imprevisível
comportamento do tempo oscilava, até que, em 1972, foi registrado o pior índice
de precipitação anual, 54 mm. Em 1973, o cenário, que apresentava um
espetáculo de “vastas migrações e campos de refugiados”, chamou a atenção
mundial e serviu como estímulo para o apelo das Nações Unidas à cooperação
internacional no combate à desertificação, incluindo a convocação de uma
conferência internacional sobre o tema, à qual foi submetido um plano de ação.
Id. Ibid.
____________. Climatic Surfaces and Designation of Aridity Zones. In: World Atlas of desertification. 2. ed., UNEP. 1997.
p. 08.
____________. Desertificação: Uma visão global. In: Desertificação: causas e conseqüências. Tradução de Henrique de
Barros e Ário Lobo de Azevedo. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 1992. p. 13-14. Nesta obra, exprime-se que a
situação do Sahel, no quinto ano de seca, era a mais crítica possível, sendo assim descrita: “O Lago Chade esteve
reduzido a um terço da sua dimensão normal e já nada significava como reservatório de água. No inverno precedente, os
rios Niger e Senegal não haviam extravasado, o que fez com que grande parte da melhor terra agrícola de cinco países
(Nigéria, Mali, Alto Volta, Senegal e Mauritânia) permanecesse seca e estéril. As faltas de chuva significaram a perda de
valiosas pastagens anuais do Sahel do Norte, tal como se mostra no estudo do caso do Niger; à medida que a seca
continuava e a reserva de água ficava mais exaurida, generalizava-se a morte dos arbustos e árvores com valor alimentar,
iam secando os poços superficiais estacionais em grande parte do Sahel, restringia-se a exploração das pastagens até
alcançar nível crítico. Gado esfomeado e enfraquecido concentrava-se em redor dos bebedouros, e ali destruía totalmente
a vegetação e o solo, ou então, deslocava-se para o sul na tentativa frequentemente infrutífera de procurar pastagens.
Deixava atrás de si uma paisagem nua, a cozer ao sol, na qual surgiam e tendiam a ligar-se entre si trechos de desertos
recentemente criados, dando a impressão de que o grande deserto do Sahara estava a caminhar para o sul. Mais ao sul,
os agricultores eram atingidos por um estado similar de seca, que causava sucessivos fracassos das colheitas, o que fazia