Download PDF
ads:
WESLEY ADSON COSTA COELHO
RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM CAPRINOS NO
MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN
MOSSORÓ - RN
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
WESLEY ADSON COSTA COELHO
RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM CAPRINOS NO
MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN
Dissertação apresentada à Universidade Federal
Rural do Semi-Árido UFERSA, como parte das
exincias para a obtenção do título de Mestre em
Ciência Animal.
Orientadora: Prof
a
. Drª. Sílvia Maria Mendes Ahid
Co-orientador: Dr. Luiz da Silva Vieira
MOSSORÓ RN
2009
ads:
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e
catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA
C672r Coelho, Wesley Adson Costa
.
Resistência anti-helmíntica em caprinos no município de Mossoró/RN. /
Wesley Adson Costa Coelho. -- Mossoró: 2009.
58f.: il.
Dissertação (Mestrado em Ciência Animal: Área de
concentração em Parasitologia) Universidade Federal Rural
do Semi-Árido. Pró-Reitoria de Pós-Graduação.
Orientador: Prof Dra. Sc. Silvia Mª Mendes Ahid
Co-orientador: Prof D.Sc. Luiz da Silva Vieira
1.Caprinos. 2.Resistência. 3.Anti-helmínticos. Título.
CDD:636.39
Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
WESLEY ADSON COSTA COELHO
RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA EM CAPRINOS NO
MUNICÍPIO DE MOSSORÓ-RN
Dissertação apresentada à Universidade Federal
Rural do Semi-Árido UFERSA, como parte das
exincias para a obtenção do título de Mestre em
Ciência Animal.
APROVADA EM: __14_/_01_/_2009_
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof
a
. Drª. Sílvia Maria Mendes Ahid (UFERSA)
Presidente e Orientadora
________________________________________________
Dr. Luiz da Silva Vieira (EMBRAPA CAPRINOS/UFERSA)
Primeiro Membro e Co-orientador
________________________________________________
Prof
a
. Drª. Francely Martinelli Fernandes (UNESP)
Segundo Membro
AGRADECIMENTOS
A Deus por me permitir chegar ao fim de mais uma etapa, por estar presente
nos momentos mais atribulados, por ser a luz da minha vida, por guiar os meus passos e
fazer parte de mais uma conquista na minha vida;
À minha família que sempre me apoiou em todas as minhas decisões, por ter
acompanhado passo a passo meu crescimento profissional;
À minha namorada Jamile Carine dos Santos que sempre esteja ao meu lado;
A minha orientadora, conselheira e amiga Sílvia Maria Mendes Ahid, com
quem eu posso contar a qualquer momento;
Ao meu amigo, também co-orientador, Luiz da Silva Vieira por toda ajuda e
conhecimentos repassados;
A empresa BIOFARM a qual forneceu todo patrocínio, bem como todos os
medicamentos que foram necessários, com toda simpatia e atenção;
Ao professor Alexsandro Maia pela ajuda na análise estatística;
Ao meu amigo Idalécio Pacífico da Silva pelo grande auxílio nas coletas;
A minha amiga Zuliete Aliona Araújo de Souza Fonseca pelo grande auxílio
nas coletas e processamento das amostras.
“Aquele que habita no esconderijo do altíssimo, à sombra do
onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o
meu refúgio a minha fortaleza e nele confiarei.”
(Salmo 91)
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Prevalência (%) de H. contortus em caprinos, resistentes ao albendazole e
ivermectina em propriedade do município de Mosso-RN, segundo classificações
RESO.....................................................................................................................................
34
Tabela 2 - Prevalência (%) de Trichostrongylus sp em caprinos, resistentes ao
albendazole e ivermectina em propriedade do município de Mossoró-RN, segundo
classificações RESO..............................................................................................................
35
Tabela 3 - Rebanhos caprinos do Município de Mossoró-RN com presença de resistência
anti-helmíntica ao albendazole e a ivermectina....................................................................
35
Tabela 4 - Prevalência de nematódeos de caprinos resistentes a ivermectina e ao
albendazole............................................................................................................................
36
Tabela 5 - Redução na contagem de ovos nas fezes (RCOF) de caprinos tratados com
ivermectina e albendazole após 10 dias pós-vermifugação.................................................
37
Tabela 6 - Composição da cultura de larvas, após 10 dias da administração dos
tratamentos, em caprinos nas propriedades estudadas..........................................................
38
Tabela 7 Coordenadas geografia via satélite das 30 propriedades visitadas......................
39
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa do Estado do Rio Grande do Norte dividido por Mesorregiões.................
27
Figura 2 A, B - Laboratório de Parasitologia Animal da UFERSA......................................
28
Figura 3 A, B - Propriedades rurais de caprinos no município de Mossoró-RN...................
28
Figura 4 A, B - Caprino jovem marcado com colar..............................................................
29
Figura 5 A- Coleta de fezes em caprino diretamente da ampola retal; B- condicionamento
da amostra coletada em sacos plásticos................................................................................
30
Figura 6 A - GPS, Garmin, modelo Etrex H; B- Aquisição das coordenadas geográficas
por uso de GPS......................................................................................................................
31
Figura 7 A, B,C- Extração de larvas da coprocultura do tratamento controle, ivermectina
e albendazole.........................................................................................................................
32
Figura 8 - Tela inicial do programa estatístico RESO (1989)...............................................
33
Figura 9 - Vista aérea do município de Mossoró-RN na altitude de 73,6 Km. Pontos
verdes sinalizando as 30 propriedades visitadas...................................................................
40
Figura 10- Vista aérea do município de Mossoró-RN na altitude de 73,6 Km. Pontos
brancos sinalizando as 27 propriedades resistentes ao albendazole .....................................
40
Figura 11- Vista aérea do município de Mossoró-RN na altitude de 73,6 Km. Pontos
vermelhos sinalizando as 13 propriedades resistentes a ivermectina....................................
41
LISTA DE SIGLAS
OPG - Ovos por grama de fezes;
OPGt -Média do número de ovos por grama de fezes do grupo de animais tratados;
OPGc -Média do número de ovos por grama de fezes do grupo controle;
PCR - Reação da Cadeia de Polimerase;
RCOF -Teste de redução da contagem de ovos por grama de fezes;
R. A. -Resistência Anti-helmíntica;
WAAVP -World Association for the Advancement of Veterinary Parasitology.
RESUMO
Tendo assumido durante séculos área de vocação pecuária o Nordeste brasileiro atualmente
destaca-se na caprinocultura, na qual as helmintoses gastrintestinais estão entre os maiores
problemas. Mesmo com o surgimento de drogas anti-helmínticas de amplo espectro de ação, o
controle dos parasitos vem sendo prejudicado pela resistência parasitária. O objetivo desse
trabalho foi verificar a sensibilidade dos nematódeos de caprinos a ação dos vermífugos
ivermectina 1% e albendazole 10%, como também determinar o perfil das propriedades que
apresentou helmintos resistentes aos princípios ativos em questão. O trabalho foi realizado no
período de janeiro a novembro de 2008 em 30 criações de caprinos localizadas no município
de Mossoró-RN. Em cada propriedade, previamente positiva para OPG, foram selecionados
45 animais, os quais foram divididos em três grupos: grupo I tratamento albendazole, grupo
II ivermectina e Grupo III, sem tratamento. Foram vermifugados e 10 dias pós-tratamento
realizou-se a coleta de fezes, diretamente da ampola retal, e processamento das amostras pelo
todo de OPG e coprocultura. As coordenadas geográficas de todas as propriedades foram
obtidas por GPS. Os dados obtidos foram analisados pelo programa estatístico RESO. Das
propriedades estudadas o Haemonchus contortus, teve percentual de população de helmintos
resistentes ao albendazole em 90%, enquanto que, à ivermectina 36,6%. Este por sua vez, foi
o mais prevalente em todos os grupos tratados. o Trichostrongylus sp, foi encontrado em
70% das propriedades e seu percentual da população de helmintos resistentes a ivermectina
foi de 33,3%, enquanto o albendazole, 42,8%. A redução na contagem de ovos nas fezes
(RCOF) 10 dias pós-tratamento com ivermectina e albendazole, variou entre 43% a 100%,
29% a 100% respectivamente. Por ordem de resistência o Haemonchus contortus foi o que
apresentou maior índice, seguido pelos genêros Trichostrongylus sp e Oesophagostomun sp.
Os dados do GPS revelaram que as 27 propriedades resistência ao albendazole estão
largamente distribuídas por todo município, concentrando-se nas regiões oeste da cidade de
Mossoró-RN. As 13 propriedades resistentes a ivermectina estão distribuídas no município,
mas em menor proporção que o albendazole. Todas as propriedades resistentes a ivermectina
foram resistentes albendazole simultaneamente. O perfil das propriedades demonstrou que os
anti-helmínticos mais utilizados pertenciam aos grupos dos benzimidazóis (63,3%),
avermectinas (33,3%), em menor escala os imidazóis (3,3%). Nestas propriedades não se
adotavam manejo correto dos animais como também havia pelo criador, desconhecimento da
dose correta e uso dos vermífugos.
Palavras-Chave: caprinos; resistência; anti-helmínticos.
ABSTRACT
For many centuries the Brazilian Northeast area is vocation in the production of goats, in the
which the gastrointestinal nematodes is among the largest problems. Even with the
appearance of anthelmintic drugs of wide action spectrum, the control of the parasites has
been harmed by the anthelmintic resistance. The purpose of this study was to verify the
sensibility of the goat nematodes the action of the substance ivermectin 1% and albendazole
10% as well as to determine the profile of the properties that with resistant. The work was
accomplished in 30 creations of goats located into Mossoró city between January to
November 2008, where each property was divided in three groups, a control and two
treatments. The obtained data were analyzed by statistical program RESO. In each property
45 animals were selected, divided in three groups: group I treatment benzimidazole, I group II
ivermectin and I Group III, without treatment. The animals was drugged and 10 days powder-
treatment was collection of feces, directly of the rectal flask and processing of the samples for
the method of OPG and larva culture. The geographical coordinates of all the properties were
obtained by GPS. The obtained data were analyzed by statistical program RESO. In studied
the Haemonchus contortus, was the more prevalence in all the treated groups, and the
population of resistant helmints to albendazole was 90% of the properties, while, the
ivermectina 36.6%. Already Trichostrongylus sp, was found in 70% of the properties and
your percentile of the population of resistant helmintos the ivermectina was of 33.3%, while
the albendazole, 42.8%. The reduction in the count of eggs in the feces (RCEF) after 10 days
of the treatment with ivermectina and albendazole, varied among 43% to 100%, 29% to 100%
respectively. In resistance order the gender Haemonchus contortus was larger index, followed
for Trichostrongylus sp and Oesophagostomun sp. The data of GPS revealed that 27
properties resistance to the albendazole were broadly distributed for every municipal district,
concentrating at the areas west of the city of Mossoró-RN. The 13 resistant properties the
ivermectin were distributed in the municipal district, but in smaller proportion that
albendazole. In all resistant properties the ivermectin were simultaneously resistant
albendazole. The profile of the properties demonstrated that the anthelmintic used was groups
of the benzimidazole (63.3%), ivermectin (33.3%), in smaller scale the imidazol (3.3%). In
these properties were not adopted correct handling of the animals as well as ignorance of the
correct dose e drugs anthelmintic. The profile of the properties demonstrated that the
anthelmintic used was groups of the benzimidazóis (63.3%), ivermectin (33.3%), in smaller
scale the imidazol (3.3%). In these properties were not adopted correct handling of the
animals as well as ignorance of the correct dose e drugs anthelmintic.
Key-Words: goats; resistance; anthelmintic.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................
12
2 REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................
14
2.1 IMPORTÂNCIA DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS PARA A
CAPRINOCULTURA........................................................................................................
14
2.2 AGENTES ETIOLÓGICOS ........................................................................................
15
2.2.1 Haemonchus contortus (RUDOLPHI, 1803)...........................................................
15
2.2.2 Trichostrongylus sp (LOSS, 1905)............................................................................
16
2.2.3 Oesophagostomum sp (MOLIN, 1861).....................................................................
17
2.3 DROGAS ANTI-HELMÍNTICAS..............................................................................
17
2.3.1 Benzimidazóis............................................................................................................
17
2.3.1.1 Mecanismo de ação..................................................................................................
17
2.3.1.2 Mecanismo de resistência.........................................................................................
18
2.3.2 Lactonas Macrocíclicas............................................................................................
19
2.3.2.1 Mecanismo de ação..................................................................................................
19
2.3.2.2 Mecanismo de resistência.........................................................................................
19
2.4 RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA.........................................................................
20
2.4.1 Histórico da resistência aos benzimidazóis em caprinos........................................
20
2.4.2 Histórico da resistência as lactonas macrocíclicas..................................................
21
2.4.3 Estabelecimento da resistência anti-helmíntica.......................................................
21
2.4.4 Diagnóstico da resistência anti-helmíntica...............................................................
22
2.4.4.1 Testes in vivo............................................................................................................
22
2.4.4.1.1 Teste controlado....................................................................................................
22
2.4.4.1.2 Teste de redução na contagem de ovos nas fezes.................................................
22
2.4.4.2 Testes in vitro............................................................................................................
23
2.4.4.2.1 Teste de eclosão de ovos.......................................................................................
23
2.4.4.2.2 Teste genético.......................................................................................................
24
2.4.5 Controle da resistência..............................................................................................
24
3 OBJETIVOS....................................................................................................................
26
3.1 GERAL..........................................................................................................................
26
3.2 ESPECÍFICOS..............................................................................................................
26
4 MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................
27
4.1 LOCAL DE ESTUDO...................................................................................................
27
4.2 PROPRIEDADES.........................................................................................................
27
4.3 PRINCÍPIOS ATIVOS..................................................................................................
29
4.4 ANIMAIS EXPERIMENTAIS......................................................................................
29
4.5 POSOLOGIA NOS TRATAMENTOS.........................................................................
30
4.6 AMOSTRAS FECAIS....................................................................................................
30
4.7 AQUISIÇÃO DAS CORDENADAS GEOGRAFICAS DAS PROPRIEDADES....
31
4.8 EXAMES PARASITOLÓGICOS................................................................................
31
4.9 TESTE DE REDUÇÃO DA CONTAGEM DE OVOS POR GRAMA DE FEZES...
32
4.10 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................................
33
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................................
34
6 CONCLUSÕES...............................................................................................................
43
REFERÊNCIAS................................................................................................................
44
APÊNDICE........................................................................................................................
53
ANEXO...............................................................................................................................
55
12
1 INTRODUÇÃO
No semi-árido brasileiro, o Nordeste tem assumido durante culos, área de vocação
pecuária, especialmente para a exploração de ruminantes domésticos. Dentre as várias
alternativas encontradas para a exploração agropecuária da região, destaca-se a caprinocultura
como uma alternativa econômica viável de geração de emprego e renda (SIMPLÍCIO, 2006),
sendo uma das principais atividades econômicas das áreas mais secas do Nordeste (COSTA
JÚNIOR et al., 2005).
No estado do Rio Grande do Norte o rebanho está em ascensão, sendo que em 2003, a
população de caprinos era 406 mil (IBGE, 2003). Atualmente o Estado destaca-se na
produção de carne e leite (ACOSC, 2006). No entanto, a caprinocultura sofre grandes perdas
econômicas devido às verminoses, que dentre os fatores que a favorecem, estão o manejo,
estado fisiológico, condições climáticas, lotação e nutrição (MATTOS; CASTRO, 2002).
O parasitismo por nematódeos gastrintestinais tem-se constituído em um dos
principais fatores limitantes à exploração da caprinocultura, sendo um aspecto importante no
manejo sanitário, pelo fato desses animais serem relativamente sensíveis a endoparasitas,
principalmente os gastrintestinais, tais como Haemonchus contortus, Trichostrongylus sp,
Cooperia sp, Oesophagostomum columbianum, Trichuris sp, Cysticercus sp e Strongyloides
papilosus, os quais são responsáveis por significativas perdas econômicas, em decorrência da
elevada taxa de mortalidade de animais e atraso no crescimento (COSTA JÚNIOR et al.,
2005). Na região Oeste do Rio Grande do Norte os helmintos de maior prevalência são
Strongyloides sp, seguidos por Haemonchus sp, Trichostrongylus sp, e,em menor escala
Oesophagostomum sp (AHID et al., 2008).
A estacionalidade da incidência de helmintos é um sério problema para a produção de
caprinos a pasto, sendo que os nematódeos são transmitidos de forma mais intensa entre
meados do período chuvoso ao início do período seco, tendo como causa a presença de
condições de temperatura e umidade ideais à sobrevivência dos parasitos nas pastagens,
aumentando a intensidade de reinfecção nos animais nesse período (COSTA JÚNIOR et al.,
2005).
O controle dos parasitos vem sendo realizado através do uso de anti-helmínticos
pertencentes a diversos grupos químicos, na maioria das vezes, sem considerar os fatores
epidemiológicos predominantes na região, os quais interferem diretamente na população
13
parasitária ambiental e, conseqüentemente, na infecção do rebanho (VIEIRA;
CAVALCANTE, 1999).
Vários princípios ativos vêm sendo utilizados no tratamento de nematódeos de caprino
os quais são classificados em quatro grandes grupos conforme seu mecanismo de ação,
espectro de atividade e eficácia: Grupo I- Benzimidais e Pró-benzimidazóis; Grupo II-
Imidazóis e Pirimidinas, Grupo III- Salicilanilidas e Substitutos nitrofenólicos; Grupo IV-
Organofosforados; Grupo V Lactonas macrocíclicas (MATTOS; CASTRO, 2002).
Em 1981 surgiu um grupo químico de anti-helmíntico como alternativa, as
avermectinas, considerado até hoje, como meio potente para o controle desses parasitos
Entretanto, a resistência a ivermectina, a droga mais utilizada deste grupo, tem sido registrada
em caprinos parasitados, principalmente por Ostertagia circumcincta e Haemonchus
contortus em vários países (VARADY et al., 1993 ; TERRIL et al., 2001 ; GATONGI et al.,
2003).
O estabelecimento da resistência é amplamente influenciado pelo tamanho e
diversidade da população como também pela taxa de mutação do gene envolvido, sendo que o
aparecimento de cepas de nematódeos resistentes a anti-helmínticos pode ser explicado pela
teoria da evolução, que tem como ponto básico a seleção natural (MELO, 2005).
Diferentes esquemas de tratamento são utilizados a fim de reduzir ou eliminar os
efeitos adversos do parasitismo. Dos esquemas de controle, o estratégico é o mais utilizado, o
que consiste na aplicação de tratamentos estratégicos com um anti-helmíntico de alta eficácia,
antes que ocorra um aumento significativo da população de parasitos em épocas do ano
predeterminadas. Um dos grandes riscos deste controle refere-se à pequena ou nenhuma
população de nematódeos em refúgio durante a época seca. Este fato aliado a utilização de
tratamento anti-helmínticos nestes períodos possibilita que a resistência anti-helmíntica
desenvolva-se rapidamente (SANGSTER, 2001).
Em virtude da importância do assunto e aliado ao fato que estar diretamente ligado ao
fator econômico da região, este trabalho teve por objetivo detectar a ocorrência de resistência
aos anti-helmínticos pertencentes ao grupo das lactonas macrocíclicas (ivermectina 1%) e
benzimidazóis (albendazole 10%) em nematódeos gastrintestinais de caprinos no município
de Mossoró-RN.
14
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 IMPORTÂNCIA DAS HELMINTOSES GASTRINTESTINAIS PARA A
CAPRINOCULTURA
O Brasil possui cerca de 10,31 milhões de cabeças de caprinos, sendo que a grande
concentração es na região Nordeste que detém 93,0%. O parasitismo por nematódeos
gastrintestinais tem-se constituído em um dos principais fatores limitantes à exploração da
caprinocultura, sendo um aspecto importante no manejo sanitário, pelo fato desses animais
serem relativamente sensíveis a endoparasitas (ANUALPEC, 2006).
Os caprinos do Nordeste brasileiro são parasitados por nematódeos gastrintestinais dos
gêneros Haemonchus sp, Trichostrongylus sp, Strongyloides sp, Cooperia sp, Bunostomum
sp, Trichuris sp, Skrjabinema sp e Oesophagostomun sp (VIEIRA et al., 1998). Desses
gêneros de parasitos os de maior importância ecomica são Haemonchus sp,
Trichostrongylus sp, Oesophagostomun sp e Strongylóides sp (BRITO et al., 1996). O
Haemonchus sp destaca-se em importância, visto que, além da sua alta prevalência no Brasil
apresenta grande patogenicidade (AMARANTE, 2005).
De acordo com estudos realizados no Brasil os parasitos do gênero Haemonchus sp é
o mais prevalente, tanto em ovinos quanto em caprinos, encontrado no estado do Cea
(MELO et al., 1998 ; BEVILAQUA ; MELO, 1999 ; VIEIRA ; CAVALCANTE, 1999), em
Pernambuco (CHARLES et al., 1989 ; SANTOS et al., 1993;), na Bahia (BARRETO ;
SILVA, 1999), na região sul do Brasil (RAMOS et al., 1999 ; FARIAS et al., 1997 ;
CUNHA-FILHO et al., 1999), na América Latina (WALLER et al., 1996). Mundialmente
Haemonchus sp é o gênero mais comum no Sul da África (BOOMKER et al., 1994);
Haemonchus contortus na Malásia e Nigéria (FAKAE; CHIEJINA, 1995); H. contortus,
Trichostrongylus sp e Oesophagostomum sp no Gâmbia e Paquistão (FRISTCHE et al., 1993)
e H. contortus e Oesophagostomum columbianum na Mauritânia (JACQUIET et al., 1995).
O H. contortus apresenta alto grau de hematofagismo resultando na incapacidade do
hospedeiro de compensar as perdas de sangue. O animal com elevado nível de infecção
parasitária pode perder até 145 ml de sangue por dia, conseqüentemente, desenvolve um
quadro de anemia grave, em um curto período de tempo (BOWMAN, 1995).
A infecção é diagnosticada através da contagem de ovos por gramas de fezes pela
15
técnica descrita por Gordon & Whitlock (1939) utilizando-se dois gramas de fezes de caprinos
ou ovinos diluídos em 58 ml de solução hipersaturada de NaCl ou açúcar e cultura de larvas
pela técnica descrita por Roberts & O‟Sullivan (1950).
2.2 AGENTES ETIOLÓGICOS
2.2.1 Haemonchus contortus (RUDOLPHI, 1803)
Classificado no filo Nematelminto, Classe Nematoda; Superfamília
Trichostrongyloidea; Genero Haemonchus; Espécie Haemonchus contortus, é um parasito que
afeta ruminantes principalmente a espécie caprina. Morfologicamente possui cavidade bucal
armada com uma lanceta. O macho apresenta um raio dorsal assimétrico em sua bolsa e
espículos curtos e cuneiformes. O útero branco e repleto de ovos da fêmea se espirala em
torno do intestino repleto de sangue, dando origem ao chamado efeito do poste de barbeiro.
A vulva localiza-se a aproximadamente ¼ do comprimento do corpo antes da extremidade da
cauda, a prevalência de diversas configurações das abas vulvares varia entre as espécies e
subespécies (GEORGI, 1998).
Possui ciclo evolutivo direto. Os ovos o eliminados nas fezes e em condições
favoráveis (18 a 26°C e 80 a 100% umidade) se desenvolvem no pasto em terceiro estágio
infectante (L3) em aproximadamente 5 dias. Em condições frias o desenvolvimento pode ser
retardado por semanas ou meses. A temperatura ótima para a sobrevivência das larvas é de 18
a 26°C (ONYIAH; ARSLAN, 2005). Em baixas temperaturas as larvas sobrevivem por
longos períodos devido ao seu baixo metabolismo e reservas energéticas. A umidade é um
fator importante para a sobrevivência da larva, em condições secas, tais como no semi-árido
brasileiro, as larvas não sobrevivem. Após a ingestão e desencapsulamento no rumem, as
larvas sofrem duas mudas. Exatamente antes da muda final desenvolvem a lanceta perfurante
que lhes permite a obtenção de sangue dos vasos da mucosa do abomaso, local de fixação do
parasito. Quando adulto, movem-se livremente na supercie da mucosa. O período pré-
patente é de duas a três semanas (AROSEMENA et al., 1999).
Macroscopicamente, os adultos podem ser identificados devido a sua localização
específica no abomaso e seu tamanho, que varia de 1,1 a 2,7 cm de comprimento.
16
Microscopicamente, o macho apresenta um lobo dorsal assimétrico e espículos em ganchos.
Nas fêmeas, observam-se os ovários brancos enrolando-se em espiral ao redor do intestino
repleto de sangue (LICHTENFELS et al., 1994). A mea apresenta três tipos de flap vulvar,
lisa, botão e linguiforme, sendo o ultimo ainda classificado em A, B, C, D e I, dependendo do
tipo de processo linguiforme (LE JAMBRE; WHITLOCK, 1968).
O quadro clínico em animais é anemia, em conseqüência dos hábitos alimentares
(hematófagos) do parasita e da inoculação de substâncias anticoagulantes no local onde se
fixam, provocando grandes perdas de sangue. Nestes animais são observados também edema
submandibular e emagrecimento além de perturbações digestivas, como diarréia (FORTES,
2004).
2.2.2 Trichostrongylus sp (LOSS, 1905)
Gênero tipo da família Trichostrongylidae, o Trichostrongyluys possui entre seus
representantes helmintos considerados de tamanho pequenos, capilariformes, ao qual possui
em sua morfologia comprimento menor que 7mm, sem inflações cefálicas e virtualmente sem
cápsula bocal; espículos curtos, torcidos e usualmente pontiagudos. Várias espécies deste
helminto na forma adulta têm como localização o intestino delgado dos ruminantes
(GEORGI, 1998).
O ciclo evolutivo possui uma fase pré-parasitária e parasitária. Após a pula, a fêmea
inicia a postura dos ovos que são eliminados segmentados com as fezes do hospedeiro, sendo
que, em condições ideais de oxigênio, umidade eclosão e liberação da larva de primeiro
estágio (L1). Estas por sua vez, alimentam-se de bactérias e microrganismos existentes nas
fezes, crescem e mudam posteriormente para L2 em seguida L3. Neste ultimo estágio são
consideradas larvas infectantes (FORTES, 2004).
Freqüentemente assintomáticas, em grandes quantidade infecções causados por este
parasito são capazes de produzir uma prolongada e debilitante diarréia aquosa, especialmente
nos caprinos mal alimentados (GEORGI, 1998). Em níveis mais baixos de infecção, a
inapetência e baixos índices de crescimento, acompanhados as vezes por fezes amolecidas,
constituem a sintomatologia comum (URQUHART et al., 1998).
17
2.2.3 Oesophagostomum sp (MOLIN, 1861)
Morfologicamente possuem boca anterior e cápsula bucal curta e cilíndrica. Orifício
oral circundado por um anel, portador de papilas cefálicas, delimitado posteriormente por uma
depressão. Coroa radiada formada por 2 séries de elementos, entretanto a externa pode faltar.
O sulco cervical ventral, anterior ao orifício excretor, circunda o corpo até a face dorsal.
Cutícula dilatada na região compreendida entre o anel oral e o sulco ventral, forma uma
expansão cefálica. Asa cervical presente ou ausente. pulas cervicais presentes. A porção
inicial do conduto esofagiano às vezes apresenta-se dilatada e com lancetas. Macho com 2
espículos iguais e gubernáculo presente. Fêmea com vulva situada há pouca distancia do anus.
Larva infectante com células intestinais triangulares (FORTES, 2004).
Localizado em sua forma nodular adulta no intestino grosso e as larvas na parede do
intestino delgado e grosso, são chamados normalmente de „vermes nodulares‟, sendo que
suas larvas parasitárias tendem a se encapsular devido a uma inflamação reativa um tanto
excessiva, de parte do hospedeiro previamente sensibilizado (GEORGI, 1998). O período pré-
patente de 40 dias (FORTES, 2004).
Os sinais clínicos em ruminantes e suínos estão usualmente associados aos estágios
larvais na parede do intestino, e não aos vermes adultos no lúmen, tais como fezes aquosas,
escuras e muito fétidas (GEORGI, 1998). Também podem ser encontradas fezes com pus e
sangue, como também notável perda de peso e emagrecimento progressivo (FORTES, 2004).
2.3 DROGAS ANTI-HELMÍNTICAS
2.3.1 Benzimidazóis
2.3.1.1 Mecanismo de ação
A partir dos anos 60 e 70 varias pesquisas promoveram o desenvolvimento de uma
serie de anti-helmínticos da família dos benzimidazois (albendazole, febendazol, mebendazol,
18
oxfendazol, oxibendazol e outros). O albendazole é uma droga classificada no grupo dos
benzimidazóis que tem como mecanismo de ação ao se ligar a tubulina, uma proteína de peso
molecular 25.000 dos helmínticos, o qual inibe a polimerização dos microtúbulos, gerando a
perda de função em rias partes da lula (MARTIN, 1997 ; MOLENTO, 2004). Desta
forma, ocorre uma interrupção do equilíbrio tubulina/microtúbulo, levando a uma cascata de
mudanças bioquímicas e fisiológicas que podem ser diretas ou indiretas resultando na perda
da homeostasia celular levando a morte o nematódeo (LACEY, 1988). Uma outra ação desta
droga é que pode inibir a enzima fumarato redutase no transporte de glicose, alterando os
mecanismos energéticos do parasito (LANUSSE, 1996).
2.3.1.2 Mecanismo de resistência
Os mecanismos de resistência podem ser específicos ou inespecíficos. Os mecanismos
específicos estão associados à ação da droga anti-helmíntica, enquanto os inespecíficos
referem-se as alterações no receptor da droga ou na modulação da concentração do fármaco
(WOLSTENHOLME et al., 2004).
Sabendo que microtúbulos são organelas citoplasmáticas que participam de
importantes processo tais como a formação do citoesquecelo celular, movimentação das
partículas celulares e formação do fuso mitótico durante a divisão celular (MARTIN, 1997),
a resistência aos benzimidazóis tem sido associada com modificações relacionadas a tubulina,
proteína que comem os microtúbulos, na qual moléculas do fármaco ligam-se a esta,
alterando o equilíbrio tubulina/microtúbulo. Assim os parasitos resistentes caracterizam-se
pela diminuição dos tios de alta afinidade à droga nas subunidades protéicas dos
microtúbulos (GUTTERIDGE, 1993).
Em nematódeos gastrintestinais de caprinos, pode-se verificar e agrupar a existência
de três teorias as quais explicam o aparecimento de alelos que codificam a resistência aos
benzimidazóis. A primeira seria as migrações e fluxo gênico, onde as migrações induzem
diferentes freqüências nicas e o fluxo gênico atua como fixador destes genes ao conjunto
gênico da nova geração. Na segunda, os alelos que codificam resistência estão presentes na
população por um longo período como um alelo raro, esta é uma das explicações para a
grande prevalência da resistência aos benzimidazóis. A última seria a de mutações
espontâneas (MELO, 2001).
Estudos de populações de Haemonchus contortus resistente e sensível aos
benzimidazóis indicaram a existência de diferenças específicas de DNA gemico destas
19
populações (ROOS et al., 1990). Kwa et al. (1994) demonstraram que a resistência aos
benzimidazóis envolve uma mutação no aminoácido 200 e no 167 (SILVESTRE; CABARET,
2002) (Fenilalanina/Tirosina) do gene isotipo 1 β-tubulina, que parece ser o maior implicado
no mecanismo da resistência anti-helmíntica aos benzimidazóis (SAMSON H.;
BLACKHALL, 2005).
2.3.2 Lactonas Macrocíclicas
2.3.2.1 Mecanismo de ação
A partir da década de 80 criou-se a ivermectina que atua tanto em ectoparasitos como
endoparasitos, este por sua vez, é pertencente de um novo grupo, denominado lactona
macrocíclica (avermectinas). Os fármacos pertencentes a este grupo são ativos contra adultos,
estádios imaturos e larvas hipobióticas o qual causam paralisia deletéria ao abrir os canais de
cloro com portão glutamato somando-se ainda a supressão dos processos reprodutivos dos
parasitos. No entanto, sugere-se que a interrupção da ingestão de alimentos e morte do
nematódeos é a real ação nematocida desse composto (MELO, 2001).
As lactonas macrocíclicas (avermectinas e milbemicinas) são derivados químicos de
microrganismos do solo. A avermectina inclui a ivermectina, já a milbemicina inclui a
moxidectina. Seu mecanismo de atuação se dá pela conjugação do receptor de canal de cloreto
com porta de glutamato nas células nervosas dos nematódeos, fazendo com que o canal se
abra permitindo a entrada de íons de cloreto que levam a paralisia flácida (AIELLO ; MAYS,
2001).
2.3.2.2 Mecanismo de resistência
Um dos modos de ação da ivermectina é a inibição da bomba faringea (KOHLER,
2001) e que existem associações entre alelos que codificam o canal cloro com portão
glutamato com a resistência às lactonas macrocíclicas em H. contortus (BLACKHALL et al.,
20
1998). Pode-se verificar que, entre estes, existem diferenças entre cepas resistentes e sensíveis
a ivermectina, indicando que a resistência pode estar associada a mudança fisiológica no sítio
de ligação desta droga no músculo faringeal (SANGSTER ; GILL, 1999).
Diversas pesquisas moleculares demonstraram que uma proteína transmembranária
que atua no transporte de composto, incluindo drogas através das membranas celulares,
estaria diretamente ligada ao mecanismo de desenvolvimento da resistência, seria a
glicoproteína-P. Possivelmente a glicoproteína-P e os canais de cloro foram os locais
selecionados após tratamentos seqüenciais os quais são responsáveis pela produção de cepas
resistentes a ivermectina (MOLENTO, 2004).
2.4 RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA
A Resistência Anti-helmíntica (R.A.) é um fenômeno pelo qual alguns organismos de
uma população são capazes de sobreviver após constante utilização de um composto químico
(MOLENTO, 2004). A resistência dos nematódeos gastrintestinais de caprinos aos anti-
helmínticos foi descrito inicialmente no Texas - Estados Unidos (THEODORIDES et al.,
1970), posteriormente, na Nova Zelândia (KETTLE et al., 1983) e França (KERBOUEF;
HUBERT, 1985). No Brasil a primeira suspeita de nematódeos gastrintestinais de caprinos
resistentes aos anti-helmínticos foi descrito por Vieira (1986) no estado do Ceará. Estudos
posteriormente indicaram R.A. de caprinos em Pernambuco (CHARLES et al., 1989 ;
SANTOS et al., 1993) e na Bahia (BARRETO; SILVA, 1999). No Ceará, outros relatos de
R.A. em caprinos utilizando oxfendazol e levamisol (VIEIRA; CAVALCANTE, 1999)
demonstram que esse problema está se disseminando.
2.4.1 Histórico da resistência aos benzimidais em caprinos
Em decorrência do processo evolutivo presente nas populações parasitárias, existe uma
vasta diversidade genética, na qual organismos mais aptos sobrevivem a determinados
desafios, a qual denomina-se seleção natural. Ao iniciar a utilização de um composto químico,
se estará iniciando também um processo de seleção dentro de uma determinada população
21
(MOLENTO, 2004). No Nordeste suspeitou-se de nematóides resistentes em caprinos no
Ceará (VIEIRA, 1986 ; VIEIRA; CAVALCANTE, 1999; MELO, 2001, MELO et al., 2003).
Em estudos posteriores foi diagnosticada também em Pernambuco, Bahia e Alagoas
(CHARLES et al., 1989; BARRETO; SILVA, 1999; BARRETO et al., 2002; BISPO et al.,
2002).
2.4.2 Histórico da resistência as lactonas macrocíclicas
O primeiro relato de nematóides resistentes a ivermectina foi no estado do Rio Grande
do Sul (ECHEVARRIA; TRINDADE, 1989). No nordeste brasileiro, existem relatos de baixa
eficácia da ivermectina, sendo detectado no estado da Bahia (BARRETO; SILVA, 1999), no
estado o Ceará (MELO et al., 1998 ; MELO et al., 2003). A resistência está presente também
no estado de Alagoas (AHID et al., 2007).
2.4.3 Estabelecimento da resistência anti-helmíntica
A R.A. de parasitos em caprinos está amplamente difundida (MOLENTO, 2004). Esta
por sua vez apresenta três fases: estabelecimento, desenvolvimento e dispersão, na qual o
estabelecimento é influenciado pelo tamanho, diversidade da população e taxa de mutação do
gene envolvido (SUTHERST; COMINS, 1979); Desenvolvimento, devido ao uso freqüente e
continuado de uma mesma base farmacológica destinada ao controle dos parasitos
(WALLER, 1994; PRICHARD, 1990) e dispersão dos genes na população, que é realizada
através da migração e fluxo gênico (HUMBERT et al., 2001).
De acordo com Melo et al. (1998) a R.A. é agravada pela freqüência de tratamentos
anti-helmínticos e pela rotação rápida de princípio ativo. A utilização de medicamentos de
longa persistência e aquisição de animais contaminados devem ser considerada como causas
predisponentes ao aparecimento da R.A. (MOLENTO, 2004). O processo de seleção dos
indivíduos resistentes em uma população de parasitas ocorre de maneira gradativa e, caso não
diagnosticada precocemente, somente será detectada quando forem observados alguns sinais
22
clínicos nos animais. Quando são envolvidas duas drogas de grupos distintos este fenômeno é
chamado de resistência cruzada (MOLENTO, 2004).
2.4.4 Diagnóstico da resistência anti-helmíntica
2.4.4.1 Testes in vivo
Os testes in vivo o largamente utilizados para monitorar a resistência em nematóides.
Porém em sua maioria se caracterizam pela baixa qualidade devido à variação interanimal
(CRAVEN et al., 1999). Neste tipo de teste há a necessidade de se estudar três aspectos
fundamentais da farmacologia da droga: o papel da farmacodinâmica no hospedeiro, a
interação do parasito e o hospedeiro e a farmacologia bioquímica da droga, ou seu modo de
ão (LACEY, 1988).
2.4.4.1.1 Teste controlado
A eficácia do anti-helmíntico é determinada pela comparação da populão de
parasitos no grupo tratado com a do grupo não tratado. Este teste é o método mais confiável
para avaliar a atividade anti-helmíntica. Animais parasitados são aleatoriamente separados em
medicados e não medicados. As a dosificação dos animais do grupo medicado é dado um
intervalo entre o tratamento e o sacrifício dos animais. Estes por sua vez, são necropsiados e a
carga parasitária é identificada e contada. Os adultos são diferenciados dos estágios larvais
(WOOD et al., 1995).
2.4.4.1.2 Teste de redução na contagem de ovos nas fezes
Animais parasitados são distribuídos aleatoriamente em dois grupos, um grupo que
sofrerá a ação de anti-helmíntico (tratado) e outro não (controle), utilizando-se no mínimo dez
23
animais para cada grupo testado. As contagens de ovos de nematódeos nas fezes seriam
avaliados tanto antes como depois (10 a 14) do tratamento o qual compara-se o percentual de
redução na eliminação de ovos nas fezes nos dois grupos (COLES et al., 1992). O diagnóstico
será positivo para „resistência quando uma determinada droga que apresentava redução acima
de 99% da carga parasitária apresentar redução menor do que 95% contra determinado
organismo após certo período de tempo (MOLENTO, 2004).
Apesar de ser largamente utilizado para monitorar resistência em nematódeos
caracteriza-se por baixa qualidade, pois nem sempre existe uma boa correlação entre a
oviposição e o numero de parasitos adultos no hospedeiro, com exceção do nematóide
Haemonchus contortus devido a sua alta prolificidade (TAYLOR et al., 2002).
2.4.4.2 Testes in vitro
A maioria dos testes in vitro é de fácil execução e aplicação, além de poder ser
realizado em larga escala (O´GRADY; KOTZE, 2004). Dentre os testes in vitro, o mais
utilizado é eclosão de ovos (CRAVEN et al., 1999).
2.4.4.2.1 Teste de eclosão de ovos
É baseado na atividade ovicida do rmaco servindo de modelo para o
desenvolvimento de outros testes in vitro. O tiabendazol é o composto padrão classicamente
utilizado por ser mais solúvel que os demais compostos benzimidazóis. Realiza-se a
incubação dos ovos em soluções contendo o anti-helmíntico em diferentes concentrações
finais que variam de 0 a 2µg/mL. Ao final de 48 horas, realiza-se a leitura do teste,
classificando os achados em ovos ou larvas. Quando a DE50 ( dose efetiva para inibir 50% da
eclosão de ovos) for superior ou igual a 0,1µg/mL considera-se a presença de resistência na
população de nematóides testada. Este teste é indicado pela World Association for the
Advancement of Veterinary Parasitology (WAAVP) para detectar resistência aos
benzimidazóis (COLES et al., 1992).
24
2.4.4.2.2 Teste genético
A utilização de técnicas moleculares para o diagnostico de nematódeos resistentes aos
anti-helmínticos está restrita aos benzimidazóis (TAYLOR et al., 2002). Estas técnicas
oferecem vantagens no diagnóstico pelo fato de serem altamente específicas, sensíveis,
utilizam pequena quantidade de DNA (SANGSTER et al., 2002).
A resistência aos benzimidazóis é diagnosticada utilizando-se a amplificação do
fragmento do isotipo 1 da β-tubulina. Emprega-se para isto a Reação em Cadeia pela
Polimerase Alelo Específica (AS-PCR) para detectar esta mutação em nematódeos adultos de
Haemonchus contortus (KWA et al., 1994). Esta ferramenta molecular pode estimar cada
genótipo (RR: homozigoto resistente ; RS: heterozigoto; e SS: homozigoto sensível). Desta
forma o nível de resistência aos benzimidais numa população de nematóides pode ser
definida pela proporção de homozigotos mutantes (rr) (HUMBERT et al., 2001). A presença
do aminoácido fenilalanina ou tirosina no posição 200 do gene da β-tubulina, caracteriza a
cepa sensível e resistente aos benzimidazóis, respectivamente (ELARD et al., 1999).
2.4.5 Controle da resistência
Atualmente a principal forma de controle parasitário de caprinos baseia-se no uso
constante de compostos antiparasitários pertencentes a diversos grupos químicos, na maioria
das vezes, administrados sem levar em consideração os fatores epidemiológicos da região, os
quais interferem diretamente na população parasitária ambiental e, conseqüentemente, na
reinfecção do rebanho. A maioria dos produtores não adota o esquema de vermifugação
estratégico, nem realiza anualmente, de forma racional, a alternância dos grupos químicos
utilizados; com isso, os endoparasitos rapidamente desenvolvem resistência às drogas
disponíveis no mercado (MOLENTO, 2004). A possibilidade de integrar outras formas de
controle tem o objetivo de reduzir o número de larvas infectantes na pastagem e o número de
tratamentos antiparasitários e ainda diminuir o grau de infecção parasitária nos animais
(MOLENTO, 2005).
Além de diversas medidas para o controle da resistência, o fenômeno refugia ou
estoque de larvas influencia diretamente na diluição e atenuação da mesma, pois é a
25
quantidade da população de nematódeos em estágio de vida livre que permanecem na
pastagem sem sofrer a ação do anti-helmíntico, permanecendo com caráter susceptível.
Sabendo que o aparecimento da R.A. está intimamente ligado ao sucesso da progênie que
sobreviveu ao tratamento, ao acasalarem com as larvas em refugio podem contribuir para
diluição dos genes que codificam resistência nas pximas gerações. Esta é fundamental para
a manutenção da eficácia das drogas retardando o processo de seleção (MOLENTO, 2004).
26
3 OBJETIVOS
3.1 GERAL
Detectar a ocorrência de resistência aos anti-helmínticos em nematódeos
gastrintestinais de caprinos no município de Mossoró-RN.
3.2 ESPECÍFICOS
a) Detectar a ocorrência de resistência anti-helmíntica a albendazole em caprinos;
b) Detectar a ocorrência de resistência anti-helmíntica a ivermectina em caprinos;
c) Determinar o perfil de fazendas com presença de resistência ao albendazole e
ivermectina;
d) Determinar o perfil epidemiológico de nematódeos gastrintestinais na região.
e) Detectar qual o nematódeo mais prevalente
27
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 LOCAL DE ESTUDO
Durante o período de janeiro a novembro de 2008 o experimento foi conduzido em
explorações tradicionais do sistema produtivo de caprinos no município de Mossoró-RN,
onde estão concentrados os maiores efetivos do Rio Grande do Norte (Fig. 1).
Figura 2 - Mapa do Estado do Rio Grande do Norte dividido por Mesorregiões
(PORTALBRASIL, 2006)
4.2 PROPRIEDADES
A escolha das propriedades foi feita por método de amostragem aleatória e as análises
laboratoriais foram enviadas e processadas no Laboratório de Parasitologia Animal da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró-RN (Fig. 2).
28
Figura 2. A, B- Laboratório de Parasitologia Animal da UFERSA
Foram visitadas no total 30 propriedades rurais (Fig. 3), cadastradas junto aos
programas assistencialistas do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do RN
(EMATER-RN) e junto às Associações organizadas de criadores de caprinos no estado do Rio
Grande do Norte, com o objetivo de coletar fezes e obtenção de informações sobre os
todos antiparasitários usados através do uso de questionários (Apêndice A).
Figura 3. A, B- Propriedades rurais de caprinos no município de Mossoró-RN
A
A
B
A
B
29
4.3 PRINCÍPIOS ATIVOS
Para o experimento foram utilizados dois grupos de medicamentos pertencentes aos
benzimidazóis (albendazole) e lactonas (ivermectina). As firmada parceria com a empresa
produtora de medicamentos para uso veterinário, a BIOFARM-Tecnologia em veterinária,
forneceu os vermífugos comercialmente conhecidos como Biozen e Biomectina, que fazem
parte dos princípios ativos citados anteriormente.
4.4 ANIMAIS EXPERIMENTAIS
A seleção e inclusão dos animais no experimento obedeceram aos seguintes critérios:
diagnóstico positivo para helmintos gastrintestinais através da contagem do número de ovos
por grama de fezes (OPG); animais que não tinham sido tratados com qualquer tipo de droga
anti-helmíntica por um períodonimo de 30 dias.
Em cada propriedade, foram selecionados 45 animais da espécie caprina, de ambos os
sexos, jovens apresentando primeira e segunda muda dentária, marcados por meio de brincos
e/ou colares, em seguida distribuídos aleatoriamente por rebanho de caprinos em três grupos
de 15 animais cada: O Grupo I recebeu tratamento com albendazole a 10%; O Grupo II,
ivermectina e Grupo III, o controle não recebeu o tratamento convencional.
Figura 4. A, B- Caprino jovem marcado com colar
A
B
30
4.5 POSOLOGIA NOS TRATAMENTOS
As doses utilizadas seguiram as recomendadas pelos fabricantes. O Grupo I foi tratado
com anti-helmíntico à base de albendazole, administrado oralmente, na dose 10mg/Kg; o
Grupo II foi tratado com anti-helmíntico à base de ivermectina, administrado por via
subcutânea, na dose 0,2mg/Kg.
4.6 AMOSTRAS FECAIS
De cada animal hospedeiro (caprino), naturalmente infectado por nematódeos
gastrintestinais, foram coletadas amostras fecais diretamente da ampola retal, identificadas em
sacos plásticos e mantidas sob refrigeração até o processamento da determinação do número
de ovos por grama de fezes e obtenção das larvas. As coletas foram feitas no dia do
tratamento e 10 dias pós tratamento.
Figura 5. A- Coleta de fezes em caprino diretamente da ampola retal; B- Acondicionamento
da amostra coletada em sacos plásticos
A
B
31
4.7 AQUISIÇÃO DAS CORDENADAS GEOGRAFICAS DAS PROPRIEDADES
Cada propriedade visitada foi marcada geograficamente por uso de GPS e a estas, eleita
uma numeração as quais foram correspondentes as coordenadas geográficas adquiridas (Fig.
6).
Figura 6. A- GPS, Garmin, modelo Etrex H; B- Aquisição das coordenadas geográficas por
uso de GPS
4.8 EXAMES PARASITOLÓGICOS
Das amostras coletadas, foram retiradas dois gramas de fezes para a análise quantitativa,
realizada pela contagem de ovos por grama de fezes (OPG), técnica de Gordon & Whitlock
(1939). Para recuperação de larvas infectantes, foi utilizada a técnica de coprocultura
quantitativa descrita por Ueno (1995), e as larvas foram identificadas de acordo com as
características descritas por Keith (1953). De cada grupo experimental foram coletadas e
analisadas 100 larvas de terceiro estádio (L3) obtidas das culturas de cada grupo estabelecido
em cada propriedade.
A
B
32
Figura 7. A, B,C- Extração de larvas da coprocultura do tratamento controle, ivermectina e
albendazole
4.9 TESTE DE REDUÇÃO DA CONTAGEM DE OVOS POR GRAMA DE FEZES
Para o teste de redução da contagem de ovos por grama de fezes (RCOF) tomou-se
como dados, os resultados obtidos do exame de OPG, a qual fez-se as médias aritticas do
número de ovos nas fezes, para cada grupo tratado (OPGt), comparadas com as dias
contadas no grupo controle (OPGc) determinada pela fórmula descrita por Coles et al.,
(1992):
RCOF = [ 1 - ( OPGt / OPGc ) ] x 100
Em que:
RCOF= Teste de redução da contagem de ovos por grama de fezes
OPGt= Média do número de ovos por grama de fezes do grupo de animais tratados.
OPGc = Média do número de ovos por grama de fezes do grupo controle
O resultado é positivo para resistência se a percentagem de redução da contagem de
ovos for inferior a 95% e se o limite inferior do intervalo de confiança a 95% for menor do
A
B
C
33
que 90%. De acordo com Prichard et al. (1980) e Edwards et al. (1986), considera-se
resistência quando o porcentual de redução do OPG, 10 dias após o tratamento, for inferior a
90%.
4.10 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados obtidos foram analisados pelo programa estatístico RESO (1989) (Fig. 8) o
qual obedece às instruções WAAVP (COLES et al., 1992).
Figura 8. Tela inicial do programa estatístico RESO (1989)
34
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao se comparar o desempenho dos medicamentos ivermectina e albendazole no
controle das espécies de endoparasitas específico para caprinos utilizados nas propriedades,
de acordo com os critérios estabelecidos pelo programa RESO, a ivermectina apresentou
menor resistência ao se comparar com o albendazole. Das 30 propriedades estudadas, ao se
analisar o percentual individual de Haemonchus contortus e Trichostrongylus sp, obteve-se
como resultados:
Em relação ao H. contortus, o percentual de população de helmintos resistentes frente
ao albendazole atingiu 90% das propriedades estudadas, enquanto que, a ivermectina apenas
em 36,6% (Tab. 1), resultados estes que se assemelham aos encontrados por Melo et al.
(2003).
Tabela 1- Prevalência (%) de H. contortus em caprinos, resistentes ao albendazole e
ivermectina em propriedade do município de Mossoró-RN, segundo classificações RESO.
H. contortus
Classificação RESO
Anti-helmínticos
Sensível (%)
Resistente (%)
Ivermectina
19 (63,4)
11 (36,6)
Albendazole
03 (10,0)
27 (90,0 )
O H. contortus foi também o helminto mais prevalente, sendo encontrado em todos os
grupos tratados. Resultado similares foram encontrados por Vieira & Cavalcante (1999) e
Barreto et al. (2002) no Nordeste brasileiro, Mattos et al. (2000) no Rio Grande do Sul.
Mattos et al. (2003) ao analisar a sensibilidade dos nematódeos gastrintestinais de caprinos a
ivermectina na rego da Grande Porto Alegre, verificou que o H. contortus foi o helminto
mais prevalente, representando um percentual de 96% da população encontrada no grupo
controle.
Em relação ao Trichostrongylus sp, a prevalência foi 70% nas propriedades estudadas.
O percentual de população de helmintos resistentes atingiu para o tratamento ivermectina, a
percentagem de resistência em 33,3% das propriedades. No tratamento albendazole, 42,8%
(Tab. 2).
35
Tabela 2- Prevalência (%) de Trichostrongylus sp em caprinos, resistentes ao albendazole e
ivermectina em propriedade do município de Mossoró-RN, segundo classificações RESO.
Trichostrongylus sp
Classificação RESO
*Não presentes
Anti-helmínticos
Sensível (%)
Resistente(%)
Ivermectina
14 (66,7)
07 (33,3)
09
Albendazole
12(57,2)
09 (42,8)
09
*Propriedades que não foram encontrados Trichostrongylus sp
O percentual de helmintos resistentes para os dois princípios ativos é alto e torna-se
alarmante ao analisar o percentual de nematódeos que possuem resistência ao albendazole,
que atinge um percentual de 90% das propriedades (Tab. 3). Resultados semelhantes referem
à resistência de nematódeos de caprinos, frente aos benzimidazóis, foram obtidos por
Theodorides et al. (1970), Andersen ; Chistofferson (1973) e McGregor et al. (1980). Melo et.
al. (2003), ao conduzir um experimento utilizando 25 criações de ovinos e caprinos
localizadas no estado do Ceará, das criações de caprinos visitadas 87,5% apresentaram
nematódeos resistentes aos benzimidazóis e 37,5% a ivermectina.
Tabela 3- Rebanhos caprinos do município de Mossoró-RN com presença
de resistência anti-helmíntica ao albendazole e a ivermectina.
Propriedades
Anti-helmínticos
Sensível(%)
Resistente(%)
Ivermectina
17 (56,7)
13 (43,3)
Albendazole
3 (10,0)
27 (90,0)
Em ordem de resistência observou-se que o a espécie H. contortus foi a que obteve
maior índice de resistência, seguida pelos neros Trichostrongylus sp e Oesophagostomun
sp (Tab. 4), resultados estes que estão de acordo com os encontrado por Melo et al. (2003).
Os resultados do presente trabalho não divergem dos encontrados por Mattos et al. (2003) a
qual encontrou Haemonchus sp, Trichostrongylus sp, Ostertagia sp, uma vez que no
Nordeste não tem Ostertagia sp no Município de Mossoró-RN.
36
Tabela 4 - Prevalência de nematódeos de caprinos resistentes a ivermectina e ao albendazole.
Nematódeo
Droga anti-helmíntica
Ivermectina
Albendazole
Nº de Propriedades (%)
Nº de Propriedades (%)
Haemonchus contortus
11 (36,6)
27 (90,0)
Trichostrongylus sp
07 (33,3)
09 (42,8)
Oesophagostomun sp
01 (6,6)
03 (20,0)
A redução na contagem de ovos nas fezes (RCOF) após o tratamento com ivermectina
e albendazole, variou entre 43% a 100% e 29% a 100%, respectivamente (Tab. 5). O
percentual de redução diverge do encontrado por Melo et al. (2003) sendo que, ao avaliar o
percentual de RCOF obtiveram como resultado uma variação de 60 a 100% e 2 a 96% para
ivermectina e benzimidazol, respectivamente. Resultados similares foram encontrados por
Mattos et al. (2003), ao testar a ivermectina na região sul do Brasil. Já Barreto & Silva (1999),
ao avaliarem no estado da Bahia o RCOF para albendazole após 10 dias de tratamento,
obtiveram a percentagem de 79,31%. Em Porto Alegre, Mattos et al. (2004), verificaram a
eficácia da ivermectina em 42,10 % aos 14 dias s-tratamento. Vieira & Cavalcante (1999)
ao realizar em um experimento utilizando drogas anti-helmínticas derivadas dos
benzimidazóis e imizóis, por meio do RCOF, verificou que de 34 rebanhos caprinos no estado
do Ceará, os nematódeos gastrintestinais estavam resistentes em 17,6% ao oxfendazole
(derivado do benzimidazol), 20,6% ao levamizole e 35,3% apresentaram resistência múltipla
a ambos os grupos químicos avaliados.
37
Tabela 5 - Redução na contagem de ovos nas fezes (RCOF) de caprinos
tratados com ivermectina e albendazole após 10 dias pós-vermifugação.
Propriedade
Controle
Ivermectina
Albendazole
OPG
dio*
OPG
dio*
RCOF
(%)
OPG
dio*
RCOF
(%)
1
910
120
87
180
80
2
1740
150
91
360
79
3
650
50
92
70
89
4
520
0
100
30
94
5
920
20
98
250
73
6
830
130
84
310
63
7
1660
630
62
700
58
8
2210
40
98
630
91
9
850
110
87
190
78
10
1210
520
57
300
75
11
2150
110
95
940
56
12
2330
230
90
940
60
13
1542
25
98
417
73
14
2100
30
99
1110
47
15
700
100
86
220
69
16
717
408
43
292
59
17
785
123
84
292
63
18
709
309
56
345
51
19
564
45
92
400
29
20
520
0
100
30
94
21
900
0
100
464
48
22
610
0
100
230
62
23
330
0
100
40
88
24
690
0
100
10
99
25
720
0
100
190
74
26
550
0
100
60
89
27
733
13
98
73
90
28
1080
20
98
400
63
29
575
8
99
25
96
30
2980
10
100
0
100
* Média aritmética do número de ovos por grama de fezes dos animais de cada grupo.
Os resultados obtidos com a cultura de larvas demonstraram que 100% das infecções
helmínticas de caprinos eram por helmintos da superfamília Trichostrongyloidea e
Rhabdiasoidea. Os nematódeos encontrados foram Haemonchus. contortus, Strongyloides sp,
Trichostrongylus sp e Oesophagostomun sp (Tab. 6), que estão de acordo com resultados
encontrados por Ahid et al. 2008 ao avaliar os parasitos gastrintestinais de caprinos da região
38
oeste do Rio Grande do Norte. A identificação das larvas infectantes mostrou que os
nematódeos sobreviventes às medicações testadas foram principalmente Haemonchus.
contortus, seguido pelo Strongyloides sp. Resultados que concordam com os encontrados por
Ahid et al. (2007) em pesquisas feita em caprinos da zona da mata em Alagoas.
Tabela 6 - Composição da cultura de larvas, após 10 dias da administração dos tratamentos,
em caprinos nas propriedades estudadas.
Tratamentos
Propriedades
Controle (%)
Ivermectina (%)
Albendazole(%)
H.
T.
O.
S.
H.
T.
O.
S.
H.
T.
O.
S.
1
28
0
4
68
10
0
0
90
35
0
1
64
2
43
0
25
32
9
1
0
90
36
1
0
63
3
44
22
0
34
55
45
0
0
37
11
0
52
4
12
2
0
86
2
0
0
98
20
0
0
80
5
60
1
5
34
30
0
0
70
45
0
0
55
6
92
2
6
0
31
68
0
1
91
7
1
1
7
13
4
15
68
78
0
0
22
41
2
5
52
8
10
3
0
87
92
8
0
0
24
5
0
71
9
50
2
2
46
78
1
0
21
58
0
0
42
10
59
9
2
30
80
12
2
6
60
0
0
40
11
57
2
0
41
51
1
0
38
59
0
0
41
12
58
1
0
41
74
1
0
25
59
0
0
41
13
66
2
6
26
45
2
0
53
35
0
0
65
14
38
1
6
55
17
0
0
83
41
1
2
52
15
79
5
0
16
90
2
0
90
97
3
0
0
16
16
0
0
84
24
1
0
75
16
4
0
80
17
55
0
0
45
100
0
0
0
35
1
0
64
18
24
2
0
74
14
0
0
86
36
6
0
58
19
55
7
1
37
56
4
0
40
72
5
8
20
20
28
0
0
72
2
0
0
98
6
0
0
94
21
30
0
16
54
20
3
5
72
15
1
4
80
22
30
0
8
62
38
0
0
62
23
0
0
77
23
91
0
0
9
1
0
0
99
100
0
0
0
24
81
2
5
12
20
1
0
79
56
0
0
44
25
89
11
0
0
99
1
0
0
97
3
0
0
26
65
10
5
20
71
14
1
4
98
2
0
0
27
86
14
0
10
30
0
0
70
37
0
0
63
28
93
7
0
0
100
0
0
0
96
4
0
0
29
59
1
2
38
62
6
0
32
90
0
0
10
30
97
0
3
0
94
4
1
1
68
1
1
30
H. = H. contortus ; T. = Trichostrongylus sp; O. = Oesophagostomum sp; S.= Strongyloides sp
39
No presente trabalho as coordenadas geográficas de cada propriedade no município de
Mossoró-RN (Tab. 7) demonstraram que dentre 30 propriedades marcadas por GPS (Fig. 9),
houve nematódeos resistentes, que para o albendazole, a resistência ao medicamento
encontra-se largamente distribuída por todo município, concentrando-se principalmente nas
regiões oeste da cidade de Mossoró-RN (Fig. 10).
Tabela 7 Coordenadas geografica via satélite das 30 propriedades visitadas.
Propriedades
Coordenadas
Propriedades
Coordenadas
1
S5.39998 W37.22451
16
S5.02743 W37.31698
2
S5.36225 W37.26400
17
S5.43615 W37.19981
3
S5.08793 W37.27585
18
S5.22715 W37.38785
4
S5.21180 W37.44444
19
S4.93007 W37.31671
5
S5.20653 W37.44746
20
S5.08889 W37.34192
6
S5.21079 W37.44513
21
S5.11494 W37.15999
7
S5.20655 W37.44748
22
S5.11547 W37.22690
8
S5.20725 W37.44717
23
S5.35315 W37.20858
9
S5.20922 W37.44695
24
S5.42394 W37.78753
10
S5.12480 W37.29022
25
S5.11960 W37.35032
11
S5.31344 W37.16932
26
S5.30678 W37.42174
12
S5.31518 W37.18233
27
S5.01919 W37.16245
13
S5.21105 W37.44497
28
S5.10854 W37.53341
14
S5.25670 W37.24236
29
S5.30430 W37.41069
15
S5.09899 W37.51077
30
S5.48784 W37.76234
40
Figura 9 - Vista aérea do município de Mossoró-RN na altitude de 73,6 Km. Pontos verdes
sinalizando as 30 propriedades visitadas
Figura 10- Vista aérea do município de Mossoró-RN na altitude de 73,6 Km. Pontos brancos
sinalizando as 27 propriedades resistentes ao albendazole
41
A resistência a ivermectina está distribuída no município de Mossoró-RN, mas em
menor proporção ao se comparar com o albendazole. A distribuição geográfica das 13
propriedades resistentes a ivermectina evidenciou-se uma concentração principalmente nas
regiões oeste e sudeste da cidade de Mossoró-RN (Fig. 11).
Figura 11- Vista aérea do município de Mossoró-RN na altitude de 73,6 Km. Pontos
vermelhos sinalizando as 13 propriedades resistentes a ivermectina
Em todas as propriedades que continham nematódeos resistentes a ivermectina, 100%
destas estavam resistentes ao albendazole simultaneamente.
A análise dos 30 questionários revelou que os anti-helmínticos mais usados
pertenciam aos grupos dos benzimidazóis e avermectinas, e em menor escala os imidazóis.
Em 19 propriedades (63,3%) os anti-helmínticos utilizados pertenciam apenas ao grupo dos
benzimidazóis, 10 (33,3%) a ivermectina e um (3,3%) ao imidazóis. Não foi evidenciado uso
simultâneo de dois ou mais princípios ativos em uma mesma propriedade. Tais dados
discordam de Vieira & Cavalcante (1999), ao realizar um estudo em rebanhos caprinos no
estado do Ceará verificaram que em 10 propriedades (29,4%) os anti-helmínticos utilizados
42
pertenciam apenas ao grupo dos imidazóis (20,6%) ou apenas ao dos benzimidazóis (8,8%) e
que algumas propriedades utilizavam simultaneamente grupos de princípios ativos diferentes.
O perfil epidemiológico das propriedades resistentes no município de Mossoró-RN
revelaram que, de acordo com os questionários, os criadores de caprinos adotavam um
sistema de manjo animal ineficiente, como também evidenciavam um despreparo e
desconhecimento do uso e dosagem correta dos anti-helmínticos utilizando em diversas
ocasiões subdosagem e superdosagem dos medicamentos. Os proprietários vermifugavam
todo o rebanho sem respeitar um intervalo considerável de dias entre uma administração e
outra. Evidenciou-se rápida rotação de grupos de princípios ativos em curtos intervalos de
tempo.
43
6 CONCLUSÕES
O nematóide mais prevalente em todos os tratamentos foi o Haemonchus contortus.
Os nematódeos H. contortus e Trichostrongylus sp ofereceram diante da ivermectina
um percentual de resistência menor que o albendazole.
A redução na contagem de ovos nas fezes (RCOF) após 10 dias do tratamento com
ivermectina e albendazole, variou entre 43% a 100%, 29% a 100% respectivamente
Por ordem de resistência o H. contortus foi o que obteve maior índice, seguido pelos
gêneros Trichostrongylus sp e Oesophagostomun sp.
Propriedades que continham helmintos resistentes a ivermectina e albendazole
adotavam manejo ineficiente, rápida rotação de principio ativo e sub/super dosagem.
Geograficamente a resistência aos anti-helmínticos ivermectina e albendazole está
difundida no município de Mossoró-RN, localizando-se principalmente nas regiões oeste e
sudeste.
44
REFERÊNCIAS
ACOSC- Caprinovinocultura é um bom negócio para o pequeno produtor. Disponível em :<
http://www.acosc.org.br/>. Acesso em 02 de nov. 2006.
AHID ,S.M.M.; et al. Eficácia anti-helmíntica em rebanho caprino no Estado de Alagoas,
Brasil. Acta Veterinaria Brasílica, v.1, n.2, p.56-59, 2007.
AHID, S.M.M.; et al. Parasitos gastrintestinais em caprinos e ovinos da região Oeste do Rio
Grande do Norte, Brasil. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 1, p. 212-218, jan. 2008.
AIELLO, S. E.; MAYS, A. Manual merck de veterinária. 8. ed. o Paulo: Roca, p.1500-
1501, 2001.
ALBERTI, H.; et al. Algumas considerações sobre a resistência dos parasitos aos
antiparasitários e métodos de avaliação. A Hora Veterinária, v.21, n.123, p.36-40, 2001
AMARANTE, A.F.T. Controle de verminose. Revista do Conselho Federal de Medicina
Veterinária. Brasília: DF, n. 34, p. 19-30, 2005.
ANDERSEN, F.L.; CHRISTOFERSON P.V. Efficacy of haloxon and thiabendazole against
gastrointestinal nematodes in sheep and goats in the Edwards Pleteau area of Texas. Journal
Veterinay. v.34, n.11, p.1395-1398, 1973.
ANUALPEC - Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: FNP Consultoria & Comércio.
2006. 369p.
AROSEMENA, N.A.E.; et al. Seasonal variations of gastrointestinal nematodes in sheep and
goats from semi-arid áreas in Brazil. Revue Medicine Véterinaire, v. 150, p.873-876, 1999.
BARRETO, M.A.; SILVA, J.S. Avaliação da resistência de nematódeos gastrintestinais
em rebanhos caprinos do Estado da Bahia (Resultados Preliminares). In: SEMINÁRIO
BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 1999, Salvador, BA. Salvador:
Colégio Brasileiro de Parasitologia Veterinária, 1999, 160p.
BARRETO, M.A.; et al. Resistência anti-helmintica em rebanhos caprinos no estado da
Bahia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA (CONBRAVET),
29, 2002, Anais..., Gramado: SBMV/SOVERGS, 2002
45
BEVILAQUA, C.M.L.; MELO, A.C.F.L. Eficácia de antihelmínticos a base de oxfendazol e
ivermectin em ovinos no Estado do Ceará. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE
PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 1999, Salvador, BA. Anais... Salvador: Colégio
Brasileiro de Parasitologia Veterinária, 1999. p.156.
BISPO M. S., et al. 2002. Avaliação do tratamento antihelmíntico com oxfendazole e
ivermectina em rebanho caprino do Instituto Xin-município de Piranhas-Alagoas, 2002.
Anais. Ri ode Janeiro: Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária, 2002.
BLACKHALL, W.J.; et al. Haemonchus contortus: selection at a glutamate-gated chloride
channel gene in ivermectina- and moxidectin- selected strains. Experimental Parasitology,
v.90, n. 1, p.42-48, 1998.
BOOMKER, J.; et al. Helminth and arthropod parasites of indigenous goats in the northern
Transvaal. Onderstepoort Journal of Veterinary Research., v. 61, p. 1320, 1994.
BOWMAN, D.D. Georgis Parasitology for Veterinarians, 6
ed. Philadelphia EUA: W. B.
Sauders Company, 1995. 430p.
BRITO, M.F.; PIMENTEL NETO, M.; MONTES, B.M.P. Aspectos Clínicos em caprinos
infestados experimentalmente por Oesophagostomum columbianum. Revista Brasileira de
Medicina Veterinária, v. 18, p. 33-43, 1996.
CHARLES, T.P.; POMPEU, J.; MIRANDA, D.B. Efficacy of three broad-spectrum
anthelmintics against gastrointestinal nematode infections of goats. Veterinary Parasitology,
v.34, p.71-75, 1989.
CONDER, G.A.; CAMPBELL, W.C. Chemotherapy of nematode infections of veterinary
importance with special reference to drug resistence. Advances in Parasitology, v. 35, p.1-
83, 1995.
COLES, G.C. et al. World association for the advancement of veterinary parasitology
(WAAVP) methods for the detection of anthelmintic resistance in nematodes of veterinary
importance. Veterinary Parasitology, v. 44, p. 3544, 1992.
COSTA JÚNIOR, G, S, .; et al. Efeito de vermifugação estratégica, com principio ativo à base
de ivermectina na incidência de parasitos gastrintestinais no rebanho caprino da UFPI.
Revista de Ciência Animal Brasileira, v. 6, n. 4, p. 279-286, 2005.
46
CRAVEN, et al. Comparison of in vitro tests and faecal egg count reduction test in detecting
anthelmint resistance in horse strongyles. Veterinary Parasitology, n.85, n.1, p.49-59, 1999.
CUNHA-FILHO, L.F.C.; YAMAMURA, M.H.; PEREIRA, A.B.L. Resistência a anti-
helmínticos em ovinos da região de Londrina. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE
PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 1999, Salvador, BA. Anais... Salvador : Colégio
Brasileiro de Parasitologia Veterinária, p.153, 1999.
ECHEVARRIA, F.A.M.; TRINDADE, G.N.P. Anthelmintic resistance by Haemonchus
contortus to ivermectina in Brazil. Veterinary Record, v.124, p.147-148, 1989.
EDWARDS J.R. et al. Survey of anthelmintics resistance in Western Australia sheep flocks,
prevalence. Australian Veterinary Jornal. v.63, n.5, p.135-138, 1986.
ELARD et al. PCR diagnosis of benzimidazole susceptibity or resistance in natural
populations of the small ruminant parasite, Teladorsagia circumcincta. Veterinary
Parasitology, v.80, p. 231-237, 1999.
FAO. Resistencia a los Antiparasitarios: Estado Actual con Énfasis en América Latina.. In:
ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA AGRICULTURA Y LA
ALIMENTACIÓN, 2003, Roma, Seminário…, FAO: Dirección de Producción y Salud
Animal, Roma, Italia. 2003.
FAKAE, B.B.; CHIEJINA, S.N. .The prevalence of concurrent trypanosome and
gastrointestinal nematode infections in West African Dwarf sheep and goats in Nsukka area of
eastern Nigeria. Veterinary Parasitology, v. 49, p. 313318, 1995.
FARIAS, M.T. et al. A survey on resistance to anthelmintic in sheep stud farms of southern
Brazil. Veterinary Parasitology, v.72. p.209-214, 1997.
FORTES, E. Parasitologia veterinária.4 ed. Icone, 2004. 696p
FRISTCHE, T.; KAUFMANN J.; PFISTER K. Parasite spectrum and seasonal epidemiology
of gastrointestinal nematodes of small ruminants in The Gambia. Veterinary Parasitology, n.
49, p. 271283, 1993.
GATONGI, P.M. et al. Susceptibility to IVM in a field strain of Haemonchus contortus
subjected to four treatments in a closed sheep-goat flock in Kenya. Veterinary Parasitology,
v.110, p. 235-240, 2003.
47
GEORGE, J.R. Parasitologia Veterinária. 4.ed. São Paulo: Manole, 1998. 379p.
GORDON, H. M; WHITLOCK, H. V. A new technique for couting nematode eggs in sheep
faeces. Journal of the Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization,
v. 12, p. 50-52, 1939.
GUTTERIDGE, W. E. Chemoterapy. In: COX, F. .E. G. (Ed) Modern Parasitology : a
textbook of parasitology. Oxford, p. 219-242, 1993.
HUMBERT, J. F.; et al. A. Molecular approaches to studying benzimidazole resistance in
trichostrongylid nematode parasites of small ruminants. Veterinary Parasitology, v. 101, p.
405-414, 2001.
IBGE. Produção da Pecuária Municipal. 2003. Disponível em :< http://www.ibge.gov.br >.
Acesso em 03/12/2003.
JACQUIET, P. et al. Dry areas: an example of seasonal evolution of helminth infection of
sheep and goats in southern Mauritania. Veterinary Parasitology, v. 56, p. 137148, 1995.
KEITH, R.K. The differential of the infective larval of some common nematode parasites of
cattle. Australian Journal Zoollogy, v. 2, p. 223-230, 1953.
KERBOUEF, D.; HUBERT, J. Benzimidazole resistance of field strains of nematodes from
goats in France. Veterinay Records. v.116, n. 5, 1985, 133p.
KETTLE, P.R.; et al. A survey of nematode control of measure used by milking goats farmers
and of anthelmintic resistance on their farms. Journal Zoollogy Veterinay, v.31, n.8, p.139-
143, 1983.
KOHLER, P. The biochemical basis of anthelmintc action and resistance. International
Journal for Parasitology, v.31, p.87-98, 1991.
KWA, et al. Benzimidazole resistance in Haemonchus contortus is correlated with a
conserved mutation at amino acid 200 in β-tubuline isotype 1. Molecular and Biochemical
Parasitology, v. 63, p. 299-303, 1994.
48
LACEY, E.. The role of the cytoskeletal protein, tubulina, in the mode of action and
mechanism of drug resistance to benzimidazoles. International Journal for Parasitology,
v.20, p.105-111, 1988.
LANUSSE, C. E. Farmacologia dos compostos anti-helminticos. In: Controle dos
nematódeos gastrintestinais. Terezinha Padilha, p.1-44, 1996.
LE JAMBRE, L.F.; WHITLOCK, J.H. Seasonal fluctuation in linguiform morphs of
Haemonchus contortus cayugensis. The Journal of Parasitology, v.54, n.4, p.827-830, 1968.
LICHTENFELS, J.R.; et al. New morphological characters for identifying individual
specimens of Haemonchus spp. ( Nematoda: Trichostrongyloidea) and a key to species in
ruminants of North America. Journal Parasitology, n. 80, v 1,p.107-119, 1994.
MARTIN, R. J. Modes of action of anthelmintic drugs. The Veterinary Journal, v. 154,
p.11-34, 1997.
MATTOS, M.J.T.; et al. Haemonchus resistente à lactona macrocíclica em caprinos
naturalmente parasitados. Ciência Rural, Santa Maria, v. 34, n. 3, p. 879-883, jun. 2004.
MATTOS, M.J.T.; CASTRO, E.S. Utilização de anti-helminticos no controle de verminose
caprina no Estado do Rio Grande do Sul. A Hora Veterinária, 22 ed., n. 130, p.52-54, 2002.
MATTOS ,M. J. T.; et al. Sensibilidade dos nematódeos gastrintestinais de caprinos ao
ivermectin na região da Grande Porto Alegre RS. Acta Scientiae Veterinariae. v.31, n.3,
p.155 - 160, 2003.
MATTOS , M. J. T.; SCHMIDT, V; BASTOS, C. D., Atividade ovicida de dois fármacos em
caprinos naturalmente parasitados por nematódeos gastrintestinais, RS, Brasil. Ciência Rural,
Santa Maria, v. 30, n. 5, p.893-895, 2000.
MCGREGOR, B.A.; ADOLPH A.J.; CAMPBEL, N.J. Occurrence of anthelmintic resistance
in goats in Victoria. Australian Animal, p. 13-159, 1980.
MELO, A.C.F.L. Caracterização ecológica de cepa do parasito Haemonchus contortus
resistente e sensível a anti-helmínticos benzimidazóis. 95f, 2005. Tese (Doutorado em
ciências veterinárias) - Departamento de ciências animais, Universidade Estadual do Ceará.
Fortaleza-CE.
49
MELO, A.C.F.L. Resistência a anti-helmínticos em nematódeos gastrintestinais de ovinos
e caprinos na região do baixo e médio Jaguaribe. 54f. 2001. Dissertação (Mestrado em
ciências veterinárias) Departamento de Ciências Animais, Universidade Estadual do Ceará.
MELO, A.C.F.L. et al. Resistência a anti-helmínticos em nematódeos gastrintestinais de
ovinos e caprinos, no município de Pentecoste, Estado do Cea. Ciência Animal, v.8, p.7-11,
1998.
MELO, A.C.F.L. et al. Nematódeos resistentes a anti-helmínticos em rebanhos de ovinos e
caprinos do estado do Ceará, Brasil. Ciência Rural, v. 33, p. 339-344,. 2003.
MOLENTO, M. B. Resistência de helmintos em ovinos e caprinos. Revista Brasileira de.
Parasitologia. Veterinária, v. 13, p.82-85, 2004.
ONYIAH, L.C.; ARSLAN, O. Simulationg the development period of a parasite of sheep on
pasture under varying temperature conditions. Journal of Thermal Biology, v.30, p. 534-
543, 2000.
O´GRADY, J. ; KOTZEM A.C. Haemonchus contortus: in vitro drug screening assays with
the adult life stage. Experimental Parasitology, v. 106, n. 3-4, p. 164-172, 2004.
PAIVA, F.; et al. Resistência a ivermectina constatada em Haemonchus placei e Cooperia
punctata em bovinos. Hora veterinária. Disponível em:<http://www.veterinary-
associates.com/>. Acesso em: 25 fev. 2007
PORTALBRASIL. Mapa do estado brasileiro Rio Grande do Norte. Disponível em:
<http://www.portalbrasil.net/estados_rn.htm>. Acesso em: 02 maio 2006.
PRICHARD, R.K. Biochemistry of anthelmintic resistance. Round Table Conf. In VII th
International Congress of Parasitology, Paris, p. 141-146, 1990.
RAMOS, C.I. et al. Resistência de helmintos gastrintestinais de ovinos (Ovis aries) a alguns
anti-helmínticos, no Estado de Santa Catarina. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE
PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 1999, Salvador, BA. Anais... Salvador: Colégio
Brasileiro de Parasitologia Veterinária, p.159, 1999.
RESO. Faecal egg count reducion test (FECRT) Analysis Program Version 2.01. Csiro, 1989.
50
ROBERTS, F. H. S.; O
SULLIVAN, J. P. Methods of egg couts and laval cultures for
strongyles infesting the gastrointestinal tract of cattle. Australian Agriculture Research, v.1,
p. 99-102, 1950.
ROOS, K.H.; et al. Molecular analysis of selection for benzimidazole resistance in sheep
parasite Haemonchus contortus. Molecular Biochemical Parasitology,v.43, p.77-88, 1990.
SAMSON-H, G.V.; BLACKHALL, W. Will rechnology provide solutions for drug resistance
in veterinary helminthes. Veterinary Parasitology, v. 132, n.3-4, p. 223-239, 2005.
SANGSTER, N. C. Managing parasiticide resistance. Veterinary Parasitology. v.98, p.89-
109, 2001.
SANGSTER, N.; et al. Resistance to antiparasitic drugs: the role of molecular diagnosis.
International Journal for Parasitology, v. 32 p.637-653, 2002.
SANGSTER, N. C. ; GILL, J. Pharmacology of anthelmintic resistance. Parasitology today,
v.15, p.141-146, 1999.
SANTOS, N.V.M., CHARLES, T.P., MEDEIROS, E.M.A.M. Eficácia do cloridrato de
levamisole em infestações por nematódeos gastrintestinais em caprinos. Arquivo Brasileiro
Medicina Veterinária e Zootecnia. v.45 p.487-495,1993.
SILVESTRE, A.; CABARET, J. Mutation in position 167 of isotype 1b-tubulina gene of
Trichostrongylid nematodes: role in benzimidazole resistance. Molecular and Biochemical
Parasitology, V.120, P. 297-300, 2002.
SIMPLÍCIO, A. A. Embrapa Caprino- Caprino-ovinocultura: uma alternativa à geração
de emprego e renda. Disponível em < http://www.cnpc.embrapa.br/artigo-6.htm>. Acesso
em: 03 nov. 2006.
SUTHERST, R. W., COMINS, H. N. The management of acaricide resistance in the cattle
tick, Boophilus microplus (Canestrini) (Acari Ixodidae), in Australia. Buylletin Entomology
Research, v. 69, p. 519-537, 1979.
TAYLOR, et al. Anthelmintic resistance detection methods. Veterinary Parasitology, v. 103,
p. 183-194, 2002.
51
THEODORIDES V.J.; SCOTT, G.C.; LADERMAN, M. Efficacy of parbendazole against
gastrointestinal nematodes in goats. Journal veterinary, v. 31, n.5, p. 857-863, 1970.
TERRIL, T.H., et al. Anthelmintic resistance on goat farms in Georgia: efficacy of
anthelmintics agains gastrointestinal nematodes in two selected goat herds. Veterinary
Parasitology, v. 97, n. 4, p. 261-268, 2001.
UENO, H. Cultivo quantitativo de larvas de nematódeos gastrintestinais de ruminantes
com tentativa para pré-diagnóstico. Tokyo: Japão International Cooperation Agency.,
p.138. 1995.
URQUHART, G.M.; et al. Parasitologia Veterinária, 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1998, 273p.
VARADY, M. et al. Multiple anthelmintic resistance of nematodos in imported gotas.
Veterinary Research, v. 132, p. 387- 388, 1993.
VIEIRA, L.S. Atividade ovicida in vitro e in vivo dos benzimidazóis; oxfendazole,
fenbendazole, albendazole e thiabendazole em nematódeos gastrintestinais de caprinos.
1986. 115f. Tese, (Mestrado em Ciências Veterinárias) Departamento de Ciências Animais,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
VIEIRA, L.S.; CAVALCANTE, A. C. R., Resistência anti-helmíntica em rebanhos caprinos
no Estado do Ceará. Pesquisa. Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v.19, n.3-4, p. 99-103,
1999.
VIEIRA, L.S.; et al. Epidemiologia e controle das principais parasitoses de caprinos nas
regiões semi-áridas do Nordeste. Sobral: EMBRAPA-CNPC. 1998. 50p.
WALLER, P.J. The Development of Anthelmintic Resistence in Ruminant. Acta Tropica, v.
56, p. 233-43, 1994.
_______________. The prevalence of anthelmintic resistance in nematode parasites of sheep
in Southern Latin America: General overview. Veterinary Parasitology, v.62, p.181-187,
1996.
WOLSTENHOLME, A.J.; et al. Drug resistance in veterinary helminthes. Trends in
Parasitology, v. 20, n. 10, p.469-476, 2004.
52
WOOD et al. Association for the Advancement of Veterinary Parasitology ( WAAVP) second
edition of guidelines for evaluationg the efficacy of anthelmintcs in ruminants (bovine, ovine,
caprine). Veterinay Parasitology, v. 58, p.181-213, 1995.
53
APÊNDICE
54
Questionário aplicado nas propriedades rurais sobre tipos e quantidade de animais, forma de
controle, utilização, periodicidade e utilização de anti-helmínticos, assistência médica
veterinária.
QUESTIONÁRIO RESISTÊNCIA ANTI-HELMÍNTICA
Questionário nº: ____ Microregião:_____________________________
Proprietário: _______________________________________
Nome fazenda: _______________________________________
Área (Ha): ___________________________________________
animais
Raça
Piquete
Caprinos
Ovinos
Bovinos
Equinos
outro:
Pastejo misto (caprinos com ovinos): Sim ( ) Não ( )
Pastejo misto (bovinos com ovinos e/ou caprinos) Sim ( ) Não ( )
Você acha que caprinos ou ovinos junto com bovinos prejudica os bovinos? Sim ( ) Não ( )
Estação de Monta: Início: ____________ Duração: ___________
Tratamento anti-helmíntico:
Cabritos/cordeiros: Antes desmame ( ) Após desmame ( ) Desmamados ( )
Nº Dosificação (Numero de doses):
J F M A M J J A S O N D
Faz, rodízio de drogas? Sim ( ) Não ( )
Que época do ano os animais apresentam sintomas de verminose? _____________________________
Na sua opinião dentre as doenças que acometem os caprinos e ovinos, qual a importância da verminose?
___________________________________________________________________________________
Quem recomenda o tratamento anti-helmíntico?
Veterinário e/ou laboratório particular ( ) Revista ( ) Rádio ( ) TV ( ) Representante comercial
“vendedor ” ( ) Casa veterinária ( ) Outro fazendeiro ( ) Própria Exp. ( )
Anti-helmínticos usados nos últimos cinco anos:
BZ ___________________________________________________________
LEV __________________________________________________________
NEGUVON ____________________________________________________
DISOFEN _____________________________________________________
RANIDE ______________________________________________________
MACROLACTONA (Ivermectin, Moxidectin, Milbemicina) __________________________________
Eficácia anti-helmínticos (Quando vermifuga o que acontece com os animais?
Melhora ( ) Fica na Mesma ( ) Piora ( )
Onde compra os anti-helmínticos?
_________________________________________________________________________________
Rebanho Caprino:
Cabras
Reprodutores
Cabritos desmamados
Capões
Total
Última medicação: Mês ______________ Produto usado_______________
Abortos_____________Mortalidade suspeita de verminose____________________
Quando realiza vermifugação faz:
Todo rebanho ( ) Somente animais com sintomas clínicos ( ) Somente Cabras/ovelhas ( )
Somente Cabritos/cordeiros ( )
Utiliza alguma medicação caseira para controlar verminose?
Sim ( ) Não ( )
Que medicação? _________________________________________________
55
ANEXO
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo