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modificarem seu modo de ver, tendem a influenciar-se e a modelar-se reciprocamente”
(MOSCOVICI, 1978, p.49). Por exemplo, uma pessoa que responde a um questionário nada
mais faz do que transmitir seu desejo de ver as coisas evoluírem num sentido ou noutro, ou
seja, categoriza suas respostas.
As representações sociais são criadas para o sujeito sair do estado de perplexidade,
tornando algo que é não familiar em conhecido, ou seja, acomodando o estranho. Com isso, a
pessoa cria novas verdades que aos olhos da ciência comportam contradições, mas a lógica
natural é normal. É fundamental buscar no discurso o não dito, o que se encontra nas
entrelinhas, pois é exatamente nelas que estão construídas as representações sociais.
De Alba (2006), em sua tese de pesquisa realizada na Cidade do México, considera que
a teoria das representações sociais é estabelecida à imagem de um objeto dependendo da
posição que o sujeito ocupa na estrutura social. Jodelet, por sua vez, em sua pesquisa sobre
Loucuras e representações sociais apresenta duas maneiras de estudar as representações:
Globalmente, quando nos apegamos às posições emitidas por sujeitos sociais
(indivíduos ou grupos), a respeito de objetos socialmente valorizados ou
conflitantes, elas serão tratadas como campos estruturados, isto é, conteúdos
cujas dimensões (informações, valores, crenças, opiniões, imagens, etc.) são
coordenadas por um princípio organizador (atitude, normas, esquemas
culturais, estrutura cognitiva, etc.). De modo focalizado, quando nos
apegamos a elas, a título de modalidade de conhecimento, elas serão tratadas
como núcleos estruturantes, isto é estruturas de saber organizando o conjunto
das significações relativas ao objeto conhecido (JODELET, 2005, p.47).
Ainda de acordo com a autora, o modelo seminal de Moscovici fornece os elementos
que constituem aquisições irrefutáveis, principalmente o papel das representações sociais na
constituição de “uma realidade consensual e sua função sociocognitiva na integração da
novidade, na orientação das comunicações e das condutas” (JODELET, 2005 p.47).
A linguagem traduz um conflito entre um grupo particular que ao utilizá-la, difunde-a
espontaneamente pela sociedade “com o seu modo de discurso próprio, lhe resiste e
inconscientemente se lhe conforma. O vocabulário tende a assimilar novo vocabulário”
(MOSCOVICI, 1978, p.233), havendo um desmantelamento e uma substituição na cadeia
lingüística. Assim sendo, constitui-se em uma rede de significados por meio do processo de
“amarração”, ou seja, a ancoragem se dá por meio do processo de elaboração do mediador
verbal. Portanto, estudar representações sociais compreende estudar seu conteúdo, seus
princípios e a análise da penetração da sua linguagem.