Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
LUIZ MARCOS PINHEIRO BORGES
PREVALÊNCIA DE NÍVEIS PRESSÓRICOS ELEVADOS EM
CRIANÇAS ENTRE 7 E 10 ANOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS
E PRIVADAS DA ZONA URBANA DE CUIABÁ-MT EM 2005
FLORIANÓPOLIS-SC
JUNHO, 2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
LUIZ MARCOS PINHEIRO BORGES
PREVALÊNCIA DE NÍVEIS PRESSÓRICOS ELEVADOS EM
CRIANÇAS ENTRE 7 E 10 ANOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS
E PRIVADAS DA ZONA URBANA DE CUIABÁ-MT EM 2005
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da
Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do título de Mestre em
Saúde Pública, sob orientação do Prof. Dr. Marco Aurélio de A. Peres.
FLORIANÓPOLIS-SC
JUNHO, 2006
ads:
iii
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA
“PREVALÊNCIA DE NÍVEIS PRESSÓRICOS ELEVADOS EM CRIANÇAS ENTRE
7 E 10 ANOS DAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS DA ZONA URBANA DE
CUIABÁ-MT EM 2005”
AUTOR: Luiz Marcos Pinheiro Borges
ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE:
MESTRE EM SAÚDE PÚBLICA
Área de concentração: Epidemiologia
________________________________________
Profª. Drª. Sandra N. C. Caponi
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________________
Prof. Dr. Marco Aurélio Peres
(Presidente)
_________________________________________
Prof. Dr. Bernardo Lessa Horta
(Membro)
_________________________________________
Profª. Drª. Suely Grosseman
(Membro)
_________________________________________
Prof. Dr.Emil Kupek
(Suplente)
iv
Nasrudin postou-se na praça do mercado e
dirigiu-se à multidão:
"Ó povo deste lugar! Querem conhecimento
sem dificuldade, verdade sem falsidade,
realização sem esforço, progresso sem
sacrifício?"
Logo se juntou um grande número de
pessoas com todo mundo gritando:
"Queremos, queremos!"
"Era só para saber", disse ele.
"Podem confiar em mim. Contarei a vocês
tudo a respeito, caso algum dia descubra
algo assim."
(Histórias de Nasrudin)
v
AGRADECIMENTOS
À Deus pelo privilégio de receber Dele tudo que precisava para realizar esse sonho.
Ao meu Pai, João Borges Filho, por ter me ensinado o caminho que eu deveria andar e
ter me dado todo suporte financeiro e afetivo que um filho precisa.
À minha mãe, Maria da Conceição Pinheiro Borges, pelo incentivo, apesar da
saudade, e pelo carinho e atenção durante toda minha vida.
Às minhas irmãs, Angélica, Andréa e Ana Cristina, pela torcida e pelas orações.
À minha esposa, Marina, por ter comigo idealizado um sonho e tê-lo visto se tornar
realidade às custas de muito esforço. Reconheço aqui seu esforço pelos 8 meses que
ficamos distantes por motivo da coleta de dados.
À todos os familiares que direta ou indiretamente contribuíram com a pesquisa e que
conviveram comigo na correria da coleta de dados, em especial à minha avó Azilda,
meu tio Joo Suck Kim (in memoriam), minha tia Genialda, meus padrinhos Juscelina e
José Bertoldi, meu tio Aureliano, e aos meus sogros, Antônio e Dorinha.
Ao meu primo Fábio, e aos amigos Cynthia, Davi, Roberto, Alexandre e Henrique
pelo companheirismo e amizade nessa fase tão importante de nossas vidas.
Ao meu tio João Felix (in memoriam) que me incentivou tanto a fazer esse Mestrado e
que não pode dividir comigo a alegria de ter realizado essa conquista.
Aos amigos de infância que, mesmo distantes, sempre me apoiaram.
Aos Professores que já tive nesses muitos anos de estudo, pela dedicação em dividir
comigo um pouco do que sabiam.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Marco Aurélio de A. Peres, pela paciência e pelas
imprescindíveis sugestões durante todo o mestrado.
Ao Prof. Dr. Bernardo Lessa Horta e à Prof. Dr.ª Suely Grosseman pelas ricas
contribuições dadas na ocasião da defesa.
Aos meus colegas de Mestrado, dos quais sentirei muita falta, e que me ensinaram a
vi
gostar de trabalhar em grupo.
Ao Dr. Luiz César Nazário Scala pela oportunidade que me deu de fazer pesquisa
durante a graduação.
Ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade Federal de
Santa Catarina pelo apoio financeiro dado ao estudo.
Ao Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) pela bolsa
de estudos a mim concedida.
À Secretaria Estadual de Educação do Estado de Mato Grosso (SEDUC-MT), pela
pronta e completa disponibilização dos dados referentes a escolas, turmas e alunos de
toda a rede escolar de Cuiabá.
Ao Instituto de Metrologia e Qualidade de Mato Grosso (IMEQ-MT) e a Secretaria
de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES-MT) pelo apoio institucional recebido.
À todos os diretores das escolas que participaram do projeto, pela confiança e
iniciativa de contribuir com apoio sem o qual jamais conseguiria realizar a pesquisa.
À todos os pais que consentiram com a participação de seus filhos na pesquisa.
Demonstraram solidariedade, interesse científico e preocupação com saúde de seus
filhos. Obrigado pelo voto de confiança.
À todas as crianças que foram examinadas nesse estudo por terem proporcionado a
mim a oportunidade de aprender com elas.
À Drª Daniela Rosseto pelo atendimento ambulatorial dos pacientes
encaminhados.
Às auxiliares Lidiane K. Fudikami, Jackeline M. Ogawa, Luana S. Pereira,
Joelma R. de Aguiar e Taiomara C. C. de Oliveira pelo compromisso e
responsabilidade durante a coleta de dados.
Aos novos colegas e professores da Residência em Pediatria pela compreensão
nessa fase tão importante da minha vida.
vii
SUMÁRIO
RESUMO......................................................................................................................1
ABSTRACT ..................................................................................................................2
LISTA DE ABREVIATURAS.........................................................................................3
LISTA DE QUADROS, FIGURA E TABELAS ..............................................................4
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................5
1.1. Justificativa ........................................................................................................6
2. OBJETO...................................................................................................................8
2.1. A hipertensão arterial sistêmica.........................................................................8
2.1.1. As possíveis causas....................................................................................9
2.1.2. Os fatores que influenciam a pressão arterial ...........................................10
2.1.3. As conseqüências .....................................................................................12
2.2. O problema do diagnóstico epidemiológico .....................................................13
3. OBJETIVOS ...........................................................................................................16
3.1. Objetivo Geral..................................................................................................16
3.2. Objetivos específicos.......................................................................................16
4. MÉTODO................................................................................................................17
4.1. Âmbito da pesquisa .........................................................................................17
4.2. Tipo de estudo .................................................................................................19
4.3. Desenho metodológico ....................................................................................19
4.3.1. Amostragem..............................................................................................19
4.3.2. Plano Amostral..........................................................................................20
4.3.3. Cálculo do tamanho da amostra ...............................................................21
viii
4.3.4. Identificação das unidades amostrais .......................................................22
4.3.5. Definição de nível pressórico elevado.......................................................25
4.3.6. Critérios de inclusão..................................................................................25
4.3.7. Critérios de exclusão.................................................................................26
4.4. Coleta de Dados ..............................................................................................26
4.4.1. Exames .....................................................................................................30
4.5. Logística ..........................................................................................................40
4.6. A realização do estudo piloto...........................................................................41
4.7. Armazenamento, processamento e análise de dados .....................................43
4.8. Controle de qualidade......................................................................................44
4.9. Aspectos Éticos ...............................................................................................46
5. RESULTADOS .......................................................................................................50
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................51
7. NORMAS ADOTADAS...........................................................................................60
Apêndice 16 ...............................................................................................................61
1
RESUMO
Objetivos: Estimar a prevalência de níveis pressóricos elevados em escolares e
testar a diferença entre a prevalência obtida na 1ª e 3ª medida do estudo. Métodos:
Estudo transversal, com escolares entre 7 e 10 anos (n=601), de escolas públicas e
privadas da zona urbana de Cuiabá-MT, Brasil, em 2005. A pressão arterial foi
aferida 3 vezes com intervalo de 10 minutos. Aquelas crianças que, segundo sexo,
idade e percentil de estatura, atingiram pressão sistólicas e/ou diastólicas maiores
ou iguais ao percentil 95º da tabela de referência foram considerados como tendo
níveis pressóricos elevados. Para o cálculo de prevalência, foram considerados
separadamente os níveis pressóricos da 1ª e 3ª medidas. Resultados: Houve
diferença estatisticamente significante entre as médias sistólicas (p<0,001) e
diastólicas (p<0,001) nas 3 medidas do estudo. A pressão sistólica e diastólica
média, utilizando a 3ª medida do estudo, foi de 97,2 mmHg (IC
95%
96,5-97,9) e 63,1
mmHg (IC
95%
62,6-63,6), respectivamente. A prevalência de níveis pressóricos
elevados foi de 8,7% (IC
95%
6,4-10,9) na 1ª medida e caiu para 2,3% (IC
95%
1,1-3,5)
na 3ª medida (p<0,001). Não houve diferença estatística entre as prevalências com
relação à idade, sexo, cor da pele e tipo de escola. Conclusões: A pressão arterial,
em estudos de visita única, diminui significativamente entre a primeira e terceira
aferição. A terceira medida parece revelar níveis pressóricos mais próximos dos
basais.
Descritores: Epidemiologia. Medidas em Epidemiologia. Prevalência. Pressão
arterial. Hipertensão. Crianças.
2
ABSTRACT
Objectives: To estimate the prevalence of elevated levels of blood pressure in
schoolchildren and to test difference between the prevalence when assessed by the
first and the third measurement. Methods: Cross-sectional study, with schoolchildren
between 7 and 10 years-old (n=601), from public and private schools in the urban
area of Cuiabá-MT, Brazil, in 2005. Three different measures of blood pressure were
taken, within 10 minutes of each other. A child was considered with elevated levels of
blood pressure when he/she had reached systolic blood pressure and/or diastolic
blood pressure equal or higher than to the corresponding values to the percentile 95º
of the table of reference of the study, according to gender, age and percentile of
height. To calculate the prevalence, the blood pressure levels were separately
considered from the first and third measurement. Results: There were significant
difference among the systolic blood pressure averages (p <0.001) and diastolic blood
pressure averages (p <0.001) in the three measurements of the study. The average
systolic and diastolic blood pressure, utilizing the third measurement of the study,
was 97.2 mmHg (
95%
CI 96.5-97.9) and 63.1 mmHg (
95%
CI 62.6-63.6) respectively.
The prevalence of high blood pressure was of 8.7% (
95%
CI 6.4-10.9) in the first
measurement and 2.3% (
95%
CI 1.1-3.5) in the third measurement (p <0.001). There
were not statistical difference between the prevalence between age, sex, skin color
and type of school. Conclusions: In studies of only visit, measurements of the blood
pressure, decrease importantly from the first to the third measurement. The third
measurement seems to reveal blood pressure levels closer of the basal ones.
Keywords: Epidemiology. Epidemiologic Measurements. Prevalence. Blood
Pressure. Hypertension. Child.
3
LISTA DE ABREVIATURAS
AVC Acidente Vascular Cerebral
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CDC Center of Disease Control and Prevention
CEME-MT Centro de Especialidades Médicas do estado do Mato Grosso
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CNS Conselho Nacional de Saúde
DAC Doença Arterial Coronariana
DATASUS Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde
DCV Doença(s) Cardiovascular(es)
DM2 Diabetes Mellitus tipo II
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
HUJM Hospital Universitário Júlio Müller
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva
IMC Índice de Massa Corpórea
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
IMEQ-MT Instituto de Metrologia e Qualidade de Mato Grosso
JNC
Joint National Committee on the Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of
High Blood Pressure
MEC Ministério da Educação
mmHg Milímetros de Mercúrio
NHANES National health and Nutrition Examination Survey
NHBPEP National High Blood Pressure Education Program
NHLBI National Heart, Lung, and Blood Institute
NPE Níveis Pressóricos Elevados
PA Pressão Arterial
PAS Pressão Arterial Sistólica
PAD Pressão Arterial Diastólica
SEDUC-MT Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
4
LISTA DE QUADROS, FIGURA E TABELAS
Quadro 1 - Distúrbios associados à Hipertensão Arterial Sistêmica em crianças por grupo
de idade e ordem decrescente de freqüência de acometimento.
Quadro 2 -
Listagem de escolas do ensino fundamental sorteadas e suas respectivas
suplentes, por classe de escola.
Tabela 1 - Número de estabelecimentos escolares em Cuiabá que ministram o ensino
Fundamental (Série e Ciclo) por dependência administrativa e localização,
segundo Censo escolar 2004.
Tabela 2 - Número de alunos matriculados no Ensino Fundamental (série e ciclo) da rede
escolar de Cuiabá com idade entre 7 e 10 anos por dependência
administrativa e localização, segundo dados do Censo escolar 2004.
Tabela 3 -
Listagem de escolas do Ensino Fundamental em ordem crescente de seus
respectivos números de alunos, entre 7 e 10 anos, matriculados no ano de
2004.
Tabela 4 - Número de alunos matriculados entre 7 e 10 anos distribuídos de acordo com
o percentual de representatividade das classes de escolas no município de
Cuiabá-MT em 2004.
Tabela 5 - Número de escolas a serem sorteadas de acordo com o percentual de
representatividade do número de escolas com alunos entre 7 e 10 anos
distribuídos por classes das escolas no município de Cuiabá-MT em 2004.
Tabela 6 -
Número de unidades amostrais a serem sorteadas de acordo com o
percentual de representatividade do número de matriculados entre 7 e 10
anos distribuídos por classes das escolas em Cuiabá-MT em 2004.
Tabela 7 - Fração amostral calculada para amostragem sistemática e número sorteado
para o início do sorteio sistemático das unidades amostrais em cada uma das
classes de escolas.
Tabela 8 -
Distribuição das unidades amostrais na classe das pequenas escolas de
acordo com o percentual de matrículas de 7 a 10 anos em cada escolas
sorteada.
Tabela 9 -
Distribuição das unidades amostrais na classe das médias escolas de acordo
com o percentual de matrículas de 7 a 10 anos em cada escolas sorteada.
Tabela 10 -
Distribuição das unidades amostrais na classe das grandes escolas de acordo
com o percentual de matrículas de 7 a 10 anos em cada escolas sorteada.
Tabela 11 -
Operacionalização das variáveis em estudo.
Tabela 12 - Dimensões de largura, comprimento e circunferência máxima do braço direito
recomendada pelo NHBPEP para manguitos utilizados na medida da PA.
Figura 1 -
Instrumentos de medidas utilizados no estudo.
5
1. INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV), aparecem atualmente como a principal
causa de morte entre os adultos nos países desenvolvidos e em desenvolvimento
65
,
não sendo recente o reconhecimento por parte da comunidade científica da
importância dessas doenças como um problema de saúde pública em todo mundo.
Segundo Smith et al
65
(2004), as DCV resultam em 17 milhões de mortes ao
ano – um terço do total das mortes no mundo – sendo 80% dessas mortes em
paises em desenvolvimento.
No Brasil, as doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por 27,3%
dos 1.002.340 óbitos registrados em 2003
46
.
Kannel
35
(1996) e Barker et al
6
(1998) reconhecem a Hipertensão Arterial
Sistêmica (HAS) como o mais poderoso e prevalente fator de risco no aparecimento
de acidentes vasculares cerebrais (AVC), doença arterial coronariana (DAC),
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e doença renal. No adulto, ela eleva em
duas a três vezes o risco individual de desenvolvimento de morbidade
cardiovascular
35
, explicando 62% das mortes por AVC e 49% daquelas por DAC
72
. A
HAS constitui-se hoje o distúrbio clínico crônico mais comum no mundo, atingindo
mais de 1 bilhão de indivíduos no mundo e matando 7,1 milhões pessoas por ano
nos países desenvolvidos e em desenvolvimento
15
.
Na década de 80, Kannel
36
(1975), em um dos muitos artigos do estudo de
Framingham, já constatava que níveis pressóricos elevados, lábeis ou fixos,
sistólicos ou diastólicos, em qualquer idade ou sexo, são contribuintes importantes
para todas as formas de doença cardiovascular.
Pesquisas envolvendo DCV e seus fatores de risco procuram respostas para
as possíveis causas do aparecimento precoce de doenças crônicas como a HAS, o
6
AVC e a diabetes tipo 2 (DM2)
4,21,25,69
. Fenômenos como tracking, termo que
identifica a persistência de determinado fator de risco até a idade adulta, podem em
parte explicar que níveis elevados de pressão arterial (PA) em crianças podem ser
potentes preditores de hipertensão arterial na vida adulta
2
.
No que se refere a HAS, há décadas, estudos sobre a prevalência de HAS em
crianças têm mostrando proporções variáveis em todo o mundo, com taxas que
variam de 0,41% a 16%
27,28,31,41,57,69
. No Brasil esta prevalência também é bastante
variável. Oliveira et al. (2004)
53
em Feira de Santana/BA, estudando crianças de 5 a
9 anos obteve taxa de 3,6% utilizando a média de duas medidas da PA. Rezende et
al. (2003)
58
em Barbacena/MG, estudando crianças de 7 a 14 anos encontrou taxa
de 2,5% utilizando a 3ª medida da 3ª visita. Moura et al. (2004)
50
em Maceió/AL
estudando crianças de 7 a 10 anos e utilizando como critério a medida mais alterada
das duas realizadas, encontrou prevalência de 6,5%. Oliveira et al. (1999)
54
em Belo
Horizonte/MG, utilizando dados da 2ª medida em crianças de 6 a 18 anos obteve
prevalência de 3,9%.
Como constatado por Oliveira et al
54
(1999) e também por Salgado e
Carvalhaes
62
(2003), essa variabilidade das taxas de prevalência nos estudos
epidemiológicos se deve, além da variação das faixas etárias estudadas, a não
uniformização da conduta no que se refere a técnicas de coleta de dados e critérios
de escolha dos níveis pressóricos considerados basais.
1.1. Justificativa
A HAS, a doença crônico-degenerativa mais prevalente no mundo
62
, é
considerada o maior desafio na área de saúde pública para sociedades em transição
sócio-econômica e epidemiológica.
7
Pesquisadores no mundo todo, em estudos recentes, têm se concentrado na
busca de elementos que permitam reconhecer precocemente níveis pressóricos
elevados antes da ocorrência das lesões em órgãos alvo
63
. A importância da
detecção precoce reside no fato de que os fatores de risco para HAS, quando
presentes na infância, tornam-se preditivos de doenças cardiovasculares em
adultos
12
. É importante sensibilizar gestores de saúde, médicos das equipes de
saúde da família e pediatras, para esta importante ação profilática em saúde,
permitindo assim que hábitos deletérios à saúde infantil possam ser constantemente
modificados ao longo do ciclo vital. O combate aos possíveis fatores de risco da
hipertensão deve ser preocupação de pais, educadores, profissionais da área da
saúde e autoridades governamentais, como forma de prevenir o aumento de riscos
para DCV na infância.
Segundo Skybo e Ryan-wenger
64
(2002) e também Howard et al
33
(1996), já
há argumento suficiente para se iniciar uma abordagem preventiva da HAS ainda na
infância, uma vez que esta se mostra mais eficaz quanto mais precocemente
iniciada.
Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, até o momento não apresenta
estudos epidemiológicos relativos a HAS em crianças, desconhecendo portanto, a
prevalência e os fatores que contribuem para o aparecimento da doença entre as
crianças. Na falta de tais informações, praticamente nenhuma planificação específica
de ações de saúde preventiva e assistencial pode ser pensada para atender este
grupo populacional.
A implementação de programas de Saúde Pública específicos,
preferencialmente por meio de procedimentos educacionais, direcionados à
população infantil/adolescente com objetivo de prevenir a HAS, seus fatores de risco
8
e demais transtornos metabólicos, parece ser a principal atitude a ser tomada pelas
autoridades. A criança não pode ser exposta aos fatores de risco dessa doença de
tão elevada taxa de morbidade e mortalidade em fase tão precoce da vida.
Para que esses programas possam ter respaldo científico, é
imprescindível que sejam realizados estudos observacionais com rigor
epidemiológico, objetivando determinar a prevalência de níveis pressóricos
elevados em crianças de nossas comunidades. Estudos sobre a tendência
dessas taxas ao longo dos anos também são importantes para o planejamento
de ações sociais e políticas de saúde nas áreas da prevenção e assistência à
saúde de crianças e adolescentes.
2. OBJETO
2.1. A hipertensão arterial sistêmica
Segundo Riera
59
(2000), a HAS é conceituada como segue:
“Conjunto de entidades com etiopatogenia multifatorial, ora primária, genuína,
criptogenética ou essencial (90%), ora secundária (10%), caracterizadas por
aumento sustentado das cifras de pressão arterial sistodiastólicas ou apenas
sistólicas ou diastólicas acima da considerada normal para a idade, quando a
aferição é feita com metodologia e condições apropriadas, ou o simples fato de o
paciente estar tomando medicação anti-hipertensiva, eventualmente associadas a
alterações metabólicas, hormonais e a fenômenos tróficos miocárdicos e vasculares
(remodelamento), com destaque nos assim chamados órgãos-alvo (olhos, coração,
cérebro, rins e artérias periféricas) e causadas, em última instância, por aumento do
débito cardíaco, do volume intravascular e/ou da resistência periférica total,
condicionada por fatores endócrinos, neurócrinos e autócrino-parácrinos”.
9
A PA de um adulto é considerada anormal quando está acima de um nível
com o qual existe associação com doença coronariana, AVC ou doença renal
60
, ou
seja, utiliza para determinação do normal e do anormal um critério epidemiológico. A
existência dessa definição operacional, traduzida em números, facilita e muito o
diagnóstico da doença. No entanto, comporta, por outro lado, uma comparação entre
os níveis pressóricos medidos com níveis pressóricos considerados limites para
normalidade. Em crianças e adolescentes, essa definição é estatística, uma vez que
os estudos ainda não conseguiram determinar os níveis pressóricos associados com
doença futura
49
. Ou seja, aproveitando-se o fato de que a PA tem distribuição
normal, são considerados alterados, os níveis pressóricos arteriais que são iguais ou
maiores que os níveis definidos estatisticamente, levando-se em conta
características individuais tais como o sexo, a idade e a altura
51
.
2.1.1. As possíveis causas
Um número grande de patologias pode cursar com elevação dos níveis pressóricos
tanto em adultos como em crianças. Entre os adultos hipertensos, mais de 90% têm
HAS primária, também chamada essencial, para a qual não se encontra ainda hoje
etiologia definida
16
.
Entre as crianças, diferentemente dos adultos, a HAS primária é bem menos
prevalente. Muitos estudos epidemiológicos, no entanto, têm evidenciado um
aumento da prevalência de HAS de etiologia primária e revelado indício forte de que
a HAS do adulto é uma doença que se inicia na infância, como uma trilha na qual a
criança caminha rumo à doença
2,66,71
.
10
Sabe-se que a HAS detectada em lactentes e pré-escolares, geralmente
indica um processo patológico subjacente, mas, pode também em alguns casos,
representar o início precoce da HAS observada nos adultos
62
.
Segundo Cocozza et al
16
(1996), 80% dos casos de HAS de origem
secundária estão relacionados com doenças renais, 10% relacionadas com causas
renovasculares e 10% com causas variadas (cardiovasculares, endocrinológicas,
doenças do sistema nervoso central, doenças do tecido conectivo e associadas ao
uso de medicações).
Escolares e, em particular, adolescentes, podem apresentar hipertensão
primária ou essencial, que usualmente é detectada através de avaliação rotineira da
pressão arterial. Nas crianças com mais de 1 ano de idade a hipertensão essencial
já começa a aparecer como causa da elevação pressórica, e à medida que a criança
envelhece a freqüência de acometimento cresce até que na faixa etária de 12 a 18
anos se torna a principal causa da elevação dos níveis pressóricos
8
– Vide Quadro 1
do Apêndice 1.
2.1.2. Os fatores que influenciam a pressão arterial
A PA apresenta como importante característica clínica sua grande
variabilidade, quer seja ela de indivíduo para indivíduo, quer seja em um mesmo
indivíduo sob condições ambientais distintas
26,42
.
Inúmeros são os fatores, quer sejam intrínsecos ou extrínsecos, que
influenciam a pressão arterial em crianças e adultos. Os já identificados em adultos,
segundo Mion et al
47
(2004) no documento intitulado “IV Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão Arterial” podem ser classificados em modificáveis, tais como o excesso
de peso, o sedentarismo, a alta ingesta de sal, o alcoolismo, a baixa ingestão de
11
potássio, as dislipidemias, a diabetes mellitus, o tabagismo, e o estresse emocional;
e também em fatores não-modificáveis como o gênero, a raça, o histórico familiar e o
avançar da idade.
Em crianças, os fatores que influenciam os níveis pressóricos envolvem
fatores intrínsecos (predisposição genética
16,48,56
, sexo
60
, idade
23
, raça
23
), fatores
sócio-econômicos
37
(escolaridade dos pais
72
, renda per capita
72
, situação conjugal
da mãe
1
, número de moradores na casa
20
), fatores maternos (idade da mãe
20
,
tabagismo
18,30
hipertensão
70
, paridade
20
, idade gestacional
20
), fatores alimentares
(tempo de amamentação ao seio materno
44
, o sobrepeso e a obesidade
16,29
),
tabagismo passivo
74
, presença de doenças congênitas ou doença crônica atual
15
e
uso de medicamentos
10
.
A genética contribuiria com uma ou mais anormalidades nos sistemas de
transporte eletrolítico, sistema nervoso simpático e mecanismos de controle
endócrino
62
, chegando a influenciar até 60% da variação da pressão arterial entre
humanos
48
.
Os fatores ambientais, na opinião de alguns autores, são tão importantes
quanto os fatores genéticos na predisposição a níveis pressóricos elevados na vida
adulta. Eles acreditam que as circunstâncias que o ambiente intra-uterino impõem ao
feto durante o período pré-natal sejam decisivos na gênese da elevação pressórica
arterial na infância
3,5,25
.
O jaleco branco usado pelos profissionais de saúde durante a medida da
PA em consultórios e centros de saúde é um importante fator ambiental que
influencia na variação dos níveis pressóricos, principalmente em crianças
26,34
.
12
Os níveis pressóricos em um indivíduo são determinados pela interação
entre os fatores já citados, além dos fatores demográficos e culturais, que
contribuem para que a doença assuma maiores proporções em nosso meio
37,72
.
2.1.3. As conseqüências
Vê-se na evolução dos cuidados com níveis pressóricos em crianças, que as
autoridades responsáveis estão cientes e preocupadas com o problema do
crescente aumento da prevalência de HAS em indivíduos mais jovens e das
conseqüências que esses níveis pressóricos elevados podem trazer para um
organismo ainda em desenvolvimento.
Níveis pressóricos elevados eram raramente diagnosticados em crianças
até três décadas atrás. Apenas os casos de hipertensão arterial severa eram
reconhecidos e, na maior parte das vezes, associados a doenças primárias.
A HAS tem sido chamada de “assassina silenciosa” por, na maioria das
vezes, não manifestar sintomas até uma idade mais avançada. Inúmeros trabalhos
têm demonstrado que lesões em órgão-alvo como cérebro, coração e rins, aparecem
precocemente em crianças hipertensas
9
.
Dados de autópsia provenientes do estudo de Bogalusa revelam uma
significante associação entre fatores de risco como Índice de Massa Corporal (IMC)
elevado, hipertensão, fumo e dislipidemias com lesões ateroscleróticas em crianças
e adultos jovens que morreram de acidente. Segundo o estudo, estes achados
mostram que doenças consideradas de adultos podem ter seu início na infância
11
.
Outra conseqüência da HAS em crianças, reportada pelo National High Blood
Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in Children and
Adolescents (NHBPEP)
51
é a hipertrofia de ventrículo esquerdo, vista em associação
13
direta e positiva com os níveis pressóricos. Sorof
67
(2002) considera a hipertrofia
ventricular esquerda um fator de risco significante para DCV e mostra em um de
seus muitos trabalhos que a pressão arterial sistólica elevada é o principal fator na
morbidade da hipertensão em crianças e adultos pois ela estaria positivamente
associada com a hipertrofia do ventrículo esquerdo.
Na ocasião do diagnóstico, na maioria das vezes, no entanto, a criança é
assintomática ou apresenta sintomas subjetivos. Nos casos de hipertensão
secundária, nos quais podem ocorrer elevações súbitas da PA, os sintomas são
expressivos e dependem do tipo de distúrbio que estiver acometendo a criança.
Pode ocorrer irritação, cefaléia, tontura, epistaxe, anorexia, déficit de crescimento,
alterações da visão e convulsões
10
.
2.2. O problema do diagnóstico epidemiológico
Em 1977, nos Estados Unidos, foi publicado pelo National Heart, Lung and
Blood Institute (NHLBI) e pela American Academy of Pediatrics o primeiro relatório
sobre o controle da PA em crianças. O documento foi intitulado Report of the Task
Force on Blood Pressure Control in Children
13
e baseou-se em uma meta-análise de
três estudos americanos que investigaram 5.789 crianças. Dez anos após, um
segundo relatório foi publicado pelo mesmo órgão e, assim como o primeiro,
apresentava para a comunidade científica uma proposta de padronização do método
da medida da PA e também as curvas de distribuição da pressão arterial
organizadas em gráficos de percentis, de acordo com a idade e com o sexo de 70
mil crianças brancas, negras e hispânicas. Neste trabalho, o percentil 95º ficou
estabelecido como o limite de normotensão, e fora recomendado a todos os
pediatras que medissem a pressão arterial de crianças maiores de três anos, no
14
mínimo uma vez ao ano, acompanhando-as anualmente em um gráfico de
percentis
32
.
Rosner et al
60
(1993) publicaram então uma meta-análise a partir de dados de
76.018 medidas de pressão arterial em crianças americanas, onde corrigiu um
importante fator de erro nos valores de referência: a altura da criança. Suas tabelas
de referência foram estratificadas por idade, por sexo, e levavam em consideração
os percentis de estatura de cada criança.
Posteriormente, em 1996, foi publicada pelo NHLBI uma atualização ao
relatório publicado em 1987, levando em consideração os critérios estabelecidos por
Rosner em 1993. Além disso, passou-se a recomendar a utilização da fase V de
Korotkoff (K5) como referência para pressão diastólica para todas as idades
52
.
Mais recentemente, em agosto de 2004, foi publicado pelo NHBPEP,
programa ligado ao NHLBI, em consideração ao 7º Joint National Committee on the
Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure (JNC)
15
, o
relatório intitulado The Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation, and Treatment of
High Blood Pressure in Children and Adolescents
51
.
Neste documento foram acrescentados os dados do National Health and
Nutrition Examination Survey (NHANES), realizado de 1999-2000, e definidos como
pré-hipertensos as crianças que recebiam diagnóstico de “pressão normal alta” pela
última atualização de 1996. Também foram acrescidas novas recomendações de
tratamento farmacológico e não farmacológico para essa população.
Segundo Lessa
39
(2001), os estudos de prevalência de HAS em adultos no
Brasil além de serem poucos e não representativos do país, apresentam
divergências metodológicas importantes. Em crianças, estudos de prevalência de
HAS realizados em diversas regiões do mundo e do Brasil mostram resultados
15
também extremamente variáveis. A diversidade metodológica empregada quanto ao
tipo de esfigmomanômetro, posição da criança, critérios pra eleição de manguitos,
número de medidas realizadas, intervalo entre as medidas, critérios para definição
dos níveis pressóricos basais a serem utilizados para definição dos indivíduos
considerados hipertensos, assim como todos os detalhes inerentes à qualidade na
coleta de dados, contribuem enormemente para que as prevalências sejam
discrepantes entre os diversos estudos brasileiros
54
.
Oliveira et al
54
(1999) constataram que as taxas mais elevadas de prevalência
são encontradas em estudos baseados em visita única e que em estudos onde há
acompanhamento ambulatorial a prevalência cai para valores próximos à taxa de
1%. A queda da taxa de prevalência quando os indivíduos são acompanhados, com
a pressão arterial sendo medida repetidas vezes, se daria por causa do fenômeno
de acomodação, onde a criança e/ou o adulto se acostumam com o procedimento
de medida e ficam mais tranqüilas e também a um fenômeno não biológico chamado
de regressão à média
52
.
16
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
- Estimar a prevalência de níveis pressóricos elevados em escolares entre 7 e
10 anos do sistema escolar público e privado da Zona Urbana de Cuiabá-MT.
3.2. Objetivos específicos
- Descrever os níveis pressóricos arteriais sistólicos e diastólicos encontrados
nas três medidas realizadas no estudo, segundo a idade;
- Comparar as prevalências de níveis pressóricos elevados ao se
considerar a primeira e a terceira medida da pressão arterial realizada no
estudo.
- Descrever as prevalências de níveis pressóricos elevados utilizando a 3ª
medida da pressão arterial, de acordo com a idade, sexo, cor da pele, tipo de
escola freqüentada e período de realização do exame;
- Categorizar as crianças avaliadas no estudo utilizando a 3ª medida da
pressão arterial, de acordo com as recomendações do 4º Relatório publicado pelo
NHBPEP/2004.
17
4. MÉTODO
4.1. Âmbito da pesquisa
O Estudo foi realizado na zona urbana do município de Cuiabá, capital do
Estado de Mato Grosso, com crianças de escolas públicas e privadas que
ministravam o ensino fundamental no ano de 2005. A escolha desse local se
deu pelo fato do pesquisador ser bastante familiarizado com a cidade,
associado ao fato de que até o presente momento poucos estudos
epidemiológicos já terem sido realizados no citado município.
A decisão pela equipe de pesquisa em investigar escolares entre 7 e 10
anos, incluindo apenas os pré-adolescentes de 10 anos
43
, se deveu à tendência
atual de, nos estudos epidemiológicos na área de doenças crônicas não-
transmissíveis, se utilizar populações cada vez mais jovens.
A população estudada representava, no início de 2005, 7,76% do total da
população geral do município de Cuiabá, que foi estimada em 533.800
habitantes
1
, conforme dados extraídos do website do Departamento de
Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS)
19
.
A escolha das escolas de ensino fundamental se fez pelas seguintes razões:
a) Abrigarem e concentrarem um grande percentual das crianças na faixa
etária em estudo durante parte do dia, colaborando assim para aumentar a
representatividade da amostra e o poder de extrapolação dos resultados;
b) Constituir um local de convergência para a população da faixa etária em
questão, onde esta se apresenta com regularidade adequada para uma coleta de
dados com duração média de 5 dias;
a
Estimativa do dia 1º de julho de 2005, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
18
c) Representarem aos pais das crianças e às próprias crianças um local de
orientação e confiabilidade, promovendo e facilitando a adesão ao protocolo de
pesquisa;
d) Serem o conglomerado de eleição quando da realização dos grandes
inquéritos epidemiológicos que são referência da maioria das pesquisas em fatores
de risco cardiovasculares nessa faixa etária, uma vez que a taxa de atendimento
escolar entre a população de 7 a 14 anos no Brasil está próxima de 98%.
Segundo Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) e Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), o município de Cuiabá possuía 251
estabelecimentos escolares em 2004, sendo que destes, 198 tiveram alunos
matriculados no ensino fundamental (75%) – Dados fornecidos em mãos pela
Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC-MT).
Das 198 escolas com ensino fundamental, 173 (87,4%) estão localizadas na
zona urbana e 25 escolas na zona rural (12,6%) – Vide Tabela 1 do Apêndice 2.
Dos 173 estabelecimentos escolares que ministram o ensino fundamental na
zona urbana, 66 são estaduais (38,1%), 78 são municipais (45,1%) e 29 são
privados (16,8%). As escolas federais do município não possuem ensino
fundamental.
Foram excluídos do processo de amostragem os escolares da zona rural
do município. A intenção foi facilitar a operacionalização da pesquisa, uma vez
que existem escolas rurais a grandes distâncias do centro da cidade. A
população rural entre 7 e 10 anos excluída do processo de amostragem (991
alunos) representou 2,9% do total de matrículas de alunos entre 7 e 10 anos no
ensino fundamental em 2004.
19
Ficaram dessa forma excluídas as 25 escolas da zona rural que juntas
representavam 12,6% das escolas ministrantes do ensino fundamental no município
de Cuiabá.
4.2. Tipo de estudo
Estudo observacional, de caráter descritivo, do tipo corte transversal.
4.3. Desenho metodológico
Trata-se de um estudo de prevalência segundo medidas objetivas, realizado
no período de junho/2005 a outubro/2005, com crianças de ambos os sexos e com
faixa etária entre 7 e 10 anos completos no momento da pesquisa.
4.3.1. Amostragem
Adotou-se um processo de amostragem probabilística estratificada (complexa
e de duplo estágio), com utilização de conglomerados. Cada escola ministrante do
ensino fundamental, localizada na zona urbana, foi considerada um conglomerado.
Cada conglomerado continha um número variável de alunos na faixa de idade em
questão (possíveis unidades amostrais). As planilhas eletrônicas com os dados do
ensino fundamental foram fornecidas após solicitação formal a SEDUC-MT. Os
dados referentes a matrículas foram detalhados por idade, escola, dependência
administrativa, zona de localização e tiveram como base os dados originados do
Censo Escolar de 2004.
20
4.3.2. Plano Amostral
Fizeram parte do plano amostral os estudantes de 1º grau (denominado
Ensino Fundamental, constituído de 8 séries ou 9 ciclos) de ambos os sexos, com
idade entre 7 e 10 anos completos, regularmente matriculados em escolas
municipais, estaduais e privadas da região urbana de Cuiabá-MT, no ano de 2005.
Para o cálculo da amostra foram considerados os dados finais do Censo
Escolar 2004/MEC/INEP, publicados em março de 2005. Foram matriculadas no
Ensino Fundamental para o ano letivo de 2004, 98.262 indivíduos. Deste total,
32.804 alunos (33,38%) tinham entre 7 e 10 anos e freqüentavam escolas da zona
urbana – Vide Tabela 2 do Apêndice 2.
Quanto à representatividade da amostra, ela pode ser determinada pela taxa
de atendimento na faixa de idade em questão. No entanto, a equipe obteve alguns
problemas para aquisição dessa taxa.
A taxa de atendimento escolar somente é calculado para as faixas de 0 a 6
anos, 7 a 14 anos, 15 a 17 anos e 18 a 24 anos. Dados específicos da taxa de
atendimento na população entre 7 e 10 anos de Cuiabá-MT em 2004 não puderam
ser encontrados e, mesmo mediante solicitação formal, tal indicador do MEC não
pôde ser repassados pela SEDUC-MT. A equipe de pesquisa, mediante isso, passou
aceitar a taxa de atendimento escolar de 2003 da população de 7 a 14 anos da zona
urbana de Mato Grosso, fornecido pelo IBGE, como proxy da taxa de atendimento
da população em questão.
Segundo o órgão citado, Mato Grosso teve uma taxa de 95,4% dos
estudantes de 7 a 14 anos da zona urbana freqüentando os estabelecimentos
escolares do Estado em 2003.
21
4.3.3. Cálculo do tamanho da amostra
O número de unidades amostrais foi calculado tendo como base uma
população de 32.804 crianças (considerada estatisticamente uma população infinita)
matriculadas em 2004 no ensino fundamental, com faixa etária entre 7 e 10 anos e
freqüentadores de escolas da zona urbana do município de Cuiabá-MT.
Desconhecida a atual prevalência nessa população, considerou-se para efeito
de cálculo estatístico uma prevalência de 50% e erro tipo I de 5%: Intervalo de
Confiança (IC) de 95%, maximizando assim o tamanho da amostra. Assumiu-se erro
amostral absoluto de 5%.
Por ser uma amostragem por conglomerados de duplo estágio, onde
inicialmente foram sorteadas as escolas e em um segundo momento os alunos,
considerou-se efeito do desenho (deff) de 1,5 e possíveis perdas no segundo
estágio de no máximo de 20%.
Conforme cálculos estatísticos de Lwanga & Lemenshow
40
, onde:
N . Z
2
(α/2)
. p(1-p)
n = -----------------------------------
ε
2
. (N-1) + Z
2
(α/2)
. p(1-p)
Sendo:
n - o número de unidades amostrais
N - o tamanho da população
p - proporção esperada na população
Z(α/2) - o valor tabelado da distribuição normal
ε - o erro amostral (precisão absoluta) do IC 100 (1 - α)%
Tem-se: n = 380
Considerado o efeito do desenho: 380 x 1,5 = 570
Considerado ainda perdas não maiores que 20%, tem-se: 570 + 20% = 684.
22
Procedeu-se, então, a etapa de identificação das 684 crianças com idade entre
7 e 10 anos completos.
4.3.4. Identificação das unidades amostrais
Em posse dos dados fornecidos pela SEDUC-MT, os conglomerados
(escolas) foram colocados em ordem crescente de número de matriculas na faixa de
idade em questão. Nesta etapa, restaram 161 escolas para o processo de
amostragem pois, das 173 escolas com ensino fundamental listadas, 12 escolas
foram automaticamente excluídas (9 estaduais e 3 municipais) por não terem alunos
entre 7 e 10 anos matriculadas em 2004.
Em um segundo momento, foram distribuídas as unidades amostrais
proporcionalmente ao tamanho dos conglomerados de maneira a preservar a
chance de sorteio de cada elemento da amostra. Foram criadas três classes
representando o tamanho das escolas de acordo com o número de matriculados em
cada uma das escolas. Fez-se uso da amplitude tercil para que os conglomerados
fossem classificadas em escolas de pequeno, médio e grande porte. Os pontos de
corte adotados foram os tercis da distribuição de freqüência do número de
matriculados entre as escolas, T
33,3%
e T
66,6%
– Vide Tabelas 3 e 4 do Apêndice 2. O
primeiro tercil definiu os pequenos conglomerados enquanto o segundo tercil definiu
os médios e grandes conglomerados.
Por se tratar de amostragem por conglomerado, foram estabelecidas 20
escolas a serem sorteadas
7,22
. Juntas, representavam 12,4% do total de escolas
elegíveis.
As 20 escolas foram então distribuídas proporcionalmente ao percentual de
representatividade das escolas em cada classe – Vide Tabela 5 do Apêndice 2.
23
O número de unidades amostrais a serem coletadas em cada uma das
classes foi distribuída de forma proporcional ao número de matriculados em cada
classe de escolas – Vide Tabela 6 do Apêndice 2.
4.3.4.1. Amostragem de 1º estágio
Com a listagem das escolas em suas respectivas classes, foram sorteados os
nomes das escolas a serem visitadas em cada classe. O sorteio das escolas foi
realizado por amostragem sistemática, através de uma fração de amostra obtida
pela divisão entre o número total de escolas e o número de escolas a serem
visitadas em cada classe, conforme dados da Tabela 7 do Apêndice 2.
A escola que porventura se negasse a participar do estudo seria
automaticamente reposta por sua escola suplente, definida como a escola que
viesse imediatamente após a escola que rejeitasse sua participação no estudo,
observando-se na listagem das escolas colocadas em ordem crescente de matrícula
em cada uma das classes – Vide Tabela 3 do Apêndice 2. Seriam coletados nas
escolas suplentes, dados do mesmo número de unidades amostrais da escola que
se recusasse a participar do estudo.
A lista das 20 escolas sorteadas e suas respectivas suplentes, de acordo com
a classe procedente, pode ser vista no Quadro 2 no Apêndice 1.
Todos os responsáveis pelas 20 escolas sorteadas autorizaram a realização
do estudo. Tomou-se o cuidado de receber desses diretores um termo de
compromisso e ciência do acontecimento do estudo em suas instituições – Vide
Apêndice 9.
Uma vez conhecendo o número de elementos a ser coletados nas escolas
pequenas, médias e grandes e em posse da lista de escolas sorteadas e seus
24
respectivos números de matrículas entre a faixa etária em questão, passou-se a
distribuir as unidades amostrais de cada classe proporcionalmente ao número de
alunos matriculados em cada escola sorteada – Tabelas 8, 9 e 10 do Apêndice 2.
A distribuição geográfica das escolas sorteadas dentro da macrozona urbana
do município de Cuiabá pode ser vista no mapa esquemático do Apêndice 4.
4.3.4.2. Amostragem do 2º estágio
De posse do número das unidades amostrais a ser pesquisada em cada
escola (conglomerado), foi necessário que o pesquisador conseguisse junto à
secretaria das escolas a lista de nomes dos alunos com idade de 7, 8, 9 e 10 anos
completos, de ambos os sexos, matriculados em 2005 em cada uma dessas escolas
sorteadas. Essa etapa foi feita gradualmente na medida em que iam sendo
terminados os exames em cada uma das escolas.
O sorteio das unidades amostrais nesse segundo estágio foi realizado
também por amostragem sistemática. O número de unidades amostrais a ser
sorteado em cada escola fora dividido proporcionalmente pelo número de alunos em
cada uma das idades em estudo, em cada escola sorteada. Essa distribuição
proporcional pretendeu manter a chance de sorteio entre as idades num
determinado conglomerado.
No sorteio sistemático que se deu com a listagem dos alunos em cada
uma das idades, fora utilizada uma frão amostral, obtida pela divio do número
total de alunos matriculados no ano de 2005 em cada uma das idades e em cada
uma das escolas sorteadas, pelo número de unidades amostrais a serem avaliadas
em cada uma das idades e em cada uma das escolas sorteadas. A listagem dos
alunos por idade se deu por ordem alfabética.
25
Garantiu-se através da distribuição proporcional, ocorridos no 1º e 2º
estágio, praticamente a mesma chance de sorteio a todas as unidades
amostrais. A chance de sorteio das crianças no 2º estágio em cada uma das
escolas foi minimamente alterada, para mais ou para menos, por causa da
aproximação necessária para números inteiros (ocorrido no 1º estágio).
4.3.5. Definição de nível pressórico elevado
Foram consideradas com nível pressórico elevado (NPE) as crianças que,
de acordo com o sexo, idade e percentil de estatura, tiveram níveis pressóricos
sistólicos e/ou diastólicos maiores ou iguais aos valores correspondentes ao
percentil 95º da tabela de referência utilizada no estudo
51
. Para obtenção dos
níveis pressóricos basais sistólicos e diastólicos, utilizou-se individualmente a
primeira e a terceira medida da pressão arterial.
4.3.6. Critérios de inclusão
Para conglomerados: Foram incluídas no primeiro estágio de amostragem as
escolas da zona urbana que tiveram pelo menos uma criança matriculada no ano de
2004 com idade entre 7 e 10 anos completos e, através de sua diretoria, aceitaram
participar do estudo.
Para unidades amostrais: Foram incluídas no estudo os escolares que,
além de estarem matriculadas regularmente em 2005, foram sorteados no
segundo estágio, receberam o consentimento dos pais ou responsáveis
(mediante comunicação escrita formal) e aceitaram participar do estudo.
26
4.3.7. Critérios de exclusão
Para conglomerados: Foram excluídas as escolas que se localizarem na zona
rural; As que não tiverem alunos matriculados com idade entre 7 e 10 anos no
ensino fundamental no ano de 2004 e as que, representada pelos diretores, não
quiseram participar do estudo.
Para unidades amostrais: Foram excluídos os indivíduos que não
pertenceram ao plano amostral, ou seja, não estiveram matriculados em 2005, não
tinham entre 7 e 10 anos e que estavam matriculados na zona rural.
Foram consideradas como perdas, crianças que durante a coleta de dados
estavam sem consentimento após 3 tentativas de obtenção, bem como as crianças
que mesmo recebendo o consentimento se negaram a realizar os exames. Também
foram consideradas como perdas as crianças que mesmo devidamente autorizadas,
se ausentaram durante 3 tentativas de contato.
4.4. Coleta de Dados
Na tentativa de organizar esta fase tão importante do estudo a equipe decidiu
por iniciar a coleta de dados em escolas de pequeno porte e gradualmente passar
para as escolas de maior porte. Essa ação deu experiência crescente à equipe
ajudou a consolidar gradativamente as mudanças realizadas por ocasião do estudo
piloto. Com essa mesma intenção decidiu-se que os exames em um determinado
conglomerado só seriam iniciados após o término dos exames no conglomerado
anterior. Fato que também contribuiu com os aspectos organizacionais da equipe,
minimizando a chance de erros durante a coleta.
O primeiro passo, após todos os entraves legais para realização do estudo
terem sido resolvidos com o Comitê de Ética em pesquisa, as Secretarias Municipal
27
e Estadual de Educação e o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (Vide
Anexo 1, 7 e Apêndice 18 e 19), foi contatar as escolas sorteadas para que a
amostragem do segundo estágio fosse realizada – Vide Apêndice 20.
As diretorias das escolas sorteadas foram contatadas com pelo menos 20 dias
de antecedência em relação à coleta de dados na dependência das escolas. Nesta
ocasião foram convidadas a participar do estudo e lhes foram dadas todas as
explicações sobre a pesquisa, seus objetivos, sua metodologia, suas implicações e
possíveis benefícios. Uma cópia do protocolo de pesquisa foi deixada junto à Direção
até o término da fase de coleta em suas dependências. Nesse documento foram
explicitadas todas as exigências da equipe de pesquisa, tais como listagem dos
alunos matriculados em 2005 e a sala para realização dos exames com as condições
necessárias.
De posse dos nomes das crianças sorteadas, foram impressos os envelopes,
os convites e os Termos de Consentimentos (mala direta) com o timbre da
Universidade Federal de Santa Catarina e do Estudo. Cada criança sorteada recebeu
nessa etapa um número de identificação. Após a documentação de cada criança
estar em seu respectivo envelope e estes organizados por sala, procedeu-se à
distribuição destes envelopes para os escolares pois estes seriam os responsáveis
por entregar essa documentação a seus pais.
No dia da entrega dos envelopes com os termos de consentimento as escolas
eram avisadas sobre o início da coleta de dados no dia seguinte e se
responsabilizavam em colocar o espaço físico em condições para receber a equipe
de pesquisa e seus instrumentos de medida.
Uma vez na escola o pesquisador percorreu então, sala por sala onde
houveram alunos sorteados e realizou explanações com duração da 10 minutos em
28
cada uma das salas. O pesquisador conversava com os alunos sobre a realização da
pesquisa, sua importância e sobre os procedimentos e exames a serem realizados.
Termos acessíveis aos alunos foram utilizados durante essa explanação. Frases
como: “Medir a pressão não dói”, “Não será tirado sangue”, “O exame é gratuito” e
“Ninguém será retirado da escola” foram importantes para diminuir o receio das
crianças e conseqüentemente dos pais. Após a explanação procedia-se à entrega
dos envelopes aos alunos sorteados.
Em caso de ausência do aluno, registrava-se o fato em planilha de coleta
adequada e no dia seguinte nova tentativa de contato era realizada. Após três
tentativas de contato sem sucesso, o aluno era então excluído da realização dos
exames e conseqüentemente da amostra.
Os alunos eram orientados a trazer o envelope no dia seguinte quando o
pesquisador passaria recolhendo os envelopes.
A documentação enviada aos responsáveis fazia um breve esclarecimento a
respeito da realização e importância do estudo, formalizando aos pais o convite para
a criança participar do estudo. Foi solicitado a um dos responsáveis que assinasse
uma das vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido enviado em anexo ao
convite de participão Apêndice 5.
No dia seguinte a entrega dos termos de consentimento era iniciada a coleta
de dados. Os termos de consentimento devidamente assinados eram recebidos
pelo pesquisador que ao passar pelas salas de aula reforçavam com os alunos
que não haviam trazido o termo para que o fizesse no próximo dia. Após três
tentativas de busca desses consentimentos sem sucesso a criança foi
considerada perdida.
29
As crianças sorteadas e devidamente autorizadas que estiveram ausentes
no dia da coleta de dados eram novamente contatadas no dia seguinte. Crianças
que se ausentaram durante três tentativas de contato foram consideradas
perdidas para o estudo. Também foram considerados perdidos para o estudo os
alunos que mesmo recebendo o consentimento de seus pais se negaram a
realizar os exames.
Sob hitese alguma ocorreu reposição de elementos na amostra sorteada.
A coleta de dados foi realizada por uma única equipe formada pelo
próprio pesquisador e duas assistentes (monitora e anotadora). Intencionou-se
com essa medida minimizar a chance de erros sistemáticos e facilitar a
operacionalização da coleta de dados. Os exames constaram de avaliação
antropométrica, medida da PA e observação direta do pesquisador. Não foram
realizadas entrevistas com as crianças ou seus responsáveis. O termo de adesão e
compromisso das assistentes pode ser visto no Apêndice 17.
A disposição espacial dos instrumentos, da equipe de pesquisa e a descrição
do fluxo de coleta no ambiente de exame nas escolas pode ser visto no Apêndice 6.
A disposição dos equipamentos e da equipe foi minimamente alterada em cada uma
das escolas mediante o espaço físico disponibilizado.
O pesquisador não usou jaleco branco durante o contato com os escolares no
momento da avaliação antropométrica e medida da PA para evitar elevação do nível
de ansiedade das crianças frente à realização dos exames.
Em todas as etapas da coleta de dados a equipe de pesquisa esteve sempre
uniformizada e devidamente identificada com crachá do estudo – Vide Apêndice 7.
Uma testemunha rubricou o formulário de coleta de dados depois de realizada
a avaliação antropométrica e as medidas da PA – Vide Apêndice 8.
30
4.4.1. Exames
Foram instalados os instrumentos para antropometria conforme as normas de
cada aparelho em local aprazível, ventilado, iluminado, definido previamente com a
direção da escola. As crianças selecionadas foram retiradas da sala de aula de 6 em
6, no intuito de diminuir seus níveis de ansiedade.
4.4.1.1. Variáveis avaliadas
As variáveis de interesse no estudo foram: a pressão arterial sistólica, a
pressão arterial diastólica, a circunferência do braço, a altura, o sexo, a idade, a cor
da pele, o tipo de escola que a criança freqüenta e o período do dia que as medidas
foram realizadas. No entanto, outras variáveis foram coletadas e serão analisadas
pela equipe em trabalhos subseqüentes. Essas variáveis foram: a massa corporal, o
índice de massa corporal, a circunferência da cintura, a circunferência do quadril e a
relação entre circunferência da cintura e circunferência do quadril (RCQ).
As variáveis em estudo foram operacionalizadas como mostrado na Tabela 11
do Apêndice 2.
4.4.1.2. Instrumentos
Os Instrumentos de medidas utilizados na pesquisa foram adquiridos em
lojas especializadas do ramo de equipamentos médicos.
Foram adquiridos:
1) Estetoscópio Duplo Premium pediátrico Marca Glicomed
®
.
2) Esfigmomanômetro de mesa de coluna de mercúrio Marca Glicomed
®
com
graduação de 2 em 2 mmHg.
31
3) Braçadeiras com velcro adequadas para manguitos 6 cm x 15 cm, 8 cm x 16 cm,
11,2 cm x 23,3 cm e 13,0 cm x 30,0 cm da Marca VITALMED
®
.
4) Estadiômetro SECA
®
modelo BODYMETER 206 com 220 cm e graduação de 1
em 1 mm.
5) Balança digital eletrônica Marca Toledo
®
- Modelo 2096 PP/01 capacidade 150 Kg
e graduação de 50 em 50 g. Este equipamento foi cedido pelo Instituto de
Metrologia e Qualidade de Mato Grosso (IMEQ-MT/IMETRO) – Vide Anexo 2.
6) Fita métrica 150 cm MABIS
®
/ CARDIOMED com graduação de 1 em 1 mm.
Fotos detalhadas dos equipamentos utilizados no estudo podem ser vistos na
Figura 1 do Apêndice 3.
Para coleta de cada uma das variáveis foram utilizados os seguintes
procedimentos:
-Verificação da massa corporal: Utilizou-se balança digital eletrônica Marca
Toledo
®
Modelo 2096 PP/01 capacidade 150 Kg e graduação de 50 em 50 g. As
crianças foram pesadas conforme técnica proposta por Sousa et al
68
(1996).
Uso da balança eletrônica:
1. Instalou-se a balança em um local plano e ajustou-se a plataforma;
2. Ligou-se a balança em tomada de 110 volts;
3. A criança foi conduzida à balança;
4. O pesquisador leu a massa corporal no visor digital da plataforma da
balança;
5. Desceu-se a criança da plataforma.
32
Técnica:
- A criança teve sua massa mensurada sem sapatos, em posição
ortostática e com a menor quantidade de roupa e acessórios
possíveis. Isto incluiu objetos em bolsos, nas mãos ou na cabeça;
- Colocou-se a criança no centro da plataforma da balança, em
posição firme, mantendo-se ereta, sem apoiar-se em objetos ou
pessoas e sem movimentar-se;
- A criança foi colocada de frente para o visor digital da balança e com
os braços esticados ao longo do corpo;
- A massa corporal foi registrada, considerando os quilos e os gramas,
sempre antes de retirar o indivíduo da balança;
- Anotou-se imediatamente a massa corporal no formulário de
avaliação antropométrica.
-Verificação da altura: Foi utilizado estadiômetro SECA
®
modelo BODYMETER
206, 220 cm, com graduação de 1 em 1 milímetro. O estadiômetro foi posicionado
firmemente contra a parte superior da cabeça da criança, comprimindo levemente o
cabelo, fazendo um ângulo de 90º com a superfície da parede, conforme Sousa et al
68
(1996).
O uso do estadiômetro - Instalação:
1. Fixou-se firmemente com fita adesiva o estadiômetro em uma parede
com superfície lisa, sem rodapé, zerando o estadiômetro quando a haste horizontal
tocar completamente o solo. Foram necessárias duas pessoas para realização do
procedimento.
33
Técnica:
- Mediu-se a criança descalça;
- As pernas estavam estendidas, com os calcanhares juntos e os pés
paralelos. Calcanhares, nádegas, ombros e cabeça encostados na
parede, sem dobrar o joelho;
- A cabeça foi posicionada respeitando o ângulo de “Frankfurt” (linha
de mira);
- Retirado diademas, adornos e prendedores de cabelo;
- Braços pendentes ao longo do corpo;
- A haste horizontal do estadiômetro (parte móvel do aparelho) se
posicionou firmemente contra a parte superior da cabeça,
comprimindo levemente o cabelo.
- Os olhos do examinador ficaram no mesmo nível da leitura para se
evitar erros óticos;
- O valor da altura foi lida em metros (m) e foi feita com o indivíduo
ainda na posição de medida;
- Anotou-se imediatamente a altura no formulário de avaliação
antropométrica.
- Circunferência do braço direito: Medida realizada com fita métrica inextensível
da marca Mabis
®
/Cardiomed. A medida foi necessária para que se escolhesse o
manguito adequado na aferição da pressão arterial.
34
Técnica:
- Criança sentada com braço direito estendido horizontalmente,
apoiado sob uma mesa, de modo que a fossa cubital ficasse na linha
do coração;
- Medida realizada em centímetros (cm) no ponto médio entre o
olécrano e o acrômio.
- Anotou-se imediatamente a medida no formulário de avaliação
antropométrica.
- Circunferência da Cintura (CC): Medida realizada em duplicata com fita métrica
inextensível da marca Mabis
®
/Cardiomed, na expiração e na inspiração da criança.
Foi considerada a média entre os valores coletados.
Técnica:
- Criança em pé, ereta, com os pés unidos e com os braços estendidos
ao longo do corpo olhando para frente;
- Suspendeu-se a blusa da criança;
- Foi observada a presença de cinto e o retirou para realização da
medida;
- Medida realizada em centímetros (cm) com fita métrica no plano
horizontal, no ponto médio da distância entre os arcos costais e a
espinha ilíaca;
- Anotou-se imediatamente a medida no formulário de avaliação
antropométrica.
35
- Circunferência do Quadril (CQ): Medida realizada em duplicata com fita métrica
inextensível da marca Mabis
®
/Cardiomed. Foi considerada a média entre os valores
coletados.
Técnica:
- Criança em pé, ereta e com os braços estendidos ao longo do corpo,
pés unidos e olhando para frente.
- Medida realizada em centímetros (cm) com fita métrica no plano
horizontal ao nível da circunferência máxima, incluindo-se a extensão
máxima das nádegas;
- Anotou-se imediatamente a medida no formulário de avaliação
antropométrica;
- Nos casos em que a criança estava vestindo roupas grossas
descontou-se 1 cm na medida.
-Relação cintura-quadril (RCQ): Foi dado pela razão entre a média da CC e a
média da CQ da criança.
RCQ = CC/CQ
-Verificação da pressão arterial (PA): A medida da pressão arterial foi realizada de
acordo com o preconizado pelo 4º relatório de diagnostico, avaliação e tratamento de
pressão arterial elevada em crianças e adolescentes publicado em 2004 pelo
NHBPEP
51
em atualização ao último relatório publicado em 1996
52
.
Para realização da medida indireta da PA fizemos uso do
esfigmomanômetro de mesa de coluna de mercúrio da marca Glicomed
®
36
associada à técnica auscultatória com uso do estetoscópio pediátrico, como
orientada por Salgado e Carvalhaes
62
. Este equipamento é considerado ainda
hoje o aparelho “padrão ouro” na medida da PA
51,55
.
Decidiu-se por realizar 3 medidas da PA, conforme orientado por Gillman e
Cook
24
(1995), a intervalos de 10 minutos entre elas, em visita única. As medidas da
PA foram realizadas no período do dia em que as crianças freqüentarem a escola. A
coleta de dados foi interrompida no início do intervalo para lanche e reiniciada 30
minutos após o término do mesmo.
Caso houvesse diferença maior que 5 mmHg entre as duas últimas medidas,
a 3ª medida seria repetida até que a diferença entre elas fosse menor que 5 mmHg
ou até completar 5 medidas e o valor considerado seria a média das duas últimas
medidas obtidas.
Uso do esfigmomanômetro de mercúrio:
1. Colocou-se o aparelho sobre uma superfície firme (mesa), apoiada
em uma plataforma regulável de isopor, de maneira que a escala de
medida em mmHg ficasse de frente para o examinador e à altura da
linha de visão do examinador sentado à frente da criança;
2. Conferiu-se o nível zero na coluna de mercúrio depois de aberta a
válvula de segurança;
3. Posicionou-se a criança para medida (sentada) tomando as
precauções necessárias;
4. Colocou-se o manguito no braço direito da criança, e posicionou-se o
estetoscópio;
5. Realizou-se a medida e a leitura;
37
6. Anotou-se imediatamente os valores no formulário de avaliação
antropométrica.
Técnica:
- Explicou-se o procedimento à criança e foi avisado que seu braço
seria apertado;
- Certificou-se de que a criança: 1. Não estava com a bexiga cheia; 2.
Não tinha praticado exercícios físicos nos últimos 30 minutos; 3. Não
havia ingerido medicamentos, bebidas alcoólicas, café, alimentos ou
fumado até 30 minutos antes da medida.
- Deixar a criança descansar sentada por 5 minutos em ambiente
calmo e agradável antes de executar a 1ª medida;
- Sentou-se a criança na cadeira de medida. Observou-se a
necessidade de almofada sobre o assento ou sob o braço da criança
para que o mesmo fique com o braço na linha do precórdio;
- A medida da pressão arterial foi aferida no braço direito, com
manguito adequado e a criança na posição sentada, com as costas
apoiadas e pés apoiados no chão; Utilizou-se plataforma de madeira
sob os pés da criança que não alcançavam o chão para que as
pernas não ficassem pendentes;
- Localizou-se a artéria braquial ao longo da superfície ventro-medial
do braço, por palpação.
- Expunha-se o braço da criança sem fazer compressão caso esteja
com roupa de manga.
38
- Centrou-se o ponto médio do comprimento do manguito sobre a
artéria braquial;
- Ajustou-se de forma confortável a braçadeira com o manguito
adequado ao redor do braço direito da criança de modo que o
manquito se posicionou 2 a 3 cm acima da fossa antecubital em
contato direto com a pele. Não se colocou a braçadeira sobre a
manga da camisa.
- Manteve-se a artéria braquial ao nível do coração (4
º
espaço
intercostal), tomando-se o cuidado de deixar a criança em posição
confortável, com o braço ligeiramente flexionado, apoiado e com a
palma da mão voltada para cima;
- Posicionou-se o diafragma do estetoscópio sobre a artéria sem fazer
compressão muito forte e acomodaram-se as aurículas do
estetoscópio de maneira a deixar a curvatura para frente;
- Solicitou-se à criança que não falasse durante o procedimento de
medida;
- Fechou-se a válvula da pêra;
- Palpou-se a artéria radial e inflou-se rapidamente e regularmente (10
em 10 mmHg) o manguito até o desaparecimento do pulso radial na
palpação. Ultrapassou-se 30 mmHg o nível estimado da pressão
sistólica.
- Procedeu-se à deflação do manguito de forma regular (2 a 3
mmHg/seg) até o aparecimento do primeiro som. Determinou-se a
pressão sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (fase
I de Korotkoff);
39
- Após ouvir o primeiro som procedeu-se à deflação de forma regular
com velocidade de 2 a 3 mmHg/seg até ouvir o desaparecimento do
som (fase V de Korotkoff), quando então fora determinado a pressão
diastólica.
- Auscultou-se de 20 a 30 mmHg abaixo da fase V de Korotkoff, para
confirmar o seu desaparecimento e, depois, procedeu-se à deflação
rápida e completa. Nos casos em que não ocorreu o
desaparecimento do som até o nível zero, foi considerado o
abafamento do som (fase IV de Korotkoff) como sendo a PA
diastólica.
- Retirou-se o manguito cuidadosamente do braço da criança.
- Registrou-se os valores das pressões sistólica e diastólica
imediatamente em mmHg com 3 dígitos respeitando a escala do
manômetro, que varia de 2 em 2 mmHg, evitando-se dessa forma os
arredondamentos terminados em “5”;
Após a 1ª medida solicitou-se à criança que aguardasse sentada e quieta por
cerca de 10 minutos até a realização da 2ª medida. Os mesmos 10 minutos foram
aguardados para realização da 3ª medida.
As crianças foram imediatamente informadas sobre sua pressão arterial e
tiveram seus pais informados sobre os valores da pressão arterial e a possível
necessidade de acompanhamento. Este informe ocorreu por meio de comunicado
impresso onde constava o telefone do pesquisador para que os pais pudessem
retirar suas dúvidas.
Na determinação da pressão arterial e utilizando o esfigmomanômetro em
questão, foi considerada a largura da bolsa de borracha do manguito
40
correspondendo a 40% da circunferência do braço e o comprimento da bolsa do
manguito correspondendo a pelo menos 80% da circunferência do braço, como
orientado pelo 4º Relatório da NHBPEP e mostrado na Tabela 12 do Apêndice 2.
Foram adquiridos os manguitos: infantil, criança, adulto pequeno e adulto, da
marca VITALMED
®
, nas dimensões: 6 cm x 15 cm, 8 cm x 16 cm, 11,2 cm x 23,3 cm
e 13,0 cm x 30,0 cm. Todos respeitaram a relação mínima de 1:2 entre a largura e
comprimento do manguito, como orientado pelo NHBPEP. Não foram encontrados no
mercado brasileiro manguitos nas dimensões sugeridas pelo órgão.
A equipe mediu a PA de todas as crianças com idade de 7 a 10 anos com
esses 4 tamanhos de manguito.
-Índice de Massa Corpórea (IMC): Foi calculado segundo a massa corporal da
criança dividido pela sua altura ao quadrado
16
.
IMC = Massa Corporal (Kg) / Altura (m)²
4.5. Logística
A equipe de pesquisa contou com um escritório de pesquisa situado na
rua D quadra 9 casa 11 no Bairro São Roque, próximo ao Shopping Pantanal
em Cuiabá-MT, um carro de passeio da VW modelo Gol 1000, linha telefônica
local, uma estação de trabalho com impressora e acesso à internet, duas mesas
de escritório, armário, instrumentos de medida e demais utensílios de escritório.
As autoridades e lideranças do município envolvidas com o objeto de
estudo foram contatadas no momento oportuno e receberam uma cópia do
protocolo de pesquisa.
41
Foram feitas duas visitas a rádios locais onde foi solicitada a divulgação da
pesquisa conforme a documentação entregue aos radialistas – Vide Apêndice 13.
O pesquisador percorreu uma média de 100 Km/dia durante toda fase de
coleta de dados que durou 5 meses dos quais 79 dias efetivamente trabalhados.
A avaliação antropométrica e medida da PA foram realizadas no período
matutino e vespertino. As três medidas da PA de 6 alunos e todas as medidas
antropométricas foram realizadas em ciclos de 50 minutos.
O cronograma e os gastos do estudo podem ser vistos, respectivamente, nos
Apêndice 10 e 11.
4.6. A realização do estudo piloto
Em junho de 2005, seis dias antes da data programada para o início do
trabalho de campo (coleta de dados), foi realizado um estudo piloto com 32 crianças
na escola municipal Profª Guilhermina de Figueiredo (escola não sorteada no 1º
estágio) para teste de instrumentos, uniformização de procedimentos e adequação
do formulário de coleta. Inicialmente foi realizada a solicitão da listagem dos
alunos e sorteio do 2º estágio. Posteriormente foram enviados os termos de
consentimento aos pais. Diferentemente da metodologia proposta foram sorteados 8
alunos com cada uma das idades pesquisadas. A intenção foi observar o
comportamento das crianças nas diferentes idades.
Utilizando-se a entrega dos envelopes pelos próprios alunos, foi avaliado o
número de exclusões após três tentativas de contato para aquisição do
consentimento.
A coleta de dados se fez até que se completasse os exames de 16 unidades
amostrais sorteadas em um dia, quando foi observado o tempo decorrido desde o
42
início da coleta. No dia seguinte, 16 novas unidades amostrais sorteadas foram
avaliadas na mesma escola. Todos os alunos levaram para seus pais um
comunicado com as três medidas de seus níveis pressóricos e um encaminhamento
para os alunos considerados hipertensos. Estes foram atendidos no ambulatório
de cardiopediatria do Centro de Especialidades Médicas do Estado do Mato
Grosso (CEME-MT).
Foram escolhidas três alunas universitárias para auxiliarem como monitor e
anotador nos trabalhos de campo. Também foi escolhida uma auxiliar-reserva. Elas
foram previamente treinadas durante 3 dias. Foi avaliada a quantidade de auxiliares
que seria necessária para ajudar o pesquisador na realização da coleta e dados.
A equipe esteve uniformizada e devidamente identificada.
O pesquisador fez adequações ao formulário de coleta para que houvesse
maior agilidade na forma de fazer os exames e anotar os resultados. Foi avaliado o
tempo gasto para realização dos exames (antropometria e medida da PA), bem
como a melhor forma de tirar o aluno de sala de aula sem aumentar sua ansiedade,
a permanência de alguém da escola no ambiente de coleta, o melhor trânsito de
alunos na sala de coleta e a melhor maneira de se instalar os aparelhos, dentre
outras avaliações.
O pesquisador e sua equipe seguiram as orientações de um manual
pormenorizado sobre a técnica de coleta, confeccionado pelo próprio pesquisador
com base em manuais pré-existentes de outros estudos – Apêndice 12.
Os dados coletados nos formulários foram colocados em banco de dados
eletrônico com o intuito de avaliar a etapa de digitação do banco de dados e a
qualidade de coleta de dados.
43
Nenhuma medida realizada nas crianças sorteadas no estudo piloto foi
aproveitada na construção do banco de dados definitivo do estudo.
4.7. Armazenamento, processamento e análise de dados
Os dados das variáveis de interesse foram colhidos na avaliação
antropométrica e na medida da PA e posteriormente foram codificados, digitados e
armazenados em um banco de dados eletrônico do programa Epi-Info 6.04b. A
tabulação e análise foram realizadas no programa SPSS 10.0.1.
A análise descritiva das variáveis categóricas foi feita por meio de freqüência
simples. Para as variáveis paramétricas, incluindo as variáveis pressão arterial
sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) nas diversas formas de obtenção
dos níveis pressóricos basais, foram utilizadas medidas de tendência central e
medidas de dispersão. Foram calculados os respectivos intervalos de confiança de
95%.
Utilizou-se o teste qui-quadrado para comparação entre proporções e análise
de variância (ANOVA) para comparação de médias, bem como também o teste t
pareado em algumas situações (Intervalo de Confiança de 95%). Estabeleceu-se o
nível de rejeição da hipótese de nulidade em 5%.
A estimativa de prevalência de NPE foi dada, utilizando-se individualmente a
primeira e a terceira medida de PA coletada no estudo. Tomou-se como referência a
tabela de níveis pressóricos do 4º Relatório da NHBPEP
51
– Anexo 3.
Foram consideradas com níveis pressóricos alterados ou supostamente
hipertensas as crianças que, de acordo com o sexo, idade e percentil de estatura,
atingiram níveis pressóricos sistólicos e/ou diastólicos maiores ou iguais aos valores
correspondentes ao percentil 95º da citada tabela de referência publicada em 2004.
44
Para categorização das crianças quanto ao nível pressórico, foram utilizados
os critérios propostos pelo 4º Relatório do NHBPEP
51
. Crianças com percentil da PA
menores que o 90º foram consideradas normais, crianças com percentil maior ou
igual ao 90º e menor que o 95º foram considerados pré-hipertensos e crianças com
percentil maior ou igual ao 95º, como anteriormente dito, foram consideradas
hipertensas. As curvas do percentil de altura por idade e sexo adotadas nesse
estudo, seguiram a proposta do Center of Disease Control and Prevention (CDC)
38
,
recentemente atualizadas com a inclusão dos dados do National Health and Nutrition
Examination Survey of 1999-2000 (NHANES 1999-2000) – Anexo 4.
4.8. Controle de qualidade
Antes dos inícios dos trabalhos e durante a coleta de dados foram observados
os seguintes itens quanto ao uso do esfigmomanômetro de coluna de mercúrio:
a) esfigmomanômetros descalibrados;
b) oxidação na coluna de mercúrio;
c) vazamento no sistema de válvulas, furos e envelhecimento das borrachas.
d) uso de manguitos desproporcionais ao tamanho do braço;
e) manguito não centralizado na artéria braquial.
O examinador da medida da pressão arterial realizou o treinamento para
realizar o procedimento, e tentou contornar os seguintes problemas nesse tipo de
exame:
a) arredondamentos da pressão terminados com dígitos “zero” ou “cinco” (a
escala do manômetro possui números terminados em zero, dois, quatro, seis e oito);
b) desalinhamento dos olhos do observador com a escala do manômetro;
45
c) pressão excessiva sobre o diafragma do estetoscópio;
e) deflação muito rápida;
f) verificação da pressão arterial em braço coberto, não desnudo;
h) a inflação excessiva do manguito.
O pesquisador evitou as situações à cima realizando treinamento periódico
com a equipe. Monitor, anotador e examinador fizeram treinamento exaustivo da
técnica de coleta durante o estudo piloto e tiveram o compromisso de leitura
periódica do manual de técnicas do estudo.
Foram adquiridos aparelhos novos para serem utilizados na pesquisa.
Antes do estudo piloto e periodicamente durante a coleta de dados (após
200 unidades amostrais avaliadas) o estado funcional das braçadeiras foi
verificado. O esfigmomanômetro de mercúrio foi reavaliado quanto à sua
precisão contra um medidor padrão de pressão modelo ONNEKEN-
CALIBRATOR OM 631.000S, de posse do IMEQ-MT e com certificado de
calibração (DISMA nº 016/2003) datado de 29/08/2003 – Vide Anexo 5.
O esfigmomanômetro de mercúrio foi levado em duas oportunidades para
limpeza da coluna de vidro (oxidação). Não houve necessidade de troca dos
aparelhos que iniciaram a pesquisa por instrumentos reservas.
O correto posicionamento do estadiômetro (fixação na parede) foi
verificado a cada período do dia onde foram realizados os exames. A precisão
do estadiômetro foi periodicamente testada contra o metro padrão (trena
inextensível).
A balança foi devidamente acondicionada, evitando assim choques
durante o transporte que poderiam comprometer sua precisão. No entanto,
46
cumprindo as exigências do controle de qualidade, a balança foi recalibrada
durante a coleta após a metade das amostras já terem sido avaliadas.
Todos os alunos do estudo piloto e um total de 10% da amostra foram
reavaliados com intuito de realizar a avaliação estatística do controle de
qualidade. Foi calculado o coeficiente de correlação intra-classe para
examinador único e o qui-quadrado dos dígitos terminais de todas as medidas
antropométricas e medidas da PA realizadas.
O examinador realizou avaliação audiométrica antes do início da coleta de
dados – Vide Anexo 6.
4.9. Aspectos Éticos
Após a qualificação do projeto de pesquisa, e antes mesmo do teste piloto, o
protocolo de pesquisa foi encaminhado para análise ética e metodológica ao Comitê
de Ética em pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso/Hospital
Universitário Júlio Müller (CEP-UFMT/HUJM), seguindo a obrigatoriedade de
submissão de projetos de pesquisa envolvendo seres humanos, definida pelo
Conselho Nacional de Saúde (CNS) na resolução 196/96. Com esta medida, a
equipe de pesquisa procurou também receber respaldo científico perante os órgãos
governamentais envolvidos, assim como para as futuras publicações e também
procurou minimizar ao máximo qualquer tipo de abuso por parte do pesquisador ou
riscos desnecessários aos pesquisados.
Em se tratando de um estudo epidemiológico por amostragem envolvendo
intervenção em seres humanos, onde apenas uma parcela da população
susceptível a pesquisa fora examinada, deparou-se com um dilema ético. Os
pesquisadores reconhecem que a situação ideal seria medir a PA de todas as
47
crianças de todas as escolas envolvidas. No entanto essa prática tornaria a
pesquisa inviável do ponto de vista operacional e mesmo sendo exeqüível, novos
questões éticas surgiriam.
Seguindo o bom senso, decidiu-se por aferir a pressão de todos os alunos da
sala de aula onde houve pelo menos um aluno sorteado a participar do estudo,
desde que eles tivessem autorização dos pais para isso. Todos esses alunos
autorizados foram medidos pela mesma equipe de pesquisa que fez as medidas
nos alunos sorteados. Eles tiveram as medidas de PA medidas pelo menos uma
vez, repetindo a medida outras duas vezes nos casos em que a PA esteve acima
do percentil 95º. Um total de 2465 crianças não-sorteadas foram autorizados e
assim, examinados.
Os responsáveis pelas crianças sorteadas decidiram, mediante comunicado
escrito enviado pelo pesquisador por meio dos alunos, se os mesmos participariam
da pesquisa. Decidindo pela participação de seu filho(a), os pais assinaram o
“Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” – Apêndice 5 – que retornou ao
pesquisador. O consentimento foi solicitado em três tentativas de contato.
Todas as crianças da sala de aula que tiverem sua PA medida tiveram seus
pais comunicados dos valores de seus níveis pressóricos – Apêndice 14. Foi
lembrado nos comunicados que não era objetivo do estudo dar o diagnóstico de HA
a crianças e que este só deveria ser dado após confirmação de que a média dos
níveis pressóricos elevados em três ocasiões distintas em dias diferentes, fossem
maiores ou iguais aos níveis pressóricos correspondentes ao percentil 95 da tabela
de referência do 4º Relatório do NHBPEP
51
.
Foi garantida assistência médica específica, através de parceria realizada
com o Ambulatório de Cardiopediatria do Centro de Especialidades Médicas de Mato
48
Grosso, para aqueles escolares nos quais, em decorrência de sua participação e das
atividades da pesquisa, for detectado níveis pressóricos maiores que o percentil 95º
quando considerados o sexo, idade e percentil de altura. O termo de compromisso
de atendimento por parte da Drª Daniela Rosseto, responsável pelo atendimento das
crianças no referido ambulatório, pode ser visto no Apêndice 15.
Quanto ao risco imposto pela realização da pesquisa, acredita-se, por se
tratarem de exames não invasivos, indolores e sem retirada de fluídos corporais, que
os alunos envolvidos estiveram praticamente livres de risco à saúde. Vale lembrar no
entanto, que foi utilizado em nosso estudo o esfigmomanômetro de coluna de
mercúrio. A equipe esteve consciente do risco de contaminação ambiental em caso
de quebra da coluna de mercúrio em possíveis quedas do aparelho. Todos os
cuidados necessários foram sendo tomados para que a coluna de mercúrio do
aparelho não fosse quebrada.
Em relação aos benefícios, a equipe acredita que os conjuntos pais-filhos
foram amplamente gratificados por estarem participando do estudo. Foi uma
oportunidade ímpar para muitos dos pais conhecerem como está os níveis
pressóricos de seus filhos. A desinformação dos pais tem privado seus filhos de
terem sua pressão arterial medida, dificultando o diagnóstico precoce de uma
doença silenciosa que tem alta morbidade e mortalidade. Muitas das crianças com
níveis pressóricos suspeitos tiveram a chance de serem investigadas e com isso
puderam ser diagnosticadas e tratadas precocemente.
O benefício coletivo das informações retiradas deste estudo pôde poupar
crianças de desenvolverem lesões em órgão-alvo. Essas informações também
puderam subsidiar tomadas de decisões por parte dos órgãos de saúde de
49
nosso município na tentativa de conter o aumento da taxa de prevalência
encontrada.
Mais especificamente quanto ao termo de consentimento, o documento
teve seu conteúdo cuidadosamente elaborado de acordo com o documento
intitulado “Diretrizes Internacionais para a Pesquisa Biomédica em Seres
Humanos”, instituído pela Resolução 196/96 e suas Complementares do CNS –
Ministério da Saúde
45
.
50
5. RESULTADOS
Os resultados deste estudo são apresentados sob forma de um único artigo
científico que atende a todos os objetivos propostos nessa dissertação – Vide
Apêndice 16. No entanto, os resultados da análise descritiva de algumas das
variáveis em estudo não foram apresentados nesse primeiro artigo, o que
subentende que outros artigos devam ser feitos com intuito de contemplar os
resultados das variáveis não apresentadas.
O presente artigo foi encaminhado ao corpo editorial da Revista de Saúde
Pública (ISSN 00348910) (ISSN 1518-8787 – on line) conforme um dos requisitos
exigidos pelo Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) para obtenção de título de Mestre em Saúde
Pública (Vide termo de acusação de recebimento junto ao Apêndice 16).
Cabe aqui a observação de que, por motivos técnicos, os Apêndices e
Anexos dessa versão em pdf não puderam ser expostos, devendo os possíveis
interessados procurar os exemplares originais entregues à Biblioteca Universitária
da UFSC e no Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública/UFSC. Somente o
Apêndice 16, contendo o artigo e conseqüentemente os resultados do estudo, foram
aqui anexados.
51
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Andersen AN, Osler M. Birth dimensions, parental mortality, and mortality in
early adult age: a cohort study of Danish men born in 1953. Int J Epidemiol
2004;33:92-99.
2. Bao W, Threefoot SA, Srinivasan SR, Berenson GS. Essential hypertension
predicted by tracking of elevated blood pressure from childhood to adulthood:
the Bogalusa Heart Study. Am J Hypertens 1995; 8:657-665.
3. Barker DJ. The developmental origins of adult disease. Eur J Epidemiol
2003;18:733-36.
4. Barker DJP, Bull AR, Osmond C, Simmonds SJ. Fetal and placental size and
risk of hypertension in adult life. BMJ 1990; 301:259-62.
5. Barker DJP, Osmond C, Winter PD, Margetts B. Weigh in infancy and death
from ischaemic heart disease. Lancet 1989;2:577-80.
6. Barker WH, Mullooly JP, Linton KLP. Trends in Hypertension Prevalence,
Treatment, and Control In a Well-Defined Older Population. Hypertension
1998;31:552-59.
7. Barros FC, Victora CG. Epidemiologia de Saúde Infantil. 2ª edição. São Paulo
(SP):Hucitec-Unicef, 1991.
8. Bartosh SM, Aronson AJ. Childhood hypertension: an update on etiology,
diagnosis and treatment. Pediatr Clin North Am 1999;46:235-52.
9. Beevers DG, MacGregor GA. A importância da hipertensão. In: Beevers DG,
MacGregor GA, editores. Hipertensão na prática. 3ª edição. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1999. p. 1-11.
52
10. Behrman, RE, Kliegman, RM, Jenson, HD. Hipertensão Arterial Sistêmica. In:
Behrman, RE, Kliegman, RM, Jenson, HD. Nelson's Textbook of Pediatrics.
16ª edição. Philadelphia: W. B. Saunders Company; 2000. p.1429-32.
11. Berenson GS, Wattigney WA, Tracy RE, Newman WP 3rd, Srinivasan SR,
Webber LS, et al. Atherosclerosis of the aorta and coronary arteries and
cardiovascular risk factors in persons aged 6 to 30 years and studied at
necropsia (the Bogalusa Heart Study). Am J Cardiol 1992;70(9):851-58.
12. Berenson GS. Childhood risk factors predict adult risk associated with
subclinical cardiovascular disease. The Bogalusa Heart Study. Am J Cardiol
2002; 90(10C): 3L-7L.
13. Blumenthal S, Epps RP, Heavenrich R, Lauer RM, Lieberman E, Mirkin B, et
al. Report of the Task Force on Blood Pressure Control in Children. Pediatrics
1977;59(5 Suppl 2):797-820.
14. Brandão AP. A importância do desenvolvimento físico no comportamento da
curva de pressão arterial em crianças de 6 a 9 anos de idade. Arq Bras
Cardiol 1987;4(48):203-9.
15. Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, Cushman WC, Green LA, Izzo JL, et al.
Seventh report of the joint national committee on prevention, detection,
evaluation, and treatment of high blood pressure. Hypertension 2003;42:1206-
52.
16. Cocozza AM, Koch VH, Fujimura MD. Hipertensão Arterial na Criança. In:
Sucupira ACSL, editor. Pediatria em Consultório. 3ª edição. São Paulo:
SARVIER; 1996. p.343-52.
53
17. Cole TJ, Bellizzi MC, Flegal KM, Dietz WH. Establishing a standard definition
for child overweight and obesity worldwide: international survey. BMJ
2000;320:1240-3.
18. Dahlstrom, A, Ebersjo, C, Lundell, B. Nicotine exposure in breastfed infants.
Acta Paediatr 2004. 93(6):810-816.
19. Datasus. Informações em Saúde/SIM. Informações Demográficas e Sócio-
econômicas. População de Cuiabá-MT por faixa de idade detalhada. [Sítio
online] [2006 jan 28]. Disponível em:
URL:http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popmt.def
20. Eriksson J, Forsen T, Tuomilehto J, Osmond C, Barker D. Fetal and Childhood
Growth and Hypertension in Adult Life. Hypertension 2000;36:790-794.
21. Forsen T, Eriksson J, Tuomilehto J, Reunanen A, Osmond C, Barker DJP.
The fetal and childhood growth of persons who develop Type 2 diabetes. Ann
Intern Med 2000; 133: 176-82.
22. Frerichs RR. Simple analytic procedures for rapid microcomputer - assisted
cluster surveys in developing countries. Public health Reports 1989;104
(1):24-35.
23. Garcia FD, Terra AF, Queiroz AM, Correia CA, Ramos PS, Ferreira QT,
Rocha RL, Oliveira EA. Avaliação de fatores de risco associados com
elevação da pressão arterial em crianças. J Pediatr (Rio J) 2004;80(1):29-34.
24. Gillman MW, Cook NR. Blood Pressure Measurement in Childhood
Epidemiological Studies. Circulation. 1995;92:1049-1057.
25. Godfrey KM, Barker DJP. Fetal nutrition and adult disease. Am J Clin Nutr
2000; 71(5): S1344-S52.
54
26. Goonasekera CDA, Dillon MJ. Measurement and interpretation of blood
pressure. Arch Dis Child 2000;82:261-65.
27. Gupta AK, Ahmad AJ. Normal blood pressure and the evaluation of sustained
blood pressure elevation in childhood. Indian Pediatr 1990;27(1):33-42.
28. Hahn L. The relation of blood pressure to weight, height and body surface
area in schoolboys aged 11 to 15 years. Arch Dis Child 1952;27:43-53.
29. He Q, Ding ZY, Fong DY, Karlberg J. Blood Pressure Is Associated With Body
Mass Index in Both Normal and Obese Children. Hypertension 2000;36:165-
70.
30. Hofhuis W, de Jongste JC, Merkus PJFM Adverse health effects of prenatal
and postnatal tobacco smoke exposure on children. Arch Dis Child
2003;88:1086-90.
31. Hohn AR, Dwyer KM, Dwyer JH. Blood pressure in youth from four ethnic
groups: the Pasadena Prevention Project. J Pediatr 1994; 125(3):368-73.
32. Horan M, Falkner B, Sinaiko A, et al. Report of the second Task Force on
Blood Pressure Control in Children. Pediatrics 1987;79:1-25.
33. Howard JK, Bindler RM, Synoground G, van Gemert FC. A cardiovascular risk
reduction program for the classroom. J Sch Nurs 1996;12(4):4-11.
34. Jhalani J, Goyal T, Clemow L, Schwartz JE, Pickering TG, Gerin W. Anxiety
and outcome expectations predict the white-coat effect. Blood Press Monit
2005;10(6):317-319.
35. Kannel WB. Blood pressure as a cardiovascular risk factor: prevention and
treatment. JAMA 1996;275(20):1571-6.
36. Kannell WB. Role of blood pressure in cardiovascular disease - The
Framingham Study. Angiology 1975;26:1-14.
55
37. Kivimäki, M; Kinnunen, M; Pitkänen, TMA; Vahtera, J; Elovainio, M; Pulkkinen,
L. Contribution of Early and Adult Factors to Socioeconomic Variation in Blood
Pressure: Thirty-Four-Year Follow-up Study of School Children. Psychosom
Med 2004; 66; 184-189.
38. Kuczmarski RJ, Ogden CL, Grummer-Strawn LM, et al. CDC growth charts:
United States. Advance data from vital and health statistics; nº. 314.
Hyattsville, Maryland: National Center for Health Statistics. 2000 [Documento
online] [2006 jan 17]. Available from: URL:
http://www.cdc.gov/nchs/data/ad/ad314.pdf
39. Lessa I. Epidemiologia da hipertensão arterial sistêmica e da insuficiência
cardíaca no Brasil. Rev Bras Hipertens 2001;8(4):383-92.
40. Lwanga SK, Lemenshow S. Sample size determinations in health study: a
practical manual. World Health Organization; Genebra (Suíça): 1991.
41. Maguire H, Shelley E. Blood pressure levels among primary school children. Ir
Med J 1990; 83(3):90-4.
42. Mancia G, Ferrari A, Gregorini L, Parati G, Pomidossi G, Bertinieri G, et al.
Blood pressure and heart rate variabilities in normotensive and hypertensive
human beings. Circ Res 1983;53:96-104.
43. Marcondes E, Setian N, Carrazza FR. Desenvolvimento Físico (Crescimento)
e funcional da criança. In: Marcondes E, Costa Vaz FA, Ramos JLA, Okay, Y.
Pediatria Básica. Tomo I - Pediatria geral e neonatal. 9ª edição. São Paulo:
Sarvier, 2002. Reimpressão, 2003. p. 23-35.
44. Martin RM, Ness AR, Gunnell D, Emmett P, Smith GD. Does breast-feeding in
infancy lower blood pressure in childhood? The Avon Longitudinal Study of
Parents and Children (ALSPAC). Circulation 2004;16:1259-66.
56
45. Ministério da Saúde/CNS. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996. [Sítio
online] [2006 jan 28]; Disponível em:
URL:http://conselho.saude.gov.br/docs/Resolucoes/Reso196.doc
46. Ministério da Saúde/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Mortalidade
- SIM [Sítio online] [2006 jan 19]. Disponível em:
URL:http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obtuf.def
47. Mion Jr D, Machado CA, Gomes MAM, Nobre F, Kohlmann Jr O, Amodeo C,
et al. IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol
2004;82 Suppl 4: 1-14.
48. Mongeau JG, Biron P, Sing CF. The influence of genetics and household
enviroment upon the variability of blood pressure: the Montreal adoption study.
Clin Exp Hypertens 1986; 8:653-60.
49. Morgenstern B. Blood pressure, hypertension, and ambulatory blood pressure
monitoring in children and adolescents. Am J Hypertens 2002;15 (2 Pt 2):S64-
S66.
50. Moura AA, Silva MAM, Ferraz MRMT, Rivera IR. Prevalence of high blood
pressure in children and adolescents from the city of Maceió, Brazil. J Pediatr
(Rio J) 2004;80(1):35-40.
51. National High Blood Pressure Education Program Working Group on High
Blood Pressure in Children and Adolescents. The Fourth Report on the
Diagnosis, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure in Children and
Adolescents. Pediatrics 2004;114;555-576.
52. National High Blood Pressure Education Program Working Group on
Hypertension Control in Children and Adolescents. Update on the 1987 Task
57
Force Report on High Blood Pressure in Children and Adolescents: A Working
Group Report. Pediatrics 1996;98:649-58.
53. Oliveira AMA, Oliveira AC, Almeida MS, Almeida FS, Ferreira JBC, Silva CEP,
et al. Environmental and anthropometric factors associated with infantile
arterial hypertension. Arq Bras Endocrinol Metab 2004;48(6):849-54.
54. Oliveira RG, Lamounier JA, Oliveira ADB, Castro MDR, Oliveira JS. Pressão
arterial em escolares e adolescentes: O Estudo de Belo Horizonte. J pedriatr
(Rio J) 1999;75:256-66.
55. Pickering TG. What will replace the mercury sphygmomanometer? Blood
Press Monit 2003; 8:23-25
56. Pratt RE, Dzau VJ. Genomic and hypertension: concepts, potential and
opportunities. Hypertension 1999;33:238-47.
57. Rames LK, Clarke WR, Reiter MA, Connor WE, Lauer RM. Normal blood
pressure and the evaluation of sustained blood pressure elevation in
childhood: the Muscatine study. Pediatrics 1978;61(2):245-51.
58. Rezende DF, Scarpelli RAB, Souza GF, Costa JO, Scarpelli AMB, Scarpelli
PA, et al. Prevalência de hipertensão arterial sistêmica em escolares de 7 a
14 anos no município de Barbacena, Minas Gerais, em 1999. Arq Bras Cardiol
2003;81(4):375-380.
59. Riera ARP. Hipertensão Arterial. In: Riera ARP, editor. Hipertensão Arterial:
Conceitos Práticos e Terapêutica. 1ª ed. São Paulo: ATHENEU; 2000. p. 1-
11.
60. Rosner B, Prineas RJ, Loggie JM, Daniels SR. Blood pressure nomograms for
children and adolescents, by height, sex, and age, in the United States. J
Pediatr 1993;123(6):871-86.
58
61. Sachdev Y. Normal blood pressure and hypertension in Indian children. Indian
Pediatr 1984;21(1):41-48.
62. Salgado CM, Carvalhaes JTA. Arterial hypertension in childhood. J Pediatr
(Rio J) 2003; 79 Suppl.1:S115-S124.
63. Sinaiko AR. Childhood hypertension. In: Laragh JH, Brenner BM, editors.
Hypertension: Pathophysiology, Diagnosis and Management. 2
nd
ed. New
York, NY: Raven press; 1995. p.209-225.
64. Skybo TA, Ryan-wenger N. A school-based intervention to teach third grade
children about the prevention of heart disease. Pediatr Nurs 2002; 28(3):223-
235.
65. Smith SC Jr, Jackson R, Pearson TA, Fuster V, Yusuf S, Faergeman O, et al.
Principles for national and regional guidelines on cardiovascular disease
prevention: a scientific statement from the World Heart and Stroke Forum.
Circulation 2004;109(25):3112-21.
66. Sorof J, Daniels S. Obesity hypertension in children: a problem of epidemic
proportions. Hypertens 2002;40:441-7.
67. Sorof JM. Prevalence and consequence of systolic hypertension in children.
Am J Hypertens 2002;15:S57-S60.
68. Sousa ALL, Monego ET, Peixoto MRG, Carvalho MM, Jardim, PCV, Rezende
VT. Manual de técnicas: medição da pressão arterial e avaliação nutricional.
Goiânia (GO): UFG. CEGRAF; 1996.
69. Stein CE, Fall CHD, Kumaran K, Osmond C, Cox V, Barker DJP. Fetal growth
and coronary heart disease in South India. Lancet 1996; 348:1269-73.
59
70. Walker BR, McConnachie A, Noon JP, Webb DJ, Watt GCM. Contribution of
parental blood pressures to association between low birth weight and adult
high blood pressure: cross sectional study. BMJ 1998;316;834-37.
71. Williams CL, Hayman LL, Daniels SR, Robinson TN, Steinberger J, Paridon S,
et al. Cardiovascular Health in Childhood: A Statement for Health
Professionals From the Committee on Atherosclerosis, Hypertension, and
Obesity in the Young (AHOY) of the Council on Cardiovascular Disease in the
Young, American Heart Association. Circulation 2002;106;143-160.
72. Wilson DK, Kliewer W, Plybon L, Sica DA. Socioeconomic Status and Blood
Pressure Reactivity in Healthy Black Adolescents. Hypertension 2000;35(Pt
2):496-500.
73. World Health Organization. The World Health Report 2002: Reducing risks,
promoting healthy life. The World Health Report [Sítio online] [2006 jan 19].
Genebra, Suíça: 2002. Disponível em: URL:http://www.who.int/whr/2002
74. World Health Organization/NCD/TFI. International Consultation on
Environmental Tobacco Smoke (ETS) and Child Health. Consultation Report.
WHO; Genebra, Suíça: 1999.
60
7. NORMAS ADOTADAS
Ficha Catalográfica (descritores)
BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de informações em Ciências
MeSH Terms – Medical Subject Headings: Epidemiology. Epidemiologic
Measurements. Prevalence. Blood Pressure. Hypertension. Child.
Relatório e Referências Bibliográficas:
Normas do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (Grupo de
Vancouver) .
Citação: International Committee of Medical Journal Editors. Uniform requirements
for manuscripts submitted to biomedical journals. Rev Saude Publica. 1999;33(1):6-
15.
61
Apêndice 16
Artigo científico submetido à Revista de Saúde Pública
62
Prevalência de níveis pressóricos elevados em escolares de 7 a 10 anos de Cuiabá-
MT.*
Prevalence of elevated levels of arterial pressure in schoolchildren aged 7 to 10
years of Cuiabá - Brazil.
Título corridor/running title
Níveis pressóricos elevados em escolares
Luiz Marcos P Borges
a
, Marco A Peres
a,b
, Bernardo L Horta
c
a
Programa de Pós-graduação em Saúde Pública. Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
b
Departamento de Saúde Pública. Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, SC, Brasil.
c
Departamento de Medicina Social. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS,
Brasil.
Correspondência para/ Correspondence to:
Luiz Marcos Pinheiro Borges
Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública
Campus Universitário Trindade
CEP 88010-970 Florianópolis, SC, Brasil.
E-mail: [email protected] Fone: (48) 3331-9046 Fax: (048) 3331-9542
* Trabalho baseado em Dissertação de Mestrado intitulada “Prevalência de níveis
pressóricos elevados em crianças entre 7 e 10 anos das escolas públicas e privadas
da zona urbana de cuiabá-MT em 2005” de autoria de Luiz Marcos Pinheiro Borges
apresentada junto ao programa de pós-graduação em saúde pública da
Universidade Federal de Santa Catarina, em 16 de março de 2006.
63
RESUMO
Objetivos: Estimar a prevalência de níveis pressóricos elevados em escolares e
testar a diferença entre a prevalência obtida na 1ª e 3ª medida do estudo. Métodos:
Estudo transversal, com escolares entre 7 e 10 anos (n=601), de escolas públicas e
privadas da zona urbana de Cuiabá-MT, Brasil, em 2005. A pressão arterial foi
aferida 3 vezes com intervalo de 10 minutos. Aquelas crianças que, segundo sexo,
idade e percentil de estatura, atingiram pressão sistólicas e/ou diastólicas maiores
ou iguais ao percentil 95º da tabela de referência foram considerados como tendo
níveis pressóricos elevados. Para o cálculo de prevalência, foram considerados
separadamente os níveis pressóricos da 1ª e 3ª medidas. Resultados: Houve
diferença estatisticamente significante entre as médias sistólicas (p<0,001) e
diastólicas (p<0,001) nas 3 medidas do estudo. A pressão sistólica e diastólica
média, utilizando a 3ª medida do estudo, foi de 97,2 mmHg (IC
95%
96,5-97,9) e 63,1
mmHg (IC
95%
62,6-63,6), respectivamente. A prevalência de níveis pressóricos
elevados foi de 8,7% (IC
95%
6,4-10,9) na 1ª medida e caiu para 2,3% (IC
95%
1,1-3,5)
na 3ª medida (p<0,001). Não houve diferença estatística entre as prevalências com
relação à idade, sexo, cor da pele e tipo de escola. Conclusões: A pressão arterial,
em estudos de visita única, diminui significativamente entre a primeira e terceira
aferição. A terceira medida parece revelar níveis pressóricos mais próximos dos
basais.
Descritores: Epidemiologia. Medidas em Epidemiologia. Prevalência. Pressão
arterial. Hipertensão. Criança.
64
ABSTRACT
Objectives: To estimate the prevalence of elevated levels of blood pressure in
schoolchildren and to test difference between the prevalence when assessed by the
first and the third measurement. Methods: Cross-sectional study, with schoolchildren
between 7 and 10 years-old (n=601), from public and private schools in the urban
area of Cuiabá-MT, Brazil, in 2005. Three different measures of blood pressure were
taken, within 10 minutes of each other. A child was considered with elevated levels of
blood pressure when he/she had reached systolic blood pressure and/or diastolic
blood pressure equal or higher than to the corresponding values to the percentile 95º
of the table of reference of the study, according to gender, age and percentile of
height. To calculate the prevalence, the blood pressure levels were separately
considered from the first and third measurement. Results: There were significant
differences among the systolic blood pressure averages (p<0.001) and diastolic
blood pressure averages (p<0.001) in the three measurements of the study. The
average systolic and diastolic blood pressure, utilizing the third measurement of the
study, was 97.2 mmHg (
95%
CI 96.5-97.9) and 63.1 mmHg (
95%
CI 62.6-63.6)
respectively. The prevalence of high blood pressure was of 8.7% (
95%
CI 6.4-10.9) in
the first measurement and 2.3% (
95%
CI 1.1-3.5) in the third measurement (p<0.001).
There were not statistical difference between the prevalence between age, sex, skin
color and type of school. Conclusions: In studies of only visit, measurements of the
blood pressure decrease importantly from the first to the third measurement. The
third measurement seems to reveal blood pressure levels closer of the basal ones.
Keywords: Epidemiology. Epidemiologic Measurements. Prevalence. Blood
Pressure. Hypertension. Child.
65
INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares são responsáveis por um terço das mortes no
mundo, sendo a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) o fator de risco mais
prevalente tanto em países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento,
atingindo cerca de 30% da população adulta no mundo
21
.
Vários estudos longitudinais têm sugerido que a HAS do adulto é uma doença
que tem seu início já na infância
2, 7,10,20
.
Em decorrência da falta de exame rotineiro e por se acreditar que a HAS era
rara na infância, muitas crianças nas últimas décadas deixaram de receber o
diagnóstico de hipertensão
18
.
Sorof
20
(2002) evidencia a inversão na etiologia da hipertensão, com
predomínio de hipertensão de etiologia primária em crianças, geralmente associada
à obesidade.
Em estudos de prevalência de HAS realizados nos Estados Unidos, Adrogué
e Sinaiko
1
(2001) relataram prevalência de 4,7% entre escolares de Minneapolis
entre 10 a 15 anos, enquanto Maguire e Shelley
12
(1990), encontraram taxas de 16%
entre crianças irlandesas entre 5 e 12 anos. Dados de alguns estudos sobre HAS em
crianças realizados no Brasil apontam prevalências que variam entre 3,6 a 16,6%
4,13,16-18
. Tais diferenças entre as taxas de prevalência se dariam, dentre outras
causas, pelas diferentes formas de obtenção dos níveis pressóricos basais nesses
estudos.
O presente estudo tem como objetivo estimar a prevalência de níveis
pressóricos elevados em escolares entre 7 e 10 anos da zona urbana de
Cuiabá-MT, comparar as prevalências de níveis pressóricos elevados na 1ª e na
66
3ª medida da pressão arterial realizadas no estudo e categorizar as crianças de
acordo com os níveis pressóricos da 3ª medida da pressão arterial.
MÉTODOS
Em 2005, realizou-se um estudo transversal com estudantes do ensino
fundamental, com idade entre 7 e 10 anos de ambos os sexos, regularmente
matriculados em escolas públicas e privadas da região urbana de Cuiabá-MT.
Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Estado de Educação de
Mato Grosso (SEDUC-MT), o município de Cuiabá possuía, em 2004, 32.804
alunos na faixa etária estudada matriculados nas 173 (87,4%) escolas da zona
urbana. Estima-se que a taxa de atendimento escolar em Cuiabá entre a faixa
etária estudada para o ano de 2004 foi de 96%.
Desconhecida a atual prevalência de HAS nessa população, considerou-se
uma prevalência de 50%, erro tipo I (alfa) de 5% e erro amostral de 5 pontos
percentuais. Adotou-se um processo de amostragem probabilística estratificada, de
duplo estágio, com utilização de 20 conglomerados
3
(escolas). Foi considerado
efeito do desenho (deff) de 1,5
11
. Para compensar as possíveis perdas de unidade
no segundo estágio, foi acrescida à amostra 20% do total calculado. Por meio de
sorteio sistemático foram definidas as 20 escolas e as 684 crianças que
participariam do estudo. O consentimento dos pais foi requerido por meio de carta.
Realizou-se estudo piloto em uma das escolas não sorteadas, onde
aproximadamente 5% do número total de crianças sorteadas foram examinadas.
Nesta oportunidade, realizou-se a calibração dos aparelhos, treinamento e
padronização das tomadas das medidas antropométricas, uniformização de
67
condutas durante o exame e avaliação audiométrica do pesquisador principal
(LMPB).
A coleta de dados foi executada em visita única por uma equipe formada pelo
pesquisador principal (o examinador) e duas assistentes (uma monitora e uma
anotadora), sem uso de jaleco branco
6
.
Foram consideradas como perdas as crianças sem consentimento após três
tentativas de obtenção, bem como as crianças que mesmo apresentando o
consentimento se negaram a realizar os exames e também as crianças devidamente
autorizadas mas que se ausentaram durante as três tentativas de contato.
Foram coletados dados de identificação da criança quanto ao sexo
(Masculino; Feminino), idade (7; 8; 9; 10 anos), cor da pele (Branca; Parda;
Negra) e tipo de escola que freqüentava (Municipal; Estadual; Particular). Foi
coletada no exame a circunferência do braço direito no ponto médio entre o
olécrano e o acrômio e três medidas da pressão arterial (PA) sistólica e
diastólica em mmHg.
A medida indireta da PA foi tomada com auxílio de estetoscópio pediátrico
com diafragma
5
Marca GLICOMED
®
, esfigmomanômetro de coluna de
mercúrio
5,14
(de mesa) Marca GLICOMED
®
graduado de 2 em 2 mmHg, e
braçadeiras com velcro adequadas para manguitos 6 cm x 15 cm, 8 cm x 16 cm,
11,2 cm x 23,3 cm e 13,0 cm x 30,0 cm da Marca VITALMED
®
. A largura mínima
do manguito correspondeu a 40% da circunferência do braço e o comprimento a
pelo menos 80%, de modo que a razão mínima entre a largura e comprimento
do manguito fosse de, no mínimo 1:2
14
. Calculou-se a circunferência máxima do
braço em que cada manguito poderia ser utilizado.
68
O esfigmomanômetro foi instalado em uma sala nas dependências das
escolas, em local aprazível, ventilado, iluminado e mais silencioso possível.
Certificou-se de que a criança não estava com a bexiga cheia, não havia
ingerido medicamentos, café, e não havia se alimentado e/ou praticado exercícios
físicos até 30 minutos antes das medidas
5
. A medida foi realizada com o braço
direito na linha do precórdio e a criança na posição sentada, com as costas apoiadas
e pés em contato com o chão ou plataforma de madeira. Determinou-se a PA
sistólica no momento do aparecimento do primeiro som (K1) e a PA diastólica no
desaparecimento do som (K5)
8,14
. As três medidas da PA
5
foram feitas com intervalo
de 10 minutos entre elas.
Para avaliação e manutenção da qualidade da coleta de dados, 10% da
amostra foi reavaliada pelo mesmo examinador. Os instrumentos foram calibrados
periodicamente no Instituto de Metrologia e Qualidade de Mato Grosso (IMEQ-MT)
que também realizou a limpeza da coluna de vidro do esfigmomanômetro de
mercúrio quando detectado sinal de oxidação. Realizou-se análise de freqüência de
dígitos terminais
5
e testes de reprodutibilidade por meio do coeficiente de correlação
intraclasse.
Quanto à categorização dos níveis pressóricos, levando em consideração o
sexo, idade e percentil de estatura, crianças com pressão sistólica e diastólica
menores que os valores correspondentes ao percentil 90º foram consideradas
normais. Crianças com níveis pressóricos sistólicos e/ou diastólicos maiores ou
iguais ao percentil 90º e menor que o percentil 95º foram considerados pré-
hipertensos. Foram consideradas com níveis pressóricos elevados (NPE) ou
supostamente hipertensas as crianças que atingiram níveis pressóricos sistólicos
e/ou diastólicos maiores ou iguais aos valores correspondentes ao percentil 95º das
69
tabelas do 4º Relatório do National High Blood Pressure Education Program
(NHBPEP)
14
.
As curvas do percentil de altura por idade e sexo adotadas nesse estudo,
seguiram a proposta do Center of Disease Control and Prevention (CDC)
9
.
Para fins de cálculo de prevalência, foram considerados separadamente os
níveis pressóricos da 1ª e da 3ª medida da PA.
Utilizou-se o teste qui-quadrado ou teste exato de Fisher, quando necessário,
para testar diferença entre proporções. Análise de variância (ANOVA) foi utilizada
para comparação entre médias. O teste “ t ” pareado foi utilizado para comparação
entre médias oriundas de um mesmo indivíduo em momentos diferentes. As análises
foram realizadas no programa SPSS
®
10.0.1.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal de Mato Grosso e teve ciência das Secretarias Estadual e Municipal de
Educação e Saúde do Estado de Mato Grosso. Todas as crianças tiveram seus pais
informados a respeito de seus níveis pressóricos. Aquelas consideradas hipertensas
foram encaminhadas para acompanhamento ambulatorial com a finalidade de
confirmação diagnóstica.
RESULTADOS
A reprodutibilidade das 3 medidas sistólicas e 3 medidas diastólicas do estudo
variou, respectivamente, entre 0,65-0,75 e 0,53-0,62. O teste do qui-quadrado
realizado para controle dos dígitos terminais obteve valores que variaram entre 2,5 a
6,4 e não ultrapassaram o valor crítico (9,49) para o grau de liberdade do teste com
erro tipo I de 5%.
70
Das 684 crianças sorteadas para realização dos exames, 601 (87,9%)
crianças foram avaliadas. As idades foram similares entre às perdas e as crianças
estudadas.
A média de idade entre os escolares estudados foi de 8,45 anos (IC
95%
8,36-
8,54). Trezentos e oito escolares (51,2%) eram do sexo feminino, 477 eram não-
brancos (79,3%), 578 (96,2%) freqüentavam a escola pública e 359 (59,7%) foram
examinados no período vespertino. Quatrocentos e quarenta e três (73,7%) usaram
manguito 8,0 cm x 16, 0 cm (Tabela 1).
A média, mediana e desvio padrão das 3 medidas sistólicas e diastólicas
realizadas no estudo podem ser vistos na Tabela 2. Houve diferenças
significativas entre as médias sistólicas e também diastólicos provenientes da 1ª
e 2ª medida, da 1ª e 3ª medida e da 2ª e 3ª medida. Os níveis pressóricos
arteriais médios sistólicos e diastólicos, nas 3 medidas realizadas, mostraram-
se crescentes com o avançar da idade.
Observou-se queda de 3,2 mmHg (3,2%) entre as médias sistólicas e 2,4
mmHg (3,6%) entre as médias diastólicas da 1ª e 2ª medida. Entre a 1ª e 3ª
medida, essa diminuição foi de 4,3 mmHg (4,2%) entre as médias sistólicas e
3,0 mmHg (4,8%) entre as médias diastólicas.
Em se considerando a 3ª medida, as médias sistólicas e diastólicas
mostraram-se similares entre os sexos (p=0,91 e p=0,57), cor da pele (p=0,89 e
p=0,84), tipo de escola freqüentada (p=0,77 e p=0,81) e período do exame (p=0,73 e
p=0,21).
A Tabela 3 mostra que a prevalência de NPE foi de 8,7% na 1ª medida e
2,3% na 3ª medida, sendo essa diferença estatisticamente significante
71
(p<0,001). Não houve diferença estatística entre as prevalências de
”hipertensos” (p=0,37) e “pré-hipertensos” (p=0,27) na 2ª e 3ª medida do estudo.
As prevalências de escolares considerados hipertensos e pré-hipertensos,
quando considerados os níveis pressóricos encontrados na 3ª medida, não se
mostraram diferentes entre as idades, sexo, tipo de escola e período de realização
do exame (Tabela 4). A média de idade entre normotensos foi de 8,45 anos (IC
95%
8,36-8,54) e entre os hipertensos, 8,64 anos (IC
95%
8,06-9,22).
Na classificação dos níveis pressóricos dos escolares, segundo os critérios de
categorização do estudo
14
e utilizando níveis pressóricos obtidos na 3ª medida,
foram encontradas 0,3% das crianças com hipertensão estágio 2 (Figura 1).
DISCUSSÃO
A ampla variação da prevalência dos estudos epidemiológicos na área da
hipertensão observado em estudos nacionais e internacionais, se deve basicamente
a fatores de cunho metodológico. Como também reconhecido por Oliveira et al
17
(1999) e por Salgado e Carvalhaes
19
(2003), fatores como a faixa etária estudada,
número de visitas realizadas, número de aferições em cada visita e o intervalo entre
as aferições, contribuem de forma importante para essa variação.
Segundo o 4º Relatório publicado pelo NHBPEP
14
, o diagnóstico de
hipertensão em crianças, somente é feito após a certificação de que a média da
pressão sistólica e/ou diastólica, em mais de três ocasiões distintas, é maior ou igual
ao nível pressórico correspondente ao 95º percentil (observado sexo, idade e
percentil de altura) de uma população de referência. Por reconhecer este critério e
aceitar as limitações do estudo, optou-se pelo uso da expressão “prevalência de
72
níveis pressóricos elevados” ao invés da expressão “prevalência de hipertensão”,
utilizada rotineiramente em outros estudos epidemiológicos.
Julgando-se o coeficiente de correlação intraclasse obtido com boa
concordância intra-examinador e a preferência não-tendenciosa por dígitos
terminais durante a leitura dos níveis pressóricos, a qualidade de coleta de
dados foi considerada muito satisfatória na avaliação dos autores. Entretanto,
algumas limitações metodológicas devem ser consideradas.
Gillman e Cook
5
(1995) recomendam a realização de pelo menos 3 medidas
da PA em, no mínimo, duas visitas distintas em estudos epidemiológicos, pois
encontraram queda significativa dos níveis pressóricos na realização de visitas
subseqüentes. No presente estudo, a decisão por realizar uma única visita para
determinar a PA basal de crianças, contraria, em parte, tal recomendação. Como
conseqüência dessa decisão, motivada por razões de ordem operacional,
hipoteticamente houve superestimação das taxas de prevalência de NPE.
Não foram encontradas na literatura orientações sobre o intervalo de
tempo considerado ideal para execução de estudos epidemiológicos não-
ambulatoriais. No presente estudo, decidiu-se por realizar a medida da PA a
intervalos de 10 minutos, como também realizado por Oliveira et al.
17
em 1999.
Acredita-se que essa decisão tenha minimizado a superestimação hipotetizada
anteriormente tendo em vista que outros trabalhos realizados no país obtiveram
prevalências mais altas utilizando intervalo de 2 minutos entre as medidas
13,18
.
As variações dos níveis pressóricos sistólicos e diastólicos que ocorrem
durante o período de um dia poderiam ter influenciado na prevalência de
NPE
5,15
, uma vez que os níveis pressóricos dos escolares foram medidos tanto
no período matutino como vespertino. No entanto, como demonstrado por
73
Gillman e Cook
5
(1995), em ambos os períodos do dia ocorrem elevações
espontâneas da PA. O fato de não ter sido encontrado diferença significativa
entre as prevalências nos períodos em que as crianças foram examinadas é
justificado por tal comportamento da PA.
O uso do manguito adequado, tanto na prática clínica quanto em estudos
epidemiológicos, é ponto importante no diagnóstico de níveis pressóricos alterados
na infância
8
, pois a escolha incorreta para cada circunferência de braço, pode
subestimar ou superestimar os valores sistólicos e diastólicos da PA
5
. Neste estudo
foram utilizados efetivamente quatro tamanhos de manguitos, o que evidencia a
variabilidade da circunferência do braço entre crianças e chama a atenção para o
uso criterioso dos diversos tamanhos de manguito, conforme as recomendações do
NHBPEP
14
.
Decidiu-se, mediante a ausência de uniformidade entre os protocolos de
pesquisa dos inúmeros trabalhos brasileiros sobre hipertensão na infância, pela
utilização das tabelas de referência do NHBPEP
14
. Agindo assim, aceitou-se o fato
de que tabelas de referência do referido órgão são provenientes de estudos que
realizaram uma única aferição da PA
7,14
. Mediante o exposto, a 1ª medida realizada
no presente estudo seria a medida de escolha para comparação com o banco de
dados do NHBPEP. Os escolares de Cuiabá apresentariam, assim, uma prevalência
de NPE de 8,7%; taxa semelhante às encontradas em estudos nacionais que
usaram a 1ª medida da PA como sendo a medida representativa dos níveis
pressóricos basais
4,17
.
Observou-se no estudo que a prevalência de “hipertensos” e “pré-hipertensos”
provenientes da 2ª medida não diferiu das taxas oriundas da 3ª medida. Tal
constatação põe em questão a pertinência da realização da 3ª medida em estudos
74
epidemiológicos, uma vez que, do ponto de vista operacional, o estudo seria
simplificado pela execução de apenas duas medidas. No entanto, ao se analisar as
médias dos níveis pressóricos sistólicos e diastólicos na 2ª e 3ª medidas, observa-se
queda dos níveis pressóricos sistólicos e diastólicos estatisticamente significante de
uma medida para outra. Esse comportamento de diminuição dos níveis pressóricos
em medidas consecutivas da PA também foi observado por Oliveira et al (1999)
17
e
poderia ser explicado, em parte, pela diminuição da ansiedade frente à realização de
um exame novo para um grande percentual de crianças.
Obteve-se com a realização da 3ª medida, níveis pressóricos mais próximos
dos considerados basais e conseqüentemente taxas de prevalência mais fidedignas.
Estima-se que a prevalência de NPE utilizando a 3ª medida seja de 2,3%; não
diferente da taxa de 3,5% encontrada na 2ª medida, mas significativamente menor
que a prevalência da 1ª medida.
A prevalência nessa 3ª medida não diferiu estatisticamente das taxas de
prevalência encontradas por Oliveira et al. (2004)
16
em Feira de Santana/BA (3,6%),
por Oliveira et al. (1999)
17
em Belo Horizonte/MG (3,9%) e por Rezende et al.
(2003)
18
em Barbacena/MG (2,5%). Contudo, difere das taxas encontradas por
Brandão (1987)
4
no Rio de Janeiro/RJ (6,9%) e por Moura et al. (2004)
13
em
Maceió/AL (6,5%).
A diversidade metodológica empregada quanto ao tipo de esfigmomanômetro,
posição da criança, critérios pra eleição de manguitos, número de medidas
realizadas, intervalo entre as medidas e critérios para definição dos níveis
pressóricos basais a serem utilizados para definição dos indivíduos considerados
hipertensos, assim como todos os detalhes inerentes à qualidade na coleta de
75
dados, dificultam a comparação dos resultados e contribuem enormemente para que
as prevalências sejam discrepantes entre os diversos estudos brasileiros.
A diferença estatisticamente significante existente entre os níveis pressóricos
da 1ª medida e das demais medidas realizadas no estudo, condenam a utilização de
medida única na obtenção dos níveis pressóricos basais de crianças em estudos
epidemiológicos. Entretanto, a realização da 1ª e 2ª medida da PA mostra-se
importante, pois, no contexto geral da realização dos estudos epidemiológicos,
coloca a criança em contato com todo os procedimentos de medida. Essa conduta
contribui substancialmente com a diminuição dos níveis pressóricos nas medidas
subseqüentes.
Os resultados encontrados no estudo sugerem que a 3ª medida realizada
em estudos epidemiológicos dessa natureza parece ser a medida mais
representativa dos níveis pressóricos basais em escolares. Demonstra-se ainda
que, independentemente da medida da PA considerada, níveis pressóricos
elevados estão presentes em uma razoável proporção de escolares.
AGRADECIMENTOS
Ao Instituto de Metrologia e Qualidade de Mato Grosso (IMEQ-MT) e a
Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grasso (SES-MT) pelo apoio
institucional recebido; Ao Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pelo apoio financeiro concedido
ao estudo. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior
(CAPES) pela concessão de bolsa de estudos (LMPB). À direção das 21 escolas
envolvidas com a pesquisa. À profª Drª. Suely Grosseman pelas contribuições
dadas ao estudo. À Drª. Daniela Rosseto pelo atendimento ambulatorial dos
76
pacientes encaminhados. Às auxiliares Lidiane K. Fudikami, Jackeline M.
Ogawa, Luana S. Pereira, Joelma R. de Aguiar e Taiomara C. C. de Oliveira
pelo auxílio nos trabalhos de coleta de dados.
REFERÊNCIAS
1. Adrogué HE, Sinaiko AR. Prevalence of Hypertension in Junior High School-
Aged Children: Effect of New Recommendations in the 1996 Updated Task
Force Report. Am J Hypertens 2001;14:412-414.
2. Bao W, Theefoot AS, Srinivasan SR, Berenson GS. Essential hypertension
predicted by tracking of elevated blood pressure from chilhood to adulthood: The
Bogalusa Heart Study. Am J Hypertens 1995;8:657-665.
3. Barros FC, Victora CG. Amostragem. In: Barros FC, Victora CG. editores.
Epidemiologia de Saúde Infantil. Um manual para diagnósticos comunitários.
ed. São Paulo: Hucitec - Unicef; 1991. p. 53-78.
4. Brandão AP. A importância do desenvolvimento físico no comportamento da
curva de pressão arterial em crianças de 6 a 9 anos de idade. Arq Bras Cardiol
1987;4(48):203-209.
5. Gillman MW, Cook NR. Blood Pressure Measurement in Childhood
Epidemiological Studies. Circulation 1995;92:1049-1057.
77
6. Jhalani J, Goyal T, Clemow L, Schwartz JE, Pickering TG, Gerin W. Anxiety and
outcome expectations predict the white-coat effect. Blood Press Monit
2005;10(6):317-319.
7. Kay JD, Sinaiko AR, Daniels SR. Pediatric hypertension. Am Heart J
2001;142(3):422-432.
8. Koch VH. Casual blood pressure and ambulatory blood pressure measurement
in children. Sao Paulo Med J 2003;121(2):85-89.
9. Kuczmarski RJ, Ogden CL, Grummer-Strawn LM, et al. CDC growth charts:
United States. Advance data from vital and health statistics; nº. 314. Hyattsville,
Maryland: National Center for Health Statistics. 2000 [Documento online].
Available from: URL: http://www.cdc.gov/nchs/data/ad/ad314.pdf [2006 jan 17].
10. Lauer RM, Clarke WR, Mahoney LT, Witt J. Childhood predictors for high adult
blood pressure: the Muscatine Study. Pediatr Clin North Am 1993;40:23-40.
11. Luiz RR, Magnanini MMF. O tamanho da amostra em investigações
epidemiológicas. In: Medronho RA, et al. editores. Epidemiologia. 1ª ed. São
Paulo: Editora Atheneu; 2004. p.295-308.
12. Maguire H, Shelley E. Blood pressure levels among primary school children. Ir
Med J 1990; 83(3):90-94.
78
13. Moura AA, Silva MAM, Ferraz MRMT, Rivera IR. Prevalência de pressão arterial
elevada em escolares e adolescentes de Maceió. J Pediatr (Rio J)
2004;80(1):35-40.
14. National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood
Pressure in Children and Adolescents. The Fourth Report on the Diagnosis,
Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents.
Pediatrics 2004;114:555-576.
15. National High Blood Pressure Education Program Working Group on
Hypertension Control in Children and Adolescents. Update on the 1987 Task
Force Report on High Blood Pressure in Children and Adolescents: A Working
Group Report from the National High Blood Pressure Education Program.
Pediatrics 1996;98:649-658.
16. Oliveira AMA, Oliveira AC, Almeida MS, Almeida FS, Ferreira JBC, Silva CEP, et
al. Fatores ambientais e antropométricos associados à hipertensão arterial
infantil. Arq Bras Endocrinol Metab 2004;48(6):849-854.
17. Oliveira RG, Lamounier JA, Oliveira ADB, Castro MDR, Oliveira JS. Pressão
arterial em escolares e adolescentes: O Estudo de Belo Horizonte. J pedriatr
(Rio J) 1999;75:256-266.
18. Rezende DF, Scarpelli RAB, Souza GF, Costa JO, Scarpelli AMB, Scarpelli PA,
et al. Prevalência de hipertensão arterial sistêmica em escolares de 7 a 14 anos
79
no município de Barbacena, Minas Gerais, em 1999. Arq Bras Cardiol
2003;81(4):375-380.
19. Salgado CM, Carvalhaes JTA. Arterial hypertension in childhood. J Pediatr (Rio
J) 2003;79 Suppl1: S115-S124.
20. Sorof J, Daniels S. Obesity hypertension in children: a problem of epidemic
proportions. Hypertension 2002;40:441-447.
21. World Health Organization - International Society of Hypertension Writing Group.
2003 World Health Organization (WHO), International Society of Hypertension
(ISH) statement on management of hypertension. J Hypertens 2003; 21:1983-
1992.
80
Tabela 1 – Características dos escolares (n=601) de 7 a 10 anos de idade da
zona urbana de Cuiabá-MT, 2005.
Característica n %
Idade (anos)
7 157 26,1
8 161 26,8
9 138 23
10 145 24,1
Sexo
Masculino 293 48,8
Feminino 308 51,2
Cor da pele
Branca 124 20,6
Não-Branca 477 79,3
Tipo de escola
Pública 578 96,2
Privada 23 3,8
Período do exame
Matutino 242 40,3
Vespertino 359 59,7
Manguito
(cm x cm)
6 x 15 10 1,7
8 x 16 443 73,7
11,2 x 23,3 145 24,1
13 x 30 3 0,5
81
Tabela 2 – Média, mediana e desvio padrão da pressão arterial sistólica e
diastólica nas três medidas realizadas no estudo, segundo a idade
dos escolares. Valores de p. Cuiabá-MT, 2005.
Idade (anos)*
Medidas da
Pressão Arterial
7 8 9 10
p
#
Total
n 157 161 138 145 601
1ª medida (mmHg)
Média
98,4 100,9 102,3 104,7
< 0,001
101,5
Desvio Padrão
9,3 9,6 8,8 9,7 9,6
Sistólica
Mediana
98,0 100,0 102,0 104,0 102,0
Média
63,7 66,2 67,5 67,5
< 0,001
66,1
Desvio Padrão
7,7 7,6 7,6 7,7 7,8
Diastólica
Mediana
64,0 66,0 68,0 68,0 66,0
2ª medida (mmHg)
Média
95,9 97,7 98,7 101,3
< 0,001
98,3
Desvio Padrão
8,6 9,4 8,3 9,0 9,0
Sistólica
Mediana
96,0 98,0 98,0 102,0 98,0
p
a
< 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001
< 0,001
Média
61,5 63,6 64,8 65,1
< 0,001
63,7
Desvio Padrão
7,0 6,5 7,2 6,9 7,0
Diastólica
Mediana
62,0 64,0 66,0 64,0 64,0
p
b
< 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001
< 0,001
3ª medida (mmHg)
Média
94,5 96,5 97,8 100,2
< 0,001
97,2
Desvio Padrão
8,2 9,0 7,8 8,7 8,7
Sistólica
Mediana
94,0 96,0 98,0 100,0 97,0
p
c
< 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001
< 0,001
p
e
< 0,001 < 0,001 0,001 < 0,001
< 0,001
Média
60,8 63,0 64,3 64,5
< 0,001
63,1
Desvio Padrão
6,7 6,2 6,9 6,3 6,7
Diastólica
Mediana
60,0 64,0 64,0 64,0 64,0
p
d
< 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001
< 0,001
p
f
0,014 0,040 0,060 0,061
< 0,001
* 7 anos (7,0-7,9 anos); 8 anos (8,0-8,9 anos); 9 anos (9,0-9,9 anos) e 10 anos (10,0-10,9 anos).
#
ANOVA entre as idades
a
Teste t pareado entre 1ª medida x 2ª medida: Sistólica
b
Teste t pareado entre 1ª medida x 2ª medida: Diastólica
c
Teste t pareado entre 1ª medida x 3ª medida: Sistólica
d
Teste t pareado entre 1ª medida x 3ª medida: Diastólica
e
Teste t pareado entre 2ª medida x 3ª medida: Sistólica
f
Teste t pareado entre 2ª medida x 3ª medida: Diastólica
82
Tabela 3 – Prevalência de níveis pressóricos elevados, sistólicos e/ou
diastólicos, entre os escolares de 7 a 10 anos (n=601) na 1, 2ª e
3ª medidas. Cuiabá-MT, 2005.
Hipertensão Pré-hipertensão Normotensão
(99° Percentil 95º) (95°> Percentil 90°) (Percentil < 90°)
Método de obtenção
da Pressão Arterial
basal
n % IC
95%
p
n % IC
95%
p
n % IC
95%
1ª medida 52 8,7 6,4 - 10,9
77 12,8 10,1 - 15,5 472 78,5 75,3 - 81,8
2ª medida 19 3,2 1,8 - 4,6
< 0,001
a
31 5,2 3,4 - 6,9
< 0,001
a
551 91,6 89,5 - 93,9
< 0,001
b
< 0,001
b
3ª medida 14 2,3 1,1 - 3,5
0,37
c
23 3,8 2,3 - 5,4
0,27
c
564 93,9 91,9 - 95,8
p # < 0,001 < 0,001 < 0,001
#
Teste Qui-quadrado de Tendência Linear
a
Teste Qui-quadrado entre 1ª e 2ª medida
b
Teste Qui-quadrado entre 1ª e 3ª medida
c
Teste Qui-quadrado entre 2ª e 3ª medida
83
Tabela 4 – Prevalência de níveis pressóricos elevados, sistólicos e/ou
diastólicos, quando da utilização a 3ª medida de acordo com as
características dos escolares. Cuiabá-MT, 2005.
( - ) valor nulo
Prevalência
"Hipertensos" "Pré-hipertensos"
(Percentil 95º) (95º > Percentil 90º)
Variáveis
n % IC
95%
p
n % IC
95%
p
Idade
(anos)
0,61
0,88
7 2 1,3 0,0 - 3,0
6 3,8 0,8 - 6,8
8 4 2,5 0,1 - 4,9
7 4,3 1,2 - 7,5
9 5 3,6 0,5 - 6,7
6 4,3 0,9 - 7,7
10 3 2,1 0,0 - 4,4
4 2,8 0,1 - 5,4
Sexo
0,32
0,93
Masculino 5 1,7 0,2 - 3,2
11 3,8 1,6 - 5,9
Feminino 9 2,9 1,0 - 4,8
12 3,9 1,7 - 6,1
Cor da pele
0,8
0,9
Branco 3 2,4 0,0 - 5,1
5 4 0,6 - 7,5
Não-Branco 11 2,3 1,0 - 3,7
18 3,8 2,1 - 5,5
Tipo de escola
0,42
1,0
Pública 13 2,2 1,0 - 3,5
23 4 2,4 - 5,6
Privada 1 4,3 0,0 - 12,7
_ _ _
Período do exame
0,73
0,58
Matutino 5 2,1 0,3 - 3,6
8 3,3 1,1 - 5,6
Vespertino 9 2,5 0,9 - 4,1
15 4,2 2,1 - 6,2
84
Figura 1 – Classificação dos escolares (n=601) de acordo com a 3ª medida da
pressão arterial. Cuiabá-MT, 2005.
85
RSP/ 23 de junho de 2006
Ilmo. Sr.
Prof. Dr. Luiz Marcos P Borges
Senhor Colaborador
Acusamos o recebimento do seu manuscrito submetido à publicação nesta
Revista, o qual atendeu a todos os itens exigidos para esta finalidade.
“Prevalência de níveis pressóricos elevados em escolares de 7 a 10 anos
de Cuiabá - MT”
N° de Registro: .- 06/5885 - Este número é a chave para obter informações
e acompanhar o processo de julgamento. Portanto, mencione-o em toda
correspondência vinculada ao manuscrito.
Seu manuscrito será encaminhado à nossa assessoria para a primeira fase de
avaliação, destinada a verificar se o trabalho atende à política da Revista, sobretudo
quanto às questões ligadas ao conteúdo, além de forma.
Agradecemos sua colaboração.
Nota: Favor informar-nos se há interesse em receber por e-mail as próximas
correspondências referentes ao seu manuscrito.
Atenciosamente
Maria Teresinha Dias de Andrade
Profa. Dra. Maria Teresinha Dias de Andrade
Editora Executiva
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo